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Ano II Número 180 Data 12 a 14.05.2012

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AnoII

Número180

Data12 a 14.05.2012

Marinella CastroTrabalhar, estudar ou descansar um

pouco. O que você faz do seu tempo? Às vezes sente que os projetos são muitos para um dia curto? Quando a demanda é maior que a oferta, o tempo da vida se torna mais raro e mais caro. Duro é ter de gastar esse bem precioso na fila do banco, desperdiçá-lo ouvindo músicas intermináveis no call center do fornece-dor ou gastá-lo em telefonemas diários com a mesma história para atendentes de telemarketing. Tudo para receber o produto pago à vista que nunca foi en-tregue ou para cancelar um serviço que não interessa mais. O advogado e con-sultor em relações de consumo Marcos Dessaune acredita que passou da hora dos tribunais, legisladores, fornecedo-res e organizações de defesa do consu-midor valorizarem o tempo perdido.

Autor do livro Desvio produtivo do consumidor, lançado pela editora RT, Dessaune defende que a perda de tempo deve ser entendida como um novo tipo de dano ao consumidor, di-ferente do material ou moral. O autor cria um conceito no qual define o tempo perdido como um desvio produtivo, um dano que não é moral e nem material, mas um prejuízo que deve ser levado em conta nas indenizações. “O consu-midor sofre o desvio produtivo quando ele perde o seu tempo para solucionar demandas referentes aos serviços mal prestados, produtos defeituosos ou prá-ticas abusivas, como ocorre quando tem que cancelar um cartão de crédito que não solicitou”, explica.

Das filas de banco aos 30 minutos diários gastos ao telefone, são exemplos de desvios das atividades produtivas. “O tempo é finito, irrecuperável e ina-cumulável. Quando o consumidor se vê diante de um serviço mal prestado, ele é obrigado a desperdiçar um bem valio-so”, diz o autor. “Estamos aqui diante de um novo e relevante dano, que não é material e nem moral, mas é um dano temporal”, defende Dessaune.

Mesmo sem ter lido a tese do desvio produtivo, o projetista Robson Simão de Souza se viu como exemplo

vivo da doutrina jurídica. Em 25 de novembro do ano passado ele usou o seu décimo terceiro salário para com-prar um fogão com pagamento à vista. O eletrodoméstico lhe custou R$ 570, mas até hoje, seis meses depois da com-pra, Robson ainda faz suas refeições em lanchonetes e restaurantes. Em casa não consegue tomar nem o café. “Não pos-so comprar outro fogão porque estou na expectativa de receber a mercadoria a qualquer momento.” Mas o desgate não foi só este. O consumidor se sentiu en-ganado e até afrontado pela rede de va-rejo na qual comprou o produto.

Desde novembro o projetista per-de tempo ao telefone e também gastou horas do seu dia escrevendo e enviando e-mails que colecionou em uma pasta. “Primeiro eles disseram que o produto não estava disponível no estoque, de-pois marcaram várias vezes a data de entrega, que nunca foi cumprida.” Em uma conta rápida, ele calcula que du-rante mais de três meses uma parte do seu tempo foi dedicado a tentar resolver o problema com o fabricante. “Com-prei, paguei e não recebi o fogão.” A demanda foi parar no Juizado Especial de Relações de Consumo e o projetista agora espera pela decisão da Justiça.

Na opinião do juiz coordenador dos Juizados Especiais de Belo Horizonte, Vicente de Oliveira Silva, a tendência é de que o direito evolua no sentido de reconhecer que modernamente o tempo é um valor. Ele aponta no entanto que o teor subjetivo da causa dificulta a me-dida do dano. Segundo o magistrado, o que ocorre hoje é a avaliação ser levada em conta dentro do conceito do dano moral. “O judiciário já tem reconhecido que o tempo perdido não é apenas um mero aborrecimento.” O coordenador dos juizados de Minas explica que mui-tas vezes as indenizações que podem ter efeito educativo esbarram na questão da punição, ligada ao direito criminal. Uma alternativa é quando as multas não são direcionadas ao consumidor, mas aos fundos e órgãos de defesa que trabalham para melhorar as relações do mercado.

Para presentear o namorado, a téc-nica em segurança do trabalho Joyce Rodrigues dos Santos comprou um celular no valor de R$ 550. O produto chegou dois meses depois. “No dia do aniversário não tinha o presente. Além de perder tempo ligando para empresa, tive que passar por esse constrangimen-to de não ter o presente.” A consumidora afirma que passou 15 dias telefonando e enviando e-mails para o site de compras sem qualquer retorno. Na Justiça ela pede indenização por danos morais.

“Vivemos em um mundo onde as pessoas têm menos tempo do que gosta-riam. A missão dos fornecedores é – ou deveria ser – dar ao consumidor, por intermédio de produtos e serviços de qualidade, condições para que ele possa empregar seu tempo e suas competên-cias nas atividades de sua preferência”, diz Dessaune. Sua expectativa é de que a tese encontre respaldo não só do ju-diciário mas dos legisladores, que com a estipulação de multas com valores mais altos do que os existentes funcio-ne como medida educativa para o setor.O que diz o código

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas:

1– condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitati-vos;

2 – recusar atendimento às deman-das dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de conformidade com os usos e costumes;

3 – enviar ou entregar ao consu-midor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço;

4 – prevalecer-se da fraqueza ou ignorância do consumidor, tendo em vista sua idade, saúde, conhecimento ou condição social, para impingir-lhe seus produtos ou serviços;

5 - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva.

Fonte: Código de Defesa do Con-sumidor

estado de minas - economia - p.12 - 14.5.12consUmidoR

Tempo perdido deve ser levado em contaEspecialista em relações de consumo defende que minutos gastos para resolver problemas sejam considerados como um tipo de dano diferenciado. Indenizações teriam que prever esses prejuízos

Marinella Castro O tempo é tratado em alguns pontos do

Código de Defesa do Consumidor (CDC), como no artigo 18, que dispõe sobre pro-dutos com defeito ou vícios de informação. Segundo o texto do artigo, o fornecedor tem até 30 dias para resolver o problema. O tem-po também é tratado no Decreto nº 6.523/08, que regulamentou a lei dos call centers. Pe-las norma, as empresas não podem demorar mais de um minuto para atender o consumi-dor, regra que ainda é descumprida e reflete no crescente volume das reclamações feitas nos Procons. Na opinião de especialistas, para proteger o tempo dos brasileiros é preci-so maior atuação das entidades de defesa do consumidor e órgãos reguladores. Também tem papel de destaque na lista a reformulação do Judiciário, que tem no tempo seu calca-nhar de aquiles.

O presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), Bruno Burgarelli, diz que o artigo 18 do CDC é criticado pelos especia-listas. “É muito frustrante para o consumidor ter que aguardar com um produto que não funciona por 30 dias. Só depois desse prazo o fornecedor tem a obrigação de substituir o produto.” O especialista cita também a Lei do Telemarketing, que não tem funcionado. “Falta fiscalização do poder público.” Danilo Santana, presidente da Associação Brasilei-ra de Consumidores (ABC), ressalta que as entidades de defesa do consumidor também falham na fiscalização. “Para que a questão funcione melhor, é preciso mais rigor, com

aplicação de multas para quem descumpre a norma.”

Bruno Burgarreli concorda que o consu-midor vem sacrificando excessivamente seu tempo para resolver demandas causadas por fornecedores e aponta que o judiciário não evolui no mesmo ritmo da sociedade. “Essa questão ainda é tratada pelos tribunais como uma chateação, o que faz perder o caráter edu-cativo da sanção. Seria preciso haver também uma oxigenação dos tribunais com a contra-tação de mais juízes, promotores, defensores públicos. A própria Justiça é morosa.”

Enrolar o consumidor ou simplesmente não resolver a demanda é uma conduta que atinge grandes e pequenas empresas. A mé-dica Lúcia Rocha precisou recorrer á Justi-ça para cancelar um contrato. “Comprei um serviço de marcenaria que não foi executado de acordo com o contrato. Foi feito de forma inadequada.” Sem acordo com o fornecedor Lúcia Rocha vem perdendo tempo com a de-manda desde março do ano passado, ou seja, há mais de um ano.

Danilo Santana lembra que os valores das indenizações brasileiras, considerados baixos, costumam ser benéficos para o forne-cedor. “Muitas vezes é melhor pagar a multa de baixo valor que modificar a conduta.” Se-gundo Santana, um exemplo é o atendimento do sistema financeiro. “Os bancos consegui-ram algo de extraordinário, em um curto tem-po transferiram todo o seu atendimento para a forma virtual. O processo pode ser positivo, mas com a rapidez como foi feito milhões de consumidores foram atropelados.”

continUação - estado de minas - economia - p.12 - 14.5.12consUmidoR

Falta agilidade na defesa

sUpeR notícia - p.12 - 14.5.12

metRo - economia - p.5 - 14.5.12

RIO - O Procon-SP alerta para os cuidados que o consumidor deve ter, sobretudo, se pretende fazer compras em sites de compras coletivas para o Dia das Mães. Segundo a entidade, uma das ofertas mais populares nesses sites são os serviços de estética, como tratamentos para emagrecer e antien-velhecimento, oferecidos com preços atraentes e resultados rápidos.

Segundo a entidade, antes de contratar uma clínica de estética, é importante saber que alguns tipos de tratamento devem ter acompanhamen-to médico e verificar as condições de higiene, certificar-se de que no aten-dimento são utilizados materiais des-cartáveis, saber quantas sessões serão necessárias para atingir o objetivo fi-nal, quais são os efeitos colaterais e possíveis riscos à saúde, entre outros.

Só no primeiro trimestre de 2012, o Procon-SP registrou 11.034 atendi-mentos sobre o comércio eletrônico. No ano passado, houve aumento de

86% em relação a 2010 de queixas que chegaram ao órgão sobre as com-pras pela internet.Direitos

Nas compras feitas pela web, o consumidor tem sete dias corridos, a partir da confirmação da compra do serviço, para o que é chamado de “ar-rependimento”, podendo cancelar o pedido e receber todo o valor pago de volta.

Nos sites de compras coletivas, a ativação da compra é condicionada a um número mínimo de participantes que aderem à oferta num prazo deter-minado. Se essas condições não forem atendidas, a contratação não será con-cluída e o valor não poderá ser cobra-do. Se o consumidor tiver problemas com o produto ou o serviço adquirido, tanto o estabelecimento comercial que fez a oferta, como o site de compra coletiva podem ser procurados, pois ambos são responsáveis por solucio-nar a questão.

o globo - edição eletRônica - economia - 11.5.12Conheça orientações do Procon para as compras do Dia das Mães

Entidade orienta consumidor a redobrar os cuidados em sites de compras coletivas

O Tribunal de Justiça (TJ) aca-tou o agravo do Ministério Público da Paraíba (MPPB) e determinou que a Associação das Empresas de Transportes Coletivos (AETC/JP) passe a cumprir a “Lei da Meia-En-trada” (Lei Estadual 9669/2012), que entrou em vigor no dia 16 de março deste ano.

Com isso, a concessão do di-reito à meia-passagem no transporte coletivo municipal e intermunicipal, assim como o direito à meia-entra-da em eventos culturais e artísticos, não está mais atrelada à apresenta-ção da carteira de estudante.

De acordo com a decisão pro-ferida no último dia 8 de maio pelo juiz Ricardo Vital de Almeida (que foi convocado para substituir o de-

sembargador Manoel Soares Mon-teiro), enquanto o mérito do recurso não for julgado, as empresas estão obrigadas a garantir os benefícios aos alunos, bastando para isso a apresentação da declaração escolar e documento com foto.Entenda o caso

O agravo do MPPB foi instau-rado pela Promotoria de Justiça do Consumidor da Capital porque uma decisão da 5a Vara Cível da Capital deferiu a tutela antecipada pedida pela Federação dos Estudantes Se-cundaristas do Estado da Paraíba para que a AETC/JP só concedesse o direito à meia-passagem aos alu-nos mediante a apresentação da car-teira de estudante.

Segundo o promotor de Justiça

do Consumidor, Raniere Dantas, a decisão proferida em primeiro grau viola integralmente o texto da Lei 9669/2012. “Ante aos prejuízos causados aos diversos estudantes que não possuem condições sequer de adquirir as carteiras estudantis, o Ministério Público pugnou pela reforma da decisão agravada”, ex-plicou.

Para o juiz Ricardo Almeida, a decisão que favoreceu a Federa-ção dos Estudantes e a AETC/JP foi equivocada, pois desconsiderou a Lei Estadual. “Verifico a necessida-de de recebimento do agravo como instrumento devido à repercussão da decisão recorrida, que pode acar-retar graves prejuízos aos estudan-tes do nosso Estado”, argumentou.

conamp - paRaíba online - - 14.5.12TJ acata agravo do MPPB e determina cumprimento da “Lei da Meia-Entrada”

hoje em dia - economia - p.4 - 14.5.12

hoje em dia - economia - p.4 - 14.5.12

hoje em dia - economia - p.10 - 13.5.12

ANA PAULA PEDROSADesde que a Caixa Econômica

Federal reduziu os juros e aumentou o horário de atendimento, a bancária Valéria (nome fictício) foi deslocada da sua função de analista de crédi-to para o atendimento ao público. A medida se fez necessária em razão do crescimento da demanda - 17% a mais só na primeira semana - e é uma mostra da dificuldade estrutural dos bancos para lidar com a situação. “Não está fácil. Criaram uma ótima oportunidade para o cliente, mas não têm estrutura para atender”, diz.

Segundo ela, o atendimento ao público foi ampliado, mas o remane-jamento de pessoal afetou outras fun-ções. Ela diz que a aprovação de uma ficha, que antes demorava dois dias, hoje, leva dez. “A retaguarda ficou muito prejudicada”, afirma.

Na outra ponta, os clientes rela-tam casos de longas esperas nas filas dos bancos e temem que, com o au-mento da clientela, o atendimento dos bancos públicos - Caixa e Banco do Brasil - fique ainda mais prejudicado. “Falta um atendimento de qualidade. A gente perde um tempão no caixa”, diz o corretor de imóveis Roberto Esteves da Silva. A administrado-ra Lilian Ribeiro Ferreira faz coro. “Precisa de mais caixas. Os postos de atendimento nunca funcionam com-pletamente”, diz.

Melhora. A Caixa Econômica Fe-deral informou que realizou um con-curso no mês passado e, em breve, vai reforçar o atendimento. De acor-do com o Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, hoje, o banco tem 85 mil bancários no país e, até o final do ano serão 99,2 mil. Até 2014, o compromisso é chegar a 113 mil funcionários.

O Banco do Brasil informou, em nota, que a redução de juros faz parte de “um conjunto de medidas reestru-turantes que visam à excelência no atendimento”. De acordo como BB, “muitas medidas já foram e continu-am sendo implementadas”. O Sindi-

cato dos Bancários afirmou que, nos últimos anos, a instituição recompôs seu quadro de pessoal e, hoje, tem 105 mil funcionários, número consi-derado suficiente. Também segundo o sindicato, até o fim do ano, a Caixa abrirá dez agências em Belo Horizon-te e o BB, oito.TaxasMais três reduções começam a valer

RIO de Janeiro. Em mais uma etapa da ofensiva contra juros altos, a Caixa Econômica Federal, o Banco PanAmericano e o Itaú anunciaram novas reduções de taxas ontem. Na Caixa e no PanAmericano, o corte é para financiar veículos novos em mais de 800 concessionárias de veículos do país. Pelo programa, a taxa mínima de juro no empréstimo dos bancos para financiar carros novos cai a 0,97% ao mês. O prazo de pagamento dura até 60 meses e o cliente pode financiar até 70% do valor do veículo.

No Itaú, a nova redução vale para pessoas físicas e pequenas empresas, em linhas como capital de giro, cartão de crédito e cheque especial. Em al-guns segmentos, os cortes superaram 70% e o banco promete novos ajustes em seus juros na medida que a taxa básica da economia, a Selic, se redu-za.

“Continuaremos ajustando (as taxas do banco) à medida que a taxa básica de juros caia”, disse o presi-dente do Itaú, Roberto Setubal, em nota. “Temos um volume de crédito disponível para clientes pessoa física, micro e pequenas empresas que ul-trapassa os R$ 200 bilhões e vamos continuar expandindo a oferta de cré-dito”, afirmou ele. AtendimentoPrivados também têm muito para melhorar

Mesmo sem políticas tão agressi-vas e reduções de juros, os bancos pri-vados também precisam melhorar a estrutura de atendimento. Ao lado de reajustes reais de salário, o aumento

do número de bancários é a principal reivindicação da categoria, diz o pre-sidente do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região, Clotário Cardoso. “O aumento no número de bancários em todos os bancos é a nos-sa meta”, diz.

Ele explica que no início da dé-cada de 1990, o Brasil tinha 1 milhão de bancários. Hoje, são 470 mil. Além da informatização do sistema, contri-buiu para a redução o aumento do nú-mero de correspondentes bancários, como as lotéricas. “Não somos contra o atendimento em lotéricas, mas ele tem que ser feito por um bancário”, diz.

O motoboy Douglas Tavares de Oliveira sente diariamente a ne-cessidade de aumento no efetivo de atendimento ao público nos bancos privados. “Já cheguei a ficar quase duas horas na fila”, conta. Para ele, os bancos privados são piores do que os públicos em questão de atendimento. “Além de muito cheio, tem banco que vive com o sistema fora do ar”, recla-ma.Proteste pede investigação de venda casada

Brasília. A coordenadora da As-sociação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), Maria Inês Dolce, disse, ontem, que enviaria ao Banco Central um ofício pedindo in-vestigação contra o Banco do Brasil. Segundo ela, ao requerer a adesão de clientes ao Programa Bom pra Todos, que tem juros mais baixos no cartão de crédito, o banco estaria praticando venda casada.

O Banco do Brasil negou a prá-tica. Em nota, a instituição alega que “oferecer condições diferenciadas, conforme o grau do relacionamento do cliente é uma prática comercial que não fere preceitos legais”. “O Banco do Brasil não pratica venda ca-sada, já que não condiciona o forneci-mento de qualquer produto ou serviço à aquisição de outro produto ou servi-ço”, diz o texto.

o tempo - edição eletRônica - economia - 12.5.12pane.

Sem estrutura para mais clientes

Civilidade e sociabilidade são resul-tado de longo e bem estruturado proces-so educacional, coisa que sabidamente ainda falta na sexta economia do mundo. Não há como impor bom comportamen-to e convivência cordial às massas por decreto. Por isso mesmo e movida pela experiência de vidas perdidas e por inú-meras demonstração de selvageria nos estádios de futebol, a sociedade brasilei-ra decidiu se antecipar aos lentos resul-tados da melhorias da escola no país. Se os espíritos não são educados o bastante para conter a ira da derrota e para aceitar que a preferência por outro clube é parte da diversidade e da beleza do esporte, é fácil compreender a rapidez com que os efeitos da bebida alcoólica transformam rivalidade em guerra, brincadeiras em ofensas. Não foi à toa que se formou con-senso em torno da proibição de bebidas no interior dos estádios. Trata-se de um avanço que tem resultados conhecidos e comprovados pela autoridades policiais e que, a despeito de alguns saudosistas re-nitentes, acabou por se consolidar como uma conquista, pelo menos enquanto se aguarda melhor desempenho da educa-ção geral.

Por isso mesmo, a liberação da ven-da de bebidas nos estágios durante os jo-gos do Mundial de Futebol de 2014 no Brasil, exigência intransponível da Fifa, entidade internacional promotora do me-gaevento, não passou sem polêmica no Congresso Nacional, o que acabou re-tardando a aprovação do projeto da Lei Geral da Copa, finalmente concluída esta semana pelo Senado. Mas a difícil trami-tação do texto pelo Parlamento deve, na

verdade, ser encarada com orgulho pelo país. Afinal, nada foi resolvido nos gabi-netes, longe das luzes da imprensa. O que saiu do Congresso Nacional é fruto de consenso democrático e do voto da maio-ria que, aliás, teve o cuidado de preservar a autonomia dos governos e assembleias estaduais, com quem os organizadores da Copa terão que negociar: com isso, o Brasil cumpre compromisso assumido pelo governo anterior e supera mais uma fase de preparação para realizar o evento sonhado por todos.

Mas que desde já fique bem claro. Trata-se de uma flexibilização transitó-ria, que não deve ser prorrogada depois do evento. E mais: a concessão gerou responsabilidade ainda maior das auto-ridades quanto à segurança não apenas dos torcedores nos estágios mas da po-pulação de todas as cidades- sede antes e depois das partidas. Nada autoriza espe-táculos de vandalismos e tampouco ex-cessos ao volante na volta para casa, ou em eventuais comemorações. A Lei Seca não foi abolida nem afrouxada por causa da Copa e precisa levada a sério. Não é outra coisa, aliás, o que se espera dos res-ponsáveis pela realização das obras com o dinheiro público e pela organização de um evento que dirá ao mundo a quantas andam nossa competência e nossa capaci-dade de jogar limpo. Findas as polêmicas patrocinadas pela democracia e pela par-ticipação entusiasmada dos brasileiros, o que resta a todos desta terra do futebol é assumir a responsabilidade que cabe a cada um de nós: vamos fazer uma gran-de Copa e dar aos visitantes boas razões para voltarem.

estado de minas - opinião - p.8 - 14.5.12

editoRial

Compromisso com a Copa Segurança terá de ser reforçada com liberação de bebidas nos estádios