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11/11/2011 209 XIX 2ª Edição * Supremo declara constitucional lei sobre forma de composição do STJ - p.04 * Endade mineira conveniada com o Esporte é alvo da PF - p. 05

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11/11/2011209XIX

2ª Edição

* Supremo declara constitucional lei sobre forma de composição do STJ - p.04

* Entidade mineira conveniada com o Esporte é alvo da PF - p. 05

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Nesta quarta-feira (9), vereadores membros da Comissão de Saúde da Câmara encontraram anti-bióticos diversos – entre outros medicamentos – e insumos como lâmina de bisturi e para exames de Papanicolau, cateter e ta-las, alguns já vencidos e outros a vencer em 30 de novembro deste ano que estavam sendo mantidos irregularmente em espaço anexo ao Centro de Refe-rência em Saúde do Tra-balhador (Cerest). O caso já está sendo investigado pela promotora de Defesa em Saúde do Ministério Público Estadual, Cláudia Marques, que afirma ter aberto processo de averi-guação desde a época em que a Secretaria Munici-pal de Saúde promoveu a incineração de 2,5 tonela-das de medicamentos, no fim de setembro.

A promotora revela que o rumo da investi-gação é verificar até que ponto a Secretaria de Saú-de está tomando providên-cias para evitar a perda de medicamentos e insumos. “No meu entendimento, isto é uma questão de efi-ciência na administração da compra e da demanda desses medicamentos. Pri-meiro estamos verificando quais as providências que o município está toman-do”, afirma.

Cláudia Marques destaca que já requisitou toda a documentação que trata da compra de medi-

camentos e do controle de demanda do município, mas ela ainda não recebeu a explicação da secretaria. “Para haver a incineração, tem que haver um procedi-mento administrativo pró-prio. Para esta incineração é preciso anotar o lote e a data de vencimento do medicamento, quando ele foi comprado, quanto tem-po ele ficou em estoque e não foi utilizado, por que o prazo venceu sem a uti-lização do medicamento. Entendo que tem de exis-tir toda uma regra para in-cinerá-los”, afirma.

A titular da Promoto-ria de Defesa em Saúde entende que, após o ven-cimento, obrigatoriamen-te o medicamento não pode mais ser oferecido à população e, nesse caso, a conduta de incineração é correta, mas Cláudia Mar-ques questiona por que tem sobrado tantos produtos sem destinação adequada. “Acredito ser um descon-trole entre a informação de demanda e do que a secretaria compra. Além disso, é preciso controlar a data de vencimento do medicamento que chega quando comprado pelo município. Medicamentos que têm validade de dois anos, como no caso dos que estão para ser incine-rados, tem que chegar ao município com validade de no mínimo um ano e meio, e para isso deve ha-ver maior organização”, informa a promotora.

Jornal da Manhã – MG – conaMp – 11.11.2011

Promotoria de Defesa em Saúde investiga remédios vencidos

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Outros 21 estados estão sendo investi-gados pelo Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas. Acredita-se que no Amazonas as denúncias de sonegação so-mam cerca de R$ 2 bilhões

Ministério Público do Estado (EUZI-VALDO QUEIROZ/ACRÍTICA )

Os Ministérios Públicos Estaduais e da União, deflagaram na manhã desta quarta-feira (9), uma operação nacional de combate à sonegação fiscal no Distrito Federal e 22 estados, entre eles, o Amazonas. A ação se dá através do Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC).

De acordo com o Coordenador do Centro de Apoio Operacional de Inteligência, Inves-tigação e Combate ao Crime Organizado no Amazonas (CAO-CRIMO), o promotor de Justiça Fábio Monteiro, a Sefaz e MP-AM irão assinar um Termo de Cooperação Téc-nica na tentativa de agilizar a comunicação entre os órgãos o que facilitará o trabalho do MPE contra as empresas sonegadoras serão ajuizadas a curto prazo.

“Nosso objetivo é ajudar o Estado a re-cuperar tributos que lhe são devidos e que es-ses empresários, negociem os débitos. Caso não o façam, iremos intentar as ações penais cabíveis. Vamos agir também para coibir a abertura de novas empresas que sirvam ape-nas de fachada, que ajudam a aumentar a sonegação. Algumas só existem no papel e quando a fiscalização realiza visitas aos lo-cais informados, encontra imóveis vazios, sem mobília nem funcionários. Detectada essa fraude, o dono fecha a empresa, que continua devendo ao Estado, e abre outra, com o mesmo objetivo: burlar a lei”, com-plementa Fábio Monteiro.

AmazonasAs denúncias de sonegação do Amazo-

nas somam cerca de R$ 2 bilhões de reais, de acordo com informações da Secretaria Estadual de Fazenda repassadas ao Coorde-nador do Centro de Apoio Operacional de In-teligência, Investigação e Combate ao Crime Organizado no Amazonas (CAO-CRIMO), Promotor de Justiça Fábio Monteiro.

a crítIca - aM - conaMp - 11.11.2011

Ministério Público do Amazonas participa de ação contra sonegação fiscal

MEtro - p. d6 - 10.11.2011

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O Supremo Tribunal Federal decidiu, por maioria dos votos, manter a regra prevista na Lei 7.746/89 sobre a forma de composição do Superior Tribunal de Justiça. Isto quer dizer que integrantes de Tri-bunal Regional Federal ou de Tribunal de Justiça que ocupem cadeira reservada ao quinto constitucional podem concorrer a vagas no STJ reservadas à magistratura.

A matéria foi discutida no julgamento em Ação Direta de Incons-titucionalidade, proposta pela Associação dos Magistrados Brasileiros contra o artigo 1º, inciso I, da norma. O dispositivo questionado prevê que, dos 33 ministros do STJ, um terço deve ser reservado aos juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço aos desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal. O inciso II, que não foi objeto da ADI, estabelece que um terço destina-se, em partes iguais, a advogados e membros do Ministério Público Federal, estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do artigo 94 da Constituição Fe-deral.De acordo com a autora da ADI, quatro das 22 vagas reservadas aos juízes são ocupadas, atualmente, por magistrados que ingressaram nos TRFs e Tribunais de Justiça pelo quinto constitucional. A AMB reclamava que as vagas da magistratura estão sendo ocupadas por quem não passou no concurso para a carreira. Essa passagem pelo TJ ou TRF não “apaga” a origem do ministro como advogado ou membro do MP, afirmava a associação. Para a entidade, a Constituição Federal explicitou, em seu artigo 104, inciso II, o acesso direto de advogados e membros do MP ao STJ. Assim, entendia a AMB, por exclusão, que somente podem chegar ao STJ pela classe da magistratura os “ma-gistrados de carreira”.Alegava que, ao permitir a advogados e mem-bros do Ministério Público — que tenham ingressado nos Tribunais de Justiça ou nos Tribunais Regionais Federais pela regra do quinto constitucional — o direito de serem indicados à composição daquela Corte Superior, a norma violaria os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, na medida em que seria assegurada a eles dupla possibilidade de acesso ao Superior Tribunal.IMprocEdêncIa

O resultado do julgamento foi conduzido pelo voto da ministra Cármen Lúcia que, ao considerar a ADI improcedente, abriu diver-gência e orientou a decisão dos demais ministros.Ela considerou que o texto do artigo 1º da Lei 7.746 traz, rigorosamente, a repetição textual da Constituição Federal no inciso I do parágrafo único do artigo 104. “Se há uma pluralidade de sentidos de que se poderia atribuir a esta norma, evidentemente isso não a faz inconstitucional”, afirmou a mi-nistra, ao considerar que essa lei, por ser de repetição, não pode conter inconstitucionalidade.

“A ausência de proporcionalidade também não se nota pela cir-cunstância de um número de ministros do STJ serem advindos de desembargadores ou de juízes dos tribunais regionais federais que fossem egressos da carreira da advocacia porque a escolha da lista é feita pelo STJ”, considerou. Segundo a ministra Cármen Lúcia, ao elaborar sua lista, o STJ pode preferir — porque ser ato discricionário — juízes que sejam egressos da magistratura, “mas essa prática não tem absolutamente nada a ver, na minha forma de ver, com qualquer inconstitucionalidade que pudesse tisnar ou macular essa norma”.

Com base em tese apresentada na tribuna pela Advocacia-Geral da União, a ministra ressaltou que se criariam duas categorias de de-sembargadores e juízes ao se considerar a afirmação de que aqueles magistrados que viessem da advocacia para compor o quadro de Tri-bunal Regional Federal ou de Tribunal de Justiça, por ser egresso da carreira da advocacia, haveria alguma diferença. A pessoa não é mais advogado, é juiz, mas não tem os mesmos direitos dos outros juízes ou desembargadores? Aí sim, a meu ver, estaria criada uma desonomia que não tem base no artigo 104, nem nos princípios fundamentais da Constituição Federal, um dos quais é a igualdade daqueles que este-

jam em igualdade de condições”, finalizou a ministra Cármen Lúcia.Voto do relatorNo início de seu voto, o relator, ministro Luiz Fux afirmou que,

atualmente, o quinto constitucional é consagrado em todos os tribu-nais. Segundo ele, o instituto do quinto “é extremamente saudável e traz ideias arejadas de carreiras que não são, ab origine [desde a origem], da magistratura, como o Ministério Público e advocacia, no sentido lato”. No entanto, o ministro criticou o fato de que membro do quinto constitucional, com um ano de carreira, pode concorrer ime-diatamente ao STJ como se fosse magistrado de carreira “vencendo todas as agruras que teve que passar pela carreira um desembargador com 25 anos de carreira”.

O ministro considerou que a Lei 7.746, ao regulamentar o tex-to constitucional, optou por uma interpretação equivocada do artigo 104 da CF, que cuida da composição do Superior Tribunal de Justiça. “A lei impugnada desvirtua, no meu entender, o telos [o objetivo] da Constituição, tornado letra morta o que foi o espírito do constituin-te que teve o intento de consagrar a composição plúrima da Corte, permitindo a divisão da composição entre magistrados, advogados e membros do Ministério Público, todos com experiência na sua profis-são de origem”, afirmou.

Para ele, a Constituição Federal não pretendeu estabelecer dois pesos e duas medidas. “Se o advogado ou membro do Ministério Pú-blico, candidato ao quinto constitucional, necessita comprovar 10 anos na respectiva atividade profissional, o que fundamentaria a pos-sibilidade de um magistrado oriundo da advocacia se candidatar sem qualquer restrição temporal nas vagas destinadas aos magistrados?”, questionou o relator. Ele considerou que o parágrafo único do artigo 104 da Constituição, “nos faz intuir que se refira a magistrados de carreira ou que já tenham exercido sua profissão por um prazo razo-ável como juízes”.A leitura do parágrafo único do artigo 104 da CF, segundo o ministro, “não pode gerar a conclusão de que qualquer juiz ou desembargador, independentemente de sua origem e de uma razo-ável vivência no ofício da magistratura, possa concorrer ao STJ, nas vagas destinadas à magistratura”. “Isso seria uma interpretação capaz de desvirtuar o propósito da regra que não pode ser vista de forma dissociada das demais previsões constitucionais”, salientou.

Preocupação mundialO ministro Luiz Fux citou a experiência de alguns países, obser-

vando que no direito comparado também há preocupação de que al-guns cargos nos tribunais superiores da estrutura do Poder Judiciário sejam providos por juízes com vivência razoável na magistratura.

Unidade da ConstituiçãoUma análise conjunta dos dispositivos constitucionais concer-

nentes ao provimento de cargos no âmbito do egrégio Superior Tribu-nal de Justiça nos conduz a conclusão de que, no Brasil, o parâmetro de experiência a ser exigido na magistratura para os fins de candida-tura ao STJ deve ser de 10 anos”, avaliou. O ministro disse que esta é uma exigência feita aos advogados e membros do MP quando eles pretendem se candidatar as vagas destinadas a essas classes.

Diante disso, o ministro Luiz Fux julgou parcialmente proce-dente a ADI para interpretar o inciso I do artigo 1º da Lei 7.746/89 conforme a Constituição Federal, a fim de que a nomeação para um terço dos cargos vagos do STJ dentre juízes dos tribunais regionais federais e desembargadores dos tribunais de justiça só possam recair sobre magistrados de carreira e magistrados oriundos do quinto cons-titucional, estes com mais de 10 anos de exercício na magistratura. Ele também propôs a modulação dos efeitos da decisão para preservar os efeitos dos atos já praticados. Com informações da Assessoria de Imprensa do STF.

ADI 4.078Revista Consultor Jurídico, 10 de novembro de 2011

consultor JurídIco – sp – conaMp – 11.11.2011

Membro do quinto pode concorrer a vaga de juiz no STJ

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O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por maioria dos vo-tos, manter a regra prevista na Lei 7.746/89 sobre a forma de compo-sição do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A matéria foi discutida no julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4078, proposta pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) contra o artigo 1º, inciso I, da norma.

O dispositivo questionado prevê que, dos 33 ministros do STJ, um terço deve ser reservado aos juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço aos desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal. O inciso II [que não foi objeto da ADI] estabelece que um terço destina-se, em partes iguais, a advogados e membros do Ministério Público Federal, estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do artigo 94 da Constituição Federal.

AlegaçõesDe acordo com a autora da ADI, quatro das 22 vagas reservadas

aos juízes são ocupadas, atualmente, por magistrados que ingressaram nos tribunais federais (TRFs) e estaduais (TJs) pelo quinto constitu-cional. Isto porque, conforme a AMB, magistrados desses tribunais, oriundos do quinto constitucional, e não de carreira – sem um mínimo de 10 anos de atuação nestas instâncias –, estão sendo conduzidos aos cargos de ministro do STJ nas vagas destinadas à magistratura.

Essa passagem pelo TJ ou TRF não “apaga” a origem do minis-tro como advogado ou membro do MP, afirmava a associação. Para a entidade, a Constituição Federal explicitou, em seu artigo 104, inciso II, o acesso direto de advogados e membros do MP ao STJ. Assim, entendia a AMB, por exclusão, que somente podem chegar ao STJ pela classe da magistratura os “magistrados de carreira”.Alegava que, ao permitir a advogados e membros do Ministério Público – que tenham ingressado nos Tribunais de Justiça ou nos Tribunais Regionais Fede-rais pela regra do quinto constitucional – o direito de ser indicados à composição daquela Corte Superior, a norma violaria os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, na medida em que seria assegu-rada a eles dupla possibilidade de acesso ao Superior Tribunal.

Voto do relatorNo início de seu voto, o relator, ministro Luiz Fux afirmou que,

atualmente, o quinto constitucional é consagrado em todos os tribu-nais. Segundo ele, o instituto do quinto “é extremamente saudável e traz ideias arejadas de carreiras que não são, ab origine [desde a origem], da magistratura, como o Ministério Público e advocacia, no sentido lato”. No entanto, o ministro revelou que membro do quinto constitucional, com um ano de carreira, pode concorrer imediatamente ao STJ como se fosse magistrado de carreira “vencendo todas as agru-ras que teve que passar pela carreira um desembargador com 25 anos de carreira”.

O ministro considerou que a Lei 7.746, ao regulamentar o texto constitucional, optou por uma interpretação equivocada do artigo 104 da CF, que cuida da composição do Superior Tribunal de Justiça. “A lei impugnada desvirtua, no meu entender, o telos [o objetivo] da Consti-tuição, tornado letra morta o que foi o espírito do constituinte que teve o intento de consagrar a composição plúrima da Corte, permitindo a di-visão da composição entre magistrados, advogados e membros do Mi-nistério Público, todos com experiência na sua profissão de origem”, afirmou. Para ele, a Constituição Federal não pretendeu estabelecer dois pesos e duas medidas.

“Se o advogado ou membro do Ministério Público, candidato ao quinto constitucional, necessita comprovar 10 anos na respectiva atividade profissional, o que fundamentaria a possibilidade de um ma-gistrado oriundo da advocacia se candidatar sem qualquer restrição temporal nas vagas destinadas aos magistrados?”, questionou o relator. Ele considerou que o parágrafo único do artigo 104 da Constituição, “nos faz intuir que se refira a magistrados de carreira ou que já tenham

exercido sua profissão por um prazo razoável como juízes”.A leitura do parágrafo único do artigo 104 da CF, segundo o ministro, “não pode gerar a conclusão de que qualquer juiz ou desembargador, indepen-dentemente de sua origem e de uma razoável vivência no ofício da magistratura, possa concorrer ao STJ, nas vagas destinadas à magistra-tura”. “Isso seria uma interpretação capaz de desvirtuar o propósito da regra que não pode ser vista de forma dissociada das demais previsões constitucionais”, salientou.

Preocupação mundialO ministro Luiz Fux citou a experiência de alguns países, ob-

servando que no direito comparado também há preocupação de que alguns cargos nos tribunais superiores da estrutura do Poder Judiciário sejam providos por juízes com vivência razoável na magistratura.

Unidade da Constituição“Uma análise conjunta dos dispositivos constitucionais concer-

nentes ao provimento de cargos no âmbito do egrégio Superior Tribu-nal de Justiça nos conduz a conclusão de que, no Brasil, o parâmetro de experiência a ser exigido na magistratura para os fins de candidatura ao STJ deve ser de 10 anos”, avaliou. O ministro disse que esta é uma exigência feita aos advogados e membros do MP quando eles preten-dem se candidatar as vagas destinadas a essas classes.

Diante disso, o ministro Luiz Fux julgou parcialmente proceden-te a ADI para interpretar o inciso I do artigo 1º da Lei 7.746/89 con-forme a Constituição Federal, a fim de que a nomeação para um terço dos cargos vagos do STJ dentre juízes dos tribunais regionais federais e desembargadores dos tribunais de justiça só possam recair sobre ma-gistrados de carreira e magistrados oriundos do quinto constitucional, estes com mais de 10 anos de exercício na magistratura. Ele também propôs a modulação dos efeitos da decisão para preservar os efeitos dos atos já praticados.

ImprocedênciaNo entanto, o voto do relator, pela parcial procedência da ADI,

ficou vencido. O resultado do julgamento foi conduzido pelo voto da ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha que, ao considerar a ADI im-procedente, abriu divergência e orientou a decisão dos demais minis-tros.Ela considerou que o texto do artigo 1º da Lei 7.746 traz, rigo-rosamente, a repetição textual da Constituição Federal no inciso I do parágrafo único do artigo 104. “Se há uma pluralidade de sentidos de que se poderia atribuir a esta norma, evidentemente isso não a faz in-constitucional”, afirmou a ministra, ao considerar que essa lei, por ser de repetição, não pode conter inconstitucionalidade.

“A ausência de proporcionalidade também não se nota pela cir-cunstância de um número de ministros do STJ serem advindos de de-sembargadores ou de juízes dos tribunais regionais federais que fos-sem egressos da carreira da advocacia porque a escolha da lista é feita pelo STJ”, considerou. Segundo a ministra Cármen Lúcia, ao elaborar sua lista, o Superior Tribunal de Justiça pode preferir – porque ser ato discricionário – juízes que sejam egressos da magistratura, “mas essa prática não tem absolutamente nada a ver, na minha forma de ver, com qualquer inconstitucionalidade que pudesse tisnar ou macular essa norma”.Com base em tese apresentada na tribuna pela Advocacia-Geral da União, a ministra ressaltou que se criariam duas categorias de desembargadores e juízes ao se considerar a afirmação de que aqueles magistrados que viessem da advocacia para compor o quadro de Tri-bunal Regional Federal ou de Tribunal de Justiça, por ser egresso da carreira da advocacia, haveria alguma diferença. “A pessoa não é mais advogado, é juiz, mas não tem os mesmos direitos dos outros juízes ou desembargadores? Aí sim, a meu ver, estaria criada uma desonomia que não tem base no artigo 104, nem nos princípios fundamentais da Constituição Federal, um dos quais é a igualdade daqueles que estejam em igualdade de condições”, finalizou a ministra Cármen Lúcia.

EC/CG

suprEMo trIbunal FEdEral – dF – conaMp – 11.11.2011

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Brasília. Mesmo na berlinda e con-siderado a “bola da vez” na Esplanada dos Ministérios, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), provou ontem ser mesmo “pesadão” e que se sente “for-te”. Ele travou um debate quente com os deputados da oposição na Comissão de Fiscalização e Controle, onde foi convi-dado a prestar esclarecimentos sobre os supostos esquemas, na pasta, de cobran-ça de propina e favorecimento de ONGs irregulares.

Exaltado, Lupi pediu desculpas pú-blicas por ter declarado que só sairia do ministério “abatido à bala” e disse amar a presidente Dilma Rousseff. “Presidente Dilma, desculpe se fui agressivo, não foi minha intenção: eu te amo”.

O pedetista afirmou que, desde que assumiu o ministério, em 2007, querem tirá-lo do cargo.

“São 200 dando tiros na gente, falei nesse sentido. Posso ser tudo menos uma pessoa deselegante, despreparada. Peço desculpas públicas”.

O ministro ainda defendeu o lega-do do ex-presidente Lula, afirmou que a demissão de Orlando Silva (PCdoB), do Ministério do Esporte, foi injusta, e vol-tou a negar envolvimento nas denúncias publicadas pela imprensa. Lupi conside-rou que as declarações feitas pelos opo-sicionistas na sessão foram movidas por “ódio”. “Eu só vi ódio durante a fala. Não

transmito e não tenho ódio”, declarou.

Defesa. Durante a audiência, Lupi rebateu as críticas de parlamentares de PSDB, DEM e PPS de que o ex-presi-dente Lula teria doado para os partidos aliados os ministérios do governo duran-te a sua gestão.

“Eu adoro o Lula e o povo brasileiro também. [..]Eu tenho muito orgulho de ter sido ministro de Lula e agora da pre-sidente Dilma”.

Sobre Orlando Silva, que também é alvo de acusações de irregularidade em convênios, o pedetista defendeu que o ex-colega foi demitido injustamente. “Foi cometida uma injustiça, mas eu vou até o fim para a verificação dessas denún-cias”.

O ministro do Trabalho afirmou que irá surpreender e mudar a rotina de de-missões. Em entrevista após a audiência, o ministro reiterou a confiança. “Eu vou inverter o desejo de muitos, eu vou mos-trar que é possível a mídia errar”.

Tom abaixo

Estilo. O líder do governo na Câma-ra, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), comentou, com bom humor, as re-centes declarações do ministro: “O Lupi deveria falar um pouco menos. Mas ele mesmo disse isso”.

conFIns

Oscip não executa convênioO Ministério do Trabalho assinou um convênio de R$

1,9 milhão com uma Organização da Sociedade Civil de In-teresse Público (Oscip) mineira investigada pela Polícia Fe-deral, denunciada pelo Ministério Público de Minas Gerais. As informações são da agência “O Globo”

Com sede em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, a Brasil Ação Solidária (Brasol) assinou, em de-zembro do ano passado, convênio para realizar um curso de operador de telemarketing para 2.400 pessoas. Em abril, re-cebeu cerca de R$ 950 mil para dar sequência ao projeto.

No entanto, o próprio dono da Oscip, o vereador Luiz

Fernando da Rosa Júnior, presidente do PRP na cidade e do PHS em Ribeirão das Neves, disse que pouco mais de 200 pessoas tinham feito o curso até hoje. O convênio vence em dezembro.

A Oscip e Luiz Rosa figuram como réus em ação mo-vida pela Prefeitura de Guidoval, na Zona da Mata, por se recusarem a apresentar a prestação de contas do serviço de implantação do sistema de coleta e tratamento de esgoto por R$ 1,8 milhão, dinheiro repassado pelo Estado.(Da Reda-ção)

Crise.Ministro do Trabalho reitera que não tem relação com denúncias

Lupi pede desculpa e faz declaração de amor a DilmaDiante da oposição, pedetista disse que a saída de Orlando Silva foi injusta

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Thiago Herdy ([email protected])BELO HORIZONTE O Ministério do Trabalho assinou um convênio de

R$ 1,9 milhão com uma organização da sociedade ci-vil de interesse público (Oscip) investigada pela Polícia Federal, denunciada pelo Ministério Público de Minas Gerais e suspeita de usar uma outra empresa para des-viar recursos públicos. Com sede em Confins, cidade de 5,9 mil habitantes na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a Brasil Ação Solidária (Brasol) assinou em dezembro de 2010 convênio para realizar um curso de operador de telemarketing para 2,4 mil pessoas. Em abril deste ano, recebeu do ministério R$ 949,8 mil para dar prosseguimento ao projeto. No entanto, o próprio dono da Oscip, o vereador da cidade Luiz Fernando da Rosa Júnior, disse que pouco mais de 200 pessoas tinham fei-to o curso até esta quinta-feira.

O convênio vence em dezembro deste ano, prazo final para que sejam treinadas as 2,2 mil pessoas que faltam. Nesta quinta-feira à noite, o ministério informou que poderá rescindir o convênio e apurar a “possível ocorrência de dano ao erário”.

Luiz Rosa é presidente da executiva municipal do PHS em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de BH, e do PRP em Confins, ambos partidos que fazem parte da base do governador Antonio Anastasia (PSDB), assim como o PDT do ministro Carlos Lupi.

Nos últimos anos, a Brasol vem prestando servi-ços diversos para a administração pública de Minas: de cursos de qualificação profissional à gestão de hospital público, reforma de praça, obra de saneamento básico e serviços jurídicos. A Oscip e Luiz Rosa figuram como réus em ação movida pela prefeitura de Guidoval, muni-cípio de 7,5 mil habitantes na Zona da Mata mineira, por se recusarem a apresentar a prestação de contas de um serviço para o qual foram contratados: a implantação do sistema de coleta e tratamento de esgoto da cidade por R$ 1,8 milhão, dinheiro repassado pelo governo de Mi-nas.

Falhas no serviço prestado em MG

A Brasol receberia R$ 50 mil por intermediar a contratação dos prestadores de serviço, mas entregou à prefeitura uma prestação de contas parcial, com no-tas emitidas por ela própria, que somam R$ 509 mil. Na prestação parcial, também consta uma nota de R$ 110 mil emitida pela empresa Pynu Participações Ltda, aberta em Jundiaí (SP) nove dias depois de assinar um

contrato com a Brasol para elaborar parte do trabalho: o plano de saneamento da cidade. A Pynu pertence ao atual diretor-geral da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Minas, Camillo Reis Fraga. Servidor concursado do governo de Minas, ele afirma ter se licenciado durante o ano passado do cargo públi-co que ocupava para prestar serviços particulares. Na ocasião, mudou-se para Jundiaí, onde abriu a Pynu. No entanto, diz não se lembrar do endereço onde morava na cidade paulista.

Fraga diz que esse foi o único serviço prestado por sua empresa, que estaria inativa deste o início deste ano, quando ele foi nomeado pelo governador Antonio Anas-tasia para dirigir a Agência de Desenvolvimento, cargo de primeiro escalão no governo.

A Brasol me convidou para participar de uma con-corrência e venci, o trabalho foi realizado - diz Fraga, que era filiado ao PPS e agora está no PSD, partidos da base de Anastasia.

Fraga diz que não pode ser responsabilizado pelo fato de a sua contratante, a Brasol, não ter realizado todo o serviço de saneamento na cidade mineira, e nega ter havido desvio de verbas. O prefeito de Guidoval, Hélio Lopes, entrou na Justiça contra a Brasol pela não reali-zação dos serviços:Só me restou entregar o assunto para a Justiça. A Brasol não entrega a prestação de contas. Se não faço isso, parece que estou participando do esquema deles. O esgoto não ficou pronto, não tenho mais a quem recorrer - diz o prefeito.A Brasol também é alvo de ação civil pública movida pelo Ministério Público de Pirapo-ra, por dano ao erário na gestão de um hospital público, segundo o próprio Luiz Rosa, que nega as irregularida-des. O valor da causa é de R$ 2,1 milhões.

A Brasol ainda é investigada pelo Ministério Públi-co Federal por envolvimento nas fraudes para liberação de recursos do Fundo de Participação de Municípios, descobertas na Operação Pasárgada, da Polícia Federal. Na sede da empresa, a PF achou minutas de contratos de parcerias entre Luiz Rosa e o lobista Paulo Sobrinho de Sá Cruz, apontado como chefe da organização crimino-sa que agia em nome dos municípios para lesar o estado. Dois carros de luxo usados por Rosa foram apreendidos pela PF. O dirigente alega que a Brasol só intermediava a relação entre administradores municipais e os advoga-dos e que não pode ser responsabilizado pelas fraudes cometidas pelas empresas de advocacia. Sobre o proces-so a que responde em Guidoval, diz que a Oscip prestou os serviços. Sobre a ação de Pirapora, diz ser perseguido pelo Ministério Público.

Globo onlInE – rJ – conaMp - 11.11.2011

Investigada pela PF e denunciada pelo MP, Oscip tem convênio de R$ 1,9 milhão com Ministério do Trabalho

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