11 09 - direito eleitoral - resumo aula 1

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Direito Eleitoral Aula 01 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º andar – Tel.: (21) 2223-1327 1 Conheça nossa loja online: www.enfaseonline.com.br Assuntos tratados: 1º Horário. Direitos políticos / Conceito / Sufrágio, voto e escrutínio 2º Horário. Direitos políticos positivos e negativos / Perda e suspensão dos direitos políticos / 3º Horário. Elegibilidade / Condições de elegibilidade 1º horário 1. Direitos políticos 1.1. Conceito Direitos políticos são os direitos de participação na vida política do Estado. Essa participação compreende dois direitos fundamentais: direito de votar ( jus suffragii / capacidade eleitoral ativa / cidadania ativa / franquia eleitoral) e direito de ser votado (jus honorum / capacidade eleitoral passiva). O direito de votar está diretamente ligado a alistabilidade, que é realizada facultativamente àqueles com 16 anos de idade e, obrigatoriamente, quando se atinge a maioridade. Cidadania é diferente de nacionalidade. Cidadania é uma qualificação concedida aos integrantes da vida política do Estado, considerando-se cidadão aquele que está no gozo dos seus direitos políticos. A cidadania pode ser ativa (direito de votar) ou passiva (direito de ser votado). Cidadão, em regra, é um nacional, entretanto, há casos de cidadania sem nacionalidade (português equiparado, art. 12, §1º, CRFB) e nacionalidade sem cidadania (ex.: menor de 16 anos; art 15, CRFB, salvo o inciso I). Art. 12, §1º - Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994) Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:

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Direito Eleitoral Aula 01

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º andar – Tel.: (21) 2223-1327 1 Conheça nossa loja online: www.enfaseonline.com.br

Assuntos tratados:

1º Horário.

Direitos políticos / Conceito / Sufrágio, voto e escrutínio

2º Horário.

Direitos políticos positivos e negativos / Perda e suspensão dos direitos

políticos /

3º Horário.

Elegibilidade / Condições de elegibilidade

1º horário

1. Direitos políticos

1.1. Conceito

Direitos políticos são os direitos de participação na vida política do Estado. Essa

participação compreende dois direitos fundamentais: direito de votar (jus suffragii /

capacidade eleitoral ativa / cidadania ativa / franquia eleitoral) e direito de ser votado

(jus honorum / capacidade eleitoral passiva).

O direito de votar está diretamente ligado a alistabilidade, que é realizada

facultativamente àqueles com 16 anos de idade e, obrigatoriamente, quando se atinge

a maioridade.

Cidadania é diferente de nacionalidade. Cidadania é uma qualificação

concedida aos integrantes da vida política do Estado, considerando-se cidadão aquele

que está no gozo dos seus direitos políticos.

A cidadania pode ser ativa (direito de votar) ou passiva (direito de ser votado).

Cidadão, em regra, é um nacional, entretanto, há casos de cidadania sem

nacionalidade (português equiparado, art. 12, §1º, CRFB) e nacionalidade sem

cidadania (ex.: menor de 16 anos; art 15, CRFB, salvo o inciso I).

Art. 12, §1º - Aos portugueses com residência permanente no País, se houver

reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao

brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. (Redação dada pela

Emenda Constitucional de Revisão nº 3, de 1994)

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se

dará nos casos de:

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O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.

Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º andar – Tel.: (21) 2223-1327 2 Conheça nossa loja online: www.enfaseonline.com.br

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos

termos do art. 5º, VIII;

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

Observação: Português equiparado não pode ocupar cargos privativos de

brasileiro nato (art. 12, §3º, CRFB/88), sendo assim, não possui eligibilidade plena,

visto que jamais poderá ser presidente e vice-presidente da república. Deve-se fazer

remissão à resolução nº 21.538/03, art. 51, §4º c/c art. 17 do Decreto 3.927/01. Esses

dispositivos afirmam que, caso o português opte por exercer direitos políticos no

Brasil, ficará suspenso desses mesmos direitos em Portugal.

Art. 12, §3º - São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V - da carreira diplomática;

VI - de oficial das Forças Armadas.

VII - de Ministro de Estado da Defesa (Incluído pela Emenda Constitucional nº 23,

de 1999)

Art. 51, §4º A outorga a brasileiros do gozo dos direitos políticos em Portugal,

devidamente comunicada ao Tribunal Superior Eleitoral, importará suspensão

desses mesmos direitos no Brasil (Decreto nº 70.391, de 12.4.72).

Artigo 17 - 1. O gozo de direitos políticos por brasileiros em Portugal e por

portugueses no Brasil só será reconhecido aos que tiverem três anos de residência

habitual e depende de requerimento à autoridade competente.

2. A igualdade quanto aos direitos políticos não abrange as pessoas que, no

Estado da nacionalidade, houverem sido privadas de direitos equivalentes.

3. O gozo de direitos políticos no Estado de residência importa na suspensão do

exercício dos mesmos direitos no Estado da nacionalidade.

1.2. Sufrágio, voto e escrutínio

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A) Sufrágio: É a essência do direito político, ou seja, é o direito de todo cidadão

participar da vida política do Estado e dos órgãos governamentais. É materializado pelo

direito de eleger e ser eleito.

A característica do sufrágio é a universalidade, com previsão no art. 14 e 60,

§4º, II, ambos da CRFB/88.

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto

direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:

Art. 60, [...] § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente

a abolir: [...]

II - o voto direto, secreto, universal e periódico;

O voto universal se refere ao sufrágio. Sufrágio universal é aquele em que se

assegura o direito de votar ao maior número possível de nacionais, sem restrições de

natureza intelectual, econômica ou de gênero.

Alguns autores questionam a universalidade do sufrágio, visto que há situações

em que o voto é proibido. Exemplo, menor de 16 anos, conscritos, pessoas com

suspensão dos direitos políticos. Entretanto, deve-se levar em consideração que o

sufrágio apenas comporta alguns pressupostos, que não lhe retiram sua característica

de universalidade, tais como, a maioridade, a não cessação de direitos políticos, dentre

outros.

O sufrágio é restrito nos seguintes casos: restrição de natureza intelectual

(sufrágio capacitário); restrição de natureza econômica (sufrágio censitário); restrição

quanto ao gênero (sufrágio masculino).

B) Voto: É o instrumento utilizado para o exercício do sufrágio.

O voto possui características:

i) O voto é direto. Significa que é exercitado pessoalmente, sem intermediários.

Exceção: Há um único caso de voto indireto no Brasil previsto no art. 81, §1º da

CRFB. Esse artigo prevê as eleições indiretas.

Observação: Sucessão ocorre em casos de vacância do presidente da república

e é sempre definitiva. Substituição ocorre em casos de impedimento e é sempre

temporária.

Art. 81. Vagando os cargos de Presidente e Vice-Presidente da República, far-se-á

eleição noventa dias depois de aberta a última vaga.

§ 1º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do período presidencial, a

eleição para ambos os cargos será feita trinta dias depois da última vaga, pelo

Congresso Nacional, na forma da lei.

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§ 2º - Em qualquer dos casos, os eleitos deverão completar o período de seus

antecessores.

Em caso de vacância dos cargos de presidente e vice, o presidente da câmara

assume o cargo temporariamente e estabelece novas eleições diretas. Se tal vacância

ocorrer nos últimos dois anos do mandato presidencial, dar-se-á a eleição indireta

realizada pelo Congresso Nacional. O eleito exercerá apenas o restante do mandado

(mandato tampão).

ii) O voto é obrigatório, em regra, salvo para os analfabetos, maiores de 16 e

menores de 18 anos e para os maiores de 70 anos (art. 14, §1º, II, CRFB). A

obrigatoriedade do voto não é cláusula pétrea.

Art. 14. [...] § 1º - O alistamento eleitoral e o voto são: [...]

II - facultativos para:

a) os analfabetos;

b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

2º horário

iii) O voto é secreto. O sigilo está previsto no art. 103, Código Eleitoral. A

violação ao sigilo do voto acarreta a nulidade da votação naquela seção eleitoral. A

figura do voto impresso consta no art. 5º, §2º, lei 12.034/09, tendo sido declarado

inconstitucional através da ADI 4543.

Portadores de necessidades especiais podem votar com auxílio de terceiro de

confiança, desde que este não esteja a serviço da justiça eleitoral, partido político ou

candidato. Não há necessidade de requerimento prévio judicial para auxílio de

terceiro, que pode, inclusive, digitar os números na urna.

iv) o voto é igual, ou seja, tem o mesmo valor para todos.

v) O voto é periódico. Ocorre de dois em dois anos. No DF, vota-se de 4 em 4

anos, visto que não há eleições municipais.

C) Escrutínio: É o modo pelo qual se exterioriza o voto (José Afonso da Silva).

Esse instituto também é considerado, pelo Código eleitoral, como o local onde se

colocam os votos (urna). Escrutinadores são aqueles que auxiliam na contagem dos

votos por cédula (atualmente, em extinção).

1.3. Direitos políticos positivos e negativos

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Direitos políticos positivos consistem no conjunto de normas que asseguram a

participação do indivíduo no processo político e nos órgãos governamentais. Exemplos,

normas sobre o voto, normas sobre alistamento, plebiscito, referendo e iniciativa

popular.

Os direitos políticos negativos correspondem às previsões que restringem o

acesso do indivíduo aos órgãos governamentais, mediante impedimentos a

candidatura. Exemplos, normas sobre perda e suspensão dos direitos políticos, normas

sobre inelegibilidade.

1.4. Perda e suspensão dos direitos políticos

Previsão no art. 15 da CRFB/88.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se

dará nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos

termos do art. 5º, VIII;

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

O efeito acessório da perda ou suspensão dos direitos políticos é a perda do

mandato, que é automática, ou seja, não depende de qualquer decisão posterior da

casa legislativa.

Ocorre que, nos termos do art. 55, §2º, a perda do mandato em decorrência de

condenação criminal transitada em julgado por deputado federal ou senador depende

de uma decisão (juízo político) da casa legislativa respectiva.

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:

I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;

II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;

III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das

sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta

autorizada;

IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;

V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;

VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.

[...]

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§ 2º - Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela

Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria

absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político

representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.

Segundo o STF, esta previsão constitucional (art. 55, §2º) estaria vinculada aos

casos em que a sentença condenatória não tivesse decretado a perda do mandato,

haja vista não estarem presentes os requisitos do art. 92 do CP, ou por ter sido

proferida anteriormente à diplomação, com trânsito em julgado ocorrente em

momento posterior (Ação Penal 470 – Mensalão).

O art. 27, §1º, CRFB estende aos deputados estaduais a mesma regra

estabelecida para os deputados federais. Na doutrina, há dúvida quanto a extensão a

vereadores, por simetria, visto o silêncio da Constituição.

Art. 27, §1º - Será de quatro anos o mandato dos Deputados Estaduais, aplicando-

sê-lhes as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade,

imunidades, remuneração, perda de mandato, licença, impedimentos e

incorporação às Forças Armadas.

Alexandre de Moares e precendente do STF sustentam que para vereadores

não há que se falar em juízo político, porque a omissão do constituinte foi intencional.

Pedro Henrique Távora sustenta que o silêncio do constituinte não foi

intencional, sendo uma lacuna técnica, não abrangendo os vereadores no juízo

político.

Perda é a privação definitiva dos direitos políticos que, entretanto, poderão ser

readquiridos no futuro, mediante provocação do interessado.

As hipóteses para perda dos direitos políticos são as que se seguem.

A) Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado: Essa é

a primeira hipótese da perda dos direitos políticos. Também ocorre quando há opção

voluntária para aquisição de outra nacionalidade pelo brasileiro nato. Tanto o

brasileiro nato quanto o naturalizado podem sofrer a perda dos direitos políticos por

essa hipótese.

B) Recusa em cumprir a obrigação a todos imposta ou prestação alternativa

O art. 5º, VIII, trata da escusa de consciência. Em caso de recusa, deve-se

cumprir prestação alternativa. Se não houver a prestação, priva-se o cidadão dos

direitos políticos. Há controvérsia doutrinária acerca de essa hipótese ser suspensão

dos direitos políticos. Nas provas, tem-se adotado o entendimento de ser hipótese de

perda.

Art. 5º, [...] VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa

ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de

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obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa,

fixada em lei;

3º horário

O art. 4º, §2º, Lei 8239/91 aduz que os direitos políticos são suspensos na

hipótese supramencionada e esse é o ambasamento legal no qual a doutrina se apóia.

Entretanto, não se entende ser caso de suspensão, pois a perda é definitiva, somente

podendo ser retomada por requerimento da pessoa.

Art. 4º Ao final do período de atividade previsto no § 2º do art. 3º desta lei, será

conferido Certificado de Prestação Alternativa ao Serviço Militar Obrigatório, com

os mesmos efeitos jurídicos do Certificado de Reservista.

§ 1º A recusa ou cumprimento incompleto do Serviço Alternativo, sob qualquer

pretexto, por motivo de responsabilidade pessoal do convocado, implicará o não-

fornecimento do certificado correspondente, pelo prazo de dois anos após o

vencimento do período estabelecido.

§ 2º Findo o prazo previsto no parágrafo anterior, o certificado só será emitido

após a decretação, pela autoridade competente, da suspensão dos direitos

políticos do inadimplente, que poderá, a qualquer tempo, regularizar sua situação

mediante cumprimento das obrigações devidas.

Suspensão é a privação temporária dos direitos políticos, que serão

readquiridos nos futuro cessadas as causas que deram ensejo a suspensão. Sãos três

os casos de suspensão:

* Incapacidade civil absoluta (art. 3º do CC), que não gera por si só a suspensão,

sendo necessária a interdição;

Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:

I - os menores de dezesseis anos;

II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário

discernimento para a prática desses atos;

III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

* Condenação transitada em julgado por improbidade administrativa, nos

termos do art. 37, §4º, CRFB/88;

Art. 37, §4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos

direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o

ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da

ação penal cabível.

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* Condenação criminal transitada em julgado enquanto durarem os seus

efeitos.

O STF entende que onde consta “crime”, deve-se ler “infração penal”, pois a

condenação por contravenção também gera a suspensão. O termo “enquanto durarem

seus efeitos” se refere até a data da declaração do termo de extinção da pena ou da

punibilidade (art. 107, CP), (vide súmula 09, TSE).

Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de

11.7.1984)

I - pela morte do agente;

II - pela anistia, graça ou indulto;

III - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;

IV - pela prescrição, decadência ou perempção;

V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação

privada;

VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite;

VII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

VIII - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)

IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.

Súmula nº 09 / TSE - A suspensão de direitos políticos decorrente de condenação

criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a extinção da pena,

independendo de reabilitação ou de prova de reparação dos danos.

Os incidentes na execução penal (ex.: livramento condicional e sursis) não

fazem com que a pessoa readquira os direitos políticos.

**A condenação a pena de multa também importa a suspensão dos direitos

políticos.

A prisão só suspende os direitos políticos se for decorrente de condenação

transitada em julgado. O entendimento atual é de que não há voto por impossibilidade

física na prática.

A suspensão atinge o direito de ser votado e o de votar.

RO169795 TSE

2. Elegibilidade

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Elegibilidade é a aptidão para o exercício da capacidade eleitoral passiva. É o

direito público subjetivo atribuído ao cidadão de disputar cargos eletivos. Exemplo:

Estrangeiros, conscritos e analfabetos são inelegíveis.

2.1. Condições de elegibilidade

São pressupostos necessários para o exercício da capacidade eleitoral passiva.

A doutrina divide essas condições em duas espécies: i) próprias ou expressas; ii)

impróprias.

As condições próprias ou expressas são aquelas previstas diretamente na CRFB

(art. 14, §3º).

Art. 14, §3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exercício dos direitos políticos;

III - o alistamento eleitoral;

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;

V - a filiação partidária; Regulamento

VI - a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital,

Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.

As condições impróprias são aquelas que, embora não previstas na

Constituição, também configuram pressupostos ou requisitos para o exercício do

mandato previstas em legislação ordinária, não sendo reservadas a lei complementar

(art. 14, §9º).

Art. 14, §9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os

prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a

moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e

a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico

ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou

indireta. (Redação dada pela Emenda Constitucional de Revisão nº 4, de 1994)

Abaixo serão abordadas as hipóteses de condição própria de elegibilidade.

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A) Nacionalidade brasileira: Presidente da república e vice são cargos

privativos de brasileiro nato. Os demais cargos eletivos podem ser presididos por

brasileiros natos ou naturalizados e por português equiparado.

B) Pleno exercício dos direitos políticos: Remissão ao art. 15, CRFB/88.

Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se

dará nos casos de:

I - cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado;

II - incapacidade civil absoluta;

III - condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos;

IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos

termos do art. 5º, VIII;

V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º.

C) Alistamento eleitoral: É com o alistamento eleitoral que a pessoa adquire os

direitos políticos.

D) Domicílio eleitoral na circunscrição: Domicílio eleitoral é o local da

residência ou moradia e, havendo mais de uma, o de qualquer delas (art. 42, p.u.

Código Eleitoral). O TSE elasteceu ainda mais o conceito de domicílio eleitoral.

Art. 42. O alistamento se faz mediante a qualificação e inscrição do eleitor.

Parágrafo único. Para o efeito da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar de

residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais de uma,

considerar-se-á domicílio qualquer delas.