resumo de direito eleitoral - março de 2013

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1 RESUMO DE DIREITO ELEITORAL – atualizado em 10-03-2013 DIREITO ELEITORAL 1.1. Considerações iniciais acerca do Direito Eleitoral De acordo com Marcos Ramayana (2009, p. 5) o Direito Eleitoral pode ser conceituado como [...] um conjunto de normas jurídicas que regulam as capacidades de votar e ser votado, o processo de alistamento, no registro de candidaturas, a propaganda política eleitoral, votação, apuração, proclamação dos eleitos, prestação de contas de campanhas eleitorais e diplomação, bem como as formas de acesso aos mandatos eletivos através dos sistemas eleitorais. Como percebemos, o Direito Eleitoral regula todos os procedimentos atinentes à ocorrência das eleições, ou seja, tanto a capacidade ativa (direito de votar), como a capacidade passiva (direito de ser votado), passando por todos os trâmites garantidores dessa capacidade passiva. Outros autores também conceituam o Direito Eleitoral. Vamos conhecer outros conceitos. Para Joel J. Cândido (2007, p. 25), o Direito Eleitoral é [...] é o ramo do Direito Público que trata de institutos relacionados com os direitos políticos e das eleições, em todas as suas fases, como forma de escolha dos titulares dos mandatos eletivos e das instituições do Estado. Ainda sobre o tema, Marcus Vinícius Furtado Coelho (2008, p. 67), leciona que constitui objetivo do Direito Eleitoral [...] assegurar e implementar um processo que respeite as normas, destinado a garantir a soberana e livre manifestação da vontade popular na escolha dos representantes que irão, em nome do povo, exercer o poder político nas esferas legislativas e executivas.

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Page 1: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

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RESUMO DE DIREITO ELEITORAL – atualizado em 10-03-2013

DIREITO ELEITORAL

1.1. Considerações iniciais acerca do Direito Eleitoral

De acordo com Marcos Ramayana (2009, p. 5) o Direito Eleitoral pode ser

conceituado como

[...] um conjunto de normas jurídicas que regulam as capacidades de votar e

ser votado, o processo de alistamento, no registro de candidaturas, a

propaganda política eleitoral, votação, apuração, proclamação dos eleitos,

prestação de contas de campanhas eleitorais e diplomação, bem como as

formas de acesso aos mandatos eletivos através dos sistemas eleitorais.

Como percebemos, o Direito Eleitoral regula todos os procedimentos

atinentes à ocorrência das eleições, ou seja, tanto a capacidade ativa

(direito de votar), como a capacidade passiva (direito de ser votado),

passando por todos os trâmites garantidores dessa capacidade passiva.

Outros autores também conceituam o Direito Eleitoral. Vamos conhecer outros

conceitos. Para Joel J. Cândido (2007, p. 25), o Direito Eleitoral é

[...] é o ramo do Direito Público que trata de institutos relacionados com

os direitos políticos e das eleições, em todas as suas fases, como forma de

escolha dos titulares dos mandatos eletivos e das instituições do Estado.

Ainda sobre o tema, Marcus Vinícius Furtado Coelho (2008, p. 67), leciona

que constitui objetivo do Direito Eleitoral

[...] assegurar e implementar um processo que respeite as normas, destinado

a garantir a soberana e livre manifestação da vontade popular na escolha

dos representantes que irão, em nome do povo, exercer o poder político nas

esferas legislativas e executivas.

Em outras palavras, visa [a] ordenar um devido processo legal capaz de

legitimar, através de eleições livres, a escolha das pessoas a quem o povo

outorga mandatos, cumprindo o art. 1º da Constituição Federal que

estabelece a democracia representativa no estado de direito como o regime

político da nação.

Page 2: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

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O Direito Eleitoral viabiliza a concretização do processo democrático

conforme estabelece a Constituição da República Federativa do Brasil. Na

sequencia, veremos quais são as fontes do Direito Eleitoral.

1.2 Fontes do Direito Eleitoral

O significado de fonte em sentido lato pode ser compreendido como nascente,

fonte de água, ou ainda como o local de onde provém algo.

Aplicando essa metáfora ao Direito, teremos o significado de fonte como o

lugar de onde Direito se origina, ou ainda, de onde ele nasce.

O Direito Eleitoral, tal qual os demais ramos do Direito, para fins

didáticos, tem fontes específicas. Essas fontes podem ser classificadas, de

acordo com Queiroz (2006, p. 35-38), em fontes principais, próprias e

subsidiárias. Passemos, pois, ao seu estudo conforme o quadro 1.

Quadro 1 - Fontes do Direito Eleitoral

FONTE PRINCIPAL

a) Constituição Federal: Lei Fundamental. A Constituição

estabelece as diretrizes gerais do Direito Eleitoral

(direitos políticos e organização da Justiça Eleitoral).

b) Leis Complementares: regulamentam as normas

constitucionais que demandam essa regulamentação;

(necessidade deve vir expressa na norma constitucional).

Ex. 1 - LC 64/90 (disciplina a questão da inelegibilidade

em sentido material e processual). Ex. 2 - O Código

Eleitoral (Lei 4.737/65) que é uma lei híbrida (as

disposições sobre a organização e competência da Justiça

Eleitoral possuem status de lei complementar, e as demais

normas têm status de lei ordinária).

a) Código Eleitoral: como visto, o Código Eleitoral tem

status de Lei Complementar apenas quanto às normas de

organização e competência da Justiça Eleitoral. Os demais

assuntos têm status de Lei Ordinária (capacidade ativa e

passiva, do alistamento eleitoral, votação, apuração,

entre outros).

Page 3: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

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FONTES PRÓPRIAS

b) Lei dos Partidos Políticos: regula o funcionamento dos

partidos políticos (art. 17 da CF/88), estabelecendo

normas de criação, fusão, extinção e regras para filiação

e desfiliação dos partidos.

c) Leis Eleitorais transitórias: elaboradas para

disciplinar uma eleição em particular. Ex.: Lei 8.214/91 -

regulamentou as eleições de 1992; a Lei 8.713/93 -

regulamentou as eleições de 1994; a Lei 9.100/95 –

regulamentou as eleições de 1996; e a atual Lei Eleitoral,

Lei n° 9.504/97, que foi editada para regulamentar as

eleições de 1998, mas acabou regulamentando, também, uma

vez que continua em vigor, as eleições seguintes,

ressalvando-se que revogou o Código Eleitoral, apenas

naquilo em que forem conflitantes.

FONTES

SUBSIDIÁRI

AS

a) Leis em geral: funcionam como fontes subsidiárias,

complementando as fontes primárias. Ex. o Código Penal

(conceitos como imputabilidade e punibilidade) e o Código

Civil (conceito de capacidade, maioridade e

responsabilidade). São ainda considerados, como fonte

subsidiária, o Código de Processo Penal e o Código de

Processo Civil.

b) Resoluções dos Tribunais Eleitorais: importante fonte

do Direito Eleitoral, pois em sua maioria são emanadas do

TSE, especialmente para regulamentar eleições e

disciplinar temas específicos do pleito.

c) Estatutos dos partidos: regem os seus respectivos

partidos, especialmente nas questões relativas à

composição de seus órgãos, os critérios de escolha dos

candidatos aos cargos eletivos, a filiação partidária,

entre outros.

Page 4: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

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Como você pode perceber, as fontes do Direito Eleitoral têm suas

características específicas, com o que se destaca o estabelecimento das

normas gerais na Constituição Federal, a necessidade de Lei Complementar

nos casos expressos na Constituição e o caso específico do Código Eleitoral

que tem natureza híbrida. Fontes próprias são caracterizadas por leis de

caráter transitório (regulam especificamente uma eleição), além de lei de

partidos políticos e do próprio Código, naquilo que se tratar de lei

ordinária.

Além dessas, destacam-se as Resoluções editadas pelo TSE, as leis em geral

e os estatutos dos partidos, constituindo o que a doutrina nominou de fonte

subsidiária. Depois de analisarmos as fontes do Direito Eleitoral,

examinaremos seus princípios.

1.3 Princípios do Direito Eleitoral

Você estudou acerca dos princípios no ordenamento jurídico brasileiro e,

portanto, sabe serem os mesmos uma das fontes do Direito que mais suscitam

discussões. Há autores que nem mesmo os consideram como tal. Inegável,

porém que a doutrina mais moderna empresta-lhes um status de norma jurídica

com características próprias, distinta da das regras. Celso Antonio

Bandeira de Mello citado por Coelho (2008, p. 83), assim, leciona sobre os

princípios

Mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição

fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito

e servindo de critério para a sua exata compreensão e inteligência,

exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no

que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico.

Os princípios específicos do Direito Eleitoral, como os demais princípios

jurídicos, além de nortearem a disciplina, emprestam-lhe força normativa.

E, de acordo com Coelho (2008, p. 83), os princípios eleitorais encontram-

se dispostos “na Constituição Federal, Código Eleitoral, Leis Eleitorais e

Resoluções do TSE”, entre os quais podemos destacar:

[...] o princípio do aproveitamento do voto, da celeridade, isonomia, da

devolutividade dos recursos, preclusão instantânea, anualidade,

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responsabilidade solidária entre os candidatos e partidos políticos,

irrecorribilidade das decisões do Tribunal Superior Eleitoral.

Lembrando que o autor aponta alguns dos princípios reconhecidos pela

doutrina e que você poderá encontrar diversa nomenclatura e rol para

designar esses e outros princípios que deixamos de mencionar neste

capítulo, pois serão tratados em capítulo específico. Nos próximos,

analisaremos os princípios do Direito Eleitoral.

1.3.1 Princípio da celeridade

Conforme Coelho (2008, p. 84), no Direito Eleitoral, a celeridade é a

tônica, visto que tanto o processo eleitoral, como o pleito eleitoral

propriamente dito, têm períodos limitados. Assim, a Justiça Eleitoral

carece de maior celeridade. Leciona ainda que: a celeridade é

característica intrínseca ao processo eleitoral. O início e o término pré-

estabelecidos do processo impõem que as decisões eleitorais sejam

imediatas, evitando-se que se estendam para após as diplomações, que

constituem a sua última fase. (COELHO, 2008, p. 84) Inúmeros fatores

demonstram a especificidade da Justiça Eleitoral quanto ao princípio da

celeridade. É o que apresentamos no quadro 2.

Quadro 2 - Princípio da celeridade

Três dias para interposição de recursos ([Art. 258, CE]; e alguns em 24

horas [Art. 58, § 5º da Lei 9504/97].

24 horas para a Justiça Eleitoral proferir decisões nos processos e

direito de resposta [Art. 58, § 6º da Lei n. 9504/97].

Execução imediata das decisões, que poderá ser feita por ofício,

telegrama ou cópia de acórdão [Art. 257, parágrafo único, do CE].

Prioridade para os feitos eleitorais, no período do registro das

candidaturas até cinco dias após as eleições, ressalvados apenas os

habeas corpus e mandado de segurança [Art. 94 da Lei n. 9504/97].

Prazo de 48 horas para apresentação de defesa [representação do Art. 96

da Lei n. 9504/97].

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Continuidade dos prazos relacionados à impugnação do registro de

candidatura que não se suspendem aos sábados, domingos e feriados [Art.

16 da LC 64/90].

- Como demonstrado no quadro 2, a celeridade é fundamental para uma

prestação jurisdicional adequada. Os prazos para defesa, recurso e

impugnações são diferenciados tanto no quantitativo dos dias, como na forma

de contagem do prazo.

1.3.2 Princípio da Isonomia ou princípio da lisura das eleições

A isonomia é direito fundamental assegurado na Constituição Federal de

1988. Reforçando essa ideia, Coelho (2008, p. 84-85) assim dispõe sobre

esse princípio:

O regime democrático permite que quaisquer cidadãos no gozo de seus

direitos políticos, que preencham as condições de elegibilidade e que não

estejam limitados por alguma causa de inelegibilidade, disputem, em

igualdade de condições, os cargos eletivos que os conduzirão ao mandato

parlamentar ou executivo. Essa disputa, porém, deve ser pautada pela

igualdade de oportunidades e pela lisura dos meios empregados nas campanhas

sem privilégios em favor de determinada candidatura.

O princípio da isonomia, como qualquer outro direito fundamental, não é

absoluto, encontra limites impostos pela própria Constituição que

estabelece regras, por exemplo, quanto à idade mínima para candidatar-se a

determinados cargos ou ainda ao estabelecer que alguns cargos só podem ser

ocupados por brasileiros natos.

O que se quer resguardar com esse princípio é a lisura dos processos, bem

como a igualdade nas oportunidades, evitando que haja distinções em

prejuízo de um ou de outro candidato nas campanhas eleitorais.

Conforme Coelho (2008, p. 85), esse princípio aplica-se a todos os

envolvidos no processo eleitoral, como “Ministério Público, partidos, meios

de comunicação, candidatos e eleitores, a fim de que as regras sejam iguais

para todos”.

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O exemplo de como o legislador preocupou-se com a concretização do

princípio da igualdade está nos dispositivos a seguir mencionados.

Artigo 14, § 9º da CF/88

Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos

de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade

para o exercício do mandato, considerada a vida pregressa do candidato, e a

normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder

econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na

administração direta ou indireta.

Art. 23 da LC 64/90

O Tribunal formará sua convicção pela livre apreciação dos fatos públicos e

notórios, dos indícios e presunções e prova produzida, atentando para

circunstâncias ou fatos, ainda que não indicados ou alegados pelas partes,

mas que preservem o interesse público de lisura eleitoral.

Essa preocupação do legislador constitucional e infraconstitucional

encontra-se em consonância com a proteção que se quis reservar a esse

princípio.

1.3.3 Princípio da devolutividade dos recursos

Como regra, e em respeito ao princípio da celeridade, os recursos no

Direito Eleitoral têm apenas efeito devolutivo. De acordo com Coelho (2008,

p. 86), “a ausência de efeito suspensivo ao recurso faz com que a decisão

do juiz automaticamente seja cumprida, independente se a parte recorre ou

não, para que, assim, a celeridade ocorra”. A exceção a essa regra está

contida na própria lei. Como exemplo da mitigação dessa regra, o autor

destaca a Ação de Impugnação de Registro de Candidatura e de Recurso Contra

a Expedição do Diploma (CE Art. 216) e Art. 15 da LC 64/90, segundo a qual,

“transitada em julgado à decisão que declarar a ilegalidade do candidato,

ser-lhe-á negado registro, ou cancelado, se já tiver sido feito, ou

declarado nulo o diploma, se já expedido”.

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1.3.4 Princípio da preclusão

Sobre esse princípio, Coelho (2008, p. 86) leciona que O processo eleitoral

é constituído por uma sucessão de fases bem definidas e sucessivas, tendo

seu início com as convenções partidárias para a escolha dos candidatos e

sua última etapa a diplomação dos candidatos eleitos.

Assim sendo, o princípio da preclusão determina que, encerrada uma fase,

não mais poderão ser impugnados atos relativos às fases anteriores. As

impugnações e nulidades devem ser alegadas imediatamente, sob pena de

preclusão — perda da faculdade de agir.

Você já estudou acerca da preclusão, mas a título de relembrar o que você

estudou, temos que preclusão, de acordo com Fuher e Fuher (2009, p. 82), é

a “proibição de retorno a fases já superadas no processo (Art. 473 do CPC.

Corresponde à perda do direito de praticar determinado ato”.

Como exemplo de preclusão no âmbito do Direito Eleitoral, Coelho (2008, p.

86-87) ressalta que,

No momento da efetivação do voto do eleitor, ocorre a preclusão instantânea

temporal quanto a qualquer impugnação, como expresso no Art.147:

Art. 147, § 1º do CE, pelo qual “a impugnação à identidade do eleitor,

formulada pelos membros da mesa, fiscais delegados, candidato ou qualquer

eleitor, será apresentada verbalmente ou por escrito, antes de ser o mesmo

admitido a votar”.

[...]

Art. 149 do CE: “Não será admitido recurso contra a votação, se não tiver

havido impugnação perante a Mesa Receptora, no ato da votação, contra as

nulidades arguidas”.

O princípio estudado visa a resguardar o direito do cidadão que tenha

realizado o voto, descabendo, a partir desse ato, qualquer alegação sobre a

impugnação dele, que deveria ser oposta em momento oportuno como facultado

pela lei. Ressalta ainda Coelho (2008, p. 87) que a “preclusão não incide

em relação a matérias constitucionais e a erros na intimidade da justiça”.

Page 9: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

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1.3.5 Princípio da Anualidade ou Princípio da Anterioridade da Lei

Eleitoral

Para Coelho (2008, p. 87), esse princípio consagra-se na máxima de que “não

se pode mudar as regras do jogo no meio do campeonato, que traduzindo para

seara jurídica eleitoral significa que, não se devem fazer leis casuísticas

para preservar o poder político, econômico ou autoridade”.

O Art. 16 da CF/88 dispõe que “a lei que alterar o processo eleitoral

entrará em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à eleição que

ocorra até um ano da data de sua vigência”, com a redação dada pela EC

04/1993.

Como vemos o princípio da anualidade integra os direitos e as garantias

fundamentais assegurados na Constituição Federal de 1988.

Cerqueira citado por Coelho (2008, p. 86) ressalta a distinção entre

eficácia e vigência, que você também já estudou em Introdução do Estudo do

Direito. Segundo ele não se deve:

[...] confundir vigência [aplicação imediata — não incidência da vactio

legis] com eficácia [aplicação um ano após a sua promulgação]. Portanto,

toda lei que alterar o processo eleitoral, tem vigência imediata à data de

sua publicação. Porém terá apenas eficácia imediata [efeitos já aplicados],

se publicada um ano antes da eleição em trâmite e eficácia contida [para

próximas eleições]. Trata-se de eficácia condicionada ao intervalo de um

ano, preservando o princípio da rule of game, para impedir leis

casuísticas, eletistas e frutos de poder econômico ou político.

Como vemos, esse princípio está atrelado ao princípio da rule of game, em

que se impede a mudança das regras durante o jogo, isto é, proíbe-se a

edição de leis casuísticas. Essa proibição não se estende, porém, às leis

de cunho meramente instrumental e que não interfiram nas regras do processo

eleitoral, como as que digam, por exemplo, a respeito do preenchimento de

formulários entre outros.

1.3.6 Princípio da responsabilidade solidária entre candidatos e partidos

Políticos

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Ao falar da responsabilidade solidária existente entre os candidatos e os

partidos políticos, Coelho (2008, p. 89-90) explica que:

Tanto o candidato (pessoa física) quanto os partidos políticos (pessoas

jurídicas) possuem solidariedade em relação à responsabilidade cível,

administrativa e penal pelos abusos e excessos cometidos por eles durante o

processo eleitoral, isso caracteriza o princípio da responsabilidade

solidária entre candidatos e partidos políticos.

Essa responsabilidade decorre de previsão expressa da Lei e da

jurisprudência como se apresenta no quadro 3.

Quadro 3 - Das responsabilidades do candidato e do partido político

Art. 241 do CE - Toda propaganda eleitoral será realizada sob a

responsabilidade dos partidos ou dos seus candidatos, por eles paga,

imputando-se-lhes solidariedade nos excessos praticados pelos candidatos

e adeptos.

Art. 17 da Lei n. 9.504/97 - As despesas da campanha eleitoral serão

realizadas sob a responsabilidade dos partidos políticos, ou de seus

candidatos, e financiadas na forma dessa Lei.

Art. 38 da Lei n. 9.504/97 - Independe da obtenção de licença municipal e

de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral

pela distribuição de folhetos, volantes e outros impressos, os quais

devem ser editados sob a responsabilidade do partido, coligação ou

candidato.

Jurisprudência TSE - “II - Há solidariedade entre partidos políticos e

seus candidatos no tocante à realização da propaganda eleitoral destes”.

(TSE, Acórdão RESPE 21418, DJ 21/6/2004, p. 89).

Vale ainda ressaltar que também a doutrina aponta na mesma direção

sinalizada pela lei e pela jurisprudência. A única ressalva a se fazer é

quanto à responsabilidade penal que, de acordo com Coelho (2008, p. 90), a

própria Constituição Federal assegura ser pessoal e intransferível. De

forma que, ao prever, a Constituição veda a imposição de “sanção sobre quem

Page 11: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

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não possui comprovadamente participação, ainda que omissiva, na

concretização”.

1.3.7 Princípio da irrecorribilidade das decisões do Tribunal Superior

Eleitoral

A irrecorribilidade das decisões do TSE está prevista no Art. 281 do CE,

com a seguinte disposição:

São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior, salvo as que declararem

a invalidade de lei ou ato contrário à Constituição Federal e as

denegatórias de habeas corpus ou mandato de segurança, das quais caberá

recurso ordinário para o Supremo Tribunal Federal, interposto no prazo de 3

(três) dias.

De acordo com Coelho (2008, p. 91), esse princípio está previsto na CF/88,

com certas ressalvas, que são justamente em relação às decisões que

contrariarem a Constituição e as denegatórias de habeas corpus e mandato de

segurança. De modo que, segundo o autor, o STF só é chamado a intervir

nessas hipóteses, o que faz do TSE o órgão de última instância em matéria

eleitoral.

Como exemplo de cases em que o STF foi chamado a intervir o autor aponta: a

verticalização das eleições, a perda de mandato por infidelidade partidária

e a inelegibilidade decorrente da vida pregressa, todos esses motivos são

de conotação constitucional.

Estudamos, no primeiro capítulo, as bases que nos servirão para

aprofundamento de nossos estudos no decorrer dos demais capítulos. Perceba

que iniciamos pelo conceito e pelo objeto do Direito Eleitoral, passando

pelo estudo de suas fontes e, por fim, destacamos os princípios que, além

das fontes normativas, orientam e norteiam a disciplina.

2. DOS PARTIDOS POLÍTICOS:

2.1. Definição:

O partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a

assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema

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representativo e a defesa aos direitos fundamentais definidos na

Constituição Federal.

A Lei no 9.096, de 19 de setembro de 1995, determina:

Art. 1º - Partido político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se

a assegurar, no interesse do regime democrático, a autenticidade do sistema

representativo e a defender os direitos fundamentais definidos na

Constituição Federal.

- Autonomia partidária - possui autonomia para estabelecer em seu estatuto,

a sua estrutura interna, organização e funcionamento e é livre para fixar

em seu programa seus objetivos políticos.

A autonomia partidária é assegurada pela Lei no 9.096/95. Institui a

referida lei:

Art. 3º - É assegurada, ao partido político, autonomia para definir sua

estrutura interna, organização e funcionamento.

2.2. São características dos partidos político :

- Âmbito de atuação nacional: assim definido no art. 5º da Lei: “A ação do

partido tem caráter nacional e é exercida de acordo com seu estatuto e

programa, sem subordinação a entidades ou governos estrangeiros”.

- Independente – partido político não se subordina a nenhum órgão ou

entidade pública, ficando limitado seus poderes apenas pela Constituição e

pela lei que os regulamenta.

Também é vedado ao partido político receber recursos financeiros de

entidades ou governo estrangeiro.

- Caráter não militar ou paramilitar: não pode o partido político adotar

organização militar e nem pode possuir um caráter militar ou paramilitar.

Segundo art. 6º, da Lei: “É vedado ao partido político ministrar instrução

militar ou paramilitar, utilizar-se de organização da mesma natureza e

adotar uniforme para seus membros”.

- O conteúdo programático: É a identidade do partido;

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- Busca pelo poder: Para um partido não basta a influencia no poder, é

necessário a busca pelo poder.

2.3 . Criação de Partidos políticos:

A Constituição de 1988, no art. 17, caput, determina ser livre a criação,

fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, no entanto deve

respeitar os seguintes preceitos: caráter nacional; proibição de

recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou

de subordinação a eles; prestação de contas à Justiça Eleitoral e

funcionamento parlamentar de acordo com a lei.. A Lei no 9.096/95, ao

regulamentar este dispositivo constitucional, estabelece:

Art. 2º: “É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos

políticos cujos programas respeitem a soberania nacional, o regime

democrático, o pluripartidarismo e os direitos fundamentais da pessoa

humana”.

2.3.1 - Resumo para a criação do partido político:

1) Adquirir personalidade jurídica na forma da lei civil – esta aquisição é

feita através do registro do estatuto no Cartório de Registro Civil das

Pessoas Jurídicas, da Capital do Distrito Federal;

2) Após adquirir personalidade jurídica deve registrar o seu estatuto no

Tribunal Superior Eleitoral;

3) Para proceder ao registro no TSE, faz-se primeiro requerimento de

registro que deve ser subscrito pelos fundadores do partido, em número

nunca inferior a cento e um, com domicílio eleitoral em, no mínimo, um

terço dos Estados brasileiros (equivale a 9 Estados), acompanhado dos

documentos exigidos nos incisos I, II e III do art. 8º, da Lei.

4) Registro do estatuto de partido político que tenha caráter nacional:

deve-se buscar o apoio de eleitores correspondentes a pelo menos:

a) ½ por cento dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos

Deputados, não computados os votos em branco e os nulos;

Page 14: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

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b) as assinaturas acima conseguidas (apoio) devem estar distribuídas por um

terço, ou mais, dos Estados, com um mínimo de um décimo por cento do

eleitorado que haja votado em cada um deles.

Ex: Se na última eleição para a Câmara dos Deputados os votos válidos (não

computados brancos e nulos) foram 10.000.000. Meio por cento de tais votos

equivalem a 50.000 assinaturas. Estas devem estar distribuídas pelo menos

por 9 Estados e, em cada Estado, o número de assinaturas não pode ser

inferior a 1/10 por cento do eleitorado.

5) Registrado o estatuto no TSE, o partido adquire o direito de: receber

recursos do Fundo Partidário, ter acesso gratuito ao rádio e à televisão,

participar do processo eleitoral e ter exclusividade quanto ao uso do nome

do partido, sigla e símbolo.

2.4. Bi-partidarismo:

No sistema de bi-partidarismo não é obrigado existir apenas dois partidos,

aqui, o importante é a possibilidade de apenas dois dos partidos

existentes, terem acesso ao poder.

- Não se deve confundir o sistema de partido único com o de partido

hegemônico. Neste último a pesar de apenas um partido dominar o cenário

político, existe, em tese, a possibilidade de alternância no poder.

2.5. Leis de regência:

Os partidos políticos são atualmente regidos pela Constituição Federal art.

17 e pela chamada Lei Orgânica dos Partidos Políticos 9.096/95.

- O partido político tem que ter caráter nacional, não se admitindo

organizações partidárias somente nos Estados e Municípios.

- O partido político adquire a personalidade jurídica nos termos da lei

civil, ou seja, com o registro no cartório das pessoas jurídicas.

- Os partidos políticos, funcionam, nas Casas Legislativas, por intermédio

de uma bancada, que deve constituir suas lideranças de acordo com o

estatuto, as normas legais e o regimento respectivo.

Page 15: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

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- Os partidos não estão sujeitos à tutela da Justiça Eleitoral, em suas

quizilas internas, que deverão resolver no âmbito da Justiça Comum, sendo

importante referir que os partidos regem-se exclusivamente pelo disposto em

seus Estatutos, inclusive quanto à forma de fusão e incorporação.

- Por decisão de seus órgãos nacionais de deliberação, dois ou mais

partidos poderão fundir-se num só ou incorporar-se um ao outro.

§ 2º No caso de incorporação, observada a lei civil, caberá ao partido

incorporando deliberar por maioria absoluta de votos, em seu órgão nacional

de deliberação, sobre a adoção do estatuto e do programa de outra

agremiação.

- No que tange ao cancelamento do partido, este só pode resultar de decisão

judicial, com trânsito em julgado, assegurados o contraditório e a ampla

defesa, e nos moldes do art. 5º, XIX, da CF/88. Têm legitimidade para

propositura do cancelamento do partido o Ministério Público e qualquer

partido político com legítimo funcionamento. O cancelamento do registro

acarreta a perda da personalidade jurídica do partido, razão pela qual ele

deve ser registrado na forma da legislação civil.

- É Livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos

cujos programas respeitem a soberania nacional, o regime democrático, o

pluralismo e os direitos fundamentais da pessoa humana.

- Havendo fusão ou incorporação de partidos após o prazo estipulado no

caput, será considerada, para efeito de filiação partidária, a data de

filiação do candidato ao partido de origem.

- A constituição Federal art. 17, § 1º é assegurada aos partidos políticos

autonomia para definir sua estrutura interna, organização e funcionamento e

para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações

eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em

âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos

estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.

- A quota eleitoral de gênero estabelece que nas eleições proporcionais

cada partido ou coligação deverá preencher o mínimo de 30% e o máximo de

70% para candidaturas de cada sexo.

Page 16: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

16

2.6. Sobre a infidelidade partidária;

A identidade política partidária, o plenário do Tribunal Superior

Eleitoral, por maioria de 6 X 1, respondendo a consulta CTA (1398) do

Partido da Frente Liberal, hoje com o nome de DEM (democratas), decidiu que

os mandatos conquistados pelos deputados federais da eleição de 2006, assim

como todos os eleitos pelo sistema de representação proporcional, no fundo,

pertencem aos respectivos Partidos Políticos e não aos parlamentares.

- Os partidos políticos, dentro da autonomia que possuem, podem estabelecer

normas de fidelidade partidária. A disciplina estatutária relativa à

fidelidade partidária é a que regula as relações entre o partido e o

afiliado.

2.7. Justa causa para desfiliação partidária:

CONSTITUCIONAL. ELEITORAL. FIDELIDADE PARTIDÁRIA. TROCA DE PARTIDO. JUSTA

CAUSA RECONHECIDA. POSTERIOR VACÂNCIA DO CARGO. MORTE DO PARLAMENTAR.

SUCESSÃO. LEGITIMIDADE.

O reconhecimento da justa causa para transferência de partido político

afasta a perda do mandato eletivo por infidelidade partidária. Contudo, ela

não transfere ao novo partido o direito de sucessão à vaga. Segurança

denegada.

- Justa Causa para desfiliação. Art. 1º - O partido político interessado

pode pedir, perante a Justiça Eleitoral, a decretação da perda de cargo

eletivo em decorrência de desfiliação partidária sem justa causa.

§ 1º - Considera-se justa causa:

I) incorporação ou fusão do partido;

II) criação de novo partido;

III) mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;

IV) grave discriminação pessoal.

- Perda do mandado sem justa causa. É válido salientar que tal matéria,

perda de mandato em virtude de desfiliação partidária sem justa causa, não

Page 17: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

17

está elencada nos principais diplomas eleitorais, mas tão somente na

Resolução 22.610/2007 do TSE. No art. 2º desta mesma resolução informa que

o TSE é responsável por processar e julgar os pedidos relativos a mandato

federal sobre perda de mandato em virtude de desfiliação partidária sem

justa causa, Já os demais serão julgados pelo TRE.

2.8. Verticalização:

Ficou decido que os partidos coligados nacionalmente devem manter nos

Estados a mesma coligação e que estão impedidos de se coligar com outros

partidos que não tenham candidato à presidência. Diz-se que os partidos

casados nacionalmente devem repetir o casamento nos Estados, sob pena de

invalidade da coligação. Já os partidos “solteiros”, ou seja, sem

candidatos à presidência da república, podem se unir (coligar) apenas com

outros partidos “solteiros”.

- Por fim, em decisão posterior e complementar ao teor da resposta da

consulta, o Colendo TSE adotou critério mais flexível em posição digna de

louvor de sua Excelência, o Ministro Marco Aurélio, adotando o critério

precedente nas eleições de 2002, permitindo que o partido que não

disputasse a eleição presidencial pudesse celebrar de forma livre as

coligações estaduais. Ainda determinou que as legendas coligadas

nacionalmente poderiam, nos Estados lançar de forma isolada suas próprias

candidaturas estaduais. Dessa forma, os partidos que não estão casados

nacionalmente (coligados) podem, nos Estados, estabelecer suas alianças de

forma livre.

2.9. O processo de cancelamento das atividades de partido político:

É iniciado pelo Tribunal à vista de denúncia de qualquer eleitor, de

representante de partido político, ou de representação do Procurador-geral

eleitoral. De partidos que estejam:

Recebendo recursos financeiros de origem estrangeira;

Estar subordinado a entidade ou governo estrangeiro;

Não ter prestado contas à Justiça Eleitoral;

Que mantém organização paramilitar.

Page 18: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

18

2.10 Vedações aos partidos políticos:

É vedado ao partido receber, direta ou indiretamente, sob qualquer forma ou

pretexto, contribuição ou auxílio pecuniário ou estimável em dinheiro,

inclusive através de publicidade de qualquer espécie, procedente de:

I - entidade ou governo estrangeiro;

II - autoridade ou órgãos públicos, ressalvadas as dotações referidas no

art. 38;

III - autarquias, empresas públicas ou concessionárias de serviços

públicos, sociedades de economia mista e fundações instituídas em virtude

de lei e para cujos recursos concorram órgãos ou entidades governamentais;

IV - entidade de classe ou sindical.

- É vedado à entidade de classe ou sindical ceder seu cadastro de endereços

eletrônicos a candidatos, partidos ou coligações.

2.11. Constituição do fundo partidário:

O Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos (Fundo

Partidário) é constituído por:

I - multas e penalidades pecuniárias aplicadas nos termos do Código

Eleitoral e leis conexas;

II - recursos financeiros que lhe forem destinados por lei, em caráter

permanente ou eventual;

III – doações de pessoa física ou jurídica, efetuadas por intermédio de

depósitos bancários diretamente na conta do Fundo Partidário;

IV - dotações orçamentárias da União em valor nunca inferior, cada ano, ao

número de eleitores inscritos em 31 de dezembro do ano anterior ao da

proposta orçamentária, multiplicados por trinta e cinco centavos de real,

em valores de agosto de 1995.

Page 19: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

19

- As doações em recursos financeiros devem ser, obrigatoriamente, efetuadas

por cheque cruzado em nome do partido político ou por depósito bancário na

conta do partido político.

- A pena de suspensão do repasse de cotas do fundo partidário por

desaprovação total da prestação de contas do partido não pode ser aplicada

caso a prestação de contas não seja julgada, pelo juízo ou tribunal

competente, após cinco anos de sua apresentação.

- RESOLUÇÃO 23.216/TSE. Art. 2º As doações mediante cartão de crédito

somente poderão ser realizadas por pessoa física, vedado o seu parcelamento

(Lei n° 9.504197, art. 23, III).

Art. 3º São vedadas doações por meio dos seguintes tipos de cartão de

crédito (Lei n° 9.504197, arts. 23 e 24):

I - emitido no exterior; 

II - corporativo ou empresarial.

- É obrigatório o partido político enviar à Justiça Eleitoral o balanço

anual, até o dia 30 de abril do ano seguinte. Os partidos devem também

enviar balancetes mensais à Justiça Eleitoral, nos anos que ocorrem

eleições.

- No ano em que ocorrem eleições, o partido deve enviar balancetes mensais

à Justiça Eleitoral, durante os quatro meses anteriores e os dois meses

posteriores ao pleito.

- O balanço contábil do órgão nacional será enviado ao Tribunal Superior

Eleitoral, o dos órgãos estaduais aos Tribunais Regionais Eleitorais e o

dos órgãos municipais aos Juízes Eleitorais.

2.12. Filiação partidária:

É estabelecido um prazo de 1 ano de filiação para que o candidato possa

concorrer às eleições majoritárias e proporcionais.

- Em caso de duplas filiações ambas são consideradas nulas para todos os

efeitos.

Page 20: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

20

- A competência para processo e julgamento da duplicidade identificada será

do juízo eleitoral em cuja circunscrição tiver ocorrido a filiação mais

recente, considerando-se a data de ingresso no partido indicada na

respectiva relação.

- A falta de prestação de contas ou sua desaprovação total ou parcial,

implica a suspensão de novas quotas do fundo partidário e sujeita os

responsáveis às penas da lei.

- A falta de prestação de contas ou sua desaprovação total ou parcial

implica a suspensão de novas cotas do Fundo Partidário e sujeita os

responsáveis às penas da lei.

- O exame da prestação de contas dos órgãos partidários tem caráter

jurisdicional.

2.13. Constatada a violação de normas legais ou estatutárias, ficará o

partido sujeito às seguintes sanções:

I- No caso de recursos de origem não mencionada ou esclarecida, fica

suspenso o recebimento das quotas do fundo de partidário até que o

esclarecimento seja aceito pela Justiça Eleitoral;

II- No caso de recebimento de recursos mencionados no art. 311, fica

suspensa a participação no fundo partidário por um ano;

III- No caso de recebimento de doações cujo valor ultrapasse os limites

previstos no art. 39, & 4º, fica suspensa por dois anos a participação no

fundo partidário por um ano.

2.14. O cancelamento imediato da filiação partidária verifica-se nos casos

de:

I- Morte;

II- Perda dos direitos políticos;

1 Art. 31. É vedado ao partido receber, direta ou indiretamente, sob qualquer forma ou pretexto, contribuição ou auxílio pecuniário ou estimável em dinheiro, inclusive através de publicidade de qualquer espécie, procedente de:I - entidade ou governo estrangeiros;II - autoridade ou órgãos públicos, ressalvadas as dotações referidas no art. 38;III - autarquias, empresas públicas ou concessionárias de serviços públicos, sociedades de economia mista e fundações instituídas em virtude de lei e para cujos recursos concorram órgãos ou entidades governamentais;IV - entidade de classe ou sindical.

Page 21: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

21

III- Expulsão;

IV- Outras formas previstas no estatuto, com comunicação obrigatória ao

atingido no prazo de quarenta e oito horas da decisão.

2.15. São os seguintes os nºs de delegados dos partidos a serem   nomeados:  

- 3 Delegados perante o Juiz Eleitoral; 

- 4 Delegados perante o TRE; 

- 5 Delegados perante o TSE.

- A utilização, por Prefeito, de servidor público municipal não licenciado

em comitê de campanha eleitoral, partido político ou coligação, durante o

horário de expediente normal, sujeita o responsável a multa e o candidato

beneficiado a cassação do registro ou do diploma.

- O partido político que atenda o disposto no artigo 132 tem assegurado o

direito de veicular, em canal de rádio e televisão, um programa em cadeia

nacional e outro em cadeia estadual, de vinte minutos e a utilização de

quarenta minutos, para inserções de trinta segundos ou um minuto nas redes

nacionais, e de igual tempo nas emissoras estaduais. Os demais partidos que

não se enquadram nas condições anteriores, tem direito à realização de um

programa em cadeia nacional, em cada semestre, com duração de dois minutos.

- O quociente eleitoral e um mecanismo de cálculo determinado pela divisão

do número total de votos válidos pelo número de lugares na Câmara dos

Deputados, assembléias legislativas e Câmaras Municipais.

- Quociente partidário é o percentual obtido por partido ou coligação,

através da divisão do número de votos alcançados pela legenda pelo

quociente eleitoral. Atenção, os votos de determinado candidatos contam

para a legenda.

- Acaso nenhum partido atinja o quociente eleitoral, hão de ser

considerados eleitos os candidatos mais votados, desconsiderados quaisquer

critérios de proporcionalidade.

2 Art. 13. Tem direito a funcionamento parlamentar, em todas as Casas Legislativas para as quais tenha elegido representante, o partido que, em cada eleição para a Câmara dos Deputados obtenha o apoio de, no mínimo, cinco por cento dos votos apurados, não computados os brancos e os nulos, distribuídos em, pelo menos, um terço dos Estados, com um mínimo de dois por cento do total de cada um deles. (Vide Adins nºs 1.351-3 e 1.354-8)

Page 22: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

22

===========================================================================

3. ÓRGÃO DA JUSTIÇA ELEITORAL

3.1. Informações gerais:

A Justiça Eleitoral brasileira não possui um quadro exclusivo de

magistrados eleitorais. Trata-se de uma composição formada por juízes e

advogados de diferentes áreas do direito. Todo juiz eleitoral vem para a

Justiça Eleitoral como empréstimo de outro ramo do Poder Judiciário.

- A Justiça Eleitoral do Brasil foi criada pelo Decreto nº 21.076 de 24 de

fevereiro de 1932, representando uma das inovações criadas pela Revolução

de 1930 (golpe de 1930). Em 1932 foi promulgado o Código Eleitoral

brasileiro, inspirado na Justiça Eleitoral.

- A Justiça Eleitoral não dispõe de quadro próprio de magistrados, sendo

estes selecionados de outros setores do Poder Judiciário, passando a atuar

através de mandatos periódicos (2 anos, renovável uma vez por igual

período), o que se afigura bastante salutar, já que a rotatividade

privilegia a imparcialidade do julgador, diante dos conflitos eleitoreiros.

- O Tribunal Superior Eleitoral e os Tribunais Regionais têm competência

para responder a consultas sobre matéria eleitoral. Os juízes eleitorais

não podem responder a consultas, pois a lei não lhes dá competência para

tanto.

- Somente podem formular consultas juiz, partido político ou coligação.

- São características das consultas: só podem ser respondida pelo TSE ou

pelo TRE; não faz coisa julgada e tem caráter pedagógico.

3.2. São órgãos da Justiça Eleitoral:

- O Tribunal Superior Eleitoral;

- Os Tribunais Regionais Eleitorais;

- Os Juízes Eleitorais;

Page 23: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

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- As Juntas Eleitorais.

- O número de juízes eleitorais não será reduzido, mas poderá ser elevado

até nove, mediante proposta do TSE.

- Os Juízes dos Tribunais Eleitorais, salvo motivo justificado, servirão

por dois anos, e nunca por mais de dois biênios consecutivos.

3.3.O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á:

I- Mediante eleição, pelo voto secreto:

Três juízes entre os Ministros do Supremo Tribunal Federal;

Dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça;

Por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis

advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo

Supremo Tribunal Federal.

- O TSE elegerá seu Presidente e o vice-presidente dentre os Ministros do

Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do

Superior Tribunal de Justiça.

- A nomeação pelo Presidente da República de Juízes da categoria de Jurista

deverá ser feita dentro de 30 dias do recebimento da lista tríplice enviada

pelo Supremo Tribunal Federal.

- Não podem fazer parte do Tribunal Superior cidadãos que tenham entre si

parentesco ainda que por afinidade, até 4º grau, seja o vínculo legítimo ou

ilegítimo, excluindo-se neste caso o que tiver sido escolhido por último.

- A nomeação dos advogados para compor o TSE não pode recair em cidadão que

ocupe cargos públicos de que possa ser demitido ad nutum; que seja diretor,

proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, privilégio,

isenção ou favor em virtude de contrato com a administração pública, ou que

exerça mandado de caráter político, federal, estadual ou municipal.

- Não há participação de membros do MP em sua composição (exclusão do

“quinto”), não podendo haver indicação no lugar das vagas destinadas aos

advogados (a doutrina critica esta opção).

- Os provimentos emanados da Corregedoria geral vinculam os Corregedores

Regionais, que lhe devem dar imediato e preciso cumprimento.

Page 24: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

24

- Exercerá as funções de Procurador Geral, junto ao Tribunal Superior

Eleitoral Procurador Geral da República.

- As decisões do Tribunal Superior, assim na interpretação do Código

Eleitoral em face da Constituição e cassação de registro de partidos

políticos, como sobre quaisquer recursos que importem anulação geral de

eleições ou perda de diplomas, só poderão ser tomadas com a presença de

todos os seus membros. Se ocorrer impedimento de algum juiz, será convocado

o substituto ou o respectivo suplente.

- Perante o Tribunal Superior, qualquer interessado poderá argüir a

suspeição ou impedimento dos seus membros, do Procurador Geral ou de

funcionários de sua Secretaria.

- poderá ser ordenada de ofício pelo Tribunal Superior Eleitoral quando o

total de transferências de eleitores ocorridas no ano em curso seja dez por

cento superior ao do ano anterior.

3.4. Os Tribunais Regionais Eleitorais serão compostos de:

Dois juízes eleito pelo voto secreto dos desembargadores do Tribunal de

Justiça;

Dois juízes de direito escolhidos pelo Tribunal de Justiça;

Um juiz escolhido entre os desembargadores dos TRF,s ou não havendo TRF

um Juiz Federal escolhido pelo tribunal respectivo;

Dois juízes nomeados pelo Presidente da República entre seis advogados

de notável saber jurídicos e idoneidade moral, indicados pelo TJ. Nesta

lista não poderá conter nomes de magistrados aposentados há menos de cinco

anos.

- Res.-TSE nos 20.958/2001, art. 12, p. único, VI, e 21.461/2003, art. 1º:

exigência de 10 anos de prática profissional; art. 5º, desta última:

dispensa da comprovação se já foi juiz de TRE.

- Necessidade, ainda, de participação anual mínima em 5 atos privativos em

causas ou questões distintas, nos termos do art. 5o do EOAB.

- O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o vice-presidente

dentre os desembargadores.

Page 25: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

25

- CF/88, art. 120, § 2º, c.c. o § 1º, I, a: eleição dentre os dois

desembargadores. Não havendo um terceiro magistrado do Tribunal de Justiça,

alguns tribunais regionais atribuem a função de corregedor ao vice-

presidente, cumulativamente, enquanto outros prescrevem a eleição dentre os

demais juízes que o compõem.

- Atuará como Procurador Regional junto a cada Tribunal Regional Eleitoral

o Procurador da República no respectivo Estado.

- Cada comarca brasileira tem seu Juiz Eleitoral, ou, no caso de cidades ou

comarcas maiores, seus juízes eleitorais. A seção judiciária presidida por

um juiz eleitoral se chama Zona Eleitoral.

- Não poderá servir como escrivão eleitoral, sob pena de demissão, o membro

de diretório de partido político, nem o candidato a cargo eletivo, seu

cônjuge e parente consangüíneo ou afim até o segundo grau.

3.5. As juntas eleitorais são compostas por:

Um presidente, juiz de direito, que será o presidente e de 2 ou 4 cidadãos

de notória idoneidade.

- Os membros das Juntas Eleitorais serão nomeados 60 dias antes da eleição,

depois de aprovação do Tribunal Regional, pelo presidente deste, a quem

cumpre também designar-lhes a sede.

- Art. 135. Funcionarão as mesas receptoras nos lugares designados pelos

juízes eleitorais 60 (sessenta) dias antes da eleição, publicando-se a

designação.

§ 3º A propriedade particular será obrigatória e gratuitamente cedida para

esse fim.

§ 4º É expressamente vedado uso de propriedade pertencente a candidato,

membro do diretório de partido, delegado de partido ou autoridade policial,

bem como dos respectivos cônjuges e parentes, consanguíneos ou afins, até o

2º grau, inclusive.

- Não podem ser nomeados membros das juntas, escrutinadores ou auxiliares:

Os candidatos e seus parentes, ainda que por afinidades, até o segundo

grau, inclusive, e bem o cônjuge;

Page 26: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

26

Os membros de diretórios de partidos políticos devidamente registrados e

cujos nomes tenham sido oficialmente publicados;

As autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no

desempenho de cargos de confiança do Executivo.

As que pertencem aos serviços eleitorais.

- Nos Municípios onde houver mais de uma junta eleitoral a expedição dos

diplomas será feita pelo que for presidida pelo juiz eleitoral mais antigo,

a qual as demais enviarão os documentos da eleição.

- Os juízes eleitorais são competentes para dividir a zona em seções

eleitorais.

3.6. Do Ministério Público Eleitoral:

A Constituição Federal não inclui na estrutura do Ministério Público a área

eleitoral, não havendo assim um Ministério Público Eleitoral próprio com

carreira específica e com quadro institucional diferenciado.

- A atividade eleitoral do Ministério Público é uma função do Ministério

Público Federal.

- O Ministério Público tem atuação em todas as fases (preparatória,

votação, escrutínio e diplomação) e instâncias (TSE, TRE, Juízes e Juntas

Eleitorais).

- Compete ao Procurador-Geral Eleitoral exercer as funções do Ministério

Público nas causas de competência do Tribunal Superior Eleitoral.

- O Procurador Regional Eleitoral poderá ser destituído, antes do término

do mandato, por iniciativa do Procurador-Geral Eleitoral, anuindo a maioria

absoluta do Conselho Superior do Ministério Público Federal.

- O Promotor Eleitoral será membro do Ministério Público local que oficie

junto ao juízo incumbido do serviço eleitoral de cada zona.

- A filiação a partido político é causa de impedimento absoluto para o

exercício das funções eleitorais do Ministério Público, até dois anos após

o seu cancelamento. Com a vigência da Emenda Constitucional nº 45/05ª a

Page 27: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

27

atividade política partidária dos membros do MP foi vedada de forma

absoluta.

- As regras vedatórias aplicáveis aos juízes e membros dos Tribunais de

Contas passam a ser extensíveis aos membros dos Ministérios Públicos,

sendo-lhes vedado à filiação (condição constitucional de legibilidade) e,

por via de conseqüência, o registro de suas candidaturas, exceto nas

hipóteses de desincompatibilização por afastamento definitivo (exoneração

ou aposentadoria).

- Trata-se de dispositivo que impede o comprometimento ou suspeita de

envolvimento tendencioso do membro do Ministério Público com atribuições

eleitorais, pois, após se desfiliar deve ficar 2 (dois) anos sem atuar nas

funções eleitorais.

- Esta regra tem uma destinação temporária bem reduzida no âmbito interno

da instituição, porque sendo vedada à filiação aos membros de MP pela EC

45/05, os casos transitórios em breve findarão. Todavia, em relação aos

candidatos aprovados nos concursos públicos e recém-ingressos, o

dispositivo terá inteira aplicabilidade. Neste caso, os aprovados devem

providenciar, antes da posse, a devida desfiliação do partido político e

aguardar por 2 anos até estarem aptos a atuar em feitos eleitorais e nas

eleições.

- A questão é relevante e polêmica, inclusive em recente decisão, o

Conselho Nacional do Ministério Público apreciando o exercício da atividade

político partidária (Processo 06/2005), Relator Exmº nº Conselheiro Hugo

Melo, entendeu por maioria, que a vedação é absoluta para os ingressados

após a EC 45/05, mas permitiu a atividade aos membros ingressos de 1988 até

a EC 45/05. Destaca-se, os doutos votos vencidos dos Excelentíssimos

Conselheiros Hugo Melo, Ricardo Mandarino, Luiz Carlos Madeira, Alberto

Cascais e Janice Ascari, no sentido de que a vedação era absoluta para

todos, conforme precedente da Resolução do Egrégio Tribunal Superior

Eleitoral, ressalvando-se os mandatos em curso.

- Art. 75 da LC 75/93 - Incumbe ao Procurador-Geral eleitoral:

III - dirimir conflitos de atribuições.

- O Promotor de Justiça, no exercício de suas funções eleitorais, tem

atribuição para propor ação de investigação judicial eleitoral (AIJE), a

Page 28: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

28

qual poderá ser ajuizada até a data da diplomação dos eleitos e intervirá

como autor ou custos legis nas representações por propaganda eleitoral

ilícita.

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4. PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS E INSCRIÇÃO, ALISTAMENTO E

ELEGIBILIDADE

4.1. Considerações iniciais acerca dos direitos políticos

Os direitos políticos perfazem o rol de espécies que compõem os direitos e

as garantias fundamentais previstos na Constituição Federal de 1988.

O professor André Ramos Tavares (2006, p. 696), os conceitua como: “o

conjunto de regras destinadas a regulamentar o exercício da soberania

popular”.

Para o autor, a expressão direitos políticos em sentido amplo significa:

a) O direito de todos participarem e tomarem conhecimento das decisões e

atividades desenvolvidas pelo governo.

b) O Direito Eleitoral.

c) A regulamentação dos partidos políticos.

Em suma, para Tavares (2006, p. 696), os direitos políticos constituem-se

como “o conjunto de normas que disciplinam a intervenção, direta ou

indireta, no poder”.

Para Celso Spitzcovsky e Fábio Nilson Soares de Moraes (2009, p. 1), os

direitos políticos “são aqueles voltados à regulação do exercício da

soberania dentro de determinado Estado”. Os autores fazem menção aos Arts.

1º parágrafo único e 14 da Constituição a seguir reproduzidos.

Art. 1° Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio

de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

Page 29: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

29

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo

voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei,

mediante:

I - plebiscito;

II - referendo;

III - iniciativa popular.

De acordo com o lecionado, pode-se concluir que os direitos políticos podem

ser compreendidos como o direito de participação do cidadão na formação do

governo e sua atividade, abrangendo o direito de votar e ser votado nas

eleições, o direito de voto nos plebiscitos e referendos e direito de

manifestação por meio de iniciativa popular (Art. 14, incisos I, II e III

da CF).

Antes de adentrar ao tema propriamente dito vamos ao estudo de alguns

conceitos importantes.

4.2 Conceitos correlatos aos direitos políticos

O conhecimento de alguns conceitos correlatos aos direitos políticos é

essencial para adentrarmos em nosso estudo. Apresentamo-los no quadro 2.

Quadro 2 - Conceitos aplicáveis aos direitos políticos

Cidadania

1. A cidadania no direito positivo brasileiro está ligada

ao atributo eleitoral e político. Ser cidadão significa

ser o titular do direito de votar (cidadania ativa) e de

ser votado (cidadania passiva) (RAMAYANA, 2009, p. 41).

1. O voto é o instrumento, a ferramenta do direito de

sufrágio. Ex.: o eleitor considerado facultativo, se não

votar, não precisa justificar a ausência ou pagar multa,

pois seu voto é considerado um direito, se encontrado em

dia com suas obrigações eleitorais. O voto é igual para

todos. É um direito público subjetivo que expressa uma

função social da soberania popular. (RAMAYANA, 2009, p.

42).

Page 30: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

30

Voto

2. O voto é personalíssimo (não pode ser exercido por

procuração), pode ser direto (como determina a atual CF)

ou indireto. É direto quando os eleitores escolhem seus

representantes e governantes sem intermediários. É

indireto quando os eleitores (denominados de 1.º grau)

escolhem seus representantes ou governantes por

intermédio de delegados (eleitores de 2.º grau), que

participarão de um Colégio Eleitoral ou órgão semelhante.

3. O voto é secreto para garantir a lisura das votações,

inibindo a intimidação e o suborno. O voto com valor

igual para todos é a aplicação do direito político da

garantia de que todos são iguais perante a lei.

Sufrágio

1. O sufrágio é um direito abstratamente assegurado. Ex.:

o maior de 70 anos tem direito ao sufrágio assegurado

pela Constituição Federal. A universalidade do sufrágio

por si só afasta eventual interpretação restritiva e

que possa limitar grupos de eleitores. Classifica-se o

sufrágio em:

a) sentido irrestrito: é o mesmo que sufrágio universal

(não aceita as restrições atinentes às condições de

fortuna ou capacidade intelectual), encontra limites, por

exemplo, em relação aos conscritos, os menores de 16

anos e os estrangeiros.

b) sentido restrito: compreende limitações a determinado

tipo de situações.

Mestre José Afonso da Silva citado por Ramayana (2009, p.

41) expõe que:

a) sufrágio capacitário: reserva o direito de voto para

pessoas que tenham um determinado grau de instrução;

b) sufrágio censitário: restringe o voto a determinadas

pessoas com certas condições de fortuna.

Page 31: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

31

Os sufrágios capacitário e censitário não são mais

utilizados no Brasil. Os exemplos se referem ao período

da Constituição Imperial de 1824. Atualmente ainda

encontramos fragmentos do sufrágio restrito em relação

aos estrangeiros, conscritos e absolutamente incapazes

(RAMAYANA, 2009, p. 41- 42).

Representa o direito de votar e ser votado e é

considerado universal quando se outorga o direito de

votar a todos que preencham requisitos básicos previstos

na Constituição, sem restrições derivadas de condição de

raça, de fortuna, de instrução, de sexo ou de convicção

religiosa. Identifica um sistema no qual o voto é um dos

instrumentos de deliberação.

Os conceitos apresentados serão exaustivamente cobrados em todos os

capítulos daqui por diante. Procure fixá-los para melhor aproveitamento de

nosso conteúdo.

4.3. Perda e suspensão dos Direitos políticos:

A perda dos direitos políticos ocorrerá quando houver cancelamento da

naturalização por sentença transitada em julgado e no caso de perda da

nacionalidade.

- O indivíduo está no pleno gozo dos direitos político quando lhe é

possível alistar-se, votar e ser votado, participando das atividades do

Estado.

- A Constituição Federal veda a cassação dos direitos políticos, podendo

haver, apenas, a perda ou suspensão.

- A suspensão dos direitos políticos pode ocorrer por: incapacidade civil

absoluta; condenação criminal com trânsito em julgado enquanto durarem seus

efeitos, não cumprimento de obrigação a todos imposta e a prática de

improbidade administrativa.

- A suspensão permanece enquanto persistirem os motivos desta, ou seja,

enquanto não retoma a capacidade civil, o indivíduo terá seus direitos

políticos suspensos; readquirindo-a, alcançará novamente o status de

Page 32: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

32

cidadão. Também são passíveis de suspensão os condenados criminalmente (com

sentença transitada em julgado) que, cumprida a pena, readquirem os

direitos políticos; no caso de improbidade administrativa, a suspensão será

da mesma forma, temporária.

- Súmula 9 do TSE: “A suspensão de direitos políticos decorrente de

condenação criminal transitada em julgado cessa com o cumprimento ou a

extinção da pena, independendo de reabilitação ou de prova de reparação dos

danos”.

- A Constituição Federal e também a Lei Complementar 64/90 declaram

inelegíveis para qualquer cargo os inalistáveis e os analfabetos. Os

inalistáveis são aqueles que se encontram definitivamente privados dos

direitos políticos, ou que os tenham suspensos, enquanto durar a suspensão.

- A privação definitiva denomina-se perda dos direitos políticos; a

temporária é suspensão.

- Também não podem se alistar como eleitores os estrangeiros e durante o

período o período militar obrigatório, os conscritos.

- Os eleitores que forem condenados por alguns crimes arrolados no artigo

1º , I, “e”, da Lei Complementar nº 64/1990, em decisão transitada em

julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, ficarão inelegíveis

desde a condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o

cumprimento da pena. Neste período, o eleitor poderá votar após o

cumprimento da suspensão dos direitos políticos, mas não poderá ser votado.

4.4. Capacidade eleitoral ativa e passiva:

A capacidade eleitoral ativa consiste no direito de votar, caracterizando o

eleitor como seus titular. O brasileiro adquire a capacidade ativa com o

alistamento eleitoral, facultativo a partir dos dezesseis anos e

obrigatório a partir dos dezoito anos.

A capacidade eleitoral passiva consiste no direito de ser votado,

caracterizando o elegível. A capacidade eleitoral passiva tem como

pressuposto a capacidade eleitoral ativa, uma vez que ninguém pode ser

votado se não for titular do direito de votar.

Page 33: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

33

- A filiação partidária – Só podem ser candidatos cidadãos que estejam

regularmente filiados a partidos políticos. O prazo mínimo de filiação é de

um ano antes do dia das eleições.

- Art. 20. É facultado ao partido político estabelecer, em seu estatuto,

prazos de filiação partidária superiores aos previstos nesta Lei, com

vistas a candidatura a cargos eletivos.

Parágrafo único. Os prazos de filiação partidária, fixados no estatuto do

partido, com vistas a candidatura a cargos eletivos, não podem ser

alterados no ano da eleição.

4.5. São condições de elegibilidade:

Nacionalidade brasileira – os cargos de Presidente e Vice-Presidente da

república são privativos de brasileiros natos, conforme determina o art.

12, & 3º da CF/88. Os demais cargos eletivos – Governador, Vice-Governador,

Senador, Deputado Federal, Deputado Estadual, Deputado Distrital, Prefeito,

Vice-Prefeito e Vereador – podem ser disputados e ocupados por brasileiros

naturalizados.

O pleno exercício dos direitos políticos – Só podem ser candidatos e de

conseqüência, ser eleitos os cidadãos brasileiros que estiverem no pleno

gozo de seus direitos políticos.

O domicílio eleitoral – O domicílio eleitoral na circunscrição, pelo

prazo que a lei estabelece, de um ano, no mínimo, antes do pleito, é uma

condição de elegibilidade, nos termos do que dispõe o art. 14, & 3º, IV da

Constituição Federal.

O alistamento eleitoral – O alistamento eleitoral é o processo pelo qual

o cidadão vai provar sua qualidade para se tornar eleitor, com base no que

será feita sua inscrição no cadastro de eleitores.

- Não é requisito indispensável ao requerimento para inscrição do eleitor a

prova documental do domicílio eleitoral.

- As inelegibilidades que não decorrem da suspensão dos direitos políticos

não comprometem a filiação partidária

Page 34: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

34

4.6. Idade mínima – A constituição estabelece a idade mínima para que o

cidadão possa postular o mandato eletivo:

a) Presidente e Senador = 35 anos;

b) Governador = 30 anos;

c) Prefeito e Deputado = 21 anos e

d) Vereador = 18 anos.

- A idade mínima é na data da posse.

- Ementa: AÇÃO CAUTELAR. DECLARAÇÃO DE VACÂNCIA DE CARGO DE VEREADOR E POSSE DE

SUPLENTE. INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL. Não compete à Justiça Eleitoral

declarar vago cargo de vereador, e ainda menos determinar a posse de suplente,

exaurindo-se a competência da Justiça Eleitoral com a diplomação dos eleitos.

Incompetência reconhecida. . AGIND ACORDAM os Juízes Membros do Tribunal Regional

Eleitoral do Pará, à unanimidade, declarar a incompetência da Corte, para determinar

o encaminhamento dos auto.

4.7. Inelegibilidade:

- A inelegibilidade para evitar abuso de poder se constitui em que certos

ocupantes de certas posições, e seus parentes mais próximos, disputem

eleições, para com isso evitar o uso indevido do prestigio e dos poderes do

cargo, ou decorrentes do exercício de alta função, para obtenção dos votos

para o próprio ou para pessoas cujo parentesco as faz bem próximas do mesmo

são inelegibilidade temporárias.

- São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os

parentes consangüíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do

Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito

Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro de seis meses

anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à

reeleição.

- A concubina e o companheiro (conforme entendimento do TSE) equiparam-se

ao cônjuge, por força do que dispõe o art. 226, & 3º da CF/88 que reconhece

a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar. O

concubinato, por outro lado, não gera parentesco, ou seja, a irmã ou irmão

da concubina são elegíveis.

Page 35: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

35

- A inelegibilidade do cônjuge e dos parentes do prefeito do Município-mãe

alcança a candidatura destas pessoas no Município desmembrado.

- Com o falecimento do titular, dissolve-se a sociedade conjugal, não mais

existindo a inelegibilidade da viúva e dos parentes afins. Porém, os

parentes consangüíneos ou por adoção do titular continuam inelegíveis para

o mesmo cargo, no período subseqüente.

- Ainda que o Prefeito tenha renunciado há mais de seis meses do cargo não

fica afastada a inelegibilidade do cônjuge e parentes (Súmula 6 do TSE).

Há, porém, uma exceção: se o chefe do executivo for reelegível e tiver se

afastado definitivamente até seis meses antes do pleito, o cônjuge e o

parente são elegíveis para o mesmo cargo.

- Todos os detentores de mandatos (membros do Congresso Nacional, das

Assembléias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais,

governadores, vice-governadores, prefeito e vice-prefeito) que perderam

mandatos por infringência a dispositivo da Constituição Federal, ou das

Constituições Estaduais e Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos

municípios, são inelegíveis durante o período remanescente do mandato e nos

oito anos subseqüentes ao término do mandato para o qual tenham sido

eleitos.

- A inelegibilidade por abuso de poder econômico: o prazo de

inelegibilidade de oito anos, por abuso de poder econômico ou político, é

contado a partir da data da eleição em que se verificou (Súmula 19 do TSE).

- A inelegibilidade do condenado criminalmente: é aquela dos que forem

condenados criminalmente, com sentença transitada em julgado, pela prática

de crimes contra a economia popular, a fé pública, a administração pública,

o patrimônio público, o mercado financeiro, de tráfico de entorpecentes e

eleitorais, são inelegíveis pelo prazo de oito anos após o cumprimento da

pena.

- A inelegibilidade do administrador público beneficiado por abuso do poder

econômico ou político. Os detentores de cargos da administração pública

direta, indireta ou fundacional que por sentença transitada em julgado,

tiverem se beneficiado ou a terceiro por abuso de poder econômico ou

político, são inelegíveis nos oito anos seguintes ao término do mandato ou

de sua permanência no cargo.

Page 36: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

36

- A inelegibilidade dos indignos do oficialato ou com ele incompatível: Os

que tiverem sido declarados indignos do oficialato, ou com ele

incompatíveis, são inelegíveis pelo prazo de quatro anos.

- A inelegibilidade por rejeição de contas: Os que tiverem suas contas

relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por

irregularidades insanáveis e por decisões irrecorríveis do órgão

competente, salvo se a questão houver ou estiver sendo objeto de apreciação

do Poder Judiciário. São inelegíveis para as eleições que se realizarem nos

oito anos seguintes, a partir da data da decisão.

- A inelegibilidade do administrador de empresa financeira liquidada ou em

liquidação: São inelegíveis os que hajam exercido cargo ou função de

direção, administração ou representação em estabelecimento de crédito,

financiamento ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de

liquidação, judicial ou extrajudicial, nos 12 meses anteriores à

decretação, enquanto não sejam exonerados de qualquer responsabilidade.

- São inelegíveis os que tenham, dentro dos 4 meses anteriores ao pleito,

ocupado cargo ou função de direção, administração ou representação em

entidades representativas de classe, mantidas, total ou parcialmente, por

contribuições impostas pelo Poder Público ou com recursos arrecadados e

repassados pela Previdência Social.

- Os servidores públicos, estatutário ou não, dos órgãos ou entidades da

Administração Direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito

Federal, dos Municípios e dos Territórios, inclusive das fundações mantidas

pelo Poder Público, não se afastarem até 3 meses anteriores ao pleito,

garantido o direito à percepção dos vencimentos integrais.

- Um erro de apuração fez com que candidato a vereador não eleito tomasse

posse na vaga de outro candidato verdadeiramente eleito. O prejudicado,

após pedir judicialmente a recontagem de votos, foi diplomado e assumiu o

mandato somente dois anos após o início da legislatura. Reclamou

indenização por perdas e danos, inclusive danos morais. Compete a Justiça

Federal.

4.8. Desincompatibilização:

- Para concorrerem a cargo diverso dos que ocupam, os Chefes do Executivo

Page 37: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

37

devem renunciar aos respectivos mandatos seis meses antes do pleito. Este

ato chama-se desincompatibilização. Para a reeleição (mesmo cargo) não se

exige a desincompatibilização (Ação Direta de Inconstitucionalidade n.

1.805 - DF).

- O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-Prefeito poderão

candidatar-se a outros cargos, preservando os seus mandatos respectivos,

desde que, nos últimos 6 (seis) meses anteriores ao pleito, não tenham

sucedido ou substituído o titular.

- Quanto aos vices, há que se observar que, desde a sua elaboração, a

Emenda Constitucional n. 16/97 foi criticada por sua péssima redação.

- Em primeiro lugar, é necessário relembrar que vice substitui o titular no

caso de impedimento e sucede-lhe no caso de vaga. São hipóteses diversas.

Enquanto substituto, é vice. Quando sucede, é titular do mandato.

- Nos termos da Emenda Constitucional n. 16/97, o vice que substitui o

Chefe do Executivo poderá ser reeleito (presume-se, para o mesmo cargo de

Vice) para um único período subseqüente. Caso seja reeleito vice e

novamente venha a substituir o Chefe no segundo mandato, não poderá ser

reeleito vice para um terceiro mandato subseqüente.

- O vice que sucede o titular também poderá ser reeleito para um único

período subseqüente. Aqui, há que se observar que, a partir da sucessão, o

vice passa a ser o titular da Chefia do Executivo e para este cargo (de

chefe) poderá se reeleger para um único período subseqüente, conforme

deliberou o Tribunal Superior Eleitoral na Consulta n. 689, apreciada em

9.10.2001.

- A exceção é o caso do vice que sucede o titular em um primeiro mandato e

novamente em um segundo mandato (no qual também era vice), exercendo por

duas vezes, de forma consecutiva e permanente, a Chefia do Executivo. Nesta

hipótese, não poderá concorrer a um terceiro mandato consecutivo de Chefe

do Executivo.

- A hipótese de inelegibilidade, em razão de parentesco ou casamento, é

conhecida por inelegibilidade reflexa. A Súmula n. 6 do Tribunal Superior

Eleitoral vedava candidatura ao mesmo cargo de Chefe do Executivo ainda que

houvesse desincompatibilização do titular seis meses antes do pleito. O

Tribunal, abrandando essa regra, assentou que o cônjuge e os parentes do

Page 38: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

38

Chefe do Executivo são elegíveis para o mesmo cargo do titular, quando este

for reelegível e tiver se afastado definitivamente até seis meses antes do

pleito (Acórdão n.º 19.442, de 21/08/2001, Resolução n.º 20.931, de

20/11/2001 e Acórdão n.º 3.043 de 27/11/2001).

- São inelegíveis pelo prazo de 8 anos, contados da decisão, os que forem

condenados em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial

colegiado, em razão de terem desfeito o vínculo conjugal ou de união

estável para evitar a caracterização de inelegibilidade.

- É possível a eleição de cônjuge ou parente até segundo grau do Chefe do

Executivo para cargo eletivo diverso, no mesmo território, desde que haja a

desincompatibilização definitiva do Chefe do Executivo seis meses antes do

pleito.

- Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) concluíram nesta quinta-

feira (16) a análise conjunta das Ações Declaratórias de

Constitucionalidade (ADC 29 e 30) e da Ação Direta de Inconstitucionalidade

(ADI 4578) que tratam da Lei Complementar 135/2010, a Lei da Ficha Limpa.

Por maioria de votos, prevaleceu o entendimento em favor da

constitucionalidade da lei, que poderá ser aplicada nas eleições deste ano,

alcançando atos e fatos ocorridos antes de sua vigência.

- O presidente do TRE autorizou a cessão de urnas eletrônicas e determinou

o fornecimento de listagem impressa com os nomes de todos os cidadãos com

domicílio eleitoral na capital — divididos por seção eleitoral (folhas de

votação), para utilização nas eleições dos conselheiros tutelares do

município.

Segundo resolução específica do TSE, para o conselheiro tutelar se

candidatar a outro cargo eletivo, ele deverá desincompatibilizar-se no

prazo mínimo de três meses da realização das eleições.

Conforme o art. 139 da Lei 8.069/90, "o processo de escolha dos membros

do Conselho Tutelar será estabelecido por lei municipal e realizado sob a

responsabilidade do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do

Adolescente, e a fiscalização do Ministério Público".

4.8.1. Desincompatibilização de Militares

- O militar alistável (excluído o conscrito) é elegível nos seguintes

termos:

Page 39: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

39

Se contar com menos de dez anos de serviço militar, deve afastar-se da

atividade (passa automaticamente para a reserva – totalidade das pessoas

que se conservam à disposição não remunerada das Forças Armadas).

Se contar com mais de dez anos de atividade, o militar será

temporariamente agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará

automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade (artigo 14, §

8.º, da Constituição da República Federativa do Brasil), que será

remunerada caso o militar eleito preencha os requisitos para ser reformado

(espécie de aposentadoria do militar). Caso não seja eleito, o militar, que

tinha mais de dez anos de serviço ao lançar sua candidatura, voltará a

exercer suas funções militares.

- Agregação é a inatividade provisória de um militar sem que ele deixe de

pertencer aos quadros dos efetivos das Forças Armadas.

- O militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar filiado a partidos

políticos (inciso V do § 3.º do artigo 142 da Constituição da República

Federativa do Brasil, acrescentado pela Emenda Constitucional n. 18/98).

- Assim, para poder candidatar-se, deve ser agregado (suspender o exercício

do serviço ativo) desde o registro da candidatura até a diplomação

(Resolução do Tribunal Superior Eleitoral n. 19.978/97 e artigo 82, inciso

XIV, da Lei n. 6.880/80).

- Conforme consta do Recurso Especial n. 112.477/RS (não conhecido),

julgado em 3.6.1997, 6.ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, “o militar

que conta com mais de dez anos de efetivo serviço, candidato a cargo

eletivo, será agregado pela autoridade superior, pelo que tem direito à

remuneração pertinente até a sua diplomação” (Jus Saraiva 21). O

entendimento, que segundo pensamos é correto, e apenas garante tratamento

igualitário aos servidores militares e civis, não é pacífico, pois o artigo

98 do Código Eleitoral (parcialmente revogado pelo § 8.º do artigo 14 da

Constituição da República Federativa do Brasil) equipara a agregação às

licenças não remuneradas daqueles que se afastam do serviço para tratar de

assuntos particulares.

- O prazo de filiação partidária exigível do militar candidato é o mesmo da

desincompatibilização, ou seja, a partir do registro de sua candidatura

Page 40: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

40

seis meses antes do pleito (Resolução do Tribunal Superior Eleitoral n.

19.978/97).

- As mesmas regras são aplicáveis aos militares dos Estados, do Distrito

Federal e dos Territórios (§ 1.º do artigo 42 da Constituição da República

Federativa do Brasil/88).

4.9. Do alistamento eleitoral e transferência:

O alistamento antecede o voto e se realiza com a qualificação do indivíduo

perante a Justiça Eleitoral e a inscrição do eleitor no corpo eleitoral. O

alistamento é a viabilização do exercício efetivo do direito de voto. O

Juiz Eleitoral, verificando as condições de qualificação, defere o pedido,

determinando a inscrição do eleitor na listagem geral de eleitores.

- O índio pode votar, desde que tenha a possibilidade de exprimir-se na

língua nacional e seja habilitado pela FUNAI. Ademais, são aplicáveis aos

indígenas integrados, reconhecidos no pleno exercício dos direitos civis,

as exigências impostas para o alistamento eleitoral.

- O alistamento é obrigatório para os maiores de 18 anos, com exceção dos

inválidos e os que se encontrarem fora do país. Será facultativo aos

maiores de 70 anos e maiores de 16 e menores de 18 e por fim, será vedado

para os estrangeiros, aos conscritos, durante o serviço militar

obrigatório, os que estejam privados temporariamente ou definitivamente

(suspensão ou perda) dos direitos políticos.

- O brasileiro naturalizado deve se alistar até um ano após a aquisição da

nacionalidade.

- Segundo o entendimento do TSE, no ano em que se realizarem eleições, o

menor que completar 16 anos até o dia do pleito, inclusive, poderá requerer

o seu alistamento até o encerramento do prazo.

- O prazo para alistamento vai até os 19 anos, inclusive, se a inscrição

for requerida até 100 dias antes da eleição subseqüente ao aniversário.

- Caso seja indeferido o pedido do alistamento, cabe recurso do requerente

ao TRE e do despacho do deferimento é cabível recurso de qualquer delegado

do partido para o mesmo tribunal, em recursos que deverão ser julgados no

prazo de cinco dias.

Page 41: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

41

- É obrigatória a remessa ao Tribunal Regional da ficha do eleitor após a

expedição do título.

- O eleitor ficará permanentemente vinculado à seção eleitoral indicada no

seu título, salvo se até 100 dias antes da eleição, provar, perante o juiz

eleitoral, que mudou de residência dentro do mesmo Município, de um

distrito para outro ou para lugar muito distante da seção em que se acha

inscrito.

- As certidões de nascimento e casamento, quando destinadas ao alistamento

eleitoral, serão fornecidas gratuitamente, segundo a ordem dos pedidos

apresentadas em cartório ou delegados de partido.

- Os empregados mediante comunicação com 48 horas de antecedência poderá

deixar de comparecer ao serviço, sem prejuízo do salário e por tempo não

excedente a 2 (dois) dias, para o fim de se alistar eleitor ou requerer

transferência.

- Os cegos alfabetizados pelo sistema braile, que reunirem as demais

condições de alistamento, podem qualificar-se. O juiz eleitoral

providenciará para que se proceda ao alistamento nas próprias sedes de

estabelecimentos de proteção aos cegos. Se no alistamento não se alcançar o

número mínimo, poderá ser completado com a inclusão de eleitores não cegos.

- No caso de perda ou extravio de seu título, requererá ao juiz do seu

domicílio eleitoral, até 10 (dez) dias antes da eleição, que lhe expeça

segunda via.

- Se o eleitor estiver fora do seu domicílio eleitoral poderá requerer a

segunda via do título até 60 dias antes do pleito.

- O conceito de domicílio eleitoral necessita de especial caracterização

por se confundir com o de domicílio civil.

Ac.-TSE no 16.397/2000: “O conceito de domicílio eleitoral não se confunde

com o de domicílio do direito comum, regido pelo Direito Civil. Mais

flexível e elástico, identifica-se com a residência e o lugar onde o

interessado tem vínculos políticos e sociais”. No mesmo sentido, Ac.-TSE

nos 21.829/2004 e 4.769/2004.

Page 42: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

42

- A prova do domicílio eleitoral mediante conta de qualquer serviço público

prestado ao requerente deve ser do lapso temporal entre 12 e 3 meses

anterior ao início do processo de transferência para o novo local.

- O juiz, na dúvida sobre a veracidade das informações, poderá diligenciar,

in loco, a comprovação do domicílio eleitoral do interessado.

- Em caso de mudança de domicílio a transferência será admitida satisfeitas

as seguintes exigências:

Entrada do requerimento até 150 dias antes da eleição;

Transcorrência de pelo menos 1 ano da inscrição primitiva;

Residência mínima de 3 meses no novo domicílio, atestada pela autoridade

policial ou provada por outro meio convincente.

- Só será concedida transferência ao eleitor que estiver quite com a

Justiça Eleitoral.

- Com base na Resolução TSE 21.538 de 2003, análise.

I. A transferência do eleitor só será admitida após, pelo menos, um ano do

alistamento ou da última transferência.

II. A transferência só será admitida ao eleitor com residência mínima de

três meses no novo domicílio, declarada, sob as penas da lei, pelo próprio

eleitor.

III. O disposto nas afirmativas I e II não se aplica à transferência de

título eleitoral de servidor público civil, militar, autárquico, ou de

membro de sua família, por motivo de remoção ou transferência.

- Delegados de partido perante o alistamento. Perante o juízo eleitoral

cada partido poderá nomear 3 delegados. Perante os preparadores, cada

partido poderá nomear até dois delegados, que assistam e fiscalize os seus

atos.

- Nenhum requerimento de inscrição eleitoral ou transferência será recebido

dentro dos cento e cinqüenta dias da eleição.

Page 43: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

43

- Os títulos eleitorais resultantes dos pedidos de inscrição ou de

transferência serão entregues até 30 dias antes da eleição. A segunda via

poderá ser entregue ao eleitor até a véspera do pleito.

- Em síntese: Para fins de transferência, o eleitor deverá comprovar estar

quite com a Justiça Eleitoral, o transcurso de pelo menos um ano da última

inscrição e declarar residência mínima de três meses no novo domicílio. Não

comprovada a quitação para com a Justiça Eleitoral, desde logo o juiz

eleitoral fixará a multa devida.

- O requerimento de transferência de domicílio eleitoral será imediatamente

publicado na imprensa oficial (na capital) ou em cartório (nas demais

localidades), podendo os interessados impugná-lo em 10 dias. Da decisão

cabe recurso para o Tribunal Regional Eleitoral nas mesmas condições do

alistamento deferido ou indeferido.

- As exigências temporais específicas não se aplicam aos servidores

públicos removidos ou transferidos e aos familiares que os acompanham.

- O cancelamento da inscrição é observada nas hipóteses de pluralidades de

inscrições, quando elas são canceladas, ou na transferência do eleitor para

outra zona ou circunscrição.

- A exclusão é feita contra o próprio eleitor, que deixa de ser eleitor,

até que cesse o motivo da exclusão, quando poderá novamente pleitear e

requerer a sua inscrição. São causas de cancelamento:

Infração dos arts 5º e 42; 3

A suspensão ou perda dos direitos políticos;

A pluralidade de inscrição;

O falecimento do eleitor;

Deixar de vota em 3 eleições consecutivas.

- A exclusão do eleitor poderá ser promovida ex officio, a requerimento de

delegado de partido ou de qualquer eleitor.

3 Art. 42. O alistamento se faz mediante a qualificação e inscrição do eleitor.Parágrafo único. Para o efeito da inscrição, é domicílio eleitoral o lugar de residência ou moradia do requerente, e, verificado ter o alistando mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer delas.

Art. 5º Não podem alistar-se eleitores:II - os que não saibam exprimir-se na língua nacional;III - os que estejam privados, temporária ou definitivamente dos direitos políticos.

Page 44: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

44

– Da decisão do juiz eleitoral caberá recurso no prazo de 3 dias para o

Tribunal Regional, interposto pelo excluendo ou por delegado de partido.

- Art. 81. Cessada a causa do cancelamento, poderá o interessado requerer

novamente a sua qualificação e inscrição.

- Os cegos alfabetizados pelo "Sistema Braille" que reunirem as demais

condições de alistamento, podem qualificar-se mediante o preenchimento da

fórmula impressa e a aposição do nome com as letras do referido alfabeto.

- A utilização, por Prefeito, de servidor público municipal não licenciado

em comitê de campanha eleitoral, partido político ou coligação, durante o

horário de expediente normal, sujeita o responsável a multa e o candidato

beneficiado a cassação do registro ou do diploma.

- Relativamente ao juiz de paz, a jurisprudência dominante do Supremo

Tribunal Federal entende de que a obrigatoriedade de filiação partidária

para os candidatos a juiz de paz decorre do sistema eleitoral

constitucionalmente definido.

- A justiça de paz, remunerada, é composta de cidadãos eleitos pelo voto

direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e competência para,

na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de

impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições

conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na

legislação. Uma das condições de elegibilidade para postular o cargo de

juiz de paz é a idade mínima de vinte e um anos.

- Em relação ao acesso às informações constantes do cadastro do eleitor,

com base na Resolução TSE:

As informações constantes do cadastro eleitoral serão acessíveis às

instituições públicas e privadas e às pessoas físicas.

Em resguardo da privacidade do cidadão, não se fornecerão informações de

caráter personalizado constantes do cadastro eleitoral.

O uso dos dados de natureza estatística do eleitorado ou de pleito

eleitoral obriga a quem os tenha adquirido a citar a fonte e a assumir

responsabilidade pela manipulação inadequada ou extrapolada das informações

obtidas.

Page 45: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

45

- A revisão do eleitorado é ordenada por tribunal regional eleitoral

quando, realizada correição em determinada zona ou município por ele

determinada, fica provada a fraude em proporção comprometedora.

==========================================================================

5. DAS COLIGAÇÕES

5.1. Conceito:

Conforme Queiroz (2006, p. 111), coligação é “a reunião de dois ou mais

partidos para lançar candidatos comuns às eleições, atendendo a razões de

conveniência partidária com o escopo de alcançar o poder”. Também prevista

no Art. 6° da Lei 9.504/97.

Art. 6º É facultado aos partidos políticos, dentro da mesma circunscrição,

celebrar coligações para eleição majoritária, proporcional, ou para ambas,

podendo, neste último caso, formar-se mais de uma coligação para a eleição

proporcional entre os partidos que integram a coligação para o pleito

majoritário.

Conforme o disposto no § 1° do Art. 6°, a coligação adquirirá nomenclatura

própria e a ela serão atribuídas as prerrogativas e obrigações de partido

político no que se refere ao processo eleitoral. O Art. 6°, § 3° da Lei

9.504/97 estabelece normas que deverão ser observada pelas coligações.

Quadro 3 - Normas aplicadas às coligações

I - Na chapa da coligação, podem inscrever-se candidatos filiados a

qualquer partido político dela integrante.

II - O pedido de registro dos candidatos deve ser subscrito pelos

presidentes dos partidos coligados, por seus delegados, pela maioria dos

membros dos respectivos órgãos executivos de direção ou por

representante da coligação, na forma do inciso III.

III - Os partidos integrantes da coligação devem designar um

representante, que terão atribuições equivalentes às de presidente de

partido político, no trato dos interesses e na representação da

Page 46: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

46

coligação, no que se refere ao processo eleitoral.

IV - A coligação será representada perante a Justiça Eleitoral pela

pessoa designada na forma do inciso III ou por delegados indicados pelos

partidos que a compõem, podendo nomear até:

a) três delegados perante o Juízo Eleitoral;

b) quatro delegados perante o Tribunal Regional Eleitoral;

c) cinco delegados perante o Tribunal Superior Eleitoral.

Todas essas regras reforçam o entendimento de que a candidatura é do

partido e não do candidato. E a elas todos os candidatos se submetem.

Assim, coligação é a união de dois ou mais partidos com vistas na

apresentação conjunta de candidatos a determinada eleição. A coligação

apesar de não possuir personalidade jurídica civil, como os partidos, é um

ente jurídico com direitos e obrigações durante todo o processo eleitoral.

É uma entidade jurídica de direito eleitoral, temporária (tem vida apenas

durante o processo eleitoral), com todos os direitos assegurados aos

partidos, e com todas as obrigações.

- Na propaganda para eleição majoritária, a coligação usará,

obrigatoriamente, sob sua denominação, as legendas de todos os partidos que

a integram; na propaganda para eleição proporcional, cada partido usará

apenas sua legenda sob nome da coligação.

- A coligação terá denominação própria, que poderá ser a junção de todas as

siglas dos partidos que a integram, sendo a ela atribuídas as prerrogativas

e obrigações de partido político no que se refere ao processo eleitoral, e

devendo funcionar como um só partido no relacionamento com a Justiça

Eleitoral e no trato dos interesses interpartidários.

- A denominação da coligação não poderá coincidir, incluir ou fazer

referência a nome ou número de candidato, nem conte pedido de voto para

partido político.

- Num determinado município, a convenção partidária realizada no último dia

do prazo legal deliberou a respeito da formação de coligação, deliberação

Page 47: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

47

esta contrária às diretrizes legitimamente estabelecidas pelo órgão de

direção nacional, que, por isso, anulou a deliberação e todos os atos dela

decorrentes. Em vista disso, houve necessidade de escolha de candidatos.

Nesse caso, observadas as demais exigências legais, o pedido de registro de

novos candidatos deverá ser apresentado à Justiça Eleitoral nos dez dias

seguintes à deliberação relativa à anulação.

- A coligação será representada perante a Justiça Eleitoral pela pessoa

designada na forma do inciso III ou por delegados indicados pelos partidos

que a compõem, podendo nomear até;

Três delegados perante o juízo eleitoral;

Quatro delegados perante o Tribunal Regional Eleitoral;

Cinco delegados perante o Tribunal Superior Eleitoral.

- Nas unidades da Federação em que o número de lugares a preencher para a

Câmara dos Deputados não exceder de vinte, cada partido poderá registrar

candidatos a Deputado Federal e a Deputado Estadual ou Distrital até o

dobro das respectivas vagas; havendo coligação, estes números poderão ser

acrescidos de até mais cinquenta por cento. Lembrar que esta ressalva não

se aplica aos Municípios.

- Cada partido poderá registrar candidatos para a Câmara dos Deputados,

Câmara Legislativa, Assembléia Legislativa e Câmaras Municipais, até cento

e cinquenta por cento do número de lugares a preencher.

§ No caso de coligação para as eleições proporcionais, independente do

número de partidos que a integrem, poderá ser registrados candidatos até o

dobro do número de lugares a preencher.

A exceção é quando o número de lugares da Câmara dos Deputados é até 20.  

REGRA: Partido: 150%

Coligação:200%

EXCEÇÃO:Partido:200%

Coligação:300%

==========================================================================

6. REGISTRO DE CANDIDATURA

Page 48: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

48

6.1. Conceito.

Os Arts. 10 a 16 da Lei 9.504/97 disciplinam o registro das candidaturas. O

pedido de registro (Art. 11 da Lei 9.504/97) será realizado por partidos

políticos e coligações junto à Justiça Eleitoral até as 19 horas do dia 5

de julho do ano das eleições. Sptizcovsky e Moraes (2009, p. 30) lembram

que o registro das candidaturas demanda a realização anterior de convenções

partidárias, as quais deliberarão sobre a lista de candidatos, bem como

acerca da aprovação, ou não, da formação de coligações, devendo-se realizar

no período de 10 a 30 de junho do ano das eleições.

O Art. 10 dispõe que os partidos políticos poderão registrar seus

candidatos para a Câmara dos Deputados, Câmara Legislativa, Assembléias

Legislativas e Câmaras Municipais, até 150% do número de lugares a

preencher. E ainda, no § 1°, que em caso de eleições proporcionais,

coligações poderão registrar até o dobro do número de vagas a preencher. Os

requisitos para o registro formal propriamente dito são os listados no Art.

11, que impõe ser o registro efetuado até as 19 horas do dia 5 de julho do

ano que se realizarem as eleições. Também os documentos que deverão

instruir o pedido de registro estão previstos no § 1° do Art. 11 da Lei

9.504/97. Confira os §§ 1° e 2° do Art. 11 da Lei 9.504/97.

Art. 11. Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o

registro de seus candidatos até as dezenove horas do dia 5 de julho do ano

em que se realizarem as eleições.

§ 1º O pedido de registro deve ser instruído com os seguintes documentos:

I - cópia da ata a que se refere o Art. 8º;

II - autorização do candidato, por escrito;

III - prova de filiação partidária;

IV - declaração de bens, assinada pelo candidato;

V - cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida pelo cartório

eleitoral, de que o candidato é eleitor na circunscrição ou requereu sua

inscrição ou transferência de domicílio no prazo previsto no Art.

9º;

Page 49: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

49

VI - certidão de quitação eleitoral;

VII - certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da

Justiça Eleitoral, Federal e Estadual;

VIII - fotografia do candidato, nas dimensões estabelecidas em instrução da

Justiça Eleitoral, para efeito do disposto no § 1º do Art. 59.

§ 2º A idade mínima constitucionalmente estabelecida como condição de

elegibilidade é verificada tendo por referência a data da posse.

Segundo Sptizcovsky e Moraes (2009, p. 30), o rol descrito no § 1° do Art.

11 amplia as condições de elegibilidade previstas pelo Art. 14, § 3°, da

Constituição Federal, que estabelece apenas as condições mínimas para fins

de registro. Veja quais são essas condições no quadro 5.

§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei:

I - a nacionalidade brasileira;

II - o pleno exercício dos direitos políticos;

III - o alistamento eleitoral;

IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;

V - a filiação partidária;

VI - a idade mínima de:

a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente da República e

Senador;

b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito

Federal;

c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado Estadual ou Distrital,

Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;

d) dezoito anos para Vereador.

Page 50: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

50

Sptizcovsky e Moraes (2009, p. 30) lecionam que [...] as idades mínimas

exigidas pela Constituição, como condição de elegibilidade [Art. 14, § 3°,

VI], devem estar caracterizadas nos atos da posse, e não no momento do

registro da candidatura, como, já se viu ocasião em que será necessária

apenas a prova do cumprimento desse requisito, a teor do disposto no Art.

11, § 2°, da Lei 9.504/97.

Esse aspecto assume a importância na medida em que se revela de forma

acertada, que o requisito exigido pela Constituição justifica-se para o

exercício do mandato, e não para o simples registro da candidatura. Se o

candidato a cargo eletivo não contar, no momento do registro de sua

candidatura, a idade mínima exigida pela constituição, mas vier a completá-

la até o momento da posse, então seu pleito deverá ser deferido pela

Justiça Eleitoral. No entanto, cumpre observar que o conteúdo do § 2° deve

ser entendido de forma restritiva, não se aplicando para as demais

exigências estabelecidas no § 1°, que deverão estar cumpridas no momento do

registro. Assim, se porventura algum candidato, no momento do registro de

sua candidatura, não estiver na plenitude dos seus direitos políticos, será

considerado inelegível.

Os requisitos do § 1° do Art. 11 deverão ser preenchidos já no momento do

registro da candidatura, sob pena de tornar o candidato inelegível por não

preencher, na forma da Lei, os pressupostos, diferentemente da exigência de

idade mínima, que poderá ser preenchido até a posse do candidato.

6.2. As convenções.

A escolha dos candidatos pelos partidos e deliberação sobre coligações

deverão ser feitas nos períodos de 10 a 30 de junho do ano em que se

realizarem as eleições, lavrando-se a respectiva ata em livro aberto e

rubricado pela Justiça Eleitoral.

- Para concorrer às eleições, o candidato deverá possuir domicílio

eleitoral na respectiva circunscrição pelo prazo de, pelo menos, um ano

antes do pleito e estar com a filiação deferida pelo partido no mesmo

prazo.

- O registro da candidatura. Somente podem concorrer às eleições candidatos

registrados por partidos. A apresentação das candidaturas é exclusiva dos

Page 51: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

51

partidos, não havendo em nosso direito a possibilidade de uma candidatura

independente (candidato sem partido).

- O candidato às eleições proporcionais indicará, no pedido de registro,

além de seu nome completo, as variações nominais com que deseja ser

registrado, até o máximo de três opções, que poderão ser o prenome,

sobrenome, cognome, nome abreviado, apelido ou nome pelo qual é mais

conhecido, desde que não se estabeleça dúvida quanto à sua identidade, não

atente contra o pudor e não seja ridículo ou irreverente, mencionando em

que ordem de preferência deseja registrar-se.

- tratando-se de candidatos cuja homonímia não se resolva pelas regras dos

dois incisos anteriores, a Justiça Eleitoral deverá notificá-los para que,

em dois dias, cheguem a acordo sobre os respectivos nomes a serem usados;

- não havendo acordo no caso do inciso anterior, a Justiça Eleitoral

registrará cada candidato com o nome e sobrenome constantes do pedido de

registro, observada a ordem de preferência ali definida.

- Lei Eleitoral brasileira, Lei n.º 9.504/1997, foi alterada, em 1999,

mediante projeto de lei de iniciativa popular, para abrigar a instituição

jurídica da captação de sufrágio, que se manifesta por doar, oferecer ou

entregar ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal

de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro

da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa e

cassação do registro ou do diploma.

- Não é permitido registro de candidatos, embora para cargos diferentes,

por mais de uma circunscrição ou para mais de um cargo na mesma

circunscrição.

- No processo de registro de candidatos, o partido que não o impugnou não

tem legitimidade para recorrer da sentença que o deferiu, salvo se se

cuidar de matéria constitucional.

6.3. Serão registrados:

- No Tribunal Superior Eleitoral: os candidatos a Presidente e Vice-

presidente da república;

Page 52: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

52

- Nos Tribunais Regionais Eleitorais os candidatos a Senador, Deputado

Federal, Governador e Vice-Governador e Deputado Estadual;

- Nos Juízes Eleitorais os candidatos a Vereador, Prefeito, Vice-Prefeito e

Juiz de paz.

6.4. Candidatura nata

O STF considerou inconstitucional a candidatura nata, que consiste na

garantia de o candidato detentor de mandato de Deputado Federal, Distrital,

Estadual ou Vereador, e aos que tenham exercido esses cargos em qualquer

período da legislatura que estiver em curso, é assegurado o registro de

candidatura para o mesmo cargo pelo partido a que esteja filiado, é

situação jurídica em vigor no sistema eleitoral pátrio.

- Somente poderão inscrever candidatos os partidos que possuam diretório

devidamente registrado na circunscrição em que se realizar a eleição.

6.5. Em relação ao número de candidatos temos o seguinte:

a) Cada partido poderá registrar 150% do número de vagas e cada coligação

até 200% do número de vagas.

b) Nos Estados em que o número de deputados federais a serem eleitos forem

menor que 20, cada partido poderá registrar 200% e as coligações 300%.

- Os partidos e coligações solicitarão à Justiça Eleitoral o registro de

seus candidatos até as dezenove horas do dia 05 de julho do ano em que se

realizarem as eleições.

§ 1º O pedido de registro deve ser instruído com os seguintes documentos:

I - cópia da ata a que se refere o art. 8º;

II - autorização do candidato, por escrito;

III - prova de filiação partidária;

IV - declaração de bens, assinada pelo candidato;

Page 53: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

53

V - cópia do título eleitoral ou certidão, fornecida pelo cartório

eleitoral, de que o candidato é eleitor na circunscrição ou requereu sua

inscrição ou transferência de domicílio no prazo previsto no art. 9º;

VI - certidão de quitação eleitoral;

VII - certidões criminais fornecidas pelos órgãos de distribuição da

Justiça Eleitoral, Federal e Estadual;

VIII - fotografia do candidato, nas dimensões estabelecidas em instrução da

Justiça Eleitoral, para efeito do disposto no § 1º do art. 59.

IX - propostas defendidas pelo candidato a Prefeito, a Governador de Estado

e a Presidente da República.

- A certidão de quitação eleitoral abrangerá EXCLUSIVAMENTE a plenitude do

gozo dos direitos políticos, o regular exercício do voto, o atendimento a

convocações da Justiça Eleitoral para auxiliar os trabalhos relativos ao

pleito, a inexistência de multas aplicadas, em caráter definitivo, pela

Justiça Eleitoral e não remetidas, e a apresentação de contas de campanha

eleitoral.

§ 8º Para fins de expedição de certidão de que trata o § 7º, considerar-se-

ão QUITES aqueles que:

I- Condenados ao pagamento de multa, tenham, até a data da formalização do

seu pedido de registro de candidatura, comprovado o pagamento ou o

parcelamento da dívida regularmente cumprido.

- Na hipótese de o partido ou coligação não requerer o registro de seus

candidatos, estes poderão fazê-lo perante a Justiça Eleitoral nas quarenta

e oito horas seguintes ao encerramento do prazo previsto no caput deste

artigo.

- Ao candidato que, na data máxima prevista para o registro, esteja

exercendo o mandato eletivo ou tenha exercido nos últimos quatro anos, ou

que nesse mesmo prazo se tenha candidato com um dos nomes que indicou, será

deferido o seu uso no registro, ficando outros candidatos impedidos de

fazer propaganda com esse mesmo nome.

Page 54: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

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- É facultado ao partido ou coligação substituir candidato que for

considerado inelegível, renunciar ou falecer após o termo final do prazo do

registro ou, ainda, tiver o seu registro indeferido ou cancelado.

- A escolha do substituto far-se-á na forma estabelecida no estatuto do

partido a que pertencer o substituído, e o registro deverá ser requerido

até 10 dias contados do fato ou da notificação do partido da decisão

judicial que deu origem à substituição.

- Nas eleições majoritárias, se o candidato for de coligação, a

substituição deverá fazer-se por decisão da maioria absoluta dos órgãos

executivos de direção dos partidos coligados, podendo o substituto ser

filiado a qualquer partido dela integrante, desde que o partido ao qual

pertencia o substituído renuncie ao direito de preferência.

- Nas eleições proporcionais, a substituição só se efetivará se o novo

pedido for apresentado até 60 dias antes do pleito.

Eleições majoritárias Eleições proporcionais

a) Até  10 DIAS  após a ocorrência do

fato ou da notificação da decisão

judicial;

b) Até   24 HORAS  antes das eleições.

a) Até   10 DIAS  após a ocorrência do

fato ou da notificação da decisão

judicial;

a) Até   60 DIAS  antes do início da

votação.

- Ação de impugnação de registro de candidatura. A impugnação ao pedido de

registro de candidatura é uma verdadeira ação de natureza eleitoral. Está

prevista no & 2º do artigo 97 do Código Eleitoral e está regulamentada pela

Lei Complementar 64/90. Publicado o edital dando conta do pedido de

registro de candidatura, começa a correr o prazo de cinco dias para que o

interessado (candidatos, partidos políticos, coligações e MP) possa

apresentar a impugnação que tiverem.

- Juntamente com o pedido de registro de seus candidatos, os partidos e

coligações comunicarão à Justiça Eleitoral os valores máximos de gastos que

farão por candidatura em cada eleição.

===========================================================================

7. DA PRESTAÇÃO DE CONTAS

Page 55: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

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7.1. Introdução:

Como lecionam Spitzcovsky e Moraes (2009, p. 83), a arrecadação de recursos

está regrada nos Arts. 17 a 27 da Lei 9.504/97, com as modificações

advindas da Lei 11.300/06. Segundo eles, essa matéria tem por objetivo

“estabelecer limites e transparência durante as eleições, de forma a

proteger o pleito contra a influência do poder econômico ou o abuso no

exercício de função, cargo ou emprego na Administração direta e indireta”.

É certo que, com a nova lei, as exigências tornaram-se mais rígidas, mas,

ao mesmo tempo, mais fácil de controlar os gastos, razão pela qual a

legislação eleitoral exige que os partidos e coligações comuniquem à

Justiça Eleitoral o limite por candidatura, o que deverá ser providenciado

juntamente com o seu registro, sujeitando o responsável pelos excessos

praticados, conforme disposição do Art. 18 da Lei 9.504/97. No mesmo

sentido, as despesas realizadas durante a campanha eleitoral são de

responsabilidade dos partidos, sejam eles isolados ou sob coligação, ou de

seus candidatos, nos moldes do Art. 17, também da Lei 9.504/97.

Outros aspectos que merecem realce quanto à arrecadação e prestação de

contas, citamos o Art. 17-A, da Lei 9.504/97, que determina que a cada

eleição caberá à lei, observadas as peculiaridades locais, fixar até o dia

10 de junho de cada ano eleitoral o limite dos gastos de campanha para os

cargos em disputa.

O § 3o do Art. 22 da Lei 9.504/97, com a redação da Lei 11.300/06, prevê

que o uso dos recursos financeiros destinados a pagamentos dos gastos

eleitorais que não sejam provenientes de conta específica, conforme

determinação do Art. 22 caput, implicará a desaprovação da prestação de

contas do partido ou candidato.

Caso esteja comprovado abuso do poder econômico, o candidato terá cancelado

o registro da sua candidatura, ou caso já ter sido diplomado, será cassado.

E o § 4o prevê que, caso haja rejeição das contas, a Justiça Eleitoral

remeterá cópia de todo o processo ao Ministério Público Eleitoral.

A prestação de contas está disciplinada nos Arts. 28 a 32 da Lei 9.504/97.

Spitzcovsky e Moraes (2009, p. 86), expõem que “o Art. 28 da Lei n.

9.504/97 estabelece uma clara distinção na prestação de contas dos

Page 56: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

56

candidatos a cargos majoritários e daqueles que concorrem às eleições

proporcionais.” Explicam que:

[...] enquanto para os candidatos às eleições proporcionais abriu-se a

possibilidade de a prestação de contas ser realizada pelo comitê

financeiro, ou pelo próprio candidato, para as majoritárias deverá ser

apresentada, tão somente, pelo comitê financeiro, devendo ser instruída com

as exigências fixadas no § 1º, que a seguir se reproduz:

Art. 28 [...] § 1º § 1º As prestações de contas dos candidatos às eleições

majoritárias serão feitas por intermédio do comitê financeiro, devendo ser

acompanhadas dos extratos das contas bancárias referentes à movimentação

dos recursos financeiros usados na campanha e da relação dos cheques

recebidos, com a indicação dos respectivos números, valores e emitentes.

Independentemente da modalidade escolhida, frisam Spitzcovsky e Moraes

(2009, p. 86) que “a prestação de contas deverá ser encaminhada à Justiça

Eleitoral até o trigésimo dia posterior à realização das eleições e,

havendo segundo turno, no mesmo prazo”. Outra inovação da Lei 11.300/2006

foi a inclusão do § 4° do Art. 28 da Lei 9.504/97, que estipulou a

obrigatoriedade de divulgação, pela internet, nos dias 6 de agosto e 6 de

setembro, de relatórios discriminando o uso de recursos financeiros pelos

partidos, coligações e candidatos.

- Candidatos e Comitês Financeiros estão obrigados à inscrição no Cadastro

Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ.

7.2. Questões diversas:

- Primeiro o TSE considera que bastava a apresentação das contas, depois

muda sua posição, exigindo que as contas devem ser apresentadas e

aprovadas. Agora (dia 28/06/2012) volta novamente ao posicionamento absurdo

anterior:

- Por maioria de votos, o plenário do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)

Decidiu na noite desta quinta-feira os candidatos poderão obter a certidão

de quitação eleitoral e o registro de candidatura mesmo que não tenham sido

aprovadas as suas contas de campanha. O ministro Dias Toffoli havia

solicitado vista do pedido na sessão do dia 26 de junho, quando o

julgamento estava empatado em três votos a três. Hoje, ele desempatou a

decisão a favor da candidatura das contas não aprovadas. Segundo Toffoli, a

Page 57: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

57

legislação eleitoral em vigor não exige a aprovação das contas eleitorais

para que os candidatos às eleições municipais deste ano obtenham o registro

de candidatura.

- Assim, basta que o candidato tenha apresentado a prestação de contas de

campanha eleitoral anterior, independentemente de sua aprovação pela

Justiça Eleitoral.

- O candidato é o único responsável pela veracidade das informações

financeiras e contábeis de sua campanha, usando recursos repassados pelo

comitê, inclusive os relativos à cota do Fundo Partidário, recursos -

próprios ou doações de pessoas físicas ou jurídicas, na forma estabelecida

nesta lei.

7.3. A prestação de contas será feita:

- A prestação de contas dos partidos políticos à justiça eleitoral é feita

por meio do envio do balanço contábil do exercício findo até 30 de abril do

ano seguinte, e, em anos eleitorais, por meio do envio de balancetes

mensais durante os quatro meses anteriores e os dois meses posteriores ao

pleito.

- As prestações de contas dos candidatos às eleições majoritárias serão

feitas por intermédio do comitê financeiro, devendo ser acompanhadas dos

extratos das contas bancárias referentes à movimentação dos recursos

financeiros usados na campanha e da relação dos cheques recebidos, com a

indicação dos respectivos números, valores e emitentes.

- 2º As prestações de contas dos candidatos às eleições proporcionais serão

feitas pelo comitê financeiro ou pelo próprio candidato.

- Na eleição presidencial é obrigatória a criação de comitê nacional e

facultativa a de comitês nos Estados e no Distrito Federal.

A falta de apresentação da prestação de contas anual implica a suspensão

automática do Fundo Partidário do respectivo órgão partidário, independente

de provocação e de decisão, e sujeita os responsáveis às penas da lei (Lei

nº 9.096/95, art. 37).

- É obrigatório para o partido e para os candidatos abrir conta bancária

específica para registrar todo movimento financeiro da campanha. O disposto

Page 58: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

58

neste artigo não se aplica aos casos de candidatura para Prefeito e

Vereador em Municípios onde não haja agência bancária, bem como aos casos

de candidatura para Vereador em Município com menos de vinte mil eleitores.

- TSE, de 6.6.2006, no Ag n° 4.523: o não julgamento das prestações de

contas dos candidatos oito dias antes da diplomação não acarreta aprovação

tácita das contas. O prazo fixado neste dispositivo tem por objetivo

harmonizar o julgamento do exame das contas com a diplomação dos

candidatos, à vista do que dispõe o art. 29 desta lei.

7.4. As doações de recursos financeiros somente poderão ser efetuadas na

conta mencionada por meio de:

- Cheques cruzados e nominais ou transferência eletrônica de depósito;

- Depósito em espécie devidamente identificados até o limite fixado.

- A partir do registro dos comitês financeiros, pessoas físicas poderão

fazer doações em dinheiro ou estimáveis em dinheiro para campanha

eleitorais, obedecido o disposto nesta lei. Limitados a 10% dos rendimentos

brutos auferidos no ano anterior à eleição e no caso em que o candidato

utilize recursos próprios, ao valor máximo de gastos estabelecido pelo seu

partido, na forma desta lei.

- Ficam vedadas quaisquer doações em dinheiro, bem como de troféus,

prêmios, ajudas de qualquer espécie, feitas por candidatos, entre o

registro e a eleição, a pessoas físicas ou jurídicas.

- Toda doação a candidato específico ou a partido deverá ser feita mediante

RECIBO, em formulário impresso ou em formulário eletrônico, no caso de

doação via internet, em que constem os dados do modelo constante do Anexo,

dispensada a assinatura do doador.

É vedado, a partido e candidato, receber diretamente doação em dinheiro ou

estimável em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer

espécie, procedente de:

- Entidade de governo estrangeiro;

Page 59: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

59

- Órgão da administração pública direta ou indireta ou fundação mantida com

recursos provenientes do Poder Público;

- Concessionário ou permissionário de serviço público;

- Entidade de direito privado que receba, na condição de beneficiária,

contribuição compulsória em virtude de disposição legal;

I - Entidade de utilidade pública;

II - Entidade de classe ou sindical;

III - Pessoa jurídica sem fins lucrativos que receba recurso do exterior;

IV - Entidade beneficente ou religiosa;

V - Entidade esportiva que receba recursos públicos;

VI - Organizações não governamentais que recebam recursos públicos;

VII - Organizações da sociedade civil de interesse público.

- O partido que descumprir as normas referentes à arrecadação e aplicação

de recursos fixadas nesta Lei perderá o direito ao recebimento da quota do

fundo partidário do ano seguinte, sem prejuízo de responderem os candidatos

beneficiados por abuso de poder econômico.

- A sanção de suspensão do repasse de novas quotas do Fundo Partidário, por

desaprovação total ou parcial da prestação de contas de partido, deverá ser

aplicada de forma proporcional e razoável, pelo período de 1 (um) mês a 12

(doze) meses, ou por meio do desconto, do valor a ser repassado, da

importância apontada como irregular, não podendo ser aplicada a sanção de

suspensão, caso a prestação de contas não seja julgada, pelo juízo ou

tribunal competente, após 5 (cinco) anos de sua apresentação.  (Incluído

pela Lei nº 12.034, de 2009).

- Art. 2º da lei 6091/74 - Se a utilização de veículos pertencentes às

entidades previstas no art. 1º não for suficiente para atender ao disposto

nesta Lei, a Justiça Eleitoral requisitará veículos e embarcações a

particulares, de preferência os de aluguel.

Page 60: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

60

Parágrafo único. Os serviços requisitados serão pagos, até trinta dias

depois do pleito, a preços que correspondam aos critérios da localidade. A

despesa correrá por conta do Fundo Partidário.

- A justiça eleitoral pode, em alguns casos, fornecer refeições a eleitores

de zonas rurais, correndo as despesas, nessa hipótese, por conta do fundo

partidário.

- Art. 1º Os veículos e embarcações, devidamente abastecidos e tripulados,

pertencentes à União, Estados, Territórios e Municípios e suas respectivas

autarquias e sociedades de economia mista, excluídos os de uso militar,

ficarão à disposição da Justiça Eleitoral para o transporte gratuito de

eleitores em zonas rurais, em dias de eleição.

- O prazo para a propositura, contra os doadores, das representações

fundadas em doações de campanha acima dos limites legais é de 180 dias,

período em que devem os candidatos e partidos conservar a documentação

concernente às suas contas, a teor do que dispõe o art. 32 da lei nº

9504/97.

7.5. São considerados gastos eleitorais entre outros:

I - Despesas com transporte ou deslocamento de candidato e de pessoal a

serviço das candidaturas;

II - A realização de comícios ou eventos destinados à promoção de

candidatura;

III - A produção de jingles, vinhetas e slogans para propaganda eleitoral.

- Ao receber as prestações de contas e demais informações dos candidatos

às eleições majoritárias e dos candidatos às eleições proporcionais que

optarem por prestar contas por seu intermédio, os comitês deverão

encaminhar à Justiça Eleitoral, até o trigésimo dia posterior à realização

das eleições, o conjunto das prestações de contas dos candidatos e do

próprio comitê.

- A inobservância do prazo para encaminhamento das prestações de contas

impede a diplomação dos eleitos, enquanto perdurar.

Page 61: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

61

- Havendo indício de irregularidade na prestação de contas, a Justiça

Eleitoral poderá requisitar diretamente do candidato ou do comitê

financeiro as informações adicionais necessárias, bem como determinar

diligências para a complementação dos dados ou o saneamento das falhas.

- Até cento e oitenta dias após a diplomação, os candidatos ou partidos

conservarão a documentação concernente as suas contas. Estando pendente de

julgamento qualquer processo judicial relativo às contas, documentação a

elas concernente deverá até a decisão final.

- A Justiça Eleitoral exerce a fiscalização sobre a escrituração contábil e

a prestação de contas do partido e das despesas de campanha eleitoral,

devendo atestar se elas refletem adequadamente a real movimentação

financeira, os dispêndios e recursos aplicados nas campanhas eleitorais,

exigindo a observação das seguintes normas:

[...]

IV - obrigatoriedade de ser conservada pelo partido a documentação

comprobatória de suas prestações de contas, por prazo não inferior a cinco

anos;

- A lei eleitoral permite a doação oculta, que ocorre, sobretudo quanto a

recursos repassados a candidatos a cargos proporcionais.

- Foi mantida a atual lei eleitoral que estabelece 12 restrições para

doações diretas aos candidatos, o que acabou instituindo a doação oculta.

Para burlar as regras, entidades como concessionárias, sindicatos,

entidades beneficentes e religiosas, ONGs, por exemplo, que recebam

recursos públicos e empresas esportivas que recebam financiamento público

acabam fazendo doações para partidos, que passam os recursos para os

candidatos.

- Quando o material impresso veicular propaganda conjunta de diversos

candidatos, os gastos relativos a cada um deles deverão constar na

respectiva prestação de contas, ou apenas naquela do candidato que houver

arcado com os custos.

===========================================================================

8. DA PROPAGANDA ELEITORAL E PARTIDÁRIA

Page 62: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

62

8.1. Conceito.

Propaganda é uma técnica de apresentação, argumentos e opiniões ao público,

de tal modo organizada e estruturada para induzir conclusões ou ponto de

vista favoráveis aos seus anunciantes.

- propaganda eleitoral é forma de captação de votos usada pelos partidos,

coligações e candidatos, em época determinada em lei, visando à eleição de

cargos eletivos.

- propaganda intrapartidária é a realizada pelo filiado visando convencer

os correligionários do partido, participantes da convenção para escolha dos

candidatos, a escolher seu nome para concorrer a cargo eletivo (vedado o

uso da mídia);

- A propaganda intrapartidária veiculada antes do dia seis de julho do ano

eleitoral deve ser imediatamente retirada após a realização da convenção

partidária.

- propaganda partidária é a divulgação genérica e exclusiva do programa e

da proposta política do partido, sem menção ao nome de candidatos, visando

angariar adeptos ao partido. Não obstante a diferença, o CE confunde os

conceitos.

- Art. 41. A propaganda exercida nos termos da legislação eleitoral não

poderá ser objeto de multa nem cerceada sob alegação do exercício do poder

de polícia ou de violação de postura municipal, casos em que se deve

proceder na forma prevista no art. 40. (Redação dada pela Lei nº 12.034, de

2009)

§ 1o O poder de polícia sobre a propaganda eleitoral será exercido pelos

juízes eleitorais e pelos juízes designados pelos Tribunais Regionais

Eleitorais. (Incluído pela Lei nº 12.034, de 2009)

§ 2o O poder de polícia se restringe às providências necessárias para

inibir práticas ilegais, vedada a censura prévia sobre o teor dos programas

a serem exibidos na televisão, no rádio ou na internet. (Incluído pela Lei

nº 12.034, de 2009).

8.2. São princípios da propaganda política:

Page 63: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

63

- Princípio da legalidade – Somente a lei pode limitar a propaganda

eleitoral. Esta lei deve ser federal.

- Principio da liberdade – A propaganda é livre na forma da lei. Tudo que a

lei não proíbe é permitido.

- Princípio da responsabilidade – A propaganda, qualquer que seja a sua

forma ou modalidade, deverá sempre mencionar a legenda partidária, de forma

que se torne possível identificar o responsável pela propaganda.

- O juiz eleitoral da comarca é competente para tomar todas as providências

relacionadas à propaganda eleitoral, assim como para julgar representações

e reclamações a ela pertinentes.

- Ao postulante a candidatura a cargo eletivo é permitida a realização, na

quinzena anterior à escolha pelo partido político, de propaganda

intrapartidária com vista à indicação de seu nome, inclusive mediante a

afixação de faixas e cartazes em local próximo da convenção, com mensagem

aos convencionais vedados o uso de rádio, televisão, outdoor e internet.

- A propaganda eleitoral somente é permitida após 5 de julho do ano da

eleição.

- Propaganda partidária. É a propaganda institucional dos partidos

políticos. Só poderá ser feita até o dia 30 de junho do ano eleitoral.

- A propaganda, qualquer que seja a sua forma ou modalidade, mencionará

sempre a legenda partidária e só poderá ser feita em língua nacional, não

devendo empregar meios publicitários destinados a criar, artificialmente,

na opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais.

8.3. São limitações gerais da propaganda eleitoral:

Feita em outra língua que não for nacional;

Empregar meios publicitários destinados a criar, artificialmente, na

opinião pública, estados mentais, emocionais ou passionais;

De guerra, de processos violentos para subverter o regime, a ordem

política e social, ou de preconceitos de raça ou de classes.

Page 64: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

64

Que provoque animosidade entre Forças Armadas ou contra elas, ou delas

contra as classes e instituições civis;

Que incite atentados contra pessoas ou bens;

Que instigue à desobediência coletiva ao cumprimento de lei de ordem

pública;

Que implique em oferecimento, promessa ou solicitação de dinheiro,

dádiva, rifa, sorteio ou vantagem de qualquer natureza;

Que perturbe o sossego público, com algazarra ou abuso de instrumentos

sonoros ou sinais acústicos;

Por meio de impressos ou objetos que pessoa, inexperiente ou rústica,

possa confundir com moeda;

Que prejudique a higiene e a estética urbana ou contravenha a postura

municipais ou a outra qualquer restrição de crédito de direito;

Que caluniar, difamar ou injuriar quaisquer pessoas, bem como órgãos ou

entidades que exerçam autoridade pública;

Que desrespeite os símbolos nacionais.

- No segundo semestre do ano da eleição, não será veiculada a propaganda

partidária gratuita prevista em lei nem permitindo qualquer tipo de

propaganda política paga, no rádio e na televisão.

- É vedada, desde 48 horas antes e 24 horas depois da eleição, qualquer

propaganda política mediante radiodifusão, televisão, comícios ou reuniões

públicas. Cuidado, não consta propaganda via internet.

- No dia da eleição é proibida qualquer propaganda onde haja contato com o

eleitor. É a chamada boca-de-urna, a propaganda realizada no dia das

eleições, geralmente com a distribuição de materiais a eleitores.

- A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou eleitoral, em

recinto aberto ou fechado, não depende de licença da polícia. O candidato,

o partido político ou a coligação que promover o ato fará a devida

comunicação à autoridade policial com, no mínimo 24 horas de antecedência,

Page 65: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

65

a fim de que esta lhe garanta, segundo a prioridade do aviso, o direito

contra quem usar o local no mesmo dia e horário.

- É vedada na campanha eleitoral a confecção, utilização, distribuição por

comitê, candidato, ou com a sua autorização, de camisetas, chaveiros,

bonés, canetas, brindes, cestas básicas ou quaisquer outros bens ou

materiais que possam proporcionar vantagem ao eleitor.

- É permitida, no dia das eleições, a manifestação individual e silenciosa

da preferência do eleitor por partido político, coligação ou candidato,

revelada exclusivamente pelo uso de bandeiras, broches, dísticos e

adesivos. 

- É vedada, no dia do pleito, até o término do horário de votação, a

aglomeração de pessoas portando vestuário padronizado, bem como os

instrumentos de propaganda referidos no caput, de modo a caracterizar

manifestação coletiva, com ou sem utilização de veículos. 

8.4 São vedados a instalação e o uso de alto-falantes ou amplificadores de

som em distância inferior a duzentos metros de:

Sedes dos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios, das Sedes dos órgãos judiciais, dos

quartéis e de outros estabelecimentos militares;

Dos hospitais e casas de saúde;

Das escolas, bibliotecas públicas, igrejas e teatros, quando em

funcionamento.

- O funcionamento de alto-falantes ou amplificadores de som, ressalvada a

hipótese contemplada no parágrafo seguinte, somente é permitido entre as

oito e as vinte e duas horas.

- Excepcionalmente pode ser utilizada a aparelhagem de sonorização fixa

durante a realização de comício no horário compreendido entre 8 horas e 24

horas.

- Existe um conflito aparente de normas em relação à aplicação de limites

de poluição sonora na propaganda eleitoral, uma vez que o artigo 39, § 3º,

da Lei 9.504/1997, ao editar dispositivo semelhante ao artigo 244, II, do

Page 66: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

66

Código Eleitoral, suprimiu a expressão "com a observância da legislação

comum".

- Constitui crime, no dia da eleição, punível com detenção e multa, com

alternativa de prestação de serviços à comunidade, o uso de alto-falantes e

amplificadores de som ou a promoção de comício ou carreata.

- É proibida a realização de showmício e de evento assemelhado para

promoção de candidatos, bem como a apresentação, remunerada ou não, de

artista com finalidade de animar comício e reunião eleitoral.

- O uso de símbolos pelo candidato não pode trazer semelhança com os

utilizados por órgão de Governo, empresa pública ou sociedade de economia

mista.

- É vedada na campanha eleitoral a confecção, utilização, distribuição por

comitê, candidato, ou com a sua autorização, de camisetas, chaveiros,

bonés, canetas, brindes, cestas básicas ou quaisquer outros bens ou

materiais que possam proporcionar vantagem ao eleitor.

- Nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder público, ou que

a ele pertençam, e nos de uso comum, inclusive postes de iluminação pública

e sinalização de tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e

outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de propaganda de

qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta, fixação de

placas, estandartes, faixas e assemelhados.

- Bens de uso comum, para fins eleitorais, são os assim definidos pelo

Código Civil e também aqueles a que a população em geral tem acesso, tais

como cinema, clubes, lojas, centros comerciais, templos, estádios, ainda

que de propriedade privada.

- Nas árvores e jardins localizados em áreas públicas, não é permitida a

colocação de propaganda eleitoral, mesmo que não lhes cause dano.

- Em bens particulares, independe de obtenção de licença municipal e de

autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda eleitoral por

meio da fixação de faixas, placas, cartazes, pinturas ou inscrições, que

não excedam de 4m² e que não contrariem a legislação inclusive a que dispõe

sobre postura municipal.

Page 67: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

67

- O candidato cujo registro esteja sub judice poderá efetuar todos os atos

relativos à sua campanha eleitoral, inclusive utilizar o horário eleitoral

gratuito para sua propaganda, no rádio e na televisão.

- É vedada a propaganda eleitoral por meio de outdoors, sujeitando a

empresa responsável, os partidos, coligações e candidatos à imediata

retirada da propaganda irregular e pagamento de multa.

- O uso de outdoors na propaganda eleitoral é proibido durante toda a

campanha, exceto nos comitês dos candidatos.

- Na propaganda dos candidatos a cargo majoritário, deverão constar,

também, o nome dos candidatos a vice ou a suplentes de Senador, de modo

claro e legível, em tamanho não inferior a 10% (dez por cento) do nome do

titular.

8.5. Propaganda na internet

- A propaganda eleitoral na internet somente será permitida na página do

candidato destinada exclusivamente à campanha eleitoral. Os candidatos

poderão manter página na internet com a terminação can.br, ou com outras

terminações, como mecanismo de propaganda eleitoral até a antevéspera da

eleição.

- A propaganda eleitoral pela internet será sempre gratuita.

- Os domínios com terminação can.br serão automaticamente cancelados após a

votação em primeiro turno, salvo os pertinentes a candidatos que estejam

concorrendo em segundo turno, que serão cancelados após esta votação.

- Por meio de blogs, redes sociais, sítios de mensagens instantâneas e

assemelhados, cujo conteúdo seja gerado ou editado por candidatos, partidos

ou coligações ou de iniciativa de qualquer pessoa natural.

- É livre a manifestação do pensamento, vedado o anonimato durante a

campanha eleitoral por meio da rede mundial de computadores.

- Art. 57-C. Na internet, é vedada a veiculação de qualquer tipo de

propaganda eleitoral paga.

§ 1o É vedada, ainda que gratuitamente, a veiculação de propaganda eleitoral

na internet, em sítios:

Page 68: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

68

I - de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos.

- É permitida, até a antevéspera das eleições, a divulgação paga, na

imprensa escrita, de propaganda eleitoral, no espaço máximo, por edição,

para cada candidato, partido político ou coligação, de um oitavo de página

de jornal padrão e um quarto de página de revista ou tablóide.

- Observadas as disposições da lei, é lícita a propaganda eleitoral

veiculada pela Internet nas quarenta e oito horas que antecederem as

eleições.

- A rede mundial de computadores, internet, é um meio eletrônico que

privilegia a livre manifestação do pensamento e o princípio democrático,

razão pelo qual o legislador, através da reforma promovida pela Lei

12.034/2009, estendeu o direito de resposta às ofensas irrogadas por

candidatos através dos meios eletrônicos.

- Não caracterizará propaganda eleitoral a divulgação de opinião favorável

a candidato, a partido político ou coligação pela imprensa escrita, desde

que não seja matéria paga, mas abusos e os excessos, assim como as demais

formas de uso indevido no meio de comunicação, serão apurados e punidos nos

termos do art. 22 da Lei complementar 64/90. O dispostos neste artigo,

aplica-se a reprodução virtual do jornal impresso na internet.

8.6. A partir de 1º de Julho é vedado às emissoras de rádio e televisão, em

sua programação normal e noticiário:

Transmitir, ainda que sob a forma de entrevista jornalística, imagem de

realização de pesquisa ou qualquer outro tipo de consulta popular de

natureza eleitoral em que seja possível identificar o entrevistado ou em

que haja manipulação de dados;

Usar trucagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer forma,

degradem ou ridicularizem candidato, partido político ou coligação, bem

como produzir ou veicular programa com esse efeito;

Veicular propaganda política ou difundir opinião favorável ou contrária

a candidato, partido político ou coligação, a seus órgãos ou

representantes;

Page 69: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

69

Dar tratamento privilegiado a candidato, partido político ou coligação;

Veicular ou divulgar filmes, novelas, minisséries ou qualquer outro

programa com alusão ou críticas a candidato ou partido político, mesmo que

dissimuladamente, exceto programa jornalístico ou debates políticos;

Divulgar nome de programa que se refira a candidato escolhido em

convenção, ainda quando preexistente, inclusive se coincidente com o nome

do candidato ou o nome por ele indicado para uso na urna eletrônica, e,

sendo o nome do programa o mesmo que o do candidato, fica proibida a sua

divulgação, sob pena de cancelamento do respectivo registro.

- O Supremo Tribunal Federal, em Ação Direta de Inconstitucionalidade,

suspendeu liminarmente, com fundamento na liberdade de imprensa, a eficácia

do inciso II do artigo 45 da Lei 9.504/1997 da expressão “ou difundir

opinião favorável ou contrária a candidato, partido, coligação, a seus

órgãos ou representantes”, bem como, por arrastamento, dos §§ 4º e 5º do

mesmo artigo que conceituam o termo “montagem” e “trucagem”. A ação

contesta os dispositivos que impedem as emissoras de veicular programas

humorísticos que venham a degradar ou ridicularizar candidatos nos três

meses que antecedem as eleições.

- É facultada a transmissão, por emissoras de rádio e televisão, de debates

sobre eleições majoritárias ou proporcionais.

- Prefeito, candidato à reeleição, vai a rádio para entrevista, concedida

em janeiro do ano da eleição municipal, quando tece comentários sobre

programas implantados pela Prefeitura é regular, porque a autoridade

administrativa deve dar continuidade aos atos de sua administração, não se

escusando do dever de informação, desde que não exista o intuito de

autopromoção.

- João Tibúrcio, candidato à reeleição ao cargo de Prefeito, veiculou

propaganda de obras sociais, constando seu nome, datas das realizações das

obras e símbolo utilizado para identificação dos projetos sociais

desenvolvidos na sua administração. Partido de oposição pediu abertura de

investigação judicial, relatando os fatos e indicando as provas que

pretendia apresentar. Em sua defesa, João Tibúrcio alegou que, uma vez que

as obras foram realizadas, inexistia desvio na sua conduta porque tão-

somente estava prestando contas de sua administração. No julgamento, o Juiz

Eleitoral acolheu o pedido formulado na investigação. Pergunta-se: a

Page 70: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

70

decisão está correta? Sim, em razão do abuso de autoridade praticado pelo

candidato, o juiz deveria acolher a investigação e cancelar o registro do

candidato.

- O debate será realizado segundo as regras estabelecidas em acordo

celebrado entre todos os partidos políticos e coligações com candidato ao

pleito e a emissora de rádio ou televisão interessada na realização do

evento, o qual deve ser submetido à homologação pelo juiz eleitoral.

- Inexistindo acordo, o debate, inclusive os realizados na internet ou em

qualquer outro meio eletrônico de comunicação, seguirá as regras constantes

na legislação e será assegurada a participação de candidatos dos partidos

com representação na Câmara dos Deputados.

- Será permitida a realização de debate sem a presença de candidato de

algum partido político ou coligação, desde que o veículo de comunicação

responsável comprove tê-lo convidado com a antecedência mínima de 72 horas

da realização do debate.

- É vedada a presença de um mesmo candidato à eleição proporcional em mais

de um debate da mesma emissora.

- O horário destinado à realização de debate poderá ser destinado à

entrevista de candidato, caso apenas este tenha comparecido ao evento.

- O debate não poderá passar da meia-noite da véspera do encerramento da

campanha no rádio e na televisão.

- As emissoras de rádio e televisão e os canais de televisão por assinatura

reservarão, nos quarenta e cinco dias anteriores à antevéspera das

eleições, horário destinado à divulgação, em rede, da propaganda eleitoral

gratuita.

- Se houver segundo turno, as emissoras de rádio e televisão reservarão, a

partir de 48 horas da proclamação dos resultados do primeiro turno e até a

antevéspera das eleições, horário destinado à divulgação da propaganda

eleitora gratuita, dividido em 2 períodos diários de 20 minutos.

- Não serão admitidos cortes instantâneos ou qualquer tipo de censura

prévia nos programas eleitorais gratuitos.

Page 71: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

71

- É vedada a veiculação de propaganda que possa degradar ou ridicularizar

candidatos, sujeitando-se o partido ou a coligação infratores à perda do

direito à veiculação de propaganda no horário eleitoral gratuito do dia

seguinte ao da decisão.

8.7. É considerada conduta vedada aos agentes públicos em campanha

eleitoral:

Nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa,

suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o

exercício funcional e, ainda, ex officio, remover, transferir ou exonerar

servidor público, na circunscrição do pleito a partir de 5 de julho até a

posse dos eleitos, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvadas;

- A nomeação ou exoneração de cargos em comissão e designação ou dispensa

de funções de confiança;

- Nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos

Tribunais ou Conselhos de contas e dos órgãos da Presidência da República;

- Nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados até o início

daquele prazo;

- Nomeação ou contratação necessária a instalação ou ao funcionamento

inadiáveis de serviços públicos essenciais, com prévia e expressa

autorização do chefe do Poder Executivo;

- A transferência ou remoção ex officio de militares, policiais civis e de

agentes penitenciários.

- No ano em que ser realizar eleição, fica proibida a distribuição de bens,

valores ou benefícios por parte da administração pública, exceto nos casos

de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais

autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior,

casos em que o Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua

execução financeira e administrativa.

- A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos

públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social,

Page 72: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

72

dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagem que caracterizem

promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.

- A partir de 5 de julho, na realização de inaugurações é vedada a

contratação de shows artísticos pagos com recursos públicos.

- É proibido aos candidatos a cargos do poder público do Poder Executivo

participar, nos três meses que precedem o pleito, de inaugurações de obras

públicas.

8.8 O ofendido, ou seu representante legal, poderá pedir o exercício do

direito de resposta à Justiça Eleitoral nos seguintes prazos contados a

partir da veiculação da ofensa:

- 24 (Vinte e quatro horas), quando se tratar do horário eleitoral

gratuito;

- (48) Quarenta e oito horas, quando se tratar da programação normal das

emissoras de rádio e televisão;

- (72) Setenta e duas horas, quando se tratar de órgão da imprensa escrita.

- Sem prejuízo das demais sanções legais cabíveis, será punido, com multa

de cinco mil a trinta mil reais, quem realizar propaganda eleitoral na

internet atribuindo indevidamente sua autoria a terceiro, inclusive

candidato, partido político ou coligação.

8.9. Pesquisas eleitorais.

- As pesquisas eleitorais embora não sejam elemento ou forma de propaganda,

podem influenciar na escolha do eleitor. A pesquisa eleitoral, ou pré-

eleitoral, é aquela realizada durante o processo eleitoral, a partir da

data fixada pelo TSE, para demonstrar a tendência do eleitorado em

determinado momento da campanha.

- A pesquisa para uso interno da campanha, ou seja, não tendo como objetivo

sua divulgação é livre e não necessita de registro. Por outro lado, a

pesquisa a ser divulgada pelos órgãos de comunicação deverão ser

registradas conforme as regras do art. 33 e 34 da lei nº 9.504/97. Se a

divulgação da pesquisa, porém, for fraudulenta (dados alterados, pesquisa

fantasiosa), irá configurar crime eleitoral.

Page 73: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

73

- O Juiz Eleitoral, investido do poder de polícia, constatada grave

irregularidade em propaganda eleitoral, pode instaurar de ofício

procedimento para imposição de multa? Não. O Juiz Eleitoral não tem

legitimidade para, de ofício, instaurar procedimento com a finalidade de

impor multa pela veiculação de propaganda eleitoral em desacordo com a Lei.

===========================================================================

9. DA ELEIÇÃO

9.1. Introdução:

- No dia marcado para a eleição, o recebimento dos votos começará às 8:00

horas e terminará às 17:00 horas. Após esse horário, só poderão votar os

eleitores que tiverem recebido senha do Presidente e entregue seus títulos

à Mesa Receptora.

- O sufrágio é um direito público de natureza política que tem o cidadão de

eleger, ser eleito e participar da organização e da atividade do poder

estatal.

- Em caso de mudança de domicílio, cabe ao eleitor requerer ao Juiz do novo

domicílio a sua transferência, satisfeitas, dentre outras exigências, o

transcurso de, pelo menos, um ano do alistamento ou da última

transferência, bem como residência mínima de três meses no novo domicílio,

declarada, sob as penas da lei, pelo próprio eleitor.

- Os Juízes Eleitorais, sob pena de responsabilidade, comunicarão ao

Tribunal Regional, até 30 dias antes da eleição, o número de eleitores

alistados.

- As Seções Eleitorais, organizadas à medida que forem deferidos os pedidos

de inscrição, não terão mais de 400 eleitores nas capitais e de 300 nas

demais localidades, nem menos de 50 eleitores.

- Se, em Seção destinada aos cegos, o número de eleitores não alcançar o

mínimo exigido, este se completará com outros, ainda que não sejam cegos.

Page 74: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

74

- A mesa é o lugar numa Seção Eleitoral onde ocorre a votação. É ela

encarregada de receber os votos dos eleitores. Os funcionários de uma mesa

receptora são chamados de mesários.

- Constituem a Mesa Receptora um Presidente, um Primeiro e um segundo

mesário, dois secretários e um suplente, nomeados pelo juiz eleitoral 60

dias antes das eleições.

- A votação eletrônica será feita no número do candidato ou da legenda

partidária, devendo o nome e fotografia do candidato e o nome do partido ou

a legenda partidária aparecer no painel da urna eletrônica, com a expressão

designadora do cargo disputado no masculino ou feminino, conforme o caso.

A urna eletrônica exibirá para o eleitor, primeiramente, os painéis

referentes às eleições proporcionais e, em seguida, os referentes às

eleições majoritárias.

Caberá à Justiça Eleitoral definir a chave de segurança e a identificação

da urna eletrônica de que trata o § 4o. (Redação dada pela Lei nº 10.740,

de 1º.10.2003)

A urna eletrônica contabilizará cada voto, assegurando-lhe o sigilo e

inviolabilidade, garantida aos partidos políticos, coligações e

candidatos ampla fiscalização.

O Tribunal Superior Eleitoral disciplinará a hipótese de falha na urna

eletrônica que prejudique o regular processo de votação.

9.2. Não podem ser nomeados Presidente e Mesários:

Os candidatos e seus parentes ainda que por afinidades, até o segundo

grau, inclusive, e bem assim o cônjuge;

Os membros de diretório de partidos desde que exerçam função executiva;

As autoridades e agentes policiais, bem como os funcionários no

desempenho de cargos de confiança do Executivo;

Os que pertencem ao serviço eleitoral;

Page 75: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

75

- O serviço de mesário é obrigatório e gratuito. Somente em casos

excepcionais é que juiz poderá aceitar a recusa de um mesário. Se o mesário

se recusar ou abandonar o serviço, sem justa causa estará cometendo crime,

assim também como aquele mesário que sabendo estar impedido de atuar não

revelar o impedimento.

- Qualquer partido poderá reclamar contra nomeação de mesa receptora ao

próprio Juiz Eleitoral, no prazo de cinco a contar da audiência, devendo a

decisão ser proferida em 48 horas. A decisão caberá recurso para o Tribunal

Regional Eleitoral no prazo de 3 dias.

- Nos estabelecimento de internação coletiva de hansenianos, membros das

mesas receptoras serão escolhidos de preferência entre os médico e

funcionários sadios do próprio estabelecimento.

- Cada partido poderá nomear 2 delegados em cada município e 2 fiscais

junto a cada mesa receptora, funcionando um de cada vez.

- A impugnação não recebida pela Junta Eleitoral pode ser apresentada

diretamente ao Tribunal Regional Eleitoral, em quarenta e oito horas,

acompanhada de duas testemunhas.

- A designação dos lugares para o funcionamento das mesas receptoras é

feita pelos juízes eleitorais sessenta dias antes da eleição, publicando a

designação pela imprensa.

- Da designação dos lugares de votação poderá qualquer partido e o

Ministério Público, reclamar ao juiz eleitoral, dentro de 3 dias a contar

da publicação, devendo a decisão ser proferida dentro de 48 horas.

- Ao Presidente da Mesa Receptora e ao Juiz Eleitoral cabe a policia dos

Trabalhos eleitorais.

- A força armada conservar-se-á a 100 metros da Seção Eleitoral e não

poderá aproximar-se do lugar da votação, ou nele penetrar, sem ordem do

Presidente da Mesa.

- Observada a prioridade assegurada aos candidatos, tem preferência para

votar o juiz eleitoral da Zona, seus auxiliares de serviços, os eleitores

de idade avançada, os enfermos e as mulheres grávidas.

Page 76: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

76

- O recebimento dos votos começará às 8 horas e terminará, salvo o disposto

no art. 153, às 17 horas.

- Poderão votar fora da seção: O Presidente, mesário, suplente e os

delegados e fiscais de partido, desde que a credencial esteja visada na

forma do art. 131, & 3º. Também o Juiz eleitoral, o Presidente da

República, em qualquer seção eleitoral, nas eleições presidenciais e em

qualquer seção do Estado nas eleições de âmbito estadual; Os Governadores,

vice-governadores, Senadores, Deputados Federais e Estaduais, em qualquer

Seção do Estado, nas eleições de âmbito nacional e estadual e em qualquer

Seção do Município de que sejam eleitores, nas eleições municipais; Os

Prefeitos, Vice-prefeitos e vereadores em qualquer Seção do Município; os

militares, removidos ou transferidos dentro do período de 6 meses antes do

pleito, poderão votar nas eleições para Presidente e vice-presidente da

república na localidade em que estiverem servindo e por fim os policiais

militares em serviço.

- O analfabeto, quando não souber assinar o nome, aporá a impressão digital

de seu polegar direito no requerimento e na folha de votação.

9.3. Voto em separado.

O voto em separado é aquele recebido pela mesa receptora, em caráter

excepcional, por alguma razão. É chamado “em separado” porque a cédula a

ele correspondente é depositada no interior da urna dentro de um envelope

padronizado fornecido pela Justiça Eleitoral. Há três hipóteses de voto em

separado:

Voto em separado por impugnação;

Voto em separado por omissão de listagem;

Voto em separado ad cautelam.

- Às 17 horas, o Presidente fará entregar as senhas a todos os eleitores

presentes e, em seguida, os convidará, em voz alta, a entregar à Mesas seus

títulos, para que sejam admitidos a votar.

- A apuração é a terceira fase do processo eleitoral. Consiste basicamente

no cálculo dos votos e o seu devido registro em documentos apropriados.

9.4 Competência para apuração dos votos:

A apuração dos votos nas eleições obedece a seguinte competência:

Page 77: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

77

Eleições Municipais – Juntas Eleitorais;

Eleições Gerais – Tribunais Regionais Eleitorais;

Eleições Presidenciais – Tribunal Superior Eleitoral.

- À medida que os votos forem sendo apurados, poderão os Fiscais e

Delegados de partido, assim como os candidatos, apresentar impugnações, que

serão decididas de plano pela junta. As juntas decidirão por maioria de

votos as impugnações. De suas decisões cabe recurso imediato, interposto

verbalmente ou por escrito, que deverá ser fundamentado no prazo de 48

horas para que tenha seguimento.

- Não será admitido recurso contra a apuração se não tiver havido

impugnação perante a Junta, no ato da apuração, contra as nulidades

argüidas.

- Os candidatos eleitos, assim como os suplentes, receberão diploma

assinado pelo Presidente do Tribunal Superior, do Tribunal Regional ou da

Junta Eleitoral, conforme o caso.

- Enquanto o Tribunal Superior não decidir o recurso interposto contra

expedição do diploma, poderá o diplomado exercer o mandato em toda a sua

plenitude.

- Na aplicação da lei eleitoral, o juiz atenderá sempre aos fins e

resultados a que ela se dirige, abstendo-se de pronunciar nulidades sem

demonstração de prejuízo. A declaração de nulidade não poderá ser requerida

pela parte que lhe deu causa nem a ela aproveitar.

- Se a nulidade atingir a mais da metade dos votos do país nas eleições

presidenciais, do Estado nas eleições federais e estaduais ou do Município

nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações, e o

Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 a 40 dias.

- Nas eleições para Presidente e Vice-presidente da República, poderá votar

o eleitor que se encontrar no exterior. Para que se organize uma Seção

Eleitoral no exterior, é necessário que na circunscrição da missão

diplomática ou do consulado-geral haja um mínimo de 30 eleitores inscrito.

- Até 30 dias antes da realização da eleição, todos os brasileiros

eleitores residentes no estrangeiro comunicarão na sede da missão

Page 78: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

78

diplomática ou ao consulado-geral em carta, telegrama ou qualquer outra

via, a sua condição de eleitor e sua residência.

- Encerrada a votação, as urnas serão enviadas pelos cônsules-gerais às

sedes das missões diplomáticas. Essas remeterão, pela mala diplomática, ao

Ministério das Relações Exteriores, que delas fará entrega ao Tribunal

Regional Eleitoral do Distrito Federal, a quem competirá a apuração dos

votos e julgamento das dúvidas e recursos que hajam sido interpostos.

- São legitimados para impugnação de locais escolhidos para votação: o

partido político e o promotor eleitoral.

10. RECURSOS E PROCESSO ELEITORAL

10.1. São características do Processo Eleitoral:

- Celeridade – Os prazos são bem mais reduzidos em relação aos outros ritos

processuais (em geral, três dias);

- Rigor do princípio da preclusão – Impede, salvo matéria constitucional,

que se recorra de fases já passadas.

- O Código Eleitoral, em matéria de ato judicial recorrível, adotou

especificamente o princípio da preclusão, salvo quando no recurso se

discute matéria constitucional.

- Impugnações e recursos não devem ser confundidos. A impugnação é um ato

de oposição, no âmbito do Direito Eleitoral. O recurso é medida de que se

vale o interessado depois de praticado um ato ou tomada de decisão. Por

exemplo, à medida que os votos forem sendo apurados, poderão os fiscais e

delegados de partido, assim como os candidatos, apresentar impugnações que

serão decididas de plano pela junta. Da decisão da Junta cabe recurso

imediato, interposto verbalmente ou por escrito.

- No sistema eleitoral brasileiro a regra geral é a de que os recursos não

têm efeito suspensivo. Em conseqüência, a execução de qualquer acórdão será

feita imediatamente, em principio, através de comunicação por oficio ou

telegrama.

Page 79: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

79

- A regra geral do Direito Eleitoral, relativamente a prazo é a seguinte:

quando a lei não fixar prazo especial, o recurso deverá ser interposto em

três dias contados da data da publicação do acórdão, da sentença, do ato,

da resolução ou do despacho que se deseja reformar.

- O juiz eleitoral possui prerrogativa de realizar o juízo de retratação

nos recursos eleitorais.

- Os recursos contra atos das Juntas Eleitorais independem de termo e deve

ser interpostos por petição devidamente fundamentada, acompanhada, se assim

entender, o recorrente, de novos documentos.

- A nulidade de qualquer ato, não decretado de oficio pela Junta, só poderá

ser arguida quando de sua prática, não mais podendo ser alegada, salvo se a

argüição se basear em matéria superveniente ou de ordem constitucional.

- O recurso inominado é interponível contra ato, resolução ou despacho do

Presidente do TRE no prazo de três dias, quando não cabível outro recurso.

- Os recursos das decisões das Juntas Eleitorais serão interpostos por

petição devidamente fundamentada dirigida ao Juiz Eleitoral.

- À medida em que os votos forem sendo apurados, impugnações poderão ser

apresentadas pelos fiscais, delegados dos partidos e candidatos.

- Dos atos, resoluções ou despachos dos Presidentes dos Tribunais Regionais

Eleitorais caberá, dentro de 3 dias, recurso para o próprio Tribunal

Regional Eleitoral.

- Do despacho que indeferir o requerimento de inscrição, caberá recurso

interposto pelo alistando no prazo de cinco dias e, do que o deferir,

poderá recorrer qualquer delegado de partido político no prazo de dez dias,

contados da colocação da respectiva listagem à disposição dos partidos, o

que deverá ocorrer nos dias 1º e 15 de cada mês, ou no primeiro dia útil

seguinte, ainda que tenham sido exibidas ao alistando antes dessas datas e

mesmo que os partidos não as consultem (Lei nº 6.996/82, art. 7º).

- Contra a decisão originária do Tribunal Regional Eleitoral cabe recurso

ordinário para o Tribunal Superior Eleitoral (incisos III e IV do § 4.º do

artigo 121 da CRFB). Contra a decisão originária do Tribunal Superior

Page 80: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

80

Eleitoral poderá ser cabível o mandado de segurança (Súmula n. 267 do STF)

ou o Recurso Extraordinário para o Supremo Tribunal Federal.

10.2. Os recursos podem ser interpostos perante:

a) As juntas e Juízes eleitorais;

b) Os Tribunais Regionais;

c) O Tribunal Superior Eleitoral.

10.3. Os recursos podem ser:

a) Parciais;

b) Especiais;

c) Ordinários;

d) Embargos de declaração;

e) Agravo regimental;

f) Agravo de instrumento;

g) Extraordinário (em casos especialíssimos).

- O julgamento de decisões do TRE caberá recurso ao TSE (REsp e RO).

- Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso

quando:

I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de

lei;

II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais

tribunais eleitorais;

III - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições

federais ou estaduais;

IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais

ou estaduais;

V - denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança, "habeas-data" ou

mandado de injunção.

Page 81: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

81

10.4. Recurso Especial:

Art. 121

§ 4º - Das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá

recurso quando:

I - forem proferidas contra disposição expressa desta Constituição ou de

lei;

II - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais

tribunais eleitorais;

10.5. Recurso Ordinário:

III - versarem sobre inegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições

federais ou estaduais;

IV - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais

ou estaduais;

V - denegarem "habeas-corpus", mandado de segurança, "habeas-data" ou

mandado de injunção.

- O mandado de segurança e o habeas corpus, o habeas data e o mandado de

injunção são admitidos em matéria eleitoral, embora não sejam

especificamente recursos, mas remédios especiais.

- As decisões das Juntas e dos Juízes podem ser reformadas,

respectivamente, pela própria Junta ou pelo próprio Juiz Eleitoral. Não

havendo reforma da decisão, o juiz determinará o encaminhamento do processo

ao exame de instância, o TRE.

- Os embargos de declaração são opostos quando há acórdão, obscuridade,

dúvida ou contradição. Os embargos serão opostos dentro de 3 dias da data

da publicação do acórdão. Os embargos de declaração suspendem o prazo para

interposição de outros recursos.

- Interposto recurso especial contra decisão do Tribunal Regional, a

petição será juntada nas 48 horas seguintes e os autos conclusos ao

Presidente dentro de 24 horas. Denegado o recurso especial, o recorrente

Page 82: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

82

poderá interpor, dentro de 3 dias agravo de instrumento. O Presidente do

Tribunal não poderá negar seguimento ao agravo, ainda que interposto fora

do prazo legal.

- Recursos perante o Tribunal Superior Eleitoral. A regra é a

irrecorribilidade das decisões do Tribunal Superior Eleitoral. A primeira

exceção diz respeito ao Recurso Extraordinário, em três dias, para discutir

matéria civil ou criminal, quando a decisão contrariar preceito

constitucional, bem como declarar inconstitucionalidade de tratado ou lei

federal, ou julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face da

Constituição. Tem-se entendido, também, caber o extraordinário quando se

tratar da diplomação do Presidente e Vice-presidente da república.

- O recurso ordinário, segunda exceção, será interposto, em três dias, das

decisões denegatórias de mandado de segurança e habeas data.

- A distribuição do primeiro recurso que chegar ao Tribunal Regional

Eleitoral ou Tribunal Superior Eleitoral prevenirá a competência do relator

para todos os demais casos do mesmo Município ou Estado.

11. AIRC (Ação de Impugnação de Registro de Candidatura):

O registro da candidatura é feito no dia 5 de junho do ano das eleições.

O Prazo para ingressar com a ação é de até 5 dias da publicação dos pedidos

de registros de candidato.

Baseia-se para dar cumprimento às exigências da Elegibilidade (art. 14,

§ 3º, CF e também art. 11 da lei 9.504/97).

Legitimados: Partidos políticos, coligações, candidatos e MP.

12. AIJE (Ação de Investigação Judicial Eleitoral):

Objetivo: combater ou investigar abuso de poder econômico ou político

ocorridos antes, depois ou durante a campanha eleitoral (art. 14, § 9º, da

CF);

Natureza: acusatória – devendo atender todas as garantias do

contraditório e ampla defesa.

Page 83: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

83

Efeitos: poderá atingir seu objetivo antes ou depois da diplomação. Ou

seja, se antes será atribuída à cassação do registro da candidatura; se

depois, será cassado o diploma.

Legitimados: Partidos Políticos, coligação, candidato e o MP;

13. RCED (Recurso Contra Expedição de Diploma):

Prazo: 3 dias da seção de diplomação ou se for decretada novas eleições.

Não tem efeito suspensivo.

Serve para infirmar (invalidar) a diplomação.

14. AIME (Ação de Impugnação de Mandato Eletivo)

- Ações de impugnação de mandato eletivo que tramitará em segredo de

justiça, respondendo o autor, na forma da lei, se temerária ou de manifesta

má-fé, no prazo de quinze dias, contados da diplomação, instruída a ação

com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.

- Finalidade: Impugnar mandato eletivo, pressupondo que o mandato já tenha

sido conquistado, após a diplomação (art. 14, §§ 10º e 11º, da CF).

Corre em segredo de justiça. Deve ser instruída com prova de abuso de

poder econômico ou político.

Prazo: 15 dias após a diplomação.

Combater o poder econômico, corrupção ou fraude.

- A ação de impugnação de mandato eletivo possui previsão na Constituição

Federal, o recurso contra a diplomação possui previsão na Lei 4.737/65

(Código Eleitoral) e a ação de investigação judicial eleitoral possui

previsão na Lei Complementar 064/90 (Lei das Inelegibilidades).

Page 84: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

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1. PROCESSO DE REPRESENTAÇÃO PARA INVESTIGAÇÃO JUDICIAL.

A representação para investigação judicial visa coibir e apurar as

transgressões às normas protetivas da normalidade e legitimidade das

eleições.

Resolução nº 23.367, de 13.12.2011.

Art. 22. Nas eleições de 2012, o Juiz Eleitoral será competente para

conhecer e processar a representação prevista na Lei Complementar nº 64/90,

exercendo todas as funções atribuídas ao Corregedor-geral ou Regional,

cabendo ao representante do Ministério Público Eleitoral em função da Zona

Eleitoral as atribuições deferidas ao Procurador-Geral e Regional

Eleitoral, nos termos do inciso I a XV do art. 22 e demais normas de

procedimento previstas na LC nº 69/90.

O processo de representação tem cabimento:

1. Em transgressão;

2. Abuso do poder econômico e político;

3. Uso indevido.

- Tem legitimidade para esta ação os partidos políticos ou coligação,

candidato ou Ministério Público. Compete ao Juiz Eleitoral processar e

julgar a representação de investigação.

- Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público

poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou

Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e

pedir abertura de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou

abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida

de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de

partido político.

- Julgada procedente a representação, o Tribunal declarará a

inelegibilidade do representado e de quantos hajam contribuído para a

prática do ato, cominando-lhe sanção de inelegibilidade para as eleições a

se realizarem nos 8 anos subseqüentes à eleição em que se verificou, além

da cassação do registro do candidato diretamente beneficiado pela

Page 85: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

85

interferência do poder econômico e pelo desvio ou abuso do poder de

autoridade, determinando a remessa dos autos ao Ministério Público

Eleitoral, para instauração de processo disciplinar, se for o caso, e

processo-crime, ordenando quaisquer outras providências que a espécie

comportar.

- Os efeitos são: se o julgamento for antes da eleição acarreta a

inelegibilidade do candidato e dos infratores e a cassação do registro; se

for após a eleição só ensejará a inelegibilidade por 8 anos contados da

data da eleição. Neste caso, o legitimado poderá utilizar o recurso contra

diplomação ou a ação de impugnação do mandato eletivo.

- O legitimado só poderá arrolar até 6 testemunhas.

- Nas eleições municipais, o Juiz Eleitoral será competente para conhecer e

processar a representação prevista na Lei Complementar, exercendo todas as

funções atribuídas ao Corregedor Geral ou Regional, constantes dos incisos

I a XV do art. 22, cabendo ao representante do Ministério Público Eleitoral

em função da Zona eleitoral as atribuições deferidas ao Procurador-Geral e

Regional Eleitoral observadas as normas do procedimento previstas na lei.

2. AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO A REGISTRO DE CANDIDATO.

- Esta ação tem a finalidade de impedir o deferimento da candidatura de

candidato que não preencha as condições legais de elegibilidade.

- A impugnação ao pedido de registro de candidatura é uma verdadeira ação

de natureza eleitoral. Está prevista no & 2º do artigo 97 do Código

Eleitoral e está regulamentada pela Lei Complementar 64/90. Publicado o

edital dando conta do pedido de registro de candidatura, começa a correr o

prazo de cinco dias para que o interessado (candidatos, partidos políticos,

coligações e MP) possa apresentar a impugnação que tiverem.

- Os recursos parciais, entre os quais não se incluem os que versarem

matéria referente ao registro de candidatos, interpostos para os Tribunais

Regionais no caso de eleições municipais, e para o Tribunal Superior no

caso de eleições estaduais ou federais, serão julgados à medida que derem

entrada nas respectivas Secretarias.

Page 86: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

86

- O pedido de registro do candidato, a impugnação, a notícia de

inelegibilidade e as questões relativas à homonímia serão processadas nos

próprios autos dos processos dos candidatos e serão julgados em uma só

decisão.

Esquematiza-se o rito procedimental da AIRC:

Publicação do edital com a relação nominal dos pré-candidatos;

Impugnação ao pedido de registro de candidatos (5 dias a partir da

publicação do edital);

Contestação (7 dias da notificação);

Dilação probatória (4 dias) – Com no máximo 6 testemunhas;

Diligências (5 dias após a audiência);

Alegações finais e manifestação do Ministério Público (5 dias depois das

diligências);

Encerrado o prazo para alegações, os autos serão conclusos ao Juiz ou ao

Relator, no dia imediato, para sentença ou julgamento pelo Tribunal.

A partir da data em que é protocolizada a petição de recurso relativo a

decisão sobre pedido de registro de candidatura, passa a correr o prazo

para apresentação de contrarrazões recursais, notificado o recorrido em

cartório.

- Nas ações de impugnação de registro de candidatos podem ser parte ativa

nesta ação:

1. A coligação ou partido político;

2. O candidato;

3. O Ministério Público.

- Se houver uma coligação entre partidos, somente a coligação poderá ser

parte ativa no processo de impugnação, não sendo permitido o partido

isoladamente. Para que o candidato seja pólo ativo na referida ação, não é

necessário que tenha sua candidatura deferida, bastando que tenha sido

escolhido pela convenção e tenha o seu pedido de registro ajuizado, pois

este também se encontra no período de processamento do seu registro.

Inclusive o candidato impugnado poderá impugnar outro candidato, até que

seja julgada procedente a sua impugnação. O eleitor não poderá ser parte

ativa desta ação, poderá apenas representar perante o Juiz Eleitoral.

Page 87: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

87

- Não poderá impugnar o pedido de registro o membro do Ministério Público

que nos dois anos anteriores à impugnação tenha disputado cargo eletivo,

integrado Diretório de Partido ou exercido atividade político-partidária. A

regra do artigo 3.º, § 2º, da Lei Complementar n. 64/90, que previa o prazo

de quatro anos, foi derrogada pelo artigo 80 da Lei Complementar n. 75/93,

conforme explicita o § 2.º do artigo 36 da Resolução do Tribunal Superior

Eleitoral.

- O prazo para contestar é de sete dias, contados da notificação do

candidato, partido ou coligação.

- Nos pedidos de registro de candidatos a eleições municipais, o Juiz

Eleitoral apresentará a sentença em Cartório 3 dias após a conclusão dos

autos, passando a correr deste momento o prazo de 3 dias para interposição

de recurso para o Tribunal Regional eleitoral. Se o Juiz Eleitoral não

apresentar a sentença no prazo do artigo anterior, o prazo para recurso só

começará a correr após a publicação da mesma por edital, em cartório.

- É facultado ao partido político ou coligação que requerer o registro do

candidato considerado inelegível dar-lhe substituto, mesmo que a decisão

passada em julgado tenha sido proferida após o termo final do prazo de

registro, caso em que a respectiva Comissão Executiva do Partido fará a

escolha do candidato.

- A declaração de inelegibilidade do candidato à Presidência da República,

Governador de Estado e do Distrito Federal e Prefeito Municipal não

atingirá o candidato a vice, assim como a destes não atingirá aqueles.

- De acordo com a Súmula n. 11 do Tribunal Superior Eleitoral, “no processo

de registro de candidato, o partido que não o impugnou não tem legitimidade

para recorrer da sentença que o deferiu, salvo se cuidar de matéria

constitucional”.

- Recurso para o TSE. Só poderá haver recurso especial para o TSE em casos

expressamente contrários a lei e em caso de dissídio jurisprudencial.

3- RECURSO CONTRA DIPLOMAÇÃO

Page 88: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

88

- Está subordinado ao exame da diplomação, como pressuposto de

admissibilidade.

- O recurso contra a diplomação está previsto no artigo 262 do Código

Eleitoral e pode ser interposto pelo Ministério Público, partido político,

coligações ou candidatos. No pólo passivo, além do eleito, figurará na

condição de litisconsorte passivo necessário o seu partido político.

- O recurso contra expedição de diploma caberá somente nos seguintes casos:

I - inelegibilidade ou incompatibilidade de candidato; 

II - errônea interpretação da lei quanto à aplicação do sistema de

representação proporcional; 

III - erro de direito ou de fato na apuração final, quanto à determinação

do quociente eleitoral ou partidário, contagem de votos e classificação de

candidato, ou a sua contemplação sob determinada legenda; 

IV - concessão ou denegação do diploma em manifesta contradição com a prova

dos autos, nas hipóteses do art. 222 desta Lei, e do art. 41-A da Lei no

9.504, de 30 de setembro de 1997.

- O prazo para a interposição do recurso é de três dias, contados da

diplomação, devendo o pedido inicial ser instruído com prova pré-

constituída (obtida na investigação judicial prevista nos artigos 19 e 24

da Lei Complementar n. 64/90 na hipótese do inciso IV do artigo 262 do

Código Eleitoral).

- Está subordinado ao exame da diplomação, como pressuposto de

admissibilidade.

- Não admite a antecipação dos efeitos da tutela.

- É admissível nos casos de abuso de poder econômico.

- Este recurso tem natureza jurídica de ação constitutiva negativa do ato

de diplomação, levando-se em conta a natureza administrativa do ato de

diplomação.

Page 89: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

89

É majoritariamente aceita a tese segundo a qual o RCD não é recurso, mas

ação eleitoral de cunho impugnativo à diplomação, isto é, ação constitutiva

negativa do ato de diplomação. Nesse sentido, vide (ALMEIDA, Roberto

Moreira de. Curso de direito eleitoral. 6.ª edição. Salvador: JusPodivm,

2012, p. 666/671).

- O recurso é interposto perante o órgão diplomador (juiz eleitoral ou

Tribunal Regional Eleitoral) para remessa ao órgão imediatamente superior

(Tribunal Regional Eleitoral ou Tribunal Superior Eleitoral).

- Estando de posse das provas necessárias, o Promotor Eleitoral de certo

município pretende interpor Recurso contra a Diplomação do candidato a

Prefeito eleito e recém diplomado. Esse recurso deverá ser interposto

perante o Juízo da Zona Eleitoral respectiva, onde será processado, mas

será remetido ao Tribunal Regional Eleitoral para julgamento.

- Caso a diplomação seja efetivada pelo Tribunal Superior Eleitoral

(Presidente e Vice-Presidente da República), à falta de recurso específico,

poderá se mostrar cabível a impetração de mandado de segurança junto ao

Supremo Tribunal Federal, por interpretação a contrário senso da Súmula n.

267 do Supremo Tribunal Federal.

- Enquanto pendente o recurso, o diplomado exerce seu mandato, nos termos

do artigo 216 do Código Eleitoral.

- Nesta ação, se a alegação for errônea interpretação da lei quanto à

aplicação do sistema de representação proporcional, o partido prejudicado

deverá integrar a lide na condição de litisconsorte passivo necessário.

4- AÇÃO DE IMPUGNAÇÃO DE MANDATO ELETIVO.

- Esta ação não é contra a diplomação, mas ocorre depois desta. A Justiça

Eleitoral exerce sua competência até a expedição dos diplomas aos eleitos,

excetuada a ação de impugnação de mandato eletivo. É uma ação de natureza

civil, não ensejando pena criminal.

- Cabimento. Quando o candidato for eleito mediante fraude, corrupção ou

com abuso de poder econômico. A Constituição Federal determina que a ação

de impugnação de mandato eletivo deverá tramitar em segredo de justiça.

Page 90: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

90

- A ação dever ser proposta após a diplomação e no prazo decadencial de 15

dias. Conforme leciona Joel José Cândido,4 “são partes legítimas para propô-

la o Ministério Público, os Partidos Políticos, as coligações e os

candidatos, eleitos ou não”.

Esquematiza-se o rito procedimental da AIME:

Petição Inicial em 15 dias da diplomação;

Contestação em 7 dias

Alegações finais em 5 dias

Sentença;

Recurso em 3 dias.

- Na ausência de regramento próprio, a jurisprudência assentou que,

tratando-se de ação de impugnação de mandato eletivo, são legitimadas

ativamente para a causa as mesmas pessoas legitimadas para a investigação

judicial eleitoral.

- Conforme leciona o Ministro Sepúlveda Pertence, no Acórdão n. 11.951 do

Tribunal Superior Eleitoral, de 14.5.1991, a perda do mandato eletivo é

“conseqüência do comprometimento objetivo da eleição por vícios de abuso de

poder econômico, corrupção ou fraude”.

- Ao contrário do recurso contra a expedição do diploma, a ação de

impugnação de mandato eletivo comporta dilação probatória, tudo a indicar a

suficiência da inicial que não esteja totalmente despida de elementos

probatórios (deve demonstrar o fumus boni juris eleitoral).

- A ação de impugnação de mandato eletivo, tratando-se de mandatos de

natureza municipal, deve ser processada e julgada pelo juiz eleitoral de

primeiro grau, não se aplicando o disposto no artigo 29, inciso X, da

Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB. Recurso TSE n.

9.453).

- Cuidando-se de mandatos obtidos com base em votos de circunscrição

estadual ou distrital (governador e vice, senador, deputado federal,

estadual e distrital), a competência é do Tribunal Regional Eleitoral.

Quanto aos mandatos dos eleitos nas eleições presidenciais (Presidente da

República e seu Vice), a competência é do Tribunal Superior Eleitoral.

4 Direito Eleitoral Brasileiro. 8.ª ed.São Paulo: Edipro, 2000. p. 264.

Page 91: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

91

Nesse sentido as lições de Roberto Amaral e Sérgio Sérvulo da Cunha5, bem

como de Joel José Cândido.6

- A ação corre em segredo de justiça e é gratuita (excetuadas as hipóteses

de lide temerária ou de má-fé – Lei n. 9.507/97).

5- AÇÃO DE CAPTAÇÃO ILÍCITA DE SUFRÁGIO: ART.41-A

- A Lei Eleitoral brasileira, Lei n.º 9.504/1997, foi alterada, em 1999,

mediante projeto de lei de iniciativa popular, para abrigar a instituição

jurídica da captação de sufrágio, que se manifesta por doar, oferecer ou

entregar ao eleitor, com o fim de obter-lhe o voto, bem ou vantagem pessoal

de qualquer natureza, inclusive emprego ou função pública, desde o registro

da candidatura até o dia da eleição, inclusive, sob pena de multa e

cassação do registro ou do diploma.

- Assim, para caracterizar a captação de sufrágio, prevista no art. 41-A,

três elementos são indispensáveis: a) a prática de uma ação (doar, prometer

etc), b) a existência de uma pessoa física (eleitor) e c) o resultado a que

se propõe o agente.

- Quanto à aferição do ilícito previsto no art. 41-A, este corte já decidiu

que o termo inicial é o pedido do registro da candidatura até o dia da

eleição.

- O STF entende que o prazo para ajuizamento da ação de captação ilícita de

sufrágio é de 5 dias do conhecimento do fato captativo, sob pena de

preclusão.

- A lei diz que será observado o procedimento previsto no art. 22 da Lei

Complementar nº 64, mas não esclarece se é um procedimento autônomo ou

integra um pedido dentro da ação de investigação judicial eleitoral.

- Os pedidos da ação são: cassação do registro ou do diploma e multa. Se

julgada até antes da eleição acarreta a cassação e a aplicação da multa

eleitoral; se for julgada após enseja a cassação do diploma e multa. Não é

necessário propor o recurso contra diplomação ou a ação de impugnação ao

mandato eletivo.

5 Manual das Eleições. Rio de Janeiro: Forense, 1998. p. 53.6 Op. cit. p. 226.

Page 92: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

92

- Se houver cumulação de pedidos numa mesma ação em que se pede o

reconhecimento do abuso do poder econômico e/ou político e a compra e venda

de votos, o autor deverá propor o recurso contra a diplomação ou ação de

impugnação ao mandato eletivo, pois, neste caso ele pretende uma decisão de

inelegibilidade.

O rito é o mesmo da ação de investigação judicial eleitoral.

- RESOLUÇÃO 22610 DO STF:

O Supremo Tribunal Federal nos Mandados de Segurança nº 26.602, 26.603 e

26.604, resolve disciplinar o processo de perda de cargo eletivo, bem como

de justificação de desfiliação partidária, nos termos seguintes:

Art. 1º - O partido político interessado pode pedir, perante a Justiça

Eleitoral, a decretação da perda de cargo eletivo em decorrência de

desfiliação partidária sem justa causa.

§ 1º - Considera-se justa causa:

I) incorporação ou fusão do partido;

II) criação de novo partido;

III) mudança substancial ou desvio reiterado do programa partidário;

IV) grave discriminação pessoal.

§ 2º - Quando o partido político não formular o pedido dentro de 30

(trinta) dias da desfiliação, pode fazê-lo, em nome próprio, nos 30

(trinta) subseqüentes, quem tenha interesse jurídico ou o Ministério

Público eleitoral.

§ 3º - O mandatário que se desfiliou ou pretenda desfiliar-se pode pedir a

declaração da existência de justa causa, fazendo citar o partido, na forma

desta Resolução.

Art. 2º - O Tribunal Superior Eleitoral é competente para processar e

julgar pedido relativo a mandato federal; nos demais casos, é competente o

tribunal eleitoral do respectivo estado.

Page 93: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

93

Art. 3º - Na inicial, expondo o fundamento do pedido, o requerente juntará

prova documental da desfiliação, podendo arrolar testemunhas, até o máximo

de 3 (três), e requerer, justificadamente, outras provas, inclusive

requisição de documentos em poder de terceiros ou de repartições públicas.

Art. 4º - O mandatário que se desfiliou e o eventual partido em que esteja

inscrito serão citados para responder no prazo de 5 (cinco) dias, contados

do ato da citação.

Parágrafo único – Do mandado constará expressa advertência de que, em caso

de revelia, se presumirão verdadeiros os fatos afirmados na inicial.

Art. 5º - Na resposta, o requerido juntará prova documental, podendo

arrolar testemunhas, até o máximo de 3 (três), e requerer,

justificadamente, outras provas, inclusive requisição de documentos em

poder de terceiros ou de repartições públicas.

Art. 6º - Decorrido o prazo de resposta, o tribunal ouvirá, em 48 (quarenta

e oito) horas, o representante do Ministério Público, quando não seja

requerente, e, em seguida, julgará o pedido, em não havendo necessidade de

dilação probatória.

Art. 7º - Havendo necessidade de provas, deferi-las-á o Relator, designando

o 5º (quinto) dia útil subseqüente para, em única assentada, tomar

depoimentos pessoais e inquirir testemunhas, as quais serão trazidas pela

parte que as arrolou.

Parágrafo único – Declarando encerrada a instrução, o Relator intimará as

partes e o representante do Ministério Público, para apresentarem, no prazo

comum de 48 (quarenta e oito) horas, alegações finais por escrito.

Art. 8º - Incumbe aos requeridos o ônus da prova de fato extintivo,

impeditivo ou modificativo da eficácia do pedido.

Art. 9º - Para o julgamento, antecipado ou não, o Relator preparará voto e

pedirá inclusão do processo na pauta da sessão seguinte, observada a

antecedência de 48 (quarenta e oito) horas. É facultada a sustentação oral

por 15 (quinze) minutos.

Page 94: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

94

Art. 10 - Julgando procedente o pedido, o tribunal decretará a perda do

cargo, comunicando a decisão ao presidente do órgão legislativo competente

para que emposse, conforme o caso, o suplente ou o vice, no prazo de 10

(dez) dias.

Art. 11 - São irrecorríveis as decisões interlocutórias do Relator, as

quais poderão ser revistas no julgamento final, de cujo acórdão cabe o

recurso previsto no art. 121, § 4º, da Constituição da República.

Art. 12 - O processo de que trata esta Resolução será observado pelos

tribunais regionais eleitorais e terá preferência, devendo encerrar-se no

prazo de 60 (sessenta) dias.

- O reconhecimento de justa causa para transferência de partido político

não dá ao novo partido do detentor de mandato o direito de sucessão à vaga.

===========================================================================

15. DOS CRIMES ELEITORAIS

15.1 São considerados crimes eleitorais

Os que buscam atingir as eleições em qualquer das suas fases (desde a

inscrição do eleitor até a diplomação). Por atingirem diretamente a ordem

política do Estado, os crimes eleitorais são classificados como espécie do

gênero crimes políticos (crimes dirigidos contra a ordem política e social

do Estado). Há crimes eleitorais previstos no Código Eleitoral e na Lei

Geral das Eleições (Lei Complementar n. 64/90).

Quais são os principais crimes eleitorais?

Corrupção eleitoral ativa: doar, oferecer ou prometer dinheiro,

presente ou qualquer outra vantagem, inclusive emprego ou função pública,

para o eleitor com o objetivo de obter-lhe o voto, ainda que a oferta não

seja aceita;

Corrupção eleitoral passiva: pedir ou receber dinheiro, presentes ou

qualquer outra vantagem em troca do voto;

Page 95: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

95

- TSE, de 23.02.2010, HC 672: "exige-se para a configuração do ilícito

penal que o corruptor eleitoral passivo seja pessoa apta a votar."

Usar de violência ou grave ameaça para coagir alguém a votar, ou não

votar, em determinado candidato ou partido, ainda que os fins visados

não sejam conseguidos;

Fornecer alimentação ou transporte para eleitores, tanto da zona rural

quanto da zona urbana, desde o dia anterior até o posterior à eleição

(*somente a Justiça Eleitoral poderá realizar transporte de eleitores);

Promover desordem que prejudique os trabalhos eleitorais;

Recusar ou abandonar o serviço eleitoral sem justificativa;

Utilizar serviços, veículos ou prédios públicos, inclusive de

autarquias, fundações, sociedade de economia mista e entidade mantida

pelo Poder Público, para beneficiar a campanha de um candidato ou

partido político;

Votar ou tentar votar mais de uma vez, ou em lugar de outrem;

Violar ou tentar violar os programas ou os lacres da urna eletrônica;

Causar, propositadamente, danos na urna eletrônica ou violar informações

nela contidas;

Destruir, suprimir ou ocultar urna contendo votos ou documentos

relativos à eleição;

Fabricar, mandar fabricar, adquirir, fornecer, ainda que gratuitamente,

subtrair ou guardar urnas, objetos ou papéis de uso exclusivo da Justiça

Eleitoral;

Alterar, de qualquer forma, os boletins de apuração;

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Falsificar ou alterar documento público ou particular para fins

eleitorais;

Fraudar a inscrição eleitoral, tanto no alistamento originário quanto na

transferência do título de eleitor;

Reter indevidamente o título eleitoral de outrem.

- A polícia das eleições é a Federal, embora, por solicitação dessa ou por

requisição da Justiça Eleitoral, a Polícia Civil e a Polícia Militar possam

atuar concomitantemente.

- No âmbito da justiça eleitoral, cabe ação penal privada subsidiária, mas

é inadmissível ação penal pública condicionada à representação do ofendido,

em razão do interesse público ínsito à matéria eleitoral.

Procedimento dos crimes na Justiça Eleitoral:

- Os crimes eleitorais são apurados mediante ação penal pública

incondicionada (artigo 355 do CE). O prazo para o oferecimento da denúncia

é de dez dias (esteja o acusado preso ou solto) e, em regra, a competência

para o seu julgamento é do juiz eleitoral.

Alegações finais – prazo: 5 dias.

Sentença – 10 dias

- Da sentença, cabe apelação no prazo de 10 dias. Peculiaridade: junto com

a petição de interposição devem ser apresentadas as razões. O mesmo ocorre

com os demais recursos (Ex. RSE – prazo: 3 dias, razões apresentadas

juntamente com a petição de interposição.

- Tal prazo aufere-se do art. 258 CE, que estabelece que quando não houver

prazo fixado será de três dias. Há quem diga que vale o prazo do CPP. A

apelação tem eficácia suspensiva.

- Se a ação penal for de competência originária dos Tribunais eleitorais,

além do procedimento do CE será aplicado, segundo entendimento do TSE, o

rito da Lei nº 8.038/90, aplicável aos Tribunais Regionais pelo disposto na

Lei nº 8.658/93.

Page 97: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

97

- A lei nº 19.732/2003 passa a estabelecer a necessidade de depoimento

pessoal do acusado, o qual era dispensado.

- Caso o autor do delito desfrute de prerrogativas funcionais, o julgamento

poderá ser deslocado para o Tribunal Regional Eleitoral (exemplo: crime

eleitoral praticado por um juiz eleitoral, um promotor eleitoral ou um

prefeito), para o Superior Tribunal de Justiça (exemplo: crime eleitoral

praticado por um governador) ou para o Supremo Tribunal Federal (exemplo:

crime eleitoral praticado pelo Presidente da República, por Deputado

Federal ou Senador).

- Não há previsão de interrogatório, o qual poderá ser facultado pelo juiz

eleitoral ao acusado. Recebida a denúncia, o acusado é citado para

contestar em dez dias, seguindo-se com a colheita dos depoimentos das

testemunhas e com as alegações finais (arts. 355 a 364 do CE).

- Não havendo pena expressamente prevista, aplicam-se os prazos mínimos

previstos no artigo 284 do Código Eleitoral (15 dias para os crimes punidos

com detenção e um ano para os crimes punidos com reclusão).

- Quando a lei determina a agravação ou atenuação da pena sem mencionar o

quantum, deve o juiz fixá-lo entre um quinto e um terço, guardados os

limites da pena cominada ao crime. (1/5 e 1/3).

- Nos crimes eleitorais cometidos por meio de imprensa, do rádio ou da

televisão, aplicam-se exclusivamente as normas deste Código e as remissões

a outra lei nele contempladas.

- A execução da pena por crime eleitoral será realizada pelo Juízo das

Execuções Criminais, nos termos da Súmula n. 192 do Superior Tribunal de

Justiça. O acompanhamento de medidas suspensivas decorrentes do artigo 89

da Lei n. 9.099/95 é feito pelo próprio Juízo eleitoral (Juízo

processante), conforme decidiu o Superior Tribunal de Justiça no Conflito

de Competência n. 18.673, DJU de 19.5.1997. Durante os efeitos da

condenação, o sentenciado fica com seus direitos políticos suspensos

(artigo 15, inciso III, da Constituição da República Federativa do Brasil).

- Quando o Código Eleitoral não indica expressamente no tipo penal,

presume-se que a pena mínima de detenção é de quinze dias e a de reclusão é

de um ano, nos crimes nele previstos.

Page 98: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

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- A competência para conhecer e processar as transgressões pertinentes ao

abuso do poder econômico ou político nas eleições municipais é do Juiz

Eleitoral. Nas demais eleições, compete ao Corregedor Geral e Corregedores

Regionais apurar, mediante investigações jurisdicionais, o abuso do poder

econômico ou político.

- O Código Eleitoral, em matéria de ato judicial recorrível, adotou

especificamente o princípio: da preclusão, salvo quando no recurso se

discute matéria constitucional.

- Constitui crime a promoção de comício ou carreata, no dia da eleição,

mesmo após o horário previsto para encerramento da votação.

- Quanto aos direitos políticos passivos (elegibilidade), há que se

observar que os condenados criminalmente, com sentença transitada em

julgado, pela prática de crimes contra a economia popular, a fé pública, a

administração pública, o patrimônio público, o mercado financeiro, por

crimes eleitorais e por tráfico de entorpecentes, permanecerão inelegíveis

por oito anos após o cumprimento da pena (artigo 1.º, inciso I, alínea “e”,

da Lei Complementar n. 64/90).

- Das sentenças condenatórias ou absolutórias cabe recurso (normalmente

denominado apelação criminal) no prazo de dez dias (artigo 362 do CE). Esse

recurso é o único com efeito suspensivo.

- Contra as decisões previstas no artigo 581 do Código de Processo Penal

cabe o recurso em sentido estrito no prazo de cinco dias.

- Em face das decisões do Tribunal Regional Eleitoral cabem recurso

especial (artigo 121, § 4.º, incisos I e II, da Constituição da República

Federativa do Brasil) ou recurso ordinário (artigo 121, § 4.º, inciso V, da

Constituição da República Federativa do Brasil), no prazo de três dias.

Contra decisão do Presidente do Tribunal Regional Eleitoral que negue

seguimento ao recurso especial cabe agravo de instrumento, em três dias

(artigo 279 do CE).

- Contra as decisões do Tribunal Superior Eleitoral cabem recurso

extraordinário ou recurso ordinário (se decisão denegatória de habeas

corpus ou mandado de segurança), em três dias.

Page 99: RESUMO DE DIREITO ELEITORAL - março de 2013

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- No processo e julgamento dos crimes eleitorais e dos crimes comuns que

lhe forem conexos, assim como nos recursos e na execução que lhes digam

respeito, aplicar-se-á, como lei subsidiária ou supletiva, o Código de

Processo Penal (artigo 364 do CE).

Art. 236. Nenhuma autoridade poderá, desde 5 (cinco) dias antes e até 48

(quarenta e oito) horas depois do encerramento da eleição, prender ou deter

qualquer eleitor, salvo em flagrante delito ou em virtude de sentença

criminal condenatória por crime inafiançável, ou, ainda, por desrespeito a

salvo-conduto.

§ 1º Os membros das mesas receptoras e os fiscais de partido, durante o

exercício de suas funções, não poderão ser detidos ou presos, salvo o caso

de flagrante delito; da mesma garantia gozarão os candidatos desde 15

(quinze) dias antes da eleição.

- Com base na Resolução TSE 21.538 de 2003, em relação à hipótese de

ilícito penal:

Manifestando-se o Ministério Público pela existência de indício de

ilícito penal eleitoral a ser apurado, o processo deverá ser remetido, pela

autoridade judiciária competente, à Polícia Federal para instauração de

inquérito policial.

Arquivado o inquérito ou julgada a ação penal, o juiz eleitoral

comunicará, sendo o caso, a decisão tomada à autoridade judiciária que

determinou sua instauração, com a finalidade de tornar possível a adoção de

medidas cabíveis na esfera administrativa.

Não sendo cogitada a ocorrência de ilícito penal eleitoral a ser apurado,

os autos deverão ser arquivados na zona eleitoral onde o eleitor possuir

inscrição regular.

A espécie, no que lhe for aplicável, será regida pelas disposições do

Código Eleitoral e, subsidiariamente, pelas normas do Código de Processo

Penal.

- Art. 235. O juiz eleitoral, ou o presidente da mesa receptora, pode

expedir salvo-conduto com a cominação de prisão por desobediência até 5

(cinco) dias, em favor do eleitor que sofrer violência, moral ou física, na

sua liberdade de votar, ou pelo fato de haver votado.

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