1.08 - poderes da administração, poderes hierárquico, disciplinar, regulamentar, de polícia

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7/31/2019 1.08 - Poderes da Administração, Poderes Hierárquico, Disciplinar, Regulamentar, de Polícia http://slidepdf.com/reader/full/108-poderes-da-administracao-poderes-hierarquico-disciplinar-regulamentar 1/19  LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 08 – Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 06/05/2009 PODERES DA ADMINISTRAÇÃO ou PODERES ADMINISTRATIVOS  AULA VÍDEO Esse é o tema mais light do programa. É tema de todos os programas. Concurso básico e mais profundo, sempre cai. Mas não tem divergências, não tem grandes dificuldades, já foi prova da segunda fase da magistratura/MG. Vc tem a obrigação de acertar. Se errar é pra chorar. Esse não tem perdão. PODERES: SÃO PRERROGATIVAS, FERRAMENTAS OU INSTRUMENTOS PARA BUSCA OU SATISFAÇÃO DO INTERESSE PÚBLICO. Aqui há duas grandes divergências. Somente: Decreto regulamentar autônomo, se é possível no Brasil. Se é possível delegação de Poder de Polícia. I - CONCEITO O que significa poder da administração? Quando pensamos em poderes da Administração, isso acontece da seguinte forma: imagine que o servidor público comete uma infração no trabalho. O chefe dele fica sabendo. Ele deve ou pode instaurar o processo? Ele instaura o processo, comprovada a infração, ele deve ou pode aplicar a sanção? Ele deve. E é isso que vc deve entender. O dever de instaurar o processo, o ato de instauração do processo nada mais é do que um ato administrativo. Se no final, o administrador vai condenar o servidor e aplicar a demissão, é ato administrativo. Com isso, eu digo que eu tenho um poder que permite aplicar a sanção e este poder é chamado de poder disciplinar. Mas quando eu vou exercitar esse poder disciplinar, eu pratico atos administrativos. É com o se o poder fosse instrumento abstrato que se materializa com a prática de atos administrativos. A multa de trânsito é ato administrativo que se materializou no exercício de um Poder de Polícia. O poder de polícia ou o disciplinar são instrumentos, prerrogativas, que tem o Estado para a busca do interesse público. Lembrando que esses instrumentos/prerrogativas se materializam com a prática de ato administrativo. Ato de demissão é exercício de poder. Ato que aplica multa de trânsito é exercício de poder. Ato que regulamenta determinada matéria é exercício de poder. Dito isto, tomem muito cuidado com a seguinte informação: na hora da prova, do nervoso, acontece muito de os alunos não enxergarem aquela palavrinha. Cuidado como seguinte: apareceu “poder”, preste atenção: a questão está falando de poderes da Administração, que são poderes administrativos ou de poderes do Estado? Se é Poder do Estado, se refere aos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Se fala em poderes da Administração, estará se referindo ao poder disciplinar, poder de polícia, hierárquico e poder regulamentar. Tem gente que erra. Ler com atenção. Poderes do Estado são elementos orgânicos, estruturais, organizacionais: Legislativo, Executivo e 1

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 LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 08 – Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 06/05/2009

PODERES DA ADMINISTRAÇÃO ou PODERESADMINISTRATIVOS

 AULA VÍDEO

Esse é o tema mais light  do programa. É tema de todos os programas.Concurso básico e mais profundo, sempre cai. Mas não tem divergências, nãotem grandes dificuldades, já foi prova da segunda fase da magistratura/MG. Vctem a obrigação de acertar. Se errar é pra chorar. Esse não tem perdão.

PODERES: SÃO PRERROGATIVAS, FERRAMENTAS OUINSTRUMENTOS PARA BUSCA OU SATISFAÇÃO DO INTERESSE PÚBLICO.

Aqui há duas grandes divergências. Somente:

Decreto regulamentar autônomo, se é possível no Brasil. Se é possível delegação de Poder de Polícia.

I - CONCEITO

O que significa poder da administração? Quando pensamos em poderes daAdministração, isso acontece da seguinte forma: imagine que o servidor públicocomete uma infração no trabalho. O chefe dele fica sabendo. Ele deve ou podeinstaurar o processo? Ele instaura o processo, comprovada a infração, ele deve

ou pode aplicar a sanção? Ele deve. E é isso que vc deve entender. O dever deinstaurar o processo, o ato de instauração do processo nada mais é do que umato administrativo. Se no final, o administrador vai condenar o servidor e aplicara demissão, é ato administrativo. Com isso, eu digo que eu tenho um poder quepermite aplicar a sanção e este poder é chamado de poder disciplinar. Masquando eu vou exercitar esse poder disciplinar, eu pratico atos administrativos.É com o se o poder fosse instrumento abstrato que se materializa com a práticade atos administrativos. A multa de trânsito é ato administrativo que sematerializou no exercício de um Poder de Polícia. O poder de polícia ou odisciplinar são instrumentos, prerrogativas, que tem o Estado para a busca dointeresse público. Lembrando que esses instrumentos/prerrogativas sematerializam com a prática de ato administrativo. Ato de demissão é exercíciode poder. Ato que aplica multa de trânsito é exercício de poder. Ato queregulamenta determinada matéria é exercício de poder.

Dito isto, tomem muito cuidado com a seguinte informação: na hora daprova, do nervoso, acontece muito de os alunos não enxergarem aquelapalavrinha. Cuidado como seguinte: apareceu “poder”, preste atenção: aquestão está falando de poderes da Administração, que são poderesadministrativos ou de poderes do Estado? Se é Poder do Estado, se refere aosPoderes Legislativo, Executivo e Judiciário. Se fala em poderes da Administração,

estará se referindo ao poder disciplinar, poder de polícia, hierárquico e poderregulamentar. Tem gente que erra. Ler com atenção. Poderes do Estado sãoelementos orgânicos, estruturais, organizacionais: Legislativo, Executivo e

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 Judiciário. Já os poderes da Administração são instrumentos/prerrogativas para abusca do interesse público.

II – CARACTERÍSTICAS:

Poder-dever.

Irrenunciável. Limites legais Abuso - responsabilidade

Quando estudamos poder, citamos algumas características que osdescrevem. Quando comprovada a infração funcional, o administrador deveaplicar a sanção. Quando falamos de poderes da Administração, eles sãofaculdades ou são deveres? Trata-se de poder-dever. É de exercícioobrigatório. Uma vez atribuído esse poder, ele tem que ser exercido. Nãoestamos falando do poder-faculdade, mas do poder-obrigação. Se é obrigatório,é poder-dever do administrador.

 Tomem cuidado: CABM diz que, na verdade, o certo não é poder-dever.Isso, para ele está errado. Se o dever é mais importante deveria vir primeiro.Isso é dever-poder. É a mesma coisa, mas colocação de CABM. O exercício depoder é obrigatório. Ser de exercício obrigatório é o seguinte: suspeita-se dainfração, deve-se instaurar o processo. Constatou-se a infração, deve-se aplicara sanção.

Eu, administrador, não quero mais esse poder de aplicar sanção porinfração funcional. Estou abrindo mão dele. Posso fazer isso? Posso renunciar aum poder? É obrigação. Dá para renunciar? Não! É função pública e se é assim, oAdministrador exerce atividade em nosso nome, em nosso interesse. Então, elenão pode abrir mão daquilo que não lhe pertence. O poder é irrenunciável e seé assim, é porque é uma obrigação, um encargo e não um presente. Oadministrador exerce o múnus público, encargo. É irrenunciável porque éobrigação e porque é função pública e função pública significa exercer atividadeem nome e no interesse do povo. Sendo assim, o administrador não pode abrirmão.

Eu gostaria que vcs se familiarizassem com um princípio geral do direitoque diz: “O administrador de hoje não pode criar entraves para o administradorde amanhã”. Não pode comprometer, não pode criar entraves, obstáculos para o

administrador de amanhã. Se o nosso administrador renunciar hoje, o futuroadministrador vai perder o instrumento, vai perder o instrumento e poderácomprometer a sua administração. Esse princípio é muito usado no direitoadministrativo e é fundamento para a Lei de Responsabilidade Fiscal, que traz atodo o momento essa ideia.

Caso noticiado: um administrador, logo que saiu a Lei de ResponsabilidadeFiscal, que obriga ao pagamento do 13º, mas não falava do salário. Oadministrador pagou o 13º e não pagou o salário porque a lei é expressa quandodiz 13º, mas não falou do salário. Mas isso já foi corrigido pela jurisprudência ehoje tem que pagar tudo.

Vamos lembrar que os poderes da Administração estão sujeitos aoslimites da lei. Eu posso aplicar multa, interditar uma fábrica, mas tem que ser

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feito nos limites da lei. Quando falamos isso, dois cuidados são importantes: éimportante que o exercício do poder aconteça por uma autoridade competente etambém dentro do binômio necessidade-adequação (medida necessária na doseadequada). Esse binômio é comumente usado para o Poder de Polícia. OAdministrador pode dissolver uma passeata tumultuosa? Sim. Mas para isso,matou um monte de gente. Precisava disso? Não, óbvio.

Se o nosso administrador extrapola esses limites, ele pode serresponsabilizado? Com certeza. Do exercício do poder, cabe umaresponsabilização penal (porque matou cem pessoas) administrativa ou porimprobidade administrativa. Assim, pelo abuso, cabe responsabilização quepode acontecer tanto por ação, quanto por omissão. Se não faz o que deveria serfeito ou faz o que não poderia fazer pode ser responsabilidade.

No tema excesso, há o abuso de poder. Quando falamos nisso, quais sãoas modalidades de abuso de poder que vcs conhecem? DESVIO DEFINALIDADE E EXCESSO DE PODER. O excesso acontece quando o

administrador é competente mas vai além. É o passo a mais. O excesso de poderextrapola o limite de poder, de competência. Ele era do delegado tinha ordem deprisão, mas prende e tortura. Desvio de finalidade é vício ideológico, subjetivo,defeito na vontade: Delegado recebe a ordem de prisão e, quando abre, vê queé contra o inimigo que vai se casar no sábado. Ele cumpre a ordem no meio docasamento para gerar situação vexatória. Tem cara de legal, mas é ato viciado.

Excesso: o administrador é competente, porém age além da suacompetência.

Desvio: é ato que tem vício ideológico, subjetivo, defeito na vontade.

II - CLASSIFICAÇÃO

A doutrina moderna (CABM, por exemplo) critica, mas a tradicional colocae ainda cai muito em prova de concurso.

a) Poder VINCULADO e Poder DISCRICIONÁRIO

Quanto ao grau de liberdade, o poder pode ser vinculado ou discricionário.O poder, nada mais é do que um instrumento, uma carta que ele tem na manga,mas que quando vai praticar o poder, ele pratica ato administrativo. O ato de

demissão, por exemplo, nada mais é do que um ato administrativo. Eu tenhopoder de polícia e nesse exercício eu aplico a multa de trânsito que, nada maisé, do que um ato administrativo. Então os doutrinadores mais modernos dizemque na verdade, essa classificação em poder vinculado e poder discricionárionão deve ser usada hoje, porque não é o poder que é vinculado ou discricionário.CABM diz que vinculado ou discricionário é o ato no exercício deste poder. Entãoele diz que não há poder completamente vinculado ou completamentediscricionário. No exercício do mesmo poder vamos encontrar atos vinculados eatos discricionários.

Repetindo: Quando o administrador se vale do poder, quando ele usa essa

prerrogativa, esse instrumento, ele pratica atos administrativos. Então, se eutenho poder de polícia e aplico uma multa de trânsito, eu estou exercitandopoder de polícia praticando o ato administrativo. Considerando essa informação,os doutrinadores mais modernos dizem que o poder não deve ser classificado

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em discricionário ou vinculado porque, na verdade, o que é vinculado oudiscricionário é o ato administrativo praticado no exercício desse poder. Então nopoder de polícia há atos vinculados e discricionários. Não é o poder que évinculado ou discricionário, mas o ato administrativo no exercício desse poder. Eos doutrinadores complementam dizendo que na verdade um poder não écompletamente vinculado e também não é completamente discricionário. Oraele é vinculado, ora é discricionário. Vai depender do caso concreto. Nestemomento, a tomada de decisão e vinculada. Em outro ponto, pode serdiscricionária.

Mas se os autores dizem que essa classificação não procede, por queestudá-la? Por duas razões: Hely usa e em alguns concursos continua caindo e,segundo porque se você aprender o que é vinculado e o que é discricionário éimportante.

Poder Vinculado 

O que significa atuação ou decisão do poder público vinculada? é o quenão tem liberdade, juízo de valor, conveniência ou oportunidade. Nessa hipótese,preenchidos os requisitos legais, o administrador é obrigado a praticar o ato. Eleé obrigado a conceder o direito. Preenchidos os requisitos, as condições legais, oadministrador é obrigado a praticar o ato.

Servidor público completou 60 anos e 35 de contribuição. Vai ao PoderPúblico e pede a sua aposentadoria. O Poder Público tem que deferir porque issoé decisão vinculada. Ele é obrigado a dar! Não tem conveniência e oportunidade.Exemplo: Concessão de aposentadoria.

Outro exemplo de ato vinculado (representa o exercício de decisãovinculada): o administrado quer construir e, para tanto, precisa de uma licençado Poder Público. Se ele preenche os requisitos para construir, o poder públicoconcede a licença. O administrador tem liberdade. Não pode valorar se éconveniente ou não. Cumpridos os requisitos de engenharia, o Poder Público vaiter que conceder. De igual forma, licença para dirigir. O Poder Público não podenegar a licença, uma vez preenchidos os requisitos.

Poder Discricionário

É o poder que tem liberdade de escolha, significa juízo de valor. Oadministrador se depara no caso concreto e avalia, de acordo com o seu juízo devalor se é conveniente e oportuno praticar aquele ato. O administrador olha ocaso concreto e diz: aqui é conveniente e oportuno, aqui não. Ato discricionário,poder discricionário, exercício discricionário tem que ser praticado nos limites dalei. Ser discricionário significa ter liberdade nos limites da lei.

Como saber se é vinculado ou discricionário? Como saber se aquelaprovidência é vinculada ou discricionária? Normalmente, o vinculado trazrequisitos, condições para que você tenha direito àquele ato. O discricionárioaparenta como situação aberta. Normalmente, ao administrador abre para o

administrado escolher. Exemplo: A Lei 8.666 diz que o contrato administrativo éfacultativo no caso de convite. No caso do convite é vinculado ou discricionário?É discricionário. Enquanto no vinculado, a lei diz que tem que ser assim e taissão os requisitos, no discricionário a lei lhe dá alternativas. Você pode praticar

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b) Poder HIERÁRQUICO

O que significa poder hierárquico? A palavra-chave aqui é hierarquia.Poder hierárquico é a prerrogativa que tem o Estado para definir a hierarquia nasua organização. Eu, Estado, vou organizar, hierarquizando meus quadros,exercitando essa hierarquia na minha organização. É a prerrogativa que tem oestado para definir a hierarquia nos seus quadros, na sua organização.

Hely: Para ele, poder hierárquico significa escalonar, estruturar,hierarquizar os quadros da Administração, constituindo assim umarelação hierárquica. É nada mais do que dizer você manda e vocêobedece.

CABM: Prefere a expressão ‘poder do hierarca’, Ele está falando depoder hierárquico. A idéia é a mesma.

Se a Administração vai estruturar os quadros, vai hierarquizar os seusquadros, dizendo “você, A, manda e você, B, obedece” , o que comoconsequência desse exercício de poder hierárquico, em razão dessa hierarquia?Se eu mando e você obedece, o que vem em razão dessa relação?

No exercício do poder hierárquico, constituída essa hierarquia, vem apossibilidade de mandar. Se há hierarquia junto com esse poder. Dando ordem,surge a relação de subordinação. Então, dentro da relação hierárquica, dandoordem, surge a relação de subordinação. Aí eu lhe pergunto: o chefe mandou,você, subordinado, tem obrigação de obedecer.

O chefe pode fiscalizar o que você cumpriu? Ele pode acompanhar se vocêestá fazendo tudo direito? Se há hierarquia, com certeza, há poder defiscalização. Eu mando e fiscalizo se está cumprindo de maneira adequada.Quando falamos de poder hierárquico surge a possibilidade de fiscalização, decontrole.

Imaginem que o chefe mandou, fiscalizou, mas ainda assim você nãoobedeceu, praticou o ato de forma que era ilegal. Na relação de hierarquia, ochefe pode rever esse ato? Fazer a revisão dos atos? Com certeza! Se seuposso dar ordens, eu posso rever o cumprimento dessas ordens. Há na

hierarquia a possibilidade de revisão dos atos, de controlar os atos praticadospelo subordinado. É claro que, muitas vezes, isso vai decorrer de provocação,mas ele pode rever, seja de ofício, seja em recurso administrativo, mas poderever os atos praticados por seus subordinados.

O chefe pode delegar competência? A delegação e a avocação decompetência surgem da hierarquia. Hoje, não só. Hoje há a possibilidade dedelegação pela lei, ainda que não exista relação hierárquica, mas a regra geralé: transferir responsabilidade e chamar de volta para a responsabilidade, delegare avocar responsabilidade é, basicamente, exercício de hierarquia.

O Presidente da República delega aos Ministros de Estado delega achancela dos contratos administrativos dos seus ministérios. É o Presidente que

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deveria assinar todos os contratos da União, mas ele delega essa competênciapara viabilizar a execução. Mas, amanhã o Presidente pode retomar.

A delegação e a avocação de competência, normalmente, aparecem ondehá hierarquia, mas não é uma regra absoluta. Poderá haver, mesmo que nãoexista hierarquia.

O chefe mandou, fiscalizou e o subordinado não cumpriu. Não vaiobedecer a ordem. Está desrespeitando ordem superior. Se é assim, acaboupraticando infração funcional. O que o chefe pode fazer, comprovando a infraçãofuncional? O chefe pode punir o subordinado. Vai instaurar um processo, comcontraditório e ampla defesa e, ao final, pune o servidor-infrator. Sem hierarquia,não poderia punir. A punição vem do superior. A punição por infração funcionaltambém representa exercício de poder hierárquico. Então, quando falamos empunição pela prática de infração funcional, sempre lembramos de um processoadministrativo com contraditório e ampla defesa. O chefe não pode punir seminvestigar.

Antes havia o instituto da “verdade sabida” e acontecia quando o chefepresenciava a prática da infração (via o subordinado embolsando dinheiro).Antes de 1988, ele poderia punir sem processo, sem contraditório e sem ampladefesa. Imagine que o chefe fosse inimigo do subordinado ou que não fossedesvio de dinheiro, mas ele estava apenas arrumando o dinheiro. Com a nossaCF, hoje esse instituto não é mais possível. O Chefe tinha o convencimentoporque já presenciou e não precisa de mais nada. Era um processo muitoarbitrário, que hoje não é mais possível. A punição oriunda do exercício do poderhierárquico tem que vir sempre com processo administrativo.

Você poderia estar se perguntando: mas parece confuso isso na minhacabeça porque eu sempre aprendi que punição por infração funcional era poderdisciplinar e agora estou escrevendo exercício do poder hierárquico. Aconteceque exercício de poder disciplinar também é consequencia do exercício do poderhierárquico. A aplicação de punição por infração funcional é poder disciplinar,mas também é exercício do poder disciplinar e o poder disciplinar éconsequência do exercício do poder hierárquico. Então, quando falamos dopoder hierárquico, você tem a possibilidade de aplicar sanção por infraçãofuncional e aplicar sanção por infração funcional também significa exercício dopoder hierárquico.

c) Poder DISCIPLINAR

O poder disciplinar decorre do exercício do poder hierárquico, daexistência da hierarquia. O que significa poder disciplinar? Há duas questõesperigosas no concurso:

Quem pode ser atingido pelo poder disciplinar?

Poder disciplinar é vinculado ou discricionário?

Poder disciplinar significa aplicar sanção por infração funcional. Você foiflagrado pelo pardal. Isso é exercício de poder disciplinar? Isso não é infraçãofuncional e, por isso, não é infração funcional. O poder disciplinar está ligado

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com o exercício de infração funcional. Quem pode ser atingido pelo exercício dopoder disciplinar? O particular pode? Não. O poder disciplinar tem comocondição o exercício de função pública. Se ele não exerce função pública, nãopode praticar infração funcional. Para sofrer o poder disciplinar, tem queestar no exercício de função pública.  Tem que ser agente público(expressão mais abrangente que temos hoje e atinge todos os que exercemfunção pública), de forma temporária, permanente, com ou sem remuneração.Se exerceu função pública, sem remuneração, por um único dia, naquelemomento está agente público e pode ser passível de sofrer infração disciplinar. Tem que ser agente público.

Cuidado porque caiu em prova uma expressão: intimidade daadministração. Significa dizer: aquele que está exercendo função pública. Se osujeito está na intimidade da Administração, se está exercitando função pública,pode ter atingido pelo poder disciplinar. Só vai ser atingido aquele que estáexercitando função pública.

Fundação Carlos Chagas: “Poder disciplinar é, em regra, discricionário.” Isso é certo ou errado? Essa é a posição de Hely e o enunciado foi consideradoverdadeiro. O que significa o poder disciplinar quando é, em regra,discricionário? Ele é em regra discricionário. Hely diz isso. A posição da FCC émais tradicional do que o Cespe, por exemplo. Por que há dúvidas sobre adiscricionariedade?

Instaurar o processo, quando o superior sabe que houve a prática deinfração funcional, é investigar. E o chefe, nesse caso, tem o dever de investigar.A decisão e, pois, vinculada. O Administrador, como regra, tem o dever deinstaurar o processo. Preciso investigar. Uma vez instaurado o processo, o que

vai acontecer com a infração funcional? Vou ao CP para explicar melhor isso. Oart. 121 estabelece o verbo matar e a pena. A conduta está definida. O tipohomicídio tem definição de conduta. Há um verbo, uma conduta determinadapara o tipo homicídio.

Conduta administrativa: Uma certa servidora decide trabalhar com umamicro-saia. Essa conduta é escandalosa? Sim. A Lei 8.112 diz que condutaescandalosa é infração funcional. Se fosse salva-vidas, está ok. Se trabalha nofórum, não dá. São duas situações. Avaliando o caso concreto, será precisoemitir um juízo de valor para saber se a conduta é ou não escandalosa. Para

definir se existiu ou não conduta escandalosa, vamos precisar juízo de valorporque não há conduta definida no verbo, por isso é difícil valorar se é ou nãoinfração funcional.

Exemplo: Servidor é lento. Enquanto os outros despacham 10 processospor dia, ele só consegue fazer 1 por semana. Existe uma infração funcional que échamada de ineficiência e o servidor pode ser punido. Será que ele servidor quesó despacha um processo por semana é ineficiente? Tem cara. Mas se a genteparar para imaginar que ele cuida dos processos mais complicados queaparecem por ali e que ele cuida dos processos com mais de 25 volumes, que ocaso é sempre dos mais complicados. Então, eu preciso de um juízo de valor

para saber se a conduta de ineficiência aconteceu ou não. Definir a condutadepende de juízo de valor.

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A Administração usa nos seus estatutos conceitos indeterminados. Ainfração funcional aparece nos estatutos com conceitos indeterminados, ochamado conceito vago. Em sendo assim, vamos precisar determinar a situação,significando que haverá um juízo de valor do administrador. Em sendo assim,definir a infração é decisão vinculada ou discricionária? É discricionária. Não tem jeito. Nesse ponto, o administrador. Vai ter que avaliar o caso concreto, fazendoum juízo de valor.

O servidor praticou a infração X. Aplicar a sanção diante da constatação deque isso ocorreu é decisão discricionária ou vinculada? Neste momento, já queficou provado pelo processo que ele praticou a infração X, é discricionária. A leidiz: aplica-se a pena de demissão, advertência ou suspensão nas seguinteshipóteses. Aplicar a sanção não tem liberdade. Liberdade é definir a infração,mas a partir do momento que a conduta foi abandono de cargo, que foiinassiduidade habitual, crime contra a administração. Uma vez definida aconduta prevista em lei, aplicar a sanção é decisão vinculada. Aqui, oadministrador não tem liberdade.

Instaurar o processo: Vinculado Definir a infração (como não temos o verbo): Discricionário Aplicar a respectiva sanção: Vinculado

Mas por que Hely dizia, em regra, discricionário? Vou explicar através deuma história. Antes da CF/88, antes do Estatuto dos Servidores, havia a infraçãofuncional em conceito vago, o chamado tipo aberto (dependia de definição).Antigamente, antes da 8.112/90, isso também havia para as infrações (que nãoeram amarradas por sanções). Havia a infração e havia as sanções. A leielencava de um lado as infrações e do outro as sanções, sem vinculá-las, semamarrá-las. Relegava ao administrador fazer o que ele quisesse, aplicar o quequisesse. Então, até a Lei 8112/90 o que havia era o tipo aberto e,consequentemente, liberdade de aplicar a sanção. Instaurado o processo eravinculado, escolher a infração era discricionário e na escolha da sanção eradiscricionário. Hely faleceu em 1990, no ano da Lei 8112. Daí ele dizer que era,em regra, discricionário. A partir da Lei 8112 isso está amarrado. A sanção nãodepende mais de juízo de valor.

Então, hoje, a nossa jurisprudência é majoritária no sentido de queescolher a sanção não tem mais liberdade. O único espaço de

discricionariedade que se resta aqui é nas infrações de conceito vago porque,neste caso, não há como fugir. Eu preciso usar o juízo de valor. Mas o resto éhoje muito mais vinculado do que discricionário. Hely falava o que falava porqueescreveu em um tempo anterior à Lei 8112/90.

Hoje eu diria que é muito mais vinculado do que discricionário, mas euainda não vi isso em concurso. Só vi aparecer a posição de Hely. Você nãoencontra Hely em Cespe, em Esaf, mas a Fundação Carlos Chagas,especialmente nos concursos de menor grau de dificuldade ainda aparece muitoa posição de Hely. Se você quer técnico, ainda pode cair Hely, mas não é aposição que tem prevalecido.

Alguns estatutos estaduais e municipais têm ainda aquela cara velha,sanções livres, em que o administrador pode escolher o que ele quiser. Se você

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se deparar com isso, ou seja, uma lista de sanções sem que se diga onde seráusado, não se assuste é resquício desse tempo anterior a 1990. Algumas leisnovas copiaram as antigas, daí serem desastrosas.

d) Poder REGULAMENTAR ou NORMATIVO

A principal discussão aqui é sobre o decreto regulamentar autônomo. Épossível ou não é possível no Brasil o decreto regulamentar autônomo hoje?

O que significa o poder regulamentar? Primeiro cuidado: Di Pietro nãochama assim. Ela diz que o nome certo é poder NORMATIVO que é maisabrangente. É a mesma coisa que poder Regulamentar.

Poder regulamentar nada mais é do que o poder de disciplinar,normatizar, regulamentar sendo ele complementar à lei e à sua fielexecução. Vamos disciplinar complementar a lei e buscar a sua fiel execução.

Exemplo: Hoje há no Brasil uma modalidade de licitação chamada depregão. Quando surgiu o pregão pela primeira vez no Brasil? Foi instituído em1997, para agências reguladoras. Em 2000 foi convertido via MP para a União ehoje serve para todos os entes. Hoje, está previsto como regra na lei 10.520/02,mas essa lei generalizou e estabeleceu o pregão para todos os entes daFederação. Originariamente, o pregão foi instituído para aquisição de bens eserviços comuns. O que significa bens e serviços comuns? Caneta, apagador, TV,mesa são bens comuns? A lei diz que bem comum é aquele que pode serconceituado no edital como expressão usual de mercado. Esse conceito épéssimo. Para aplicar efetivamente a lei 10.520, seria preciso nomear o que éum bem e serviço comum porque o conceito da lei é muito vago. Daí a

necessidade de uma complementação. Para permitir a execução dessa lei, veioum decreto que apresentou uma lista. Hoje, em âmbito federal o decreto 3.555traz uma lista de bens e serviços comuns para a União. Aí não tem erro. A listacomplementa a fiel execução da lei. Esse decreto é exercício de poderregulamentar. É um ato que vai complementar a lei buscando a sua fielexecução.

Vamos imaginar que na lei penal existe um tipo penal que diz assim: écrime comercializar substâncias proibidas (tráfico ilícito de entorpecentes). Se osujeito comercializa chá, não está praticando esse tipo previsto na lei penal. A

norma, trazendo a lista com as substâncias proibidas é que permite saber sehaverá incidência ou não em tráfico ilícito de entorpecentes.

Atos administrativos no exercício poder regulamentar: regulamento,instrução normativa, portaria, resolução, regimento, deliberação. São todosexemplos do exercício do poder regulamentar. O principal exemplo é oregulamento.

Regulamento

Ato que mais aparece em prova. Há autores que falam em decreto

autônomo outros falam em regulamento autônomo e há os que falam emdecreto regulamentar autônomo. Eu tenho que chamar de decreto ou deregulamento? Decreto autônomo ou regulamento autônomo? É preciso entender

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o que é decreto e o que é regulamento (sobre o autônomo falaremos mais nafrente).

Ato que define regras sobre produção de substâncias alcoólicas ou sobreconstrução de determinada área. Aqui é disciplina, normatização sobredeterminada situação. Isso é ato normativo, ato no exercício do poderregulamentar. Listar bens e serviços comuns é ato normativo, definir substânciasproibidas para o tráfico é normatizar.

A partir do momento que eu tenho pronto esse ato, no momento deformalizar a sua publicação, eu preciso colocá-lo numa moldura, significando queele tem que ter uma cara, um padrão da administração. Vamos entender quehaja um determinado formato que tem que ser obedecido para a publicação.Esse formato é o decreto. O conteúdo é um regulamento, mas na forma, é umdecreto. Então, o decreto diz respeito à forma do ato, à moldura do ato. Se noconteúdo estou disciplinando uma situação em razão do conteúdo éregulamento, mas ao divulgá-lo, a forma que ele tem que tomar é de decreto.

Então, todo decreto tem no conteúdo um regulamento? Se na forma é decreto eno conteúdo é regulamento, ele vai ser um decreto regulamentar, mas nem tododecreto vai ser regulamentar. Eu posso ter esse formato, mas posso ter noconteúdo outro assunto. Eu não estou disciplinando nada. O ato que me nomeiapara um cargo determinado é um decreto. Neste caso, não há que se falar emnormatizar, regulamentar. Esse conteúdo não é de regulamento, mas sua forma,com certeza, é de decreto. Então, cuidado porque tem no conteúdo oregulamento, mas há diversos outros que não tem no seu conteúdo regulamentoe, neste caso, vai ser só decreto.

Essa palavra ‘decreto’ já foi utilizada no nosso ordenamento jurídico de

várias formas diferentes, com forças diferentes, com significados diferentes, etc.Você vai encontrar o decreto-lei, decreto regulamentar, só decreto, são muitosnomes. Isso porque o decreto é a moldura, a forma. Se eu digo decreto-lei éporque seu conteúdo tem força de lei. Se eu digo decreto regulamentar é porqueseu conteúdo está regulamentando uma situação. Então, o que vem depois é oque vai definir o que aquele ato realmente é. Por isso, um conselho: se a questãodiscursiva usar os dois nomes juntos, melhor você falar em decretoregulamentar.

(Fim da 1ª parte da aula)

Há várias regras que estão na CF e que precisam de regulamentação, decomplementação, como o caso da greve dos servidores. Para complementar oque está na CF, vamos ter uma lei. Para regulamentar o que está naConstituição, encontramos, normalmente, uma lei. Suponhamos que a lei precisetambém de complementação. Será, neste caso, um ato normativo, um decretoregulamentar. Ato normativo evoca exercício de poder normativo. O que eutenho é um ato complementando uma lei que vai regulamentar a Constituição.Essa é a regra geral. Da CF sai a lei, da lei sai o ato normativo e é assim queacontece.

O que é mais seguro dentro desse ordenamento? A lei ou o regulamento?Para nossa segurança jurídica é melhor que a matéria esteja numa lei. Como sefaz lei no Brasil? Quem faz lei é a casa legislativa. No âmbito federal, é ocongresso nacional que é composto pela câmara dos deputados e pelo Senado

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Federal. A lei segue processo legislativo rigoroso, com vários detalhes. E comose faz um regulamento no Brasil, como se faz um decreto regulamentar noBrasil? Se é decreto regulamentar, quem faz é chefe do Executivo, fechado nasua sala. Existe alguma formalidade procedimental a ser respeitada? Não, ele fazde porta fechada do jeito que quiser. A representatividade do chefe do executivoé muito menor. A formalidade é zero. Não tem segurança. Só por isso é melhordo que as nossas regras estejam na lei. Basta lembrar que o Brasil já teve váriosproblemas: O decreto-lei era basicamente isso. Se eu dou ao presidente aquiloque deve ser feito por lei, é perigoso. É melhor que seja na lei do que noregulamento.

É importante entender a diferença entre as leis e os regulamentos. Agrande diferença é justamente a representatividade de quem o faz e oprocedimento formal a que é submetido. Leis têm representatividade que vemdo Congresso, e um procedimento rigoroso, que é o processo legislativoconstitucional. Regulamento: quem faz é o Presidente de portas fechadas, nãoprecisa de procedimento algum e, com certeza, não tem a mesma segurança

que a lei.

Os regulamentos poder ser subdivididos em dois tipos. Você encontra nodireito comparado dois tipos: o regulamento executivo e regulamento autônomo.

Regulamento Executivo – O nome já ajuda quando falamos emregulamento executivo. Para que serve um regulamento executivo?Para viabilizar a execução da lei. Ele vai complementar a lei,buscando a sua fiel execução. Regulamento executivo é a regra noBrasil: ele complementa a lei. Para regulamentar a Constituição, vemuma lei. Para regulamentar essa lei, vem um regulamento. O

regulamento executivo vai seguir essa escala: da CF sai a lei, da leisaiu o regulamento. Esse vai ser um regulamento executivo: elecomplementa a lei e vai ter o seu fundamento de validade nessa lei.No Brasil essa é a regra: regulamentos são executivos (regulamentocomplementa a lei; e lei a Constituição. Como numa escada).

Regulamento Autônomo – (alguns autores chama deregulamentar independente) vai ter o seu fundamento de validadena própria Constituição. Não depende de lei anterior. Não vai complementar a lei. Ele disciplina regra constitucional. Ele

serve para complementar a Constituição. Esse regulamentoautônomo não é lei, até porque sabemos que a lei precisa deaprovação diferente, mas faz o papel de uma lei. Ele ocupa umespaço como se fosse uma lei. A regra geral é: da CF sai a lei e da leisai o regulamento (esse é o executivo, a regra). O autônomo pulaum dos degraus da escada (pula a lei e vai direto para a CF), tendoseu fundamento de validade diretamente na Constituição.Regulamento autônomo é possível no Brasil?

Quando perguntamos isso, vamos ter três respostas:

1) Aquele que diz que pode sempre - Hely2) Aquele que diz que não pode - CABM

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3) Aquele que diz que pode de vez em quando – majoritária (nadoutrina e STF)

Os concursos estão hoje menos preocupados com doutrina e maispreocupados com precedentes. Escolha pela jurisprudência.

Hely – Diz que é possível autônomo em qualquer caso. Oadministrador pode tudo. Ele diz que é possível decreto autônomoem qualquer circunstância.

CABM – Diz que não pode nunca, jamais. É impossível autônomo noBrasil. Ele diz que dar regulamento autônomo ao Presidente daRepública é quase suicídio. Basta relembrar o decreto-lei e as MP’s.Imagine, se com a MP que é submetida ao Congresso o Presidentefazia o que faz com o decreto autônomo, arma perigosa demais.

Maioria – Até 2001, a posição majoritária dizia que decreto

autônomo era impossível. Com a EC 32/01, a nossa doutrina e jurisprudência passaram a permitir o decreto autônomo no Brasil.Essa possibilidade só surgiu a partir da EC 32/01 que alterou, entreoutros, o art. 84, VI, da Constituição. Ele traz duas alíneas dizendoque o Presidente da República poderá por decreto:

α) Organizar os quadros da Administração eβ) Extinguir cargo quando estiver vago.

 Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VI – dispor,mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

Por que passou a ser possível essa hipótese? Cargos no Brasil sãocriados por lei. Por paralelismo de forma, deve ser extinto por lei. Se eu criopor lei, a sua extinção também deveria acontecer por lei, mas a CF diz que seesse cargo estiver vago, ele pode ser extinto por decreto. Se esse cargoestiver vago, é possível a extinção por meio de decreto. Esse decreto estáexercendo o papel da lei? Está. Ele só pode aparecer, só pode ser usado, só pode

ser usado quando deveria ser lei, porque a CF deixou. Então, o decreto sai diretoda CF e tem seu fundamento de validade no texto constitucional. Isso é fácil deentender: Se cargo é criado por lei, pelo princípio do paralelismo das formas,deveria ser extinto por lei. Ocorre que a CF diz que se isso pode ser feito pordecreto, significa que esse decreto está ocupando o papel da lei e esse decretovai ter a sua justificativa, o seu fundamento de validade na própria Constituição.Esse é o autônomo no Brasil. É a possibilidade de autônomo no Brasil.

Decreto pode exercer papel de lei? Sim, quando o cargo estiver vago, elepode ser extinto por decreto.

Doutrina e jurisprudência majoritária dizem: o decreto autônomo épossível, mas cuidado! È possível em caráter excepcional. Como regra, não. E asexceções são expressamente autorizadas pela Constituição. O STF já bateu o

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martelo nisso e a doutrina majoritária também. Lembrando que estamos falandode fundamento de validade na Constituição. Não é pacífico, mas é majoritário odecreto autônomo no caso do art. 84, VI. Eu digo isso porque há autores quedizem que só é possível na letra a, outros, só na letra b. A jurisprudência noSTF já admitiu a possibilidade no caso de cargo vago e essa é, semdúvida, a que mais aparece em prova de concurso. Hoje se admite nasduas alíneas, mas ainda assim há briga.

É possível autônomo em outro caso? Há hoje uma orientação que não épacífica ainda, mas há os que defendam a hipótese de decreto autônomo no art.225 da CF. Esse artigo fala sobre área de preservação ambiental. Em tese, acriação de APAS deveria ser por lei, mas a CF permite que se faça por decreto.Alguns autores defendem tratar-se de decreto regulamentar autônomo. Para oart. 84, VI é tranquilo, pode. Para o art. 225 não é pacífico ainda, mas já estásendo discutido e pode cair na sua prova.

O que acontece na Constituição se o Presidente da República extrapolar o

seu poder regulamentar? Ele foi além. Ele tinha que regulamentar o que estavana lei, mas foi além. Esse ato pode ser controlado? Seria possível controle pelo Judiciário? O Judiciário poderia controlar esse regulamento que extrapola o limitelegal e acaba violando essa estrutura e, portanto é inconstitucional? Eu poderialevar ao Judiciário a revisão desse ato? Com certeza! É possível o controle dopoder regulamentar quando o administrador extrapola esse poder.

 Já caiu muito em prova (hoje menos): O art. 49, V, da CF, fala dos atos queextrapolem o poder regulamentar e se o Congresso pode susta-los. O Congressonão vai revogar, não vai retirar, pode somente suspender. E a CF fala em‘sustar’os atos que extrapolem esse poder regulamentar. Hoje, quando nosso

poder regulamentar é exercido de forma exorbitante, há a possibilidade de ação judicial e as diversas ações judiciais podem ser usadas aqui e há possibilidade decontrole pelo Congresso Nacional. Se o Presidente dá aquele passo a mais, épossível o controle.

e) Poder DE POLÍCIA

É o que mais cai em prova de concurso. CABM dá até um capítulo própriopara isso. Mas não tem dificuldade.

“Disserte sobre poder de polícia”. Como você iria se sair? Trinta linhas.Esta é uma questão dada de presente. E era possível consulta em lei seca. Essaquestão vira um presente. Bastava abrir o CTN e copiar. Para você que não sabiaque no CTN tinha isso, também é fácil, mas não dá para lembrar de tudo. (art.78)

 Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que,limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática deato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente àsegurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e domercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ouautorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à

 propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada pelo Ato Complementar nº 31, de 28.12.1966)

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 LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 08 – Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 06/05/2009Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quandodesempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, comobservância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha comodiscricionária, sem abuso ou desvio de poder.

O que significa poder de polícia? Tem que aprender a fazer conceito!Lembrar na prática o que é poder de polícia (pardal que te flagra furando um

sinal, limite de construção à beira-mar é de 8 andares em Maceió). O que époder de polícia? Se limitar a velocidade e aplicar a multa é isso, o que se quercom o exercício do poder de polícia? Cuidado com a palavra limitar. O que sequer é compatibilizar os interesses. Você pode dirigir, mas não a 200 por hora,sob pena de ferir a segurança do trânsito. Você pode construir, mas não 20andares a beira-mar, sob pena de a cidade não respirar.

Poder de polícia nada mais é do que compatibilização deinteresses. É o que quer o público, o que quer o privado e a compatibilizaçãoentre esses interesses. O poder de polícia vai ter atuação em diversas áreas,mas o objetivo é o bem-estar social. A palavra-chave é compatibilização de

interesses (público e privado) na busca do bem-estar social.

Hely diz que poder de polícia significa restringir, limitar, frenar a atuaçãodo particular em nome do interesse público.

Poder de Polícia está intimamente ligado a dois direitos: à liberdade e àpropriedade. É basicamente isso. Poder de polícia é a busca pelo bem-estarsocial e vai atingir liberdade e propriedade. Você tem direito de construir, massó vai poder construir 8 andares. Por não poder construir os 20 andares que vocêquer, você vai ter direito a indenização, já que a CF garante o seu direito depropriedade? Quando falamos em poder de polícia, não estamos restringindo seudireito de propriedade, retirando ou limitando, mas apenas definindo a forma deexercê-lo. Não se trata de retirada de direito ou impedimento. O que o poderpúblico define é a forma de exercer: você pode se divertir, mas a limitação dosom é até meia-noite, você pode construir, mas até 8 andares, você pode dirigir,mas a 60 por hora. Você tem liberdade, mas a sua a liberdade tem que serexercida de forma compatível com o bem-estar social.

Então o poder de polícia não retira, não limita, não restringe, masdisciplina a forma de se exercer esses direitos. A forma de se exercer direitos àliberdade e à propriedade é o que se chama de poder de polícia. Hoje, essa

posição é tranquila porque não há dever de indenizar. Se eu digo que estourestringindo direitos, estou retirando e se estou retirando o que é seu, aconsequencia é indenizar. Entendam o espírito do poder de polícia: não há quese falar em retirada de direitos, mas em exercício da forma de se exercê-lo.Cuidado! Não há dever de indenizar por isso.

FUNDAMENTO DO EXERCÍCIO DO PODER DE POLÍCIA

É claro que se esse poder for praticado com abuso, com excesso, nasce odever de indenizar. O simples poder de polícia não gera indenização, masquando o administrador abusa desse poder, há dever de indenizar. Controlealfandegário é exercício do poder de polícia. O fiscal pode fiscalizar, mas nãopode vasculhar a mala de forma abusiva.

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Servidor público praticou infração funcional. Quando o administrador aplicasanção em razão de infração funcional é poder de polícia? É poder disciplinar.Entre esse servidor e o Estado, há uma relação jurídica. Estado e servidor têmvínculo jurídico. E se existe entre servidor e Estado uma relação, isso não époder de polícia. Isso é poder disciplinar.

Mas o Estado fecha um contrato de concessão de transporte coletivo,transferindo o transporte coletivo ao particular. Mas a empresa não estáprestando o serviço. Ela está inadimplente. Pode a administração aplicar umasanção a essa concessionária inadimplente? Sim. Se a Administração aplicasanção a essa empresa, isso é poder de polícia? Entre a Administração e estaempresa existe um vínculo jurídico. Há um contrato de concessão. Se é assim,há vínculo e essa sanção não é poder de polícia. Eu não posso falar em poder depolicia quando há vínculo jurídico. Havendo vínculo, a sanção decorre do vínculoe não do poder de polícia.

Aluno de escola pública municipal é expulso pela direção porque colocou

uma bomba no banheiro. Isso é poder de polícia? Havia vínculo, e se é assim,não pode ser poder de polícia.

Beneficiadora de arroz. O fiscal percebe que essa beneficiadora não coloca1k de arroz no saco como deveria. Pode o fiscal recolher a mercadoria e aplicaruma multa? Sim. Isso é exercício do poder de polícia? Sim ou não? A resposta vaidepender de saber o seguinte: se não tem vínculo jurídico entre a beneficiadorae o estado, haverá poder de polícia.

Para saber se é ou não poder de polícia, basta saber se havia ou nãovínculo anterior. Este raciocínio é para ajudar na prova e cair exemplo prático.

A Supremacia GERAL e a Supremacia ESPECIAL

Quando existe vínculo, esse poder que decorre do vínculo é chamado desupremacia especial. E se o poder não decorre de vínculo, esse poder é chamadode supremacia geral.

O poder de polícia tem seu fundamento no exercício de supremacia geral.Supremacia geral é a atuação do Estado independentemente de vínculo

 jurídico, independentemente de relação jurídica anterior. O Estado busca

o interesse público e o bem-estar social e isso não depende de relação jurídicaanterior.

Isso é diferente de supremacia especial. O poder de polícia não acontecequando existir supremacia especial. A Supremacia especial é aquelaatuação que decorre de um vínculo jurídico anterior. Exemplo: HáSupremacia especial na relação entre os servidores e o Estado, nas relações comas concessionárias (relação de concessão), na relação do aluno e a escolapública. Nessas situações existe vínculo jurídico e se é assim, isso não é poderde polícia.

O poder de polícia aparece para o estado enquanto exercício desupremacia geral, ou seja, não depende de relação jurídica. Eu vou exercerindependentemente de vínculo. Não temos relação, não dependemos dela para aatuação do poder de polícia.

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Nas situações de supremacia especial, o poder de polícia não secaracteriza porque o que existe é consequência do vínculo jurídico anterior. Asanção, a multa contratual decorre dessa relação jurídica e se é assim, não époder de polícia.

Formas de exercício do poder de polícia

O poder exercido pode ser exercido de três formas:

Poder de polícia preventivo – Quando a Administração disciplina avelocidade para o tráfego em determinada avenida, quer prevenir uma situaçãomais grave.

Poder de polícia fiscalizador – controle alfandegário, controle de pesos emedidas, etc.

Poder de polícia repressivo – aplicação de multa, fechamento deestabelecimento.

Vimos que o poder de polícia é instrumento que se materializa pela práticado ato administrativo. O poder é a prerrogativa exercida por meio de atoadministrativo.

Quando a Administração define as regras sanitárias, o teor de álcool nasbebidas, que tipo de ato é esse? Ato normativo. Ato normativo também podeser poder de polícia. Não deixa de ser poder regulamentar, mas é também poderde polícia. O controle de bebida alcoólica é poder de polícia. Mas quando se vaidefinir as regras do teor alcoólico das bebidas, que tipo de ato se estápraticando? Ato normativo. Eu estou praticando ato normativo. Mas você não

disse que ato normativo é poder regulamentar? Mas eu digo agora que atonormativo também pode ser poder de polícia. Eu posso ter atos normativos noexercício do poder de polícia. Multa de trânsito é ato punitivo, repressivo. Entãopodemos encontrar no exercício do poder de polícia os atos normativos e os atospunitivos.

Considere essa afirmação: “Poder de polícia é, em regra, negativo.”Verdadeiro ou falso? Em regra, ele é negativo: “você não pode ultrapassar, vocênão pode construir acima de 8 andares, você não pode colocar o som alto, etc.” Por isso, é, em regra negativo. Nesse caráter preventivo, o poder de polícia traz

em regra uma abstenção, um não fazer. Negativo porque, em razão do seucaráter preventivo, traz uma abstenção. Por isso é, em regra, negativo.

Licença para construir – o fiscal vai ter que ir até o local para conferir. Seele vai até lá para conferir, tem uma despesa, um custo para fazer essadiligência. Por essa despesa, o Estado pode cobrar uma taxa de polícia. Porisso está lá no CTN todo o conceito, elementos do poder de polícia. Está no art.78, do CTN. Mas taxa não é um tributo vinculado a uma contraprestação estatal?Aqui, no caso, a cobrança não foi pelo serviço porque não houve serviço. Acobrança é pela diligência. Então, eu posso cobrar em taxas de policia o valor dadiligência.

Cite duas diferenças entre polícia administrativa e polícia judiciária:

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Administrativa – Quem pode exercer polícia administrativa? Muitosórgãos diferentes (controle de medicamentos, de divertimento, detrânsito, de pesos e medidas, etc.). a polícia administrativarepresenta o exercício do poder de policia, ou seja, pode serexercido por vários entes da administração, dependendo do objeto,do campo de atuação, mas vários entes diferentes podem exercer apolícia administrativa.

 Judiciária – A polícia judiciária está ligada à contenção, ao controleà punição por crime. Polícia judiciária é segurança pública,contenção de crime. Inquérito policial, boletim de ocorrência, etc.Não é qualquer órgão que exerce polícia judiciária. São corporaçõespróprias que fazem isso a exemplo da polícia civil.

DELEGAÇÃO do poder de polícia

Caiu em concurso (magistratura/MG): “É possível a delegação do poder de

 polícia?” Disserte. Vimos isso quando vimos que os conselhos de classe exercempoder de polícia. Vimos que não é possível delegar porque compromete asegurança jurídica. STF já decidiu: não é possível a delegação do poder depolícia. Em nome da segurança jurídica, o poder de polícia não pode sertransferido ao particular. Mas a questão queria mais.

Delegar poder de polícia não pode. Houve uma época em que tivemos umacrise seriíssima porque as empresas ganhavam comissão por multa de trânsitoaplicada. Não pode delegar poder de polícia e alguns estados fizeram isso,contratam empresas para tal. Mas eu posso contratar uma empresaprivada só para bater a foto, sem ganhar comissão? Isso é chamado atomaterial de polícia. Decidir sobre a multa, o particular não pode, mas exerceratos materiais de polícia, o particular pode. É possível que o particularexerça atos materiais de polícia: simples bater a foto. Esses atos materiaispodem ser divididos em dois tipos:

1. Anteriores ao próprio exercício do poder de polícia: ato materialpreparatório. E podem ser posteriores ao próprio poder de polícia.

2.  Também é possível atos materiais posteriores. Esses também podem serdelegados. Exemplo: se o poder público determinar uma demolição de

obra que não respeitou regras de engenharia. Se o particular não demoliu,o Estado pode demolir. Mas o Estado não tem tecnologia para usardinamite, não sabe implodir uma obra. Nesse caso, pode colocar alguémpara fazer no seu lugar. Isso é ato material posterior.

ADI 1717:“EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO DIRETA DEINCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 58 E SEUS PARÁGRAFOS DA LEI FEDERAL Nº9.649, DE 27.05.1998, QUE TRATAM DOS SERVIÇOS DE FISCALIZAÇÃO DEPROFISSÕES REGULAMENTADAS. 1. Estando prejudicada a Ação, quanto ao § 3º doart. 58 da Lei nº 9.649, de 27.05.1998, como já decidiu o Plenário, quando apreciou o pedido de medida cautelar, a Ação Direta é julgada procedente, quanto ao mais,

declarando-se a inconstitucionalidade do "caput" e dos § 1º, 2º, 4º, 5º, 6º, 7º e 8º domesmo art. 58. 2. Isso porque a interpretação conjugada dos artigos 5°, XIII, 22, XVI,21, XXIV, 70, parágrafo único, 149 e 175 da Constituição Federal, leva à conclusão,no sentido da indelegabilidade, a uma entidade privada, de atividade típica de

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 LFG – ADMINISTRATIVO – Aula 08 – Prof.ª Fernanda Marinela – Intensivo I – 06/05/2009Estado, que abrange até poder de polícia, de tributar e de punir, no que concerne aoexercício de atividades profissionais regulamentadas, como ocorre com osdispositivos impugnados. 3. Decisão unânime.(ADI 1717, Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES, Tribunal Pleno, julgado em07/11/2002, DJ 28-03-2003 PP-00061 EMENT VOL-02104-01 PP-00149)”