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A CONTABILIDADE COMO SISTEMA DE INFORMAÇÃOLIMITAÇÕES, ADAPTAÇÕES E EVOLUÇÕES

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1. INTRODUÇÃOA informação é o diferencial nas tomadas de decisões por parte das

empresas, pois possibilita ao usuário o conhecimento em relação à situação sobre a

qual se toma uma decisão, além de habilitar a empresa a alcançar seus objetivos

através do uso eficiente de seus recursos disponíveis.

E, para que os dados adquiridos pela empresa sejam corretamente tratados,

interpretados, analisados e transformados em informações que auxiliem no processo

de tomada de decisões, é necessário que essa empresa possua um sistema de

informações.

Um sistema de informação pode ser entendido como o conjunto de recursos

humanos, materiais, tecnológicos e financeiros, onde dados são processados e

transformados em informações para serem utilizadas nos processos de

planejamento, tomada de decisões e controle.

Analisando os conceitos de sistema de informação e o seu funcionamento,

percebe-se que a contabilidade é em si um sistema de informações, visto que tem

como objetivo a coleta, o armazenamento, o processamento e a distribuição de

informações sobre o patrimônio das entidades para os seus usuários.

Portanto, os sistemas de informações contábeis são aqueles que fornecem

informações de natureza econômica, financeira, física e de produtividade sobre o

patrimônio das entidades e suas mutações a fim de auxiliar os usuários nas tomadas

de decisões.

Tendo em vista a relevância do assunto, o presente trabalho tem como

objetivo a análise, através de uma pesquisa bibliográfica, da contabilidade como

sistema de informações, com a finalidade de investigar as limitações e deficiências

observadas por diversos autores, bem como suas adaptações e evoluções.

1.1. JustificativaAs empresas enfrentam um ambiente competitivo e exigente, desafiando os

gestores às tomadas de decisões cada vez mais rápidas.

Para auxiliar nesse processo é necessário um suporte de informações

consistentes, confiáveis e precisas.

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De acordo com Barros (2005, p. 107), “o processo de gestão dependerá,

essencialmente, da existência de um sistema de informações, devidamente

estruturado, que permita a comparação entre o planejado e o executado”.

E esse é o principal objetivo da Contabilidade: auxiliar seus usuários nas

tomadas de decisões, através da geração de informações tempestivas, comparáveis

e relevantes.

Moscove, Simkin e Bagranoff (2002, p.25) afirmam que “a Contabilidade em

si é um sistema de informações pois é um processo comunicativo que coleta,

armazena, processa e distribui informações para os que precisam delas”.

Assim, “a Contabilidade, ao registrar todos os fatos ocorridos na

organização, caracteriza-se como um banco de dados que poderá se transformar

em informações úteis e imprescindíveis no processo decisório”, conforme Barros

(2005, p. 107).

Dessa forma, a contabilidade pode se apresentar como o sistema de

informações estruturado a fim de gerar informações claras, oportunas e relevantes,

capazes de embasar o processo de gestão das organizações em meio às

complexidades do ambiente econômico atual.

1.2. ProblemáticaNo mundo atual faz-se necessário que a informação contábil possua

qualidade e credibilidade.

Entretanto, conforme Szüster et al (2005, p. 20), “a crescente complexidade

das atividades empresariais e determinadas restrições tributárias nos fazem deparar

com críticas fundamentadas quanto à necessidade de seu aprimoramento”.

E, ainda de acordo com Szüster et al (2005, p. 20), “paralela à análise das

dificuldades existentes, é colocada a extrema dificuldade de mudanças substanciais

na atual normatização contábil”.

A legislação societária, que é baseada nos princípios contábeis, estabelece

algumas normas que dificultam ou impossibilitam a geração de informações que

auxiliem nas tomadas de decisões de seus usuários.

Essas deficiências vão desde a avaliação dos itens patrimoniais pelo custo

histórico e a resistência ao reconhecimento de ativos intangíveis até a falta de

interatividade entre os gestores e os profissionais da contabilidade.

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Esses e outros fatores implicam em um descrédito por parte dos usuários,

principalmente pelos gestores, em relação à contabilidade como sistema de

informações.

Consequentemente, a maioria das empresas utiliza a contabilidade apenas

para atender às exigências legais e não como uma ferramenta para a tomada de

decisões.

Barros (2005, p.103) enfatiza que, “na prática, o profissional da área contábil

direciona 95% de seu tempo de trabalho e de seu esforço para o preenchimento de

formulários, cumprimento de formalidades legais e apuração de resultados para

pagamento de impostos”.

A dicotomia apresentada onde a legislação estabelece que as

demonstrações contábeis devem ser elaboradas em observância aos princípios da

contabilidade e a legislação fiscal, e os usuários têm necessidade de informações

que reflitam a realidade do patrimônio da empresa levando em consideração a

objetividade e aplicabilidade, além da utilidade, é o que motivou a questão da

pesquisa apresentada.

Partindo desse pressuposto, o questionamento base da pesquisa foi o

seguinte:

A Contabilidade é, efetivamente, um Sistema de Informação Gerencial? E,

sendo, como tem se adaptado às mudanças dos cenários e da tecnologia de

informação para suprir as necessidades de seus usuários?

1.3. Objetivos da PesquisaCabe neste momento, portanto, enunciar quais foram os objetivos que

direcionaram esta pesquisa, conduziram as ações e delimitaram o escopo.

1.3.1. Objetivo Geral

Identificar os aspectos que caracterizam a Contabilidade como um sistema

de informação amplo onde existem subsistemas destinados a fins específicos.

1.3.2. Objetivos Específicos

ü Conhecer quais as críticas têm sido feitas pelos autores aos padrões

contábeis societários.

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ü Investigar quais as formas de eliminar ou evitar a influência dessas

limitações.

ü Apontar as adaptações e evoluções da contabilidade, e de seus

subsistemas, como sistema de informação.

1.4. Hipóteses da Pesquisaü Existem subsistemas de informação que atendem a necessidades

diferenciadas de diversos usuários.

ü Os princípios e termos contábeis dificultam a interpretação das

demonstrações pelo usuário comum.

ü Há adaptações históricas já efetuadas e estas podem continuar ocorrendo.

1.5. Aspectos Metodológicos da InvestigaçãoA metodologia utilizada na presente pesquisa pode ser caracterizada da

seguinte maneira:

P Quanto aos objetivos: pesquisa exploratória;

P Quanto aos procedimentos: pesquisa bibliográfica;

P Quanto à abordagem do problema: pesquisa qualitativa.

Esta classificação está de acordo com Beuren (2004, p. 79), ao estabelecer

que as tipologias de pesquisas aplicáveis à Contabilidade são agrupadas em três

categorias:

pesquisa quanto aos objetivos, que contempla a pesquisa exploratória,descritiva e explicativa; pesquisa quanto aos procedimentos, que aborda oestudo de caso, o levantamento, a pesquisa bibliográfica, documental,participante e experimental; e a pesquisa quanto à abordagem do problema,que compreende a pesquisa qualitativa e a quantitativa.

A pesquisa exploratória normalmente ocorre “quando há pouco

conhecimento sobre a temática a ser abordada”, conforme Beuren (2004, p. 80).

Através do estudo exploratório, ainda segundo Beuren (2004, p. 80), “busca-se

conhecer com maior profundidade o assunto, de modo a torná-lo mais claro ou

construir questões importantes para a condução da pesquisa”.

Trata-se, também, de uma pesquisa bibliográfica, pois recorre ao uso de

material acessível ao público em geral, como livros, revistas e artigos já publicados

sobre o assunto.

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De acordo com Marconi e Lakatos (1996, p. 66), a pesquisa bibliográfica

“abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde

publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses,

material cartográfico etc., até meios de comunicação orais”.

Esse tipo de pesquisa tem por finalidade “conhecer as diferentes formas de

contribuição científica que se realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno”,

conforme Oliveira, S. L., (1999, p. 119).

Para Manzo, citado por Marconi e Lakatos (1996, p. 66), a bibliografia

“oferece meios para definir, resolver, não somente problemas já conhecidos, como

também explorar novas áreas onde os problemas não se cristalizaram

suficientemente”.

Portanto, a pesquisa bibliográfica não se trata de repetições do que já foi dito

ou escrito sobre determinado assunto, mas, pelo contrário, proporciona o exame de

um tema sob um novo enfoque, ao confrontar diferentes interpretações com a

análise do cenário atual.

Quanto ao tipo de análise ou à abordagem do problema, trata-se de uma

pesquisa qualitativa.

Nesse tipo de pesquisa, é possível estabelecer uma análise mais profunda

em relação ao tema estudado, não tendo como objetivo numerar ou medir unidades

ou categorias homogêneas.

Richardson, citado por Beuren (2004, p. 91), menciona que “os estudos que

empregam uma metodologia qualitativa podem descrever a complexidade de

determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e

classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais”.

Dessa forma pode-se considerar que a pesquisa qualitativa é indutiva, onde

o pesquisador, ao invés de coletar dados para comprovar teorias, hipóteses e

modelos preconcebidos, desenvolve conceitos, idéias e entendimentos a partir de

padrões encontrados nos dados.

1.6. Organização do TrabalhoO trabalho está organizado em quatro (04) capítulos, sendo que o primeiro

contém a contextualização do trabalho, trazendo algumas considerações

preliminares, a justificativa, o problema, os objetivos, as hipóteses e a metodologia

da pesquisa.

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No segundo capítulo, o referencial teórico, são apresentados alguns

aspectos relacionados aos sistemas, ao sistema empresa e aos sistemas de

informações, além de algumas referências quanto à natureza, ao valor, e às

características de qualidade das informações contábeis, bem como os tipos de

usuários da contabilidade e suas necessidades de informação, e, principalmente,

uma abordagem sobre o sistema de informação contábil e suas áreas e

subsistemas.

Enquanto isso, o terceiro capítulo trata das limitações e deficiências

observadas na contabilidade enquanto sistema de informação gerencial, bem como

as principais adaptações e evoluções do modelo informativo contábil para suprir tais

deficiências.

E, finalmente, no quarto capítulo encontram-se as conclusões e sugestões

de continuidade da pesquisa.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. SistemasAntes de abordar a contabilidade como sistema de informação é necessário

que se façam algumas colocações sobre sistemas e sistemas de informação.

Um sistema pode ser definido como um conjunto de elementos

interdependentes e interagentes que concorrem para a realização de um ou mais

objetivos predeterminados.

De acordo com Oliveira, J. F., (2005, p. 149) “um sistema é um conjunto de

elementos dinamicamente inter-relacionados, desenvolvendo uma atividade ou

função para atingir um ou mais objetivos ou propósitos”.

Enquanto isso, Batista (2004, p. 13) define sistema como “ o conjunto de

elementos interdependentes, ou um todo organizado, ou partes que interagem

formando um todo unitário e complexo”.

Ambos estão de acordo que um sistema é caracterizado pela influência

recíproca entre os seus componentes e pela união de todos esses componentes

para alcançar o objetivo esperado.

Além disso, qualquer sistema é integrante, ou subsistema, de outro sistema,

e possui outros subsistemas interagindo dentro de si. Isso é denominado hierarquia

de sistemas.

Portanto, conforme Magalhães e Lunkes (2000, p. 20), “tem-se que um

sistema qualquer se caracteriza por: pertencer a um sistema maior e conter vários

sistemas menores, ter objetivo ou finalidade específica e ser complexo em sua

estrutura”.

Basicamente um sistema processa recursos para se obter os produtos

relacionados ao objetivo-fim. Ou seja, fundamentalmente, conforme Padoveze

(1997, p. 36), “o funcionamento de um sistema configura-se a um processamento de

recursos (entradas do sistema), obtendo-se, com esse processamento, as saídas ou

produtos do sistema”.

Os elementos básicos que compõem um sistema são os seguintes:

ü Objetivo: É a própria razão de existência do sistema. De acordo com

Oliveira, J. F., (2005, p. 150) “ é a finalidade para a qual o sistema foi criado”.

ü Entradas: Formam o conjunto dos recursos que entram ou estão no

sistema para ser utilizado no processo de transformação. Para Oliveira, J. F., (2005,

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p. 150), “é tudo aquilo que o sistema necessita como material de operação e é

obtido no ambiente com o qual interage”.

ü Processo de transformação: É a transformação dos recursos ou entradas

em um produto ou serviço final condizente com o objetivo do sistema. Segundo

Oliveira, J. F., (2005, p. 151), “é a maneira pela qual os elementos componentes

interagem no sentido de produzir as saídas desejadas”.

ü Saídas: Correspondem ao resultado, ou produto final, do processo de

transformação. Nas palavras de Oliveira, J. F., (2005, p. 151), as saídas “são o

resultado do processo de transformações das entradas, é a forma de o sistema

influenciar o meio”.

ü Controle e Avaliação: Tem o propósito de verificar se o sistema está

atendendo aos seus objetivos. Ou seja, conforme diz Oliveira, D. P. R., (1999, p. 24),

“para verificar se as saídas estão coerentes com os objetivos estabelecidos”.

ü Retroalimentação: Seria a reintrodução de uma saída sob a forma de

informação. Então retroalimentação, realimentação ou feedback “é um instrumento

de regulação cognitiva, ou de controle, em que as informações realimentadas são

resultados das divergências verificadas entre as respostas de um sistema e os

parâmetros previamente estabelecidos” em conformidade com Oliveira, J. F., (2005,

p. 151).

Os componentes do sistema podem ser visualizados na figura abaixo:

ENTRADAS

OBJETIVOS

SAÍDASPROCESSO DETRANSFORMAÇÃO

RETROALIMENTAÇÃO CO

NTR

OLE

EA

VALI

ÃO

Figura 1: Componentes de um SistemaFonte: OLIVEIRA (1999, p. 24)

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É importante ressaltar que o meio onde o sistema está inserido chama-se

ambiente do sistema. Seriam os limites do sistema, ou os elementos que se situam

fora do mesmo. São elementos que não fazem parte do sistema, mas são fatores

que têm interação e influência no sistema. Conforme Oliveira, D. P. R., (1999, p. 25),

o ambiente “é o conjunto de elementos que não pertencem ao sistema, mas

qualquer alteração no sistema pode mudar ou alterar os seus elementos e qualquer

alteração nos seus elementos pode mudar ou alterar o sistema”.

2.1.1. Sistema Empresa

Toda empresa pode ser vista com um sistema aberto, porque encontra-se

em pemanente interação com o ambiente, e dinâmico, pois realiza atividades que a

mantém em constante mutação.

Segundo Catelli (2001, p. 39), “a empresa pode ser visualizada como um

processo de transformação de recursos (materiais, humanos, financeiros,

tecnológicos etc.) em produtos e serviços, composto de diversos processos

menores, interdependentes, que são suas atividades”.

Essa visão sistêmica da empresa está demonstrada na figura abaixo:

VALORES ECONÔMICOS VALORES ECONÔMICOS

ESTOCAGEM DEPRODUTOS

MERCADOCONSUMIDOR

CUMPRIMENTODA MISSÃO

ACIONISTAS, CONCORRENTES, GOVERNO, SINDICATOS ETC.MERCADOFORNECEDOR

RESULTADOECONÔMICO

EMPRESA

COMPRAS DERECURSOS

SERVIÇOS DEAPOIO

FINANÇAS

ESTOCAGEM DEMATERIAIS

TRANSPORTE

MANUTENÇÃO

PRODUÇÃO

EFICIÊNCIA CONTINUIDADE EFICÁCIA

VENDAS DEPRODUTOS

RECURSOSMATERIAIS

RECURSOSHUMANOS

RECURSOSFINANCEIROS

RECURSOS DETECNOLOGIA

RECURSOS DEINFORMAÇÃO

PRODUTOSE

SERVIÇOS

Figura 2: Visão Sistêmica da EmpresaFonte: CATELLI (2001, p. 39)

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Para que a empresa mantenha a continuidade, é necessário que o valor

econômico dos produtos e serviços gerados (receitas) seja suficiente para repor, no

mínimo, o valor econômico dos recursos consumidos (custos) para a realização de

suas atividades.

E isto será determinado pelos resultados econômicos da empresa,

demonstrando se seus recursos foram utilizados eficientemente e refletindo seus

níveis de eficácia, que se referem ao cumprimento de sua missão.

Também é importante ressaltar que o ambiente no qual a empresa está

inserida interfere, de várias maneiras em seu estado e funcionamento. Podem ser

considerados como exemplos de fatores que influenciam permanentemente a

situação empresarial o comportamento dos consumidores e fornecedores, a

concorrência, o desenvolvimento tecnológico, as influências governamentais e as

condições macroeconômicas.

2.1.2. Dado, Informação e Conhecimento

Quando se trata de informação (como um todo), é importante que se faça a

distinção entre dado, informação e conhecimento.

Um dado pode ser entendido como o o elemento em seu registro puro, que

ainda não foi interpretado e analisado. De acordo com Oliveira, D. P. R., (1999, p.

36), “é qualquer elemento identificado em sua forma bruta que, por si só, não conduz

a uma comprensão de determinado fato ou situação”.

A informação é resultante do processamento dos dados, ou seja, é o dado

que foi processado e armazenado de maneira que possa ser compreendido e

utilizado pelos usuários sendo capaz de auxiliar nas suas decisões. Segundo Davis,

citado por Padoveze (2004, p. 49), informação “é o dado processado e armazenado

de forma compreensível para seu receptor e que apresenta valor real ou percebido

para suas decisões correntes ou prospectivas”.

Enquanto isso, o conhecimento é uma consequência da informação. Em

outras palavras, a partir do momento em que o usuário tem acesso a uma

informação, ele passa por um processo dinâmico em que lhe é possível posicionar-

se em relação a uma determinada situação e, então, tomar uma decisão. O mesmo

é dito por Oliveira, D. P. R., (1999, p. 36): “o executivo deve obter o conhecimento a

partir do dado transformado, que lhe propicia um processo dinâmico ou um elemento

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de ação, essa situação dinâmica permite ao executivo posicionar-se diante de uma

situação qualquer".

A figura abaixo mostra as atividades do processo de informação:

COMUNICAÇÃO UTILIZAÇÃO

DADOS INFORMAÇÃO CAPACIDADE DE ENTENDIMENTO

PERCEPÇÃO COLETA ORGANIZAÇÃO PROCESSAMENTO

Figura 3: Atividades do Processo de InformaçãoFonte: OLIVEIRA, PEREZ Jr. e SILVA (2004, p. 61)

Resumindo, informação deve ser compreendida como um dado processado

que proporcione ao usuário um conhecimento através de um processo dinâmico,

através do qual possa se posicionar em relação a determinada situação e, com isso,

tomar uma decisão que lhe seja favorável.

Nas palavras de Oliveira, D. P. R., (1999, p. 36), a informação “é o produto

da análise dos dados existentes na empresa, devidamente registrados,

classificados, organizados, relacionados e interpretados em determinado contexto,

para transmitir conhecimento e permitir a tomada de decisão de forma otimizada”.

2.1.3. Sistema de Informação

Na era da informação o sucesso ou o fracasso das organizações depende

de como elas gerenciam as informações. McGee e Prusak (1994, p. 3) afirmam que

“numa economia de informação, a concorrência entre as organizações baseia-se em

sua capacidade de adquirir, tratar, interpretar e utilizar a informação de forma

eficaz”.

Isso se deve ao fato de que, conforme Polloni (2001, p. 56), a informação

“fornece o conhecimento necessário às decisões requeridas para definir e atingir os

objetivos da organização, e integra as ações dos indivíduos para que suas

atividades e interesses sejam convergentes com os ideais da empresa”.

Em outras palavras, a informação é o diferencial nas tomadas de decisões

por parte das empresas, pois possibilita ao usuário o conhecimento em relação à

situação sobre a qual se toma uma decisão, além de habilitar a empresa a alcançar

seus objetivos através do uso eficiente de seus recursos disponíveis.

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O valor da informação está relacionado com a relação custo-benefício, a

redução da incerteza no processo de tomada de decisão e o aumento da qualidade

da decisão.

Quando se trata da relação custo-benefício, refere-se ao fato de que a

informação deve trazer benefícios maiores que o custo para obtê-la. De acordo com

Oliveira, D. P. R., (1999, p. 37), “a eficiência na utilização do recurso informação é

medida pela relação do custo para obtê-la e o valor do benefício derivado de seu

uso. Os custos associados com a produção da informação são aqueles envolvidos

na coleta, no processamento e na distribução”.

A redução de incerteza no processo de tomada de decisão está diretamente

ligada com o aumento da qualidade da decisão. Segundo Padoveze (2004, p. 50),

“uma informação passa a ser válida quando sua utilização aumenta a qualidade

decisória, diminuindo a incerteza do gestor no ato da decisão”.

Dessa forma, ainda de acordo com Padoveze (2004, p. 50), a relação

adequada seria: “o mínimo de informação necessária para reduzir a incerteza e

aumentar a qualidade da decisão, ao menor custo possível”.

Como, segundo Batista (2004, p. 13), o grande objetivo das organizações “é

reunir todas as fontes de dados e informações existentes e organizá-las, tendo em

vista tornar acessível todo dado desejado na mesma velocidade em que ele é

necessário aos tomadores de decisão em qualquer atividade”, é imprescindível que

elas possuam um sistema de informação.

O mesmo Batista (2004, p. 21) complementa dizendo que para o controle

das informações que fluem pela estrutura da organização existem os “sistemas de

informação, que obtêm e armazenam informações e permitem a consulta e a

emissão de relatórios de acordo com as necessidades dos gerentes e

administradores”.

Ou seja, para que os dados adquiridos pela empresa sejam corretamente

tratados, interpretados, analisados e transformados em informações que auxiliem no

processo de tomada de decisões, é necessário que essa empresa possua um

sistema de informações.

Para Padoveze (2004, p. 55), sistema de informação pode ser definido como

“um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros agregados

segundo uma sequência lógica para o processamento dos dados e tradução em

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informações, para, com seu produto, permitir às organizações o cumprimento de

seus objetivos principais”.

Enquanto isso, Moscove, Simkim e Bagranoff (2002, p. 23) definem sistema

de informação como sendo “um conjunto de subsistemas inter-relacionados que

funcionam em conjunto para coletar, processar, armazenar, transformar e distribuir

informações para fins de planejamento, tomada de decisões e controle”.

A partir disso, pode-se definir sistema de informação como o conjunto de

recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros, onde dados são

processados e transformados em informações para serem utilizadas nos processos

de planejamento, tomada de decisões e controle.

2.1.3.1. Classificação dos sistemas de informação

Os sistemas de informação classificam-se em: sistemas de informação de

apoio às operações, sistemas de informação de apoio à gestão, e sistemas de

informação de suporte às decisões.

Os sistemas de informações operacionais estão ligados ao sistema físico-

operacional da empresa, ou seja, auxiliam os departamentos e atividades na

execução de suas funções operacionais.

Partindo desse pressuposto, um sistema de informações operacionais pode

ser definido, de acordo com Gil (1979, p. 14), como “um conjunto de recursos

humanos e materiais dentro de uma entidade, responsável pela coleta e

processamento de dados para gerar informações que facilitem a mecânica

operacional ou dia-a-dia dos diversos setores da empresa”.

Enquanto esse tipo de sistema de informação é responsável em auxiliar o

processo operacional da entidade, o sistema de informação gerencial está

relacionado às atividades de planejamento e controle financeiro e avaliação de

desempenho dos negócios.

Para Gil (1979, p. 14), um sistema de informações gerenciais pode ser

entendido como “um conjunto de recursos humanos e materiais dentro de uma

organização, o qual é responsável pela coleta e pelo processamento de dados para

produzir informações que sejam úteis a todos os níveis da gerência, no

planejamento e controle das atividades da organização”.

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Ou seja, o sistema de informação de apoio à gestão tem como função

principal o fornecimento de informações necessárias à gestão econômico-financeira

da empresa.

Por outro lado, os sistemas de informações de apoio às decisões têm a

finalidade de auxiliar no processo decisório, sustentando a administração com

informações que auxiliem nas tomadas de decisões para otimizar os resultados

esperados.

Segundo Padoveze (2004, p. 65), esses sistemas de informações “se

utilizam da base de dados dos sistemas operacionais e dos sistemas de apoio à

gestão e têm como foco flexibilizar informações não estruturadas para tomada de

decisões”.

Com isso, percebe-se que para um bom funcionamento do sistema de

informações é necessário que haja uma perfeita integração entre esses sistemas.

A estrutura e integração dos sistemas de informações dentro da empresa

podem ser observadas na figura seguinte:

S IS T E M A S D EA P O IO À D E C IS Ã O

S IS T E M A S D EA P O IO À G E S T Ã O

S IS T E M A S D EA P O IO À S

O P E R A Ç Õ E S

Figura 4: Estrutura e Integração dos Sistemas de InformaçãoFonte: PADOVEZE (2004, p. 66)

A integração desses sistemas pode ser resumida da seguinte forma: O

sistema de informação gerencial necessita de informações qualitativas e

quantitativas que podem ser coletadas no sistema operacional, enquanto

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informações semi-estruturadas e não estruturadas são alocadas aos sistemas de

suporte às decisões, que, juntamente com as informações provenientes do sistema

de informação gerencial, permitem à alta administração da entidade a realização de

estudos e simulações que possam orientar no processo de tomada de decisões.

2.2. A Contabilidade como Sistema de InformaçãoNesse momento serão apresentadas alguns aspectos referentes à natureza,

ao valor e às características de qualidade das informações contábeis, bem como os

tipos de usuários da contabilidade e suas necessidades de informação. E,

principalmente, uma abordagem sobre o sistema de informação contábil e suas

áreas e subsistemas.

2.2.1. As Informações Contábeis

A contabilidade tem como objetivo a geração de informações de natureza

econômica, financeira, física e de produtividade sobre o patrimônio das entidades e

suas mutações a fim de auxiliar os usuários nas tomadas de decisões.

De acordo com Iudícibus (2004, p. 32), “o objetivo principal da Contabilidade

é fornecer informação econômica, física, de produtividade e social relevante para

que cada usuário possa tomar suas decisões e realizar seus julgamentos com

segurança”.

O aspecto econômico está ligado ao processo de formação de resultado

(receitas e despesas, por exemplo), o aspecto financeiro refere-se aos fluxos de

caixa, o aspecto físico relaciona-se a informações quantitativas ligadas às operações

e o aspecto de produtividade compreende a utilização mista de conceitos financeiros

(de valores) e físicos (quantitativos).

As informações contábeis devem proporcionar base segura para a tomada

de decisões por parte de seus usuários. E, como já foi dito anteriormente, o valor da

informação está relacionado com a relação custo-benefício, a redução da incerteza

no processo de tomada de decisão e o aumento da qualidade da decisão.

Além disso, a informação deve ser sistematizada para que possa atender

plenamente aos usuários, através da construção de relatórios com enfoques

diferentes para as diferentes necessidades de cada um.

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A qualidade das informações contábeis está associada aos seguintes

atributos: compreensibilidade, confiabilidade, relevância, tempestividade e

comparabilidade.

Por compreensibilidade entende-se que as informações contábeis devem ser

expostas de forma que seja prontamente compreendida pelo usuário a que se

destine, mas presume que o usuário tenha os conhecimentos necessários de

contabilidade e dos negócios e atividades da entidade.

Em conformidade com o Conselho Federal de Contabilidade (1995),

compreensibilidade “concerne à clareza e objetividade com que a informação

contábil é divulgada, abrangendo desde elementos de natureza formal, como a

organização espacial e recursos gráficos empregados, até a redação e técnica de

exposição utilizadas”.

A confiabilidade da informação baseia-se na veracidade, completabilidade e

pertinência em seu conteúdo. Ou seja, as informações não devem possuir erros,

devem ser elaboradas de acordo com os princípios da contabilidade, as normas

contábeis e a legislação, devem contemplar todos os aspectos relevantes sobre o

que se pretende transmitir, e seu conteúdo deve estar de acordo com o assunto que

se pretende tratar.

De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade (1995), esses aspectos

da confiabilidade são descritos da seguinte forma:

ü Veracidade: esse aspecto pode ser traduzido na exigência de que as

informações contábeis “não contenham erros ou vieses, e sejam elaboradas em

rigorosa consonância com os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as

Normas Brasileiras de Contabilidade, e na ausência de norma específica, com as

técnicas e procedimentos respaldados na ciência da Contabilidade”.

ü Completabilidade: esse aspecto “diz respeito ao fato de a informação

compreender todos os elementos relevantes e significativos sobre o que pretende

relevar ou divulgar, como transações, previsões, análises, demonstrações, juízos ou

outros elementos”.

ü Pertinência: essa característica “requer que seu conteúdo esteja de

acordo com a respectiva denominação ou título”.

Outro atributo ligado à qualidade das informações contábeis é a relevância.

Uma informação é considerada relevante quando ela tem capacidade de influenciar

em uma decisão.

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Segundo o pronunciamento do FASB (Financial Accounting Standards Board

– Junta de Normas de Contabilidade Financeira), citado por Oliveira, L. M., Perez Jr.

e Silva (2004, p. 79), “a informação deve ajudar os usuários a aumentar a

probabilidade de estimar corretamente os resultados de eventos passados e

presentes”.

Enquanto isso, a tempestividade relaciona-se com o tempo e a periodicidade

de disponibilização da informação. Em outras palavras, as informações devem estar

disponíves aos usuários antes que perca sua capacidade de influenciar o processo

decisório, e devem ser divulgadas sistematicamente no mesmo período de tempo.

Conforme o Conselho Federal de Contabilidade (1995), “a tempestividade

refere-se ao fato de a informação contábil dever chegar ao conhecimento do usuário

em tempo hábil, a fim de que este possa utilizá-la para seus fins”.

E a comparabilidade está ligada à possibilidade do usuário identificar

similaridades e diferenças em dois conjuntos de informações.

A comparabilidade deve proporcionar ao usuário “o conhecimento da

evolução entre determinada informação ao longo do tempo, numa mesma entidade

ou em diversas entidades, ou a situação destas num momento dado, com vista a

possibilitar-se o conhecimento das suas posições relativas”, de acordo com o

Conselho Federal de Contabilidade (1995).

Portanto, para que as informações contábeis forneçam segurança para as

decisões de seus usuários, pela compreensão do estado em que se encontra a

entidade, sua evolução e desempenho, elas devem possuir tais atributos.

2.2.2. Principais Usuários e Suas Necessidades de Informação

Entende-se por usuários da contabilidade pessoas físicas ou jurídicas com

interesse na entidade, utilizando-se das informações contábeis de forma permanente

ou transitória.

Segundo Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 42), “conceitua-se como

usuário toda pessoa física ou jurídica que tenha interesse na avaliação da situação e

do progresso de determinada entidade”.

Existem diversos tipos de usuários e eles são classificados em usuários

externos e usuários internos. Os usuários externos são, principalmente, os clientes,

os fornecedores, os acionistas, as instituições financeiras (e outros emprestadores)

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Page 19: 107

e as entidades governamentais. Os usuários internos são os administradores de

todos os níveis hierárquicos e os empregados.

Cada um desses usuários possui necessidades diferentes de informação,

visto que cada um deles irá fazer uso das informações contábeis para auxiliar em

variados processos decisoriais.

Para os clientes as informações mais importantes são as referentes aos

preços dos produtos, onde e como podem ser comprados e as garantias e serviços

de assistência correlatos.

Já os fornecedores têm interesse em informações como o grau de confiança

do mercado na empresa, a sua situação de crédito e a possibilidade de a empresa

cumprir seus compromissos.

Enquanto isso todos os acionistas têm interesse na avaliação do

desempenho passado e na predição do desempenho da organização, eles se

preocupam com o retorno que poderão ter através dos dividendos.

As instituições financeiras e os emprestadores em geral suprem as

empresas com recursos para investimento ou expansão, e, por isso, estão

interessados na geração de fluxos de caixa futuros suficientes para receber de volta

o capital mais os juros, com segurança.

Por outro lado, as entidades governamentais têm interesse no valor

adicionado, na produtividade e no lucro tributável.

Os empregados estão preocupados com a geração de um fluxo de caixa

futuro capaz de assegurar bons aumentos ou manutenção de salários, com

segurança.

E os administradores estão preocupados com o retorno do investimento e

dos acionistas, bem como uma boa liquidez e um endividamento confortável por

parte da empresa.

Esses são os principais interesses e necessidades de informações contábeis

de cada grupo de usuários.

O quadro abaixo resume quais seriam as informações mais importantes para

cada grupo de usuários da contabilidade:

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USUÁRIO DA INFORMAÇÃO CONTÁBILMETA QUE DESEJARIA MAXIMIZAR OU

TIPO DE INFORMAÇÃO MAIS IMPORTANTE

CLIENTES PREÇOS E GARANTIAS DOS PRODUTOS, GARANTIASE SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA CORRELATOS.

FORNECEDORESGRAU DE CONFIANÇA DO MERCADO NA EMPRESA,POSSIBILIDADE DE A EMPRESA CUMPRIR SEUSCOMPROMISSOS.

ACIONISTA MINORITÁRIO FLUXO REGULAR DE DIVIDENDOS.

ACIONISTA MAJORITÁRIO OU COM GRANDEPARTICIPAÇÃO

FLUXO DE DIVIDENDOS, VALOR DE MERCADO DAAÇÃO, LUCRO POR AÇÃO.

ACIONISTA PREFERENCIAL FLUXOS DE DIVIDENDOS MÍNIMOS OU FIXOS.

EMPRESTADORES EM GERALGERAÇÃO DE FLUXOS DE CAIXA FUTUROSSUFICIENTES PARA RECEBER DE VOLTA O CAPITALMAIS OS JUROS, COM SEGURANÇA.

ENTIDADES GOVERNAMENTAIS VALOR ADICIONADO, PRODUTIVIDADE, LUCROTRIBUTÁVEL.

EMPREGADOS EM GERAL, COMO ASSALARIADOSFLUXO DE CAIXA FUTURO CAPAZ DE ASSEGURARBONS AUMENTOS OU MANUTENÇÃO DE SALÁRIOS,COM SEGURANÇA; LIQUIDEZ.

MÉDIA E ALTA ADMINISTRAÇÃORETORNO SOBRE O ATIVO, RETORNO SOBRE OPATRIMÔNIO LÍQUIDO; SITUAÇÃO DE LIQUIDEZ EENDIVIDAMENTO CONFORTÁVES.

Quadro 1: Usuários e Informações NecessáriasFonte: Adaptado de IUDÍCIBUS (2004, p. 23)

Agora, tratando do aspecto gerencial, os usuários internos precisam de

outros tipos de informações para que possam tomar decisões que conduzam a

entidade aos resultados esperados por todos esses usuários.

Essas informações podem ser distribuídas em três níves: nível estratégico,

nível tático, e nível operacional. As necessidades de informação para os diferentes

níveis gerenciais podem ser visualizadas no quadro abaixo:

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CARACTERÍSTICADA INFORMAÇÃO

ALTA GERÊNCIAPLANO ESTRATÉGICO

MÉDIA GERÊNCIAPLANO TÁTICO

BAIXA GERÊNCIAPLANO OPERACIONAL

DETALHE

INFORMAÇÃO EM GERALNORMALMENTEGRÁFICA, PARA

ILUSTRAR TENDÊNCIASE NÃO ATIVIDADES.

DETALHESSUMARIZADOS PARA

SEREM COMPARADOSCOM O PLANEJADO E

AVALIAR ODESEMPENHO.

INFORMAÇÃODETALHADA, RELATIVA

ÀS ATIVIDADES DODIA-A-DIA.

FONTE

DEPENDE DEINFORMAÇÕES

GERADASEXTERNAMENTE.

INTERNA, SUMARIZADAE ALGUMAS VEZES

EXTERNA.

PRATICAMENTE SÓDADOS EXTERNOS.

FREQUÊNCIAMENSAL, OU

ACOMPANHANDO CICLODE PLANEJAMENTO.

CÍCLICA E PERIÓDICA. PERIODICIDADENORMALMENTE DIÁRIA.

ESTRUTURAÇÃO NÃO OU POUCOESTRUTURADO.

DESDE POUCO ATÉMUITO ESTRUTURADO. MUITO ESTRUTUDADO.

COMPLEXIDADESUMÁRIO CONCISO OU

GRÁFICOS SEMDETALHES.

RELATÓRIOSCOMPLEXOS E

COMPARATIVOS.

PLANOS POUCOCOMPLICADOS E MUITO

DETALHADOS

NECESSIDADES DE INFORMAÇÃO POR NÍVEL GERENCIAL

Quadro 2: Necessidades de Informação por Nível GerencialFonte: POLLONI (2001, p. 69)

Cada uma dessas informações têm o objetivo de auxiliar no processo

decisório desde as atividades operacionais, passando pelas atividades de

planejamento e controle até as tomadas de decisões da alta administração, visando

a otimização do resultado da organização.

2.2.3. Sistemas de Informações Contábeis

Analisando os conceitos de sistema de informação e o seu funcionamento,

percebe-se que a contabilidade é em si um sistema de informações, visto que ela

coleta, armazena, processa e distribui informações sobre o patrimônio da entidades

para os seus usuários.

Essa caracterização é feita por Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 42): “a

Contabilidade é objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a

prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica,

financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de

contabilização”.

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Os sistemas de informações contábeis “são um tipo especial de sistema de

informações que fornece informações sobre processos e eventos de negócio que

afetam a organização” conforme Moscove, Simkim e Bagranoff (2002, p. 22).

Em outras palavras, os sistemas de informações contábeis são aqueles que

fornecem informações sobre o patrimônio das entidades e suas mutações.

De acordo com Gil (1979, p. 23), o sistema de informação contábil pode ser

definido como “o conjunto de recursos humanos e de capital dentro da organização,

o qual é responsável pela preparação de informações financeiras, e também das

informações obtidas da coleta e processamento dos dados das transações”.

Portanto, um sistema de informações contábeis pode ser entendido como

um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros,

responsável pela transformação e processamento dos dados das transações em

informações de natureza econômica, financeira, física e de produtividade sobre o

patrimônio das entidades e suas mutações a fim de auxiliar os usuários nas tomadas

de decisões.

O sistema de informação contábil pode ser apresentado em três grandes

áreas e nos principais subsistemas:

ÁREA LEGAL/FISCAL ÁREA DE ANÁLISE ÁREA GERENCIAL

• CONTABILIDADE GERAL• CORREÇÃO MONETÁRIA INTEGRAL• CONTABILIDADE EM OUTRAS MOEDAS• CONSOLIDAÇÃO DE BALANÇOS• VALORIZAÇÃO DE INVENTÁRIOS• CONTROLE PATRIMONIAL

• ANÁLISE DE BALANÇO• ANÁLISE DE FLUXO DE CAIXA• GESTÃO DE IMPOSTOS

• ORÇAMENTOS E PROJEÇÕES• CUSTOS E PREÇOS DE VENDAS• CONTABILIDADE POR RESPONSABILIDADE• CENTROS DE LUCROS E UNIDADES DE NEGÓCIOS• ACOMPANHAMENTO DO NEGÓCIO

SISTEMA DE INFORMAÇÃO CONTÁBIL

Quadro 3: Áreas e Subsistemas do Sistema de Informação ContábilFonte: PADOVEZE (2004, p. 159)

O subsistema de contabilidade geral é a base do sistema de informação

contábil e tem como objetivo atender às necessidades legais, societárias e fiscais.

As demais áreas e subsistemas podem ser elaboradas e operacionalizadas a partir

desse subsistema.

E o cerne do subsistema de contabilidade geral é o processo de escrituração

contábil – os lançamentos. Por isso, o registro da informação através dos

lançamentos é de grande importância para um bom funcionamento do sistema de

informação contábil.

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Para que um sistema de informação contábil tenha validade dentro da

empresa é necessário que as informações contábeis possuam as características

citadas anteriormente e que haja a integração dos subsistemas.

O que caracteriza um sistema de informação integrado é a navegabilidade

dos dados, ou seja, os dados coletados são utilizados por todos os subsistemas de

forma comum, com as mesmas classificações e nomenclaturas.

Para Padoveze (1997, p. 41), considera-se “um sistema de informação

contábil integrado quando todas as áreas necessárias para o gerenciamento da

informação contábil estejam abrangidas por um único sistema de informação

contábil”.

Resumindo, todos os usuários das informações contábeis devem receber a

mesma informação e ter uma mesma linguagem.

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3. ANÁLISE DOS RESULTADOS

3.1. Limitações e Deficiências da Contabilidade como Sistema de

InformaçãoÉ possível perceber que a Contabilidade, em muitos casos, não alcança

seus objetivos enquanto Sistema de Informação quando se observa o grau de

utilização das demonstrações por parte de grupos de usuários específicos.

Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 44) dizem que

o fato de determinado grupo, todavia, estar utilizando-se, num menor graude intensidade do que imaginaríamos, de informação contábil pode tervários significados, a saber:a. Deficiências estruturais do modelo informativo-contábil para tal tipo dedecisão;b. Restrições ou limitações do próprio usuário;c. Ambiente decisório em que a profissão contábil está laureada por baixostatus de credibilidade, influenciando a não-utilização por parte de grupossofisticados de usuários, mesmo que a informação objetiva tenha alguma oubastante significância;d. Falhas de comunicação e evidenciação decorrentes de problemas delinguagem inadequada por parte das demonstrações contábeis.

Em cada situação devem ser analisados os motivos para tais

acontecimentos, mas é possível perceber que a Contabilidade como Sistema de

Informação apresenta algumas deficiências e limitações.

Uma das limitações que poderiam ser citadas é a avaliação de itens

patrimoniais pelo Custo Histórico, em obediência ao Princípio do Custo Histórico.

Para Iudícibus (2004, p. 60), em conformidade com esse princípio,

os ativos são incorporados pelo preço pago para adquiri-los ou fabricá-los,mais todos os gastos necessários para colocá-los em condições de gerarbenefícios para a empresa. Esta avaliação é base para as contabilizaçõesposteriores, somente sendo permitidas amortizações, depreciações ecálculo da quota de exaustão dos ativos que sofrerem tais diminuições devalor, pelo uso, decurso do tempo ou obsolescência.

O problema, ainda de acordo com Iudícibus (2004, p. 61), é que

a avaliação conservadora, baseada no custo original, falha, nosdemonstrativos financeiros, como elemento preditivo de tendências futuraspara os usuários externos. Nenhuma premissa pode ser feita, a não sersobre o custo do investimento inicial e sobre quão bem ou malsucedida foia empresa, até o momento, no uso de tais recursos na geração da receita.

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O investidor em potencial e o eventual concorrente que desejaria entrar nomercado não têm idéia de quanto deveria gastar, aproximadamente, paraconstituir uma entidade com os recursos materiais de mesmo porte que osda entidade objeto de análise e, mais importante, não podem formar idéiassobre o valor econômico dos ativos.

O mesmo Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 52) dizem o seguinte:

Se o custo histórico, na data de uma transação, se aproxima bastante dovalor atual dos benefícios futuros a serem obtidos pela entidade com o usodo ativo adquirido, o mesmo não se pode dizer com o decurso do tempo,pelos seguintes fatores:a)Desgaste físico e natural do ativo;b)Flutuações do poder aquisitivo da moeda;c)Flutuações específicas do preço do ativo;d)Mudanças tecnológicas; ee)Obsolescência.Usualmente, há uma perda de valor real, no sentido da diminuição dapotencialidade de benefícios para a entidade. Isto não quer dizer, todavia,que essa perda real seja acompanhada por “quedas do preço” ou “do valornominal” do ativo, mormente em regimes inflacionários.

Iudícibus (1998, p. 30), pontua que, “de certa forma, portanto, a aceitação

deste princípio decepciona os que desejariam observar, através dos demonstrativos

contábeis, o resultado atualizado, em termos de valor (e mesmo de custo), da

empresa”.

Ainda no mesmo texto, o autor considera que o conceito visto “indica a

vontade por parte de quem edita os princípios contábeis de sacrificar alguns graus

de utilidade em troca de maior objetividade e praticidade”.

Dessa forma, o Princípio do Custo Histórico baseia-se em transações

passadas para a valorização dos itens patrimoniais, o que gera demonstrações com

menor poder informativo para que os usuários tomem suas decisões.

Outra limitação seria a provisão de futuros fatos negativos, visto que não

existe uma certeza da ocorrência nem do valor exato. Esse fator está relacionado

com os princípios da prudência e da oportunidade.

O princípio da oportunidade, segundo Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p.

72), “exige a apreensão, o registro e o relato de todas as variações sofridas pelo

patrimônio de uma entidade, no momento em que elas ocorrerem”. De acordo com

esse princípio, as modificações de elementos patrimoniais devem ser contempladas

mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de sua ocorrência.

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Enquanto isso o princípio da prudência está ligado à adoção do menor valor

para o patrimônio líquido dentre aqueles possíveis através de diferentes métodos de

avaliação, onde se deve optar pelo menor valor para o ativo e pelo maior valor para

o passivo.

Por esse motivo, algumas empresas não realizam esses procedimentos com

o objetivo de apresentar melhores resultados, o que prejudica a comparabilidade em

outros períodos e, as deixa em dificuldades quando os fatos acontecem.

Assim, quando as entidades realizam provisões de fatos futuros negativos,

de acordo com o princípio da prudência e da oportunidade, correm o risco de

apresentarem um patrimônio subavaliado, mas, por outro lado, as empresas que as

efetuam não têm seus resultados prejudicados quando esses fatos começam a

acontecer.

Também podem ser consideradas como limitação do modelo informativo-

contábil as transações entre partes relacionadas. Segundo Iudícibus, Martins e

Gelbcke (2000, p. 383), essas transações incluem “qualquer transferência de

recursos ou obrigações entre as partes relacionadas”.

Para Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 383),

a conceituação de partes relacionadas abrange toda entidade, física oujurídica, desde que haja qualquer vínculo entre as partes, o qual resulte emuma relação de dependência ou significativa influência, que permita achance de as negociações não se realizarem como se fossem com terceirosalheios à entidade.

O problema reside no fato de que essas operações podem modificar toda a

estrutura informacional das entidades envolvidas, visto que bons resultados ou maus

resultados, principalmente os maus, podem ser alterados pelas transferências de

ganhos e perdas entre elas.

Ainda é importante ressaltar que utilizar a informação contábil para a prática

do benchmarking pode ser arriscado, visto que não existem padrões e regras

contábeis internacionais para a evidenciação das transações. Essa inexistência de

padrões internacionais também pode comprometer a evidenciação nas empresas

que transacionam com empresas estrangeiras.

Outro fator importantíssimo é a questão da avaliação dos ativos intangíveis,

que encontra muita resistência por parte dos profissionais da contabilidade, tendo

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em vista a dificuldade de mensuração e por implicar em maior subjetividade nas

demonstrações contábeis.

Lev, citado por Szüster et al (2005, p. 22) “ressalta a necessidade do avanço

da contabilidade, em especial quanto ao reconhecimento do valor criado pelos ativos

intangíves idéias, marcas, maneiras de trabalhar, franquias cujo valor em muitas

empresas é superior aos ativos contabilizados”.

Paralelamente, Becker, Heselid e Ulrich (2001, p. 18) afirmam que

vivemos numa época em que um novo paradigma econômico –caracterizado pela velocidade, pela inovação, pela curta duração do tempodos ciclos, pela qualidade e pela satisfação dos clientes – acentua aimportância dos ativos intangíveis, tais como identificação da marca,conhecimento, inovação e, sobretudo, capital humano.

Não há dúvidas que as pessoas de negócios em geral reconhecem a

importância dos intangíveis nos mercados de hoje. Mas o gerenciamento desses

ativos é tarefa desafiadora. Para Becker, Heselid e Ulrich (2001, p. 26), “com a

ênfase da atual economia no conhecimento e nos ativos intangíveis, os sistemas

tradicionais realmente criam perigosas distorções nas informações”.

Terra (2000, p. 163) explica isso ao dizer que “os sistemas contábeis em

vigor refletem em grande medida, o passado, enquanto que a aquisição e a geração

de ativos intangíveis e baseados no conhecimento estão voltadas para o futuro”.

Dessa maneira, “fica claro que os sistemas contábeis atuais são

inadequados para tratar e medir o capital intelectual das empresas, pois têm foco

estritamente financeiro e baseados em transações” de acordo com Terra (2000, p.

164).

Esses e outros fatores implicam em um descrédito por parte dos usuários,

principalmente os gestores, em relação à contabilidade como sistema de

informações. Consequentemente, a maioria das empresas utiliza a contabilidade

apenas para atender às exigências legais e não como uma ferramenta para a

tomada de decisões.

Isso indica que, juntamente com as mudanças no mundo dos negócios, os

valores e as competências dos profissionais da contabilidade devem evoluir.

Para Moscove et al, citado por Barros (2005, p. 110), existem questões mais

relevantes para o futuro da profissão contábil que precisam ser discutidas:

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P O futuro sucesso da profissão depende do público perceber asqualificações e o papel dos contadores;P Os contadores precisam tornar-se orientados para o mercado e nãodepender de regulamentações para que continuem trabalhando;P O mercado demanda menos auditoria e contabilidade e mais serviços deconsultoria que agreguem valor;P A especialização é fundamental para a sobrevivência da profissão;P O mercado exige que os contadores sejam versados em práticas eestratégias globais de negócios.

De acordo com Barros (2005, p.111), o profissional contábil deverá “ser um

eterno aprendiz, ser capaz de utilizar as inovações tecnológicas que facilitam seu

trabalho, ser capaz de interagir com outros profissionais em busca da melhor

solução para a empresa, ser capaz de captar as interferências externas que influirão

internamente”.

Isso significa que a importância, relevância e valorização da contabilidade

enquanto sistema de informação dependerá, em grande parte, do conhecimento,

das habilidades e das atitudes de seus profissionais.

3.2. Adaptações e Evoluções da Contabilidade como Sistema de

InformaçãoPartindo dos aspectos apresentados como deficiências da Contabilidade

como Sistema de Informação Gerencial, é importante que se faça uma avaliação

sobre a contabilidade, com a finalidade de relacionar as possíveis evoluções e

adaptações ocorridas para que as informações pudessem ser realmente úteis aos

processos decisoriais de seus usuários.

Conforme Iudícibus (2004), de acordo com a história, pode-se afirmar que a

noção de conta e, portanto, de contabilidade seja, talvez, tão antiga quanto à origem

do homem. Alguns historiadores fazem remontar os primeiros sinais objetivos da

existência de contas aproximadamente a 4.000 anos antes de Cristo. Entretanto,

antes disto, o homem primitivo já estava praticando uma forma rudimentar de

contabilidade, ao inventariar o número de instrumentos de caça e pesca disponíveis,

ao contar seus rebanhos e contar suas ânforas de bebidas.

É possível localizar os primeiros exemplos completos de contabilidade, ainda

de acordo com Iudícibus (2004), seguramente, no quarto milênio a.C, entre a

civilização sumério-babilônica, no Egito e na China. Mas é provável que algumas

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formas rudimentares de contagem de bens tenham sido realizadas bem antes disto,

talvez por volta do sexto milênio a.C.

É claro que a contabilidade teve evolução relativamente lenta até o

aparecimento da moeda. Na época da troca pura e simples de mercadorias, os

negociantes anotavam as obrigações, os direitos e os bens perante terceiros, porém,

obviamente, trata-se de um mero elenco de inventário físico, sem avaliação

monetária.

Entretanto, como o homem sempre teve a preocupação com as

propriedades e a riqueza, ele teve de aperfeiçoar seu instrumento de avaliação da

situação patrimonial à medida que as atividades foram se desenvolvendo em

dimensão e em complexidade.

Assim, o grau de desenvolvimento das teorias contábeis e de suas práticas

está diretamente associado, na maioria das vezes, ao grau de desenvolvimento

comercial, social e institucional das sociedades, cidades ou nações.

De acordo com Sá (1997), os períodos evolutivos da história da

contabilidade são os seguintes: intuitivo-primitivo, racional-mnemônico, lógico

racional, literatura, pré-científico, científico e filosófico-normativo.

O primeiro período, o Período Intuitivo-Primitivo, é caracterizado por

manifestações rudimentares de arte e pré-escrita e relaciona-se com a memória

rudimentar da riqueza.

O Período Racional-Mnemônico está ligado aos primeiros sinais objetivos da

existência de contas, com o estabelecimento de métodos de organização da

informação e de disciplina de registros, aproximadamente a 4.000 anos a.C.

No Período Lógico-Racional, que se considera a partir da segunda metade

do século XI, houve a preocupação com a evidência de causa e efeito dos

fenômenos organizados em sistemas primários e também se deu início ao método

das partidas dobradas.

Foi no Período da Literatura, que teve ensaio a partir do século XI, o berço

no mundo islâmico, acelerou-se no ocidente e definiu-se a partir do século XV, que

ocorreu a difusão do conhecimento através de matéria escrita, objetivando ensinar

como realizar os registros e demonstrações.

Enquanto isso, o Período Pré-Científico, que começou a se apresentar a

partir dos fins do século XVI e se prolongou, sempre em etapas evolutivas, até o

início do século XIX, foi marcado pela formação das primeiras teorias empíricas. Foi

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um período em que, nas palavras de Sá (1997, p. 16), “a intensa busca de

raciocínios, definições e conceitos em matéria não só de registros, mas,

especialmente, de fatos ou ocorrências com a riqueza ensejou a disciplina das

contas”.

Por outro lado, o Período Científico, que começa a ser vivido a partir das

décadas do século XIX, constitui-se no período da História das Doutrinas, onde

apareceram as primeiras obras científicas e foram estabelecidas as bases das

escolas de pensamento contábil.

Para Sá (1997, p. 61), as principais escolas “são as seguintes: Materialismo

Substancial, Personalismo, Controlismo e Neocontismo, Reditualismo, Aziendalismo

e Patrimonialismo”.

E, finalmente, o Período Filosófico-Normativo é o da atualidade e começou a

ser vivido a partir da década de 50 do século XX, onde “a preocupação de

normalizar as informações e de penetrar na interpretação conceptual definiu bem as

áreas da informação disciplinada e do entendimento profundo e holístico dos

fenômenos patrimoniais”, conforme Sá (1997, p. 16).

Com tudo isso, é possível perceber que a contabilidade evoluiu ao passo

que foi se adaptando às necessidades de informações de seus usuários.

Por exemplo, o conceito de depreciação tornou-se significativo a partir da

Revolução Industrial devido ao sistema fabril e à produção em massa que fez com

que a utilização das máquinas fosse considerada como custo da produção.

Por outro lado, o sistema de contabilidade de custos estruturou-se à medida

que a necessidade de informação sobre os custos de produção e os custos a serem

atribuídos à avaliação de estoques aumentava.

Da mesma forma, as exigências de maior volume de capital trouxeram a

necessidade de que a contabilidade elaborasse relatórios para que os proprietários

ausentes acompanhassem seus negócios e também conduziram à criação das

sociedades por ações e, consequentemente, após algum tempo, à auditoria.

Outro fator que merece destaque é a equivalência patrimonial que foi uma

adaptação necessária para a melhor avaliação do patrimônio que passou a assumir

uma maior complexidade quando da inserção das negociações de ações em Bolsas

de Valores.

Também é importante mencionar que o conceito de consolidação decorreu

da necessidade de neutralizar ou evidenciar com maior clareza os resultados obtidos

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Page 31: 107

com transações entre empresas relacionadas, protegendo assim o pequeno

acionista e melhorando a accountabilty e disclosure.

Por sua vez, o conceito de capital intelectual está se definindo mais

recentemente visto que o diferencial das empresas na realidade atual, a era do

conhecimento, está no valor que somente o conhecimento das pessoas pode

proporcionar.

Assim, quando se trata de evolução e adaptação, é possível notar que as

diversas áreas de especialização da Contabilidade contribuem para o

aprimoramento das informações para que estas possam ser realmente úteis aos

processos decisoriais de seus usuários. Dentre essas áreas, podem ser citadas a

Análise de Balanços, a Auditoria, a Contabilidade de Custos e a Controladoria.

Dessa maneira, o objetivo desse tópico é o estudo das adaptações e

evoluções que a contabilidade tem apresentado com o fim de gerar informações

consistentes para as tomadas de decisões.

3.2.1. Análise das Demonstrações Contábeis

A Análise de Balanços está associada à interpretação dos dados contábeis

expostos nos relatórios contábeis tradicionais, tendo como objetivo gerar

informações que auxiliem no processo decisório.

Segundo Padoveze (1997, p. 124), “análise de balanço constitui-se num

processo de meditação sobre os demonstrativos contábeis, objetivando uma

avaliação da situação da empresa, em seus aspectos operacionais, econômicos,

patrimoniais e financeiros”.

Mas, de acordo com Iudícibus (1998, p. 21), a análise de balanços somente

tem valor à medida que o analista:

P Estabeleça uma tendência dentro da própria empresa;P Compare os índices e relacionamentos realmente obtidos com osmesmos índices e relacionamentos expressos em termos de metas;P Compare os índices e relacionamentos com os da concorrência, comoutras empresas de amplitude nacional ou internacional.

A análise de balanços é basicamente composta de análise vertical, análise

horizontal, indicadores econômico-financeiros e avaliação final.

Através da análise vertical é possível saber a participação de cada item do

balanço patrimonial e da demonstração de resultados em relação ao total. Para

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Padoveze (1997, p. 127), esta seria a “análise da estrutura da demonstração de

resultados e do balanço patrimonial, buscando evidenciar as participações dos

elementos patrimoniais e de resultados dentro do total”.

Já a análise horizontal proporciona o conhecimento da variação de cada

item patrimonial de determinado período para outro subsequente. Ou seja, esta

técnica, nas palavras de Padoveze (1997, p. 134), “é o instrumental que calcula a

variação percentual ocorrida de um período para outro, buscando evidenciar se

houve crescimento ou decrescimento do item analisado”.

Enquanto isso, os indicadores econômico-financeiros são cálculos

matemáticos efetuados utilizando elementos do balanço e da demonstração de

resultados, objetivando evidenciar a situação da empresa em seus aspectos

patrimoniais, financeiros e de rentabilidade.

Padoveze (1997, p. 140) resume o objetivo da análise através de índices:

“detectar situações, verificar a tendência dos acontecimentos e dar subsídios para

que a administração da companhia enfatize os esforços corretivos nas direções

necessárias”.

A análise de balanços resume-se no relatório final, onde o analista procura

demonstrar uma conclusão sobre a situação da empresa baseado na análise

vertical, na análise horizontal e nos indicadores.

Dessa forma, a Análise de Balanços tem grande utilidade ao proporcionar o

entendimento dos relatórios contábeis e, principalmente, ao auxiliar no processo de

gestão evidenciando uma visão real das operações e do patrimônio da empresa,

permitindo a tomada de medidas corretivas do rumo dos negócios, se as conclusões

do acompanhamento analítico exigir.

3.2.2. Auditoria

A auditoria contábil possibilita a avaliação das demonstrações contábeis da

entidade verificando se estas foram feitas em conformidade com os princípios

fundamentais da contabilidade, aplicados uniformemente durante os períodos, e se

realmente representam a situação patrimonial bem como os resultados das

operações da empresa.

Para Crepaldi (2000, p. 29) a auditoria traz as seguintes vantagens para a

administração da empresa:

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P Fiscaliza a eficiência dos controles internos;P Assegura maior correção dos registros contábeis;P Opina sobre a adequação das demonstrações contábeis;P Dificulta desvios de bens patrimoniais e pagamentos indevidos dedespesas;P Possibilita apuração de omissões no registro das receitas, na realizaçãooportuna de créditos ou na liquidação oportuna de débitos;P Contribui para a obtenção de melhores informações sobre a real situaçãoeconômica, patrimonial e financeira das empresas;P Aponta falhas na organização administrativa da empresa e nos controlesinternos.

Em geral, a auditoria procura esclarecer se os registros contábeis e as

demonstrações de uma empresa são confiávies para as tomadas de decisões de

seus usuários.

Além da auditoria contábil existem a auditoria operacional e a auditoria de

gestão que estão relacionadas ao processo de avaliação dos processos e resultados

exercidos em linhas de negócios, produtos e serviços da empresa. A diferença

reside no fato de a auditoria operacional estar ligada ao binômio passado/presente,

enquanto a auditoria de gestão relaciona-se com o binômio presente/futuro.

De acordo com Gil (2000, p. 21), na auditoria operacional “a formatação do

ponto de controle e as recomendações quanto a sua operacionalização atacam

causas e conseqüências de uma situação/ambiente estático/predefinido e que não

foi alcançado ou cumprido”.

Já na auditoria de gestão, ainda em conformidade com Gil (2000, p. 22),

“novos enfoques/tecnologias/maneiras de operacionalização são estudados e

definidos hoje para serem praticados no horizonte futuro”, onde “o próprio sistema

empresarial é reestruturado e reformatado com modificações em normas formais e

informais nas linhas de negócios/produtos/serviços”.

Também existe a auditoria de sistemas que está ligada à avaliação da

qualidade dos dados e da informação e dos sistemas que a geram e mantêm, em

termos de segurança, confiabilidade e eficiência.

Existe, ainda, a auditoria da qualidade que objetiva verificar se as atividades

previstas no sistema de qualidade são suficientemente adequadas para satisfazer o

que foi previsto no planejamento da qualidade e para atingir os objetivos da

qualidade estabelecidos pela empresa.

Nas palavras de Reis (1995, p. 109),

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A auditoria da qualidade é um dos elementos componentes das normas ISO9001, 9002 e 9003, sendo considerado um dos mais importantes de umSistema da Qualidade, na medida em que é através dele que aadministração efetua o acompanhamento e garante que o sistema daqualidade está de acordo com os objetivos estabelecidos na Política daQualidade da empresa.

Em outras palavras, a auditoria de qualidade tem a finalidade de determinar

em que grau os requisitos do sistema de gestão da qualidade foram atendidos e as

suas constatações servem de base para avaliar a eficácia do sistema de gestão da

qualidade e para identificar oportunidades de melhoria.

Dessa forma, a auditoria pode ser considerada como um elemento

fundamental no sistema de informações, medição de desempenho e prestação de

contas da administração.

3.2.3. Custeio Direto ou Variável

Ao contrário do custeio por absorção, onde todos os custos de produção são

alocados aos produtos elaborados, no custeio variável só são alocados aos produtos

os custos e as despesas variáveis, sendo que os custos fixos são considerados com

despesas do período.

De acordo com Padoveze (1997, p. 239), “o custeio por absorção veio a ser

utilizado mais em razão dos critérios de avaliação de inventários do que das

necessidades gerenciais da empresa”.

Ou seja, esse método é utilizado devido às exigências fiscais e porque está

de acordo com os princípios da contabilidade, mas, como disse Martins (2003, p.

197), não possui “grande utilidade para fins gerenciais no uso de um valor em que

existam custos fixos apropriados”.

Consequentemente, para fins gerenciais esse método de custeio se

apresenta com algumas vantagens como mensuração objetiva do custo dos

produtos, não alteração do resultado final por mudanças de aumento ou redução de

inventários e correspondência direta aos dispêndios necessários para manufaturar

os produtos, o que implica em planejamento de lucro e tomadas de decisões com

mais clareza.

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3.2.4. Custeio Baseado em Atividades (ABC) e Gestão Baseada em Atividades

(ABM)

Um método de custeio que pode oferecer condições de se atender às

exigências legais com o mínimo de arbitrariedade no tratamento dos custos indiretos

é o Custeio Baseado em Atividades (Activity Based Costing) ao atribuir primeiro os

custos dos produtos às atividades que os utilizam e, posteriormente, alocando os

custos dessas atividades aos produtos e serviços através dos direcionadores de

custos.

Padoveze (2003, p. 331), define o ABC como “um método de custeamento

que identifica um conjunto de custos para cada evento ou transação (atividade) na

organização que age como um direcionador de custos”.

O ABC é a base para a Gestão Baseada em Atividades (Activity Based

Management) que, de acordo com Atkinson et al (2000, p. 53) pode ser definida

como “um processo administrativo que usa a informação fornecida por uma análise

dos custos baseados em atividades para melhorar a lucratividade da empresa”.

Ainda conforme Atkinson et al (2000, p. 54), esse modelo de gestão “inclui

esforços atuais de reengenharia e de melhoria nos processos e investe em novas

tecnologias que reduzem o custo de executar atividades críticas”.

Assim, a ABM inclui tomadas de decisões como modificação de preços, mix

de produtos e mix de clientes, aprimoramento de produtos e serviços, execução de

atividades com eficiência e exclusão de atividades que não criam valor para os

clientes. Ou seja, a ABM tem como meta satisfazer as necessidades dos clientes ao

mesmo tempo em que diminui a demanda de recursos organizacionais.

3.2.5. Gestão pela Qualidade Total (TQM)/Controladoria

A Gestão pela Qualidade Total (Total Quality Management) está ligada à

busca da produção segundo especificações bem definidas com zero-defeito,

aumentando, dessa forma a produção, a satisfação do cliente e os lucros.

Para Atkinson et al (2000, p. 57), a TQM é uma “filosofia administrativa que

tenta eliminar todos os defeitos, desperdícios e atividades que não adicionam valor

aos clientes”, onde os solucionadores de problemas são os funcionários da

empresa.

De acordo com Johnson (1994, p. 10), “as informações gerenciais oriundas

dos clientes e dos processos ajudam as empresas a atingir esses imperativos,

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dando aos funcionários poderes para resolver problemas, e a aperfeiçoar

constantemente os resultados de processos focalizados nos clientes”.

Nesse modelo de gestão, todo o pessoal é movido por uma forte missão

focalizada no cliente o que faz com que exista uma busca pelo processo de

aperfeiçoamento.

Em resumo, a Gestão pela Qualidade Total busca aumentar a produtividade,

reduzir os custos de refugo e retrabalho, aumentar a confiabilidade do produto,

reduzir o tempo de lançamento de novos produtos, reduzir os problemas ligados ao

serviço ao cliente e aumentar a vantagem competitiva, através dos funcionários que

devem se encarregar de identificar os problemas e esquematizar e aplicar soluções.

3.2.6. Benchmarking/Controladoria

O maior propósito do benchmarking é ganhar vantagem competitiva, onde as

empresas procuram encontrar exemplos de desempenho superiores e compreender

os processos e as práticas que influenciam esse tipo de resultado.

Em outras palavras, o benchmarking “objetiva maximizar a utilização do

tempo e minimizar a utilização de recursos em pesquisas e desenvolvimentos de

produtos e serviços, possibilitando a busca constante e insaciável de novos

processos, com maior qualidade”, segundo Schimidt, Santos e Martins (2006, p.

152).

Para motivar os funcionários, a empresa deve acreditar que a necessidade

de mudança existe, determinar o que deve ser mudado e criar um quadro de

resultados desejados.

Oliveira, J. F., (2005, p. 106) afirma que o benchmarking atende esses três

requisitos:

Identificando as diferenças entre a empresa e os seus concorrentes, criauma necessidade. Ajudando a entender como as líderes do setor fazem otrabalho, permite a identificação de o que deverá ser mudado. Revelando oque outras empresas fizeram, motivará os funcionários com metas eestratégias que orientem seus esforços.

Dessa forma, o benchmarking está associado à melhora do desempenho, à

obtenção de uma vantagem competitiva e ao aumento do aprendizado empresarial.

Também é importante ressaltar que o benchmarking, de acordo Oliveira, J.

F., (2005, p. 107), “possui um diferencial frente ao planejamento estratégico, por

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procurar, além de suas próprias operações ou industrializações, fatores-chaves que

influenciem produtividade de resultados”.

Nesse contexto, o benchmarking “se destaca como um processo de medição

de desempenho eficaz e eficiente no acompanhamento, controle e avaliação

gerencial”, conforme Schimidt, Santos e Martins (2006, p. 151).

Perez Jr., Pestana e Franco (1995) consideram o benchmarking como uma

ferramenta voltada para o aperfeiçoamento da qualidade, aumento da eficiência e

redução de custos utilizada pela controladoria de gestão.

Assim, de acordo com Perez Jr., Pestana e Franco (1995, p.179),

a Controladoria possibilita a avaliação e mensuração das alternativas debenchmarking, traduzindo em números as decisões gerenciais e cuidandopara que as mesmas tragam resultados aos negócios da empresa eassegurem a eficácia da gestão e do desempenho dos gestores.

Resumindo, benchmarking é um processo contínuo de comparação dos

produtos, serviços e práticas empresarias entre os mais fortes concorrentes ou

empresas reconhecidas como líderes para identificar o melhor do melhor e alcançar

um nível de superioridade ou vantagem competitiva.

3.2.7. Reengenharia e Downsizing/Controladoria

A reengenharia está ligada a uma reformulação radical dos processos

essenciais da empresa objetivando a melhora da produtividade, do tempo de ciclo e

da qualidade.

Para Polloni (2001, p. 135) “a reengenharia pode ser compreendida como

um conjunto de mudanças, seja nos processos de negócios, seja na estrutura global

de uma empresa, visando a obtenção de ganhos significativos na performance

competitiva”.

Um elemento capacitador da reengenharia é a tecnologia da informação, por

isso este processo geralmente vem acompanhado da redefinição da infra-estrutura,

dos padrões e da utilização da TI.

Perez Jr., Pestana e Franco (1995, p.177), mencionam que “é nesse ponto

que a Controladoria tem um papel importante no processo de implementação da

reengenharia, uma vez que os sistemas de informações estão sob seu domínio”.

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Através do planejamento estratégico, planejamento operacional e orçamento

empresarial, a Controladoria assegurará o cumprimento da missão da empresa e “o

orçamento empresarial será encerrado com números e valores esperados para a

nova organização que está sendo reprojetada”, ainda de acordo com Perez Jr.,

Pestana e Franco (1995, p.178).

Ao utilizarem a reengenharia, as empresas têm como metas o aumento da

produtividade, ter capacidade de oferecer respostas rápidas às solicitações do

mercado, o aperfeiçoamento dos serviços internos e externos de atendimento aos

clientes, a reestruturação de seus processos de fazer negócios e o aprimoramento

dos procedimentos de tomada de decisão.

A reengenharia e o downsizing apresentam certo grau de convergência, mas

enquanto a reengenharia focaliza os processos e tarefas que devem ser executados,

o downsizing propõe a eliminação de posições e níveis hierárquicos, simplificando a

estrutura organizacional.

Aplicado à gestão, o downsizing, de acordo com Oliveira, J. F., (2005, p.

109), “significa uma redução radical do tamanho da empresa, geralmente por meio

do delayering (redução dos níveis hierárquicos), bem como da venda ou na

terceirização de negócios não estratégicos”.

Dessa forma, no downsizing, que tem como principais vantagens a redução

de custos, a democratização do poder de decisão e o acesso imediato a novas

tecnologias, as empresas perdem em burocracia e ganham flexibilidade, o que

implica numa maior proximidade do mercado e do cliente.

Portanto, é importante ressaltar que, conforme dizem Perez Jr., Pestana e

Franco (1995), a reengenharia e o downsizing são ferramentas de gestão de

qualidade, controle da eficiência e redução de custos, mas que só podem ser

implementados com eficácia com a participação e o envolvimento da Controladoria.

3.2.8. Gestão Econômica (GECON)

O Sistema de Gestão Econômica tem como foco a gestão por resultados

econômicos e sua concepção holística decorre de uma interação multidisciplinar

com várias áreas do conhecimento: contabilidade/controladoria, administração,

economia, sistemas e finanças.

Nesse contexto, os gestores são considerados como pessoas de confiança

da empresa e como “donos” de seus negócios, o que promove uma motivação para

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que eles alcancem as metas estabelecidas para as suas áreas de atuação e,

consequentemente, da empresa como um todo. Isso leva a dizer que o resultado

econômico é decorrente das ações dos gestores.

Esse resultado obtido deve ser mensurado em quatro dimensões: dimensão

operacional, que diz respeito aos aspectos físicos dos eventos; dimensão

econômica, que se relaciona com os valores econômicos dos recursos consumidos

e dos produtos e serviços gerados; dimensão financeira, que está ligada ao fluxo de

caixa; dimensão patrimonial, que representa a mutação das contas patrimoniais.

Partindo da premissa que a correta mensuração do resultado deve ser

seguida de sua otimização, e considerando as palavras de Catelli (2001, p. 291) que

“a otimização de resultados pressupõe a identificação das alternativas de ação

disponíveis e a escolha das melhores alternativas”, o Gecon estabelece uma

seqüência de etapas fundamentais que compõem o processo de gestão. Esta

seqüência pode ser visualizada, de forma resumida, na figura abaixo:

PROCESSO DE GESTÃO

SISTEMA FÍSICO-OPERACIONAL

PRODUTOS/SERVIÇOS

MISSÃO, CRENÇAS E VALORES MODELO DE GESTÃO

SISTEMA DE GESTÃO. EFICÁCIA. RESULTADO

AÇÕESCORRETIVAS

DIRETRIZESESTRATÉGICAS

PLANO DELONGO E MÉDIO

PRAZOSPROGRAMA TRANSAÇÕES

OTIMIZAÇÃO DECADA NEGÓCIO/

EVENTO

CORREÇÃO DE"RUMOS"

DECISÕES: SIMULADAS/PLANEJADAS/REALIZADAS

SISTEMA SOCIAL

PLANEJAMENTOESTRATÉGICO

PLANEJAMENTODE LONGO E

MÉDIO PRAZO

PLANEJAMENTODE CURTO PRAZO EXECUÇÃO CONTROLE

ASSEGURAR OCUMPRIMENTODA MISSÃO E ACONTINUIDADE

OTIMIZAÇÃO DODESEMPENHO NOMÉDIO E LONGO

PRAZOS

OTIMIZAÇÃO DODESEMPENHO NO

CURTO PRAZO

SISTEMA DE COMUNICAÇÃO/INFORMAÇÃOSISTEMA ORGANIZACIONAL

ATIVIDADE/PRODUÇÃORECURSOS

Figura 5: Sistema de Gestão. Eficácia. ResultadoFonte: CATELLI (2001, p. 294)

O resultado otimizado precisa ser efetivado, e a efetivação é possibilitada

pelas informações gerenciais. Nesse sentido, Catelli (2001, p. 295) afirma que “é

necessário o desenvolvimento de sistemas de informações gerenciais que garantam

o suporte requerido à atuação gerencial preconizada”. Assim, “para cada fase do

processo de gestão, é estruturado um subsistema de informação que atenda às

características específicas da tomada de decisão”, ainda de acordo com Catelli

(2001, p. 295).

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Dessa forma, no que diz respeito às informações, Catelli (2001, p. 285)

resume da seguinte forma: o Gecon “objetiva, essencialmente, sua consistência, a

confiabilidade e a oportunidade, propiciando maior nível de delegação de autoridade

sem perda de controle”.

3.2.9. Balanced Scorecard (BSC)/Controladoria

O Balanced Scorecard está associado à mensuração do desempenho

através da tradução da missão e da estratégia empresarial em objetivos e medidas

sob quatro de perspectivas: financeira, clientes, processos internos e aprendizado e

crescimento.

Schimidt, Santos e Martins (2006, p. 73) afirmam que o Balanced Scorecard

é um conjunto de medidas que “devem estar coerentes com as estratégias da

empresa de forma a alinhar iniciativas individuais, organizacionais e

interdepartamentais, com a finalidade de garantir o seu alcance, atingindo o ótimo

global”.

O BSC funciona da seguinte maneira, de acordo com o que explica Soares,

citado por Schimidt, Santos e Martins (2006, p. 73):

A partir da visão estratégica da empresa são derivados objetivosestratégicos. Esses objetivos focalizam a empresa sob as perspectivas,transformando-se em objetivos. Para cada objetivo são definidosindicadores com metas alinhadas às iniciativas. A realização das iniciativaspropostas garante o atingimento da meta e, por conseqüência, do objetivode longo prazo da empresa.

Conforme Kaplan e Norton (1997, p. 26), “as medidas financeiras de

desempenho indicam se a estratégia de uma empresa, sua implementação e

execução estão contribuindo para a melhoria dos resultados financeiros”.

Já na perspectiva do cliente, Kaplan e Norton (1997, p. 26) ressaltam que o

BSC “permite que os executivos identifiquem os segmentos de clientes e mercados

nos quais a unidade de negócios competirá e as medidas do desempenho da

unidade nesses segmentos-alvo”.

Por outro lado, Kaplan e Norton (1997, p. 27) evidenciam que “as medidas

dos processos internos estão voltadas para os processos internos que terão maior

impacto na satisfação do cliente e na consecução dos objetivos financeiros da

empresa”.

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Enquanto isso, ainda de acordo com Kaplan e Norton (1997, p. 29), a

perspectiva do aprendizado e crescimento “identifica a infra-estrutura que a empresa

deve construir para gerar crescimento e melhoria a longo prazo” e provêm de três

fontes principais: pessoas, sistemas e procedimentos organizacionais.

Assim, o Balanced Scorecard é importante porque permite o

acompanhamento do desempenho financeiro por parte das empresas, ao mesmo

tempo em que monitora “o progresso na construção de capacidades e na aquisição

dos ativos intangíveis necessários para o crescimento futuro”, nas palavras de

Kaplan e Norton (1997, p. 2).

O Sistema Informativo Contábil pode incorporar ou incorpora a Análise das

Demonstrações Contábeis, a Auditoria, o Custeio Direto ou Variável, o Custeio

Baseado em Atividades, a Gestão Baseada em Atividades, a Gestão pela Qualidade

Total, o Benchmarking, o Downsizing, a Reengenharia, a Gestão Econômica e o

Balanced Scorecard como seus subsistemas ou ferramentas que auxiliem na gestão

da qualidade, no controle da eficiência e na redução de custos, visto que os

Sistemas de Informações Gerenciais, de acordo com Perez Jr., Pestana e Franco

(1995, p. 31),

trazem benefícios para a empresa à medida que otimizam o processo degestão, reduzem os custos das operações, permitem a melhoria no acessode informações, a rapidez na tomada de decisões, o aumento daprodutividade e a eficiência das gestões, a tomada de decisões e a melhoriados resultados econômicos, financeiros e operacionais.

Mas é importante ressaltar que eles devem ser aplicados de acordo com a

estrutura de cada entidade, e que eles são complementares, não significando que se

deve utilizar apenas um deles em cada organização.

Isso significa que o profissional da contabilidade, enquanto gestor desse

Sistema de informação Contábil, deve estar apto para entender as necessidades de

cada empresa, baseando-se em suas características peculiares, para proporcionar

aos seus gestores as informações precisas para as tomadas de decisões, através da

utilização dessas ferramentas que devem ser adequadas à realidade de cada

entidade.

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4. CONCLUSÃO

A partir da realização do estudo é possível identificar que muitos usuários

têm suas necessidades esquecidas ou não consideradas quando da normatização

contábil.

Dessa forma, muitas decisões não encontram na contabilidade societária

respaldo informacional suficiente para que sejam efetivas.

Apesar disso, o conceito de sistema de informações preconiza um conjunto

mais amplo de instrumentos do que simplesmente a contabilidade societária.

Esses instrumentos têm surgido com o passar dos anos a partir das

diferentes necessidades e mudanças ambientais do sistema empresarial.

Como contrapartida a essa demanda, as adaptações ocorridas nos

instrumentos contábeis gerenciais têm sido incorporadas ao conhecimento contábil

e, como tal, aos sistemas de informações contábeis.

Com essa concepção, pode-se afirmar que a contabilidade mantém sua

relevância ao agregar e consolidar diversas áreas especializadas de conhecimento

para poder suprir seus usuários com informação tempestiva, útil, confiável,

compreensiva e comparável.

Todavia, neste trabalho não foi observado o grau de utilização da informação

contábil, uma vez que este objetivo não foi proposto no escopo desta pesquisa.

Porém é um tema muito interessante para que se dê continuidade à investigação a

fim de identificar possíveis ações de melhoria.

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