1026_manual de corte_ traÇamento e seguranÇa (ift)

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Man u al

T c n i c o

2

Manejo de da

FLORESTAS NATURAISMarlei M. Nogueira Valderez Vieira Arivaldo de Souza Marco W. Lentini

CORTE, TRAAMENTO E SEgURANA.

AMAZNIA

Manual Tcnico 2 - IFT

Manejo de Florestas Naturais da AmazniaCorte, traamento e segurana

Marlei M. Nogueira Valderez Vieira Arivaldo de Souza Marco W. Lentini

Belm, 2011

Copyright 2010 by IFT AutoresTcnico Agrcola Instrutor snior do IFT

Marlei M. Nogueira

Valderez VieiraOperador-Instrutor do IFT

Operador-Instrutor do IFT

Arivaldo de Souza Marco W. Lentini

Engenheiro Florestal, M.Sc. em Economia Florestal Secretrio Executivo do IFT

Projeto Grfico, Editorao Eletrnica e Capa Luciano Silva e Roger Almeida www.rl2design.com.brMarlei M. Nogueira Alessandro Filizola

Ilustraes

Marlei M. Nogueira

Fotos

DADOS INTERNACIONAIS PARA CATALOGAO NA PUBLICAO (CIP) DO DEPARTAMENTO NACIONAL DO LIVRO

M274m Manejo de florestas naturais da Amaznia: corte, traamento e segurana / Marlei M. Nogueira; Valderez Vieira; Arivaldo de Souza; Marco W. Lentini. Belm, PA: Instituto Floresta Tropical, 2011. 144p. (Manual tcnico, 1 - IFT) ISBN 978-85-63521-02-6 1. FLORESTAS NATURAIS 2. MANEJO FLORESTAL 3. CORTE DE RVORES 4. TRAAMENTO DE RVORES 5. SEGURANA NO TRABALHO 6. AMAZNIA I. Nogueira, Marlei M. II. Vieira, Valderez W. III. Souza, Arivaldo de IV. Lentini, Marco W. VI. Instituto Floresta Tropical IFT. VII. Ttulo. CDD: 331.2596

Os dados e opinies expressas neste trabalho so de responsabilidade dos autores e no refletem necessariamente a opinio dos financiadores deste estudo.

Agradecimentos

O

s autores gostariam de agradecer a diversos profissionais que contriburam para o desenvolvimento dos princpios envolvidos neste trabalho, tanto com sugestes tcnicas e editoriais durante a reviso do manual como com contribuies operacionais no CMF Roberto Bauch, incluindo: Equipe tcnica do IFT

Adalberto Francisco Ramos Ana Luiza Violato Espada Rone Parente Joo Adriano Iran P. Pires Paulo G. Bittencourt Larissa Anne Stoner Greice Ferreira Johan C. Zweede

Operador-instrutor Engenheira de Projetos Tcnico-Intrutor Tcnico-Intrutor Coordenador Operacional Coordenador Operacional Adjunto Vice Secretria Executiva Coordenadora Administrativa Membro fundador e consultor

Ex-colaboradores do IFTGeysa Corra Maximiliano Roncoletta Ex-coordenadora de cursos do IFT Ex-gerente operacional do IFT

Colaboradores da Cikel Brasil Verde trabalhando no CMF Roberto BauchZenilton Borba do Amaral Sebastio da Silva Abreu Vicente Silva da Costa Ajudante e operador de motosserra Ex-colaborador, trabalhou como ajudante Ex-colaborador, trabalhou como ajudante

Prefcio

O

Instituto Floresta Tropical, doravante apenas IFT, um centro de excelncia na promoo e aprimoramento das boas prticas de manejo florestal na Amaznia Brasileira. Nasceu a partir do trabalho da Fundao Floresta Tropical (FFT), uma subsidiria da organizao no governamental Tropical Forest Foundation, com sede nos Estados Unidos. Desde 2006, o IFT tambm foi reconhecido pelo Governo Brasileiro como uma OSCIP, ou organizao da sociedade civil de interesse pblico. Nestes 17 anos de existncia, o IFT busca cumprir sua misso atravs de trs estratgias bsicas: capacitao e treinamento, extenso e sensibilizao em manejo florestal e pesquisa aplicada. O trabalho do IFT parte da premissa de que, para que a sociedade possa oferecer aos produtores florestais oportunidades justas, os investimentos no fomento s atividades sustentveis so to importantes quanto os investimentos voltados ao controle da ilegalidade. Tais iniciativas so de suma importncia considerando que o setor florestal amaznico passa hoje por um momento de transio. At este momento, o setor florestal operou majoritariamente como um catalisador do desmatamento e da degradao dos recursos florestais da regio, impulsionado pelo comando e controle deficientes, falta de planejamento pblico e de ordenamento territorial, escassez de recursos humanos e equipamentos para executar as boas prticas, e abundncia de incentivos perversos em direo informalidade. Entretanto, a Amaznia passa hoje por um momento decisivo marcado pelos avanos no monitoramento estratgico das atividades ilegais e pelas oportuni-

dades oferecidas para o aumento do controle sobre os recursos pblicos diante da Lei de Gesto de Florestas Pblicas. Mas, para que a Amaznia possa se beneficiar plenamente destas oportunidades, a capacidade endgena da regio de produzir mo de obra especializada para implementar as boas prticas de manejo florestal precisa aumentar muito nos prximos anos. Sem isso, os demais instrumentos para monitorar, controlar e ordenar atividades sustentveis podem ser ineficazes. Alm disso, o manejo florestal precisa continuar a ser aprimorado em direo sustentabilidade, aumentando sua atratividade econmica aos empresrios, adaptando tecnologias para emprego imediato por comunidades tradicionais e pequenos produtores rurais, e tornando-se um aliado dinmico da conservao. Considerando esse contexto, este segundo manual tcnico do IFT visa auxiliar na disseminao de informaes (prticas e tcnicas) relacionadas ao manejo florestal ao apresentar as melhores prticas para o corte de rvores em florestas naturais amaznica. Os instrutores do IFT sempre alimentaram a inteno de escrever sobre o corte florestal, mas at ento havia algumas questes operacionais da atividade no completamente respondidas. A ideia do manual disseminar a experincia prtica adquirida e a vivncia operacional dos instrutores do IFT em diversos treinamentos ministrados na Amaznia Brasileira e algumas regies da Amaznia Peruana e Boliviana. Eventuais dvidas, sugestes e crticas a este material podem ser endereadas aos autores atravs do e-mail [email protected].

SumrioO manejo de florestas naturais da amaznia .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 10 Resumo do manual .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 14 Introduo ao corte de rvores com motoserra . .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 16 CAPTULO 1: Introduo atividade de corte em florestas naturais da Amaznia .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. Formao de Equipe para o corte. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. Mapas utilizados no corte de rvores .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. Fases operacionais da atividade de corte em floresta natural . .. .. 1. Escolhendo a primeira rvore a ser derrubada na operao .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 2. Avaliao da rvore selecionada para o abate e o teste do oco .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 3. Analisando a queda natural da rvore selecionada para definir a queda direcionada . .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 4. Retirada da plaqueta de identificao da rvore a ser abatida. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 5. Limpeza do tronco da rvore e da zona de operao .. .. .. .. 6. Abertura das rotas de fuga .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 7. Corte de rvores com a aplicao das tcnicas do IFT . .. .. .. 8. Situaes especiais que devem ser observadas durante a atividade de corte .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 9. Colocando a plaqueta de identificao da rvore de volta ao toco . .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 10. Sinalizando a queda da rvore no mapa de corte e arraste .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 11. Traamento das copas e dos troncos das rvores exploradas .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..

19 20 25 28 28 30 33 41 42 43 45 45 48 49 50

CAPTULO 2: Tcnicas para o teste de oco em rvores selecionadas para corte .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. Tcnicas para o teste de oco com ngulo de ataque de 60 .. .. .. .. Tcnicas para o teste de oco com ngulo de ataque de 20 .. .. .. .. O segundo teste do oco .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. Um pouco sobre rebote de motosserras .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. CAPTULO 3: Tcnicas bsicas para o corte direcional de rvores em florestas naturais da Amaznia . .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. Corte Direcional .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. Corte Escadinha .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. Corte de abate em rvores que apresentam poucas sapopemas .. Tcnicas para rvores com tronco cilndrico e com sapopemas. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. BOX 1. As principais tcnicas de corte na explorao convencional. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. CAPTULO 4: Tcnicas especiais de corte de rvores em florestas naturais da Amaznia .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. BOX 2. Quem Valderez Vieira, Instrutor-Operador do IFT .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. Tcnica Corte Escada Cear (CEC) para rvores com inclinao superior a 20 graus .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. Corte direcional e abate .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. Tcnica do corte Escadinha (Degrau) para espcies de rvores que racham com facilidade. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. CAPTULO 5: Tcnicas de traamento de rvores em florestas naturais da Amaznia .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. Traamento em troncos deitados . .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. Traamento em toras apoiadas nas duas extremidades - Tipo ponte .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. Traamento em toras suspensas em uma das extremidades - Tipo suspenso .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. ..

52 53 54 55 56

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CAPTULO 6: Sade e segurana do trabalhador na atividade de corte .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 93 Pincpios gerais para a segurana e sade do trabalhador na atividade de corte .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 94 BOX 3: Formas de sinalizao das operaes florestais .. .. .. .. 96 Desenhando um Programa de Preveno de Riscos Ambientais (PPRA-NR-9) .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. 97 Os Equipamentos de Proteo Individual . .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . 102 Os itens de segurana da motosserra .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . 109 CAPTULO 7: Tcnicas de afiao manual de motosserras .. .. .. .. .. . 113 Introduo sobre a afiao dos dentes da corrente . .. .. .. .. .. .. .. . 113 Procedimentos tcnicos operacionais para afiao manual .. .. .. . 117 CAPTULO 8: leos e lubrificantes usados em motosserras .. .. .. .. . 123 Lubrificao do motor dois tempos .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . 123 Recomendaes tcnicas para mistura de combustvel utilizando o leo dois tempos .. .. .. .. .. .. .. .. .. .127 Lubrificao do conjunto de corte (corrente, sabre e pinho) .. .. . 129 CAPTULO 9: Programa de manuteno de motosserras . .. .. .. .. .. . 131 Algumas consideraes gerais sobre o programa de manuteno. . 136 ANEXOS .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . 137 Produtividade e custos operacionais de uma equipe de corte .. .. . 138 Recomendaes tcnicas para a confeco de cunha . .. .. .. .. .. .. . 140 Licenciamento de motosserras .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . 142

Glossrio de siglasAMF APP CA CAT CD CEC CE CMF DDS DMC DmC EC EIR EPI IBAMA rea de Manejo Florestal rea de Preservao Permanente Corte de Abate Comunicao de Acidentes do Trabalho Corte Direcional Corte Escada Ceara Corte escadinha Centro de Manejo Florestal Roberto Bauch Dilogo Dirio de Segurana Dimetro Mximo de Corte Dimetro Mnimo de Corte Explorao Convencional Explorao de Impacto Reduzido Equipamento de Proteo Individual Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renovveis IFT Instituto Floresta Tropical IN Instruo Normativa LER/DORT Leso por Esforo Repetitivo ou Distrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho MS Motosserra NR Norma Regulamentadora OSCIP Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico PMFS Pano de Manejo Florestal Sustentvel PPRA Programa de Preveno dos Riscos Ambientais QD Queda Direcionada QN Queda Natural RDSM Reserva de Desenvolvimento Sustentvel Mamirau RPM Rotaes por minuto SEMA Secretaria do Estado de Meio Ambiente SST Segurana e Sade do Trabalhador UMF Unidade de Manejo Florestal UPA Unidade de Produo Anual USAID Agncia Estadunidense para o Desenvolvimento Internacional UT Unidade de Trabalho

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O manejo de florestas naturais da AmazniaO manejo florestal inclui uma gama de objetivos e atividades, dependendo do proprietrio ou detentor da floresta. Pode incluir a explorao madeireira, assim como uma grande variedade de atividades florestais, entre as quais o manejo de frutos, resinas, leos e outros produtos da floresta, o manejo de Unidades de Conservao, os servios ambientais e a recreao. No restante do presente documento, entretanto, trataremos o manejo florestal como as aes de planejamento e tcnicas adequadas para a produo racional de produtos madeireiros. No manejo florestal, o manejador deve buscar continuamente a reduo dos desperdcios e o aumento da eficincia das operaes, favorecendo uma maior rentabilidade e menores impactos ecolgicos. O princpio que o manejo florestal deve garantir a produo sustentvel de produtos florestais sem ameaar a qualidade da floresta ou sua composio e diversidade no longo prazo, assim como seus processos e servios ecolgicos essenciais. Neste contexto, a explorao de impacto reduzido (EIR) um dos componentes do manejo florestal (Figura 1). Surgiu como uma alternativa explorao madeireira convencionalmente feita na Amaznia, de forma a amenizar os impactos das atividades operacionais da explorao florestal. Desde a dcada de 1990, diversos modelos de EIR tm sido implantados na Amaznia para observar seus benefcios e impactos em comparao explorao convencional, que realizada sem planejamento e sem o emprego de tcnicas adequadas.

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Figura 1. Vista area de uma rea manejada com EIR destacando seus princpios bsicos (Fonte: FFT/IFT, 1996).

Fonte: Dr. T. Holmes e colaboradores. 2002. O IFT realizou, em 1996, em parceria ao Servio Florestal Estadunidense, este estudo comparativo entre os custos, danos e desperdcios da explorao manejada e convencional, chamado Custos e benefcios nanceiros da explorao orestal de impacto reduzido em comparao explorao orestal convencional na Amaznia Oriental, que pode ser baixado gratuitamente na pgina do IFT (www.ift.org.br).1

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Em um estudo comparativo realizado em 1996 no Centro de Manejo Florestal Roberto Bauch/IFT, foram investigadas as diferenas entre os custos e benefcios da explorao madeireira manejada (Figura 2) e da explorao convencional1. Foi constatado neste estudo que, apesar da EIR apresentar custos com mo de obra e planejamento 31% maiores do que a explorao convencional, sua renda lquida era, em mdia, 19% maior. Isso ocorre devido falta de eficincia nas operaes convencionais causadas pela falta de planejamento. Primeiro, na ausncia de mapas detalhados mostrando a localizao de rvores, os tratoristas demoram mais para realizar o arraste das toras derrubadas, gerando despesas desnecessrias de combustveis, manuteno e depreciao de mquinas pesadas. De fato, os custos de arraste nas operaes manejadas mostraram-se neste estudo 39% menores. Em seguida, os desperdcios causados pela explorao manejada mostraram-se 78% menores do que na explorao con-

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vencional. Isto ocorre porque na operao convencional algumas rvores cortadas so deixadas na floresta, algumas rvores ocas so cortadas desnecessariamente, e o prprio corte de rvores causa maiores desperdcios de madeira devido ao desconhecimento sobre as tcnicas mais adequadas.

Figura 02. A atividade do manejo florestal com explorao de impacto reduzido (Fonte: IFT, s.d).

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Nos aspectos ecolgicos, a diferena entre a EIR e a explorao convencional tambm evidente. A EIR causa menos danos floresta, teanto em termos de espcies vegetais como animais, propiciando uma regenerao mais rpida aps a explorao. A proporo do terreno afetado por rvore derrubada na EIR mostrou-se 37% menor do que na explorao convencional. Alm disso, os danos fatais s rvores comercialmente valiosas remanescentes da explorao caram em 50% na EIR. Ou seja, em futuros ciclos de explorao, a EIR proporcionar um maior estoque de madeira comercial que poder ento ser explorado. Finalmente, florestas de produo manejadas atravs de EIR possuem um potencial de produzir benefcios sociais diretos muito maiores do que a explorao convencional. Primeiro, porque as operaes manejadas requerem 64% mais de mo de obra por unidade de volume de madeira, sendo que estes trabalhadores so treinados e possuem habilidades incomuns no sistema convencional. Segundo, o treinamento, alm de prover aos trabalhadores maiores possibilidades de ascenso social, comumente tambm traz maiores salrios devido ao aumento de sua qualificao. No manejo florestal, devido ao planejamento e diviso clara de funes, os riscos inerentes da atividade florestal tendem tambm a ser menores. Terceiro, as empresas que aprimoraram seu manejo florestal em direo certificao so obrigadas a ter maiores preocupaes com a segurana e a sade ocupacional. Alm disso, o manejo florestal tambm uma estratgia interessante de desenvolvimento rural em pequena escala para comunidades, assentados e extrativistas que residem nas florestas amaznicas.

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Resumo do manualEste manual voltado a gestores, profissionais liberais, tcnicos, engenheiros, instrutores de manejo florestal e coordenadores de campo envolvidos nas atividades de planejamento e execuo das atividades de corte e traamento de rvores em florestas naturais da Amaznia. Visa, inicialmente, apresentar as principais questes envolvidas no planejamento da atividade, incluindo o uso de mapas, a preparao de equipes, os critrios para proteger a floresta e as rvores remanescentes, os principais regulamentos e legislao aplicveis e os principais passos a serem seguidos no intuito de conciliar a mxima produtividade, os menores danos ambientais e os menores riscos aos trabalhadores. Nos captulos subsequentes, o manual discute as principais tcnicas para o corte e traamento de rvores em condies tpicas, assim como em algumas condies especiais. O manual discorre, finalmente, sobre as recomendaes tcnicas ligadas a sade e segurana no trabalho, a afiao do conjunto de corte, a manuteno de motosserras e o uso de lubrificantes adequados. sempre importante frisar que este e outros manuais tcnicos do IFT no foram criados para dispensar a necessidade de consulta a profissionais especializados em diversos temas na rea florestal ou para substituir a necessidade de treinamento dos trabalhadores envolvidos na explorao. Em vez disso, tais manuais visam complementar estas medidas e consolidar os conhecimentos adquiridos atravs de treinamento. Este fato particularmente importante no caso do corte e traamento de rvores, por se tratar da operao mais perigosa do manejo florestal e uma das atividades operacionais mais perigosas do mundo. Os gestores e coordenadores desta atividade devem ter este fato permanentemente em mente, e estar conscientes de que tm em suas mos uma grande responsabilidade. Oferecemos desta forma, uma lista bsica e no exaustiva

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das preocupaes mnimas que os gestores de manejo florestal, os tomadores de deciso e os coordenadores de atividades de corte precisam estar atentos; assuntos estes que sero abordados no restante deste manual. Treinamento dos operadores e trabalhadores envolvidos no corte; Experincia dos operadores em cortes que requerem maior percia; Inexistncia de incentivos perversos dentro do empreendimento para que os trabalhadores se exponham a riscos excessivos e causem maiores danos ambientais; Conscincia dos trabalhadores sobre os riscos das atividades e das razes para a adoo dos procedimentos do empreendimento; Estrutura logstica e de apoio apropriada, incluindo alojamentos, alimentao, transporte a campo, enfermaria e um plano de emergncia no caso de acidentes graves; Um plano de preveno de riscos ambientais montado; Equipamentos de proteo individual, adequados e eficientes; Motosserras operando dentro de sua vida til, equipadas com itens de segurana e com a manuteno em dia; Existncia de ferramentas, estrutura e materiais mnimos para a execuo da atividade, sinalizao das operaes e manuteno dos equipamentos; Conhecimento dos operadores e ajudantes sobre as necessidades bsicas de manuteno de equipamentos; Cargas de trabalho justas e que permitam a recuperao do trabalhador at o incio do prximo dia, o que inclui a existncia de pausas regulares durante o expediente; Autonomia dos trabalhadores para interromper a atividade em caso de riscos identificados; Existncia de registros histricos de acidentes de trabalho que permitam uma investigao das principais causas para sua ocorrncia.

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Introduo ao corte de rvores com motosserraA explorao de madeira ocorre na Amaznia desde o sculo XVII, a princpio restrita ao esturio do rio Amazonas e principais tributrios. Ao longo da maior parte deste perodo, e ainda nos dias de hoje nas regies estuarinas, o corte de rvores era realizado de forma manual, com o auxlio de machados e outros utenslios. Foi com a expanso da explorao madeireira para as florestas de terra-firme a partir de dcada de 1960, beneficiada pela construo das estradas federais na Amaznia, que um novo modelo de explorao se desenvolveu em uma escala muito superior ao at ento visto nas florestas estuarinas. Este modelo foi possvel graas a inovaes tecnolgicas, destacando a motosserra. Os primeiros registros de tentativas feitas pelo homem no uso de mquinas para o corte de rvores datam do perodo 1850-1880, na costa leste dos Estados Unidos da Amrica, atravs de um modelo rstico de motosserra movida a vapor. Inovaes importantes foram colocadas em teste em 1916, atravs de uma motosserra fabricada pelo engenheiro sueco Westfeld. Em 1924, esta mesma motosserra foi relanada com vrias melhorias, compreendendo um motor a gasolina a dois tempos e 5 CV de potncia. Sua corrente era constituda de dentes triangulares e acionamento direto, correndo sobre um quarto separado do conjunto motor. O maior problema enfrentado pelos projetistas, neste perodo especfico da histria, estava no conjunto de corte, que apresentava aquecimento e desgaste exagerado.

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Em 1927, na Alemanha, foi desenvolvida a motosserra Andreas Stihl utilizando como elemento de corte a corrente (cadeia) e como elemento motriz um motor a gasolina. Estas motosserras foram aceitas com certas ressalvas, pois eram muita pesadas (58kg), o que tornava difcil seu manuseio operacional, sendo necessrio duas pessoas para manej-las. Alm disso, no podiam ser utilizadas em qualquer posio por estar equipada com um carburador de boia. Apenas durante a 2 Guerra Mundial comearam a ser fabricadas motosserras que poderiam ser operadas por uma pessoa, com 16 kg. Com os avanos tecnolgicos e presso dos rgos reguladores, os fabricantes tiveram continuamente que investir em mquinas que pudesse atender a recomendaes relativas a segurana no manuseio e peso destes equipamentos (Figura 3).Figura 3. Evoluo das motosserras referentes aos requisitos crescentes de maior facilidade operacional e melhor segurana do trabalhador (fotos reproduzidas sob permisso da Stihl ferramentas mecanizadas).

Atualmente, existem motosserras leves, com alto poder de corte, sistema de amortecedores para diminuir a vibrao e vrios dispositivos de segurana para garantir a segurana do operador. Estima-se existir cerca de 50 fabricantes de motosserras no mundo, sendo a maioria localizada nos EUA, Alemanha, Sucia e Japo.

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Pequi - Caryocar villosum

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CAPTULO 1: Introduo atividade de corte em florestas naturais da AmazniaO corte de rvores a primeira atividade exploratria na Explorao de Impacto Reduzido (EIR), influenciando decisivamente no planejamento e na operao de arraste. Durante o corte, a equipe de trabalhadores responsvel pelos danos floresta e pelo aproveitamento de madeira, e por esta razo devem estar adequadamente capacitados. Alm disso, o corte uma operao de alto risco. O uso de tcnicas adequadas durante o corte importante por pelo menos trs razes importantes: Diminuir os danos causados floresta e s rvores remanescentes e os desperdcios de madeira; Eliminar os acidentes mais comuns na operao; Obter produtividade sem expor a equipe de corte a riscos excessivos. O planejamento do corte permite, portanto, uma anlise de fatores importantes da atividade, como a segurana da equipe, o nvel visado de qualidade do trabalho, a produo, o transporte da equipe e os materiais e equipamentos necessrios. Para garantir um bom gerenciamento de campo necessrio que o responsvel entenda e aplique as ferramentas administrativa e operacionais, que abrangem diversos elementos que auxiliam em uma explorao florestal, como:

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Gerenciais. As ferramentas gerenciais so importantes para o planejamento adequado da atividade, maximizando o desempenho e evitando acidentes e contratempos. Entre tais aspectos, esto: Gerenciamento da carga horria do trabalho, evitando cargas elevadas (> 8 horas por dia), que podem ser prejudiciais. Transporte adequado e seguro para a distribuio de pessoal e apoio atividade. Disponibilidade de equipamentos adequados, EPIs e peas para reposio. Alimentao de qualidade. Alojamento adequado da equipe de campo. Operacionais. O planejamento operacional composto por um conjunto de responsabilidades que a equipe de campo deve seguir, dentre as quais destacam-se: Utilizao do mapa de corte-arraste de forma a permitir um planejamento operacional adequado das atividades; Controle dos materiais necessrios para a execuo da atividade de corte; Veculo de apoio durante a atividade de corte; Plano de ao em caso de acidentes. Sinalizao da rea em processo de corte.

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FORMAO DE EQUIPE PARA O CORTEEm floresta nativa, seja de terra-firme ou vrzea, os empreendimentos florestais empresariais e comunidades montam suas equipes de acordo com suas necessidades operacionais e facilidade em conseguir mo de obra local, porm uma regra geral que essa atividade no seja realizada somente por uma pessoa.

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Essa regra visa maior segurana para trabalhos executados na floresta, em especial durante o corte, no qual os riscos operacionais so altos. De maneira geral, recomenda-se que as equipes sejam formadas por operadores de motosserra e ajudantes (ver as atribuies bsicas destas funes no Quadro 1). Nas operaes de corte e traamento de rvores, podem ser considerados trs diferentes tipos de equipes: 1+1 (Um operador de motosserra + um ajudante): Esta formao de equipe a mais comum no setor florestal, tendo como ponto negativo a sobrecarga do ajudante que carrega todo o material de corte, pesando aproximadamente 18 kg. Entretanto, esta modalidade apresenta custos reduzidos, garante uma boa produtividade e tem um nmero reduzido de pessoas, implicando em menores riscos de acidentes. 1+2 (Um operador de motosserra + um ajudante + um lder): Algumas empresas adotam esta equipe com trs pessoas para ter um controle maior das rvores derrubadas ou descartadas (rvores ocas, rvores menores do que dimetro mnimo de corte - DMC, qualidade de fuste errada, rvores em APPs, entre outras situaes). A funo do lder de tomar certas decises nestas ocasies, detendo um mapa de corte para localizar as rvores a serem derrubadas e posteriormente fazer a medio das toras que sero traadas. 2+1 (Dois operadores de motosserra + um ajudante): Essa terceira modalidade, testada por algumas empresas, apresentou custos altos e um rendimento proporcionalmente no satisfatrio. O maior benefcio desta modalidade a diviso do trabalho entre os operadores, sendo que no perodo da manh um opera-

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dor derruba e o outro faz o traamento de rvores, havendo uma inverso dos papis no perodo da tarde. Equipe de trabalho em comunidades. A formao da equipe de corte em empreendimentos comunitrios varia de acordo com fatores como o nmero de associados da comunidade, a distncia do projeto de manejo, a disponibilidade dos membros para a atividade e as caractersticas fsicas da floresta de produo (terra-firme ou vrzea). Como exemplo, no projeto de manejo florestal comunitrio na Reserva de Desenvolvimento Sustentvel Mamirau2, as equipes de corte so tipicamente formadas por 6-10 pessoas, sendo divididas nas seguintes funes: (i) um motosserrista, (ii) uma pessoa com a lista das rvores a serem exploradas e anotaes de campo; (iii) 4-8 pessoas revezando-se na limpeza da rvores a serem derrubadas, preparando a rvore para traamento e realizando a limpeza nas laterais para facilitar a retirada da rvore atravs dos canos dos rios. Idealmente, entretanto, recomendamos que se limite o nmero de pessoas em uma equipe de corte para um mximo de trs.

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A RDS Mamirau esta localizada no estado do Amazonas, na confluncia dos rios Japur, Solimes e Raul Atiparan, compreendendo uma rea de 1.124.000 ha de ecossistemas de vrzea. A reserva habitada por aproximadamente 5.300 pessoas, que sobrevivem da pesca, agricultura, extrao de madeira, artesanato e criao de pequenos animais. Em 1999 foram iniciadas as primeiras etapas para implantao de um modelo de manejo florestal madeireiro pelo Instituto Mamirau.2

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Quadro 1. Atribuies recomendadas dos membros da equipe de corte e traamento de rvores.Operador de motosserra - Lder de equipe; - Carregar a motosserra, a chave combinada e de regulagem; - Realizar a afiao dos dentes da corrente; - Realizar a manuteno diria e, em casos especiais, tambm a manuteno semanal e mensal da motosserra; - Avaliar a direo de queda levando em considerao os critrios de avaliao; - Aplicar as tcnicas de corte; - Orientar a construo dos caminhos de fuga; - Orientar o uso da cunha quando necessrio; - Realizar o traamento de acordo com as especificaes estabelecidas pelo empreendimento; - Avaliar os aproveitamentos de galhadas. Ajudante - Transportar a sacola com material (sabre reserva, martelo, marreta, cunha, kit de primeiros socorros, reservatrio de gasolina e leo para corrente, trena mtrica, lpis estaca quando necessrio, prego de reserva, etc.); - Localizar a rvore atravs dos mapas de corte - Realizar a limpeza do tronco para o teste de oco, para o corte e para o traamento da tora; - Abrir os caminhos de fuga; - Retirar a placa do inventrio do tronco e o recoloca no toco; - Colocar a cunha com o auxlio da marreta; - Reabastecer a motosserra; - Indicar o incio da queda ou avisa o operador sobre eventualidades durante o corte; - Indicar a direo de queda no mapa de corte e arraste.

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Principais materiais e equipamentos. Para conduzir e executar a atividade de corte necessrio que a equipe tenha disponvel os materiais e equipamentos listados no Quadro 2. Maiores detalhes sobre os EPIs necessrios, entretanto, sero apresentados no Captulo 6.

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Quadro 2. Principais materiais e equipamentos necessrios a equipe de corte e traamento de rvores.Material EPIs (operador e ajudante) Motosserra completa Sacola para material Chave combinada Finalidade Proteger o trabalhador, tambm exigidos pelo Ministrio do Trabalho (ver Captulo 6) Realizar o corte e traamento, assim como proteger o operador atravs dos itens de segurana obrigatrios (ver Captulo 6) Auxiliar o ajudante a carregar os materiais e equipamentos Auxiliar na retirada do sabre, a retirada da vela, no tencionamente da corrente. Auxiliar a retirar a motosserra quando esta fica aprisionada durante o corte e o traamento, ou para substituir estes itens quando ocorrem danos aos mesmos Afiar o dente da corrente e rebaixar o limitador de profundidade (guia). Verificar os ngulos dos dentes da corrente e auxiliar na manuteno no sabre Efetivar a limpeza na zona de operao, no tronco da rvore, a abertura das rotas de fugas etc. Retirar plaqueta da rvore e recoloc-la no toco aps a derrubada da rvore Posicionar a cunha para direcionar queda da rvore (ver Captulo 3) Aplicar as tcnicas de queda direcionada da rvore Transportar combustvel e leo da corrente, alm de oferecer menor esforo fsico e sobre carga ao ajudante Realizar os primeiros socorros quando ocorrer um acidente Utilizado pelo ajudante ou operador para alertar ou avisar de eventuais riscos operacionais durante a execuo operacional da atividade de corte Armazenar gua para a jornada de trabalho

Sabre e corrente reserva

Lima rolia e chata Calibrador de corrente Faco com bainha para operador /ajudante Martelo pequeno Marreta de 2 ou 2 kgMANEJO DE FLORESTAS NATURAIS DA AMAZNIA Corte, traamento e segurana

Cunha padro Carote ou tambor conjugado Kit de primeiros socorros Apito Garrafa de gua de 5 L

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Material Garrafa para gua e cantil Prancheta com lpis e borracha Mapa de corte Corda de seda Pregos Trena mtrica de 20 ou 30 m

Finalidade Transportar gua para a equipe Auxiliar nos trabalhos de controle da operao Possibilitar uma operao controlada e facilitar a localizao da rvore a ser cortada Retirar o sabre quando o mesmo fica aprisionado na rvore na finalizao dos cortes de abate Fixar a plaqueta no toco aps a derruba, sendo comum a perda de pregos durante a operao. Medir a tora para o traamentosegundo a bitola da indstria.

MAPAS UTILIZADOS NO CORTE DE RVORESO uso de mapas indispensvel na execuo do Manejo Florestal e EIR, sendo legalmente recomendado nos regulamentos e instrues normativas especficas. Especificamente para o corte, indispensvel o uso dos mapas na escala da Unidade de Trabalho (UT) ou da Unidade de Produo Anual (UPA), elaborados a partir do inventrio florestal 100%. Destacamos o mapa pr-exploratrio e o mapa de corte e arraste, descritos a seguir. Mapa pr-exploratrio. Facilitam o planejamento e a execuo das atividades por discriminar na UT a localizao das rvores selecionadas a explorar, das estradas de acesso e secundria, dos ptio de estocagem e do micro zoneamento (levantamentos topogrficos, hidrogrficos rea de ocorrncias de cips, etc.) (Figura 4).

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Figura 4. Mapa pr-exploratrio de uma Unidade de Trabalho (UT) regular de 100 ha (1000 x 1000m) a ser explorada com EIR.

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Mapa de Corte e Arraste. gerado a partir do mapa prexploratrio, aps um pr-planejamento da rea destinada a cada ptio de estocagem. Em uma UT regular de 100 ha (1000 m x 1000 m), por exemplo, cada ptio abrange uma rea de 12,5 ha (500 x 250 m). A rea abrangida pela explorao em cada ptio dividida em dois mapas de corte (um do lado direito e outro do lado esquerdo), abrangendo uma rea de 6,25 ha (250m x 250 m) (Figura 5). de fundamental importncia que os mapas de corte e arraste agreguem as informaes representadas no mapa pr-exploratrio, como topografia, hidrografia, rea de cips, entre outros.

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Figura 5. Mapa de corte e arraste de um lado do ptio de estocagem.

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Para aumentar o controle operacional, recomendamos que o mapa de corte contenha informaes que facilitem o monitoramento das equipes em campo e a organizao dos dados, como a localizao de ptios, das estradas, de reas acidentadas, entre outras. A utilizao do mapa garante diversos benefcios operacionais, incluindo: Monitoramento operacional preciso da equipe de corte, j que propicia um controle de rvores derrubadas e descartadas;

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Diminuio dos danos floresta, uma vez que a equipe possui uma viso geral de rvores que devem ser derrubadas; Menor esforo fsico da equipe de corte na procura de rvores, alm de maior segurana para a equipe; Reduo dos desperdcios de madeira provocados por rvores no encontradas ou esquecidas na operao; Maior segurana s atividades no planejamento de arraste, operao de arraste de toras j que situaes de risco, como rvores engatadas ou cips que podem cair, so identificadas no mapa.

FASES OPERACIONAIS DA ATIVIDADE DE CORTE EM FLORESTA NATURAL1. Escolhendo a primeira rvore a ser derrubada na operao Antes de iniciar a atividade de corte a equipe deve fazer um planejamento considerando as informaes do mapa para definir a primeira rvore a ser derrubada. Para obter maior segurana e rendimento operacional, o corte das rvores deve ser feito sempre pela rvore mais distante do ptio de estocagem ou iniciar pelas extremidades do mapa de corte, a fim de evitar obstculos com galhadas e para que a equipe saia da rea de riscos com a rvore j derrubada (Figura 6).

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Figura 6. Mapa de corte e arraste, demonstrando a primeira rvore a ser derrubada.

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Ao chegar rvore selecionada, a equipe checa a numerao da rvore na placa colocada durante o inventrio florestal 100%, certificando de possveis erros de localizao. Para aumentar o rendimento da operao, tipicamente a checagem feita pelo ajudante, que faz o caminhamento na floresta com o mapa de corte localizando e sinalizando a queda da rvore.

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2. Avaliao da rvore selecionada para o abate e o teste do oco Assim que a rvore a ser abatida localizada, a equipe realiza uma avaliao visual da qualidade e do aproveitamento do tronco na indstria, alm de algumas situaes naturais que possam impedir a operao, destacando: rvores com qualidade inferior e defeitos naturais no fuste que teriam baixo rendimento e aproveitamento do tronco na indstria, como troncos achatados, rachados, podrides e outros defeitos que no foram detectados durante o inventario florestal 100%. rvores portadoras de ninhos de pssaros ameaados de extino (como o gavio real), macacos, preguias e outros animais que possam impedir a derrubada da rvore devido importncia ecolgica destes indivduos. Uma vez aprovada na avaliao da qualidade do fuste, a rvore selecionada passa pelo teste de oco, que uma operao voltada a detectar a existncia e a dimenso de ocos e podrides. O teste define se a rvore ser derrubada ou descartada, dependendo dos padres de aproveitamento de cada empreendimento florestal. Tipicamente, os empreendimentos toleram como oco o equivalente a 15% - 25% do dimetro da rvore testada, podendo haver uma proporo maior no caso de espcies com alto valor comercial3.No CMF Roberto Bauch, em Paragominas (Par), por exemplo, at 30% das rvores selecionadas para corte tm algum tipo de oco ou podrido. Pelo menos 2/3 destas rvores so deixadas em p aps o teste do oco.3

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Dependendo da espcie e da situao do tronco da rvore, necessrio que o ajudante faa uma limpeza para retirar o excesso de areia no local onde vai ser feito o teste de oco. A limpeza feita no centro da rvore para ter uma maior preciso do teste, que deve ser conduzido entre 10-50 cm do solo de forma a no comprometer a tora no momento do beneficiamento. O teste de oco realizado ao introduzir o sabre da motosserra na posio vertical no tronco da rvore (i.e., de forma a diminuir os danos a rvore), de forma que o operador possa avaliar os indicadores de que a rvore esteja oca (serragem escura, existncia de lama ou gua e nvel de resistncia da rvore ao corte) e estimar o dimetro do oco. Para realizar o teste de oco com maior segurana e menor esforo fsico, o IFT desenvolveu duas tcnicas com diferentes ngulos de ataque, as quais devem ser aplicadas de acordo com algumas recomendaes tcnicas, tais como: (a) Optar por um ngulo de ataque de 20 graus ou de 60 graus4, de acordo com a experincia e facilidade do operador; (b) Fazer o teste do oco a uma altura de 10 a 50 cm do solo, visando maior segurana e preservao da qualidade da tora durante o beneficiamento na indstria (Figura 7).MANEJO DE FLORESTAS NATURAIS DA AMAZNIA Corte, traamento e segurana

4 Ao contrrio do que comumente acontece durante o teste, o operador nunca deve inici-lo em um ngulo de ataque de 90 graus para evitar o rebote da motosserra. O rebote do motosserra acontece quando um nico dente da corrente da motosserra atinge a madeira sem poder de corte, jogando a motosserra para trs.

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Figura 7. Operador executando o teste de oco em rvores selecionadas para o corte.

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Adicionalmente, alguns empreendimentos podem adotar a prtica de se fazer um segundo teste de oco devido a um percentual elevado de rvores descartadas no primeiro teste. A lgica que algumas espcies de madeira, embora contenham um oco de grandes dimenses prximo base do fuste, podem ter como caracterstica a diminuio rpida deste oco ao longo do fuste, tornando a maior parte da rvore aproveitvel para a indstria. O segundo teste feito logo acima do primeiro, de 1,0 - 1,2 m do solo (Figura 8). Assim como no primeiro teste, o operador deve observar os indicadores de existncia e dimenses do oco na rvore. A execuo do segundo teste requer cuidados especiais com as rotinas de segurana, uma vez que a altura de manuseio da motosserra est fora do recomendado.

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Figura 8. Execuo do 2 teste de oco em rvores selecionadas para o abate.

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3. Analisando a queda natural da rvore selecionada para denir a queda direcionada No manejo florestal, a verificao da queda natural da rvore selecionada para definir a queda direcionada um procedimento importante, pois nesse momento o operador estima os danos potenciais que a rvore a ser derrubada pode causar na floresta, deve-se tambm avaliar o grau de dificuldade do arraste destas toras. Do ponto de vista operacional, cada rvore possui duas direes de queda:

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(i) Queda Natural. Algumas florestas naturais da Amaznia contm rvores cuja altura pode variar de 15 a 45m de altura, com grande diversidade e densidade de indivduos, o que pode tornar a avaliao da queda natural bastante difcil. Existem trs fatores que influenciam diretamente na queda natural que devem ser observados: (a) Inclinao da rvore. A inclinao do fuste da rvore em relao ao solo o fator que define a queda natural de rvores na maior parte dos casos (Figura 9A). (b) Distribuio de galhadas na copa. A avaliao da copa da rvore para determinar qual a poro da mesma que concentra a maior parte do peso difcil de ser executada em florestas altas e densas. O operador deve encontrar locais na floresta distantes do tronco para observar a copa da rvore e tentar obter uma melhor avaliao (Figura 9B). (c) Inclinao do tronco e distribuio de galhadas. Em algumas espcies de grande porte, ambos os fatores podem estar combinados, de forma que, em alguns casos, a avaliao da queda natural da rvore pode ser complicada e bastante dependente da experincia do operador na rea de manejo florestal (Figura 9C).

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Figura 9. Fatores que incluem na avaliao da queda natural de rvores selecionadas para o abate. (A) Inclinao do fuste das rvores. (B) Distribuio de galhadas na copa das rvores. (C) Combinao de ambos os fatores.

Por outro lado, existem indicadores na floresta que podem auxiliar na determinao da direo natural de queda. Entre tais indicadores esto: (a) Casa de cupim. Embora sem comprovao cientfica, grande parte dos motosserristas acreditam que comumente as casas de cupins so construdas do mesmo lado da inclinao da queda natural da rvore para se proteger da gua da chuva (Figura 10). (b) Cips pendurados. Cips presos copa podem denunciar a direo de queda natural da rvore ao formarem um ngulo com o tronco, indicando a inclinao do fuste. No manejo florestal isso s possvel de ser observado quando h a existncia de cips mais finos fixados da rvore, j que cips que pudessem aumentar os impactos durante o corte teriam sido cortados ao menos 1 ano antes do corte (Figura 10).MANEJO DE FLORESTAS NATURAIS DA AMAZNIA Corte, traamento e segurana

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Figura 10. Situaes que auxiliam o operador a encontrar a direo de queda natural de rvores selecionadas para o abate.

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(ii) Queda Direcionada. A queda direcionada planejada para o intervalo entre 10 - 45 graus ao redor do ponto de queda natural da rvore. O princpio geral de que, quanto menor o ngulo vertical de queda natural, maior a possibilidade de aumentar o ngulo da queda direcionada, at um limite mximo de 90 graus em relao do ponto de queda natural da rvore no caso de rvores absolutamente verticais (i.e., na qual o fuste forma um ngulo de 90 graus com o solo) (Figura 11). Ao contrrio do que se acredita, a queda direcionada em floresta natural no considera os 360 graus no seu ponto de queda natural.

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Figura 11. Considerando uma rvore a ser cortada vista de cima, ngulos tpicos mximos de direcionamento de queda e zonas de segurana e de riscos equipe de operao de corte. A queda natural destacada na figura definida pela distribuio da copa.

Considerando a queda natural da rvore, o motosserrista planeja a queda direcionada a partir de trs princpios principais bsicos: Princpio 1: Proteger rvores Remanescentes e Matrizes. O primeiro princpio visa reduzir os danos floresta e garantir o prximo ciclo de corte (25-35 anos) de acordo com o crescimento das rvores remanescentes, alm da perpetuao de espcies pela disperso de sementes das rvores matrizes. Como veremos em maiores detalhes em captulos posteriores deste manual, o respeito ao primeiro princpio depende da aplicao de tcnicas adequadas de corte e do uso de cunhas, quando necessrio, para no causar maiores danos s rvores remanescentes, rvores matrizes e rvores no inventariadas

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Figura 12. Proteo das remanescentes e matrizes atravs da queda direcionada.

QD = Queda Direcionada QN = Queda Natural

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Princpio 2: Diminuir os danos oresta e favorecer a recuperao orestal. Em teoria, para diminuir os danos floresta e favorecer a recuperao florestal, seria desejvel direcionar a queda da rvore de modo a colocar sua copa em uma clareira anteriormente aberta pela copa de outra rvore derrubada, sobrepondo assim s copas das duas rvores. A recomendao de que sejam sobrepostas, no mximo, duas copas, evitando um acmulo de material (troncos, galhos e folhas) que possa retardar ou impedir a regenerao natural. Esta prtica minimizaria a rea aberta na floresta pela queda das rvores cortadas. O mesmo raciocnio seria vlido para direcionar a queda das rvores de forma que suas copas cassem em clareiras naturais ou em trechos de florestas dominadas por cips.

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Figura 13. Opes para a derrubada de rvores para reduzir os danos florestas.

Adicionalmente, outra possibilidade prtica da recomendao de sobrepor duas copas de rvores a de, inadvertidamente, causar maiores transtornos para a operao de traamento de rvores devido a uma maior quantidade de material vegetal acumulado junto copa, aumentando os custos da operao e at mesmo os desperdcios de madeira. Esta possibilidade ainda mais acentuada quando a segunda copa derrubada maior do que a copa cada anteriormente.5

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Entretanto, na prtica, esta recomendao deve ser avaliada com cautela. Nossas observaes empricas mostram que, na maior parte dos casos, os operadores de motosserra, mesmo os mais experientes, so capazes de colocar duas copas de rvores derrubadas prximas, mas no exatamente sobrepostas. A implicao prtica de que esta recomendao comumente gera clareiras maiores do que as geradas por clareiras formadas pela queda de apenas uma rvore, de forma a facilitar a regenerao natural de espcies pioneiras e dificultar a regenerao da floresta em direo a sua estrutura e composio originais5. Desta forma, no h uma receita nica no que se refere a este princpio. Uma operao florestal interessada na regenerao rpida da floresta pode optar por derrubar as copas das rvores em locais diferentes, formando vrias clareiras pequenas na rea de manejo. Uma operao que porventura pratique

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prticas silviculturais ps-exploratrias, como plantios de enriquecimento em clareiras de explorao, pode estar interessada em abrir clareiras maiores (com duas rvores quase sobrepostas) que possam servir para estes plantios6. Uma operao que esteja explorando uma rea em que ocorram grandes trechos de florestas cipolicas pode decidir por realizar a queda direcionada sobre tais reas. O fato que favorecer a recuperao florestal aps a queda de rvores deve ser um princpio a ser includo no planejamento do empreendimento florestal. Princpio 3: Facilitar a operao de arraste. De posse do mapa de corte e havendo sido definida a rvore a ser derrubada, o operador localiza o ptio de estocagem e avalia os possveis fatores que possam influenciar a queda da rvore de forma a favorecer o planejamento de arraste. O terceiro princpio subsidia o planejamento de arraste, uma vez que, de posse do mapa de corte no qual so anotadas as devidas direes de queda no mapa de corte, a equipe planeja o melhor local para a tora ser arrastada ao ptio de estocagem, de forma a minimizar os danos a florestas e s mquinas, mantendo um bom nvel de produtividade7.

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Nas florestas do CMF Roberto Bauch, por exemplo, nas quais plantios de enriquecimento ps-exploratrios em clareiras so testados h vrios anos, temos observado que um percentual relativamente pequeno (< 5%) das clareiras originadas pela Explorao de Impacto Reduzido possui um tamanho suficiente para a implantao de tais plantios. 7 De fato, o planejamento da operao de arraste propicia que o arraste tenha uma produtividade 70% maior do que a explorao convencional. No CMF Roberto Bauch, testes de campo demonstraram uma produtividade do arraste com skidder 525 CAT, em uma regio com um potencial de madeira de 20 a 25m/ha, de aproximadamente 300 - 350 m /dia (8 horas de trabalho). A produtividade da explorao convencional estava em torno de 150 - 200 m / dia (10 h de trabalho).6

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Figura 14. Mapa de corte e arraste com o planejamento dos ramais j definido, pronto para executar a operao de arraste.

4. Retirada da plaqueta de identicao da rvore a ser abatida Caso a rvore no apresente ocos durante o teste, o ajudante retira a plaqueta colocada durante o inventrio florestal e a guarda no bolso para posteriormente coloc-la no toco da rvore aps a derrubada. A plaqueta de identificao um requerimento legal do manejo florestal para o controle em campo das operaes exploratrias, armazenamento dos dados (localizao, volumetria, qualidade do tronco e outras informaes) e a rastreabilidade da rvore na floresta at a indstria.

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5. Limpeza do tronco da rvore e da zona de operao Aps a retirada da plaqueta, o ajudante deve fazer a limpeza do tronco da rvore e da zona de operao, de forma a garantir um bom desempenho operacional e maior rendimento da corrente da motosserra. A limpeza do tronco feita pelo ajudante com o faco enquanto o motosserrista avalia a direo de queda. A limpeza se justifica devido ao acmulo de areia e outros resduos na casca das rvores8 que provocam um desgaste dos dentes da corrente da motosserra, diminuindo seu poder de corte. Desta forma, sem a limpeza, o motosserrista dever afiar os dentes da corrente mais frequentemente9, com implicaes nos custos operacionais. A zona de operao considerada a rea na qual o motosserrista se movimenta em torno da rvore para aplicar e executar as tcnicas de corte (Figura 15). A limpeza executada pelo aju-

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Algumas espcies merecem maior ateno por acumular grande quantidade de areia e cupins na base do tronco, por apresentarem casca estriada. Na regio oriental do Par, consta entre estas espcies a maaranduba (Manilkara huberi), a maparajuba (Manilkara paraensis), a jarana (Holopyxidium jarana), entre outras. 9 No CMF Roberto Bauch, a limpeza da base das rvores permite que uma corrente nova com 42 dentes possa atingir uma produtividade de 550 a 650 m3 de madeira, considerando o corte e o traamento da copa das rvores (dados preliminares de um estudo de metas realizado no IFT em 2009).8

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dante, em um raio de aproximadamente 1 m em torno da rvore, consistindo em cortar todas as arvoretas rentes ao solo e retirar restos de galhos, cips e de troncos podres.Figura 15. Zona de operao que deve ser limpa para facilitar o trabalho do operador.

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6. Abertura das rotas de fuga Aps o teste de oco e definio da queda direcionada, o operador orienta o ajudante na construo das rotas de fuga, que so indispensveis para a segurana da operao. As rotas de fuga devem ser locadas na rea de segurana da operao, em direo oposta regio que ser atingida pela queda direcionada, denominada rea de risco (Figura 16). As rotas de fuga devem ser abertas, sempre que possvel, em um ngulo de 45 graus a partir do tronco da rvore, salvo em casos nos quais esta configurao oferea riscos como a presena de cips e galhadas na rea de segurana. A recomendao que sejam locadas um mnimo de duas rotas de fuga, sendo que as rotas devem ter no mnimo 10 m de

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comprimento e uma largura de 60 - 80 cm. Idealmente, o ajudante deve cortar as arvoretas e tocos rentes ao solo10, alm de retirar todos os obstculos que possam trazer riscos durante a fuga. Caso o operador identifique, durante o corte do filete de segurana, que a rvore no cair no local planejado, o ajudante deve ser instrudo a construir um caminho de fuga alternativo.Figura 16. Representao esquemtica da rea de segurana e rea de risco durante a operao de corte com queda direcionada, destacando a localizao recomendada das rotas de fuga.

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A prtica de cortar as arvoretas e tocos rentes ao solo, alm de reduzir os acidentes com a prpria equipe de corte, pode evitar danos nos pneus dos tratores que arrastaro as toras.10

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7. Corte de rvores com a aplicao das tcnicas do IFT A tcnica de corte padro IFT foi aprimorada ao longo dos anos pelo operador de motosserra Valderez Vieira, conhecido como Cear, operador-instrutor do IFT, objetivando reduzir os desperdcios de madeira com rachaduras durante a queda e oferecer maior segurana operacional durante a atividade de corte. A tcnica basicamente composta por um corte direcional ou corte escadinha e um corte de abate. Maiores detalhes sobre as tcnicas de corte sero apresentados nos Captulos 3 e 4 do presente manual. 8. Situaes especiais que devem ser observadas durante a atividade de corte Na execuo da atividade de corte, o operador deve verificar algumas situaes para garantir a qualidade da tora para posterior beneficiamento na indstria, evitando desperdcios provocados por rachaduras ou um aumento excessivo de custos durante o arraste (Figura 17). Entre estas situaes, destacamos: a) Em reas que apresentam grandes pedras necessrio que o operador avalie a queda da rvore com maior cuidado, para que a rvore no caia em cima destes obstculos.MANEJO DE FLORESTAS NATURAIS DA AMAZNIA Corte, traamento e segurana

b) Outra grande preocupao no direcionar a queda da rvore para cima daquelas que j foram derrubadas, podendo trazer perda total ou parcial de toras com rachaduras. c) Avaliar cautelosamente a queda de rvores em reas irregulares e terrenos acidentados, considerando os custos de retirada das toras e os danos ambientais que podero ser causados, no descartando a possibilidade de desistncia do abate de rvores em certos casos.

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Figura 17. Situaes especiais que devem ser observadas durante o corte para evitar os desperdcios de madeira na explorao.

Alm disso, a equipe de corte deve ser orientada em relao a assuntos referentes legislao florestal, destacando: (a) reas de Preservao Permanente (APP). Durante a execuo da atividade de corte, a equipe deve ficar atenta com as APPs, que devem estar sinalizadas nos mapas, de forma a no atingi-las com copas e galhadas (Figura 18). De acordo com o Cdigo Florestal (Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965), as APPs incluem as margens de rios (ver Tabela 1), lagos ou reservatrios dgua naturais ou artificiais, nascentes, topos de morros, montes, montanhas e serras e encostas (ladeiras) com declividade superior a 45 graus.

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Figura 18. rea que deve ser cautelosamente avaliada antes da derrubada da rvore, incluindo as proximidades de reas de Preservao permanente.

Tabela 1. Largura mnima, em metros, da rea de preservao permanente (APP) de acordo com a largura do corpo d gua. Largura do rio (m) < 10 10 a 50 50 a 100 100 a 200 > 200 Largura mnima da faixa lateral de preservao (m) 30 50 100 150 Igual a largura do rio

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(b) Espcies protegidas por Lei. As espcies proibidas de corte foram estabelecidas por Leis federais ou estaduais. A equipe de corte deve ficar atenta para os indivduos de espcies protegidas por lei (ver Tabela 2) que esto nas proximidades das rvores selecionadas para corte e poderiam ser danificadas pela operao.Tabela 2. Espcies florestais proibidas segundo a Legislao Federal e Estadual. Nome Vulgar Castanha do Par Seringa Copaba Andiroba Nome botnico Bertholletia excelsa Hevea sp. Copaifera sp. Carapa guianensis Lei Federal Federal Estadual - AM e AC Estadual - AM

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9. Colocando a plaqueta de identicao da rvore de volta ao toco Aps a concluso do corte, o ajudante deve colocar novamente a plaqueta do inventrio em um dos filetes de abate ou de segurana (ver Captulos 3 e 4), evitando que a plaqueta seja eventualmente arrancada na operao de arraste no caso da tora escorregar por cima do toco. Outra vantagem que os pregos das plaquetas colocadas em um dos filetes de abate tero maior durabilidade, pois esto fora da rea de acmulo de folhas e umidade, o que aceleraria a oxidao dos mesmos.

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10. Sinalizando a queda da rvore no mapa de corte e arraste Enquanto o ajudante coloca a plaqueta no toco da rvore derrubada, conforme discutimos anteriormente, o operador sinaliza a direo de queda no mapa de corte, que ir orientar e definir a localizao dos ramais atravs do planejamento de arraste. Essa sinalizao de fundamental importncia para garantir uma boa produtividade e diminuir os danos na floresta com viagens desnecessrias da mquina na procura de rvores derrubadas.Figura 18.1. Operador colocando a queda da rvore no mapa de corte.

Regra importante do ponto de vista de segurana que o ajudante s deve procurar a segunda rvore a ser abatida aps a queda da anterior, diminuindo assim os riscos de acidentes

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radas

11. Traamento das copas e dos troncos das rvores explo-

Aps a derrubada da rvore, a equipe realiza uma avaliao dos possveis defeitos no fuste e do potencial para o aproveitamento de galhadas, os quais sofrero os traamentos de acordo com as exigncias da indstria e com os defeitos naturais. A operao ps derruba envolve o traamento de troncos com sapopemas, o destopamento, o traamento do fuste e o aproveitamento de galhadas. Um ponto a destacar a importncia de se avaliar em cada empreendimento florestal os riscos associados queda de cips e galhos logo aps a explorao florestal, de forma a minimizar acidentes com as equipes que realizaro o traamento de rvores9. O traamento de sapopemas realizado em troncos de determinadas espcies utilizadas para produzir madeira serrada, nas quais apenas as sapopemas so removidas e a maior parte da tora utilizada; ou em espcies utilizadas em laminao, na quais comumente toda a seo inicial da tora removida (Figura 19).Figura 19. Operador retirando o excesso de sapopema para maior aproveitamento de madeira. Essa operao recomendada para espcies de serraria. Recomenda-se retirar a maior quantidade de sapopemas na floresta e finalizar a operao no ptio de estocagem.

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Devido grande quantidade de galhos e cips propensos a cair imediatamente aps as operaes de corte, o IFT, por exemplo, optou por realizar o traamento de rvores 10 - 12 dias aps a derrubada.11

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No destopamento e traamento do fuste, o tronco da rvore primeiramente separado das galhadas e em seguida dividido em toras segundo requerimentos locais de comprimento para a indstria,minimizandoos desperdcios no beneficiamento.Ocomprimento das toras leva em considerao o uso na indstria e as caractersticas do transporte. Enquanto o motosserrista realiza o traamento do fuste, o ajudante avalia possveis aproveitamentos de galhos12 em detrimento dos requerimentos mnimos para a indstria13, tanto no fuste quanto na copa da rvore. Algumas espcies madeireiras amaznicas tendem a ter uma grande quantidade de madeira reaproveitvel pela indstria nos galhos14. Quando ocorre um aproveitamento de galhos, a equipe deve sinalizar no mapa de corte sua localizao e quantidade.Figura 20. Aproveitamento de madeira nos galhos (fuste e copa).

O aproveitamento de galhos um dos grandes diferenciais da EIR em relao a explorao convencional, minimizando os desperdcios da explorao madeireira. Em um experimento conduzido no CMF Roberto Bauch em 1996, foi encontrado um volume de desperdcio de madeira de 1,25 m/ha na EIR contra 4,00 m/ha na explorao convencional. 13 Na regio de Paragominas, onde se encontra do CMF do IFT, especificaes mnimas para os galhos aproveitados na indstria so 3 m de comprimento e dimetro de 45 cm. 14 Entre as espcies que geram grande quantidade de madeira aproveitvel pela indstria nos galhos do fuste e da copa esto includos o angelim-vermelho (Dinizia excelsa), o cumaru (Dipteryx odorota) e as faveiras (Parkia sp.).12

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CAPTULO 2: Tcnicas para o teste de oco em rvores selecionadas para corteO teste de oco uma atividade que detecta a existncia e a dimenso de oco nas rvores selecionadas a serem exploradas pelo PMFS, utilizando a motosserra. Alguns empreendimentos florestais trabalham com dimetro mximo de oco aceitvel, os quais variam de 15 a 25% para espcies de serraria e aproximadamente 8% para espcies de laminao. Conforme discutimos no Captulo 1, existem dois ngulos ideais de ataque que oferecem menores riscos e maior conforto ao operador de motosserra: 20 graus e 60 graus (Figura 21). Apresentaremos neste Captulo ambos os mtodos.Figura 21. Esquema operacional do teste do oco em rvores selecionadas para o corte.MANEJO DE FLORESTAS NATURAIS DA AMAZNIA Corte, traamento e segurana

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Limpeza para o teste do oco: A limpeza consiste em retirar o excesso de areia acumulada no tronco da rvore, evitando que a corrente tenha sua vida reduzida por excesso de afiao, devido alta concentrao de areia e barro no tronco das rvores. Essa atividade deve ser feita somente nas rvores que apresentarem o acmulo desse material. A limpeza no tronco define o local do teste, levando em considerao o centro do tronco e a altura do teste, a qual varia de 10 a 50 cm acima do solo.

TCNICAS PARA O TESTE DE OCO COM NGULO DE ATAQUE DE 60Esta tcnica a mais utilizada pelos operadores de motosserra, na qual a operao se inicia com a ponta do sabre voltada para cima, formando um ngulo de 60 graus entre a motosserra e a poro inferior do tronco. No incio do teste, a rotao do motor deve estar em um nvel mdio a alto para que a operao seja suave e segura. Depois que a ponta do sabre entrar no tronco a uma profundidade de 2 cm, o operador retorna o sabre da motosserra para o ngulo de 90 (noventa graus) e mantm a acelerao em alta rotao ao longo da operao (Figura 22). No decorrer da operao, o motosserrista deve ficar atento para alguns indicadores da existncia de oco, destacando uma mudana de cor na serragem, uma menor resistncia do sabre para entrar na rvore (eventualmente at uma entrada sbita do sabre na madeira), e a existncia de gua suja e lama.MANEJO DE FLORESTAS NATURAIS DA AMAZNIA Corte, traamento e segurana

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Figura 22. Representao dos procedimentos operacionais recomendados para o teste do oco no ngulo de ataque de 60 graus.

TCNICAS PARA O TESTE DE OCO COM NGULO DE ATAQUE DE 20Uma das vantagens deste segundo mtodo que o operador trabalha em uma posio mais ergonmica, de forma a no comprometer sua coluna vertebral. A operao iniciada com a ponta do sabre voltada para baixo, formando um ngulo de 20 graus com o tronco da rvore, evitando assim o rebote da motosserra (Figura 23). Assim como no mtodo anterior, o teste iniciado a uma altura de 10-50 cm do solo, com uma rotao do motosserra entre mdia e alta, evitando assim o rebote, danos ao conjunto de corte e problemas mecnicos com o motor. Depois que a ponta do sabre entrar no tronco da rvore a uma profundidade de 2 cm, o operador volta com a motosserra para o ngulo de 90 graus e mantm a acelerao na rotao alta at o final da operao, observando mais uma vez os indicadores de existncia de oco.

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Figura 23. Representao dos procedimentos operacionais recomendados para o teste do oco no ngulo de ataque de 20 graus.

O SEGUNDO TESTE DO OCOUma vez que, em algumas florestas, a exemplo das florestas do CMF Roberto Bauch/IFT, aproximadamente 30% das rvores so descartadas no primeiro teste do oco, surgiu a necessidade de se realizar um segundo teste, j que, em algumas espcies, o dimetro do oco pode diminuir rapidamente ao longo do fuste. O segundo teste feito a uma altura de 1 m a 1,2 m do solo para verificar se o oco est diminuindo (Figura 24). importante que o operador seja cauteloso no segundo teste uma vez que o mesmo realizado acima da altura mxima de segurana recomendada.

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Figura 24. Execuo do segundo teste de oco, destacando as alturas recomendadas para a realizao do primeiro e do segundo teste.

Um pouco sobre rebote de motosserras Independentemente do mtodo adotado, ao iniciar o teste de oco, o operador deve ter o mximo de cuidado com o rebote da motosserra, que um movimento brusco da motosserra para trs, fazendo com que a mquina venha ao encontro do operador, podendo causar acidentes graves. O rebote ocorre quando o sabre da motosserra forma um ngulo de 90 graus com o tronco da rvore, fazendo com que somente um dente da corrente entre em contato com a superfcie da tora15. Os seguintes cuidados gerais podem ser tomados para minimizar o risco de rebote: Conforme j discutido, evitando iniciar a operao em um ngulo de 90 graus;

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O rebote ocorre nestas situaes devido alta velocidade da corrente, que pode chegar a 30 metros por segundo (~ 108 km h-1).15

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Evitando que toras, galhos e detritos sejam atingidos pela ponta do sabre, o que poderia provocar um descontrole da operao; Tomando as devidas precaues para que o sabre no fique preso em galhos e detritos, o que tipicamente provocam um descontrole da motosserra enquanto o operador tenta livrar o equipamento; Manuseando a motosserra com firmeza durante a operao e operando a motosserra sempre com as duas mos, independente da situao.

Risco de acidente com o rebote da motosserra

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CAPTULO 3: Tcnicas bsicas para o corte direcional de rvores em florestas naturais amaznicasRevisaremos neste captulo algumas tcnicas elementares para o corte de rvores no manejo florestal, desenvolvidas e aprimoradas ao longo dos ltimos 15 anos pela FFT/IFT. A tcnica de corte padro IFT, aplicada para derrubar rvores com queda direcionada composta pelo corte direcional e pelo corte de abate. Em algumas situaes especiais, existem outras tcnicas que seriam recomendadas para rvores com o fuste muito inclinado ou que possuem madeira muito propensa a rachaduras durante a queda. Tais tcnicas especiais sero apresentadas no Captulo 4.

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CORTE DIRECIONALO corte direcional, conhecido vulgarmente como boca, a primeira fase das tcnicas de corte, determinando a direo de queda da rvore. O corte direcional representa um 1/3 do dimetro da rvore e, assim como o primeiro teste do oco, deve ser feito em uma altura que varia de 10-50 cm do solo. O corte direcional formado por dois cortes principais, o corte no ngulo de 0 grau e o corte no ngulo de 45 graus (Figura 25).

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Figura 25. Representao esquemtica do corte direcional.

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Corte no ngulo de zero grau. O primeiro corte feito em um ngulo de 0, cortando um tero (1/3) do dimetro da rvore para que a mesma matenha-se firme em seu ponto de sustentao, de forma a no oferecer risco de cair durante o corte de abate e no dificultar a operao prendendo o sabre da motosserra. Este primeiro corte deve ser feito a uma altura do solo que aproveite o mximo de madeira, variando de 10 cm para os troncos cilndricos a, no mximo, 50 cm para os troncos com sapopemas, visando maior segurana ao operador e menos defeitos na tora com rachaduras. Para obter maior preciso com o corte de 0, o operador deve levar em considerao o ngulo a partir do cabo dianteiro da motosserra.

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Figura 26. Execuo e representao esquemtica do corte 0.

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Corte no ngulo de 45 graus. O segundo corte, feito num ngulo de 45 graus (i.e., com a curvatura do cabo dianteiro da motosserra formando um ngulo de 45 graus), forma o corte direcional ou entalhe direcional. O operador deve iniciar o corte levando em considerao o final do anterior (0) de modo que haja um encontro entre os cortes, fazendo com que o entalhe de madeira formado possa ser removido com facilidade (Figura 27). A unio entre os ngulos de 0 e 45 requer prtica, experincia e ateno do motosserrista. Alm disso, algumas indicaes da estrutura da motosserra auxiliam no corte, tais como: (i) A curvatura do cabo dianteiro da motosserra forma um ngulo de 45 que orienta o operador na formao do corte direcional; e (ii) Na tampa do pinho e carenagem do motor ha uma seta preta que tambm orienta na unio desses cortes. Com a unio dos cortes descritos anteriormente formase o corte direcional (Figura 27). O operador deve ento parar a operao e retirar o entalhe com as mos ou com a ajuda de uma marreta, no utilizando a ponta do sabre para realizar este servio de forma a evitar danos ao conjunto de corte e motor do equipamento. Restam, finalmente, 2/3 do dimetro da rvore que sero trabalhados atravs do corte de abate.

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Figura 27. Execuo e representao esquemtica do corte direcional.

CORTE ESCADINHAEssa tcnica foi desenvolvida para espcies que racham com facilidade, a fim de evitar maior impacto sobre a tora durante a queda da rvore. A tcnica consiste em fazer um degrau abaixo do corte direcional (entre 8 - 15 cm), formado pelos ngulos de 0 grau e 90 graus. O degrau formado torna a queda da rvore mais suave, evitando que o tronco tenha rachadura e defeitos em sua extenso provocados pela toro das fibras e trincas. Entre as espcies que merecem este corte, se destacam a maaranduba (Manilkara huberi), a maparajuba (Manilkara paraensis); a copaba (Copaifera sp.),o marup (Jacaranda copaia), o mogno (Swietenia macrophilla), a jarana (Holopyxidium jarana), entre outras. A escadinha pode ser substituda com cortes mais prximo do solo, j que o objetivo em ambos os casos evitar um impacto maior da tora durante a queda da rvore. Maiores detalhes sobre o corte escadinha sero apresentados no Captulo 4.

CORTE DE ABATE EM RVORES QUE APRESENTAM POUCAS SAPOPEMASAs tcnicas desenvolvidas pelo IFT tiveram um foco bastante aprofundado no corte de abate, tanto para rvores que

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apresentam troncos cilndricos ou com sapopemas. Entretanto, existem nas duas situaes diferentes tcnicas para deixar os filetes de abate e executar os cortes finais nesses filetes (Figura 28). Em rvores que apresentam sapopemas, as aplicaes das tcnicas so facilitadas porque os filetes de abates so definidos pelas prprias sapopemas, garantindo maior segurana e facilidade de operao no momento de atravessar o sabre do motosserra na rvore para formar os filetes de abate. Veremos a seguir os passos para implementar o corte de abate.Figura 28. Execuo e representao esquemtica do corte de abate.

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1 Etapa. O corte de abate inicia a uma altura de 8 - 15 cm acima do corte 0, formando assim um salto, que vai servir de apoio para a rvore no escorregar em cima do toco no momento da cada, ocasionando uma maior segurana para a equipe e menos rachaduras no tronco. O operador deve iniciar o corte de abate pelo filete de ruptura, que ir sofrer maior tenso durante a queda da rvore. Para formar o primeiro filete de ruptura, o

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operador deve introduzir o sabre de modo que o mesmo defina a largura desse primeiro filete, que varia de 15 a 20 cm. Este filete deve ter o formato de tringulo, e funciona para puxar o tronco da rvore em sua direo durante a queda, por apresentar uma maior quantidade de madeira (Figura 29). A largura do filete de ruptura pode variar segundo a queda direcionada, uma vez que o motosserrista deixa uma maior quantidade de madeira para que o filete puxe a rvore a cair na queda direcionada. Normalmente o 1 filete de ruptura faz esta funo.Figura 29. Execuo e representao esquemtica do corte de abate, destcando a formao do primeiro filete de ruptura.

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2 Etapa: Formando o primeiro lete de abate ou de segurana. Aps a formao do filete de ruptura, o operador inicia o primeiro filete de abate ou de segurana, sendo que esses filetes so responsveis pela sustentao da rvore durante a aplicao das tcnicas de corte. Definido o filete de ruptura, o operador inicia cortando o centro da rvore usando todo o comprimento do sabre para atravessar a ponta no outro lado do tronco, formando assim o primeiro filete de abate ou de segurana (Figura 30). O tamanho do filete deve ser de 15 - 30 cm em forma de tringulo, dependendo da dificuldade em direcionar a queda. O dimetro da rvore e a finalidade (serraria e laminao) da espcie tambm

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so fatores importantes para definir o comprimento do filete. Em espcies para laminao e naquelas que racham com facilidade, o filete no deve ultrapassar os 20 cm de largura. A quantidade de filetes de abate a ser formada est relacionada com o nmero de sapopemas e com o dimetro da rvore.Figura 30. Execuo e representao esquemtica do corte de abate, destacando a formao do primeiro filete de abate.

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3 Etapa: Formao do segundo lete de abate ou de segurana. O segundo filete de abate ou de segurana exige ateno e experincia do operador, uma vez que a rvore se encontra com 80% do seu tronco cortado. Aps ter atravessado a ponta do sabre, o operador retira o motosserra e introduz no corte feito anteriormente do primeiro filete (Figura 31). Na formao do segundo filete, o operador deve ter o mximo de ateno para no cortar o segundo filete de ruptura. Neste momento, a experincia do operador fundamental, j que dever dimensionar o restante de madeira que falta cortar com o comprimento do sabre. Nestas operaes, importante que o operador se posicione da melhor maneira possvel para minimizar as dores sua coluna vertebral e evitar maior esforo fsico.

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Figura 31. Execuo e representao esquemtica do corte de abate, destacando a formao do segundo filete de abate.

4 Etapa: Formao do segundo lete de ruptura ou dobradia. Este segundo filete de ruptura finaliza o corte do centro da rvore. Neste momento o operador deve estabelecer a largura do segundo filete de ruptura, que varia de 10 - 20 cm dependendo do dimetro e situao da rvore. O segundo filete de ruptura deve ser menor que o primeiro, pois sua funo evitar que a rvore no assente no toco, garantindo assim que o sabre no fique preso durante sua formao (Figura 32). Aps esta etapa o tronco da rvore estar todo cortado, preso somente nos filetes de ruptura e nos filetes de abate.Figura 32. Execuo e representao esquemtica do corte de abate, destacando a formao do segundo filete de ruptura.MANEJO DE FLORESTAS NATURAIS DA AMAZNIA Corte, traamento e segurana

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5 Etapa: Utilizao da cunha. Aps a concluso dos cortes direcional e de abate, o operador deve orientar o ajudante para a utilizao da cunha16 (Figura 33). O ajudante deve introduzir a cunha no corte de abate no local marcado pelo motosserrista, e deve bater firme com uma marreta de 2,5kg, tendo o cuidado para no cair fagulhas de ferro nos olhos. O uso da cunha garante, na grande maioria das vezes, a queda direcionada, e permite uma operao mais segura. A quantidade de cunhas a serem utilizadas determinada pelo grau de dificuldades em direcionar a queda.Figura 33. Execuo e representao esquemtica da utilizao da cunha para direcionar a queda.

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6 Etapa: Cortar o primeiro lete de abate ou de segurana. Aps ter introduzido a cunha, o operador deve cortar o filete de abate que estiver ao lado do primeiro filete de ruptura, fazendo com que o mesmo, juntamente cunha, force a rvore a tomar a quedaPara chegar eficincia das cunhas, a equipe tcnica do IFT testou vrios tamanhos, espessuras e larguras. As cunhas utilizadas para auxiliar a queda direcionada no CMF Roberto Bauch foram desenvolvidas e testadas pelo IFT. Algumas recomendaes tcnicas para a confeco de cunhas podem ser vistas nos Anexos deste manual.16

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direcionada. Esse primeiro filete de abate deve ser cortado em somente 3/4 (75%) de seu comprimento para garantir uma operao segura aos demais filetes (Figura 34). Neste momento necessrio que o ajudante permanea prximo da rvore para auxiliar em alguma eventualidade, assim como para bater na cunha para que a rvore tome a queda direcionada, abastecer o motor caso a gasolina termine, ou abrir um novo caminho de fuga se a rvore voltar.Figura 34. Execuo e representao esquemtica do primeiro corte dos filetes de abate.

7 Etapa: Concluso do corte. Aps ter cortado somente (trs quartos) do primeiro filete de abate, o operador inicia o corte no segundo filete de abate (Figura 34), tendo nesse momento muito cuidado com galhos e cips que possam oferecer risco durante a cada

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Para garantir uma maior segurana equipe, o operador deve cortar os filetes de abate num ngulo de 45 graus, de forma a oferecer um ponto de apoio ou sustentao rvore caso a mesma venha a cair em sentido contrrio da queda direcionada. A partir de nossas observaes empricas, entre 8% - 10% das rvores podem cair fora da queda direcionada, sendo que 1 a 2% das rvores caem em sentido contrrio a da queda direcionada, devido fatores operacionais (erros na avaliao de queda) e naturais (como ventos fortes).

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da rvore. Nesse momento a rvore est caindo e o filete de ruptura maior puxa a rvore para a direo de queda direcionada (Figura 35). Um resumo da aplicao das prticas de corte do IFT pode ser visto na Figura 36, e dos resultados tpicos do corte na Figura 37.Figura 35. Concluso do corte e efeito das tcnicas durante a queda da rvore.

Figura 36. Resultado das tcnicas de corte padro do IFT.

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Figura 37. Representao esquemtica das etapas tcnicas de corte padro do IFT.

TCNICAS PARA RVORES COM TRONCO CILNDRICO E COM SAPAPEMASPara espcies cilndricas e com sapopemas ou catanas (razes tabulares) necessrio a aplicao de tcnicas diferenciadas em determinados momentos da operao, diferenciando do corte padro IFT. rvores com tronco cilndrico A execuo operacional em rvores que apresentam um tronco rolio (cilndrico) a dificuldade de definir o filete de abate ou de segurana maior, com isso, foi desenvolvido uma tcnica para formar um tringulo atravs da linha de nivelamento, assim como mostra a figura a seguir.

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rvores com sapopemas (razes tabulares) A execuo operacional em rvores que apresentam sapopemas tambm tem suas tcnicas diferenciadas nos cortes: dire-

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cional e de abate, os quais foram desenvolvidos para evitar problemas operacionais e os riscos de acidentes, assim como mostra a figura a seguir.

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BOX 1. AS PRINCIPAIS TCNICAS DE CORTE NA EXPLORAO CONVENCIONAL

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Infelizmente, ainda nos dias de hoje, as tcnicas de corte de rvores na explorao convencional so predominantes na Amaznia. Foram originalmente concebidas em um contexto no qual os trabalhadores e os empreendimentos no possuam nenhum incentivo para conservar a floresta ou mesmo para diminuir os desperdcios de matria-prima. Na verdade, historicamente, incentivos perversos fizeram com que fosse vantajoso destruir a floresta para sua posterior converso agropecuria. Embora esta mentalidade esteja se dissipando nos dias atuais, as tcnicas de corte convencionais ainda persistem, e as apresentaremos aqui apenas para fins de comparao com as prticas disseminadas pelo IFT e ilustradas neste manual. Existem basicamente duas tcnicas de corte aplicadas na explorao convencional, o corte convencional e o corte de mesa. A tcnica de corte convencional surgiu atravs das prticas de desmatamento para a implantao de agropecuria, sem preocupaes com o mximo aproveitamento da rvore ou como os desperdcios, e continua sendo induzido pelos incentivos a uma alta produo diria de operadores. Este corte formado apenas por um corte de boca e um corte de abate localizado atrs da boca em uma posio ligeiramente mais elevada (Figura 38). O toco deixado alto, induzindo grandes desperdcios e provocando uma alta incidncia de rachaduras nas toras e riscos ao trabalhador. Como a explorao convencional tambm no prev o corte prvio de cips, os danos provocados a florestas so muito superiores aos danos provocados na explorao manejada.

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Figura 38. Retrato de uma explorao sem planejamento e tcnicas adequadas, destacando os resultados da tcnica de corte convencional.

Um dos principais fatores que contribuem para um alto ndice de danos na floresta e desperdcios de madeira o sistema salarial dos operadores de motosserra e dos demais colaboradores das atividades seguintes. Isto porque a maioria das empresas florestais adota o piso salarial firmado pelos sindicados dos trabalhadores rurais regionais, mas os operadores de motosserra, por exemplo, geralmente ganham um adicional proporcional ao nmero de rvores derrubadas, e no pela quantidade de metros cbicos aproveitados. J o corte de mesa uma tcnica aplicada para minimizar os danos com rachaduras e diminuir o trabalho com o traamento da base do tronco, utilizada principalmente na derrubada de espcies de alto valor como o mogno (Swietenia macrophylla) e cedro (Cedrela odorata). A tcnica consiste em um corte reto, sem o degrau do corte direcional (Figura 39). A tcnica tem a vantagem, como discutimos, de minimizar as perdas por rachaduras em relao ao outro corte, mas, devido inexistncia de um salto no corte de abate, no possui uma direo de queda definida, podendo cair sobre as rotas de fuga ou mesmo escorregar sobre o toco, o que pode ser fatal para o operador. Alm disso, comumente aprisiona o sabre da motosserra, dificultando a operao.

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Figura 39. Resultado final da aplicao das tcnicas de corte convencional (A) e o corte de mesa (B).

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Tambm importante notar que, uma vez que a explorao convencional no adotou a prtica de teste de oco prvio ao corte, muitas rvores ocadas so derrubadas, com baixo ou nenhum aproveitamento na indstria. Muitas vezes estas rvores so ainda arrastadas, mas abandonadas nos ptios de carregamento, uma vez que os responsveis pelo transporte sabem que no tero lucro ao tentar vender estas toras para a serraria. Finalmente, devido falta de planejamento e do emprego das prticas adequadas, outra prtica comum na explorao convencional o corte de rvores em direes ou locais especficos inacessveis para a equipe de arraste, de forma que estas toras so intencionalmente deixadas ou eventualmente esquecidas na floresta.

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CAPTULO 4: Tcnicas especiais de corte de rvores em florestas naturais da AmazniaPara rvores que contenham uma inclinao do fuste em relao ao solo superior a 20 graus e para o corte de espcies que racham com facilidade, o IFT recomenda a aplicao de duas tcnicas de corte especiais, ambas desenvolvidas pelo operadorinstrutor e mecnico de motosserras Valderez Vieira (ver Box 2). Tais tcnicas, o Corte Escada Cear (CEC) e o Corte Escadinha, foram concebidos primando pela minimizao dos desperdcios de madeira e pela segurana no trabalho dos operadores.

Valderez Vieira, conhecido como Cear, nasceu no estado que