1001 dias que abalaram o mundo - peter furtado - volume 08

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1948

14 D E M A I O

1948

26 D E M A I O

Nasce o Estado de Israel A supremacia brancaA criao de Israel leva escalada da violncia no Oriente Mdio.A segurana era rigorosa n o Rothschild Boulevard e a l II ilu I,I militar Haganah vigiava todos os presentes n o salo d o M u s e u d e Tel Aviv. A nao judia aguardara 600 geraes por esse dia. N o salo lotado fazia muito i ali II. As 16h, David Ben-Gurion entrou c balou i o m u m martelo na mesa pedindo ateno. Depois d e cantar a

A vitria do Partido Nacional Africner abre a porta para o apartheid.Foi uma das eleies gerais mais disputadas da histria da frica d o Sul. D e u m lado, o Partido Unido, d e fala inglesa, liderado por Jan Christian Smuts, primeiro-ministro desde 1939 e africner pr-Gr-Bretanha. D o outro, o Partido Nacional Unificado, de fala alikner, lidei,ido polo 1 )r. I )aniel Malan, um dei larado pr na/isla< lutai ile a guerra e agora icpublk ano. Ambos os pai lidos delen diam a supiemai i,i biani a, mas Malan era o paladino do "nativismo" e d o apartheid (separao), acreditando g u e idii i de

/ lativah,

o hino nacional, ele leu a declarao d e inde-

I II 'i H IriK i,i d e Israel, firmada c m seguida por V memI I H I S d o ( onselho Nacional. O Estado d e Israel existia i ilu i.ilmente, sendo Ben-Gurion o seu primeiro-minisn bjetivo d e criar na Palestina u m "lar na< ional"

s aos I liam os | II leiia sei ( om edid m e m b r o d o Estado.

i I I i os judeus fora proclamado e m 1917 pela Gr-Brel.n il i.i, i |in 'adquiriu o territrio depois da Primeira (>uei

Os nacionalistas conquistaram a maioria das cadeii.is numa eleio quase i|iie ex< usivamcnle bian

"...assim, pois, ns proclamamos a fundao do Estado de Israel."David Ben-Gurion

"No passado nos sentamos estrangeiros... mas hoje a frica do Sul nos pertence."Dr. M a l a n , p r i m e i r o - m i n i s t r o e m 1948

ia Mundial. Preocupados, porm, c o m a populao rabe local e seus aliados, os britnk os olisl.n uli/aram B Imigrao de u m nmero ilimitado d e judeus mes i iii 11 lepois d o Holocausto. Q u a n d o a violem ia irrom I >eu entre as duas comunidades, a questo foi delegada a (liganizao das Naes Unidas, cuja recomendao ei n prol da partio d o territrio foi aceita pelos judeus, mas no pelos rabes. O nascimento d e Israel foi, pori, II iii > altamente traumtico. , ( ) presidente Truman reconheceu o n o v o Estado, no que foi logo seguido pela Unio Sovitica, mas no I ii ili is | i.ises rabes d o Oriente Mdio. Durante geraes, a guerra iria determinar a geografia poltica d e Israel e deixar profundas cicatrizes na regio. R P

ca. Smuts perdeu o cargo d e primeiro-ministro. O Partido Nai ional < onquislata u m a maioiia d e apenas (in< o ( adeitas, uma virada siqniK aliva. Formou-se u m g o v e r n o exclusivamenii i africner, Foram feitos grandes esforos para "africanerizar" o exrcito, a polcia, o judicirio e o servio pblico, para assegurar q u e suas novas leis n o fossem sabotadas. A legislao d e 1949, reminiscente d e algumas das Leis d e N u r e m b e r g (1935) contra os judeus, foi c o m p l e mentada e m 1951 c o m a criao d e bantustes (territrios) para 10 tribos negras. A segregao racial fora ento estendida totalidade da Unio Sul-Africana. Malan morreu e m 1959, mas a era d o apartheid tenderia at as eleies multirraciais d e 1994. R P se e s -

1948

22 DE

JUNHO

Os jamaicanos desembarcam na Gr-BretanhaA chegada do Empire W i n d r u s h a Tilbury, Inglaterra, gera ansiedade nascimento da Gr-Bretanha multicultural.Era u m antigo navio alemo d e transporte d e tropas, adaptado e rebatizado Empire Windrush. Sua v i a g e m comeara na Palestina, c o m paradas n o Mxico, J a maica, Trinidad, Cuba e Bermudas. Agora ele chegava ao seu destino. A o entrar no esturio d o Tmisa, vrios passageiros clandestinos saltaram d o navio, q u e no obstante seguiu M M rot.i al I ilbuiy paia uma .itr.x a o inusitadamente concorrida. U m a flotilha d e barcos o a c o m p a n h o u levando curiosos e a imprensa - a chegada d e u m navio transportando 492 jamaicanos era, naturalmente, matria d e jornal. Muito a propsito, as cmeras dos cinejornais se m o v i a m a o s o m d o ltimo calipso d e lorde Kitchener: " L o n d o n is the Place lor M e " (Londres agora o m e u lugar), Os imigrantes vieram das ndias Ocidentais por vi ias razes: alguns eram pilotos da fora area retornando d e licena; outros, jovens e otimistas, esperavam conseguir empregos b e m remunerados. Mas vieram iodos c o m o cidados britnicos desejosos d e conhecer .i "me-ptria". Muitos polticos, no entanto, se mostravam aflitos c o m o q u e parecia uma inverso da o r d e m natural das coisas: os britnicos brancos tradicionalmente emigravam para as colnias; agora, eram os n e gros das colnias que imigiavam para a (iia liiolanha. Foi essa tendncia q u e levou, e m 1962, suspenso d o i lireito automtico d e entrada no pas para todos os cii lados da C o m u n i d a d e Britnica (Commonwealth). Os jamaicanos se empregaram rapidamente, e m bora n e m sempre nas atividades para as quais estavam i lualifkados, e o alvoroo criado logo arrefeceu. R P

e anuncia o

O O navio alemo de transporte de tropas Empire Windrushchega a Tilbury Docks com 492 imigrantes jamaicanos a bordo. O Imigrantes das ndias Ocidentais pensam no futuro depois de desembarcar do Empire Windrush no cais de Tilbury.

Iai lamento do I stado, Alger Hiss, foi c o n d e n a d o por perjrio por negar ao comit, sob juramento, que havia sido agente russo. E m 1953, McCarthy se tornou presidente d o subi omite permanente para investigaes e usou essa I n isio para relanar a caa s bruxas contra os simpatizantes d o comunismo. Embora algumas d e suas susIH iltas fossem mais b e m fundadas d o que seus crticos (|< istariam d e admitir, ele e o promotor-chefe d o comit, o a d v o g a d o Roy Cohn, no se detinham ante a falta d e provas, destruindo sem piedade a reputao d e pessoas inocentes. At g u e ponto McCarthy acreditava e m sua cruzada o u n o compreendia o mal q u e fazia ao seu | >as ainda uma questo controversa. R C

A Coria do Norte atacaAs Naes Unidas tm uma oportunidade nica para agir.Nas primeiras horas da manh d e 25 d e junho, foras norte-coreanas deram incio invaso total da Coria d o Sul c o m u m devastador fogo d e artilharia. O lder d o Norte, Kim ll-sung, disse estar respondendo a uma aqiesso i piovor ada do Sul, governado polo pri meiro-ministro Syngman Rhee. O tamanho da ofensiva, n o e n l a n l o , e i a u m a i Iara evidm ia d e uma i ampanha longamente planejada visando reuniu ao da Co ria. A diviso d e 1945 fora concebida c o m o u m expediente temporrio, at q u e Estados Unidos e Unio Sovilii a c In 'i I.ISSI 'in ,i u m ai otdo si il ire o futuro dl i pais. Dois governos distintos haviam surgido, a m b o s reivindii a n d o a lei |lim,i auloiii lai le si ibioa ( i nia. ()s < o m u nislas governavam o Noite, e no Sul uma diladuia ooi rupta e impopular era apoiada pelos Estados Unidos. W a s h i n g t o n , q u e n o podia permitir q u e sua i i ia li ti.i losse i li ",l i uida, eslav.i e m u m a | nisiao nica para agir. A Unio Sovitica boicotava o Conselho d e S e g u r a n a da ONU p o r q u e os americanos haviam se r e c u s a d o a dar a s s e n t o p e r m a n e n t e a o r e g i m e c o m u n i s t a . D e v i d o a b s t e n o sovitica, p o r t a n to sua impossibilidade d e usar seu p o d e r d e veto, W a s h i n g t o n c o n s e g u i u aprovar n o C o n s e l h o d e S e gurana resolues c o n d e n a n d o a invaso nortecoreana e c o n c l a m a n d o os Estados-membros a e n viar foras para derrot-la. C o m graus variados d e relutncia e m o t i v a d o s mais por sua d e p e n d n c i a dos Estados Unidos d o q u e por seu entusiasmo pela Coria d o Sul, 15 pases contriburam c o m suas foras. Cinco outros enviaram unidades mdicas a uma coalizo liderada pelos Estados Unidos. Foi o primeiro conflito a b e r t o da Guerra Fria. J S

O Dois soldados sul-coreanos arrastam um norte-coreano enquanto se acautelam contra a presena de atiradores.

1950 2 2 D E O U T U B R O

1951 2 5 D E

MAIO

A China invade o Tibete 0 escndalo dos espiesForas da China comunista irrompem num territrio isolado e pouco conhecido.Reivindicando exercer seus direitos d e soberania e trazer a libertao d o povo, o F xrcito Popular d e 1 i b e r t a o da China invadiu o l i b e l o no o u t o n o d e 1950. Os imperadores chineses r e c l a m a v a m o c o n trole d o Tibete d e s d e o sculo XIII, pretexto suficiente para q u e a recm-fundada Repblica Popular da < hina invadisse o pas. O regime d e M a o Ts-Tung buscava legitimar seu poder consumando o que consi derava a reunificao da China. Embora independente, o Tibete, uma teocracia governada pelo Dalai Lama, era liaeo demais para resistir.

Os "Espies de Cambridge" para a Unio Sovitica.

desertam

Naquela sexta-feira, c o m o d e costume, Donald M a d e a n passou o dia no Ministrio das Relaes Exteriores, e m Whitehall, Londres, e saiu s 17h30 para pegar o trem d e ( haring t ross a latsiold. Mas era uma sexta feira excepcional. No s porque completava 38 anos d e idade, mas t a m b m porque tinham vindo luz infoi maes d e q u e M a d e a n era, c o m quase toda a certeza, "Homero", o espio que vinha passando segredos britnk os para os sovilk os, I Io sei ia i ilei rogado na segui i da-feira d e manh. Por isso, agentes d o MI5 o seguiram a l ( haring ( ross, mas no alm. ( o m a esposa grvida d e nove meses, supunha-se q u e M a d e a n no iria d e sertar. Mas naquela mesma manh u m outro espio, (iiiy Burgess, [oi casa de Mai lean e se apresentou Sra. M a d e a n c o m o Roger Styles. Donald ento contou esposa que fora convocado para u m importante c o m promisso e por isso levaria uma bolsa d e viagem para o caso d e no conseguir voltar a tempo. Os dois homens correram para a costa, atravessaram o canal at a Frana e desapareceram. Logo se soube que eles haviam d e sertado para a Unio Sovitica. Burgess e M a d e a n foram recrutados c o m o a g e n tes soviticos na Universidade d e ( a m b r i d g e , na d cada d e 1930, junto c o m u m terceiro h o m e m , Kim Philby. Mac lean trabalhou d e I944 a 1948 na e m b a i xada d e W a s h i n g t o n , d e o n d e vazou informaes q u e permitiram a Stalin estimar a fora d o arsenal n u clear ocidental. Foi Philby, e m W a s h i n g t o n , q u e m descobriu q u e a cobertura d e M a d e a n estava prestes a ser descoberta e enviou Burgess para alert-lo. A Gr-Bretanha passou a investigar c o m maiot rigor o passado d e seu pessoal e m posies-chave. Mas Phiiby s desertou e m 1963, e e m 1979 outro espio, A n t h o n y Blunt, foi desmascarado. M a d e a n e Burgess morreram na Rssia. R P

"Pedimos respeitosamente que sejam enviadas tropas... [para] libertar o povo tibetano."S u p o s t o a p e l o a M a o Ts-Tung e m j a n e i r o d e 1950

D e incio houve entre os progressistas certa espelana d e que a ocupao pudesse sei vantajosa para o Tibete. Acabar c o m o feudalismo poderia ser benfico para as camadas mais pobres d o povo e trazer d e s e n volvimento econmico. Mas essas esperanas logo se desfizeram. Os chineses construram pontes, estradas, escolas, mas trouxeram t a m b m uma firme campanha para solapar a autoridade da hierarquia budista, seguida d e ataques contra a cultura tradicional e a elite nacional, alm d e graves violaes dos direitos humanos. Em l'i')9 o ressentimento se transformou e m revolta, brutalmente reprimida, forando a fuga do Dalai Lama. Os chineses se esforaram para reformara sociedade tibelana, a comear pelo ataque religio budista. Esta, poi 'iu, (ontinua sendo o smbolo das aspiraes nacionais libetanas e d e sua rejeio ao domnio chins. J S

A morte de EvitaMorre Eva Pern, a queridinha da Argentina, junto com o apoio popular ao seu marido, o presidente Juan Pern.Maria Eva Duarte d e Pern, carinhosamente chamada d e Evita, ainda estava na casa dos 30 anos quando morreu d e cncer. Irresistivelmente charmosa e atraente, ela exerceu e n o r m e influncia na poltica argentina c o m o esp< isa d o diladoi luan Pern. Mas j era lamosa c orno atriz de rdio e < inema quando, e m 1943, conheceu O coronel Pern e se tornou sua amante, antes d e vir a ser a sua segunda esposa e m 1945. A o seu lado quando ele foi eleito presidente e m 1946, ela criou a sua prpria organizao d e assistncia social, a Federao d o Bem-Estar Social, u m generoso distribuidor d e recursos q u e convenceu os argentinos pobres d e sua sincera preocupao c o m o bem-estar deles, alm d o indispensvel apoio que dava ao marido. Sob sua influncia, as mulheres argentinas conquistaram o direito d e voto em 1950. Imensamenle populai e sempre e m viagem pelo inle rior do pas, ela foi u m canal d e l o m u n k ao funda mental entre Pern e seus apoiadores nas provncias. Evita foi a primeira pessoa a fazer quimioterapia na Argentina. Depois d e sua morte, seu corpo foi embalsam a d o e seus fiis adeptos pediram e m vo ao Vaticano g u e a canonizasse. S e m ela, Pern perdeu apoio rapidamente e foi obrigado a fugir d o pas e m 1955.0 corpo de Evita desaparer eu e seu paiadoim loi um mislrio durante anos. Algumas verses diziam que ele fora d e i xado n u m caminho o u estaria guardado e m algum sto. E m 1971, ele foi entregue por uma caminhonete na casa o n d e vivia Pern na Espanha. E m 1976 foi finalmente devolvido Argentina e hoje est enterrado no Cemitrio da Recoleta, e m Buenos Aires. R C

O

Um cartaz de Evita afixado na parede de uma casa, declarando que ela estar para sempre na alma de seu povo.

O

De luto, os argentinos velam o corpo embalsamado d e Eva Duarte Pern.

1952

L2 D E

NOVEMBRO

Bomba de hidrognio explode no PacficoA bomba de hidrognio testada numa ilha desabitada do atol de Eniwetok.

O

A primeira exploso de uma bomba de hidrognio - conhecida c orno Operao Ivy Mikc

eliminou do mapa a ilhota de Fluqelab.

0 projeto norte-americano d e desenvolver uma b o m ba d e hidrognio foi aprovado pelo presidente Truman e m 1950, depois que a Unio Sovitica c o m e o u a testar as suas prprias armas atmicas. Uma das figuraschave d o programa foi o fsico Edward Teller, que havia ii.ibalhado na primeira b o m b a atmica. Aquele que (onsiderado o primeiro experimento bem-sucedido c o m a nova arma foi objeto da Operao Ivy, no atol d e 11 iiwetok(hoje Enewatek), um grupo d e ilhotas d o Paclu o cuja populao fora evacuada anos antes. O a p a v o r a n t e teste, q u e e n v o l v e u mais d e 11 mil militares e civis, realizou-se s 7h15, hora local, na ilhota d e Elugelab, q u e simplesmente deixou d e existir. A exploso liberou uma energia equivalente a 10,4 m e g a t o n s , c o m u m a bola d e f o g o d e mais d e

5km d e largura e u m c o g u m e l o nuclear q u e atingiu a altitude d e 37km, c o m 161 km d e largura n o topo. P e daos d e coral caram sobre navios situados a 48km d e distncia e o atol foi p e s a d a m e n t e c o n t a m i n a d o por precipitaes radioativas. A Comisso d e Energia Atmica dos Estados Unidos divulgou, e m 16 d e novembro, uma cuidadosa d e clarao relatando a realizao d e u m teste bem-sucedido: "Na presena de ameaas paz mundial, e na ausncia d e arranjos efetivos e aplicveis para o controle d e armamentos, o governo dos Estados Unidos deve continuar seus estudos visando ao desenvolvimento dessas vastas energias para a defesa do m u n d o livre." O atol foi purificado e, e m 1980, alguns d e seus habitantes tiveram permisso para retomar. R C

1953 5 D E

MARO

Stalin: morre o tiranoMorre um dos personagens mais importantes do mundo, para tristeza dos soviticos.

O

Milhes foram prestar a ltima h o m e n a g e m a Stalin; a multido era to grande que algumas pessoas morreram pisoteadas.

Em 28 d e fevereiro, depois d e assistir a u m filme ao lado de colaboradores prximos, losef Stalin recolheu-se a seus aposentos c o m ordens d e no ser perturbado. Ao verificar seu quarto no dia seguinte, os guardas e n contraram-no cado no cho. Convocaram os mdicos, mas e m 5 d e maro Stalin morreu, desencadeando a disputa pela sucesso sob rumores d e que ele havia sido envenenado. Milhes d e pessoas foram ver seu corpo, n u m velrio preparado c o m toda a pompa. Para a maioria dos cidados soviticos, a notcia da morte d e Stalin d e p o i s d e 25 anos d e poder incontestado significou incerteza profunda e m e d o d o futuro. Diz-se q u e at alguns prisioneiros dos c a m pos d e " r e e d u c a o " siberianos choraram. Na luta pelo poder q u e se seguiu, Nikita Khrushchev saiu v e n -

cedor. Coube-lhe a tarefa d e restabelecer a legitir d a d e d e u m Estado q u e por u m t e m p o longi) dei i dependera dos caprichos e desejos d e um nii i > I m e m . O culto d e Stalin e o mito d e sua infalibllii Ia precisavam ser desmantelados. Seguiu-se u m perodo d e relativa liberalizao regime, e m g u e libertaram-se muitos prisioneiros p ticos e relaxou-se a regulao da cultura. Seu poi culminante foi o discurso secreto d e Khrushchev congresso d o Partido Comunista, em 1956, e m q d e n u n c i o u Stalin, a q u e m ele prprio servira durai 30 anos, c o m o criminoso e assassino. Khrushi hev 1 1 m e n c i o n o u os crimes e m q u e ele prprio esteve e volvido, mas o discurso foi uma " b o m b a " que no p deria ser mantida e m segredo. J S

Decifrada a estrutura da vidaCrick e Watson apresentam um modelo da estrutura molecular do DNA.

O J a m e s W a t s o n e Francis Crick mostram seu modelo da estrutura molecular do DNA, em 1953.

E m 25 d e abril d e 1953, dois cientistas, o britnico Francis Crick e o a m e r i c a n o J a m e s W a t s o n , a n u n c i a ram u m i m e n s o passo frente n o e n t e n d i m e n t o d e c o m o so herdadas as f u n e s da vida. Eles apresenlaram u m m o d e l o da estrutura molecular d o cido desoxirribonuclico (DNA), consistindo e m duas fitas helicoidais entrelaadas, q u e explicava c o m o as c a iai tersticas genticas p o d i a m ser copiadas e transmitidas d e uma g e r a o a outra. Crick tinha, ento, 35 anos e W a t s o n apenas 22. Crick c o m e o u a carreira c o m o fsico, depois passou bioqumica; W a t s o n c o m e o u c o m o ornitlogo, d e pois passou a estudar os vrus. A descoberta a c o n t e ceu q u a n d o W a t s o n estudava a i m a g e m da molcula d o D N A por meio da cristalografia por raios X.

Assim nascia a biotecnologia, pode-se dizer. As pesquisas subseqentes se desenvolveram a partir d o trabalho d e Cricke Watson. Na dcada d e 1970, Paul Berg e Herbert Boyer conceberam u m m t o d o para "cortar e colar" diferentes partes d e DNA animal, o que pavimentou o caminho para o corte-e-colagem de DNA d e espcies diferentes. O trabalho d e Crick e Watson abriu caminho t a m b m para a posterior decodificao d e genomas inteiros (a seqncia gentica d e uma espcie), inicialmente bactrias e finalmente, uma vez preenchidas as lacunas da tecnologia disponvel, seres humanos. V e m da o m a p e a m e n t o gentico, usado para identificar os genes responsveis por doenas herdadas e, q u e m sabe u m dia, os genes q u e influenciam as d o e n as comuns e o comportamento humano. J S

1953 2 9 D E M A I O

A conquista do EverestHillary e Tensing escalam a montanha mais alta do mundo.

S

\

' V I S

1-' *

O Tensini Norgay e E d m u n d Hillary descai

sua barraca no monte Everest.

Eles passaram tantas horas e s c a v a n d o degraus na n e v e da vertente final q u e mal p o d i a m m< ivei as pernas. O n i m o original se fora, t u d o o q u e restava era u m doloroso esforo. A t q u e I lillary perc e b e u q u e logo frente a m o n t a n h a , e m v e z d e subir, descia a b r u p t a m e n t e . Alguns golpes mais c o m o martelo e eles c h e g a r a m l. Eram I1h30 da manh. Hillary p d e ver n o rosto d e lnsing, por trs da balaclava, dos culos d e proteo e da mscara d e oxignio, u m "contagiante sorriso d e pura felicidade". Os dois apertaram-se as mos e se abraaram, t r o c a n d o tapas nas costas at quase p e r d e r e m o flego. Passaram a p r o x i m a d a m e n t e 15 minutos tirando fotografias antes d e fincar n o alto da m o n t a n h a as bandeiras d o Reino Unido, d o Nepal e da O N U .

Os tibetanos o c h a m a m d e Chomolungma, e OS nepaleses,deSagamatha, o que nos dois casos sii inlfica "I )eusa Me da ferra". Os britnicos o chamavam ongi nalmente d e Pico XV, mas o rebatizaram e m homena g e m a sirGeorge Everest, cartgrafo-geral da ndia. ( om seus 8.848m d e altitude, variveis conforme o nivi 1 da camada d e neve e m seu topo, o Everest era tido como a montanha mais alta do m u n d o e um permai ici ite d < safio para os alpinistas. Uma dezena de b e m preparadas misses j haviam fracassado. Embora usando o mar. moderno equipamento d e oxignio e trajes c o m Isi ria mento especial, uma tentativa empreendida poucos dias antes fora rechaada por fortes ventos. Felizmente para o neozelands Hillary e oxerpa Tensing Non H , I t e m p o esteve perfeito durante a sua escalada. R P

1953

17 D E

JUNHO

Levante na AlemanhaPor toda a Alemanha Oriental, trabalhadores em greve protestam.to vitica u m aliado confivel nas Amricas. A perspectiva d e uma base militar sovitica e m lugar to prximo no podia ser tolerada por n e n h u m governo amem a no, sem falar da p r e o c u p a o dos Estados Unidos c o m a possibilidade d e o exemplo d e Castro ser segui d o e m outros pases da Amrica Latina. Muitos c u b a n o s haviam se refugiado nos Estados Unidos, q u e r o m p e r a m relaes diplomticas c o m Cuba e m janeiro d e 1961. E m abril, o recmeleito presidente K e n n e d y consentiu e m financiar uma invaso d e Cuba por exilados anticastristas, Unio apresentada c o m o u m a t a q u e contra o m o d e r n o e q u i p a m e n t o militar c u b a n o i m p o r t a d o da Sovitica apesar d e no haver soldados americanos diretamente envolvidos. Planejada pela CIA durante o g o v e r n o anterior, a invaso foi u m v e r g o n h o s o fracasso. Os c u b a n o s j e s p e r a v a m o atague. O b o m bardeio d e a e r d r o m o s c u b a n o s por avies a m e r i c a n o s pilotados por exilados, e m 15 d e abril, no surtiu n e n h u m d e i t o , assim c o m o o d e s e m b a r q u e ; dois dias d e p o i s , d e uma brigada vinda da Nicarg u a nas praias da baa dos Porcos, na costa m e r i d i o nal d e ( uba. O i m a g i n a d o levante anticastrista no se materializou. E m 48 horas, as tropas c u b a n a s pes soai e e n e r g i c a m e n t e c o m a n d a d a s por Fidel Castrt i d e r r o t a r a m os invasores. F o r a m feitos mais d e mil prisioneiros, enviados d e volta aos Estados Unidos no fim d e 1962. O completo fracasso da invaso foi u m severo constrangimento para Kennedy, no mnimo porque tort K )l i Fidel ainda mais popular e o aproximou ainda mais d e Moscou. No fim das contas, o ataque pode ter incentivado o lder sovitico Nikita Khrushchev a aumentar a aposta colocando ogivas nucleares na ilha. R C

O A bordo da Vostok 3KA, Yuri Gagarin se prepara para o lanamento na base de Baikonur.

1961 1 3 D E

AGOSTO

Comea a construo do Muro de BerlimO Muro de Berlim erguido para impedir a fuga de alemes orientais.

O

Soldados da Alemanha Oriental c o m e a m a construir o muro que deixaria Berlim Ocidental totalmente cercada.

I l r , primeiras horas d o dia 13 d e agosto, os ltimos (e .loiros descobriram q u e os trens no f u n c i o n a v a m ; m o r a d o r e s da Bernauer Strasse foram acordados peio barulho d e c a m i n h e s militares; e m vrios lugan's ouviam-se operrios c o m britadeiras abrindo b u racos nas ruas. L o g o ficou claro q u e uma cerca d e a r a m e farpado estava s e n d o erguida nas ruas d e Berlim. "DieGrenzeistgeschlossen" (A fronteira est f e c h a da), a n u n c i a v a m soldados a r m a d o s c o m m e t r a l h a doras. Berlim Ocidental foi cercada c o m 182km d e arame farpado. C o m e a v a a construo d o Muro d e Bi 'rlim. Seu t r a a d o passava por dentro d e conjuntos habitacionais, deixando portas se abrindo para u m setor e janelas para outro - at serem d e f i n i t i v a m e n te e m p a r e d a d a s .

Em 1958, o lder sovitico Nikita Khrushchev cham o u Berlim d e "os testculos d o Ocidente. Toda vez que quero fazer o Ocidente gritar eu aperto Berlim". Em 1949 o Ocidente d e fato berrou q u a n d o Stalin bloqueou o setor ocidental da cidade, mas agora era a vez dos soviticos. Trs milhes d e cidados haviam deixado a Ale manha Oriental entre 1949 e 1960 e o fluxo vinha se transformando e m enxurrada. Khrushchev pediu que o muro fosse construdo para impedir a espionagem ocidental, mas o real motivo era deter o xodo dos insatisfeitos c o m o comunismo. O Ocidente pouco podia fazer alm d e protestar. C o m o tempo, os dois lados aprenderam a conviver c o m a situao. O muro simbolizou a Guerra Fria, tanto e m sua construo c o m o e m sua derrubada, e m 1989. R P

Bob Dylan estria em Nova YorkO garoto de Minnesota se firma como artista solo na cidade grande.

O

Ao lado dos Greenbriar Boys, Bob Dylan (centro) se apresenta como coadjuvante antes de sua auspiciosa estria solo.

No inc io Seus folkdubs

di ,1(1,1 do l )f)(), o (iroonwii li V I L k j o jl

Segui k li i os relatos disponveis (alm d e uma gra v a o pirata), Dylan cantou c o m grande e m o o , es pecialmente "Song to Woody", uma h o m e n a g e m sua ao cantor d e baladas da p o c a da Grande Depresso Woody Guthrie. lira seu desejo encontrar-se com aquele q u e o havia atrado d o remoto Minnesota para o agitado ambiente dos dubs e das gravadoras. No c o m e o , Dylan imitava conscientemente Guthrie, mas logo c o m e o u a absorver outras influncias e a apurar sua figura cnica e sua caracterstica voz anasalada. Bola Dylan passou de artista d o Village a astro d e fama nacional graas a uma crtica d e Robert Shelton no New York limes, e m setembro d e 1961. Essa matria ajudou-o a obter seu primeiro contrato c o m a Columbia Records, importante catalisador d e sua carreira. J J H

se estabelecera c o m o a "Rive G a c h e " d e Nova York. o u "bares d o passa-chapu", assim c h a m a d o s d e v i d o maneira c o m o eram pagos os artistas q u e l se apresentavam - eram freqentados por poetas beat e militantes dos direitos civis e c o n tra a Guerra d o Vietn. I oi no Gaslight, u m dos primeiros e mais importantes dubs nova-iorquinos, inaugurado n u m poro e m 1958, q u e B o b Dylan veio cantar, tocar harmnica e guitarra acstica, apurar sua figura cnica e mostrar novas canes. E m 6 d e setembro, Dylan apresentou u m repertrio q u e inclua quatro c a n e s d e sua autoria: "Man o n the Street", " H e W a s a Friend of Mine", "Taking Bear M o u n tain Picnic Massacre Blues" e " S o n g to W o o d y " .

1961 18 D E

SETEMBRO

1962 3 D E

JULHO

Exploso misteriosaA morte de Dag Hammarskjld Naes Unidas de seu lder. priva as

Arglia independenteDepois de 132 anos, a Arglia se torna independente da Frana.A Frana invadiu a Arglia e m 1830 e a incorporou mais tarde c o m o parte d o Estado francs, s e m n o e n tanto c o n c e d e r quaisquer direitos polticos s p o p u laes nativas. As primeiras manifestaes d o sentim e n t o nacionalista rabe na Arglia a c o n t e c e r a m entre as duas guerras mundiais e se multiplicaram d e p o i s d e 1945, assumindo p r o p o r e s d e insurreio, pela primeira vez, e m 10 d e n o v e m b r o d e 1954, sob liderana da I i c n t e d e I ibertao Na< ion.il (I I N). Na Frana, socialistas e comunistas a p o i a v a m as aspiraes rabes, a o passo q u e os partidos d e direita

O DC-6 ainda estava prximo d o a e r o p o r t o d e Ndola, na m o d e r n a Z m b i a , q u a n d o a c o n t e c e u a exploso. Ele caiu i m e d i a t a m e n t e , m a t a n d o 14 das 15 pessoas a bordo, d e n t r e elas o mais ilustre e controverso secretrio-geral q u e a O N U j leve. I )elensoi dos diiei tos dos p e q u e n o s pases, I )aq p r o p u n h a q u e a O N U fosse u m instrumento construtivo da paz e q u e seu se< retrio-geral fosse u m exec utivo atuante. ( orno a Unio Sovitica havia p e d i d o a sua renncia p o u c o antes, foram inevitveis as e s p e c u l a e s d e q u e o avio fora sabotado. I )aq Hjalmar A g n e Carl Hammarskjld era doutor | >ela Universidade d e I sto< o l m o e tinha vrios diplo mas honorrios. Poliglota d o t a d o d e mltiplos lalen tos, Hammarskjld era u m renascentista moderno q u e havia trabalhado c o m o a c a d m i c o , banqueiro e funcionrio pblico antes d e entrar para o G a b i n e t e s u e c o e m 1951. Esteve presente na primeira A s s e m blia Geral da O N U e m 1949 e foi eleito secretriogeral e m abril d e 1953. E x t r e m a m e n t e ativo e b e m sucedido, foi reeleito por u n a n i m i d a d e e m setembro d e 1957. E m 1955, n e g o c i o u p e s s o a l m e n t e a liberta o d e soldados americanos c a p t u r a d o s durante a Guerra da Coria e foi t a m b m o primeiro a usar as foras d e E m e r g n c i a e os G r u p o s d e O b s e r v a o das Naes Unidas. Intensamente e n v o l v i d o com a guerra civil d o C o n g o a partir d e 1960, m o r r e u d u r a n te sua quarta visita a o pas. I m n o v e m b r o d e 1961, Hmmarskjld foi agraciad o i o m o Prmio N o b e l da Paz " e m a g r a d e c i m e n t o por t u d o o q u e fez, p e l o q u e realizou, p e l o q u e lutou: criar paz e boa v o n t a d e entre as n a e s e entre os homens". M o n u m e n t o s conservaram viva a sua m e mria, mas a O N U se viu, da e m diante, privada d e sua liderana. R P

"Os argelinos tero livre escolha de seu destino..."C h a r l e s d e G a u l l e , 29 d e j a n e i r o d e 1960

i li li 'i idium a | 'i 'i 11 iam 'lu ia da u n i d a d e e n l i e a An |i lia e a Frana Continental. A c a m p a n h a d e pacificar o levada a i alio p o l o exoh ilo Iluni s d u i o u oito anos, c o m crescente brutalidade d e a m b o s os lados, c u l m i n a n d o na guerra aberta contra a ala militar da I I N. Apesai d o a m p l o rontrole c o n q u i s t a d o pelo exrcito, a batalha poltica n o podia ser ganha. I m 1958, o general Charles d e Gaulle deixou a a p o sentadoria para resolver a crise argelina e trazer estabilid a d e a o governo francs. R e c o n h e c e n d o q u e a independncia da Arglia era inevitvel, D e Gaulle negociou c o m a FLN e m Evian. Depois q u e 1,25 milho d e cidados franceses deixaram a Arglia para se instalar na Frana metropolitana, o novo governo argelino tratou d e se vingar dos compatriotas q u e haviam lutado a favor o u colaborado c o m os antigos governantes. N K

1962

10 D E

JULHO

Televiso via satliteO lanamento do Telstar 1 faz o mundo parecer um pouco menor.

A c o m u n i c a o via satlite, h o j e a b a s e d e u m a prspera indstria e fator crtico d a s o p e r a e s m i litares, foi pela primeira v e z sugerida por A r t h u r C. Clarke e m 1945. U m d o s p r i m e i r o s a levar a idia a d i a n t e , ainda na d c a d a d e 1950, foi o e n g e n h e i r o J o h n R. Pierce, da Bell T e l e p h o n e s , q u e t e v e u m p a p e l d e proa n o t r a b a l h o q u e l e v o u a o l a n a m e n to d o s satlites d e c o m u n i c a e s Echo, e m 1960, e Telstar 1, e m 1962. refletia sinais d e microondas d e rdio d e

O tcho

volta Terra por m e i o d e sua superfcie d e alumnio; o Telstar. u m aparato mais sofisticado, transmitia d e volta lerra sinais d e IV. I le oi lanado pela A m e r i can l e l e p h o n e a n d l e l e q i a p h e m so< iodado c o m a Bell l e l o p h o n e s e os ( o n e i o s b i i l n i i o e Iram s. Uma oii! e x p o r t a o importante da Nigria, o petrleo, seria inevitvel a oposio d o g o v e r n o central. As origens d o conflito t m razes n o passado c o lonal da Nigria. A o dividirem o territrio, os britam cos n o levaram e m conta a s p e c t o s tnicos. Na i n d e p e n d n c i a , e m 1960, a Nigria era u m a mistura d e p o v o s m u u l m a n o s , cristos e animistas c o m u m his-

que criou a Repblica Sul Aric ana, motivo da expul so d o pas da C o m u n i d a d e Britnica. Sua c a m p a n h a contra a oposio inteina insultou no massacre d e Sharpeville, e m 1960, na proscrio d o Congresso N a cional Africano o na < o n d e n a o d e Nelson Mandela priso poiptua e m junho d e 1964. irnico, t e n d o e m vista a q u a n t i d a d e d e seus inimigos, q u e o assassinato d e V e r w o e r d n o tenha sido uma a o diretamente poltica. As motivaes d e seu assassino, o mensageiro parlamentar D e m e trio Tsafendas, so obscuras. Filho d e pai g r e g o e m e Swazi, Is.ilendas era oficialmente branco, o q u e tornava ilegal o seu c a s a m e n t o c o m a mulher q u e escolhera, classificada c orno negra, a m e n o s q u e ele prprio fosse racialmente reclassificado. Embora t i vesse u m b o m motivo para questionar o apartheid, Isafendas afirmou q u e u m g r a n d e v e r m e e m seu e s t m a g o o havia c o m p e l i d o a matar. D a d o g u e u m assassinato poltico teria sido e m baraoso para o Estado, Tsafendas foi d e c l a r a d o i n sano e recolhido a u m hospcio at sua m o r t e e m 1999. I n d e p e n d e n t e m e n t e , p o r m , das reais m o t i v a e s , seu a t o foi u m claro aviso d e q u e o r e g i m e i Io apartheid tinha muitos adversrios e jamais estai ia seguro. J S

"Deus abenoe Biafra... Ns triunfamos sobre todos os inimigos..."Da c a n o patritica " S a u d e m o s Biafra"

trico d e tenses tnicas. O g o v e r n o civil n o d i i n m muito: e m 1966 os militares t o m a r a m o p o d e i . Mas t iS problemas e c o n m i c o s se agravaram, b e m c o m o i is conflitos tnicos. O pior deles surgiu entre a etnia m u u l m a n a Hausa, d o norte, e a crist Ibo, d o sui l i " , te. Foi esta ltima gue;, reivindicando ser vtima d e muitos anos d e discriminao e atrocidades, tentou criar Biafra c o m o seu pas. Foi umas das primeiras e mais sangrentas guerras africanas ps-independncia. E m dois anos e meio ela produziu u m milho d e refugiados e se estima que e n tre u m e trs milhes de mortos e m conseqncia da luta e da fome. Biafra foi derrotada, mas os problemas g u e provocaram o conflito permanecem. Depois d e dcadas, o povo Ibo ainda se queixa d e discriminao, tornando clara a possibilidade d e novos conflitos. J S

1967 7 D E

JUNHO

Israel toma Jerusalm OrientalO mundo fica atnito com as vitrias israelenses na Guerra dos Seis Dias.

O

U m c o m b o i o militar israelense passa por u m c a m i n h o lotado d e prisioneiros d e guerra egpcios.

N o terceiro dia d e luta d e sua reiterada batalha ; onlra os vizinhos rabes, as foras israelenses esmagaram os |i ndanianos e t o m a r a m a Cidade Velha d e Jerusalm, o n d e esto o D o m o da Rocha e o Muro Ocidental, i tste o nico remanescente d o antigo Templo judeu. U m a coalizo rabe aparentemente invencvel se havia esfacelado ante o assalto israelense. A o perceber g u e u m a t a q u e c o m b i n a d o era iminente, os israelens e s desfecharam u m ataque surpresa q u e destruiu e m lona boa parte da fora area inimiga, o b t e n d o ass i m u m a v a n t a g e m decisiva. Naguela q u e se tornaria i onhecida c o m o a Guerra dos Seis Dias, Israel i r r o m peu por trs f r o n t e i r a s , t o m a n d o da J o r d n i a a ( isjordnia, da Sria as colinas d e G o l a n e d o Egito ,i aixa d e Gaza e t o d a a pennsula d o Sinai.

Foi uma vitria decisiva, g u e t e v e recompensas. A declarao americana d e neutralidade marcou, na verdade, uma parceria estratgica q u e daria a Israel o apoio incondicional dos Estados Unidos. Egpcios e srios lutariam n o v a m e n t e na Guerra d o Yom Kippur, e m 1973, mas o n o v o lder d o Egito, A n w a r Sadat, estava disposto a negociar a devoluo d o Sinai e m troca d e abandonar seu sonho d e destruir o Estado d e Israel. Israel, p o r m , g u e agora governava u m grande n m e ro d e palestinos numa Cisjordnia conguistada pela fora das armas e vista c o m o parte inalienvel d o pas, tinha p o u c o interesse e m buscar u m acordo. Mas a o c u p a o israelense enfrentaria resistncia e a escalada da violncia se consolidaria e m u m conflito a p a r e n t e m e n t e impossvel d e terminar. J S

A morte de um revolucionrioHeri comunista "Che" Guevara caado e morto na Bolvia.

O

O cadver de Guevara exibido para as cmeras aps sua execuo pelo exrcito boliviano.

Ernesto " C h e " Guevara tinha 39 anos q u a n d o foi m o r t o por u m sarqenlo boliviano na lo< alidade (ir1

boliviana d e Nancahuaza, deslocando-se mais lan li' para a regio d e Vallegrande. No foi, porm, bem-sucedido e m seus esforos d e recrutamento entre a p o p u l a o local, desconl i, i I, i < e hostil. O p e q u e n o grupo foi encurralado perto d e I a Higuera pelo exrcito boliviano, q u e teve o apoio, ali i da q u e sem envolvimento direto, dos Estados Unidos. Guevara foi ferido e aprisionado na escola local. Trs soldados bolivianos decidiram por sorteio qual deles o executaria. Diz-se que suas ltimas palavras foram: " S a i b a m q u e vocs esto m a t a n d o u m h o m e m . " S e u corpo foi levado d e helicptero a Vallegrande e sua morte anunciada aos meios d e comunicao. Seu mais visvel legado talvez seja a sua prpria i m a g e m estampada e m camisetas por t o d o o m u n d o . R C

La Higuera. Argentino d e nascimento, Guevara fez residncia mdica e formou-se e m Buenos Aires, mas estava mais interessado na revoluo. Depois d e c o n h e c e r Fidel Castro no Mxico, ajudou a e s t a b e l e cer o c o m u n i s m o e m Cuba e m 1959 e o c u p o u postos importantes no g o v e r n o d e Castro. Na crise dos msseis, p o r m , d e s a p r o v o u o recuo da Unio S o v i tica, que, por sua vez, desaprovava suas simpatias maostas. E m 1965, Guevara trocou Cuba por uma fracassada tentativa d e exportar seu m o d e l o d e c o m u n i s m o para o C o n g o . D e volta Amrica d o Sul e m 1966, e s t a b e l e c e u , c o m u m p e q u e n o g r u p o d e guerrilheiros, u m c a m p o d e t r e i n a m e n t o na regio

1967 3 D E

DEZEMBRO

0 primeiro transplante de coraoO cirurgio sul-africano Christiaan Barnard vira celebridade depois de realizar o primeiro transplante bem-sucedido de um corao humano.( hiisliaan Barnard ('Mudou medk in.i nu Universidade da Cidade d o C a b o e cirurgia cardaca na Universidade d e Minnesota. Depois d e vrios anos d e experincias c o m transplantes d e rgos e m animais, a c h o u q u e havia c h e g a d o o m o m e n t o d e coloc-los e m prtica c o m h u m a n o s . A doadora foi Denise Darvall, d e 25 anos d e idade, morta n u m acidente d e trnsito; o rer eplor, I ouis Washkansky. A o p e i a o durou nove h o ras e envolveu uma e q u i p e d e 30 pessoas. A c h a n d o q u e a o p e r a o no despertaria grande interesse, Barnard sequer informara o diretor d o hospital d e suas intenes. Mas, n u m a poca e m q u e toda cirurgia cardaca era considerara d e alto risco, o seu feito foi objelo d e imensa publii idade. Barnan I In ou inleinai ional m e n t e f a m o s o da noite para o dia e foi festejado por aitistas d e i ilu sua, | illu < is i ' a t rm .nu > o Papa, W a s h k a n s k y s o b r e v i v e u a p e n a s 18 dias. A d r o ga utilizada para evitar a rejeio d o n o v o r g o reduziu t a m b m a sua resistncia a infeces e e l e contraiu p n e u m o n i a . S o m e n t e e m 1974 u m pesguisadoi n o r u e g u s criou uma droga ( a paz d e evitar tais c o m p l i c a e s - a ciclosporina. O trabalho p i o neiro d e Barnard abriu c a m i n h o para o a p e r f e i o a m e n t o das tcnicas d e transplante d o c o r a o . E m s e g u i m e n t o a suas pesquisas, e m 1974 ele realizou o primeiro transplante d u p l o d e c o r a o . Vinte a n o s d e p o i s d e sua o p e r a o pioneira, essa cirurgia tornou-se usual. Barnard aposentou-se e m 1983 d e v i d o artrite e m o r r e u e m 2001, i r o n i c a m e n t e d e d o e n a cardaca. J S

O Christiaan Barnard explica, em entrevista coletiva, como realizou seu transplante pioneiro de corao.

O

Barnard monitora o progresso d e Louis Washkansky depois do primeiro transplante de corao.

1968

31 D E J A N E I R O

1968 2 1 D E

MARO

A Ofensiva do TetA Ofensiva do Tet no Vietn do Sul faz cambalear as foras dos Estados Unidos.O ano-novo vietnamita, o u Tet, foi celebrado pela guerrilha vietcongue c o m ataques coordenados contra todas as cidades d o Vietn d o Sul. As foras americanas ficaram atnitas c o m a escala e ferocidad e da luta, q u e c a u s o u a m o r t e d e milhares d e civis e teve at u m a batalha travada n o recinto da Embaixada dos Estados Unidos, e m S a i g o n . Longa e c u i d a d o s a m e n t e planejada, a Ofensiva d o Tet tinha por objo tivo abalar d e c i s i v a m e n t e o Vietn d o Sul. At ento os lderes militares americanos pensavam q u e a guerra podia ser vencida e se sentiam seguros nas

Massacre no VietnO massacre de My Lai refora o repdio internacional Guerra do Vietn.S o b o c o m a n d o d o t e n e n t e William Calley, tropas americanas enviadas a M y Lay para desalojar g u e n i lheiros v i e t c o n g u e s e simpatizantes q u e se supunha estar e s c o n d i d o s na aldeia p r o m o v e r a m u m a verda deira carnificina, imotivada e indiscriminada, q u e n o p o u p o u velhos n e m crianas. Investigaes militares posteriores concluram q u e 347 pessoas foram assas sinadas; os vietnamitas contabilizaram 504. O Ifii i d e n t e foi inic ialmente relatado c o m o uma a o mili t a r e m q u e 128 c o m b a t e n t e s inimigos f o r a m mortos, mas logo c o m e a r a m a < ire ular rumores d e u m mas sacre. U m soldado, R o n R i d e n h o u r , relatou o o c o r r i d o a figuras polticas i m p o r t a n t e s , entre as quais o prprio presidente Nixon. A s a t r o c i d a d e s v i e r a m a pblico, mas Calley foi o nico c o n d e n a d o . Eml u ira s e n t e n c i a d o priso p e r p t u a p o r assassinato pre m e d i t a d o , e l e s c u m p r i u trs a n o s e m e i o d e pu so domiciliar. O uso d e b o m b a r d e i o s macios, desfolhantes e

"Est cada vez mais claro que a nica sada racional a negociao."Walter Cronkite, jornalista americano

cidades, ainda q u e n o n o c a m p o . O general nortevietnamila Vo N q u y e n Giap pretendia mostrai q u e eles e s t a v a m errados. Esperava, e m t o d o caso, obrigar os americanos a negociar. Militarmente, os Estados Unidos triunfaram na Ofensiva d o Tet. O vietcongue sofreu grandes perdas e da e m diante o exrcito norte-vietnamita teve d e assumir o nus maior da luta. Politicamente, n o entanto, as conseqncias foram outras: nos Estados Unidos, o n d e a Ofensiva d o Tet foi percebida c o m o uma derrota, a opinio pblica d o pas voltou-se contra o q u e agora via c o m o uma causa perdida. Embora o banho d e sang u e continuasse at o acordo d e paz de 1973, desse m o m e n t o e m diante os americanos passaram claramente a buscar uma forma d e se desembaraar d o conflito sem perder demasiada credibilidade. J S

n a p a l m fazia crer a muitos vietnamitas q u e os I sla dos Unidos estavam destruindo o Vietn d o Sul gaia salv-lo. A presena americana era a m p l a m e n t e re pudiada, A cada passo, suas tropas eram recebidas c o m forte hostilidade. Incapazes d e encontrar seus inimigos invisveis e suspeitando d e todos os c a m p o neses, os soldados d o s Estados Unidos passaram a odiar t o d o s os vietnamitas e a ver a u t o m a t i c a m e n t e , e m q u a l q u e r vietnamita m o r t o , u m v i e t c o n g u e , razo pela qual u m massacre c o m o o d e M y Lai nao constituiu surpresa. A terrvel notcia no apenas galvanizou e unificou o m o v i m e n t o contra a guerra dentro d o s Estados Unidos c o m o t a m b m , pode-se dizer, c o n v e n c e u muitos sul-vietnamitas d e q u e talvez fosse prefervel u m r e g i m e comunista a c o n t i n u ar sendo o c a m p o d e batalha dos Estados Unidos. J S

O assassinato de Martin Luther KingA perda de um grande lder americano provoca uma onda de dio.

O

Cinco dias depois do assassinato, mais de 50 mil pessoas participam d o cortejo fnebre e m Atlanta, na Gergi

O mais f a m o s o e efetivo lder d o m o v i m e n t o e m prol dos direitos civis nos Estados Unidos, seguidor d o princpio da resistncia no-violenta d e G a n d h i e g a n h a d o r d o P r m i o N o b e l da Paz e m 1964, foi m o r t o a tiros e m M e m p h i s , Tennessee, o n d e viera apoiar uma g r e v e d o s trabalhadores negros dos servios d e san e a m e n t o . Na vspera d e sua morte, a o falar e m uma assemblia sobre rumores d e q u e sua vida estaria a m e a a d a , Luther King disse: " C o m o t o d o m u n d o , e u gostaria d e viver u m a longa vida. A l o n g e v i d a d e t e m 0 seu lugar. M a s n o e s t o u p r e o c u p a d o c o m isso. 111 s g u e r o fazer a v o n t a d e d e Deus." Na noite seguinte, King estava na sacada d o seg u n d o andar d o Motel Lorraine q u a n d o se ouviu u m 1 no d e fuzil, disparado da janela d e uma casa prxima.

M o m e n t o s depois, King foi encontrado cado na sacada, ainda vivo, c o m u m ferimento na cabea. Seus amigos o cobriram c o m uma colcha, mas ele no resistiu at a c h e g a d a da ambulncia. Morreu aos 39 anos d e Idade, A notcia da morte d e Luther King provocou uma o n d a d e pesar e d i o . Bairros n e g r o s reagiram c o m violncia, p r o m o v e n d o sagues e incndios. Foram n e cessrios milhares d e soldados para restabelecer a ord e m . O prprio King no teria a p r o v a d o a violncia. O assassino foi u m sulista b r a n c o , autor d e p e q u e n o s delitos, ( h a m a d o lames Earl Hay. Lie c o n s e guiu fugir para a Inglaterra, mas foi preso e d e v o l v i d o a M e m p h i s , o n d e , e m 1969, r e c e b e u a sentena d e 99 a n o s d e priso. Ray m o r r e u e m 1998. R C

Distrbios em ParisUma vez mais, a capital da Frana palco de exploses revolucionrias.

O

Estudantes protestam nas ruas d e Paris

a revolta abriu caminho para uma greve geral q u e durou duas semanas.

Uma nova Revoluo Francesa parecia iminente. D e pois d e vrios dias d e batalhas campais entre os estudantes e a fora antimotins d e Paris, a situao ficou ainda mais perigosa para o governo q u a n d o trabalhadores e m greve se juntaram aos protestos. A crise se iniciara e m maro c o m uma srie d e confrontos entre estudantes e autoridades universitrias e d o ensino m dio a propsito dos regulamentos repressivos e dos valores arcaicos e burgueses ensinados nas escolas. O governo endureceu, m a n d a n d o a polcia cercar a Sorbonne. Os estudantes foram atacados c o m gs lacrimogneo, espancados e presos. As batalhas de rua no Quartier Latin d e Paris provocaram a indignao g e n e ralizada da classe operria, d a n d o ensejo a uma greve geral no oficial q u e acabou envolvendo mais d e 10

milhes d e trabalhadores e paralisando a Frana por duas semanas. O governo parecia beira d o colapso. Avaliando a lealdade d e suas tropas ao m e s m o t e m p o q u e posicionava tanques na periferia d e Paris, o governo claramente se preparava para o pior. Mas o pe rigo se dissipou to rapidamente quanto havia surgido. Os trabalhadores franceses tinham pouca simpatia pela retrica revolucionria dos estudantes. Importantes c o n cesses salariais, d e condies d e trabalho e d e direitos sindicais encerraram a greve geral e neutralizaram a In surreio. Agindo rapidamente, Charles d e Gaulle c o n vocou eleies gerais, das quais os estudantes saram isolados e o governo fortalecido. A contestao das atl tudes tradicionais para c o m a educao e a juventude deixou u m legado d e mudanas e m toda a Euroj >a. J S

1968

25 D E ) U L H O

Morre Robert Kennedy Discurso retrgrado0 senador Robert Kennedy assassinado em Los Angeles, Califrnia.1 m cinco anos, assassinatos tiraram a vida d e trs i m portantes lderes americanos: John F. Kennedy, Martin Luther King e Robert F. Kennedy. Este ltimo presidiu, e m 1957, o comit d o S e n a d o g u e investigou a m a n i pulao d e sindicatos; e m 1960, dirigiu a bem-sucedida c a m p a n h a d o irmo presidncia d o s Estados Unidos; c o m o procurador-geral da Repblica no gov i i i i o d e J o h n Kennedy, apoiou a ( a m p a n h a c m prol dos direitos civis e liderou u m a vigorosa luta contra o i n i n o organizado; e m 1964, depois da m o r t e d e J o h n , foi eleito senador democrata pelo estado d e Nova

Condenao do controle da natalidade pelo Papa provoca crise de autoridade.Para consternao dos liberais catlicos da poca, a encclica / lumanac

Vilae (Vida I lumana), d o Papa Pau

Io VI, c o n d e n o u enfaticamente todos os meios artificiais d e controle da natalidade. A l e g a n d o tratar-se d e algo intrinsecamente m a u , uma violao da lei natural, 0 Papa advertiu q u e elos aumentariam a infidelidade conjugai, rebaixariam os padres morais e reduziriam a mulher a mero instrumento d e prazer. O sexo n o c a samento seria antinatural, s e g u n d o ele, se exclusse ,u l i l i i ialniisito o | n o | l s i t o I > , i s i < o da p i o i riao. Essa posio foi u m c h o q u e considervel para muita g e n t e q u e esperava q u e a Igreja tomasse u m a

"Meu irmo no deve ser idealizado na morte alm daquilo que foi em vida..."Senador Edward Kennedy

1 II isir) mais liberal e m , roo d o surgi m o n t o da plula anlii o m op< ional. O < onlrole da fertilidade e r a vslo c o m o vital para a reduo d o s nveis d e pobreza n o m u n d o , e m especial nos pases m e n o s d e s e n v o l v i d o s , A | I O S I O I O I disseminao da Aids daria u m < ar.i l e i d e i l i g i K ia questo. N o m u n d o o< idenlal, mais e mais pessoas passariam a v e r o controle da natali-

Y o i k , lornando-se rapidamenle uma liguia p o l l k a d e I n o a e g r a n d e opositor da Guerra d o Vietn. Robert Kennedy anuiu iou sua candidatura presidncia e m 1968. E m 4 d e junho, g a n h o u cinco d e seis primrias democratas, inclusive a daquela dia, n a , ilifrnia, q u a n d o d e u aos simpatizantes q u e ouviram s o u (Jiscurso n o Hotel Ambassador d e Los Angeles a I I 'i i o / a d e q u e viria a ser o s e g u n d o m e m b r o d e sua lauiilia a o c u p a r a Casa Branca. Mas foi baleado ao sair I n >i u m corredor cheio do gente o moriou n u m hospit a l n o dia seguinte, aos 42 anos d e idade. O assassino, u m imigrante de origem palestina d e nome Sirhan Sirhan, era adversrio das simpatias por Israel i Io Kennedy. Sirhan foi condenado morte e m 1969, mas teve sua pena comutada para priso perptua deI ii lis d e u m apelo d o senador Edward Kennedy. R C

d a d e c o m o u m a questo d e conscincia

pessoal,

fora da alada d o Vaticano. A procriao, se dizia, n o era o nico propsito d o c a s a m e n t o . O veredicto d o Papa seria cada vez mais ignorado. Embora muitos catlicos concordassem c o m o

Papa o tivessem concludo, d o c rose imento dos ndic es d e abortos e filhos ilegtimos, q u e suas advertncias eram corretas, e m geral a reao foi to hostil g u e Paulo VI, i li",. ili i itac li i, num a mais | n il ilii o u net il luma i n i< li c ca. Mas J o o Paulo II reafirmou seu julgamento e m 1984. Os argumentos a favor d o controle da natalidade v i nham ao encontro das demandas d e obedincia autoridade catlica. Na realidade, a Igreja perdeu credibilid a d e c o m o professora de tica sexual e a divergncia seletiva c o m a I lumanae

Vitae alimentaria uma discor-

dncia mais ampla c o m a autoridade do Vaticano. J S

1968

20 D E

AGOSTO

Tanques soviticos contra a Primavera de PragaForas do Pacto de Varsvia reprimem as reformas de Alexander Dubcek.

A invaso daTchecoslovquia por uma coalizo dirigida pela Unio Sovitica ps fim Primavera d e Praga, o perodo d e reformas liberais d o governo tcheco d e Alexander Dubcek. A estagnao econmica e a aspirao generalizada por reformas polticas haviam leva d o deposio, e m janeiro, d o e m p e d e r n i d o lder stalinista da Tchecoslovquia, Antonin Novotny. D u b cek o substituiu anunciando u m ( o n j u n t o d e reformas. Embora no osse sua inteno permitir que o pari ido perdesse o < ontrole da R hecoslovquia, ameaasse a Unio Sovitica e abandonasse o Pacto d e Varsvia, ele dizia q u e o socialismo precisava d e uma face h u mana. Para isso, props q u e fossem permitidos parti dos legais d e oposio, a c a b o u c o m a censura e quis normalizar as relaes diplomticas e comerciais c o m a Alemanha Oc idental. A Irai|ilia d e Dubcek foi no entender o impacto das reformas na Tchecoslovquia sobre o m u n d o comunista. Na Polnia, manifestaes exigiram reformas similares, remendo q u e a agitao transbordasse para a Ucrnia, Moscou exigiu d e Dubcek que pusesse u m freio s lelonnas. I )ubc ek no se abalou, na expectativa d e que as garantias d e lealdade que dera na reunio d e cpula dos lderes d o Pacto d e Varsvia fossem suficientes para aplacar as preocupaes soviticas. A invaso foi a resposta. O Ocidente protestou, mas nada fez. Uma m e n s a g e m fora enviada ao m u n d o comunista: comunismo e mudanas verdadeiras eram incompatveis. F, se o comunismo era incapaz de reformar a si mesmo, as reformas s poderiam vir c o m o seu fim. J S

O vidos pelas polticas mais liberais de Dubcek, jovens dePraga reagem invaso militar. O Tanques do Pacto de Varsvia entram e m Praga para assumir o controle da Tchecoslovquia de Dubcek.

1968 2 4 D E

DEZEMBRO

A Terra vista da LuaFofo do nascer da Terra tirada oito meses antes do primeiro desembarque

na Lua.

O

A Terra vista da Lua, na impressionante fotografia de William Anders.

A misso Apollo 8 levou os astronautas Frank B o r m a n , William A n d e r s e Jim I ovell rbita da I ua. Cola pii meira vez, h u m a n o s passavam d o c a m p o gravitacional da Terra para o d e outro c o r p o celeste. Sua tarefa era fotografar a super!ir ie lunar. Mas, g u a n d o a espa o n a v e saiu d o lado escuro da i ua, eles viram a Terra distante surgindo acima da vasta superfcie inerte d o satlite. B o r m a n , o c o m a n d a n t e da misso, e Anders fotografaram o m o m e n t o . B o r m a n capturou a Terra e m m o n o c r o m o no m o m e n t o e m q u e ela surgia no horizonte lunar; Anders registrou-a colorida, u m re< l e m o i n h o azul e branco contra o cu n e g r o alguns giaus mais acima. Essa foto mostrava, pela primeira vez, a Terra vista d o espao distante, u m p e q u e n o planeta parcialmente e n c o b e r t o pela escurido; u m

m u n d o Ir gil, fluido e integrado, fas< inante e alraen le, e m < onlraste c o m o < in/a monoltk o e inerte ria Lua, descrito por Lovell c o m o "parecido c o m gesso, o u areia d e praia, acinzentado". E acrescentou: "Uma vasta solido impressionante, q u e faz a g e n t e se dar conta d o q u e t e m l na Terra." C o m o a Lua m a n t m s e m p r e a m e s m a face v o l tada para a Terra, esta na v e r d a d e n o "nasce" n e m "se pe": fica o t e m p o t o d o parada n o m e s m o p o n to d o e s p a o . A loto d o "nascer da Terra" foi apropriada pelo m o v i m e n t o ambiental ento nascente, revelando-se uma poderosa representao da idia, proposta por J a m e s Lovelock, d e "Gaia" - a Terra c o m o u m organism o capaz d e se autocorrigir, quase inteligente. P F

1969

2 DE

MARO

0 primeiro vo do ConcordeO primeiro supersnico de passageiros chega aos cus.

O Pilotado por Andr Turcat, o Concorde decola do aeroporto d e Tolouse para o seu primeiro vo.

Numa tarde gelada d e maro d e 1969, o piloto d e testes Andr Turcat decolou d e Tolouse, Frana, levando o avio anglo-francs Concorde para o seu primeiro v o um v o < urto, e m q u e o avio no atingiu velocidade supersnk a. 0 mais ambicioso projeto tecnolgico da liuropa at ento, o aparelho foi saudado c o m e n o r m e entusiasmo. A pesquisa para a construo d e u m avio i omercial supersnico havia c o m e a d o na dcada d e 1950, mas logo ficou claro que o custo seria imenso, tornando imprescindvel a cooperao internacional. Em i lovembro d e 1962, os governos francs e britnico asinaram u m tratado para dividir o projeto. O mar d e publicidade g u e precedeu o primeiro vo teve porfinalidade assegurar aos contribuintes franceses e britnios que seu dinheiro estava sendo b e m gasto.

0 projeto acabou estourando vrias vezes seu or amento o deu um enorme prejuzo. Meros 14 avies foram construdos para uso comercial, e a British Airways s conseguiu comprar suas sete unidades (a Air Franco ficou c o m as demais) c o m subsdio d o governo. Atrasos na produo fizeram c o m g u e eles no entrassem e m servio antes d e 1976. M e s m o assim, o Concorde, capaz d e sobrevoar o Atlntico e m menos d e 3 horas e meia, tornou-se u m cone da indstria aeronutica. Infelizmente, sua limitada autonomia d e v o o impedia de cobrir as lucrativas rotas do Pacfico. Alm disso, os a m bientalistas se opuseram a que ele pousasse em vrios aeroportos dos Estados Unidos devido poluio sonora produzida. O Concorde permaneceu e m servio at outubro d e 2003. J S

1969

21 DE

JULHO

Um gigantesco salto para a humanidadeNeil Armstrong o primeiro ser humano a pisar na Lua. y Tf s 2h56 GMT, u m a audincia d e cerca d e 450 milhes d e pessoas e m i o d o o m u n d o viu, pela I V ( e m pretoo branc o), o aslronaula des< ei v a g a r o s a m e n t e ,i os cada at o solo. Pelo rdio, uma voz metlica disse: " u m p e q u e n o passo paia u m h o m e m , mas u m g r a n d e passo para a humanidade." Neil Armstrong, 38 anos, piloto d e testes da NASA, havia c o l o c a d o o p esquerdo na Lua. Era o primeiro h o m e m a pisar u m objeto natural fora da Terra. Arms trong fez fotografias e coletou amostras d e poeira. Vinte minutos depois foi a vez d e Buzz Aldrin, q u e exc l a m o u : "Lindo. Lindo. Magnfica desolao." Os dois praticaram saltos na baixa gravidade antes d e fincar no solo da Lua uma bandeira americana e uma placa, assinai Ia polo piesidenle Nixon, i o m a insi iic,o: TV u h o m e n s d o planeta lerra pisaram a I ua pela | irimeira voz o m julho d i1

1969 d,( . V i e m o s e m paz por toda

a humanidade." P o u c o depois, Aunstioncj atendeu a uma c h a m a d a telefnica d e Nixon. A Apollo 11 partiu d o Centro Espacial Kennedy e m

16 d e julho e levou trs dias para alcanar a rbita lunar. Armstrong o Aldrin operaram o mdulo lunai M g / r a l e O pouso n o mai da tranqilidade enquanto o terceiro m e m b r o da lri| ml. tac, Mu hael < i illt is, | n T i n a i iei ia e mO Pegada d o piloto d o mdulo lunar Buzz Aldrin na superfcie da Lua. O Buzz Aldrin caminha na superfcie da lua. Foto tirada por Neil Armstrong.

rbita no m d u l o d e comando, o Columbia.

A ultrapas-

sagem d o local previsto para o pouso obrigou Armstrong a pousar a nave manualmente, c o m apenas 30 segundos d e combustvel restantes. I )epois d e 21 horas na I ua, o / ag/eai ionou os m o -

"Houston, aqui fala Base Tranqilidade. O Eagle pousou."Neil A r m s t r o n g , ao pousar com o m d u l o lunar

tores uma vez mais para juntar-se ao Columbia

na rbita

lunar e c o m e a r a jornada d e volta. Os astronautas caram n o Pacfico e m 24 d e julho. Armstrong passou boa parte d o resto d e sua carreira no Departamento d e E n genharia Aeroespacial da Universidade d e Cincinnati, furtando-se a usar sua experincia singular para obter celebridade pessoal ou poder poltico. P F

1969

15 D E

AGOSTO

0 Festival de WoodstockMais de 450 mil pessoas comparecem ao mais badalado acontecimento da dcada.

A:

O Terminado o festival, um casal do

sobre a mala do carro enquanto a multido se dirige para a sada.

F m 1967, o Festival Pop Internacional d e M o n t e r e y levara os ideais hippies d o "Vero d o A m o r " a u m nl vel mais e l e v a d o ; W o o d s t o c k consolidou essa "pilha" na conscincia nacional. A "Nao W o o d s t o c k " rcu niu-se n u m clima d e esperana e otimismo contra a maldio reinante dos distrbios raciais, dos assassinatos polticos e da Guerra d o Vietn. Seus organizadores, todos na casa dos 20 anos, foram Artie Kornfeld, Michael Lang e J o h n Roberts. Eles trouxeram d o N o v o Mxico a c o m u n i d a d e hippie " W a v y Gravy H o g Farm" para prestar servios discretos d e segurana, dar maus conselhos sobre LSD e organizar o fornecimento d e barracas para atendimento m dico, banheiros portteis e g u a . Alm disso, construl a m o maior palco ao ar livre d o m u n d o at ento, q u e

deveria girar, mas falhou, assim c o m o boa parte d o planejamento, levando os organizadores a declar-lo u m (estivai aberto (cerca d e 186 mil ingressos haviam sido vendidos antecipadamente). Para alguns artistas, o salto para o estrelato, p a ra outros, a validao d e suas credenciais rogueiras; para todos, no entanto, o festival foi u m triunfo sobre o sistema d e s o m precrio, o t e m p o ruim e a m programao, e marcou u m dos m o m e n t o s decisivos da histria d o rode. Apesar d e u m quase desastre d u r a n te t o d o o fim d e semana - lama at os tornozelos, 27km d e engarrafamento, falta d e gua e d e servios sanitrios e trs nascimentos e mortes relatados -| W o o d s t o c k foi u m sucesso e m sua pretenso d e o f e recer "trs dias d e paz e msica". J J H

1970

13 D E

ABRIL

"Houston, temos um problema."A Apollo 13 obrigada a abortar sua misso lunar depois de uma exploso a bordo.

O Os astronautas Fred Haise, J o h n Swigert e J a m e s Lovell aguardam o resgate depois d e descerem no o c e a n o Pacfico.

0 primeiro d e s e m b a r q u e na Lua, e m 1969, foi seguid o d e outras misses espaciais bem-sucedidas q u e exploraram a superfcie d o satlite e trouxeram .imostras d e solo e rochas. U m qrave problema ocorleu, p o r m , c o m a misso Apollo 13, q u e partiu d o c a b o K e n n e d y e m 11 d e abril d e 1970. Dois dias d e pois, a 322.000km da Terra, q u a n d o a nave j se a p r o ximava da Lua, h o u v e o q u e o c o m a n d a n t e c h a m o u d e " u m estrondo". U m t a n q u e d e oxignio explodiu no m d u l o d e c o m a n d o , reduzindo drasticamente o e s t o q u e d e oxignio, eletricidade e gua. O controle da misso e m H o u s t o n decidiu, ento, abortar o d e s e m b a r q u e na Lua. A nave p e r m a n e c e u na rbita da Lua at iniciar a |i irnada d e 400.000km d e volta Terra. Os trs astro-

nautas a b o r d o usaram o m d u l o lunar c o m o clula d e sobrevivncia. A reentrada na atmosfera terrestre ocorreu e m 17 d e abril e, para alvio d e todos, a nave d e s c e u corretamente no Pacfico a 6,5km d o navio d e resgate, o USS IwoJirna.

As misses Lua foram determinadas por razoes f u n d a m e n t a l m e n t e polticas, n u m m o m e n t o e m g u e os Estados Unidos pareciam estar s e n d o v e r g o n h o s a m e n t e ultrapassados pela Unio Sovitica na explorao d o espao. N o entanto, a melhoria das rela es americano-soviticas - para no falar dos custos crescentes - levou os Estados Unidos a reavaliarem seu programa espacial. As misses lunares foram en cerradas depois d o retorno bem-sucedido da Apollo 17, e m 1972. R C

Morre Jimi HendrixGuitarrista deixa uma concepo absolutamente imagem que marcou a dcada de 1960. original do blues eltrico e umaHendrix foi u m guitarrista negro, c a n h o t o , q u e criou a o l o n g o da carreira u m c o m p l e t o vocabulrio d e efeitos sonoros. Mas jamais esteve v o n t a d e t e n t a n d o conciliar sua i m a g e m e seu squito ligados a o rock b r a n c o c o m uma relativa falta d e ligao c o m lames Marshall Hendrix nasceu e m 27 d e n o v e m bro d e 1942 e m Seattle, Washington, e g a n h o u sua primeira guitarra aos 12 anos d e idade. E m suas primeiras gravaes e apresentaes esteve a o lado d e d o Sul e d e bandas negras urbanas d e rhythm bluesmen and bli u is seu pblico d e o r i g e m negra.

c Sou/ (dentre os guais B. B. King, The Isley Hrolhors e Little Richard). Sobre essas razes, Hendrix desenvolveu u m estilo d e rock nunca ouvido, hipntico e floreado, para u m pblico fundamentalmente branco. Depois d e ouvi-lo numa boate d e Nova York, Chas Chandler, ex-baixista d o The Animais, levou-o Inglaterra, o n d e ele se juntou ao baterista Mitch Mitchell e 0 baixista Noel Reading para formar o trio Jimi Hendrix 1 xpurioni o.O nmi 'h >ao vivi >om q u e I lendrix li i ava < a guitarra at c o m os dentes e atrs da cabea deixou e m b a s b a c a d o s seus colegas guitarristas ingleses. Seu jeito fluido d e tocar, c o m muita improvisao e uma sonoridade singular q u e buscava muitas vezes o backo m e n t e a paisagem sonora d o feedprprio amplifkador, transformou i ompletarock.

Sua morte prematura foi causada por uma mistura fatal d e drogas e lcool. Ele morreu a c a m i n h o d o hosI iii.il sufocado por seu vmito. U m fim decepcionante para o guitarrista mais inovador da era d o rock. JJH

O Hendrix ficou insatisfeito com sua lendria apresentao no Festival da Ilha de Wight, Inglaterra, duas semanas antes de morrer. O Miles Davis, que tambm tocou no festival, comparece ao enterro de Hendrix com sua esposa ( esquerda) e uma amiga.

7 DE

DEZEMBRO

CicloneCiclone seguido de grandes enchentes provoca imensas perdas no Paquisto Oriental.C o m ventos d e 185km/h, u m c i c l o n e equivalente a u m furaco d e categoria 3 varreu o Paquisto O r i e n tal. Fortes t e m p e s t a d e s inundaram a regio d e n s a m e n t e p o v o a d a d o delta d o G a n g e s , fazendo mais d e 300 mil vtimas. U m alerta fora transmitido pelo rdio, mas no falava d e i n u n d a o . Estima-se q u e 4 5 % dos habitantes d o distrito d e Tazumin t e n h a m morrido na tragdia. A o todo, 3,6 milhes d e pessoas foram afetadas pelo ciclone. Boa parte da frota pesqueira q u e abastecia o Paquisto Oriental d e sua principal fonte d e pro-

Brandt faz homenagemA Alemanha expia seu passado nazista por meio de um ato simblico de seu chanceler.A genuflexo d e Willi Brandt e m h o m e n a g e m s vti mas d o nazismo na capital polonesa, Varsvia, mar c o u u m a decisiva ruptura da A l e m a n h a c o m a era d e Hitler. E m b o r a muito controversa n o pas, ela d e u Incio a urna reaproximao q u e i u l m i n o u na reunificao da A l e m a n h a e m 1989. Nascido Herbert F r a h m , e m L b e c k . e m 1913, o j o v e m socialista Brandt era opositor d o nazismo. Q u a n d o Hitler assumiu o poder e m 1933, ele fugiu para a Noruega, , n loiai ii Io a i ii I, ii I, ii lia norueguesa e u m novo nomi'. De volta a seu pas d e origem depois da guerra, e tendo recuperado a cidadania, Brandt ascendeu rapidamente na hierarquia d o Partido Social-Democrata. C o m o prefeito d e Berlim, recebeu o presidente Kennedy durante sua visita cidade dividida e m 1961. Chanceler da Alemanha Ocidental e m 1969, Brandt adotou uma controversa Ostpolitik (poltica para o Leste) para abrir dilogo c o m a Alemanha Oriental e outros pases comunistas, processo q u e via c o m o benfico para a disseminao da democracia. A Ostpolitik levou

"Vejo, com satisfao, que tudo est sendo e ser feito."P r e s i d e n t e Y a h y a K h a n , n o v e m b r o d e 1970

tenas foi destruda. N u m desastre dessa escala, uma rpida o p e r a o d e socorro era decisiva, razo pela i lual o g o v e r n o paquistans, sediado na seo ocidenlal d o pas, foi d u r a m e n t e criticado. Havia apenas u m helicptero disponvel e s muito lentamente outros 'oram mobilizados. O governo paquisians culpou a i ibstruo da (ndia pelo atraso - acusao veementei nente negada pelo g o v e r n o indiano - e no permitiu g u e ajuda indiana c h e g a s s e ao pas por via area, 'wies agrcolas d o Paquisto Oriental foram oferecii los para tarefas d e resgate, mas o governo levou dois dias para aceit-los. Tanta incompetncia propiciou u m rpido e decisivo impulso aos partidos separatislas locais, c o m o a Liga A w a m i , q u e acabariam c o n d u zindo o Paguisto Oriental guerra d e independncia criao da Repblica d e Bangladesh. J S

queda d o seu governo. Acredita-se que, numa votao parlamentai decisiva, os votos d e q u e Brandt precisava s foram obtidos mediante propinas distribudas pela Stasi, o servio secreto da Alemanha Oriental. O pice da Ostpolitik foi u m tratado que amenizou as relaes entre os dois Estados alemes. Simbolicamente, Brandt expiou os crimes nazistas ao se ajoelhar ante o memorial das vtimas d o levante d e Varsvia d e 1944 - uma revolta d e patriotas poloneses q u e foi afogada e m sangue pelos nazistas. Alguns alemes viram esse ato c o m o u m a h u m i l h a o nacional. At a revista d e centro-esquerda DerSpiegel indagou: " D e v e ria Brandt ter se ajoelhado?" Mas o gesto rendeu-lhe o ttulo d e H o m e m d o A n o d e 1970 da revista Time e, no a n o seguinte, o Prmio Nobel da Paz. N J

Bangladesh declara independnciaSecesso do Paquisto Oriental provoca resposta militar do governo central.

O Tropas indianas so saudadas om Dacca pelo povo da recm-criada Repblica d e Bangladesh.

N i n g u m se surpreendeu q u a n d o ldeies poiliios d o Paquisto Oriental divulgaram a declarao d e i n d e p e n d n c i a dessa parte d o pas. D e s d e a sua cria o e m 1947, o Paguisto foi u m a e n t i d a d e poltica problemtica, c o m dois territrios separados por mais d e 1.600km d e torras indianas. A parto a religio islmica, os dois s e g m e n t o s t i n h a m p o u c a coisa e m ( o m u m . 0 Paquisto Ocidental tinha o controle poltico d o Estado. E m b o r a mais p o p u l o s o , o Paquisto Oriental recebia muito m e n o s da m e t a d e d o gasto g o v e r n a m e n t a l , era sub-representado n o exrcito, enfrentava discriminao na c o n c e s s o d e contratos pblicos e tinha sua liderana poltica marginalizada. A reao inepta d o g o v e r n o central aos efeitos d o ciclone d e 1970 foi, para muitos, a gota d'gua. Nas

eleies seguintes, o partido separatista Liga A w a m i o b t e v e u m a vitria e s m a g a d o r a e, c o m ela, maioria na Assemblia Nacional. Os militares se recusaram a aceitar o resultado. A resposta, previsvel, foi a declarao d e i n d e p e n d n c i a . I oi uma doe iso inaceitvel para o g o v e r n o c e n tral, g u e j comeara a preparar uma brutal c a m p a n h a d e represso. A primeira vtima foi a minoria hindu. A recm-formada Mukti Bahini (Fora d e Libertao) respondeu c o m aes guerrilheiras. A questo seria finalmente decidida pela ndia, que, inflamada pelos ataques contra os hindus e pela mobilizao militar no Paquisto Oriental, interveio e m dezembro, t o m a n d o a capital Dacca e m poucos dias. A nova Repblica d e Bangladesh se tornava realidade. J S

Banho de sangue na Irlanda do NorteFuzilaria das foras britnicas no "Domingo Sangrento"provoca clamor internacional.

O

J o v e n s apedrejam um veculo militar britnico durante os confrontos do " D o m i n g o Sangrento".

Na c i d a d e norte-irlandesa d e D e r r y ( L o n d o n d e r r y liara os unionistas d o Ulster), pra-quedistas d o exrcilo britnico entraram no bairro republicano d e Bogsi ie e abriram fogo contra manifestantes pr-direitos ivis, m a t a n d o 14 pessoas. O exrcito declarou g u e < 'stivera sob fogo constante e ataque d e granadas por parte d o Exrcito Republicano Irlands (IRA) e s abriu logo e m autodefesa. Mas n e n h u m soldado ficou ferii Io e ativistas locais pr-direitos civis garantiram g u e i is manifestantes estavam desarmados e g u e a fuzilada foi assassinato no provocado. U m relatrio oficial d o chefe da Suprema Corte, lorde Widgery, e m abril, eximindo d e culpa os pra-guedistas, foi recebido i o m grande ceticismo at m e s m o na Gr-Bretanha. Enviadas Irlanda d o Norte e m 1969 para reprimira

violncia sectria, as tropas britnicas foram d e incio b e m recebidas pelos republicanos catlicos. Mas as relaes haviam azedado. No c o m e o d e 1972, as muni festaes pr-direitos civis apoiadas pelos catlicos terminaram e m confrontos. Em Derry, os confrontos v i n h a m diminuindo guando os pra-guedistas foram enviados para fazer prises. Embora advertidos d e que o IRA usava essas manifestaes c o m o cobertura para atiradores, eles lanaram m o d e uma violncia jamais explicada, c o m desastrosas conseqncias: a ao britnica foi condenada e m todo o mundo, uma multido incendiou a Embaixada Britnica e m Dublin, as hostili dades sectrias se agravaram, o IRA recebeu grande impulso poltico e instaurou-se u m quadro d e impasse e atrocidades terroristas que persistiu por dcadas. J S

1972 2 1 D E F E V E R E I R O

1972

17 D E J U N H O

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Nixon visita Mao0 presidente americano opera um surpreendente golpe diplomtico.Q u a n d o o presidente Richard Nixon foi se encontrar c o m o presidente M a o Is fung, os Estados Unidos sequer reconheciam diplomaticamente a Repblica Popular da China. Anticomunista ferrenho, Nixon pa recia o m e n o s indicado para uma misso d e boa v o n tade junto China Continental. M a s e l e tinha uma v a n t a g e m sobre os demais presidentes d o t e m p o da Guerra Fria: sabia q u e o m u n d o comunista no era o bloco monoltico c o m a n d a d o por M o s c o u q u e m u i tos s u p u n h a m . Tenses entre M o s c o u e P e q u i m h a viam sido expostas por c h o q u e s d e fronteira n o rio 1 Issiri, e m maro d e 1969, conflito q u e os Estados U n i dos poderiam explorar. Mao, cie sua parte, via a ami/a d e c o m a superpotncia ocidental c o m o uma vantag e m capaz d e contrabalanar a hostilidade sovilic a. E m abril d e 1971, veio o primeiro sinal d e uma mudai i a d e atitude: P e q u i m convidou, d e surpresa, a e q u i p e d e tnis d e mesa dos Estados Unidos para visitar a C h i na. Os porta-vozes americanos no perderam t e m p o para insinuar q u e o presidente ficaria e n c a n t a d o d e receber ele prprio u m convite. A aproximao no foi imediata, claro. O conselheiro d e segurana nacional Henry Kissinger cumpriu um intenso programa d e conversaes preparatrias c o m os chineses. O grande problema era Taiwan, para M a o a p e n a s uma provncia rebelde cujos dirigentes eram, no entanto, reconhecidos pelos Estados Unidos i orno o legtimo governo da China. C o m o nenhuma das partes podia fazer concesses nessa questo, era preciso encontrar u m m o d o d e evit-la. Na verdade, esse processo pavimentou o caminho para o reconhecimento oficial da Repblica Popular da China pelos Estac los Unidos, q u e rendeu ao pas u m assento permanente i I O Conselho d e Segurana das Naes Unidas. Moscou foi o grande perdedor nesse jogo diplomtico. J S

Escndalo de WatergateWatergate foi o incio da queda do presidente Nixon.A apertada vitria d e Richard Nixon nas eleies p r e sidenciais d e 1968 foi recebida c o m consternao por liberais e opositores da Guerra d o Vietn. Nixon e seus colaboradores prximos eram paranicos a respeito da oposio. E m 1971, u m a u n i d a d e especial c o n h e c i d a c o m o "Os e n c a n a d o r e s " foi criada para espionar e frustrar as m a q u i n a e s dos inimigos d o regime. Entre os espies e s t a v a m G o r d o n Liddy e I loward I lunt, dois ex-funcionrios da CIA. E m j u n h oi li 197 ', i is I st,K li is 1 Inii li is m i ' i g i i l h u i a n numa I I I M I I

sa crise interna q u a n d o vrios "encanadores" foram

"Jogue duro. assim que eles jogam e assim que ns vamos jogar."O p r e s i d e n t e N i x o n a H . R. H a l d e m a n

[ i l e s o s na s e d o d o ( omite Nac ional cio Partido D e mocrata, no complexo d e Watergate, Washington, D. C , o n d e haviam instalado e q u i p a m e n t o s d e e s c u ta. Liddy e I lunt estavam culto e l e s . S u p u n h a se q u e o presidente nada soubesse a respeito. E m n o v e m b r o , Nixon foi reeleito por ampla maioria. P o r m as investigaes d o Washington Post c o m e a r a m a gerar informaes perturbadoras s o bre as imposturas d o g o v e r n o . Depois d e se c o n f e s sarem culpados d e a r r o m b a m e n t o , os " e n c a n a d o r e s " d e W a t e r g a t e foram c o n d e n a d o s e m janeiro d e 1973, mas u m deles escreveu a o juiz para denunciar q u e a Casa Branca estava e n c o b r i n d o o seu papel n o caso. Era c a d a vez mais claro o e n v o l v i m e n t o da Casa B r a n ca n o escndalo q u e acabaria por derrubar o presid e n t e Nixon. R C

1972 6 D E

SETEMBRO

Massacre em MuniqueCelebrao da paz nos Jogos Olmpicos termina em horror, com morte de refns e um resgate desastroso.A carnificina dos J o g o s Olmpicos d e M u n i q u e c h e gou ao a u g e g u a n d o u m tiroteio entre a polcia d e M u n i q u e e terroristas palestinos matou todos os nove atletas israelenses q u e haviam sido tomados c o m o refns. Dois outros atletas j haviam sido mortos q u a n d o oito m e m b r o s da organizao Setembro Negro entraram na Vila Olmpica e invadiram as residncias israelenses. Os terroristas exigiam a libertao d e mais d e 200 palestinos mantidos e m prises israelenses. Horrorizadas c o m a perspectiva d e d e r r a m a m e n to d e mais s a n g u e j u d e u e m solo alemo, as autoridades da A l e m a n h a Ocidental estavam inicialmente propensas a oferecer aos seqestradores u m a rota d e fuga. Mas decidiram, a o final, fazer u m a tentativa d e resgate. Foi u m a deciso fatdica, p o r g u e a polcia d e M u n i q u e tinha pouca experincia c o m terrorismo e m e n o s ainda c o m o resgate d e refns. A tentativa foi mal conduzida, c o m atiradores mal posicionados, c o m u n i c a e s ruins e uma e q u i p e d e policiais n u m avio q u e veio a a b a n d o n a r sua misso. Morreram os refns, u m policial e c i n c o terroristas. Trs terroristas foram capturados, mas: p o u c a s semanas d e p o i s f o ram libertados e m troca d e u m avio a l e m o s e q e s trado por seus colegas. Os J o g o s prosseguiram, mas a tragdia foi u m alerta ao Ocidente sobre os perigos d o terrorismo mod e r n o e as c o n t r a m e d i d a s necessrias. Foi t a m b m o m o m e n t o e m g u e a guesto palestina passou a ocupar o centro das relaes entre o Ocidente e o i n u n d o rabe, o n d e p e r m a n e c e at hoje. J S

O

Um m e m b r o da Organizao para a Libertao da Palestina na sacada d o dormitrio dos atletas israelenses.

O Parentes dos 11 atletas assassinados c h e g a m a M u n i q u e parareceber seus caixes.

T973 2 D E J A N E I R O

1973 28 D E

JANEIRO

Aborto legalizadoSentena da Suprema Corte no caso Roex Wade legaliza o aborto nos EUA.Na esteira d o m o v i m e n t o pelos direitos i ivis, i a m b m o m o v i m e n t o feminista g a n h o u bastante terreno nos Estados Unidos na d c a d a d e 1960. U m fator era a crescente i n d e p e n d n c i a das mulheres, q u e j e m g r a n d e n m e r o trabalhavam fora d e casa. Outro era o clima mais permissivo q u e propiciava discusses mais abertas d e t e m a s c o m o o aborto, o e s t u pro e a homossexualidade. E m 1971 e 1972, a S u p r e m a Corte sustentou a i g u a l d a d e legal da mulher c o m base na Lei dos D i reitos Civis d e 1964. N o a n o seguinte, a m e s m a corte e x p e d i u u m a sentena a l t a m e n t e controversa n o caso R o e x W a d e . N o Texas, c o m o na maioria dos estados, a lei proibia o a b o r t o exceto por motivos m d i c o s d e salvaguarda da vida da mao. lane Roe era o p s e u d n i m o d e urna j o v e m d e I )allas, solteira e grvida, q u e c o n t e s t o u a c o n s t i t u c i o n a l i d a d e da lei texana. Ela e outras reclamantes a p e l a r a m S u prema C o r t e contra a d e c i s o d o p r o c u r a d o r d o distrito d e Dallas, H e n r y W a d e , d e m o v e r a e s p e nais e m casos d e aborto. I m b o r a r e c o n h e c e n d o a sensibilidade e o forte c o n t e d o emocional da q u e s t o , a S u p r e m a Corte d e c i d i u , c o m base na D< ima Q u a r t a E m e n d a , q u e uma mulher n o podia ser l e g a l m e n t e i m p e d i d a d e abortar d u r a n t e os primeiros seis m e s e s d e gravidez p e l o m e r o fato d e a sua vida n o correr perigo. O presidente Carter afirmou mais tarde que, a p e sar d e pessoalmente contrrio ao aborto, opunha-se a c o n t e s t a r a deciso da Suprema Corte. Por isso, teve d e enfrentar pesados ataques por parte daqueles que, nos Estados Unidos, d e n u n c i a v a m o aborto i orno uma forma d e assassinato. A q u e s t o a c a b o u p e s a n d o no triunfo eleitoral d o republicano Ronald R e a g a n . e m 1980. R C

Cessar-fogo no VietnEstados Unidos e Vietn do Norte chegam a um acordo.Cinco longos anos foram necessrios para q u e frutificassem as conversaes d e paz entre os Estados U n i dos e o Vietn d o Norte visando encerrar a Guerra d o Vietn. Nesse perodo, os americanos lanaram macias c a m p a n h a s d e bombardeio e registraram-se pesadas baixas nos dois lados. Dentro dos Estados Unidos, protestos contra a guerra exerciam presses adicionais sobre o presidente Nixon para q u e se chegasse a u m acordo. O objetivo dos Estados Unidos sempre (ora loliiai se, deixando p o r m para Iras u m Vietn d o Sul i n d e p e n d e n t e e estvel. Os norte-vietnamitas

"Firmamos um acordo para encerrar a guerra e trazer uma paz honrosa."P r e s i d e n t e R i c h a r d N i x o n , j a n e i r o d e 1973

queriam q u e os americanos partissem, deixando-os livres para decidir o destino d e t o d o o Vietn. O acord o final pareceu, inicialmente, favorecer a posio d e Washington. U m cessar-fogo imediato entrou e m v i gor. Os dois lados concordaram q u e o povo d o Vietn d o Sul era detentor d o direito absoluto d e autodeterminar seu sistema d e governo. A reunificao d o Norte e d o Sul s seria tratada mediante negociaes. O acordo no mencionava as foras norte-vietnamitas estacionadas no Vietn d o Sul, o que significava q u e elas podiam permanecer ali, c o m o uma ameaa sua estabilidade e segurana. Dada a certeza d e que nada convenceria os americanos a retornarem ao S u deste Asitico, os norte-vietnamitas se sentiram livres para pr d e lado seus compromissos e reunificar o pas pela fora. Foi o que aconteceu e m abril d e 1975. J S

1973

11 D E

SETEMBRO

olpe brutal derruba AllendeO presidente socialista Salvador Allende deposto e a ditadura de Pinochet cai sobre o Chile.Marxista d e s d e a juventude, Salvador Allende foi f u n dador d o Partido Socialista Chileno e m 1933. Concorreu presidncia vrias vezes nas dcadas d e 1950 e 1960, at vencer finalmente, e m 1970, c o m o candidato d e u m g r u p o a u t o d e n o m i n a d o U n i d a d e Popular, apoiado principalmente por socialistas e comunistas. Allende governou o Chile e m termos amistosos c o m os regimes (omunislas d e ( uba e da ( hina, c ulminando c o m uma longa visita d e Fidel Castro ao Chile e m 1971. Mas os esforos d e Allende para fazer d o Chile u m pas socialista enfraqueceram seriamente a economia e suscitaram uma feroz e violenta oposio. E m a g o s to d e 1973, o presidente declarou q u e o pas se e n c o n trava beira d e uma g u e n u i ivil. Ali'- que ponto os Estados Unidos contriburam para a queda d e Allende um tema controverso, mas a CIA foi, certamente, a u t o rizada a gastar milhes d e dlares para derrub-lo. No c o m e o d e setembro, a cidade d e Santiago vinha sendo sacudida por imensas manifestaes rivais at que os lderes d o exrcito, marinha, aeronutica e guarda nacional chilenos decidiram < lai i im golpe brutal. Anuni lando a "libertao da ptria d o j u g o marxista", eles prenderam inmeros lderes esguerdistas, t o maram o controle militar das fbricas e bairros operrios e decretaram lei marcial. Aprisionado no palcio presidencial, Allende ordenou que a bandeira branca fosse iada e m sinal d e rendio. Ouviram-se dois tiros. Seu cadver foi encontrado ao lado d e uma metralhadora. Toda a resistncia no palcio cessou e Augusto Pinochet foi proclamado presidente d o pas. R C

O O presidente Allende fotografado e m fevereiro de 1973, sete meses antes de seu assassinato. O Salvador Allende em seu ltimo dia c o m o presidente, fotografado durante o golpe que o derrubou.

1973 6 D E

OUTUBRO

A Guerra do Yom KippurAtaque surpresa durante feriado religioso abala Israel.

O

Soldados egpcios apris

lados pelas trop,

lurante a Guerra d o Yom Kippur.

Foras egpcias e srias usaram o feriado religioso j u d e u d o Y o m Kippur (Dia d o 1'erdo) para lanai u m ataque surpresa contra Israel. Enquanto as foras srias irrompiam nas colinas d e Golan, os egpcios cruzavam o canal d e Suez rumo a o Sinai. Nos primeiros dias, a situao israelense pareceu desesperadora, c o m pesadas baixas e frenticos esforos para mobilizar suas reservas. O pas acabaria sendo salvo pela m c o o r d e nao d e seus inimigos, por u m macio envio d e e q u i pamentos americanos e pelo pronto fornecimento d e informaes sobre as foras inimigas por parte dos E s t a d o s U n i d o s . O s srios f o r a m d e r r o t a d o s e u m contra-ataque pelo canal d e Suez deixou c e r c a d o o Terceiro Exrcito egpcio. Em m e n o s d e trs semanas chegou-se a u m cessar-fogo favorvel a Israel.

Apesar d e curta, a Guerra d o Yom Kippur teve grand e importncia. Para Israel, foi uma advertncia d e que os dias das vitrias fceis estavam contados. Para os rabes, q u e esperavam recuperar os territrios perdidos e m 1967, foi u m doloroso fracasso que, no entanto, serviu para romper o impasse estratgico e diplomtico e m q u e se encontrava a regio desde 1967. A guerra ameaara causar u m grande confronto entre Moscou e Washington, levando-os a trabalhar contra o risco d e novas hostilidades na regio. A Organizao dos Pases Exportadores d e Petrleo (OPEP) imps pesadas sanes ao Ocidente, c o n v e n c e n d o os europeus da necessidade da paz. At a linha-dura israelense reconheceu q u e u m acordo, pelo menos c o m o Egito, seu mais formidvel inimigo, teria d e ser negociado. J S

1973

17 D E

OUTUBRO

0 embargo do petrleoOPEP faz o Ocidente pagar caro pelo apoio a Israel.

O Carros fazem fila num posto de gasolina do Brooklyn, Nova York, durante o embargo do petrleo.

O m u n d o rabe reagiu vitria d e Israel sobre seus vizinhos na Guerra d o Yom Kippur. A Organizao dos Pases Exportadores d e Petrleo (OPEP), cartel internacional dominado pelos pases d o Oriente Mdio, usou pela primeira vez os seus recursos petrolferos c o m o arma, anunciando u m embargo total d o abastecimento d e petrleo bruto aos Estados Unidos. A extenso d o e m bargo aos aliados ocidentais imps u m imediato a u m e n t o d e 7 0 % n o preo da gasolina, levando-os recesso econmica. Na realidade, a ao da O P E P no era mera demonstrao d e solidariedade ao Egito e Sria, mas o resultado d o profundo ressentimento c o n tra a explorao ocidental. O crescimento econmico d o Ocidente se baseara e m energia barata. Pagava-se uma ninharia pelo g u e era praticamente o nico produ-

to d e exportao dos pases rabes. A OPEP foi criada para seus membros poderem resistir e m bloco presso ocidental pela manuteno dos baixos preos Foram tremendas as conseqncias a curto prazo da deciso da OPEP. O Ocidente foi assolado pela inflao e pela estagnao econmica, os preos da gasoli na quadruplicaram e o desemprego cresceu. Os exportadores ganharam uma imensa riqueza, boa parte da qual permaneceu nas mos da elite poltica o u foi gasta e m armamentos. Mas os Estados Unidos, que no deixaram d e apoiar Israel, buscaram fontes alternativas. Em u m ms, o Congresso americano aprovou a construo d o oleoduto Trans-Alasca, capaz d e transportar dois m i lhes d e barris d e petrleo por dia. E m uma dcada, a OPEP teve o seu poder bastante reduzido. J S

1974 2 5 D E

ABRIL

A Revoluo dos CravosUm golpe militar de esquerda encerra a era do governo autoritrio em Portugal.

IV

O Trs dias depois do golpe, tropas do Mf-A em l isboa Ira/em c ravos vermelhos na lapela como smbolo da revoluo pac ilu a em Portugal.

P o u c o d e p o i s da meia-noite d e 25 d e abril d e 1974, a rdio estatal portuguesa t o c o u "Grndola, Vila Moren.i", uma c a n o d o compositor populai /o< a Afonso. Os ouvintes d e v e m ter se surpreendido, p o r q u e o g o v e r n o direitista d o primeiro-ministro Marcelo CaeI.IIIO

I Isboa. Muitos ostentavam cravos vermelhos, trazid o s d o m e r c a d o d e flores, q u e a c a b a r a m nos canos dos fuzis dos soldados. Os cravos v i e r a m a simbolizar a revoluo, e m q u e praticamente n o h o u v e v i o l n cia. C a e t a n o fugiu para o Brasil e u m respeitado oficial, general A n t n i o Spnola, foi g u i n d a d o a o poder. Portugal passara mais d e 40 anos e s t a g n a d o sob o E s t a d o N o v o institudo e presidido por A n t