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DRAFT NOTES 24/05/2022 14:40 MÓDULO 5. RECURSOS NATURAIS: MALDIÇÃO OU BÊNÇÃO? Plano da aula: 3 sessões Filme Sessão 1: o Introdução: Porque é que se fala tanto de maldição dos recursos e qual a relevência para Africa? Importância dos recursos naturais em Africa/ preços dos comodities o O que é a teoria da maldição dos recursos? o Autores que trataram este assunto o Existe em Africa? Sessão 2. O que fazer para evitar? Conclusão: he resource curse debate should be placed in the much broader context of how institutions evolve and affect growth. This is backed-up by empirical evidence that suggests simple or isolated stories about how natural resources affect growth cannot be supported. At the same time, we must admit that our understanding of how institutions evolve remains limited and much work needs to be done. Consequently, we should have modest expectations about how far externally-oriented initiatives can “solve” development challenges in third countries. Rather, more emphasis should be placed on promoting learning and experimentation to find local solutions to what evidently are very complex problems. Plano da aula Raffaele Angius, MA-student in Political Science, UiO Slackening growth, fuelling politics: introducing the resource curse..........................1 ...........................................................................1 1. INTRODUÇÃO:.................................................................2 1.1 PORQUE É QUE SE FALA TANTO DE MALDIÇÃO DOS RECURSOS E QUAL AS SUA IMPORTÂNCIA NO CONTEXTO AFRICANO?............................................2 1.2 Qual e a definição de MALDIÇÃO DOS RECURSOS?.............................3 1.3 OS DOIS LADOS DO DEBATE: MALDIÇÃO OU BÊNÇÃO?.............................3 1.3.1. Maldição:............................................................3 1.3.2. Benção...............................................................6 1.4 CONCLUSÃO DA PRIMEIRA PARTE:.............................................8 2. O QUE É E O QUE CAUSA A MALDIÇÃO DOS RECURSOS?..............................9 2.1 Economia política........................................................9 2.2 FACTORES ECONÔMICOS......................................................9 2.3 Institucionais..........................................................11 2.4 Conflitos;..............................................................12 3. ARGUMENTOS QUE REFUTAM A TESE DA MALDIÇÃO..................................12 3.1 Os dados que existem não são conclusivos...............................12 3.2 A maldição é uma mera probabilidade.....................................13 3.3 As abordagens são muito simplistas......................................13 4. COMO COMBATER A MALDIÇÃO...................................................14 4.1 COMPREENDER A COMPLEXIDADE DA SITUAÇÃO..................................14 4.2 INICIATIVAS INTERNACIONAIS e as suas limitações.........................16 5. CONCLUSÃO..................................................................17 6. ANEXOS: PARA SABER MAIS....................................................19 6.1 Que autores.............................................................19 6.2 ARGUMENTOS CONTRA A MALDIÇÃO DOS RECURSOS: DOC DO BAD..................21 1

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DRAFT NOTES 12/05/2023 18:23

MÓDULO 5. RECURSOS NATURAIS: MALDIÇÃO OU BÊNÇÃO?

Plano da aula: 3 sessões Filme Sessão 1:

o Introdução: Porque é que se fala tanto de maldição dos recursos e qual a relevência para Africa?

Importância dos recursos naturais em Africa/ preços dos comodities

o O que é a teoria da maldição dos recursos?o Autores que trataram este assuntoo Existe em Africa?

Sessão 2. O que fazer para evitar?

Conclusão: he resource curse debate should be placed in the much broader context of how institutions evolve and

affect growth. This is backed-up by empirical evidence that suggests simple or isolated stories about how natural resources affect growth cannot be supported. At the same time, we must admit that our understanding of how institutions evolve remains limited and much work needs to be done. Consequently, we should have modest expectations about how far externally-oriented initiatives can “solve” development challenges in third countries. Rather, more emphasis should be placed on promoting learning and experimentation to find local solutions to what evidently are very complex problems.

Plano da aula Raffaele Angius, MA-student in Political Science, UiO Slackening growth, fuelling politics: introducing the resource curse................................................................................................................................1....................................................................................................................................................................................1

1. INTRODUÇÃO:...............................................................................................................................................................21.1 PORQUE É QUE SE FALA TANTO DE MALDIÇÃO DOS RECURSOS E QUAL AS SUA IMPORTÂNCIA NO CONTEXTO AFRICANO?..........................................................................................................21.2 Qual e a definição de MALDIÇÃO DOS RECURSOS?.......................................................................................31.3 OS DOIS LADOS DO DEBATE: MALDIÇÃO OU BÊNÇÃO?.........................................................................3

1.3.1. Maldição:......................................................................................................................................................31.3.2. Benção..........................................................................................................................................................6

1.4 CONCLUSÃO DA PRIMEIRA PARTE:..............................................................................................................82. O QUE É E O QUE CAUSA A MALDIÇÃO DOS RECURSOS?................................................................................9

2.1 Economia política..................................................................................................................................................92.2 FACTORES ECONÔMICOS................................................................................................................................92.3 Institucionais........................................................................................................................................................112.4 Conflitos;..............................................................................................................................................................12

3. ARGUMENTOS QUE REFUTAM A TESE DA MALDIÇÃO...................................................................................123.1 Os dados que existem não são conclusivos.........................................................................................................123.2 A maldição é uma mera probabilidade................................................................................................................133.3 As abordagens são muito simplistas....................................................................................................................13

4. COMO COMBATER A MALDIÇÃO..........................................................................................................................144.1 COMPREENDER A COMPLEXIDADE DA SITUAÇÃO...............................................................................144.2 INICIATIVAS INTERNACIONAIS e as suas limitações..................................................................................16

5. CONCLUSÃO................................................................................................................................................................176. ANEXOS: PARA SABER MAIS..................................................................................................................................19

6.1 Que autores..........................................................................................................................................................196.2 ARGUMENTOS CONTRA A MALDIÇÃO DOS RECURSOS: DOC DO BAD............................................216.3 CRÍTICAS À MALDIÇÃO DOS RECURSOS bASEDAU...............................................................................236.4 O impacto Das instituições:.................................................................................................................................26

Referências The on-going debate on natural resources and development http://www.voxeu.org/article/institutional-reform-

and-so-called-resource-curse

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Raffaele Angius, MA-student in Political Science, UiO Slackening growth , fuelling politics: introducing the resource curse. http://folk.uio.no/raffaele/Slackening%20growth,%20fuelling%20politics%20-%20Irini%20no.%201.pdf

Matthias Basedau (2005) Context Matters - Rethinking the Resource Curse in Sub-Saharan Africa. http://www.giga-hamburg.de/dl/download.php?d=/content/publikationen/pdf/wp01_basedau_abstract.pdf

Jones Sam (2010) Sub-saharan Africa and the resource curse A critical look. http://www.diis.dk/graphics/Publications/WP2008/WP08-14_Sub-Saharan_Africa_and_the_%93Resource%20Curse%94.pdf

Research Summary 21- The Political Economy of the Resource Curse: A Literature Survey. By Andrew Rosser (2006) http://www2.ids.ac.uk/gdr/cfs/drc-pubs/summaries/summary%2021-Rosser-ResourceCurse.pdf

1. INTRODUÇÃO:

O debate sobre a maldição dos recursos centra-se à volta das questão de saber se os Recursos naturais: são uma Maldição ou uma bênção para Africa?

A idéia de que os recursos naturais como o petróleo tem efeitos negativos no desenvolvimento econômico. Não é nova.

Mas a sua importância tem aumentado dado: o aumento do preços das matérias primas (commodities) a emergência da China da Índia e do brazil e novos actores importantes que estão a investir

seriamente nos recursos naturais em africa. E nos ultimos tempos têm se feito ainda mais descobertas importantes de recursos naturais : carvão,

petróleo e gaz natural entre outro no Kenia, tanzania, Gana, Moçambique e Uganda. Estas descobertas prometem trazer biliões de dolares para as economias afrianas:

portanto a questão que se coloca é: será que esses recursos podem trazer prosperidade. Crescimento eonomico, novos empregos e investimento em saúde, educação e infrastrutura? OU são uma maldição politica e económica que traz conflitos, desigualdades, corrupção e desastres ambientais, como o tem sido em muitos casos?

Então a questão principal que se põe é: Existe uma maldição dos recursos ou não? E o que é que pode ser feito em relação a ela? (Jones, )

1.1 PORQUE É QUE SE FALA TANTO DE MALDIÇÃO DOS RECURSOS E QUAL AS SUA IMPORTÂNCIA NO CONTEXTO AFRICANO?

A questão dos Recursos naturais é obviamente um assunto importante e actual em Africa

A. Os recursos naturais dominam muitas economias africanas B. Cerca de 80% das exportações africanas são petróleo, minerais e produtos agrícolas mas sobretudo os dois

primeiros os países com recursos são muito dependentes das exportações de recursos naturais:

o Desde 1990, a percentagem de combustíveis nas exportações totais dos países exportadores de petróleo aumentou 12% para quase 90%.

As exportações africanas atingiram 550 bilhões em 2008 Dos transformadores as maiores categorias são pedras preciosas; prata e platina; ferro e alumínio.

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B. Além disso o boom das commodities, tornou a questão dos recursos ainda mais importante. (Basedau)

Além disso, os recursos tornram-se ainda mais importantes devido ao aumento dos preços do petróleo e às crescentes necessidades da China e da India; e do brazil

Autoridades do governo norte americano declararam que o petróleo África é uma questão de segurança nacional.

O boom também levou à exploração de novas reservas nomeadamante no Golfo da Guiné.

Portanto, este tema vai aumentar de importância nos próximos tempos

C. Há cada mais empresas a investirem na exploração dos recursos naturais Ex: Moçambique 7 b de investimento

Porque é que é importante discutir a questão da maldição dos recursos? Porque a teoria da maldição pode levar a políticas erradas ou ineficientes Pode reduzir o interesse na investigação em áreas relacionadas com as matérias-primas, por defender

que estas podem ter impactos negativos para os países Podem, no pior dos casos, até atrofiar os investimentos neste sector

Por ex, de acordo com Angius, o banco mundial a dada altura e várias ONG assumiram que existe de facto uma maldição dos recursos e isso pode condicionar a sua acção

1.2 Qual e a definição de MALDIÇÃO DOS RECURSOS?

A chamada “maldição dos recursos” refere-se à “hipótese de que existe uma relação inversa entre a dependência dos recursos naturais e vários aspectos da vida de um pais” (Angius, 20 )

OU, por outras palavras refere-se à situação em que(1) um pais com recursos naturais que não produzem as melhorias esperadas na economia (2) mas que paradoxalmente se tornam uma maldição em vários aspectos:

1. O primeiro é o declineo económico, a pobreza e a falta de desenvolvimento humano2. Segundo: impactos negativos na estabilidade política do pais e a má governação, incluindo aspectos

como a corrupção, as instituições publicas e o estado em geral. 3. Terceiro: os recursos são vistos como causas ou agravadores de conflitos,

Existem vários nomes para este fenômeno:

Paradoxo da abundância O problema do rei Midas

O fenômeno foi detectado e investigado em vários estudos que analisaram a relaçõa negativa entre recursos naturais e os vários aspectos da vida num pais (Angus, Raffale)

1.3 OS DOIS LADOS DO DEBATE: MALDIÇÃO OU BÊNÇÃO?

1.3.1. Maldição:

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A noção da maldição dos recursos (Auty, 1993) ou paradoxo da abundância (Karl, 1997) ganhou muita importância no debate sobre o desenvolvimento africano sobretudo a partir dos finais do sec 20, 199012.Com dois textos fundamentais

Auty, Richard (1993): Sustaining Development in Mineral Economies: The Resource Curse. Thesis, London: Routledge.

Karl, Terry Lynn (1997): The Paradox of Plenty – Oil Booms and Petro-States, Berkeley: University of California Press.

Outros artigos de Terry Karl: o Karl, Terry Lynn (2003): Bottom of the Barrel – Africa’s Oil Boom and the

Poor, Washington D.C.: Catholic Relief Services. Trad portuguesa: o fundo do barril: o Boom do petróleo em Africa e

os Pobres

Um outro trabalho fundamentail para a discussão sobre a maldição dos recursos são os trabalho de Sachs que relaciona recursos naturais com baixo crescimento

Sachs, Jeffrey D. and Andrew Warner (1995) “Natural Resource Abundance and Economic Growth,” NBER Working Paper #5398. (existe online)

O que é que eles fazem nestes trabalhos?

Eles dizem que o seu estudo foi o primeiro a provar os efeitos negaticos da abundancia no cresceimento com base num estudo comparativo a nível mundial

Usando técnicas quantitativasE base de dados muito largas que abrangem um grande número de países do mundoFazem regressões que relacionam dependencia dos recrusos com crescimento

A dependnecia dos recursos é medida em termos de percentagem de exportações de matéria primas sobre o PIB

o crescimento é medido em termos de PIB per capita

1 A teoria da maldição dos recursos surge nos anos 90 do sec passado mas quando começou a exploração de RN em África já vários analistas alertavam para:

Declínio dos termos de troca Poucas probabilidades de estimular o crescimento da economia especialmente se multinacionais controlassem a

exploração de recursos e pudessem repatriar os lucros em vez de os investirem no país Os países com recursos teriam m enclaves de extracção de recursos florescentes mas sem ligações com os outros

sectores da economia.

De facto, muitas destes prognósticos materializaram-se

2 http://www.voxeu.org/article/institutional-reform-and-so-called-resource-curse

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Sachs defende que os países com mais recursos tiveram resultados menos positivos em termos de crescimento esperado (como mostra o gráfico)Este trabalho é muita vezes referido como o ponto de partida para mts outros estudos sobre a maldição dos recursos

Vários outros autores seguindo os mesmos métodos quantitativos e com grandes bases de dados chegaram a resultados comparáveis. Por ex:

Richard Auty (2001) demonstra que o redimento per capita dos países com poucos recursos cresceu 2-3-vezes mais do que os com recursos.

Outros autores estudaram os impactos negativos em vários aspectos: Diversificação das exportações Inflação Dualismo tecnológico e salarial Corrupção Desemprego Divida

Embora a maioria da literature estave relacionada com cresceimento ecomico, vários artigos também relacionam com conflitos:

Collier relaciona RN com conflitos Collier & Hoeffler (1998  On Economic Causes of Civil War. Oxford Economic

Papers 50, 563-73 http://asso-sherpa.org/sherpa-content/docs/programmes/GDH/Campagne_RC/

War.pdf

http://www.globalwitness.org/campaigns/conflict

De acordo com estes autores, que tb usam os mesmo métodos que Sachs. existem uma relação entre os recursos e os conflitos: Mais recursos naturais aumentam o risco de guerraA razão avançada é que o facto de haver um recurso que traz receitas ao estado, é um motivação para grupos rebeldes tentarem capturar o estado.

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No entanto tb dizem que se os recursos foram suficientemente grandes, o risco diminui: isto é atribuidoa à capacidade maior que o estado adquire, através das despesas militares, para lidar com os grupos rebeldes

Finalmente alguns autores raciona recursos naturauis com o tipo de regime;

Wantchekon 1999, verificou esta relação especialmente para os estados africanos: quanto mais recursos mais autoritário o governo

Wantchekon, L. (1999), Why Do Resource Dependent Countries Have Authoritarian Governments? (12 December), New Haven, CT: Yale University (online)

Jensen, N. and Wantchekon, L. (2004) ‘Resource Wealth and Political Regimes in Africa’, Comparative Political Studies 37.7: 816–41 (online)

Ross coloca a questão directamente no seu estudo: será que o petróleo afecta a democracia? Ross, Michael L. (2001): Does Oil Hinder Democracy?, in: World Politics, 53, p.

325-361. online)

Ross conclui que um estado dependente do petróleo tem mais probabilidade de ser autoritário, no médio oriente não só.

» Desde aí que o assunto tem sido debatido por ecomistas, cientistas políticos e analistas políticos.

» Este cepticismo associado aos recursos naturais foi reforçado em grande parte durante a baixa dos preços destes recursos no mercado internacional.

» O conceito foi extensamente aplicado aos países africanos sobretudo no período de pessimismo (nos período negativo da curva em U).

O interesse neste assunto é claro pelo número de autores que analisaram este fenómeno.

Mas atenção: que a própria Terry Karl diz que3

a maldição dos recursos não defende que a abundancia de recursos é sempre ou inevitavelmente má para o crescimento econômico ou o desenvolvimento.

A maldição refere-se não à posse de recursos mas à excessiva dependência Nem defende que os países estariam em melhor posição se tivessem menos recursos Mas simplesmente que o petróleo pode ser benéfico ou pode ter efeitos negativos O que importa não é como a riqueza é gerada mas como é dividida e utilizada.

Vários autores também tentaram explicar porque é que a maldição dos recursos acontece: PRÓXIMA AULA

(a) Exemplos de países que, a de acordo com algumas são em muitas análises sucumbiram à maldição dos recursos:

Em África, a riqueza proveniente dos recursos naturais não se traduziu em melhores (em boas) condições de vida para as populações em em alguns casos associa-se a corrupção e conflitos violentos: È o Caso dos conflitos no Delta do Níger na Nigéria em que o petróleo está na origem da violência;

3 “The resource curse is not a claim that natural resource abundance is always or inevitably bad for economic growth or development, as some believe (…). The resource curse does not refer to the mere possession of petroleum or other minerals, but rather to countries that are overwhelmingly dependent on oil revenues. (…) Nor is the resource curse a claim that oil and mineral exporters would be better off with smaller endowments of natural resources (…). Oil is simply a black viscous substance that can be beneficial or detrimental: what matters most is not the (…) how the wealth generated by petroleum is shared and utilized.” in Tsalik, S. and Schriffin, 2005):

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È o caso dos diamantes de sangue na Serra Leoa que, não sendo a causa, foram um dos factores que encoragou o conflito armado /guerra civil durante 11 anos

Outros casos são: Sudão Guiné Equatorial Costa do Marfim Guiné Chad

1.3.2. Benção

No entanto também há muitos autores e estudos que contestam que esta maldição dos recursos existe.

» A maioria dos críticos defende que tanto as teorias exporstas como os métodos usados para as medições podem levar a resultados falsos.

Por exemplo alguns autores dizem que se se medir a dependecncia de outras maneiras chegam-se a resultados diferentes: em Sachs A dependnecia dos recursos é medida em termos de percentagem de exportações de matéria primas sobre o PIB

Crameer 2001 diz que os resultados de Collier dependem das variavéis que se escolhem para a analise

Cramer, C. (2002) “Homo Economicus Goes to War: Methodological Individualism, Rational Choice and the Political Economy of War”, World Development Vol. 30, No. 11, pp. 1845–1864

http://128.97.165.17/media/files/Cramer.pdf

Rosser (2006) salientam que as relações de causalidade são poucas vezes demonstradas: Será que a maldição dos recursos é um sitomas do dub-desenvolvimento em vez de uma causa?

Correlação não é causalidade

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Outros autores demonstram que houve variáveis omitidas: Mazano e rogobon consideram que a maldição dos recursos não é devida à escessica dependência das matérias primas que abrabdou o crescimento mas sim da dívida resultante do aumento e depois quebra dos preços das mat´rias primas.

Ross (2004) nota que consoante as bases de dados que se usam também se chegam a resultados diferentes

Ross M. L. 2004a. “What do we know about natural resources and civil war?” Journal of Peace Research, 41:337–56. Available at http://www.polisci.ucla.edu/faculty/ross/whatdoweknow.pdf

Ross M. L. 2004b. ‘How Do Natural Resources Influence Civil War? Evidence From 13 Cases’, International Organisation 58.1: 35– 68. Available online at: http://www.polisci.ucla.edu/faculty/ross/HowDoesNat3.pdf

Também por ex, muitos outros investigadores que tentaram relacionar matérias primas com conflitos chegaram a resultados diferentes (uma das razões pode ser que dentro das matérias primas se incluem coisas muito diferentes, alguns dos quais não estão relacionados com conflitos.

No seu estudo ele alerta para o facto de se ter de separar de que matéria prima estamos a falar

As conclusõpes de Ross são que o petróleo influencia o inicio de guerras mas que a sua continuação é influenciada por recursos pilháveis como diamantes

Estes estudos dizem que esta teoria não explica suficientemente bem porque é que alguns países sofrem da maldição e outros não.

Jones defende que: “Embora hajam dados que alguns paises beneficiaram pouco dos RN não é claro que haja um padrão sistemético.

Alguns estudos mostram relações positivos entre RN e crescimento:

O estudo do BAD defendem que: o os dados que existem para África, não mostram que os recursos estão relacionados com

baixas taxas de crescimento, ou baixos IDHo ADB (2007) Africa's Natural Resources: The Paradox of Plenty

Davis (1995) encontram alguma correlações positivas entre recursos, e PIB per capita, mortalidade infantil, esperança de vida, (Davis, 1995)

Czelusta (2001) outro autor qu trabalhou muito sobre o assunto diz que: A quantidade de recursos naturais não é um dado fixo e que pode ser expandido através da exploração, tecnologia e conhecimento

O estudo de Basedau mostra que: Matthias Basedau (2005) Context Matters - Rethinking the Resource Curse in Sub-Saharan Africao facto dos recursos naturais serem uma maldição ou não depende:

do contexto e do tipo e abundância do recursos, do grau de dependiencia, da forma como é feita a gestão das receitas, das empresas envolvidas

Brunnschweiler, C. and E.H. Bulte, 2009. Natural Resources and Violent Conflict: Resource Abundance, Dependence and the Onset of Civil Wars. Oxford Economic Papers 61: 651-674

1.4 CONCLUSÃO DA PRIMEIRA PARTE: Nesta primeira parte tenta chamar-se a atenção para o facto de se sabe pouco sobre este assuntoque embora hajam dados que parecem demonstrar que que existe

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existem muitas criticas do ponto de vista metodológico e teóricoOs modelos econômicos usados nos estudos que deram origem ao conceito, e estabeleceram as ligações entre recursos e desenvolvimento são resultados variados.

Embora estes estudos possam fornecer uma ponto de partida para a análise, são precisos estudos que integrem mais variavais e que nos permitam compreender a complexidade dos problemas.

Agora, que os países africanos vivem um período de boom as teorias que prevalecem apontam mais para defender que a maldição dos recursos não é inevitável » depende da capacidade dos países gerirem os recursos de forma transparente, equitativa e sustentável; com as políticas adequadas estão e podem vir a vencer a maldição dos recursos.

No entanto embora o debate tenha evoluído no sentido de recomendaçoes práticas sobre (USAID 2004; Bannon/Collier 2003), vencer a maldição dos recrursos pode ser mais difícil do que parece. Não há soluções fáceis para o evitar

Assim, é importante saber:1. O que causa a maldição dos recursos2. Como é que a maldição dos recursos afectou os países africanos? Que factores contribuíram para a

maldição ou não?3. Como é que alguns países evitaram esta maldição.? Que lições se podem tirar? 4. Como é que os países podem evitar a maldição dos recursos no futuro? Isto é como é que podem

usar os seus recursos para promover o desenvolvimento?

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2. O QUE É E O QUE CAUSA A MALDIÇÃO DOS RECURSOS?

2.1 Economia política

Recapítulação:

O debate sobre a maldição dos recursos centra-se à volta das questão de saber se os Recursos naturais: são uma Maldição ou uma bênção para Africa?

1. A chamada “maldição dos recursos” refere-se à “hipótese de que existe uma relação inversa entre a dependência dos recursos naturais e vários aspectos da vida de um pais” (Angius, 20 )

A idéia de que os recursos naturais como o petróleo tem efeitos negativos no desenvolvimento econômico, nas instuições e nos conflitos.

2. Uma conclusão da primeira parte é que: de se sabe pouco sobre este assunto que embora hajam dados que parecem demonstrar que que existe existem muitas criticas a estes dados

3. As economia política dos RN é muito complexa e envolve um número muito grande de factores.

Obviamente as causas e os efeitos estão ligados entre si e além disso existem impactos directos e indirectos, impacts de cuRto prazo e longo prazo (como vemos no gráfico).

CAUSAS DIRECTAS agrupam-se em 2 grupos: factores económicos e factores institucionais

1. FACTORES ECONÓMICOS: nos económicos podemos distinguir dois grupos Volatilidade/instabilidade dos mercados das matérias primas Dutch disease O declínio da competitividade de outros sector:

2. INSTITUCIONAIS: A incapacidade dos governos de aplicarem as medidas politicas necessárias para transformarem as receitas dos RN em desenvolvimento: Tem a ver com o impactos negativos

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2.2 FACTORES ECONÔMICOS No inicio os estudos sobre a maldição dos recursos focaram.-se mais nos aspectos econômicos e na hipótse de que os recrusso eram maus para o desenvolvimento. A teoria, como vimos, emergiu nos anos 90 ecom as contribuições de Sachs e Warner (1995) e Collier (1998).

Estes distinguiram algumas causas que podiam estar na origem da maldição dos recursos:

1. VOLATILIDADE 2. DUTCH DISEASE

(1) VOLATILIDADE DOS PREÇOS E ASSIMETRIA DO AJUSTAMENTO: Um dos problemas principais tem a ver com a volatilidade dos preços dos recursos:

Os booms dos preços das matérias-primas não são permanentes e se os preços sobem também acabam por descer: são portanto muito voláteis.

Portanto, os países com recursos naturais já experienciaram por várias vezes esses booms. O que acontece é que nos periodos de boom os países têm tendência para aumentar a despesa

pública: por exmplo aumenta o emprego público para reduzir o desemprego Segundo investem em projectos/obras públicas às vezes questionvaeis Terceiro, o governo podem tentar dar subsídios para promoer a produção nacional para

subtituição das importações

O problema põe-se quando, no período em que o boom acaba, como diminuir a despesa » É mais fácil aumentar a despesa do que diminuía-la

Como resultado » a dívida desses países pode aumentar. Aliás o que se verifica é que a dívida de muitos africanos com recursos nunca parrou de aumentar (mesmo durante o boom) confiantes de que o boom duraria para sempre. Os estados africanos com recursos são altamente endividados.

Assim a volatilidade das receitas do estado aumenta a necessidade de uma boa gestão

sob pena de podem levar a inflação e ciclo de despesa/contração das despesas dos governos. Nos períodos de boom normalmente as políticas fiscais foram pouco prudentes e a inflação aumentou. No entanto, em relação aos impactos da volatilidade das exportações os resultados também não são

conclusivos, uma análises indicam que há correlação entre volatilidade e fraco crescimento e outras que não há.

A Falta de transparência aumenta ainda mais com os RN: Os países com RN tendem a ter pouca transparência na gestão dos orçamentos dos recursos naturais,

o que leva a existência de orçamentos paralelos. Em resultado, mesmo que as receitas do estado estejam a aumentar, as dívidas não diminuem e a

inflação mantêm-se. Esta volatilidade pode ser prejudicial para o crescimento em muitos aspectos: prejudica o

investimento, a distribuição do rendimento, o desenvolvimento do capital humano e o combate à pobreza.

(2) DUTCH DISEASE; muitas vezes todos os potenciais impactos negativos associados aos recursos naturais são chamados

Duch Disease mas de facto refere-se essencialmente a dois fenómenos:

1. Declineo de outras fontes de desenvolvimento. O sector da exportação de matérias primas tem a tendência de desviar os recursos

financeiros e humanos dos outros sectores. Os países ricos em recursos não se preocupam em desenvolver o seu capital humano porque

estão cegos pelos RN.

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Mas mais realmente, o sector dos recursos requer principalmente trabalho não qualificado e só muito pouco trabalho qualificado. Enquanto que a industria transformadora necessita muito mais trabalho qualificado. A indústria transformaora tem muita mais impactos secundarios positivos

Além disso, a extração de recursos naturais tem um factor de enclave: não tem ligações com o resto da economia

Segundo: a apreciação das taxas de cambio devido ao aumento das exportações :

o Aumentam o valor da moeda: produzem ganhos em moeda estrangeira que, se não forem neutralizados por

politicas monetárias, vão aumentar as taxas de cambio e diminuir a competitividade de outras exportações).

o Isto atrofia os outros sectores da economia

Em conjunto estes dois efeitos podem levar ao declínio das exportações do sector agrícola e transformador: é a chamada Dutch Disease ou doença holandesa.

resultado principal desta doença holandesa é que os outros sectores da economia vão ficar atrofiados. O nome vem do fenómeno se ter passado na Holanda com a descoberta de gás natural no mar do

norte no anos 60. O sector da transformação foi enfraquecendo à medida que a indústria do gás aumentou.

Conseqüentemente, isto leva à diminuição da diversificação da economics e produz dependência que é a maior razão da vulnerabilidade dessas economias.

CCLEsta era uma explicação que se pensava forte para o fenómeno da maldição dos recursos mas que também tem sido posta em causa. Alguns estudos indicam que este fenómeno não é tão importante como inicialmente se pensava e que, acima de tudo, pode ser compensado com as políticas adequadas. (Alguns estudos provaram por exemplo que certos factores como o sector transformador não era afectado).

2.3 Institucionais

Mais tarde, as explicações voltaram-se mais para os factores institucionais:

De acordo como esses teorias, Os RN enfraquecem as instituições através do efeito de renda, isto é;

“ O dinheiro fácil que provem das receitas dos recursos e a sua independencia das receitas dos impostos distancia a elite no poder do resto da população e permite que regimes autocráticos se mantenham no poderIsto e especialmente apontado no caso nos recursos concentrados (point resources) como o petróleo. Porque fazem com que seja fácil a sua apropriação e control pelo estado4.

Esta visão é cada vez mais consensual: “ os recursos naturais podem ter impacto nas instituições tanto

indirectamente – removendo os incentivos à implementação de reformas, à melhoria de insfrastructuras, ou mesmo para a implementação de uma estrutura eficiente de recolha de impostos:

Como indirectamente; ao fomentar conflitos para acesso às receitas ds recursos naturais

(recent World Bank publication (Harford and Klein 2005))

Esta visão é comprovado empiricamente por vários autores como 4  i.e. the easy money provided by resource rents and the independence from tax revenues distances the ruling elite from the rest of the population, and enables autocratic regimes to hold a firm grip on power. Especially point resources such as oil – clustered in space so that grabbing and controlling are relatively easy – are regularly implicated as problematic for development and stability http://www.voxeu.org/article/institutional-reform-and-so-called-resource-curse.

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Ross (1999, 2001a), Pinkovskiy, M. and X. Sala-i-Martin, 2010. "African poverty is falling… much faster than you

think!" Massachusetts Institute of Technology, Discussion Paper Sala-i-Martin and Subramanian (2004)

Mas tb há quem conteste esta visão e que defenda que é a existência de más instituições que dá origem á má gestão e que não é a dependência que causa as más instiuições

Christa N. Brunnschweiler and Erwin H. Bultehttp The Resource Curse Revisited and Revised: A Tale of Paradoxes and Red Herrings ://www.cer.ethz.ch/research/wp_06_61.pdf

http://www.cer.ethz.ch/research/wp_06_61.pdf

2.4 Conflitos;

Conflitos

Outro grupo estuda as relações entre recursos naturais e guerra civil. Estudo quantitativos a nível macro e estudos de caso demostraram que os países ricos em recursos e dependentes desses mesmos recursos estão mais sujeitos a sofrerem de guerras civis:

CCL No entanto, devo salientar que não há acordo sobre o impacto de nenhum destes factores no crescimento económico embora hajam muitas análises que parecem confirmar a relação entre estes factores e o fraco crescimento económico.

3. ARGUMENTOS QUE REFUTAM A TESE DA MALDIÇÃO

Refs: Basedau

Já vimos vários autores que refutam a tese da maldição dizendo que Os dados que existem não são conclusivos Que o estabelecimento de correlações não implica necessariamente

causalidade. E que há sempre o perigo de factores explicativos importantes estarem a ser deixados de fora da análise.

È claro que os efeitos dos recursos naturais diferem significativamente de país para país.

A maldição é uma mera probabilidade As abordagens são muito simplistas

3.1 Os dados que existem não são conclusivos Os autores que refutam a tese da maldição dos recursos argumentam que os

dados empiricos muito vezes não são tão sólidos como parecem. È o caso de Basedau

Muitas vezes os estudos quantitativos não são exaustivos nem se baseiam em dados fiáveis particularmente no contexto da ASS.

Segundo, embora os efeitos negativos sejam talvez mais prováveis, o grau de probabilidade é talvez mais baixo do que o esperado.

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O estabelecimento de correlações não implica necessariamente causalidade5.. É que há sempre o perigo de factores explicativos importantes estarem a ser deixados de fora da análise.

È claro que os efeitos dos recursos naturais diferem significativamente de país para país.

3.2 A maldição é uma mera probabilidade

A objecção mais séria à maldição dos recursos é que a maldição dos recursos não se meterializa necessarimente. Mas é uma mera probabilidade.

As excepções como o Botsuana não são simplesmente casos de sorte » As excepções e as variações necssitam de uma explicação teórica que tem de ser encontradas nas condições especificas do contexto.

“while most resource abundant countries have performed poorly in developmental terms, some – such as Botswana, Indonesia, Chile, Norway, Australia, Canada, and Malaysia (Stevens 2003: 8) – have done quite well”

Isto é, os efeitos negativos só são mais prováveis num determinado conjunto de circunstâncias. Não há nenhum canal de transmissão automático que funcione sem o efeito de outras variáveis:

Por ex os ciclos de boom e recessão afectam todos os países que são dependentes de algumas commodities voláteis.

O mau uso dos recursos pode ser parcialmente devido à corrupção ou ao lideres políticos.

Os movimento cessessionistas violentos são mais prováveis em países onde os recursos estão concntrados numa determinada regioão e o sistema de gestão dos recursos é visto como desfavorável aos lideres dessa região.

Portanto, em sentido estrito não há uma maldição. Os problemas sociais e políticos associados com os recursos naturais não

são criados por forças sobrenaturais. » De facto, se o petróleo ou os recursos tiverem impactos positivos ou

negativos dpende das interelações complexas entre várias condições do contexo. Senão seria necssário um milagre para explicar porque é que vários países não sofreram da maldição.

E também pode ser simplesmente porque as perspectivas em relação aos recursos naturais sejam demasiado optimistas que faz parecer que os recursos são uma maldição.

Mas tb a verdade é que muita da literatura sobre a maldição tb não e assim tão simplista e muitos dos estudos não defendem que a maldição é evitavel. Por ex Bannon e Collier (2003) dizem “the natural resource curse is not a destiny”

5 Mas baseadu chama-nos a atenção para as limitações dos seus próprios dados. Isto aplica-se ao seu estudo mas tb igualmente aos outros que tentam relacionar recursos e problemas. No entanto, este autor defende que os dados que ele apresentam pelo menos servem para por em causa a teoria da maldição em alguns países e algumas áreas.

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Há sempre um conjunto complexo de factores que estão na base de conflitos violentos.

3.3 As abordagens são muito simplistas

Para concluir podemos dizer que “as explicações que existem dos recursos naturais não consideram suficientemente o papel das forças sociais ou do ambiente político e econômico na determinação dos resutados dos países com recursos”.

Mais geralmente um dos problemas é que as abordagens da maldição dos recursos têm sido reducionistas:

Tendem a explicar as performances dos países simplesmente em termos de tamanho e tipo de recursos.

Assim, um consenso está a emergir que existem várias variáveis sociais e politcas que medeiam a relação entre recursos materiais e desenvolvimento.

4. COMO COMBATER A MALDIÇÃO

4.1 COMPREENDER A COMPLEXIDADE DA SITUAÇÃO

Perante a complexidade do problema e as abordagens simpliste é preciso mudar a abordagem:

Os academicos têm estado a colocar a questão errada: em vez de perguntar porque é os RN incentivaram várias “doenças” isntitucianais, que por sua vez, promoveram fraco desenvolvimento econômico; deviam estar a perguntar:

Que factores polticios e sociais permitem que alguns países com recursos utilizem os seus RN para promover o desenvolvimento e

Que factores fazem com que outros países com recursos não consigam fazer o mesmo6 (Schrank 2004; Snyder and Bhavnani 2005

Estas condições do contexto merecem ser diferenciadas e algumas das distinções que talvez se devam fazer incluem:

Condições não relacionadas com a extrações de recursos: Condições relacionadas com a extrações de recursos:

6 “scholars have been asking the wrong question: rather than asking why natural resource wealth has fostered variouspolitical pathologies and in turn promoted poor development performance, they should have been asking what political and social factors enable some resource abundant countries to utilise their natural resources to promote development and prevent other resource abundant countries from doing the same (Schrank 2004; Snyder and Bhavnani 2005).

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Condições não relacionadas com a extrações de recursos: nível geral de desenvolvimento, relações entre grupos, sistemas políticos desenho e funcionamento das instituições do estado os padrões de comportamento das elites dos partidos políticos, da sociedade

civil forças de segurança não esquecendo o enquadramento regional e as dinâmicas globais

Todos estes factores têm de ser cuidadosamente escrutinados quando se estudam os problemas relacionados com os recursos num pais.

A interelação entre estes factores pode criar problemas independentemente dos recrussos.

Isto foi pro exmplo o caso no Chad, que só recentemente começou a produzir petróleo mas que tem problemas desde a independência.

Condições relacionadas com os recursos:Os factores relacionados com os recursos também são muito importantes sujeitos a mudança

Tipo: o por exmplo os efeitos são diferentes se estivermos a falar de petróleo,

cujo preço é extremamente volátil e de cobre, que esteve sempre a diminuir constantemente durante uma longa época . O preço do ouro e dos diamantes é relativamente mais estável

Localização e Modo de extração:o Em relação a este aspecto vários autores definiram tipologias recursos

difusos/point; próximos/distantes;pilháveis/abstruiveis e legais. o A concentração regional dos recursos pode levar a movimentos de

insurgência quando as comunidades locais se sentem privadas dos beneficios ou sofrem os impactos negativos ambientais como um derrame de petróleo

o Por outro lado recursos difusos podem ser problemátios porque são mais dificilmente controlados pelo poder central do estado.

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o Em países como a Serra Leoa e a RDC estes recursos são mais facilmente acessíveis por grupos rebeldes (ou pilhaveis) em guerras civis do que a mineração profunda “dept shaft” do Botsuana (Collier e tal, 2003)

o Além disso, os diamantes podem ser facilmente traficados para fora da zona de conflito enquanto que outros recursos como o petróleo requerem uma insfrastrutura mais avançada que pode ser obstruída, destruída ou estragada pelos opositores.

o Podemos ainda distinguir entre extração de petróleo onshore e off shore de petróleo e gas que tem implicações diferentes para a probabilidade de uma guerra civil. Os recursos forem obstruiveis ou pilhavais dependem do tipo, da localização exacta e das técnicas de exploração.

Grau de abundância e dependência:o Claro que as condições de exploração diferem em relação ao grau de

abundancia e depednencia. o A vulnerabilidade ao choque dos preços é maior se o pais depende só de

um recursos.o Depndencia e abundancia são diferentes. o Um pais pode estar completamente depedente das exportações de um

recursos que é pouco abundante. Por exmplo, a quantidade de petróleo que a Nigéria exporta

dividida por toda a população daria 30 centimos per capita por dia (dados de 2002): $13.7bilhões de exportações divididos por 100 milhoes de pessoas.

Em contraste com isso na Guiné Equatorial isso teria sido 50 vezes mais: $14 por pessoas

Sistema de gestão das receitas:o Outra questão fundamental é para onde vão as receitas: Quem recebe o

dinheiro e como é que ele é gasto, o Depende do comportamento dos actores nacionais, elites locaiso Depedne tb do comportamento das empresas multinacionais que podem

corromper os governos ou podem ficar com uma parte demasiado grande dos lucros e criar descontentamente. Podem não preocupar-se com os aspectos ambientais

o Claro que as empresas envolvidas não são sempre as mesmas. Há quem distinguem entre muito grandes, grandes, independentes e nacionals (Gary e Karl, 2003)

A Complexidade O maior desafio consiste portante num estudo rigorosos da economia politica

dos recursos e da capacidade de se captar a complexidade para além das distinções7.

Esta recomendação tem implicações práticas que podem informar várias inciativas internacionais que são desenhadas.

4.2 INICIATIVAS INTERNACIONAIS e as suas limitações

7 Isto aplica-se à dinâmicas e interelações entre as condições do contexto e a direção e a natureza das relações entre os recursos a as áreas afectadas que, nas análises existentes, está essencialmente conficada a impactos negativos.

Em termos metodológicos é necessário definir melhor os concetiso e formular hipóteses que integrem a complexidade em vez de a simplicar e reduzir.

Para tal é necessário fazerem-se estudos mais aprofundados

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Várias iniciativas internacionais foram postas em marcha para tentar travar os impactos negativos da maldição sobre as economias aumentando a transparencia dos processos. A transparência está muito ligada ao conceito de boa governação.

Por exemplo no Chad , o BM introduziu um regime especial de gestão das receitas do sector petrolífero.

o As receitas têm de ser usadas para o combate à pobreza e o desenvolvimento. o Orgãos de supervisão nacionais e internacionais fiscalizam o processo e têm de aprovar as

despesas relacionadas com as receitas do sector.

O processo Kimberley foi desenhado para diminuir o conflito ou os diamantes de sangue que terão inflamado o conflito em Angola, na Serra Leoa e em outros sítios. É um esquema de certificação que foi desenhado para evitar que os diamantes de sangue entram no circuito comercial

Outras Campanha: a “Extractive Industries Transparency Initiative” com o objectivo de aumentar a transparência na industria extractiva (minas e petróleo), que foi lançado pelo primeiro ministro Tony Blair em 2001.

Lei da reforma financeira nos EUA

Recentemente uma nova lei nos EUA (dentro da lei de reforma financeira) exige mais trasparência das empresas relativamente a pagamentos a governos estrangeiros. A ideia é que seja mais difícil a apropriação dos recursos públicos. É melhor que a EITI porque é obrigatório. Também permite às comunidades locais saberem exactamente as receitas

A lei unio activistas e alguns grupos de investidores em wall street. Os activistas esperam que esta lei torne mais difícil a apropriação de recursos que deveriam ser usados para a população e os investidores esperam ter mais acesso a informação o que lhes permite medir melhor os riscos. Ao tornar publicos os fluxos financeiros sabe-se melhor quanto é que os governos recebem das empresas e quando é que as recebem gastam.

Um artigo recente da Reuters refere que se estimam que quase 30 bilhões de dólares saiam ilegalmente na Nigéria em 2009.

No entanto, a eficácia de todos estes processos é muito contestada:

Em relação à Lei da reforma financeira, algumas empresas norte americanas argumentam que isso simplesmente vai favorecer os rivais chineses.

Também contestam o facto de não se consultar o pais receptor. O que se passará em países em que é proibida esta prestação de contas?

A eficácia do processo Kimberley está está a ser posta em causa por várias orgaizações da sociedade civil que dizem que o esquema não está a ser implementado correctamente e não está a proteger as vítimas dos diamantes de sangue. Um dos pontos contenciosos é a ssinatura de um protocolo relativo à zona de Marange no Zim. As OSC denunciaram os abusos de direitos humanos neste zona nos utlimos 3 anos e queixam-se que não há provisões no protocol para assegurar por ex, a sua proteção contra militares envolvidos na violência. Para mais informações ver Global Witness8.

8 http://www.globalwitness.org/library/civil-society-expresses-vote-no-confidence-conflict-diamond-scheme

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Basedau chama a atenção para o facto de que a transparência é só uma das componentes da boa governação os outros sendo a alocação eficiente e justa das receitas e a implementação de politicas de forma participativa e sem impactos negativos incluindo todos os actores e as comunidade afectadas.

Se estas e outras iniciativas poderão funcionar em Africa é portanto muito questionável. Isto é porque é muito mais fácil fazer recomendações do que implementa-las. De facto, seria mais prudente compreender melhor o problema antes de tentar resolvê-lo.

Do ponto de vista de Baesadau o sucesso de medidas de intervenção ou prevenção depende do conhecimento que se tem do

Papel exacto das condições sócio econômicas e politicas num dado pais Os papel das condições relacionadas com os recursos Os papel das condições regional e internaionais E as relacções, pesos e dinâmicas dessas condições no país.

Por isso, processo universais como o processo de kimberley são dificilmente aplicáveis. » Medidas de intervenção e prevenção têm de ser desenhadas para um pais ou condições espcificas do caso com que se está a lidar.

Para concluir, o caminho tem de passar pela identificação dos mecanismos e das dinâmicas especificas de um determinado país para se lidar com o problema adequadamente. Não há terapia com sucesso sem um diagnóstico cuidadoso (Basedau, 2005)

5. CONCLUSÃO (Basedau)

Estas abordagens teóricas apresentadas (voltalidade, dutch disease, neo-patrimonialismo) servem para justificar os cenários mais pessimistas em relação aos países ricos em recursos na ASS.

Mas muitas vezes as simplicação negativa tornaram-se moda nas análises de africa. É portanto necessário ter cuidados quando se vêem os recursos naturais como uma maldição ou

como a única causa da maioria dos problemas africanos.

Vários autores demonstram que existem dados empíricos e teóricos que tem de ser analisados e que nos dizem que os recursos naturais não são tão prejudiciais como normalmente se pensa.

“Embora hajam dados que alguns paises beneficiaram pouco dos RN não é claro que haja um padrão sistemético. Sam Jones:

Do ponto de vista teórico, há numerosos mecanismos que ligam o baixo crescimento à fragilidade das instituições.

Os RN são um dos canais através dos quais as instituições podem ser enfraquecidas mas estão muito longe de ser o único ou o mais importante

O debate deve ser colocado no contexto mais amplo de como as instituições se desenvolvem, e afectam o crescimento.

Por outro lado, temos de admitir que existe pouco conhecimento sobre como é que as instituições evoluem e precisamos estudar mais este assunto.

Temos tb de ter expectativas modestas sobre até que ponto medidas externamente induzidas podem Resolver os problemas dos países en desenvolvimento.

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Em vez disso, os esforços devem concentrar-se em promover a aprendizagem e a experimentação para se encontrarem soluções locais para o que são evidentemente problemas muito complexos, 9

----------------------------------------------

Antes do actual boom dos recursos, os países com recursos debatiam-se com graves problemas, a divida externa aumentava com o declínio das receitas, o risco de conflitos violentos aumentava e os indicadores sociais pioravam. Mas com a nova tendência desde o início do sec, esta tendência modificou-se, de acordo com a UNCTAD, há sinais de que os países se tornaram mais prudentes no uso das receitas dos recursos naturais.

Desde 2000, os preços aumentaram e aumentaram as receitas dos estados como Angola, Congo, Guiné equatorial, Gabão, Nigéria.

A produção tb aumentou.

Mas a dependência fiscal significa que os estados têm de ser prudentes na utilização destas receitas. Os dados sobre o impacto da crise financeira parecem indicar isso, embora os países exportadores tenham sofrido mais que os outros.

Alguns dados indicam que os governos gastaram menos do que em ciclos anteriores.

Muitos países usaram alguns dos recursos do petróleo para diminuírem a dívida externa (Gabão, Nigéria); acumular reservas (Angola, Congo, Guiné Equatorial, etc...

Mas é necessário esperar pelo fim deste ciclo para se ter conclusões mais concretas sobre o que está a acontecer

9 http://www.diis.dk/sw61635.asp

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6. ANEXOS: PARA SABER MAIS

6.1 Que autores

A literatura também se encontra dividida em três sub-literaturas (ver Andrew Rosses para uma analise da literatura sobre a maldição dos recursos)

1. Um que se foca nas relações entre recursos naturais e declineo económico e pobreza:

Sachs e Warner Sachs, Jeffrey D. and Andrew Warner (1995) “Natural Resource Abundance and Economic Growth,” NBER Working Paper #5398.

Auty, Richard (1993): Sustaining Development in Mineral Economies: The Resource Curse. Thesis, London: Routledge.

Ross, Michael L. (2003a): The Natural Resource Curse: How Wealth Can Make you Poor, in: Bannon, Ian; Collier, Paul (eds.) (2003): Natural Resources and Violent Conflict –Options and Actions, Washington D.C.: The World Bank, p. 17-42.

Gary, Ian; Karl, Terry Lynn (2003): Bottom of the Barrel – Africa’s Oil Boom and the Poor, Washington D.C.: Catholic Relief Services.

Lay, Jann; Mahmoud, Toman Omar (2005): The Resource Curse at Work: A Cross-Country Perspective with a Focus on Africa, in: Basedau, Matthias; Mehler, Andreas (eds.) (2005): Resource Politics in sub-Saharan Africa, Hamburg: Hamburg African Studies/ Etudes Africaines Hambourgeoises No. 13 (forthcoming).

Rosser, A. (2006) “The Political Economy of the Resource Curse”: A Literature Survey. IDS Working paper 268, Institute of Development Studies, Brighton, UK. Available online at http://www.ids.ac.uk/ids/bookshop/wp/wp268.pdfhttp://www2.ids.ac.uk/gdr/cfs/drc-pubs/summaries/summary%2021-Rosser-ResourceCurse.pdfhttp://www.youtube.com/watch?v=cJWjHXBrQF8

2. Outros estudam as relações entre instituições, politicas e regimes políticos: estes estudos associam a abundância e a dependência dos recursos à corrupçõa e a instituições estatais fracas:

Yates, Douglas A. (1996): The Rentier State in Africa – Oil Rent Dependency and Neocolonialism in the Republic of Gabon, Asmara: Africa World Press.

Wantchekon, L. (1999), Why Do Resource Dependent Countries Have Authoritarian Governments? (12 December), New Haven, CT: Yale University

Jensen, N. and Wantchekon, L. (2004) ‘Resource Wealth and Political Regimes in Africa’, Comparative Political Studies 37.7: 816–41 http://www.nyu.edu/gsas/dept/politics/faculty/wantchekon/research/regimes.pdf

Moore, Mick (2004): Revenues, State Formation, and the Quality of Governance in Developing

Countries, in: International Political Science Review, Vol. 25, No. 3, p. 297-319

Regimes autoritários: Ross coloca a questão directamente no seu estudo: será que o petróleo afecta a democracia?

Ross, Michael L. (2001): Does Oil Hinder Democracy?, in: World Politics, 53, p. 325-361.

Ross conclui que um estado dependente do petróleo tem mais probabilidade de ser autoritário, no médio oriente não só.

3. CONFLITOOutro grupo estuda as relações entre recursos naturais e guerra civil.

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Estudo quantitativos a nível macro e estudos de caso demostraram que os países ricos em recursos e dependentes desses mesmos recursos estão mais sujeitos a sofrerem de guerras civis:

Collier, Paul; Hoeffler, Anke (2001): Greed and Grievance in Civil War, Washington D.C.:

World Bank. De Soysa, Indra (2000): Are Civil Wars Driven by Rapacity or Paucity?, in:

Berdal, Mats; Malone David (eds.): Greed and Grievance – Economic Agendas in Civil Wars, Boulder: Lynne Rienner, p. 113-135.

Bannon, Ian; Collier, Paul (eds.) (2003): Natural Resources and Violent Conflict – Options and Actions, Washington D.C.: The World Bank.

Em especial para o caso de Africa. Ross, Michael L. (2003a): The Natural Resource Curse: How Wealth Can Make

you Poor, in: Bannon, Ian; Collier, Paul (eds.) (2003): Natural Resources and Violent Conflict – Options and Actions, Washington D.C.: The World Bank, p. 17-42.

Ross, Michael L. (2003b): Oil, Drugs, and Diamonds: The Varying Roles of Natural Resources in Civil Wars, in: Ballentine, Karen; Sherman, Jake (eds.): The Political Economy of Armed Conflict – Beyond Greed and Grievance, Boulder: Lynne Rienner.

Traub-Merz, Rudolf; Yates, Douglas (eds.) (2004): Oil Policy in the Gulf of Guinea – Security & Conflict, Economic Growth, Social Development, Bonn: Friedrich-Ebert-Foundation.

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6.2 ARGUMENTOS CONTRA A MALDIÇÃO DOS RECURSOS: DOC DO BAD Há várias maneiras de analisar e tentar provar as relações entre os recursos naturais e o baixo crescimento. Os economistas tentaram provar estas relações através de análises econométricas:

Fizeram análises de regressão entre a abundância de recursos e as taxas de crescimento que demonstram que não há uma correlação positiva entre os países com recursos e o crescimento económico. Estas regressões focam-se sobretudo no pós-guerra (ver GRAF).

Segundo Sachs, há bastantes evidências de que a estagnação do crescimento está ligada aos recursos naturais e não a outros factores como a geografia ou o clima.

Mas muitos cientistas políticos, baseados em estudos de caso, também indicam que os países com recursos não tiveram o rápido crescimento esperado.

Para analisar se há ou não maldição dos recursos naturais em África é necessário saber:

Será que os recursos naturais impediram o crescimento das economias africanas que dependem destes recursos?

Como é que a volatilidade no valor das exportações contribui para a volatilidade do PIB e para o crescimento e o desenvolvimento?

.

Tipologia:

(1) Países ricos em recursos (petróleo e minerais)(2) Países com poucos recursos

(3) Países sem acesso ao mar

(4) Países costeiros

(5) Grupo SANE (as 4 maiores economias:SA, Argélia, Nigéria e Egipto)

C/R:

Países ricos em recursos são países em que a exportação de recursos naturais contribuem com 20% do PIB.

Este grupo engloba 22 países, 2/3 do PIB africanos e metade da população.

Metade são exportadores de petróleo; metade exportam minerais.

Só 4 não têm acesso ao mar (Botsuana, RCA, Chad, Sudão?)

S/P:

Em contraste, 31 países que não são ricos em recursos, que correspondem a 30% do PIB e metade da poplação.

1/3 destes países não têm acesso ao mar.

Crescimento: comparação entre países com e sem recursos

Antes do primeiro choque petrolífero vários países com recursos beneficiaram de condições macroeconómicas favoráveis: crescimento económico, inflação moderada, deficits geríveis, e baixa dívida

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externa. Seguiram políticas para promover o desenvolvimento económico e social e para encorajar a diversificação. Mas os objectivos não foram atingidos porque as economias não resistiram ao declínio dos preços a partir dos anos 80 e durante mais de uma década. O mesmo se verificou na maior parte dos exportadores de recursos minerais com excepções como o botsuana.

Como a figura demonstra, de 1981 a 2001, os países sem recursos mostraram melhor desempenho que os países com recursos em termos de taxa de crescimento real do PIB.

A situação inverteu-se a partir de 2001 com o recente boom (aumento dos preços e da procura).

Note-se que houveram vários colapsos no crescimento do PIB sendo os maiores em 1983; 1985 e 1993. O colapso de 2008, não parece ter tido, de acordo com os últimos dados, o mesmo impacto negativo que os outros choques.

No entanto, o PIB per capita (não estamos a falar de crescimento do PIB) dos países com recursos sempre foi consideravelmente mais elevado que os sem recursos. O problema é que esta não cresce: Há 20 anos que está fixo em 1000 USD. Pelo contrário os países sem recursos conseguiram registar crescimento durante o mesmo período, embora a uma taxa baixa.

No entanto, os países com recursos, se medirmos em termos de PIB per capita, estão em muito melhor posição que os países sem recursos.

Além do maior crescimento que os países com recursos registaram nos anos 60 e 70, outro factor limitante ao seu crescimento é o facto de não terem acesso ao mar.

CONCLUSÕES em relação ao PIB dos países com e sem recursis

Os países CR são mais ricos O gap entre os dois diminui mas agora alarga-se de novo

Cumulativamente os países CR registaram taxa de crescimento de 2.4% entre 80 e 2006; mais baixo que os 3,8% dos PSR.

Os PSR costeiros têm taxas de crescimento maiores

Os 4 SANE são de longe os mais ricos em termos de PIB e registaram crescimento sustentado desde 1995.

Os países sem recursos e sem acesso ao mar são os mais pobres

Taxa de poupança realA taxa de poupança real nos países com recursos é mais baixa que nos países sem recursos. Isto é uma medida da sustentabilidade da economia e indica que os países estão a deixar menos recursos para as gerações vindouras.

Taxa de poupança real é a poupança pública e privada, no pais e fora dele, livre de depreciação; mais os gastos na educação, para captar as mudanças intangíveis no capital humano; menos o gasto dos recursos naturais não renováveis e os estragos causados pela poluição (CO2 e outros). A poupança real corresponde à riqueza da nação. Qualquer gasto de recurso naturais devem ser compensado por aumento de outro capital humano e não só. Isto significa que os países com recursos têm de adoptar estratégias para trnsformar a riqueza dos recursos minerais, noutras formas de capital produtivo.

São necessárias regras claras e transparentes para garantir que os recursos são usados de modo produtivos. Ora o que acontece é que os países ricos em recursos têm pounçaas negativas: quer dizer que se tornam mais pobres cada ano. (Nigéria e Angola)

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Outro problema identificado tem sido a falta de investimento das receitas dos RN em investimentos produtivos.

Desenvolvimento do capital humanoOutro dos efeitos negativos apontados aos recursos naturais é que os países que têm receitas elevadas dos recursos naturais não investem na diversificação e na criação de riqueza; nem no desenvolvimento humano e institucional.

HDI – Índice de desenvolvimento Humano que é um índice composto que combina a esperança de vida, nível de alfabetismos, educação, nível de vida.

Com vemos no relatório de Desenvolvimento Humano de 2010, África continua a ocupar as piores posições no ranking to IDH.

Só as Maurícias têm elevado desenvolvimento humano (e Seychelles).De notar que a Noruega, que tem petróleo, tem o maior IDH do mundo

Uma análise da distribuição do IDH em África, mostra que a geografia é mais importante que a abundância de recursos naturais: os países sem acesso ao mar têm uma posição pior. Não há diferença no IDH entre os países com recursos e os sem recursos. Os países interiores é que têm HDI mais baixos.

Outro problema identificado é a distribuição desigual do rendimento. Petróleo, gás e indústrias extractivas são caracterizados como sendo enclaves na economia, isto é como não tendo ligações a montante e a jusante. Durante a exploração e a produção, estas empresas empregam somente poucas pessoas, e geralmente importam a maior parte dos inputs. Os gastos públicos também podem aumentar as desigualdades por exemplo por haver um maior investimento nas cidades, e no sector formal. Em detrimentos das populações rurais.

O quadro mostra que realmente a desigualdade é maior nos países com recursos:Coef GINI 31.1 para 26.8. A desigualdade é maior nos países exportadores de recursos minerais, em países sem acesso ao mar e no grupo dos SANE

CONCLUSÕES sobre DH e desigualdade:

Os países com recursos não exploraram o seu potencial mas a situação geográfica também é importante já que os países sem acesso ao mar têm sempre piores performances.

6.3 CRÍTICAS À MALDIÇÃO DOS RECURSOS bASEDAU

Por exmplo, de acordo com Bannon and Collier (2003: 3) a probabilidade de um conflito violento ocorrer num pais com recursos é de 30%. Ora outro autor Ross (2003) argumenta que isso então significa que para cada país rico em recursos que ofreu conflito violento, 2 ou 3 evitaram-no.

Ross, Michael L. (2003c): How Do Natural Resources Influence Civil War? A Medium N Analysis, in: www.polisci.ucla.edu/faculty/ross/HowDoesNat.pdf (5.1.2005).

Uma análise dos maiores produtores de petróleo e diamantes da ASS, mostra que os perfis em termos de crescimento econômico, governação, democracia e paz são muito diferentes

Basedau assume que para se considerar que um pais é afectado pela maldição dos recursos, isso significaria que ele se devia comportar abaixo da mádia africana.

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Sem problemas: Então temos 3 paises africanos Botsauana, Namíbia e AS sem efeitos problemáticos durante 10 a 15 anos.

O Gabão tem uma classificação negativa, no crescimento econômico. 3 Países têm 2 classifcções negativas: são a Guiné Equatorial, a Nigéria e a

Guiné Só 2 países: RDC e a RCA parecem ser completamente atingidos

Em termos de violência, os resultados parecem ser um pouco piores do que os 30% de Collier:8 dos 15 países, há situações de conflitos. No entanto, a tabela não capta a intensidade e as dinâmicas de paz e violência.

Na libéria e Serra Leoa houveram processos de paz importantes em anos recentes. Na Nigéria, a violncia relacionado com o petróleo é ainda prevalente mas é um conflito de baixa intensidade. Em Angola, a guerra também acabou embora continuem a haver conflitos limitados ao enclave de cabinda. Os diamates e o petróleo foram responsabilizados pelo conflito mas claramante não impediram o fim do conflito. De facto, Baseadau argumenta que as vantagens de receitas a favor do governo ajudou a vencer a UNITA

Basedau, Matthias; Mehler, Andreas (2003) African Resources and War, in: Internationale Politik, Transatlantic Edition, 4, 3, p. 95-100.

Além disso a morte de Savimbi em 2002 foi um factor chave na resolução do conflito, o que leva a pensar que os factores na origem do conflito eram outros que não os recursos.

Caso do Sudão: um acordo de paz entre o Norte e o Sul foi assinado em 2005 enquanto a produção de petróleo continua a aumentar.

Mais

Mas a verdade é que não foram feitos esforços suficientes para os compreender.

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E o que é mais surpreendente é que o debate já avançou para dar recomendações precisas ao nível da trasnparencia, eficiência do sector dos recursos, governação em geral e outras

Bannon e Collier 2003 Bannon, Ian; Collier, Paul (eds.) (2003): Natural Resources and Violent Conflict – Options and Actions, Washington D.C.: The World Bank.

http://www-wds.worldbank.org/servlet/WDSContentServer/WDSP/IB/ 2004/05/24/000012009_20040524154222/Rendered/PDF/282450Natural0resources0violent0conflict.pdf

USAID 04 Gary e Karl 2003 Gary, Ian; Karl, Terry Lynn (2003): Bottom of the Barrel –

Africa’s Oil Boom and the Poor, Washington D.C.: Catholic Relief Services.

Mas as conclusões sobre os efeitos nos recrusos naturais no desenvolvimento politico e sócia ainda não foram tiradas

Não é suficiente reconhecer que as condições do contexto são importante: É preciso analusar os diferentes cenários em vários países, os mecanismos causais, as relações entre os vários factores e os recursos naturais.

Este tipo de análise sensível ao contexto da economia política dos RN só foi brevemente aflorada

Ross 2004: Ross, Michael L. (2004): How Do Natural Resources Influence Civil War? Evidence from Thirteen Cases, in: International Organizations, No 58, Winter 2004, p. 35-67

Snyder e Bhavnani, 2004: Snyder, Richard; Bhavnani, Ravi (2004): Diamonds, Blood, and Taxes. A Revenue Centered Framework for Explaining Political Order, Paper 18/10/2004, in: http://upload.mcgill.ca/rgchar/snyderbhavnani./pdf (28.2.2004).

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6.4 O impacto Das instituições:

REFS: Matthias Basedau (2005) Context Matters - Rethinking the Resource Curse in Sub-Saharan Africa

Cada um destes efeitos económicos pode contribuir para a maldição dos recursos mas estes efeitos também podem em princípio ser mitigados com as políticas adequadas.

De facto, há um certo consenso que o resultado de como os recursos contribuem para o crescimento está muito ligado ao papel do estado já que o estado é que detêm estes recursos.

Há muito estudos que mostram que a qualidade das instituições publicas, o tipo de organização dos direitos de propriedade e a qualidade das burocracias do estado determinam em grande medida se as receitas da exploração dos recursos naturais vão ser usadas em beneficio da economia e da sociedade (Boschini/Petterson/Roine 2004).

Isso é o caso de Bostsuana

Acemoglu (2001) An African Success Story: Botswana. http://www.colby.edu/economics/faculty/jmlong/ec479/AJR.pdf

Acemoglu. De acordo com o estudo de Acemoglu (2002) Estas politicas foram possíveis devido ao facto de que o botsuana tinha;

efeitos do colonialismo foram mínimos: História; o facto de o botsuana não ter sofrido uma ocupação colonial predadora

A riqueza dos diamantes gerava rendas suficientes que nunguém queria por em causa Boas instituições políticas e económicas que protegem os direitos de propriedade, preservam a

estabilidade política e limitam as elites políticas Instituições de propridade privade mantiveram-se porque satisfaziam os interesses económicos das

elites

No entanto, a qualidade das instituições pode também pode ser afectada negativamente pela presença de recursos.

Os canais de transmissão dos RN para as instituições incluem: (s. Lay/Mahmoud 2004; Ross 2003a: 24f.)

1. legados coloniais adversos2. a emergencia de um estado rendeiro que incentiva a corrupção extrema, o clientelismo e o neo-

patrimonialismo; que enfraquece as instituições e estimula politicas económicas desadequadas.

Os legados históricos podem ter um impacto na qualidade das instituições: isto é relacionado por vários autores com os direitos de propriedade:

Alguns autores fazem a distinção entre colônias extrativas e settler colônias (de instalação: como US, Autralia, Nova Zelandia)) esses direitos eram diferentes. Nas colonias extrativas, as instituições eram desenhadas para dar poder ao estado colonial ou à elite de extrairem recursos mineirais ou plantar culturas de renda para exportação. Em contraste, as colonias de “instalação” desenharam-se instituições que protegiam a a propriedade privada. As instituições de extração subsistiram após a independencia. As novas elites não tiveram incentivos para optar por novas instituições porque essas mudanças poderiam reduzir as rendas provenientes da extração de recursos.

Claro que o desenvolvimento das instituições é dependente do contexto de do desenvovimento de cada pais. No Botsuana e mais recentementemente no Chad, os recursos só foram descobertos depois da independência.

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Mas isto significa que as instituições que se foram desenhando estão dependentes dos recursos.

As instituições políticas nos países com recursos foram freqüentemente descritas através do conceito de “estado rendeiro”. O conceito de estado rendeiro ou rent seeking está ligado ao conceito de clientelismo e ao conceito mais largo de neopatrimonialismo, termos comunmente usados para descrever os sistemas politicos na ASS.

O que é o Estado rendeiro ?

O Estado rendeiro é um pais que recebe regularmente quantidades substanciais de rendas econ´micas de fontes externas

OrigemMandhavi10 (1970) foi o primeiro a descrever este conceito para o caso do Irão nos anos 60. Em geral o conceito foi primariamente ligado às economias dependentes do pretroleo do médio oriente.

A teoria do rent seeking é um conceito de teoria económica11 sendo as referências básicas Tullock (1967), Krueger (1974), Posner (1975), Buchanan (1980a) e Tollison (1982) (ver Fioni, Uma Avaliação Crítica da Teoria de Rent Seeking)

Mas foi discutida para o caso da África sobretudo nos anos 90 para explicarem o falhanço do Estado desenvolvimentistas em África:

Estas teorias foram aplicadas em África por vários autoresYates (1996) usou a teoria do estado rendeiro para descrever o modo de actuaçao do Estado no no Gabão em 1996

Yates (1996) The Rentier State in Africa: Oil Rent Dependency and Neocolonialism in the Republic of Gabon.

Clarck usou-a no Congo Clarck Jonh (1997) Petro-politics in Congo

Definição do conceito:Na base desta teoria está o chamado Efeito Imposto: é a ideiia de que um estado baseado em formas externas de receitas é diferente de estados baseados em impostos domésticos

Em países que dependem principalmente de rendas dos RN, os estados tem um papel predominante na economia já que a maior parte das receitas normalmente vão para o governo.

Então a teoria do estado rendeiro defende que quando o Estado obtém a maioria dos seus rendimentos de uma fonte externa, como receitas dos recursos naturais, o estado torna-se autónomo em relação à população porque não precisa de cobrar impostos.

Por outro lado, como não cobra impostos, o Estado rendeiro não precisa de prestar contas aos cidadões. Este 2 fenómenos levam a uma quebra do contracto com os cidadãos. Os cidadãos não exigem, não agem como watchdog ou contrapoder e Estado torna-se mais vunerável à corrupção e à pilhagem dos recursos.

Douglas Yates (1996: 35) defende que: “There can be ‘no representation without taxation’”.

10 Mahdavy, Hossein (1970): Patterns and Problems of Economic Development in Rentier States: The Case of Iran, in: Cook, M. A.: Studies in the Economic History of the Middle East, London: Oxford University Press11 neo-clássica (cf. Krueger 1974

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De forma mais proactiva, o Estado pode mesmo usar as receitas para reprimir ou cooptar a oposição ou para alimentar redes clientelares (s. Ross 2001). Portanto a probabilidade de haver contrapoderes que desafiam os governos autoritários é ainda menor. O estado rendeiro pode portanto ser um entrave à construção da democracia.

Este grau de autonomia do governo em relação aos seus cidadões e o uso das receitas pelas elites por razoes políticas tende a enfraquecer o estado.

Os “rendeiros”, os que recebem as rendas pertencem à elite política, ganham riqueza através da privatização dos recursos do Estado (empréstimos, propriedade, subsídios, transferências de dinheiro, contracto)

“In a rentier economy,a large part of the population is hence involved in distributing and consuming rents and trying to get access to it, whereas only a few engage in productive activities; efficiency and dynamism in the economy suffer.16

Em Africa casos como Angola, Nigeria e Congo, os recursos minerias estão ligados com a corrupção, ou apropriação dos recusos e ao enfraquecimento das instituições do estado.

Outra dimensão é a da repressão: num estado rendeiro pode usar incentivos para evitar a oposição mas pode também pode usar o “efeito repressão”. Os governos podem gastar recursos em forças de segurança. Por outro lado. O aumento dos gastos no sector da segurança pode servir para reprimir agitação social em torno dos recursos naturais. Quando os RN contribuem para a violência, então inevitavelmente, as perspectivas para a democracia e para o respeito pelos direitos humanos em geral diminuem.

NeopatromonialismoO conceito de estado rendeiro ou rent seeking está ligado ao conceito de clientelismo e ao conceito mais largo de neopatrimonialismo, termos comunmente usados para descrever os sistemas politicos na ASS.

O que é o neopatrimonialismo?

Explicações do conceito: http://www.u4.no/helpdesk/helpdesk/query.cfm?id=176 Tam O’Neil, “Neopatrimonialism and Public Sector Performance and Reform” Research Project of

the Advisory Board for Irish Aid, Background Note 1, 2007. Online: http://www.odi.org.uk/pppg/politics_and_governance/publications/GAPWP2BN1.pdf

O neopatrimonialismo é um estado baseaso em elementos patrimoniais. É sistema de governação em que o aparelho de estado formal racional/legal coexiste com e é suplantado por um sistema informal patrimonial de governação. O patrimonialismo é definido como uma ordem political e sócial onde os patrões asseguram a lealdade e apoios dos seus clientes dando-lhe benefícios dos seus recursos ou do estado.

È um estado hibrido onde o poder real de decisão acerca das funções do estado, como a distribuição dos recursos, está fora das instituições formais do estado. Em vez disso, as decisões sobre os recursos são tomadas por politcos poderosos e suas amigos, que estão ligados por redes informais, pessoais e clientelares que existem fora da estrutura do estado.

Ou seja, o regime neopatrimnial faz do governo uma bomba que recolhe receitas e as distribui aos seus apoiantes. Se é verdade que estas trasnfer~encias são apanágio de muitos sistemas politicios, em democraccias reais, as trasnferencias são mais imparciais e baseadas na s necessidadas dos cidadões em geral. Ao contrário, em

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sistemas neopatrimonias, as trasnferencias beneficiam só grupos particulares que estão ligados aos politicios a travaes de redes patrimoniais.

A distribuição de recursos pode ser motivada por relações pessoais ou lealdades étnicas. POR exe, a distribuição pode tomar a forma de favor pessoal através da atribuição de postos no governo a um determinado grupo étnico- Isto foi o caso em muitos pa´sies africanos, camarões, congo,

“In Ghana, Lindberg found that practices of patronage include favours such as attending to individuals’ school fees, electricity and water bills, funeral and wedding expenses; or distributing cutlasses and other tools for agriculture, or even handing out ‘chop-money’ or small cash sums to constituents. It might also entail personal assistance in dealing with the authorities, whether police, courts, headmasters, local government officials or ministries. Sometimes help involves finding someone a job or a place to stay, putting them in touch with someone else for jobs, contracts, or other services, or just talking to them about family issues, planning funerals and other private issues”

Staffan Lindberg, “’It’s Our Time to Chop’: Do Elections in Africa Feed Neo-Patrimonialism rather than Counter-Act It?”, 10:2 Democratization, 2003

O estado neopatrimonialista é um estado onde existem redes patrões/clientelares. Os patrões usam os recursos do estado para assegurar a lealdade dos seis clientes na população. Esta relação patrão/cliente pode subir muito alto na hierarquia do estado. O neopatrimonialismo pode suplantar as estructuras burocráticas do estado e só aqueles que têm as relações têm realmente o poder. Não aqueles em posições mais elevadas.

“apropriação privada dos recursos públicos através de acesso ao poder políticos para investimentos não produtivos”

OrigemO patrimonialismo e neo-patr vão buscar as suas raízes a Max Weber (1864-1920) Economy andSociety. O conceito de patrimonialismo usa-se para descrver um sistema de poder baesado em pessoa military e administrative ligado a um regente. O neo-patrimonialismos é a versão moderda deste sistemaWeber usou o conceito de patrimonialismos para definir foras tradicionaos de autoridade politica e dominação e legitimidade das modernas. Distinguiu principalmente entre autoridade legal e patrimonial (tradicional, carismática)e descrever as diferentes formas de administração politica: brurocratica (legal.-racional) e patrimonial. Weber foi fundamental para a nossa compreensão do estado moderno

O termo neopatrimonialismo foi terá origem em Eisendtadt (1973) Traditional Patrimonialism and Modern Neopatrimonialism, que distinguiu entre patrimonialismo em contextos tradicionais e modernos.

Como definido por Bratton e Van de Walle (1997) Bratton, Michael; Van de Walle, Nicolas (1994): Neopatrimonial Regimes and

Political Transitions in Africa, in: World Politics, 46, 4, p. 453-489. http://chenry.webhost.utexas.edu/core/Course%20Materials/BrattonAfrWP94/0.pdf

O neopatrimonialismo caracteriza estados em que as praticas patrimoniais habitam o espaço das instituições informais mas cohabitam com instituições formais, legais-racionais

Quem usou?Este conceito já foi aplicado em múltiplos contextos. Mas vários autors mais recetemente aplicaram o conceito aos estudos afriancos

Bratton, Michael; Van de Walle, Nicolas (1997): Democratic Experiments in Africa. Regime Transitions in Comparative Perspective, Cambridge: Cambridge University Press.

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Erdmann 2002a, 2002b, o Englebert, Pierre (2000): Pre-Colonial Institutions, Post-Colonial States,

and Economic Development in Tropical Africa, in: Political Research Quarterly, 53 (2000), pp. 7-36.

van de Walle, Nicolas o (2001): African Economies and the Politics of Permanent Crisis, 1979-

1999. Cambridge etc.: Cambridge University Press.o (1994): Neopatrimonialism and democracy in Africa, with an illustration

from Cameroon, in: Widner, Jennifer A. (ed.), Economic change and democratization in sub-Saharan Africa, Baltimore/MD: Johns Hopkins University Press, pp. 129-157.

Englebert 2000, Chabal, Patrick; Daloz, Jean-Pascal (1999): Africa Works. Disorder as Political

Instrument. Oxford and Bloomington/IN: James Currey.

CriticasMas atenção, estes conceitos embora muito aplicados, são muito controversos:

1. a definição não é clara, 2. é tb criticado por não ser um instrumento analitco válido para compreender as estruturas estatais sociedades africanas. Usado de forma acrítica em estudos africanos (Olukoshi 1999: 458).

Olukoshi e outros críticos do conceito acusam-no de ser parte do projecto neo-liberal como uma justificação ideológica para a destrução do estado (Olukoshi 1998: 14, Beckman 1993: 21 f., Mustapha 2002) citado em erdmann-engel, 2006. erdmann-engel (2006) defende que este conceito não faz sentido. Fiani, Ronaldo em “Uma avaliação crítica do rent seeking” também defende que esta teoria do Estado rendeiro foi usada em prol da desregulamentação económica12

De acordo com Thandika Mkandawire (1998):

“Another problem is that "neo-patrimonial" states in and outside Africa have pursued a wide range of policies including some that are squarely developmental. In other words, other than indicating the style of governance, neo-patrimonialism does not tell us much about what policies a state will pursue and with what success.

In the African case "neo-patrimonialism" has been used to explain import substitution, export orientation, parastatals, privatization, the informal sector development, etc. The result is that, in seeking to explain everything, it explains nothing except perhaps that capitalist relations in their idealized form are not pervasive in Africa.[3]

Thandika Mkandawire (16 October 1998). "Thinking About Developmental States in Africa". African Economic Research Consortium. African Development in the 21st Century. United Nations University.http://archive.unu.edu/hq/academic/Pg_area4/Mkandawire.html

Este conceito foi usado como forma de explicar porque é que os estados africanos falharam em implementar reformas neoliberais.

Outros conceitos para descrever o estadoExistem outros conceitos: Bayard (1989) por exmplo no seu “la politique du ventre” (1989, 1993) usando exemplos como os camarões e o congo, expõe o conceito de extroversão das elites. Mais tarde escalou o conceito para criminalização do estado em Africa (Bayart, 1999).

12 Stigler (1971) e Posner (1974) foram pioneiros na abordagem da regulação econômica como um instrumento de extração de rendas monopolistas através da interferência do Estado na economia.

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Bayart, Jean-François (1989): L'État En Afrique. La politique du ventre. Paris: Fayard.

Bayart, Jean-François; Ellis, Stephen; Hibou, Béatrice (1999): The Criminalization of the State in Africa. London: James Currey.

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