1-tradução - charles tilly

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  • Charles Tilly - Mechanisms in political process

    Introduo.

    Cedo nas carreiras estudantes de cincia poltica aprendem um exerccio de assimilar

    escalas e arpejos que todo msico deve saber - essencial para ganhar um senso de disciplina,

    mas no significa o corao de um desempenho virtuoso. O exerccio consiste em identificar

    um fenmeno e ento alinhar duas ou trs explicaes aparentemente concorrentes.

    Propem-se julgar entre as posies concorrentes por meio de testes lgicos, casos cruciais,

    observao de variao entre casos ou talvez todo um programa de pesquisa cujos resultados

    o novato pode relatar em uma tese.

    No basta apenas tocar arpejos e escalas. Raramente um nico questionrio d prova

    definitiva ou desaprova qualquer teoria. Para fazer algum reconhecer como definitivo requer

    ir aos mtodos favoritos do oponente, mas ele tambm tem vrias ideias para ajustar e gerar

    novos argumentos que no sofrem "falsificao". Os veteranos normalmente sabem fazer seus

    casos "ficarem na direo da sua escolha". (dificuldade de provar ou refutar teorias; sempre

    uma defesa dos veteranos..)

    Entre as vrias disputas tericas esconde-se discordncias sobre a natureza de

    explicaes vlidas. Confrontos entre abordagens referem-se mais a estratgias explicativas do

    que diretamente a proposies concorrentes sobre como as naes interagem. (cada um com

    uma estratgia explicativa/foco do que propostas divergentes). Se atentam muito para "o que

    o analista deve explicar e como" do que para a relativa validade das teorias. O piv deve estar

    no carter de explicaes vlidas.

    Vises concorrentes de explicao.

    Para clarear as questes leva em considerao relatos baseados no "processo" e no

    "mecanismo" dentro da gama de abordagens concorrentes para explicao, especialmente

    utilizadas nas anlises de democratizao. Tambm argumenta sobre a significncia de

    mecanismos contextuais e relacionais j que interagem com os mecanismos cognitivos que

    tem prevalecido nas explicaes mecanicistas recentes na cincia poltica.

    Na cincia poltica assim em geral 5 vises de explicao competem por ateno:

    ceticismo, covering laws, propenso, sistema e mecanismo.

    Ceticismo.

    O ceticismo considera os processos polticos sendo to complexos, contingentes,

    impenetrveis, ou particulares, que desafiam explicao. Na opinio do ctico, os

    investigadores podem, talvez, reconstruir as experincias dos atores submetidos ao que eles

    ou outros chamam de democratizao, mas as tentativas de generalizao fracassaro

    inevitavelmente. Resumo de uma posio extrema, no entanto, mesmo um ctico pode

    esperar descrever, interpretar ou atribuir significado a processos que so complexos,

    contingentes, particulares, e relativamente impenetrveis. Assim, os cticos continuam a

  • descrever, interpretar e atribuir significado ao colapso da Unio Sovitica sem a pretenso de

    ter explicado esse processo importante.

    Covering law ("lei de cobertura"). *Ex: so leis que devem ser capazes de explicar e prever a

    partir de um dado explanans. As covering laws implicam uma simetria entre explicao e

    previso tese da simetria em que a explicao seria uma previso escrita pelo avesso

    (Blaug, 1999, p.40). Nesse sentido, na explicao o explanandum encontra-se no passado, so

    fenmenos que j ocorreram, e na previso o explanandum remete a eventos futuros, ainda

    no concretizados. Blaug assinala, contudo, que nem toda teoria capaz de explicar e prever

    ao mesmo tempo, o que seria um desafio noo de lei cientfica como covering law (Blaug,

    1999, p.40-46). (retirado de outro texto para entender o significado de covering laws).

    No que se refere a "covering law", a explicao consiste em submeter generalizaes

    empricas robustas para generalizaes de nvel cada vez mais alto, sendo a mais geral de

    todas "permanecendo" como lei. Em tais explicaes, os modelos so invariantes, eles

    funcionam da mesma forma em todas as condies. Investigadores procuram por condies

    necessrias e suficientes de resultados estipulados, esses resultados, muitas vezes concebidos

    como variveis dependentes. Estudos de co-variao entre as causas presumveis e os efeitos

    presumidos, portanto, servem como testes de validade de explicaes propostas;

    investigadores nesta tradio, por vezes, invocam mtodos de John Stuart Mill de

    concordncia, diferenas, resduos e variao concomitante, apesar das prprias dvidas de

    Mill de suas aplicabilidades aos assuntos humanos.

    As regras de inferncia causal propostas pelo texto padro de King et al (1994) no

    necessitam de leis gerais, mas eles pertencem a esta tradio (Ragin 2000:14). Em princpio,

    quer a democratizao ocorra de forma semelhante em todos os lugares em condies

    especificamente necessrias e suficientes ou os elementos de democratizao (por exemplo,

    criao de instituies representativas) se conformam as leis gerais. O trabalho do analista da

    "covering law" estabelecer uniformidades empricas, e ento subsumi-las em tais

    generalizaes.

    Propenso

    No referente a propenso, a explicao consiste em reconstruir um estado de um

    determinado ator no limiar da ao, esse estado vrios estipularam como motivao,

    conscincia, necessidade , organizao ou movimento. Com o entendimento de que certas

    orientaes de atores podem ser universalmente favorveis ou mesmo essencial para a

    democratizao, assim explicar a democratizao implica reconstruir as condies internas de

    atores eficazes imediatamente anteriores e durante a transio de regimes no-democrticos

    para regimes democrticos. Os atores em questo podem ser indivduos, mas analistas muitas

    vezes constroem questes de propenso de organizaes ou outros atores coletivos. Mtodos

    explicativos de escolha, em seguida, vo de interpretao "simptica" ao reducionismo,

    psicologia ou de outra forma. Assim, muitos estudantes de democratizao procuram

    caracterizar as atitudes dos atores principais em transies democrticas, em seguida, para

    verificar essas caracterizaes por meio de entrevistas, anlises de contedo ou reconstrues

    biogrficas.

  • Sistema

    Autores de "covering law" e de abordagem de "propenso" s vezes falam de sistemas,

    mas as explicaes sistmicas, estritamente falando, consistem em especificar um lugar para

    algum evento, estrutura ou processo dentro de um largo conjunto de auto-manuteno de

    elementos interdependentes e mostrando como o evento, a estrutura, ou processo em

    questo serve e/ou resulta das interaes entre o maior conjunto de elementos. Explicaes

    funcionais normalmente se qualificam, uma vez que representam a presena ou a persistncia

    de alguns elementos por suas consequncias positivas para alguns coerentes grandes

    conjuntos de relaes sociais ou processos. No entanto, as questes sistmicas podem evitar o

    funcionalismo, fazendo argumentos mais simples sobre os efeitos de determinados tipos de

    relaes com sistemas maiores.

    Dentro do reino da democratizao, as questes sistmicas normalmente argumentam

    que apenas determinados tipos de ambientes sociais sustentam a democracia porque as

    instituies democrticas servem ou expressam valores, interesses, ou estruturas dentro

    dessas configuraes. Assim, anlises na tradio da sociedade de massa, agora abandonadas,

    tratavam totalitarismo e democracia como decorrentes de diferentes graus e formas de

    integrao entre as pessoas comuns e a sociedade como um todo.

    Mecanismo e processo

    Explicaes baseadas no mecanismo e processos explicam caractersticas marcantes de

    episdios, ou diferenas significativas entre eles, por meio de identificar dentro desses

    episdios robustos mecanismos de mbito relativamente geral (Elster 1989, 1999; Coleman

    1990; Stinchcombe 1991; Padgett e Ansell 1993; Bunge 1997 ; Hedstrom & Swedberg , 1998).

    Da mesma forma, eles buscam recorrentes concatenaes de mecanismos nos processos mais

    complexos. Comparado com "covering law", propenso e abordagens do sistema, as

    explicaes baseadas em processos e mecanismos visam de forma modesta - explicaes

    seletivas de caractersticas marcantes, por meio de analogias causais parciais. Na anlise da

    democratizao, por exemplo, mecanismos tais como "corretagem/brokerage" e formao de

    coalizao entre classes agravam processos cruciais recorrentes, tais como o alargamento de

    sistemas polticos. Mais adiante neste ensaio, proponho uma srie de mecanismos e processos

    que figuram amplamente na democratizao.

    Mecanismos, tambm, implicam escolhas. Uma classificao aproximada identifica trs

    tipos de mecanismo: ambiental, cognitivo e relacional. Mecanismos ambientais so influncias

    geradas externamente sobre as condies que afetam a vida social; palavras como

    desaparecer, enriquecer, ampliar e desintegrar - aplicadas no para atores, mas para suas

    configuraes - sugerem os tipos de relaes de causa-efeito em questo. Mecanismos

    cognitivos operam atravs de alteraes da percepo individual e coletiva, e so

    caracteristicamente descritos atravs de palavras tais como reconhecer, entender,

    reinterpretar, e classificar. Mecanismos relacionais alteraram conexes entre pessoas, grupos

    e redes interpessoais; palavras como aliado, ataque, subordinado, e apaziguar do uma

    sensao de mecanismos relacionais.

  • Alguns defensores da explicao mecanicista (por exemplo, Hedstrom & Swedberg

    1998) no s privilegiam mecanismos cognitivos, mas tambm concebem a explicao

    deslocando a um nvel mais baixo de agregao, explicando a guerra, por exemplo, atravs da

    identificao de mecanismos que operam ao nvel do indivduo ou a um pequeno grupo, mas

    agregada em efeitos de maior escala. A distino comum entre micro fundaes e efeitos

    macro vem de uma tal concepo de explicao. Essa estratgia intelectual tem a vantagem de

    ficar perto da linha principal de explicaes de cincia poltica e a desvantagem de ignorar uma

    grande variedade significativa de conexes de causa e efeito. Na verdade, mecanismos de

    relacionais (por exemplo, corretagem - "brokerage") e mecanismos ambientais (por exemplo,

    esgotamento de recursos) exercem fortes efeitos sobre os processos polticos, sem qualquer

    conexo necessria com mecanismos cognitivos de nvel individual.

    Mecanismos causais fazem, com certeza, fazem aparies fora das anlises centradas

    no mecanismo. Os tericos do sistema, muitas vezes apelaram para equilibrar os mecanismos,

    embora esses mecanismos tm-se revelado extremamente difceis de especificar e observar.

    Explicaes de "propenso" muitas vezes incorporam mecanismos cognitivos como satisfazer e

    racionalizar. Explicaes "covering law" satisfatrias exigem no apenas uniformidades

    empricas amplas, mas tambm mecanismos que causam essas uniformidades. Na medida em

    que os mecanismos se tornam uniforme e universal, tambm, a sua identificao comea a

    assemelhar-se a uma busca por "covering laws".

    Mas duas grandes diferenas entre "covering law" e explicaes baseadas em

    mecanismos ocorrem. Em primeiro lugar, os praticantes da explicao mecanicista geralmente

    negam que qualquer, forte recorrncia interessante de estruturas e processos sociais de

    grande escala ocorrem. Eles, portanto, questionam a utilidade de buscar generalizaes

    empricas de lei-semelhante - em qualquer nvel de abstrao - comparando grandes pedaos

    de histria.

    Em segundo lugar, embora os mecanismos por definio, tm efeitos imediatos

    uniformes, seus efeitos agregados, cumulativos a longo prazo variam consideravelmente,

    dependendo das condies iniciais e em combinaes com outros mecanismos. Por exemplo, o

    mecanismo de "corretagem"/brokerage sempre conecta pelo menos dois locais sociais mais

    diretamente do que estavam anteriormente ligados, mas a ativao de

    "corretagem"/brokerage no garante por si s uma coordenao mais eficaz de ao nos locais

    conectados, isto depende das condies iniciais e combinaes com outros mecanismos.

    Como representado por manuais, cursos e discursos presidenciais, doutrina da cincia

    poltica "aceita/approved" geralmente favorece uma combinao de explicaes de

    "propenso" e "covering law". Para explicar a ao poltica significa reconstruir com preciso o

    estado de um ator, especialmente, mas no exclusivamente, as intenes de um indivduo que

    cogita/pensa no momento da ao, mas para localizar esse estado como um caso especial de

    uma lei geral sobre o comportamento humano. Tal doutrina repousa sobre uma afirmao

    implausvel: a de que, ao fim, todos os processos polticos resultam de uniformidades

    extremamente gerais nas propenses de atores humanos, especialmente os atores individuais.

    Apesar de mais de um sculo de esforo extenuante, os cientistas polticos tm firmemente

    no identificado nenhuma dessas uniformidades. Mas eles tm recorrentemente identificado

  • mecanismos causais e processos amplamente operacionais. Ao invs de continuar a busca de

    "covering laws" governadas por "propenso" (propensity-governing covering laws), faria,

    portanto, mais sentido mudar todo o corao em direo a especificao de mecanismos e

    processos.

    MECANISMOS, PROCESSOS E EPISDIOS.

    Vamos adotar uma simples distino entre mecanismo, processos e episdios.

    Mecanismos formam uma classe delimitada de eventos que mudam relaes entre

    grupos especficos de elementos de forma idntica ou bem similar sobre uma variedade de

    situaes. Ex: brokerage - a juno de dois ou mais locais/sites previamente menos

    socialmente conectados pela interveno de terceiras partes - constitui um mecanismo poltico

    de escopo extremamente geral.

    Processos so combinaes que ocorrem frequentemente ou sequncias de

    mecanismos. Ex: mudana de escala - uma alterao na extenso de locais engajados em ao

    coordenada - regularmente resulta de uma concentrao de brokerage com o mecanismo de

    difuso, emulao, e atribuio de similaridade.

    Episdios so fluxos limitados da vida social. Ex: dependendo do nosso proposito

    analtico podemos adotar a eleio presidencial mexicana de 2000, a campanha de 1999-2000

    ligada a essa eleio, ou todo o perodo de mobilizao da oposio de 1988 a 2000 como o

    episdio em exame.

    Episdios algumas vezes adquirem significncia social porque os participantes ou

    observadores constroem nomes, limites e histrias correspondentes a eles - essa revoluo,

    essa emigrao e etc. A maneira na qual episdios adquirem significados compartilhados

    merece um estudo aprofundado. Mas no temos uma autorizao a priori para acreditar que

    episdios agrupados por critrios similares brotam de causas similares. Estudantes de

    episdios ento enfrentam trs problemas logicamente distintos:

    a) delinear episdios de maneira que deem material para comparaes coerentes;

    b) agrupar episdios de acordo com similaridade causal ou dissimilaridade;

    c) Explicar como alguns episdios adquirem nomes e significados politicamente significantes.

    Cientistas polticos tem investido energia considervel na delimitao de episdios.

    Analistas frequentemente cortam/separam fluxos contnuos de vida social em episdios de

    acordo com as convenes estabelecidas por eles mesmos, delineando as geraes,

    movimentos sociais, modismos e afins (vrios autores..). Estudantes de democratizao

    (autores..) tem frequentemente alinhado ostensivos episdio comparveis em diferentes

    pases e perodos de forma a estabelecer generalizaes relativas a precondies, transies

    ou consolidao democrtica.

    Em geral, analistas de mecanismos e processos consideram a coerncia e significncia

    dos episdios como algo a ser mais provado do que assumido. Eles rejeitam a viso comum de

    que os episdios, que as pessoas chamam de revolues, movimentos sociais ou transies

  • democrticas constituem um fenmenos "sui generis", cada um em conformidade com uma

    lgica interna coerente. Esses analistas acham que episdios uniformemente identificados do

    convenientes quadros para comparao j que buscam identificar mecanismos e processos

    cruciais neles. A escolha de episdios, entretanto, influencia crucialmente a eficcia de tal

    busca. Isso faz uma grande diferena, por exemplo, se os alunos de efeitos geracionais

    distinguem geraes por meio de perodos de tempo arbitrrios ou eventos presumivelmente

    crticos.

    DEMOCRATIZAO COMO UM CASO EM QUESTO

    Para esclarecer as estacas de escolhas entre o ceticismo, explicaes covering laws,

    explicaes de propenso, ideias de sistema e explicaes mecanismo-processo, ir

    ajudar se estreitarmos nosso foco emprico. Em vez de analisar conflitos em relaes

    internacionais, controvrsias da escolha racional, e semelhantes locais bem definidos de

    competio de paradigmas na cincia poltica, o restante deste ensaio concentra em

    democratizao, um campo de investigao energtico onde disputas sobre princpios

    explicativos ainda no atingiram tal sofisticao. Este campo convida ateno porque algumas

    das ideias mais brilhantes da cincia poltica dizem respeito a democratizao, mas

    especialistas no assunto geralmente procedem como se estivessem engajados em

    comparaes well-joined de teorias concorrentes. (Isso acontece, eu especulo,

    especialmente onde concorrentes propostas prticas encontram-se ao alcance da mo;

    ostensivas explicaes concorrentes de democratizao ligam-se a programas concorrentes

    para democratizao). Na verdade o ceticismo e todas essas outras explicaes disputam

    espao dentro da zona de democratizao. Escolhas explicativas enfrentadas pelos

    especialistas da democratizao permeiam a maioria da cincia poltica certamente a cincia

    social e histria como um todo. Assim, podemos observar o mundo inteiro numa

    justa/honesta pequena lagoa (numa boa amostra).

    Ao invs de levantar abordagens alternativas para a democratizao, eu me concentro

    em exemplares trabalhos recentes de Collier (1999) e Yashar (1997). Refletindo sobre as

    tentativas de outros cientistas polticos para explicar a democratizao, Collier escreve como

    se teorias alternativas estivessem competindo. Ela conclui que anlises recentes tm se

    concentrado excessivamente nas decises deliberadas de elite em detrimento dos processos

    sociais e atores populares. Tericos clssicos da democracia de Aristteles em diante

    sublinharam tanto amplos processos histricos ou condies estruturais e culturais necessrias

    para a democratizao, mas essas tradies clssicas deram lugar a especificaes rpidas de

    condies favorveis, seguidas por extensas anlises de elite agency:

    O quadro dominante usado em questes tericos e comparativos, ento, no

    s adotou uma perspectiva baseada nos atores ao invs de uma baseada na

    estrutura, mas tambm tende a privilegiar certos tipos de atores: elites

    individuais em vez de atores coletivos, atores estrategicamente definidos, ao

    invs de atores definidos por classes, e atores estatais ao invs de atores

    sociais. (Collier 1999:8 )

    Mais do que explicaes rivais se enfrentam aqui. Collier est descrevendo princpios

    alternativos de explicao e, portanto, especificaes alternativas do que os alunos de

  • democratizao devem explicar. Nessas questes ela critica (mas, ironicamente, em ltima

    anlise, se junta), que explicao consiste em especificar as motivaes e aes desses

    detentores do poder que propem e aprovam reformas democratizantes em momentos de

    movimento relativamente rpido e definitivo dentro do terreno democrtico.

    A atual nfase do campo na tomada de deciso estratgica da elite marca uma

    mudana decidida de anlises anteriormente prevalentes de: cultura poltica, estrutura social e

    processos institucionais. Muitos trabalhos anteriores conceberam explicaes identificando

    durveis caractersticas polticas que causaram a democratizao: comear, ter sucesso ou

    falhar. Estudiosos como Rokkan e Moore uma vez ofereceram explicaes do processo poltico

    de longo prazo da democratizao e suas alternativas (Rokkan 1969 , 1970; Moore 1993

    (1966), ver tambm Torsvik 1981 , Stephens 1989 Immerfall 1992 , Skocpol , 1998). Auto-

    conscientemente criticando, ampliando e modificando a anlise de Rueschemeyer et al (1992,

    1993) inspirada em Moore, Collier aponta em direo a essa tradio anterior.

    Apesar da prpria Collier implicitamente aceitar a maior parte da recente mudana

    para longe da explicao de longo prazo, ela implora principalmente para incluso dos

    trabalhadores como, de vez em quando, advogados e agentes da democracia. Sua

    concentrao em temporalmente compactos "episdios democrticos", durante os quais

    regimes polticos passam de no-democrticos para regimes democrticos tira a ateno para

    longe dos processos de longo prazo ligados a Rokkan, Moore e seus seguidores. A comparao

    sistemtica de Collier de 38 dos tais episdios em 27 pases demonstra como muitas vezes os

    trabalhadores organizados de fato participam diretamente e, consequentemente, nas

    transies para regimes mais democrticos.

    Collier conclui que em episdios de democratizao que ocorreram entre 1848 e 1931

    (principalmente na Europa), os trabalhadores desempenharam um papel menos central do

    que aqueles das anlises anteriores, especialmente aqueles que Rueschemeyer et al-

    sugeriram. Em episdios de 1974-1990 (principalmente na Amrica Latina), no entanto, os

    trabalhadores figuraram mais centrais do que os transitologists de hoje tm geralmente

    permitido. Assim Collier desafia anlises centradas na elite, mas adota sua concepo de

    explicao: no livro de Collier, a explicao consiste em atribuir corretamente agency para

    atores cruciais no ponto de transio.

    Nem todos os adversrios de explicaes centradas na elite viajam na mesma direo.

    Yashar (1997) se junta a Collier, sublinhando os limites de ambas necessary-condition e

    anlises centradas na elite. Como Collier, ela tambm rejeita tentativas de construir one-

    size-fits-all teorias gerais da democratizao.

    A grande teorizao tentou de uma vez faz-lo, concentrando-se em padres

    estruturais do capitalismo agrrio, industrializao, nveis de desenvolvimento

    e capital internacional. Subsequente teorizao de mdio alcance manteve

    nfase em padres estruturais, mas focando em conjuntos especficos de

    casos. Embora essas teorias de grande e mdio alcance delinearam padres

    gerais que foram particularmente hostis ou de apoio democracia, elas eram

    menos claras sobre o processo e os mecanismos causais pelos quais

    determinadas democracias foram fundadas. Mais recentemente, os estudiosos

  • tentaram corrigir esses problemas, concentrando-se sobre os atores

    especficos envolvidos na fundao ou derrubada da democracia. Estas

    explicaes orientados a processos e agency, no entanto, tm assumido um

    elenco em grande parte descritivo e provaram ser menos que bem sucedidas

    em explicar as condies em que as democracias recm-fundadas

    duram/persistem. ( Yashar 1997:2 )

    Assim dizendo, no entanto, Yashar comea a quebrar com a anlise de democratizao de

    Collier. Ela constri uma comparao historicamente fundamentada de democratizao e de

    seus fracassos na Costa Rica e Guatemala a partir da dcada de 1870 dcada de 1950. Ambos

    os pases instalaram regimes autoritrios na dcada de 1870, ambos os regimes resistiram a

    mobilizao popular para a reforma durante os anos 1930, os dois instalaram governos de

    esquerda populista na dcada de 1940, e em ambos os casos, a transio crtica para

    divergentes regimes democrticos e autoritrios comeou com uma oposio concertada e

    armada aos governos de esquerda populista. Yashar procura explicar tanto (a) resultados

    divergentes para crises semelhantes; e (b) a sobrevivncia subsequente de distintos regimes

    diferentes. Ao faz-lo, ela afasta-se de condies necessrias e estratgias de elite para o

    funcionamento de mecanismos causais muito gerais em contextos historicamente especficos.

    Yashar (1997) aborda duas questes distintas: (a) Durante o perodo de 1941-1954

    (mais precisamente 1941-1948 na Costa Rica e 1944-1954 na Guatemala), por que uma

    coalizo democratizante chega ao poder na Costa Rica, mas no na Guatemala? (b) Em

    seguida, por que a Costa Rica continua um processo de democratizao, enquanto a

    Guatemala desvia para um autoritarismo repressivo? Suas explicaes centram-se sobre os

    mecanismos que causaram: 1) a sobrevivncia da reforma de coalizo na Costa Rica da dcada

    de 1940 e 2) e a perda/splinter da Guatemala, ambos em face de uma oposio determinada

    das foras armadas e membros da elite agrria.

    A resposta de Yashar no reside nas inclinaes mais pacficas das elites da Costa Rica.

    Apesar de uma invaso militar seguida de um golpe ter feito iniciar a mudana definitiva da

    Guatemala para o autoritarismo em 1954; no foi um ajuste incremental, mas a guerra civil

    que iniciou a mudana definitiva da Costa Rica em direo democracia, em 1948. O fato de

    que os Estados Unidos apoiaram a invaso de 1954 na Guatemala e o golpe de Estado, mostra

    Yashar, de nenhuma maneira explica os diferentes destinos dos dois pases. Similares

    processos polticos domsticos, permutados em sutilmente diferentes contextos

    organizacionais, rendeu resultados dramaticamente diferentes.

    Aps o perodo crtico de 1948-1954, Guatemala e Costa Rica irradiaram em direes

    quase opostas. Apoiado pelos Estados Unidos, o governo guatemalteco construiu sua fora

    militar. Ele procurou penetrar e subjugar o pas atravs da fora militar e paramilitar. Durante

    os 30 anos de guerra civil que se seguiu, a Guatemala sofreu cerca de 100.000 mortes e 38.000

    desaparecimentos (Stanley 1996:3). Enquanto isso, a Constituio de 1949 da Costa Rica aboliu

    o exrcito e estabeleceu foras policiais controladas por civis, iniciando assim uma transio

    para a poltica interna relativamente pacfica aps a guerra civil de 1948. Programas de

    assistncia do governo e mobilizao poltico partidria integraram os moradores rurais da

  • Costa Rica na poltica nacional. Depois de 1954, as divergncias entre a Guatemala autoritria

    e a Costa Rica democrtica s aumentaram.

    Minimizando os efeitos de demonstrao internacionais, Yashar argumenta que

    processos similares produziram resultados diferentes nos dois pases .

    Em primeiro lugar, uma diviso publicamente expressa dentro da elite no

    contexto de crescentes demandas populares para a incluso poltica e

    econmica precipitou a formao de alianas democratizantes de reforma. Em

    segundo lugar, o perodo Liberal moldou as estratgias desenvolvidas e as

    alianas formadas. Em terceiro lugar, o equilbrio de poder dentro da coalizo

    de reforma determinou a estabilidade da prpria coalizo de reforma. (Yashar

    1997:70).

    Mais concretamente, em ambos os pases elites agrrias mobilizadas contra reformas

    governamentais baseadas na cidade na dcada de 1940, mas o mecanismo crucial de formao

    da coalizo produziu resultados diferentes na Costa Rica e Guatemala.

    Na Costa Rica, uma diviso na coalizo de governo deixou os adversrios de classe

    mdia do regime populista-reformista anterior no controle do aparato governamental. Esses

    novos governadores flanquearam tanto a coalizo de trabalho comunista-populista anterior e

    a oposio agrria - nacionalizando bancos da Costa Rica, impondo um imposto de

    emergncia, e desmantelando o exrcito. Seu governo, ento, passou a solidificar o seu apoio

    rural por meio de programas de bem-estar, controle de mercado e com mobilizao poltica

    baseada em partido. Ambos os flancos relutaram, mas aceitaram de forma duradoura a

    integrao no novo regime.

    Apesar de ter seguido uma trajetria paralela Costa Rica de em 1940, Guatemala

    depois perseguiu um caminho surpreendentemente diferente. Como na Costa Rica, um

    governo de esquerda populista chegou ao poder na Guatemala durante a dcada de 1940 e

    gerou oposio a elite generalizada. Um cdigo do trabalho de 1947 e uma reforma agrria de

    1952, ambos liberais na concepo, estimularam ainda mais mobilizao anti-regime pela

    oligarquia rural. Ao contrrio do seu homlogo Costa Rica politicamente dividido, a hierarquia

    catlica guatemalteca geralmente se alinhou com a oposio para organizar o trabalho e o que

    a Igreja denunciou como comunismo. Ativistas de classe mdia dividiram-se entre os

    defensores do trabalho, reformistas moderados, e anticomunistas.

    Dentro de uma oposio profundamente fragmentada ao regime, os militares

    ofereceram as conexes mais fortes e maior capacidade de ao coletiva. Com o apoio dos

    EUA, um pequeno "exrcito de libertao" invade de Honduras em junho de 1954. Apesar de

    essa fora se manter perto da fronteira hondurenha, no prazo de 10 dias, o Exrcito da

    Guatemala - tambm com o apoio dos EUA - tinha assumido o poder. Ao contar essas duas

    histrias contrastantes, Yashar constitui um forte argumento de que os mecanismos de moldar

    coalizo causaram diferenas cruciais entre a autoritria Guatemala e a democrtica Costa

    Rica.

  • Fazendo a mesma comparao aps o fato, outros analistas frequentemente apontam

    para as diferenas nacionais supostamente durveis em economia poltica ou cultura poltica

    como causas dos resultados contrastantes. Prosseguindo uma comparao maior entre El

    Salvador, Nicargua, Guatemala e Costa Rica, por exemplo, Paige salienta diferenas entre as

    posies das elites cafeeiras da Guatemala e Costa Rica.

    A elite guatemalteca foi esmagadoramente territorial e agrria, com uma

    frao agro-industrial relativamente fraca. Servido por dvida, servido, e

    outras formas de servido legal criaram relaes de classe semelhantes aos

    senhorial feudal europeu... Embora essas relaes comearam a mudar com a

    racionalizao ps -Segunda Guerra Mundial do caf, antes da dcada de 1970

    as instituies de trabalho coagido inibiram mobilizao popular e criaram um

    forte interesse em estruturas polticas autoritrias para controlar a populao

    no-livre... O contraste mais marcante com a elite guatemalteca foi o da Costa

    Rica, em que a frao agrria estava relativamente pouco desenvolvida porque

    perdeu o controle sobre quantidades substanciais de terra para uma classe

    persistente de agricultores familiares... A elite da Costa Rica foi

    esmagadoramente uma elite de processadores. As relaes de classe giravam

    em torno da relao entre esses processadores e os pequenos proprietrios,

    no entre os latifundirios e seus trabalhadores .... A poltica girava em torno

    das divergncias cavalheirescas entre os proprietrios grandes e pequenos, e a

    elite descobriu cedo que esses conflitos poderiam ser facilmente

    administrados pela extenso gradual da concesso para os proprietrios rurais

    e pela criao de instituies democrticas. (Paige 1997:87).

    Apesar das concesses posteriores de seu livro para a recente influncia das ideologias

    neoliberais, Paige geralmente depende de caractersticas durveis da estrutura de classe para

    as suas explicaes de democratizao ou a sua ausncia. Em suas explicaes, divergncias de

    1940 e 1950 vem de diferenas estruturais estabelecidas dcadas antes.

    Em contraste, Yashar insiste em semelhanas considerveis entre as economias

    polticas e regimes governamentais da Guatemala e Costa Rica at a dcada de 1940. Apesar

    de arranjos polticos diferentes estabelecidos pela histria anterior afetarem fortemente os

    realinhamentos polticos do ps-guerra da Guatemala e Costa Rica, Yashar demonstra

    divergncias dramaticamente ampliadas entre os dois sistemas polticos durante e aps as

    lutas de 1941-1954 .

    Yashar realiza sua anlise sbria, levando concluso de que, nos dois casos em

    apreo, os resultados a longo prazo da luta sobre a distribuio de propriedade e controle do

    campo - no lutas explcitas entre os defensores e opositores da democracia como tal -

    fundamentalmente afetam a democratizao subsequente e seus fracassos. Ela argumenta

    sensatamente que ambos os tipos de luta importam de forma mais geral na democratizao e

    instam profundas investigaes histricas dos processos causais semelhantes em outros

    lugares. Sua abordagem de democratizao enfatiza a busca por mecanismos causais robustos,

    em vez de modelos gerais, condies necessrias e suficientes universalmente aplicveis, ou

    anlises de agency em pontos cruciais da transio.

  • MECANISMO DE DEMOCRATIZAO

    Como uma reorientao plena de explicao para mecanismos causais e processos pode

    facilitar o estudo da democratizao? Deixe-me esboar um argumento ilustrativo baseado em

    mecanismo. Democracia, para efeitos do presente, consiste em protegidas consultas - relaes

    entre agentes e sujeitos de um governo no qual (a) diferentes categorias de sujeitos possuem

    relativamente amplo e igualitrio acesso agentes, (b) a disposio governamental de

    pessoas, atividades e recursos dentro de alada do governo responde a consulta de temas, e

    (c) os temas recebem proteo contra a ao arbitrria de agentes governamentais.

    Figura 1 Uma conta baseada em mecanismo de democratizao. Para maior clareza,

    este diagrama apaga a distino entre as transies de regimes democrticos e de

    sobrevivncia dos regimes democrticos , no pressuposto de que os mesmos

    mecanismos e processos explicar transio e sobrevivncia.

    Democratizao qualquer movimento em direo a consulta protegida, des-democratizando

    qualquer afastamento da consulta protegida. Como e por que ocorrem tais movimentos? A

    Figura 1 resume os termos gerais do argumento. Democratizao, conforme o argumento,

    emerge de mudanas interagidas em trs grupos analiticamente separveis, mas

    interdependentes de relaes sociais: polticas pblicas, desigualdade e redes de confiana. No

    curso da democratizao, a maior parte da populao sujeita de um governo adquire

    vinculativas, protegidas, demandas/claims relativamente iguais para agentes do governo,

    atividades e recursos. Em um processo relacionado, desigualdade categrica recua naquelas

    reas da vida social que tanto constituem ou imediatamente apoiam a participao em

    polticas pblicas. Finalmente, uma mudana significativa ocorre no locus das redes

    interpessoais em que as pessoas confiam quando esto em empreitadas de risco, empreitadas

    de longo prazo como o casamento, o comrcio de longa distncia, membership em artesanato

    e investimento de poupana; tais redes se deslocam de evaso de deteco e controle

    governamental ao envolvimento de agentes do governo e presuno de que tais agentes iro

    cumprir os seus compromissos de longo prazo. S onde os trs conjuntos de

    alteraes/mudanas se cruzam a democracia efetiva e durvel emerge.

    Uma variedade de mudanas , agrupadas como "ambiente de regime" na Figura 1, ativa

    mecanismos que por sua vez geram alteraes incrementais em polticas pblicas,

    desigualdade e redes de confiana. Alteraes de desigualdade e de redes de confiana tm

    efeitos independentes sobre polticas pblicas. Ambiente do regime tambm produz choques

    ocasionais na forma de conquista, de confronto, de colonizao, ou revoluo.

    Tais choques aceleram os mecanismos de alterao padro, causando alteraes

    relativamente rpidas de polticas pblicas, desigualdade e redes de confiana. Se incremental

    ou abrupta, essas alteraes interagem. Em condies raras, mas especificveis, essas

    interaes levam democratizao. Democratizao no um produto, mas uma condio

    especial de polticas pblicas. Embora essas ideias surgiram do meu esforo para explicar

    variaes na democratizao e suas falhas em toda a Europa desde 1650, elas coincidem com

    os argumentos que Yashar (1997) aplica s experincias da Costa Rica e Guatemala.

  • Que mecanismos produzem as mudanas em questo? A Tabela 1 lista provveis

    suspeitos. Ela inclui tanto os mecanismos individuais e processos robustos - sequncias e

    combinaes de mecanismos que se repetem ao longo de um vasto leque de circunstncias e

    produzem efeitos imediatos substancialmente similares. Seguindo a idia de que a

    democratizao consiste na mudana de relaes entre sujeitos e governos, a lista se

    concentra em mecanismos e processos relacionais. Um relato mais completo incluiria mais

    mecanismos cognitivos e ambientais, por exemplo (a) mudanas nas crenas sobre a

    probabilidade de que agentes governamentais iro cumprir seus compromissos e (b) aumentos

    ou redues na base de recursos do governo. Desde que tratamentos anteriores de

    democratizao sublinharam mecanismos cognitivos e/ou ambientais, no entanto, parece-nos

    til realar a importncia provvel dos mecanismos relacionais nesta discusso.

    A Tabela 1 agrupa mecanismos e processos em trs categorias: aqueles que afetam as

    relaes entre desigualdade categrica e polticas pblicas, aquelas que afetam as relaes

    entre redes de confiana e polticas pblicas, e as que operam principalmente na poltica

    pblica. A questo da causalidade , portanto, decorre a trs nveis. Em primeiro lugar, todas as

    alteraes que aumentam o isolamento entre as desigualdades no-governamentais e polticas

    pblicas , integram redes de confiana interpessoal em polticas pblicas, e empurra as

    prprias polticas pblicas para consulta protegidos promovendo a democratizao onde quer

    que ocorram. Em segundo lugar, determinados mecanismos e processos favorecem o

    isolamento da desigualdade, a integrao das redes de confiana e transformao das polticas

    pblicas. Em terceiro lugar, quando o confronto, a colonizao, a conquista e a revoluo

    promovem a democratizao, o fazem atravs da acelerao dos mesmos mecanismos e

    processos que promovam a democratizao incremental.

    Partes deste argumento so deliberadamente tautolgicos. Dizer que transformao

    de polticas pblicas na direo da consulta protegida promove a democratizao apenas

    reafirma a definio de democracia adotada aqui. As tautologias, no entanto, tm finalidades

    importantes. Eles especificam o que os alunos de democratizao devem explicar. Eles, assim,

    focam a busca de explicaes sobre as causas imediatas desses mecanismos-explicacadores

    que alteram diretamente conexes entre redes de confiana e polticas pblicas, por exemplo,

    e outros mecanismos que mudam a interseco entre as desigualdades governamentais e no

    governamentais. Como a anlise de Collier (1999) nos encoraja a acreditar, causas prximas

    certamente incluem mecanismos cognitivos e processos, mas eles tambm incluem

    enfaticamente mecanismos relacionais e ambientais.

    TABELA 1 Amostra mecanismos e processos que promovem a democratizao (a)

    (a) Para maior clareza, a tabela exclui complementos negativos destes mecanismos e

    processos, por exemplo, fortificao (em vez de dissoluo) dos controles coercitivos que

    apoiam atuais relaes de explorao e oportunidade de acumulao.

  • Desigualdade -Dissoluo de controles coercitivos que apoiam atuais relaes de explorao e de oportunidade de acumulao; -Educao e comunicao que alteram adaptaes dando suporte a atuais relaes de explorao e acumulao oportunidade; -Educao e comunicao que suplantar os modelos existentes de organizao e, consequentemente, alterar a emulao de desigualdade na formao de novas organizaes; - Equalizao de ativos e/ou bem-estar em todas as categorias dentro da populao em geral; - Isolamento das existentes desigualdades categricas das polticas pblicas;

    Redes de Confiana -Criao de garantias externas para os compromissos do governo; -Incorporao e expanso das redes de confiana existentes na poltica; -Absoro governamental ou destruio de redes clientelistas anteriormente autnomas; -A desintegrao das redes de confiana existentes; -Expanso da populao sem acesso a redes de confiana eficazes para as suas principais longo prazo, empresas de risco; -Aparecimento de novos longo prazo, oportunidades de risco que as redes de confiana existentes no podem lidar com; -Aumento substancial dos recursos do governo para a reduo de risco e/ou compensao de perda; -Visvel reunio governamental de compromissos com a vantagem de novos segmentos significativos da populao;

    Poltica Pblica - Formao de coalizao entre os segmentos das classes dominantes e atores polticos constitudos que esto atualmente excludos do poder; - Brokerage/Corretagem de coalizes entre categorias desiguais e/ou redes de confiana distintas; - Cooptao central ou eliminao de anteriormente autnomos intermedirios polticos; - Conteno burocrtica de foras militares anteriormente autnomas; - Dissoluo ou segregao do governo de redes clientelistas no-governamentais; - Imposio de estruturas e prticas governamentais uniformes atravs da jurisdio do governo; - Ciclos de mobilizao - represso - negociao durante os quais os atores atualmente excludos atuam coletivamente em maneiras que ameaam a sobrevivncia do governo e/ou de suas classes dominantes, a represso governamental falha, a luta segue, e os assentamentos admitem posio poltica e/ou direitos de atores mobilizados; - Ciclos de extrao - resistncia - negociao, durante os quais os agentes governamentais exigem recursos que esto sob controle de redes no-governamentais e comprometidos com a fins no governamentais, os detentores desses recursos resistem, a luta segue, e os assentamentos emergem em que as pessoas produzem recursos, mas recebem garantias credveis em relao a restries sobre a extrao futura;

    Frana versus Inglaterra

    Uma rpida comparao da Frana e das Ilhas Britnicas 1650-2000 ir concretizar o

    programa de teoria e pesquisa que se segue. Primeiro temos de decidir sobre as unidades de

    observao. Nem o governo tinha limites constantes durante todo o perodo. Mesmo

    desconsiderando o fato de que em 1650 a Fronde (guerras civis) privaram o jovem Louis XIV

    e seu governo de controle sobre grande parte do seu territrio nominal, a Frana daquele

  • tempo no tinha Roussillon, grande parte da Provence, Crsega, Savoy, Franche-Comt, a

    maioria da Alscia-Lorraine, e setores significativos do Norte. Mesmo depois de 1800, o

    territrio da Frana expandiu e contraiu vrias vezes.

    Nem o governo britnico permanecem constantes. Um viajante atravs das ilhas

    britnicas em 1650 teria visto um Escocs rebelar abertamente contra a hegemonia Inglesa e

    uma fora militar escocesa no norte da Inglaterra apoiando a afirmao de Charles Stuart para

    suceder seu pai Charles I, apenas no ano anterior, os revolucionrios controversos da

    Inglaterra se uniram temporariamente para decapitar Rei Charles. Na Irlanda, os lderes

    catlicos estavam lutando no s entre si, mas tambm a fora invasora Inglesa de Oliver

    Cromwell. Nem - como lutas atuais no Ulster esclarecem a incerteza territorial fez cessar com

    a Revoluo Gloriosa de 1688-1689. Para traar democratizao e seus fracassos na "Frana" e

    "Ilhas Britnicas" durante o perodo de 350 anos necessrio frequentes reajustes dos

    governos, territrios e populaes em risco.

    Estas especificaes feitas, alguns enigmas importantes surgem. Por que os franceses

    criaram algumas das mais amplamente imitadas instituies democrticas do mundo, ainda

    que oscilando rapidamente entre regimes relativamente democrticos e no democrticos em

    1789-1793, 1829-1832, 1847-1851, 1868-1875, e 1936-1946? Por que a mesma Inglaterra que

    lutou o seu caminho para a democracia relativamente estvel na Gr-Bretanha depois de 1815

    nunca foi capaz de realizar o trick na Irlanda? Por que algumas colnias francesas e

    britnicas acabam bastante democrticas e outras bastante autoritrias? Tais questes tornam

    claro que o confronto, conquista, colonizao e revoluo tudo afetou as perspectivas da

    democracia na Frana e nas Ilhas Britnicas vrias vezes desde 1650.

    O programa baseado no mecanismo estabelecido acima sugere responder a tais

    perguntas, traando alteraes nas redes de confiana, desigualdade categrica, e suas

    intersees com polticas pblicas ano por ano ao longo de todo o perodo. Esse procedimento

    no vai explicar nada, mas vai especificar o que deve ser explicado. Na Frana do sculo XIX,

    por exemplo, conexes entre as polticas pblicas e redes de confiana dos trabalhadores

    representados por sociedades de ajuda mtua, redes de comrcio e sistemas de migrao

    claramente aumentaram e diminuram ao ritmo da ascenso e queda de consultas protegidas;

    como e por que essas conexes mudaram merecem muita ateno de qualquer um que

    procura explicar a democratizao francesa.

    A Tabela 1 da lista de mecanismos sugere olhar atentamente para a desintegrao das

    redes de confiana existentes, bem como a absoro governamental e destruio de redes

    clientelistas previamente autnomas. O movimento tumultuoso da Frana em instituies

    menos antidemocrticas entre o posterior Segundo Imprio e a Primeira Guerra Mundial, por

    exemplo, resultou em parte do decaimento de grandes redes, clandestinas de artesos e sua

    substituio por organizaes de trabalhadores legais integrados em polticas pblicas por

    meio de partidos polticos, sindicatos reconhecidos, e instituies como as bolsas du Travail.

    Do lado britnico do Canal da Mancha, a dcada de 1830 igualmente tumultuada

    proporciona uma excelente oportunidade para o exame dos mecanismo democratizao em

    operao. Em paralelos surpreendentes aos processos democratizantes descritos por Yashar

    (1997), o governo britnico duas vezes reprimiu a insurreio por compromissos de engenharia

  • que produziram consequncias democrticas. Em primeiro lugar, depois de repetidos fracassos

    anteriores de campanhas pelos direitos polticos catlicos, o governo de Wellington forado a

    Emancipao Catlica (1829), em resposta a uma enorme mobilizao da Irlanda, apesar da

    forte organizao anti-catlica dentro da prpria Gr-Bretanha. Em seguida, o governo de Grey

    respondeu a grande agitao dentro da Gr-Bretanha, agitao inspirada e construda em

    parte sobre as teias organizacionais da Emancipao Catlica, passando a Lei da Reforma

    (1832) sobre a oposio inicialmente feroz do rei, da Cmara dos Lordes, e partes substanciais

    da estrutura de poder nacional. Que o ato 1832 excluindo a maioria dos trabalhadores que

    participaram da mobilizao pela reforma parlamentar e, assim, contribudo para o aumento

    subsequente da demanda democrtica baseada nos trabalhadores (Chartism) s confirma a

    importncia de examinar os mecanismos reais pelos quais a democratizao ocorre.

    AGENDA

    Adoo de explicaes mecanicistas tem fortes implicaes para a pesquisa e anlise em

    cincia poltica. Permitam-me destacar quatro delas: (a) valorizao e desvalorizao

    simultnea de episdios polmicos como objetos de estudo, (b) reorientao de explicaes

    de episdios para processos, (c) anlise comparativa dos mecanismos e processos, como tal, e

    (d) a integrao de mecanismos cognitivos, relacionais e ambientais.

    A desvalorizao e valorizao simultnea de episdios duvidosos/incertos como objetos de

    estudo

    A desvalorizao consiste em negar a realidade sui generis a episdios controversos.

    Como entidades convencionais ou arbitrrias, os eventos que chamamos de revolues,

    mobilizaes nacionalistas, guerras e episdios de democratizao tomam forma como

    construes retrospectivas por observadores, participantes e analistas. Eles no tm essncias,

    histria natural, ou lgica de auto-motivao. Alm disso, eles se cruzam com mais processos

    de rotina, o que mais uma razo para evitar a segmentao do seu estudo.

    Episdios tambm exigem a valorizao/atualizao, no entanto. Uma vez que

    reconhecemos que temos cortado eles de seus contextos histricos e sociais, preciso

    explicitar os procedimentos e critrios que marcam o seu incio, termino, limites, e

    participantes. Isso requer o desenvolvimento de competncias em delinear eventos

    comparveis. O processo pelo qual um determinado episdio adquire o estatuto de revoluo,

    movimento social, guerra, greve, ou qualquer outra coisa tem peso poltico e contedo; tais

    designaes afetam no s como os analistas posteriores vo explic-los, mas tambm como

    os participantes se comportam e como reagem terceiros a eles. Assim, os processos sociais

    que rotulam e limitam episdios pertencem a nossa agenda.

    Devemos tambm observar que as escolhas de escala - por exemplo, a escolha entre

    eleies particulares, campanhas eleitorais e todas transies de no-democrticos para

    regimes democrticos como a unidade de observao - afetam significativamente tanto a

    natureza das comparaes entre os episdios e a almejada proeminncia relativa de vrios

    mecanismos e processos. Muitos mecanismos e processos operam em escalas mltiplas;

    desintegrao das redes de confiana, muitas vezes produz mudanas em pequenos grupos,

    bem como em pases inteiros. Mas outras ocorrem com muito mais frequncia em uma escala

  • que em outra; compromisso ocorre na escala do indivduo e produz uma ao coletiva em uma

    escala interpessoal. Inovao ttica acontece principalmente em uma escala local, seguido por

    difuso (um processo cognitivo-relacional) para escalas mais amplas.

    Democratizao , ao contrrio, depende, por definio, da presena de governo e

    poltica e, assim, ocorre em escalas de comunidade a regio do mundo. Um grande desafio

    examinar como os mecanismos e processos que caracterizam conteno em uma escala afeta

    isso em outra - por exemplo, entre o local e o global nas transies democrticas (Markoff

    1996, 1999) .

    Reorientao de Explicaes de Episdios para Processos

    Embora anlises recentes apoiem retenes de episdios semelhantes como unidades

    de observao, elas tambm recomendam abandono de esforos para explicar todas as

    caractersticas marcantes de episdios inteiros. Eles, assim, afastam o procedimento comum

    de juntar episdios a modelos gerais, a fim de demonstrar que o modelo no se encaixa a

    alguma caracterstica marcante do episdio, e em seguida, modificar o modelo geral para

    melhorar o ajuste. Estudos recentes de democratizao no oferecem muita esperana de

    ganhar alavancagem explicativa combinando episdios inteiros com modelos gerais

    invariantes de mobilizao, transio ou consolidao, e muito menos com modelos gerais

    invariantes de democratizao em todas as suas variedades.

    Em vez disso, os cientistas polticos devem concentrar suas explicaes sobre

    caractersticas selecionados de episdios (por exemplo, por que rpidas mudanas na

    identidade ocorreram) ou em processos recorrentes nas famlias dos episdios (por exemplo,

    como e por que as alianas entre classes frequentemente criam ou expandem situaes

    revolucionrias). Em qualquer modo, a explicao consiste em identificar mecanismos cruciais

    e sua combinao em processos transformadores.

    O exame comparativo de mecanismos e processos como tal.

    Muito alm da zona de democratizao, os mecanismos e os processos enumerados na

    Tabela 1 merecem anlise comparativa para o seu prprio bem. Conteno burocrtica das

    foras militares anteriormente autnomas, por exemplo, parece quase uma condio

    necessria para a democratizao, mas tambm tem efeitos significativos sobre a capacidade

    do governo, a probabilidade de uma guerra civil, o nvel de violncia domstica, e at mesmo a

    possibilidade de que um determinado Estado vai se envolver em guerra internacional. Seria

    avanar inqurito poltico para incentivar a investigao comparativa sobre os mecanismos de

    conteno burocrtica, enquanto continua-se detalhado exame de episdios histricos. Da

    mesma forma, a cincia poltica s poderia ganhar com conhecimento comparativo superior

    quanto aos mecanismos e processos que conectam ou desconectam as desigualdades dentro e

    fora das polticas pblicas.

    Integrao dos mecanismos Cognitivos, Relacionais e ambientais.

    Partindo da ideia de que os tericos recentes de fenmenos polticos, incluindo a

    democratizao, tm menosprezado processos relacionais, este ensaio enfatiza

    deliberadamente mecanismos relacionais. No entanto, minhas anlises concretas tm

  • invocado repetidamente combinaes de mecanismos relacionais com mecanismos cognitivos

    e/ou ambientais. O mecanismo chamado de "isolamento das desigualdades categricas

    existentes de polticas pblicas", por exemplo, inevitavelmente, inclui um componente

    cognitivo definindo fronteiras entre as categorias. Alterando concepes de diferenas raciais,

    tnicas, de gnero, religiosas ou de classe, portanto, afetam aquele isolamento ou o seu

    fracasso. Tais mudanas, alm disso, muitas vezes resultam em parte de mudanas nos saldos

    de recursos entre pessoas em lados opostos de limites de categorias por exemplo, o

    aumento desproporcional do nmero ou da riqueza de um lado da linha.

    Sob tais circunstncias, no est claro, em princpio, se estamos observando (a) dois ou

    trs mecanismos distintos que frequentemente juntam-se ou (b) uma combinao de

    alteraes cognitivas, relacionais e ambientais que suficientemente invariante para justificar

    trat-la como um nico processo robusto. Tambm no podemos decidir em geral, e com

    antecedncia a forma como os elementos interagem-se, por exemplo, mudanas cognitivas

    sempre precedem mudanas relacionais ou vice-versa. A interao entre mecanismos

    cognitivos, relacionais e ambientais apresenta problemas urgentes para a teoria e a pesquisa

    sobre os processos polticos.

    DE VOLTA TERRA FAMILIAR

    Os cientistas polticos no devem achar a anlise dos mecanismos e processos aliengena. O

    tratamento de Aristteles da democracia e seus males, afinal, especificaram mecanismos e

    processos pelos quais transies de um tipo de regime para o outro ocorrem. Aristteles

    reconheceu distines dentro de seus principais tipos de regime, por exemplo, cinco tipos de

    democracia, de que o quinto

    aquele em que no a lei, mas a multido, que tem o poder supremo, e

    substitui a lei por seus decretos. Este um estado de coisas trazidas pelos

    demagogos. Pois em democracias que esto sujeitas lei, os melhores

    cidados possuem o primeiro lugar, e no h demagogos, mas onde as leis no

    so supremas, l demagogos surgem. Para as pessoas torna-se um monarca, e

    muitos em um, e muitos tm o poder em suas mos, no como indivduos,

    mas coletivamente... esse tipo de democracia para outras democracias o que

    a tirania para outras formas de monarquia. (Barnes, 1984: II, 2050-51)

    Nestas circunstncias, alm disso, muitas vezes demagogos agitam a plebe para atacar os ricos

    e, assim, tomar os poderes para si prprios. Dessa forma, a democracia se transforma em

    tirania. Aristteles passa repetidamente a partir de categorias aparentemente estticas para

    processos causais dinmicos. Ao pensar atravs dos efeitos de diferentes formatos militares,

    por exemplo, ele ofereceu uma explicao causal perspicaz:

    Como existem quatro divises principais das pessoas comuns, agricultores,

    artesos, comerciantes, trabalhadores; assim tambm existem quatro tipos de

    foras militares - da cavalaria, a infantaria pesada, as tropas de luz armadas, a

    Marinha. Quando o pas est adaptado para a cavalaria, em seguida, uma

    oligarquia forte susceptvel de ser estabelecida. A segurana dos habitantes

    depende de uma fora desse tipo, e somente os homens ricos podem dar ao

  • luxo de manter cavalos. A segunda forma de oligarquia prevalece quando um

    pas adaptado para infantaria pesada, pois este tipo de servio mais

    adequado para os ricos do que aos pobres. Mas a luz armada e o elemento

    naval so totalmente democrticos, e hoje em dia, onde eles so numerosos,

    se as duas partes brigam, as oligarquias muitas vezes so derrotadas por eles

    na luta. (Barnes, 1984: II, 2096-97)

    No meio da especificao de condies favorveis para diferentes tipos de regime,

    encontramos Aristteles identificando mecanismos centrados na luta pelo qual as transies

    de regime para regime ocorrem. A verso curta do meu sermo, portanto, a seguinte:

    Imitem Aristteles.

    AGRADECIMENTOS

    Sou grato a contragosto Sidney Tarrow, Deborah Yashar, e Viviana Zelizer para provar que uma

    verso anterior deste artigo foi imprpria para publicao. Eu adaptei alguns pargrafos de

    McAdam et al (2001).