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INTRODUÇÃO Este trabalho propõe-se a descrever uma reflexão filosófica da ética do homem, do mundo, da felicidade, da lei natural, do bem e da justiça. Temas de controvérsias de obras da Idade Média cristã por Tomás de Aquino com visão teológica, com melhor argumentação filosófica, entretanto, intrinsecamente dependentes da transcendência, da fé e da esperança, noções que ultrapassam o discurso filosófico. O presente estudo visa analisar a ética de Tomás e dos medievais em geral, no âmbito da antropologia, da política e da metafísica; como procedem os cristãos que crêem num cosmos criado por Deus e orientado para a eternidade. Esta pesquisa inicia a discussão das seguintes perguntas: será que para os medievais a ética necessariamente deve ter um fundamento divino? Será a ética mais teológica que filosófica? Tem-se como objetivo a especificação por Tomás de Aquino, da ética em virtudes morais, intelectuais, vida política e regimes de poder, juntamente com sua contextualização no mundo real da vida humana direcionado para seu Criador.

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tomás de aquino

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INTRODUÇÃO

Este trabalho propõe-se a descrever uma reflexão filosófica da ética do

homem, do mundo, da felicidade, da lei natural, do bem e da justiça. Temas de

controvérsias de obras da Idade Média cristã por Tomás de Aquino com visão

teológica, com melhor argumentação filosófica, entretanto, intrinsecamente

dependentes da transcendência, da fé e da esperança, noções que ultrapassam o

discurso filosófico.

O presente estudo visa analisar a ética de Tomás e dos medievais em geral,

no âmbito da antropologia, da política e da metafísica; como procedem os cristãos

que crêem num cosmos criado por Deus e orientado para a eternidade.

Esta pesquisa inicia a discussão das seguintes perguntas: será que para os

medievais a ética necessariamente deve ter um fundamento divino? Será a ética

mais teológica que filosófica?

Tem-se como objetivo a especificação por Tomás de Aquino, da ética em

virtudes morais, intelectuais, vida política e regimes de poder, juntamente com sua

contextualização no mundo real da vida humana direcionado para seu Criador.

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2 A VERTICALIZAÇÃO DA ÉTICA

2.1 BIOGRAFIA – TOMÁZ DE AQUINO

Tomás de Aquino nasceu por volta do ano de 1225, no Castelo do pai, o

conde Landulf de Aquino, localizado em Roccasecca, no mesmo Condado de

Aquino (Reino da Sicília, no atual Lácio). Sua mãe era a condessa Teodora de

Tehate. Tomás era ligado á dinastia Hohenstaufen do Sacro Império romano –

Germânico. Seu irmão de Landulf Sinibald era abade da original abadia beneditina

em Monte Cassino. Os demais filhos da família seguiram uma carreira militar.

A família pretendia que Tomás seguisse seu tio na abadia, isto teria sido um

caminho normal para a carreira do filho mais novo de uma família da nobreza

sulista italiana.

Aos cinco anos Tomás começou sua carreira em Monte Cassino, mas

depois que o conflito militar que ocorreu entre o imperador Frederico II e o papa

Gregório IX na abadia no início de 1239, ele foi matriculado na STUDIUM

GENERALE (Universidade), criada na época recentemente por Frederico II, em

Nápoles. Foi lá que Tomás provavelmente foi induzido nas obras de Aristóteles,

Averróis e Maimônides, todos que influenciaram sua filosofia teológica.

Durante seus estudos em Nápoles que Tomás sofreu a influência de João

de São Juliano, um pregador dominicano em Nápoles que fazia parte do esforço

ativo intentado pela ordem dominicana para recrutar seguidores devotos. Nessa

época seu professor de aritmética, geometria, astronomia e música era Pedro de

Ibérnia.

Aos 19 anos de idade, contra a vontade da família, entrou na ordem fundada

por Domingos de Gusmão. Estudou Filosofia em Nápoles e depois em Paris, onde

se dedicou ao ensino e ao estudo de questões filosóficas e teológicas. Estudou

teologia em Colônia e em Paris, onde se tornou discípulo de Santo Alberto Magno

que o “descobriu” e se impressionou com a sua inteligência. Por este tempo foi

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apelidado de “boi mudo”. Dele disse Santo Alberto Magno; “Quando este boi mugir,

o mundo inteiro ouvirá o seu mugido”.

Foi mestre na Universidade de Paris no reinado de Luiz IX de França.

Morreu com 49 anos de idade na Abadia de Fossanova, quando se dirigia para

Lião a fim de participar do Concílio de Lião, a pedido do Papa.

2.2 Filosofia

Seu maior mérito foi a síntese do cristianismo com a visão aristotélica do

mundo, introduzindo o aristotelismo, sendo redescoberto na Idade Média, na

Escolástica anterior, compaginou um e outro, de forma a obter uma sólida base

filosófica para a teologia e retificando o materialismo de Aristóteles. Em suas duas

summae, sistematizou o conhecimento teológico e filosófico de sua época: a

Summa theologiae e a Summa contra gentiles.

A partir dele, a Igreja tem uma Teologia (fundada na revelação) e uma

Filosofia (baseada no exercício da razão humana) que se fundem numa síntese

definitiva: fé e razão, unidas em sua orientação comum rumo a Deus. Sustentou

que a filosofia não pode ser substituída pela teologia e que ambas não se opõem.

Afirmou que não pode haver contradição entre fé e razão. Explica que toda a

criação é boa, tudo o que existe é bom, por participar do ser de Deus, o mal é a

ausência de uma perfeição devida e a essência do mal é a privação ou ausência

do bem.

Além da sua Teologia e da Filosofia, desenvolveu também uma teoria do

conhecimento e uma Antropologia, deixou também escrito conselhos políticos: Do

governo do Príncipe, ao rei de Chipre, que se contrapõe, do ponto de vista da ética,

ao O Príncipe, de Nicolau Maquiavel. Com o uso da razão é possível demonstrar a

existência de Deus, para isto propõe as 5 vias de demonstração:

Primeira via

Primeiro motor imóvel: tudo o que se move é movido por alguém, é

impossível uma cadeia infinita de motores provocando o movimento dos

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movidos, pois do contrário nunca se chegaria ao movimento presente, logo

há que ter um primeiro motor que deu início ao movimento existente e que

por ninguém foi movido.

Segunda via

Causa primeira: decorre da relação "causa-e-efeito" que se observa nas

coisas criadas. É necessário que haja uma causa primeira que por ninguém

tenha sido causada, pois a todo efeito é atribuída uma causa, do contrário

não haveria nenhum efeito pois cada causa pediria uma outra numa

sequência infinita.

Terceira via

Ser necessário: existem seres que podem ser ou não ser (contingentes),

mas nem todos os seres podem ser desnecessários se não o mundo não

existiria, logo é preciso que haja um ser que fundamente a existência dos

seres contingentes e que não tenha a sua existência fundada em nenhum

outro ser.

Quarta via

Ser perfeito: verifica-se que há graus de perfeição nos seres, uns são mais

perfeitos que outros, qualquer graduação pressupõe um parâmetro máximo,

logo deve existir um ser que tenha este padrão máximo de perfeição e que é

a causa da perfeição dos demais seres.

Quinta via

Inteligência ordenadora: existe uma ordem no universo que é facilmente

verificada, ora toda ordem é fruto de uma inteligência, não se chega à ordem

pelo acaso e nem pelo caos, logo há um ser inteligente que dispôs o

universo na forma ordenada.

2.3 A Verdade

"A verdade é definida como a conformidade da coisa com a inteligência".

Tomás de Aquino concluiu que a descoberta da verdade ia além do que é visível.

Antigos filósofos acreditavam que era verdade somente o que poderia ser visto.

Aquino já questiona que a verdade era todas as coisas porque todas são reais,

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visíveis ou invisíveis, exemplificando: uma pedra que está no fundo do oceano não

deixa de ser uma pedra real e verdadeira só porque não pode ser vista.

Aquino concorda e aprimora Agostinho de Hipona quando diz que "A

verdade é o meio pelo qual se manifesta aquilo que é". A verdade está nas coisas

e no intelecto e ambas convergem junto com o ser. O "não-ser" não pode ser

verdade até o intelecto o tornar conhecida, ou seja, isso é apreendido através da

razão. Aquino chega a conclusão que só se pode conhecer a verdade se você

conhece o que é o ser. A verdade é uma virtude como diz Aristóteles, porém o bem

é posterior a verdade. Isso porque a verdade está mais próximo do ser, mais

intimamente e o que o sujeito ser do bem depende do intelecto, "racionalmente a

verdade é anterior". Exemplificando: o intelecto apreende o ser em si; depois, a

definição do ser, por último a apetência do ser. Ou seja, primeiramente a noção do

ser; depois, a construção da verdade, por fim, o bem. Sobre a eternidade da

verdade ele, Tomás, discorda em partes com Agostinho.

Para Agostinho a verdade é definitiva. Imutável. Já para Aquino, a verdade é

a consequência de fatos causados no passado. Então na supressão desses fatos à

verdade deixa de existir. O exemplo que Tomás de Aquino traz é o seguinte: A

frase "Sócrates está sentado" é a verdade. Seja por uma matéria, uma observação

ou analise, mas ele está sentado. Ao se levantar, ficando de pé, ele deixa de estar

sentado. Alterando a verdade para a segunda opção, mudando a primeira.

Contudo, ambos concordam que na verdade divina a verdade por não ter sido

criada, já que Deus sempre existiu, não pode ser desfeita no passado e então é

imutável.

3 ÉTICA DE TOMÁS DE AQUINO

Segundo Tomás de Aquino, a ética consiste em agir de acordo com a

natureza racional. Todo o homem é dotado de livre-arbítrio, orientado pela

consciência e tem uma capacidade inata de captar, intuitivamente, os ditames da

ordem moral. O primeiro postulado da ordem moral é: faz o bem e evita o mal.

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Há uma Lei Divina, revelada por Deus aos homens, que consiste nos Dez

Mandamentos.

Há uma Lei Eterna, que é o plano racional de Deus que ordena todo o

universo e uma Lei Natural, que é conceituada como a participação da Lei Eterna

na criatura racional, ou seja, aquilo que o homem é levado a fazer pela sua

natureza racional.

A Lei Positiva é a lei feita pelo homem, de modo a possibilitar uma vida em

sociedade. Esta subordina-se à Lei Natural, não podendo contrariá-la sob pena de

se tornar uma lei injusta; não há a obrigação de obedecer à lei injusta (este é o

fundamento objectivo e racional da verdadeira objecção de consciência).

A Justiça consiste na disposição constante da vontade em dar a cada um o que é

seu - suum cuique tribuere - e classifica-se como comutativa, distributiva e legal,

conforme se faça entre iguais, do soberano para os súbditos e destes para com

aquele, respectivamente.

3.1 Pensamento

Partindo de um conceito aristotélico, Aquino desenvolveu uma concepção

hilemórfica do ser humano, definindo o ser humano como uma unidade formada

por dois elementos distintos: a matéria primeira (potencialidade) e a forma

substancial (o princípio realizador). Esses dois princípios se unem na realidade do

corpo e da alma no ser humano. Ninguém pode existir na ausência desses dois

elementos.

A concepção hilemórfica é coerente com a crença segundo a qual Jesus

Cristo, como salvador de toda a humanidade, é ao mesmo tempo plenamente

humano e plenamente divino. Seu poder salvador está diretamente relacionado

com a unidade, no homem ou na mulher, do corpo e da alma. Para Aquino, o

conceito hilemórfico do homem implica a hominização posterior, que ele professava

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firmemente. Uma vez que corpo e alma se unem para formar um ser humano, não

pode existir alma humana em corpo que ainda não é plenamente humano.

O feto em desenvolvimento não tem a forma substancial da pessoa humana.

Tomás de Aquino aceitou a ideia aristotélica de que primeiro o feto é dotado de

uma alma vegetativa, depois, de uma alma animal, em seguida, quando o corpo já

se desenvolveu, de uma alma racional. Cada uma dessas "almas" é integrada à

alma que a sucede até que ocorra, enfim, a união definitiva alma-corpo.

Conforme as próprias palavras de Aquino:

A alma vegetativa, que vem primeiro, quando o embrião vive como

uma planta, corrompe-se e é sucedida por uma alma mais perfeita, que é ao

mesmo tempo nutritiva e sensitiva, quando o embrião vive uma vida animal;

quando ela se corrompe, é sucedida pela alma racional induzida do exterior

(…) Já que a alma se une ao corpo como sua forma, ela não se une a um

corpo que não seja aquele do qual ela é propriamente o ato. A alma é agora

o ato de um corpo orgânico".

3.2 A ÉTICA SEGUNDO S. TOMAZ DE AQUINO

3.2.1 Ética, Cristianismo, Moral e Religião.

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Tomás de Aquino separou a teologia da filosofia através do seu sistema

tomista. A teologia de Aquino é bastante complexa e por isso seria fastidioso inclui-

la num postal generalista. O que mais me atrai em Aquino é a sua filosofia, e desta,

a ética e a estética; é disto que vou falar comparando esses conceitos de Aquino

com a cultura contemporânea. Antes de entrar no tema, é de notar que Aquino

considerava a monarquia como o sistema político ideal, por ser o que mais se

parece com o próprio governo divino do mundo. Não podia de fazer notar a minha

concordância.

Na sua ética, Tomás de Aquino parte do princípio da existência de Deus,

porque nenhuma ética é possível sem uma metafísica qualquer; aliás, este é o

grande problema ético dos ateístas, e a necessidade da transformação do ateísmo

em naturalismo reflecte a necessidade ética de uma “metafísica”, o que na prática

significa “religião”. Tomás de Aquino parte da lógica sustentada da liberdade do ser

humano ― o livre arbítrio ― o que para mim é ideia agradável. O ser humano é

livre; Deus não lhe tolheu a liberdade. O ordenamento finalista do universo não

elimina nem diminui a liberdade do Homem.

3.2.2 O Mal e o Bem

O mal é a ausência do bem, isto é, o mal não é substancial. Neste aspecto,

S. Tomás de Aquino segue S. Agostinho na teoria da não-substancialidade do mal,

em confronto com as ideias de Mani (maniqueísmo). Também esta ideia é-me

agradável; o mal não é intrínseco ao ser humano senão na sua condição de

ignorância ou ausência de sabedoria, da mesma forma que o mal é a ausência do

bem.

Tomás de Aquino existem duas espécies de “mal”: a “pena” e a “culpa”. A

“pena” tem em Aquino um significado parecido no Budismo com o de Kharma; a

“pena” é a deficiência da forma ou de uma das suas partes, necessária para a

integridade de algo. A “culpa” é, dos males, o maior ― que a providência tenta

corrigir ou eliminar com a “pena”. Para S. Tomás de Aquino, só lhe faltava

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reconhecer a reencarnação para transformar a “pena” em Kharma e a “culpa” em

Samsara.

Para Tomás de Aquino, a “culpa” é o acto humano de escolha deliberada do

mal; a “culpa” não é inconsciente: o ser humano com culpa sabe que a tem,

através da “consciência”. Contudo, o ser humano é dotado de capacidade para

distinguir o Bem, e naturalmente tende para ele; assim como o ser humano tem

uma aptidão natural para entender os princípios da ciência, essa mesma aptidão

serve também para o ser humano entender os princípios práticos dos quais

dependem as boas acções. Através da sínderese ― que é exactamente essa

aptidão prática que permite ao Homem distinguir o Bem — o ser humano tende a

rejeitar a ausência de Bem.

Ao contrário do que defende o naturalismo ateísta contemporâneo, S.

Tomás de Aquino distingue a liberdade do ser humano da falta de liberdade do

resto da natureza. As potências naturais (as faculdades naturais) não têm

possibilidade de escolha nem têm liberdade; agem de um modo constante e

infalível como agem os agentes que a Física ou a Química observam. Contudo, as

potências racionais podem agir em vários sentidos segundo livre escolha. O

habitus, segundo S. Tomás de Aquino, é a predisposição humana que é constante,

mas não necessária ou infalível, de escolher em determinado sentido ― o habitus

é a tendência de comportamento de um ser humano em particular, em pleno

exercício da sua liberdade, ou de uma sociedade determinada, em geral.

Tomás de Aquino aceita a distinção aristotélica entre “virtudes intelectuais” e

“virtudes morais”, sendo que estas últimas são a justiça, a temperança, a prudência

e a fortaleza. As virtudes intelectuais e as virtudes morais são virtudes humanas

que conduzem o ser humano à felicidade que o Homem pode conseguir nesta vida

com as suas próprias forças naturais. Mas para além destas, o Homem dispõe das

“virtudes teologais” directamente infundidas por Deus: a fé, a esperança e a

caridade.

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3.2.3 A Lei Natural

Em toda a ética de Tomás de Aquino está presente o direito natural

(jusnaturalismo). Existe uma lei eterna ― uma lei que governa todo o universo e

que existe na lógica do surgimento desse universo. A lei natural que existe no

Homem é um reflexo (ou uma “participação”) dessa lei eterna que rege o universo.

A lei natural tem três características fundamentais:

1. A inclinação para o bem natural. A auto-conservação do Homem ― como

a de qualquer ser vivo ― é uma revelação desta primeira característica. Por

isso, o aborto e o suicídio (eutanásia) vão contra a lei natural.

2. A inclinação especial para determinados actos, que são os que a

natureza ensinou a todos os animais, como a união do macho e da fêmea, a

educação dos filhos e outros semelhantes. Por isso, o comportamento e a

cultura “gay” vai contra a lei natural.

3. A inclinação para o Bem segundo a natureza racional que é própria do

Homem, como é a inclinação para conhecer a Verdade, a sociabilidade, a

cultura, a tradição, etc.

3.2.4 A estética

O belo, segundo S. Tomás de Aquino, é um aspecto ou uma característica do Bem.

O belo é idêntico ao Bem, sendo que o Bem é aquilo que todos desejam e,

portanto, é a própria teleologia (o Fim). O belo também é desejado, e portanto tem

um valor teleológico. Porém, ao contrário do Bem, o belo só se refere aos sentidos

(faculdade cognoscitiva) ― visão, audição ― e à consciência das coisas (que inclui

outros sentidos: o tacto, o olfacto, o gosto). Portanto, a beleza só se refere aos

sentidos que têm maior valor cognoscitivo e que servem a Razão. O que agrada na

beleza não é o objecto em si, mas a apreensão do objecto.

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Tomás de Aquino atribui ao “belo” três características essenciais:

• A integridade da perfeição. Tudo o que é reduzido ou incompleto é feio.

• A proporção das partes; a clareza. Esta característica aplica-se não só

nas coisas sensíveis (arte em geral) mas também nas coisas do espírito. Um

corpo proporcionado é belo assim como um discurso ou uma acção bem

proporcionada tem a clareza espiritual da razão.

• A verdade da beleza. O belo existe mesmo que represente um objecto feio.

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CONCLUSÃO

Tomás de Aquino nasceu de uma família da nobreza italiana (condes de

Aquino) em Roccasecca, Cassino, Itália, em 1226. Faleceu a 7 de Março de 1274.

Ética na vida profissional, social e cristã. O termo ÉTICA tem sido muito discutido

nos últimos tempos dentro da sociedade brasileira. Vários tipos de problemas

sociais vêm acontecendo ligados aos trabalhos executados por profissionais de

diversas áreas; e a mídia vem divulgando de maneira óbvia para toda população.

Também são mostradas condutas de políticos, empresários e funcionários

públicos que denigrem a imagem do ser humano, criando um constrangimento

público inevitável e desolador. Envergonha-nos ver na mídia certo acontecimentos

de policiais corrompidos, assassinos de fardas, onde a ordem, honra estão abaixo

do dinheiro, trazendo prejuízos e insegurança a toda sociedade brasileira.

Profissionais liberais que praticam atos que desabonam uma boa conduta

profissional que lesa o patrimônio público, gerando prejuízos de natureza social

irreparável, em alguns casos, e em outros, perdendo o conceito de moral e

respeito. O que seria ética nestes casos? Será um termo usado em grandes

corporações somente? Ou quem sabe uma palavra que aprendemos no meio

acadêmico que se espera ser implantado no futuro?

Mas quando uma ação do homem atinge o seu próximo e o prejudica, gera

toda uma situação de injustiça e desconforto, em que a própria sociedade irá julgar

a maneira como se fez determinada atitude censurável. A família também irá julgá-

lo, e o indivíduo será forçado a refletir sobre o que praticou. Há um modus vivendi,

do latim que quer dizer modo de viver, conduta de vida em cada ser humano que

pratica no meio em que vive e atua, seja como trabalhador ou indivíduo dentro da

comunidade ou sociedade, e ambiente familiar.

A ética profissional está pautada em normas estabelecidas por órgãos de

classe ou associações, mas se a pessoa não tiver uma base familiar bem

estruturada e uma vida emocional equilibrada, ela passará a transferir para

profissão este desequilíbrio. A boa vontade articula-se com um segundo pólo

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central da ética: o dever. A boa vontade consiste no cumprimento do dever moral e,

desde já podemos antecipar, nisto consiste toda a moral: a decisão da razão e da

vontade de cumprir o dever moral exclusivamente por dever.

A ética profissional tem um leque enorme de temas que o envolve, podemos

citar aqui uma vida regrada dentro de padrões sociais; uma obediência a certas

normas, mas quando temos isso tudo dentro de nós, funciona com bastante

harmonia e perfeição. Não somos perfeitos, mas desejamos ou devemos desejar

fazer o correto; não seguir o errado; praticar atos que conduzem os bens comuns,

de todos que estão à nossa volta ou em nossa roda. A Bíblia diz - em Gálatas,

capítulo 06, versículo 07 - que “tudo o que o homem semear isso também ceifará”.

Refletindo parcialmente sobre esse texto da Palavra de Deus você com

certeza irá ter suas conclusões. Nos dias atuais fala-se muito no mundo como

aldeia global, como uma só casa, quer dizer, que tudo o que você fizer aqui irá

refletir em qualquer lugar do planeta e na eternidade. Há uma grande preocupação

com as escassezes naturais, claramente a Amazônia é invadida por estrangeiros

pesquisadores querendo de certa forma fiscalizar e controlar o que resta para o

mundo. “Mundus est omnium communis patria”, que do latim quer dizer “o mundo é

a pátria comum de todos”. Ouve-se muito de globalização, o efeito estufa e suas

conseqüências sobre o planeta. Sabemos que isso foi e continua sendo resultado

das ações desastrosas do homem sobre a Terra, em busca de riquezas e do

progresso, sem, contudo, pensar em planejar o futuro.

Atualmente, o mundo está sofrendo em decorrência da falta da ética na vida

do homem. E para concluir, reflita sobre seus atos, suas ações e suas atitudes

tomadas hoje, pois com toda certeza isso refletirá manhã, ou na sua vida na sua

geração ou na vida do planeta. Ética apresenta o que você é dentro de você, sua

capacidade de ser e fazer, para você e seu próximo. Portanto, cultive atitudes,

demonstrem uma pessoa que é um ser humano, que pode ser reconhecido como

tal, pensa no que faz. Em nossas vidas seja profissional, familiar e cristã

precisamos ter harmonia e ligação entre todas as áreas, pois, o pilar não pode

sofrer nenhum dano ou abalo.

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Como disse Tomás de Aquino na verticalização da ética: A natureza

providenciou previamente para os animais defesos, pele e garras, enquanto o

homem recebeu da sua natureza a razão e nas mãos pelas quais concebe e

constrói o mundo, ou destrói no seu livre arbítrio.