1. legislacao e garantia metrologica
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apostila de legislação metrologicaTRANSCRIPT
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Curso de Formao de
Agentes de Metrologia
Legal
Legislao e Garantia Metrolgica
Dplan/Cicma - Dimel
2013
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Apresentao
Nesta aula, aprenderemos os conceitos tcnicos e legais que norteiam as
atribuies e as aes desenvolvidas pelo Inmetro no mbito da metrologia legal.
Esperamos que, ao final desta aula, voc esteja preparado para iniciar um estudo mais aprofundado acerca dos vrios temas aqui abordados.
Bons estudos!
Alexandre Portella
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1. Metrologia legal
1.1 Definio
De acordo com o Vocabulrio Internacional de Termos de Metrologia Legal,
conhecido como VIML, a metrologia legal a parte da metrologia relacionada s
atividades resultantes de exigncias obrigatrias, referentes s medies,
unidades de medida, instrumentos de medio e mtodos de medio, e que so
desenvolvidas por organismos competentes.
Por serem obrigatrias, estas exigncias devem ser cumpridas por todos
aqueles que exeram atividades relacionadas de alguma forma metrologia.
Seguem alguns exemplos:
- Fabricantes de instrumentos de medio, como hidrmetros, medidores de
energia eltrica, taxmetros, balanas e bombas medidoras de combustveis.
- Estabelecimentos comerciais que utilizam instrumentos de medio em
transaes comerciais, como postos de gasolina, que usam bombas medidoras de
combustveis; supermercados, aougues e demais comerciantes, que utilizam
balanas; concessionrias de servios pblicos, como distribuidoras de energia
eltrica, gua, luz e gs, que utilizam medidores especficos para a tarifao dos
servios.
- Fabricantes de produtos pr-medidos (aqueles medidos sem a presena do
consumidor), como alimentos embalados (feijo, arroz, leite, etc.), medicamentos,
produtos txteis, etc.
Essas exigncias so descritas em regulamentos tcnicos metrolgicos, que
so documentos com fora de lei, publicados no Dirio Oficial da Unio. Mais
frente, voc saber mais sobre esses documentos.
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1.2 Importncia do controle legal para instrumentos de medio
Pense na seguinte situao: voc chegou padaria e pediu 350 gramas de
queijo, que a quantidade exata a ser utilizada numa receita de lasanha. Imagine
que, nesse cenrio hipottico, o Inmetro no atue no controle metrolgico legal das
balanas de padaria. Nesse caso, voc acreditaria no resultado desta medio?
Ser que voc estaria de fato levando para casa os 350 gramas de queijo que vai
precisar na receita e pelos quais vai pagar no caixa?
Este um exemplo simples do desequilbrio que pode ocorrer em transaes
comerciais que envolvem instrumentos de medio caso no haja um controle do
Estado. O prejuzo, alis, pode ser para ambos os lados: tanto para o consumidor
quanto para o comerciante.
Agora imagine esse desequilbrio numa escala maior, em transaes
comerciais de grande monta: as perdas econmicas geradas por medies
incorretas podem chegar a grandes valores.
Alm das transaes comerciais, as reas da sade, segurana e meio
ambiente tambm podem ser seriamente afetadas por medies incorretas, j que
os resultados das medies de diversos instrumentos servem como base para
importantes decises mdicas e legais.
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1.3 Estrutura da metrologia legal no Brasil
O Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial
(Conmetro) estabelece as diretrizes a serem seguidas pelo Inmetro. Dessa maneira,
o Conmetro parte integrante da estrutura de metrologia legal no Brasil,
determinando a rea de atuao do Inmetro atravs de suas resolues.
rgo do governo federal vinculado ao Ministrio do Desenvolvimento,
Indstria e Comrcio Exterior (MDIC), o Inmetro responsvel pelas aes
desenvolvidas no mbito da metrologia legal no pas.
O Inmetro pode delegar a execuo de atividades de sua competncia.
No que se refere s atribuies relacionadas metrologia legal e avaliao da
conformidade, dotadas de poder de polcia administrativa, a delegao fica
restrita a entidades pblicas que renam os atributos necessrios para essa
realizao.
O Inmetro est presente em todo o territrio nacional atravs de um modelo
descentralizado de atuao, com a delegao de aes na rea de metrologia e de
avaliao da conformidade a rgos pblicos, localizados nos Estados, que
constituem a Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade Inmetro (RBMLQ-I).
Brao executivo do Inmetro, a RBMLQ-I responsvel pelas verificaes e
inspees relativas aos instrumentos de medio regulamentados, pela fiscalizao
da conformidade dos produtos e pelo controle da exatido das indicaes
quantitativas dos produtos pr-medidos, de acordo com a legislao em vigor.
Como pas membro da Organizao Internacional de Metrologia Legal (OIML),
o Brasil busca sempre alinhar sua atuao em metrologia legal aos parmetros
internacionais definidos por essa organizao. Isso significa dizer, por exemplo, que
os regulamentos tcnicos metrolgicos so embasados, sempre que possvel, nas
recomendaes da OIML. Nas elaborao dos regulamentos, os tcnicos do Inmetro
pesquisam o que a OIML j publicou sobre o assunto, incorporando ao texto os
requisitos tcnicos e metrolgicos cabveis. Com isso, o Brasil cumpre seu papel no
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acordo de barreiras tcnicas ao comrcio, pois, seguindo as normas e
recomendaes internacionais em seus regulamentos, no estar criando barreiras
entrada de produtos no pas e estar facilitando a exportao de produtos.
Este alinhamento tambm buscado com o envio de tcnicos do Inmetro a
outros pases membros para realizar projetos de pesquisa e demais estudos na rea
de metrologia legal. Alm disso, o Inmetro recebe muitos estudiosos internacionais
em suas instalaes, tambm com o objetivo de promover o intercmbio de
conhecimentos.
O Brasil tambm participa ativamente da Comisso de Metrologia do
Mercosul. A principal funo desta comisso promover a harmonizao da
regulamentao tcnica metrolgica entre os pases membros do Mercosul, ou seja,
promover a edio de regulamentos em comum para instrumentos de medio e
produtos pr-medidos para os pases membros (Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai
e Venezuela).
Leitura complementar Site da Organizao Internacional de Metrologia Legal (em ingls): www.oiml.org Coordenao Nacional do SGT n 3/Mercosul: http://www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas/SGT3organograma.asp
http://www.oiml.org/http://www.inmetro.gov.br/barreirastecnicas/SGT3organograma.asp
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1.4 Legislao metrolgica
No Brasil, a metrologia legal tem por objetivo garantir a credibilidade dos
resultados das medies realizadas no mbito da segurana, da sade, do meio
ambiente e das transaes comerciais (de acordo com a Lei n 9.933/1999). Como o
Inmetro o rgo responsvel pelas aes do Estado no campo da metrologia, ele
poder atuar sempre que a utilizao de instrumentos de medio e medidas
materializadas envolver algum desses aspectos. Ele tambm tem como competncia
elaborar e expedir, com exclusividade, regulamentos tcnicos metrolgicos para
produtos pr-medidos.
A legislao metrolgica constituda por leis, resolues e portarias, que do
o amparo legal s atividades do Inmetro. Alm de cumprir o que lhe foi determinado
por lei pelo presidente da Repblica, o Inmetro elabora atos normativos que
embasam suas prprias atividades. Esses atos so as portarias que aprovam os
regulamentos tcnicos metrolgicos e as portarias de aprovao de modelo.
Principais leis federais
- Lei n 5.966, de 11 de dezembro de 1973: lei de criao do Instituto Nacional
de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial (Inmetro), que passou a
coordenar todas as aes nacionais no campo da metrologia, da
normalizao e da certificao da qualidade de produtos industriais.
- Lei n 9.933, de 1999: dispe sobre as competncias do Conmetro e do
Inmetro.
- Lei n 12.545, de 2011: altera a Lei n 9.933, de 1999. Entre outras
determinaes, modifica o nome do Inmetro para Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia.
- Lei n 12.249, de 2010: institui a taxa em vigor de servios metrolgicos
cobrados pelo Inmetro e pelos rgos da RBMLQ-I.
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Leitura complementar Veja, na ntegra, as principais leis federais relativas ao Inmetro:
Lei n 12.545/2011 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2011/Lei/L12545.htm)
Lei n 12.249/2010 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2010/lei/l12249.htm)
Lei n 9.933/1999 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9933.htm)
Lei n 5.966/1973 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5966.htm)
Principais resolues do Conmetro:1
- Resoluo n 11/1988: define os critrios e procedimentos para a execuo
da atividade de metrologia legal no pas e aprova a regulamentao
metrolgica.
Leia em: http://www.inmetro.gov.br/legislacao/resc/pdf/RESC000113.pdf.
-Resoluo n 12/1988: adota o Quadro Geral de Unidades de Medida, no
qual constam os nomes, as definies, os smbolos das unidades e os
prefixos do Sistema de Unidades (SI), e admite o emprego de certas unidades
fora do SI, de grandezas e coeficientes sem dimenses fsicas que sejam
julgados indispensveis para determinadas medies.
Leia em: http://www.inmetro.gov.br/resc/pdf/RESC000114.pdf.
1 Leitura obrigatria.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12545.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12545.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12249.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12249.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9933.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5966.htmhttp://www.inmetro.gov.br/legislacao/resc/pdf/RESC000113.pdfhttp://www.inmetro.gov.br/resc/pdf/RESC000114.pdf
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2. Garantia metrolgica
Segundo o Vocabulrio Internacional de Termos de Metrologia Legal, garantia
metrolgica o conjunto de regulamentos, meios tcnicos e operaes necessrias
para garantir a credibilidade dos resultados da medio em metrologia legal.
2.1 Regulamentos As atividades metrolgicas no Brasil tm como base legal a regulamentao
elaborada e expedida pelo Inmetro, que d suporte atuao do Estado na
implantao e no desenvolvimento das atividades da metrologia legal.
O regulamento tcnico metrolgico um documento de cumprimento
obrigatrio que estabelece as exigncias tcnicas e metrolgicas para instrumentos
de medio, para produtos pr-medidos e para atividades de metrologia legal (como
a apreciao tcnica de modelo e a superviso metrolgica). Os regulamentos
tambm estabelecem de que maneira o Inmetro executar o controle metrolgico
legal nos instrumentos de medio, ou seja, como sero feitas a apreciao tcnica
de modelo e as verificaes (no caso dos instrumentos de medio). Eles tambm
estabelecem como sero realizadas as atividades de superviso metrolgica dos
produtos pr-medidos.
As exigncias dos regulamentos devem ser cumpridas por todos os
fabricantes, importadores e detentores destes instrumentos de medio no Brasil.
Os regulamentos tm validade em todo o territrio brasileiro e alguns so adotados
tambm no mbito do Mercosul.
Atualmente a regulamentao abrange medies no campo das principais
grandezas, notadamente no que diz respeito aos instrumentos utilizados na
determinao de massa, volume, comprimento, temperatura e energia.
A regulamentao de produtos pr-medidos serve de embasamento para o
controle da indicao quantitativa e do contedo destes produtos, definindo as
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tolerncias* admitidas na sua comercializao. A regulamentao tambm
estabelece regras para a indicao correta das quantidades dos produtos nas
embalagens em geral.
*Tolerncia admitida: margem de erro aceitvel entre a quantidade indicada na
embalagem e a quantidade de produto que est realmente contida nela.
Esquema ilustrativo de reas de regulamentao e regulamentos 2.1.1 Processo de regulamentao
O processo de desenvolvimento ou reviso dos regulamentos participativo,
representativo e transparente, seguindo as boas prticas de regulamentao tcnica
aplicadas em todo o mundo. O Inmetro tem como prtica convidar as partes
interessadas (fabricantes, consumidores, entidades de classe, representantes dos
rgos delegados da RBMLQ-I, entre outros) para participar do processo de
elaborao de cada regulamento.
REGULAMENTO
TCNICO
METROLGICO
SADE
MEIO AMBIENTE
SEGURANA
TRANSAES
COMERCIAIS
PR-MEDIDOS
ESFIGMOMA-
NMETRO
OPACMETRO
MEDIDOR DE
VELOCIDADE
TAXMETRO
FARINHA DE
TRIGO
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Para proporcionar esta participao, foram criadas as Comisses Tcnicas de
Metrologia Legal (CT/ML). As CT/ML, de carter temporrio e de ordem consultiva,
devem assessorar o Inmetro no desenvolvimento, implementao e aperfeioamento
da regulamentao tcnica metrolgica para instrumentos de medio, mtodos de
medio e produtos pr-medidos, bem como regulamentao de atividades ligadas
metrologia legal.
As CT/ML so compostas por representantes do Inmetro, dos rgos
delegados, associaes do setor produtivo e de consumidores, entidades de classe
ligadas ao setor produtivo, fabricantes e importadores de instrumentos de medio,
segmento comercial, destinatrios finais, rgos do governo e meio acadmico.
Uma das diretrizes de transparncia e compromisso tico a participao das
partes interessadas tambm atravs de consulta pblica: a minuta de regulamento
publicada no Dirio Oficial da Unio e fica disponvel para sugestes no site do
Inmetro por um perodo de, normalmente, 60 dias.
Alguns instrumentos de medio regulamentados
Instrumentos de pesagem no automticos (balanas).
Bombas medidoras de combustveis lquidos.
Etilmetros (bafmetros).
Medidores de gua fria (hidrmetros).
Medidores de energia eltrica eletromecnicos e eletrnicos e sistemas
distribudos de medio de energia eltrica.
Medidores de gs domiciliares.
Medidores de presso arterial (esfigmomanmetros).
Medidores de velocidade de veculos automotivos.
Taxmetros.
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Leitura complementar
Veja a relao completa de regulamentos tcnicos metrolgicos em vigor no site do
Inmetro, na seo de metrologia legal: http://www.inmetro.gov.br/metlegal.
2.2 Meios tcnicos e operaes
Para cumprir as determinaes contidas na legislao metrolgica,
necessrio que o Inmetro e os rgos delegados em todo o Brasil disponham de
meios tcnicos adequados. Essa infraestrutura corresponde a:
- instrumentos de medio;
- laboratrios;
- padres;
- pessoal capacitado para o exerccio das funes;
- recursos financeiros.
As operaes necessrias para a garantia metrolgica so realizadas pelo
Inmetro e pelos rgos delegados e compem o chamado controle metrolgico
legal. So elas:
- controle legal dos instrumentos de medio;
- superviso metrolgica;
- percia metrolgica.
Imagem de um laboratrio com um tcnico atuando (imagem SUR-GO)
http://www.inmetro.gov.br/metlegal
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Fig. (x) Exame quantitativo de produtos comercializados em unidade massa
3. Controle metrolgico legal
D-se o nome de controle metrolgico legal ao conjunto de atividades de
metrologia legal que contribuem para a garantia metrolgica. Essas atividades so:
- controle legal dos instrumentos de medio;
- superviso metrolgica;
- percia metrolgica.
3.1 Controle legal dos instrumentos de medio
Esta atividade compreende as operaes legais s quais podem ser
submetidos os instrumentos de medio. Elas so chamadas de operaes legais
porque devem estar previstas em lei. A lei, neste caso, o regulamento tcnico
metrolgico especfico do instrumento de medio. Estas operaes so:
- apreciao tcnica de modelo;
- verificao inicial;
- verificaes subsequentes.
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3.1.1 Apreciao tcnica de modelo
Antes de produzir um novo modelo de instrumento de medio
regulamentado, o fabricante dever solicitar ao Inmetro a apreciao tcnica de
modelo, que tem como objetivo constatar se o instrumento atende s exigncias
descritas no regulamento. Este processo realizado em alguns exemplares do
instrumento.
A apreciao tcnica de modelo realizada em trs etapas: anlise da
documentao descritiva, exame geral dos instrumentos de medio e ensaios de
desempenho, que podem ser realizados nos laboratrios do Inmetro, em laboratrios
acreditados pelo Inmetro e, em alguns casos, em locais disponibilizados pelos
requerentes da apreciao, como no caso de balanas de grande porte.
Sendo aprovado nas trs etapas do processo, o modelo ter a sua aprovao
formalizada por meio de uma portaria de aprovao de modelo, expedida pelo
Inmetro e publicada no Dirio Oficial da Unio.
3.1.2 Verificao inicial
Aps a aprovao do modelo, o fabricante submete os instrumentos de
medio verificao inicial, antes de serem disponibilizados no mercado. Nesta
verificao tambm so realizados ensaios que determinaro se o instrumento
atende s exigncias regulamentares. Em caso positivo, os instrumentos recebem
marca e/ou certificado de verificao e marcas de selagem.
A verificao inicial realizada geralmente pelos rgos da RBMLQ-I.
3.1.3 Verificaes subsequentes
As verificaes subsequentes so todas as verificaes que forem realizadas
aps a verificao inicial. Existem dois tipos de verificao subsequente:
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- verificao peridica: a verificao realizada de tempos em tempos em um
instrumento de medio, com periodicidade definida no regulamento tcnico
metrolgico;
- verificao aps reparos: realizada toda vez que um instrumento sofre
algum reparo ou manuteno.
Em ambos os casos, os responsveis por submeter o instrumento s
verificaes so os detentores do instrumento de medio, ou seja, as
pessoas/empresas que o esto utilizando.
Cabe salientar que, para a realizao dos ensaios, so utilizados padres
referenciados aos padres internacionais atravs de uma cadeia de rastreabilidade.
No caso dos padres de massa, por exemplo, o peso-padro de um quilo utilizado
no Brasil comprovadamente equivalente ao peso-padro de um quilo utilizado nos
Estados Unidos, na Alemanha, em Portugal, e assim por diante. Alm disso, os
ensaios realizados nestas atividades so mundialmente consagrados: os mesmos
ensaios realizados no Brasil so executados em outros pases.
Para determinados instrumentos de medio, como o medidor de energia
eltrica e o medidor de gua (hidrmetro), existe um tipo de verificao
subsequente, chamado verificao por solicitao do usurio/proprietrio, que
realizada por solicitao do usurio ou do proprietrio do instrumento de medio.
Esta solicitao feita ao rgo da RBMLQ-I ou ao Inmetro, caso o primeiro no
tenha condies tcnicas de atender solicitao.
3.2 Limites do controle legal dos instrumentos de medio
As diretrizes para a realizao das operaes que compem o controle legal
dos instrumentos de medio devem estar previstas em lei. Assim, a atuao do
Inmetro e dos rgos delegados dever sempre ser embasada por um regulamento
tcnico metrolgico. Ou seja, no possvel realizar o controle legal em
instrumentos no regulamentados. Isso fica bem claro aps a leitura do artigo 8 da
Resoluo Conmetro n 11, de 1988:
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Os instrumentos de medir e as medidas materializadas, que tenham
sido objeto de atos normativos, oferecidos venda; empregados em
atividades econmicas; utilizados na concretizao ou na definio do
objeto de atos em negcios jurdicos de natureza comercial, civil,
trabalhista, fiscal, para fiscal, administrativa e processual; e empregados
em quaisquer outras medies que interessem incolumidade das
pessoas, devero, obrigatoriamente:
a) corresponder ao modelo aprovado pelo Inmetro;
b) ser aprovados em verificao inicial, nas condies fixadas pelo
instituto;
c) ser verificados periodicamente.2
Alm disso, antes de realizar qualquer operao, o agente metrolgico deve
observar se a utilizao do instrumento em questo est dentro do campo de
aplicao previsto.
Digamos, por exemplo, que o agente encontre um medidor de volume de
lquidos combustveis em utilizao, mas sem portaria de aprovao de modelo do
Inmetro. O agente deve conferir se a forma de utilizao que ele encontrou a
mesma prevista no regulamento especfico do instrumento, antes de iniciar qualquer
atividade do controle legal do instrumento de medio em questo.
3.3 Superviso metrolgica
De acordo com o VIML, superviso metrolgica o controle realizado na
fabricao, na importao, na instalao, na utilizao, na manuteno e no reparo
de instrumentos de medio, visando verificar se esses instrumentos so utilizados
de maneira correta, no que se refere observncia das leis e dos regulamentos
metrolgicos. A superviso metrolgica inclui o controle da indicao quantitativa e
do contedo dos produtos pr-medidos.
Acompanhando uma tendncia mundial, a Portaria Inmetro n 066, de 13 de
abril de 2005, introduziu novos conceitos para a superviso metrolgica e
2 Salvo o disposto no item 8.2.
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apresentou alternativas aos padres tradicionais do controle metrolgico,
objetivando utilizar a capacitao tcnica e a infraestrutura instalada no nosso pas
dos setores de servios pblicos de gua, energia eltrica e gs. Assim, surgiu esse
novo modelo de atuao com enfoque na superviso da execuo de atividades
metrolgicas.
Foram estabelecidas as condies a serem atendidas pelas organizaes
interessadas em executar, sob a superviso do Inmetro, parte do controle
metrolgico obrigatrio. Dessa forma, fabricantes de hidrmetros, medidores de
energia eltrica e medidores de gs domiciliares atuam na autoverificao,
enquanto as concessionrias de gua, energia eltrica e gs atuam como postos de
ensaio autorizados, desde que atendidas as condies estabelecidas no
regulamento. A proposta dessa atuao pautada no somente na avaliao do
instrumento em questo, como tambm na infraestrutura, no pessoal capacitado,
seguindo os princpios estabelecidos para sistemas de gesto tanto na qualidade
dos servios (normas da srie ISO 9000) quanto nos requisitos para laboratrios
(norma ISO/IEC 17025).
Outras formas de superviso metrolgica empregadas so a vigilncia do
mercado de instrumentos de medio e de produtos pr-medidos e a vigilncia de
instrumentos de medio em servio, que so executadas principalmente pela
RBMLQ-I.
Organograma da metrologia legal
METROLOGIA LEGAL
GARANTIA METROLGICA
CONTROLE METROLGICO
LEGAL
PERCIA METROLGICA CONTROLE LEGAL DOS
INSTRUMENTOS DE
MEDIO
SUPERVISO
METROLGICA
AUTOVERIFICAO
POSTO DE ENSAIO
AUTORIZADO
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Exemplos de instrumentos de medio passveis de superviso metrolgica:
Esfigmomanmetro
Cronotacgrafo
Hidrmetro
Medidor de energia eltrica
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3.4. Percia metrolgica
Antes de entrar propriamente no assunto percia metrolgica, vamos definir o
que uma percia. Percia um exame, uma avaliao especializada sobre
determinado objeto ou assunto. Existem diversos tipos de percia, uma delas a
metrolgica.
A percia metrolgica, que faz parte do controle metrolgico, constituda por
um conjunto de operaes que tm por fim examinar e demonstrar as condies de
um instrumento de medio e determinar suas caractersticas metrolgicas de
acordo com as exigncias regulamentares especficas.
Uma percia metrolgica pode ser feita, por exemplo, visando emisso de
um laudo para fins judiciais, bem como pode ser motivada por denncias ou
reclamaes de distribuidores ou de consumidores. Um exemplo disso o caso do
consumidor que acredita estar sendo lesado por erro de algum equipamento, como
um medidor de energia.
As percias metrolgicas so executadas pelos rgos da RBMQ-I ou pelo
prprio Inmetro, quando os rgos delegados no tm recursos. Nestes casos, os
rgos delegados utilizam a estrutura fsica (laboratrios) do Inmetro.
O rgo que faz a percia fornece o laudo de percia metrolgica, que indica
as condies em que foi efetuada a percia e relata as investigaes realizadas e os
resultados obtidos.
4. Poder de polcia administrativa em metrologia3
De acordo com o jurista Hely Lopes Meirelles, poder de polcia " a faculdade
de que dispe a administrao pblica para condicionar e restringir o gozo de bens,
atividades e direitos individuais, em benefcio da coletividade ou do prprio
Estado". No caso do Inmetro, os meios de atuao do poder de polcia so as
3 Adaptado de GUARAN, Maria Cristina Torres. Treinamento sobre aspectos legais aplicados aos
processos da metrologia legal. Treinamento ministrado no perodo de 5 a 7 de dezembro de 2011, Inmetro/Dimel - Xerm.
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medidas preventivas e as medidas repressivas.
As medidas preventivas tm o objetivo de adequar o comportamento
individual lei. So elas: fiscalizao, inspeo, ordem, notificao e autorizao. As
medidas repressivas tm a finalidade de coagir o infrator a cumprir a lei, alm da
edio de atos normativos para regramento da atividade. So elas: interdio de
atividade ou de instrumento e apreenso de mercadorias.
Em metrologia legal, as fases do poder de polcia correspondem s seguintes
atividades:
Ordem de polcia: momento em que so elaborados e publicados os
regulamentos.
Consentimento de polcia: atividade de anlise e fornecimento de aprovaes
e autorizaes, includas as verificaes. Compreende desde o processo de
apreciao tcnica de modelo at a verificao inicial e as verificaes
subsequentes.
Fiscalizao: atividade de cunho investigativo que procura identificar aqueles
que esto descumprindo regulamentos.
Sano de polcia: corresponde s aes de cunho punitivo, como multas,
apreenso de produtos e interdio de instrumentos de medio ou de
estabelecimentos.
As sanes ocorrem quando o particular deixa de cumprir as determinaes
da lei aps o exerccio dos poderes administrativos. As sanes so:
Multa: depende sempre do Judicirio para ser executada (exigir do devedor o
pagamento sob pena de penhora de bens, arrestos, bloqueio de dinheiro em
conta corrente, etc.);
Apreenso de bens;
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Apreenso de mercadorias;
Fechamento de estabelecimentos;
Proibio de fabricao;
Inutilizao de gneros.
Caso o devedor no pague a multa voluntariamente, ele dever seguir para a
inscrio na dvida ativa pblica. A execuo (cobrana) da multa depender de
ajuizamento de ao na Justia. Como exemplo, podemos citar o pagamento de
multas de autos de infrao e de servios prestados na aprovao de modelo.
Limites do poder de polcia
Como todo poder, o poder de polcia encontra limites em seu prprio
fundamento. Do poder de polcia no pode decorrer a concesso de vantagens
pessoais ou a imposio de prejuzos dissociados do atendimento do interesse
pblico.
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5. Sntese
O Inmetro, rgo do governo federal, o responsvel por todas as aes
desenvolvidas no mbito da metrologia legal no pas.
A metrologia legal tipicamente se ocupa de instrumentos de medio e de
produtos pr-medidos.
No Brasil, no modelo clssico de metrologia legal, a verificao inicial e a
verificao subsequente (peridica, aps reparo e por solicitao do usurio ou
proprietrio) so realizadas pelos rgos da RBMLQ-I. Alternativamente, para certos
instrumentos de medio, algumas operaes do controle legal podem ser
substitudas por atividades de superviso metrolgica.
Em metrologia legal, as fases do poder de polcia so ordem de polcia,
consentimento de polcia, fiscalizao e sano de polcia.
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6. Referncias
Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial
(CONMETRO). Resoluo n 11, de 12 de outubro de 1988.
Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial
(CONMETRO). Resoluo n 12, de 12 de outubro de 1988.
Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao e Qualidade Industrial
(CONMETRO). Resoluo n 05, de 05 de dezembro de 2007.
GUARAN, Maria Cristina Torres. Treinamento sobre aspectos legais aplicados aos
processos da metrologia legal. Treinamento ministrado no perodo de 5 a 7 de
dezembro de 2011, Inmetro/Dimel - Xerm.
Vocabulrio Internacional de Metrologia Legal. Portaria Inmetro n 163, de 06 de
setembro de 2005.