1 justificativa

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1 JUSTIFICATIVA Esse projeto nasceu da necessidade de investigar sobre o tema indisciplina, pois é um dos temas atuais que mais preocupam os professores e todos os envolvidos no processo de ensino. Além de transformar – se em desordem, a indisciplina dificulta a relação com o professor, aluno e aprendizagem e pode apresentar sérias complicações no desenvolvimento cognitivo, moral e social. Assim, por meio do gerenciamento na Educação Infantil pode-se resguardar que todos os alunos estejam ativamente envolvidos nas tarefas. Deste modo o professor previne as questões que desestabilizam a disciplina da sala antes que elas ocorram. O professor torna-se proativo e deixa de ser reativo. É necessário que a criança inicie o seu convívio com regras. É interessante que, ao propor uma atividade, o professor já tenha preparado o material e o ambiente em que trabalhará com o grupo. Além disso, tem que pensar o tempo de duração das atividades. E a convivência necessita do estabelecimento de algumas regras. Por meio da disciplina, a criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, aceita a existência dos outros, estabelece relações sociais constrói conhecimentos, desenvolve integralmente. A sala de aula é e sempre foi um espaço que expressa continuidade da vida, reflexo do entorno. Se assim não for, não será sala de aula verdadeira, não permitirá que o aluno contextualize em sua existência os saberes que ali aprende. (ANTUNES, 2005). Diante disso, gerou a seguinte problemática,Como resolver o problema da indisciplina na sala de aula? É essencial que se restaure a disciplina em sala de aula, que se faça desse valor um objetivo a se perseguir, não para que a sala se isole da sociedade e também não para que a aula do professor fique mais confortável, mas antes para que ali ao menos se aprenda como tentar modificar o caos urbano que o desrespeito social precipitou. (ANTUNES, 2005) O aluno indisciplinado é aquele cujas ações rompem com as regras da escola, mas também aquele que não está desenvolvendo suas próprias possibilidades cognitivas, atitudinais e morais. (GARCIA, 1999). Então, o aluno disciplinado terá um bom rendimento na

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PROJETO - INDISCIPLINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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1 JUSTIFICATIVA

Esse projeto nasceu da necessidade de investigar sobre o tema indisciplina, pois um dos temas atuais que mais preocupam os professores e todos os envolvidos no processo de ensino. Alm de transformar se em desordem, a indisciplina dificulta a relao com o professor, aluno e aprendizagem e pode apresentar srias complicaes no desenvolvimento cognitivo, moral e social.

Assim, por meio do gerenciamento na Educao Infantil pode-se resguardar que todos os alunos estejam ativamente envolvidos nas tarefas. Deste modo o professor previne as questes que desestabilizam a disciplina da sala antes que elas ocorram. O professor torna-se proativo e deixa de ser reativo. necessrio que a criana inicie o seu convvio com regras.

interessante que, ao propor uma atividade, o professor j tenha preparado o material e o ambiente em que trabalhar com o grupo. Alm disso, tem que pensar o tempo de durao das atividades. E a convivncia necessita do estabelecimento de algumas regras.

Por meio da disciplina, a criana comunica-se consigo mesma e com o mundo, aceita a existncia dos outros, estabelece relaes sociais constri conhecimentos, desenvolve integralmente. A sala de aula e sempre foi um espao que expressa continuidade da vida, reflexo do entorno. Se assim no for, no ser sala de aula verdadeira, no permitir que o aluno contextualize em sua existncia os saberes que ali aprende. (ANTUNES, 2005).

Diante disso, gerou a seguinte problemtica,Como resolver o problema da indisciplina na sala de aula? essencial que se restaure a disciplina em sala de aula, que se faa desse valor um objetivo a se perseguir, no para que a sala se isole da sociedade e tambm no para que a aula do professor fique mais confortvel, mas antes para que ali ao menos se aprenda como tentar modificar o caos urbano que o desrespeito social precipitou. (ANTUNES, 2005)O aluno indisciplinado aquele cujas aes rompem com as regras da escola, mas tambm aquele que no est desenvolvendo suas prprias possibilidades cognitivas, atitudinais e morais. (GARCIA, 1999).Ento, o aluno disciplinado ter um bom rendimento na aprendizagem e no comportamento tico, ou seja,autocontrole, hbitos de obedincia, controle da mente e do carter, que contribuir para o convvio em sociedade.

Contudo, transformar a disciplina em um valor. Isto , fazer com que seja vista como uma qualidade humana, imprescindvel convivncia fundamental para as boas relaes interpessoais. Este projeto relevante socialmente porque oportunizar maior reflexo no contexto da escola e cientificamente possibilitar compreender melhor o processo de indisciplina alm de superar lacunas sobre o tema estudado.

Este projeto ser realizado na creche turma do pr I no CMEI Joo Paulo I, localizado na Rua 13 S/N do bairro Joo de Deus. Envolvendo as disciplinas de Portugus, Matemtica, Cincias e Artes com durao de quinze dias sero colhidas as informaes com aprofessora da sala investigada e a coordenadora da instituio.

2 OBJETIVOS

2.1 GERAL:

Investigar o trabalho desenvolvido pelo professor para minimizar a indisciplina na sala de aula da educao infantil, na creche do bairro Joo de Deus.

2.2 ESPECFICOS:

Verificar que atividades so utilizadas em sala de aula para desenvolver sentimentos e atitudes necessrios a convivncia social.Identificar as causas motivadoras para o comportamento indisciplinar.Analisar fatores internos que podem interferi nas questes disciplinares da escola.

3 PROBLEMA

Que fatores que geram a indisciplina numa turma do pr I da educao infantil, numa creche em Petrolina?

3.1 QUESTES NORTEADORAS

Que atitudes docentes so usadas para melhoria comportamental dos alunos?O que deve fazer a escola para desenvolver regras na convivncia?Que atividades so mais importantes para desenvolver a concentrao e criatividade das crianas?

4 DISCURSSO TERICA

A Educao Infantil o nvel educacional que, parte integrante da Educao Bsica do Pas destinada a todas as crianas de zero a cinco anos de idade. No entanto, este nvel de ensino nem sempre ocupou um espao relevante na formao da criana, como nos dias de hoje. Seu surgimento ocorreu lentamente e foi, durante o sculo XIX, mediante significativas contribuies tericas e das mudanas polticas e econmicas dapoca, que se iniciou seu desenvolvimento.

nesta fase que a criana aumenta suas relaes sociais e adquire noes de convivncia com o coletivo. Comea tambm a desenvolver as noes de valores, de justia e de moralidade, e a aprimorar seu desenvolvimento aprendizagem, motor e cognitivo. Nesta primeira etapa da Educao Bsica, onde as crianas esto no incio de seu desenvolvimento social, as noes de disciplina j comeam a ser expostas e os atos de indisciplina j comeam a aparecer. (OLIVEIRA, 2010)

A indisciplina na etapa da Educao Infantil demonstrada de formas bem particular e diferente das que ocorrem em idades mais avanadas. Portanto, ao contrrio do que alguns possam pensar, ela j existe desde que a criana entra na escola e vira uma das maiores preocupao dos professores desta etapa, que esto focados na estimulao do desenvolvimento da criana como um todo e na educao para a cidadania.

Karlin e Berger (1977, p. 103) complementa, que algumas crianas desde que comeam a freqentar a escola, j demonstram algum tipo de indisciplina. Ento caberia ao professor desta etapa criar possibilidades da criana se desenvolver para a vida em sociedade, independente do histrico familiar de cada uma delas.

Assim como em qualquer outro lugar, o espao da Educao Infantil tambm apresenta diferentes demonstraes de indisciplina e que s podem ser percebidas se for considerado o contexto em que elas ocorrem. Os entendimentos sobre a indisciplina, segundo Vergs(2003, p. 31) variam, pois dependem da vivncia familiar de cada criana, dos costumes, da crena e da cultura em que a criana est inserida, assim como podem depender dos traos de personalidade de cada uma, das fases do desenvolvimento em que est passando e, tambm, da influncia do professor, da escola e da metodologia de ensino utilizada. H uma variedade de causas e sentidos por trs das demonstraes de indisciplina escolar e, identific-las o primeiro passo para inibi-las.

O importante identificar o que envolve um ato de indisciplina para melhor compreend-lo e defini-lo, destacando se sua manifestao se trata de uma questo pessoal da criana, familiar, relacional ou escolar. Vergs e Sana (2009, p. 35) sugerem:O que devemos entender que nenhum aluno nasce indisciplinado; ele se torna indisciplinado em determinadas situaes, dependendo do sentido da indisciplina para ele naquele momento, com vrios fatores que possam lev-lo a agir dessa forma.

Na Educao Infantil, de uma maneira geral, os atos indisciplinados envolvem a intolerncia frustrao, a necessidade de ateno, o egocentrismo ainda caracterstico da faixa etria em que se encontram as crianas, o desinteresse pela aula, a excluso do diferente, a falta de limites definidos e a falta de orientao e consistncia no ambiente familiar da criana. (ESTRELA, 1992). Outro aspecto comumente envolvido nas expresses de indisciplina, nesta fase, se refere ao desenvolvimento do esquema corporal que emalgumas crianas ainda no est completo, assim, ainda apresenta um comportamento comunicativo devido falta de coordenao motora fina, principalmente. Nestes casos, as crianas so identificadas como estabanadas, pisam nos p das outras, gostam de brincar de luta, exigindo contato fsico, atingem os outros com peas de jogos, abraam com fora, podendo machucar o colega e podem, at mesmo, ser identificadas como agressivas.

Nos outros casos, o aparecimento de indisciplina demonstra uma condio de aborrecimento, como j citado, pode ser de ordem familiar, pessoal, relacional ou escolar, revelado como desinteresse, desateno, resistncia, desrespeito e falta de empatia. Dessa forma percebe-se que no apenas o contexto familiar ou pessoal que determina a ocorrncia dos atos de indisciplina em sala de aula, como tambm, a prpria sala de aula, o professor, a metodologia de ensino e a relao pedaggica podem desencadear a indisciplina escolar. Segundo karlin e Berger (1977, p. 20), quando a aula no est interessante e atraente para as crianas, elas perdem o interesse ou ficam desmotivadas, o que as leva a agir de forma indisciplinada para demonstrar que esto insatisfeita com alguma coisa.

As demonstraes de aborrecimento que envolvem os atos de indisciplina nas crianas da Educao Infantil podem ser caracterizadas por morder, beliscar ou bater no colega, brincar de luta, destruir o material escolar, conversar enquanto a professora ou outro colega est falando, apresentarum comportamento desafiador, fazendo caretas ou respondendo mal professora e no fazer a atividade proposta em sala de aula, se recusando ou resistindo a participar.

vlido destacar que a agitao motora uma caracterstica prpria ao comportamento das crianas nesta faixa de idade que precisam brincar se movimentar e criar para extravasar a energia. A movimentao e o barulho podem ser esperado. Neste sentido, Vergs (2003, p. 32) afirma que:

a criana que questiona, pergunta e se movimenta em sala de aula, no pode ser considerada indisciplinada, porque na construo do conhecimento, a criana precisa buscar as alternativas para encontrar o melhor caminho para aprender. Agora, aquele aluno que no tem limites, no respeita a opinio e os sentimentos dos colegas, esse sim, um aluno que pode ser considerado indisciplinado.

Os momentos de brincadeiras e jogos, no parquinho ou em sala de aula constituem, facilmente, um campo de observao das manifestaes de indisciplina, pois expresses de intolerncia frustrao e desrespeito so comuns nestes ambientes na Educao Infantil, onde as crianas ainda esto desenvolvendo suas noes de moralidade. As crianas que no tm limites estabelecidos e no respeitam os colegas, a professora e as regras, e brincadeiras, elas freqentemente apresentam comportamentos indisciplinados. Cabe a escola e ao professor transmitir os valores e promover a aprendizagem das regras de convivncia social, a auto-regulagem e a autodisciplina.La Taille diz que as crianas precisam aderir as regras que implicam em valores e formas de conduta. Em outras palavras, o pensador em considerao estava dizendo que a educao deve comear desde os seus primeiros anos trabalhando, temas concernentes ao assunto. um meio de diminuir l na frente os maus comportamentos dos alunos.

As brincadeiras podem levar o acontecimento de conflitos, de desrespeito aos colegas e a agressividade. Essa demonstrao de intolerncia e frustrao que envolve o ato indisciplinado implica, entre outros fatores, a relao que a criana tem com as regras, ou seja, a no relao que a criana tem desenvolvida com a moral.

A indisciplina manifestada nesses momentos, alm de perturbar o ambiente e as relaes em sala de aula, prejudica o desenvolvimento e o processo de aprendizagem da prpria criana.

Estas crianas exigem maior ateno e estmulo para que possam se desenvolver moralmente e, conseqentemente, socialmente. O campo de relaes sociais que a Educao Infantil propicia, nas atividades, brincadeiras, lanche e higiene, recreio ou educao fsica, constitui o ambiente que a criana necessita para desenvolver todas as suas competncias e aprender a conviver com o coletivo. Parte deste desenvolvimento est o desenvolvimento moral, que envolve o processo de conscientizao das regras na criana e que, conduz as crianas autonomia e autodisciplina, faz com que as manifestaes de indisciplina se tornem cada vez mais improvveis.5 METODOLOGIA

O trabalho ser feito por meio de uma abordagem qualitativa, propondo entender como resolver o problema da indisciplina no desenvolvimento cognitivo das crianas na educao infantil, na creche Joo Paulo l, e entender a vivencia do professor em relao a isso.

A pesquisa ser realizada na creche turma do pr I no CMEI Joo Paulo I, localizado na Rua 13 S/N do bairro Joo de Deus em Petrolina Pernambuco, sero investigada a professora e a coordenadora pedaggica, para identificar como se processa a indisciplina na educao infantil e que fatores geram a indisciplina.

Para a realizao da pesquisa ser utilizado o mtodo qualitativo, sendo que esse tipo de abordagem essencial ao pesquisador, pois propicia uma interpretao melhor dos dados. Segundo Rodrigues (2006), utilizada para investigar problemas em beneficio de sua complexidade. Assim esse tipo caracterizado pela construo do conhecimento a partir de hipteses e interpretaes que o pesquisador constri.

O projeto empregar a entrevista no estruturada e observao no participante, bem como o uso do questionrio. Para a coleta de alguns dados para o trabalho, a pesquisadora observar os sujeitos desse alvo, pois a observao consiste em uma tcnica de coleta de dados a partir da observao e do registro, de forma direta, do fenmeno ou fato estudado``. (BARROS; LENFELD, 2010)

Justificase a escolha de entrevista por ser um meio em que o pesquisador obtm informaes maiscompletas e detalhadas. A entrevista uma tcnica utilizada para obter informaes por meio de uma conversa orientada com o entrevistado e deve atender a um objetivo predeterminado. O questionrio tambm um instrumento de coleta de dados. Constitudo por uma lista de questes relacionadas com o problema de pesquisa, o questionrio deve ser aplicado a um nmero determinado de informantes. (BARROS; LENFELD, 2000).

O estudo tambm contar com o dirio de campo, que importante, pois o registro de fatos observados atravs de observaes. (BARROS; LENFELD, 2000). O trabalho ser direcionado aos alunos da educao infantil, professor e coordenador.

Os dados sero analisados a partir de observao em sala de aula e entrevista com o professor e coordenador, estabelecendo-se um confronto com as leituras realizadas sobre o tema.

6 CRONOGRAMA

PERODOAGOSTOSETEMBROOUTUBRONOVEMBRODEZEMBROETAPAS1212121212Reestruturao do projetoX

Pesquisa BibliogrficaXXXXXXXXXXElaborao dos instrumentos

X

Teste dos instrumentos

X

Aplicao dos instrumentos

X

Observao das aulas entrevistas

XXX

Organizao dos dados

XX

Anlise dos dados

XXProduo final Do TCC

XXREVISO

XXIMPRESSOXENTREGA FINAL

X

REFERNCIAS

ANTUNES, Celso. A Arte de Comunicar,. Editora Vozes. So Paulo. 2005;BARROS, Cridil Jesus da Silveira; LENFELDE, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de metodologia cientifica. 2. ed. emp. So Paulo: Macron Books, 2000.DE LA TAILLE, Yves. A indisciplina e o sentimento de vergonha. In: AQUINO, Jlio Groppa (Org.). Indisciplina na escola: alternativas tericas e prticas. 14. ed. So Paulo: Summus, 1996. p. 9 24.

ESTRELA, Maria Teresa. Relao pedaggica, disciplina e indisciplina na aula. 3. ed. Porto: Porto, 1992.

GARCIA, Joe. Indisciplina na escola: uma reflexo sobre a dimenso preventiva. Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba, n. 95, p. 101 108. Jan/Abr de 1999.

KARLIN, Muriel Schoenbrun; BERGER, Regina. Como lidar com o aluno problema.traduao de Ana Ceclia de Carvalho Gontijo Belo Horizonte, interlivros,1977.

OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos. Educao Infantil: fundamentos e mtodos. 5. ed. So Paulo: Cortez, 2010.

RODRIGUES, Auvo de Jesus. Metodologia cientifica. So Paulo: Avercampy 2006.

VERGS, Maritza Rolim de Moura; SANA, Marli Aparecida. Limites e indisciplina na educao infantil. 2. ed. Campinas: Alnea, 2009.

VERGS, Maritza Rolim de Moura. Os sentidos da indisciplina na educao infantil, 2003. Trabalho de Concluso de Curso (Pedagogia) Faculdade de Cincias Humanas, Letras e Artes, Universidade Tuiuti do Paran, Curitiba, 2003.

INDISCIPLINA NA EDUCAO INFANTIL

Serrinha2013

CRESCENCIANA JUNQUEIRA SANTOS

INDISCIPLINA NA EDUCAO INFANTIL

Artigo cientfico apresentado ao Instituto Pr Saber, como requisito parcial obrigatrio para concluso do curso de Ps Graduao em Educao infantil.

Orientador: Wagner Reis

Serrinha2013

SUMRIO

RESUMO:

Com base nas metodologias aplicadas no ensino da Educao Infantil, discutiu-se ideias que se considerem importantes para compreender situaes de indisciplina com agressividade em crianas nesta fase da educao. Como suporte terico, o trabalho foi embasado em Rego, Carvalho, Camargo, Cardoso, Winnicott, Iami Tiba. O estudo da origem da indisciplina e de suas formas de manifestao na primeira infncia pode nos fornecer elementos importantes para a compreenso desse tema de modo a entender como essa mudana de comportamento inicia e se transforma em indisciplina. Por assim ser, percebe-se que um estudo profundo desses fenmenos pode auxiliar pais, professores e gestores a entenderem os elementos que levam prtica da indisciplina e encontrar solues para as mesmas.Ser feita uma entrevista semi-estruturada estabelecendo questes/temas que devemser colocadas aos participantes como instrumento que permite entrar em contato com as posies singulares de cada indivduo e devero ser somados a outros indcios sobre o Fenmeno estudado. Para tal entrevista sero utilizados dois tipos de questionrios a serem aplicados na Creche Criana Feliz I, Praa Agripino Macedo, S/N, Centro, Teofilndia - BA que atende crianas na faixa etria de dois a seis anos de idade. Diviso dos questionrios: Questionrio I Pais ou responsveis de alunos e Questionrio II Professores. vlido salientar que todo trabalho foi precedido de autorizao solicitada previamente a Coordenao da Creche citada acima e das professoras de cada uma das turmas envolvidas, bem como, foi realizado um contato com os pais das crianas selecionadas para a participao deles e dos filhos na referida pesquisa. Atravs dos dados levantados na pesquisa foi fcil verificar que existe uma conformidade entre a famlia e o comportamento dessas crianas. As mais indisciplinadas so exatamente as que no encontram em casa a segurana necessria para a formao da personalidade e na falta dessa segurana, a criana manifesta rebeldia em sala de aula como forma de chamar a ateno dos professores, visto que em casa ela no encontra apoio e orientao necessria para a formao de sua educao como cidado. J a criana que vive em um ambiente saudvel onde amparada e recebe total apoio eorientao da famlia, torna-se uma criana tranquila e disciplinada. Considerando que a funo da Instituio Infantil de promover o desenvolvimento integral das crianas em parceria com a famlia, observamos durante essa pesquisa que, a Creche no possui pessoal habilitado para lidar com essa referida adversidade que permeiam as Instituies de Educao Infantil. Sendo assim, decidi fazer meu artigo seguindo essa linha, pretendendo com esse estudo buscar estratgias, de interveno educativa, que possibilite a essas crianas, experincias promotoras das capacidades e habilidades em complementao a ao das famlias, buscando sempre respeitar a particularidade de cada uma delas.

Palavra chave: Indisciplina; Educao Infantil; Creche; Famlia;

INTRODUO

Ao nos preocuparmos com o fator indisciplina na educao infantil, perodo em que a criana se encontra em processo de formao, estaremos trabalhando na construo do prprio sujeito, envolvendo valores e o prprio carter necessrio para o seu desenvolvimento integral. Por essa razo tentaremos compreender, sentir, fazer e repartir esse processo de formao. H um ditado chins que diz, se dois homens vem andando por uma estrada, cada um carregando um po e, ao se encontrarem, eles trocam os pes, cada homem vai embora com um; porm, se dois homens vierem andando por uma estrada, cada um carregando uma ideia e,ao se encontrarem, eles trocam as ideias, cada homem vai embora com duas. Quem sabe esse mesmo o sentido do nosso fazer: repartir ideias para todos terem po... (CORTELA, 1998, p. 159).O presente estudo teve como objetivo identificar e compreender os diferentes tipos de indisciplina apresentados por crianas de uma referida creche para intervir de forma benfica. Temos conscincia de que as atitudes do docente na sala de aula e dos pais ou responsveis em casa podero interferir de forma positiva ou negativa no processo cognitivo e afetivo da criana e para comprovar o que est sendo dito, realizou-se uma pesquisa de campo em uma creche da zona urbana na cidade de Teofilndia-BA, que teve como objetivo especfico: 1- Analisar a histria de vida e os diferentes comportamentos apresentados pelas crianas na referida creche e em seu ambiente familiar, sejam eles observveis diretamente ou inferidos a partir de gestos, postura corporal ou outras formas de linguagem. 2- Conhecer a dinmica familiar de uma criana considerada indisciplinada e de outra considerada disciplinada. 3- Buscar compreender quais aspectos influenciou essa criana a manifestar a indisciplina. 4- Contribuir esclarecendo os motivos pelos quais os professores tem sido alvo de atos agressivos dos alunos e ao mesmo tempo tentar intervir mostrando caminhos para que se possa corrigir esse tipo de comportamento.Durante a pesquisa,buscou-se tericos que se aprofundaram ao tema indisciplina. Afinal o que vem a ser indisciplina? Segundo o Dicionrio Aurlio procedimento, ato ou dito contrrio disciplina, desobedincia, rebelio.O conceito de indisciplina, no uniforme e nem universal. Ela se relaciona com o conjunto de valores e experincias que variam ao longo da histria, entre as diferenas culturais e numa mesma sociedade, nas diversas classes sociais. No plano individual, a palavra indisciplina pode ter diferentes sentidos que dependero das vivncias de cada sujeito e do contexto em que foram aplicados. (REGO, 1996, p.84).Os traos de cada ser humano esto vinculados ao aprendizado do seu grupo cultural. Diante disso, possvel afirmar que o comportamento indisciplinado do indivduo depender de sua histria e das caractersticas sociais em que est inserido. O ser humano vai adquirindo a indisciplina atravs das influncias que recebe no decorrer do seu desenvolvimento em seu mbito familiar ou no espao escolar. De acordo com o socilogo francs Franois Dubet (1997), a disciplina conquistada todos os dias, preciso sempre lembrar as regras do jogo, cada vez preciso reinteress-los, cada vez preciso ameaar, cada vez preciso recompensar. Isso nos faz analisar o quanto importante o respeito s regras dentro de uma instituio para que seu funcionamento seja positivo. Segundo Iami Tiba (1996) adisciplina escolar como um conjunto de regras que devem ser obedecidas tanto pelos funcionrios quanto pelos pais e alunos para que o aprendizado escolar tenha xito. Portanto, a disciplina escolar uma qualidade de relacionamento humano entre o corpo docente e os alunos em uma sala de aula.

DESENVOLVIMENTO

A indisciplina representa uma grande ameaa desobedincia s regras estabelecidas. A famlia transmite valores s crianas e a escola transmite conhecimento histrico, cientfico, social e moral. As crianas que no seu seio familiar no so amadas e no compartilham valores, consequentemente sero alunos com problemas afetivos e se sentiro desprotegidos, com dificuldade de manter relaes sociais positivas com os outros. Carvalho, (1996, p.138), relata a importncia de criar formas prprias de enfrentar os casos de indisciplina. De acordo com Rego (1996) os chamados pais autoritrios valorizam a obedincia com normas e regras, sem se preocupar em explicar s crianas os motivos das ameaas, dos castigos e das imposies. A importncia que a educao familiar tem sobre o indivduo, do ponto de vista cognitivo, afetivo e moral muito grande, porm, as influncias que caracterizaro os jovens ao longo de seu desenvolvimento no sero somente as vivenciadas na sua famlia, mas tambm as aprendizagens dos diferentes contextos sociais, como naescola. Sendo assim, uma relao entre professores e alunos baseada no controle excessivo, da ameaa, da punio ou tolerncia permissiva, provocar reaes diversas. Para Rego (1996), a escola e os educadores precisam adequar as suas exigncias s possibilidades e necessidades dos alunos. Devem dar condies para que os alunos construam e interiorizem os valores e as posturas consideradas corretas na nossa cultura (atitudes de solidariedade, cooperao, respeito aos colegas e professores). De acordo com Rego (1996), os educadores precisam ser coerentes entre sua conduta e a que espera dos alunos, pois atravs da imitao dos valores externos que a criana aprende ser normal.Donald Woods Winnicott, psiquiatra infantil, apresenta sua concepo de criana normal:Uma criana normal se tem a confiana do pai e da me, usa de todos os meios possveis para se impor. Com o passar do tempo, pe prova o seu poder de desintegrar, destruir, assustar, cansar, manobrar, consumir e apropriar-se. Tudo o que leva as pessoas aos tribunais (ou aos manicmios, pouco importa o caso) tem o seu equivalente normal na infncia, na relao da criana com seu prprio lar. Se o lar consegue suportar tudo que a criana pode fazer para desorganiz-lo, ela sossega e vai brincar; mas primeiro os negcios, os testes tem que ser feitos e, especialmente, se a criana tiver alguma dvida quanto estabilidade da instituioparental e do lar (que para mim muito mais do que a casa). Antes de mais nada, a criana precisa estar consciente de um quadro de referncia se quiser sentir-se livre e ser capaz de brincar, de fazer seus prprios desenhos, ser uma criana irresponsvel. (WINNICOTT, 1946, p. 121)Winnicott diz o quanto importante o ambiente familiar para um perfeito desenvolvimento psicolgico da criana, pois, possibilitam um sentimento de segurana e de amparo e somente desse modo a criana vai se sentir a vontade porque por mais que ela fantasie seu mundo, o ambiente se manter estvel. Todavia, quando isso no ocorre, a criana vai se tornar indisciplinada e arredia em outros ambientes, no meio de outras pessoas para tentar encontrar um quadro de referncia:Ao constatar que o quadro de referncia se desfez, ela deixa de se sentir livre. Torna-se angustiada e, se tem alguma esperana, trata de procurar um quadro de referncia fora do lar. A criana cujo lar no lhe ofereceu um sentimento de segurana busca fora de casa s quatro paredes; ainda tem esperana e recorre aos avs, tios e tias, amigos da famlia, escola. Procura uma estabilidade externa sem a qual poder enlouquecer. Fornecida em tempo oportuno, essa estabilidade poder ter crescido na criana como os ossos em seu corpo, de modo que, gradualmente, no decorrer dos primeiros meses e anos devida, ter avanado da dependncia e da necessidade de ser cuidada, para a independncia. frequente a criana obter em suas relaes e na escola o que lhe faltou em seu prprio lar. (WINNICOTT, 1946, p. 121)Essa citao refora o motivo que leva uma criana a apresentar um comportamento hostil. Winnicott v isso como uma forma de comunicao da realidade interior dessas crianas, que assim agem por desespero, tentando encontrar o sentimento de segurana que no encontrou em seu lar. Winnicott cita outro ponto que ressalto a importncia do ambiente familiar para a criana:De fato, a partir das coisas aparentemente pequenas que ocorrem no lar e em torno dele que a criana tece tudo que uma imaginao frtil pode tecer. O vasto mundo um excelente lugar para os adultos buscarem uma fuga para o tdio mas, geralmente, as crianas no sabem o que seja o tdio e podem ter todos os sentimentos de que so capazes entre as quatro paredes de seu quarto , em sua prpria casa, ou apenas a alguns minutos da porta da rua. O mundo ser mais importante e satisfatrio se for crescendo, para cada indivduo, a partir da porta de casa, ou do quintal dos fundos... Sim, a imaginao de uma criana pode encontrar amplo campo de atividade no pequeno mundo de atividade de seu prprio lar e da rua em frente; e, de fato, a segurana real propiciada pelo lar que libera a criana para brincar e desfrutar de outrasmaneiras de sua habilidade para enriquecer o mundo sado de sua prpria cabea. (WINNICOTT, 1945, p. 54)Isso nos faz ver o quanto criana se sente aceita e segura quando consegue experimentar suas outras habilidades de imaginao e criao e assim ampliar seu conhecimento do mundo e de si mesma. Os pais tm a funo de dar amor, carinho e limites sem agredi-las:s vezes, a agresso se manifesta plenamente e se consome, ou precisa de algum para enfrent-la e fazer algo que impea os danos que ela poderia causar. Outras vezes os impulsos agressivos se manifestam abertamente, mas aparecem sob a forma de algum tipo de oposto... As aparncias podem variar, mas existem denominadores comuns nos problemas humanos. Pode ser que uma criana tenda para a agressividade e outra dificilmente revele qualquer sintoma de agressividade, desde o princpio, embora ambas tenham o mesmo problema. Acontece simplesmente que essas crianas esto lidando de maneiras distintas com suas cargas de impulsos agressivos. (WINNICOTT, 1964, p. 97)Ao analisarmos o que diz o psiquiatra infantil, podemos afirmar que a disciplina ou indisciplina depende do ponto de vista de quem analisa a situao, depende do contexto e dos sujeitos envolvidos. Porm, alunos e sociedade no podem esquecer que a finalidade principal da escola a preparao para o exerccio da cidadania e para serem cidados, precisa de conhecimento, respeitopelo espao pblico, tica, normas e relaes interpessoais. Paulo Freire diz: (...) bom senso. Autoridade no pode ser entendida como autoritarismo (FREIRE, 1996, p. 14). O professor precisa perceber em certas ocasies os pontos falhos do aluno e ao invs de reprimi-lo, tem que ajud-lo com humildade e tolerncia. Temos sentimentos, desejos e necessidades e, esses sentimentos precisam ser respeitados tanto pelo educador quanto pelo educando, pois a maneira como nos relacionamos que mostra os resultados dessa relao. Segundo Freire:O professor autoritrio, o professor licencioso, o professor competente, srio, o professor incompetente, irresponsvel, o professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrtico, racionalista, nenhum desses passa pelos alunos sem deixar sua marca.(FREIRE, 1996, p. 73)

O professor traz dentro dele toda sua histria de vida e desconhece totalmente a vida do aluno. Segundo Charlot:Um educador no apenas uma criana de tal famlia, no apenas o membro de um grupo scio cultural. Ele tambm sujeito com uma histria pessoal e escolar. um aluno que encontrou na escola tais professores tais amigos, tais aulas, e que teve surpresas boas e ms. uma criana que cujos pais disseram que o que se aprende na escola muito importante para a vida, ou ao contrrio, que no serve para nada. umacriana que tem muitos irmos ou irms ou no, que so bem sucedido na escola ou no, e o que pode ajudar a criana ou no, ... (CHARLOT, 2002. p. 28)

Ao refletirmos no que disse Charlot, todo educador precisa rever suas prticas pedaggicas. A busca de especializao para atuar na Educao Infantil muito importante para tentar amenizar alguns problemas de indisciplina em sala de aula. Iami Tiba (1996) diz que os grandes responsveis pela educao dos jovens, a famlia e a escola, no esto sabendo cumprir o seu papel. O que se observa hoje a falncia da autoridade dos pais em casa, do professor na sala de aula e do orientador na escola. Para Iami, tanto os fatores externos quanto os internos podem influenciar no comportamento de uma criana. Dependendo do mimo e do trato, a criana pode ser mais ou menos indisciplinada. Toda criana ao sair do seio familiar, entra em um mundo totalmente diferente e em virtude disso, o profissional da educao, o professor, deve ser tico, humilde, conhecedor de seus limites. Iami Tiba faz referncia gerao de pais que confundem autoridade com autoritarismo e optam por no colocar limites nos filhos: Cabe os pais delegar ao filho tarefas que ele j capaz de cumprir. O que ele aprendeu dele. A me deveria ficar orgulhosa pelo seu crescimento, em vez de se sentir lesada por no ser mais til. (TIBA, 1996, p.35). por isso que os pais nunca devem fazertudo pelo filho, basta ajud-lo at o ponto em que ele consiga realizar suas tarefas sozinhos para adquirir auto-confiana e elevar sua auto-estima. Iami tambm cita: Nenhuma criana nasce folgada, ela aprende a ser. A indolncia constante no natural. Resulta da dificuldade de realizar seus desejos. A criana s pode ser considerada folgada quando conhece as suas responsabilidades e no as cumpre. (TIBA, 1996, p.37). A partir do momento que os pais no impem limites e regras, o filho torna-se folgado: O filho torna-se folgado porque deixou de fazer o que capaz e precisa executar, e a me torna-se uma sufocada porque precisa dar tarefas que no lhe cabem mais, alm de muitas outras atividades. (TIBA, 1996, p. 39).Hoje em dia, os pais esto permitindo perder a prpria autoridade. Costuma-se ouvir muitos pais se queixarem que os filhos querem a qualquer custo um determinado objeto, e os pais que acostumaram a fazer todos os gostos do filho, sempre movido por uma desculpa, acaba cedendo aos caprichos do filho mimando-o. Atualmente, com a perda da autoridade paterna, os filhos que se tornam implacveis com os pais. Quando o pai tenta impor uma disciplina, negando algo para o filho acostumado a ter de tudo, este v o pai como um empecilho e tenta elimin-lo. Tiba relata que:

Nessas ltimas dcadas, a mulher emancipou-se e ganhou destaque scio econmico, profissional e cultural, mas namaioria o instinto materno ainda fala mais alto do que todas as suas conquistas. Em virtude desse instinto que ainda hoje as mulheres se sentem to culpadas por ficarem longe dos filhos.(TIBA, 1996, p. 40)

Os pais, cada vez mais ausentes dos filhos devido jornada de trabalho ou separaes, esto causando a desestruturao das famlias e assim, se sentem culpados. Esse sentimento de culpa leva os pais a fazerem mimos tentando amenizar a situao, e isso obriga o educador capacitar-se, buscar habilidades e principalmente gostar de ser professor para lhe dar com esse tipo de comportamento. A criana j vem de casa com seus mimos, todo folgado, totalmente cheios de vontade. Segundo Rossini (2001), crianas gostam de professores que lhe dem limites. preciso que o profissional da educao estabelea regras, faa combinados adotem um padro bsico de atitudes perante as indisciplinas mais comuns. Quando um aluno no cumpre os combinados, ultrapassam os limites, ele no est simplesmente desrespeitando um professor em particular, mas as normas da escola. Assim cabe ao professor atuar com competncia profissional e coerncia, sentindo-se responsveis pelo que ocorre ao seu redor e os pais tm a grande responsabilidade de est ciente de tudo que se passa com o filho na unidade escolar. Mas a realidade totalmente diferente, pois, os pais trabalham muito e tm menos tempo para dedicar educaodos filhos e querem que a escola assuma a funo que deveria ser deles: a de passar para a criana os valores ticos e de comportamento bsicos.Com o propsito de buscar formas e mtodos que possam ajudar a amenizar esse tipo de comportamento de forma saudvel, devemos reforar qual a principal funo das instituies de educao infantil: As crianas de zero a seis anos de idade tm necessidades especficas de cuidados, cabendo aos seus responsveis proporcionar situaes que lhes auxiliem a adquirir capacidades motoras (sentar, andar, controlar os esfncteres msculos circulares que aperta as cavidades a que corresponde) psquicas, (falar, pensar) e sociais (estabelecer relaes com outras pessoas). Essas instituies de Educao Infantil so reconhecidas na Constituio Federal de 1988 e dispe seus objetivos e normas de funcionamento disciplinado pela Lei de Diretrizes e Base da Educao Nacional. Segundo seu artigo 4: O dever do estado com a educao escolar pblica ser efetivado mediante a garantia de: [...]; IV Atendimento gratuito em creches e pr-escolas s crianas de zero a seis anos de idade. (LDBEN n 9394/96. Art. 04).Quanto sua finalidade, oferta e forma de avaliao foram definidas da seguinte forma:

Art. 29. A Educao Infantil primeira etapa da educao bsica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criana at seis anos de idade, em seus aspectos fsico,psicolgico, intelectual e social complementando a ao da famlia e da comunidade.Art. 30. A Educao Infantil ser oferecida em:I- creches ou entidades equivalentes, para crianas de at seis anos de idade;II- pr-escolas, para crianas de quatro a seis anos de idade.Art. 31. Na Educao Infantil a avaliao far-se- mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoo, mesmo para o acesso ao ensino fundamental.

Conforme o que nos diz a LDBEN, os profissionais da rea devem est revendo com frequncia suas prticas pedaggicas, ter como objetivo maior, propiciar um atendimento de qualidade, socializar e nortear o trabalho educativo criando estratgias que melhorem as condies de trabalho j que as mes entregam seus filhos nas creches confiando nas boas condies e cuidados em que os mesmos iro receber. Isso nos leva a acreditar o quanto importante o planejamento das atividades a serem desenvolvidas na instituio. Rego chama ateno a isso:O comportamento indisciplinado est diretamente relacionado ineficincia da prtica pedaggica desenvolvida: propostas curriculares problemticas e metodologias que subestimam a capacidade do aluno (assuntos pouco interessantes ou fceis demais), [ ...], constante uso de sanes e ameaas visando ao silncio da classe, pouco dilogo etc. Isso aponta que em toda indisciplina existe uma razo que precisa serinvestigada. (REGO, 1996, p. 100) muito importante inovar, criar, buscar incessantemente meios para no deixar o aluno ansioso. Uma das formas de inovao a incluso de jogos no planejamento da creche. Vejamos o que nos diz Freire:Professores realmente preocupados com o desenvolvimento das caractersticas humanas, ao invs de tentarem eliminar o carter competitivo dos jogos, deveriam procurar compreend-lo e utiliz-lo para valorizar as relaes. Creio ser mais educativo reconhecer a importncia do vencido e do vencedor do que nunca competir. (FREIRE, 1997, p. 153).A insero de jogos nas aulas de educao infantil uma forma de fazer com que o aluno trabalhe o corpo e a cabea, podendo ser cooperativo ou competitivo, pois apesar dos jogos cooperativos possurem inmeras vantagens, no pode, simplesmente, deixar de lado os jogos com carter competitivo, pois se eles forem trabalhados de maneira adequada, a criana incorpora, igualmente, valores importantes para a vida, como a importncia do vencedor e do vencido, a cooperao entre os colegas e o respeito para com todos os jogadores.O professor deve oferecer em seu planejamento oportunidades para estimular todos os sentidos da criana, principalmente o tato, que transmite segurana, Carvalho e Rubiano (1994) diz que medida que caractersticas fsicas do ambiente convidam ao toque, aumenta a sensao de segurana, permitindo criana explorar o espao mais prontamente. A ludicidade uma das maneiras de se explorar os sentidos das crianas. Ferreira diz:Brincar um dos meios de realizar e agir no mundo, no unicamente para as crianas se prepararem para ele, mas, usando-o como um recurso comunicativo, para participarem da vida quotidiana pelas verses da realidade que so feitas na interao social, dando significado s aes. Brincar parte integrante da vida social e um processo interpretativo com uma textura complexa, onde fazer realidade requer negociao do significado, conduzido pelo corpo e pela linguagem. ( FERREIRA, 2004, p. 84)Toda criana usa a brincadeira como principal modo de ao. Elas no fazem distino entre brincar e levar a srio, no consegue separar o real do imaginrio e acabam utilizando-as naturalmente.Ao considerar pertinentes essas reflexes, relatam-se os resultados obtidos na entrevista semi-estruturada que permitiu refletir sobre a histria de vida de dois alunos em seu ambiente familiar e na Instituio de Educao Infantil (Creche Criana Feliz I , Praa Agripino Macedo, S/N, Centro, Teofilndia BA) que atende crianas na faixa etria de dois a seis anos de idade, no qual os pais ou responsveis dos referidos alunos responderam a um determinado questionrio e dois professores responderam a outro tipo de questionrio. vlido salientar que todo trabalho foi precedido deautorizao solicitada primeiramente a Coordenao da Creche. Ademais, antes de cada um dos procedimentos, foi solicitada a autorizao das professoras de cada uma das turmas envolvidas bem como foi realizado um contato com os pais das crianas selecionadas para a participao deles e dos filhos na referida pesquisa.

Indisciplina de Joo Paulo: comportamento (relaes no ambiente familiar e na creche).A me de Joo Paulo, apesar de manter um contato frequente com o filho, est envolvida em um ambiente de alcoolismo e de agressividade com o marido. O pai de Joo Paulo representa uma ameaa constante, onde palavres fazem parte do vocabulrio dessa famlia. A me tem trs filhos e Joo o segundo. Testemunha de constantes brigas dos pais, que utilizavam armas frias, Joo j relatou detalhes dessas brigas na creche. Em virtude dessa total falta de estrutura familiar, o mesmo chegou ao ponto de ameaar matar a prpria me caso ela no desse o que ele queria.Sabemos que para obter disciplina em qualquer ambiente em que vivemos devemos falar de respeito e cada pessoa vem junto com sua vida intelectual, afetiva e religiosa uma vida moral e Joo, aos cinco anos de idade, no est tendo esse direito e, por conta disso, se tornou uma criana excessivamente inquieta, agitada e indisciplinada, que se destaca do grupo pela dificuldade de aceitar e cumprir as normas da creche devido a vivncia e experincia de suacasa. Ele no consegue produzir o esperado para sua idade, e isso representa um desafio constante para professores e gestores da creche. Sua idade cronolgica (a que fornece uma estimativa aproximada do nvel de desenvolvimento do indivduo, que pode ser mais precisamente determinado por outros meios, tais como idade ssea, dental, sexual e motora) no condiz com a estrutura cognitiva prvia. O modo como Joo explorava os objetos, a curiosidade diante de situaes novas no indicavam um desenvolvimento cognitivo adequado, sua inabilidade social comprometia todas essas qualidades. Joo no conseguia dominar os conhecimentos escolares de reconhecimento de cores, de letras e nmeros. Alm de todos esses problemas, Joo Paulo apresentava srios transtornos; no conseguia controlar os esfncteres: fazia xixi na roupa, sujava sua cueca de cco, no tinha noo alguma de higiene e o pior deles era a constante evacuao de fezes com um odor insuportvel. No decorrer dessa pesquisa a professora descobriu que Joo fazia as necessidades na cueca porque a me no deixava utilizar o sanitrio e mandava os filhos fazer as necessidades fisiolgicas no matagal que tinha prximo da residncia e assim, na creche, Joo se sentia amedrontado no momento de evacuar e com medo acabava defecando na cueca. Esse constrangimento deixava-o aborrecido porque os colegas riam e isso o irritava levando-a a cometer vrios atos deindisciplina.Atravs dos dispositivos legais da LDBEN e de alguns estudiosos da rea como Carvalho e Rubiano, (1994) e Faria, (1999) evidenciam a importncia das Instituies de Educao Infantil promoverem o desenvolvimento integral pela dupla funo de cuidar e educar. O cuidar no sentido mais amplo deve ser pensado como a necessidade de acrescentar no projeto pedaggico das creches aes direcionado tanto para a satisfao das necessidades fisiolgicas e de higiene quanto para o desenvolvimento psicolgico e emocional das crianas e para tanto preciso que essa instituio incremente atividades de cuidado para assegurar-lhe um melhor desenvolvimento. Deve-se pensar em atividades de promoo e socializao.Analisando as idias de Winnicott quanto tendncia anti-social, a indisciplina de Joo Paulo mostra como ele sempre busca chamar a ateno na creche j que em casa ele no encontra a segurana e a aceitao necessrias para tranquiliz-lo e preciso que os responsveis possuam firmeza e tranquilidade ao mesmo tempo, para proporcionar s crianas atividades rotineiras capazes de transmitir segurana, sentimento de confiana bsica to fundamental nas atividades cotidianas.Disciplina de Tatiane: comportamento (relaes no ambiente familiar e na creche).Tatiane uma criana modelo na creche. Sua obedincia, sua educao, seu compromisso e seu controle nos movimentos e na fala reforam oconceito de aluna disciplinada. No entanto, em casa ela se mostrava uma menina extrovertida, agitada e direta. Ela se encaixa na idia de Winnicott quanto criana normal que provoca, manobra tentando se impor.Tatiane interagia e se relacionava bem com a turma, cumpria os combinados, contava suas faanhas de final de semana, inventava histrias, repartia os brinquedos e sempre estava com suas atividades de casa em dia.A reflexo sobre a disciplina de Tatiane na creche e seu comportamento em casa refora o entendimento de que a criana deve est inserida em um ambiente saudvel que lhe proporcione maior satisfao e lhe d limites: Para chegar birra, a me foi uma indisciplinada: proibiu e deu, proibiu e deu. Desrespeitou suas proibies, ensinando seu filho a fazer o mesmo: desrespeit-la. (TIBA, 1996, p. 38). Como Tatiane sempre encontrou em casa um ambiente equilibrado, onde as regras eram sempre cumpridas e o lazer um direito dela, no foi difcil para Tatiane se adequar aos combinados da creche. A me de Tatiane relata que nunca deixou a filha ditar as regras, sempre teve autoridade para com a mesma e concedia sempre o direito de ser criana alegre e feliz. Segundo Iami Tiba:Quando os pais se submetem aos caprichos do filho, ele fica caprichoso tambm em relao s outras pessoas. Seu pensamento pode ser traduzido assim: Se at meus pais que podem mandar em mim no mandam, quem sovocs para mandar em mim? Sentem-se ento, o poderoso da casa. (TIBA, 1996, p. 58)

Precisamos est nos policiando quanto educadores, pois, as crianas copiam o comportamento dos adultos;Filhos folgados e internamente inseguros fora de casa podem se submeter timidamente ao primeiro que lhes colocar um limite, um amigo ou professor, por incapacidade de se defender. Entretanto, como as crianas usam tudo a seu favor, s vezes acontece o inverso: em casa se submetem e descontam depois na escola.(TIBA,1996, p. 59)

Ao refletirmos sobre a vida dessas duas crianas, observa-se o quanto importante se conhecer a realidade dos alunos e como importante se colocar nas atividades infantis brincadeiras de faz-de-conta e jogos ldicos para se garantir um desenvolvimento psicolgico saudvel. Vygotsky (1984) considera as experincias sociais como um elemento que influencia tanto na maturao e aprimoramento do desenvolvimento emocional quanto no desenvolvimento intelectual.

CONSIDERAES FINAISCom isso, ao realizar esse trabalho, gostaria de apresentar minha avaliao em relao ao que diz os tericos que me ajudaram a escrever esse artigo sobre a Indisciplina na Educao Infantil. Rego (1996, p. 100) defende que o comportamento indisciplinado est diretamente relacionado ineficincia da prtica pedaggica desenvolvida: propostas curriculares problemticas[...], constante uso de sanes e ameaas, etc. (REGO,1996, p. 100); Iami Tiba (1996) argumenta a disciplina escolar um conjunto de regras que devem ser obedecidas tanto pelos professores quanto pelos alunos para que o aprendizado escolar tenha xito. Freire nos diz: O professor tem que entender, em certas ocasies, pontos falhos do aluno. Ao invs de reprimi-lo, tem que ajud-lo com humildade e tolerncia. (FREIRE, 1996). Os estudiosos levam-nos a entender a importncia das interaes sociais como fonte de desenvolvimento e transformao social. Os problemas estudados indicam que a infncia um perodo peculiar, e por isso deve ser definido atravs da vivncia de cada criana. De acordo com os tericos acima, ficou constatado que os professores devem buscar inovao, habilidades, capacitao. Vejamos o que nos diz Freire:Professores que ministram uma boa aula, uma aula que faa sucesso entre os alunos e pronto; trata-se de uma preparao para a vida, de dar a eles condies de tornarem-se cidados autnomos, oferecer conhecimentos que se incorporem vida, possibilitando-os serem livres, decidindo de acordo com a sua prpria conscincia, ou seja, educar mais que transmitir contedos, ensinar a viver (FREIRE, 2005, p. 06).Freire nos leva a ver que o professor deve demonstrar segurana naquilo que est fazendo, para ser respeitado por seus alunos desde o primeiro dia de aula e paraisso faz-se necessrio um bom planejamento, ambiente adequado, estrutura, material didtico suficiente e criao de normas que possam ser cumpridas com eficincia.No basta apenas o professor est interessado na boa disciplina e no bom andamento do aluno, mas, toda a creche juntamente com a famlia. na sala de aula que se ajuda a construir futuros cidados com personalidade, onde vo aprender a limitar seus instintos que so impulsivos e necessitam de correo desde a primeira infncia, a comear pela famlia.Ao levar os pais a participar de encontros, palestras, reunies e troca de experincias com outros pais, eles sairo fortalecidos e sentiro que no esto sozinhos nessa luta. exatamente a que entra a importncia do Gestor. Ele precisa ter muita criatividade, iniciativa, bom humor, respeito humano e disciplina para conscientizar os pais frequentarem a instituio que o filho estuda, com o objetivo de participar de eventos que os auxiliaro a superar e resolver alguns problemas de indisciplina em seu ambiente familiar.Tendo nesse artigo informaes sobre o comportamento de duas crianas diferentes em seu ambiente familiar e na creche, fica reforada a necessidade de integrao entre famlia e instituio no que se refere garantia de vnculos de qualidade. Para isso preciso que se criem polticas pblicas concretas e urgentes para auxiliar e organizar melhor a atuao e aintegrao dessas instituies.Vimos que o estudo da indisciplina e suas diferentes formas de manifestao na primeira infncia nos fornecem elementos importantes para auxiliar pais, professores e gestores a encontrar solues para as mesmas. Destaco a necessidade da sociedade e do estado agirem de modo a subsidiar a atuao dessas instituies melhorando o processo pedaggico, criando cursos profissionalizantes e estabelecendo medidas concretas para apoiar as famlias e melhorar a qualidade de vida das pessoas.Por fim, recomendamos o aprofundamento de estudos sobre a indisciplina na Educao Infantil que podero trazer novos olhares, com novas abordagens e que esses possam servir como alavanca propulsora de novas reflexes para essa questo polmica, no como frmula mgica, mas, que seja questionada, provada e quem sabe, aprovada, j que o meu objetivo identificar e compreender os diferentes tipos de indisciplina apresentados pelas crianas das creches para intervir de forma benfica.

REFERNCIAS

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1 INTRODUO

Com reflexes sobre a indisciplina na educao infantil, buscamos discutir sobre a necessidade de ampliao da viso critica em relao indisciplina, alm de atentar para a questo do papel da escola, pais e da relao professor-aluno nesta estabelecida.A escola sofre reflexos do meio em que est inserida. O problema disciplinar , frequentemente, repercusso dos conflitos da famlia e do meio social envolvente.As pessoas que rodeiam o aluno, mais propriamente as pessoas de famlia, influem muito no seu comportamento, pois a criana nasce no seio desta, sendo, portanto, os pais os primeiros educadores. A extraordinria influncia dos que quotidianamente tratam com os alunos reflete-se em muitos dos atos praticados por eles. A ao da Famlia comea desde o bero, muito antes da ao da Escola. Sendo a importncia da ao familiar na tarefa educativa reconhecida pela Escola, impe-se uma ntima colaborao, que dever significar a ajuda mtua na consecuo do ideal educativo.Para uma educao idealmente construda, a disciplina deveria ser conseqncia voluntria da escolha livre e, como consequncia da disciplina, a liberdade deveria enriquecer-se de possibilidades, no sendo antagnicos os dois princpios de liberdade e de disciplina.O clima da aula deve ser de liberdade e de tolerncia, de modo a permitir que os alunos tomem conscincia dos seus valores e ajam em sintonia com eles. A autonomia conduz autodisciplina, no significando, no entanto, que o professor tenha uma atitude de indiferena, ou de apatiaperante os alunos. Pelo contrrio, as suas atitudes, embora democrticas, devem ser firmes.Nos nossos dias, cada vez mais difcil estabelecer a disciplina e faz-la respeitar. Com o efeito da evoluo das condies gerais de vida, em todos os meios, as crianas tornaram-se mais independentes, menos dispostas a obedecer autoridade dos adultos.Hoje, vive-se numa sociedade em que a unidade familiar se encontra desgastada, sem que o lar possa oferecer aconchego, uma vez que os pais, graas s deslocaes para o emprego e s longas jornadas de trabalho que lhes asseguram a subsistncia, deixam de estar presentes nos momentos mais difceis.Este tema , sem dvida, demasiado vasto. Tendo em considerao a sua amplitude, sero tratadas apenas algumas vertentes, no numa perspectiva de meta de chegada de conhecimentos definitivos, mas de ponto de partida para outras abordagens interativas do ato educativo. Como a indisciplina constitui, atualmente, uns dos problemas mais graves que a Escola enfrenta, no podiam deixar de ser referidos, tambm, os efeitos negativos que ela produz em relao aos docentes.Portanto, o objetivo que ora se prope o presente trabalho ser identificar concepes de disciplina e como professores, pais e alunos as incorporam no seu cotidiano.Para tanto, tivemos como base os estudos de Groppa (1996) e de Estrela (1994), nos quais, atravs da abordagem qualitativa, procuramos demonstrar as vrias possibilidades de entendimento sobre o tema proposto, alm de discutir a questo da disciplina e da indisciplina como elementopertencente ao processo educativo, e por isso mesmo, fomentador deste.O presente trabalho consta de Introduo, na qual apresentamos o tema, a justificativa e os objetivos da pesquisa.Captulo 1. A Trajetria da Pesquisa (justificativa)Capitulo 2. Indisciplina escolar, no qual desenvolvemos reflexes acerca dos vrios aspectos em que pode ser considerada a indisciplina e a disciplina, alm dos efeitos sobre os docentes.Capitulo 3. Onde fala da diferena entre autoridade e autoritarismo na prtica do docente e tambm do papel da escola e da relao professor-aluno.Capitulo4. Referencial terico (A Participao dos pais na Ed. Escolar)

CAPITULO I A TRAJETRIA DA PESQUISA

1.1 JUSTIFICATIVA

Historicamente, a escola e a famlia, tal qual as conhecemos hoje, so instituies que surgem, com o advento da modernidade, ambas destinadas ao cuidado e educao das crianas e jovens. Na verdade, escola coube a funo de educar a juventude na medida em que o tempo e a competncia da famlia eram considerados escassos para o cumprimento de tal tarefa. Os saberes diversos e especializados, necessrios, formao das novas geraes, demandavam cada vez mais ao longo do tempo, um espao prprio dedicado ao trabalho de apresentao e sistematizao de conhecimentos dessa natureza, diferente, portanto, daquele organizado pela famlia.No Brasil, a escola, como instituio distinta da famlia, construiu-se aos poucos, s custas das presses cientficas e dos costumes caractersticos de uma vida mais urbana.Aproximadamente dois sculos, sinalizaram para a necessidade de uma organizao voltada formao fsica, moral e mental dos indivduos; misso essa impossvel para o mbito domstico.Esse modelo esteve a servio, sobretudo durante o sculo XIX, da moldagem das elites intelectuais nacionais. A escola era profundamente diferente da famlia e, oferecia formao das crianas e dos jovens a uma educao da qual nenhuma outra instituio poderia se ocupar. Os primrdios da Repblica, na onda dos movimentos sociais, polticos e culturais que marcaram a poca, impuseram a necessidade de modernizar a sociedade e colocar a Nao nos trilhos do crescimento, exigindo ento um outro modelo e uma maior abrangncia da ao educacional.Assim, como podemos observar, a discusso sobre a participao da famlia na vida escolar de seus filhos no recente. H dcadas que se vem refletindo sobre como envolver a famlia, promover a co-responsabilidade e torn-la parte do processo educativo. Sem dvida, tal aproximao trata-se de uma difcil tarefa, isto, em funo das inseguranas, incertezas e da falta de esclarecimento sobre o processo educacional, suas limitaes, bem como sua abrangncia.Compor uma parceria entre escola e famlia pressupe de ambas as partes, a compreenso de que a relao famlia-escola deve se manifestar de forma que os pais no responsabilizem somente escola a educao de seus filhos e, por outro lado, a escola no pode eximir-se de ser co-responsvel no processo formativo do aluno.A presente pesquisa justifica-se pela necessidade de contribuirno processo ensino-aprendizagem da criana de zero a seis anos da Educao Infantil, e por entendermos que a parceria entre a famlia e a escola de suma importncia para o sucesso no desenvolvimento intelectual, moral e na formao do indivduo nessa faixa etria.Os paradigmas de interpretao e de gesto das realidades sociais defendem modelos sistmicos numa perspectiva de integrao funcional em que a flexibilidade, a mudana e o conflito so elementos que devem ser coagidos. Neste sentido, alm do estudo das estruturas e das funes da famlia e da escola, havemos de considerar, tambm, as transformaes que esto ocorrendo na sociedade moderna, nas suas instituies e conforme os quadros sociais que esto instveis, da decorrentes que exigem uma compreenso dinmica e respostas mais articuladas.

1.2 EDUCAO INFANTIL

As preocupaes com a educao infantil no um fato recente, desde o inicio das civilizaes que ela tem seu papel na formao do indivduo. O que mudou foi a maneira de pensar essa educao.Na Grcia antiga, o conhecimento era transmitido com o objetivo de elevao intelectual, porm com o passar do tempo e muitos desgastes nas tcnicas educacionais, levaram a educao a ser resumida a transmisso de conhecimentos, e acessvel apenas s classes abastadas. Porm com a criao da escola pblica (sc. XVI) inspirada nas idias alems, tornou-se mais acessvel quase todos, porm a educao ainda no era de muita qualidade. O progresso alcanado em poucos anos nos cuidados e educao das crianas, pode ser atribudo mais a umdespertar de conscincia do que evoluo das condies de vida. No foi apenas o progresso devido a higiene infantil que se desenvolveu em especial na ltima dcada do sculo XVIII, a personalidade da prpria criana manifestou-se sob novos aspectos, assumindo a mais alta importncia, como frisa MONTESSORI (1980):"No a criana fsica ,mas a psquica que poder dar ao aperfeioamento humano um impulso dominante e poderoso."A concepo de educao infantil implantada no sculo XVIII,foi de suma importncia para a criana ,pois segundo o educador e fundador dos jardins-de-infncia o alemo FROEBEL (1782-1852) ,a infncia a fase mais importante e decisiva na formao de pessoas ,e comparava-as a uma planta em sua fase de formao ,exigindo cuidados peridicos para que cresa de maneira saudvel .As tcnicas utilizadas at hoje em Educao Infantil devem muito a Froebel ,pois para ele,as brincadeiras so os primeiros recursos no caminho da aprendizagem. no perodo pr-escolar, que as crianas tm a oportunidade de trabalhar com contedos adequados para sua idade, sendo manipulados de forma correta para serem absorvidos por elas, trabalhar com atividades ldicas, de forma com que esta contribua com seu desenvolvimento, auxiliando com a construo do conhecimento, e assim, na formao da criana, pois,j se sabe ,que a criana no aprende apenas com atividades formais e sistematizadas .A socializao outra contribuio fornecida pela Educao Infantil, pois depois da famlia ,o primeiro contato que a criana tem, com um grupo estanho e acontece nascreches e prescolas, oportunizando-as explorar o novo.Enfim, a Educao Infantil tem um papel um papel significativo no mundo infantil, pois apresentar atividades que iram auxiliar no seu desenvolvimento social, cultural, psquico, motor sensorial e cognitivo, construindo o aprendizado atravs das experincias vivenciadas pela criana.

1.3 A EDUCAO INFANTIL COMO DIREITO DA CRIANA

As significativas mudanas ocorridas, no mbito legal, social e educacional, determinando novas diretrizes e parmetros no atendimento crianas de 0 3 anos de idade promoveram a necessidade de reordenamento na estrutura funcional e organizacional dessas instituies ,e principalmente naquelas voltadas para o atendimento de crianas vulnerabilizadas pela situao pela situao de pobreza ,abrangendo alm da assistncia social , alcanar a educao.Estas mudanas se deram no apenas por movimentos sociais organizados, mas pela promulgao da Constituio Federal de1988 (CF/98),na qual a criana reconhecida em sua cidadania ,e portanto como sujeito de direitos.A CF/88 em seu artigo 208-IV determina que "o dever do Estado com a educao s crianas de 0 6 anos ser efetivado mediante garantia de atendimento em creches e pr-escola."Por sua vez, o Estatuto da Criana e do Adolescente, em 1990 retificou que dever do Estado assegurar..atendimento em creches e pr-escola s crianas de zero a seis anos de idade..(ECA,art54-IV).A lei n394, de 20 de dezembro de 1996 ,Lei de Diretrizes e Bases(LDB),em seu artigo 4-VI,confirmou ,mais uma vez,que o atendimento gratuito em creches e pr-escola dever do Estado.Deixou claro tambm que o atendimento a esta faixa etria est sob a incumbncia dos municpios(art.11-V) ,determinando que todas as instituies de Educao Infantil ,publicas e privadas,estejam inseridas no sistema de ensino .Como parte integrante da primeira etapa da educao bsica,a Educao Infantil foi dividida em creche(zero a trs anos) e pr-escola(quatro seis anos),conforme artigo 31-I da LDB/96.

CAPTULO II FATORES CONDICIONANTES DA DISCIPLINA/INDISCIPLINA

So mltiplos os fatores que condicionam a disciplina, tanto no espao sala de aula, como no espao Escola.Segundo Domingues(1995), podem considerar-se fatores estruturais (escolaridade obrigatria, nmero de alunos por turma, currculos escolares e autoridade do professor), fatores sociais (representaes sociais, subculturas docentes e discentes, e poderes dos professores e dos alunos) e fatores pessoais (objetivos individuais, estilos de ensino e estratgias de aprendizagem).

2.1 INDISCIPLINA ESCOLAR

Neste momento, discorremos acerca das discusses em torno dos conflitos que permeiam a educao formal e das vrias tentativas de se estabelecer, ou ainda de se encontrar as causas dos distrbios no processo de aprendizagem, que propomos, com este trabalho, confrontar idias que tm como fio condutor a questo da indisciplina na sala de aula, sob pensamentos advindos do processo educativo como um todo. a partir da tica panormica de Groppa (1996), a problemtica gerada pela indisciplina na escola esuas relaes com os aspectos formadores do homem, tais como os psicolgicos, sociolgicos, filosficos, polticos e ticos, que desenvolvemos nossa pesquisa.Indisciplina sempre comportamento imprprio (desobedincia, desrespeito ou agressividade),seja na famlia quando uma criana faz algo de perigoso ,se ela for agredida ao invs de orientada pode se tornar agressiva e expressar sua revolta em forma de indisciplina.No esporte h regras mas se elas forem mal aplicadas tambm poder gerar indisciplina .O mesmo ocorre na escola,quando as regras de convvio no so bem elaborada se esclarecidas:ocorre a indisciplina. Pois como diz FREIRE (1998): "Disciplina pronta no existe, preciso que todos os sujeitos envolvidos no processo educacional (pais, alunos e escolas) participem da construo do sistema de disciplina".Num pas que prima pela desorganizao, pelo desrespeito a todo e qualquer tipo de ordem ou norma, que coloca interesses de algumas pessoas ou grupos minoritrios poderosos acima de valores humanos de dignidade, respeito e solidariedade, disciplinar no s uma proposta temerria, como um grande desafio.A escola vem estruturada com uma srie de regras,diferentes da disciplina da famlia, e querendo enquadrar todos nessa regra.A escola toma a disciplina como regra e no como objetivo educacional,como deveria.De acordo com o pesquisador, o excesso de indisciplina na escola sugere que a instituio no est cumprindo seu papel. "As escolas de hoje se dizem preocupadas com a formao cidad dos alunos e propem o ensino de regras deconvivncia social. Por isso, a indisciplina ou o excesso dela demonstra fracasso no seu trabalho de socializao", argumenta. A indisciplina afeta a vida escolar porque perturba a relao pedaggica, impactando negativamente o aprendizado dos alunos. Segundo Campos, existem pesquisas que demonstram que os alunos de periferia so mais afetados por esse distrbio na relao de aprendizado. "Isso mais uma barreira, que se soma s outras que a gente j conhece", conclui.A indisciplina em criana sem idade pr-escolar pode ocorrer tambm pelo fato de a aula ser mal planejada ou no planejada, tendo em vista que nessa idade as atividades escolares devem ser diversificadas e de curto tempo, pois a criana.

2.2 OS VRIOS ASPECTOS DA INDISCIPLINA

De acordo com os estudos de Groppa (1996), a problemtica gerada pela indisciplina na escola est relacionada com a interpretao e administrao do ato indisciplinado. o ponto em que o educador, (por sentir a substituio da autoridade pela perplexidade), se perde e inicia a busca por solues imediatistas, uma vez que a linha divisria entre a indisciplina e a violncia muito tnue.Desse modo, sob as consideraes de Yves e de La Taille, que encontramos subsdios ou argumentos, para tratar dos problemas relacionados aprendizagem, (considerados na maioria das vezes sob uma viso simplista) luz de uma tica em que esto inseridos mais que as questes escolares e so considerados os aspectos ou elementos formadores do homem.Assim, a indisciplina passa a ser discutida sob dimenses humanas em que no cabemmais julgamentos, rtulos ou justificativas culposas, e sim questionamentos, reflexes e a ampliao do conhecimento acerca do homem contemporneo, da disciplina, da aprendizagem e do espao e da identidade ocupados hoje pela escola.Para La Taille (1996), trata-se de estender a indisciplina articulao de vrias dimenses em que no cabem mais a normatizao do tema apenas questo moral, ao seu reducionismo psicolgico sob um nico vis, assim como a indiferena pela complexidade que compe. Sob tal pensamento, o autor discorre que[...] Se entendemos por disciplina comportamentos regidos por um conjunto de normas, a indisciplina poder se traduzir de duas formas: 1) a revolta contra estas normas; 2) o desconhecimento delas. No primeiro caso, a indisciplina traduz-se por uma forma de desobedincia insolente; no segundo, pelo caos dos comportamentos, pela desorganizao das relaes. (LA TAILLE 1996, p.10)

Sob tais consideraes, tecida a linha de pensamento na qual o autor observa que o desconhecimento das normas, os conflitos comportamentais e o estremecimento das relaes, atualmente revelam o quadro em que se encontra a educao brasileira.Assim, o autor utiliza-se do texto de Yves e de La Taille, para questionar por que as crianas no obedecem nem aos pais e nem aos professores e por que elas no tm limites.Tal questionamento tambm feito por Estrela (1994), sob o pensamento de que o problema da disciplina na aula e na escola um problema de preveno e a nvel de preveno, e no da correo que a pesquisatem avanado e tambm fornecido material importante para a reflexo e ao dos docentes.Desse modo, a autora considera que, a escola enquanto sistema aberto em constante interao com o meio sofre reflexo de todos os conflitos existentes, como por exemplo: turmas numerosas, escolas superlotadas, nvel de remunerao baixo dos docentes, o que afasta do ensino os mais capazes, nmero elevado de alunos oriundos de meios economicamente degradados.No entanto, a manuteno da disciplina constitui uma preocupao de todas as pocas, a vida do professor tem sido sempre amargurada pela indisciplina das crianas que perturbam ordem instituda para seu prprio bem.Para Estrela (1994), importante que tenhamos uma interpretao funcional da indisciplina, que nos permita fazer distino entre indisciplina na escola e outras formas de indisciplina social e nesse sentido, a autora pontua que a indisciplina escolar no deve, portanto, confundir-se com delinqncia.Groppa (1996) argumenta que a disciplina pode ser entendida como condio necessria para arrancar o homem de sua condio natural selvagem e nessa perspectiva, a permanncia quieta na sala de aula, serviria para ensinar a criana a controlar seus impulsos e afetos e no para o bom funcionamento da escola, j que a questo organizacional da escola no depende cem por cento do comportamento do aluno e sim da interao deste com o funcionamento de suas polticas internas. Neste caso, existe um foco dispensado muito mais aos preceitos morais da disciplina, do que a real dimenso em que esta se insere, uma vez que estetema no se encerra no contexto escolar, ao contrrio, este apenas um reflexo da situao social vigente.

2.3 EFEITOS DA INDISCIPLINA SOBRE O PROFESSOR

A indisciplina produz efeitos negativos no aproveitamento escolar e na socializao dos alunos. Estes efeitos negativos exercem-se tambm sobre o professor, provocando nele desgaste fsico e psicolgico, ansiedade, fadiga, tenso, perda de eficcia educativa, diminuio de auto-estima, sentimento de frustrao e desnimo e "stress". Este conjunto de fatores pode levar, em ltimo caso, ao abandono da profisso (Estrela, 1992).Estes aspectos negativos atingem, sobretudo os professores menos experientes e menos preparados pedagogicamente.

CAPITULO III - AUTORIDADE E AUTORITARISMO NA PRATICA DOCENTE

Muitas vezes a criana se depara com uma aula mal planejada ou no planejada, com contedos incoerentes com sua idade e/ou realidade social da turma, e reage a isso com a indisciplina, e os professores passam a usar seu cargo de autoridade, em forma de autoritarismo, para inibir-los.A autoridade por parte do professor fundamental para controlar a disciplina, pois como defende FREIRE (1989):"A criana entregue a ela mesma,dificilmente se disciplinar". Todavia, ele tambm prega, que esta autoridade no deve se dar em forma de autoritarismo,pelo contrario,o professor tem que respeitar as caractersticas scio-culturais dos alunos.H uma necessidade de autoridade, pois sem essa no se faz educao; o aluno precisa dela, seja para se orientar, seja para poder opor-se (o conflito coma autoridade normal, especialmente no adolescente), no processo de constituio de sua personalidade. O que se critica o autoritarismo, que a negao da verdadeira autoridade, pois se baseia na coisificao, na domesticao do outro.A autoridade se define sempre em contextos histricos concretos. E o primeiro grande desafio para o resgate da autoridade do professor a necessidade de ressignificar o espao escolar, ganhar clareza sobre qual de fato o papel da escola hoje, porque ser justamente neste espao social que o professor dever exercer sua autoridade, que obviamente carecer de sentido se a prpria instituio no conseguir justificar sua existncia. Um segundo desafio o professor conseguir se refazer, se reconstruir depois deste turbilho todo a que foi - e ainda est - submetido.

3.1 O PAPEL DA ESCOLA E A RELAO PROFESSOR-ALUNO

Ao abordar a questo do papel da escola na sociedade e sobre a responsabilidade desta em relao criao de espaos que proporcionam o exerccio da cidadania, La Taille (1996), considera o olhar admirador dos dias de hoje, no qual o homem ps-moderno age de acordo com a relao vergonha-sociedade, (j sofre as tiranias da intimidade e seu interesse diz respeito sua personalidade, a seus afetos), para situar o que ele denomina de declnio do Homem-Pblico.Nesse sentido, discorre sobre as conseqncias morais, que estas so naturais a este processo do declnio, (no que o homem seja imoral), porm considera que sua ao moral fica relutante em assumir certos valores que estariam contradizendo sua busca deprazer, o que lhe seria mais autntico.Remetendo tais consideraes indisciplina em sala de aula La Taille, (1996), desenvolve seus pensamentos sob idia de que Toda moral pede disciplina, mas toda disciplina no moral. E desse modo lana o seguinte questionamento: O que h de moral em permanecer em silncio horas a fio, ou em fazer fila? La Taille (1999, p.19).Nessa perspectiva, o autor enfatiza considera a importncia e a necessidade do exame das razes de ser das normas impostas e dos comportamentos esperados sob o ngulo do enfraquecimento da relao vergonha-moral, da ateno dada somente ao que particular, do direcionamento das motivaes do ser humano ao desejo, da vergonha de ser velho e parecer jovem e da desvalorizao do estudo e da instruo.Groppa (1999, p.23), defende uma linha de pensamento complexa em que [...] para ser cidados, so necessrios slidos conhecimentos, memrias, respeito pelo espao pblico, um conjunto mnimo de normas de relaes interpessoais, e dilogo franco entre olhares ticos. No h democracia se houver completo desprezo pela opinio pblica.Tambm as consideraes de Estrela (1994), vm de encontro concepo humanista de que a partir de relaes reais que o indivduo pode aprender a lidar com as mais diversas situaes e considerando a escola como um espao onde intencionalmente conhecimento e cultura so exercitados, pode-se lidar com a indisciplina e construir um novo padro de disciplina.Nestes termos, cada escola, cada sala de aula, um espao histrico-pedaggico; apesar das modificaes profundasque a escola sofreu na poca contempornea, existem nela, ainda, heranas do magistrocentrismo tradicional em que o professor o dono do saber, que resistem mudanas dos tempos e das vontades.Para Groppa (1996), o ponto de vista psicolgico entende o reconhecimento da autoridade externa que anterior escolarizao, da porque a queixa dos educadores sobre a inexistncia, no sujeito da noo de autoridade e ainda que h de se pensar a estrutura escolar juntamente com a familiar, pois so duas dimenses que se articulam.Desse modo, a educao no responsabilidade integral da escola, e sim, um dos eixos que compe todo processo. Entretanto, na relao professor-aluno, que ainda existe, percebe-se a nfase normatizao individual, esvaziando a escola de seu objetivo maior, que o trabalho de recriao do legado cultural, o que faz com que gaste-se muito mais energia e tempo com a questo disciplinadora do que com a tarefa epistmica fundamental.No entanto, para o autor, investir numa sedimentao moral do aluno exigiria uma nova posio consensual dos envolvidos sobre esta infra-estrutura psquica e isto no existe. Assim, a tarefa do professor, ao contrrio, bem definida e diz respeito ao conhecimento acumulado.De acordo com os estudos aqui apresentados, procuramos atentar para a questo da disciplina e da indisciplina em seus sentidos mais amplos, de modo que no pairasse a idia de viso reducionista entre um e outro tema. Buscamos, ainda, deixar implcitas reflexes acerca do papel da escola e da importncia da relao educador-aluno, para que afuno da escola se cumpra.Fica clara, portanto, que a indisciplina h que ser visto como um fenmeno prprio do homem contemporneo e das implicaes advindas de seu meio social.A grande questo, que, quando se trata de observar a indisciplina no contexto escolar, mais precisamente na sala de aula, entram em confronto a tica da escola, (pautada em uma educao tradicional, que tem o autoritarismo como base), a educao democrtica (defendida por vrios estudiosos) e o aluno real, freqentador da escola e que fruto da sociedade contempornea e por isso mesmo, com anseios democrticos, libertadores, autnomos.Desse modo, o que deve ser mudado neste conflito, tica pela qual a disciplina e a indisciplina so observadas.H ento, que se ampliar as vises, os conhecimentos, as consideraes, os estudos e as relaes, para que professores, alunos e cidados possam inter-relacionarem-se em uma escola real, com valores reais, e que cumpra seu real papel que o de fornecer espaos de cultura e de vida para que o aluno que de l saia, esteja pronto para praticar a cidadania apreendida do contexto escolar.Nessa perspectiva, e de acordo com os autores aqui abordados, a indisciplina deixar de ser o motivo das dores de cabea dos educadores, para atuar como agente revolucionador e construtor dos vrios conhecimentos que o indivduo necessita para viver em comunidade e em comunho consigo e com os outros.

CAPTULO IV - A PARTICIPAO DOS PAIS NA EDUCAO ESCOLAR (REFERENCIAL TERICO)

A escola pode ser pensada como o meio do caminho entre a famlia e asociedade.Neste delicado lugar, tanto a famlia quanto sociedade lanam olhares e exigncias escola. No que se refere famlia, necessrio dizer que a historiografia brasileira nos leva a concluir que no existe um modelo de famlia e sim uma infinidade de modelos familiares, com traos em comum, mas tambm guardando singularidades. possvel dizer que cada famlia possui uma identidade prpria, trata-se na verdade, como afirmam vrios autores, de um agrupamento humano em constante evoluo, constitudo com o intuito bsico de prover a subsistncia de seus integrantes e proteg-los.Esto presentes dessa maneira, sentimentos pertinentes ao cotidiano de qualquer agrupamento como amor, dio, cime, inveja, entre outros. Em relao s expectativas da famlia com relao escola com seus filhos encontram-se vrias fantasias familiares como o desejo de que a instituio escolar eduque o filho naquilo que a famlia no se julga capaz, como, por exemplo, limite e sexualidade; e que ele seja preparado para obter xito profissional e financeiro via de regra ingressando em uma boa universidade.

A sociedade procura ter na escola uma instituio normativa que trate de transmitir a cultura, incluindo alm dos contedos acadmicos, os elementos ticos e estruturais. a partir da que se constri o currculo manifesto (escrito em seus estatutos) e o currculo latente (o dia-a-dia). (Outeiral apud Siqueira, 2002, p.01).

Embora bem delimitadas as diferenas entre casa e escola, passou-se a buscar mais o apoio desta,entendendo-se a eficcia da ao normalizadora da escola sobre crianas e jovens quando respaldadas pelo conhecimento e aquiescncia da famlia. A despeito disso, reservava-se escola, 24 os direitos sobre o conhecimento cientfico acerca das reas disciplinares, como tambm sobre aqueles que diziam respeito aos processos de aprendizagem das crianas e adolescentes, conhecimentos estes informados pela biologia, psicologia e cincias sociais preservando a escola, desta forma, seu lugar de autoridade no gerenciamento das questes pedaggico - educacionais.Hoje vivemos um outro tempo, bem mais complexo, diverso e inquietante do que h algumas dcadas, a escola enfrenta, alm do desafio frente ao domnio do conhecimento, em permanente mudana, tambm o desafio da relao com seus alunos, sejam eles crianas pequenas ou jovens.Sem dvida esse contexto perspassado por questes de diferentes naturezas, entre as quais os dilemas do desempenho curricular a ser proposto na contemporaneidade, os impasses da escolha dos encaminhamentos metodolgicos mais adequados as relaes de ensino, os limites e possibilidades da manuteno de uma relao professor aluno com qualidade e a famlia considerada pea chave nesse momento de crise.Ao lado da famlia, a escola permanece sendo um espao de formao que deve, para tanto, repensar a sua ao formadora, preocupando-se em formar seus educadores para que os mesmos renam recursos que os permitam lidar com os conflitos inerentes ao cotidiano escolar. , portanto, na escola, refletindo sobre o que h para ser ensinados crianas sobre a metodologia que pode tornar mais coesa a ao do conjunto docente, que a escola poder encontrar sadas legtimas superao dos problemas morais e ticos que assolam o seu dia-a-dia. Nesse sentido, sem abdicar do lugar reservado ao ensino formal, preciso que os espaos destinados formao dos educadores no interior da escola dem, tambm, prioridade reflexo poltico-filosfica sobre os sentidos e possibilidades da ao educacional para que se possa, desta feita, recuperar ou constituir um novo iderio para a escola.A escola no a nica instncia de formao de cidadania. Mas, o desenvolvimento dos indivduos e da sociedade depende cada vez mais da qualidade e da igualdade de oportunidades educativas. Formar cidados na perspectiva aqui delineada supe Instituies onde se possa resgatar a subjetividade interrelacionada com a dimenso social do ser humano, em que a produo e comunicao do conhecimento ocorram atravs de prticas participativas e criativas.Trata-se de uma instituio da sociedade na qual a criana atua efetivamente como sujeito individual e social. um espao concreto e fundamental para a formao de significados e para o exerccio da cidadania: na medida em que possibilita a aprendizagem de participao crtica e criativa, contribui para formar cidados que atuem na articulao entre o Estado e a sociedade civil. Para a famlia, o ensino quanto mais individualizado, melhor para seu filho, pois nessa conjetura vai haver a peculiaridade de melhor ajud-los e a destac-lo. As preocupaes transitam, portanto nombito do privado. Este enfoque mais social do que individual, carrega objetivos ticos, pois a escola deve ser um espao de valorizao tanto da informao, como da formao de seus alunos, dentro de uma estrutura coletiva.A escola como instituio busca atravs de seu ensino, que seus alunos possam assumir a responsabilidade por este mundo, como diz Arendt (apud Castro, 2002):

Ultrapassa os desejos individuais e esta responsabilidade s poder advir, atravs do enlaamento entre conhecimento, e ao, entre o saber e as atitudes, entre os interesses individuais e sociais. A escola , como um novo modelo, ir ampliar o mundo dos alunos, convidando-os a olhar suas experincias com uma outra lente, que no a familiar, o que alterar os significados j conhecidos. A escola pblica tem mais fortemente, ento, a responsabilidade da apresentao de conceitos e contedos herdados de nossa cultura, pois muitas crianas s tero acesso a esta herana, atravs de sua passagem pela escola, que deve ento, abrir caminhos de acesso cultura de maneira igualitria para todos e neste sentido, lutar contra os privilgios de uma classe social. Todo educador enquanto mediador do vnculo entre aluno e a cultura, entre a escola e a famlia, est mergulhados e comprometidos nesta rede de interesses dos dominantes e dos dominados.(p.01).

Existem escolas que trabalham visivelmente no objetivo de reproduo dos valores e ideologias dominantes, outras tem uma posio mais crtica, mas todas assumem posies polticas, pois a escolha dos contedos aserem ensinados, o estilo e o mtodo deste ensino, suas regras, sua maneira de avaliar, de receber a famlia etc., traduzem os objetivos das instituies, deixando claras as opes e desvelando seus interesses mais especficos.Partindo de um levantamento da histria da participao da famlia na educao vimos que os interesses das famlias foram acolhidos mais fortemente na escola brasileira, a partir das dcadas de 60/70, atravs do movimento de Renovao Pedaggica, que abriu uma grande lacuna para a entrada de um olhar mais psicolgico no mbito escolar, ampliando a ateno com cada criana, suas escolhas e desejos, seu tempo de aprender entre tantos.Enfrentamos, porm, conflitos decorrentes da situao vivida, pois passamos de um valor centrado no contedo e no educador, para um valor centrado na criana e em seu processo de aprender. O desafio das escolas hoje sair dos extremos, buscando valorizar tanto a informao, como a formao, tanto no educador como no educando, tanto o mtodo como os conhecimentos acumulados, resgatando a importncia do grupo na construo de conceitos e valores. Conforme esclarece Campos (1983):

A palavra famlia, na sociedade ocidental contempornea tem ainda para a maioria das pessoas, conotao altamente impregnada para a maioria das pessoas, conotao altamente impregnada de carga afetiva. Os apologistas do ambiente da famlia como ideal para a educao dos filhos, geralmente evidenciam o calor materno e o amor como contribuio para o estabelecimento do elo afetivo me-filho,inexistente no caso de crianas institucionalizadas. Um dos representantes deste ponto de vista foi Bowlby. (p.19).

A complexidade do processo de socializao evidente e torna-se bastante expressiva dentro do processo ensino-aprendizagem atravs de aspectos do tipo: imitao, identificao e mais um conjunto de caractersticas determinadas pelo contexto familiar, que iro interagir no desenvolvimento da criana dentro da instituio escolar.De uma maneira geral, sobre a relao famlia e educao, afirma Nrici (1972)

A educao deve orientar a formao do homem para ele poder ser o que da melhor forma possvel, sem mistificaes, sem deformaes, em sentido de aceitao social.Assim, a ao educativa deve incidir sobre a realidade pessoal do educando, tendo em vista explicitar suas possibilidades, em funo das autnticas necessidades das pessoas e da sociedade (...). A influncia da Famlia, no entanto, bsica e fundamental no processo educativo do imaturo e nenhuma outra instituio est em condies de substitu-la. (...) A educao para ser autntica, tem de descer individualizao, apreenso da essncia humana de cada educando, em busca de suas fraquezas e temores, de suas fortalezas e aspiraes. (...) O processo educativo deve conduzir responsabilidade, liberdade, crtica e participao. Educar, no como sinnimo de instruir, mas de formar, de ter conscincia de seus prprios atos. De modo geral, instruir dizer o que uma coisa , e educar e dar o sentido moral e social douso desta coisa. (p.12).

Por outro lado, Connel (1995) faz uma abordagem em que visualiza a famlia dentro deste parmetro sugerindo que a relao entre professores e pais deve ser entendida como uma relao de classes. Assim, os pais da classe dominante vem os professores como seus agentes pagos: capazes e especialistas. Assim, esclarece Connel (1995):

A escola secundria fortemente determinada pelo modo como age seu diretor. E isto tambm verdadeiro para a escola particular, mas acho que pela razo de o diretor da escola particular prestar contas a um curador ou diretoria, existe mais presso sobre ele para obter resultados do que o diretor da escola secundria estadual que presta contas a uma Secretaria de Educao. A escola particular produzir em mdia melhores diretores porque se estes no realizarem sero despedidos ou a escola ir decair muito rapidamente. (p.126).

Entretanto, Freire (2000) evidencia que ensinar exige compreender que a educao uma forma de interveno no mundo, uma tomada de posio, uma deciso, por vezes, at uma ruptura com o passado e o presente. Para este renomado pesquisador e educador, as classes dominantes enxergam a educao como imobilizadora e ocultadora de verdades.A educao uma forma de se intervir no mundo, dentro desta linha de pensamento de Freire (2000), que fala de educao como interveno. Ele se refere a mudanas reais na sociedade, no campo da economia, das relaes humanas, da propriedade, do direito ao trabalho, a terra, a educao, a sade, com referncia situao no Brasil e noutros pases da Amrica Latina.Quanto mais criticamente a liberdade assuma o limite necessrio, tanto mais autoridade ela tem. Eticamente falando, para continuar lutando em seu nome, desta forma se posiciona Freire (2000):

Gostaria uma vez mais de deixar bem expresso o quanto aposto na liberdade, o quanto me parece fundamental que ela exercite assumindo decises. (...). A liberdade amadurece no confronto com outras liberdades, na defesa de seus direitos em face da autoridade dos pais, do professor e do Estado. (p.119).

Castro (2002) em recente artigo: O Caos Institucional e a Crise da Modernidade se referem falta de parmetros quanto ao papel que a escola deve assumir em uma sociedade em permanente mudana e, em conformidade a isto, que sentido deve assumir a prtica docente, quando a prpria produo e veiculao do conhecimento, assumem formas cada vez mais fragmentveis e, muitas vezes, dissociadas de qualquer significao tica, social e cultur