1. introduÇÃo - uenf - universidade estadual do norte ... · antimicrobiano age contra o...

98
Ribeiro, S.F.F. 1 1. INTRODUÇÃO

Upload: phungkiet

Post on 08-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

1

1. INTRODUÇÃO

Page 2: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

2

1.1 – PEPTÍDEOS ANTIMICROBIANOS

Peptídeos antimicrobianos são moléculas de baixa massa molecular com uma

vasta atividade inibitória contra bactérias, vírus e fungos (Izadphanah e Gallo, 2005).

Pertencem a um grupo diverso e abundante de moléculas que são produzidas por

diversas células, tanto em plantas quanto em animais, e que são agrupadas de acordo

com a sua atividade antimicrobiana intrínseca (Gallo et al., 2002; Brogden, 2005).

Uma característica comum a estes peptídeos é a presença de resíduos de

cisteínas em número par (4, 6 ou 8), interconectadas por pontes dissulfeto, conferindo a

eles uma alta estabilidade (Broekaert et al., 1997). Além disso, sua composição de

aminoácidos, anfipaticidade, carga catiônica e tamanho, fazem com que estes

peptídeos tenham a habilidade de se inserirem facilmente nas membranas lipídicas

possibilitando então a morte do microrganismo alvo (Brogden, 2005; Izadphanah e

Gallo, 2005).

Em animais, esses peptídeos antimicrobianos constituem parte do sistema imune

inato (Lehrer et al., 1993; Gabay, 1994; Boman, 1995; Hultmark, 1997). Em plantas,

proteínas e peptídeos antimicrobianos formam um sistema de defesa similar à

imunidade inata em animais, protegendo-as assim do ataque de certos patógenos e

pragas (Shewry e Lucas, 1997; Gallo et al., 2002).

A base molecular dos mecanismos de ação pelos quais, o peptídeo

antimicrobiano age contra o patógeno é pouco definida, mas acredita-se que diferenças

na fluidez de membrana e composição lipídica interfiram na associação dos peptídeos

antimicrobianos às membranas alvo, podendo levar estas ao seu rompimento (Feder et

al., 2001).

Izadphanah e Gallo (2005) propuseram um mecanismo de ação para esses

peptídeos antimicrobianos onde, o efeito sobre os microrganismos está relacionado

tanto à sua carga catiônica quanto à sua estrutura. Esta carga permite que o peptídeo

antimicrobiano se ancore a componentes aniônicos presentes na membrana lipídica do

microrganismo alvo. Sendo assim, esta atração eletrostática inicial é responsável pela

associação do peptídeo antimicrobiano à membrana. Porém, tal ligação se dá de forma

inespecífica. Já Brogden (2005) acredita que ao se ligarem à membrana do

microrganismo alvo, os peptídeos antimicrobianos formem poros nessas membranas,

Page 3: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

3

levando assim à morte do microrganismo. Em seu trabalho Brodgen (2005) cita três

diferentes modos de ação pelo qual esses peptídeos, agindo sobre a membrana, levam

a morte do microrganismo. São eles: canal transmembrana, poro toroidal e modelo

tapete (Figura 1). Estudos recentes vêm observando também a capacidade de

diferentes peptídeos de penetrarem células alvo, podendo também interagir com outras

membranas intracelulares. Foi observado que os peptídeos pVEC e (KFF)3 K são

capazes de penetrar o envelope celular das leveduras Saccharomyces cerevisiae e

Candida albicans e que a entrada desses se dá de forma muito variada (Holm et al.,

2005).

Devido a essa capacidade que os peptídeos antimicrobianos possuem de

interagir com determinadas membranas celulares e, dessa forma, exibirem uma

eficiente atividade antimicrobiana contra determinados agentes patogênicos, é que tem-

se observado, nos últimos anos, um grande interesse em se estudar esse grupo de

proteínas (Gallo et al., 2002).

A seleção de um número cada vez maior de microrganismos resistentes a

antibióticos e a outros agentes antimicrobianos tem despertado a atenção de muitos

pesquisadores na tentativa de se desenvolverem novos agentes terapêuticos (Gallo et

al., 2002). O potencial terapêutico dos peptídeos antimicrobianos é valorizado graças à

capacidade destes compostos de matarem rapidamente um grande número de

microrganismos incluindo bactérias, vírus e fungos que são multiresistentes a drogas.

Na tabela 1 podemos observar de forma simplificada, por exemplo, uma lista de alguns

peptídeos antimicrobianos que possuem atividade biológica contra várias espécies

fúngicas (Reddy et al., 2004).

Page 4: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

4

Figura 1 – O mecanismo de interação e permeabilização de AMPs em membranas de

microrganismos. Regiões hidrofóbicas do peptídeo (azul escuro) alinham-se com a

região lipídica central da bicamada e regiões hidrofílicas do peptídeo (vermelha) formam

a região interior do poro. (A) Canal transmembrana; (B) Poro toroidal e (C) Modelo

tapete (Reproduzido de Brodgen, 2005).

A

B C

Page 5: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

5

Tabela 1 – Peptídeos antimicrobianos com atividade contra fungos.

PEPTÍDEO

FONTE

MODO DE

AÇÃO

ATIVIDADE

ANTIFÚNGICA

Gallinacina-1 Galinha Lise C. albicans

Lactoferricina-B Humano, boi Lise C. albicans

Defensina NP-1 granulócitos de coelho Lise C. neoformans

Defensina HNP-1 Neutrófilo humano Lise C. albicans

Protegrina Humanos Lise C. albicans

Tripticina Humanos Lise A. flavus

Magainina-2 Xenopus laevis Lise C. albicans

Drosomicina Drosophila Lise F. oxysporum

Dermaseptina Phyllomedusa sauvagii Lise C. neoformans

Fonte: Reddy et al., 2004.

1.2 – PEPTÍDEOS ANTIMICROBIANOS DE PLANTAS

As plantas, por serem organismos sésseis, estão constantemente expostas aos

diversos tipos de fatores físicos e químicos desfavoráveis no ambiente, incluindo a

presença de um grande número de organismos fitopatogênicos. Sendo assim, a sua

sobrevivência nessas condições exige uma rápida resposta de defesa (Castro e Fontes,

2005). Durante seu processo evolutivo as plantas desenvolveram eficientes sistemas de

defesa os quais envolvem um reconhecimento específico e uma alta sensibilidade a

organismos patogênicos. O grande número de estratégias de defesa selecionadas pela

planta faz com que a resistência passe a ser uma regra enquanto a suscetibilidade,

uma exceção (Shewry e Lucas, 1997).

Diversos mecanismos estão envolvidos na defesa de plantas contra seus

agressores tais como acúmulo de componentes fenólicos, de alcalóides, de

aminoácidos não protéicos, de glicosídeos ou proteínas e peptídeos com atividades

antimicrobianas e inseticidas (Wittstock e Gershenzon, 2002; Castro e Fontes, 2005).

Um grande número de peptídeos antimicrobianos tem sido isolado de plantas,

especialmente de sementes, local em que podemos encontrá-los em nível elevado se

Page 6: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

6

compararmos às folhas, flores e demais órgãos da planta (Broekaert et al., 1997; Wang

et al., 2001).

Os peptídeos antimicrobianos podem ser divididos em 10 famílias, levando-se

em consideração, principalmente, suas características estruturais, como pode ser

observado na tabela 2. Geralmente, esses peptídeos presentes em plantas possuem

estrutura tridimensional globular, estabilizada pela presença de pontes dissulfeto.

Dentre estes podemos citar: (1) as proteínas transportadoras de lipídeos (LTPs), as

quais inicialmente acreditava-se participarem no transporte de lipídeos entre organelas;

(2) as snakinas, que foram inicialmente isoladas de batata (Solanum tuberosum); (3) as

defensinas de planta, inicialmente isoladas de sementes de cevada (Hordeum vulgare);

(4) as tioninas, sendo a purotionina, isolada de trigo (Triticum aestivum), a primeira

proteína cuja atividade contra patógenos de plantas foi detectada in vitro; (5) os

peptídeos tipo-heveína, descritos inicialmente como os peptídeos mais abundantes do

látex de seringueiras; (6) os peptídeos tipo-knotinas, isolados inicialmente de sementes

de maravilha (Mirabilis jalapa); (7) as seferdinas, únicos peptídeos antimicrobianos de

plantas descritos que não possuem pontes dissulfeto, representados por cadeias

polipeptídicas lineares ricas em glicina e histidina, e isolados de raiz de bolsa-de-

pastoros (Capsella bursa-pastoris); (8) peptídeos MBP-1, isolados de milho (Zea mays);

(9) peptídeos macrocíclicos purificados de várias plantas da família Rubiaceae, como o

café (Coffea arabica) e (10) pequenos peptídeos denominados Ib-AMPs isolados de

sementes de balsamina (Impatiens balsamina) (García-Olmedo et al., 2001).

Page 7: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

7

Tabela 2 – Peptídeos e pequenas proteínas de plantas com atividade antimicrobiana.

FAMÍLIA

Nº DE RESÍDUOS

DE

AMINOÁCIDOS

Nº DE

PONTES

DISSULFETO

ATIVIDADE

LTPs 90 – 95 3 – 4 Antibacteriana; antifúngica

Snakinas 61 – 70 6 Antibacteriana; antifúngica

Defensinas 45 – 54 4 Antibacteriana; antifúngica; inibem α-

amilase

Tioninas 45 – 47 3 – 4 Antibacteriana; antifúngica

Tipo heveína 43 4 Antibacteriana (Gram +); antifúngica

Tipo knotina 36 – 37 3 Antibacteriana (Gram +); antifúngica

Seferdinas 28 – 38 0 Antibacteriana; antifúngica

MBP-1 33 2 Antibacteriana; antifúngica

Peptídeos

Macrocíclicos

29 – 31 3 Antibacteriana (Gram +)

Ib-AMPs 30 2 Antibacteriana (Gram +); antifúngica

Fonte: García-Olmedo et al., 2001.

Dentre os principais peptídeos antimicrobianos de plantas estudados

encontramos principalmente as tioninas, as defensinas e as LTPs.

As tioninas são pequenas proteínas básicas, possuindo em sua maioria 45 a 47

resíduos de aminoácidos e apresentam de 6 a 8 resíduos de cisteína, formando 3 ou 4

pontes dissulfeto (Garcia e Olmedo et al., 1989). Podem ser classificadas em 2

subgrupos, um contendo 8 cisteínas conectadas por 4 pontes dissulfeto e outro com 6

cisteínas interligadas por 3 pontes dissulfeto (Broekaert et al., 1997).

As tioninas foram isoladas principalmente a partir de sementes de trigo, no

entanto, proteínas relacionadas têm sido purificadas a partir de várias outras sementes

de cereais (Garcia e Olmedo et al., 1989). Em cevada a sua expressão foi detectada no

endosperma de sementes, onde foi isolada uma tionina com propriedade antimicrobiana

denominada α-hordotionina (α-HT). Thevissen et al. (1996) demonstraram que essa

tionina altera a permeabilidade da membrana do fungo Neurospora crassa causando

Page 8: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

8

um aumento da entrada de Ca+2, do efluxo de K+, além de causar a alcalinização do

meio.

Estudos de imunolocalização desses peptídeos em plantas revelaram que as

tioninas estão localizadas principalmente dentro dos vacúolos, embora também tenha

sido observada a sua presença na parede celular (Broekaert et al., 1997).

As tioninas são tóxicas para bactérias Gram positivas e negativas, para os

fungos filamentosos e também para leveduras. Stuart e Harris (1992) mostraram que as

tioninas inibem o crescimento in vitro de fungos e bactérias. Posteriormente, esses

efeitos foram confirmados em ensaios utilizando diversas bactérias patogênicas assim

como nos fungos Colletotrichum langenarum e Fusarium solani, que foram fortemente

inibidos por tioninas isoladas de diferentes espécies de plantas como trigo, cevada,

batata e rabanete (Molina et al., 1993; Moreno et al., 1994 e Terras et al., 1996).

As defensinas de plantas são proteínas pequenas, com 45 a 54 resíduos de

aminoácidos, altamente básicas, ricas em cisteínas, sendo estruturalmente

relacionadas a defensinas encontradas em outros tipos de organismos, incluindo

insetos e humanos (Thevissen et al., 1999; 2003).

Os primeiros membros da família das defensinas de plantas foram isolados de

grãos de trigo e cevada (Colilla et al., 1990; Mendez et al., 1990). Estas foram

originalmente denominadas γ-tioninas por apresentarem um tamanho similar (5 kDa) e o

mesmo número de pontes dissulfeto (Broekaert et al., 1995). Contudo, trabalhos

subseqüentes estabeleceram que as tioninas e γ-tioninas são estruturalmente não

relacionadas (Terras et al., 1992; Bruix et al., 1993; Bohlmann, 1994; Pelegrini e

Franco, 2005).

Terras et al. (1995) verificaram que defensinas encontradas em plantas

desempenham um papel importante na proteção dos tecidos de plantas jovens durante

os primeiros estágios de emergência. A expressão das defensinas nos vários tecidos

das diferentes espécies de plantas, como repolho (Park et al., 2002); ervilha (Almeida et

al., 2002); tabaco (Lay et al., 2003); batata (Segura et al., 1999); espinafre (Terras et al.,

1995); tomate (Brandstadter et al., 1996) e Arabidopsis (Penninckx et al., 1996 e

Thomma et al., 2002) foi estudada e, observou-se que não estão presentes somente

nas sementes, mas também nas camadas celulares periféricas das frutas e dos órgãos

Page 9: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

9

florais. Esta localização periférica está relacionada com a função de proteção dos

órgãos contra os ataques microbianos (Thevissen et al., 2003).

As defensinas de plantas podem ser agrupadas dentre as que possuem e as que

não possuem atividade antimicrobiana. As que possuem atividade antimicrobiana in

vitro contra determinados fungos filamentosos, podem ou não causar algum tipo de

alteração morfológica (Thomma et al., 2002). Interessantemente, muitas defensinas

podem ser ativas contra vários tipos de patógenos fúngicos humanos, dentre eles a

levedura Candida albicans (Thomma et al., 2003; Thevissen et al., 2004). Estudos

demonstraram também que defensinas isoladas de sementes de Medicago sativa

(alfafa), denominada alfAFP, possui uma forte atividade contra o patógeno fúngico de

grande importância agronômica Verticillium dahlial, sendo capaz de inibir o crescimento

de 50 % de esporos pré-germinados, quando presente numa concentração de 5µg.mL-1

e de inibir 100 %, quando presente a 15 µg.mL-1. Além deste fungo, esta defensina

também foi capaz de inibir outros patógenos fúngicos como Alternaria solani e Fusarium

culmorum (Gao et al., 2000).

Estudos envolvendo defensinas purificadas de sementes de Dahlia merckii

denominada Dm-AMP1, determinaram um possível mecanismo de ação das defensinas

de planta. Foram realizados experimentos em que se demonstrou que essa Dm-AMP1

é capaz de alterar a permeabilidade da membrana fúngica, promovendo um aumento

no efluxo de K+ e no influxo de Ca+2, além de permitir a entrada do Sytox Green, um

corante fluorescente que penetra apenas as células que estão com sua membrana

plasmática comprometida (Thevissen et al., 1996; 1999). Esta Dm-AMP1 também

possui atividade antifúngica contra a levedura Saccharomyces cerevisiae e, seu

mecanismo de ação depende da composição lipídica de sua membrana plasmática

(Thevissen et al., 2003a). Estudos mais recentes demonstraram que a Dm-AMP1 é

capaz de interagir de forma dose dependente com esfingolipídeos isolados da

membrana de S. cerevisiae e que essa interação é aumentada na presença de

concentrações equimolares de ergosterol, o principal esterol fúngico (Thevissen et al.,

2003b).

As proteínas transportadoras de lipídeos (LTPs) são proteínas básicas, com

massa molecular em torno de 10 kDa, possuindo um alto ponto isoelétrico e observa-se

a presença de 8 resíduos de cisteína ligados por 4 pontes dissulfeto. As LTPs facilitam

Page 10: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

10

a transferência de lipídeos através das membranas in vitro e estão localizadas

basicamente na parede celular da planta e parcialmente em compartimentos ligados ao

metabolismo de lipídeos, como os glioxissomos (Kader, 1996). O papel de defesa das

LTPs é suportado por evidências de sua localização na parede periclinal externa das

células epidérmicas por toda a planta mas também pelo aumento da expressão de seus

genes em resposta à presença de patógenos (Kader, 1996).

Muitas LTPs foram identificadas por possuírem atividade antifúngica in vitro,

estando envolvidas no processo de inibição do crescimento de fungos e bactérias

(Terras et al., 1992; Molina et al., 1993). Estudos têm demonstrado que as LTPs

apresentam a capacidade de inibir o crescimento de muitos fitopatógenos como

Pseudomonas solanacearum, Claribacter michiganensis, Fusarium solani, Rhizoctonia

solani, Trichoderma viride e Cercospora beticola (Terras et al., 1992; Molina et al.,

1993; Kader, 1996; Carvalho et al., 2001).

Regente e de la Canal (2000) isolaram e caracterizaram um peptídeo

antifúngico básico, denominado Ha-AP10, apresentando aproximadamente 10 kDa e

que demonstraram pertencer a família das LTPs de planta. A caracterização molecular

de um clone de cDNA (Regente e de la Canal, 2003) mostrou que esta Ha-AP10 é

homóloga a ltp4 de Arabidopsis thaliana (Arondel et al., 2000) apresentando um

peptídeo sinal que a direciona para uma via secretória. Em 2005 (Regente e de la

Canal) também demonstraram que o peptídeo Ha-AP10 é capaz de induzir uma

permeabilização da membrana plasmática de esporos fúngicos e isso pôde ser

observado pelo uso do corante Sytox green.

Uma LTP presente em sementes de feijão-de-corda (Vigna unguiculata) foi

isolada e pôde-se observar uma eficiente atividade antifúngica in vitro em sinergismo

com uma defensina contra os patógenos fúngicos Fusarium oxysporum e F. solani,

provocando alterações morfológicas em suas hifas. Foram também realizados ensaios

de imunolocalização onde foi mostrada a localização dessa LTP na parede celular e em

compartimentos citosólicos nas sementes de feijão (Carvalho et al., 2001; 2004).

Outros trabalhos também mostraram a presença e o isolamento de uma LTP

com massa molecular de aproximadamente 9 kDa, presente em exsudados de

sementes de feijão-de-corda (Vigna unguiculata) (Diz et al., 2003; Rose et al., 2006).

Page 11: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

11

Estes resultados podem estar relacionados com a função de proteção destas proteínas

durante a germinação da semente contra o ataque de determinados microrganismos.

1.3 – OUTRAS PROTEÍNAS DE BAIXA MASSA MOLECULAR, PRESENTES EM

PLANTAS, COM ATIVIDADE ANTIMICROBIANA

1.3.1 – INIBIDORES DE PROTEINASES SERÍNICAS

Os inibidores de proteinases constituem um largo e diverso grupo de proteínas

de planta capazes de formar complexos proteína-proteína reversíveis com

determinadas enzimas resultando na sua inativação (Mosolov et al., 2001). Esses

inibidores são considerados reguladores de proteinases endógenas, proteínas de

reserva e finalmente agentes de defesa de plantas contra certos patógenos e pragas

(Antcheva et al., 2001; Mosolov et al., 2001). Contudo, existem evidências do

envolvimento de inibidores de proteinases em muitos outros processos importantes,

além dessas 3 principais funções (Mosolov et al., 2001).

Um dos grupos de inibidores de proteinases melhor estudados é o grupo dos

inibidores de proteinases do tipo serínica, pertencentes à família do tipo II isolados de

batata (PT-II). Os membros deste grupo possuem aproximadamente 50 resíduos de

aminoácidos, sendo polipeptídeos ricos em cisteína que inibem tanto tripsina quanto α-

quimiotripsina. São expressos em vários tecidos de plantas da família Solanaceae,

algumas vezes em altos níveis nas folhas (Antcheva et al., 2001). Um outro inibidor de

proteinase isolado, caracterizado e seqüenciado a partir de sementes de pimenta

(Capsicum annuum), foi denominado PSI-1.2 e também mostrou ser um membro da

família de inibidores do tipo II já isolados de batata. Este inibidor possui 52 resíduos de

aminoácidos, é um polipeptídeo rico em resíduos de cisteína que tem a capacidade de

inibir tanto tripsina quanto quimiotripsina (Antcheva et al., 2001).

Inibidores denominados Bowman-Birk (BBI) pertencentes ao grupo dos inibidores

de proteinases serínicas, foram primeiramente isolados de sementes de soja. São

encontrados em diversas espécies de planta, especialmente em sementes de mono e

dicotiledôneas. BBIs de dicotiledôneas geralmente possuem uma massa molecular

entre 7 e 8 kDa. São formados a partir do produto de uma família multigênica dentro de

Page 12: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

12

algumas espécies e, conseqüentemente, muitas isoformas podem ser identificadas

(Ragg et al., 2006).

A atividade de inibidores tripsínicas (TIs), encontrados em sementes e em

tubérculos, sempre esteve associada à defesa contra herbívoros inibindo as suas

proteinases (Jouanin et al., 1998). Mais recentemente, foi demonstrado que certos TIs

atuam como inibidores do crescimento fúngico fazendo com que estes inibidores façam

parte do conjunto de proteínas relacionadas a defesa de plantas, fornecendo uma

barreira à entrada de determinados patógenos (Chen et al., 1998; Yang et al., 2006).

Os inibidores de proteinases são considerados agentes antimetabólicos, já que

causam deficiência protéica no patógeno. Logo, o comportamento desses inibidores

como antibióticos está atribuído à sua interferência na digestão protéica, a qual reduz a

disponibilidade de aminoácidos, impedindo a síntese de proteínas necessárias para o

crescimento, desenvolvimento e reprodução do patógeno (Soares-Costa et al., 2002)

Uma proteína de 16 kDa denominada SAP16 foi isolada de flores de Helianthus

annuus, exibindo atividade associada a inibidores de tripsina. Foi demonstrado que esta

proteína possui a habilidade de inibir a germinação de esporos do fungo Sclerotinia

sclerotiorum em concentrações de 5 µg.mL-1 e uma redução evidente do crescimento

micelial em concentrações de 3 µg.mL-1, indicando uma alta atividade antifúngica contra

este patógeno. Além de inibir o desenvolvimento das hifas do fungo S. sclerotiorum, a

proteína SAP16 foi capaz de inibir o fungo Fusarium solani f. sp. eumartii (Giudici et al.,

2000).

Também foi visto que uma outra proteína, de massa molecular de 18 kDa, obtida

de sementes de Psoralea corylifolia, denominada Psc-AFP, possui atividade associada

a inibidores de tripsina e que também foi capaz de inibir o crescimento dos fungos

Alternaria brassicae, Aspergillus nurger, Fusarium oxysporum e Rhizoctonia cerealis

sugerindo também um papel de defesa para esta proteína (Yang et al., 2006).

1.3.2 – PROTEÍNAS DO TIPO NAPINA

As albuminas 2S de Crucíferas, também denominadas napinas, estão entre as

proteínas mais estudadas, particularmente as de sementes do gênero Brassica e

Arabidopsis (Ericson et al., 1986).

Page 13: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

13

As napinas são proteínas pertencentes à classe das albuminas 2S e constituem

uma família de proteínas de reserva de sementes. Estas proteínas possuem baixa

massa molecular, são solúveis em água e possuem alto conteúdo de cisteína e

nitrogênio. Proteínas do tipo napina exibem um alto grau de polimorfismo e isso ocorre

devido ao fato de serem codificadas por uma família multigênica e também por estarem

sujeitas a um processo proteolítico diferencial. Devido à presença de muitas isoformas,

é difícil se obter uma preparação pura de uma dada espécie. A maioria destas proteínas

é composta por 2 subunidades , uma subunidade maior de 8 kDa e uma menor de 3

kDa derivadas de uma dada molécula precursora única e ligadas por pontes dissulfeto

(Vashishta et al., 2006).

As napinas também fazem parte do grupo das proteínas que possuem atividade

antifúngica (Terras et al., 1992). É importante se determinar a interação bioquímica pela

qual estas proteínas estão atuando, especialmente levando-se em consideração que a

maioria das proteínas com atividade antifúngica possuem vários modos de ação. As

napinas com atividade antifúngica fornecem um bom exemplo de proteínas de defesa

que possuem múltiplas funções evidentes e as quais têm sido mostradas por

interagirem com mais de uma entidade bioquímica. As napinas apesar de pertencerem

à família das albuminas 2S apresentam propriedades inibitórias para determinadas

proteinases. Complexos oxidados de napinas que podem atuar como inibidores de

proteinases efetivos contribuem para a atividade biológica dessas proteínas, agindo

como potentes agentes antifúngicos. As napinas também causam alteração na

membrana fúngica e atuam sinergisticamente com outras proteínas (Wijaya et al.,

2000). Napinas de rabanete assim como α-purotioninas de trigo podem causar danos

na membrana de fungos promovendo a permeabilização da membrana da hifa

(Neumann et al., 1996).

As albuminas 2S são proteínas de reserva e têm sido descritas por estarem entre

20 e 60 % do total de proteínas de sementes de dicotiledôneas, fazendo delas uma das

três maiores classes de proteínas de reservas de sementes. Elas são metabolizadas

durante a germinação, sendo consideradas uma fonte de nitrogênio e de enxofre para o

desenvolvimento do embrião (Youle e Huang, 1981). Constituem, em sua maioria, uma

complexa mistura de proteínas de baixo peso molecular com propriedades físico-

químicas semelhantes. A seqüência de aminoácidos das albuminas 2S apresenta uma

Page 14: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

14

série de características comuns: uma alta concentração de cisteínas, de resíduos

básicos, bem como a Pro (15 %) e Gli (30 %). Onze proteínas purificadas da fração

albumínica correspondendo a proteínas 2S apresentaram pesos moleculares similares,

todos em torno de 14,500 Da (Scofield e Crouch, 1987; Monsalve e Rodriguez, 1990).

Vários trabalhos vêm mostrando o potencial inibitório das albuminas 2S sobre

diferentes patógenos. A partir de sementes de Malva parviflora foram purificadas e

caracterizadas duas proteínas, mostrando alta homologia com albuminas 2S. Essas são

compostas de duas diferentes subunidades de 3 e 5 kDa apresentando a propriedade

de inibir o crescimento de fungos fitopatogênicos como Fusarium graminearum e

Phytophthora infestans (Wang e Bunkers, 2000; Wang et al., 2001).

Outro exemplo foi uma proteína de 5 kDa, denominada Pe-AFP1, isolada de

sementes de Passiflora edulis, que apresenta a capacidade de inibir o desenvolvimento

dos fungos filamentosos Trichoderma harzianum, F. oxysporum e Aspergillus fumigatus

em concentrações de 32, 34 e 40 µg.mL-1 (Pelegrini et al., 2006).

Foi também isolada uma proteína homóloga a albuminas 2S a partir de

sementes de Passiflora edulis f. flavicarpa. Essa proteína de peso molecular em torno

de 12 kDa, com 2 cadeias, de aproximadamente 8 e 4 kDa, inibiu in vitro, o crescimento

de fungos fitopatogênicos como Colletotrichum lindemuthianum e F. oxysporum, além

da levedura Saccharomyces cerevisiae. Além de estar envolvida na inibição, esta

proteína está relacionada ao fato de promover a permeabilização da membrana desses

fungos (Agizzio et al., 2003; 2006).

1.4 – AS LEVEDURAS

As leveduras são microrganismos unicelulares que crescem pela formação de

novas células, seguida de um aumento no volume celular (Johnston et al., 1977; Posten

e Cooney, 1993; Duboc e von Stockar, 1996).

Certas espécies ocorrem em superfícies de frutas frescas ou então apodrecidas,

enquanto outras podem aparecer em superfícies expostas da planta. Algumas podem

ser encontradas no solo, água, esgoto e até no trato digestivo de mamíferos

(Alexopoulos et al., 1996).

Page 15: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

15

As leveduras possuem uma parede celular bem rígida capaz de preservar a

integridade osmótica da célula, além de determinar a morfologia celular durante os

diferentes estágios do seu ciclo de vida. Em S. cerevisiae, a parede celular é

essencialmente feita de proteínas e possui 3 diferentes cadeias polissacarídicas: uma

cadeia predominante e linear de β-1,3 glucanos; uma menor mas altamente ramificada

de β-1,6 glucanos e uma cadeia de quitina (Baladrón et al., 2002). Em células de

Candida, o glucano é o polissacarídeo mais abundante da parede, compondo de 60 –

65 % do total de polissacarídeos e, mananos compõe aproximadamente de 20 – 25 %.

O componente que aparece em menor quantidade é a quitina, sendo de

aproximadamente 5 % do total de sacarídeos presentes na parede celular (Ruiz-Herrera

et al., 1994).

A membrana das leveduras é composta de lipídeos (fosfolipídeos e lipídeos

neutros) e também de proteínas, sendo o ergosterol o principal componente lipídico

neutro e o mais importante para a vida da levedura (Bossche e Koymans, 1998).

Diversas espécies de leveduras, como, por exemplo, as pertencentes ao gênero

Candida, podem ou não apresentar alguns tipos de patogenicidade aos humanos.

Espécies pertencentes a este gênero podem produzir infecções localizadas ou

disseminadas como a candidíase, a meningite, infecções no sangue dentre outras, que

são causadas pelo patógeno humano C. albicans. Existem ainda outras espécies do

gênero Candida que são consideradas patógenos facultativos como, por exemplo, a C.

tropicalis, C. parapsilosis e a C. globrata sendo estas leveduras isoladas de habitats

naturais como o solo, água e também de frutas (Alexopoulos et al., 1996).

A espécie C. albicans exibe uma variedade de formas morfológicas,

classificando-se desde leveduras unicelulares de brotamento até leveduras com

habilidade de formar hifas (Sudbery et al., 2004). Esta propriedade de dimorfismo, ou

seja, esta transição morfogênica entre as formas leveduriforme e filamentosa é

considerada uma característica relevante para se determinar a virulência no momento

da infecção (Gow et al., 2002). Estas mudanças morfológicas podem ser induzidas por

uma variedade de condições ambientais sejam elas temperatura, pH e também pela

composição de nutrientes do meio de crescimento (Sudbery et al., 2004). Estudos

recentes têm demonstrado que altas concentrações de fosfato também podem induzir a

formação de pseudohifas uniformes em leveduras (Hornby et al., 2003).

Page 16: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

16

Tanida et al. (2006) observaram que múltiplos genes estão envolvidos no

crescimento e na virulência de leveduras do gênero Candida. Dentre estes destacam-se

os genes 1 e 2 de resistência a drogas, denominados CDR1 e CDR2 e o gene 1 de

resistência a multidrogas (MDR1). Foi visto que algumas espécies de Candida que

expressam altos níveis de CDR1 e CDR2 são resistentes a algumas drogas que

utilizam alguns transportadores ligados ao transporte de ATP e também a novos

agentes antimicrobianos os quais não são eliminados por bombas de efluxo

dependente de ATP, podendo assim permitir novos tratamentos de infecções fúngicas e

bacterianas.

1.5 – PIMENTAS (Capsicum annuum L.)

O gênero Capsicum tem aproximadamente 27 espécies e pertence à família das

Solanaceae. Este gênero contém 5 espécies, por exemplo, C. annum, C. frutescens, C.

baccatum, C. pubescens e C. chinense. C. annuum é conhecida tanto como pimenta

como pimentão e é cultivada globalmente para consumo in natura e pelo seu uso como

tempero, corante e também como produto medicinal (Sugita et al., 2006). Existe um

grupo cujos frutos não possuem pungência e a eles denominamos pimentão, já o outro

é caracterizado pela presença de alcalóides (capsaicinóides) que conferem pungência

aos seus frutos, a este grupo denominamos pimentas (Bosland, 1996).

A pungência ou ardência das pimentas deve-se aos alcalóides ou, mais

especificamente, a dois capsaicinóides: a capsaicina e a diidrocapsaicina. São

substâncias encontradas quase que exclusivamente na placenta e nas sementes e, em

menor quantidade, no pericarpo sendo que as variedades de pimentas possuem

diferentes teores de capsaicinóides (Reifschneider et al., 2000).

Cinco espécies de Capsicum são consideradas cultivadas em todo o mundo: C.

annuum, C. frutescens, C. chinense, C. baccatum e C. pubescens (Casali e Couto,

1984). Todas estas espécies apresentam possibilidade de troca de genes de forma

natural (Reifschneider et al., 2000). Além destas 5 espécies domesticadas, existem

cerca de 20 espécies silvestres, a maioria delas encontradas na América do Sul (Heiser

Jr., 1976).

Page 17: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

17

Um dos aspectos mais relevantes das espécies de Capsicum está relacionado a

sua ampla utilização, quer seja como alimento in natura ou processado como princípio

ativo para a indústria farmacêutica ou cosmética, dentre outros (Viñals et al., 1996;

Reifschneider et al., 2000). Para fins medicinais, as pimentas também são usadas em

algumas regiões do mundo,como estimulante digestivo, como afrodisíaco, no combate

a disenteria e infecções intestinais e, ainda, como antiparasitário e cicatrizante, dentre

outros (Viñals et al., 1996).

Os frutos de Capsicum são importantes fontes de 3 antioxidantes naturais: a

Vitamina C, os carotenóides e a Vitamina E. Também são fontes de vitaminas do

complexo B (tiamina, riboflavina, niacina, B-6 e ácido fólico), além da Vitamina A . Há

evidências de que os antioxidantes ajudam na prevenção de doenças degenerativas, de

doenças cardiovasculares, catarata, mal-de-Parkinson e mal-de-Alzreimer, uma vez que

são capazes de seqüestrar radicais livres (Reifschneider et al., 2000).

Os frutos de Capsicum são também importantes fontes protéicas. Atualmente,

são vários os números de genes identificados nesta planta e que estão relacionados à

expressão de proteínas com efeitos antimicrobianos, podendo estes virem a servir

como ferramentas úteis para o desenvolvimento de novos agentes terapêuticos

(Reifschneider et al., 2000).

Em recentes estudos envolvendo plantas de C. annuum, foi observada a

presença de dois membros da família de genes que codificam proteínas do tipo

defensina, denominadas j1-1 e j1-2, possuindo estruturas altamente similares. A análise

da seqüência dos íntrons dentro do gene j1-2 revelou a existência de um exon adicional

(exon 2ji) o qual também codifica uma proteína do tipo defensina. É muito provável que

este exon tenha sido derivado da troca genômica de um gene jx, pertencente a uma

outra subfamília, a qual permanece não identificada (Houlne et al., 1998). Em outro

trabalho, também envolvendo genes de plantas de C. annuum, três clones

denominados CALTPI, CALTPII e CALTPIII foram identificados como correspondentes

a genes que codificam LTPs. Estes foram isolados de uma biblioteca de cDNA de

plantas infectadas com Xanthomonas campestris pv. Vesicatoria exibindo respostas de

hipersensibilidade (HR). Os transcritos dos 3 genes CALTP acumulam-se

diferentemente em folhas, caules e frutos de pimenta infectada por X. campestris pv.

vesicatoria, Phytophthora capsici e Colletotrichum gloesporioides (Jung et al., 2003).

Page 18: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

18

Estudos mais recentes descreveram também o isolamento de um clone de cDNA,

denominado CaAFP de pimenta, o qual codifica uma pequena proteína de 85

aminoácidos, incluindo 8 resíduos de cisteína. Foi demonstrado que CaAFP consiste de

3 domínios: um peptídeo sinal, um domínio de ligação a quitina e um domínio C-

terminal. Os autores também demonstraram, através de Northern blots, que este clone

é altamente expresso em folhas e em brotos florais, mas não em raízes. A proteína

heteróloga super expressa em Escherichia coli foi purificada e mostrou inibir a

germinação de esporos e a formação do apressório de muitos fungos patogênicos de

plantas incluindo Fusarium oxysporum e Colletotrichum gloesporioides (Lee et al.,

2004).

Recentemente, Diz et al. (2006) obtiveram a partir de sementes de C. annuum

um extrato rico em peptídeos, o qual após processos de purificação resultou em três

diferentes frações, denominadas F1, F2 e F3. Estas foram utilizadas em testes

antifúngicos que demonstraram que todas as frações possuíam atividade inibitória

sobre o crescimento da levedura Saccharomyces cerevisiae. Através de processos de

caracterização, os autores observaram a presença de 3 peptídeos com diferentes

massas moleculares na fração F1 e um desses peptídeos apresentou alta homologia

com LTPs de plantas. Devido a alta atividade encontrada nos peptídeos presentes

nestas frações sobre leveduras é que focamos nosso trabalho na fração F3, fração

esta também enriquecida em peptídeos com alta atividade antimicrobiana.

Page 19: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

19

2. OBJETIVOS

Page 20: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

20

2.1 – Objetivo Geral

Este trabalho tem por objetivo geral o isolamento, a caracterização e o estudo da

atividade antimicrobiana de peptídeos de sementes de pimenta, (Capsicum annuum) –

cultivar UENF 1381, sobre células de leveduras.

2.2 – Objetivos Específicos

- Isolar e caracterizar peptídeos antimicrobianos presentes em sementes de

pimenta, cultivar UENF 1381;

- Estudar o efeito inibitório de frações ricas em peptídeos sobre o crescimento de

diferentes espécies de leveduras;

- Estudar o efeito desses peptídeos sobre a acidificação do meio, por células de

leveduras, estimulada por glicose;

- Avaliar o efeito dos peptídeos sobre a morfologia e ultraestrutura de células de

levedura.

Page 21: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

21

3. MATERIAS

Page 22: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

22

3.1 - MATERIAIS BIOLÓGICOS

3.1.1 – SEMENTES

Sementes de pimenta (Capsicum annuum L.), cultivar UENF 1381, foram

fornecidas pelo Laboratório de Melhoramento Genético Vegetal, do Centro de Ciências

e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense – Darcy

Ribeiro, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Brasil.

3.1.2 – LEVEDURAS

As espécies de levedura Candida parapsilosis (CE001), Candida parapsilosis

(CE002), Candida guilliermondii (CE004), Candida tropicalis (CE006) Candida

guilliermondii (CE007), Pichia anomala (CE009), Candida krusei (CE010), Candida

guilliermondii (CE013), Pichia membranifaciens (CE015), Candida rugosa (CE016),

Candida tropicalis (CE017), Candida krusei (CE019), Candida albicans (CE022),

Candida guilliermondii (CE023), Kluyveromyces marxiannus (CE025), Kluyveromyces

lactis-similar (CE026), Candida guilliermondii (CE027), killer-Saccharomyces cerevisiae

(K1), Saccharomyces cerevisiae sensível a K1 (CE055), Candida glabrata sensível a K1

(CE1006) e a levedura Saccharomyces cerevisiae (1038) foram cedidas pela Profª Dra

Vânia Maria Maciel Melo, do Laboratório de Microbiologia da Universidade Federal do

Ceará, Fortaleza, Ceará, Brasil. Todas as cepas foram mantidas em cultura e

conservadas no Laboratório de Fisiologia e Bioquímica de Microrganismos, do Centro

de Biociências e Biotecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense – Darcy

Ribeiro, Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, Brasil.

Page 23: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

23

3.2 - REAGENTES E OUTROS MATERIAS

- REAGENTES PARA A EXTRAÇÃO DE PROTEÍNAS DAS SEMENTES - NaH2PO4,

Na2HPO4, KCl, EDTA e (NH4)2SO4 foram obtidos da Merck S/A Indústrias Químicas e

Sigma Co, St Louis, U.S.A.

- PROTEÍNAS - BSA foi obtida através de Sigma Co, St Louis, U.S.A.

- RESINAS PARA CROMATOGRAFIAS - CM-Sepharose foi adquirida da Pharmacia

Fine Chemicals, Suécia. C2/C18 foi adquirida da Pharmacia Fine Chemicals, Suécia.

- REAGENTES UTILIZADOS NA CROMATOGRAFIA - Foram utilizados para CM-

Sepharose, NaH2PO4 e NaCl obtidos da Sigma Co, St Louis, U.S.A.e para C2/C18

foram utilizados TFA, obtido da Sigma Co, St Louis, U.S.A. e ACN, obtido da Merck S/A.

Indústrias Químicas.

- MATERIAIS PARA ELETROFORESE - Acrilamida, N’-N’metilenobisacrilamida, SDS,

azul de bromofenol, persulfato de amônio, Tris-base, TEMED, tricina, glicerol e

marcadores de peso molecular foram adquiridos da Sigma Co, St Louis, U.S.A.

- MATERIAL PARA DIÁLISE - Membranas de celulose para diálise que retém moléculas

com massas moleculares acima de 1.000 Da foram adquiridas da Sigma Co, St Louis,

U.S.A.

- MATERIAS PARA ELETROTRANSFERÊNCIA - Membrana PVDF Immobilon-PSQ,

glicina e Ponceau S foram adquiridas da Sigma Co, St Louis, U.S.A.

- MEIOS DE CULTURA - O Caldo Sabouroud e o Ágar Sabouroud foram adquiridos de

Merck S/A Indústrias Químicas.

Page 24: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

24

- REAGENTES USADOS PARA ENSAIOS ANTIFÚNGICOS E ACIDIFICAÇÃO -

Glicose, NaH2PO4 e NaCl foram adquiridos da Sigma Co, St Louis, U.S.A. e da Merck

S/A Indústrias Químicas.

- MATERIAS E REAGENTES UTILIZADOS PARA MICROSCOPIA - Glutaraldeído e

paraformaldeído foram adquiridos da Sigma Co, St Louis,U.S.A., metanol foi adquirido

da Merck S/A Indústrias Químicas e lâminas e lamínulas foram adquiridas

comercialmente da Fisher Instrumental Ltda.

Todos os demais reagentes utilizados foram de grau analítico e adquiridos

comercialmente.

Page 25: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

25

3.3 – INSTRUMENTAL

EQUIPAMENTOS MARCA MODELO

Autoclave FABBE PRIMAR 103.02

Balança Sartorius 2100

Balança Sartorius 110S

Banho-maria FANEM 102

Bomba peristáltica Pharmacia RediFrac

Capela de fluxo laminar vertical com

lâmpada germicida

VECO

VLFS 12

Célula de transferência W.E.P. company IMM-1, Semi-dry Blotting

System

Centrífuga Hitachi Himac Cr 21

Environ Shaker Lab-line 3527

Estufa QUIMIS Q316.14

Espectofotômetro Zeiss Specol UV Vis

Faca de diamante Diatome MS 118

RP-HPLC SHIMADSU LC-10AD

Liofilizador Labconco Freeze dry system/freezone

4.5

Microcentrífuga não refrigerada Eppendorf 5415C

Microscópio binocular AusJENA JENAMED 2

Microscópio óptico confocal de

varredura a laser

Zeiss LSM

Microscópio eletrônico de transmissão Zeiss EM 900

Microscópio eletrônico de varredura Zeiss DSEM 962

pHmetro QUIMIS 400-A

Placa agitadora/aquecedora CORNING PC 220

Sistema para eletroforese Biorad 150A - Gel Electrophoresis

Cell

Ultramicrótomo Leica Ultracut Reichest S

Page 26: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

26

4. MÉTODOS

Page 27: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

27

4.1 - OBTENÇÃO DA FARINHA

Sementes de pimenta, Capsicum annuum L., foram maceradas em presença de

nitrogênio líquido até a obtenção de uma farinha de fina granulação. Após a obtenção

da farinha seguiu-se imediatamente a extração das proteínas.

4.2 – EXTRAÇÃO E OBTENÇÃO DE PROTEÍNAS DE BAIXA MASSA MOLECULAR

A farinha obtida foi extraída em tampão fosfato (Na2HPO4 10 mM, NaH2PO4 15

mM, KCl 100 mM, EDTA 1,5 %) pH 5,4 na proporção de 1:10 (farinha:tampão de

extração) e deixado sob agitação constante por 3 h a 4 °C . Essa metodologia foi

desenvolvida segundo Diz et al. (2004), com algumas modificações (ESQUEMA 1).

Após homogeneização o extrato foi submetido a centrifugação a 15.000 x g por 30 min

a 4 °C e o sobrenadante resultante submetido a precipitação com sulfato de amônio a

90 % de saturação. Após 16 horas este material foi submetido a uma nova

centrifugação a 15.000 x g por 30 min a 4 °C e o precipitado resultante foi ressuspenso

em 10mL de água destilada. Finalmente este material foi aquecido a 80 °C por 15 min e

em seguida centrifugado a 10.000 x g por 10 min a 4 °C. O precipitado resultante desta

última centrifugação foi descartado e o sobrenadante dialisado contra água destilada e

em seguida liofilizado para ser utilizado na purificação dos peptídeos. Este material ao

final deste processo foi denominado extrato rico em peptídeos (ERP), para então ser

utilizado no isolamento dos peptídeos.

Page 28: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

28

ESQUEMA 1 – Fracionamento com sulfato de amônio dos homogeneizados obtidos a

partir da extração da farinha (Diz et al., 2004).

HOMOGENEIZADO

RESIDUO SOBRENADANTE

- Sulfato de amônio a 90% de saturação - 4 °C; 16 h - centrifugação a 15.000 x g / 30 min

- centrifugação a 15.000 x g / 30

SOBRENADANTE PRECIPITADO

- Ressuspenso em água destilada - 80 °C / 15 min - centrifugação a 10.000 x g / 10 min

PRECIPITADO SOBRENADANTE

DIÁLISE

EXTRATO RICO EM PEPTÍDEOS (ERP)

Page 29: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

29

4.3 – ISOLAMENTO DOS PEPTÍDEOS

4.3.1 – CROMATOGRAFIA DE TROCA CATIÔNICA (CM-SEPHAROSE)

Uma coluna catiônica CM-Sepharose (1,5 x 50 cm) foi primeiramente empregada

para o isolamento dos peptídeos. A resina foi empacotada com fluxo constante, sendo

lavada seqüencialmente com água destilada, HCl 0,1 M, novamente água destilada,

NaOH 0,1M, água destilada e por fim foi equilibrada com tampão fosfato de sódio 20

mM pH 8,0.

Após sua ativação, 20 mg do extrato rico em peptídeos (ERP) foram pesados e

dissolvidos em 10 mL de tampão fosfato 20 mM pH 8,0 (tampão de equilíbrio da

coluna). A solução foi centrifugada por 5 minutos a 16.000 x g em temperatura

ambiente e aplicada na coluna. Foram coletadas frações de 3 mL a um fluxo constante

de 30 mL.h-1. Os primeiros 15 tubos (cada um contendo 3 mL) foram eluídos com

tampão fosfato de sódio 20 mM pH 8,0, em seguida, foi feito um gradiente com

molaridades crescentes de 0.1 a 1.0 de NaCl, de 15 em 15 tubos (3 mL cada). As

absorbâncias das frações foram lidas em comprimentos de onda de 280 nm. A fração

F3 obtida nesta cromatografia foi submetida a cromatografia de fase reversa em coluna

C2/C18.

4.3.2 – CROMATOGRAFIA DE FASE REVERSA EM HPLC

Uma coluna de fase reversa C2/C18 equilibrada com 0,1 % de TFA foi

empregada seqüencialmente no processo de isolamento dos peptídeos. A fração F3

obtida na cromatografia em coluna de CM-Sepharose foi solubilizada em TFA 0,1 % e,

150 µL (120 µL de amostra + 30 µL de TFA) desta mistura foram injetados na coluna de

fase reversa. A cromatografia foi desenvolvida utilizando-se um fluxo de 0,7 mL.min-1 a

temperatura de 32 °C em sistema de HPLC. Para a eluição das proteínas da coluna foi

utilizado um gradiente de acetonitrila de 0 a 80 %. Inicialmente (10 primeiros minutos) a

coluna foi lavada com TFA 0,1 % em água ultrapura (solvente A), e em seguida um

gradiente foi sendo formado através da mistura do solvente A e 80 % de acetonitrila em

TFA 0,1 % (solvente B) por cerca de 48 min. Após esse período a coluna foi lavada com

Page 30: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

30

100 % do solvente B totalizando 60 min. A eluição da coluna foi acompanhada por um

detector do tipo DAD, sendo as absorbâncias lidas a 220 nm.

4.4 – QUANTIFICAÇÃO DE PROTEÍNAS

As determinações quantitativas de proteínas foram feitas através do método de

Bradford (1976) sendo a BSA utilizada como padrão.

4.5 – ELETROFORESE EM GEL DE TRICINA NA PRESENÇA DE SDS

A eletroforese em gel de tricina foi feita segundo metodologia de Schagger e Von

Jagow (1987). Foram usadas placas de vidro de 7 x 10 cm e 8 x 10 cm e espaçadores

de 0,5 mm. O gel de separação foi preparado numa concentração de 16,4 % de

Acrilamida/bis-acrilamida e o gel de concentração numa concentração de 3,9 %.

4.5.1 – PREPARO DAS AMOSTRAS E CONDIÇÃO DE CORRIDA

As frações protéicas obtidas nas cromatografias foram concentradas por

liofilização, ressuspensas em tampão de amostra (Tris 0,125 M, SDS 2,5 %, azul de

bromofenol 0,25 %, β- mercaptoetanol 5% e sacarose 15 %), aquecidas por 5 min a 100

°C e centrifugadas a 16.000 x g por 2 min. Após este procedimento, 20 µL das amostras

foram aplicadas no gel de concentração. A eletroforese foi feita a uma voltagem

constante de 18 V por um período de aproximadamente 16 horas. Foram usados os

seguintes marcadores de massa molecular: mioglobina (16.950 Da), mioglobina I + II

(14.400 Da), mioglobina I + III (10.600 Da), mioglobina I (8.460 Da), mioglobina II (6.200

Da), glucagon (3.400 Da) e mioglobina III (2.500 Da).

4.6 – COLORAÇÃO E DESCOLORAÇÃO DO GEL

Após o término da corrida, o gel foi cuidadosamente retirado das placas de vidro

e colocado em uma solução corante (Coomassie Blue R 0,05 %, ácido acético 70 % e

metanol 40 %) por duas horas. Após esse período, o gel foi transferido para uma

Page 31: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

31

solução descorante (metanol 40 % e ácido acético 7 %) e mantido nesta até a

visualização das bandas de proteína.

4.7 – WESTERN BLOTTING

Após o término da eletroforese, o gel foi retirado das placas e imerso em tampão

de transferência (glicina 182 mM, Tris 25mM e metanol 20 %) por 20 min. Uma

membrana de nitrocelulose, cortada nas mesmas dimensões do gel, foi também imersa

no tampão de transferência por 20 min. Após este período foi montado, sobre uma

célula de transferência, um “sanduíche” com quatro folhas de papel de filtro Whatman 3

MM, previamente embebidas em tampão de transferência. Sobre essa camada de

papel foi colocada a membrana e acima da membrana o gel, sendo então o “sanduíche”

finalizado com mais uma camada de quatro folhas de papel de filtro Whatman 3 MM, já

embebidas no tampão de transferência. Durante a montagem desse ”sanduíche” as

bolhas de ar foram evitadas e/ou removidas entre as camadas, para que não

interferissem com a transferência das proteínas. Após esse procedimento, a célula de

transferência foi fechada e foi aplicada uma corrente constante de 1 mA/cm2 por 2 h no

sentido gel-membrana. Após a transferência o “sanduíche” foi cuidadosamente desfeito

e a membrana submetida à coloração com Ponceau S (0,1 %) para confirmação da

transferência.

Nessa análise foram empregados os procedimentos descritos por Towbin et al.

(1979).

4.7.1 – REVELAÇÃO DA MEMBRANA

Após coloração com Ponceau S 0,1 %, a membrana foi bloqueada com tampão

bloqueador (Tris-HCl 50 mM, pH 8,0; NaCl 150 mM contendo Tween 20 0,05 %) por 30

min para facilitar a ligação dos anticorpos as proteínas. Após o bloqueio, a membrana

foi incubada com anticorpo primário (1:1000 diluído em tampão bloqueador) contra LTP

presente na fração F1 de sementes de Capsicum annuum L. por 18 h a 4ºC. Após esta

incubação com o anticorpo primário, foram feitas 10 lavagens de 5 min em tampão de

lavagem (Tris-HCl 50 mM, pH 8,0 e NaCl 150 mM. Ao término desta lavagem a

Page 32: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

32

membrana foi imersa novamente em tampão bloqueador contendo o anticorpo

secundário (1:2000), conjugado com peroxidase por 2 h a temperatura ambiente. Após

esta incubação, foram feitas mais 10 lavagens de 5 min em tampão de lavagem. Ao

término das lavagens foi feita a revelação com diaminobenzidina (DAB) imergindo a

membrana na solução reveladora (Tris-HCl 40 mM, pH 7,5, DAB 1 mg.mL-1, imidazol

100 mM e peróxido de hidrogênio 0,03 %) até a visualização das bandas marcadas.

Nessa análise também foram empregados os procedimentos descritos por

Towbin et al. (1979).

4.8 – PRECIPITAÇÃO COM NITRATO DE PRATA

A precipitação por nitrato de prata foi feita segundo método descrito por

Morrissey (1998).

4.8.1 – PREPARO DAS SOLUÇÕES

Solução 1: foi preparada utilizando-se 10 % de ácido acético, 40 % de etanol absoluto

para um volume total de 40 mL de água ultrapura;

Solução 2: foi preparada utilizando-se 5 % de glutaraldeído para um volume total de 40

mL de água ultrapura;

Solução 3: foi preparada utilizando-se 20 % de etanol absoluto para um volume total de

120 mL de água ultrapura;

Solução 4: chamada de Solução de Coloração, foi preparada utilizando-se 20 % de

etanol, 20 % de nitrato de prata, 30 % de hidróxido de amônio e 4 % de hidróxido

de sódio para um volume total de 73 mL de água ultrapura. Os reagentes foram

colocados nessa ordem e sob agitação. Essa solução foi preparada imediatamente

antes do uso e protegida da luz;

Solução 5: chamada de Solução Reveladora, foi preparada utilizando-se 20 % de

etanol, 37 % de formaldeído e 2,3 M de ácido cítrico para um volume total de 100

mL de água ultrapura. O formaldeído deve ser preparado antes do uso;

Page 33: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

33

Solução 6: chamada Solução de Fixação, foi preparada utilizando-se 5 mL de ácido

acético e 500 µL de glicerol para um volume total de 50 mL de água ultrapura. Esta

solução foi preparada juntamente com a solução 5.

4.8.2 – PRECIPITAÇÃO

Ao término da corrida, o gel foi cuidadosamente retirado das placas de vidro e:

incubado na solução 1 por 40 min; lavado em água ultra pura por 5 min; incubado na

solução 2 por 20 min; lavado novamente em água ultra pura (2 lavagens de 10 min

cada); incubado na solução 3 por 20 min; incubado na solução 4 (ao abrigo da luz) por

20 min; incubado na solução 3 por 20 min (2 lavagens de 10 min cada); colocado na

solução 5 até obter coloração desejada; deixado na solução 6 por 10 min para fixar a

coloração; e armazenado em água destilada.

4.9 – SEQÜENCIAMENTO DE PROTEÍNAS

4.9.1 – PREPARO DE AMOSTRAS PARA SEQÜENCIAMENTO

Amostras contendo os peptídeos antifúngicos das frações FR1, FR2, FR3 e FR4,

obtidas em coluna C2/C18 (FP-HPLC), foram secas e ressuspensas em 20 µL de

acetonitrila 40 % e logo após aplicadas diretamente sobre uma membrana de PVDF e

então submetidas ao seqüenciamento N-terminal.

4.9.2 – DETERMINAÇÃO DA SEQÜÊNCIA DE AMINOÁCIDOS

Foi empregada a metodologia introduzida e desenvolvida por Edman (1950)

utilizando em um seqüenciador automático de proteínas. Este é um processo cíclico de

três etapas onde os resíduos de aminoácidos são clivados um a um, a cada ciclo, a

partir do N-terminal da proteína e são identificados como derivados fenilisotiocianato

(PITC) com resíduo N-terminal; a segunda, a clivagem do resíduo N-terminal via

ciclização em meio ácido; a terceira, a conversão do derivado tiozolinona (ATZ) formado

Page 34: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

34

para um derivado mais estável, a tioidantoína (PTH), o qual pode ser identificado por

cromatografia (Allen, 1989).

Os alinhamentos das seqüências de aminoácidos foram feitos usando-se o

algorítmo do BLAST (http://www.ncbi.nlm.nih.org/Blast) e do Clustal

(http://www.expasy.org) (Altschul, 1990; Thompson et al., 1994).

4.10 – ANÁLISE DA INIBIÇÃO DO CRESCIMENTO DE LEVEDURAS EM MEIO

SÓLIDO

Esta análise foi feita através do método de contagem de colônias em placas que

é utilizada por ser uma técnica que permite determinar a presença de células viáveis.

Foram feitas diluições do pré-inóculo na razão de 1 para10, de modo a se obter

diluições 1/100 ou 10-2 em meio líquido. Em seguida, foi feito o plaqueamento, ou seja,

a distribuição homogênea, com o auxílio de uma alça de Drigalsky, de uma alíquota

(5µL) tanto das células controle quanto das células incubadas com os peptídeos da

fração F3, numa concentração de 16 µg.mL-1, por um período de 18 h. Após distribuição

das células as placas foram deixadas numa estufa a 30 º C por um período de 24 h

para que as colônias pudessem se desenvolver. Após esse período as células ou

pequenos agrupamentos de células idênticas espalharam-se isoladamente dando

origem a colônias que puderam ser contadas na diluição apropriada. Normalmente são

analisadas para contagem, as placas que contem entre 30-300 colônias (Vermelho et

al., 2006).

4.11 - ANÁLISE DA INIBIÇÃO DO CRESCIMENTO CELULAR DE LEVEDURAS EM

MEIO LÍQUIDO

4.11.1 – OBTENÇÃO DAS CELULAS DE LEVEDURA

Células das diferentes espécies de leveduras pertencentes aos gêneros

Candida, Saccharomyces, Pichia e Kluyveromyces foram colocadas para crescer em

placas de Petri contendo Ágar Sabouraud por um período de 48 h a 30 °C para a

obtenção de um crescimento celular homogêneo. Após este período, as células foram

Page 35: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

35

utilizadas no ensaio onde com o auxilio de uma alça de semeadura, colônias foram

retiradas e adicionadas a 10 mL de salina 0,15 M para que pudéssemos fazer a

quantificação das mesmas em câmara de Newbauer através de um microscópio óptico.

4.11.2 – ANÁLISE DA INIBIÇÃO DO CRESCIMENTO DAS CÉLULAS DE LEVEDURA

Em placas de cultura de células (96 poços), contendo 200 µL de meio de cultura

para o crescimento celular, foram adicionadas as amostras em concentrações variadas

de proteínas a partir do ERP e da fração F3 obtidas de sementes de pimenta e, 1 x 104

células/ mL das leveduras. Para a observação da inibição do crescimento das células,

foi determinada a densidade óptica calculada a partir de leituras em um leitor de ELISA

a 620 nm a cada 6 horas, por um período de 42 horas.

Todo o ensaio foi feito em triplicata e sobre condições de assepsia em capela de

fluxo laminar, segundo metodologia adaptada de Broekaert et al. (1990).

4.12 – ANÁLISE DO EFEITO DOS PEPTÍDEOS SOBRE A INIBIÇÃO DA

ACIDIFICAÇÃO DO MEIO POR CÉLULAS DE LEVEDURA

4.12.1 – MANUTENÇÃO E PREPARO DAS CÉLULAS

Células de Saccharomyces cerevisiae foram transferidas para placas de Petri

contendo Agar Sabouroud, onde cresceram por 48 h a 30 °C. Após este período, 4 mL

de solução salina 0,15 M estéril foram vertidos sobre as colônias e as células

homogeneizadas com o auxílio de uma alça de Drigalski. Posteriormente, 100 µL dessa

suspensão celular foram adicionados em 200 mL de meio de cultura (caldo Sabouroud)

e mantidas sob intensa agitação a 30 °C por aproximadamente 16 h. Após este período

de crescimento, o material foi centrifugado a 3.000 x g por 5 minutos a 4 °C. As células

precipitadas foram lavadas com água ultrapura e centrifugadas (como descrito

anteriormente), sendo este procedimento repetido por mais três vezes, para que todo o

meio de cultura fosse retirado. Ao final das lavagens, as células precipitadas foram

ressuspensas em 3 mL de água ultrapura e utilizadas no ensaio de inibição da

acidificação do meio por células de levedura.

Page 36: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

36

4.12.2 – ENSAIO DE ACIDIFICAÇÃO

Este ensaio foi feito com células de levedura em meio contendo Tris-HCl 10mM,

pH 6,0. Células de S. cerevisiae (107 cel.mL-1) foram pré-incubadas em diferentes

tempos (1h, 30, 10 e 1 min) em 800 µL deste meio contendo a fração protéica F3, em

diferentes concentrações (0,016; 0,008; 0,004 e 0,002 mg/mL). Após os períodos de

incubação, foram adicionados 200 µL de glicose 0,5 M e em seguida foram feitas

leituras do pH a cada minuto por um tempo de 30 minutos. Um controle negativo sem

adição da fração F3 foi utilizado.

Este ensaio foi feito em triplicata e os cálculos de �pH foram feitos para

determinar a porcentagem de inibição obtida com o experimento. O volume final do

ensaio foi de 1 mL.

Todo o ensaio foi feito segundo metodologia adaptada de Gomes et al, 1998.

4.13 – ANÁLISE MORFOLÓGICA E ULTRAESTRUTURAL DE CÉLULAS DE

LEVEDURAS TRATADAS COM OS PEPTÍDEOS ANTIMICROBIANOS

4.13.1 - MICROSCOPIA ÓPTICA

Após 42 h de crescimento as células das leveduras, tanto na presença quanto na

ausência da fração F3, foram transferidas para microtubos “eppendorf” de 1,5 mL

contendo fixador (glutaraldeído 2,5 %, paraformaldeído 4 %) e após 1 h este material foi

submetido a uma centrifugação a 1600 x g por 2 min, a temperatura ambiente. O

sobrenadante foi descartado e o precipitado após lavagem com tampão fosfato 20 mM,

pH 8,0 foi colocado sobre lâminas de vidro, coberto com lamínulas e utilizado para

observação em microscópio óptico (Axioplan ZEISS).

4.13.2 – MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA

Após ensaio de inibição do crescimento nos tempos de 18 e 42 h, células das

espécies estudadas de leveduras, crescidas na ausência e na presença da fração F3,

foram fixadas em glutaraldeído 2,5 %, paraformaldeído 4 % em tampão fosfato 0,1 m,

Page 37: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

37

pH 7,3, por um período de 30 min a temperatura ambiente. Após a fixação, as amostras

foram lavadas três vezes de 30 min no mesmo tampão e então aderidos em lamínulas

pré-cobertas com poli-L-lisina 0,01 %, por 10 min. Após este tempo, as células de

leveduras foram pós-fixadas em tetróxido de ósmio 1 % em tampão fosfato 0,1 M, pH

7,3 por 30 min, protegido da luz. Em seguida a pós-fixação, as lamínulas contendo as

células foram lavadas três vezes com o mesmo tampão acima. As amostras foram

desidratadas em soluções crescentes de acetona (30 %, 50 %, 70 %, 90 % e 100 %)

por 15 min cada (v/v). Em seguida o material foi submetido ao ponto crítico, que

consiste na secagem do material, feito no Critical Point Dryer, onde ocorre a

substituição da acetona por dióxido de carbono. Após a substituição esse é evaporado,

deixando a amostra seca. Em seguida à secagem foi feita a montagem dos materiais

em suportes. A montagem é feita com fita de carbono adesiva em ambas as faces. Uma

face adere a fita ao suporte e a outra face adere o material ao suporte. Após esse

preparo as amostras são metalizadas no Sputter Coaster, onde receberam uma

camada de ouro de 20 nm. Após metalização, os materiais foram visualizados no

microscópio de varredura Zeiss DSEM 962.

4.13.3 – MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO

O procedimento foi o mesmo utilizado na microscopia de varredura até a etapa

da desidratação em acetona 100 %. Após a desidratação, o material foi infiltrado em

resina epóxi (Epon): Epon:acetona 100 % (1:3) por 30 min, Epon:acetona 100 % (1:2)

por 30 min, Epon:acetona 100 % (1:1) por 30 min, Epon:acetona 100 % (2:1) por 30

min, Epon:acetona 100 % (3:1) por 30 min e Epon puro por 30 min. Após o Epon puro

as amostras foram transferidas e orientadas no fundo de tubos de microcentrífuga com

a capacidade para 500 µL contendo Epon novo. Bolhas de ar foram retiradas com a

ponta da pipeta Pasteur. A polimerização da resina processou-se por 48 h a 60 ºC.

Cortes ultrafinos foram feitos em um ultramicrótomo, colocados sobre grades de níquel

e então observados no microscópio de transmissão Zeiss 900. Todos os procedimentos

foram executados em temperatura ambiente.

Page 38: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

38

5. RESULTADOS

Page 39: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

39

5.1 – PURIFICAÇÃO DOS PEPTÍDEOS

A cromatografia de troca catiônica em coluna de CM-Sepharose do ERP mostrou

a presença de três diferentes picos, os quais foram denominados de F1, F2 e F3

(Figura 2). O primeiro pico denominado F1, foi eluído com o tampão de equilíbrio da

coluna; o segundo pico denominado F2, foi eluído com tampão de equilíbrio acrescido

com 0,1 M de NaCl; e o terceiro pico denominado F3, eluído com tampão de equilíbrio

contendo 0,2 M de NaCl. Os picos obtidos foram dialisados, liofilizados e analisados em

gel de tricina.

Como etapa final no processo de purificação dos peptídeos de baixa massa molecular a

fração F3 obtida em coluna CM-Sepharose foi escolhida e submetida a cromatografia

de fase reversa em coluna C2/C18. A figura 3A mostra que esta fração foi separada em

quatro picos, denominados FR1, FR2, FR3 e FR4, apresentando diferentes tempos de

eluição. As figuras 3B e 3C mostram as recromatografias dos picos FR3 e FR4

apresentando um único pico para ambas as frações. Os picos obtidos foram então

dialisados, liofilizados e analisados através de gel de tricina.

Page 40: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

40

Figura 2 – Perfil cromatográfico em coluna de troca catiônica em coluna CM-Sepharose

do extrato rico em peptídeos (ERP) de sementes de pimenta. A coluna foi equilibrada

com tampão fosfato 20 mM, pH 8,0. F1 foi eluído da coluna com tampão de equilíbrio,

F2 foi eluído com tampão de equilíbrio contendo 0,1M de NaCl e F3 foi eluído com

tampão de equilíbrio contendo 0,2 M de NaCl.

-0,2

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

0 10 20 30 40 50 60

Tubos

F1

F2

F3

NaCl 0,1 M

M

NaCl 0,2 M

M M M

NaCl 1 M

AB

S

Page 41: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

41

Figura 3 – Perfil cromatográfico em coluna de fase reversa numa coluna C2/C18 da

fração F3 (obtida após cromatografia em coluna CM-Sepharose) em HPLC (A).

Recromatografia das frações FR3 (B) e FR4 (C) em coluna C2/C18 em HPLC. A coluna

foi equilibrada com uma solução de TFA 0,1 %. As frações foram eluidas através de um

gradiente de acetonitrila de 0 a 80 %.

Gra

die

nte

de

ac

eto

nilt

rila

G

rad

ien

te d

e a

ce

ton

iltri

la

Tempo , min

RP 1

RP 3

RP 2 RP 4

C B

RP 4

RP 3

A

60

RP4 ’

A

B C

Tempo , min

80 %

80 %

Tempo , min

Page 42: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

42

5.2 – VISUALIZAÇÃO DAS FRAÇÕES PROTÉICAS ATRAVÉS DE ELETROFORESE

EM GEL DE TRICINA

As proteínas presentes no ERP e também nas frações obtidas após

cromatografia de troca catiônica CM-Sepharose forma inicialmente analisadas em gel

de tricina, como pode ser observado na figura 4. Ao visualizarmos o ERP através do gel

de tricina observamos a presença de bandas protéicas de alta massa molecular e

também bandas de baixa massa molecular que variaram aproximadamente de 6 a 11

kDa. Também foram visualizadas através de gel de tricina as frações obtidas nesta

cromatografia onde observamos a presença de três diferentes bandas protéicas, sendo

que para a fração F1, duas bandas variam entre 6 e 14 kDa e uma abaixo de 6 kDa.

Para a fração F2 visualizamos a presença de duas bandas protéicas de alta massa e

uma única banda de baixo peso variando entre 6 e 8 kDa. Para a fração F3 foi possível

observarmos a presença de quatro diferentes bandas protéicas de baixa massa

molecular, uma em torno de 12 kDa, uma segunda próxima a 8 kDa, uma terceira

próxima a 6 kDa e uma quarta com massa molecular abaixo de 6 kDa. Todas as

amostras foram tratadas com β-mercaptoetanol.

Na figura 5 observamos o perfil eletroforético dos peptídeos obtidos após

cromatografia de fase reversa em coluna C2/C18 da fração F3. Nesta figura podemos

observar que para a fração FR1 não foi possível a definição de nenhuma marcação

característica para proteína. Para a fração FR2 notamos a presença de uma única

banda protéica com massa molecular próxima a 7 kDa, para a fração FR3 notamos a

presença de uma banda protéica de aproximadamente 6 kDa e para a fração FR4

observamos a presença 3 bandas protéicas, uma de 12 kDa, uma segunda de 8 kDa e

uma terceira com massa molecular abaixo de 6 kDa.

Page 43: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

43

Figura 4 – Eletroforese em gel de tricina na presença de SDS do ERP e das frações

obtidas após cromatografia em coluna CM-Sepharose. Todas as amostras foram

tratadas com β-mercaptoetanol. (M) refere-se ao marcador de massa molecular (Da);

(ERP) refere-se ao extrato rico em peptídeos das sementes de pimenta e, (F1) refere –

se a primeira fração eluída com tampão fosfato 20 mM; (F2) refere-se a segunda fração

eluída com tampão fosfato contendo 0,1 M de NaCl e (F3) refere-se a terceira fração

eluída com tampão fosfato contendo 0,2 M de NaCl.

16.950 14.400

10.600 8.160

6.200

M ERP F1 F2 F3

Page 44: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

44

Figura 5 – Eletroforese em gel de Tricina na presença de SDS das frações obtidas

após cromatografia em coluna C2/C18 por HPLC. Todas as amostras foram tratadas

com β-mercaptoetanol. (M) refere-se ao marcador de massa molecular (Da); (FR1)

refere-se ao primeiro pico obtido em coluna C2/C18; (FR2) refere-se ao segundo pico

obtido em coluna C2/C18, (FR3) refere-se ao terceiro pico obtido em coluna C2/C18 e,

(FR4) refere-se ao quarto pico obtido em coluna C2/C18.

16.950 14.400

10.600 8.160

6.200

M FR1 FR2 FR3 FR4

Page 45: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

45

5.3 – WESTERN BLOTTING

Através deste ensaio não foi detectada nenhuma marcação para LTP em

nenhum dos peptídeos presentes na fração F3 (2). Porém uma forte marcação pode ser

visualizada na fração F1 (1), a qual foi usada como controle positivo e que apresenta

uma LTP já purificada por Diz et al., 2006 (Figura 6).

Figura 6 – Western blotting de peptídeos obtidos na fração F3 após cromatografia de

troca iônica em coluna CM-Sepharose. 1 - fração F1, C. annuum e 2 - fração F3, C.

annuum

1 2

Page 46: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

46

5.4 – SEQUENCIAMENTO PROTEICO AMINO TERMINAL

Os peptídeos presentes nas frações FR2, FR3 e FR4 foram eletrotransferidas

para membranas de PVDF e posteriormente utilizadas para a determinação da

seqüência de aminoácidos a partir da região N-terminal pelo método de degradação de

Edman.

A comparação da seqüência em banco de dados dos resíduos seqüenciados a

partir da fração FR3 e da fração FR4 a partir da região N-terminal mostrou que estas

proteínas possuem homologia com inibidores de proteinases e napinas (albuminas 2S)

de diferentes espécies de plantas, respectivamente. A seqüência obtida a partir da

fração FR3 foi Ser-Glu-Pro-Arg-Asn-Glu-Pro-Thr-Glu-Ile-Ser-Tyr-Ser-Val-Ala-Pro-Ser-

Val-Ser e para a fração FR4 foi Pro-Gln-Cys-Pro-Arg-Cys-Ser-Gln-Gln-Phe-Gln-Gln-Ala-

Lys-Gln-Leu-Arg-Cys-Ser-Cys-Gln-Ser. As Figuras 7 e 8 mostram as seqüências

obtidas das proteínas eletrotransferidas e as seqüências das proteínas homólogas para

que elas possam ser analisadas comparativamente. Nenhuma seqüência pode ser

obtida para a fração FR-2.

Vale ressaltar que o resultado obtido para a seqüência da fração FR4 está de

acordo com o obtido em gel de tricina (Figura 5), visto que esta classe de proteínas, do

tipo napina, é composta de duas cadeias próximas de 8 e 4 kDa. A banda de 12 kDa

visualizada na fração FR4 pode representar a forma nativa desta que não foi

completamente separada.

Page 47: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

47

Figura 7 – Alinhamento parcial da seqüência de aminoácidos da fração FR3 de sementes de

pimenta com outras seqüências de inibidores de proteinase de plantas. Os resíduos apresentados

em azul são idênticos. Os resíduos apresentados em vermelho são os positivos e em preto são os

que não apresentam homologia. I (identidade) indicam os resíduos idênticos; P (positividade)

indicam os resíduos com as mesmas características. As seguintes seqüências são apresentadas

com o número do acesso no banco de dados (Clustal W), que foram utilizadas para comparação: 1-

Capsicum annum (46396269); 2- Capsicum annuum (Q9SDL4); 3- Nicotiana tabacum (Q40561); 4-

Capsicum annuum (fração FR3); 5- Erythrina latíssima (P68171); 6- Erythrina variegate (P81366);

7- Psophocarpus tetragonolobus (P10822).

I P 1 1 K A C P R N C D T D I A Y M V C P S S G 20 17.3 % 23.1 % 2 128 ― A C P R N C D T R I A Y S K C P R S E 146 3.9 % 4.9 % 3 76 ― S D P K N D P ― D I A Y S K C P R S E 93 4 % 6.6 %

4 FR3 1 ― S E P R N E P T E I S Y S V A P S V S 19 5 66 ― F I P D D D E V R I G F A Y A P K C A 84 2.3 % 5.2 % 6 66 ― F I P D D D K V R I G F A Y A P K C A 84 2.3 % 5.2 % 7 58 ― A K T G N E P C P L T V V R S P N V S 77 2.9 % 5.8 %

Alinhamento Homologia

Page 48: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

48

Figura 8 – Alinhamento parcial da seqüência de aminoácidos da fração FR4 de sementes de

pimenta com outras seqüências de napinas (Albuminas 2S) de plantas. Os resíduos apresentados

em azul são idênticos. Os resíduos apresentados em vermelho são os positivos e em preto são os

que não apresentam homologia. I (identidade) indicam os resíduos idênticos; P (positividade)

indicam os resíduos com as mesmas características. As seguintes seqüências são apresentadas

com o número do acesso no banco de dados (Clustal W), que foram utilizadas para comparação: 1-

Brassica napus (P01090); 2- Brassica juncea (Q42413); 3- Raphanus sativus (AAA32745); 4-

Capsicum annuum (fração FR4); 5- Passiflora edulis f. flaviarpa (Agizzio et al., 2003); 6- Sesamum

indicum (Tai et al., 1999) e 7- Glycine Max (Odani et al., 1987).

I P 1 1 P F R I P K C R K E F Q Q A Q H L R ― A C Q Q 22 13.6 % 21% 2 1 P F R I P K C R K E F Q Q A Q H L R V ― C Q Q 22 13.6 % 19.8 % 3 1 P ― R ― Q R C Q K E F Q Q S Q H L R ― A C Q R 22 13.9 % 22.2 %

4 FR4 1 P ― Q C P R C S Q Q F Q Q A K Q L R C S C Q S 22 5 1 ― ― P S E R C R R Q M Q G Q D F S ― ― ― ― ― 15 18.2 % 22.7 % 6 1 ― ― Q S Q Q C R Q Q L ― Q G R Q F R S ― ― ― ― 16 31.8 % 40 % 7 1 ― ― Q Q D S C R K Q L Q G V N L T P ― ― ― ― 16 18.2 % 22.7 %

Alinhamento Homologia

Page 49: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

49

5.5 - ANÁLISE DA INIBIÇÃO DO CRESCIMENTO CELULAR DE LEVEDURAS EM

MEIO LÍQUIDO

5.5.1 – EXTRATO RICO EM PEPTÍDEOS

Na tabela 3 observamos o efeito inibitório do ERP sobre as diferentes leveduras

testadas. Nesta tabela podemos observar o efeito do ERP na presença das leveduras

Candida krusei e Kluyveromyces lactis-similar. Notamos que somente na presença de

concentrações abaixo de 50 µg.mL-1 é que este extrato foi capaz de inibir 50 % do

crescimento destas leveduras. Podemos notar também um efeito bem acentuado sobre

a levedura Candida glabrata sensível onde notamos que utilizando concentrações menores

que 20 µg.mL-1 é que iremos atingir o seu IC50. Ao analisarmos o efeito do ERP sobre o

crescimento das leveduras Candida tropicalis, Saccharomyces cerevisiae, Candida

parapsilosis, Candida rugosa, Candida tropicalis, S. cerevisiae sensível a K1,

Saccharomyces cerevisiae killer (K1) e Pichia anomala observamos que utilizando

concentrações menores que 9 µg.mL-1. O ERP foi capaz de inibir em 50 % o

crescimento destas leveduras. Quando analisamos o crescimento das leveduras

Candida guilliermondii, Pichia membranifaciens e Candida krusei na presença do ERP,

notamos que este foi capaz de inibir em 50 % o crescimento destas leveduras,

utilizando-se concentrações entre 20 µg.mL-1 e 50 µg.mL-1. Notamos também que o IC50

foi atingido quando utilizamos 20 µg.mL-1 do ERP para a levedura Kluyveromyces

marxiannus. O efeito deste ERP é menos evidente no crescimento das leveduras

Candida albicans, Candida krusei (está no de 20<50), Candida guilliermondii e Candida

parapsilosis onde somente em concentrações maiores que 50 µg.mL-1 é que este ERP

irá induzir uma inibição de aproximadamente 50 % destas leveduras.

Page 50: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

50

Tabela 3: Atividade antifúngica do extrato rico em peptídeos (ERP)

LEVEDURAS Valores de IC50 (µµµµg.mL-1) *

Candida krusei (CE019)

< 50

Kluyveromyces lactis-similar (CE026)

Candida glabrata sensível K1 (CE030)

< 20

Candida tropicalis (CE006)

Saccharomyces cerevisiae (CE1038)

Candida parapsilosis (CE002)

Candida rugosa (CE016) < 9

Candida tropicalis (CE017)

S. cerevisiae sensível K1 (CE029)

Pichia anômala (CE009)

Saccharomyces cerevisiae killer (CE028)

Candida guilliermondii (CE004)

Candida guilliermondii (CE007)

Pichia membranifaciens (CE015) < 20, > 50

Candida krusei (CE010)

Candida guilliermondii (CE023)

Candida guilliermondii (CE027)

Kluyveromyces marxiannus (CE025)

20

Candida albicans (CE022)

Candida guilliermondii (CE013) > 50

Candida parapsilosis (CE002)

* Concentração de proteína mínima necessária para se obter 50 % de inibição do crescimento

após 42 h a 30 ºC.

Page 51: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

51

5.5.2 – FRAÇÃO F3

Na figura 9A podemos analisar o efeito da fração F3 sobre o crescimento da

levedura S. cerevisiae, onde notamos que quando utilizamos 64 µg.mL-1 desta fração, a

inibição chegou a 100 % enquanto que na presença de 8, 16 e 32 µg.mL-1 nenhuma

inibição foi observada.

Na figura 9B notamos o efeito inibitório sobre as células da levedura C.

parapsilosis onde notamos uma leve inibição em todas as concentrações testadas (8,

16, 32 e 64 µg.mL-1).

Na figura 9C notamos que a fração F3 interferiu no crescimento da levedura P.

membranifaciens em todas as concentrações utilizadas 8, 16, 32 e 64 µg.mL-1 onde é

possível observarmos uma inibição de 10 a 30 % do seu crescimento.

Na figura 9D observamos o efeito inibitório sobre a levedura C. tropicalis. Nela

observamos que na presença de todas as concentrações utilizadas, não houve inibição

do crescimento desta levedura, parecendo estar havendo uma estimulação do seu

crescimento celular.

Na figura 10A podemos observar o efeito inibitório sobre as células da levedura

K. marxiannus. Notamos que houve uma inibição de 50 % das células quando crescidas

na presença de 8 e 16 µg.mL-1.

Na figura 10B e 10C notamos o efeito da fração F3 sobre o crescimento das

leveduras C. albicans e C. guilliermondii, respectivamente. Observamos uma inibição de

50 % na presença de 8 e 16 µg.mL-1.

Page 52: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

52

Figura 9 – Gráfico do crescimento das leveduras (A) S. cerevisiae (CE1038), (B) C. parapsilosis

(CE002), (C) P. membranifaciens (CE015) e (D) C. tropicalis (CE017) até 42 h na presença da

fração F3. (-����-) controle, (-����-) 8 µg.mL-1, (-����-) 16 µg.mL-1, (-����-) 32 µg.mL-1, (-����-) 64 µg.mL-1.

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 10 20 30 40 50

TEMPO

AB

SO

RB

ÂN

CIA

(60

0 n

m) A

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 10 20 30 40 50

TEMPO

AB

SO

RB

ÂN

CIA

(60

0 n

m) D

0

200

400

600

800

1000

1200

0 10 20 30 40 50

TEMPO

AB

SO

RB

ÂN

CIA

(60

0 n

m) B

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000

0 10 20 30 40 50

TEMPO

AB

SO

RB

ÂN

CIA

(60

0 n

m) C

Page 53: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

53

Figura 10 – Gráfico do crescimento das leveduras (A) K. marxiannus (CE025), (B)

C. albicans (CE022) e (C) C. guilliermondii (CE013) até 42 h na presença da fração

F3. (-����-) controle, (-����-) 8 µg.mL-1, (-����-) 16 µg.mL-1

0

100

200

300

400

500

600

700

0 10 20 30 40 50

TEMPO

AB

SO

RB

ÂN

CIA

(600

nm

) A

0

100

200

300

400

500

600

700

0 10 20 30 40 50

TEMPO

AB

SO

RB

ÂN

CIA

(60

0 nm

) B

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 10 20 30 40 50

TEMPO

AB

SO

RB

AN

CIA

(60

0 nm

) C

Page 54: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

54

5.5.3 – FRAÇÕES FR3 e FR4

Na figura 11A podemos analisar o efeito das frações FR3 e FR4 sobre o

crescimento da levedura S. cerevisiae, onde a fração FR3 foi capaz de inibir em

aproximadamente 100 % o seu crescimento enquanto FR4 apresentou um efeito bem

menos acentuado, apresentando um menor efeito sobre o crescimento desta levedura.

Na figura 11B notamos o efeito das frações FR3 e FR4 sobre o crescimento da

levedura C. albicans. Observamos que ambas as frações não foram capazes de atuar

fortemente sobre o crescimento desta levedura, que não teve seu crescimento inibido.

Page 55: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

55

Figura 11 – Gráfico do crescimento das leveduras (A) S. cerevisiae (CE 1038), (B) C.

albicans (CE022), até 42 h na presença das frações FR3 e FR4. (-����-) controle, (-����-) 30

µL da fração FR3 e (-����-) 30 µL da fração FR4.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

0 10 20 30 40 50

TEMPO

AB

SO

RB

ÂN

CIA

(600

nm

) A

0

100

200

300

400

500

600

700

0 10 20 30 40 50

TEMPO

AB

SO

RB

ÂN

CIA

(600

nm

)

B

Page 56: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

56

5.6 – AVALIAÇÃO DA PORCENTAGEM DE MORTE DE LEVEDURAS TRATADAS

COM A FRAÇÃO F3

Na figura 12 observamos o efeito inibitório sobre o crescimento, em meio sólido,

das diferentes leveduras após 18 h de incubação na presença de 16 µg.mL-1 da fração

F3. Para a levedura P. membranifaciens (Figura 12A), notamos que esta fração

promoveu uma pequena inibição na formação de colônias quando comparadas à

formação de colônias da placa controle.

A figura 12 (B) mostra o efeito inibitório da fração F3 sobre o crescimento da

levedura S. cerevisiae, onde podemos observamos a inibição da formação de colônias

desta levedura ao compararmos com as células crescidas na ausência desta fração.

Para a levedura C. albicans, figura 12 (C) foi possível observarmos que também

houve uma inibição sobre a formação de colônias desta levedura, porém menos

acentuada do que a observada para S. cerevisiae.

Na figura 12 (D) notamos o efeito da fração F3 sobre o crescimento da levedura

K. marxiannus. Observamos uma grande inibição do número de colônias desta

levedura, se comparadas a placa controle.

Na tabela 4 podemos confirmar os resultados obtidos no ensaio em placa através

da análise do número de colônias que se desenvolveram, onde temos uma noção

quantitativa da porcentagem de morte das células quando crescidas na presença da

fração F3 confirmando a informação visual das observações das placas.

Page 57: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

57

Figura 12 – Ensaio em placas das leveduras crescidas após 18 h de

tratamento com 16 µg.mL-1 da fração F3. (A) P. membranifaciens (CE015),

(B) S. cerevisiae (CE1038), (C) C. albicans (CE022) e (D) K. marxiannus

(CE025).

Tabela 4: Atividade fungicida de peptídeos da fração F3 sobre as células de levedura

% de morte das

Leveduras células tratadas

Pichia membranifaciens............................................10

Saccharomyces cerevisiae........................................94

Candida albicans.............................................................50

Kluyveromyces marxiannus...........................................95

*Os valores representam a média de experimentos realizados em triplicata

A B C D

CONTROLE

TESTE

Page 58: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

58

5.7 – ANÁLISE DO EFEITO DOS PEPTÍDEOS SOBRE A INIBIÇÃO DA

ACIDIFICAÇÃO DO MEIO POR CÉLULAS DE LEVEDURA

A figura 13 apresenta o efeito da fração F3 sobre a acidificação do meio induzido

por glicose em células da levedura S. cerevisiae, que foi utilizada como modelo. Foram

realizados testes utilizando diferentes tempos de incubação, onde em (A) temos um

tempo de incubação de 60 minutos, em (B) um tempo de incubação de 30 minutos e,

em (C) um tempo de incubação de 10 minutos, para todas as concentrações usadas (2;

4; 8 e 16 µg.mL-1). Observamos que os peptídeos presentes nesta fração F3 inibiram

fortemente a acidificação do meio em todas as concentrações testadas e também em

todos os tempos de incubação testados.

Page 59: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

59

Figura 13 – Gráfico da % de acidificação do meio por células da levedura S. cervisiae, na

presença da fração F3 de sementes de pimenta obtida após cromatografia em coluna CM-

Sepharose, nas várias concentrações testadas. (1) Controle; (2) 2 µg.mL-1 da fração F3;

(3) 4 µg.mL-1 da fração F3; (4) 8 µg.mL-1 da fração F3 e (5) 16 µg.mL-1 da fração F3. (A)

Tempo de incubação de 60 minutos, (B) Tempo de incubação de 30 minutos e, (C) Tempo

de incubação de 10 minutos.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

% A

CID

IFIC

ÃO

1 2 3 4 5CONCENTRAÇÕES

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

% A

CID

IFIC

ÃO

1 2 3 4 5CONCENTRAÇÕES

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

% A

CID

IFIC

ÃO

1 2 3 4 5CONCENTRAÇÕES

A

B

C

Page 60: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

60

5.8 - ANÁLISE MORFOLÓGICA E ULTRAESTRUTURAL DE CÉLULAS DE

LEVEDURAS TRATADAS COM OS PEPTÍDEOS ANTIMICROBIANOS

5.8.1 - MICROSCOPIA ÓPTICA

Nas figuras 14 e 14’ podemos visualizar as imagens feitas através de

microscopia óptica das diferentes espécies de leveduras crescidas em meio controle

(sem adição de proteína) e em meio contendo a fração F3 na concentração de 8 µg.mL-

1 após 42 h de incubação.

Na figura 14 (A e B) observamos as células da levedura S. cerevisiae. Notamos

que na presença da fração F3 (Figura 14B) há uma leve redução do número de células

assim como podemos observar também a presença de algumas células com diferentes

aspectos em relação às demais, apresentando-se um pouco mais escuras e mais

alongadas.

Na figura 14 (C e D) observamos as células da levedura C. albicans. Notamos

que na presença da fração F3 (Figura 14D) houve uma aglomeração bem evidente das

células e a presença de células com diferentes aspectos se compararmos com as

células controle (Figura 14C), que apresentam uma distribuição celular bem diferente,

apresentando células bem isoladas umas das outras.

Na figura 14 (E e F) observamos as células da levedura C. tropicalis. Notamos

que na presença da fração F3 (Figura 14F) há uma diferença relevante quanto ao

número de células em relação as células controle (Figura 14E). Podemos observar

também uma evidente diferenciação quanto a morfologia das células, que quando

crescidas na presença da fração F3, encontram-se mais alongadas que as células

crescidas na ausência desta fração.

Na figura 14’ (G e H) observamos as células da levedura K. marxiannus.

Notamos uma redução significativa do número de células na presença da fração F3

(Figura 14’H). Também observamos de uma leve alteração no tamanho dessas células

ao compararmos com as células controle (Figura 14’G).

Na figura 14’ (I e J) podemos notar as células da levedura P. membranifaciens.

Podemos notar que na presença da fração F3 (Figura 14’J) houve uma aglomeração

celular, porém, diferente das demais espécies de levedura estudadas, não foi possível

Page 61: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

61

notar uma redução no número de células crescidas na presença da fração F3 quando

comparadas com as células controle.

Na figura 15 podemos visualizar, através de microscopia óptica confocal o efeito

da fração F3, na concentração de 32 µg.mL-1, sobre as células da levedura S.

cerevisiae. Na figura 15 (A e B) podemos observar as células da levedura S. cerevsiae

crescidas por um período de 42 h, neste tempo há uma redução bem evidente do

número de células crescidas na presença da fração F3, assim como uma forte

aglomeração dessas células (Figura 15B). Também foi possível observar uma diferença

a nível nuclear onde, nas células controle pode-se visualizar o núcleo de forma bem

definida fato que não ocorre nas células incubadas com a fração F3.

Na figura 15 (C e D) observamos as células da levedura S. cerevisiae crescidas

por um período de 60 h. Podemos observar que neste tempo também ocorreu uma

aglomeração das células em presença da fração F3 (Figura 15D) assim como uma

ampla desestruturação do núcleo, quando comparada as células controle (Figura 15C).

Page 62: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

62

Figura 14 – Células de leveduras visualizadas em microscopia óptica após ensaio de

inibição do crescimento. (A) S. cerevisiae (CE1038) controle (sem adição de proteína);

(B) S. cerevisiae (CE1038) incubadas com 8 µg.mL-1 da fração F3; (C) C. albicans

(CE022) controle (sem adição de proteína); (D) C. albicans (CE022) incubadas com 8

µg.mL-1 da fração F3; (E) C. tropicalis (CE017) controle (sem adição de proteína); (F) C.

tropicalis (CE017) incubadas com 8 µg.mL-1 da fração F3. Barra = 20 µm.

AB

C D

E F

Page 63: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

63

Figura 14’ – Células de leveduras visualizadas em microscopia óptica após ensaio de

inibição do crescimento. (G) K. marxiannus (CE025) controle (sem adição de proteína);

(H) K. marxiannus (CE025) incubadas com 8 µg.mL-1 da fração F3; (I) P.

membranifaciens (CE015) controle (sem adição de proteína); (J) P. membranifaciens

(CE015) incubadas com 8 µg.mL-1 da fração F3. Barra = 20 µm.

G H

I J

Page 64: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

64

Figura 15 – Células da levedura S. cerevisiae (CE1038) visualizadas em microscopia

óptica confocal. (A e B) S. cerevisiae crescidas por um período de 42 h, sendo (A)

células controle (sem adição da proteína) e (B) células da levedura S. cerevisiae

incubadas com 32 µg.mL-1 da fração F3. (C e D) S. cerevisiae crescidas por um período

de 60 h, sendo (C) células controle (sem adição da proteína) e (D) células da levedura

S. cerevisiae incubadas com 32 µg.mL-1 da fração F3. Barra = 10 µm

A B

C D

Page 65: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

65

5.8.2 - MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VERREDURA

Nas figuras 16 e 16’ podemos visualizar as imagens feitas através de microscopia

eletrônica de varredura, das diferentes espécies de leveduras provenientes do ensaio

de inibição do crescimento, por um período de 18 h, onde observamos as células

crescidas em meio controle (sem adição de proteína) e em meio contendo a fração

F3 numa concentração de 16 µg.mL-1. Na figura 16 (A e B) observamos as células da

levedura C. guilliermondii, onde na presença de F3 (Figura 16B), as células

encontram-se ligadas umas as outras, parecendo haver uma dificuldade quanto a

liberação de seus brotos. Ao compararmos com as células controle (Figura 16A)

também é possível observar uma variação e alteração no formato das células,

apresentando-se mais alongadas, tornando-se diferenciadas.

Na figura 16 (C e D) observamos as células da levedura C. parapsilosis. Não houve

nenhum tipo de alteração entre as células incubadas com a fração F3 (Figura 16D) e

as células controle (Figura 16C). A disposição em que elas se encontram e seus

tamanhos parecem muito semelhantes.

Na figura 16 (E e F) observamos as células da levedura C. tropicalis, onde notamos

uma alteração bem significativa entre estas células, na presença da fração F3

(Figura 16F) é observada a formação de estruturas bem alongadas, que acreditamos

ser pseudohifas, estrutura que não foi observada nas células controle (Figura 16E),

que se desenvolveram apenas na forma leveduriforme.

Na figura 16’ (G e H) observamos as células da levedura K. marxiannus.

Observamos na presença da fração F3 (Figura 16’H) onde as células encontram-se

completamente agrupadas evidenciando uma dificuldade na separação do broto da

célula mãe assim como, é observada uma diferença quanto ao tamanho das células

quando comparadas as células controle (Figura 16’G).

Na figura 16’ (I e J) observamos as células da levedura P. membranifaciens, onde

houve uma leve alteração entre as células controle (Figura 16’I) e as células

incubadas (Figura 16’J). É observada uma diminuição no número de células

crescidas na presença da fração F3 e, além disso, as células encontram-se mais

espalhadas uma vez que as células controle encontram-se aglomeradas.

Page 66: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

66

Na figura 16’ (K e L) são observadas as células da levedura S. cerevisiae na

presença (Figura 16’L) e na ausência da fração F3 (Figura 16’K). As células

crescidas na presença de F3 encontram-se ligadas umas as outras, parecendo haver

uma dificuldade na liberação do broto, porém elas não se encontram aglomeradas

como em algumas espécies de leveduras já observadas e isso pode ser observado

quando comparadas células controle (Figura 16’K), que encontram-se isoladas umas

das outras.

Page 67: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

67

Figura 16 – Células de leveduras visualizadas em microscopia eletrônica de varredura.

(A) C. guilliermondii (CE013) controle (sem adição da proteína); (B) C. guilliermondii

(CE013) incubadas com 16 µg.mL-1 da fração F3; (C) C. parapsilosis (CE002) controle

(sem adição da proteína); (D) C. parapsilosis (CE002) incubadas com 16 µg.mL-1 da

fração F3; (E) C. tropicalis (CE017) controle (sem adição da proteína); (F) C. tropicalis

(CE017) incubadas com 16 µg.mL-1 da fração F3. A-D Barra = 1 µm; E-F Barra = 3 µm.

A B

C D

E F

Page 68: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

68

Figura 16’ – Células de leveduras visualizadas em microscopia eletrônica de varredura.

(G) K. marxiannus (CE025) controle (sem adição da proteína); (H) K. marxiannus

(CE025) incubadas com 16 µg.mL-1 da fração F3; (I) P. membranifaciens (CE015)

controle (sem adição da proteína); (J) P. membranifaciens (CE015) incubadas com 16

µg.mL-1 da fração F3; (K) S. cerevisiae (CE1038) controle (sem adição da proteína); (L)

S. cerevisiae (CE1038) incubadas com 16 µg.mL-1 da fração F3. G-L Barra = 1 µm.

G H

I J

K L

Page 69: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

69

5.8.3 - MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO

Na figura 17 podemos visualizar as imagens feitas através de microscopia

eletrônica de transmissão, das leveduras S. cerevisiae (Figura 17A, B e C) e C.

tropicalis (Figura 17D e E), crescidas por um período de 18 h, em meio controle (sem

adição de proteína) e em meio contendo a fração F3 numa concentração de 16 µg.mL-

1. A figura 17 B mostra que as células da levedura S. cerevisiae apresentam um

material nuclear desestruturado e organelas desorganizadas quando comparadas as

células controle (Figura 17 A). Na figura 17 C observamos uma leve descontinuidade

da membrana plasmática e provavelmente um extravasamento do material

citoplasmático. Na figura 17E observamos que quando a célula da levedura C.

tropicalis cresceu em presença da fração F3 seu material nuclear apresenta-se

alterado e também notamos uma leve descontinuidade da membrana plasmática, se

compararmos com as células controle (Figura 17 D).

Page 70: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

70

Figura 17 – Células da levedura S. cerevisiae (CE1038) (A, B e C) e C. tropicalis

(CE017) (D e E) visualizadas em microscopia eletrônica de transmissão. (A) representa

a célula controle (sem adição de proteína) e, (B e C) representam as células incubadas

com 16 µg.mL-1 da fração F3. (B) Célula com alteração no material nuclear (estrela); (C)

Células com aparentes descontinuidades da membrana plasmática (setas). Em (D)

Observamos as células controle (sem adição de proteína) e, (E) representam as células

incubadas com 16 µg.mL-1 da fração F3. (E) Célula com alteração no material nuclear

(estrela). A, B e D Barra = 71 µm; C Barra = 25 µm e E Barra = 42 µm.

B C

D E

Page 71: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

71

6. DISCUSSÃO

Page 72: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

72

6.1 – Isolamento, purificação e caracterização dos peptídeos

Peptídeos antimicrobianos constituem um grupo de moléculas, produzidas por

diversos organismos, que têm sido utilizadas especialmente como agentes terapêuticos

por apresentarem uma vasta atividade antimicrobiana contra diversos fungos, bactérias

e vírus (Izadphanah e Gallo, 2005).

Devido ao grande número de peptídeos presentes em plantas, especialmente em

suas sementes, é que focamos o nosso trabalho no isolamento e na caracterização

desses peptídeos a partir de sementes de pimenta. Inicialmente através da maceração

dessas sementes e obtenção de uma farinha iniciamos todo o processo de purificação.

O processo de extração dos peptídeos foi realizado segundo metodologia descrita por

Diz et al., 2004. As proteínas obtidas a partir de um extrato rico em peptídeos (ERP)

foram inicialmente separadas utilizando métodos cromatográficos. A cromatografia em

CM-Sepharose resultou em 3 diferentes frações denominadas F1, F2 e F3 (Figura 2).

Em um trabalho recente, Diz et al. (2006) isolaram e caracterizaram um dos peptídeos

presentes na fração F1 obtida a partir dessa semente. Este peptídeo, uma proteína de 9

kDa, mostrou ser uma proteína transportadora de lipídeo (LTP) e apresentou alta

homologia com outras LTPs isoladas de plantas. Em continuidade aos nossos estudos

de purificação os peptídeos presentes na fração F3 foram separados através de uma

cromatografia em coluna de fase reversa C2/C18, onde obtivemos a presença de 4

frações distintas denominadas FR1, FR2, FR3 e FR4 (Fig. 3). Todas essas frações

mostraram através de eletroforese a presença de peptídeos isolados com massas

moleculares entre 6 e 10 kDa. Na tentativa de melhor caracterizar esses peptídeos

essas frações foram submetidas ao seqüenciamento N-terminal. Uma posterior

comparação em banco de dados indicou que a proteína de massa molecular próxima a

6 kDa, presente na fração FR3, apresentava homologia com alguns inibidores de

proteinase (Fig. 7) e que a proteína presente na fração FR4, de massa molecular

próxima a 8 kDa, apresentava homologia com proteínas de reserva do tipo napina

(denominadas albuminas 2S) (Fig.8). Ainda não foi possível obtermos uma seqüência

para as frações FR1 e FR2. As massas moleculares e as seqüências encontradas para

as proteínas presentes em cada uma das frações obtidas estão de acordo com outras

proteínas já isoladas de plantas e que apresentam massas moleculares esperadas para

Page 73: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

73

peptídeos que possuem atividade antimicrobiana (Broekaert et al., 1997). A banda

protéica obtida na fração FR3 pertencente a família dos inibidores de proteinase,

apresenta homologia com outras proteínas dessa família isoladas de diferentes

espécies de plantas como N. tabacum, E. variegata; E. latissima; C. annuum; C.

annuum e P. tetragonolobus. Os membros da família dos inibidores de proteinase têm

sido estudados por apresentarem diversas funções, além de serem reguladores de

proteinases endógenas também estão relacionados a atividade de defesa de plantas

contra determinadas pragas e patógenos (Antcheva et al., 2001; Mosolov et al., 2001).

Já a banda protéica obtida na fração FR4 pertencente a família das napinas apresentou

homologia com proteínas dessa mesma família também isoladas de diferentes espécies

de planta como B. napus; B. juncea; R. sativus; P. edulis f. flavicarpa, S. indicum e G.

max. As proteínas da família das napinas também possuem essa atividade biológica

contra determinados agentes fitopatogênicos, porém também tem a função de atuarem

como fonte de nitrogênio para a planta durante a sua germinação (Neumann et al.,

1996; Ngai e Ng, 2004). Outros membros de proteínas antimicrobianas de baixa massa

molecular pertencentes a família das albuminas 2S também vêm sendo isolados de

outras plantas. Diferentes proteínas foram purificadas a partir de sementes de Malva

parviflora. Estas foram denominadas CW1 e CW4 e através de pesquisas em bancos

de dados verificaram que ambas possuem alta homologia com albuminas 2S, onde

CW1 apresentou 100 % de identidade de sua subunidade maior com albuminas de

Brassica napus e, CW4 mostrou 57 % de identidade com albuminas 2S presentes em

algodão (Wang e Bunkers, 2000). Uma proteína de 5 kDa, denominada Pe-AFP1, foi

purificada e caracterizada a partir de sementes de Passiflora edulis, e também mostrou

apresentar homologia com albuminas 2S de planta (Pelegrini et al., 2006). Agizzio et al.

(2003) isolaram e caracterizaram uma proteína a partir de sementes de Passiflora edulis

f. flavicarpa que apresentou homologia com albuminas 2S. Essa proteína de peso

molecular em torno de 12 kDa apresenta 2 cadeias, uma pesada de aproximadamente

8 kDa e outra leve de aproximadamente 4 kDa.

Page 74: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

74

6.2 – Inibição do crescimento e acidificação do meio estimulado por glicose

Diferentes peptídeos têm sido estudados por apresentarem algum tipo de

atividade biológica in vitro contra uma variedade de patógenos fúngicos. Entre os

principais peptídeos estudados podemos destacar alguns grupos encontrados em

plantas como as tioninas, as defensinas, as proteínas transportadoras de lipídeos

(LTPs), entre outros (Broekaert et al., 1997; Castro e Fontes, 2005).

Durante o processo de purificação, foram testadas as atividades antifúngicas dos

peptídeos presentes no extrato rico em peptídeos (ERP), na fração F3 e

posteriormente, das frações FR3 e FR4 contra diferentes espécies de leveduras.

Notamos que na presença de concentrações que variavam entre 9 e 50 µg.mL-1 do

ERP várias das leveduras testadas tiveram o seu IC50 determinado em concentrações

inferiores a 50 µg.mL-1 enquanto outras somente foram capazes de atingir 50 % do seu

crescimento em concentrações maiores que 50 µg.mL-1 (Tabela 3). A partir desses

resultados fomos então testar o efeito da fração F3 sobre o crescimento de algumas

dessas leveduras. A partir desses resultados observamos, por exemplo, uma inibição

de 100 % das células da levedura S. cerevisiae em presença da fração F3 em todas as

concentrações testadas (Fig. 9A), como também observamos uma redução bem

acentuada do crescimento para as leveduras K. marxiannus (Fig. 10A), C. albicans (Fig.

10B) e C. guilliermondii (Fig. 10C) na presença da fração F3. Já para a levedura C.

tropicalis (Fig. 9D) nenhum efeito inibitório foi observado. Além desses resultados foi

testada também a atividade da fração FR3 e FR4 sobre o crescimento das leveduras S.

cerevisiae (Fig. 11A) e C. albicans (Fig. 11B), onde foi possível visualizar um efeito

inibitório maior da fração FR3. Essas variações encontradas no crescimento das

diferentes espécies de leveduras são influenciadas principalmente pelo

desenvolvimento diferenciado de suas células. Essa diferenciação ocorre

provavelmente devido a alterações morfológicas provocadas pelas frações ricas em

peptídeos no meio de crescimento. Nos últimos anos foi reportado que albuminas 2S

presentes em sementes de maracujá amarelo possuíam atividade antifúngica contra os

fungos F. oxysporum, C. lindemuthianum, C. musae e contra a levedura S. cerevisiae,

tanto inibindo seu crescimento quanto induzindo diversas alterações morfológicas de

suas células (Agizzio et al., 2003; 2006). Uma segunda albumina 2S também isolada de

Page 75: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

75

sementes de Passiflora edulis denominada Pe-AFP1 e apresentando massa molecular

de 5 kDa também apresentava atividade antimicrobiana contra diferentes fungos

fitopatogênicos (Pelegrini et al., 2006). Foi também reportado que LTPs em sinergismo

com uma defensina, ambos isolados de sementes de feijão-de-corda, apresentavam

uma alta atividade antimicrobiana contra os patógenos fúngicos F. oxysporum e F.

solani induzindo várias alterações morfológicas de suas hifas (Carvalho et al., 2001).

Além dessas proteínas acima descritas nos últimos anos proteínas associadas a

inibidores de tripsina também tem mostrado possuírem a habilidade de inibir a

germinação de esporos de fungos em concentrações de 5 µg.mL-1, como é o caso da

proteína SAP16 (Giudici et al., 2000). Também foi visto recentemente que uma outra

proteína, denominada Psc-AFP, além de possuir atividade associada a inibidores de

tripsina foi também capaz de inibir o crescimento dos fungos Alternari brassicae,

Aspergillus nuger, Fusarium oxysporum e Rhizoctonia cerealis (Yang, et al., 2006).

Na membrana plasmática dos fungos estão presentes H+-ATPases que

desempenham um papel essencial em sua fisiologia celular, interferências no

funcionamento destas bombas podem levar a morte do fungo. Em função deste papel

das H+-ATPases, monitoramos a acidificação do meio estimulado por glicose de células

da levedura S. cerevisiae na presença de várias concentrações da fração F3, variando

de 2 a 16 µg.mL-1, e verificamos que esta foi capaz de inibir em 100 % a acidificação do

meio em todas as concentrações utilizadas, independente do tempo em que as células

permaneceram incubadas (Fig. 13). Este fato pode ocorrer pela indicação de que a

inibição da levedura por essa fração pode ser mediada tanto por uma inibição da H+-

ATPase presente na membrana plasmática da levedura quanto por um aumento da

permeabilidade de H+ também nesta membrana. Dessa forma, o efeito inibitório da

fração F3 sobre a acidificação do meio das células da levedura S. cerevisiae pode estar

correlacionada com a inibição do crescimento celular das diferentes leveduras

estudadas. Até o momento, a informação sobre os mecanismos de ação dos peptídeos

antimicrobianos ainda é muito limitada. Diferentes peptídeos têm sido estudados e

observa-se a habilidade que alguns deles possuem de agir ao nível da membrana

plasmática, além de promoverem um fluxo de íons através desta membrana. Thevissen

et al. (1999) demonstraram que quando os fungos Neurospora crassa e Fusarium

culmorum foram testados com defensinas de planta, Rs-AFP2 e Dm-AMP1, um fluxo de

Page 76: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

76

íons através da membrana plasmática foi observado. Também tem sido estudada a

atividade antifúngica da osmotina e acredita-se que ela também esteja envolvida em

atividades ao nível da membrana plasmática. Yun et al. (1997) mostraram que

osmotinas tanto induzem a lise de esporo, inibindo a sua germinação quanto reduzem a

viabilidade em muitas espécies fúngicas que exibiram algum grau de sensibilidade na

inibição do crescimento das hifas. A inibição do crescimento de determinadas espécies

fúngicas foi correlacionada com a habilidade das osmotinas de dissiparem um gradiente

de pH na membrana fúngica. Experimentos genéticos também mostraram que a

suscetibilidade de alguns microrganismos é regulada por proteínas que controlam a

composição da parede celular (Yun et al., 1998; Ibeas et al., 2000 e 2001). Em adição,

albuminas 2S presentes em sementes de maracujá amarelo também destacaram-se por

apresentarem a capacidade de inibir a acidificação do meio estimulado por glicose de

células da levedura S. cerevisiae e também de fungos fitopatogênicos. Além de

estarem envolvidas na inibição, também estão relacionadas ao fato de promoverem a

permeabilização da membrana dos fungos os quais tiveram contato (Agizzio et al., 2003

e 2006). Recentemente, foi demonstrado por Diz et al. (2006) que peptídeos presentes

em sementes de pimenta inibem em até 100 % a acidificação do meio de células da

levedura S. cerevisiae utilizando-se uma concentração de 160 µg.mL-1 da fração F1 que

em contato com as células da levedura mostrou-se responsável por promover a

permeabilização através da membrana plasmática.

6.3 – Análise morfológica e ultraestrutural de células de leveduras induzidas pelos peptídeos presentes na fração F3

Nos últimos anos, diversos autores têm demonstrado a habilidade que

determinados peptídeos possuem de inibir o crescimento de determinados patógenos e

promoverem uma alteração morfologia em suas células.

Neste trabalho foram realizados testes adicionais para avaliar a ação da fração

F3 sobre as células das leveduras estudadas. Através de microscopias ópticas e

eletrônicas verificarmos possíveis alterações provocadas por esta fração sobre suas

células. Análises feitas através de microscopia óptica das leveduras S. cerevisiae (Fig.

14 A), C. albicans (Fig. 14 C), C. topicalis (Fig. 14 E), K. marxiannus (Fig. 14’ G) e P.

membranifaciens (Fig. 14’ I) mostraram que as culturas incubadas com a fração F3

Page 77: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

77

exibiram uma notável inibição do crescimento assim como algumas alterações

morfológicas como pode ser observado para a levedura C. tropicalis (Fig. 14 F) que

além de apresentar uma redução no número de células também apresentou alteração

em sua morfologia. Observações através de microscopia óptica indicaram que quando

tratadas com a fração F3 as células encontram-se agrupadas e com o citoplasma

bastante desorganizado (Fig. 15). Ao analisarmos as células através de microscopia

eletrônica de varredura, observamos também diversas alterações morfológicas

especialmente na superfície das células. Alterações na formação e liberação dos brotos

foram observadas para as leveduras C. guilliermondii (Fig. 16 B), K. marxiannus (Fig.

16’ H) e S. cerevisiae (Fig. 16 F). Além disso, transições dimórficas com o

desenvolvimento de pseudohifas foram observadas no crescimento da levedura C.

tropicalis (Fig. 16 F) na presença da fração F3. É interessante ressaltar que esse

dimorfismo celular pode ocorrer devido a alterações no pH do meio em que estas

células se encontram e isso pode ser confirmado pelo fato dessa fração F3 estar

provavelmente atuando na membrana plasmática dessas leveduras alterando

diretamente o funcionamento das H+-ATPases, que são responsáveis pelo

bombeamento de H+ através dessa membrana, ou promovendo de alguma forma a

permeabilização direta desta. Transições dimórficas têm sido encontradas como sendo

controladas pelo pH de células da levedura C. albicans, o crescimento micelial é

favorecido pela incubação em pH, sobre condições ácidas, mas somente no meio

contendo glicose o fungo cresce em sua forma leveduriforme (Soll, 1985). Osborn et al.

(1995) relataram que defensinas de planta isoladas de diferentes sementes causam

alterações morfológicas muito distintas em alguns, mas não em todos os fungos

testados. Baseado nos efeitos antimicrobianos observados, duas classes de defensinas

podem ser distinguidas: as defensinas morfogênicas, as quais causam elongação das

hifas reduzidas com um concomitante aumento da ramificação das hifas, e as

defensinas não morfogênicas, que somente reduzem a elongação da hifa, mas não

induzem nenhum tipo de alteração morfológica. Diz et al. (2006) também demonstraram

que peptídeos presentes na fração F1 de sementes de C. annuum promovem a

transição das formas levedura-pseudohifas de culturas da levedura C. albicans e

acreditam que essa transição ocorra devido a inibição da acidificação do meio como

conseqüência da permeabilização da membrana plasmática promovido pelos peptídeos

Page 78: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

78

da fração F1. Em adição ao desenvolvimento de pseudohifas observou-se também uma

dificuldade que determinadas espécies apresentam em liberarem seu broto. Já foi

demonstrado por Baladrón et al. (2002) que mutantes da levedura S. cerevisiae

possuem um defeito na separação celular entre as células mãe e o seu broto

acreditando-se que isso ocorra devido a presença de sistemas complexos de enzimas

que podem estar reestruturando a parede celular da levedura, contribuindo assim para

que haja a formação de cadeias celulares lineares, assemelhando-se ao crescimento

de pseudohifas.

Quando observamos através de microscopia eletrônica de transmissão as

células das leveduras S. cerevisae (Fig. 17 A) e C. tropicalis (Fig. 17 A) notamos que

quando incubadas com a fração F3, há um encolhimento do citosol, desorganização do

material nuclear e também de outras organelas e uma membrana plasmática levemente

deformada. É importante ressaltar que nem todas estas características foram

observadas em todas as células, mas ocorreram com bastante freqüência, estas

características são muito similares as observadas nas células que sofrem apoptose.

Apoptose ou morte celular programada é um processo distinto no qual a célula ativa um

programa suicida intrínseco resultando em alterações seqüenciais que levam a morte

celular com um empacotamento dos constituintes celulares em pedaços ligados a

membrana (Yun et al., 1998). Tem sido demonstrado que osmotinas não somente

induzem a uma rápida morte celular em leveduras, como também existe uma

especificidade entre a atividade antifúngica de uma proteína da família PR-5 e a

membrana de sua célula alvo (Abad et al., 1996; Yun et al., 1998; Anzlovar et al., 1998).

Também tem sido demonstrado que componentes da parede celular são importantes

determinantes da resistência a osmotina e que resistências diferenciadas entre as

diferentes espécies de levedura com a membrana plasmática como sendo alvo para a

osmotina é determinado por variações na arquitetura da parede celular. Entre os

determinantes de resistência previamente identificados, encontra-se a família das

proteínas localizadas na parede celular das leveduras, denominadas proteínas PIR

(Yun et al., 1998; Anzlovar et al., 1998). Interessantemente, resultados obtidos por Crimi

et al (2006) também mostraram o efeito de uma LTP de planta induzindo uma cascata

apoptótica a nível mitocondrial. Albuminas 2S também foram capazes de causar

Page 79: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

79

modificações semelhantes a processos apoptóticos como mostrado por Agizzio et al.

(2006).

Assim, o estudo da atividade antimicrobiana e das diferentes características

moleculares presentes nos diferentes grupos de proteínas e peptídeos é de

fundamental importância para que possamos compreender os mecanismos pelos quais

estes agem sobre o desenvolvimento de patógenos. Dessa forma, será possível utiliza-

los como agentes terapêuticos no tratamento de determinadas infecções causadas por

certos agentes patogênicos, especialmente de leveduras.

Page 80: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

80

7. CONCLUSÕES

Page 81: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

81

•••• Foram isoladas três proteínas de baixa massa molecular, denominadas FR2, FR3 e

FR4 a partir da fração F3 isolada do extrato rico em peptídeos de sementes de pimenta

e essas proteínas apresentaram valores de massas moleculares entre 8 e 6 kDa;

•••• As seqüências de aminoácidos obtidas a partir de dois dos peptídeos isolados, FR3 e

FR4, da fração F3 apresentaram homologia com inibidores de proteinase e com

napinas, respectivamente, de diferentes espécies de plantas;

•••• O extrato rico em peptídeos foi capaz de induzir uma inibição de aproximadamente 50

% o crescimento de algumas das leveduras testadas em concentrações inferiores a 9

µg.mL-1 enquanto outras foram inibidas apenas com concentrações superiores a 50

µg.mL-1;

•••• A fração F3 também foi capaz de inibir o crescimento das leveduras nas várias

concentrações utilizadas, atingindo uma inibição de 100 % em algumas delas;

•••• A fração F3 inibiu fortemente a acidificação do meio estimulado por glicose de células

da levedura S. cerevisiae, nos diferentes tempos e nas diferentes concentrações

utilizadas;

•••• As células das leveduras C. guilliermondii, K. marxiannus e S. cerervisiae

apresentaram alterações morfológicas quando crescidas na presença da fração F3,

apresentando-se agrupadas, sugerindo uma deficiência na liberação do broto.

•••• Células da levedura C. tropicalis apresentaram alterações morfológicas com a

formação de estruturas denominadas pseudohifas quando crescidas na presença da

fração F3.

•••• Células das leveduras S. cerevisae e C. tropicalis quando crescidas em presença da

fração F3 apresentaram modificações ultraestruturais apresentando uma leve

desorganização da membrana plasmática além de uma alteração do material nuclear.

Page 82: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

82

•••• A fração FR3 foi capaz de inibir fortemente o crescimento da levedura S. cerevisiae na

concentração utilizada, atingindo 100 % de sua inibição.

Page 83: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

83

8. BIBLIOGRAFIA

Page 84: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

84

- Abad, L.R., D’Urzo, M.P., Liu, D., Narashiman, M.L.., Reuveni, M., Zhu, J.K., Niu,

X., Singh, N.K., Hasegawa, P.M. e Bressan, R.A. (1996). Antifungal activity of

tabacco osmotin has specificity and involves plasma membrane permeabilization,

Plant Sci, 118: 11-23.

- Agizzio, A.P., Carvalho, A.O., Ribeiro, S.F.F., Machado, O.L.T., Alves, E.W.,

Okorokov, L.A., Samarão, S.S., Bloch Jr., C., Prates, M.V. e Gomes, V.M. (2003). A

2S albumin-homologous protein from passion fruit seeds inhibits the fungal growth

and acidification of the medium by Fusarium oxysporum. Arch Biochem Biophys,

416: 188-195.

- Agizzio, A.P., Da Cunha, M., Carvalho, A.O., Oliveira, M.A., Ribeiro, S.F.F. e

Gomes, V.M. (2006). The antifungal properties of a 2S albumin-homologous protein

from passion fruit seeds involve plasma membrane permeabilization and

ultrastructural alterations in yeast cells. Plant Sci, 171: 215-522.

- Alexopoulos, C.J., Mins, C.W. e Blackwell, M. (1996). Introductory Mycology. 4ª

edição. Pages 272-291.

- Almeida, M.S., Cabral, K.M.S., Kurtenbach, E., Almeida, F.C.L. e Valente, A.P.

(2002). Solution structure of Pisum sativum defensin 1 by high resolution NMR: plant

defensins, identical backbone with different mechanisms of action. J Mol Biol, 315:

749-757.

- Allen, G. (1989). Sequencing of proteins and peptides. In: Labotatory tecniques in

biochemistry and molecular biology. Elsevier, Bundon R. H. & Knipperg P. H. editors,

2º edition.

- Altschul, S.F., Gish, W., Miller, W., Myers, E.W. e Lipman, D.J. (1990). Basic local

alignment search tool. J Mol Biol, 215: 403-410.

Page 85: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

85

- Antcheva, N., Pintar, A., Patthy, A., Simoncsits, A., Barta, E., Tchorbanov, B. e

Pongor, S. (2001). Proteins of circularly permuted sequence present within the same

organism: the major serine proteinase inhibitor from Capsicum annuum sedds.

Protein Sci, 10: 2280-2290.

- Anzlovar, S., Serra, M.D., Dermastia, M. e Menestrina, G. (1998). Membrane

permeabilizing activity of pathogenesis-related protein linusitin from flax seed. Mol.

Plant Microbe Interact, 11: 610–617.

- Arondel, V., Vergolle, C., Cantrel, C. e Kader, J.C. (2000). Lipid transfer proteins

are encoded by a small multigene family in Arabidopsis thaliana. Plant Sci, 157: 1-

12.

- Baladrón, V., Ufano, S., Ducñas, E., Martín-Cuadrado, A.B., del Rey, F. e de

Aldana, C.R.V. (2002). Eng 1p, an endo-1,3-β-glucanase localizeted at the daughter

side of the septum, is involved in cell separation in Saccharomyces cerevisiae.

Eukaryot Cell, 1(5): 774-786.

- Bohlmann, H. (1994). The role of thionins in plant protection. Crit Rev Plant Sci, 13:

1-16.

- Boman, H.G. (1995). peptides antibiotics and their role in innate immunity. Annu

Rev Immunol, 13: 61-92.

- Bosland, P.W. (1996). Capsicum: Innovative uses of an Ancient crop. Arlington, VA:

ASHS Press, p. 479-478.

- Bossche V. H. e Koymans, L. (1998). Cytochromes P450 in fungi. Mycoses, 1: 32-

38.

Page 86: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

86

- Bradford, M.M. (1976). A rapid and sensitive method for the quantification of

microgram quantities of protein utilizing the principle of dye binding. Biochemistry,

72: 248-254.

- Brandstadter, J., Rossbach, C. e Theres, K. (1996). Expression of genes for a

defensin and a proteinase inhibitor in specific areas of the shoot apex and the

developing flower in tomato. Mol Gen Genet, 252: 146-154.

- Broekart, W.F., Lee, H.I., Kush, A., Chua, N.H. e Raikhel, N. (1990). Wound-iduced

acumulation of mRNA containing a hevein sequence in laticifers of rubber tree

(Hevea brasiliensis). Proc Natl Acad Sci, U S A, 87: 7633-7637.

- Broekaert, W.F., Terras, F.R.G., Cammue, B.P.A. e Osborn, R.W. (1995). Plant

defensins: novel antimicrobial peptides of the host defense system. Plant Physiol,

108: 1353-1358.

- Broekaert, W.F., Cammue, B.P.A., De Bolle, M.F.C., Thevissen, K., De Samblanx,

G. e Osborn, R.W. (1997). Antimicrobial peptides from plants. Crit Rev Plant Sci,

16(3): 297-323.

- Brogden, K.A. (2005). Antimicrobial peptides: pore formers or metabolic inhibitors in

bacteria? Nat Rev, 3: 238-250.

- Bruix, M., Jiménez, M.A., Santoro, J., González, C., Colilla, F.J., Méndez, E. e Rico,

M. (1993). Solution structure of gamma 1-H and gamma 1-P thionins from barley and

wheat endosperm determined by 1H-NMR: a structural motif common to toxic

arthropod proteins. Biochemistry, 132: 715-724.

- Carvalho, A.O., Machado, O.L.T., Da Cunha, M., Santos, I.S. e Gomes, V.M.

(2001). Antimicrobial peptides and immunolocalization of a LTP in Vigna guiculata

seeds. Plant Physiol Biochem, 39(20): 137-146.

Page 87: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

87

- Carvalho, A.O., Teodoro, C.E.S., Da Cunha, M., Façanha, A.L.O., Okorokov, L.A.,

Fernandes, K.V.S.e Gomes, V.M. (2004). Intracellular localization of a lipid transfer

protein in Vigna unguiculata seeds. Physiol Plant (Copenhagen), 122: 328-336.

- Casali, V.W.D. e Couto, F.A.A. (1984). Origem e botânica de capsicum. Informe

Agropecuário, 10(113): 76-78.

- Castro, M.S. e Fontes, W. (2005). Plant defense and antimicrobial peptides. Protein

Pept Lett, 12(1): 13-18.

- Chen, Z.Y., Brown, R.L., Lax, A.R., Guo, B.Z., Cleveland, T.E. e Russin, J.S.

(1998). Resistance to Aspergillus flavus in corn kernels is associated with a 14 kDa

protein. Phytopathology, 88: 276-281.

- Colilla, F.J., Rocher, A. e Mendez, E. (1990). Gamma-purothionins: amino acid

sequence of two polypeptides of a new family of thionins from wheat endosperm.

FEBS Lett, 270: 191-194.

- Crimi, M., Astegno, A., Zoccatelli, G. e Esposti, M. D. (2006). Pro-apoptotic effect of

maize lipid transfer protein on mammalian mitochondria. Arch Biochem Biophys, 445:

65–71.

- Diz, M.S.S., Carvalho, A.O. e Gomes, V.M. (2003). Purification and molecular mass

determination of a lipid transfer protein exuded from Vigna unguiculata seeds. Braz J

Plant Physiol, 15:171-175.

- Diz, M.S.S. (2004). Isolamento e caracterização de peptídeos antimicrobianos

presentes em semtes de pimentão (Capsicum annuum L..). Monografia (Ciências

Biológicas) – Campos dos Goytacazes – RJ. Universidade Estadual do Norte

Fluminense – UENF, pp. 64.

Page 88: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

88

- Diz, M.S.S., Carvalho, A.O., Rodrigues, R., Neves-Ferreira, A.G.C., Da Cunha, M.,

Alves, E.W., Okorokova-Façanha, A.L., Oliveira, M.A., Perales, J., Machado, O.L.T.

e Gomes, V.M. (2006). Antimicrobial peptides from chilli pepper seeds causes yeast

plasma membrane permeabilization and inhibits the acidification of the médium by

yeast cells. Biochim Biophys Acta, 1760: 1323-1332.

- Duboc, I.M. e von Stockar, U. (1996). Physiology of Saccharomyces cerevisiae

during cell cycle oscillations. J Biotechnol, 51: 57-72.

- Edman, P. (1950). Method for determination of amino acid sequences in peptides.

Acta Chem Scand., 28: 283:293.

- Ericson, M.L., Rodin, J., Lenman, M., Glimelius, K., Josefsson, L.G., Rask, L.

(1986). Structure of rapessed 1.7S storage protein, napin, and its precursor. J Biol

Chem, 261:14576-145781.

- Feder, R., Nehushtai, R. e Mor, A. (2001). Affinity driven molecular transfer from

erythrocyte membrane to target cells. Peptides, 22: 1683-1690.

- Gabay, J.E. (1994). Ubiquitous natural antibiotics. Science, 264: 373-374.

- Gallo, R.L., Murakami, M., Ohtake, T. e Zaiou, M. (2002). Biology and clinical

relevance of naturally accuring antimicrobial peptides. Mol Mechan Inall and Clin

Immunol, pages 823-831.

- Gao, A.G., Hakimi, S.M., Hittanck, C.A., Wu, Y., Woerner, B.M., Stark, D.M.,

Shah, D.M., Liang, J. e Rommens, C.M.T. (2000). Fungal pathogen protection in potato

by expression of a plant defensin peptide. Nat Biotechnol, 18: 1307-1310.

- Garcia-Olmedo, F., Rodriguez- Palenzuela, P., Herandez-Lucas, C., Ponz, F.,

Maranã, C., Carmona, M. J., Lopez-Fando, J. J., Fernandez, J. A. e Carbonero, P.,

Page 89: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

89

(1989). The thionins: a protein family that includes purothionins, viscotoxins and

cambrins. J Mol Cell Biol, 6: 31-60.

- García-Olmedo, F., Palenzuela, P.R., Molina, A., Alamillo, J.M., Lopez-Solanilla, E.,

Berrocal-Lobo, M. e Poza-Carrion, C. (2001). Antibiotic activities of peptides,

hydrogen peroxide and peroxynitrite in plant defense. FEBS Lett, 498: 219-222.

- Giudici, A.M., Regente, M.C. e de la Canal, L . (2000). A potent antifungal protein

from Helianthus annuus flowers is a trypsin inhibitor. Plant Physiol Biochem, 38: 881-

888.

- Gomes, V.M., Okorokov, L.A., Rose, T.L., Fernandes, K.V.S. e Xavier-Filho, J.

(1998). Vicilins (7S globulins) inhibit yeast growth and glucose stimulated

acidification of the medium by yeast cells. Biochem Biophys Acta, 1379: 207-216.

- Gow, N.A.R., Brown, A.J.P. e Odds, F.C. (2002). Fungal morphogenesis and host

invasion. Curr Opin Microbiol, 5: 366-371.

- Heiser Jr., C.B. (1976). Peppers. Capsicum (Solanaceae). In: Evolution of crop

plants. Simmonds, N.W. (Ed.) Longman Scientific and Technical. p.265-268.

- Holm, T., Netzereab, S., Hansen, M., Langel, U. e Höllbrink, M. (2005). Uptake of

cell-penetrating peptides in yeasts. FEBS Lett, 579: 5217-5222.

- Hornby, J.M., Dumitru, R. e Nickerson, K.W. (2003). High phosphate (up to 600

mM) induces pseudohyphal development in five wild type Candida albicans. J

Microbiol Methods, 56: 119-124.

- Houlne, G., Meyer, B. e Schantz, R. (1998). Alteration of the expression of a plant

defensin gene by exon shuffling in bell pepper (Capsicum annuum L.). Mol Gen

Genet, 259(5): 504-510.

Page 90: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

90

- Hultmark, D. (1997). Immune reactions in Drosophila and other insects: a model for

innate immunity. Trends Genet, 9: 178-182.

- Ibeas, J.I., Lee, H., Damsz, B., Prasad, D.T., Pardo, J.M., Hasegawa, P.M., Bressan,

R.A. e Narasimhan, M.L. (2000). Fungal cell wall phosphomannans facilitate the toxic

activity of a plant PR-5 protein. Plant J, 23 : 375–383.

- Ibeas, J.I., Yun, D.J., Damsz, B., Narashiman, M.L., Uesono, Y., Ribas, J.C., Lee,

H., Hasegawa, P.M., Bressan, R.A. e Pardo, J.M. (2001). Resistance to the plant

PR-5 protein osmotin in the model fungus Saccharomyces cerevisiae is mediated by

the regulatory effects of SSD1 on cell wall composition. Plant J, 25 : 271–280.

- Izadpanah, A. e Gallo, R.L. (2005). Antimicrobial peptides. J Am Acad Dermatol,

52: 381-390.

- Johnston, G.C., Pringle, J.R. e Hartwell, L.H. (1977). Coordination of cell growth

with cell division in the yeast Saccharomyces cerevisisae. Exp Cell Res, 105: 79-98.

- Jouanin, L., Boanande-Bottino, M., Girard, C., Morrot, G. e Giband, M. (1998).

Transgenic plants for insect resistance. Plant Sci, 131: 1-11.

- Jung, H.W., Kim, W. e Hwang, B.K. (2003). Three pathogen-inducible genes

encoding lipid transfer protein from pepper are differentially activated by pathogens,

abiotic, and environmental stresses. Plant Cell Environ, 26(6): 915-928.

- Kader, J.C. (1996). Lipid-transfer proteins in plants. Annu Rev Plant Physiol Plant

Mol Biol, 47: 627-654.

- Lay, F.T., Schirra, H.J., Scanlon, M.J., Anderson, M.A., Craik, D.J. (2003). The

three-dimensional solution structure of a NaD1, a new floral defensin from Nicotiana

alata and its application to a homology model of the crop defense protein alfAFP. J

Mol Biol, 325: 175-188.

Page 91: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

91

- Lee, Y.M., Wee, H.S., Ahn, I.P. e An, C.S. (2004). Molecular characterization of a

cDNA for a cysteine-rich antifungal protein from Capsicum annuum. J Plant Biol,

47(4): 375-382.

- Lehrer, R.I., Lichtenstein, A.K. e Ganz, T. (1993). Defensins: antimicrobial and

cytotoxic peptides of mammalian cells. Annu Rev Immunol, 11: 105-128.

- Mendez, E., Moreno, A., Colilla, F., Pelaez, F., Limas, G.G., Mendez, R., Soriano,

F., Salinas, M. e DeHaro, C. (1990). Primary structure and inhibition of protein

synthesis in eukaryotic cell-free system of a novel thionin, gamma-hordothionin, from

barley endosperm. Eur J Biochem, 194: 533-539.

- Molina, A., Segura, A., e García-Olmedo, F. (1993). Lipid transfer protein (nsLTP)

from barley and maize leaves are proteins inhibitors of bacterial and fungal

pathogens. FEBS Lett, 316(2): 119-122.

- Monsalve, R.I.N. e Rodriguez, R. (1990). Purification and characterization of

proteins from the 2S fraction froom seeds of the Brassicaceae family. J Exp Bot, 41:

89-94.

- Moreno, M., Segura, A. e García-Olmedo, F. (1994). Pseudothionin st1, a potato

peptide active against potato pathogens. Eur J Biochem, 223: 135-139.

- Morrissey, J. H., (1998). Silver stain for proteins in polyacrilamide gels: a modified

procedure with enhaced uniform sensitivity. Anal Biochem, 117: 307-310.

- Mosolov, V.V., Grigor’eva, L.I. e Valueva, T.A. (2001). Plant proteinase inhibitors as

multifuncional proteins. Appl Biochem Microbiol, 37(6): 545-551.

- Neumann, G.M., Condron, R., Thomas, I. e Polya, G.M. (1996). Purification and

sequencing of multiple forms of Brassica napus seed napin small chains that are

Page 92: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

92

calmodulin antagonists and substartes for plant calcium-dependent protein kinase.

Biochim Biophys Acta, 1295: 23-33.

- Ngai, P.H.K. e Ng, T.B. (2004). A napin-like polypeptide from dwarf Chinense White

cabbage seeds with translation-inhibitory, trypsin-inhibitory, and antibacterial

activities. Peptides, 25: 171-176.

- Odani, S., Koide, T., e Ono, T., (1987). Amino acid sequence of a soybean (Glicine

max) seed polypeptide having a poly (L-aspartic acid) structure. J Biol Chem, 262:

10502-10505.

- Osborn, R.W., De Samblanx, G.W., Thevissen, K., Goderis, I., Torrenkens, S., Van

Louven, F., Attenborouger, S., Ress, S.B. e Broekaert, W.F. (1995). Isolation and

characterization of plant defensins from seeds of Asteraceae, Fabaceae,

Hippocastanaceae and Saxifragaceae, FEBS Lett, 368: 257-262.

- Park, C.J., Shin, R., Park, J.M., Lee, G.I.J., You, J.S. e Paek, K.H. (2002). Induction

of pepper cDNA encoding a lipid transfer protein during the resistance response to

tobacco mosaic virus. Plant Mol Biol, 48: 243-254.

- Pelegrini, P.B. e Franco, O.L. (2005). Plant λ-thionins: novel insights on the

mechanism of action of a multi-functional calls of defense proteins. Int J Biochem

Cell Biol, 57: 2239-2253.

- Pelegrini, P.B., Noronha, E.F., Muniz, M.A.R., Vasconcelos, I.M., Chiarello. M.D.,

Oliveira, J.T.A. e Franco, O.L. (2006). An antifungal peptide from passion fruit

(Passiflora edulis) seeds with similarities to 2S albumin proteins. Biochim Biophys

Acta, 1764: 1141-1146.

- Penninckx, I.A.M.A., Eggermont, K., Terras, F.R.G., Thomma, B.P.H.J., De

Samblanx, G.W., Buchala, A., Métraux, J.P., Manners J.M. e Broekaert, W.F. (1996).

Page 93: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

93

Pathogen-induced systemic activation of a plant defensin gene in Arabidopsis follows

a salicylic acid-independent pathway. Plant Cell, 8: 2309-2323.

- Posten, C.H. e Cooney, C.L. (1993). Growth of microorganisms. In: Sahm, H. (Ed.),

Biotechnology: a multicomprehensive Treatise, vol 1, Weinheim, 113-115.

- Ragg, E.M., Galbusera, V., Scarafoni, A., Negri, A., Tedeschi, G, Consonni, A.,

Sessa, F. e Duranti, M. (2006). Inhibitory properties and solution structure of a potent

Bowman-Birk protease inhibitor from lentil (Lens culinaris, L.) seeds. FEBS J, 273:

4024-4039.

- Reddy, K.V.R., Yedery, R.D. e Aranha, C. (2004). Antimicrobial peptides: premises

and promises. Int J Antimicrob Agents, 24: 536-547.

- Regente, M. e de la Canal, L. (2000). Purification, characterization and antifungal

ptoperties of a lipid transfer protein from sunflower (Helianthus annus) seeds. Physiol

Plant, 110: 158-163.

- Regente, M. e de la Canal, L. (2003). A cDNA encoding a putative lipid transfer

protein expressed in sunflower seeds. J Plant Physiol, 160: 201-203.

- Regente, M.C., Giudici, A. M., Villalaín, J. e de la Canal, L. (2005). The cytotoxic

properties of a plant lipid transfer protein involve membrane permeabilization of

target cells. Lett Appl Microbiol, 40: 183-189.

- Reifschneider, F.J.B., oliveira, A.B., Silva., A., Lopes, C.A., Ribeiro, C.S. da C.,

Lopes, D., Cruz, D.M.R., Marques, D.M.C., Franca, F.H., Ferreira, M.E., Pozzobon,

M.T., Rezende, R.O., Carvalho, I.C., Pinheiro, V.L., Casali, V.W.D., Buso, G.S.C. e

Bianchetti, L. De B. (2000). Capsicum annuum pimenta e pimentões no Brasil. 1ª

edição, Embrapa, Brasília, D.F.

Page 94: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

94

- Rose, T.L., Conceição, A.da S., Xavier-Filho, J., Okorokov, L.A., Fernandes,

K.V.S., Marty, F., Carvalho, A.O. e Gomes, V.M. (2006). Defense proteins from

Vigna unguiculata seed exudates: characterization and inhibitory activity against

Fusarium oxysporum.. Plant Soil, 286: 181-191.

- Ruiz-Herrera, J., Mormeneo, S., Vanaclocha, P. Et al., (1994). Structural oization of

the components of the cell wall from Candida albicans. Microbiology, 140: 1513-

1523.

- Scofield, S.R. e Crouch, M.L. (1987). Nucleotide sequence of a member of the

napin storage protein family from Brassica napus. J Biol Chem, 262: 12202-12208.

- Schagger, H. e Von Jagow, G. (1987). Tricine-sodium dodecysulfate

polyacrylamide gel eletrophoresis for the separation of proteins in the range from 1 to

100 kDa. Anal Biochem, 166: 368-379.

- Segura, A., Moreno, M., Madueno, F., Molina, A. e García-Olmedo, F. (1999).

Snakin-1, a peptide from potato that is active against plant pathogens. Mol Plant

Microbe Interact, 12: 16-23.

- Shewry, P.R. e Lucas, J.A. (1997). Plant proteins that confer resistance to pest and

pathogens. Adv Bot Res, 26: 135-192.

- Soares-Costa, A., Beltramini, L.M., Thiemann, O. e Henrique-Silva, F. (2002). A

sugar-cane cystatin: recombinant expression, purification and antifungal activity.

Biochem Biophys Res Commun, 296: 1194-1199.

- Soll, D.R. (1985). Candida albicans, in: P.J. Szaniszlo (ed.), Fungal dimophism with

emphasis on fungi pathogenic for humans. Plenum, New York, 167-195.

- Stuart, L.S. e Harris, T.H. (1992). Bactericidal and fungicidal properties of a

crystalline proteins from unbleaches wheat flour. Cereal Chem, 19: 288-300.

Page 95: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

95

- Sudbery, P., Gow, N. e Berman, J. (2004). The distinct morphogenic states of

Candida albicans. Trends Microbiol, 12: 317-324.

- Sugita, T., Yamaguchi, K., Kinoshita, T., Yuji, K., Sugimara, Y., Nagata, R.,

Kawasaki, S. e Todoroki, A. (2006). QTL analysis for resistance to Phytophthora

blight (Phytophthora capsici Leon) using an intraspecific doubled-haploid population

of Capsicum annuun. Breed Sci, 56: 137-145.

- Tai, S.S.K., Wu, L.S., Chen, E.C., Tzen, J.T.C. (1999). Molecular cloning of 11S

globulin and 2S albumin, the two major seed storage proteins in sesame. J Agric

Food Chem, 47: 4932 – 4938.

- Tanida, T., Okamoto, T., Veta, E., Yamamoto, T. e Osaki, t. (2006). Atimicrobial

peptides enhance the candidacidal activity of antifungal drugs by promoting the efflux

of ATP from Candida cells. J Antimicrob Chemother, 56: 94-103.

- Terras, F.R.G., Schoofs, H.M.E., De Bolle, M.F.C., Van Leuven, F., Ress, S.B.,

Vanderleyden, J., Cammue, B.P.A. e Broekaert, W.F. (1992). Analysis of two novel

classes of plant antifungal proteins from radish (Raphanus sativus L..) seeds. J Biol

Chem, 267: 15301-15309.

- Terras, F.R.G., Eggermont, K., Kovaleva, V., Raikhel, N.V., Osborn, R.W.,

Kester, A., Rees, S.B., Torrekens, S., Van Leuven, F., Vanderleyden, J., Cammue,

B.P.A. e Broekaert, W.F. (1995). Small cysteine-rich antifungal proteins from radish:

their role in plant defense. Plant Cell, 7: 573-588.

- Terras, F.R.G., Torrekens, S., Van Leuven, F.E. e Broekaert, W. (1996). A six-

cysteine type thionin from the radish storage organ display weak in vitro antifungal

activity against Fusarium culmorum. Plant Physiol Biochem, 34: 599-603.

Page 96: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

96

- Thevissen, K., Ghazi, A., De Samblanx, G. W., Brownlee, C., Osborn, R. W. e

Broekaert, W. F., (1996). Fungal membrane responses induced by plant defensins and

thionins. J Biol Chem, 271: 15018-15025.

- Thevissen, K., Terras, F.R.G. e Broekaert, W.F. (1999). Permeabilization of fungal

membranes by plant defensins inhibits fungal growth. Appl Environ Microbiol, 65:

5451-5458.

- Thevissen, K., François, I.E., Takemoto, J.Y., ferket, K.K., Meert, E.M. e Cammue,

B.P.A. (2003). DmAMP1, an antifungal plant defensin from dahlia (Dahlia merckii)

interacts with sphingolipids from Saccharomyces cerevisiae. FEMS Microbiol Lett,

226: 169-173.

- Thevissen, K., Ferket, K.K.A., François, L.E.J.A. e Cammue, B.P.A. (2003a).

Interactions of antifungal plant peptides with fungal membrane components. Peptides,

24: 1705-1712.

- Thevissen, K., François, L.E.J.A., Takemoto, J.Y., Ferket, K.K.A., Meert, E.M.K. e

Cammue, B.P.A. (2003b). DmAMP1, an antifungal plant defensin from dahlia (Dahlia

merckii), interacts with sphingolipids from Saccharomyces cerevisisae. FEMS

Microbiol Lett, 226: 169-173.

- Thevissen, K., Warnecke, D.C., François, I.E.J.A., Leipelt, M., Heinz, E., Ott, C.,

Zähringer, U., Thomma, B.P.H.J., Ferket, K.K.A. e Cammue, B.P.A. (2004). Defensins

from insects and plants interact with fungal glucosylceramides. J Biol Chem, 279

(6):3900-3905.

- Thomma, B.P.H.J., Cammue, B.P.A. e Thevissen, K. (2002). Plant defensins.

Planta, 216: 193-202.

Page 97: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

97

- Thomma, B.P.H.J., Cammue, B.P.A., Thevissen, K. (2003). Model opf action of

plant defensins suggests therapeutic potential. Curr Drug Targets Infect Disord, 3: 1-

8.

- Thompson, J.D., Higgins, D.G. e Gibson, T.J. (1994). CLUSTAL W: improving the

sensitivity of progressive multiple sequence alignment through sequence weightinh,

position-specific gap penalties and weight matrix choice. Nucleic Acids Res, 22:

4673-4680.

- Towbin, H., Staehelin, T. e Gordon, J. (1979). Eletrophoretic transfer of protein from

polyacrylamide gels to nitrocellulose sheets: procedure and some applications. Proc

Natl Acad Sci, U S A, 76: 4350-4354.

- Wang, X. e Bunkers, G.J., (2000). Potent heterologous antifungal proteins from

Cheeseweed (Malva parviflora). Biochem Biophys Res Commun, 279:669-673.

- Wang, X., Bunkers, G.J., Walters, M.R.E. e Thoma, R.S. (2001). Purification and

characterization of three antifungal proteins from chesseweed (Malva parviflora).

Biochem Biophys Res Commun, 282: 1224-1228.

- Wijaya, R., Neumann, G.M., Condron, R., Hughes, A.B. e Polya, G.M. (2000).

Defense proteins from seed of Cassia fistula include a lipid transfer protein ho,ologue

and a protease inhibitory plant defensin. Plant Sci, 159: 243-255.

- Wittstock, U. e Gershenzon, J. (2002). Constitutive plant toxins and their role in

defense against herbivores and pathogens. Curr Opin Plant Biol, 5: 1-8.

- Vashishta, A., Sahu, T., Sharma, A., Choudhary, S.K. e Dixit, A. (2006). In vitro

refolded napin-like protein Momordica charantia expressed in Escherichia coli

displays properties of native napin. Biochim Biophys Acta, 1764: 847-855.

- Vermelho, A.B., Pereira, A.F., Coelho, R.R.R. e Souto-Padrón, T., (2006). Práticas

de Microbiologia, Editora Guarabara Koogan – 1ª edição - Rio de Janeiro.

Page 98: 1. INTRODUÇÃO - UENF - Universidade Estadual do Norte ... · antimicrobiano age contra o patógeno é ... inespecífica. ... O grande número de estratégiasde defesa selecionadaspela

Ribeiro, S.F.F.

98

- Viñals, F.N., Ortega, R.G. e Garcia, J.C. (1996). El cultivo de pimientos, Chiles y

ajies. Madrid: Mundi-Prensa, 607p.

- Yang, X., Li, J., Wang, X., Fang, W., Bidochka, M.J., She, R., Xiao, Y. e Pei, Y.

(2006). Psc-AFP, an antifungal protein with trypsin inhibitor activity from Psoralea

corylifolia seeds. Peptides, 27: 1726-1731.

- Youle, R.J., Huang, A.H. (1981). Occurence of low molecular weight and high

cysteine containing albumin storage proteins in oil seeds of diverse species. Am J

Bot, 68: 44-48.

- Yun, D.J., Zhao, Y., Pardo, J.M., Narashiman, M.L., Damsz, B., Lee, H., Abad, L.R.,

D’Urzo, M.P., Hasegawa, P.M. e Bressan R.A. (1997). Stress proteins on the yeast

cell surface determine resistance to osmotin, a plant antifungal protein. Proc Natl

Acad Sci U S A, 94: 7082-7087.

- Yun, D.J., Ibeas, J.I., Lee, H., Coca, M.A., Narasimhan, M.L., Uesono, Y.,

Hasegawa, P.M., Pardo, J.M. e Bressan, R.A. (1998). Osmotin, a plant antifungal

protein, subverts signal transduction to enhance fungal cell susceptibility. Mol Cell,

1: 807-817.