1ª fase 45...dolo alternativo: o agente vislumbra uma pluralidade de resultados que podem advir de...

14
1 TJMS 1ª Fase

Upload: others

Post on 26-Jan-2021

0 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 1

    TJMS

    1ª Fase

  • 2

    DIA 45 – QUARTA-FEIRA – 25/03/2020

    METAS

    NOTARIAL E REGISTRAL:

    Resolver as 24 questões da CONSULPLAN sobre Direito Urbanístico (1h)

    Ler a Lei n. 6.766/79 (1h)

    DIREITO PENAL:

    Resolver as 12 questões da CONSULPLAN sobre Direito Penal e, depois,

    resolver mais 13 questões de outras bancas sobre essa matéria em provas

    para Titular de Serviços de Notas e Registros (1h)

    REVISÕES

    24H – Direito Civil: questões da CONSULPLAN sobre Direito de Família

    24H – Direito Penal: questões da CONSULPLAN sobre Direito Penal (24.03)

    48H – Direito Notarial e Registral: questões sobre Aspectos Gerais e a Lei

    n. 6.015/73

    48H – Direito Processual Civil: questões de outras bancas em provas para

    Titular de Serviços de Notas e Registro sobre Novo CPC (23.03)

    7DIAS – Direito Notarial e Registral: questões da CONSULPLAN sobre

    Tabelionato de Notas

    7DIAS – Direito Penal: questões sobre Direito Penal em provas para Titular

    de Serviços de Notas e de Registro (18.03)

    NOTARIAL E REGISTRAL COMO ESTUDAR?

    Resolver as 24 questões da CONSULPLAN sobre Direito Urbanístico (1h)

    Acessar o site Qconcursos e colocar os seguintes filtros: o DISCIPLINA: DIREITO URBANÍSTICO; o BANCA: CONSULPLAN.

    Lembrar sempre de EXCLUIR AS QUESTÕES ANULADAS OU DESATUALIZADAS.

    Durante a resolução, inclua os dispositivos de lei que errou na folha de revisão do material Notarium, para futuras consultas.

    Após, ler a Lei n. 6.766/79 (1h)

    Hoje, após resolver as questões sobre Direito Urbanístico, leremos a Lei de

    Parcelamento de Solo Urbano, uma das leis especiais mais importantes

    para a nossa atividade

  • 3

    OBSERVAÇÕES

    Nesse espaço, serão indicadas as principais observações e conclusões às quais os professores chegaram ao resolver as questões, destacando assim os pontos em que os alunos devem ter mais atenção.

    Questões resolvidas: o As questões de hoje trabalhavam, principalmente, os ditames da Lei

    n. 6.766/79 – Lei de Parcelamento do Solo Urbano e da Lei n. 10.257/01 – Estatuto das Cidades.

    o Algumas questões, oriundas de concursos municipais e distritais, envolvem questões específicas da legislação destes entes. Não precisamos nos preocupar com estas. Para nós, são importantes apenas as questões que tratam de aspectos da legislação federal ou aspectos afetos aos registros públicos.

    o Q941522: essa questão trabalha uma disposição específica do Código de Normas de Minas Gerais, contida no art. 1.012. O Código de Normas do Mato Grosso do Sul possui disposição semelhante nos artigos 976 e seguintes. Vejamos o disposto no art. 977: “Nas comarcas do Estado de Mato Grosso do Sul para os condomínios rurais pro diviso que apresentem situação consolidada e localizada, a regularização de frações com abertura de matrícula autônoma, respeitada a fração mínima de parcelamento, far-se-á com a anuência dos confrontantes das parcelas a serem extremadas.”

    Legislação estudada: o A Lei n. 6.766/79 é extremamente importante em concursos de

    cartório, dada a sua estreita ligação com o Registro de Imóveis. Por isso, disponibilizamos ao final deste arquivo um Resumo Notarium sobre o tema.

    PENAL COMO ESTUDAR?

    Resolver as 12 questões da CONSULPLAN sobre Direito Penal e, depois,

    resolver mais 13 questões de outras bancas sobre essa matéria em provas para

    Titular de Serviços de Notas e Registros (1h)

    Acessar o site Qconcursos e colocar os seguintes filtros:

    o DISCIPLINA: DIREITO PENAL;

    o BANCA: CONSULPLAN

    Lembrar sempre de EXCLUIR AS QUESTÕES ANULADAS OU

    DESATUALIZADAS.

    Hoje, lembrar também de EXCLUIR AS QUESTÕES JÁ RESOLVIDAS.

  • 4

    Após resolver as primeiras 12 questões, RETIRE O FILTRO DA BANCA, ADICIONE O FILTRO DO CARGO: TITULAR DE SERVIÇOS DE NOTAS E DE REGISTRO e resolva mais 13 questões.

    Durante a resolução, inclua os dispositivos de lei que errou na folha de

    revisão do material Notarium, para futuras consultas.

    OBSERVAÇÕES

    Novamente, as questões cobraram muito as disposições da lei seca. Uma

    ou outra exigiram o conhecimento de determinadas classificações

    doutrinárias. Hoje, porém, a maioria se deteve ao Código Penal, ao contrário

    de ontem, quando foram cobrados muitos crimes contidos em leis

    especiais.

    CRIME IMPOSSÍVEL: "Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por

    ineficácia ABSOLUTA do meio ou por ABSOLUTA impropriedade do

    objeto, é impossível consumar-se o crime ."

    o O Direito Brasileiro adota a teoria objetiva temperada ou moderada,

    pela qual se exige que o meio empregado pelo agente ou o objeto

    sobre o qual recai a conduta sejam absolutamente inidôneos para

    produzir o resultado almejado.

    o Há três espécies de crime impossível:

    crime impossível por ineficácia absoluta do meio – tentar

    matar alguém com tiros de uma arma de brinquedo;

    crime impossível por impropriedade absoluta do objeto

    material – tentar matar alguém que já está morto;

    crime impossível por obra de agente provocador (flagrante

    preparado) – Súmula 145 do STF: “Não há crime, quando a

    preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua

    consumação.”

    CLASSIFICAÇÕES DO DOLO:

    o DOLO DIRETO:

    De 1º grau: a vontade e a consciência estiverem dirigidas

    diretamente para a prática do tipo penal. É o dolo clássico, é

    o dolo por excelência.

    De 2º grau: o agente aceita a ocorrência de uma

    consequência necessária advinda de sua conduta, embora

    não a queira diretamente. O agente tem a certeza que a

    consequência do dolo de 1º grau vai acontecer. Difere do

  • 5

    dolo eventual porque neste não existe a CERTEZA do

    resultado secundário.

    o DOLO INDIRETO:

    Dolo eventual: o agente vislumbra um possível resultado

    criminoso advindo de sua conduta, mas a mantém,

    aceitando o risco da sua ocorrência. Aqui o resultado é

    apenas possível, mas não é certo. Difere da CULPA

    CONSCIENTE porque nesta o agente prevê o risco, mas

    acredita de forma convicta que conseguirá evita-lo.

    Dolo alternativo: o agente vislumbra uma pluralidade de

    resultados que podem advir de sua conduta, mas a mantém,

    desejando a ocorrência de qualquer um dos resultados. É

    uma mistura de dolo direto e dolo eventual.

    TEORIAS SOBRE A CONSUMAÇÃO DO ROUBO E DO FURTO (DIZER O

    DIREITO):

    o Súmula 582-STJ: Consuma-se o crime de roubo com a inversão da

    posse do bem mediante emprego de violência ou grave ameaça,

    ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao

    agente e recuperação da coisa roubada, sendo prescindível a posse

    mansa e pacífica ou desvigiada. STJ. 3ª Seção. Aprovada em

    14/09/2016, DJe 19/09/2016 (Info 590).

    o Consuma-se o crime de furto com a posse de fato da res furtiva,

    ainda que por breve espaço de tempo e seguida de perseguição ao

    agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada.

    STJ. 3ª Seção. REsp 1524450-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado

    em 14/10/2015 (recurso repetitivo) (Info 572).

    o Existem 4 teorias:

    1ª) Contrectacio: segundo esta teoria, a consumação se dá

    pelo simples contato entre o agente e a coisa alheia. Se

    tocou, já consumou.

    2ª) Apprehensio (amotio): a consumação ocorre no

    momento em que a coisa subtraída passa para o poder do

    agente, ainda que por breve espaço de tempo, mesmo que

    o sujeito seja logo perseguido pela polícia ou pela vítima.

    Quando se diz que a coisa passou para o poder do agente,

    isso significa que houve a inversão da posse. Por isso, ela

    é também conhecida como teoria da inversão da posse.

    Vale ressaltar que, para esta corrente, o crime se consuma

  • 6

    mesmo que o agente não fique com a posse mansa e

    pacífica. A coisa é retirada da esfera de disponibilidade da

    vítima (inversão da posse), mas não é necessário que saia

    da esfera de vigilância da vítima (não se exige que o agente

    tenha posse desvigiada do bem). – STJ e STF, tanto para o

    roubo quanto para o furto.

    3ª) Ablatio: a consumação ocorre quando a coisa, além de

    apreendida, é transportada de um lugar para outro.

    4ª) Ilatio: a consumação só ocorre quando a coisa é levada

    ao local desejado pelo ladrão para tê-la a salvo.

    JURISPRUDÊNCIAS RELACIONADAS

    “O Código Penal determina, expressamente, no parágrafo único de seu artigo 71, seja aplicada a continuidade delitiva também nos crimes dolosos contra a vida. Essa norma, resultado da reforma penal de 1984, é posterior à edição da Súmula 605/STF, que vedava o reconhecimento da continuidade delitiva nos crimes contra a vida.” [HC 93.367, rel. min. Eros Grau, 2ª T, j. 11-3-2008, DJE 70 de 18-4-2008.]

    Súmula 96, STJ: O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.

    Súmula 17, STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.

    REVISÕES

    COMO ESTUDAR?

    24H – Direito Civil: questões da CONSULPLAN sobre Direito de Família

    24H – Direito Penal: questões da CONSULPLAN sobre Direito Penal (24.03)

    48H – Direito Notarial e Registral: questões sobre Aspectos Gerais e a Lei

    n. 6.015/73

    48H – Direito Processual Civil: questões de outras bancas em provas para

    Titular de Serviços de Notas e Registro sobre Novo CPC (23.03)

    7DIAS – Direito Notarial e Registral: questões da CONSULPLAN sobre

    Tabelionato de Notas

    7DIAS – Direito Penal: questões sobre Direito Penal em provas para Titular

    de Serviços de Notas e de Registro (18.03)

    Dedicar 30 minutos à leitura da folha de revisões, para relembrar os erros e

    dúvidas surgidos quando da resolução de questões sobre os temas acima.

  • 7

    RESUMO NOTARIUM

    PARCELAMENTO DO SOLO URBANO – LEI N. 6.766/79

    INTRODUÇÃO

    O parcelamento do solo urbano é a divisão de glebas maiores em lotes,

    unidades juridicamente independentes (ou, atualmente, como unidade integrante

    de condomínio de lotes) destinadas à edificação, que possuam a infraestrutura

    básica descrita nos §§4º e 5º do art. 2º da Lei n. 6.766/79.

    Enquanto na incorporação há adensamento das cidades, no parcelamento

    há expansão da cidade. O loteamento está previsto na lei de uso e ocupação do

    solo, n° 6.766/76. A matéria é afeta a questões urbanísticas de cada cidade, já que

    a forma de utilização do solo impacta diretamente na qualidade de vida.

    O parcelamento é importante pois atende a demanda das pessoas por

    infraestrutura básica: água, luz, energia e asfalto.

    A lei trata com detalhes o tema para proteger os adquirentes dos lotes de

    fraudes e golpes e para garantir o uso racional e planejado do solo urbano, com

    participação do Poder Público.

    O loteamento rural continua tratado pelo Decreto-lei 58/37, que foi

    revogado no tocante ao loteamento urbano. Hoje a legislação acerca do

    loteamento urbano está mais detalhada por meio da lei 6.766/76.

    CONCEITOS

    Parcelamento é o fracionamento de glebas, que pode ser feito por

    loteamento ou desmembramento.

    Loteamento é subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação,

    abrindo vias de circulação, seja por logradouros novos ou por prolongamento.

    Desmembramento é a subdivisão de glebas em lotes destinados a

    edificação, desde que não implique em novas vias e prolongamento delas.

    Aproveita-se a infraestrutura já usada.

    Lote: terreno servido de infraestrutura básica, decorrente de loteamento ou

    desmembramento, cujas dimensões atendam aos índices urbanísticos definidos

    no plano diretor e lei municipal conforme a zona que se situem.

    Infraestrutura básica são os equipamentos urbanos definidos em lei. No

    parcelamento em zonas habitacionais declaradas por lei de interesse social

    (ZHIS), a lei exige um pouco menos de infraestrutura.

  • 8

    Infraestrutura básica exigida para lote: escoamento de águas pluviais;

    iluminação pública, esgotamento sanitário, abastecimento de água potável,

    energia elétrica pública e domiciliar, vias de circulação. Quem avalia isso é

    instituição própria, normalmente já aprovação municipal e estadual. Nos casos de

    região metropolitana, ainda tem que passar pela aprovação da administração da

    região metropolitana.

    Áreas públicas: registrado o loteamento automaticamente são

    transferidas ao Poder Público certas áreas, que são o sistema de circulação, a

    implantação de equipamentos urbanos, que garantem distribuição de água,

    esgoto, construção de escolas, centro de lazer etc. O oficial só fiscaliza se existe

    o detalhamento das áreas e sua aprovação para abrir matrícula.

    Faixas não edificantes: detalhadas no projeto.

    Projeto ainda deve incluir as áreas rurais abrangidas pelo loteamento, que

    devem ser convertidas em área urbana. Para tanto, a lei municipal tem que

    estabelecer que aquela área está em perímetro urbano e inscrever tal área no

    regime de pagamento de IPTU. O loteador dá baixa no INCRA e o Oficial deve

    verificar a presença dessa autorização.

    A esse respeito, recorde-se a recente súmula do STJ que dispõe:

    Súmula 626-STJ: A incidência do IPTU sobre imóvel situado

    em área considerada pela lei local como urbanizável ou de

    expansão urbana não está condicionada à existência dos

    melhoramentos elencados no art. 32, § 1º, do CTN. STJ. 1ª

    Seção. Aprovada em 12/12/2018, DJe 17/12/2018.

    Loteamento clandestino ou irregular: são muito comuns. Clandestino é o

    que surge sem interferência do Poder Público. Ocorrem normalmente em áreas

    que não poderiam ser loteadas. Ex: margem de córrego. Irregular: teve aprovação

    do Poder Público, mas alguma obrigação foi descumprida. No mínimo foi

    descumprida a obrigação de registrar. É uma situação mais favorável aos

    compradores que o clandestino.

    Com o advento da lei de parcelamento do solo urbano e seu detalhamento,

    a documentação é muito valorizada, o que não havia no passado. Hoje, os

    loteadores não conseguem financiamento sem documentação mínima.

    Projeto de loteamento traz grandes mudanças e impactos urbanísticos e

    ambientais. Portanto, é preciso o atendimento dos requisitos da lei de loteamento

    e aprovação do Poder Público municipal e estadual.

    REGISTRO DO LOTEAMENTO OU DESMEMBRAMENTO

  • 9

    O oficial deve estar atento à documentação necessária para o projeto de

    loteamento. Ela é muito semelhante à incorporação. O rol de documentos está no

    art. 18 da Lei 6.766/76. Há necessidade da documentação dos proprietários

    atuais e dos últimos proprietários no lapso de 20 anos. É muito mais complexo

    que a incorporação. Vejamos o art. 18:

    Art. 18. Aprovado o projeto de loteamento ou de

    desmembramento, o loteador deverá submetê-lo ao

    registro imobiliário dentro de 180 (cento e oitenta) dias, sob

    pena de caducidade da aprovação, acompanhado dos

    seguintes documentos:

    I - título de propriedade do imóvel ou certidão da matrícula,

    ressalvado o disposto nos §§ 4o e 5o; (Redação dada

    pela Lei nº 9.785, de 1999)

    II - histórico dos títulos de propriedade do imóvel,

    abrangendo os últimos 20 (vintes anos), acompanhados

    dos respectivos comprovantes;

    Duas correntes discutem isso: a primeira defende que esse histórico é igual

    o da incorporação, ou seja, a relação dos proprietários anteriores; a segunda

    defende que os comprovantes são os títulos (segunda via de escrituras).

    Predomina o entendimento que não precisa desses comprovantes.

    III - certidões negativas:

    a) de tributos federais, estaduais e municipais incidentes

    sobre o imóvel;

    b) de ações reais referentes ao imóvel, pelo período de 10

    (dez) anos;

    c) de ações penais com respeito ao crime contra o

    patrimônio e contra a Administração Pública.

    IV - certidões:

    a) dos cartórios de protestos de títulos, em nome do

    loteador, pelo período de 10 (dez) anos;

    b) de ações pessoais relativas ao loteador, pelo período de

    10 (dez) anos;

    c) de ônus reais relativos ao imóvel;

    d) de ações penais contra o loteador, pelo período de 10

    (dez) anos.

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9785.htm#art3http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9785.htm#art3

  • 10

    Certidão deve ser dos proprietários e dos cônjuges, desde que não seja

    meeiro. As certidões devem ser avaliadas caso a caso, e devem ser extraídas da

    comarca de situação do imóvel e do domicílio das pessoas. Não há previsão,

    como na incorporação, da dispensa de certidão positiva.

    Certas certidões são automaticamente impeditivas do loteamento:

    certidão criminal positiva de crime contra o patrimônio e crime contra a

    Administração Pública. Outras dão margem para análise, não é automática a

    negativa. Vicente de Abreu Amadei chama isso de risco concreto e risco potencial.

    O risco concreto veda o registro. O risco potencial gera ponderação caso a caso.

    Risco concreto: crimes, certidões de tributos e ações reais sobre o imóvel.

    Risco potencial: ações pessoais, protesto etc. Tem que ponderar, pois é

    normal que a pessoa seja ré em ação ou tenha protesto contra si. Isso pode não

    afetar o seu patrimônio de forma significativa. Ex: pode haver dívida de 4 milhões

    em nome do loteador, mas a pessoa demonstra patrimônio de 40 milhões de

    reais, comprovado por declaração de imposto de renda, pela propriedade de

    muitos imóveis etc. Essa comprovação é anexada ao processo de loteamento e

    deve haver juízo do oficial com muito cuidado.

    O oficial tem que saber avaliar o risco concreto e potencial, as certidões

    são basicamente as mesmas da incorporação.

    V - cópia do ato de aprovação do loteamento e comprovante

    do termo de verificação pela Prefeitura Municipal ou pelo

    Distrito Federal, da execução das obras exigidas por

    legislação municipal, que incluirão, no mínimo, a execução

    das vias de circulação do loteamento, demarcação dos

    lotes, quadras e logradouros e das obras de escoamento

    das águas pluviais ou da aprovação de um cronograma,

    com a duração máxima de quatro anos, acompanhado de

    competente instrumento de garantia para a execução das

    obras; (Redação dada pela Lei nº 9.785, de 1999)

    Esse memorial descritivo detalha o projeto, e posteriormente será

    apresentado o memorial dos lotes, que detalha a descrição dos lotes para que

    sejam abertas matrículas. O memorial descritivo da área loteada conterá o

    cronograma de obras, descrição prévia do loteamento, finalidade (comercial,

    residencial) etc.

    Loteamento legal é aquele aprovado pela Prefeitura e levado a registro. A

    aprovação de loteamento é ato privativo da municipalidade, não podendo ser

    substituído por nenhum outro ente da federação. É possível que a União e estados

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9785.htm#art3

  • 11

    disponham acerca de preceitos a serem observados pelos municípios, mas o ato

    executivo é do ente municipal1.

    Cronograma de execução de obras: é facultado promover as obras em até

    48 meses/4 anos. Não é obrigado a fazer nesse prazo, esse é o prazo máximo.

    Pode estabelecer prazo inferior, até o limite máximo. Caso o loteador opte por

    estabelecer prazo, deverá ser prestada garantia, a ser determinada pelo poder

    público municipal, que pode livremente determiná-la. Isso é feito por lei municipal,

    que determinará a natureza da garantia, mas não havendo lei específica fica a

    critério da Administração. Não compete ao oficial adentrar o mérito da escolha da

    garantia, ele apenas fiscaliza se a lei foi descumprida.

    Essa garantia é exigida, pois uma vez aprovado o projeto, sem sua devida

    execução pelo loteador, quem é obrigado a executá-lo é a municipalidade, que

    deve ter garantia para que possa cobrir os custos da execução do projeto. Trata-

    se de um poder-dever de agir do município para que o loteamento urbano seja

    concluído. O exercício dessa atividade pelo município é vinculado.

    A planta também deve ser apresentada, junto com a relação de lotes, para

    extrair informação necessária para abertura de matrículas das unidades

    resultantes do loteamento. Isso tudo fica no processo depositado no RI.

    VI - exemplar do contrato padrão de promessa de venda, ou

    de cessão ou de promessa de cessão, do qual constarão

    obrigatoriamente as indicações previstas no art. 26 desta

    Lei;

    O art. 18, VI e art. 26 da Lei 6.766/79 preveem a obrigatoriedade do depósito

    no RI do contrato padrão, com cláusulas mínimas. Exige-se, dentre outras

    informações, a qualificação do loteador, CNPJ, CPF, descrição do loteamento etc.

    VII - declaração do cônjuge do requerente de que consente

    no registro do loteamento.

    O contrato como um todo, seja na parte obrigatória ou facultativa, deve ser

    analisado pelo registrador à luz do CDC. Cláusula abusiva é o motivo mais comum

    para impedir o loteamento. O loteador quer sempre se precaver o máximo

    possível, e o maior problema é o que fazer na hipótese de eventual desistência.

    Isso porque, normalmente, o loteador não quer devolver o dinheiro pago pelo

    comprador quando de sua desistência. Para regulamentar as hipóteses de

    desistência o art. 35 da Lei 6.766/79 dispõe que os valores pagos só serão

    1 CARDOSO, Fernanda Lousada. Direito urbanístico – Leis n° 6.766/1979 e 10.257/2001 – 6. ed. rev. amp. e atual. Salvador: Editora Juspodivm, 2015, p. 55.

  • 12

    devolvidos caso excedam um terço do total. Até um terço, a quantia persiste com

    o promitente vendedor, a título de multa.

    Para o processo ser concluído com o devido registro, várias comunicações

    devem ser feitas pelo oficial, como para a prefeitura, e deve haver publicação de

    edital (pelo loteador ou pelo oficial às expensas daquele), por três dias

    consecutivos, em jornal diário. Junto com o edital deve haver croqui de

    localização para os leitores terem ciência do local. Isso existe para dar

    oportunidade de impugnação ao loteamento, e essa impugnação deve ter

    conteúdo jurídico. Havendo impugnação, o oficial remete para o juiz decidir pela

    viabilidade ou não do registro.

    Publicados os editais, inicia-se a contagem do prazo de 15 dias para

    impugnação. Decorridos os 15 dias sem impugnação, é feito o registro do

    loteamento com sua descrição (não precisa descrever cada lote).

    Dependendo do Estado, as matrículas serão abertas futuramente ou no

    momento do registro do loteamento. Caso sejam feitas no futuro, conforme as

    áreas sejam destacadas para abertura de matrículas, esses destaques devem ser

    averbados na matrícula mãe ou então o oficial deve abrir ficha auxiliar, na qual

    serão informadas as matrículas abertas conforme o sejam. A ficha é dividida em

    quadra e lotes, indicando qual matrícula foi aberta ou ficará em branco se ainda

    não existir matrícula.

    . O registro traz consequências para o projeto. Há áreas que serão

    repassadas ao poder público, o que ocorre imediatamente com o registro. Não

    depende de outro ato, é imediato.

    Outra disposição, presente no art. 26, §6° da Lei 6.766/79, permite que o

    compromisso de compra e venda quitado seja apresentado para registro,

    afastando a incidência do art. 108 do CC (exigência de escritura pública). A

    promessa, acompanhada do contrato padrão, com prova de quitação, com ITBI

    pago, é registrada. A cessão pode ser feita sem anuência do loteador, e ele não

    pode cobrar por essa transmissão. A municipalidade exige ITBI na cessão. Para

    ser registrado o contrato, o cessionário deve provar a quitação do contrato e dos

    tributos. Cada cessão gera um ITBI e, sendo feita mais de uma cessão, o

    cessionário final deve pagar ITBI por todas as cessões anteriores. Por isso é que

    muitas vezes a pessoa prefere fazer escritura pública de compra e venda direta,

    para não ter que pagar pelas cessões anteriores.

    O loteamento é o único caso de publicidade DIRETA! Diferentemente dos

    demais casos, em que a publicidade se dá por meio de certidão, no loteamento a

    pessoa pode ver o processo, há acesso do público ao processo – art. 24 da Lei

    6.766/79.

    Fraudes: para o loteamento o rol de documentação é extenso e o custo de

    elaboração do projeto é enorme. Por isso, muitos tentam burlar o procedimento.

  • 13

    A forma mais comum é o loteamento de fato, no qual, ao invés de registrá-lo,

    aliena-se frações ideais. A escritura descreve área certa e determinada em área

    maior, que corresponde à fração do todo. Na escritura o vendedor já determina a

    área alienada, então ele não está vendendo condomínio comum, mas sim área

    que não é de condomínio. Isso é fraude ao procedimento. Foram criados

    mecanismos para barrar a questão.

    Uma vez instalado o loteamento, qualquer alteração tem procedimento

    restritivo de alteração, previsto no art. 28, e depende do acordo entre o loteador e

    os adquirentes atingidos pela alteração, com aprovação do poder público. O

    cancelamento integral do registro do loteamento só pode ser feito por decisão

    judicial ou por requerimento do loteador, com anuência da Prefeitura ou do DF,

    enquanto nenhum lote tiver sido objeto de contrato. Se houve venda, afasta-se a

    necessidade de autorização judicial, mas deve ter autorização dos adquirentes e

    do poder público municipal.

    Art. 28. Qualquer alteração ou cancelamento parcial do

    loteamento registrado dependerá de acordo entre o loteador

    e os adquirentes de lotes atingidos pela alteração, bem

    como da aprovação pela Prefeitura Municipal, ou do Distrito

    Federal quando for o caso, devendo ser depositada no

    Registro de Imóveis, em complemento ao projeto original

    com a devida averbação

    Loteamento fechado:

    A Lei 13.465/17 incluiu o §8° ao art. 2º da Lei 6.766/79 e passou a prever

    a figura dos loteamentos de acesso controlado:

    § 8o Constitui loteamento de acesso controlado a

    modalidade de loteamento, definida nos termos do §1o

    deste artigo, cujo controle de acesso será regulamentado

    por ato do poder público Municipal, sendo vedado o

    impedimento de acesso a pedestres ou a condutores de

    veículos, não residentes, devidamente identificados ou

    cadastrados. (Incluído pela Lei nº 13.465, de

    2017)

    A referida lei objetivou suprir a lacuna legal acerca dos “loteamentos

    fechados”, cujo acesso a pedestres e veículos era indevidamente obstado, já que

    não se pode proibir a livre circulação pelas vias públicas. Por meio do §8°, criou-

    se a possibilidade de a associação de moradores dos loteamentos fechados

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art78http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art78

  • 14

    requerer ao município a autorização para o controle de acesso pelas vias públicas

    do loteamento. A autorização será concedida e regulamentada por ato do Poder

    Público.

    Dessa forma, legitima-se a situação, hoje tão comum, de loteamentos nos

    quais o acesso é vedado de forma unilateral pelos moradores. Contudo, em se

    tratando de vias públicas, o acesso apenas será controlado, e não vedado, àqueles

    que se identificarem e cadastrarem. O controle realizado no acesso aumenta a

    segurança dos moradores, na medida em que identifica cada pessoa que circular

    pelo loteamento. O único requisito para a livre circulação é a identificação ou

    cadastro.

    Condomímio de lotes:

    Nova modalidade de condomínio especial criada pela Lei 13.465/16, que

    incluiu o art. 1.358-A ao texto do Código Civil, disciplinando o condomínio de lotes,

    assim definido:

    Art. 1.358-A. Pode haver, em terrenos, partes designadas

    de lotes que são propriedade exclusiva e partes que são

    propriedade comum dos condôminos. (Incluído pela Lei nº

    13.465, de 2017)

    Aplica-se ao condomínio de lotes o regramento do condomínio edilício, por

    serem figuras similares, diferenciadas apenas pela natureza da unidade de

    propriedade exclusiva, que naquele serão lotes e neste a unidade imobiliária

    construída.

    Aqui, não há transferência de áreas ao domínio público, mas “poderão ser

    instituídas limitações administrativas e direitos reais sobre coisa alheia em

    benefício do poder público, da população em geral e da proteção da paisagem

    urbana, tais como servidões de passagem, usufrutos e restrições à construção de

    muros.” (art. 4º, §4º da Lei n. 6.766/79).

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art58http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13465.htm#art58