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FIGURA 1. Ichthyophthirius mutifilis.(Desenho esquemático)

o Ichthyophthirius multifilis ("ictio") e a~ tricodinas são os proto-zoários mais comuns em pirarucu de cultivo. O "ictio" (Figura 1) éum ectoparasito ciliado responsável pela ictiofitiríase ou doençados pontos brancos, pois costuma parasitar a pele e as brânquiasdos peixes causando pontos brancos na superfície do corpo, na-dadeiras e brânquias. Os peixes parasitados podem apresentarinchaço nas brânquias, hemorragias, perda de apetite (anorexia),emagrecimento e muco em excesso. Assim, é comum os peixesdoentes ficarem aglomerados na fonte de abastecimento dos tan-ques/viveiros.É uma espécie com alto poder de multiplicação podendo completarseu ciclo de vida de 3-4 dias quando as temperaturas da água sãofavoráveis (20-23°C). Essa rápida reprodução é considerada res-ponsável por grandes prejuízos na piscicultura mundial, causan-do mortalidade de peixes, o que não ocorre na Amazônia, devidoàs altas e constantes temperaturas. Assim, em pisciculturas situa-das em regiões que sofrem variação detemperatura ao longo do ano, deve-seevitar a ictiofitiríase, mantendo umaboa qualidade da água, evitando oestresse e a manipulação dos peixesquando a temperatura ambienta I esti-ver baixa.

As tricodinas (Figura 2A-B) também são protozoários que ocorremcomumente em alevinos de pirarucus cultivados, devido à elevadaconcentração de matéria orgânica na água (por exemplo, excessode ração). Quando presente em grande quantidade podem causarinchaço e destruição das brânquias do pirarucu, provocando ele-vada secre-ção de mucoe dificultandoa respiraçãodos alevinos.

FIGURA 2. (A)Infecção por -=3Trichodinasp. na peledo pirarucu. (B) Detalhe mostrando em maior aumento o parasitoTrichodina sp,

Os mixosporídeos são parasitos microscópicos (micro-parasitos)que podem parasitar diversos órgãos (brânquias, olhos, rins, fí-gado, coração, baço, vesicular biliar e gônadas). São transmitidosprincipalmente, quando um peixe infectado morre e os esporos dosparasitos são liberados na água, infectando outros peixes. Quandoparasitam as brânquias, podem causar hemorragia e inchaço, quepode prejudicar a respiração e o desenvolvimento dos animais.Esta infestaçãopode provocar queda na resistência imunológicados peixes, tornando-os mais vulneráveis a outras doenças. Comonão há tratamento, a melhor forma de controlar esta doença é rea-lizar periodicamente a desinfecção dos viveiros de cultivo com usode cal virgem.

Os monogeneas (Figura 3) são vermes que parasitam a pele, brân-quias e superfície corporal do pirarucu. Este peixe pode apresentartrês espécies do gênero Dawestrema, que podem causar desde le-sões nos tecidos a alterações no comportamento e anorexia (perdade apetite). O aumento da produção do muco e hemorragias cutâ-neas e branquiais, além de inchaço das brânquias e emagrecimentosão sintomas característicos da doença conhecida como monoge-niose. A identificação do parasito só é possível por meio de micros-cópio, mas por análises visuais se podem observar as mudançasno comportamentodos peixes com asbrânquias altamentepai'asitadas.

AqU[IA ~. Monogeneaadertda . ao filamentodasprânquias (A) depirarucu e isolada (8).

O Arglllus (Figura 4) é um crustáceo conhecido como "piolho depeixe". Este parasito é comumente encontrado não apenas no pi-rarucu, mas em outros peixes. Este parasito se fixa através de ven-tosas na pele dos peixes para se alimentar de líquidos corporais(muco, sangue). Nos peixes, o Argulus parasita as brânquias, corpoe nadadeiras e pode causar infecçãono local de fixação, hemorragia e aténecrose do tecido lesionado, além defacilitar a entrada de vírus e bactériasno local de sua fixação.

Os nematoides (Figura 5) são vermesque, em geral, parasitam o intestinodo pirarucu ou cecos pilórico, comsete espécies já conhecidas. São fa-cilmente identificadas devido ao seu FIGURA 4. Argulus sp. decorpo alongado, forma tubular cilín- pirarucu.drica e extremidades geralmente afi-ladas assumindo coloração esbranquiçada ou avermelhada. Essesvermes têm um ciclo de vida com a participação de um hospedeirointermediário, que nos cultivos na Amazônia, envolve geralmenteum crustáceo como o camarão, comum na região. Podem provocarinflamações, lesões e/ou hemorragias na parede do intestino dospeixes parasitados. Mesmo existindo poucos indícios de morta-lidade em peixes por infestações desses parasitos, eles apresen-tam uma grande importância para a piscicultura, por parasitaremo intestino e dificultarem a digestão e absorção dos alimentos in-geridos, diminuindo o ganho de peso. Estes parasitos são maisprejudiciais para os alevinose juvenis de pirarucu e quan-do estão presente em grandequantidade no intestino po-dem matar os pirarucus, queem geral não se alimentam.

FIGURA 5. Nematoides naregiâo dos cecos pilóricos depirarucu.

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Os acantocéfalos (Figuras 6A-B) são também vermes que pa-rasitam o intestino do pirarucu. Possuem corpo segmentadoe órgãos de fixação na região da probóscide semelhantes a"ganchos", que facilitam sua fixação no intestino dos peixes.Mesmo causando alterações como inflamações e lesões na pa-rede do intestino, há poucos relatos de mortalidade causadapor acantocéfalos, principalmente em pirarucu .. Porém, estesvermes são mais prejudiciais aos alevinos e juvenis de pira-rucu e quando presente em grande quantidade pode matá-los,pois em geral esses peixes não conseguem se alimentar e fi-cam fracos.

RECOMENDAÇÕES GERAISA eliminação dos vermes nematoides e acantocéfalos do intesti-no do pirarucu é possível somente com o uso de alguns medica-mentos para esses parasitos, os anti-helmintícos, adicionados naração, quando os peixes ainda podem ser alimentar. Porém, noscasos em que a quantidade de vermes é muito grande e os peixespassam a não se alimentar, não é possível tratar esses parasitosintestinais.Nas brânquias ou corpo dos peixes, os protozoários e os mo-nogeneas podem ser controlados por meio de banhos comformol ou sal comum. Porém, a melhor forma de controlar asinfecções por esses parasitos é a prevenção. A adoção de BoasPráticas de Manejo Sanitário pode diminuir a ocorrência des-ses parasitos e até mesmo o grau de infecção.Devido à respiração aérea do pirarucu, muitas pisciculto-res acreditam que este peixe não necessita de água de boaqualidade, entretanto isso não está correto. Água com baixonível de oxigênio pode comprometer a saúde dos peixes,principalmente, de alevinos e juvenis de pirarucu, que en-tão acabam adoecendo e podem até morrer devido a do-enças parasitárias. Viveiros com baixa qualidade de águapodem apresentar elevado nível de gás carbõnico e assim opirarucu não consegue eliminar este gás do seu organismo,comprometendo a sua saúde. A seguir, algumas recomenda-ções para evitar doenças por monogeneas e protozoários empirarucu na piscicultura:

• Ter cuidado no controle da densidade de estocagem de peixes;

• Controlar diariamente a qualidade de água dos tanques/vivei-ros, mantendo regular os níveis de pH (6 a 8), gás carbônico(menor que 15 mg/L), alcalinidade (maior que 25 mg/L), tem-peratura (28 a 32°C) e transparência (maior que 40 cm) da águado cultivo;

• Fornecer ração de acordo com a exigência nutricional de cadafase de crescimento dos peixes e na quantidade ideal, para evi-tar acúmulo de ração nos tanques/viveiros, que deteríora a qua-lidade de água;

• Realizardesinfecção nos tanques/viveiros utilizando cal virgem.

o pirarucu cultivado na amazônia

o pirarucu (Arapaima gigas) é uma espécie amazônica que podemedir até 3 m de comprimento e pesar 200 kg. Em condiçõesde cultivo apresenta grande velocidade de crescimento, podendoalcançar de 7-10 kg no primeiro ano. A espécie tem hábito de sealimentar de outros peixes, por isso é chamado de carnívoro, maspode ser treinada para receber ração no cultivo, por isso apresen-ta boas perspectivas para a piscicultu'ra em qualquer modalidadede cultivo na Amazônia.

Na natureza o pirarucu se alimenta de outros peixes e isso contri-bui para que adquira principalmente parasitos intestinais. Assim,em condições naturais pode apresentar três espécies de mono-geneas, nove espécies de nematóides, duas espécies de cesto i-des, três espécies de digenéticos, duas espécies de crustáceos eduas espécies de acantocéfalos. Porém em condições de cultivo opirarucu apresenta uma menor quantidade de espécies de para-sitos se comparado ao pirarucu da natureza, pois o ambiente decultivo não favorece o aparecimento de alguns desses parasitos.Os parasitos do pirarucu cultivado nos Estados do Amazonas,Amapá e Pará (Amazônia) estão descritos naTabela1.

TaBEla 1. Parasitos comuns em pirarucus cultivados na Amazôniae sua localização no pirarucu.

Localizaçãono peixe

Protozoários Corpo e brânquias

Mixosporídeos Corpo e brânquias

Monogenea Corpo e brânquias

Argulídeo Corpo

Nematoides Intestino e/ouregião próxima

Acantocéfalo Intestino