1 curso de filosofia filosofia medieval prof. stefan krastanov 29/07/2009

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1 Curso de Filosofia Filosofia Medieval Prof. Stefan Krastanov 29/07/2009

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Curso de Filosofia

Filosofia Medieval

Prof. Stefan Krastanov

29/07/2009

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Módulo 4.1

Aula 1

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INTRODUÇÃO A FILOSOFIA MEDIEVAL

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OBJETIVOS

• Determinar a situação histórica do surgimento do cristianismo.

• Definir o que é filosofia medieval.• Apontar as fontes principais da

configuração da filosofia medieval.• Mostrar a influência grega na composição

da filosofia medieval.• Considerar os principais expoentes da

apologética cristã.

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O que é filosofia medieval?

• O termo “medieval” – introduzido por Petrarca.• Traço marcante da filosofia medieval é a sua ligação

intima com o cristianismo e as questões religiosas.

• O início da filosofia medieval: séc. II – a época em que se realiza a síntese das verdades da revelação com a filosofia grega.

• O fim da filosofia medieval: ocorre durante o séc. XIV, quando ocorre a revolução de Occam que separa definitivamente a investigação racional da fé religiosa.

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“A filosofia só aparece na historia do cristianismo no momento em que certos cristãos tomam posição em relação a ela, seja para condená-la, seja para absorvê-la na nova religião, seja para utilizá-la em função da apologética cristã”.

Étienne Gilson. 2007, p. 1

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“Intellige ut credas, crede ut intelligas”

(Compreende para crer, crê para compreender).

“Todo o homem quer entender; não existe ninguém quenão o queira. Mas nem todos querem crer. Diz-me entãoalguém: ‘Entenda eu e acreditarei.” Respondo-lhe: ‘Crêe entenderás.’ (...) Aquele suposto adversário (...) nãoemite palavras vazias de sentido quando diz: ‘Entenda eue acreditarei’. (...) De certo modo é verdade o que ele diz.Mas também o é quando eu digo, com o profeta: ‘antescrê para entenderes’”.

AGOSTINHO, Sermo 43, In: Gilson, E. 2007, p. 151

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Situação histórica e proliferação do cristianismo

A crise no mundo grego-romano.

• A proliferação do cristianismo: Idéias universais como vida após a morte, salvação, amor e fraternidade entre os homens.

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A origem e fontes da filosofia medieval

A Bíblia: Antigo testamento: • O livro “Criação” –

cosmologia cristã. • O livro “Cântico dos

cânticos” - fonte da mística cristã.

• Os livros “Jô” e “Eclesiastes” - fontes da doutrina moral cristã.

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Do Novo Testamento

• “O Evangelho de João” – em que se associa a idéia grega de logos com Cristo.

• Os epistolas de São Paulo, principalmente aos romanos e aos corintianos.

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A filosofia grega como base teórica

• Platão.• Aristóteles. • Os estóicos.

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Filon de Alexandria

• Tentativa de uma interpretação do antigo testamento à luz das categorias elaboradas pela filosofia grega.

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Gnosticismo:

• Movimento religioso que insiste ao conhecimento sobre a fé.

• Aproxima a religião com a filosofia.

• A fé como fundamento do conhecimento e da salvação.

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Peculiaridades do estilo Diferença entre o estilo grego e o estilo medieval de filosofar

Estilo grego:

• Busca pela verdade das coisas e do mundo.

• Papel da filosofia é a revelação da verdade.

• Investigação sobre o ser, sobre a natureza e sobre o homem.

Estilo medieval: • Verdade toda já foi

revelada por Deus, nos textos sagrados.

• O papel da filosofia - exegese dos textos sagrados.

• Visão tradicionalista - desconfiança da novidade:

• Política perseguidora e inquisitória.

• Censura a autoria.

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INTERATIVIDADE

• Uma das diferenças profundas entre a filosofia grega e filosofia medieval se determina pela concepção da verdade. Comente essa diferença.

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A Patrística II a VIIITrês períodos:• Primeiro: até séc. III –

apologética.• Segundo: até séc. IV –

surgem os primeiros sistemas doutrinais.

• Terceiro: séc. V a VIII – período eclético.

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A nova religião como instituição organizada:• A reunião de Nicéia (323);• Principais problemas: - Criacionismo;- Os dez mandamentos;- A ideia do logos;- Trindade divina; - A predestinação; - Do livre arbítrio.

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Apologética cristã As apologias como defesa da nova fé

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Atenágoras (fim do sec. II)

“Súplica pelos cristãos”:

• Pontos em comum entre a filosofia e a religião cristã.

• Tenta convencer o imperador Marco Aurélio de parar de perseguir os cristãos.

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Argumento Monoteísta

Monoteísmo é a única explicação coerente

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O cristianismo: de um fato histórico a um fenômeno metafísico

• Se Atenágoras queria demonstrar a racionalidade dos dogmas cristãos do ponto de vista da filosofia grega e a sua lógica, outros apologetas, entre os quais, Justino, o mártir compreendem outras metodologias, a saber: a redução da sabedoria pagã às normas da sabedoria cristã e estilo de vida. Este procedimento transforma o cristianismo de um fato concreto histórico em um fenômeno universalmente válido e metafísico.

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Justino (100 - 165)

• Como podemos pensar os que viveram antes de cristo do ponto de vista cristão?

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Resposta de Justino

• A vida conforme o verbo é a vida cristã.

• A vida oposta ao verbo é oposta a vida cristã.

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Taciano

Tudo que é grego é apriori cristão• O verbo como horizonte absoluto do ser.• As verdades dos filósofos gregos -

fragmentos da revelação divina. • Tudo o que não era cristão, mas estava de

acordo com os postulados cristãos é cristão.• Nada dos gregos é grego. • A filosofia é absolutamente inútil para as

questões existenciais dos homens.

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Aristides(séc. II)

• Segundo Aristides, só os cristãos possuem a verdade por serem testemunhos a ela.

• Crítica ao politeísmo.

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Clemente de Alexandria (150 – 215)

• Justifica a filosofia grega como fonte da gnose e como etapa para o conhecimento do verdadeiro Logos.

• A filosofia – meio para a decifração dos textos sagrados onde a verdade reside.

• Defender a fé com o auxílio da Filosofia.

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Tertuliano (155 – 222)

A alma é Cristiana.

A doença: a filosofia pagã.

A cura: a retomada do caminho da fé.

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Por que a filosofia é a doença da alma?

• A filosofia conta com a razão para estabelecer suas verdades.

• Mas tais verdades estão reveladas imediatamente por Deus. Só a fé basta para serem descobertas.

• Se o homem, no seu estado natural, já possui tais verdades, qualquer investigação se torna inútil.

• A própria investigação filosófica aparece como perda da fé.

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Creio, pois é absurdo...• “O filho de Deus foi sacrificado, do

que não me envergonho, porque há que se envergonhar. E que o filho de Deus tinha morrido, é de todo crível, por que é inepto. E que sepultado, tenha ressuscitado, é certo, por ser impossível.”

In: Gilson, E. 2007, p. 107

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Orígenes (185 – 253)

“ Philosophia Ancilla Theologiae.”

• Fundador da teologia científica.

• Sistematizador do pensamento cristão.

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Maximo (579 – 662)

• Defende a dupla natureza de Cristo:

• Interpretações:- Antropológica e- Metafísica.

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João Damasceno(675 – 749)

Platão e Aristóteles como fontes da reflexão teológica.

• “A fonte do conhecimento”: exegese detalhada da sagrada escritura.

Principais problemas:-A natureza de Deus.-O livre arbítrio.

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PSEUDO-DIONISIO(sec VI)

Quem é Pseudo-Dionisio?

• Corpos Areopagita representado em 532 em Constantinopla.

• A importância do Corpus:- Traça os parâmetros da

simbologia medieval.- Define o estilo da mística

européia em geral.

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Corpus Areopagita• Reúne quatro títulos1. Dos nomes divinos.2. Teologia mística.3. Da hierarquia

celeste.4. Da hierarquia

clerical.

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As vias do conhecimento de Deus

A via catafatica (afirmativa)• Como podemos denominar Deus? • Como criador de tudo, todos os nomes são

aplicáveis a Deus:• Bem e Justo – literalmente definem a sua

essência. • Pedra – metaforicamente definem a sua

essência. • A denominação positiva: iguala a criação com

o criador.

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A via apofatica (negativa)

• Deus não é o ser, mas não-ser. • Deus não é beleza, mas não beleza. • A via negativa é mais adequada: exclui

qualquer margem de confusão que uma linguagem criada pode induzir.

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Via superlativa

DEUS É SER(VIA AFIRMATIVA)

DEUS NÃO É SER(VIA NEGATIVA)

DEUS É MAIS QUE SER ELE É SER SUPERIOR

(VIA SUPERLATIVA)

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A hierarquia• Qualquer ente do mundo criado é

revelação divina, isto é, teofanias. • Hierarquia rigorosa conforme o

status ontológico de cada ser. • O princípio da hierarquia:- Toda realidade possui um lugar fixo

na gradação do ser.- Toda realidade recebe luz da

realidade superior e a passa para a realidade inferior. Ela conserva seu ser e valor na medida em que cumpre rigorosamente essa função, sem qualquer desvio.

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A estrutura da hierarquia

• A hierarquia é constituída por três camadas, diferenciadas de lugar, intensidade e valor.

- Celeste: anjos, arcanjos, etc. - Clerical: sacerdotes. - Mundial: racionais, orgânicos,

inorgânicos.• Imutabilidade da estrutura.

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O bem e o mal• O bem: o que corresponde

ao seu devido lugar na hierarquia.

• O mal: o que não corresponde ao seu devido lugar na hierarquia.

• Apenas a perfeição moral pode salvar o homem.

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Ascensão para Deus.

• O suicídio metafísico – mudança do status.• Cada realidade possui telos (fim) próprio: a união

com Deus. • A união erótica (êxtase) VS substancial

(neoplatonismo).

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Referencias

• A filosofia da Idade Media. Gilson, E. Martins Fontes, São Paulo, 2007.

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