1 coletÂnea de decisÕes da cgu lei de acesso à informação

86
1 COLETÂNEA DE DECISÕES DA CGU Lei de Acesso à Informação

Upload: buitram

Post on 29-Dec-2016

223 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

  • 1

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

  • Apresentao

    com grande satisfao que a Ouvidoria-Geral da Unio apresenta esta Coletnea de Decises da CGU Lei de Acesso Informao, na qual rene Pareceres e Despachos selecionados, referentes a recursos em face de negativas de acesso por rgos e entidades da Administrao Pblica Federal.

    Desde 16 de maio de 2012, quando entrou em vigor a Lei de Acesso Informao (Lei no 12.527, de 18 de novembro de 2011), a Controladoria-Geral da Unio j recebeu mais de 1.500 recursos. Do total de 1.088 recursos julgados pela CGU at 5 de dezembro de 2013, 360 tiveram soluo favorvel ao solicitante da informao, sendo 195 recursos atendidos antes do julgamento, por fora da reconsiderao do rgo recorrido, obtida com a intermediao da CGU e, o restante (165), julgados e providos, determinando-se a entrega da informao negada. De outro modo, 728 recursos tiveram soluo desfavorvel ao solicitante, sendo que 137 no ultrapassaram o juzo de admissibilidade (ou seja, no puderam ser conhecidos) por no atenderem os pressupostos recur-sais bsicos (tempestividade, cabimento, objeto abrangido pelo escopo da LAI, etc.), e 591 foram julgados e desprovidos, mantendo-se a deciso do rgo recorrido porque suas razes de negativa estavam respaldadas pela Lei.

    Embora representem apenas 1% dos pedidos de acesso informao apresentados perante a Ad-ministrao Pblica Federal, os recursos julgados pela CGU veiculam pretenses relevantes no que concerne ao controle social dos processos decisrios e da aplicao de recursos pblicos. Ao tempo em que as decises da CGU esto disponveis no stio http://www.acessoainformacao.gov.br desde 9 de dezembro de 2013, considerou-se relevante destacar, nesta Coletnea, aquelas que possuem especial importncia no que se refere adequada interpretao da Lei de Acesso Informao, ga-rantindo-se coerncia em todos os rgos e entidades da Administrao Pblica Federal por meio de seu amplo conhecimento.

    possvel acessar udio, ou transcrio, relativa a reunio de diretoria de agncia reguladora? Informaes pessoais podem ser obtidas com fundamento na Lei de Acesso a Informaes, ou apenas informaes de natureza pblica? Em que medida as empresas pblicas e as sociedades de economia mista esto sujeitas Lei de Acesso a Informaes? O nome do beneficirio de programa de arrendamento residencial informao pessoal cuja divulgao esteja vedada legalmente? Essas e outras questes so abordadas nos Pareceres e Despachos que seguem, conferindo densidade aos dispositivos da Lei de Acesso Informao, na medida em que, a partir de um caso concreto, discutida a correta interpretao da legislao referente ao tema.

    Registre-se que, nos Pareceres e Decises que seguem, foram suprimidas, por cautela, informa-es que pudessem ser consideradas pessoais e sensveis, como o nmero de inscrio junto ao Cadastro de Pessoas Fsicas (CPF) ou o endereo eletrnico de pessoas naturais, bem como infor-maes resguardadas por sigilos legais.

    Direito fundamental constitucionalmente assegurado, o acesso a informaes produzidas ou custo-diadas pelo Poder Pblico pressupe, dentre outros instrumentos e estruturas, a existncia de Ser-vios de Informao ao Cidado (SICs) estruturados e efetivos; so eles os destinatrios finais desta singela Coletnea, pois responsveis pela consolidao da Lei de Acesso Informao no Brasil.

    Coordenao-Geral de Recursos de Acesso Informao (CGRAI)Ouvidoria-Geral da Unio (OGU)

    Controladoria-Geral da Unio (CGU)

  • Sumrio

    Agncia Nacional do Petrleo, Gs Natural e Biocombustveis Ministrio de Minas e Energia 4Despacho n 1392 de 22/02/2013 4Rafael Antonio Dal Rosso

    Banco do Brasil S/A 8Parecer n 2197 de 06/09/2013 8Rafael Antonio Dal Rosso

    Caixa Econmica Federal 15Despacho n 4524 de 10 de junho de 2013 15Marcos Gerhardt Lindenmayer Despacho n 4735 de 19/06/2013 23Marcio Camargo Cunha Filho Parecer n 2953 de 18/11/2013 27Rafael Antonio Dal Rosso

    Comando do Exrcito Ministrio da Defesa 37Parecer n 2198 de 06 de setembro de 2013 37Marcos Gerhardt Lindenmayer

    Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes Ministrio dos Transportes 48Despacho n 292 de 18/01/2013 48Marcos Gerhardt Lindenmayer

    Eletrosul Centrais Eltricas S/A - ELETROBRS - Centrais Eltricas Brasileiras S/A 53Parecer n 2804 de 31/10/2013 53Rafael Antonio Dal Rosso

    Gabinete de Segurana Institucional Presidncia da Repblica 63Parecer n 2508 de 07 de outubro de 2013 63Marcos Gerhardt Lindenmayer

    Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira Ministrio da Educao 72Despacho n 4283 de 25 de maio de 2013 72Marcos Gerhardt Lindenmayer

    Ministrio da Fazenda 80Despacho n 4747 de 19/06/2013 80Anjuli Tostes Faria Osterne

    Secretaria de Comunicao Social - Presidncia da Repblica 84Parecer n 2807 de 31/10/2013 84Kamilla Jabrayan Schmidt Vtor Cesar Silva Xavier

  • 4

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    Agncia Nacional do Petrleo, Gs Natural e Biocombustveis Ministrio de Minas e Energia

    Despacho n 1392 de 22/02/2013Rafael Antonio Dal Rosso

    Senhor Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Geral da Unio,

    O presente Despacho trata de solicitao de acesso informao pblica, com base na Lei n 12.527/2011, formulada XXXXX , em 28/09/2012, o qual requereu Agncia Nacional do Petr-leo, Gs Natural e Biocombustveis, doravante ANP, o que se segue:

    Venho solicitar [...] arquivo eletrnico da gravao, ou documento oficial contendo a trans-crio da gravao, da totalidade ou do trecho, da Reunio de Diretoria da ANP n 670, de 06/06/2012, que deliberou pelo indeferimento do Recurso Administrativo do servidor XXXXX no mbito do processo n 48610.004539/2012-28. Cumpre ressaltar que no h qualquer referncia de tratamento confidencial nos assuntos tratados na referida sesso deliberativa. Ademais, na opo pelo envio de trecho da reunio, cedio que qualquer programa de edio, havendo muitos gratuitos inclusive, realiza tal procedimento facilmente. (grifo nosso).

    Da Cronologia dos fatos

    No dia 17/10/2012, a ANP nega acesso informao e ressalta que na reunio em questo foram tratados assuntos sigilosos que impossibilitam o fornecimento da gravao. Afirma, tambm, que no dispe de recursos materiais e humanos para fazer editorao de gravaes de forma a per-mitir a separao das partes sigilosas. Destaca, por fim, que [...] todas as informaes necessrias para conhecimento do recurso encontram-se nos autos do processo n 48610.004539/2012-28, ao qual Vossa Senhoria poder ter acesso.

    Em 18/10/2012, XXXXX interpe recurso alegando que nem na pauta nem na ata da referida Reu-nio consta qualquer indicao de confidencialidade dos assuntos tratados. Enfatiza que servidor efetivo da prpria ANP e que sigilo no se aplicaria a ele, haja vista o prprio XXXXX possuir acesso a muitas das informaes das Reunies de Diretoria.

    Ademais, o ora solicitante questiona a falta de recursos humanos e tecnolgicos da ANP para a edio de mero vdeo, considerando-se que a Agncia teve, em 2011, oramento de quase R$ 5 bilhes, e reitera o pedido inicial.

    Em 24/10/2012, a ANP reitera os pontos anteriormente apresentados, em especial o sigilo da informao constante das Reunies e a carncia de recursos para consecuo da ao solicitada.

    Na mesma data, o cidado especifica o pedido, solicitando acesso no totalidade da gravao da Reunio, mas apenas degravao contendo o assunto Recurso Administrativo Concesso de auxlio-transporte Processo n 48610.004539/2012-28 Proposta n 504/2012 SRH Relator: Diretora-Geral Magda Chambriard.

    No recurso, o solicitante frisa que est tendo afetado seu direito de ampla defesa e contraditrio por desconhecer em que termos foi indeferido seu recurso administrativo pela Diretoria Colegiada da ANP.

  • 5

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    Em funo da ausncia de resposta no e-SIC, em sede de 2 instncia, XXXXX interpe recurso Con-troladoria-Geral da Unio, repisando os argumentos citados no pedido inicial e nos demais recursos.

    o relatrio.

    ANLISE

    Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva, no dia 29/11/2012, dado que a o recurso de 2 instncia foi impetrado em 24/11/2012 e no foi respondido dentro dos 05 dias previstos na Lei. O Recurso foi recebido na esteira do disposto no caput e 1 do art. 16 da Lei n 12.527/2012, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto n 7724/2012, in verbis:

    Lei n 12.527/2012

    Art. 16. Negado o acesso a informao pelos rgos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poder recorrer Controladoria-Geral da Unio, que deliberar no prazo de 5 (cinco) dias se:

    (...)

    1o O recurso previsto neste artigo somente poder ser dirigido Controladoria Geral da Unio depois de submetido apreciao de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior quela que exarou a deciso impugnada, que deliberar no prazo de 5 (cinco) dias.

    Decreto n 7724/2012

    Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o pargrafo nico do art. 21 ou infrutfera a reclama-o de que trata o art. 22, poder o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, conta-do da cincia da deciso, Controladoria-Geral da Unio, que dever se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso.

    Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n. 7.724/2012, observa-se que no consta da resposta que a autoridade que proferiu a deciso denegatria, em primeira instncia, era a hierar-quicamente superior que adotou a deciso. A anlise relativa ao recurso de 2 instncia restou prejudicada em razo da ausncia de resposta no e-SIC.

    Preliminarmente, cumpre enfatizar que a ANP, em resposta a ofcio encaminhado por esta Contro-ladoria-Geral da Unio, destaca o motivo pelo qual no enviou resposta ao recurso de 2 instncia.

    Tal situao se deveu ao fato de que as decises daquela Agncia em sede de 2 instncia ocorrem por Deciso Colegiada da Diretoria, que se rene normalmente apenas 01 vez por semana, o que torna, muitas vezes, o prazo de 05 dias para resposta de recurso infactvel.

    Ademais, a ANP solicita que seja revisto o prazo legal quando a deciso do recurso couber a rgos colegiados, em funo da evidente dificuldade de resposta.

    Passando anlise do mrito, observa-se que o ponto central do pedido de acesso a obten-o de trecho da Reunio de Diretoria ANP n 670, de 06/06/2012, que trata especificamen-te do indeferimento do Recurso Administrativo do servidor XXXXX no mbito do processo n 48610.004539/2012-28.

  • 6

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    Destarte, de pronto se pode destacar a questo do sigilo que envolve este pedido de acesso. Ainda que a Reunio n 670 tenha tratado de temas sigilosos, a parte especfica que objeto do recurso que ora tramita nesta CGU no envolve informao com essa caracterstica.

    Resta, portanto, a anlise quanto possibilidade de se fornecer ao no o trecho solicitado em face dos argumentos expostos pela ANP tanto nos recursos quanto em resposta ao Ofcio de solicita-o de informaes enviado por esta CGU.

    A Agncia Nacional de Petrleo, Gs Natural e Biocombustveis alega que todas as informaes re-ferentes ao processo 48610.004539/2012-28, no qual XXXXX teve indeferido pedido de reviso de concesso de auxlio-transporte, encontram-se nos autos do processo, e que a Lei de Acesso Informao no canal apropriado para soluo de irresignao do servidor em relao deciso tomada.

    Ora, a Lei 12.527/2011 clara no que se refere abertura de informaes:

    Art. 3o Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o direito fundamental de acesso informao e devem ser executados em conformidade com os princpios bsicos da administrao pblica e com as seguintes diretrizes:

    I - observncia da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceo

    A Lei no deve ser interpretada de maneira a ter sua abrangncia restringida. Ainda que o cidado tenha tido acesso a todas as informaes pertinentes no transcorrer do recurso administrativo, no h impedimento legal que impossibilite o fornecimento do trecho da gravao demandado. O exaurimento daquela esfera no impede que seja solicitada informao referente ao processo via Lei de Acesso Informao.

    De fato, se o cidado se julga prejudicado, no h bice para pleitear acesso informao pela Lei 12.527/2011. Tamanha a inteno do legislador em promover a abertura dos dados, que no necessria nem mesmo motivao para o pedido de acesso. luz do Decreto 7.724/12:

    Art. 14. So vedadas exigncias relativas aos motivos do pedido de acesso informao..

    Nessa perspectiva, no era nem mesmo necessria a alegao XXXXX , de que a informao influenciaria em seu direito de ampla defesa e contraditrio, em que pese seu desconhecimento quanto aos termos em que foi indeferido o recurso administrativo.

    Consoante a Instruo Normativa ANP 001/99, que trata da Reunio de Diretoria Colegiada:

    5.15.3 As Reunies de Diretoria sero gravadas, assegurando-se aos interessados o direito obteno de cpia, aps requisio obrigatria, escrita e motivada, ao Secretrio Executivo e mediante o pagamento do custo de reproduo correspondente. (grifo nosso).

    5.15.4 Ser cobrado do requisitante das transcries e cpias os valores estabelecidos pela ta-bela do Sindicato Nacional dos Tradutores ou instituio assemelhada.

    Desse modo, resta clara a publicidade que dada aos temas tratados na Reunio, quando no aco-bertados pelo manto do sigilo.

    Quanto argumentao da ANP de que no dispe de recursos humanos ou tecnolgicos para consecuo da edio da gravao, entende-se que a atividade de relativa celeridade e que no

  • 7

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    apresenta potencial de causar prejuzos s atividades da Agncia, de modo que pode ser realizada sem entraves.

    Mesmo considerando-se a existncia de deciso anterior desta Controladoria-Geral da Unio, no mbito do processo 48700.000396/2012-76, pelo desprovimento do recurso em funo de sigilo comercial, no h bice para que seja selecionado to somente o trecho pleiteado e disponibili-zado ao referido senhor, dada a especificidade do pedido, qual seja: o trecho que deliberou pelo indeferimento do Recurso Administrativo do servidor XXXXX no mbito do processo nmero 48610.004539/2012-28.

    Por fim, cumpre ressaltar a postura proativa da ANP, no que se refere a projeto que se encontra em fase de desenvolvimento, para transmisso em tempo real, via internet, das reunies pblicas da Diretoria, atitude esta que caminha pari passu com os preceitos da Lei 12.527/11.

    CONCLUSO

    De todo o exposto, opina-se pelo conhecimento e PROVIMENTO do recurso interposto.

    Ademais, faz-se necessrio ressaltar a ausncia de informao referente autoridade que tomou a deciso, que no consta das respostas ao cidado. Dessa forma, recomenda-se orientar a auto-ridade de monitoramento da Agncia Nacional de Petrleo, Gs Natural e Biocombustveis que reavalie os fluxos internos para assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso infor-mao, de forma eficiente e adequada aos objetivos da Lei de Acesso Informao, em especial no que tange ao art. 21 do decreto 7.724/2012.

    JOS EDUARDO ROMO

    Ouvidor-Geral da Unio

  • 8

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    Banco do Brasil S/A

    Parecer n 2197 de 06/09/2013Rafael Antonio Dal Rosso

    Senhor Ouvidor-Geral da Unio,

    O presente parecer trata de solicitao de acesso informao pblica, com base na Lei n 12.527/2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado:

    RELATRIO Data Teor

    Pedido 10/06/2013

    Solicito informar do que se trata o seguinte lanamento na minha conta corrente XXXXX agncia XXXXX em XXXXX:- Data Movim.: XXXXX- Dep. Origem:- Histrico: XXXXX BANCO DO BRASIL S/A - XXXXX- Documento: XXXXX- Valor: 5.321,52 C

    Resposta Inicial07/06/2013

    Esclarece que as informaes referentes a relaes negociais e de consumo de produtos e servios bancrios no esto no mbito da Lei de Acesso Informao.Sugere que o cidado se dirija a sua agncia derelacionamento, ou ainda, Central de Atendimento BB CABB, Servio de Atendimento ao Consumidor SAC, ou Ouvidoria.

    Recurso Autoridade Superior

    07/06/2013

    Informa que possui mais de 200 pedidos de acesso negados pelo BB. Reitera solicitao e elenca os seguintes questionamentos:- Onde est a relao negocial na minha solicitao?- Onde est a relao de consumo na minha solicitao?- Qual o artigo da Lei que nega informao negocial ou de consumo?

    Resposta do Recurso Autoridade Superior

    07/06/2013

    Todos e quaisquer lanamentos realizados em sua conta corrente so derivados do contrato de abertura de contacorrente entre V.Sa. e o Banco do Brasil.Esse contrato regulamentado por legislao especficado Bacen (que determina que o atendimento se faa peloscanais j informados) e est sujeito ao CDC e Lei Complementar 105/2001 (que define essas informaescomo sujeitas a sigilo bancrio).Desta forma ratificamos as informaes prestadas nopedido de acesso informao e orientamos contatar oscanais competentes para o atendimento a sua demanda.

  • 9

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    Recurso Autoridade

    Mxima09/06/2013

    Reitera solicitao. Pede que o BB cite o artigo do CDCou da Norma Bacen que determina que o lanamentonuma conta corrente no possa ser alvo de solicitao deinformao via SICBB com base na Lei 12527/11.Adicionalmente, questiona o sigilo bancrio alegado peloBB, sendo que as informaes so referentes ao prpriosolicitante.

    Resposta do Recurso

    AutoridadeMxima

    17/06/2013

    Ratifica posio, de que no cabe ao BB, no mbito daLAI, por meio do SIC, manifestar-se sobre lanamentoefetuado na conta corrente do requerente, nem mesmoanalisar, avaliar ou interpretar ocorrncias, decises ouprocedimentos, pois tratam-se de assuntos negociais.Ademais, informa que a relao do Banco do Brasil,enquanto banco comercial, com o cliente bancrio regulamentada pelo Banco Central do Brasil, cujos canaisde atendimento, informaes e reclamaes soregulamentadas pela autarquia citada. Entende que aquesto deva se tratar no mbito da Ouvidoria do BB.

    Recurso CGU 17/06/2013

    Informa que realizou mais de 200 denncias de pratica decorrupo e outros delitos no mbito do BB, e que o Bancopratica ilcito para encobrir outros ilcitos. Ratificasolicitao de informao inicial.

    o relatrio.

    ANLISE

    Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva e recebido na es-teira do disposto no caput e 1 do art. 16 da Lei n 12.527/2012, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto n 7724/2012, in verbis:

    Lei n 12.527/2012

    Art. 16. Negado o acesso a informao pelos rgos ou entidades do Poder Executivo Federal, o requerente poder recorrer Controladoria-Geral da Unio, que deliberar no prazo de 5 (cinco) dias se:

    (...)

    1o O recurso previsto neste artigo somente poder ser dirigido Controladoria-Geral da Unio depois de submetido apreciao de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior quela que exarou a deciso impugnada, que deliberar no prazo de 5 (cinco) dias.

    Decreto n 7724/2012

    Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o pargrafo nico do art. 21 ou infrutfera a recla-mao de que trata o art. 22, poder o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias,

  • 10

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    contado da cincia da deciso, Controladoria-Geral da Unio, que dever se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso.

    Quanto ao cumprimento dos arts. 19 e 21 do Decreto n. 7.724/2012, combinados com o art. 11 da Lei 9.784/99 observa-se que consta da resposta ao recurso de 1 instncia que a autoridade que tomou a deciso era superior que respondeu o pedido inicial. Contudo, no consta que a autoridade mxima do rgo tomou a deciso em 2 instncia.

    Faamos inicialmente uma anlise da situao apresentada no recurso interposto perante esta Controladoria-Geral da Unio. No caso em tela, o cidado solicita esclarecimentos acerca de lanamento em sua conta corrente, no valor de R$ 5.321,52. Na resposta inicial e nos recursos subsequentes o BB se nega a fornecer a informao, entendendo no ser aquele o caminho correto para obteno das mesmas.

    Em resposta ao recurso de 1 Instncia, argumenta que a informao solicitada estaria abarcada por sigilo bancrio, segundo a Lei Complementar 105/01:

    Art. 1o As instituies financeiras conservaro sigilo em suas operaes ativas e passivas e servi-os prestados.

    Art. 10. A quebra de sigilo, fora das hipteses autorizadas nesta Lei Complementar, constitui crime e sujeita os responsveis pena de recluso, de um a quatro anos, e multa, aplicando-se, no que couber, o Cdigo Penal, sem prejuzo de outras sanes cabveis.

    Entretanto, ainda que, de fato, a informao solicitada seja protegida por sigilo bancrio, no h que se falar em negativa de acesso sob tal argumentao, tendo em vista tratar-se de informao pertinente ao prprio solicitante. Ora, o papel do sigilo bancrio resguardar as informaes pes-soais de maneira que terceiros no tenham acesso s mesmas. A prpria LC 105/01 clara em seu art. 1, 3:

    3o No constitui violao do dever de sigilo:

    V a revelao de informaes sigilosas com o consentimento expresso dos interessados;

    Deve-se compreender, entretanto, que a vigncia da Lei de Acesso no coibiu os demais canais de relacionamento com o cidado, tampouco o Servio de Informao ao Cidado SIC, os substitui.

    O Banco do Brasil, em momento algum cerceou o direito do cidado de saber do que se trata determinado lanamento em sua conta. Pelo contrrio. Dadas as caractersticas da informao solicitada, e o carter sigiloso que a mesma possui, ao qual o Banco deve manter proteo, apenas indicou os canais adequados para pleitear informaes pertinentes a movimentaes bancrias entre cliente e Banco.

    O cidado, por outro lado, seja em seu pedido inicial ou nos recursos subsequentes, sequer alegou ter buscado qualquer dos canais indicados pelo Banco do Brasil para obteno da informao. O BB inclusive informou, quando do contato telefnico realizado por esta CGU, que a informao de fcil obteno em agncia de relacionamento.

    O Cdigo de Defesa do Consumidor, Lei 8078/90 defende o cidado, quanto ao direito de obter informaes referentes aos servios prestados:

    Art. 4 A Poltica Nacional das Relaes de Consumo tem por objetivo o atendimento das ne-

  • 11

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    cessidades dos consumidores, o respeito sua dignidade, sade e segurana, a proteo de seus interesses econmicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a transparncia e har-monia das relaes de consumo, atendidos os seguintes princpios(grifo nosso).

    Art. 6 So direitos bsicos do consumidor:

    III - a informao adequada e clara sobre os diferentes produtos e servios, com especificao correta de quantidade, caractersticas, composio, qualidade, tributos incidentes e preo, bem como sobre os riscos que apresentem(grifo nosso).

    Art. 14. O fornecedor de servios responde, independentemente da existncia de culpa, pela reparao dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos prestao dos servios, bem como por informaes insuficientes ou inadequadas sobre sua fruio e riscos.

    Destarte, cabe ao Banco, independentemente da existncia de Lei de Acesso Informao, forne-cer canal adequado para obteno das informaes, canal este que existe, e indicado ao cidado na resposta inicial.

    Ora, de fato existe entre o Banco do Brasil e o cidado uma relao de consumo, firmada por meio de contrato, quando da abertura da respectiva conta. Quanto a esse ponto, o Cdigo de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90 claro:

    Art. 3 Fornecedor toda pessoa fsica ou jurdica, pblica ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produo, montagem, criao, construo, transformao, importao, exportao, distribuio ou comercializao de produtos ou prestao de servios.

    1 Produto qualquer bem, mvel ou imvel, material ou imaterial.

    2 Servio qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remunerao, inclusive as de natureza bancria, financeira, de crdito e securitria, salvo as decorrentes das relaes de carter trabalhista.

    A exemplo, caso a mesma solicitao fosse feita a Banco no integrante da Administrao Pblica, teria, da mesma forma, obrigatoriedade de fornecimento, mesmo no sujeito Lei de Acesso, haja vista tratar de direito do consumidor, informao, a rigor, entre relaes travadas entre particu-lares, detidamente contempladas no regime jurdico de direito privado.

    A LAI tem o escopo de trazer transparncia informaes preponderantemente de carter pbli-co ou dentro de um contexto organicista pblico e, residualmente privado, s quais ela deu trata-mento diferenciado sob o regime jurdico da informao pessoal. No quer dizer-se, tambm, que h excluso da aplicao da LAI, uma vez que o BB sujeito a este diploma legal, mas o objeto 14 do Decreto -Lei 200, de 1967).

    Ainda sob a tica consumerista da relao destacada no mbito deste processo de pedido de acesso, mister destacar que o Banco do Brasil, instituio financeira integrante do Sistema Finan-ceiro Nacional SFN, submete-se regulamentao do Banco Central do Brasil. Segundo precei-tua a Lei 4595/64, que Dispe sobre a Poltica e as Instituies Monetrias, Bancrias e Creditcias, Cria o Conselho Monetrio Nacional e d outras providncias:

    Art. 4 Compete ao Conselho Monetrio Nacional, segundo diretrizes estabelecidas pelo Presi-dente da Repblica: (Redao dada pela Lei n 6.045, de 15/05/74) (Vetado)

  • 12

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    [...]

    VIII - Regular a constituio, funcionamento e fiscalizao dos que exercerem atividades subordi-nadas a esta lei, bem como a aplicao das penalidades previstas;

    [...]

    XXII - Estatuir normas para as operaes das instituies financeiras pblicas, para preservar sua solidez e adequar seu funcionamento aos objetivos desta lei;

    [...]

    Art. 9 Compete ao Banco Central da Repblica do Brasil cumprir e fazer cumprir as disposies que lhe so atribudas pela legislao em vigor e as normas expedidas pelo Conselho Monetrio Nacional.

    Art. 10. Compete privativamente ao Banco Central da Repblica do Brasil:

    [...]

    IX - Exercer a fiscalizao das instituies financeiras e aplicar as penalidades previstas;

    Ora, valendo-se de seu papel de rgo regulador do SFN, o Banco Central expediu a Resoluo n 3.849, de 25 de maro 2010, que dispe sobre a instituio de componente organizacional de ouvidoria pelas instituies financeiras e demais instituies autorizadas a funcionar pelo Banco Central do Brasil:

    Art. 1 As instituies financeiras e demais instituies autorizadas a funcionar pelo Banco Cen-tral do Brasil que tenham clientes pessoas fsicas ou pessoas jurdicas classificadas como micro-empresas na forma da legislao prpria devem instituir componente organizacional de ouvidoria, com a atribuio de atuar como canal de comunicao entre essas instituies e os clientes e usurios de seus produtos e servios, inclusive na mediao de conflitos.

    Art. 2 Constituem atribuies da ouvidoria:

    I - receber, registrar, instruir, analisar e dar tratamento formal e adequado s reclamaes dos clientes e usurios de produtos e servios das instituies referidas no caput do art. 1 que no forem solucionadas pelo atendimento habitual realizado por suas agncias e quaisquer outros pontos de atendimento;

    II - prestar os esclarecimentos necessrios e dar cincia aos reclamantes acerca do andamento de suas demandas e das providncias adotadas;

    III - informar aos reclamantes o prazo previsto para resposta final, o qual no pode ultrapassar quinze dias, contados da data da protocolizao da ocorrncia;

    IV - encaminhar resposta conclusiva para a demanda dos reclamantes at o prazo informado no inciso III; (grifo nosso).

    Ou seja, na hiptese de a informao no ser obtida junto agncia de relacionamento do cidado, o cidado dispe ainda da Ouvidoria para solucionar o conflito. Tanto a agncia como a Ouvidoria so canais adequados para obteno da informao almejada, haja vista a pessoalidade que reveste a mesma e a necessidade de identificao do solicitante quando da retirada da mesma.

  • 13

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    Em consulta informal ao endereo eletrnico do Banco do Brasil, http://www.bb.com.br /docs/pub/inst/dwn/FolderSac.jpg , possvel inclusive se obter informaes relativas a qual o canal mais indicado para cada tipo de demanda, seja o Servio de Atendimento ao Cidado, Central de Aten-dimento ou ainda Ouvidoria do BB.

    Impende frisar que a Lei de Acesso Informao no garante que toda e qualquer informao pessoal seja franqueada. O captulo IV, sesso V da Lei, referente a informao pessoal tem como papel preponderante a DEFESA da informao pessoal, que deve ser resguardada e cabe, via de regra, apenas a quem ela diz respeito.

    Posto isso, deve o cidado agir dentro dos limites da razoabilidade, e procurar os canais indicados pelo BB, onde, segundo informa o prprio Banco, a situao pode ser solucionada. A Lei n 9.784, de 1999, aplicada subsidiariamente LAI (art. 20), preceitua que haja adequao entre meios e fins, no mbito do processo administrativo. Ademais, destaca a adoo de formas simples nos mesmos, entendida a forma mais simples no caso em tela exatamente a solicitao direta agncia de relacionamento. In verbis os dispositivos citados:

    Art. 2o A Administrao Pblica obedecer, dentre outros, aos princpios da legalidade, fina-lidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia.

    Pargrafo nico. Nos processos administrativos sero observados, entre outros, os critrios de:

    [...]

    VI - adequao entre meios e fins, vedada a imposio de obrigaes, restries e sanes em medida superior quelas estritamente necessrias ao atendimento do interesse pblico;

    IX - adoo de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza,segurana e respeito aos direitos dos administrados;(grifo nosso).

    Ao prprio cidado cabem deveres perante a Administrao Pblica:

    Art. 4o So deveres do administrado perante a Administrao, sem prejuzo de outros previstos em ato normativo:

    II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-f (grifo nosso)

    Entende-se, nesse sentido, que a solicitao tem caminhos mais simples (IX, do pargrafo nico do art. 2 da Lei n 9.784) de ser obtida do que a utilizao da Lei de Acesso Informao, estando a informao almejada plenamente disponvel no atendimento presencial em agncias do Banco do Brasil ou ainda, havendo qualquer incoerncia, via Ouvidoria BB, para tratar destes casos eminen-temente de relao de consumo.

    Cumpre destacar que o SICBB, aps contato telefnico, informou no ter conhecimento se o ci-dado buscou os demais canais, em funo de no integrar a estrutura da Ouvidoria do Banco do Brasil e desconhecer tal informao.

    CONCLUSO

    De todo o exposto, opina-se pelo conhecimento e DESPROVIMENTO do recurso interposto.

    http://www.bb.com.br /docs/pub/inst/dwn/FolderSac.jpghttp://www.bb.com.br /docs/pub/inst/dwn/FolderSac.jpg

  • 14

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    Recomenda-se ao cidado que procure sua agncia de relacionamento para que obtenha a infor-mao almejada. Havendo qualquer impedimento, que busque a Ouvidoria do BB.

    Por fim, observamos que o recorrido descumpriu procedimentos bsicos da Lei de Acesso In-formao. Nesse sentido, recomenda-se orientar a autoridade de monitoramento competente que reavalie os fluxos internos para assegurar o cumprimento das normas relativas ao acesso informao, de forma eficiente e adequada aos objetivos legais, em especial recomenda-se que a Autoridade responsvel por decidir o recurso de segunda instncia seja a autoridade mxima do Banco do Brasil S.A.

    RAFAEL ANTONIO DAL ROSSO

    Analista de Finanas e Controle

    DECISO

    No exerccio das atribuies a mim conferidas pela Portaria n. 1.567 da Controladoria-Geral da Unio, de 22 de agosto de 2013, adoto, como fundamento deste ato, o parecer acima, para de-cidir pelo desprovimento do recurso interposto, nos termos do art. 23 do referido Decreto, no mbito do pedido de informao n 99901.000939/2013-19, direcionado ao Banco do Brasil S.A.

    JOS EDUARDO ROMO

    Ouvidor-Geral da Unio

  • 15

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    Caixa Econmica Federal

    Despacho n 4524 de 10 de junho de 2013Marcos Gerhardt Lindenmayer

    Senhor Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Geral da Unio,

    RELATRIO

    Trata o presente Despacho do Julgamento do recurso em sede de solicitao de acesso infor-mao pblica, com base na Lei n 12.527/2011, formulada em 9/01/2013 pelo cidado XXXXX em face da Caixa Econmica Federal - CAIXA, em que requer lhe seja fornecida cpia da lista de nomes de todas as companhias de capital aberto cujas aes compem o capital social do banco e da lista de nomes de todas as companhias de capital aberto usadas para o aumento de capital autorizado pelo Decreto presidencial 7.880 de 28 de dezembro de 2012.

    Ao dia 17/01/2013, o rgo manifestou-se tempestivamente, informando, quanto primeira parte da solicitao, que o Capital Social da CAIXA no composto por nenhuma ao de companhia de capital aberto e, quanto segunda parte da solicitao, que as aes recebidas pela CAIXA em 28/12/12, conforme Decreto 7.880, foram das empresas Petrleo Brasileiro S. A Petrobrs, Vale S. A, JBS S. A., Cia Energtica de So Paulo CESP, Mangels Industrial S. A., Metalfrio Solutions S. A, Industrias Romi S.A, Vulcabrs/Azalia S. A e Paranapanema S. A.

    No se considerando plenamente satisfeito, o requerente interps recurso em primeira instn-cia em 17/01/2013 no qual, luz do Decreto 7.880/2012, manifestava incompreenso diante da resposta do rgo. Ao final, aduzia a que teria o interesse em obter a lista de todos os ativos que compem o capital social do banco e perguntava se tal solicitao deveria ser feita por meio de novo pedido.

    Em 22/01/2013, deferindo parcialmente o recurso interposto, a CAIXA se manifestou da seguin-te maneira:

    1. Em referncia ao recurso interposto em 18.01.2013, no que tange a mais esclarecimentos referente ao trecho do artigo 1 do Decreto presidencial 7.880 de 28 de dezembro de 2012, Art. 1 Fica autorizado o aumento de capital social da Caixa Econmica Federal - CEF, no montante de at R$ 5.400.000.000,00 (cinco bilhes e quatrocentos milhes de reais), mediante a trans-ferncia de aes ordinrias de emisso da Petrleo Brasileiro S.A. - PETROBRAS, excedentes manuteno do controle acionrio da Unio, bem critrio da Secretaria do Tesouro Nacional., informamos que

    1.1 Quando o decreto faz meno a mediante transferncia ..., o que est sendo dito de que forma ser a contrapartida ao aumento de Capital e no composio do Capital Social. Esta contrapartida pode ser feita de vrias formas (dinheiro, imveis, aes, etc).

    2. O aumento de capital que trata o caput, acima transcrito, tem as seguintes implicaes no Ba-lano Patrimonial da CAIXA: aumento do valor do capital social da CAIXA pelo valor das aes, na data da transferncia para a CAIXA, em contrapartida a um aumento do ativo da CAIXA.

  • 16

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    2.1 Informamos que tais aes entraram na tesouraria da CAIXA e foram classificadas como T-tulos e Valores Mobilirios (TVM) e a manuteno ou alienao das aes faz parte da estratgia de tesouraria. Ressaltamos que a divulgao analtica dos tipos de recursos utilizados para a ca-pitalizao e que ainda permanecessem em poder da Instituio Financeira pode comprometer planos, operaes ou objetivos previstos, portanto restamos impossibilitados de atender ao pleito.

    2.2 Quanto estratgia de Tesouraria, informamos que esta tem carter sigiloso. Conforme pre-visto na Lei de acesso informao e nos Manuais Normativos Internos da Instituio, a informa-o classificada como reservada e deve ser mantida em sigilo pelo prazo de 5 anos.

    Em 24/01/2013, o cidado interps recurso autoridade mxima do rgo, complementando a solicitao com pedido relativo ao nmero de aes de cada empresa recebias pela CAIXA no aumento de capital autorizado pelo Decreto7.880/2012, bem como o valor considerado para esses ativos.

    Respondeu o rgo em 29/01/2013 para indeferi-lo no obstante haver cadastrado a manifesta-o como na modalidade deferimento - sob o argumento de que o objeto solicitado diria respei-to a questes de ordem financeira atreladas estratgia de Tesouraria da CAIXA, possuindo tais informaes carter sigiloso no grau reservado.

    Considerando insuficiente a resposta fornecida pelo rgo, o recorrente fez uso da prerrogativa que lhe facultada pelo art. 23 do Decreto 7.724/2012 para interpor o presente Recurso CGU em 6/02/2013, no argumentava que:

    A operao amparada pelo decreto resultou em aumento de capital da Caixa Econmica em troca de aporte na forma de dividendos pagos pela Caixa ao Tesouro. Tais dividendos so conside-rados recursos pblicos, que deixaram um banco pblico, em substituio a aes. Discordo do entendimento da Caixa Econmica, uma vez que preciso demonstrar ao cidado se as aes que o banco recebeu do Tesouro representam o mesmo valor pago em dividendos, por exemplo.

    So ativos repassados pelo Tesouro Nacional ao banco pblico e como tal devem ser tratados, como informao pblica.

    Entendendo que subsdios adicionais deveriam ser fornecidos para que se procedesse anlise do caso em apreo, e em vista da negativa a pedido de acesso informao formulada com base na alegao de que a informao solicitada seria classificada, nos termos do art. 23 da Lei 12.527/2011, solicitou-se que a CAIXA encaminhasse CGU cpia do Termo de Classificao de Informao relativo ao quantitativo de aes que passaram a compor o ativo da instituio por meio do expe-diente previsto no Decreto 7.880/2012, bem como o valor de aquisio destes.

    Ao dia 28/05/2013, a CAIXA respondeu solicitao de esclarecimentos, alterando as razes de sua negativa ao aduzir que

    a correta justificativa para a negativa do fornecimento desta informao est amparada nos artigos 5 e 6 do Decreto N 7.724, de 16 de maio de 2012.

    [...] do entendimento da CAIXA que a disponibilizao de tais informaes poderiam compro-meter a competitividade e a governana corporativa da Instituio. Ademais, ressaltamos que a divulgao analtica dos tipos de recursos utilizados para a capitalizao e que ainda perma-necem em poder da Instituio Financeira pode comprometer planos, operaes ou objetivos previstos, portanto restamos impossibilitados de atender ao pleito.

  • 17

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    Isto posto, diante da mudana da justificativa para a manuteno do sigilo da informao, enten-demos no ser aplicvel o Termo de Classificao de Informao.

    Complementarmente, registre-se que esclarecimentos adicionais acerca da referida operao de aumento de capital tambm foram solicitados Coordenao-Geral de Auditoria da rea Fazen-dria II, da Secretaria Federal de Controle Interno - SFCI/CGU, a fim de esclarecer questes de fato subjacentes ao objeto do pedido.

    Em uma segunda consulta CAIXA, pediu-se que informasse se como resultado do aporte rece-bido e integralizado com os ativos das empresas Petrleo Brasileiro S.A., Vale S.A., JBS S.A., Cia Energtica de So Paulo, Mangels Industrial S.A., Metalfrio Solutions S.A., Industrias Romi S.A., Vulcabrs/Azalia S.A. e Paranapanema S.A., decorrente do expediente autorizado pelo Decreto 7.880/2012, resultou em alienao de controle ou no atingimento de participao direta ou indi-reta correspondente a 5% ou mais de espcie ou classe de aes representativas do capital de referidas companhias pela CAIXA.

    Como resposta, encaminhou a CAIXA em 5/06/2013 cpia dos comunicados ao mercado de fatos relevantes emitidos pelas empresas Mangels Industrial S.A, JBS S.A., Industrias Romi S.A. e Para-napanema S.A., informando que em nenhum dos casos a transferncia de ativos levou alienao de controle.

    o relatrio.

    ANLISE

    Observa-se, preliminarmente, que o recurso interposto perante a CGU tempestivo, visto que foi apresentado dentro do prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto n 7.724/2012.

    Quanto anlise de mrito, sendo evidente que o pedido trata de informao existente e especfi-ca, cuja obteno, em tese, no levaria a excessivo prejuzo s atividades regulares da Administra-o, devemos, de plano, afastar as preliminares excepcionais do art. 13 do Decreto 7.724/2012.

    Restando-nos a anlise dos argumentos apresentados referentes exceo criada pelo art. 5, 1 do Decreto 7.724/2012, que determina que fique submetida normativa da Comisso de Valores Mobilirios a divulgao de informao de empresas pblicas, sociedades de economia mista e as demais entidades controladas direta e indiretamente pela Unio, bem como pelo art. 6, I, daquele mesmo normativo, que d guarida arguio de sigilo legal especfico, convm-nos abordar alguns questionamentos:

    a. Que interpretao devemos dar ao art. 5, 1 do Decreto 7.724/2012 a fim de harmoniz-lo com o ordenamento jurdico existente, especialmente de forma a no admitir que normativo infra legal venha a indevidamente restringir o direito fundamental cujo exerccio encontra regu-lamentao na Lei 12.527/2011?

    b. Existe normativo da Comisso de Valores Mobilirios aplicvel ao caso em comento? Em caso afirmativo, ela balizadora de espcies legais de sigilo de delimitao no especificada em lei?

    Devemos consignar, preliminarmente, que o uso de argumento inverdico pela Administrao deve ser evitado, conquanto goze esta de relativa presuno de veracidade. A alegao de que o funda-mento da negativa estaria embasado em classificao de informao, conforme exposto nos autos,

  • 18

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    mostrou-se no real quando da solicitao de vistas dos Termos de Classificao de Informao, no obstante tenha servido de amparo deciso de primeira instncia e, ainda mais grave, deci-so proferida pela autoridade mxima da entidade.

    Resta-nos acolher a nova justificativa apresentada ao longo da instruo desta instncia, todavia, por ser questo que extrapola a esfera administrativa, adentrando na esfera da intimidade das pes-soas jurdicas de direito privado envolvidas, protegida que pela Constituio Federal em seu art. 5, X, cf. Smula 227 do STJ. A acolhida feita tese do recorrido, no entanto, no torna menos repreensveis as atitudes evidenciadas nos autos.

    A fim de analisarmos o primeiro quesito formulado, atentemos para o fato de que as empresas pblicas e sociedades de economia mista submetem-se Lei de Acesso Informao por fora do art. 1, nico, II de referida norma:

    Pargrafo nico. Subordinam-se ao regime desta Lei:

    [...]

    II - as autarquias, as fundaes pblicas, as empresas pblicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios.

    De modo claro, todo ato de tais entes e toda informao por eles geradas ou custodiadas passam a subsumir-se s hipteses da Lei 12.527/2011. Raciocnio outro no seria defensvel, em vista do tratamento explcito dado pelo legislador s entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realizao de aes de interesse pblico, recursos pblicos diretamente do oramento para as quais a norma restringe a publicidade parcela dos recursos pblicos recebidos, bem como sua destinao. Tambm no seria aconselhvel sugerir como bice ao carter pblico das informa-es relativas a estas pessoas jurdicas o comando do art. 173, 1, II da Constituio Federal, que determina que a lei estabelecer o estatuto jurdico da empresa pblica, da sociedade de economia mista e de suas subsidirias que explorem atividade econmica de produo ou comercializao de bens ou de prestao de servios, dispondo, entre outros aspectos, sobre a sujeio ao regime jurdico prprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigaes civis, comerciais, trabalhistas e tributrios. Referido dispositivo no afasta a possibilidade de norma outra, referente a aspecto diverso a temas relacionados ao direito comercial, civil, trabalhista ou tributrio, venha a ser editada com o fim previsto no 3 deste mesmo artigo:

    3 - A lei regulamentar as relaes da empresa pblica com o Estado e a sociedade.

    De fato, a Lei 12.527/2011 vem a ser exemplo claro da regulamentao a que alude este dispositi-vo. Ao estabelecer o princpio da mxima divulgao em mbito da administrao pblica nacional e regulamentar o exerccio do direito previsto no art. 5, XXXIII da Constituio Federal a lei define expressamente as excees a referido princpio: sigilo de estado (nos restritos limites do rol taxativo descrito no art. 23), hiptese de sigilo legal e, finalmente, informao pessoal.

    Adicionalmente, convm salientar que qualquer restrio a direito fundamental deve ser inter-pretada restritivamente, no sendo possvel aumentar o rol de excees ao princpio da mxima divulgao seno por meio de lei, conforme entendimento ptrio e referncia interamericana.

    Importante tambm ressaltar que o Decreto 7.724/2012, que regulamenta a Lei 12.527/2012 em mbito do Poder Executivo Federal, ao tratar de sua abrangncia, dispe, no art. 5, 1, que:

  • 19

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    1o A divulgao de informaes de empresas pblicas, sociedade de economia mista e demais entidades controladas pela Unio que atuem em regime de concorrncia, sujeitas ao disposto no art. 173 da Constituio, estar submetida s normas pertinentes da Comisso de Valores Mobilirios, a fim de assegurar sua competitividade, governana corporativa e, quando houver, os interesses de acionistas minoritrios.

    Pelo exposto, tal dispositivo seria de controversa legalidade caso entendssemos necessrio ao exerccio de direito fundamental a edio de uma instruo normativa a qual, ainda, poderia lhe impor restries. Nesse sentido, outra interpretao no nos parece defensvel seno aquela que entendesse aplicar-se o art. 5, 1 do decreto 7.724/2012 a obrigaes de transparncia ativa, restando como nicas excees mxima divulgao aquelas constantes nos art. 22, 23 e 32 da Lei 12.527/2011, como exposto ao 22 do presente.

    Isso posto, devemos analisar quais as obrigaes de transparncia mnima, ou seja, aquelas que no violem a intimidade e a privacidade das pessoas jurdicas de direito privado envolvidas, luz dos normativos da Comisso de Valores Mobilirios, aplicveis operao de aumento de capital da Caixa Econmica Federal promovido por meio da transferncia de aes de sociedade de capital aberto do BNDESPar para aquele banco.

    Segundo a Instruo Normativa da Comisso de Valores Mobilirios n 358, de 3 de janeiro de 2002, a qual dispe sobre a divulgao e uso de informaes sobre ato ou fato relevante relativo s companhias abertas, dentre outros, temos que:

    Art. 3 - Cumpre ao Diretor de Relaes com Investidores divulgar e comunicar CVM e, se for o caso, bolsa de valores e entidade do mercado de balco organizado em que os valores mo-bilirios de emisso da companhia sejam admitidos negociao, qualquer ato ou fato relevante ocorrido ou relacionado aos seus negcios, bem como zelar por sua ampla e imediata dissemina-o, simultaneamente em todos os mercados em que tais valores mobilirios sejam admitidos negociao.

    [...]

    3 O Diretor de Relaes com Investidores dever divulgar simultaneamente ao mercado ato ou fato relevante a ser veiculado por qualquer meio de comunicao, inclusive informao impren-sa, ou em reunies de entidades de classe, investidores, analistas ou com pblico selecionado, no pas ou no exterior.

    [...]

    Art. 12 - Os acionistas controladores, diretos ou indiretos, e os acionistas que elegerem mem-bros do Conselho de Administrao, bem como qualquer pessoa natural ou jurdica, ou grupo de pessoas, agindo em conjunto ou representando um mesmo interesse, que atingir participao, direta ou indireta, que corresponda a 5% (cinco por cento) ou mais de espcie ou classe de aes representativas do capital de companhia aberta, deve enviar CVM e, se for o caso, bolsa de valores e entidade do mercado de balco organizado em que os valores mobilirios de emisso da companhia sejam admitidos negociao, assim como divulgar, nos termos do art. 3, declarao contendo as seguintes informaes:

    I. nome e qualificao do adquirente, indicando o nmero de inscrio no Cadastro Nacional de Pessoas Jurdicas ou no Cadastro de Pessoas Fsicas;

  • 20

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    II. objetivo da participao e quantidade visada;

    III. nmero de aes, bnus de subscrio, bem como de direitos de subscrio de aes e de opes de compra de aes, por espcie e classe, j detidos, direta ou indiretamente, pelo ad-quirente ou pessoa a ele ligada;

    IV. nmero de debntures conversveis em aes, j detidas, direta ou indiretamente, pelo adqui-rente ou pessoa a ele ligada, explicitando a quantidade de aes objeto da possvel converso, por espcie e classe; e

    V. indicao de qualquer acordo ou contrato regulando o exerccio do direito de voto ou a compra e venda de valores mobilirios de emisso da companhia.

    1 Est igualmente obrigada divulgao das mesmas informaes a pessoa ou grupo de pesso-as representando um mesmo interesse, titular de participao acionria igual ou superior ao per-centual referido no caput deste artigo, a cada vez que a referida participao se eleve em 5% (cinco por cento) da espcie ou classe de aes representativas do capital social da companhia.

    [...]

    5 A CVM poder autorizar a dispensa da divulgao pela imprensa, em face do grau de disper-so das aes da companhia no mercado, e da declarao do adquirente de que suas compras no objetivam alterar a composio do controle ou a estrutura administrativa da sociedade, desde que assegurada a efetiva publicidade por meio de divulgao julgado satisfatrio pela CVM.

    Evidenciado est, deste modo, que existe, atualmente, regulamentao no que se refere trans-parncia mnima no caso concreto, a qual obriga a divulgao de Fato Relevante em que conste o quantitativo, mas no necessariamente o valor pago pelas aes em questo. Tal informao no apenas deve ser disponibilizada, como j pblica no que se refere s empresas JBS S.A., Paranapa-nema S.A., Mangels Industrial S.A. e Industrias Romi S.A., conforme divulgado por tais empresas imprensa e publicado em 7/01/2013 do presente.

    Nesse sentido, evidenciada a situao descrita no caput do art. 12 da IN/CVM 358 no caso das demais companhias cujas aes compunham a carteira transferida do BNDESPar CAIXA, quais sejam, Vale S.A., Cia Energtica de So Paulo CESP e Metalfrio Solutions S.A., cumpre CAIXA e s empresas em questo dar-lhe a publicidade mnima exigida pela CVM, sob pena de incorrerem em infrao grave, conforme art. 18 daquele normativo, sem prejuzo de outras sanes relativas a falha em fluxo de informao.

    Para alm da obrigao aqui identificada de transparncia ativa, h que se sopesar duas faces do interesse pblico ao definir, no caso, os limites da transparncia passiva. Nesse sentido, o direito de acesso informao, instrumento do controle social sobre os atos da Adminis-trao, encontra limites na interao com o privado ao esbarrar-se no direito fundamental privacidade, sob o qual vasta legislao acerca de sigilo especfico se abriga. Desse modo, embora a estratgia de mercado da empresa esteja resguardada pelo art. 5, X da Constitui-o Federal, estendida pessoa jurdica de direito privado por fora da Smula 227 do STJ, este no pode vir em socorro da CAIXA, uma vez tratar-se ela de Empresa Pblica atpica. Tal direito, portanto, no aplicvel Administrao, porquanto seja inconcebvel que seus atos sejam encobertos pelo manto da intimidade.

    Todavia, ao atentarmos para o fato de que as informaes solicitadas dizem respeito a pessoas

  • 21

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    jurdicas de direito privado, tal argumento passa a tornar-se vlido, a ele devendo somar-se o sigilo comercial.

    O sigilo comercial a que faz referncia o Cdigo Comercial Brasileiro de 1850, o qual ressurge com mesmos contornos nos art. 1190 e 1191 do Cdigo Civil de 2002, tem abrangncia bastante limi-tada no que diz respeito informao e ao seu suporte, no conseguindo fazer jus a toda a gama de informaes sensveis concorrncia custodiadas por tais empresas. Neste sentido, o Cdigo Civil dever cuidar somente de livros, fichas e papis de escriturao, conforme se depreende do aludido normativo:

    Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qual-quer pretexto, poder fazer ou ordenar diligncia para verificar se o empresrio ou a sociedade empresria observam, ou no, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.

    Art. 1.191. O juiz s poder autorizar a exibio integral dos livros e papis de escriturao quando necessria para resolver questes relativas a sucesso, comunho ou sociedade, admi-nistrao ou gesto conta de outrem, ou em caso de falncia.

    Deve-se ponderar, todavia, que a Lei 6.404/1976 promoveu, para aquela qualidade de pessoa jurdica, um alargamento da noo de sigilo comercial em face da redao do Cdigo de 1850, ao contempl-lo em seu art. 155 1:

    1 Cumpre, ademais, ao administrador de companhia aberta, guardar sigilo sobre qualquer informao que ainda no tenha sido divulgada para conhecimento do mercado, obtida em ra-zo do cargo e capaz de influir de modo pondervel na cotao de valores mobilirios, sendo-lhe vedado valer-se da informao para obter, para si ou para outrem, vantagem mediante compra ou venda de valores mobilirios.

    Em comparao de finalidade meramente elucidativa, podemos considerar que tal dispositivo no guarda relao com o art. 116, II da lei 8.112/1990, que prev ao servidor pblico o dever de sigilo, ou discrio, dos assuntos da repartio no tendo o condo de afastar a incidncia da Lei de Acesso Informao. Sua relao mais prxima ao dever de sigilo estrito, previsto no art. 132, IX da mesma norma, e que a doutrina relaciona diretamente com o rol dos temas susceptveis de classificao existente no art. 23 da Lei 12.527/2011. Por esse raciocnio, torna-se bastante claro que existe um regime especfico de sigilo comercial de que gozam as Sociedades Annimas, o qual permite, em casos determinados, a utilizao da exceo do art. 22 da Lei de Acesso Informao.

    Nesse sentido, no nos parece adequado avanar, em termos do quantum a ser informado, para alm da obrigao de transparncia ativa fixada pela Comisso de Valores Mobilirios. Tampouco podemos presumir, no presente, que haja incorrido CAIXA ou empresas mencionadas, em infra-o grave relativa a falha no fluxo de informao.

    CONCLUSO

    Diante do exposto, opino por conhecer o presente recurso, para, no mrito, opinar por seu pro-vimento parcial e determinar seja informado ao recorrente, no prazo de 10 dias, conforme IN/CVM 358, o quantitativo de aes das empresas JBS S.A., Paranapanema S.A., Mangels Industrial S.A. e Industrias Romi S.A transferidas CAIXA por meio do expediente autorizado pelo Decreto 7.880/2012.

  • 22

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    apreciao do Sr. Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Geral da Unio.

    JOS EDUARDO ROMO

    Ouvidor-Geral da Unio

  • 23

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    Despacho n 4735 de 19/06/2013Marcio Camargo Cunha Filho

    Senhor Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Geral da Unio,

    RELATRIO

    Trata-se de pedido de acesso informao em que requer-se disponibilizao de relao com-pleta de todas as unidades autnomas cujos proprietrios invadiram a extenso da Rua Dois [do municpio de Vrzea Grande, MT]. Narra o demandante que a referida rua foi invadida por be-neficirios do Programa de Arrendamento Residencial (PAR) que possuem casas nos condomnios Rita Monteiro/Karla Renata e Lucimar Campos/Dom Pedro II, os quais se situam nos entornos da referida rua. Requer ainda que na relao constem seus respectivos nomes completos, RG e CPF, bem como, em que situao se encontram perante o programa PAR, ou seja, se ainda so arren-datrios ou se j migraram para outra situao.

    A Caixa nega o acesso, classificando a informao como sigilosa de acordo com legislao especfica.

    O interessado interpe recurso de 1 instncia nos seguintes termos: no h anexos em sua res-posta. Assim sendo, a informao solicitada no foi atendida dentro do prazo legal e mais uma vez me pergunto se no trata-se (sic) de mais uma manobra ilcita dessa CAIXA no sentido de obstruir o meu livre exerccio da fiscalizao cidad das contas e dos atos pblicos?

    A Caixa Econmica Federal d desprovimento ao recurso afirmando que o fornecimento de da-dos de arrendatrios/proprietrios de unidades autnomas dos empreendimentos vinculados ao Programa de Arrendamento Residencial Residenciais Rita Monteiro/Karla Renata e Lucimar Cam-pos/Dom Pedro II, restar prejudicado em razo do disposto no Artigo 1 da Lei Complementar n 105/2001, ao qual revela aos Bancos, de qualquer espcie, inclusive CAIXA, o dever de sigilo bancrio.

    Inconformado, o cidado interpe novo recurso, desta vez argumentando se trata de pedido de acesso a informaes sobre os beneficirios de um programa do governo federal e no sobre infor-maes de suas contas bancrias, motivo pelo qual no se justificaria a denegao da informao sob o argumento de sigilo bancrio.

    Novamente, o recurso do cidado indeferido, ao argumento de que as informaes requeridas so protegidas pelo sigilo bancrio, pois conforme Decreto 7.724, Art. 6, inciso I, no podero ser fornecidas informaes de contrataes com clusulas de sigilo negocial, bem como daquelas que decorram do exclusivo exerccio de atividades fins desta empresa.

    Em recurso direcionado Controladoria-Geral da Unio, o cidado argumenta que a Caixa no pode alegar sigilo bancrio para programas do governo federal com o objetivo de se esquivarem de uma fiscalizao cidad das contas publicas. Afirma que o objeto do pedido no so informaes sobre as contas-correntes pessoais dos beneficirios do PAR, pois deseja-se to-somente saber se os beneficirios so legtimos ou no. Afirma que tal informao essencial para permitir a fis-calizao da aplicao de recursos pblicos.

    A Controladoria-Geral da Unio solicitou prestao de informaes complementares, as quais no

  • 24

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    foram fornecidas dentro do prazo convencionado.

    o relatrio. Passa-se anlise.

    ANLISE

    Trata-se de pedido de acesso informao referente aos beneficirios do Programa de Arrenda-mento Residencial no municpio de Vrzea Grande/MT, mais especificamente nos condomnios Rita Monteiro/Karla Renata e Lucimar Campos/Dom Pedro II. Por um lado, o demandante alega que se deve publicizar o nome dos beneficirios do Programa, para que se possa exercer sobre eles a devida fiscalizao; por outro lado, a Caixa Econmica Federal afirma que as informaes esto protegidas pelo sigilo bancrio (art. 1 da Lei Complementar n. 105/2001).

    Conforme informaes extradas do endereo eletrnico da Caixa Econmica Federal (http://www.caixa.gov.br/pj/pj_social/mg/habitacao_social/par/saiba_mais.asp), o PAR um programa do Ministrio das Cidades operacionalizado pela CAIXA e financiado pelo Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) que tem como objetivo reduzir o dficit habitacional em municpios com mais de 100.000 habitantes, viabilizando imveis residenciais para famlias com renda de at 6 salrios m-nimos. O Programa funciona da seguinte forma: a Caixa entra em contato com governo estaduais e municipais avisando-os sobre quais municpios esto includos no mbito de atuao do PAR. Caso haja interesse, firma-se um convnio entre a prefeitura e a CAIXA. Emite-se, ento, um comunica-do oficial convocando construtoras a apresentarem seus projetos para o PAR. Com a aquisio do terreno e a contratao da construtora, iniciam-se as obras. Assim que os imveis ficam prontos, inicia-se a seleo das famlias a serem beneficiadas pelo arrendamento. Cabe prefeitura indicar os candidatos ao arrendamento.

    As condies de arrendamento so as seguintes:

    - ocupao no prazo mximo de 90 dias aps a assinatura do Contrato de Arrendamento;

    - Cabe ao arrendatrio assumir todas as despesas e tributos incidentes sobre o imvel, bem como mant-lo em perfeitas condies de habitabilidade e conservao.

    - O prazo de arrendamento de 180 meses, sendo o vencimento da primeira taxa de arren-damento com 30 dias aps a assinatura do contrato e as demais em igual dia nos meses subse-qentes.

    - A contratao do arrendamento residencial firmada por meio de Contrato por Instrumento Particular de Arrendamento Residencial com Opo de Compra.

    - O valor inicial da taxa de arrendamento do imvel igual a 0,7% do valor de aquisio do imvel (ou de 0,5%, caso a famlia arrendatria tenha renda mensal de at 4 salrios mnimos). Anualmente a taxa reajustada pelo ndice de atualizao aplicado aos depsitos do FGTS na data de aniversrio do contrato.

    - O atraso no pagamento da taxa de arrendamento por mais de 60 dias consecutivos motivo para retomada imediata do imvel, sem direito devoluo de valores pagos a ttulo de taxa de arrendamento.

    - O imvel arrendado, por solicitao do arrendatrio e expressa concordncia da CAIXA,

  • 25

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    pode ser substitudo por outro equivalente ou de valor diverso, desde que haja disponibilidade de imvel.

    O que se percebe que, por meio do PAR, o cidado recebe, por ser pessoa de baixa renda, benefcio pblico, na forma de subsdio para fins de moradia. Trata-se assim de uma forma de in-vestimento do Estado com a finalidade de dar concretude a este direito fundamental, previsto no caput do art. 6 da Constituio Federal. Devido a esse carter pblico do investimento realizado por meio do PAR, as informaes relativas ao benefcio que percebem devem ser consideradas pblicas, para fins de promover a transparncia.

    Importante frisar, para fins comparativos, que se aceita a aplicao do princpio da publicidade ad-ministrativa para benefcios pblicos concedidos diretamente a cidados. o caso, exempli gratia, do benefcio do Bolsa Famlia, que consiste em unificao dos procedimentos de gesto e execuo das aes de transferncia de renda do Governo Federal: no Portal da Transparncia consta no apenas o valor total dos recursos transferidos por meio do Programa, mas tambm a relao com-pleta dos nomes e CPFs dos beneficirios e valores recebidos por cada um deles, discriminados por cidade de residncia.

    (http://www.portaltransparencia.gov.br/PortalTransparenciaPesquisaAcaoUF.asp?codigoA-cao=8442&codigoFuncao=08&NomeAcao=Transfer%EAncia+de+Renda+Diretamen-te+%E0s+Fam%EDlias+em+Condi%E7%E3o+de+Pobreza+e+Extrema+Pobreza+%2-8Lei+n%BA+10%2E836%2C+de+2004%29&Exercicio=2013)

    Da mesma forma, os nomes dos beneficirios do Programa Pescador Artesanal tambm cons-tam no Portal, novamente discriminados por municpio e por valor recebido (http://www.portal-transparencia.gov.br/defeso/defesoListaFavorecidos.asp). O mesmo ocorre com os beneficirios do Programa de Erradicao do Trabalho Infantil (http://www.portaltransparencia.gov.br/Portal-TransparenciaPesquisaAcaoUF.asp?codigoAcao=8662&codigoFuncao=08&NomeAcao=Con-cess%E3o+de+Bolsa+para+Crian%E7as+e+Adolescentes+em+Situa%E7%E3o+de+Tra-balho&Exercicio=2012). Vale lembrar que inclusive informaes referentes remunerao de servidores pblicos federais encontram-se disponibilizadas no portal da transparncia, discrimina-dos por nome do beneficirio.

    Frente ao exposto, verifica-se que est consolidado na Administrao Pblica Federal o entendi-mento de que o nome dos cidados que receberam recursos pblicos federais por meio de polti-cas pblicas so informaes pblicas, nos termos da Lei n.12.527/11. Estas informaes, portanto, devem ser amplamente acessveis aos cidados, seja no por meio da transparncia ativa, ou, como ocorre no caso em tela, por meio de atendimento de pedidos de acesso.

    Necessrio enfrentar, no ponto, o argumento do rgo demandado, que afirma que as informa-es requeridas esto protegias pelo sigilo bancrio.

    Sigilo bancrio caracteriza-se por ser o dever jurdico que tm as instituies de crdito e as organizaes auxiliares e seus empregados de no revelar, salvo justa causa, as informaes que venham a obter em virtude da atividade bancria a que se dedicam1. Dada a sua caracterstica de acessoriedade com relao ao direito fundamental intimidade e vida privada, o sigilo bancrio pode ser considerado, de acordo com o preceituado no art. 5, 2, da Constituio, uma garantia constitucional decorrente.

    1 BELLINETTI, Luiz Fernando. Limitaes legais ao sigilo bancrio. Revista de Direito do Consumidor, 1996, p. 14.

  • 26

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    No entanto, necessrio compreender que no se est pleiteando, no caso em tela, acesso a dados bancrios dos beneficirios do Programa de Arrendamento Residencial. A informao requerida no se encontra no mbito de proteo deste direito fundamental. que requer-se, to-somente, a revelao de quem so estes beneficirios, e de onde se localizam os imveis que so objeto do arrendamento pblico. No se trata de informao que viola o direito intimidade dos benefici-rios, revelando, por meio de seu extrato bancrio, todos os bens que adquiriu, os lugares que visitou, a quantia de dinheiro que possui aplicada. Trata-se, to-somente, de informao referente destinao de recursos pblicos relacionados a uma poltica pblica de redistribuio de renda, cuja divulgao no violar a intimidade do beneficirio, mas, to-somente, permitir o exerccio do controle social e a fiscalizao da aplicao de recursos pblicos.

    Em situao anloga, em que se discutia a constitucionalidade da divulgao dos salrios de servi-dores pblicos, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a publicizao destas informaes cons-titua aplicao do princpio da publicidade administrativa, no colocando em xeque a segurana coletiva da sociedade ou a segurana do Estado. Na ocasio, a Suprema Corte decidiu que, para que no restassem violadas a intimidade e a vida privada dos referidos servidores, bastaria que no se divulgassem seus dados pessoais e seus endereos. Veja-se parte da ementa do julgado:

    2. No cabe, no caso, falar de intimidade ou de vida privada, pois os dados objeto da divulga-o em causa dizem respeito a agentes pblicos enquanto agentes pblicos mesmos; ou, na linguagem da prpria Constituio, agentes estatais agindo nessa qualidade (6 do art. 37). E quanto segurana fsica ou corporal dos servidores, seja pessoal, seja familiarmente, claro que ela resultar um tanto ou quanto fragilizada com a divulgao nominalizada dos dados em debate, mas um tipo de risco pessoal e familiar que se atenua com a proibio de se revelar o endereo residencial, o CPF e a CI de cada servidor. No mais, o preo que se paga pela opo por uma carreira pblica no seio de um Estado republicano.(STF, SS 3.902-AgR, Rel. Min. Ayres Britto, j. 09/06/2011).

    No caso em tela deve-se dar tratamento semelhante ao pedido do autor: deve-se revelar os be-neficirios do Programa no municpio de Vrzea Grande/MT, por se tratar de informao pblica, que consiste na aplicao de recursos pblicos federais, mas, para preservar sua intimidade e vida privada, deve-se preservar os dados pessoais e os endereos destas pessoas. Ademais no se deve fazer qualquer meno aos beneficirios que supostamente invadiram a Rua Dois daquela cidade, visto que esta informao sequer de competncia da Caixa Econmica Federal, pois cabe s en-tidades policiais investigar supostas irregularidades relacionadas a invaso de propriedade privada.

    CONCLUSES

    Frente ao exposto, deve-se dar provimento parcial ao presente recurso, para que seja fornecida a lista de beneficirios do PAR no municpio de Vrzea Grande, MT, discriminando a situao em que se encontram frente ao programa, sem, contudo, revelar o endereo e os dados pessoais dos beneficirios, e sem qualquer meno aos que supostamente invadiram a rea da Rua Dois daquela cidade.

    JOS EDUARDO ROMO

    Ouvidor-Geral da Unio

  • 27

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    Parecer n 2953 de 18/11/2013Rafael Antonio Dal Rosso

    Senhor Ouvidor-Geral da Unio,

    O presente parecer trata de solicitaes de acesso a informao pblica, com base na Lei n 12.527/2011, conforme resumo descritivo abaixo apresentado:

    Relatrio Data Teor

    Pedido 15/06/2013

    Com base na LAI (Lei da Informao) apresentei 33 Pedidos de Informa-o, pedidos esses que j haviam sido negados nas instncias da Caixa na Bahia.2. Em resposta, recebi vrias informaes, que previamente, se sabia se-rem FALSAS E MENTIROSAS, algumas passadas pelos prprios envolvidos instncia superior, enquanto outras, foram de autoria de advogados que orientaram as fraudes no ambito da CAIXA.3. Ocorre que todas as respostas produzidas foram assinadaseletronicamente pelo rgo, ou seja, sob uma SIGLA, e contra SIGLA, no se registra Queixa Crime ou Noticia Crime, assim como, a SIGLA no responde inqurito administrativo, e muito menos, pode ser enquadrada na Lei de Improbidade aAdministrativa.4. Diante do exposto, se requer que todas as respostas que foram produ-zidas pela CAIXA ECOnNMICA FEDERAL, em razo do pedidos formu-lados por este Requerente, sejam reenvidas sob perfeita identificao da autoridade que prestou as informaes, inclusive contendo cargo, matri-cula, funo e rgo onde lotado.5. Peo que no adotem recursos procrastinatrios de m-f, aexemplo: informando na primeira resposta que o pedido no se enquadra no Decreto que regulamentou a LAI, esse recurso j no funciona perante este recorrente, embora a CAIXA ganhe tempo para montar uma estrat-gia de recurso.6. Deixando claro, no quero resposta por meio eletrnico, e sim, em papel timbrado da CAIXA, remetida via postal da EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS.7. Ademais, o Pedido esta em consonncia com a LAI.(grifo nosso).

    Resposta Inicial

    18/07/2013

    Encaminha em anexo lista contendo a identificao de cada responsvel pelas respostas aos pedidos do cidado. Quanto s respostas, informa que podem ser acessadas atravs do e-SIC. No informa a matrcula por entender ser de uso interno da CAIXA, o que, segundo aquela entidade, no prejudicaria a identificao dos empregados.

  • 28

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    Recurso Autoridade Superior

    18/07/2013

    Eu nunca havia ouvido falar que assinatura em documento sejaremetido como um anexo em separado.2. Estou pedindo que todas as respsotas e manifestaes, desde a primeira instncia esteja com a autoridade identificada na prpria resposta, salvo maior juizo, esse o procedimento bsico em qualquer lugar do mundo.3. Lembrando que, A CAXIA ECONMICA FEDERAL no aceitaria que um clinte emitisse um cheque ou contraisse um emprstimo ou financeia-mento por meio de uma assinatura remetida posteriormente por anexo.4. E mais, solicitei que o respota fosse feita de forma epistolar em papel timbrado da CAIXA.5. Em resumo, que a respostas/manifestaes com as devidasassinaturas no prprio documento. (grifo nosso).

    Resposta do Recurso Autoridade Superior

    23/07/2013

    1.1. A Lei 12.527/2011 e o Decreto 7.724/2012 no dispe sobre formu-lao de resposta em papel timbrado, e sim, disponibilizar a informao ao cidado, com exceo de sigilos, ou indicar o local onde se encontram as informaes a partir das quais o requerente poder realizar a interpre-tao, consolidao ou tratamento de dados, conforme Art. 6 e Pargrafo nico do Art. 13 do Decreto.1.2. O sistema e-SIC foi desenvolvido e est sob gesto da CGU, sendo utilizado pela CAIXA para respostas de pedidos e recursos.1.2.1. O sistema utiliza senha pessoal de acesso e foi assim indicado ao cidado para suas consultas com base no Pargrafo nico do Art. 13.1.3. As respostas inseridas no sistema e-SIC so oficiais da CAIXA e as-sinadas com identificao das unidades responsveis econsequentemente pelos gestores designados como responsveis por es-sas unidades.1.3.1. Assim, a CAIXA considera adequada a resposta encaminhada, con-tendo os nomes, funes e unidades respondentes de acordo com cada protocolo registrado.(grifo nosso).

  • 29

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    Recurso Autoridade

    Mxima24/07/2013

    A CAIXA ECONMICA FEDERAL, procurando fazer a blidagem dos seus gestores contra passveis representes judiciais por falsas informaes pro-duzidas em nome da empresa pblica, remeteu a este cidado inmeras manifestaes inveridicas sob assinatura de SIGLAS, SEM A IDENTIFICA-O DA AUTORIDADE COMPETENTE.2. Em razo do item antecedente, o Requerente interps recursos em 1 e 2 instncia pedindo que as respostas fossem feitas na forma epistolar, com custas pagas pelo requerente, e que as correspondncias estivessem perfeitamente identificadas por meio de papel timbrado, regra utilizada e padronizadas nos normativos internos da empresa pblica.3. Ocorre que, a CAIXA no remeteu as respostas na forma epistolar, se limitando a remeter a identificao dos participantes por meio de um do-cumento em separado, ou seja, o cidado possui um texto contendo as respostas, e outra texto contendo a identificao da Autoridade que su-postamente proferiu aquela deciso.4. Diante da falta de responsabilidade para com a LAI, este Requerente se socorre a CGU, onde requer:a) Receber as manifestaes da CAIXA - via epistolar - em papel timbrado e com a perfeita identificao da Autoridade que proferiu a deciso a res-peito do questionamento feito via PEDIDO DE INFORMAO, e que isso ocorra em um nico documento continuo.5. E que se diga: A Caixa Econmica Federal, mesmo apos sernotificada quanto a impossobilidade de se responder os pedidos feitos sob a proteo da LAI, continua insistindo no mesmo ERRO.

  • 30

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    Resposta do Recurso Autoridade

    Mxima

    29/07/2013

    2 A Lei de Acesso Informao LAI dispe sobre os procedimentos a serem observados pela Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, com o fim de garantir o acesso a informaes. A mesma Lei, em seu art. 4, I, define informao como sendo dados, processados ou no, que podem ser utilizados para a produo e transmisso de conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato (grifo nosso), porm, no regulamenta a obrigatoriedade de formulao de resposta em papel timbrado. Logo, o pleito em questo no encontra respaldo na citada lei, razo pela qual esta instituio financeira, por seu carter de empresa pblica sujeita ao princpio da legalidade, s estar autorizada formulao de resposta nos moldes solicitados se em virtude de lei, uma vez que no recurso no foi solicitado acesso informao, mas o pedido se relaciona com a forma de fornec-la. Assim, conforme previsto no Pargrafo nico, Art. 13 do Decreto 7.724/2012, que prev a indicao do local onde se encontram as infor-maes a partir das quais o requerente poder realizar a interpretao, consolidao ou tratamento de dados, indicamos o e-SIC para consulta das respostas recebidas em protocolos anteriores. Destacamos que o sistema e-SIC utilizado para anlises de demandase tratamentos, incluindo recursos em 3 instncia, com interveno da pr-pria Controladoria Geral da Unio, bem como recursos em ltima instn-cia, direcionados a CMRI (Comisso Mista de Reavaliao de Informaes). Assim, ratificamos as informaes j enviadas, de que as respostas inseridas no e-SIC so oficiais da CAIXA, assinadas com identificao das unidades e consequentemente pelos gestores designados como responsveis por essas unidades, descritos os nomes e funes dos empregados para cada proto-colo gerado nas solicitaes de informaes e inserido como arquivo anexo em resposta ao NUP 99902.001125/2013-83.

    Recurso CGU

    29/07/2013

    Reitera os argumentos anteriormente apresentados e adiciona:6. Ante ao exposto, o requerente requer receber as repostasformuladas em papel timbrado da CAIXA, via epistolar, e com a devida identificao das Autoridades que subscreveram cada uma das respostas.7. Acredito, que os pedidos constantes no item 6 antecedente, seja um padro seguido por todos os entes da Administrao Pblica, que seja: responder oficios e demais documentos em papel com timbre e assinaturas dos subscritores. Ou no?

    o relatrio.

    ANLISE

    Registre-se que o Recurso foi apresentado perante a CGU de forma tempestiva e recebido na es-teira do disposto no caput e 1 do art. 16 da Lei n 12.527/2012, bem como em respeito ao prazo de 10 (dez) dias previsto no art. 23 do Decreto n 7724/2012, in verbis:

    Lei n 12.527/2012

    Art. 16. Negado o acesso a informao pelos rgos ou entidades do Poder Executivo Federal, o

  • 31

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    requerente poder recorrer Controladoria-Geral da Unio, que deliberar no prazo de 5 (cinco) dias se:

    (...)

    1o O recurso previsto neste artigo somente poder ser dirigido Controladoria Geral da Unio depois de submetido apreciao de pelo menos uma autoridade hierarquicamente superior quela que exarou a deciso impugnada, que deliberar no prazo de 5 (cinco) dias.

    Decreto n 7724/2012

    Art. 23. Desprovido o recurso de que trata o pargrafo nico do art. 21 ou infrutfera a recla-mao de que trata o art. 22, poder o requerente apresentar recurso no prazo de dez dias, contado da cincia da deciso, Controladoria-Geral da Unio, que dever se manifestar no prazo de cinco dias, contado do recebimento do recurso.

    Quanto ao cumprimento do art. 21 do Decreto n. 7.724/2012, observa-se que consta que a autoridade que proferiu a deciso, em primeira instncia, era hierarquicamente superior que respondeu ao pedido inicial. Todavia, no consta que a autoridade que proferiu a deciso, em segunda instncia, foi o dirigente mximo do rgo/entidade.

    Passada a anlise inicial quanto aos pressupostos de admissibilidade do recurso, merecem ser teci-das algumas consideraes quanto ao caso especfico objeto deste Parecer.

    Ainda que a Lei no exija motivao, o cidado deixa transparecer, tanto em seu pedido inicial como nos recursos subsequentes, que busca registrar queixa-crime, notcia-crime ou ainda denun-ciar hiptese de improbidade administrativa contra as autoridades que tomaram as decises em alguns dos processos de acesso informao por ele iniciados, por entender terem sido prestadas informaes falsas e mentirosas.

    Ocorre, entretanto, que as respostas cadastradas via e-SIC, no mbito de cada um dos 33 proces-sos solicitados, no traziam identificao da autoridade responsvel pela deciso, o que impossi-bilitaria a ao almejada pelo cidado, razo pela qual o referido senhor demanda que lhe sejam enviadas todas as respostas, com identificao da autoridade decisora, cargo, matrcula e lotao.

    Ressalte-se que o cidado inclusive solicita que tais documentos sejam enviados em papel timbrado da CAIXA e remetidos via postal, provavelmente no intuito de assegurar a oficialidade da informa-o prestada.

    A Caixa Econmica Federal acaba por enviar, em forma de anexo no prprio e-SIC, documento no qual constam os responsveis pelas respostas de cada um dos processos de interesse, identificados apenas por seu Nmero de Protocolo (NUP), no qual informado o responsvel pela resposta inicial, com cargo e lotao e, quando houvesse, responsvel pela resposta ao recurso de 1 e 2 instncias.

    Aquela Empresa ento informa ao cidado que cada uma das respostas poderia ser acessada dire-tamente atravs do e-SIC e destaca que a matrcula no foi inserida por ser de uso interno. Tendo em vista o cidado no ter feito qualquer ponderao quanto matrcula em seus recursos, tal tema no ser abordado no presente Parecer, entendendo-se como acatada a justificativa apre-sentada pelo recorrido. A sugesto oferecida ao cidado, para que buscasse o teor das respostas diretamente no e-SIC encontra respaldo na Lei 12.527/11:

  • 32

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    Art. 7o O acesso informao de que trata esta Lei compreende, entre outros, os direitos de obter:

    I - orientao sobre os procedimentos para a consecuo de acesso, bem como sobre o local onde poder ser encontrada ou obtida a informao almejada.

    No caso, esse dispositivo se aplica apenas a uma parcela da informao almejada, sendo que a ou-tra, qual seja, a lista com os nomes dos responsveis pelas decises, enviada ao cidado.

    Ocorre que o ora demandante, irresignado, reitera em seus recursos que a relao de autoridades recebida no atende seu pleito, qual seja, de receber manifestao da CAIXA onde conste, em um nico documento contnuo, resposta e identificao da Autoridade competente, em papel timbrado e enviado de forma epistolar.

    A justificativa se baseia no fato de, segundo o ora demandante, ser incongruente existir separao entre a resposta e a identificao do responsvel, configurando-se como uma manobra daquele Banco de forma a blindar seus gestores contra possveis representaes judiciais.

    Quanto a esse ponto, desde j cumpre destacar que o documento solicitado pelo cidado, onde conste, de forma contnua, resposta e autoridade decisora, ao menos no que se refere aos 33 NUPs solicitados, no existe.

    A inexistncia de tal documento no significa estar a CAIXA burlando qualquer regra ou determina-o legal. Deve-se especificidade do sistema utilizado internamente no mbito daquela entidade.

    Trata-se de sistema denominado Atender.CAIXA que, segundo informado, utilizado tanto pelo Servio de Atendimento ao Cliente como pela Ouvidoria e Servio de Atendimento ao Cidado - SIC.

    O mencionado sistema possibilita que o SIC envie a demanda s reas competentes, que produ-zem a resposta e a reenviam, tambm por meio do Atender.CAIXA, ao SIC, que por sua vez insere a resposta no sistema e-SIC.

    O sistema Atender.CAIXA no apresenta o nome de quem produziu a resposta, mas possui identificao nica de cada usurio, por meio de cdigo de nmeros e letras, alm de identificao numrica da unidade de lotao, que permite que seja conferida responsabilidade pela resposta. A exemplo, de forma fictcia, o sistema indicaria que determinada ocorrncia foi respondida em 16/10/13, pelo usurio R9201932, unidade 0569, e abaixo traria o teor da resposta.

    Nesse sentido, e tendo em vista a ausncia de identificao nominal de usurio e unidade do siste-ma Atender.CAIXA, aquele Banco, no intuito maior de subsidiar o cidado com informaes que pudessem auxilia-lo em seu pleito, converteu o nome e lotao de cada autoridade responsvel pela resposta, enviando uma lista em separado, postura essa adequada e no melhor interesse da Lei de Acesso Informao.

    Reitere-se que inexiste, no mbito da CAIXA, documento onde conste a resposta, nome da au-toridade responsvel e lotao. Tampouco se encontra aquele Banco obrigado a produzir a infor-mao solicitada, por fora do art. 13 do Decreto 7.724/12:

    Art. 13. No sero atendidos pedidos de acesso informao:

    I - genricos;

  • 33

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    II - desproporcionais ou desarrazoados; ou

    III - que exijam trabalhos adicionais de anlise, interpretao ou consolidao de dados e infor-maes, ou servio de produo ou tratamento de dados que no seja de competncia do rgo ou entidade.

    Pargrafo nico. Na hiptese do inciso III do caput, o rgo ou entidade dever, caso tenha co-nhecimento, indicar o local onde se encontram as informaes a partir das quais o requerente poder realizar a interpretao, consolidao ou tratamento de dados.

    Frise-se que a CAIXA no se recusa a fornecer a informao demandada. Pelo contrrio. J em resposta ao pedido inicial fornece a relao das autoridades responsveis, se negando ape-nas,em sede recursal, a realizar a entrega da informao da maneira como exige o cidado.

    No que tange exigncia apresentada pelo ora demandante, no sentido de que a informao lhe fosse enviada de forma epistolar e em papel timbrado, acata-se a posio tomada pelo recorrido, na medida em que no h existncia de dispositivo legal que vincule tal procedimento.

    Afinal, o esprito da Lei a transparncia, alcanada, neste caso especfico, com o envio da lista com os nomes das autoridades responsveis por cada deciso. Entende-se, portanto, que houve transmisso do conhecimento. Luz da Lei 12.527/11:

    Art. 4o Para os efeitos desta Lei, considera-se:

    I - informao: dados, processados ou no, que podem ser utilizados para produo e transmis-so de conhecimento, contidos em qualquer meio, suporte ou formato;

    Posto isso, e tendo em vista as atividades de Ouvidoria que esta Controladoria-Geral da Unio desempenha, e no interesse maior do cidado, importa ainda destacar que as informaes pres-tadas pela Caixa Econmica Federal via e-SIC so de fato oficiais, tendo validade jurdica para iniciar qualquer das aes de interesse do ora demandante.

    Ou seja, no h, para os fins apresentados no pedido inicial, necessidade de estar o cidado de pos-se de documento em que conste a resposta e nome da autoridade competente, de forma contnua. A lista fornecida pela CAIXA em anexo resposta ao pedido de acesso inicial documento vlido.

    Em que pese o caso apresentado no presente Parecer, deve-se ressaltar que a Lei de Acesso In-formao bastante recente, de modo que os rgos e entidades da Administrao Pblica ainda se encontram em fase de adaptao quanto a alguns pontos da Lei, muitas das vezes aprendendo na prtica a lidar com determinadas situaes.

    Tanto esse o caso que a Caixa Econmica Federal, a exemplo do que ocorre no prprio proces-so do qual decorre o presente Parecer, vem incluindo, em todas as suas respostas, o nome, cargo e lotao do responsvel pela resposta, seja na resposta inicial dada ao cidado ou nas demais instncias internas, postura essa que caminha pari passu com os princpios da Lei, ao elevar a transparncia no processo de acesso informao.

    Por derradeiro, quanto ao questionamento apresentado pelo cidado em seu recurso direcionado a esta Casa, no que tange obrigatoriedade da utilizao de papel timbrado e assinatura nas deci-ses tomadas por autoridades da Administrao Pblica, impende frisar que, por fora do princpio do formalismo moderado, que rege o processo administrativo, entende-se que a identificao da autoridade responsvel pela deciso na prpria resposta inserida no sistema e-SIC, como vem

  • 34

    COLETNEA DE DECISES DA CGU Lei de Acesso Informao

    sendo feito atualmente pela CAIXA, suficiente para atestar que aquela deciso foi tomada pela autoridade ali mencionada, haja vista o e-SIC ser alimentado por pessoa designada pelo prprio rgo/entidade demandado, combinado ao fato de toda e qualquer manifestao ali presente gozar de f pblica, at que se prove o contrrio.

    Nas sbias palavras da professora Odete Medauar:

    O princpio do formalismo moderado consiste, em primeiro lugar, na previso de rito e formas simples, suficientes para propiciar um grau de certeza, segurana, respeito aos direitos dos sujeitos, o contraditrio e a ampla defesa. Em segundo lugar, se traduz na exigncia de interpre-tao flexvel e razovel quanto a formas, para evitar que estas sejam vistas como um fim em si mesmas, desligadas das verdadeiras finalidades do processo

    Ou seja, a finalidade maior da assinatura dar publicidade ao nome da autoridade decisora, permi-tindo o controle posterior, finalidade essa que alcanada ao se identificar a autoridade na resposta no e-SIC, gerando desburocratizao do processo, que em nada prejudica o demandante.

    Tambm nessa linha segue Maria Sylvia Zanella Di Pietro:

    [...] informalismo no significa, nesse caso, ausncia de forma; o processo administrativo formal no sentido de que deve ser reduzido a escrito e conter documentado tudo o que ocorre no seu desenvolvimento; informal no sentido de que no est sujeito a formas rgidas.

    Ainda nessa esteira, preceitua a Lei 9.784, que regula o processo administrativo no mbito da Ad-ministrao Pblica Federal:

    Art. 2 A Administrao Pblica obedecer, dentre outros, aos princpios da legalidade, fina-lidade, motivao, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditrio, segurana jurdica, interesse pblico e eficincia.

    Pargrafo nico. Nos processos administrativos sero observados, entre outros, os critrios de:

    [...]

    VIII observncia das formalidades essenciais garantia dos direitos dos administrados;

    IX adoo de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurana e respeito aos direitos dos administrados; (grifo nosso).

    Entende-se, portanto, que no h necessidade, principalmente no que se refere s decises toma-das em 1 e 2 instncias, da existncia de documento formal onde conste a deciso e assinatura da autoridade responsvel, sendo suficiente a identificao da autoridade tomadora da dec