1. as formas jurÍdicas das...

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Para poderem funcionar, as empresas precisam de dinheiro. O simples fato de uma empresa precisar de um imóvel para se instalar, máquinas e equipamentos para produzir, pessoas para trabalhar, matérias-primas para processar, significa, no fundo, a necessidade de recursos financeiros que permitam alugar ou comprar o imóvel, adquirirem as máquinas e equipamentos, pagar os salários do pessoal, comprar as matérias-primas, recolher os impostos etc. Nenhuma empresa pode ser aberta sem um mínimo de capital inicial nem pode funcionar sem algum capital de giro. As empresas são organizações sociais que utilizam recursos para atingir objetivo. Quanto ao objetivo que perseguem, existem empresas lucrativas quando o objetivo final é o lucro, e empresas não-lucrativas quando o objetivo final é a prestação de algum serviço público, independentemente do lucro. O lucro constitui o excedente entre a receita obtida e a despesa efetuada em uma determinada operação. O lucro significa a remuneração do empreendedor que assume os riscos do negócio. 1. AS FORMAS JURÍDICAS DAS EMPRESAS As empresas podem assumir diferentes formas e tamanhos. Do ponto de vista jurídico, as empresas podem ser classificadas em três formas jurídicas básicas: afirma individual, a sociedade de pessoas e a sociedade anônima. A primeira é representada por um único proprietário, enquanto as duas últimas são decorrência da associação de duas ou mais pessoas que constituem uma entidade com personalidade jurídica distinta daquela dos indivíduos que a compõem. Cada uma dessas formas jurídicas apresenta certas características importantes para a Administração Financeira. a. Firma Individual A firma individual é constituída por um único empresário ou proprietário que responde pelos seus negócios. É a empresa cujo proprietário é uma pessoa que opera em seu próprio benefício. Afirma individual é geralmente uma pequena empresa (como uma oficina mecânica de automóveis, uma sapataria, uma mercearia, por exemplo), onde o proprietário toma todas as decisões e opera a propriedade sozinho ou juntamente com alguns poucos empregados. O capital da firma individual advém de recursos próprios ou de empréstimos a curto prazo. É impressionante a quantidade de firmas individuais que existem no mercado, porém a sua participação é relativamente pequena no volume de faturamento de todas as empresas do país. Afirma individual apresenta as seguintes vantagens: 1. O proprietário é o seu próprio patrão. Ele toma sozinho todas as decisões. 2. O proprietário assume todo o lucro e todo o risco do negócio. 3. Os custos operacionais são baixos, pois não existem gerentes, chefes ou supervisares. 4. Proporciona economias fiscais, principalmente com o Imposto de Renda.

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Para poderem funcionar, as empresas precisam de dinheiro. O simples fato

de uma empresa precisar de um imóvel para se instalar, máquinas e

equipamentos para produzir, pessoas para trabalhar, matérias-primas para

processar, significa, no fundo, a necessidade de recursos financeiros que

permitam alugar ou comprar o imóvel, adquirirem as máquinas e

equipamentos, pagar os salários do pessoal, comprar as matérias-primas,

recolher os impostos etc. Nenhuma empresa pode ser aberta sem um

mínimo de capital inicial nem pode funcionar sem algum capital de giro. As

empresas são organizações sociais que utilizam recursos para atingir

objetivo. Quanto ao objetivo que perseguem, existem empresas lucrativas

quando o objetivo final é o lucro, e empresas não-lucrativas quando o

objetivo final é a prestação de algum serviço público, independentemente do

lucro. O lucro constitui o excedente entre a receita obtida e a despesa

efetuada em uma determinada operação. O lucro significa a remuneração do

empreendedor que assume os riscos do negócio.

1. AS FORMAS JURÍDICAS DAS EMPRESAS

As empresas podem assumir diferentes formas e tamanhos. Do ponto de

vista jurídico, as empresas podem ser classificadas em três formas jurídicas

básicas: afirma individual, a sociedade de pessoas e a sociedade anônima.

A primeira é representada por um único proprietário, enquanto as duas

últimas são decorrência da associação de duas ou mais pessoas que

constituem uma entidade com personalidade jurídica distinta daquela dos

indivíduos que a compõem. Cada uma dessas formas jurídicas apresenta

certas características importantes para a Administração Financeira.

a. Firma Individual

A firma individual é constituída por um único empresário ou proprietário que

responde pelos seus negócios. É a empresa cujo proprietário é uma pessoa

que opera em seu próprio benefício. Afirma individual é geralmente uma

pequena empresa (como uma oficina mecânica de automóveis, uma

sapataria, uma mercearia, por exemplo), onde o proprietário toma todas as

decisões e opera a propriedade sozinho ou juntamente com alguns poucos

empregados. O capital da firma individual advém de recursos próprios ou de

empréstimos a curto prazo. É impressionante a quantidade de firmas

individuais que existem no mercado, porém a sua participação é

relativamente pequena no volume de faturamento de todas as empresas do

país.

Afirma individual apresenta as seguintes vantagens:

1. O proprietário é o seu próprio patrão. Ele toma sozinho todas as decisões.

2. O proprietário assume todo o lucro e todo o risco do negócio.

3. Os custos operacionais são baixos, pois não existem gerentes, chefes ou supervisares.

4. Proporciona economias fiscais, principalmente com o Imposto de Renda.

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Afirma individual, porém, apresenta algumas desvantagens:

1. Responsabilidade ilimitada: a responsabilidade é ilimitada em relação aos credores. A

riqueza total do proprietário - e não apenas o capital investido - responde pelas dívidas do

negócio.

2. Limitação de capital: a capacidade financeira do proprietário é limitada e pode restringir

operações maiores e o próprio crescimento da firma.

3. O proprietário deve jogar em todas as posições do negócio, isto é, deve conhecer e dominar

todos os aspectos técnicos, comerciais e financeiros da sua empresa. Ele é o faz-tudo

dentro da firma.

b. Sociedades de Pessoas

As sociedades de pessoas são também denominadas firmas de sociedade. São empresas

constituídas de dois ou mais proprietários que se associam no mesmo negócio, com o objetivo de

obter lucro. Embora sejam quase sempre maiores do que as firmas individuais, elas geralmente não

chegam a assumir grandes proporções. É o caso de corretores de seguros, imobiliárias, firmas

atacadistas e varejistas, empresas de prestação de serviços etc. A sociedade de pessoas é

constituída por contrato social firmado entre os sócios e pode assumir uma variedade de formas de

sociedades comerciais, a saber:

Sociedade por firma ou nome coletivo é uma associação de duas ou mais pessoas, operando

sob nome ou firma comum (seja comercial, seja industrialmente), ficando os sócios responsáveis

solidariamente pelos direitos e obrigações da firma sem qualquer limite de valor.

Sociedade de capital e indústria é uma associação de dois tipos de sócios. Os sócios

capitalistas que contribuem com o capital e respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações

da sociedade. Os sócios de indústria, cuja obrigação é a prestação de serviços técnicos ou

profissionais e que não respondem pelo capital social. Os primeiros entram com o dinheiro

enquanto os segundos entram com o trabalho especializado.

Sociedade por quotas de responsabilidade limitada é uma associação de duas ou mais

pessoas, cuja responsabilidade frente aos direitos e obrigações da firma é limitada ao valor do

capital registrado em seu contrato social. Pode funcionar com o nome de um dos sócios ou adotar

uma denominação social diferente.

Sociedade em comandita simples é uma associação na qual o capital social é formado pelas

contribuições de duas classes de sócios. Os sócios comanditários ou capitalistas que respondem

limitadamente ao capital subscrito e os sócios comanditados que respondem solidária e

ilimitadamente pelas obrigações sociais, empenham seu patrimônio, seu trabalho e são os sócios

comerciantes da sociedade. A sociedade em comandita simples é uma forma jurídica por meio da

qual o empresário obtém capital, vinculando os investidores ao limite proporcional à importância

por eles investida.

Sociedade cooperativa é uma associação voltada exclusivamente a suprir necessidades e

interesses dos associados. O objetivo da sociedade cooperativa ou cooperativista é amparar,

mediante cooperação, os negócios dos associados, como é o caso das cooperativas de

agricultores, cooperativas de produtores de cana-de-açúcar, de usineiros de álcool, de produtores

de leite, cooperativas de consumo etc. O capital é formado por quotas-partes e varia conforme

aumenta ou diminui o número de associados e não pode ser transferido a terceiros. O número de

associados é ilimitado, sendo impedida a subscrição de quotas-partes por estranhos ao meio

social amparado pela associação. Os associados participam das deliberações em assembléias

gerais por meio de voto.

A escolha da espécie de firma de sociedade depende de um conjunto de fatores relacionados entre si,

tais como: a capacidade financeira dos sócios, o volume de capital necessário para o negócio, o tipo

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de produto ou serviço que se pretende produzir, as condições de mercado, o risco maior ou menor do

negócio etc.A sociedade de pessoas apresenta várias vantagens, a saber:

1. Proporciona economias fiscais e é semelhante à firma individual quanto aos custos

organizacionais e em relação a certos tributos.

2. Permite maior capital, pois os recursos financeiros provêm de mais de um indivíduo

ou sócio.

3. Oferece maior facilidade de crédito, principalmente quando os bens pessoais dos

sócios garantem mais amplamente os valores emprestados.

4. Proporciona cooperação e habilidades administrativas de vários sócios envolvidos

no negócio.

Todavia, a sociedade de pessoas pode apresentar desvantagens:

1. Responsabilidade solidária dos sócios: os sócios respondem conjunta e

solidariamente pelo negócio. No caso de liquidação do negócio e de

responsabilidade ilimitada, os bens de um dos sócios - caso os demais não tenham

recursos - podem ser levados a garantir o prejuízo.

2. Vida limitada: do ponto de vista técnico, quando um dos sócios se afasta ou morre,

a sociedade é dissolvida.

c. Sociedade Anônima

A sociedade anônima (S.A.) é uma associação na qual o capital social é dividido em ações (nominais

ou ao portador) de um mesmo valor nominal e constituído por subscrições. Cada pessoa adquire

(subscreve) o número de ações que lhe convier, tornando-se acionista da sociedade anônima. A

pessoa ou grupo que tiver o maior número de ações pode eleger em assembléia de acionistas os

dirigentes da empresa. A sociedade anônima é administrada por um Conselho de Administração e por

um Presidente. O Conselho de Administração define os negócios e a política geral da empresa. O

Presidente é responsável pela administração das operações diárias e pela implementação das

políticas estabelecidas pelo Conselho de Administração, respondendo periodicamente a este. Os

acionistas são os proprietários da empresa em função do número de ações subscritas e votam

periodicamente para escolher o Conselho de Administração e alterar os estatutos da sociedade. Os

acionistas também têm o direito de receber dividendos na proporção de sua propriedade. Assim, os

direitos e deveres da sociedade e as obrigações sociais são assumidos pelos acionistas em função do

número de ações que detenham. Quando o número de acionistas é grande, ocorre a separação entre

a propriedade e a administração, isto é, os dirigentes deixam de ser unicamente os acionistas e

passam a ser contratados como profissionais assalariados. Existe também a sociedade de economia

mista, que é uma associação de capital privado e de capital público em forma de sociedade anônima.

O Estado canaliza para si, com apoio da participação privada, os recursos de que necessita para

empreendimentos essenciais e benéficos para toda a coletividade. O controle é exercido pelo Estado.

A constituição desse tipo de S.A. depende de autorização do Poder Legislativo.

A sociedade anônima traz inúmeras vantagens:

1. Responsabilidade limitada: cada acionista é um sócio com responsabilidade limitada, não

podendo perder nada além daquilo que investiu no negócio, através da subscrição de ações.

2. Maior dimensão do negócio: o capital pode ser obtido a partir de muitos investidores, pela

facilidade com que as ações podem ser negociadas. A propriedade pode ser pulverizada entre

uma infinidade de acionistas, pequenos, médios ou grandes.

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3. Transferência da propriedade: a propriedade é comprovada pelos certificados de ações que

podem ser facilmente transferidos a outras pessoas. As bolsas de valores facilitam

enormemente a venda e compra de ações.

4. Vida ilimitada: a S.A. não se dissolve com a morte ou com a retirada de um proprietário e pode

perdurar indefinidamente no tempo, mesmo com outros acionistas.

5. Crescimento: a S.A. pode expandir-se indefinidamente através de aumento de capital devido ao

rápido acesso aos mercados de capitais e inclusão de novos acionistas.

6. Administração profissional: a direção da empresa passa para administradores profissionais

contratados e que podem ser promovidos ou substituídos quando necessário.

Todavia, a sociedade anônima pode apresentar algumas desvantagens, a saber:

1. Imposto de Renda: o lucro da S.A. é tributado pelo Imposto de Renda e novamente tributado

quando distribuído aos acionistas na forma de dividendos. A carga tributária é bem maior do que

nas firmas individuais e nas sociedades de pessoas.

2. Regulamentação governamental: como é uma entidade legalmente estabelecida, a S.A. está

submetida a regulamentações federais, estaduais e municipais, fazendo com que a empresa

necessite de alguns órgãos internos especializadas apenas para prestar serviços burocráticos e

atender a todas essas regulamentações. Assim, a S.A. precisa ter um departamento de

acionistas, um departamento legal, um departamento de pessoal, um departamento contábil etc.,

para dar conta de toda essa regulamentação governamental. Isto faz com que seus custos

operacionais sejam maiores do que nos outros tipos de firmas.

3. Falta de sigilo: como os acionistas devem conhecer o desempenho e a situação financeira da

S.A., a companhia precisa publicar periodicamente suas demonstrações financeiras, o que a torna

muito transparente aos olhos do público.

As S.A.s são as empresas de maior tamanho e nas quais se podem visualizar a maior parte dos

conceitos financeiros aqui expostos. Constituem o tipo de empresa dominante em nossa economia

capitalista, onde o pequeno investidor pode aplicar sua poupança a longo prazo. O desempenho das

S.A.s é medido com relação ao lucro líquido apresentado na Demonstração do Resultado. Daí a

necessidade de um conhecimento mais profundo dos conceitos financeiros que serão tratados mais

adiante.

Firmas Individuais

Sociedade por Firma ou Nome Coletivo

Sociedade de Capital e Indústria

Sociedade de Pessoas Sociedade por Quotas de Responsabilidade Limitada

Sociedade em Comandita Simples

Sociedade Cooperativa

Sociedade Anônima

Figura 1.1 As formas jurídicas das empresas.

2. A EMPRESA E SEUS RECURSOS

Toda empresa existe para produzir bens (produtos ou mercadorias) ou serviços (atividades

especializadas). As empresas que produzem bens são denominadas empresas industriais (como as

montadoras de automóveis, as siderúrgicas, os fabricantes de calçados, as tecelagens etc.), enquanto

as empresas que produzem ou prestam serviços são denominadas empresas prestadoras de serviços

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(como os supermercados, lojas comerciais, bancos, financeiras, hospitais, escolas e universidades

etc.). Produzidos os bens, as empresas precisam colocá-los no mercado. Aí começa a

comercialização.

Para produzirem e comercializarem seus bens ou serviços, as empresas precisam de recursos.

Recursos são os meios de que dispõem as empresas para poderem funcionar. Quanto mais recursos

disporem as empresas, tanto melhor o seu funcionamento. Quanto menos recursos, maiores as

restrições e dificuldades no alcance dos objetivos. Porém, o excesso de recursos significa quase

sempre uma aplicação pouco rentável dos mesmos, por isso a administração procura a aplicação

rentável dos recursos necessários ao alcance dos objetivos. Existe uma variedade de recursos

empresariais, porém os mais importantes são:

Recursos materiais: são os recursos físicos como os edifícios, prédios, máquinas, equipamentos,

instalações, ferramentas, materiais, matérias-primas etc. Existem empresas que requerem

vultosos recursos materiais para poderem funcionar, como as siderúrgicas, as refinadoras de

petróleo, as ferrovias, empresas de navegação etc. São chamadas de empresas de capital

intensivo devido ao seu elevado ativo imobilizado.

Recursos Financeiros: são os recursos monetários como o capital, o dinheiro em caixa ou em

bancos, os créditos, as contas a receber etc. Existem empresas que demandam enorme volume

de recursos financeiros para poderem funcionar - os grandes bancos, as empresas de crédito,

financiamento e de investimento, as redes de vendas de automóveis etc.

Recursos humanos: são os recursos vivos e inteligentes, isto é, as pessoas que trabalham na

empresa, desde o presidente até o mais humilde dos operários. Existem empresas que

demandam enorme quantidade de pessoas para poderem funcionar, como as empresas de

construção civil ou industrial, as empresas de montagens (linhas de montagem), as empresas de

cunho artesanal etc. São chamadas de empresas de mão-de-obra intensiva.

Recursos mercadológicos: são os recursos comerciais que as empresas utilizam para colocar seus

produtos/serviços no mercado, como a promoção, propaganda, vendas, pontos de venda,

assistência técnica ao consumidor etc. Existem empresas que demandam enorme quantidade de

recursos mercadológicos, como os grandes supermercados, os shopping centers, os grandes

bancos comerciais etc.

Recursos administrativos: são os recursos gerenciais que as empresas utilizam para planejar,

organizar, dirigir e controlar suas atividades. Quanto mais sujeitas à incerteza, tanto mais recursos

administrativos requerem as empresas. Quando o negócio é simples e repetitivo, as empresas

rotinizam as suas operações e impõem regras para reduzir o número de executivos (diretores,

gerentes, supervisares). Porém, quando o negócio é complexo e sujeito a variações, as empresas

precisam aumentar o número de executivos para tomarem decisões que se modificam a cada

momento. Nesse caso, aumenta o volume de recursos administrativos.

Recursos Materiais

Recursos Financeiros

Recursos Empresariais Recursos Humanos

Recursos Mercadológicos ou Comerciais

Recursos Administrativos ou Gerenciais

Figura 1.2 Os recursos empresariais.

De uma certa forma, os economistas denominam os recursos empresariais de fatores de produção. A

produção, segundo eles, somente ocorre quando estão presentes três fatores de produção: a

natureza, o capital e o trabalho. A natureza representa os meios que proporcionam a matéria-prima,

as máquinas e equipamentos e os materiais de produção. O capital representa os meios que

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financiam a produção, comprando as máquinas e a matéria-prima e pagando os salários. O trabalho

representa a mão-de-obra que opera e transforma a matéria-prima em produto acabado ou serviço

prestado, com a ajuda de máquinas e equipamentos.

Natureza

Capital

Fatores de Produção

Trabalho

Empresa

Figura 1.3 Os fatores de produção.

Os recursos empresariais e os fatores de produção podem ser assim correlacionados:

Recursos

Empresariais

Fatores de

Produção Exemplos

Materiais Natureza Edifícios, máquinas,

equipamentos, instalações,

matérias-primas etc.

Financeiros Capital Capital, dinheiro em caixa ou

bancos, contas a receber,

investimentos etc.

Humanos Trabalho Pessoas, desde o presidente até

o mais humilde dos operários.

Mercadológicos

-

Promoção, propaganda, vendas,

pontos de venda, relações

públicas etc.

Administrativos - Planejamento, organização,

direção e controle.

Figura 1.4 Os recursos empresariais e os respectivos fatores de produção.

Assim, a grosso modo, os recursos materiais correspondem ao fator de produção natureza; os

recursos financeiros ultrapassam o fator de produção capital e os recursos humanos englobam o fator

de produção trabalho. A falta ou insuficiência de um desses recursos empresariais impossibilita o

processo de produção e a colocação dos bens/serviços no mercado. Assim, todos os recursos

empresariais são importantes e imprescindíveis para o funcionamento da empresa. Mas, sem o

dinheiro proporcionado pelos recursos financeiros, os demais recursos não poderiam ser obtidos e

aplicados pela empresa. É com o dinheiro que a empresa adquire as máquinas e equipamentos, bem

como as matérias-primas, compra ou aluga os prédios e instalações, paga os salários e os encargos

sociais decorrentes, financia o consumidor, compra ou aluga os pontos de venda, financia os estoques

etc. Para administrar cada um dos recursos empresariais, torna-se necessária a existência de uma

área específica na empresa dirigida por um diretor, conforme a figura a seguir:

Produção Finanças Pessoal Comercialização

Recursos

Materiais

Diretor Industrial

Recursos

Financeiros

Diretor Financeiro

Recursos

Humanos

Diretor de Pessoal

Recursos

Comerciais

Diretor Comercial

Diretor-presidente

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Figura 1.5 A administração dos recursos empresariais.

Assim, a administração dos recursos empresariais é feita pelas quatro principais áreas da empresa, a

saber: Produção, Finanças, Pessoal e Comercialização. Isto significa que temos quatro

especializações da administração: a Administração da Produção, a Administração Financeira, a

Administração de Recursos Humanos e a Administração Comercial, respectivamente.

Dentro desse contexto, a Administração Financeira cuida de um dos recursos mais caros e escassos

da empresa, os recursos financeiros. São eles que permitem à empresa a possibilidade de contratar

pessoas, adquirir instalações, máquinas e equipamentos, comprar matérias-primas e investir na

produção de bens ou de serviços. São os recursos financeiros que permitem à empresa possuir e

dispor dos demais recursos empresariais.

3. CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

A Administração Financeira (AF) é a área da administração que cuida dos recursos financeiros da

empresa. Como veremos adiante, a AF está preocupada com dois aspectos importantes dos recursos

financeiros: a rentabilidade e a liquidez. Isto significa que a AF procura fazer com que os recursos

financeiros sejam lucrativos e líquidos ao mesmo tempo. Na realidade, estes são os dois objetivos

principais da AF: o melhor retorno possível do investimento (rentabilidade ou lucratividade) e a rápida

conversão em dinheiro (liquidez). Com estes dois objetivos em mente, podemos conceituar

adequadamente a AF.

A AF é a área responsável pela administração dos recursos financeiros da empresa, proporcionando

condições que garantam rentabilidade e liquidez dos mesmos. A rentabilidade é alcançada à medida

que o negócio da empresa proporcione a maximização dos retornos dos investimentos feitos pelos

proprietários ou acionistas. Contudo, a rentabilidade máxima pode comprometer a liquidez da

empresa, pois os retornos estão submetidos a diferentes períodos de tempo. Daí, o conflito entre

máxima rentabilidade e máxima liquidez: não é possível conseguir a maximização dos dois objetivos

ao mesmo tempo. A máxima rentabilidade sacrifica a liquidez e a máxima liquidez sacrifica a

rentabilidade. Como veremos adiante, a rentabilidade deve ter prioridade sobre a liquidez. Deve-se

aplicar boa parte dos fundos disponíveis e manter inativa outra parte como proteção ou defesa contra

riscos de não se conseguir pagar algum débito. Esses fundos inativos não produzem retorno aos

investidores. Assim, a maximização da rentabilidade e da liquidez ao mesmo tempo não é possível.

Em vez da maximização procura-se a satisfação. Um dos principais desafios da AF é manter a

rentabilidade e a liquidez da empresa em nível satisfatório, já que em nível máximo não é possível.

Para alcançar rentabilidade e liquidez satisfatórias, a AF procura obter recursos financeiros do

mercado e procura utilizar e aplicar esses recursos em seu negócio ou em atividades paralelas.

4. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DA ÁREA DE ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Algumas áreas da empresa - principalmente a Produção e a Comercialização - são geralmente

descentralizadas para aproveitar a proximidade dos recursos naturais e dos mercados consumidores.

Muitas empresas possuem fábricas em várias regiões para economizar transporte de matérias-primas

e de produtos acabados e mantêm filiais de vendas dispersas geograficamente para melhor cobertura

mercadológica. Contudo, a área financeira é geralmente centralizada na matriz, para melhor controle

financeiro e obtenção de economias de escala na busca e aplicação de recursos financeiros. A

centralização da AF também é motivada pelo fato de que quase todas as decisões vitais da empresa

são tomadas sob o aspecto financeiro. Por isso, a AF quase sempre é uma diretoria subordinada

diretamente ao diretor-presidente da empresa.

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Como se pode perceber, as atribuições da AF podem ser desdobradas em três aspectos:

1. Obter recursos Financeiros para que a empresa possa funcionar ou expandir suas

atividades. A obtenção ou captação de recursos financeiros pode ser feita no mercado

de capitais, sejam por aumento de capital, financiamento ou condições de pagamento

aos fornecedores, empréstimos bancários etc.

2. Utilizar recursos financeiros para as operações normais da empresa, nos vários setores

e áreas de atividade, como compra de matérias-primas, aquisição de máquinas e

equipamentos, pagamento de salários etc.

3. Aplicar recursos financeiros excedentes como aplicações no mercado de capitais ou no

mercado monetário, aquisição de imóveis ou terrenos etc.

Para cumprir essas três atribuições principais, isto é, para obter, utilizar e aplicar recursos

financeiros, a AF apresenta geralmente, a seguinte estrutura organizacional:

Figura 1.6 A estrutura organizacional da área financeira.

A estrutura organizacional da área financeira representada anteriormente desempenha múltiplas

funções que vão desde o planejamento e controle financeiro até a obtenção, utilização e aplicação de

recursos financeiros. De um lado, a AF requer uma Controladoria capaz de lhe fornecer controles e

informações, como a Contabilidade, o Controle Orçamentário e a Auditoria. De outro, a AF requer uma

Tesouraria para lhe permitir meios de obtenção e utilização de recursos financeiros, como as Relações

Bancárias, Contas a Pagar e Caixa. Os aspectos relacionados com a aplicação (investimentos) de

recursos financeiros são geralmente tratados pela diretoria. Em relação a estes aspectos, o diretor

financeiro e o diretor-presidente são os tomadores de decisão.

Para melhor apresentar as funções da área financeira, faremos a seguir uma rápida explanação dos

setores de Controladoria e de Tesouraria, as duas áreas básicas da AF.

5. SETOR DE CONTROLADORIA: CONCEITO, FINALIDADE E IMPORTÂNCIA

Contabilidade

Geral

Controle

Orçamentário

Auditoria

Controladoria

Relações

Bancárias

Contas a

pagar

Caixa

Tesouraria

Diretor

Financeiro

Diretor-Presidente

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Para muitos autores, o setor de Controladoria constitui um órgão de staff da AE Em outras palavras, a

Controladoria é o órgão que assessora a AF para proporcionar-lhe as informações e controles básicos

para o seu funcionamento. A Controladoria representa o setor da AF que efetua os controles contábeis

e proporciona os meios de informações para a tomada de decisões. A Controladoria é geralmente

constituída dos seguintes órgãos: Contabilidade, Controle Orçamentário e Auditoria. Vejamos

rapidamente as funções de cada um desses três órgãos.

a. Contabilidade: É comum considerar-se a função financeira e a contábil como uma só,

uma vez que existe entre ambas uma relação muito íntima. Na realidade, a

contabilidade será aqui entendida como um insumo básico para a função financeira,

estando subordinada a ela como uma subfunção. A contabilidade proporciona os dados

e controles para avaliar o desempenho da empresa, para guiar as atividades da AF. A

Contabilidade utiliza princípios padronizados para preparar as demonstrações

financeiras e o balanço Matrimonial, com base em um Plano de Contas da empresa,

enquanto o executivo máximo da AF analisa as receitas e despesas como entradas e

saídas de caixa. Neste sentido, a contabilidade representa a principal fonte de dados

internos para guiar as atividades da AF. A finalidade da contabilidade é classificar e

registrar, de acordo com o Plano de Contas, os fatos já ocorridos para orientar as

decisões financeiras que são projetadas para o futuro. A AF utiliza esses dados

contábeis para elaborar projeções futuras. A contabilidade registra o presente e o

passado para dar condições de se preparar para o futuro. A importância da

contabilidade reside no fato de servir de base para as decisões financeiras que devem

ser tomadas pela empresa.

b. Controle Orçamentário:O órgão de Controle Orçamentário coordena com os demais

órgãos da empresa a montagem dos respectivos orçamentos de despesas e o seu

acompanhamento e controle ao longo do exercício anual, para verificar se as despesas

orçadas estão sendo realizadas adequadamente. A finalidade do Controle Orçamentário

é assessorar todos os órgãos da empresa na montagem dos orçamentos

departamentais e monitorar a sua execução, apontando os desvios, principalmente

quando as despesas realizadas excedam aquilo que foi orçado. A importância do órgão

de Controle Orçamentário recai sobre o planejamento de todas as despesas

departamentais e o controle de sua execução, permitindo correções ao longo do

exercício anual.

c. Auditoria: O órgão de Auditoria é basicamente uma unidade de controle e de verificação

dos procedimentos contábeis executados não somente pela Contabilidade, mas por todos os

demais órgãos da empresa envolvidos nesses procedimentos. Na realidade, os diversos

órgãos da empresa realizam cotidianamente operações que são posteriormente classificadas

e lançadas pela Contabilidade. É o caso da aquisição de matérias-primas pelo órgão de

compras, o seu recebimento pelo almoxarifado, as requisições de materiais feitas pelo órgão

de produção, a folha de pagamento do pessoal elaborada pelo órgão de pessoal etc. Todas

essas diferentes operações precisam ser confiáveis. Isto é, devem estar fielmente de acordo

com os procedimentos contábeis da empresa. Cabe à Auditoria a revisão e verificação das

informações sobre as operações e dos procedimentos executados por todos os órgãos da

empresa envolvidos direta ou indiretamente no processo de contabilização. A finalidade da

Auditoria é dupla: de um lado, impõe confiabilidade aos procedimentos contábeis e às

informações prestadas pela correção dos dados e, de outro, presta um serviço de ensino e

de formação profissional, ao indicar e orientar como os procedimentos devem ser

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executados, a fim de evitar futuros erros ou enganos. Trata-se aqui de uma dupla função:

corretora e eminentemente pedagógica. A importância da Auditoria reside no fato de

funcionar como uma sentinela sempre alerta aos possíveis erros ou distorções que podem

ocorrer nos procedimentos contábeis da empresa. Modernamente, a Auditoria tem-se

estendido muito além da verificação dos dados e procedimentos para a verificação de

métodos e sistemas.

6. SETOR DE TESOURARIA: CONCEITO, FINALIDADE E IMPORTÂNCIA

Para muitos autores, o setor de Tesouraria representa o órgão de linha da AE Isto significa que a

Tesouraria é o órgão que procura atingir os objetivos básicos da AE Em outros termos, é a Tesouraria

o órgão que obtém e utiliza os recursos financeiros. É por intermédio da Tesouraria que os recursos

financeiros ingressam, são utilizados no pagamento das contas e são aplicados em investimentos

internos ou externos. A Tesouraria executa atividades que compreendem o uso do dinheiro, a sua

manipulação e a posse efetiva de fundos. Para proceder a essas atividades, a Tesouraria mantém

contato direto e constante com o público externo: as empresas fornecedoras de materiais, as

empresas fornecedoras de serviços, os clientes, os bancos e entidades financeiras, órgãos

governamentais etc. A Tesouraria é geralmente composta dos seguintes órgãos: Relações Bancárias,

Contas a Pagar e Caixa. Vejamos rapidamente as principais funções desses órgãos.

a. Relações Bancárias: Como o próprio nome indica, o órgão de Relações Bancárias tem corno

função básica o relacionamento com Bancos e Instituições Financeiras, tanto para obtenção de

empréstimos ou financiamentos externos, como para utilização ou movimentação das contas

bancárias, como ainda para aplicação de excedentes financeiros a fim de obter rentabilidade e

liquidez em fundos que poderiam permanecer inativos.A finalidade, portanto, do órgão de

Relações Bancárias é manter um intercâmbio com bancos e instituições financeiras capaz de

proporcionar um relacionamento que garanta à empresa a captação de recursos financeiros a

curto, médio e longo prazo que garantam a continuidade de suas operações. A importância do

órgão de Relações Bancárias reside na manutenção de um nível de aplicações de excedentes

de caixa, de um lado e, de outro, na captação de financiamentos bancários de curto prazo para

a cobertura de insuficiências de caixa e na obtenção de recursos financeiros a médio e longo

prazo para garantir as operações da empresa.

b. Contas a Pagar: É o órgão incumbido do planejamento e execução de todas as contas a serem

pagas, a curto, médio e longo prazos. O órgão de Contas a Pagar prepara e agenda todas as

contas e duplicatas a serem pagas pela empresa, estabelecendo as importâncias e as datas de

pagamento. Em muitos casos, consulta os contratos firmados para confirmar as condições de

pagamento, verifica os possíveis descontos para pagamento antecipado, calcula os índices de

correção monetária, para que as contas e duplicatas sejam pagas de forma correta ou

adequada aos interesses da empresa. Na realidade, todas as contas a serem pagas são

encaminhadas pelos diversos órgãos da empresa ao órgão de Contas a Pagar, que consulta

previamente a Contabilidade, mais especificamente o Controle Orçamentário para verificar se

existe dotação orçamentária suficiente. A partir daí, as contas devidamente aprovadas e de

acordo com as despesas orçadas são encaminhadas ao Caixa para efetivação. A finalidade do

órgão de Contas a Pagar é garantir a execução do pagamento das contas e dívidas da

empresa, dentro dos prazos e condições previamente estabelecidas. A importância do órgão de

Contas a Pagar é evidente: as contas, dívidas e tributos da empresa precisam ser pagos

11

pontualmente e nas condições acordadas, para que a empresa não sofra prejuízos ou pague

além do necessário.

c. Caixa: É o órgão incumbido da efetivação dos pagamentos e da liquidação de dívidas, bem como

dos recebimentos das receitas da empresa. Tanto a saída como a entrada de dinheiro da empresa

são efetuadas pelo Caixa. Isto significa que as despesas saem e as receitas entram na empresa por

intermédio do Caixa. Em outros termos, o Caixa paga todas as despesas e recebe todas as receitas

da empresa. É a porta de entrada e a porta de saída do dinheiro que flui pela empresa.

A finalidade do Caixa é, portanto, processar as entradas e saídas de dinheiro, em função do

recebimento das receitas e do pagamento das despesas. Para que o nível de dinheiro no Caixa não

fique muito elevado (gerando perdas pelo dinheiro parado) nem fique muito baixo (impossibilitando o

pagamento pontual das despesas), torna-se necessário um planejamento de caixa que permita manter

constantemente um volume mínimo de dinheiro capaz de honrar os compromissos da empresa nas

respectivas datas de vencimento. Este assunto será tratado na parte relacionada com o Fluxo de

Caixa. A importância do Caixa está no fato de processar todos os recebimentos e os pagamentos da

empresa. O Caixa é o ponto de trânsito de todo o dinheiro que entra e sai da empresa.

7. ÁREAS DE DECISÁO

A AF envolve uma infinidade de decisões que são tomadas cotidianamente sobre o que fazer com os

recursos financeiros excedentes, como utilizar adequadamente os recursos disponíveis e o que fazer

para obter recursos adicionais em casos de insuficiência temporária. O papel da AF é proporcionar à

empresa os recursos financeiros necessários às suas operações, aplicando o excedente e captando as

faltas. Assim, a AF é responsável por três áreas distintas de decisão, a saber:

1. Decisões quanto à captação de recursos financeiros externos no mercado e avaliação

dessa captação quanto aos juros e custos nela envolvidos.

2. Decisões quanto à, utilização de recursos financeiros nas operações cotidianas da

empresa e avaliação dessa utilização quanto ao retorno do investimento efetuado.

3. Decisões quanto à aplicação de recursos financeiros, seja no mercado, seja em novos

negócios ou em outros investimentos financeiros alternativos.

Entrada

EMPRESA

Saída

Captação de

Recursos

Financeiros

Utilização de

Recursos

Financeiros

Aplicação de

Recursos

Financeiros

Figura 1.7 As áreas de decisão da administração financeira.

12

A figura a seguir permite uma visão simplificada dessas três áreas de decisão da AF,

mostrando as diversas entradas e saídas de recursos financeiros da empresa e sua destinação.

Entrada de

Recursos do

Mercado

Saída de

Recursos para

o Mercado

Contas a

Receber

Contas a pagar

(Fornecedores)

Recursos Próprios,

integralização e

aumento de capital.

Pagamento de

Dividendos a

acionistas

Caixa

Pagamento de

Pessoal

Empréstimos e

Financiamentos

Pagamento de

Impostos

Pagamento de

empréstimos e

financiamentos

Recebimento da

Venda de ativos

Imobilizados

Bancos

Pagamento de ativos

Imobilizados

Desinvestimento do

Mercado de capitais,

Open market, CDB

etc.

Aplicações no

mercado

de capitais, open

Market, CDB etc.

Figura 1.8 O processo da administração financeira.

O processo da AF sumarizado na figura anterior é cíclico e repetitivo. Isto significa que o fluxo de

fundos na empresa é um processo cíclico e repetitivo que precisa ser constantemente monitorado e

avaliado para que a rentabilidade e a liquidez da empresa sejam preservadas a todo o momento.

8. RELATÓRIOS DE INFORMAÇÕES FINANCEIRAS

Vimos que a AF - sob a responsabilidade do diretor financeiro, gerente financeiro, tesoureiro, ou

qualquer outra denominação que tenha o executivo da área - tem por finalidade obter, utilizar e aplicar

os recursos financeiros da empresa, alcançando índices elevados de rentabilidade e de liquidez. Para

tanto, a AF deve analisar e avaliar a maneira como os recursos financeiros são obtidos, utilizados e

aplicados pelas diversas áreas e setores de atuação da empresa, de modo que a rentabilidade e a

liquidez não sejam prejudicadas.

Para tanto, torna-se necessária a elaboração de relatórios de informações financeiras. Esses

relatórios serão apresentados e discutidos ao longo dos capítulos seguintes.

13

Para poder realizar tanto o planejamento financeiro, como o controle financeiro, a AF precisa

constantemente acompanhar e verificar os efeitos das operações da empresa sobre suas próprias

condições financeiras e avaliar se os ativos da empresa estão sendo adequadamente administrados,

sob o ponto de vista de liquidez, de rentabilidade e de eficiência operacional. Por outro lado, a AF

precisa demonstrar os resultados financeiros das operações da empresa à alta direção para que esta

possa ter uma idéia de como os fundos disponíveis estão sendo utilizados e aplicados. Para cumprir

essas tarefas, a AF baseia-se em análises de demonstrações financeiras.

A análise de demonstrações financeiras pode ter uma utilização interna ou externa. A análise interna é

de grande importância para que o próprio pessoal da empresa possa avaliar o desempenho da

organização. Por outro lado, a análise externa das demonstrações financeiras é feita por pessoas ou

organizações que realizam transações com a empresa e que precisam medir a sua situação geral ou

analisar a sua liquidez, sua rentabilidade, sua eficiência operacional e o seu grau de endividamento.

São os bancos ou instituições financeiras (que fornecem recursos financeiros, por meio de

empréstimos ou financiamentos), os investidores (pessoas físicas ou jurídicas que pretendem adquirir

ou negociar ações da empresa), os concorrentes (que desejam comparar sua atuação com a empresa)

etc., que constantemente procuram analisar o desempenho da empresa valendo-se de análises das

demonstrações financeiras.

Assim, ao longo deste capítulo, veremos as principais técnicas de avaliação das condições financeiras

e operacionais de uma empresa, corno as demonstrações primárias e secundárias, os métodos

horizontal e vertical e uma variedade de índices financeiros. Essas técnicas de avaliação representam

um arsenal de meios para se avaliar e medir o desempenho e as condições de saúde financeira da

empresa.

1.DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS: CONCEITO, FINALIDADE E IMPORTÂNCIA

A análise de demonstrações financeiras - ou simplesmente análise de balanço - é um conjunto de

meios pelos quais se examina e avalia as condições financeiras e operacionais de uma empresa com

base em dados fornecidos pelas demonstrações financeiras, sejam elas primárias ou secundárias.

A finalidade da análise das demonstrações financeiras é proporcionar uma visão comparativa da

situação financeira e do desempenho da empresa.

A análise das demonstrações financeiras é importante do ponto de vista interno e externo da empresa.

Do ponto de vista interno, porque permite à própria empresa diagnosticar sua situação financeira e

tomar as medidas necessárias para melhorá-la ou para corrigi-la. Do ponto de vista externo, porque

permite a terceiros condições para avaliar o desempenho financeiro e operacional da empresa e tomar

decisões sobre suas transações com ela. É o caso de bancos e instituições financeiras, de

investidores, de acionistas, de fornecedores, que precisam constantemente conhecer as condições

financeiras da empresa a fim de tomarem suas decisões sobre as transações e intercâmbios com ela.

14

2. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS: CONCEITO E TIPOS

A Lei n0 6.404/76 determina que ao fim de cada exercício social a empresa deverá elaborar as

seguintes demonstrações financeiras, tendo por base a sua escrituração mercantil:

a. Balanço Patrimonial.

b. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

c. Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR).

d. Demonstração das Mutações Patrimoniais

Ainda de acordo com a lei citada, todas as demonstrações financeiras deverão ser complementadas

por Notas Explicativas e quadros analíticos ou demonstrações contábeis para o esclarecimento da

situação patrimonial e dos resultados do exercício. As demonstrações financeiras de cada exercício

deverão ter a indicação dos valores correspondentes às demonstrações do exercício anterior para

melhor comparação. O Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

constituem as demonstrações financeiras primárias, enquanto a Demonstração das Origens e

Aplicações de Recursos (DOAR) constitui uma demonstração financeira secundária e que será

estudada mais adiante.

a. Balanço Patrimonial

O Balanço Patrimonial é uma demonstração financeira que reflete com clareza a situação do

patrimônio da empresa em um determinado momento. Constitui a representação sintética dos

elementos que compõem o patrimônio da empresa em uma determinada data. O Balanço Patrimonial

é montado no final de cada exercício social da empresa.

O patrimônio da empresa é constituído de bens, direitos e obrigações. A estrutura do Balanço

Patrimonial é composta de dois grandes grupos:

1. Ativo: do lado esquerdo do balanço, é constituído dos bens e direitos pertencentes à

empresa, ou seja, as aplicações de recursos em bens e direitos. O ativo mostra a

natureza dos valores nos quais a empresa aplicou seus recursos, como dinheiro,

estoques, créditos, valores mobiliários, bens em uso etc.

2. Passivo: do lado direito do balanço, é constituído das obrigações com credores e

terceiros, ou seja, as várias fontes de recursos que permitem as aplicações no ativo. O

passivo mostra a origem dos recursos da empresa, como capital, lucros, fornecedores,

bancos etc.

Por definição, a soma dos dois lados do balanço patrimonial deve ser equivalente. A estrutura

do balanço patrimonial costuma ser assim apresentada:

15

ATIVO PASSIVO

ATIVO CIRCULANTE

Disponível em caixa/bancos

Créditos com clientes

Estoques

Títulos e valores mobiliários

Despesas do exercício seguinte

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

Obrigações da Eletrobrás

Depósitos FGTS - Não-optantes

Empréstimos a sócios e diretores

Empréstimos a firmas interligadas

ATIVO PERMANENTE

Investimentos

Participações em empresas

Imóveis

Imobilizado

Bens de uso

Outros valores

Diferido

PASSIVO CIRCULANTE

Dívidas com fornecedores

Dívidas com instituições financeiras

Contribuições a pagar

Impostos a pagar

Títulos e contas a pagar

EXlGíVEL A LONGO PRAZO

Créditos de sócios e diretores

FGTS - Não-optantes

Créditos de firmas interligadas

RESULTADOS DE EXERCíClOS FUTUROS

Rendas antecipadas

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital

Capital subscrito e a realizar

Reservas de capital

Reservas de reavaliação

Reservas de lucros

Lucros (ou prejuízos) acumulados

TOTAL DO ATIVO TOTAL DO PASSIVO

Figura 2.1 Estrutura simplificada do balanço patrimonial.

O Balanço Patrimonial pode ser resumido pela seguinte equação:

onde:

A: Ativo Total: é a soma dos bens e direitos da empresa. É o total de recursos à

disposição da empresa.

PE: Passivo Exigível: é a soma das obrigações e dívidas com terceiros.

PL: Patrimônio Líquido: é a soma do capital, das reservas, dos lucros acumulados

menos a soma do capital a integralizar e dos prejuízos acumulados. É o capital

próprio, isto é, o. capital que pertence aos proprietários ou acionistas da empresa.

Mede a riqueza da empresa.

Os valores enumerados no Balanço Patrimonial constituem os saldos das várias contas do Plano de

Contas de ativo e de passivo, em um determinado dia. Nessa data, o balanço especifica qual o

estoque existente, quanto a empresa vendeu no período, quanto pagou de salários, quanto deve de

impostos etc.

16

A Figura 2.2 apresenta os Balanços Patrimoniais dos anos de 2004 e 2005 de uma empresa fictícia, o

Lanifício Santa Rita, e que servirão de base para o cálculo das análises financeiras que serão

abordadas no decorrer deste capítulo.

Ativo Passivo

Em

ATIVO CIRCULANTE

Disponibilidades

Aplicações temporárias

Contas a receber (clientes)

Estoques

Outros ativos circulantes

Ativo Circulante

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

ATIVO PERMANENTE

Investimentos

Imobilizado (líquido)

Outros ativos

Ativo Permanente

R$ 1.000

26.953

10.400

71.811

171.407

41.413

321.984

8.636

630

174.395

4.468

179.493

Em

PASSIVO CIRCULANTE

Fornecedores

Instituições financeiras

Impostos a recolher

Outras exigibilidades a curto prazo

Passivo Circulante

EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

Instituições financeiras

Debêntures

Outras exigibilidades a longo prazo

Exigível a Longo Prazo

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital realizado

Reservas

Lucros acumulados

Patrimônio Líquido

R$ 1.000

21.897

157.590

21.622

65.315

266.424

8.631

37.508

23.280

69.419

30.186

135.842

8.242

174.270

TOTAL DO ATIVO 510.113 TOTAL DO PASSIVO 510.113

Figura 2.2 Balanço patrimonial de 2004 do Lanifício Santa Rita.

17

Ativo Passivo

Em

ATIVO CIRCULANTE

Disponibilidades

Aplicações temporárias

Contas a receber (clientes)

Estoques

Outros ativos circulantes

Ativo Circulante

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

ATIVO PERMANENTE

Investimentos

Imobilizado (líquido)

Outros ativos

Ativo Permanente

R$ 1.000

3.291

4.786

14.016

79.115

41.522

142.730

379.047

268.783

349.152

50

617.985

Em

PASSIVO CIRCULANTE

Fornecedores

Instituições financeiras

Impostos a recolher

Outras exigibilidades a curto prazo

Passivo Circulante

EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

Instituições financeiras

Debêntures

Outras exigibilidades a longo prazo

Exigível a Longo Prazo

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Capital realizado

Reservas

Lucros acumulados

Patrimônio Líquido

R$ 1.000

38.907

101.108

13.533

43.587

197.135

26.084

57.100

92.000

175.184

122.889

644.554

-

767.443

TOTAL DO ATIVO 1.139.76

2

TOTAL DO PASSIVO 1.139.762

Figura 4.3 Balanço patrimonial de 2005 do Lanifício Santa Rita.

b. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)

A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) é um demonstrativo financeiro que serve para

exprimir com clareza o resultado que a empresa obteve no exercício social. A DER mostra a

conseqüência - o lucro ou o prejuízo - das operações da empresa realizadas em um determinado

período de tempo, bem como os fatores - despesas e receitas - que determinaram esse resultado

positivo ou negativo. A DRE é também denominada demonstração dos lucros ou prejuízos

acumulados. A DPE começa com a receita bruta (valor do faturamento das vendas ou dos serviços,

isto é, a receita total da empresa) e após sucessivas adições e subtrações, chega ao resultado líquido

do exercício.

18

A estrutura da DRE pode ser assim esquematizada:

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

(menos)

(igual a)

(menos)

(igual a)

(mais)

(menos)

(igual a)

(menos)

(mais)

(mais ou menos)

(igual a)

(menos)

(menos)

(igual a)

-

=

-

=

+

-

=

-

+

±

=

-

-

=

RECEITA BRUTA

Deduções da Receita Bruta

RECEITA LÍQUIDA

Custo da Receita

LUCRO BRUTO

Outras Receitas Operacionais

Despesas Operacionais

LUCRO OPERACIONAL

Despesas Extra-Operacionais

Receitas Extra-Operacionais

Resultado da Correção Monetária

RESULTADO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA

Provisão para Imposto de Renda

Participações Diversas (Diretores/Empregados)

LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO

Lucro Líquido por Ação

Figura 2.4 Estrutura da demonstração do resultado do exercício.

O lucro líquido representa o resultado do exercício depois de descontada a provisão para o imposto de

renda. Se dividirmos o lucro líquido pela receita e multiplicarmos por 100, teremos a margem de lucro

sobre vendas. A margem de lucro sobre vendas mede o quanto a empresa lucrou para cada cem reals

faturados. O lucro líquido por ação (LLA) da empresa é um índice importante para a direção e para os

acionistas atuais ou potenciais, pois representa o ganho para cada ação ordinária emitida. Não tem

nada a ver com os lucros efetivamente distribuídos aos acionistas. Seu cálculo é feito pela equação:

emitidasordináriasaçõesdeNúmero

comunsacionistasaosdisponívelLucroLLA

A Figura 2.5 apresenta as DREs de uma empresa fictícia, o Lanifício Santa Rita, referentes

aos anos de 2002 e 2003, e que serão utilizadas no decorrer deste capítulo para o cálculo de índices

financeiros.

19

RESULTADO DO EXERCÍCIO 2004 2005

Receita Operacional Bruta

Receita Operacional Líquida

Custo dos Produtos Vendidos

Em R$ 1.000

787.538

787.538

(526.966)

Em R$ 1.000

1.752.819

1752.819

(1.421.770)

LUCRO BRUTO

=

Depreciação

Despesas com Vendas e Administração

Despesas Financeiras

Outras Receitas Operacionais

Resultado da Equivalência Patrimonial

260.572

(47.223)

(86.387)

(169.711)

43.063

2.696

-

331.049

(8.791)

(168.767)

(498.863)

25.697

11.291

33.757

RESULTADO OPERACIONAL =

Resultado não-Operacional

Resultado da Correção Monetária

Ganhos de Capital

3.010

5.416

(2.680)

-

(74.627)

26.790

(77.678)

41.793

RESULTADO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA ...........................=

Provisão para Imposto de Renda

5.746

(4.631)

(83.722)

-

RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO = 1.115 (83.722)

Figura 2.5 Demonstração do resultado do exercício de 2004 e 2005 do Lanifício Santa Rita.

A análise das demonstrações financeiras é uma tarefa fundamental para o profissional de AE Para

aprofundar essa análise, é comum utilizar-se de uma variedade de técnicas que veremos a seguir.

Essas técnicas incluem vários tipos de análise financeira, índices financeiros e análise do fluxo de

fundos, assuntos que serão tratados no decorrer deste capítulo.

3. ANÁLISE DE ÍNDICES FINANCEIROS: CONCEITO, FINALIDADE E IMPORTÂNCIA

Um índice é o quociente resultante de uma equação. Um índice financeiro corresponde à comparação

de valores monetários absolutos e que proporciona um dado relativo entre eles. As demonstrações

financeiras são geralmente submetidas à aplicação de quatro categorias de índices financeiros, a

saber:

a. índices de liquidez;

b. índices de rentabilidade;

c. índices de atividade ou de eficiência operacional;

d. índices de endividamento.

Vejamos cada um desses quatro tipos de índices financeiros.

20

a. Índices de Liquidez

A liquidez representa a capacidade da empresa de cumprir suas obrigações a curto prazo na data do

vencimento. A liquidez constitui a solvência financeira, isto é, os recursos não imobilizados para cada

cruzado de dívida. Para se avaliar o grau de liquidez ou de solvência da empresa, utiliza-se uma

variedade de índices de liquidez.

Os índices de liquidez mais utilizados são quatro, a saber:

1. índice de Liquidez Corrente (ILC);

2. índice de Liquidez Seco (ILS);

3. índice de Liquidez Imediata (ILI);

4. Capital de Giro Líquido (CGL).

Cada um desses quatro tipos de índices de liquidez será apresentado a seguir.

1. índice de Liquidez Corrente (ILC): É a medida mais usada para avaliar a capacidade de uma

empresa para saldar seus compromissos em dia. É o quociente obtido pela divisão entre ativo

circulante (AC) e o passivo circulante (PC), isto é, entre os ativos e passivos de curto prazo.

CirculantePassivo

CirculanteAtivoILC

Quando o ILC é igual a 1,0, o ativo circulante é igual ao passivo circulante, isto é, o capital circulante

líquido é igual a zero. Se urna empresa tiver um ILC menor que 1,0, seu ativo circulante líquido será

negativo e a empresa dependerá de lucros futuros, renovação de dívidas ou venda de ativo fixo para

manter sua solvência.

Tomando-se os Balanços Patrimoniais das figuras 2.2 e 2.3 do Lanifício Santa Rita, nota-se o

seguinte:

21,1

424.266

984.3211994ICC

72,0135.197

730.1422005ICC

De uma situação de liquidez em 2004 quando tinha 1,21 para cada real de dívida, a empresa passou

para uma situação de liquidez com 0,72 para cada um real de dívida. O capital circulante líquido (CCL)

é útil para comparar a liquidez da empresa ao longo do tempo, mas não serve para comparar a

liquidez de diferentes empresas. Para comparar a liquidez de várias empresas deve-se usar o ILC.

O ILC apresenta duas deficiências. A primeira, porque soma todos os itens do ativo circulante, quando

se sabe que cada item tem um comportamento diferente dos demais e, portanto, uma liquidez

diferente. A segunda desvantagem, é que o ILC não leva em consideração a rapidez maior ou menor

em que os ativos serão convertidos em dinheiro e os passivos circulantes terão o seu vencimento, mas

apenas o que existe no ativo e no exigível em uma determinada data. É o caso, por exemplo, da

rotação dos estoques, cuja velocidade não é considerada no ILC.

21

2. índice de Liquidez Seca (ILS):

O ILS procura resolver a primeira deficiência do ILC, excluindo do ativo circulante o item estoques, que

é o ativo circulante menos líquido. Normalmente, os estoques são convertidos em contas a receber e,

em seguida, em disponibilidades.

O ILS é o quociente obtido pela divisão do ativo circulante menos estoque pelo passivo circulante.

CirculantePassivo

EstoquesCirculanteAtivoILS

O ILS deve ser igual ou superior a 1,0 e depende muito do ramo de negócio da empresa. No caso do

Lanifício Santa Rita, temos os seguintes ILS:

57,0424.266

577.1502004ILS 32,0

135.197

615.632005ILS

O ILS sofre das mesmas deficiências do ILC, embora em grau bem menor. Pode-se verificar que

quanto maior a diferença entre o ILC e o ILS tanto maior a dependência da liquidez de uma empresa

em relação à realização dos seus estoques. Em caso de liquidação, por exemplo, os estoques são

geralmente vendidos com grandes descontos sobre os valores contabilizados, o que diminui

sensivelmente a liquidez da empresa.

3. índice de Liquidez Imediata (ILI): Constitui um avanço quanto à medição da liquidez de uma

empresa, pois compara as obrigações com vencimento a curto prazo com o que a empresa possui em

dinheiro ou em títulos conversíveis em dinheiro (como aplicações temporárias de excedentes de

caixa). O ILI é obtido pela seguinte equação:

CirculantePassivo

sTemporáriaAplicaçõesidadesDisponibilILI

O Lanifício Santa Rita acusou os seguintes ILI:

14,0424.266

353.372004ILI 04,0

135.197

077.820055ILI

4. Capital de Giro Líquido (CGL): Baseia-se no mesmo conceito do ILC (proporção de ativos

transformáveis em dinheiro da empresa para saldar compromissos com vencimento a curto prazo). O

CGL é uma relação que proporciona um valor monetário absoluto, como já vimos no capítulo anterior.

Lanifício Santa Rita apresentou os seguintes resultados quanto ao CGL:

CGL 2004 = 321.984 - 266.424 = 55.560,00

CGL 2005 = 142.730 - 197.135 = - 54.405,00

22

Os quatro índices de liquidez são evocados na figura a seguir.

Índices de Liquidez 2004 2005

Índice de Liquidez Corrente (ILC)

Índice de Liquidez Seco (ILS)

Índice de Liquidez Imediata (ILI)

Capital de Giro Líquido (CGL)

1,21

0,57

0,14

55.560,00

0,72

0,32

0,04

-54.405,00

Figura 2.8 Os índices de liquidez.

Assim, os índices de liquidez retiram dos dados do Balanço Patrimonial os quocientes que podem

indicar as relações entre as dívidas da empresa e os meios disponíveis para pagá-las. Contudo,

convém lembrar o dilema entre liquidez e rentabilidade, que discutimos anteriormente. A AF deve

balancear a liquidez da empresa com a sua rentabilidade. Assim, além da atenção aos índices de

liquidez, a AF focaliza também os índices de rentabilidade.

b. índices de Rentabilidade: Os índices de rentabilidade constituem medidas que indicam a

relação entre o lucro da empresa e diversos itens tomados como referência. São também chamados

índices de lucratividade ou de retorno. Discutiremos, a seguir, quatro índices de rentabilidade:

1. Margem Operacional Liquida (MOL),

2. Margem Líquida (ML),

3. Retorno sobre o Capital Empatado (RCE),

4. Retorno sobre o Ativo Operacional (RAO).

Vejamos cada um desses quatro índices de rentabilidade.

1. Margem Operacional Liquida (MOL): Indica o sucesso da empresa quanto à obtenção de preços

de venda acima dos custos (de produção, de venda e de administração) incorridos para efetuar

a colocação dos produtos/serviços no mercado. No fundo, corresponde à diferença relativa

entre preços e custos médios dos produtos/serviços produzidos pela empresa.

LíquidalOperacionaceita

sFinanceirasFinanceiralOperaciona

ceitasDespesassultado

MOLRe

ReRe

23

16,0538.787

063.43711.169010.32004MOL

11,0819.752.1

697.225863.498627.742005MOL

2. Margem Líquida (ML): É um índice de rentabilidade que compara o lucro pertencente aos acionistas

com o volume de vendas obtido pela empresa em suas operações.

LíquidalOperacionaceita

ExercíciodoLíquidosultadoML

Re

Re

O Lanifício Santa Rita apresentou as seguintes ML:

14,0538.787

115.12004ML 05,0

819.752.1

722.832005ML

3. Retorno sobre o Capital Empatado (RCE): É um índice de rendimento que mede a

remuneração alcançada pelo investimento dos acionistas, que são os fornecedores do capital de risco.

O RCE é obtido pela comparação do resultado líquido do exercício (que é o lucro que realmente

pertence aos acionistas, qualquer que seja a decisão quanto à sua destinação) em relação ao

patrimônio líquido médio (que é o investimento médio mantido pelos acionistas no negócio).

MédioLíquidoPatrimônio

ExercíciodoLíquidosultadoRCE

Re

O Lanifício Santa Rita apresentou os seguintes resultados quanto ao RCE:

07,0270.174

115.12004RCE 11,0

443.767

722.832005RCE

4. Retorno sobre o Ativo Operacional (RAO): É um índice de rendimento que mede a rentabilidade

das operações básicas da empresa frente aos recursos (ativos) aplicados nessas operações.

MédioLíquidolOperacionaAtivo

sFinanceirasFinanceiralOperaciona

ceitasDespesassultado

RAO

ReRe

Para calcular o RAO nas empresas industriais ou comerciais deve-se excluir os ativos não-

operacionais, como, por exemplo, as chamadas aplicações financeiras (como aplicações em títulos

resgatáveis a curto prazo), os ativos imobilizados técnicos não utilizados nas operações normais da

empresa (como terrenos adquiridos, mas que não tenham nenhum plano de utilização) e os

imobilizados financeiros não essenciais às atividades da empresa (como investimentos em áreas de

incentivo fiscal).

24

Os quatro índices de rentabilidade são evocados na figura a seguir.

índices de Rentabilidade 2004 2005

Margem Operacional Líquida (MOL)

Margem Líquida (ML)

Retorno sobre o Capital Empatado (RCE)

Retorno sobre o Ativo Operacional (RAO)

-0,16

0,14

0,07

-

-0,11

-0,05

-0,11

-

Figura 2.9 Os índices de rentabilidade.

Porém, apenas os índices de liquidez e de rentabilidade não conseguem cobrir todas as facetas do

Balanço patrimonial Tornam-se necessários outros índices capazes de indicar as operações

executadas pela empresa e como foram utilizados os seus recursos na realização dessas operações.

São os chamados índices de atividade ou de eficiência operacional. Vamos a eles.

c. Índices de Atividade

São indicadores que medem a rapidez com que determinados ativos (e um item do passivo) giram

dentro de um exercício em relação ao volume de operações da empresa. São também chamados

índices de eficiência operacional ou de desempenho. Os principais índices de atividade (ou de

eficiência operacional) são os seguintes:

1. Giro do Ativo Operacional (GAO);

2. Giro do Capital Empatado (GCA);

3. Giro do Estoque de Produtos Acabados (GEPA);

4. Giro do Saldo de Contas a Receber (GSCR);

5. Giro do Saldo de Fornecedores (GSF).

A seguir discutiremos cada um desses cinco índices de atividade.

1. Giro do Ativo Operacional (GAO)

É um índice de eficiência operacional que indica o número de vezes que os ativos operacionais

líquidos são utilizados em um determinado exercício de tempo. Quanto maior for o giro, tanto menor

será o investimento em ativos para alcançar a receita operacional líquida e, portanto, mais eficiente

será a administração desses recursos.

MédioLíquidolOperacionaAtivo

LíquidalOperacionaceitaGAO

Re

Além de ser um índice de eficiência operacional, o conceito de GAO conduz a um índice de prazo

médio, que é o tempo médio de rotação do ativo operacional. O tempo médio de rotação indica o

tempo necessário para completar uma volta e é obtido pela equação 12/GAO. Se o GAO for, por

exemplo, de 3 vezes ao ano, o tempo médio será de 4 meses, ou seja, o resultado de 12/3.

25

2. Giro do Capital Empatado (GCE): Da mesma forma que o GAO, o GCE é um índice que indica a

rapidez (eficiência ou velocidade) com que são utilizados os recursos da empresa para alcançar um

certo volume de atividade. Todavia, o índice do giro do capital empatado se restringe apenas à

parcela do capital dos acionistas, isto é, apenas ao capital próprio ou acionário.

MédioLíquidoPatrimônio

LíquidalOperacionaceitaGCE

Re

O Lanifício Santa Rita apresentou os seguintes resultados quanto ao GCE:

52,4270.174

538.7872004GCE 28,2

443.767

819.752.12005GCE

3. Giro ou Rotação do Estoque de Produtos Acabados (GEP): Como os estoques são

contabilizados ao custo, este índice relaciona o volume médio investido em estoques com a

quantidade vendida no exercício.

AcabadosodutosdeMédioEstoque

VendidosodutosdosCustoGEP

Pr

Pr

Além de ser um índice de eficiência operacional, o conceito de GEP permite também estimar o tempo

médio da rotação do estoque de produtos acabados. O índice de tempo médio corresponde a 12 /

lGEP (em meses) ou a 365 / GEP. Se, por exemplo, o GEP for igual a 4,0 vezes em um ano, o

estoque médio será correspondente a 3,0 meses de vendas (l2/4) ou a 91,25 dias de vendas (365/4).

4. Giro ou Rotação do Saldo de Contas a Receber (GSCR): É um índice que mostra o número de

vezes em que o saldo médio de operações de venda a crédito está contido no volume total de vendas

a crédito dentro de um exercício.

ceberaContasdeMédioSaldo

azoaVendasGSCR

Re

Pr

O índice de tempo médio é obtido pela equação 365/GSCR, que representa o prazo médio de

cobrança: o número de dias necessários, em média, para que os clientes da empresa efetuem os

pagamentos devidos em operações a crédito.

5. Giro ou Rotação do Saldo de Fornecedores (Contas a Pagar) (GSF): Como o anterior, trata-se de

um índice que indica o giro do saldo dos valores devidos a fornecedores de materiais.

esFornecedordeMédioSaldo

azoaMateriaisdeComprasGSF

Pr

26

O índice de tempo médio constitui o prazo médio de pagamento a fornecedores e é obtido pela

equação 365/GSF.

Os cinco índices de atividade são evocados na figura a seguir. São todos eles índices que indicam o

giro ou rotação de determinados itens do Balanço Patrimonial.

índices de Atividade 2004 2005

Giro do Ativo Operacional (GAO)

Giro do Capital Empatado (GCE)

Giro do Estoque de Produtos Acabados (GEPA)

Giro do Saldo de Contas a Receber (GCR)

Giro do Saldo de Fornecedores (GSF)

-

4,52

-

-

-

-

2,28

-

-

-

Figura 2.10 Índices de atividade.

Além dos índices de liquidez, de rentabilidade e de atividade, pode-se ainda lançar mão dos índices de

endividamento, para se verificar a proporção de capital de terceiros aplicada nos negócios da empresa.

É o que veremos agora.

d. índices de Endividamento

O endividamento significa o volume de dinheiro de terceiros que está sendo utilizado pela empresa na

tentativa de gerar lucros. Quanto maior o grau de endividamento, maiores são os compromissos da

empresa com relação aos credores. Os índices de endividamento servem para indicar o grau de risco

da empresa e medem a participação de recursos financiados por terceiros. São obtidos a partir do

Balanço Patrimonial. Os principais índices de endividamento são:

1. índice de Participação de Terceiros (IPT),

2. índice de Cobertura de Juros (ICJ).

A seguir, abordaremos estes dois índices de endividamento.

1.Índice de Participação de Terceiros (IPT): É um índice de endividamento que verifica a proporção

dos ativos totais fornecidos pelos credores da empresa. Quanto maior este índice, maior será o

volume de dinheiro de terceiros que está sendo emprestado para gerar lucros. O IPT é calculado pela

equação:

100xTotalAtivo

TotalPassivoIPT

27

2.Ìndice de Cobertura de Juros (ICJ): Trata-se, na realidade, de uma medida da capacidade de honrar

as dívidas, ou seja, a maneira como uma empresa pode pagar prontamente os pagamentos

contratuais programados ao longo da duração da dívida. O cálculo do ICJ é feito pela seguinte

equação:

sFinanceiraDespesas

ndadepostodoeJurosdosAntesLucroICJ

ReIm

O Lanifício Santa Rita apresentou os seguintes resultados quanto ao ICJ:

03,0711.169

746.52004ICJ 17,0

863.498

722.832005ICJ

Os índices de endividamento seguem na Figura 4.12.

índices de Endividamento 2004 2005

índice de Participação de Terceiros (IPT)

índice de Cobertura de Juros (ICJ)

-

0,03

-

-0,17

Figura 4.12 Índices de endividamento.

Com toda essa parafernália de índices e de equações, a AF pode fazer uma análise das

demonstrações financeiras mais profunda e rigorosamente. Na realidade, são poucos os índices

utilizados normalmente. Na prática, os índices mais utilizados são os índices de liquidez corrente, os

índices de liquidez seca, os capitais de giro líquido e os retornos sobre o capital empatado. Nossa

preocupação foi simplesmente apresentar toda a enorme variedade de índices financeiros, sem,

todavia esgotá-la, para mostrar as várias alternativas de análise das demonstrações financeiras.

QUADRO RESUMIDO DE INDICADORES ECONÔMICOS-FINANCEIROS

GRUPO DE INDICADORES

INDICADORES FÓRMULA DE CALCULO INDICAÇÃO INTERPRETAÇÃO

Líquidez ou

Capacidade de

Pagamento

Liquidez Corrente

LC

Ativo Circulante

Passivo Circulante

Quanto à empresa possui no Ativo

Circulante para cada $ 1,00 de Passivo

Circulante.

Quanto maior, melhor.

Liquidez Seca

LS

Ativo Circulante – Estoque

Passivo Circulante

Quanto à empresa possui no Ativo

Circulante Líquido para cada $ 1,00 de

Passivo Circulante.

Quanto maior, melhor.

Liquidez Geral

LG

Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo

Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

Quanto à empresa possui de Ativo

Circulante e Realizável à Longo Prazo

para cada $ 1,00 de dívida total.

Quanto maior, melhor.

Endividamento

CT/PL

Capital de Terceiros

Patrimônio Líquido

Quanto à empresa tomou de Capitais de

Terceiros para cada $ 1,00 de capital

próprio investido.

Quanto menor, melhor.

Atividades

Prazo Médio de

Recebimento

Clientes (Duplicatas a Receber) x 360

Receita Operacional Bruta

Quanto tempo em média à empresa

demora a receber suas vendas diárias.

Quanto menor, melhor.

Prazo Médio de

Pagamento

Fornecedores (Duplicatas a Pagar) x 360

Compra Bruta de Materiais e Serviços

Quanto tempo em média à empresa

consegue pagar seus fornecedores.

Superior ao Recebimento

Giro do Estoque

CPV/E

Custo dos Produtos Vendidos

Estoque

A velocidade com que o estoque se

transforma em produção vendida.

Quanto maior, melhor

Giro do Ativo Receita Operacional Líquida

Ativo

Quanto à empresa vendeu para cada $

1,00 de investimento total.

Quanto maior, melhor

Rentabilidade

Margem Líquida

s/ Vendas

Lucro Líquido

X 100

Receita Operacional Líquida

Quanto à empresa obtêm de Lucro para

cada $ 100 vendidos.

Quanto maior, melhor

Rentabilidade do

Ativo

Lucro Líquido

X 100

Ativo

Quanto à empresa obtém de Lucro para

cada $ 100 de investimento total.

Quanto maior, melhor

Rentabilidade do

Patrimônio

Líquido

Lucro Líquido

X 100

Patrimônio Líquido

Quanto à empresa obteve de lucro para

cada $ 100 de Capital Próprio investido.

Quanto maior, melhor

29

MUITO IMPORTANTE...

a) Liquidez Imediata

Fórmula Indica Interpretação

LI = AT DisponíveL

Pass.Circulante

Quanto a empresa possui de

disponibilidades imediatas para

R$1,00 de dívida de curto prazo

Quanto maior

melhor

b) Liquidez Seca

Fórmula Indica Interpretação

LS =

AT Disp. + Dupls.a Receber + Outras

Ativos de Rápida Conversibilidade__

Passivo Circulante

Quanto a empresa possui de Ativo

de Liquidez para R$1,00 de dívida

de curto prazo

Quanto maior

melhor

c) Liquidez Corrente - Visão Contábil

Fórmula Indica Interpretação

LC =

Ativo Circulante

Passivo Circulante

Quanto a empresa possui de Ativo

Circulante para R$1,00 de dívida de

curto prazo

Quanto maior

melhor

d) Liquidez Corrente - Visão Gerencial

Fórmula Indica Interpretação

LC =

AtivoDisp.+ Clientes + Estoques Reais

Passivo Circulante

Quanto a empresa possui de Ativo

Circulante para R$1,00 de dívida de

curto prazo

Quanto maior

melhor

e) Liquidez Total

Fórmula Indica Interpretação

LT = AT Circulante + ARLP

Pass.Circulante + PELP

Quanto a empresa possui de Ativo

Curto/Médio e Longo Prazo a

Receber para R$1,00 de dívida de

curto e longo prazo

Quanto maior

melhor

f) Solvência Geral

Fórmula Indica Interpretação

SG = __ Atiivo Total______

Pass Circulante + PELP

Quanto a empresa possui de Ativo

Total para R$1,00 de dívida de curto

e longo prazo

Quanto maior

melhor

Nota < 1,0 Passivo Descoberto

= 1,0 Nulo

> 1,0 Riqueza Própria

g) Grau de endividamento

31

Fórmula Indica Interpretação

E = Passivo Exigível

Ativo Total

Quanto a empresa possui de

Passivo de Curto/Médio e Longo

Prazo a Pagar para R$1,00 de

Ativo Total

Quanto menor

melhor

h) Grau de Garantia de Capitais de Terceiros

Fórmula Indica Interpretação

GT = Patrimômio Líquido = >1,0

Passivo Exigível

Quanto a empresa possui de

Patrimônio Líquido para R$1,00 de

Passivo de Curto/Médio e Longo

Prazos

Quanto maior

melhor

OU

Fórmula Indica Interpretação

GT = Passivo Exigível__ = <1,0

Patrimônio Líquido

Quanto a empresa possui de

Passivo de Curto/Médio e Longo

Prazo a Pagar para R$1,00 de

Patrimônio Líquido

Quanto menor

melhor

i) Grau de Imobilizações de Capitais Próprios

Fórmula Indica Interpretação

GT = Patrimômio Líquido = > 1,0

Ativo Permanente

Quanto a empresa possui de

Patrimônio Líquido para R$1,00 de

Ativo Permanente

Quanto maior

melhor

OU

Fórmula Indica Interpretação

GT = Ativo Permanente = < 1,0

Patrimônio Líquido

Quanto a empresa possui de Ativo

Permanente para R$1,00 de

Patrimônio Líquido

Quanto menor

melhor

Índices econômicos:

Margem = Lucratividade %

Corresponde ao acréscimo adicional por cada valor investido que retorno à

empresa.

Rotação ou Giro: Corresponde ao número de vezes que cada valor é investido e retorna à

empresa.

32

Taxa de Retorno s/Investimento = TRI: Corresponde ao poder de ganho da empresa relativo

ao capital dos sócios investido.

a) TRI de Capital Totais – Taxa de Retorno sobre Investimentos

Nota

LLO = Lucro Líquido Operacional

ROL = Receita Operacional Líquida

M = Margem ou L = Lucro

AOL = Ativo Operacional Líquido

(Disponível + VRL + Estoques Reais + Imob. Líq)

Nota: TRI – Taxa de Retorno sobre Investimento também é conhecida como ROI (

Return on Investiment).

b) TRI de Capital Próprio ou ROI (Return on Investiment)

Fórmula Indica Interpretação

TRI s/Cap.Próprio =

Lucro Líq. Operacional

Patrimônio Líquido

Qual a taxa de retorno do Lucro

Líquido Operacional sobre o

Patrimônio Líquido

Quanto maior

melhor

c) TRI de Capital de Terceiros

Fórmula Indica Interpretação

TRI S/Cap. De Terceiros=

Lucro Líq. Operacional

Passivo Exigível

Qual a taxa de retorno do Lucro

Líquido Operacional sobre os

Capitais de Terceiros

Quanto maior

melhor

d) ROE - Retorno Sobre o Patrimônio Líquido

Fórmula Indica Interpretação

ROE = Lucro Líquido

Patrimônio Líquido

Qual a taxa de retorno do Lucro

Líquido Operacional sobre o

Patrimônio Líquido, ou seja, sobre o

capital dos sócios ou acionistas

Quanto maior

melhor

TRI = M x R

M = L = LLO ROL

R = G = ROL AOL

TRI = LLO x ROL ROL AOL

TRI = LLO

AOL

33

Índices globais ou de atividades:

São indicadores que mostram a ciclometria econômica-financeira da empresa, permitindo a

correção de rumo e agilizando a liquidez .

a) Índice de Rotação de Estoques – IRE

OU

EI = Estoque Inicial COM = Compras

EF = Esto-que Final EM = Estoque Médio

b) Prazo Médio de Rotação de Estoques em dias – PMRE

IRE = Índice de Rotação de

Estoques

IRE PMRE

0,5 720

1 360

2 180

3 120

4 90

5 72

6 60

7 36

< quanto maior o índice maior a Liquidez

> quanto menor o índice menor a Liquidez c) Prazo Médio de Recebimentos em dias - PMR

IRE = EI + COM - EF

EM

IRE = CMV EM

PMRE = Nº Dias do Período

IRE

PMR = Nº Dias do Período

IRVR

IRVR = SI + Vendas a Prazo - SF

SM

34

IRVR = Índice de Rotação dos Valores a Receber

SI = Saldo Inicial dos Valores a Receber

SF = Saldo Final dos Valores a Receber

SM = Saldo Médio dos Valores a Receber

PMR= Prazo Médio em dias dos Valores a Receber

d) Prazo Médio de Pagamentos – PMP

IRVP = Índice de Rotação dos Valores a Pagar

SI = Saldo Inicial dos Valores a Pagar

SF = Saldo Final dos Valores a Pagar

SM = Saldo Médio dos Valores a Pagar

PMP = Prazo Médio em dias dos Valores a Pagar

e) Ciclos da empresa

Ciclo de Produção ou Operacional se caracteriza pelas Compras , Estoque de Matérias

Prima, Produtos em Processamento, Produtos Prontos e Vendas

Índices calculados com base nos dados do BP e DRE

PMP = Nº Dias do Período

IRVP

IRVP = SI + Compras a Prazo - SF

SM

PMVR = 360 x Dupls. A Receber Vendas a Prazo - Devoluções

PMRE = 360 x Estoques

C M V

PMVP = 360 x Fornecedores Compras a Prazo - Devoluções

CO = PMRE + PMR

35

1.1 Índices financeiros não operacionais:

a) Liquidez Imediata

Fórmula Indica Interpretação

LI = AT DisponíveL Pass.Circulante

Quanto a empresa possui de disponibilidades imediatas para R$1,00 de dívida de curto prazo

Quanto maior melhor

b) Liquidez Seca

Fórmula Indica Interpretação LS = AT Disp. + Dupls.a Receber + Outras Ativos de Rápida Conversibilidade__ Passivo Circulante

Quanto a empresa possui de Ativo de Liquidez para R$1,00 de dívida

de curto prazo

Quanto maior melhor

c) Liquidez Corrente - Visão Contábil

Fórmula Indica Interpretação LC =

Ativo Circulante Passivo Circulante

Quanto a empresa possui de Ativo Circulante para R$1,00 de dívida de

curto prazo

Quanto maior melhor

d) Liquidez Corrente - Visão Gerencial

Fórmula Indica Interpretação LC = AtivoDisp.+ Clientes + Estoques Reais

Passivo Circulante

Quanto a empresa possui de Ativo Circulante para R$1,00 de dívida de

curto prazo

Quanto maior melhor

e) Liquidez Total

Fórmula Indica Interpretação

LT = AT Circulante + ARLP Pass.Circulante + PELP

Quanto a empresa possui de Ativo Curto/Médio e Longo Prazo a

Receber para R$1,00 de dívida de curto e longo prazo

Quanto maior melhor

f) Solvência Geral

Fórmula Indica Interpretação

SG = __ Atiivo Total______ Pass Circulante + PELP

Quanto a empresa possui de Ativo Total para R$1,00 de dívida de

curto e longo prazo

Quanto maior melhor

Nota < 1,0 Passivo Descoberto = 1,0 Nulo

> 1,0 Riqueza Própria

36

3. PREVISÃO E CONTROLE DE GASTOS: FLUXO DE CAIXA

O fluxo de caixa é o movimento de entradas e saídas de recursos financeiros do caixa, isto é, das

origens e das aplicações de caixa. As origens de caixa são os fatores que aumentam o caixa da

empresa, enquanto as aplicações de caixa são os itens que o reduzem, conforme mostra a figura a

seguir:

Origens Básicas do Caixa

(entradas)

Aplicações mais Comuns do Caixa

(saídas)

Diminuição num ativo

Aumento num passivo

Lucro líquido após Imposto de Renda

Depreciação

Despesas sem saída de caixa

Venda de ações

Aumento num ativo

Diminuição num passivo

Prejuízo líquido

Pagamento de dividendo sem moeda

Reaquisição de ações

Resgate de ações

Figura 3.1 Origens e aplicações de caixa.

O planejamento financeiro a curto prazo, isto é, o planejamento que cobre o exercício de 12 meses, é

geralmente denominado planejamento de caixa ou orçamento de caixa. O orçamento de caixa permite

planejar as necessidades de caixa a curto prazo, pois proporciona uma visão dos recebimentos e dos

pagamentos previstos que ocorrerão durante um certo período de tempo. Quando o orçamento de

caixa indica algum excesso de caixa (mais recebimentos do que pagamentos), podem-se planejar

aplicações a curto prazo. Quando, ao contrário, o orçamento de caixa indica um déficit (mais

pagamentos do que recebimentos), deve-se planejar um financiamento a curto prazo. No fundo, o

orçamento de caixa retrata o fluxo de caixa, ou seja, as entradas e saídas do caixa. Vimos que o ciclo

de caixa é o período de tempo que vai desde o ponto em que a empresa faz um desembolso para

adquirir matérias-primas até o ponto em que recebe o dinheiro da venda do produto acabado

produzido com aquelas matérias-primas. O orçamento de caixa deveria cobrir o ciclo de caixa, porém,

geralmente ele cobre o exercício de um ano, e pode ainda ser montado para qualquer período e ainda

subdividido em intervalos menores, que variam de dias a semanas. A estrutura básica de um

orçamento de caixa é a seguinte:

Itens janeiro Fevereiro Março

Recebimentos

menos Pagamentos

Igual

mais

igual

menos

Fluxo Líquido de

Caixa Saldo inicial de Caixa

Saldo final de Caixa

Saldo mínimo de Caixa

Igual

Ou

Financiamento necessário

Saldo de Caixa Excedente

Figura 3.2 Composição do orçamento de caixa.

O item recebimentos inclui todas as entradas de caixa no período, como vendas à vista, cobrança de

vendas a crédito e outros recebimentos. A informação fundamental para qualquer orçamento de caixa

é a previsão de vendas que a área comercial fornece regularmente ao órgão de AF.

37

Tendo por base a previsão de vendas, podem-se estimar as entradas e receitas da empresa e os

gastos relacionados com a produção, estoques e distribuição, isto é, o fluxo de entradas e saídas de

dinheiro. Também se poderá determinar o nível de imobilizado necessário e o financiamento a ser

captado para assegurar o nível previsto de produção e vendas. A primeira tarefa na elaboração do

orçamento de caixa é projetar os recebimentos. A previsão de vendas é um item inicial meramente

informativo e serve como subsídio para dimensionar as receitas operacionais da empresa em

decorrência das vendas esperadas dos produtos/serviços. As vendas à vista devem ser colocadas

mês a mês no orçamento de caixa. Suponhamos que tradicionalmente as vendas são realizadas nas

seguintes proporções: 20% das vendas são à vista, 50% com faturamento há 30 dias e 30% com

faturamento a 60 dias, deve-se projetar com essas expectativas. Se a previsão de vendas em termos

monetários for:

Setembro = 100.000

Outubro = 200.000

Novembro = 300.000

Então, os recebimentos para o orçamento de caixa serão:

Itens Set. Out. Nov. Dez.

Recebimentos

Vendas à vista (20%)

Cobranças após 30 dias

(50%)

Cobranças após 60 dias

(30%)

Outros recebimentos

20.000

-

-

-

40.000

50.000

-

-

60.000

100.000

30.000

-

-

150.000

60.000

-

Total de recebimentos 20.000 90.000 190.000 210.000

Figura 3.6 A programação dos recebimentos do orçamento de caixa.

A segunda tarefa na elaboração do orçamento de caixa é projetar os pagamentos. Estes incluem

todos os desembolsos de caixa no decorrer do período considerado. Os pagamentos mais comuns

são:

- compras à vista;

- pagamento de duplicatas;

- pagamento de dividendos a acionistas;

- aluguéis;

- salários do pessoal;

- recolhimento de impostos;

- aquisição de equipamentos;

- pagamento de juros;

- etc.

Todos os pagamentos deverão ser incluídos no período considerado. Para facilitar a apresentação do

assunto, ignoraremos os demais itens de pagamentos e nos concentraremos nas compras.

Suponhamos que as compras representam tradicionalmente 50% das vendas da empresa, sendo 10%

delas pagas à vista, 50% com faturamento de 30 dias e os 40% restantes com faturamento de 60 dias.

Deixando de lado, provisoriamente, os demais itens de pagamentos, podem-se programar os

pagamentos de compras no orçamento de caixa, da seguinte maneira:

38

Itens Set. Out. Nov. Dez.

Pagamentos

Compras à vista (10%)

Duplicatas com 30 dias

(50%)

Duplicatas com 60 dias

(40%)

Outros pagamentos

5.000

-

-

-

10.000

25.000

-

-

15.000

50.000

20.000

-

-

75.000

40.000

-

Total de pagamentos 5.000 35.000 85.000 115.000

Figura 3.3 A programação dos pagamentos para o orçamento de caixa.

A terceira tarefa na elaboração do orçamento de caixa é calcular o fluxo liquido de caixa, subtraindo-se

os pagamentos dos recebimentos em cada mês. A seguir, soma-se o saldo inicial de caixa de cada

mês ao fluxo líquido de caixa para se chegar ao saldo final de caixa para cada mês. E finalmente,

subtrai-se do saldo final de caixa o saldo mínimo de caixa, para se saber se há excesso (saldo

positivo) ou insuficiência de caixa (saldo negativo). Se o saldo final de caixa for menor do que o saldo

mínimo de caixa, há necessidade de um financiamento. Se o saldo final de caixa for superior ao saldo

mínimo de caixa, existe um saldo de caixa excedente que deve ser aplicado. O objetivo fundamental

do orçamento de caixa é operar de modo a requerer um mínimo de dinheiro em caixa. Cada um dos

itens do orçamento de caixa pode ser desdobrado e detalhado de acordo com as necessidades de

cada empresa. A administração do caixa requer alguns princípios básicos, a saber:

- Retardar ao máximo o pagamento de duplicatas a pagar, sem prejudicar o conceito de crédito da

empresa.

- Aproveitar ao máximo quaisquer descontos financeiros nos pagamentos.

- Girar os estoques com a maior rapidez possível, mas evitando as faltas de estoques que podem

interromper a linha de produção ou provocar perdas de vendas.

- Obter as duplicatas a receber no menor tempo possível, sem perder vendas por cobrar rigidamente.

Esse objetivo pode ser alcançado por meio de descontos financeiros adequados para incentivar o

pagamento antecipado.

A figura a seguir permite uma visualização do fluxo de caixa, com suas entradas e saídas.

Estoques

Ativo Fixo

Contas a

Receber

Caixa

Pagamentos:

Credores

Acionistas

Dívidas

Contas a pagar

Tributos

Juros

Acionistas

Figura 3.5 Fluxo de caixa.

39

O fluxo de caixa constitui o termômetro do dia-a-dia da empresa, ou seja, como a empresa está se

comportando quanto aos recebimentos e aos pagamentos de suas operações.

40

LEI COMPLEMENTAR Nº 101, DE 4 DE MAIO DE 2000.

Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1o Esta Lei Complementar estabelece normas de finanças públicas voltadas para a

responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição.

§ 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se

previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de garantia e inscrição em Restos a Pagar.

§ 2o As disposições desta Lei Complementar obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal e

os Municípios.

§ 3o Nas referências:

I - à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, estão compreendidos:

a) o Poder Executivo, o Poder Legislativo, neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Poder Judiciário e o Ministério Público;

b) as respectivas administrações diretas, fundos, autarquias, fundações e empresas estatais dependentes;

II - a Estados entende-se considerado o Distrito Federal;

III - a Tribunais de Contas estão incluídos: Tribunal de Contas da União, Tribunal de Contas do Estado e, quando houver, Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município.

Art. 2o Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como:

I - ente da Federação: a União, cada Estado, o Distrito Federal e cada Município;

II - empresa controlada: sociedade cuja maioria do capital social com direito a voto pertença, direta ou indiretamente, a ente da Federação;

III - empresa estatal dependente: empresa controlada que receba do ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária;

IV - receita corrente líquida: somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes, deduzidos:

a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional ou legal, e as contribuições mencionadas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195, e no art. 239 da Constituição;

b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional;

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c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação financeira citada no § 9

o do art. 201 da Constituição.

§ 1o Serão computados no cálculo da receita corrente líquida os valores pagos e recebidos em

decorrência da Lei Complementar no 87, de 13 de setembro de 1996, e do fundo previsto pelo art. 60

do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

§ 2o Não serão considerados na receita corrente líquida do Distrito Federal e dos Estados do

Amapá e de Roraima os recursos recebidos da União para atendimento das despesas de que trata o inciso V do § 1

o do art. 19.

§ 3o A receita corrente líquida será apurada somando-se as receitas arrecadadas no mês em

referência e nos onze anteriores, excluídas as duplicidades.

CAPÍTULO II

DO PLANEJAMENTO

Seção I

Do Plano Plurianual

Art. 3o (VETADO)

Seção II

Da Lei de Diretrizes Orçamentárias

Art. 4o A lei de diretrizes orçamentárias atenderá o disposto no § 2

o do art. 165 da Constituição e:

I - disporá também sobre:

a) equilíbrio entre receitas e despesas;

b) critérios e forma de limitação de empenho, a ser efetivada nas hipóteses previstas na alínea b do inciso II deste artigo, no art. 9

o e no inciso II do § 1

o do art. 31;

c) (VETADO)

d) (VETADO)

e) normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos;

f) demais condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas;

II - (VETADO)

III - (VETADO)

§ 1o Integrará o projeto de lei de diretrizes orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em que serão

estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes.

§ 2o O Anexo conterá, ainda:

I - avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;

II - demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo que justifiquem os resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a consistência delas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional;

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III - evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos;

IV - avaliação da situação financeira e atuarial:

a) dos regimes geral de previdência social e próprio dos servidores públicos e do Fundo de Amparo ao Trabalhador;

b) dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial;

V - demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado.

§ 3o A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os

passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se concretizem.

§ 4o A mensagem que encaminhar o projeto da União apresentará, em anexo específico, os

objetivos das políticas monetária, creditícia e cambial, bem como os parâmetros e as projeções para seus principais agregados e variáveis, e ainda as metas de inflação, para o exercício subseqüente.

Seção III

Da Lei Orçamentária Anual

Art. 5o O projeto de lei orçamentária anual, elaborado de forma compatível com o plano

plurianual, com a lei de diretrizes orçamentárias e com as normas desta Lei Complementar:

I - conterá, em anexo, demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do documento de que trata o § 1

o do art. 4

o;

II - será acompanhado do documento a que se refere o § 6o do art. 165 da Constituição, bem

como das medidas de compensação a renúncias de receita e ao aumento de despesas obrigatórias de caráter continuado;

III - conterá reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, destinada ao:

a) (VETADO)

b) atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos.

§ 1o Todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, e as receitas que as

atenderão, constarão da lei orçamentária anual.

§ 2o O refinanciamento da dívida pública constará separadamente na lei orçamentária e nas de

crédito adicional.

§ 3o A atualização monetária do principal da dívida mobiliária refinanciada não poderá superar a

variação do índice de preços previsto na lei de diretrizes orçamentárias, ou em legislação específica.

§ 4o É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou com dotação

ilimitada.

§ 5o A lei orçamentária não consignará dotação para investimento com duração superior a um

exercício financeiro que não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclusão, conforme disposto no § 1

o do art. 167 da Constituição.

§ 6o Integrarão as despesas da União, e serão incluídas na lei orçamentária, as do Banco Central

do Brasil relativas a pessoal e encargos sociais, custeio administrativo, inclusive os destinados a benefícios e assistência aos servidores, e a investimentos.

§ 7o (VETADO)

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Art. 6o (VETADO)

Art. 7o O resultado do Banco Central do Brasil, apurado após a constituição ou reversão de

reservas, constitui receita do Tesouro Nacional, e será transferido até o décimo dia útil subseqüente à aprovação dos balanços semestrais.

§ 1o O resultado negativo constituirá obrigação do Tesouro para com o Banco Central do Brasil e

será consignado em dotação específica no orçamento.

§ 2o O impacto e o custo fiscal das operações realizadas pelo Banco Central do Brasil serão

demonstrados trimestralmente, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias da União.

§ 3o Os balanços trimestrais do Banco Central do Brasil conterão notas explicativas sobre os

custos da remuneração das disponibilidades do Tesouro Nacional e da manutenção das reservas cambiais e a rentabilidade de sua carteira de títulos, destacando os de emissão da União.

Seção IV

Da Execução Orçamentária e do Cumprimento das Metas

Art. 8o Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de

diretrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo

estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.

Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso.

Art. 9o Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o

cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subseqüentes, limitação de empenho e movimentação financeira, segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.

§ 1o No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das

dotações cujos empenhos foram limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.

§ 2o Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e

legais do ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de diretrizes orçamentárias.

§ 3o No caso de os Poderes Legislativo e Judiciário e o Ministério Público não promoverem a

limitação no prazo estabelecido no caput, é o Poder Executivo autorizado a limitar os valores financeiros segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias. (Vide ADIN 2.238-5)

§ 4o Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e

avaliará o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão referida no § 1

o do art. 166 da Constituição ou equivalente nas Casas Legislativas estaduais e

municipais.

§ 5o No prazo de noventa dias após o encerramento de cada semestre, o Banco Central do Brasil

apresentará, em reunião conjunta das comissões temáticas pertinentes do Congresso Nacional, avaliação do cumprimento dos objetivos e metas das políticas monetária, creditícia e cambial, evidenciando o impacto e o custo fiscal de suas operações e os resultados demonstrados nos balanços.

Art. 10. A execução orçamentária e financeira identificará os beneficiários de pagamento de sentenças judiciais, por meio de sistema de contabilidade e administração financeira, para fins de observância da ordem cronológica determinada no art. 100 da Constituição.

CAPÍTULO III

44

DA RECEITA PÚBLICA

Seção I

Da Previsão e da Arrecadação

Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação.

Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no que se refere aos impostos.

Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos

das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da metodologia de cálculo e premissas utilizadas.

§ 1o Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se comprovado erro

ou omissão de ordem técnica ou legal.

§ 2o O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao

das despesas de capital constantes do projeto de lei orçamentária. (Vide ADIN 2.238-5)

§ 3o O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes e do Ministério

Público, no mínimo trinta dias antes do prazo final para encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas das receitas para o exercício subseqüente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias de cálculo.

Art. 13. No prazo previsto no art. 8o, as receitas previstas serão desdobradas, pelo Poder

Executivo, em metas bimestrais de arrecadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das medidas de combate à evasão e à sonegação, da quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos tributários passíveis de cobrança administrativa.

Seção II

Da Renúncia de Receita

Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual

decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:

I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;

II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.

§ 1o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de

isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.

§ 2o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput deste

artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso.

§ 3o O disposto neste artigo não se aplica:

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I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1

o;

II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança.

CAPÍTULO IV

DA DESPESA PÚBLICA

Seção I

Da Geração da Despesa

Art. 15. Serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17.

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento

da despesa será acompanhado de:

I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes;

II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.

§ 1o Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:

I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício;

II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.

§ 2o A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das premissas e

metodologia de cálculo utilizadas.

§ 3o Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos termos em que

dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.

§ 4o As normas do caput constituem condição prévia para:

I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras;

II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3o do art. 182 da Constituição.

Subseção I

Da Despesa Obrigatória de Caráter Continuado

Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei,

medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios.

§ 1o Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser instruídos

com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.

§ 2o Para efeito do atendimento do § 1

o, o ato será acompanhado de comprovação de que a

despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido

46

no § 1o do art. 4

o, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo

aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa.

§ 3o Para efeito do § 2

o, considera-se aumento permanente de receita o proveniente da elevação

de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.

§ 4o A comprovação referida no § 2

o, apresentada pelo proponente, conterá as premissas e

metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias.

§ 5o A despesa de que trata este artigo não será executada antes da implementação das

medidas referidas no § 2o, as quais integrarão o instrumento que a criar ou aumentar.

§ 6o O disposto no § 1

o não se aplica às despesas destinadas ao serviço da dívida nem ao

reajustamento de remuneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição.

§ 7o Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo determinado.

Seção II

Das Despesas com Pessoal

Subseção I

Definições e Limites

Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.

§ 1o Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem à substituição de

servidores e empregados públicos serão contabilizados como "Outras Despesas de Pessoal".

§ 2o A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em referência

com as dos onze imediatamente anteriores, adotando-se o regime de competência.

Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados:

I - União: 50% (cinqüenta por cento);

II - Estados: 60% (sessenta por cento);

III - Municípios: 60% (sessenta por cento).

§ 1o Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não serão computadas as

despesas:

I - de indenização por demissão de servidores ou empregados;

II - relativas a incentivos à demissão voluntária;

III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição;

IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da apuração a que se refere o § 2

o do art. 18;

47

V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União na forma dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emenda Constitucional n

o 19;

VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas por recursos provenientes:

a) da arrecadação de contribuições dos segurados;

b) da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201 da Constituição;

c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro.

§ 2o Observado o disposto no inciso IV do § 1

o, as despesas com pessoal decorrentes de

sentenças judiciais serão incluídas no limite do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.

Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os seguintes percentuais:

I - na esfera federal:

a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;

b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;

c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as despesas com pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda Constitucional n

o 19, repartidos de forma proporcional à média

das despesas relativas a cada um destes dispositivos, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei Complementar;

d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da União;

II - na esfera estadual:

a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado;

b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;

c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;

d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;

III - na esfera municipal:

a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver;

b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Executivo.

§ 1o Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os limites serão repartidos entre seus

órgãos de forma proporcional à média das despesas com pessoal, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei Complementar.

§ 2o Para efeito deste artigo entende-se como órgão:

I - o Ministério Público;

II- no Poder Legislativo:

a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas da União;

48

b) Estadual, a Assembléia Legislativa e os Tribunais de Contas;

c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal de Contas do Distrito Federal;

d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Contas do Município, quando houver;

III - no Poder Judiciário:

a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constituição;

b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver.

§ 3o Os limites para as despesas com pessoal do Poder Judiciário, a cargo da União por força do

inciso XIII do art. 21 da Constituição, serão estabelecidos mediante aplicação da regra do § 1o.

§ 4o Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Municípios, os percentuais definidos

nas alíneas a e c do inciso II do caput serão, respectivamente, acrescidos e reduzidos em 0,4% (quatro décimos por cento).

§ 5o Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a entrega dos recursos financeiros

correspondentes à despesa total com pessoal por Poder e órgão será a resultante da aplicação dos percentuais definidos neste artigo, ou aqueles fixados na lei de diretrizes orçamentárias.

§ 6o (VETADO)

Subseção II

Do Controle da Despesa Total com Pessoal

Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda:

I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o disposto no inciso XIII do art. 37 e no § 1

o do art. 169 da Constituição;

II - o limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo.

Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.

Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada quadrimestre.

Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20 que houver incorrido no excesso:

I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição;

II - criação de cargo, emprego ou função;

III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;

IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança;

V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da

Constituição e as situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias.

Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no

49

primeiro, adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ 3o e 4

o do art. 169 da

Constituição.

§ 1o No caso do inciso I do § 3

o do art. 169 da Constituição, o objetivo poderá ser alcançado tanto

pela extinção de cargos e funções quanto pela redução dos valores a eles atribuídos. (Vide ADIN 2.238-5)

§ 2o É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à

nova carga horária.(Vide ADIN 2.238-5)

§ 3o Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o excesso, o ente não

poderá:

I - receber transferências voluntárias;

II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;

III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal.

§ 4o As restrições do § 3

o aplicam-se imediatamente se a despesa total com pessoal exceder o

limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos no art. 20.

Seção III

Das Despesas com a Seguridade Social

Art. 24. Nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade social poderá ser criado, majorado ou

estendido sem a indicação da fonte de custeio total, nos termos do § 5o do art. 195 da Constituição,

atendidas ainda as exigências do art. 17.

§ 1o É dispensada da compensação referida no art. 17 o aumento de despesa decorrente de:

I - concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilitação prevista na legislação pertinente;

II - expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados;

III - reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu valor real.

§ 2o O disposto neste artigo aplica-se a benefício ou serviço de saúde, previdência e assistência

social, inclusive os destinados aos servidores públicos e militares, ativos e inativos, e aos pensionistas.

CAPÍTULO V

DAS TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS

Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por transferência voluntária a entrega

de recursos correntes ou de capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.

§ 1o São exigências para a realização de transferência voluntária, além das estabelecidas na lei

de diretrizes orçamentárias:

I - existência de dotação específica;

II - (VETADO)

III - observância do disposto no inciso X do art. 167 da Constituição;

IV - comprovação, por parte do beneficiário, de:

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a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos e financiamentos devidos ao ente transferidor, bem como quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele recebidos;

b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação e à saúde;

c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, de operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, de inscrição em Restos a Pagar e de despesa total com pessoal;

d) previsão orçamentária de contrapartida.

§ 2o É vedada a utilização de recursos transferidos em finalidade diversa da pactuada.

§ 3o Para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências voluntárias constantes

desta Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência social.

CAPÍTULO VI

DA DESTINAÇÃO DE RECURSOS PÚBLICOS PARA O SETOR PRIVADO

Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas

físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais.

§ 1o O disposto no caput aplica-se a toda a administração indireta, inclusive fundações públicas e

empresas estatais, exceto, no exercício de suas atribuições precípuas, as instituições financeiras e o Banco Central do Brasil.

§ 2o Compreende-se incluída a concessão de empréstimos, financiamentos e refinanciamentos,

inclusive as respectivas prorrogações e a composição de dívidas, a concessão de subvenções e a participação em constituição ou aumento de capital.

Art. 27. Na concessão de crédito por ente da Federação a pessoa física, ou jurídica que não

esteja sob seu controle direto ou indireto, os encargos financeiros, comissões e despesas congêneres não serão inferiores aos definidos em lei ou ao custo de captação.

Parágrafo único. Dependem de autorização em lei específica as prorrogações e composições de dívidas decorrentes de operações de crédito, bem como a concessão de empréstimos ou financiamentos em desacordo com o caput, sendo o subsídio correspondente consignado na lei orçamentária.

Art. 28. Salvo mediante lei específica, não poderão ser utilizados recursos públicos, inclusive de

operações de crédito, para socorrer instituições do Sistema Financeiro Nacional, ainda que mediante a concessão de empréstimos de recuperação ou financiamentos para mudança de controle acionário.

§ 1o A prevenção de insolvência e outros riscos ficará a cargo de fundos, e outros mecanismos,

constituídos pelas instituições do Sistema Financeiro Nacional, na forma da lei.

§ 2o O disposto no caput não proíbe o Banco Central do Brasil de conceder às instituições

financeiras operações de redesconto e de empréstimos de prazo inferior a trezentos e sessenta dias.

CAPÍTULO VII

DA DÍVIDA E DO ENDIVIDAMENTO

Seção I

Definições Básicas

Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as seguintes definições:

51

I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito, para amortização em prazo superior a doze meses;

II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados e Municípios;

III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros;

IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de obrigação financeira ou contratual assumida por ente da Federação ou entidade a ele vinculada;

V - refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para pagamento do principal acrescido da atualização monetária.

§ 1o Equipara-se a operação de crédito a assunção, o reconhecimento ou a confissão de dívidas

pelo ente da Federação, sem prejuízo do cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16.

§ 2o Será incluída na dívida pública consolidada da União a relativa à emissão de títulos de

responsabilidade do Banco Central do Brasil.

§ 3o Também integram a dívida pública consolidada as operações de crédito de prazo inferior a

doze meses cujas receitas tenham constado do orçamento.

§ 4o O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não excederá, ao término de cada

exercício financeiro, o montante do final do exercício anterior, somado ao das operações de crédito autorizadas no orçamento para este efeito e efetivamente realizadas, acrescido de atualização monetária.

Seção II

Dos Limites da Dívida Pública e das Operações de Crédito

Art. 30. No prazo de noventa dias após a publicação desta Lei Complementar, o Presidente da República submeterá ao:

I - Senado Federal: proposta de limites globais para o montante da dívida consolidada da União, Estados e Municípios, cumprindo o que estabelece o inciso VI do art. 52 da Constituição, bem como de limites e condições relativos aos incisos VII, VIII e IX do mesmo artigo;

II - Congresso Nacional: projeto de lei que estabeleça limites para o montante da dívida mobiliária federal a que se refere o inciso XIV do art. 48 da Constituição, acompanhado da demonstração de sua adequação aos limites fixados para a dívida consolidada da União, atendido o disposto no inciso I do § 1

o deste artigo.

§ 1o As propostas referidas nos incisos I e II do caput e suas alterações conterão:

I - demonstração de que os limites e condições guardam coerência com as normas estabelecidas nesta Lei Complementar e com os objetivos da política fiscal;

II - estimativas do impacto da aplicação dos limites a cada uma das três esferas de governo;

III - razões de eventual proposição de limites diferenciados por esfera de governo;

IV - metodologia de apuração dos resultados primário e nominal.

§ 2o As propostas mencionadas nos incisos I e II do caput também poderão ser apresentadas em

termos de dívida líquida, evidenciando a forma e a metodologia de sua apuração.

52

§ 3o

Os limites de que tratam os incisos I e II do caput serão fixados em percentual da receita corrente líquida para cada esfera de governo e aplicados igualmente a todos os entes da Federação que a integrem, constituindo, para cada um deles, limites máximos.

§ 4o Para fins de verificação do atendimento do limite, a apuração do montante da dívida

consolidada será efetuada ao final de cada quadrimestre.

§ 5o No prazo previsto no art. 5

o, o Presidente da República enviará ao Senado Federal ou ao

Congresso Nacional, conforme o caso, proposta de manutenção ou alteração dos limites e condições previstos nos incisos I e II do caput.

§ 6o Sempre que alterados os fundamentos das propostas de que trata este artigo, em razão de

instabilidade econômica ou alterações nas políticas monetária ou cambial, o Presidente da República poderá encaminhar ao Senado Federal ou ao Congresso Nacional solicitação de revisão dos limites.

§ 7o Os precatórios judiciais não pagos durante a execução do orçamento em que houverem sido

incluídos integram a dívida consolidada, para fins de aplicação dos limites.

Seção III

Da Recondução da Dívida aos Limites

Art. 31. Se a dívida consolidada de um ente da Federação ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término dos três subseqüentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no primeiro.

§ 1o Enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver incorrido:

I - estará proibido de realizar operação de crédito interna ou externa, inclusive por antecipação de receita, ressalvado o refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária;

II - obterá resultado primário necessário à recondução da dívida ao limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de empenho, na forma do art. 9

o.

§ 2o Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e enquanto perdurar o excesso, o ente

ficará também impedido de receber transferências voluntárias da União ou do Estado.

§ 3o As restrições do § 1

o aplicam-se imediatamente se o montante da dívida exceder o limite no

primeiro quadrimestre do último ano do mandato do Chefe do Poder Executivo.

§ 4o O Ministério da Fazenda divulgará, mensalmente, a relação dos entes que tenham

ultrapassado os limites das dívidas consolidada e mobiliária.

§ 5o As normas deste artigo serão observadas nos casos de descumprimento dos limites da

dívida mobiliária e das operações de crédito internas e externas.

Seção IV

Das Operações de Crédito

Subseção I

Da Contratação

Art. 32. O Ministério da Fazenda verificará o cumprimento dos limites e condições relativos à realização de operações de crédito de cada ente da Federação, inclusive das empresas por eles controladas, direta ou indiretamente.

§ 1o O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando-o em parecer de seus órgãos

técnicos e jurídicos, demonstrando a relação custo-benefício, o interesse econômico e social da operação e o atendimento das seguintes condições:

I - existência de prévia e expressa autorização para a contratação, no texto da lei orçamentária, em créditos adicionais ou lei específica;

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II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos recursos provenientes da operação, exceto no caso de operações por antecipação de receita;

III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado Federal;

IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar de operação de crédito externo;

V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição;

VI - observância das demais restrições estabelecidas nesta Lei Complementar.

§ 2o As operações relativas à dívida mobiliária federal autorizadas, no texto da lei orçamentária

ou de créditos adicionais, serão objeto de processo simplificado que atenda às suas especificidades.

§ 3o Para fins do disposto no inciso V do § 1

o, considerar-se-á, em cada exercício financeiro, o

total dos recursos de operações de crédito nele ingressados e o das despesas de capital executadas, observado o seguinte:

I - não serão computadas nas despesas de capital as realizadas sob a forma de empréstimo ou financiamento a contribuinte, com o intuito de promover incentivo fiscal, tendo por base tributo de competência do ente da Federação, se resultar a diminuição, direta ou indireta, do ônus deste;

II - se o empréstimo ou financiamento a que se refere o inciso I for concedido por instituição financeira controlada pelo ente da Federação, o valor da operação será deduzido das despesas de capital;

III - (VETADO)

§ 4o Sem prejuízo das atribuições próprias do Senado Federal e do Banco Central do Brasil, o

Ministério da Fazenda efetuará o registro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas interna e externa, garantido o acesso público às informações, que incluirão:

I - encargos e condições de contratação;

II - saldos atualizados e limites relativos às dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias.

§ 5o Os contratos de operação de crédito externo não conterão cláusula que importe na

compensação automática de débitos e créditos.

Art. 33. A instituição financeira que contratar operação de crédito com ente da Federação, exceto quando relativa à dívida mobiliária ou à externa, deverá exigir comprovação de que a operação atende às condições e limites estabelecidos.

§ 1o A operação realizada com infração do disposto nesta Lei Complementar será considerada

nula, procedendo-se ao seu cancelamento, mediante a devolução do principal, vedados o pagamento de juros e demais encargos financeiros.

§ 2o Se a devolução não for efetuada no exercício de ingresso dos recursos, será consignada

reserva específica na lei orçamentária para o exercício seguinte.

§ 3o Enquanto não efetuado o cancelamento, a amortização, ou constituída a reserva, aplicam-

se as sanções previstas nos incisos do § 3o do art. 23.

§ 4o Também se constituirá reserva, no montante equivalente ao excesso, se não atendido o

disposto no inciso III do art. 167 da Constituição, consideradas as disposições do § 3o do art. 32.

Subseção II

Das Vedações

Art. 34. O Banco Central do Brasil não emitirá títulos da dívida pública a partir de dois anos após a publicação desta Lei Complementar.

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Art. 35. É vedada a realização de operação de crédito entre um ente da Federação, diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro, inclusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente.

§ 1o Excetuam-se da vedação a que se refere o caput as operações entre instituição financeira

estatal e outro ente da Federação, inclusive suas entidades da administração indireta, que não se destinem a:

I - financiar, direta ou indiretamente, despesas correntes;

II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição concedente.

§ 2o O disposto no caput não impede Estados e Municípios de comprar títulos da dívida da União

como aplicação de suas disponibilidades.

Art. 36. É proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo.

Parágrafo único. O disposto no caput não proíbe instituição financeira controlada de adquirir, no mercado, títulos da dívida pública para atender investimento de seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da União para aplicação de recursos próprios.

Art. 37. Equiparam-se a operações de crédito e estão vedados:

I - captação de recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido, sem prejuízo do disposto no § 7

o do art. 150 da Constituição;

II - recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do capital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma da legislação;

III - assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, não se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes;

IV - assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e serviços.

Subseção III

Das Operações de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária

Art. 38. A operação de crédito por antecipação de receita destina-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício financeiro e cumprirá as exigências mencionadas no art. 32 e mais as seguintes:

I - realizar-se-á somente a partir do décimo dia do início do exercício;

II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, até o dia dez de dezembro de cada ano;

III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos que não a taxa de juros da operação, obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa básica financeira, ou à que vier a esta substituir;

IV - estará proibida:

a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza não integralmente resgatada;

b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou Prefeito Municipal.

§ 1o As operações de que trata este artigo não serão computadas para efeito do que dispõe o

inciso III do art. 167 da Constituição, desde que liquidadas no prazo definido no inciso II do caput.

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§ 2o As operações de crédito por antecipação de receita realizadas por Estados ou Municípios

serão efetuadas mediante abertura de crédito junto à instituição financeira vencedora em processo competitivo eletrônico promovido pelo Banco Central do Brasil.

§ 3o O Banco Central do Brasil manterá sistema de acompanhamento e controle do saldo do

crédito aberto e, no caso de inobservância dos limites, aplicará as sanções cabíveis à instituição credora.

Subseção IV

Das Operações com o Banco Central do Brasil

Art. 39. Nas suas relações com ente da Federação, o Banco Central do Brasil está sujeito às vedações constantes do art. 35 e mais às seguintes:

I - compra de título da dívida, na data de sua colocação no mercado, ressalvado o disposto no § 2

o deste artigo;

II - permuta, ainda que temporária, por intermédio de instituição financeira ou não, de título da dívida de ente da Federação por título da dívida pública federal, bem como a operação de compra e venda, a termo, daquele título, cujo efeito final seja semelhante à permuta;

III - concessão de garantia.

§ 1o O disposto no inciso II, in fine, não se aplica ao estoque de Letras do Banco Central do

Brasil, Série Especial, existente na carteira das instituições financeiras, que pode ser refinanciado mediante novas operações de venda a termo.

§ 2o O Banco Central do Brasil só poderá comprar diretamente títulos emitidos pela União para

refinanciar a dívida mobiliária federal que estiver vencendo na sua carteira.

§ 3o A operação mencionada no § 2

o deverá ser realizada à taxa média e condições alcançadas

no dia, em leilão público.

§ 4o É vedado ao Tesouro Nacional adquirir títulos da dívida pública federal existentes na carteira

do Banco Central do Brasil, ainda que com cláusula de reversão, salvo para reduzir a dívida mobiliária.

Seção V

Da Garantia e da Contragarantia

Art. 40. Os entes poderão conceder garantia em operações de crédito internas ou externas, observados o disposto neste artigo, as normas do art. 32 e, no caso da União, também os limites e as condições estabelecidos pelo Senado Federal.

§ 1o A garantia estará condicionada ao oferecimento de contragarantia, em valor igual ou

superior ao da garantia a ser concedida, e à adimplência da entidade que a pleitear relativamente a suas obrigações junto ao garantidor e às entidades por este controladas, observado o seguinte:

I - não será exigida contragarantia de órgãos e entidades do próprio ente;

II - a contragarantia exigida pela União a Estado ou Município, ou pelos Estados aos Municípios, poderá consistir na vinculação de receitas tributárias diretamente arrecadadas e provenientes de transferências constitucionais, com outorga de poderes ao garantidor para retê-las e empregar o respectivo valor na liquidação da dívida vencida.

§ 2o No caso de operação de crédito junto a organismo financeiro internacional, ou a instituição

federal de crédito e fomento para o repasse de recursos externos, a União só prestará garantia a ente que atenda, além do disposto no § 1

o, as exigências legais para o recebimento de transferências

voluntárias.

§ 3o (VETADO)

§ 4o (VETADO)

56

§ 5o É nula a garantia concedida acima dos limites fixados pelo Senado Federal.

§ 6o É vedado às entidades da administração indireta, inclusive suas empresas controladas e

subsidiárias, conceder garantia, ainda que com recursos de fundos.

§ 7o O disposto no § 6

o não se aplica à concessão de garantia por:

I - empresa controlada a subsidiária ou controlada sua, nem à prestação de contragarantia nas mesmas condições;

II - instituição financeira a empresa nacional, nos termos da lei.

§ 8o Excetua-se do disposto neste artigo a garantia prestada:

I - por instituições financeiras estatais, que se submeterão às normas aplicáveis às instituições financeiras privadas, de acordo com a legislação pertinente;

II - pela União, na forma de lei federal, a empresas de natureza financeira por ela controladas, direta e indiretamente, quanto às operações de seguro de crédito à exportação.

§ 9o Quando honrarem dívida de outro ente, em razão de garantia prestada, a União e os

Estados poderão condicionar as transferências constitucionais ao ressarcimento daquele pagamento.

§ 10. O ente da Federação cuja dívida tiver sido honrada pela União ou por Estado, em decorrência de garantia prestada em operação de crédito, terá suspenso o acesso a novos créditos ou financiamentos até a total liquidação da mencionada dívida.

Seção VI

Dos Restos a Pagar

Art. 41. (VETADO)

Art. 42. É vedado ao titular de Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres

do seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito.

Parágrafo único. Na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício.

CAPÍTULO VIII

DA GESTÃO PATRIMONIAL

Seção I

Das Disponibilidades de Caixa

Art. 43. As disponibilidades de caixa dos entes da Federação serão depositadas conforme estabelece o § 3

o do art. 164 da Constituição.

§ 1o As disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social, geral e próprio dos

servidores públicos, ainda que vinculadas a fundos específicos a que se referem os arts. 249 e 250 da Constituição, ficarão depositadas em conta separada das demais disponibilidades de cada ente e aplicadas nas condições de mercado, com observância dos limites e condições de proteção e prudência financeira.

§ 2o É vedada a aplicação das disponibilidades de que trata o § 1

o em:

I - títulos da dívida pública estadual e municipal, bem como em ações e outros papéis relativos às empresas controladas pelo respectivo ente da Federação;

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II - empréstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao Poder Público, inclusive a suas empresas controladas.

Seção II

Da Preservação do Patrimônio Público

Art. 44. É vedada a aplicação da receita de capital derivada da alienação de bens e direitos que integram o patrimônio público para o financiamento de despesa corrente, salvo se destinada por lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos.

Art. 45. Observado o disposto no § 5o do art. 5

o, a lei orçamentária e as de créditos adicionais só

incluirão novos projetos após adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as despesas de conservação do patrimônio público, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.

Parágrafo único. O Poder Executivo de cada ente encaminhará ao Legislativo, até a data do envio do projeto de lei de diretrizes orçamentárias, relatório com as informações necessárias ao cumprimento do disposto neste artigo, ao qual será dada ampla divulgação.

Art. 46. É nulo de pleno direito ato de desapropriação de imóvel urbano expedido sem o atendimento do disposto no § 3

o do art. 182 da Constituição, ou prévio depósito judicial do valor da

indenização.

Seção III

Das Empresas Controladas pelo Setor Público

Art. 47. A empresa controlada que firmar contrato de gestão em que se estabeleçam objetivos e

metas de desempenho, na forma da lei, disporá de autonomia gerencial, orçamentária e financeira, sem prejuízo do disposto no inciso II do § 5

o do art. 165 da Constituição.

Parágrafo único. A empresa controlada incluirá em seus balanços trimestrais nota explicativa em que informará:

I - fornecimento de bens e serviços ao controlador, com respectivos preços e condições, comparando-os com os praticados no mercado;

II - recursos recebidos do controlador, a qualquer título, especificando valor, fonte e destinação;

III - venda de bens, prestação de serviços ou concessão de empréstimos e financiamentos com preços, taxas, prazos ou condições diferentes dos vigentes no mercado.

CAPÍTULO IX

DA TRANSPARÊNCIA, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO

Seção I

Da Transparência da Gestão Fiscal

Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas desses documentos.

Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e de discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos.

Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade.

58

Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá demonstrativos do Tesouro Nacional e das agências financeiras oficiais de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, especificando os empréstimos e financiamentos concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da seguridade social e, no caso das agências financeiras, avaliação circunstanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.

Seção II

Da Escrituração e Consolidação das Contas

Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes:

I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada;

II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter complementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;

III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e conjuntamente, as transações e operações de cada órgão, fundo ou entidade da administração direta, autárquica e fundacional, inclusive empresa estatal dependente;

IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apresentadas em demonstrativos financeiros e orçamentários específicos;

V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e as demais formas de financiamento ou assunção de compromissos junto a terceiros, deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o montante e a variação da dívida pública no período, detalhando, pelo menos, a natureza e o tipo de credor;

VI - a demonstração das variações patrimoniais dará destaque à origem e ao destino dos recursos provenientes da alienação de ativos.

§ 1o No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão as operações intragovernamentais.

§ 2o A edição de normas gerais para consolidação das contas públicas caberá ao órgão central

de contabilidade da União, enquanto não implantado o conselho de que trata o art. 67.

§ 3o A Administração Pública manterá sistema de custos que permita a avaliação e o

acompanhamento da gestão orçamentária, financeira e patrimonial.

Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta de junho, a consolidação, nacional e por esfera de governo, das contas dos entes da Federação relativas ao exercício anterior, e a sua divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso público.

§ 1o Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao Poder Executivo da União nos

seguintes prazos:

I - Municípios, com cópia para o Poder Executivo do respectivo Estado, até trinta de abril;

II - Estados, até trinta e um de maio.

§ 2o O descumprimento dos prazos previstos neste artigo impedirá, até que a situação seja

regularizada, que o ente da Federação receba transferências voluntárias e contrate operações de crédito, exceto as destinadas ao refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária.

Seção III

Do Relatório Resumido da Execução Orçamentária

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Art. 52. O relatório a que se refere o § 3o do art. 165 da Constituição abrangerá todos os Poderes

e o Ministério Público, será publicado até trinta dias após o encerramento de cada bimestre e composto de:

I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica, as:

a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como a previsão atualizada;

b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação para o exercício, a despesa liquidada e o saldo;

II - demonstrativos da execução das:

a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita realizada no bimestre, a realizada no exercício e a previsão a realizar;

b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da despesa, discriminando dotação inicial, dotação para o exercício, despesas empenhada e liquidada, no bimestre e no exercício;

c) despesas, por função e subfunção.

§ 1o Os valores referentes ao refinanciamento da dívida mobiliária constarão destacadamente

nas receitas de operações de crédito e nas despesas com amortização da dívida.

§ 2o O descumprimento do prazo previsto neste artigo sujeita o ente às sanções previstas no §

2o do art. 51.

Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido demonstrativos relativos a:

I - apuração da receita corrente líquida, na forma definida no inciso IV do art. 2o, sua evolução,

assim como a previsão de seu desempenho até o final do exercício;

II - receitas e despesas previdenciárias a que se refere o inciso IV do art. 50;

III - resultados nominal e primário;

IV - despesas com juros, na forma do inciso II do art. 4o;

V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido no art. 20, os valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante a pagar.

§ 1o O relatório referente ao último bimestre do exercício será acompanhado também de

demonstrativos:

I - do atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição, conforme o § 3o do art.

32;

II - das projeções atuariais dos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos;

III - da variação patrimonial, evidenciando a alienação de ativos e a aplicação dos recursos dela decorrentes.

§ 2o Quando for o caso, serão apresentadas justificativas:

I - da limitação de empenho;

II - da frustração de receitas, especificando as medidas de combate à sonegação e à evasão fiscal, adotadas e a adotar, e as ações de fiscalização e cobrança.

Seção IV

Do Relatório de Gestão Fiscal

60

Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titulares dos Poderes e órgãos

referidos no art. 20 Relatório de Gestão Fiscal, assinado pelo:

I - Chefe do Poder Executivo;

II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Legislativo;

III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de Administração ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Judiciário;

IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.

Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas autoridades responsáveis pela administração financeira e pelo controle interno, bem como por outras definidas por ato próprio de cada Poder ou órgão referido no art. 20.

Art. 55. O relatório conterá:

I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Complementar, dos seguintes montantes:

a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e pensionistas;

b) dívidas consolidada e mobiliária;

c) concessão de garantias;

d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita;

e) despesas de que trata o inciso II do art. 4o;

II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassado qualquer dos limites;

III - demonstrativos, no último quadrimestre:

a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um de dezembro;

b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas:

1) liquidadas;

2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por atenderem a uma das condições do inciso II do art. 41;

3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo da disponibilidade de caixa;

4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos empenhos foram cancelados;

c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do inciso IV do art. 38.

§ 1o O relatório dos titulares dos órgãos mencionados nos incisos II, III e IV do art. 54 conterá

apenas as informações relativas à alínea a do inciso I, e os documentos referidos nos incisos II e III.

§ 2o O relatório será publicado até trinta dias após o encerramento do período a que

corresponder, com amplo acesso ao público, inclusive por meio eletrônico.

§ 3o O descumprimento do prazo a que se refere o § 2

o sujeita o ente à sanção prevista no § 2

o

do art. 51.

§ 4o Os relatórios referidos nos arts. 52 e 54 deverão ser elaborados de forma padronizada,

segundo modelos que poderão ser atualizados pelo conselho de que trata o art. 67.

Seção V

61

Das Prestações de Contas

Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das suas próprias,

as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio, separadamente, do respectivo Tribunal de Contas.

§ 1o As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no âmbito:

I - da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, consolidando as dos respectivos tribunais;

II - dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de Justiça, consolidando as dos demais tribunais.

§ 2o O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas será proferido no prazo previsto no art.

57 pela comissão mista permanente referida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente das

Casas Legislativas estaduais e municipais.

§ 3o Será dada ampla divulgação dos resultados da apreciação das contas, julgadas ou tomadas.

Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclusivo sobre as contas no prazo de sessenta dias do recebimento, se outro não estiver estabelecido nas constituições estaduais ou nas leis orgânicas municipais.

§ 1o No caso de Municípios que não sejam capitais e que tenham menos de duzentos mil

habitantes o prazo será de cento e oitenta dias.

§ 2o Os Tribunais de Contas não entrarão em recesso enquanto existirem contas de Poder, ou

órgão referido no art. 20, pendentes de parecer prévio.

Art. 58. A prestação de contas evidenciará o desempenho da arrecadação em relação à previsão, destacando as providências adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sonegação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias administrativa e judicial, bem como as demais medidas para incremento das receitas tributárias e de contribuições.

Seção VI

Da Fiscalização da Gestão Fiscal

Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas desta Lei Complementar, com ênfase no que se refere a:

I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias;

II - limites e condições para realização de operações de crédito e inscrição em Restos a Pagar;

III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23;

IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para recondução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos respectivos limites;

V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, tendo em vista as restrições constitucionais e as desta Lei Complementar;

VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais, quando houver.

§ 1o Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos referidos no art. 20 quando

constatarem:

I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no inciso II do art. 4o e no art. 9

o;

62

II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% (noventa por cento) do limite;

III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da concessão de garantia se encontram acima de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites;

IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do limite definido em lei;

V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos programas ou indícios de irregularidades na gestão orçamentária.

§ 2o Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da despesa total

com pessoal de cada Poder e órgão referido no art. 20.

§ 3o O Tribunal de Contas da União acompanhará o cumprimento do disposto nos §§ 2

o, 3

o e 4

o

do art. 39.

CAPÍTULO X

DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 60. Lei estadual ou municipal poderá fixar limites inferiores àqueles previstos nesta Lei Complementar para as dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito e concessão de garantias.

Art. 61. Os títulos da dívida pública, desde que devidamente escriturados em sistema centralizado de liquidação e custódia, poderão ser oferecidos em caução para garantia de empréstimos, ou em outras transações previstas em lei, pelo seu valor econômico, conforme definido pelo Ministério da Fazenda.

Art. 62. Os Municípios só contribuirão para o custeio de despesas de competência de outros entes da Federação se houver:

I - autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei orçamentária anual;

II - convênio, acordo, ajuste ou congênere, conforme sua legislação.

Art. 63. É facultado aos Municípios com população inferior a cinqüenta mil habitantes optar por:

I - aplicar o disposto no art. 22 e no § 4o do art. 30 ao final do semestre;

II - divulgar semestralmente:

a) (VETADO)

b) o Relatório de Gestão Fiscal;

c) os demonstrativos de que trata o art. 53;

III - elaborar o Anexo de Política Fiscal do plano plurianual, o Anexo de Metas Fiscais e o Anexo de Riscos Fiscais da lei de diretrizes orçamentárias e o anexo de que trata o inciso I do art. 5

o a partir

do quinto exercício seguinte ao da publicação desta Lei Complementar.

§ 1o A divulgação dos relatórios e demonstrativos deverá ser realizada em até trinta dias após o

encerramento do semestre.

§ 2o Se ultrapassados os limites relativos à despesa total com pessoal ou à dívida consolidada,

enquanto perdurar esta situação, o Município ficará sujeito aos mesmos prazos de verificação e de retorno ao limite definidos para os demais entes.

Art. 64. A União prestará assistência técnica e cooperação financeira aos Municípios para a modernização das respectivas administrações tributária, financeira, patrimonial e previdenciária, com vistas ao cumprimento das normas desta Lei Complementar.

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§ 1o A assistência técnica consistirá no treinamento e desenvolvimento de recursos humanos e

na transferência de tecnologia, bem como no apoio à divulgação dos instrumentos de que trata o art. 48 em meio eletrônico de amplo acesso público.

§ 2o A cooperação financeira compreenderá a doação de bens e valores, o financiamento por

intermédio das instituições financeiras federais e o repasse de recursos oriundos de operações externas.

Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assembléias Legislativas, na hipótese dos Estados e Municípios, enquanto perdurar a situação:

I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabelecidas nos arts. 23 , 31 e 70;

II - serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a limitação de empenho prevista no art. 9

o.

Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput no caso de estado de defesa ou de sítio, decretado na forma da Constituição.

Art. 66. Os prazos estabelecidos nos arts. 23, 31 e 70 serão duplicados no caso de crescimento real baixo ou negativo do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, regional ou estadual por período igual ou superior a quatro trimestres.

§ 1o Entende-se por baixo crescimento a taxa de variação real acumulada do Produto Interno

Bruto inferior a 1% (um por cento), no período correspondente aos quatro últimos trimestres.

§ 2o A taxa de variação será aquela apurada pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística ou outro órgão que vier a substituí-la, adotada a mesma metodologia para apuração dos PIB nacional, estadual e regional.

§ 3o Na hipótese do caput, continuarão a ser adotadas as medidas previstas no art. 22.

§ 4o Na hipótese de se verificarem mudanças drásticas na condução das políticas monetária e

cambial, reconhecidas pelo Senado Federal, o prazo referido no caput do art. 31 poderá ser ampliado em até quatro quadrimestres.

Art. 67. O acompanhamento e a avaliação, de forma permanente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal serão realizados por conselho de gestão fiscal, constituído por representantes de todos os Poderes e esferas de Governo, do Ministério Público e de entidades técnicas representativas da sociedade, visando a:

I - harmonização e coordenação entre os entes da Federação;

II - disseminação de práticas que resultem em maior eficiência na alocação e execução do gasto público, na arrecadação de receitas, no controle do endividamento e na transparência da gestão fiscal;

III - adoção de normas de consolidação das contas públicas, padronização das prestações de contas e dos relatórios e demonstrativos de gestão fiscal de que trata esta Lei Complementar, normas e padrões mais simples para os pequenos Municípios, bem como outros, necessários ao controle social;

IV - divulgação de análises, estudos e diagnósticos.

§ 1o O conselho a que se refere o caput instituirá formas de premiação e reconhecimento público

aos titulares de Poder que alcançarem resultados meritórios em suas políticas de desenvolvimento social, conjugados com a prática de uma gestão fiscal pautada pelas normas desta Lei Complementar.

§ 2o Lei disporá sobre a composição e a forma de funcionamento do conselho.

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Art. 68. Na forma do art. 250 da Constituição, é criado o Fundo do Regime Geral de Previdência Social, vinculado ao Ministério da Previdência e Assistência Social, com a finalidade de prover recursos para o pagamento dos benefícios do regime geral da previdência social.

§ 1o O Fundo será constituído de:

I - bens móveis e imóveis, valores e rendas do Instituto Nacional do Seguro Social não utilizados na operacionalização deste;

II - bens e direitos que, a qualquer título, lhe sejam adjudicados ou que lhe vierem a ser vinculados por força de lei;

III - receita das contribuições sociais para a seguridade social, previstas na alínea a do inciso I e no inciso II do art. 195 da Constituição;

IV - produto da liquidação de bens e ativos de pessoa física ou jurídica em débito com a Previdência Social;

V - resultado da aplicação financeira de seus ativos;

VI - recursos provenientes do orçamento da União.

§ 2o O Fundo será gerido pelo Instituto Nacional do Seguro Social, na forma da lei.

Art. 69. O ente da Federação que mantiver ou vier a instituir regime próprio de previdência social para seus servidores conferir-lhe-á caráter contributivo e o organizará com base em normas de contabilidade e atuária que preservem seu equilíbrio financeiro e atuarial.

Art. 70. O Poder ou órgão referido no art. 20 cuja despesa total com pessoal no exercício anterior ao da publicação desta Lei Complementar estiver acima dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 deverá enquadrar-se no respectivo limite em até dois exercícios, eliminando o excesso, gradualmente, à razão de, pelo menos, 50% a.a. (cinqüenta por cento ao ano), mediante a adoção, entre outras, das medidas previstas nos arts. 22 e 23.

Parágrafo único. A inobservância do disposto no caput, no prazo fixado, sujeita o ente às sanções previstas no § 3

o do art. 23.

Art. 71. Ressalvada a hipótese do inciso X do art. 37 da Constituição, até o término do terceiro

exercício financeiro seguinte à entrada em vigor desta Lei Complementar, a despesa total com pessoal dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 não ultrapassará, em percentual da receita corrente líquida, a despesa verificada no exercício imediatamente anterior, acrescida de até 10% (dez por cento), se esta for inferior ao limite definido na forma do art. 20.

Art. 72. A despesa com serviços de terceiros dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 não

poderá exceder, em percentual da receita corrente líquida, a do exercício anterior à entrada em vigor desta Lei Complementar, até o término do terceiro exercício seguinte.

Art. 73. As infrações dos dispositivos desta Lei Complementar serão punidas segundo o Decreto-Lei n

o 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); a Lei n

o 1.079, de 10 de abril de 1950; o

Decreto-Lei no 201, de 27 de fevereiro de 1967; a Lei n

o 8.429, de 2 de junho de 1992; e demais

normas da legislação pertinente.

Art. 74. Esta Lei Complementar entra em vigor na data da sua publicação.

Art. 75. Revoga-se a Lei Complementar no 96, de 31 de maio de 1999.

Brasília, 4 de maio de 2000; 179o da Independência e 112

o da República.

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Pedro Malan Martus Tavares

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LEI No 4.320, DE 17 DE MARÇO DE 1964.

Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e contrôle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei;

DISPOSIÇÃO PRELIMINAR

Art. 1º Esta lei estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e contrôle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, de acôrdo com o disposto no art. 5º, inciso XV, letra b, da Constituição Federal.

TÍTULO I

Da Lei de Orçamento

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 2° A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e despesa de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do Govêrno, obedecidos os princípios de unidade universalidade e anualidade.

§ 1° Integrarão a Lei de Orçamento:

I - Sumário geral da receita por fontes e da despesa por funções do Govêrno;

II - Quadro demonstrativo da Receita e Despesa segundo as Categorias Econômicas, na forma do Anexo nº. 1;

III - Quadro discriminativo da receita por fontes e respectiva legislação;

IV - Quadro das dotações por órgãos do Govêrno e da Administração.

§ 2º Acompanharão a Lei de Orçamento:

I - Quadros demonstrativos da receita e planos de aplicação dos fundos especiais;

II - Quadros demonstrativos da despesa, na forma dos Anexos ns. 6 a 9;

III - Quadro demonstrativo do programa anual de trabalho do Govêrno, em têrmos de realização de obras e de prestação de serviços.

Art. 3º A Lei de Orçamentos compreenderá tôdas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei.

Parágrafo único. Não se consideram para os fins deste artigo as operações de credito por antecipação da receita, as emissões de papel-moeda e outras entradas compensatórias, no ativo e passivo financeiros . (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

Art. 4º A Lei de Orçamento compreenderá tôdas as despesas próprias dos órgãos do Govêrno e da administração centralizada, ou que, por intermédio dêles se devam realizar, observado o disposto no artigo 2°.

Art. 5º A Lei de Orçamento não consignará dotações globais destinadas a atender indiferentemente a despesas de pessoal, material, serviços de terceiros, transferências ou quaisquer outras, ressalvado o disposto no artigo 20 e seu parágrafo único.

Art. 6º Tôdas as receitas e despesas constarão da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas quaisquer deduções.

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§ 1º As cotas de receitas que uma entidade pública deva transferir a outra incluir-se-ão, como despesa, no orçamento da entidade obrigada a transferência e, como receita, no orçamento da que as deva receber.

§ 2º Para cumprimento do disposto no parágrafo anterior, o calculo das cotas terá por base os dados apurados no balanço do exercício anterior aquele em que se elaborar a proposta orçamentária do governo obrigado a transferência. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

Art. 7° A Lei de Orçamento poderá conter autorização ao Executivo para:

I - Abrir créditos suplementares até determinada importância obedecidas as disposições do artigo 43; (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

II - Realizar em qualquer mês do exercício financeiro, operações de crédito por antecipação da receita, para atender a insuficiências de caixa.

§ 1º Em casos de déficit, a Lei de Orçamento indicará as fontes de recursos que o Poder Executivo fica autorizado a utilizar para atender a sua cobertura.

§ 2° O produto estimado de operações de crédito e de alienação de bens imóveis sòmente se incluirá na receita quando umas e outras forem especìficamente autorizadas pelo Poder Legislativo em forma que jurìdicamente possibilite ao Poder Executivo realizá-las no exercício.

§ 3º A autorização legislativa a que se refere o parágrafo anterior, no tocante a operações de crédito, poderá constar da própria Lei de Orçamento.

Art. 8º A discriminação da receita geral e da despesa de cada órgão do Govêrno ou unidade administrativa, a que se refere o artigo 2º, § 1º, incisos III e IV obedecerá à forma do Anexo n. 2.

§ 1° Os itens da discriminação da receita e da despesa, mencionados nos artigos 11, § 4°, e 13, serão identificados por números de códigos decimal, na forma dos Anexos ns. 3 e 4.

§ 2º Completarão os números do código decimal referido no parágrafo anterior os algarismos caracterizadores da classificação funcional da despesa, conforme estabelece o Anexo n. 5.

§ 3° O código geral estabelecido nesta lei não prejudicará a adoção de códigos locais.

CAPÍTULO II

Da Receita

Art. 9º Tributo e a receita derivada instituída pelas entidades de direito publico, compreendendo os impostos, as taxas e contribuições nos termos da constituição e das leis vigentes em matéria financeira, destinado-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou especificas exercidas por essas entidades (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

Art. 10. (Vetado).

Art. 11. A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital. § 1° São Receitas Correntes as receitas tributária, patrimonial, industrial e diversas e, ainda as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. § 2º São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. § 3º O superávit do Orçamento Corrente resultante do balanceamento dos totais das receitas e despesas correntes, apurado na demonstração a que se refere o Anexo n. 1, não constituirá item da receita orçamentária. § 4º A classificação da receita por fontes obedecerá ao seguinte esquema: RECEITAS CORRENTES Receita Tributária Impostos.

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Taxas. Contribuições de Melhoria. Receita Patrimonial Receitas Imobiliárias. Receitas de Valores Mobiliários. Participações e Dividendos. Outras Receitas Patrimoniais. Receita Industrial Receita de Serviços Industriais. Outras Receitas Industriais. Transferências Correntes Receitas Diversas Multas. Contribuições Cobrança da Divida Ativa. Outras Receitas Diversas. RECEITAS DE CAPITAL Operações de Crédito. Alienação de Bens Móveis e Imóveis. Amortização de Empréstimos Concedidos. Transferências de Capital. Outras Receitas de Capital.

Art. 11 - A receita classificar-se-á nas seguintes categorias econômicas: Receitas Correntes e

Receitas de Capital. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982)

§ 1º - São Receitas Correntes as receitas tributária, de contribuições, patrimonial, agropecuária, industrial, de serviços e outras e, ainda, as provenientes de recursos financeiros recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinadas a atender despesas classificáveis em Despesas Correntes. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982)

§ 2º - São Receitas de Capital as provenientes da realização de recursos financeiros oriundos de constituição de dívidas; da conversão, em espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, destinados a atender despesas classificáveis em Despesas de Capital e, ainda, o superávit do Orçamento Corrente. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982)

§ 3º - O superávit do Orçamento Corrente resultante do balanceamento dos totais das receitas e despesas correntes, apurado na demonstração a que se refere o Anexo nº 1, não constituirá item de receita orçamentária. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982)

§ 4º - A classificação da receita obedecerá ao seguinte esquema: (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.939, de 20.5.1982)

RECEITAS CORRENTES

RECEITA TRIBUTÁRIA

Impostos

Taxas

Contribuições de Melhoria

RECEITA DE CONTRIBUIÇOES

RECEITA PATRIMONIAL

RECEITA AGROPECUÁRIA

RECEITA INDUSTRIAL

RECEITA DE SERVIÇOS

TRANSFERÊNCIAS CORRENTES

OUTRAS RECEITAS CORRENTES

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RECEITAS DE CAPITAL

OPERAÇÕES DE CRÉDITO

ALIENAÇÃO DE BENS

AMORTIZAÇÃO DE EMPRÉSTIMOS

TRANSFERÊNCIAS DE CAPITAL

OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL

CAPÍTULO III

Da Despesa

Art. 12. A despesa será classificada nas seguintes categorias econômicas:

DESPESAS CORRENTES

Despesas de Custeio Transferências Correntes

DESPESAS DE CAPITAL

Investimentos Inversões Financeiras Transferências de Capital

§ 1º Classificam-se como Despesas de Custeio as dotações para manutenção de serviços anteriormente criados, inclusive as destinadas a atender a obras de conservação e adaptação de bens imóveis.

§ 2º Classificam-se como Transferências Correntes as dotações para despesas as quais não corresponda contraprestação direta em bens ou serviços, inclusive para contribuições e subvenções destinadas a atender à manifestação de outras entidades de direito público ou privado.

§ 3º Consideram-se subvenções, para os efeitos desta lei, as transferências destinadas a cobrir despesas de custeio das entidades beneficiadas, distinguindo-se como:

I - subvenções sociais, as que se destinem a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa;

II - subvenções econômicas, as que se destinem a emprêsas públicas ou privadas de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril.

§ 4º Classificam-se como investimentos as dotações para o planejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas últimas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamentos e material permanente e constituição ou aumento do capital de emprêsas que não sejam de caráter comercial ou financeiro.

§ 5º Classificam-se como Inversões Financeiras as dotações destinadas a:

I - aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização;

II - aquisição de títulos representativos do capital de emprêsas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital;

III - constituição ou aumento do capital de entidades ou emprêsas que visem a objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguros.

§ 6º São Transferências de Capital as dotações para investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de direito público ou privado devam realizar, independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, segundo

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derivem diretamente da Lei de Orçamento ou de lei especialmente anterior, bem como as dotações para amortização da dívida pública.

Art. 13. Observadas as categorias econômicas do art. 12, a discriminação ou especificação da despesa por elementos, em cada unidade administrativa ou órgão de govêrno, obedecerá ao seguinte esquema:

DESPESAS CORRENTES

Despesas de Custeio

Pessoa Civil Pessoal Militar Material de Consumo Serviços de Terceiros Encargos Diversos

Transferências Correntes

Subvenções Sociais Subvenções Econômicas Inativos Pensionistas Salário Família e Abono Familiar Juros da Dívida Pública Contribuições de Previdência Social Diversas Transferências Correntes.

DESPESAS DE CAPITAL

Investimentos

Obras Públicas Serviços em Regime de Programação Especial Equipamentos e Instalações Material Permanente Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Emprêsas ou Entidades Industriais ou Agrícolas

Inversões Financeiras

Aquisição de Imóveis Participação em Constituição ou Aumento de Capital de Emprêsas ou Entidades Comerciais ou Financeiras Aquisição de Títulos Representativos de Capital de Emprêsa em Funcionamento Constituição de Fundos Rotativos Concessão de Empréstimos Diversas Inversões Financeiras

Transferências de Capital

Amortização da Dívida Pública Auxílios para Obras Públicas Auxílios para Equipamentos e Instalações Auxílios para Inversões Financeiras Outras Contribuições.

Art. 14. Constitui unidade orçamentária o agrupamento de serviços subordinados ao mesmo órgão ou repartição a que serão consignadas dotações próprias. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

Parágrafo único. Em casos excepcionais, serão consignadas dotações a unidades administrativas subordinadas ao mesmo órgão.

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Art. 15. Na Lei de Orçamento a discriminação da despesa far-se-á no mínimo por elementos. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

§ 1º Entende-se por elexentos o desdobramento da despesa com pessoal, material, serviços, obras e outros meios de que se serve a administração publica para consecução dos seus fins. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

§ 2º Para efeito de classificação da despesa, considera-se material permanente o de duração superior a dois anos.

SEÇÃO I

Das Despesas Correntes

SUBSEÇÃO ÚNICA

Das Transferências Correntes

I) Das Subvenções Sociais

Art. 16. Fundamentalmente e nos limites das possibilidades financeiras a concessão de subvenções sociais visará a prestação de serviços essenciais de assistência social, médica e educacional, sempre que a suplementação de recursos de origem privada aplicados a êsses objetivos, revelar-se mais econômica.

Parágrafo único. O valor das subvenções, sempre que possível, será calculado com base em unidades de serviços efetivamente prestados ou postos à disposição dos interessados obedecidos os padrões mínimos de eficiência prèviamente fixados.

Art. 17. Somente à instituição cujas condições de funcionamento forem julgadas satisfatórias pelos órgãos oficiais de fiscalização serão concedidas subvenções.

II) Das Subvenções Econômicas

Art. 18. A cobertura dos déficits de manutenção das emprêsas públicas, de natureza autárquica ou não, far-se-á mediante subvenções econômicas expressamente incluídas nas despesas correntes do orçamento da União, do Estado, do Município ou do Distrito Federal.

Parágrafo único. Consideram-se, igualmente, como subvenções econômicas:

a) as dotações destinadas a cobrir a diferença entre os preços de mercado e os preços de revenda, pelo Govêrno, de gêneros alimentícios ou outros materiais;

b) as dotações destinadas ao pagamento de bonificações a produtores de determinados gêneros ou materiais.

Art. 19. A Lei de Orçamento não consignará ajuda financeira, a qualquer título, a emprêsa de fins lucrativos, salvo quando se tratar de subvenções cuja concessão tenha sido expressamente autorizada em lei especial.

SEÇÃO II

Das Despesas de Capital

SUBSEÇÃO PRIMEIRA

Dos Investimentos

Art. 20. Os investimentos serão discriminados na Lei de Orçamento segundo os projetos de obras e de outras aplicações.

Parágrafo único. Os programas especiais de trabalho que, por sua natureza, não possam cumprir-se subordinadamente às normas gerais de execução da despesa poderão ser custeadas por dotações globais, classificadas entre as Despesas de Capital.

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SUBSEÇÃO SEGUNDA

Das Transferências de Capital

Art. 21. A Lei de Orçamento não consignará auxílio para investimentos que se devam incorporar ao patrimônio das emprêsas privadas de fins lucrativos.

Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se às transferências de capital à conta de fundos especiais ou dotações sob regime excepcional de aplicação.

TÍTULO II

Da Proposta Orcamentária

CAPÍTULO I

Conteúdo e Forma da Proposta Orçamentária

Art. 22. A proposta orçamentária que o Poder Executivo encaminhará ao Poder Legislativo nos prazos estabelecidos nas Constituições e nas Leis Orgânicas dos Municípios, compor-se-á:

I - Mensagem, que conterá: exposição circunstanciada da situação econômico-financeira, documentada com demonstração da dívida fundada e flutuante, saldos de créditos especiais, restos a pagar e outros compromissos financeiros exigíveis; exposição e justificação da política econômica-financeira do Govêrno; justificação da receita e despesa, particularmente no tocante ao orçamento de capital;

II - Projeto de Lei de Orçamento;

III - Tabelas explicativas, das quais, além das estimativas de receita e despesa, constarão, em colunas distintas e para fins de comparação:

a) A receita arrecadada nos três últimos exercícios anteriores àquele em que se elaborou a proposta;

b) A receita prevista para o exercício em que se elabora a proposta;

c) A receita prevista para o exercício a que se refere a proposta;

d) A despesa realizada no exercício imediatamente anterior;

e) A despesa fixada para o exercício em que se elabora a proposta; e

f) A despesa prevista para o exercício a que se refere a proposta.

IV - Especificação dos programas especiais de trabalho custeados por dotações globais, em têrmos de metas visadas, decompostas em estimativa do custo das obras a realizar e dos serviços a prestar, acompanhadas de justificação econômica, financeira, social e administrativa.

Parágrafo único. Constará da proposta orçamentária, para cada unidade administrativa, descrição sucinta de suas principais finalidades, com indicação da respectiva legislação.

CAPÍTULO II

Da Elaboração da Proposta Orçamentária

SEÇÃO PRIMEIRA

Das Previsões Plurienais

Art. 23. As receitas e despesas de capital serão objeto de um Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital, aprovado por decreto do Poder Executivo, abrangendo, no mínimo um triênio.

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Parágrafo único. O Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital será anualmente reajustado acrescentando-se-lhe as previsões de mais um ano, de modo a assegurar a projeção contínua dos períodos.

Art. 24. O Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital abrangerá:

I - as despesas e, como couber, também as receitas previstas em planos especiais aprovados em lei e destinados a atender a regiões ou a setores da administração ou da economia;

II - as despesas à conta de fundos especiais e, como couber, as receitas que os constituam;

III - em anexos, as despesas de capital das entidades referidas no Título X desta lei, com indicação das respectivas receitas, para as quais forem previstas transferências de capital.

Art. 25. Os programas constantes do Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital sempre que possível serão correlacionados a metas objetivas em têrmos de realização de obras e de prestação de serviços.

Parágrafo único. Consideram-se metas os resultados que se pretendem obter com a realização de cada programa.

Art. 26. A proposta orçamentária conterá o programa anual atualizado dos investimentos, inversões financeiras e transferências previstos no Quadro de Recursos e de Aplicação de Capital.

SEÇÃO SEGUNDA

Das Previsões Anuais

Art. 27. As propostas parciais de orçamento guardarão estrita conformidade com a política econômica-financeira, o programa anual de trabalho do Govêrno e, quando fixado, o limite global máximo para o orçamento de cada unidade administrativa.

Art. 28 As propostas parciais das unidades administrativas, organizadas em formulário próprio, serão acompanhadas de:

I - tabelas explicativas da despesa, sob a forma estabelecida no artigo 22, inciso III, letras d, e e f;

II - justificação pormenorizada de cada dotação solicitada, com a indicação dos atos de aprovação de projetos e orçamentos de obras públicas, para cujo início ou prosseguimento ela se destina.

Art. 29. Caberá aos órgãos de contabilidade ou de arrecadação organizar demonstrações mensais da receita arrecadada, segundo as rubricas, para servirem de base a estimativa da receita, na proposta orçamentária.

Parágrafo único. Quando houver órgão central de orçamento, essas demonstrações ser-lhe-ão remetidas mensalmente.

Art. 30. A estimativa da receita terá por base as demonstrações a que se refere o artigo anterior à arrecadação dos três últimos exercícios, pelo menos bem como as circunstâncias de ordem conjuntural e outras, que possam afetar a produtividade de cada fonte de receita.

Art. 31. As propostas orçamentárias parciais serão revistas e coordenadas na proposta geral, considerando-se a receita estimada e as novas circunstâncias.

TÍTULO III

Da elaboração da Lei de Orçamento

Art. 32. Se não receber a proposta orçamentária no prazo fixado nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Legislativo considerará como proposta a Lei de Orçamento vigente.

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Art. 33. Não se admitirão emendas ao projeto de Lei de Orçamento que visem a:

a) alterar a dotação solicitada para despesa de custeio, salvo quando provada, nesse ponto a inexatidão da proposta;

b) conceder dotação para o início de obra cujo projeto não esteja aprovado pelos órgãos competentes;

c) conceder dotação para instalação ou funcionamento de serviço que não esteja anteriormente criado;

d) conceder dotação superior aos quantitativos prèviamente fixados em resolução do Poder Legislativo para concessão de auxílios e subvenções.

TÍTULO IV

Do Exercício Financeiro

Art. 34. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil.

Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro:

I - as receitas nêle arrecadadas;

II - as despesas nêle legalmente empenhadas.

Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro distinguindo-se as processadas das não processadas.

Parágrafo único. Os empenhos que sorvem a conta de créditos com vigência plurienal, que não tenham sido liquidados, só serão computados como Restos a Pagar no último ano de vigência do crédito.

Art. 37. As despesas de exercícios encerrados, para as quais o orçamento respectivo consignava crédito próprio, com saldo suficiente para atendê-las, que não se tenham processado na época própria, bem como os Restos a Pagar com prescrição interrompida e os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício correspondente poderão ser pagos à conta de dotação específica consignada no orçamento, discriminada por elementos, obedecida, sempre que possível, a ordem cronológica.

Art. 38. Reverte à dotação a importância de despesa anulada no exercício, quando a anulação ocorrer após o encerramento dêste considerar-se-á receita do ano em que se efetivar.

Art. 39. As importâncias relativas a tributo, multas e créditos da Fazenda Pública, lançados mas não cobrados ou não recolhidos no exercício de origem, constituem Dívida Ativa a partir da data de sua inscrição. Parágrafo único. As importâncias dos tributos e demais rendas não sujeitas a lançamentos ou não lançadas, serão escrituradas como receita do exercício em que forem arrecadas nas respectivas rubricas orçamentárias, desde que até o ato do recebimento não tenham sido inscritas como Dívida Ativa.

Art. 39. Os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, serão

escriturados como receita do exercício em que forem arrecadados, nas respectivas rubricas orçamentárias. (Redação dada pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)

§ 1º - Os créditos de que trata este artigo, exigíveis pelo transcurso do prazo para pagamento, serão inscritos, na forma da legislação própria, como Dívida Ativa, em registro próprio, após apurada a sua liquidez e certeza, e a respectiva receita será escriturada a esse título. (Parágrafo incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)

§ 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa natureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas, e Dívida Ativa não Tributária são os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes de empréstimos compulsórios, contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias, foros,

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laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação, custas processuais, preços de serviços prestados por estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições, alcances dos responsáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de subrogação de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, de contratos em geral ou de outras obrigações legais. (Parágrafo incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)

§ 3º - O valor do crédito da Fazenda Nacional em moeda estrangeira será convertido ao correspondente valor na moeda nacional à taxa cambial oficial, para compra, na data da notificação ou intimação do devedor, pela autoridade administrativa, ou, à sua falta, na data da inscrição da Dívida Ativa, incidindo, a partir da conversão, a atualização monetária e os juros de mora, de acordo com preceitos legais pertinentes aos débitos tributários. (Parágrafo incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)

§ 4º - A receita da Dívida Ativa abrange os créditos mencionados nos parágrafos anteriores, bem como os valores correspondentes à respectiva atualização monetária, à multa e juros de mora e ao encargo de que tratam o art. 1º do Decreto-lei nº 1.025, de 21 de outubro de 1969, e o art. 3º do Decreto-lei nº 1.645, de 11 de dezembro de 1978. (Parágrafo incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)

§ 5º - A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional. (Parágrafo incluído pelo Decreto Lei nº 1.735, de 20.12.1979)

TÍTULO V

Dos Créditos Adicionais

Art. 40. São créditos adicionais, as autorizações de despesa não computadas ou insuficientemente dotadas na Lei de Orçamento.

Art. 41. Os créditos adicionais classificam-se em:

I - suplementares, os destinados a refôrço de dotação orçamentária;

II - especiais, os destinados a despesas para as quais não haja dotação orçamentária específica;

III - extraordinários, os destinados a despesas urgentes e imprevistas, em caso de guerra, comoção intestina ou calamidade pública.

Art. 42. Os créditos suplementares e especiais serão autorizados por lei e abertos por decreto executivo.

Art. 43. A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos disponíveis para ocorrer a despesa e será precedida de exposição justificativa. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

§ 1º Consideram-se recursos para o fim deste artigo, desde que não comprometidos: (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

I - o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior; (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

II - os provenientes de excesso de arrecadação; (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

III - os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos adicionais, autorizados em Lei; (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

IV - o produto de operações de credito autorizadas, em forma que juridicamente possibilite ao poder executivo realiza-las. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

§ 2º Entende-se por superávit financeiro a diferença positiva entre o ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações de credito a eles vinculadas. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

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§ 3º Entende-se por excesso de arrecadação, para os fins deste artigo, o saldo positivo das diferenças acumuladas mês a mês entre a arrecadação prevista e a realizada, considerando-se, ainda, a tendência do exercício. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

§ 4° Para o fim de apurar os recursos utilizáveis, provenientes de excesso de arrecadação, deduzir-se-a a importância dos créditos extraordinários abertos no exercício.(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

Art. 44. Os créditos extraordinários serão abertos por decreto do Poder Executivo, que dêles dará imediato conhecimento ao Poder Legislativo.

Art. 45. Os créditos adicionais terão vigência adstrita ao exercício financeiro em que forem abertos, salvo expressa disposição legal em contrário, quanto aos especiais e extraordinários.

Art. 46. O ato que abrir crédito adicional indicará a importância, a espécie do mesmo e a classificação da despesa, até onde fôr possível.

TÍTULO VI

Da Execução do Orçamento

CAPÍTULO I

Da Programação da Despesa

Art. 47. Imediatamente após a promulgação da Lei de Orçamento e com base nos limites nela fixados, o Poder Executivo aprovará um quadro de cotas trimestrais da despesa que cada unidade orçamentária fica autorizada a utilizar.

Art. 48 A fixação das cotas a que se refere o artigo anterior atenderá aos seguintes objetivos:

a) assegurar às unidades orçamentárias, em tempo útil a soma de recursos necessários e suficientes a melhor execução do seu programa anual de trabalho;

b) manter, durante o exercício, na medida do possível o equilíbrio entre a receita arrecadada e a despesa realizada, de modo a reduzir ao mínimo eventuais insuficiências de tesouraria.

Art. 49. A programação da despesa orçamentária, para feito do disposto no artigo anterior, levará em conta os créditos adicionais e as operações extra-orçamentárias.

Art. 50. As cotas trimestrais poderão ser alteradas durante o exercício, observados o limite da dotação e o comportamento da execução orçamentária.

CAPÍTULO II

Da Receita

Art. 51. Nenhum tributo será exigido ou aumentado sem que a lei o estabeleça, nenhum será cobrado em cada exercício sem prévia autorização orçamentária, ressalvados a tarifa aduaneira e o impôsto lançado por motivo de guerra.

Art. 52. São objeto de lançamento os impostos diretos e quaisquer outras rendas com vencimento determinado em lei, regulamento ou contrato.

Art. 53. O lançamento da receita, o ato da repartição competente, que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta.

Art. 54. Não será admitida a compensação da observação de recolher rendas ou receitas com direito creditório contra a Fazenda Pública.

Art. 55. Os agentes da arrecadação devem fornecer recibos das importâncias que arrecadarem.

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§ 1º Os recibos devem conter o nome da pessoa que paga a soma arrecadada, proveniência e classificação, bem como a data a assinatura do agente arrecadador.(Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

§ 2º Os recibos serão fornecidos em uma única via.

Art. 56. O recolhimento de tôdas as receitas far-se-á em estrita observância ao princípio de unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para criação de caixas especiais.

Art. 57. Ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 3. desta lei serão classificadas como receita orçamentária, sob as rubricas próprias, tôdas as receitas arrecadadas, inclusive as provenientes de operações de crédito, ainda que não previstas no Orçamento. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

CAPÍTULO III

Da Despesa

Art. 58. O empenho de despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

Art. 59. O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos concedidos.

Art. 59 - O empenho da despesa não poderá exceder o limite dos créditos concedidos. (Redação dada pela Lei nº 6.397, de 10.12.1976)

§ 1º Ressalvado o disposto no Art. 67 da Constituição Federal, é vedado aos Municípios empenhar, no último mês do mandato do Prefeito, mais do que o duodécimo da despesa prevista no orçamento vigente. (Parágrafo incluído pela Lei nº 6.397, de 10.12.1976)

§ 2º Fica, também, vedado aos Municípios, no mesmo período, assumir, por qualquer forma, compromissos financeiros para execução depois do término do mandato do Prefeito. (Parágrafo incluído pela Lei nº 6.397, de 10.12.1976)

§ 3º As disposições dos parágrafos anteriores não se aplicam nos casos comprovados de calamidade pública. (Parágrafo incluído pela Lei nº 6.397, de 10.12.1976)

§ 4º Reputam-se nulos e de nenhum efeito os empenhos e atos praticados em desacordo com o disposto nos parágrafos 1º e 2º deste artigo, sem prejuízo da responsabilidade do Prefeito nos termos do Art. 1º, inciso V, do Decreto-lei n.º 201, de 27 de fevereiro de 1967. (Parágrafo incluído pela Lei nº 6.397, de 10.12.1976)

Art. 60. É vedada a realização de despesa sem prévio empenho.

§ 1º Em casos especiais previstos na legislação específica será dispensada a emissão da nota de empenho.

§ 2º Será feito por estimativa o empenho da despesa cujo montante não se possa determinar.

§ 3º É permitido o empenho global de despesas contratuais e outras, sujeitas a parcelamento.

Art. 61. Para cada empenho será extraído um documento denominado "nota de empenho" que indicará o nome do credor, a representação e a importância da despesa bem como a dedução desta do saldo da dotação própria.

Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular liquidação.

Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.

§ 1° Essa verificação tem por fim apurar:

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I - a origem e o objeto do que se deve pagar;

II - a importância exata a pagar;

III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.

§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por base:

I - o contrato, ajuste ou acôrdo respectivo;

II - a nota de empenho;

III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.

Art. 64. A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga.

Parágrafo único. A ordem de pagamento só poderá ser exarada em documentos processados pelos serviços de contabilidade (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

Art. 65. O pagamento da despesa será efetuado por tesouraria ou pagadoria regularmente instituídos por estabelecimentos bancários credenciados e, em casos excepcionais, por meio de adiantamento.

Art. 66. As dotações atribuídas às diversas unidades orçamentárias poderão quando expressamente determinado na Lei de Orçamento ser movimentadas por órgãos centrais de administração geral.

Parágrafo único. É permitida a redistribuição de parcelas das dotações de pessoal, de uma para outra unidade orçamentária, quando considerada indispensável à movimentação de pessoal dentro das tabelas ou quadros comuns às unidades interessadas, a que se realize em obediência à legislação específica.

Art. 67. Os pagamentos devidos pela Fazenda Pública, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão na ordem de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, sendo proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para êsse fim.

Art. 68. O regime de adiantamento é aplicável aos casos de despesas expressamente definidos em lei e consiste na entrega de numerário a servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria para o fim de realizar despesas, que não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação.

Art. 69. Não se fará adiantamento a servidor em alcance nem a responsável por dois adiantamento. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

Art. 70. A aquisição de material, o fornecimento e a adjudicação de obras e serviços serão regulados em lei, respeitado o princípio da concorrência.

TÍTULO VII

Dos Fundos Especiais

Art. 71. Constitui fundo especial o produto de receitas especificadas que por lei se vinculam à realização de determinados objetivos ou serviços, facultada a adoção de normas peculiares de aplicação.

Art. 72. A aplicação das receitas orçamentárias vinculadas a turnos especiais far-se-á através de dotação consignada na Lei de Orçamento ou em créditos adicionais.

Art. 73. Salvo determinação em contrário da lei que o instituiu, o saldo positivo do fundo especial apurado em balanço será transferido para o exercício seguinte, a crédito do mesmo fundo.

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Art. 74. A lei que instituir fundo especial poderá determinar normas peculiares de contrôle, prestação e tomada de contas, sem de qualquer modo, elidir a competência específica do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.

TÍTULO VIII

Do Contrôle da Execução Orçamentária

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 75. O contrôle da execução orçamentária compreenderá:

I - a legalidade dos atos de que resultem a arrecadação da receita ou a realização da despesa, o nascimento ou a extinção de direitos e obrigações;

II - a fidelidade funcional dos agentes da administração, responsáveis por bens e valores públicos;

III - o cumprimento do programa de trabalho expresso em têrmos monetários e em têrmos de realização de obras e prestação de serviços.

CAPÍTULO II

Do Contrôle Interno

Art. 76. O Poder Executivo exercerá os três tipos de contrôle a que se refere o artigo 75, sem prejuízo das atribuições do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.

Art. 77. A verificação da legalidade dos atos de execução orçamentária será prévia, concomitante e subseqüente.

Art. 78. Além da prestação ou tomada de contas anual, quando instituída em lei, ou por fim de gestão, poderá haver, a qualquer tempo, levantamento, prestação ou tomada de contas de todos os responsáveis por bens ou valores públicos.

Art. 79. Ao órgão incumbido da elaboração da proposta orçamentária ou a outro indicado na legislação, caberá o contrôle estabelecido no inciso III do artigo 75.

Parágrafo único. Êsse controle far-se-á, quando fôr o caso, em têrmos de unidades de medida, prèviamente estabelecidos para cada atividade.

Art. 80. Compete aos serviços de contabilidade ou órgãos equivalentes verificar a exata observância dos limites das cotas trimestrais atribuídas a cada unidade orçamentária, dentro do sistema que fôr instituído para êsse fim.

CAPÍTULO III

Do Contrôle Externo

Art. 81. O contrôle da execução orçamentária, pelo Poder Legislativo, terá por objetivo verificar a probidade da administração, a guarda e legal emprêgo dos dinheiros públicos e o cumprimento da Lei de Orçamento.

Art. 82. O Poder Executivo, anualmente, prestará contas ao Poder Legislativo, no prazo estabelecido nas Constituições ou nas Leis Orgânicas dos Municípios.

§ 1º As contas do Poder Executivo serão submetidas ao Poder Legislativo, com Parecer prévio do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.

§ 2º Quando, no Munícipio não houver Tribunal de Contas ou órgão equivalente, a Câmara de Vereadores poderá designar peritos contadores para verificarem as contas do prefeito e sôbre elas emitirem parecer.

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TÍTULO IX

Da Contabilidade

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 83. A contabilidade evidenciará perante a Fazenda Pública a situação de todos quantos, de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens a ela pertencentes ou confiados.

Art. 84. Ressalvada a competência do Tribunal de Contas ou órgão equivalente, a tomada de contas dos agentes responsáveis por bens ou dinheiros públicos será realizada ou superintendida pelos serviços de contabilidade.

Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a permitirem o acompanhamento da execução orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos custos dos serviços industriais, o levantamento dos balanços gerais, a análise e a interpretação dos resultados econômicos e financeiros.

Art. 86. A escrituração sintética das operações financeiras e patrimoniais efetuar-se-á pelo método das partidas dobradas.

Art. 87. Haverá contrôle contábil dos direitos e obrigações oriundos de ajustes ou contratos em que a administração pública fôr parte.

Art. 88. Os débitos e créditos serão escriturados com individuação do devedor ou do credor e especificação da natureza, importância e data do vencimento, quando fixada.

Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos ligados à administração orçamentária, financeira patrimonial e industrial.

CAPÍTULO II

Da Contabilidade Orçamentária e Financeira

Art. 90 A contabilidade deverá evidenciar, em seus registros, o montante dos créditos orçamentários vigentes, a despesa empenhada e a despesa realizada, à conta dos mesmos créditos, e as dotações disponíveis.

Art. 91. O registro contábil da receita e da despesa far-se-á de acôrdo com as especificações constantes da Lei de Orçamento e dos créditos adicionais.

Art. 92. A dívida flutuante compreende:

I - os restos a pagar, excluídos os serviços da dívida;

II - os serviços da dívida a pagar;

III - os depósitos;

IV - os débitos de tesouraria.

Parágrafo único. O registro dos restos a pagar far-se-á por exercício e por credor distinguindo-se as despesas processadas das não processadas.

Art. 93. Tôdas as operações de que resultem débitos e créditos de natureza financeira, não compreendidas na execução orçamentária, serão também objeto de registro, individuação e contrôle contábil.

CAPÍTULO III

Da Contabilidade Patrimonial e Industrial

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Art. 94. Haverá registros analíticos de todos os bens de caráter permanente, com indicação dos elementos necessários para a perfeita caracterização de cada um dêles e dos agentes responsáveis pela sua guarda e administração.

Art. 95 A contabilidade manterá registros sintéticos dos bens móveis e imóveis.

Art. 96. O levantamento geral dos bens móveis e imóveis terá por base o inventário analítico de cada unidade administrativa e os elementos da escrituração sintética na contabilidade.

Art. 97. Para fins orçamentários e determinação dos devedores, ter-se-á o registro contábil das receitas patrimoniais, fiscalizando-se sua efetivação.

Art. 98. A divida fundada compreende os compromissos de exigibilidade superior a doze meses, contraídos para atender a desequilíbrio orçamentário ou a financeiro de obras e serviços públicos. (Veto rejeitado no D.O. 05/05/1964)

Parágrafo único. A dívida fundada será escriturada com individuação e especificações que permitam verificar, a qualquer momento, a posição dos empréstimos, bem como os respectivos serviços de amortização e juros.

Art. 99. Os serviços públicos industriais, ainda que não organizados como emprêsa pública ou autárquica, manterão contabilidade especial para determinação dos custos, ingressos e resultados, sem prejuízo da escrituração patrimonial e financeiro comum.

Art. 100 As alterações da situação líquida patrimonial, que abrangem os resultados da execução orçamentária, bem como as variações independentes dessa execução e as superveniências e insubsistência ativas e passivas, constituirão elementos da conta patrimonial.

CAPÍTULO IV

Dos Balanços

Art. 101. Os resultados gerais do exercício serão demonstrados no Balanço Orçamentário, no Balanço Financeiro, no Balanço Patrimonial, na Demonstração das Variações Patrimoniais, segundo os Anexos números 12, 13, 14 e 15 e os quadros demonstrativos constantes dos Anexos números 1, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 16 e 17.

Art. 102. O Balanço Orçamentário demonstrará as receitas e despesas previstas em confronto com as realizadas.

Art. 103. O Balanço Financeiro demonstrará a receita e a despesa orçamentárias bem como os recebimentos e os pagamentos de natureza extra-orçamentária, conjugados com os saldos em espécie provenientes do exercício anterior, e os que se transferem para o exercício seguinte.

Parágrafo único. Os Restos a Pagar do exercício serão computados na receita extra-orçamentária para compensar sua inclusão na despesa orçamentária.

Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimoniais evidenciará as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou independentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício.

Art. 105. O Balanço Patrimonial demonstrará:

I - O Ativo Financeiro;

II - O Ativo Permanente;

III - O Passivo Financeiro;

IV - O Passivo Permanente;

V - O Saldo Patrimonial;

VI - As Contas de Compensação.

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§ 1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e valores realizáveis independentemente de autorização orçamentária e os valores numerários.

§ 2º O Ativo Permanente compreenderá os bens, créditos e valores, cuja mobilização ou alienação dependa de autorização legislativa.

§ 3º O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fundadas e outros pagamento independa de autorização orçamentária.

§ 4º O Passivo Permanente compreenderá as dívidas fundadas e outras que dependam de autorização legislativa para amortização ou resgate.

§ 5º Nas contas de compensação serão registrados os bens, valores, obrigações e situações não compreendidas nos parágrafos anteriores e que, imediata ou indiretamente, possam vir a afetar o patrimônio.

Art. 106. A avaliação dos elementos patrimoniais obedecerá as normas seguintes:

I - os débitos e créditos, bem como os títulos de renda, pelo seu valor nominal, feita a conversão, quando em moeda estrangeira, à taxa de câmbio vigente na data do balanço;

II - os bens móveis e imóveis, pelo valor de aquisição ou pelo custo de produção ou de construção;

III - os bens de almoxarifado, pelo preço médio ponderado das compras.

§ 1° Os valores em espécie, assim como os débitos e créditos, quando em moeda estrangeira, deverão figurar ao lado das correspondentes importâncias em moeda nacional.

§ 2º As variações resultantes da conversão dos débitos, créditos e valores em espécie serão levadas à conta patrimonial.

§ 3º Poderão ser feitas reavaliações dos bens móveis e imóveis.

TÍTULO X

Das Autarquias e Outras Entidades

Art. 107. As entidades autárquicas ou paraestatais, inclusive de previdência social ou investidas de delegação para arrecadação de contribuições para fiscais da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal terão seus orçamentos aprovados por decreto do Poder Executivo, salvo se disposição legal expressa determinar que o sejam pelo Poder Legislativo.

Parágrafo único. Compreendem-se nesta disposição as emprêsas com autonomia financeira e administrativa cujo capital pertencer, integralmente, ao Poder Público.

Art. 108. Os orçamentos das entidades referidas no artigo anterior vincular-se-ão ao orçamento da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, pela inclusão:

I - como receita, salvo disposição legal em contrário, de saldo positivo previsto entre os totais das receitas e despesas;

II - como subvenção econômica, na receita do orçamento da beneficiária, salvo disposição legal em contrário, do saldo negativo previsto entre os totais das receitas e despesas.

§ 1º Os investimentos ou inversões financeiras da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, realizados por intermédio das entidades aludidas no artigo anterior, serão classificados como receita de capital destas e despesa de transferência de capital daqueles.

§ 2º As previsões para depreciação serão computadas para efeito de apuração do saldo líquido das mencionadas entidades.

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Art. 109. Os orçamentos e balanços das entidades compreendidas no artigo 107 serão publicados como complemento dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal a que estejam vinculados.

Art. 110. Os orçamentos e balanços das entidades já referidas, obedecerão aos padrões e normas instituídas por esta lei, ajustados às respectivas peculiaridades.

Parágrafo único. Dentro do prazo que a legislação fixar, os balanços serão remetidos ao órgão central de contabilidade da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, para fins de incorporação dos resultados, salvo disposição legal em contrário.

TÍTULO XI

Disposições Finais

Art. 111. O Conselho Técnico de Economia e Finanças do Ministério da Fazenda, além de outras apurações, para fins estatísticos, de interêsse nacional, organizará e publicará o balanço consolidado das contas da União, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas autarquias e outras entidades, bem como um quadro estruturalmente idêntico, baseado em dados orçamentários.

§ 1º Os quadros referidos neste artigo terão a estrutura do Anexo n. 1.

§ 2 O quadro baseado nos orçamentos será publicado até o último dia do primeiro semestre do próprio exercício e o baseado nos balanços, até o último dia do segundo semestre do exercício imediato àquele a que se referirem.

Art. 112. Para cumprimento do disposto no artigo precedente, a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal remeterão ao mencionado órgão, até 30 de abril, os orçamentos do exercício, e até 30 de junho, os balanços do exercício anterior.

Parágrafo único. O pagamento, pela União, de auxílio ou contribuição a Estados, Municípios ou Distrito Federal, cuja concessão não decorra de imperativo constitucional, dependerá de prova do atendimento ao que se determina neste artigo.

Art. 113. Para fiel e uniforme aplicação das presentes normas, o Conselho Técnico de Economia e Finanças do Ministério da Fazenda atenderá a consultas, coligirá elementos, promoverá o intercâmbio de dados informativos, expedirá recomendações técnicas, quando solicitadas, e atualizará sempre que julgar conveniente, os anexos que integram a presente lei.

Parágrafo único. Para os fins previstos neste artigo, poderão ser promovidas, quando necessário, conferências ou reuniões técnicas, com a participação de representantes das entidades abrangidas por estas normas.

Art. 114. Os efeitos desta lei são contados a partir de 1 de janeiro de 1964.

Art. 114. Os efeitos desta lei são contados a partir de 1º de janeiro de 1964 para o fim da elaboração dos orçamentos e a partir de 1º de janeiro de 1965, quanto às demais atividades estatuídas. (Redação dada pela Lei nº 4.489, de 19.11.1964)

Art. 115. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 17 de março de 1964; 143º da Independência e 76º da República.

JOÃO GULART Abelardo Jurema Sylvio Borges de Souza Motta Jair Ribeiro João Augusto de Araújo Castro Waldyr Ramos Borges Expedito Machado Oswaldo Costa Lima Filho Júlio Forquim Sambaquy Amaury Silva Anysio Botelho

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Wilson Fadul Antonio Oliveira Brito Egydio Michaelsen

Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 23.3.1964

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Referências

CHIAVENATO, Idalberto. Administração Financeira: uma abordagem introdutória - Rio de Janeiro.

Ed Campus.

GITMAN, Lawrence: Princípios de Administração Financeira Editora: PEARSON EDUCATION DO

BRASIL

JÚNIOR, J. Teixeira Machado e REIS, Heraldo da Costa. Lei nº 4320/64 Comentada. IBAM

BRASIL. Lei Complementar 101/2000. - Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a

responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 05 maio

2000.