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1 Apresentação: 1. Noção e caracterização da mediação penal. 2. Regime jurídico da mediação em processo penal : a Lei nº 21/2007 de 12 de Junho. 3. Algumas questões controversas.

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Page 1: 1 Apresentação: 1. Noção e caracterização da mediação penal. 2. Regime jurídico da mediação em processo penal : a Lei nº 21/2007 de 12 de Junho. 3. Algumas

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Apresentação:1. Noção e caracterização da mediação

penal.

2. Regime jurídico da mediação em processo penal : a Lei nº 21/2007 de 12 de Junho.

3. Algumas questões controversas.

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Mediação Penal

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Mediação Penal:

Processo que permite à vítima e ao agressor participarem activamente, se eles o consentirem de livre vontade, na resolução das dificuldades resultantes do delito, com a ajuda de um terceiro independente (mediador).

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A Mediação Penal é uma das formas de intervenção prática da Justiça Restaurativa.

Justiça Restaurativa é um conceito mais amplo que pode assumir várias formas: mediação vítima-agressor, conferências de grupos de famílias, etc.

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A justiça restaurativa pretende ser um novo padrão de pensamento que encara o crime não apenas como uma violação da lei, mas como causador de danos às vítimas, às comunidades e até aos infractores.

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Na mediação penal, enquanto meio de pôr em prática a ideia de justiça restaurativa, todas as partes envolvidas são encorajadas a encontrar uma forma e um nível de reparação.

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Vítima e infractor comunicam com a ajuda de um terceiro imparcial, permitindo-se que a vítima expresse as suas necessidades e sentimentos e que o infractor aceite e actue segundo a sua responsabilidade.

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Vantagens da Mediação Penal

Para a Vítima

1. Confrontar o infractor com o impacto que o crime lhe causou;

2. Participar de forma mais activa numa proposta de solução para o caso;

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Para o infractor

1. Tomar consciência dos efeitos resultantes do crime na vítima e compreender a verdadeira dimensão humana das consequências do seu comportamento;

2. Promover a reinserção social, reabilitando-o junto da vítima e da sociedade e contribuindo para a redução da reincidência.

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Para a comunidade

1. Aproximar os cidadãos da Justiça, permitindo a sua participação na resolução de dos conflitos ocorridos no seio da sua comunidade;

2. Contribuir para a realização das finalidades de prevenção geral e da prevenção especial.

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PORTUGAL:

Lei Tutelar Educativa (Lei nº 166/99, de 14 de Setembro).

Decisão-Quadro nº 2001/220/JAI, do Conselho, de 15 de Março.

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Decisão-Quadro: Artigo 10º - Mediação penal no âmbito do

processo penal

Nº1: Cada Estado-Membro esforça-se por promover a mediação nos processos penais relativos a infracções que considere adequadas para este tipo de medida.

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Artigo 17º - Execução

Nº1: Os Estados-Membros devem pôr em vigor as disposições legislativas, regulamentares e administrativas necessárias para dar cumprimento à presente decisão-quadro:

- até 22 de Março de 2006, no que se refere ao artigo 10º;

- …

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LEI Nº 21/2007, de 12 de Junho

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Artigo 4º nº1 define mediação penal como um processo informal e flexível, conduzido por um terceiro imparcial, o mediador, que promove a aproximação entre o arguido e o ofendido e os apoia na tentativa de encontrar activamente um acordo que permita a reparação dos danos causados pelo facto ilícito e contribua para a restauração da paz social.

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Âmbito de aplicação:

Crimes semi-públicos contra as pessoas contra o património e crimes particulares, desde que puníveis com pena de prisão não superior a 5 anos: artigo 2º nº 1 e 2.

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Exclusões: artigo 2º nº 3.

Crimes cujo tipo legal preveja pena de prisão superior a 5 anos;

Crimes contra a liberdade ou autodeterminação sexual;

Crimes de peculato, corrupção ou tráfico de influência;

Quando o ofendido seja menor de 16 anos; Quando seja aplicável a forma de processo

sumário e sumaríssimo.

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Remessa do processo para mediação

Cabe ao MP designar um mediador:

1) Por decisão do próprio MP, em qualquer momento do inquérito, desde que existam indícios de se ter verificado o crime e de que o arguido foi o seu agente e se entender que a mediação pode responder às exigências de prevenção (artigo 3º nº1).

2) Por requerimento do ofendido e do arguido (artigo 3º nº2).

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Tramitação do processo:

1. M.P. remete para mediador (artigo 3º nº1 e 2).

2. Mediador contacta ofendido e arguido, esclarecendo-os sobre o que é a mediação penal.

3. Consentimento expresso do arguido e do ofendido (artigo 3º nº5 e 6)

4. Início das sessões (artigo 3º nº7)

5. Acordo: equivale a desistência de queixa (artigo 5º nº 3, 4 e 5); Falta de acordo: via judicial (artigo 5º nº1)

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Se acordo não for cumprido no prazo fixado para tal, o ofendido pode renovar a queixa no prazo de um mês, sendo reaberto o inquérito (artigo 5º nº4).

Ofendido e arguido podem fazer-se acompanhar por advogado ou advogado estagiário (artigo 8º).

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Duração: Mediação deve ser concluída no prazo

máximo de 3 meses a contar da remessa do processo ao mediador.

Prorrogação do prazo: 2 meses (artigo 5º nº2).

… se houver forte probabilidade de se alcançar um acordo nesse

período.

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Arguido e ofendido podem, em qualquer momento, pôr fim à mediação (artigo 4º nº2).

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Acordo: Conteúdo é livremente fixado pelo arguido

e pelo ofendido (artigo 6º nº1).

Contudo, acordo não pode conter:- sanções privativas da liberdade;- deveres que ofendam a dignidade

do arguido;- deveres que se prolonguem por

mais de 6 meses.

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Período experimental: Artigo 14º - a mediação penal funciona por

um período experimental de dois anos a partir da sua entrada em vigor.

- Aveiro

- Oliveira do Bairro

- Porto

- Seixal

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Características do SMP:

Alternativa ao tribunal judicial;

Gratuito (artigo 9º);

Natureza voluntária (artigo 4º nº 1 e 2);

Confidencialidade garantida: o teor das sessões não pode ser valorado como prova em processo judicial (artigo 4º nº5);

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Conclusão:

Compensar em vez de castigar

Reintegrar em vez de excluir

Negociar em vez de impor

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1. A mediação penal, enquanto mecanismo de resolução alternativa de litígios, constitui uma mudança de paradigma na justiça criminal?

Sim: é uma nova forma de responder aos actos criminais.

Não: actual sistema criminal já tem em conta os princípios subjacentes à mediação.

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2. Uma vez preenchidos os requisitos legais de admissibilidade da mediação penal, se o arguido e o ofendido quiserem recorrer à mediação penal, o M.P. tem a obrigação de promover esta solução sem poder fazer qualquer juízo prudencial. Esta solução legal é correcta?

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Sim: deve devolver-se o conflito aos seus “legítimos proprietários”.

Não: as ideias de “reapropriação do conflito” não são passíveis de implementação dadas as específicas características do nosso processo criminal.

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3. Deverá a comunidade estar representada no processo de mediação através, por exemplo, do M.P.?

Sim: os bens jurídicos afectados pelo crime têm repercussões na sociedade.

Não: levanta problemas ao M.P. se não se chegar a acordo e é contra a ideia subjacente à mediação, o de recorrer a um processo menos formal...

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4. O artigo 6º da Lei nº21/2007 deixa um ampla margem de conformação do conteúdo do acordo aos mediados. Parece-vos correcto?

Sim: o novo modelo que a mediação preconiza é marcado pela negociação e pela obtenção do acordo que os visados entendem melhor cumprir a sua vontade.

Não: é inconstitucional por violação da determinabilidade ou taxatividade das sanções.

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5. A homologação do acordo obtido entre arguido e ofendido é tido para efeitos de processo penal como uma desistência, não estando ele sujeito a qualquer verificação jurisdicional.

Parece-vos que o Juiz de Instrução Criminal deveria intervir para avaliar a conformação do conteúdo do acordo aos direitos fundamentais dos que são visados

por ele?

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Sim: desistência neste caso constitui uma suspensão provisória do processo, algo que sendo materialmente jurisdicional devia implicar a intervenção do JIC.

e

Respeito pela estrutura acusatória.

Não: qualquer intervenção judicial que não se prenda com a esfera dos direitos, liberdades e garantias das pessoas seria usurpar um poder que não é seu.