1 adimplemento do contrato. quais devem ser as consequências judiciais (remédios legais) do...
TRANSCRIPT
1
Adimplemento do contrato.
Quais devem ser as consequências judiciais (remédios legais) do inadimplemento de promessas tuteladas pelo direito?
Pense nas conseqüências jurídicas do inadimplemento (remédios legais) como um preço a ser pago, pelo promitente, pela quebra contratual.
O terceiro propósito do contrato, para a AED, é assegurar um compromisso ótimo de cumprimento da obrigação.
2
Adimplemento do contrato 2.
Por que o promitente decide quebrar o contrato?
O que requer a eficiência, o adimplemento ou o inadimplemento do contrato?
3
Adimplemento do contrato 3.
Por que o promitente decide quebrar o contrato? – [o custo do promitente em adimplir] > [custo do
promitente em inadimplir] = inadimplemento de contrato.
– [o custo do promitente em adimplir] < [custo do promitente em inadimplir] = adimplemento do contrato.
O que requer a eficiência, o adimplemento ou o inadimplemento do contrato?
– [o custo do promitente em adimplir] > [que o beneficio do promissário com o adimplemento] = inadimplemento do contrato é eficiente.
– [o custo do promitente em adimplir] < [que o benefício do promissário com o adimplemento] = adimplemento do contrato é eficiente
4
Exemplo
A promete entregar componentes mecânicos para B por R$ 100,00. A espera lucrar R$ 30,00. B espera lucrar R$ 20,00 transformando os componentes mecânicos em máquinas. Suponha que as circunstâncias mudem inesperadamente. A descobre que se entregar os componentes mecânicos para B (por R$ 100,00) perderá com a venda. A deve agora decidir em arcar com os prejuízos da venda ou pagar indenização pelas perdas e danos de B.
Quanto A teria que pagar para B como forma de indenização perfeita das perdas e danos?
– fornecedores alternativos de B,– lucro esperado de B; – custo de confiança de B. (final 14)
5
Modelo principal-agenteContrato com custo variável de cooperação
Segundo Jogador (agente)
Cumpre (custo 0)
Cumpre (custo 1,5)
Não Cumpre
Primeiro Jogador (principal)
Investe(Contrato)
0,5
0,5
-1,0
0,5
-0,5
0,5
Não Investe(Ausência contrato)
0
0
0
0
0
0
6
Suponha que os custos elevados para o cumprimento do contrato façam com que o promitente não cumpra o contrato e pague indenização perfeita dos danos para o promissário. O promissário preferiria que o promitente tivesse cumprido o contrato?
Explique o ganho no payoff total ao permitir que o promitente não cumpra o contrato e pague indenização dos danos sofridos pelo promissário quando o cumprimento do contrato é eficiente? (pintor)
7
Confiança • A tutela legal obrigando o adimplemento do contrato
estimula a cooperação das partes, que envolve dois tipos de comportamento:
– Primeiro – o promitente investe no cumprimento do contrato.
– Segundo – o promissário investe com confiança na promessa.
• Definição – confiança é a mudança de comportamento do promissário causada pela promessa do promitente.
• Confiança aumenta o ganho com o adimplemento do contrato e as perdas com o inadimplemento.
• O quarto propósitos do contrato para AED é assegurar um nível ótimo de confiança (reliance);
8
Modelo principal-agente.Confiança variável sem contrato.
Segundo jogador
Primeiro jogador
Cumprir Descumprir
Investir & baixa confiança
0,5
0,5
1,0
-1,0
Investir & alta confiança
0,5
0,6
1,0
-2,0
9
Modelo principal-agente.Confiança variável com contrato e indenização dos danos.
Segundo jogador
Primeiro jogador
Cumprir Descumprir
Investir & baixa confiança
0,5
0,5
-0,5
0,5
Investir & alta confiança
0,5
0,6
-1,6
0,6
10
Confiança ótima • A expectativa de indenização de todo e qualquer
investimento, feito pelo promissário, em confiança do cumprimento do contrato pelo promitente cria incentivos para confiança excessiva.
– Caso dos eletrônicos.
• Expectativa de indenização dos danos criados pelo investimento razoável cria incentivos para a confiança ótima.
• Para o propósito da eficiência econômica, a confiança do promissário deve ser ótima.
• Super-confiança causa danos excessivos com o inadimplemento.
– O direito pode evitar super-confiança limitando a recuperação dos danos.
11
Normas padrão em caso de inadimplemento e custos de transação.
Por que os contratos contêm lacunas?
As lacunas podem ser deixadas inadvertidamente. As partes não conhecem o futuro.
As lacunas podem ser deixadas deliberadamente. Riscos remotos ou razões psicológicas (caso do
casamento).
Qual a consequência de uma lacuna? Risco ex ante; Perda ex post.
12
Minimizando os custos de transação dos contratos
Custo de alocar risco > custo de alocar a perda X a probabilidade de perda = deixar lacuna;
Custo de alocar risco < custo de alocar a perda X a probabilidade de perda = preencher a lacuna.
Ex., o risco de greve: Negociar o risco (ex ante) = R$25,00; Alocar a perda (ex post) = R$500,00; Probabilidade de 0,04;
O que você faria, negociaria o risco ou alocaria a perda?
13
Minimizando os custos de transação dos contratos
O que você faria, negociaria o risco ou alocaria a perda?
Negociar o risco (ex ante) = R$25,00; Alocar a perda (ex post) = R$500,00; Probabilidade de 0,04;
Custo de transação esperado (ex post) = R$20,00
Partes salvam R$5,00 • CNR > CAP x PP = DL• R$25,00 > R$500,00 x 0,04 = (deixar a lacuna) • R$25,00 > R$20,00 = (deixar a lacuna)
14
Lacunas contratuais preenchidas por juizes
Como devem os julgadores preencher as lacunas contratuais?
“Na solução das controvérsias que surgirem, o julgador ou intérprete terá de invocar em suprimento do conteúdo das cláusulas próprias os princípios legais relativos ao contrato típico mais próximo, e isto nem sempre é fácil, porque a ocupação de zona grísea, entre mais de um, sugere às vezes aproximações várias, nenhuma das quais dotada de pura nitidez” (Caio Mário, p. 61).
Custo de transação e lacunas nos contratos.
O quinto propósito do contrato para a AED é minimizar os custos de transação da negociação, fornecendo termos e regulações eficientes para o inadimplemento.
15
Barganha Hipotética• A AED sugere que o julgador preencha as lacunas do
contrato como as partes teriam preenchido se elas tivessem barganhado a respeito de todos os riscos relevantes a negociação.
• Se o julgador preencherá o contrato como se as partes o tivesse preenchido na confecção, então, como as partes podem agir?
• A implementação do princípio da barganha hipotética tem dois estágios:
1. O julgador deve estabelecer a forma mais eficiente de cooperação.
2. O julgador deve dividir o ganho excedente criado pela cooperação.
16
Caso Parte 1• Suponha um contrato para a construção de
uma casa onde A (o construtor) soubesse que o preço do ferro utilizado na construção da casa poderia subir R$2.000,00, com uma probabilidade de 0,5.
• Suponha ainda que A possa comprar o ferro antecipadamente, mas para isso tenha que fazer um empréstimo que acrescerá R$400,00 (juros) ao preço atual do ferro.
– Portanto A poderia evitar um custo esperado de R$ 1.000,00 a um custo de R$ 400,00, o que criaria um excedente de R$ 600,00 (R$ 2.000,00 x 0,5 – R$ 400,00 = R$ 600,00).
17
Caso Parte 2• Em contraste, suponha que B (o comprador) não
pudesse prever mudanças no preço do ferro.
• Consequentemente, eficiência requer que A e não B faça algo para evitar maiores gastos. Infelizmente, A não compra o ferro antecipadamente e o preço dispara.
• A completa a construção da casa e manda para B uma conta de R$ 2.000,00 pelo gasto adicional com o aumento do preço do ferro. B recusa-se a pagar e A ingressa em juízo contra ele.
• O contrato entre eles é omisso quanto ao risco de aumento no preço do ferro.
– Considere como o julgador poderia resolver o caso imputando um contrato hipotético que as partes teriam feito sob custo de transação zero.
18
Caso
• Aumento do preço do ferro R$2.000,00, com uma probabilidade de 0,5.
• O aumento de preço esperado por A é R$ 1.000,00.
• Acréscimo de R$400,00 (juros) ao preço atual do ferro.
• Excedente de R$ 600,00– Considere como o julgador poderia resolver o caso
imputando um contrato hipotético que as partes teriam feito sob custo de transação zero.
19
Caso• Criar um contrato hipotético envolve dois
estágios:– O julgador estabelecerá quem deve suportar o risco do
aumento do preço do ferro a um custo mais baixo. • No exemplo, A (o construtor) é a parte mais eficiente para
suportar os riscos. Consequentemente, a corte concluirá que o contrato ideal alocaria o risco do aumento do preço do ferro para A, como medida de eficiência.
– O julgador deverá ainda ajustar o preço do contrato para refletir a alocação eficiente de risco.
• Porque A sabia da possibilidade de aumento do preço do ferro, ele deveria ter negociado um preço embutindo a compensação para suportar o risco. Qualquer falha na negociação foi uma falha de A. O julgador concluirá que era responsabilidade de A verificar se o preço do contrato já incluía o valor para suportar o risco, portanto, B não deve pagar nada para A.
20
Caso• Algumas vezes, no entanto, nenhuma parte
do contrato prevê o risco e nenhuma parte deveria tê-lo previsto.
• Suponha que o aumento no preço do ferro foi obscuro, ou seja, as partes (A e B) não podiam prever o risco, assim como, nenhuma parte deveria tê-lo previsto.
– Neste caso, como o julgador poderia resolver o caso imputando um contrato hipotético que as partes teriam feito sob custo de transação zero.
21
Caso• Novamente, a criação de um contrato
hipotético envolve dois estágios:
1. Quem deveria suportar o risco – o julgador pode definir que A (o construtor) deveria ter se resguardado do risco, pois era a parte mais eficiente para suportar o risco, afinal, tinha mais experiência.
2. O julgador deverá ajustar o preço – Se A tivesse previsto o risco ele teria cobrado R$400,00 para suportá-lo, o contrato ideal teria alocado o risco de uma perda de R$2.000,00 por A a um preço de R$400,00 para B. Seguindo este raciocínio o julgador determinará um pagamento de R$400,00 de B para A, sendo que A arcará com um prejuízo de R$1.600,00. Portanto, o prejuízo de R$2.000,00 será divido entre as partes como se o contrato fosse ideal.
22
Quais os propósitos do contrato para AED?
• Possibilitar que os indivíduos convertam jogos com soluções ineficientes em jogos com soluções eficientes;
• Encorajar a troca eficiente de informações na relação contratual;
• Assegurar um compromisso ótimo de cumprimento da obrigação;
• Assegurar um nível ótimo de confiança (reliance);
• Minimizar os custos de transação da negociação, fornecendo termos e regulações eficientes para o inadimplemento;
• Incentivar as relações continuadas, o que soluciona os problemas de cooperação com menos dependência nos termos contratuais.
23
Contratos Perfeitos e Falhas de Mercado
• Contratos incompletos – até o momento discutimos a aplicação (enforcing) de termos que não estavam explícitos nos contratos, ou seja, o preenchimento de lacunas contratuais pelo julgador.
• Contratos completos – A partir de agora discutiremos a não aplicação (not enforcing) de termos que estão explícitos nos contratos.– Por exemplo, um julgador pode não aplicar ou alterar os
termos de um contrato onde o consumidor renuncia o direito de recuperar os danos causados pelo produto defeituoso.
24
Contratos Perfeitos e Falhas de Mercado 2
• Em determinadas circunstâncias “a lei ordena ou proíbe dados comportamentos sem deixar aos particulares a liberdade de derrogá-los por pactos privados, ao contrário das leis supletivas, que são ditadas para suprir o pronunciamento dos interessados” (Caio Mário, p.25).
• Quando o julgador muda ou proíbe termos explícitos de um contrato, podemos dizer que ele está “regulando o contrato”.
• Regular contratos e regular mercados.
25
Contratos Perfeitos e Falhas de Mercado 3
• Como se inicia a racionalidade econômica para a regulação de um mercado?
• Como se inicia a racionalidade econômica para a regulação de um contrato?
26
Contratos Perfeitos e Falhas de Mercado 4
• Um contrato perfeito é também um contrato completo: – Toda contingência é antecipada;– O risco associado é eficientemente alocado entre as
partes;– Toda informação relevante foi divulgada;– Nada pode dar errado.
• Um contrato perfeito e completo é também eficiente:– Cada recurso é alocado para a parte que o valoriza mais;– Cada risco é alocado para a parte que possa suportá-lo a
um menor custo;– Os termos do contrato exaurem as possibilidades de
ganho mutuo pela cooperação entre as partes.
27
Contratos Perfeitos e Falhas de Mercado 5
• Quando o contrato é perfeito, qual a função do Estado?
• Sob quais circunstâncias as partes negociarão um contrato perfeito?
• Se um contrato é perfeito, quais as consequências de sua regulação pelo Estado?
28
Racionalidade Individual
• Falhas na racionalidade do decisor devem ser corrigidas.
1. O decisor racional consegue classificar os resultados de suas decisões em uma ordem de menos preferíveis para mais preferíveis.
• Artigo 104 do Código Civil. 2. As oportunidades do decisor racional são
relativamente restritas, de modo, que pode concretizar algumas oportunidades, mas não todas.
• Artigos 151, 156, 157... do Código Civil.
29
Custos de Transação
• Por que alterar ou não aplicar um contrato que parece completo devido aos custos de transação?
• Discutiremos três tipos de obstáculos para a eficiência quando os custos de transação impedem a barganha.
A. Externalidades (spillovers);
B. Informações Assimétricas;
C. Monopólio.
30
Custos de Transação Externalidades (spillovers)
• Algumas vezes, os custos de transação impedem que pessoas participem de negociações que são de seu interesse. Exemplo?
• Externalidades contratuais podem fazer com que os interesses privados divirjam dos sociais.
– O julgador pode recusar-se a executar um contrato onde a vítima de um crime tenha prometido uma recompensa para um policial caso ele recupere o objeto roubado?
– E no caso de um contrato para formação de um cartel?
31
Custos de Transação Informações Assimétricas
• Algumas vezes, uma ou mais partes do contrato não tem as informações essenciais sobre o contrato.
• Em geral, a ignorância é racional quando o custo para se adquirir informação excede o benefício esperado com sua aquisição.
– Bula
• Inversamente, a ignorância é irracional quando o custo para se adquirir informação é menor que o benefício esperado com sua aquisição.
– Testamento
32
Custos de Transação Informações Assimétricas 2
• Falta de informação e informação ruim.
• Existe a possibilidade de não cumprimento do contrato baseada na má qualidade da informação coletada.
• Se a informação coletada por uma das partes foi contaminada pela mentira da outra parte.
– Método certo para matar gafanhotos.
• Outra possibilidade é que ambas as partes estejam erradas quanto a informação.
– Quartos de hotel
• Ainda outra possibilidade seria aquela em que ambas as partes se confundem quanto a informação.
– (Chevette X Cadillac)
33
Custos de Transação Monopólio
• Mercados competitivos, oligopólios e monopólios.
• Uma das doutrinas que protegem contra o monopólio contratual é a doutrina da Lesão.
– Art. 157 do Código Civil.
• A doutrina da Lesão é caracterizada por um monopólio circunstancial criado por situações especiais.
• Exemplo – Suponha que um consumidor assinasse um contrato permitindo que uma loja de eletrodoméstico arrestasse todos os itens comprados junto a loja caso ele não pagasse por um deles. O julgador decide não aplicar esta cláusula contratual com base no artigo 157 do Código Civil e determina que somente a televisão seja arrestada. Essa decisão foi justa? Foi eficiente?