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Estudos de Psicologia I Campinas I 26(2) I 205-213 I abril - junho 2009 1 Artigo elaborado a partir da dissertação de P. CAIROLI, intitulada “A escrita em blogs na constituição do sujeito adolescente”. Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, 2007. Apoio: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. 2 Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Psicologia, Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Av. Ipiranga, 6681, Prédio 11, 9º andar, Sala 931, Partenon, 90619-900, Porto Alegre, RS, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: P. CAIROLI. E-mail: <[email protected]>. A adolescência escrita em blogs 1 Adolescence as viewed through blogs Priscilla CAIROLI 2 Gabriel Chittó GAUER 2 Resumo A escrita em blogs, na adolescência, apresenta-se como um fenômeno contemporâneo crescente. Este artigo tem como objetivo refletir sobre a escrita em blogs na constituição do sujeito adolescente, em uma perspectiva psicanalítica. O tema foi abordado por meio de uma revisão de literatura que teve como ponto de partida os legados de Freud sobre a escrita, seguindo até psicanalistas contemporâneos que pesquisam sobre esta temática. Em seguida, foram assinaladas questões relacionadas às mudanças vividas na adolescência, enquanto evento subjetivo, em um enlace com a escrita neste momento da vida. Por fim, foram apontadas algumas considerações sobre a escrita na internet e sobre os blogs. Unitermos: Adolescência. Blogs. Escrita. Internet. Abstract The use of blogs, as a place for adolescents to write about their experiences, is a growing contemporary phenomenon. The purpose of the present article is to analyze the writing contained in blogs in the make-up of the adolescent subject, from a psychoanalytic perspective. The topic was approached through a review of relevant literature starting with Freud’s legacies about writing, moving on to the work of contemporary psychoanalysts who are researching the subject. Afterwards, issues are presented related to changes experienced in adolescence, as a subjective event, coupled with the writing at that point of time in their life. Finally, some considerations are proposed about writing on the internet and about blogs. Uniterms: Adolescence. Blogs. Internet. Writing. Na cena contemporânea, a revolução eletrônica e a internet têm possibilitado, além de novas formas de comunicação, meios de expressão e produção da subje- tividade. No momento em que o suporte textual passa a ser a tela do computador, surge uma escrita e uma leitura online. Existem várias ferramentas disponíveis na web, tais como correio eletrônico, messenger, orkut, skype, chats, blogs, videoconferências, entre outros. Neste artigo de revisão teórica, lança-se um olhar sobre a escrita adolescente em blogs, produções cultu- rais da atualidade cuja prática tem sido crescente e merece uma investigação mais aprofundada. Foram

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    Estudos de Psicologia I Campinas I 26(2) I 205-213 I abril - junho 2009

    11111 Artigo elaborado a partir da dissertao de P. CAIROLI, intitulada A escrita em blogs na constituio do sujeito adolescente. Programa de Ps-Graduao emPsicologia, Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul, 2007. Apoio: Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior.

    22222 Pontifcia Universidade Catlica do Rio Grande do Sul, Faculdade de Psicologia, Programa de Ps-Graduao em Psicologia. Av. Ipiranga, 6681, Prdio11, 9 andar, Sala 931, Partenon, 90619-900, Porto Alegre, RS, Brasil. Correspondncia para/Correspondence to: P. CAIROLI. E-mail: .

    A adolescncia escrita em blogs1

    Adolescence as viewed through blogs

    Priscilla CAIROLI2

    Gabriel Chitt GAUER2

    Resumo

    A escrita em blogs, na adolescncia, apresenta-se como um fenmeno contemporneo crescente. Este artigo tem comoobjetivo refletir sobre a escrita em blogs na constituio do sujeito adolescente, em uma perspectiva psicanaltica. Otema foi abordado por meio de uma reviso de literatura que teve como ponto de partida os legados de Freud sobrea escrita, seguindo at psicanalistas contemporneos que pesquisam sobre esta temtica. Em seguida, foram assinaladasquestes relacionadas s mudanas vividas na adolescncia, enquanto evento subjetivo, em um enlace com aescrita neste momento da vida. Por fim, foram apontadas algumas consideraes sobre a escrita na internet e sobre osblogs.

    Unitermos: Adolescncia. Blogs. Escrita. Internet.

    Abstract

    The use of blogs, as a place for adolescents to write about their experiences, is a growing contemporary phenomenon. Thepurpose of the present article is to analyze the writing contained in blogs in the make-up of the adolescent subject, from apsychoanalytic perspective. The topic was approached through a review of relevant literature starting with Freuds legacies aboutwriting, moving on to the work of contemporary psychoanalysts who are researching the subject. Afterwards, issues are presentedrelated to changes experienced in adolescence, as a subjective event, coupled with the writing at that point of time in their life.Finally, some considerations are proposed about writing on the internet and about blogs.

    Uniterms: Adolescence. Blogs. Internet. Writing.

    Na cena contempornea, a revoluo eletrnicae a internet tm possibilitado, alm de novas formas de

    comunicao, meios de expresso e produo da subje-

    tividade. No momento em que o suporte textual passa

    a ser a tela do computador, surge uma escrita e umaleitura online. Existem vrias ferramentas disponveis

    na web, tais como correio eletrnico, messenger, orkut,skype, chats, blogs, videoconferncias, entre outros.

    Neste artigo de reviso terica, lana-se um olharsobre a escrita adolescente em blogs, produes cultu-rais da atualidade cuja prtica tem sido crescente emerece uma investigao mais aprofundada. Foram

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    realizados alguns estudos a respeito dos blogs: Lemos(2002), Recuero (2003), Sibilia (2003, 2005), Schittine (2004),Santos (2006), entre outros.

    Compor um blog um dos fenmenos maisimportantes da cultura digital na contemporaneidade(Chassot, 2005). O tema deste trabalho versa sobre umtipo de blog, muito utilizado pelos adolescentes, quefunciona como um dirio pessoal online, que pode seracessado livremente na web. Nesse espao, os jovenscontam sobre si e expem uma parte de seu cotidiano,escrevem seu perfil, poesias, pensamentos, protestos,colocam fotografias e esperam os comentrios de quemos l. Cabe ressaltar que existem outros tipos de blogs,como os de jornalistas, polticos, artistas e demais profis-

    sionais que buscam um espao de expresso e de

    comunicao.

    A proposta deste artigo refletir sobre a escrita

    em blogs na constituio do sujeito adolescente, em

    uma perspectiva psicanaltica. O mtodo de pesquisa

    utilizado foi o de reviso de literatura, incluindo textos

    de peridicos e no peridicos, nacionais e interna-

    cionais. Inicialmente foram selecionados alguns textos

    de Freud, em que h referncia ao tema da escrita. Em

    um segundo momento, buscaram-se textos de autores

    contemporneos que pesquisam sobre a temtica da

    escrita e sobre a temtica da adolescncia na psicanlise.

    Realizou-se uma busca online nas bases de dados Lilacs,

    SciELO e PsycINFO, no perodo de abril de 2004 at janeiro

    de 2007. Alm destes textos, foram consultados escritos

    sobre a internet e os blogs. A busca deste material tam-

    bm se realizou em peridicos e no peridicos, e me-

    diante uma pesquisa online no site , no mesmo pe-

    rodo citado acima.

    Portanto, a reviso de literatura partiu do escre-

    ver em Freud e seguiu at psicanalistas contemporneos

    que trabalham com o tema da escrita. Em seguida, foram

    assinaladas questes relacionadas s mudanas vividas

    na adolescncia, enquanto evento subjetivo, em um

    enlace com a escrita. A respeito do escrever na ado-

    lescncia, tomou-se como base a colocao de Rassial

    (1997), de que este o perodo da escrita e da leitura,

    idade em que o ler e o escrever mudam de valor de

    vrias maneiras. Nesse momento da vida, em que apalavra dos pais e demais adultos questionada, os

    adolescentes precisam experimentar essa outra consis-tncia da lngua, que a da escrita. Por fim, apontam-sealgumas consideraes sobre a era digital e o ciber-espao, pensando os blogs adolescentes como narra-tivas do eu na internet.

    A escrita em Freud

    Na psicanlise, desde seu surgimento at a atuali-dade, a escrita sempre ocupou um lugar importante, oque torna sua investigao de grande relevncia. Aolongo da reviso das obras de Freud, pode-se notar queo escrever marca o seu percurso, e aparece de formasdistintas em alguns de seus textos, por vezes como umametfora e at mesmo com o intuito de elucidar o fun-cionamento do inconsciente.

    Nos escritos freudianos sobre a sua clnica, oscasos eram expostos na forma de narrativas da cenaanaltica, na qual o sujeito estava no centro da questo,ao invs de se tratar de um simples relato de enfermidade(Birman, 2001); isso outorgou ao escrito psicanaltico asua particularidade.

    Tomando inicialmente a escrita do prprio Freud,que endereou muitas cartas a Fliess, percebe-se que apsicanlise teve, desde o seu nascimento, o suporte daescrita. O pai da psicanlise era um exmio escritor:escreveu sobre os casos que atendeu, sobre suas des-cobertas e suas hipteses acerca do funcionamento doaparelho psquico, possibilitando, assim, uma trans-misso do campo de saber que ele fundou.

    Na carta 52, que Freud (1950/1969e) escreveu aFliess, surgiram as primeiras aluses a signo, inscrio etranscrio na investigao dos processos psquicos.

    Neste documento, h referncia a uma retranscrio

    que o material presente na memria de um sujeito po-

    deria sofrer de tempos em tempos, mediante um

    processo de reestruturao.

    Em um outro momento, em Notas sobre o bloco

    mgico, Freud (1925/1969d) props um enlace entre o

    aparelho psquico e a escrita. Nesse texto, apresentou

    um modelo de aparelho psquico e o relacionou com a

    memria. Para tanto, lanou mo de um instrumento

    chamado bloco mgico. Tal invento seria mais til que

    uma folha de papel ou uma lousa na hora de escrever, e

    as notas nele escritas poderiam ser apagadas com um

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    simples gesto manual. O bloco de notas mgico noteria um espao limitado para a escrita, como aconteceem uma folha de papel, e tambm se distinguiria da es-crita com giz em uma lousa, que, apesar de possibilitara destruio das notas desinteressantes, no permiteque traos importantes sejam mantidos. Este novo ins-trumento, alm da possibilidade de ser utilizado repeti-das vezes, recebendo novas informaes, teria a capaci-dade de guardar os traos permanentes. Freud compa-rou este mecanismo do bloco mgico com sua hiptesea respeito do funcionamento do aparelho perceptivo.

    No texto Escritores criativos e devaneios, Freud(1908/1969a) demonstrou curiosidade a respeito doescrever, e manifestou um grande fascnio pelo trabalhocriativo dos escritores. Lanou mo de alguns pressu-postos, relacionando o brincar infantil criao potica,

    pois, para ele, tanto a criana que brinca quanto o escri-

    tor criativo teriam a possibilidade de criar mundos

    prprios que lhes agradassem. Freud questionou, ainda,

    se seria possvel comparar o escritor criativo quele que

    costuma sonhar acordado, e se haveria alguma seme-

    lhana entre seus escritos e os devaneios. Mais adiante,

    sugeriu que uma determinada vivncia no presente do

    escritor poderia lhe despertar lembranas de fatos vividos

    anteriormente, possivelmente na infncia, e, a partir des-

    tas lembranas, nasceria um desejo que encontraria

    realizao na obra criativa. Assim, uma obra literria

    seria como um devaneio, que daria continuidade ou

    substituiria o brincar infantil. Atravs daquilo que escre-

    ve, o autor estaria apresentando suas prprias fantasias.

    Em Notas psicanalticas sobre um relato auto-biogrfico de um caso de paranoia, Freud (1911/1969b)

    apoiou sua investigao sobre a paranoia no estudo

    realizado a partir dos escritos autobiogrficos de

    Schreber; investigou o que o prprio sujeito havia escrito

    sobre sua doena, realizando uma leitura-escuta, e

    buscou analisar os mecanismos psquicos inconscientes

    existentes ao longo daquela narrativa.

    Freud tambm dedicou parte de suas investiga-

    es aos sonhos, considerando-os elementos decifr-

    veis. Comparou as imagens de um sonho a hierglifos,

    fazendo referncia ao carter da escrita, peculiar ao

    contedo inconsciente. Compreende-se que a escrita

    possui em comum com as formaes do inconsciente

    a caracterstica de ser legvel e decifrvel (Lacet, 2003).

    Como acrescentou Allouch (1995, p.17), o trabalho anal-tico opera com a hiptese da existncia de um sujeitodo inconsciente. Ele afirma que toda a formao doinconsciente um hierglifo - no sentido inicial resiste compreenso imediata, no transparente e s sedeixa ler mediante um trabalho de deciframento.

    Nesse sentido, o estudo sobre a escrita adoles-cente em blogs segue a tradio freudiana, que ensinaque uma informao do inconsciente, assim como osatos falhos e os lapsos de linguagem, est no trivial, nasmincias, nos detalhes. A funo interpretante pode seencontrar nesses elementos modestos e corriqueiros.

    interessante destacar, ainda, que as narrativasde jovens chamaram a ateno de Freud, que escreveu Dra. Hermine Von Hug-Hellmuth sobre o valor dodirio, considerando-o uma pequena joia. Acreditavaele que tudo expresso de modo to encantador, tonatural e to srio nessas notas despretensiosas queelas no podem deixar de despertar o maior interesseem educadores e psiclogos... seu dever, julgo eu,publicar o dirio. Meus leitores lhe ficaro gratos Freud(1915/1969c, p.385). Muitos anos depois, observa-se quea sugesto de Freud - publicar dirios - tornou-se umaprtica comum entre os adolescentes. A internet permi-tiu que fosse criada, na atualidade, uma modalidade dedirios virtuais: os blogs.

    Escrita e transmisso da experincia

    As tecnologias digitais e o ciberespao, presentesnos tempos atuais, possibilitaram o nascimento de umrecente modo de escrita: a escrita online. Os adolescentesescrevem sobre suas vivncias ntimas nas pginas dosblogs e elas ficam expostas na rede internacional decomputadores. Tais narrativas entrelaam o privado e opblico e apontam para uma busca de expresso dosadolescentes. O que se pode ler nas entrelinhas destaescrita de que os adolescentes contemporneos tmlanado mo? Por que escrever a adolescncia emblogs?

    O recurso escrita, ao longo da histria da huma-nidade, tem se apresentado como um suporte impor-tante para a transmisso da experincia. A escrita podeter a funo de legitimar uma experincia e de produ-zir - ela prpria - uma experincia. Benjamin (1992) pro-ps que a experincia se estabelece no momento em

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    que transmitida, e no quando vivida. Nas palavrasde Kehl (2001, p.22): no ato de testemunhar, ou denarrar, ato de fala endereado a um outro, que o vividose constitui como experincia. Uma vez que a con-cepo de experincia compreende a noo deendereamento, como pontuou Rickes (2003), noendereamento que uma experincia alcana tal esta-tuto, pois h o encontro e a inscrio do outro.

    A escrita carrega restos no assimilveis por partedaquele que escreve. Nesse sentido, busca-se subsdiona ideia de Costa (2001), de que na tentativa de trans-misso de algo por meio do escrever, aquele que escre-ve pode produzir um ato que possui o valor de umregistro. Esta escrita produziria efeitos no autor paraalm daquilo que ele se percebe escrevendo.

    A verdade que mais tem sido consideradaimportante aquela que est no sujeito, na intimidade- de onde se supe que venham a fala e a escrita. Semprese escreveram histrias de vida, porm a ideia de que avida uma histria faz parte da cultura ocidental. A

    escrita de dirios ntimos, assim como de autobiografias,

    pode significar a inveno de um novo sentido, como

    bem apontou Calligaris (1997). Tal prtica vai alm de

    uma descrio de atividades do dia a dia de quem escre-

    ve, mas pode ser a sada encontrada por algum que se

    encontra em uma encruzilhada ntima para confessar

    verdades que, de outro modo, no conseguiria revelar.

    O desconhecer-se e o conhecer-se podem acon-

    tecer tanto mediante a experincia psicanaltica quanto

    por meio da escrita. Nessa medida, Bartucci (2001, p.383)

    props o ato de criao, da escritura, como criao de

    um sujeito, como lugar psquico de constituio de

    subjetividade. H um lugar que construdo pelo pr-

    prio texto criado por aquele que se aventura a escrever.

    A esse respeito, evoca-se a colocao de Rickes (2002),

    de que a escrita no apenas um produto, mas a produ-

    tora de um lugar sujeito/autor. Segundo Sousa (1997), a

    relao do sujeito com a escrita situa-se no espao da

    alteridade, do estranho, do desconhecido e, assim, a

    escrita uma tentativa de alcanar um lugar. Questionaainda este autor: quem mais do que o adolescente pre-cisa disto? (p. 205), j que ele evidencia um no lugardevido crise identitria que vivencia.

    Calligaris (1997), seguindo as ideias lacanianas,

    pontuou que a verdade est em uma linha ficcional.

    Fazer da prpria vida uma fico o modo ocidentalmoderno de orient-la e reorient-la. Narrar a si mesmono diferente de inventar para si mesmo uma vida;assim, por meio da fala e da escrita pode ocorrer aproduo de um sujeito, j que o ato autobiogrfico,alm de contar uma histria, constitui a prpria histriadaquele que conta.

    O blog adolescente pode ser pensado comouma escrita autobiogrfica contempornea, uma formade escrever a si mesmo. O adolescente, nesta atividade,pode se reconstruir a partir das questes subjetivas queo afligiram e o colocaram a escrever.

    Por meio da escrita, possvel ao sujeito explorara dimenso do estrangeiro. A adolescncia um tempode exlio, no qual as fronteiras de um aqui e um l soconstrudas. esse exlio interior que propicia o nasci-mento de um sujeito da escrita, que possibilita que umestilo venha a ser construdo. essa condio de exlioque torna possvel escrever (Sousa, 1997).

    O escrever na adolescncia

    A adolescncia pode ser compreendida comoum evento subjetivo, passagem da infncia para a vidaadulta, que se inicia com as transformaes da puber-dade. O sujeito adolescente aquele que se v s voltascom as metamorfoses de seu corpo, com as novassituaes que lhe so agora conferidas no mundo dosgrandes, precisando se situar como adulto entre osadultos. O encontro com o real das modificaes corpo-rais e com o real do sexo, bem como a reedio incons-ciente do conflito edpico, exigem modificaes psqui-cas do adolescente (Alberti, 2004; Rassial, 1997; Ruffino,1993).

    A necessidade de desligar-se dos pais um dosfeitos psquicos mais dolorosos para o jovem, segundoAlberti (2002). Ao descobrir o logro da promessa edpica,acontece uma quebra das identificaes do adolescentecom os pais imaginrios da infncia, o que o leva a umafastamento destas figuras. A contestao da palavrados pais e a sada do lar familiar rumo ao lao sociallevam necessidade de encontrar outras refernciasalm das parentais, ou seja, o sujeito v-se diante daexigncia de realizar uma nova construo identifica-tria. Neste momento, os adolescentes lanam mo dealgumas estratgias como forma de assegurar uma

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    marca de identificao. nesse contexto que a escrita

    pode se situar como uma nova lngua para a circulao

    (Lima, 2003; Rassial, 1997) uma vez que a lngua do lar

    nem sempre valer no espao pblico, caber ao

    adolescente aprender uma outra lngua, que falada na

    rua.

    O dirio tradicional situa um campo simblico

    de compartilhamento de um enigma, um lugar de

    passagem de uma lngua a outra, onde o sujeito ado-

    lescente pode circular entre a casa dos pais e o grupo

    de iguais. Nesse sentido, a escrita pode retratar uma

    mudana de endereo, que consequncia de um

    conflito relativo ao reconhecimento de um lugar prprio

    (Costa, 2001).

    Nesta travessia, em que ocorre uma perda do

    lugar desde onde o sujeito se significava, a escrita pode

    funcionar como um veculo que permite ao adolescente

    expressar o que no est conseguindo comunicar de

    uma outra maneira, constituindo, assim, um recurso de

    linguagem em um cdigo social, discursivo.

    Outro ponto importante, como foi citado ante-

    riormente, a necessidade que se apresenta ao adoles-cente de reapropriar-se do prprio corpo. As mudanas

    da puberdade impem mudanas ao corpo da infncia,

    que tem seus antigos contornos modificados sem que

    haja algum controle. H um luto a ser feito pelo corpo

    infantil perdido e, tambm, um sentimento de estranha-

    mento do jovem em relao ao seu novo corpo, que

    na verdade nunca deixou de ser seu. necessrio recons-

    truir uma imagem corporal, como se o corpo precisasse

    ser novamente escrito por significantes (Backes, 2004).

    H uma reedio do estgio do espelho na ado-

    lescncia. Frente s modificaes no estatuto e no valor

    do corpo, o sujeito necessita reapropriar-se de sua

    imagem; assim, ocorre uma confirmao da sua iden-

    tificao inicial - pr-sexuada. Assim como no estgio

    do espelho foi fundamental que o olhar do outro asse-

    gurasse ao beb que a imagem refletida no espelho era

    a sua, algo parecido ocorre na adolescncia. Surge a

    demanda pelo olhar de um novo outro, de um olharque confirme o novo estatuto de sua imagem comodesejvel e desejante (Giongo, 2004; Rassial, 1999).

    Na mudana de endereo que acontece na

    passagem adolescente, a posio infantil e os laos

    familiares so deixados pelo sujeito para que este possainclinar-se, em outra posio, aos laos em que procu-rar inserir a sua atividade pulsional (Oliveira, 2004). Huma busca do adolescente por criar novas significaese novas referncias, isto , compor um novo elo entre odiscurso (o outro) e a pulso. As modificaes na instn-cia do outro e na imagem do corpo levam o adolescente empreitada de recompor a imagem especular, o estgiodo espelho, reinscrevendo voz e olhar (Poli & Becker,2004).

    Esses objetos pulsionais constituem um suporte

    do corpo infantil para o corpo adulto, e o adolescente

    pode encontrar na escrita, bem como na msica, ma-

    neiras de se situar em relao ao seu desamparo corporal,

    j que nessas duas experincias podem ser encontrados

    os traos que situam esses dois objetos pulsionais privi-

    legiados neste momento da vida (Costa, 2004).

    Nesse sentido, ser que as montagens presentes

    nos blogs podem ser pensadas como um apelo cons-

    truo de imagens para a tarefa de delinear contornos

    que possibilitem ao sujeito adolescente existir? Escrever

    nas pginas online de um blog diferente de escrever

    nas folhas de papel de um dirio tradicional; assim, surge

    o seguinte questionamento: como ser esta travessia

    adolescente quando a escrita se d no ciberespao?

    A busca de um lugar no lao social

    Na adolescncia, a estrutura subjetiva que estem causa, devido ao abalo sofrido pelo imaginrio. O

    jovem precisa emergir e sustentar-se, e necessita de

    outras referncias alm das parentais. Nesse contexto

    de construo de novos ideais, a principal referncia se

    torna o grupo de amigos: os pares sero as grandes fon-

    tes de identificao deste momento. Os adolescentes

    que compem blogs compartilham desta prtica com

    o grupo de amigos; uma atividade que os rene epara a qual criaram um cdigo cifrado de escrita comumapenas entre eles. Esta lngua digital particular aos blo-gueiros acaba excluindo quem no tem conhecimentoda mesma.

    Uma caracterstica bastante notvel dos gruposadolescentes da atualidade o fato de se organizaremem torno de um lao fraterno socializante, seja paralutar contra o tdio do dia a dia, seja para buscar expres-

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    sar certo iderio, e eles esto geralmente envolvidoscom determinadas atividades culturais (Coutinho, 2005).Tais atividades cotidianas compartilhadas podem revelaruma tentativa conjunta de elaborar impasses relativosao lao social contemporneo. A turma adolescentepode funcionar como garantia de reconhecimento detraos identificatrios dos quais o sujeito que deixa ainfncia no se sente seguro, e tambm como campode novas identificaes exogmicas - lembrando que aadolescncia o perodo da primazia das grandesformaes fraternas (Kehl, 2000).

    A composio do dirio virtual dividida comos pares, e na maioria dos blogs h uma lista citandoblogs de outros amigos passveis de serem acessados,de modo que se forma uma rede interligada. Outra ca-racterstica desta prtica que aquele que produz oblog costuma pedir aos visitantes de sua pgina quedeixem comentrios sobre aquilo que ele escreveu.

    Blogs: narrativas do eu na internet

    A era digital transformou a relao com a culturaescrita, j que, com a web, surgiu uma nova forma detransmisso dos textos. O historiador Chartier (2002)nomeou esta evoluo nos meios eletrnicos comorevoluo digital, que, por sua vez, deu origem a umarevoluo no modo de ler e escrever. Nesse contexto, ostextos so dados leitura em um mesmo suporte, a telado computador, que parece oferecer liberdade, maleabi-lidade e possibilidades nunca antes vividas pelos escri-tores. Surgiu ento uma nova forma de escrita e leitura,agora online.

    A digitalizao promoveu uma grande transfor-mao e deu um novo impulso ao texto e prprialeitura. As mensagens digitais e a amplitude do ciberes-pao tm exercido um papel fundamental nas transfor-maes que vm acontecendo na comunicao e nainformao, mas a virtualizao, alm disso, ultrapassaa informatizao. Uma marca presente na virtualizao o trnsito do interior ao exterior e vice-versa. SegundoLvy (1996), esta passagem pode ser chamada de efeitoMoebius, que acontece nas relaes privado/pblico,autor/leitor, entre outras. Os limites no so mais deter-minados, e os lugares e tempos se interpem.

    Cabe lembrar aqui a colocao de Lacan (1998)sobre a constituio do sujeito: algo tambm acontece,

    como na fita de Moebius, de modo que no h distinoentre a banda de fora e a banda de dentro, nem fronteirasdeterminadas entre o interior e o exterior, entre o sujeitoe o outro. Nesse sentido, o ciberespao aponta paraalgo que j estava presente. V-se com a recente tecno-logia algo estruturante do sujeito, ou seja, na relaocom o outro que se d algo prprio.

    No caso dos blogs, surge um novo elementoque no havia nos dirios e agendas tradicionais: o ciber-espao. Essa rede sem fronteiras determinadas umespao novo, constitudo pela interconexo de compu-tadores do mundo inteiro. A ligao entre humanos detodos os horizontes em um s tecido aberto e interativoproduz uma situao totalmente indita, na qual leiturae escrita mudam de papel (Lvy, 1999).

    A comunicao eletrnica livre e espontneapermite que qualquer um que deseje possa colocar suasprprias criaes a circular pela web. o caso do blog,que se tornou uma ferramenta contempornea muitoutilizada por aqueles que desejam publicar algo noespao ciberntico. Alm dos blogs criados por adoles-centes para narrarem suas vidas, muitos jornalistas,polticos, artistas e demais profissionais criam blogspessoais para interagir com um pblico leitor.

    A respeito dos blogs adolescentes, buscam-sesubsdios nos estudos de Turkle (1989), que observou

    que muitos adolescentes fazem uso dos meios eletr-

    nicos como uma tela para expressar o que esto viven-

    ciando, e utilizam o computador como uma mquina

    para construrem seus mundos. Por meio de experin-

    cias com o computador, o jovem pode encontrar umaforma de refletir sobre si mesmo.

    Como acrescentou Rodulfo (1997), os meios tele-

    tecnomediticos parecem funcionar como meios de

    comunicao, mas tratam-se, alm disso, de meios de

    inveno da subjetividade. Outra caracterstica dos

    meios teletecnomediticos abalar a separao entre

    realidade e fico, j que para o adolescente os meios

    fazem parte da realidade, so a prpria realidade.

    Muitos blogs esto no meio do caminho entre

    realidade e fico, como colocou Schittine (2004). O blog

    pessoal trata de uma escrita do eu na web e chamado

    de dirio ntimo na internet, pois muitos blogueirosnarram sua intimidade nesse espao. O elemento novopresente nos blogs a suposio da presena de um

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    pblico leitor: aquele que escreve um blog escreve para

    ser lido. Assim, do papel para a tela, o dirio que antes

    pertencia esfera ntima abre-se para a pblica.

    Lemos (2002) chamou os blogs de webdirios

    ou ciberdirios, e apontou para a caracterstica mar-

    cante dos blogueiros, que a de escreverem sobre si.

    Os blogs so, ao mesmo tempo, pessoais e pblicos, e

    versam sobre a vida cotidiana de quem os escreve,

    tratando-se de uma escrita na qual h uma preocupao

    com a maneira como o eu ser apresentado no ciberes-

    pao. E, assim, a vida privada pode ser transformada em

    um espetculo aos olhos daqueles que navegam pela

    internet.

    Essa visibilidade espetacular que pode ser pro-

    porcionada pelos dirios virtuais aponta para umaquesto contempornea que diz respeito superva-lorizao da imagem. H uma legio de indivduosdesamparados, cujo reconhecimento social fica subordi-nado inteiramente a uma visibilidade espetacular, queatende a uma ordem na qual o nico agente do espe-tculo ele mesmo (Kehl, 2004).

    A dimenso pblica caracterstica dos blogs

    importante para o adolescente, que clama pelo olhar

    do outro e busca um lugar no lao social, mas impor-

    tante lembrar que uma escrita espetacularizada nos

    blogs diferente de uma escrita endereada ao outro

    na busca de um olhar que venha a firmar uma identidade

    em construo. Estas so duas vertentes possveis dessa

    escrita online.

    Consideraes Finais

    A escrita em blogs pode ser pensada como umnovo meio de expresso do inenarrvel encontrado

    pelos adolescentes contemporneos. Mesmo que o

    suporte da escrita tenha passado das folhas de papel

    para pginas online, o contedo destas narrativas

    continua sendo relacionado s vivncias pessoaisdaquele que escreve.

    No entanto, o que antes ficava restrito ao mundo

    privado passou esfera pblica. Os sonhos, a intimidade

    e a vida pessoal dos jovens blogueiros so publicados

    no ciberespao. Esta nova forma de escrita, que entrelaa

    o privado e o pblico, vem sendo marcante na atuali-

    dade. O blogueiro escreve sobre sua vida, utiliza

    imagens como fotografias, letras de msicas, poesias

    que falam sobre si, em uma provvel tentativa de que

    esta produo lhe ajude a transpor, ou seja, passar de

    um lugar ao outro. Nesse sentido, os adolescentes, que

    esto na travessia da famlia rumo ao lao social, podem

    encontrar no blog um meio para esboar essa passa-

    gem.

    Essas narrativas do eu no ciberespao podem

    possibilitar uma nova forma de vida. Compor um blog

    pode ser um ato que produz o sujeito a partir de um

    fazer que ele mesmo desconhece. medida que o

    adolescente apresenta-se de forma diferente, pode ter

    uma vida diferente. Ao escrever no blog, estaria cons-

    truindo uma posio desde a qual falar. H um sujeito

    que ir revelar-se aps o ato da escrita. H sempre uma

    surpresa em revelar a si mesmo o que se desconhece.

    Criar um blog pode representar uma experincia

    subjetiva de criao, uma experincia que permite ao

    sujeito ser outro.

    Outra questo interessante que surge com a

    escrita online a possibilidade de ligao do blogueiro

    com o grupo de amigos por meio de uma rede que

    interliga os blogs. Esta prtica virtual apresenta como

    uma de suas caractersticas o dilogo, a interatividade

    entre aquele que escreve e seus supostos leitores. Pode-

    -se perceber que a comunicao acontece de forma

    rpida e veloz; a escrita quase simultnea sua publi-

    cao no ciberespao. O blogueiro espera e solicita os

    comentrios sobre aquilo que escreveu, o que parece

    vir ao encontro da necessidade adolescente de reconhe-

    cimento.

    Cabe destacar que o blog est sempre sendo

    construdo, assim como o sujeito adolescente est viven-

    do um momento de constituio de si mesmo. A com-

    posio de um blog remete imagem da montagem

    de um puzzle, pois os adolescentes, nessas pginas

    online, vo pouco a pouco juntando pedacinhos de

    suas vidas.

    Sugere-se a importncia de que novas pesquisas

    venham a ser desenvolvidas sobre as recentes tecno-

    logias que envolvem a internet e a escrita online, para

    ampliar a investigao sobre este fenmeno, que to

    novo e que ainda vive tantas mudanas.

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