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PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PARA TÉCNICO DA ÁREA ADMINISTRATIVA DO TJDFT PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá! Tudo bem? Está é a aula 8. Nela, vamos conversar sobre texto: tipologia, compreensão e interpretação. Esse é um assunto que o Cespe adora. É comum surgirem cerca de cinco questões em suas provas. Tipologia Textual Tipologia textual designa uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas). Diferentemente do que aprendemos na escola, vamos dividir os textos em cinco tipos: descritivo, narrativo, expositivo (ou informativo), argumentativo (ou simplesmente dissertativo) e injuntivo. Para efeito de prova, a banca pode usar ainda as terminologias dissertação expositiva e dissertação argumentativa para se referir, respectivamente, aos textos expositivos e argumentativos. Que tal caracterizarmos cada um deles? Texto descritivo (“retrato” verbal) É o tipo de redação na qual se apontam as características que compõem um determinado objeto, pessoa, animal, ambiente ou paisagem. Apresenta elementos que, quando juntos, produzem uma “imagem”. Calisto Elói, naquele tempo, orçava por quarenta e quatro anos. Não era desajeitado de sua pessoa. Tinha poucas carnes e compleição, como dizem, afidalgada. A sensível e dissimétrica saliência do abdômen devia-se ao uso destemperado da carne de porcos e outros alimentos intumescentes. Pés e mãos justificavam a raça que as gerações vieram adelgaçando de carnes. Tinha o nariz algum tanto estragado das invasões do rapé e torceduras do lenço de algodão vermelho. A dilatação das ventas e o escarlate das cartilagens não eram assim mesmo coisa de repulsão. (Camilo Castelo Branco, A queda dum anjo)

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PACOTE DE TEORIA E EXERCÍCIOS PARA TÉCNICO

DA ÁREA ADMINISTRATIVA DO TJDFT

PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA

Prof. Albert Iglésia www.pontodosconcursos.com.br

1

Olá! Tudo bem?

Está é a aula 8. Nela, vamos conversar sobre texto: tipologia,

compreensão e interpretação. Esse é um assunto que o Cespe adora. É

comum surgirem cerca de cinco questões em suas provas.

Tipologia Textual

Tipologia textual designa uma espécie de sequência teoricamente

definida pela natureza linguística de sua composição (aspectos lexicais,

sintáticos, tempos verbais, relações lógicas).

Diferentemente do que aprendemos na escola, vamos dividir os

textos em cinco tipos: descritivo, narrativo, expositivo (ou informativo),

argumentativo (ou simplesmente dissertativo) e injuntivo.

Para efeito de prova, a banca pode usar ainda as terminologias

dissertação expositiva e dissertação argumentativa para se referir,

respectivamente, aos textos expositivos e argumentativos.

Que tal caracterizarmos cada um deles?

Texto descritivo (“retrato” verbal)

É o tipo de redação na qual se apontam as características que compõem um

determinado objeto, pessoa, animal, ambiente ou paisagem. Apresenta

elementos que, quando juntos, produzem uma “imagem”.

Calisto Elói, naquele tempo, orçava por quarenta e quatro anos.

Não era desajeitado de sua pessoa. Tinha poucas carnes e compleição, como

dizem, afidalgada. A sensível e dissimétrica saliência do abdômen devia-se ao

uso destemperado da carne de porcos e outros alimentos intumescentes. Pés e

mãos justificavam a raça que as gerações vieram adelgaçando de carnes.

Tinha o nariz algum tanto estragado das invasões do rapé e torceduras do

lenço de algodão vermelho. A dilatação das ventas e o escarlate das

cartilagens não eram assim mesmo coisa de repulsão. (Camilo Castelo Branco, A queda dum anjo)

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Desperte para as características desse tipo de texto:

1) Predomínio de adjetivos.

2) Descrição objetiva (expressionista): limita-se aos aspectos reais e

visíveis; não há opinião do autor sobre o tema.

3) Descrição subjetiva (impressionista): o autor emite sua opinião sobre o

assunto.

4) Descrição física: limita-se à descrição dos traços externos e visíveis, tais

como altura, cor da pele, tipo de nariz e cabelo etc.

5) Descrição psicológica: está relacionada a aspectos do comportamento da

pessoa descrita: se é carinhosa, agressiva, calma, comunicativa, egoísta,

generosa etc.

6) Não há uma sucessão de acontecimentos ou fatos, mas sim a

apresentação pura e simples do estado a ser descrito em um

determinado momento.

7) Aqui, a matéria é o objeto.

Texto narrativo

É a modalidade de redação na qual contamos um ou mais fatos que ocorrem

em determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens.

Ele foi cavando, cavando, cavando, pois sua profissão – coveiro –

era cavar. Mas, de repente, na distração do ofício que amava, percebeu que

cavara demais. Tentou sair da cova e não conseguiu. Levantou o olhar para

cima e viu que sozinho não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou

mais forte. Ninguém veio. Enrouqueceu de gritar, cansou de esbravejar,

desistiu com a noite. Sentou-se no fundo da cova, desesperado. A noite

chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardias. Bateu o frio da madrugada

e, na noite escura, não se ouviu um som humano, embora o cemitério

estivesse cheio de pipilos e coaxares naturais dos matos. Só pouco depois da

meia-noite é que vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro

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gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima,

perguntou o que havia: “O que é que há?”

O coveiro então gritou, desesperado: “Tire-me daqui, por favor.

Estou com um frio terrível!” “Mas, coitado!” – condoeu-se o bêbado – “Tem

toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra de cima de você, meu pobre

mortinho!” E, pegando a pá, encheu-a e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.

Moral: Nos momentos graves é preciso verificar muito bem para

quem se apela.

(O coveiro, Millôr Fernandes)

Note as características do tipo narrativo:

1) O fato narrado pode ser real ou fictício.

2) A descrição pode inserir-se na narração, dada a importância de se

caracterizarem os personagens envolvidos na trama e o cenário em que

ela se desenvolve.

3) Narração em 1ª pessoa: ocorre quando o fato é contado por alguém

que se envolve nos acontecimentos (uso dos pronomes nós, eu).

4) Narração em 3ª pessoa: o narrador conta a ação do ponto de vista de

quem vê o fato acontecer na sua frente (narrador onisciente); ele não

participa da ação (uso dos pronomes ele(a), eles(as)).

5) Narração objetiva: o narrador apenas relata os fatos, sem se deixar

envolver emocionalmente com o que está noticiado. É de cunho

impessoal e direto.

6) Narração subjetiva: leva-se em conta as emoções, os sentimentos

envolvidos na história. São ressaltados os efeitos psicológicos que os

acontecimentos desencadeiam nos personagens.

7) A progressão temporal (exposição, complicação, clímax e desfecho) é

essencial para o desenvolvimento da trama.

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8) O tempo predominante é o passado, cronológico (um minuto, uma hora,

uma semana, um ano etc.) ou psicológico (vivido por meio de flashback,

é a memória do narrador).

Texto argumentativo (dissertação argumentativa)

É o tipo de composição na qual expomos ideias seguidas da apresentação

de argumentos que as comprovem. Tem por objetivo a defesa de um

ponto de vista, por meio da persuasão.

A informalidade em excesso soma-se à

ausência do poder público e à cultura da corrupção

A imagem mais citada por testemunhas do desabamento de três

prédios na Rua Treze de Maio, na região da Cinelândia, era a queda das torres

do World Trade Center, em setembro de 2001, em Nova York. A nuvem de

poeira e detritos que varreu a rua e foi captada por uma câmera de vigilância

era, de fato, em escala bem menor, parecida com aquela, gigantesca, que

subiu de downtown pela ilha de Manhattan, no colapso das Torres Gêmeas.

[...]

Em outubro do ano passado, o restaurante Filé Carioca, instalado

no térreo de um prédio na Praça Tiradentes, também no Centro, explodiu.

Morreram três pessoas e 17 ficaram feridas. Assim como a tragédia de quarta

à noite poderia ter sido muito maior se houvesse ocorrido mais cedo, aquele

acidente seria mais dramático se não tivesse acontecido de manhã cedo.

[...]

No caso do restaurante, não há dúvida. Contra o bom-senso e as

próprias normas de segurança, a cozinha do Filé Carioca era abastecida por

cilindros de GLP abrigados no subsolo. Aconteceu o que poderia ter sido

previsto por um fiscal. Mesmo com uma cozinha convertida em paiol, o

estabelecimento funcionava com “alvará provisório”, renovado por cinco anos.

Ora, alvará para negócios que envolvam risco de vida não pode ser

“provisório”. E pior: jamais o Corpo de Bombeiros vistoriara o local.

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[...]

Na quarta à noite, ficou mais uma vez evidente que o poder público

é ágil na emergência: não demorou muito para bombeiros, escavadeiras, etc.

chegarem ao local. O mesmo acontece nas enxurradas e enchentes. Nos dois

casos, faltam ações preventivas, não só para proteger a população, mas

também educá-la a cumprir as normas.

[...]

A informalidade em excesso soma-se à ausência do poder público e

à cultura da corrupção em repartições e cria situações cujo desdobramentos

costumam ser catastróficos (Internet: http://oglobo.globo.com/opiniao/um-alerta-cidade-do-rio-3772513. Acesso em 27/1/2012)

Texto expositivo (informativo; dissertação expositiva)

O objetivo do texto é passar conhecimento para o leitor. Nesse tipo textual,

não se faz a defesa de uma ideia. Encontrado em livros didáticos e

paradidáticos (material complementar de ensino), enciclopédias, jornais,

revistas (científicas, informativas, etc.).

A União Europeia baniu importações de petróleo do Irã com o

objetivo de pressionar o país a interromper o seu programa nuclear. Os países

europeus também decidiram suspender transações financeiras com o Banco

Central de Teerã. As sanções, que só serão totalmente aplicadas em julho,

foram decididas pelos chanceleres de 27 países reunidos em Bruxelas. Há três

semanas, os EUA aplicaram medidas semelhantes.

(Folha de São Paulo. Internet <http://www1.folha.uol.com.br/fsp/>. Acesso em 24/1/2012)

Repare agora que, diferentemente da intenção do autor do texto

acima, este aqui não tem a presunção de convencer ninguém a respeito de

algo. Limita-se apenas a transmitir ao leitor, de forma imparcial e objetiva,

uma informação sobre as sanções sofridas pelo Irã.

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Texto injuntivo (instrucional)

Indica como realizar uma ação; aconselha. É também utilizado para

predizer acontecimentos e comportamentos. Utiliza linguagem objetiva e

simples. Há predomínio da função conativa ou apelativa (o emissor procura

influenciar o comportamento do receptor; como o emissor se dirige ao

receptor, é comum o uso de tu, você ou o nome da pessoa, além dos

vocativos e imperativos; usada nos discursos, sermões e propagandas que

se dirigem diretamente ao consumidor – instruções de uso de um aparelho;

leis; regulamentos; receitas de comida; guias; regras de trânsito).

Exemplo: "Coloque a tampa e a seguir pressione." (verbo no imperativo)

"Coloca-se a tampa e a seguir pressiona-se." (verbo no presente do indicativo)

"Colocar a tampa e a seguir pressionar." (verbo no infinitivo)

Agora, aplique tudo isso que aprendeu na resolução de questões de

provas anteriores.

1 O termo groupthinking foi cunhado, na década de

cinquenta, pelo sociólogo William H. Whyte, para explicar

como grupos se tornavam reféns de sua própria coesão,

4 tomando decisões temerárias e causando grandes fracassos.

Os manuais de gestão definem groupthinking como um

processo mental coletivo que ocorre quando os grupos são

7 uniformes, seus indivíduos pensam da mesma forma e o

desejo de coesão supera a motivação para avaliar alternativas

diferentes das usuais. Os sintomas são conhecidos: uma

10 ilusão de invulnerabilidade, que gera otimismo e pode levar

a riscos; um esforço coletivo para neutralizar visões

contrárias às teses dominantes; uma crença absoluta na

13 moralidade das ações dos membros do grupo; e uma visão

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distorcida dos inimigos, comumente vistos como iludidos,

fracos ou simplesmente estúpidos.

16 Tão antigas como o conceito são as receitas para

contrapor a patologia: primeiro, é preciso estimular o

pensamento crítico e as visões alternativas à visão

19 dominante; segundo, é necessário adotar sistemas

transparentes de governança e procedimentos de auditoria;

terceiro, é desejável renovar constantemente o grupo, de

22 forma a oxigenar as discussões e o processo de tomada de

decisão.

Thomaz Wood Jr. O perigo do groupthinking. In: Carta

Capital, 13/5/2009, p. 51 (com adaptações).

1. (Cespe/TCU/AFCE/2009) A sequência narrativa inicial, relatando a origem

do termo “groupthinking” (l.1), não caracteriza o texto como narrativo,

pois integra a organização do texto predominantemente argumentativo.

Comentário – Dificilmente alguém escreve um texto homogêneo, ou seja,

puramente narrativo, descritivo, argumentativo, informativo ou instrucional.

No caso do texto da prova, há ainda elementos que descrevem, definem ou

caracterizam o conceito de “groupthinking”.

Contudo, o autor do texto, sutilmente (entre elementos

narrativos e descritivos), expõe seu ponto de vista a respeito dele. No segundo

parágrafo, Thomas Wood classifica-o negativamente de “patologia” e propõe

categoricamente medidas (“receitas”) para tratá-lo, por considerá-lo

indesejável.

Resposta – Item certo.

2. (Cespe/TCU/AFCE/2009) Apesar de a definição de “groupthinking” (l.5-9)

sugerir neutralidade do autor a respeito desse processo, o uso metafórico

de palavras da área de saúde, como “sintomas” (l.9), “receitas” (l.16) e

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“patologia” (l.17), orienta a argumentação para o valor negativo e

indesejável de groupthinking.

Comentário – Durante o processo descritivo do que é groupthinking, o autor

tenta se manter imparcial, mas logo deixa transparecer seu ponto de vista

sobre ele por meio das palavras citadas pela banca, as quais assumem carga

semântica negativa.

Resposta – Item certo.

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3. (Cespe/Correios/Analista de Correios/Letras/2011) No texto, que se

caracteriza como expositivo-argumentativo, identificam-se a combinação

de vocabulário abstrato com metáforas e o emprego de estruturas

sintáticas repetidas.

Comentário – A primeira parte da assertiva afirma que o texto é

expositivo-argumentativo. O que será que o Cespe quis dizer com isso? Texto

expositivo-argumentativo é simplesmente o que evidencia uma análise crítica e

pessoal sobre um assunto, apresentando dados, observações, argumentos que

a confirmem. No texto da prova, o autor discorre sobre a estruturação da

fenomenologia da memória. A partir da linha 18, Paul Ricouer apresenta-nos a

conclusão da tese que defende.

A segunda parte da assertiva afirma que podemos encontrar

“combinação de vocabulário abstrato com metáforas e o emprego de

estruturas sintáticas repetidas”. Será verdade? Veja os exemplos abaixo:

– “Essa abordagem ‘objetal’ levanta um problema específico

no plano da memória” (l. 8-9);

– “cuja tendência foi fazer prevalecer o lado egológico da

experiência mnemônica” (l. 13-15);

– “Se nos apressarmos a dizer que o sujeito da memória é o

eu,... a noção de memória coletiva poderá...” (l. 18-21);

– “Se não quisermos nos deixar confinar numa aporia inútil,

será preciso manter... (l. 22-24).

Resposta – Item certo.

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Cinco curiosidades sobre Erasmo de Rotterdam (1467-1536)

4. (Cespe/Correios/Analista de Correios/Letras/2011) O texto, de caráter

informativo, é exemplo do gênero biografia.

Comentário – Como o próprio título já anuncia, o texto é um informativo

sobre aspectos da vida de Erasmo de Rotterdam. A exposição de dados da vida

desse ilustre personagem caracteriza-se como uma biografia – gênero literário

em que, normalmente, se conta a vida de alguém depois de sua morte.

Resposta – Item certo.

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5. (Cespe/Correios/Analista de Correios/Letras/2011) O trecho “uma série de

avanços [...] bens materiais e simbólicos” (L.6-9) constitui a tese que os

autores visam comprovar por meio da argumentação formulada no texto,

que pode ser classificado como dissertativo-argumentativo.

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Comentário – De fato, o texto é dissertativo-argumentativo, mas a tese é

outra. Você notou isso? O que o texto sustenta é que “este é o período

histórico no qual se opera a mais radical das revoluções já experimentadas

pela humanidade, tanto em amplitude quanto em profundidade” (l. 3-5).

Observe que, a partir da linha 16, a autora reafirma a singularidade do período

histórico: “...o que distingue a atual revolução de outros tantos definitivos

marcos históricos... é a tremenda rapidez, a agilidade e a amplitude das

mudanças e transformações”.

Resposta – Item errado.

6. (Cespe/SAEB-BA/Professor/Língua Portuguesa/2011) Pelos sentidos e

pelas estruturas linguísticas do texto, é correto concluir que o emprego de

“Conheça” (L.7) e “Não perca” (L.12) indica que a função da linguagem

predominante no texto é a

(A) metalinguística.

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(B) poética.

(C) conativa.

(D) expressiva.

Comentário – Questão interessante. Apesar de não cobrar especificamente o

tipo de texto, exige conhecimento sobre a função da linguagem presente no

tipo de texto conhecido como injuntivo: função conativa (ou apelativa). Ela

se centraliza no receptor; o emissor procura influenciar o comportamento dele.

Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu, você, nós, ou o

nome da pessoa, além dos vocativos e imperativos. Usada nos discursos,

sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor.

A função metalinguística centraliza-se no código, usando a

linguagem para falar dela mesma (a poesia que fala da poesia, da sua função e

do poeta, um texto que comenta outro texto). Principalmente os dicionários

são repositórios de metalinguagem. Exemplos:

– O que você quer dizer com isso?

– “Escrevo porque gosto de escrever.

A função poética centraliza-se na mensagem, revelando

recursos imaginativos criados pelo emissor. É afetiva, sugestiva, conotativa,

metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações. É a linguagem

figurada apresentada em obras literárias, letras de música, algumas

propagandas etc. Exemplo:

“Rua

Torta

Lua

Morta

Tua

Porta”.

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A função expressiva (ou emotiva) centraliza-se no emissor,

revelando sua opinião, sua emoção. Nela, prevalece a primeira pessoa do

singular, interjeições e exclamações. É a linguagem das biografias, memórias,

poesias líricas e cartas de amor. Exemplo:

– Eu odeio tomar refrigerante quente.

– Nós o amamos muito, papai.

Resposta – C

7. (Cespe/TCU/AFCE/Auditoria de Obras Públicas/2011) O texto caracteriza-

-se como predominantemente dissertativo-argumentativo, e o autor utiliza

recursos discursivos diversos para construir sua argumentação, como, por

exemplo, linguagem figurada e repetições.

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Comentário – Note que a expressão “dissertativo-argumentativo” surge de

vez em quando nas provas. A tese que o autor defende gira em torno da

felicidade (primeiro período e segundo períodos). Note também que o autor

usa reiteradamente o vocábulo “felicidade”. As expressões “como uma deusa

da vitória”, “vida que é dor, avidez e privação” e “aquele que não sabe [...]

colocar-se de pé” são exemplos de linguagem figurada.

Resposta – Item certo.

8. (Cespe/EBC/Cargos de Nível Médio/2011) O trecho de citação da fala do

professor da Universidade de São Paulo é predominantemente narrativo.

Comentário – O trecho citado é marcado pelo emprego das aspas e

corresponde à fala do professor Leal Filho. Na opinião dele, o sistema de

comunicação deveria ser público. O professor tenta defender seu ponto de

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vista argumentando que o objetivo do sistema de comunicação é prestar um

serviço público. Leal Filho também sustenta sua tese dizendo que em alguns

países é assim que funciona. Portanto o discurso dele é predominantemente

dissertativo.

Resposta – Item errado.

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9. (Cespe/IRB/Diplomata/2012) Ambos os fragmentos apresentam a

estrutura textual típica da narrativa, recurso empregado pelo autor como

forma de manter a coerência dos fatos narrados.

Comentário – O fragmento II é típico de um texto descritivo. No caso, a

descrição é da cidade de São Paulo. Nele não há uma sucessão de

acontecimentos ou fatos, mas sim a apresentação pura e simples do estado a

ser descrito em um determinado momento. Percebe-se que a matéria é o

objeto (ou o ambiente) e que o enunciador emite suas impressões sobre o que

tenta descrever.

Resposta – Item errado.

Passo agora a falar sobre compreensão e interpretação de texto. É

muito comum nas provas elaboradas pelo Cespe/UnB constarem itens que

exigem conhecimentos sobre processos de coesão textual, argumentos

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dedutivos e indutivos e de reescritura de texto (paráfrase). O que se

pretende com esse tipo de exigência é verificar a capacidade do aluno de

assimilar e transmitir a informação lida. São assuntos fáceis de entender, mas

exigem atenção por parte dos candidatos. A instituição costuma fazer um “jogo

de palavras” para tentar confundi-los.

Adiante, faço a exposição do conteúdo teórico sobre esses pontos

da nossa aula de hoje. Os exemplos extraídos de provas anteriores virão em

seguida, juntamente com outros comentários a respeito.

Coesão e Coerência Textual1

Primeiramente, é importante diferenciar os dois conceitos. A

coesão refere-se aos vínculos estabelecidos entre as partes de um enunciado

ou de uma sequência maior. A noção de coerência, embora muito ligada à de

coesão, diz respeito mais ao processo de compreensão e de interpretabilidade

de um texto. Você pode se valer do quadro abaixo para melhor entender esses

conceitos:

Coesão Coerência

Articulação entre palavras e

enunciados do texto.

Manutenção da sequência lógica de

argumentação.

Elementos coesivos (advérbios,

conjunções, preposições, pronomes

etc.).

Não deve haver contradições e

mudanças bruscas no rumo do

pensamento.

Relação sintática. Relação semântica.

Observe o exemplo abaixo.

Comprei três laranjas e coloquei-as no freezer, pois tencionava

fazer uma salada de frutas bem geladinha com elas; mas, como 1 Nesta seção, sirvo-me de algumas preciosas lições do professor Dílson Catarino, disponível em

http://www.gramaticaonline.com.br/gramaticaonline.asp?menu=4&cod=28&prox_x=1.

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fui à rua e me demorei muito, não pude aproveitá-las na salada

porque ficaram todas congeladas.

Nesse pequeno texto, há vários elementos que estabelecem

ligação entre as partes dele, além do jogo verbal e da sequência de ações;

enfim, são elementos reconhecíveis e que formam os elos entre os termos.

Na próxima passagem, no entanto, há uma carência de elementos

sintáticos de ligação entre os períodos que compõem o texto.

Olhar fito no horizonte. Apenas o mar imenso. Nenhum sinal de

vida humana. Tentava recordar alguma coisa. Nada.

Como você pode perceber, o que permite dar um sentido ao texto

é a possibilidade de se estabelecer uma relação semântica (SENTIDO) ou

pragmática (INTERACIONAL) entre os elementos da sequência. Assim sendo, é

possível admitir que a coerência é mais relevante do que a coesão para a

construção de um texto, embora os dois fatores sejam características

importantes de todo bom texto.

Processos de coesão textual

Existem determinados vocábulos na língua que não devem ser

interpretados semanticamente por seu próprio sentido, mas sim em função da

referência que estabelecem com outros itens. Um item referencial tomado

isoladamente é vazio e significa apenas: procure a informação em outro lugar.

Observem o exemplo seguinte:

João é o maior empresário daqui. No Distrito Federal, não há

outro que o supere.

Repare que “João” é retomado no segundo período pelo pronome

“o”; enquanto o advérbio “aqui”, no primeiro período, antecipa a circunstância

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de lugar indicada por “Distrito Federal”. No caso da retomada, temos uma

anáfora. No caso de sucessão, uma catáfora.

Observa-se na coesão a propriedade de unir termos e orações por

meio de conectivos. A escolha errada desses conectivos pode ocasionar a

deturpação do sentido do texto.

Que tal treinar o emprego dos mecanismos de coesão a partir do

texto abaixo?

Oito pessoas morreram (cinco passageiros de uma mesma família e dois

tripulantes, além de uma mulher que teve ataque cardíaco) na queda de um

avião (1) bimotor Aero Commander, da empresa J. Caetano, da cidade de

Maringá (PR). O avião (1) prefixo PTI-EE caiu sobre quatro sobrados da Rua

Andaquara, no bairro de Jardim Marajoara, Zona Sul de São Paulo, por volta

das 21h40 de sábado. O impacto (2) ainda atingiu mais três residências.

Estavam no avião (1) o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que

foi candidato a prefeito de Maringá nas últimas eleições (leia reportagem nesta

página); o piloto (1) José Traspadini, de 64 anos; o co-piloto (1) Geraldo

Antônio da Silva Júnior, de 38; o sogro de Name Júnior (4), Márcio Artur

Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (5) filhos Márcio Rocha Ribeiro Neto, de 28, e

Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6), João Izidoro de

Andrade (7), de 53 anos.

Izidoro Andrade (7) é conhecido na região (8) como um dos maiores

compradores de cabeças de gado do Sul (8) do país. Márcio Ribeiro (5) era

um dos sócios do Frigorífico Naviraí, empresa proprietária do bimotor (1).

Isidoro Andrade (7) havia alugado o avião (1) Rockwell Aero Commander

691, prefixo PTI-EE, para (7) vir a São Paulo assistir ao velório do filho (7)

Sérgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao reagir a um

assalto e ser baleado na noite de sexta-feira.

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O avião (1) deixou Maringá às 7 horas de sábado e pousou no aeroporto de

Congonhas às 8h27. Na volta, o bimotor (1) decolou para Maringá às 21h20

e, minutos depois, caiu na altura do número 375 da Rua Andaquara, uma

espécie de vila fechada, próxima à avenida Nossa Senhora do Sabará, uma das

avenidas mais movimentadas da Zona Sul de São Paulo. Ainda não se

conhecem as causas do acidente (2). O avião (1) não tinha caixa preta e a

torre de controle também não tem informações. O laudo técnico demora no

mínimo 60 dias para ser concluído.

Segundo testemunhas, o bimotor (1) já estava em chamas antes de cair em

cima de quatro casas (9). Três pessoas (10) que estavam nas casas (9)

atingidas pelo avião (1) ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos

graves. (10) Apenas escoriações e queimaduras. Elídia Fiorezzi, de 62 anos,

Natan Fiorezzi, de 6, e Josana Fiorezzi foram socorridos no Pronto Socorro de

Santa Cecília.

1. REPETIÇÃO: o elemento (1) foi repetido diversas vezes durante o texto.

Observem que o vocábulo “avião” foi muito usado, principalmente por ter sido

o veículo envolvido no acidente, que é a notícia propriamente dita. A repetição

é um dos principais elementos de coesão do texto jornalístico, que, por sua

natureza, deve dispensar a releitura por parte do receptor (o leitor, no caso). A

repetição pode ser considerada a mais explícita ferramenta de coesão.

2. REPETIÇÃO PARCIAL: na retomada de nomes de pessoas, a repetição

parcial é o mais comum mecanismo coesivo do texto jornalístico. Costuma-se,

uma vez citado o nome completo de um entrevistado - ou da vítima de um

acidente, como se observa com o elemento (7), na última linha do segundo

parágrafo e na primeira linha do terceiro -, repetir somente o(s) seu(s)

sobrenome(s). Quando os nomes em questão são de celebridades (políticos,

artistas, escritores, etc.), é de praxe, durante o texto, utilizar a nominalização

por meio da qual são conhecidas pelo público. Exemplos: Nedson (para o

prefeito de Londrina, Nedson Micheletti); Farage (para o candidato à

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prefeitura de Londrina em 2000 Farage Khouri); etc. Nomes femininos

costumam ser retomados pelo primeiro nome, a não ser nos casos em que os

sobrenomes sejam, no contexto da matéria, mais relevantes e as identifiquem

com mais propriedade.

3. ELIPSE: é a omissão de um termo que pode ser facilmente deduzido

pelo contexto da matéria. Veja-se o seguinte exemplo: Estavam no avião (1)

o empresário Silvio Name Júnior (4), de 33 anos, que foi candidato a prefeito

de Maringá nas últimas eleições; o piloto (1) José Traspadini, de 64 anos; o

co-piloto (1) Geraldo Antônio da Silva Júnior, de 38. Perceba que não foi

necessário repetir-se a palavra “avião” logo após as palavras “piloto” e “co-

piloto”. Numa matéria que trata de um acidente de avião, obviamente o piloto

será de aviões; o leitor não poderia pensar que se tratasse de um piloto de

automóveis, por exemplo. No último parágrafo ocorre outro exemplo de elipse:

Três pessoas (10) que estavam nas casas (9) atingidas pelo avião (1)

ficaram feridas. Elas (10) não sofreram ferimentos graves. (10) Apenas

escoriações e queimaduras. Note que o (10) antes de “Apenas” é uma omissão

de um elemento já citado: Três pessoas. Na verdade, foi omitido, ainda, o

verbo: (As três pessoas sofreram) Apenas escoriações e queimaduras.

4. SUBSTITUIÇÕES: uma das mais ricas maneiras de se retomar um

elemento já citado ou de se referir a outro que ainda vai ser mencionado é a

substituição, que é o mecanismo pelo qual se usa uma palavra (ou grupo de

palavras) no lugar de outra palavra (ou grupo de palavras). Confira os

principais elementos de substituição:

4.1 Pronomes: a função gramatical do pronome é justamente substituir ou

acompanhar um nome. Ele pode, ainda, retomar toda uma frase ou toda a

ideia contida em um parágrafo ou no texto todo. Na matéria-exemplo, são

nítidos alguns casos de substituição pronominal: o sogro de Name Júnior (4),

Márcio Artur Lerro Ribeiro (5), de 57; seus (5) filhos Márcio Rocha Ribeiro

Neto, de 28, e Gabriela Gimenes Ribeiro (6), de 31; e o marido dela (6),

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João Izidoro de Andrade (7), de 53 anos. O pronome possessivo seus retoma

o sogro de Name Júnior (os filhos de Márcio Artur Lerro Ribeiro...); o pronome

pessoal ela, contraído com a preposição de na forma dela, retoma Gabriela

Gimenes Ribeiro (e o marido de Gabriela...). No último parágrafo, o pronome

pessoal elas retoma as três pessoas que estavam nas casas atingidas pelo

avião: Elas (10) não sofreram ferimentos graves.

Vejamos outros casos de substituições indicadas por pronomes:

a) Muitos brasileiros estavam assistindo à corrida, mas isso não bastou para

que Rubinho vencesse a prova (o pronome demonstrativo isso retoma a ideia,

expressa anteriormente, de que muitos brasileiros estavam assistindo à

corrida);

b) Em época de fim de ano, as pessoas que trabalham com carteira assinada

recebem o 13º salário, o que aquece a economia do país (o pronome

demonstrativo o retoma o fato de as pessoas trabalharem com carteira

assinada);

c) [...] Sérgio Ricardo de Andrade (8), de 32 anos, que (8) morreu ao

reagir a um assalto e ser baleado na noite de sexta-feira (o pronome relativo

que retoma Sérgio Ricardo de Andrade - Sérgio Ricardo de Andrade morreu

ao reagir a um assalto...);

d) A Jonas Ricardo foram atribuídas atitudes violentas. Segundo sua esposa,

ele a agrediu na última segunda-feira... (o pronome pessoal ele retoma Jonas

Ricardo; o pronome pessoal a retoma sua esposa).

4.2 Epítetos: são palavras ou grupos de palavras que, ao mesmo tempo em

que se referem a um elemento do texto, qualificam-no. Essa qualificação pode

ser conhecida ou não pelo leitor. Caso não seja, deve ser introduzida de modo

que fique fácil a sua relação com o elemento qualificado.

a) [...] foram elogiadas pelo por Fernando Henrique Cardoso. O

presidente, que voltou há dois dias de Cuba, entregou-lhes um certificado...

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(o epíteto presidente retoma Fernando Henrique Cardoso; poder-se-ia

usar, como exemplo, sociólogo);

b) Edson Arantes de Nascimento gostou do desempenho do Brasil. Para o

ex-Ministro dos Esportes, a seleção... (o epíteto ex-Ministro dos Esportes

retoma Edson Arantes do Nascimento; poder-se-iam, por exemplo, usar as

formas: jogador do século, número um do mundo).

4.3 Sinônimos ou quase sinônimos: palavras com o mesmo sentido (ou

muito parecido) dos elementos a serem retomados. Exemplo: O prédio foi

demolido às 15h. Muitos curiosos se aglomeraram ao redor do edifício, para

conferir o espetáculo (edifício retoma prédio. Ambos são sinônimos).

4.4 Nomes deverbais: são derivados de verbos e retomam a ação expressa

por eles. Servem, ainda, como um resumo dos argumentos já utilizados.

Exemplos: Uma fila de centenas de veículos paralisou o trânsito da Avenida

Higienópolis, como sinal de protesto contra o aumento dos impostos. A

paralisação foi a maneira encontrada... (paralisação, que deriva de

paralisar, retoma a ação de centenas de veículos de paralisar o trânsito da

Avenida Higienópolis). O impacto (2) ainda atingiu mais três residências (o

nome impacto retoma e resume o acidente de avião noticiado na matéria-

exemplo).

4.5 Elementos classificadores e categorizadores: referem-se a um

elemento (palavra ou grupo de palavras) já mencionado ou não por meio de

uma classe ou categoria a que esse elemento pertença: Uma fila de centenas

de veículos paralisou o trânsito da Avenida Higienópolis. O protesto foi a

maneira encontrada... (protesto retoma toda a idéia anterior - da paralisação

-, categorizando-a como um protesto); Quatro cães foram encontrados ao

lado do corpo. Ao se aproximarem, os peritos enfrentaram a reação dos

animais (animais retoma cães, indicando uma das possíveis classificações

que se podem atribuir a eles).

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4.6 Advérbios: palavras que exprimem circunstâncias, principalmente as de

lugar. Em São Paulo, não houve problemas. Lá, os operários não aderiram...

(o advérbio de lugar lá retoma São Paulo). Exemplos de advérbios que

comumente funcionam como elementos referenciais, isto é, como elementos

que se referem a outros do texto: aí, aqui, ali, onde, lá, etc.

Depois de tudo isso, chegou a hora de resolver mais algumas

questões de prova. Você perceberá que são itens fáceis de serem respondidos,

mas todos exigem atenção.

Romance LXXXI ou Dos Ilustres Assassinos

1 Ó grandes oportunistas,

sobre o papel debruçados,

que calculais mundo e vida

4 em contos, doblas, cruzados,

que traçais vastas rubricas

e sinais entrelaçados,

7 com altas penas esguias

embebidas em pecados!

Ó personagens solenes

10 que arrastais os apelidos

como pavões auriverdes

seus rutilantes vestidos,

13 — todo esse poder que tendes

confunde os vossos sentidos:

a glória, que amais, é desses

16 que por vós são perseguidos.

[...]

Cecília Meireles. Romanceiro da Inconfidência.

Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p. 267-8.

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10. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) O emprego do pronome possessivo em

“seus rutilantes vestidos” (v.12) evidencia que essa expressão

corresponde à vestimenta usada por autoridades em eventos solenes.

Comentário – Nesse processo de coesão, o possessivo “seus” guarda relação

com “pavões auriverdes”. A ideia é de uma comparação entre os “personagens

solenes”, que arrastam “os apelidos”, e os “pavões auriverdes”, que arrastam

“seus rutilantes vestidos”. Observe que o verbo, no original, veio

subentendido: Ó personagens solenes / que arrastais os apelidos / como

pavões auriverdes / [arrastam] seus rutilantes vestidos. Caso a referência

fosse feita a personagens solenes, conforme sugere o examinador, o pronome

possessivo deveria ser de segunda pessoa do plural, para harmonizar-se à

linha discursiva do poema: “calculais”, “traçais”, “arrastais”.

Resposta – Item errado.

1 Um governo, ou uma sociedade, nos tempos

modernos, está vinculado a um pressuposto que se apresenta

como novo em face da Idade Antiga e Média, a saber: a

4 própria ideia de democracia. Para ser democrático, deve

contar, a partir das relações de poder estendidas a todos os

indivíduos, com um espaço político demarcado por regras

7 e procedimentos claros, que, efetivamente, assegurem o

atendimento às demandas públicas da maior parte da

população, elegidas pela própria sociedade, através de suas

10 formas de participação/representação.

Para que isso ocorra, contudo, impõe-se a existência

e a eficácia de instrumentos de reflexão e o debate público

13 das questões sociais vinculadas à gestão de interesses

coletivos — e, muitas vezes, conflitantes, como os direitos

liberais de liberdade, de opinião, de reunião, de associação

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16 etc. —, tendo como pressupostos informativos um núcleo de

direitos invioláveis, conquistados, principalmente, desde

o início da Idade Moderna, e ampliados pelo

19 Constitucionalismo Social do século XX até os dias de hoje.

Fala-se, por certo, dos Direitos Humanos e Fundamentais de

todas as gerações ou ciclos possíveis.

Rogério Gesta Leal. Poder político, estado e sociedade.

Internet: <www.mundojuridico.adv.br> (com adaptações).

11. (Cespe/TCU/AFCE/2009) Na organização da argumentação, o segundo

parágrafo do texto estabelece a condição de o debate e a reflexão sobre

os direitos humanos vinculados aos interesses coletivos estarem na base

da ideia de democracia.

Comentário – A condição é ressaltada logo no segmento inicial “Para que isso

ocorra [...] impõe-se a existência e a eficácia de instrumentos de reflexão e o

debate público...”. Note que a “existência e a eficácia de instrumentos de

reflexão e o debate público” são fundamentais para que haja um governo

democrático, com um espaço político demarcado por regras e procedimentos

claros (a ideia sublinhada – l. 4-7 – é retomada pelo pronome demonstrativo

“isso”).

Resposta – Item certo.

12. (Cespe/TCU/AFCE/2009) O desenvolvimento das ideias demonstra que, na

linha 4, a flexão de singular em “deve” estabelece relações de coesão e de

concordância gramatical com o termo “democracia”.

Comentário – Embora esteja expresso apenas no período anterior,

subentende-se na linha 4 o termo “governo”, com o qual o verbo “deve”

mantém relações de coesão e de concordância.

Resposta – Item errado.

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13. (Cespe/TCU/AFCE/2009) O pronome “isso” (l.11) exerce, na organização

dos argumentos do texto, a função coesiva de retomar e resumir o fato de

que as “demandas públicas da maior parte da população” (l.8-9) são

escolhidas por meio de “formas de participação/representação” (l.10).

Comentário – Apontei acima a referência do pronome “isso”: a ideia de um

governo democrático, com um espaço político demarcado por regras e

procedimentos claros.

Resposta – Item errado.

1 O exercício do poder ocorre mediante múltiplas

dinâmicas, formadas por condutas de autoridade, de domínio,

de comando, de liderança, de vigilância e de controle de uma

4 pessoa sobre outra, que se comporta com dependência,

subordinação, resistência ou rebeldia. [...] Maria da Penha Nery. Vínculo e afetividade: caminhos das relações

humanas. São Paulo: Ágora, 2003, p. 108-9 (com adaptações).

14. (Cespe/TCU/AFCE/2009) Nas relações de coesão que se estabelecem no

texto, o pronome “que” (l.4) retoma a expressão “exercício do poder”

(l.1).

Comentário – Volte ao texto e releia o seguinte fragmento: “controle de uma

pessoa sobre outra, que se comporta com dependência, subordinação,

resistência ou rebeldia”. Quem se comportar dessa maneira? A pessoa

controlada., representada no texto pelo vocábulo “outra” (= outra pessoa).

Resposta – Item errado.

1 A discussão acerca da influência do pensamento

econômico na teoria moderna é aparentemente uma discussão

metateórica, ou seja, de caráter metodológico. Mas, na ciência

4 econômica, como de resto nas ciências sociais em geral, não

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há consenso sobre a forma de evolução dos paradigmas.

Contrariamente ao que, em regra, acontece no mundo das

7 ciências naturais, há aqui dúvidas a respeito de se o

conhecimento mais recente é necessariamente o melhor, o mais

verdadeiro, ou seja, aquele que incorporou produtivamente os

10 desenvolvimentos teóricos até então existentes, tendo deixado

de lado aqueles que não se mostraram adequados a seu objeto.

O economista Pérsio Arida tratou desse problema em

13 um texto que se tornou clássico muito antes de ser publicado.

Afirma ali que o aprendizado da teoria econômica tem sido

efetuado de acordo com dois modelos distintos: o que ele

16 chama de hard science, que ignora a história do pensamento e

segundo o qual o estudante deve familiarizar-se de imediato

com o estágio atual da teoria, e o que ele chama de soft science,

19 que considera que o estudante deve conhecer bem, e, se

possível, dominar, os clássicos do passado, mesmo que em

prejuízo de sua familiaridade com os desenvolvimentos mais

22 recentes. Acrescenta a esse enquadramento que, por trás do

modelo hard science, está a ideia de uma “fronteira do

conhecimento”: o estudante não precisaria perder tempo com

25 antigos pensadores, porque todas as suas eventuais

contribuições já estariam incorporadas ao estado atual da

teoria. De outro lado, subjacente à visão do modelo soft

28 science, estaria a ideia de que o conhecimento está disperso

historicamente, ensejando a necessidade de os estudantes se

dedicarem a esses pensadores.

Leda Maria Paulani. Internet: <www.fipe.org.br> (com adaptações).

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15. (Cespe/Basa/Técnico Científico/Arquitetura de Tecnologia/2010) O texto

constitui uma argumentação em defesa de determinada linha de pesquisa

dentro das ciências econômicas.

Comentário – A autora não defende nenhuma linha de pesquisa em

particular. Ela traz à tona a discussão sobre a forma de evolução dos

paradigmas na ciência econômica e afirma que existem “dúvidas a respeito de

se o conhecimento mais recente é necessariamente o melhor”. Ela cita o

economista “Pérsio Arida”. Segundo ele, “o aprendizado da teoria econômica

tem sido efetuado de acordo com dois modelos distintos”: um despreza o

passado e valoriza o estágio atual da teoria; outro considera os clássicos do

passado em detrimento dos conhecimentos mais recentes.

Resposta – Item errado.

16. (Cespe/Basa/Técnico Científico/Arquitetura de Tecnologia/2010) Pela

leitura do texto, depreende-se que a hard science e a soft science

correlacionam-se, respectivamente, às ciências naturais e às ciências

humanas.

Comentário – Esses dois modelos distintos (hard science e soft science)

correlacionam-se à ciência econômica. Esta pertence ao campo das ciências

sociais (ou humanas). A seguinte passagem (l. 3-7) confirma nossa resposta:

Mas, na ciência econômica, como de resto nas ciências sociais em

geral, não há consenso sobre a forma de evolução dos paradigmas.

Contrariamente ao que, em regra, acontece no mundo das ciências

naturais, há aqui dúvidas a respeito de se o conhecimento mais

recente é necessariamente o melhor...

Resposta – Item errado.

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17. (Cespe/TC-DF/Auditor de Controle Externo/2012) O pronome “o” (L.24)

retoma, por coesão, a expressão “o poder do rei” (L.23).

Comentário – Não é exatamente o que o examinador disse. Para constatar,

substitua o tal pronome pela expressão indicada (e reorganize a frase): ...que

obrigaram o poder do rei a pedir autorização a um conselho... Percebeu a

falta de coerência? O poder do rei não pede nada, o rei é quem pede alguma

coisa. Portanto o pronome “o” retoma, por coesão, o substantivo “rei”.

Resposta – Item errado.

Então, como está indo? As questões apresentadas até aqui

expressam aquilo que o Cespe/UnB espera que você saiba. Porém ainda há

mais dois pontos que eu preciso abordar: diferença entre interpretações

dedutiva e indutiva e reescritura de texto. Vamos a eles!

Interpretação Dedutiva X Interpretação Indutiva

Observe que nas provas do Cespe/UnB é comum aparecerem

questões sobre interpretação de texto que exigem uma resposta do candidato

com base em argumentos dedutivos ou indutivos (“Infere-se...”). Às vezes, o

enunciado pode ser um pouco diferente, ou não tão claro como tentei

transmitir. Mas, em última análise, é isso mesmo o que a banca está querendo

de você.

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Dependendo da abordagem, a sua resposta será diferente. Antes

de apresentar as possibilidades de interpretação e as características de uma e

de outra, darei um simples exemplo para você entender melhor o assunto.

Segunda-feira choveu; Paulo ficou em casa. Terça-feira choveu também; Paulo

ficou em casa. Na quarta-feira, choveu de novo; Paulo novamente ficou em

casa. Mais um dia de chuva na quinta-feira; Paulo outra vez permaneceu em

casa. Sexta-feira choveu.

Com base nas informações acima, podemos concluir que Paulo

ficou em casa na sexta-feira? Não! Ainda que Paulo tenha ficado em casa nos

dias anteriores por causa da chuva, nada é falado sobre onde ele se

encontrava na sexta-feira, quando também choveu. No texto não há

evidências de que Paulo permaneceu em sua residência naquele dia porque

choveu.

Mas e se a assertiva fosse diferente: Com base nas informações

acima, infere-se que Paulo ficou em casa na sexta-feira? Sim! Levando-se em

conta que Paulo normalmente fica em casa quando chove, é possível pensar

que ele tenha ficado lá também na sexta-feira, já que também choveu naquele

dia. As circunstâncias (ou indícios) nos levam a considerar essa hipótese

também, mesmo que ela não seja confirmada no final das investigações.

Captou a diferença? A tabela abaixo certamente será útil a você:

Dedução Indução (inferência) Parte, geralmente, de uma verdade

universal para se chegar a uma

verdade particular ou singular.

Geralmente, parte de enunciados

particulares, singulares e, deles,

infere-se um enunciado universal.

Este método de raciocínio é válido

quando suas premissas podem

fornecer provas evidentes para

uma conclusão.

Não fornece provas evidentes para a

verdade de uma conclusão. Ela pode,

apenas, fornecer alguns indícios.

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33

Em todo argumento dedutivo, a

conclusão deve estar presente

nas premissas.

O grande problema do processo

indutivo é seu caráter

probabilístico.

Os argumentos dedutivos são

estéreis, não apresentam nenhum

conhecimento novo. Assim como já

está contida nas premissas, a

conclusão nunca vai além delas.

A indução pode ir além das

premissas — por oferecer novas

informações que as premissas não

possuíam.

Agora você aplicará o que aprendeu.

1 Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar

a eficiência, a produtividade e a competitividade nos processos

gerenciais e nos produtos e serviços das organizações. Ou seja,

4 é o fermento do crescimento econômico e social de um país.

Para isso, é preciso criatividade, capacidade de inventar e

coragem para sair dos esquemas tradicionais. Inovador é o

7 indivíduo que procura respostas originais e pertinentes em

situações com as quais ele se defronta. É preciso uma atitude

de abertura para as coisas novas, pois a novidade é catastrófica

10 para os mais céticos. Pode-se dizer que o caminho da inovação

é um percurso de difícil travessia para a maioria das

instituições. Inovar significa transformar os pontos frágeis de

13 um empreendimento em uma realidade duradoura e lucrativa.

A inovação estimula a comercialização de produtos ou serviços

e também permite avanços importantes para toda a sociedade.

16 Porém, a inovação é verdadeira somente quando está

fundamentada no conhecimento. A capacidade de inovação

depende da pesquisa, da geração de conhecimento.

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34

19 É necessário investir em pesquisa para devolver resultados

satisfatórios à sociedade. No entanto, os resultados desse tipo

de investimento não são necessariamente recursos financeiros

22 ou valores econômicos, podem ser também a qualidade de vida

com justiça social.

18. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Na linha 8, o segmento “as

quais” remete a “situações” e, por isso, admite a substituição pelo

pronome que; no entanto, nesse contexto, tal substituição provocaria

ambiguidade.

Comentário – A substituição NÃO gera ambiguidade. Veja: “Inovador é o

indivíduo que procura respostas originais e pertinentes em situações com que

ele se defronta.”

Resposta – Item errado.

19. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) O período sintático iniciado por

“Inovar significa” (l.12) estabelece, com o período anterior, relação

semântica que admite ser explicitada pela expressão Por conseguinte,

escrevendo-se: Por conseguinte, inovar significa [...].

Comentário – A expressão Por conseguinte integra segmento de valor

semântico conclusivo. Mas a relação estabelecida é de explicação, justificativa.

Resposta – Item errado.

20. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Subentende-se da

argumentação do texto que o pronome demonstrativo, no trecho “desse

tipo de investimento” (l.20-21), refere-se à ideia de “fermento do

crescimento econômico e social de um país” (l.4).

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35

Comentário – O pronome “esse”, que se contraiu com a preposição “de”, se

refere à ideia de investimento em pesquisa (linha 19). A expressão “fermento

do crescimento” se refere a “Inovar” (linha 1).

Resposta – Item errado.

1 A pobreza é um dos fatores mais comumente responsáveis

pelo baixo nível de desenvolvimento humano e pela origem de

uma série de mazelas, algumas das quais proibidas por lei ou

4 consideradas crimes. É o caso do trabalho infantil. A chaga

encontra terreno fértil nas sociedades subdesenvolvidas, mas

também viceja onde o capitalismo, em seu ambiente mais

7 selvagem, obriga crianças e adolescentes a participarem do

processo de produção. Foi assim na Revolução Industrial de

ontem e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de

10 hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do Brasil.

Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil foi

minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado, ele continua

13 sendo grave problema nos países mais pobres.

Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações).

21. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) A palavra “chaga” (L.4),

empregada com o sentido de ferida social, refere-se, na estrutura

sintática do parágrafo, a “pobreza” (L.1).

Comentário – A referência é ao “trabalho infantil”, ideia ressaltada inclusive

por meio dos trechos “obriga crianças e adolescentes a participarem do

processo de produção” (linhas 7 e 8) e “o trabalho infantil foi minimizado”

(linhas 11 e 12) e por meio do pronome “ele” (linha 12). O autor termina o

texto enfatizando o problema que é o trabalho infantil.

Resposta – Item errado.

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36

22. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) A expressão “das quais” (L.3)

pode ser suprimida do período sem prejuízo da correção gramatical ou da

coerência do texto.

Comentário – O pronome indefinido “algumas” já se refere ao vocábulo

“mazelas”, o que faz com que a correção e a coerência sejam mantidas.

Resposta – Item certo.

1 Nós, seres humanos, somos seres sociais: vivemos

nosso cotidiano em contínua imbricação com o ser de outros.

Isso, em geral, admitimos sem reservas. Ao mesmo tempo,

4 seres humanos, somos indivíduos: vivemos nosso ser cotidiano

como um contínuo devir de experiências individuais

intransferíveis. Isso admitimos como algo indubitável. Ser

7 social e ser individual parecem condições contraditórias da

existência. De fato, boa parte da história política, econômica e

cultural da humanidade, particularmente durante os últimos

10 duzentos anos no ocidente, tem a ver com esse dilema. Assim,

distintas teorias políticas e econômicas, fundadas em diferentes

ideologias do humano, enfatizam um aspecto ou outro dessa

13 dualidade, seja reclamando uma subordinação dos interesses

individuais aos interesses sociais, ou, ao contrário, afastando o

ser humano da unidade de sua experiência cotidiana. [...]

Humberto Maturana. Biologia do fenômeno social: a

ontologia da realidade. Miriam Graciano (Trad.). Belo

Horizonte: UFMG, 2002, p. 195 (com adaptações).

23. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Depreende-se do texto que as

“condições contraditórias” mencionadas na linha 7 decorrem da dificuldade

que o ser humano tem em admitir que suas experiências são

intransferíveis porque surgem de “um contínuo devir” (l.5).

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37

Comentário – Não há nenhuma dificuldade. Está dito no texto que “Isso

admitimos como algo indubitável” (linha 6), ou seja, incontestável, indiscutível.

Resposta – Item errado.

24. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Nas relações de coesão do

texto, as expressões “esse dilema” (l.10) e “dessa dualidade” (l.12-13)

remetem à condição do ser humano: unitário em “sua experiência

cotidiana” (l.15), mas imbricado “com o ser de outros” (l.2).

Comentário – As expressões se referem realmente às contradições da

existência humana, que podem ser traduzidas pela ideia indicada no enunciado

(releia os dois primeiros períodos do texto, por exemplo).

Resposta – Item certo.

25. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) A inserção de termo como

antes de “seres humanos” (l.4) preservaria a coerência entre os

argumentos bem como a correção gramatical do texto.

Comentário – De fato, não há prejuízo algum. Aliás, a inserção do termo

indicado melhora até a compreensão do trecho: “Ao mesmo tempo, como

seres humanos, somos indivíduos...”.

Resposta – Item certo.

1 As diferenças de classes vão ser estabelecidas em dois

níveis polares: classe privilegiada e classe não privilegiada.

Nessa dicotomia, um leitor crítico vai perceber que se trata de

4 um corte epistemológico, na medida em que fica óbvio que

classificar por extremos não reflete a complexidade de classes

da sociedade brasileira, apesar de indicar os picos. Em cada um

7 dos polos, outras diferenças se fazem presentes, mas

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38

preferimos alçar a dicotomia maior que tanto habita o mundo

das estatísticas quanto, e principalmente, o mundo do

10 imaginário social. [...]

Dina Maria Martins Ferreira. Não pense, veja. São

Paulo: Fapesp&Annablume, p. 62 (com adaptações).

26. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Subentende-se da

argumentação do texto que “os picos” (l.6) correspondem aos mais

salientes indicadores de classes — a privilegiada e a não privilegiada —,

referidos no texto também como “extremos” (l.5) e “polos” (l.7).

Comentário – As palavras “picos”, “extremos” e “polos" guardam

semelhanças significativas entre si e correspondem ao que a banca indicou (cf.

linhas 1 e 2).

Resposta – Item certo.

27. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) De acordo com a

argumentação do texto, a diferenciação das classes em “dois níveis

polares” (l.1-2), como dois extremos, não atende à complexidade de

classes da sociedade brasileira, mas é comum ao “mundo das estatísticas”

(l.8-9) e ao “mundo do imaginário social” (l.9-10).

Comentário – O texto diz isso nas linhas 4-10.

Resposta – Item certo.

1 A característica central da modernidade, não seria

2 demais repetir, é a institucionalização do universalismo — e

3 seu duplo, a igualdade — como princípio organizador da esfera

4 pública. [...]

9 O particularismo das diferenças produz exclusão social e

10 simbólica, dificultando os sentimentos de pertencimento e

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39

11 interdependência social, necessários para a efetiva

12 institucionalização do universalismo na esfera pública.

[...]

Jeni Vaitsman. Desigualdades sociais e particularismos

na sociedade brasileira. In: Cadernos de Saúde Pública, Rio

de Janeiro, n.º 18 (Suplemento), p. 38 (com adaptações).

28. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) As relações entre as ideias do

texto mostram que a forma verbal “dificultando” (l.10) está ligada a

“diferenças” (l.9); por isso, seriam respeitadas as relações entre os

argumentos dessa estrutura, como também a correção gramatical, caso

se tornasse explícita essa relação, por meio da substituição dessa forma

verbal por e dificultam.

Comentário – A ligação é com o termo “particularismo”.

Resposta – Item errado.

29. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) A coerência entre os

argumentos apresentados no texto mostra que o pronome “seu” (l.3)

refere-se a “universalismo” (l.2).

Comentário – A referência feita é ao termo “universalismo”. O “duplo” (ou

seja, o outro aspecto) dele é a “igualdade”.

“A característica central da modernidade [...] é a

institucionalização do universalismo – e seu duplo, a igualdade

[...]”.

Observe que o verbo ser foi substituído pela vírgula vicária: “e

seu duplo é a igualdade”.

Resposta – Item certo.

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40

1 A recuperação econômica dos países desenvolvidos

começou perigosamente a perder fôlego. A reação dos

indicadores de atividade na zona do euro, que já não eram

4 robustos ou mesmo convincentes, é agora algo semelhante à

paralisia. Os Estados Unidos da América cresceram a uma taxa

superior a 3% em 12 meses, mas a maioria dos analistas aposta

7 que a economia americana perderá força no segundo semestre.

O corte de 125 mil empregos em junho indica que a esperança

de gradual retomada do crescimento do mercado de trabalho no

10 curto prazo era prematura e não deverá se concretizar. As

razões para esse estancamento encontram-se no comportamento

do polo dinâmico da economia mundial, os países emergentes,

13 cujo desenvolvimento econômico começou a desacelerar —

ainda que a partir de taxas exuberantes de expansão.

Valor Econômico, Editorial, 6/7/2010 (com adaptações).

30. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) No trecho “cujo

desenvolvimento econômico [...] expansão” (L.13-14), identifica-se

relação de causa e consequência entre a construção sintática destacada

com travessão e a oração que a antecede.

Comentário – O conectivo “ainda que” ressalta o valor semântico concessivo

estabelecido na passagem.

Resposta – Item errado.

31. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) As expressões “começou

perigosamente a perder fôlego” (L.2) e “começou a desacelerar” (L.13),

empregadas em sentido figurado, são equivalentes quanto ao sentido e

sugerem que, no atual contexto mundial, caracterizado pela economia

globalizada, não há esperança de crescimento da oferta de emprego no

curto prazo.

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41

Comentário – O que sugere isso é “O corte de 125 mil empregos em junho”;

as expressões assinaladas indicam queda na recuperação e no

desenvolvimento econômico.

Resposta – Item errado.

32. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Infere-se das informações do

texto que os países emergentes são considerados o polo dinâmico da

economia mundial e deles dependem a velocidade e a força da

recuperação da economia de países desenvolvidos.

Comentário – As linhas 10 a 12 sustentam a inferência.

Resposta – Item certo

1 Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e

traficantes que possam ser encontrados em uma rua escura da

cidade são o cerne do problema criminal. Mas os danos que tais

4 criminosos causam são minúsculos quando comparados com os

de criminosos respeitáveis, que vestem colarinho

branco e trabalham para as organizações mais poderosas.

7 Estima-se que as perdas provocadas por violações das leis

antitrust — apenas um item de uma longa lista dos principais

crimes do colarinho branco — sejam maiores que todas as

10 perdas causadas pelos crimes notificados à polícia em mais de

uma década, e as relativas a danos e mortes provocadas por esse

crime apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela

13 indústria do asbesto (amianto), dos perigos representados por

seus produtos provavelmente custou tantas vidas quanto as

destruídas por todos os assassinatos ocorridos nos Estados

16 Unidos da América durante uma década inteira; e outros

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produtos perigosos, como o cigarro, também provocam, a cada

ano, mais mortes do que essas.

James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed.,

São Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações).

33. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Conclui-se da leitura do texto

que os efeitos das ações de criminosos de rua não são, de fato, tão

danosos à sociedade quanto os das ações praticadas por criminosos de

colarinho branco.

Comentário – A conclusão fundamenta-se nas linhas 4-6.

Resposta – Item certo.

34. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Pela leitura do texto,

conclui-se que, nos Estados Unidos da América, os efeitos anuais do

tabagismo são mais danosos que os de uma década de violência urbana

somados aos do uso de produtos fabricados com amianto.

Comentário: cuidado, pois o somatório a que o examinador se referiu não é

mencionado no texto. A comparação feita é entre as mortes causadas por

“outros produtos perigosos, como o cigarro,” e, separadamente, aquelas

causadas:

a) pela “indústria do asbesto (amianto)” e

b) pelos “assassinatos ocorridos nos Estados”.

Resposta – Item errado.

1 O exercício do poder ocorre mediante múltiplas

dinâmicas, formadas por condutas de autoridade, de domínio,

de comando, de liderança, de vigilância e de controle de uma

4 pessoa sobre outra, que se comporta com dependência,

subordinação, resistência ou rebeldia. Tais dinâmicas não se

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reportam apenas ao caráter negativo do poder, de opressão,

7 punição ou repressão, mas também ao seu caráter positivo,

de disciplinar, controlar, adestrar, aprimorar. O poder em si

não existe, não é um objeto natural. O que há são relações de

10 poder heterogêneas e em constante transformação. O poder

é, portanto, uma prática social constituída historicamente.

Na rede social, as dinâmicas de poder não têm

13 barreiras ou fronteiras: nós as vivemos a todo momento.

Consequentemente, podemos ser comandados, submetidos

ou programados em um vínculo, ou podemos comandá-lo

16 para a realização de sua tarefa, e, assim, vivermos um novo

papel social, que nos faz complementar, passivamente ou

não, as regras políticas da situação em que nos encontramos.

Maria da Penha Nery. Vínculo e afetividade: caminhos das relações

humanas. São Paulo: Ágora, 2003, p. 108-9 (com adaptações).

35. (Cespe/TCU/AFCE/2009) É correto concluir, a partir da argumentação do

texto, que o poder é dinâmico e que há múltiplas formas de sua

realização, com faces heterogêneas, positivas ou negativas; além disso,

ele afeta todos que vivem em sociedade, tanto os que a ele se submetem,

quanto os que a ele resistem.

Comentário – A banca fez um resumo do texto, a partir dos próprios

elementos (das evidências) dele. Repare e compare: “

“O exercício do poder ocorre mediante múltiplas dinâmicas” (l

1-2)”;

“Tais dinâmicas não se reportam apenas ao caráter negativo

do poder [...], mas também ao seu caráter positivo” (l. 5-7);

“O que há são relações de poder heterogêneas” (l. 9-10);

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“Na rede social [...] podemos ser comandados, submetidos ou

programados em um vínculo, ou podemos comandá-lo” (l. 12-

15).

Resposta – Item certo.

36. (Cespe/TCU/AFCE/2009) De acordo com a argumentação do texto, o

poder “não é um objeto natural” (l.9) porque é criado artificialmente nas

relações de opressão social.

Comentário – O problema aqui está na razão que a banca alega para

sustentar o fato de o poder não ser um objeto natural. O texto é claro em ao

dizer que “Tais dinâmicas [as que acarretam o exercício do poder] não se

reportam apenas ao caráter negativo do poder, de opressão, punição ou

repressão, mas também ao seu caráter positivo, de disciplinar, controlar,

adestrar, aprimorar” (l. 5-8). O Cespe simplesmente desprezou as evidências

do próprio texto.

Resposta – Item errado.

1 As projeções sobre a economia para os próximos dez anos

são alentadoras. Se o Brasil mantiver razoável ritmo de

crescimento nesse período, chegará ao final da próxima década

4 sem extrema pobreza. Algumas projeções chegam a apontar o

país como a primeira das atuais nações emergentes em

condições de romper a barreira do subdesenvolvimento e

7 ingressar no restrito mundo rico.

Tais previsões baseiam-se na hipótese de que o país vai

superar eventuais obstáculos que impediriam a economia de

10 crescer a ritmo continuado de 5% ao ano, em média. Para

realizar essas projeções, o Brasil precisa aumentar a sua

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capacidade de poupança doméstica e investir mais para ampliar

13 a oferta e se tornar competitivo.

No lugar de alta carga tributária e estrutura de impostos

inadequada, o país deve priorizar investimentos que expandam

16 a produção e contribuam simultaneamente para o aumento de

produtividade, como é o caso dos gastos com educação. É dessa

forma que são criadas boas oportunidades de trabalho,

19 geradoras de renda, de maneira sustentável.

O Globo, Editorial, 12/7/2010 (com adaptações).

37. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Pelas estruturas sintáticas,

escolhas lexicais e modo de organização das ideias, conclui-se que

predomina, no texto, o tipo textual narrativo.

Comentário – O texto é dissertativo. Note, por exemplo, que a partir do

último período do segundo parágrafo vai aflorando a opinião do enunciador

sobre o assunto tratado, a qual se torna mais contundente no último parágrafo

do texto.

Resposta – Item errado.

38. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Subentende-se das

informações do texto que a aplicação prioritária de recursos em educação

acarretaria simultânea queda da carga tributária.

Comentário – Os gastos com educação expandiriam a produção e

aumentariam a produtividade.

Resposta – Item errado.

39. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Infere-se da leitura do texto

que o autor considera que o Brasil precisa reformular a estrutura de

impostos, que é inadequada, e rever a carga tributária, que é alta.

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46

Comentário – Essa ideia está em concordância com a linha argumentativa do

texto. Contribuem com esse entendimento as expressões “No lugar de” e “o

país deve”, ambas presentes no último parágrafo.

Resposta – Item certo.

40. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Depreende-se da leitura do

texto que o Brasil, em uma década, será membro do grupo dos países

ricos.

Comentário – Repare que o examinador fez uma afirmação categórica a

respeito do Brasil; mas o texto indica apenas possibilidade de o país ingressar

no tal grupo. Mesmo com projeções animadoras (cf. primeiro período), há

elementos suficientes no texto para entendermos que o fato é hipotético: “se”

(conjunção condicional – linha 2); “Algumas projeções” (linha 4); “previsões” e

“hipóteses” (linha 8). O último período do segundo parágrafo também é

significativo. O editorial informa-nos que o Brasil precisa, antes, adotar

algumas medidas (que não sabemos se serão concretizadas).

Resposta – Item errado.

Em seu quarto pronunciamento após o atentado frustrado da Al-Qaeda a

um avião americano no Natal, o presidente dos Estados Unidos da América

(EUA), Barack Obama, lançou a linha mestra para a reforma do sistema de

inteligência americano, que incluirá a revisão dos processos de concessão de

visto para os EUA e maior cooperação com outros países para reforçar a

revista de passageiros no exterior. Os temores de novos ataques terroristas

contra aviões comerciais racharam os 27 países da União Europeia (UE). A

proposta de adotar nos aeroportos novos aparelhos de scanner capazes de

penetrar no tecido das roupas e visualizar o corpo dos passageiros foi

rechaçada pela Bélgica. O Globo, 6/1/2010, p. 29 (com adaptações).

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47

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando as múltiplas

implicações do tema por ele tratado, julgue as questões seguintes.

41. (Cespe/BRB/Advogado/2010) Ao obter êxito, o atentado ocorrido no Natal

de 2009 levou os EUA a se recordarem dos episódios de 11/9/2001 e a

admitirem a enorme vulnerabilidade de seu sistema de defesa.

Comentário – Existe um erro bem no inicio da assertiva: “Ao obter êxito, o

atentado...”. Não houve êxito nenhum, conforme se lê na primeira linha do

texto: “Em seu quarto pronunciamento após o atentado frustrado...”.

Resposta – Item errado

42. (Cespe/BRB/Advogado/2010) O êxito da UE deve-se ao consenso obtido

pelos integrantes do bloco em agir de modo uniforme e unânime em áreas

vitais como política externa, legislação sobre imigrações e fixação de

tributos diversos.

Comentário – Também não há consenso algum. O trecho seguinte refuta a

declaração da banca examinadora: “Os temores de novos ataques terroristas

contra aviões comerciais racharam os 27 países da União Europeia (UE)”.

Resposta – Item errado

1 Estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES) estima que, nos próximos

quatro anos, os investimentos na indústria brasileira chegarão

4 a R$ 500 bilhões, um valor 60% maior do que os R$ 311

bilhões investidos entre 2005 e 2008 (o banco não incluiu

2009, pois ainda não dispõe de dados consolidados do ano

7 passado).

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48

O estudo aponta forte concentração dos investimentos

na exploração de petróleo e gás, não tanto no pré-sal, mas,

10 especialmente, na cadeia econômica ligada ao óleo, como a

indústria naval e a de fabricação de plataformas. Trata-se de

um investimento que estimula outros setores da economia.

13 Mas o BNDES prevê também fortes investimentos em

setores voltados para atender à demanda interna, entre os quais

o automobilístico.

O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações).

43. (Cespe/Aneel/Técnico Administrativo/2010) Trata-se de texto subjetivo e

pessoal, em que o autor explicita sua opinião individual.

Comentário – Em outras palavras, a banca examinadora afirmou que a

tipologia textual é dissertação argumentativa, o que não corresponde aos

fatos. O texto é um informativo sobre investimentos na indústria brasileira nos

próximos quatro anos, a partir de estudos feitos pelo BNDES.

Resposta – Item errado

44. (Cespe/Aneel/Técnico Administrativo/2010) Infere-se das informações do

texto que o investimento na exploração de combustíveis fósseis e na

cadeia econômica associada a essa atividade influencia o desenvolvimento

de outras áreas da economia.

Comentário – É possível interpretar o texto neste sentido, com base no

segundo parágrafo. Leia-se, por exemplo, o seguinte trecho: “Trata-se de um

investimento que estimula outros setores da economia”.

Resposta – Item certo

45. (Cespe/Aneel/Técnico Administrativo/2010) O termo “como” (l.10)

estabelece, no período em que foi empregado, uma relação de

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49

comparação entre a “cadeia econômica ligada ao óleo” (l.10) e “a

indústria naval e a de fabricação de plataformas” (l.10-11).

Comentário – O segmento “como a indústria naval e a de fabricação de

plataformas” serve como uma exemplificação do que foi dito anteriormente.

Portanto está errado dizer que a relação é de “comparação”.

Resposta – Item errado.

1 A discussão acerca da influência do pensamento

econômico na teoria moderna é aparentemente uma discussão

metateórica, ou seja, de caráter metodológico. Mas, na ciência

4 econômica, como de resto nas ciências sociais em geral, não

há consenso sobre a forma de evolução dos paradigmas.

Contrariamente ao que, em regra, acontece no mundo das

7 ciências naturais, há aqui dúvidas a respeito de se o

conhecimento mais recente é necessariamente o melhor, o mais

verdadeiro, ou seja, aquele que incorporou produtivamente os

10 desenvolvimentos teóricos até então existentes, tendo deixado

de lado aqueles que não se mostraram adequados a seu objeto.

[...]

Leda Maria Paulani. Internet: <www.fipe.org.br> (com adaptações).

46. (Cespe/Basa/Técnico Científico/Arquitetura de Tecnologia/2010) Infere-se

do texto que o conhecimento recente da área econômica pode não ser,

necessariamente, o que incorporou as melhores facetas do conhecimento

historicamente desenvolvido.

Comentário – Sim. Com base na leitura das linhas 7 a 10, é possível

questionar tal vantagem. Releia o trecho:

há aqui dúvidas a respeito de se o conhecimento mais recente é

necessariamente o melhor, o mais verdadeiro, ou seja, aquele que

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50

incorporou produtivamente os desenvolvimentos teóricos até então

existentes, tendo deixado de lado aqueles que não se mostraram

adequados a seu objeto.

Resposta – Item certo.

1 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, com

um preâmbulo de sete “considerandos” e com trinta artigos, é

um documento histórico, uma carta de intenções e também uma

4 denúncia de tudo o que, ao longo de milênios, a humanidade

deixou de fazer. Hoje, a sexagenária declaração ainda é muito

boa, mas tem lacunas, resultantes de sua temporalidade, e

7 precisa ser acrescida, complementada, aperfeiçoada, além de

ser cumprida — é óbvio —, afirmando novos valores, que

atendam a novas demandas e necessidades.

10 A declaração não previu que o desenvolvimento

capitalista chegasse à sua atual etapa de globalização e de

capitais voláteis, especulativos, que, sem controle, entram e

13 saem de diferentes países, gerando instabilidade permanente

nas economias periféricas. Talvez fosse o caso de se afirmar,

agora, o direito das nações de regulamentarem os investimentos

16 externos e de se protegerem contra a especulação internacional,

que fragiliza e subordina economias nacionais. Não é

admissível que grupos privados transnacionais — não mais do

19 que três centenas —, com negócios que vão do setor produtivo

industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas

comunicações, sejam, na verdade, o verdadeiro governo do

22 mundo, hegemonizando governos e nações, derrubando

restrições alfandegárias, impondo seus interesses particulares.

[...]

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Francisco Alencar. Para humanizar o bicho homem. In: Francisco Alencar (Org.).

Direitos mais humanos. Brasília: Garamond, 2006. p. 17-31 (com adaptações).

47. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) De acordo com a

argumentação do texto, os ‘considerandos’ (l. 2) representariam — no que

se refere a “tudo o que [...] a humanidade deixou de fazer” (l. 4-5) — um

preâmbulo explicativo e, assim, justificariam o fato de a declaração ser

considerada também “uma denúncia” (l. 3-4).

Comentário – A presente afirmativa amplia equivocadamente o valor dos

“‘considerandos’”. Embora sejam significativos para a linha argumentativa do

texto, eles apenas constituem o preâmbulo da “Declaração Universal dos

Direitos Humanos”, isto é, são uma parte do todo. É a “Declaração”, em sua

plenitude, constituída pelo preâmbulo e por trinta artigos, que se configura

como “uma denúncia de tudo o que, ao longo de milênios, a humanidade

deixou de fazer”.

Resposta – Item errado.

48. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) De acordo com o texto,

a inclusão do “direito das nações de regulamentarem os investimentos

externos e de se protegerem contra a especulação internacional, que

fragiliza e subordina economias nacionais” (l.15-17) na declaração a

corrigiria quanto ao lapso temporal.

Comentário – O autor aproveita o primeiro parágrafo para denunciar

“lacunas, resultantes de sua temporalidade” (isto é, da “Declaração”). Logo em

seguida, ele sustenta a necessidade de o documento ser modificado e

cumprido, para afirmar “novos valores, que atendam a novas demandas e

necessidades”. Mas é no segundo parágrafo que Francisco Alencar exemplifica

a correção que sugere: “Talvez fosse o caso de se afirmar, agora, o direito das

nações de regulamentarem os investimentos externos e de se protegerem

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contra a especulação internacional, que fragiliza e subordina economias

nacionais”.

Resposta – Item certo.

49. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) É coerente com a

argumentação do texto relacionar “novas demandas” (l. 9) a

enfraquecimento dos países, em decorrência da transnacionalização do

capital.

Comentário – As novas demandas, ainda não atendidas pela “Declaração”,

concorrem para a “instabilidade permanente nas economias periféricas” e para

a fragilidade e subordinação de “economias nacionais”. Elas têm a ver com a

“atual etapa de globalização e de capitais voláteis, especulativos e sem

controle”, e com “a especulação internacional”. Portanto é coerente

relacioná-las com transnacionalização do capital.

Resposta – Item certo.

[...]

50. (Cespe/TC-DF/Auditor de Controle Externo/2012) Infere-se da leitura do

texto, especialmente do trecho “O fim da Idade Média (...) aumentar os

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53

impostos” (L.15-25), que a Inglaterra conseguiu limitar o poder dos reis

absolutistas bem antes dos demais países europeus.

Comentário – Sim, isso ocorreu na Inglaterra no século XIII (“já em 1215”).

Portanto esse país constituiu uma exceção à maior concentração do poder nas

mãos dos reis absolutistas que ocorreu no fim da Idade Média, no século XV.

Resposta – Item certo.

1 Imagine que um poder absoluto ou um texto sagrado

declarem que quem roubar ou assaltar será enforcado (ou terá

a mão cortada). Nesse caso, puxar a corda, afiar a faca ou

4 assistir à execução seria simples, pois a responsabilidade moral

do veredicto não estaria conosco. Nas sociedades tradicionais,

em que a punição é decidida por uma autoridade superior a

7 todos, as execuções podem ser públicas: a coletividade festeja

o soberano que se encarregou da justiça — que alívio!

[...]

22 Reprimimos em nós desejos e fantasias que nos

parecem ameaçar o convívio social. Logo, frustrados, zelamos

pela prisão daqueles que não se impõem as mesmas renúncias.

25 Mas a coisa muda quando a pena é radical, pois há o risco de

que a morte do culpado sirva para nos dar a ilusão de liquidar,

com ela, o que há de pior em nós. Nesse caso, a execução do

28 condenado é usada para limpar nossa alma. Em geral, a justiça

sumária é isto: uma pressa em suprimir desejos inconfessáveis

de quem faz justiça. Como psicanalista, apenas gostaria que a

31 morte dos culpados não servisse para exorcizar nossas piores

fantasias — isso, sobretudo, porque o exorcismo seria ilusório.

Contudo é possível que haja crimes hediondos nos quais não

34 reconhecemos nada de nossos desejos reprimidos.

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54

Contardo Calligaris. Terra de ninguém – 101 crônicas. São

Paulo: Publifolha, 2004, p. 94-6 (com adaptações).

51. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) De acordo com o texto, nas sociedades

tradicionais, os cidadãos sentem-se aliviados sempre que um soberano

decide infligir a pena de morte a um infrator porque se livram das

ameaças de quem desrespeita a moral que rege o convívio social, como

evidencia o emprego da interjeição “que alívio!” (l.8).

Comentário – O trecho “Nesse caso, puxar a corda, afiar a faca ou assistir à

execução seria simples, pois a responsabilidade moral do veredicto não estaria

conosco” (segundo período) é fundamental aqui. Ele expõe o real motivo do

alívio dos cidadãos: a ausência de responsabilidade moral do veredito.

Resposta – Item errado.

52. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) Na condição de psicanalista, o autor do

texto adverte que a punição de infratores das leis é uma forma de os

indivíduos expurgarem seus desejos inconfessáveis, ressalvando, no

entanto, que, quando se trata de crime hediondo, tal não se aplica.

Comentário – Agora a nossa resposta deve levar em consideração a última

frase do texto: “Contudo é possível que haja crimes hediondos nos quais não

reconhecemos nada de nossos desejos reprimidos”. Note que o autor admite a

possibilidade de nossas piores fantasias ocorrerem em alguns casos de crimes

hediondos. Porém o examinador generalizou a sua assertiva (“quando se trata

de crime hediondo, tal não se aplica”).

Resposta – Item errado.

Reescritura de Texto

Esclareço que toda vez que uma obra faz alusão à outra, ocorre a

intertextualidade. Isso se concretiza de várias formas. Aqui, abordarei

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55

aquela que costuma aparecer em provas e que pode ser cobrada no concurso

que você fará, só que com uma outra “roupagem”: a paráfrase. Também farei

distinção entre ela e a paródia (outra forma de intertextualidade).

Inicialmente, exemplificarei cada uma dessas manifestações. Depois,

comentarei as características que as distinguem.

Texto Original

Minha terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá,

As aves que aqui gorjeiam

Não gorjeiam como lá. (Gonçalves Dias, “Canção do exílio”).

Paráfrase

Meus olhos brasileiros se fecham saudosos

Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.

Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?

Eu tão esquecido de minha terra...

Ai terra que tem palmeiras

Onde canta o sabiá! (Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”).

Paródia

Minha terra tem palmares

onde gorjeia o mar

os passarinhos daqui

não cantam como os de lá. (Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”).

Na paráfrase, as palavras são mudadas, porém a ideia do

texto original é confirmada pelo novo texto; a alusão ocorre para

atualizar, reafirmar os sentidos ou alguns sentidos do texto citado. É dizer

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56

com outras palavras o que já foi dito. E não apenas com outras palavras,

mas também com outra estruturação sintática.

Normalmente, as bancas indagam se, nesse processo, a coesão

(correção gramatical) e a coerência (significado original do texto) foram

mantidas. É muito importante que esses dois aspectos sejam respeitados

na hora de parafrasear o texto original.

Na primeira reescritura (paráfrase) acima, note que não há

mudança do sentido principal do texto, que é a saudade da terra natal. Mas,

em relação à paródia, há uma mudança significativa na coerência. O

nome “palmares”, escrito com letra minúscula, substitui a palavra palmeiras.

Há um contexto histórico, social e racial neste texto. Palmares é o quilombo

liderado por Zumbi, foi dizimado em 1695. Há uma inversão do sentido do

texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravidão existente no Brasil.

Outro exemplo de paródia é a propaganda que faz referência à

obra prima de Leonardo Da Vinci, Mona Lisa:

Passemos então à análise de questões do Cespe/UnB que envolvem

esse assunto, o último desta aula.

1 Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e

traficantes que possam ser encontrados em uma rua escura da

cidade são o cerne do problema criminal. Mas os danos que tais

4 criminosos causam são minúsculos quando comparados com os

de criminosos respeitáveis, que vestem colarinho

branco e trabalham para as organizações mais poderosas.

[...]

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James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed.,

São Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações).

53. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Sem prejuízo para a coerência

textual e a correção gramatical, o trecho “Mas os danos [...] minúsculos”,

que inicia o segundo período do texto, poderia ser substituído por:

Embora os danos causados por esses criminosos sejam ínfimos

[...].

Comentário – A transformação prejudicaria o texto; o argumento ficaria sem

conclusão; a estrutura oracional ficaria incompleta (com falta da competente

oração principal).

Resposta – Item errado.

1 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, com

um preâmbulo de sete “considerandos” e com trinta artigos, é

um documento histórico, uma carta de intenções e também uma

4 denúncia de tudo o que, ao longo de milênios, a humanidade

deixou de fazer. [...]

10 A declaração não previu que o desenvolvimento

capitalista chegasse à sua atual etapa de globalização e de

capitais voláteis, especulativos, que, sem controle, entram e

13 saem de diferentes países, gerando instabilidade permanente

nas economias periféricas. Talvez fosse o caso de se afirmar,

agora, o direito das nações de regulamentarem os investimentos

16 externos e de se protegerem contra a especulação internacional,

que fragiliza e subordina economias nacionais. Não é

admissível que grupos privados transnacionais — não mais do

19 que três centenas —, com negócios que vão do setor produtivo

industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas

comunicações, sejam, na verdade, o verdadeiro governo do

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22 mundo, hegemonizando governos e nações, derrubando

restrições alfandegárias, impondo seus interesses particulares.

[...]

Francisco Alencar. Para humanizar o bicho homem. In: Francisco Alencar (Org.).

Direitos mais humanos. Brasília: Garamond, 2006. p. 17-31 (com adaptações).

54. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) No trecho “não mais do

que três centenas” (l. 18-19), o emprego de palavra de negação e da

expressão “três centenas”, em vez de trezentos grupos, atenua o tom

de denúncia que predomina no período em que o trecho está inserido.

Comentário – Não se trata de atenuação (nem de agravamento) do tom da

denúncia, mas sim do estabelecimento de um limite aproximado da quantidade

de grupos privados transacionais que verdadeiramente constituem o governo

mundial. Originalmente, podemos pensar numa quantidade máxima de, por

exemplo, 270, 280 ou 290 aproximadamente. Veja como ficaria a passagem

com a alteração proposta: Não é admissível que grupos privados

transnacionais — mais do que trezentos grupos... Dessa forma, o tal limite é

completamente alterado e já temos que partir de um limite mínino superior a

trezentos.

Resposta – Item errado.

55. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) O trecho “vão do setor

produtivo industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas

comunicações” (l. 19-21) pode, sem prejuízo para a correção gramatical e

a interpretação do texto, ser reescrito da seguinte maneira: incluem

setores desde o produtivo industrial até o financeiro e transitam

pelos da publicidade e das comunicações.

Comentário – A banca examinadora explorou a capacidade de compreensão

textual e de transmissão dele com outras palavras e estruturação sintática. Ou

seja, a questão trata de reescritura de texto. Veja as relações estabelecidas:

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– “vão do setor produtivo industrial ao setor financeiro” =

incluem setores desde o produtivo industrial até o financeiro

(manteve-se a inclusão dos dois extremos: setor industrial e

setor financeiro);

– “passando pela publicidade e pelas comunicações” = e

transitam pelos da publicidade e das comunicações (foi

mantida a mesma indicação dos setores afetados).

Resposta – Item certo.

56. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) Mantendo-se os sinais

de pontuação empregados no trecho, a estrutura sintática “com um

preâmbulo de sete ‘considerandos’ e com trinta artigos” (l. 1-2) pode ser

substituída, sem prejuízo da correção gramatical, por contendo um

preâmbulo com sete “considerandos” e trinta artigos.

Comentários – Façamos uma breve comparação para entender os efeitos da

substituição mencionada pelo examinador:

– “A Declaração Universal dos Direitos Humanos, com um

preâmbulo de sete ‘considerandos’ e com trinta artigos”;

– A Declaração Universal dos Direitos Humanos, contendo

um preâmbulo com sete considerandos e trinta artigos.

No segmento original, a preposição “com” (repetida)

subordina tanto “um preâmbulo de sete ‘considerandos’” quanto “trinta

artigos” à “Declaração Universal dos Direitos Humanos”. Em outras palavras,

são informados dois elementos constitutivos da “Declaração”, os quais estão

numa estrutura sintática paralela.

No segmento modificado, a nova estrutura sintática

subordina tanto sete considerandos quanto trinta artigos ao preâmbulo.

Ou seja, são informados dois elementos constitutivos do preâmbulo.

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A existência de um grosseiro prejuízo semântico em relação

ao texto original é inegável e muito evidente (é o que sobressai na nova

redação). Mas não é descabido argumentar que a quebra do paralelismo

sintático o desencadeou, razão pela qual o Cespe considerou o item como

errado.

Entretanto entendemos que a banca examinadora deveria ter

anulado a questão, porque – no mínimo – a formulou mal, dando margem a

interpretações divergentes e discutíveis.

Resposta – Item errado (com ressalva nossa).

57. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) A oração “A declaração

não previu” (l. 10) poderia ser corretamente reescrita da seguinte forma:

Na declaração, não se previu.

Comentário – A banca resolveu explorar a mudança de voz verbal, que veio

acompanhada por outras modificações. Em vez de transformar o sujeito (“A

declaração”) em agente da passiva, a banca tornou-o adjunto adverbial

(antecipado, o que justifica o uso da vírgula): Na declaração. Até aqui, tudo

bem. Não podemos dizer que a nova redação está errada só por causa disso.

Também não há incorreção na formação da voz passiva sintética (formada pela

combinação de verbo transitivo direto com pronome apassivador): se previu,

nem na posição proclítica do tal pronome, atraído pelo advérbio não. Com a

nova redação, a forma verbal previu passou a concordar com o sujeito

oracional que o desenvolvimento capitalista chegasse...

Resposta – Item certo.

58. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) Preservam-se a correção

gramatical e o sentido original do texto ao se substituir “sem controle” (l.

12) por aleatoriamente.

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Comentário – Não, pois aleatoriamente tem a ver com o acaso, com fatores

incertos ou acidentais; que ocorrem fortuita ou casualmente. Essa ideia

afasta-se do sentido original, que transmite a noção de uma situação

repetitiva, sistemática, mas sem sofrer qualquer tipo de controle ou gerência.

Resposta – Item errado.

59. (Cespe/PC-CE/Inspetor de Polícia/2012) Em cada um dos itens a seguir,

são apresentadas propostas de reescrita do trecho “No entanto, o estudo

dos impérios, antigos ou recentes, permite acessar as raízes do mundo

contemporâneo e aprofundar nossa compreensão das modalidades de

organização do poder político” (L.10-13). Julgue-os com relação à

correção gramatical

O estudo dos impérios, porém, sejam eles antigos, sejam recentes,

permite chegarmos às raízes do mundo atual e tornarmos mais profunda

nossa compreensão das formas de organização do poder político.

Comentário – Neste item, a conjunção adversativa “No entanto” foi

substituída pela sua correspondente: porém. A intercalação dela fez surgirem

as vírgulas que a isolam. A conjunção “ou” foi trocada pelo par correlato

sejam... sejam..., que imprimiu ao trecho igual valor semântico. Merecem

nossa atenção também os sinônimos textuais “mundo contemporâneo” e

mundo atual, “modalidades de organização” e formas de organização.

Resposta – Item certo.

Minhas explicações terminam aqui. A partir da próxima página,

você tem a relação das questões trabalhadas nesta aula. Refaça-as durante a

semana, como forma de revisar o conteúdo estudado comigo. Na sequência

vem o gabarito delas.

Bons estudos e até o próximo encontro.

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Lista das Questões Comentadas

1 O termo groupthinking foi cunhado, na década de

cinquenta, pelo sociólogo William H. Whyte, para explicar

como grupos se tornavam reféns de sua própria coesão,

4 tomando decisões temerárias e causando grandes fracassos.

Os manuais de gestão definem groupthinking como um

processo mental coletivo que ocorre quando os grupos são

7 uniformes, seus indivíduos pensam da mesma forma e o

desejo de coesão supera a motivação para avaliar alternativas

diferentes das usuais. Os sintomas são conhecidos: uma

10 ilusão de invulnerabilidade, que gera otimismo e pode levar

a riscos; um esforço coletivo para neutralizar visões

contrárias às teses dominantes; uma crença absoluta na

13 moralidade das ações dos membros do grupo; e uma visão

distorcida dos inimigos, comumente vistos como iludidos,

fracos ou simplesmente estúpidos.

16 Tão antigas como o conceito são as receitas para

contrapor a patologia: primeiro, é preciso estimular o

pensamento crítico e as visões alternativas à visão

19 dominante; segundo, é necessário adotar sistemas

transparentes de governança e procedimentos de auditoria;

terceiro, é desejável renovar constantemente o grupo, de

22 forma a oxigenar as discussões e o processo de tomada de

decisão.

Thomaz Wood Jr. O perigo do groupthinking. In: Carta

Capital, 13/5/2009, p. 51 (com adaptações).

1. (Cespe/TCU/AFCE/2009) A sequência narrativa inicial, relatando a origem

do termo “groupthinking” (l.1), não caracteriza o texto como narrativo,

pois integra a organização do texto predominantemente argumentativo.

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2. (Cespe/TCU/AFCE/2009) Apesar de a definição de “groupthinking” (l.5-9)

sugerir neutralidade do autor a respeito desse processo, o uso metafórico

de palavras da área de saúde, como “sintomas” (l.9), “receitas” (l.16) e

“patologia” (l.17), orienta a argumentação para o valor negativo e

indesejável de groupthinking.

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3. (Cespe/Correios/Analista de Correios/Letras/2011) No texto, que se

caracteriza como expositivo-argumentativo, identificam-se a combinação

de vocabulário abstrato com metáforas e o emprego de estruturas

sintáticas repetidas.

Cinco curiosidades sobre Erasmo de Rotterdam (1467-1536)

4. (Cespe/Correios/Analista de Correios/Letras/2011) O texto, de caráter

informativo, é exemplo do gênero biografia.

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5. (Cespe/Correios/Analista de Correios/Letras/2011) O trecho “uma série de

avanços [...] bens materiais e simbólicos” (L.6-9) constitui a tese que os

autores visam comprovar por meio da argumentação formulada no texto,

que pode ser classificado como dissertativo-argumentativo.

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6. (Cespe/SAEB-BA/Professor/Língua Portuguesa/2011) Pelos sentidos e

pelas estruturas linguísticas do texto, é correto concluir que o emprego de

“Conheça” (L.7) e “Não perca” (L.12) indica que a função da linguagem

predominante no texto é a

(A) metalinguística.

(B) poética.

(C) conativa.

(D) expressiva.

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7. (Cespe/TCU/AFCE/Auditoria de Obras Públicas/2011) O texto caracteriza-

-se como predominantemente dissertativo-argumentativo, e o autor utiliza

recursos discursivos diversos para construir sua argumentação, como, por

exemplo, linguagem figurada e repetições.

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8. (Cespe/EBC/Cargos de Nível Médio/2011) O trecho de citação da fala do

professor da Universidade de São Paulo é predominantemente narrativo.

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9. (Cespe/IRB/Diplomata/2012) Ambos os fragmentos apresentam a

estrutura textual típica da narrativa, recurso empregado pelo autor como

forma de manter a coerência dos fatos narrados.

Romance LXXXI ou Dos Ilustres Assassinos

1 Ó grandes oportunistas,

sobre o papel debruçados,

que calculais mundo e vida

4 em contos, doblas, cruzados,

que traçais vastas rubricas

e sinais entrelaçados,

7 com altas penas esguias

embebidas em pecados!

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70

Ó personagens solenes

10 que arrastais os apelidos

como pavões auriverdes

seus rutilantes vestidos,

13 — todo esse poder que tendes

confunde os vossos sentidos:

a glória, que amais, é desses

16 que por vós são perseguidos.

[...]

Cecília Meireles. Romanceiro da Inconfidência.

Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p. 267-8.

10. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) O emprego do pronome possessivo em

“seus rutilantes vestidos” (v.12) evidencia que essa expressão

corresponde à vestimenta usada por autoridades em eventos solenes.

1 Um governo, ou uma sociedade, nos tempos

modernos, está vinculado a um pressuposto que se apresenta

como novo em face da Idade Antiga e Média, a saber: a

4 própria ideia de democracia. Para ser democrático, deve

contar, a partir das relações de poder estendidas a todos os

indivíduos, com um espaço político demarcado por regras

7 e procedimentos claros, que, efetivamente, assegurem o

atendimento às demandas públicas da maior parte da

população, elegidas pela própria sociedade, através de suas

10 formas de participação/representação.

Para que isso ocorra, contudo, impõe-se a existência

e a eficácia de instrumentos de reflexão e o debate público

13 das questões sociais vinculadas à gestão de interesses

coletivos — e, muitas vezes, conflitantes, como os direitos

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71

liberais de liberdade, de opinião, de reunião, de associação

16 etc. —, tendo como pressupostos informativos um núcleo de

direitos invioláveis, conquistados, principalmente, desde

o início da Idade Moderna, e ampliados pelo

19 Constitucionalismo Social do século XX até os dias de hoje.

Fala-se, por certo, dos Direitos Humanos e Fundamentais de

todas as gerações ou ciclos possíveis.

Rogério Gesta Leal. Poder político, estado e sociedade.

Internet: <www.mundojuridico.adv.br> (com adaptações).

11. (Cespe/TCU/AFCE/2009) Na organização da argumentação, o segundo

parágrafo do texto estabelece a condição de o debate e a reflexão sobre

os direitos humanos vinculados aos interesses coletivos estarem na base

da ideia de democracia.

12. (Cespe/TCU/AFCE/2009) O desenvolvimento das ideias demonstra que, na

linha 4, a flexão de singular em “deve” estabelece relações de coesão e de

concordância gramatical com o termo “democracia”.

13. (Cespe/TCU/AFCE/2009) O pronome “isso” (l.11) exerce, na organização

dos argumentos do texto, a função coesiva de retomar e resumir o fato de

que as “demandas públicas da maior parte da população” (l.8-9) são

escolhidas por meio de “formas de participação/representação” (l.10).

1 O exercício do poder ocorre mediante múltiplas

dinâmicas, formadas por condutas de autoridade, de domínio,

de comando, de liderança, de vigilância e de controle de uma

4 pessoa sobre outra, que se comporta com dependência,

subordinação, resistência ou rebeldia. [...]

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72

Maria da Penha Nery. Vínculo e afetividade: caminhos das relações

humanas. São Paulo: Ágora, 2003, p. 108-9 (com adaptações).

14. (Cespe/TCU/AFCE/2009) Nas relações de coesão que se estabelecem no

texto, o pronome “que” (l.4) retoma a expressão “exercício do poder”

(l.1).

1 A discussão acerca da influência do pensamento

econômico na teoria moderna é aparentemente uma discussão

metateórica, ou seja, de caráter metodológico. Mas, na ciência

4 econômica, como de resto nas ciências sociais em geral, não

há consenso sobre a forma de evolução dos paradigmas.

Contrariamente ao que, em regra, acontece no mundo das

7 ciências naturais, há aqui dúvidas a respeito de se o

conhecimento mais recente é necessariamente o melhor, o mais

verdadeiro, ou seja, aquele que incorporou produtivamente os

10 desenvolvimentos teóricos até então existentes, tendo deixado

de lado aqueles que não se mostraram adequados a seu objeto.

O economista Pérsio Arida tratou desse problema em

13 um texto que se tornou clássico muito antes de ser publicado.

Afirma ali que o aprendizado da teoria econômica tem sido

efetuado de acordo com dois modelos distintos: o que ele

16 chama de hard science, que ignora a história do pensamento e

segundo o qual o estudante deve familiarizar-se de imediato

com o estágio atual da teoria, e o que ele chama de soft science,

19 que considera que o estudante deve conhecer bem, e, se

possível, dominar, os clássicos do passado, mesmo que em

prejuízo de sua familiaridade com os desenvolvimentos mais

22 recentes. Acrescenta a esse enquadramento que, por trás do

modelo hard science, está a ideia de uma “fronteira do

conhecimento”: o estudante não precisaria perder tempo com

25 antigos pensadores, porque todas as suas eventuais

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contribuições já estariam incorporadas ao estado atual da

teoria. De outro lado, subjacente à visão do modelo soft

28 science, estaria a ideia de que o conhecimento está disperso

historicamente, ensejando a necessidade de os estudantes se

dedicarem a esses pensadores.

Leda Maria Paulani. Internet: <www.fipe.org.br> (com adaptações).

15. (Cespe/Basa/Técnico Científico/Arquitetura de Tecnologia/2010) O texto

constitui uma argumentação em defesa de determinada linha de pesquisa

dentro das ciências econômicas.

16. (Cespe/Basa/Técnico Científico/Arquitetura de Tecnologia/2010) Pela

leitura do texto, depreende-se que a hard science e a soft science

correlacionam-se, respectivamente, às ciências naturais e às ciências

humanas.

17. (Cespe/TC-DF/Auditor de Controle Externo/2012) O pronome “o” (L.24)

retoma, por coesão, a expressão “o poder do rei” (L.23).

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1 Inovar é recriar de modo a agregar valor e incrementar

a eficiência, a produtividade e a competitividade nos processos

gerenciais e nos produtos e serviços das organizações. Ou seja,

4 é o fermento do crescimento econômico e social de um país.

Para isso, é preciso criatividade, capacidade de inventar e

coragem para sair dos esquemas tradicionais. Inovador é o

7 indivíduo que procura respostas originais e pertinentes em

situações com as quais ele se defronta. É preciso uma atitude

de abertura para as coisas novas, pois a novidade é catastrófica

10 para os mais céticos. Pode-se dizer que o caminho da inovação

é um percurso de difícil travessia para a maioria das

instituições. Inovar significa transformar os pontos frágeis de

13 um empreendimento em uma realidade duradoura e lucrativa.

A inovação estimula a comercialização de produtos ou serviços

e também permite avanços importantes para toda a sociedade.

16 Porém, a inovação é verdadeira somente quando está

fundamentada no conhecimento. A capacidade de inovação

depende da pesquisa, da geração de conhecimento.

19 É necessário investir em pesquisa para devolver resultados

satisfatórios à sociedade. No entanto, os resultados desse tipo

de investimento não são necessariamente recursos financeiros

22 ou valores econômicos, podem ser também a qualidade de vida

com justiça social.

18. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Na linha 8, o segmento “as

quais” remete a “situações” e, por isso, admite a substituição pelo

pronome que; no entanto, nesse contexto, tal substituição provocaria

ambiguidade.

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19. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) O período sintático iniciado por

“Inovar significa” (l.12) estabelece, com o período anterior, relação

semântica que admite ser explicitada pela expressão Por conseguinte,

escrevendo-se: Por conseguinte, inovar significa [...].

20. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Subentende-se da

argumentação do texto que o pronome demonstrativo, no trecho “desse

tipo de investimento” (l.20-21), refere-se à ideia de “fermento do

crescimento econômico e social de um país” (l.4).

1 A pobreza é um dos fatores mais comumente responsáveis

pelo baixo nível de desenvolvimento humano e pela origem de

uma série de mazelas, algumas das quais proibidas por lei ou

4 consideradas crimes. É o caso do trabalho infantil. A chaga

encontra terreno fértil nas sociedades subdesenvolvidas, mas

também viceja onde o capitalismo, em seu ambiente mais

7 selvagem, obriga crianças e adolescentes a participarem do

processo de produção. Foi assim na Revolução Industrial de

ontem e nas economias ditas avançadas. E ainda é, nos dias de

10 hoje, nas manufaturas da Ásia ou em diversas regiões do Brasil.

Enquanto, entre as nações ricas, o trabalho infantil foi

minimizado, já que nunca se pode dizer erradicado, ele continua

13 sendo grave problema nos países mais pobres.

Jornal do Brasil, Editorial, 1.º/7/2010 (com adaptações).

21. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) A palavra “chaga” (L.4),

empregada com o sentido de ferida social, refere-se, na estrutura

sintática do parágrafo, a “pobreza” (L.1).

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22. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) A expressão “das quais” (L.3)

pode ser suprimida do período sem prejuízo da correção gramatical ou da

coerência do texto.

1 Nós, seres humanos, somos seres sociais: vivemos

nosso cotidiano em contínua imbricação com o ser de outros.

Isso, em geral, admitimos sem reservas. Ao mesmo tempo,

4 seres humanos, somos indivíduos: vivemos nosso ser cotidiano

como um contínuo devir de experiências individuais

intransferíveis. Isso admitimos como algo indubitável. Ser

7 social e ser individual parecem condições contraditórias da

existência. De fato, boa parte da história política, econômica e

cultural da humanidade, particularmente durante os últimos

10 duzentos anos no ocidente, tem a ver com esse dilema. Assim,

distintas teorias políticas e econômicas, fundadas em diferentes

ideologias do humano, enfatizam um aspecto ou outro dessa

13 dualidade, seja reclamando uma subordinação dos interesses

individuais aos interesses sociais, ou, ao contrário, afastando o

ser humano da unidade de sua experiência cotidiana. [...]

Humberto Maturana. Biologia do fenômeno social: a

ontologia da realidade. Miriam Graciano (Trad.). Belo

Horizonte: UFMG, 2002, p. 195 (com adaptações).

23. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Depreende-se do texto que as

“condições contraditórias” mencionadas na linha 7 decorrem da dificuldade

que o ser humano tem em admitir que suas experiências são

intransferíveis porque surgem de “um contínuo devir” (l.5).

24. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Nas relações de coesão do

texto, as expressões “esse dilema” (l.10) e “dessa dualidade” (l.12-13)

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remetem à condição do ser humano: unitário em “sua experiência

cotidiana” (l.15), mas imbricado “com o ser de outros” (l.2).

25. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) A inserção de termo como

antes de “seres humanos” (l.4) preservaria a coerência entre os

argumentos bem como a correção gramatical do texto.

1 As diferenças de classes vão ser estabelecidas em dois

níveis polares: classe privilegiada e classe não privilegiada.

Nessa dicotomia, um leitor crítico vai perceber que se trata de

4 um corte epistemológico, na medida em que fica óbvio que

classificar por extremos não reflete a complexidade de classes

da sociedade brasileira, apesar de indicar os picos. Em cada um

7 dos polos, outras diferenças se fazem presentes, mas

preferimos alçar a dicotomia maior que tanto habita o mundo

das estatísticas quanto, e principalmente, o mundo do

10 imaginário social. [...]

Dina Maria Martins Ferreira. Não pense, veja. São

Paulo: Fapesp&Annablume, p. 62 (com adaptações).

26. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) Subentende-se da

argumentação do texto que “os picos” (l.6) correspondem aos mais

salientes indicadores de classes — a privilegiada e a não privilegiada —,

referidos no texto também como “extremos” (l.5) e “polos” (l.7).

27. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) De acordo com a

argumentação do texto, a diferenciação das classes em “dois níveis

polares” (l.1-2), como dois extremos, não atende à complexidade de

classes da sociedade brasileira, mas é comum ao “mundo das estatísticas”

(l.8-9) e ao “mundo do imaginário social” (l.9-10).

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1 A característica central da modernidade, não seria

2 demais repetir, é a institucionalização do universalismo — e

3 seu duplo, a igualdade — como princípio organizador da esfera

4 pública. [...]

9 O particularismo das diferenças produz exclusão social e

10 simbólica, dificultando os sentimentos de pertencimento e

11 interdependência social, necessários para a efetiva

12 institucionalização do universalismo na esfera pública.

[...]

Jeni Vaitsman. Desigualdades sociais e particularismos

na sociedade brasileira. In: Cadernos de Saúde Pública, Rio

de Janeiro, n.º 18 (Suplemento), p. 38 (com adaptações).

28. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) As relações entre as ideias do

texto mostram que a forma verbal “dificultando” (l.10) está ligada a

“diferenças” (l.9); por isso, seriam respeitadas as relações entre os

argumentos dessa estrutura, como também a correção gramatical, caso

se tornasse explícita essa relação, por meio da substituição dessa forma

verbal por e dificultam.

29. (Cespe/MPU/Analista Administrativo/2010) A coerência entre os

argumentos apresentados no texto mostra que o pronome “seu” (l.3)

refere-se a “universalismo” (l.2).

1 A recuperação econômica dos países desenvolvidos

começou perigosamente a perder fôlego. A reação dos

indicadores de atividade na zona do euro, que já não eram

4 robustos ou mesmo convincentes, é agora algo semelhante à

paralisia. Os Estados Unidos da América cresceram a uma taxa

superior a 3% em 12 meses, mas a maioria dos analistas aposta

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7 que a economia americana perderá força no segundo semestre.

O corte de 125 mil empregos em junho indica que a esperança

de gradual retomada do crescimento do mercado de trabalho no

10 curto prazo era prematura e não deverá se concretizar. As

razões para esse estancamento encontram-se no comportamento

do polo dinâmico da economia mundial, os países emergentes,

13 cujo desenvolvimento econômico começou a desacelerar —

ainda que a partir de taxas exuberantes de expansão.

Valor Econômico, Editorial, 6/7/2010 (com adaptações).

30. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) No trecho “cujo

desenvolvimento econômico [...] expansão” (L.13-14), identifica-se

relação de causa e consequência entre a construção sintática destacada

com travessão e a oração que a antecede.

31. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) As expressões “começou

perigosamente a perder fôlego” (L.2) e “começou a desacelerar” (L.13),

empregadas em sentido figurado, são equivalentes quanto ao sentido e

sugerem que, no atual contexto mundial, caracterizado pela economia

globalizada, não há esperança de crescimento da oferta de emprego no

curto prazo.

32. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Infere-se das informações do

texto que os países emergentes são considerados o polo dinâmico da

economia mundial e deles dependem a velocidade e a força da

recuperação da economia de países desenvolvidos.

1 Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e

traficantes que possam ser encontrados em uma rua escura da

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cidade são o cerne do problema criminal. Mas os danos que tais

4 criminosos causam são minúsculos quando comparados com os

de criminosos respeitáveis, que vestem colarinho

branco e trabalham para as organizações mais poderosas.

7 Estima-se que as perdas provocadas por violações das leis

antitrust — apenas um item de uma longa lista dos principais

crimes do colarinho branco — sejam maiores que todas as

10 perdas causadas pelos crimes notificados à polícia em mais de

uma década, e as relativas a danos e mortes provocadas por esse

crime apresentam índices ainda maiores. A ocultação, pela

13 indústria do asbesto (amianto), dos perigos representados por

seus produtos provavelmente custou tantas vidas quanto as

destruídas por todos os assassinatos ocorridos nos Estados

16 Unidos da América durante uma década inteira; e outros

produtos perigosos, como o cigarro, também provocam, a cada

ano, mais mortes do que essas.

James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed.,

São Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações).

33. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Conclui-se da leitura do texto

que os efeitos das ações de criminosos de rua não são, de fato, tão

danosos à sociedade quanto os das ações praticadas por criminosos de

colarinho branco.

34. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Pela leitura do texto,

conclui-se que, nos Estados Unidos da América, os efeitos anuais do

tabagismo são mais danosos que os de uma década de violência urbana

somados aos do uso de produtos fabricados com amianto.

1 O exercício do poder ocorre mediante múltiplas

dinâmicas, formadas por condutas de autoridade, de domínio,

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de comando, de liderança, de vigilância e de controle de uma

4 pessoa sobre outra, que se comporta com dependência,

subordinação, resistência ou rebeldia. Tais dinâmicas não se

reportam apenas ao caráter negativo do poder, de opressão,

7 punição ou repressão, mas também ao seu caráter positivo,

de disciplinar, controlar, adestrar, aprimorar. O poder em si

não existe, não é um objeto natural. O que há são relações de

10 poder heterogêneas e em constante transformação. O poder

é, portanto, uma prática social constituída historicamente.

Na rede social, as dinâmicas de poder não têm

13 barreiras ou fronteiras: nós as vivemos a todo momento.

Consequentemente, podemos ser comandados, submetidos

ou programados em um vínculo, ou podemos comandá-lo

16 para a realização de sua tarefa, e, assim, vivermos um novo

papel social, que nos faz complementar, passivamente ou

não, as regras políticas da situação em que nos encontramos.

Maria da Penha Nery. Vínculo e afetividade: caminhos das relações

humanas. São Paulo: Ágora, 2003, p. 108-9 (com adaptações).

35. (Cespe/TCU/AFCE/2009) É correto concluir, a partir da argumentação do

texto, que o poder é dinâmico e que há múltiplas formas de sua

realização, com faces heterogêneas, positivas ou negativas; além disso,

ele afeta todos que vivem em sociedade, tanto os que a ele se submetem,

quanto os que a ele resistem.

36. (Cespe/TCU/AFCE/2009) De acordo com a argumentação do texto, o

poder “não é um objeto natural” (l.9) porque é criado artificialmente nas

relações de opressão social.

1 As projeções sobre a economia para os próximos dez anos

são alentadoras. Se o Brasil mantiver razoável ritmo de

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crescimento nesse período, chegará ao final da próxima década

4 sem extrema pobreza. Algumas projeções chegam a apontar o

país como a primeira das atuais nações emergentes em

condições de romper a barreira do subdesenvolvimento e

7 ingressar no restrito mundo rico.

Tais previsões baseiam-se na hipótese de que o país vai

superar eventuais obstáculos que impediriam a economia de

10 crescer a ritmo continuado de 5% ao ano, em média. Para

realizar essas projeções, o Brasil precisa aumentar a sua

capacidade de poupança doméstica e investir mais para ampliar

13 a oferta e se tornar competitivo.

No lugar de alta carga tributária e estrutura de impostos

inadequada, o país deve priorizar investimentos que expandam

16 a produção e contribuam simultaneamente para o aumento de

produtividade, como é o caso dos gastos com educação. É dessa

forma que são criadas boas oportunidades de trabalho,

19 geradoras de renda, de maneira sustentável.

O Globo, Editorial, 12/7/2010 (com adaptações).

37. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Pelas estruturas sintáticas,

escolhas lexicais e modo de organização das ideias, conclui-se que

predomina, no texto, o tipo textual narrativo.

38. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Subentende-se das

informações do texto que a aplicação prioritária de recursos em educação

acarretaria simultânea queda da carga tributária.

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39. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Infere-se da leitura do texto

que o autor considera que o Brasil precisa reformular a estrutura de

impostos, que é inadequada, e rever a carga tributária, que é alta.

40. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Depreende-se da leitura do

texto que o Brasil, em uma década, será membro do grupo dos países

ricos.

Em seu quarto pronunciamento após o atentado frustrado da Al-Qaeda a

um avião americano no Natal, o presidente dos Estados Unidos da América

(EUA), Barack Obama, lançou a linha mestra para a reforma do sistema de

inteligência americano, que incluirá a revisão dos processos de concessão de

visto para os EUA e maior cooperação com outros países para reforçar a

revista de passageiros no exterior. Os temores de novos ataques terroristas

contra aviões comerciais racharam os 27 países da União Europeia (UE). A

proposta de adotar nos aeroportos novos aparelhos de scanner capazes de

penetrar no tecido das roupas e visualizar o corpo dos passageiros foi

rechaçada pela Bélgica.

O Globo, 6/1/2010, p. 29 (com adaptações).

Tendo o texto acima como referência inicial e considerando as múltiplas

implicações do tema por ele tratado, julgue as questões seguintes.

41. (Cespe/BRB/Advogado/2010) Ao obter êxito, o atentado ocorrido no Natal

de 2009 levou os EUA a se recordarem dos episódios de 11/9/2001 e a

admitirem a enorme vulnerabilidade de seu sistema de defesa.

42. (Cespe/BRB/Advogado/2010) O êxito da UE deve-se ao consenso obtido

pelos integrantes do bloco em agir de modo uniforme e unânime em áreas

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vitais como política externa, legislação sobre imigrações e fixação de

tributos diversos.

1 Estudo do Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES) estima que, nos próximos

quatro anos, os investimentos na indústria brasileira chegarão

4 a R$ 500 bilhões, um valor 60% maior do que os R$ 311

bilhões investidos entre 2005 e 2008 (o banco não incluiu

2009, pois ainda não dispõe de dados consolidados do ano

7 passado).

O estudo aponta forte concentração dos investimentos

na exploração de petróleo e gás, não tanto no pré-sal, mas,

10 especialmente, na cadeia econômica ligada ao óleo, como a

indústria naval e a de fabricação de plataformas. Trata-se de

um investimento que estimula outros setores da economia.

13 Mas o BNDES prevê também fortes investimentos em

setores voltados para atender à demanda interna, entre os quais

o automobilístico.

O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações).

43. (Cespe/Aneel/Técnico Administrativo/2010) Trata-se de texto subjetivo e

pessoal, em que o autor explicita sua opinião individual.

44. (Cespe/Aneel/Técnico Administrativo/2010) Infere-se das informações do

texto que o investimento na exploração de combustíveis fósseis e na

cadeia econômica associada a essa atividade influencia o desenvolvimento

de outras áreas da economia.

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45. (Cespe/Aneel/Técnico Administrativo/2010) O termo “como” (l.10)

estabelece, no período em que foi empregado, uma relação de

comparação entre a “cadeia econômica ligada ao óleo” (l.10) e “a

indústria naval e a de fabricação de plataformas” (l.10-11).

1 A discussão acerca da influência do pensamento

econômico na teoria moderna é aparentemente uma discussão

metateórica, ou seja, de caráter metodológico. Mas, na ciência

4 econômica, como de resto nas ciências sociais em geral, não

há consenso sobre a forma de evolução dos paradigmas.

Contrariamente ao que, em regra, acontece no mundo das

7 ciências naturais, há aqui dúvidas a respeito de se o

conhecimento mais recente é necessariamente o melhor, o mais

verdadeiro, ou seja, aquele que incorporou produtivamente os

10 desenvolvimentos teóricos até então existentes, tendo deixado

de lado aqueles que não se mostraram adequados a seu objeto.

[...]

Leda Maria Paulani. Internet: <www.fipe.org.br> (com adaptações).

46. (Cespe/Basa/Técnico Científico/Arquitetura de Tecnologia/2010) Infere-se

do texto que o conhecimento recente da área econômica pode não ser,

necessariamente, o que incorporou as melhores facetas do conhecimento

historicamente desenvolvido.

1 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, com

um preâmbulo de sete “considerandos” e com trinta artigos, é

um documento histórico, uma carta de intenções e também uma

4 denúncia de tudo o que, ao longo de milênios, a humanidade

deixou de fazer. Hoje, a sexagenária declaração ainda é muito

boa, mas tem lacunas, resultantes de sua temporalidade, e

7 precisa ser acrescida, complementada, aperfeiçoada, além de

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ser cumprida — é óbvio —, afirmando novos valores, que

atendam a novas demandas e necessidades.

10 A declaração não previu que o desenvolvimento

capitalista chegasse à sua atual etapa de globalização e de

capitais voláteis, especulativos, que, sem controle, entram e

13 saem de diferentes países, gerando instabilidade permanente

nas economias periféricas. Talvez fosse o caso de se afirmar,

agora, o direito das nações de regulamentarem os investimentos

16 externos e de se protegerem contra a especulação internacional,

que fragiliza e subordina economias nacionais. Não é

admissível que grupos privados transnacionais — não mais do

19 que três centenas —, com negócios que vão do setor produtivo

industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas

comunicações, sejam, na verdade, o verdadeiro governo do

22 mundo, hegemonizando governos e nações, derrubando

restrições alfandegárias, impondo seus interesses particulares.

[...] Francisco Alencar. Para humanizar o bicho homem. In: Francisco Alencar (Org.).

Direitos mais humanos. Brasília: Garamond, 2006. p. 17-31 (com adaptações).

47. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) De acordo com a

argumentação do texto, os ‘considerandos’ (l. 2) representariam — no que

se refere a “tudo o que [...] a humanidade deixou de fazer” (l. 4-5) — um

preâmbulo explicativo e, assim, justificariam o fato de a declaração ser

considerada também “uma denúncia” (l. 3-4).

48. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) De acordo com o texto,

a inclusão do “direito das nações de regulamentarem os investimentos

externos e de se protegerem contra a especulação internacional, que

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fragiliza e subordina economias nacionais” (l.15-17) na declaração a

corrigiria quanto ao lapso temporal.

49. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) É coerente com a

argumentação do texto relacionar “novas demandas” (l. 9) a

enfraquecimento dos países, em decorrência da transnacionalização do

capital.

[...]

50. (Cespe/TC-DF/Auditor de Controle Externo/2012) Infere-se da leitura do

texto, especialmente do trecho “O fim da Idade Média (...) aumentar os

impostos” (L.15-25), que a Inglaterra conseguiu limitar o poder dos reis

absolutistas bem antes dos demais países europeus.

1 Imagine que um poder absoluto ou um texto sagrado

declarem que quem roubar ou assaltar será enforcado (ou terá

a mão cortada). Nesse caso, puxar a corda, afiar a faca ou

4 assistir à execução seria simples, pois a responsabilidade moral

do veredicto não estaria conosco. Nas sociedades tradicionais,

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em que a punição é decidida por uma autoridade superior a

7 todos, as execuções podem ser públicas: a coletividade festeja

o soberano que se encarregou da justiça — que alívio!

[...]

22 Reprimimos em nós desejos e fantasias que nos

parecem ameaçar o convívio social. Logo, frustrados, zelamos

pela prisão daqueles que não se impõem as mesmas renúncias.

25 Mas a coisa muda quando a pena é radical, pois há o risco de

que a morte do culpado sirva para nos dar a ilusão de liquidar,

com ela, o que há de pior em nós. Nesse caso, a execução do

28 condenado é usada para limpar nossa alma. Em geral, a justiça

sumária é isto: uma pressa em suprimir desejos inconfessáveis

de quem faz justiça. Como psicanalista, apenas gostaria que a

31 morte dos culpados não servisse para exorcizar nossas piores

fantasias — isso, sobretudo, porque o exorcismo seria ilusório.

Contudo é possível que haja crimes hediondos nos quais não

34 reconhecemos nada de nossos desejos reprimidos.

Contardo Calligaris. Terra de ninguém – 101 crônicas. São

Paulo: Publifolha, 2004, p. 94-6 (com adaptações).

51. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) De acordo com o texto, nas sociedades

tradicionais, os cidadãos sentem-se aliviados sempre que um soberano

decide infligir a pena de morte a um infrator porque se livram das

ameaças de quem desrespeita a moral que rege o convívio social, como

evidencia o emprego da interjeição “que alívio!” (l.8).

52. (Cespe/PF/Papiloscopista/2012) Na condição de psicanalista, o autor do

texto adverte que a punição de infratores das leis é uma forma de os

indivíduos expurgarem seus desejos inconfessáveis, ressalvando, no

entanto, que, quando se trata de crime hediondo, tal não se aplica.

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1 Para a maioria das pessoas, os assaltantes, assassinos e

traficantes que possam ser encontrados em uma rua escura da

cidade são o cerne do problema criminal. Mas os danos que tais

4 criminosos causam são minúsculos quando comparados com os

de criminosos respeitáveis, que vestem colarinho

branco e trabalham para as organizações mais poderosas.

[...]

James William Coleman. A elite do crime. 5.ª ed.,

São Paulo: Manole, 2005, p. 1 (com adaptações).

53. (Cespe/MPU/Técnico Administrativo/2010) Sem prejuízo para a coerência

textual e a correção gramatical, o trecho “Mas os danos [...] minúsculos”,

que inicia o segundo período do texto, poderia ser substituído por:

Embora os danos causados por esses criminosos sejam ínfimos

[...].

1 A Declaração Universal dos Direitos Humanos, com

um preâmbulo de sete “considerandos” e com trinta artigos, é

um documento histórico, uma carta de intenções e também uma

4 denúncia de tudo o que, ao longo de milênios, a humanidade

deixou de fazer. [...]

10 A declaração não previu que o desenvolvimento

capitalista chegasse à sua atual etapa de globalização e de

capitais voláteis, especulativos, que, sem controle, entram e

13 saem de diferentes países, gerando instabilidade permanente

nas economias periféricas. Talvez fosse o caso de se afirmar,

agora, o direito das nações de regulamentarem os investimentos

16 externos e de se protegerem contra a especulação internacional,

que fragiliza e subordina economias nacionais. Não é

admissível que grupos privados transnacionais — não mais do

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19 que três centenas —, com negócios que vão do setor produtivo

industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas

comunicações, sejam, na verdade, o verdadeiro governo do

22 mundo, hegemonizando governos e nações, derrubando

restrições alfandegárias, impondo seus interesses particulares.

[...]

Francisco Alencar. Para humanizar o bicho homem. In: Francisco Alencar (Org.).

Direitos mais humanos. Brasília: Garamond, 2006. p. 17-31 (com adaptações).

54. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) No trecho “não mais do

que três centenas” (l. 18-19), o emprego de palavra de negação e da

expressão “três centenas”, em vez de trezentos grupos, atenua o tom

de denúncia que predomina no período em que o trecho está inserido.

55. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) O trecho “vão do setor

produtivo industrial ao setor financeiro, passando pela publicidade e pelas

comunicações” (l. 19-21) pode, sem prejuízo para a correção gramatical e

a interpretação do texto, ser reescrito da seguinte maneira: incluem

setores desde o produtivo industrial até o financeiro e transitam

pelos da publicidade e das comunicações.

56. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) Mantendo-se os sinais

de pontuação empregados no trecho, a estrutura sintática “com um

preâmbulo de sete ‘considerandos’ e com trinta artigos” (l. 1-2) pode ser

substituída, sem prejuízo da correção gramatical, por contendo um

preâmbulo com sete “considerandos” e trinta artigos.

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57. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) A oração “A declaração

não previu” (l. 10) poderia ser corretamente reescrita da seguinte forma:

Na declaração, não se previu.

58. (Cespe/TRT-21ª Região/Analista Judiciário/2011) Preservam-se a correção

gramatical e o sentido original do texto ao se substituir “sem controle” (l.

12) por aleatoriamente.

59. (Cespe/PC-CE/Inspetor de Polícia/2012) Em cada um dos itens a seguir,

são apresentadas propostas de reescrita do trecho “No entanto, o estudo

dos impérios, antigos ou recentes, permite acessar as raízes do mundo

contemporâneo e aprofundar nossa compreensão das modalidades de

organização do poder político” (L.10-13). Julgue-os com relação à

correção gramatical

O estudo dos impérios, porém, sejam eles antigos, sejam recentes,

permite chegarmos às raízes do mundo atual e tornarmos mais profunda

nossa compreensão das formas de organização do poder político.

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Gabarito das Questões Comentadas

1. Item certo

2. Item certo

3. Item certo

4. Item certo

5. Item errado

6. C

7. Item certo

8. Item errado

9. Item errado

10. Item errado

11. Item certo

12. Item errado

13. Item errado

14. Item errado

15. Item errado

16. Item errado

17. Item errado

18. Item errado

19. Item errado

20. Item errado

21. Item errado

22. Item certo

23. Item errado

24. Item certo

25. Item certo

26. Item certo

27. Item certo

28. Item errado

29. Item certo

30. Item errado

31. Item errado

32. Item certo

33. Item certo

34. Item errado

35. Item certo

36. Item errado

37. Item errado

38. Item errado

39. Item certo

40. Item errado

41. Item errado

42. Item errado

43. Item errado

44. Item certo

45. Item errado

46. Item certo

47. Item errado

48. Item certo

49. Item certo

50. Item certo

51. Item errado

52. Item errado

53. Item errado

54. Item errado

55. Item certo

56. Item errado (com

ressalva nossa)

57. Item certo

58. Item errado

59. Item certo