07 manual de direito previdenciário 4ª ed. 2011 hugo goes 74

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Hugo Óòês 4 a edição Editora Ferreira Rio de Janeiro 2011

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  1. 1. Hugo s 4a edio Editora Ferreira Rio de Janeiro 2011
  2. 2. Copyright Editora Ferreira Ltda., 2006-2011 1. ed. 2006; 2. ed. 2008; 3. ed. 2009; 1. reimpresso 2009, 4. ed 2011 Capa De/7/5 Victor P. Barrozo Diagramao Mo/ses Incio Reviso Aline Teixeira CIP-BRASIL, CATALOGAAO-NA-FONTE SINDICATO NACfONAL DOS EDITORES D LfVROS, RJ. G543m 4.ed. Goes, Hugo Medeiros de, 1968- Manual de direito previdencirio / Hugo Goes (Concursos) 776p ISBN 978-85-7842-157-1 - 4.ed. - Rio de Janeiro : Ed. Ferreira, 2011. 1. Previdncia sociai - Legislao - Brasil. 2. Se vio pblico - Brasil - Concursos. !. Ttuio. I guridade social - Legislao . Srie. - Brasil. 3. Ser- 11-0225. CDU: 34:349.3(81) 12.01.11 14.01.11 Editora Ferreira contato@editoraferreira,com. br www.editoraferreira.com.br TODOS OS DIREITOS RESERVADOS - proibida a reproduo total ou parcial, de qualquer forma ou por qualquer meio. A violao dos direitos de autor (Lei n 9.610/98} crime estabelecido pelo artigo 184 do Cdigo Penal. Depsito legai na Biblioteca Nacional conforme Decreto n 1.825, de 20 de dezembro de 1907. Impresso no Br?s/Printed in Brazil
  3. 3. minha esposa, Rosana, com amor, simplesmente por existir em minha vida. Aos meus filhos, Joaquim e Leon, motivo de imenso amor, alegria e feli- cidade. Aos meus pais, Joaquim Goes (in memoriam) e Maria Marta (in memo- riam), que, apesar de todas as dificulda- des enfrentadas, plantaram a semente.
  4. 4. Apresentao A presente obra contempla o custeio da seguridade social e as prestaes (benefcios e servios) da previdncia social. O seu escopo principal o estudo do regime geral de previdncia social, mas tambm inclui aspectos dos regimes prprios de previdncia social, previdncia complementar, assistncia social e sade. Escrita em linguagem bastante simplificada, a obra tem finalidade essencialmente didtica. Destina-se, principalmente, preparao para concursos pblicos, contemplando todo o assunto relativo ao Direito Previdencirio cobrado pelas bancas examinadoras. Aofimde cada ca- ptulo, constam exerccios propostos pelo autor e questes de provas de vrios concursos, proporcionando ao leitor a aferio do seu aprendiza- do e possibilitando uma comparao entre o texto estudado e o racioc- nio das bancas examinadoras. As linhas mestras da obra so os textos constitucional e legais, a jurisprudncia do STF e do STJ e a tendncia das bancas examinadoras, Nos temas controversos, sempre apontado o entendimento mais segu- ro a ser seguido em prova de concurso. Sem se perder em lucubraes e extensas discusses doutrinrias, este manual busca, a um s tempo, a completude e a conciso, fornecendo ao candidato a cargo pblico informao rpida, segura e direcionada. Primamos por uma rigorosa atualizao da matria, ponto par- ticularmente crtico neste ramo do Direito, tendo em vista a profuso de normas previdencirias, de todos os nveis e fontes, diuturnamente produzidas. Esperamos que o presente trabalho possa, de alguma forma, con- tribuir com o sucesso de seus leitores. Bons estudos. Hugo Medeiros de Goes
  5. 5. Siglas e abreviaturas ADC - Ao Declaratria de Constitucionalidade ADCT - Ato das Disposies Constitucionais Transitrias ADIn - Ao Direta de Inconstitucionalidade AI - Auto de Infrao CAT - Comunicao de Acidente de Trabalho CEI - Cadastro Especfico do INSS CF - Constituio Federal CND - Certido Negativa de Dbito CNIS - Cadastro Nacional de Informaes Sociais CNPJ - Cadastro Nacional de Pessoa Jurdica CNPS - Conselho Nacional da Previdncia Social COFINS - Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social CP - Cdigo Penal CPD-EN - Certido Positiva de Dbito com Efeitos de Negativa CPMF - Contribuio Provisria sobre movimentao Financeira CRPS - Conselho de Recursos da Previdncia Social CSLL - Contribuio Social sobre o Lucro Lquido EAPC - Entidade Aberta de Previdncia Complementar EC - Emenda Constitucional EFPC - Entidade Fechada de Previdncia Complementar FAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Servio FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento Educacional GFIP - Guia de Recolhimento do FGTS e Informaes Previdncia Social GPS - Guia da Previdncia Social IN - Instruo Normativa
  6. 6. INSS - Instituto Nacional do Seguro Social IPI - Imposto sobre Produtos Industrializados IRPJ - Imposto de Renda das Pessoas Jurdicas LC - Lei Complementar LDC - Lanamento de Dbito Confessado MPS - Ministrio da Previdncia Social NFLD - Notificao Fiscal de Lanamento de Dbito OGMO - rgo Gestor de Mo de obra PAT - Programa de Alimentao do Trabalhador PS/PASEP - Contribuio para os Programas de Integrao Social e de Formao do Patrimnio do Servidor Pblico PPP - Perfil Profissiogrfico Previdencirio RAT - Riscos Ambientais do Trabalho RE - Recurso Extraordinrio REsp - Recurso Especial RFB - Secretaria da Receita Federal do Brasil RGPS - Regime Geral de Previdncia Social RPPS - Regime Prprio de Previdncia Social RPS - Regulamento da Previdncia Social SELIC - Sistema Especial de Liquidao e Custdia STF - Supremo Tribunal Federal STJ - Superior Tribunal de Justia SUS - Sistema nico de Sade TST - Tribunal Superior do Trabalho
  7. 7. Sumrio Captulo 1 - Seguridade Social 1 1. Origem e evoluo legislativa da Previdncia Social no Brasil 2 2. Conceituao 7 2.1. Sade 7 2.2. Assistncia Social 8 2.3. Previdncia Social - 8 2.3.1. Regime Geral de Previdncia Social 9 2.3.2. Regimes Prprios de Previdncia Social dos Servidores Pblicos e Militares 9 2.3.3. Previdncia Complementar 13 3. Princpios constitucionais da Seguridade Social 16 3.1. Universalidade da cobertura e do atendimento 17 3.2. Uniformidade e equivalncia dos benefcios e servios entre as populaes urbanas e rurais 17 3.3. Seletividade e distributividade na prestao dos benefcios e servios 18 3.4. Irredutibilidade do valor dos benefcios 18 3.5. Equidade na forma de participao no custeio 22 3.6. Diversidade da base de financiamento 23 3.7. Carter democrtico e descentralizado da Administrao - gesto quadripartite 26 3.8. Preexistncia do custeio em relao ao benefcio ou servio 26 3.9. Anterioridade nonagesimal 27 3.10. Solidariedade 28 4. Dispositivos constitucionais referentes Previdncia Social 29 4.1. Carter contributivo 29 4.2. Filiao obrigatria 29 4.3. Equilbrio financeiro e atuarial 30 . 4.4. Garantia do benefcio mnimo 30 4.5. Atualizao monetria dos salrios de contribuio 30 4.6. Preservao do valor real dos benefcios 31 4.7. Contagem recproca do tempo de contribuio 31 4.8. Proibio de critrios diferenciados para concesso de aposentadoria 32 4.9. Sistema especial de incluso previdenciria 33 4.10. Previdncia Complementar Facultativa 33 5. Organizao da Seguridade Social 34 5.1. Conselho Nacional de Previdncia Social - CNPS 34 5.1.1. Composio do CNPS 34 5.1.2. Competncia do CNPS 35
  8. 8. 5.1.3. Competncia dos rgos governamentais 36 5.1.4. Publicidade das resolues 36 5.1.5. Reunies do CNPS 36 5.L6. Estabilidade no emprego dos representantes dos trabalhadores : 36 5.2. Conselhos de Previdncia Social - CPS 37 5.2.1. Composio 37 5.3. Conselho de Recursos da Previdncia Social - CRPS 37 5.3.1. Composio do CRPS 38 5.3.2. Juntas de Recursos ' 39 5.3.3. Cmaras de Julgamento 39 5.3.4. Conselho Pleno 39 5.3.5. Gratificao dos membros do CRPS 40 Exerccios de Fixao 40 Captulo 2 - Legislao previdenciria 55 1. Lei e legislao 56 2. Fontes 56 3. Autonomia 60 4. Aplicao 60 5. Vigncia 63 6. Hierarquia 64 7. Interpretao 66 8. Integrao 66 8.1. Analogia 67 8.2. Princpios gerais da Seguridade Social 67 8.3. Princpios gerais do Direito 67 8.4. Equidade 68 Exerccios de Fixao 68 Captulo 3 - Regime Gerai de Previdncia Social 71 1. Introduo - 72 2. Beneficirios do Regime Geral de Previdncia Social 72 2.1. Segurados obrigatrios 73 2.LI. Segurado empregado 74 2.1.2. Segurado empregado domstico *- 87 2.1.3. Segurado trabalhador avulso 88 2.1.4. Segurado especial 90 2.1.4.1. Regime de economia familiar 92 2.1.4.2. Local da residncia do segurado especial 93 2.1.4.3. Produtor rural 93 2.1.4.4. Pescador artesanal 94 2.1.4.5. Cnjuge, companheiro e filho maior de 16 anos de idade ... 96 2.1.4.6. No descaracterizao da condio de segurado especial - 97 ;si
  9. 9. 2.1,4.7. Membro do grupo familiar que possui outra fonte de rendimento - 98 2.1.4.8. Data da excluso do segurado especial 99 2.L4.9. Comprovao da atividade rural 100 2.1.5. Segurado contribuinte individual 101 2.1.6. Situaes especficas 117 2.1.6.1. Dirigente sindical 117 2.1.6.2. Aposentado que volta a trabalhar 118 2.1.6.3. Trabalhador que exerce mais de uma atividade 119 2.1.6.4. Enquadramento realizado pela fiscalizao 119 2.2. Segurado facultativo 119 2.3. Dependentes 121 2.3.1. Cnjuge 122 2.3.2. Companheira e companheiro 123 2.3.3. Companheiros homossexuais 124 2.3.4. Filhos 125 2.3.5. Equiparados a filhos 127 2.3.6. Os pais 129 2.3.7. Irmos 129 3. Filiao do segurado 129 4. Inscrio do segurado 130 5. Inscrio do dependente 131 5.1. Comprovao do vnculo e da dependncia econmica 131 6. Trabalhadores excludos do RGPS 133 Exerccios de Fixao 134 Captulo 4 - Manuteno e perda das qualidades de segurado e de dependente - 149 1. Manuteno da qualidade de segurado 150 2. Direitos preservados durante o perodo de graa 153 3. Perda da qualidade de segurado 153 3.1. Efeitos da perda da qualidade de segurado 154 4. Perda da qualidade de dependente - 155 Exerccios de Fixao 158 Captulo 5 - Prestaes do Regime Geral de Previdncia Social 163 1. Conceitos introdutrios 166 1.1. Carncia 166 1.1.1. Contagem do perodo de carncia 166 1.1.2. Contagem da carncia para o segurado especial 169 1.1.3. Benefcios sujeitos carncia 170 1.1.4. Perda da qualidade de segurado 171 1.1.5. Regra de transio 173 1.2. Salrio-de-benefcio (SB) 174
  10. 10. 1.2.1. Clculo do salrio-de-benefcio 175 1.2.2. Fator previdencirio .-... 178 1.3. Limites da renda mensal do benefcio 180 1.4. Reajustamento do-valor do benefcio 182 1.5. Data de pagamento dos benefcios 184 1.6. Acidente do trabalho - 185 1.6.1. Hipteses equiparadas a acidente do trabalho 186 1.6.2. Nexo tcnico epidemiolgico 187 1.6.3. Comunicao do acidente do trabalho - CAT 188 1.6.4. Dia do acidente 188 1.6.5. Estabilidade no emprego - 188 2. Benefcios do RGPS 189 2.1. Aposentadoria por invalidez 189 2.1.1. Verificao da incapacidade 189 2.1.2. Doena preexistente 190 2.1.3. Beneficirios 190 2.1.4. Carncia 191 2.1.5. Renda mensal inicial 191 2.1.6. Data de incio da aposentadoria por invalidez 194 2.1.7. Cessao do benefcio 194 2.1.8. Situao trabalhista do empregado 195 2.2. Aposentadoria por idade 197 2.2.1. Perda da qualidade de segurado 199 2.2.2. Aposentado que permanece em atividade ou que a ela retorna - 199 2.2.3. Aposentadoria compulsria 200 2.2.4. Beneficirios 201 2.2.5. Carncia 201 2.2.6. Renda mensal inicial < 201 2.2.7. Data de incio do benefcio - 202 2.2.8. Cessao do benefcio - 202 2.3. Aposentadoria por tempo de contribuio 204 2.3.1. Aposentadoria do professor 205 2.3.2. Beneficirios - 206 2.3.3. Carncia 206 2.3.4. Renda mensal inicial 208 2.3.5. Aposentadoria proporcional - - 208 2.3.6. Direito adquirido 209 2.3.7. Tempo de contribuio 210 2.3.8. Prova do tempo de contribuio 215 2.3.9. Contagem recproca de tempo de contribuio 219 2.3.10. Perodo de atividade do contribuinte individual alcanado pelo decadncia 220 2.3.11. Aposentado que permanece em atividade ou que a ela retorna .... 221 2.3.12. Data de incio do benefcio 221 2.3.13. Cessao do benefcio 222
  11. 11. 2.4. Aposentadoria especial 223 2.4.L Comprovao da exposio 224 2.4.2. Agentes nocivos 225 2.4.3. Converso de tempo entre atividades especiais 228 2.4.4. Converso de tempo especial para comum 229 2.4.5. Impossibilidade de converso de tempo comum para especial 231 2.4.6. Beneficirios 232 2.4.7. Carncia 233 2.4.8. Renda mensal inicial 233 2.4.9. Aposentado que permanece em atividade ou que a ela retorna ... 233 2.4.10. Data de incio do beneficio 234 2.4.11. Cessao do benefcio - 234 2.4.12. Previso constitucional 235 2.5. Auxlio-doena 236 2.5.1. Requerimento 236 2.5.2. Verificao da incapacidade 237 2.5.3. Doena preexistente 237 2.5.4. Segurado que exerce mais de uma atividade 237 2.5.5. Beneficirios 238 2.5.6. Carncia 238 2.5.7. Renda mensal inicial 239 2.5.8. Data de incio do benefcio 239 2.5.9. Cessao do benefcio 241 2.5.10. Prazo para recuperao da capacidade 242 2.5.11. Contagem do perodo de auxlio-doena como tempo de contribuio 242 2.5.12. Situao trabalhista do empregado 243 2.6. Auxlio-acidente 244 2.6.1. Situaes que do direito ao auxlio-acidente 244 2.6.2. Situaes que no do direito ao auxlio-acidente 247 2.6.3. Perda da audio 247 2.6.4. Beneficirios 248 2.6.5. Acumulao 249 2.6.6. Carncia 249 2.6.7. Renda mensal inicial 249 2.6.8. Data de incio do benefcio 250 2:6.9. Cessao do benefcio 251 2.7. Salrio-famlia : 251 2.7.1. Beneficirios 252 2.7.2. Carncia : 253 2.7.3. Renda mensal do benefcio 254 2.7.4. Pagamento do salrio-famlia 255 2.7.5. Data de incio do beneficio 257 2.7.6. Suspenso do benefcio 257 2.7.7. Cessao do benefcio 257
  12. 12. 2.8. Sairio-maternidade 259 2.8.1. Parto 259 2.8.2. Aborto no criminoso 260 2.8.3. Adoo de criana 260 2.8.4. Beneficirias 261 2.8.5. Situao da desempregada 261 2.8.6. Carncia 262 2.8.7. Renda mensal do benefcio 263 2.8.8. Pagamento do sairio-maternidade 265 2.8.9. Incidncia de contribuio previdenciria 265 2.8.10. Requerimento do benefcio 266 2.8.11. Acumulao 266 2.8.12. Perodo de durao 267 2.8.13. Programa Empresa Cidad 268 2.8.14. Cessao do benefcio 269 2.9. Penso por morte 270 2.9.1. Morte presumida 271 2.9.2. Beneficirios 272 2.9.3. bito ocorrido aps a perda da qualidade de segurado 275 2.9.4. Carncia 277 2.9.5. Renda mensal inicial 277 2.9.6. Cessao do pagamento da cota individual 279 2.9.7. Cessao do benefcio 280 2.10. Auxlio-recluso 281 2.10.1. Beneficirios 284 2.10.2. Carncia 284 2.10.3. Requerimento do benefcio 284 2.10.4. Converso em penso por morte 285 2.10.5. Renda mensal inicial 285 2.10.6. Data de incio do benefcio 286 2.10.7. Perodo de durao 286 ... 2.10.8. Suspenso do benefcio 287 2.10.9. Cessao do pagamento da cota individual 287 2.10.10. Cessao do benefcio 287 2.11. Abono anual 288 2.11.1. Forma de clculo ; 289 2.11.2. Quando pago 290 3. Servios do RGPS 290 3.1. Habilitao e reabilitao profissional ; 290 3.1.1. Beneficirios 290 3.1.2. Carncia 291 3.1.3. Processo de habilitao e reabilitao profissional 291 3.1.3.1. Fornecimento de equipamentos 291 3.1.3.2. Programao profissional 292 3.1.3.3. Concluso do processo 292 (El
  13. 13. 3.1.4. Obrigao das empresas 292 3.2. Servio social 293 3.2.1. Beneficirios . 293 3.2.2. Carncia 294 3.2.3. Regras gerais 294 4. Acumulao de benefcios 294 5. Valores que podem ser descontados dos benefcios 296 Exerccios de Fixao 298 Captulo 6 ~ Empresa e empregador domstico: conceito previdencirio .. 321 1. Empresa . 322 1.1. Equiparados a empresa . 322 2. Empregador domstico . 324 Exerccios de Fixao - 324 Captulo 7 - Financiamento da Seguridade Social 327 1. Contribuio da Unio 330 2. Receitas das contribuies sociais 330 2.1. Natureza jurdica das contribuies sociais 331 2.2. Competncia para instituio das contribuies sociais 334 2.3. Contribuies sociais previdencirias 335 2.3.1. Contribuio previdenciria do segurado 335 2.3.1.1. Contribuio do empregado, empregado domstico e trabalhador avulso 335 2.3.1.2. Contribuio do trabalhador rural contratado por produtor rural pessoa fsica por pequeno prazo 339 2.3.1.3. Contribuio do contribuinte individual 340 2.3.1.4. Contribuio do segurado especial 351 2.3.1.5. Contribuio do segurado facultativo 355 2.3.2. Contribuio previdenciria da empresa 358 2.3.2.1. Contribuio da empresa sobre a remunerao de empregados e trabalhadores avulsos 359 2.3.2.2. Contribuio da empresa sobre a remunerao de contribuintes individuais 361 2.3.2.3. Contribuio da empresa sobre servios prestados por cooperados por intermdio de cooperativas de trabalho .. 363 2.3.2.4. Contribuio da empresa para o RAT (antigo SAT) 365 2.3.2.5. Contribuio adicional ao RAT para o custeio da aposentadoria especial 369 2.3.2.6. Instituies financeiras 371 2.3.2.7. Empresas que prestam servios de TX e TIC 372 2.3.2.8. Contribuio da associao desportiva que mantm equipe de futebol profissional 375 2.3.2.9. Contribuio da agroindstria - 376 m}
  14. 14. 2.3.2.10. Contribuio do produtor rural pessoa jurdica 376 2.3.2.11. Contribuio do empregador rural pessoa fsica 377 2.3.2.12. Contribuio da empresa optante pelo simples nacional - 378 2.3.2.13. Contribuio patronal do Microempreendedor Individual... 379 2.3.2.14. Entidade beneficente de assistncia social que atenda s exigncias estabelecidas em lei 380 2.3.2.15. Contribuio da empresa para outras entidades e fundos (terceiros) 383 2.3.3. Contribuio previdenciria do empregador domstico 384 2.3.3.1. Deduo da contribuio previdenciria do empregador domstico no imposto de renda : 386 2-3.4. Contribuio previdenciria decorrente de ao trabalhista .... 386 2.4. Contribuies sociais no previdencirias 389 2.4.1. COFINS 389 2.4.2. CSLL 390 2.4.3. PIS/PASEP 390 2.4.4. PIS/PASEP-Importao e COFINS-Importao 391 2.4.5. Contribuio sobre a receita de concursos de prognsticos 392 3. Receitas de outras fontes 392 4. Salrio-de-contribuio 394 4.1. Conceito de salrio-de-contribuio 395 4.2. Parcelas integrantes e no integrantes do salrio-de-contribuio .... 396 4.2.1. Parcelas integrantes do salrio-de-contribuio 397 4.2.2. Parcelas no integrantes do salrio-de-contribuio 413 4.3. Proporcionalidade - 433 5. Obrigaes da empresa e demais contribuintes 433 5.1. Obrigaes da empresa 433 5.2. Obrigao dos demais contribuintes - 435 6. Prazo de recolhimento 7 436 7. Recolhimento fora do prazo: juros e multa 437 7.1. Juros de mora 438 7.2. Multa de mora - 438 7.3. Multas de lanamento de ofcio 440 7.3.1. Agravamento da multa de ofcio 440 7.3.2. Reduo da multa de ofcio 441 Exerccios de Fixao 442 Captulo 8 - Reteno e responsabilidade solidria 461 1. Reteno de 11% 462 1.1. Procedimento da reteno 463 1.2. Hipteses de incidncia da reteno 464 1.3. Empresa optante pelo Simples Nacional 465 1.4. Cooperativa de trabalho 466 1.5. Jurisprudncia a respeito da reteno de 11% 466 I C' fi [xvili
  15. 15. 2. Responsabilidade solidria 468 2.1. Responsabilidade solidria na construo civil 469 2.1.1. A responsabilidade solidria na construo civil ser elidida ... 471 2.2. Empresas que integram grupo econmico 471 2.3. Produtores rurais integrantes de consrcio simplificado 472 2.4. Operador porturio e OGMO 473 2.5. Administradores pblicos 473 2.6. Ato praticado sem apresentao da CND 473 2.7. Situaes nas quais no h responsabilidade solidria 474 3. Responsabilidade dos administradores de pessoas jurdicas de direito privado 474 Exerccios de Fixao 476 Captulo 9 - Obrigaes acessrias 481 1. GFP 484 2. Folha de pagamento - 485 3. Contabilidade 486 4. Matrcula da empresa 487 5. Matrcula de obra de construo civil 488 6. Matrcula do produtor rural pessoa fsica e do segurado especial 489 7. Obrigaes acessrias especficas 489 7.1. Dos municpios 489 7.2. Das instituies financeiras 489 7.3. Dos cartrios de registro civil e de pessoas naturais 490 8. Prazo de arquivamento de documentos 490 Exerccios de Fixao 490 Captulo 10 - Competncia para arrecadar, fiscalizar e cobrar 495 1. Competncia da Secretaria da Receita Federal do Brasil 496 2. Competncia do INSS 496 3. Exame da contabilidade 496 Exerccios de Fixao - 498 Captulo 11 - Constituio do crdito previdencirio 501 1. lanamento por homologao 502 2. Confisso de dvida tributria 504 2.1. GFIP - - - 504 2.2. Lanamento de dbito confessado 505 3. Lanamento de ofcio 506 3.1. Auto de infrao 506 3.2. Notificao de lanamento 507 Exerccios de Fixao 508
  16. 16. Captulo 12 - Parcelamento 511 1. Condies para formalizao do parcelamento 512 2. Prestaes mensais acrescidas de juros 512 3. Contribuies que no podem ser objeto de parcelamento 512 4. Repareelamento 513 5. Resciso do parcelamento 513 6. Parcelamentos concedidos a Estados, Distrito Federal ou Municpios ... 514 Exerccios de Fixao 514 Captulo 13 - Compensao, restituio e reembolso 517 1. Compensao 518 1.1. Compensao de valores referentes reteno de contribuies previdencirias na cesso de mo de obra e na empreitada 518 1.2. Impossibilidade de compensao de crditos relativos s contribuies previdencirias com dbitos de outros tributos federais 519 1.3. Compensao de ofcio - 519 2. Restituio 520 2.1. Restituio de valores referentes reteno de contribuies previdencirias na cesso de mo de obra e na empreitada 521 2.2. Restituio de contribuies para terceiros (Sesc, Sesi, Senai, Senac, Sebrae, etc.) 522 3. Acrscimo de juros 522 4. Reembolso 523 5. Discusso administrativa 523 Exerccios de Fixao 524 Captulo 14 - Decadncia e prescrio 527 1. Distino entre decadncia e prescrio 528 2. Decadncia e prescrio no custeio previdencirio 528 2.1. Decadncia em relao s contribuies previdencirias 529 2.2. Perodo de atividade do contribuinte individual alcanado pela decadncia 535 2.3. Prescrio em relao s contribuies previdencirias 536 2.4. Prescrio na restituio e compensao de contribuies 539 3. Decadncia e prescrio em matria de benefcios - 541 3.1. Decadncia - 541 3.2. Prescrio 543 3.3. Acidente do trabalho 544 3.4. Anulao de ato administrativo relativo concesso de beneficio . 544 Exerccios de Fixao 545 Captulo 15 ~ Iseno de contribuies 549 1. Iseno ou imunidade? 550 2. Exigncias estabelecidas em lei 551
  17. 17. 3. Certificao das entidades beneficentes de assistncia social 554 3.1. Certificao de entidade de sade 555 3.2. Certificao de entidade de educao - - 556 3.3. Certificao de entidade de assistncia social 557 3.4. Competncia para concesso da certificao 557 3.5. Cancelamento da certificao 558 4. Requisitos para a concesso da iseno 559 5. Contribuies isentas 560 6. Suspenso do direito iseno 561 Exerccios de Fixao 561 Captulo 16 - Prova de inexistncia de dbito 565 1. Competncia para a emisso 566 2. Exigncia da CND ou da CPD-EN 566 2.1. Da empresa 566 2.2. Do proprietrio de obra de construo civil 568 2.3. Do incorporador 569 2.4. Do produtor rural pessoa fsica e do segurado especial 570 2.5. Na contratao de operaes de crdito com instituies financeiras 570 3. Prazo de validade 571 4. Verificao da autenticidade 571 5. Indicao da finalidade 572 6. Possibilidades de emisso da CND e da CPD-EN 572 6.1. A CND somente ser expedida nas seguintes situaes 572 6.2. A CPD-EN ser expedida quando houver dbito em nome do sujeito passivo 572 6.3. Falta de apresentao de GFIP 573 6.4. Divergncia entre os valores declarados na GFIP e os efetivamente recolhidos 575 7. Estados, Distrito Federal e Municpios 575 8. Ato praticado sem apresentao da CND 576 Exerccios de Fixao 576 Captulo 17 - Crimes contra a Previdncia Social 579 1. Apropriao indbita previdenciria 580 1.1. Conduta tpica 581 1.2. Desnecessidade do nimo de apropriao para a configurao do delito 583 1.3. Bem jurdico tutelado 585 1.4. Sujeitos ativo e passivo 585 1.5. Pena 586 1.6. Extino da punibilidade 587 1.7 Ao penal 589
  18. 18. 2. Sonegao de contribuio previdenciria 591 2.1. Conduta tpica 591 2.2. Pena - 592 2.3. Extino da punibilidade 592 2.4. Ao penal -, 593 2.5. Bem jurdico tutelado e sujeitos ativo e passivo 593 3. Falsificao de documento pblico 594 4. Outros crimes 595 5. Regras gerais 595 6. Restries 595 7. Apreenso de documentos 596 Exerccios de Fixao 597 Captulo 18 - Infraes legislao previdenciria 603 1. Valores das multas 604 1.1. Infraes relacionadas GFIP 607 1.2. Falta de inscrio de segurado 608 1.3. Falta de comunicao de acidente do trabalho 608 1.4. Infraes relacionadas GPS 610 1.5. Instituies financeiras 611 1.6. rgo gestor de mo de obra 612 1.7. Demais infraes 612 2. Circunstncias agravantes da penalidade 612 3. Gradao das multas 613 4. Auto de infrao - AI 613 Exerccios de Fixao 614 Captulo 19 ~ Recursos das decises administrativas 617 1. Processo relativo ao custeio previdencirio 618 1.1. Competncia para julgar o processo 618 1.2. Impugnao 618 1.3. Recurso dirigido ao Conselho Administrativo de Recursos Fiscais ... 620 1.3.1. Recurso voluntrio 620 1.3.2. Recurso de ofcio 621 1.4. Recurso dirigido Cmara Superior de Recursos Fiscais 621 1.5. Esquema grfico do processo administrativo fiscal' 622 2. Processo relativo aos benefcios previdencirios 622 2.1. Instncias recursais 623 2.2. Efeito dos recursos 623 3. Renncia instncia administrativa 623 Exerccios de Fixao 624 Captulo 20 - Dvida Ativa: inscrio e execuo judicial 627 1. Inscrio 628
  19. 19. 2. Prerrogativas do crdito previdencirio 628 3. Requisitos da Lei de Execuo Fiscal 629 4. Protesto de ttulo 629 5. Indicao de bens penhora 629 6. Leilo judicial de bens penhorados 630 7. Parcelamento do valor da arrematao 630 8. Adjudicao do bem penhorado 631 9. Concordncia com valores divergentes 632 Exerccios de Fixao - 632 Captulo 21 - Estrutura do INSS 635 1. Estrutura organizacional 636 2. Direo e nomeao 637 Exerccios de Fixao 638 Captulo 22 ~ Regime Prprio de Previdncia Social 639 1. Beneficirios do RPPS 640 2. Custeio do RPPS 642 2.1. Contribuio dos servidores ativos 642 2.2. Contribuio de aposentados e pensionistas 643 2.3. Contribuio do ente federativo 644 3. Aposentadorias do RPPS 645 3.1. Clculo dos proventos de aposentadoria 646 3.2. Aposentadoria compulsria 646 3.3. Aposentadoria por invalidez 647 3.4. Aposentadoria voluntria por idade e tempo de contribuio 648 3.5. Aposentadoria voluntria por idade 649 3.6. Aposentadoria do professor 649 3.7. Aposentadoria especial 650 4. Regras de transio para concesso de aposentadoria 652 4.1. Servidores ingressos at 16/12/1998 652 4.1.1. Regra do art. 3o da EC n 47/2005 652 4.1.2. Regra do art. 2o da EC n 41/2003 653 4.2. Servidores ingressos at 31/12/2003 (EC n 41/2003, art. 6o) 655 4.3. Direito de opo pela regra mais vantajosa 656 4.4. Quadro resumo das aposentadorias voluntrias 656 5. Penso por morte do RPPS 658 6. Outros benefcios 659 7. Reajustamento dos benefcios 660 8. Limite mximo dos benefcios do RPPS 661 9. Possibilidade de aplicao de teto equivalente ao do RGPS 662 10. Abono de permanncia 662 11. Um nico RPPS por Ente Federativo 663 Exerccios de Fixao - 664 XXii
  20. 20. Captulo 23 - Previdncia Complementar 669 1. Previdncia complementar privada - 670 LI. Entidades fechadas de previdncia complementar - EFPC 672 1.1.1. Entidades fechadas criadas por patrocinador 673 1.1.2. Entidades fechadas criadas por instituidor 673 1.1.3. rgos regulador e fiscalizador 674 1.1.4. Estrutura mnmapara o funcionamento 674 1.1.5. Custeio das entidades fechadas 675 1.1.5.1. Regimes financeiros 675 1.1.5.2. Contribuies normais e extraordinrias 676 1.1.5.3. Resultado superavitrio 676 1.1.5.4. Resultado deficitrio 677 1.1.5.5. Demonstraes contbeis e avaliaes atuariais 677 1.2. Entidades abertas de previdncia complementar - EAPC 678 1.3. Beneficirios dos planos de previdncia complementar 679 1.4. Planos de benefcios 680 1.4.1. Planos de benefcios de entidades fechadas 681 1.4.1.1. Benefcio proporcional diferido - Vesting 681 1.4.1.2. Portabilidade 682 1.4.1.3. Resgate 683 1.4.1.4. Autopatrocnio 684 1.4.2. Planos de benefcios de entidades abertas 684 1.4.2.1. Planos individuais 685 1.4.2.2. Planos coletivos 685 1.4.2.3. Resgate e portabilidade nas entidades abertas 686 2. Previdncia complementar pblica 686 2.1. Fixao do teto do RGPS para aposentadorias e penses do RPPS 688 2.2. Instituio do regime 688 2.3. Forma de constituio da entidade 689 2.4. Modalidade dos planos de benefcios 689 2.5. Base de clculo da contribuio do participante 690 ' 2.6. Contribuio do patrocinador 690 Exerccios de Fixao 690 Captulo 24 - Assistncia Social 695 1. Conceito 696 2. Objetivos 696 3. Princpios 696 4. Diretrizes 697 5. Organizao e gesto 697 5.1. Competncia da Unio 698 5.2. Competncia dos Estados 699 5.3. Competncia do Distrito Federal e dos Municpios 699 5.4. Instncias deliberativas 700
  21. 21. 5.4.1, Conselho Nacional de Assistncia Social (CNAS) 700 5.4.2. Competncia do CNAS 700 6. Benefcios e servios 702 6.1. Benefcio de prestao continuada 702 6.2. Benefcios eventuais 706 6.3. Programas de assistncia social 707 6.4. Projetos de enfrentamento da pobreza 707 6.5. Servios 707 Exerccios de Fixao 708 Captulo 25 - Sade 711 1. Introduo 712 2. Princpios e diretrizes 712 3. Sistema nico de Sade (SUS) 714 3.1. Objetivos e atribuies do SUS 714 3.2. Organizao, direo e gesto 716 4. Servios privados de sade 717 4.1, Participao complementar da iniciativa privada no SUS 717 Exerccios de Fixao 718 Captulo 26 - Competncia para julgamento das aes previdencirias 721 1. Benefcios previdencirios comuns 722 1.1. Reconhecimento de unio estvel 723 1.2. Juizados Especiais Federais 723 1.3. Desnecessidade de prvio requerimento administrativo como condio da ao previdenciria 724 2. Benefcios acidentrios 726 3. Benefcio de prestao continuada da assistncia social 728 4. Ao de execuo fiscal 729 5. Execuo de contribuies previdencirias na Justia do Trabalho 730 6. Mandado de Segurana 732 Exerccios de Fixao 733 Captulo 27- Smulas previdencirias 735 1. Smulas do Supremo Tribunal Federal 736 2. Smulas do Superior Tribunal de Justia 737 3. Smulas da Turma Nacional de Uniformizao de Jurisprudncia dos Juizados Especiais Federais 739 Exerccios de Fixao 741 Gabarito dos exerccios 744 Referncias bibliogrficas 745
  22. 22. 1. Origem e evoluo legislativa da previdncia social no Brasil A doutrina majoritria considera como marco inicial da previ- dncia social brasileira a Lei Eloy Chaves (Decreto Legislativo n 4.682, de 24-1-1923). Esta Lei instituiu as Caixas de Aposentadoria e Penses (CAP s) para os ferrovirios. Assegurava, para esses trabalhadores, os benefcios de aposentadoria por invalidez, aposentadoria ordinria (equivalente atual aposentadoria por tempo de contribuio), penso por morte e assistncia mdica. Os beneficirios eram os empregados e diaristas que executavam servios de carter permanente nas empresas de estrada de ferro existentes no Pais.1 Os regimes das CAP s eram or- ganizados por empresa, mediante contribuies dos trabalhadores, das empresas do ramo e do Estado. Atualmente, comemora-se o aniversrio da previdncia social brasileira no dia 24 de janeiro, em aluso Lei Eloy Chaves. O modelo contemplado pela Lei Eloy Chaves assemelhava-se ao modelo alemo de 1883 (modelo de Bismarck, governante alemo daque- la poca), que apresentava as seguintes caractersticas: (a) a proteo no era universal, geralmente limitada aos trabalhadores; (b) financiamento por meio de contribuies dos trabalhadores, das empresas e do Estado; (c) regulamentao e superviso a cargo do Estado; e (d) ao limitada a determinadas necessidades sociais (rol de prestaes definidas ein lei). Antes da Lei Eloy Chaves, j havia o Decreto-legislativo n 3.724/19, sobre o seguro obrigatrio de acidente do trabalho. J havia tambm al- gumas leis concedendo aposentadorias para algumas categorias de traba- lhadores (professores, empregados dos Correios, servidores pblicos etc.). Embora a doutrina considere a Lei Eloy Chaves como marco inicial da previdncia brasileira, no correto afirmar que ela seja o primeiro di- ploma legal sobre previdncia social. A Lei Eloy Chaves ficou conhecida como marco inicial da previdncia social brasileira devido ao desenvolvi- mento e estrutura que a previdncia passou a ter depois do seu advento. Em 1926, o Decreto Legislativo n 5.109 estendeu os benefcios da Lei Eloy Chaves aos empregados porturios e martimos. Em 1928, por fora do Decreto n 5.485, os trabalhadores das em- presas de servios telegrficos e radiotelegrficos foram abrangidos pelo regime da Lei Eloy Chaves. 1 MARTINS, Srgio Pinto. Dirato da Seguridade Social. 17a ed.So Paulo: Atlas, 2002. pp. 32-33.
  23. 23. Em 1930, por meio do Decreto n 19.497, foram institudas as CAP's para os empregados nos servios de fora, luz e bondes. At 1930, como visto, a tendncia era os regimes previdencirios se organizarem por empresa. A partir daquele ano, no entanto, o siste- ma passou a se organizar em torno de categorias profissionais. Seguin- do essa orientao, em 1933, o Decreto n 22.872 criou o Instituto de Aposentadoria e Penses dos Martimos (IAPM); em 1934, o Decreto n 24.273 criou o Instituto de Aposentadorias e Penses dos Comerci- rios (IAPC); o Decreto n 24.615/34 criou o Instituto de Aposentado- rias e Penses dos Bancrios (IAPB); a Lei n 367/36, criou o Institu- to de Aposentadoria e Penses dos Industririos (IAPI); o Decreto n 775/38, criou o Instituto de Aposentadoria e Penses dos Empregados em Transportes e Cargas (IAPTC). A Constituio de 1934 foi a primeira a estabelecer, em texto cons- titucional, a forma tripartite de custeio: contribuio dos trabalhadores, dos empregadores e do Poder Pblico (art. 121, Io, h). A Constituio de 1937 no trouxe evolues nesse sentido, apenas tendo por particula- ridade a utilizao da expresso "seguro social". A Constituio de 1946 foi a primeira a utilizar a expresso "previdncia social" em seu texto.2 Inicia-se, portanto, uma sistematizao constitucional da matria pre- videnciria. Em 1953, por fora do Decreto n 34.586 foram unificadas todas as CAPs de empresa ferrovirias e servios pblicos, surgidas a partir da Lei Eloy Chaves, dando origem ao Instituto dos Trabalhadores de Ferrovias e Servios Pblicos (IAPFESP). Em 1954, o Decreto n 35.448 aprovou o Regulamento Geral dos Institutos de Aposentadorias e Penses, uniformizando todos os prin- cpios gerais aplicveis a todos os institutos de aposentadoria e penses. Em 1960, a Lei n 3.807, Lei Orgnica da Previdncia Social (LOPS), padronizou o sistema assistencial e criou novos benefcios como o auxlio-natalidade, auxlio funeral e auxlio recluso. Este diploma no unificou os organismos existentes, mas criou normas uniformes para o amparo a segurados e dependentes dos vrios Institutos existentes.3 Em 1963, tem incio a proteo social na rea rural: a Lei n 4.214 criou o Fundo de Assistncia ao Trabalhador Rural (FUNRURAL). Na- quele mesmo ano, a Lei n 4.266 instituiu o salrio-famlia. 2 CASTRO, Carlos Alberto Pereira de e LAZZARI, Joo Batista. Op. cit, pp. 51-52. 3 idem.
  24. 24. Em 1965, a Emenda Constitucional n 11 acrescentou Consti- tuio de 1946 o princpio da preexistncia do custeio em relao ao benefcio ou servio, segundo o qual "nenhuma prestao de servio de carter assistencial ou de benefcio compreendido na previdncia social poder ser criada, majoradaou estendida sem a correspondente fonte de custeio total". Esse importante princpio da seguridade social foi repeti- do pelas Constituies posteriores. Em Io de janeiro de 1967 foram unificados os Institutos de Apo- sentadorias e Penses, com o surgimento do Instituto Nacional de Pre- vidncia Social (INPS), criado pelo Decreto-lei n 72/66. Este decreto-lei de 21/11/66, mas s entrou em vigor no primeiro dia do segundo ms seguinte ao de sua publicao, ou seja, 01/01/1967 (Decreto-lei n 72/66, art. 46). A Constituio de 1967 estabeleceu a criao do seguro-desem- prego. A Emenda Constitucional n 1/69 no inovou em matria previ- denciria. Em 1971, a Lei Complementar n 11 instituiu o Programa de Assistncia ao Trabalhador Rural (PRORURAL). Por meio desse pro- grama, o trabalhador rural tinha direito aposentadoria por velhice, invalidez, penso e auxlio-funeral, todos no valor de meio salrio m- nimo. No havia contribuio por parte do trabalhador. O FUNRURAL passou a ser uma autarquia, tendo a responsabilidade de administrar o PRORURAL. Ainda em 1971, foi criado o Ministrio do Trabalho e Previdncia Social (MTPS); pela primeira vez, a previdncia social brasileira adqui- ria status de Ministrio. Em 1972, a Lei n 5.859 incluiu os empregados domsticos como segurados obrigatrios da Previdncia Social. Em 1974, a Lei n 6.136 incluiu o salrio-maternidade entre os be- nefcios previdencirios e a Lei n 6.179 criou o amparo previdencirio para as pessoas com idade superior a 70 anos ou invlidos, no valor de meio salrio mnimo. Ainda em 1974, foi criado o Ministrio da Previdncia e Assistn- cia Social (MPAS), desvinculado do Ministrio do Trabalho. Em 1975, a Lei n 6.226 estabeleceu a contagem recproca do tem- po de servio em relao ao servio pblico federal e na atividade priva- da, para efeito de aposentadoria.
  25. 25. Em 1976, por meio do Decreto n 77.077, foi aprovada a Consoli- dao das Leis da Previdncia Social (CLPS). A CLPS tinha a funo de agregar, em um mesmo corpo normativo, todas as leis previdencirias existentes; era algo semelhante a um Cdigo Previdencirio. Em 1977, por meio da Lei n 6.439, foi institudo o Sistema Nacio- nal de Previdncia e Assistncia Social (SINPAS), tendo como objetivo a integrao das atividades da previdncia social, da assistncia mdica e da assistncia social. O SINPAS agregava as seguintes entidades: INPS - Instituto Nacional de Previdncia Social, que tratava da concesso e manuteno dos benefcios; * IAJPAS - Instituto de Administrao Financeira da Previdncia Social, que cuidava da arrecadao, da fiscalizao e da cobrana das contribuies previdencirias; INAMPS - Instituto Nacional de Assistncia Mdica da Previ- dncia Social, que prestava assistncia mdica; LBA - Fundao Legio Brasileira de Assistncia, que prestava assistncia social populao carente; $ FUNABEM - Fundao Nacional do Bem-Estar do Menor, que executava a poltica voltada para o bem-estar do menor; DATAPREV - Empresa de Processamento de Dados da Previdn- cia Social, que cuida do processamento de dados da Previdncia Social; CEME - Central de Medicamentos, que distribua medicamen- tos, gratuitamente ou a baixo custo. Em 1979, o Decreto n 83.080 aprova o Regulamento dos Benef- cios da Previdncia Social (RBPS) e o Decreto n 83.081 aprova o Regu- lamento de Custeio da Previdncia Social (RCPS). Em 1981, a Emenda Constitucional n 18, que alterou a CF/1967, concedeu aposentadoria privilegiada para o professor e para a professo- ra aps 30 e 25 anos de servio, respectivamente. Em 1984, por meio do Decreto n 89.312, foi aprovada nova Con- solidao das Leis da Previdncia Social (CLPS). Em 5/10/1988, foi promulgada a atual Constituio Federal. Como novidade, a Constituio de 1988 destina um captulo inteiro (arts. 194 a 204) para tratar da Seguridade Social, entendida como o
  26. 26. gnero do qual so espcies a previdncia social, a assistncia social e a sade. As contribuies sociais passaram a custear as aes do Estado nestas trs reas, e no mais somente no campo da Previdncia Social. A primeira Constituio Brasileira a adotar a expresso "seguridade social" foi a de 1988. A Lei n 8.029, de 12/4/1990, criou o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, autarquia federal vinculada ao ento Ministrio do Tra- balho e Previdncia Social, mediante a fuso do IAPAS com o INPS. Em 24/7/1991, entraram em vigor as duas leis bsicas da segurida- de social: a Lei n 8.212, que institui o plano de custeio da seguridade social e a Lei n 8.213, que dispe sobre os planos de benefcios da previ- dncia social. As duas leis foram regulamentadas pelos decretos 356/91 (custeio) e 357/91 (benefcios), ambos de 7-12-1991. Os Decretos 611 e 612, ambos de 21/7/1992, substituram os de- cretos 357/91 e 356/91, respectivamente. A Lei n 8.689, de 27/7/1993, extinguiu o INAMPS; posteriormen- te, a LBA, a FUNABEM e a CEME tambm foram extintas; a DATA- PREV continua em atividade, sendo empresa pblica vinculada ao Mi- nistrio da Previdncia Social. Os Decretos 2.172 e 2.173, ambos de 5/3/1997, substituram os De- cretos 611/92 e 612/92, respectivamente. O Decreto n 3.048, de 6/5/1999, aprova o Regulamento da Previ- dncia Social, revogando os Decretos 2.172/97 e 2.173/97. A Lei n 10.683, de 28/5/2003, reorganizou os Ministrios; o Mi- nistrio da Previdncia e Assistncia Social (MPAS) passou a ser deno- minado Ministrio da Previdncia Social (MPS). Atualmente, a assis- tncia social est vinculada ao Ministrio do Desenvolvimento Social e Combate Fome. A Lei n 11.098, de 13/01/2005, atribui ao Ministrio da Previdn- cia Social competncias relativas arrecadao, fiscalizao, lanamen- to e normatizao de receitas previdencirias e autoriza a criao da Secretaria da Receita Previdenciria no mbito do referido Ministrio. A Lei n 11.457, de 16/03/2007, extinguiu a Secretaria da Receita Previdenciria. Esta Lei entrou em vigor no dia 02/05/2007. A partir desta data, as contribuies previdencirias passaram a ser arrecadadas e fiscalizadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB).
  27. 27. A Lei n0 12.154, de 23/12/2009, criou a Superintendncia Nacio- nal de Previdncia Complementar - PREVIC, autarquia de natureza es- pecial, dotada de autonomia administrativa e financeira e patrimnio prprio, vinculada ao Ministrio da Previdncia Social, com sede e foro no Distrito Federal e atuao em todo o territrio nacional. A PREVIC atuar como entidade defiscalizaoe de superviso das atividades das entidades fechadas de previdncia complementar e de execuo das po- lticas para o regime de previdncia complementar operado pelas enti- dades fechadas de previdncia complementar. 2. ConceituaQo A Seguridade Social, nos termos do art. 194 da Constituio Federal, "compreende um conjunto integrado de aes de iniciativa dos Poderes P- blicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos sade, previdncia e assistncia social". A Seguridade Social engloba, portanto, um conceito amplo, abrangente, universal, destinado a todos que dela necessitem, desde que haja previso na lei sobre determinado evento a ser coberto. na ver- dade, o gnero do qual so espcies a Previdncia Social, a Assistncia Social e a Sade.4 2.1. Sade Nos termos do art. 196 da Constituio Federal, "a sade direito de todos e dever do Estado, garantido mediante polticas sociais e eco- nmicas que visem reduo do risco de doena e de outros agravos e 4 MARTINS, Srgio Pinto. Op. cit., p. 45-46.
  28. 28. ao acesso universal e igualitrio s aes e servios para sua promoo, proteo e recuperao". Os servios pblicos de sade sero prestados gratuitamente: para usufruir de tais servios, no necessrio que o paciente contribua para a seguridade social. A sade direito de todos: assim, no pode o Poder Pblico se negar a atender determinada pessoa em razo de suas condies finan- ceiras. Qualquer pessoa, pobre ou rica, pode dirigir-se a um hospital pblico e ser atendida. O Poder Pblico prestar os servios de sade populao de for- ma direta ou atravs de convnios ou contratos com instituies pri- vadas. Esses contratos e convnios sero celebrados, preferencialmente, com as entidades filantrpicas e as sem fins lucrativos. 2.2. Assistncia Social Nos termos do art 203 da Constituio Federal, a assistncia social ser prestada a quem dela necessitar, independentemente-de contribui- o seguridade social. Assim, esse ramo da seguridade social ir tratar de atender os hipossuficientes, destinando pequenos benefcios a pessoas que nunca contriburam para o sistema. A assistncia social regulamentada pela Lei n 8.742/93 (Lei Orgnica da Assistncia Social - LOAS). O principal benefcio da as- sistncia social o benefcio de prestao continuada: trata-se de uma renda mensal de um salrio mnimo concedida pessoa portadora de deficincia e ao idoso com 65 anos ou mais e que comprovem no pos- suir meios de prover a prpria manuteno e nem de t-la provida por sua famlia (art. 20 da LOAS). Nos termos do 3o do art. 20 da LOAS, "considera-se incapaz de prover a manuteno da pessoa portadora de deficincia ou idosa a famlia cuja renda mensal per capita seja inferior a 1/4 (um quarto) do salrio mnimo". 2.3. Previdncia socio! A Previdncia brasileira formada por dois regimes bsicos, de fi- liao obrigatria, que so o Regime Geral de Previdncia Social (RGPS) e os Regimes Prprios de Previdncia Social dos servidores pblicos e mi-
  29. 29. litares. H tambm o Regime de Previdncia Complementar, ao qual o participante adere facultativamente. - - Regimes Regime Geral de Previdncia Social -v ^ i ; ' f ' : :;BaSOS;. > .(filiao w . obrigatria). .. iRgirneis Prprios'de.Previdncia; ; . ' - Social: - Rejgims de Pblica Previdncia ; 'I ftiatureza jurdica Privada . Prvidhc : .:;.> v.-.-/.../. Complementar . -Quanto i . Aberta ..(racultativo possibilidade de .Fechada O objetivo principal desta obra o estudo do Regime Geral de Previdncia Social. Todavia, os regimes prprios e a previdncia com- plementar tambm sero, sinteticamente, analisados a seguir: 2.3.1. Regime Geral de Previdncia Social Nos termos d art. 201 da Constituio Federal, o Regime Geral de Previdncia Social (RGPS) tem carter contributivo e de filiao obrigatria. Esse o regime de previdncia mais amplo, responsvel pela proteo da grande maioria dos trabalhadores brasileiros. As re- gras relativas ao RGPS sero detalhadas nos captulos seguintes. 2.3.2. Regimes Prprios de Previdncia Social dos servidores pblicos e militares Os beneficirios de Regime Prprio de Previdncia Social - RPPS so os magistrados, ministros e conselheiros dos Tribunais de Contas, membros do Ministrio Pblico, militares e servidores pblicos ocu- pantes de cargo efetivo de quaisquer dos poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, includas suas autarquias e fun- daes. Nos termos do art. 40 da Constituio Federal, "aos servidores titulares de cargos efetivos da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, includas suas autarquias e fundaes, assegura- do regime de previdncia de carter contributivo e solidrio, mediante
  30. 30. contribuio do respectivo ente pblico, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critrios que preservem o equilbrio fi- nanceiro e atuarial". A aposentadoria dos magistrados (CF, art. 93, VI), dos membros Ministrio Pblico (CF, 129, 4o) e dos ministros e conse- lheiros de Tribunais de Contas (CF, arts. 73, 3o e 75), e a penso de seus dependentes tambm observaro o disposto no art. 40 da Constituio Federal. No tocante aos militares da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Territrios, a Constituio Federal simplesmente estabelece que alei dispor sobre a transferncia do militar para a inatividade (CF, arts. 42, Io e 142, 3o, X). Em relao aos membros das Foras Armadas (Exrcito, Marinha e Aeronutica), estas regras so definidas pela Lei n 6.880/80, que dispe sobre o Estatuto dos Militares. Vale ressaltar que nem todos os servidores pblicos civis so am- parados por regime prprio. Para que saibamos quais os servidores que so amparados por regime prprio, necessrio que verifiquemos como se organiza a administrao pblica: -> " Autarquias : 1 -y P Fundaes Pblicas i -> r Empresas Pblicas . : I -> [ Sociedades de Economia.Mista j -> I Direta No so amparadas por regime prprio as pessoas fsicas que tra- balham em empresas pblicas e em sociedades de economia mista. Es- tas so seguradas do RGPS. Os servidores da administrao direta, das autarquias e das fun- daes pblicas podem ser: Servidor Pblico i Ocupante de cargo efetivo Ocupante, exclusivamente, :de cargo era comisso decla- rado em lei de livre nomeao eexonerao . ' . . IContratado por tempo determinado - [Ocupante de emprego publico
  31. 31. Dentre esses, apenas os servidores ocupantes de cargo efetivo po- dem ser amparados por regime prprio. Os demais so segurados obri- gatrios do RGPS. Dentre os ocupantes de cargo efetivos, para fins meramente did- ticos, ainda podemos fazer a seguinte diviso: Servidor ocupante d DaUriio - > Os ocupantes de cargo efetivo da Unio so amparados por regi- me prprio, portanto no so segurados do RGPS. Os ocupantes de cargo efetivo dos Estados, Distrito Federal e Muni- cpios podem ou no ser amparados por regime prprio. Isso ocorre porque os Estados, Distrito Federal e Municpios no esto obrigados a instituir regimes prprios para seus servidores. Vai depender da vontade poltica do Ente Federativo (Estado, Distrito Federal ou Municpio) de instituir, me- diante lei, esse regime. Se o Ente Federativo institui o regime prprio, os servidores ocupantes de cargo efetivoficamexcludos do RGPS. Caso con- trrio, esses servidores sero segurados obrigatrios do RGPS. Caso a pessoa amparada por regime prprio venha a exercer, con- comitantemente, uma ou mais atividades abrangidas pelo RGPS, tor- nar-se- segurada obrigatria do RGPS em relao a estas atividades. Nesta situao, esta pessoa ser segurada dos dois regimes (prprio e geral) e, caso cumpra os requisitos previstos em lei, poder vir a ter duas aposentadorias: uma concedia pelo RGPS e outra pelo regime prprio.
  32. 32. O militar ou o servidor pblico titular de cargo efetivo da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, filiado a regime pr- prio de previdncia, permanecer vinculado ao regime previdencirio de origem nas seguintes situaes: (a) quando cedido, com ou sem nus para o cessionrio, a rgo u entidade da administrao direta ou in- direta de outro ente federativo; e (b) durante o afastamento do cargo efetivo para o exerccio de mandato eletivo. Nestas situaes, estes tra- balhadores continuam excludos do RGPS. Exmpi:;'-' ' . V , ' '. 7-** r'.' ^ . i ^ Jofo tlm^ mssa de.Scrtari^ tnu ^ * cpirtinua-rcludo;^ /, - ;. - ^ Como visto supra, o servidor ocupante de cargo efetivo, ampa- rado por regime prprio, que se afasta do cargo para exercer mandato eletivo, continua vinculado ao regime prprio de origem e, por conse- guinte, excludo do RGPS. Contudo, o exercente de mandato de Verea- dor, que ocupe, concomitantemente, o cargo efetivo e o mandato filia-se ao regime prprio, pelo cargo efetivo, e ao RGPS, pelo mandato eletivo. Lucas, da cpmp.aibiiidad de horrios, exece, concp^itntment^ d : .vereador H ^ ;. sgxirad pbrigtrjo do regime prprio d preyidrci da Unio; ift ^ .raz.o d; exerccio d maiidato de vrador, segurdp obrigatrio do :':RGPSt ;^entadprias.^ O regime prprio de previdncia social, para ser considerado como tal, ter que garantir aos seus segurados, no mnimo, as aposenta- dorias e penso por morte previstas no art 40 da Constituio Federal. Assim, os regimes prprios devem garantir, no mnimo, os seguintes benefcios:
  33. 33. [ Bnf 'vrgm [: . : ' Aposentdri comp E A Lei n 9.717/98 estabelece as regras gerais para a organizao e o funcionamento dos regimes prprios de previdncia social. De acordo com esta Lei, compete Unio, por intermdio do Ministrio da Pre- vidncia Social, a orientao, superviso e o acompanhamento dos re- gimes prprios de previdncia social, bem como o estabelecimento e a publicao dos parmetros e das diretrizes gerais previstos nesta Lei (art. 9o, I e II). Com base nesta competncia, o Ministrio da Previdncia Social editou a Orientao Normativa MPS/SPS n 2/2009, tendo como objetivo estabelecer, de forma mais detalhada, as regras para a organiza- o e funcionamento dos regimes prprios de previdncia. 2.3.3. Previdncia complementar O regime de previdncia complementar facultativo. A pessoa tem a possibilidade de entrar no sistema, de nele permanecer e dele re- tirar-se, dependendo de sua vontade.5 Trata-se de uma faculdade dada sociedade de ampliar seus rendimentos quando da aposentao,6 No entanto, a adeso a este regime no exclui a obrigatoriedade da filiao ao RGPS ou, no caso de militar ou servidor titular de cargo efetivo, ao regime prprio. Quanto possibilidade de acesso ao regime, as entidades de pre- g vidncia complementar so classificadas em fechadas e abertas (LC, 109/2002, art. 4o). ~ As entidades abertas so constitudas unicamente sob a forma de q sociedades annimas e tm por objetivo instituir e operar planos de be- nefcios de carter previdencirio concedidos em forma de renda con- Ip 5 MARTINS, Srgio Pinto. Op. crt., p. 471. 5 6 (BRAHIM, Fbio Zambitte. Curso de Direito Previdencirio. 4a . ed. Rio de Janeiro: impetus, 2004, p. 18. ^
  34. 34. tinuada ou pagamento nico, acessveis a quaisquer pessoas fsicas (LC 109/2001, art. 36). De acordo com o art. 31 da Lei Complementar n 109/2001, as entidades fechadas so aquelas acessveis, na forma regulamentada pelo rgo regulador e fiscalizador, exclusivamente: I - aos empregados de uma empresa ou grupo de empresas e aos servidores da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios, entes denominados patrocinadores; e II - aos associados ou membros de pessoas jurdicas de carter profissional, classista ou setorial, denominadas instituidores. As entidades fechadas organizar-se-o sob a forma de fundao ou sociedade civil, sem fins lucrativos (LC n 109/2001, art 31, Io). A pessoa fsica que adere ao regime de previdncia complementar denomina-se participante (LC n 109/2001, art 8o, I). O participante ou seu beneficirio em gozo de benefcio de presta- o continuada chama-se assistido (LC n 109/2001, art. 8o, II). As empresas e os Entes Federativos (Unio, Estados, Distrito Fe- deral e Municpios), que instituam entidades fechadas de previdncia complementar, em benefcios de seus empregados ou servidores, rece- bem o nome de patrocinadores. As mais conhecidas entidades de previdncia complementar fe- chada so a PREVI (dos empregados do Banco do Brasil) e a PETRUS (dos empregados da PETROBRAS). Nesses dois exemplos, o Banco do Brasil e a PETROBRAS so os patrocinadores; os seus empregados so os participantes. r As pessoas jurdicas de carter profissional, que instituam entida- des fechadas de previdncia complementar, so denominadas de insti- tuidoras. Nas entidades de previdncia complementar fechadas, os planos de benefcios devem ser, obrigatoriamente, oferecidos a todos os em- pregados dos patrocinadores ou associados dos instituidores (LC 109, art. 16). Mas a adeso do participante sempre facultativa (LC, 109, art. 16, 2o). As entidades de previdncia complementar podem ter natureza jurdica pblica ou privada. As de natureza pblica, previstas na CF/88, art. 40, 14 a 16, so entidades fechadas de previdncia complementar, que podem ser insti-
  35. 35. tudas pela Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, restritas aos servidores pblicos ocupantes de cargo efetivo que sejam vinculados a regime prprio de previdncia. A Unio, os Estados, o Distrito Federal e os Municpios, desde que instituam regime de previdncia complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderofixar,para o valor das apo- sentadorias e penses a serem concedidas pelo regime prprio, o limite mximo estabelecido para os benefcios do RGPS (CF, art. 40, 14). No entanto, somente mediante sua prvia e expressa opo, o teto do RGPS poder ser aplicado ao servidor titular de cargo efetivo que ti- ver ingressado no servio pblico at a data da publicao do ato de ins- tituio do correspondente regime de previdncia complementar (CF, art. 40, 16). A entidade de previdncia complementar privada pode ser aberta ou fechada. O regime de previdncia privada, de carter complementar e organizado de forma autnoma em relao ao regime geral de previ- dncia social, ser facultativo, baseado na constituio de reservas que garantam o benefcio contratado (CF, art. 202). As contribuies do empregador, os benefcios e as condies con- tratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos de benefcios das entidades de previdncia privada no integram o contrato de trabalho dos participantes, assim como, exceo dos benefcios concedidos, no integram a remunerao dos participantes (CF, art. 202, 2o). vedado o aporte de recursos a entidade de previdncia priva- da pela Unio, Estados, Distrito Federal e Municpios, suas autarquias, fundaes, empresas pblicas, sociedades de economia mista e outras entidades pblicas, salvo na qualidade de patrocinador, situao na qual, em hiptese alguma, sua contribuio normal poder exceder a do segurado (CF, art. 202, 3o). Lei complementar disciplinar a relao entre a Unio, Estados, Distrito Federal ou Municpios, inclusive suas autarquias, fundaes, sociedades de economia mista e empresas controladas direta ou indire- tamente, enquanto patrocinadoras de entidades fechadas de previdncia privada, e suas respectivas entidades fechadas de previdncia privada (CF, art. 202, 4o). Esta lei complementar tambm ser aplicada, no couber, s empresas privadas permissionrias ou concessionrias de prestao de servios pblicos, quando patrocinadoras de entidades fe-
  36. 36. chadas de previdncia privada (CF, art. 202, 5o). A Lei Complementar n 108/2001 regulamenta os mandamentos previstos nos 4o e 5o do art. 202 da Constituio Federal. O quadro a seguir resume o aqui estudado a respeito da previdn- cia complementar: 3. Princpios constitucionais da seguridade social De acordo com as lies de Celso Antnio Bandeira de Mello, "princpio , por definio, mandamento nuclear de um sistema, ver- dadeiro alicerce dele, disposio fundamental que se irradia sobre di- ferentes normas compondo-lhes o esprito e servindo de critrio para sua exata compreenso e inteligncia exatamente por definir a lgica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tnica e lhe d sentido harmnico. o conhecimento dos princpios que preside a inteleco das diferentes partes componentes do todo unitrio que h por nome sistema jurdico positivo"7 Os princpios da seguridade social encontram-se em vrios dis- positivos da Constituio Federal. , porm, no pargrafo nico do 194 da Constituio onde esto inseridos a maioria desses princpios.8 7 MELLO, Celso Antnio Bandeira de. Curso de direito administrativo. 17a ed. So Paulo: Malheiros, 2004, p. 841-842. 8 Art. 194. A seguridade sociai compreende um conjunto integrado de aes de iniciativa dos Poderes Pblicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos sade, previdncia e assistncia social. Pargrafo nico. Compete ao Poder Pblico, nos termos da Sei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos; I - universalidade da cobertura e do atendimento; II - uniformidade e equivalncia dos benefcios e servios s populaes urbanas e rurais; i!l - seletividade e distributividade na prestao dos benefcios e servios; V - irredutibilidade do valor dos benefcios; V - equidade na forma de participao no custeio; VI - diversidade da base de financiamento; VII - carter democrtico e descentralizado da administrao, mediante gesto quadripartite,
  37. 37. Embora esse dispositivo constitucional utilize a expresso "objetivos", na verdade, esto enumerados ali verdadeiros princpios constitucio- nais; tanto assim que a Lei n 8.212/91, art. Io, pargrafo nico, deno- mina-os de "princpios e diretrizes". Os princpios constitucionais da seguridade social so os seguintes: 3.1. Universalidade da cobertura e do atendimento (CF, art. 194, pargrafo nico, I) Por universalidade da cobertura entende-se que a proteo social deve alcanar todos os riscos sociais que possam gerar o estado de ne- cessidade, Riscos sociais so os infortnios da vida (doenas, acidentes, velhice, invalidez etc.), aos quais qualquer pessoa est sujeita. A universalidade do atendimento tem por objetivo tornar a se- guridade social acessvel a todas as pessoas residentes no pas, inclusive estrangeiras. Com relao sade, esse princpio aplicado sem nenhuma restri- o. No tocante assistncia social, ser aplicado para todas aquelas pessoas que necessitem de suas prestaes. E no tocante previdncia social, por ter carter contributivo, todos, desde que contribuam para o sistema, podem participar. Para atender a esse princpio constitucional, foi criada, no regi- me geral de previdncia social, a figura do segurado facultativo. Assim, to- dos, mesmo que no exeram atividade remunerada, tm a cobertura previ- denciria; para tanto, necessrio contribuir para o sistema previdencirio. 3.2. Uniformidade e equivalncia dos benefcios e servios entre as populaes urbanas e rurais {CF, art. 194, pargrafo nico, II) Esse princpio vem corrigir defeitos da legislao previdenciria rural que sempre discriminava o trabalhador rural. A uniformidade diz respeito s contingncias que iro ser cober- tas. A equivalncia refere-se ao aspecto pecunirio dos benficos ou qualidade dos servios, que no sero necessariamente iguais, mas equivalentes.9 Quando se fala em uniformidade, equivale dizer, portanto, que as mesmas contingncias (morte, velhice, maternidade etc.) sero cobertas com participao dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos rgos colegiados. s 9 MARTINS. Srgio Pinto. Op. cit, pp. 77-78. 5o L-s 17
  38. 38. tanto para os trabalhadores urbanos como para os rurais. Como exem- plo de equivalncia, o valor mensal dos benefcios previdencirios que substituam o rendimento do trabalho do segurado (urbano ou rural) nunca ser inferior a um salrio mnimo (CF, art. 201, 2o).10 3.3. Seletividade e distribuivdade na prestao dos benefcios e servios (CF, art. 194, pargrafo nico, IIJ) A seletividade atua na delimitao do rol de prestaes, ou seja, na escolha dos benefcios e servios a serem mantidos pela segurida- de social, enquanto a distributividade direciona a atuao do sistema protetivo para as pessoas com maior necessidade, definindo o grau de proteo.11 Os benefcios da assistncia social, por exemplo, sero concedidos apenas aos "necessitados"; os benefcios salrio-famlia e o auxlio-recluso s sero concedidos aos beneficirios de baixa renda (atualmente, para aqueles que tenham renda mensal inferior ou igual a R$862,11)12. Assim, compete ao legislador - com base em critrios equitativos de solidariedade e justia social e segundo as possibilidades econmico- -financeiras do sistema - definir quais benefcios sero concedidos a determinados grupos de pessoas, em razo de especificidades que as particularizem. Como se observa, esse princpio procura amenizar os efeitos do princpio da universalidade. Destarte, os princpios da universalidade e da seletividade devem ser aplicados de forma harmnica e equilibrada. 3.4. Irredutibilidade do valor dos benefcios (CF, art. 194, pargrafo nico, IV) Na doutrina, no h consenso a respeito do significado do prin- cpio da irredutibilidade do valor dos benefcios, aplicado Seguridade Social. Parte da doutrina entende que seu objetivo preservar o valor 10 2 Nenhum benefcio que substitua o salrio de contribuio ou o rendimento do trabaiho do segurado ter vaior mensa inferior ao salrio mnimo. 11 8ALERA, Wagner. Noes Preliminares de Direito Previdencirio. So Pauio: Quartier Latin, 2004, p. 87. 12 Valor atualizado, a partir de 1*701/2011, pela Portaria MPS/MF n 568, de 31/12/2010.
  39. 39. real do benefcio.13 Outra parte entende que a suafinalidade, simples- mente, impedir a diminuio do valor nominal do benefcio.14 A interpretao que o Regulamento da Previdncia Social (art. Io, pargrafo nico, IV) d a este princpio da Seguridade Social a de que seu objetivo a preservao do poder aquisitivo do benefcio, ou seja, a preservao do valor real. Mas para o STF, no havendo diminuio do valor nominal, no procede a alegao de ofensa ao princpio da irredutibilidade. Nesse sen- tido, confira-se o seguinte julgado da Suprema Corte: "EMENTA: Servidor pblico militar: supresso de adicional de inatividade: inexistncia, no caso, de violao s garantias constitucionais do direito adquirido e da irredutibilidade de vencimentos (CF, art. 37, XV). da jurisprudncia do Supremo Tribunal que no h direito adquirido a regimejurdico e que a garantia da irredutibilidade de vencimentos no impede a alte- rao de vantagem anteriormente percebida pelo servidor, desde que seja preservado o valor nominal dos vencimentos".15 verdade que a jurisprudncia supra relativa a proventos de inatividade de servidor pblico militar. Mas a irredutibilidade do valor dos benefcios princpio equivalente ao da irredutibilidade dos venci- mentos dos servidores pblicos (CF, art, 37, XV). Confira-se, agora, um julgado do STF a respeito de benefcio do RGPS: "EMENTA: - Previdncia social. Irredutibilidade do benefcio. Preservao permanente de seu valor real. - No caso no houve reduo do benefcio, porquanto j se firmou a jurisprudncia desta Corte no sentido de que o princpio da irredutibilidade garantia contra a reduo do
  40. 40. to, a garantia contra a perda do poder aquisitivo - sefaz, como preceitua o artigo 201, 2o, da Carta Magna, conforme critrios definidos em lei, cabendo, portanto, a esta estabelec-los. Recurso extraordinrio no conhecidoV6 Nesse mesmo sentido, colaciono a seguinte deciso do Tribunal Regional Federal da 4a Regio: "PREVIDENCIRIO. REVISO., URV CONVERSO DOS BE- NEFCIOS. PRINCPIO DA IRREDUTIBIILIDADE. INEXISTN- CIA DE VIOLAO. 1. No h quesefalar em inconstitucionalidade do termo "nominal" do inciso I, do artigo 20, da Lei n. 8.880/94, a partir da deciso exarada pelo Plenrio doExcelso Supremo Tribunal Federal no julgamento do RE n 313.382-9/SC. 2. No havendo de- monstrao da ocorrncia de reduo do valor nominal do benefcio (em moeda corrente), no procede a alegao de ofensa ao princpio da irredutibilidadepreconizado no art. 194, TVda CF/88".17 Nessa linha de raciocnio, o princpio da irredutibilidade assegura apenas que o benefcio legalmente concedido - pela Previdncia Social ou pela Assistncia Social - no tenha seu valor nominal reduzido.18 As- sim, uma vez definido o valor do benefcio, este no pode ser reduzido nominalmente, salvo se houve erro na sua concesso. Fica claro que, conforme a jurisprudncia predominante no STF, o princpio da irredutibilidade veda apenas a reduo do valor nominal dos benefcios. Mas se o benefcio for concedido em desacordo com a lei, at mesmo o valor nominal poder ser reduzido. O STF entende que "a reduo de proventos de aposentadoria, quando concedida em desacor- do com a lei, no ofende o princpio da irredutibilidade".19 Vale ressaltar que, em relao aos benefcios previdencirios, o 4o do art. 201 da Constituio Federal, assegura "o .reajustamento dos benefcios para preserva-lhes, em carter permanente, o valor real, con- forme critrios definidos em lei" 16 STF, RE 263252/PR, Rei. Min. Moreira Alves, 1a T DJ 23/06/2000. Vaie frisar que a redao origina! do 2o do art. 201 da CF corresponde atual redao do 4 do mesmo artigo. 17 Agr. Regimentai na Apelao Cvei, Processo 2003.71.00.082188-8, DJ 28/09/2005, p. 1024. 18 CASTRO, Carios Alberto Pereira de e LAZZARi, Joo Batista. Op. cit., p. 90. 19 STF, MS 25552/DF, Rei. Min. Crmen Lcia, DJ 30/05/2008.
  41. 41. Assim, em relao aos benefcios previdencirios, o princpio da irredutibilidade (CF, art. 194, pargrafo nico, IV) garantia contra a reduo do valor nominal, e o 4o do art. 201 da Carta Magna assegura o reajustamento para preservar o valor real. Mas estes dois dispositivos constitucionais tm significados distintos, no devendo ser confundidos. O primeiro o princpio da irredutibilidade, aplicado seguridade social (engloba benefcios da previdncia e da assistncia social). O segundo o princpio da preservao do valor real dos benefcios, aplicado somente previdncia social. O princpio da irredutibilidade, por si s, no assegura reajustamento de benefcios. O que assegura o reajustamento dos bene- fcios do RGPS, de acordo com critrios definidos em lei ordinria, o princpio da preservao do valor real dos benefcios, previsto no 4o do art. 201 da Constituio. A separao desses dois princpios fica evidente no seguinte julgado do STF: "EMENTAS: (...) 2. PREVIDNCIA SOCIAL. Reajuste de benefcio de prestao continuada. ndices aplicados para atua- lizao do salrio-de-benefcio. Arts. 20, Io e 28, 5o, da Lei n 8.212/91. Princpios constitucionais da irredutibilidade do valor dos benefcios (Art 194, IV) e da preservao do valor real dos benefcios (Art. 201, 4o). No violao. Precedentes. Agravo regimental improvido. Os ndices de atualizao dos salrios- -de~contribuio no se aplicam ao reajuste dos benefcios pre- videncirios de prestao continuada"20 No concurso para Procurador da Fazenda Nacional, realizado em 2006, a ESAF props uma questo em que constava a seguinte assertiva: "o princpio da irredutibilidade do valor dos benefcios, segundo a orien- tao do Supremo Tribunal Federal, significa a irredutibilidade do valor real, protegendo-os do fenmeno inflacionrio". A assertiva foi considera- da falsa, pois esta no a orientao do STF. Questo semelhante tambm foi cobrada no concurso para Juiz do Trabalho do TRT da 11a Regio, organizado pela Fundao Carlos Chagas - FCC. A questo afirmou que um dos objetivos da seguridade social a "irredutibilidade do valor do benefcio, a fim de que seja man- tido o padro de vida de todos os segurados do sistema, mantendo o valor real dos benefcios" Esta assertiva tambm foi considerada como errada pela banca examinadora. 20 STF, Ai-AgR 590177/SC, Rei. Min. Cezar Peluso, 2a T.f DJ 27/04/2007, p. 96.
  42. 42. Todavia, se a questo de concurso no fizer nenhuma referncia jurisprudncia, afirmando simplesmente que o princpio da irredutibili- dade do valor dos benefcios visa preservao do seu poder aquisitivo, o candidato deve considerar a questo como verdadeira, pois, apesar de no ser a orientao do STF, este o entendimento dado pela redao do art. Io, pargrafo nico, IV, do Regulamento da Previdncia Social. 3.5. Equidade na forma de participao no custeio (CF, art. 194, pargrafo nico, V) Esse princpio um desdobramento do princpio da igualdade (CF/88, art. 5o) que consiste em tratar igualmente os iguais e desigual- mente os desiguais, na medida de suas desigualdades. Tratar com igual- dade os desiguais seria aprofundar as desigualdades; no esse o obje- tivo da seguridade social. Em relao ao custeio da seguridade social, significa dizer que quem tem maior capacidade econmica ir contribuir com mais; quem tem menor capacidade contribuir com menos. Seguindo essa orientao, o 9o do art. 195 da CF (na redao dada pela EC 47, de 5/7/2005) dispe que as contribuies para a segu- ridade social a cargo das empresas podero ter alquotas ou bases de clculo diferenciadas, em razo da atividade econmica, da utilizao intensiva de mo de obra, do porte da empresa ou da condio estrutu- ral do mercado de trabalho. A Lei n 8.212/91 prev alguns exemplos de equidade: as con- tribuies das empresas tm alquotas maiores que a dos segurados; as instituies financeiras contribuem para a seguridade social com alquotas mais elevadas do que as empresas em geral; j as microem- presas e empresas de pequeno porte contribuem de forma mais sim- plificada e favorecida (Lei Complementar n 123/2006); os segurados empregados, trabalhadores avulsos e empregados domsticos tm al- quotas progressivas (8%, 9% ou 11%) - quanto maior a remunerao maior ser a alquota. Apesar de existir na legislao previdenciria alguns exemplos de equidade na forma de participao no custeio da seguridade so- cial, este princpio constitucional no uma norma de eficcia plena. Trata-se de uma norma programtica: uma meta a ser alcanada, e no uma regra concreta.
  43. 43. 3.6. Diversidade da base de financiamento (CF, art. 194, pargrafo nico, VI) A seguridade social tem diversas fontes de custeio; assim, h maior segurana para o sistema; em caso de dificuldade na arrecadao de determinadas contribuies, haver outras para lhes suprir a falta. De acordo com o caput do art. 195 da Constituio Federal, a se- guridade social ser financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes da Unio, dos Estados, do Distrito Federai e dos Municpios, e das seguintes con- tribuies sociais: I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de salrios e demais rendimentos do trabalho pa- gos ou creditados, a qualquer ttulo, pessoa fsica que lhe preste servio, mesmo sem vnculo empregatcio; b) a receita ou o faturamento; c) o lucro; II - do trabalhador e dos demais segurados da previdncia social, no incidindo contribuio sobre aposentadoria e penso concedidas pelo regime geral de previdncia social; III - sobre a receita de concursos de prognsticos. IV - do importador de bens ou servios do exterior, ou de quem a lei a ele equiparar. O 4o do art. 195 da Constituio Federal ainda prev que "a lei poder instituir outras fontes destinadas a garantir a manuteno ou expanso da seguridade social, obedecido o disposto no art. 154,1". Ou seja, alm das contribuies sociais previstas nos quatro incisos do ca- put do art. 195 da Constituio Federal, outras fontes de custeio da se- guridade social podero ser institudas. Trata-se, aqui, das chamadas contribuies residuais. Para que estas contribuies sejam institudas, necessrio que se obedea ao disposto no art. 154,1, da Constituio Federal, cuja redao a seguinte: "Art. 154. A Unio poder instituir: I - mediante lei complementar, impostos no previstos no artigo anterior, desde que sejam no cumulativos e no tenham fato gerador ou base de clculo prprios dos discriminados nesta Constituio".
  44. 44. O STF entende que, em relao s novas contribuies para a seguri- dade social, aplica-se somente a primeira parte do inciso I do artigo 154 da Carta Magna. Ou seja, contribuio para a seguridade social que no esteja prevista nos quatro incisos do art. 195 da CF s pode ser criadamediante lei complementar. Pode, contudo, ter base de clculo e fato gerador idnticos aos de impostos. No tocante no cumulatividade, o STF entende que essa exigncia s pode dizer respeito tcnica de tributao que afasta a cumu- latividade em impostos polifsicos como o ICMS e o IPI. A cumulatividade no ocorre em contribuio cujo ciclo de incidncia monofsico. Nesse sentido, confira-se o seguintejulgado da Suprema Corte: "EMENTA: Contribuio social Constitucionalidade do artigo 1, I, da Lei Complementar n 84/96. - O Plenrio desta Corte, ao julgar o RE 228.321, deu, por maioria de votos, pela constitucionalidade da contribuio social, a cargo das empre- sas epessoas jurdicas, inclusive cooperativas, incidente sobre a remunerao ou retribuio pagas ou creditadas aos segurados empresrios, trabalhadores autnomos, avulsos e demais pesso- asfsicas, objeto do artigo Io, I, da Lei Complementar n 84/96, por entender que no se aplica s contribuies sociais novas a segunda parte do inciso I do artigo 154 da Carta Magna, ou seja, que elas no devam terfato gerador ou base de clculos prprios dos impostos discriminados na Constituio. - Nessa deciso est nsita a inexistncia de violao, pela contribuio social em causa, da exigncia da no cumulatividade, por- quanto essa exigncia - e este, alis, o sentido constitucional da cumulatividade tributria ~ s pode dizer respeito tcnica de tributao que afasta a cumulatividade em impostos como o ICMS e o IPI - e cumulatividade que, evidentemente, no ocorre em contribuio dessa natureza cujo ciclo de incidncia monofsico uma vez que a no cumulatividade no sentido de sobreposio de incidncias tributrias j est prevista, em carter exaustivo, na parte final do mesmo dispositivo da Carta Magna, que probe nova incidncia sobre fato gerador ou base de clculo prprios dos impostos discriminados nesta Consti- tuio. - Dessa orientao no divergiu o acrdo recorrido. Recurso extraordinrio no conhecido"21 21 STF, RE 258470/RS, Re!. Min. Moreira Alves, 1a T, DJ12/05/2000.
  45. 45. Em suma, se a contribuio para a seguridade social estiver pre- vista nos quatro incisos do art. 195 da Constituio Federal, ela poder ser instituda mediante lei ordinria. Em caso contrrio, s poder ser instituda mediante lei complementar. Nesse sentido, confira-se a se- guinte deciso do STF: "CONSTITUCIONAL TRIBUTRIO. CONTRIBUIESSO- CIAIS. CONTRIBUIESINCIDENTES SOBRE O LUCRO DAS PESSOASJURDICAS. Lei n. 7.68:% de 15.12.88.1. - Contribuies parafiscais: contribuies sociais, contribuies de interveno e contribuies corporativas. CF, art. 149. Contribuies sociais de seguridade social CF, arts. 149 e 195. As diversas espcies de contribuies sociais. II. - A contribuio da Lei 7.689, de 15.12.88, uma contribuio social instituda com base no art. 195,1, da Constituio. As contribuies do art. 195,1, II, III, da Consti- tuio, no exigem, para a sua instituio, lei complementar; Apenas a contribuio do pargrafo 4o do mesmo art 195 que exige, para a sua instituio, lei complementar, dado que essa instituio dever observar a tcnica da competncia residual da Unio (CF, art. 195, 4o; CF, art. 154,1). Posto estarem sujeitas a lei complementar do art. 146, III, da Constituio, porque no so impostos, no h necessidade de que a lei complementar de- fina o seufato gerador, base de clculo e contribuintes (CF, art. 146, III, "an). III. - Adicional ao imposto de renda: classificao desarrazoada. IV. - Irrelevncia do fato de a receita integrar o oramento fiscal da Unio. O que importa que ela se destina ao financiamento da seguridade social (Lei 7.689/88, art. Io). V. ~ Inconstitucionalidade do art 8o, da Lei 7.689/88, por ofender o princpio da irretroatividade (CF, art, 150, III, "a") qualificado pela inexigibilidade da contribuio dentro no prazo de noventa dias da publicao da lei (CF, art 195, 6o). Vigncia e eficcia da lei: distino. VI. ~ Recurso Extraordinrio conhecido, mas improvido, declarada a inconstitucionalidade apenas do artigo 8o da Lei 7.689, de 1988"22 22 STF, RE 138284/CE, Rei. Min. Carlos Velloso, Tribunal Pleno, DJ 28/12/92. Na poca em que esta deciso foi proferida, o art. 195 da CF s tinha trs incisos. O inciso IV foi includo peia EC 42/2003.
  46. 46. 3.7, Carter democrtico e descentralizado da administrao ~ gesto quodripartite (CF, art. 194, pargrafo nico, VII) Nos termos do art. 10 da Constituio Federal, " assegurada a participao dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos rgo pblicos em que seus interesses profissionais ou previdencirios sejam objeto de discusso e deliberao". Em harmonia com esse dispositivo constitucional, a CF, art. 194, pargrafo nico, VII, assegura, para a segu- ridade social "carter democrtico e descentralizado da administrao, mediante gesto quadripartite, com participao dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos rgo colegiados". De acordo com este princpio, a gesto dos recursos, programas, planos, servios e aes, nas trs reas da seguridade social, em todas as esferas de poder, deve ser realizada mediante discusso com a sociedade. Podemos citar como exemplo da materializao desse princpio a criao do Conselho Nacional de Previdncia Social (Lei n 8.213/91, art. 3o); do Conselho Nacional de Assistncia Social (Lei n 8.742/93, art. 17); e do Conselho Nacional de Sade (Lei n 8.080/90). 3.8. Preexistncia do custeio em relao ao benefcio ou servio CF,tff.l95/5) Nos termos do 5o do art. 195 da Constituio Federal, "nenhum benefcio ou servio da seguridade social poder ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total". Esse princpio tem como objetivo assegurar o equilbrio financei- ro da seguridade social: o caixa da seguridade social s pode pagar o benefcio se existir dinheiro para isso. Perceba-se que esse princpio se aplica no somente previdncia social, mas seguridade social como um todo. Assim, ser inconstitu- cional a lei que criar um benefcio, previdencirio ou assistencial, sem tambm criar a fonte de custeio. Um exemplo de desrespeito a esse princpio constitucional foi dado pela Lei n 10.421/2002, que estendeu o benefcio do salrio-maternidade s mes adotivas, no Regime Geral de Previdncia Social, sem ter criado a respectiva fonte de custeio. O art. 4o da citada lei se limita a informar que "a fonte de custeio do salrio-maternidade da segurada adotante ser a mesma que custeia o salrio-maternidade das seguradas gestantes". No cria, porm, uma nova fonte de custeio.
  47. 47. 3.9. Anterioridade nonagesimal {CF, art. 195, 6o ) As contribuies destinadas aofinanciamentoda seguridade social s podero ser exigidas depois de decorridos noventa dias da data da pu- blicao da lei que as houver institudo ou modificado (CF, art. 195, 6o). Trata-se, aqui, do princpio da anterioridade nonagesimal, tambm conhecido como princpio da noventena ou da anterioridade mitigada. As modificaes que esto sujeitas anterioridade nonagesimal so as que representem uma efetiva onerosidade para o contribuinte. As mo- dificaes menos onerosas ao contribuinte podem ser aplicadas desde a entrada em vigor da lei nova. O princpio da anterioridade nonagesimal tem como objetivo prote- ger o contribuinte contra o fator surpresa. A noventena o tempo necess- rio para que o contribuinte ajuste seu planejamentofinanceiro,visando o pagamento da contribuio. Para os demais tributos, com algumas excees, alm da anteriori- dade nonagesimal, aplica-se tambm o princpio da anterioridade anual (ou anterioridade do exerccio). De acordo com o princpio da anterio- ridade anual, os tributos no podem ser cobrados no mesmo exerccio financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou (CF, art. 150, III, "b"). Para as contribuies destinadas seguridade social, o princpio da anterioridade anual no se aplica. Para estas con- tribuies, aplica-se apenas a anterioridade nonagesimal. O STF entende que a lei que se limita simplesmente a mudar o prazo de recolhimento da contribuio social (ou de qualquer outro tri- buto) no se submete ao princpio da anterioridade nonagesimal (tam- bm no se submete anterioridade anual). Para firmar este entendi- mento, o STF editou a smula n 669: "norma legal que altera o prazo de recolhimento da obrigao tributria no se sujeita ao princpio da anterioridade". Neste mesmo sentido, confira-se o seguinte julgado da Suprema Corte: "EMENTA: - DIREITO CONSTITUCIONAL, TRIBUT- RIO E PROCESSUAL CIVIL. PIS. FINSOCIAL. PRAZO DE RECOLHIMENTO. ALTERAO PELA LEI N 8.218, DE 29.08.91. ALEGADA CONTRARIEDADEAOART. 195, $ 6; DA CONSTITUIO FEDERAL. 1. Examinando questo idntica, decidiu a Ia Turma: "Improcedncia da alegao de que, nos termos do art. 195, 6, da Constituio, a lei em referncia s
  48. 48. teria aplicao sobrefatos geradores ocorridos aps o trmino do prazo estabelecido pela norma. A regra legislativa que se limita simplesmente a mudar o prazo de recolhimento da obrigao tributria, sem qualquer repercusso, no se submete ao princpio da anterioridadel Recurso extraordinrio conhecido e provido" 2. Precedentes de ambas as Turmas, nos quais tm sido rejeitados os argumentos em contrrio, ora renovados pela agravante. 3. Agravo improvido"23. Questo polmica, a respeito da aplicao da anterioridade nonage- simal, a data de incio da contagem dos 90 dias no caso de uma contri- buio para a seguridade social ter sido majorada por Medida Provisria. Poderamos entender que a noventena s seria iniciada a partir da data da publicao da lei de converso. Mas o STF entende que "o prazo no- nagesimal (CF, art. 195, 6o) contado a partir da publicao da Medida Provisria que houver institudo ou modificado a contribuio"24. 3.10. Solidariedade (CF, art. 3o , I, e caput do art. 195) "Construir uma sociedade livre, justa e solidria": esse um dos objetivos fundamentais da Repblica Federativa do Brasil (CF/88, art. 3o, I). Em harmonia com esse princpio constitucional, o caput do art. 195 da CF/88 estabelece que "a seguridade social ser financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei..." Aque- les que tm melhores condiesfinanceirasdevem contribuir com uma parcela maior; os que tm menores condies financeiras contribuem com uma parcela menor; os que ainda esto trabalhando contribuem para o sustento dos que j se aposentaram ou estejam incapacitados para o trabalho; enfim, vrios setores da sociedade participam do esfor- o arrecadatrio em benefcio das pessoas mais carentes. esse princpio que permite que as pessoas portadoras de deficincia e os idosos com mais de 65 anos, quando no possuem meios de prover a prpria manuteno e nem de t-la provida por sua famlia, sejam ampa- rados pela assistncia social atravs do benefcio de prestao continuada, que corresponde a uma renda mensal de um salrio mnimo, mesmo sem nunca terem contribudo para a seguridade social. 23 STF, RE-AgR 274949/SC, Rei. Min. Sydney Sanches, DJ 27/03/1998, p. 514. 24 STF, RE-AgR 453490/SP, Rei. Min. Ricardo Lewandowski, 1a T, DJ 10/11/2006, p. 817.
  49. 49. Esse princpio tambm justifica, por exemplo, o fato de um tra- balhador que, no seu primeiro dia de trabalho, sofreu um acidente e ficou definitivamente incapaz para o trabalho, se aposentar por inva- lidez, mesmo sem ter qualquer contribuio recolhida para a seguri- dade social. 4. Dispositivos constitucionais referentes previdncia sociai Os princpios constitucionais da seguridade social tambm so aplicados previdncia social, j que esta parte integrante daquela. H, no entanto, alguns dispositivos constitucionais que so aplicados, de forma restrita, previdncia social. So os seguintes: 4.1. Carter contributivo A previdncia social, nos termos do art. 201 da Constituio Fe- deral, tem carter contributivo.25 Assim, para fazer jus aos benefcios previdencirios necessrio que o segurado contribua financeiramente para o regime. Das trs reas integrantes da seguridade social (previdncia so- cial, assistncia social e sade), a nica que tem carter contributivo a previdncia social. Sade e assistncia social independem de contribuio. Ou seja, nestes segmentos, o beneficirio no precisa comprovar qualquer tipo de recolhimento para a seguridade social. Apesar de serem prestadas independentemente de contribuio, a sade e a assistncia social pos- suem fontes de custeio, que so oriundas das contribuies sociais arre- cadadas de toda a sociedade. 4.2. Filiao obrigatria O art. 201 da Constituio Federal menciona que a filiao pre- vidncia social obrigatria. Assim, exercendo o trabalhador alguma atividade remunerada abrangida pelo RGPS, ser obrigatoriamente fi- liado a este regime previdencirio. 25 Art. 201. A previdncia social ser organizada sob a forma de regime geral, de carter con- tributivo e de filiao obrigatria, observados critrios que preservem o equilbrio financeiro e atuarial...
  50. 50. No tocante quelas pessoas que no exercem atividade remunera- da, a Constituio permite a filiao de forma facultativa. 4.3. Equilbrio financeiro e atuarial O caput do art. 201 da Constituio Federal tambm determina que, em relao previdncia social, sejam observados critrios que pre- servem o equilbrio financeiro e atuarial do sistema. Equilbrio financeiro a garantia de equivalncia entre as recei- tas auferidas e as obrigaes do regime previdencirio em cada exer- ccio financeiro. Equilbrio atuarial a garantia de equivalncia, a valor presente, entre o fluxo das receitas estimadas e das obrigaes projetadas, apura- das atuarialmente, a longo prazo. 4.4. Garantia do benefcio mnimo Nos termos do art. 201, 2o, da CF/88, "nenhum benefcio que substitua o salrio de contribuio ou o rendimento do trabalho do se- gurado ter valor mensal inferior ao salrio mnimo". De acordo com esse dispositivo constitucional, os benefcios que no podem ter renda mensal inferior ao salrio mnimo so somente aqueles que substituem o salrio-de-contribuio ou o rendimento do trabalho. Assim, benefcios como salrio-famlia e o auxlio-acidente podem ter renda mensal inferior ao salrio mnimo, pois nestes casos, o beneficirio recebe, concomitantemente, o benefcio previdencirio (pago pelo INSS) e o rendimento do seu trabalho (pago pela empresa). Os citados benefcios no substituem a renda mensal do trabalhador, por isso, podem ser inferior ao salrio mnimo. Assim, no tero valor inferior ao salrio mnimo os benefcios de prestao continuada pagos pela Previdncia Social correspondentes a aposentadorias, auxlio-doena, auxlio-recluso (valor global) e penso por morte (valor global). 4.5. Atualizao monetria dos salrios de contribuio "Todos os salrios de contribuio considerados para o clculo de benefcio sero devidamente atualizados, na forma da lei" (CF/88, art. 201, 3o).
  51. 51. A Lei n 8.213/91, art. 29-B, regulamenta esse dispositivo consti- tucional, determinando que "os salrios-de-contribuio considerados no clculo do valor do benefcio sero corrigidos ms a ms de acordo com a variao integral do ndice Nacional de Preos ao Consumidor - INPC, calculado pela Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e Es- tatstica - IBGE". 4.6. Preservao do valor real dos benefcios Em relao previdncia social, alm da irredutibilidade do valor dos benefcios (CF, art. 194, pargrafo nico, IV), a Constituio Fe- deral tambm assegura "o reajustamento dos benefcios para preserva- -Ihes, em carter permanente, o valor real, conforme critrios definidos em lei" (CF, art. 201, 4o). "O Supremo Tribunal j fixou o entendimento de que a Consti- tuio Federal assegurou to somente o direito ao reajuste do benef- cio previdencirio, atribuindo ao legislador ordinrio a fixao de cri- trios para a preservao de seu valor real - o que foi implementado pelas Leis 8.212 e 8.213/91" (STF, RE 459.794, Rei. Min. Eilen Gracie, DJ 30/09/2005). De acordo com as regras vigentes, o valor dos benefcios em ma- nuteno ser reajustado, anualmente, na mesma data do reajuste do salrio mnimo, pro rata, de acordo com suas respectivas datas de incio ou do ltimo reajustamento, com base no ndice Nacional de Preos ao Consumidor - INPC, apurado pela Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica - IBGE (Lei n 8.213/91, art. 41-A, caput). "A adoo do INPC, como ndice de reajuste dos benefcios previ- dencirios, no ofende a norma do art. 201, 4o, da Carta de Outubro" (STF, RE 376.145, Rei Min. Carlos Britto, DJ 28/11/2003). 4.7. Contagem recproca do tempo de contribuio "Para efeito de aposentadoria, assegurada a contagem recproca do tempo de contribuio na administrao pblica e na atividade pri- vada, rural e urbana, hiptese em que os diversos regimes de previdn- cia social se compensaro financeiramente, segundo critrios estabele- cidos em lei" (CF, art. 201, 9o).
  52. 52. A previdncia social composta por dois regimes bsicos: o RGPS e os regimes prprios de previdncia. A pessoa que, por exemplo, con- tribuiu durante um determinado perodo para o RGPS e que, poste- riormente, se filiou a um regime prprio, para se aposentar pelo regime prprio, poder computar o seu tempo de contribuio para o RGPS. Na situao inversa, o segurado tambm ter assegurada a contagem rec- proca. Nesses casos, para fins de concesso dos benefcios, os diferentes regimes de previdncia se compensaro financeiramente. O benefcio resultante de contagem recproca de tempo de con- tribuio ser concedido e pago pelo sistema a que o interessado estiver vinculado ao requer-lo, e calculado na forma da respectiva legislao (Lei