06 - contrações uterinas (bussade)

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Contrações Uterinas O útero é um músculo que possui três compartimentos, uma camada é o endométrio (camada funcional), miométrio (camada muscular) e o paramétrio (camada serosa). Então a contratilidade uterina vem, obviamente, do endométrio que é a camada muscular. Anatomicamente, o ístimo divide o corpo uterino da cérvice. Para que ocorra a contração o músculo tem que ter receptores agonistas, que estão nas células miometriais, mediadores e os canais de sódio-potássio para que ocorra um potencial de ação nos canais de cálcio e sódio para que esse cálcio faça a síntese de proteínas especificas , através do RNA mensageiro, para que ocorra a interação dos miofilamentos (principalmente troponina e tropomiosina) gerando a catraca de contração (cabeças de actina interagem com as de miosina). O útero é composto pela cérvice (colo do útero), rica em colágeno, também possui um corpo uterino (rico em tecido muscular, principalmente sua camada média miometrial). Para que ocorra a contração, precisa-se do mediador intracelular -cálcio- e dos receptores específicos pro cálcio. Esse mediador chega ao seu receptor especifico, manda o estimulo para as células miometriais, através do RNA mensageiro, para que ocorra uma síntese protéica especifica e, assim, gerando a contração dos miofilamentos. Tem como medir essa atividade uterina pela freqüência, duração e intensidade – cardiotocografia. Clinicamente também podemos avaliar a atividade uterina, como os primeiros estímulos para as contrações são provenientes no óstios tubários (2 marcapassos) para que ocorra a propagação dessas ondas de contração pelo corpo uterino, passando pelo ístimo até o cérvice, para que ocorra a dilatação – tríplice gradiente descendente . Chama de tríplice porque passa pelos 3 compartimentos (fundo, corpo e cérvice). Obs: Não há contração sem dilatação da cérvice. Então, na 40 a 42 semanas de gestação (normalmente o

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Contraes UterinasO tero um msculo que possui trs compartimentos, uma camada o endomtrio (camada funcional), miomtrio (camada muscular) e o paramtrio (camada serosa). Ento a contratilidade uterina vem, obviamente, do endomtrio que a camada muscular. Anatomicamente, o stimo divide o corpo uterino da crvice. Para que ocorra a contrao o msculo tem que ter receptores agonistas, que esto nas clulas miometriais, mediadores e os canais de sdio-potssio para que ocorra um potencial de ao nos canais de clcio e sdio para que esse clcio faa a sntese de protenas especificas , atravs do RNA mensageiro, para que ocorra a interao dos miofilamentos (principalmente troponina e tropomiosina) gerando a catraca de contrao (cabeas de actina interagem com as de miosina). O tero composto pela crvice (colo do tero), rica em colgeno, tambm possui um corpo uterino (rico em tecido muscular, principalmente sua camada mdia miometrial). Para que ocorra a contrao, precisa-se do mediador intracelular -clcio- e dos receptores especficos pro clcio. Esse mediador chega ao seu receptor especifico, manda o estimulo para as clulas miometriais, atravs do RNA mensageiro, para que ocorra uma sntese protica especifica e, assim, gerando a contrao dos miofilamentos. Tem como medir essa atividade uterina pela freqncia, durao e intensidade cardiotocografia. Clinicamente tambm podemos avaliar a atividade uterina, como os primeiros estmulos para as contraes so provenientes no stios tubrios (2 marcapassos) para que ocorra a propagao dessas ondas de contrao pelo corpo uterino, passando pelo stimo at o crvice, para que ocorra a dilatao trplice gradiente descendente . Chama de trplice porque passa pelos 3 compartimentos (fundo, corpo e crvice). Obs: No h contrao sem dilatao da crvice. Ento, na 40 a 42 semanas de gestao (normalmente o trabalho de parto ocorre nessa fase) conseguimos medir a atividade uterina com a palpao do abdome e contar quanto tempo durou a contrao num perodo de 10 min. Durante a contrao, o fundo do tero fica duro, de consistncia lenhosa. Suponhamos, em 10 min ela teve 2 contraes de 30 segundos cada, ento ela teve 60 unidades montevideu multiplica-se o numero de contrao pelo tempo de cada. Pelo ponto de vista fisiolgico, o tero possui uma presso basal sem a gravidez, com o passar do tempo da gravidez, essa presso vai aumentando pelo volume e pela distenso uterina, ento o tnus basal vai aumentando e isso vai girar em torno de 6-16mmHg. Suponhamos que temos um tnus basal de 20mmHg, consideramos que esse tero est contrado demais, chamamos de hipertonia leve, de 20-30mmHg de hipertonia mdia e de hipertonia elevada quando maior que 30mmHg isso em tero em repouso, em distole. Isso avaliado pela cardiotocografia. A intensidade (mediada atravs da cardiotocografia), o aumento da presso amnitica ocasionado pela contrao em relao ao tnus basal, depende do numero de clulas musculares miometriais estimulada na massa miometrial total. Ento a intensidade tudo que sobe acima do tnus durante a contrao. Lembrando que a presso aminitica faz uma contra presso nessa musculatura e a freqncia o numero de contraes em 10 min. As contraes uterinas comeam a ocorrer desde o inicio da gravidez, s que so imperceptveis pela me. Pequenas contraes, de intensidade muito pequena (de 2-4mmHg) com freqncia de 1-2 por minuto pode ser registrada a partir de 9 semanas, que no so sentidas pela paciente e nem pela palpao abdominal. Da 13 (quando o tero sai da pelve) a 30 semana, j consegue se observar algumas contraes em torno de 10-15 mmHg de durao de 20 a 30 segundos. No final da gravidez, quando observada pela me, que chamada de contraes de Braxton-Hicks que so incoordenadas, espordicamente, de 10 -14mmHg. Nas duas semanas antes do parto a contratilidade comea a se tornar mais freqente e mais regular. Nas 48h antes do parto, as contraes chegam em torno de 20 mmHg a cada 5-10min.Para que ocorra a dilatao do colo uterino, precisa-se de, no mnimo, 80 unidades montevidu. Ento, se eu tenho 3 contraes de 30 segundos, eu tenho 90 unidades montevidu j capaz de dilatar o colo. O inicio do trabalho de parto, fase de latncia, precisa-se ter de 80 120 unidades montevidu. J a fase ativa, precisa-se de mais de 120 unidades montevidu. Faz uma ruptura da cavidade amnitica, uma ruptura da bolsa por via artificial (atravs do amniculo), quando se possui uma dilatao maior que 6 cm, diminuindo conseqentemente o tnus e melhora a contrao uterina. Ento, se a paciente j estiver em trabalho de parto com 6-7cm de dilatao (o nenm nasce com 10 cm de dilatao), j pode se fazer a ruptura da bolsa amnitica artificialmente. A posio do beb no momento do parto vai interferir na contrao, se o beber tiver sentado (plvico) a contratilidade vai ser pior que o ceflico, porque a prpria presso homognea em cima do colo do tero libera prostaglandinas promove um melhor amadurecimento da crvice e uma melhor dilatao. E uma mulher multpara vai parir melhor que uma mulher nulpara. Decbito lateral esquerdo melhora a atividade uterina porque a veia cava fica mais descomprimida e melhorando o retorno venoso, melhorando a oxigenao tero placentrio, ajudando a ter uma melhor contrao uterina.Propagao das ondas contrteis: comeam nos 2 stios tubrios (2 marcapassos uterinos) que propagam numa velocidade de 2cm/segundo para as demais partes do tero, num trajeto descendente pelo fundo, corpo e crvice trplice gradiente descendente que direciona a descida do nenm pelas partes moles e pelo trajeto da parte ssea e promove o apagamento do colo uterino (dilata e fica fininho).

Mecanismo do partoDefinio: seqncia de contraes involuntrias da musculatura lisa miometrial (que possuem receptores beta 2 adrenrgicos) e coordenadas que resultam num apagamento e dilatao do colo uterino. O falso trabalho de parto no so coordenadas. Os mecanismos do parto so os movimentos passivos que o feto executa no transcurso do canal do parto impulsionado pela contratilidade do tero e da parede abdominal. Esse mecanismo vai depender: da morfologia e da configurao da pelve (melhor seria a ginecide, a pior seria a platipelide), do tipo de apresentao do nenm (melhor seria a ceflica), do tamanho do nenm (peso ideal de 2,5 a 4 kg) e da contratilidade (120 unidade montevidu pra iniciar a atividade). A melhor posio materna durante o trabalho de parto, em decbito lateral esquerdo e em p para diminuir a vaotomia (incises para facilitar a sada), reduo da dor e reduo do possvel sofrimento fetal. Tempo do mecanismo do parto: encaixamento ou insinuao a passagem da maior circunferncia da apresentao pelo anel do estreito superior da pelve (3 conjugadas). Quando o maior dimetro da apresentao (se ceflica o occpito mentoriano, se plvica crista ilaca e se crmica o dimetro biacromial ) passa pelo estreito superior chama-se insinuao ou encaixamento (1 tempo do parto). Nas nulparas, esse encaixamento ou insinuao ocorre 2 semanas antes do trabalho de parto e nas multparas somente no inicio do trabalho do parto. Na bacia ginecide possui uma variedade de posio de encaixamento no dimetro transverso (melhor), na bacia andride o melhor dimetro o transverso, nas antropides o maior dimetro o antero-posterior e na platipelide o transverso. Por isso que no tipo de bacia platipelide e antropide, se tiver uma distorcia de parto (parada da progresso) vai ser mais a nvel de estreito mdio, porque o principal dimetro transverso no estreito mdio, entre as duas cristas ilacas. Depois da insinuao, vem a flexo. Quando o nenm encontra o colo, a primeira coisa que faz fletir a cabea para vencer o trajeto do colo do tero, que o 2 tempo do mecanismo do parto.A descida o primeiro requisito para o nascimento do feto. Ocorre desde o inicio do trabalho do parto at a expulso da criana, decorrente das foras do trabalho do parto e do apagamento do segmento uterino. Depois faz uma rotao interna, vira o ombro para que o ombro passe melhor pela bacia que ocorre quando a cabea fetal alcana o canal formado pelos msculos elevadores do nus no estreito mdio (entre as duas espinhas ilacas). Logo aps faz a extenso e o desprendimento da cabea, que passa pela vulva, ocorre distenso do pescoo e o perneo torna-se visvel as contraes, seguindo por rotao externa ou restituio para sada dos ombros.Ento no parto temos alguns efeitos dinmicos: apagamento e dilatao do colo uterino, formao e expanso do segmento inferior do colo, dilatao da vagina, da vulva e do perneo, formao e ruptura da bolsa amnitica e o efeito clssico sobre a cabea do nenm, que aquela bola serosangunea.Verdadeiro trabalho de parto: o verdadeiro possui contraes regulares, coordenadas, com intervalo cada vez menor, durao cada vez maior e a intensidade com aumento gradativo; as alteraes cervicais com dilatao e apagamento progressivo; descida progressiva do nenm; dor nas costas e abdome; as contraes no cessam com a sedao (com nenhum tipo, nem morfina).Falso trabalho de parto: contraes irregulares, incoordenadas, com intervalo irregular, de durao imprecisa e sem evidencia de aumento da intensidade; nas alteraes cervicais no possui dilatao e apagamento devido ao numero insuficiente de unidades montevidu pelas contraes; no h evidencias de descida do nenm; dor apenas no abdome; contraes cessam com a sedao (at com analgsicos).O inicio do trabalho de parto comea com 80 unidades montevidu, fase ativa fica acima de 120 unidades montevidu (3 ou 4 contraes de 30 segundos no perodo de 20 min) e no perodo de expulso chega 200-240 unidades montevidu (2 contraes por minuto). Essas contraes continuam aps o parto pra expulsar a placenta. Mediadores: ocitocina, prostaglandinas e clcio.Dilatao e apagamento do colo uterino: na mulher primpera, ocorre primeiro um apagamento pra depois ocorrer a dilatao, j multpara primeiro ocorre a dilatao para depois ocorrer o apagamento (afinamento). Existe um ndice de Bishop que mede a dilatao e o apagamento. S vai ocorrer atravs da contrao e do efeito mecnico do peso feto em cima do colo. Plano de Lee (subjetivo): altura da descida fetal. O plano 0 de Lee quando a apresentao esta a nvel das espinhas citicas ou 3 plano de Hodge.Plano de Hodge: I Polo ceflico na borda superior do pube (sai do promontrio e passa pelo estreito superior da snfise pbica conjugado vera anatmica) ; II Borda inferior do pube (passa a nvel da borda inferior da snfise pbica paralelo ao I) ; III Ao nvel das espinhas citica (corresponde ao plano 0 de Lee); IV da extremidade sacral at o assoalho plvico. Variveis de apresentao: ceflica fletida ou de vrtice (ponto de orientao lambda e linha de orientao a sutura sagital da cabea fetal). E defletida, a de primeiro grau ou de fronte o ponto de orientao o bregma e a linha a sutura sagitometpica da cabea fetal, defletida de segundo grau o ponto de orientao glabela e a linha de apresentao a sutura metpica e defletida de 3 grau ou de mento o ponto de orientao o mento e a linha de orientao a linha facial. Na apresentao plvica, o ponto de orientao a crista ilaca e a linha de referncia sulco interglteo. Na apresentao crmica, o ponto de referncia acrmio e a linha de orientao grande costal ou dorso. Deu muita importncia, repetiu!Durante o trabalho de parto, para que ocorra normal temos que ter um sincretismo normal. Esse sincretismo a sutura sagital eqidistante do promontrio e do bordo superior da snfise pbica, isso normal. Pode ocorrer asincretismo, que quando a sutura sagital se aproxima muito do promontrio ou da borda superior da snfise pbica. Esse asincretismo pode ser anterior , quando a sutura sagital est mais distante da snfise pbica e se aproxima do promontrio, e posterior, quando a sutura sagital est mais prxima da snfise pbica e se afasta do promontrio.Resumindo o mecanismo do parto: 1 tempo (descida): comea com o encaixamento ou insinuao (quando passa pelo estreito superior), flexo e descida (com rotao interna para que o occpito fique no nvel da snfise pbica). O grau da rotao vai depender da localizao do occpito, se tiver posterior vai ter que rodar 135, se estiver na parede anterior s roda 45 at ficar occpito-pbico. Aps, faz extenso para vencer a parte mole, sai a cabea e volta a fazer a rotao externa ou restituio para soltar os ombros.2 tempo (desprendimento): rotao externa da cabea, rotao interna das espduas, desprendimento das espduas e nascimento.Ordem: insinuao ou encaixamento -> flexo -> rotao interna -> extenso completa -> restituio ou rotao externa -> desprendimento das espduas (dos ombros)-> nascimento.Mtodos de induo: induo de ocitocina (em excesso pode dar hipertonia uterina), prostaglandinas (melhor que a ocitocina), amniotomia, beta 2 adrenergicos, antagonistas. Alguns fatores podem levar a uma contratilidade uterina anormal, como: idioptica, uso inadequado de ocitocina, distenso uterina, partos gemelares ou com plipos (polihidronemia), descolamento prematuro de placenta, analgesia peridural (pode fazer hipotonia) e pr eclampsia. Tratamento das hipotonias: ocitocina, prostaglandinas e descolamento das membranas faz com que o tero contraia mais.Tratamento das hipertonias: descontinuar o uso de ocitocina, decbito lateral esquerdo, mequiridina?? (antiinflamatrio que faz ao relaxadora) e tocolticos (anti beta 2 adrenrgico, nifedipina). Se no corrigir, faz logo a cesrea.