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05-04-2017

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  • 05-04-2017

  • Revista de Imprensa

    1. Hospitais sinalizaram 709 doentes que precisavam de apoio social, i, 05-04-2017 1

    2. Hepatite A: o receio agora são os festivais de Verão, Público, 05-04-2017 4

    3. Falta o triplo dos psicólogos na área da saúde, Destak, 05-04-2017 7

    4. 100 mil a tratar, Correio da Manhã, 05-04-2017 8

    5. Navio Gil Eannes recebe exposição Cardiotorácica Gaia, Correio do Minho, 05-04-2017 9

    6. Nova disciplina, Correio da Manhã, 05-04-2017 10

    7. Portugueses não sabem salvar vidas, Destak, 05-04-2017 11

    8. Terapia pode fazer prevenção, Jornal de Notícias, 05-04-2017 13

    9. Sangue proibido, Diário de Notícias, 05-04-2017 14

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    Tiragem: 16000

    País: Portugal

    Period.: Diária

    Âmbito: Informação Geral

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    O Radar //

    Hospitais sinalizaram 709 doentes à Segurança Social em 2016

    Situações de doentes que permaneciam nos hospitais para além do tempo de tratamento, a maioria idosos, foi motivo de alerta no inverno-de 2014/2015. Desde então, Saúde, Justiça e Segurança Social afinaram procedimentos para planear melhor as altas. E já há mais pedidos

    MARTA F. REIS marta. reis@ionline. pz

    O alerta surgiu no inverno de 2014/2015. Com a gripe a levar mais doentes aos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, havia um número elevado de camas ocupadas por pessoas que, ape-sar de já não terem indicação para continuarem internadas, não tinham condições para regressar a casa e precisavam de uma vaga na rede de cuida-dos continuados, em lares ou de apoio domiciliário. "Não é tarefa dos hospitais ter pessoas que não precisam de lá estar por razões de saúde", diria meses mais tarde o então ministro da Saúde, Paulo Macedo, subli-nhando que estava em marcha uma maior articulação com os serviços de Segurança Social. Dois anos depois, há protoco-los definidos e aumentaram os pedidos de intervenção.

    O balanço é feito ao i pelo Ins-tituto de Segurança Social (ISS), que passou a centralizar os

    casos conhecidos como "altas sociais". O ISS recorda que, em 2015, quando a Administração Central do Sistema de Saúde fez o primeiro levantamento no SNS, foram sinalizadas cer-ca de 180 pessoas que não tinham motivos clínicos para estar nos hospitais.

    No ano passado, o número de casos referenciados já de acor-do com os novos procedimen-tos foi bastante superior. No total foram sinalizados ao Ins-tituto de Segurança Social um total de 709 pessoas que, segun-do a avaliação do serviço social do hospital, precisavam de inte-gração em respostas sociais. Este número inclui doentes que não tinham para onde ir, mas outros casos em que os fami-liares, vizinhos ou mesmo ins-tituições particulares de soli-dariedade pediam antecipada-mente apoio da Segurança esfriai, sendo estes a maioria dos casos.

    Segundo o ISS, em 84% dos casos, o pedido expresso era para integração dos doentes

    em lares - estruturas residen-ciais para pessoas idosas. Já em 6% dos casos era necessá-ria uma resposta no âmbito da saúde mental, cronicamente a área mais desfalcada na rede de cuidados continuados. Após a avaliação da Segurança Social, só metade dos idosos foram integrados em lares, uma vez que as restantes situações foram consideradas como tendo con-dições para o regresso ao domi-cílio com serviços de apoio domi-ciliário ou centro de dia, apoio de familiares ou direcionadas para respostas sociais na área da deficiência.

    MANUAL DE PROCEDIMENTOS

    O Instituto de Segurança Social explica que, após o balanço fei-to em 2015, foram apurados diferentes constrangimentos que levaram a ser criado um manual de articulação entre a Saúde e a Segurança Social para o planeamento das altas. Havia situações clínicas complexas que precisavam de cuidados

    Metade das pessoas

    referenciadas pelos hospitais foram

    para lares

    Gestor alerta que, num país com uma

    taxa de pobreza de 20%, números são ainda baixos

    permanentes mesmo fora do hospital, processos que exigiam a intervenção do Ministério Público e casos de cidadãos estrangeiros sem documentos em que os hospitais tinham de esperar pela intervenção dos consulados. Este manual esta-belece que, quando aparece num hospital u-m doente que previsivelmente irá necessitar de apoio imediatamente depois do internamento hospitalar, seja de mais cuidados de saú-de ou de apoio social, a alta deve começar a ser planeada desde o primeiro dia. São con-siderados fatores de risco em diferentes dimensões, tanto pessoais como sociais e econó-micas. Ter uma viuvez recen-te, viver só, exaustão familiar dos cuidadores, baixos rendi-mentos, patologia psiquiátri-ca e múltiplos internamentos são alguns dos sinais de aler-ta para os quais os profissio-nais de saúde são alertados. Sinais de maus-tratos ou negli-gência foram outros aspetos

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    SAÚDE

    Rede de cuidados continuados tem dez anos SHITITERST(R,'K

    Há 1739 pessoas à espera de vaga nos cuidados continuados

    reforçados, matéria que até aqui só estava mais sistemati-zada no trabalho das comis-sões de proteção de crianças e menores.

    O CENÁRIO MELHOROU? Alexan-dre Lourenço, presidente da Associação Portuguesa de Admi-nistradores Hospitalares, reco-nhece que os procedimentos foram reforçados, mas acredi-ta que a referenciação dos doen-tes ainda estará longe das neces-sidades reais. 'Temos um milhão de internamentos por ano e 20% da população vive abaixo do limiar de pobreza. Continua-mos apenas a sinalizar os casos mais graves, e não todos os que poderiam beneficiar de apoio social", diz o gestor hospitalar.

    Alexandre Lourenço sublinha que o planeamento da alta perante fatores de risco, nomea-damente as condições econó-micas, é um ideal há muito per-seguido, mas enfrenta ainda alguns obstáculos e, por isso, a situação nos hospitais não

    melhorou significativamente. A escassez de recursos huma-nos e o desencorajamento quer dos profissionais quer das famí-lias por não haver, muitas vezes, uma reação célere quer das res-postas sociais quer dos cuida-dos continuados contribuíram para que muitas situações se arrastem no tempo ou se mul-tipliquem os internamentos. Um dós planos da associação é fazer um levantamento destas situações e perceber a duração dos internamentos. O tema vai estar em discussão no próximo Caminho dos Hospitais, um encontro mensal promovido pela associação e que vai ter lugar dia 20 de abril no Hospi-tal Amato Lusitano. Perceber como reforçar a integração e saber onde acaba a resposta da saúde e começa a do setor social é um dos motes do debate. "É algo que importa melhorar sobretudo quando sabemos que as pessoas mais pobres são as que têm mais doenças", alerta o especialista.

    No ano passado abriram 641 novas vagas. Para este ano, a aposta é no reforço da saúde mental

    O envio dos doentes para unida-des de cuidados continuados é o principal recurso quando existe necessidade de acompanhamen-to por médicos e enfermeiros em período de recuperação, conva-lescença ou doenças prolongadas. Segundo o último balanço da Admi-nistração Central do Sistema de Saúde (ACSS), há neste momen-to 1739 pessoas a aguardar vaga, a maioria para as chamadas Uni-dades de Longa Duração e Manu-tenção (824). Seguem-se os uten-tes à espera de serem integrados em Unidades de Média Duração e Reabilitação (516). Os dados são atualizados diariamente pela ACSS e, à data de ontem, havia ainda 208 pessoas a aguardar vaga em Unidades de Convalescença e 57 à espera de vaga em Unidades de Cuidados Paliativos. Há ainda 134 pessoas à espera de marcação de equipas domiciliárias.

    Unidades de cuidados de saúde mental estavam no

    papel desde 2008 e avançam este ano

    Estão previstas oito unidades.

    A primeira vai ser inaugurada esta

    semana no Restelo

    Segundo os dados disponibili-zados ao i pela ACSS, no ano pas-sado, a Rede Nacional de Cuida-dos Continuados Integrados foi reforçada em 640 lugares. O gover-no comprometeu-se a recuperar do "abrandamento" da última legislatura no aumento deste tipo de itzwstas, estimando um inves-timento de um milhão e meio de euros entre 2016 e 2018.0 obje-tivo da tutela é aproximar-se das 14 mil camas até ao final da legis-latura, estando em janeiro deste ano disponíveis 8360 lugares. Há ainda equipas domiciliárias com capacidade para acompanhar 6247 pessoas.

    Se, no ano passado, a novidade foi a abertura da primeira unida-de de cuidados continuados e paliativos pediátricos, com dez vagas, este ano, a aposta da tute-la é na abertura de unidades des-tinadas a lidar com casos de doen-ça mental grave, um dos motivos para a permanência de doentes em hospitais, tanto de adultos como de jovens.

    Está prevista, até ao final do ano, a abertura de oito unidades com um total de 404 lugares, indicou ao ia Administração Cen-tral do Sistema de Saúde. As uni-dades terão diferentes tipologias, incluindo residências autónomas e de treino de autonomia ou estru-turas de apoio máximo. A cria-ção deste tipo de estruturas esta-va prevista desde 2008, mas só agora sairá do papel. Desde mar-ço estão em marcha os planos para abrir 366 vagas. A primei-ra unidade vai ser inaugurada esta semana no Restelo, indicou ao i o Ministério da Saúde, assi-nalando o Dia Mundial da Saú-de, que este ano é dedicado à depressão.

    Alguns dos fatores de risco para os quais

    os profissionais de saúde são alertados incluem falta

    de meios, viver só ou viuvez recente dos doentes

    ANTÓNIO PEDRO SANTOS

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    País: Portugal

    Period.: Diária

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    Deputado do PS diz que é quase impossível

    mexer nos escalões do IRS em 2018

    Paulo Trigo Pereira, um dos autores do cenário macroeconómico do PS, vem contrariar o primeiro-ministro. Ao i afirma que "não é

    possível reduzir o défice e a carga fiscal" // PÁGS. 24

    COSTA QUER RENOVAR GERINGONÇA, PARCEIROS NÃO SE COMPROMETEM

    João Teixeira Lopes, dirigente do BE, ao i: "Um novo acordo é mais difícil" HPAGS 6 7

    .

    sil a falsificar desde 1919 origem portuguesa para venderem óleo com "sabor" a azeite.

    tinha 55% da quota de mercado /1 PÁGS. 18-21

    Azeite português.

    1UGueria-Idelne, 5 abál 2017110ro // NSiwn, 2410// DIngon NUM Remetei/ Ck executivo:~ Rinhoillk eascutiva adjunta: Ana Sá Lopes,/ Subtlit saculiccJairi Cabia Senta // CIL Sal ~oito Ala

    MINISTÉRIO PÚBLICO ARQUIVA PROCESSO DE DIAS LOUREIRO NO CASO BPN/PORTO RICO llpAG 10

    Van Damme de Canelas acusa presidente de incitar à violência // PÁG. 47

    Novo Banco: ainda há risco de liquidação e mais despedimentos // PÁGS. 12-13

    Conheça o top-10 das empresas portuguesas que mais exportam

    PÁGS. 22-23

    PJ investiga explosão na fábrica de pirotecnia em Lamego // PÁG.

    Hospitais sinalizaram 709 doentes que precisavam de apoio social

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    SOCIEDADE

    DGS teme aumento de casos de hepatite A com festivais de Verão

    Os responsáveis da Direcção-Geral da Saúde (DGS) admitiram ontem estar preocupados com a possibili-dade de o surto de hepatite A não es-tar controlado antes dos festivais de Verão, porque nestes eventos há um aumento das práticas sexuais e as condições de saneamento são más, o que potencia o risco de transmis-são da infecção por este vírus. Desde Janeiro até ontem foram notifi cados 138 casos em Portugal.

    A preocupação foi sublinhada on-tem numa conferência de impren-sa, em Lisboa, pelo director-geral da Saúde, Francisco George. O res-ponsável esteve reunido com a sua congénere espanhola, a directora general de Salud Pública, Calidad e Innovación, Elena Andradas, pa-ra fazer o ponto da situação sobre a hepatite A na Península Ibérica e defi nir estratégias comuns para lidar com este surto.

    Há uma manifestação (de “orgu-lho” LGBT), a World Pride, marca-da para Junho em Madrid, que es-tá a suscitar a maior preocupação. Aguarda-se a presença de mais de dois milhões de pessoas e Espanha tem neste momento cerca de mil casos, já não dispondo de vacinas, segundo foi adiantado também na conferência de imprensa.

    No encontro com os jornalistas, a directora-geral de Saúde de Es-panha, Elena Andradas, adiantou que, desde Novembro, há mil ca-sos confi rmados de hepatite A na-quele país. “Em Espanha já não há vacinas”, sublinhou Diogo Medina, médico que integra o Grupo de Ac-tivistas em Tratamento (GAT), que faz parte do grupo de trabalho que está a rever as normas clínicas para profi ssionais de saúde.

    Portugal e Espanha estão mesmo a estudar a hipótese de adquirir em conjunto de vacinas noutros países

    Surto só estará controlado depois de 50 dias sem novos casos e ainda estão a surgir cinco a oito novos doentes por dia. Há registo de uma morte, mas não está relacionada com este surto

    Francisco George deu ontem uma conferência de imprensa com a directora-geral da Saúde de Espanha

    produtores, como a China e em paí-ses da América do Sul. Em Portugal, as cerca de 12 mil doses disponíveis vão passar a ser disponibilizadas, além de Lisboa (onde estão concen-tradas na Unidade de Saúde Familiar da Baixa, no Martim Moniz), nas ou-tras quatro regiões de saúde do país (Norte, Centro, Alentejo e Algarve) e nas ilhas, disse.

    Também está a ser estudada a possibilidade de serem usadas, ex-cepcionalmente, doses pediátricas da vacina de que o país dispõe. Tu-do para conseguir controlar o foco epidémico que foi conhecido na se-mana passada e que não é exclusivo de Portugal — em 23 de Fevereiro, o Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla inglesa) emitiu uma avaliação de risco em que Portugal já fi gurava com pouco mais de duas dezenas de casos, ao lado de mais 12 Estados-membros.

    Desde então, os casos multiplica-ram-se. A hepatite A, que além da transmissão por via fecal-oral, tam-bém pode ser contraída através da ingestão de água e alimentos conta-minados, tem habitualmente uma evolução benigna, os casos fatais são raros. Em Portugal, há entretanto re-gisto de uma morte que não estará, porém, relacionada com este sur-to, como comprovaram as análises efectuadas posteriormente, expli-cou Digo Medina. Todos os anos há entre duas a três dezenas de casos de hepatite A, salientou.

    Algumas das vacinas que fazem parte do stock nacional foram en-tretanto requisitadas pela DGS às farmácias, pelo que não faz sentido que as pessoas continuem a tentar adquirir vacinas nestes estabeleci-mentos, pediu Francisco George. “As vacinas têm de ser administra-das criteriosamente, à luz do princí-pio de que é vacinado quem precisa de ser vacinado e não é vacinado quem não precisa”, enfatizou.

    O director-geral da Saúde admite não saber quando é que este surto

    xuais de risco para a transmissão da infecção (sexo oro-anal) e também os viajantes que vão para zonas com maior risco de contrair a infecção.

    Francisco George explicou que, ao contrário do que tinha sido afi r-mado, não vai ser possível utilizar a imunoglobulina disponível em Por-tugal, porque esta não serve para prevenir a infecção pelo vírus da he-patite A, pelo que este tratamento terá mesmo de ser substituído por vacinas. A DGS está, entretanto, a rever as orientações que emitiu para conter o surto de hepatite A.

    A administração gratuita da vaci-na tem estado, por enquanto, limi-tada a uma única unidade de saúde familiar em Lisboa (a da Baixa, no Martim Moniz), onde desde segun-da-feira foram vacinadas 25 pessoas. Dos casos diagnosticados até ontem

    SaúdeAlexandra Campos e Clara Viana

    As vacinas têm de ser administradas criteriosamente, à luz do princípio de que é vacinado quem precisa de ser vacinado e não é vacinado quem não precisa Francisco GeorgeDirector-geral da Saúde

    estará controlado, porque o período de incubação é longo — “pode ir até aos 50 dias”. Para que seja declara-do controlado é necessário “ter um mínimo de 50 dias sem novos ca-sos”, precisou Francisco George.

    Grupos de riscoFace à escassez de vacinas e, tendo em conta a impossibilidade de utili-zar um tratamento preventivo, alter-nativa que chegou a ser anunciada pela DGS (a imunoglobulina, uma solução dita de recurso por ajudar a fortalecer o sistema imunitário e assim combater a infecção), foram identifi cados três grupos a vacinar prioritariamente: as pessoas que contactaram com doentes (os coa-bitantes e parceiros sexuais nos úl-timos 15 dias), os homens que fazem sexo com homens com práticas se-

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    NUNO FERREIRA SANTOS

    Mike Catchpole, responsável científi co do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC, na sigla inglesa), organismo de vigilância epidemiológica que começou por alertar as autoridades de saúde para um surto de hepatite A em vários Estados-membros já no Verão passado, aguarda novos dados dos países para actualizar o documento com o balanço de Fevereiro e em que Portugal surgia pela primeira vez com casos da infecção. O responsável diz que haverá já muito mais casos do que os que foram reportados nessa altura.A 23 de Fevereiro, o ECDC indicava que Portugal era um dos 13 Estados-membros onde tinham sido identifi cados casos do surto de hepatite A na Europa. Sublinhava, então, que a maior parte dos casos tinham sido reportados entre homens que fazem sexo com homens.É correcto. Vimos claramente que era assim. Estamos muito certos de que o surto actual está a ocorrer sobretudo entre homens que fazem sexo com homens, porque já tínhamos observado [este fenómeno] antes. E algumas destas pessoas, sobretudo no Norte e no Leste da Europa, estão particularmente em risco porque estão também infectadas com VIH. O problema é que, se o sistema imunitário estiver debilitado, o risco de complicações graves decorrentes da hepatite A é entre dez a 20 vezes superior.Este não é, porém, um problema de um grupo específi co, mas sim de comportamentos de risco.Sim. Este vírus transmite-se sobretudo através da via fecal-oral [neste surto específi co]. Mas a realidade é que alguns dos comportamentos dos homens que fazem sexo com homens os

    Vacinar todos os homens que fazemsexo com homens seria o “ideal”

    — com uma evolução de cinco a oito novos infectados por dia —, cerca de metade estão concentrados na zona de Lisboa.

    Diogo Medina frisa que o controlo deste surto com rapidez vai depen-der, em parte, dos médicos, porque estes é que receitam as vacinas.

    Portugal e Espanha pertencem ao mesmo cluster. “O começo do sur-to terá tido lugar com um espanhol que veio a Portugal ou um portu-guês que foi a Espanha. Para que o surto seja declarado controlado, temos de ter um mínimo de 50 dias sem novos casos”, insistiu Francisco George. Neste momento, a média diária de novos casos está entre os cinco e os oito.

    [email protected]@publico.pt

    EntrevistaAlexandra Campos

    colocam numa situação de maior risco por causa da forma de contacto sexual.O ECDC recomenda a vacinação universal deste grupo, como já é feito nalguns países? Em Portugal, o stock de vacinas é muito limitado...É uma questão complicada. Primeiro, devemos dar informação sobre comportamentos de sexo seguro e enfatizar os riscos da transmissão pela via fecal-oral. Depois, quando há poucas vacinas, devemos identifi car os que estão mais em risco, priorizar, identifi car as áreas em que há evidência de que um surto está em curso. Também é necessário avisar as pessoas que viajam para outras áreas onde haja surtos [a hepatite A transmite-se não apenas pela via fecal-oral, mas igualmente através de água ou comida contaminada]. O problema da falta de vacina contra a hepatite A é comum a muitos países.Mas faria mesmo sentido, como afi rmam na avaliação de risco, vacinar todos os homens que

    fazem sexo com homens?Sim. Fizemos uma revisão dos estudos publicados, consultamos especialistas e acreditamos que sim, porque é signifi cativa a evidência de que há benefícios de saúde pública em promover a vacinação dos homens que têm sexo com homens. Pensamos que a melhor estratégia é oferecer uma vacina combinada contra a hepatite A e a hepatite B. Estamos a falar num mundo ideal [em que não haveria falta de vacinas].Num primeiro draft, a Direcção-Geral da Saúde associou este surto, em Portugal, a práticas de chemsex (do inglês “chemical sex”, o que signifi ca “sexo químico”, praticado habitualmente em festas e orgias, utilizando drogas para que as relações sexuais possam durar horas ou dias), mas depois explicou que se tratou de um lapso. Faz algum sentido esta associação?Para este surto em particular, não temos um nível de informação que nos permita afi rmar isso. Alguns estudos sobre outro tipo de infecções mostraram que estes tipo de comportamentos pode estar associado a um maior risco de transmissão.Na avaliação, aconselham que, além da vacinação de grupos prioritários, devem ser consideradas outras formas de prevenção, nomeadamente através de informação disponibilizada à sociedade civil, nos media, na imprensa gay e até nas aplicações para encontros gays. O que é que o ECDC está a fazer neste âmbito?Temos trabalhado com alguns dos criadores deste tipo de aplicações, sugerindo a inclusão de links com informação sobre os serviços onde as pessoas se devem dirigir, onde podem fazer testes de VIH e de hepatites [além da A, a B e a C]. É importante disponibilizar informação útil às pessoas.

    Pensamos que a melhor estratégia é oferecer uma vacina combinada contra a hepatite A e a hepatite BMike CatchpoleResponsável científico do Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças

    A infecção pelo vírus da hepatite A transmite-se essencialmente por via fecal-oral nos países onde a doença deixou há décadas de ser endémica, como é o caso de Portugal, mas a transmissão também ocorre através da ingestão de alimentos ou água contaminados ou má higiene das mãos. Portugal figura entre os 13 países onde o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla inglesa) identificou três clusters no balanço divulgado em 23 de Fevereiro passado.

    Tudo indica que nos próximos dias continuem a surgir mais casos de hepatite A, porque o período de incubação da infecção é longo. No último balanço, o ECDC indicava que havia 287 casos reportados desde o início de 2016 e, nessa altura, Portugal tinha 23 casos notificados.

    Para fazer face ao aumento de casos de hepatite A maioritariamente diagnosticado entre homens que fazem sexo com homens (HSH), o ECDC recomendava no documento a vacinação prioritária dos HSH que viajam para zonas com surtos da infecção reportados entre os homossexuais, dos HSH que residem em áreas com surtos activos da infecção e ainda dos HSH em risco de complicações graves resultantes da infecção, por estarem por exemplo simultaneamente infectados com os vírus da hepatite B ou da hepatite C e os que usam drogas injectáveis.

    O ECDC está, entretanto, a preparar um novo balanço com dados actualizados sobre este surto, que, em Fevereiro, tinha três clusters identificados (três estirpes diferentes do vírus da hepatite A). O primeiro balanço foi emitido a 19 de Dezembro.

    Novo balanço europeu em breve

    138é o número de casos de pessoas infectadas com hepatite A notificados desde Janeiro até ontem, segundo a Direcção-Geral da Saúde

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    País: Portugal

    Period.: Diária

    Âmbito: Informação Geral

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    Área: 5,29 x 4,42 cm²

    Corte: 3 de 3ID: 68942446 05-04-2017

    52468a16-6218-4d88-baf9-efc702714606

    Marcelo pressiona Governo a dar um tecto a todos os sem-abrigoEstratégia do Governo deverá ser apresentada este mês, mas Presidente quer mais velocidade e não tira o assunto da agenda. Hoje volta à rua para acompanhar equipa de voluntários em Lisboa Política, 6

    Fábrica de pirotecnia explode e faz pelo menos quatro mortos p12

    Direcção-Geral da Saúde admite que surto continua por controlar p10/11

    Oposição e aliados acusam regime sírio de violar as obrigações que assumiu. Exército diz que “não usou nem nunca usará” agentes tóxicos na guerra p22

    Número de vítimas de tráfi co de pessoas confi rmadas no país passou de 32 para 118, o maior número de sempre. Exploração laboral foi o principal motivo p2/3

    “Brexit” 1.0: a história de como a ilha da Grã-Bretanha se separou da Europa envolve um lago que transborda e inundações catastrófi cas p24/25

    Explosão em Lamego provoca “tragédia inqualificável”

    Hepatite A: o receio agora são os festivais de Verão

    Assad acusado do pior ataque químico desde 2013

    Vítimas de tráfico de pessoas quadruplicam

    O “Brexit” geológico foihá pelo menos 450 mil anos

    Caixa-fortedo CarregadoPortugal exportou 96 milhões de notas de 50 euros

    ReportagemAqui, as notassão às paletesp16/17

    Futebol A difícil ressaca de alguns campeões europeus Desporto, 38

    Baixa de LisboaPSP e junta querem acabar com venda de louro na rua, que muitos julgam ser haxixeLocal, 14

    TelevisãoPrison Break está de volta para tentar fugir novamente de mais uma prisão Cultura, 29

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    10.ª EDIÇÃO

    CICLO DE CONFERÊNCIASE DEBATES P. 13

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    Tiragem: 70000

    País: Portugal

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    Âmbito: Informação Geral

    Pág: 5

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    Área: 5,27 x 13,38 cm²

    Corte: 1 de 1ID: 68942196 05-04-2017

    O bastonário daOrdem dos Psicó-logos defende que na área da saúdeera preciso triplicar os cerca de 600profissionais existentes parater umacobertura aceitável e nas escolas se-riam precisos mais 500. À agênciaLusa, Francisco Miranda Rodriguesgarante que nestas duas áreas «o mí-nimo dos serviços não está garanti-do». Na área da Educação, segundoo bastonário, está prevista a contra-tação de 200 psicólogos este ano paraas escolas, no fim do qual o rácio depsicólogos nas escolas deverápassardos atuais 1/1.700 para um psicólogopara cada 1.100 alunos.

    Falta o triplodos psicólogosna área da saúde

    SAÚDE

    Há psicólogos a menos nas escolas

    ©DR

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    País: Portugal

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    Âmbito: Informação Geral

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    Corte: 1 de 1ID: 68943087 05-04-2017CANCRO

    100 MIL A TRATAR Portugal tem atualmente cerca de 500 mil sobreviven-tes de cancro e perto de100 mil doentes em tratamento. Os dados são da Liga Portu-guesa Contra o Cancro.

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  • A9

    Tiragem: 8000

    País: Portugal

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    Âmbito: Regional

    Pág: 36

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    Corte: 1 de 1ID: 68944235 05-04-2017

    Inaugurada sábadoNavio Gil Eannesrecebe exposiçãoCardiotorácica GaiaO serviço de cirurgiacardiotorácica do CentroHospitalar de Vila Nova deGaia/Espinho inaugura sábado,no navio hospital Gil Eannes,atracado em Viana do Castelo,uma exposição fotográfica sobreaquela especialidadeA exposição destaca “o espaçoda cirurgia cardiotorácica epretende “encurtar a distânciaentre o público e uma das áreasmais reservadas em ambientehospitalar”.

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  • A10

    Tiragem: 133477

    País: Portugal

    Period.: Diária

    Âmbito: Informação Geral

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    Corte: 1 de 1ID: 68943092 05-04-2017

    SAÚDE NOVA DISCIPLINA A criação de uma nova disci-plina de educação para a saú-de e prevenção de comporta-mentos de risco é uma das propostas que o Fórum Saú-de para o Século XXI apre-senta hoje à Comissão Parla-mentar de Saúde.

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  • A11

    Tiragem: 70000

    País: Portugal

    Period.: Diária

    Âmbito: Informação Geral

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    Corte: 1 de 2ID: 68942190 05-04-2017

    REDAÇÃ[email protected]

    Mal preparadospara uma urgência

    Ese, de repente, alguém ao péde sisofresse umepisódio demorte súbita? A SociedadePortuguesa de Cardiologia(SPC) quis perceber como reagiriamos portugueses e o vídeo (https://vimeo.com/211473975) da avaliaçãofeita é apresentado esta sexta-feira,Dia Mundial da Saúde.

    Em parceria com o Metropolitanode Lisboa, aSPC organizouumaaçãode rua. E o resultado não foi anima-dor. Recorrendo a dois atores, foi si-mulado um episódio de morte súbitae as reações foram muito esclarece-doras: amaior parte das pessoas nãosabe como reagir.

    Ouseja,quandoocorreumepisódiode morte súbita, o impulso de todos éligar o 112, o que, sendo crucial, nãobasta.Nestasituação,refereaSPCemcomunicado,«otemponecessárioparaqueocorraumalesãocerebralirrever-sívelpodeserinferioracincominutose o INEM raramente chega a tempode evitar o pior». É nesses momentosque aprobabilidade de alguémsobre-viver, sem uma lesão cerebral, podedepender de cada um de nós.

    «Se cada um de nós soubesse ma-nobrasdeSuporteBásicodeVida, inú-

    Ação de rua da Sociedade Portuguesa de Cardiologia reforça a necessidadede mais informação sobre o suporte básico de vida, que poucos conhecem.

    meroscasosdemortesúbitapoderiamser evitados», alerta a SPC, que con-firmaque, por cá, emmédia, cercade10milpessoasvãosofrerdemortesú-bita cardíaca a cada ano que passa,tendo em conta os números da mor-talidade cardiovascular.

    É por isso que os cardiologistas su-geremoaumentodoensinodosupor-tebásicodevidanasescolas,comumaforte vertente prática. Também se

    deve fomentar a sensibilização de to-dose promoverumamaioracessibili-dade aos desfibrilhadores automáti-cos externos em locais públicos.

    INEMajudaPara quem quer saber mais sobreo que fazer em situação de perigo, oDestak pode ajudar, através dosconselhos que o INEM, todas as ter-ças-feiras, por aqui deixa.

    A ação, cujo vídeo está disponível, mostrou a falta de reação geral

    ©DR

    DIA MUNDIAL DA SAÚDE

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  • Tiragem: 70000

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    Âmbito: Informação Geral

    Pág: 1

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    Corte: 2 de 2ID: 68942190 05-04-2017

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    ATUALIDADE • 04

    Portuguesesnão sabemsalvar vidasSociedade Portuguesa de Cardiologia testou nasruas como as pessoas reagem a uma situação limitee os resultados dizem que é precisomais educação.

    Lisboa e Porto lideramlocais ideais para viverRanking coloca as duas cidades notopo no que à habitabilidade diz respeito.Cascais, Sintra e Braga são os concelhosque se seguem nos cinco melhores.

    CIDADES • 02

    ATUALIDADE • 04©NUNO ANDRÉ FERREIRA/LUSA

    Quatro pessoas morreram ontem em várias explosões numa fábrica depirotecnia de Lamego; número de vítimas mortais deverá subir para oito

    Surto de hepatite A aindaestá fora de controloEstão identificados 138 pacientes.DGS vai gerir a administração de vacinas,que não chegam para todos os doentes,com base nos casos mais urgentes.

    ATUALIDADE • 06

    Caminho aberto paraGrimaldo, Fejsa talvezEderson, Eliseu e Mitroglou juntam-se aJiménez nos lesionados. Lateral espanholestá pronto para regressar, mas o sérvio,mesmo convocado, não está a 100%.

    DESPORTO • 08

    © DR

    Vem aí a maior fugade sempre na televisãoDoze anos depois do primeiro episódio irpara o ar, estreia hoje a nova temporadada marcante série ‘Prison Break’.

    FAMA&TV • 10

    ©DR

    Um dos portentos da soulvem ‘despida’ a PortugalMacy Gray dá concertos no Porto (hoje)e em Lisboa (amanhã), onde vai mostraro seu último trabalho, ‘Stripped’.

    ARTE&LAZER • 12

    ©DR

    05.04.2017 Quarta-feira PORTUGAL

    Diretor: Diogo Torgal Ferreira | Edição nº 2894. Jornal diário gratuito.

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  • A13

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    Âmbito: Informação Geral

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    Corte: 1 de 1ID: 68942479 05-04-2017

    Depressão Terapia pode fazer prevenção • Vítor Anjos, da Associação Portuguesa Conversas em Psi-cologia, defendeu que a de-pressão pode ser prevenida com programas de prevenção e terapia. O especialista frisou que Portugal se foca "na medi-cação, quando é precgo per-ceber que a terapia e preven-ção podem levar a um estado de saúde mental saudável".

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  • A14

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    País: Portugal

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    Âmbito: Informação Geral

    Pág: 40

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    Corte: 1 de 1ID: 68942286 05-04-2017

    JOÃO ALMEIDA MOREIRA

    JORNALISTA

    CARTAS DO BRASIL

    Sangue proibido

    — em São Paulo

    Ocaso é verídico mas os no-mes são fictícios a pedido dos intervenientes: Antó-nio é um cidadão portu-guês emigrado no Brasil

    há dez anos. Obvia é brasileira e ca-sou com António há 12, quando am-bos ainda viviam em Portugal. Eliane é professora assistente da escola de Lucas, o filho de 6 anos de António e Olivia já nascido em solo brasileiro. Numa tarde, Eliane afligiu António e Olívia, e todos os outros pais da esco-la de Lucas, com um pedido deses-perado via rede social: "Um familiar meu teve um acidente de carro na madrugada passada, precisa com urgência de sangue." António e Olí-via não hesitaram e na manhã se-guinte já estavam no hospital indica-do por Eliane. Porém, na triagem fi-nal antes da doação foram vetados. Justificação: terem vivido na Europa.

    Surpreendidos, António e Obvia tentaram saber os motivos para o seu sangue ter sido recusado numa ação de solidariedade. O Ministério da Saúde do Brasil esclareceu que, de facto, há uma portaria de 4 de fe-vereiro de 2016 que prevê "59 crité-rios para a inaptidão definitiva à doação de sangue para a encefalo-

    patia espongiforme humana e suas variantes, causadores da doença de Creutzfeldt-Jakob", a célebre doença das vacas loucas,

    "Desta forma", lê-se na portaria do Ministério da Saúde, "é definiti-vamente excluído como doador o candidato que se enquadre numa das seguintes situações: tenha tido diagnóstico de encefalopatia es-pongiforme humana ou qualquer outra forma da doença; tenha histó-ria familiar da doença; tenha per-manecido no Reino Unido eiou na República da Irlanda por mais de três meses, de forma cumulativa, após o ano de 1980 até 31 de dezem-bro de 1996; tenha permanecido cinco anos ou mais, consecutivos ou intermitentes, na Europa após 1980 até os dias atuais".

    Foi este último critério que impe-diu a doação de António e Olivia e torna o sangue da maioria dos imi-grantes europeus no Brasil proibido por lei nos hospitais e hemocentros locais. Segundo dados do siteoes-trangeiro.org, cerca de meio milhão de pessoas naturais de países da Eu-ropa vive no país, dos quais mais de metade são portugueses (perto de 280 mil), seguidos dos contingentes italiano (73 mil) e espanhol (60 mil).

    O Ministério da Saúde do Brasil, país que nos últimos anos foi notícia por causa de epidemias de dengue, chikungunya, zika e febre amarela, afirmou não considerar excessiva a sua posição em relação à doença das vacas loucas. Segundo o ministério, o país adota critérios semelhantes aos de organismos de EUA e Canadá e sublinha que "tal conduta não tem

    nenhum carácter discriminatório". O Brasil tem imagem internacional, que adora preservar, de país toleran-te e hospitaleiro, ideia reforçada du-rante as organizações do Mundial de Futebol de 2014 e dos Jogos Olímpi-cos do Rio de Janeiro de 2016.

    Se todos os europeus são então potenciais portadores da doença das vacas loucas, conclui-se que os ministérios da saúde europeus es-tão a ser negligentes ao permitirem doações de sangue entre os seus ci-dadãos? Responde o Ministério da Saúde que é "da competência de cada país estabelecer os seus crité-rios e as suas políticas de saúde pú-blica, de acordo com suas realida-des locais".

    O Ministério da Saúde, cujo mi-nistro Ricardo Barros se notabilizou por dizer que as filas de espera nos hospitais resultam de "pessoas que inventam doenças" e que os homens recorrem menos aos hospitais do que as mulheres "porque trabalham mais", não considera contraprodu-cente criar barreiras à doação de sangue de europeus ou de brasilei-ros que tenham vivido na Europa, mesmo tendo em conta que segun-do reportagens da BBC Brasil e do Jornal do Comércio, publicadas no último dia internacional do dador, a ONU considerar "ideal" uma taxa entre 3%e 5%, mais do dobro da po-pulação brasileira dadora.

    Mas o que mais preocupa Antó-nio e Olívia é temer que se numa emergência o seu filho Lucas neces-sitar de uma doação, de acordo com a lei brasileira não poderá receber sangue dos próprios pais.

    O sangue da maio-ria dos imigran-tes euro-peus no Brasil é proibido por lei nos hospitais e hemo-centros locais

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