04 - capítulo 1 - os mitos que cercam o ato de escrever

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Primeiro capítulo do livro "Técnica de Redação: O que é Preciso para Bem Escrever" de Lucília Helena do Carmo GARCEZ. O restante da obra se encontra na minha conta do Scribd.

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  • 7/17/2019 04 - Captulo 1 - Os Mitos Que Cercam o Ato de Escrever

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    TCNICA DE REDAO

    Captulo 1

    Os mitos que cercam o ato de escrever1. erdades e me!tirasDura!te sua vida escolar" voc# deve ter cristali$ado al%u!s mitos a respeito daprodu&'o de te(tos. As atividades escolares e os livros did)ticos" pais" cole%as"*em como al%u!s pro+essores" co!tri*uram para que cre!&as" !em sempre asmais adequadas" +ossem se co!+i%ura!do e se e!rai$assem. ,oucas pessoasco!se%uem escapar de um co!-u!to equivocado de i!+lu#!cias e co!struir umarela&'o realme!te saud)vel com o ato de escrever. Dessa +orma" muitos -ove!screscem pe!sa!do que !u!ca ser'o *o!s redatores" que t#m te(to pssimo eque !'o /) +ormas de mel/orar o desempe!/o !a produ&'o de te(tos. E o seucaso0 e !'o +or" voc# uma e(ce&'o" pois at mesmo pro+issio!ais maduros

    demo!stram i!se%ura!&a em rela&'o 2 pr3pria e(press'o escrita. Em*ora se-auma das tare+as mais comple(as que as pessoas c/e%am a e(ecutar !a vida"pri!cipalme!te porque e(i%e e!volvime!to pessoal e revela&'o decaractersticas do su-eito" todos podem escrever *em.4uais s'o as +alsas cre!&as" os mitos mais +req5e!tes em rela&'o 2 escrita0 6)muitos" mas aqui vamos re+letir acerca dos mais devastadores" que s'o os quelevam al%um a acreditar que escrever seria um dom que poucas pessoas t#m7um ato espo!t8!eo que !'o e(i%e empe!/o7 uma quest'o que se resolve comal%umas 9dicas:7 um ato isolado" desli%ado da leitura7 al%o des!ecess)rio !omu!do moder!o7 um ato aut;!omo" desvi!culado das pr)ticas sociais.

    < TCNICA DE REDAOa= Escrever uma /a*ilidade que pode ser dese!volvida e !'o um dom quepoucas pessoas t#m9Eu !'o te!/o o dom da escrita.: 9N'o +ui escol/ido.:9N'o rece*i esse tale!to qua!do !asci.: Essas s'o al%umas das a+irma&>esmais +req5e!tes e!tre alu!os de cursos de produ&'o de te(tos" *loqueadosdia!te da p)%i!a em *ra!co. claro que !'o estamos trata!do" aqui" da escritaliter)ria.

    A escrita uma co!stru&'o social" coletiva" ta!to !a /ist3ria/uma!a como !a /ist3ria de cada i!divduo. O apre!di$ precisadas outras pessoas para come&ar e para co!ti!uar escreve!do.O que vai determi!ar o !osso %rau de +amiliaridade com a escrita o modocomo apre!demos a escrever" a import8!cia que o te(to escrito tem para !3s epara !osso %rupo social" a i!te!sidade do co!vvio esta*elecido com o te(toescrito e a +req5#!cia com que escrevemos. Co!seq5e!teme!te" s'o esses+atores que v'o de+i!ir tam*m !ossa maturidade e !osso desempe!/o !aprodu&'o de te(tos.

    A !o&'o de dom" em*ora pol#mica e questio!)vel" poderia ser aplicada a al%u!spoucos %#!ios da literatura. ?esmo assim" a revela&'o desses %#!ios s3

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    aco!tece depois do processo de apre!di$a%em e do co!vvio i!te!so com al!%ua escrita. Ni!%um !asce escritor e o processo que tra!s+orma al%um emum artista da palavra ai!da um e!i%ma. E!treta!to" vamos usar al%u!sdepoime!tos e e(emplos de escritores porque !eles a luta com as palavras muito evide!te" e muitos passam por etapas semel/a!tes aos redatores lei%os.

    Caso a escrita +osse um dom i!ato" qual seria o papel da escola0 E o queaco!teceria com aqueles que" te!do rece*ido o dom" !u!ca +oramal+a*eti$ados0@os @. ei%a" re!omado autor *rasileiro" admitiu que atmesmo o tale!to" a voca&'o ou o dom depe!dem de muita persist#!ciaComo come&ou a escrever0Boi um processo demorado" que amadureceu deva%ar.4ua!do resolvi e(perime!tar escrever" !'o co!se%ui da primeira

    O ?ITO 4E CERCA? O ATO DE ECREER

    ve$. Escrevi uma /ist3ria" !'o %ostei" e desa!imei. Eu estava desco*ri!do queler muito mais +)cil do que escrever. ?as qua!do a %e!te -o%a a toal/a"e!tre%a os po!tos !um assu!to que se!te que capa$ de +a$er" +ica i!+eli$" eaca*a volta!do 2 luta. oltei a te!tar" apa!/ei" ca" leva!tei at que um diaescrevi uma /ist3ria que qua!do li de ca*e&a +ria" ac/ei que !'o estava ruim7com u!s co!sertos aqui e ali" ela +icaria aprese!t)vel. Co!sertei" e %ostei doresultado. A!imado" escrevi outras e outras /ist3rias" !essa *atal/a perma!e!te.?as uma *atal/a curiosa as derrotas que a %e!te so+re !ela !'o s'o derrotas"s'o li&>es para o +uturo.

    ,ara %ostar de ler. ol. . 'o ,auloEditora tica" F ed." 1G" p. H.

    preciso" a!tes de tudo" compree!der que todas as pessoas podem c/e%ar aprodu$ir *o!s te(tos" e que isso !'o uma quest'o de ser 9u!%ido: pelosdeuses que escol/em os mais tale!tosos. !ecess)rio tam*m ide!ti+icar*loqueios porve!tura co!strudos ao lo!%o da vida escolar e te!tar elimi!)los.

    *= Escrever um ato que e(i%e empe!/o e tra*al/o e !'o um +e!;me!oespo!t8!eo

    ?uitas pessoas acreditam que aqueles que redi%em com dese!voltura e(ecutamessa tare+a como quem respira" sem a me!or di+iculdade" sem o me!or es+or&o.

    N'o assim. Escrever uma das atividades mais comple(as que o ser /uma!opode reali$ar. Ba$ ri%orosas e(i%#!cias 2 mem3ria e ao racioc!io. A a%ilidademe!tal impresci!dvel para que todos os aspectos e!volvidos !a escrita se-amarticulados" coorde!ados" /armo!i$ados de +orma que o te(to se-a *emsucedido.Co!/ecime!tos de !ature$a diversa s'o acessados para que o te(to tome+orma. !ecess)rio que o redator utili$e simulta!eame!te seus co!/ecime!tosrelativos ao assu!to que quer tratar" ao %#!ero adequado" 2 situa&'o em que o

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    te(to produ$ido" aos possveis leitores" 2 l!%ua e suas possi*ilidades

    F TCNICA DE REDAOestilsticas. ,orta!to" escrever !'o +)cil e" pri!cipalme!te" escrever i!compatvel com a pre%ui&a.

    A tare+a pode ir +ica!do paulati!ame!te mais +)cil para pro+issio!ais que

    escrevem muito" todos os dias" mas mesmo esses testemu!/am que umtra*al/o e(i%e!te" ca!sativo" e que " muitas ve$es" i!satis+at3rio" +rustra!te.empre queremos um te(to ai!da mel/or do que o que c/e%amos a produ$ir epoucas ve$es co!se%uimos ma!ter !a li!%ua%em escrita todas as sutile$as dapercep&'o ori%i!al acerca de um +ato ou um pe!same!to. O que admiramos !aliteratura -ustame!te essa especi+icidade" essa possi*ilidade de e(pa!dir pelapalavra escrita emo&>es" pe!same!tos" se!sa&>es" si%!i+icados" que !3s"lei%os" !'o co!se%uimos tradu$ir com propriedade.Co!ti!uemos com o depoime!to de @os @. ei%a" a%oraem uma outra e!trevistaO se!/or muito co!/ecido por reescrever i!cessa!teme!te seus te(tos. ,or

    que o se!/or reescreve0 por co!ta de uma %ra!de i!satis+a&'o. oc# ima%i!a as coisas" at visuali$a"mas" qua!do quer p;r aquilo !o papel" tem que usar a li!%ua%em. A voc#desco*re que a li!%ua%em tosca. N'o acompa!/a o que voc# quer +a$er.E!t'o voc# +ica tra*al/a!do" tra*al/a!do" para c/e%ar o mais pr3(imo possvel. ,or isso a li!%ua%em do se!/or t'o seca" t'o su*sta!tiva0 . Eu me vi%io muito para !'o +a$er aquilo que em li!%ua%em popular se di$9e!c/er li!%5i&a 9. Eu des*asto o te(to. Tiro o*a%a&o para dei(ar ape!as o que tem peso" a ess#!cia.Bol/a de. ,aulo. 'o ,aulo" lH-u!. 1GGG.Bol/a Ilustrada" p. .

    ,ara re+letir so*re estas quest>es" co!sidere o poema" -) cl)ssico" de CarlosDrummo!d de A!drade" em que essa rela&'o de !ecessidade" amor e co!+litoem rela&'o 2s palavras aprese!tada de ma!eira e(traordi!)ria

    O ?ITO 4E CERCA? O ATO DE ECREER

    O JTADOR

    K

    Jutar com palavras a luta mais v'. E!ta!to lutamos mal rompe a ma!/'. 'omuitas" eu pouco. Al%umas" t'o +ortes como o -avali.N'o me -ul%o louco. e o +osse" teria poder de e!ca!t)las. ?as lLcido e +rio"apare&o e te!to apa!/ar al%umas para meu suste!to !um dia de vida.

    Dei(amse e!la&ar"to!tas 2 carciae sL*ito +o%eme !'o /) amea&ae !em /) sevcia

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    que as tra%a de !ovoao ce!tro da pra&a.

    I!sisto" solerte.Musco persuadilas. erl/esei escravo de rara /umildade. uardarei si%ilo de

    !osso comrcio. Na vo$" !e!/um travo de $a!%a ou des%osto. em me ouvirdesli$am" perpassam levssimas e viramme o rosto.

    Jutar com palavras,arece sem +ruto.N'o t#m car!e e sa!%ue...E!treta!to" luto.

    ,alavra" palavra di%o e(asperado=" se me desa+ias" aceito o com*ate. 4uiserapossuirte !este descampado" sem roteiro de u!/a ou marca de de!te !essapele clara. ,re+eres o amor de uma posse impura e que ve!/a o %o$o da maiorto!tura.

    Juto corpo a corpo" luto todo o tempo" sem maior proveito que o da ca&a aove!to. N'o e!co!tro vestes" !'o se%uro +ormas" +luido i!imi%o que me do*raos mLsculose rise das !ormas da *oa pele-a.

    iludome 2s ve$es" pressi!to que a e!tre%a se co!sumar).

    @) ve-o palavras em coro su*misso" esta me o+erta!do seu vel/o calor" outra sua%l3ria +eita de mistrio" outra seu desdm" outra seu ciLme" e um sapie!te amorme e!si!a a +ruir de cada palavra a ess#!cia captada" o sutil quei(ume. ?as aiP

    o i!sta!tede e!trea*rir os ol/os

    e!tre *ei-o e *oca"

    tudo se evapora.

    O ciclo do diaora se co!sumae o i!Ltil duelo

    -amais se resolve.

    O teu rosto *elo"3 palavra" esple!de!a curva da !oiteque toda me e!volve.Tama!/a pai('oe !e!/um pecLlio.Cerradas as portas"a luta prosse%ue

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    !as ruas do so!o.

    Carlos Drummo!d de A!drade

    e= Escrever e(i%e estudo srio e !'o uma compet#!cia

    que se +orma com al%umas 9dicas:

    A idia de que al%umas i!dica&>es e truques r)pidos de

    Lltima /ora podem solucio!ar pro*lemas de produ&'o de te(tos

    ta!to para ca!didatos a co!cursos como para pro+issio!ais

    Q TCNICA DE REDAOque precisam mostrar compet#!cia escrita em curtssimo pra$o" tem e!%a!o ee!riquece muitos do!os de escola e de cursi!/os?uitos pro+essores o+erecem uma espcie de +ormul)rio me!tal do que seria um

    *om te(to para que o estuda!te pree!c/a as lacu!as" acredita!do queprescrever esse procedime!to muitas ve$es u+icie!te para co!se%uirdesempe!/o m!imo !um co!curso" o o*-etivo da escolaB3rmulas pr+a*ricadas de te(tos e 9dicas: isoladas ape!as Co!tri*uem para amo!ta%em de um te(to de+eituoso tru!cado" arti+icial em que a vo$ do autor sea!ula para dar lu%ar a clic/#s c/av>es" +rases +eitas e pe!same!tos al/eios.

    A autoria vem das escol/as pessoais de!tro das possi*iliddades da l!%ua e do%#!ero. Escrever *em o resultado de m percurso Co+istudo de muita pr)tica"muita re+le('o e muita leitura. uma a&'o em que o su-eito se e!volve de +ormatotal" com sua *a%a%em de co!/ecime!tos e e(peri#!cias so*re o mu!do eso*re a li!%ua%em. N'o e(istem esquemas prvios ou roteiros i!+alveis que

    ,ossam su*stituir tal e!volvime!to. a vo$ do i!divduo que orie!ta O te(to",orta!to este imprevisvel.ma reda&'o por m#s" al%u!s e(erccios espor)dicos de ,rodu&'o de peque!ostrec/os !'o +ormam um *om redator. !ecess)rio escrever sempre escrevertodos os dias" escrever so*re assu!tos diversos" escrever com diversoso*-etivos escrever em diversas situa&>es.

    Associadas a muita pr)tica" as 9dicas: +or!ecidas a partir de di+iculdades reaisvive!ciadas !a produ&'o de te(tos podem ser Lteis" esclarecedoras"ilumi!adoras. 4ua!do est'o isoladas de uma pr)tica i!te!sa" !'o a-udam em!ada.d= Escrever uma pr)tica L!ica que se aIic"iia com a pr)tica.a d Peitur

    improv)vel que um mau leitor c/e%ue a escrever com dese!voltura. pelaleitura que assimilamos as estruturas pr3prias da l!%ua escrita. ,ara !oscomu!icarmos oralme!te apoiamo!os !o co!te(to" temos a Cola*ora&'o doouvi!te. @)

    O ?ITO 4E CERCA? O ATO DE ECREER

    a comu!ica&'o escrita tem suas especi+icidades" suas e(i%#!cias. Essas

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    e(i%#!cias adv#m do +ato de estarmos !os comu!ica!do a dist8!cia" sem apoiodo co!te(to ou da e(press'o +acial. Tratamos de +orma di+ere!te a si!ta(e" ovoca*ul)rio e a pr3pria or%a!i$a&'o do discurso. pela co!viv#!cia com te(tosescritos de diversos %#!eros que vamos i!corpora!do 2s !ossas /a*ilidades ume+etivo co!/ecime!to da escrita.

    Alm de ser impresci!dvel como i!strume!to de co!solida&'o dosco!/ecime!tos a respeito da l!%ua e dos tipos de te(to" a leitura um propulsordo dese!volvime!to das /a*ilidades co%!itivas. E!volve ta!tos procedime!tosi!telectuais e e(i%e ta!tas opera&>es me!tais que o *om leitor adquire maiora%ilidade de racioc!io.6) ai!da que se co!siderar que a leitura uma das +ormasmais e+icie!tes de acesso 2 i!+orma&'o. eu e(erccio i!te!soe co!sta!te promove a a!)lise e a re+le('o so*re os +e!;me!ose aco!tecime!tos" tor!a!do a pessoa mais crtica e mais resiste!te 2 domi!a&'oideol3%ica. O que a leitura o !osso assu!to do captulo .e= Escrever !ecess)rio !o mu!do moder!o

    O*servase que o cidad'o comum" depe!de!do do mu!do pro+issio!al a queperte!ce" escreve muito pouco. 6o-e" tudo est) muito automati$ado e asrela&>es /uma!as por i!termdio da escrita podem ser redu$idas ao m!imo otele+o!e resolve a maior parte dos pro*lemas do cotidia!o. Al%u!s co!se%uemmesmo redu$ir sua atividade escrita 2 assi!atura de c/eques e docume!tos.,or outro lado" parado(alme!te" o comple(o mu!do co!tempor8!eo est) cadave$ mais e(i%e!te em rela&'o 2 escrita. ,recisamos de docume!tos escritospara e(istir" ser" atuar e possuir certid>es" certi+icados" diplomas" atestados"declara&>es" co!tratos" escrituras" cdulas" comprova!tes" re%istros" reci*os"relat3rios" pro-etos" propostas" comu!icados i!u!dam a !ossa vida cotidia!a.Tudo o que somos" temos" reali$amos ou dese-amos

    S

    TCNICA DE REDAOreali$ar deve estar le%itimado pela palavra escrita. ale o escrito. E !ossa/a*ilidade de escrever e(i%ida" i!vesti%ada" medida" avaliada" sempre que !ossu*metemos a qualquer processo seletivo" sempre que !os propomos a i!te%raros 3r%'os que co!+ormam o sistema da cidada!ia ur*a!a.?esmo !a i!+orm)tica" tudo mediado pela escrita. Nave%ar ou co!versar !aI!ter!et e(i%e um co!vvio especial com a escrita" O que a!tes se resolviasimplesme!te com uma li%a&'o tele+;!ica passou a ser su*stitudo por um te(toescrito tra!smitido via +a( ou email.

    Alm disso" e!qua!to o tra*al/o prim)rio vai se!do atri*udo 2s m)qui!as"e(i%emse dos /ome!s as /a*ilidades que l/es s'o e(clusivas" como aprodu&'o de te(tos. Os pro+issio!ais que domi!am essas /a*ilidades maiscomple(as e so+isticadas t#m mais c/a!ces !o mercado de tra*al/o" a cada diamais seletivo.@= Escrever um ato vi!culado a pr)ticas sociaisTodo ato de escrita perte!ce a uma pr)tica social. N'o se escreve por escrever.

    A escrita tem um se!tido e uma +u!&'o. Como vimos !o item a!terior" toda a

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    !ossa civili$a&'o ocide!tal re%ulada pela escrita. ,ara !3s" vale o escrito. ,elaescrita estamos atua!do !o mu!do" estamos !os relacio!a!do com os outros e!os co!stitui!do como autores" como su-eitos de uma vo$. e-a o e(emplo destacarta e!viada ao -or!al Correio Mra$ilie!se por uma leitora,rimeiro de tudo" %ostaria de para*e!i$ar o @or!al que muito *om. ,ara*!sP

    e%u!do" %ostaria de e(por a mi!/a opi!i'o so*re um +ator que est) aca*a!docom o Mrasil !estes Lltimos a!os a +ome. Estava !o meu curso de i!%l#s" !aqui!ta+eira dia K=" qua!do come&amos a de*ater a po*re$a e a +ome !ospases" i!clui!do o Mrasil. O pro+essor citou que sua !amorada tra*al/a !asNa&>es !idas" aqui em Mraslia" e !'o p;de dei(ar de !os

    O ?ITO 4E CERCA? O ATO DE ECREER Gi!+ormar so*re a popula&'o que est) morre!do de +ome !o Mrasil. E!t'o veio a*om*a: so*re !3s es de pessoasmorrem de +ome !este e(ato mome!to !o Mrasil" mais do que a popula&'o da

    Ar%e!ti!a. Isso me dei(ou muito irritada" ra$'o por que +a&o um apelo por +avor"vamos tomar uma provid#!cia sria" MrasilP O %over!o !'o o L!ico culpado. Asociedade tam*m . E" se somos culpados" podemos a%ir" para" pelo me!os"te!tar co!trolar e aca*ar com essa cat)stro+eP?. J. D.Correio Mra$ilie!se. Mraslia" 1 a%o. 1GGG.e&'o Cartas dos Jeitores" p. 1Q.Essa carta um e(emplo de como a participa&'o pela escrita co!+ere aoi!divduo um !ovo ca!al de relacio!ame!to com o mu!do. ,elo te(to escritomodi+icamos o !osso co!te(to e !os modi+icamos simulta!eame!te.

    Assim" a reda&'o escolar" isolada" desvi!culada do que o i!divduo realme!tepe!sa" acredita" de+e!de e quer compartil/ar ou e(por ao outro como +orma dei!tera&'o" !'o pode ser co!siderada escrita" mas ape!as uma +orma dedemo!stra&'o de /a*ilidades %ramaticais.

    A produ&'o de te(tos uma +orma de reor%a!i$a&'o do pe!same!to e dou!iverso i!terior da pessoa. A escrita !'o ape!as uma oportu!idade para quea pessoa mostre" comu!ique o que sa*e" mas tam*m para que descu*ra o que" o que pe!sa" o que quer" em que acredita.a*er escrever tam*m compartil/ar pr)ticas sociais de diversas !ature$asque a sociedade vem co!strui!do ao lo!%o de sua /ist3ria. Essas pr)ticas decomu!ica&'o em sociedade se co!+i%uram em %#!eros de te(to espec+icos asitua&>es determi!adas. ,ara cada situa&'o" o*-etivo" dese-o" !ecessidadetemos 2 !ossa disposi&'o um acervo de te(tos apropriados. Assim" o produtorde te(to !'o ape!as tem co!/ecime!tos so*re as co!+i%ura&>es dos diversos%#!eros" mas tam*m sa*e qua!do cada um deles adequado" em quemome!to e de que modo

    1 TCNICA DE REDAOdeve utili$)lo. m relat3rio pr3prio para prestar co!tas deuma pesquisa cie!t+ica" de uma i!vesti%a&'o" de uma tare+apro+issio!al" mas !'o serve para co!tar uma via%em de +riaspara os ami%os" por e(emplo.

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    es e idias que circulam !o !ossou!iverso.

    A escrita muito !ecess)ria !o mu!do moder!o" uma ve$ que as pr)ticassociais que estruturam as !ossas or%a!i$a&>es co!tempor8!eas s'o mediadas

    por te(tos escritos. Depe!demos da escrita para e(istir e+etivame!te e atuar !omu!do.

    O ?ITO 4E CERCA? O ATO DE ECREER 11,ARA 4E? OTA DE 9DICA:. Novas atitudes em rela&'o 2 escrita I?,RECINDUEJV ECREER TODO O DIA ANOTAWE DE AJA" DIRIO" RE?ODE JEITRA" TEXTO CO? A O,INIWE ACERCA DE

    ACONTECI?ENTO" CARTA" MIJ6ETE" ,[email protected] ACREDITAR 4E OCY ,ODE ECREER ME?" ET ?EJ6ORANDO E4E AI C6EAR J I?,JIONA O A,ERBEIOA?ENTO.V ER ATO?OTIADO" DEIXAR A ,REIA DE JADO E E EBORAR.V 4ERER AMER ?ITO ?AI" IR ?AI ,ROBNDA?ENTE Z4ETWE. NO E ,ODE BICAR ATIBEITO CO? 9DICA: IOJADA EBRA?ENTADA.V CONIDERAR A ECRITA CO?O ?A 6AMIJIDADE I?,ORTANTE ,ARA ONOO CEO ,ROBIIONAJ.V RECON6ECER 4E ,EJA ECRITA ,ARTICI,A?O ?AI DO ?NDO.V JER ?ITO" JER DIERO TI,O DE TEXTO" JER ?EJ6OR A CADA DIA.F. ,r)tica de escritaa= ,ara desmo!tar de ve$ suas cre!&as i!adequadas a respeito de sua rela&'ocom a escrita" empree!da uma via%em !a mem3ria. Jem*rese de qua!doapre!deu a escrever" sua escola" seus pro+essores. Reve-a todo o seu percursoescolar e pro+issio!al" +ocali$a!do pri!cipalme!te as situa&>es de escrita que+icaram %ravadas em sua mem3ria. Te!te +ormular uma !arrativa que e(pliqueou -usti+ique como +oi co!struda a sua

    1< TCNICA DE REDAOe(peri#!cia de escrita at /o-e. Escreva um te(to em primeira pessoa" coloquial"i!+ormal" em tom de depoime!to talve$ !o +ormato de carta=" para um

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    i!terlocutor ima%i!)rio que pode ser um ami%o" um pro+essor" um a!alista.Releia" coloca!dose !o lu%ar do leitor" para avaliar se as i!+orma&>es est'ocompree!sveis.*= Tra!s+orme essa !arrativa em um te(to em terceira pessoa" !o qual voc#co!ta toda a /ist3ria como se +osse a de uma

    outra pessoa.e= ?a!te!/a um cader!o de a!ota&>es datadas de impress>es e re+le(>esso*re sua rela&'o com o te(to escrito7 suas o*serva&>es acerca do que escrevediariame!te7 suas e(peri#!cias" e(pectativas" sucessos e +racassos escolares epro+issio!ais7 seus ava!&os e retrocessos7 como vai tra!s+orma!do seusco!ceitos acerca da escrita. Esse di)rio pode o+erecer muitas pistas para suatra-et3ria de crescime!to" alm de des*loquear a me!te e dese!+erru-ar a m'o.