030_2010 - atendimento ao paciente em pcr _atualizado
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CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO
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PARECER COREN-SP CAT Nº 030/2010
ATUALIZADO EM 11/11/2011
1. Do fato
Solicitado parecer por profissional de enfermagem sobre o número mínimo de
profissionais para atendimento ao paciente em parada cardiorrespiratória.
2. Da fundamentação e análise
A cessação súbita da circulação sistêmica e da respiração é denominada parada
cardiorrespiratória (PCR). As principais causas são: infarto agudo do miocárdio, obstrução
de vias aéreas, hemorragia intensa, quase-afogamento, eletrocussão, abuso de drogas ilícitas
e intoxicação por gases tóxicos.1
O profissional de Enfermagem deve estar capacitado para reconhecer a iminência do
evento ou quando o paciente já está em PCR, pois este episódio representa a mais grave
emergência clínica com que se pode deparar. A avaliação do paciente para constatação da
PCR não deve levar mais que 10 segundos. Para um adulto em normotermia, a não
realização de manobras de reanimação em aproximadamente cinco minutos, pode ocasionar
danos irreversíveis dos neurônios do córtex cerebral.2
Cabe ao enfermeiro, responsável exclusivamente pelo planejamento da assistência e
equipe de enfermagem, bem como por atender, privativamente, ao paciente grave com risco
de morte (artigo 11, inciso I, alíneas “c” e “l”,da Lei 7.498/86), e à sua equipe assistir aos
pacientes, oferecendo ventilação e circulação artificiais até a chegada do médico, assim,
estes profissionais devem adquirir habilidades que os capacitem a prestar a assistência
necessária.3 Para tanto, a equipe de Enfermagem deve ter conhecimento e domínio do
Assunto: Atendimento ao paciente em
parada cardiorrespiratória (PCR)
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manuseio dos materiais e equipamentos existentes no carro de emergência, bem como estar
inserida em programas periódicos de capacitação para a execução das manobras de
reanimação.2
O atendimento ao paciente em PCR exige da equipe multiprofissional rapidez,
eficiência, conhecimento científico e habilidade técnica no desempenho da ação. Requer,
além disso, infra-estrutura adequada que proporcione atendimento com o máximo de
eficiência e segurança para o paciente e equipe.4
No que se refere à quantidade de profissionais envolvidos no atendimento, a
Sociedade Brasileira de Cardiologia5, na Diretriz de Apoio ao Suporte Avançado de Vida
em Cardiologia – Código Azul – Registro de Ressuscitação - Normatização do Carro de
Emergência, recomenda que PCRs ocorridas em unidades não críticas, ou seja, que não
ocorram em Unidades de Terapia Intensiva, Serviço de Emergência ou Centro Cirúrgico,
sejam atendidas por equipes compostas por três médicos e dois enfermeiros, de forma a
minimizar a demora no atendimento.
Além do número adequado de membros, é importante que as atividades sejam
sincronizadas entre os profissionais para se atingir o maior objetivo da assistência, ou seja,
a recuperação segura do paciente e livre de ocorrências iatrogênicas.4
A função do enfermeiro e dos demais profissionais durante o atendimento ao
paciente em PCR deve constar em protocolo institucional no qual devem estar descritas as
atribuições de cada membro da equipe. Importante e imprescindível que um dos membros
da equipe de enfermagem no atendimento à PCR seja o Enfermeiro, por determinação
constante na Lei do Exercício Profissional de Enfermagem, citada acima.
Ressalta-se que todos os cuidados ao paciente pós-PCR também devem constar no
protocolo institucional desenvolvido com base em recomendações atualizadas. Os cuidados
com o paciente após a reanimação cardiopulmonar são tão importantes quanto à realização
das manobras durante a PCR. O enfermeiro juntamente com o médico e os demais
profissionais devem controlar rigorosamente os sinais vitais e os parâmetros
hemodinâmicos desse paciente, bem como estar atento a qualquer sinal de complicação,
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pois o reconhecimento imediato e o tratamento de algum distúrbio irão refletir no seu
prognóstico.2
3. Da conclusão
Diante do exposto, as manobras de reanimação na PCR devem ser feitas por
profissionais devidamente capacitados, sendo que, após ampla revisão de literatura,
observou-se que o número mínimo de profissionais para o atendimento ao paciente em PCR
varia de acordo com a circunstância na qual acontece, como por exemplo em pós-operatório
de cirurgia cardíaca, se a instituição possui o código azul implantado, se ocorre em
ambiente fora do hospital, entre outros. Dessa maneira, recomenda-se de três a cinco
profissionais para esse tipo de atendimento, incluindo sempre pelo menos um Enfermeiro,
consideradas suas atribuições legais. Destaca-se a importância da capacitação dos
profissionais para o desempenho do atendimento ao paciente em PCR, pois a existência
numérica não garante o êxito do procedimento.
Dessa maneira, este Conselho entende que o êxito da assistência na RCP depende da
disponibilidade de recursos humanos capacitados; materiais e equipamentos necessários;
bem como a existência de protocolos institucionais baseados em evidências científicas
atuais, visando à padronização das ações a serem seguidas, como forma de facilitar a
abordagem terapêutica. Neste documento, deve constar, dentre outras, a descrição da
quantidade de membros da equipe de atendimento ao paciente em PCR e função de cada
um.
Ademais, observa-se que os procedimentos executados pelos profissionais de
enfermagem devem sempre ter respaldo em evidências científicas para garantir a segurança
do paciente e dos profissionais e ser realizado mediante a elaboração efetiva do Processo de
Enfermagem, previsto na Resolução COFEN 358/2097, ressaltando seu registro em
prontuário.
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Outrossim, cabe ao Enfermeiro assistir ao paciente de forma direta nesta situação,
coordenando as ações dos demais profissionais de nível médio de enfermagem, bem como
instituir, junto ao corpo médico, um protocolo institucional de atendimento ao paciente em
PCR, responsabilizando-se pela capacitação dos demais membros da equipe de
enfermagem, garantindo, assim, uma assistência segura e eficaz, livre de riscos decorrentes
de negligência, imprudência ou imperícia.
É o nosso parecer.
São Paulo, 12 de agosto de 2010.
Membros da Câmara de Apoio Técnico
Profª. Drª Maria de Jesus Castro S. Harada
COREN-SP 34.855
Dr. Dirceu Carrara
COREN-SP 38.122
Enfª Denise Miyuki Kusahara
COREN-SP 93.058
Enfª Daniella Cristina Chanes
COREN SP-115.884
Drª Ariane Ferreira Machado Avelar
COREN-SP 86.722
Revisão Técnico-Legislativa
Enfª Regiane Fernandes
COREN-SP 68.316
Enfª Cleide Mazuela Canavezi
COREN-SP 12.721
Atualização em 11 de novembro de 2011
Enfª Mirela Bertoli Passador
COREN-SP 72.376
Enfª Regiane Fernandes
COREN-SP 68.316
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Universidade Federal de São Paulo. Parada cardiorrespiratória e manobras de
ressuscitação cardiopulmonar. Primeiros socorros via internet. [online] [Acessado
em 01 de fevereiro de 2009]. Disponível em:
http://www.virtual.unifesp.br/cursos/ps/restrito/parada.pdf
2. Zanini J, Nascimento ERP, Barra DCC. Parada e reanimação cardiorrespiratória:
conhecimentos da equipe de enfermagem em unidade de terapia intensiva. Rev Bras
de Terapia Intensiva 18(2): 143-7; 2006.
3. Brasil. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da
Enfermagem, e dá outras providências.
4. Silva SC, Padilha KG. Parada cardiorrespiratória na unidade de terapia intensiva:
considerações teóricas sobre os fatores relacionados às ocorrências iatrogênicas.
Rev Esc Enferm USP 2001; 35(4): 360-5.
5. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretriz de apoio ao suporte avançado de vida
em cardiologia. Arq Bras Cardiol volume 81, (Suplemento IV), 2003, 1-14.
6. COFEN. Resolução nº 358, de 15 de outubro de 2009. Dispõe sobre a
Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implantação do Processo de
Enfermagem em ambientes públicos ou privados, em que ocorre o cuidado
profissional de Enfermagem, e dá outras providências. Disponível em:
http://site.portalcofen.gov.br/node/4384.