03-manual básico do fn

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OSTENSIVO CGCFN-1101 MANUAL BÁSICO DO FUZILEIRO NAVAL MINISTÉRIO DA MARINHA COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS 1 9 9 8 FINALIDADE: BÁSICA 1 a REVISÃO

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Page 1: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

MANUAL BÁSICO DO FUZILEIRO NAVAL

MINISTÉRIO DA MARINHA

COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

1 9 9 8

FINALIDADE: BÁSICA

1a REVISÃO

Page 2: 03-Manual Básico do FN

Em 03 de agosto de 1998.

Fuzileiro Naval

Esta publicação é uma revisão do LIVRO BÁSICO DO FUZILEIRO

NAVAL, cuja primeira edição data de 1974.

Ela tem por finalidade disseminar os conhecimentos básicos

indispensáveis a todo Oficial ou Praça que escolheu o Corpo de Fuzileiros Navais

(CFN) para nele servir à Marinha do Brasil (MB).

Na presente revisão foram incluídas algumas alterações significativas em

relação à revisão anterior (1988), com o intuito de aprimorá-lo no que concerne à

amplitude e profundidade dos assuntos abordados. Assim, foram incluídos os

capítulos sobre tradições navais, legislação militar, educação moral e cívica, direito

da guerra, organização atual da MB, a carreira e condicionamento físico, enquanto

alguns outros capítulos foram condensados, reduzindo-se a profundidade da

abordagem.

A leitura atenta de tão valiosa publicação lhe proporcionará a qualificação

inicial para enfrentar o dia-a-dia de uma das mais gratificantes profissões e ser um

valoroso integrante do CFN.

Por fim, esperamos sua contribuição para o constante aperfeiçoamento

desta publicação, enviando-nos suas sugestões de alterações e correções.

ADSUMUS

VALDIR BASTOS PONTEAlmirante-de-Esquadra (FN)

Comandante-Geral

Page 3: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - II - REV 1

ATO DE APROVAÇÃO

APROVO, para emprego na MB, a publicação CGCFN-1101 - MANUALBÁSICO DO FUZILEIRO NAVAL.

Rio de Janeiro, RJ.Em de de 1998.

VALDIR BASTOS PONTEAlmirante-de-Esquadra (FN)

Comandante-Geral

AUTENTICADOPELO ORC

RUBRICA

Em_____/_____/_____ CARIMBO

Page 4: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO REV 1- III -

ÍNDICE

PÁGINAS

Folha de Rosto ............................................................................... I

Ato de Aprovação ........................................................................... II

Índice .............................................................................................. III

Introdução ...................................................................................... IX

CAPÍTULO 1 - HISTÓRICO DOS FUZILEIROS NAVAIS

1.1 - Antecedentes ......................................................................... 1-1

1.2 - Primeira fase ........................................................................ 1-2

1.3 - Segunda fase ....................................................................... 1-3

1.4 - Terceira fase .......................................................................... 1-5

CAPÍTULO 2 – TRADIÇÕES NAVAIS

2.1 - Generalidades ........................................................................ 2-1

2.2 - A gente de bordo .................................................................... 2-1

2.3 - O pessoal de serviço .............................................................. 2-1

2.4 - A rotina de bordo .................................................................... 2-2

2.5 - Procedimentos rotineiros ........................................................ 2-5

2.6 - Instalações de bordo .............................................................. 2-6

2.7 - As fainas ................................................................................ 2-7

2.8 - Os uniformes .......................................................................... 2-7

2.9 - A linguagem do mar ............................................................... 2-9

CAPÍTULO 3 - HIERARQUIA, DISCIPLINA E CORTESIA

3.1 - Hierarquia e disciplina .......................................................... 3-1

3.2 - Cortesia militar ...................................................................... 3-2

3.3 - Continência ........................................................................... 3-3

3.4 - Continência individual ........................................................... 3-3

3.5 - Apresentações - tratamento entre militares ......................... 3-3

3.6 - Procedimentos do FN em diversas situações ...................... 3-4

3.7 - Correspondência entre os diversos postos e graduações

das forças armadas ............................................................. 3-5

CAPÍTULO 4 - LEGISLAÇÃO MILITAR

4.1 - Leis e regulamentos ............................................................ 4-1

Page 5: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO REV 1- IV -

CAPÍTULO 5 - EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA

5.1 - A família ............................................................................... 5-1

5.2 - A pátria ................................................................................. 5-1

5.3 - A caserna ............................................................................. 5-1

5.4 - O espírito de corpo............................................................... 5-1

5.5 - Símbolos nacionais ............................................................... 5-2

5.6 - Hinos e canções ................................................................... 5-3

5.7 - Datas especiais ..................................................................... 5-3

CAPÍTULO 6 - DIREITO DA GUERRA

6.1 - Generalidades ........................................................................ 6-1

6.2 - Normas fundamentais ............................................................ 6-1

6.3 - Regras de comportamento ..................................................... 6-4

6.4 - Sinais convencionais .............................................................. 6-7

CAPÍTULO 7 - LIDERANÇA

7.1 - Generalidades ................ ........................................................ 7-1

7.2 - Conceitos básicos ................................................................... 7-1

7.3 - Princípios de liderança ........................................................... 7-2

7.4 - Tipos de liderança ................................................................... 7-4

7.5 - O líder ...................................................................................... 7-5

7.6 - A importância do líder no CFN ................................................ 7-11

7.7 - Diferença entre líder e chefe .................................................. 7-12

CAPÍTULO 8 - ORGANIZAÇÃO

8.1 - Introdução ................................................................................ 8-1

8.2 - Organização do Ministério da Marinha .................................... 8-1

8.3 - Comando de Operações Navais .............................................. 8-1

8.4 - Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais ...................... 8-2

8.5 - Força de Fuzileiros da Esquadra ............................................. 8-3

8.6 - Divisão Anfíbia ......................................................................... 8-4

8.7 - Tropa de Reforço ..................................................................... 8-5

8.8 - Grupamentos de Fuzileiros Navais ............................................ 8-6

8.9 - Organizações militares de instrução e adestramento do

Corpo de Fuzileiros Navais ...................................................... 8-7

Page 6: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO REV 1- V -

CAPÍTULO 9 - UNIFORMES

9.1 - Generalidades ....................................................................... 9-1

9.2 - Uso dos uniformes ................................................................ 9-1

9.3 - Prescrições diversas ............................................................. 9-2

CAPÍTULO 10 - A CARREIRA

10.1 - Generalidades ....................................................................... 10-1

10.2 - Oficiais Fuzileiros Navais ....................................................... 10-1

10.3 - Praças Fuzileiros Navais ....................................................... 10-3

CAPÍTULO 11 - CONDICIONAMENTO FÍSICO

11.1 - Generalidades ....................................................................... 11-1

11.2 - Orientações ........................................................................... 11-1

11.3 - Programas de treinamento físico-militar ............................. 11-1

11.4 - Informações complementares .............................................. 11-2

11.5 - Teste de avaliação física ..................................................... 11-4

CAPÍTULO 12 - SERVIÇOS INTERNOS

12.1 - Generalidades ........................................................................ 12-1

12.2 - Serviço de Estado ................................................................ 12-1

12.3 - Serviço de Guarda do Quartel ............................................... 12-1

12.4 - Serviço de Policiamento Interno ............................................ 12-1

12.5 - Serviço de Guarda de Subunidade ........................................ 12-1

12.6 - Atribuições ............................................................................. 12-2

CAPÍTULO 13 - EQUIPAGENS INDIVIDUAIS

13.1 - Utilidade das equipagens ...................................................... 13-1

13.2 - Definições .............................................................................. 13-1

13.3 - Constituição das equipagens ................................................ 13-2

13.4 - Uso das equipagens ............................................................. 13-2

13.5 - Inspeção nas equipagens individuais ................................... 13-4

13.6 - Cuidados com a equipagem ................................................. 13-4

CAPÍTULO 14 - HIGIENE E PROFILAXIA DAS DOENÇAS INFECTO-

CONTAGIOSAS

14.1 - Generalidades ........................................................................ 14-1

14.2 - Regras básicas de higiene pessoal....................................... 14-1

14.3 - Higiene em campanha ........................................................... 14-2

Page 7: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO REV 1- VI -

14.4 - Doenças venéreas............. .................................................... 14-3

14.5 - Recomendações sobre a AIDS ............................................... 14-4

CAPÍTULO 15 - PRIMEIROS-SOCORROS

15.1 - Generalidades .......................................................................... 15-1

15.2 - Princípios gerais ...................................................................... 15-1

15.3 - Regras básicas ........................................................................ 15-2

15.4 - Procedimentos para casos especiais ...................................... 15-9

15.5 - Animais e plantas venenosas.................................................... 15-18

15.6 - Acidentes por agentes físicos .................................................. 15-23

15.7 - Pequenas emergências ............................................................ 15-24

15.8 - Transporte de feridos .............................................................. 15-25

CAPÍTULO 16 - NAVEGAÇÃO TERRESTRE

16.1 - Generalidades........................................................................... 16-1

16.2 - Cartas ....................................................................................... 16-1

16.3 - Cuidados para com as cartas em campanha ......................... 16-2

16.4 - Convenções cartográficas ....................................................... 16-3

16.5 - Representação do relevo ........................................................ 16-4

16.6 - Escala da carta ........................................................................ 16-5

16.7 - Designação de pontos na carta ............................................... 16-6

16.8 - Determinação das direções ...................................................... 16-8

16.9 - Bússola ..................................................................................... 16-14

16.10 - Orientação da carta ................................................................... 16-18

16.11 - Como trabalhar com a carta e a bússola ................................... 16-21

16.12 - Orientação quando em movimento numa viatura ..................... 16-25

16.13 - Giro do horizonte ....................................................................... 16-25

CAPÍTULO 17 - ARMAMENTO DO CFN

17.1 - Definições básicas .................................................................. 17-1

17.2 - Generalidades sobre as armas leves .................................... 17-2

17.3 - Fuzil de Assalto 5,56mm M16A2Mod705 ................................ 17-5

17.4 - Fuzil Automático 7,62mm M964 FAL ....................................... 17-6

17.5 - Fuzil Metralhador 7,62mm M964 FAP ..................................... 17-8

17.6 - Metralhadora 7,62mm Mod B 60-20 MAG .............................. 17-10

17.7 - Pistola 9mm PT92 - TAURUS ................................................. 17-11

Page 8: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO REV 1- VII -

17.8 - Submetralhadora 9mm TAURUS ............................................. 17-13

17.9 - Metralhadora 12,7mm (.50) HB M2 QCB BROWNING ............ 17-15

17.10 - Espingarda 18,6mm (CAL 12) MOSSBERG.............................. 17-17

17.11 - Lança Granada 40mm M203 .................................................... 17-18

17.12 - Lança-Rojão 88,9mm (3,5”) M-20 A1B1 ................................... 17-20

17.13 - AT-4 ........................................................................................... 17-21

17.14 - Míssil Anticarro RBS 56 - BILL .................................................. 17-23

17.15 - Míssil Antiaéreo Mistral ............................................................. 17-24

17.16 - Generalidades sobre as armas pesadas ................................... 17-25

17.17 - Morteiros 60mm M-60 BRANDT e 81mm M29 A1 .................... 17-27

17.18 - Morteiro 120mm Auto-Rebocado K6A3 .................................... 17-29

17.19 - Obuseiro Auto-Rebocado 105mm/22.5 M101A1 ...................... 17-30

17.20 - Obuseiro Auto-Rebocado 155mm/23 M114A1 ......................... 17-31

17.21 - Reparo Singelo de 40mm/L70 FAK BOFI-R-BOFORS ............. 17-33

CAPÍTULO 18 - MEDIDAS DE PROTEÇÃO

18.1 - Generalidades ............................................................................. 18-1

18.2 - Fortificações de campanha ......................................................... 18-1

18.3 - Camuflagem ................................................................................ 18-19

18.4 - Destino do material escavado .................................................... 18-22

18.5 - Drenagem ................................................................................... 18-24

18.6 - Revestimento .............................................................................. 18-24

18.7 - Teto ............................................................................................. 18-25

CAPÍTULO 19 - INTRODUÇÃO ÀS OPERAÇÕES ANFÍBIAS

19.1 - Generalidades ............................................................................. 19-1

19.2 - Conceito básicos ......................................................................... 19-1

19.3 - Vida a bordo ................................................................................ 19-4

ANEXO A - LISTA DE ANEXOS ................................................................ A-1

ANEXO B - HINO NACIONAL .................................................................... B-1

ANEXO C - HINO À BANDEIRA NACIONAL ............................................. C-1

ANEXO D - HINO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL .............................. D-1

ANEXO E - CANÇÃO DOS FUZILEIROS NAVAIS - “NA VANGUARDA” . E-1

ANEXO F - HINO AO FUZILEIRO NAVAL DO BRASIL - “REGIMENTO

NAVAL” ................................................................................... F-1

Page 9: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO REV 1- VIII -

ANEXO G - CANÇÃO DO MARINHEIRO - “CISNE BRANCO” ................. G-1

ANEXO H - CANÇÃO SOLDADO DA LIBERDADE ................................... H-1

ANEXO I - CANÇÃO FIBRA DE HERÓI .................................................... I-1

ANEXO J - LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS .................................. J-1

Page 10: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - IX - REV 1

INTRODUÇÃO

1. PROPÓSITO

Esta publicação destina-se, fundamentalmente, a proporcionar ao Fuzileiro

Naval (FN) os conhecimentos básicos e indispensáveis ao desempenho de suas

tarefas nos primeiros anos de sua carreira.

2. DESCRIÇÃO

Esta publicação está dividida em 19 capítulos e 10 anexos que enfocam

desde o Histórico do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) até uma Introdução às

Operações Anfíbias, bem como os hinos e canções de maior relevância.

3. PRINCIPAIS MODIFICAÇÕES

Esta publicação é uma revisão do LIVRO BÁSICO DO FUZILEIRO NAVAL.

Nela foram efetivadas algumas alterações significativas em relação à versão

anterior com o intuito de adaptá-la às normas em vigor para o Sistema de

Publicações da Marinha (SPM), como também de aprimorá-la no que concerne à

amplitude e profundidade dos assuntos abordados. Assim, foram incluídos, dentre

outros, os capítulos sobre tradições navais, legislação militar, educação moral e

cívica, direito da guerra, organização atual da Marinha do Brasil (MB), a carreira e

condicionamento físico, enquanto alguns outros capítulos foram condensados,

reduzindo a profundidade da abordagem.

4. CLASSIFICAÇÃO

Esta publicação é classificada como: PMB não controlada, ostensiva,

básica e manual.

5. SUBSTITUIÇÃO

Esta publicação substitui, em conjunto com o CGCFN-1103 - Manual do

Combatente Anfíbio, o Livro Básico do Fuzileiro Naval aprovado em 07 de março de

1988.

Page 11: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 1-1 - REV 1

CAPÍTULO 1

HISTÓRICO DOS FUZILEIROS NAVAIS

1.1 - ANTECEDENTES

A Brigada Real da Marinha foi criada em Lisboa a 28 de agosto de 1797 por

alvará de D. Maria I, e suas raízes remontam a 1618, data de criação do Terço

da Armada da Coroa de Portugal, primeiro corpo militar constituído em caráter

permanente naquele país.

O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) originou-se dessa brigada, cujos

componentes aportaram no Rio de Janeiro a 7 de março de 1808,

guarnecendo as naus utilizadas pela Família Real e a Corte Portuguesa, para

transmigrar para o Brasil em decorrência das Guerras Napoleônicas.

No Brasil, a Brigada Real da Marinha ocupou a Fortaleza de São José da Ilha

das Cobras, em 21 de março de 1809, por determinação do Ministro da

Marinha D. João Rodrigues de Sá e Menezes - Conde de Anadia.

Ao longo de sua existência, o CFN recebeu várias denominações, podendo

sua história ser dividida em três fases principais, de acordo com as

características básicas de sua atuação:

- de 1808 a 1847, atuando como Artilharia da Marinha;

- de 1847 a 1932, atuando como Infantaria da Marinha; e

- a partir de 1932, sendo empregado como uma combinação de tropas

de variadas características.

Em todas essas fases, o exercício de atividades de guarda e segurança de

instalações navais ou de interesse da Marinha tem sido constante. Na fase

recente, a capacitação para a realização de desembarques nas Operações

Anfíbias (OpAnf), de acordo com o conceito atual, tem definido a atuação do

CFN.

A figura que se segue faz parte da história do CFN e representa uma cópia do

Estandarte da Brigada Real da Marinha.

Page 12: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 1-2 - REV 1

Fig 1-1 - Estandarte da Brigada Real da Marinha

1.2 - PRIMEIRA FASE

Na primeira fase, houve ênfase no emprego dos Fuzileiros Navais (FN) para

guarnecerem a artilharia das naus e embarcações armadas. Os

artilheiros-marinheiros constituíam-se nos únicos militares profissionais de

carreira existentes nas guarnições dos navios. Em virtude de sua formação

militar, tinham acesso ao armamento portátil e contavam com a confiança dos

comandos que, por meio deles, se impunham à marinhagem sempre que era

necessário o emprego da força. Por estas mesmas razões, adquiriram

condições de praticar a abordagem, defender seus navios contra esse tipo de

ação e, desembarcando, combater em terra.

Neste período, participaram ativamente de todas as operações navais nas

quais a Marinha se envolveu, sendo dignas de realce a expedição contra

Caiena, as lutas pela consolidação da Independência, a pacificação das

Províncias dissidentes e a Guerra da Cisplatina.

Page 13: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 1-3 - REV 1

O CFN recebeu as seguintes denominações nesta etapa de sua existência:

- 1821 - Batalhão da Brigada Real da Marinha destacado no Rio de Janeiro;

- 1822 - Batalhão de Artilharia da Marinha do Rio de Janeiro;

- 1826 - Imperial Brigada de Artilharia da Marinha; e

- 1831 - Corpo de Artilharia de Marinha.

Fig 1-2 - Almirante Rodrigo Pinto Guedes, Barão do Rio da Prata,

primeiro Comandante da Brigada Real da Marinha no Brasil

1.3 - SEGUNDA FASE

Esta fase iniciou com a criação do Corpo de Imperiais Marinheiros a quem

cabia guarnecer a artilharia dos navios e embarcações, passando os FN a

serem empregados como infantaria na realização de abordagens, na defesa

das naus e na realização de desembarques. Entretanto, em decorrência de

seu melhor preparo, mantiveram, durante algum tempo, várias tarefas

referentes à Artilharia da Marinha.

A artilharia dos FN evoluiu de artilharia naval para artilharia de posição e

artilharia de desembarque, culminando no Grupo de Artilharia de Campanha

do Regimento Naval.

Page 14: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 1-4 - REV 1

Nesta fase, os soldados-marinheiros participaram de guerras externas, como

as campanhas contra Oribe e Rosas, contra Aguirre, e a Guerra do Paraguai.

As denominações a seguir foram as que o CFN recebeu nesta importante

fase:

- 1847 - Corpo de Fuzileiros Navais;

- 1852 - Batalhão Naval;

- 1895 - Corpo de Infantaria da Marinha;

- 1908 - Batalhão Naval; e

- 1924 - Regimento Naval.

Fig 1-3 - Tomada do Forte Sebastopol (1864) Campanha

contra Aguirre

Vale destacar que, na campanha contra Aguirre, os FN desempenharam papel

relevante na tomada do Forte Sebastopol da Praça Forte Paissandu, quando o

2o Sargento Francisco Borges de Souza se destacou por seu heroísmo e

destemor.

Por sua vez, o Batalhão Naval participou com todo seu efetivo na longa e

cruenta Guerra do Paraguai ou da Tríplice Aliança (1864). Das 1845 praças

que constituíam o efetivo do Batalhão Naval à época, 1428 estavam

embarcadas nas unidades navais em operações no Prata, sendo 585

artilheiros e 843 fuzileiros.

Page 15: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 1-5 - REV 1

Fig 1-4 - Guerra do Paraguai

1.4 - TERCEIRA FASE

A denominação de Corpo de Fuzileiros Navais, em 1932, em substituição à

anterior, Regimento Naval, assinalou o ínicio da terceira fase, que vem se

caracterizando por franca expansão e aprimoramento, mas conservando a

tradição de disciplina e confiança, a qual, originária da época da Brigada Real

da Marinha, manteve-se através dos tempos.

Fig 1-5 - Evolução dos uniformes do Corpo de Fuzileiros Navais

Page 16: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 1-6 - REV 1

Deve ser destacada uma série de fatos ocorridos em relativo curto espaço de

tempo que permitiram esta evolução:

- a formação dos primeiros oficiais FN na Escola Naval;

- o extraordinário desenvolvimento das OpAnf na Segunda Guerra Mundial;

- a expansão da Marinha;

- o aprimoramento técnico-profissional dos oficiais por meio de cursos,

estágios e visitas ao exterior;

- a criação do Campo da Ilha do Governador e, nele, o Centro de Instrução

(hoje Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo) e a Companhia

Escola (hoje Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves,

localizado no Campo de Guandu do Sapê, no subúrbio carioca de Campo

Grande, RJ); e

- a obtenção de áreas para adestramento e a construção de aquartelamentos.

O progresso material alcançado, ao qual se adicionou o devido embasamento

doutrinário, possibilitou o incremento de exercícios com forças navais de

países amigos que culminaram com o adestramento interaliado na Ilha de

Vieques, Porto Rico, juntamente com FN norte-americanos, holandeses e

ingleses.

Nesta fase, o CFN, como um todo ou em parte, atuou em acontecimentos

relevantes da história do Brasil, a saber:

- posição legalista nas Revoluções Constitucionalista (1932) e Integralista

(1938);

- Segunda Guerra Mundial com destacamentos embarcados,

Companhias Regionais nos portos de onde nossas forças navais

participavam do conflito e destacamento na Ilha da Trindade; e

- posição democrática na Revolução de 1964.

Por ocasião do conflito entre a Índia e o Paquistão, em 1965, o Brasil, como

membro da Organização das Nações Unidas (ONU), enviou observadores

militares com uma representação do CFN, o mesmo ocorrendo na luta

deflagrada entre Honduras e El Salvador.

Nas operações levadas a efeito pela Organização dos Estados Americanos

(OEA) na República Dominicana, o CFN enviou um Grupamento Operativo

Page 17: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 1-7 - REV 1

(GptOp) integrando o Destacamento Brasileiro da Força Interamericana de

Paz (FAIBRAS), um dos componentes da Força Interamericana de Paz (FIP).

De março de 1965 a setembro de 1966, esse GptOp foi revezado três vezes,

cumprindo as tarefas recebidas com exemplar disciplina e eficiência

técnico-profissional.

Fig 1-6 - Contingente do Corpo de Fuzileiros Navais em São

Domingos (1965)

Nos últimos anos e em atendimento às solicitações da ONU, o Brasil tem

enviado militares de suas forças armadas (FA) para várias regiões em conflito

no mundo. O CFN, como uma tropa de elite, tem participado ativamente

dessas Missões de Paz, com observadores militares ou mesmo tropa. Desta

forma, os FN do Brasil já marcaram presença em El Salvador; em Honduras;

na antiga Iugoslávia; em Moçambique; em Ruanda; em Angola; no Equador; e

no Peru. O elevado grau de profissionalismo dos seus militares, aliado à

disciplina, é fator fundamental para o êxito nesses tipos de operações e tem

contribuído para que o Brasil, cada vez mais, seja um membro atuante na

nova ordem internacional.

Também, no âmbito interno, por diversas vezes o CFN teve atuação destacada

no restabelecimento da ordem, juntamente com a participação das demais

forças singulares.

Page 18: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 2-1 - REV 1

CAPÍTULO 2

TRADIÇÕES NAVAIS

2.1 - GENERALIDADES

O presente capítulo aborda as tradições navais e sua linguagem, sem

pretensão de esgotar o assunto, mas, tão-somente, disseminar

conhecimentos iniciais àqueles que começam, como fuzileiro naval, a vida de

bordo, em qualquer Organização Militar (OM) da Marinha do Brasil (MB).

2.2 - A GENTE DE BORDO

O Comandante é a autoridade suprema de bordo. O Imediato é o oficial cuja

autoridade se segue, em qualquer caso, à do Comandante. É, portanto, o

substituto eventual do Comandante.

A gente de bordo compõe-se do Comandante e da Tripulação. O Imediato e

os demais oficiais constituem a oficialidade. As praças constituem a

guarnição. A oficialidade e a guarnição formam a tripulação da OM.

As ordens emanam do Comandante e são feitas executar pelo Imediato,

coordenador de todos os trabalhos de bordo e que exerce a gerência das

atividades administrativas.

2.3 - O PESSOAL DE SERVIÇO

Uma série de atividades de bordo é executada pelo pessoal de serviço.

Originalmente, o cuidado com o navio, em termos de zelo por sua segurança,

determinou o emprego de parcelas da tripulação em períodos de quatro horas,

denominados quartos. Resulta daí a divisão do dia em quartos de serviço,

correspondentes aos períodos entre os horários de 0000 às 0400, 0400 às

0800, 0800 às 1200, 1200 às 1600, 1600 às 2000 e 2000 às 2400 horas. O

quarto de 0400 às 0800 é denominado quarto d’alva.

Alguns serviços são comuns a todas as OM, tanto a bordo de navios como de

unidades de fuzileiros navais, unidades aéreas e OM de terra. Em geral, são

diários, ou seja, parcela da tripulação se reveza no guarnecimento a cada

vinte e quatro horas, assumindo dois quartos em efetivo serviço nesse

período.

2.3.1 - O Oficial de Quarto ou de Serviço

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 2-2 - REV 1

No exercício de suas atribuições, é o representante do Comandante. É o

responsável pela segurança do navio ou OM, pela manutenção da

disciplina e pelo cumprimento da rotina de bordo.

2.3.2 - O Contramestre

É um suboficial ou sargento, ajudante do oficial de serviço.

2.3.3 - O Polícia

É um sargento ou cabo, ajudante do oficial de serviço para efeito de

fiscalização quanto ao cumprimento da rotina e manutenção da disciplina.

2.3.4 - O Ronda / O Mensageiro

É um marinheiro ou soldado, estafeta ou mensageiro, às ordens do oficial

de serviço.

2.3.5 - A Sentinela

É um marinheiro ou soldado destacado para um posto de guarda, com

atribuição básica de proteger a OM das ameaças provocadas por

estranhos ou inimigos.

2.4 - A ROTINA DE BORDO

A observação de que o dia é dividido em quartos de serviço nos indica que o

dia do homem do mar é marcado por certa continuidade nos trabalhos, ou

seja, pela não suspensão do guarnecimento dos serviços.

2.4.1 - O Sino de Bordo

No período compreendido entre os toques de alvorada e de silêncio, os

intervalos dos quartos são determinados por batidas do sino de bordo,

feitas ao fim de cada meia-hora. A primeira meia-hora é determinada por

uma batida singela; a segunda, por uma batida dupla; a terceira, por uma

batida dupla e uma singela; a quarta, por duas batidas duplas; a quinta,

com duas batidas duplas e uma singela; a sexta, por três batidas duplas; a

sétima, por três duplas e uma singela; e a oitava, por quatro duplas

(figura 2-1).

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 2-3 - REV 1

Fig 2-1 - Quadro sinótico das batidas de sino que marcam os intervalos dos

quartos

2.4.2 - O Apito de Marinheiro

Os principais acontecimentos de bordo estão relacionados às ordens que

são transmitidas por meio de toques de apito de marinheiro ou de corneta,

ou ainda, por ambos. O apito de marinheiro tem sido, através dos tempos,

uma das mais características peças do equipamento náutico de uso

pessoal da gente de bordo. Gregos e Romanos já o usavam para fazer a

marcação do ritmo dos movimentos dos remos nas galés. Com o passar

dos anos, tornou-se uma espécie de símbolo de autoridade e até mesmo

de honra.

2.4.3 - Acontecimentos da Rotina Normal

Para apresentar os principais acontecimentos da rotina normal nas OM,

serão enfocadas algumas fainas e ações afetas ao pessoal de serviço, e

outras que envolvem a tripulação como um todo, normalmente referidas

aos quartos de serviço.

Com algumas variações, correspondem ao dia-a-dia das OM:

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 2-4 - REV 1

a) No quarto d’alva

I) Alvorada;

II) Faxina do quarto d’alva, que corresponde à limpeza e à arrumação

das instalações de bordo pelo pessoal de serviço;

III) Regresso de licenciados; e

IV) Sinal para a bandeira, preparativo para o cerimonial que se seguirá.

b) No quarto de 0800 às 1200 h

I) Cerimonial do hastear da bandeira

A bandeira nacional é içada às oito horas da manhã em todas as OM

da Marinha, em cerimonial que consta de sete vivas dados com o

apito de marinheiro, ou de toque de corneta, e das continências

individuais por todo o pessoal presente nas imediações do local do

cerimonial;

II) Parada

Formatura geral da tripulação para a transmissão/recebimento de

ordens;

III) Início do 1o tempo de adestramento e expediente, que termina

próximo ao meio-dia;

IV) Rancho para serviço; e

V) Sinal do meio-dia e o rancho geral.

c) No quarto de 1200 às 1600 h

I) Período de recreação, após o rancho;

II) Início do 2o tempo de adestramento e expediente;

III) Formatura para distribuição de faxinas;

IV) Inspeção, quando todas as incumbências de bordo são vistoriadas;

e

V) Volta às faxinas, adestramento e expediente.

d) No quarto de 1600 às 2000 h

I) Autorização para baixar a terra, ou seja, o licenciamento;

II) Período de recreação;

III) Sinal para a bandeira;

IV) Cerimonial do arriar da bandeira;

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 2-5 - REV 1

A bandeira nacional é arriada ao pôr-do-sol com formatura geral da

tripulação ou de todos que se encontram a bordo. Após o cerimonial

do arriar, é costume o cumprimento de boa noite por todos;

V) Rancho para serviço; e

VI) Rancho geral.

e) No quarto de 2000 às 2400 h

I) Formatura de todos que se encontram a bordo, se licenciada a

tripulação. Essa formatura é conhecida como Revista do Recolher ; e

II) Silêncio.

f) No quarto de 0000 às 0400 h

É redobrada a atenção do pessoal de serviço com a segurança, uma

vez que, desde o silêncio, o restante do pessoal a bordo estará

recolhido para descanso.

2.5 - PROCEDIMENTOS ROTINEIROS

2.5.1 - Saudação entre militares

A saudação entre militares é a continência. Ela é uma reminiscência do

antigo costume que tinham os combatentes medievais, metidos em suas

armaduras, levarem a mão direita à têmpora para suspender a viseira e

permitir a sua identificação, ao serem inspecionados por um superior.

2.5.2 - Saudar o oficial de serviço

Todos que entram a bordo obrigatoriamente saúdam o oficial de serviço e

pedem licença para entrar a bordo. Da mesma forma, para retirar-se de

bordo, qualquer pessoa deve obter permissão do oficial de serviço e dele

se despedir.

2.5.3 - Saudar o pavilhão nacional

É costume, ao entrar-se a bordo pela 1a vez no dia, saudar o pavilhão

nacional, bem como ao retirar-se de bordo.

2.5.4 - Dar o pronto da execução de ordem recebida

O subordinado dará o pronto a seu superior da execução das ordens que

dele tiver recebido, bem como o manterá informado do andamento das

tarefas por ele determinadas.

2.5.5 - Uniformes a bordo

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 2-6 - REV 1

É obrigatório possuir a bordo todos os uniformes previstos, em quantidade

suficiente e em condições de pronto uso.

2.6 - INSTALAÇÕES DE BORDO

Algumas instalações a bordo recebem denominação típica da linguagem dos

homens do mar. A título de familiarização, algumas serão apresentadas a

seguir.

2.6.1 - Alojamentos

Câmara, camarote, alojamento e coberta são locais destinados a alojar o

pessoal de bordo. A câmara é destinada ao Comandante. Os camarotes e

alojamentos aos oficiais, suboficiais e primeiros-sargentos. As cobertas

aos demais sargentos, cabos, marinheiros e soldados.

2.6.2 - Ranchos

Nas OM, de uma forma geral, haverá os seguintes ranchos: o do

Comandante, normalmente agregado à câmara; o dos oficiais, realizado

na Praça D’armas; o dos suboficiais e primeiros-sargentos; e os das

demais praças, que, nos navios, recebe a denominação de coberta de

rancho.

2.6.3 - Praça d’armas

Compartimento onde funcionam o refeitório e a sala de estar dos oficiais

nos navios de guerra. A expressão originou-se do fato de, no tempo da

Marinha a vela, ser no compartimento reservado à refeição dos oficiais que

se guardava o armamento portátil de que dispunha o navio.

2.6.4 - Escoteria

Local, nas OM, onde são guardadas as armas portáteis e as de porte.

2.6.5 - Sala de Estado

Dependência destinada à permanência do oficial de serviço e seus

auxiliares.

2.6.6 - Salão de Recreio

Compartimento amplo destinado ao uso das praças nos períodos de

recreação previstos na rotina de bordo.

2.6.7 - Paiol

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 2-7 - REV 1

Compartimento destinado à guarda ou armazenamento de materiais,

como, por exemplo, munição, rancho, tintas, equipagens, fardamento etc.

2.6.8 - Bailéu

Compartimento destinado ao recolhimento de presos. Na Marinha antiga,

o local das prisões a bordo de navios situava-se em determinado

pavimento denominado bailéu.

2.6.9 - Secretaria

Dependência da OM onde são executadas atividades administrativas.

2.6.10 - Corpo da Guarda

Conjunto de dependências destinadas ao serviço e alojamento do pessoal

em serviço de guarda.

2.7 - AS FAINAS

Fainas são trabalhos que envolvem o pessoal de bordo para um fim

específico, classificando-se, conforme o caso, em gerais ou parciais. São

também classificadas como comuns ou de emergência.

Para cada situação prevista de faina, a cada elemento a bordo é designado

um posto ou função específica, ou então, um local de formatura.

As fainas comuns são ordenadas como nas atividades previstas na rotina, ou

seja, por meio de toques de apito ou corneta e anúncio por fonoclama.

As fainas de emergência são ordenadas por sinais de alarme, seguidos de

aviso específico sobre a faina.

Em um navio de guerra, as seguintes fainas são importantes para os

procedimentos a serem adotados pelos fuzileiros navais a bordo: geral de

postos combate; as comuns de recebimento de combustível e munição; e as

de emergência de incêndio, colisão e abandono.

2.8 - OS UNIFORMES

Com vistas a pronta identificação, a utilização de platinas, galões, distintivos e

divisas obedecem às seguintes normas: oficiais e suboficiais usam platinas

nos ombros dos uniformes brancos, galões nos punhos dos uniformes azuis e

distintivos nas golas dos uniformes cinza ou bege. Sargentos, cabos,

marinheiros e soldados usam sempre, para distinção de graduação, divisas

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 2-8 - REV 1

nas mangas desses uniformes. No uniforme camuflado, os distintivos de

oficiais e suboficiais e as divisas das demais praças são usados na gola.

2.8.1 - Uniformes Característicos

a) O uniforme do marinheiro

O uniforme típico do marinheiro é universal. Suas peculiaridades são o

lenço preto ao pescoço e a gola azul com três listras.

O lenço tem sua origem na artilharia dos tempos antigos da Marinha a

vela. Os marujos usavam um lenço na testa durante os combates,

amarrados atrás da cabeça. Este procedimento evitava que o suor

misturado à graxa e mesmo à pólvora das peças que atiravam, lhes

caísse aos olhos, ficando, portanto, na parte da frente da blusa, com as

duas pernadas da amarração presas com cadarço branco. Usualmente

esses lenços eram coloridos, mas, nos funerais do Almirante Nelson, o

mais famoso dos almirantes ingleses, os marinheiros desfilaram com

lenços pretos, o que foi mais tarde posto em uso na Marinha Britânica e

adotado, praticamente por todas as Marinhas do mundo.

A gola do marinheiro é bastante antiga. Era usada para proteger a

roupa das substâncias gordurosas com as quais os marujos untavam o

“rabicho” de suas cabeleiras. O uso do rabicho desapareceu mas a gola

permaneceu como parte do uniforme bem característica. A cor azul é

adotada por quase todas as Marinhas do mundo. As três listras

existentes na gola foram usadas pela primeira vez, também nos

funerais de Nelson, para comemorar suas vitórias nas três grandes

batalhas: Aboukir, S. Vicente e Trafalgar.

b) O uniforme do fuzileiro naval

Característico dos fuzileiros navais da MB, o gorro de fita de forma

escocesa é a peça mais tradicional do uniforme. Adotado há mais de

cem anos, constitui-se em significativo elemento de identificação dos

integrantes do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN).

Também pelo seu uniforme de gala, o garança, é o fuzileiro naval

reconhecido, notadamente por sua utilização nas cerimônias e nas

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 2-9 - REV 1

apresentações das bandas de música. Sua túnica, no tom vermelho-

vivo, corresponde à tradição reinante nas tropas do século XIX, no

teatro da Europa, que empregavam uniformes nessa cor para ressaltar

os valores de intrepidez e ardor com que se comportavam nas batalhas.

Simbolicamente, retratavam o sangue do combatente a manchar sua

vestimenta de combate.

2.9 - A LINGUAGEM DO MAR

Este artigo contém uma pequena mostra de expressões de uso consagrado na

Marinha do Brasil, visando a uma adaptação inicial com a linguagem própria

da força: a linguagem do mar.

2.9.1 - O navio e as posições relativas a bordo

a) Nomenclatura das partes mais importantes

I) Casco é o corpo do navio sem levar em consideração os

mastros, aparelhos e outros acessórios. Não possui uma forma

geométrica única, sendo sua principal característica ter um plano de

simetria (plano diametral), que se imagina passar pelo eixo da quilha,

dividindo-o, verticalmente, em duas partes no sentido do

comprimento.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 2-10 - REV 1

Fig 2-2 – Vista de uma seção do casco de um navio

II) Quilha é a peça estrutural básica do casco do navio, disposta na parte

mais baixa do seu plano diamentral, em quase todo o seu

comprimento. É considerada a "espinha dorsal" do navio.

III) Cavernas são assim chamadas as peças curvas que se fixam

transversalmente à quilha do navio e que servem para dar forma ao

casco e sustentar o chapeamento exterior.

IV) Costado é a parte do forro exterior do casco situada entre a borda e

a linha de flutuação a plena carga.

V) Anteparas são as separações verticais que subdividem, em

compartimentos, o espaço interno do casco, em cada pavimento.

Fig 2-3 – As partes mais importantes do navio

VI) Proa é a extremidade dianteira ou anterior do navio.

VII) Popa é a extremidade posterior do navio.

VIII) Bordos são as duas partes simétricas em que o casco é

dividido pelo plano diametral. Boreste (BE) é a parte à direita, e

bombordo (BB) à esquerda, supondo-se o observador situado no

plano diametral e olhando para a proa.

IX) Convés é a denominação atribuída aos pavimentos com que o navio

é dividido no sentido da altura. O primeiro pavimento contínuo de

proa a popa, contando de cima para baixo, que é descoberto em todo

ou em parte, tem o nome de convés principal. Abaixo do convés

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 2-11 - REV 1

principal, os conveses são designados da seguinte maneira: segundo

convés, terceiro convés, etc. Eles também podem ser chamados de

cobertas. Um convés parcial, acima do principal, é chamado convés

da superestrutura.

X) Convés de vôo ou convôo é o convés principal dos navios-

aeródromos, que se estende de popa a proa, constituindo sua pista

de decolagem e pouso.

XI) Superestrutura é a construção feita sobre o convés principal,

estendendo-se ou não de um bordo a outro, e cuja cobertura é, em

geral, ainda, um convés.

XII) Castelo da proa, ou simplesmente castelo, é a superestrutura na

parte extrema da proa.

XIII) Tombadilho é a superestrutura na parte extrema da popa.

XIV) Superestrutura central é a existente a meia-nau. Nela

normalmente são encontrados dois importantes conveses: o tijupá,

convés geralmente aberto e mais elevado do navio, onde é

instalada a agulha magnética padrão e outros instrumentos que não

devem ficar cobertos; imediatamente abaixo do tijupá, encontra-se o

passadiço, pavimento dispondo de uma ponte (passagem) na

direção de BB a BE, de onde o Comandante dirigi a manobra do

navio e onde permanece o oficial de quarto.

XV) Porão é o espaço entre o convés mais baixo e o fundo do navio.

Nos navios transporte, ele é, também, o compartimento estanque

onde se acondiciona a carga.

XVI) Bailéu é um pavimento parcial abaixo do último pavimento

contínuo, isto é, no espaço do porão. Nele fazem-se paióis ou

outros compartimentos semelhantes. É, também, uma expressão

naval utilizada para designar a prisão a bordo. Essa acepção

decorre do fato de, na Marinha antiga, tais prisões ficarem situadas

no bailéu dos navios.

XVII) Portaló é a abertura feita na borda ou passagens nas

balaustradas, por onde o pessoal entra e sai do navio, ou por onde

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 2-12 - REV 1

passa a carga leve. Há um portaló de BB e um de BE, sendo esse

último considerado o portaló de honra dos navios de guerra.

b) Posições relativas a bordo

I) A vante e a ré

Diz-se que qualquer coisa é de vante ou está a vante (AV) quando

está na proa, e que é de ré ou está a ré (AR) quando está na popa. Se

um objeto está mais para a proa que outro, diz-se que está por

ante-a-avante (AAV) dele; se está mais para a popa, diz-se que está

por ante-a-ré (AAR).

II) Cobertas abaixo

Diz-se que algo se encontra cobertas abaixo quando está nos

conveses cobertos.

III) Cobertas acima

Diz-se de atividade, faina, etc. realizada no convés ou em pavimento

a céu aberto.

IV) No convés

Diz-se que algo se encontra no convés quando está em um convés

descoberto.

2.9.2 - Expressões do cotidiano

a) Safo

É talvez a palavra mais usual na Marinha. Serve para tudo que está

correndo bem ou que faz correr as coisas bem: “oficial safo”, “marinheiro

safo”. “A faina está safa”. “Não se preocupe fulano, o dinheiro está safo”.

“Consegui safar o navio do banco de areia”. “A entrada é safa, pode

demandar: não há obstáculos”.

b) Onça

Também de grande uso. É dificuldade: “onça de dinheiro”, “onça de

sobressalente”. Estar na onça é estar em apuros. “A onça está solta”,

quer dizer que tudo está ruim a bordo, tudo de ruim acontece. Vem a

expressão de uma velha história de uma onça de circo solta a bordo.

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OSTENSIVO - 2-13 - REV 1

c) Safa-onça

É a combinação das duas expressões anteriores. Significa salvação.

“safa-onça” é tudo que soluciona uma emergência. “Safei a onça

agarrando uma táboa que flutuava”. “O meu safa-onça foi um pedaço de

queijo, que ainda restava no barco; do contrário, morreria de fome”. “Este

livro é o safa-onça de inglês”.

d) Pegar

É o contrário de estar safo. Significa entravar, não conseguir andar

direito. “Tenente, o rancho está pegando, não chegou a carne”. “Este

Mestre D’armas não serve; com ele tudo pega”. “Comandante, não pude

chegar a tempo, a lancha pegou bem no meio da baía”.

Parece que a expressão vem de pegar tempo ou seja pegar mau tempo.

“Fulano está pegando tempo para resolver a primeira questão”. “Aquele

marujo não conseguiu safar-se para a parada: pegou tempo para arranjar

um boné novo”.

e) Caverna mestra

Oficial ou praça que, por achar-se há muito tempo no navio e ser

dedicado às coisas de bordo, torna-se profundo conhecedor dos

problemas e peculiaridades do mesmo.

f) Bóia de espera, ficar na bóia de espera

Esperar a vez; aguardar promoção. “Fulano foi preterido, ficou na bóia de

espera aguardando vaga por antiguidade”.

g) Cochar

Proteger; cuidar com preferência de (alguém); proporcionar as melhores

situações a.

Cocha é o empenho ou a recomendação de pessoa importante. É

também a pessoa que faz esse empenho ou recomendação. Cochado,

por sua vez, é o protegido, recomendado.

h) Voga

Ritmo ou regime imprimido a uma atividade ou trabalho. Voga picada

significa uma voga puxada, com ritmo acelerado.

i) Arvorar

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OSTENSIVO - 2-14 - REV 1

Desistir de uma empreitada. Suspender a execução de uma atividade

determinada anteriormente.

j) Jacuba

Bebida refrigerante constituída de suco de fruta (natural ou artificial)

dissolvido em água, adoçado com açúcar.

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OSTENSIVO - 3-1 - REV 1

CAPÍTULO 3

HIERARQUIA, DISCIPLINA E CORTESIA

3.1 - HIERARQUIA E DISCIPLINA

A hierarquia e a disciplina são a base institucional das forças armadas. A

autoridade e a responsabilidade crescem com o grau hierárquico.

A hierarquia militar é a ordenação da autoridade, em níveis diferentes, dentro

da estrutura das forças armadas. A ordenação se faz por posto ou graduação;

dentro de um mesmo posto ou graduação se faz pela antigüidade no posto ou

na graduação. O respeito à hierarquia é consubstanciado no espírito de

acatamento à seqüência de autoridade.

Disciplina é a rigorosa observância e o acatamento integral das leis,

regulamentos, normas e disposições que fundamentam o organismo militar e

coordenam seu funcionamento regular e harmônico, traduzindo-se pelo

perfeito cumprimento do dever por parte de todos e de cada um dos

componentes desse organismo.

A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser mantidos em todas as

circunstâncias da vida entre os militares da ativa, da reserva remunerada e

reformados.

Quando se fala de disciplina no Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), não se quer

referir aos regulamentos, às punições ou a uma condição de subserviência. O

que se quer dizer é a exata execução das ordens, decorrente de uma

obediência inteligente e voluntária, e não de uma disciplina baseada somente

no temor.

A punição de militares por quebra da disciplina é as vezes necessária, mas

apenas para corrigir os rumos daqueles que ainda não foram capazes de fazer

parte de uma equipe.

A disciplina é necessária a fim de assegurar a correta execução das ações

ordenadas, as quais serão de grande importância, principalmente nas

situações de combate. O fuzileiro naval (FN) precisa ser capaz de reconhecer

e enfrentar o medo por ser este o inimigo da disciplina em determinadas

situações. O medo não controlado transformar-se-á em pânico, e a unidade

que entrar em pânico não será mais uma unidade disciplinada e sim uma

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 3-2 - REV 1

turba. Não há pessoa sã que não sinta medo, mas com disciplina e moral

elevado, todos podem enfrentar o perigo.

Um FN aprende a ser disciplinado adquirindo um senso de obrigação para

com ele próprio, com seus companheiros, com seu comandante e com o

CFN. Ele aprende que é membro de uma equipe organizada, treinada e

equipada com o propósito de engajar e derrotar o inimigo. A meta final da

disciplina militar é a eficiência em combate, a fim de garantir que uma unidade

lute corretamente, conquiste seus objetivos, cumpra a missão recebida e

auxilie outras unidades na execução de suas tarefas.

Um Comandante é investido da mais alto grau de autoridade, que se estende,

inclusive, aos assuntos que dizem respeito aos indivíduos que estejam sob

suas ordens. Incluem-se nesse caso, a preocupação com a alimentação, o

cuidado e o modo de usar os uniformes, os hábitos de higiene, as condições

de saúde e os fatores morais, todos afetando direta ou indiretamente as vidas

de cada um.

É importante que o FN obedeça prontamente às ordens de seu Comandante,

o qual é particularmente interessado no bem-estar dos homens sob seu

comando. Desenvolvendo o hábito da pronta obediência a todas as ordens, o

FN alcançará a disciplina individual e da unidade.

Será demasiadamente tarde adquirir disciplina no campo de batalha. É

preciso que ela seja conseguida em tempo de paz nas atividades diárias. Um

FN treina com seus companheiros de modo que, como uma equipe, consigam

cumprir tarefas com variados graus de dificuldade e possam se orgulhar de

seus atos. O FN deve se comportar como um representante de uma

tradicional e gloriosa instituição e não como um indivíduo isolado.

3.2 - CORTESIA MILITAR

Todo militar deve provas de disciplina e cortesia aos superiores, como tributo

natural à autoridade de que se acham investidos por lei, manifestadas em

todas as circunstâncias por atitudes e gestos precisos e rigorosamente

observados.

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OSTENSIVO - 3-3 - REV 1

A espontaneidade e a correção dos sinais de respeito são indícios seguros do

grau de disciplina das corporações militares, bem como da educação e do

grau de instrução profissional de seus integrantes.

3.3 - CONTINÊNCIA

A continência é a mais importante de todas as cortesias militares. Essa

saudação militar é impessoal e visa à autoridade e não à pessoa.

A continência parte sempre do mais moderno. O mais antigo tem o dever de

responder à continência que lhe é feita e, dessa forma, dar aos companheiros

de farda uma prova da consideração e de respeito mútuo que devem existir

entre os membros da família militar.

3.4 - CONTINÊNCIA INDIVIDUAL

É a saudação que o militar isolado faz à Bandeira Nacional, ao Hino Nacional,

aos superiores e a outras autoridades. A continência individual não pode ser

dispensada. Ela é feita a qualquer hora do dia ou da noite.

Os elementos essenciais da continência individual são a atitude, o gesto e a

duração, de acordo com a situação dos executantes.

3.5 - APRESENTAÇÕES - TRATAMENTO ENTRE MILITARES

O FN que se apresenta ou for apresentado a um superior assume a posição

de sentido e anuncia seu posto ou graduação, nome e função.

A praça para falar ou apresentar-se a um oficial, aproxima-se deste a uma

distância aproximada de dois passos, assume a posição de sentido, faz a

continência, desfazendo-a após a apresentação pessoal independentemente

de ordem, permanecendo, entretanto, na posição de sentido.

O aperto de mão é uma forma de cumprimento que o superior pode conceder

aos subordinados. O FN nunca estende a mão ao superior na ocasião de

cumprimentá-lo, mas se este o fizer não poderá recusar-se a apertá-la.

Em recinto coberto a praça armada de fuzil não faz ombro-arma para falar ou

apresentar-se ao superior, assumindo, apenas, a posição de sentido.

Para retirar-se da presença do superior, o FN faz-lhe a continência e pede

licença para se retirar. Concedida a licença, o militar faz a meia volta

regulamentar e inicia o seu deslocamento com o pé esquerdo.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 3-4 - REV 1

O FN chamado por um superior apressa-se para atendê-lo; se no quartel, no

navio ou em campanha, acelera o passo e, na distância apropriada, faz o alto

seguido da continência.

3.6 - PROCEDIMENTOS DO FUZILEIRO NAVAL EM DIVERSAS SITUAÇÕES

Quando um FN que está fumando ou conduzindo pequeno embrulho com a

mão direita encontra um superior, passa para a mão esquerda o cigarro ou o

embrulho e faz-lhe a continência regulamentar.

Se o FN encontrar um superior numa escada cede-lhe o melhor lugar e saúda-

o fazendo alto, com a frente voltada para ele.

Todo FN deve se levantar sempre que passar uma tropa nas proximidades de

onde se encontra; caso esteja andando, deverá parar, voltando a frente para

essa tropa.

No quartel, navio ou outro estabelecimento militar, a praça, diariamente, faz

alto para a continência ao Comandante na primeira oportunidade que o

encontrar. Das outras vezes, gira a cabeça com vigor, encarando-o. Fora

dessas dependências, cumprimenta o superior sempre que encontrá-lo.

Quando um militar entra em um estabelecimento público, percorre com o olhar

o recinto para verificar se há algum superior presente; se houver, o militar, do

lugar onde está, faz-lhe a continência.

O FN que entrar em um quartel ou navio deverá prestar continência à Bandeira

Nacional, se estiver hasteada, e apresentar-se imediatamente ao oficial-de-

serviço.

Quando dois militares se locomovem juntos, o mais moderno dá a direita ao

mais antigo. Numa calçada, o mais moderno deslocar-se-á deixando o lado

interno da calçada para o deslocamento do mais antigo.

Em embarcações ou viaturas, o embarque é feito do mais moderno para o

mais antigo. Por ocasião do desembarque, os militares saem em ordem

decrescente de antigüidade. Os lugares de honra deverão ser reservados aos

mais antigos.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 3-5 - REV 1

3.7 - CORRESPONDÊNCIA ENTRE OS DIVERSOS POSTOS E GRADUAÇÕES

DAS FORÇAS ARMADAS

Fig 3-1 - Correspondência entre os diversos postos e graduações das forças

armadas

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 4-1 - REV 1

CAPÍTULO 4

LEGISLAÇÃO MILITAR

4.1 - LEIS E REGULAMENTOS

4.1.1 - Constituição Federal

É a lei fundamental de um país, a partir da qual todas as demais devem se

subordinar.

A Constituição da República Federativa do Brasil foi promulgada em 05 de

outubro de 1988 e procura instituir um Estado democrático, destinado a

assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, e a

segurança. Além disso, ela busca o bem estar, o desenvolvimento, a

igualdade e a justiça numa sociedade fraterna, pluralista e sem

preconceitos.

Compete principalmente ao Supremo Tribunal Federal (STF) zelar pelo fiel

cumprimento da Constituição.

4.1.2 - Estatuto dos Militares

Regula a situação, obrigação, direitos, deveres e prerrogativas dos

membros das forças armadas (FA), tanto da ativa quanto da inatividade.

4.1.3 - Regulamento Disciplinar para a Marinha (RDM)

Tem como propósito a especificação e classificação das contravenções

disciplinares e o estabelecimento das normas relativas à amplitude e à

aplicação das penas disciplinares, à classificação do comportamento militar

e à interposição de recursos contra as penas disciplinares.

Entende-se por contravenção disciplinar toda ação ou omissão contrária às

obrigações ou deveres militares estabelecidos nas leis, nos regulamentos,

nas normas e nas disposições em vigor que fundamentam a Organização

Militar (OM), desde que não incida no que é capitulado pelo Código Penal

Militar como crime.

4.1.4 - Código Penal Militar (CPM)

Legislação especial que abrange a uma classe de pessoas e define os

crimes militares em tempo de paz e em tempo de guerra, a aplicação da lei

penal militar, os crimes contra o Patrimônio, bem como os crimes contra a

Incolumidade Pública.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 4-2 - REV 1

4.1.5 - Código de Processo Penal Militar (CPMM)

Codifica toda a matéria relativa à parte processual penal militar em tempo

de paz ou de guerra, sem ter o seu aplicador de recorrer à legislação penal

comum, salvo em casos muito especiais.

4.1.6 - Lei de Remuneração dos Militares (LRM)

Regula a remuneração dos militares das FA da ativa e da inatividade, a qual

compreende vencimentos ou proventos e indenizações, no país e em tempo

de paz.

4.1.7 - Plano de Carreira de Praças da Marinha (PCPM)

Tem como propósito orientar a carreira das praças dos diversos corpos e

quadros, definir as habilitações necessárias ao exercício de funções nas

várias graduações da carreira, e complementar os critérios para a condução

da carreira.

4.1.8 - Regulamento de Promoção de Praças da Marinha (RPPM)

Estabelece os critérios e as condições que asseguram às praças da ativa -

militares de carreira - acesso na hierarquia militar, mediante promoções de

forma seletiva, gradual e sucessiva.

4.1.9 - Cerimonial da Marinha

Tem por finalidade estabelecer os procedimentos relativos à etiqueta militar

da Marinha.

É dever de todo militar da Marinha que estiver investido de autoridade fazer

cumprir o Cerimonial da Marinha e exercer severa fiscalização quanto à

maneira pela qual seus subordinados o cumprem.

4.1.10 - Regulamento de Uniformes da Marinha do Brasil (RUMB)

Tem por propósito estabelecer os uniformes da Marinha e regular seu uso,

posse e confecção.

Os uniformes determinados por este Regulamento têm por finalidade

principal caracterizar os militares da Marinha, permitindo, à primeira vista,

distinguir não só os seus postos ou graduações, como, também, os

corpos ou quadros a que pertencem.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 4-3 - REV 1

4.1.11 - Regulamento de Continências, Honras, Sinais de Respeito e

Cerimonial Militar das Forças Armadas (RCont)

Estabelece as honras, as continências e sinais de respeito que os

militares prestam a determinados símbolos nacionais e às autoridades

civis e militares.

Regula as normas de apresentação e de procedimento dos militares, bem

como as formas de tratamento e a precedência entre os mesmos.

Fixa as honras que constituem o Cerimonial Militar no que for comum às

FA.

As prescrições desse Regulamento aplicam-se às situações diárias,

estando o militar de serviço ou não, em área militar ou em sociedade, nas

cerimônias e solenidades de natureza militar ou cívica.

4.1.12 - Ordenança Geral para o Serviço da Armada (OGSA)

Tem como propósito consolidar as disposições fundamentais relativas à

organização das forças navais e demais estabelecimentos da Marinha,

bem como aquelas relacionadas com o pessoal, seus deveres e serviços.

Constitui-se em documento normativo essencial para a correta condução

das atividades diárias a bordo das OM. Seu pleno conhecimento é

obrigatório para todos aqueles que servem à Marinha.

Seu manuseio constante e fiel observância contribuem significativamente

para um desempenho profissional uniforme e eficiente.

A OGSA veicula, também, a preservação de valores que se cristalizaram

nas tradições navais, permitindo, assim, uma desejável continuidade nos

usos, costumes e linguagem naval.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 5-1 - REV 1

CAPÍTULO 5

EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA

5.1 - A FAMÍLIA

A família é o primeiro grupo natural do homem e a menor fração da

sociedade.

Através da família, o homem estabelece laços com o passado e com o futuro

por meio dos seus ascendentes e descendentes, respectivamente.

Assim, considera-se a família a "célula mater" da sociedade.

5.2 - A PÁTRIA

A Pátria é a reunião de todas as pessoas que vivem em comunidade nacional

dentro de um mesmo país.

Comunidade nacional são todas as pessoas que falam a mesma língua, que

trabalham regidos pelas mesmas leis, tendo os mesmos deveres e direitos,

servindo à mesma Bandeira.

Pátria encerra um conceito sentimental-geográfico.

Patriotismo é uma virtude cívica, um sentimento desinteressado que liga o

indivíduo à sua terra e à sua gente, e o impele a amar o país em que nasce.

5.3 - A CASERNA

Se a família é percebida como o primeiro grupo natural do homem, sua

primeira escola, seu primeiro lar, a escola é tida como a continuação dos

ensinamentos ministrados pela família - o seu segundo lar.

É fácil concluir, então, que a caserna é o lar derradeiro do cidadão que foi

preparado pela família e pela escola, e abraçou como profissão a carreira das

armas. Caserna é portanto a casa do militar, o local onde ele se instrui e se

adestra para melhor servir à pátria.

5.4 - O ESPÍRITO DE CORPO

O Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), acompanhando a evolução da Nação

brasileira, vem sofrendo mutações no curso de sua existência. Além de

poderoso instrumento de projeção do poder naval, cultiva com especial

carinho o espírito de corpo, uma forma de pensar e uma crença que polarizam

homens na busca de objetivos comuns.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 5-2 - REV 1

5.5 - SÍMBOLOS NACIONAIS

A Constituição da República Federativa do Brasil no seu Art. 13, Parágrafo 1o,

estabelece que os símbolos nacionais são a Bandeira Nacional, as Armas da

República e o Selo Nacional.

A existência humana, as sociedades e todas as culturas, por mais diversas

que sejam, estão impregnadas de símbolos. Desse modo, deve-se

cultuar os símbolos pátrios, pois eles representam a trajetória histórica do

povo brasileiro.

Fig 5-1 - As Armas da República Fig 5-2 - O Selo Nacional

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 5-3 - REV 1

Fig 5-3 - A Bandeira Nacional

5.6 - HINOS E CANÇÕES

Tradicionalmente, as forças armadas (FA) cultivam o canto de hinos e

canções pelo seu pessoal. Eles são executados em cerimônias militares ou

em qualquer outra ocasião julgada conveniente.

As letras dos principais hinos e canções utilizados pelo CFN estão transcritas

nos anexos a esta publicação.

5.7 - DATAS ESPECIAIS

Da história da criação do mundo contada no livro Gênese até os dias de hoje,

o homem marca seu calendário com datas festivas: religiosas, feitos

gloriosos, aniversários e tantas outras comemorações.

No calendário atual, dentre as datas significativas, ressaltam as seguintes:

01 de janeiro, Confraternização Universal;

07 de março, aniversário do CFN;

21 de abril, Dia de Tiradentes;

01 de maio, Dia do Trabalho;

08 de maio, Dia da Vitória;

11 de junho, Batalha Naval do Riachuelo;

21 de julho, Dia dos Mortos da Marinha;

28 de julho, criação do Ministério da Marinha;

07 de setembro, Independência do Brasil;

12 de outubro, Padroeira do Brasil;

11 de novembro, Armistício da 1a Guerra Mundial;

15 de novembro, Proclamação da República;

19 de novembro, Dia da Bandeira;

13 de dezembro, Dia do Marinheiro; e

25 de dezembro, Natal.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 6-1 - REV 1

CAPÍTULO 6

DIREITO DA GUERRA

6.1 - GENERALIDADES

A História registra que a disciplina e o moral contribuíram para inúmeras

vitórias militares. Tais virtudes são desenvolvidas por uma série de atitudes,

dentre as quais ressalta a observância das normas que regulam os conflitos

armados, no que concerne ao comportamento individual de cada combatente

diante das Leis da Guerra.

As Convenções de Genebra e de Haia estabeleceram essas normas, que

passaram, com o peso de lei, a fundamentar o Direito Internacional

Humanitário, no campo dos conflitos armados. De um modo geral, pode-se

dizer que essas leis têm por finalidade proteger os combatentes fora de

combate e as pessoas que não participam das hostilidades, bem como as

pessoas encarregadas de prestar auxílio às vítimas, ou seja, integrantes

devidamente autorizados dos serviços de saúde e religiosos, sejam esses

militares ou civis, e da Cruz Vermelha.

O Brasil ratificou as convenções e aderiu aos seus protocolos adicionais, o

que, em outras palavras, significa que se comprometeu a respeitar e fazer

respeitar, em todas as circunstâncias, as normas estabelecidas.

É dever, pois, de todo o fuzileiro naval (FN), conhecer e obedecer as regras

que regem os conflitos armados, nos seus aspectos fundamentais, que serão

apresentados neste capítulo.

6.2 - NORMAS FUNDAMENTAIS

6.2.1 - Responsabilidade pela observância

Respeitar as regras do Direito da Guerra é uma obrigação precípua de todo

militar. Cada combatente é individualmente responsável pela sua

observância, mas os Comandantes são os únicos responsáveis por fazerem

com que seus subordinados as respeitem.

Antes de dar a ordem para uma ação militar, o Comandante deve avaliar o

risco de cada uma das alternativas para cumprir a missão recebida e

verificar se elas não violam nenhuma das regras do Direito da Guerra.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 6-2 - REV 1

6.2.2 - Evitar sofrimentos inúteis

O Direito da Guerra também rege a conduta do combate e o uso de certas

armas, com o fim de evitar sofrimentos ou males que sejam excessivos em

relação à vantagem militar que possam proporcionar. A necessidade militar

não admite a crueldade, quer dizer infligir um sofrimento sem motivo, ou por

vingança.

6.2.3 - Limitar os danos e destruições

O Direito da Guerra estabelece que os danos e as destruições devem se

limitar ao necessário para impor a sua própria vontade ao adversário. Não

podem ser excessivos em relação à vantagem militar prevista. Por

conseguinte, só se utilizarão armas, métodos e meios de combate que

causem os danos inevitáveis para cumprir a missão recebida.

6.2.4 - Atacar somente objetivos militares

Segundo as regras que regem os conflitos armados, são objetivos militares

os combatentes e os seus equipamentos, bem como os estabelecimentos

e meios de transporte militares (exceto os estabelecimentos e meios de

transporte que tenham o emblema da Cruz Vermelha ou de uma outra

instituição humanitária), as posições das forças inimigas e os bens que, por

sua natureza, localização e finalidade, contribuam para a ação militar.

É considerada deslealdade, por exemplo, fingir a condição de protegido,

simular rendição para enganar o adversário ou ganhar a sua confiança com

a intenção de traí-lo.

Os bens civis (objetos sem finalidade militar e que não servem de apoio à

ação militar) não constituem objetivos militares e merecem proteção.

6.2.5 - Lutar só contra combatentes

Somente combatentes, ou seja, os membros das forças armadas (salvo os

pertencentes aos serviços de saúde e religioso), têm o direito de combater

e podem ser atacados. Como membros das forças armadas devem ser

consideradas todas as pessoas que estiverem usando uniformes militares

característicos das partes em conflito, conduzindo armamento, ou

participando, de qualquer forma, em operações ou atividades militares.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 6-3 - REV 1

Incluem-se como não-combatentes a população civil (todas as pessoas

que não pertençam às forças armadas e não participam das hostilidades) e,

por conseqüência, não deve ser atacada; o mesmo vale para os feridos,

náufragos e doentes que não tomem parte nas hostilidades.

Os ardis de guerra tais como estratagemas, fintas, armadilhas, camuflagem

ou simulação de ações são permitidos. No entanto, ficam proibidos os

meios desleais.

6.2.6 - Respeitar os combatentes inimigos que se renderem

Esta regra é derivada do princípio no qual fica estipulado o respeito e a

proteção ao inimigo que já não pode ameaçar ou atacar, ou que esteja fora

de combate. Capturando-o, já se consegue alcançar o propósito de

incapacitá-lo para o combate.

O inimigo que se rende, manifesta claramente a sua intenção de não

prosseguir combatendo. Em geral, lança suas armas ao chão, levanta as

mãos, retira seu capacete, agita uma bandeira branca ou sinaliza essa

intenção com outras atitudes evidentes.

Em um conflito armado entre países, um soldado inimigo capturado é

considerado prisioneiro de guerra (PG). Em outras modalidades de conflito

(uma guerra civil por exemplo), o inimigo capturado não tem a condição de

PG e pode ser processado judicialmente, mas tem, no entanto, o direito a

um tratamento humano.

6.2.7 - Proteger os combatentes inimigo feridos, doentes ou fora de ação

O combatente ferido ou doente que já não pode lutar, também está fora de

combate e, conseqüentemente, não constitui uma ameaça. Será tratado

como prisioneiro, e terá o direito de ser protegido e receber assistência.

6.2.8 - Respeitar e proteger os civis

Os civis não podem participar diretamente das hostilidades, devendo ser

respeitados e protegidos contra maus tratos, as ameaças, humilhações,

vingança e ataques indiscriminados que causem danos excessivos às

pessoas e aos seus bens.

Os civis também não podem ser tomados como reféns.

Seus bens e propriedades devem ser respeitados. A pilhagem é crime.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 6-4 - REV 1

6.2.9 - Respeitar o pessoal, os veículos e as instalações do serviço de saúde

militar ou civil e da Cruz Vermelha

O Direito da Guerra protege especialmente os feridos e doentes, tanto

amigos como inimigos, assim como os prisioneiros. Por conseguinte, é

lógico prever a proteção ativa de quem está encarregado de recolher e/ou

assistir a essas vítimas, nas zonas de combate ou na retaguarda.

A utilização de veículos e instalações do serviço de saúde com fins

militares de disfarce ou escudo de proteção, ou, ainda, o uso indevido do

emblema da Cruz Vermelha ou de outra organização humanitária, são

exemplos de violações graves ao Direito da Guerra.

6.3 - REGRAS DE COMPORTAMENTO

6.3.1 - Em relação aos combatentes inimigos

a) Nunca atacar um militar inimigo que se renda ou que tenha sido

capturado, ferido ou se encontre doente.

No trato com os PG, observar os seis procedimentos padronizados:

revistá-los, guardá-los, mantê-los em silêncio, separá-los, protegê-los

e evacuá-los para retaguarda, com brevidade. Um PG não pode ser

morto, torturado ou maltratado, pois isto consiste numa grave violação

das leis da guerra e a perda de uma fonte vital de dados sobre o inimigo.

Ao se maltratar os PG, estar-se-á desencorajando outros soldados

inimigos a se renderem e motivando a continuidade da resistência. Se,

ao contrário, eles forem bem tratados, além de incentivar o inimigo à

rendição, contribuirá para que eles tratem bem os seus prisioneiros

(nossos companheiros). Tratamento humano dos PG é correto, honroso

e prescrito nas leis que regem os conflitos armados.

b) O inimigo pode usar diferentes sinais para indicar que está se rendendo,

porém essa indicação deve ser clara e perceptível. É crime atirar num

inimigo que tenha deposto sua arma e oferecido rendição.

c) Prover sempre cuidados médicos para os combatentes feridos, sejam

eles amigos ou inimigos. De acordo com o Direito da Guerra, é

necessário proporcionar ao inimigo doente ou ferido tratamento médico

da mesma qualidade que o proporcionado ao próprio pessoal.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 6-5 - REV 1

d) Quando se captura alguém, nem sempre é possível ter certeza se este

indivíduo é um inimigo. A confirmação, em caso de dúvida, só poderá ser

obtida por pessoal especialmente adestrado para esse fim em Postos de

Comando de escalões mais elevados. O captor, contudo, pode interrogar

seus prisioneiros sobre informações militares de valor imediato para o

cumprimento de sua missão, porém sem nunca ameaçar, torturar ou

empregar qualquer outra forma de coerção para obter esses

conhecimentos. Por sua vez, o PG, quando interrogado, só é obrigado a

dizer seu nome, posto ou graduação, data de nascimento e número de

matrícula. Ou seja, os dados constantes de sua placa de identificação

em campanha.

e) Não se pode tomar de um PG seus bens pessoais, exceto aqueles itens

claramente de valor militar ou de interesse para a produção de

informações, tais como: armas, canivetes, equipamentos de sapa, de

orientação e de comunicações, sinalizadores, lanternas, cartas

geográficas e documentos militares. Nesse caso, a retirada desses bens

só se fará após o prisioneiro ter sido colocado sob segurança, separado

e mantido em silêncio. Nada que não tenha algum valor militar lhe

poderá ser tomado. Somente por ordem de um oficial poderá ser

retirado dinheiro de um prisioneiro. Nesse caso, será fornecido recibo

assinado pelo elemento responsável pela custódia, no qual serão

registrados os dados que permitam a perfeita identificação do emitente.

f) Os PG podem realizar vários tipos de trabalhos, desde que estes não

estejam relacionados ao esforço de guerra da parte captora. O trabalho

aceitável que pode ser executado pelos PG deve ser limitado, admitindo-

se, entretanto, que cavem tocas de raposa e abrigos coletivos

destinados à sua própria proteção.

g) Segundo as leis que regulam os conflitos armados, não é permitido

utilizar prisioneiros: como escudo ou medida de proteção no ataque ou

defesa contra o inimigo; na localização, limpeza ou lançamento de minas

ou armadilhas; ou, ainda, para transportar munição ou equipamentos

pesados.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 6-6 - REV 1

h) Não é permitido atacar localidades. Porém, admite-se engajar o inimigo

que nelas se encontre, bem como destruir qualquer equipamento ou

suprimento que o mesmo lá possua, quando a sua missão assim exigir.

Em qualquer caso, as destruições devem se limitar ao absolutamente

necessário para o cumprimento da missão. Caso se empregue o apoio

de fogo numa área urbana, só os alvos militares devem ser atacados.

i) Os prédios e instalações protegidos não devem ser atacados. Embora

uma edificação possa parecer de menor importância para quem a ataca,

na verdade pode apresentar importância relevante para determinado

país. Exemplos de edificações protegidas: prédios dedicados às

atividades religiosas, artísticas, científicas ou caritativas; monumentos

históricos; hospitais e lugares onde os doentes e feridos são

concentrados e tratados; escolas e orfanatos. Se o inimigo, no entanto,

utilizar esses lugares para seu refúgio ou com propósitos ofensivos, o

Comandante deverá comunicar ao seu superior, que decidirá sobre um

ataque a essas posições, após analisar toda a situação. Em caso

afirmativo, a destruição causada à edificação protegida deve ser a menor

possível, compatível com as necessidades ditadas pelo cumprimento da

missão.

j) Pára-quedistas isolados (como, por exemplo pilotos ou tripulação de

aeronaves abatidas ou em pane) são considerados desamparados até

que alcancem o solo. De acordo com as regras da guerra, não é

permitido atirar neles até que cheguem ao chão. Só então, se eles

resistirem com armas ou não se renderem, poderão ser atacados. Tropas

pára-quedistas, por outro lado, são sempre consideradas combatentes e

podem ser atingidas enquanto ainda estiverem no ar.

6.3.2 - Com relação aos civis

a) Não violar os direitos civis nas zonas de guerra. Se cada combatente tiver

algum conhecimento sobre a cultura e as práticas do povo que vive

nessas áreas, serão pequenos os problemas de identificação dos seus

direitos civis. Convém lembrar que os civis são protegidos contra atos de

violência, ameaças e insultos, quer do inimigo, quer de nossas forças.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 6-7 - REV 1

b) Eventualmente pode ser necessário movimentar ou reposicionar civis,

em virtude da urgência exigida pelas atividades militares. Sob nenhuma

circunstância pode ser destruída uma propriedade civil sem aprovação do

Comandante do mais alto escalão. Da mesma forma, nada pode ser

retirado ou tomado dos civis sem autorização expressa de autoridade

competente. A não observância dessas regras é uma grave violação das

leis sobre o Direito da Guerra.

c) Sob nenhuma circunstância, também, pode-se abrir fogo sobre pessoal

médico ou equipamentos empregados pelos serviços de saúde públicos

ou militares do inimigo. A maioria do pessoal e das instalações de saúde

são distinguidos pelo símbolo da Cruz Vermelha. É proibido o uso deste

símbolo por qualquer tropa ou instalação que não as de saúde e de

assistência humanitária.

6.3.3 - Outras normas

a) Segundo as leis que regem os conflitos armados, não é permitido o uso

de veneno ou meios tóxicos. Entretanto, podem ser empregados meios

não tóxicos para destruir os estoques de alimentos e água do inimigo, de

forma a impedir que ele disponha desses recursos em combate.

b) Não é permitido modificar as características das armas com o propósito

de causar sofrimento desnecessário ao inimigo. Também não podem ser

utilizadas munições alteradas para infligir a máxima destruição ao

inimigo.

6.4 - SINAIS CONVENCIONAIS

O Direito da Guerra concede uma proteção particular a categorias específicas

de pessoas e bens.

Sinais distintivos tornam reconhecíveis as pessoas e bens especificamente

protegidos.

Serviço de Saúde civil e militarPessoal religioso militarPessoal civil: somente do serviçomédico civil e da defesa civil.

OU

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 6-8 - REV 1

Bens culturais assinalados :proteçãogeral .Pessoal para proteção de bensculturais.

Obras e instalações contendomaterial ou energia perigosos:barragens, diques, instalaçõesnucleares, gasômetros, depósitos deprodutos tóxicos, etc.

Defesa civil

Bandeira branca ou de tréguas.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 7-1 - REV 1

CAPÍTULO 7

LIDERANÇA

7.1 - GENERALIDADES

A acentuada evolução do conhecimento científico-tecnológico, possibilitando a

produção de armas e equipamentos sofisticados, dispendiosos e de difícil

manuseio, torna cada vez mais complexas as atividades militares, realçando a

importância do papel daquele que é o elemento primordial de qualquer força

armada (FA), em qualquer época: o ser humano.

Conhecer os valores humanos, a partir da busca do auto aperfeiçoamento é,

antes de tudo, uma tarefa a que o militar deve se entregar, ao pretender

realmente ser um profissional competente e um líder capaz de influenciar e

ser respeitado por seus superiores, pares e subordinados.

Esse capítulo trata dos fundamentos da liderança militar, proporcionando base

teórica para o exercício da liderança a partir das menores frações (Esquadra

de Tiro e Grupo de Combate).

7.2 - CONCEITOS BÁSICOS

7.2.1 - Liderança

É o processo que consiste em influenciar pessoas no sentido de agirem,

voluntariamente, em prol dos objetivos da instituição.

A liderança pode ser definida como o processo que permite a alguém dirigir

os pensamentos, planos e ações de outros, de forma a obter sua

obediência, confiança, respeito e leal cooperação.

7.2.2 - Ética

A ética militar é o conjunto de regras ou padrões que levam o profissional

militar a agir de acordo com o sentimento do dever, dignidade militar e

decoro da classe. A título de exemplo, cita-se a Convenção de Genebra que

se constitui em uma coletânea de normas, abordando aspectos de cunho

moral, aplicáveis em situações de combate, envolvendo os participantes de

países beligerantes, apresentada no capítulo anterior.

7.2.3 - Crenças, valores e normas

As crenças são suposições ou convicções julgadas verdadeiras a respeito

de pessoas, conceitos ou fatos.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 7-2 - REV 1

Os valores representam o grau de importância atribuído, subjetivamente, a

pessoas, conceitos ou fatos. Não se nasce com eles; são aprendidos ao

longo da vida, variando de acordo com a sociedade, a cultura, ou a época.

As normas são padrões, regras ou diretrizes usadas para dirigir o

comportamento humano em todos os setores da sociedade, permitindo o

convívio em harmonia. O Regulamento Disciplinar da Marinha (RDM) e o

Código Penal Militar (CPM) são exemplos de normas que guiam o

comportamento dos militares em situações diversas, definindo aquilo que é

ou não permitido.

7.3 - PRINCÍPIOS DE LIDERANÇA

7.3.1 - Considerações iniciais

Os princípios de liderança militar são a base da doutrina de liderança,

proporcionando orientação para o desenvolvimento do líder, dos

subordinados e da unidade.

A liderança militar é baseada em 11 (onze) princípios que são igualmente

aplicáveis a todos os escalões.

7.3.2 - Princípios de liderança militar

a) Conhecer a profissão

Para conhecer sua profissão, o líder deve ter uma larga soma de

conhecimentos. É importante que:

- compreenda as técnicas, os procedimentos e a doutrina de

emprego do seu escalão;

- mantenha-se atualizado com os regulamentos, manuais, normas e

ordens referentes à organização a que pertence;

- tenha compreensão nítida dos problemas humanos; e

- esteja a par dos deveres funcionais e necessidades dos subordinados.

b) Conhecer a si mesmo e procurar o auto-aperfeiçoamento

É dever de todo líder avaliar-se, conhecer seus aspectos positivos e suas

deficiências. É necessário manter-se atualizado sobre assuntos

concernentes à sua profissão e aprimorar-se por meio de cursos e

leituras.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 7-3 - REV 1

c) Assumir a responsabilidade por seus atos

O líder é responsável por seus atos e de seus subordinados em todas as

situações de serviço.

d) Decidir com acerto e oportunidade

O líder deve ser capaz de raciocinar com lógica e analisar cada situação,

a fim de tirar proveito das oportunidades e adotar a melhor decisão.

e) Desenvolver o senso de responsabilidade em seus subordinados

Quando atribuir tarefas aos subordinados, o líder deve fazer com que

estes assumam as conseqüências de seus atos. Assim procedendo,

conquista o respeito e a confiança, desenvolve o espírito de iniciativa e

obtém a franca contribuição de seus liderados.

f) Servir de exemplo a seus homens

O líder é sempre um espelho para os subordinados e por isso deve ter

uma apresentação e conduta que despertem a admiração, o orgulho e o

desejo de imitação.

g) Conhecer e cuidar do bem-estar de seus subordinados

Para que possa empregar seus homens com maior eficiência, o líder

deve observá-los freqüentemente, familiarizar-se com eles, compreender-

lhes as personalidades e compartilhar suas alegrias e tristezas.

h) Manter seus homens bem informados

O subordinado bem informado sobre a missão, a situação e a finalidade

de seu trabalho é muito mais eficiente e cumpre melhor e com maior

iniciativa o seu dever. Entretanto, o líder deve ter sempre presente que as

exigências da segurança restringem, muitas vezes, as informações que

podem ser divulgadas.

i) Assegurar-se de que as ordens são compreendidas, fiscalizadas e

executadas

O líder deve transmitir ordens claras, precisas e concisas. A fiscalização

assegura a correta execução da ordem e pode ser realizada pelo próprio

líder ou com o apoio de alguns subordinados.

j) Treinar seus subordinados como equipe

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 7-4 - REV 1

O treinamento pessoal e o desenvolvimento do espírito de equipe são

tarefas do líder, pois preparam os homens para cumprirem a missão. É

dever do líder treinar seus homens de modo que sejam tática e

tecnicamente capazes de trabalhar em conjunto. Cada liderado deve

compreender que sua contribuição para o sucesso das operações é

importante e reconhecida.

l) Atribuir tarefas a seus homens de acordo com as possibilidades

destes.

O líder deve conhecer tanto as qualidades quanto as limitações de seus

homens e designá-los adequadamente para que os propósitos das

tarefas atribuídas sejam atingidos.

7.4 - TIPOS DE LIDERANÇA

7.4.1 - Considerações iniciais

Tipo ou estilo de liderança é a forma que o líder utiliza para estabelecer a

direção, aperfeiçoar planos e ordens e motivar seus homens para o

cumprimento da missão. Existem três estilos básicos de liderança:

autoritária ou autocrática, participativa ou democrática e delegativa.

7.4.2 - Liderança autoritária ou autocrática

Estabelece normas rígidas, inspeciona os subordinados nos mínimos

detalhes e determina os padrões de eficiência, usando para motivar os

homens o sistema de recompensas e punições. O líder autocrático baseia

sua atuação numa disciplina formal em busca de uma obediência imposta.

O principal problema deste tipo de liderança é o desinteresse pelas idéias

dos subordinados, não utilizando a sua criatividade. O uso deste estilo de

liderança pode gerar descontentamento dentro da equipe, e, o que é mais

grave, inibe a iniciativa do subordinado, além de não considerar os

aspectos humanos, entre eles o relacionamento líder-liderados.

7.4.3 - Liderança participativa ou democrática

Nesse tipo, o líder encara como sua responsabilidade o cumprimento da

missão por meio da participação, do engajamento dos homens e do

aproveitamento de suas idéias. A satisfação pessoal e o sentimento de

contribuição resultam no sucesso da missão, pois levam em conta a

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 7-5 - REV 1

motivação dos homens. O líder procura estabelecer o respeito, a confiança

mútua e o entendimento recíproco.

Esse tipo de líder se reúne com seus subordinados para conversar sobre as

áreas de atrito que interferem no trabalho. Na ausência do líder, esta equipe

terá condições de continuar agindo de acordo com o planejamento

previamente estabelecido para cumprir a missão.

7.4.4 - Liderança delegativa

Esse estilo é mais indicado para assuntos de natureza técnica, onde o líder

atribui a seus assessores a tomada de decisões especializadas. Desse

modo, ele tem mais tempo para dar atenção a todos os problemas sem se

deter especificamente numa determinada área. Contudo, detém a palavra

final sobre a execução da missão.

O ponto crucial do sucesso deste tipo de liderança é saber delegar

atribuições sem perder o controle da situação. O controle das atividades

dos elementos subordinados deve ser permanentemente acompanhado e

fiscalizado.

7.5 - O LÍDER

É possível estruturar o perfil do líder segundo três aspectos fundamentais:

- o caráter (o ser);

- a competência profissional (o saber); e

- a maneira como ambos se manifestam pelo comportamento (o fazer).

7.5.1 - O caráter do líder (o que o líder deve ser)

É a combinação de traços de personalidade que dão consistência ao

comportamento e tem por base as crenças e valores, sendo fator

preponderante nas decisões e no modo de agir de qualquer pessoa.

Certos traços de personalidade encontram-se especialmente acentuados

nos líderes militares, porém não existem fórmulas que indiquem quais os

mais necessários ou como são utilizados no exercício da liderança. É

importante que os chefes procurem desenvolver esses traços em si e nos

seus subordinados porque, em momentos críticos ou nas situações

difícieis, eles proporcionam segurança para agir com eficiência.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 7-6 - REV 1

Estudos realizados nas FA levaram a detectar certos traços como os mais

relevantes para o líder militar brasileiro:

a) Competência

Capacidade de desempenhar, adequadamente, em tempo hábil, as

atividades relativas a sua área de atuação profissional.

b) Responsabilidade

Capacidade de assumir e enfrentar as conseqüências de suas atitudes e

decisões.

c) Decisão

Capacidade de tomar posição diante de várias opções. É a habilidade

para tomar medidas seguras e corretas no momento adequado. A

percepção e a sensibilidade são elementos críticos para a tomada de

decisões.

d) Iniciativa

Capacidade de agir face a situações inesperadas, sem depender de

ordem ou decisão superior.

e) Equilíbrio emocional

Capacidade de controlar as próprias reações, tomar atitudes adequadas

e decidir com acerto e oportunidade.

É a habilidade para avaliar, com calma e imparcialidade, o

comportamento dos subordinados, não se deixando dominar pelas

emoções.

f) Autoconfiança

Capacidade de demonstrar segurança e convicção nas próprias reações

diante de dificuldades. É a certeza de ser ele próprio bem sucedido,

assim como seus homens, em tudo que deve ser realizado. É

demonstrada pela aparência, pelo olhar, pela voz, pelo entusiasmo no

modo de falar e de agir.

g) Direção

Page 57: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 7-7 - REV 1

Capacidade de conduzir e coordenar pessoas, de modo a alcançar um

objetivo. Consiste em assumir o controle, tornando conhecidas suas

idéias, ajudando a definir os problemas e encaminhando o grupo para a

ação correta a fim de solucionar as dificuldades e cumprir a missão.

h) Disciplina

Capacidade de proceder conforme as normas, leis e padrões

regulamentares.

i) Coragem

Capacidade de controlar o medo e continuar desempenhando com

eficiência a missão. A coragem se apresenta sob duas formas:

- coragem física - superação do medo ao dano físico no cumprimento

do dever; e

- coragem moral - defesa dos próprios valores, princípios morais e

convicções.

Existe coragem moral quando se faz algo baseado em valores e

princípios morais, sabendo que esse ato contraria os próprios interesses.

j) Objetividade

Capacidade de selecionar, dentre várias possibilidades, a necessária para

atingir uma determinada meta.

k) Dedicação

Realizar as atividades com empenho. A dedicação está estreitamente

relacionada com as crenças, os valores, e o caráter do líder, o qual é

fortemente motivado para aprender e aplicar seus conhecimentos e

habilidades com o intuito de conseguir unidades disciplinadas e coesas.

l) Coerência

Capacidade de agir de acordo com as próprias idéias e pontos de vista

em qualquer situação. É a expressão da integridade. Significa firmeza,

franqueza, sinceridade e honestidade para si mesmo e em relação a

superiores, pares e subordinados.

m) Camaradagem

Page 58: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 7-8 - REV 1

Capacidade de estabelecer relações amistosa com superiores, pares e

subordinados. É a sensibilidade para perceber sentimentos, valores,

interesses e o bem-estar dos companheiros. Inclui a compreensão e o

diálogo, que ajudam pessoas a encontrar soluções para problemas.

n) Organização

Capacidade de desenvolver suas atividades, sistematizando tarefas.

Permite que as tarefas sejam planejadas de forma ordenada, regulando

e combinando a ação, as condições e os meios.

o) Imparcialidade

Capacidade de julgar baseando-se em dados objetivos, sem se envolver,

distribuindo recompensas e punições (quando for o caso), de acordo com

o mérito e o desempenho de cada um, sem se deixar influenciar pelas

características pessoais dos envolvidos.

p) Persistência

Capacidade para executar uma tarefa vencendo as dificuldades

encontradas até concluí-la. É a perseverança para alcançar um objetivo,

apesar de obstáculos aparentemente insuperáveis. Depende de uma

grande determinação e força de vontade.

q) Persuasão

Capacidade de utilizar argumentos convicentes, para influenciar ações e

opiniões de outros.

7.5.2 - A competência profissional (o que o líder deve saber)

O líder deve possuir outras qualidades, mas o conhecimento é o ponto de

partida. Quando um líder aplica seus conhecimentos ao estudo e à solução

de problemas está atuando no nível do seu "saber". Estes conhecimentos

abrangem os seguintes aspectos:

a) Conhecimento dos subordinados

Para alcançar este objetivo, a observação e o acompanhamento

constantes são importantes, mas somente a convivência direta com os

Page 59: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 7-9 - REV 1

homens permitirá ao líder o conhecimento mais profundo das

capacidades e das limitações de cada um.

b) Compreensão da natureza humana

Este conhecimento permite que o líder avalie, oriente, execute e motive

seus subordinados. A tarefa mais difícil com que qualquer líder se

defronta é inspirar e gerar nos subordinados a coragem necessária para

superar a incerteza e o medo.

c) Competência profissional técnica e tática

Para executar com êxito uma missão, o líder tem que saber o que está

acontecendo, decidir o que fazer a respeito, transmitir suas ordens e,

finalmente, manter-se informado, acompanhando o desenvolvimento dos

trabalhos.

O treinamento proporciona aos líderes a aquisição de habilidades,

conhecimentos e comportamentos que são os elementos-chave da

competência tática e técnica.

A capacidade técnica é decisiva para a manutenção segura do

equipamento militar e para seu emprego eficaz. Os líderes necessitam

possuir imaginação e habilidade, aceitando riscos razoáveis e criando

oportunidades a fim de obter vantagens que facilitem o cumprimento da

missão.

A capacidade tática é essencial para o emprego das forças militares,

cujo objetivo é vencer o inimigo. A liderança é o elemento crucial do

poder de combate - e a sua essência - e qualquer falha na integração da

doutrina de liderança com a doutrina operacional irá determinar o

fracasso de uma ação militar.

7.5.3 - O que o líder deve fazer

a) Comunicação

- não impor seus argumentos como os únicos que estão corretos

e admitir a colaboração de seus subordinados; e

- procurar compreender o subordinado, integrando-o ao grupo.

b) Motivação

Page 60: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 7-10 - REV 1

É a força interna que emerge, regula e sustenta todas as ações

humanas. É um impulso interior que leva as pessoas a realizarem

coisas.

O líder deve motivar o seu subordinado, pois motivado, ele utilizará ao

máximo seus recursos (conhecimentos, habilidades e aptidões) para

alcançar objetivos.

c) Disciplina e coesão

A pedra angular sobre a qual se estrutura a dinâmica da Organização

Militar (OM) é a disciplina. Esta se evidencia pela imediata e efetiva

execução de tarefas em resposta as ordens.

Uma tropa disciplinada e coesa resulta de liderança eficiente em todos

os escalões, havendo tantos e tão variados indícios de sua manifestação

que seria impossível enumerá-los em sua totalidade.

São exemplos de indicadores da disciplina de uma unidade:

- missões bem cumpridas;

- apresentação pessoal irrepreensível;

- elevado espírito de corpo e o orgulho de pertencer àquela unidade;

- empenho de todos em bem cumprir suas tarefas;

- manutenção do armamento e do equipamento bem realizada; e

- instrução bem planejada e conduzida.

São exemplos de procedimentos adotados pelo líder, que concorrem

para implementar o verdadeiro espírito de disciplina:

- ser sincero com seus superiores, pares e subordinados;

- obedecer e assegurar-se de que as normas disciplinares são

obedecidas;

- estimular em seus subordinados o sentimento de que sempre devem

dizer a verdade;

- ser justo e criterioso na aplicação de recompensas, elogios e punições;

Page 61: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 7-11 - REV 1

- desenvolver o gosto por atividades esportivas e intelectuais;

- respeitar, sobretudo, a dignidade humana dos seus subordinados,

evitando o uso de expressões depreciativas, preconceituosas ou

grosseiras; e

- desenvolver a coesão e a disciplina em suas frações.

Coesão e disciplina estão fortemente inter-relacionadas. Coesão pode

ser definida como a existência de fortes laços de lealdade, respeito

recíproco, confiança e compreensão entre os integrantes de uma OM. Se

uma unidade é disciplinada e cumpre com presteza e rapidez suas

tarefas, mesmo sob tensão ou condições adversas, deve possuir um

nível elevado de coesão; e ao treinar seus homens como uma equipe

estará contribuindo para o aprimoramento da coesão.

7.5.4 - Resumo do que o líder deve ser, saber e fazer.

O Líder O Quê Como

SerPossuidor de caráter Pela competência,

responsabilidade, iniciativa,equilíbrio emocional, autoconfiança,coragem, etc.

Saber

Conhecer os subordinados

Compreender a naturezahumana

Possuir competênciaprofissional (técnica / tática)

Como reagem sob tensão;capacidade e limitações;conhecimento e habilidades.

Necessidades, carências e emoções;ações e comportamentos.

Ampliando seus conhecimentos,decidindo com oportunidade eacerto; transmitindo ordenscorretamente; mantendo-seinformado.

Page 62: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 7-12 - REV 1

Fazer

ComunicarMotivar

Disciplinar

Estimular a coesão

Usando técnicas de comunicação. Despertando a força interna que levaas pessoas a realizarem coisas.Pela instrução militar, exemplopessoal, análise dos fatos ocorridose pelo aconselhamento.Pela obtenção da união mental,emocional e espiritual dos membrosdo grupo (espírito de equipe).

7.6 - A IMPORTÂNCIA DO LÍDER NO CFN

A realização de uma operação anfíbia (OpAnf) exige tropa especializada e

especialmente treinada nos procedimentos táticos específicos. Essas

características dos combatentes anfíbios ressaltam a importância da

liderança como atributo de um fuzileiro naval.

Desde as menores frações, cada Comandante tem que ser capaz de

despertar nos seus subordinados a vontade de combater. Deve motivá-los e

conduzi-los adequadamente, visando a contribuir para o sucesso das ações.

Convém lembrar que mãos adestradas manuseiam com perfeição o

armamento mais sofisticado, porém, o caráter, a vontade e o espírito de corpo

controlam as mãos.

No trato diário com a tropa, cabe ao Comandante conquistar o respeito e a

lealdade de seus subordinados. Essa tarefa, que consome esforço e tempo, é

exercida pela firme manifestação de convicções e apontando-se sempre o

caminho a seguir, sob pena de o líder perder a confiança do subordinado e

comprometer definitivamente o que almejava.

Tornar-se um líder depende de muita força de vontade, perseverança,

observação de si mesmo e dos outros, prática e aperfeiçoamento.

É preciso fazer sempre uma auto-avaliação para verificar em quais requisitos

da liderança se é deficiente e procurar corrigi-los.

7.7 - DIFERENÇA ENTRE LÍDER E CHEFE

Nem sempre o chefe constituir-se-á em um líder. O chefe, por estar investido

de uma função ou cargo no qual é necessário o trato diário com os

subordinados, poderá fazê-lo friamente por intermédio das leis e dos

regulamentos.

Page 63: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 7-13 - REV 1

O líder, ainda que não seja o chefe, é capaz de unir as outras pessoas para a

consecução de uma mesma finalidade.

A grande diferença está na capacidade inerente a uma pessoa, para incentivar

um grupo a fim de motivá-lo a alcançar as metas estabelecidas.

Page 64: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 8-1 - REV 1

CAPÍTULO 8

ORGANIZAÇÃO

8.1 - INTRODUÇÃO

A Marinha do Brasil (MB) é uma instituição nacional permanente e regular,

organizada com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema

do Presidente da República. Destina-se à defesa da Pátria, à garantia dos

poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

8.2 - ORGANIZAÇÃO DO MINISTÉRIO DA MARINHA

O organograma abaixo apresenta os Órgãos de Direção-Geral (ODG), Estado-

Maior da Armada e Almirantado, e os Órgãos de Direção Setorial (ODS):

ComOpNav, SGM, DGMM, DGPM, DGN e CGCFN. Além desses, existem os

Órgãos de Assessoramento ao Ministro da Marinha, os Órgãos Vinculados e

as Organizações Militares (OM) subordinadas aos ODG e algumas

subordinadas aos ODS, que não serão citados neste capítulo, em face da

finalidade básica desta publicação.

MM

ESTADO-MAIOR DAARMADA (EMA)

COMANDO DEOPERAÇÕES

NAVAIS (ComOpNav)

ALMIRANTADO

DIRETORIA-GERALDO MATERIAL DAMARINHA(DGMM)

DIRETORIA-GERALDE NAVEGAÇÃO

(DGN)

SECRETARIA-GERALDA MARINHA

(SGM)

DIRETORIA-GERALDO PESSOAL DAMARINHA (DGPM)

COMANDO-GERALDO CORPO DE

FUZILEIROS NAVAIS(CGCFN)

Fig 8-1 - Organograma do Ministério da Marinha

8.3 - COMANDO DE OPERAÇÕES NAVAIS

O Comando de Operações Navais (ComOpNav) tem por finalidade aprestar os

meios operativos para a adequada aplicação do poder naval.

O Comandante de Operações Navais (CON) é um Almirante-de-Esquadra do

Corpo da Armada (CA), que exerce as atribuições de Comandante-em-Chefe

Page 65: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 8-2 - REV 1

de todas as Forças Navais, Aeronavais e de Fuzileiros Navais. O CON está

diretamente subordinado ao Ministro da Marinha (MM).

O organograma do ComOpNav a seguir está reduzido, porquanto somente

foram mencionados os órgãos que lhe são diretamente subordinados.

ComOpNav

Comando-em-Chefe daEsquadra (ComemCh)

10 Distrito Naval

(10DN)

20 Distrito Naval

(20DN)

30 Distrito Naval

(30DN)

40 Distrito Naval

(40DN)

50 Distrito Naval

(50DN)

60 Distrito Naval

(60DN)

70 Distrito Naval

(70DN)

80 Distrito Naval

(80DN)

Força de Fuzileiros daEsquadra (FFE)

Comando do ControleNaval do Tráfego Marítimo

(COMCONTRAM)

Fig 8-2 - Organograma do Comando de Operações Navais

8.4 - COMANDO-GERAL DO CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

O Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais (CGCFN) tem por finalidade

exercer a direção setorial das atividades peculiares ao apoio específico às

Forças e Unidades de tropa de FN.

Page 66: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 8-3 - REV 1

O Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais (ComGer) é um

Almirante-de-Esquadra do Corpo de Fuzileiros Navais (CFN) que também está

diretamente subordinado ao MM.

Sua estrutura organizacional pode ser visualizada no seguinte organograma:

CGCFN

Comando do Pessoalde Fuzileiros Navais

(CPesFN)

Comando do Materialde Fuzileiros Navais

(CMatFN)

Centro de InstruçãoAlmirante Sylvio deCamargo (CIASC)

Centro de InstruçãoAlmirante Milcíades

Portela Alves (CIAMPA)

Centro de Adestramentoda Ilha da Marambaia

(CADIM)

Centro de Reparos eSuprimentos Especiais do

Corpo de Fuzileiros Navais(CRepSupEspCFN)

BatalhãoNaval

(BtlNav)

Fig 8-3 - Organograma do Comando-Geral do CFN

8.5 - FORÇA DE FUZILEIROS DA ESQUADRA

A Força de Fuzileiros da Esquadra (FFE) é constituída por forças e unidades

de fuzileiros navais, para fins operativos e administrativos.

O Comandante da FFE (ComFFE) é um Vice-Almirante do CFN que está

diretamente subordinado ao CON.

A FFE tem a seguinte organização:

Page 67: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 8-4 - REV 1

FFE

Batalhão de OperaçõesEspeciais de

Fuzileiros Navais(BtlOpEspFuzNav)

Base de FuzileirosNavais do Rio Meriti

(BFNRM)

Divisão Anfíbia(DivAnf)

Tropa de Reforço(TrRef)

Fig 8-4 - Organograma da FFE

8.6 - DIVISÃO ANFÍBIA

A Divisão Anfíbia (DivAnf) tem como uma das tarefas a organização de

Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais (GptOpFuzNav)

destinados ao emprego em operações e ações de guerra naval e

operações terrestres de caráter naval.

O Comandante da Divisão Anfíbia é um Contra-Almirante do CFN, que

está diretamente subordinado ao Comandante da FFE.

Seu organograma pode ser visto na figura a seguir:

Page 68: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 8-5 - REV 1

DivAnf

10 Batalhão de Infantaria

de Fuzileiros Navais(10 BtllnfFuzNav)

20 Batalhão de Infantaria

de Fuzileiros Navais(20 BtllnfFuzNav)

30 Batalhão de Infantaria

de Fuzileiros Navais(30 BtllnfFuzNav)

Batalhão de Artilhariade Fuzileiros Navais

(BtlArtFuzNav)

Bateria de ArtilhariaAntiaérea

(BiaArtAAe)

Base de FuzileirosNavais da Ilha do

Governador (BFNIG)

Companhia de Comandoda Divisão Anfíbia(CiaCmdoDivAnf)

Companhia deComunicações

(CiaCom)

Companhia de Carrosde Combate

(CiaCC)

Fig 8-5 - Organograma da Divisão Anfíbia

8.7 - TROPA DE REFORÇO

A Tropa de Reforço (TrRef) tem como uma das tarefas contribuir para a

organização dos GptOpFuzNav destinados ao emprego em operações e ações

de guerra naval e operações terrestres de caráter naval.

Page 69: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 8-6 - REV 1

O Comandante da TrRef é um Contra-Almirante do CFN, que está diretamente

subordinado ao Comandante da FFE.

Sua estrutura organizacional é a seguir apresentada.

TrRef

Base de Fuzileiros Navaisda Ilha das Flores

(BFNIF)

Batalhão de Engenhariade Fuzileiros Navais

(BtlEngFuzNav)

Batalhão Logísticode Fuzileiros Navais

(BtlLogFuzNav)

Batalhão de ViaturasAnfíbias

(BtlVtrAnf)

Companhia de GuerraEletrônica(CiaGE)

Companhia de Polícia(CiaPol)

Fig 8-6 - Organograma da Tropa de Reforço

8.8 - GRUPAMENTOS DE FUZILEIROS NAVAIS

Os Grupamentos de Fuzileiros Navais (GptFN) têm a tarefa principal de prover

guarda e segurança às instalações da MB. Os GptFN são subordinados

diretamente ao Comando do Distrito Naval onde se localizam, exceto o GptFN

de Manaus que é subordinado ao Comando Naval da Amazônia Ocidental

que, por sua vez, é subordinado ao 4oDN.

Existem os seguintes GptFN:

GptFNRJ - Rio de Janeiro

GptFNSa - Salvador

Page 70: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 8-7 - REV 1

GptFNNa - Natal

GptFNBe - Belém

GptFNRG - Rio Grande

GptFNLa - Ladário

GptFNB - Brasília

GptFNMa - Manaus

Destaca-se que os GptFNLa, GptFNMa e GptFNBe também são empregados

em operações ribeirinhas.

8.9 - ORGANIZAÇÕES MILITARES DE INSTRUÇÃO E ADESTRAMENTO DO

CORPO DE FUZILEIROS NAVAIS

Buscando aprimorar o preparo técnico-profissional dos militares do CFN,

determinadas OM exercem atividades específicas na área de formação,

especialização e aperfeiçoamento de pessoal.

Subordinadas ao CPesFN, encontram-se o CIASC, CIAMPA e o CADIM.

Subordinado ao 7oDN, o Centro de Instrução e Adestramento de

Brasília (CIAB).

Page 71: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 9-1 - REV 1

CAPÍTULO 9

UNIFORMES

9.1 - GENERALIDADES

Todo fuzileiro naval (FN) deve considerar o uso de seus uniformes como moti-

vo de muito orgulho pessoal. O apuro excepcional, além de obrigatório, cons-

titui uma das mais caras tradições da Marinha do Brasil (MB)e um aspecto

dos mais significativos do espírito de corpo que sempre esteve presente no

Corpo de Fuzileiros Navais (CFN).

A observância do contido neste capítulo tem reflexos positivos na disciplina,

na eficiência da tropa e no bom nome do CFN. Quando estiver fardado, o FN

não pode esquecer que ele representa o CFN e a MB.

9.2 - USO DOS UNIFORMES

Os FN em serviço ativo devem estar sempre providos de andainas adequadas

dos uniformes previstos no Regulamento de Uniformes da Marinha (RUMB).

Àqueles que têm direito ao recebimento de uniformes fornecidos pela União,

cabe a obrigatoriedade de adquirir, por conta própria, as peças que deixarem

de possuir por motivos de acidente em serviço, extravio ou desgaste fora do

normal. Esse procedimento independe da instauração ou conclusão do pro-

cesso que julgará o direito à indenização das peças em falta.

Para uma melhor padronização na utilização dos uniformes, é vedado ao FN

o uso de:

- uniformes em circunstâncias ou condições diferentes daquelas estabeleci-

das no RUMB;

- qualquer peça não prescrita no RUMB ou em atos dele decorrentes;

- uniformes em desacordo com as suas especificações;

- quaisquer objetos de uso ou de adorno, de forma visível, tais como: caneta,

lapiseira, corrente de relógio, chaveiro, pregador de gravata, lenços, etc.;

- roupa de baixo com estamparia ou cores que transpareçam em contraste

com o uniforme;

- qualquer sinal de luto, salvo quando houver determinação nesse sentido;

- uniformes em bailes à fantasia;

- peças de uniforme completa ou parcialmente desbotadas;

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 9-2 - REV 1

- distintivos de qualquer natureza, que não estejam autorizados, inclusive os

de cursos;

- mais de dois distintivos especiais de cursos;

- óculos cuja armação ou vidros não sejam compatíveis com a sobriedade do

uniforme; e

- óculos protetores de sol, em formatura, exceto quando houver prescri-

ção médica específica.

9.3 - PRESCRIÇÕES DIVERSAS

- os CB e SD usarão obrigatoriamente com o dólmã branco, a camiseta bran-

ca meia manga, o cinto branco externo ou o do equipamento, esse último

nas situações especiais previstas no RUMB;

- é obrigatório o uso de camiseta branca de meia manga no uniforme branco

de verão (5.5);

- não existe uniforme no qual a camiseta branca de meia manga seja a peça

de cima;

- a japona e a capa impermeável devem ser usadas sempre fechadas (botão e

fecho), tolerando-se uma abertura na altura do colarinho;

- quando usada a japona ou a capa impermeável, o equipamento deve ser a

peça de cima;

- não usar nos bolsos objetos que, pelo volume ou transparência do tecido do

uniforme, ocasionem prejuízos para a boa apresentação, seja individual ou

em conjunto;

- as camisas dos uniformes devem ter dois vincos laterais, no sentido vertical,

simétricos, a meio dos bolsos, em toda a extensão da frente e de trás, com

as arestas voltadas para fora;

- as malas, pastas, malotes, valises, mochilas, protetores para uniformes e

porta-bonés somente poderão ser levados pelas mãos, sendo proibido,

quando fardado, transportá-los pendentes aos ombros, sob os braços, sobre

os ombros, costas ou peito;

- os distintivos dos cursos ministrados em outras forças poderão ser usados

em consonância com o estabelecido no Regulamento de Uniformes daque-

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 9-3 - REV 1

las organizações, obedecendo-se, todavia, a limitação constante do artigo

9.2, deste capítulo;

- algumas peças utilizadas como abrigo (sobretudo, japona, jaqueta de moto-

ciclista, capa impermeável, poncho, etc.), apesar de serem de uso facultati-

vo, devem ser compulsoriamente usadas pelos militares quando incorpora-

dos (guardas, escoltas, etc.);

- em qualquer formatura, cabe aos comandantes de frações a responsabilida-

de básica de verificar a correção do aspecto fisionômico, do uniforme e do

equipamento de seus subordinados, independente de determinação expres-

sa do escalão superior (ex: na Esquadra-de-Tiro, ao Cabo; no Grupo-de-

Combate, ao Sargento; e no Pelotão, ao Tenente);

- é vedado aos militares o uso de quaisquer peças dos uniformes em adorno a

trajes civis.

- a figura 9-1 apresenta a correspondência dos uniformes das três forças

armadas. Sua consulta deve ser compulsória, principalmente quando houver

cerimônias envolvendo militares de mais de uma força.

MARINHA EXÉRCITO AERONÁUTICA CIVIL

1.1 - Jaqueta azul 1o A - Túnica cinza fe-

chada

1o A - Gala

1o B -Gala

Casaca ou Fra-

que

1.2 - Jaqueta branca 1o B - Jaqueta preta 2o - Branco rigor

3o A -Baratéia rigor

"Smoking",

"Summer" ou

"Dinner Jacket"

4.1 - Azul

4.3 - Azul c/ barretas

2o A - Túnica cinza

3o A - Túnica verde oliva

3o B - Blusão verde oliva

3o B - Baratéia

social

4o - Branco social

5o - Baratéia

Passeio completo

4.5 - Azul de verão 3o D - Camisa bege meia

manga

6o A - Trânsito

7o A - Externo

Passeio

4.8 - Azul social c/ barretas

4.9 - Azul social c/ miniaturas

2o A - Túnica cinza 3o B - Baratéia

social

XXX

5.1 - Branco

5.3 - Branco c/ barretas

2o B - Túnica branca

3o A - Túnica verde oliva

3o B - Blusão verde oliva

3o B - Baratéia

social

4o - Branco social

5o - Baratéia

Passeio completo

Page 74: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 9-4 - REV 1

MARINHA EXÉRCITO AERONÁUTICA CIVIL

5.5 - Branco de verão 3o D - Camisa bege meia

manga

6o A - Trânsito

7o A - Externo Passeio

6.1 - Cinza/Bege completo 3o A - Túnica verde oliva

3o B - Blusão verde oliva

5o - Baratéia XXX

6.2 - Cinza/Bege de inverno 3o C - Camisa bege com

gravata

6o A - Trânsito XXX

6.3 - Cinza/Bege de inverno

p/ serviço

XXX 6o B - Interno Esporte

6.4 - Cinza/Bege de verão 3o D - Camisa bege meia

manga

7o A - Externo XXX

6.5 - Cinza/Bege de verão

p/ serviço

XXX 7o B - Interno XXX

Fig 9-1 - Quadro sinótico da correspondência dos uniformes das forças

armadas

Page 75: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 10-1 - REV 1

CAPÍTULO 10

A CARREIRA

10.1 - GENERALIDADES

A carreira militar é caracterizada por atividade continuada e inteiramente

devotada às finalidades precípuas das forças armadas, denominada

atividade militar. Ela é privativa do pessoal da ativa. No caso do pessoal do

Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), inicia-se com seu ingresso na Marinha e

obedece às diversas seqüências de graus hierárquicos.

Posto é o grau hierárquico do oficial, conferido por ato do Presidente da

República ou do Ministro de Força Singular e confirmado em Carta Patente.

Graduação é o grau hierárquico da praça, conferido pela autoridade militar

competente.

Os oficiais e praças, ao longo das respectivas carreiras, devem empenhar-se

permanentemente no aprimoramento dos atributos morais e profissionais

indispensáveis para servir à Pátria e à Marinha. Por essa razão, deve ser

uma preocupação individual tomar todas as providências, ao seu nível, que

assegurem a progressão hierárquica.

O presente capítulo sintetiza os aspectos de maior relevância da carreira de

oficiais e praças do CFN.

10.2 - OFICIAIS FUZILEIROS NAVAIS

10.2.1 - Organização

Os oficiais fuzileiros navais estão distribuídos pelos seguintes Corpos e

Quadros:

Corpo de Fuzileiros Navais:

- Quadro de Oficiais Fuzileiros Navais (FN); e

- Quadro Complementar de Oficiais Fuzileiros Navais (QC-FN).

Corpo Auxiliar da Marinha:

Quadro Auxiliar de Fuzileiros Navais (AFN).

a) Ingressarão no Quadro de Oficiais Fuzileiros Navais os Guardas-

Marinha que concluírem com aproveitamento o curso da Escola Naval

e, por transferência, os Capitães-Tenentes do Quadro Complementar

Page 76: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 10-2 - REV 1

de Oficiais Fuzileiros Navais selecionados pela Comissão de

Promoções de Oficiais (CPO).

b) Ingressarão no Quadro Complementar de Oficiais Fuzileiros Navais os

candidatos civis e militares graduados nas habilitações requeridas

pelo Serviço Naval, aprovados em processo seletivo, Curso de

Formação e Estágio de Aplicação de Oficiais.

c) Os oficiais do Corpo de Fuzileiros Navais exercerão cargos e funções

relativos à aplicação do poder naval e seu preparo, em especial nas

operações anfíbias.

d) Os oficiais FN são ordenados em uma escala hierárquica

constituída pelos postos de Segundo-Tenente a Almirante-de-

Esquadra, e os do QC-FN, pelos postos de Segundo-Tenente a

Capitão-Tenente. Antes de completados cinco anos de nomeação ao

oficialato, os oficiais do QC-FN serão avaliados pela CPO, visando a

sua permanência em caráter definitivo na Marinha. Os que

permanecerem serão selecionados, oportunamente, para

transferência para o Quadro de Oficiais Fuzileiros Navais ou Quadro

Técnico do Corpo Auxiliar da Marinha.

e) Ingressarão no Quadro Auxiliar de Fuzileiros Navais as praças da

Marinha, com segundo grau completo, aprovadas em concurso de

admissão, Curso de Formação e Estágio de Aplicação de Oficiais.

f) Os oficiais AFN exercerão funções técnico-administrativas que visem

às atividades de apoio técnico e às atividades gerenciais e

administrativas em geral.

g) Os oficiais AFN serão ordenados em uma escala hierárquica

constituída pelos postos de Segundo-Tenente a Capitão-Tenente. Os

oficiais desse último posto com curso superior, após seleção pela

CPO, serão transferidos para o Quadro Técnico.

10.2.2 - Estruturação da carreira

A estruturação da carreira inclui estímulos ao desenvolvimento pessoal e à

realização profissional dos oficiais, de modo a se obter eficiência e

eficácia no exercício dos diversos cargos e funções inerentes às atividades

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 10-3 - REV 1

da Marinha. O acesso na hierarquia militar fundamenta-se em três

aspectos:

- aprovação em cursos, exames e estágios;

- embarque ou serviço em tropa ou exercício de cargo essencial para a

formação profissional do oficial; e

- proficiência revelada no desempenho dos cargos e funções que lhes

forem cometidos.

10.2.3 - Cursos e exames

A aprovação nos seguintes cursos e exame deverá ser obtida em uma

única oportunidade, a fim de permitir o acesso aos postos superiores, bem

como proporcionar, progressivamente, a habilitação requerida ao exercício

dos cargos previstos:

- Curso de Especialização de Guerra Anfíbia (C-EspGAnf);

- Curso de Aperfeiçoamento (CAO-CFN);

- Curso de Estado-Maior para Oficiais Intermediários (C-EMOI);

- Curso de Aperfeiçoamento Avançado (CApA);

- Exame de Seleção para os Cursos de Altos Estudos Militares (C-

AEM);

- Curso de Estado-Maior para Oficial Superior (C-EMOS) ou Curso

Superior (C-Sup); e

- Curso de Política e Estratégia Marítimas (C-PEM).

10.2.4 - Proficiência no desempenho de cargos e funções

Os oficiais têm a proficiência aferida pela CPO, a partir dos subsídios

obtidos nas avaliações periódicas e complementares, e nos dados de

carreira, com vistas ao acesso hierárquico, à seleção para cursos, à

nomeação para cargos, às transferências entre Corpos e Quadros e à

indicação para a quota compulsória.

10.3 - PRAÇAS FUZILEIROS NAVAIS

10.3.1 - Organização

O Corpo de Praças de Fuzileiros Navais (CPFN) é organizado em Quadro

Suplementar, Quadro de Especialistas e Quadro de Aperfeiçoados.

Page 78: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 10-4 - REV 1

As praças não especializadas do CPFN serão agrupadas num Quadro

Suplementar único, constituído exclusivamente por militares da graduação

de Soldado Fuzileiro Naval (SD-FN).

As demais praças do CPCFN serão distribuídas pelos seguintes Quadros

de Especialistas e de Aperfeiçoados:

- Infantaria (IF) - Enfermagem (EF)

- Artilharia (AT) - Motores e Máquinas (MO)

- Engenharia (EG) - Eletrônica (ET)

- Comunicações Navais (CN) - Corneta e Tambor (CT)

- Escrita (ES) - Música (MU)

As praças do CPFN serão ordenadas em uma escala hierárquica

crescente pelas seguintes graduações:

- Soldado Fuzileiro Naval (SD-FN);

- Cabo (CB);

- Terceiro-Sargento (3o SG);

- Segundo-Sargento (2o SG);

- Primeiro-Sargento (1o SG); e

- Suboficial (SO).

10.3.2 - Inclusão

Serão incluídos no CPFN:

- na graduação de SD-FN, os Soldados-Recrutas (SD-RC), os Marinheiros

(MN) do Corpo de Praças da Armada (CPA) e os Soldados Reservistas

das demais Forças Armadas aprovados no Curso de Formação de

Soldados (C-FSD); e

- na graduação de 3oSG, as praças do CPA e das demais Forças

Armadas, até a graduação de CB, e os candidatos civis aprovados no

Curso de Formação de Sargentos Músicos (C-FSG-MU).

10.3.3 - Estruturação da carreira

A estruturação da carreira inclui estímulos ao desenvolvimento pessoal e à

realização profissional das praças, com o propósito de se obter eficiência

Page 79: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 10-5 - REV 1

e eficácia no exercício das diversas funções inerentes às atividades da

MB.

A avaliação das praças, tanto para efeito de promoção quanto para a

realização dos cursos de carreira, é pautada no conjunto de qualidades e

atributos dos avaliados, no decurso da carreira e na graduação que

ocupam.

Os seguintes aspectos básicos são considerados:

- comportamento;

- aptidão para a carreira;

- habilitação profissional;

- interstício;

- tempo de embarque/tropa ou em função técnica;

- higidez física e mental;

- avaliação da Comissão de Promoção de Praças (CPP); e

- avaliação física.

10.3.4 - Cursos

A aprovação nos seguintes cursos de carreira, a ser obtida em uma única

oportunidade, permitirá o acesso a graduações superiores e propiciará,

progressivamente, a habilitação requerida ao exercício das funções

previstas:

- Curso de Especialização (C-Espc);

- Curso de Formação de Sargentos (C-FSG);

- Curso de Aperfeiçoamento (C-Ap); e

- Curso Especial de Habilitação para Promoção a Suboficial (C-Esp-

Hab).

a) C-Espc

Destina-se a habilitação dos SD-FN para o cumprimento de obrigações

que exijam o domínio de técnicas específicas, de modo a complementar

a qualificação recebida no C-FSD.

b) C-FSG

Destina-se ao revigoramento da formação militar-naval dos CB, de modo

a prepará-los para o exercício da liderança em funções futuras.

Page 80: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 10-6 - REV 1

c) C-Ap

Destina-se a atualizar e a ampliar os conhecimentos técnicos dos 3o SG,

necessários ao desempenho de cargos e ao exercício de funções

próprias das graduações superiores, e para o exercício de cargos e

serviços na operação e manutenção dos meios das unidades de tropa.

d) C-Esp-Hab

Destina-se a aprimorar a formação militar-naval dos 1o SG, com ênfase

em liderança.

e) Outros cursos

Para o exercício de determinadas funções, podem também ser

requeridos os seguintes cursos:

- Cursos de Subespecialização (C-Subespc), destinados a preparar as

praças para serviços em setores restritos da MB, que exijam

habilitações complementares às conferidas pela especialização; e

- Cursos de Qualificação Técnica Especial (C-QTE), destinados a

qualificar 2o SG para o exercício de funções técnicas, objetivando o seu

emprego em atividades de manutenção e reparo de alto escalão e em

atividades de ensino.

Page 81: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 11-1 - REV 1

CAPÍTULO 11

CONDICIONAMENTO FÍSICO

11.1 - GENERALIDADES

A boa forma física é fator fundamental para que o fuzileiro naval (FN)

consiga desempenhar suas tarefas, tanto em combate quanto no

adestramento diário.

O estilo de vida sedentário que o homem moderno adotou concorre para o

prejuízo de sua própria saúde.

A falta de exercício físico contribui para o aumento da obesidade, excesso de

colesterol no sangue e hipertensão arterial, que são a porta de entrada para

o desenvolvimento de sérios problemas cardíacos.

Os exercícios físicos incrementam a massa muscular, proporcionando uma

boa postura, o aumento da densidade óssea, diminuindo a possibilidade de

fraturas, e diminuem a ansiedade e o estresse. Ressalte-se que essas

condicionantes podem ser decisivas em situações de combate.

11.2 - ORIENTAÇÕES

O militar é o principal responsável pela manutenção do seu condicionamento

físico.

O Treinamento Físico-Militar (TFM) deve fazer parte da rotina de cada FN

independentemente da organização militar (OM) onde sirva e da função que

esteja exercendo.

A freqüência ideal de exercícios é de cinco vezes por semana. No entanto,

para que haja progresso no condicionamento físico, considera-se

indispensável a prática de atividades físicas por, pelo menos, três vezes em

cada sete dias.

O TFM deve ser realizado nos horários que não interfiram com os períodos

de digestão das principais refeições.

Em regiões ou estações com temperaturas muito baixas ou elevadas, o TFM

deverá ser executado quando a temperatura estiver amena.

11.3 - PROGRAMAS DE TREINAMENTO FÍSICO-MILITAR

A fim de promover o grau de condicionamento físico apropriado ao

desempenho das atividades do FN, foram desenvolvidos programas de TFM

Page 82: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 11-2 - REV 1

com base em princípios científicos, observando-se as diferentes faixas

etárias dos militares.

Esses programas são aplicados ao longo dos ciclos de adestramento sob a

supervisão do oficial de TFM de cada OM.

Cada sessão de TFM é dividida em aquecimento, ginástica preparatória,

atividade física propriamente dita e volta à calma.

O aquecimento, que é composto por exercícios de alongamento e

flexibilidade, tem a finalidade de reduzir a ocorrência de estiramentos

musculares e entorses decorrentes de um aumento repentino na atividade

física.

A ginástica preparatória exercita todos os grupos musculares e os prepara

para a atividade física, que compreende exercícios de natação, corrida, pista

de aparelhos ou de cabos, ginástica com toros, caminhada e prática de

esportes coletivos.

Uma combinação bem dosada de cada uma dessas atividades é ideal para o

desenvolvimento da aptidão física e do espírito de equipe tão necessários às

atividades do FN, particularmente no caso dos esportes coletivos.

A volta à calma reduz gradualmente os batimentos cardíacos e a respiração

aos níveis normais.

11.4 - INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

11.4.1 - Sudorese

A sudorese é um processo de eliminação de água para permitir a

diminuição da temperatura corporal.

O aumento da sudorese não diminui a gordura corporal. A perda de

gordura acontecerá quando o gasto energético for maior que a ingestão

calórica de alimentos.

A água proveniente da sudorese é oriunda do sangue e sua perda

excessiva pode causar a desidratação. Para a reposição de água, os

praticantes de TFM deverão ingerir um a dois copos de água meia hora

antes da atividade programada e, se possível, durante os exercícios.

Page 83: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 11-3 - REV 1

11.4.2 - Controle da freqüência cardíaca

A freqüência cardíaca é o principal parâmetro a ser controlado durante a

execução do TFM, de forma a se preservar os limites de segurança de

cada indivíduo.

Deve ser medida com a pessoa na posição de pé, parada, durante quinze

segundos, multiplicando-se o resultado obtido por quatro. Assim,

determina-se o valor da freqüência em batimentos por minuto (bpm).

A faixa etária indicará o valor aceitável para a freqüência cardíaca máxima

(FCM) que jamais deverá ser ultrapassada para não colocar em risco a

saúde do praticante do TFM.

Em função dessa freqüência são determinados os limites do batimento

cardíaco durante os períodos de esforço. Tais valores podem ser

encontrados nas OM em documentos específicos relativos à matéria.

11.4.3 - Efeitos fisiológicos do TFM

O treinamento regular e variado provoca manifestações positivas no

funcionamento do organismo humano, dentre as quais destacam-se:

a) Sistema cardio-respiratório

- redução da freqüência cardíaca;

- aumento do volume sangüíneo e da hemoglobina;

- maior rendimento cardíaco;

- redução da pressão arterial;

- aumento dos volumes pulmonares; e

- maior absorção de oxigênio pelos músculos.

b) Composição corporal

- redução da gordura corporal total.

c) Outros

- hipertrofia muscular;

- aumento de amplitude do movimento das articulações;

- aumento da velocidade de reação;

- aumento da resistência de ruptura dos ossos, ligamentos e tendões; e

- redução dos níveis de colesterol e triglicerídeos.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 11-4 - REV 1

11.5 - TESTE DE AVALIAÇÃO FÍSICA

Os Testes de Avaliação Física (TAF) destinam-se a verificar o grau de

condicionamento físico do FN. Permitem, também, avaliar e monitorar o

progresso obtido após um certo período de treinamento.

No Corpo de Fuzileiros Navais (CFN), o TAF é constituído das modalidades:

natação, permanência dentro d'água, corrida, flexão na barra e abdominal.

O TAF tem periodicidade anual e é uma das exigências de carreira.

A época da aplicação, os índices e a pontuação são definidos em instruções

permanentes específicas.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 12-1 - REV 1

CAPÍTULO 12

SERVIÇOS INTERNOS

12.1 - GENERALIDADES

Os serviços internos são os executados no interior das organizações

militares (OM).

Por estarem relacionados à segurança das unidades, é de fundamental

importância que o fuzileiro naval (FN) tenha a máxima atenção quando da

execução de cada um deles.

De um modo geral, subdividem-se nos serviços de Estado, de Guarda do

Quartel, de Policiamento Interno e de Guarda de Subunidade.

12.2 - SERVIÇO DE ESTADO

É aquele levado a efeito por um período de seis a vinte e quatro horas.

Funciona na Sala de Estado, que é a dependência localizada à entrada do

quartel e destinada ao pessoal de Serviço de Estado. Esse serviço abrange o

Oficial de Serviço, Contramestre, Auxiliar, Claviculário, Corneteiro de Serviço

e Mensageiro.

12.3 - SERVIÇO DE GUARDA DO QUARTEL

É aquele com a finalidade de prover a segurança aproximada da OM e

participar do cerimonial. Inclui, normalmente, os serviços de Comandante da

Guarda, Cabo da Guarda, Sentinelas e Identificadores.

As praças da Guarda do Quartel que não estiverem de serviço na hora devem

permanecer na Sala de Estado em condições de atender a qualquer

eventualidade, em especial as honras de guarda e “boys”, nas honras de

portaló, e a guarda no cerimonial diário à Bandeira Nacional.

12.4 - SERVIÇO DE POLICIAMENTO INTERNO

É aquele de que dispõe o Oficial de Serviço para estender a toda unidade a

fiscalização sobre assuntos que lhe são afetos. Compreende, normalmente,

o Sargento-Polícia e o Rondante.

12.5 - SERVIÇO DE GUARDA DE SUBUNIDADE

É aquele destinado à manutenção da ordem, disciplina e segurança interna

das dependências que lhe são afetas. Inclui o Sargento-de-Dia, Cabo-de-Dia

e Plantão.

Page 86: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 12-2 - REV 1

12.6 - ATRIBUIÇÕES

12.6.1 - Compete à Guarda do Quartel

- não permitir aglomerações nas proximidades do Corpo da Guarda e dos

postos de sentinelas;

- controlar a entrada e a saída de viaturas ou material da OM de acordo

com as normas em vigor;

- impedir a entrada de militares de forças não pertencentes à MB sem

conhecimento e ordem do Oficial de Serviço;

- detectar e identificar aqueles que se aproximarem da OM à noite;

- dar conhecimento imediatamente ao Oficial de Serviço da entrada de

oficial estranho à OM. Para tanto, deve usar o meio de comunicação

mais rápido;

- identificar os civis e militares que entrarem na OM, encaminhando-os à

Sala de Estado;

- controlar a entrada e a saída de civis da OM de conformidade com as

normas vigentes;

- proibir a entrada na OM de civis não autorizados no período do Arriar da

Bandeira à Alvorada;

- só permitir a saída de praças devidamente autorizadas, com uma correta

apresentação pessoal e pelos locais para isso destinados;

- manter o Corpo da Guarda limpo e arrumado, conservando o material

nele existente;

- fornecer escoltas para os presos a serem conduzidos dentro da OM;

- ser responsável pelos presos; e

- cumprir as demais ordens em vigor pertinentes ao serviço da guarda.

12.6.2 - Oficial de Serviço

É o oficial a quem cabe zelar pela segurança, manutenção da disciplina e

cumprimento da rotina da OM durante determinado período de tempo.

Compete-lhe ainda:

- assegurar o exato cumprimento das ordens internas da OM e

disposições regulamentares relativas ao serviço diário;

Page 87: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 12-3 - REV 1

- receber o Comandante e apresentar-se ao Imediato assim que

ingressarem a bordo;

- verificar, ao assumir o serviço, em companhia de seu antecessor, se

todas as dependências da OM estão em ordem e assegurar-se da

presença de todos os presos e impedidos nos lugares onde devam

permanecer. Após estas providências, ambos deverão se apresentar ao

Imediato;

- participar ao Imediato todas as ocorrências extraordinárias havidas

depois de seu último encontro com ele, lançando-as, ainda, no relatório

do serviço. Se antes de falar com o Imediato encontrar o Comandante,

prestar-lhe-á as mesmas informações sem que isso o desobrigue

daquela atribuição;

- providenciar para que sejam executados, a tempo, os toques

regulamentares, de modo que todas as formaturas ou atos conseqüentes

se realizem nos momentos oportunos;

- inspecionar freqüentemente as dependências da OM, verificando se

estão sendo rigorosamente cumpridas as ordens em vigor;

- dar conhecimento ao Imediato, e em último caso ao Comandante, de

todas as ocorrências que exigirem pronta intervenção do comando; e

- fazer recolher aos lugares apropriados os presos e impedidos, e pô-los

em liberdade assim que receber ordem para tal.

12.6.3 - Contramestre

É o auxiliar direto e substituto eventual do Oficial de Serviço.

12.6.4 - Auxiliar

É o ajudante direto do Contramestre, competindo-lhe cumprir todas as

suas determinações e as ordens específicas baixadas pelo comando da

OM.

12.6.5 - Claviculário

É o responsável pelo controle das chaves existentes no quadro geral das

chaves da Sala de Estado.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 12-4 - REV 1

12.6.6 - Corneteiro de Serviço

É o responsável pela execução dos toques previstos na rotina ou aqueles

ordenados pelo Oficial de Serviço.

12.6.7 - Mensageiro

É a praça que fica à disposição do Oficial de Serviço para transmitir

mensagens, acompanhar visitantes e executar outras tarefas que lhe

forem determinadas.

12.6.8 - Comandante da Guarda

É a praça diretamente subordinada ao Oficial de Serviço e que tem as

seguintes atribuições principais:

- executar todas as ordens referentes ao serviço da guarda;

- formar a guarda rapidamente ao sinal de alarme. Identificar, de pronto, o

motivo do alarme e, na ausência do Oficial de Serviço, agir por iniciativa

própria, reforçando os postos, se for o caso. Em seguida, apresentar-se

ao Oficial de Serviço para receber ordens;

- ser o responsável pela disciplina da guarda;

- inspecionar constantemente os militares da guarda, utilizando-se de

formaturas durante o dia, sempre que houver a rendição dos quartos das

sentinelas. Proceder da mesma maneira durante à noite, sempre que se

fizer necessário;

- exigir dos presos compostura compatível, não lhes permitindo atos e

procedimentos não autorizados;

- verificar freqüentemente se os componentes da guarda têm pleno

conhecimento das ordens específicas relativas aos seus postos;

- só permitir a entrada ou a saída de civis ou militar da OM pelos locais

para isso destinados. Após o arriar da Bandeira, determinar o

fechamento dos portões da OM, exceto o principal, que se fechará

apenas em casos especiais e quando houver ordens específicas;

- dar conhecimento de imediato ao Oficial de Serviço de qualquer

ocorrência extraordinária havida na guarda, mesmo que já tenha adotado

alguma providência;

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 12-5 - REV 1

- encaminhar ao Oficial de Serviço o relatório da guarda logo após ter sido

substituído no serviço. Nesse documento ele fará constar a relação

nominal das praças da guarda, as ocorrências havidas durante o serviço,

a situação do material do Corpo da Guarda, bem como qualquer fato

relevante que mereça menção especial;

- providenciar a substituição das praças que apresentarem problemas de

saúde ou que faltarem a bordo estando escaladas para o serviço,

recorrendo, para isso, ao Oficial de Serviço; e

- formar a guarda para os cerimoniais previstos e inopinados.

12.6.9 - Cabo da Guarda

É o auxiliar imediato e o substituto eventual do Comandante da Guarda.

12.6.10 - Sentinelas e Identificadores

São os componentes da guarda colocados em determinados postos com

a finalidade de prover a segurança de determinados pontos da OM. No

exercício de suas funções, devem portar-se com zelo, serenidade e

energia compatível com a autoridade que lhes é atribuída.

Compete às sentinelas as seguintes tarefas:

- prestar e exigir as continências regulamentares;

- estar sempre alerta, vigilante e em condições de bem cumprir suas

tarefas;

- não abandonar sua arma, mantendo-a alimentada e travada para

emprego, de acordo com as ordens que tiver recebido;

- não conversar ou fumar em serviço, evitando distrair-se;

- evitar esclarecimentos a pessoas estranhas ao serviço. Se isso for

necessário, deverá recorrer ao Cabo da Guarda ou ao Identificador;

- não permitir aglomerações nas proximidades do seu posto;

- impedir a entrada e a saída de pessoal, material e viaturas da OM sem

a devida autorização, solicitando, em caso de dúvida, a presença do

Cabo da Guarda;

- manter sigilo sobre as ordens recebidas;

- parar e identificar qualquer pessoa ou viatura que pretenda entrar no

quartel à noite; e

Page 90: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 12-6 - REV 1

- acionar o alarme nas seguintes situações:

a) toda vez que notar qualquer movimento ou aglomeração suspeita nas

proximidades de seu posto;

b) quando qualquer indivíduo insistir em penetrar no quartel antes de ser

identificado;

c) na ameaça de desrespeito à sua autoridade e às ordens relativas ao

seu posto;

d) na verificação de qualquer anormalidade grave; e

e) por ordem do Oficial de Serviço, Comandante da Guarda ou Cabo da

Guarda.

Às sentinelas dos postos de vigilância competem as tarefas supracitadas

no que for pertinente.

Sempre que notar a aproximação de pessoa ou grupo por caminhos não

usuais ou com atitudes suspeitas, durante à noite ou quando determinado,

a sentinela procede da seguinte maneira:

- comanda "alto" a uma distância conveniente;

- procede a identificação somente permitindo a aproximação daqueles que

reconhecer como pessoa autorizada. Caso contrário, solicita a presença

do Cabo da Guarda. A identificação normalmente é executada por meio

do uso de senhas e contra-senhas;

- caso não seja obedecida em seu comando de "alto", aciona o sinal de

alarme;

- repete o comando de "alto" e logo em seguida efetua um disparo para o

ar; e

- os procedimentos a serem adotados após essa última ação para o caso

de a sentinela não ser obedecida e se configurar uma tentativa de

agressão, normalmente são encontrados nos Planos de Segurança

Orgânica (PSO) das OM.

No caso de viaturas, a sentinela procede como especificado no parágrafo

anterior. Destaque-se que as entradas das OM habitualmente dispõem de

meios que obrigam a parada das viaturas, quando necessário.

Page 91: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 12-7 - REV 1

Durante a noite, é permitido à sentinela movimentar-se num raio de 5

(cinco) metros em torno do seu posto fixo, devendo, porém, manter-se na

maior parte do tempo dentro das instalações do seu posto.

É terminantemente proibido o abandono do posto sem que a sentinela

tenha sido devidamente substituída.

Ao Identificador são confiadas as seguintes tarefas:

- executar o controle da entrada e saída de pessoal e viaturas no portão

principal;

- preencher as papeletas de registro de visitantes e de viaturas militares

por ocasião da identificação;

- reconhecer e informar imediatamente ao Cabo da Guarda a aproximação

de autoridades às quais serão prestadas as honras de portaló; e

- executar as medidas necessárias à interrupção do trânsito em caso de

emergência, mediante determinação do Oficial de Serviço, Comandante

da Guarda ou Cabo da Guarda.

12.6.11 - Sargento-Polícia

É o auxiliar do Oficial de Serviço na fiscalização da execução das ordens

em vigor, percorrendo constantemente os setores da unidade que lhe

forem destinados.

12.6.12 - Rondante

É o militar designado para o policiamento de áreas limitadas da unidade,

cumprindo as atribuições do Sargento Polícia e da Sentinela, conforme o

caso. O serviço de Rondante pode ficar subordinado à Guarda do Quartel

quando determinado.

12.6.13 - Serviço de Guarda da Subunidade

Compreende as seguintes tarefas gerais no âmbito das dependências

que lhe são afetas:

- mantê-las limpas e arrumadas;

- vigiar as praças impedidas;

- proibir jogos de azar, disputas ou algazarras;

- zelar pela propriedade individual ou da OM; e

- cumprir e fazer cumprir todas as determinações do comando da OM.

Page 92: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 12-8 - REV 1

12.6.14 - Sargento-de-Dia

É o responsável pelo serviço de guarda da subunidade.

12.6.15 - Cabo-de-Dia

É o responsável pela ordem e exatidão do serviço da subunidade

perante o Sargento-de-Dia, sendo seu substituto eventual.

12.6.16 - Plantão

É o responsável pelo cumprimento das normas gerais da guarda da

subunidade, competindo-lhe, dentre outras, as seguintes atribuições:

- estar atento a tudo que ocorrer na dependência, comunicando

imediatamente ao Cabo-de-Dia qualquer alteração;

- apresentar-se aos oficiais, suboficiais e sargentos que entrarem no

alojamento quando estiver ausente o Cabo-de-Dia;

- não permitir que as praças detidas na dependência se afastem dela, a

não ser por motivo de serviço e com ordem do Cabo-de-Dia;

- zelar pela limpeza e arrumação da dependência;

- na ausência do Cabo-de-Dia acordar as praças ao findar a terceira

parte do toque de alvorada, determinando que se levantem;

- não permitir a entrada de civis nas dependências sem ordem do Cabo-

de-Dia;

- impedir a saída de qualquer objeto sem a autorização do dono ou

responsável e sem ordem do Cabo-de-Dia;

- não consentir que qualquer praça utilize ou se apodere de objetos

pertencentes a outros sem autorização do dono ou responsável;

- não permitir conversa, bem como qualquer outra perturbação após o

toque de silêncio;

- arrecadar todo material encontrado fora de seu local, encaminhando-o

ao Sargento-de-Dia ou Cabo-de-Dia;

- não permitir a presença de praças não autorizadas na dependência;

- inspecionar os armários constantemente, anotando os que estiverem

abertos e/ou danificados, comunicando as irregularidades ao Cabo-de-

Dia;

- acordar os militares escalados para o serviço durante à noite; e

Page 93: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 12-9 - REV 1

- utilizar o apito no alojamento, conforme abaixo prescrito:

a) um (1) silvo curto para chamar à atenção ou anunciar a presença de

oficial intermediário;

b) dois (2) silvos curtos para anunciar a presença de oficial superior

ou Comandante da subunidade;

c) três (3) silvos curtos para anunciar a presença de oficial-general

ou Comandante da unidade;

d) um (1) silvo longo, sinalizando atenção para o cumprimento da rotina;

e

e) três (3) silvos longos, em caso de emergência.

Critérios para os silvos de apito:

a) quando mais de um oficial entrar no alojamento, só será dado o

silvo correspondente ao mais antigo;

b) o toque de três (3) silvos curtos obriga ao mais antigo dentre os

presentes no alojamento a dar ordens aos demais militares para que

assumam a postura adequada;

c) dados quaisquer dos sinais de apito, todos devem ficar em silêncio e

tomar a posição de Sentido caso se trate da entrada de oficial no

alojamento;

d) para os silvos referentes às prescrições de rotina, atenção ou

emergência, o Plantão deve anunciar logo em seguida o seu

significado;

e) entre o silêncio e a alvorada não serão dados silvos de apito, salvo os

de emergências; e

f) caso o Plantão não perceba a entrada de um oficial no alojamento,

qualquer praça comandará: atenção! e anunciará o fato à viva voz.

Page 94: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 13-1 - REV 1

CAPÍTULO 13

EQUIPAGENS INDIVIDUAIS

13.1 - UTILIDADE DAS EQUIPAGENS

A Equipagem Individual Básica de Combate (EIBC) foi organizada para que o

fuzileiro naval (FN) tenha à disposição o mínimo indispensável para um

militar em campanha.

A ela devem ser acrescidas outras que complementam a necessidade do

combatente. Assim, se ele portar um fuzil, receberá uma equipagem

individual para este armamento; se forem requeridos meios de orientação,

deverá conduzir uma equipagem de orientação.

Desse modo, verifica-se que o sistema de equipagens é um processo por

meio do qual o militar vai sendo equipado por módulos, incorporando o que é

fundamental no momento e deixando de carregar o que é supérfluo.

13.2 - DEFINIÇÕES

Diversas são as equipagens individuais atualmente em uso no Corpo de

Fuzileiros Navais (CFN). A descrição detalhada de todas foge ao propósito

desta publicação. Dessa forma, apenas aquelas julgadas de uso mais

freqüente pelo FN serão tratadas no presente capítulo.

13.2.1 - Equipagem

É um conjunto de itens de suprimentos organizado para facilitar o

abastecimento e que deve existir em um determinado setor da

organização militar (OM) para atender a um serviço específico.

Exemplos: material de rancho, roupa de cama, ferramentas de uma

oficina, etc.

13.2.2 - Item de suprimento

É uma peça ou qualquer outro material não ligado especificamente a um

equipamento que, atendendo a propósitos e a parâmetros próprios,

possui características essenciais que o individualizam nesse sistema.

Exemplos: um cantil, um lápis, um cinto simples, etc.

13.2.3 - Equipagem operativa

Page 95: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 13-2 - REV 1

É o conjunto de itens de suprimentos que confere ao combatente anfíbio

as condições ou os meios necessários à execução de tarefa(s)

específica(s) inerente(s) às operações e aos serviços realizados por FN.

13.3 - CONSTITUIÇÃO DAS EQUIPAGENS

13.3.1- Equipagem Individual Básica de Combate (EIBC)

É constituída dos seguintes itens: capacete, poncho, edredom, mochila,

pá articulada e seu estojo, marmita, talher articulado, estojo individual de

higiene, colete à prova de estilhaços, suspensórios, cinto simples, cantil e

porta-cantil, caneco, isolante térmico, estojo individual de primeiros-

socorros e saco de lona para transporte.

13.3.2 - Equipagem Suplementar de Combate (ESC)

É composta de: alicate cortador de arame e seu estojo, apito de metal

com fiador, facão de mato e bainha, lanterna elétrica, luva de amianto,

luva para aramado e óculos da guarnição de viatura.

13.3.3 - Equipagem Individual para Fuzil (EIF)

É constituída da bandoleira e do porta-carregador.

13.3.4 - Equipagem Individual para Pistola 9mm (EIP)

É constituída do coldre, fiador, porta-carregador e faca de trincheira com

bainha.

13.4 - USO DAS EQUIPAGENS

A EIBC é utilizada pelo homem da seguinte forma:

- capacete na cabeça com a jugular ajustada e fechada sob o queixo;

- na parte superior externa da mochila é afixado o isolante térmico;

- na parte interna da mochila são colocados a marmita, o talher, o estojo de

higiene, a pá articulada e seu estojo, o poncho, o edredom e outros objetos

de uso pessoal; e

- os suspensórios têm por finalidade sustentar o cinto simples onde são

afixados os itens abaixo, partindo-se do fecho no sentido da esquerda para

direita:

a) Para quem porta fuzil

Page 96: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 13-3 - REV 1

Porta-carregador, sabre com bainha, 1o porta-cantil com cantil e caneco,

porta-estojo de primeiros-socorros, 2o porta-cantil com cantil e porta-

carregador.

b) Para quem porta fuzil metralhador

Porta-carregador, 1o porta-cantil com cantil e caneco, porta-estojo de

primeiros-socorros, 2o porta-cantil com cantil, faca de combate com

bainha e porta-carregador.

c) Para quem porta pistola

Porta-carregador, faca de combate, porta-cantil com cantil e caneco, porta-

estojo de primeiros-socorros, fiador de pistola, porta-cantil com cantil,

coldre com pistola e porta-carregador.

A equipagem individual deve ser portada exatamente como estipulam as

instruções, com cada item na sua devida posição, para que não se

transforme em transtorno aos deslocamentos do FN (Fig 13-1).

Page 97: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 13-4 - REV 1

Fig 13-1

13.5 - INSPEÇÃO NAS EQUIPAGENS INDIVIDUAIS

Constantemente realizam-se inspeções nas equipagens individuais com a

finalidade de verificar se o FN possui todos os itens prescritos e se o material

está em bom estado de conservação.

Para essas inspeções, a equipagem deverá ser arrumada conforme

apresentado na Fig 13-2.

Fig 13-2

Page 98: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 13-5 - REV 1

13.6 - CUIDADOS COM A EQUIPAGEM

As equipagens individuais são rústicas mas não são indestrutíveis. Elas

devem ser usadas adequadamente e o FN deve zelar por sua manutenção

principalmente em operação, a fim de evitar desgastes prematuros e, por

conseqüência, prejuízos à Nação.

O cuidado para evitar danos desnecessários às equipagens individuais inicia-

se com o uso adequado dos itens que o FN está portando, ajustando-os para

evitar a fricção e a sobrecarga, e utilizando-os para os fins a que se

destinam. Como exemplo, citam-se os cantis que só devem ser usados para

portar água porque outro líquido poderá corroer o material e provocar furos.

Deve-se ter atenção para a possibilidade de ocorrência de baixas causadas

pela ingestão de detritos que possam se formar no interior dos cantis pela

falta de higiene.

Independente de ordem, o FN deve habituar-se a efetuar freqüentes

inspeções na sua equipagem individual, especialmente em campanha. Essa

providência deve fazer parte da rotina diária e ser repetida sempre que

possível. Agindo dessa forma, o FN poderá detectar se algum item de sua

equipagem não funciona bem, antes mesmo que se torne imprestável.

Identificando a falha, o item poderá ser trocado, reparado e recolocado em

uso, em perfeito estado, resultando em economia para o CFN; mas se a

situação ou os meios disponíveis não o permitirem, caberá ao próprio FN

executar um pequeno reparo no item de modo a permitir seu uso até ser

possível a troca. Em todo caso, nunca se abandona a equipagem ou parte

dela sem que haja ordem expressa para isso, especialmente em campanha.

Para conservar a equipagem individual, é preciso conhecer como mantê-la a

bordo e em campanha, observando o seguinte:

- manter a ajustagem correta para o corpo do utilizador de todos os itens que

possuam presilhas e alças reguláveis;

- ter sempre a equipagem limpa e seca. A marmita, os talheres articulados, o

caneco e os cantis devem ser mantidos em perfeitas condições de higiene

com vista ao uso imediato; e

Page 99: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 13-6 - REV 1

- dobrar os itens observando os vincos existentes, evitando comprimir e

dobrar as partes metálicas e os reforços de lona.

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OSTENSIVO CGCFN-1101 .

OSTENSIVO - 14-1 - REV 1

CAPÍTULO 14

HIGIENE E PROFILAXIA DAS DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS

14.1 - GENERALIDADES

Higiene é a prática de atos que visam à preservação da saúde própria do

indivíduo e de seus companheiros.

Neste capítulo serão explicitadas as noções básicas sobre higiene e as

medidas preventivas contra as doenças infecto-contagiosas, especialmente

as sexualmente transmitidas.

14.2 - REGRAS BÁSICAS DE HIGIENE PESSOAL

São as seguintes:

- tomar banho diariamente, lavando-se bem com sabonete ou sabão,

dando especial atenção à limpeza das dobras do corpo. Se não houver

meios para o banho, o corpo deve ser esfregado com um pano úmido, de

preferência com um pouco de álcool;

- lavar as mãos com água e sabão após terminar qualquer trabalho, antes

de comer e, sobretudo, após as necessidades fisiológicas;

- trocar as roupas de baixo diariamente; caso não seja possível trocá-las ou

lavá-las, devem ser retiradas, sacudidas e expostas ao sol por algum

tempo;

- observar bem o corpo e as roupas para verificar se há irritações ou

presença de parasitas; havendo suspeita deve-se procurar um médico;

- trocar ou secar, logo que possível, as roupas e calçados molhados;

- escovar os dentes pelo menos duas vezes ao dia, após as refeições, e

uma vez antes de dormir. Caso não se disponha de escova ou pasta de

dente, usar água e sabão. Qualquer um que estiver com dor de dente ou

com algum problema dentário, deve procurar imediatamente o serviço

odontológico;

- beber bastante água durante o dia, a intervalos regulares, porém nunca

uma grande quantidade de uma só vez;

- usar somente os próprios utensílios para comer e beber, lavando-os bem

com água e sabão após serem empregados. Não utilizar toalhas, escovas,

pincéis de barba e quaisquer outros objetos de uso pessoal de outra

pessoa;

Page 101: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101 .

OSTENSIVO - 14-2 - REV 1

- manter limpos e curtos, cabelos e unhas;

- fazer regularmente exercícios físicos para se manter saudável;

- alimentar-se devagar e com moderação. Variar os alimentos ingeridos

sempre que possível; e

- descansar sempre que possível. Procurar distrair-se fazendo leituras nas

horas de folga; não abusar do álcool e do fumo.

14.3 - HIGIENE EM CAMPANHA

Quando no campo, além das regras anteriores, devem ser observadas as

seguintes:

- evitar beber água sem saber de sua origem ou se o seu uso está autorizado

pelo serviço de saúde. Em caso de extrema necessidade, ferver a água

antes de beber, deixando-a em ebulição por, pelo menos, 20 minutos. No

acampamento, beber água do saco "lister" ou pipa d`água, especialmente

destinados para isso. Usar o purificador de água que acompanha a ração

sempre que não for fornecida água tratada;

- usar somente o local apropriado para fazer as necessidades fisiológicas. Se

não houver esse local, cavar um buraco e cobrir os dejetos com terra. A não

observância desse procedimento poderá gerar a propagação de doenças

capazes de causar grande número de baixas. As moscas e os demais

insetos ao pousarem nos dejetos descobertos conduzirão em suas patas

micróbios nocivos e, tão logo pousem nos alimentos, irão contaminá-los e,

em conseqüência, contaminar a tropa. Os sanitários de campanha (pianos)

devem ser utilizados, lançando-se sobre as fezes, após o uso, certa

quantidade de cal, que comumente encontra-se ao lado dos sanitários;

- proteger-se contra insetos. Usar o mosquiteiro e o repelente de insetos

sempre que houver necessidade. Uma boa pomada antialérgica (fenergam

ou similar) atenua os efeitos das picadas de mosquitos, formigas ou de

outros insetos; é conveniente dispor de uma dessas no estojo de primeiros-

socorros. Caso a área de operações apresente alguma endemia grave (por

exemplo: malária), poderá ser recomendável o uso de medicamentos

preventivos, os quais serão prescritos pelo médico da unidade;

- lavar bem os utensílios de comer. A gordura da marmita ou caneco pode

ser removida com a água quente fornecida nos aquecedores. Não jogar

Page 102: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101 .

OSTENSIVO - 14-3 - REV 1

restos de comida ou ração em outros locais que não sejam os

determinados. Não deixar latas vazias jogadas ao redor do acampamento.

Não comer restos de ração das latas usadas. Caso não haja coletor de lixo,

enterrar os restos da ração;

- em caso de suspeita de algum parasita, mosquito ou qualquer inseto

estranho no local do acampamento, comunicar logo ao serviço de saúde,

para que sejam tomadas as providências pertinentes;

- para poder examinar bem a área onde se passará a noite, é conveniente

arejar, limpar e/ou preparar a barraca ou local de dormir, diariamente antes

de escurecer; e

- comer todo alimento fornecido, pois contém os nutrientes que um fuzileiro

naval (FN) precisa para se manter.

14.4 - DOENÇAS INFECTO-CONTAGIOSAS

Especial cuidado deve ser tomado com as doenças sexualmente

transmissíveis. Elas podem causar grandes males não só ao FN como

também à sua mulher e aos seus filhos.

A escolha do tipo de mulher com a qual se pode ter relações é muito

importante; a higiene falha e a promiscuidade facilitam o contágio. Em caso

de contato com prostitutas, convém lembrar que quanto maior o período de

contato, maior o perigo. Lavar-se bem após as relações sexuais, com água e

sabonete, procurando urinar logo em seguida é uma boa medida preventiva.

Para a máxima proteção possível, a cada relação sexual, nunca deixar de

usar corretamente o preservativo (camisinha) recomendado pelo médico.

Observar as instruções de uso na embalagem.

A auto-medicação no trato de uma doença venérea poderá dificultar a

recuperação. Ao primeiro sintoma, deve-se procurar imediatamente o serviço

de saúde.

14.5 - RECOMENDAÇÕES SOBRE A AIDS

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) deve-se adotar

procedimento de prevenção contra a AIDS, com relação à vida sexual, na

seguinte ordem de prioridade:

- fidelidade;

- sexo sem penetração; e

Page 103: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101 .

OSTENSIVO - 14-4 - REV 1

- uso de preservativo.

Além disso, convém lembrar as seguintes recomendações:

- evitar relações com alguém que tenha muitos parceiros sexuais;

- que tanto a relação vaginal quanto a anal podem disseminar a AIDS;

- que a AIDS não tem rosto, alguém pode parecer saudável, mas ainda

assim estar contaminada e disseminar essa doença;

- usar sempre agulhas descartáveis caso venha a necessitar de uma injeção.

Se isso não for possível, esterilize agulhas e seringas antes de empregá-

las; e

- como medida extra de segurança, não utilizar objetos de outras pessoas

como aparelhos de barbear, escovas de dentes e outros que possam estar

contaminados por sangue.

Page 104: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-1 - REV 1

CAPÍTULO 15

PRIMEIROS-SOCORROS

15.1 - GENERALIDADES

Primeiro-socorro é o tratamento imediato aplicado a uma vítima de

enfermidade ou ferimento antes que os serviços de um médico ou enfermeiro

possam ser conseguidos.

15.2 - PRINCÍPIOS GERAIS

Mesmo que o serviço de saúde disponível seja o melhor, a própria vida ou a

de um companheiro pode depender dos conhecimentos que se tem sobre

primeiros-socorros. Qualquer um poderá salvar uma vida se souber o que

fazer e o que não fazer, agindo com calma e rapidez.

Os primeiros-socorros devem ser de execução simples e orientados de modo

a salvar a vida humana, aliviar dores e evitar complicações. Portanto, os

primeiros-socorros só serão eficientes se a pessoa que os aplicar tiver o

conhecimento e o adestramento necessários.

Caso seja ferido ou for atender a alguém que esteja ferido ou passando mal,

será preciso permanecer calmo, empregar as medidas de primeiros-socorros

e, então, procurar auxílio médico.

Antes de atender a um ferido ou a um doente, é necessário examiná-lo para

conhecer a extensão e a localização de sua enfermidade, e só depois tomar

alguma iniciativa.

Ao se prestar os primeiros-socorros a um ferido ou doente, devem ser

observados os seguintes princípios gerais:

- verificar, através de exame rápido, se o ferido ou doente está respirando.

Se não estiver, iniciar imediatamente a respiração artificial. Cada segundo

que passa, põe a vida em perigo;

- se existir hemorragia, estancá-la o mais rápido possível. Uma grande perda

de sangue pode levar à morte;

- o ferido ou doente deve ser mexido o menos possível e com a maior

suavidade. Se ele tiver que ser deslocado, isso deve ser feito

cuidadosamente, pois qualquer movimento brusco pode agravar seriamente

uma lesão provocada por um traumatismo, além de lhe causar dores;

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-2 - REV 1

- a posição do ferido ou doente deve ser cômoda e lhe permitir respirar o

melhor possível. Se necessário, alargar as roupas em volta do pescoço,

peito e abdômen;

- retirar com cuidado, apenas as roupas necessárias. Convém lembrar que o

vestuário sujo pode ocultar ferimentos ou aumentar o perigo de infecção; é

melhor cortar, rasgar ou descoser as roupas do que despir o ferido;

- ter sempre em mente que o estado de choque pode ser um enorme perigo

para a vida. Um dos propósitos dos primeiros-socorros em feridos graves é

evitar o seu aparecimento prematuro;

- não dar ao ferido ou doente qualquer espécie de bebida alcoólica;

- em caso de fraturas, o ferido só deve ser movimentado após sua

imobilização. O transporte deve ser suave e firme; e

- jamais se deve presumir que um ferido ou doente esteja morto até que

se tenha comprovado essa situação.

15.3 - REGRAS BÁSICAS

As quatro regras básicas para salvar vidas, em caso de acidente ou

emergência, são as seguintes:

15.3.1 - Parar a hemorragia

A hemorragia ocorre quando um vaso sangüíneo é lesionado e deixa sair o

sangue. A primeira coisa a ser feita em qualquer lesão é parar o

sangramento. A perda excessiva de sangue pode causar a morte. Quando

essa perda é visível à superfície do corpo, trata-se de hemorragia externa.

A hemorragia pode ser:

a) Arterial (sangue escarlate vivo, esguichando em jatos rítmicos)

A hemorragia arterial pode fazer com que o acidentado perca grande

quantidade de sangue em poucos minutos. É esse tipo de hemorragia

que põe a vida em perigo (Fig 15-1).

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-3 - REV 1

Fig 15-1

b) Venosa (sangue escuro e contínuo)

A hemorragia venosa não é geralmente perigosa, embora possa

provocar alarme. Ela é facilmente controlável por compressão.

c) Capilar

É a hemorragia devida a feridas comuns.

Uma hemorragia, usualmente, pode ser estancada com uma forte

pressão direta sobre o ferimento, utilizando-se uma compressa ou um

pano (Fig 15-2); na falta dessa, a própria roupa do ferido poderá ser

empregada para apertar e conter o curativo. Se necessário, podem ser

utilizados dois curativos ou mais para cobrir todo ferimento; enrolar

depois uma atadura em torno da parte atingida, amarrando suas pontas

e apertando o suficiente para conter o curativo e parar a hemorragia,

sem, todavia, apertar em demasia. A hemorragia poderá não parar logo,

entretanto, deve-se continuar com a pressão firme e contínua. Se o

ferimento for em um braço ou perna e a pressão não for suficiente para

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-4 - REV 1

cessar a hemorragia, mantenha o membro elevado (Fig 15-3). Se

houver suspeita de uma fratura não se deve movimentar o membro,

pois é perigoso e aumentará a dor.

Fig 15-2 Fig 15-3

Se as medidas adotadas anteriormente falharem, deve ser usado um

torniquete (instrumento para apertar). Entretanto, não deve ser aplicado

antes de tentar todos os outros métodos. Sua aplicação de imediato só é

recomendável quando se tratar de hemorragia arterial, identificável pelo

sangue saindo em jatos do ferimento. O torniquete deve ser colocado

acima do ferimento, isto é, entre o ferimento e o coração, conforme

descrito a seguir:

- com um pedaço de pano, um cinto, ou algo semelhante, fazer uma volta

em torno do membro afetado (Fig 15-4);

- por um bastão, faca, ou baioneta embaixo da volta (Fig 15-5);

- apertar a volta girando o bastão até parar o sangramento (Fig 10-6); e

- amarrar a ponta livre do bastão no membro para não deixar afrouxar (Fig

15-7).

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-5 - REV 1

Fig 15-4 Fig 15-5

Fig 15-6 Fig 15-7

Deve ser apertado somente o suficiente para fazer parar o sangramento. É

conveniente mantê-lo sobre a manga ou as calças para proteger a pele e

não deixá-lo escondido. Quando se colocar um torniquete, deve-se por

uma etiqueta ou marca, indicando a hora e o local da aplicação. Não se

deve soltar o torniquete a não ser em caso de extrema urgência. Se não se

conseguir socorro especializado em 2 horas, afrouxa-se um pouco sem

retirá-lo; se voltar a hemorragia, deixar sangrar um pouco e reapertá-lo

novamente; se não sangrar, deixa-se frouxo, mas sem retirá-lo.

15.3.2 - Manter livre as vias respiratórias

A finalidade da respiração artificial é fornecer aos tecidos e em especial

ao coração e ao cérebro o oxigênio que lhes falta. Nos casos em que a

vítima de um acidente estiver desacordada e respirando com dificuldade,

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-6 - REV 1

ou não respirando, se fará necessária, imediatamente, a respiração

artificial, devendo prosseguir durante bastante tempo. Visto que a vítima

só se reanima, por vezes, depois de longo período, não se deve arriscar,

fazendo todo o possível para facilitar a chegada do ar aos pulmões do

paciente, e não parar com a respiração artificial, senão depois da chegada

de socorro médico adequado, ou da certeza absoluta de que a morte

ocorreu.

Apesar de existirem vários métodos para respiração artificial, são dois os

mais usados.

a) Método boca a boca com massageamento cardíaco

Tal método deve ser sempre aplicado quando de uma parada cardíaca

repentina em um indivíduo aparentemente normal. O método deve ser

executado, preferencialmente, por duas pessoas: uma responsável pela

primeira fase da respiração (boca a boca) e a outra pelo

massageamento cardíaco.

O fator tempo é de suma importância, não devendo haver demora em

iniciar o socorro, observando-se as seguintes instruções:

I) Boca a boca

- deitar o paciente de costas em superfície plana e firme;

- o primeiro passo é verificar se a passagem de ar está livre; para

tanto, retira-se dentaduras, dentes postiços, corpos estranhos e

secreções, utilizando os dedos revestidos por um lenço ou

compressa. A seguir, coloca-se o paciente de costas para o solo,

com o queixo para cima, tracionando a língua para fora;

- ajoelha-se ao lado do paciente, próximo à cabeça. Com uma das

mãos ergue-se o pescoço, com a outra tapam-se as narinas. Isto fará

com que a cabeça caia para trás, desobstruindo as vias aéreas que

estavam fechadas pela língua; e

- coloca-se a boca sobre a boca da vítima e sopra-se fortemente,

transferindo o ar para os seus pulmões.

II) Massageamento cardíaco

- posicionar-se em relação ao paciente;

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-7 - REV 1

- evitar esforços desnecessários; usar o peso do próprio corpo;

- coloca-se a palma da mão 2cm acima do osso central ao tórax e a

outra sobre a primeira, tomando cuidado para não machucar o

paciente com pancadas ou pressão dos dedos. Encaixa-se bem os

cotovelos, não deixando os braços fazerem ângulos; e

- não alterar a posição das mãos.

III) Ritmo

Com duas pessoas, deve ser estabelecido o ritmo: para cada soprada,

deve haver cinco massageamentos cardíacos. Esse ritmo deve se

repetir por tempo indeterminado. Com apenas uma pessoa, o método

se complica, pois, forçosamente, o socorrista deverá procurar uma

posição na qual se canse menos e faça as duas coisas. Nesse caso,

a melhor posição será ajoelhado ao lado do paciente. Sopra-se duas

vezes e faz-se dez massageamentos cardíacos.

15.3.3 - Proteção de ferimentos

O curativo inicial protege contra a contaminação externa, isto é, contra os

micróbios e a sujeira. Para isso, o ferimento deve ser lavado

abundantemente com água limpa ou soro fisiológico. Se não tiver curativo

individual, usa-se um pano limpo e seco para proteger o local afetado

(Fig 15-8).

Fig 15-8

Page 111: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-8 - REV 1

15.3.4 - Prevenção de choque

O choque é uma condição de grande fraqueza do corpo, que vai de um

ligeiro mal-estar ou desmaio até o colapso completo com perda da

consciência, a qual pode levar à morte. Pode aparecer em qualquer tipo

de ferimento, porém, quanto mais grave o ferimento, mais grave será o

choque. Um grande sangramento, queimaduras ou traumatismos

múltiplos poderão ocasioná-lo. Uma pessoa nessas condições acha-se

normalmente imóvel e não presta muita atenção ao meio ambiente. Sua

respiração é rápida e superficial, entrecortada por suspiros profundos; o

pulso é rápido e fraco e tem todo o corpo pálido, frio e úmido ao tato. A

pessoa sente-se fraca e com tendência a desmaiar, tem sede e pode

vomitar; as pupilas ficam dilatadas, e se seu estado piorar o doente pode

cair em inconsciência e morrer (Fig 15-9).

Fig 15-9 – Estado de choque

Para prevenir tal estado faz-se o seguinte:

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-9 - REV 1

- deitar a vítima de forma a deixá-la o mais confortável possível; aliviar todo

o equipamento e afrouxar suas roupas, tendo o máximo cuidado com os

ferimentos;

- se estiver desacordada, colocar a cabeça da vítima mais baixa que o

corpo; virar o rosto para o lado, no caso de aparecerem vômitos ou

secreções;

- manter a vítima aquecida com mantas, roupas ou cobertores; e

- tratar as hemorragias, proteger os ferimentos, aliviar a dor e providenciar

socorro médico.

15.4 - PROCEDIMENTOS PARA CASOS ESPECIAIS

As regras básicas anteriormente expostas aplicam-se a todos os tipos de

ferimentos. Entretanto, há casos que necessitam de medidas especiais.

15.4.1 - Ferimentos no tórax

Esses ferimentos são muito perigosos; o ar ambiente pode entrar na

cavidade torácica, comprimindo os pulmões, dificultando e até mesmo

impedindo a respiração. A vida do ferido dependerá da rapidez com que se

impeça a entrada do ar. Assim, é preciso aplicar um curativo que cubra

todo o ferimento, apertando-o firmemente; cobrir esse curativo com um

material impermeável, que não permita a saída e a entrada do ar. Cobrir

novamente todo o ferimento e amarrar tudo bem apertado, com um cinto

ou cabo, mantendo o ferido deitado sobre o lado do ferimento; se ele

quiser, poderá permanecer sentado (Fig 15-10 e 11).

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-10 - REV 1

Fig 15-10 Fig 15-11

15.4.2 - Ferimentos no abdômen

Aos feridos no abdômen não se dá água ou alimentos. Não se deve tentar

recolocar partes internas que saíram, a não ser o absolutamente

necessário para proteger o ferimento adequadamente; caso isso seja feito,

poderá introduzir sujeira e produzir infecção. Proteger tudo com curativos

limpos, tratar do paciente para evitar o choque e aguardar socorro médico

especializado (Fig 15-12).

Fig 15-12

15.4.3 - Ferimentos nos maxilares

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-11 - REV 1

Os ferimentos na região da cabeça são graves, pois causam muita

hemorragia devido ao grande número de vasos sanguíneos existentes

nessa região. Primeira providência a tomar é parar a hemorragia por meio

da compressão do ferimento com um curativo ou compressa, tendo o

cuidado de não deixar que o sangue sufoque a vítima. Se o queixo estiver

fraturado, deve-se amarrá-lo com uma atadura passada por cima da

cabeça (Fig 15-13).

Fig 15-13

15.4.4 - Queimaduras

São os ferimentos ou lesões produzidas pela ação do fogo, contato com

corpo quente ou corrosivo, ou pela exposição aos raios solares. São

classificadas em:

- primeiro grau : vermelhidão da pele;

- segundo grau : formação de bolhas na pele; e

- terceiro grau : destruição dos tecidos por carbonização.

Quaisquer que sejam as suas origens, as queimaduras entram todas no

mesmo quadro no tocante ao tratamento. Além dos evidentes efeitos

locais (vermelhidão, bolhas ou destruição da pele), podem provocar o

estado de choque, que será tanto mais intenso quanto maior for a

extensão da lesão. As queimaduras que atingem mais da metade da

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-12 - REV 1

superfície cutânea do corpo são geralmente fatais devido à grande

intensidade do estado de choque que provocam.

a) Rotina do tratamento

O tratamento em geral deve seguir a seguinte rotina:

I) lavar as partes queimadas com água em abundância, sem esfregar;

II) cobrir a área queimada com gaze molhada em solução forte de ácido

bórico ou bicarbonato de sódio. A vaselina boricada ou pura pode ser

usada na falta das soluções acima; e

III) não aplicar anti-sépticos fortes (iodo), talco, óleos de máquina ou

outras graxas.

b) Ter os seguintes cuidados

I) não tentar arrancar qualquer roupa que tenha ficado colada. Usar

tesouras para cortar o resto do vestuário. Deixar no local das feridas os

bocados que aderirem à pele;

II) não tocar em uma queimadura com os dedos;

III) nunca rebentar nem furar as bolhas, mesmo que grandes; e

IV) nunca esfregar uma queimadura. A lavagem não é feita para tentar

retirar qualquer sujeira ou resíduo e sim para esfriar o local.

Manter o queimado em repouso e prosseguir no tratamento do estado

de choque, até que o estado geral da pessoa melhore, o que é

verificado pelo pulso mais forte e regresso de calor ao seu corpo.

c) Fogo em vestuário

Se as próprias roupas se incendiarem não se deve correr, porque o

vento avivará o fogo. O melhor é deitar-se e enrolar o corpo num

cobertor ou outro pano, deixando a cabeça de fora. Se não houver nada

à mão, deitar-se e rolar vagarosamente, batendo ao mesmo tempo o

fogo com as mãos.

Se a roupa de outra pessoa estiver pegando fogo, deve-se deitá-la no

chão, com a parte em chamas virada para cima. Se for necessário,

usa-se a força para deitá-la. Procurar abafar as chamas com um

cobertor, tapete, toalha, casaco, ou qualquer outro objeto similar ao seu

alcance. Procurar sempre proceder da cabeça para os pés da pessoa a

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-13 - REV 1

fim de que as chamas sejam impelidas para longe do rosto da vítima.

Na falta de meios apropriados, deita-se sobre as roupas da vítima, a

não ser que estas estejam impregnadas de gasolina, óleo ou

querosene. Assim que apagadas as chamas, trata-se o estado de

choque antes mesmo de se ocupar das queimaduras.

15.4.5 - Fratura

É a quebra de um osso. Há dois tipos de fratura:

a) Simples

Quando há apenas osso quebrado, sem ferimento.

b) Exposta

Quando, além do osso quebrado, há um ferimento; nesse caso, cuida-

se inicialmente do ferimento e depois executa-se os procedimentos

como em uma fratura simples.

Os sinais de fratura são:

FRATURA SIMPLES FRATURA EXPOSTA

- estalo do osso.

- dor no ponto de fratura.

- membro em posição anormal.

- impossibilidade de movimentar

o membro.

- inchação.

- estado de choque.

- os mesmos da fratura simples.

- ferimento produzido pela ponta do

osso.

- ponta do osso aparecendo.

- hemorragia.

- choque agudo.

As fraturas podem ter todos ou apenas alguns dos sinais acima. Em caso

de dúvida, trata-se o paciente como se houvesse fratura.

A maioria das fraturas é tratada pela imobilização com talas; fixando os

fragmentos do osso quebrado por meio de talas, evitando que as pontas

dos ossos lesem nervos, músculos, vasos e furem a pele. Uma boa

imobilização alivia a dor e reduz os perigos de complicações. As fraturas

devem ser sempre imobilizadas antes de se tentar movimentar o ferido.

Talas especiais para as pernas e braços são as melhores, porém, quase

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-14 - REV 1

sempre há necessidade de improvisação de talas com o material

disponível (Fig 15-14 a Fig 15-19).

Fig 15-14 Fig 15-15

Fig 15-16 Fig 15-17

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-15 - REV 1

Fig 15-18

Fig 15-19

Em fratura de pernas ou de bacia, o melhor método de imobilização é

amarrar a perna quebrada à outra com várias ataduras. Pode-se usar

também duas varas longas como talas. Um material leve para acolchoar a

tala dever ser usado (Fig 15-20 a Fig 15-23). Após a imobilização é

conveniente improvisar uma tipóia ou uma muleta (Fig 15-24 e Fig 15-25).

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-16 - REV 1

Fig 15-20

Fig 15-21

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-17 - REV 1

Fig 15-22 Fig 15-23

Fig 15-24 Fig 15-25

15.4.6 - Gás

Se houver suspeita de emprego de qualquer gás, colocar imediatamente a

máscara contra gases; manter-se calmo e procurar abandonar a área,

buscando um local ventilado. Se houver a utilização de agentes que

provoquem bolhas na pele, jogue água em cima sem esfregar. Se for

usado gás asfixiante, após o seu desaparecimento, lavar-se bem, sem

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-18 - REV 1

esfregar. Manter-se calmo, aquecido e, principalmente, não fumar. Se

houver presença de lacrimogêneos, lavar-se bem e sacudir as roupas,

após a dissipação; não esfregar os olhos.

15.5 - ANIMAIS E PLANTAS VENENOSAS

15.5.1 - Picadas de cobra

As cobras são ápodes, isto é, não têm patas. O esqueleto destes répteis é

formado por grande número de costelas. Algumas espécies possuem

glândulas que produzem veneno. Os dentes das cobras peçonhentas têm

um canal ou sulco que se comunica com as glândulas produtoras de

veneno. No momento da picada o veneno escoa por esse canal e é

inoculado no corpo da vítima (Fig 15-26).

Fig 15-26

a) Como reconhecer uma cobra peçonhenta

As cobras venenosas apresentam certas características que as

distinguem das demais (Fig 15-27).

I) A cascavel, a jararaca e a surucucu têm um par de dentes

inoculadores localizados na parte anterior da boca. Esses dentes são

grandes, caniculados e móveis, o que permite sua movimentação para

a frente quando essas cobras dão o bote.

II) Na coral verdadeira, os dentes inoculadores são pequenos, imóveis

e caniculados; localizam-se na parte anterior da boca.

III) Ao contrário das cobras peçonhentas, as não peçonhentas em geral

possuem todos os dentes do mesmo tamanho e sem sulcos. É o caso

da sucuri, da jibóia, da salamanta e da cobra-cachorro.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-19 - REV 1

IV) Há também cobras não peçonhentas que apresentam um par de

dentes posteriores maiores que os outros. Esses dentes são sulcados

e fixos. Como exemplo de cobras não peçonhentas com essas

características, podem ser citadas a cobra-verde e a cobra-espada.

V) Além dos dentes, as cobras peçonhentas, com exceção da coral,

apresentam um orifício entre o olho e a narina, chamado de fosseta

loreal ou lacrimal. A fosseta loreal é um órgão termo-receptor que

capta as variações de temperatura.

Fig 10-27

b) Como socorrer uma pessoa mordida por cobra

Se a cobra não for peçonhenta, tratar o ferimento como um acidente

comum.

O primeiro procedimento é verificar se a cobra é venosa ou não, e

socorrer imediatamente a pessoa para que o veneno injetado em seu

sangue seja neutralizado o mais rápido possível.

Logo depois da mordida devem ser tomadas as seguintes providências,

no caso de dúvida ou se a cobra for realmente peçonhenta:

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-20 - REV 1

I) manter a pessoa deitada e calma, mantendo a ferida abaixo da linha

do coração;

II) lavar imediatamente o ferimento com bastante água, sem esfregar;

III) fazer sucção do sangue. Se possuir ferimentos na boca, usar um

plástico como proteção. Procurar extrair o máximo de veneno;

IV) proteger o ferimento e remover o doente; e

V) se houver dificuldade respiratória, fazer respiração artificial.

Providenciar socorro médico o mais rápido possível. Não dar nenhuma

bebida ao ferido.

15.5.2 - Plantas venenosas

Existem plantas que podem causar irritações quando em contato com a

pele. Lavar bem a parte atingida com água fria e sabão; cobrir a parte

afetada e procurar atendimento médico, logo que a situação permitir. Não

coçar o local atingido.

15.5.3 - Caravelas ou águas vivas

Lavar o local atingido e não coçar; proteger o ferimento e procurar

atendimento médico.

15.5.4 - Picadas de insetos

Em picadas de insetos como abelhas, marimbondos e formigas, procurar

retirar o ferrão, cobrindo o local com compressas de álcool com gotas de

amônia.

15.5.5 - Picadas de aranhas e escorpiões

Poucos são os casos fatais registrados, motivados por picadas de aranha

e escorpiões. No Brasil, existem alguns tipos de aranhas peçonhentas,

cuja picada pode pôr em risco a vida de um homem adulto (Fig 15-28).

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-21 - REV 1

Fig 10-28

Todos os escorpiões são peçonhentos, isto é, produzem veneno e são

capazes de injetá-lo na vítima. No Brasil devem ser temidos, pois existem

espécias que têm veneno em quantidade suficiente para matar um

homem.

O veneno é neurotóxico porque age especialmente sobre o sistema

nervoso, causando a morte por asfixia, devido ao bloqueio do sistema

respiratório (Fig 15-29).

Fig 15-29

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-22 - REV 1

No caso de acidentes com aranhas ou escorpiões, proceder da mesma

forma como descrito para o acidente com cobras, providenciando socorro

médico o mais rápido possível.

15.6 - ACIDENTES POR AGENTES FÍSICOS

15.6.1 - Insolação

Causada pelo calor, especialmente pela exposição demorada aos raios

solares. Tem como sintomas a dor de cabeça, face avermelhada, pele

quente e seca, a ausência de sudorese, o pulso forte e rápido, a

temperatura alta e a perda da consciência.

Tratamento: lavar o corpo com água fria, especialmente a cabeça; colocar

o paciente em lugar fresco, desapertando e tirando as roupas; não dar

estimulantes, tão-somente água com sal.

15.6.2 - Intermação

Causada pela exposição demorada ao calor, especialmente em ambiente

fechado. Sintomas: face pálida, pele úmida e fria, sudorese excessiva,

pulso fraco e temperatura baixa.

Tratamento: colocar a vítima em um lugar fresco e arejado, desapertar a

roupa, dar água com sal e estimulantes.

15.6.3 - Cãibras

Ocorrem especialmente no abdômen e nas pernas. Tratar como na

intermação.

15.6.4 - Acidentes pelo frio

Fazer massagem com álcool, dar bebidas quentes e manter o paciente

aquecido.

15.6.5 - Choque elétrico

Antes de atender a vítima, procurar desligar a fonte de energia elétrica que

alimenta o sistema onde a pessoa levou o choque; se não for possível,

usar um pau seco, pano seco, cinto de lona ou outro material não condutor

de eletricidade para afastar a vítima do contato com o fio. Iniciar

imediatamente a respiração artificial, caso a vítima não esteja respirando,

e providenciar socorro médico o mais rápido possível.

15.6.6 - Envenenamento por monóxido de carbono

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-23 - REV 1

Ocorre geralmente nas proximidades de viaturas, principalmente em locais

fechados. Remover a vítima para um local arejado. Havendo dificuldade

respiratória, fazer respiração artificial.

15.6.7 - Afogamento

Remover as secreções das vias respiratórias. Deitar a vítima de bruços

sobre seus joelhos e procurar fazê-la eliminar a água ingerida. Iniciar logo

a respiração artificial. Procurar socorro médico imediatamente.

15.7 - PEQUENAS EMERGÊNCIAS

Além dos graves ferimentos e emergências que podem ocorrer, existem

pequenas emergências que, se não tratadas convenientemente, podem se

complicar.

15.7.1 - Pequenos ferimentos e queimaduras

Limpar a área, colocar um desinfetante de pele e cobrir com "band-aid" ou

curativo.

15.7.2 - Corpos estranhos nos olhos

Não esfregar os olhos; fechá-los por alguns minutos e as lágrimas que se

formarem irão levar o corpo estranho para o canto do olho, onde poderá

ser retirado com a ponta de um pano limpo. Se não se conseguir retirá-lo

dessa forma, proteger o olho com uma venda limpa e procurar

atendimento especializado.

15.7.3 - Corpos estranhos nos ouvidos, nariz e garganta

Nunca se deve tentar introduzir uma pinça, arame ou farpa para retirar

esses corpos; aguardar socorro médico. Se algum inseto introduzir-se no

ouvido, será necessário matá-lo com algumas gotas de água ou óleo e

aguardar o médico para retirá-lo. Se houver corpos estranhos na garganta,

procurar expeli-los pela tosse; caso não se consiga, aguardar o médico.

15.7.4 - Cuidados com os pés

Manter os pés limpos, secos e aquecidos. Trocar as meias sempre que for

possível, usando, na ocasião, pó anti-séptico. No caso do aparecimento

de um calo, não se deve tentar cortá-lo, mas procurar o serviço de saúde.

Manter as unhas curtas e limpas. Se existirem bolhas, furá-las com uma

agulha esterilizada, passar um anti-séptico de pele e cobrir com um "band-

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-24 - REV 1

aid" ou curativo. Não usar meias com furos ou dobras. Para as marchas

longas usar calçados já amaciados.

15.8 - TRANSPORTE DE FERIDOS

Saber transportar e movimentar as vítimas de lesões graves é uma das mais

importantes partes dos primeiros-socorros. A movimentação descuidada

pode não somente aumentar a gravidade de uma lesão como também

produzir a morte. A não ser que exista uma boa razão para movimentar

imediatamente uma vítima de acidente, não se deve transportá-la até que

uma padiola ou ambulância possa ser utilizada para isso. Às vezes, quando

a situação é urgente e não se consegue nenhum socorro médico, aquele que

prestar os primeiros-socorros terá de movimentar a vítima. Essa é a razão

pela qual se deve conhecer os diferentes meios para transportar os feridos. A

regra número 1 é prestar sempre os primeiros-socorros antes de tentar

transportar o ferido. Se ele tem um osso quebrado, nunca tentar movê-lo e

transportá-lo, a menos que já tenha sido aplicada uma tala para imobilizar a

fratura.

A maca é o melhor meio de transporte. Pode-se fazer uma boa maca

abotoando-se duas gandolas em duas varas ou bastões resistentes ou

enrolando um cobertor dobrado em três em volta de tubos de ferro ou

bastões. Ou, ainda, usando uma tábua larga.

Ao remover ou transportar a vítima, deve-se observar as orientações que se

seguem.

15.8.1 - Como levantar uma vítima com segurança

Se o ferido tiver que ser levantado antes de um exame para verificação das

lesões, cada parte de seu corpo deve ser apoiada. O corpo precisa ser

mantido sempre em linha reta, não devendo ser curvado.

15.8.2 - Como arrastar um ferido para local seguro

Um ferido deve ser arrastado pela direção da cabeça ou pelos pés, mas

nunca pelos lados. É preciso se certificar de que a cabeça está protegida

(Fig 15-30).

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-25 - REV 1

Fig 15-30

15.8.3 - Como transportar um ferido

Ao remover um ferido para um local onde possa ser usada a maca, deve

ser escolhido o método de uma, duas ou três pessoas para o

transporte da vítima (Fig 15-31 a 15-35), dependendo do tipo, da gravidade

da lesão, da ajuda disponível e do local (escadas, paredes, passagens

estreitas, etc.).

Caso se suspeite de que há fratura de coluna, não se deve mover a

vítima. Para tanto, estando a vítima consciente, solicita-se que ela mova

os dedos dos pés e das mãos. Não se deve tentar levantar a cabeça e

nem mover a coluna. Havendo suspeita de fratura de pescoço, não mover

o acidentado em nenhum caso, pois isto poderá provocar a morte. Calça-

se ao redor do corpo sem colocar nada embaixo do pescoço. Se houver

absoluta necessidade de movimentar o ferido, apenas uma pessoa

deverá sustentar a cabeça e o pescoço, sem deixá-los movimentar-se,

enquanto outros guarnecem o restante do corpo.

Os métodos que empregam um ou dois socorristas são ideais para

transportar uma pessoa que esteja inconsciente devido a afogamento ou

asfixia. Todavia, não servem para carregar um ferido com suspeita de

fraturas ou outras lesões graves. Em tais casos, usa-se sempre o método

de três socorristas.

Empregar um dos métodos mostrados a seguir conforme o caso:

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-26 - REV 1

Fig 15-31 Fig 15-32

Fig 15-33 Fig 15-34

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 15-27 - REV 1

Fig 15-35

15.8.4 - Transporte em viaturas

O transporte de acidentados em viaturas (ambulâncias ou quaisquer

outros veículos) também merece cuidados.

Deve-se orientar o motorista quanto a freadas bruscas e balanços

contínuos que poderão agravar o estado da vítima. O excesso de

velocidade, longe de apressar o salvamento do acidentado, poderá causar

novas vítimas.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-1 - REV 1

CAPÍTULO 16

NAVEGAÇÃO TERRESTRE

16.1 - GENERALIDADES

Em tempo de paz é possível a um estrangeiro se localizar em uma grande

cidade por meio de indagações. Qualquer policial ou morador do lugar pode

fornecer-lhe a orientação necessária para encontrar o lugar procurado.

Na guerra, porém, um fuzileiro naval (FN) em país estrangeiro pode não

contar com a colaboração da população local e terá que se orientar com o

único meio que em geral lhe estará disponível: a carta. Mesmo que a

população local seja amiga, só poderá prestar informações a quem souber

falar a sua língua. Com a carta acontece a mesma coisa. Só poderá extrair

dela as informações necessárias quem souber entendê-la e utilizá-la

corretamente.

O presente capítulo tem por finalidade proporcionar os conhecimentos

necessários à orientação no terreno por meio da utilização da carta e da

bússola.

16.2 - CARTAS

Uma carta é um desenho que não tem por finalidade reproduzir de forma fiel

os acidentes naturais e artificiais da porção do terreno que representa, tal

qual uma fotografia. Esses acidentes são representados por símbolos, de

forma a facilitar o manuseio das cartas e padronizar sua confecção. Em lugar

de se desenhar um rio, uma casa, um pântano, etc., o que não seria fácil

nem prático, adota-se um símbolo particular para cada um desses acidentes

do terreno. Esses símbolos são conhecidos por convenções cartográficas

e são previamente padronizados e utilizados de acordo com a finalidade a

que se destinam as cartas.

Page 132: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-2 - REV 1

Fig 16-1 - Diferença entre uma imagem fotográfica e a carta

correspondente

A classificação das cartas procura agrupá-las de acordo com a finalidade a

que as mesmas se destinam e, portanto, as convenções cartográficas são

previamente padronizadas e utilizadas de acordo com essa finalidade. As

cartas náuticas, por exemplo, buscam um maior detalhamento dos

acidentes que interessam a navegação, tais como ilhas, faroletes,

profundidade do mar, etc., em detrimento dos acidentes naturais e artificiais

de terra. Em contrapartida, as cartas topográficas procuram detalhar ao

máximo esses acidentes do terreno. Um outro exemplo são as cartas

rodoviárias, que contém, detalhadamente, o traçado de rodovias, estradas e

vias secundárias, em detrimento de outros acidentes do terreno que não se

relacionam com o fim a que essas cartas se destinam.

16.3 - CUIDADOS PARA COM AS CARTAS EM CAMPANHA

As cartas devem ser tratadas com cuidado, principalmente em virtude da

dificuldade de sua reposição em campanha. Sempre que possível, devem

ser cobertas com material adesivo, transparente e impermeável (papel

"contact") e colocadas em um porta-cartas.

Quando empregadas pela tropa em campanha, as cartas devem ser

dobradas em forma de sanfona, como ilustrado na figura 16-2, e colocadas

no bolso para protegê-las do sol e da umidade.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-3 - REV 1

Fig 16-2 - Duas maneiras de dobrar uma carta

16.4 - CONVENÇÕES CARTOGRÁFICAS

São símbolos empregados nas cartas para representar os acidentes naturais

e artificiais existentes no terreno. Geralmente constituem desenhos simples,

semelhantes aos acidentes e construções que representam.

Fig 16-3 - Alguns exemplos de convenções cartográficas

Page 134: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-4 - REV 1

Em certos tipos de carta, as cores são empregadas para auxiliar na

identificação dos elementos do terreno, normalmente de acordo com a

seguinte convenção:

Preto - Para planimetria em geral;

Azul - Toda a hidrografia: rios, lagos, mares, traçados de margens,

nascentes, brejos e terrenos alagados;

Vermelho - Para as rodovias de revestimento sólido;

Castanho - Curvas de nível e respectivas altitudes; e

Verde - Toda a vegetação.

16.5 - REPRESENTAÇÃO DO RELEVO

Para se poder ter uma idéia do relevo e identificar a altitude de qualquer

ponto numa carta, foram criados vários processos de representação do

relevo. O mais utilizado é o das curvas de nível, que são linhas que ligam

pontos de igual altura e representam as interseções da superfície do terreno

com planos paralelos e eqüidistantes.

Fig 16-4 - Representação do relevo

Causaria muita confusão na carta se em todas as curvas de nível fossem

assinalados os valores de suas cotas, por essa razão, nem todas são

numeradas.

Page 135: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-5 - REV 1

16.6 - ESCALA DA CARTA

As cartas devem ser confeccionadas de modo a guardar proporcionalidade

entre as dimensões representadas nas mesmas e seus correspondentes

valores reais no terreno. Além disso, as cartas devem conter a informação de

quantas vezes ela é menor que o terreno representado. Essa informação,

contida na margem da carta, chama-se escala, que pode ser indicada, tanto

na forma numérica, quanto na forma gráfica.

16.6.1 - Escala Numérica

A escala numérica é representada por uma fração (1/25.000 ou 1:25.000,

por exemplo). Em ambos os casos, indica que uma medida tomada na

carta vale 25.000 vezes esse valor no terreno (1 cm na carta, por exemplo,

corresponde a 25.000 cm ou 250 m no terreno).

Vale aplicar essas noções à carta. Para se obter a distância real no

terreno entre dois pontos da carta, deve-se, primeiramente, aplicar uma

régua graduada sobre a carta, como mostrado na figura 16-5.

Fig 16-5 - Obtenção de distâncias através da escala

Na figura acima, observa-se que a medida entre os pontos A e B é de

4cm. Nesse caso, a escala da carta é 1/25.000, isto é, 1cm na carta vale

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-6 - REV 1

25.000cm no terreno. Portanto, pode-se concluir que a distância real no

terreno será:

4 X 25.000 = 100.000cm.

Como as distâncias são geralmente avaliadas em metros, converte-se o

valor encontrado, ou seja:

100 centímetros = 1 metro

100.000cm = 100.000 ÷ 100 = 1000 metros

Matematicamente isto pode ser representado da seguinte forma:

E = d onde E - escala da carta D d - grandeza na carta ou dimensão gráfica D - grandeza no terreno ou dimensão real

16.6.2 - Escala Gráfica

A escala gráfica nada mais é que a representação gráfica da escala

numérica. É um segmento de reta graduado, de modo a indicar

diretamente os valores medidos na própria carta. As cartas as trazem

normalmente desenhadas abaixo da indicação da escala numérica.

Observando-se a figura 16-6, verifica-se que o segmento da reta está

dividido em duas partes distintas, separadas pelo índice zero. A parte da

direita é chamada escala e a da esquerda talão.

No caso considerado, a escala foi dividida em graduações de 1000 metros

e o talão em graduações de 100 metros. O talão é sempre uma graduação

da escala dividida em dez partes iguais, numeradas da direita para a

esquerda, enquanto a escala é numerada da esquerda para a direita.

Fig 16-6 – Exemplo de Escala Gráfica

16.7 - DESIGNAÇÃO DE PONTOS NA CARTA

Um ponto na carta é designado por suas coordenadas, ou seja pelo

cruzamento do paralelo (ordenada) com o meridiano (abcissa) que por ele

passa.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-7 - REV 1

Existem várias formas de indicar as coordenadas de um ponto, as mais

comuns são:

- geográficas: onde são indicadas as latitude e longitude do ponto

considerado em relação ao paralelo de Oo (Equador) e ao

meridiano base de Grenwich, respectivamente.

Por exemplo: LAT - 15o 30`22`` S

LONG - 45o 17`55`` W

- retangulares ou de grade: onde são indicados o afastamento vertical e

horizontal em relação a grade construída sobre

a carta.

As cartas utilizadas nas operações militares, em geral, possuem uma série

de linhas retas que se cruzam a intervalos regulares (grade), formando

quadrados chamados de quadrículas ( Fig 16-7).

Fig 16-7 - Gradeamento da Carta

Cada quadrícula, portanto, pode ser facilmente designada pelos números

indicativos das retas que se cruzam no seu canto inferior esquerdo. A

designação da quadrícula é feita pela colocação desses números entre

parênteses, separados por um traço. O primeiro número refere-se à reta

vertical e o segundo à reta horizontal. Por exemplo, caso se saiba que um

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-8 - REV 1

ponto esta localizado na quadrícula (94-82) - como a Capela de Santo

Antonio na figura 16-7 - ao consultar a carta, procurar-se-á na sua margem

inferior ou superior a indicação da reta base 94 e nas margens laterais a reta

82. O encontro das duas retas permitirá identificar a quadrícula desejada no

quadrante superior direito.

A designação de um ponto na carta por meio das coordenadas retangulares

é feita escrevendo-se uma letra designativa do ponto, seguida dos

algarismos que definem o afastamento horizontal e vertical das respectivas

retas bases da quadrícula que o contém, os quais são separados por um

traço e apresentados entre parênteses: P (94,3 - 82,1), por exemplo, designa

as coordenadas da Capela de Santo Antonio na figura 16-7.

De acordo com a precisão desejada, utilizar-se um múltiplo da unidade de

distância para a apresentação dessas coordenadas.

- quilométrica - em quilômetros : P (94,3 - 82,1);

- hectométrica - em hectômetros : P (943 - 821);

- decamétrica - em decâmetros : P (9430 - 8210); e

- métrica - em metros : P (94300 - 82100) (maior precisão).

16.8 - DETERMINAÇÃO DAS DIREÇÕES

Para se deslocar de um ponto a outro no terreno é necessário definir a

direção que se vai seguir e a distância a ser percorrida.

Com o auxílio da carta, pode-se localizar o ponto onde se está e o ponto para

onde se vai, e obter, por meio da escala, a distância entre ambos. Para se

estabelecer a direção a ser seguida, o método mais apropriado é o de

determinar o ângulo formado entre uma direção base fixa e a direção a ser

seguida. Este ângulo é chamado de azimute (Fig 16-8).

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OSTENSIVO - 16-9 - REV 1

Fig 16-8 - Determinação do azimute

16.8.1 - Direções-Base

As direções-base, por convenção, apontam sempre para um Norte e são

utilizadas como referência inicial para a determinação dos azimutes.

a) Norte Verdadeiro ou Geográfico (NV ou NG)

É a direção que passa pelo pólo norte da terra (Fig 16-9).

b) Norte Magnético (NM)

É a direção que passa pelo pólo magnético da terra, ou seja, pelo ponto

para o qual são atraídas todas as agulhas imantadas. Esse ponto fica

localizado próximo ao norte geográfico (Fig 16-9).

Fig 16-9 - Norte Geográfico e Norte Magnético

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OSTENSIVO - 16-10 - REV 1

c) Norte da Quadrícula (NQ)

Nas cartas utilizadas em operações militares, a direção-base tomada

como referência para determinação da direção a seguir é a das retas

verticais da grade da carta.

d) Diagrama de orientação

Uma das informações contidas nas inscrições marginais dessas cartas é

o que se chama de Diagrama de Orientação (Fig. 16-10). Tal diagrama

contém as três direções-base indicadas, bem como o valor do ângulo

formado entre as mesmas.

Fig 16-10 - Diagrama de orientação

Esses ângulos possuem denominações e características próprias, a

seguir descritas:

I) Declinação Magnética (dm)

Como se viu, o NM e o NV estão ligeiramente afastados. O ângulo

formado entre as direções do NV e NM, medido a partir do NV, é

chamado Declinação Magnética.

A declinação pode ser Leste (E) ou Oeste (W), conforme o NM esteja

a leste ou a oeste do NV/NG. Além disso, a declinação é variável de

acordo com o lugar e a época. Daí a necessidade de seu registro em

cada carta, incluindo o respectivo ano de edição e a variação relativa.

Considerando os dados contidos no exemplo de diagrama de

orientação da figura 16-11 e que se está calculando a declinação

magnética para o ano de 1997, o resultado obtido seria 21o 10’W, pois

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OSTENSIVO - 16-11 - REV 1

à declinação de 17o 52’W em 1975 deve ser acrescida a variação

anual de 9’ nos 22 anos decorridos, logo:

dm = 17o 52’ + 22 x 9’

dm = 17o 52’ + 198’ = 17o 52’ + 3o 18’

dm = 21o 10'

Será W porque o NM encontra-se a Oeste do NG.

Fig 16-11 - Exemplo de um diagrama de orientação

II) Convergência de meridianos

Pela figura 16-12, pode-se observar que a direção do NV é diferente

da direção do NQ da carta. Desse modo, o ângulo formado entre as

direções do NV e NQ, contado a partir do NV, é chamado de

convergência de meridianos. Essa será E ou W conforme o NQ

esteja à leste ou oeste do NV/NG.

A convergência se dá em virtude da distorção causada pela projeção

da superfície terrestre, que é curva, na superfície plana do papel,

quando da confecção das cartas. Apesar de sofrer uma variação entre

diferentes pontos de uma mesma carta, pode-se considerá-la

constante nas cartas utilizadas, sem perigo de erro, em virtude dessa

variação ser desprezível.

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OSTENSIVO - 16-12 - REV 1

Fig 16-12 - Convergência de Meridianos e Ângulo QM

III) Ângulo QM

O ângulo formado entre as direções do NQ e do NM é chamado ângulo

QM. O ângulo será W, quando o norte magnético estiver a Oeste do

norte da quadrícula, e E, quando o norte magnético estiver a Leste do

norte da quadrícula. O ângulo QM será calculado somando a dm e a

convergência de meridianos quando a direção do NM e do NQ

estiverem em lados opostos a direção do NG/NV, e subtraindo uma da

outra quando estiverem do mesmo lado do NG/NV. Uma vez calculado

o ângulo QM, ele deve ser anotado na carta para uso futuro. A variação

anual da declinação magnética acarreta aumento ou diminuição do

ângulo QM. Se as direções do NM e do NQ se aproximam, o ângulo QM

diminui; se elas se afastam, o ângulo QM aumenta.

16.8.2 - Azimutes

Os azimutes são ângulos horizontais medidos no sentido do movimento

dos ponteiros do relógio, a partir de uma direção base.

a) Azimute Magnético (AzM)

AzM é o ângulo horizontal medido a partir do NM até a direção

desejada. Na figura 16-13, por exemplo, o AzM da direção entre a

bifurcação de estrada e a capela é de 60o.

b) Azimute Verdadeiro (AzV)

AzV é o ângulo horizontal medido a partir do NG/NV até a direção

desejada. Na figura 16-13, por exemplo, este azimute pode ser de 54o.

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OSTENSIVO - 16-13 - REV 1

c) Azimute da Quadrícula (AzQ) ou Lançamento (L)

Lançamento é o ângulo horizontal medido a partir do NQ até a direção

desejada. Na figura 16-13, o lançamento é de 51o.

Fig 16-13 - Tipos de azimutes

16.8.3 - Contra-Azimutes

O contra-azimute de uma direção é o azimute da direção oposta. Caso se

esteja voltado para uma determinada direção, considera-se essa direção

como azimute. Ao se voltar para a direção oposta, ter-se-á o contra-

azimute dessa direção. O contra-azimute está sobre o prolongamento, no

sentido inverso, da reta que determina o azimute.

Sabendo utilizar de forma correta o contra-azimute, o militar estará em

condições de retornar ao ponto de partida. No cumprimento de uma tarefa

em lugar desconhecido e à noite, por exemplo, o contra-azimute poderá

indicar a direção pela qual deve-se retornar.

Para se encontrar o contra-azimute, basta somar 180o ao azimute quando

esse for menor que 180o ou subtrair 180o quando maior que 180o.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-14 - REV 1

Fig 16-14 - Contra-Azimute

16.9 - BÚSSOLA

Bússola é um instrumento destinado à medida de ângulos horizontais e à

orientação no terreno.

A bússola é um goniômetro (instrumento com que se medem ângulos) no

qual a origem de suas medidas é determinada por uma agulha imantada que

indica uma direção aproximadamente constante que é o NM.

Uma bússola está declinada quando as leituras nela realizadas representam

lançamentos, ou seja, ângulos medidos em relação ao NQ, ao invés de AzM.

Além da variação causada pela dm, uma bússola é afetada pela presença de

ferro, magnetos, fios condutores de eletricidade e aparelhos elétricos.

Certas áreas geográficas possuem depósitos de minério (tal como o ferro)

que podem tornar uma bússola imprecisa quando colocada próxima a eles.

Conseqüentemente, todas as massas visíveis de ferro ou campos elétricos

devem ser evitados quando se utiliza uma bússola.

16.9.1 - Composição

A bússola é composta de cinco partes: caixa, limbo graduado, agulha

imantada, estilete sobre o qual gira a agulha e os acessórios que variam

para cada tipo de bússola. Uma das bússolas em uso no Corpo de

Fuzileiros Navais (CFN) é a SILVA. Denomina-se limbo a peça graduada

em graus ou em milésimos, seguidamente, da esquerda para a direita no

sentido dos ponteiros do relógio, no qual se lêem os azimutes.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-15 - REV 1

Fig 16-15 - Bússola Silva

16.9.2 - Condições para utilização

Para que uma bússola possa ser utilizada apropriadamente, deverá

satisfazer determinadas condições, as quais devem ser verificadas

previamente. São elas:

a) Centragem ou centralização

Verifica-se essa condição lendo as graduações indicadas pelas duas

pontas da agulha sobre as diversas partes do limbo. A diferença entre

essas leituras deve ser constante e igual a 180o. Caso contrário, o

instrumento estará mal centrado.

b) Sensibilidade

Comprova-se esta condição aproximando um objeto imantado e

afastando-o. Quando em bom estado, a agulha sofrerá um desvio e

voltará a sua posição inicial após algumas oscilações.

c) Equilíbrio

Uma bússola está em perfeito equilíbrio quando, colocada em posição

horizontal, a agulha conserva-se nessa posição. Caso uma das pontas

da agulha fique mais baixa, não permitindo sua livre rotação, é

necessário pôr um contrapeso, procurando o equilíbrio da agulha.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-16 - REV 1

16.9.3 - Cuidados

Além das recomendações anteriores quanto ao afastamento de fontes de

interferência, há cuidados especiais quanto ao manuseio.

As visadas com a bússola devem ser feitas na posição horizontal. Esse

procedimento deve ser observado para que as leituras dos azimutes não

sejam distorcidas.

As bússolas deverão ser conservadas em ambiente livre de umidade e não

sofrer choques.

16.9.4 - Medida de um azimute

Para se medir um AzM com a bússola SILVA, procede-se da seguinte

maneira:

a) segura-se a bússola com o espelho aberto e inclinado cerca de 50o

em relação a caixa. Visa-se, a seguir, ao mesmo tempo, o objeto

desejado e o espelho (Fig 16-16);

b) a visada do objeto é feita observando-o pelo entalhe da mira

(Fig 16-17);

c) antes de se determinar o AzM, deve-se nivelar a bússola. Para tal,

através do espelho, faz-se com que a imagem do ponto central fique

sobre a linha de centro do espelho;

d) sem mover a mão e olhando pelo espelho, gira-se a caixa até que a

seta da direção N-S (não a agulha) fique sobre a agulha, coincidindo a

ponta vermelha com o N da seta; e

e) pode-se, então, mover toda a bússola, porque o AzM já estará

registrado, facilitando a sua leitura.

Fig 16-16 - Visada do objeto que se quer determinar o azimute

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-17 - REV 1

Fig 16-17 - A visada pelo entalhe da mira

16.9.5 - Medida de um contra-azimute

A bússola também permite determinar o contra-azimute lendo-se, no

limbo, o valor do ângulo que fica na extremidade oposta à linha de visada.

16.9.6 - Marcha segundo um azimute

Suponha-se que se está num determinado lugar do terreno e que se

precisa alcançar um outro afastado daquele cerca de 1 km. Sabe-se,

também, que esse segundo lugar se encontra no AzM 60o. Basta,

portanto, que se marche segundo o azimute de 60o já determinado. Para

tanto, deve-se proceder da seguinte maneira:

a) inserir no limbo graduado da bússola o azimute dado;

b) sem mover a mão e olhando pelo espelho, girar o corpo até que

a agulha coincida com a seta da direção N-S;

c) através do entalhe da mira, observa-se um ponto do terreno que seja

notável para tê-lo como referência do lugar que se deseja alcançar;

d) a direção a ser seguida é a desse ponto notável, observado pelo entalhe

da mira; e

e) caso ao se olhar na direção do lugar a ser alcançado, não for possível

observá-lo diretamente, segue-se segundo a direção do azimute até um

ponto notável do terreno que será utilizado como referência inicial. Após

atingir este ponto, utilizando o mesmo azimute, tenta-se localizar o

lugar desejado. Não sendo possível, repete-se o processo até que se

consiga localizá-lo.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-18 - REV 1

Quando se marcha, segundo um azimute, com a finalidade de atingir

determinado ponto específico, caso se tenha conhecimento da

distância que dele se está, deve-se utilizá-la como meio de controle do

deslocamento. Isso é feito por meio da passada individual, geralmente

aferida antecipadamente. A aferição consiste na verificação do número

médio de passos que cada individo executa ao percorrer, em terreno

variado, uma distância pré-estabelecida, normalmente, 100 metros.

Para marchar à noite segundo um azimute, é preciso estar em

condições de visar pontos à frente, tal como feito de dia. Entretanto, em

face da visibilidade reduzida, isso se torna mais difícil, impondo que os

pontos visados sejam em maior número e mais próximos uns dos

outros.

Se a escuridão for tal que impeça as visadas sobre pontos de referência

no terreno, deve-se empregar um companheiro à frente, à pouca

distância, e determinar que ele se desloque para a direita ou para a

esquerda até situar-se no azimute desejado. Essa operação deve ser

repetida até que seja possível identificar um ponto de referência no

terreno.

À noite, geralmente, não é possível fazer a visada através do entalhe da

mira da bússola como se faz durante o dia, e nem é necessário. Basta

voltar a bússola para a direção a seguir, de modo que fiquem num

mesmo alinhamento o operador, a três marcas luminosas existente na

bússola (duas em cada lateral da seta e uma na agulha imantada) e o

ponto de destino.

16.10 - ORIENTAÇÃO DA CARTA

Saber como se orientar em campanha e usar com propriedade uma carta

topográfica pode significar, em certas circunstâncias, ser capaz de sair de

situações difíceis, em que a direção certa é fator preponderante para o

sucesso.

Antes de utilizar uma carta, ela deve ser colocada em posição tal que suas

direções coincidam com as do terreno. Isto poderá ser feito de duas

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-19 - REV 1

maneiras: com o auxílio da bússola ou por meio da utilização de pontos

notáveis no terreno.

A operação de ajustar a posição da carta ao terreno chama-se orientação

da carta, que pode ser feita pela comparação do terreno com a carta,

procurando-se estabelecer as semelhanças entre ambos. Isso é viável

quando existirem no terreno acidentes cujas representações figurem na

carta. Nesse caso, é necessário que o observador identifique primeiro na

carta a sua posição aproximada para depois fazer uma observação em

torno de si com esta, a fim de colocar em um mesmo alinhamento o objeto

visado e a sua correspondente representação na carta.

Fig 16-18 - Orientação da carta pela comparação com o terreno

A orientação da carta também poderá ser feita pela bússola. Para tanto,

desdobra-se a carta sobre uma superfície plana, coloca-se sobre ela a

bússola com a declinação já inserida, de modo que um dos lados da caixa

da bússola fique tangenciando a reta base vertical de uma das quadrículas.

Depois, girando-se o conjunto carta-bússola e conservando-se a bússola no

mesmo local, procura-se fazer com que a seta da agulha imantada coincida

com a marcação do NV. Quando houver a coincidência, a carta estará

orientada.

A orientação da carta poderá, ainda, ser feita por meios expeditos. O sol,

por exemplo, ao nascer, define aproximadamente a direção Leste. Ao se

pôr, a direção Oeste. Conhecidas essas direções, basta que para elas se

dirija a margem direita da carta no primeiro caso, ou a esquerda no

segundo, para que se tenha a carta mais ou menos orientada.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-20 - REV 1

Ainda com o sol e com auxílio de um relógio devidamente certo, pode-se

determinar a direção Norte. Basta que, conservando-se a graduação das 12

horas na direção do sol, se identifique no terreno a direção da linha bissetriz

que divide ao meio o ângulo formado pela direção do sol (12 horas) e a do

ponteiro das horas, contada no sentido do movimento dos ponteiros. Essa

bissetriz define a direção Norte-Sul.

Fig 16-19 - Método expedito de orientação

com o auxílio de um relógio

Durante o dia, entre às 09:00 e 15:00 horas, a posição do sol define, em

relação ao observador, os planos que contêm, respectivamente, as direções

Nordeste e Noroeste. Um processo prático para se materializar essas

direções é o prolongamento da sombra de um objeto posto na vertical

nessa ocasião.

Outro processo é o dos ventos regionais dominantes que normalmente

sopram na mesma direção e com isso possibilitam a orientação. O

minuano, vento muito conhecido no Sul do Brasil, sopra de Oeste-Sudoeste

para Este-Nordeste.

A observação de vários fenômenos naturais, quase todos relativos ao

movimento do sol, também permite conhecer, a grosso modo, no

hemisfério sul, a direção Norte. Os caules das árvores, as superfícies das

pedras, os moirões das cercas e as paredes das casas são mais úmidos na

parte voltada para o Sul, porque só recebem luz e calor do sol na face

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-21 - REV 1

voltada para o Norte. Do mesmo modo, os animais, ao construírem seus

abrigos, o fazem com a entrada voltada para o Norte, abrigando-se dos

ventos frios do Sul e recebendo diretamente o calor e a luz do sol.

Durante a noite, a orientação sem o auxílio da bússola é feita,

principalmente, por meio da lua ou das estrelas. A lua, em seu movimento

aparente, nos dá aproximadamente as mesmas identificações que o sol,

principalmente em sua fase cheia, quando se pode observá-la em sua

plenitude. A constelação do Cruzeiro do Sul proporciona uma boa e fácil

orientação. Qualquer que seja a sua posição na esfera celeste, a

determinação do pólo Sul se obtém prolongando-se em quatro (4) vezes e

meia a distância entre as estrelas que correspondem à altura da cruz. O pé

da perpendicular baixada pelo ponto fictício que limita esse prolongamento

sobre o horizonte nos indica a direção Sul, conforme demonstrado na

figura 16-20.

Fig 16-20 - Orientação pela constelação do Cruzeiro do Sul

16.11- COMO TRABALHAR COM A CARTA E A BÚSSOLA

16.11.1 - Determinação do azimute dos elementos representados na carta

Anteriormente descreveu-se como determinar o azimute de uma direção

no terreno com o auxílio da bússola. Agora ver-se-á como achar o

azimute de uma direção sobre a carta.

A figura 16-21 é um trecho de carta, no qual podem ser observados dois

elementos: uma casa, sede da fazenda Dois Rios, e uma ponte. O AzM

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-22 - REV 1

da direção casa-ponte pode ser obtido de acordo com a seguinte

seqüência:

a) a primeira coisa a fazer é traçar uma reta na carta, ligando a casa

(ponto A) e a ponte (ponto B), como mostrado na figura 16-21;

b) em seguida, orientar a carta;

c) após isso, colocar a bússola aberta sobre a carta, de tal modo que a

borda graduada fique sobre a linha traçada na carta e a tampa voltada

para a ponte; e

d) a seguir, gira-se o anel serrilhado até que a seta indicadora do Norte

coincida com a agulha. O ângulo indicado na escala no ponto onde

esta intercepta a linha do centro da bússola, no lado da articulação da

tampa, será o AzM (Fig 16-22).

Fig 16-21 - Determinação do azimute na carta

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-23 - REV 1

Fig 16-22 - Uso da bússola na determinação do azimute na carta

Uma outra situação, envolvendo o uso da carta e da bússola, seria a

necessidade de localizar, na mesma carta, um outro ponto (C) do qual

se sabe estar situado no sopé de uma elevação, junto a uma trilha, no

AzM 119o da ponte citada no caso anterior (ponto B). Nesse caso,

observam-se os seguintes passos:

a) orientar a carta;

b) colocar a bússola sobre a carta orientada, com a lateral da caixa

tangenciando a referida ponte;

c) sem tirar a bússola de sobre a ponte, girá-la até que a agulha marque

os 119o graus do azimute dado; e

d) traçar uma reta sobre a carta, utilizando a lateral da caixa. O ponto

que essa reta tocar o sopé da elevação, após cruzar a trilha, é a

exata localização do ponto que se deseja identificar na carta (Fig 16-

23). No exemplo utilizado, um reservatório d’água.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-24 - REV 1

Fig 16-23 - Utilização do conjunto carta-bússola para a

localização de um ponto na carta

16.11.2 - Determinação do Ponto Estação

É de grande importância saber o lugar onde se encontra o observador.

Um bom processo para a determinação exata dessa posição na carta é o

conhecido por interseção a ré, que consiste no seguinte:

a) orientar a carta pela bússola;

b) procurar dois acidentes do terreno, à frente, que estejam

representados na carta com exatidão;

c) com a bússola, visar o primeiro acidente e obter o azimute;

d) colocar a bússola sobre a carta orientada, com a lateral da caixa

tangenciando a convenção cartográfica que representa esse acidente.

Sem tirar a bússola desse ponto, girá-la até que marque o azimute

obtido;

e) marcar na carta, a lápis, uma reta representando o azimute; e

f) repetir todo o processo para o segundo acidente.

Assim procedendo, encontrar-se-á o ponto de cruzamento entre as

duas retas, que será o ponto estação do observador.

16.12 - ORIENTAÇÃO QUANDO EM MOVIMENTO NUMA VIATURA

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-25 - REV 1

Quando se deslocando em uma viatura, pode-se errar o caminho mesmo

quando a estrada dispõe de placas indicadoras para os motoristas, devido à

maior velocidade de movimento. É comum, também, desorientar-se em

uma região desconhecida. As cartas e a bússola auxiliam a orientação e a

evitar erros no itinerário.

A carta deve estar sempre orientada, de preferência pela comparação com

o terreno, para que possa mostrar corretamente as minúcias das estradas

por onde se transita.

Além disso, deve-se fazer verificações constantes da posição. Isso é feito

por meio da confirmação no terreno de pontos notáveis identificados na

carta. O uso do hodômetro da viatura para medir as distâncias rodadas

entre esses pontos, anotando os valores em uma caderneta ou sobre a

carta, e as comparando com as medidas tomadas na carta entre estes

mesmos pontos, contribui para a rapidez dessas verificações e o controle

eficaz do deslocamento.

Pela medida na carta da distância entre o ponto de partida e o de destino

(ou de referência), o motorista pode saber qual a distância que deverá

percorrer antes de mudar de direção. Se tiver o cuidado de observar a

marcação do hodômetro antes de partir, estará em condições de decidir,

com menor probabilidade de erro, quando mudar de direção. Se o motorista

não acompanhar as distâncias percorridas, verificando constantemente o

hodômetro, não poderá tomar uma decisão correta e oportuna.

16.13 - GIRO DO HORIZONTE

Giro do horizonte é a identificação, com o auxílio da carta, dos diversos

acidentes do terreno, desde o ponto estação até a linha do horizonte. Para

executá-lo, deve-se ocupar uma posição que tenha dominância de vistas

sobre a região a ser identificada. De início, determina-se o ponto estação

por um dos processos anteriormente indicados e orienta-se a carta. Feito

isso, realiza-se uma verificação sumária dos acidentes circunvizinhos mais

notáveis, identificando-os com a carta para se ter a certeza de que a

orientação da carta está correta. O trecho a ser identificado deve ser

dividido em setores e dentro deles inicia-se a identificação do mais próximo

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 16-26 - REV 1

para o mais afastado e da esquerda para direita. Obedecendo-se a esse

critério, todos os acidentes serão observados e pode-se-á realizar a

completa identificação do terreno com a carta.

Page 157: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-1 REV 1

CAPÍTULO 17

ARMAMENTO DO CFN

17.1 - DEFINIÇÕES BÁSICAS

17.1.1 - Arma ou lançador

É todo equipamento pelo qual é efetuado o lançamento ou o disparo de

munição.

17.1.2 - Munição

É o artefato empregado para produzir determinado efeito sobre um alvo,

sendo geralmente lançado por uma arma (munição de canhão, míssil,

torpedo, munição de pistola, munição de fuzil, etc.).

17.1.3 - Armamento

É o conjunto formado pela arma e por sua munição, especificado para

atender determinados requisitos, algumas vezes referido apenas pelo

lançador ou arma e outras, pela munição.

17.1.4 - Raias

São sulcos helicoidais abertos na parte interna do cano de uma arma

(alma), destinados a imprimir ao projetil movimento de rotação, a fim de

mantê-lo estável na sua trajetória.

17.1.5 - Cheio

Parte saliente do raiamento que separa uma raia da outra.

17.1.6 - Calibre

É a medida do diâmetro entre dois cheios e tem a finalidade de

caracterizar as armas.

17.1.7 - Velocidade teórica de tiro

É o número de disparos que pode ser feito por uma arma em um minuto,

não se levando em conta o tempo necessário para a alimentação,

pontaria, resolução de incidentes, etc.

17.1.8 - Velocidade prática de tiro

É o número de disparos que podem ser feitos por uma arma em um

minuto, levando-se em conta o tempo necessário à pontaria, à

alimentação, à resolução de incidentes, etc.

Page 158: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-2 REV 1

17.1.9 - Alcance máximo

É o maior alcance que um projetil pode atingir com o emprego de uma

arma.

17.1.10 - Alcance útil

É aquele até onde a arma pode ser utilizada eficazmente sem que a

trajetória sofra variações imprevistas devido à dispersão.

17.1.11 - Cadência de tiro

É a variação da velocidade prática de tiro que uma arma pode

apresentar, expressa pelo número de disparos que ela pode realizar em

um determinado período. Pode ser:

a) Rápida

Normalmente utilizada ao se iniciar o tiro de modo a se obter

superioridade de fogos e forçar o inimigo a se abrigar.

b) Normal

Empregada para neutralizar o inimigo, impedindo reações.

c) Lenta ou sustentada

Usada quando há necessidade de manter os alvos sob fogo por

longos períodos.

17.1.12 - Ciclo de funcionamento de uma arma

É a seqüência por meio da qual se pode explicar o funcionamento de

uma arma. De maneira simplificada, as armas seguem o seguinte ciclo

de funcionamento: disparo; extração; ejeção; engatilhamento;

carregamento; e novo disparo.

17.2 - GENERALIDADES SOBRE AS ARMAS LEVES

17.2.1 - Arma leve

É toda aquela de calibre inferior 0.60" (15,24mm). A espingarda 18,6mm

(CAL 12) Mossberg, o lança-rojão 88,9mm M-20 A1B1; e o lança-granadas

40mm M-203 são exceções.

17.2.2 - Classificação

a) Quanto ao tipo

I) De porte

Quando, devido ao volume e peso, pode ser conduzida no coldre.

Page 159: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-3 REV 1

II) Portátil

Quando pode ser conduzida por um só homem, sendo, normalmente,

dotada de uma bandoleira para transporte.

III) Não-portátil

Quando, devido ao volume e peso, somente pode ser deslocada por

uma viatura ou dividida em fardos por vários homens.

b) Quanto ao emprego

I) Individual

Quando destinada à proteção daquele que a conduz.

II) Coletivo

Quando se destina ao emprego em benefício de parte ou da tropa

como um todo.

c) Quanto à refrigeração

I) Refrigeração à água

Quando o cano é envolvido por uma camisa d`água.

II) Refrigeração a ar

Quando é o próprio ar atmosférico que produz o resfriamento.

III) Refrigeração a ar e à água

Quando o cano está em contato com o ar atmosférico mas recebe

periodicamente jatos d'água para ajudar o arrefecimento.

d) Quanto ao funcionamento

I) De repetição

É aquela em que se emprega a força muscular do atirador para a

execução das diferentes fases de funcionamento (carregamento,

trancamento, ejeção, etc.), decorrendo, assim, a necessidade de se

repetir a ação a cada disparo.

II) Semi-automático

É aquela que realiza automaticamente as fases do ciclo de

funcionamento, à exceção do disparo.

Page 160: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-4 REV 1

III) Automático

É aquela que realiza automaticamente todas as fases do

funcionamento enquanto houver munição e o gatilho permanecer

acionado.

e) Quanto ao princípio de funcionamento

I) Arma que utiliza a força muscular do atirador;

II) Arma que utiliza a pressão dos gases resultantes da deflagração da

carga de projeção:

(a) ação dos gases sobre o êmbolo;

(b) ação dos gases sobre o ferrolho; e

(c) recuo do cano (longo ou curto).

III) Arma que utiliza a ação muscular do atirador combinada com a oriunda

de uma corrente elétrica sobre a estopilha.

f) Quanto ao sentido de alimentação

I) Da direita para a esquerda;

II) Da esquerda para a direita;

III) De baixo para cima;

IV) De cima para baixo; e

V) Retrocarga.

g) Quanto ao raiamento

I) Alma com raiamento, no sentido:

(a) da esquerda para a direita (à direita); e

(b) da direita para a esquerda (à esquerda).

II) Alma lisa.

h) Quanto à alimentação

I) Manual; e

II) Com carregador

(a) metálico

- tipo lâmina; e

- tipo cofre.

(b) tipo fita

- metálica com elos articulados;

Page 161: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-5 REV 1

- metálica com elos desintegráveis; e

- de pano (em desuso).

(c) tipo especial.

17.3 - FUZIL DE ASSALTO 5,56mm M16A2Mod705

Fig 17-1

17.3.1 - Características

a) Nomenclatura

Fuzil de assalto calibre 5,56mm M16A2 modelo 705

b) Simbologia

FzAss 5,56mm M16A2MOD705

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao emprego

Individual.

III) Quanto ao funcionamento

Semi-automático e automático com rajada de três tiros.

IV) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

I) Carregador

Metálico tipo cofre.

II) Capacidade do carregador

20 ou 30 cartuchos.

Page 162: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-6 REV 1

III) Sentido

De baixo para cima.

e) Raiamento

Número de raias: seis (6) à direita.

f) Aparelho de pontaria

I) Alça de mira

De regulagem micrométrica, com visor basculante, graduado de 100

em 100 metros no alcance de 300 a 800m e disco de direção com

regulagem variável.

II) Massa de mira

Tipo ponto, com protetores laterais e regulagem em altura.

g) Dados numéricos

I) Comprimento: 1m.

II) Peso

(a) com carregador desmuniciado - 3,510kg; e

(b) com carregador municiado - 3,850kg.

III) Velocidade prática de tiro

(a) funcionamento semi-automático - 45 tpm; e

(b) funcionamento automático com rajada de 3 tiros: 90 tpm.

IV) Alcance

(a) máximo - 3.600m; e

(b) útil

- para alvos tipo área - 800m; e

- para alvos tipo ponto - 550m.

17.4 - FUZIL AUTOMÁTICO 7,62mm M964 FAL

Fig 17-2

Page 163: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-7 REV 1

17.4.1 - Características

a) Nomenclatura

Fuzil automático leve calibre 7,62mm modelo 1964 (FAL).

b) Simbologia

Fz 7,62mm M964 (FAL).

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao emprego

Individual.

III) Quanto ao funcionamento

Automático, semi-automático e repetição.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Ação dos gases sobre o êmbolo.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

I) Carregador

Metálico, tipo cofre.

II) Capacidade do carregador

20 cartuchos.

III) Sentido

De baixo para cima.

e) Raiamento

Número de raias: quatro (4) à direita.

f) Aparelho de pontaria

I) Alça de mira

Tipo lâmina, com cursor e visor, graduada de 100 em 100m, no

alcance de 200 a 600m.

II) Massa de mira

Tipo ponto, seção circular, regulável em altura, com protetores laterais.

Page 164: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-8 REV 1

g) Dados numéricos

I) Comprimento: 1,10m.

II) Peso

(a) sem carregador: 4,20kg; e

(b) do carregador municiado: 0,730kg.

III) Velocidade prática de tiro

(a) funcionamento automático: 120 tpm; e

(b) funcionamento semi-automático: 60 tpm.

IV) Alcance

(a) máximo: 3.800m; e

(b) útil: 600m.

17.5 - FUZIL METRALHADOR 7.62mm M964 FAP

Fig 17-3

17.5.1 - Características

a) Nomenclatura

Fuzil Metralhador calibre 7,62mm modelo 1964 (FAP).

b) Simbologia

FM 7,62mm M964 (FAP).

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao emprego

Coletivo.

III) Quanto ao funcionamento

Automático, semi-automático e repetição.

Page 165: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-9 REV 1

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Ação dos gases sobre o êmbolo.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

I) Carregador

Metálico, tipo cofre.

II) Capacidade do carregador

Vinte (20) cartuchos.

III) Sentido

De baixo para cima.

e) Raiamento

Número de raias: quatro (4) à direita.

f) Aparelho de pontaria:

I) Alça de mira

Tipo lâmina, com cursor e visor, graduada de 100 em 100 metros no

alcance de 200 a 600m; e

II) Massa de mira

Tipo ponto, seção circular, regulável em altura, com protetores laterais.

g) Dados numéricos

I) Comprimento: 1,125m.

II) Peso

(a) sem carregadores e com bipé: 6kg; e

(b) do cano: 1,60kg.

III) Velocidade prática de tiro

(a) funcionamento automático: 120 tpm; e

(b) funcionamento semi-automático: 60 tpm.

IV) Alcance

(a) máximo - 3.800m; e

(b) útil - 600m.

Page 166: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-10 REV 1

17.6 - METRALHADORA 7,62mm Mod B 60-20 MAG

Fig 17-4

17.6.1 - Características

a) Nomenclatura

Metralhadora a gás 7,62mm Modelo B.

b) Simbologia

MAG 7,62mm.

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil e não portátil (quando utilizando tripé).

II) Quanto ao emprego

Coletivo.

III) Quanto ao funcionamento

Automática.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Ação dos gases sobre o êmbolo.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

I) Carregador

Tipo fita com elos metálicos articulados, acondicionados em cofre de

50 ou 250 cartuchos.

II) Sentido

À direita

Page 167: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-11 REV 1

e) Raiamento

Número de raias: quatro (4) à direita.

f) Aparelho de pontaria:

I) Alça de mira

Tipo lâmina basculante, com cursor e visor, graduada em intervalos de

l00m, utilizada em duas posições: rebatida (graduada de 200 a 800m)

e levantada (graduada de 800 a 1.800m).

II) Massa de mira

Seção retangular, regulável em altura e direção, com protetores

laterais.

g) Dados numéricos

I) Comprimento: 1,255m.

II) Peso

(a) com coronha e bipé: 10,800kg;

(b) do cano completo: 2,800kg; e

(c) do tripé: 10,450kg.

III) Velocidade de tiro (regulável): 600 a 1.000 tpm.

IV) Alcance

(a) máximo: 3.800m; e

(b) útil: 800m sobre bipé e l.800m sobre tripé.

17.7 - PISTOLA 9mm PT92 - TAURUS

Fig 17-5

Page 168: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-12 REV 1

17.7.1 - Características

a) Nomenclatura

Pistola calibre 9mm.

b) Simbologia

Pst 9mm.

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

De porte.

II) Quanto ao emprego

Individual.

III) Quanto ao funcionamento

Semi-automática.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Curto recuo do cano.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

I) Carregador

Metálico, tipo cofre.

II) Capacidade do carregador

Quinze (15) cartuchos.

III) Sentido

De baixo para cima.

e) Raiamento

Número de raias: seis (6) à direita.

f) Aparelho de pontaria

I) Alça de mira

Tipo entalhe retangular.

II) Massa de mira

Seção retangular.

Page 169: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-13 REV 1

g) Dados numéricos

I) Calibre: 9mm.

II) Comprimento: 21,7cm.

III) Peso

(a) com carregador desmuniciado: .0,950kg; e

(b) com carregador municiado: .l,137kg.

IV) Velocidade prática de tiro: variável.

V) Alcance

(a) máximo - 1.800m; e

(b) útil - 50m.

17.8 - SUBMETRALHADORA 9mm TAURUS

Fig 17-6

17.8.1 - Características

a) Nomenclatura

Submetralhadora calibre 9mm.

b) Simbologia

SMtr 9mm.

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao funcionamento

Automática e semi-automática.

Page 170: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-14 REV 1

III) Quanto ao princípio de funcionamento

Ação dos gases sobre o ferrolho.

IV) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

I) Carregador

Metálico, tipo cofre.

II) Capacidade do carregador

30 ou 40 cartuchos.

III) Sentido de alimentação

De baixo para cima.

e) Raiamento

Número de raias: seis (6) à direita.

f) Aparelho de pontaria:

I) Alça de mira

Tipo visor, basculante, graduada para 100 e 200m, com proteção

lateral e regulável em altura.

II) Massa de mira

Tipo ponto, seção circular, regulável em altura.

g) Dados numéricos

I) Calibre: 9mm.

II) Comprimento

(a) com coronha aberta: .64,5cm.

(b) com coronha rebatida: .41,8cm.

III) Peso

(a) sem carregador

3kg aproximadamente.

(b) com carregador municiado com 30 cartuchos

3,800kg.

(c) com carregador municiado com 40 cartuchos

3,920kg.

Page 171: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-15 REV 1

IV) Velocidade teórica de tiro: 500 a 550 tpm.

V) Alcance útil: até 200m.

17.9 - METRALHADORA 12,7mm (.50) HB M2 QCB BROWNING

Fig 17-7

17.9.1 - Características

a) Nomenclatura

Metralhadora 12,7mm M2.

b) Simbologia

Mtr 12,7mm M2 (ou Mtr.50").

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Não portátil.

II) Quanto ao emprego

Coletiva.

III) Quanto ao funcionamento

Automática;

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Curto recuo do cano.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

I) Carregador

Tipo fita com elos metálicos.

Page 172: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-16 REV 1

II) Capacidade

Indeterminada.

III) Sentido

Da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda, mediante o

reposicionamento de algumas peças do sistema de alimentação.

e) Raiamento

Número de raias: oito (8) à direita.

f) Aparelho de pontaria:

I) Alça de mira

Tipo lâmina, com cursor e visor, graduada de 100 a 2600 jardas (aprox

90 a 2.380m).

II) Massa de mira

Seção triangular curva, com protetores laterais.

g) Dados numéricos

I) Calibre: 12,7mm (.50”).

II) Comprimento

(a) 1,643m; e

(b) do cano - 1,143m.

III) Peso

(a) sem o cano: .25,424kg; e

(b) do cano: .12,712kg.

IV) Velocidade teórica

(a) funcionamento automático: 400 a 600 tpm; e

(b) funcionamento semi-automático: 75 tpm.

V) Alcance

(a) máximo: 6.818m; e

(b) útil: 1.830m.

Page 173: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-17 REV 1

17.10 - ESPINGARDA 18,6mm (CAL 12) MOSSBERG

Fig 17-8

Esta arma é empregada a distâncias curtas (próximo de 50m) e em

situações nas quais outras armas podem acarretar riscos desnecessários

devido ao excesso de potência (controle de distúrbios civis, guarda de

prisioneiros, retomada de instalações que não devam ser danificadas etc.).

17.10.1 - Características

a) Nomenclatura

Espingarda 18,6mm (CAL 12) MOSSBERG.

b) Simbologia

EspMil l8,6mm (CAL 12) Mossberg.

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao emprego

Individual.

III) Quanto ao funcionamento

Repetição.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Força muscular do atirador.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

I) Depósito tubular de munição conjugado à arma, sob o cano; e

II) Capacidade (com um cartucho na câmara):

(a) 9 cartuchos de 70mm de comprimento; e

Page 174: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-18 REV 1

(b) 8 cartuchos de 76mm de comprimento.

e) Raiamento

Alma lisa.

f) Aparelho de pontaria

Somente conta com a massa de mira. Devido às características de

dispersão da munição empregada e das distâncias curtas no tiro das

espingardas, o atirador tem que se preocupar, apenas, com a linha de

visada, enquadrando a massa de mira e o alvo.

g) Dados numéricos

I) Calibre: 18,6mm.

II) Comprimento: 1,016m.

III) Peso: 4kg aproximadamente.

IV) Alcance útil: variável em função da munição empregada.

17.11 - LANÇA-GRANADAS 40mm M203

Fig 17-9

17.11.1 - Características

É uma arma especialmente desenvolvida para ser empregada

juntamente com o fuzil M16A2.

a) Nomenclatura

Lança-granadas calibre 40mm modelo M203.

b) Simbologia

LGr 40mm M203.

Page 175: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-19 REV 1

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao emprego

Coletivo.

III) Quanto ao funcionamento

Repetição.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Ação muscular do atirador.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Alimentação

Manual: uma granada por vez.

e) Raiamento

Números de raias: seis (6) à direita.

f) Aparelho de pontaria

I) Conjunto de quadrante de mira

Acoplado sobre a armação superior dos fuzis da série M-16,

graduados de 25 em 25m para seleção de alcance entre 50 e 400m,

com regulagem em altura e direção.

II) Alça de mira

Tipo lâmina basculante, acoplada sobre o guarda-mão, graduada de

50 a 250m, com regulagem em altura e direção.

g) Dados numéricos

I) Comprimento: 39cm.

II) Peso descarregado: ...1,350kg.

III) Peso carregado: ........1,580kg.

IV) Alcance

(a) máximo: 400m.

(b) útil

- para alvos tipo área: ....350m; e

- para alvos tipo ponto: ..150m.

Page 176: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-20 REV 1

(c) mínimo de segurança

- para treinamento: .........80m; e

- em combate: .................31m.

17.12 - LANÇA-ROJÃO 88,9mm (3,5”) M-20 A1B1

Fig 17-10

Armamento anticarro, sem recuo, utilizado contra alvos blindados e,

secundariamente, contra fortificações e pessoal.

17.12.1 - Características

a) Nomenclatura

Lança-rojão calibre 88,9mm (3.5") M-20 A1B1.

b) Simbologia

LRoj 3.5" ou LRoj 88,9mm.

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao emprego

Coletivo.

III) Quanto ao funcionamento

Repetição.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Ação muscular do atirador combinada com ação de corrente elétrica

sobre a estopilha elétrica do rojão.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

Page 177: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-21 REV 1

d) Alimentação

Manual.

e) Raiamento

Alma lisa.

f) Aparelho de pontaria

Ótico, constituído por uma luneta estadimétrica montada no suporte

do aparelho de pontaria.

g) Dados numéricos

I) Comprimento: 1,53m.

II) Peso: 5,9kg.

III) Alcance

(a) máximo: 770m.

(b) útil

- alvos fixos:........ 270m; e

- alvos móveis: ....180m.

17.13 - AT-4

Munição anticarro que se confunde com um armamento, uma vez que sua

embalagem individual é também um lançador descartável após o disparo.

Como o LRoj, não apresenta recuo e é de transporte individual. Utilizado

primordialmente contra alvos blindados e, secundariamente, contra

fortificações e pessoal.

Fig 17-11

Page 178: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-22 REV 1

17.13.1 - Características

a) Nomenclatura

Granada alto explosiva de 84mm AT-4.

b) Simbologia

GAE 84mm AT-4.

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao emprego

Coletivo.

III) Quanto ao funcionamento

Repetição.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Ação muscular do atirador combinada com a ação de corrente

elétrica sobre a estopilha da granada.

V) Quanto à refrigeração

A ar.

d) Dados numéricos

I) Comprimento: 1m.

II) Peso: 6,7Kg.

III) Alcance

(a) máximo: 2100m.

(b) eficaz: 300m.

IV) Penetração em blindagem: 400mm.

Page 179: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-23 REV 1

17.14 - MÍSSIL ANTICARRO RBS 56 - BILL

Fig 17-12

Míssil cujo princípio de funcionamento é aquisição visual do alvo e guiagem

por fio através do posto de tiro (PT), com controle semi-automático.

Utilizado contra blindados, podendo, eventualmente, ser empregado contra

posições fortificadas e aeronaves a baixa altura.

17.14.1 - Caraterísticas

a) Nomeclatura

Míssil anticarro RBS 56 - BILL.

b) Simbologia

MAC BILL.

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Não portátil.

II) Quanto ao emprego

Coletivo.

III) Quanto ao funcionamento

Repetição com carregamento míssil a míssil.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Aquisição visual do alvo e filoguiagem a partir do PT.

Page 180: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-24 REV 1

d) Dados numéricos

I) Comprimento: 900mm.

II) Diâmetro: 300mm.

III) Pesos:

(a) do míssil - 18Kg.

(b) do PT - 17,7Kg.

(c) do visor noturno - 9,2Kg

IV) Alcances:

(a) alvos fixos - 150 a 2.200m.

(b) alvos móveis - 300 a 2.200m.

V) Penetração em blindagem: 700m.

VI) Tempo de vôo: 13 segundos.

17.15 - MÍSSIL ANTIAÉREO MISTRAL

Fig 17-13

Míssil empregado na defesa antiaérea contra aeronaves de ataque ao solo

a baixa altitude. Não necessita do acompanhamento do alvo pela base de

lançamento após ter sido lançado, sendo dotado de sensor de autoguiagem

infravermelho e espoleta laser de proximidade, o que aumenta

significativamente a possibilidade de se neutralizar ou destruir uma ameaça

aérea, sem a necessidade de haver um impacto direto. Utiliza o lançador

MANPADS (MAN PORTABLE ANTI-AIRCRAFT DEFENSE SYSTEM).

Page 181: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-25 REV 1

17.15.1 - Características

a) Nomeclatura

Sistema de Mísseis Antiaéreo Mistral.

b) Simbologia

MSA Mistral.

c) Classificação

I) Quanto ao tipo

Portátil.

II) Quanto ao emprego

Coletivo.

III) Quanto ao funcionamento

Repetição com carregamento míssil a míssil.

IV) Quanto ao princípio de funcionamento

Aquisição visual ou auditiva, quando integrado ao sistema Bofi-

GIRAFFE, com autoguiagem por infravermelho após o lançamento.

d) Dados numéricos

I) Comprimento: 1,85mm.

II) Calibre: 90mm.

III) Peso: 19,45Kg.

IV) Alcance máximo: 6.000m.

V) Altura máxima: 4.500m.

VI) Tempo de vôo: 14,5s.

VII) Velocidade: 2,5 MACH.

17.16 - GENERALIDADES SOBRE AS ARMAS PESADAS

17.16.1 - Generalidades

As armas pesadas incluem as de calibre superior a 0.60" (15,24mm),

com

as exceções já mencionadas. Basicamente, as armas pesadas são

constituídas pelos morteiros, canhões e obuseiros.

17.16.2 - Características dos morteiros, canhões e obuseiros

a) Morteiros

I) Tubo curto;

Page 182: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-26 REV 1

II) Tiro geralmente indireto;

III) Trajetórias muito curvas; e

IV) Carregamento pela boca.

b) Canhões

I) Tubo longo;

II) Tiro direto e, raramente, indireto;

III) Trajetória tensa; e

IV) Carregamento pela culatra.

c) Obuseiros

I) Tubo curto;

II) Tiro normalmente indireto;

III) Trajetória curva; e

IV) Carregamento pela culatra.

17.16.3 - Classificação do armamento pesado

a) Quanto ao calibre

I) Leve até 120mm;

II) Médio de 121 a 160mm;

III) Pesado de 161 a 210mm; e

IV) Muito pesado, acima de 210mm.

b) Quanto ao emprego

I) De campanha;

II) De costa;

III) Antiaéreo; e

IV) De emprego especial.

c) Quanto ao deslocamento

I) Transportado

(a) sobre dorso;

(b) em viatura automóvel;

(c) trem; e

(d) em aeronave (aerotransportado ou helitransportado).

II) Auto-rebocado ou tracionado

III) Auto-propulsado

Page 183: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-27 REV 1

(a) sobre rodas; e

(b) sobre lagartas.

17.16.4 - Divisão dos Canhões e Obuseiros

a) Canhão ou obuseiro propriamente dito

I) Boca de fogo

(a) tubo-alma; e

(b) bucha da culatra.

b) Reparo

I) Superior; e

II) Inferior.

17.16.5 - Divisão dos morteiros

a) Morteiro propriamente dito

I) Tubo-alma; e

II) Culatra.

b) Reparo

I) Bipé; e

II) Placa-base.

No Mrt 4.2” o reparo é composto pelo suporte, ponte, disco giratório

e placa-base.

17.17 - MORTEIROS 60mm M-60 BRANDT e 81mm M29 A1

Fig 17-14 - Morteiro 60mm Fig 17-15 - Morteiro 81mm

Page 184: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-28 REV 1

17.17.1 - Características

a) Nomenclatura

Mrt60mmM2 e Mrt81mmM29A1.

b) Classificação

I) Quanto ao calibre

Leve.

II) Quanto ao emprego

De campanha.

III) Quanto ao transporte

Transportados por viaturas do BtlInfFuzNav. Poderão ainda, ser

transportados a braço, divididos em fardos.

c) Raiamento

Alma lisa.

d) Dados numéricos Mrt 60mm Mrt 81mm

peso completo 19,00kg 38,6kg;

peso do tubo-alma 5,80kg 11,2kg;

peso do bipé 7,40kg 16,0kg;

peso da placa-base 5,80kg 11,8kg;

comprimento total do tubo-alma 0,73m 1,275m;

campo de tiro

(a) vertica 711''' a 1511''' 800''' a 1500'''; e

(b) horizontal 250''' a toda volta.

velocidade de tiro

(a) cadência normal 8 tpm 10 tpm; e

(b) cadência máxima 35 tpm 12 tpm.

alcance

(a) máximo 1.850m 4.512m; e

(b) mínimo 100m 90m.

17.17.2 - Diversos

Os morteiros apresentados acima são armas usadas para o apoio à

infantaria, com grande eficiência para bater ângulos mortos. Suas

Page 185: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-29 REV 1

trajetórias são curvas e fazem o tiro indireto (o alvo não é visto pelo

atirador).

17.18 - MORTEIRO 120mm AUTO-REBOCADO K6A3

Fig 17-16

17.18.1 - Características

a) Nomenclatura

Morteiro calibre 120mm K6A3.

b) Simbologia

Mrt 120mm K6A3.

c) Classificação

I) Quanto ao calibre

Leve.

II) Quanto ao emprego

De campanha.

III) Quanto ao transporte

Auto rebocado, viatura 3/4 Ton.

d) Raiamento

Alma lisa.

e) Dados numéricos

I) Peso

(a) em posição de tiro - 144kg.

(b) do tubo-alma com culatra - 50kg.

Page 186: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-30 REV 1

(c) do bipé - 32kg.

(d) da placa-base - 62kg.

(e) do transportador - 180kg.

(f) em posição de marcha - 324Kg (com a caixa de acessórios e

porta tiros vazios).

(g) em posição de marcha, situação de combate - 418kg (carregado

com ferramentas , acessórios e seis (6) granadas nos porta tiros

do transportador).

II) Comprimento da peça (posição de marcha) - 2,39m;

III) Altura da peça (posição de marcha) - 1,14m;

IV) Largura da peça (posição de marcha) - 2,00m;

V) Alcance

(a) máximo (carga 10) - 7.200m; e

(b) mínimo (carga 0) - 180m.

VI) Elevação

(a) máxima - 1.500 '''; e

(c) mínima - 700 '''.

VII) Velocidade prática de tiro:

(a) cadência rápida - 15 tpm; e

(b) cadência lenta - 4 tpm.

17.19 - OBUSEIRO AUTO-REBOCADO 105mm/22.5 M101A1

Fig 17-17

17.19.1 - Características

Page 187: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-31 REV 1

a) Nomenclatura

Obuseiro 105mm M101A1.

b) Simbologia

O 105mm M101A1.

c) Classificação

I) Quanto ao calibre

Leve.

II) Quanto ao emprego

De campanha.

III) Quanto ao transporte

Auto rebocado (viatura a partir de 2 1/2 Ton).

d) Raiamento

Número de raias - trinta e seis (36) à direita.

e) Dados numéricos

I) Peso da peça - 1.923kg.

II) Comprimento da peça em posição de marcha - 6,4m.

III) Bitola - 2m.

IV) Alcance máximo (carga 7) - 11.800m.

V) Campo de tiro

(a) vertical - de (-)90''' a 1.156'''; e

(b) horizontal - 800''' (400''' para cada lado).

VI) Velocidade prática de tiro

(a) cadência rápida - 10 tpm nos primeiros três (3) minutos; e

(b) cadência lenta - 3 tpm após os três (3) primeiros minutos.

17.20 - OBUSEIRO AUTO-REBOCADO 155mm/23 M114A1

Page 188: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-32 REV 1

Fig 17-18

17.20.1 - Características

a) Nomenclatura

Obuseiro 155mm M114A1.

b) Simbologia

O 155mm M114A1.

c) Classificação

I) Quanto ao calibre

Médio.

II) Quanto ao emprego

De campanha.

III) Quanto ao transporte

Auto-rebocado (viaturas a partir de 5 Ton).

d) Raiamento

Número de raias - quarenta e oito (48) à direita.

e) Dados numéricos

I) Peso do reparo completo com o tubo - 5.715Kg.

II) Comprimento do obuseiro e reparo engatado - 7,32m.

III) Bitola em posição de marcha - 2,44m.

IV) Alcance máximo - 14.600m.

V) Campo de tiro

(a) vertical - de (-) 90''' a 1.156'''; e

(b) horizontal - 448''' à direita; e 418''' à esquerda.

VI) Velocidade prática de tiro

Page 189: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-33 REV 1

(a) cadência rápida - 4 tpm; e

(b) cadência lenta - 1 tpm.

17.21 - REPARO SINGELO DE 40mm/L70 FAK BOFI-R-BOFORS

Fig 17-19

17.21.1 - Características

a) Nomenclatura

Canhão AuAAe 40mm BOFORS L/70 BOFI.

b) Simbologia

Can AuAAe 40mm.

c) Classificação

I) Quanto ao calibre

Leve.

II) Quanto ao emprego

Antiaéreo.

III) Quanto ao transporte

Auto-rebocado (viatura a partir de 5 Ton).

d) Dados numéricos

I) Peso - 5.500kg.

II) Campo de tiro:

(a) vertical - de (-) 71''' a 1.600'''; e

(b) horizontal - a toda volta.

III) Velocidade prática de tiro - 300 tpm.

IV) Munição no canhão - 118 tiros.

Page 190: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 17-34 REV 1

V) Alcance do radar - 22km (espaço livre).

O canhão automático antiaéreo L/70 BOFI é composto do canhão

propriamente dito, do diretor de tiro e do motor gerador, constituíndo,

cada canhão, uma unidade de tiro autônoma.

17.21.2- Radar de Vigilância

Integra o sistema de Defesa Antiaérea (DefAAe) o radar de vigilância

GIRAFFE.

Page 191: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-1 - REV 1

CAPÍTULO 18

MEDIDAS DE PROTEÇÃO

18.1 - GENERALIDADES

A proteção, uma das componentes do poder de combate, é a conservação

da capacidade de combate de uma tropa, de modo que possa ser utilizada

no local e momento apropriados. Ela inclui, entre outras, a Organização do

Terreno (OT), que consiste em alterar as características de uma área ou

órgão por meio de construções ou destruições.

Seja na defensiva (defesa preparada), seja nas situações estáticas da

ofensiva (defesa imediata), as tropas devem procurar reforçar sua proteção

por meio de trabalhos de OT.

Reunidos em dois grandes grupos - fortificações de campanha e

camuflagem - os trabalhos de OT visam principalmente a ampliar o poder de

combate das forças amigas, bem como a impedir ou dificultar as ações e a

observação do inimigo.

18.2 - FORTIFICAÇÕES DE CAMPANHA

Fortificações de campanha consistem nos trabalhos defensivos realizados

quando um ataque inimigo for iminente ou durante a consolidação de um

objetivo conquistado, como prevenção de um contra-ataque. Normalmente

compreendem: limpeza de campos de tiro; escavação de espaldões para

armas e abrigos para o pessoal; construção de abrigos para órgãos de

comando e para instalações de apoio logístico; construção de postos de

observação; e construção, lançamento e agravamento de obstáculos.

Obedecendo ao princípio da continuidade dos trabalhos, as fortificações de

campanha, normalmente, evoluem para construções mais elaboradas

denominadas fortificações permanentes. Estas, construídas por pessoal

especializado (normalmente elementos de engenharia), quase sempre ficam

perpetuadas no terreno, mesmo após os conflitos. Podem, ainda, ser

previamente preparadas em tempo de paz ou na guerra, longe da influência

da ação inimiga, e incluem: obstáculos de madeira, concreto ou aço;

extensos campos de minas; entrincheiramentos permanentes e revestidos;

Page 192: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-2 - REV 1

espaldões reforçados; fossos anticarro revestidos; redes reforçadas de

arame farpado; postos de comando e abrigos para o pessoal.

Os trabalhos de fortificação permanente são mais apurados, exigindo o

concurso de pessoal especializado, enquanto os trabalhos de fortificação de

campanha, por serem mais sumários, podem ser executados por qualquer

combatente.

18.2.1 - Limpeza dos campos de tiro

No preparo de posições defensivas, antes do contato com o inimigo, é

realizada, à frente de cada entrincheiramento ou espaldão, a limpeza

apropriada dos campos de tiro. Nesse trabalho devem ser observados os

seguintes princípios:

- não denunciar a posição em virtude de limpeza excessiva ou descuidada;

Fig 18-1 - Limpeza de campos de tiro

Page 193: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-3 - REV 1

- em setores organizados para a defesa aproximada, efetuar a limpeza até,

pelo menos, 100 m à frente da posição;

- em qualquer caso, deixar uma delgada cortina de vegetação natural para

esconder as posições (Fig 18-2);

- nas áreas com árvores esparsas, remover os ramos mais baixos. Em

alguns casos, é aconselhável remover certas árvores que possam ser

utilizadas como pontos de referência para execução dos fogos inimigos;

Fig 18-2 - Aproveitamento da cortina de vegetação

Page 194: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-4 - REV 1

- nas florestas densas não é aconselhável nem possível a limpeza

completa dos campos de tiro. Deve-se portanto, restringir o trabalho ao

desbastamento da vegetação rasteira e à remoção dos ramos mais

baixos das árvores maiores. Além disso, deve-se preparar estreitos

corredores de tiro para as armas automáticas (Fig 18-3);

- remover ou desbastar a vegetação densa, pois ela obstrui o campo de

tiro e não constitui obstáculo apreciável;

Fig 18-3 - Desbaste da vegetação

- ceifar as plantações de cereais e os campos de feno ou queimá-los, se

maduros ou secos, caso isto não revele a posição. Geralmente, em uma

posição organizada, isso é possível antes do contato com inimigo;

- remover a vegetação cortada para locais onde não proporcione cobertas

para o inimigo nem denuncie a posição; e

Page 195: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-5 - REV 1

- antes de efetuar a limpeza dos campos de tiro, fazer uma cuidadosa

avaliação do vulto do trabalho que pode ser feito dentro do tempo

disponível.

Essa estimativa, muitas vezes, determina a natureza e a extensão da

limpeza a ser realizada, pois uma limpeza de campos de tiro que não

possa ser completada pode dar ao inimigo melhores abrigos e cobertas

que o terreno com sua feição natural.

18.2.2 - Espaldões

a) Espaldões para metralhadora

Há dois tipos de espaldões para esta arma: o ferradura e o duas tocas.

Como posição de tiro, o tipo duas tocas apresenta menor

flexibilidade que o outro; entretanto, devido a sua maior facilidade de

construção e maior resistência à passagem de carros de combate, é

geralmente o preferido.

I) Espaldão tipo ferradura

Coloca-se a arma em posição pronta para o tiro. Primeiramente, a

guarnição faz uma escavação rasa de 2,20m x 1,60m x 0,15m,

aproximadamente, com o lado maior perpendicular a provável direção

de ataque do inimigo. A terra escavada é depositada em volta,

formando um parapeito.

O espaldão é completado pela escavação de uma sapa, em forma de

ferradura, com 0,60m de largura, acompanhando as faces laterais e

posterior da escavação inicial, ficando uma massa de terra da altura

do peito na parte central da frente do espaldão, que servirá como

plataforma da arma (Fig 18-4). A terra escavada é amontoada em

torno do espaldão, completando o parapeito até pelo menos 0,90m de

espessura e suficientemente baixo para permitir o tiro em todas as

direções.

Esse espaldão protege contra o tiro das armas portáteis e contra

estilhaços de granada ou bombas. Em terreno firme, proporciona

proteção contra ação de esmagamento dos carros de combate; em

terreno frouxo, um revestimento dos taludes do espaldão, feito com

Page 196: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-6 - REV 1

troncos de 0,20m de diâmetro aproximadamente, colocados

longitudinalmente e encaixados no terreno, com sua parte superior ao

nível do solo, ajuda a tornar a obra resistente à passagem de carros

de combate.

Quando os carros de combate estiverem a ponto de passar sobre a

posição, a guarnição coloca a arma no fundo da parte central da sapa

e agacha-se nos lados.

Fig 18-4 - Espaldão tipo ferradura

II) Espaldão tipo duas tocas

Esse espaldão (Fig 18-5) consiste em duas tocas para um homem,

junto a posição da arma. Para demarcá-lo, é feito um pequeno traço

no terreno, na direção principal de tiro. À direita desse traço é cavada

a toca para o atirador; à esquerda, e a 0,60m à frente da toca do

atirador, é cavada outra toca para o municiador. A terra escavada é

Page 197: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-7 - REV 1

disposta em torno da posição, formando um parapeito, o qual não

deverá prejudicar o tiro em qualquer direção. Em terreno firme esse

tipo de espaldão protege a guarnição e a arma contra a ação de

esmagamento dos carros. Quando os carros estão a ponto de passar

sobre a posição, a arma é retirada do tripé e colocada numa das

tocas, enquanto o tripé é colocado na outra. O atirador e o municiador

agacham-se nas respectivas tocas.

Fig 18-5 - Espaldão tipo duas tocas

b) Espaldão para morteiro 81mm

O espaldão para morteiro 81mm modelo M29A1 deve ser circular com

cerca de 2,40m de diâmetro e 0,80 a 0,90m de profundidade,

permitindo um declive de 0,10m, para que a água escoe na direção do

fosso de drenagem que deverá ter pelo menos 0,50m de profundidade a

Page 198: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-8 - REV 1

partir do fundo do espaldão. Se o fundo do espaldão for muito duro e

com pedregulhos, este deverá ser revolvido para permitir o

assentamento da placa-base. Entretanto, se o solo for muito macio, de

areia, lama ou coberto por neve, será necessário colocar sacos de areia

sobre um trançado de galhos de árvores para permitir a perfeita

ancoragem da placa-base. A profundidade do espaldão deverá ser tal

que o aparelho de pontaria nunca fique abaixo do nível da superfície do

solo. O depósito para munição de pronto emprego deve conter toda

munição prevista para executar os fogos de proteção final, quando o

inimigo estiver atingindo o Limite Anterior da Área de Defesa Avançada

(LAADA). O túnel de conexão deve ter um cotovelo de 45° a 90° para

impedir que uma explosão no depósito de munição atinja a guarnição

da peça e deve ser coberto com galhos, terra e vegetação rasteira,

sempre que possível. Sua profundidade deve ter cerca de 90cm (Fig 18-

6).

Page 199: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-9 - REV 1

Fig 18-6 - Espaldão para morteiro 81 mm

18.2.3 - Abrigos

a) Tocas

As tocas são os abrigos básicos e individuais dos fuzileiros, que

proporcionam a máxima proteção contra o fogo inimigo de todos os

tipos (exceto impactos diretos). Sempre que o tempo e os recursos

permitirem, as tocas devem ser melhoradas pelo acréscimo de tetos,

qualquer que seja o tipo de toca, e pela adoção de medidas para drenar

as águas da chuva ou superficiais, como por meio de um poço.

Também é necessário construir um sumidouro de granadas de mão,

para que nele sejam rapidamente empurradas com os pés as granadas

lançadas pelo inimigo no interior da toca. Exceto nos terrenos que

dificultem o emprego de carros de combate, a toca deve ser

suficientemente profunda para garantir, pelo menos, 0,60m de espaço

entre o soldado agachado e a borda da toca, a fim de protegê-lo contra

a ação de esmagamento (Fig 18-7).

Fig 18-7 - Toca individual

Geralmente, as tocas são cavadas com o lado maior paralelo à frente e

distribuídas em torno dos espaldões das armas de emprego coletivo

Page 200: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-10 - REV 1

para garantir a defesa em todas as direções. Todas as tocas são

localizadas de modo a permitir, principalmente, um bom campo de tiro.

Nas situações defensivas estabilizadas, a toca pode ser aumentada

para comportar um espaço para dormir, devendo ter teto resistente.

I) Toca para um homem

(a) Características

- dimensões mínimas de acordo com as especificadas na Fig 18-

8;

Fig 18-8 - Toca para um homem

- quaisquer outras dimensões utilizadas devem ser as menores

possíveis, a fim de proporcionar um alvo reduzido aos possíveis

fogos inimigos;

- suficientemente largas para conter os ombros de um homem

localizado na banqueta de tiro (largura mínima: 0,60m);

- suficientemente compridas para permitir o emprego das

ferramentas de sapa (comprimento mínimo: 1,05m); e

- pelo menos 1,20m de profundidade até a banqueta de tiro da

qual um homem de pé possa atirar.

(b) Poços

No fundo da toca, em toda sua largura, deve ser cavado um

poço, de 0,45 x 0,45m, para coletar água e permitir que o homem

sentado coloque os pés. Esse poço deverá ter um declive de 10o

Page 201: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-11 - REV 1

na direção do sumidouro de granadas, o qual terá, no mínimo,

0,45m de comprimento, um declive de pelo menos 30o e, no

máximo, 0,20m de diâmetro.

Fig 18-9 - Detalhes da toca

(c) Proteção superior

- contra esmagamento: na maioria dos tipos de solo, a toca

proporciona proteção efetiva contra a ação de esmagamento

dos carros de combate, se o ocupante se agachar pelo menos

0,60m abaixo da superfície do terreno. Nos solos muito

arenosos ou frouxos, pode ser necessário revestir os taludes

para evitar seu desmoronamento;

- contra arrebentamentos aéreos: para proteger os fuzileiros

contra os precisos arrebentamentos aéreos das granadas com

espoleta tempo, as tocas devem possuir teto. Em alguns casos

podem ser empregados troncos de 0,10m a 0,15m de diâmetro,

cobertos com uma camada de terra; em outras situações,

qualquer material disponível pode servir, se coberto com 0,15m

a 0,20m de terra, areia ou neve.

Page 202: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-12 - REV 1

(d) Camuflagem das tocas

Se possível, a terra escavada deve ser removida para um local

onde não atraia a atenção do inimigo e a toca camuflada com

uma cobertura improvisada. Essa cobertura consiste em uma

armação, que deve ser guarnecida com capim ou folhagem para

assemelhar-se ao terreno circunvizinho, ou forrada com um pano

de barraca ou qualquer outro recurso, de acordo com as

condições locais do terreno (Fig 18-10). Essa técnica é

particularmente eficiente contra um ataque de blindados

apoiados por tropa a pé. Os fuzileiros permanecem dissimulados

até que os carros tenham ultrapassado a posição, depois

levantam-se e atacam os soldados a pé que acompanham os

carros inimigos. A toca assim camuflada ou suas variantes é, em

alguns lugares, chamada toca de aranha.

Fig 18-10 - Camuflagem das tocas

Page 203: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-13 - REV 1

(e) Parapeito

Parte da terra escavada é amontoada em torno da toca, deixando

uma berma bastante larga para permitir que o soldado apoie os

cotovelos durante o tiro. O parapeito deve ter cerca de 0,90m de

largura e 0,15m de altura. Se forem empregadas leivas (placas

de vegetação rasteira) para camuflar o parapeito, elas devem ser

retiradas de uma área quadrada de 3m de lado e colocadas à

parte, até que a toca fique pronta. Neve socada também constitui

um bom parapeito.

II) Toca para dois homens

A toca de raposa para dois homens nada mais é do que duas tocas

para um homem adjacentes. Oferece proteção contra os fogos

inimigos diretos comparável à toca individual. Entretanto, apresenta

menor proteção contra a ação de esmagamento dos carros de

combate, contra os estilhaços de granadas e o bombardeio pela

aviação.

Nas posições defensivas, a toca para dois homens (Fig 18-11) é

geralmente preferida à toca para um homem, pelas seguintes razões:

- é preparada com maior facilidade. Um homem pode fazer a

proteção, enquanto o outro trabalha na toca;

- proporciona revezamento e repouso para os ocupantes, pois um

deles descansa enquanto o outro fica alerta. Assim, as posições

ficam guarnecidas eficientemente por períodos de tempo mais

longos;

- se um dos soldados é ferido ou morto, a posição continuará

ocupada, o que não acarretará uma brecha na linha;

- em situação crítica, o efeito psicológico da camaradagem mantém

os homens na posição por mais tempo do que um homem isolado; e

- proporciona maior conforto, especialmente em tempo frio, quando

os ocupantes poderão juntar seus cobertores e panos de barraca.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-14 - REV 1

Fig 18-11 - Toca para dois homens com local para dormir

b) Posições abrigadas

I) Posições naturais

Essas posições devem ser sempre utilizadas, desde que existam na

área de operações, tendo em vista a grande economia de tempo e de

mão-de-obra que proporcionam, e, também, por constituírem os

melhores abrigos e cobertas naturais. Os muros de pedra, as cercas

vivas, as dobras naturais do terreno, os diques de terra e os trechos de

aterro das estradas de ferro e das rodovias, constituem excelentes

posições naturais. As áreas urbanas apresentam grande variedade de

posições naturais sob a forma de paredes de pedra, de tijolos e de

outros tipos de alvenaria, e mesmo de escombros de edificações. As

posições naturais devem, geralmente, ser melhoradas e reforçadas;

os espaldões para as armas e os abrigos para pessoal são cavados e

suas partes fracas são reforçadas com sacos de areia, caixas de

munição cheias de terra e outros meios de fortuna.

II) Posições preparadas

Na defensiva, quando não se dispuser de uma linha de defesa pronta

e o tempo permitir, constroem-se posições protegidas contra o

esperado ataque inimigo. Muitas vezes, devido às condições do solo

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-15 - REV 1

ou d`água do subsolo, que impedem as escavações, as posições são

construídas acima da superfície do terreno. Esse tipo é, também,

empregado juntamente com as obras enterradas para economizar

maiores escavações. Deve ter, pelo menos, 0,90m de largura no topo,

a fim de proteger contra projetis .30 e estilhaços de granada.

Os taludes devem estar isentos de pedras soltas e pedaços de

madeira; caso contenham tais materiais, devem ser revestidos com

sacos de areia. A figura 18-12 apresenta vários tipos de taludes

preparados.

Fig 18-12 - Taludes preparados

c) Crateras melhoradas

O terreno entre duas tropas inimigas geralmente apresenta crateras de

vários tamanhos, provocadas por granadas, bombas, minas e foguetes.

Para as tropas que avançam, essas crateras oferecem um refúgio

imediato e disponível para abrigo ou coberta, bem como posições de

tiro parcialmente desenfiadas. Caso a situação fique temporariamente

estabilizada, as crateras podem ser facilmente aprofundadas e

melhoradas com uma ferramenta de sapa.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-16 - REV 1

Para se melhorar uma cratera, cava-se verticalmente a sua borda, no

lado voltado para o inimigo, e prepara-se uma posição cômoda para um

atirador deitado, ajoelhado ou de pé (Fig 18-13).

Fig 18-13 - Trabalhos em crateras

18.2.4 - Obstáculos

Na concepção militar, um obstáculo é qualquer acidente do terreno,

condição do solo ou ambiente, existente ou resultante de fenômeno

meteorológico adverso, ou qualquer objeto, obra ou situação criada pelo

homem, exceto o fogo das armas, utilizado para canalizar, retardar ou

impedir o movimento do inimigo numa determinada direção.

Embora o obstáculo deva ser denso o bastante para impedir uma fácil

penetração na posição defensiva, não deverá ser tão denso que seja

facilmente identificado em fotografias aéreas ou ofereça um bom alvo

para a artilharia inimiga. Os obstáculos deverão ser simples, de modo a

poderem ser feitos rapidamente pelas tropas com pouca experiência,

mesmo na escuridão e na presença do inimigo. O primeiro elemento

construído deverá oferecer proteção imediata; o restante deverá ser

executado sob a proteção do que já se encontra pronto.

a) Obstáculos de arame farpado

Entre os vários tipos de obstáculos, os de arame farpado são os mais

empregados em qualquer tipo de operação. Normalmente estão

disponíveis em grandes quantidades, são facilmente transportáveis e

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-17 - REV 1

formam uma barreira eficaz. Oferecem o máximo de interferência por

tonelada de material, são facilmente construídos e oferecem pequena

visibilidade e alta resistência aos tiros de artilharia.

Os obstáculos de arame farpado são classificados quanto à missão que

desempenham como táticos, de proteção ou suplementares (Fig 18-14

a 18-17).

Fig 18-14 - Cavalo de Frisa

Fig 18-15 - Concertina triplice

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-18 - REV 1

Fig 18-16 - Concertina comum de arame farpado

Fig 18-17 - Cerca de arame farpado

I) As redes de arame farpado táticas são lançadas ao longo do lado

amigo da barreira principal, para quebrar as formações inimigas e

obrigá-las a permanecer em áreas batidas pelos mais intensos fogos

da defensiva. As redes táticas se estendem por toda a frente da

posição, porém, não necessitam ser contínuas.

II) As redes de arame farpado de proteção são lançadas para impedir

ataques de surpresa de pontos situados próximos à posição defensiva.

Elas devem se encontrar próximo o bastante da linha de defesa para

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-19 - REV 1

poderem ser observadas dia e noite e, ao mesmo tempo, longe o

bastante para impedir que o inimigo empregue granadas de mão.

Dependendo do terreno, uma distância entre 35 a 75 metros satisfaz

essa exigência. As cercas de arame de proteção são construídas ao

redor das instalações de retaguarda com o mesmo propósito que o

das empregadas à frente. Quando construídas ao redor das áreas de

companhia podem ser ligadas de modo a rodearem todo o batalhão.

III) Quando o tempo permitir, serão adicionadas redes de arame

suplementares para dissimular a linha exata das redes táticas e a

direção da barreira principal.

b) Os outros tipos de obstáculos, tais como as crateras, os abatises, os

fossos anticarro e o agravamento das margens de cursos d`água,

devido à sua complexidade, não serão apresentados nesta publicação.

18.3 - CAMUFLAGEM

É o conjunto de medidas que visam a iludir ou a ocultar a verdadeira

natureza de uma tropa, instalação, atividade ou equipagem, e que devem ser

praticadas intensamente por todos.

Todo fuzileiro é responsável por sua camuflagem individual, devendo

preocupar-se com a equipagem, com o armamento, com a posição e com os

seus itinerários de progressão. Deve ser devidamente preparado para

empregá-la e motivado no sentido de que, utilizando-a bem, poderá

aproximar-se do inimigo sem ser visto.

Por sua vez, cada Comandante é responsável pelo apropriado emprego da

camuflagem por sua tropa. Embora os modernos meios de observação

possam detectar materiais artificiais bem como alterações no terreno ou na

vegetação, a observação direta através do olho humano ainda é a mais

largamente empregada. Desse modo, a camuflagem pode ser considerada

um fator básico nas operações por sua influência no despistamento e na

proteção.

Na ofensiva e na defensiva, a camuflagem auxilia a obtenção da surpresa,

além de reduzir o número de baixas. Nega ao inimigo o conhecimento das

posições exatas ocupadas por tropas amiga, difilcultando-lhe o

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-20 - REV 1

desencadeamento de fogos. Muitas vezes, a rapidez inerente às operações

de combate impede a execução de medidas de camuflagem elaboradas;

nessas situações, o correto aproveitamento do disfarce proporcionado pelo

terreno poderá contribuir eficazmente para a segurança da tropa.

18.3.1 - Processos de camuflagem

Existem três processos de camuflagem: mascaramento, dissimulação e

simulação.

a) Mascaramento

Consiste em ocultar completamente o objeto a camuflar por meio de

uma cortina ou máscara. Dependendo da situação, a cortina ou máscara

pode não ser facilmente identificada pelo inimigo e assim proporcionar

um completo ocultamento, quer do objeto, quer do despistamento.

b) Dissimulação

Consiste na aplicação ou colocação de material, especializado ou não,

sobre, acima ou em volta do objeto a camuflar, de modo a que pareça

fazer parte do meio ambiente. Seu exemplo clássico é o fuzileiro com

sua camuflagem individual.

c) Simulação

Consiste em dar a impressão da existência de equipagens e

instalações militares que na verdade inexistem.

Pode ser obtida pelo:

- disfarce, mudando-se a aparência dos objetos, seja para diminuir seu

valor tático (como, por exemplo, fazendo vagões de petróleo

parecerem vagões comuns), seja para elevar tal valor (como por

exemplo, fazendo viaturas não especializadas parecerem carros de

combate); e

- emprego de simulacros, imitando objetos ou instalações, (como por

exemplo, falsas posições de armas, postos de comando, depósitos,

etc.

18.3.2 - Exigências fundamentais da camuflagem

As exigências para o sucesso da camuflagem, relacionadas em ordem de

importância, são:

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-21 - REV 1

a) Escolha da posição

São observados os seguintes aspectos:

I) Missão

A localização deverá ser tal que as tropas que a ocupam possam

cumprir sua missão.

II) Acesso

Facilidade de acesso, sem formação de pistas denunciadoras durante

a ocupação, o fornecimento de alimentos e munição ou substituição

de pessoal.

III) Desenfiamento

Prevenção contra a observação terrestre e aérea do inimigo.

IV) Localização das instalações de serviços

Localização apropriada para as instalações de serviços, tais como

postos de socorro, depósitos de munição, áreas de estacionamento de

viaturas, etc. Essas instalações deverão ser posicionadas no terreno

de modo a ser facilmente camufladas e acessíveis, embora não tão

próximas umas das outras a ponto de denunciarem a posição como

um todo.

b) Disciplina de camuflagem

A disciplina de camuflagem tem dois propósitos:

- evitar qualquer modificação na aparência do terreno, por parte do

pessoal que o ocupa; e

- manter ou substituir o material da camuflagem periodicamente, a fim

de que se confunda constantemente com a vegetação natural.

c) Montagem

O material da camuflagem deverá ser montado de maneira que oculte

a forma, a sombra e o tamanho do objeto a ser camuflado, não possuir

forma regular ou sombra bem definida e esconder as pistas e pegadas

denunciadoras do pessoal que o montou.

d) Escolha do material

Para que a camuflagem seja eficaz, os materiais utilizados para esse

fim deverão confundir-se com o tipo de terreno adjacente no que refere

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-22 - REV 1

à textura, tonalidade e cor. Os materiais de camuflagem compreendem

as seguintes classes:

I) Material natural

Na guerra, apenas essa classe de material estará disponível em

quantidade suficiente para permitir um trabalho de camuflagem

eficiente. Inclui, geralmente, árvores, macegas, glebas, camada

superficial do solo e destroços encontrados nas proximidades. Sua

disponibilidade e emprego tornam a reprodução das formas locais,

texturas e cores relativamente fáceis, se utilizados e conservados

apropriadamente. Deve ser lembrado que macegas, folhagens e

capim, após serem cortados, murcharão e morrerão, com uma

modificação marcante em sua aparência, dentro de um período de

tempo relativamente curto. Novas folhagens e macegas deverão ser

cortadas para substituírem as existentes na camuflagem antes que

suas cores apresentem modificações. O material natural possui várias

vantagens sobre o artificial: iguala as cores e as texturas locais mais

fielmente; enquanto não murcha, é eficaz contra todos os tipos de

fotografia aérea, particularmente a infravermelha e em cores; e reduz a

quantidade de material de camuflagem a ser fornecido pela

retaguarda. Contudo, apresenta algumas desvantagens quando

comparado com o artificial, principalmente quando se leva em conta

que o trabalho tem de ser executado no local, o que impede a

preparação antecipada. Além disso, perde rapidamente suas

características e tem que ser substituído com freqüência.

II) Material artificial

Redes de camuflagem produzidas com tiras de pano, aniagem e

material similar ou qualquer outro item confeccionado pelo homem

poderá ser utilizado.

18.4 - DESTINO DO MATERIAL ESCAVADO

Em terreno comum, a cor e a tonalidade da terra escavada diferem da

existente na superfície; por essa razão deve ser manuseado de modo a não

denunciar a fortificação (Fig 18-18). Pode ter um dos seguintes destinos:

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-23 - REV 1

- formar um parapeito, se a parte superior do terreno tiver sido

cuidadosamente conservada para cobri-lo. Leivas, folhas e outros restos

vegetais apanhados sob arbustos ou árvores próximas são utilizados para

tornar o parapeito semelhante ao terreno circunvizinho;

Fig 18-18 - Manuseio do material escavado

- ser ocultado sob árvores ou em ravinas, tomando-se todas as precauções

para evitar a formação de trilhas denunciadoras; e

- ser aproveitado na construção de parapeitos de posições simuladas,

parcialmente camufladas.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-24 - REV 1

No inverno em áreas de clima temperado ou em terreno ártico, a neve

misturada com terra, retirada das escavações, deve ficar sob uma camada

de neve recente, que a camufle.

18.5 - DRENAGEM

A inexistência de uma drenagem adequada aumenta as provações das

tropas que ocupam os abrigos e o trabalho de manutenção dessas

fortificações. A drenagem, portanto, deve ser prevista para as águas da

chuva, da superfície e de infiltração. De um modo geral, uma pequena vala

de poucos centímetros de profundidade ao redor das escavações, coletará

as águas da superfície que queiram correr para o interior da fortificação. A

água que cai no interior da escavação ou que para seu interior se infiltra

através de suas paredes deverá ser esgotada por baldes, sifões ou bombas.

O declive do fundo do espaldão faz com que toda a água corra para a parte

mais baixa, de onde pode ser drenada facilmente. Obtém-se melhor proteção

colocando-se tábuas ou troncos de árvores no fundo das tocas ou espaldões.

18.6 - REVESTIMENTO

Em solos frouxos ou arenosos, poderá ser necessário o revestimento das

escavações para evitar desabamentos. Esses revestimentos deverão ser de

madeira, tela de arame, ramos de árvore, sacos de areia ou outro material

adequado. Quando necessário, as dimensões das escavações devem ser

ligeiramente modificadas para fornecer espaço a ser ocupado pelo

revestimento (Fig 18-19).

Fig 18-19 - Revestimento para escavações

Page 215: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 18-25 - REV 1

18.7 - TETO

Os tetos proporcionam proteção complementar contra os arrebentamentos

tempo e percussão, e permitem aos ocupantes dos abrigos e espaldões

permanecerem em suas posições de tiro sob esses fogos. Nas posições

sumárias, a cobertura inicial dá proteção somente contra estilhaços e não

contra os impactos diretos de artilharia, bombas e foguetes. Tanto quanto a

situação permitir, essas posições sumárias devem ser reforçadas e

suplementadas com tetos mais resistentes.

Nessas posições, qualquer tipo de material resistente (portas, peças de ferro

galvanizado, chapas de blindagem de viaturas avariadas, caixotes ou

cunhetes de munição cheios de areia, pedra ou terra) pode servir de teto,

desde que observadas as técnicas de camuflagem. Em qualquer caso, se o

tempo, a situação e o material permitirem, o teto deve ser reforçado ou

melhorado, desde que não reduza a eficiência das condições de tiro e

apresente camuflagem adequada (Fig 18-20).

Fig 18-20 - Revestimento para tetos

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 19-1 - REV 1

CAPÍTULO 19

INTRODUÇÃO ÀS OPERAÇÕES ANFÍBIAS

19.1 - GENERALIDADES

Um ataque lançado do mar sobre litoral hostil ou potencialmente hostil é a

primeira idéia que se associa ao termo Operação Anfíbia (OpAnf). Esse

entendimento corresponde ao que se denomina Assalto Anfíbio (AssAnf) , a

modalidade mais completa de OpAnf.

Outras ações militares desencadeadas a partir do mar, que compreendem

conceitos e princípios aplicáveis ao AssAnf, constituem também

modalidades de OpAnf. Assim, por exemplo, um ataque de pequena

envergadura para destruir uma instalação, uma evacuação de tropas de um

litoral hostil e a simulação de um desembarque de uma força estão ligadas,

respectivamente, às modalidades Incursão, Retirada e Demonstração

Anfíbias.

Para a realização de uma OpAnf são requeridas tropas especializadas e

especialmente treinadas. A maioria dos ensinamentos difundidos aos

componentes do CFN visa, basicamente, ao preparo para essas operações.

19.2 - CONCEITOS BÁSICOS

19.2.1 - Modalidades

Operações anfíbias é a expressão genérica que abrange determinadas

modalidades de ações que são desencadeadas do mar, por uma Força-

Tarefa Anfíbia (ForTarAnf), contra uma costa hostil ou potencialmente

hostil, ou em favor de forças amigas, localizadas em uma costa inimiga

que necessitem ser evacuadas. Compreende as seguintes modalidades:

assalto, retirada, demonstração e incursão anfíbias.

a) Assalto Anfíbio (AssAnf)

Ataque lançado do mar por uma ForTarAnf, caracterizado pelos

esforços integrados de forças treinadas, organizadas e equipadas para

diferentes atividades de combate, a fim de, mediante um desembarque,

estabelecer firmemente uma Força de Desembarque (ForDbq) em

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 19-2 - REV 1

terra. Tal desembarque é executado por meios de superfície e/ou

aéreos e apoiado por meios navais e/ou aéreos.

b) Incursão Anfíbia (IncAnf)

Operação realizada, geralmente, por Força de pequena envergadura,

envolvendo uma rápida penetração ou a ocupação temporária de um

objetivo em terra, seguida de uma retirada planejada.

e) Demonstração Anfíbia (DemAnf)

Ação diversionária, consistindo na realização parcial de um AssAnf ou

IncAnf, com a participação ou não de uma ForDbq.

d) Retirada Anfíbia (RdaAnf)

Modalidade de OpAnf que consiste na evacuação ordenada e

coordenada de forças de um litoral hostil, por meio de navios,

embarcações e/ou aeronaves embarcadas.

19.2.1 - Organização, comando e controle

Os meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais empregados como um

todo numa OpAnf constituem a ForTarAnf. Dentro dela, as tropas, seus

equipamentos, viaturas, carros de combate, etc., formam um grupamento

operativo denominado ForDbq. A ForTarAnf e a ForDbq são organizadas,

no que se refere à composição dos meios, visando a execução das tarefas

que possibilitarão o cumprimento da missão.

O Comandante da ForTarAnf (ComForTarAnf) é um oficial do Corpo da

Armada especialmente designado para conduzir a OpAnf e que tem sob

sua responsabilidade uma área geográfica, a Área do Objetivo Anfíbio

(AOA), na qual tem autoridade para controlar todas as atividades das

forças amigas, caso afetem a(s) operação(ões) a seu cargo.

O Comandante de Força de Desembarque (ComForDbq) é um oficial do

Corpo de Fuzileiros Navais, também especialmente designado, que tem a

seu cargo, a partir do desembarque, o desencadeamento das ações sobre

os objetivos terrestres que estão localizados no interior da AOA.

19.2.3 - Fases das operações anfíbias

As fases aqui relacionadas se referem ao AssAnf. Entretanto, os conceitos

e princípios são aplicáveis, também, às outras modalidades de OpAnf.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 19-3 - REV 1

a) Planejamento

Corresponde ao período decorrido desde a expedição da ordem para a

realização da OpAnf até o embarque dos meios.

b) Embarque

Compreende o período durante o qual as tropas, com seus

equipamentos e suprimentos, são embarcadas nos navios previamente

designados. Essa fase estará terminada com a partida dos navios, ou

seja, com o início da travessia.

c) Ensaio

É o período durante o qual a operação é ensaiada. Ocorre,

normalmente, durante a travessia.

d) Travessia

A travessia envolve o movimento de uma ForTarAnf desde os pontos de

embarque até os postos ou áreas previstas dentro da Área de

Desembarque (ADbq).

e) Assalto

Corresponde ao período entre a chegada da ForTarAnf à ADbq e o

término da OpAnf, compreendendo o Movimento Navio-para-Terra

(MNT) e as ações em terra.

19.2.4 - Meios empregados

A realização de uma OpAnf, além da mobilização de pessoal, implica na

disponibilidade de meios navais, terrestres e aéreos. Devido às suas

peculiaridades, ao longo do tempo buscou-se a construção de meios que

atendessem especificamente às suas necessidades. Isso acarretou o

surgimento de meios próprios para o transporte de tropa, desembarque

de carros de combate, transporte de embarcações de desembarque,

além de viaturas anfíbias, etc. No acervo da Marinha do Brasil (MB),

conta-se com alguns dos meios mais modernos, os quais são

apresentados nas figuras a seguir:

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 19-4 - REV 1

Fig 19-1 - Navio de Desembarque deCarros de Combate - NDCC

Fig 19-2 - Navio de Desembarque Doca- NDD

Fig 19-3 - Embarcação de Desembar-que de Carga Geral - EDCG

Fig 19-4 - Carro Lagarta Anfíbio -CLAnf

19.2.5 - Movimento Navio-para-Terra

É a etapa da fase do assalto que compreende o movimento ordenado de

tropas, equipamentos e suprimentos dos navios de assalto para as

praias e/ou zonas de desembarque selecionadas na ADbq.

Ele pode ser por superfície ou por helicópteros.

19.3 - VIDA A BORDO

O embarque de fuzileiros navais (FN) em navios da MB, especialmente para

a realização de uma OpAnf, exige certos cuidados com relação à adaptação

a bordo durante a fase da travessia.

O planejamento, a execução, o controle das atividades relativas ao embarque

e à vida da tropa a bordo são regidos por documentos expedidos por diversos

comandos.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 19-5 - REV 1

Desse modo, o FN deverá estar familiarizado com alguns dos preceitos

veiculados nesses expedientes, especialmente a organização interna

administrativa, e com as peculiaridades da vida a bordo do navio no qual irá

embarcar.

19.3.1 - Atividades a bordo

Normalmente, os Comandantes de navios da MB estabelecem normas de

conduta para a tropa embarcada, as quais serão disseminadas a todos na

primeira oportunidade.

Numa OpAnf, a participação da tropa durante a travessia deve limitar-se às

atividades que não interfiram com a operação do navio. Além de reuniões

preparatórias e de críticas, todos os comandos envolvidos na operação

realizam um acompanhamento da situação, particularmente em função

dos conhecimentos mais recentemente obtidos da área de operações.

Assim, é elaborado um programa de treinamento para a tropa, que prevê,

habitualmente, as seguintes instruções:

- vida a bordo, tradições marinheiras e fainas de emergência;

- treinamento físico;

- exercícios de transbordo;

- manutenção e teste de equipamentos e armamentos; e

- exercícios de postos de abandono, de homem ao mar e de combate.

São também programadas:

- inspeções; e

- aprestamento quanto à missão e ao emprego da tropa, incluindo-se o tiro

com armas portáteis. Esses tiros serão limitados à verificação e à

ajustagem das armas, e deverão ser rigorosamente supervisionados, de

forma a garantir a observância de todas as medidas de segurança, em

especial aquelas relacionadas aos outros navios do comboio.

a) Fainas de emergência

As fainas de emergência são sempre anunciadas pelo soar de um

alarme seguido de aviso pelo fonoclama. O seu atendimento deverá ser

feito por todo pessoal embarcado, no menor tempo possível,

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 19-6 - REV 1

obedecendo-se, rigorosamente, às regras de trânsito estabelecidas

para cada navio.

Geralmente os navios dispõem dos seguintes sinais de alarme: geral,

colisão, ataque químico e "crash" de aeronave.

O adestramento para essas fainas, bem como para as de homem ao

mar e abandono do navio, deverá ter início, sempre que possível, assim

que a tropa embarcada já estiver alojada.

I) Postos de Combate

Ao soar o alarme geral seguido do aviso, pelo fonoclama,

GUARNECER POSTOS DE COMBATE, todos os elementos da tropa

deverão se dirigir para os locais previamente designados, vestindo

seus coletes salva-vidas, onde receberão ordens especiais.

II) Incêndio e alagamento

Ao soar o alarme geral seguido do aviso, pelo fonoclama, do local do

incêndio ou do alagamento, de imediato será tocado POSTOS DE

COMBATE. Todos os elementos da tropa deverão se concentrar nos

locais previamente designados, vestindo seus coletes salva-vidas, e

aguardar as ordens. Sempre que qualquer elemento da tropa perceber

fumaça, início de incêndio ou entrada de água em qualquer parte do

navio, deverá comunicar imediatamente tal fato ao oficial de quarto,

que se encontra no passadiço do navio.

III) Postos de colisão

Ao soar o alarme de colisão, seguido do aviso, pelo fonoclama, do

local onde ocorreu o abalroamento, todos os elementos da tropa

deverão se concentrar nos locais previamente designados, vestindo

seus coletes salva-vidas. Em seguida poderá ser tocado POSTOS DE

ABANDONO, conforme a situação.

IV) Homem ao mar

Como regra geral, todo aquele que observar a queda de um elemento

ao mar deverá anunciar, rapidamente, HOMEM AO MAR, indicando o

local da queda - POR BORESTE, POR BOMBORDO, PELA PROA ou

PELA POPA. Qualquer um que tenha percebido o fato também deverá

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 19-7 - REV 1

lançar bóias salva-vidas. O brado HOMEM AO MAR deverá ser

amplamente disseminado até que seja assegurado que o oficial de

quarto, no passadiço, tenha conhecimento do ocorrido. Ao ser ouvido

o aviso de HOMEM AO MAR, seguido de vários apitos curtos do navio,

todos os elementos da tropa devem se dirigir para o local de PARADA.

O mais antigo presente deverá verificar a presença e encaminhar as

faltas ao passadiço, por meio de mensageiro, no menor tempo

possível. O oficial de quarto deverá ser realimentado no que concerne

à atualização da lista que lhe foi inicialmente enviada, incluindo-se,

necessariamente, o pessoal que chegou atrasado.

V) Postos de abandono

A tropa deverá ser instruída perfeitamente quanto ao procedimento

para o abandono do navio. Ao embarcar, ela já deverá ter

conhecimento de seus postos nas diversas estações de abandono e

das balsas salva-vidas, e saber localizá-las. Ao ser determinado

GUARNECER POSTOS DE ABANDONO, a tropa deverá:

(a) vestir os coletes salva-vidas;

(b) verificar se está portando seu cantil cheio;

(c) encaminhar-se, rapidamente, para seu posto de abandono,

obedecendo as regras de trânsito a bordo;

(d) concentrar-se nas estações de abandono, com disciplina;

(e) aguardar ordem para abandonar o navio; e

(f) efetuar a verificação de presença e encaminhar as faltas ao

passadiço.

Os elementos hospitalizados que se encontrarem nas enfermarias ou

nos camarotes, deverão ser encaminhados para as baleeiras/lanchas

pelo pessoal do serviço de saúde.

Os navios da MB possuem balsas pneumáticas, como a mostrada a

seguir, localizadas nos conveses e dispostas de modo a serem

lançadas ao mar com relativa facilidade. Geralmente os postos de

abandono ficam próximos a essas balsas infláveis.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 19-8 - REV 1

Elas são equipadas com artigos e equipamentos de sobrevivência, tais

como: ração, água potável, apito, pirotécnicos, etc.

Fig 19-5 - Balsa pneumática auto-inflável

19.3.2 - Pelotão do Navio

Constituido por parcela dos elementos que fazem parte do Destacamento

Precursor de uma tropa que embarca, é a organização por tarefas

designada para carregar e descarregar o navio.

19.3.3 - Conduta a Bordo

As instruções para a tropa embarcada conterão as normas de conduta a

serem observadas a bordo. Essas normas não podem ser padronizadas,

tendo em vista as peculiaridades de cada navio. Assim, como orientação

geral, são listados, a seguir, os assuntos para os quais deve haver o

detalhamento necessário nas instruções de cada navio. Esse rol pode ser

acrescido dos aspectos que cada navio julgar conveniente divulgar à tropa.

a) Água potável

A disponibilidade de água doce a bordo é geralmente restrita. Os

horários para utilização de água constarão da rotina divulgada nos

quadros de avisos da tropa. O consumo excessivo de água doce poderá

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 19-9 - REV 1

acarretar o racionamento. Ressalte-se que o maior consumo é no banho,

seguido da lavanderia e preparo do rancho.

b) Alojamento

Os elementos da tropa serão distribuídos pelos diversos camarotes e

cobertas, de acordo com o previsto no Plano de Embarque, estando essa

informação registrada em seu cartão de embarque. Guias serão

utilizados para conduzir o pessoal para esses locais. Na entrada de cada

coberta será afixado um diagrama com a localização e o número dos

beliches. O pessoal da tropa que desempenhar função especial a bordo,

tal como de rancho, será alojado em áreas determinadas em cada

compartimento da tropa ou, se possível, em uma área separada. Tal

medida facilitará a rendição do serviço em qualquer situação.

c) Bar e cantina

A tropa poderá utilizar as facilidades de bar e cantina de bordo mediante

pagamento à vista, de acordo com os horários disseminados nos

quadros de avisos. É expressamente proibido o embarque de bebidas

alcoólicas de qualquer espécie.

d) Barbearia

A tropa deverá embarcar o número de barbeiros que julgar conveniente

para atender ao seu pessoal. O local do navio a ser utilizado como

barbearia deverá ser divulgado oportunamente.

e) Colete salva-vidas

Cada elemento da tropa, ao embarcar, receberá um colete salva-vidas

semelhante ao da figura a seguir, o qual ficará sob a sua

responsabilidade, normalmente, amarrado ao seu beliche.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 19-10 - REV 1

Figura 19-6 - Colete salva-vidas

Procedimentos inadequados, tais como a utilização sob a forma de

travesseiros ou almofadas, prejudicam as condições de flutuabilidade

desse importante item da equipagem de segurança

f) Detalhe de serviço

Elementos da tropa serão escalados para os diversos serviços a bordo

logo após o embarque dos primeiros militares, tanto para as pernadas da

travessia quanto para os portos de escala. Diariamente será elaborado

um detalhe de serviço no qual constarão todos os serviços atribuídos à

tropa com o nome e o número do pessoal detalhado, e o local em que se

encontra alojado.

g) Disciplina

O pessoal da tropa, enquanto embarcado, ficará sujeito às disposições

regulamentares concernentes ao serviço e à disciplina do navio. As

penas disciplinares ao pessoal da tropa serão impostas, a priori, pelo

Comandante do navio.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 19-11 - REV 1

h) Equipamentos

Freqüentes inspeções deverão ser levadas a efeito com relação à guarda

e à arrumação dos equipamentos e roupas nos compartimentos

utilizados pela tropa, com a finalidade de manter as condições de

limpeza, arrumação e cumprimento das ordens internas do navio. Os

sacos de viagem ou bolsas de campanha deverão ser mantidos

fechados, com cadeados, junto às camas ou macas.

i) Cartão de embarque

Cada FN deverá portar dois cartões de embarque. Um a ser entregue ao

embarcar e outro para ficar em seu poder.

Fig 19-7 - Cartão de embarque

j) Fonoclama

Todas as ordens de caráter geral destinadas ao pessoal da tropa serão

anunciadas pelo fonoclama precedidas da expressão PARA TROPA ou

DA TROPA.

k) Formatura e postos

Os locais para a formatura e guarnecimento dos postos de abandono,

colisão e incêndio serão previamente determinados e constarão do

cartão de embarque.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 19-12 - REV 1

l) Fumo

Não é permitido fumar nas cobertas, banheiros e sanitários durante as

fainas de emergência e quando em postos de vôo nos locais

disseminados pelo fonoclama. Só é permitido fazê-lo nos conveses e

compartimentos abertos onde não existam substâncias inflamáveis.

m) Inspeção

Por ocasião do cumprimento da rotina do navio e ao toque de

INSPEÇÃO, todos os elementos da tropa deverão se dirigir às cobertas e

permanecer ao lado de seus respectivos beliches, a exceção daqueles

com incumbências fixas, que deverão se dirigir para seus locais de

trabalho. Os oficiais da tropa inspecionarão os setores sob suas

responsabilidades. O pessoal de serviço no horário deverá permanecer

em seu posto.

n) Lavanderia

A lavagem de roupa só poderá ser executada na lavanderia do navio nos

dias previamente estabelecidos. A tropa fornecerá pessoal para esse

serviço enquanto permanecer a bordo.

o) Licenciamento

Os horários de licenciamento e regresso para bordo serão determinados

pelo Comandante do navio e devem ser rigorosamente obedecidos.

p) Navegação às escuras

Em certas situações, poderá ser determinado ao navio navegar às

escuras. Nessa ocasião é proibido exibir luzes de qualquer espécie,

inclusive as de cigarros acesos, "flash" de câmeras fotográficas, bem

como abrir vigias e portas que não disponham de dispositivos de

apagamento automático de luzes.

q) Parada

O Imediato da tropa deverá comparecer a PARADA onde receberá as

ordens do Imediato do navio a serem transmitidas para a tropa.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 19-13 - REV 1

r) Plano do dia

O Imediato do navio publicará, diariamente, o Plano do Dia. Caberá ao

Imediato da tropa, na véspera, solicitar a publicação de tópicos de

interesse para a tropa nesse documento.

s) Quadro de avisos

Para divulgação das ordens de interesse da tropa poderá haver um

quadro de avisos exclusivo para a tropa.

t) Rancho

Os locais de rancho serão informados à tropa por ocasião do embarque.

A rotina de bordo estabelecerá os diversos horários de rancho. O oficial

de serviço da tropa é o responsável pela fiscalização da rotina, horário,

acesso e disciplina da tropa no rancho.

u) Recreação

No horário de recreação é permitido o uso de rádio, jogos que não sejam

os de azar e outras distrações. É expressamente proibido o uso de

baralho e apostas a dinheiro. O banho de sol só será permitido após

divulgado em fonoclama.

v) Secretaria da tropa

De acordo com as possibilidades do navio, será destinado um

compartimento para instalar uma secretaria para a tropa. Todo

expediente referente à tropa deverá convergir para esse local.

Normalmente na secretaria trabalharão o Oficial de Pessoal, o

Sargenteante Geral da Tropa, escreventes e outros auxiliares.

O Sargenteante Geral da Tropa embarcada executará, dentre outras, as

seguintes tarefas na secretaria:

- controle de efetivos;

- confecção do detalhe de serviço;

- expedição de documentos administrativos;

- elaboração da relação de pessoal; e

- controle dos cartões de embarque.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - 19-14 - REV 1

w) Serviço de saúde

O Oficial de Saúde da tropa poderá utilizar as facilidades médicas do

navio para o tratamento da tropa e para as revistas médicas. Enfermeiros

da tropa serão utilizados para suplementar o pessoal de saúde do navio.

A revista médica ocorrerá diariamente no horário estabelecido na rotina.

x) Trânsito a bordo

É regido pelas seguintes normas gerais:

1) no sentido da proa à popa, por bombordo (BB); e

2) no sentido da popa à proa, por boreste (BE).

As setas indicativas nas anteparas devem ser obedecidas.

Não é permitido estacionar nas escadas e corredores. Alguns navios,

pelas suas características (as vezes um só corredor por um dos bordos),

possuem regras de trânsito próprias. Ex: Fragatas.

y) Armas portáteis

Durante as travessias, as armas portáteis e a munição da tropa deverão

ser recolhidos à escoteria e aos paióis (da tropa). A faina de

recolhimento deverá ser feita logo após o embarque, assim que a

situação o permita.

z) Uniformes

Os uniformes de porto e de viagem deverão corresponder, sempre que

viável, aos utilizados pela tripulação do navio. O Plano do Dia do navio

disseminará os uniformes a serem usados.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - A-1 - REV 1

ANEXO A

LISTA DE ANEXOS

ANEXO A - Lista de Anexos

ANEXO B - Hino Nacional Brasileiro

ANEXO C - Hino à Bandeira Nacional

ANEXO D - Hino da Independência do Brasil

ANEXO E - Canção dos Fuzileiros Navais - “Na Vanguarda”

ANEXO F - Hino ao Fuzileiro Naval do Brasil - “Regimento Naval”

ANEXO G - Canção do Marinheiro - “Cisne Branco”

ANEXO H - Canção Soldado da Liberdade

ANEXO I - Canção Fibra de Herói

ANEXO J - Lista de Siglas e Abreviaturas

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - B-1 - REV 1

ANEXO B

HINO NACIONAL

LETRA: JOAQUIM OSÓRIO DUQUE ESTRADA

MÚSICA: FRANCISCO MANUEL DA SILVA

Ouviram do Ipiranga às margens plácidasDe um povo heróico o brado retumbante,E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdadeConseguimos conquistar com braço forteEm teu seio, oh liberdade,Desafia o nosso peito a própria morte!

Oh pátria amada,Idolatrada,Salve! salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívidoDe amor e de esperança à terra desce,Se em teu formoso céu, risonho e límpido,A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,És belo, és forte, impávido colosso,E o teu futuro espelha essa grandeza

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Oh pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada,Brasil!

Deitado eternamente em berço esplêndido,Ao som do mar e à luz do céu profundo,Fulguras, oh Brasil, florão da América,Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra mais garrida

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - B-2 - REV 1

Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,“Nossos bosques têm mais vida”,“Nossa vida” no teu seio “mais amores”!

Oh pátria amada,Idolatrada,Salve! salve!

Brasil, de amor eterno seja símboloO lábaro que ostentas estrelado,E diga o verde-louro desta flâmula- Paz no futuro e glória no passado.

Mas se ergues da justiça a clava forte,Verás que um filho teu não foge à luta,Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,Entre outras mil,És tu, Brasil,Oh pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil,Pátria amada,Brasil!

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - C-1 - REV 1

ANEXO C

HINO À BANDEIRA NACIONAL

LETRA: OLAVO BILAC

MÚSICA: FRANCISCO BRAGA

Salve, lindo pendão da Esperança!Salve, símbolo augusto da paz!Tua nobre presença a lembrançaA grandeza da pátria nos traz.

Em teu seio formoso retratasEste céu de puríssimo azul,A verdura sem par destas matas,E o esplendor do Cruzeiro do Sul...

Contemplando o teu vulto sagrado,Compreendemos o nosso dever;E o Brasil, por seus filhos amado,Poderoso e feliz há de ser.

Sobre a imensa Nação Brasileira,Nos momentos de festa ou de dor,Paira sempre, sagrada bandeira,Pavilhão da justiça e do Amor!.

ESTRIBILHO

Recebe o afeto que se encerra.Em nosso peito varonilQuerido símbolo da terra,Da amada terra do Brasil!

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OSTENSIVO - D-1 - REV 1

ANEXO D

HINO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

LETRA: EVARISTO DA VEIGA

MÚSICA: D. PEDRO I

I

Já podeis, da Pátria filhos,Ver contente a mãe gentil;Já raiou a liberdadeNo Horizonte do BrasilJá raiou a liberdadeJá raiou a liberdadeNo Horizonte do Brasil.

ESTRIBILHO

Brava gente brasileira!Longe vá, temor servilOu ficar a Pátria livreOu morrer pelo Brasil:Ou ficar a Pátria livreOu morrer pelo Brasil:

II

Os grilhões que nos forjavaDa perfídia astuto ardil...Houve mão mais poderosa...Zombou dêles o BrasilHouve mão mais poderosaHouve mão mais poderosaZombou dêles o Brasil.

ESTRIBILHOBrava gente brasileira! etc.

III

Não temais ímpias falangesQue apresentam face hostil:Vossos peitos, vossos braços.São muralhas do BrasilVossos peitos, vossos braços

Vossos peitos, vossos braços

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OSTENSIVO - D-2 - REV 1

São muralhas do Brasil.

ESTRIBILHOBrava gente brasileira! etc.

IVParabéns, O! brasileiros!Já, com garbo varonil,Do Universo entre as naçõesResplandece a do BrasilDo Universo entre as naçõesDo Universo entre as naçõesResplandece a do Brasil.

ESTRIBILHOBrava gente brasileira! etc.

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OSTENSIVO - E-1 - REV 1

ANEXO E

CANÇÃO DOS FUZILEIROS NAVAIS - "NA VANGUARDA"

LETRA: PROF. JOÃO DE CAMARGO

MÚSICA: TEN. LUIZ CANDIDO DA SILVEIRA

Sentinela e falange aguerrida,

Na vanguarda, empunhando o fuzil, BIS

Pela Pátria é que damos a vida,

Fuzileiros Navais do Brasil.

Fuzileiros do mar e de terra,

Defensores da grande Nação, BIS

Vigilantes, na paz e na guerra,

Na vanguarda, com as armas na mão.

Na peleja, ao fragor da metralha,

Na vanguarda, que é honra e dever,

Fuzileiros, no ardor da batalha,

Saberemos lutar e vencer...

Na peleja, ao fragor da metralha,

Na vanguarda, que é honra e dever,

Saberemos no fim da batalha,

Fuzileiros... Vencer ou morrer!

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - F-1 - REV 1

ANEXO F

HINO AO FUZILEIRO NAVAL DO BRASIL - “REGIMENTO NAVAL”

LETRA E MÚSICA: THIERES CARDOSO

Fuzileiro Naval do Brasil

Garboso desfraldando esta Bandeira

Com a glória do passado e do presente

Orgulha a Nação Brasileira

Fuzileiro Naval do Brasil

Garboso desfraldando esta Bandeira

Agita a Pátria inteira

Com o brado varonil: Viva o Brasil

Toda nossa vida é consagrada

A esta terra, idolatrada

E o nosso peito valoroso na trincheira

Para a defesa desta Bandeira

Toda a nossa vida é consagrada

A esta terra, idolatrada

E o nosso peito valoroso na trincheira

Para defesa heróica

Desta Bandeira

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - G-1 - REV 1

ANEXO G

CANÇÃO DO MARINHEIRO - “CISNE BRANCO”

LETRA: ANTONIO MANOEL DO ESPÍRITO SANTO

MÚSICA: BENEDITO XAVIER MACEDO

I

Qual cisne branco que em noite de lua,Vai deslizando num lago azul,O meu navio também flutuaNos verdes mares de Norte a Sul,Linda galera, que em noite apagada,Vai navegando num mar imenso,Nos traz saudades da terra amada,Da Pátria minha em que tanto penso.

II

Qual linda garçaque aí vai cruzando os ares,Vai navegandoSob um belo céu de anil,A minha galeraTambém vai cruzando os mares,Os verdes maresOs mares verdes do Brasil.

III

Quanta alegria nos traz a voltaA nossa Pátria do coraçãoDada por finda nossa derrota,Temos cumprido nossa missãoLinda galera, que em noite apagadaVai navegando no mar imenso,Nos traz saudades da terra amadaDa Pátria minha em que tanto penso.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - H-1 - REV 1

ANEXO H

CANÇÃO SOLDADO DA LIBERDADE

LETRA E MÚSICA: LUIZ FELIPE MAGALHÃES

Somos fortes, valentes guerreiros,

Combatentes de armas na mão!

Da Marinha, leais fuzileiros,

Defensores do augusto pendão!

Sentinelas de terra e dos mares

Nossa vida é combate viril!

Tendo em mente os heróis militares

Que tombaram em prol do Brasil!

Soldados da liberdade!

Lutemos que o combate é nossa vida,

Defendamos a integridade

Da pátria brasileira estremecida!

Fuzileiros de terra e do mar!

Temos sempre em mira o canhão

Pelo nobre ideal de lutar

Para glória do auri-verde pavilhão!

Desde os tempos remotos da história

O Brasil canta os feitos navais,

Para nós é orgulho, é glória,

Sempre ouvimos na guerra ou na paz

Quem são estes vibrantes guerreiros

Estes homens valentes quem são?

Da Marinha, leais fuzileiros,

Combatentes de armas na mão!

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - I-1 - REV 1

ANEXO I

CANÇÃO FIBRA DE HERÓI

LETRA E MÚSICA: GUERRA PEIXE

Se a Pátria querida

For envolvida

Pelo perigo

Na paz ou na guerra

Defende a terra

Contra o inimigo

Com ânimo forte

Se for preciso

Enfrenta a morte

Afronta se lava

Com fibra de Herói

De gente brava

Bandeira do BRASIL,

Ninguém te manchará,

Teu povo varonil,

Isso não consentirá

Bandeira idolatrada,

Altiva a tremular

Onde a liberdade

É mais uma estrela

A brilhar.

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - J-1 - REV 1

ANEXO J

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AC - Aptidão para a Carreira

AIDS - "Adquired Imune Deficiency Sindrome", que se traduz por

Síndrome da Imuno Deficiência Adquirida (Em português

também se pode falar SIDA)

AMC - Aptidão Média para a Carreira

AssAnf - Assalto Anfíbio

BFNIF - Base de Fuzileiros Navais da Ilha das Flores

BFNIG - Base de Fuzileiros Navais da Ilha do Governador

BiaArtAAe - Bateria de Artilharia Antiáerea

BtlArtFuzNav - Batalhão de Artilharia de Fuzileiros Navais

BtlEngFuzNav - Batalhão de Engenharia de Fuzileiros Navais

BtlInfFuzNav - Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais

BtlLogFuzNav - Batalhão Logístico de Fuzileiros Navais

BtlNav - Batalhão Naval

BtlOpEspFuzNav - Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais

BtlVtrAnf - Batalhão de Viaturas Anfíbias

Cal - Calibre

CADIM - Centro de Adestramento da Ilha da Marambaia

CA - Corpo da Armada

C-AEM - Curso de Altos Estudos Militares

C-Ap - Curso de Aperfeiçoamento

C-ApA - Curso de Aperfeiçoamento Avançado

CB - Cabo

C-EMOI - Curso de Estado-Maior para Oficiais Intermediários

C-EMOS - Curso de Estado-Maior para Oficiais Superiores

C-Esp - Curso Especial

C-Espc - Curso de especialização

CFN - Corpo de Fuzileiros Navais

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - J-2 - REV 1

C-FSG - Curso de Formação de Sargentos

CGCFN - Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais

CiaCC - Companhia de Carros de Combate

CiaCom - Companhia de Comunicações

CiaGE - Companhia de Guerra Eletrônica

CIAMPA - Centro de Instrução Almirante Milcíades Portela Alves

CiaPol - Companhia de Polícia

CIASC - Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo

CMatFN - Comando do Material de Fuzileiros Navais

Cmdo - Comando

cm - Centímetro

COMCONTRAM - Comando do Controle Naval de Tráfego Marítimo

ComemCh - Comando-em-Chefe da Esquadra

ComFFE - Comandante da Força de Fuzileiros da Esquadra

ComGer - Comandante-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais

ComOpNav - Comando de Operações Navais

CON - Comandante de Operações Navais

C-PEM - Curso de Política e Estratégia Marítimas

CPCFN - Corpo de Praças do CFN

CPesFN - Comando do Pessoal de Fuzileiros Navais

CPM - Código Penal Militar

CPO - Comissão de Promoção de Oficiais

CPP - Comissão de Promoção de Praças

CPPM - Código de Processo Penal Militar

C-QFT - Curso de Qualificação para Funções Técnicas

C-QTE - Curso de Qualificação Técnica Especial

CRepSupEspCFN- Centro de Reparos e Suprimentos Especiais do Corpo de

Fuzileiros Navais

C-Sup - Curso Superior

C-Subespc - Curso de Subespecialização

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - J-3 - REV 1

dam - Decâmetro

DEnsM - Diretoria de Ensino da Marinha

DGMM - Diretoria-Geral do Material da Marinha

DGN - Diretoria-Geral de Navegação

DGPM - Diretoria-Geral do Pessoal da Marinha

DivAnf - Divisão Anfíbia

DN - Distrito Naval

EAD - Escala de Avaliação de Desempenho

EIBC - Equipagem individual básica de combate

EIP - Equipagem individual para pistola

EISC - Equipagem individual suplementar de combate

EMA - Estado-Maior da Armada

EspMil - Espingarda militar

FAIBRAS - Destacamento Brasileiro da Força Interamericana de Paz em

São Domingos

FA - Força Armada

FAO - Folha de Avaliação de Oficiais

FAC - Folha de Avaliação Complementar

FAL - Fuzil automático leve

FAP - Fuzil automático pesado

FFE - Força de Fuzileiros da Esquadra

FIP - Força Interamericana de Paz

FIS - Folha de Informação de SO e SG

FM - Fuzil metralhador

FN - Fuzileiro Naval

Fz - Fuzil

FzAss - Fuzil de Assalto

GptFN - Grupamento de Fuzileiros Navais

GptFNB - Grupamento de Fuzileiros Navais de Brasília

GptFNBe - Grupamento de Fuzileiros Navais de Belém

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OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - J-4 - REV 1

GptFNLa - Grupamento de Fuzileiros Navais de Ladário

GptFNMa - Grupamento de Fuzileiros Navais de Manaus

GptFNNa - Grupamento de Fuzileiros Navais de Natal

GptFNRG - Grupamento de Fuzileiros Navais do Rio Grande

GptFNRJ - Grupamento de Fuzileiros Navais do Rio de Janeiro

GptFNSa - Grupamento de Fuzileiros Navais de Salvador

GptOpFuzNav - Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais

hm - Hectômetro

kg - Quilograma

km - Quilômetro

L - Leste

LAADA - Limite Anterior da Área de Defesa Avançada

LGr - Lança-granada

LRM - Lei de Remuneração dos Militares

LRoj - Lança-rojão

m - Metro

MAG - Metralhadora a gás

MB - Marinha do Brasil

MM - Ministro da Marinha

mm - Milímetro

Mrt - Morteiro

Mtr - Metralhadora

N - Norte

NDD - Navio de Desembarque Doca

NDCC - Navio de Desembarque de Carros de Combate

NG - Norte Geográfico

NM - Norte Magnético

NQ - Norte da Quadrícula

NTrT - Navio Transporte de Tropas

NV - Norte Verdadeiro

Page 245: 03-Manual Básico do FN

OSTENSIVO CGCFN-1101

OSTENSIVO - J-5 - REV 1

O - Obuseiro/Oeste

ODG - Órgão de Direção-Geral

ODS - Órgão de Direção Setorial

Of - Oficial

OGSA - Ordenança Geral para o Serviço da Armada

OM - Organização Militar

ONU - Organização das Nações Unidas

OpAnf - Operação Anfíbia

OpRib - Operação Ribeirinha

OT - Organização do Terreno

PCOM - Plano de Carreira de Oficiais da Marinha

PCPM - Plano de Carreira de Praças da Marinha

PSO - Plano de Segurança Orgânica

Pst - Pistola

QM - Ângulo entre o norte da quadrícula e o norte magnético

RDM - Regulamento Disciplinar para a Marinha

RPPM - Regulamento de Promoção de Praças da Marinha

RUMB - Regulamento de Uniformes da Marinha

S - Sul

SAM - Serviço Ativo da Marinha

SD - Soldado

SG - Sargento

SGM - Secretaria-Geral da Marinha

SMtr - Submetralhadora

SO - Suboficial

STF - Supremo Tribunal Federal

Ton - Tonelada

TAF - Teste de Avaliação Física

TFM - Treinamento Físico-Militar

tpm - tiros por minuto