03 - 23-02-12 - teoria dos recursos - efeitos.pdf

4
INTENSIVO II Disciplina: Direito Processual Civil Professor: Fredie Didier Data: 23.02.2012 EFEITOS DOS RECURSOS 1. Efeito devolutivo todo recursos tem efeito devolutivo Conceito é o efeito que o recurso tem de transferir o exame da decisão impugnada ao órgão ad quem _ efeito de transferência. Existe recursos que devolvem o exame para o mesmo órgão Ex Embargos de declaração Embargos Infringentes de alçada Para alguns autores quando a transferência seria para o mesmo órgão não teria efeito devolutivo. Essa é a posição do professor. Efeito devolutivo imediato e diferido Efeito devolutivo imediato a transferência é imediata. Ex Agravo de Instrumento Efeito devolutivo diferido a confirmação vem a posteriore a confirmação fica subordinada. Ex Agravo retido 2.0 Dimensão do efeito devolutivo 2.1 Horizontal Extensão do efeito devolutivo E a dimensão que delimita o que o tribunal terá que reexaminar, qual a parte da decisão que o tribunal terá de examinar. A Extensão do efeito devolutiva e delimitada pelo recorrente. O tribunal deve decidir de acordo com a limitação em que o recorrente faz. O capitulo em que a parte não recorre transita em julgado 2.2 Vertical – profundidade do efeito devolutivo Alguns autores chamam a dimensão vertical em efeito translativo do recurso A profundidade do efeito devolutivo determina quais as questões são transferidas para o tribunal para que ele possa julgar o capitulo impugnado. Sobem para ser apreciado todas as questões suscitadas no processo e as questões de ordem pública que podem não ter sido suscitadas no processo. Obs: a extensão do efeito devolutivo bitola a sua profundidade Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. § 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro. § 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. Material elaborado por Tatiana Melo Contato: e-mails: [email protected] [email protected] INTENSIVO Ii TEORIA DOS RECURSOS

Upload: alvaro-filho

Post on 29-Jan-2016

239 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: 03 - 23-02-12 - TEORIA DOS RECURSOS - EFEITOS.pdf

INTENSIVO II Disciplina: Direito Processual Civil Professor: Fredie Didier Data: 23.02.2012

EFEITOS DOS RECURSOS

1. Efeito devolutivo todo recursos tem efeito devolutivo Conceito é o efeito que o recurso tem de transferir o exame da decisão impugnada ao órgão ad quem _ efeito de transferência. Existe recursos que devolvem o exame para o mesmo órgão

Ex Embargos de declaração Embargos Infringentes de alçada Para alguns autores quando a transferência seria para o mesmo órgão não teria efeito devolutivo. Essa é a posição do professor.

Efeito devolutivo imediato e diferido Efeito devolutivo imediato a transferência é imediata.

Ex Agravo de Instrumento Efeito devolutivo diferido a confirmação vem a posteriore a confirmação fica subordinada.

Ex Agravo retido

2.0 Dimensão do efeito devolutivo 2.1 Horizontal Extensão do efeito devolutivo E a dimensão que delimita o que o tribunal terá que reexaminar, qual a parte da decisão que o tribunal terá de examinar. A Extensão do efeito devolutiva e delimitada pelo recorrente. O tribunal deve decidir de acordo com a limitação em que o recorrente faz. O capitulo em que a parte não recorre transita em julgado 2.2 Vertical – profundidade do efeito devolutivo Alguns autores chamam a dimensão vertical em efeito translativo do recurso A profundidade do efeito devolutivo determina quais as questões são transferidas para o tribunal para que ele possa julgar o capitulo impugnado. Sobem para ser apreciado todas as questões suscitadas no processo e as questões de ordem pública que podem não ter sido suscitadas no processo. Obs: a extensão do efeito devolutivo bitola a sua profundidade Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. § 1o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro. § 2o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais.

Material elaborado por Tatiana MeloContato: e-mails: [email protected] [email protected]

INTENSIVO Ii

TEORIA DOS RECURSOS

Page 2: 03 - 23-02-12 - TEORIA DOS RECURSOS - EFEITOS.pdf

3.0 Recursos em espécie 3.1 Apelação.

3.1.1 As regras da apelação funcionam como regras gerais. 3.1.2 Efeito suspenso da apelação

Há regra no Brasil é que a apelação tem efeito suspensivo automático prolonga a ineficácia da sentença. O CPC não regula esse efeito automático. Pedido de efeito suspensivo por cautelar no tribunal ou apela e pede efeito suspensivo no bojo da apelação havendo negativa se utiliza do agravo par ao tribunal.

3.1.3 Apelação sem efeito suspensivo automático Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que:(Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973) I - homologar a divisão ou a demarcação; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973) II - condenar à prestação de alimentos; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973) III - (Revogado pela Lei nº 11.232, de 2005) IV - decidir o processo cautelar; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1973) V - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994) VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. (Incluído pela Lei nº 9.307, de 1996) VII – confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001)

IV - rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes Ex: Execução de cheque Súmula: 317

É definitiva a execução de título extrajudicial, ainda que pendente apelação contra sentença que julgue improcedentes os embargos. Art. 587. É definitiva a execução fundada em título extrajudicial; é provisória

enquanto pendente apelação da sentença de improcedência dos embargos do executado, quando recebidos com efeito suspensivo (art. 739). Dispositivo inconstitucional por violar o princípio da igualdade Art 520

VI - julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. (Incluído pela Lei nº 9.307, de 1996) VII – confirmar a antecipação dos efeitos da tutela; (Incluído pela Lei nº 10.352, de

2001). O objetivo do antecipação e continuar produzindo efeitos. Isso se aplica inclusive se

antecipação da tutela for concedida na sentença Obs: esse dispositivo também se aplica nos casos em que a sentença revoga a tutela

antecipada. A revogação e imediata. 3.1.4 Outras hipóteses Apelação sem efeito suspensivo automático a) Sentença que decreta interdição b) Sentença que julga procedente MS c) Sentença em ação coletiva d) Sentença em ação de despejo e) Sentença que deferia a adoção salvo adoção internacional ou houver riscod e dano ao

adotando f) Sentença que concede HD g) Sentença que destitui ambos os pais do poder familiar

3.1.5 Apelação em sentença terminativa

Material elaborado por Tatiana MeloContato: e-mails: [email protected] [email protected]

Page 3: 03 - 23-02-12 - TEORIA DOS RECURSOS - EFEITOS.pdf

3.1.5.1 §3º do Art. 515 – Imaginem uma sentença terminativa (aquela em que o mérito não é examinado). Se o sujeito apela de uma sentença terminativa, ele apela de uma sentença em que o mérito não foi examinado pelo juiz. Tradicionalmente em uma situação como essa, o tribunal não poderia avançar para julgar o mérito. O tribunal poderia acolher a apelação e mandar os autos para a instancia inferior para que o juiz julgado. Mas é possível que o Tribunal avance para julgar o mérito que não foi julgado em primeira instância. Alguns autores chamam isso de julgamento direto do mérito pelo Tribunal ou julgamento per saltum. Pressupostos: a) é preciso que a apelação seja provida. O tribunal dá provimento a essa apelação, pois o juiz errou pois não deveria deixar de analisar o mérito, e o próprio tribunal avança, julgando o mérito. b) A causa tem que estar madura, pronta para ser julgada. Não há nada que precise ser feito para que a causa seja julgada. A lógica é se o mérito não foi julgado pelo juiz (indevidamente) é já está pronto para ser julgado, por que vai mandar para o juiz julgar? O tribunal pode julgar por ele mesmo.

3.1.5.2 A causa tem que estar madura para ser julgada. Art. 515. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. § 3o Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. (Incluído pela Lei nº 10.352, de 2001)

3.1.5.3 É preciso que o apelante peça a aplicação do Art. 515. § 3º.

3.1.6. Inovação em matéria de fato na apelação 3.1.6.1 Se os fatos são novos podem ser suscitados na apelação

3.1.6.2 Quando embora eles sejam fatos velhos só se teve acesso agora no momento da interposição, com prova da justa causa – O fato é novo para o processo.

3.1.7. Processamento da apelação em 1 grau

� A apelação é interposta perante o juiz prolator da sentença. Ele pode de logo não admiti-la. Havendo Agravo para o tribunal.

Admitindo mandará ouvir o apelado. O apelado vem com as contra razões - Pode o juiz fazer um novo juízo de admissibilidade não admitindo a apelação. Havendo dois juízos de admissibilidade.

� Súmula impeditiva de recurso Decisão do juiz baseado em súmula do STJ ou STF - Súmula impeditiva de recurso Art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe, mandará dar vista ao apelado para responder. (Redação dada pela Lei nº 8.950, de 1994) § 1o O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. (Renumerado pela Lei nº 11.276, de 2006) Existem casos em que a apelação terá que subir mesmo que a decisão esteja baseada em súmula do STj e STF :

a) se a apelação alega a nulidade da decisão b) O apelante pode demonstrar que a súmula não se aplica aquele caso. c) A apelação terá que subir também se o apelante demonstrar razões para o

Overrruling. Qualquer decisão do juiz que não recebe apelação cabe AI

4.0 Embargos de declaração 4.1 Prazo 05 dias 4.2 Julgado pelo mesmo órgão que produziu a decisão embargada 4.3 Embargos contra decisão de relator 4.5 Natureza jurídica dos Embargos de Declaração Ela se incorpora a decisão embargada. Ela assume a natureza da decisão embargada.

Material elaborado por Tatiana MeloContato: e-mails: [email protected] [email protected]

Page 4: 03 - 23-02-12 - TEORIA DOS RECURSOS - EFEITOS.pdf

Embargos Infringentes em acórdão de embargos de declaração. Gera decisão que tem natureza de acórdão de embargos de declaração.

4.6 Cabimento dos Embargos de declaração Qualquer decisão é embargável mesmo decisão de relator. Isso porque o STF não admiti. Mas o professor diz caber Embargos de declaração da decisões do relator. Recurso de fundamentação vinculada.

4.7 Hipóteses para propor Embargos de declaração a) Decisão obscura b) Contradição na decisão c) Omissão na decisão d) erro material e) Decisão ultra ou extra petita f) a CLT no art. 897-A prevê outros casos de Embargos de declaração g) Quando houver dúvida n a decisão Lei 9.099/95 4.8 Efeito modificativo dos embargos de declaração 4.9 Contra razões em Embargos de declaração

O CPC não se reporta mais a jurisprudência entende que o contraditória se impõe mesmo sem previsão legal. Princípio da complementaridade garante o direito da parte que já havia recorrido complementar o seu recurso se a decisão impugnada tiver sido modificada

Súmula: 418 É inadmissível o recurso especial interposto antes da publicação do acórdão dos embargos de declaração, sem posterior ratificação.

4.10 Limite para interposição de Embargos de declaração 2. JURISPRUDÊNCIA CORRELATA 2.1. AC 112 Ementa: 1. INTERVENÇÃO DE TERCEIRO. Ação cautelar. Processo eleitoral. Pleito anulado. Candidato que participou da eleição anulada, em que foi derrotada a chapa que encabeçara. Intervenção indeferida. Falta de interesse jurídico. A título de assistente, ou de recorrente interessado, não se admite intervenção de terceiro que apresente mero interesse de fato, capaz de ser atingido pela decisão da causa. 2. RECURSO. Especial. Eleitoral. Ação de investigação judicial eleitoral. Captação ilegal de sufrágio. Sentença que cassou o prefeito e absolveu o vice-prefeito, cuja diplomação determinou. Recurso apenas do prefeito. Improvimento pelo TRE, com cassação simultânea e oficial do diploma do vice-prefeito. Alegação de matéria de ordem pública. Acórdão confirmado pelo TSE, sob fundamento de operância do efeito translativo do recurso ordinário. Inadmissibilidade. Trânsito em julgado do capítulo decisório que absolveu o vice-prefeito. Matéria não devolvida pelo recurso do prefeito. Restabelecimento da sentença até o julgamento do recurso extraordinário já admitido. Liminar concedida. Ação cautelar julgada procedente. Ofensa à coisa julgada. Interpretação do art. 5º, XXXVI, da CF, e dos arts. 2º, 262, 467, 509 e 515, todos do CPC. Sob pena de ofensa à garantia constitucional da coisa julgada, não pode tribunal eleitoral, sob invocação do chamado efeito translativo do recurso, no âmbito de cognição do que foi interposto apenas pelo prefeito, cujo diploma foi cassado, por captação ilegal de sufrágio, cassar de ofício o diploma do vice-prefeito absolvido por capítulo decisório da sentença que, não impugnado por ninguém, transitou em julgado.

Material elaborado por Tatiana MeloContato: e-mails: [email protected] [email protected]