#01 repórteres de rua - porto

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1ª Edição // Dezembro 2014 | Associação CAIS || Edição Porto Distribuição Gratuita Maratona Fotográfica - O Porto em Dezembro (p. 6) Entrevista a Cláudia Fernandes (p. 5) CAIS no Rivoli (p. 4)

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Os Repórteres de Rua são uma actividade ocupacional da CAIS que teve inicio em 2011. Trata-se de um grupo de trabalho constituído por utentes que aceitam o desafio de aprender a registar no papel as suas ideias, inspirações e motivações do dia-a-dia, ganhando competências de escrita e de análise crítica. Até 2014 tiveram o seu espaço na Revista, agora apresentam-se num novo formato mensal e independente. O Jornal Repórteres de Rua.

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Page 1: #01 Repórteres de Rua - Porto

1ª Edição // Dezembro 2014 | Associação CAIS || Edição PortoDistribuição Gratuita

Maratona Fotográfica - O Porto em Dezembro (p. 6)

Entrevista a Cláudia Fernandes (p. 5)

CAIS no Rivoli (p. 4)

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1ª Edição // Dezembro 2014

Editorial

A Primeira Vez

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Por: Filipa Mora

Os “Repórteres de Rua” chegam ao Porto.

Apesar desta rubrica na Associação CAIS já remontar a 2011, é pela primeira vez que um grupo de “repórteres” é criado no Centro CAIS Porto. Junta-se o útil ao agra-dável: se dentro do leque de actividades a funcionarem desde Outubro deste ano, “Jornalismo Cidadão” é uma delas, a vontade e curiosidade dos frequentadores do centro do Porto é imensa. Assim, as ideias e os textos resultados das saídas ao terreno transformam-se em algo mais que meros exercícios e saem da “nossa” esfera, convidando o leitor a juntar-se às vozes desta equipa. Cozinham-se os ingredientes e o resultado é este que podem ler, no momento. A concretização de uma ideia nesta primeira edição, assim como as expec-tativas de um contributo útil e interessante de todos.É uma estreia que se quer na rua, uma estreia que se quer lida e publicada mensalmente.

Nesta edição, além de uma entrevista à coordenadora do Centro CAIS Porto, Cláudia Fernandes, podemos ler algumas das notícias que os nossos repórteres consi-deraram relevantes. Há ainda espaço para a Fotografia, Receita, Cartoon, Poesia, entre outras deliciosas pala-vras.

A criação dos conteúdos desta edição pertence a Car-los Baptista, Conceição Silva, Dorivaldo Tomaz, Jorge Coelho, José Cunha, Mário Rui Soares, Noé Alves, Nuno Vasconcelos, Paulo Marques e Sara Queiroz.

Sejam bem-vindos, leitores.

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As Nossas Notícias Por Conceição Silva, Jorge Coelho, José Cunha e Sara Queiroz

Várias personalidades e representantes de Instituições da acção social reuniram-se para discutirem o contexto de exclusão e celebrarem mais um aniversário da rede interinstitucional, a Liga para a Inclusão Social. Com intervenção em uma ou várias aéreas de exclusão – “sem abrigo e precariedade, saúde mental e psiquiatria, drogas e dependências e reclusão” - o objectivo principal des-ta plataforma, de “carácter inovador”, é contribuir para a inclusão social de pessoas excluídas ou em risco de exclusão, através da promoção de PIN`s (Projectos de Intervenção Social) em diversos âmbitos como sejam o desporto, a música, o teatro, artes plásticas e a dan-ça. Além do debate, foi também realizado o sorteio da primeira fase do campeonato de futsal da Liga para a Inclusão Social.

O momento memorável deste aniversário aconteceu com o concerto do grupo «Som da Rua», um projec-to da Liga em parceria com o Serviço Educativo (SE) da Casa da Música (CdM). A orquestra, composta por utentes das várias instituições e dirigida pelo coorde-nador do SE da CdM, Jorge Prendas, elevou a tempe-ratura dos paços do concelho dos Paços do Concelho. Utentes e alguns técnicos acompanhados por músicos como Peixe, Paulo Coelho de Castro e Daniel de Sousa encerraram o evento, arrebatando inúmeros aplausos e criando um calor humano, num final de tarde chu-voso.

Aniversário da Liga para a Inclusão SocialRealizou-se, em Novembro, na Câmara Municipal do Porto, o 5.º aniversário da Liga para a Inclusão Social, onde se debateram os problemas da exclusão social.

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Opinião

1ª Edição // Dezembro 2014

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Por: Dorivaldo Tomaz

Vendo a revista CAIS desde que o centro do Porto foi inaugurado. Fui suspenso várias vezes devido a mau comportamento, sem nem sempre ter sido responsável pelos acontecimentos que me levaram às ditas suspensões.

Tenho hoje um outro estilo de vida, devido ao meu esforço e do acompanhamento dos técnicos da CAIS. Sinto, hoje, uma satisfação acrescida, uma maior confiança, segurança e auto-estima graças a este acompanhamento que tive.

Agradeço, também, o apoio no campo da saúde dentária, oftalmologia, bem como a documentação necessária juntamente com a colaboração do SEF (Serviços de Estrangeiros e Fronteiras).

Agradeço a todos este acompanhamento e, prin-cipalmente, por me terem “aturado” com tanta simpatia e carinho.

Amigavelmente,

Dorivaldo Tomaz

Porto, 26 de Novembrode 2014

Abrir portas

Das várias actividades que se podem fazer no Centro CAIS Porto (para os interessados: Jornalismo Cidadão, Yoga, Leitura Orientada, Inglês, Escrita Criativa, Comu-nicação, Voz e Jogo Dramático, Informática, Artes Plás-ticas, Encontrar-me), Dezembro é um mês com uma agenda recheada: colaboramos com o Centro de Edu-cação Ambiental da Quinta do Covelo e decorámos um Anjo com muita imaginação e materiais reciclados. O Anjo da CAIS, depois de ter passado pelas Fontaínhas, está agora em exposição (“Nas Asas de um Anjo”) no espaço da Quinta do Covelo, que podem ir visitar e aproveitar para dar um passeio num retalho verde, em plena cidade. Fomos, também, ao Centro Portu-guês da Fotografia, onde vimos a núcleo museológico, espreitamos a cela onde o Camilo Castelo Branco es-creveu o “Amor de Perdição” enquanto esteve preso e ainda vimos a exposição “TOET - The Other Euro-pean Travellers”, um projecto de fotógrafos europeus que abrange movimentos migratórios, nos finais dos anos 50 e início dos anos 80. Mas como a curiosidade é enorme e temos oficinas de Jornalismo Cidadão, qui-semos ir ouvir o que é que Thiago Alves tinha a dizer sobre “A realidade dos meios de comunicação”, se-gundo a perspectiva de Luhman. Acabou por ser uma conferência dirigida, essencialmente, a um público académico, mas gostámos de ser confrontados com outros registos e ainda ficámos a pensar sobre o pa-

pel dos órgãos de comunicação social e sobre a nossa responsabilidade individual. E para terminar o ano em grande, estamos a participar no espectáculo ATLAS, de Ana Galante&João Borralho. São “cem pessoas em pal-co, de diferentes profissões, idades e classes sociais”. Uma reflexão sobre as experiências e preocupações de cada um. “Formam um atlas social onde a individua-lidade não é abafada e onde, ao mesmo tempo, se cria um forte sentido de colectividade, de resistência.” E assim subimos ao palco do Rivoli, dia 20 de Dezembro, às 21h30, porque pertencemos a este ATLAS nortenho.

A CAIS no palco do RivoliDezembro é um mês recheado. Entre passeios pela baixa, exposições de Anjos, visitas ao Centro Português de Fotografia e conferências, a CAIS também está no palco do Rivoli.

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Entrevista a:Cláudia Fernandes

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Coordenadora Centro CAIS Porto

Como entrou para a CAIS?

Entrei em Outubro de 2005, quando abriu o centro CAIS Porto. Na altura, só havia uma técnica e entrei em regime de voluntariado. Estive até Dezembro e em Janeiro tive oportunidade de realizar um estágio pro-fissional e fiquei. Realizava funções como psicóloga, o objectivo era trabalhar determinadas competências e explorar a estrutura emocional e cognitiva dos nossos frequentadores. Depois desse grupo, conseguimos im-plementar consultas de psicologia. A CAIS foi crescen-do, saí em 2007, fui abraçar outro projecto, e regressei em 2009 para trabalhar na área da formação. Em 2010 retomei a psicologia aqui mas em 2011 fiquei com a coordernação do Centro CAIS Porto. As necessidades também foram modificando e nós fomos tentando sempre adequar a nossa resposta, foram crescendo projectos, a CAIS foi-se distanciando daquilo que era. Somos uma Associação muito distanciada da resposta assistencialista, até porque existem outras associações aqui na cidade do Porto que fazem esse trabalho muito bem feito, nunca foi o nosso objectivo, mas sim capaci-tar e dar ferramentas às pessoas para que se pudessem autonomizar.

Os objectivos da CAIS têm sido alcançados?

Alguns sim, outros não. Os nossos objectivos são acom-panhar um determinado número de pessoas e traba-lhar com elas todas as suas dimensões e necessidades para que se possam reinserir na sociedade civil (ape-sar de nunca terem saído). Outro dos objectivos tem a ver com a questão da sustentabilidade, o Centro CAIS Porto não tem financiamento público. As receitas que fazemos que vêm da revista (70% é para os vendedo-res) e de algumas vendas da CAIS Recicla não são su-ficientes para suportar o centro de custos que temos. É sempre um objectivo e um desafio que vamos tendo todos os anos.

E para quem desconhece o projecto, como funciona a CAIS Recicla?

A CAIS Recicla surge de uma parceria que já havia, no âmbito da responsabilidade social, com a Unicer. Pe-gamos no desperdício industrial que a Unicer tinha e no que estava aqui na CAIS e colocamos estas pessoas , juntamente com uma equipa de designers e formado-res, a transformar o desperdício em peças de eco-de-sign. Ao mesmo tempo que estas pessoas fazem estes trabalhos, nós trabalhamos com elas as fragilidades e potencialidades. Percebemos que tipo de competên-cias têm na sua dimensão e aquelas mais frágeis que sejam necessárias trabalhar, desde a gestão financeira, cuidados de apresentação, relações interpessoais, co-municação, etc, e ao longo do tempo tentamos traba-lhar tudo isso. Além de fazerem as peças com as suas próprias mãos, também são responsáveis por ir às em-presas, apresentar o projecto em fóruns e seminários, por ir vender as próprias peças em feiras. A CAIS Reci-cla tem uma proposta para que as pessoas possam rea-prender uma série de competências e outra para que os desperdícios ganhem vida e se transformem em pe-ças únicas, de excelência e qualidade, visando sempre a sustentabilidade, quer a humana, quer a financeira do projecto.

CAIXA PERFIL CLÁUDIA FERNANDES

“Os nossos objectivos são acompanhar um determinado número de pessoas e trabalhar com elas todas as suas dimensões e necessidades para que se possam reinserir na sociedade civil (apesar de nunca terem saído)”

Perfil Cláudia Fernandes: Gosta de: ler, ouvir música, cozinhar para os amigos, brincar da filha Luísa.

Livro: O senhor Ibrahim e as flores do Alcorão

Presente de Natal ideal: uma viagem

País que gostava de conhecer: regressar e conhecer melhor Itália

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Dizem que o Porto é cinzento, que o Porto é granítico. Fomos para a rua num dia frio e soalheiro de Dezem-bro, num dia em que os suspiros se conseguiam ver no ar. E com um passeio até à baixa conseguimos contra-riar esta ideia cinzenta acerca da cidade Invicta. O azul límpido do céu em plena harmonia com o brilho do sol a aquecer o rosto mais frio. O cheiro das castanhas assadas, o brilho das bolas de espelhos a reflectir o

verde das oliveiras enquanto se percorre o Passeio dos Clérigos. As cores do arco-íris nas fachadas ao lado da renovada Torre dos Clérigos reaberta depois da última intervenção. Uma palete de cores pulsantes a vibrar nos corações de quem calcorreia a baixa portuense.

(Nota: alguns dos Repórteres de Rua aparecem nestas fotos)

Aos meus companheiros, camaradas, amigosCuja rebeldia, ao tempo que passou,Resultando decadente face aos perigos,Como uma flor-do-deserto que murchou

À beleza, ao maravilhoso e a todos os ideaisProcurados em lufadas de (in)consciênciaA que nas vanguardas, com fragor, sois leais,Se sigam com a idade, essa fina inclemência

Mesmo dos “sólidos” projectos que se sublimaramAproveite-se os vestígios da amada experiênciaRebeldes sempre, que néscios nos tomaram

No assombroso mundo, muito há para criarE sem a vaidade com que nos empregaram,Nos compromissos sonhadores há que durar.

Fotografia

Poesia

Por: José Carapinha

Por: Noé Alves

Maratona Fotográfica - O Porto em Dezembro

Rebeldia

1ª Edição // Dezembro 2014

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Ingredientes:- 1,5L de leite meio gordo- 4 a 5 colheres de farinha Maizena- açúcar a gosto- um pau de canela- canela em pó- 2 a 3 cascas de limão- 3 a 4 gemas de ovo

Preparação1- Deite num tacho 1L de leite, juntamente com o açú-car, o pau de canela e a casca de limão. Mantenha em lume brando, mexendo de vez em quando. 2 - À parte, coloque a farinha numa tijela e misture com o restante 0,5L de leite, mexendo muito bem para não ganhar grumos (se necessário, acrescente um pouco mais de leite, para que a mistura com a farinha fique bem dissolvida). 3 - Numa outra tijela, coloque as 3 ou 4 gemas, mexen-do-as muito bem. 4 - Quando o leite começar a ferver, encorpore o pre-parado de farinha em fio de azeite (ou seja, lenta e cau-telosamente), mexendo sempre muito bem, até que o creme esteja cozinhado. 5 - Assim que o creme estiver pronto, retire-o do lume. Junte-lhe as gemas, envolvendo-as devagar e mexendo-as muito bem. 6 - Coloque o creme em taças pequenas (ou em pra-tos, conforme preferir), polvilhe com canela em pó. Et voilà! Está pronto a comer, quente ou frio, como sobre-mesa ou mesmo uma refeição ligeira.

(DICA: Se for guloso e preferir um paladar achocolata-do, é só juntar o chocolate em pó ao preparado, ficando assim um excelente leite-creme de chocolate.)

Dicas

Cartoon

Receitas Económicas

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Por: Carlos Baptista

Por: Mário Rui Soares

1 - Tentar fazer respirações abdominais para colocar a voz

2 - Não gritar

3 - Não usar roupas apertadas quando precisa de usar a voz, por ex., numa apresentação oral

4 - Beber água à temperatura ambiente

5 - Evitar pigarrear (quando sentir essa necessidade, engula a própria saliva)

6 - Evitar ambientes de fumo e altamente poluídos

7 - Comer maçãs (são boas para a limpeza das cordas vocais)

Para uma boa voz:

Leite creme à avó do Mário Rui

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Pensamentos

Ficha Técnica

& Citações“Eu honrarei o Natal no meu coração, e tentarei mantê-lo o ano todo.” (Charles Dickens)

“Três coisas não podem ser escondidas durante muito tempo: o sol, a lua e a verdade.” (Buda)

“O Natal não é um momento nem uma estação, senão um estado da mente. É valorizar a vida.” (anónimo)

“O dinheiro não é só facilmente dobrável como dobra facilmente qualquer um.”(Millôr Fernandes)

“Paz vem de dentro. Não a procures à volta.” (Buda)

“Hoje tomei a decisão de ser eu.” (Fernando Pessoa)

“A vida é maravilhosa se não se tem medo dela.” (Charles Chaplin)

“Não tenho tempo para mais nada, ser feliz me consome muito.” (Clarice Lispector)

“A alegria evita mil males e prolonga a vida.” (William Shakespeare)

AgendaDezembro

A partir de 15 Dezembro Exposição “Nas asas dos Anjos…” (Centro Educação Ambiental da Quinta do Covelo – CEA do Covelo)Dia 17, 20h00 Jantar de Natal Solidário (Centro Cultural e Desportivo dos trabalhadores da C.M.Porto)Dia 20, 21h30 Espectáculo ATLAS – Teatro Municipal RivoliDia 22, 15h00 Festa de Natal CAIS6 Janeiro “Verdes Reis” – Encontro de cantadores de Janeiras (CEA Covelo)

Os nossos Aniversários - JaneiroDia 11 - Jorge LeiteDia 13 - Conceição SilvaDia 26 - Nuno VasconcelosDia 30 - Marco Oliveira

Coordenação/ Edição Porto: Filipa MoraRepórteres: Conceição Silva, Dorivaldo Tomaz, Jorge Coelho, Marco Oliveira, Mário Rui Soares, Noé Alves, Nuno Vasconcelos, Paulo Marques, Sara QueirozColaboradores: Carlos Baptista, José Cunha, Júlio OrnelasContactos: 222 071 320

E-mail: [email protected]: Rua Mártires da Liberdade, 150-152, 4050-359 PortoTiragem: 50 exemplares

Os conteúdos deste jornal são da exclusiva responsabilidade do grupo ‘Repórteres de Rua’.

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