01 língua portuguesa - técnico em enfermagem - versão 2012 - editora tradição

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EDITORA TRADIÇÃO MÓDULO D E LÍNGUA PORTUGUESA 01 – MÓDULO DA LÍNGUA PORTUGUESA – TÉCNICO ENFERMAGEM 2012 1

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EDITORA TRADIÇÃO MÓDULO DE LÍNGUA PORTUGUESA

01 – MÓDULO DA LÍNGUA PORTUGUESA – TÉCNICO ENFERMAGEM 2012

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EDITORA TRADIÇÃO MÓDULO DE LÍNGUA PORTUGUESA

SUMÁRIO

Língua Portuguesa

A língua padrão culta nas suas modalidades oral e escrita, nesta incluídos os aspectos formais relativos à ortografia oficial, à acentuação gráfica e à pontuação. ......................................Pág. 3

A palavra: estrutura, processos de formação, classificação, flexão e emprego. ..................Pág. 47

Articulações sintáticas da oração, do período simples e do período composto. ...................Pág. 59

A sintaxe de concordância nominal, de concordância verbal, de regência nominal, de regência verbal e de colocação. ...........................................................................................................Pág. 65

O texto: compreensão, interpretação e articulações semântico textuais. .............................Pág. 94

INFORMAÇÃO IMPORTANTE: O material está parcialmente bloqueado para o localizador de palavras do pdf, apenas poderão ser localizados os tópicos dos assuntos, bem como alguns assuntos permitidos, demais palavras deverão ser localizadas manualmente de acordo com o sumário ou a localização da página.

DADOS TÉCNICOS:TOTAL DE PÁGINAS: 143CONCURSOS: Nível Brasil - Técnicos em Enfermagem – Versão 2012.MATÉRIA: Língua PortuguesaEDITORA: Tradição ApostilasATUALIZAÇÃO: 07/10/2011LOJA OFICIAL: www.editoratradicao.com.br VENDAS: www.tudoemapostilasdigitais.com ou www.tudoemapostilas.comE-mail de contato: [email protected]

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A língua padrão culta nas suas modalidades oral e escrita, nesta incluídos os aspectos formais relativos à ortografia oficial, à acentuação gráfica e à pontuação.

Começando a conversa

O ensino da linguagem oral na tradição escolar tem sido compreendido de várias formas. Ele passa por momentos de livre expressão do aluno sobre assuntos pessoais ou variados, por discussões coletivas sobre conteúdos focalizados em sala de aula, por trocas de opiniões, pela leitura oral de textos, pela declamação de poemas e a realização de jograis e até pela oportunidade de problematizar as questões relativas ao grau de formalidade das falas ou à variedade linguística. Nessa perspectiva, esse assunto é entendido e organizado em situações destinadas a ensinar: • a conversar e se expressar sem compromisso; • a oralizar textos escritos; • que a pouca formalidade dos textos e falas deve ser corrigida, assim como deve ser evitada a utilização de dialetos, gírias etc.Para esse tipo de ensino, a escola apresenta situações que demandam dos alunos que:

• estudem determinados temas e que os exponham aos demais oralmente; • organizem seminários a respeito de assuntos específicos; • participem de debates; • façam apresentações de trabalhos em feiras escolares (de Ciências, mostra de trabalhos desenvolvidos durante o ano letivo, feiras temáticas); • assistam a mesas-redondas etc.Como consequência dessa maneira de compreender o ensino de linguagem oral, tem-se uma prática escolar esvaziada de conteúdo e de objeto de ensino. Uma prática que se baseia no pressuposto de que a escola deve ensinar a falar, mas que se esquece de levar em conta as situações comunicativas nas quais a interação verbal oral acontece e que não considera que os enunciados organizam-se, inevitavelmente, em gêneros, formas estáveis que circulam socialmente e têm a função de organizar o que se diz.

Dessa forma, parece que o importante nas atividades de uso da língua oral é ensinar os alunos a falarem bem, com boa dicção e com clareza. Como se produzir um seminário fosse a mesma coisa que participar de um debate, assistir a uma mesa-redonda ou expor informações a respeito de determinado tema.

Então, afinal, com o que se deve preocupar, de fato, o ensino da linguagem oral? O que deve ser priorizado no trabalho educativo? Para começar, qualquer mudança nessa prática há de considerar as especificidades das situações de comunicação e dos gêneros nos quais qualquer enunciado se organiza,

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Aluno expõe trabalho por meio da linguagem oralFoto: Jean C. de Oliveira

A pedagoga Emilia Ferreiro faz palestra para educadoresFoto: EducaRede

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inevitavelmente,..seja..ele..oral..ou..escrito.

Linguagem oral e linguagem escrita: novos rumos

O ensino de linguagem oral, hoje, tem sido foco de muitas discussões, sobretudo a partir da compreensão da linguagem como atividade discursiva, como processo de interação verbal pelo qual as pessoas se comunicam umas com as outras por meio de textos — orais ou escritos — organizados, inevitavelmente, em gêneros.

Essa forma de entender o processo da linguagem tem alterado a visão tradicional a respeito do tema, que acabava por estabelecer características rígidas que distanciam a linguagem oral da escrita. Por exemplo, diz-se que a linguagem escrita costuma utilizar a variedade padrão da língua, enquanto que a oral, não. Será que é sempre assim que as coisas acontecem?

Ao analisar, nas práticas sociais de linguagem, as situações reais de interlocução, é possível verificar que essa caracterização polarizada – de um lado, linguagem oral e, de outro, escrita – não se sustenta. Há, na verdade, impregnação entre uma e outra, como acontece em diversas situações de comunicação. Alguns exemplos:

Conferência acadêmica - Um conferencista prepara antecipadamente sua apresentação, decidindo os aspectos a serem abordados – fatos, exemplos, argumentos, contra-argumentos – e os recursos que serão utilizados – exibição de vídeos ou slides, utilização de telão, material em PowerPoint,modelos.

Assim organizará sua fala, articulando o que será exposto com os recursos disponíveis. Será preciso ordená-lo do ponto de vista do discurso, selecionando o registro adequado, que, certamente, será mais formal, dada a situação de comunicação e o tipo de público (interlocutores).

Nesse lugar, a fala do professor, para ter legitimidade e ser reconhecida, precisará ter consistência teórica, ser adequada, ter lógica nos argumentos e nos exemplos. Será uma linguagem técnico-científica e com um registro mais formal.

Como se vê, temos uma situação de produção de discurso oral. No entanto, se observarmos as características apresentadas, identificaremos várias discrepâncias em relação ao que, em geral, se diz da linguagem oral: • a fala foi planejada previamente; • o registro será formal, e poderão ser utilizados recursos e apoios escritos para o

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Serginho Groisman entrevista Raí e Zilda Arns no programa Ação (Globo)

Foto: Divulgação

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conferencista; • a fala tenderá a ser completa e precisa; • utilizará a variedade-padrão de linguagem.Programa musical de TV para adolescentes – Um redator da emissora escreve um texto dirigido a adolescentes para ser lido pelo apresentador em um teleprompter. Busca-se, nessa situação, criar um efeito de oralidade e, dessa forma, o registro utilizado é o mais informal possível,tendendo à utilização de gíria.

Nessa situação, existem também características especiais:

• Trata-se de um discurso falado, mas que parte de um discurso escrito. • Foi planejado antecipadamente, em função das condições de produção. • Embora seja um discurso escrito e o registro não é formal, tende à utilização da variedade culta da linguagem. • Mesmo sendo um discurso escrito que será lido, o telespectador poderá contar com os gestos do apresentador no processo de atribuição de sentidos. • Não haverá preocupação com o rigor e completude do discurso. • No processo de oralização, não será possível contar com a presença física do interlocutor. ATENÇÃO – VEJA O EXEMPLO ABAIXO:

O que é comum entre a linguagem oral e a linguagem escrita? E o que diferencia uma da outra?

Segundo autores como SCHNEUWLY (1997) e ROJO (1999), as relações existentes entre linguagem oral e linguagem escrita precisam ser pensadas discursivamente. Isso quer dizer que é necessário considerar as condições efetivas de produção dos discursos, levando-se em conta que, nas práticas de linguagem, os discursos escritos mantêm relações complexas com os discursos orais. Veja-se, por exemplo, os aspectos da presença física do

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Linguagem oral e linguagem escrita: novos rumos

Programa de rádio - um redator que escreve o texto a ser lido pelo apresentador e, como se busca um efeito de oralidade, o registro a ser utilizado será informal - com utilização de gírias - embora organizado na variedade-padrão da linguagem.

O discurso será ouvido pelos interlocutores, embora seja lido pelo apresentador (quer dizer, apesar de discurso escrito, no processo de oralização, o suporte passará a ser o fônico, da perspectiva do ouvinte da emissora de rádio).

Embora seja falado, o discurso não poderá contar com o gestual corporal, já que será veiculado por rádio.

Mesmo sendo discurso escrito, será coloquial e não terá nenhuma preocupação com a exatidão ou completude.

Não contará com a presença física do interlocutor no processo de oralização do texto.

Estúdio de rádio, comandado por estudantes

Foto: Acervo Cenpec

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interlocutor e do processo de planejamento do discurso.

A presença física do interlocutor tem consequências interessantes para o processo de produção do discurso. Quando se trata do discurso escrito impresso, se o interlocutor estiver ausente fisicamente, caberá ao produtor/autor tentar garantir que seu texto (discurso) seja eficaz; ou seja, será preciso planejá-lo antecipadamente, procurando prever possíveis interpretações, dúvidas ou refutações do leitor.

Dessa forma, poderá utilizar recursos linguísticos que melhor garantam a construção dos sentidos que o autor pretende, já que não lhe será possível presenciar as reações do interlocutor para esclarecer possíveis interpretações não pretendidas.

Quando se trata de um discurso oral a ser produzido na presença física do interlocutor, é possível ao produtor planejar ao mesmo tempo em que produz, já que ele poderá presenciar as reações imediatas de seus interlocutores e, em decorrência delas, reajustar seu discurso, esclarecendo, explicando, exemplificando,..reorganizando..a..fala.

Assim, não se pode afirmar categoricamente que a escrita é planejada e a fala é espontânea. O planejamento sempre acontece. O que é diferente é a condição na qual este se realiza: ou durante o processo de produção do texto ou previamente em relação..a..ele.

É preciso considerar, também, que há condições de produção de discurso oral que não possibilitam a presença física do interlocutor, como uma entrevista radiofônica. Nesta situação, com entrevistado e entrevistador presentes ao mesmo tempo no estúdio e interagindo verbalmente entre si, têm como interlocutor fundamental o ouvinte da emissora, que não se encontra presente no contexto imediato de interlocução.

Veja outras características de entrevistas radiofônicas ou televisivas :

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Na entrevista radiofônica ou televisiva, por exemplo, se se analisar da perspectiva do entrevistador, trata-se de um discurso planejado antecipadamente, muitas vezes orientado por fichas escritas, que contêm questões elaboradas ou pelo entrevistador ou pela sua equipe de produção.

Por outro lado, do ponto de vista do entrevistado, há um grau muito menor de planejamento prévio, pois o discurso, na maioria das vezes, será organizado a partir de perguntas desconhecidas (ainda que se possa conhecer antecipadamente os assuntos/temas que serão abordados). No entanto, é possível considerar, também, que o entrevistado poderá guiar-se pelas reações do entrevistador ou da assistência presente - platéia, acompanhantes, assessores etc. -, ainda que esses não estejam visíveis ou audíveis para os (tele)espectadores em geral.

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Ao considerar estes aspectos, é possível afirmar que tanto fala quanto escrita são planejadas. O que as difere é o grau e o tipo de planejamento que se faz, o que é determinado pelo contexto de produção do discurso.

A escolha do registro linguístico

Do mesmo modo, não podemos dizer que a fala é menos formal que a escrita, já que a escolha de como organizar essa fala é feita em consequência do: • gênero do discurso; • lugar em que esse discurso circulará. O lugar de circulação do discurso determina sua audiência. Esse fator, articulado com a escolha do gênero no qual o discurso se organizará, determina as escolhas linguísticas que serão feitas para que esse discurso possa ser reconhecido e legitimado por essa audiência. Entre essas escolhas, inclui-se a do registro.

Uma palestra acadêmica, por exemplo – quer seu público seja constituído por estudantes, quer por importantes pesquisadores –, será sempre organizada em um registro mais formal do que uma conversa cotidiana entre amigos e será sempre planejada previamente, e com mais rigor do que a conversa. Caso contrário, a palestra pode ser desqualificada por causa do emprego inadequado da linguagem e a conversa pode ser considerada “chata” e seu interlocutor “arrogante”.

Veja o exemplo:

Produção e publicação

Também não podemos afirmar que a escrita é mais completa e precisa do que a fala, ou que independe mais do contexto do que a fala, ou, ainda, que tem maior prestígio. O que podemos dizer é que o discurso escrito impresso requer a utilização de recursos diferentes porque suas condições de produção assim o exigem. Não é possível, por exemplo, deixar uma frase para ser completada com um gesto, num discurso escrito impresso, já que o gesto não se escreve e o interlocutor não estará presente fisicamente.

No entanto, é perfeitamente adequado, em um discurso produzido oralmente, que a pergunta “Você sabe onde é que estava aquele livro?” seja respondida por “Eu acho que estava bem ali”, e que ambas, pergunta e resposta, sejam acompanhadas por um gesto de apontar que não deixe a menor dúvida sobre de qual livro se fala e a qual local a resposta se refere.

Da mesma forma, não podemos dizer que a fala é mais dependente do contexto do que a escrita, pois os contextos de produção de ambas são diferentes.

No discurso escrito impresso, dois contextos contribuem para a construção dos sentidos: o de produção e o de publicação.

• O de produção é construído pelo produtor antes do momento da publicação do texto.

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Linguagem oral e linguagem escrita: O que é comum? O que se diferencia?

Uma conversa telefônica, igualmente, dependendo da sua finalidade e de seu interlocutor, será organizada em registros bastante diferentes: se se tratar de formalizar um convite para participação de um evento acadêmico ou se se tratar de marcar horário para fechamento de um contrato profissional, o registro será mais formal do que no caso de uma conversa íntima entre amigos ou familiares.

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• O de publicação é constituído no processo de editoração e de submissão do discurso ao projeto gráfico editorial do portador (revista, jornal, livro etc.) no qual circulará.É nessa ocasião que se inserem elementos que serão articulados ao texto, como imagens, espaços, gráficos, fotografias, símbolos, posição em relação a outros textos. O contexto de publicação adquire significado pelo leitor, que passa a constituir os sentidos do texto no momento da leitura, ao articular texto e elementos do contexto.

No discurso oral, o momento de produção e o de publicação coincidem, sendo os elementos extra verbais (gestos, slides, gráficos, entonação, “falas” que o precederam etc.) articulados concomitantemente ao elemento verbal.

:: O suporte sonoro e o suporte gráfico da linguagem escrita e da oral

Um último aspecto a ser considerado é o que se refere ao suporte gráfico ou sonoro (fônico) da linguagem. É muito comum a linguagem escrita ser confundida com sua manifestação gráfica – e, nessa perspectiva, qualquer discurso impresso seria considerado linguagem escrita – e a linguagem oral ser confundida com sua manifestação fônica – e, nessa perspectiva, qualquer discurso falado seria considerado linguagem oral.

A linguagem escrita, por conta de suas especificidades, não se manifesta, unicamente, de maneira gráfica ou impressa. As notícias (ou mesmo os comentários críticos e as crônicas) de um jornal televisivo ou radiofônico são exemplos de discursos escritos oralizados: são escritos e lidos pelos jornalistas apresentadores dos programas. No caso da TV, os textos são dispostos por escrito no teleprompter para que o apresentador os leia.

Em todos esses exemplos os textos são sempre registrados por escrito e terão o grau de formalidade ajustado de acordo com o telespectador/audiência. No entanto, embora sejam orais, nenhum dos textos – da TV ou do rádio – terá frases cujo sentido tenha de ser complementado com recursos gestuais.

Portanto, não é condição para que a linguagem seja caracterizada como escrita que seja registrada graficamente. É possível contar uma história utilizando a linguagem escrita, ainda que contar seja uma atividade..oral.

Como se vê, a linguagem escrita não se reduz ao escrito, ao grafado, ao traçado. Logo, o grafado não pode ser utilizado como critério que diferencia linguagem oral e linguagem escrita.

Da mesma maneira, não se pode confundir a linguagem oral com fala ou oralização da linguagem; o som não pode ser usado como critério que diferencia linguagem oral de linguagem escrita.

Nessa perspectiva, mais que considerar o suporte gráfico ou fônico da linguagem escrita ou oral, é preciso levar em conta que os discursos são produzidos em determinadas circunstâncias e organizados em determinados..gêneros.

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William Bonner, apresentador do Jornal

Nacional, da Rede Globo Foto: Reator

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:: Linguagem escrita e oral: inter-relações e diferenças

As inter-relações existentes entre linguagem oral e linguagem escrita são decorrentes, portanto, das condições nas quais os discursos são produzidos:

• do lugar em que circularão; • do lugar social que ocupam produtor e interlocutor (e da imagem que o primeiro constituiu acerca do segundo); • da finalidade colocada; • do gênero no qual será organizado.No entanto, há diferenças entre as duas linguagens. As mais marcantes são:

• o processo de planejamento do discurso – que, no caso da linguagem oral, é concomitante ao momento da produção, ainda que possa ser sustentado por esquemas prévios; • a relação entre o momento de produção e o de publicação do discurso – que, no caso do discurso oral, é de concomitância e coincidência; • a presença física do interlocutor – típica da linguagem oral.

Outro exemplo:

Na próxima página vamos aprender a usar também os aspectos formais de acordo com a nossa ortografia oficial, à acentuação gráfica e a pontuação:

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Entrevista, uma modalidade de linguagem oral

Foto: EducaRede

"Ela me disse que eu deveria guardar isso daqui lá naquele lugar porque ela não gosta desse tipo de coisa espalhada assim pela casa. Então, você me ajuda? Pega esse negócio, tira dali e põe lá. Senão, quando ela chegar vai ser um estresse só…"

Quando lemos esse texto não é possível compreendermos exatamente a que se refere cada uma das expressões salientadas em negrito. Como se trata da transcrição de uma conversa - discurso oral, portanto - os elementos que poderiam dar sentido a tais expressões encontram-se explicitados no contexto imediato de produção do discurso, compreensíveis e identificáveis para os interlocutores presentes fisicamente no processo de produção, e capazes de articular os elementos extra-verbais - gesto de apontar, por exemplo - certamente constitutivos da fala. Se se pretendesse transformar esse discurso oral em discurso escrito, teriam que ser acrescentadas em sua linearidade, as informações que faltam, como: quem é ela?; o que é isso daqui?; onde é lá naquele lugar?; o que é esse tipo de coisa?; o que vem a ser esse negócio?; onde é dali e lá?

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CONHECENDO A ORTOGRAFIA OFICIAL: A palavra Ortografia é formada por "orto", elemento de origem grega, usado como prefixo, com o significado de direito, reto, exato e "grafia", elemento de composição de origem grega com o significado de ação de escrever; ortografia, então, significa ação de escrever direito. É fácil escrever direito? Não ! É, de fato, muito difícil conhecer todas as regras de ortografia a fim de escrever com o mínimo de erros ortográficos. Hoje tentaremos facilitar um pouco mais essa matéria. Abaixo seguem algumas frases com as respectivas regras sobre o uso de ç, s, ss, z, x... Vamos a elas:

01) Uma das intenções da casa de detenção é levar o que cometeu graves infrações a alcançar a introspecção, por intermédio da reeducação.

a) Usa-se ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em TO:intento = intençãocanto = cançãoexceto = exceçãojunto = junção

b) Usa-se ç em palavras terminadas em TENÇÃO referentes a verbos derivados de TER:deter = detençãoreter = retençãoconter = contençãomanter = manutenção

c) Usa-se ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em TOR:infrator = infraçãotrator = traçãoredator = redaçãosetor = seção

d) Usa-se ç em palavras derivadas de vocábulos terminados em TIVO:introspectivo = introspecçãorelativo = relaçãoativo = açãointuitivo – intuição

e) Usa-se ç em palavras derivadas de verbos dos quais se retira a desinência R:reeducar = reeducaçãoimportar = importaçãorepartir = repartiçãofundir = fundição

f) Usa-se ç após ditongo quando houver som de s:eleiçãotraição

02) A pretensa diversão de Creusa, a poetisa vencedora do concurso, implicou a sua expulsão, porque pôs uma frase horrorosa sobre a diretora Luísa.

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a) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em NDER ou NDIR:pretender = pretensão, pretensa, pretensiosodefender = defesa, defensivocompreender = compreensão, compreensivorepreender = repreensãoexpandir = expansãofundir = fusãoconfundir = confusão

b) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em ERTER ou ERTIR:inverter = inversãoconverter = conversãoperverter = perversãodivertir = diversão

c) Usa-se s após ditongo quando houver som de z:Creusacoisamaisena

d) Usa-se s em palavras terminadas em ISA, substantivos femininos:LuísaHeloísaPoetisaProfetisa

Obs: Juíza escreve-se com z, por ser o feminino de juiz, que também se escreve com z.

e) Usa-se s em palavras derivadas de verbos terminados em CORRER ou PELIR:concorrer = concursodiscorrer = discursoexpelir = expulso, expulsãocompelir = compulsório

f) Usa-se s na conjugação dos verbos PÔR, QUERER, USAR:ele pôsele quisele usou

g) Usa-se s em palavras terminadas em ASE, ESE, ISE, OSE:frasetesecriseosmose Exceções: deslize e gaze.

h) Usa-se s em palavras terminadas em OSO, OSA:horrorosagostoso Exceção: gozo

03) I -Teresinha, a esposa do camponês inglês, avisou que cantaria de improviso.

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II -Aterrorizada pela embriaguez do marido, a mulherzinha não fez a limpeza.

a) Usa-se o sufixo indicador de diminutivo INHO com s quando esta letra fizer parte do radical da palavra de origem; com z quando a palavra de origem não tiver o radical terminado em s:Teresa = TeresinhaCasa = casinhaMulher = mulherzinhaPão = pãozinho

b) Os verbos terminados em ISAR serão escritos com s quando esta letra fizer parte do radical da palavra de origem; os terminados em IZAR serão escritos com z quando a palavra de origem não tiver o radical terminado em s:improviso = improvisaranálise = analisarpesquisa = pesquisarterror = aterrorizarútil = utilizareconomia = economizar

c) As palavras terminadas em ÊS e ESA serão escritas com s quando indicarem nacionalidade, títulos ou nomes próprios; as terminadas em EZ e EZA serão escritas com z quando forem substantivos abstratos provindos de adjetivos, ou seja, quando indicarem qualidade:TeresaCamponêsInglêsEmbriaguezLimpeza

04) O excesso de concessões dava a impressão de compromisso com o progresso.

a) Os verbos terminados em CEDER terão palavras derivadas escritas com CESS:exceder = excesso, excessivoconceder = concessãoproceder = processo

b) Os verbos terminados em PRIMIRterão palavras derivadas escritas com PRESS:imprimir = impressãodeprimir = depressãocomprimir = compressa

c) Os verbos terminados em GREDIRterão palavras derivadas escritas com GRESS:progredir = progressoagredir = agressor, agressão, agressivotransgredir = transgressão, transgressor

d) Os verbos terminados em METERterão palavras derivadas escritas com MISSou MESS:comprometer = compromissoprometer = promessaintrometer = intromissão

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remeter = remessa

05) Para que os filhos se encorajem, o lojistacome jilócom canjica.

a) Escreve-se com j a conjugação dos verbos terminados em JAR:Viajar = espero que eles viajemEncorajar = para que eles se encorajemEnferrujar = que não se enferrujem as portas

b) Escrevem-se com j as palavras derivadas de vocábulos terminados em JA:loja = lojistacanja = canjicasarja = sarjetagorja = gorjeta

c) Escrevem com j as palavras de origem tupi-guarani.JilóJibóiaJirau

06) O relógioque ele trouxe da viagemao Méxicoem uma caixade madeira caiu na enxurrada.

a) Escrevem-se com g as palavras terminadas em ÁGIO, ÉGIO, ÍGIO, ÓGIO, ÚGIO:pedágiosacrilégioprestígiorelógiorefúgio

b) Escrevem-se com g os substantivos terminados em GEM:a viagema coragema ferrugem Exceções: pajem, lambujem

c) Palavras iniciadas por ME serão escritas com x:MexericaMéxicoMexilhãoMexer Exceção: mecha de cabelos

d) As palavras iniciadas por EN serão escritas com x, a não ser que provenham de vocábulos iniciados por ch:EnxadaEnxertoEnxurradaEncher – provém de cheioEnchumaçar – provém de chumaço

e) Usa-s x após ditongo:

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ameixacaixapeixeExceções: recauchutar, guache

ACENTUAÇÃO GRÁFICA

I - Palavras proparoxítonas

1. Todas são acentuadas: árvore, chávena, maiúsculo, feiíssimo.

II - Palavras paroxítonas 2. São acentuadas graficamente as paroxítonas terminadas em: ÃO(S): bênção(s), órfão(s)

Ã(S): ímã(s), órfã(s)

L: amável, dócil

EI(S): amáveis, dóceis

I(S): táxi, grátis

N: hífen, éden

X: tórax, ônix

R: líder, mártir

UM, UNS: álbum, álbuns

US: bônus, lótus

PS: bíceps, fórceps Observações:A. Acentuam-se graficamente todas as paroxítonas terminadas em ditongo crescente: mágoa, tênue, rádio, ânsia. B. Não levam acento gráfico as paroxítonas terminadas em: a. ns: itens, hifens, folhagens, jovens, nuvens;b. m: item, folhagem, jovem, nuvem;C. Não se acentuam os ditongos abertos ei, oi, das paroxítonas: assembleia, estreia, jiboia, heroico; D. Não levam acento o i e o u tônicos, precedidos de ditongo: feiura, baiuca.

III - Palavras oxítonas 3. Levam acento gráfico as oxítonas terminadas em:

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Á(S): sabiá (s)

É(S), Ê(S): café(s)

Ó(S), Ô(S): avó(s), avô(s)

ÉM, ÉNS: refém, reféns Observação:Seguem esta regra:A. as monossílabas tônicas terminadas por á(s), é(s), ê(s) ó(s), ô(s): lá(s), pé(s), pó(s);B. as formas verbais oxítonas do mesmo tipo, seguidas ou não de pronomes: amá-lo, está(s), vendê-lo, propôs, contém, conténs. 4. São acentuadas as oxítonas terminadas em ditongo aberto: ÉIS: papéis, bacharéis

ÉU(S): chapéu, chapéus

Ói(S): herói, heróis 5. Assim como as oxítonas em que o i e o u estão depois de ditongo em posição final ou seguidas de s: Piauí, tuiuiú.Portanto, não levam acento gráfico as oxítonas em i e u precedidas por consoante: juriti, tatu. IV – Hiatos 6. Acentuam-se o i e o u tônicos, precedidos de vogal, quando sozinhos ou seguidos de s, formando uma sílaba: viúva, saíste, baú, saída. Observações:A. Não leva acento gráfico o i, mesmo sozinho, seguido de nh: rainha, moinho.

B. Não são acentuados graficamente os hiatos oo e ee: voo, creem.

V – Acento nos verbos em guar, quar e quir 7. Não se usa o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele) argui, (eles) arguem, do presente do indicativo dos verbos arguir e redarguir.

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Observação: Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar e quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar, obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e do imperativo: A. se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser acentuadas graficamente: enxáguo, enxáguas, enxágue, delínques, delínquem, delínqua; B. se forem pronunciadas com u tônico, elas não são acentuadas: enxaguo, enxaguas, delinques, delinquem, delinqua. Observação: No Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos. VI – Acento diferencial 8. Usa-se o acento diferencial nas seguintes situações:A. Verbo pôr – para diferenciar da preposição por:Eu pedi para ela pôr o pão no armário por causa das moscas.B. Pôde – terceira pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo do verbo poder para diferenciá-lo de pode - terceira pessoa do singular do presente do indicativo do mesmo verbo:Ela não pôde passar na tua casa ontem, mas pode passar hoje. Observação:O acento diferencial é facultativo em:A. Dêmos – primeira pessoa do plural do presente do subjuntivo do verbo dar e demos – primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo do mesmo verbo;B. Fôrma (substantivo) e forma (substantivo, terceira pessoa do singular do presente do indicativo e segunda pessoa do singular do imperativo afirmativo do verbo formar).

VII – Verbos ter e vir

9. Os verbos ter e vir levam acento circunflexo na terceira pessoa do plural do presente do indicativo para diferenciar da terceira pessoa do singular do mesmo tempo verbal: ele tem, eles têm; ele vem, eles vêm.Seus derivados, como deter e intervir, por exemplo, seguem a acentuação das oxítonas terminadas por em, mas na terceira pessoa

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do singular do presente do indicativo levam acento agudo e na terceira pessoa do plural do mesmo tempo levam acento circunflexo, a fim de diferenciar as duas formas verbais: ele detém, eles detêm; ele intervém, eles intervêm.

VIII – Trema

10. O trema só é usado em nomes estrangeiros e seus derivados: Müller, mülleriano.

PONTUAÇÃO

Os sinais de pontuação são recursos gráficos próprios da linguagem escrita. Embora não consigam reproduzir toda a riqueza melódica da linguagem oral, eles estruturam os textos e procuram estabelecer as pausas e as entonações da fala. Basicamente, têm como finalidade:

1) Assinalar as pausas e as inflexões de voz (entoação) na leitura;

2) Separar palavras, expressões e orações que devem ser destacadas;

3) Esclarecer o sentido da frase, afastando qualquer ambiguidade.

Veja a seguir os sinais de pontuação mais comuns, responsáveis por dar à escrita maior clareza e simplicidade.

Vírgula ( , )

A vírgula indica uma pausa pequena, deixando a voz em suspenso à espera da continuação do período. Geralmente é usada:

- nas datas, para separar o nome da localidade.

Por Exemplo: São Paulo, 25 de agosto de 2005.

- após o uso dos advérbios "sim" ou "não", usados como resposta, no início da frase.

Por Exemplo: – Você gostou do vestido?– Sim, eu adorei!– Pretende usá-lo hoje?– Não, no final de semana.

- após a saudação em correspondência (social e comercial).

Exemplos: Com muito amor,Respeitosamente,

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- para separar termos de uma mesma função sintática.

Por Exemplo: A casa tem três quartos, dois banheiros, três salas e um quintal.

Obs.: a conjunção "e" substitui a vírgula entre o último e o penúltimo termo.

- para destacar elementos intercalados, como:

a) uma conjunção

Por Exemplo:

Estudamos bastante, logo, merecemos férias!

b) um adjunto adverbial

Por Exemplo: Estas crianças, com certeza, serão aprovadas.

Obs.: a rigor, não é necessário separar por vírgula o advérbio e a locução adverbial, principalmente quando de pequeno corpo, a não ser que a ênfase o exija.

c) um vocativo

Por Exemplo: Apressemo-nos, Lucas, pois não quero chegar atrasado.

d) um aposto

Por Exemplo: Juliana, a aluna destaque, passou no vestibular.

e) uma expressão explicativa (isto é, a saber, por exemplo, ou melhor, ou antes, etc.)

Por Exemplo: O amor, isto é, o mais forte e sublime dos sentimentos humanos, tem seu princípio em Deus.

- para separar termos deslocados de sua posição normal na frase.

Por Exemplo: O documento de identidade, você trouxe?

- para separar elementos paralelos de um provérbio.

Por Exemplo:

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Tal pai, tal filho.

- para destacar os pleonasmos antecipados ao verbo.

Por Exemplo: As flores, eu as recebi hoje.

- para indicar a elipse de um termo.

Por Exemplo: Daniel ficou alegre; eu, triste.

- para isolar elementos repetidos.

Exemplos:

A casa, a casa está destruída.Estão todos cansados, cansados de dar dó!

- para separar orações intercaladas.

Por Exemplo: O importante, insistiam os pais, era a segurança da escola.

- para separar orações coordenadas assindéticas.

Por Exemplo: O tempo não para no porto, não apita na curva, não espera ninguém.

- para separar orações coordenadas adversativas, conclusivas, explicativas e algumas orações alternativas.

Exemplos: Esforçou-se muito, porém não conseguiu o prêmio.Vá devagar, que o caminho é perigoso.Estuda muito, pois será recompensado.As pessoas ora dançavam, ora ouviam música.

ATENÇÃOEmbora a conjunção "e" seja aditiva, há três casos em que se usa a vírgula antes de sua ocorrência:

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1) Quando as orações coordenadas tiverem sujeitos diferentes.

Por Exemplo: O homem vendeu o carro, e a mulher protestou.

Neste caso, "O homem" é sujeito de "vendeu", e "A mulher" é sujeito de "protestou".

2) Quando a conjunção "e" vier repetida com a finalidade de dar ênfase (polissíndeto).

Por Exemplo: E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.

3) Quando a conjunção "e" assumir valores distintos que não seja da adição (adversidade, consequência, por exemplo)

Por Exemplo: Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada.

para separar orações subordinadas substantivas e adverbiais, sobretudo quando vêm antes da principal.

Por Exemplo: Quem inventou a fofoca, todos queriam descobrir.Quando voltei, lembrei que precisava estudar para a prova.

- para isolar as orações subordinadas adjetivas explicativas.

Por Exemplo: A incrível professora, que ainda estava na faculdade, dominava todo o conteúdo.

Ponto e vírgula ( ; )

O ponto e vírgula indica uma pausa maior que a vírgula e menor que o ponto. Quanto à melodia da frase, indica um tom ligeiramente descendente, mas capaz de assinalar que o período não terminou. Emprega-se nos seguintes casos:

- para separar orações coordenadas não unidas por conjunção, que guardem relação entre si.

Por Exemplo: O rio está poluído; os peixes estão mortos.

- para separar orações coordenadas, quando pelo menos uma delas já possui elementos separados por vírgula.

Por Exemplo:

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O resultado final foi o seguinte: dez professores votaram a favor do acordo; nove, contra.

- para separar itens de uma enumeração.

Por Exemplo: No parque de diversões, as crianças encontram:brinquedos;balões;pipoca.

- para alongar a pausa de conjunções adversativas (mas, porém, contudo, todavia, entretanto, etc.) , substituindo, assim, a vírgula.

Por Exemplo: Gostaria de vê-lo hoje; todavia, só o verei amanhã.

- para separar orações coordenadas adversativas quando a conjunção aparecer no meio da oração.

Por Exemplo: Esperava encontrar todos os produtos no supermercado; obtive, porém, apenas alguns.

Dois-pontos ( : )

O uso de dois-pontos marca uma sensível suspensão da voz numa frase não concluída. Emprega-se, geralmente:

- para anunciar a fala de personagens nas histórias de ficção.

Por Exemplo: "Ouvindo passos no corredor, abaixei a voz :– Podemos avisar sua tia, não?" (Graciliano Ramos)

- para anunciar uma citação.

Por Exemplo: Bem diz o ditado: Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.Lembrando um poema de Vinícius de Moraes: "Tristeza não tem fim, Felicidade sim."

- para anunciar uma enumeração.

Por Exemplo: Os convidados da festa que já chegaram são: Júlia, Renata, Paulo e Marcos.

- antes de orações apositivas.

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Por Exemplo: Só aceito com uma condição: Irás ao cinema comigo.

- para indicar um esclarecimento, resultado ou resumo do que se disse.

Exemplos: Marcelo era assim mesmo: Não tolerava ofensas.Resultado: Corri muito, mas não alcancei o ladrão.Em resumo: Montei um negócio e hoje estou rico.

Obs.: os dois-pontos costumam ser usados na introdução de exemplos, notas ou observações. Veja:

Parônimos são vocábulos diferentes na significação e parecidos na forma. Exemplos:

ratificar/retificar, censo/senso, etc.

Nota: a preposição "per", considerada arcaica, somente é usada na frase "de per si " (= cada um por sua vez, isoladamente).

Observação: na linguagem coloquial pode-se aplicar o grau diminutivo a alguns advérbios: cedinho, melhorzinho, etc.

- na invocação das correspondências.

Por Exemplo: Prezados Senhores:Convidamos a todos para a reunião deste mês, que será realizada dia 30 de julho, no auditório da empresa.Atenciosamente, A Direção

Ponto Final ( . )

O ponto final representa a pausa máxima da voz. A melodia da frase indica que o tom é descendente. Emprega-se, principalmente:

- para fechar o período de frases declarativas e imperativas.

Exemplos: Contei ao meu namorado o que eu estava sentindo. Façam o favor de prestar atenção naquilo que irei falar.

- nas abreviaturas.

Exemplos: Sr. (Senhor)Cia. (Companhia)

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Saiba que:

Pontuação nos títulos e cabeçalhos

Todos os cabeçalhos e títulos são encerrados por pontos finais. Não há uniformidade quando ao uso desta pontuação, mas é de bom tom seguir o que determina a ortografia oficial vigente. Muitas pessoas consideram mais estético não pontuar títulos. Em jornalismo, por exemplo, não se usa a pontuação de titulação.

Ponto de Interrogação ( ? )

O ponto de interrogação é usado ao final de qualquer interrogação direta, ainda que a pergunta não exija resposta. A entoação ocorre de forma ascendente.

Exemplos:

Onde você comprou este computador?Quais seriam as causas de tantas discussões? Por que não me avisaram?

Obs.: não se usa ponto interrogativo nas perguntas indiretas.

Por Exemplo:

Perguntei quem era aquela criança.

Note que:

1) O ponto de interrogação pode aparecer ao final de uma pergunta intercalada, entre parênteses.

Por Exemplo: Trabalhar em equipe (quem o contesta?) é a melhor forma para atingir os resultados esperados.

2) O ponto de interrogação pode realizar combinação com o ponto admirativo.

Por Exemplo: Eu?! Que ideia!

Ponto de Exclamação ( ! )

O ponto de exclamação é utilizado após as interjeições, frases exclamativas e imperativas. Pode exprimir surpresa, espanto, susto, indignação, piedade, ordem, súplica, etc. Possui entoação descendente.

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Exemplos:

Ponto de Exclamação ( ! )

O ponto de exclamação é utilizado após as interjeições, frases exclamativas e imperativas. Pode exprimir surpresa, espanto, susto, indignação, piedade, ordem, súplica, etc. Possui entoação descendente.

Exemplos:

"Como as mulheres são lindas!" (Manuel Bandeira)Pare, por favor!Ah! que pena que ele não veio...

Obs.: o ponto de exclamação substitui o uso da vírgula de um vocativo enfático.

Por Exemplo:

Ana! venha até aqui!

Reticências ( ... )

As reticências marcam uma suspensão da frase, devido, muitas vezes a elementos de natureza emocional. Empregam-se:

- para indicar continuidade de uma ação ou fato.

Por Exemplo: O tempo passa...

- para indicar suspensão ou interrupção do pensamento.

Por Exemplo: Vim até aqui achando que...

- para representar, na escrita, hesitações comuns na língua falada.

Exemplos:

"Vamos nós jantar amanhã?– Vamos...Não...Pois vamos."Não quero sobremesa...porque...porque não estou com vontade.

- para realçar uma palavra ou expressão.

Por Exemplo: Não há motivo para tanto...mistério.

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- para realizar citações incompletas.

Por Exemplo: O professor pediu que considerássemos esta passagem do hino brasileiro:"Deitado eternamente em berço esplêndido..."

- para deixar o sentido da frase em aberto, permitindo uma interpretação pessoal do leitor.

Por Exemplo: "Estou certo, disse ele, piscando o olho, que dentro de um ano a vocação eclesiástica do nosso Bentinho se manifesta clara e decisiva. Há de dar um padre de mão-cheia. Também, se não vier em um ano..." (Machado de Assis)

Saiba que

As reticências e o ponto de exclamação, sinais gráficos subjetivos de grande poder de sugestão e ricos em matizes melódicos, são ótimos auxiliares da linguagem afetiva e poética. Seu uso, porém, é antes arbitrário, pois depende do estado emotivo do escritor.

Parênteses ( ( ) )

Os parênteses têm a função de intercalar no texto qualquer indicação que, embora não pertença propriamente ao discurso, possa esclarecer o assunto. Empregam-se:

- para separar qualquer indicação de ordem explicativa, comentário ou reflexão.

Por Exemplo: Zeugma é uma figura de linguagem que consiste na omissão de um termo (geralmente um verbo) que já apareceu anteriormente na frase.

- para incluir dados informativos sobre bibliografia (autor, ano de publicação, página etc.)

Por Exemplo: " O homem nasceu livre, e em toda parte se encontra sob ferros" (Jean- Jacques Rousseau, Do Contrato Social e outros escritos. São Paulo, Cultrix, 1968.)

- para isolar orações intercaladas com verbos declarativos, em substituição à vírgula e aos travessões.

Por Exemplo: Afirma-se (não se prova) que é muito comum o recebimento de propina para que os carros apreendidos sejam liberados sem o recolhimento das multas.

- para delimitar o período de vida de uma pessoa.

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Por Exemplo: Carlos Drummond de Andrade (1902 – 1986).

- para indicar possibilidades alternativas de leitura.

Por Exemplo: Prezado(a) usuário(a).

- para indicar marcações cênicas numa peça de teatro.

Por Exemplo: Abelardo I - Que fim levou o americano?João - Decerto caiu no copo de uísque!Abelardo I - Vou salvá-lo. Até já!(sai pela direita)(Oswald de Andrade)

Obs.: num texto, havendo necessidade de utilizar alíneas, estas podem ser ordenadas alfabeticamente por letras minúsculas, seguidas de parênteses (Note que neste caso as alíneas, exceto a última, terminam com ponto e vírgula).

Por Exemplo:

No Brasil existem mulheres:

a) morenas;

b) loiras;

c) ruivas.

Os Parênteses e a Pontuação

Veja estas observações:

1) As frases contidas dentro dos parênteses não costumam ser muito longas, mas devem manter pontuação própria, além da pontuação normal do texto.

2) O sinal de pontuação pode ficar interno aos parênteses ou externo, conforme o caso. Fica interno quando há uma frase completa contida nos parênteses.

Exemplos:

Eu suponho (E tudo leva a crer que sim.) que o caso está encerrado.Vamos confiar (Por que não?) que cumpriremos a meta.

Se o enunciado contido entre parênteses não for uma frase completa, o sinal de pontuação ficará externo.

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Por Exemplo:

O rali começou em Lisboa (Portugal) e terminou em Dacar (Senegal).

3) Antes do parêntese não se utilizam sinais de pontuação, exceto o ponto. Quando qualquer sinal de pontuação coincidir com o parêntese de abertura, deve-se optar por colocá-lo após o parêntese de fecho.

Travessão ( – )

O travessão é um traço maior que o hífen e costuma ser empregado:

- no discurso direto, para indicar a fala da personagem ou a mudança de interlocutor nos diálogos.

Por Exemplo: – O que é isso, mãe?– É o seu presente de aniversário, minha filha.

- para separar expressões ou frases explicativas, intercaladas.

Por Exemplo: "E logo me apresentou à mulher, – uma estimável senhora – e à filha." (Machado de Assis)

- para destacar algum elemento no interior da frase, servindo muitas vezes para realçar o aposto.

Por Exemplo: "Junto do leito meus poetas dormem

– O Dante, a Bíblia, Shakespeare e Byron –

Na mesa confundidos." (Álvares de Azevedo)

- para substituir o uso de parênteses, vírgulas e dois-pontos, em alguns casos.

Por Exemplo: "Cruel, obscena, egoísta, imoral, indômita, eternamente selvagem, a arte é a superioridade humana – acima dos preceitos que se combatem, acima das religiões que passam, acima da ciência que se corrige; embriaga como a orgia e como o êxtase." (Raul Pompeia)

Aspas ( " " )

As aspas têm como função destacar uma parte do texto. São empregadas:

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- antes e depois de citações ou transcrições textuais.

Por Exemplo: Como disse Machado de Assis: "A melhor definição do amor não vale um beijo de moça namorada."

- para representar nomes de livros ou legendas.

Por Exemplo: Camões escreveu "Os Lusíadas" no século XVI.

Obs.: para realçar títulos de livros, revistas, jornais, filmes, etc. também podemos grifar as palavras, conforme o exemplo:

Ontem assisti ao filme Central do Brasil.

- para assinalar estrangeirismos, neologismos, gírias, expressões populares, ironia.

Exemplos: O "lobby" para que se mantenha a autorização de importação de pneus usados no Brasil está cada vez mais descarado.(Veja)

Com a chegada da polícia, os três suspeitos "se mandaram" rapidamente.Que "maravilha": Felipe tirou zero na prova!

- para realçar uma palavra ou expressão.

Exemplos: Mariana reagiu impulsivamente e lhe deu um "não".Quem foi o "inteligente" que fez isso?

Obs.: em trechos que já estiverem entre aspas, se necessário usá-las novamente, empregam-se aspas simples.

Por Exemplo: "Tinha-me lembrado da definição que José Dias dera deles, 'olhos de cigana oblíqua e dissimulada'. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar." (Machado de Assis)

Colchetes ( [ ] )

Os colchetes têm a mesma finalidade que os parênteses; todavia, seu uso se restringe aos escritos de cunho didático, filológico, científico. Pode ser empregado:

- em definições do dicionário, para fazer referência à etimologia da palavra.

Por Exemplo: amor- (ô). [Do lat. amore.] 1. Sentimento que predispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa: amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de sua terra. (Novo Dicionário Aurélio)

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- para intercalar palavras ou símbolos não pertencentes ao texto.

Por Exemplo: Em Aruba se fala o espanhol, o inglês, o holandês e o papiamento. Aqui estão algumas palavras de papiamento que você, com certeza, vai usar:

1- Bo ta bon? [Você está bem?]

2- Dios no ta di Brazil. [Deus não é brasileiro.]

- para inserir comentários e observações em textos já publicados.

Por Exemplo: Machado de Assis escreveu muitas cartas a Sílvio Dinarte. [pseudônimo de Visconde de Taunay, autor de "Inocência"]

- para indicar omissões de partes na transcrição de um texto.

Por Exemplo: "É homem de sessenta anos feitos [...] corpo antes cheio que magro, ameno e risonho" (Machado de Assis)

Asterisco ( * )

O asterisco, sinal gráfico em forma de estrela, costuma ser empregado:

- nas remissões a notas ou explicações contidas em pé de páginas ou ao final de capítulos.

Por Exemplo: Ao analisarmos as palavras sorveteria, sapataria, confeitaria, leiteria e muitas outras que contêm o morfema preso* -aria e seu alomorfe -eria, chegamos à conclusão de que este afixo está ligado a estabelecimento comercial. Em alguns contextos pode indicar atividades, como em: bruxaria, gritaria, patifaria, etc.

* É o morfema que não possui significação autônoma e sempre aparece ligado a outras palavras.

- nas substituições de nomes próprios não mencionados.

Por Exemplo:

O Dr.* conversou durante toda a palestra. O jornal*** não quis participar da campanha.

Parágrafo ( § )

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O símbolo para parágrafo, representado por §, equivale a dois ésses (S) entrelaçados, iniciais das palavras latinas "Signum sectionis" que significam sinal de secção, de corte. Num ditado, quando queremos dizer que o período seguinte deve começar em outra linha, falamos parágrafo ou alínea. A palavra alínea (vem do latim a + lines) e significa distanciado da linha, isto é, fora da margem em que começam as linhas do texto.

O uso de parágrafos é muito comum nos códigos de leis, por indicar os parágrafos únicos.

Por Exemplo:

§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

EMPREGO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE

Chama-se crase a união de dois sons iguais. Quando essa união se dá entre a

preposição a e um outro a, usa-se o acento grave ou acento de crase.Ex.: Irei a a festa. Irei à festa.

Tipos de crase

1) Entre a preposição a e o artigo definido a.Ex.: Vamos à cidade. Obs.: O a é artigo definido quando acompanha um substantivo.

2) Entre a preposição a e o pronome demonstrativo a.Ex.: Ele se referiu à que deixei no armário.Obs.: O a é pronome demonstrativo quando antecede que ou de, equivalendo a outropronome demonstrativo: aquela.

3) Entre a preposição a e o a inicial dos pronomes aquele, aquela, aquilo.Ex.: Dirija-se àquele vendedor.

4) Entre a preposição a e o a do pronome relativo a qual.Ex.: Chegou a aluna à qual entreguei o resultado.

Observações

a) Como se vê, é necessária a presença da preposição a para que ocorra o fenômeno da

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crase.

b) Costuma-se dizer por aí que só há crase antes de palavra feminina. Cuidado! Essa afirmação diz respeito apenas ao caso de preposição mais artigo a, quando, então, o substantivo tem de ser feminino.

Para saber se há crase

1) Com nomes comuns Troca-se a palavra feminina por uma masculina; aparecendo ao, usa-se o acento de crase.Ex.: Dirija-se à tesouraria. (Dirija-se ao escritório) Dei o livro à professora. (Dei o livro ao professor)Obs.: Coisa se troca por coisa (tesouraria / escritório); pessoa, por pessoa (professora /professor). Respeite isso, ou você pode errar a questão.

2) Com nomes próprios de lugar Troca-se o verbo que pede a preposição a por outro, que peça outra preposição. Vamos adotar o verbo vir; aparecendo da, usa-se o acento de crase.Ex.: Ela foi à Bahia. (Ela veio da Bahia) Ela foi a Cuiabá. (Ela veio de Cuiabá, e não da)

Observações

a) Nomes de cidade (segundo exemplo) não se usam com artigo a. Mas, se determinarmos o substantivo, aparecerá o artigo e, conseqüentemente, a crase.Ex.: Iremos à simpática Cuiabá. (Viremos da simpática Cuiabá)

b) Não se devem misturar os dois macetes (nomes comuns ; nomes próprios de lugar).Ex.: Ele foi a Cuiabá. Se trocarmos (indevidamente) Cuiabá por um substantivo masculino, aparecerá ao, o que nos levará a pôr, erradamente, o acento de crase: Ele foi ao Rio de Janeiro, Ele foi à Cuiabá.

Casos obrigatórios

1) Com a palavra hora, clara ou oculta, indicando o momento em que acontece alguma coisa.

Ex.: Saímos às três horas. Retornamos às dez.

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Obs.: Às vezes se usa o acento diante de palavra masculina, por estar oculta uma outra feminina. A mais comum e importante é a palavra moda.Ex.: Escrevia à Machado de Assis. (Escrevia à moda Machado de Assis)

2) Com determinadas locuções formadas por palavras femininas.

● Adverbiais: duas ou mais palavras com valor de advérbio.Ex.: Fiz tudo às pressas. às pressas: locução adverbial de modo com palavra feminina: com acento. Ele irá a pé. a pé: locução adverbial de modo com palavra masculina: sem acento.

Outros exemplos

Trabalharam às escondidas. Fui levado à força. Quero deixar tudo às claras. Às vezes, íamos ao teatro. Isso foi feito à parte. Paramos à beira-mar. O homem permaneceu à esquerda. Fiquem à vontade. Sempre falavam à meia-voz. Saiu à noitinha. Seguiu o conselho à risca. Corriam às tontas. Estávamos à janela. Escreveu à margem. O objeto veio à tona. O material estava à mão.

Observações

a) Geralmente, as locuções adverbiais com acento de crase são as de modo, mas existem outras. Ex.: Foi levado à força. (modo) Às vezes era teimoso. (tempo)

O carro dobrou à direita. (lugar) Falaram à beça. (intensidade)

b) As locuções adverbiais de instrumento dividem as opiniões dos gramáticos.

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Para alguns, sem acento; para outros, com. É polêmico. Ex.: Escreveu à caneta. Escreveu a caneta.c ) Igualmente polêmica é a expressão à vista, contrário de a prazo. Ex.: Comprou os móveis à vista. Comprou os móveis a vista. Não se trata de crase facultativa, da mesma forma que as da letra b. Convém, nesses casos, resolver a questão por eliminação. É preferível, hoje em dia, não usar o acento de crase, principalmente numa redação.

● Prepositivas: grupos de palavras que funcionam como preposição; as que nos interessam neste ponto começam por à e terminam por de.Ex.: Ficarei à disposição de vocês. à disposição de: locução prepositiva com palavra feminina: com acento. Falavam a respeito de futebol. a respeito de: locução prepositiva com palavra masculina: sem acento.

Outros exemplos

Vivia à custa do irmão. Estamos à mercê do patrão. Fez o trabalho à vista de todos. Agiu à maneira de um troglodita. É vidro à prova de choques. Permaneciam à frente do colégio. Ficou à beira do precipício. Bateram à porta do amigo. Ficamos à distância de vinte metros. Aprendeu à força de tanto estudar. Usava um pano branco à guisa de toalha. Vivia à margem da sociedade. Estava à espera de uma solução.

● Conjuntivas: grupos de palavras que funcionam como conjunção; só existem duas com

acento de crase: à medida que e à proporção que.Ex.: À medida que corria, ia ficando vermelho. Aprenderá à proporção que estudar.

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Observações

a) Pelo que se vê nos exemplos, as locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas levam acento de crase quando os substantivos que as constituem são femininos.b) Às vezes, o grupo parece uma locução, mas não é. Ex.: À frente da casa havia uma árvore. (locução prepositiva) A frente da casa é muito bonita. À tarde ele chegou. (locução adverbial) A tarde estava chuvosa. Não será locução quando se puder substituir a por o: a frente / o lado, a tarde / o dia.

3) Com os pronomes demonstrativos aquele, aquela, aquilo.Ex.: Mostrei o quadro àquela mulher. (= a aquela) Prefiro este lenço àquele. (= a aquele) Não me refiro àquilo que ele fez. (= a aquilo)Obs.: Não existem, em português: a aquele, a aquela, a aquilo. Sempre que isso aparecer, deverá ser feita a contração: àquele, àquela, àquilo.

4 Com o pronome demonstrativo a.Ex.: Dirigi-me à que estava no balcão.Obs.: Haverá acento de crase antes de que e de (à que, à de), sempre que se puder trocar por a aquela que ou a aquela de; outro macete é a troca pelo masculino; aparecendo ao, há crase.Ex.: Minha camisa é semelhante à que ele comprou. Minha camisa é semelhante a aquela que ele comprou. Meu paletó é semelhante ao que ele comprou.

Casos facultativos

1) Antes de nomes de mulher. Ex.: Mandei uma carta à Patrícia. (Mandei uma carta ao Manuel) Mandei uma carta a Patrícia. (Mandei uma carta a Manuel)Obs.: Com determinação, a crase é obrigatória.Ex.: Mandei uma carta à culta Patrícia. (Mandei uma carta ao culto Manuel)

2) Antes de pronomes adjetivos femininos no singular.Ex.: Explicarei isso à sua irmã. (Explicarei isso ao seu irmão) Explicarei isso a sua irmã. (Explicarei isso a seu irmão)

Observações

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a) Se o possessivo estiver no plural, teremos:

● Explicarei isso às suas irmãs. (crase obrigatória: a + as)

● Explicarei isso a suas irmãs. (crase proibida: apenas a preposição)

b) Se for pronome substantivo, a crase é obrigatória.Ex.: Explicarei isso à sua.

3) Depois da preposição até.Ex.: Ele foi até à praia. (Ele foi até ao campo) Ele foi até a praia. (Ele foi até o campo)

Observações

a) Não confunda com a palavra denotativa de inclusão até, que significa inclusive.Ex.: Comprou até a revista.

b) Até é a única preposição que admite um a craseado depois dela.Ex.: Fazia o trabalho após as quatro horas. (e não às)

4) Com as palavras Europa, Ásia, África, França, Espanha, Inglaterra, Escócia e Holanda. Ex.: Viajaremos à França. (Viremos da França) Viajaremos a França. (Viremos de França)Obs.: Poucas gramáticas citam este caso de crase facultativa, porque a tendência, no português atual, é usar o artigo e, conseqüentemente, o acento de crase. Mas não é errado omiti-lo.

Casos proibitivos

1) Com a palavra casa sem determinação, quando, então, se refere ao próprio lar. Ex.: Ele foi a casa pela manhã. Obs.: Com determinação, aparece o acento.Ex.: Ele foi à casa da esquina.

2) Com a palavra distância, sem especificação, ou seja, sem precisar a distância.Ex.: O guarda ficou a distância. O guarda ficou a grande distância.Obs.: Com especificação, usa-se o acento.

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Ex.: O guarda ficou à distância de dez metros.

3) Com a palavra terra, quando é o contrário de bordo. Ex.: Os marujos foram a terra.

4) Em locuções com palavra repetida.Ex.: Os adversários estavam cara a cara.

5) Antes de palavra masculina. Ex.: Eles chegaram a cavalo.

6) Antes de verbo. Ex.: Estava prestes a chorar.

7) Com a antes de plural.Ex.: Não se prendia a coisas materiais.Obs.: Usando-se o artigo, haverá o acento.Ex.: Não se prendia às coisas materiais. (Não se prendia aos bens materiais)

8) Antes de:

● artigo indefinido, claro ou ocultoEx.: Aspirava a uma posição melhor. (Aspirava a um emprego melhor) Jamais assisti a peça tão fraca. (a uma peça tão fraca / a um filme tão fraco)

● pronome indefinidoEx.: Chegaram a alguma ilha do interior. (Chegaram a algum município do interior)

● pronome pessoal, inclusive o de tratamento.Ex.: Diga a ela que voltarei. Já tinha pedido isso a Vossa Senhoria. Obs.: Os pronomes de tratamento senhora, senhorita, madame e dona (este últimoquando acompanhado de adjetivo) admitem o acento de crase.Ex.: Dirigiu-se à senhorita Denise.

● esta e essaEx.: Diga a verdade a essa funcionária.

9) Antes de nomes de vultos históricos.Ex.: Referiu-se a Joana d’Arc.

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Obs.: Com determinação, aparece o acento.Ex.: Referiu-se à valente Joana d’Arc.

10) Antes de Nossa Senhora e Maria Santíssima.Ex.: Farei uma prece a Nossa Senhora.

Observações finais

a) Há duas expressões parecidas com a palavra hora. Das oito às dez horas (as horas do relógio) De oito a dez horas (idéia de duração) É errado dizer “de oito às dez horas”, como normalmente se encontra por aí.

b) Veja as expressões abaixo, igualmente parecidas. Meu colega vivia à toa. (à toa − locução adverbial de modo) Ele é um homem à-toa. (à-toa − adjetivo)

c) Quando se diz “Voltei à uma hora”, não há erro de crase porque uma é numeral, e não artigo indefinido; veja o caso obrigatório com a palavra hora.

c) Em expressões do tipo aquela hora, aquele minuto etc., pode haver o acento por se tratar de indicação de tempo. O macete é trocar por naquela ou naquele.Ex.: Àquela hora, todos estavam cansados. Naquela hora, todos estavam cansados.

d) Veja algumas frases em que a presença do acento altera o sentido. Bateu a porta. (Empurrou a porta para fechá-la) Bateu à porta. (Chamou) Chegou a tarde. (entardeceu) Chegou à tarde. (Ele chegou de tarde) Saiu a francesa. (A mulher francesa saiu) Saiu à francesa. (Saiu sem ninguém notar) Trabalhavam as cegas. (Mulheres cegas trabalhavam) Trabalhavam às cegas. (Trabalhavam sem saber direito o que faziam) Escreveu a mulher uma carta. (Ela escreveu uma carta) Escreveu à mulher uma carta. (Ele mandou uma carta para a mulher)

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EXERCÍCIOS

312) Indique o erro no emprego do acento indicativo de crase. a) Enviei a encomenda à portaria. b) Voltando à escola, pegou a pasta do irmão. c) Ele tem livre acesso à qualquer empresa. d) Permaneceram junto à parede.

313) Assinale o erro no emprego do acento indicativo de crase. a) Levei meu irmão à biblioteca. b) Eles voltaram à cena do crime. c) Entreguei os livros à professora. d) Não se adaptava à nenhuma atividade.

314) Há erro de crase na opção: a) Mandaremos um cartão às pessoas ausentes. b) Era imensa sua dedicação à pátria. c) Graças à enfermeira, ele não morreu. d) Explique à esta funcionária o problema.

315) Há erro de crase somente na seguinte alternativa: a) Ninguém irá à Polônia nem à Turquia. b) Mandarei à Itália o meu assessor. c) Pretendo ir à Cuba ou à Argentina em dezembro. d) Chegando à encantadora Florianópolis, procurou o amigo.

316) Assinale o erro de crase. a) Se você for à Romênia, visite meus avós. b) Regressando à Lisboa, farei o que me pediste. c) Viajarei logo a Petrópolis. d) Quando cheguei à Suíça, fazia frio.

317) Aponte a frase com erro de crase. a) Poucos alunos compareceram à prova. b) Não fiques alheio à dor do teu irmão. c) Ele agiu com total respeito à vizinha. d) Aquilo me cheirava à trapaça.

318) Marque a única frase correta quanto ao emprego do acento de crase. a) Seu amor à pátria e às causas do povo levou-o à uma grande vitória. b) Mesmo estudando a matéria, não chegou à conclusão alguma.

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c) Encaminhe-se a diretoria e peça a documentação. d) Às alunas que se dedicaram serão dadas as medalhas.

319) Preencha as lacunas e anote a alternativa adequada. Graças........ela fiquei bom. Faltamos.........reunião. Uma foto foi anexada.......petição. Disse aquilo........cada vendedora. a) a, à, à, a

b) à, à, a, à c) a, à, a, a d) à, à, à, a

320) Preencha as lacunas e assinale a opção correspondente. Recomendei ....... meninas que voltassem. Todos foram........pé. Voltarei........Portugal. Compramos........ melhores roupas. Entreguei..........mulher alguns perfumes. a) às, a, a, as, à b) às, à, a, as, a c) as, a, à, às, à d) às, a, a, às, à

321) Marque o erro de crase. a) Pedimos à garota que falasse baixo. b) Chegarás à Alemanha em novembro. c) Ninguém fez mal à você. d) Informei à revista o meu ponto de vista.

322) A frase que não deve levar acento de crase é. a) Ele fez tudo as escondidas. b) Estávamos a mercê das ondas. c) Fiquei a par dos acontecimentos. d) Elas foram levadas a força.

323) Estão corretas quanto ao emprego do acento de crase as frases seguintes, exceto: a) Estudou à beça para o concurso. b) Iremos à certa cidade do interior. c) Ele vive à sombra do tio. d) Por favor, encaminhe-se àquela loja.

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324) Há erro de crase em: a) Essa máquina é idêntica à que você recomendou. b) Entreguei a chave à que chegou primeiro. c) Minha casa é inferior à que ele tem. d) Não me convenceu a história à que fizeram referência.

325) A frase que não deve levar acento de crase é: a) Permanecia a beira do abismo. b) Quero deixar isso as claras. c) Ele desmaiou a caminho de casa. d) As vezes, resolvia falar.

326) Contraria a norma culta da língua quanto ao acento de crase a seguinte sentença: a) O ônibus dobrou à direita. b) Ele tem um caminhão à frete. c) Estou à disposição de vocês. d) Esse garoto só irá à força.

327) Assinale a frase imperfeita no que diz respeito ao acento de crase. a) Minha camisa é igual à que você tem. b) A gravata é idêntica à de cima. c) Demos o troféu à que fez mais pontos. d) Estava quebrada a cadeira à que ele se dirigiu.

328) Assinale o erro de crase. a) Minha amiga, a qual pedi desculpas, viajou para a Europa. b) João, lembre àquele senhor que faltará energia na cidade. c) Mauro sempre fugia à responsabilidade. d) Levei-o à cidade.

329) Só não há erro de crase em: a) Levaram o produto porta à porta. b) Aquela hora não era apropriada para discussões. c) Aquela hora, todos já haviam saído. d) Diga isso à quem quer ouvir.

330) O acento indicativo de crase só não é facultativo em: a) Viajou à Suécia com o amigo. b) Eles andaram até à fonte. c) Enviarei um telegrama à nossa tia.

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d) O jovem se declarou à Helena.

331) O acento de crase é facultativo na seguinte opção. a) Entreguei os presentes às minhas filhas. b) Sairemos à tarde. c) Explicamos à diretora o que nos aconteceu. d) Ainda não fui à França.

332) Marque a frase sem erro de crase. a) Estavam todos à conversar. b) Queria ser útil à comunidade.

c) Levava as pessoas pobres algum alimento. d) Mais uma vez, ficamos frente à frente.

333) Assinale a frase que não contraria a norma culta quanto ao acento de crase. a) Nossa ida à Brasília foi proveitosa. b) Sempre fui leal à V.Exª. c) Entreguei o documento aquela senhora. d) Andavam as cegas pela rua.

334) Aponte a frase com erro de crase. a) Estudamos a proposta. b) Estavam a caminho do trabalho. c) Não irei à feira hoje. d) Obedeça a esta ordem, mas não aquela.

335) Há erro de crase em: a) Ela se candidatou à deputada estadual. b) Recorri à enfermeira que mora no prédio. c) Voltarei à linda Porto Alegre. d) Solicitei à jornalista que anotasse tudo.

336) O acento de crase só é inadmissível na seguinte opção: a) Pedirei à tua mãe uma orientação. b) Aludimos à cada ilha da região. c) Nós nos encontramos à uma hora. d) Viajarei à Teresópolis dos meus sonhos.

337) Assinale a única frase perfeita quanto ao emprego do acento de crase. a) A aula será das nove as onze. b) Comprou canetas as dúzias. c) Triste e sozinho, pôs-se à chorar.

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d) Ficamos a razoável distância.

338) Preencha as lacunas e assinale a alternativa correspondente. Irei.......casa brevemente. Retornem......base. Carlos não é dado........fofocas. Ele é igual......mãe. Ficou......frente de todos. a) à, à, à, à, a b) a, à, a, à, à c) à, a, a, a, à d) a, a, à, à, a

339) Observe as frases abaixo. I − Elogiei à Teresa. II − Foram escolhidos à dedo. III − Estou à disposição da família. IV − Saboreou um peixe à brasileira. Quanto ao acento de crase, estão certas as frases dos itens: a) I, III e IV b) III e IV c) I, II e III d) I e IV

340) Há erro de crase na opção seguinte: a) É um canto de louvor à vida. b) Caminhavam à passos largos. c) Ele andava às tontas pela casa. d) Estávamos todos à mesa.

341) (EFOMM) Assinale a frase em que é obrigatório o acento da crase. a) Agradeceu as irmãs o apoio recebido. b) Estarei lá desde as quatro horas da tarde. c) Escrevi a minha mãe, avisando-a da minha chegada. d) Dirijo-me apenas a você. e) Minha amiga se candidatou a Rainha da Primavera.

342) (TALCRIM) "Não se trata de uma apologia às bermudas, longe disso." Na frase destacada, observa-se o correto emprego do acento indicador da crase. Esseacento foi incorretamente usado na seguinte frase: a) O uso da gravata é até mesmo prejudicial à saúde.

b) Era contrário à orientação de abolir o paletó e a gravata.

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c) A entrada será franqueada às pessoas que usarem paletó e gravata. d) Mostrou-se indiferente à opinião de que paletó é roupa ultrapassada. e) A testemunha não fez referência à pessoa alguma em seu depoimento.

343) (TRF) Preencha as lacunas da frase abaixo e assinale a alternativa correta. "Comunicamos ..........V.Sª que encaminhamos ........petição anexa.........Divisão de Fiscalização que está apta........prestar........informações solicitadas." a) a, a, à, a, as b) à, a, à, a, às c) a, à, a, à, as d) à, à, a, à, às e) à, a, à, à, as

344) (AFRF) Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas. Os defensores de sistemas de iniciativa privada apontam ...... ineficiência e ..... rigidez geralmente associadas ..... burocracias governamentais (economias estatais) e sugerem que ..... competição, antes de ser perdulária, age como um incentivo ..... eficiência e ao espírito empreendedor, conduzindo ..... queda de preços e ..... produtos e serviços de melhor qualidade. (Adaptado de Enciclopédia Compacta de Conhecimentos Gerais)

a) à / a / as / a / à / à / a b) a / a / as / à / à / à / à c) a / à / as / à / a / a / à d) à / à / às / a / a / a / a e) a / a / às / a / à / à / a

345) (BANESPA) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do período abaixo. "Recorreu.........irmã e..........ela se apegou como........uma tábua de salvação." a) à − à − a

b) à − a − à c) a − a − a d) à − à − à e) à − a − a

346) (TRE-SP) Disposto.......recomeçar, o auxiliar judiciário referiu-se ........palavras de apoio que ouviu,........entrada do serviço. a) à − às − a

b) à − às − à c) a − as − a

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d) a − às − à e) a − as − à

347) (ANALISTA−BACEN) Para que o fragmento de texto abaixo respeite as

regras de regência da norma culta, assinale a opção que preenche corretamente as lacunas na ordem indicada. Desde julho de 2000 a revista BANCO HOJE vem estimulando debate em torno das transformações que envolvem ...... implementação do SPD. O esforço empreendido é muito inferior ....... vantagens no que diz respeito ...... evolução do sistema financeiro nacional e ...... oportunidades de integração com o mercado global. (BANCO HOJE, março de 2001, com adaptações)

a) à - as - à - às b) a - às - a - às c) à - às - à - as

d) a - às - à - às e) a - às - a – as

348) (Aux.Cart.) A alternativa em que é facultativo o uso do acento indicativo de crase, na palavra sublinhada em passagem do texto, é: a) “Eu tive desde a infância várias vocações.” b) “Ao passo que amar eu posso até a hora de morrer. c) “Há três coisas (...) para as quais eu dou minha vida.” d) “Quanto a meus filhos, o nascimento deles não foi casual.” e) “Sei que um dia abrirão as asas para o vôo necessário, e eu ficarei sozinha.”

349) (AFRF) Assinale a frase na qual a palavra sublinhada não deve receber o acento indicativo de crase. a) Os apelos a internacionalização da Amazônia ganham contornos de avalanche. b) Toda manhã a esta hora, depois de ler os jornais do dia, fico deprimida. c) Aquela hora morta da madrugada todos estavam recolhidos ao leito. d) Muitas das reivindicações dos sindicatos trabalhistas, hoje, são semelhantes as da classe patronal. e) Os petroleiros apresentaram ao Ministro uma pauta de reivindicações igual a que haviam divulgado no ano anterior.

350) (T.JUD./RJ) Observe as frases: I − Não se referiram a qualquer reforma mas à de 1971.

II − À língua deve-se querer como à pátria. III − Azálea está passando à azaléia. IV − A discussão era à propósito de reformas ortográficas.

A ocorrência de crase está corretamente indicada:

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a) somente na I e na II b) somente na I e na IV c) somente na II e na III d) somente na II e na IV e) somente na III e na IV

351) (TALCRIM) O emprego do acento grave(`) indicativo de crase sobre o a é optativo em: a) [A lei] fixará normas para o cumprimento dos requisitos relativos a sua função social. b) A lei garantirá tratamento especial à propriedade produtiva. c) O decreto [...] autoriza a União a propor a ação de desapropriação. d) Compete à União desapropriar por interesse social [...] o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social. e) [títulos] resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão.

GABARITO

312 C 322 C 332 B 342 E 313 D 323 B 333 D 343 A 314 D 324 D 334 D 344 E 315 C 325 C 335 A 345 E 316 B 326 B 336 B 346 D 317 D 327 D 337 D 347 D 318 D 328 A 338 B 348 B 319 A 329 B 339 B 349 B 320 A 330 A 340 B 350 A 321 C 331 D 341 A 351 A

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A palavra: estrutura, processos de formação, classificação, flexão e emprego.

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CLASSIFICAÇÃO DAS PALAVRAS:

A comunicação verbal (linguagem falada ou escrita) fundamenta-se no uso das palavras. Quando essas palavras se organizam para formar o texto, adquirem significações específicas: nomear seres, indicar suas características, sua quantidade etc.De acordo com essas significações, as palavras da língua portuguesa estão agrupadas em dez classes, denomina das classes de palavras ou classes gramaticais:Substantivo verboArtigo advérbioAdjetivo preposiçãoNumeral conjunçãoPronome interjeiçãoCLASSIFICAÇÃO DO SUBSTANTIVOCOMUM: É aquele que indica um nome comum a todos os seres da mesma espécie.Exemplos: criança ,rio,cidade ,estado,paísColetivos:Entre os substantivos comuns encontram-se os coletivosque, embora no singular, indicam uma multiplicidade de seres da mesma espécie.Exemplos:boiada (muitos bois)cardume (muitos peixes)semana (os sete dias)PRÓPRIO: É aquele que particulariza um ser da espécie.Exemplos:João, Tietê , Recife ,Ceará ,BrasilPossuem nomes próprios, principalmente:

• pessoas:José, Regina, Paulo; .• cidades:Londrina, Niterói, - São Luís; Estados: Goiás, Minas Gerais, Amazonas;• países: China, Cuba, França, Suíça;• rios: Pardo, Paranapanema, São Francisco;• animais domésticos: lulu, Cuca, Malhado.

CONCRETO:É aquele que indica seres reais ou imaginários, de existência independente de outros seres.Exemplos:casa (ser real)Uruguai (ser real)bruxa (ser imaginário)saci (ser imaginário)ABSTRATO:É aquele que indica seres dependentes de outros seres.Exemplos:ódio trabalho solidão belezaEsses seres só existem em função de outros seres:o ódio é sentido por alguém (sentimento);o trabalho é realizado por alguém(ação);a solidão é o estado em que alguém se encontra (estado);a beleza é a quantidade de alguém ou de alguma coisa (qualidade).Portanto os substantivos que indica!n sentimentos, ações, estados e qualidades são abstratos.

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RELAÇÃO DE ALGUNS COLETIVOSacervo - de bens materiais, de obras de arteálbum - de fotografias, de selo, de figurinhasalcatéia - de lobos, de ferasantologia, coletânea ou seleta - de textos escolhidosarmada - de navios de guerraarquipélago - de ilhasarsenal - de armas e muniçõesassembléia - de pessoas reunidas com um fim comum: parlamentares, operários etc.atlas - de mapasbaixela - de utensílios de mesabanca - de examinadoresbando - de aves, de cigarros, de pessoas, de malfeitoresbatalhão - de soldadosbiblioteca - de livrosboiada - de boiscacho - de uvas, de bananas, de cabelos encaracoladoscáfila - de camelos. Pejorativo: de bandidos, de ladrõescâmara - de debutados, de senadores, de vereadorescancioneiro - de canções, de poesiascanzoada - de cãescaravana - de viajantes, de peregrinoscardume - de peixeschusma - de pessoas ou coisas em geral: de criados, de tristezas, de livroscódigo - de leiscolméia - de abelhasconclave - de cardeais reunidos para eleger o papa, de pessoas para tratar de um determinado assuntoconselho - de ministros, de professoresconstelação - de estrelascordoalha - de cordascorja - de vadios, de bandidos, de ladrõesdécada - período de dez anosdiscoteca - de discoselenco - de artistasenxame - de abelhas, de insetosenxoval - de roupas e complementosesquadrilha- de aviões, de pequenos navios de guerrafauna - de todos os animais de uma regiãofeixe - de diversos elementos: lenha, varas, ramosflora - de todas as plantas de uma regiãofornada - de pães, de tijolos etcfrota - de navios, de carros, de ônibusgaleria - de objetos de arte em geral: quadros, estátuasgirândola - de foguetes, de fogos de artifíciohorda - de invasores, de selvagens, de interdisciplinadosjunta - de dois bois, de médico, de examinadoresjúri - de jurados

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Substantivos Uniformes (uma forma)Há nomes de seres vivos que possuem uma só forma para indicar o sexo masculino e o sexo feminino. Classificam-se em:Epicenos: São substantivos de um só gênero que indicam nomes de certos animais. Para especificar o sexo são utilizadas as palavras macho ou fêmea:

o crocodilo macho - o crocodilo fêmea a moscamacho - a moscafêmeaSobrecomuns: São substantivos de um só gênero que indicam tanto seres do sexo masculino como do sexo feminino:homema criança oumulherhomemo indivíduo oumulherhomema criatura oumulherA identificação do sexo é feita pelo contexto.Exemplo: "Atravessei. Na soleira, encolhidinha, estava uma criança. Com as picadas da bengalaela ergueu apressadamente o rosto, descobrindo-o para a tênue claridade da luminária distante. Era uma menina.(Sérgio Faraco)Comuns de dois gêneros:São substantivos que possuem uma só forma para o masculino e o feminino, mas permitem a variação de gênero através de palavras modificadoras (artigos, adjetivos, pronomes):o meucolega fã a minhaum bomestudante clienteuma boaPARTICULARIDADES DO GÊNEROGÊNEROS DE ALGUNS SUBSTANTIVOS Quanto ao gênero, alguns substantivos costumam causar dúvidas. Por isso merecem destaque.Sãomasculinos:o apêndice o formicida o dó o guaraná o clã o gengibre o eclipse o sósia o decalque o grama (peso) o telefonemaSãofemininos:a alface a dinamite a comichão a gênesea apendicite a ênfase a decalcomania a matinêa cal a entorse a derme a omoplataAdmitem os dois gêneros:o ou a ágape o o ou a caudal o ou a personagem

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ou a avestruz o ou a aluvião o ou a laringeNo caso do substantivo, essas variações servem para indicar o gênero, número e grau.Exemplos:garota -indicação de gênero (feminino)garotos -indicação de número (plural)garotinho -indicação de grau (diminutivo)GÊNERO DO SUBSTANTIVONa língua portuguesa há dois gêneros: masculino efeminino.É masculino o substantivo que admite o artigo o:o ovo o armário o meninoÉ feminino o substantivo que admite o artigo a:a janela a caneta a meninaSubstantivos Biformes (duas formas)Quando o substantivo indica nomes de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacionado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma para o masculino e outra para o feminino: menino (palavra masculina para indicar pessoa do sexo masculino) menina (palavra feminina para indicar pessoa do sexo feminino)peru (palavra masculina para indicar animal do sexo masculino)perua (palavra feminina para indicar animal do sexo feminino)FORMAÇÃO DO FEMININOO feminino pode ser formado:

• pela troca da terminação o pora: menino - menina gato - gata

• pela troca da terminação e pora: mestre – mestra elefante - elefanta

• pelo acréscimo de a: francês –francesa juiz – juíza autor - autora

• pela mudança do ao final em ã, oa, ona: cidadão –cidadã folião – foliona patrão - patroa

• com esa, essa, isa, ina, triz:barão ---------------- baronesa

poeta

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A FLEXÃO DAS PALAVRASEstrutura das Palavras = As palavras podem ser decompostas em vários elementos chamados morfemas, isto é, elementos de estrutura das palavras. Os principais elementos mórficos são:

RADICAL = É o morfema em que está a idéia principal da palavra. Por exemplo, amarelecer = amarelo + ecer

enterrar = en + terra + ar

pronome = pro + nome

PREFIXO = É o morfema que vem antes do radical. Por exemplo, o EN de enterrar e o PRO de pronome.

SUFIXO = É o morfema que vem depois do radical. Por exemplo, o ECER de amarelecer e o AR de enterrar.

OBS: o prefixo e o sufixo são, também, chamados de afixos.

VOGAL TEMÁTICA = É a vogal que se junta ao radical para receber as desinências gramaticais. Por exemplo, o A de FORMAR e o E de RAÍZES.

DESINÊNCIAS = São morfemas gramaticais que indicam flexões das palavras. Por exemplo, o VA e o MOS de ENFRETÁVAMOS.

OBS: A desinência do feminino (a) não deve ser confundida com a vogal temática (a). Ela será desinência do feminino quando for marca de gênero. Por exemplo: Cas-a (não se opõe a caso) = vogal temática.

Menina (se opõe a menino) = desinência de gênero.

OBSERVE O GRÁFICO SEGUINTE SOBRE AS DESINÊNCIAS:

NOMINAIS GÊNERO MASCULINO(O) FEMININO(A)

NÚMERO SINGULAR(NÃO HÁ) PLURAL(S)

VERBAIS TEMPO E MODO VA, VE = PII (1ª C) IA, IE = PII (2ª E 3ª)

RA, RE = MQP (ÁTONO)

SSE = PIS

RA, RE = FPI (TÔNICO)

RIA, RIE = FPI

R = FS

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E = PS (1ª)

A = PS (2ª E 3ª)

PESSOA E NÚMERO O = 1PSPI S = 2PS

MOS = 1PP

IS, DES = 2PP

M = 3PP

STE, STES = 2PPP

VERBO-NOMINAIS R = INFINITIVO NDO = GERÚNDIO

DO = PARTICÍPIO REGULAR

Formação das Palavras = A Língua Portuguesa, como qualquer língua viva, está sempre criando novas palavras. Para criar suas novas palavras, a língua recorre a vários meios chamados processos de formação de palavras. Os principais processos de formação das palavras são:

Derivação = é a formação de uma nova palavra mediante o acréscimo de elementos à palavra já existente.

Derivação por Sufixação = acréscimo de um sufixo. Por exemplo, dente + ista = dentista.

Derivação por Prefixação = acréscimo de um prefixo. Por exemplo, in + feliz = infeliz.

Derivação por Parassíntese = acréscimo de um prefixo e um sufixo. Por exemplo, en + tarde + ecer = entardecer.

Derivação Imprópria = é a mudança das classes gramaticais das palavras. Por exemplo, andar é um verbo, porém, o andar já é um substantivo.

Composição = é a formação de uma nova palavra, unindo-se palavras que já existem na língua.

Composição por Justaposição = nenhuma das palavras formadoras perde letra. Por exemplo, passa + tempo = passatempo.

Composição por Aglutinação = pelo menos uma das palavras perde letra. Por exemplo, em + boa + hora = embora.

Hibridismo = é a criação de uma nova palavra mediante a união de palavras de origem diferentes. Por exemplo, tele(origem grega) + visão(origem latina) = televisão.

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Emprego das classes de palavras:

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Articulações sintáticas da oração, do período simples e do período composto

NA LÍNGUA PORTUGUESA O QUE É UMA ORAÇÃO?É a frase que apresenta sujeito e predicado ou apenas predicado:Nossa viagem será longa.Choveu durante a noite.

A DIVISÃO DO PERÍODO E A CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES

PERÍODOÉ um enunciado composto de uma ou mais orações. Pode ser simples (apenas uma oração) ou composto (mais de uma oração). De uma forma prática, cada oração é organizada em torno de um verbo:Período simples: O amor vence sempre.Período composto: O comandante garante que a tropa chegará a tempo.

RECAPITULANDO:

O PERÍODO será : SIMPLES: Quando contiver uma só oração que se chama absoluta. COMPOSTO: Quando formado por duas ou mais orações. O PERÍODO COMPOSTO será, de acordo com o conectivo que reja as suas orações:

1 - COMPOSTO POR COORDENAÇÃO - se todas suas orações forem simplesmente justapostas ou regidas por e conectivos coordenativos.

2 - COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO - quando, excluída a oração principal, todas as suas orações forem regidas por conectivo subordinativo (claro ou oculto).

• Assim, as orações de um PERÍODO COMPOSTO POR COORDENAÇÃO classificar-se-ão em:

a)- ORAÇÕES ASSINDÉTICAS = se não tiverem conectivo.b)- ORAÇÕES SINDÉTICAS = se forem regidas pelas:

CONJUNÇÕES COORDENATIVAS:

1. ADITIVAS: e, nem (= e não), também, não só ... mas também, bem como, que (= e) etc.

Ex: Ele descia a ladeira e vinha só .

2. ADVERSATIVAS: mas, porém, todavia, contudo, entretanto, no entanto, senão, aliás, não obstante, ainda assim, etc.

Ex: Estudei muito, mas fui reprovado .

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3. ALTERNATIVAS: ou (repetida ou não), ou ... ou, quer ... quer, seja ... seja, nem ... nem, já ... já, ora ... ora, etc.

Ex: Ou me retiro, ou tu te afastas .

4. CONCLUSIVAS: logo, pois (pospostas ao verbo), portanto, por isso, por conseguinte, conseguintemente, por

conseqüência, conseqüentemente, assim, então, por onde, daí, etc. Ex: Os alicerces cederam, portanto o prédio caiu .

5. EXPLICATIVAS: que, porque, pois, porquanto, etc. Ex: Não saiam, pois o professor já vem.

ORAÇÕES SUBORDINADAS – VEJAMOS ESTAS ARTICULAÇÕES

Por sua vez, as ORAÇÕES SUBORDINADAS assim se dividem:

1. SUBSTANTIVAS : (têm valor de substantivos) - que são introduzidas pelas conjunções integrantes: QUE, SE, COMO:

As ORAÇÕES SUBSTANTIVAS se subdividem em: 1.1 - OBJETIVAS DIRETAS: quando completam o sentido de um verbo transitivo direto, ao qual se ligam diretamente sem auxílio de preposição: Ex: Quero que venhas. 1.2 - OBJETIVAS INDIRETAS: que completam o sentido de um verbo transitivo indireto, ligando-se a este com auxílio de uma preposição. Ex: Tudo depende de que venhas. 1.3 - PREDICATIVAS: que completam o sentido de um verbo de ligação. Ex: O meu desejo é que venhas. 1.4 - COMPLETIVAS NOMINAIS: que completam o sentido de um nome de significação incompleta (substantivo, adjetivo ou advérbio), ao qual se ligam por meio de uma preposição. Ex: Tenho certeza de que jamais os esqueceremos. 1.5 - APOSITIVAS: que vêm após dois pontos (:), explicando um termo anterior, funcionando exatamente como um aposto. Ex: Só lhe digo isto: que jamais o esquecerei. OBS: Vez por outra, a oração subordinada substantiva apositiva poderá vir sem o conectivo expresso: este estará subentendido e a oração terá valor apositivo, assim: Ex: Só te peço uma coisa: não deixes a porta aberta. (que não deixes a porta aberta). 1.6 - SUBJETIVAS: que funcionam como SUJEITO de um verbo, apresentando as seguintes características: - exerce a função de SUJEITO de um verbo de outra oração,

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geralmente da anterior. - liga-se à outra oração através das conjunções integrantes QUE, SE, COMO. - a oração a que se liga tem o verbo na 3 a pessoa do singular e nunca em outra; - A oração a que se liga a SUBJETIVA tem uma destas características: a)- Verbo na passiva pronominal (VTD na 3a pessoa do singular + pronome apassivador SE. b)- Verbo na passiva analítica (Verbo SER, ESTAR, FICAR na 3a pessoa do singular +particípio do VTD); c)- verbo de ligação na 3a pessoa do singular + predicativo. d)- verbos intransitivos ou transitivos tomados intransitivamente na 3a pessoa do singular como: acontece, urge, consta, parece, importa, convém, admira, cumpre, ocorre, etc., geralmente no princípio do período.

Exemplos:

Noticiou-se por aí que é duvidosa a vinda deles.

“Senhor, é bom que estejamos aqui”. (Mateus 17,4)

É arriscado que eles venham por este caminho.

Ficou combinado que elas viriam para os jogos olímpicos.

Importa que eles não conversem em sala.

Foi noticiado pelo rádio que um incêncio destruiu o edifício.

Cumpre que cheguem à hora certa. Informou-se oficialmente que o Governador chagará amanhã.

2. ADJETIVAS: (têm valor de adjetivo) - que são introduzidas por pronomes relativos e se subdividem em:

a)- RESTRITIVAS: Restringem a significação do substantivo ou do pronome antecedente. Indispensável ao sentido da frase. Não se separa por vírgula da oração principal. Ex: O grande obstáculo que o grupo enfrenta é a travessia do Liso do Sussuarão.

b)- EXPLICATIVAS: Acrescentam uma qualidade acessória ao antecedente. Vêm entre vírgulas e, se retiradas do período, não fazem falta ao sentido. Ex: Grande sertão: veredas, que foi publicado em 1956, causou muito impacto.

As ORAÇÕES ADJETIVAS são introduzidas pelos PRONOMES RELATIVOS :

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QUE, quem (=aquele que), o qual, a qual, os quais, as quais, cujo (= do qual), cuja, cujos, cujas, ONDE (= no qual + variações), quanto, quantos, quanta, quantas, etc. Ex: “Minha terra tem palmeiras ONDE canta o sabiá”. (G.Dias) O menino cujo pai eu vi é meu aluno. “QUEM for brasileiro siga-me!” = Aquele que for brasileiro siga me! Que você sinta a minha amizade em tudo quanto lhe ofereci.

3. ADVERBIAIS: que funcionam como adjunto adverbial de outra oração e vêm, normalmente, introduzidas por conjunções subordinativas, exceto as integrantes (que introduzem as orações substantivas).

CLASSIFICAÇÃO DA ORAÇÃO ADVERBIAL

De acordo com a conjunção subordinativa ou locução conjuntiva que a inicie, a oração subordinada adverbial assim se classifica: Temporal - Causal - Final - Comparativa - Consecutiva - Concessiva - Conformativa - Condicional - Proporcional, conforme seja introduzida respectivamente por uma das CONJUNÇÕES SUBORDINATIVAS.

1. TEMPORAIS = quando, enquanto, logo que, desde que, apenas, até que, antes que, depois que, senão quando, sempre que, assim que, todas as vezes que, cada vez que, etc. Ex: Quando leio alguns poemas de João Cabral, formam-se várias figuras geométricas em minha mente.

2. CAUSAIS = porque, pois, porquanto, como (=porque), pois que, por isso que, já que, uma vez que, visto que, visto

como etc. Ex: Como aqui a morte é tanta, vivo de a morte ajudar.

3. FINAIS = para que, a fim de que, que, porque (= para que) etc. Ex: Tudo farei para que tu voltes.

4. COMPARATIVAS = que, do que ( depois de: mais, menos, maior, menor, melhor, pior), qual (depois de tal), quanto (depois de tanto), como, assim como, bem como, etc. Ex: Ela agia como um idiota.

5. CONSECUTIVAS = que (combinada com uma das palavras: tal, tanto, tão, tamanho, presentes ou latentes na oração anterior) de forma que, de maneira que, de modo que, de sorte que (às vezes separadamente) etc. Ex: Leu tanto as poesias de João Cabral que passou a escrever como ele.

6. CONCESSIVAS = embora, conquanto, ainda que, mesmo que, posto que, bem que, se bem que, por menos que, apesar de que, etc. Ex: Ainda que ela se esforce, não vai ter sucesso.

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7. CONFORMATIVAS = conforme, segundo, consoante, como (= conforme), da mesma maneira que, de modo que, assim como, bem como, como que, etc. Ex: Conforme você já estudou, o lirismo decorre da preocupação do poeta com o próprio “eu”.

8.CONDICIONAIS: = se, salvo se, exceto se, caso, contanto que, sem que, a não ser que, dado caso que, a menos que, etc. Ex: “... se o compadre soubesse rezar... trabalhávamos meias”.

9. PROPORCIONAIS = à medida que, à proporção que, ao passo que, quanto mais ... mais, quanto menos ... menos, quanto mais ... tanto mais, quanto menos ... tanto mais, etc. Ex: À medida que crescia, ficava mais alienado de tudo. Outros Exemplos: 1. “Antes que a Terra fosse feita, eu já existia”. 2. “É o que te digo: vou e vou, porque devo, porque quero, porque é do meus direito. “ (L.Barreto) 3. “... era uma manobra para chamar a atenção das tropas, a fim de que os jagunços saíssem...” (A.Arinos) 4. “As idéias amortecem como a brasa do cigarro.” (G. Ramos) 5. “O caminho é tão comprido que não tem fim. “ (J. de lima) 6. “Por mais que se busque o segredo dessa perfeição, ele ficará impenetrável”. 7. “Conforme declarei, Madalena possuía excelente coração.” (G. Ramos) 8. “Que emprego preferes? - O que quiser, meu tio, contanto que eu trabalhe.” (M. de Assis) 9. “Vão os hóspedes saindo do banquete, à proporção que outros chegam e ocupam o seu lugar”.(M. de A.)

AS ORAÇÕES SUBORDINADAS REDUZIDAS – VEJAMOS ESTAS ARTICULAÇÕES:

Dá-se o nome de ORAÇÕES SUBORDINADAS REDUZIDAS às que não se iniciam por pronomes relativos nem por conjunção subordinativa e que têm VERBO numa das FORMAS NOMINAIS: INFINITIVO, PARTICÍPIO, GERÚNDIO.

Em geral, podem ser desenvolvidas em orações subordinadas, raramente em coordenadas, com o conectivo claro e o verbo no modo finito.

Classificam-se como as correspondentes desenvolvidas, acrescentando-se: reduzida de infinitivo, gerúndio ou particípio, conforme a forma nominal em que se encontre o verbo, como neste exemplo:

“Conhecendo o professor os alunos, não os teria castigado.”Oração principal: Não os teria castigado.

Oração subordinada Adverbial condicional reduzida de gerúndio: Conhecendo o

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professor os alunos (Se o professor conhecesse os alunos).

São características das ORAÇÕES REDUZIDAS, vejamos estas articulações:

1. Não vêm introduzidas por conectivo.2. Têm o verbo em uma das formas nominais: INFINITIVO, GERÚNDIO, PARTICÍPIO.

É, pois, a forma nominal do verbo que indica ser reduzida a oração. Havendo locução verbal, é o auxiliar que nos indica se estamos ou não diante de uma reduzida e qual o seu tipo. “Estamos viajando”, “tem estudado”, “somos amados” “é odiado” não constituem orações reduzidas, porque os auxiliares não se acham representados por uma forma nominal.

1. Oração reduzida de infinitivo “Era bom ouvir o seu barulho” (verbo no infinitivo)

Como classificar a oração reduzida? Basta desenvolvê-la, utilizando a conjunção ou o pronome relativo.Assim: Era bom que ouvisse o seu barulho. (Oração subordinada substantiva subjetiva)Portanto, a oração “ouvir o seu barulho” é subordinada substantiva subjetiva reduzida de infinitivo.

2. Oração reduzida de gerúndio Vi um menino gritando desesperadamente pelas ruas. (verbo no gerúndio)Desenvolvendo a oração reduzida, temos: Vi um menino que gritava desesperadamente pelas ruas. (Oração subordinada adjetiva restritiva)Portanto, a oração “gritando desesperadamente pelas ruas” é subordinada adjetiva restritiva reduzida de gerúndio.

Observação: A oração reduzida de gerúndio pode aparecer também no período composto por coordenação. Veja: Respondeu a mãe, derretendo-se de gosto. ( Respondeu a mãe e derreteu-se de gosto.) Levantou-se da cadeira, fechando o jornal com decisão. (Levantou-se da cadeira e fechou o jornal com decisão.)

3. Oração reduzida de particípio Terminada a leitura, foram passear. (verbo no particípio)Desenvolvendo a oração reduzida, temos: Quando terminaram a leitura, foram passear. (Oração subordinada adverbial temporal)Portanto, a oração “terminada a leitura” é subordinada adverbial temporal reduzida de particípio.

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A sintaxe de concordância nominal, de concordância verbal, de regência nominal, de regência verbal e de colocação.

SINTAXE DE CONCORDÂNCIA

Concordância Verbal e Nominal

Observe:

As crianças estão animadas.

Crianças animadas.

No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na terceira pessoa do plural, concordando com o seu sujeito, as crianças. No segundo exemplo, o adjetivo animadas está concordando em gênero (feminino) e número (plural) com o substantivo a que se refere: crianças. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa, número e gênero se correspondem.

Concordância é a correspondência de flexão entre dois termos, podendo ser verbal ou nominal.

CONCORDÂNCIA VERBAL

Ocorre quando o verbo se flexiona para concordar com seu sujeito.

a) Sujeito Simples

Regra Geral

O sujeito sendo simples, com ele concordará o verbo em número e pessoa. Veja os exemplos:

A orquestra tocou uma valsa longa.3ª p. Singular 3ª p. Singular

Os pares que rodeavam a nós dançavam bem.3ª p. Plural 3ª p. Plural

Casos Particulares

Há muitos casos em que o sujeito simples é constituído de formas que fazem o falante hesitar no momento de estabelecer a concordância com o verbo. Às vezes, a concordância puramente gramatical é contaminada pelo significado de expressões que nos transmitem noção de plural, apesar de terem forma de singular ou vice-versa. Por isso, convém analisar com cuidado os casos a seguir.

1) Quando o sujeito é formado por uma expressão partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de...) seguida de um substantivo ou pronome no plural, o verbo pode ficar no singular ou no plural.

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Por Exemplo:

A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram nenhuma proposta interessante.

Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos dos coletivos, quando especificados:

Por Exemplo:

Um bando de vândalos destruiu / destruíram o monumento.

Obs.: nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque aos elementos que formam esse conjunto.

2) Quando o sujeito é formado por expressão que indica quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos de, perto de...) seguida de numeral e substantivo, o verbo concorda com o substantivo. Observe:

Cerca de mil pessoas participaram da manifestação.Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas Olimpíadas.

Obs.: quando a expressão "mais de um"se associar a verbos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório:

Por Exemplo:

Mais de um colega se ofenderam na tumultuada discussão de ontem. (ofenderam um ao outro)

3) Quando se trata de nomes que só existem no plural, a concordância deve ser feita levando-se em conta a ausência ou presença de artigo. Sem artigo, o verbo deve ficar no singular. Quando há artigo no plural, o verbo deve ficar o plural.

Exemplos:

Os Estados Unidos determinam o fluxo da atividade econômica do mundo.Alagoas impressiona pela beleza das praias e pela pobreza da população.As Minas Gerais são inesquecíveis.Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.Os Sertões imortalizaram Euclides da Cunha.

4) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, muitos, quaisquer, vários) seguido por "de nós" ou "de vós", o verbo pode concordar com o primeiro pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o pronome pessoal. Veja:

Quais de nós são / somos capazes?Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?

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Vários de nós propuseram / propusemos sugestões inovadoras.

Obs.: veja que a opção por uma ou outra forma indica a inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz ou escreve "Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fizemos", esta pessoa está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não ocorre quando alguém diz ou escreve "Alguns de nós sabiam de tudo e nada fizeram.", frase que soa como uma denúncia.

Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver no singular, o verbo ficará no singular.

Por Exemplo:

Qual de nós é capaz?Algum de vós fez isso.

5) Quando o sujeito é formado por uma expressão que indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o substantivo.

Exemplos:

25% do orçamento do país deve destinar-se à Educação.85% dos entrevistados não aprovam a administração do prefeito.1% do eleitorado aceita a mudança.1% dos alunos faltaram à prova.

Quando a expressão que indica porcentagem não é seguida de substantivo, o verbo deve concordar com o número. Veja:

25% querem a mudança.1% conhece o assunto.

6) Quando o sujeito é o pronome relativo "que", a concordância em número e pessoa é feita com o antecedente do pronome.

Exemplos:

Fui eu que paguei a conta.Fomos nós que pintamos o muro.És tu que me fazes ver o sentido da vida.Ainda existem mulheres que ficam vermelhas na presença de um homem.

7) Com a expressão "um dos que", o verbo deve assumir a forma plural.

Por Exemplo:

Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encantaram os poetas.

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Se você é um dos que admiram o escritor, certamente lerá seu novo romance.

Atenção:

A tendência, na linguagem corrente, é a concordância no singular. O que se ouve efetivamente, são construções como:

"Ele foi um dos deputados que mais lutou para a aprovação da emenda".

Ao compararmos com um caso em que se use um adjetivo, temos:

"Ela é uma das alunas mais brilhante da sala."

A análise da construção acima torna evidente que a forma no singular é inadequada. Assim, as formas aceitáveis são:

" Das alunas mais brilhantes da sala, ela é uma."" Dos deputados que mais lutaram pela aprovação da emenda, ele é um".

8) Quando o sujeito é o pronome relativo "quem", pode-se utilizar o verbo na terceira pessoa do singular ou em concordância com o antecedente do pronome.

Exemplos:

Fui eu quem pagou a conta / Fui eu quem paguei a conta.Fomos nós quem pintou o muro. / Fomos nós quem pintamos o muro.

9) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.

Por Exemplo:

Vossa Excelência é diabético?Vossas Excelências vão renunciar?

10) A concordância dos verbos bater, dar e soar se dá de acordo com o numeral.

Por Exemplo:

Deu uma hora no relógio da sala.Deram cinco horas no relógio da sala.

Obs.:

caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino, torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.

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Por Exemplo:

O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.

11) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum sujeito, são usados sempre na 3ª pessoa do singular. São verbos impessoais:

Haver no sentido de existir;Fazer indicando tempo;Aqueles que indicam fenômenos da natureza.

Exemplos:

Havia muitas garotas na festa.Faz dois meses que não vejo meu pai.Chovia ontem à tarde.

b) Sujeito Composto

1) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo, a concordância se faz no plural:

Exemplos:

Pai e filho conversavam longamente.Sujeito

Pais e filhos devem conversar com frequência.Sujeito

2) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gramaticais diferentes, a concordância ocorre da seguinte maneira: a primeira pessoa do plural prevalece sobre a segunda pessoa, que por sua vez, prevalece sobre a terceira.Veja:

Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.Primeira Pessoa do Plural (Nós)

Tu e teus irmãos tomareis a decisão.Segunda Pessoa do Plural (Vós)

Pais e filhos precisam respeitar-se. Terceira Pessoa do Plural (Eles)

Obs.: quando o sujeito é composto, formado por um elemento da segunda pessoa e um da terceira, é possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural. Aceita-se, pois, a frase: "Tu e teus irmãos tomarão a decisão."

3) No caso do sujeito composto posposto ao verbo, passa a existir uma nova possibilidade de concordância: em

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vez de concordar no plural com a totalidade do sujeito, o verbo pode estabelecer concordância com o núcleo do sujeito mais próximo. Convém insistir que isso é uma opção, e não uma obrigação.

Por Exemplo:Faltaram coragem e competência.Faltou coragem e competência.

4) Quando ocorre ideia de reciprocidade, no entanto, a concordância é feita obrigatoriamente no plural. Observe:

Abraçaram-se vencedor e vencido.Ofenderam-se o jogador e o árbitro.

Casos Particulares

1) Quando o sujeito composto é formado por núcleos sinônimos ou quase sinônimos, o verbo pode ficar no plural ou no singular.

Por Exemplo:

Descaso e desprezo marcam / marca seu comportamento.

2) Quando o sujeito composto é formado por núcleos dispostos em gradação, o verbo pode ficar no plural ou concordar com o último núcleo do sujeito.

Por Exemplo:

Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segundo me satisfazem / satisfaz.

No primeiro caso, o verbo no plural enfatiza a unidade de sentido que há na combinação. No segundo caso, o verbo no singular enfatiza o último elemento da série gradativa.

3) Quando os núcleos do sujeito composto são unidos por "ou" ou "nem", o verbo deverá ficar no plural se a declaração contida no predicado puder ser atribuída a todos os núcleos.

Por Exemplo:

Drummond ou Bandeira representam a essência da poesia brasileira.Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.

Quando a declaração contida no predicado só puder ser atribuída a um dos núcleos do sujeito, ou seja, se os núcleos forem excludentes, o verbo deverá ficar no singular.

Por Exemplo:

Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olimpíada.

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Você ou ele será escolhido. (Só será escolhido um)

4) Com as expressões "um ou outro" e "nem um nem outro", a concordância costuma ser feita no singular, embora o plural também seja praticado.

Por Exemplo:

Um e outro compareceu / compareceram à festa.Nem um nem outro saiu / saíram do colégio.

5) Quando os núcleos do sujeito são unidos por "com", o verbo pode ficar no plural. Nesse caso, os núcleos recebem um mesmo grau de importância e a palavra "com"tem sentido muito próximo ao de "e". Veja:

O pai com o filho montaram o brinquedo.O governador com o secretariado traçaram os planos para o próximo semestre.

Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a ideia é enfatizar o primeiro elemento.

O pai com o filho montou o brinquedo.O governador com o secretariado traçou os planos para o próximo semestre.

Obs.: com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito composto. O sujeito é simples, uma vez que as expressões "com o filho" e "com o secretariado" são adjuntos adverbiais de companhia. Na verdade, é como se houvesse uma inversão da ordem. Veja:

"O pai montou o brinquedo com o filho." "O governador traçou os planos para o próximo semestre com o secretariado."

6) Quando os núcleos do sujeito são unidos por expressões correlativas como: "não só...mas ainda","não somente"..., "não apenas...mas também","tanto...quanto", o verbo concorda de preferência no plural.

Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o Nordeste.Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a notícia.

7) Quando os elementos de um sujeito composto são resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância é feita com esse termo resumidor.

Por Exemplo:

Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante na vida das pessoas.

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Outros Casos

1) O Verbo e a Palavra "SE"

Dentre as diversas funções exercidas pelo "se", há duas de particular interesse para a concordância verbal:

a) quando é índice de indeterminação do sujeito; b) quando é partícula apassivadora.

Quando índice de indeterminação do sujeito, o "se" acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na terceira pessoa do singular.

Exemplos:

Precisa-se de governantes interessados em civilizar o país.Confia-se em teses absurdas.Era-se mais feliz no passado.

Quando pronome apassivador, o"se" acompanha verbos transitivos diretos e indiretos na formação da voz passiva sintética. Nesse caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração.

Exemplos:

Construiu-se um posto de saúde.Construíram-se novos postos de saúde.Não se pouparam esforços para despoluir o rio.Não se devem poupar esforços para despoluir o rio.

2) O Verbo "Ser"A concordância verbal se dá sempre entre o verbo e o sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordância pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do sujeito.

O verbo ser concordará com o predicativo do sujeito:

a) Quando o sujeito for representado pelos pronomes - isto, isso, aquilo, tudo, o - e o predicativo estiver no plural.

Exemplos:

Isso são lembranças inesquecíveis.Aquilo eram problemas gravíssimos.O que eu admiro em você são os seus cabelos compridos.

b) Quando o sujeito estiver no singular e se referir a coisas, e o predicativo for um substantivo no plural.

Exemplos:

Nosso piquenique foram só guloseimas.Sujeito Predicativo do Sujeito

Sua rotina eram só alegrias.Sujeito Predicativo do Sujeito

Se o sujeito indicar pessoa, o verbo concorda com esse sujeito.

Por Exemplo:

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Gustavo era só decepções.Minhas alegrias é esta criança.

Obs.: admite-se a concordância no singular quando se deseja fazer prevalecer um elemento sobre o outro.

Por Exemplo:

A vidaé ilusões.

c) Quando o sujeito for pronome interrogativo que ou quem.

Por Exemplo:

Que são esses papéis?Quem são aquelas crianças?

d) Como impessoal na indicação de horas, dias e distâncias, o verbo ser concorda com o numeral.Exemplos:

É uma hora.São três da manhã.Eram 25 de julho quando partimos.Daqui até a padaria são dois quarteirões.

Saiba que:

Na indicação de dia, o verbo ser admite as seguintes concordâncias:

1) No singular: Concorda com a palavra explícita dia.

Por Exemplo: Hoje é dia quatro de março.2) No plural: Concorda com o numeral, sem a palavra explícita dia.

Por Exemplo: Hoje são quatro de março.3) No singular: Concorda com a ideia implícita de dia.

Por Exemplo: Hoje é quatro de março.e) Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade e for seguido de palavras ou expressões como pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo ser fica no singular.

Exemplos:

Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido. Duas semanas de férias é muito para mim.

f) Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo) for pronome pessoal do caso reto, com este concordará o verbo.

Por Exemplo: No meu setor, eu sou a única mulher.

Aqui os adultos somos nós.

Obs.: sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) representados por pronomes pessoais, o verbo concorda com o pronome sujeito.

Por Exemplo:

Eu não sou ela.Ela não é eu.

g) Quando o sujeito for uma expressão de sentido partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o verbo ser concordará com o predicativo.

Por Exemplo:

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A grande maioria no protesto eram jovens.O resto foram atitudes imaturas.

3) O Verbo "Parecer"O verbo parecer, quando seguido de infinitivo, admite duas concordâncias:

a) Ocorre variação do verbo parecer e não se flexiona o infinitivo.

Por Exemplo:

Alguns colegas pareciam chorar naquele momento.b) A variação do verbo parecer não ocorre, o infinitivo sofre flexão.

Por Exemplo:

Alguns colegas parecia chorarem naquele momento.Obs.: a primeira construção é considerada corrente, enquanto a segunda, literária.

Atenção:

Com orações desenvolvidas, o verbo parecer fica no singular.

Por Exemplo:

As paredes parece que têm ouvidos. (Parece que as paredes têm ouvidos.)4) A Expressão "Haja Vista"

A expressão haja vista admite as seguintes construções:

a) A expressão fica invariável(seguida ou não de preposição).

Por Exemplo:

Haja vista as lições dadas por ele. ( = por exemplo)Haja vista aos fatos explicados por esta teoria. ( = atente-se)

b) O verbo haver pode variar (desde que não seguido de preposição), considerando-se o termo seguinte como sujeito.

Por Exemplo:

Hajam vista os exemplos de sua dedicação. ( = vejam-se)

CONCORDÂNCIA NOMINALA concordância nominal se baseia na relação entre um substantivo (ou pronome, ou numeral substantivo) e as palavras que a ele se ligam para caracterizá-lo (artigos, adjetivos, pronomes adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Basicamente, ocupa-se da relação entre nomes.

Lembre-se: normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.

A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as seguintes regras gerais:

1) O adjetivo concorda em gênero e número quando se refere a um único substantivo.

Por Exemplo:

As mãos trêmulas denunciavam o que sentia.2) Quando o adjetivo se refere a vários substantivos, a concordância pode variar. Podemos sistematizar essa flexão nos seguintes casos:

a) Adjetivo anteposto aos substantivos:

- O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo mais próximo.

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Por Exemplo:

Encontramos caídas as roupas e os prendedores.Encontramos caída a roupa e os prendedores.Encontramos caído o prendedor e a roupa.

- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.

Por Exemplo: As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.Encontrei os divertidos primos e primas na festa.

b) Adjetivo posposto aos substantivos:

- O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou com todos eles (assumindo forma masculino plural se houver substantivo feminino e masculino).

Exemplos:

A indústria oferece localização e atendimento perfeito.A indústria oferece atendimento e localização perfeita.A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.

Obs.: os dois últimos exemplos apresentam maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado no plural masculino, que é o gênero predominante quando há substantivos de gêneros diferentes.

- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o adjetivo fica no singular ou plural.

Exemplos:

A beleza e a inteligência feminina(s).O carro e o iate novo(s).

3) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:

a) O adjetivo fica no masculino singular, se o substantivo não for acompanhado de nenhum modificador.

Por Exemplo:

Água é bom para saúde. b) O adjetivo concorda com o substantivo, se este for modificado por um artigo ou qualquer outro determinativo.

Por Exemplo:

Esta água é boa para saúde.4) O adjetivo concorda em gênero e número com os pronomes pessoais a que se refere.

Por Exemplo:

Juliana as viu ontem muito felizes.5) Nas expressões formadas por pronome indefinido neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE + adjetivo, este último geralmente é usado no masculino singular.

Por Exemplo:

Os jovens tinham algo de misterioso.6) A palavra "só", quando equivale a "sozinho", tem função adjetiva e concorda normalmente com o nome a que se refere.

Por Exemplo: Cristina saiu só.Cristina e Débora saíram sós.

Obs.: quando a palavra "só" equivale a "somente" ou "apenas", tem função adverbial, ficando, portanto, invariável.

Por Exemplo:

Eles só desejam ganhar presentes.7) Quando um único substantivo é modificado por dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as construções:

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a) O substantivo permanece no singular e coloca-se o artigo antes do último adjetivo.

Por Exemplo:

Admiro a cultura espanhola e aportuguesa.b) O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo antes do adjetivo.

Por Exemplo:

Admiro as culturas espanhola e portuguesa.Obs.: veja esta construção:

Estudo a cultura espanhola e portuguesa.Note que ela provoca incerteza: trata-se de duas culturas distintas ou de uma única, espano-portuguesa? Procure evitar construções desse tipo.

CONCORDÂNCIA NOMINALA concordância nominal se baseia na relação entre um substantivo (ou pronome, ou numeral substantivo) e as palavras que a ele se ligam para caracterizá-lo (artigos, adjetivos, pronomes adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Basicamente, ocupa-se da relação entre nomes.

Lembre-se: normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.

A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as seguintes regras gerais:

1) O adjetivo concorda em gênero e número quando se refere a um único substantivo.

Por Exemplo:

As mãos trêmulas denunciavam o que sentia.2) Quando o adjetivo se refere a vários substantivos, a concordância pode variar. Podemos sistematizar essa flexão nos seguintes casos:

a) Adjetivo anteposto aos substantivos:

- O adjetivo concorda em gênero e número com o substantivo mais próximo.

Por Exemplo:

Encontramos caídas as roupas e os prendedores.Encontramos caída a roupa e os prendedores.Encontramos caído o prendedor e a roupa.

- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.

Por Exemplo: As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.Encontrei os divertidos primos e primas na festa.

b) Adjetivo posposto aos substantivos:

- O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo ou com todos eles (assumindo forma masculino plural se houver substantivo feminino e masculino).

Exemplos:

A indústria oferece localização e atendimento perfeito.A indústria oferece atendimento e localização perfeita.A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.

Obs.: os dois últimos exemplos apresentam maior clareza, pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado no plural masculino, que é o gênero predominante quando há substantivos de gêneros diferentes.

- Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o adjetivo fica no singular ou plural.

Exemplos:

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A beleza e a inteligência feminina(s).O carro e o iate novo(s).

3) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:

a) O adjetivo fica no masculino singular, se o substantivo não for acompanhado de nenhum modificador.

Por Exemplo:

Água é bom para saúde. b) O adjetivo concorda com o substantivo, se este for modificado por um artigo ou qualquer outro determinativo.

Por Exemplo:

Esta água é boa para saúde.4) O adjetivo concorda em gênero e número com os pronomes pessoais a que se refere.

Por Exemplo:

Juliana as viu ontem muito felizes.5) Nas expressões formadas por pronome indefinido neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE + adjetivo, este último geralmente é usado no masculino singular.

Por Exemplo:

Os jovens tinham algo de misterioso.6) A palavra "só", quando equivale a "sozinho", tem função adjetiva e concorda normalmente com o nome a que se refere.

Por Exemplo: Cristina saiu só.Cristina e Débora saíram sós.

Obs.: quando a palavra "só" equivale a "somente" ou "apenas", tem função adverbial, ficando, portanto, invariável.

Por Exemplo:

Eles só desejam ganhar presentes.7) Quando um único substantivo é modificado por dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as construções:

a) O substantivo permanece no singular e coloca-se o artigo antes do último adjetivo.

Por Exemplo:

Admiro a cultura espanhola e aportuguesa.b) O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo antes do adjetivo.

Por Exemplo:

Admiro as culturas espanhola e portuguesa.Obs.: veja esta construção:

Estudo a cultura espanhola e portuguesa.Note que ela provoca incerteza: trata-se de duas culturas distintas ou de uma única, espano-portuguesa? Procure evitar construções desse tipo.

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8 - SINTAXE DE REGÊNCIARegência Verbal e NominalDefinição:

Dá-se o nome de regência à relação de subordinação que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus complementos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as palavras, criando frases não ambíguas, que expressem efetivamente o sentido desejado, que sejam corretas e claras.

REGÊNCIA VERBAL

Termo Regente: VERBO A regência verbal estuda a relação que se estabelece entre os verbos e os termos que os complementam (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adverbiais).

O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de conhecermos as diversas significações que um verbo pode assumir com a simples mudança ou retirada de uma preposição. Observe:

A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, contentar.A mãe agrada ao filho. -> agradar significa "causar agrado ou prazer", satisfazer.

Logo, conclui-se que "agradar alguém" é diferente de "agradar a alguém".

Saiba que:

O conhecimento do uso adequado das preposições é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e também nominal). As preposições são capazes de modificar completamente o sentido do que se está sendo dito. Veja os exemplos:

Cheguei ao metrô.Cheguei no metrô.

No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A oração "Cheguei no metrô", popularmente usada a fim de indicar o lugar a que se vai, possui, no padrão culto da língua, sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem divergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns verbos, e a regência culta.

Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos de acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes formas em frases distintas.

Verbos IntransitivosOs verbos intransitivos não possuem complemento. É importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.

a) Chegar, Ir

Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adverbiais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para indicar destino ou direção são: a, para.

Exemplos:

Fui ao teatro.Adjunto Adverbial de Lugar

Ricardo foi para a Espanha.Adjunto Adverbial de Lugar

Obs.: "Ir para algum lugar" enfatiza a direção, a partida." Ir a algum lugar" sugere também o retorno.

Importante: reserva-se o uso de "em"para indicação de tempo ou meio. Veja:

Cheguei a Roma em outubro.

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Adjunto Adverbial de Tempo

Chegamos no trem das dez.Adjunto Adverbial de Meio

b) Comparecer

O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por em ou a.

Por Exemplo:

Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o último jogo.

Verbos Transitivos DiretosOs verbos transitivos diretos são complementados por objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição para o estabelecimento da relação de regência. Ao empregar esses verbos, devemos lembrar que os pronomes oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas verbais terminadas em -r,-s ou -z) ou no, na, nos, nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.

São verbos transitivos diretos, dentre outros:

abandonar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.

Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente como o verbo amar:

Amo aquele rapaz. / Amo-o.Amo aquela moça. / Amo-a.Amam aquele rapaz. / Amam-no.Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.

Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos adnominais).

Exemplos:

Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira)Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)

Verbos Transitivos IndiretosOs verbos transitivos indiretos são complementados por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem uma preposição para o estabelecimento da relação de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são o "lhe", o "lhes", para substituir pessoas. Não se utilizam os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não representam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes. Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:

a) ConsistirTem complemento introduzido pela preposição "em".

Por Exemplo:

A modernidade verdadeira consiste em direitos iguais para todos.b) Obedecer e Desobedecer:Possuem seus complementos introduzidos pela preposição "a".

Por Exemplo:

Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.Eles desobedeceram às leis do trânsito.

c) ResponderTem complemento introduzido pela preposição "a". Esse verbo pede objeto indireto para indicar "a quem" ou "ao que" se responde.

Por Exemplo:

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Respondi ao meu patrão.Respondemos às perguntas.Respondeu-lhe à altura.

Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto quando exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva analítica. Veja:

O questionário foi respondido corretamente.Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.

d) Simpatizar e AntipatizarPossuem seus complementos introduzidos pela preposição "com".

Por Exemplo:

Antipatizo com aquela apresentadora.Simpatizo com os que condenam os políticos que governam para uma minoria privilegiada.

Verbos Transitivos Diretos ou Indiretos

Há verbos que admitem duas construções, uma transitiva direta, outra indireta, sem que isso implique modificações de sentido. Dentre os principais, temos:

Abdicar

Abdicou as vantagens do cargo. / Abdicou das vantagens do cargo.

AcreditarNão acreditava a própria força. / Não acreditava na própria força.

AlmejarAlmejamos a paz entre as nações. / Almejamos pela paz entre as nações.

AnsiarAnseia respostas objetivas. / Anseia por respostas objetivas.

AntecederSua partida antecedeu uma série de fatos estranhos. / Sua partida antecedeu a uma série de fatos estranhos.

AtenderAtendeu os meus pedidos. / Atendeu aos meus pedidos.

AtentarAtente esta forma de digitar. / Atente nesta forma de digitar. / Atente para esta forma de digitar.

Cogitar

Cogitávamos uma nova estratégia. / Cogitávamos de uma nova estratégia. / Cogitávamos em uma nova estratégia.

Consentir

Os deputados consentiram a adoção de novas medidas econômicas. / Os deputados consentiram na adoção de novas medidas econômicas.

Deparar

Deparamos uma bela paisagem em nossa trilha. / Deparamos com uma bela paisagem em nossa trilha.

Gozar

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Gozava boa saúde. / Gozava de boa saúde.

Necessitar

Necessitamos algumas horas para preparar a apresentação. / Necessitamos de algumas horas para preparar a apresentação.

PrecederIntensas manifestações precederam a mudança de regime./ Intensas manifestações precederam à mudança de regime.

PresidirNinguém presidia o encontro. / Ninguém presidia ao encontro.

RenunciarNão renuncie o motivo de sua luta. / Não renuncie ao motivo de sua luta.

SatisfazerEra difícil conseguir satisfazê-la. / Era difícil conseguir satisfazer-lhe.

VersarSua palestra versou o estilo dos modernistas. / Sua palestra versou sobre o estilo dos modernistas.

Verbos Transitivos Diretos e IndiretosOs verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados de um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse grupo:

Agradecer, Perdoar e Pagar

São verbos que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas. Veja os exemplos:

Agradeço aos ouvintes a audiência.Objeto Indireto Objeto DiretoCristo ensina que é preciso perdoar o pecado ao pecador.Objeto Direto Objeto IndiretoPaguei o débito ao cobrador.Objeto Direto Objeto Indireto

O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com particular cuidado. Observe:

Agradeci o presente. / Agradeci-o.Agradeço a você. / Agradeço-lhe.Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.Paguei minhas contas. / Paguei-as.Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.

Saiba que:

Com os verbos agradecer, perdoar e pagar a pessoa deve sempre aparecer como objeto indireto, mesmo que na frase não haja objeto direto. Veja os exemplos:

A empresa não paga aos funcionários desde setembro.Já perdoei aos que me acusaram.Agradeço aos eleitores que confiaram em mim.

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Verbos Transitivos Diretos e IndiretosOs verbos transitivos diretos e indiretos são acompanhados de um objeto direto e um indireto. Merecem destaque, nesse grupo:

Agradecer, Perdoar e Pagar

São verbos que apresentam objeto direto relacionado a coisas e objeto indireto relacionado a pessoas. Veja os exemplos:

Agradeço aos ouvintes a audiência.Objeto Indireto Objeto DiretoCristo ensina que é preciso perdoar o pecado ao pecador.Objeto Direto Objeto IndiretoPaguei o débito ao cobrador.Objeto Direto Objeto Indireto

O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com particular cuidado. Observe:

Agradeci o presente. / Agradeci-o.Agradeço a você. / Agradeço-lhe.Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.Paguei minhas contas. / Paguei-as.Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.

Saiba que:

Com os verbos agradecer, perdoar e pagar a pessoa deve sempre aparecer como objeto indireto, mesmo que na frase não haja objeto direto. Veja os exemplos:

A empresa não paga aos funcionários desde setembro.Já perdoei aos que me acusaram.Agradeço aos eleitores que confiaram em mim.

Mudança de Transitividade versus Mudança de SignificadoHá verbos que, de acordo com a mudança de transitividade, apresentam mudança de significado. O conhecimento das diferentes regências desses verbos é um recurso linguístico muito importante, pois além de permitir a correta interpretação de passagens escritas, oferece possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão:

AGRADAR

1) Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, acariciar.

Por Exemplo:

Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada quando o revê.Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. / Cláudia não perde oportunidade de agradá-lo.

2) Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introduzido pela preposição "a".

Por Exemplo:

O cantor não agradou aos presentes.O cantor não lhes agradou.

ASPIRAR

1) Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar (o ar), inalar.

Por Exemplo:

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Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)2) Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter como ambição.

Por Exemplo: Aspirávamos a melhores condições de vida. (Aspirávamos a elas)

Obs.: como o objeto direto do verbo "aspirar" não é pessoa, mas coisa, não se usam as formas pronominais átonas "lhe" e "lhes" e sim as formas tônicas "a ele (s)", " a ela (s)". Veja o exemplo:

Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela)ASSISTIR

1) Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar assistência a, auxiliar.

Por Exemplo:

As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.As empresas de saúde negam-se a assisti-los.

2) Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar, estar presente, caber, pertencer.

Exemplos:

Assistimos ao documentário.Não assisti às últimas sessões.Essa lei assiste ao inquilino.

Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo "assistir" é intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar introduzido pela preposição "em".

Por Exemplo:

Assistimos numa conturbada cidade.

CHAMAR

1) Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, solicitar a atenção ou a presença de.

Por exemplo:

Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá chamá-la.Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.

2) Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo preposicionado ou não.

Exemplos:

A torcida chamou o jogador mercenário.A torcida chamou ao jogador mercenário.A torcida chamou o jogador de mercenário.A torcida chamou ao jogador de mercenário.

CUSTAR

1) Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial.

Por exemplo:

Frutas e verduras não deveriam custar muito.2) No sentido de ser difícil, penoso pode ser intransitivo ou transitivo indireto.

Por exemplo:

Muito custa viver tão longe da família.Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Intransitivo Reduzida de Infinitivo

Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela atitude.Objeto Oração Subordinada Substantiva Subjetiva Indireto Reduzida de Infinitivo

Obs.: a Gramática Normativa condena as construções que atribuem ao verbo "custar" um sujeito representado

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por pessoa. Observe o exemplo abaixo:

Custei para entender o problema. Forma correta: Custou-me entender o problema.

IMPLICAR

1) Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:

a) dar a entender, fazer supor, pressupor

Por exemplo:

Suas atitudes implicavam um firme propósito.b) Ter como consequência, trazer como consequência, acarretar, provocar

Por exemplo:

Liberdade de escolha implica amadurecimento político de um povo.2) Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, envolver

Por exemplo:

Implicaram aquele jornalista em questões econômicas.Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo indireto e rege com preposição "com".

Por Exemplo:

Implicava com quem não trabalhasse arduamente.

PROCEDER1) Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se, agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial de modo.

Exemplos:

As afirmações da testemunha procediam, não havia como refutá-las.Você procede muito mal.

2) Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição" de") e fazer, executar (rege complemento introduzido pela preposição "a") é transitivo indireto.

Exemplos:

O avião procede de Maceió.Procedeu-se aos exames.O delegado procederá ao inquérito.

QUERER

1) Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar.

Querem melhor atendimento.Queremos um país melhor.

2) Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar.

Exemplos:

Quero muito aos meus amigos.Ele quer bem à linda menina.Despede-se o filho que muito lhe quer.

VISAR

1) Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.

Por Exemplo:

O homem visou o alvo. O gerente não quis visar o cheque.2) No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição "a".

Exemplos:

O ensino deve sempre visar ao progresso social.Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

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REGÊNCIA NOMINALRegência Nominal é o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo:

Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição "a".Veja:

Obedecer a algo/ a alguém.Obediente a algo/ a alguém.

Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atentamente e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.

Substantivos

Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de

Aversão a, para, por Doutor em Obediência a

Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por

Bacharel em Horror a Proeminência sobre

Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos

Acessível a Diferente de Necessário a

Acostumado a, com Entendido em Nocivo a

Afável com, para com Equivalente a Paralelo a

Agradável a Escasso de Parco em, de

Alheio a, de Essencial a, para Passível de

Análogo a Fácil de Preferível a

Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a

Apto a, para Favorável a Prestes a

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Ávido de Generoso com Propício a

Benéfico a Grato a, por Próximo a

Capaz de, para Hábil em Relacionado com

Compatível com Habituado a Relativo a

Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por

Contíguo a Impróprio para Semelhante a

Contrário a Indeciso em Sensível a

Curioso de, por Insensível a Sito em

Descontente com Liberal com Suspeito de

Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios

Longe de

Perto deObs.: os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; paralelamente a; relativa a; relativamente a.

SINTAXE DE COLOCAÇÃO

Colocação dos Pronomes Oblíquos ÁtonosFernanda, quem te contou isso?

Fernanda, contaram-te isso?

Nos exemplos acima, observe que o pronome "te" foi expresso em lugares distintos: antes e depois do verbo. Isso ocorre porque os pronomes átonos (me, te, se, lhe, o, a, nos, vos, lhes, os, as) podem assumir três posições diferentes numa oração: antes do verbo, depois do verbo e no interior do verbo. Essas três colocações chamam-se, respectivamente: próclise, ênclise e mesóclise.

1) Próclise

Na próclise, o pronome surge antes do verbo. Costuma ser empregada:

a) Nas orações que contenham uma palavra ou expressão de valor negativo.

Exemplos:

Ninguém o apoia.

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Nunca se esqueça de mim.Não me fale sobre este assunto.

b) Nas orações em que haja advérbios e pronomes indefinidos, sem que exista pausa.Exemplos:

Aqui se vive. (advérbio)Tudo me incomoda nesse lugar. (pronome indefinido)

Obs.: caso haja pausa depois do advérbio, emprega-se ênclise.

Por Exemplo:

Aqui, vive-se.c) Nas orações iniciadas por pronomes e advérbios interrogativos.

Exemplos:

Quem te convidou para sair? (pronome interrogativo)Por que a maltrataram? (advérbio interrogativo)

d) Nas orações iniciadas por palavras exclamativas e nas optativas (que exprimem desejo).

Exemplos:

Como te admiro! (oração exclamativa)Deus o ilumine! (oração optativa)

e) Nas conjunções subordinativas:

Exemplos:

Ela não quis a blusa, embora lhe servisse.É necessário que o traga de volta.Comprarei o relógio se me for útil.

f) Com gerúndio precedido de preposição "em".

Exemplos:

Em se tratando de negócios, você precisa falar com o gerente.Em se pensando em descanso, pensa-se em férias.

g) Com a palavra "só" (no sentido de "apenas", "somente") e com as conjunções coordenativas alternativas.

Exemplos:

Só se lembram de estudar na véspera das provas.Ou se diverte, ou fica em casa.

h) Nas orações introduzidas por pronomes relativos.

Exemplos:

Foi aquele colega quem me ensinou a matéria.Há pessoas que nos tratam com carinho.Aqui é o lugar onde te conheci.

2) Mesóclise

Emprega-se a mesóclise quando o verbo estiver no futuro do presente ou no futuro do pretérito do indicativo, desde que não se justifique a próclise. O pronome fica intercalado ao verbo.

Exemplos:

Falar-lhe-ei a teu respeito. (Falarei + lhe)Procurar-me-iam caso precisassem de ajuda. (Procurariam + me)

Observações:

a) Havendo um dos casos que justifique a próclise, desfaz-se a mesóclise.

Por Exemplo:

Tudo lhe emprestarei, pois confio em seus cuidados. (O pronome "tudo" exige o uso de próclise.)

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b) Com esses tempos verbais (futuro do presente e futuro do pretérito) jamais ocorre a ênclise.

c) A mesóclise é colocação exclusiva da língua culta e da modalidade literária.

3) Ênclise

A ênclise pode ser considerada a colocação básica do pronome, pois obedece à sequência verbo-complemento. Assim, o pronome surge depois do verbo. Emprega-se geralmente:

a) Nos períodos iniciados por verbos (desde que não estejam no tempo futuro), pois, na língua culta, não se abre frase com pronome oblíquo.

Exemplos:

Diga-me apenas a verdade.Importava-se com o sucesso do projeto.

b) Nas orações reduzidas de infinitivo.

Exemplos:

Convém confiar-lhe esta responsabilidade.Espero contar-lhe isto hoje à noite.

c) Nas orações reduzidas de gerúndio (desde que não venham precedidas de preposição "em".)

Exemplos:

A mãe adotiva ajudou a criança, dando-lhe carinho e proteção.O menino gritou, assustando-se com o ruído que ouvira.

d) Nas orações imperativas afirmativas.

Exemplos:

Fale com seu irmão e avise-o do compromisso.Professor, ajude-me neste exercício!

Observações:

1) A posição normal do pronome é a ênclise. Para que ocorra a próclise ou a mesóclise é necessário haver justificativas.

2) A tendência para a próclise na língua falada atual é predominante, mas iniciar frases com pronomes átonos não é lícito numa conversação formal. Por Exemplo:

Linguagem Informal: Me alcança a caneta.Linguagem Formal: Alcança-me a caneta.

3) Se o verbo não estiver no início da frase, nem conjugado nos tempos Futuro do Presente ou Futuro do Pretérito, é possível usar tanto a próclise como a ênclise.

Exemplos: Eu me machuquei no jogo.Eu machuquei-me no jogo.As crianças se esforçam para acordar cedo.As crianças esforçam-se para acordar cedo.

Colocação dos Pronomes Oblíquos Átonos nas Locuções VerbaisAs locuções verbais podem ter o verbo principal no infinitivo, no gerúndio ou no particípio.

1) Verbo Principal no Infinitivo ou Gerúndio

a) Sem palavra que exija a próclise:

Geralmente, emprega-se o pronome após a locução.

Por Exemplo:

Quero ajudar-lhe ao máximo.

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b) Com palavra que exija próclise:

O pronome pode ser colocado antes ou depois da locução.

Exemplos:

Nunca me viram cantar. (antes)Não pretendo falar-lhe sobre negócios. (depois)

Observações:

1) Quando houver preposição entre o verbo auxiliar e o infinitivo, a colocação do pronome será facultativa.

Por Exemplo:

Nosso filho há de encontrar-se na escolha profissional.Nosso filho há de se encontrar na escolha profissional.

2) Com a preposição "a" e o pronome oblíquo "o" (e variações) o pronome deverá ser colocado depois do infinitivo.

Por Exemplo:

Voltei a cumprimentá-los pela vitória na partida.2) Verbo Principal no Particípio

Estando o verbo principal no particípio, o pronome oblíquo átono não poderá vir depois dele.

Por Exemplo:

As crianças tinham-se perdido no passeio escolar.a) Se não houver fator que justifique a próclise, o pronome ficará depois do verbo auxiliar.

Por Exemplo:

Seu rendimento escolar tem-me surpreendido.b) Se houver fator que justifique a próclise, o pronome ficará antes da locução.

Por Exemplo:

Não me haviam avisado da prova que teremos amanhã.Obs.: na língua falada, é comum o uso da próclise em relação ao particípio. Veja:

Por Exemplo:

Haviam me convencido com aquela história.Não haviam me mostrado todos os cômodos da casa.

CRASEA palavra crase é de origem grega e significa "fusão", "mistura". Na língua portuguesa, é o nome que se dá à "junção" de duas vogais idênticas. É de grande importância a crase da preposição "a" com o artigo feminino "a" (s), com o pronome demonstrativo "a" (s), com o "a" inicial dos pronomes aquele (s), aquela (s), aquilo e com o "a" do relativo a qual (as quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` ) para indicar a crase. O uso apropriado do acento grave, depende da compreensão da fusão das duas vogais. É fundamental também, para o entendimento da crase, dominar a regência dos verbos e nomes que exigem a preposição "a". Aprender a usar a crase, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrência simultânea de uma preposição e um artigo ou pronome. Observe:

Vou a a igreja.Vou à igreja.

No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição "a",exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo "a" que está determinando o substantivo feminino igreja. Quando ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem, a união delas é indicada pelo acento grave. Observe os outros exemplos:

Conheço a aluna.Refiro-me à aluna.

No primeiro exemplo, o verbo é transitivo (conhecer algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não pode ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto (referir-se a algo ou a alguém) e exige a preposição "a". Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte seja feminino e admita o artigo feminino "a" ou um dos pronomes já especificados.

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Há duas maneiras de verificar a existência de um artigo feminino "a" (s) ou de um pronome demonstrativo "a" (s) após uma preposição "a":

1- Colocar um termo masculino no lugar do termo feminino que se está em dúvida. Se surgir a forma ao, ocorrerá crase antes do termo feminino.

Veja os exemplos:

Conheço "a" aluna. / Conheço o aluno.Refiro-me ao aluno. / Refiro-me à aluna.

2- Trocar o termo regente acompanhado da preposição apor outro acompanhado de uma preposição diferente (para, em, de, por, sob, sobre). Se essas preposições não se contraírem com o artigo, ou seja, se não surgirem novas formas (na (s), da (s), pela (s),...), não haverá crase.

Veja os exemplos:

- Penso na aluna.- Apaixonei-me pela aluna.

- Começou a brigar. - Cansou de brigar.- Insiste em brigar.- Foi punido por brigar.- Optou por brigar.

Atenção: lembre-se sempre que não basta provar a existência da preposição "a" ou do artigo "a", é preciso provar que existem os dois.

Evidentemente, se o termo regido não admitir a anteposição do artigo feminino "a" (s), não haverá crase. Veja os principais casos em que a crase NÃO ocorre:

- diante de substantivos masculinos:

Andamos a cavalo.Fomos a pé.Passou a camisa a ferro.Fazer o exercício a lápis.Compramos os móveis a prazo.Assisitimos a espetáculos magníficos.

- diante de verbos no infinitivo:

A criança começou a falar.Ela não tem nada a dizer.Estavam a correr pelo parque.Estou disposto a ajudar.Continuamos a observar as plantas.Voltamos a contemplar o céu.

Obs.: como os verbos não admitem artigos, constatamos que o "a" dos exemplos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase.

- diante da maioria dos pronomes e das expressões de tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita e dona:

Diga a ela que não estarei em casa amanhã.Entreguei a todos os documentos necessários.Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem.Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos.Mostrarei a vocês nossas propostas de trabalho.Quero informar a algumas pessoas o que está acontecendo.Isso não interessa a nenhum de nós.Aonde você pretende ir a esta hora?

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Agradeci a ele, a quem tudo devo.Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes podem ser identificados pelo método explicado anteriormente. Troque a palavra feminina por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, ocorrerá crase. Por exemplo:

Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me aomesmo indivíduo.)Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao senhor.)Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio Cláudio para sair mais cedo.)

- diante de numerais cardinais:

Chegou a duzentos o número de feridos.Daqui a uma semana começa o campeonato.

Casos em que a crase SEMPRE ocorre:

- diante de palavras femininas:

Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.Sempre vamos à praia no verão.Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.Sou grata à população.Fumar é prejudicial à saúde.Este aparelho é posterior à invenção do telefone.

- diante da palavra "moda", com o sentido de "à moda de" (mesmo que a expressão moda de fique subentendida):

O jogador fez um gol à (moda de) Pelé. Usava sapatos à (moda de) Luís XV.Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.

- na indicação de horas:

Acordei às sete horas da manhã.Elas chegaram às dez horas.Foram dormir à meia-noite.Ele saiu às duas horas.

- em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que participam palavras femininas. Por exemplo:

à tarde às ocultas às pressas à medida que

à noite às claras às escondidas à força

à vontade à beça à larga à escuta

às avessas à revelia à exceção de à imitação de

à esquerda às turras às vezes à chave

à direita à procura à deriva à toa

à luz à sombra de à frente de à proporção que

à semelhança de às ordens à beira de

Crase diante de Nomes de LugarAlguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo "a". Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição "a". Para saber se um nome de lugar admite ou não a anteposição do artigo feminino "a", deve-se substituir o termo regente por um verbo que peça a preposição "de" ou"em". A ocorrência da contração "da" ou "na"prova que esse nome de lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase. Por exemplo:

Vou à França. (Vim da França. Estou na França.)Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto Alegre.)

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Cheguei a Pernambuco. (Vim de Pernambuco. Estou em Pernambuco.)Retornarei a São Paulo. (Vim de São Paulo. Estou em São Paulo.)

ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado, ocorrerá crase. Veja:

Retornarei à São Paulo dos bandeirantes.Irei à Salvador de Jorge Amado.

Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s), Aquela (s), AquiloHaverá crase diante desses pronomes sempre que o termo regente exigir a preposição "a". Por exemplo:

Refiro-me a aquele atentado.Preposição Pronome

Refiro-me àquele atentado.

O termo regente do exemplo acima é o verbo transitivo indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige preposição, portanto, ocorre a crase.

Observe este outro exemplo:

Aluguei aquela casa.O verbo "alugar" é transitivo direto (alugar algo) e não exige preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja outros exemplos:

Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho.Quero agradecer àqueles que me socorreram.Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai.Não obedecerei àquele sujeito.Assisti àquele filme três vezes.Espero aquele rapaz.Fiz aquilo que você disse.Comprei aquela caneta.

Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As QuaisA ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual e as quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses pronomes exigir a preposição "a", haverá crase. É possível detectar a ocorrência da crase nesses casos, utilizando a substituição do termo regido feminino por um termo regido masculino. Por exemplo:

A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade.O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade.Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a crase.

Veja outros exemplos:

São normas às quais todos os alunos devem obedecer.Esta foi a conclusão à qual ele chegou.Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam responder nenhuma das questões.A sessão à qual assisti estava vazia.

Crase com o Pronome Demonstrativo "a"

A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo "a"também pode ser detectada através da substituição do termo regente feminino por um termo regido masculino. Veja:

Minha revolta é ligada à do meu país.Meu luto é ligado ao do meu país.As orações são semelhantes às de antes.Os exemplos são semelhantes aos de antes.Aquela rua é transversal à que vai dar na minha casa.Aquele beco é transversal ao que vai dar na minha casa.Suas perguntas são superiores às dele.Seus argumentos são superiores aos dele.Sua blusa é idêntica à de minha colega.Seu casaco é idêntico ao de minha colega.

A Palavra Distância

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Se a palavra distância estiver especificada, determinada, a crase deve ocorrer. Por exemplo:

Sua casa fica à distância de 100 Km daqui. (A palavra está determinada.)Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A palavra está especificada.)

Se a palavra distância não estiver especificada, a crase não pode ocorrer. Por exemplo:

Os militares ficaram a distância.Gostava de fotografar a distância.Ensinou a distância.Dizem que aquele médico cura a distância.Reconheci o menino a distância.

Observação: por motivo de clareza, para evitar ambiguidade, pode-se usar a crase. Veja:

Gostava de fotografar à distância.Ensinou à distância.Dizem que aquele médico cura à distância.

Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA

- diante de nomes próprios femininos:Observação: é facultativo o uso da crase diante de nomes próprios femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe:

Paula é muito bonita. Laura é minha amiga.

A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga.

Como podemos constatar, é facultativo o uso do artigo feminino diante de nomes próprios femininos, então podemos escrever as frases abaixo das seguintes formas:

Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Roberto.

Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Roberto.

Contei a Laura o que havia ocorrido na noite passada. Contei aPedro o que havia ocorrido na noite passada.

Contei à Laura o que havia ocorrido na noite passada. Contei ao Pedro o que havia ocorrido na noite passada.

- diante de pronome possessivo feminino:Observação: é facultativo o uso da crase diante de pronomes possesivos femininos porque é facultativo o uso do artigo. Observe:

Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperando por você.

A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está esperando por você.

Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de pronomes possessivos femininos, então podemos escrever as frases abaixo das seguintes formas:

Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.

Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.

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Diga a sua irmã que estou esperando por ela. Diga a seu irmão que estou esperando por ele.

Diga à sua irmã que estou esperando por ela. Diga ao seu irmão que estou esperando por ele.

- depois da preposição até:

Fui até a praia. ou Fui até à praia.

Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o até à porta.

A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A palestra vai até às cinco horas da tarde.

O texto: compreensão, interpretação e articulações semântico-textuais.

Compreendendo e interpretando um texto:

Para ler e entender um texto é preciso atingir dois níveis de leitura:

Informativa e de reconhecimento;

Interpretativa.

A primeira deve ser feita cuidadosamente por ser o primeiro contato com o texto, extraindo-se informações e se preparando para a leitura interpretativa. Durante a interpretação grife palavras-chave, passagens importantes; tente ligar uma palavra à idéia-central de cada parágrafo.

A última fase de interpretação concentra-se nas perguntas e opções de respostas. Marque palavras com NÃO, EXCETO, RESPECTIVAMENTE, etc, pois fazem diferença na escolha adequada.

Retorne ao texto mesmo que pareça ser perda de tempo. Leia a frase anterior e posterior para ter idéia do sentido global proposto pelo autor.

ORGANIZAÇÃO DO TEXTO E IDÉIA CENTRAL

Um texto para ser compreendido deve apresentar idéias seletas e organizadas, através dos parágrafos que é composto pela idéia central, argumentação e/ou desenvolvimento e a conclusão do texto.

Podemos desenvolver um parágrafo de várias formas:

Declaração inicial;

Definição;

Divisão;

Alusão histórica.

Serve para dividir o texto em pontos menores, tendo em vista os diversos enfoques.

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Convencionalmente, o parágrafo é indicado através da mudança de linha e um espaçamento da margem esquerda.

Uma das partes bem distintas do parágrafo é o tópico frasal, ou seja, a idéia central extraída de maneira clara e resumida.

Atentando-se para a idéia principal de cada parágrafo, asseguramos um caminho que nos levará à compreensão do texto.

OS TIPOS DE TEXTO

Basicamente existem três tipos de texto:

Texto narrativo;

Texto descritivo;

Texto dissertativo.

Cada um desses textos possui características próprias de construção.

DESCRIÇÃO

Descrever é explicar com palavras o que se viu e se observou. A descrição é estática, sem movimento, desprovida de ação. Na descrição o ser, o objeto ou ambiente são importantes, ocupando lugar de destaque na frase o substantivo e o adjetivo.

O emissor capta e transmite a realidade através de seus sentidos, fazendo uso de recursos lingüísticos, tal que o receptor a identifique. A caracterização é indispensável, por isso existe uma grande quantidade de adjetivos no texto.

Há duas descrições:

Descrição denotativa

Descrição conotativa.

DESCRIÇÃO DENOTATIVA

Quando a linguagem representativa do objeto é objetiva, direta sem metáforas ou outras figuras literárias, chamamos de descrição denotativa. Na descrição denotativa as palavras são utilizadas no seu sentido real, único de acordo com a definição do dicionário.

Exemplo:

Saímos do campus universitário às 14 horas com destino ao agreste pernambucano. À esquerda fica a reitoria e alguns pontos comerciais. À direita o término da construção de um novo centro tecnológico. Seguiremos pela BR-232 onde encontraremos várias formas de relevo e vegetação.

No início da viagem observamos uma típica agricultura de subsistência bem à margem da BR-232. Isso provavelmente facilitará o transporte desse cultivo a um grande centro de distribuição de alimentos a CEAGEPE.

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DESCRIÇÃO CONOTATIVA

Em tal descrição as palavras são tomadas em sentido figurado, ricas em polivalência.

Exemplo:

João estava tão gordo que as pernas da cadeira estavam bambas do peso que carregava. Era notório o sofrimento daquele pobre objeto.

Hoje o sol amanheceu sorridente; brilhava incansável, no céu alegre, leve e repleto de nuvens brancas. Os pássaros felizes cantarolavam pelo ar.

NARRAÇÃO

Narrar é falar sobre os fatos. É contar. Consiste na elaboração de um texto inserindo episódios, acontecimentos.

A narração difere da descrição. A primeira é totalmente dinâmica, enquanto a segunda é estática e sem movimento. Os verbos são predominantes num texto narrativo.

O indispensável da ficção é a narrativa, respondendo os seus elementos a uma série de perguntas:

Quem participa nos acontecimentos? (personagens);

O que acontece? (enredo);

Onde e como acontece? (ambiente e situação dos fatos).

Fazemos um texto narrativo com base em alguns elementos:

O quê? – Fato narrado;

Quem? – personagem principal e o anti-herói;

Como? – o modo que os fatos aconteceram;

Quando? – o tempo dos acontecimentos;

Onde? – local onde se desenrolou o acontecimento;

Por quê? – a razão, motivo do fato;

Por isso: – a conseqüência dos fatos.

No texto narrativo, o fato é o ponto central da ação, sendo o verbo o elemento principal. É importante só uma ação centralizadora para envolver as personagens.

Deve haver um centro de conflito, um núcleo do enredo.

A seguir um exemplo de texto narrativo:

Toda a gente tinha achado estranha a maneira como o Capitão Rodrigo Camborá entrara na vida de Santa Fé. Um dia chegou a cavalo, vindo ninguém sabia de onde, com o chapéu de

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barbicacho puxado para a nuca, a bela cabeça de macho altivamente erguida e aquele seu olhar de gavião que irritava e ao mesmo tempo fascinava as pessoas. Devia andar lá pelo meio da casa dos trinta, montava num alazão, trazia bombachas claras, botas com chilenas de prata e o busto musculoso apertado num dólmã militar azul, com gola vermelha e botões de metal.

(Um certo capitão Rodrigo – Érico Veríssimo)

A relação verbal emissor – receptor efetiva-se por intermédio do que chamamos discurso. A narrativa se vale de tal recurso, efetivando o ponto de vista ou foco narrativo.

Quando o narrador participa dos acontecimentos diz-se que é narrador-personagem. Isto constitui o foco narrativo da 1ª pessoa.

Exemplo:

Parei para conversar com o meu compadre que há muito não falava. Eu notei uma tristeza no seu olhar e perguntei:

- Compadre por que tanta tristeza?

Ele me respondeu:

- Compadre minha senhora morreu há pouco tempo. Por isso, estou tão triste.

Há tanto tempo sem nos falarmos e justamente num momento tão triste nos encontramos. Terá sido o destino?

Já o narrador-observador é aquele que serve de intermediário entre o fato e o leitor. É o foco narrativo de 3ª pessoa.

Exemplo:

O jogo estava empatado e os torcedores pulavam e torciam sem parar. Os minutos finais eram decisivos, ambos precisavam da vitória, quando de repente o juiz apitou uma penalidade máxima.

O técnico chamou Neco para bater o pênalti, já que ele era considerado o melhor batedor do time.

Neco dirigiu-se até a marca do pênalti e bateu com grande perfeição. O goleiro não teve chance. O estádio quase veio abaixo de tanta alegria da torcida.

Aos quarenta e sete minutos do segundo tempo o juiz finalmente apontou para o centro do campo e encerrou a partida.

FORMAS DE DISCURSO

Discurso direto;

Discurso indireto;

Discurso indireto livre.

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DISCURSO DIRETO (Uma breve importância para este tópico)

É aquele que reproduz exatamente o que escutou ou leu de outra pessoa.

Podemos enumerar algumas características do discurso direto:

- Emprego de verbos do tipo: afirmar, negar, perguntar, responder, entre outros;

- Usam-se os seguintes sinais de pontuação: dois-pontos, travessão e vírgula.

Exemplo:

O juiz disse:

- O réu é inocente.

DISCURSO INDIRETO (Uma breve importância para este tópico)

É aquele reproduzido pelo narrador com suas próprias palavras, aquilo que escutou ou leu de outra pessoa.

No discurso indireto eliminamos os sinais de pontuação e usamos conjunções: que, se, como, etc.

Exemplo:

O juiz disse que o réu era inocente.

DISCURSO INDIRETO LIVRE (Uma breve importância para este tópico)

É aquele em que o narrador reconstitui o que ouviu ou leu por conta própria, servindo-se de orações absolutas ou coordenadas sindéticas e assindéticas.

Exemplo:

Sinhá Vitória falou assim, mas Fabiano franziu a testa, achando a frase extravagante. Aves matarem bois e cavalos, que lembrança! Olhou a mulher, desconfiado, julgou que ela estivesse tresvariando”. (Graciliano Ramos).

As articulações semânticas do texto podem ter três critérios:

Segundo Câmara (1999:77), os vocábulos formais, também chamados partes do discurso, são classificados de acordo com os seguintes critérios:

1o) o semântico, referente à significação das palavras do ponto de vista do universo biossocial que se incorpora na língua;

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2o) o formal ou mórfico baseia-se nas propriedades da forma gramatical que os vocábulos podem apresentar; e

3o) o sintático ou funcional diz respeito à função ou papel que a palavra desempenha em uma determinada oração.

Em relação ao critério semântico, define-se o adjetivo como a palavra que especifica o substantivo, promovendo a expressão de um teor praticamente ilimitado de especificações com o uso de elementos fixos, mas uma função dependente do substantivo por sua própria natureza e razão de ser. (Basílio,1995:50)

Ainda no que se refere ao critério semântico, podemos denominar os adjetivos de objetivos ou subjetivos.

Carneiro et al. (1992:31) articulam essa classificação, de base semântica, a outra, de base textual, assim distribuindo os adjetivos :

a) Qualificações: decorrentes da opinião do enunciador, como em dia maravilhoso;

b) Informações: resultantes do conhecimento do enunciador, como em relógio francês;

c) Caracterizações: produzidos, ao mesmo tempo, a partir do conhecimento do enunciador e dos dados observados no próprio objeto, como em relógio azul.

Com base na classificação dos adjetivos em objetivos e subjetivos, dizemos que os do tipo Qualificações apresentam um conteúdo subjetivo e necessitam de uma maior explicitação, fazendo o texto progredir. Esses adjetivos denominam-se subjetivos. Já os adjetivos do tipo Informações e Caracterizações possuem um conteúdo semântico fechado em si mesmo e, dessa forma, não geram progressão no texto. Tais adjetivos são classificados como objetivos.

Conforme o critério mórfico, o adjetivo é definido como uma palavra que apresenta as categorias de gênero e de número, com as flexões correspondentes.

De acordo com o critério funcional, vê-se o adjetivo como uma palavra que acompanha, modifica ou caracteriza o substantivo. Contudo, observa-se que tal definição sintática para os adjetivos não é suficiente, pois não os diferencia de outras palavras que também acompanham substantivos, chamadas determinantes, tais como: os artigos, os pronomes possessivos e demonstrativos e, ainda, os numerais6. Nota-se, portanto, que a distinção entre adjetivos e determinantes está mais relacionada a propriedades de natureza semântico-discursiva do que sintática.

Para Cunha (1996:201), o adjetivo é, essencialmente, um modificador do substantivo. Emprega-se também o adjetivo a fim de caracterizar os seres ou objetos nomeados pelo substantivo, indicando-lhes uma qualidade ou defeito (inteligência lúcida/homem perverso), o modo de ser (pessoa simples), o aspecto ou aparência (céu azul) e o estado (laranjeiras floridas). Pode-se dizer, ainda, que tal modificação junto ao substantivo também se realiza através de uma expressão constituída por preposição e um substantivo, como vemos em homem de coragem = homem corajoso, amor de mãe = amor materno. Dessa forma, pelo fato de as expressões de coragem e de mãe serem equivalentes tanto semântico quanto funcionalmente aos adjetivos corajoso e materno, elas são classificadas como

locuções adjetivas.

7 - Quanto à sua função sintática, o adjetivo pode-se apresentar numa oração sob as formas de Adjunto Adnominal e de Predicativos do Sujeito e do Objeto Direto.

3. Resultados

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O texto em estudo classifica-se como sendo do tipo narrativo, pertencente ao gênero crônica. No entanto, essa classificação não descarta, de maneira alguma, a presença dos outros modos de organização do discurso, que são: o Enunciativo, o Descritivo e o Argumentativo.

Assim, o modo Enunciativo de organização do discurso comanda/organiza a encenação dos outros três, à medida que mostra a relação de influência do locutor sobre o interlocutor, o ponto de vista situacional desse locutor e o seu testemunho face ao mundo (Carneiro & Monnerat, 1992). Esse modo apresenta-se, na crônica, a partir de uma situação corriqueira de nosso cotidiano: um jantar em família. Dentre os membros que dela fazem parte, destacam-se a figura da sogra (D.Carolina) e a do genro. Tradicionalmente, em nossa sociedade, a figura da sogra é bastante depreciada, pelo fato de representar um problema ou, ainda, uma intromissão no relacionamento de muitos casais, levando, muitas vezes, à sua separação. Da

mesma forma, a figura do genro também pode ser depreciada por representar, consciente ou inconscientemente, uma espécie de concorrente às atenções da filha, atenções estas destinadas outrora apenas à mãe e ao pai. Baseando-se, então, em uma situação típica de nosso dia-a-dia (um jantar em família), o sujeito comunicante, representado pelo Narrador-Observador, que se transfigura, no ato discursivo, em sujeito enunciador (representado pela figura do genro) e que emite juízos de valor em relação à sua sogra, propõe-nos uma reflexão acerca do tratamento dispensado ao idoso, tanto na família, quanto na sociedade em geral. Vale destacar que a discussão torna-se ainda mais pertinente, visto que a idosa (D.Carolina) representa a sogra, figura esta que, como dissemos, não é bem vista socialmente.

Para tratar do tema em discussão, o sujeito comunicante/enunciador utiliza, no espaço da tematização, as operações de qualificação, representadas pelo uso de nomes adjetivos que, em sua maioria, possuem um valor semântico-discursivo subjetivo, evidenciando o modo Descritivo de organização do discurso. Além disso, tais adjetivos subjetivos imprimem na narrativa a opinião /o ponto de vista situacional do sujeito enunciador em relação à tese discutida, o que, de certa forma, abre possibilidades de trabalho com o modo Argumentativo:

"[...] A família, de novo reunida, se alvoroçava, e Dona Carolina, arquejante, dizendo que morria sufocada."

"[...] A velha, porém, só fazia arranhar a garganta com sons

estrangulados, a boca aberta, os olhos revirados para cima."

De acordo com a classificação semântico-discursiva desenvolvida por Carneiro et al (1992), pode-se dizer que, em Espinha de peixe, ocorre o predomínio de adjetivos de caráter subjetivo. Ainda assim, observa-se a presença de alguns adjetivos de caráter objetivo que, segundo o autor mencionado, possuem uma auto-suficiência informativa não geradora de progressão textual:

"[...] E apontava o gogó com o dedinho seco."

"[...] Dona Carolina reclinou a cabeça para trás, abriu bem a boca, e a dentadura superior se despregou."

Os adjetivos subjetivos, que apresentam um valor semântico aberto, exigem maiores informações a respeito do substantivo ao qual se referem, estabelecendo a progressão temática dos fatos narrados. Portanto, ao escolher e combinar os adjetivos (estrangulados, revirados, nervosa) e o adjetivo substantivado (histérica) com os substantivos (sons, olhos, velha e sogra), todos referentes à D.Carolina, o sujeito comunicante/enunciador revela a imagem que ele (o genro) e a família têm

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dela, pessoa que, por ser idosa, já não merece respeito nem confiabilidade em suas atitudes:

"[...] A velha, porém, só fazia arranhar a garganta com sons estrangulados, a boca aberta, os olhos revirados para cima."

"[...] A velha está nervosa à toa, o senhor desculpe o incômodo."

"[...] Minha sogra é uma histérica - explicava o dono da casa a um velho amigo que viera visitá-lo ao terceiro dia."

No que diz respeito às funções sintáticas desses adjetivos subjetivos, nota-se que os Adjuntos Adnominais são responsáveis pela construção da imagem da protagonista. Já os adjetivos subjetivos, que atuam como Predicativos do Sujeito, sinalizam a carga emocional de Dona Carolina. Vejamos, então, nos trechos seguintes:

"[...] A família, de novo reunida, se alvoroçava, e D.Carolina, arquejante, dizendo que morria sufocada." (adjetivos Predicativos do Sujeito)

"[...] D.Carolina pôs-se a amaldiçoar toda a sua descendência, a voz cada voz mais rouca:" (adjetivo Adjunto Adnominal)

AnexosO que fazer quando ninguém acredita no que a gente está dizendo? Você vai engolir em seco e ficar de nó na garganta com esta crônica.

Espinha de peixe

"De repente Dona Carolina deixou cair o garfo e soltou um grunhido. Todos se precipitaram para ela, abandonando seus lugares à mesa: a filha, o genro, os netos:

- Que foi, mamãe?

- Dona Carolina, a senhora está sentindo alguma coisa?

- Fala conosco, vovó.

A velha, porém, só fazia arranhar a garganta com sons estrangulados, a boca aberta, os olhos revirados para cima.

- Uma espinha - deixou escapar afinal, com esforço: - Estou com uma espinha de peixe atravessada aqui.

E apontava o gogó com o dedinho seco.

- Come miolo de pão.

- Respira fundo, vovó.

- Com licença - e o marido de uma das netas, que era médico recém-formado, abriu caminho: - Deixa ver. Abre bem a boca, Dona Carolina.

Dona Carolina reclinou a cabeça para trás, abriu bem a boca, e a dentadura superior se despregou. Constrangido, o moço retirou-a com dedos delicados, deixou-a sorrindo sobre a toalha da mesa:

- Assim. Agora vira aqui para a luz. Não estou vendo nada... A espinha já saiu, não tem nada aí. A garganta ficou um pouco irritada, é por isso... Bebe um pouco d'água, Dona Carolina, que tudo já passou.

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Todos respiraram aliviados, voltando aos seus lugares. Dona Carolina, porém, fuzilou o rapaz com um olhar que parecia dizer: 'Passou uma ova!' e continuava a gemer. Como ninguém se dispusesse mais a socorrê-la, acabou se retirando para o quarto, depois de amaldiçoar toda a família. Uma das netas, solícita, foi levar-lhe a dentadura, esquecida sobre a mesa.

- Estou com uma espinha na garganta - queixava-se ela, a voz cada vez mais fraca.

- Já saiu, mamãe. É assim mesmo, a gente fica com a impressão que ainda tem, deve ter ferido a garganta...

- Impressão nada! Ela está aqui dentro, me sufocando... Chame um médico para mim, minha filha.

Veio de novo o rapaz que era médico, mas a velha o rejeitou com um gesto:

- Esse não! Eu quero um médico de verdade!

A família, de novo reunida, se alvoroçava, e Dona Carolina, arquejante, dizendo que morria sufocada. Uma das filhas corria a buscar um copo d'água, outra abanava a velha com um jornal. O dono da casa foi bater à porta do vizinho de apartamento, Dr. Fontoura, que, pelo nome, devia ser médico:

- O senhor desculpe incomodar, mas minha sogra cismou, uma espinha de peixe, não tem mais nada, cismou que tem, porque tem...

Dr. Fontoura, que na realidade era dentista, acorreu com uns ferrinhos, uma pinça.

- Abre bem a boca, minha senhora - ordenou, gravemente, e contendo a língua da velha com o cabo de uma colher, meteu o nariz pela boca adentro: - Assim. Hum-hum... Não vejo nada. Alguém tem uma lanterna elétrica?

Um dos rapazes trouxe a lanterna elétrica, e o dentista iluminou a goela de sua nova cliente, sob a expectativa geral.

- É isso mesmo... Está um pouquinho irritada ali, perto da epiglote. Não tem mais nada, a espinha já saiu. O que ela está precisando, na minha opinião, é de uma dentadura nova.

A velha engasgou e, em represália, por pouco não lhe mordeu a mão. Todos respiravam, aliviados.

- Eu não dizia? - exclamava o dono da casa, conduzindo o vizinho até a porta. E protestava agradecimentos: - A velha está nervosa à toa, o senhor desculpe o incômodo...

Dona Carolina pôs-se a amaldiçoar toda a sua descendência, a voz cada vez mais rouca:

- Cambada de imprestáveis! Eu aqui morrendo engasgada e eles a dizerem que não tem mais nada!

Resolveram fazê-la tomar um calmante e dar o caso por encerrado.

Mas o caso não se encerrou. A velha não pregou olho durante a noite e passou todo o dia seguinte na cama, gemendo com um fio de voz:

- Ai, ai, ai, meu Santo Deus! Estou morrendo e ninguém liga!

A filha torcia as mãos, exasperada:

- Não quis almoçar, agora não quer jantar. Assim acaba morrendo mesmo.

- Minha sogra é uma histérica - explicava o dono da casa a um velho amigo que viera visitá-lo ao terceiro dia. - Está assim desde Quarta-feira, já nem fala mais com ninguém...

O velho amigo resolveu espiá-la de perto. Assim que o viu, Dona Carolina agarrou-lhe a mão, soprando-lhe no rosto uma voz roufenha, quase inaudível, mais para lá do que para cá:

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- Pelo amor de Deus, me salve! Você é o único que ainda acredita em mim.

Impressionado, o velho amigo da casa resolveu levá-la consigo até o pronto-socorro.

- Quanto mais não seja, terá efeito psicológico - explicou aos demais.

Embrulharam a velha num sobretudo, e lá se foi ela, de carro, para o pronto-socorro.

Foi só chegar e a esconderam numa mesa, anestesiaram-na, e o médico de plantão, com uma pinça, retirou de sua garganta - não um espinha, mas um osso de peixe, uma imensa vértebra cheia de espinhas para todo lado, como um ouriço.

- Estava morrendo sufocada - advertiu. - Não passaria desta noite.

Hoje Dona Carolina, quando quer fazer o resto da família ouvir sua opinião sobre qualquer assunto, exibe antes sua famosa vértebra de peixe, que carrega consigo, como um troféu."

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