01 apostila-pt- ps-almeida-setembro-09.pdf

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ii Sumário 1. PROGRAMA DA DISCIPLINA 1 1.1 EMENTA 1 1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL 1 1.3 OBJETIVOS 1 1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 2 1.5 METODOLOGIA 3 1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 3 1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 3 CURRICULUM RESUMIDO DO PROFESSOR 4 2. PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 5 2.1 INTRODUÇÃO 5 2.2 A INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO E O PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 5 3. SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL 9 3.1 NOÇÕES SOBRE O SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL 9 3.2 A DEFINIÇÃO LEGAL DE TRIBUTO 9 3.3 AS ESPÉCIES DE TRIBUTOS BRASILEIROS 10 3.3.1 IMPOSTOS 10 3.3.2 TAXAS 10 3.3.3 CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA 11 3.3.4 CONTRIBUIÇÕES PARAFISCAIS 11 3.3.5 EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS 12 3.3.6 A NATUREZA JURÍDICA DO TRIBUTO 12 3.3.7 NOÇÕES DE PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTÁRIOS 12 3.4 OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA (OT) 15 3.4.1 ELEMENTOS DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA 15 3.4.2 FATO GERADOR 15 3.4.3 SUJEITO PASSIVO 16 3.4.4 CRÉDITO TRIBUTÁRIO 17 3.4.5 LANÇAMENTO TRIBUTÁRIO 17 3.4.6 MODALIDADES DE LANÇAMENTO 17 3.5 CARACTERÍSTICAS DE ALGUNS TRIBUTOS FEDERAIS 18 3.5.1 IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS JURÍDICAS IRPJ 18 3.5.2 CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO CSLL 20 3.5.3 CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP 21 3.5.4 CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS 22

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    Sumrio

    1. PROGRAMA DA DISCIPLINA 1

    1.1 EMENTA 1 1.2 CARGA HORRIA TOTAL 1 1.3 OBJETIVOS 1 1.4 CONTEDO PROGRAMTICO 2 1.5 METODOLOGIA 3 1.6 CRITRIOS DE AVALIAO 3 1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA 3 CURRICULUM RESUMIDO DO PROFESSOR 4

    2. PLANEJAMENTO TRIBUTRIO 5

    2.1 INTRODUO 5 2.2 A INTERPRETAO DA LEGISLAO E O PLANEJAMENTO TRIBUTRIO 5

    3. SISTEMA TRIBUTRIO NACIONAL 9

    3.1 NOES SOBRE O SISTEMA TRIBUTRIO NACIONAL 9 3.2 A DEFINIO LEGAL DE TRIBUTO 9 3.3 AS ESPCIES DE TRIBUTOS BRASILEIROS 10 3.3.1 IMPOSTOS 10 3.3.2 TAXAS 10 3.3.3 CONTRIBUIES DE MELHORIA 11 3.3.4 CONTRIBUIES PARAFISCAIS 11 3.3.5 EMPRSTIMOS COMPULSRIOS 12 3.3.6 A NATUREZA JURDICA DO TRIBUTO 12 3.3.7 NOES DE PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS TRIBUTRIOS 12 3.4 OBRIGAO TRIBUTRIA (OT) 15 3.4.1 ELEMENTOS DA OBRIGAO TRIBUTRIA 15 3.4.2 FATO GERADOR 15 3.4.3 SUJEITO PASSIVO 16 3.4.4 CRDITO TRIBUTRIO 17 3.4.5 LANAMENTO TRIBUTRIO 17 3.4.6 MODALIDADES DE LANAMENTO 17 3.5 CARACTERSTICAS DE ALGUNS TRIBUTOS FEDERAIS 18 3.5.1 IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS JURDICAS IRPJ 18 3.5.2 CONTRIBUIO SOCIAL SOBRE O LUCRO LQUIDO CSLL 20 3.5.3 CONTRIBUIO PARA O PIS/PASEP 21 3.5.4 CONTRIBUIO PARA O FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS 22

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    4. IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA JURDICA 23

    4.1 CONCEITO E FATO GERADOR 23 4.1.1 A TRIBUTAO DAS PESSOAS JURDICAS 24 4.2 SISTEMAS DE APURAO DO LUCRO 26 4.3 LUCRO CONTBIL E FISCAL 27 4.3.1 LUCRO CONTBIL 27 4.3.2 LUCRO FISCAL 27 4.4 LUCRO REAL 27 4.4.2 CONTRIBUIO SOCIAL SOBRE O LUCRO LQUIDO (CSLL) 33 4.4.3 JUROS SOBRE O CAPITAL PRPRIO 33 4.5 LUCRO PRESUMIDO 35 4.5.1 CONTRIBUIO SOCIAL (CSLL) 37 4.6 LUCRO ARBITRADO 37 4.6.1 ATIVIDADES MISTAS 38 5. PROGRAMA DE INTEGRAO SOCIAL PIS 39

    5.1 PIS SISTEMA CUMULATIVO 39 5.2 PIS SISTEMA NO CUMULATIVO 39

    6. CONTRIBUIO SOCIAL PARA FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL COFINS 41

    6.1 COFINS SISTEMA CUMULATIVO 41 6.2 COFINS SISTEMA NO CUMULATIVO 42

    7. INCORPORAO, CISO E FUSO SOCIEDADES 51

    8. EXERCCIOS 59

    8.1 EXERCCIO DE LUCRO PRESUMIDO 59 8.2 EXERCCIO DE LUCRO REAL 61 8.3 EXERCCIO DE LUCRO REAL E LUCRO PRESUMIDO 62 8.4 PLANEJAMENTO TRIBUTRIO: IRPJ/CSLL/PIS E COFINS 70 8.5 QUESTES COMPLEMENTARES 77 8.6 EXERCCIO DE JUROS SOBRE O CAPITAL PRPRIO 84 8.7 EXERCCIOS DE INCORPORAO, CISO E FUSO 85

    9. CPIA DAS TRANSPARNCIAS 90

  • Planejamento Tributrio

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    1. Programa da Disciplina

    1.1 Ementa

    Noes de Sistema Tributrio Nacional. Os principais tributos federais. Planejamento

    tributrio. Imposto de renda da pessoa jurdica. Lucro contbil e fiscal. PIS Programa de Integrao Social. COFINS Contribuio Social para financiamento da Seguridade Social. Casos Prticos.

    1.2 Carga horria total

    24 horas-aula.

    1.3 Objetivos

    Familiarizar os participantes com os conceitos de Planejamento Tributrio.

    Compreender a legislao tributria aplicvel ao imposto de renda da pessoa jurdica IRPJ e s contribuies sociais do PIS e da COFINS;

    Transmitir aos participantes a sistemtica de clculo do IRPJ, da CSLL, do PIS e da COFINS;

    Preparar os alunos para planejar a melhor opo de carga fiscal envolvendo os tributos de IRPJ, CSLL, PIS e COFINS.

    Conhecer casos especficos de reduo da carga tributria atravs de ao administrativa e operacional.

  • Planejamento Tributrio

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    1.4 Contedo programtico

    Sistema Tributrio Nacional Noes sobre o sistema tributrio nacional

    Definio e espcies de tributos

    A obrigao tributria

    Caractersticas dos tributos federais

    Princpios Constitucionais Tributrios

    PIS

    COFINS

    Planejamento Tributrio Fundamentos do Planejamento Tributrio

    A interpretao da legislao e o planejamento fiscal

    Eliso fiscal

    Fraude

    Imposto de Renda das Pessoas

    Jurdicas Conceituao

    Sistemas de apurao do lucro

    Lucro contbil e lucro fiscal

    Lucro real

    Lucro presumido e lucro arbitrado

    Juros sobre o capital prprio

    Perdas no Recebimento de Crditos

    Casos Prticos

    Contribuio social sobre o lucro

    PIS e COFINS Conceituao

    Aspectos Legais

    Aspectos Fiscais

    Bases de clculo

    Contabilizao

    Casos Prticos

    Incorporao Fuso e Ciso de

    Sociedades Conceituao

    Aspectos Legais - protocolo justificao - laudo de avaliao - assemblia geral extraordinria

    Aspectos Fiscais - tratamento do prejuzo fiscal - tratamento da reserva de reavaliao

    Valorizao do Patrimnio Lquido - a valor de mercado - a valor contbil

    Contabilizao

    Casos Prticos

  • Planejamento Tributrio

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    1.5 Metodologia

    Exposio dialogada dar suporte aos debates, estudos de casos e exerccios.

    1.6 Critrios de avaliao

    O grau total que pode ser atribudo ao aluno, referente avaliao de primeira chamada,

    obedecer seguinte ponderao:

    - at 40% referentes a trabalhos e/ou s atividades realizadas em equipe; - o percentual restante, referentes avaliao individual, sob a forma de prova sem

    consulta, a ser realizada aps o trmino da disciplina.

    Os alunos reprovados na avaliao de primeira chamada, tero como grau mximo 7

    (sete) em avaliao de segunda chamada.

    1.7 Bibliografia recomendada

    HIGUCHI, Hiromi. HIGUCHI, Fbio Hiroshi. HIGUCHI, Celso Hiroshi, Imposto de

    Renda das Empresas Interpretao e Prtica. So Paulo: IR Publicaes Ltda, 2008.

    TEBECHRANI, Alberto. CAMPOS, Fortunato Bassani. MACHADO, Jos Luiz

    Ribeiro. CAMPOS, Jos Maria de. SILVA, Alfredo da. Regulamento do Imposto

    de Renda 2000. So Paulo: Atlas, 2006.

    IUDCIBUS, Srgio de. MARTINS, Eliseu. GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de

    Contabilidade das Sociedades por Aes. So Paulo: Atlas, 2000.

    NEVES, Silvrio das; VICECONTI, Paulo E. V.. Imposto de Renda da Pessoa

    Jurdica 2000. So Paulo: Frase, 2000

    TAVARES, P. R. Tavares. Comentrios ao Cdigo Tributrio Nacional. So Paulo:

    Revista dos Tribunais, 1996

    PEREIRA, Csar A. Guimares. Eliso Tributria e Funo Administrativa. So

    Paulo: Dialtica, 2001.

    ALMEIDA, Necyr de. IRPJ e Omisso de Receitas. So Paulo: Dialtica, 2000.

  • Planejamento Tributrio

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    Curriculum resumido do professor

    Paulo Srgio Machado Mestre em Cincias Contbeis, pela UERJ - Universidade do

    Estado do Rio de Janeiro. Contador, Tributarista e Administrador de Empresas,

    possuindo mais de 30 anos de experincia em importantes empresas nacionais e

    internacionais de auditoria. professor dos programas dos cursos de MBA, da

    Fundao Getlio Vargas nas disciplinas: Planejamento Tributrio, Auditoria

    Tributria, Contabilidade para Executivos e Contabilidade Avanada.. Sua experincia

    de docncia inclui ainda a PUC Pontifcia Universidade Catlica, IOB Informaes Objetivas, CRC e ABAMEC Associao Brasileira de Mercado de Capitais. membro do American Regional Board da BKR International. scio fundador da

    Lopes, Machado Auditores S/C.

    Jos Carlos de Almeida Martins Ps-graduado em Cincias Contbeis, Auditoria e

    Controladoria, pela Universidade Gama Filho. Contador, Tributarista e Administrador

    de Empresas, possuindo mais de 30 anos de experincia em importantes empresas

    nacionais e internacionais de auditoria. professor dos programas de Ps-Graduao e

    MBA, da Fundao Getlio Vargas e da Universidade Gama Filho nas disciplinas:

    Planejamento Tributrio, Auditoria Tributria, Contabilidade para Executivos e

    Contabilidade Avanada. gerente snior de Auditoria da Lopes, Machado Auditores

    S/C.

  • Planejamento Tributrio

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    2. Planejamento Tributrio

    2.1 Introduo

    Hoje em dia com a alta carga tributria incidente sobre as empresas brasileiras, o

    Planejamento Tributrio, visando a reduo lcita dessa carga tributria, de

    preponderante importncia para a gesto das empresas.

    Os tributos, via de regra, afetam de forma relevante o custo dos produtos das empresas,

    as quais para atingirem seu objetivo de lucro, tm que repass-los no preo de venda, o

    que pode lhes comprometer a competitividade de mercado, afetando at mesmo a sua

    continuidade.

    Portanto, a fim de atingir seu objetivo social, o empresrio moderno tem que estar

    atualizado com as oportunidades legais de pagar o menor tributo possvel. Da a

    importncia desse mdulo de Planejamento Tributrio.

    2.2 A Interpretao da Legislao e o Planejamento

    Tributrio

    Segue-se as consideraes do livro Direito Tributrio de Nilton Latorraca - 13 edio -

    Editora Atlas, a respeito do tema Planejamento Tributrio.

    A obrigao tributria ex-lege, razo pela qual a vontade da partes irrelevante para modific-la, uma vez ocorrido o fato gerador. Isso no impede, porm, que o contribuinte se

    antecipe ocorrncia do fato gerador com o objetivo de projet-lo e dimension-lo. Assim

    procedendo, o contribuinte tem a possibilidade de adotar, entre as opes legais disponveis,

    as que lhe forem mais convenientes.

    Costuma-se, ento, denominar de Planejamento Tributrio a atividade empresarial que,

    desenvolvendo-se de forma estritamente preventiva, projeta os atos e fatos administrativos

    com o objetivo de informar quais os nus tributrios em cada uma das opes legais

    disponveis.

    Objeto do planejamento tributrio , em ltima anlise, a economia tributria. Cotejando as

    vrias opes legais, o administrador obviamente procura orientar os seus passos de forma a

    evitar, sempre que possvel, o procedimento mais oneroso do ponto de vista fiscal.

  • Planejamento Tributrio

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    Eis por que o carter preventivo do planejamento tributrio essencial definio da

    matria, no s no sentido tcnico, como tambm do ponto de vista legal.

    O planejamento tributrio busca a economia de impostos (o tax saving dos americanos),

    sugerindo a escolha da opo legal menos onerosa. H um aspecto de tempo, porm, que

    fundamental em matria de economia de impostos. No planejamento tributrio, por isso, a

    primeira tarefa consiste em:

    prever a situao de fato que, ocorrendo em concreto, acarreta conseqncias jurdicas, fazendo nascer a obrigao tributria (fato gerador ou fato imponvel);

    identificar o perodo anterior ocorrncia do fato gerador da obrigao tributria e o perodo posterior a essa ocorrncia.

    O contribuinte que pretenda planejar, com vista economia de impostos, ter de dirigir a

    sua ateno para o perodo anterior ocorrncia do fato gerador e nesse perodo adotar as

    opes legais disponveis. Isto porque, quando visa evitar ou retardar a ocorrncia do fato

    gerador, a economia de impostos ss legtima se as providncias para minimizar ou para

    evitar o nus tributrio antecederem a ocorrncia do Fato Gerador da obrigao tributria e

    observarem estritamente as alternativas legais.

    O contribuinte deve, portanto, ter como ponto de referncia o fato gerador da obrigao

    tributria para, sem seguida, situar-se em relao poca da sua ocorrncia; a natureza das

    providncias legalmente possveis variar em funo dessa previso.

    Ocorrendo o fato gerador do imposto, nasce a obrigao tributria; o contribuinte no tem

    alternativa seno pagar o imposto devido. Nessas circunstncias, caracterizar sonegao

    toda a ao ou omisso dolosa tendente a impedir ou a retardar, total ou parcialmente, o

    conhecimento por parte da autoridade fazendria:

    a. da ocorrncia do fato gerador da obrigao tributria principal, sua natureza ou

    circunstncias materiais;

    b. das condies pessoais do contribuinte, suscetveis de afetar a obrigao tributria

    principal ou crdito tributrio correspondente.

    A sonegao, portanto, pressupe necessariamente a ocorrncia do fato gerador. S h

    sonegao quando algum tenta simular, esconder ou descaracterizar (sonegar) o fato

    gerador (j ocorrido); ou ainda simular condies pessoais suscetveis de afetar a obrigao

    tributria.

    O contribuinte que pretender planejar em matria tributria ter, portanto, que adotar um

    procedimento preventivo, a saber:

    dever antecipar-se ao fato, prevendo a sua ocorrncia;

    adotar um procedimento lcito para evitar a ocorrncia do fato gerador da obrigao tributria, ou adotar uma alternativa legal que esteja ao seu alcance para reduzir a carga

    tributria.

    importante frisar, contudo, que o procedimento, alm de preventivo, h de ser lcito e no

    defeso em lei. Do contrrio, mesmo agindo preventivamente, o contribuinte pode cometer

    fraude, ato simulado ou abuso de forma jurdica.

  • Planejamento Tributrio

    7

    FRAUDE: toda ao ou omisso dolosa tendente a impedir ou retardar, total ou

    parcialmente, a ocorrncia do fato gerador da obrigao tributria principal, ou a excluir ou

    modificar as suas caractersticas essenciais, de modo a reduzir o montante do imposto

    devido, ou a evitar ou diferir o seu pagamento.

    A fraude se distancia da legtima economia de impostos justamente porque nesta o

    contribuinte adota um procedimento lcito para evitar a ocorrncia do fato gerador, ou adota

    uma alternativa legal ao seu dispor para reduzir a carga tributria. Na fraude, os meios so

    sempre ilcitos; a ao ou omisso dolosa, isto , o infrator age deliberadamente contra a

    lei, com a inteno de obter o evento desejado. A ao dolosa geralmente caracteriza-se

    pela distoro ilcita das formas jurdicas, e acaba materializando-se na falsidade ideolgica

    ou material.

    Simulao

    J a definio legal de simulao est prevista nos Arts. 102 a 105, do CC.

    Quando aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas das a quem realmente se conferem, ou transmitem;

    Quando contiverem declarao, confisso, condio, ou clusula no verdadeira;

    Quando os instrumentos particulares forem antedatados, ou ps-datados (provas da idoneidade da data).

    Podero demandar a nulidade dos atos simulados os terceiros lesados pela simulao, ou os

    representantes do poder pblico, a bem da Lei, ou da fazenda.

    Quanto aos crimes de falsidade material ou ideolgica, h a Lei n 8.137, de 27 de

    dezembro de 1990, que define os crimes contra a ordem tributria praticados tanto por

    particulares (art. 1 e 2) como por funcionrios pblicos (art. 3), prescrevendo-lhes penas

    de recluso ou deteno e multa. Igualmente merecem destaque os dispositivos da Lei n

    8.383, de 30 de dezembro de 1991, sobre crimes de falsidade. Em seu artigo 64, a Lei n

    8.383/91 define que o gerente ou administrador de instituio financeira ou assemelhada,

    que, de qualquer modo, concorra para a abertura de conta ou movimentao de recursos sob

    nome: (i) falso, (ii) de pessoa jurdica ou fsica inexistente e (iii) de pessoa jurdica

    liquidada de fato, ou sem representao regular, responder como co-autor de crime de

    falsidade, admitindo que as instituies financeiras ou assemelhadas solicitem ao

    Departamento de Receita Federal confirmao de nmero de inscrio no Cadastro de

    Pessoas Fsicas (CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC).

    A penalidade sobre informao falsa j estava prevista na Lei n 8.134/90 (artigo 19);

    todavia, era prevista para ser calculada sobre o valor efetivamente utilizado, isto ,

    ocorrendo o fato. No havendo o aproveitamento, no incidir a penalidade. A Lei n

    8.383/91 estabelece que basta a informao ser fornecida (condio suficiente para que seja

    utilizvel) para ser devida a multa.

    A falsidade material corresponde falsificao de documentos, papis e livros. A falsidade

    ideolgica assim definida em nosso Cdigo Penal:

    Omitir, em documento pblico ou particular, declarao que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declarao falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de

  • Planejamento Tributrio

    8

    prejudicar direito, criar obrigao, ou alterar a verdade sobre fato juridicamente

    relevante.

    Recapitulando: o planejamento tributrio visa economia de impostos de uma das seguintes

    formas:

    1. retardando ou impedindo a ocorrncia do fato gerador; 2. reduzindo o montante do imposto devido.

    No primeiro caso essencial que seja evitada a ocorrncia da situao prevista na lei como

    fato gerador do imposto; a ao ou omisso dever ser necessariamente lcita e anterior

    ocorrncia do fato gerador.

    A modalidade de economia referida no segundo caso diz respeito apenas ao clculo do

    imposto ou determinao do valor tributvel, e s ser legtima se o contribuinte puder

    escolher entre duas ou mais opes concedidas pela lei.

    Pelo exposto, pode-se verificar que o planejamento tributrio est vinculado a uma das

    questes mais controvertidas em Direito Tributrio, que a da indagao de se lcito ao

    contribuinte adotar determinadas formas jurdicas com objetivos unicamente tributrios.

    Este problema pode ser formulado nas seguintes questes bsicas:

    Pode o contribuinte realizar um ato jurdico visando a objetivos unicamente tributrios?

    At que ponto o contribuinte livre para adotar a forma jurdica mais conveniente do ponto de vista tributrio para instrumentar determinada transao?

    primeira indagao certamente responderamos de maneira afirmativa. De fato, a lei no

    impedia, por exemplo, que o contribuinte fixasse o encerramento do exerccio social na data

    que lhe fosse mais conveniente do ponto de vista fiscal. E tanto era assim que a lei acabou

    sendo alterada com o objetivo de desvincular o perodo-base do exerccio social.

    Tampouco vedado realizar uma incorporao ou fuso de sociedades, ou reavaliao de

    ativo com objetivos fiscais.

    No se trata, no caso, de simular determinada forma jurdica para instrumentar

    inadequadamente uma realidade econmica. So atos para cuja realizao a lei no indaga

    qual a inteno; so atos jurdicos para os quais o elemento subjetivo irrelevante do ponto

    de vista fiscal. O agente pode visar a inmeros objetivos econmicos, sendo vlido,

    inclusive, visar unicamente a uma economia fiscal, desde que se sujeite forma e

    disciplina jurdica do negcio adotado.

    Aqui a forma jurdica adotada tpica, o negcio realizado vlido e eficaz. A nica

    peculiaridade que o objetivo econmico visado a economia de impostos, o que nos

    parece perfeitamente legal. o conceito de negcio jurdico indireto.

  • Planejamento Tributrio

    9

    3. Sistema Tributrio Nacional

    3.1 Noes sobre o Sistema Tributrio Nacional

    Sistema significa conjunto de normas coerente e convenientemente ordenadas.

    Conjunto de partes inter-relacionadas, harmonicamente, de um todo.

    Sistema Tributrio o conjunto de regras jurdicas que disciplinam os tributos, cujos

    objetivos e meios empregados, simultaneamente, resultam e denotam coordenao e

    harmonia entre si, com o sistema econmico e com as finalidades fiscais e extrafiscais

    da tributao.

    O Sistema Tributrio Nacional est disciplinado na Constituio da Repblica

    Federativa do Brasil, em seu Ttulo VI, Captulo I, nos artigos 145 a 162.

    3.2 A Definio Legal de Tributo

    Antes de iniciarmos o estudo dos tributos e das alternativas de planejamento tributrio

    existentes na atualidade mister se conceituar o objeto principal de nosso assunto, isto

    , a definio jurdica de tributo, conforme consta no art. 3 do Cdigo Tributrio Nacional:

    Tributo toda prestao pecuniria compulsria, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que no constitua sano de ato ilcito, instituda em lei e cobrada mediante

    atividade administrativa plenamente vinculada.

    a. Prestao Pecuniria Compulsria => Comportamento obrigatrio

    b. Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir => em moeda, no comportando o

    pagamento em produto, trabalho, servio, etc.

    c. Que no constitua sano de ato ilcito =>ato ilcito = contrrio lei. O ato ilcito

    gera a penalidade pecuniria ou no.

    EX: Um mdico que mantm uma clnica de aborto, paga IR do valor recebido? Multa

    pelo atraso de pagamento tributo?

  • Planejamento Tributrio

    10

    d. Instituda em Lei => Conforme dispe o art. 5 da Constituio Federal.

    Ningum ser obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, seno em virtude de lei

    Logo, no haver tributo, to pouco a sua exigncia, se no existir lei anterior para

    tanto.

    e. Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada => Somente a

    Administrao Pblica Direta ou Indireta (excluem-se as concesses e permisses de

    servio pblico, p. ex. empresas de transporte, fornecimento de energia eltrica) pode

    cobrar exigir o comportamento de pagar o tributo; fora dessa condio, no estamos diante de um tributo.

    Plenamente vinculada, significa que ao funcionrio pblico no h discricionaridade

    acerca da cobrana do tributo.

    3.3 As Espcies de Tributos Brasileiros

    Tributo uma denominao genrica que se subdivide nas seguintes espcies: Impostos,

    taxas, contribuies de melhoria, as contribuies parafiscais e os emprstimos

    compulsrios.

    3.3.1 Impostos

    Importncia que se paga ao Estado em funo de vrias atividades relacionadas sua

    manuteno, e no destinada a um servio especfico ou determinado.

    Art. 16 CTN =>Imposto o tributo cuja obrigao tem por fato gerador uma situao independente de qualquer atividade especfica, relativa ao contribuinte.

    Ex. : Imposto de Importao (II), Imposto de Exportao (IE), Imposto sobre Renda e

    Proventos de Qualquer Natureza (IR), Imposto sobre Produtos Industrializados ( IPI ),

    Imposto sobre Circulao de Mercadoria (ICMS), e Imposto sobre Servios de

    Qualquer Natureza (ISS).

    3.3.2 Taxas

    Art. 77 do CTN =>As taxas cobradas pela Unio, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios, no mbito de suas respectivas atribuies, tem como fato

    gerador o exerccio regular do poder de polcia, ou a utilizao, efetiva ou potencial,

    de servio pblico especfico e divisvel, prestado ao contribuinte ou posto sua

    disposio.

  • Planejamento Tributrio

    11

    O art. 79 do Cdigo Tributrio Nacional (CTN) assim definiu o que vem a ser servio especfico e divisvel como tambm a diferena entre utilizao efetiva e potencial:

    Os servios pblicos a que se refere o art. 77 consideram-se:

    I utilizado pelo contribuinte: a) efetivamente quando por usufrudos a qualquer ttulo; b) potencialmente, quando, sendo de utilizao compulsria, sejam postos sua

    disposio mediante atividade administrativa em efetivo funcionamento;

    II especficos, quando possam ser destacados em unidades autnomas de interveno, de utilidade ou de necessidades pblicas;

    III divisveis, quando suscetveis de utilizao, separadamente, por parte de cada um dos usurios.

    Bilhete do Metr => TARIFA

    Carteira de Habilitao => TAXA

    O Valor do Porte de Arma => TAXA

    A Taxa no pode ter base de clculo idntica dos impostos.( 2 do art. 145 da CF/88).

    Ex.: Taxa de Coleta de Lixo e Limpeza Pblica (TCLLP), Taxa de Iluminao Pblica

    (TIP), Taxa de Incndio, Taxa de gua.

    3.3.3 Contribuies de Melhoria

    Art. 81 do CTN => A contribuio de melhoria cobrada pela Unio, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municpios, no mbito de suas respectivas atribuies,

    instituda para fazer face ao custo de obras pblicas de que decorra valorizao

    imobiliria, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o

    acrscimo de valor que da obra resultar para cada imvel beneficiado.

    3.3.4 Contribuies Parafiscais

    So tributos de difcil conceituao no sistema tributrio brasileiro, visto que

    teoricamente seriam tributos que no visam a obteno de receitas, mas regular ou

    modificar a distribuio da riqueza nacional bem como outras finalidades econmicas

    ou sociais. Atualmente respondem por uma grande fatia da arrecadao tributria

    federal.

  • Planejamento Tributrio

    12

    Tais contribuies so classificadas em trs tipos, conforme art. 149 da Constituio

    Federal:

    Sociais: INSS, PIS, PASEP, COFINS, CPMF e outras

    De Interveno no Domnio Econmico: Contribuies para controle da produo de

    acar, laranja ...

    De Interesse das Categorias Profissionais ou Econmicas: Contribuies Sindicais,

    CREA, OAB .

    3.3.5 Emprstimos Compulsrios

    Art. 148 da CF/88 => A Unio, mediante lei complementar, poder instituir emprstimos compulsrios: I para atender a despesas extraordinrias, decorrentes de calamidade pblica, de guerra externa ou sua iminncia; II no caso de investimento pblico de carter urgente e de relevante interesse nacional.

    3.3.6 A Natureza Jurdica do Tributo

    A natureza jurdica do tributo, isto , o fato de ser um imposto, taxa ou contribuio de

    melhoria, determinada pelo seu fato gerador, sendo irrelevante a destinao da receita

    e sua denominao.

    3.3.7 Noes de Princpios Constitucionais Tributrios

    Para todo aquele que atua, direta ou indiretamente com a tributao importante

    conhecer os limites impostos ao Estado em seu poder de tributar.

    O poder de tributar dos entes polticos da federao brasileira (Unio, Estados, Distrito

    Federal e Municpios) est consagrado e delineado na CF, artigos 145 e seguintes.

    No entanto, esse poder no ilimitado. Antes, deve observar os precisos e indeclinveis

    LIMITES estabelecidos pela prpria CF, em diversos preceitos e princpios, sob pena de

    inconstitucionalidade e nulidade dos atos.

    Esses princpios, fundamentos de todo o sistema, ao limitarem o poder de tributar das

    entidades federativas, consagram o "Estado de Direito", assecuratrio das garantias

    individuais e do equilbrio entre cidados e Estado.

  • Planejamento Tributrio

    13

    So os seguintes os princpios tributrios fixados na CF que devem, necessariamente,

    ser observados pelo Estado no exerccio de seu poder de tributar (elencados na ordem

    numrica dos artigos):

    a) Princpio da Personalizao dos Impostos (Art. 145, 1)

    Princpio exclusivamente atinente aos IMPOSTOS, pelo qual o imposto, na sua

    instituio, deve levar em conta, sempre que possvel, a pessoa do contribuinte em

    razo de suas caractersticas e peculiaridades prprias.

    b) Princpio da Capacidade Contributiva (Art. 145, 1)

    Decorrente do Princpio da Isonomia, ou Princpio da Igualdade Tributria, este

    princpio encerra a idia de que o contribuinte do IMPOSTO deve contribuir para o

    Estado na proporo de suas rendas, no podendo nunca a carga tributria atingir a

    parte da renda necessria sua manuteno bsica.

    A capacidade do contribuinte est ligada capacidade de gerar riquezas, o

    contribuinte deve participar dentro de suas possibilidades, sendo-lhe garantido o

    mnimo indispensvel sua subsistncia. E, note-se, tal limitao est circunscrita

    apenas espcie de tributos denominada imposto, no se lhe aplicando s taxas e

    contribuies.

    A no-observncia desse princpio poder ocasionar um tributo com efeito

    confiscatrio, o que vedado pela CF.

    c) Princpio da Legalidade Tributria (Art. 150, I)

    S permitido criar ou aumentar tributos atravs da Lei.

    Dentre todos, afigura-se este, juntamente com o Princpio da Anterioridade, o mais

    importante princpio que limita o poder de tributar.

    As "excees" ao referido princpio encontram-se no pargrafo 1 do art. 153 da

    CF, que faculta ao Poder Executivo alterar as alquotas do II, IE, IPI e IOF.

    Importante ressaltar, entretanto, que mesmo a faculdade estabelecida em favor do

    Executivo deve observar "as condies e os limites estabelecidos em lei", o que

    robustece e afirma esse princpio.

    d) Princpio da Irretroatividade da Lei (Art. 150, III, "a")

    Pode-se dizer complementar do Princpio da legalidade, como assecuratrio da

    segurana jurdica. Segundo tal princpio, vedado aos entes tributantes cobrar

    tributos em relao a fatos geradores ocorridos antes do incio da vigncia da lei

    que os houver institudo ou aumentados.

  • Planejamento Tributrio

    14

    Conclui-se, ento, que rege a relao jurdico-tributria a lei vigente no momento

    da concretizao do fato gerador.

    Entende-se que, no caso do fato gerador complexivo (exemplo: Imposto sobre a

    Renda) a legislao aplicvel aquela vigente na data que se completa o respectivo

    ciclo de formao.

    e) Princpio da Anterioridade da lei (Art. 150, III, "b" e c)

    Princpio em razo do qual veda-se a qualquer dos entes polticos:

    b) cobrar tributo no mesmo exerccio financeiro em que haja sido publicada a lei

    que o instituiu ou aumentou.

    c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei

    que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alnea b (EC 42/03).

    Este princpio no se confunde com o Princpio da Anualidade, suprimido do nosso

    ordenamento jurdico com a Emenda Constitucional n 1, de 1969.

    So excees expressas na Constituio ao Princpio da Anterioridade o II, IE, IPI e

    IOF (pargrafo 1 do art. 153, CF). So tambm excees o emprstimo

    compulsrio para atender a despesas extraordinrias, decorrentes de calamidade

    pblica, de guerra externa ou sua iminncia (art. 148, I); o imposto extraordinrio

    por motivo de guerra (art. 154, II); as contribuies sociais da seguridade social,

    que podero ser exigidas aps noventa dias da publicao da lei que as houver

    institudo ou modificado (art. 149 combinado com art. 195, 6, CF).

    f) Princpio da Imunidade Tributria (Art. 150, VI)

    Tambm chamada de no-incidncia juridicamente qualificada, a imunidade

    tributria significa a supresso do poder de tributar, imposta pela Constituio,

    quando se verificarem certos pressupostos, situaes ou circunstncias previstos.

    Refere-se somente aos IMPOSTOS.

    A CF veda Unio, Estados e Municpios instituir imposto sobre (imunidade):

    Patrimnio, renda ou servios, uns dos outros ( os entes da federao)

    Templos de qualquer culto

    Patrimnio, renda ou servios de partidos polticos, das entidades sindicais, das instituies de educao e de assistncia social sem fins lucrativos.

    Livros, jornais, peridicos e o papel destinado a sua impresso.

  • Planejamento Tributrio

    15

    3.4 Obrigao Tributria (OT)

    Conceito de extrema importncia para todo aquele que esteja envolvido com o dever de

    pagar tributo. A obrigao tributria definida como decorrente do poder jurdico pelo

    qual o Estado, exclusivamente com base na lei, pode exigir do particular uma prestao

    positiva ou negativa.

    Prestao Positiva - dar - ex.: pagamento

    - fazer - ex.: declarao IR

    Prestao Negativa - no fazer - ex.: tolerar fiscalizao

    A OT pode ser principal ou acessria.

    Obrigao principal envolve pagamento de tributo ou penalidade (obrigao de dar -

    1 do art. 113, do CTN).

    Obrigao acessria envolve toda e qualquer obrigao que no signifique pagamento

    (obrigao de fazer e no fazer - pargrafo 2 do art. 113, do CTN).

    A OT surge com a ocorrncia do fato gerador.

    3.4.1 Elementos da Obrigao Tributria

    Da definio surgem os seguintes elementos da OT:

    (1) Sujeito Ativo - PJ de direito pblico (entidade federada) competente para instituir e

    cobrar tributos.

    (2) Sujeito Passivo - PF ou PJ obrigada ao cumprimento da prestao tributria.

    (3) Objeto - o cumprimento de uma prestao positiva (dar ou fazer) ou negativa (no

    fazer) determinada por lei.

    (4) Fato gerador

    3.4.2 Fato Gerador

    Fato gerador a situao de fato ou a situao jurdica que, ocorrendo, determina a

    incidncia do tributo ou a obrigao de fazer ou no fazer determinada prestao.

  • Planejamento Tributrio

    16

    Como dito anteriormente, a OT surge com a ocorrncia do gato gerador. A obrigao

    tributria existe em abstrato na lei; no entanto, somente se concretiza quando

    efetivamente ocorre o fato gerador. Dessa forma, apenas com o fato gerador

    identificam-se os elementos da OT e a legislao tributria aplicvel, pois, antes de sua

    ocorrncia, a OT no existe materializada em um caso concreto.

    Os artigos 114 e 115 do CTN definem o fato gerador da OT principal e da OT acessria,

    respectivamente.

    importante ressaltar que o fato gerador da OT principal um fato econmico com

    relevncia jurdica (artigo 118), o que justifica a tributao de atividades ilcitas (p. ex.:

    art. 767 do RIR Dec. n 85.450/80).

    3.4.3 Sujeito Passivo

    Como visto anteriormente, sujeito passivo da OT a PF ou PJ obrigada ao cumprimento

    da prestao tributria, principal ou acessria.

    Quanto OT principal, o CTN distinguiu duas espcies de sujeito passivo:

    Contribuinte - quando tiver relao pessoal e direta com a situao que constituir o fato

    gerador. Denominado sujeito passivo DIRETO, com responsabilidade

    ORIGINRIA.

    Responsvel - quando, sem revestir a condio de contribuinte, sua obrigao decorrer

    da lei. Denominado sujeito passivo INDIRETO, com responsabilidade

    DERIVADA.

    A responsabilidade DERIVADA varia de grau, podendo ir de simples solidariedade

    substituio completa do contribuinte (substituto legal tributrio).

    Por isso, a sujeio passiva INDIRETA divide-se em sujeio por TRANSFERNCIAS

    e SUBSTITUIO:

    (a) Transferncias quando a OT, nascida originariamente contra uma pessoa (sujeito passivo DIRETO), se transferir a outra (sujeito passivo INDIRETO), em virtude de

    fato posterior. Existe em trs modalidades:

    (a.1) Solidariedade quando duas ou mais pessoas forem simultaneamente obrigadas pela mesma obrigao (arts. 124 e 125, do CTN).

    (a.2) Sucesso quando a OT se transferir em virtude do desaparecimento do devedor original (arts. 129 a 133, do CTN).

  • Planejamento Tributrio

    17

    (a.3) Responsabilidade de terceiros quando a lei responsabilizar pessoa diversa pelo pagamento do tributo, quando no pago pelo sujeito direito (art. 134, do

    CTN).

    (b) Substituio quando, face disposio legal expressa, a OT surgir originariamente contra pessoa diferente daquela que esteja em relao direta com a

    situao tributria. a prpria lei que substitui o sujeito passivo (SUBSTITUTO

    LEGAL art. 135, do CTN).

    3.4.4 Crdito Tributrio

    Prescreve o art. 139 que o crdito tributrio decorre da obrigao tributria principal e

    tem a mesma natureza desta.

    O crdito tributrio o instrumento que formaliza a relao jurdico-tributria,

    possibilitando, assim, que o sujeito ativo (fisco) possa exigir do sujeito passivo

    (contribuinte ou responsvel) a obrigao tributria principal da qual decorre.

    3.4.5 Lanamento Tributrio

    LANAMENTO o ato administrativo pelo qual se formaliza a obrigao tributria

    nascida abstratamente na lei e concretizada com a ocorrncia do fato gerador.

    O art. 142 do CTN define que compete privativamente autoridade administrativa constituir o crdito tributrio pelo lanamento, assim entendido o procedimento

    administrativo tendente a verificar a ocorrncia do fato gerador da obrigao

    correspondente, determinar a matria tributvel, calcular o montante do tributo devido,

    identificar o sujeito passivo e, sendo o caso, propor a aplicao da penalidade cabvel.

    Resumida e cronologicamente, pode-se dizer, ento, que: (1) a obrigao tributria

    existe in abstracto na lei; (2) concretiza-se com ocorrncia do fato gerador; (3) segue-se

    o lanamento, com o fim de promover o acertamento da relao jurdico-tributria; (4)

    instrumentalizada a OT com o lanamento, surge o crdito tributrio.

    3.4.6 Modalidades de Lanamento

    O CTN disciplina trs modalidades de lanamentos, diferentes entre si em razo da

    forma procedimental e do momento de pagamento do tributo em relao ao prprio

    lanamento:

  • Planejamento Tributrio

    18

    (1) Lanamento Misto ou por Declarao (Art. 147 do CTN)

    Assim denominado em razo de o lanamento ser efetuado pelo Fisco com base em

    declarao do sujeito passivo ou de terceiro. A ocorrncia do fato gerador apenas

    obriga o contribuinte a fornecer ao Fisco os dados necessrios efetivao do

    lanamento (ex.: IR - PF).

    (2) Lanamento Simples ou Direito (Art. 149 do CTN)

    No qual toda iniciativa para efetivao do lanamento cabe ao Fisco. O

    contribuinte em nada participa, pois que cabe somente ao Fisco apurar a ocorrncia

    do fato gerador e promover a cobrana do tributo devido. Tambm denominado

    lanamento de ofcio (ex: IPTU).

    (3) Lanamento por Homologao ou Autolanamento

    Lanamento no qual, ocorrido o fato gerador, o contribuinte tem por lei obrigao

    de antecipar o pagamento do tributo sem prvio exame da autoridade

    administrativa. A eventual extino do crdito tributrio s ocorrer quando a

    autoridade competente homologar a atividade desempenhada pelo contribuinte

    correspondente ao lanamento do tributo (ex.: ICMS). Nesta modalidade, o

    pagamento antecipado do tributo extingue o crdito sob condio resolutria.

    O Fisco tem prazo decadencial de 5 (cinco) anos para homologar o lanamento

    feito pelo contribuinte. Aps esse prazo, salvo ocorrncia de dolo, fraude ou

    simulao, considera-se homologado o lanamento e extinto o crdito tributrio.

    3.5 Caractersticas de alguns Tributos Federais

    3.5.1 Imposto de Renda das Pessoas Jurdicas IRPJ

    3.5.1.1. Base de clculo:

    3.5.1.1.1 - Lucro Real: Lucro Lquido do exerccio ajustado pelas

    adies, excluses ou compensaes prescritas ou autorizadas pela

    legislao.

    Esto obrigadas apurao do lucro real as pessoas jurdicas:

    o cuja receita total, no ano-calendrio anterior, seja superior ao limite de

    R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhes de reais), ou proporcional

    ao nmero de meses do perodo, quando inferior a 12 meses;

    o sejam instituies financeiras;

  • Planejamento Tributrio

    19

    o com lucro, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;

    o que tenham benefcios fiscais de iseno ou reduo do imposto;

    o que tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa no

    decorrer do ano-calendrio; e

    3.5.1.1.2 - Lucro Presumido: Forma simplificada para determinao da

    Base de Clculo, desobrigando os contribuintes, perante o fisco federal

    de manter escriturao contbil.

    O Lucro Presumido, para as atividades de comrcio e indstria,

    determinado mediante a aplicao do percentual de 8% sobre o valor da

    receita bruta mensal. Existem outros percentuais para atividades

    especficas (Lei n. 9.249/95).

    Poder optar pelo regime de tributao com base no lucro presumido a

    pessoa jurdica cuja receita bruta total, no ano-calendrio anterior, tenha

    sido igual ou inferior a R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhes de

    reais), ou proporcional ao nmero de meses de atividade no ano-

    calendrio anterior quando inferior a 12 meses.

    3.5.1.1.3 - Lucro Arbitrado: Determinado mediante aplicao sobre o

    valor da receita bruta, quando conhecido, dos percentuais fixados para

    determinao do lucro presumido acrescidos de 20%.

    3.5.1.2 - Alquota:

    3.5.1.2.1 - Geral: 15%; e

    3.5.1.2.2 - Adicional: 10%.

    A parcela da base de clculo, apurada mensalmente, que exceder a R$

    20.000,00 ficar sujeita a incidncia de adicional de imposto de renda

    alquota de 10% (dez por cento).

    3.5.1.3 - Periodicidade de apurao:

    3.5.1.3.1. - Trimestral: As pessoas jurdicas tributadas com base no lucro

    real, presumido ou arbitrado devero efetuar apurao trimestral com

    perodos encerrados em 31 de maro, 30 de junho, 30 de setembro e 31

    de dezembro de cada ano calendrio;

    3.5.1.3.2 - Estimativa mensal: A pessoa jurdica, tributada com base no

    lucro real, poder optar por efetuar o pagamento e apurao do imposto

    com base em estimativa mensal, mediante a aplicao, sobre a receita

    bruta auferida mensalmente, dos mesmos percentuais utilizados para o

    lucro presumido;

  • Planejamento Tributrio

    20

    3.5.1.4 - Prazo de recolhimento:

    3.5.1.4.1 - Apurao trimestral: ser pago em cota nica, at o ltimo dia

    til do ms subseqente ao do encerramento do perodo de apurao.

    o O contribuinte poder optar pelo pagamento parcelado em at (03) trs

    cotas mensais, iguais e sucessivas. Nenhuma cota poder ter valor

    inferior a de R$ 1.000,00 (mil reais).

    o As cotas do imposto sero acrescidas de juros equivalentes taxa SELIC,

    acumulada mensalmente, calculados a partir do primeiro dia do segundo

    ms subseqente ao do encerramento do perodo de apurao at o

    ltimo dia do ms anterior ao do pagamento e de 1% no ms do

    pagamento.

    3.5.1.4.2 - Apurao mensal: at o ltimo dia til do ms subseqente

    quele a que se referir:

    3.5.1.4.3 - Saldo do imposto apurado em 31 de dezembro (Declarao de

    Ajuste):

    3.5.1.4.3.1 - Pago em cota nica, at o ltimo dia til do ms de

    maro do ano subseqente, se positivo, corrigido pela taxa de

    juros SELIC a partir de 1 de fevereiro at o ltimo dia do ms

    anterior ao do pagamento e de 1% no ms do pagamento; e

    3.5.1.4.3.2 - Compensado com o imposto a ser pago a partir do

    ms de abril do ano subseqente, se negativo, assegurado a

    alternativa de pedido de restituio.

    3.5.2 Contribuio Social sobre o Lucro Lquido CSLL

    3.5.2.1 - Base de clculo: Lucro lquido do exerccio, ajustado, antes da proviso

    para o Imposto de Renda.

    No caso das pessoas jurdicas que houverem optado pelo pagamento do imposto

    de renda por estimativa, a base de clculo da contribuio o valor

    correspondente a 12% da receita bruta mensal (exceto para a atividade de

    servios, cujo percentual 32%), acrescido dos demais resultados e ganhos de

    capital.

    3.5.2.2 - Alquota: 9%.

    3.5.2.3 - Periodicidade de apurao e prazo de recolhimento: Idnticos ao do

    Imposto de Renda das Pessoas Jurdicas.

  • Planejamento Tributrio

    21

    3.5.3 Contribuio para o PIS/PASEP

    3.5.3.1 - Base de clculo do PIS Sistema Cumulativo:

    3.5.3.1.1 - Pessoas jurdicas de direito privado: valor da receita bruta

    mensal, correspondendo a totalidade das receitas auferidas, sendo

    irrelevante o tipo de atividade e a classificao contbil adotada para as

    receitas;

    3.5.3.2 - Alquota (PIS): 0,65%.

    3.5.3.3 - Base de clculo do PIS Sistema No Cumulativo:

    3.5.3.3.1 - Pessoas jurdicas de direito privado: valor da receita bruta

    mensal, correspondendo a totalidade das receitas auferidas, sendo

    irrelevante o tipo de atividade e a classificao contbil adotada para as

    receitas. Do direito crdito os insumos pagos na produo ou

    comercializao de bens e servios.

    3.5.3.4 - Alquota (PIS): 1,65%.

    3.5.3.5 - Periodicidade de apurao (PIS): Mensal.

    3.5.3.6 - Prazo de recolhimento (PIS): At o ltimo dia til da quinzena

    subseqente ao ms de ocorrncia do fato gerador.

    3.5.3.7 - Base de clculo (PASEP):

    3.5.3.7.1 - Pessoas jurdicas de direito pblico interno (Unio, Estados,

    Distrito Federal, Municpios e suas autarquias, inclusive as fundaes

    pblicas): Receitas correntes arrecadadas e transferncias correntes e de

    capital recebidas;

    3.5.3.7.2 - Empresas pblicas, sociedades de economia mista e suas

    subsidirias: Faturamento mensal; e

    3.5.3.7.3 - Fundaes de direito privado e outras entidades previstas no

    artigo 13 da MP n. 1.858-6 de 29/06/99: folha de pagamento mensal.

    As entidades financeiras enquadradas como empresas pblicas, so

    contribuintes do PIS.

  • Planejamento Tributrio

    22

    3.5.3.8 - Alquotas (PASEP):

    3.5.3.8.1 - Pessoas jurdicas de direito pblico/autarquias: 1%;

    3.5.3.8.2 - Empresas pblicas (faturamento): 0,65%; e

    3.5.3.8.3 - Folha de pagamento: 1%.

    3.5.3.9 - Periodicidade de apurao (PASEP): Mensal.

    3.5.3.10 - Prazo de recolhimento (PASEP): At o ltimo dia til da quinzena

    subseqente ao ms de ocorrncia do fato gerador.

    3.5.4 Contribuio para o Financiamento da Seguridade Social COFINS

    3.5.4.1 - Base de clculo - Sistema Cumulativo: Valor da receita bruta

    mensal, entendendo-se como tal, a totalidade das receitas auferidas pela

    pessoa jurdica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela exercida e a

    classificao contbil adotada para as receitas.

    3.5.4.2 - Alquota: 3%.

    o No caso das entidades financeiras que, at fevereiro/99, no integravam a

    base de clculo da COFINS, so admitidas as mesmas dedues relativas

    a base de clculo do PIS/PASEP, que consiste, basicamente, nas

    despesas de captao e receita de terceiros.

    3.5.4.3 - Base de clculo - Sistema No Cumulativo:

    7.3.1. Pessoas jurdicas de direito privado: valor da receita bruta mensal,

    correspondendo a totalidade das receitas auferidas, sendo irrelevante o

    tipo de atividade e a classificao contbil adotada para as receitas. Do

    direito crdito os insumos pagos na produo ou comercializao de

    bens e servios.

    3.5.4.4 - Alquota: 7,6%.

    3.5.4.5 - Periodicidade de apurao: Mensal;

    3.5.4.6 - Prazo de recolhimento: At o ltimo dia til da quinzena subseqente

    ao ms de ocorrncia do fato gerador.

  • Planejamento Tributrio

    23

    4. Imposto de Renda da Pessoa

    Jurdica

    4.1 Conceito e Fato Gerador

    No nada fcil fazer a conceituao de renda, no sentido fiscal.

    Com efeito, a renda mais um fato econmico que jurdico. E, mesmo sob o primeiro

    aspecto, a sua conceituao at agora est longe de ser pacfica, permanecendo no

    terreno das questes abertas.

    Conforme a doutrina, se a Economia depende do Direito para impor praticamente suas

    concluses, o Direito no depende da Economia, nem de qualquer cincia, para se tornar

    obrigatrio, razo pela qual o conceito de renda fixado livremente pelo legislador,

    segundo consideraes pragmticas, em funo da capacidade contributiva e da

    comodidade tcnica de arrecadao.

    H quem defina renda como um incremento de valor dependendo do emprego de capital

    ou da atividade humana, determinvel em dinheiro, relativamente a um sujeito e a um

    perodo dado.

    Assim, a existncia de uma renda ficaria na dependncia de um patrimnio ou capital,

    do exerccio de uma atividade humana, recompensada em dinheiro ou espcie, capaz de

    ser traduzida em moeda, entre dois momentos quaisquer.

    Desse conceito decorre que uma determinada riqueza, para constituir renda, deve reunir

    simultaneamente os trs seguintes elementos:

    Provir de uma fonte patrimonial j pertencente ao prprio titular da renda;

    Ser peridica ou capaz de se reproduzir de tempos em tempos;

    Ser derivada de atividade do seu titular, visando o acrscimo de valor desse patrimnio.

    Desse modo, o dinheiro recebido por herana ou doao no renda, por no provir de

    uma fonte preexistente no patrimnio do indivduo que a recebe; ao contrrio, o juro de

    um emprstimo renda, por derivar de um patrimnio j pertencente ao credor (o

    capital emprestado).

  • Planejamento Tributrio

    24

    Para tal efeito, considera-se patrimnio tudo que suscetvel de produzir um acrscimo

    de riqueza, e no apenas os bens materiais; assim, o trabalho patrimnio, porque

    produz salrio, que por sua vez renda (provento).

    De concurso desses trs elementos, resulta o conceito jurdico-tributrio adotado pela lei

    brasileira, segundo o qual constituem renda os ganhos derivados do capital, do trabalho

    ou da combinao de ambos, e os demais proventos previstos em lei.

    A conceituao ampla, compreendendo tanto os ganhos das pessoas fsicas como os

    das pessoas jurdicas, de vez que estas ltimas representam, a rigor, meros agentes da

    arrecadao do imposto devido pelos seus titulares ou acionistas.

    J o conceito de proventos de qualquer natureza, que anteriormente era empregado na

    terminologia administrativa para designar a remunerao dos supervisores pblicos,

    abarca a rigor, qualquer outra espcie de remunerao do trabalho individual a que falte

    algum dos elementos do conceito doutrinrio de renda.

    Da porque o Cdigo Tributrio Nacional considerou como fato gerador do tributo:

    A aquisio da disponibilidade econmica ou jurdica:

    De renda, assim entendido o produto do capital, do trabalho, ou da combinao de ambos;

    De proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acrscimos patrimoniais no compreendidos no inciso anterior.

    V-se que para a tributao no necessrio que os ganhos sejam efetivamente

    percebidos pelo respectivo titular (disponibilidade econmica), bastando, isso sim, que

    este haja adquirido o direito de crdito sobre os mesmos (disponibilidade jurdica).

    ainda mister a ocorrncia do perodo de formao da base-de-clculo, denominado

    perodo-base, ordinariamente de 1 de janeiro a 31 de dezembro do ano civil, podendo

    tambm ser mensal.

    "Em sntese, o Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza o tributo que

    incide sobre a aquisio de disponibilidade econmica ou jurdica de riqueza nova

    produzida pelo capital, pelo trabalho ou pela combinao de ambos, ou os acrscimos

    patrimoniais derivados do trabalho individual quando utilizados pelo trabalhador para si

    prprio".

    4.1.1 A Tributao das Pessoas Jurdicas

    Ao lado das pessoas jurdicas ou naturais existem formaes ou instituies humanas -

    coletividade de pessoas naturais - que o Direito reconhece como se entes vivos ou

    visveis fossem, e que, por isso mesmo, so denominadas pessoas jurdicas.

    So entidades abstratas, porque fices do Direito, mas nem por isso deixam de ser

    capazes de exercer direitos e contrair obrigaes.

  • Planejamento Tributrio

    25

    pessoa jurdica a unidade criada pelo Direito, a resultante da agremiao humana,

    constituda para obter, pelos meios patrimoniais, um ou mais fins, sendo distinta dos

    indivduos singulares que a compe, e dotada da capacidade de possuir e de exercer,

    "adversus ommes", direitos patrimoniais prprios.

    Geralmente so sociedades - civis ou comerciais - quando perseguem fins econmicos;

    so associaes ou instituies quando alheias a finalidades economistas, portanto de

    fins ideais; so fundaes quando se constituem num patrimnio destinado a alcanar

    fins altrusticos e no numa associao de pessoas simplesmente.

    Qualquer que seja, porm, a forma que a pessoa jurdica revista, estar ela representada

    a idia de uma entidade coletiva.

    No que se refere ao Direito Tributrio, existem casos de entidades singulares que podem

    ser a ela equiparadas, tendo em vista as finalidades pretendidas pelo Poder Pblico.

    o que ocorre com as empresas individuais, que para efeito de tributao pelo Imposto

    sobre a Renda, so consideradas como pessoas jurdicas.

    As pessoas jurdicas de direito privado, por natureza ou por fora de lei, domiciliadas no

    Brasil, que tiverem lucros apurados de acordo com a legislao vigente, sejam quais

    forem os seus fins ou nacionalidades, so contribuintes do Imposto de Renda.

    E, nessas condies, tm elas tributados esses lucros, apurados segundo declarao que

    devem prestar autoridade administrativa em formulrio especial, fornecido ou

    autorizado pelo Fisco.

    No preenchimento dos formulrios de declarao da pessoa jurdica, no havendo

    coincidncia entre o modelo oficial e o plano de contas da empresa, os ttulos contbeis

    devem ser ajustados de maneira que mais se aproximem da natureza e funo da conta,

    pois os textos, impressos no podem ser alterados. Sendo impossvel a adaptao de um

    ttulo de conta ao texto oficial, e s neste caso, deve ser utilizada a linha correspondente

    a Outras Contas.

    A tributao alcana as firmas e sociedades, registradas ou no, as filiais, sucursais,

    agncias ou representaes no Pas das pessoas jurdicas com sede no estrangeiro, e,

    igualmente, aos comitentes domiciliados no exterior, quanto aos resultados das

    operaes realizadas por seus mandatrios ou comissrios no Brasil.

    Ficam sujeitas s normas e s alquotas estabelecidas no Regulamento do Imposto de

    Renda, as pessoas jurdicas que tenham predominncia de capital estrangeiro ou sejam

    filiais ou subsidirias de empresas com sede no exterior.

  • Planejamento Tributrio

    26

    A pessoa natural, pelo fato de ser comerciante, no deixa de ser tratada individualmente,

    no perde a sua natureza original de pessoa fsica. Se a lei silenciasse a respeito, o titular

    de empresa individual - de direito ou de fato - automaticamente ficaria sujeito s formas

    de cumprimento das obrigaes do Imposto de Renda especficas das pessoas fsicas,

    dai o sentido das equiparaes feitas pelo legislador tributrio.

    So consideradas legalmente como empresas individuais:

    As firmas individuais;

    As pessoas fsicas que em nome individual explorem, habitual e profissionalmente qualquer atividade econmica, de natureza comercial ou civil, com fim especulativo

    de lucro, mediante venda a terceiros de bens e servios, inclusive a compra e venda

    de imveis; a construo de prdios para revenda ou a incorporao de prdios em

    condomnio, com ou sem construo.

    Com isso, quis o Legislador impedir ou limitar a concorrncia desleal que se verifica

    entre certas atividades econmicas e outras semelhantes por firmas regulares a maior

    gravame, ao mesmo tempo em que desencoraja a especulao imobiliria que avultou

    com a inflao.

    As pessoas fsicas equiparadas s pessoas jurdicas ficam na obrigao de se

    inscreverem no Cadastro de Contribuintes: manterem os documentos e comprovantes de

    receita e despesas para efeito de fiscalizao; assim como reterem o Imposto de Renda

    de fonte e possurem Livro Caixa devidamente escriturado.

    As pessoas jurdicas esto obrigadas apresentao de declarao de rendimentos,

    mesmo que isentas do pagamento do imposto.

    4.2 Sistemas de Apurao do Lucro

    A legislao do Imposto de Renda no Brasil segue, em relao tributao das pessoas

    jurdicas, sistemtica diversa da preconizada para as pessoas fsicas.

    De fato, estabelece a lei que, em princpio, as pessoas jurdicas sero tributadas de

    conformidade com os lucros verificados anualmente, segundo o balano.

    Acontece que nem sempre h escriturao regular que permita o levantamento das peas

    contbeis necessrias demonstrao dos lucros da empresa, razo pela qual a

    legislao de regncia configura trs espcies de lucros, para fins de tributao: Lucro

    Real, Lucro Presumido e Lucro Arbitrado, cuja conceituao detalhada est

    apresentada adiante.

  • Planejamento Tributrio

    27

    4.3 Lucro Contbil e Fiscal

    4.3.1 Lucro Contbil

    o Lucro Lquido do exerccio apurado de acordo com os Princpios de Contabilidade

    Geralmente Aceitos e em conformidade com o artigo 187 da Lei n 6.404/76.

    o Lucro Lquido do exerccio aps a proviso para imposto de renda e todas as

    participaes estatutrias, constituindo-se tambm na base de clculo da reserva legal e

    dos dividendos distribudos aos acionistas/cotistas.

    O Lucro Lquido do Exerccio um dos indicadores responsveis da sade econmica e

    financeira das empresas, sendo base do seu crescimento patrimonial (diminuio em

    caso de prejuzo).

    4.3.2 Lucro Fiscal

    Constitui-se na base de clculo para o pagamento do imposto de renda das empresas.

    Conforme comentado acima, o Lucro Fiscal representado pelos seguintes regimes de

    tributao: Lucro Real, Lucro Presumido e Lucro Arbitrado.

    Conceituaremos a seguir o "Lucro Real", principal regime de tributao no Brasil.

    4.4 Lucro Real

    Conceito

    Lucro Real o lucro lquido do exerccio apurado na escriturao comercial ajustado

    pelas adies, excluses e compensaes prescritas ou autorizadas pela legislao

    tributria.

    O lucro real apurado atravs da escriturao do Livro de Apurao do Lucro Real -

    LALUR, onde so registrados os ajustes que devem ser efeitos ao lucro lquido

    obtido da escriturao comercial.

    Formas de Apurao

    Trimestral (definitiva);

    Anual; apurao mensal do imposto em bases estimadas (segundo os critrios do lucro presumido), com ajuste ao final do perodo-base ou em bases reais mensais.

    Todos os pagamentos efetuados ms a ms so considerados como antecipao do

    imposto devido.

  • Planejamento Tributrio

    28

    Alquotas

    - 15%, acrescida de adicional de 10% sobre a parcela da base de clculo acumulada

    que exceder a R$20.000 ao ms.

    Adies ao Lucro Lquido

    Existem certas regras na legislao do Imposto de Renda que limitam ou impedem

    que certos custos ou despesas sejam tidos como dedutveis na apurao do lucro real.

    Tais custos ou despesas ao serem registrados contabilmente reduzem o lucro lquido.

    Para que essa reduo no afete o lucro real, as despesas ou custos no dedutveis

    (indedutveis) devem ser adicionados ao lucro lquido.

    Excluses do Lucro Lquido

    Assim como as despesas devem atender certas condies e limites para que sejam

    consideradas dedutveis, existem certas regras que atribuem tratamento especial para

    determinados tipos de receitas, conforme explicado anteriormente.

    O tratamento diferenciado desses tipos de receitas visa permitir sua excluso do lucro

    real.

    Do ponto de vista contbil, essas receitas integram o lucro da empresa por

    constiturem resultado normal de suas operaes. No entanto, para fins de apurao

    do lucro real, os valores dessas receitas so excludos, ficando fora da tributao do

    imposto de renda.

    A seguir alguns exemplos dessas receitas:

    Rendimentos de Participaes Societrias Avaliados pelo Valor do Patrimnio Lquido

    O resultado positivo da equivalncia patrimonial excludo do lucro do exerccio,

    visto que esse aumento de valor patrimonial j foi tributado quando da apurao

    do imposto de renda sobre os lucros da empresa investida, no devendo ser

    tributado novamente na investidora.

    Lucros e Dividendos Recebidos

    Decorrem de investimentos em participaes societrias no avaliadas pelo

    mtodo da equivalncia patrimonial. Devem, tambm, ser excludos do lucro do

    exerccio por j terem sido tributados na investida.

  • Planejamento Tributrio

    29

    Compensao de Prejuzos fiscais

    Um item de compensao do lucro o saldo de prejuzos fiscais anteriores.

    Para fins de determinao do lucro real, o lucro lquido (e a contribuio social sobre

    o lucro - CSL), depois de ajustado pelas adies e excluses previstas ou autorizadas

    pela legislao do imposto de renda, poder ser reduzido pela compensao de

    prejuzos fiscais (e da base negativa da contribuio social), em at, no mximo,

    trinta por cento. Conseqentemente, o saldo de prejuzos fiscais e da base negativa da

    CSL no compensados em funo dessa limitao (30% do lucro lquido ajustado),

    podero ser utilizados nos anos-calendrios subseqentes, sem prazo de prescrio,

    sem atualizao monetria e sem juros.

    Condies Gerais de Dedutibilidade dos Custos e Despesas

    Nem sempre os custos e despesas, efetivamente incorridos pela empresa, so aceitos

    como reduo do lucro lquido para fins de determinar o lucro real. Em outras

    palavras, para certos tipos de despesas, que sero analisadas detalhadamente em

    tpicos seguintes, as regras de tratamento estabelecidas pela Lei Societria so

    diferentes daquelas estabelecidas na Legislao Tributria. As despesas que, perante

    as normas do Imposto de Renda devem ser desconsideradas, constituem as adies,

    tambm denominadas despesas no dedutveis.

    Para que um custo operacional, ou uma despesa possa ser considerado dedutvel,

    necessrio o atendimento das seguintes condies:

    Ser necessrio para que a empresa possa desenvolver normalmente sua atividade;

    Ser um gasto normal;

    Ser um gasto usual;

    No constituir inverso de capital.

    Como regra geral, os gastos de aquisio de bens destinados explorao do objeto

    social devem ser contabilizados no Ativo Permanente. Portanto, no sero aceitos

    como dedutveis para fins do imposto de renda, os valores debitados a despesa.

    Estar devidamente comprovada e contabilizada.

    Os pagamentos para aquisio de matrias-primas e materiais secundrios destinados

    produo, bem como os demais gastos componentes do custo de fabricao, devem

    estar devidamente documentados. O mesmo ocorre com relao s despesas.

    Alm disso, os custos e despesas devem ser registrados na escriturao, em forma

    contbil regular, com informaes que permitam a identificao da operao

    registrada com os documentos que lhes deram origem - faturas, notas fiscais, recibos,

    etc., que devero indicar com preciso o bem ou servio adquirido, seu valor e as

    partes envolvidas.

  • Planejamento Tributrio

    30

    De acordo com o art. 21 da IN 11/96, na determinao do lucro real e na base de

    clculo da contribuio social sobre o lucro somente sero dedutveis as provises

    para pagamento de frias de empregados, para pagamento do 13 salrio, e as

    provises tcnicas das Companhias de Seguro, Capitalizao e Previdncia Privada.

    As demais provises, quando necessrias atividade da empresa, so consideradas

    como adies temporrias ao lucro lquido.

    Adies Temporrias ou Permanentes

    Dentro deste contexto as adies ao lucro real podem ser de carter temporrio ou

    permanente:

    Temporrias: So aquelas despesas ou custos que, embora sejam indedutveis num

    primeiro momento, quando atenderem determinadas condies

    exigidas pela legislao, podem ser excludas na determinao do

    lucro real.

    Como exemplo, citamos os tributos e contribuies em litgio

    judicial, as provises para garantia, devoluo, IOF, etc., sendo que

    com exceo das previstas acima (Proviso de Frias, 13 salrio e

    Tcnicas) todas as demais so consideradas indedutveis at o

    momento de suas realizaes (perda ou pagamento) ou na hiptese

    das mesmas serem revertidas contabilmente.

    Permanentes: Seriam aquelas adies que, independente de qualquer evento futuro

    a sua indedutibilidade j lquida e certa; no cabendo, assim,

    qualquer excluso futura. Seria o caso, por exemplo, das multas de

    natureza no compensatrias (multas por infraes fiscais).

    As diferenas apuradas entre o resultado contbil e o resultado fiscal, proveniente de

    situaes temporrias ensejam a apurao e contabilizao do imposto de renda

    diferido. importante salientar que o conceito e registro do imposto de renda

    diferido no alteram o montante de pagamento a ser efetuado para a Receita Federal,

    trata-se de conceito contbil apenas.

    Despesas com Tratamento Fiscal Especfico

    Muitas vezes, apesar de atenderem s condies de dedutibilidade descritas

    anteriormente, os custos ou despesas no so dedutveis, total ou parcialmente.

    Nesses casos, a legislao do imposto de renda impe outras condies ou limites.

    Exemplo: Como regra geral as contribuies e doaes no so dedutveis. Para que

    uma doao seja considerada dedutvel necessrio, dentre outros, seja destinada a

    projetos culturais de que trata a lei 8.313/91.

    A legislao do Imposto de Renda impe certas condies ou limites para que uma

    despesa possa ser aceita fiscalmente.

  • Planejamento Tributrio

    31

    Os custos e despesas considerados na apurao do lucro lquido e que no atenderem

    s normas fiscais devem ser adicionados ao lucro lquido para determinao do lucro

    real (lucro tributvel).

    Exemplos:

    Perdas com crditos dedutveis conforme critrios especficos apresentados abaixo

    Ajustes em investimentos por equivalncia patrimonial se receitas, no tributados; se despesa, indedutveis.

    Depreciaes a legislao fiscal fixa as taxas permitidas para dedutibilidade.

    Bens de pequeno valor podem ser lanados direto despesa, sendo dedutveis.

    Provises diversas - somente so dedutveis as provises para pagamento de frias de empregados, para pagamento do 13 salrio, e as provises tcnicas das

    Companhias de Seguro, Capitalizao e Previdncia Privada.

    Contribuies e doaes somente so dedutveis as contribuies compulsrias alm de plano de sade e aposentadoria, desde que concedidos a todos os

    funcionrios. Quanto as doaes vide tpico especfico abaixo.

    Multas No so dedutveis as multas por infraes fiscais, salvo as de natureza compensatria e as impostas por infraes de que no resultem falta ou

    insuficincia de pagamento de tributo.

    Tributos e Contribuies em litgio judicial - Os tributos e contribuies em litgio judicial somente so dedutveis como custo ou despesa operacional, no

    perodo-base em que houver o desfecho da lide (a deciso final). Em atendimento

    s prticas contbeis brasileiras, como qualquer diferena temporria, a adio ao

    lucro lquido enseja o registro contbil do Imposto de Renda Diferido.

    No dedutvel, entretanto, em qualquer hiptese, o imposto de renda incidente

    sobre os resultados da pessoa jurdica.

    Brindes despesas indedutveis.

    Alimentao de administradores, scios e acionistas indedutveis.

    Gratificao administradores, scios e acionistas indedutveis.

    Perdas por roubo e furto perda dedutvel somente se houver registro policial.

    Contribuio social sobre o lucro despesa indedutvel para o imposto de renda.

  • Planejamento Tributrio

    32

    Perdas Nos Recebimentos de Crditos

    O artigo 9 da Lei 9.430/96 fixou critrios rgidos para deduo como despesas, para

    determinao do lucro real, em relao as perdas no recebimento de crditos decorrentes

    das atividades da pessoa jurdica. importante observar que a antiga proviso para

    devedores duvidosos no mais, a partir de 1 de janeiro de 1997, dedutvel na base de

    clculo do imposto de renda e da contribuio social sobre o lucro.

    Em linhas gerais so dedutveis os crditos enquadrados nas seguintes situaes:

    1. Em relao aos quais tenha havido a declarao de insolvncia do devedor, em sentena emanada do Poder Judicirio.

    2. Crditos sem garantias:

    Valor: Inadimplente h: Outras Condies:

    at R$5.000,00 mais de 6 meses Nenhuma

    at R$30.000,00 mais de 1 ano cobrana administrativa

    acima de R$30.000,00 mais de 1 ano cobrana judicial

    Os valores acima se referem a cada operao, entendida como operao o valor da nota

    fiscal.

    Com garantia, se vencidos h mais de 2 anos, desde iniciados e mantidos os

    procedimentos judiciais para o seu recebimento ou o arresto das garantias.

    3. Contra devedor declarado falido ou PJ declarada concordatria, relativamente parcela que exceder o valor que esta tenha se comprometido a pagar. Caso o

    compromisso de pagar no seja honrado poder tambm ser deduzida como perda.

    Os crditos deduzidos como perdas na determinao do lucro real devero ser

    escriturados a dbito da conta de resultado e a crdito:

    a. da prpria conta que registra o crdito em se tratando de crditos sem garantia e de

    valor at R$5.000,00;

    Contribuies e Doaes

    Somente so admitidas:

    a) As contribuies destinadas a custear seguros e planos de sade e benefcios

    complementares assemelhados aos da providncia social, institudo em favor

    de empregados e dirigentes da pessoa jurdica.

  • Planejamento Tributrio

    33

    b) Doaes efetuadas:

    1. a projetos culturais conforme a lei 8.313/91:

    2. s instituies de ensino e pesquisa e pesquisa autorizadas por lei federal, at 1,5% do lucro operacional, antes de computada a deduo mencionada

    no n 3;

    3. a entidades civis legalmente constitudas no Brasil, sem fins lucrativos, que

    prestem servios gratuitos em benefcios de empregados da pessoa jurdica

    doadora e seus dependentes, at 2% do lucro operacional antes de

    computada sua deduo.

    Somente so dedutveis as doaes a entidade donatria que, cumulativamente,

    comprove finalidade no lucrativa, aplique seus excedentes financeiras em

    educao e assegure a destinao do seu patrimnio a outra escola comunitria,

    filantrpica ou confessional, ou ao poder pblico.

    Lucro Real em Bases Estimadas

    No clculo do imposto mensal em bases estimadas, aplicar-se-o as disposies

    pertinentes a apurao do lucro presumido e dos demais resultados positivos e

    ganhos de capital (vide "Lucro Presumido" adiante).

    A base de clculo da contribuio social trimestral ser 12% sobre a receita bruta

    trimestral acrescida dos demais resultados e ganho de capital (exceto para a atividade

    de servios que ser de 32%).

    4.4.2 Contribuio Social sobre o Lucro Lquido (CSLL)

    A CSLL uma contribuio social prevista pela constituio federal tendo base de

    clculo, no caso do lucro real, quase idntica ao imposto de renda (poucas so as

    adies que so efetuadas no clculo do IR, mas no integram o clculo da CSLL).

    Sobre a base de clculo deve ser aplicada a alquota de 9%.

    4.4.3 Juros sobre o Capital Prprio

    No Brasil, as empresas possuem trs formas legais de remunerarem os proprietrios:

    dividendos, juros sobre capital prprio (JSCP) e honorrios.

    Do ponto de vista tributrio, os dividendos no sofrem qualquer tributao quando

    pagos ao passo que os JSCP so tributados em 15%. J o pagamento de honorrios est

    sujeito a tributao com base na tabela de imposto de renda dos assalariados. Mesmo

    assim, a melhor alternativa, do ponto de vista tributrio, para a empresa e,

    conseqentemente, para o proprietrio o pagamento de JSCP.

  • Planejamento Tributrio

    34

    Os juros sobre o capital prprio so calculados sobre as contas do patrimnio lquido

    mediante a aplicao da Taxa de Juros de Longo Prazo - TJLP - divulgada pelo Banco

    Central do Brasil. Exclui-se do patrimnio lquido para fins de clculo dos juros, a

    reserva de reavaliao.

    A dedutibilidade dos juros, depois de apurado conforme descrito acima, fica

    condicionada a existncia de lucros acumulados mais reserva de lucros ou lucros no

    exerccio em montante no mnimo superior a duas vezes o valor dos juros que se deseja

    pagar.

    Os juros sobre o capital prprio esto sujeitos reteno do imposto de renda na fonte

    alquota de 15%, na data do pagamento ou crdito ao beneficirio, e ser considerado:

    a. Antecipao do devido na declarao de rendimentos, em se tratando de

    beneficirio pessoa jurdica tributada com base no lucro real, presumido ou

    arbitrado;

    b. Tributao definitiva, no caso de pessoa fsica ou pessoa jurdica isenta ou com

    domiclio no exterior.

    O clculo dos juros sobre o capital prprio realizado com base na aplicao da taxa de

    juros de longo prazo, a TJLP, sobre o valor do patrimnio lquido apurado no final do

    perodo base anterior, no sendo exigido pela legislao qualquer outra formalidade. No

    entanto a fiscalizao tem requerido que o estatuto ou contrato social da empresa tenha

    previso de tal pagamento. Em resumo:

    JSCP = Patrimnio Lquido no final do exerccio anterior * (x) TJLP do perodo

    (* - ajustado pelos acrscimos no perodo corrente)

    Limite: 50% do resultado do perodo antes dos juros ou 50% dos lucros acumulados +

    reservas de lucros

    De conformidade com a legislao fiscal, para que sejam dedutveis do lucro lquido, o

    registro contbil dos juros sobre o capital prprio pago ou creditado deve ser feito a

    dbito de uma conta de despesa financeira e a crdito de receita financeira ou de

    investimento para quem o recebe. Para fins contbeis, de acordo com orientaes da

    Comisso de Valores Mobilirios CVM e do IBRACON Instituto de Auditores Independentes, os JSCP devem ser debitados aos Lucros Acumulados, como

    distribuio de lucros.

  • Planejamento Tributrio

    35

    4.5 Lucro Presumido

    a denominao da base de clculo determinada segundo a forma simplificada prevista

    nos artigos 15 e 29 da Lei 9.249/95 e artigo 1 da Lei 9.065/95.

    Somente pode optar pela tributao com base no lucro presumido a empresa que tenha

    auferido receita bruta total, acrescida das demais receitas e ganhos de capital em

    montante no superior ao valor correspondente a R$48.000.000 no ano calendrio

    anterior. Esta opo ser exercida pelo pagamento da 1 cota trimestral do imposto e

    considerada definitiva pela entrega da declarao anual de rendas (Lei 9.430/96).

    Esto obrigadas ao regime de tributao com base no Lucro Real (ou Lucro Arbitrado),

    no podendo optar, portanto pelo Lucro Presumido as empresas:

    a - cuja receita bruta total, acrescida das demais receitas e dos ganhos de capital, no

    ano-calendrio anterior, tiver ultrapassado o limite correspondente a R$48.000.000,

    ou o proporcional ao nmero de meses do perodo quando inferior a doze meses.

    Na receita bruta no se incluem:

    as vendas canceladas;

    os descontos incondicionais concedidos;

    os impostos no cumulativos assim entendidos: o IPI o ICMS de Substituio Tributria.

    b - cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de

    desenvolvimento, caixas econmicas, sociedades de crdito, financiamento e

    investimento, sociedades de crdito imobilirio, sociedades corretoras de ttulos,

    valores mobilirios e cmbio, distribuidoras de ttulos e valores mobilirios,

    empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crdito, empresas de seguros

    privados e de capitalizao e entidades de previdncia privada aberta;

    c - que, autorizadas pela legislao tributria, queiram usufruir benefcios fiscais

    relativos a iseno ou deduo do Imposto de Renda;

    d - que tenham lucros, rendimentos ou ganhos de capital oriundos do exterior;

    e - que tenham utilizado balano de suspenso ou reduo no decorrer do ano

    calendrio.

    O imposto de renda pago ou retido sobre as receitas includas na base de clculo ser

    compensado com o valor do imposto devido trimestralmente.

    O imposto de renda (e a contribuio social sobre o lucro) calculado aplicando-se o

    percentual de presuno sobre a receita bruta auferida e, somado a este total os demais

    resultados e ganhos de capital.

  • Planejamento Tributrio

    36

    Como receita bruta considera-se o produto da venda de bens nas operaes de conta

    prpria, o preo dos servios prestados e o resultado auferido nas operaes de conta

    alheia, deduzindo-se as vendas canceladas, os descontos incondicionais, as devolues,

    e os impostos no cumulativos.

    So considerados "Demais Resultados e Ganhos de Capital", os resultados positivos

    decorrentes de receitas no compreendidas na base de clculo acima. As receitas no

    tributadas no sistema de lucro real tambm no so tributadas no lucro presumido

    (dividendos, ...)

    A pessoa jurdica tributada com base no Lucro Presumido dispensada da manuteno

    de escriturao comercial devendo, porm, manter livro caixa para o registro de

    pagamentos e recebimentos, bem como, ao trmino do ano calendrio, escriturar o livro

    de registro de inventrio de seus estoques.

    O Lucro Presumido determinado trimestralmente, mediante aplicao dos seguintes

    percentuais sobre a receita bruta trimestral:

    a - 1,6% - revenda de combustveis

    b - 8% - servios hospitalares e transporte de carga

    c - 32% - demais servios

    d - 16% - servios de transporte exceto de carga

    e - 32% - intermediao de negcios, administrao de imveis, locao ou

    administrao de bens mveis;

    f - 8% - nos demais casos;

    g - 8% - loteamentos de terrenos, incorporao imobiliria e venda de imveis.

    h - 16% - empresas da rea financeira, seguradoras e previdncia privada, podendo ser

    deduzidas da receita bruta as despesas incorridas na captao de rendas,

    despesas com obrigao por refinanciamentos, despesas de cesso de

    crditos, de cmbio, perdas com renda fixa e renda varivel, cosseguro e

    resseguro cedidos, cancelamentos e restituies de prmios e provises ou

    reservas tcnicas;

    No caso de atividade diversificada aplicado o % correspondente a cada atividade.

    A alquota do imposto de renda 15%, acrescida de 10% sobre a base de clculo

    acumulada no trimestre excede a R$60.000 (R$20.000 por ms).

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    4.5.1 Contribuio Social (CSLL)

    A base de clculo da contribuio social sobre o lucro lquido, no caso de opo pelo

    sistema de lucro presumido, apurada atravs da aplicao do percentual de 12% sobre

    a receita bruta para todas as atividades, exceto servios, cujo percentual de 32%,

    adicionando-se base de clculo, as demais receitas. Sobre esta base de clculo

    aplicada a alquota da CSLL, que atualmente de 9%.

    EXEMPLO DE CLCULO DO LUCRO PRESUMIDO DE UMA INDSTRIA

    R$ Trimestre

    Faturamento 900.000

    Pis, Cofins e IPI (150.000)

    Devolues (40.000)

    Aluguel pago (12.000)

    Folha de pagamento (345.000)

    Receita bruta de aplicaes financeiras 76.000

    Juros sobre duplicatas descontadas (34.000)

    IRRF sobre as aplicaes financeiras (15.200)

    Lucro na venda de imobilizado 100.000

    Pro-labore dos administradores (430.000)

    Compras de mercadorias (560.000)

    4.6 Lucro Arbitrado

    Em linhas gerais, o arbitramento de lucro uma forma (critrio) utilizado pela

    autoridade tributria para determinao da base de clculo no Imposto de Renda devido

    pela pessoa jurdica, aplicvel quando esta deixa de cumprir as obrigaes acessrias

    relativas na determinao do lucro real ou presumido, conforme o caso.

    Embora esta facilidade continue existindo para a autoridade tributria, permitido

    pessoa jurdica apresentar declarao de rendimento em formulrio prprio, fornecendo

    administrao os valores necessrios determinao de matria tributvel, desde que

    conhecida a receita bruta.

    Em sntese, a determinao da base de clculo, pela autoridade tributria ocorre

    quando:

    O contribuinte, sujeito tributao com base no lucro real, no mantiver na forma das leis comerciais e fiscais em boa ordem e segundo as normas contbeis

    recomendadas, o livro razo ou fichas de lanamento no dirio, ou deixar de elaborar

    as demonstraes financeiras;

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    O contribuinte que optar pela tributao com base no lucro presumido no cumprir as obrigaes acessrias relativas a sua determinao;

    O contribuinte recusar-se a apresentar os livros ou documentos da escriturao autoridade tributria inclusive o livro caixa;

    A escriturao mantida pelo contribuinte contiver vcios, erros ou deficincias que a tornem imprestvel identificar a efetiva movimentao financeira, inclusive bancria

    ou para determinar o lucro real ou presumido, ou revelar evidentes indcios de fraude

    ou sonegao;

    O comissrio ou representante da pessoa jurdica estrangeira deixar de apurar o lucro de sua atividade separadamente do lucro do comitente residente ou domiciliado no

    exterior.

    O lucro arbitrado, quando conhecida a receita bruta do contribuinte, ser mediante

    aplicao dos percentuais abaixo, sobre a receita trimestral da respectiva atividade

    econmica (IN 11/96 - art 44).

    I - 9,6% sobre a receita bruta auferida quando conhecida a receita bruta;

    II. - 1,92% sobre a receita bruta trimestral de revenda de combustveis derivados de

    petrleo e lcool etlico carburante;

    III - 38,4% - prestao de servios pelas Sociedades Civis relativos ao exerccio de

    profisso legalmente regulamentadas.

    - intermediao de negcios, administrao, locao ou cesso de bens

    imveis, mveis e direitos de qualquer natureza.

    - outros servios mencionados anteriormente.

    IV - 9,6% sobre a receita bruta auferida na prestao de servios hospitalares e

    transporte de carga;

    V - 19,2% sobre a receita bruta auferida nos demais servios de transporte;

    4.6.1 Atividades Mistas

    Quando se tratar de empresas com atividade mista, ou seja, empresa que tenha receitas

    operacionais provenientes da venda de bens e da prestao de servios ou ainda a venda

    de bens ou prestao de servios com percentuais diferentes de arbitramento, sero

    adotados percentuais especficos para cada uma delas.

    Na falta de outros elementos a autoridade poder, observadas as normas baixadas pela

    Secretaria da Receita Federal, arbitrar o lucro com base no valor do ativo, do capital

    social, do patrimnio lquido, da folha de pagamento de empregados, das compras, do

    aluguel das instalaes ou do lucro lquido auferido pelo contribuinte em perodos-

    base anteriores.

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    5. Programa de Integrao Social PIS

    5.1 PIS Sistema Cumulativo

    A contribuio social Programa de Integrao Social- PIS foi instituda atravs da Lei Complementar n7, de 07 de setembro de 1970.

    Posteriormente, em 27 de novembro de 1998, foi promulgada a lei 9.718, alterando a

    base de clculo da contribuio, de faturamento para receita bruta.

    Sensvel s reclamaes dos empresrios, quanto injusta cumulatividade do PIS e

    tambm da COFINS, com a tributao em cascata (tributo sobre tributo!!!), o governo

    federal promulgou, em 30 de dezembro de 2002, a Lei 10637, alterando ento o sistema

    de cobrana para no cumulativo.

    5.2 PIS Sistema No Cumulativo

    O novo sistema trazido pela Lei n 10.637, na verdade parcialmente no cumulativo, uma vez que no autoriza a deduo de todos os pagamentos feitos nas operaes anteriores.

    Em 29 de dezembro de 2003, foi promulgada a Lei 10.833, trazendo tambm o sistema

    de no cumulatividade para a COFINS. Como essas duas contribuies possuem as

    mesmas bases de clculo e as mesmas dedues de crditos, tendo apenas as alquotas

    como diferenas e, visando evitar a duplicidade, detalharemos essa parte da matria no

    item COFINS, comentado adiante.

    O art. 2 da lei n 9.715/98, alterada pelo art. 13 da MP n 2. 158-35/01, dispe que a

    contribuio para o PIS/PASEP ser apurada mensalmente pelas:

    I -pessoas jurdicas de direito privado e as que lhes so equiparadas pela legislao do

    imposto de renda, inclusive as empresas pblicas e as sociedades de economia mista e

    suas subsidirias;

    II -entidades sem fins lucrativos discriminadas no art. 13 da MP n 2. 158-35/01;

  • Planejamento Tributrio

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    III -pessoas jurdicas de direito pblico interno.

    A partir de 01-02-99, a base de clculo da contribuio para o PIS/PASEP das pessoas

    jurdicas com fins lucrativos a determinada pela lei n 9.718/98, cujo art. 20 dispe

    que a contribuio devida pelas pessoas jurdicas de direito privado ser calculada com

    base no faturamento, enquanto o art. 3 define faturamento a receita bruta da pessoa

    jurdica.

    De acordo com o 1 deste artigo 3, a receita bruta representada pela totalidade das

    receitas auferidas pela pessoa jurdica, sendo irrelevantes o tipo de atividade por ela

    exercida e a classificao contbil adotada para as receitas.

    O 2 diz que para fins de determinao da base de clculo das contribuies a que se

    refere o art. 2, excluem-se da receita bruta:

    I -as vendas canceladas, os descontos incondicionais concedidos, o Imposto sobre Produtos

    Industrializados -IPI e o Imposto sobre Operaes relativas Circulao de

    Mercadorias e sobre Prestaes de Servios de Transportes Interestadual e

    Intermunicipal e de Comunicao - ICMS, quando cobrado pelo vendedor dos bens ou

    prestador dos servios na condio de substituto tributrio;

    II -as reverses de provises operacionais e recuperaes de crditos baixados como perda,

    que no representem ingresso de novas receitas, o resultado positivo da avaliao de

    investimentos pelo valor do patrimnio lquido e os lucros e dividendos derivados de

    investimentos avaliados pelo custo de aquisio, que tenham sido computados como

    receita;

    III- os valores que, computados como receita, tenham sido transferidos para outra pessoa

    jurdica;

    IV - a receita decorrente da venda de bens do ativo permanente.

    Na receita bruta no se incluem as vendas canceladas, os descontos incondicionais

    concedidos, o IPI e o ICMS cobrado pelo substituto tributrio do revendedor de

    mercadorias como ocorre com automveis e refrigerantes. O PN n 77/86 definiu que o

    ICMS referente s operaes prprias da empresa compe o preo da mercadoria, e,

    conseqentemente, o faturamento, mas o ICMS relativo substituio tributria no

    integra a base de clculo do contribuinte substituto.

    A base de clculo para o PIS das entidades sem fins lucrativos e das cooperativas, a

    folha de pagamento do ms.

    De acordo com o artigo 8 da Lei 9715/98, a contribuio para o PIS (entenda-se PIS Sistema Cumulativo), ser calculada com base nas seguintes alquotas:

    0,65% sobre o faturamento; 1,00% sobre a folha de pagamentos; 1% sobre o valor das receitas correntes e das transferncias correntes e de capital

    recebidas.

    As pessoas jurdicas enquadradas, para fins de imposto de renda, no sistema de

    tributao do Lucro Presumido, devem recolher o PIS pelo sistema cumulativo com

    base na alquota de 0,65% aplicada sobre a receita bruta, enquanto que aquelas

    enquadradas no sistema de tributao do Lucro Real, devem recolher o PIS alquota de

    3,0%, sobre a receita bruta, menos as dedues dos crditos (maiores detalhes inseridos

    no item COFINS, adiante).

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    6. Contribuio Social para

    Financiamento da Seguridade Social COFINS

    6.1 Cofins Sistema Cumulativo

    A Contribuio Social para Financiamento da Seguridade Social - COFINS, foi

    instituda Lei Complementar n 70, de 30 de dezembro de 1991, nos termos do inciso I

    do art. 195 da Constituio Federal, e calculada sobre o valor do faturamento mensal

    das pessoas jurdicas ou a elas equiparadas. A Lei n 9.718 promulgada em 27 de

    novembro de 1998, alterou a base clculo de faturamento para receita bruta. A alquota

    de 0,65% incide sobre a receita bruta a cada venda de bens e/ou servios, da o sistema

    cumulativo.