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Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo Willian Fonseca Critérios para Delimitação de Áreas de Influência em Estudos de Impacto Ambiental São Paulo 2012

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  • Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo

    Willian Fonseca

    Critrios para Delimitao de reas de Influncia em Estudos de Impacto Ambiental

    So Paulo 2012

  • Willian Fonseca

    Critrios para Delimitao de reas de Influncia em Estudos de Impacto Ambiental

    Dissertao apresentada ao Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo IPT, como parte dos requisitos para obteno de Ttulo de Mestre emTecnologia Ambiental.

    Data da aprovao ___/_____/______

    _______________________________ Prof. Dr. Omar Y. Bitar (Orientador) IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo

    Membros da Banca Examinadora: Prof. Dr. Omar Yazbek Bitar (Orientador) IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo

    Prof. Dra. Celina Bragana Cludio(Membro) Companhia Ambiental do Estado de So Paulo - Cetesb

    Prof. Dra. Amarlis Lcia Casteli Figueiredo Galardo (Membro) IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo

  • Willian Fonseca

    Critrios para Delimitao de reas de Influncia em Estudos de

    Impacto Ambiental

    Dissertao de Mestrado apresentada ao

    Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do

    Estado de So Paulo IPT, como parte dos

    requisitos para obteno do ttulo de Mestre

    em Tecnologia Ambiental.

    rea de Concentrao: Gesto Ambiental.

    Prof. Dr. Omar Yazbek Bitar (Orientador)

    So Paulo Maio/2012

  • Ficha Catalogrfica Elaborada pelo Departamento de Acervo e Informao Tecnolgica - DAIT

    do Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo IPT

    F676C Fonseca, Willian

    Critrios para delimitao de reas de influncia em estudos de impacto ambiental. / Willian Fonseca. So Paulo, 2012. 195 p. Dissertao (Mestrado em Tecnologia Ambiental) Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo IPT. rea de Concentrao: Gesto Ambiental Orientador: Prof Dr. Omar Yazbek Bitar 1. Avaliao de impacto ambiental 2. Estudos de impacto ambiental 3. Tese I. Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo. Coordenadoria de Ensino Tecnolgico Ttulo

    12-46 CDU 504.064.2(043)

  • DEDICATRIA

    Aos meus pais, Maria e

    Armando (em memria), que

    me deram o mximo que

    puderam; mais que

    suficiente para que eu

    pudesse alcanar meus

    objetivos;

  • AGRADECIMENTOS

    - Ao Prof. Dr. Omar Yazbek Bitar amigo e orientador, pelo incentivo constante

    durante minha passagem pelo IPT, e sua sempre presente indicao dos

    possveis caminhos na realizao deste trabalho;

    - Banca de Qualificao, na pessoa da Dra. Celina Bragana Cludio, e da

    Dra. Amarlis Lcia Casteli Figueiredo Galardo profissionais e acadmicos,

    com grande experincia em Avaliao de Impacto Ambiental - AIA, que muito

    contriburam para o processo de melhoria deste trabalho;

    - minha famlia, em especial Maria, Elizabeth, e Andrews, pelo apoio,

    compreenso, e confiana;

    - Ao Eng. Walter Lazzarini Filho amigo pessoal e profissional, no s pela

    concesso de incentivo financeiro e logstico para realizao deste trabalho,

    mas tambm por seu exemplo de carter, de carisma, e de honestidade,tanto

    na vida pessoal como profissional;

    - Ao Eng. Raon Honrio Ferreira dos Santos, amigo de graduao, pessoal e

    profissional, pelas importantes recomendaes em todo o processo de

    construo do trabalho, e confiana na concretizao deste trabalho;

    - Aos meus amigos da WALTER LAZZARINI CONSULTORIA AMBIENTAL, pelos seus

    incentivos constantes durante desenvolvimento deste trabalho, e por

    acreditarem irrestritamente em minha competncia para sua realizao, em

    especial Geloga Mara Sugawara, pelo apoio na reviso deste trabalho;

    - Aos meus companheiros de Turma no IPT, que durante tanto tempo dividiram

    comigo a construo, passo a passo, deste trabalho;

    - Aos profissionais que concederam entrevistas e forneceram informaes para

    elaborao deste trabalho;

    - Aos rgos ambientais brasileiros, em especial a Companhia Ambiental do

    Estado de So Paulo CETESB, por disponibilizar seu acervo para consulta; e

    - A todos que tenham, de alguma maneira, contribudo para a concretizao

    deste sonho.

  • RESUMO

    A delimitao de reas de influncia em Estudos de Impacto Ambiental

    (EIA) tema ainda pouco discutido no mbito tcnico-cientfico nacional. A

    presente dissertao compreende os resultados de levantamento e anlise de

    critrios tcnicos adotados por equipes tcnicas diretamente envolvidas na

    execuo dos estudos, para fins de delimitao de reas de influncia.

    Abrange tanto as prticas empregadas por empresas de consultoria ambiental

    que elaboram esses estudos quanto os critrios adotados por rgos pblicos

    ambientais que os analisam. Inicialmente, apresenta-se o problema estudado e

    as premissas bsicas que norteiam a discusso do assunto, assim como as

    justificativas, os objetivos e os mtodos empregados na realizao da pesquisa

    que fundamenta esta dissertao. Em razo de caractersticas especficas do

    assunto investigado, apresenta-se o contexto institucional mais geral, que

    envolve os principais fatores intervenientes, desde o surgimento da Avaliao

    de Impacto Ambiental (AIA) e de seu vnculo com os procedimentos de

    Licenciamento Ambiental (LA) at a incluso e o uso dessas ferramentas no

    sistema jurdico ambiental brasileiro. Apresenta-se o contexto onde a

    delimitao de rea de influncia se insere, sua importncia no processo de

    AIA e de LA, bem como os conceitos e definies que circundam o tema e suas

    possveis influncias nos procedimentos e custos relativos ao desenvolvimento

    dos estudos. Para a realizao da anlise sobre os critrios adotados,

    consideram-se: Termos de Referncia (TRs), referentes a empreendimentos e

    disponveis; questionrios respondidos por profissionais que atuam na

    realizao dos estudos; e consulta a EIAs concludos. Aps apresentao e

    discusso dos resultados obtidos, listam-se as principais concluses

    alcanadas com o desenvolvimento do presente trabalho, contemplando

    sugestes no sentido de rever e aprimorar os atuais critrios utilizados na

    delimitao de reas de influncia. Ainda, apresentam-se algumas

    recomendaes gerais para a melhoria do processo de AIA, em vista da

    questo das reas de influncia, com potenciais repercusses positivas em

    relao ao LA e elaborao de EIAs.

    Palavras Chaves: rea de Influncia; Avaliao de Impacto Ambiental AIA;

    Licenciamento Ambiental LA; Estudo de Impacto Ambiental EIA.

  • ABSTRACT

    Criteria for Designation of Spheres of Influence in Environmental Impact Statement

    The delineation of the rea of influence in Environmental Impact

    Statements (EIS) is a subject barely discussed in the national technical and

    scientific extent. This current dissertation comprises the results of the collected

    data and analysis of the technical criteria used by technical groups related to

    the EIS elaboration. Not only the practices used by environmental consultancy

    companies that perform the statements are comprised, but also the criteria used

    by environmental protection agencies that analyze them as well. Firstly it

    described the problem studied and the basic assumptions that guide the

    discussion of the subject, as well as the justificatives, objectives and methods

    employed in the research underlying this dissertation. Due to specific

    characteristics of the investigated subject, it is presented the wider institutional

    context, which involves the main factors involved, since the introduction of

    Environmental Impact Assessment (EIA) and its link with the procedures of

    Environmental Permitting comprising the inclusion and use of these tools in

    environmental legal system in Brazil. The dissertation also presents the context

    within which the delineation of area of influence is situated, its importance in the

    process of EIA and LA, as well as the concepts and definitions that surround the

    subject and its possible influence on the procedures and costs related to studies

    development. To perform the analysis on the criteria adopted, was considered

    only the Terms of Reference (TR) available, questionnaires answered by

    professionals working in the studies, and consultation to already approved EIAs.

    After presentation and discussion of results obtained, the main conclusions

    reached with the development of this work was listed, considering suggestions

    to revise and improve the current criteria used in defining area of influence.

    Additionally it is presented some general recommendations for improving the

    EIA process, considering the issue of area of influence, with potential positive

    effects in relation to LA and the preparation of EIAs.

    Keywords: Spheres of Influence, Environmental Impact Assessment EIA,

    Environmental Permitting EP and Environmental Impact Statement (EIS)

  • Lista de ilustraes

    Figura 2.1. Processo de avaliao de impacto ambiental ................................ 31

    Figura 2.2. Principais etapas no planejamento e execuo de um EIA ............ 51

    Figura 2.3. Proposta de Elaborao de EIA ..................................................... 54

    Figura 3.1. Mapa dos principais impactos ambientais com possibilidade de

    ocorrncia na ADA ........................................................................................... 57

    Figura 3.2. Exemplo de delimitao de AII ....................................................... 65

    Figura 3.3.Exemplo de delimitao de AID. ..................................................... 66

    Figura 3.4.Exemplo de delimitao de ADA. .................................................... 68

    Grfico 4.1. Distribuio de TRs analisados por rgo ambiental. ................... 85

    Grfico 5.1. Questionrios respondidos, por ator do processo considerado. ... 99

    Grfico 5.2. Respostas da Questo n 1 do Questionrio .............................. 102

    Grfico 5.3. Respostas da Questo n 2 do Questionrio .............................. 103

    Grfico 5.4. Respostas da Questo n 3 do Questionrio .............................. 105

    Grfico 5.5. Respostas da Questo n 4 do Questionrio .............................. 106

    Grfico 5.6. Respostas da Questo n 5 do Questionrio .............................. 108

    Grfico 5.7. Respostas da Questo n 6 do Questionrio .............................. 110

    Grfico 5.8. Respostas da Questo n 7 do Questionrio .............................. 111

    Grfico 6.1. Distribuio dos EIAs avaliados por atividade econmica .......... 116

    Grfico 6.2. Avaliao quanto s justificativas adotadas para determinao da

    AID, segundo critrios do autor. .............................................................. 120

    Grfico 6.3. Avaliao quanto s justificativas adotadas para determinao da

    AII, segundo critrios do autor. ................................................................ 121

    Grfico 6.4.Critrios utilizados para justificar a ADA ...................................... 123

    Grfico 6.5 Critrios utilizados para justificar a AID .................................... 127

    Grfico 6.6 Critrios utilizados para justificar a AII ...................................... 131

  • Lista de Tabelas

    Tabela 2.1. Evoluo do sistema de AIA .......................................................... 27

    Tabela 2.2. Compndio da legislao disciplinadora de AIA ............................ 28

    Tabela 2.3. Estudos ambientais previstos na legislao brasileira ................... 44

    Tabela 3.1. Combinao de termos utilizados e sua conceituao .................. 70

    Tabela 3.2. Provvel tendncia no sentido de que a delimitao da rea de

    estudo repercuta em aspectos relacionados elaborao do EIA, segundo

    variveis consideradas. ............................................................................. 78

    Tabela 4.1. Disponibilidade de TRs em sites de rgos ambientais ................ 81

    Tabela 4.2. Relao de atividades econmicas, por TR disponibilizado. ......... 86

    Tabela 4.3. Comparativo dos resultados da identificao de provveis impactos

    nos TRs considerados ............................................................................... 96

    Tabela 5.1. Informaes gerais dos entrevistados ......................................... 100

    Tabela 6.1.Universo dos EIAs avaliados por atividade econmica. ............... 114

    Tabela 6.2. Relao de correspondncia numrica dos critrios listados. ..... 122

    Tabela 6.3. Distribuio dos critrios por subsistema considerado para ADA 124

    Tabela 6.4. Distribuio dos critrios por subsistema considerado para a AID

    ................................................................................................................. 128

    Tabela 6.5. Distribuio dos critrios por subsistema considerado para a AII 132

  • Lista de Abreviaturas e Siglas

    ADA rea Diretamente Afetada

    AIA Avaliao de Impacto Ambiental

    AID rea de Influncia Direta

    AII rea de Influncia Indireta

    Cetesb Companhia Ambiental do Estado de So Paulo;

    Conama - Conselho Nacional do Meio Ambiente

    EAR - Estudo de Anlise de Riscos

    EAS - Estudo Ambiental Simplificado

    EIA Estudo de Impacto Ambiental

    EVA - Estudo de Viabilidade Ambiental

    EVQ - Estudo de Viabilidade de Queima

    Funai Fundao Nacional do ndio

    IT Instruo Tcnica

    LI Licena de Instalao

    LO Licena de Operao

    LP Licena Prvia

    LT Linha de Transmisso

    MAIA Manual de Avaliao de Impacto Ambiental

    MPE Ministrio Pblico Estadual

    MPF Ministrio Pblico Federal

    NEPA - National Environmental Policy Act

    ONG Organizao No Governamental

    PAE - Plano de Ao de Emergncia

    PBA - Projeto Bsico Ambiental

    PCA - Plano de Controle Ambiental

  • PGR - Programa de Gerenciamento de Riscos

    PNMA - Poltica Nacional do Meio Ambiente

    PRAD - Plano de Recuperao de reas Degradadas

    PT Plano de Trabalho

    RAA - Relatrio de Avaliao Ambiental

    RAP - Relatrio Ambiental Preliminar

    RAS - Relatrio Ambiental Simplificado

    RCA - Relatrio de Controle Ambiental

    Rima - Relatrio de Impacto Ambiental

    RMBS Regio Metropolitana da Baixada Santista

    SIM Sistema Integrado Metropolitano

    SIN Sistema Interligado Nacional

    SMA - Secretaria de Meio Ambiente do Estado de So Paulo

    TR Termo de Referncia

    VLT Veculo Leve Sobre Trilhos

  • Sumrio 1 INTRODUO .......................................................................................... 14

    1.1 Objetivos .......................................................................................................... 18

    1.1.1 Geral ............................................................................................................. 18

    1.1.2 Especficos ................................................................................................... 18

    1.2 Mtodo de trabalho e atividades desenvolvidas ............................................... 19

    1.2.1 Consulta e Anlise dos Termos de Referncia ............................................. 20

    1.2.2 Entrevistas com Profissionais ...................................................................... 21

    1.2.3 Anlise de Estudos de Impacto Ambiental .................................................. 22

    2 O PROCESSO DE AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL ................ 252.1 Licenciamento e Avaliao de Impacto Ambiental ......................................... 32

    2.2 Termo de Referncia ........................................................................................ 38

    2.3 Estudo de Impacto Ambiental .......................................................................... 44

    3 REAS DE INFLUNCIA EM ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL ... 563.1 Conceitos e Definies .................................................................................... 61

    3.2 Custos envolvidos ............................................................................................ 74

    4 REAS DE INFLUNCIA EM TERMOS DE REFERNCIA .................... 814.1 Termos de Referncia Disponveis .................................................................. 81

    4.2 Contedo dos Termos de Referncia Analisados ............................................ 90

    4.3 Consideraes Sobre os Termos de Referencia Analisados ............................ 90

    5 PERCEPO DOS ENVOLVIDOS NA ELABORAO E ANLISE DE EIAS ................................................................................................................. 97

    5.1 Anlise dos Questionrios Respondidos .......................................................... 98

    5.2 Resultados dos Questionrios ........................................................................ 101

    6 ABORDAGEM DAS REAS DE INFLUNCIA EM EIAS ...................... 1136.1 Conjunto dos Estudos Analisados .................................................................. 113

    6.2 Nomenclaturas para as reas de Influncia ................................................... 117

    6.3 Critrios Adotados para Determinao de reas de Influncia ..................... 122

    6.3.1 Critrios Adotados para Determinao da ADA ........................................ 123

    6.3.2 Critrios Adotados para Determinar a AID................................................ 126

    6.3.3 Critrios Adotados para Determinar a AII ................................................. 131

    7 CONCLUSES E RECOMENDAES ................................................. 135 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 142ANEXOS ........................................................................................................ 150APNDICE ..................................................................................................... 153

  • 14

    1 INTRODUO

    A Avaliao de Impacto Ambiental (AIA) e seus procedimentos foram

    estabelecidos no fim da dcada de 60, sendo os Estados Unidos os grandes

    responsveis pelo marco inicial do arcabouo jurdico referente AIA, em

    virtude da promulgao da National Environmental Policy Act (NEPA), em

    dezembro de 1969. Esta Lei estabeleceu as linhas gerais para que o processo

    de AIA fosse aplicado em toda relevante ao que pudesse ter efeito sobre a

    qualidade ambiental (NEPA, 1969). Depois desta data, a difuso da AIA

    ganhou propores e magnitude de diferentes nveis, sendo, atualmente,

    amplamente utilizada. No Brasil, a AIA ganhou fora a partir da dcada de 80,

    com a promulgao da Lei 6803, de 02 de julho de 1980, da Lei n. 6.938, de

    31 de agosto de 1981, e, em especial, com a publicao da Resoluo do

    Conselho Nacional do Meio Ambiente Conama n 01, de 01 de janeiro de

    1986.

    A AIA foi concebida originalmente como instrumento de verificao das

    possveis conseqncias das aes humanas no meio ambiente, com o

    objetivo de incorporar os aspectos de cunho ambiental, alm dos

    caractersticos aspectos tcnicos e econmicos, nos processos decisrios de

    empreendimentos, tanto pblicos como privados. Segundo Snchez, (2006), os

    objetivos da AIA so: assegurar que as consideraes ambientais sejam

    explicitamente tratadas e incorporadas ao processo decisrio; antecipar, evitar

    minimizar ou compensar os efeitos negativos relevantes biofsicos, sociais e

    outros; proteger a produtividade e a capacidade dos sistemas naturais, assim

    como os processos ecolgicos que mantm suas funes; e promover o

    desenvolvimento sustentvel e otimizar o uso e as oportunidades de gesto de

    recursos. Assim, uma das possveis utilizaes da AIA o subsdio para

    tomada de deciso, por parte dos rgos ambientais competentes, em

    processos de licenciamento ambiental de atividades consideradas efetiva ou

    potencialmente poluidores do meio ambiente, ou que possam causar

    degradao ambiental.

    J o licenciamento ambiental um instrumento administrativo que o poder

    pblico possui para permitir o desenvolvimento de atividades diversas, e

  • 15

    constitudo de uma seqncia de atividades que visam dar sustentao e

    balizar as tomadas de decises por parte dos rgos de controle quanto

    viabilidade ambiental de um empreendimento. O processo de licenciamento

    ambiental e obteno das Licenas Ambientais de empreendimentos com

    potencial de causar poluio do meio ambiente, ou degradao ambiental

    geralmente conduzido pelo rgo ambiental competente em etapas, sendo as

    seguintes modalidades de Licena Ambientais previstas: Licena Prvia (LP),

    Licena de Instalao (LI), e Licena de Operao (LO).

    De maneira geral, processos de licenciamento ambiental de

    empreendimentos com potencial de poluio e/ou degradao ambiental so

    iniciados por meio da elaborao de estudos tcnicos ambientais. No Brasil

    existem diversos tipos de estudos tcnicos ambientais que utilizam a AIA e so

    necessrios ao processo de licenciamento ambiental. Tais estudos foram

    institudos por Resolues do Conama, requisitos legais, ou institudos por atos

    normativos dos rgos de controle; dentre os estudos que utilizam a AIA, o

    mais conhecido o Estudo de Impacto Ambiental e o respectivo Relatrio de

    Impacto Ambiental (EIA/Rima).

    Um importante fator na realizao do processo de AIA, assim como a

    elaborao de EIA, a determinao das reas de influncia, ou seja, as reas

    onde so esperados os impactos diretos e indiretos decorrentes da

    implantao e operao do empreendimento. Essa delimitao visa determinar,

    entre outras ocorrncias, a abrangncia do diagnstico ambiental (meio fsico,

    bitico e socioeconmico), os custos para a elaborao do EIA, as medidas de

    mitigao, monitoramento e compensao ambiental, e o prognstico

    ambiental. Segundo Nicolaidis (1999,apud MAIA IAP/PR; 2005, Philip jr., E.

    Maglio; 2007) a delimitao da rea de influncia de um empreendimento pode

    ser considerada uma das tarefas mais difceis e complexas na elaborao de

    um EIA. Salienta-se que somente depois da previso de impactos que se

    pode tirar alguma concluso sobre a rea de influncia do projeto. Se esta a

    rea geogrfica na qual so detectveis os impactos de um projeto, ento ela

    no poder ser estabelecida de antemo (antes de se iniciarem os estudos),

    exceto como hiptese a ser verificada. (SNCHEZ, 2006, p. 285).

    Segundo o Ministrio Pblico Federal (MPF), 2004:

  • 16

    A delimitao das reas de influncia tem particular relevncia num

    Estudo de Impacto Ambiental, tanto que a Resoluo

    Conama n. 01/86 a incluiu entre as diretrizes gerais de elaborao

    do Estudo. Essa delimitao no pode ter como nico referencial as

    obras de infra-estrutura definitivas projetadas, mas sim a abrangncia

    espacial provvel de todos os impactos significativos decorrentes das

    intervenes ambientais, em todas as fases do projeto.

    Em princpio, conforme a citada Resoluo Conama n. 01/86,

    bastaria reconhecer uma nica rea de influncia geral, em relao

    qual pudesse ser prevista a incidncia de impactos diretos e indiretos,

    sempre considerando a bacia hidrogrfica em questo.

    Diversas so as nomenclaturas eventualmente utilizadas para denominar

    as reas de influncia de um EIA, podendo variar (denominao, sigla, e

    definio), de estudo para estudo. Entretanto, com as prticas estabelecidas ao

    longo do tempo, tornaram-se usuais 03 (trs) nomenclaturas das reas que

    devero ser consideradas como de influncia do EIA, a saber: rea

    Diretamente Afetada (ADA), a rea de Influncia Direta (AID), e a rea

    Influncia Indireta (AII). O acerto no estabelecimento das reas de influncia

    extremamente importante para um adequado processo de identificao de

    potenciais impactos ambientais, assim como para a elaborao do diagnstico

    ambiental. Este o pressuposto bsico para a elaborao do prognstico da

    situao ambiental, e a proposio das medidas necessrias mitigao,

    compensao e/ou monitoramento dos impactos causados pelo

    empreendimento. De maneira geral, as reas de influncia de um EIA so

    definidas com base em algumas premissas bsicas, a saber:

    A rea esperada a ser, diretamente e indiretamente, afetada pelo empreendimento;

    O conhecimento intrnseco da equipe multidisciplinar proponente do EIA e sua relao com as atividades a serem desenvolvidas;

    O conhecimento intrnseco da equipe tcnica da consultoria ambiental que sugere, e equipe tcnica do rgo ambiental que aprova o contedo

    mnimo de trabalho para elaborao do EIA (Termo de Referncia TR);

    e

  • 17

    Os impactos ambientais esperados em cada subsistema (meio fsico, bitico, e socioeconmico), e em cada etapa do projeto (planejamento,

    instalao, e operao).

    Por se tratar de matria pouco discutida na etapa de escopo da

    elaborao do EIA, a delimitao das reas de influncia pode ser realizada de

    forma equivocada, considerando uma rea inferior ou superior quela

    necessria ao adequado diagnstico dos impactos ambientais esperados,

    comprometendo desta maneira todo processo de AIA. Segundo MPF (1997

    apud, Eletrobrs, 2004) a rea de influncia dever ser delimitada para cada

    fator do ambiente natural e para os componentes culturais, econmicos, sociais

    e polticos; devero ser apresentados os critrios que determinam tais

    delimitaes.

    Importa destacar que, conforme experincias prticas de elaborao de

    EIAs, a rea de influncia pode interferir diretamente em diversos fatores do

    processo de AIA, a saber:

    Custos da elaborao do EIA; Identificao da ocorrncia dos impactos diretos e indiretos do

    empreendimento;

    Abrangncia do diagnstico ambiental, Comprometimento do diagnstico ambiental, com a obteno de

    dados primrios e secundrios insuficientes,

    Proposio de medidas de mitigao, monitoramento e compensao ambiental insuficientes;

    Interferncia na relao dos rgos competentes a serem consultados, como prefeituras municipais, gestores de unidades de

    conservao, Funai, Iphan, entre outros;

    Locais das audincias pblicas para discutir o projeto; e Comunidades afetadas pelo empreendimento, com possveis

    excluses de participao no processo de AIA destas populaes.

  • 18

    Por ser o estabelecimento das reas de influncia um aspecto to

    importante no processo de AIA, dependente de diversos fatores intervenientes,

    entre eles os profissionais que iro elaborar o estudo, imprescindvel que esta

    etapa seja conduzida de maneira adequada e assertiva, utilizando-se de

    critrios claros, objetivos, transparentes e consolidados. Do contrrio, todo o

    processo de AIA ficar comprometido, colocando a qualidade do EIA em

    discusso, e sujeitando todo o processo de licenciamento ambiental a

    questionamentos de diversas ordens, com conseqncias negativas para o

    empreendedor, para o meio ambiente, e para a sociedade.

    1.1 Objetivos

    Tendo em vista o contexto mencionado, apresentam-se, a seguir, os

    objetivos desta pesquisa, que foram subdivididos em geral e especficos.

    1.1.1 Geral

    O objetivo geral do presente trabalho identificar e analisar os critrios

    tcnicos adotados para fins de delimitao da rea de influncia quando da

    realizao de Estudos de Impacto Ambiental (EIAs), relacionados a processos

    de Avaliao de Impacto Ambiental (AIA), realizados no pas.

    1.1.2 Especficos

    Os objetivos especficos do presente trabalho so:

    Identificar e analisar os requisitos legais aplicveis para o estabelecimento das reas de influncia, quando da realizao de EIAs;

    Identificar e analisar a forma pela qual a rea de influncia em EIAs tem sido discutida no mbito dos Termos de Referncia (TRs), dos diferentes

    rgos de controle ambientais estaduais brasileiros;

    Identificar e analisar os critrios adotados por empresas de consultoria e rgos de controle e avaliao ambiental para estabelecimento de rea

    de influncia, a partir da anlise das respostas de questionrios

    especficos a serem encaminhados e os contatos telefnicos realizados;

  • 19

    Identificar e analisar os critrios adotados em diferentes estudos de casos, relativos a empreendimentos submetidos ao processo de AIA,

    nas atividades que necessitem de EIAs, no mbito do Estado de So

    Paulo, e outros Estados;

    Analisar a situao geral e discutir oportunidades para eventual aprimoramento dos critrios atualmente adotados; e

    Sugerir novos critrios ou diretrizes para o estabelecimento de reas de influncia, de modo a contribuir para a melhoria de sua abordagem no

    processo de AIA.

    1.2 Mtodo de trabalho e atividades desenvolvidas

    Para alcanar os objetivos do presente trabalho, tem-se como referncia

    a lgica indutiva, partindo-se da observao de dados especficos, para o

    estabelecimento de aes que regem os fatos ou fenmenos de um modo

    geral. No presente estudo, foram avaliadas as etapas que permeiam o

    estabelecimento de reas de influncia em Estudos de Impacto Ambientais

    (EIAs), a saber: o Termo de Referncia (TR), os responsveis pela elaborao,

    anlise e aprovao do EIA, e o prprio texto de rea de influncia

    estabelecido no EIA. Assim, a partir da anlise de diferentes especificidades

    desses trs eixos temticos, espera-se contribuir para o estabelecimento de

    regras gerais que sirvam para a melhoria do processo de estabelecimento de

    reas de influncia em EIAs.

    Logo, a presente pesquisa de natureza documental, e est

    fundamentada em trs eixos temticos, a saber:

    Consulta e anlise dos TRs disponibilizados na internet, obtidos via correio eletrnico, ou obtido formalmente (caso do Estado de So

    Paulo) de diferentes rgos estaduais de controle e avaliao

    ambiental brasileiros;

    Entrevistas realizadas com profissionais que fazem parte do processo de elaborao, anlise e aprovao dos EIAs; e

  • 20

    Consulta e anlise de diversos estudos de caso de EIAs, elaborados visando o licenciamento ambiental no mbito da

    Secretaria Estadual de Meio Ambiente de So Paulo

    (Cetesb/SMA), e se disponvel, de outros Estados.

    Os procedimentos adotados para obteno das informaes que do

    suporte ao trabalho so apresentados a seguir.

    1.2.1 Consulta e Anlise dos Termos de Referncia

    Visando identificar eventuais fontes de referncia para o presente

    trabalho, realizou-se uma consulta nos sites dos rgos ambientais estaduais

    brasileiros, que incluiu os 26 estados da federao, e o distrito federal. Aps a

    consulta aos sites, foram realizadas tentativas de contato, via telefone e via

    correio eletrnico, junto aos tcnicos destes rgos. O objetivo desta consulta

    foi verificar a disponibilidade de TRs para a elaborao de EIAs de variadas

    atividades, alm de identificar os setores e/ou equipes tcnicas responsveis

    pela anlise dos EIAs visando o encaminhamento dos TRs via correio

    eletrnico, e sua contribuio na elaborao do presente trabalho. No caso do

    Estado de So Paulo, estado sede da elaborao do presente trabalho, alm

    da consulta via e-mail e telefone, foi instruda uma solicitao formal na

    CETESB de vistas processos para obteno de cpias de alguns TRs

    constantes em processos de licenciamento ambiental. No Anexo I

    apresentado o Ofcio de solicitao de cpias de TRs para elaborao de EIAs

    para fins de realizao deste trabalho.

    Alm dos TRs obtidos diretamente junto aos rgos ambientais estaduais

    de controle, foram considerados ainda 04 TRs de diferentes atividades,

    propostos pelo Ministrio do Meio Ambiente. Entretanto, convm salientar que

    estes TRs foram elaborados por meio de uma rodada de discusso com a

    participao dos tcnicos dos Estados da Bahia, Cear, Esprito Santo, Gois,

    Mato Grosso, Minas Gerais, Par, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do

    Sul, So Paulo e Tocantins. Alm dos tcnicos destes Estados, participaram

    ainda os tcnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

    Naturais Renovveis (Ibama), do Ministrio dos Transportes, do Departamento

  • 21

    Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit), do Ministrio de Minas e

    Energia, das Centrais Eltricas do Norte do Brasil (Eletronorte), e da Agncia

    Nacional de Transportes Aquavirios (Antaq), e especialistas convidados.

    O Sumrio Executivo Memria Sobre as Rodadas de Discusso de

    Termos de Referncia para Elaborao de EIA/Rima de Linhas de

    Transmisso, Portos, Rodovias e Usinas Hidreltricas, elaborado pela

    Secretaria Executiva do Ministrio do Meio Ambiente, apresentado na integra

    no Anexo II.

    No total, foram avaliados 65 TRs de diversas atividades, de 07 rgos

    ambientais estaduais brasileiros, incluindo os 04 TRs propostos pelo Ministrio

    do Meio Ambiente.

    1.2.2 Entrevistas com Profissionais

    Para o desenvolvimento deste item, foi realizada uma srie de entrevistas

    com profissionais de diferentes formaes que fazem parte do processo de

    elaborao e aprovao de um Estudo de Impacto Ambiental - EIA, que so os

    consultores ambientais e os tcnicos dos diferentes rgos ambientais

    estaduais brasileiros. O processo de identificao destes profissionais envolveu

    consulta a todos os rgos ambientais brasileiros, inclusive os do Distrito

    Federal (DF), por meio de correio eletrnico ou contato telefnico, alm da

    busca a diversos consultores ambientais com comprovada experincia em

    Avaliao de Impacto Ambiental - AIA no Brasil, a partir dos contatos

    profissionais j estabelecidos e dos diferentes trabalhos publicados.

    Para o desenvolvimento das entrevistas foi elaborado um Questionrio

    Modelo, cujos objetivos, partindo da percepo dos diferentes profissionais de

    AIA entrevistados, foi: avaliar a qualidade dos critrios atualmente adotados

    para delimitao de reas de influncia; avaliar a justificativa e discusso

    destes critrios no EIA; verificar se suficiente para a correta realizao do

    diagnstico ambiental e previso de impactos ambientais; verificar a

    necessidade de melhorar estes critrios; avaliar se os profissionais de AIA

    entendem existir, nos EIAs por eles elaborados ou avaliados, diferena entre

    rea de influncia de impacto ambiental e rea delimitada para a elaborao do

  • 22

    diagnstico ambiental; e verificar se h mapas ou figuras ilustrativas nos EIAs

    por eles elaborados ou avaliados.

    Este questionrio recebeu inmeras contribuies at a obteno do

    contedo final, sendo que estas contribuies foram propostas durante a fase

    de pr-entrevistas, ou seja, na fase de equalizao do questionrio para

    obteno do modelo final. Este questionrio foi encaminhado por correio

    eletrnico aos profissionais de AIA, para que os mesmos pudessem ser

    devidamente entrevistados.

    O questionrio composto de 07 (sete) perguntas bsicas que puderam

    ser respondidas de maneira objetiva para agilizar as respostas, e otimizar o

    tempo dos colaboradores da pesquisa. As perguntas foram pr-estabelecidas a

    partir de: anlises prvias de EIAs avaliados; os objetivos propostos da

    presente pesquisa; indicaes de melhorias durante a fase de pr-entrevistas;

    e a experincia do autor em trabalhos com AIA. O Questionrio Modelo pode

    ser visualizado no Apndice I.

    No total foram avaliados 29 questionrios respondidos, de

    aproximadamente 71 questionrios encaminhados aos profissionais. Dos 29

    questionrios avaliados 17 eram de tcnicos de 08 rgos ambientais

    estaduais diferentes, e 12 eram de consultores ambientais, de 10 consultorias

    ambientais diferentes. Foram entrevistados profissionais com formaes

    acadmicas variadas, totalizando 14 formaes acadmicas diferentes.

    1.2.3 Anlise de Estudos de Impacto Ambiental

    Os Estudos de Impacto Ambiental (EIAs) selecionados para a presente

    pesquisa foram escolhidos de acordo com os seguintes critrios, em ordem

    crescente de relevncia:

    a) Disponibilidade dos arquivos, fsicos ou em meio digital, dos EIAs na

    biblioteca da Companhia Ambiental do Estado de So Paulo

    (Cetesb/SMA), ou outros Estados, sendo este o critrio bsico e

    necessrio para a obteno dos resultados e elaborao da presente

    pesquisa;

  • 23

    b) EIAs aprovados junto a Cetesb/SMA e, preferencialmente recentes, em

    fase de instalao, devido necessidade de avaliao de reas de

    influncia j consolidadas consideradas nos diagnsticos ambientais.

    Empreendimentos ainda em fase de anlise, ou em fase de consulta

    pblica, podem receber solicitaes de alterao de contedo ou

    abrangncia de estudos, prejudicando assim os resultados da pesquisa;

    c) Indicao dos profissionais consultados na elaborao e anlise de

    EIAs, devido comprovada experincia e competncia dos diferentes

    profissionais entrevistados na conduo de trabalhos que envolvam

    diagnsticos ambientais em reas de influncia. Estas indicaes foram

    feitas durante a realizao das entrevistas;

    d) Tipologias de empreendimentos passvel de novos projetos em outros

    locais, devido a um dos objetivos especficos da presente pesquisa, que

    de contribuir com a melhoria dos critrios para estabelecimento de

    reas de influncia, com ganhos de qualidade dos diagnsticos e

    prognsticos ambientais de estudos a serem realizados.

    Para a anlise dos referidos EIAs foi desenvolvido um Roteiro de

    Anlise, com a finalidade de padronizar a forma de obteno das informaes,

    e assim equalizar os resultados de maneira a tornar possvel uma anlise

    quantitativa e qualitativa. O desenvolvimento deste Roteiro de Anlise seguiu

    os mesmos passos do Questionrio Modelo, qual seja, idealizao de um

    modelo, pr-aplicao deste modelo a estudos de casos, recebimento de

    contribuies, melhorias, e atualizaes (neste caso do prprio autor), e

    aplicao do modelo final em todos os estudos de caso selecionados. Assim,

    inicialmente foi realizada a identificao de alguns critrios bsicos a serem

    testados, sendo aplicado este modelo inicial a alguns EIAs. Aps, foi feita uma

    adaptao com incorporaes de melhorias, incluindo novos critrios, para sua

    formatao final, e conseqente aplicao em todos os estudos de casos

    selecionados. O roteiro de anlise estabelecido pode ser visualizado no

    Apndice II.

    De total de aproximadamente 750 EIAs disponveis na biblioteca da

    Cetesb, foram consultados 22 EIAs, dos quais 13 EIAs foram avaliados. Isto

  • 24

    porque os EIAs no analisados foram: elaborados por uma mesma empresa;

    apresentavam critrios para delimitao de rea de influncia discutidos no

    diagnstico ambiental, e no em um nico item, o que inviabilizaria a anlise

    dos EIAs; no discutiam o critrio para delimitao da rea de influncia;

    repetiam as atividades econmicas; eram muito antigos; entre outros. Assim,

    se procurou analisar EIAs elaborados por diferentes empresas, e de diferentes

    atividades.

  • 25

    2 O PROCESSO DE AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL

    Tentativas iniciais de avaliao de projetos a executar, segundo Clark

    (1994), eram freqentemente imperfeitas e limitadas elaborao de Estudos

    de Viabilidade Tcnica e de Anlises de Custo Benefcio (ACB). A ACB foi

    desenvolvida como um meio para exprimir todos os impactos do custo dos

    recursos avaliados em termos monetrios. Certos projetos de grande porte tais

    como o proposto terceiro aeroporto de Londres e a Barragem de Assuo, que

    foram avaliados utilizando tcnicas de ACB causaram preocupao entre o

    pblico. As deficincias na ACB, tais como a alegada incapacidade de atribuir

    valores monetrios realistas a intangveis ambientais, tornaram-se evidentes.

    Uma conseqncia foi o desenvolvimento de uma nova abordagem de

    avaliao que veio a ser conhecida como Avaliao de Impacto Ambiental

    (AIA).

    A AIA, segundo Gilpin (1995), teve origem a partir da fuso do controle

    da poluio com a conservao da natureza, sob o tema abrangente da

    proteo ambiental. Colby (1991) tambm observa que as avaliaes de

    impactos ambientais surgiram na dcada de 70 e foram institucionalizadas em

    determinados pases industrializados sob o paradigma de desenvolvimento

    denominado de proteo ambiental. Nele, a proposta era prover um

    mecanismo racional para a avaliao dos custos e benefcios das atividades de

    desenvolvimento, antes da sua implantao efetiva. Nessa fase, a nfase era

    dada ao controle da poluio no tocante reparao e ao estabelecimento de

    limites para as atividades danosas. J LA ROVERE, (2001) observa que:

    O processo de AIA foi primeiramente sistematizado nos Estados Unidos, onde foi institucionalizado em 1969 atravs do National Environment Policy Act - NEPA. O Canad introduziu a AIA como instrumento de planejamento no incio dos anos 70, ao implantar programa ambiental que recomendava sua adoo em todos os rgos federais. Tambm nessa poca, alguns pases europeus passaram a exigir elementos de anlise dos impactos ambientais para o licenciamento de certos empreendimentos. (LA ROVERE, 2001, p. 19)

    A institucionalizao da AIA, no Brasil e em diversos pases, guiou-se

    pela experincia americana, face a efetividade que os Estudos de Impacto

  • 26

    Ambiental (EIA) demonstraram no sistema legal dos Estados Unidos. Segundo

    MILAR (2006):

    Inspirada no direito americano (National Environmental Agency Act NEPA) a AIA foi introduzida em nosso Direto positivo de forma tmida, pela Lei 6.803, de 02 de julho de 1980.

    A partir da mobilizao social que se assistiu no Brasil na dcada de 80, principalmente com o surgimento do movimento ambientalista e no apagar das luzes do regime autoritrio, ganha a AIA nova funo e amplitude atravs da Poltica Nacional de Meio Ambiente.

    Cabe frisar que at o fim da dcada de 70 e incio dos anos 80, as

    decises com relao viabilidade de empreendimentos eram tomados

    levando-se em considerao somente o vis econmico e tcnico, no sendo

    assistidas de forma corretas a capacidade suporte do meio ambiente e as

    populaes locais afetadas. Entretanto, Colby (1991) destaca que nessa fase

    era visvel uma crescente preocupao, mas no ainda totalmente incorporada,

    com a aplicao do conceito de sustentabilidade que comeava a aparecer na

    agenda poltica internacional, particularmente no ambiente das conferncias

    mundiais, onde o tema corrente, segundo Perman et al. (1999) era a relao

    entre pobreza, desenvolvimento econmico e meio ambiente.

    Outros pases comearam a adotar a AIA: Canad em 1973, Austrlia

    em 1974, Frana e Alemanha em 1976, Holanda e Inglaterra em 1979 (WOOD,

    1995). Nesta mesma poca, a comunidade europeia e o Banco Mundial

    estabeleceram a AIA como pr-condio para obteno de financiamentos.

    Segundo Moreira (1994) a primeira avaliao de impacto realizada no Brasil

    data de 1972, quando do financiamento pelo Banco Mundial da Usina

    Hidroeltrica de Sobradinho. At 1986, alguns projetos dependentes de

    financiamento externo tiveram seus impactos ambientais analisados, embora

    os resultados dos estudos no tenham infludo nas decises a respeito da

    implantao das obras. No havia obrigao legal de se encaminharem os

    relatrios s entidades de meio ambiente para o acompanhamento e a

    mitigao dos impactos ambientais. Diversos pases da Amrica Latina

    comearam a sistematizar o processo de AIA como pr-condio para

    aprovao de empreendimentos com potencial de impacto ou degradao

    ambiental, dentre eles destaca-se: Venezuela em 1976, Brasil em 1981, Mxico

    em 1982, Peru em 1990, Bolvia em 1992, Uruguai em 1994, e Chile em 1996

  • 27

    (GEORGE; LEE, 2000). Considerando este cenrio de institucionalizao da

    AIA nos diversos pases ora citados, convm entender a evoluo do sistema,

    conforme sintetiza Sadler (1996) na Tabela 2.1 a seguir.

    Tabela 2.1. Evoluo do sistema de AIA

    Perodo Aspectos da Inovao

    Antes de

    70

    Projetos analisados segundo aspectos tcnicos e econmicos; e

    Pouca considerao as questes ambientais.

    1970

    1975

    NEPA Introduz AIA;

    Princpios da participao popular;

    Estabelecimento de exigncias;

    Estabelecimento de padres para anlise dos impactos;

    Vrios pases implementam a AIA; e

    Maiores incentivos a participao popular.

    1975

    1980

    Formulao de regulamentaes;

    Incorporao da AIA em pases em desenvolvimento;

    Incorporao da Avaliao Ambiental Estratgica AAE e Anlise de

    Riscos AR;

    nfase em modelagem matemtica e previso de impactos; e

    Incorporao da participao da sociedade no EIA.

    1985

    1990

    Comunidade europia estabelece os princpios bsicos da AIA nos

    pases membros;

    Incorporao de impactos cumulativos;

    Mecanismos de monitoramento (monitoramento, auditoria, gesto dos

    impactos);

    Agncias internacionais de financiamento exigem EIA para aprovao de

    projetos.

    Cont.

  • 28

    Cont.Tabela 2.1. Evoluo do Sistema de AIA

    Perodo As Aspectos da Inovao

    Dcada de

    90

    Alguns pases estabelecem sistema de Avaliao Ambiental Estratgica

    (AAE);

    Incentivo ao uso de tecnologias da informao;

    EIA utilizado nos projetos e atividades de desenvolvimento

    internacionais; e

    Crescimento da capacitao na elaborao de EIA, redes de apoio e

    cooperao.

    Fonte: SADLER (1996).

    No bojo jurdico nacional, segundo Milar (2004), a AIA foi introduzida

    por meio da Lei 6.803, de 02 de julho de 1980, sendo exigvel na aprovao de

    limites e autorizaes de implantao de zonas de uso estritamente industrial

    destinadas localizao de plos petroqumicos, cloroqumicos,

    carboqumicos, bem como de instalaes nucleares. Com a entrada em vigor

    da Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, assim como a publicao da

    Resoluo Conama n. 01 de janeiro de 1986, a AIA ganha nova funo e

    amplitude. Na Tabela 2.2 a seguir est apresentado o quadro normativo bsico

    da AIA.

    Tabela 2.2. Compndio da legislao disciplinadora de AIA

    Id Norma Data Descrio

    1 Lei Federal n. 6.931 31/08/81

    Dispe sobre a Poltica Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulao e aplicao, e d outras

    providncias. Estabelece a AIA como um de seus instrumentos, por meio do Inciso I, Art. 9.

    2 Resoluo Conama n. 01 23/01/86

    Nos termos desta Resoluo, todas as atividades modificadoras do meio ambiente, nela

    exemplificativamente listadas, dependiam da elaborao de EIA.

    Cont.

  • 29

    Cont. Tabela 2.2. Compndio da legislao disciplinadora de AIA

    Id Norma Data Descrio

    3 Resoluo Conama n. 06 16/09/87

    Dirige-se especificamente ao licenciamento ambiental de obras de grande porte,

    especialmente aquelas nas quais a Unio tenha interesse relevante, como a gerao de energia

    eltrica

    4 Resoluo Conama n. 09 03/09/87

    Regulamenta a realizao de audincias pblicas nas hipteses em que o processo de licenciamento envolver, como modalidade de

    avaliao, o EIA/Rima,

    5 Constituio Federal de 1988 05/10/88

    Reconhece o direito ao meio ambiente

    ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o

    dever de defend-lo e preserv- lo para as presentes e futuras geraes.

    6 Constituies Estaduais de 1989 1989

    Ao promulgarem suas constituies Estaduais, segundo preconizado pelo Art. 11 do Ato das

    Disposies Transitrias da Constituio Federal, quase a unanimidade, fizeram inserir

    em seus textos previses especficas acerca da Avaliao de Impacto Ambiental, com o que mais

    e mais se reforou e consolidou aludido instrumento.

    7 Decreto Federal n. 99.274 06/06/90

    Regulamenta a Lei n. 6.902, de 27 de abril de

    1981, e a Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispem, respectivamente sobre a criao de Estaes Ecolgicas e reas de Proteo Ambiental e sobre a Poltica Nacional do Meio

    Ambiente, e d outras providncias.

    8 Resoluo Conama n. 237 19/12/97

    D maior organizao e uniformidade ao sistema

    de licenciamento ambiental vigente no pas. Consagrou-se, com base na experincia e

    prticas acumuladas, que a AIA no pode ser reduzida a uma de suas modalidades, isto , ao

    EIA/Rima.

    Fonte: Milar (2011), adaptado.

  • 30

    Conforme se observa na Tabela 2.2, as normas disciplinadoras foram

    publicadas entre as dcadas de 80 e 90, sendo a Resoluo Conama n 01/86

    uma das normas mais importantes que disciplinam o tema.

    Com relao aos objetivos da AIA, diversos pesquisadores e cientistas

    inferem diferentes entendimentos, entretanto de maneira geral, convergem a

    respeito de suas opinies.

    [...] de incio a AIA voltava-se quase que exclusivamente a projetos de engenharia, seu campo hoje inclui planos, programas e polticas (a avaliao ambiental estratgica, que se consolidou a partir dos anos 1980), os impactos da produo, consumo e descarte de bens e servios (a avaliao do ciclo de vida, que se consolidou a partir dos anos de 1990) e a avaliao da contribuio lquida de um projeto, um programa ou uma poltica, para a sustentabilidade (anlise de sustentabilidade, que vem se firmando na primeira dcada do sculo XXI). (SNCHEZ, 2006, p 93)

    Segundo IAIA, (1999), os principais objetivos da AIA so: assegurar

    que as consideraes ambientais sejam explicitamente tratadas e incorporadas

    ao processo decisrio; antecipar, evitar, minimizar ou compensar os efeitos

    negativos relevantes biofsicos, sociais e outros; proteger a produtividade e a

    capacidade dos sistemas naturais, assim como os processos ecolgicos que

    mantm suas funes; e promover o desenvolvimento sustentvel e otimizar o

    uso e as oportunidades de gesto de recursos.

    Entretanto, se faz necessrio a realizao de um processo para se

    determinar se um projeto estar ou no sujeito a AIA, sendo este processo

    chamado de seletividade (screening), existindo vrias formas de aplicao

    (WOOD, 1995). O objetivo da seleo de aes identificar somente as que

    gerem impactos significativos sobre o meio ambiente e submet-las a AIA,

    descartando as demais. Na Figura 2.1. est apresentado um processo genrico

    de AIA, segundo Snchez (2006).

  • 31

    Apresentao de uma Proposta

    Etapa Inicial - Triagem

    Anlise Detalhada

    Figura 2.1. Processo de avaliao de impacto ambiental

    Fonte: (Snchez, 2006).

    Deciso

    Avaliao ambiental inicial

    A proposta pode causar impactos ambientais significativos?

    Licenciamento com estudo de impacto ambiental

    Licenciamento ambiental Convencional

    No Sim

    Talvez

    Determinao de escopo de estudo

    Elaborao de EIA / Rima

    Consulta Pblica

    Anlise tcnica

    Aprovao Reprovao

    Monitoramento e Gesto Ambiental

    Acompanhamento

    Etapa de ps-aprovao

  • 32

    Segundo a UNEP (1996), existem vrias formas para a determinao

    do quo significativo o impacto nos sistemas de avaliao, a saber: Listagem

    classificatria das aes, projetos ou tipos de obras (Europa); Estudo preliminar

    ou aplicao de critrios que determinam os aspectos adversos de relevncia,

    (EUA); procedimentos e mtodos estabelecidos por pases ou agncias de

    financiamento (agncias de cooperao); histrico de projetos e revises j

    desenvolvidos anteriormente para atividades semelhantes. Outra forma de

    seletividade o modelo discricionrio da autoridade ambiental, que analisando

    antecedentes do projeto e as informaes disponveis, decide se ele deve ou

    no se submeter a uma AIA. De uma forma geral, a maioria dos sistemas de

    AIA adota uma forma hbrida, isto , h uma listagem prvia das atividades que

    devem se submeter avaliao, um conjunto tpico de projetos e atividades e

    tambm a discricionariedade por parte das autoridades, muitas vezes instigada

    pela participao popular. (WOOD, 1995).

    2.1 Licenciamento e Avaliao de Impacto Ambiental

    A Lei n 6938/1981, que dispe sobre a Poltica Nacional do Meio

    Ambiente (PNMA), e instituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente, seus fins e

    mecanismos de formao e aplicao, a mais relevante norma ambiental

    brasileira, visto que traou toda a sistemtica das polticas pblicas para o meio

    ambiente. Segundo Sirvinskas (2005) a PNMA definiu conceitos bsicos como

    o de meio ambiente, de degradao e de poluio e determinou os objetivos,

    diretrizes e instrumentos, alm de ter adotado a teoria da responsabilidade,

    entre outros.

    Segundo Milar (2004), o objetivo geral da PNMA a preservao,

    melhoria e recuperao da qualidade ambiental propcia vida, visando

    assegurar condies ao desenvolvimento socioeconmico, aos interesses da

    segurana nacional e proteo da dignidade da vida humana. A PNMA

    estabeleceu, por meio do Art. 9 (Instrumentos da PNMA), incisos III e IV

    respectivamente, a Avaliao de Impactos Ambientais (AIA) e o licenciamento

    e reviso de atividades efetiva e/ou potencialmente poluidoras ou

    degradadoras do meio ambiente. Entretanto, vale destacar que, segundo

  • 33

    Oliveira (2004), existe certa tendncia na rea ambiental, tanto por parte de

    ambientalistas quanto por autoridades pblicas, de confundir a ferramenta da

    AIA com a ferramenta do licenciamento ambiental. Neste sentido, cumpre

    esclarecer a diferena de forma premente entre o licenciamento ambiental, e o

    processo de AIA, assim como explorar o universo dos fatores intervenientes e

    de conectividade destes dois instrumentos.

    A modalidade de licenciamento ambiental sem o processo de AIA, tal

    qual como conhecemos hoje, foi introduzida nos estados brasileiros antes do

    dispositivo legal da PNMA, uma vez que diversos Estados da Federao, entre

    eles So Paulo e Rio de Janeiro, instituram a necessidade de licenciamento

    ambiental em meados da dcada de 70, com o objetivo principal de controlar a

    poluio industrial. A Resoluo Conama n 237, de 19 de dezembro de 1997,

    define em seu primeiro artigo, o que licenciamento ambiental:

    Procedimento administrativo pelo qual o rgo ambiental competente licencia a localizao, instalao, ampliao e a operao de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradao ambiental, considerando as disposies legais e regulamentares e as normas tcnicas aplicveis ao caso. (BRASIL, 1997).

    Dentro da implementao dos instrumentos da Poltica Ambiental no

    Brasil, sem dvida alguma o principal instrumento da ao governamental o

    licenciamento das atividades poluidoras ou modificadoras do meio ambiente

    (ORTH, 1993). A partir das medidas preventivas adotadas, o atendimento s

    condicionantes estabelecidas e a realizao de aes de fiscalizao por parte

    dos rgos de controle envolvidos, espera-se que as atividades licenciadas

    venham a ser compatveis com o meio ambiente na qual se inserem.

    Enquanto instrumento preventivo, o licenciamento essencial para garantir a qualidade ambiental, que abrange a sade pblica, o desenvolvimento econmico e a preservao da biodiversidade. A obteno das licenas ambientais, aliada ao cumprimento das exigncias tcnicas, constitui a base para a conformidade ambiental, estando a empresa apta ao mercado competitivo. (CETESB, 2006, p. 8).

    Entretanto, conforme salienta Snchez, 2006:

    A necessidade de autorizao governamental para exercer atividades que interfiram com o meio ambiente tem um longo histrico, antes

  • 34

    que o licenciamento ambiental surgisse com as feies atuais. J o Cdigo Florestal de 1934 introduzira a necessidade de obteno de uma autorizao para a derrubada de florestas em propriedades privadas, o aproveitamento de lenha para abastecimento de vapores e mquinas, e a caa e pesca nas florestas protetoras e remanescentes.

    De maneira geral, o licenciamento ambiental pode contar com a

    participao das trs esferas de governo (Municipal, Estadual, e Unio). A

    diviso das atribuies com relao ao licenciamento ambiental realizada

    com base em critrios geogrficos e na rea dos impactos ambientais

    causados pelas atividades a serem licenciadas, entre outros. A rigor, a

    Resoluo Conama n 237/97, estabeleceu as competncias de cada esfera de

    governo no tocante ao licenciamento ambiental.

    O licenciamento ambiental procura compatibilizar o desenvolvimento

    econmico-social, o aperfeioamento do processo produtivo, com tcnicas que

    viabilizem a preservao da qualidade do meio ambiente e do equilbrio

    ecolgico, por meio de critrios e padres de qualidade ambiental e de normas

    relativas ao uso e manejo de recursos ambientais. O licenciamento conduzido

    em etapas, obedecendo a uma lgica que objetiva, acima de tudo, a

    preservao e restaurao dos recursos ambientais com vistas sua utilizao

    racional e disponibilidade permanente, verificando a compatibilidade do meio

    ambiente s atividades que sero desenvolvidas pelo empreendimento. Dessa

    maneira, o licenciamento ambiental avana na medida em que o proponente do

    projeto obtm as devidas licenas ambientais; expedidas pelo rgo ambiental

    de controle. A Resoluo Conama 237/97 estabelece que:

    Licena ambiental um ato administrativo pelo qual o rgo ambiental competente, estabelece as condies, restries e medidas de controle ambiental que devero ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa fsica ou jurdica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradao ambiental. (BRASIL, 1997).

    So as seguintes definies adotadas pela CETESB (2011) para as

    licenas ambientais:

    Licena Prvia (LP) - a licena concedida na fase do planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando sua localizao e concepo, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os

  • 35

    requisitos bsicos e exigncias tcnicas a serem atendidas nas prximas fases. (CETESB, 2011)

    Licena de Instalao (LI) - a licena que autoriza a instalao do empreendimento ou de uma determinada atividade de acordo com as especificaes constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais exigncias tcnicas necessrias. (CETESB, 2011)

    Licena de Operao (LO) - a licena que autoriza o funcionamento da atividade mediante o cumprimento integral das exigncias tcnicas contidas na licena de instalao. (CETESB, 2011)

    Licena de Operao a Ttulo Precrio (LOTP) - Poder ser emitida Licena de Operao a Ttulo Precrio, cujo prazo de validade no poder ser superior a 180 (cento e oitenta) dias, nos casos em que o funcionamento ou operao da fonte, for necessrio para testar a eficincia dos sistemas de controle de poluio ambiental. (CETESB, 2011).

    O licenciamento ambiental o instrumento da PNMA que insere a AIA

    em um contexto de deciso sobre a aprovao ou no de um projeto de

    desenvolvimento potencialmente poluidor e/ou que causam significativa

    degradao ambiental. Verocai (2000) lembra que, desde 1986, a AIA tem sido

    usada no pas como uma ferramenta complementar ao processo de

    licenciamento ambiental para aprovao de projetos potencialmente

    causadores de significativo impacto ambiental.

    Entretanto, convm salientar que a AIA tem finalidades muito mais

    amplas do que as do licenciamento ambiental. De fato, apesar de ser uma

    ferramenta para a tomada de deciso em relao viabilidade de determinado

    empreendimento, a AIA no est necessariamente vinculada ao licenciamento

    ambiental, podendo ser aplicada a polticas, planos, programas ou a outros

    projetos, sempre com o objetivo principal de preveno de danos ao meio

    ambiente. A veiculao da AIA ao processo de licenciamento ambiental no

    Brasil foi efetivamente realizada quando entrou em vigor o Decreto Federal n

    88.351, de 01 de junho de 1983, substitudo pelo Decreto Federal n 99.274, de

    06 de junho de 1990, que Regulamentou a Lei n. 6.902, de 27 de abril de

    1981, e a Lei n. 6.938/1981, que dispem, respectivamente sobre a criao de

    Estaes Ecolgicas e reas de Proteo Ambiental e sobre a Poltica

    Nacional do Meio Ambiente, e d outras providncias.

  • 36

    Ressalta-se que tal vnculo foi ainda reforado mediante o

    estabelecimento da Constituio Federal de 1988, que em seu art. n 225 diz

    textualmente:

    Art. 225. Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes.

    1 - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pblico:

    IV exigir, na forma da lei, para instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradao do meio ambiente, estudo prvio de impacto ambiental, a que se dar publicidade. (BRASIL, 1988).

    A primeira norma referncia para AIA no Brasil como instrumento

    necessrio ao licenciamento de atividades com potencial de causar significativa

    degradao ambiental foi a Resoluo Conama n 01/86, que estabeleceu a

    necessidade de Elaborao de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo

    Relatrio de Impacto Ambiental (Rima). Mais do que estabelecer uma conexo

    entre AIA e licenciamento ambiental, a Resoluo Conama 01/86 na tentativa

    de eliminar a subjetividade do conceito para o caso de aplicao no

    licenciamento ambiental, apresentou um rol de empreendimentos considerados

    potencialmente causadores de significativo impacto ambiental representando,

    essencialmente, a etapa de seleo da AIA; alm de estabelecer competncias

    dos rgos de controle no processo de licenciamento e o contedo necessrio

    ao EIA.

    Entretanto, cabe destacar que se trata de lista exemplificativa que

    poder ser ampliada, mas jamais reduzida, conforme Mirra (2008). Desta

    forma, se no considerado significativo, o rgo licenciador deve justificar a sua

    deciso de no exigir EIA, apoiando-se em manifestao tcnica e jurdica, em

    virtude da necessria motivao do ato administrativo. Vale lembrar que h

    tambm a hiptese do licenciamento de atividades potencialmente causadoras

    de impactos ambientais no considerados significativos, que demandam outros

    tipos de estudos ambientais, como subsdio ao processo decisrio, cujo Termo

    de Referncia- TR apresentar o escopo e as diretrizes de execuo.

  • 37

    Considerando um cenrio de licenciamento ambiental com AIA,

    convm trazer ao conhecimento a reestruturao pela qual vem passando a

    Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SMA), e a Companhia Ambiental do

    Estado de So Paulo (Cetesb) - antiga Companhia de Tecnologia de

    Saneamento Ambiental. No antigo modelo 04 rgos ambientais poderiam ser

    consultados em pedidos de licenciamento ambiental de empreendimentos que

    necessitam de aprovao de EIA (eventualmente outros rgos seriam

    ouvidos), a saber: Cetesb; Departamento de Avaliao de Impactos Ambientais

    (Daia); Departamento de Uso do Solo Metropolitano (Dusm); e Departamento

    Estadual de Proteo aos Recursos Naturais (Deprn). Segundo DIAS, 2001 as

    seguintes responsabilidades eram atribudas a cada rgo ambiental no antigo

    modelo:

    A Cetesb, no mbito do processo de AIA, analisava os aspectos da poluio ambiental e fiscalizao do cumprimento das condicionantes definidas no processo de licenciamento ambiental, dentro de sua rea de competncia; o que ficou conhecido como o Comando e Controle.

    O Daia atuava no mbito de empreendimentos submetidos a processo de AIA, fazendo parte de suas atribuies a triagem das aes que devem ser submetidas ao processo de AIA, a definio do TR, anlise do EIA e emisso de Parecer Tcnico, e emisso da LP, LI, e LO, dependendo do tipo de empreendimento.

    O Dusm respondia pelo licenciamento e fiscalizao de atividades e empreendimentos situados em rea de Proteo aos Mananciais APMs da Regio Metropolitana de So Paulo (RMSP), inclusive aqueles submetidos ao processo de AIA.

    O Deprn atuava no licenciamento das atividades e empreendimentos que envolvam supresso de vegetao e/ou explorao de vegetao nativa, assim como intervenes em reas de Preservao Permanente APP, alm de fiscalizar, juntamente com a Polcia Florestal, aes contra a Fauna e Flora. No mbito do processo de AIA, o Deprn realiza vistorias de campo e elaborava laudos tcnicos, alm de analisar propostas de medidas compensatrias, especialmente de reposio florestal.

    Entretanto, com a entrada em vigor da Lei Estadual n. 13542, de 07

    de agosto de 2009, que altera a denominao da Cetesb, e d nova redao

    aos artigos 2 e 10 da Lei Estadual n 118, de 29 de junho de 1973, a Cetesb

    se torna uma verdadeira Agncia Ambiental, eliminando o antigo modelo, j

    superado, de comando e controle, e adotando a agenda da gesto ambiental

    dentro da tica da sustentabilidade. Alm da unificao dos 04 rgos (Cetesb,

    Dusm, Daia, e Deprn), em termos de AIA, a principal novidade a criao do

    Departamento de Avaliao de Impacto Ambiental (Daia), que integrava a

  • 38

    estrutura da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, e que tem como atividade

    principal o desenvolvimento de um arcabouo tcnico e metodolgico de

    avaliao de empreendimentos sujeitos ao licenciamento e que possam causar

    significativo impacto ao meio ambiente. Com esta reestruturao, o

    licenciamento ambiental com AIA consideravelmente melhorado no Estado

    de So Paulo, com ganhos significativos de produtividade e racionalidade de

    recursos humanos, financeiros, e de tempo, tanto para os empreendedores

    quanto para o rgo de controle, com conseqncias positivas para o

    empreendedorismo no estado, para o processo integrado de AIA, para a

    sociedade, e para o meio ambiente.

    Convm salientar que no Estado do Rio de Janeiro, o Instituto

    Estadual do Ambiente (Inea), estabelece que a elaborao do EIA orientado

    por Instruo Tcnica (IT), a ser elaborada por equipe tcnica do Inea, de

    acordo com os critrios estabelecidos pela DZ-041 R3 - Diretriz para

    Realizao de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Respectivo Relatrio de

    Impacto Ambiental (Rima), de 29 de agosto de 1997. O objetivo desta Diretriz

    Tcnica determinar a abrangncia, os procedimentos e os critrios para a

    elaborao de EIA/ Rima, no Estado do Rio de Janeiro, consoante o disposto

    na Lei Estadual n 1356/88, alterada pela Lei Estadual n 2535/96 e nas

    Resolues Conama ns 01/86, 11/86 e 2/96, como parte integrante do

    Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras - SLAP. Importa ressaltar

    ainda que atualmente este rgo mantm as ITs emitidas disponveis para

    acesso e recebimento de consideraes por meio de correio eletrnico da

    Coordenao de Estudos Ambientais da Diretoria de Licenciamento.

    2.2 Termo de Referncia

    O Termo de Referncia - TR um documento que serve de referncia

    para a elaborao ou desenvolvimento de uma determinada atividade. Ele

    serve, antes de tudo, para que uma determinada organizao explicite a

    anlise que faz do seu problema e situao e apresente, com maior preciso

    possvel, o produto que espera de um determinado trabalho. Em se tratando de

    EIA, segundo Snchez (2006), o TR um documento que (i) orienta a

  • 39

    elaborao de um EIA; (ii) define seu contedo, abrangncia, mtodos, e (iii)

    estabelece sua estrutura. Segundo este mesmo autor:

    Um dos objetivos do scoping (TR) o de formular diretrizes para a preparao de estudos ambientais. Dessa forma, esse resultado do exerccio de scoping normalmente sintetizado em um documento que recebe o nome de Termo de Referencia ou Instrues tcnicas.

    ...

    No Brasil, so poucas as jurisdies que adotam uma sistemtica estruturada de preparao de termos de referncia. No Estado de So Paulo, a modificao dos procedimentos de AIA introduzida pela Resoluo SMA n 42/94 estabeleceu que o proponente deve apresentar um documento denominado Plano de Trabalho, no qual se expem o contedo sugerido para o EIA e os mtodos de trabalho a serem empregados (por exemplo, nos levantamentos para o diagnstico ambiental, ou na anlise dos impactos). De acordo com essa regulamentao, o interessado prepara um Plano de Trabalho, que dever explicitar a metodologia e o contedo dos estudos necessrios avaliao de todos os impactos ambientais relevantes do Projeto, considerando, tambm, as manifestaes escritas (...), bem como as que forem feitas na Audincia Pblica, se realizada O Plano de Trabalho analisado pela Secretaria de Meio Ambiente, que ao aprov-lo (muitas vezes com modificaes), emite os Termos de Referncia, documento oficial para nortear a elaborao dos estudos. (SNCHEZ, 2006, p 141)

    Convm retomar a informao de que no caso do Estado de So

    Paulo, alm da Resoluo SMA 42/94, a Resoluo SMA 54, de 30 de

    novembro de 2004, que dispe sobre o procedimento para o licenciamento

    ambiental no mbito da Secretaria do Meio Ambiente, define a figura do Plano

    de Trabalho (PT), que antecede o TR. Segundo esta Resoluo SMA, o PT a

    compilao e o diagnstico simplificados de todas as variveis que o

    empreendedor entenda como significativas na avaliao da viabilidade

    ambiental, com vistas implantao de atividade ou empreendimento, e que

    serviro de suporte para a definio do TR do EIA. Esta Resoluo definiu

    ainda o TR como documento elaborado pela SMA/Daia que estabelece os

    elementos mnimos necessrios a serem abordados na elaborao de um EIA,

    tendo como base o PT, bem como as diversas manifestaes apresentadas por

    representantes da sociedade civil organizada.

    J a Resoluo Conama n 01/86 faz meno a diretrizes adicionais, a

    serem fixadas pelos rgos ambientais de controle, conforme a seguir:

    Art 5 - O estudo de impacto ambiental, alm de atender legislao, em especial os princpios e objetivos expressos na Lei de Poltica Nacional do Meio Ambiente, obedecer s seguintes diretrizes gerais:

  • 40

    ...

    Pargrafo nico - Ao determinar a execuo do estudo de impacto ambiental o rgo estadual competente, ou o IBAMA ou, quando couber, o Municpio, fixar as diretrizes adicionais que, pelas peculiaridades do projeto e caractersticas ambientais da rea, forem julgadas necessrias, inclusive os prazos para concluso e anlise dos estudos. (BRASIL, 1986).

    A Resoluo Conama n 237/97 diz textualmente:

    Art. 10 - O procedimento de licenciamento ambiental obedecer s seguintes etapas:

    I - Definio pelo rgo ambiental competente, com a participao do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessrios ao incio do processo de licenciamento correspondente licena a ser requerida. (BRASIL, 1997).

    Segundo o MPF (2004), o TR um documento balizador que visa a

    garantir o atendimento no apenas das orientaes gerais contidas na citada

    resoluo, mas, sobretudo, de diretrizes que tratam das especificidades do

    projeto e das caractersticas e particularidades ambientais. Entretanto, apesar

    de ter um instrumento regulador no mbito do Estado de So Paulo, no

    arcabouo jurdico federal no existe uma legislao que determine aos rgos

    ambientais a elaborao do TR.

    Segundo o MPF (op. cit.):

    Espera-se que o TR seja sempre um documento diferenciado, no cabendo uma padronizao de quesitos, seno com respeito a alguns poucos aspectos invariveis, tais como a caracterizao do empreendimento e as diretrizes gerais dadas pela Resoluo Conama n 01/86. Tambm devero constar no TR as diretrizes metodolgicas e referncias sobre temas ou problemas que devem receber tratamento mais detalhado e ateno redobrada, com o devido respaldo no conhecimento acumulado sobre o tipo de empreendimento em exame e sobre a realidade ambiental em questo e suas peculiaridades. (MPF, 2004).

    Conforme verificado anteriormente, na fase da emisso do TR que o

    rgo ambiental de controle pode ter um primeiro contato com o projeto e/ou

    equipe de consultoria que ir desenvolver o EIA. Portanto, por ser o

    instrumento balizador para a elaborao do EIA, neste momento podem ser

    discutidas questes temticas diversas, dentre as quais, os critrios para

    estabelecimento da rea de influncia.

  • 41

    Entretanto, ainda segundo o MPF (op. cit.), que verificou as

    deficincias de cada um dos pontos temticos abordados em EIAs, com

    relao aos TRs analisados, foi possvel observar que: em estudos precedidos

    de TR foi freqente a ausncia de pesquisas e anlises que o atendessem

    adequadamente; em alguns casos, as exigncias arroladas nos TRs foram

    desconsideradas; j em outros, as recomendaes foram repassadas, pelo

    rgo ambiental licenciador, s etapas posteriores emisso da Licena

    Prvia, figurando como condicionantes das demais licenas.

    Com base nestas constataes, possvel observar que, mesmo

    quando se tem, dentro do instrumento do TR, a previso de diferentes eixos

    temticos (dentre eles o estabelecimento da rea de influncia), estes podem

    ser desconsiderados quando da elaborao do EIA, prejudicando sobremaneira

    o processo de AIA. Neste sentido, mais do que estabelecer de maneira correta

    o escopo do trabalho no TR, necessria uma correta avaliao do contedo

    do EIA em relao ao estabelecido pelo TR emitido.

    Entendendo que o TR constitui um passo fundamental para que os

    respectivos estudos ambientais alcancem o fim desejado e a qualidade

    esperada, convm ressaltar a iniciativa do Ministrio do Meio Ambiente (MMA)

    do Brasil, que por meio de sua Secretaria Executiva, realizou, no perodo de 15

    de maro a 05 de maio de 2010, uma rodada de discusso e proposio de

    Termos de Referncia Padro para elaborao de EIAs/Rimas das seguintes

    tipologias: Linhas de Transmisso, Portos, Rodovias, e Usinas Hidreltricas.

    Esta rodada de discusso contou com a participao dos Tcnicos dos Estados

    da Bahia, Cear, Esprito Santo, Gois, Mato Grosso, Minas Gerais, Par,

    Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, So Paulo e Tocantins, o

    Ibama, Ministrio dos Transportes, Departamento Nacional de Infraestrutura de

    Transportes - Dnit, Ministrio de Minas e Energia, Eletronorte Centrais

    Eltricas do Norte do Brasil S/A, Antaq Agncia Nacional de Transportes

    Aquavirios, e especialistas convidados.

    Neste trabalho foi realizado o levantamento de TR das quatro

    tipologias, junto aos estados e Ibama, alm da identificao de problemas

    (gargalos, omisses, imprecises, etc) em TR atualmente utilizados, bem como

    deficincias encontradas nos EIAs e nos RIMAs em decorrncia do contedo

  • 42

    dos TRs. Utilizando-se dos TRs disponibilizados pelos rgos Estaduais de

    Meio Ambiente (Oemas) e Ibama, e considerando a resoluo Conama n

    01/86, os coordenadores dos grupos elaboraram o texto base para discusso,

    e ao fim elaboraram 04 Termos de Referncia Padro para elaborao de EIAs

    das tipologias escolhidas.

    Com relao aos avanos, justificativas e consensos entre a equipe

    que realizou o trabalho, considerando o tema da presente Dissertao, convm

    ressaltar:

    Sobre os Termos de Referencia de Usinas Hidreltricas UHEs Na discusso de UHE foi proposto e aprovado trazer a discusso locacional e tecnolgica do inventrio hidreltrico para o EIA - uma sntese do capitulo de alternativas de repartio de quedas, ficando com a seguinte redao:

    ...

    Avaliar possveis variantes do eixo e projeto em relao s fragilidades socioambientais da rea, tais como: zonas de importncia para conservao ou proteo da biodiversidade, reas de presso antrpica, e aspectos geofisicos;

    ...

    O tema Escala foi bastante discutido, chegando-se as seguintes concluses: (i) definiu-se por utilizar o termo escala adequada no TR Referencial (Padro); (ii) as situaes especficas devero ser definidas caso a caso.

    O rgo licenciador dever separar escala de trabalho e de apresentao - para o licenciamento ambiental interessa a escala de trabalho, considerando a disponibilizao dos formatos digitais, e definir a escala conforme caracterstica do empreendimento e do tema em mapeamento, podendo utilizar diferentes escalas para analisar um mesmo empreendimento.

    Foi consenso, com justificativas bastantes consistentes, a utilizao de trs reas de influncia: ADA, AID e AII.

    Sobre os Termos de Referencia de Linhas de Transmisso Na discusso sobre Linhas de Transmisso, concluiu-se pela no utilizao da rea de Influncia Regional entendendo que a mesma coincidente com rea de influncia indireta - que deve abranger os impactos indiretos, no havendo necessidade de incluir uma nova rea de influncia, e assim seguir a Resoluo Conama quanto as exigncias de abordagem da rea de influncia Definir os limites da rea geogrfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada rea de influncia do projeto...

    Tambm, foi consenso a no utilizao da rea Diretamente Afetada (ADA), uma vez que as reas onde ocorrem as interferncias diretas para a instalao de uma LT formam a rea de influncia direta, no existindo justificativa para a separao e delimitao de AID e ADA.

  • 43

    Sobre os Termos de Referencia de Rodovias O grupo de discusso de rodovias entendeu da mesma forma a questo sobre ADA e AID, considerando que as duas reas so coincidentes inclusive a abrangncia dos estudos.

    ...

    Grande avano na discusso do TR de rodovias foi a incluso, com a concordncia pacfica do MT/Dnit, do levantamento detalhado dos passivos ambientais resultantes da implantao pretrita da rodovia em processo de licenciamento ambiental de duplicao ou execuo de melhorias que demandam EIA/Rima.

    Sobre os Termos de Referencia de Portos Foi consenso, com justificativas bastantes consistentes, a utilizao de trs reas de influncia: ADA, AID e AII.

    Por fim, o Grupo de Trabalho, coordenado pela Secretaria Executiva

    do Ministrio do Meio Ambiente, props os seguintes encaminhamentos:

    Destaca-se que durante as discusses surgiram demandas que, por sugesto dos tcnicos, deveriam ser encaminhados Secretaria Executiva do Ministrio do Meio Ambiente, Abema e Ibama para avaliao quanto necessidade de providncias institucionais, como:

    ...

    1. Definir normas e procedimentos (momentos, prazos...) para a participao dos rgos intervenientes no processo de licenciamento ambiental - ICMBio, Funai, Iphan, Fundao Palmares, ANA e rgos Estaduais de Recursos Hdricos, SPU.

    2. Discutir com a Agncia Nacional de Energia Eltrica ANEEL, sobre questes do licenciamento ambiental de Linhas de Transmisso, tendo em vistas os problemas identificados:

    ...

    Entendimento entre ANEEL e rea ambiental para definir o corredor preferencial a ser leiloado - como se d a escolha do corredor? A anlise de alternativa locacional deveria ser conjunta na escolha do corredor preferencial?

    3. Criar um grupo de trabalho para reviso da Resoluo Conama n 01/86 e Resoluo Conama n. 237/97, uma vez que durante as rodadas foram identificadas vrias questes que merecem reflexo e discusso, como:

    ...

    Definir os limites da rea geogrfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada rea de influncia do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrogrfica na qual se localiza.

    O Estudo de Impacto Ambiental desenvolver, no mnimo, as seguintes atividades tcnicas

  • 44

    reas de Influncia;

    O Sumrio Executivo Memria Sobre as Rodadas de Discusso de

    Termos de Referncia para Elaborao de EIA/Rima de Linhas de

    Transmisso, Portos, Rodovias e Usinas Hidreltricas, elaborado pela

    Secretaria Executiva do Ministrio do Meio Ambiente, pode ser observada na

    ntegra no Anexo II.

    2.3 Estudo de Impacto Ambiental

    Do estabelecimento da Resoluo Conama n 01/86, at os dias

    atuais, diversos estudos ambientais de diferentes tipos de atividades, com

    finalidades distintas, foram elaborados e protocolizados nos rgos de controle

    ambiental com o objetivo de subsidiar processos de licenciamento de diferentes

    atividades. Cabe ressaltar que a Resoluo Conama 237/97 definiu estudos

    ambientais como:

    [...] so todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados localizao, instalao, operao e ampliao de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsdio para a anlise da licena requerida, tais como: relatrio ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatrio ambiental preliminar, diagnstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperao de rea degradada e anlise preliminar de risco. (BRASIL, 1997)

    No sistema ambiental brasileiro esto previstos diversos estudos com

    vistas a dar suporte no processo de licenciamento ambiental, que podem ou

    no utilizar a Avaliao de Impacto Ambiental AIA. Na Tabela 2.3 est

    apresentando os principais tipos de estudos ambientais previstos na legislao

    brasileira.

    Tabela 2.3. Estudos ambientais previstos na legislao brasileira

    Id. Denominao Referncia Legal Aplicao

    1 Estudo Prvio de Impacto Ambiental Constituio Federal, Art 225, 1, IV (1988)

    Instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de

    significativa degradao ambiental

    Cont.

  • 45

    Cont. Tabela 2.3. Estudos ambientais previstos na legislao brasileira

    Id. Denominao Referncia Legal Aplicao

    2

    Estudo de Impacto Ambiental e Relatrio de Impacto Ambiental

    (EIA/Rima)

    Resoluo Conama n 01/86

    Instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de

    significativa degradao ambiental

    3 Projeto Bsico Ambiental PBA Resoluo Conama

    n 06/87

    Obteno de Licena de Instalao de empreendimentos

    do setor eltrico

    4 Plano de Recuperao de reas Degradadas

    PRAD

    Resoluo Conama n. 237/97 Obrigatoriedade de apresentao

    para todo empreendimento de minerao; deve ser incorporado

    ao EIA para novos projetos Decreto Federal n 97.632/89

    5 Plano de Controle Ambiental - PCA

    Resoluo Conama n 09/90

    Obteno de Licena de Instalao de empreendimentos de minerao: "(...) conter os

    projetos executivos de minerao dos impactos ambientais (...)"

    Resoluo Conama n 286/01

    Obteno de Licena de Instalao de empreendimentos

    de irrigao

    Resoluo Conama n 23/94

    Obteno de Licena de Operao para produo de

    petrleo e gs

    6 Relatrio de Controle Ambiental - RCA

    Resoluo Conama n 10/90

    Obteno de Licena de Instalao de empreendimentos de extrao de bens minerais de uso imediato na construo civil

    Resoluo Conama n 23/94

    Obteno de Licena Prvia para perfurao de poos de petrleo

    7 Estudo de Viabilidade Ambiental EVA Resoluo Conama

    n 23/94

    Obteno de Licena Prvia para pesquisa da viabilidade

    econmica e de um campo petrolfero

    8 Relatrio de Avaliao Ambiental RAA Resoluo Conama

    n 23/94

    Obteno de Licena de Instalao para perfurao de

    poos de petrleo

    9 Estudo de Viabilidade de Queima EVQ Resoluo Conama

    n 264/00

    Licenciamento de co-processamento de resduos em

    forno de cimento Cont.

  • 46

    Cont. Tabela 2.3. Estudos ambientais previstos na legislao brasileira

    Id. Denominao Referncia Legal Aplicao

    10 Plano de Encerramento Resoluo n 273/00 Desativao de postos de combustveis

    11 Relatrio Ambiental Simplificado RAS Resoluo Conama

    n 279/01

    Obteno de Licena Prvia de empreendimentos do setor

    eltrico de pequeno potencial de impacto ambiental

    12 Plano de Emergncia Individual Resoluo Conama

    n 293/01

    Licenciamento de portos organizados, instalaes

    porturias ou terminais, dutos, plataformas e instalaes de

    apoio

    13 Plano de Contingncia,

    Emergncia e Desativao

    Resoluo Conama n 316/02

    Licenciamento de Unidades de tratamento trmico

    Encerramento de atividades dos sistemas de tratamento trmico

    14 Relatrio Ambiental Preliminar RAP

    Resoluo Conama n. 237/97 Para instruir requerimentos de

    licenciamento ambiental de empreendimentos que possam causar impactos significativos Resoluo SMA-SP

    42/94

    15 Estudo Ambiental Simplificado EAS Resoluo SMA-SP

    54/04

    Para empreendimentos considerados de impactos

    ambientais muito pequenos

    16

    Estudo de Anlise de Riscos EAR

    Norma Tcnica Cetesb P. 4.261/03

    Para o licenciamento de atividades industriais perigosas

    Programa de Gerenciamento de

    Riscos PGR

    Plano de Ao de Emergncia PAE

    17 Plano de Desativao Decreto Estadual SP n 47.400/02

    Para o encerramento de empreendimentos sujeitos ao

    licenciamento ambiental Cont.

  • 47

    Cont. Tabela 2.3. Estudos ambientais previstos na legislao brasileira

    Id. Denominao Referncia Legal Aplicao

    18 Diagnstico Ambiental Resoluo Conama n. 237/97

    O conhecimento de todos os componentes ambientais de uma determinada rea (pas, estado, bacia hidrogrfica, municpio) para a caracterizao da sua

    qualidade ambiental.

    19 Plano de Manejo

    Lei Federal n. 9985/00

    Documento tcnico mediante o qual, se estabelece o seu

    zoneamento e as normas que devem presidir o uso da rea e o

    manejo dos recursos naturais. Resoluo Conama

    n. 237/97

    20 Anlise Preliminar de Risco APR Resoluo Conama

    n. 237/97

    Consiste no estudo com o fim de se determinar os riscos que

    podero estar presentes na fase operacional do mesmo

    Fonte: Snchez (2006), modificado.

    Conforme mostra a Tabela 2.3, h pelo menos 20 tipos de estudos

    ambientais previstos na legislao considerada, isto sem considerar eventuais

    estudos ambientais em legislaes especficas de estados, e municpios da

    federao.

    Segundo Milar (2011), como modalidade de AIA, o EIA hoje

    considerado um dos mais notveis estudos de compatibilizao do

    desenvolvimento econmico-social, com a preservao do meio