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Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo
Willian Fonseca
Critrios para Delimitao de reas de Influncia em Estudos de Impacto Ambiental
So Paulo 2012
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Willian Fonseca
Critrios para Delimitao de reas de Influncia em Estudos de Impacto Ambiental
Dissertao apresentada ao Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo IPT, como parte dos requisitos para obteno de Ttulo de Mestre emTecnologia Ambiental.
Data da aprovao ___/_____/______
_______________________________ Prof. Dr. Omar Y. Bitar (Orientador) IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo
Membros da Banca Examinadora: Prof. Dr. Omar Yazbek Bitar (Orientador) IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo
Prof. Dra. Celina Bragana Cludio(Membro) Companhia Ambiental do Estado de So Paulo - Cetesb
Prof. Dra. Amarlis Lcia Casteli Figueiredo Galardo (Membro) IPT Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo
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Willian Fonseca
Critrios para Delimitao de reas de Influncia em Estudos de
Impacto Ambiental
Dissertao de Mestrado apresentada ao
Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do
Estado de So Paulo IPT, como parte dos
requisitos para obteno do ttulo de Mestre
em Tecnologia Ambiental.
rea de Concentrao: Gesto Ambiental.
Prof. Dr. Omar Yazbek Bitar (Orientador)
So Paulo Maio/2012
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Ficha Catalogrfica Elaborada pelo Departamento de Acervo e Informao Tecnolgica - DAIT
do Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo IPT
F676C Fonseca, Willian
Critrios para delimitao de reas de influncia em estudos de impacto ambiental. / Willian Fonseca. So Paulo, 2012. 195 p. Dissertao (Mestrado em Tecnologia Ambiental) Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo IPT. rea de Concentrao: Gesto Ambiental Orientador: Prof Dr. Omar Yazbek Bitar 1. Avaliao de impacto ambiental 2. Estudos de impacto ambiental 3. Tese I. Instituto de Pesquisas Tecnolgicas do Estado de So Paulo. Coordenadoria de Ensino Tecnolgico Ttulo
12-46 CDU 504.064.2(043)
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DEDICATRIA
Aos meus pais, Maria e
Armando (em memria), que
me deram o mximo que
puderam; mais que
suficiente para que eu
pudesse alcanar meus
objetivos;
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AGRADECIMENTOS
- Ao Prof. Dr. Omar Yazbek Bitar amigo e orientador, pelo incentivo constante
durante minha passagem pelo IPT, e sua sempre presente indicao dos
possveis caminhos na realizao deste trabalho;
- Banca de Qualificao, na pessoa da Dra. Celina Bragana Cludio, e da
Dra. Amarlis Lcia Casteli Figueiredo Galardo profissionais e acadmicos,
com grande experincia em Avaliao de Impacto Ambiental - AIA, que muito
contriburam para o processo de melhoria deste trabalho;
- minha famlia, em especial Maria, Elizabeth, e Andrews, pelo apoio,
compreenso, e confiana;
- Ao Eng. Walter Lazzarini Filho amigo pessoal e profissional, no s pela
concesso de incentivo financeiro e logstico para realizao deste trabalho,
mas tambm por seu exemplo de carter, de carisma, e de honestidade,tanto
na vida pessoal como profissional;
- Ao Eng. Raon Honrio Ferreira dos Santos, amigo de graduao, pessoal e
profissional, pelas importantes recomendaes em todo o processo de
construo do trabalho, e confiana na concretizao deste trabalho;
- Aos meus amigos da WALTER LAZZARINI CONSULTORIA AMBIENTAL, pelos seus
incentivos constantes durante desenvolvimento deste trabalho, e por
acreditarem irrestritamente em minha competncia para sua realizao, em
especial Geloga Mara Sugawara, pelo apoio na reviso deste trabalho;
- Aos meus companheiros de Turma no IPT, que durante tanto tempo dividiram
comigo a construo, passo a passo, deste trabalho;
- Aos profissionais que concederam entrevistas e forneceram informaes para
elaborao deste trabalho;
- Aos rgos ambientais brasileiros, em especial a Companhia Ambiental do
Estado de So Paulo CETESB, por disponibilizar seu acervo para consulta; e
- A todos que tenham, de alguma maneira, contribudo para a concretizao
deste sonho.
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RESUMO
A delimitao de reas de influncia em Estudos de Impacto Ambiental
(EIA) tema ainda pouco discutido no mbito tcnico-cientfico nacional. A
presente dissertao compreende os resultados de levantamento e anlise de
critrios tcnicos adotados por equipes tcnicas diretamente envolvidas na
execuo dos estudos, para fins de delimitao de reas de influncia.
Abrange tanto as prticas empregadas por empresas de consultoria ambiental
que elaboram esses estudos quanto os critrios adotados por rgos pblicos
ambientais que os analisam. Inicialmente, apresenta-se o problema estudado e
as premissas bsicas que norteiam a discusso do assunto, assim como as
justificativas, os objetivos e os mtodos empregados na realizao da pesquisa
que fundamenta esta dissertao. Em razo de caractersticas especficas do
assunto investigado, apresenta-se o contexto institucional mais geral, que
envolve os principais fatores intervenientes, desde o surgimento da Avaliao
de Impacto Ambiental (AIA) e de seu vnculo com os procedimentos de
Licenciamento Ambiental (LA) at a incluso e o uso dessas ferramentas no
sistema jurdico ambiental brasileiro. Apresenta-se o contexto onde a
delimitao de rea de influncia se insere, sua importncia no processo de
AIA e de LA, bem como os conceitos e definies que circundam o tema e suas
possveis influncias nos procedimentos e custos relativos ao desenvolvimento
dos estudos. Para a realizao da anlise sobre os critrios adotados,
consideram-se: Termos de Referncia (TRs), referentes a empreendimentos e
disponveis; questionrios respondidos por profissionais que atuam na
realizao dos estudos; e consulta a EIAs concludos. Aps apresentao e
discusso dos resultados obtidos, listam-se as principais concluses
alcanadas com o desenvolvimento do presente trabalho, contemplando
sugestes no sentido de rever e aprimorar os atuais critrios utilizados na
delimitao de reas de influncia. Ainda, apresentam-se algumas
recomendaes gerais para a melhoria do processo de AIA, em vista da
questo das reas de influncia, com potenciais repercusses positivas em
relao ao LA e elaborao de EIAs.
Palavras Chaves: rea de Influncia; Avaliao de Impacto Ambiental AIA;
Licenciamento Ambiental LA; Estudo de Impacto Ambiental EIA.
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ABSTRACT
Criteria for Designation of Spheres of Influence in Environmental Impact Statement
The delineation of the rea of influence in Environmental Impact
Statements (EIS) is a subject barely discussed in the national technical and
scientific extent. This current dissertation comprises the results of the collected
data and analysis of the technical criteria used by technical groups related to
the EIS elaboration. Not only the practices used by environmental consultancy
companies that perform the statements are comprised, but also the criteria used
by environmental protection agencies that analyze them as well. Firstly it
described the problem studied and the basic assumptions that guide the
discussion of the subject, as well as the justificatives, objectives and methods
employed in the research underlying this dissertation. Due to specific
characteristics of the investigated subject, it is presented the wider institutional
context, which involves the main factors involved, since the introduction of
Environmental Impact Assessment (EIA) and its link with the procedures of
Environmental Permitting comprising the inclusion and use of these tools in
environmental legal system in Brazil. The dissertation also presents the context
within which the delineation of area of influence is situated, its importance in the
process of EIA and LA, as well as the concepts and definitions that surround the
subject and its possible influence on the procedures and costs related to studies
development. To perform the analysis on the criteria adopted, was considered
only the Terms of Reference (TR) available, questionnaires answered by
professionals working in the studies, and consultation to already approved EIAs.
After presentation and discussion of results obtained, the main conclusions
reached with the development of this work was listed, considering suggestions
to revise and improve the current criteria used in defining area of influence.
Additionally it is presented some general recommendations for improving the
EIA process, considering the issue of area of influence, with potential positive
effects in relation to LA and the preparation of EIAs.
Keywords: Spheres of Influence, Environmental Impact Assessment EIA,
Environmental Permitting EP and Environmental Impact Statement (EIS)
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Lista de ilustraes
Figura 2.1. Processo de avaliao de impacto ambiental ................................ 31
Figura 2.2. Principais etapas no planejamento e execuo de um EIA ............ 51
Figura 2.3. Proposta de Elaborao de EIA ..................................................... 54
Figura 3.1. Mapa dos principais impactos ambientais com possibilidade de
ocorrncia na ADA ........................................................................................... 57
Figura 3.2. Exemplo de delimitao de AII ....................................................... 65
Figura 3.3.Exemplo de delimitao de AID. ..................................................... 66
Figura 3.4.Exemplo de delimitao de ADA. .................................................... 68
Grfico 4.1. Distribuio de TRs analisados por rgo ambiental. ................... 85
Grfico 5.1. Questionrios respondidos, por ator do processo considerado. ... 99
Grfico 5.2. Respostas da Questo n 1 do Questionrio .............................. 102
Grfico 5.3. Respostas da Questo n 2 do Questionrio .............................. 103
Grfico 5.4. Respostas da Questo n 3 do Questionrio .............................. 105
Grfico 5.5. Respostas da Questo n 4 do Questionrio .............................. 106
Grfico 5.6. Respostas da Questo n 5 do Questionrio .............................. 108
Grfico 5.7. Respostas da Questo n 6 do Questionrio .............................. 110
Grfico 5.8. Respostas da Questo n 7 do Questionrio .............................. 111
Grfico 6.1. Distribuio dos EIAs avaliados por atividade econmica .......... 116
Grfico 6.2. Avaliao quanto s justificativas adotadas para determinao da
AID, segundo critrios do autor. .............................................................. 120
Grfico 6.3. Avaliao quanto s justificativas adotadas para determinao da
AII, segundo critrios do autor. ................................................................ 121
Grfico 6.4.Critrios utilizados para justificar a ADA ...................................... 123
Grfico 6.5 Critrios utilizados para justificar a AID .................................... 127
Grfico 6.6 Critrios utilizados para justificar a AII ...................................... 131
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Lista de Tabelas
Tabela 2.1. Evoluo do sistema de AIA .......................................................... 27
Tabela 2.2. Compndio da legislao disciplinadora de AIA ............................ 28
Tabela 2.3. Estudos ambientais previstos na legislao brasileira ................... 44
Tabela 3.1. Combinao de termos utilizados e sua conceituao .................. 70
Tabela 3.2. Provvel tendncia no sentido de que a delimitao da rea de
estudo repercuta em aspectos relacionados elaborao do EIA, segundo
variveis consideradas. ............................................................................. 78
Tabela 4.1. Disponibilidade de TRs em sites de rgos ambientais ................ 81
Tabela 4.2. Relao de atividades econmicas, por TR disponibilizado. ......... 86
Tabela 4.3. Comparativo dos resultados da identificao de provveis impactos
nos TRs considerados ............................................................................... 96
Tabela 5.1. Informaes gerais dos entrevistados ......................................... 100
Tabela 6.1.Universo dos EIAs avaliados por atividade econmica. ............... 114
Tabela 6.2. Relao de correspondncia numrica dos critrios listados. ..... 122
Tabela 6.3. Distribuio dos critrios por subsistema considerado para ADA 124
Tabela 6.4. Distribuio dos critrios por subsistema considerado para a AID
................................................................................................................. 128
Tabela 6.5. Distribuio dos critrios por subsistema considerado para a AII 132
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Lista de Abreviaturas e Siglas
ADA rea Diretamente Afetada
AIA Avaliao de Impacto Ambiental
AID rea de Influncia Direta
AII rea de Influncia Indireta
Cetesb Companhia Ambiental do Estado de So Paulo;
Conama - Conselho Nacional do Meio Ambiente
EAR - Estudo de Anlise de Riscos
EAS - Estudo Ambiental Simplificado
EIA Estudo de Impacto Ambiental
EVA - Estudo de Viabilidade Ambiental
EVQ - Estudo de Viabilidade de Queima
Funai Fundao Nacional do ndio
IT Instruo Tcnica
LI Licena de Instalao
LO Licena de Operao
LP Licena Prvia
LT Linha de Transmisso
MAIA Manual de Avaliao de Impacto Ambiental
MPE Ministrio Pblico Estadual
MPF Ministrio Pblico Federal
NEPA - National Environmental Policy Act
ONG Organizao No Governamental
PAE - Plano de Ao de Emergncia
PBA - Projeto Bsico Ambiental
PCA - Plano de Controle Ambiental
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PGR - Programa de Gerenciamento de Riscos
PNMA - Poltica Nacional do Meio Ambiente
PRAD - Plano de Recuperao de reas Degradadas
PT Plano de Trabalho
RAA - Relatrio de Avaliao Ambiental
RAP - Relatrio Ambiental Preliminar
RAS - Relatrio Ambiental Simplificado
RCA - Relatrio de Controle Ambiental
Rima - Relatrio de Impacto Ambiental
RMBS Regio Metropolitana da Baixada Santista
SIM Sistema Integrado Metropolitano
SIN Sistema Interligado Nacional
SMA - Secretaria de Meio Ambiente do Estado de So Paulo
TR Termo de Referncia
VLT Veculo Leve Sobre Trilhos
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Sumrio 1 INTRODUO .......................................................................................... 14
1.1 Objetivos .......................................................................................................... 18
1.1.1 Geral ............................................................................................................. 18
1.1.2 Especficos ................................................................................................... 18
1.2 Mtodo de trabalho e atividades desenvolvidas ............................................... 19
1.2.1 Consulta e Anlise dos Termos de Referncia ............................................. 20
1.2.2 Entrevistas com Profissionais ...................................................................... 21
1.2.3 Anlise de Estudos de Impacto Ambiental .................................................. 22
2 O PROCESSO DE AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL ................ 252.1 Licenciamento e Avaliao de Impacto Ambiental ......................................... 32
2.2 Termo de Referncia ........................................................................................ 38
2.3 Estudo de Impacto Ambiental .......................................................................... 44
3 REAS DE INFLUNCIA EM ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL ... 563.1 Conceitos e Definies .................................................................................... 61
3.2 Custos envolvidos ............................................................................................ 74
4 REAS DE INFLUNCIA EM TERMOS DE REFERNCIA .................... 814.1 Termos de Referncia Disponveis .................................................................. 81
4.2 Contedo dos Termos de Referncia Analisados ............................................ 90
4.3 Consideraes Sobre os Termos de Referencia Analisados ............................ 90
5 PERCEPO DOS ENVOLVIDOS NA ELABORAO E ANLISE DE EIAS ................................................................................................................. 97
5.1 Anlise dos Questionrios Respondidos .......................................................... 98
5.2 Resultados dos Questionrios ........................................................................ 101
6 ABORDAGEM DAS REAS DE INFLUNCIA EM EIAS ...................... 1136.1 Conjunto dos Estudos Analisados .................................................................. 113
6.2 Nomenclaturas para as reas de Influncia ................................................... 117
6.3 Critrios Adotados para Determinao de reas de Influncia ..................... 122
6.3.1 Critrios Adotados para Determinao da ADA ........................................ 123
6.3.2 Critrios Adotados para Determinar a AID................................................ 126
6.3.3 Critrios Adotados para Determinar a AII ................................................. 131
7 CONCLUSES E RECOMENDAES ................................................. 135 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 142ANEXOS ........................................................................................................ 150APNDICE ..................................................................................................... 153
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1 INTRODUO
A Avaliao de Impacto Ambiental (AIA) e seus procedimentos foram
estabelecidos no fim da dcada de 60, sendo os Estados Unidos os grandes
responsveis pelo marco inicial do arcabouo jurdico referente AIA, em
virtude da promulgao da National Environmental Policy Act (NEPA), em
dezembro de 1969. Esta Lei estabeleceu as linhas gerais para que o processo
de AIA fosse aplicado em toda relevante ao que pudesse ter efeito sobre a
qualidade ambiental (NEPA, 1969). Depois desta data, a difuso da AIA
ganhou propores e magnitude de diferentes nveis, sendo, atualmente,
amplamente utilizada. No Brasil, a AIA ganhou fora a partir da dcada de 80,
com a promulgao da Lei 6803, de 02 de julho de 1980, da Lei n. 6.938, de
31 de agosto de 1981, e, em especial, com a publicao da Resoluo do
Conselho Nacional do Meio Ambiente Conama n 01, de 01 de janeiro de
1986.
A AIA foi concebida originalmente como instrumento de verificao das
possveis conseqncias das aes humanas no meio ambiente, com o
objetivo de incorporar os aspectos de cunho ambiental, alm dos
caractersticos aspectos tcnicos e econmicos, nos processos decisrios de
empreendimentos, tanto pblicos como privados. Segundo Snchez, (2006), os
objetivos da AIA so: assegurar que as consideraes ambientais sejam
explicitamente tratadas e incorporadas ao processo decisrio; antecipar, evitar
minimizar ou compensar os efeitos negativos relevantes biofsicos, sociais e
outros; proteger a produtividade e a capacidade dos sistemas naturais, assim
como os processos ecolgicos que mantm suas funes; e promover o
desenvolvimento sustentvel e otimizar o uso e as oportunidades de gesto de
recursos. Assim, uma das possveis utilizaes da AIA o subsdio para
tomada de deciso, por parte dos rgos ambientais competentes, em
processos de licenciamento ambiental de atividades consideradas efetiva ou
potencialmente poluidores do meio ambiente, ou que possam causar
degradao ambiental.
J o licenciamento ambiental um instrumento administrativo que o poder
pblico possui para permitir o desenvolvimento de atividades diversas, e
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constitudo de uma seqncia de atividades que visam dar sustentao e
balizar as tomadas de decises por parte dos rgos de controle quanto
viabilidade ambiental de um empreendimento. O processo de licenciamento
ambiental e obteno das Licenas Ambientais de empreendimentos com
potencial de causar poluio do meio ambiente, ou degradao ambiental
geralmente conduzido pelo rgo ambiental competente em etapas, sendo as
seguintes modalidades de Licena Ambientais previstas: Licena Prvia (LP),
Licena de Instalao (LI), e Licena de Operao (LO).
De maneira geral, processos de licenciamento ambiental de
empreendimentos com potencial de poluio e/ou degradao ambiental so
iniciados por meio da elaborao de estudos tcnicos ambientais. No Brasil
existem diversos tipos de estudos tcnicos ambientais que utilizam a AIA e so
necessrios ao processo de licenciamento ambiental. Tais estudos foram
institudos por Resolues do Conama, requisitos legais, ou institudos por atos
normativos dos rgos de controle; dentre os estudos que utilizam a AIA, o
mais conhecido o Estudo de Impacto Ambiental e o respectivo Relatrio de
Impacto Ambiental (EIA/Rima).
Um importante fator na realizao do processo de AIA, assim como a
elaborao de EIA, a determinao das reas de influncia, ou seja, as reas
onde so esperados os impactos diretos e indiretos decorrentes da
implantao e operao do empreendimento. Essa delimitao visa determinar,
entre outras ocorrncias, a abrangncia do diagnstico ambiental (meio fsico,
bitico e socioeconmico), os custos para a elaborao do EIA, as medidas de
mitigao, monitoramento e compensao ambiental, e o prognstico
ambiental. Segundo Nicolaidis (1999,apud MAIA IAP/PR; 2005, Philip jr., E.
Maglio; 2007) a delimitao da rea de influncia de um empreendimento pode
ser considerada uma das tarefas mais difceis e complexas na elaborao de
um EIA. Salienta-se que somente depois da previso de impactos que se
pode tirar alguma concluso sobre a rea de influncia do projeto. Se esta a
rea geogrfica na qual so detectveis os impactos de um projeto, ento ela
no poder ser estabelecida de antemo (antes de se iniciarem os estudos),
exceto como hiptese a ser verificada. (SNCHEZ, 2006, p. 285).
Segundo o Ministrio Pblico Federal (MPF), 2004:
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A delimitao das reas de influncia tem particular relevncia num
Estudo de Impacto Ambiental, tanto que a Resoluo
Conama n. 01/86 a incluiu entre as diretrizes gerais de elaborao
do Estudo. Essa delimitao no pode ter como nico referencial as
obras de infra-estrutura definitivas projetadas, mas sim a abrangncia
espacial provvel de todos os impactos significativos decorrentes das
intervenes ambientais, em todas as fases do projeto.
Em princpio, conforme a citada Resoluo Conama n. 01/86,
bastaria reconhecer uma nica rea de influncia geral, em relao
qual pudesse ser prevista a incidncia de impactos diretos e indiretos,
sempre considerando a bacia hidrogrfica em questo.
Diversas so as nomenclaturas eventualmente utilizadas para denominar
as reas de influncia de um EIA, podendo variar (denominao, sigla, e
definio), de estudo para estudo. Entretanto, com as prticas estabelecidas ao
longo do tempo, tornaram-se usuais 03 (trs) nomenclaturas das reas que
devero ser consideradas como de influncia do EIA, a saber: rea
Diretamente Afetada (ADA), a rea de Influncia Direta (AID), e a rea
Influncia Indireta (AII). O acerto no estabelecimento das reas de influncia
extremamente importante para um adequado processo de identificao de
potenciais impactos ambientais, assim como para a elaborao do diagnstico
ambiental. Este o pressuposto bsico para a elaborao do prognstico da
situao ambiental, e a proposio das medidas necessrias mitigao,
compensao e/ou monitoramento dos impactos causados pelo
empreendimento. De maneira geral, as reas de influncia de um EIA so
definidas com base em algumas premissas bsicas, a saber:
A rea esperada a ser, diretamente e indiretamente, afetada pelo empreendimento;
O conhecimento intrnseco da equipe multidisciplinar proponente do EIA e sua relao com as atividades a serem desenvolvidas;
O conhecimento intrnseco da equipe tcnica da consultoria ambiental que sugere, e equipe tcnica do rgo ambiental que aprova o contedo
mnimo de trabalho para elaborao do EIA (Termo de Referncia TR);
e
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Os impactos ambientais esperados em cada subsistema (meio fsico, bitico, e socioeconmico), e em cada etapa do projeto (planejamento,
instalao, e operao).
Por se tratar de matria pouco discutida na etapa de escopo da
elaborao do EIA, a delimitao das reas de influncia pode ser realizada de
forma equivocada, considerando uma rea inferior ou superior quela
necessria ao adequado diagnstico dos impactos ambientais esperados,
comprometendo desta maneira todo processo de AIA. Segundo MPF (1997
apud, Eletrobrs, 2004) a rea de influncia dever ser delimitada para cada
fator do ambiente natural e para os componentes culturais, econmicos, sociais
e polticos; devero ser apresentados os critrios que determinam tais
delimitaes.
Importa destacar que, conforme experincias prticas de elaborao de
EIAs, a rea de influncia pode interferir diretamente em diversos fatores do
processo de AIA, a saber:
Custos da elaborao do EIA; Identificao da ocorrncia dos impactos diretos e indiretos do
empreendimento;
Abrangncia do diagnstico ambiental, Comprometimento do diagnstico ambiental, com a obteno de
dados primrios e secundrios insuficientes,
Proposio de medidas de mitigao, monitoramento e compensao ambiental insuficientes;
Interferncia na relao dos rgos competentes a serem consultados, como prefeituras municipais, gestores de unidades de
conservao, Funai, Iphan, entre outros;
Locais das audincias pblicas para discutir o projeto; e Comunidades afetadas pelo empreendimento, com possveis
excluses de participao no processo de AIA destas populaes.
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Por ser o estabelecimento das reas de influncia um aspecto to
importante no processo de AIA, dependente de diversos fatores intervenientes,
entre eles os profissionais que iro elaborar o estudo, imprescindvel que esta
etapa seja conduzida de maneira adequada e assertiva, utilizando-se de
critrios claros, objetivos, transparentes e consolidados. Do contrrio, todo o
processo de AIA ficar comprometido, colocando a qualidade do EIA em
discusso, e sujeitando todo o processo de licenciamento ambiental a
questionamentos de diversas ordens, com conseqncias negativas para o
empreendedor, para o meio ambiente, e para a sociedade.
1.1 Objetivos
Tendo em vista o contexto mencionado, apresentam-se, a seguir, os
objetivos desta pesquisa, que foram subdivididos em geral e especficos.
1.1.1 Geral
O objetivo geral do presente trabalho identificar e analisar os critrios
tcnicos adotados para fins de delimitao da rea de influncia quando da
realizao de Estudos de Impacto Ambiental (EIAs), relacionados a processos
de Avaliao de Impacto Ambiental (AIA), realizados no pas.
1.1.2 Especficos
Os objetivos especficos do presente trabalho so:
Identificar e analisar os requisitos legais aplicveis para o estabelecimento das reas de influncia, quando da realizao de EIAs;
Identificar e analisar a forma pela qual a rea de influncia em EIAs tem sido discutida no mbito dos Termos de Referncia (TRs), dos diferentes
rgos de controle ambientais estaduais brasileiros;
Identificar e analisar os critrios adotados por empresas de consultoria e rgos de controle e avaliao ambiental para estabelecimento de rea
de influncia, a partir da anlise das respostas de questionrios
especficos a serem encaminhados e os contatos telefnicos realizados;
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Identificar e analisar os critrios adotados em diferentes estudos de casos, relativos a empreendimentos submetidos ao processo de AIA,
nas atividades que necessitem de EIAs, no mbito do Estado de So
Paulo, e outros Estados;
Analisar a situao geral e discutir oportunidades para eventual aprimoramento dos critrios atualmente adotados; e
Sugerir novos critrios ou diretrizes para o estabelecimento de reas de influncia, de modo a contribuir para a melhoria de sua abordagem no
processo de AIA.
1.2 Mtodo de trabalho e atividades desenvolvidas
Para alcanar os objetivos do presente trabalho, tem-se como referncia
a lgica indutiva, partindo-se da observao de dados especficos, para o
estabelecimento de aes que regem os fatos ou fenmenos de um modo
geral. No presente estudo, foram avaliadas as etapas que permeiam o
estabelecimento de reas de influncia em Estudos de Impacto Ambientais
(EIAs), a saber: o Termo de Referncia (TR), os responsveis pela elaborao,
anlise e aprovao do EIA, e o prprio texto de rea de influncia
estabelecido no EIA. Assim, a partir da anlise de diferentes especificidades
desses trs eixos temticos, espera-se contribuir para o estabelecimento de
regras gerais que sirvam para a melhoria do processo de estabelecimento de
reas de influncia em EIAs.
Logo, a presente pesquisa de natureza documental, e est
fundamentada em trs eixos temticos, a saber:
Consulta e anlise dos TRs disponibilizados na internet, obtidos via correio eletrnico, ou obtido formalmente (caso do Estado de So
Paulo) de diferentes rgos estaduais de controle e avaliao
ambiental brasileiros;
Entrevistas realizadas com profissionais que fazem parte do processo de elaborao, anlise e aprovao dos EIAs; e
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Consulta e anlise de diversos estudos de caso de EIAs, elaborados visando o licenciamento ambiental no mbito da
Secretaria Estadual de Meio Ambiente de So Paulo
(Cetesb/SMA), e se disponvel, de outros Estados.
Os procedimentos adotados para obteno das informaes que do
suporte ao trabalho so apresentados a seguir.
1.2.1 Consulta e Anlise dos Termos de Referncia
Visando identificar eventuais fontes de referncia para o presente
trabalho, realizou-se uma consulta nos sites dos rgos ambientais estaduais
brasileiros, que incluiu os 26 estados da federao, e o distrito federal. Aps a
consulta aos sites, foram realizadas tentativas de contato, via telefone e via
correio eletrnico, junto aos tcnicos destes rgos. O objetivo desta consulta
foi verificar a disponibilidade de TRs para a elaborao de EIAs de variadas
atividades, alm de identificar os setores e/ou equipes tcnicas responsveis
pela anlise dos EIAs visando o encaminhamento dos TRs via correio
eletrnico, e sua contribuio na elaborao do presente trabalho. No caso do
Estado de So Paulo, estado sede da elaborao do presente trabalho, alm
da consulta via e-mail e telefone, foi instruda uma solicitao formal na
CETESB de vistas processos para obteno de cpias de alguns TRs
constantes em processos de licenciamento ambiental. No Anexo I
apresentado o Ofcio de solicitao de cpias de TRs para elaborao de EIAs
para fins de realizao deste trabalho.
Alm dos TRs obtidos diretamente junto aos rgos ambientais estaduais
de controle, foram considerados ainda 04 TRs de diferentes atividades,
propostos pelo Ministrio do Meio Ambiente. Entretanto, convm salientar que
estes TRs foram elaborados por meio de uma rodada de discusso com a
participao dos tcnicos dos Estados da Bahia, Cear, Esprito Santo, Gois,
Mato Grosso, Minas Gerais, Par, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do
Sul, So Paulo e Tocantins. Alm dos tcnicos destes Estados, participaram
ainda os tcnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renovveis (Ibama), do Ministrio dos Transportes, do Departamento
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Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit), do Ministrio de Minas e
Energia, das Centrais Eltricas do Norte do Brasil (Eletronorte), e da Agncia
Nacional de Transportes Aquavirios (Antaq), e especialistas convidados.
O Sumrio Executivo Memria Sobre as Rodadas de Discusso de
Termos de Referncia para Elaborao de EIA/Rima de Linhas de
Transmisso, Portos, Rodovias e Usinas Hidreltricas, elaborado pela
Secretaria Executiva do Ministrio do Meio Ambiente, apresentado na integra
no Anexo II.
No total, foram avaliados 65 TRs de diversas atividades, de 07 rgos
ambientais estaduais brasileiros, incluindo os 04 TRs propostos pelo Ministrio
do Meio Ambiente.
1.2.2 Entrevistas com Profissionais
Para o desenvolvimento deste item, foi realizada uma srie de entrevistas
com profissionais de diferentes formaes que fazem parte do processo de
elaborao e aprovao de um Estudo de Impacto Ambiental - EIA, que so os
consultores ambientais e os tcnicos dos diferentes rgos ambientais
estaduais brasileiros. O processo de identificao destes profissionais envolveu
consulta a todos os rgos ambientais brasileiros, inclusive os do Distrito
Federal (DF), por meio de correio eletrnico ou contato telefnico, alm da
busca a diversos consultores ambientais com comprovada experincia em
Avaliao de Impacto Ambiental - AIA no Brasil, a partir dos contatos
profissionais j estabelecidos e dos diferentes trabalhos publicados.
Para o desenvolvimento das entrevistas foi elaborado um Questionrio
Modelo, cujos objetivos, partindo da percepo dos diferentes profissionais de
AIA entrevistados, foi: avaliar a qualidade dos critrios atualmente adotados
para delimitao de reas de influncia; avaliar a justificativa e discusso
destes critrios no EIA; verificar se suficiente para a correta realizao do
diagnstico ambiental e previso de impactos ambientais; verificar a
necessidade de melhorar estes critrios; avaliar se os profissionais de AIA
entendem existir, nos EIAs por eles elaborados ou avaliados, diferena entre
rea de influncia de impacto ambiental e rea delimitada para a elaborao do
-
22
diagnstico ambiental; e verificar se h mapas ou figuras ilustrativas nos EIAs
por eles elaborados ou avaliados.
Este questionrio recebeu inmeras contribuies at a obteno do
contedo final, sendo que estas contribuies foram propostas durante a fase
de pr-entrevistas, ou seja, na fase de equalizao do questionrio para
obteno do modelo final. Este questionrio foi encaminhado por correio
eletrnico aos profissionais de AIA, para que os mesmos pudessem ser
devidamente entrevistados.
O questionrio composto de 07 (sete) perguntas bsicas que puderam
ser respondidas de maneira objetiva para agilizar as respostas, e otimizar o
tempo dos colaboradores da pesquisa. As perguntas foram pr-estabelecidas a
partir de: anlises prvias de EIAs avaliados; os objetivos propostos da
presente pesquisa; indicaes de melhorias durante a fase de pr-entrevistas;
e a experincia do autor em trabalhos com AIA. O Questionrio Modelo pode
ser visualizado no Apndice I.
No total foram avaliados 29 questionrios respondidos, de
aproximadamente 71 questionrios encaminhados aos profissionais. Dos 29
questionrios avaliados 17 eram de tcnicos de 08 rgos ambientais
estaduais diferentes, e 12 eram de consultores ambientais, de 10 consultorias
ambientais diferentes. Foram entrevistados profissionais com formaes
acadmicas variadas, totalizando 14 formaes acadmicas diferentes.
1.2.3 Anlise de Estudos de Impacto Ambiental
Os Estudos de Impacto Ambiental (EIAs) selecionados para a presente
pesquisa foram escolhidos de acordo com os seguintes critrios, em ordem
crescente de relevncia:
a) Disponibilidade dos arquivos, fsicos ou em meio digital, dos EIAs na
biblioteca da Companhia Ambiental do Estado de So Paulo
(Cetesb/SMA), ou outros Estados, sendo este o critrio bsico e
necessrio para a obteno dos resultados e elaborao da presente
pesquisa;
-
23
b) EIAs aprovados junto a Cetesb/SMA e, preferencialmente recentes, em
fase de instalao, devido necessidade de avaliao de reas de
influncia j consolidadas consideradas nos diagnsticos ambientais.
Empreendimentos ainda em fase de anlise, ou em fase de consulta
pblica, podem receber solicitaes de alterao de contedo ou
abrangncia de estudos, prejudicando assim os resultados da pesquisa;
c) Indicao dos profissionais consultados na elaborao e anlise de
EIAs, devido comprovada experincia e competncia dos diferentes
profissionais entrevistados na conduo de trabalhos que envolvam
diagnsticos ambientais em reas de influncia. Estas indicaes foram
feitas durante a realizao das entrevistas;
d) Tipologias de empreendimentos passvel de novos projetos em outros
locais, devido a um dos objetivos especficos da presente pesquisa, que
de contribuir com a melhoria dos critrios para estabelecimento de
reas de influncia, com ganhos de qualidade dos diagnsticos e
prognsticos ambientais de estudos a serem realizados.
Para a anlise dos referidos EIAs foi desenvolvido um Roteiro de
Anlise, com a finalidade de padronizar a forma de obteno das informaes,
e assim equalizar os resultados de maneira a tornar possvel uma anlise
quantitativa e qualitativa. O desenvolvimento deste Roteiro de Anlise seguiu
os mesmos passos do Questionrio Modelo, qual seja, idealizao de um
modelo, pr-aplicao deste modelo a estudos de casos, recebimento de
contribuies, melhorias, e atualizaes (neste caso do prprio autor), e
aplicao do modelo final em todos os estudos de caso selecionados. Assim,
inicialmente foi realizada a identificao de alguns critrios bsicos a serem
testados, sendo aplicado este modelo inicial a alguns EIAs. Aps, foi feita uma
adaptao com incorporaes de melhorias, incluindo novos critrios, para sua
formatao final, e conseqente aplicao em todos os estudos de casos
selecionados. O roteiro de anlise estabelecido pode ser visualizado no
Apndice II.
De total de aproximadamente 750 EIAs disponveis na biblioteca da
Cetesb, foram consultados 22 EIAs, dos quais 13 EIAs foram avaliados. Isto
-
24
porque os EIAs no analisados foram: elaborados por uma mesma empresa;
apresentavam critrios para delimitao de rea de influncia discutidos no
diagnstico ambiental, e no em um nico item, o que inviabilizaria a anlise
dos EIAs; no discutiam o critrio para delimitao da rea de influncia;
repetiam as atividades econmicas; eram muito antigos; entre outros. Assim,
se procurou analisar EIAs elaborados por diferentes empresas, e de diferentes
atividades.
-
25
2 O PROCESSO DE AVALIAO DE IMPACTO AMBIENTAL
Tentativas iniciais de avaliao de projetos a executar, segundo Clark
(1994), eram freqentemente imperfeitas e limitadas elaborao de Estudos
de Viabilidade Tcnica e de Anlises de Custo Benefcio (ACB). A ACB foi
desenvolvida como um meio para exprimir todos os impactos do custo dos
recursos avaliados em termos monetrios. Certos projetos de grande porte tais
como o proposto terceiro aeroporto de Londres e a Barragem de Assuo, que
foram avaliados utilizando tcnicas de ACB causaram preocupao entre o
pblico. As deficincias na ACB, tais como a alegada incapacidade de atribuir
valores monetrios realistas a intangveis ambientais, tornaram-se evidentes.
Uma conseqncia foi o desenvolvimento de uma nova abordagem de
avaliao que veio a ser conhecida como Avaliao de Impacto Ambiental
(AIA).
A AIA, segundo Gilpin (1995), teve origem a partir da fuso do controle
da poluio com a conservao da natureza, sob o tema abrangente da
proteo ambiental. Colby (1991) tambm observa que as avaliaes de
impactos ambientais surgiram na dcada de 70 e foram institucionalizadas em
determinados pases industrializados sob o paradigma de desenvolvimento
denominado de proteo ambiental. Nele, a proposta era prover um
mecanismo racional para a avaliao dos custos e benefcios das atividades de
desenvolvimento, antes da sua implantao efetiva. Nessa fase, a nfase era
dada ao controle da poluio no tocante reparao e ao estabelecimento de
limites para as atividades danosas. J LA ROVERE, (2001) observa que:
O processo de AIA foi primeiramente sistematizado nos Estados Unidos, onde foi institucionalizado em 1969 atravs do National Environment Policy Act - NEPA. O Canad introduziu a AIA como instrumento de planejamento no incio dos anos 70, ao implantar programa ambiental que recomendava sua adoo em todos os rgos federais. Tambm nessa poca, alguns pases europeus passaram a exigir elementos de anlise dos impactos ambientais para o licenciamento de certos empreendimentos. (LA ROVERE, 2001, p. 19)
A institucionalizao da AIA, no Brasil e em diversos pases, guiou-se
pela experincia americana, face a efetividade que os Estudos de Impacto
-
26
Ambiental (EIA) demonstraram no sistema legal dos Estados Unidos. Segundo
MILAR (2006):
Inspirada no direito americano (National Environmental Agency Act NEPA) a AIA foi introduzida em nosso Direto positivo de forma tmida, pela Lei 6.803, de 02 de julho de 1980.
A partir da mobilizao social que se assistiu no Brasil na dcada de 80, principalmente com o surgimento do movimento ambientalista e no apagar das luzes do regime autoritrio, ganha a AIA nova funo e amplitude atravs da Poltica Nacional de Meio Ambiente.
Cabe frisar que at o fim da dcada de 70 e incio dos anos 80, as
decises com relao viabilidade de empreendimentos eram tomados
levando-se em considerao somente o vis econmico e tcnico, no sendo
assistidas de forma corretas a capacidade suporte do meio ambiente e as
populaes locais afetadas. Entretanto, Colby (1991) destaca que nessa fase
era visvel uma crescente preocupao, mas no ainda totalmente incorporada,
com a aplicao do conceito de sustentabilidade que comeava a aparecer na
agenda poltica internacional, particularmente no ambiente das conferncias
mundiais, onde o tema corrente, segundo Perman et al. (1999) era a relao
entre pobreza, desenvolvimento econmico e meio ambiente.
Outros pases comearam a adotar a AIA: Canad em 1973, Austrlia
em 1974, Frana e Alemanha em 1976, Holanda e Inglaterra em 1979 (WOOD,
1995). Nesta mesma poca, a comunidade europeia e o Banco Mundial
estabeleceram a AIA como pr-condio para obteno de financiamentos.
Segundo Moreira (1994) a primeira avaliao de impacto realizada no Brasil
data de 1972, quando do financiamento pelo Banco Mundial da Usina
Hidroeltrica de Sobradinho. At 1986, alguns projetos dependentes de
financiamento externo tiveram seus impactos ambientais analisados, embora
os resultados dos estudos no tenham infludo nas decises a respeito da
implantao das obras. No havia obrigao legal de se encaminharem os
relatrios s entidades de meio ambiente para o acompanhamento e a
mitigao dos impactos ambientais. Diversos pases da Amrica Latina
comearam a sistematizar o processo de AIA como pr-condio para
aprovao de empreendimentos com potencial de impacto ou degradao
ambiental, dentre eles destaca-se: Venezuela em 1976, Brasil em 1981, Mxico
em 1982, Peru em 1990, Bolvia em 1992, Uruguai em 1994, e Chile em 1996
-
27
(GEORGE; LEE, 2000). Considerando este cenrio de institucionalizao da
AIA nos diversos pases ora citados, convm entender a evoluo do sistema,
conforme sintetiza Sadler (1996) na Tabela 2.1 a seguir.
Tabela 2.1. Evoluo do sistema de AIA
Perodo Aspectos da Inovao
Antes de
70
Projetos analisados segundo aspectos tcnicos e econmicos; e
Pouca considerao as questes ambientais.
1970
1975
NEPA Introduz AIA;
Princpios da participao popular;
Estabelecimento de exigncias;
Estabelecimento de padres para anlise dos impactos;
Vrios pases implementam a AIA; e
Maiores incentivos a participao popular.
1975
1980
Formulao de regulamentaes;
Incorporao da AIA em pases em desenvolvimento;
Incorporao da Avaliao Ambiental Estratgica AAE e Anlise de
Riscos AR;
nfase em modelagem matemtica e previso de impactos; e
Incorporao da participao da sociedade no EIA.
1985
1990
Comunidade europia estabelece os princpios bsicos da AIA nos
pases membros;
Incorporao de impactos cumulativos;
Mecanismos de monitoramento (monitoramento, auditoria, gesto dos
impactos);
Agncias internacionais de financiamento exigem EIA para aprovao de
projetos.
Cont.
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28
Cont.Tabela 2.1. Evoluo do Sistema de AIA
Perodo As Aspectos da Inovao
Dcada de
90
Alguns pases estabelecem sistema de Avaliao Ambiental Estratgica
(AAE);
Incentivo ao uso de tecnologias da informao;
EIA utilizado nos projetos e atividades de desenvolvimento
internacionais; e
Crescimento da capacitao na elaborao de EIA, redes de apoio e
cooperao.
Fonte: SADLER (1996).
No bojo jurdico nacional, segundo Milar (2004), a AIA foi introduzida
por meio da Lei 6.803, de 02 de julho de 1980, sendo exigvel na aprovao de
limites e autorizaes de implantao de zonas de uso estritamente industrial
destinadas localizao de plos petroqumicos, cloroqumicos,
carboqumicos, bem como de instalaes nucleares. Com a entrada em vigor
da Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, assim como a publicao da
Resoluo Conama n. 01 de janeiro de 1986, a AIA ganha nova funo e
amplitude. Na Tabela 2.2 a seguir est apresentado o quadro normativo bsico
da AIA.
Tabela 2.2. Compndio da legislao disciplinadora de AIA
Id Norma Data Descrio
1 Lei Federal n. 6.931 31/08/81
Dispe sobre a Poltica Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulao e aplicao, e d outras
providncias. Estabelece a AIA como um de seus instrumentos, por meio do Inciso I, Art. 9.
2 Resoluo Conama n. 01 23/01/86
Nos termos desta Resoluo, todas as atividades modificadoras do meio ambiente, nela
exemplificativamente listadas, dependiam da elaborao de EIA.
Cont.
-
29
Cont. Tabela 2.2. Compndio da legislao disciplinadora de AIA
Id Norma Data Descrio
3 Resoluo Conama n. 06 16/09/87
Dirige-se especificamente ao licenciamento ambiental de obras de grande porte,
especialmente aquelas nas quais a Unio tenha interesse relevante, como a gerao de energia
eltrica
4 Resoluo Conama n. 09 03/09/87
Regulamenta a realizao de audincias pblicas nas hipteses em que o processo de licenciamento envolver, como modalidade de
avaliao, o EIA/Rima,
5 Constituio Federal de 1988 05/10/88
Reconhece o direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o
dever de defend-lo e preserv- lo para as presentes e futuras geraes.
6 Constituies Estaduais de 1989 1989
Ao promulgarem suas constituies Estaduais, segundo preconizado pelo Art. 11 do Ato das
Disposies Transitrias da Constituio Federal, quase a unanimidade, fizeram inserir
em seus textos previses especficas acerca da Avaliao de Impacto Ambiental, com o que mais
e mais se reforou e consolidou aludido instrumento.
7 Decreto Federal n. 99.274 06/06/90
Regulamenta a Lei n. 6.902, de 27 de abril de
1981, e a Lei n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispem, respectivamente sobre a criao de Estaes Ecolgicas e reas de Proteo Ambiental e sobre a Poltica Nacional do Meio
Ambiente, e d outras providncias.
8 Resoluo Conama n. 237 19/12/97
D maior organizao e uniformidade ao sistema
de licenciamento ambiental vigente no pas. Consagrou-se, com base na experincia e
prticas acumuladas, que a AIA no pode ser reduzida a uma de suas modalidades, isto , ao
EIA/Rima.
Fonte: Milar (2011), adaptado.
-
30
Conforme se observa na Tabela 2.2, as normas disciplinadoras foram
publicadas entre as dcadas de 80 e 90, sendo a Resoluo Conama n 01/86
uma das normas mais importantes que disciplinam o tema.
Com relao aos objetivos da AIA, diversos pesquisadores e cientistas
inferem diferentes entendimentos, entretanto de maneira geral, convergem a
respeito de suas opinies.
[...] de incio a AIA voltava-se quase que exclusivamente a projetos de engenharia, seu campo hoje inclui planos, programas e polticas (a avaliao ambiental estratgica, que se consolidou a partir dos anos 1980), os impactos da produo, consumo e descarte de bens e servios (a avaliao do ciclo de vida, que se consolidou a partir dos anos de 1990) e a avaliao da contribuio lquida de um projeto, um programa ou uma poltica, para a sustentabilidade (anlise de sustentabilidade, que vem se firmando na primeira dcada do sculo XXI). (SNCHEZ, 2006, p 93)
Segundo IAIA, (1999), os principais objetivos da AIA so: assegurar
que as consideraes ambientais sejam explicitamente tratadas e incorporadas
ao processo decisrio; antecipar, evitar, minimizar ou compensar os efeitos
negativos relevantes biofsicos, sociais e outros; proteger a produtividade e a
capacidade dos sistemas naturais, assim como os processos ecolgicos que
mantm suas funes; e promover o desenvolvimento sustentvel e otimizar o
uso e as oportunidades de gesto de recursos.
Entretanto, se faz necessrio a realizao de um processo para se
determinar se um projeto estar ou no sujeito a AIA, sendo este processo
chamado de seletividade (screening), existindo vrias formas de aplicao
(WOOD, 1995). O objetivo da seleo de aes identificar somente as que
gerem impactos significativos sobre o meio ambiente e submet-las a AIA,
descartando as demais. Na Figura 2.1. est apresentado um processo genrico
de AIA, segundo Snchez (2006).
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31
Apresentao de uma Proposta
Etapa Inicial - Triagem
Anlise Detalhada
Figura 2.1. Processo de avaliao de impacto ambiental
Fonte: (Snchez, 2006).
Deciso
Avaliao ambiental inicial
A proposta pode causar impactos ambientais significativos?
Licenciamento com estudo de impacto ambiental
Licenciamento ambiental Convencional
No Sim
Talvez
Determinao de escopo de estudo
Elaborao de EIA / Rima
Consulta Pblica
Anlise tcnica
Aprovao Reprovao
Monitoramento e Gesto Ambiental
Acompanhamento
Etapa de ps-aprovao
-
32
Segundo a UNEP (1996), existem vrias formas para a determinao
do quo significativo o impacto nos sistemas de avaliao, a saber: Listagem
classificatria das aes, projetos ou tipos de obras (Europa); Estudo preliminar
ou aplicao de critrios que determinam os aspectos adversos de relevncia,
(EUA); procedimentos e mtodos estabelecidos por pases ou agncias de
financiamento (agncias de cooperao); histrico de projetos e revises j
desenvolvidos anteriormente para atividades semelhantes. Outra forma de
seletividade o modelo discricionrio da autoridade ambiental, que analisando
antecedentes do projeto e as informaes disponveis, decide se ele deve ou
no se submeter a uma AIA. De uma forma geral, a maioria dos sistemas de
AIA adota uma forma hbrida, isto , h uma listagem prvia das atividades que
devem se submeter avaliao, um conjunto tpico de projetos e atividades e
tambm a discricionariedade por parte das autoridades, muitas vezes instigada
pela participao popular. (WOOD, 1995).
2.1 Licenciamento e Avaliao de Impacto Ambiental
A Lei n 6938/1981, que dispe sobre a Poltica Nacional do Meio
Ambiente (PNMA), e instituiu o Sistema Nacional do Meio Ambiente, seus fins e
mecanismos de formao e aplicao, a mais relevante norma ambiental
brasileira, visto que traou toda a sistemtica das polticas pblicas para o meio
ambiente. Segundo Sirvinskas (2005) a PNMA definiu conceitos bsicos como
o de meio ambiente, de degradao e de poluio e determinou os objetivos,
diretrizes e instrumentos, alm de ter adotado a teoria da responsabilidade,
entre outros.
Segundo Milar (2004), o objetivo geral da PNMA a preservao,
melhoria e recuperao da qualidade ambiental propcia vida, visando
assegurar condies ao desenvolvimento socioeconmico, aos interesses da
segurana nacional e proteo da dignidade da vida humana. A PNMA
estabeleceu, por meio do Art. 9 (Instrumentos da PNMA), incisos III e IV
respectivamente, a Avaliao de Impactos Ambientais (AIA) e o licenciamento
e reviso de atividades efetiva e/ou potencialmente poluidoras ou
degradadoras do meio ambiente. Entretanto, vale destacar que, segundo
-
33
Oliveira (2004), existe certa tendncia na rea ambiental, tanto por parte de
ambientalistas quanto por autoridades pblicas, de confundir a ferramenta da
AIA com a ferramenta do licenciamento ambiental. Neste sentido, cumpre
esclarecer a diferena de forma premente entre o licenciamento ambiental, e o
processo de AIA, assim como explorar o universo dos fatores intervenientes e
de conectividade destes dois instrumentos.
A modalidade de licenciamento ambiental sem o processo de AIA, tal
qual como conhecemos hoje, foi introduzida nos estados brasileiros antes do
dispositivo legal da PNMA, uma vez que diversos Estados da Federao, entre
eles So Paulo e Rio de Janeiro, instituram a necessidade de licenciamento
ambiental em meados da dcada de 70, com o objetivo principal de controlar a
poluio industrial. A Resoluo Conama n 237, de 19 de dezembro de 1997,
define em seu primeiro artigo, o que licenciamento ambiental:
Procedimento administrativo pelo qual o rgo ambiental competente licencia a localizao, instalao, ampliao e a operao de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradao ambiental, considerando as disposies legais e regulamentares e as normas tcnicas aplicveis ao caso. (BRASIL, 1997).
Dentro da implementao dos instrumentos da Poltica Ambiental no
Brasil, sem dvida alguma o principal instrumento da ao governamental o
licenciamento das atividades poluidoras ou modificadoras do meio ambiente
(ORTH, 1993). A partir das medidas preventivas adotadas, o atendimento s
condicionantes estabelecidas e a realizao de aes de fiscalizao por parte
dos rgos de controle envolvidos, espera-se que as atividades licenciadas
venham a ser compatveis com o meio ambiente na qual se inserem.
Enquanto instrumento preventivo, o licenciamento essencial para garantir a qualidade ambiental, que abrange a sade pblica, o desenvolvimento econmico e a preservao da biodiversidade. A obteno das licenas ambientais, aliada ao cumprimento das exigncias tcnicas, constitui a base para a conformidade ambiental, estando a empresa apta ao mercado competitivo. (CETESB, 2006, p. 8).
Entretanto, conforme salienta Snchez, 2006:
A necessidade de autorizao governamental para exercer atividades que interfiram com o meio ambiente tem um longo histrico, antes
-
34
que o licenciamento ambiental surgisse com as feies atuais. J o Cdigo Florestal de 1934 introduzira a necessidade de obteno de uma autorizao para a derrubada de florestas em propriedades privadas, o aproveitamento de lenha para abastecimento de vapores e mquinas, e a caa e pesca nas florestas protetoras e remanescentes.
De maneira geral, o licenciamento ambiental pode contar com a
participao das trs esferas de governo (Municipal, Estadual, e Unio). A
diviso das atribuies com relao ao licenciamento ambiental realizada
com base em critrios geogrficos e na rea dos impactos ambientais
causados pelas atividades a serem licenciadas, entre outros. A rigor, a
Resoluo Conama n 237/97, estabeleceu as competncias de cada esfera de
governo no tocante ao licenciamento ambiental.
O licenciamento ambiental procura compatibilizar o desenvolvimento
econmico-social, o aperfeioamento do processo produtivo, com tcnicas que
viabilizem a preservao da qualidade do meio ambiente e do equilbrio
ecolgico, por meio de critrios e padres de qualidade ambiental e de normas
relativas ao uso e manejo de recursos ambientais. O licenciamento conduzido
em etapas, obedecendo a uma lgica que objetiva, acima de tudo, a
preservao e restaurao dos recursos ambientais com vistas sua utilizao
racional e disponibilidade permanente, verificando a compatibilidade do meio
ambiente s atividades que sero desenvolvidas pelo empreendimento. Dessa
maneira, o licenciamento ambiental avana na medida em que o proponente do
projeto obtm as devidas licenas ambientais; expedidas pelo rgo ambiental
de controle. A Resoluo Conama 237/97 estabelece que:
Licena ambiental um ato administrativo pelo qual o rgo ambiental competente, estabelece as condies, restries e medidas de controle ambiental que devero ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa fsica ou jurdica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradao ambiental. (BRASIL, 1997).
So as seguintes definies adotadas pela CETESB (2011) para as
licenas ambientais:
Licena Prvia (LP) - a licena concedida na fase do planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando sua localizao e concepo, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os
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35
requisitos bsicos e exigncias tcnicas a serem atendidas nas prximas fases. (CETESB, 2011)
Licena de Instalao (LI) - a licena que autoriza a instalao do empreendimento ou de uma determinada atividade de acordo com as especificaes constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais exigncias tcnicas necessrias. (CETESB, 2011)
Licena de Operao (LO) - a licena que autoriza o funcionamento da atividade mediante o cumprimento integral das exigncias tcnicas contidas na licena de instalao. (CETESB, 2011)
Licena de Operao a Ttulo Precrio (LOTP) - Poder ser emitida Licena de Operao a Ttulo Precrio, cujo prazo de validade no poder ser superior a 180 (cento e oitenta) dias, nos casos em que o funcionamento ou operao da fonte, for necessrio para testar a eficincia dos sistemas de controle de poluio ambiental. (CETESB, 2011).
O licenciamento ambiental o instrumento da PNMA que insere a AIA
em um contexto de deciso sobre a aprovao ou no de um projeto de
desenvolvimento potencialmente poluidor e/ou que causam significativa
degradao ambiental. Verocai (2000) lembra que, desde 1986, a AIA tem sido
usada no pas como uma ferramenta complementar ao processo de
licenciamento ambiental para aprovao de projetos potencialmente
causadores de significativo impacto ambiental.
Entretanto, convm salientar que a AIA tem finalidades muito mais
amplas do que as do licenciamento ambiental. De fato, apesar de ser uma
ferramenta para a tomada de deciso em relao viabilidade de determinado
empreendimento, a AIA no est necessariamente vinculada ao licenciamento
ambiental, podendo ser aplicada a polticas, planos, programas ou a outros
projetos, sempre com o objetivo principal de preveno de danos ao meio
ambiente. A veiculao da AIA ao processo de licenciamento ambiental no
Brasil foi efetivamente realizada quando entrou em vigor o Decreto Federal n
88.351, de 01 de junho de 1983, substitudo pelo Decreto Federal n 99.274, de
06 de junho de 1990, que Regulamentou a Lei n. 6.902, de 27 de abril de
1981, e a Lei n. 6.938/1981, que dispem, respectivamente sobre a criao de
Estaes Ecolgicas e reas de Proteo Ambiental e sobre a Poltica
Nacional do Meio Ambiente, e d outras providncias.
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36
Ressalta-se que tal vnculo foi ainda reforado mediante o
estabelecimento da Constituio Federal de 1988, que em seu art. n 225 diz
textualmente:
Art. 225. Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes.
1 - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pblico:
IV exigir, na forma da lei, para instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradao do meio ambiente, estudo prvio de impacto ambiental, a que se dar publicidade. (BRASIL, 1988).
A primeira norma referncia para AIA no Brasil como instrumento
necessrio ao licenciamento de atividades com potencial de causar significativa
degradao ambiental foi a Resoluo Conama n 01/86, que estabeleceu a
necessidade de Elaborao de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo
Relatrio de Impacto Ambiental (Rima). Mais do que estabelecer uma conexo
entre AIA e licenciamento ambiental, a Resoluo Conama 01/86 na tentativa
de eliminar a subjetividade do conceito para o caso de aplicao no
licenciamento ambiental, apresentou um rol de empreendimentos considerados
potencialmente causadores de significativo impacto ambiental representando,
essencialmente, a etapa de seleo da AIA; alm de estabelecer competncias
dos rgos de controle no processo de licenciamento e o contedo necessrio
ao EIA.
Entretanto, cabe destacar que se trata de lista exemplificativa que
poder ser ampliada, mas jamais reduzida, conforme Mirra (2008). Desta
forma, se no considerado significativo, o rgo licenciador deve justificar a sua
deciso de no exigir EIA, apoiando-se em manifestao tcnica e jurdica, em
virtude da necessria motivao do ato administrativo. Vale lembrar que h
tambm a hiptese do licenciamento de atividades potencialmente causadoras
de impactos ambientais no considerados significativos, que demandam outros
tipos de estudos ambientais, como subsdio ao processo decisrio, cujo Termo
de Referncia- TR apresentar o escopo e as diretrizes de execuo.
-
37
Considerando um cenrio de licenciamento ambiental com AIA,
convm trazer ao conhecimento a reestruturao pela qual vem passando a
Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SMA), e a Companhia Ambiental do
Estado de So Paulo (Cetesb) - antiga Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental. No antigo modelo 04 rgos ambientais poderiam ser
consultados em pedidos de licenciamento ambiental de empreendimentos que
necessitam de aprovao de EIA (eventualmente outros rgos seriam
ouvidos), a saber: Cetesb; Departamento de Avaliao de Impactos Ambientais
(Daia); Departamento de Uso do Solo Metropolitano (Dusm); e Departamento
Estadual de Proteo aos Recursos Naturais (Deprn). Segundo DIAS, 2001 as
seguintes responsabilidades eram atribudas a cada rgo ambiental no antigo
modelo:
A Cetesb, no mbito do processo de AIA, analisava os aspectos da poluio ambiental e fiscalizao do cumprimento das condicionantes definidas no processo de licenciamento ambiental, dentro de sua rea de competncia; o que ficou conhecido como o Comando e Controle.
O Daia atuava no mbito de empreendimentos submetidos a processo de AIA, fazendo parte de suas atribuies a triagem das aes que devem ser submetidas ao processo de AIA, a definio do TR, anlise do EIA e emisso de Parecer Tcnico, e emisso da LP, LI, e LO, dependendo do tipo de empreendimento.
O Dusm respondia pelo licenciamento e fiscalizao de atividades e empreendimentos situados em rea de Proteo aos Mananciais APMs da Regio Metropolitana de So Paulo (RMSP), inclusive aqueles submetidos ao processo de AIA.
O Deprn atuava no licenciamento das atividades e empreendimentos que envolvam supresso de vegetao e/ou explorao de vegetao nativa, assim como intervenes em reas de Preservao Permanente APP, alm de fiscalizar, juntamente com a Polcia Florestal, aes contra a Fauna e Flora. No mbito do processo de AIA, o Deprn realiza vistorias de campo e elaborava laudos tcnicos, alm de analisar propostas de medidas compensatrias, especialmente de reposio florestal.
Entretanto, com a entrada em vigor da Lei Estadual n. 13542, de 07
de agosto de 2009, que altera a denominao da Cetesb, e d nova redao
aos artigos 2 e 10 da Lei Estadual n 118, de 29 de junho de 1973, a Cetesb
se torna uma verdadeira Agncia Ambiental, eliminando o antigo modelo, j
superado, de comando e controle, e adotando a agenda da gesto ambiental
dentro da tica da sustentabilidade. Alm da unificao dos 04 rgos (Cetesb,
Dusm, Daia, e Deprn), em termos de AIA, a principal novidade a criao do
Departamento de Avaliao de Impacto Ambiental (Daia), que integrava a
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38
estrutura da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, e que tem como atividade
principal o desenvolvimento de um arcabouo tcnico e metodolgico de
avaliao de empreendimentos sujeitos ao licenciamento e que possam causar
significativo impacto ao meio ambiente. Com esta reestruturao, o
licenciamento ambiental com AIA consideravelmente melhorado no Estado
de So Paulo, com ganhos significativos de produtividade e racionalidade de
recursos humanos, financeiros, e de tempo, tanto para os empreendedores
quanto para o rgo de controle, com conseqncias positivas para o
empreendedorismo no estado, para o processo integrado de AIA, para a
sociedade, e para o meio ambiente.
Convm salientar que no Estado do Rio de Janeiro, o Instituto
Estadual do Ambiente (Inea), estabelece que a elaborao do EIA orientado
por Instruo Tcnica (IT), a ser elaborada por equipe tcnica do Inea, de
acordo com os critrios estabelecidos pela DZ-041 R3 - Diretriz para
Realizao de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Respectivo Relatrio de
Impacto Ambiental (Rima), de 29 de agosto de 1997. O objetivo desta Diretriz
Tcnica determinar a abrangncia, os procedimentos e os critrios para a
elaborao de EIA/ Rima, no Estado do Rio de Janeiro, consoante o disposto
na Lei Estadual n 1356/88, alterada pela Lei Estadual n 2535/96 e nas
Resolues Conama ns 01/86, 11/86 e 2/96, como parte integrante do
Sistema de Licenciamento de Atividades Poluidoras - SLAP. Importa ressaltar
ainda que atualmente este rgo mantm as ITs emitidas disponveis para
acesso e recebimento de consideraes por meio de correio eletrnico da
Coordenao de Estudos Ambientais da Diretoria de Licenciamento.
2.2 Termo de Referncia
O Termo de Referncia - TR um documento que serve de referncia
para a elaborao ou desenvolvimento de uma determinada atividade. Ele
serve, antes de tudo, para que uma determinada organizao explicite a
anlise que faz do seu problema e situao e apresente, com maior preciso
possvel, o produto que espera de um determinado trabalho. Em se tratando de
EIA, segundo Snchez (2006), o TR um documento que (i) orienta a
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elaborao de um EIA; (ii) define seu contedo, abrangncia, mtodos, e (iii)
estabelece sua estrutura. Segundo este mesmo autor:
Um dos objetivos do scoping (TR) o de formular diretrizes para a preparao de estudos ambientais. Dessa forma, esse resultado do exerccio de scoping normalmente sintetizado em um documento que recebe o nome de Termo de Referencia ou Instrues tcnicas.
...
No Brasil, so poucas as jurisdies que adotam uma sistemtica estruturada de preparao de termos de referncia. No Estado de So Paulo, a modificao dos procedimentos de AIA introduzida pela Resoluo SMA n 42/94 estabeleceu que o proponente deve apresentar um documento denominado Plano de Trabalho, no qual se expem o contedo sugerido para o EIA e os mtodos de trabalho a serem empregados (por exemplo, nos levantamentos para o diagnstico ambiental, ou na anlise dos impactos). De acordo com essa regulamentao, o interessado prepara um Plano de Trabalho, que dever explicitar a metodologia e o contedo dos estudos necessrios avaliao de todos os impactos ambientais relevantes do Projeto, considerando, tambm, as manifestaes escritas (...), bem como as que forem feitas na Audincia Pblica, se realizada O Plano de Trabalho analisado pela Secretaria de Meio Ambiente, que ao aprov-lo (muitas vezes com modificaes), emite os Termos de Referncia, documento oficial para nortear a elaborao dos estudos. (SNCHEZ, 2006, p 141)
Convm retomar a informao de que no caso do Estado de So
Paulo, alm da Resoluo SMA 42/94, a Resoluo SMA 54, de 30 de
novembro de 2004, que dispe sobre o procedimento para o licenciamento
ambiental no mbito da Secretaria do Meio Ambiente, define a figura do Plano
de Trabalho (PT), que antecede o TR. Segundo esta Resoluo SMA, o PT a
compilao e o diagnstico simplificados de todas as variveis que o
empreendedor entenda como significativas na avaliao da viabilidade
ambiental, com vistas implantao de atividade ou empreendimento, e que
serviro de suporte para a definio do TR do EIA. Esta Resoluo definiu
ainda o TR como documento elaborado pela SMA/Daia que estabelece os
elementos mnimos necessrios a serem abordados na elaborao de um EIA,
tendo como base o PT, bem como as diversas manifestaes apresentadas por
representantes da sociedade civil organizada.
J a Resoluo Conama n 01/86 faz meno a diretrizes adicionais, a
serem fixadas pelos rgos ambientais de controle, conforme a seguir:
Art 5 - O estudo de impacto ambiental, alm de atender legislao, em especial os princpios e objetivos expressos na Lei de Poltica Nacional do Meio Ambiente, obedecer s seguintes diretrizes gerais:
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...
Pargrafo nico - Ao determinar a execuo do estudo de impacto ambiental o rgo estadual competente, ou o IBAMA ou, quando couber, o Municpio, fixar as diretrizes adicionais que, pelas peculiaridades do projeto e caractersticas ambientais da rea, forem julgadas necessrias, inclusive os prazos para concluso e anlise dos estudos. (BRASIL, 1986).
A Resoluo Conama n 237/97 diz textualmente:
Art. 10 - O procedimento de licenciamento ambiental obedecer s seguintes etapas:
I - Definio pelo rgo ambiental competente, com a participao do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessrios ao incio do processo de licenciamento correspondente licena a ser requerida. (BRASIL, 1997).
Segundo o MPF (2004), o TR um documento balizador que visa a
garantir o atendimento no apenas das orientaes gerais contidas na citada
resoluo, mas, sobretudo, de diretrizes que tratam das especificidades do
projeto e das caractersticas e particularidades ambientais. Entretanto, apesar
de ter um instrumento regulador no mbito do Estado de So Paulo, no
arcabouo jurdico federal no existe uma legislao que determine aos rgos
ambientais a elaborao do TR.
Segundo o MPF (op. cit.):
Espera-se que o TR seja sempre um documento diferenciado, no cabendo uma padronizao de quesitos, seno com respeito a alguns poucos aspectos invariveis, tais como a caracterizao do empreendimento e as diretrizes gerais dadas pela Resoluo Conama n 01/86. Tambm devero constar no TR as diretrizes metodolgicas e referncias sobre temas ou problemas que devem receber tratamento mais detalhado e ateno redobrada, com o devido respaldo no conhecimento acumulado sobre o tipo de empreendimento em exame e sobre a realidade ambiental em questo e suas peculiaridades. (MPF, 2004).
Conforme verificado anteriormente, na fase da emisso do TR que o
rgo ambiental de controle pode ter um primeiro contato com o projeto e/ou
equipe de consultoria que ir desenvolver o EIA. Portanto, por ser o
instrumento balizador para a elaborao do EIA, neste momento podem ser
discutidas questes temticas diversas, dentre as quais, os critrios para
estabelecimento da rea de influncia.
-
41
Entretanto, ainda segundo o MPF (op. cit.), que verificou as
deficincias de cada um dos pontos temticos abordados em EIAs, com
relao aos TRs analisados, foi possvel observar que: em estudos precedidos
de TR foi freqente a ausncia de pesquisas e anlises que o atendessem
adequadamente; em alguns casos, as exigncias arroladas nos TRs foram
desconsideradas; j em outros, as recomendaes foram repassadas, pelo
rgo ambiental licenciador, s etapas posteriores emisso da Licena
Prvia, figurando como condicionantes das demais licenas.
Com base nestas constataes, possvel observar que, mesmo
quando se tem, dentro do instrumento do TR, a previso de diferentes eixos
temticos (dentre eles o estabelecimento da rea de influncia), estes podem
ser desconsiderados quando da elaborao do EIA, prejudicando sobremaneira
o processo de AIA. Neste sentido, mais do que estabelecer de maneira correta
o escopo do trabalho no TR, necessria uma correta avaliao do contedo
do EIA em relao ao estabelecido pelo TR emitido.
Entendendo que o TR constitui um passo fundamental para que os
respectivos estudos ambientais alcancem o fim desejado e a qualidade
esperada, convm ressaltar a iniciativa do Ministrio do Meio Ambiente (MMA)
do Brasil, que por meio de sua Secretaria Executiva, realizou, no perodo de 15
de maro a 05 de maio de 2010, uma rodada de discusso e proposio de
Termos de Referncia Padro para elaborao de EIAs/Rimas das seguintes
tipologias: Linhas de Transmisso, Portos, Rodovias, e Usinas Hidreltricas.
Esta rodada de discusso contou com a participao dos Tcnicos dos Estados
da Bahia, Cear, Esprito Santo, Gois, Mato Grosso, Minas Gerais, Par,
Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, So Paulo e Tocantins, o
Ibama, Ministrio dos Transportes, Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes - Dnit, Ministrio de Minas e Energia, Eletronorte Centrais
Eltricas do Norte do Brasil S/A, Antaq Agncia Nacional de Transportes
Aquavirios, e especialistas convidados.
Neste trabalho foi realizado o levantamento de TR das quatro
tipologias, junto aos estados e Ibama, alm da identificao de problemas
(gargalos, omisses, imprecises, etc) em TR atualmente utilizados, bem como
deficincias encontradas nos EIAs e nos RIMAs em decorrncia do contedo
-
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dos TRs. Utilizando-se dos TRs disponibilizados pelos rgos Estaduais de
Meio Ambiente (Oemas) e Ibama, e considerando a resoluo Conama n
01/86, os coordenadores dos grupos elaboraram o texto base para discusso,
e ao fim elaboraram 04 Termos de Referncia Padro para elaborao de EIAs
das tipologias escolhidas.
Com relao aos avanos, justificativas e consensos entre a equipe
que realizou o trabalho, considerando o tema da presente Dissertao, convm
ressaltar:
Sobre os Termos de Referencia de Usinas Hidreltricas UHEs Na discusso de UHE foi proposto e aprovado trazer a discusso locacional e tecnolgica do inventrio hidreltrico para o EIA - uma sntese do capitulo de alternativas de repartio de quedas, ficando com a seguinte redao:
...
Avaliar possveis variantes do eixo e projeto em relao s fragilidades socioambientais da rea, tais como: zonas de importncia para conservao ou proteo da biodiversidade, reas de presso antrpica, e aspectos geofisicos;
...
O tema Escala foi bastante discutido, chegando-se as seguintes concluses: (i) definiu-se por utilizar o termo escala adequada no TR Referencial (Padro); (ii) as situaes especficas devero ser definidas caso a caso.
O rgo licenciador dever separar escala de trabalho e de apresentao - para o licenciamento ambiental interessa a escala de trabalho, considerando a disponibilizao dos formatos digitais, e definir a escala conforme caracterstica do empreendimento e do tema em mapeamento, podendo utilizar diferentes escalas para analisar um mesmo empreendimento.
Foi consenso, com justificativas bastantes consistentes, a utilizao de trs reas de influncia: ADA, AID e AII.
Sobre os Termos de Referencia de Linhas de Transmisso Na discusso sobre Linhas de Transmisso, concluiu-se pela no utilizao da rea de Influncia Regional entendendo que a mesma coincidente com rea de influncia indireta - que deve abranger os impactos indiretos, no havendo necessidade de incluir uma nova rea de influncia, e assim seguir a Resoluo Conama quanto as exigncias de abordagem da rea de influncia Definir os limites da rea geogrfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada rea de influncia do projeto...
Tambm, foi consenso a no utilizao da rea Diretamente Afetada (ADA), uma vez que as reas onde ocorrem as interferncias diretas para a instalao de uma LT formam a rea de influncia direta, no existindo justificativa para a separao e delimitao de AID e ADA.
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Sobre os Termos de Referencia de Rodovias O grupo de discusso de rodovias entendeu da mesma forma a questo sobre ADA e AID, considerando que as duas reas so coincidentes inclusive a abrangncia dos estudos.
...
Grande avano na discusso do TR de rodovias foi a incluso, com a concordncia pacfica do MT/Dnit, do levantamento detalhado dos passivos ambientais resultantes da implantao pretrita da rodovia em processo de licenciamento ambiental de duplicao ou execuo de melhorias que demandam EIA/Rima.
Sobre os Termos de Referencia de Portos Foi consenso, com justificativas bastantes consistentes, a utilizao de trs reas de influncia: ADA, AID e AII.
Por fim, o Grupo de Trabalho, coordenado pela Secretaria Executiva
do Ministrio do Meio Ambiente, props os seguintes encaminhamentos:
Destaca-se que durante as discusses surgiram demandas que, por sugesto dos tcnicos, deveriam ser encaminhados Secretaria Executiva do Ministrio do Meio Ambiente, Abema e Ibama para avaliao quanto necessidade de providncias institucionais, como:
...
1. Definir normas e procedimentos (momentos, prazos...) para a participao dos rgos intervenientes no processo de licenciamento ambiental - ICMBio, Funai, Iphan, Fundao Palmares, ANA e rgos Estaduais de Recursos Hdricos, SPU.
2. Discutir com a Agncia Nacional de Energia Eltrica ANEEL, sobre questes do licenciamento ambiental de Linhas de Transmisso, tendo em vistas os problemas identificados:
...
Entendimento entre ANEEL e rea ambiental para definir o corredor preferencial a ser leiloado - como se d a escolha do corredor? A anlise de alternativa locacional deveria ser conjunta na escolha do corredor preferencial?
3. Criar um grupo de trabalho para reviso da Resoluo Conama n 01/86 e Resoluo Conama n. 237/97, uma vez que durante as rodadas foram identificadas vrias questes que merecem reflexo e discusso, como:
...
Definir os limites da rea geogrfica a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos, denominada rea de influncia do projeto, considerando, em todos os casos, a bacia hidrogrfica na qual se localiza.
O Estudo de Impacto Ambiental desenvolver, no mnimo, as seguintes atividades tcnicas
-
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reas de Influncia;
O Sumrio Executivo Memria Sobre as Rodadas de Discusso de
Termos de Referncia para Elaborao de EIA/Rima de Linhas de
Transmisso, Portos, Rodovias e Usinas Hidreltricas, elaborado pela
Secretaria Executiva do Ministrio do Meio Ambiente, pode ser observada na
ntegra no Anexo II.
2.3 Estudo de Impacto Ambiental
Do estabelecimento da Resoluo Conama n 01/86, at os dias
atuais, diversos estudos ambientais de diferentes tipos de atividades, com
finalidades distintas, foram elaborados e protocolizados nos rgos de controle
ambiental com o objetivo de subsidiar processos de licenciamento de diferentes
atividades. Cabe ressaltar que a Resoluo Conama 237/97 definiu estudos
ambientais como:
[...] so todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados localizao, instalao, operao e ampliao de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsdio para a anlise da licena requerida, tais como: relatrio ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatrio ambiental preliminar, diagnstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperao de rea degradada e anlise preliminar de risco. (BRASIL, 1997)
No sistema ambiental brasileiro esto previstos diversos estudos com
vistas a dar suporte no processo de licenciamento ambiental, que podem ou
no utilizar a Avaliao de Impacto Ambiental AIA. Na Tabela 2.3 est
apresentando os principais tipos de estudos ambientais previstos na legislao
brasileira.
Tabela 2.3. Estudos ambientais previstos na legislao brasileira
Id. Denominao Referncia Legal Aplicao
1 Estudo Prvio de Impacto Ambiental Constituio Federal, Art 225, 1, IV (1988)
Instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradao ambiental
Cont.
-
45
Cont. Tabela 2.3. Estudos ambientais previstos na legislao brasileira
Id. Denominao Referncia Legal Aplicao
2
Estudo de Impacto Ambiental e Relatrio de Impacto Ambiental
(EIA/Rima)
Resoluo Conama n 01/86
Instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de
significativa degradao ambiental
3 Projeto Bsico Ambiental PBA Resoluo Conama
n 06/87
Obteno de Licena de Instalao de empreendimentos
do setor eltrico
4 Plano de Recuperao de reas Degradadas
PRAD
Resoluo Conama n. 237/97 Obrigatoriedade de apresentao
para todo empreendimento de minerao; deve ser incorporado
ao EIA para novos projetos Decreto Federal n 97.632/89
5 Plano de Controle Ambiental - PCA
Resoluo Conama n 09/90
Obteno de Licena de Instalao de empreendimentos de minerao: "(...) conter os
projetos executivos de minerao dos impactos ambientais (...)"
Resoluo Conama n 286/01
Obteno de Licena de Instalao de empreendimentos
de irrigao
Resoluo Conama n 23/94
Obteno de Licena de Operao para produo de
petrleo e gs
6 Relatrio de Controle Ambiental - RCA
Resoluo Conama n 10/90
Obteno de Licena de Instalao de empreendimentos de extrao de bens minerais de uso imediato na construo civil
Resoluo Conama n 23/94
Obteno de Licena Prvia para perfurao de poos de petrleo
7 Estudo de Viabilidade Ambiental EVA Resoluo Conama
n 23/94
Obteno de Licena Prvia para pesquisa da viabilidade
econmica e de um campo petrolfero
8 Relatrio de Avaliao Ambiental RAA Resoluo Conama
n 23/94
Obteno de Licena de Instalao para perfurao de
poos de petrleo
9 Estudo de Viabilidade de Queima EVQ Resoluo Conama
n 264/00
Licenciamento de co-processamento de resduos em
forno de cimento Cont.
-
46
Cont. Tabela 2.3. Estudos ambientais previstos na legislao brasileira
Id. Denominao Referncia Legal Aplicao
10 Plano de Encerramento Resoluo n 273/00 Desativao de postos de combustveis
11 Relatrio Ambiental Simplificado RAS Resoluo Conama
n 279/01
Obteno de Licena Prvia de empreendimentos do setor
eltrico de pequeno potencial de impacto ambiental
12 Plano de Emergncia Individual Resoluo Conama
n 293/01
Licenciamento de portos organizados, instalaes
porturias ou terminais, dutos, plataformas e instalaes de
apoio
13 Plano de Contingncia,
Emergncia e Desativao
Resoluo Conama n 316/02
Licenciamento de Unidades de tratamento trmico
Encerramento de atividades dos sistemas de tratamento trmico
14 Relatrio Ambiental Preliminar RAP
Resoluo Conama n. 237/97 Para instruir requerimentos de
licenciamento ambiental de empreendimentos que possam causar impactos significativos Resoluo SMA-SP
42/94
15 Estudo Ambiental Simplificado EAS Resoluo SMA-SP
54/04
Para empreendimentos considerados de impactos
ambientais muito pequenos
16
Estudo de Anlise de Riscos EAR
Norma Tcnica Cetesb P. 4.261/03
Para o licenciamento de atividades industriais perigosas
Programa de Gerenciamento de
Riscos PGR
Plano de Ao de Emergncia PAE
17 Plano de Desativao Decreto Estadual SP n 47.400/02
Para o encerramento de empreendimentos sujeitos ao
licenciamento ambiental Cont.
-
47
Cont. Tabela 2.3. Estudos ambientais previstos na legislao brasileira
Id. Denominao Referncia Legal Aplicao
18 Diagnstico Ambiental Resoluo Conama n. 237/97
O conhecimento de todos os componentes ambientais de uma determinada rea (pas, estado, bacia hidrogrfica, municpio) para a caracterizao da sua
qualidade ambiental.
19 Plano de Manejo
Lei Federal n. 9985/00
Documento tcnico mediante o qual, se estabelece o seu
zoneamento e as normas que devem presidir o uso da rea e o
manejo dos recursos naturais. Resoluo Conama
n. 237/97
20 Anlise Preliminar de Risco APR Resoluo Conama
n. 237/97
Consiste no estudo com o fim de se determinar os riscos que
podero estar presentes na fase operacional do mesmo
Fonte: Snchez (2006), modificado.
Conforme mostra a Tabela 2.3, h pelo menos 20 tipos de estudos
ambientais previstos na legislao considerada, isto sem considerar eventuais
estudos ambientais em legislaes especficas de estados, e municpios da
federao.
Segundo Milar (2011), como modalidade de AIA, o EIA hoje
considerado um dos mais notveis estudos de compatibilizao do
desenvolvimento econmico-social, com a preservao do meio