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Rev. o Tomás Nsunda Lelo

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Rev.o Tomás Nsunda Lelo

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Caro leitor

Este Manual, é resultado de muitas pesquisas documentárias sobre o tema:

ECUMENISMO e de vários contéudos retirados de sites idôneos e oficiosos das

Igrejas Católica Apostólica Romana, Luterana, Metodista, Adventista do Sétimo

Dia e jornais em diversas localidades e bibliotécas do mundo.

Autor:

Rev.

o Tomás Nsunda Lelo: Mestre em

Ciências Religiosas, Teologia, Pesquisador em

estudos científicos na área de teológica, Docente

Universitário, Orientador de vários Trabalhos de

fim de curso desde 2010 autor de vários artigos

para os estudos Teológicos,

Email: [email protected]

Cel. 929809366

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Índice

Introdução

1. ECUMENISMO

1.1. Origem e significado

1.2.Diálogo Religioso

1.2.1. Outras formas de Ecumenismo

1.3.Fundamentos da Educação Religiosa Ecumenismo e Diálogo Inter-Religioso

1.4. Necessidade da relação entre a Igreja e o Ecumenismo

1.5. Divisões na Igreja, um facto Histórico

1.6. Igrejas e Ecumenismo: uma relação identitária

1.7. Liberdade religiosa e Ecumenismo.

1.8. Ecumenismo e condições de realização prática da liberdade religiosa

2. A RELAÇÃO DAS IGREJAS COMO MOVIMENTO ECUMÊNICO NA

HISTÓRIA

2.1. A Hermenêutica Ecumênica da Bíblia

2.2. O Ecumenismo na Óptica Protestante

2.3. As Ongs Ecumênicas, caso do Brasil

2.4. Implicações da palavra - Macro-Ecumenismo

2.5. Avanços na Igreja Católica

2.6. Algumas Atitudes Básicas

2.6.1. FORMAS DE DIÁLOGO

2.7. DISPOSIÇÕES PARA O DIALOGO ECUMÉNICO

Conclusão

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Introdução

Nesta temática importa antes citar as palavras do teólogo suíço Hans Küng que

aqui afirma: sem diálogo entre as religiões não há a possibilidade de haver paz, não

haverá paz entre as nações, se não existir paz entre as religiões, não haverá paz entre as

religiões, se não existir diálogo entre as religiões, contudo a história mostra como a

tarefa consiste em um trabalho árduo. E em especial para a comunidade Cristã manter a

unidade no ceio da Igreja nunca foi tarefa fácil.

Porque desde os primórdios da Igreja sempre houve crentes afirmarem que “"Eu

sou de Paulo", e outro: "Eu sou de Apolo" (1 Coríntios). Dessa forma a História da

Igreja Cristã ficou marcada por grandes Cismas, porém na modernidade grupos

religiosos buscam um retorno a unidade Eclesial, maior abertura e tolerância. O

movimento ecuménico: “Designa o empenho por reunir os fiéis "todos sob o mesmo

Cristo", cumprindo o desejo do Mestre de que todos sejam um (Jo 17.21)” e O diálogo

inter-religioso: “Trata-se do “conjunto das relações inter-religiosas, positivas

construtivas, com pessoas e comunidades de outras confissões religiosas, para um

mútuo conhecimento e um recíproco enriquecimento” nascem de pessoas

comprometidas com sua fé e religião, mas ao mesmo tempo dispostas ao aprendizado e

convívio de forma harmoniosa, o desejo de ir além da tolerância que busca a

compreensão sem contudo abandonar a fé pessoal, logo órgãos como Conselho Mundial

de Igrejas (CMI) fundado em 1948 tem contribuído para que avanços ocorram, não

tratando-se de sincretismo religioso, mas uma busca por maior compreensão e respeito

“As acções do CMI têm propiciado um sentimento ecuménico dentre as diversas

denominações cristãs. Cada vez mais há um espírito de cooperação e amizade”.

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Mediante esta nota introdutiva podemos nos questionar o que é realmente o

Ecumenismo? Qual é o seu impacto mediante os desafios ligados a unidade na

diversidade religiosa, étnicos, socioculturais, eclesiológicos, missionários e os seus

limites?

Antes, porém, há duas observações prévias a fazer, com significado também para a

compreensão correcta do texto que se segue. Em primeiro lugar anota-se que se trata de

uma reflexão de ordem sistemática, concretamente na perspectiva de uma teologia

fundamental e ecuménica. A preocupação prioritária vai, pois, para aspectos da

razoabilidade e da credibilidade da fé, por um lado, e, por outro, para dimensões de um

diálogo ecuménico que procura caminhos de maior fidelidade ao Evangelho. Visa-se,

assim e principalmente, apresentar elementos de uma criteriologia básica em ordem ao

discernimento das complexas questões que se colocam no âmbito da liberdade religiosa.

Numa segunda observação pretende--se lembrar que a questão da liberdade religiosa

não pode ser considerada simplesmente em abstracto, antes é indispensável uma

consciência profunda da historicidade real do problema.

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1. ECUMENISMO

1.1. Origem e significado

Etimologicamente este termo deriva-se do grego: Oikoumenè, é um particípio

passivo do verbo “oikein” que significa “habitar” segundo BIRMELÉ o termo é

empregado por Heródoto (c. de 490 – 425/420 a.C.) para designar o universo habitado e

que os escritos bíblicos quase não recorrem a esse termo, embora fosse corrente no

mundo helénico de sua época, embora os Setenta o utilizam para traduzir algumas

passagens dos Salmos (BIRMELÉ, 204, p.597).

Assim sendo, o termo Ecumenismo, é uma palavra grega que significa a terra

habitada e que todas as pessoas que ali habitam estão comprometidas em cuidar da

natureza, das criaturas e das pessoas para que a terra seja um lugar em que a criação

possa realizar o projecto de Deus. Esta seria uma visão bem ampla da palavra

ecumenismo. Pois, no âmbito religioso do cristianismo, o Ecumenismo busca a unidade

entre as Igrejas cristãs onde os Cristãos de diferentes Igrejas são praticantes da mesma

religião, têm uma base comum e pertencem à mesma grande família de fé.

Brakemeier lança algumas perguntas que poderão nos ajudar a formular um

conceito, sobre o que seria o Ecumenismo e sua proposta “Será sinônimo da tentativa de

converter o parceiro e de imprimir-lhe a própria identidade? Limitar-se-á à preservação

da boa vizinhança ou à cooperação em assuntos de comum interesse? Vai esgotar-se em

intermináveis diálogos sem jamais produzir resultados de ordem político-eclesiástica? ”.

Porém, começaremos analisando o termo em questão e sua origem para em seguida

aprofundarmos a compreensão.

A palavra ecumenismo se origina da palavra grega (oikoumene),

formada a partir de duas outras palavras: do substantivo (oikos), que

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significa casa, habitação, família, habitantes da casa, estirpe,

descendência, vivenda, aposento ou povo;

e do verbo (meno), que

significa ficar, permanecer, esperar, persistir, continuar a ser, a existir, a

subsistir. Termo em questão significa: casa, terra habitada, mundo

habitado, ou humanidade. Neste sentido, seria o mundo habitado por

diferentes povos.

O primeiro significado atribuído a palavra ecumenismo referia-se a questões de

ordem política fazendo sentindo a um território conquistado, assim Gregos e Romanos

outorgaram tal semântica a palavra Ecumenismo. “Pressupõe-se que, neste sentido,

oikoumene se trata do Império Romano ou todo o mundo sob o poder dos romanos cujo

símbolo do poder político-ideológico era a Pax Romana. ” (LIRA, 2006) “As

perspectivas geográfica e cultural, entrelaçadas, aparecem como significado primeiro da

palavra ecumenismo” (NAVARRO, 1995). Mas como é conhecido, actualmente

Ecumenismo refere-se a busca pela unidade Eclesial.

Houve épocas em que o significado de "ecumenismo" parecia

consensual. Tratar-se-ia do resgate da unidade visível dos cristãos. Era

esse o propósito que estava na raiz do movimento ecumênico moderno

e que lhe conferiu a dinâmica. Embora fosse uma iniciativa

protestante, predominantemente do mundo anglo-saxão, a Igreja

Católica Romana, impelida por teólogos como Y. Congar, K. Rahner

e, sobretudo, pelo Papa João XXIII acolheu o compromisso da

"Reintegração da Unidade", como o decretou o Concílio Vaticano

112. Portanto, "ecumenismo" é termo de conotação eclesiológica. Tem

a unidade da Igreja por meta. Designa o empenho por reunir os fiéis

"todos sob o mesmo Cristo", cumprindo o desejo do Mestre de que

todos sejam um (Jo 17.21). Cresce a consciência desse mandato não

ser opcional, e, sim, obrigatório da Igreja. Se ela é essencialmente

uma, como dizem a Escritura e o Credo, a preocupação pela sua

unidade é tarefa inalienável. (BRAKEMEIER, 2001)

A acepção que temos do referido tema tem o início de sua formulação no século

XIX, mais precisamente em 1846 quando da constituição da Aliança Evangélica

constituída com membros de várias denominações cujo objectivo era convocar um

concilio ecumênico mundial, outro evento marcante foi a Conferencia Ecuménica

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Missionária realizada na cidade de Nova York em 1900. Segue – se a essa a

Conferência Missionária Mundial com realização em Edimburgo em 1910. Segundo

Fontana desta se originará três movimentos:

a) Fé e Ordem é um movimento dedicado a trabalhar pela reconciliação das

denominações divididas. As conferências foram realizadas em 1927, Lausanne e em

1937, Edimburgo.

b) Vida e Trabalho é movimento preocupado com a relação da fé cristã com as

questões sociais, políticas e económicas. As conferências foram realizadas em 1925,

Estocolmo e em 1937, Oxford.

c) Concílio Missionário Internacional foi formado em 1921 e em 1961 se

integrou formalmente ao Conselho Mundial de Igrejas.

E nas conferências Vida e Trabalho e Fé e Ordem é aprovada a criação de um

conselho mundial de igrejas (CMI) com local e data para sua efectivação (Utrecht em

1938), porém somente em 1948 que objectivo é alcançado, pois a segunda grande

Guerra mundial impossibilita a realização.

[...] O Conselho Mundial de Igrejas foi formalmente constituído em

1948 em Amsterdão por delegados de 147 igrejas de 44 países. Hoje

ele congrega mais de 340 igrejas, denominações e associações de

igrejas em mais de 100 países e territórios no mundo, representando

cerca de 400 milhões de cristãos e incluindo a maioria das igrejas

Ortodoxas no mundo, representações das denominações das igrejas

tradicionais da Reforma Protestante como a Anglicana, Batista,

Luterana, Metodista e Reformada, bem como muitas igrejas unidas e

independentes. Exceto a Igreja Católica e algumas (mas não todas)

igrejas evangélicas pertencem ao Concílio Mundial de Igrejas. Os

romanos atuam conjuntamente com CMI em várias questões comuns

relacionadas ao ecumenismo. (FONTANA, 2006)

Vale ressaltar que mesmo não sendo membro do CMI desde 1961 a Igreja

Católica Romana tem enviado observadores oficiais às assembleias gerais. O conselho

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mundial de Igrejas tem atuado principalmente através de suas assembleias gerais das

quais já houve oito realizações sendo a primeira realizada em 1948 na Holanda

(Amsterdão) “Entre 22 de agosto e 4 de Setembro, mais de 350 delegados,

representando 147 igrejas de 44 países, reuniram-se em Amsterdão. O tema foi As

desordens humanas e os desígnios de Deus. Esta reunião completou a tarefa de criação

de um conselho ecumênico internacional.” E a última realizada em 1998 no Zimbábue

“com o tema Volte-se para Deus,

A actuação do CMI tem permitido o surgimento de um sentimento ecumênico tem

se instaurado cada vez mais entre a diversas denominação como afirma Fontana e

mesmo a Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) começa a reconhecer não possuir

toda a verdade, assim há um sentimento de cooperação e amizade entre as diversas

denominações. Ainda perdura entre os evangélicos um dualismo há os que reconhecem

a necessidade de maior abertura e diálogo, contudo outros vêem com maus olhos a

aproximação inter-religiosa.

As acções do CMI têm propiciado um sentimento ecumênico dentre as

diversas denominações cristãs. Cada vez mais há um espírito de

cooperação e amizade. As igrejas, na maioria, reconhecem que elas

não possuem a verdade toda e estão abertas a aprenderem umas com

as outras. Observa Tony Lane que "até a Igreja Católica Romana tem

modificado significativamente suas reivindicações anteriores de

possuir a verdade toda. Os evangélicos estão divididos em sua atitude

com o movimento de unidade ecuménica, mas a maioria está pronta

para reconhecer os outros como cristãos iguais de quem eles podem

aprender" (FONTANA, 2006).

O teólogo dominicano Francês Yves Congar (1904-1995) tem a visão do termo

ecumenismo como sendo uma “amplitude” uma representação de um todo, logo dentro

deste há um dinamismo expresso por diferentes propostas das quais Lira elenca algumas

em seu artigo “O Ecumenismo como instrumento de Acção Afirmativa do Centro Ecuménico de

Cultura Negra (CECUNE).”

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1.2.Outras formas de Ecumenismo

1.2.1. Ecumenismo institucional - O ecumenismo não pode ser

entendido sem a tensão entre o institucional e o pessoal. Os pioneiros

ecuménicos nunca renunciaram a vinculação eclesial. Encontramos

exemplos dessa forma organizada e estruturada nos organismos ecuménicos:

Conferencia Missionaria Mundial de Edimburgo (1910), Assembleias de

Lausanne e de Edimburgo, que geraram os movimentos ‘Fe e Ordem’ e

‘Vida e Acção, que constituem elementos de uma estrutura coerente e

organizada a fim de zelar pelo objectivo do ecumenismo.

1.2.2. Ecumenismo doutrinal - O ecumenismo doutrinal e uma

expressão subjacente ao ecumenismo institucional. O que não quer dizer que

esteja fora do institucional. Cientes de que as causas das separações da

Igreja se deram a partir de questões ligadas a profissão da fé verdadeira

(ortodoxia), precisamos admitir que estes problemas de ordem doutrinal

continuam gerando infindos colóquios. Por esta razão, o ecumenismo

doutrinal se torna importante, pois ele constitui como verdadeiro passo em

direcção a unicidade crista em sua totalidade.

1.2.3. Ecumenismo espiritual - Nos textos litúrgicos e devocionais de

católicos, ortodoxos, anglicanos e protestantes, apresentam-se orações que

pedem a Deus pela unidade da Igreja. Sem negar a tarefa doutrinal, e notório

que a unidade em sua plenitude e contemplada pela convergência na

espiritualidade compartilhada entre todas as pessoas cristas. Estas orações

comuns que relatam a intensidade de petição pela unidade constituem um

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passaporte valido para a unidade: a oração compartilhada nos leva a um

sentimento de união com o Senhor de todos e todas.

1.2.4. . Ecumenismo local ou de ‘base’ - O ecumenismo local se dá

mediante uma realidade expressiva, rica e diversa; diferentemente das outras

antes citadas. Embora o ecumenismo local não deixe de ser um ecumenismo

institucional, doutrinal e espiritual, a medida que exigia a representação da

hierarquia nos movimentos sociais que lutavam por justiça, costumava

identifica-lo como ‘ecumenismo de base’. Em linhas gerais, ecumenismo

local significa o ambiente ou âmbito em que pessoas leigas, paroquias,

constituem uma ‘base’ ecuménica, ou, em termos eclesiológicos, representa

o espaço do povo de Deus

1.2.5. Ecumenismo secular - Diante de alguns problemas quanto a

uma decisão e atitude para uma unidade, o ecumenismo eclesiástico parecia

insustentável. Por esta razão, surge o chamado ‘ecumenismo secular’, como

fruto de uma reflexão teológica, em uma proposta por meio de um método

indutivo, partindo-se da história de nosso tempo e considerando a

encarnação como tema central dessa reflexão, terá a capacidade de

revivificar um ecumenismo que jazia entre as paredes e muros das fronteiras

eclesiásticas.

Através da apresentação dos diversos tipos de ecumenismo fica claro como não

cabe um mero reducionismo que o coloque apenas como a busca pela unidade eclesial

há os que não querem fugir desta visão (doutrinal-teológica), uma vez que “Enfrenta a

suspeita de promover o sincretismo”, porém tanto na esfera política quanto social o

ecumenismo é actuante - “Para o CMI, a unidade da Igreja jamais tem sido um fim em

si mesma. Deveria ser instrumento de paz entre todos os habitantes desta terra” -, pois

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reconhece o que dialogo pode ser a forma de mediar e remediar conflitos como

esclarece Brakemeier.

Fica claro, pois, que o problema da unidade não se esgota numa

questão de dogmática cristã. É assunto eminentemente prático, de

abrangentes relações sociais. Busca evitar o tão falado clash of

cívilizations, a colisão das culturas1? É engajamento em favor da "paz

na terra, entre as pessoas a quem Deus quer bem" (Lc 2.11). O

"Ecumenismo" pode ser o mutirão em favor da dignidade humana, do

que tem sido um bonito exemplo a "Campanha da Fraternidade

Ecuménica" no ano 2000. Diante do desprezo pela vida humana, as

Igrejas se vêem compelidas a cooperar, a despeito de suas diferenças

doutrinais. Buscam o consenso ético numa práxis diaconal que a seu

modo questiona o dissenso no dogma. Mais desta vez o termo

"ecumenismo" adquire um significado peculiar. Reúne um público

distinto daquele que busca o consenso na teologia, processa-se em

outros moldes, persegue não exactamente os mesmos objectivos.

Reflectindo sobre a natureza etimológica da palavra ecumenismo que seria a casa

ou o local de habitação (Oikos) e futuramente entendido sobre perspectivas políticas

seja por Gregos ou Romanos. Uma aplicação coerente do ecumenismo seria a de

preservar nossa casa de habitação (planeta) por meio de uma congregação política,

como os Romanos deve-se fazer do campo religioso uma área de influência de domínio,

da cordialidade, dialogo e respeito.

Num país em que a cada dia cresce a miséria e se multiplicam as

mortes causadas por fome, subnutrição e violência, a divisão dos

cristãos se constitui em escandaloso luxo. Nessa consciência reside,

sem dúvida, o principal motivo da extraordinária dinâmica que

caracteriza o ecumenismo brasileiro e latino-americano. A unidade

dos cristãos é uma exigência prática, imposta pelas indignas condições

de vida da maioria do povo e decorrente do compromisso com a luta

por justiça e libertação. (BRAKEMEIER)

Segundo Fontana, que é partidário da visão que actualmente o movimento

ecuménico apresenta-se em estagnação. Por parte do ICAR que não participa do CMI

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não se colocando como mais uma denominação. Ou por parte de protestantes que

“influenciados pelo Pietismo ou pelo fundamentalismo” também colocam-se como

sendo os Cristãos “verdadeiros”.

O quadro actual não é dos mais positivos. O ecumenismo, segundo

Gottfried Brakemeier, depois de uma época de avanços sofre agora

estagnação.5 O Rev. Carlos Calvani é da mesma opinião e chama a

atenção em seu artigo "Pezinho pra frente, pezinho pra trás" –

reflexões de um anglicano sobre o ecumenismo6 para a inflexibilidade

da Igreja Católica Romana quando se fala de ecumenismo. Não

obstante devemos apontar também que existe no meio protestante uma

grande resistência à proposta ecuménica. (FONTANA, 2006)

A unidade no corpo de Cristo (igreja) foi vivida nos primeiro séculos de sua

existência, assim não é tarefa futura, mas de retorno e de necessidade teológica, pois foi

solicitada por Cristo “Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim

como nós somos um” João 17:22 e expressa nas escrituras Cristãs “Há um só corpo e

um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação;

Um só Senhor, uma só fé, um só baptismo; Um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre

todos, e por todos e em todos vós.” Efésios 4:4-6, logo o ecumenismo pode ser visto

como processo de restauração de uma ordem já vivida como afirma Brakemeier “a

palavra "ecuménico" passa a qualificar determinada mentalidade. Consiste na

consciência do vínculo que há entre todos que professam o nome de Jesus Cristo, e da

necessidade da reconciliação entre as Igrejas divididas. Pois a unidade das Igrejas e de

seus membros é anterior às suas divisões. A unidade está em Cristo. Ela é dom antes de

ser tarefa. Não cabe ao ecumenismo construir ou produzir a unidade. Cabe-lhe, isto sim,

visualizar a unidade que em Cristo já existe”. Pois, o Ecumenismo depende muito do

Dialogo como ponto de partida.

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1.3.Diálogo Religioso

Este Diálogo também pode ser Inter-religioso, promovendo a unidade de várias

religiões num processo de entendimento mútuo. O Ecumenismo é um facto novo na

História das Igreja, que muitas vezes provem do pluralismo religioso que é um dos

elementos integrantes das sociedades plurais contemporâneas. O seu estudo é muito

importante, visto que a ideia de algumas denominações religiosas estarem juntas por

diversos objectivos que espelham nas causas sociais e nos seus desafios que prevalecem

como factor necessário ecuménico. Porém, para haver dialogo, é imprescindível existir

fundamentos na educação religiosa para o ecumenismo.

1.4.Fundamentos da Educação Religiosa Ecumenismo e Diálogo Inter-

Religioso

No processo de conversação entre duas ou mais pessoas, quando aplicado ao

contexto das religiões, é importante uma boa educação religiosa sobre o Ecumenismo

visto que, o diálogo neste contexto assume um papel de mediador, para relações

construtivas no âmbito religioso. Pois, um diálogo autêntico pode traduzir um encontro

de interlocutores pontuados pela dinâmica da alteridade, do intercâmbio e reciprocidade. É

no processo dialogal que os interlocutores vivem e celebram o reconhecimento de sua

individualidade e liberdade.

Neste caminho é que o diálogo inter-religiosos se estabelece, pois na relação com

pessoas de outras confissões religiosas haverá o enriquecimento e valorização do outro,

busca-se com isso um conhecimento mútuo que venha ampliar a cosmovisão que faça

entender a natureza das diferenças estabelecendo-se um ambiente propicio para o

respeito e tolerância. Dentro da extensa variedade de formas de diálogo, situa-se o

diálogo inter-religioso com sua peculiaridade própria. Trata-se do “conjunto das

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relações inter-religiosas, positivas construtivas, com pessoas e comunidades de outras

confissões religiosas, para um mútuo conhecimento e um recíproco enriquecimento”. O

diálogo inter-religioso instaura uma comunicação e relacionamento entre fiéis de

tradições religiosas diferentes, envolvendo partilha de vida, experiência e conhecimento.

Esta comunicação propicia um clima de abertura, empatia, simpatia e acolhimento,

removendo preconceitos e suscitando compreensão mútua, enriquecimento mútuo,

comprometimento comum e partilha da experiência religiosa.

Há que se ressaltar que o diálogo inter-religioso não pode ser confundido com

sincretismo religioso, uma vez que nasce de pessoas comprometidas com sua fé e

religião, mas ao mesmo tempo dispostas ao aprendizado e convívio de forma

harmoniosa, o desejo de ir além da tolerância que busca a compreensão sem contudo

abandonar a fé pessoal o que ressalta a importância do outro na vivência e construção da

identidade pessoal com esclarece Martin Buber, “o homem se torna Eu na relação com o

TU”. É no diálogo que os interlocutores têm a possibilidade de expressar suas opiniões

e ultrapassar seus pré-conceitos estabelecidos que sem a conversação podem actuar

como barreiras a boa convivência religiosa. O teólogo suíço Hans Küng faz pontual

reflexão sobre a importância do diálogo inter-religioso como meio de estabelecer um

contexto de paz por meio de uma atitude austera:

Não haverá paz entre as nações, se não existir paz entre as religiões.

Não haverá paz entre as religiões, se não existir diálogo entre as

religiões. Não haverá diálogo entre as religiões, se não existirem

padrões éticos globais Nosso planeta não irá sobreviver, se não houver

um ethos global, uma ética para o mundo inteiro. (KÜNG, 2004, p. 17)

O que muitos consideram como marco inicial do diálogo inter-religioso

contemporâneo ocorreu em 1893 com o Parlamento Mundial das Religiões, que

ocorreu nos EUA na cidade de Chicago “Reuniu 4000 pessoas na sessão inaugural.

Durante 18 dias, dos 400 delegados, 150 tomaram a palavra. Teve a adesão de

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religiosos orientais e a curiosidade de líderes judeus, cristãos e muçulmanos mais

abertos”. Um século depois a cidade de Chicago voltaria a ser palco de outro marco

importante para o processo dialogal das religiões.

Em 1993, um século depois, novamente em Chicago, o “Parlamento” fazia nova

assembleia-geral. Neste, os participantes aprovaram a “Declaração por uma Ética Mundial”,

a partir da ajuda teológica de Hans Küng e da “Fundação por uma Ética Mundial”,

organismo de carácter internacional e inter-religioso. (BARROS) É neste evento que são

formulados os seis princípios que buscam uma ética mundial estabelecidos na

“Declaração por uma Ética Mundial”:

1. Não é possível uma nova ordem mundial sem uma Ética mundial.

2. A exigência fundamental desta Ética é que todo ser humano seja tratado de forma

humana.

3. É urgente criar uma cultura da não-violência e do respeito por cada ser vivo.

4. Uma cultura da solidariedade e uma ordem económica justa.

5. Cultura da tolerância e de paridade de direitos e igualdade entre homem e mulher.

6. É necessária uma transformação de consciência sem a qual estas propostas

anteriores não seriam profundas.

Por parte da ICAR o Concílio do Vaticano II marcou uma abertura do Romanismo

às outras religiões, visto que passam a reconhecer que em outras expressões religiosas

estão presentes manifestações da “verdade” transmitida pela ICAR. “Com sincera

atenção, a Igreja considera os modos de viver e agir, os preceitos e doutrinas das outras

religiões. Nada rejeita do que, nelas, existe de verdadeiro e santo. Mesmo que, em

muitos pontos, seus ensinamentos estejam em desacordo com o que a Igreja pensa e

anuncia, não raro, reflectem lampejos daquela Verdade que ilumina todo ser humano”

(...)“A Igreja exorta seus filhos a reconhecer, manter e desenvolver os bens espirituais e

morais, como também os valores socioculturais que existem nas outras religiões que,

mesmo contendo elementos doutrinais que a Igreja não concorda, têm lampejos da

verdade que iluminam todos os seres humanos” (CONCILIO VATICANO II, apud,

BARROS).

Já em território nacional um marco para o contexto brasileiro foi a Eco-92,

Conferência Mundial sobre o meio ambiente, que aconteceu em julho de 1992 na

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Cidade do Rio de Janeiro fato relevante ocorrido na Eco-92 foi a “celebração inter-

religiosa: um novo dia para a terra”:

Foi uma experiência única para todos aqueles que participaram das

actividades ocorridas na “aldeia sagrada”, que transformou o aterro do

Flamengo com suas tendas espalhadas por todos os cantos. Como

acentuou o antropólogo Carlos Rodrigues Brandão, cerca de “3000 fiéis

de 25 religiões e credos tão diversos como o catolicismo, o hinduísmo,

o judaísmo e o candomblé, esperaram o amanhecer da sexta-feira como

a chegada de um novo dia para a Terra”. (TEIXEIRA)

Quando reflectimos sobre o campo religioso brasileiro vislumbramos um contexto de

pluralismo religioso, no qual o convívio mostra-se difícil e uma realidade de disputas

por fiéis de pouco diálogo e muitos anátemas. Zabatiero define algumas características

do campo:

2. Dinamicidade - Os dados estatísticos do Censo 2000 e pesquisas mais recentes do

CPS/FGV indicam, basicamente, que o campo religioso brasileiro actual possui

elevado grau de dinamicidade: * algumas instituições religiosas crescem em ritmos

elevados, algo semelhante ocorrendo com pessoas sem religião; * a ICAR, que vinha

experimentando um intenso declínio quantitativo até o ano 2000 parece, segundo

dados de 2003, estar começando a se equilibrar e a recuperar terreno; * o trânsito

religioso é intenso, embora a sociedade brasileira continue predominantemente cristã

(90%);

3. Midiatização - Outro dado a se ressaltar no campo religioso brasileiro actual é a

intensa midiatização do discurso religioso, tanto na TV aberta – mais usada pelos

neopentecostais – quanto na TV a cabo – mais usada pela ICAR. * Através da mídia,

a conflitividade do campo se destaca, com intensa busca de novos fiéis e,

especialmente, novos contribuintes/investidores; * Aparentemente, as estruturas

discursivas da TV estão influenciando os modos de pregação e comunicação em

âmbito local (templos); * O discurso religioso na mídia, especialmente na TV aberta,

sugere que a mundanização da fé cristã continua seu curso, paralelamente a uma

reinserção de aspectos mágicos nas práticas litúrgicas e pessoais.

4. Mundanização - Continuo usando o termo mundanização no sentido da teoria da

secularização, sem qualquer tipo de conotação moral (o processo mediante o qual as pessoas

se tornam menos preocupadas com questões transcendentais e mais voltadas às questões

intra-mundanas). Talvez se possa dar uma formulação mais precisa ao termo a partir da

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18

análise da pregação midiática no Brasil: “o processo mediante o qual as pessoas, mediante o

recurso a fatores transcendentais, buscam respostas a questões intra-mundanas”. Da

Mundanização decorre a Mercadorização.

5. Mercadorização - O processo mediante o qual as crenças e práticas religiosas são

ressignificadas como bens ou produtos a serem consumidos individualisticamente.

Neste caso, pode-se aceitar a validade parcial do conceito de compensador da teoria

da religião, de Stark & Bainbridge: “quando os seres humanos não conseguem obter

recompensas intensamente desejadas com facilidade e rapidez, eles persistem em

seus esforços e podem, com frequência, aceitar explicações que ofereçam apenas

compensadores. Estes são substitutos intangíveis para a recompensa desejada, tendo

o caráter de dívidas, cujo valor deve ser aceito pela fé”.

Pierre Bourdieu citado por Zabatiero define campo de seguinte forma: “O campo

se define como o locus onde se trava uma luta concorrencial entre os atores em torno

de interesses específicos [...] onde se manifestam relações de poder [...]” sua

aplicabilidade expande-se ao campo religioso brasileiro onde fieis são vistos como

clientes que devem ter suas necessidades atendidas. A dinâmica de mercado toma

conta das relações religiosas, nas quais teologias como a da prosperidade legitimam

as riquezas como favor divino. Nesta perspectiva, os fiéis transitam entre diferentes

propostas religiosas na busca de suprir seus desejos e consumir do que lhes é

oferecido no mercado da fé, assim aplica-se a Mundanização, homens e mulheres

que se dirigem ao transcendente na busca de suprir demandas mundanas.

Denominações disputam palmo a palmo novos clientes-fieis, cada denominação é

vista como concorrente, opositora aos objectivos de crescimento (vertiginoso foi o

crescimento experimentado pela IURD “conforme os dados dos dois últimos Censos

Demográficos, essa igreja cresceu nada menos que 718% entre 1991 e 2000”). Logo,

diálogo não é a palavra mais comum a ser ouvida entre algumas denominações (em

especial pentecostais e neopentecostais, esses atuam expressivamente através do

meios midiáticos, compreendendo a sociedade, altamente imagética), o Brasil

apresenta elevada pluralidade religiosa, assim é preciso haver maior abertura,

diálogo, de modo que os anátemas deixem de existir, o monge italiano Enzo Bianchi

(citado por Barros) estabelece algumas atitudes para se chegar ao diálogo que se faz

tão necessário no contexto brasileiro e mundial:

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1 – Aceitar que haja uma diferença entre nós e reconhecer o direito que o outro

tem a ser outro (direito à alteridade)

2 – Iniciar o diálogo pela escuta interior e profunda do diferente.

3 – Deixar que seja o outro que se defina e aceitar esta autoleitura. (Por exemplo,

como eu não sou do candomblé, não devo defini-lo)

4 – Assumir a própria identidade e aprofundá-la para distinguir na minha fé o que

é essencial do que não o é.

5 – Olhar o outro como igual. Não há diálogo sem igualdade entre os parceiros

6 – Excluir toda atitude de auto-suficiência e de arrogância teológica ou doutrinal

ou ritual.

7 — Para dialogar com o outro, partir do mais próximo e sublinhar os pontos em

comum.

1.4. Necessidade da relação entre a Igreja e o Ecumenismo

O Ecumenismo parece ser um novo momento histórico que traz consigo um apelo,

um desafio às Igrejas cristãs para experimentarem a oração do Senhor: “que todos

sejam um para que o mundo creia!”. A necessidade do ecumenismo surge por causa

da história das divisões, pois, como se soluciona o conflito em Actos 15. Nos

primeiros séculos por causa da Humanidade e Divindade de Jesus. Isto causou

divisão e é um facto histórico que não podemos ignorar.

1.5. Divisões na Igreja, um facto Histórico

No Século XI, a Igreja Ocidental ou Católica Romana de língua latina e rito

romano e a Igreja Oriental ou ortodoxa de língua grega e rito bizantino celebram uma

das mais marcantes divisões na História da Igreja. No Século XVI, a Igreja conhece

uma crise, a Reforma Protestante. em 1517 Martinho Lutero, toma uma legítima causa

religiosa e torna-a um instrumento político-Religioso para a sociedade do seu tempo.

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Enquanto que a Reforma Católica, em 1546 no Concílio de Trento, se preocupa com as

questões doutrinárias que dividem a Igreja e tornam-se factores de identificação.

1.6.Igrejas e Ecumenismo: uma relação identitária

Apesar de mostrar plena consciência de vários entraves práticos e institucionais que

apresentam a tendência de separação e tensões entre as duas grandezas, é necessário

defender a relação de identidade autêntica entre o ecumenismo e as Igrejas. Como

afirma Wolff, Diante das dificuldades que as Igrejas costumam apresentar frente ao

movimento ecumênico, o autor propõe, concretamente, três desafios para estreitar os

vínculos entre ambos, concluindo com a apresentação de alguns passos que deverão

nortear o caminhar ecumênico das igrejas (Wolff, 2005, p.3).

Pois, é de fundamental importância no movimento da busca da unidade cristã, sendo

uma relação tão estreita que a natureza, identidade e finalidade de um desses elementos

implica directamente na natureza, identidade e finalidade de outro. Igualmente, as forças

e fragilidades de um são também as forças. Ele contribui para fortalecer a força

profética da Igreja, devolvendo-lhe a capacidade de testemunhar a unidade, a comunhão

e a solidariedade no mundo. Desta feita, o ecumenismo e a Igreja se pertencem

mutuamente: a causa do ecumenismo é a causa da Igreja e vice-versa, de modo que

“Querer a unidade é querer a Igreja” é por amor à Igreja que se busca abrir caminhos de

diálogo no interior do pluralismo eclesial, esforçando-se por realizar a Igreja que

possibilite a vivência do Evangelho da unidade e da comunhão. Pois, sendo uma relação

identitária, ela deve ser fundada na liberdade religiosa para um bom equilibrio do

ecumenismo.

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1.7. Liberdade religiosa e Ecumenismo.

A questão da liberdade religiosa está no cerne da preocupação ecuménica, e o

progresso do movimento ecuménico tem sido, de facto, um dos elementos

determinantes no reconhecimento cada vez mais amplo do direito à liberdade religiosa.

O texto de Amsterdão define a liberdade religiosa como um direito que, "sem

consideração da raça, da cor, do sexo, da língua ou da religião e sem prejuízos através

de determinações legais ou medidas admi-nistrativas", deve ser reconhecido a cada

indivíduo na sociedade bem como aos grupos religiosos, um direito por cuja

observância e garantia os poderes públicos têm especial responsabilidade1. Na

consciência disso, o presente estudo entende-se como uma reflexão, em diversos

registos, à volta da relação estreita que existe entre liberdade religiosa e ecumenismo.

Para a Igreja Católica, procura-se numa primeira parte mostrar essa

interdependência, tomando como ponto de partida a Declaração sobre a liberdade

religiosa do Concílio Vaticano II e os desenvolvimentos do ecumenismo no pós-

Concílio. Uma segunda parte, mais voltada para tarefas e perspectivas de futuro,

pergunta-se por alguns critérios fundamentais que devem presidir à cooperação

ecuménica na perspectiva do respeito integral e cada vez mais profundo da liberdade

religiosa.

Do lado não católico fazia-se da aprovação de um documento que reconhecesse o

direito à liberdade religiosa "uma condição de todo o ecumenismo e um critério da

sinceridade de toda a intenção ecuménica"2. Uma tal iniciativa, na medida em que

permitia a superação de muitos preconceitos e a eliminação de acusações mútuas (de

1 Eine Erklärung Uber die religiöse Freiheit, in W. A. VISSER'T HOOFT (ed.), Die erste

Vollversammlung, 130. 2 P.-A. Liégé, La liberte religieuse, impératif de la mission, in J. C. MURRAY — E. SCHILLEBEECKX

— A. F. CARRILLO DE ALBORNOZ — P.-A. LIEGE, La liberté religieuse, 1964, p.166

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resto, nem sempre injustificadas!), era vista na altura como algo que constituía mesmo

"a pedra de toque do diálogo ecuménico. "E completamente evidente escrevia pouco

antes da aprovação do texto conciliar um especialista no tema que uma declaração clara

e sem ambiguidades do Concílio do Vaticano sobre a liberdade religiosa será duma

importância crucial para definir a posição da Igreja católica romana para com os não-

católicos.

Pois, todo o avanço ecuménico da Igreja católica será totalmente desprovido de

fruto e de significado real enquanto a Igreja não tiver declarado de maneira clara e

oficial que tenciona respeitar a liberdade dos outros crentes, mesmo se tiver o poder ou

a ocasião de agir de outro modo, e que ela condena a intolerância, a perseguição, a

discriminação por motivos de crença religiosa"3. Compreende-se assim que o efeito

imediato da aprovação do texto conciliar um passo de alcance epocal em termos de

pensamento católico, pelo que significou de cesura relativamente à tradição magisterial

anterior, mas também pelos horizontes que apontava e que iam muito para além da

mentalidade então maioritariamente vigente no campo católico. foi a criação de uma

base indispensável para um diálogo ecuménico leal e confiante, assente no

reconhecimento sem reservas do direito à existência das comunidades de fé não

católicas4. Do conjunto dos textos conciliares relevantes para esta questão a Declaração

sobre a liberdade religiosa, mas também o Decreto sobre o ecumenismo podia-se

concluir, sem margem para hesitações, que "a liberdade religiosa é e deve ser

eminentemente ecuménica, e isto por duas razões principais: a primeira é que não pode

3 A. F. CARRILLO DE ALBORNOZ, La liberté religieuse et le deuxième Concile du Vatican, in

Lumière et Vie 69 (1964) 51. O artigo apareceu original-mente em The Ecumenical Review 16

(1963-64) 395-405. São de salientar, pela importância ecuménica que tiveram na altura da sua

publicação, os seguintes estudos de A. F. CARRILLO DE ALBORNOZ: Le catholicisme et la

liberté religieuse, Paris 1961; Bases de la libertad religiosa, México-Buenos Aires 1964; La

libertad religiosa y cl Concilio Vaticano II, Madrid 1966. 4 PH.-I. ANDRÉ-VINCENT, La liberté religieuse, droit fondamental, Pans 1976, p.55.

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haver ecumenismo verdadeiro sem liberdade religiosa; e a segunda é que esta liberdade

deriva necessariamente do ecumenismo.

1.8. Ecumenismo e condições de realização prática da liberdade

religiosa

Nota-se que o percurso do movimento ecuménico no pós-Concílio permitiu

desenvolver e amadurecer elementos vários em termos de convicções, de valores, de

comportamentos práticos que caracterizam as actuais relações interconfessionais e que,

não envolvendo embora em linha directa e imediata a questão da liberdade religiosa,

constituem, no entanto, um clima e um conjunto de pressupostos essenciais em ordem a

uma concretização efectiva desse direito fundamental. Enquanto elementos fulcrais no

relacionamento mútuo entre as diversas confissões cristãs e como impulsos de avanço

nessas relações eles representam e aqui sublinho apenas quatro grandes aspectos

dimensões determinantes também para a questão prática da liberdade religiosa, em

particular porque revelam uma nova atitude, dentro da qual é possível reconhecer

melhor, mais plenamente, aquele direito.

Um primeiro elemento neste direito é algo genérico embora, mas rigorosamente

basilar é a convicção de que o movimento ecuménico actual é fruto da acção do

Espírito, constituindo-se assim não só em acontecimento epocal e, de certa forma,

independentemente já de toda a evolução que se vier a verificar na história do

cristianismo neste final do segundo milénio, mas também em dado irreversível de uma

consciência cristã que procura ser o mais possível fiel ao Evangelho. A afirmação

conciliar dessa presença e acção do Espírito é retomada de forma constante e premente

na "Ut Unum Sint", podendo mesmo dizer-se que a referência ao Espírito e sua acção

transcendente na Igreja e no mundo é a ideia-chave que impregna a encíclica (em mais

de um terço dos números do documento fazem-se referências ao Espírito Santo!)33.

Uma transcendência da acção do Espírito que os católicos descobrem na vida dos

membros das outras Igrejas e Comunidades eclesiais.

Uma transcendência do poder do Espírito que se revela de modo particular como

capacidade de vencer barreiras criadas pelos homens, o que se manifesta de forma

expressiva e concreta e esta é uma pertinente intuição do magistério pontifício mais

recente na presença universal dos mártires e dos santos nas diversas Igrejas e

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Comunidades eclesiais: "Visto que, na sua infinita misericórdia, Deus pode tirar o bem

até mesmo das situações que ofendem o seu desígnio, podemos então descobrir que o

Espírito fez com que as oposições servissem, em algumas circunstâncias, para explicitar

aspectos da vocação cristã, como sucede na vida dos santos"e nos frutos desta acção do

Espírito que os cristãos conseguem captar o muito de comum que já os une, e isso como

convicção e impulso basilares de todo o movimento ecuménico. E esta consciência da

presença viva e actuante do Espírito Santo nas outras Igrejas é também a base mais

consistente para o desenvolvimento de uma teologia das "Igrejas irmãs" e do próprio

modelo de unidade a que, nesta mesma linha de pensamento e de acção, se pretende dar

concreta configuração histórica. A esta luz, no reconhecimento do direito à liberdade

religiosa não está sim-plesmente em jogo a tolerância de uma realidade totalmente nega-

tiva, mas uma consciência renovada de tudo quanto positivamente já une os cristãos e,

sobretudo, o respeito profundo por opções existenciais das quais não está ausente a

presença e acção do Espírito.

Nesta consciência e como fruto exteriormente mais visível do ecumenismo nas

últimas décadas aparece o desenvolvimento do diálogo a todos os niveis, e em particular

o diálogo teológico entre as grandes famílias confessionais. A visão pós-conciliar do

ecumenismo é a de um amplo e permanente diálogo, um diálogo que abrange todas as

dimensões do viver eclesial, um diálogo que assenta na capacidade de escutar o que

cada uma das Igrejas tem a dizer às outras na busca de uma maior fidelidade ao

Evangelho, um diálogo que é a atitude essencial do próprio ecumenismo: "E preciso

passar exorta a "Ut Unum Sint" de uma posição de antagonismo e de conflito para um

nível onde um e outro se reconheçam recipro-camente como parceiro. Quando se

começa a dialogar, cada uma das partes deve pressupor uma vontade de reconciliação

no seu interlocutor, de unidade na verdade". E com uma insistência que não pode deixar

de ser sublinhada, a mesma encíclica, depois de lembrar que o diálogo se tornou "uma

expressa necessidade, uma das prioridades da Igreja" destaca a importância vital que

cabe ao diálogo ecuménico em ordem a um conhecimento mais verdadeiro e a uma

apreciação mais justa e mais completa da doutrina e da vida de cada Comunhão e de

facto, não podem deixar de assinalar-se neste contexto os imensos progressos,

verdadeiramente impensáveis há umas décadas atrás, que foram conseguidos no pós-

concílio no âmbito do diálogo teológico, permitindo que se tivesse passado de uma

amálgama, mais ou menos indeferenciada, de questões de controvérsia a um conjunto de

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problemas nucleares, de certa forma relacionados entre si como focos principais da

divisão doutrinal que persiste.

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2. A RELAÇÃO DAS IGREJAS COMO MOVIMENTO ECUMÊNICO NA

HISTÓRIA

O movimento ecuménico nasceu à margem das Igrejas, na actuação e nos ideais

de cristãos leigos e cristãs leigas que desenvolveram profundamente o espírito do

diálogo e a aspiração da unidade. E teve seu desenvolvimento através das associações

por eles criadas, a partir da segunda metade do século XIX, como a Associação Cristã

de Moços e Moças (Inglaterra e EUA, 1844 e 1854, respectivamente), a Federação

Mundial de Estudantes Cristãos (1895), as ligas missionárias (que levaram à criação do

Conselho Missionário Internacional, 1921), entre outras. A relação das igrejas com o

movimento ecumênico acontece num segundo momento, quando líderes eclesiásticos se

integram na caminhada ecuménica de carácter laical, envolvendo a totalidade das

próprias igrejas. Dão, assim, a sua contribuição específica para o ecumenismo.

Mas essa relação não é pacífica. As instâncias oficiais apresentam receios e

exigências que, mesmo buscando incentivar e orientar o caminhar ecumênico dos fiéis,

podem diminuir o ritmo da caminhada desenvolvida pelas iniciativas leigas. As igrejas

sentem “riscos” como a perda da identidade confessional, o relativismo da fé eclesial, a

perda do “controle” das iniciativas ecumênicas de seus fiéis. Constata-se, assim, uma

tensão entre orientações oficiais e iniciativas ecumênicas no meio popular. Nas

tradições eclesiais consideradas “históricas”, não há pronunciamentos explicitamente

contrários ao ecumenismo.

Mas poucas são as consequências práticas dos pronunciamentos a ele favoráveis.

Na recepção dos resultados já alcançados pelo diálogo teológico, as igrejas estão diante

do impasse: assumir ou não tais resultados. Assumi-los implica em mudanças

estruturais que as igrejas não parecem dispostas a fazer, como na celebração da

Ceia/Eucaristia, nos casamentos mistos, na organização institucional, etc. Não assumi-

los resulta em deslegitimar muitos dos esforços realizados pelo movimento ecumênico

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até o momento. Por isso, muitas vezes as igrejas manifestam tendências a estar no

caminho ecumênico sem caminhar ecumenicamente. De modo geral, as dificuldades das

igrejas em relação ao ecumenismo são:

– a fragilidade das convicções ecumênicas no âmbito institucional;

– a sectorização do ecumenismo nas igrejas, pela sua concentração

na ação de pessoas ou grupos;

– motivações, concepções e práticas ecumênicas diferentes e em

contradição no interior de uma mesma tradição eclesial, o que dilacera o

ideal ecuménico;

– a carência da formação ecuménica dos fiéis;

– a não recepção estrutural dos resultados dos esforços ecuménicos;

– as motivações diplomáticas nas relações entre as igrejas suplantam

as motivações teológicas; a notória contradição entre os pronunciamentos oficiais a

favor do ecumenismo e as práticas anti-ecumênicas; a dificuldade da contextualização

social da busca da unidade.

Talvez esses elementos expliquem, ao menos em parte, uma certa letargia nas

motivações e iniciativas ecuménicas das igrejas, de modo que elas parecem estar “de

carona” na caminhada ecuménica: são levadas pelas motivações dos que fazem o

movimento ecuménico avançar, mas sem fazer da causa ecuménica uma opção

fundamental para o ser e o agir eclesial.

Se da parte das Igrejas for verificado reservas em relação ao movimento

ecumênico, nem sempre o mesmo pode ser observado da parte do movimento

ecumênico em relação às igrejas. As iniciativas ecuménicas tomadas no meio popular

buscam sintonia com as lideranças eclesiásticas e vão, aos poucos, se

institucionalizando com o surgimento de organismos gerenciadores da busca da unidade

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no interior das igrejas. Esses organismos formam um “ecumenismo eclesiástico”,

enquanto outros continuam autônomos em seus projectos, dependendo basicamente das

convicções ecumênicas dos seus membros. O que se observa é que da parte do

movimento ecumênico é real a possibilidade de sintonia com as lideranças eclesiásticas.

Mais, as iniciativas ecumênicas leigas intensificam-se na medida em que obtêm o aval

oficial das igrejas. Por outro lado, na medida em que as igrejas vão se aproximando do

movimento ecumênico, elas tendem a querer determinar os seus passos

futuros. Para fugir do controle eclesiástico, muitas iniciativas no meio popular

acontecem à revelia das igrejas.

A razão é que a ânsia pela unidade quer vencer a lentidão institucional no

caminhar ecumênico. As iniciativas ecumênicas das igrejas são consideradas

demasiadamente tímidas (na cooperação social, na intercomunhão, nos casamentos

mistos, etc.) e as orientações oficiais sobre o ecumenismo são quase sem consequências,

resumindo-se a exortações de carácter moral. Daqui, alguns concluem que as igrejas

podem existir sem o ecumenismo, razão pela qual algumas igrejas não consideram a

ecumenicidade da sua confissão de fé e da sua identidade eclesial. Em contrapartida,

outros hipotetizam um ecumenismo sem as igrejas. Neste caso, o ecumenismo,

indicando o futuro da comunidade cristã, aconteceria paralelamente às igrejas ou até

mesmo como negação delas, pelo menos em sua configuração atual. Esta parece ser a

razão da tensão tanto entre igrejas e ecumenismo, quanto entre “ecumenismo

eclesiástico” e “ecumenismo popular”. Esse conflito tem manifestações em três

principais elementos:

a) Nas motivações ecumênicas: nas igrejas são eclesiásticas – ecumenismo

dentro dos limites oficiais instituídos – e no meio popular são existenciais, sem acentuar

os critérios teóricos/técnicos da instituição;

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b) Nos métodos da acção ecuménica: nas igrejas é o diálogo oficial, com

actuação de peritos e com base nas razões doutrinais da fé; e no meio popular é prático,

com mais espaço para a criatividade metodológica e de agentes;

c) Nas concepções sobre ecumenismo: nas igrejas, o universo semântico de

ecumenismo está directamente vinculado às doutrinas eclesiásticas; no meio popular, a

concepção é pastoral, com mais espaço para autonomia entre ecumenismo e doutrina –

pelo princípio universal da “fé comum” biblicamente fundamentada, e com aberturas

para o “macro-ecumenismo”.

As dificuldades e tensões internas vividas pelas igrejas podem dificultar o

caminho ecumênico na busca da Igreja una. Por outro lado, as experiências positivas

favorecem essa busca. Dentre as experiências positivas das igrejas que incentivam o

ecumenismo, destacam-se: a ministerialidade, a laicidade, a inserção social, a concepção

bíblica da Igreja como povo de Deus, a concepção sacramental das instituições eclesiais.

Portanto, como compreender e contruir um ecumenismo a base da Bíblia.

2.1. A Hermenêutica Ecumênica da Bíblia

A bíblia é o único conjunto de livros em torno dos quais as igrejas estabelecem o

consenso de palavra de Deus revelada à humanidade. Nesse sentido, a bíblia é factor de

aproximação, convergência e consenso de fé entre as diferentes igrejas. Contudo, a

fragmentação no mundo cristão tem origem e fundamentação também na forma como os

cristãos e as Igrejas utilizam a Bíblia. Assim, faz-se mister desenvolver uma

hermenêutica da bíblia que favoreça o diálogo e a comunhão entre os cristãos. O

movimento ecuménico tem-se dedicado a desenvolver essa hermenêutica, constatando

que é na medida em que as Igrejas estabelecem o consenso na interpretação das

escrituras sagradas, que mais possibilidades existem para o consenso sobre os demais

elementos da fé cristã e das estruturas da igreja. Faz-se mister, portanto, trabalhar os

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elementos de uma hermenêutica ecuménica da bíblia que impulsione os esforços pela

unidade dos cristãos que acontecem no contexto angolano.

A hermenêutica ecuménica da Bíblia precisa ser privilegiada por ajudar o movimento

ecuménico na aproximação das igrejas em expressões da fé que explicite a comunhão entre

elas (CPPUC, 1998, p. 11; João Paulo II, n. 31). A unidade dos cristãos vincula-se

particularmente à noção bíblica da Igreja como de participação do Povo de Deus, Corpo de

Cristo, Templo do Espírito Santo. Essa unidade tem uma dimensão misteriosa e

sacramental, e manifesta-se particularmente na Eucaristia e no Baptismo. Assim, a

comunhão é a forma própria e permanente da unidade da Igreja.

Isso é o resultado duma hermenêutica bíblica que sustente uma teologia

ecumênica capaz de considerar a doutrina cristã como um complexo estruturado, de

cujo centro alguns artigos estão mais próximos do que outros. Os teólogos aprofundam

a perspectiva ecumênica dessa orientação, buscando os critérios para o discernimento

das verdades que se apresentam como centrais do credo cristão (Henn, 1990, p. 111-

142; Beinert, 1990, p. 303). É claro que não existem no Credo verdades “periféricas”,

que podem ser desconsideradas. Todas são vinculantes. Contudo, o diálogo ecumênico

exige o reconhecimento dos diversos “nexos” de vinculação das diversas verdades

doutrinais com a centralidade ou fundamento de tais verdades apresentadas nas

Escrituras Sagradas.

2.2. O Ecumenismo na Óptica Protestante

O Movimento Ecumênico e a sua relação com o Protestantismo Brasileiro, o que

torna pertinente o seu estudo, pois o Movimento Ecumênico reuniu nomes importantes

de teólogos e educadores como Rubem Alves, Carlos Rodrigues Brandão, Paulo Freire,

Waldo Cesar, Jether Pereira Ramalho, Leonardo Boff, Zwinglio Dias, Sergio Haddad e

outros. O Ecumenismo faz parte da história recente de nosso país e por isso deve ser

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estudado nas suas diversas relações e implicações. Faço pois, a ressalva de que o

Movimento Ecumênico em Angola, no mundo fora, como no Brasil reúne

principalmente as igrejas históricas do protestantismo, tanto as igrejas de migração

(Igreja Luterana-IECLB), como as de missão (Metodistas, Episcopais, Presbiterianas,

C&MA,). Mas de salientar que, caso do Brasil, o ecumenismo não reúne o universo

protestante brasileiro como um todo, pelo contrário, é um movimento minoritário dentro

do Protestantismo Brasileiro. Assim, como em Angola este Movimento com a aparência

de CICA (Conselho Ecuménico das Igrejas Cristãs em Angola) Não reúne todas as

Igrejas Cristãs sobre tudo as que não são reconhecidas.

O estudo do ecumenismo e do seu significado para o Protestantismo em Angola

como no Brasil, é importante porque é um formular teológico distinto da sua matriz

original e esta é uma das hipóteses que pretendemos demonstrar: o ecumenismo nestes

dois país passou de um esforço de colaboração entre as Igrejas para ser um agente

histórico de transformação política e social nesses países. Em Angola requer um

Ecumenismo forte entre as Igrejas Cristãs para em conjunto fazerem face aos diferentes

desafios o povo nas suas diferentes camadas sociais, culturais e ético, como alvo da sua

Missão como Igreja una e indivisível de Cristo. Assim, como a partir de um

determinado momento o Movimento Ecumênico no Brasil começou a se articular com

outras correntes na sociedade como sindicatos, movimentos populares, educação

popular, luta pelos direitos humanos e outros.

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2.3. AS ONGS ECUMÊNICAS, CASO DO BRASIL

Segundo, Agemir de Carvalho Dias5, Com o golpe militar os espaços eclesiásticos

se fecharam para aqueles que militavam no movimento ecumênico, agora rotulados de

comunistas, modernistas e subversivos. Magali Cunha identifica como algumas das

conseqüências desse processo de repressão e esistência: (1) apoio maior do CMI ao

ecumenismo brasileiro; (2) estreitamento de laços com as missões dos Estados Unidos,

e (3)- aproximação com setores da Igreja Católica. Uma outra conseqüência não listada

por Magali Cunha foi a migração dos quadros do movimento ecumênico para outras

atividades, sendo que a principal dela foi a atuação como docentes ou pesquisadores no

mundo acadêmico. A primeira organização a ser criada depois do golpe de 1964 foi o

Centro Evangélico de Informação (CEI), que se transformou em Centro Ecumênico de

Informação. Em 1965 saiu o primeiro boletim do CEI autofinanciado pelos seus

participantes . Depois, o CEI conseguiu o apoio financeiro de um “Comitê Ad-hoc”,

criado por Richard Shaull nos Estados Unidos. Também o CEI recebeu apoio financeiro

de ISAL. O CEI se mostrou uma verdadeira usina de criatividade.

Em 1966, trinta pessoas de sete denominações protestantes vinculadas ao extinto

setor de responsabilidade social da CEB criam o ISAL-Brasil, tendo como diretor

Waldo Cesar, e como secretário executivo, Jether Ramalho. Em 1967, Waldo Cesar, foi

preso pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), essa experiência foi

vivida também por Zwinglio Dias em 1970, ambos por causa da sua atuação junto a

ISAL e ao movimento ecumênico. O irmão de Zwinglio Dias, Ivan Motta Dias e o

irmão de Jaime Wright, Paulo Wright, foram mortos pela repressão.

O Departamento de Imigração e Colonização da CEB, criou um departamento de

5 Agemir de Carvalho Dias, O Ecumenismo : Uma Ótica Protestante, 2009, p. 14

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serviço de refugiados para atender refugiados “da cortina de ferro” que eram atendidos

pelo CMI no Brasil. O serviço criou um escritório em São Paulo para onde a CEB já

estava transferindo suas atividades. Também foi criada a Comissão de Planejamento e

Desenvolvimento de Projetos (CPDP) que tinha como objetivo carrear recursos

internacionais de ajuda. A CEB, depois de 1965 praticamente se resumia a esses dois

departamentos. Um dos projetos financiados pelo CPDP era o projeto Gurupis, que se

constituía em uma colônia de lavradores no Maranhão, assistida com a mais moderna

tecnologia agrícola e que foi financiada pelas agências internacionais vinculadas as

Igrejas Protestantes. O projeto Gurupi fracassou, e foi designado para administrar a

massa falida Enilson Rocha Souza.

Da reflexão sobre a experiência fracassada do projeto Gurupi é que nasceu uma

outra ONG ecumênica que foi a CESE (Coordenadoria Ecumênica de Serviço). Em

1972, a partir do relatório de Enilson Souza, foi convocada, por dirigentes de diversas

igrejas, uma consulta nacional sobre ajuda intereclesiástica, essa consulta contou com a

presença da Igreja Católica. Dessa consulta surgiu a idéia de se criar uma nova estrutura

que coordenasse a ajuda ecumênica. Em 1973 foi formada a CESE com um orçamento

de oito mil e quinhentos dólares. Em 1974 a CESE assumiu diversos projetos mantidos

pela CEB. Em 1974 o CEI se transformou no CEDI (Centro Ecumênico de

Documentação e Informação) que desenvolveu diversos projetos ligados ao

ecumenismo, meio ambiente, direitos humanos, sindicados, povos indígenas, etc. O

CEDI, em 1994 encerrou suas actividades dando lugar a três novas ONGs: Ação

Educativa, Instituto Sócio Ambiental e Koinonia – Presença Ecumênica e Serviço.

Uma outra instituição que se somou ao movimento ecumênico foi o ISER

(Instituto de Estudos da Religião), fundado em 1970. No princípio se chamou Instituto

Superior de Estudos Teológicos (ISET), depois mudou para estudos da religião pois

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reuniu além de teólogos também sociólogos e antropólogos interessados no fenômeno

religioso. Participaram da formação do ISER, Rubem Alves, Carlos Rodrigues Brandão,

Rubem Cesar Fernandez, Waldo Cesar, Joaquim Beato. Outras organizações

ecumênicas foram criadas em âmbito regional com objetivos localizados, como a

ASSINTEC (Associação Interconfessional de Educação em Curitiba) que coordena o

ensino religioso nas Escolas Públicas do Paraná, e que por muitos anos articulou o

diálogo ecumênico naquele Estado.

2.4. IMPLICAÇÕES DA PALAVRA - MACRO-ECUMENISMO

1. Na área Ecológica

Toda criação é criação de Deus;

Existe interdependência entre tudo o que Deus criou;

A vida é obra de Deus

2. NA ÁREA DE ECONOMIA

Refere-se ao administrador, ao ecónomo, ao mordomo; ao empregado e

empregada doméstica,

Esta pessoa tem a tarefa de administrar os bens;

Deve administrar de tal forma que todos os moradores da casa sejam

beneficiados.

3. NA ÁREA DA HUMANIDADE

As raças, as línguas, culturas, nacionalidades;

Homens e Mulheres, criados à imagem e semelhança de Deus;

Unidade na diversidade, formando um só povo.

4. NA ÁREA RELIGIOSA

Um relacionamento entre todos os que têm fé em Deus;

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Um relacionamento entre todos os cristãos e cristãs, aqueles e aquelas que

têm fé em Jesus Cristo.

Judaísmo e Cristianismo um caso a parte

2.5. Avanços na Igreja Católica

No dia 28 de Outubro de 1965, o Concílio Vaticano II, promulgou a Declaração

Nostra Aetate (Em nossa época...) sobre as relações da Igreja com as religiões não

cristãs. Ela tem 5 parágrafos.

1º Preâmbulo

2º As diversas Religiões não cristãs

3º A Religião Muçulmana

4º A Religião Judaica

5º A Fraternidade universal com exclusão de qualquer discriminação

“Perscrutando o Mistério da Igreja, este Sacrossanto Concílio recorda o vínculo

pelo qual o povo do Novo Testamento está espiritualmente ligado à estirpe de Abraão”.

“Sendo pois tão grande o património espiritual comum aos Cristãos e Judeus , este

Sacrossanto Concílio quer fomentar e recomendar a ambas as partes mútuo

conhecimento e apreço. Poderá ele ser obtido principalmente pelos estudos bíblicos e

teológicos e ainda por diálogos fraternos”.

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2.6. Algumas Atitudes Básicas

Para crescer como pessoa ecuménica é preciso ter:

Atitude de escuta e acolhimento,

Atitude de confiança,

Saber quem sou eu e querer conhecer a outra pessoa ou grupo,

Disposição para aprender mais sobre mim mesmo (a) e sobre a outra pessoa

ou grupo,

Respeito pela outra pessoa ou grupo,

Entrar no diálogo desarmado(a) sem preconceitos ou julgamentos.

2.6.1. FORMAS DE DIÁLOGO

A partir da vida

Na cooperação, em obras comuns, de serviço,

Através do intercâmbio da experiência religiosa

Através dos intercâmbios teológicos

2.7. DISPOSIÇÕES PARA O DIALOGO ECUMÉNICO

Precisa-se ter: Equilíbrio, Convicção Religiosa, Disposição Para Acolher, Com

Gratidão Os Dons Da Fé, Busca Do Aprofundamento, da Verdade “a verdade não é algo

que possuímos, mas uma pessoa por quem nos devemos deixar possuir.” Saberemos

pois que, o Diálogo Contribui Para Tornar Mais Consciente E Firme A Identidade

Cristã, Seja Ela Católica, Luterana, Anglicana, Metodista, Presbiteriana, Batista,

Assembleia De Deus, e outras... em tudo devemos aprender, da paciência histórica de

Deus, e perseverar buscando, em tudo, viver a missão evangelizadora, seguindo, nosso

mestre Jesus. Na cultura Ecuménico, deve-se sentir familiarizado no diálogo com as

diferentes formas culturais da modernidade que promovem o diálogo, religioso, a

grande exigência, e atenção, para o diálogo ecumênico, a cooperação, entre as Igrejas

cristãs. O Ecumenismo é um paradigma que se quer mais pratico e bíblico. Eis alguns

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textos fundamentais param viver o ecumenismo: Jo 17,21; Jo 13,35; Jo 10,16; I Cor

13,4-8; Ef 4,4-6

Portanto, o Ecumenismo é ultrapassar as Divisões. A graça de Deus incitou

membros de muitas igrejas e comunidades no nosso século, a esforçarem-se por

ultrapassar as divisões herdadas do passado e por construir de novo uma comunhão de

amor pela oração, pelo arrependimento e pelo recíproco de perdão pelos pecados de

desunião do passado e do presente, por encontros de ações de cooperação e diálogo

teológico. Tais são os objetivos e atividades daquilo que se veio a chamar Movimento

Ecumênico.

O Ecumenismo é a Unidade dos Cristãos, Por Movimento Ecumênico entende-se

as actividades e iniciativas que são suscitadas e ordenadas, de acordo com as várias

necessidades da Igreja e a oportunidade dos tempos, no sentido de favorecer o

restabelecimento da unidade dos cristãos.

Pois, no interior do Cristianismo pode-se considerar o Decreto sobre o

Ecumenismo onde Professem todos os cristãos, diante do mundo inteiro, a sua fé em

Deus uno e trino, no filho de Deus encarnado, nosso Redentor e Senhor... todos os

homens sem exceção são chamados a esta obra comum. É através da fé comum – fé

pessoal no sacrifício expiatório de Jesus Cristo – que todos se tornam parte do

corpo.Finalmente, a Escritura ensina que existe um só Espirito, um só Senhor, e um só

Deus e Pai. Todos os aspectos da unidade da Igreja encontram seu fundamento na

unidade da Trindade divina. Enfim, As Bem-aventuranças da Vida Cristã Ecuménica:

Bem-aventuradas as pessoas que amam sua Igreja, Bem-aventuradas as pessoas

que sabem dizer quem são sem desvalorizar o(a) outro(a)!

3 – Bem-aventuradas as pessoas que sabem ouvir e querem conhecer as outras

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4 – Bem-aventuradas as pessoas de Igrejas diferentes que trabalham juntas por um

mundo melhor!

5 - Bem-aventuradas as pessoas que partilham dons e recursos na evangelização!

6 - Bem-aventuradas as pessoas que sabem curar feridas!

7 - Bem-aventuradas as pessoas que ensinam crianças e jovens na espiritualidade

da reconciliação ecuménica.

8 - Bem-aventuradas as pessoas que vêm na diversidade uma riqueza!

9 - Bem-aventuradas as pessoas que vivem a alegria da oração ecuménica!

10 - Bem-aventuradas as pessoas que cultivam as qualidades necessárias à vida

cristã ecuménica!

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Conclusão

Podemos assim, inferir recordando que, o ecumenismo precisa ser recuperado em

seu sentido etimológico, como a casa de todos, o mundo habitado, a responsabilidade

comum pela administração/cuidado da casa comum (oikonomia-oikoumene). Mas que

enfatiza o significado técnico de ecumenismo, que historicamente assumiu um sentido

hermenêutico no mundo cristão. No cristianismo deve-se normalmente, indagar sobre a

possibilidade de compreender o ser cristão num sentido amplo, que permita o

reconhecimento do conteúdo evangélico (caridade, justiça, solidariedade, defesa da

vida, fé no Transcendente como Deus criador e salvador...) em ambientes que não

assumem a “forma cristã” de vida.

Esse “sentido amplo” permite perceber que o ponto de encontro entre povos,

culturas e religiões é Jesus Cristo, ao qual a humanidade encontra-se de algum modo

vinculada, para além do próprio cristianismo, que é para os cristãos a forma histórica da

fé no Deus de Jesus Cristo. Mas existem outras formas de expressão da fé no

Transcendente numa compreensão positiva do pluralismo religioso.

O Movimento Ecumênico em todas as partes do mundo deve construir e ser uma

rede de pessoas e instituições que foram influenciadas pelas ideias e práticas pastorais

desenvolvidas dentro do movimento, difundindo conceitos como responsabilidade

social, educação popular, ecumenismo, prática social, participação política, agente de

transformação, etc. Difundiu uma nova hermenêutica de leitura da Bíblia em que os

conceitos das Ciências Sociais eram utilizados para entender o texto bíblico. Nesse sentido

ele foi um divisor de mentalidade em um momento que o Brasil passava por um período

histórico complexo.

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A Igreja, como consequência Ecuménico, deve alargar-se na sua compreensão

como a “assembleia dos convocados por Deus” (Jo 24). E Deus, como criador de todo o

género humano, não pode convocar apenas alguns privilegiados para formarem a sua

ekklesia, excluindo outros. Assim, por “Igreja” pode-se entender a comunidade de

salvação, de modo que todos os que se salvam já estão na Igreja – como entendia

Agostinho, a eclésia, a comunidade dos justos. Neste sentido, é a prática da justiça que

determina a fidelidade ou não à igreja. Em termos de fidelidade e coerência há primazia

da ortopraxia evangélica em relação à ortodoxia. Este é um princípio ecumênico

fundamental.

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O Autor:

Rev.

o Tomás Nsunda Lelo: Mestre em

Ciências Religiosas, Teologia, Pesquisador em

estudos científicos na área de teológica, Docente

Universitário, Orientador de vários Trabalhos de

fim de curso desde 2010 autor de vários artigos

para os estudos Teológicos,

Email: [email protected]

Cel. 929809366