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VOLUME 1 . EDIÇÃO 5
EDITORIAL SETEMBRO, 2012
Ainda que pouco se tivesse falado de
crise no 1º Seminário sobre envelhecimento
organizado pela Santa Casa da misericórdia
de Porto de Mós em parceria com a
Associação Amigos da Grande Idade –
Inovação e Desenvolvimento, falou-se
profundamente em sustentabilidade do
sistema social e das dificuldades que se
avizinham para o futuro das Pessoas com
mais de 65 anos de idade. Foi dada uma
visão moderna do envelhecimento, da
actividade e da grande mais-valia das
pessoas idosas para o desenvolvimento dos
seus núcleos familiares e na aculturação
dos mais novos na sociedade em Portugal.
Intervenções de enorme qualidade de
todos os oradores fizeram as mais de
duzentas e cinquenta pessoas (de todo o
país e ilhas) presentes em Porto de Mós
r e f l e c t i r d u r a n t e u m d i a s o b r e o
envelhecimento, as questões actuais e o
futuro. É de facto difícil perceber-se como é
que o Estado determina um custo médio de
930,00 € para cada idoso institucionalizado
e depois atribua um financiamento de
380,00 €, sabendo que a grande maioria
deles tem um rendimento máximo de 200,00
€. Quem suporta a diferença? Esta foi uma
das questões colocadas pelo Dr. Joaquim
Guardado, Provedor da Santa Casa da
Misericórdia de Pombal que encerrou os
trabalhos em representação do Presidente
da União das Misericórdias Portuguesas.
Representação feita em consequência
de compromissos que tiveram a ver com a
situação dos Cuidados Continuados em
Portugal, outro dos graves problemas
abordados neste Seminário pelo provedor
da Santa Casa da Misericórdia de Porto de
Mós, Dr. José Carlos, que referiu ter uma
unidade de cuidados continuados pronta a
abrir há mais de seis meses e nada estar
definido para este equipamento, foi pedida
uma decisão rápida do poder central, que
garanta os compromissos assumidos
anteriormente em protocolo com o governo
e ajude a manter a sustentabilidade e
equi l íbr io local da intervenção dos
operadores sociais junto das populações.
Invariavelmente a não decisão ao nível
central sobre a abertura deste equipamento
levou o Dr. José Carlos a pedir de forma
emocionada, que os políticos assumam as
suas responsabilidades publicamente e
perante as populações, pela não decisão
atual.
Mesmo contando com o apoio e
preocupação do Presidente da Camara de
Porto de Mós, Engenheiro João Salgueiro,
tarda a ser resolvida a situação da unidade
de cuidados continuados, tendo agora a
promessa de abertura passado para o início
do próximo ano.
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Mas nem só de lamentações viveu o
Seminário brilhantemente organizado pelas
d u a s e n t i d a d e s p a r c e i r a s . M u i t o
conhecimento, informação, reflexão e
esc la rec imento fo i p roduz ido pe lo
extraordinário painel de oradores: Dr.ª
Joaquina Madeira que preside a comissão
do ano europeu do envelhecimento activo e
solidariedade intergeracional, Dr.ª Maria do
Céu Mendes, em representação do ministro
da solidariedade e segurança social,
Engenheiro João Salgueiro, Presidente da
Camara de Porto de Mós e Dr. José Carlos,
Provedor da Santa Casa da Misericórdia de
Porto de Mós, iniciara os trabalhos. Seguiu-
se um painel constituído pela Dr.ª Lúcia
Lemos, jurista, Dr.ª Maria João Quintela,
médica e consultora da DGS e ainda
P r e s i d e n t e d a A s s o c i a ç ã o d e
psicogerontologia, Monsenhor Feytor Pinto,
Coordenador da Pastoral da Saúde e Dr.
Lu is Amado, um homem da te r ra ,
sobejamente conhecido e que deslumbrou
em par te pe la sua s impl ic idade e
pragmatismo político, provocando mesmo
alguma discussão, trataram de problemas
r e l a c i o n a d o s c o m o s d i r e i t o s e
representação das pessoas idosas.
Durante a tarde os temas andaram á
v o l t a d a f u n c i o n a l i d a d e e d a
sustentabilidade, dois dos maiores desafios
dos p róx imos anos . No pa ine l da
funcionalidade falaram a Professora
Doutora Luisa Pimentel, o Doutorando
César Fonseca, Dr.ª Carla Ribeirinho e os
Professores doutores Daniel Serrão e
A n t ó n i o P a l h a . U m p a i n e l
extraordinariamente mediático e que
despertou o interesse de toda a plateia pelo
sentido incisivo que todos os oradores
utilizaram nas suas intervenções. Já não
existem palavras que não sejam fortes
q u a n d o s e t r a t a d e f a l a r s o b r e
envelhecimento em Portugal.
A Sustentabilidade foi discutida por Rui
Fontes, Professor Doutor José Jorge
Barreiros, um sociólogo que se estreou
nes te t ipo de d iscussão mas que
surpreendeu todos os persentes, levantando
a questão da compatibilidade entre um
modelo de mercado desregulado, a
globalização e a democracia participativa.
Intervieram ainda a Professora Doutora Ana
Alexandre Fernandes e o Dr. João Ralha.
Porto de Mós foi durante algumas
h o r a s o c e n t r o d a d i s c u s s ã o d o
envelhecimento em Portugal. O seminário
ultrapassou todas as expectativas, atingindo
um número recorde de participantes para
este género de evento, com participações
online de cerca de 4500 pessoas, de vários
pontos do globo, com discussão em fórum,
com resposta interactiva e directa dos
oradores, com intervenientes dos Estados
Unidos da América, Canada, Reino Unido,
PALOP e uma participação de várias
pessoas directamente de Universidades no
nosso país, facto que nos deixa com grande
esperança para o futuro.
Precisamos agora, todos, de potenciar
algumas das reflexões feitas em Porto de
Mós e de passar das palavras, das
intenções e dos estudos à prática. Para já
os desafios estão lançados: manter a
sustentabilidade e o grande trabalho social
das Miser icórdias, aumentar a sua
intervenção na comunidade criando novas
redes e novas parcerias e abrir a unidade
de cuidados continuados, respondendo a
n e c e s s i d a d e s j á a v a l i a d a s e j á
evidenciadas.
A sociedade civil está a organizar-se e
a assumir as suas responsabilidades em
Portugal, o sector social das Misericórdias
em Portugal tem assumido as suas
responsabilidades há mais de 500 anos no
n o s s o p a í s , é i m p o r t e q u e p a r a
estabilização do sistema social em Portugal,
os decisores políticos ao nível central,
tomem decisões fundamentadas, de
desenvolvimento e com estratégia a longo
prazo.
Medidas avulsas, sem fundamentação,
falta de estratégia e a não decisão política
central, estão a colocar em causa esta
estabilidade do sistema.
Rui Fontes - Presidente da Associação
Amigos da Grande Idade – Inovação e
Desenvolvimento.
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