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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 013.239/2005-4 GRUPO II – CLASSE II – Primeira Câmara TC 013.239/2005-4 Natureza: Prestação de Contas – Exercício de 2004. Unidade: Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo – Ceagesp. Responsáveis: Ademir Alves de Novaes (CPF 597.007.188-91); Ademir José Pereira (CPF 995.778.798-53); Ademir de Souza (CPF 920.644.778-53); Adilson da Silva (CPF 091.668.786-40); Alexandre Roberto Leite Campos (CPF 066.532.582-70); Andre do Amaral Escobar (CPF 125.097.458-59); Antonio Carlos da Silva (CPF 212.985.726-49); Antonio Carlos da Silva (CPF 510.969.868-68); Antonio Donizete da Costa (CPF 020.009.578-11); Antonio Gasgue Gutierrez (CPF 734.665.818- 34); Antonio Jorge Carneiro da Cunha (CPF 063.991.128-50); Antonio Mestre dos Santos (CPF 885.678.508-00); Antonio Simeão Ramos (CPF 055.520.118-05); Antonio Valmir Barreiros (CPF 685.422.168-49); Arlete de Araújo Curvelo Sauti (CPF 843.760.748-53); Benedicto de Tolosa Filho (CPF 112.953.418-91); Carlos Alberto dos Reis (CPF 035.842.308-29); Carlos Roberto Gaspari (CPF 020.663.238-02); Carlos Roberto do Espírito Santo (CPF 017.217.678-60); Ciceso Carlos da Silva (CPF 046.354.158-80); Clarice Isolino de Souza Miki (CPF 052.064.338-02); Claudio Valentini Magnani (CPF 437.445.918-1); Debora Maximo de Souza (CPF 142.782.468-11); Demian Fiocca (CPF 130.316.328-42); Edison Antonio Bertoni (CPF 008.216.108-99); Edson Antonio Gauarido Robeiro (CPF 793.233.328-87); Edson Luiz Camargo (CPF 749.836.958-34); Eduardo Boanesio Alves (CPF 001.808.728-00); Eduardo Rocha Gonçalves (CPF 063.710.808-65); Edvaldo Pereira de Souza (CPF 682.091.938-72); Elcio Manoel de Souza (CPF 007.789.988-19); Elson Carlos Cavenago (CPF 797.058.048-34); Erwin 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 013.239/2005-4

GRUPO II – CLASSE II – Primeira CâmaraTC 013.239/2005-4 Natureza: Prestação de Contas – Exercício de 2004.Unidade: Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo – Ceagesp.Responsáveis: Ademir Alves de Novaes (CPF 597.007.188-91); Ademir José Pereira (CPF 995.778.798-53); Ademir de Souza (CPF 920.644.778-53); Adilson da Silva (CPF 091.668.786-40); Alexandre Roberto Leite Campos (CPF 066.532.582-70); Andre do Amaral Escobar (CPF 125.097.458-59); Antonio Carlos da Silva (CPF 212.985.726-49); Antonio Carlos da Silva (CPF 510.969.868-68); Antonio Donizete da Costa (CPF 020.009.578-11); Antonio Gasgue Gutierrez (CPF 734.665.818-34); Antonio Jorge Carneiro da Cunha (CPF 063.991.128-50); Antonio Mestre dos Santos (CPF 885.678.508-00); Antonio Simeão Ramos (CPF 055.520.118-05); Antonio Valmir Barreiros (CPF 685.422.168-49); Arlete de Araújo Curvelo Sauti (CPF 843.760.748-53); Benedicto de Tolosa Filho (CPF 112.953.418-91); Carlos Alberto dos Reis (CPF 035.842.308-29); Carlos Roberto Gaspari (CPF 020.663.238-02); Carlos Roberto do Espírito Santo (CPF 017.217.678-60); Ciceso Carlos da Silva (CPF 046.354.158-80); Clarice Isolino de Souza Miki (CPF 052.064.338-02); Claudio Valentini Magnani (CPF 437.445.918-1); Debora Maximo de Souza (CPF 142.782.468-11); Demian Fiocca (CPF 130.316.328-42); Edison Antonio Bertoni (CPF 008.216.108-99); Edson Antonio Gauarido Robeiro (CPF 793.233.328-87); Edson Luiz Camargo (CPF 749.836.958-34); Eduardo Boanesio Alves (CPF 001.808.728-00); Eduardo Rocha Gonçalves (CPF 063.710.808-65); Edvaldo Pereira de Souza (CPF 682.091.938-72); Elcio Manoel de Souza (CPF 007.789.988-19); Elson Carlos Cavenago (CPF 797.058.048-34); Erwin Klabunde (CPF 181.743.459-49); Euclides Messias Amorim (CPF 491.285.086-10); Fátima Chaves Cavalcante (CPF 902.461.288-87); Fernando Luiz de Carvalho Ambrozio (CPF 051.216.058-97); Flavio Luiz Godas (CPF 077.622.068-33); Franklin Vieira (CPF 074.300.298-92); George Washington Rocha (CPF 833.434.668-91); Geraldo Juniti Oguri (CPF 567.651.508-20); Gilberto Luciano Belloque (CPF 874.871.528-04); Giovanni Dominici (CPF 010.362.228-45); Giovanni Gurrieri (CPF 077.994.086-50); Ivan Wedekin (CPF 736.816.608-91); José Geraldo da Silva Neto (CPF 813.461.078-15); José Lourenço Pechtoll (CPF 625.200.678-53); José Mauro Gomes (CPF 359.663.869-00); José Amauri Dimarzio (CPF 036.746.578-72); José Carlos Amaro (CPF 020.999.308-13); José Carlos de Andrade (CPF 086.930.721-53); José Luis Alves (CPF 020.460.788-45); José Roberto Eiras (CPF 984.880.828-00); Jungiro Takaguti (CPF 193.986.708-87); Luciano Rodrigues Legaspe (CPF 047.893.598-67); Luis Carlos Guedes Pinto (CPF 021.056.918-20); Luiz Antonio Rossini (CPF 874.029.128-68);

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Luiz Carlos Bronzato (CPF 004.298.748-20); Luiz Concilius Gonçalves Ramos (CPF 496.724.088-70); Lupercio Donizete Fontana (CPF 785.247.258-34); Lílian Maria Cordeiro Pinheiro (CPF 392.035.901-10); Manoel Luis Ferreira (CPF 538.389.478-00); Marco Antonio Pereira (CPF 735.350.108-10); Marcos Rodrigues (CPF 981.984.678-15); Maria Aparecida Garcia Sampaio (CPF 002.891.118-03); Maria Luiza Gomes da Cruz (CPF 041.253.528-95); Maria Salete de Oliveira Gomes (CPF 046.634.778-28); Mario Antonio de Moraes Biral (CPF 034.895.408-59); Mauri Seabra da Cruz (CPF 672.099.988-53); Mirian Lemos Cintra (CPF 270.331.558-91); Moacir Carporusso Junior (CPF 069.265.308-23); Moisés Barbosa de Andrade (CPF 847.218.128-68); Nivaldo Aparecido Servelin (CPF 040.217.178-03); Pedro Rodrigues de Morais Filho (CPF 844.310.598-49); Regina Maria Lucas (CPF 092.080.478-06); Ricardo Abreu (CPF 079.237.488-61); Roberto Ayres da Costa (CPF 752.065.018-91); Roberto Yoshiko Nakashima (CPF 016.179.948-55); Robson Frederico dos Santos (CPF 094.476.148-84); Salvador George Donizeti Khuriyeh (CPF 019.480.428-35); Sebastião Carlos Odoni (CPF 986.158.588-53); Sergio Donizete Honorato (CPF 979.998.818-72); Silvia Maria Barbosa Satto (CPF 033.025.818-40); Tânia Marcia Balestra (CPF 025.677.728-47); Vadislau Ribeiro da Cruz (CPF 047.981.668-98); Valdecir Januário Miguel (CPF 017.784.708-58); Valmir Prascidelli (CPF 051.949.428-85); Valter Pucharelli (CPF 044.590.828-96); Vanda Aparecida Bertolotto (CPF 974.838.508-68); Wagner Machado (CPF 029.280.861-53); Walter Ramos Mesquita (CPF 838.378.688-34).Interessado: Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CNPJ 62.463.005/0001-08).Advogado: Regina Célia Lourenço Blatz (OAB/SP 139.307), Emídio Severino da Silva (OAB/SP 58.098) e outros (procuração de fl. 417, vol. 2).

SUMÁRIO: PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAL. IRREGULARIDADES NA GESTÃO. ALEGAÇÕES DE DEFESA INSUFICIENTES PARA ELIDIR TODAS AS OCORRÊNCIAS. BAIXA MATERIALIDADE EM RELAÇÃO À GESTÃO DOS RESPONSÁVEIS. REGULARIDADE COM RESSALVA. QUITAÇÃO. EXCLUSÃO DA RELAÇÃO PROCESSUAL DE RESPONSÁVEIS NÃO ENQUADRADOS NA IN TCU 63/2010. DETERMINAÇÕES.

RELATÓRIO

Examina-se prestação de contas de 2004 da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo – Ceagesp.2. Em virtude da verificação de indícios de irregularidades na gestão, foram realizadas citações e audiências dos responsáveis e examinadas as respectivas alegações de defesa e razões de

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justificativa pela Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo (fls. 475/514), cuja análise passa a integrar o presente relatório:

“I – INTRODUÇÃO

Trata-se da análise das alegações de defesa e razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis na presente prestação de contas de 2004 da CEAGESP – Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo.1. Na instrução de fls. 330/358 do Volume 1, analisou-se resposta de diligência feita à CEAGESP e propôs-se a realização de citações e audiências de responsáveis por diversas irregularidades. 2. Considerando o acolhimento da proposta pelo Excelentíssimo Ministro Relator Benjamin Zymler (fls. 360 do Volume 1), foram procedidas as citações e audiências (fls. 376/408 do Volume 1 e 409/416 e 439/470 do Volume 2), tendo os responsáveis apresentado as alegações de defesa e razões de justificativa, analisadas em seguida.

II – ANÁLISE DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA3. Irregularidades que originaram a citação1: contratações irregulares e ilegítimas da empresa Guedes Pinto Associados Comércio, Engenharia, Arquitetura e Planejamento Ltda. para realização do projeto básico e do “projeto legal” do Mercado de Flores, por, respectivamente, R$ 140.000,00 e R$ 35.000,00, tendo em vista as seguintes irregularidades ocorridas no processo no 083/2004, que causaram danos aos cofres da CEAGESP (item 4.5.15 da instrução de fls. 330/358 do Volume 1, item 7.3.11.B - fls. 316/320 do Volume 1, e item 10.1.1.2 do Relatório no 161060 da CGU/SP - fls. 172/177 do Volume Principal):

I- As contratações contrariaram o art. 10, inciso II, alínea b, do Decreto n o 2.594/1998, que determina que compete ao Conselho Nacional de Desestatização aprovar os ajustes de natureza operacional e o saneamento financeiro necessários às desestatizações.

II- As contratações contrariaram o art. 47, inciso II, do Decreto no 2.594/1998, que dispõe que a partir de sua inclusão no Programa Nacional de Desestatização a sociedade não poderá contrair obrigações financeiras sem prévia autorização do Conselho Nacional de Desestatização, exceto aquelas necessárias à manutenção e operação da empresa, pois constituíram gastos realizados com vistas à consecução de projeto que dependeria da assunção de obrigações financeiras, as quais não foram submetidas à autorização do Conselho Nacional de Desestatização (processo no 093/2004 - empréstimos pretendidos pela CEAGESP junto à Comissão de Financiamentos Externos – COFIEX para utilização em projetos de reestruturação da CEAGESP, dentre eles a construção do Mercado de Flores).

III- As contratações constituíram atos prejudiciais ao curso do processo de desestatização, previstos no art. 45 do Decreto no 2.594/1998, pois o endividamento para a consecução dos projetos de reestruturação da CEAGESP (incluindo o projeto do mercado de flores) aumentaria o patrimônio e o passivo da empresa, dificultando/comprometendo o processo de desestatização da CEAGESP, o que é agravado pelo fato de os projetos serem de alta monta e de viabilidade não demonstrada.

IV- As contratações contrariaram o art. 59, § 1o, inciso V, do Decreto no 2.594/1998, pois os projetos do Mercado de Flores e de reestruturação da CEAGESP não foram submetidos ao Ministro da Fazenda, não obstante os recursos previstos para esses projetos superarem em muito o limite de 5% do Patrimônio Líquido da CEAGESP à época (valor estimado para execução do projeto do Mercado de Flores: R$ 76.858.946,89; valor estimado para os projetos de reestruturação da CEAGESP: US$ 47.099.000,00, incluindo o valor de US$ 26.367.763,16 previsto para construção do “Mercado de Flores”).

V- As contratações não foram precedidas de estudo de viabilidade do projeto. Antes de se contratar gastos com o projeto básico (R$ 140.000,00), com o projeto legal (R$ 35.000,00) e com o consultor via PNUD (R$ 150.000,00), todas realizadas em 2004, caberia, além da solicitação da autorização aos órgãos competentes, a comprovação da viabilidade técnica, econômica e financeira do projeto. No entanto, as referidas contratações ocorreram em 2004 e somente em 22/02/2005 houve contratação da consultoria Pacmar Comércio, Representações e Assessoria de Marketing Ltda. para realizar estudo de viabilidade do projeto do Mercado de Flores.

1 Item 1 do Ofício no 1167-GS/SECEX-SP de fls. 376/380 do Vol. 1 e Ofício no 1168-GS/SECEX/SP de fls. 381/383 do Vol. 1.

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VI- o estudo de viabilidade elaborado pela empresa Pacmar não demonstrou a viabilidade do projeto pelas seguintes razões:

a) baixa representatividade da amostra selecionada, comprometendo a confiabilidade das conclusões do estudo;

b) resultado do estudo contém vários elementos que põem em dúvida a viabilidade do projeto;c) faltam ao estudo elementos que demonstrem a existência de demanda que possibilite as receitas previstas

em decorrência do projeto.VII- O projeto do Mercado de Flores não foi autorizado pelo Conselho de Administração, a quem compete,

conforme o art. 11, parágrafo 7o, inciso I, do Estatuto da CEAGESP fixar a orientação geral dos negócios e as prioridades da Companhia, acompanhando a sua execução.

VIII- As contratações foram antieconômicas, pois foram despendidos recursos no projeto básico e no projeto legal do Mercado de Flores sem a execução da obra e sem a necessária aprovação dos órgãos competentes para o projeto.

IX- As contratações foram antieconômicas, pois pode-se considerar que os recursos despendidos no projeto básico e no projeto legal do Mercado de Flores foram gastos sem retorno, já que não houve aprovação do projeto pelos órgãos competentes (Conselho de Administração da CEAGESP, Conselho Nacional de Desestatização e Ministro da Fazenda), necessária para se dar início ao projeto do Mercado de Flores.

X- Realização de aditamento de contrato sem formalização e sem parecer jurídico.

3.1. Responsáveis citados solidariamente: Srs. Valmir Prascidelli e Gilberto Luciano Belloque, respectivamente, Diretor Presidente e Diretor Administrativo e Financeiro da CEAGESP em 2004

3.2. Quantificação do débito:

Fato gerador Data do pagamento

Valor do débito (R$)

Pagamento da 1a parcela referente ao projeto básico 17/06/2004 R$ 35.931,00Pagamento da 2a parcela referente ao projeto básico 02/08/2004 R$ 86.779,00Pagamento referente ao projeto legal 10/09/2004 R$ 29.942,50

Total R$ 152.652,50

3.3. Alegações de defesa (fls. 01/119 do Anexo 6 e fls. 159/202 do Anexo 7):

3.3.1. Considerando que os responsáveis foram citados solidariamente e que apresentaram alegações de defesa de mesmo teor, apesar de as terem encaminhado separadamente, estas serão analisadas em conjunto.

Aspectos gerais (fls. 01/02 do Anexo 6 e fls. 159/160 do Anexo 7)

3.3.2. Como aspectos gerais, os responsáveis alegam que a CEAGESP não seria uma empresa com objetivo comum, tendo como objetivo regular o abastecimento de hortifrutigranjeiros não apenas na Grande São Paulo, mas com reflexos em todo o País, e que, portanto, a privatização da empresa deveria ser encarada com cautela, sob pena de colapso num segmento comercial da maior importância; que o projeto de reestruturação da CEAGESP seria fruto de intensos estudos e seminários com a participação de funcionários e de permissionários, pois quando os responsáveis assumiram a presidência em fevereiro de 2003, a situação econômico-financeira e estrutural da CEAGESP era extremamente precária.

Por que construir um mercado atacadista de flores? (fls. 02/03 do Anexo 6 e fls. 160/162 do Anexo 7)

3.3.3. Os responsáveis apresentam um histórico recente da CEAGESP para situar as razões que levaram a proposta de construir um Mercado Atacadista de Flores no Entreposto Terminal de São Paulo (ETSP), principal unidade da Empresa. Informaram que há quase vinte anos começou a operar no ETSP um mercado atacadista de flores, no local onde tradicionalmente são comercializados legumes, frutas, verduras e pescado para abastecimento da metrópole paulista. Inadequadamente, desde então, esse Mercado de Flores ocupou o espaço do Mercado Livre do Produtor (MLP). O mercado de flores começou

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a operar às terças e sextas-feiras, pela madrugada e manhã, compartilhando o espaço com legumes e verduras. Quando essa atividade se instalou nas áreas demarcadas no piso, a atividade anteriormente instalada teve de ser removida, criando-se desde o início um conflito operacional entre os dois mercados com cargas e descargas em dois dias críticos da semana e com o que os responsáveis chamaram de conflito de higiene, que corresponderia ao uso, nas atividades do mercado de flores e de plantas ornamentais, de defensivos que causariam contaminações incompatíveis com o mercado de legumes e verduras para fins alimentícios. Há muitos anos, os representantes de ambos os setores atacadistas (flores e verduras) reclamariam de sua convivência forçada, solicitando providências dos gestores da CEAGESP. Afora esses dois dias na semana, em que opera o Mercado Livre do Produtor, e em virtude de seu constante desenvolvimento, o mercado atacadista de flores teria passado a operar também às segundas e quintas-feiras, em um grande terreno existente dentro do ETSP. A Diretoria da CEAGESP, ao assumir tal posição no 1o semestre de 2003, teria promovido amplo seminário com todo o corpo gerencial e técnico da empresa para eleger prioridades para reerguer a CEAGESP, pois a mesma teria sido encontrada em estado de degradação operacional e financeira, que, entre outras conseqüências, dificultaria sua desestatização. Os responsáveis citam os documentos referidos como 01 e 1-A. O doc. 01 corresponde ao “Planejamento Estratégico 2003-2006” da CEAGESP (fls. 27/34 do Anexo 6, repetidos ao 186/193 do Anexo 7). O documento citado como 1-A pelo Sr. Valmir Prascidelli corresponde ao “Programa Brasileiro de Modernização do Mercado Hortifrutigranjeiro PROHOR” da Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB (fls. 35/49 do Anexo 6), sendo que o documento referido como 1-A pelo Sr. Gilberto Luciano Belloque corresponde a “Revisão do Planejamento Estratégico da CEAGESP” (fls. 194/197 do Anexo 7). Dentre as ações prioritárias que teriam sido eleitas por todos os presentes encontrava-se a construção de um Mercado Atacadista de Flores que já estava em menor escala sendo objeto de estudos desde 2001. Citam o documento 02, de fls. 50/55 do Anexo 6 e fls. 198/202 do Anexo 7, que corresponde a documento assinado pelo Gerente de Entrepostos José Roberto Graziano, datado de março de 2002, acerca do Projeto do Novo Mercado de Flores. Os responsáveis afirmam que sempre tiveram consciência de que essa obra, de valor elevado para o porte da empresa, teria de ser viabilizada sem recursos do Tesouro (fls. 03 do Anexo 6 e 162 do Anexo 7). Acrescentam que, após estudos que teriam se baseado em métodos científicos, teria sido iniciada a recuperação da Companhia que naquele momento seria alvo de dezenas de denúncias e sindicâncias promovidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Por que fazer um projeto básico? (fls. 03/04 do Anexo 6 e fls. 162 do Anexo 7)

3.3.4. Os responsáveis afirmam que a área do ETSP (630.000 m2) seria pequena para as dimensões de São Paulo comparativamente com seus equivalentes em outras grandes metrópoles mundiais e que haveria que ser adotada medida semelhante àquela efetivada pelo Mercado de Barcelona, com área de 900.000 m2, que verticalizou as áreas edificadas para fins de comercialização; que o mercado de flores teria que ser verticalizado, com dois ou três pisos, e que para elaborar um projeto com as idéias básicas de tal mercado a CEAGESP, forçosamente, teria de contratar um escritório de arquitetura (fls. 04 do Anexo 6 e 162 do Anexo 7).

O Mercado subsistiria qualquer que fosse o destino da CEAGESP (fls. 04/05 do Anexo 6 e fls. 163/164 do Anexo 7)

3.3.5. Os responsáveis alegam, em síntese, que qualquer que fosse o futuro da CEAGESP o Mercado poderia continuar operando e que sua existência muito contribuiria, se fosse o caso, para o sucesso da privatização. O argumento apresentado é que, em caso de privatização, o mercado atacadista de flores despertaria vivo interesse de investidores, e que caso esta não ocorra, o projeto seria o marco de retomada do processo de reconstrução do terminal atacadista de São Paulo.

3.3.6. Os responsáveis alegam que desde 1994, primeiro com o governo do Estado de São Paulo, e a partir de 1998, com a União, a CEAGESP foi colocada na situação de ser privatizada de uma forma liquidacionista, pois não garantiria sua sobrevida caso o eventual comprador quisesse desativá-la e aproveitar os imóveis para outros fins.

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3.3.7. Consideram os responsáveis que estaria evidenciado que o Mercado Atacadista de Flores seria uma iniciativa que, além de resolver problemas operacionais atuais, criaria para a CEAGESP alternativas futuras de valorização e que restaria evidenciado que este é um assunto complexo, que não poderia ser alvo de opiniões apressadas de pessoas que não vivenciaram o problema.

3.3.8. Argumentam ainda que nenhum administrador público poderia conduzir um patrimônio público em razão de estar inscrito no Plano de Desestatização à degradação; que não poderia colocar sua infra-estrutura em processo de degradação porque não há perspectivas de continuidade operacional; que seria papel de uma gestão responsável apresentar alternativas para o futuro que recuperem a empresa para que ela possa se auto-sustentar ou mesmo ser valorizada no caso de uma privatização.

3.3.9. Acrescentam que as principais ações escolhidas como prioritárias num processo de planejamento estratégico, para serem aprovadas por instâncias superiores, precisariam ter seus projetos básicos preparados e estudos de viabilidade realizados; que somente com definição das receitas e despesas operacionais, de estimativas de investimento, é que se poderia apresentar às instâncias superiores um pedido de implantação de projetos de recuperação.

Quanto aos atos impugnados (fls. 06/26 do Anexo 6 e fls. 164/184 do Anexo 7)

3.3.10. Os responsáveis apresentam defesa conjunta para a contratação imputada como indevida em relação às irregularidades dos itens I, II, III, IV, VII VIII e IX supracitadas, indicadas nos ofícios de citação. Nesse sentido, alegam que:

a) os pedidos de aprovação às instâncias superiores só podem ser feitos após o projeto básico e o estudo de viabilidade estarem prontos, caso contrário não haveria condições de fundamentação do pedido;

b) que nenhuma obrigação financeira teria sido contraída, pois para a realização de um projeto dessa magnitude, a ordem natural seria: 1) realizar os estudos preliminares, com o projeto básico e o estudo de viabilidade preliminar; 2) encaminhar o pedido de autorização às instâncias superiores; 3) obtida a autorização, realizar o projeto executivo (muito diferente do projeto básico), para contratar o financiamento, se necessário; e 4) licitar a obra;

c) que a CEAGESP seria uma empresa muito enxuta e não disporia de uma equipe de Projeto e Desenvolvimento e que para compor uma equipe para essas funções teriam que ser contratados no mínimo três especialistas técnicos, com experiência acima de 10 anos e formação em Engenharia, Arquitetura e Economia/Finanças, mais três analistas auxiliares e que, computados os encargos trabalhistas, benefícios, etc, haveria uma despesa mensal de R$ 51.000,00 e anual de R$ 612.000,00; que, portanto, as contratações impugnadas ficaram muito mais baratas que o custo anual de um Departamento de Desenvolvimento, além de possibilitar contratações de especialistas que a CEAGESP não teria condições de manter em seus quadros;

d) que as contratações realizadas e mesmo as que seriam realizadas após a obtenção das autorizações superiores não prejudicariam em nada o processo de privatização da CEAGESP. Nessa linha, citam que:

d.1) um projeto básico e um estudo de viabilidade no valor total próximo de R$ 200.00,00 não poderiam prejudicar a privatização de uma empresa avaliada em cerca de R$ 250 milhões há mais de dez anos atrás;

d.2) que o mercado de flores, se implantado, aumentaria em muito o valor e a liquidez da empresa e que o estudo de viabilidade, ao contrário do que se afirmou, evidenciaria que o fluxo de caixa líquido gerado pelo investimento a valor presente montaria em R$ 46 milhões, ou seja, que num horizonte projetado de 10 anos as receitas geradas cobririam o investimento e as despesas operacionais e deixariam um resultado líquido, a valor presente, de R$ 46 milhões, e que isso aconteceria adotando-se as premissas mais pessimistas de receita;

d.3) que o que prejudicaria a privatização da CEAGESP seria a indefinição dos acionistas quanto à privatização desde 1994;

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e) que, após os estudos preliminares, as autorizações seriam solicitadas, sem embargo de que teria sido amplamente submetido ao então Presidente do Conselho de Administração da CEAGESP, que acumulava o cargo de Secretário Executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA, através dos ofícios PRESD 089/2003 e 097/2003, o qual teria submetido o assunto ao Secretário do Tesouro Nacional, através do ofício MAPA 309/2003 (doc. 03, fls. 60/62 do Anexo 6), fato este que teria motivado o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento a encaminhar documentos ao Ministro Chefe da Casa Civil da Presidência da República, por meio do ofício MAPA 425/2006 (doc. 04, fls. 63/83 do Anexo 6);

f)que, por outro lado, o assunto, que já teria sido levado ao Ministério da Agricultura (ao qual a CEAGESP é subordinada), por meio do ofício 200/2004 (doc. 05 A, fls. 87/89 do Anexo 6), também tendo sido levado ao Ministro da Fazenda, por meio do ofício 025/2005-PRESD (doc. 05, fls. 84/86 do Anexo 6);

g) que não teriam sido gastos 5% do patrimônio da CEAGESP e que o texto da instrução de análise daria a entender que teriam sido gastos esses 5% do patrimônio, quando teria iniciado o item “d)” com o sujeito da frase “As contratações superaram em muito o limite de 5% do Patrimônio Líquido da CEAGESP à época”, induzindo a erro de interpretação, pois na verdade os valores que superariam os 5% do Patrimônio Líquido se refeririam ao valor total do empreendimento se a contratação da obra tivesse sido realizada;

h) que a atual Diretoria da CEAGESP teria manifestado interesse no prosseguimento do projeto, como provariam os docs. 06 anexos (fls. 90/92 do Anexo 6);

i)que o projeto de reestruturação da CEAGESP e o do Mercado de Flores teriam sido submetidos ao Conselho de Administração como demonstrariam as atas dos referidos Conselhos datadas de 24/09/2004 e 12/11/2004 (docs. 07 e 08, fls. 98/103 do Anexo 6), além das correspondências mencionadas dirigidas ao Presidente do Colegiado e que as contas do exercício de 2004 foram aprovadas pelo Conselho Fiscal.

3.3.11. Quanto às irregularidades indicadas no item V dos ofícios de audiência, os responsáveis afirmam que se partiu de uma premissa falsa, a de que a Direção da CEAGESP à época seria avessa em solicitar autorização ou se justificar perante as instâncias superiores e de que o projeto básico teria que vir antes do estudo de viabilidade, pois só o projeto básico forneceria informações necessárias para calcular o investimento necessário no mercado de flores e esta informação seria necessária para se elaborar o estudo de viabilidade, juntamente com preços, quantidades vendidas, custos operacionais, etc.; que, além disso, só o projeto básico poderia fornecer a área bruta locável, pois da área total tem-se que descontar as áreas destinadas à circulação, estacionamento, etc; e que os dados para estimativa dos custos operacionais também só ficariam disponíveis com o projeto básico em mãos. Assim, a ordem natural seria primeiro se fazer o projeto básico e depois se fazer o estudo de viabilidade e que só com o projeto básico e o estudo de viabilidade em mãos se poderia encaminhar um pedido de autorização às instâncias superiores, caso contrário se estaria colocando os membros integrantes do CND, indecisos desde 1998 com o processo de privatização da CEAGESP, em situação mais delicada ainda, pois não haveria como se decidir sobre algo para o qual não haveria sequer esboço de planta ou fundamentação sobre a viabilidade econômico financeira (fls. 11/13 do Anexo 6 e fls. 171/174 do Anexo 7).

3.3.12. Em relação às irregularidades indicadas no item VI dos ofícios de audiência, os responsáveis alegam que o investimento, além de acrescentar valor ao patrimônio da empresa, iria facilitar sua eventual privatização; que se a CEAGESP vendesse somente o terreno hoje vazio ela realizaria apenas o valor do terreno e que o mercado atacadista de flores teria um valor agregado ao fundo do comércio que permitiria cobrar dos permissionários no novo mercado uma luva pela concessão da área que teria condições de amortizar grande parte do investimento necessário; que essa “luva”, representada pelo maior lance da permissão remunerada de uso, poderia ser cobrada porque no novo mercado os atacadistas teriam uma área de uso exclusivo, sem realizar “time sharing” com outras atividades (atacado e varejo de verduras e legumes); que no edital de atribuição, a concessão poderia ser dada por prazo suficiente para que eles amortizassem o investimento, dando-se direito de recuperar parte da “luva” no caso de eventual desistência; que essas “luvas” não implicariam em prejuízo da cobrança mensal das permissão de uso;

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que uma parte do investimento da CEAGESP seria coberto pelas “luvas” de concessão e que outra parte seria coberta com as receitas geradas pela exploração normal do mercado; que isto não representaria hipótese absurda, pois em diversos entrepostos do interior, os permissionários de flores construíram as instalações físicas do mercado e as doaram à CEAGESP, que cedeu apenas o terreno; que, se destacado do resto do Entreposto, a Central teria liquidez alta, o que teria ficado demonstrado pelo interesse de diversos investidores; que o mercado de flores valorizaria a CEAGESP e aumentaria sua liquidez; que as críticas à amostragem realizada na pesquisa de opinião realizada com permissionários e usuários do mercado de flores pela empresa PACMAR não procederiam, pois se trataria de uma pesquisa qualitativa e não de uma pesquisa quantitativa e que, geralmente, numa pesquisa qualitativa, o usual seria entrevistar cerca de 20 pessoas e que foram entrevistadas cerca de 32 pessoas; que a amostragem de 1,98% do total de permissionários não seria insignificante se pensássemos nos critérios dos mais renomados institutos de pesquisa do país; que as dúvidas levantadas quanto à viabilidade do projeto são fruto do desconhecimento do negócio do mercado atacadista de alimentos e flores; que foram identificados pontos positivos no projeto os quais seriam os mais relevantes e justificariam por si só o mercado de flores; que, no entanto, teria sido feita uma leitura equivocada dos pontos negativos do relatório por desconhecimento; que, na realidade, os pequenos produtores não têm condições de assumir a condição de atacadistas e que ou passam para a condição de comerciantes de grandes quantidades ou assumem exclusivamente a condição de produtores; que essa seria a realidade nos mercados atacadistas; que os pequenos não teriam condições de logística e de competitividade operacional para atuar em grandes mercados, mas que isso não significaria que não terão acesso ao mercado, pois, caso queiram, poderão formar cooperativas ou negociar com os atacadistas; consideram que quando o auditor teria afirmado que a operação diária seria desnecessária para o atacado teria se esquecido que o mercado atacadista já operaria quatro dias por semana na capital paulista; que avaliar que o mercado seria “sofisticado e futurista” não seria defeito; que ao afirmar que “não haveria oferta nem demanda suficientes para justificar o projeto” , estar-se-ia esquecendo que o mercado já existe e opera quatro dias por semana no atacado e três dias por semana no varejo, nas mesmas áreas em que funciona o atacado; que muitas alternativas de negócios conexos ao abastecimento de produtos alimentícios poderiam ser implantadas na unidade, as quais teriam potencial; que o mercado central estaria com demanda muito acima de sua capacidade de atendimento; que a modelagem final para viabilização do mercado atacadista de flores teria componentes e alternativas múltiplas; que todos os especialistas em centrais comerciais que os responsáveis consultaram e que atuam na capital paulista com shopping, atacado e varejo, seriam entusiastas da idéia de um mercado atacadista temático que tenha como vocação o mercado de flores, sem prejuízo da exploração de outras atividades; que a assertiva de que o projeto do mercado de flores não teria nem oferta nem demanda cairia por terra pelos argumentos acima expostos e pela iniciativa do Governo do Estado de São Paulo e da Prefeitura Paulistana, noticiados no dia 28/09/2006 nos jornais “Diário de São Paulo” (doc. 10, fls. 107 do Anexo 6) e “O Estado de São Paulo” (doc. 11, fls. 108 do Anexo 6), noticiando a parceria firmada por esses entes da Federação com o objetivo de implantar o Mercado de Flores exatamente em área vizinha da CEAGESP; que as matérias dariam conta de que além da comercialização atacadista e varejista de flores, a meta seria “fazer do local um novo pólo turístico e oferecer ao município mais uma opção de lazer” ; que, segundo as matérias veiculadas, “a comercialização de flores movimentaria cerca de R$ 2 bilhões por ano no Brasil e metade das flores consumidas no país seriam comercializadas na Grande São Paulo”; que, segundo o jornal “Diário de São Paulo”, o presidente em exercício do SINCOFLORES – Sindicato Atacadista de Flores e Plantas do Estado de São Paulo, informava as dificuldades (que estavam sendo enfrentadas pelo projeto) encontradas na CEAGESP estavam “empurrando” compradores e produtores para as Centrais de Abastecimento de Campinas (CEASA Campinas) e para Holambra. Que no item 4.5.11.7, ter-se-ia interpretado que alguns temores revelados pelos clientes do futuro mercado poderiam ser determinantes na inviabilização do projeto; que, na realidade, eles não procedem; que a suposição de que as lojas de varejo de flores espalhadas pela metrópole possam ser prejudicadas pela existência de um mercado atacadista permanente, situada na Zona Oeste, seriam incabíveis, pois ninguém se deslocaria de um ponto a outro da cidade, com os custos de tempo e de transporte de São Paulo, para comprar um ramalhete de flores no mercado atacadista; que se a afirmação do auditor fosse correta, mercados varejistas não mais existiriam; que os consumidores finais que acessam o ETSP para aquisição de alimentos seriam em número insignificante; que a outra preocupação levantada, a de eventual possibilidade de aumento de preços, não procederia, sendo que, pelo contrário, os preços teriam condições de serem reduzidos, pois os custos operacionais seriam diminuídos consideravelmente.

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3.3.13. Em relação ao item X, os responsáveis alegam que o “projeto legal” se faria necessário para solicitar às prefeituras a autorização para realização das obras, devendo atender toda a legislação municipal sobre normas construtivas e que para realizar o projeto legal necessita-se de plantas que o projeto básico pode fornecer; que quando o projeto básico estava em vias de ser aprovado, tornou-se público que a Câmara Municipal de São Paulo estava em vias de aprovar uma nova lei para regulamentar o uso e ocupação do solo e que a nova lei criaria restrições maiores que as existentes para o uso do solo; que, em decorrência disso, tinha-se que agilizar ao máximo a contratação do “projeto legal” para efetuar o protocolo na Prefeitura de São Paulo, de forma a garantir os direitos da CEAGESP previstos na lei então vigente, e que esta providência teria garantido a possibilidade de a CEAGESP exercer um direito que hoje teria valores significativos, no montante de R$ 868.000,00, considerando que o projeto passaria a ter um excesso de área de 3.422,96 m2 e que a esse excedente se aplicaria o valor de R$ 253,56 por metro quadrado a título de outorga onerosa, pois de fato a nova Lei Municipal n o 13.885, de 25/08/2004 foi promulgada; que para evitar essa futura despesa, resolveu-se agilizar a elaboração do projeto legal e efetuar a rápida protocolização na Prefeitura de São Paulo, conforme Ata da Reunião da Diretoria (doc. 12, fls. 109/111 do Anexo 6); que em nenhum momento a contratação de empresa para a elaboração de projeto básico contrariaria as disposições do art. 10, inciso II, alínea b, e do art. 47, inciso II, ambos do Decreto no 2.594/1998, invadindo a competência do Conselho Nacional de Desestatização, pois se tratava de ato que visava à preparação de projeto/dossiê, a ser submetido àquele órgão com objetivo de subsidiá-lo a adotar medidas de saneamento financeiro na CEAGESP e que, sem estudos sólidos, como o projeto básico e de viabilidade técnica e econômica, seriam apresentadas apenas conjecturas e meras ilações, circunstância que fatalmente impediria aquele Colegiado de tomar qualquer decisão; que as instalações da CEAGESP estariam em situação precária, comprometendo a segurança dos usuários e depreciando seu patrimônio, com reflexos negativos numa possível privatização.

3.4. Análise das alegações de defesa:

3.4.1. Considerando que os responsáveis apresentaram alegações de defesa de mesmo teor, estas serão analisadas conjuntamente.

3.4.2. Os aspectos gerais trazidos pelos responsáveis, acerca da necessidade de cautela para se decidir sobre a privatização da CEAGESP, não foram objeto da citação, pois não competiria ao TCU analisar a conveniência e oportunidade da medida. Por outro lado, ao se examinar os atos de gestão da CEAGESP, há que se considerar que a empresa deve ser gerida tendo-se em conta, dentre outros elementos, que ela está inserida o Programa Nacional de Desestatização.

3.4.3. Quanto à alegação de que o projeto de reestruturação da CEAGESP seria fruto de intensos estudos e seminários com a participação de funcionários e de permissionários, os responsáveis apresentaram o documento “Planejamento Estratégico” 2003 – 2006” da CEAGESP (fls. 27/34 do Anexo 6, fls. 185/193 do Anexo 7) e “Revisão do Planejamento Estratégico” (fls. 194/197 do anexo 7), os quais constituem evidências de discussão do projeto do Mercado de Flores no âmbito da instituição, no entanto, não há evidências da referida participação dos permissionários. De qualquer forma, tal fato também não foi objeto da citação.

3.4.4. Em relação às razões para se idealizar a construção de um mercado de flores, pode-se considerá-las pertinentes, tendo em vista os principais transtornos causados pelo compartilhamento de espaço entre os comerciantes de flores com os de legumes, verduras e outros produtos: necessidade de cargas e descargas de produtos de acordo com o dia da semana reservado para cada negócio e perigo de contaminação de alimentos com os defensivos utilizados nas flores e plantas ornamentais. No entanto, não foram questionados os motivos que levaram à idealização do projeto, e sim os procedimentos adotados pelos responsáveis.

3.4.5. Os responsáveis ressaltam que agiram de forma a evitar a degradação do patrimônio da CEAGESP e a valorizá-la, argumentando que qualquer que fosse o futuro da CEAGESP, o Mercado de Flores valorizaria a empresa.

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3.4.6. Não se vislumbrou relação direta de causalidade entre o investimento no Projeto de Flores e o “evitar” a degradação do patrimônio da CEAGESP, pois o projeto do mercado de flores consistiria em investimento novo, que não se relacionaria com a manutenção da infra-estrutura da CEAGESP contra deteriorações, desgastes ou estragos, e sim com sua ampliação.

3.4.7. O investimento no Mercado de Flores de fato aumentaria os valores do Ativo e do Passivo da empresa, no entanto, caberia verificar se esse aumento seria desejável considerando-se que a empresa está inserida no Programa Nacional de Desestatização, razão pela qual se deveria partir da premissa de que seria vendida e que um investimento de elevada monta reduziria o número de possíveis candidatos à sua aquisição.

3.4.8. Em relação às alegações de defesa para as irregularidades apontadas nos itens dos ofícios de citação, considerou-se que foram capazes de descaracterizar as irregularidades levantadas nos itens I, II, III, IV, VII, VIII e IX e para desconfigurar a ocorrência de débito , pelas razões expostas a seguir. Foram parcialmente acolhidas as defesas apresentadas para os itens V e VI, tendo-se considerado que as falhas apontadas nesses itens não justificariam a aplicação de multa. Considerou-se também que as alegações trazidas não foram capazes de elidir a irregularidade apontada no item X, conforme examinado em seguida, mas que essa irregularidade por si só justificaria apenas proposta de aplicação de multa aos responsáveis, a qual poderá ser aplicada se este for o entendimento deste Tribunal, considerando que a citação validamente realizada supre a realização de audiência, de acordo com entendimento deste Tribunal.

3.4.9. Irregularidade objeto do item V do ofício de citação (As contratações não foram precedidas de estudo de viabilidade do projeto. Antes de se contratar gastos com o projeto básico (R$ 140.000,00), com o projeto legal (R$ 35.000,00) e com o consultor via PNUD (R$ 150.000,00), todas realizadas em 2004, caberia, além da solicitação da autorização aos órgãos competentes, a comprovação da viabilidade técnica, econômica e financeira do projeto. No entanto, as referidas contratações ocorreram em 2004 e somente em 22/02/2005 houve contratação da consultoria Pacmar Comércio, Representações e Assessoria de Marketing Ltda. para realizar estudo de viabilidade do projeto do Mercado de Flores):

3.4.9.1. Procedem as alegações no que diz respeito ao projeto básico ser necessário para se estimar o custo do projeto, pois a Resolução do Conselho Federal de Engenharia e Arquitetura – CONFEA no

361/1991 (fls. 471/473 do Volume 2), que dispõe sobre a conceituação de Projeto Básico em Consultoria de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, em seu art. 1o, define “Projeto Básico” como “conjunto de elementos que define a obra, o serviço ou o complexo de obras e serviços que compõem o empreendimento, de tal modo que suas características básicas e desempenho almejado estejam perfeitamente definidos, possibilitando a estimativa de seu custo e prazo de execução”.

3.4.9.2. No entanto, não procede o argumento de que a ordem natural seja primeiro se fazer o projeto básico e depois o estudo de viabilidade, pois a referida Resolução CONFEA no 361/1991 determina, em seu art. 2o: “O Projeto Básico é uma fase perfeitamente definida de um conjunto mais abrangente de estudos e projetos, precedido por estudos preliminares, anteprojeto, estudos de viabilidade técnica, econômica e avaliação de impacto ambiental, e sucedido pela fase de projeto executivo ou detalhamento” (grifos nossos). Além disso, a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, na Norma Técnica NBR 13531/1995, que dispõe sobre “Elaborações de projetos de edificações – Atividades Técnicas”, em seu item “2.4. Etapas das atividades técnicas do projeto de edificação e de seus elementos, instalações e componentes” sugere as seguintes partes sucessivas em que pode ser dividido o processo de desenvolvimento das atividades técnicas do projeto de edificação e seus elementos, instalações e componentes:

a) levantamento (LV);b) programa de necessidades (PN);c) estudo de viabilidade (EV);d) estudo preliminar (EP);e) anteprojeto (AP) e/ou pré-execução;f)projeto legal (PL);

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g) projeto básico (PB);h) projeto para execução (PE).

3.4.9.3. Por sua vez, conforme a mesma Norma Técnica ABNT NBR 1351/1995, o Levantamento (LV) seria a etapa destinada à coleta das informações de referência que representem as condições preexistentes , de interesse para instruir a elaboração do projeto, podendo incluir os seguintes tipos de dados:

a) físicos;b) técnicos;c) legais e jurídicos;d) sociais;e) econômicos;f)financeiros;g) outros.

3.4.9.4. Ainda de acordo com a referida norma da ABNT, o Estudo de viabilidade (EV) seria etapa destinada à elaboração de análise e avaliações para seleção e recomendação de alternativas para a concepção da edificação e de seus elementos, instalações e componentes.

3.4.9.5. Diante do disposto na Resolução CONFEA no 361/1991 e na Norma Técnica ABNT NBR 1351/1995, foram consideradas improcedentes as alegações dos responsáveis no sentido de que a ordem natural seria primeiro se fazer o projeto básico e depois se fazer o estudo de viabilidade, pois antes da contratação do projeto básico caberia não só o estudo de viabilidade do projeto proposto, como também o estudo de outras alternativas.

3.4.9.6. Registre-se que o doc. 02 trazido pelos responsáveis (fls. 50/55 do Anexo 6 e fls. 198/202 do Anexo 7), em especial o Ofício do Sr. José Roberto Graziano, Gerente de Entrepostos à época, datado de 12/03/2002, juntado apenas nas alegações de defesa do Sr. Valmir Prascidelli (fls. 50 do Anexo 6), informa que estudos teriam mostrado que para acomodação de todos os permissionários de forma eficiente e confortável, seria necessária a execução de duas construções: “Mercado de Flores, pavilhão PBCF, móvel com cobertura metálica, 659 módulos para comercialização, custo estimado da obra R$ 4.125.000,00” e “Shopping de Produtos Ligados, prédio de alvenaria com dois pisos, com 209 lojas para a comercialização, custo estimado da obra R$ 2.500.000,00”, solução que implicaria num custo total estimado de R$ 6.625.000,00 (seis milhões, seiscentos e vinte e cinco mil reais), extremamente inferior ao valor estimado de R$ 76.858.946,89 (setenta e seis milhões, oitocentos e cinqüenta e oito mil, novecentos e quarenta e seis reais e oitenta e nove centavos) para o Projeto do Mercado de Flores informado no Relatório da CGU/SP relativo às contas da CEAGESP do exercício de 2004 (fls. 172/174 do Volume Principal e fls. 48 do Anexo 3).

3.4.9.7. No sentido da existência de outras alternativas à construção do Mercado de Flores, cumpre reproduzir trecho do referido relatório da CGU/SP: “Em 21/6/2004, o representante do SINCOFLORES solicitou informações à CEAGESP sobre notícias veiculadas no jornal “Valor”. Relatou estranheza quanto ao teor da notícia de que a CEAGESP iria construir um shopping de flores orçado em R$ 50 milhões, enquanto que ainda estaria em vigência o ‘Termo de Ajuste’ de 6/12/2001. O SINCOFLORES ressaltou a discrepância entre os valores orçados, que seriam de R$ 3.555.991,60 no projeto do ‘Termo de Ajuste’ e o valor noticiado, R$ 50 milhões. A diferença de R$ 46.444.008,40, de acordo com o SINCOFLORES, causaria danos ao erário nacional, e solicitava cópias reprográficas do projeto mencionado no jornal para instrução de Ação Popular. Entretanto, na fl. 101, vol I do processo n o

86/2004, em relação à requisição de informações do SINCOFLORES, consta parecer jurídico, de 1/7/2004, informando que ‘A contratação de empresa para a elaboração do projeto básico do mercado de flores está em fase de licitação, de modo que não existe ainda um projeto definitivo que possa ser encaminhado ao requerente’. Esta informação não é exata, já que a empresa vencedora do convite, Guedes Pinto Associados, foi definida em 13/5/2004”. (fls. 174 do Volume Principal).

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3.4.9.8. Considerou-se que procedem os esclarecimentos dos responsáveis de que se partiu da premissa falsa de que a Direção da CEAGESP à época seria avessa em solicitar autorização ou se justificar perante instâncias superiores, ante os documentos elencados a seguir.

3.4.9.9. Os responsáveis apresentaram as atas de reuniões do Conselho de Administração da CEAGESP realizadas em 12/11/2004 e 24/09/2004 (fls. 98/103 do Anexo 6), que comprovam que o Sr. Valmir apresentou ao Conselho de Administração a idéia do projeto do novo Mercado de Flores. A apresentação da proposta do Novo Mercado de Flores ao Conselho de Administração foi posterior à contratação da empresa Guedes Pinto2, demonstrando a ocorrência de exorbitância das competências atribuídas ao Diretor Presidente pelo art. 12, parágrafo 5o, do Estatuto da CEAGESP; no entanto, trata-se de falha de caráter meramente formal, haja vista que foi dada ciência do projeto ao Conselho de Administração e que este não foi contrário ao seu prosseguimento.

3.4.9.10. Afirmaram que após os estudos preliminares as autorizações seriam solicitadas, sem embargo de que o assunto teria sido amplamente submetido ao então Presidente do Conselho de Administração da CEAGESP, que acumulava o cargo de Secretário Executivo do MAPA, através dos ofícios PRESD 089/2003 e 097/2003 (fls. 56/60 do Anexo 6). Entretanto, o Ofício 089/2003 não faz referência aos projetos de reestruturação da CEAGESP, dentre eles o do Mercado de Flores, apenas reportando a situação da CEAGESP e solicitando uma definição do Governo Federal quanto à continuidade do processo de privatização (fls. 56/59 do anexo 6), e o Ofício PRESD 097/2003 encaminha relatório sintético da 1a fase do Planejamento Estratégico da CEAGESP (relatório não juntado aos autos) sem fazer menção à reestruturação da empresa, mas aos itens: geração de receitas, redução de despesas, recuperação da infra-estrutura, capacitação/qualificação das pessoas e inclusão social (fls. 60 do Anexo 6).

3.4.9.11. Declararam que o assunto já teria sido levado ao Ministério da Agricultura, por meio do ofício 200/2004, de 29/11/2004 (doc. 05 A, fls. 87/89 do Anexo 6), e também ao Ministro da Fazenda, por meio do ofício 025/2005-PRESD, de 22/02/2005 (doc. 05, fls. 84/86 do Anexo 6). Tais assuntos foram levados às referidas autoridades após a elaboração dos chamados “estudos preliminares” e depois do encaminhamento, em 27/09/2004, de Carta-Consulta à SEAIN – Secretaria de Assuntos Internacionais, solicitando financiamento para a realização do “Projeto de Desenvolvimento Sustentável e Fortalecimento Institucional da CEAGESP”, que incluía o Projeto do Mercado de Flores. Antes de se adotar medidas com vistas à obtenção de financiamento, caberia obter a autorização dos órgãos competentes, conforme será tratado no item 7 desta instrução.

3.4.9.12. No que pertine à presente irregularidade, apontada no item V dos ofícios de citação, diante do disposto na Resolução CONFEA no 361/1991 e na Norma Técnica ABNT NBR 1351/1995, verifica-se que antes da contratação do projeto básico caberia não só o estudo de viabilidade do projeto proposto, como também o estudo de outras alternativas, no entanto, considerando que tal falta consistiu numa inversão de ordem da realização desses instrumentos, que o projeto básico de fato é necessário para se estimar o custo do projeto e que não restou caracterizada má-fé dos responsáveis, considerou-se a falha de caráter formal, a qual não ensejaria a aplicação de multa.

3.4.10. Irregularidade objeto do item VI do ofício de citação (o estudo de viabilidade elaborado pela empresa Pacmar não demonstrou taxativamente a viabilidade do projeto pelas seguintes razões: a) baixa representatividade da amostra selecionada, comprometendo a confiabilidade das conclusões do estudo; b) resultado do estudo contém vários elementos que põem em dúvida a viabilidade do projeto)

3.4.10.1. Uma das alegações dos responsáveis foi, em síntese, a de que se a CEAGESP vendesse somente o terreno hoje vazio ela realizaria apenas o valor do terreno e que o mercado atacadista de flores teria um valor agregado ao fundo do comércio que permitiria cobrar dos permissionários no novo mercado uma luva pela concessão da área que teria condições de amortizar grande parte do investimento necessário. No entanto, em resposta ao item h do Ofício de diligência no 361-GS/SECEX-SP, de 22/03/2006, fls. 327/328 do Volume 1, por meio do qual se solicitou cópia das sondagens de mercado que

2 Não consta contrato, mas o primeiro pagamento teria sido realizado em 14/06/2004, fls. 40 do Anexo 3.12

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teriam sido realizadas as quais teriam demonstrado haver vivo interesse do mercado na construção de um mercado atacadista de flores na cidade de São Paulo, bem como do estudo de viabilidade do Projeto do Mercado de Flores, informando a capacidade do mercado a ser construído e demonstrando a existência de demanda para fazer frente a esse novo mercado e a taxa de retorno do investimento prevista, com demonstrativo de que o estudo de viabilidade foi formulado dentro de critérios realistas e razoáveis, não foram apresentados documentos que objetivamente comprovassem a existência de demanda para fundamentar as receitas previstas com o Projeto do Mercado de Flores.

3.4.10.2. Em relação às críticas à amostragem realizada na pesquisa de opinião realizada com permissionários e usuários do mercado de flores pela empresa PACMAR, os responsáveis alegam que estas não procederiam, pois se trataria de uma pesquisa qualitativa e não de uma pesquisa quantitativa e que, geralmente, numa pesquisa qualitativa, o usual seria entrevistar cerca de 20 pessoas e que foram entrevistadas cerca de 32 pessoas; que a amostragem de 1,98% do total de permissionários não seria insignificante se pensássemos nos critérios dos mais renomados institutos de pesquisa do país. No entanto, os responsáveis não se manifestaram quanto a ausência de dados estatísticos que mostrassem ser a amostra representativa, o que foi apontado no item 4.5.10.3 da instrução de fls. 343 do Volume 1, da qual tiveram ciência. Os referidos e renomados institutos de pesquisa fazem suas pesquisas de amostragem com bases estatísticas, informando inclusive margens de erro de suas pesquisas. Se a amostragem é pequena, deveriam os responsáveis demonstrar que a escolha da amostragem foi representativa.

3.4.10.3. Os responsáveis declaram, em síntese, que as dúvidas levantadas quanto à viabilidade do projeto são fruto do desconhecimento do negócio do mercado atacadista de alimentos e flores; que foram identificados pontos positivos no projeto os quais seriam os mais relevantes e justificariam por si só o mercado de flores; que, no entanto, teria sido feita uma leitura equivocada dos pontos negativos do relatório por desconhecimento. Contudo, a leitura dos pontos negativos que os responsáveis atribuem a equívocos do auditor não foram inventados pelo auditor, mas identificados pela própria empresa contratada Pacmar, em seu estudo de viabilidade (fls. 221/223 do Anexo 2), estudo este que não questionou nem descaracterizou os pontos negativos levantados. Entretanto, há que se acolher as justificativas dos responsáveis no sentido de que foram apontados pontos positivos no estudo de viabilidade, não tendo este concluído taxativamente pela inviabilidade do projeto.

3.4.10.4. Alegam os responsáveis que ao se afirmar que “não haveria oferta nem demanda suficientes para justificar o projeto”, estar-se-ia esquecendo que o mercado já existe e opera quatro dias por semana no atacado e três dias por semana no varejo, nas mesmas áreas em que funciona o atacado e que o mercado central estaria com demanda muito acima de sua capacidade de atendimento. Novamente, tais dados foram extraídos do estudo de viabilidade contratado. Além disso, os responsáveis não apresentaram documentos que comprovassem suas alegações de que a demanda seria maior que sua capacidade. Também informam que todos os especialistas em centrais comerciais que os responsáveis consultaram e que atuam na capital paulista com shopping, atacado e varejo seriam entusiastas da idéia, no entanto, não apresentam tais consultas nem nas presentes alegações de defesa, nem na resposta ao item h do Ofício de diligência no 361-GS/SECEX-SP, de 22/03/2006, fls. 327/328 do Volume 1, por meio do qual se solicitou cópia das sondagens de mercado que teriam sido realizadas as quais teriam demonstrado haver vivo interesse do mercado na construção de um mercado atacadista de flores na cidade de São Paulo. Bastaria à CEAGESP apresentar comprovações de suas alegações. Os únicos elementos que podem ser considerados como indicativos da existência de demanda são os artigos de jornal referidos pelos responsáveis (doc. 10, fls. 107 do Anexo 6 e doc. 11, fls. 108 do Anexo 6).

3.4.10.5. Cumpre repetir que a análise que justificou a citação não inventou pontos negativos e sim os trouxe do estudo de viabilidade feito pela empresa Pacmar. Conforme informado no item 4.5.11.10 da instrução às fls. 344/345 do Volume 1: “O estudo indica: “Parece não haver muita massa de manobra para ampliação dos custos, sem uma forte perspectiva de aumento nas vendas” (fls. 237 do vol. 1 do Anexo 2). E, no presente caso, parece não existir a forte perspectiva de aumento nas vendas, já que o estudo indica que o Mercado de Flores não geraria aumento global representativo nas vendas (fls. 222 do vol. 1 do Anexo 2)”.

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3.4.10.6. Além disso, conforme referido no item 4.5.11.8 da instrução de fls. 344 do Volume 1: “Várias das sugestões dadas pela consultoria poderiam ser usadas para melhorar a situação atual da Ceagesp, não demandando a construção de um mercado de flores, tais como: alinhamento de preços e acessos diferenciados para PJ e PF, estudar os horários de funcionamento para adequar possibilidades com necessidades, cadastrar e monitorar clientes PJ para reduzir inadimplência e risco, eliminar monopólio dos carregadores, colocar carrinhos para transportar mercadorias entre o caminhão e o box e lixeiras em todos os boxes, licitação para serviços de alimentação, melhorando a qualidade e preços, entre outros (fls. 224/227 do vol. 1 do Anexo 2)”.

3.4.10.7. Contudo, há que se reiterar que o estudo não foi conclusivo, apontando apenas pontos positivos e negativos, sem apontar taxativamente a viabilidade ou inviabilidade do projeto.

3.4.10.8. Diante do exposto, considerando que o estudo de viabilidade apresentado e as alegações dos responsáveis não foram conclusivos quanto à viabilidade do projeto, mas considerando também que não há elementos que taxativamente confirmem que o projeto seria inviável ou causaria prejuízos ao CEAGESP, proporemos o acolhimento parcial das alegações de defesa dos responsáveis, e que tal irregularidade seja considerada de caráter formal.

3.4.11. Irregularidade objeto do item X do ofício de citação (Realização de aditamento de contrato sem formalização e sem parecer jurídico)

3.4.11.1. Em relação ao item X, os responsáveis alegam, em síntese, que quando o projeto básico estava em vias de ser aprovado, tornou-se público que a Câmara Municipal de São Paulo estava em vias de aprovar uma nova lei para regulamentar o uso e ocupação do solo e que a nova lei criaria restrições maiores que as existentes para o uso do solo; que em decorrência disso, tinha-se que agilizar ao máximo a contratação do “projeto legal” para efetuar o protocolo na Prefeitura de São Paulo, de forma a garantir os direitos da CEAGESP previstos na lei então vigente e que esta providência teria garantido a possibilidade de a CEAGESP exercer um direito que hoje teria valores significativos, no montante de R$ 868.000,00, considerando que o projeto passaria a ter um excesso de área de 3.422,96 m2 e que a esse excedente se aplicaria o valor de R$ 253,56 por metro quadrado a título de outorga onerosa, pois de fato a nova Lei Municipal no 13.885, de 25/08/2004 foi promulgada; que para evitar essa futura despesa, resolveu-se agilizar a elaboração do projeto legal e efetuar a rápida protocolização na Prefeitura de São Paulo, conforme Ata da Reunião da Diretoria (doc. 12, fls. 109/111 do Anexo 6).

3.4.11.2. As razões expostas pelos responsáveis para justificar a contratação do Projeto Legal são razoáveis, no entanto, não elidem às irregularidades da realização de aditamento de contrato sem formalização e sem parecer jurídico, em descumprimento aos arts. 60 e art. 38, parágrafo único, da Lei 8.666/93, pois mesmo havendo urgência para a protocolização do Projeto Legal na Prefeitura, seria possível a obtenção de parecer jurídico e formalização do aditamento ao contrato. Assim, não foram acolhidas as alegações de defesa, sendo que esta irregularidade enseja proposta de aplicação de multa.

3.4.12. Do afastamento do débito e das irregularidades objeto do itens I, II, III, IV, VII, VIII e IX do ofício de citação

3.4.12.1. Proporemos o acolhimento das alegações de defesa no sentido de que ainda nenhuma obrigação financeira teria sido contraída, pois se tratava de estudos preliminares necessários à definição do Projeto do Mercado de Flores, razão pela qual foram consideradas afastadas as irregularidades objeto dos itens I, II, III e IV dos ofícios de citação.

3.4.12.2. Quanto à irregularidade apontada no item VII dos ofícios de citação, conforme já referido, os responsáveis apresentaram as atas de reuniões do Conselho de Administração da CEAGESP realizadas em 12/11/2004 e 24/09/2004 (fls. 98/103 do Anexo 6), que comprovam que o Sr. Valmir apresentou ao referido Órgão a idéia do projeto do novo Mercado de Flores. A apresentação da proposta do Novo Mercado de Flores ao Conselho de Administração foi posterior à contratação da empresa Guedes Pinto 3,

3 Não consta contrato, mas o primeiro pagamento teria sido realizado em 14/06/2004, fls. 40 do Anexo 3.14

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demonstrando a ocorrência de exorbitância das competências atribuídas ao Diretor Presidente pelo art. 12, parágrafo 5o, do Estatuto da CEAGESP, no entanto, trata-se de falha de caráter meramente formal, haja vista que foi dado ciência do projeto ao Conselho de Administração e que este não foi contrário ao seu prosseguimento, razão pela qual se propõe o acolhimento das razões de justificativa quanto a esse ponto.

3.4.12.3. Em relação às irregularidades apontadas nos itens VIII e IX dos ofícios de citação, considerou-se não haver elementos no sentido de que os responsáveis tenham agido de má-fé ao realizarem a contratação do projeto básico, do projeto legal e do estudo de viabilidade, com o intuito de posteriormente apresentarem às instâncias superiores a proposta do projeto e que, ainda que se considere não haver elementos conclusivos quanto à viabilidade econômica financeira do projeto, caso as instâncias superiores, ainda assim, entendam conveniente o investimento, não teriam sido antieconômicas as contratações, não restando configurado o débito imputado na citação, razão pela qual proporemos o acolhimento das razões de justificativa relativamente a esses pontos e a não-imputação de débito aos responsáveis.

3.4.12.4. Considerou-se que se deva afastar a configuração do débito não só porque o projeto ainda pode vir a ser aprovado por instâncias superiores, podendo vir a ser aproveitado, mas também considerando-se as alegações dos responsáveis de que ele era uma fase necessária para se estimar o custo do projeto e tendo em vista que não há nos autos elementos no sentido de superfaturamento do preço contratado nem de má-fé.

3.5. Conclusão:

3.5.1. Diante do exposto, proporemos afastar o débito; acolher as alegações de defesa relativas aos itens I, II, III, IV, VII, VIII e IX; acolher parcialmente as alegações de defesa relativas aos itens V e VI; e rejeitar as alegações de defesa relativas ao item X;

4. Irregularidades que originaram a citação4: pagamento de R$ 150.000,00, em 17/05/2004, ao Programa das Nações Unidades para o Desenvolvimento – PNUD com vistas à contratação de consultor com o intuito de apresentar à Comissão de Financiamentos Externos – COFIEX um pedido de empréstimo no valor de US$ 47.099.000,00 a serem investidos em projetos de reestruturação da CEAGESP, sendo que desse total US$ 26.367.763,16 seriam destinados ao Projeto do Mercado de Flores no ETSP, considerando as seguintes irregularidades que causaram danos aos cofres da CEAGESP:

I- A contratação contrariou o art. 10, inciso II, alínea b, do Decreto no 2.594/1998, que determina que compete ao Conselho Nacional de Desestatização aprovar os ajustes de natureza operacional e o saneamento financeiro necessário às desestatizações.

II- A contratação não foi submetida à autorização do Conselho Nacional de Desestatização, contrariando o art. 47, inciso II, do Decreto no 2.594/1998, que dispõe que a partir de sua inclusão no Programa Nacional de Desestatização a sociedade não poderá contrair obrigações financeiras sem prévia autorização do Conselho Nacional de Desestatização, exceto aquelas necessárias à manutenção e operação da empresa (processo no 093/2004 - empréstimos pretendidos pela CEAGESP junto à Comissão de Financiamentos Externos – COFIEX para utilização em projetos de reestruturação da CEAGESP).

III- A contratação constituiu ato prejudicial ao curso do processo de desestatização, previsto no art. 45 do Decreto no 2.594/1998, pois o endividamento para a consecução dos projetos de reestruturação da CEAGESP aumentaria o patrimônio e o passivo da empresa, dificultando/comprometendo o processo de desestatização da CEAGESP, o que é agravado pelo fato dos projetos serem de alta monta e de viabilidade não demonstrada.

IV- A contratação contrariou o art. 59, § 1o, inciso V, do Decreto no 2.594/1998, pois os projetos de reestruturação da CEAGESP não foram submetidos ao Ministro da Fazenda, não obstante os recursos necessários para a execução dos projetos superarem em muito o limite de 5% do Patrimônio Líquido da

4 Item 2 do Ofício no 1167-GS/SECEX-SP de fls. 376/380 do Vol. 1 e Ofício no 1169-GS/SECEX/SP de fls. 384/386 do Vol. 1.

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CEAGESP à época (valor estimado para os projetos de reestruturação da CEAGESP: US$ 47.099.000,00).

V- A contratação não foi precedida de estudos de viabilidade dos projetos de reestruturação da empresa; caberia, além da solicitação de autorização do órgão de desestatização competente, a comprovação da viabilidade técnica, econômica e financeira dos projetos.

VI- A contratação foi antieconômica, pois pode-se considerar que os recursos despendidos na contratação de consultor via PNUD foram gastos sem retorno, já que não houve aprovação do projeto pelos órgãos competentes (Conselho de Administração da CEAGESP, Conselho Nacional de Desestatização e Ministro da Fazenda), necessária para se dar início à persecução dos projetos de reestruturação da CEAGESP (incluído o projeto do Mercado de Flores); também foi antieconômica a realização de gastos para contratação de consultor via PNUD sem que tenha havido resultado efetivo, conforme o Relatório de Auditoria no 161060 da CGU, relativo à gestão da CEAGESP de 2004.

VII- Os projetos de reestruturação da CEAGESP não foram autorizados pelo Conselho de Administração, a quem compete, conforme o art. 11, parágrafo 7o, inciso I, do Estatuto da CEAGESP fixar a orientação geral dos negócios e as prioridades da Companhia, acompanhando a sua execução.

VIII- Descumprimento dos art. 25, inciso II, e 26, parágrafo único, da Lei no 8.666/93, ante as seguintes constatações feitas pela Controladoria Geral da União no Estado de São Paulo no Relatório de Auditoria no 161060:

a) contratação direta sem comprovação da situação de inexigibilidade de licitação e sem a presença no processo de documentos que comprovem o currículo e a experiência do consultor, como atestados de capacidade técnica, em descumprimento aos arts. 25, inciso II, e 26, parágrafo único, incisos I e II, da Lei no 8.666/1993;

b) ausência no processo de documentos que comprovem a realização de pesquisa de preços e a adequabilidade do preço contratado, em desconformidade com o art. 26, parágrafo único, inciso III, da Lei no 8.666/1993;

c) baixa complexidade do serviço prestado, haja vista que a Controladoria Geral da União no Estado de São Paulo informou no Relatório de Auditoria no 161060, relativo à gestão da CEAGESP em 2004, que o consultor só fez a adequação dos dados fornecidos pela CEAGESP aos moldes da Carta-Consulta.

4.1. Responsáveis citados solidariamente: Srs. Valmir Prascidelli e José Lourenço Pechtoll, respectivamente, Diretor Presidente e Coordenador da Assessoria de Planejamento da CEAGESP em 2004

4.2. Quantificação do débito:

Fato gerador Data do pagamento Valor do débito (R$)Pagamento ao PNUD 17/05/2004 R$ 150.000,00

4.3. Alegações de defesa (fls. 20/26 do Anexo 6, fls. 01/289 do Anexo 9):

4.3.1. Alegações de defesa do Sr. José Lourenço Pechtoll (fls. 01/289 do Anexo 9):

4.3.1.1. O Sr. José Lourenço Pechtoll alegou, primeiramente, a impertinência da solidariedade com o Diretor-Presidente da CEAGESP, com base nos seguintes argumentos: o responsável seria Coordenador de Assessoria II, sem poder deliberativo com o Sr. Valmir Prascidelli, Diretor Presidente; que, com fundamento nos arts. 74, § 1o, da CF/88, 46 a 49 do Código de Processo Civil e nos arts. 12, 16 e 19 da Lei no 8.443/92, e considerando não ser responsável pelo controle interno, não ter comungado direitos ou obrigações com o Sr. Prascidelli, Diretor-Presidente da CEAGESP à época, não ter praticado ato de gestão ilegal, ilegítimo ou antieconômico, nem ter provocado danos ao erário, não lhe caberia a imputação de responsável solidário. O responsável elencou as atribuições de seu cargo junto à CEAGESP e do cargo de “Coordenador do Projeto” junto ao PNUD.

4.3.1.2. Declarou que o processo de desestatização da CEAGESP não progrediu desde a inclusão da empresa no PND - Programa Nacional de Desestatização, havendo necessidade de definição do Governo

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Federal quanto ao futuro da empresa; que a empresa desempenha atividades relevantes e que, carente de apoio de verbas federais e incluída no PND, a diretoria da época, necessitando de recursos para manter a CEAGESP em atividade e prestar o serviço de controle do abastecimento de produtos hortifrutigranjeiros e armazenagem de grãos, consultou outros órgãos públicos, sendo que teria sido orientada a buscar apoio junto ao PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

4.3.1.3. Alegou que o PNUD tem regras próprias e que seu Manual de Convergência de Normas Licitatórias teria sido adaptado às leis nacionais e aprovado pelo TCU no Acórdão 946/2004 – Plenário; que aos Projetos do PNUD não se aplicaria a Lei 8.666/93, mas os Manuais de Execução Nacional e de Convergência de Normas Licitatórias, tendo o responsável salientado alguns itens constantes do referido Manual de Execução Nacional vigente à época (vide fls. 11/12 do Anexo 9); que este Tribunal teria ciência das peculiaridades e preciosismos na preparação dos projetos levados à aprovação daquele organismo para elaboração da Carta Consulta, tanto que, normalmente, após os procedimentos preliminares, ele5 orientaria e indicaria consultores para preparar os projetos.

4.3.1.4. O responsável apresenta às fls. 12/21 do Anexo 9 um histórico do processo que levou ao desenvolvimento do projeto de reestruturação objetivando a recuperação de sua infra-estrutura, o qual precedeu a formulação da “Carta Consulta”.

4.3.1.5. Alega que todo o procedimento foi efetuado “por e sob orientação do PNUD, tudo dentro da mais transparente boa-fé” e que seguiu todas as orientações dadas pelo Oficial do Projeto/PNUD.

4.3.1.6. Argumentou que a contratação não teria sido antieconômica e que os recursos despendidos estariam contabilizados pelo PNUD como adiantamentos da “Contrapartida”, já que o projeto teria sido concluído e convertido na Carta Consulta (Projeto no BRA/04/015 – Modernização da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo) em tramitação na SEAIN – Secretaria de Assuntos Internacionais e COFIEX – Comissão de Financiamentos Externos, ambas do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão.

4.3.1.7. O responsável mencionou decisões do TCU. Alegou que no subitem 8.4.1 da Decisão 178/2001 – Plenário, alterada pela Decisão 1008/2001 – Plenário, o TCU determinou que, nas aquisições de bens e serviços associados à execução de projetos de cooperação internacional custeados com recursos próprios nacionais, ainda que a administração dos recursos estivesse a cargo de agente externo, fossem observadas todas as disposições da Lei no 8.666/93; que, posteriormente, por meio do Acórdão 946/2004 – Plenário, esta Corte teria considerado que o “Manual de Convergência de Normas Licitatórias” elaborado pelo PNUD atendia à determinação fixada no subitem 8.4.1 da Decisão no 178/2001 – Plenário, estando em condições de ser aplicado por aquele organismo internacional no âmbito de acordos ou projetos de cooperação técnica firmados com a União em que haja repasse de recursos nacionais; que, recentemente, no Acórdão 1918/2004 (Sessão de 01/12/2004), o Plenário teria firmado o entendimento de que, nas aquisições de bens e contratação de serviços custeados com recursos próprios nacionais, no âmbito de projetos de cooperação técnica internacional, seria possível tanto a utilização da Lei 8.666/93 quanto do Manual de Convergência de Normas Licitatórias, aprovado pelo Acórdão 946/2006 – Plenário, e que, portanto, as orientações e procedimentos sugeridos pelo PNUD estavam pautados em seu Manual de Convergência de Normas Licitatórias, sem vislumbrar ofensa aos princípios basilares da licitação e da Constituição Federal.

4.3.1.8. O responsável transcreveu apontamentos e recomendações feitas pela CGU/SP relativas à questão em análise e declarou que, quando da avaliação de gestão efetuada pela CGU, a CEAGESP informou que estava implementando as referidas recomendações e que as mesmas seriam aplicadas para as próximas licitações dessa natureza.

4.3.1.9. Diante do exposto, o responsável requisitou que fosse decretada a inexistência da solidariedade e, caso não fosse esse o entendimento deste Tribunal, que fossem considerados regulares os atos praticados.

5 Considerou-se haver referência ao PNUD.17

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4.3.1.10. Análise das alegações de defesa do Sr. José Lourenço Pechtoll:

4.3.1.11. Não se poderia acolher o pedido de exclusão de solidariedade do Sr. Pechtoll quanto ao débito, considerando o disposto no art. 16, inciso II, alínea “c”, combinado com o § 2o do mesmo artigo da Lei 8.443/92, que determinam que haverá responsabilidade solidária do agente público que praticou o ato irregular, e que, conforme os documentos de fls. 51/52 do Anexo 3, o Sr. José Lourenço Pechtoll foi indicado ao PNUD como Coordenador do Projeto de Reestruturação e ordenou o pagamento dos R$ 150.000,00 ao órgão das Nações Unidas.

4.3.1.12. Nada obstaria que a CEAGESP buscasse apoio financeiro do PNUD, desde que houvesse aprovação para os gastos com o Projeto de Reestruturação da CEAGESP pelas autoridades competentes (Conselho Nacional de Desestatização e Ministro da Fazenda) ou que a CEAGESP fosse excluída do Programa Nacional de Desestatização, o que passou a ser pleiteado pelo Sr. Valmir Prascidelli, Diretor-Presidente da CEAGESP à época, conforme os autos, a partir de 27/07/2004 (fls. 272/277 e 252/257 do Anexo 9), até o momento sem sucesso (fls. 278/280 e 287/289 do Anexo 9 e fls. 83 do Anexo 6)6. Na ausência das referidas aprovações (fls. 278/280 do Anexo 9) e estando a CEAGESP incluída no Programa Nacional de Desestatização, não caberia contratar consultor para elaborar a Carta Consulta, pois não haviam sido atendidos requisitos essenciais que possibilitassem a aprovação da Carta Consulta (Projeto no

BRA/04/015 – Modernização da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), em tramitação na SEAIN – Secretaria de Assuntos Internacionais e COFIEX – Comissão de Financiamentos Externos, ambas do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, conforme informações do responsável, sendo o gasto de retorno absolutamente incerto.

4.3.1.13. Caberia aos responsáveis primeiro obter a exclusão da CEAGESP do Programa Nacional de Desestatização ou obter a aprovação dos órgãos competentes para a execução do projeto e para buscar financiamento de recursos para sua execução, para depois adotar procedimentos com vistas à obtenção do financiamento.

4.3.1.14. Ao invés disso, os responsáveis não aguardaram deliberações dos órgãos competentes e contrataram consultor para pleitear recursos para projeto cujo futuro é indefinido, gastos esses ilegítimos e que podem ser considerados antieconômicos, pois transcorridos mais de dois anos da contratação e da elaboração da Carta Consulta, o processo não pode ir adiante em decorrência da indefinição dos órgãos competentes, os quais podem vir, inclusive, a rejeitar o projeto.

4.3.1.15. O responsável citou a Decisão 178/2001 – Plenário, alterada pela Decisão 1008/2001 – Plenário, o Acórdão 946/2004 – Plenário e o Acórdão 1918/2004 (Sessão de 01/12/2004), inferindo que, aos procedimentos em análise, por terem sido intermediados pelo PNUD, não seria aplicável o disposto na Lei 8.666/93 e sim o estabelecido no Manual de Convergência de Normas Licitatórias, razão pela qual não teria havido ofensa aos princípios basilares da licitação e da Constituição Federal.

4.3.1.16. Ocorre que o TCU, desde a referida Decisão 178/2001 – Plenário, determina, no tocante aos acordos ou projetos de cooperação internacional, que se observe, com rigor, todas as disposições da Lei 8.666/93, inclusive justificativas para contratações diretas. Registre-se que no Acórdão 547/2003 – Plenário, este Tribunal determinou à 3a Secex que fizesse um exame objetivo do “Manual de Convergência de Normas Licitatórias”, cotejando-o com a Lei 8.666/93, manifestando-se, conclusivamente, se as disposições nele contidas cumpriam ou não a determinação exarada por este Tribunal, por meio da Decisão Plenária 178/2001. Consta no Relatório do Acórdão 964/2004 – Plenário a análise feita pela 3a Secex, que identificava, no “Manual de Convergência de Normas Licitatórias” vigente à época, a existência de algumas normas não adequadas à Lei 8.666/93, as quais a Unidade Técnica considerava que não deveriam ser aplicadas pelo PNUD nas aquisições de bens e serviços com recursos próprios nacionais. Consta ainda do Relatório do Acórdão 964/2004 – Plenário que, posteriormente, o representante do PNUD no Brasil apresentou a esta Corte um novo “Manual de Convergência de Normas Licitatórias”, a título de contemplar os pontos em desacordo com a Lei

6 Registre-se que o Sr. Valmir Prascidelli pleiteia uma definição do Governo Federal a respeito da continuidade do processo de privatização da CEAGESP desde 20/05/2003 (fls. 261/264).

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8.666/93, o qual foi encaminhado para a 3a Secex, que exarou nova manifestação. Diante do exposto, acordaram os Ministros do TCU, em decisão Plenária, que a versão final do “Manual de Convergência de Normas Licitatórias” elaborado pelo PNUD atendia à determinação firmada pelo TCU no subitem 8.4.1 da Decisão no 178/2001 – Plenário, estando em condição de ser aplicado por aquele organismo internacional. No Acórdão 1918/2004 – Plenário, que trata de consulta formulada pelo Ministro de Estado das Relações Exteriores, o TCU decidiu, quanto a adoção do Manual de Convergência ou da Lei 8666/93 na aquisição de bens e contratação de serviços custeados com recursos próprios nacionais, no âmbito de projetos de cooperação técnica internacional, seja dado o entendimento de que é possível a utilização do “Manual de Convergência de Normas Licitatórias”, uma vez que aquelas regras e procedimentos coadunam-se com os princípios constitucionais que regem a Administração Pública e harmonizam-se com o que dispõe a Lei n.º 8666/93.

4.3.1.17. O “Manual de Convergência de Normas Licitatórias” aprovado pelo TCU foi publicado no DOU de 23/07/2004. Destacamos alguns de seus dispositivos acerca de contratação por inexigibilidade de licitação, extraídos de seu capítulo 5, que trata de “Exceções ao Processo Licitatório”:

“5.1.c) Toda solicitação de contratação direta deve ser precedida de exposição de motivos, fazendo-se constar do correspondente processo de formalização as devidas justificativas para a não realização de licitação.

5.1.d) Devem-se priorizar os motivos que justifiquem a impraticabilidade de obtenção de outras propostas e não se deter em questões secundárias, tais como a reputação ou experiência do possível fornecedor. Além disso, é preciso fornecer elementos que demonstrem que o preço é justo, razoável e compatível com o mercado.”

“5.3 Inexigibilidade de licitação

É inexigível a Licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:

a) Para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor ou empresa representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido por órgão competente reconhecido pelo país do beneficiário;

b) Para contratação de serviços técnicos de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;

c) Para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.”

4.3.1.18. Por meio da análise dos referidos dispositivos, verifica-se que o “Manual de Convergência de Normas Licitatórias” traz as mesmas exigências da Lei 8.666/93 relativamente às contratações por inexigibilidade de licitação, sendo que o responsável não apresentou elementos que pudessem refutar as irregularidades na contratação por inexigibilidade de consultor com o intuito de apresentar à Comissão de Financiamentos Externos – COFIEX um pedido de empréstimo, no valor de US$ 47.099.000,00 a serem investidos em projetos de reestruturação da CEAGESP, identificadas no ofício de citação. Registre-se que nem em suas alegações nem nos documentos anexos trazidos houve demonstração de inviabilidade/impraticabilidade de licitação ou justificativa de preços.

4.3.1.19. No entanto, há que se acolher as alegações do responsável no sentido de que o procedimento foi efetuado sob orientação do PNUD, pois no Ofício no 087/2004/PRESD, de 28/05/2004, o Sr. Valmir Prascidelli, Diretor Presidente da CEAGESP em 2004, solicitou ao PNUD a contratação direta da empresa MC Consultoria, tendo a contratação se efetivado sem registro de que o PNUD tenha apontado a necessidade de realização de licitação. Diante do exposto, há que se considerar que a omissão do PNUD concorreu para a ocorrência da irregularidade, razão pela qual proporemos o acolhimento da defesa do responsável relativamente ao item VIII.

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4.3.1.20. A nosso ver, podem ser acolhidas as justificativas de que a contratação não teria causado dano ao Erário porque o projeto teria sido concluído e convertido na Carta Consulta (Projeto n o

BRA/04/015 – Modernização da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), ainda em tramitação na SEAIN – Secretaria de Assuntos Internacionais e COFIEX – Comissão de Financiamentos Externos, ambas do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, o que afasta a ocorrência do débito, tendo em vista que o objeto da contratação pode vir a ser aproveitado se houver aprovação pelas autoridades competentes e considerando que não há nos autos elementos no sentido de superfaturamento do preço contratado nem de má-fé dos responsáveis.

4.3.1.21. No entanto, a contratação foi antieconômica, pois era descabido contratar empresa para formular Carta-Consulta sendo que a CEAGESP não dispunha de autorizações dos órgãos competentes, impossibilitando qualquer chance de aprovação da referida Carta Consulta, cuja aprovação será inviabilizada caso não haja aprovação dos órgãos competentes para a execução do projeto que motivou o pedido de financiamento.

Conclusão

4.3.1.22. Diante do exposto, proporemos o acolhimento das alegações de defesa do responsável relativas aos itens I a V, VII e VIII; o afastamento do débito; e a rejeição das alegações de defesa relativamente ao item VI, sendo que essa irregularidade, por si só, justifica apenas proposta de aplicação de multa, ante os considerandos expostos no item 4.3.1.20 e 4.3.1.21 desta instrução e que a citação supre a realização de audiência.

4.3.2. Alegações de defesa do Sr. Valmir Prascidelli (fls. 20/26 do Anexo 6):

4.3.2.1. O responsável argumentou, em síntese, que o ofício PRESD no 103/2004, enviado ao Coordenador da Unidade de Meio Ambiente e Energia do PNUD (doc. 13, fls. 112/113), daria conta de que o referido consultor atenderia às normas e critérios do PNUD e seria detentor de notória especialização na elaboração de Cartas Consulta à SEAIN; que, além disso, o consultor teria demonstrado efetivamente através de currículo (doc. 14, fls. 114/119 do Anexo 6), que atenderia aos requisitos dos arts. 25 e 26 da Lei 8.666/93; que o valor dos honorários, embora não demonstrado nos autos, corresponderia ao valor de mercado, que nessa área seria bastante subjetivo em razão de múltiplos fatores; que seria subjetiva a assertiva de que os serviços foram de “baixa complexidade”, na medida em que os serviços eram de consultoria e não de assessoria; que só após a elaboração do projeto básico haveria condições de se fazer um estudo de viabilidade econômico-financeiro; razão pela qual a contratação desses estudos preliminares não estariam abrangidos pelo Decreto 2.594/1998; que a alegação de que as contratações relacionadas à reestruturação da empresa e ao projeto do mercado de flores foram antieconômicas não poderia prosperar, visto que os estudos foram concluídos (ainda pendente de revisão) apenas em março/abril de 2005 e o Requerente demitiu-se em agosto do mesmo ano, sem condições de submeter os estudos ao Conselho Nacional de Desestatização e ao Ministro da Fazenda, tarefa que caberia a seu sucessor, que, prosseguiria nas tratativas visando à concretização do projeto.

4.3.2.2. Com base nessas argumentações, pede que sejam acatadas suas razões e julgados regulares seus atos, liberando-o do pagamento das importâncias apontadas nesse e no item anterior e relevando eventuais vícios formais.

4.3.2.3. Análise das alegações de defesa do Sr. Valmir Prascidelli

4.3.2.4. Não obstante ter havido uso indevido de contratação direta da empresa de consultoria, as alegações e documento trazido pelo responsável (ofício PRESD no 103/2004, enviado ao Coordenador da Unidade de Meio Ambiente e Energia do PNUD, fls. 112/113), demonstram que para a irregularidade concorreu a omissão do PNUD, razão pela qual proporemos o acolhimento da defesa do responsável relativamente ao item VIII.

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4.3.2.5. Relativamente aos itens I a V, proporemos o acolhimento da defesa do responsável pelo fato de que a contratação da consultoria, como alegado, não representou assunção de empréstimo ou em aquisição de bem em valor superior a cinco por cento do Patrimônio líquido da empresa, e sim em ato tendente a esses resultados.

4.3.2.6. Em relação ao item VII, tratou-se de irregularidade de caráter formal, conforme já analisado no item 3.4.12.2 desta instrução.

4.3.2.7. No que concerne à irregularidade apontada no item VI, não há como se acolher as justificativas do responsável, pois para que se pudesse pleitear empréstimo por meio da Carta Consulta (para cuja formulação a empresa de consultoria foi contratada) seria necessário ou que houvesse aprovação para os gastos com o Projeto de Reestruturação da CEAGESP pelas autoridades competentes (Conselho Nacional de Desestatização e Ministro da Fazenda) ou que a CEAGESP fosse excluída do Programa Nacional de Desestatização, o que passou a ser pleiteado pelo Sr. Valmir Prascidelli, Diretor-Presidente da CEAGESP à época, conforme os autos, a partir de 27/07/2004 (fls. 272/277 e 252/257 do Anexo 9), até o momento sem sucesso (fls. 278/280 e 287/289 do Anexo 9 e fls. 83 do Anexo 6)7. Na ausência das referidas aprovações (fls. 278/280 do Anexo 9) e estando a CEAGESP incluída no Programa Nacional de Desestatização, não caberia contratar consultor para elaborar a Carta Consulta, pois não haviam sido atendidos requisitos essenciais que possibilitassem a aprovação da Carta Consulta (Projeto no

BRA/04/015 – Modernização da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), em tramitação na SEAIN – Secretaria de Assuntos Internacionais e COFIEX – Comissão de Financiamentos Externos, ambas do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, conforme informações do responsável, sendo o gasto de retorno absolutamente incerto.

4.3.2.8. A nosso ver, podem ser aproveitadas em benefício do Sr. Valmir as justificativas acolhidas do Sr. José Lourenço no sentido de que a contratação não teria causado dano ao Erário porque o projeto teria sido concluído e convertido na Carta Consulta (Projeto no BRA/04/015 – Modernização da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), o que afasta a ocorrência do débito, tendo em vista que o objeto da contratação pode vir a ser aproveitado se houver aprovação pelas autoridades competentes e considerando que não há nos autos elementos no sentido de superfaturamento do preço contratado nem de má-fé dos responsáveis.

4.3.2.9. No entanto, cumpre repisar que a contratação foi antieconômica, pois era descabido contratar empresa para formular Carta-Consulta sendo que a CEAGESP não dispunha de autorizações dos órgãos competentes, impossibilitando qualquer chance de aprovação da referida Carta Consulta, cuja aprovação será inviabilizada caso não haja aprovação dos órgãos competentes para a execução do projeto que motivou o pedido de financiamento.

Conclusão

4.3.2.10. Diante do exposto, proporemos o acolhimento das alegações de defesa do responsável relativas aos itens I a V, VII e VIII; o afastamento do débito; e a rejeição das alegações de defesa relativamente ao item VI, sendo que essa irregularidade, por si só, justifica apenas proposta de aplicação de multa e que foi feita citação, a qual supre a realização de audiência.

II – ANÁLISE DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA

5. Irregularidades:

I- contratação em 2004 de funcionários sem comprovação de que estes atendiam aos requisitos exigidos pelos editais dos concursos públicos de 2002 e 2004, considerando que suas pastas funcionais estão

7 Registre-se que o Sr. Valmir Prascidelli pleiteia uma definição do Governo Federal a respeito da continuidade do processo de privatização da CEAGESP desde 20/05/2003 (fls. 261/264).

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incompletas, conforme relacionado a seguir (item 4.3 instrução de fls. 334/338 do Volume 1, item 7.3.8 da instrução de fls. 287/325 do Volume 1 e item 9.1.2.1 do Relatório no 161060 da CGU/SP – fls. 155/156 do Volume Principal):

a) falta de comprovação da experiência profissional exigida e de comprovante de quitação das obrigações eleitorais nas pastas funcionais de Paula Keiko Iwamoto, Sinval Pereira da Silva, Alfredo Ioshio Matsumoto e Adilson B. Cespedes;

b) falta de comprovação da experiência profissional exigida nas pastas funcionais de Antônio Carlos Cerqueira e Helio Cesar Pereira;

c) falta de comprovante de escolaridade requerida, de comprovação da experiência profissional exigida e de comprovante de quitação com as obrigações eleitorais na pasta funcional de Wagner Aparecido Ferrarin;

d) falta de comprovante de quitação das obrigações eleitorais nas pastas funcionais de Lisandro M. Barreiros e Lidia Midori Kague;

e) falta de atestado de antecedentes criminais e de comprovante de quitação com as obrigações eleitorais na pasta funcional de Norval A. de Sisto;

f)falta de atestado de antecedentes criminais, de comprovante de quitação com as obrigações eleitorais e de comprovante de realização de curso de informática na pasta funcional de João Cláudio de Lima;

g) falta de comprovação de experiência exigida e de comprovante de realização de curso de informática na pasta funcional de Carolina Gutierrez Antonio;

h) falta de comprovação de experiência exigida, de atestado de antecedentes criminais e de comprovante de realização de curso exigido pelo edital: Thiago de Oliveira;

i)falta de comprovação de experiência exigida e de comprovante de realização de curso exigido pelo edital: Armindo A. Freitas;

j)falta de comprovação de experiência exigida: Mario Novaes Rocha, Paulo Cesar de Oliveira, Marcelo Santos Damião, Juscelino S. dos Reis, Eduardo F. de Almeida e Leronil T. Tavares;

II- contratação dos funcionários a seguir enumerados para cargos em comissão sem comprovação de que estes atendiam aos requisitos exigidos pelo Plano de Cargos, Carreira e Salários da CEAGESP, considerando que suas pastas funcionais estavam incompletas (item 4.3 da presente instrução, item 7.3.8 da instrução de fls. 287/325 do Volume 1 e item 9.1.2.1 do Relatório no 161060 da CGU/SP – fls. 155/156 do Volume Principal):

a) falta de comprovação de experiência exigida: Izabel Guerra Araújo e Marisa Helena M. Lourenço Tomazelli;

b) falta de comprovação da escolaridade e da experiência exigida: Giovanni Dominici, Marco Antônio Pereira, Salvador G. D. Khuriyeh e Debora Maximo de Souza;

III- documentação incompleta na pasta funcional dos funcionários relacionados nos itens I e II supra, bem como dos funcionários a seguir enumerados, inviabilizando a fiscalização pelos órgãos de controle do atendimento pelos contratados dos requisitos necessários para o cargo e em descumprimento à manifestação feita pelo gestor quanto ao Relatório no 140922 da CGU, referente as contas da CEAGESP de 2003, no sentido de que a CEAGESP organizaria as pastas funcionais, requisitando os documentos indispensáveis dos servidores, considerando a ausência dos seguintes documentos nas pastas dos funcionários elencados a seguir (item 4.3 da presente instrução, item 7.3.8 da instrução de fls. 287/325 do Volume 1 e item 9.1.2.1 do Relatório no 161060 da CGU/SP – fls. 155/156 do Volume Principal):

a) Euclides Messias Amorin: comprovante de quitação com as obrigações eleitorais e comprovante da experiência exigida;

b) Ligia Domingues da Silva: comprovante de curso técnico em secretariado e comprovante da experiência exigida;

c) Mauro R. G. Pereira; Benedicto Tolosa Filho: comprovante da experiência exigida;d) Luiz Concilius G. Ramos: comprovante da experiência exigida e comprovante da escolaridade requerida.

5.1. Responsáveis: Sr. Valmir Prascidelli, Presidente da CEAGESP em 2004, Sr. Gilberto Luciano Belloque, Diretor Administrativo e Financeiro em 2004, Sr. Salvador George Donizetti Khuryeh, Gerente do Departamento de Recursos Humanos de 1/1/2004 a 2/7/2004, e Sr. Luiz Concílius Gonçalves Ramos, Gerente do Departamento de Recursos Humanos de 23/8/2004 a 31/12/2004

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5.2. Razões de justificativa dos responsáveis (fls. 120/122 e 131/243 do Anexo 6; fls. 1A a 224 do Anexo 5, fls. 01/100 do Anexo 7): os responsáveis alegaram que quando assumiram a CEAGESP, em fevereiro de 2003, a situação da empresa como um todo era complicada do ponto de vista administrativo e econômico-financeiro e que a área de Recursos Humanos não fugia a essa regra; que, de imediato, apesar das sindicâncias promovidas pelo MAPA, que ocupavam muito tempo, determinaram a realização de levantamentos na área de administração de pessoal, principalmente para identificar eventuais irregularidades na situação funcional, com o objetivo de saneamento e de atendimento às inúmeras reclamações trabalhistas; que foram constatadas distorções funcionais e falhas nos prontuários individuais, as quais foram sendo sanadas paulatinamente, tendo os trabalhos sido concluídos pouco antes do final de agosto de 2005, conforme atestou o Chefe da Seção de Administração de Pessoal em documento anexo, acompanhado da relação dos servidores e documentos cujas faltas que motivaram a audiência; que essa questão teria sido devidamente sanada, conforme atestaria o Relatório de Auditoria no

166199 da Controladoria Geral da União no Estado de São Paulo, referente às contas de 2005 da CEAGESP, juntados pelos responsáveis (fls. 244/247 do Anexo 6).

5.3. Análise das razões de justificativa dos responsáveis:

5.3.1. Os responsáveis anexaram parte do Relatório de Auditoria no 166199 da CGU/SP referente às contas de 2005 (fls. 244/247 do Anexo 6). Consta do item 4.1.2.6 do referido relatório que teria havido “Atendimento parcial de recomendações da CGU” referentes a vários itens, dentre eles “irregularidades na contratação de pessoal e ausência de documentação nas pastas de funcionários” (fls. 245 do Anexo 6). Consta no item 9.1.1.1 do referido relatório que foram analisadas vinte e sete pastas funcionais dos servidores admitidos em 2005, não sendo possível aferir do excerto do Relatório da CGU/SP acostados aos autos que as falhas relativas ao exercício de 2004 tenham sido sanadas, conforme alegam os responsáveis.

5.3.2. Cabe, portanto, proceder exame com base nos demais documentos trazidos pelos responsáveis.

5.3.3. Consta fls. 01/47 do Anexo 5, os editais dos concursos públicos no 1/2002 e no 01/2004.

5.3.4. Em relação às justificativas dos responsáveis de que assumiram em 2003 e “herdaram” uma situação administrativa desorganizada, cumpre observar que as pastas funcionais analisadas pela CGU/SP são referentes a contratações realizadas em 2004, durante a gestão dos responsáveis, razão pela qual não caberia atribuir a administrações anteriores as irregularidades levantadas.

5.3.5. Nos casos das contratações relacionadas à seguir, proporemos a rejeição das razões de justificativa, ante os considerandos expressos no quadro abaixo:

Contratado Cargo Motivo da rejeição da justificativaAlfredo Ioshio Matsumoto

Orientador de mercado Não consta comprovante de experiência funcional, apenas o formulário de solicitação de emprego em que o contratado declara seus empregos anteriores e onde é informado o número de sua carteira funcional (fls. 144/145 do Anexo 6). Não consta comprovante de quitação das obrigações eleitorais.

Izabel Guerra Araújo

Assistente Executivo III Não consta comprovante de experiência funcional, apenas o formulário de solicitação de emprego em que a contratada declara seus empregos anteriores e onde é informado o número de sua carteira funcional (fls. 162/163 do Anexo 5). Consta documento da própria CEAGESP informando que a contratada foi escriturária no período de 1/07/1985 a 21/06/1988 (fls. 164 do Anexo 5), o que equivaleria a cerca de 3 anos de experiência, sendo que para Assistente executivo nível III seriam exigidos cinco anos de

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experiência (fls. 161 do Anexo 5)Giovanni Dominici

Gerente de Operações II

Não consta comprovação da escolaridade exigida, mas formulário de solicitação de emprego preenchido em que o contratado informou não ter curso universitário (fls. 173, verso, do anexo 5). Consta nas justificativas documento da CEAGESP no sentido de que é pré-requisito desejável “Superior completo em Administração de Empresas ou afins” (fls. 171/172 do anexo 5). Conforme o Plano de Cargos, Carreiras e Salários da CEAGESP, é requisito para o cargo curso “Superior Completo em Engenharia Agronômica ou de Alimentos e/ou Administração de Empresas” (fls. 115/116 do Anexo 2)Quanto à experiência profissional, não consta comprovação, mas formulário de solicitação de emprego preenchido em que o contratado informou experiência profissional que não inclui cargos gerenciais (fls. 174 do anexo 5). Consta nas justificativas que é pré-requisito desejável para um Gerente Operacional Nível II experiência de cinco anos (fls. 171/172 do anexo 5). Conforme o Plano de Cargos, Carreiras e Salários da CEAGESP, é requisito para o cargo de Gerente Operacional Nível II experiência de cinco anos (fls. 115/116 do anexo 2).

Salvador G. D. Khuriyeh

Gerente do Departamento de Recursos Humanos

Relativamente à contratação do Sr. Salvador G. D. Khuriyeh para o cargo de Gerente do Departamento de Recursos Humanos da CEAGESP, cumpre informar que o edital no

01/2002 exigia para o cargo de Gerente de Recursos Humanos Sênior “Superior Completo em Administração de Empresas ou afins; registro na entidade de classe; 5 anos de experiência na área de Administração de Pessoal; Conhecimentos de Informática (Word e Excel)”. Nas razões de justificativa de fls. 02 do Anexo 7, o Sr. Salvador G. D. Khuriyeh informou que exerceu a Gerência do Departamento de Recursos Humanos da CEAGESP de 19/05/2003 a 02/07/2004, não tendo este responsável apresentado documentação comprovatória de que atendia aos requisitos de escolaridade e experiência exigidos (não constam esses documentos em suas justificativas às fls. 01/100 do Anexo 7). Por sua, vez, na documentação trazida por outros responsáveis relativamente à contratação do Sr. Salvador G. D. Khuriyeh, consta apenas o formulário de solicitação preenchido por este, em que informou ter concluído curso universitário, tendo se omitido de informar qual curso (fls. 185, verso, do Anexo 5) e em que informou, como experiência profissional, ter sido Prefeito de Taubaté de 01/01/1989 a 31/12/1992, Superintendente da Cia. Brasileira de Trens Urbanos de maio a dezembro de 1993 e deputado estadual na Assembléia Legislativa de São Paulo, não havendo, assim, comprovação de que atendia aos requisitos exigidos pelo edital do concurso público.

Debora Maximo de Souza

Chefe de Seção II Não consta o comprovante, mas o currículo (em que a contratada informou ter formação em Administração de Empresas e sua experiência profissional) e formulário de solicitação de emprego preenchido (fls. 188/191 do Anexo 5). Conforme o Plano de Cargos, Carreiras e Salários da CEAGESP, é requisito para o cargo curso superior

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completo, em alguns casos, em áreas específicas (fls. 74/104 do anexo 2) .Não consta o comprovante, mas o currículo e formulário de solicitação de emprego preenchido (fls. 188/191 do Anexo 5).

Euclides Messias Amorin

Coordenador de Assessoria

Não consta comprovante de experiência funcional, apenas o formulário de solicitação de emprego em que o contratado declara seus empregos anteriores e onde é informado o número de sua carteira funcional (fls. 219/221 do Anexo 6).

Ligia Domingues da Silva

Secretária da Diretoria O edital dos concursos no 01/2002 e 01/2004 exigiam (fls. 04 e 17) “Curso Técnico em Secretariado e experiência de 2 anos, sendo que o de 2002 exigia conhecimento de Word e Excel e o de 2004 exigia registro na Delegacia Regional do Trabalho. Não há comprovante de que a contratada tenha curso técnico em secretariado. Além disso, na solicitação de emprego preenchida não há informação de que a contratada tenha o referido curso técnico (fls. 131 e 198/199 do Anexo 5). Os editais de concurso público 01/2002 e 01/2004 exigiam curso técnico em Secretariado (fls. 04 e 17 do Anexo 5). Conforme o Plano de Cargos, Carreiras e Salários da CEAGESP, é requisito para o cargo curso técnico em Secretariado (fls. 117 do anexo 2). Quanto a experiência profissional, consta apenas declaração de punho da contratada de que trabalhou na Assessoria da Secretaria de Segurança Pública de 08/03/1997 a 05/05/2003.

5.3.6. Nos demais casos, as razões de justificativa e documentos apresentados demonstraram que os contratados atendiam os requisitos para o cargo, razão pela qual consideramos poderem ser acolhidas as razões de justificativa.

5.3.7. Registre-se que, relativamente à contratação do Sr. Armindo A. Freitas para o cargo de “Técnico de Informática”, o edital exigia “Curso de Técnico em Eletrônica e/ou Eletrotécnica (completo) e experiência de 1 ano (fls. 17/18 do Anexo 5). Por sua vez, consta do Plano de Cargos da CEAGESP como pré-requisito “Ensino médio completo Técnico em Processamento de Dados ou afins e experiência de 1 ano (fls. 114 do Anexo 5). A carteira de trabalho do contratado demonstra ampla experiência na área de informática (fls. 117/120 do anexo 5), razão pela qual foram acolhidas as razões de justificativa quanto à referida contratação.

5.4. Conclusão

5.4.1. Diante do exposto, proporemos:

I- rejeitar as razões de justificativa do Sr. Valmir Prascidelli, Presidente da CEAGESP em 2004, do Sr. Gilberto Luciano Belloque, Diretor Administrativo e Financeiro em 2004, do Sr. Salvador George Donizetti Khuryeh, Gerente do Departamento de Recursos Humanos de 1/1/2004 a 2/7/2004, e do Sr. Luiz Concílius Gonçalves Ramos, Gerente do Departamento de Recursos Humanos de 23/8/2004 a 31/12/2004, relativamente aos casos enumerados no item 5.3.5 desta instrução e, em decorrência, a aplicar multa aos referidos responsáveis;

II- acolher as razões de justificativa nos casos das demais contratações (item 6.3.6 desta instrução);

III- determinar à CEAGESP que:

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a) observe que na contratação de funcionários para os quadros da empresa o mero preenchimento de formulários / declarações pelos candidatos não supre a apresentação de documentação comprovatória de que estes atendem aos requisitos exigidos para o cargo pelo edital de concurso público e/ou pelo Plano de Cargos, Carreiras e Salários da CEAGESP;

b) faça constar das pastas funcionais de seus funcionários documentação completa que comprove a regularidade da contratação, de forma a viabilizar a fiscalização pelos órgãos de controle do atendimento pelos contratados dos requisitos necessários para o cargo;

c) caso os funcionários a seguir relacionados ainda pertençam aos quadros funcionais da CEAGESP, verifique se estes atendem aos requisitos exigidos para a contratação para seus referidos cargos (exigidos pelos editais dos concursos públicos de 2002 ou 2004 e/ou pelo Plano de Cargos, Carreira e Salários da CEAGESP), dispensando aqueles que não preencham tais requisitos e fazendo constar da pasta funcional dos demais a comprovação de que a contratação foi regular:

Contratado CargoAlfredo Ioshio Matsumoto Orientador de mercadoIzabel Guerra Araújo Assistente Executivo IIIGiovanni Dominici Gerente de Operações IISalvador G. D. Khuriyeh Gerente do Departamento de Recursos Humanos Debora Maximo de Souza Chefe de Seção IIEuclides Messias Amorin Coordenador de AssessoriaLigia Domingues da Silva Secretária da Diretoria

6. Irregularidade: não acolhimento do Relatório Final da Comissão de Sindicância instaurada pela Portaria no 100/2003, que propôs demissão de diversos servidores envolvidos nos fatos apurados, aplicando aos responsáveis que remanesceram na CEAGESP, em vez da pena de demissão, a pena de suspensão por trinta dias, o que afronta os princípios da razoabilidade, da proporcionalidade, da eficiência e da motivação, considerando a gravidade dos fatos praticados, os prejuízos trazidos à CEAGESP e que na motivação da decisão consta argumento ausente nos autos de que os responsáveis teriam sido coagidos a praticarem as irregularidades (item 7.3.10 da instrução de fls. 287/325 e item 2 do Relatório no 161060 da CGU/SP – fls. 161/169 do Volume Principal)

6.1. Responsável: Sr. Valmir Prascidelli, Presidente da CEAGESP em 2004

6.2. Razões de justificativa do responsável (fls. 122/123 do Anexo 6):

6.2.1. O responsável declarou que os Srs. Geraldo Gianini, Gerson Vada, José Geraci e Itacir Pastorelo ocupavam empregos de confiança e que os demais (Giovanni de Souza Papini, Ivana Lemos da Silva e João José Xavier) eram funcionários de carreira, com longo tempo de serviços prestados e sem nenhuma ocorrência desabonadora em suas fichas funcionais. Alegou que era necessário que não se cometesse injustiça e que o clima na CEAGESP era complicado, “com sinais evidentes de desmandos promovidos por ex-dirigentes, em alguns casos demonstrando truculência”, como poderia ser constatado na Ação Civil Pública promovida pelo Ministério Público Federal em curso na 8a Vara Cível da Justiça Federal em São Paulo e que, ponderados os fatos e os elementos constantes dos autos, conclui-se que era cabível a pena de demissão por justa causa aos ex-empregados Geraldo Gianini, Gerson Vada, José Geraci, Itacir Pastorelo e João Carlos Ramirez; no entanto, como estes já haviam sido desligados da empresa, a pena foi aplicada para constar de seus prontuários e que foi enviada notícia ao Ministério Público Federal. Alegou ainda que quanto aos empregados Ivana Lemos da Silva e João Xavier de Toledo, entendeu-se que efetivamente cometeram os atos que lhes foram imputados, mas que os mesmos sofreram pressão com ameaça de perda dos empregos, merecendo a pena de suspensão por trinta dias, considerando seus antecedentes na empresa e que, com relação ao empregado Giovanni de Souza Papini, o relatório da

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Comissão deixaria dúvida quanto ao seu envolvimento, visto que, pelo descrito no Relatório, teria sido convocado apenas para digitar dados, pois era de outro setor da Companhia, razão pela qual, na dúvida, optou-se por absolvê-lo.

6.3. Análise das razões de justificativa do responsável:

6.3.1. Considerou-se que as alegações trazidas não foram suficientes para elidir a irregularidade, pois não conseguiram afastar a gravidade dos fatos praticados pelos investigados na sindicância instaurada pela Portaria no 100/2003, fatos estes detalhados no Relatório 161060 da CGU/SP (fls. 161/169 do Volume Principal) e referidos no item 7.3.10 da instrução de fls. 310/315 do Volume 1, nem refutar o fato de na motivação da decisão constar argumento ausente nos autos (de que os servidores citados teriam sido coagidos a praticarem as irregularidades), razão pela qual proporemos o entendimento de que o não acolhimento do Relatório Final da Comissão de Sindicância instaurada pela Portaria no 100/2003, que propôs demissão de diversos servidores envolvidos nos fatos apurados, aplicando aos responsáveis que remanesceram na CEAGESP, em vez da pena de demissão, a pena de suspensão por trinta dias, afrontou os princípios da razoabilidade, da proporcionalidade, da eficiência e da motivação.

6.3.2. A seguir, reproduziu-se trecho da referida instrução de fls. 310/315 do Volume 1, em que se enumera, com base em informações contidas no Relatório da CGU/SP, os atos praticados pelos responsáveis avaliados na Sindicância supracitada:

Giovanni de Souza Papini (fls. 167/168 do Volume Principal): Na qualidade de Chefe Interino da Seção de Contas a Receber, teria coordenado a implantação dos saldos

no sistema PROLAN de forma sintética no que se refere aos débitos aplicados a cada permissionário, cujos valores, após serem consolidados, foram, na seqüência, digitados no novo sistema, causando, com tal conduta, descontrole analítico dos saldos do Contas a Receber em decorrência das inconsistências ocasionadas ao saldo de cada permissionário;

teria sido omisso e negligente ante a não implantação do saldo das contas referentes ao acordo firmado com o SINCAESP - Sindicato dos Permissionários em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo na data de 03/03/2000, representando perda patrimonial à CEAGESP de toda a receita;

teria omitido da implantação do sistema o saldo das contas referentes a taxas de contribuição, de transferência, de atualização cadastral e de parcelamento de débitos, concorrendo para acobertar irregularidades relativas ao locupletamento de créditos referentes a parcelamento de débitos;

teria ignorado a necessidade de promover a conciliação das contas existentes, de forma a atender o princípio contábil da prudência, negligenciando ainda a realização de um controle paralelo entre o sistema PERMISSI e o PROLAN, visto que o saldo contábil apresentava o total de R$ 11.057.574,81 e a implantação consolidada do saldo relativo aos vários permissionários importou no montante de R$ 5.670.787,28, causando uma diferença de R$ 5.172.420,93;

os lançamentos implantados de forma sintética pelo responsável, por ocasião da mudança de sistema, teriam impossibilitado a adoção de medidas posteriores que viabilizassem sua cobrança, porquanto desprovidos de identificação do crédito de cada devedor;

na qualidade de chefe do Contas a Receber, teria falseado informações ao Conselho Fiscal, ao omitir as irregularidades e inconsistências ocorridas por ocasião da mudança de sistema, sob a alegação de que 70% dos trabalhos no Contas a Receber já haviam sido realizados quando se encontrava patente a não implantação do acordo firmado com o SINCAESP e do saldo de contas a receber referente a taxas de contribuição, transferência, atualização cadastral e parcelamento de débitos.

Ivana Lemos da Silva (fls. 168): Na qualidade de Chefe da Seção de Contabilidade, teria promovido a baixa contábil do montante de R$

716.774,41, baseada numa listagem sem a documentação física correspondente e sem comprovação de que os créditos se encontravam em cobrança judicial;

Teria promovido também de forma injustificada a baixa contábil por lançamento, deixando de consolidar os créditos por permissionário, cujo valor total era superior a R$ 30.000,00, e para o qual era imperativa a comprovação de procedimentos judiciais para o respectivo recebimento;

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teria lançado provisão na conta cobrança no jurídico para créditos que atribuiu como “sem solução”, utilizando alterações cadastrais como artifício para dar baixa contábil a dívidas de permissionários que se encontravam ativos;

na qualidade de Chefe da Seção de Tesouraria, teria ignorado a adoção de medidas para resguardar os interesses da empresa, pertinentes a conciliação das contas existentes, de forma a atender ao princípio contábil da prudência, negligenciando ainda a realização de um controle paralelo entre o sistema PERMISSI e o PROLAN, visto que o saldo contábil apresentava o total de R$ 11.057.574,81 e a implantação consolidada do saldo relativo aos vários permissionários importou no montante de R$ 5.670.787,28, causando uma diferença de R$ 5.172.420,93;

na qualidade de Contadora, teria falseado informações ao Conselho Fiscal, ao omitir as irregularidades e inconsistências ocorridas por ocasião da mudança de sistema, sob a alegação de que 80% dos trabalhos realizados pela PROLAN haviam sido cumpridos;

na qualidade de Chefe da Contabilidade, teria buscado eliminar gradativamente o resultado da diferença de R$ 5.172.420,93 no Contas a Receber, constatada por ocasião da mudança dos sistemas PERMISSI para o sistema PROLAN, mediante movimentações com lançamentos indevidos, referentes a faturamentos e recebimentos ocorridos após a data de mudança dos respectivos sistemas.

João José Xavier (fls. 168/169): Na qualidade de Gerente do Departamento de Entrepostos – DEPEN, teria autorizado a instalação de

máquinas tipo caça-níqueis no ETSP, contrariando o disposto no capítulo XII do Regulamento da CEAGESP e ignorando recomendação da Assessoria Técnica e Jurídica, cujo teor pugnava pela não-instalação das referidas máquinas por contrariar o regulamento e ignorando ainda o indeferimento da instalação pelo seu antecessor;

teria autorizado a transferência de TRPU da loja no 11, localizada no prédio EDSED, em favor da empresa Restaurante N. Pavani Ltda., contrariando determinação de Diretoria;

teria concorrido para renúncia de receitas ao conceder isenção de taxa de transferência em favor da empresa Restaurante N. Pavani Ltda., importando prejuízo no valor de R$ 6.708,80;

teria concorrido para renúncia de receitas ao conceder desconto de R$ 5.117,50 ao débito do permissionário MMS Computer Comercial Ltda..

João Carlos Ramirez (fls. 163): Na qualidade de Chefe da Seção de Escrituração Contábil, teria realizado ações para acobertar

irregularidades, tendo conduzido a baixa contábil de R$ 3.253.524,85, relacionando o valor a prejuízo relativo a permissionários que haviam efetuado parcelamento da dívida e se encontravam ativos no mercado, sob a argumentação de “difícil localização”.

6.3.3. Em relação a amplitude dos prejuízos causados à CEAGESP, citamos em especial as condutas do Sr. Giovanni de Souza Papini, Chefe Interino da Seção de Contas a Receber à época, e da Sra. Ivana Lemos da Silva, Chefe da Seção de Contabilidade, os quais tiveram responsabilidade pelos lançamentos de forma sintética relativos aos créditos a receber de permissionários, por ocasião da mudança do sistema PERMISSI para o PROLAN, provocando a impossibilidade de medidas posteriores que viabilizassem sua cobrança, ante a ausência de identificação do crédito de cada devedor, causando uma prejuízo de R$ 5.172.420,93 (cinco milhões, cento e setenta e dois mil, quatrocentos e vinte reais e noventa e três centavos) à CEAGESP.

6.3.4. Citamos ainda o prejuízo causado pelo Sr. João Carlos Ramirez, Chefe da Seção de Escrituração Contábil, pela baixa contábil de R$ 3.253.524,85 (três milhões, duzentos e cinqüenta e três mil, quinhentos e vinte e quatro reais e oitenta e cinco centavos) sob argumento injustificado, conforme relatório da CGU/SP.

6.3.5. Não se vislumbra a presença de excludente de ilicitude para as condutas relatadas. Ainda que se alegue coação na forma de “ameaça de demissão”, esta não se enquadra nos casos de excludentes de culpabilidade admitidos em direito. Nem se pode dizer que teria havido coação irresistível. Se realmente agiram receando serem demitidos, os responsáveis preferiram resguardar seus próprios interesses em detrimento do interesse público, ainda que isso levasse a prejuízos de milhões de reais à CEAGESP.

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6.3.6. Além disso, não se espera do funcionário apenas lisura, mas também eficiência, visto que, conforme o art. 37 da Constituição Federal, a eficiência é um dos princípio constitucionais que devem nortear a Administração Pública e as condutas dos responsáveis supracitados foram bastante prejudiciais aos interesses da empresa, visto que, em alguns casos, delas resultaram prejuízos de milhões de reais à CEAGESP.

6.3.7. Não há como se acolher as alegações do responsável de que o relatório da Comissão deixaria dúvida quanto ao envolvimento do Sr. Papini, sob o argumento de que este teria sido convocado apenas para digitar dados, considerando que essa alegação não foi comprovada e tendo em vista as informações trazidas pelo Relatório da CGU/SP no sentido de que o Sr. Giovanni de Souza Papini coordenou a implantação dos saldos ao sistema PROLAN de forma sintética (fls. 167/168 do Volume Principal, relatados no item 9.3.2 desta instrução).

6.3.8. Registre-se ainda que consta no Relatório da CGU (fls. 166/167) que nas defesas apresentadas pelo Sr. Giovanni de Souza Papini e pela Sra. Ivana Lemos da Silva inexistem menções de que estes tivessem sido compelidos a praticar os atos mediante ameaça de perder os empregos, sendo que em suas defesas os responsáveis não teriam admitido o cometimento de irregularidade, alegando terem se limitado às funções próprias de seus cargos. Portanto, não caberia ao Diretor- Presidente fundamentar sua decisão alegando fatos ausentes no processo.

6.4. Conclusão

6.4.1. Diante do exposto, proporemos a rejeição das razões de justificativa do responsável, com conseqüente proposta de aplicação de multa.

7. Irregularidade: não-pagamento de Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU relativamente ao exercício de 2004, com base no art. 16, III, “b” c/c 19, parágrafo único, da Lei no 8.443/92, o qual constituiu ato de gestão antieconômico que agravou ainda mais os débitos da CEAGESP perante a Prefeitura de São Paulo (o valor da conta contábil do passivo no 2.1.02.03.200263, referente a “Impostos e Taxas Municipais”, cujo saldo era de R$ 12.013.433,04 em 01/01/2004 passou a R$ 25.080.694,22 em 31/12/2004) e que contrariou determinação do TCU proferida no item 8.4.d do Acórdão n.º 635/2001 – Plenário (item 4.1 da instrução de fls. 331/332 do Volume 1, item 7.1.1 da instrução de fls. 295/296 do Volume 1 e item 4.1.1.2 do relatório da CGU de fls. 120/121 do Volume Principal)

7.1. Responsável: Sr. Valmir Prascidelli, Presidente da CEAGESP em 2004

7.2. Razões de justificativa do responsável (fls. 123/124 do Anexo 6):

7.2.1. Em síntese, o responsável justificou que o não pagamento decorreu de impossibilidade decorrente de força maior. Alegou que quando a gestão assumiu em fevereiro de 2003, encontrou no passivo débitos atrasados de IPTU e INSS; que após realizar grande esforço para melhorar as receitas da empresa ao mesmo tempo em que reduziria os custos, a nova Direção na época conseguiu liquidar todo o INSS que estava atrasado e começou a pagar parcelas vincendas de IPTU; que, porém, a Justiça do Trabalho começou a partir de fins de 2003 a sequestrar os valores das contas correntes da CEAGESP para garantir a execução de débitos originados de ações propostas por aposentados; que começaram a ter arrestos da ordem de R$ 1 milhão por mês, valores muito significativos para uma empresa que arrecadava na época cerca de R$ 6 a 7 milhões; que a Direção não teve outra alternativa e foi forçada a não pagar as parcelas vincendas do IPTU para não entrar em colapso financeiro; que caso pagasse esse tributo seria forçoso não pagar contas como salários, fornecedores de materiais, de serviços, energia, água, o que provocaria colapso operacional, com efeitos ainda mais danosos sobre suas receitas operacionais; que os custos financeiros dos atrasos com IPTU seriam menores, além de não afetarem a operação da Empresa; que as dívidas trabalhistas seriam de responsabilidade do Governo do Estado, que não teria honrado compromissos assumidos no contrato de venda da CEAGESP para a União e que, na oportunidade, além de cobrarem o Estado, teriam apelado para a União, sem sucesso. Alegou também que a Direção teria tomado medidas para sanar esses débitos oferecendo imóveis não operacionais da CEAGESP, os quais só

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causavam despesa, para dação em pagamento de débitos atrasados de IPTU, conforme cópia de correspondência enviada à Prefeitura Paulistana (fls. 248/249 do Anexo 6); que embora a oferta tenha sido aceita, seu trâmite foi excessivamente lento; que até sua saída da Direção da CEAGESP a proposta estava pendente de aceite final na Prefeitura (fls. 250/251 do anexo 6) e que a atitude tomada em sua gestão propiciou a atual Diretoria, através do REFIS Municipal, equacionar os débitos com isenção de multa e redução de juros através de parcelamento a longo prazo, conforme documento anexo (fls. 252/256 do Anexo 6).

7.3. Análise das razões de justificativa do responsável:

7.3.1. As razões de justificativa, devidamente comprovadas mediante os documentos de fls. 248/256 do anexo 6, demonstram que, relativamente a questão da dívida de IPTU, o gestor adotou medidas cabíveis e razoáveis ante a situação e os acontecimento com que se deparou ao assumir e durante sua gestão na CEAGESP.

7.4. Conclusão:

7.4.1. Diante do exposto, proporemos o acolhimento das razões de justificativa do responsável.

8. Irregularidade: realização e homologação dos seguintes convites sem a presença de três propostas válidas, em descumprimento ao art. 22, §§ 3º e 7º, da Lei n.º 8.666/1993 e à Súmula no 248 do TCU, que dispõe: “Não se obtendo o número legal mínimo de três propostas aptas à seleção, na licitação sob a modalidade Convite, impõe-se a repetição do ato, com a convocação de outros possíveis interessados, ressalvadas as hipóteses previstas no parágrafo 7º, do art. 22, da Lei n.º 8.666/1993”, com o agravante de que a irregularidade já havia sido levantada pela CGU na prestação de contas de 2003, tendo a conduta irregular persistido no exercício de 2004 (item 4.4 da instrução de fls. 338/339 do Volume 1, itens 7.3.11.A e B da instrução de fls. 315/316 do Volume 1 e itens 10.1.1.1 e 10.1.1.2 do relatório da CGU, fls. 171/172 do Volume Principal):

a) processo no 083/2004 (empresa contratada Guedes Pinto);b) processo no 052/2004 (empresa contratada Megawork Consultoria e Sistemas);c) processo no 37/2004 (empresa contratada RK Telecomunicações Ltda.);d) processo no 098/2004 (empresa contratada Silcco Consultoria e Engenharia Civil);e) processo no 157/2004 (empresa contratada Darck Technologies do Brasil);f)processo no 222/2004 (empresa contratada Megawork Consultoria e Sistemas).

8.1. Responsáveis:

Sr. Valmir Prascidelli, Presidente da CEAGESP em 2004, pela realização e homologação dos convites referidos nos itens “a” a “f” supra (fls. 126/130 do Anexo 6);

Sr. Valter Pucharelli, Gerente do Departamento de Compras e Presidente da Comissão de Licitação da CEAGESP em 2004, pela realização dos convites referidos nos itens “a” a “f” supra (fls. 101/158 do Anexo 7);

Sr. Edison Antonio Bertoni, membro da Comissão de Licitação da CEAGESP em 2004, pela realização dos convites referidos nos itens “”a” e “d” supra (razões de justificativa às fls. 01/23 do Anexo 4);

Sr. Antonio Simeão Ramos, CPF 055.520.118-05, membro da Comissão de Licitação da CEAGESP em 2004, pela realização dos convites referidos nos itens “a” a “f” supra (razões de justificativa às fls. 24/82 do Anexo 4);

Sr. Adilson da Silva, membro da Comissão de Licitação da CEAGESP em 2004, pela realização do convite referido no item “b” supra (fls. 159/180 do Anexo 4);

Sr. Antonio Jorge Carneiro da Cunha, membro da Comissão de Licitação da CEAGESP em 2004, pela realização dos convites referidos nos itens “b”, “c” e “e” supra (razões de justificativa às fls. 95/158 do Anexo 4);

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Sra. Regina Maria Lucas, membro da Comissão de Licitação da CEAGESP em 2004, pela realização do convite referido no item “f” supra (razões de justificativa às fls. 83/94 do Anexo 4).8.2. Razões de justificativa dos responsáveis:

8.2.1. Os responsáveis alegaram que os procedimentos licitatórios se processaram de acordo com a Lei no 8.666/93, tendo-se convidado pelo menos o número mínimo legal de 03 (três) empresas, e afixado-se cópia do instrumento convocatório em local apropriado, como impõe o § 3o do art. 22 da Lei 8.666/93, sendo que, em alguns processos, teriam sido convidadas mais do que três empresas.

8.2.2. Alegam que, além disso, os vencedores dos processos teriam apresentado preços inferiores aos orçados pela CEAGESP, conforme poderia ser constatado nos atos de homologação e adjudicação, o que afastaria a possibilidade de prejuízo ao erário ou afronta ao interesse público; que as vencedoras do certame cumpriram as exigências habilitatórias e classificatórias, de acordo com a lei e o edital; que a não-repetição dos convites visou atender à economicidade (evitar maiores custos administrativos com novos processos licitatórios) e à eficiência (havia necessidade dos objetos licitados); que a argumentação supra deveria ser levada em consideração para se reconhecer a boa-fé dos agentes públicos envolvidos nas eventuais impropriedades de caráter formal, servindo também de subsídio para justificar a não-repetição dos certames.

8.2.3. Os responsáveis alegaram que na Decisão TCU no 695/1999 – Plenário, o Excelentíssimo Ministro-Relator Marcos Vilaça teria condenado a desclassificação de proposta por mero ritualismo, citando doutrina de Marçal Justen Filho; que esta seria orientação consagrada pelo Judiciário e que o apego a formalismos exagerados e injustificados traziam danos ao Erário.

8.2.4. Citam ainda outras decisões do TCU proferidas entre 1996 e 1999, bem como parecer do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul de 1993 e decisão do Tribunal Regional da 1a Região e trazem doutrina no sentido de defender seus argumentos.

8.2.5. Os responsáveis acrescentam que, com vistas a prevenir ocorrências futuras, a CEAGESP cumprirá integralmente o que dispõe a recente Súmula n o 248, de 24/08/2005, do TCU e que, considerando que a repetição do convite é assunto que tem despertado controvérsias jurídicas, atualmente a CEAGESP não utiliza o convite, optando por outras modalidades licitatórias, especialmente pelo pregão, reconhecidamente mais vantajoso.

8.2.6. Considerando os argumentos trazidos, bem como a natureza formal das impropriedades apontadas e a boa-fé dos agentes públicos, não resultando em prejuízos à CEAGESP, os responsáveis pleiteiam o acolhimento das alegações.

8.3. Análise das razões de justificativa dos responsáveis:

8.3.1. Considerou-se caracterizada a boa-fé dos responsáveis e não houve indícios de danos aos cofres da CEAGESP, tendo em vista que:

a) houve comprovação de que em quatro dos seis convites impugnados, foram convidados mais do que três licitantes, sendo que nos demais foram convidados três licitantes:

Processo (Convite) No de empresas convidadas Documentos comprobatórios*Proc. 037/2004 (Conv. 009/2004)

7 (sete) empresas; divulgação no site da CEAGESP na internet

fls. 122/129 do Anexo 7

Proc.098/2004 (Conv.14/2004)

5 (cinco) empresas fls. 134/139 do Anexo 7

Proc.157/2004 (Conv.020/2004)

6 (seis) empresas fls. 144/149 do Anexo 7

Proc.222/2004 (Conv.027/2004)

5 (cinco) empresas fls. 153/157do anexo 7

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Proc.083/2004 (Conv.012/2004)

3 (três) empresas fls. 109/111 do Anexo 7

Proc.052/2004 (Conv.021/2004)

3 (três) empresas fls. 115/117 do Anexo 7

* Os documentos foram repetidos às fls. 06/21, 30/82, 88/94, 102/158, 164/180 do Anexo 4.

b) foram trazidos pelos responsáveis elementos que indicam a realização de orçamentos prévios à realização dos convites e que os valores contratados foram inferiores aos previamente orçados pela CEAGESP, conforme demonstram os documentos a seguir:

Processo (Convite) Documentos comprobatórios*Proc. 083/2004 (Conv. 012/2004)

Fls. 106/108 e 112 do Anexo 7

Proc. 052/2004 (Conv. 021/2004)

Fls. 113/114 e 118 do anexo 7 e fls. 106/111 do Anexo 4

Proc. 037/2004 (Conv. 009/2004)

Fls. 119/121 e 130/131 do Anexo 7 e fls. 121/131 do Anexo 4

Proc. 098/2004 (Conv. 014/2004)

Fls. 132/133 e 139/140 do anexo 7

Proc. 157/2004 (Conv. 020/2004)

Fls. 141/142 e 150 do anexo 7

Proc. 222/2004 (Conv. 027/2004)

fls. 151/152 e 158 do anexo 7

* Os documentos foram repetidos às fls. 06/21, 30/82, 88/94, 102/158, 164/180 do Anexo 4.

c) os responsáveis informaram que a CEAGESP cumprirá integralmente o que dispõe a recente Súmula n o

248, de 24/08/2005, do TCU;

d) os responsáveis informaram que a CEAGESP não mais utiliza o convite, optando por outras modalidades licitatórias, especialmente pelo pregão.

8.3.2. Além disso, considerou-se razoável a justificativa dos responsáveis de que a não-repetição dos convites foi tomada tendo como base que os valores a serem contratados com as licitantes vencedoras eram inferiores aos previamente orçados e que a repetição do convite implicaria em maiores custos administrativos e maior tempo de espera para a contratação.

8.4. Conclusão:

8.4.1. Diante do exposto, proporemos o acolhimento das razões de justificativa dos responsáveis.

III – CONCLUSÃO

9. Com base no exposto nesta e na instrução de fls. 291/325 e 330/358 do Volume 1, fundamentam-se propostas de julgamento de contas dos responsáveis (em alguns casos com propostas de aplicação de multas) e de determinações à CEAGESP.

10.Na instrução de fls. 315, havia-se proposto que, quando do julgamento de mérito, fossem encaminhadas cópias da instrução de fls. 291/325 do Volume 1 e de outros documentos ao Ministério Público junto ao TCU para que este avaliasse a conveniência de interpor recurso para que fossem reexaminadas as contas da CEAGESP referentes ao exercício de 2000 (TC 010.332/2001-2), julgadas regulares com ressalva. Tal proposta perdeu seu objeto, pois proposta de mesmo teor foi realizada no TC 011.208/2002-4 (prestação de contas da CEAGESP relativas ao exercício de 2000), tendo o Ministério Público interposto o referido recurso, em análise na SERUR.

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11. Tendo em vista solicitação do Ministério Público no TC no 024.890/2006-6, com requisição de informações sobre quais as providências adotadas no processo TC no 013.239/2005 (Relatório de Auditoria no 161.060) face o não atendimento das recomendações feitas à CEAGESP no processo TC no

010.497/2004-7 (Relatório de Auditoria no 140.922), relativamente a não-observação de requisitos de escolaridade e experiência profissional na nomeação de empregados para cargos de confiança, quando do julgamento de mérito das presentes contas, encaminhar cópia da deliberação do TCU ao Procurador da República Rafael Siqueira de Pretto.

IV – PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

12.Diante do exposto na presente instrução e nas instruções de fls. 291/325 e 330/358 do Volume 1, propõe-se:

1) afastar os débitos apontados nos itens 6 e 7 desta instrução;2) acolher:

2.1) as alegações de defesa e as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Valmir Prascidelli relativamente às falhas apontadas nos itens 4.I a 4.IV, 4.VII a 4.IX, 5.I a 5.V, 5.VII, 5.VIII, 6.3.6, 8 e 9 desta instrução;

2.2) as alegações de defesa e as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Gilberto Luciano Belloque, relativamente às falhas apontadas nos itens 4.I a 4.IV, 4.VII a 4.IX e 6.3.6 desta instrução;

2.3) as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. José Lourenço Pechtoll relativamente às falhas apontadas nos itens 5.I a 5.V, 5.VII e 5.VIII desta instrução;

2.4) as razões de justificativas do Sr. Valter Pucharelli, do Sr. Edison Antonio Bertoni, do Sr. Antonio Simeão Ramos, do Sr. Adilson da Silva, do Sr. Antonio Jorge Carneiro da Cunha e da Sra. Regina Maria Lucas, relativamente à falha apontada no item 9 desta instrução;

2.5) as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Salvador George Donizetti Khuryeh e pelo Sr. Luiz Concílius Gonçalves Ramos, relativamente à irregularidade apontada no item 6.3.6 desta instrução;

3) acolher parcialmente:3.1) as alegações de defesa razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Valmir Prascidelli relativamente às

irregularidades apontadas nos itens 4.V e 4.VI desta instrução;3.2) as alegações de defesa razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Gilberto Luciano Belloque

relativamente às irregularidades apontadas nos itens 4.V e 4.VI desta instrução;4) rejeitar:

4.1) as alegações de defesa e razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Valmir Prascidelli relativamente às irregularidades apontadas nos itens 4.X, 5.VI, 6.3.5 e 7 desta instrução;

4.2) as alegações de defesa e razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Gilberto Luciano Belloque relativamente às irregularidades apontadas nos itens 4.X e 6.3.5 desta instrução;

4.3) as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. José Lourenço Pechtoll relativamente à irregularidade apontada no item 5.VI desta instrução;

4.4) as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Salvador George Donizetti Khuryeh e pelo Sr. Luiz Concílius Gonçalves Ramos, relativamente à irregularidade apontada no item 6.3.5 desta instrução;

5) em conseqüência, julgar:5.1) com fundamento no art. 16, inciso III, alínea ‘b’, da Lei n.º 8.443/92, irregulares as contas, do Sr.

Valmir Prascidelli, CPF 051.949.428-85, aplicando-lhe a multa prevista nos arts. 19, parágrafo único, e 58, inciso, inciso I, do referido diploma legal;

5.2) com fundamento no art. 16, inciso III, alínea ‘b’, da Lei n.º 8.443/92, irregulares as contas, do Sr. Gilberto Luciano Belloque, CPF 874.871.528-04, aplicando-lhe a multa prevista nos arts. 19, parágrafo único, e 58, inciso, inciso I, do referido diploma legal;

5.3) com fundamento no art. 16, inciso III, alínea ‘b’, da Lei n.º 8.443/92, irregulares as contas, do Sr. José Lourenço Pechtoll, CPF 625.200.678-53, aplicando-lhe a multa prevista nos arts. 19, parágrafo único, e 58, inciso, inciso I, do referido diploma legal;

5.4) com fundamento no art. 16, inciso III, alínea ‘b’, da Lei n.º 8.443/92, irregulares as contas, do Sr. Salvador George Donizetti Khuryeh, CPF 019.480.428-35, e do Sr. Luiz Concílius Gonçalves Ramos, CPF 496.724.088-70, aplicando-lhes, individualmente, a multa prevista nos arts. 19, parágrafo único, e 58, inciso, inciso I, do referido diploma legal;

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5.5) regulares as contas do Sr. Valter Pucharelli, CPF 044.590.828-96, dando-lhe quitação, nos termos dos artigos 1º, inciso I, 16, inciso I, 17, e 23, inciso I, da Lei n.º 8.443/92;

5.6) com fundamento nos arts. 16, inciso I, e 17, regulares as contas dos demais responsáveis arrolados às fls. 02 a 16, do Volume Principal, dando-se-lhes quitação, nos termos dos artigos 1º, inciso I, 16, inciso I, 17, e 23, inciso I, da Lei n.º 8.443/92;

6) que sejam autorizadas, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n.º 8.443/92, e do art. 219, inciso II, do Regimento Interno do TCU, as cobranças judiciais das dívidas, caso não atendidas as notificações desta Corte;

7) determinar à CEAGESP – Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo que:I- apure a responsabilidade e, se for o caso, instaure tomada de contas especial (item 7.2.2.16 da instrução

de fls. 291/324 do Volume 1): a) pela prescrição de imposto de renda a restituir referente aos anos de 1992, 1993, 1994 e 1995,

aplicando as sanções cabíveis aos responsáveis; b) pelos débitos decorrentes de adiantamento de salários identificados no item 4.1.2.1 do relatório de

avaliação de gestão de 2004;II- realização de um levantamento para atualizar os dados de seus inventários, identificando os elementos

necessários para a perfeita caracterização de seus bens e dos agentes responsáveis pela sua guarda e administração, conforme dispõe o art. 84 da Lei no 4.320/1964 e que se determine que qualquer movimentação patrimonial seja feita mediante preenchimento de formulário de movimentação de bens patrimoniais (item 7.2.3.12 da instrução de fls. 291/324 do Volume 1);

III- faça constar em seu relatório de gestão os seguintes itens (item 7.2.4.6 da instrução de fls. 291/324 do Volume 1):

a) descrição dos objetivos e metas (físicas e financeiras) pactuados nos programas sob sua gerência, previstos na Lei Orçamentária Anual, e das ações administrativas (projetos e atividades) contidas no seu plano de ação;

b) descrição dos indicadores e outros parâmetros utilizados para gerenciar a conformidade e o desempenho dos programas governamentais e/ou das ações administrativas;

c) avaliação dos resultados da execução dos programas governamentais e/ou das ações administrativas, levando-se em conta os resultados quantitativos e qualitativos alcançados e a eficácia, eficiência e efetividade no cumprimento dos objetivos e metas estabelecidos, com esclarecimentos, se for o caso, sobre as causas que inviabilizaram o pleno cumprimento.

IV- adote procedimentos no sentido de obter a restituição dos pagamentos irregulares de salário substituição aos funcionários Jungiro Takaguti, Alexandre Bottino Bononi, Carlos Emílio Seganti Neto, Carlos Dieter Maresch, Hermínio Innocenti Júnior, Marlúcio Aleixo Leite, Mauro Morais Ribeiro, apontados no Relatório de Auditoria no 161.060 da Controladoria Feral da União no Estado de São Paulo (itens 7.2.6.14 a 7.2.6.18 da instrução de fls. 291/324 do Volume 1);

V- após o atesto da área competente declarando que os serviços ou produtos foram efetivamente recebidos, conforme os arts. 62 e 63 da Lei no 4.320/1964, seja feita vinculação explícita entre o comprovante de entrega do bem ou de prestação do serviço e a liquidação da despesa, tal como a aplicação de carimbo de “pago” às notas fiscais quando do seu pagamento, para evitar a possibilidade de reapresentação de nota fiscal, a qual pode resultar em pagamento em duplicidade (item 7.3.5.5 da instrução de fls. 291/324 do Volume 1);

VI- observe que na contratação de funcionários para os quadros da empresa o mero preenchimento de formulários / declarações pelos candidatos não supre a apresentação de documentação comprovatória de que estes atendem aos requisitos exigidos para o cargo pelo edital de concurso público e/ou pelo Plano de Cargos, Carreiras e Salários da CEAGESP (item 6 desta instrução);

VII- faça constar das pastas funcionais de seus funcionários documentação completa que comprove a regularidade da contratação, de forma a viabilizar a fiscalização pelos órgãos de controle do atendimento pelos contratados dos requisitos necessários para o cargo (item 6 desta instrução);

VIII- caso os funcionários a seguir relacionados ainda pertençam aos quadros funcionais da CEAGESP, verifique se estes atendem aos requisitos exigidos para a contratação para seus referidos cargos (exigidos pelos editais dos concursos públicos de 2002 ou 2004 e/ou pelo Plano de Cargos, Carreira e Salários da CEAGESP), dispensando aqueles que não preencham tais requisitos e fazendo constar da pasta funcional dos demais a comprovação de que a contratação foi regular (item 6 desta instrução):

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Contratado CargoAlfredo Ioshio Matsumoto Orientador de mercadoIzabel Guerra Araújo Assistente Executivo IIIGiovanni Dominici Gerente de Operações IISalvador G. D. Khuriyeh Gerente do Departamento de Recursos Humanos Debora Maximo de Souza Chefe de Seção IIEuclides Messias Amorin Coordenador de AssessoriaLigia Domingues da Silva Secretária da Diretoria

8) seja encaminhada cópia da deliberação a ser proferida e do item 6 da presente instrução ao Procurador da República Rafael Siqueira de Pretto, considerando a solicitação do Ministério Público no TC n o

024.890/2006-6, em que o Procurador requisitou informações sobre quais as providências adotadas no presente processo (TC no 013.239/2005) face o não atendimento das recomendações feitas à CEAGESP pela CGU/SP no processo TC no 010.497/2004-7 (Relatório de Auditoria no 140.922), relativamente a não-observância de requisitos de escolaridade e experiência profissional na nomeação de empregados para cargos de confiança, com juntada do ofício a ser encaminhado ao Ministério Público e de cópia dos documentos anexos à referida solicitação de informações (TC no 024.890/2006-6).”

4. O representante do Ministério Público junto ao TCU (peça 58), discordou da proposta da unidade técnica no seguinte ponto:

“Ante o que foi examinado, este membro do Ministério Público junto ao TCU alinha-se às conclusões e propostas da Secex/SP, exceto quanto a um dos motivos geradores da sugestão de multa ao Sr. Valmir Prascidelli, especificamente o tratado no item 7 da derradeira instrução técnica (fls. 475/514 do v. 2). Refere-se o item a ato do Diretor Presidente de não acolher conclusão do Relatório Final da Comissão de Sindicância, instaurada pela Portaria nº 100/2003, no que diz respeito à imputação da pena de demissão a três empregados de carreira da Companhia, envolvidos nas circunstâncias investigadas, aplicando a estes somente a pena de suspensão por trinta dias.

Para a Secex/SP a decisão adotada por aquela autoridade afrontou os princípios da razoabilidade, da proporcionalidade, da eficiência e da motivação, visto a gravidade dos fatos apurados, os prejuízos trazidos à CEAGESP e constar da sua fundamentação argumento ausente nos autos de que os responsáveis teriam sido coagidos a praticarem as irregularidades.

Primeiramente, vale notar que as ocorrências objeto de investigação por parte da Comissão de Sindicância deram-se em anos anteriores a 2003 (fls. 161/169 do v. p.), quando o Sr. Valmir Prascidelli ainda não ocupava o cargo de Diretor Presidente da CEAGESP. Sua nomeação data de 21/02/2003 (fl. 02 do v. p.), condição essa que afasta qualquer suposição de que haveria interesse pessoal na isenção de responsabilidade dos três empregados, sendo eles: Sr. Giovanni de Souza Papini, então Chefe Interino da Seção de Contas a Receber, Sra. Ivana Lemos da Silva, então Chefe da Seção de Contabilidade, Sr. João José Xavier, então Gerente do Departamento de Entrepostos.

Importante também esclarecer que, conforme consta do inc. VIII do art. 13 do Estatuto da Companhia (fls. 296/307 do v. 1), cabe ao Diretor Presidente admitir, promover, designar, demitir e dispensar empregados na forma da Lei, e observadas as disposições previstas neste Estatuto e no Regulamento de Pessoal, ou seja, não houve por parte do responsável assunção de competência que já não estivesse estatutariamente atribuída ao cargo que ocupava. Além disso, como consigna a peça de defesa apresentada pelo Sr. Valmir Prascidelli (fls. 122/123 do Anexo 6), a decisão de não acatar as conclusões da Comissão de Sindicância quanto aos servidores acima citados foi submetida à Diretoria Plena e ao Conselho de Administração, que a acompanhou.

De todo modo, a questão suscitada pela Secex/SP reside nas razões que embasaram a deliberação do Diretor Presidente para a não-aplicação da pena de demissão aos três empregados e, quanto a esse ponto, entende-se que não são de todo desarrazoadas, como se pode observar a seguir: (i) que o Sr. Giovanni de Souza Papini, Sra. Ivana Lemos da Silva e o Sr. João José Xavier eram os únicos funcionários de carreira envolvidos, com longo tempo de serviços prestados e sem nenhuma ocorrência desabonadora em suas fichas funcionais; (ii) que à época o clima na CEAGESP era complicado, com sinais evidentes de desmandos promovidos por ex-dirigentes, em alguns casos demonstrando truculência, como pode ser constatado na Ação Civil Pública promovida pelo Ministério Público Federal em curso na 8ª Vara Cível

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da Justiça Federal em São Paulo; (iii) que consideraram cabível a pena de demissão por justa causa aos ex-empregados Geraldo Gianini, Gerson Vada, José Geraci, Itacir Pastorelo e João Carlos Ramirez, que já haviam sido desligados da empresa; (iv) que os funcionários Sr. Giovanni de Souza Papini, Sra. Ivana Lemos da Silva e o Sr. João José Xavier efetivamente cometeram os atos que lhes foram imputados, mas que os mesmos sofreram pressão com ameaça de perda de empregos, merecendo a pena de suspensão por trinta dias, considerando seus antecedentes na Empresa (fls. 122/123 do Anexo 6).

Muito embora a unidade técnica pretenda adentrar no mérito da decisão proferida no processo de sindicância em comento, entendo não ser esse o caminho a ser compartilhado por este membro do Ministério Público por acreditar que refoge à competência do Tribunal matéria de natureza disciplinar. A meu ver, não cabe ao TCU avaliar processo administrativo disciplinar sob o ponto de vista da conformidade da punição aplicada, isso porque a Constituição Federal, no seu art. 70, limita a atuação do Controle Externo a matérias de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial.

Nesse sentido também foi a manifestação de V. Exa. na declaração de voto apresentada na oportunidade da prolação do Acórdão 1.876/2006-Plenário, como se observa do excerto a seguir transcrito:

6. De acordo com o art. 70 da Constituição Federal, a atuação do controle externo deve se circunscrever aos atos de gestão de natureza orçamentária, operacional e patrimonial, não se enquadrando, nessas hipóteses, a apuração de infrações disciplinares. Logo, não há amparo jurídico para a verificação, por parte desta Corte, da adequabilidade dos procedimentos adotados no âmbito dos processos administrativos em que se apuram tais infrações.

7. Aduzo que tal entendimento não significa, em absoluto, afastar a competência do TCU para examinar os efeitos financeiros resultantes da instauração do PAD em questão. Pelo que consta dos autos, os gastos realizados teriam sido manifestamente desproporcionais ao valor pago ao Sr. Edson Pedrosa e, quanto a esse ponto, o Tribunal deve fiscalizar a economicidade do procedimento.8. Contudo, essa análise difere do exame da validade do PAD em questão ou da justeza das sanções aplicadas. Entendimento contrário pode levar esta Corte a se tornar uma nova instância recursal dos processos administrativos disciplinares instaurados no âmbito da Administração Pública Federal.9. Ressalto que, os servidores irresignados com o resultado de processos administrativos disciplinares sempre podem recorrer ao Poder Judiciário, com fulcro no disposto no art. 5º inciso XXXV, da Constituição Federal.No caso concreto, entretanto, não pode escapar ao exame do Tribunal as medidas adotadas pela

CEAGESP para corrigir as diversas irregularidades detectadas no decorrer da sobredita sindicância, dentre elas baixas indevidas de valores a receber referentes aos anos de 1999 e 2000, atribuídas ao Sr. Giovanni de Souza Papini e a Sra. Ivana Lemos da Silva quando da migração de dados do Sistema PERMISSI para o Sistema PROLAN, e para ressarcir o prejuízo ocasionado à Companhia, na ordem de milhões de reais (fls. 161/169 do v. p.).

Segundo a unidade técnica, os lançamentos (de forma sintética) relativos aos créditos a receber (de permissionários), realizados com a participação dos dois empregados acima citados, teriam impossibilitado a adoção de providências posteriores que viabilizassem sua cobrança, no valor de R$ 5.172.420,93 (cinco milhões, cento e setenta e dois mil, quatrocentos e vinte reais e noventa e três centavos), ante a ausência de identificação do crédito de cada devedor (fls.312/313 do v. 1).

Não obstante a dificuldade de se identificar a parcela inerente a cada permissionário devedor, restou demonstrado no relatório da Comissão de Sindicância a ocorrência de dano ao erário e a conduta, de forma individualizada, dos diversos agentes na prática das irregularidades detectadas. Até mesmo o Diretor Presidente, ao decidir sobre o abrandamento da pena disciplinar a ser imputada aos funcionários de carreira, não eximiu a Sra. Ivana Lemos da Silva e o Sr. João José Xavier da responsabilidade pelos atos a ele apontados (fls. 122/123 do Anexo 6).

Nesse passo, entende-se estarem evidenciados no Relatório da Comissão de Sindicância os pressupostos que impõem aos administradores de recursos públicos o dever de reparação: i) a configuração de um dano; ii) a existência de uma ação ou omissão voluntária; e iii) a existência de nexo de causalidade, ligando a conduta (culposa) ao dano (compreensão sobre a responsabilidade dos agentes explicitada, entre outros, nos Acórdãos Plenários 112/2005 e 1856/2005).

Em conseqüência, deve o Tribunal, ao contrário de concentrar a contenda na conformidade da sanção disciplinar aplicada, indagar se foram adotadas no âmbito da CEAGESP medidas visando obter dos

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dirigentes e empregados, responsáveis pelos eventos danosos, mesmo que já desligados da Companhia, o ressarcimento do prejuízo aferido.

Isto posto, alinho-me à proposta de encaminhamento formulada pela Secex/SP, exceto quanto à rejeição das razões de justificativas apresentadas pelo Sr. Valmir Prascidelli para as irregularidades tratadas no item 7 da instrução de fls. 475/514 do v. 2 (subitem 4.1, do item IV - proposta de encaminhamento), sugerindo, em acréscimo, determinação à CEAGESP para que instaure tomada de contas especial, caso ainda não o tenha feito, com vistas à efetiva apuração de responsabilidade e ao ressarcimento do dano identificado, a princípio, no Relatório da Comissão de Sindicância, instaurada pela Portaria nº 100/2003.”

5. A unidade técnica procedeu a nova audiência do responsável Valmir Prascidelli, ante a apuração, na prestação de contas de 2001, de novas irregularidades, a ele atribuídas, com pertinência no exercício de 2004. A análise empreendida pela Secex/SP, que contou com a anuência do representante do MPTCU (peça 2), está a seguir transcrita:

“II – ANÁLISE DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA5. Irregularidades: guarda inadequada de documentos originais de pagamento, proporcionando o desaparecimento de comprovantes de pagamentos realizados pela Ceagesp, nos meses de novembro e dezembro/1999, à empresa Transporte de Resíduos AVC Ltda., e no mês de novembro/2001, à empresa Cotradasp – Cooperativa e Trabalho para Conservação do Solo, Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrícola e Silvicultura, empresas estas responsabilizadas em sindicâncias internas, por terem se envolvido, juntamente com gestores e funcionários que trabalharam na empresa de 1998 a 2002, em ilícitos administrativos, civis e penais, os quais resultaram na propositura da Ação Civil Pública n.º 2003.61.00.011664-8.5.1 Responsável: Sr. Valmir Prascidelli, Presidente da CEAGESP em 2004

5.2 Razões de justificativa do responsável (fls. 582/587 do Volume 2):5.2.1 O responsável declarou que foi nomeado para o cargo de Diretor Presidente da CEAGESP em 21 de fevereiro de 2003 e que a ocorrência versa sobre o exercício de 1999 e 2001, em sua totalidade, período sobre os quais não possui conhecimento, de modo que resta prejudicada a manifestação quanto a este questionamento. 5.3 Análise das razões de justificativa do responsável: 5.3.1 Verificamos na instrução do TC nº 011.2008/2002-4, que o Sr. Fuad Nassif Ballura, Diretor Presidente da CEAGESP, no período de 1998/2001, foi questionado a respeito da presente irregularidade e na análise das suas razões de justificativa, o auditor desta Secex/SP, entendeu que:“Além disso, como afirmou o próprio responsável, o desaparecimento de comprovantes de pagamento poderia ter-se dado “não se sabe desde quando” (fls. 169, anexo 18), inclusive no próprio período da gestão do Sr. Fuad Nassif. No entanto , o fato de que o responsável já estava afastado da empresa quando da constatação da falta de documento é, em nossa opinião, suficiente para afastar a sua responsabilidade, dado que não se pode assegurar que os documentos desapareceram ainda em sua gestão. Dessa forma somos pelo acolhimento das razões de justificativa apresentadas.”5.3.2 Seguindo o mesmo entendimento, muito menos pode ser imputada a responsabilidade pelo desaparecimento do referidos documentos ao Sr. Valmir Prascidelli que assumiu a direção da CEAGESP somente em 21 de fevereiro de 2003.5.4 Conclusão

5.4.1 Diante do exposto, propomos o acolhimento das razões de justificativa do responsável.

6. Irregularidade: omissão na instauração de tomadas de contas especial, em razão da ciência do Relatório Final de Sindicância, de 23/7/2004, elaborada pela Comissão instituída pela Portaria Ceagesp 100, de 10/4/2003, redesignada pelas Portarias 124, de 20/10/2003, e 130, de 7/1/2004, que identificava responsáveis, funcionários e ex-funcionários da Ceagesp, e quantificava valores devidos, relativamente aos fatos relatados no Relatório Final da Comissão de Sindicância, instituída pela Portaria Ceagesp 57/2002, pendentes de instauração de tomada de contas especial (item 4.9 do Relatório de Inspeção – fls. 546/547, vol. 2).6.1 Responsável: Sr. Valmir Prascidelli, Presidente da CEAGESP em 2004

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6.2 Razões de justificativa do responsável (fls. 582/587 do Volume 2):

6.2.1 Em síntese, o responsável justificou que naquela época estava vigente, na Companhia, um normativo interno (NP_AD 026) que estabelecia procedimentos a serem observados na condução de sindicância, destacando que após a conclusão dos processos de sindicância o procedimento adotado era a propositura de da competente ação judicial visando o ressarcimento dos valores apontados no Relatório Final.6.2.2 Acrescenta que a própria CGU (fls. 598/599) não determinou que fosse instaurada Tomada de Contas Especial, mas sim, em relação ao Processo de Sindicância instaurado pela Portaria nº 73, de 12/08/2002, que fossem adotadas com a maior brevidade possível as medidas judiciais com a protocolização da ação, o que foi feito conforme documentação às fls. 600/606, cabendo informar que o procedimento sumário (Área Cível) foi remetido à Justiça do Trabalho em 19/04/2007 (fl. 624 do volume 2).6.2.3 Ressalta que, se a comissão de sindicância efetuou o trabalho atingindo o mesmo objetivo que a Tomada de Contas Especial e se as medidas administrativas adotadas no âmbito da CEAGESP não lograram obter o ressarcimento pretendido, a única alternativa era a propositura da competente ação judicial.6.2.4 Por fim, afirma que as medidas adotadas atingiram o mesmo objetivo da Tomada de Contas Especial e solicita que em nome da racionalização administrativa e economia ou simplificação processual seja arquivado o presente processo.6.3 Análise das razões de justificativa do responsável: 6.3.1 As razões de justificativa, devidamente comprovadas mediante os documentos de fls. 588/623 do volume 2, demonstram que, relativamente a questão da tentativa de obter o ressarcimento do valor de R$ 3.628,93 apurado pela Comissão de Sindicância em 22/05/2003, o gestor adotou medidas cabíveis e razoáveis ante a situação e os acontecimentos com que se deparou ao assumir o cargo de Diretor Presidente e durante sua gestão na CEAGESP.6.3.2 Entretanto, devemos ressalvar que medidas adotadas não poderiam substituir a instauração da Tomada de Contas Especial, porquanto na época da conclusão do Relatório da Comissão de Sindicância (22/05/2003) o entendimento vigente neste Tribunal conforme Acórdão 1738/2003 – Plenário, de 19/11/2003, era:

“A IN nº 13/96, dispõe que as TCEs só serão imediatamente encaminhadas ao Tribunal se o valor do dano for maior do que o fixado anualmente pela Corte por intermédio da Decisão Normativa (para o exercício de 2003, o valor é R$15 mil, conforme DN nº 48/2002). Abaixo deste valor, a TCE será elaborada de forma simplificada e anexada ao processo de tomada ou prestação de contas anual do ordenador de despesa ou administrador (art. 7º, IN nº 13/96). Com base no art. 93 da Lei nº 8.443/92, o art. 10 da IN nº 13/96 estabelece que o TCU poderá arquivar, “sem julgamento de mérito, de processo, a que se refere o art. 7º, sem cancelamento da dívida, a cujo pagamento continuará obrigado o devedor para que se lhe possa ser dada quitação.”“O procedimento adotado pelo Tribunal, resumidamente descrito acima, refere-se ao limite abaixo do qual a TCE será elaborada de forma simplificada (art. 7º, IN nº 13/96) e também se é possível o arquivamento sem cancelamento do débito (art. 10). Não há norma a respeito do valor mínimo a partir do qual a TCE deve ser instaurada. A princípio, a ocorrência de todo e qualquer dano, por insignificante que seja, enseja a instauração de Tomada de Contas Especial, ante o disposto no art. 8º da Lei nº 8.443/92. A situação - ausência de norma que fixe limite - pode implicar a ocorrência de prejuízo à Administração, consistente na instauração de TCEs de valor irrisório.”

6.3.3 Posteriormente, o Acórdão 2647/2007 – Plenário, definiu a alteração de alguns dispositivos da IN/TCU nº 13/96, cabendo destacar a fixação do valor mínimo para instauração de tomada de contas especial conforme o seguinte trecho extraído do referido acórdão:

“9.2. autorizar, desde logo, o arquivamento dos processos de tomada de contas especial em andamento no âmbito do Tribunal, cujo valor do débito, atualizado monetariamente, seja inferior a R$ 23.000,00 (vinte e três mil reais), ou que tenha transcorrido dez anos desde o fato gerador, observado o disposto no art. 5º, § 5º, da Instrução Normativa referida no subitem anterior, em

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atendimento aos princípios da racionalidade administrativa e da economia processual, dando-se ciência ao órgão instaurador e aos responsáveis;9.3. determinar à Segecex que adote providência com vistas à inclusão na norma pertinente, de previsão no sentido de que os órgãos jurisdicionados informem na tomada ou prestação de contas anual a respeito das inclusões de débitos e responsabilidades em cadastro específico, ou do motivo das exclusões, identificando precisamente os responsáveis envolvidos e a natureza das irregularidades;”

6.3.4 Assim, entendemos que não obstante o gestor tenha adotado medidas judiciais para obter o ressarcimento dos valores apurados, estas medidas não supriram o descumprimento da exigência legal de instauração de uma tomada de contas especial simplificada. Todavia, deixamos de propor multa ao responsável, tendo em vista que na proposta de encaminhamento à fl. 512 já foi proposta a aplicação de multa ao responsável, Sr. Valmir Prascidelli, com fundamento no art. 16, inciso III, alínea “b”, da Lei nº 8.443/92, aplicando-lhe a multa prevista no arts. 19, parágrafo único, e 58, inciso I, do referido diploma legal, em razão de outras irregularidades praticadas durante a sua gestão.

6.4 Conclusão:6.4.1 Diante do exposto, propomos a rejeição das razões de justificativa do responsável.

III – CONCLUSÃO7 Com base no exposto nesta, na instrução de fls. 291/325 e 330/358 do Volume 1 e principalmente na instrução de fls. 475/514 do volume 2, fundamentam-se propostas de julgamento de contas dos responsáveis (em alguns casos com propostas de aplicação de multas) e de determinações à CEAGESP.8 Assim, cumprida a determinação do Sr. Ministro Relator, à fl. 576, no sentido de que fosse realizada a audiência do Sr. Valmir Prascidelli, e analisadas as razões de justificativas referentes às irregularidades descritas nas alíneas “a” e “b” do item 3 desta instrução, entendemos que as presentes contas encontram-se em condições de serem apreciadas por este Tribunal, sendo que ratificamos todos os demais pontos analisados na instrução às fls. 475/514 do volume 2, exceto quanto à apreciação do item 7 daquela instrução, acompanhando o entendimento proposto pelo Ministério Público à fl. 517.IV – PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

9 Diante do exposto na presente instrução e nas instruções de fls. 291/325 e 330/358 do Volume 1 e, principalmente, na instrução de fls. 475/514 do volume 2 propõe-se:

9.1 afastar os débitos apontados nos itens 6 e 7 da instrução às fls. 475/514 do volume 2;9.2 acolher:9.2.1 as alegações de defesa e as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Valmir Prascidelli relativamente às falhas apontadas nos itens 4.I a 4.IV, 4.VII a 4.IX, 5.I a 5.V, 5.VII, 5.VIII, 6.3.6, 8 e 9 da instrução às fls. 475/514 do volume 2 e item 5 da presente instrução; 9.2.2 as alegações de defesa e as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Gilberto Luciano Belloque, relativamente às falhas apontadas nos itens 4.I a 4.IV, 4.VII a 4.IX e 6.3.6 da instrução às fls. 475/514 do volume 2;9.2.3 as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. José Lourenço Pechtoll relativamente às falhas apontadas nos itens 5.I a 5.V, 5.VII e 5.VIII da instrução às fls. 475/514 do volume 2;9.2.4 as razões de justificativas do Sr. Valter Pucharelli, do Sr. Edison Antonio Bertoni, do Sr. Antonio Simeão Ramos, do Sr. Adilson da Silva, do Sr. Antonio Jorge Carneiro da Cunha e da Sra. Regina Maria Lucas, relativamente à falha apontada no item 9 da instrução às fls. 475/514 do volume 2;9.2.5 as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Salvador George Donizetti Khuryeh e pelo Sr. Luiz Concílius Gonçalves Ramos, relativamente à irregularidade apontada no item 6.3.6 da instrução às fls. 475/514 do volume 2.9.3 acolher parcialmente:

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9.3.1 as alegações de defesa e razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Valmir Prascidelli relativamente às irregularidades apontadas nos itens 4.V e 4.VI da instrução às fls. 475/514 do volume 2;9.3.2 as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Gilberto Luciano Belloque relativamente às irregularidades apontadas nos itens 4.V e 4.VI da instrução às fls. 475/514 do volume 2;9.4 rejeitar:9.4.1 as alegações de defesa e razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Valmir Prascidelli relativamente às irregularidades apontadas nos itens 4.X, 5.VI, 6.3.5 da instrução às fls. 475/514 do volume 2 e item 6 da presente instrução;9.4.2 as alegações de defesa e razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Gilberto Luciano Belloque relativamente às irregularidades apontadas nos itens 4.X e 6.3.5 da instrução às fls. 475/514 do volume 2;9.4.3 as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. José Lourenço Pechtoll relativamente à irregularidade apontada no item 5.VI da instrução às fls. 475/514 do volume 2;9.4.4 as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Salvador George Donizetti Khuryeh e pelo Sr. Luiz Concílius Gonçalves Ramos, relativamente à irregularidade apontada no item 6.3.5 da instrução às fls. 475/514 do volume 2.

10 em, consequência, julgar:10.1 com fundamento no art. 16, inciso III, alínea ‘b’, da Lei n.º 8.443/92, irregulares as contas, do Sr. Valmir Prascidelli, CPF 051.949.428-85, aplicando-lhe a multa prevista nos arts. 19, parágrafo único, e 58, inciso, inciso I, do referido diploma legal;10.2 com fundamento no art. 16, inciso III, alínea ‘b’, da Lei n.º 8.443/92, irregulares as contas, do Sr. Gilberto Luciano Belloque, CPF 874.871.528-04, aplicando-lhe a multa prevista nos arts. 19, parágrafo único, e 58, inciso, inciso I, do referido diploma legal;10.3 com fundamento no art. 16, inciso III, alínea ‘b’, da Lei n.º 8.443/92, irregulares as contas, do Sr. José Lourenço Pechtoll, CPF 625.200.678-53, aplicando-lhe a multa prevista nos arts. 19, parágrafo único, e 58, inciso, inciso I, do referido diploma legal;10.4 com fundamento no art. 16, inciso III, alínea ‘b’, da Lei n.º 8.443/92, irregulares as contas, do Sr. Salvador George Donizetti Khuryeh, CPF 019.480.428-35, e do Sr. Luiz Concílius Gonçalves Ramos, CPF 496.724.088-70, aplicando-lhes, individualmente, a multa prevista nos arts. 19, parágrafo único, e 58, inciso, inciso I, do referido diploma legal;10.5 regulares as contas do Sr. Valter Pucharelli, CPF 044.590.828-96, dando-lhe quitação, nos termos dos artigos 1º, inciso I, 16, inciso I, 17, e 23, inciso I, da Lei n.º 8.443/92;10.6 com fundamento nos arts. 16, inciso I, e 17, regulares as contas dos demais responsáveis arrolados às fls. 02 a 16, do Volume Principal, dando-se-lhes quitação, nos termos dos artigos 1º, inciso I, 16, inciso I, 17, e 23, inciso I, da Lei n.º 8.443/92;

11 que sejam autorizadas, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n.º 8.443/92, e do art. 219, inciso II, do Regimento Interno do TCU, as cobranças judiciais das dívidas, caso não atendidas as notificações desta Corte;

12 determinar à CEAGESP – Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo que:

I - apure a responsabilidade e, se for o caso, instaure tomada de contas especial (item 7.2.2.16 da instrução de fls. 291/324 do Volume 1):

a) pela prescrição de imposto de renda a restituir referente aos anos de 1992, 1993, 1994 e 1995, aplicando as sanções cabíveis aos responsáveis; b) pelos débitos decorrentes de adiantamento de salários identificados no item 4.1.2.1 do relatório de avaliação de gestão de 2004;

II - realização de um levantamento para atualizar os dados de seus inventários, identificando os elementos necessários para a perfeita caracterização de seus bens e dos agentes responsáveis pela sua guarda e administração, conforme dispõe o art. 84 da Lei no 4.320/1964 e que se determine que qualquer

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movimentação patrimonial seja feita mediante preenchimento de formulário de movimentação de bens patrimoniais (item 7.2.3.12 da instrução de fls. 291/324 do Volume 1);III - faça constar em seu relatório de gestão os seguintes itens (item 7.2.4.6 da instrução de fls. 291/324 do Volume 1):

a) descrição dos objetivos e metas (físicas e financeiras) pactuados nos programas sob sua gerência, previstos na Lei Orçamentária Anual, e das ações administrativas (projetos e atividades) contidas no seu plano de ação;b) descrição dos indicadores e outros parâmetros utilizados para gerenciar a conformidade e o desempenho dos programas governamentais e/ou das ações administrativas;c) avaliação dos resultados da execução dos programas governamentais e/ou das ações administrativas, levando-se em conta os resultados quantitativos e qualitativos alcançados e a eficácia, eficiência e efetividade no cumprimento dos objetivos e metas estabelecidos, com esclarecimentos, se for o caso, sobre as causas que inviabilizaram o pleno cumprimento.

IV - adote procedimentos no sentido de obter a restituição dos pagamentos irregulares de salário substituição aos funcionários Jungiro Takaguti, Alexandre Bottino Bononi, Carlos Emílio Seganti Neto, Carlos Dieter Maresch, Hermínio Innocenti Júnior, Marlúcio Aleixo Leite, Mauro Morais Ribeiro, apontados no Relatório de Auditoria no 161.060 da Controladoria Feral da União no Estado de São Paulo (itens 7.2.6.14 a 7.2.6.18 da instrução de fls. 291/324 do Volume 1);V - após o atesto da área competente declarando que os serviços ou produtos foram efetivamente recebidos, conforme os arts. 62 e 63 da Lei no 4.320/1964, seja feita vinculação explícita entre o comprovante de entrega do bem ou de prestação do serviço e a liquidação da despesa, tal como a aplicação de carimbo de “pago” às notas fiscais quando do seu pagamento, para evitar a possibilidade de reapresentação de nota fiscal, a qual pode resultar em pagamento em duplicidade (item 7.3.5.5 da instrução de fls. 291/324 do Volume 1);VI - observe que na contratação de funcionários para os quadros da empresa o mero preenchimento de formulários / declarações pelos candidatos não supre a apresentação de documentação comprovatória de que estes atendem aos requisitos exigidos para o cargo pelo edital de concurso público e/ou pelo Plano de Cargos, Carreiras e Salários da CEAGESP (item 6 desta instrução);VII - faça constar das pastas funcionais de seus funcionários documentação completa que comprove a regularidade da contratação, de forma a viabilizar a fiscalização pelos órgãos de controle do atendimento pelos contratados dos requisitos necessários para o cargo (item 6 desta instrução);VIII - caso os funcionários a seguir relacionados ainda pertençam aos quadros funcionais da CEAGESP, verifique se estes atendem aos requisitos exigidos para a contratação para seus referidos cargos (exigidos pelos editais dos concursos públicos de 2002 ou 2004 e/ou pelo Plano de Cargos, Carreira e Salários da CEAGESP), dispensando aqueles que não preencham tais requisitos e fazendo constar da pasta funcional dos demais a comprovação de que a contratação foi regular (item 6 desta instrução):

Contratado CargoAlfredo Ioshio Matsumoto Orientador de mercadoIzabel Guerra Araújo Assistente Executivo IIIGiovanni Dominici Gerente de Operações IISalvador G. D. Khuriyeh Gerente do Departamento de Recursos Humanos Debora Maximo de Souza Chefe de Seção IIEuclides Messias Amorin Coordenador de AssessoriaLigia Domingues da Silva Secretária da Diretoria

IX- seja instaurada a tomada de contas especial, caso ainda não o tenha feito, com vistas à efetiva apuração de responsabilidade e ao ressarcimento do dano identificado, a princípio, no Relatório da Comissão de Sindicância, instaurada pela Portaria nº 100/2003.”

É o relatório.

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VOTO

Trata-se da prestação de contas de 2004 da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo – Ceagesp.2. Na forma do relatório precedente, as alegações de defesa e razões de justificativas apresentadas pelos responsáveis foram devidamente analisadas pela unidade técnica, cuja manifestação desde já incorporo às minhas razões de decidir.3. Propõe a unidade técnica o afastamento do débito originalmente indicado oriundo das contratações relativas à elaboração projeto básico e “Projeto Legal” do Mercado das Flores antes da aprovação da medida pelo Ministério da Fazenda e Conselho Nacional de Desestatização, e à contratação de consultor do PNUD, para elaboração de pedido de empréstimo. Além disso, sugere o julgamento pela irregularidade das contas dos responsáveis Valmir Prascidelli, Gilberto Luciano Belloque, José Lourenço Pechtoll, Salvador George Donizetti Khuryeh e Luiz Concílius Gonçalves Ramos, aplicando-lhes a multa do art. 58, inciso I, da Lei 8.443/1992, o julgamento pela regularidade das contas de Valter Pucharelli e o julgamento pela regularidade com ressalva dos demais responsáveis arrolados neste processo.4. Em relação à elisão dos débitos originalmente apontados, concordo com o posicionamento da unidade técnica de que o aproveitamento dos produtos decorrentes das contratações questionadas autoriza a conclusão acerca do afastamento dos correspondentes débitos, ante a ausência de má-fé dos responsáveis e eventuais indícios de superfaturamentos. 5. Anuo ao posicionamento da unidade técnica quanto ao não acatamento das alegações de defesa dos responsáveis relativas ao aditamento contratual do Projeto Legal sem a devida formalização e sem parecer jurídico. Observo que, mesmo diante da urgência na protocolização do referido Projeto na Prefeitura, não havia margem para a discricionariedade do gestor em não cumprir os artigos 60 e 38, parágrafo único, ambos da Lei 8.666/1993.6. Houve, ainda, gestão temerária dos responsáveis, que contrataram consultor do PNUD para a formulação de pedido de empréstimo à Comissão de Financiamentos Externos – Cofiex, sem que fossem atendidos previamente os requisitos essenciais para tanto, como a aprovação para os gastos com o Projeto de Reestruturação da Ceagesp pelo Ministro da Fazenda e pelo Conselho Nacional de Desestatização ou a exclusão da entidade do Programa Nacional de Desestatização.7. Também não foram aceitas as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis quanto à contratação de funcionários sem que fosse comprovado o preenchimento, pelos respectivos empregados, dos requisitos exigidos para os cargos por eles ocupados.8. Conquanto concorde em linhas gerais com a proposta de encaminhamento da unidade técnica, julgo que as três irregularidades comprovadas nos autos e não afastadas nas alegações de defesa e/ou razões de justificativas apresentadas pelos respectivos responsáveis, mencionadas nos itens 4, 5 e 6 deste voto, muito embora caracterizadas, não têm o condão de macular a integralidade da gestão dos responsáveis, dada sua pequena monta em relação à magnitude da gestão.9. Nessa linha de raciocínio, considero desarrazoada a proposta de julgamento pela irregularidade das contas dos responsáveis, o mesmo podendo ser dito com relação à aplicação da multa do art. 58, inciso I, da Lei 8.443/1992. Importa mencionar que a contratação apontada como temerária totalizou R$ 150.000,00, o que representa apenas 0,055% do total de recursos geridos pela Ceagesp nas contas em exame (R$ 270.750.000,00).10. Some-se a isso o fato de não se tratarem de irregularidades reincidentes e de não ter restado caracterizado qualquer prejuízo ao erário ou à execução dos serviços públicos prestados pelo Ceagesp.11. Deixo de julgar as contas de Salvador George Donizetti Khuryeh, Luiz Concílius Gonçalves Ramos e Valter Pucharelli, dos Gerentes e Coordenadores de Departamento da entidade e demais responsáveis arrolados às fls. 4/15 do volume principal, por não se enquadrarem no artigo 10

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da Instrução Normativa TCU 63/2010, que define os responsáveis cuja gestão ordinariamente deve ser avaliada por esta Corte de Contas.

Diante do exposto, voto pela adoção da minuta de acórdão que ora trago ao exame deste colegiado.

TCU, Sala das Sessões, em 31 de maio de 2012.

ANA ARRAES Relatora

ACÓRDÃO Nº 2987/2012 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo TC 013.239/2005-4. 2. Grupo II – Classe II – Prestação de Contas.3. Responsáveis: Ademir Alves de Novaes (CPF 597.007.188-91); Ademir José Pereira (CPF 995.778.798-53); Ademir de Souza (CPF 920.644.778-53); Adilson da Silva (CPF 091.668.786-40); Alexandre Roberto Leite Campos (CPF 066.532.582-70); Andre do Amaral Escobar (CPF 125.097.458-59); Antonio Carlos da Silva (CPF 212.985.726-49); Antonio Carlos da Silva (CPF 510.969.868-68); Antonio Donizete da Costa (CPF 020.009.578-11); Antonio Gasgue Gutierrez (CPF 734.665.818-34); Antonio Jorge Carneiro da Cunha (CPF 063.991.128-50); Antonio Mestre dos Santos (CPF 885.678.508-00); Antonio Simeão Ramos (CPF 055.520.118-05); Antonio Valmir Barreiros (CPF 685.422.168-49); Arlete de Araújo Curvelo Sauti (CPF 843.760.748-53); Benedicto de Tolosa Filho (CPF 112.953.418-91); Carlos Alberto dos Reis (CPF 035.842.308-29); Carlos Roberto Gaspari (CPF 020.663.238-02); Carlos Roberto do Espírito Santo (CPF 017.217.678-60); Ciceso Carlos da Silva (CPF 046.354.158-80); Clarice Isolino de Souza Miki (CPF 052.064.338-02); Claudio Valentini Magnani (CPF 437.445.918-91); Debora Maximo de Souza (CPF 142.782.468-11); Demian Fiocca (CPF 130.316.328-42); Edison Antonio Bertoni (CPF 008.216.108-99); Edson Antonio Gauarido Robeiro (CPF 793.233.328-87); Edson Luiz Camargo (CPF 749.836.958-34); Eduardo Boanesio Alves (CPF 001.808.728-00); Eduardo Rocha Gonçalves (CPF 063.710.808-65); Edvaldo Pereira de Souza (CPF 682.091.938-72); Elcio Manoel de Souza (CPF 007.789.988-19); Elson Carlos Cavenago (CPF 797.058.048-34); Erwin Klabunde (CPF 181.743.459-49); Euclides Messias Amorim (CPF 491.285.086-10); Fátima Chaves Cavalcante (CPF 902.461.288-87); Fernando Luiz de Carvalho Ambrozio (CPF 051.216.058-97); Flavio Luiz Godas (CPF 077.622.068-33); Franklin Vieira (CPF 074.300.298-92); George Washington Rocha (CPF 833.434.668-91); Geraldo Juniti Oguri (CPF 567.651.508-20); Gilberto Luciano Belloque (CPF 874.871.528-04); Giovanni Dominici (CPF 010.362.228-45); Giovanni Gurrieri (CPF 077.994.086-50); Ivan Wedekin (CPF 736.816.608-91); Jose Geraldo da Silva Neto (CPF 813.461.078-15); José Lourenço Pechtoll (CPF 625.200.678-53); Jose Mauro Gomes (CPF 359.663.869-00); José Amauri Dimarzio (CPF 036.746.578-72); José Carlos Amaro (CPF 020.999.308-13); José Carlos de Andrade (CPF 086.930.721-53); José Luis Alves (CPF 020.460.788-45); José Roberto Eiras (CPF 984.880.828-00); Jungiro Takaguti (CPF 193.986.708-87); Luciano Rodrigues Legaspe (CPF 047.893.598-67); Luis Carlos Guedes Pinto (CPF 021.056.918-20); Luiz Antonio Rossini (CPF 874.029.128-68); Luiz Carlos Bronzato (CPF 004.298.748-20); Luiz

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Concilius Gonçalves Ramos (CPF 496.724.088-70); Lupercio Donizete Fontana (CPF 785.247.258-34); Lílian Maria Cordeiro Pinheiro (CPF 392.035.901-10); Manoel Luis Ferreira (CPF 538.389.478-00); Marco Antonio Pereira (CPF 735.350.108-10); Marcos Rodrigues (CPF 981.984.678-15); Maria Aparecida Garcia Sampaio (CPF 002.891.118-03); Maria Luiza Gomes da Cruz (CPF 041.253.528-95); Maria Salete de Oliveira Gomes (CPF 046.634.778-28); Mario Antonio de Moraes Biral (CPF 034.895.408-59); Mauri Seabra da Cruz (CPF 672.099.988-53); Mirian Lemos Cintra (CPF 270.331.558-91); Moacir Carporusso Junior (CPF 069.265.308-23); Moisés Barbosa de Andrade (CPF 847.218.128-68); Nivaldo Aparecido Servelin (CPF 040.217.178-03); Pedro Rodrigues de Morais Filho (CPF 844.310.598-49); Regina Maria Lucas (CPF 092.080.478-06); Ricardo Abreu (CPF 079.237.488-61); Roberto Ayres da Costa (CPF 752.065.018-91); Roberto Yoshiko Nakashima (CPF 016.179.948-55); Robson Frederico dos Santos (CPF 094.476.148-84); Salvador George Donizeti Khuriyeh (CPF 019.480.428-35); Sebastião Carlos Odoni (CPF 986.158.588-53); Sergio Donizete Honorato (CPF 979.998.818-72); Silvia Maria Barbosa Satto (CPF 033.025.818-40); Tânia Marcia Balestra (CPF 025.677.728-47); Vadislau Ribeiro da Cruz (CPF 047.981.668-98); Valdecir Januário Miguel (CPF 017.784.708-58); Valmir Prascidelli (CPF 051.949.428-85); Valter Pucharelli (CPF 044.590.828-96); Vanda Aparecida Bertolotto (CPF 974.838.508-68); Wagner Machado (CPF 029.280.861-53); Walter Ramos Mesquita (CPF 838.378.688-34).4. Unidade: Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo – Ceagesp.5. Relatora: ministra Ana Arraes.6. Representante do Ministério Público: subprocurador-geral Paulo Soares Bugarin.7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de São Paulo – Secex/SP.8. Advogados: Regina Célia Lourenço Blatz (OAB/SP 139.307), Emídio Severino da Silva (OAB/SP 58.098) e outros (procuração de fl. 417, vol. 2).

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de prestação de contas de 2004 da Companhia

de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo.ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão

extraordinária da 1ª Câmara, ante as razões expostas pela relatora, com fundamento nos arts. 1º, inciso I; 16, incisos I e II; 17, 18 e 23, incisos I e II, da Lei 8.443/1992, em:

9.1. julgar regulares com ressalvas as contas de Valmir Prascidelli, Gilberto Luciano Belloque e José Lourenço Pechtoll e dar-lhes quitação;

9.2. julgar regulares as contas dos demais responsáveis arrolados às fls. 1/3 do volume principal e dar-lhes quitação plena;

9.3. excluir desta prestação de contas os responsáveis Salvador George Donizetti Khuryeh, Luiz Concílius Gonçalves Ramos e Valter Pucharelli, os gerentes e coordenadores de departamento da entidade e demais responsáveis arrolados às fls. 4/15 do volume principal, por não se enquadrarem no artigo 10 da Instrução Normativa TCU 63/2010, que define os responsáveis cuja gestão ordinariamente deve ser avaliada por esta Corte de Contas.

9.4. determinar à Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo, acerca das ocorrências constatadas no exame destas contas, que comprove, no prazo máximo de 120 (cento e vinte) dias, a adoção das seguintes medidas:

9.4.1. apuração da responsabilidade e, se for o caso, instauração de tomada de contas especial (item 7.2.2.16, fls. 291/324, vol. 1) em relação aos seguintes fatos:

9.4.1.1 prescrição de imposto de renda a restituir referente aos anos de 1992, 1993, 1994 e 1995;

9.4.1.2 débitos decorrentes de adiantamento de salários identificados no item 4.1.2.1 do relatório de avaliação de gestão de 2004;

9.4.2. realização de levantamento para atualizar dados de seus inventários, identificando os elementos necessários para perfeita caracterização de seus bens e dos agentes responsáveis pela sua

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guarda e administração, conforme dispõe o art. 84 da Lei no 4.320/1964, com determinação para que qualquer movimentação patrimonial seja feita mediante preenchimento de formulário de movimentação de bens patrimoniais (item 7.2.3.12 , fls. 291/324, vol. 1);

9.4.3. fazer constar em seu relatório de gestão os seguintes itens (item 7.2.4.6, fls. 291/324, vol. 1):

9.4.3.1. descrição dos objetivos e metas (físicas e financeiras) pactuados nos programas sob sua gerência, previstos na Lei Orçamentária Anual, e das ações administrativas (projetos e atividades) contidas no seu plano de ação;

9.4.3.2. descrição dos indicadores e outros parâmetros utilizados para gerenciar a conformidade e o desempenho dos programas governamentais e/ou das ações administrativas;

9.4.3.3. avaliação dos resultados da execução dos programas governamentais e/ou das ações administrativas, levando-se em conta os resultados quantitativos e qualitativos alcançados e a eficácia, eficiência e efetividade no cumprimento dos objetivos e metas estabelecidos, com esclarecimentos, se for o caso, sobre as causas que inviabilizaram o pleno cumprimento.

9.4.4. procedimentos para obter a restituição dos pagamentos irregulares de salário substituição aos funcionários Jungiro Takaguti, Alexandre Bottino Bononi, Carlos Emílio Seganti Neto, Carlos Dieter Maresch, Hermínio Innocenti Júnior, Marlúcio Aleixo Leite, Mauro Morais Ribeiro, apontados no relatório de auditoria 161.060 da Controladoria Geral da União no Estado de São Paulo (itens 7.2.6.14 a 7.2.6.18, fls. 291/324, vol. 1);

9.4.5. após o atesto da área competente declarando que os serviços ou produtos foram efetivamente recebidos, conforme os arts. 62 e 63 da Lei no 4.320/1964, vinculação explícita entre o comprovante de entrega do bem ou de prestação do serviço e a liquidação da despesa, tal como a aplicação de carimbo de “pago” às notas fiscais quando do seu pagamento, para evitar a possibilidade de reapresentação de nota fiscal, a qual pode resultar em pagamento em duplicidade (item 7.3.5.5, fls. 291/324, vol. 1);

9.4.6. na contratação de funcionários para os quadros da empresa, observação de que o mero preenchimento de formulários/declarações pelos candidatos não supre a apresentação de documentação comprobatória de que estes atendem aos requisitos exigidos para o cargo pelo edital de concurso público e/ou pelo Plano de Cargos, Carreiras e Salários da Ceagesp (item 6, fls. 625/633, vol. 1);

9.4.7. Inclusão, nas pastas funcionais de seus funcionários, de documentação completa, que comprove a regularidade da contratação, de forma a viabilizar a fiscalização, pelos órgãos de controle, do atendimento, pelos contratados, dos requisitos para o cargo (item 6 , fls. 625/633, vol. 1);

9.4.8. caso os funcionários a seguir relacionados ainda pertençam aos quadros funcionais da Ceagesp, verificação do atendimento dos requisitos para contratação nos respectivos cargos (exigidos pelos editais dos concursos públicos de 2002 ou 2004 e/ou pelo Plano de Cargos, Carreira e Salários da Ceagesp), com dispensa daqueles que não preencham tais requisitos e fazendo constar da pasta funcional dos demais a comprovação de que a contratação foi regular (item 6 , fls. 625/633, vol. 1):

Contratado CargoAlfredo Ioshio Matsumoto Orientador de mercadoIzabel Guerra Araújo Assistente Executivo IIIGiovanni Dominici Gerente de Operações IISalvador G. D. Khuriyeh Gerente do Departamento de Recursos Humanos Debora Maximo de Souza Chefe de Seção IIEuclides Messias Amorin Coordenador de AssessoriaLigia Domingues da Silva Secretária da Diretoria

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9.4.9. instauração de tomada de contas especial, caso ainda não o tenha feito, com vistas à apuração de responsabilidade e ao ressarcimento do possível dano identificado no relatório da comissão de sindicância instaurada pela Portaria 100/2003.

9.5. determinar à Controladoria-Geral da União no Estado de São Paulo que acompanhe o cumprimento das determinações contidas neste acórdão nas próximas contas da entidade;

9.6. autorizar o arquivamento deste processo após a adoção das providências cabíveis.

10. Ata n° 17/2012 – 1ª Câmara.11. Data da Sessão: 31/5/2012 – Extraordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-2987-17/12-1.13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Walton Alencar Rodrigues (na Presidência), José Múcio Monteiro e Ana Arraes (Relatora).13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.

13.3. Ministro-Substituto presente: Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)WALTON ALENCAR RODRIGUES

(Assinado Eletronicamente)ANA ARRAES

na Presidência Relatora

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA

Subprocuradora-Geral

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