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PROGRAMA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – PEEA/PR DOCUMENTO PRELIMINAR SUMÁRIO 1. Apresentação 2. Justificativa 3. Breve linha do Tempo da institucionalização da Educação Ambiental no Paraná 4. Competências do Órgão Gestor 5. Diretrizes 6. Princípios 7. Missão 8. Objetivos 9. Público alvo 10. Linhas de Ação 11. Referências 1. APRESENTAÇÃO O Programa Estadual de Educação Ambiental do Paraná é resultado do trabalho conjunto entre o Órgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental e a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental - CIEA/PR, instituída em dezembro de 2016. Consiste em um documento orientador para o planejamento de estratégias no Estado, que conduzam a projetos e ações socioambientais sustentáveis, que possam ser efetivadas e implementadas no âmbito das instituições públicas e privadas, bem como da sociedade civil. Também tem a finalidade de servir de parâmetro para o estabelecimento das políticas públicas no Estado. O Programa Estadual de Educação Ambiental estabelece diretrizes e ações que atendem à legislação ambiental vigente, para que o Paraná se torne referência em

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PROGRAMA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – PEEA/PR

DOCUMENTO PRELIMINAR

SUMÁRIO

1. Apresentação2. Justificativa3. Breve linha do Tempo da institucionalização da Educação Ambiental no

Paraná 4. Competências do Órgão Gestor5. Diretrizes6. Princípios7. Missão8. Objetivos9. Público alvo10. Linhas de Ação11. Referências

1. APRESENTAÇÃO

O Programa Estadual de Educação Ambiental do Paraná é resultado do trabalho conjunto entre o Órgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental e a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental - CIEA/PR, instituída em dezembro de 2016.

Consiste em um documento orientador para o planejamento de estratégias no Estado, que conduzam a projetos e ações socioambientais sustentáveis, que possam ser efetivadas e implementadas no âmbito das instituições públicas e privadas, bem como da sociedade civil. Também tem a finalidade de servir de parâmetro para o estabelecimento das políticas públicas no Estado.

O Programa Estadual de Educação Ambiental estabelece diretrizes e ações que atendem à legislação ambiental vigente, para que o Paraná se torne referência em sustentabilidade1. O programa apresentado está em consonância com o Programa Nacional de Educação ambiental (ProNEA) e suas diretrizes, a saber:• Transversalidade e Interdisciplinaridade;• Descentralização Espacial e Institucional;• Sustentabilidade Socioambiental;• Democracia e Participação Social.• Aperfeiçoamento e Fortalecimento dos Sistemas de Ensino, Meio Ambiente e outros que tenham interface com a educação ambiental.

1 Dentre outras fundamentações teóricas, BOFF (2012, p.107) sintetiza o termo como:”Toda ação destinada a manter as condições energéticas, informacionais, físico-químicas, que sustentam todos os seres, especialmente a Terra viva, a comunidade de vida e a vida humana, visando a sua continuidade e ainda a atender as necessidades da geração presente e das futuras, de tal forma que o capital natural seja mantido e enriquecido em sua capacidade de regeneração, reprodução e co-evolução.”

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Estabelece, no âmbito do Poder Público, as competências para as Secretarias de Estado envolvidas com o compromisso de efetivar a Educação Ambiental no Estado: Meio Ambiente, Educação, Saúde, Agricultura e Abastecimento, e Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Por fim, aponta suas diretrizes, linhas de ação e estratégias em caráter de corresponsabilidade, entre os entes públicos e privados envolvidos, ganhando uma dimensão ampla, necessária não somente para a compreensão crítica dos problemas, mas para traçar o caminho para suas soluções, num processo contínuo e crescente de responsabilidade conjunta.

2. JUSTIFICATIVA

Há algumas décadas, se vêm divulgando a situação do planeta em relação às degradações ambientais e às consequências nefastas que podem conduzir à insustentabilidade planetária. Portanto, legislações em nível mundial, nacional e regional tem sido instituídas com o objetivo de minimizar os impactos ambientais negativos ao planeta, à manutenção da vida e de vida com qualidade.

Considerando a Política Nacional de Educação (Lei nº 9.795/99); a Lei Estadual n.º 17.505/2013, que institui a Política Estadual de Educação Ambiental do Estado do Paraná, regulamentada pelo Decreto nº 9.958/2014; foi necessária a elaboração deste Programa Estadual de Educação Ambiental, uma construção coletiva, tarefa conjunta do Órgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental e da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental - CIEA/PR.

3. BREVE LINHA DO TEMPO DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PARANÁ:2

A década de 70, em nível internacional, foi bastante rica em eventos e elaborações teóricas que fundamentaram a Educação Ambiental. Estes movimentos culminaram com a realização, em 1977, em Tbilisi (Geórgia), da I Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, promovida pela UNESCO/PNUMA, marco importante para a formulação dos princípios, fundamentos e objetivos da Educação Ambiental: estabelece a compreensão de que “meio ambiente não é somente o meio físico biótico, mas também o meio social e cultural e relaciona os problemas ambientais aos modelos de desenvolvimento adotados pelo homem.” A referida Conferência, além de outras questões, também conclamou os Estados-Membros a incluírem em suas políticas de Educação conteúdos, orientações e atividades ambientais baseados nos objetivos e características da Educação Ambiental.

Mais especificamente no Estado do Paraná, durante a gestão de 1982-1986, o Governo do Estado, por intermédio de uma equipe interdisciplinar e interinstitucional de 2 (Síntese construída a partir diversas contribuições, e com base em: COSTA, Laura Jesus de Moura e. Organizações de bairro: história e práticas comunitárias que possam levar à sustentabilidade do meio na cidade de Paranaguá e Ilha dos Valadares. 1999. Tese (Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento). Programa em Pós-Graduação da Pró Reitoria e Pesquisa da Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR, 1999.) A íntegra do capítulo específico encontra-se reproduzida em anexo ao presente Programa.

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técnicos que envolveram as Secretarias da Agricultura, Educação, Interior, Planejamento, Segurança Pública e Saúde e Bem-Estar Social elaborou o primeiro Programa Estadual de Meio Ambiente (PEMA), que procedeu análise da situação ambiental do Estado quanto ao desmatamento, erosão, contaminação por agrotóxicos e intoxicação de trabalhadores rurais, falta de saneamento básico e mortalidade infantil, poluição do ar, espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção, destruição do patrimônio natural, etc. O órgão estadual de meio ambiente, à época, era a SUREHMA – Superintendência dos Recursos Hídricos e do Meio Ambiente do Paraná, que recebeu um incremento de vários técnicos, distribuídos entre os vinte escritórios regionais do Estado, com funções tanto de fiscalização, quanto de gestão ambiental e conscientização da população (Educação Ambiental). A SUREHMA estava vinculada à Secretaria de Estado do Interior (SEIN), passando depois à SEDU e, em 1992, à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Paraná (SEMA-PR)

Ainda na década de 80, no Paraná, foi criado o Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMA - tendo sido chamado, inicialmente, de CEDA - Conselho Estadual de Defesa do Ambiente) do Paraná, o Conselho de Desenvolvimento Territorial do Litoral Paranaense e vários parques nacionais e estaduais, estações ecológicas e áreas de proteção ambiental. Em maio de 1989, realizou-se, em Curitiba, a I Conferencia Estadual de Meio Ambiente, com a participação de delegados tanto da sociedade civil (ONG, associações e outras) como de instituições governamentais.

A segunda Conferência Estadual de Meio Ambiente (a última dessa fase inicial) realizou-se em Ibiporã, em 1991, e contou com a presença de organizações da sociedade civil e de instituições públicas. A criação da Secretaria Especial de Meio Ambiente do Paraná (SEMA) deu-se em 1991.

O Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA) foi aprovado em dezembro de 1994 e definiu a Educação Ambiental enquanto “um processo participativo através do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, adquirem conhecimentos, tomam atitudes, exercem competências e habilidades voltadas para a conquista e manutenção do meio ambiente ecologicamente equilibrado, contribuem fortemente para a ampliação dessa nova visão e para a adoção dessas novas posturas dos indivíduos em relação ao todo”. Sete linhas de ação estão elencadas no PRONEA, as quais se referem à Educação Ambiental através do ensino formal, à educação no processo de gestão ambiental, campanhas específicas para usuários de recursos naturais, cooperação com os que atuam nos meios de comunicação de massa, articulação e integração das comunidades em favor da Educação Ambiental, articulação intra e interinstitucional e criação de rede de centros especializados em Educação Ambiental, integrando universidades, escolas profissionais e centros de documentação em todo o País.

No Paraná, com a criação da SEMA-PR e a reestruturação do Sistema Estadual de Meio Ambiente, na década de 90, a então equipe interdisciplinar e interinstitucional de Educação Ambiental foi desfeita.

Em 1995, dentre as diretrizes do Documento “Propostas de Desenvolvimento para o Meio Ambiente do Estado do Paraná”, elaborado pela SEMA, foi registrada a de “Proporcionar instrumentos para a conscientização da comunidade sobre as questões ambientais, através da Educação Ambiental”, seguida de 09 estratégias para sua consecução.

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Nos primeiros anos do Século XXI (2003 e 2004), iniciou-se o processo de rearticulação de uma nova estrutura para a Educação Ambiental no Estado. Iniciou-se também a discussão da criação da CIEA-PR – Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Paraná, com ampla participação de representantes da sociedade civil organizada, universidades e setor empresarial, além do gestor público.

A partir de junho de 2005, o Estado do Paraná passou a desenvolver trabalhos referentes ao processo de constituição da CIEA, através de parceria entre a SEMA, a Diretoria de Educação Ambiental do MMA, o IBAMA e a Rede Paranaense de Educação Ambiental – REA-PR, que formaram inicialmente um Grupo Gestor Pró-CIEA, com a incorporação de instituições não governamentais. As CIEAs são colegiados estaduais que têm como missão geral propor as diretrizes da Política e do Programa Estadual de Educação Ambiental. Estas comissões são formadas por representantes do poder público e da sociedade civil, de forma paritária, e já foram implantadas em várias unidades federativas do país.

Em outubro de 2009 foi realizada a 1ª Conferência Estadual de Saúde Ambiental, no processo da 1ª Conferência Nacional de Saúde Ambiental. Em seu documento final, das 6 (seis) Diretrizes e 12 (doze) Ações registradas para encaminhar à Etapa Nacional, três Diretrizes e três Ações tiveram um maior enfoque na Educação Ambiental. Esta Conferência teve a particularidade de ter sido organizada e coordenada pelas pastas da Saúde, Cidades (no caso do Paraná, a SEDU) e Meio Ambiente, conjuntamente.

Por fim, um importante marco na atualidade é a edição da Lei Estadual nº 17.505, de 11 de janeiro de 2013, que estabelece a Política Estadual de Educação Ambiental no Paraná. Na lei está contemplada a criação do Órgão Gestor Estadual e da CIEA-PR, articulados com estratégias de implantação da Educação Ambiental no Estado. Com a aprovação dessa lei, a Comissão Temporária Especial iniciou a formulação do texto base para a sua regulamentação e, simultaneamente, ocorreram as discussões no Conselho Estadual de Educação do Paraná para estabelecer as Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação Ambiental. Um ano depois, o Decreto Estadual n° 9.958/2014 regulamentou o Órgão Gestor de EA e constituiu a CIEA-PR. A primeira reunião para implantação oficial da CIEA-PR e posse dos membros da referida Comissão foi realizada, na SEMA-PR, em Curitiba, em dia 16 de dezembro de 2016.

A elaboração do presente Programa Estadual de Educação Ambiental, para além do atendimento a uma exigência legal, pretende sintetizar todo o aprendizado coletivamente acumulado ao longo dos anos constituindo-se num documento que oriente a atuação conjunta, integrada e sistêmica dos diferentes órgãos, entidades e instituições que tratam da Educação Ambiental no Estado do Paraná.

4. COMPETÊNCIAS DO ÓRGÃO GESTOR DA POLÍTICA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

No âmbito de suas respectivas atuações, são competências do Órgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental:

4.1 - Secretaria de Estado da Educação - SEED: Em relação à Educação Ambiental, compete a SEED, em parceria com a SETI, implementar as Normas Estaduais para a Educação Ambiental no Sistema Estadual de ensino (Deliberação CEE/CP n.º 04/2013), especificamente na educação básica, fundamentada nos princípios e procedimentos orientadores desta legislação que vem complementar as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (Resolução CNE/CP n.º 02/2012). As Normas

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Estaduais orientam a articulação entre o Ensino Superior e a Educação Básica, integrando ações no âmbito do ensino, pesquisa e extensão, visando à formação inicial e continuada. Como forma de sistematizar e integrar o conjunto de ações de Educação Ambiental no âmbito desses níveis de ensino foi instituído o Grupo Gestor de Educação Ambiental SEED/SETI. O Grupo Gestor SEED/SETI deve atuar na constituição dos Comitês Escolares de Educação Ambiental em cada instituição pertencente ao Sistema Estadual de Ensino, além de incentivar e orientar a constituição dos Coletivos da Bacia Hidrográfica. A implementação da Educação Ambiental deve tomar como recorte territorial de atuação a bacia hidrográfica onde a instituição de ensino está inserida e desta forma, fortalecer o papel da escola como espaço educador sustentável considerando as dimensões espaço físico, gestão democrática e organização curricular.

4.2 - Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - SETI: Compete promover a articulação entre os diversos setores e órgãos públicos no âmbito do Ensino Superior, para que possam destinar recursos humanos e financeiros com vistas a ações concretas no combate à exploração indiscriminada dos recursos naturais e na defesa do meio ambiente sustentável. Em relação à Educação Ambiental, compete a SETI, em parceria com a SEED, implementar as Normas Estaduais para a Educação Ambiental no Sistema Estadual de ensino (Deliberação CEE/CP n.º 04/2013), especificamente na educação superior, fundamentada nos princípios e procedimentos orientadores desta legislação que vem complementar as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental (Resolução CNE/CP n.º 02/2012).

4.3 - Secretaria de Estado da Saúde - SESA: Contemplar a Educação Ambiental nos Projetos e Planos de Trabalho da SESA, em especial: Plano de ação da Vigilância Sanitária para o Empreendimento Familiar Rural; Plano de ação da Vigilância Ambiental em Saúde; Plano de Vigilância e Atenção à Saúde de Populações Expostas aos Agrotóxicos do Estado do Paraná 2017 a 2019.

4.4 - Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento - SEAB: Promover ações de educação ambiental no meio rural, integradas aos programas e projetos da pasta, em especial: Prosolo e Microbacias - Gestão do uso, manejo e conservação do solo e da água; Campanha Plante Seu Futuro - Redução, controle e uso adequado de insumos agropecuários; Agroecologia – Processos de transição e consolidação dos agroecossistemas; Cadastro Ambiental Rural - Adequação ambiental da propriedade rural; Alimento Seguro e nutricional – Promover e qualificar o abastecimento e a segurança alimentar e nutricional; Elevar o status da agropecuária - Paraná Livre de Febre Aftosa sem Vacinação

4.5 – Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - SEMA: Compete à SEMA e suas vinculadas, desenvolver e apoiar programas, projetos e ações fundamentados na política estadual de educação ambiental de forma articulada com as demais secretarias de estado, órgãos públicos, empresas estatais, fundações, autarquias e institutos, assim, como meios de comunicação, organizações não governamentais, movimentos socioambientais, demais organizações do terceiro setor e organizações empresariais.

Compete ao Estado a coordenação geral da Política Estadual de Educação Ambiental de modo a incorporar a dimensão ambiental, a promoção da educação ambiental em todos

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os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente.

5. DIRETRIZES GERAIS

a) Mobilização e articulação da classe política paranaense em prol das ações de educação ambiental formal e não formal;

b) Mobilização do setor público, privado e da sociedade civil organizada na construção e efetivação de políticas públicas da educação ambiental formal e não formal;

c) Otimização na gestão compartilhada das ações e projetos de educação ambiental formal e não formal;

d) Excelência na prestação do serviço público;

e) Formação de quadros qualificados para atuação na promoção da cidadania ambiental via educação formal e não formal;

f) Produção e divulgação de material socioambiental educativo;

g) Promoção de processo que possibilite a sinergia entre forças instituídas e instituintes de educação ambiental em todo o território do estado do Paraná;

h) Fomento ao desenvolvimento de estudos, pesquisas, métodos e técnicas referentes à educação ambiental no âmbito formal e não formal;

i) Elaboração e difusão de informação socioambiental por meio da educomunicação3

j) Implementação de uma nova cultura em prol da sustentabilidade;

k) Estabelecimento das Coordenações de Educação Ambiental nas Secretarias que compõem o Órgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental.

6. PRINCÍPIOS

Em consonância com a Lei 17505, de 11 de janeiro de 2013, que institui a Política Estadual de Educação Ambiental e o Sistema de Educação Ambiental e com o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis, são princípios deste Programa:

a) a concepção do meio ambiente em sua totalidade e diversidade, considerando a interdependência entre as dimensões físicas, químicas, biológicas, sociais e culturais, sob o enfoque da sustentabilidade da vida;

b) o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva constante do diálogo entre a diversidade dos saberes e do contexto, articulados em um processo educacional baseado no pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo ou lugar, em seus modos formal, não formal e informal, promovendo a transformação e a construção da sociedade.;

3 É uma maneira de unir educação com comunicação que defende o direito que as pessoas têm de produzir e difundir informação e comunicação no espaço educativo. (Brasil, 2012, p. 7).

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c) a vinculação entre a ética, a educação, a saúde pública, a comunicação, o trabalho, a cultura, as práticas socioambientais e a qualidade de vida;

d) a garantia de continuidade, permanência e articulação do processo educativo com todos os indivíduos, grupos e segmentos sociais, com a crescente democratização dos meios de comunicação de massa e seu comprometimento com os interesses de todos os setores da sociedade;

e) a permanente avaliação crítica do processo educativo, com vistas à formação de cidadãos com consciência local e planetária, que respeitem a autodeterminação dos povos e a soberania das nações ;

f) a abordagem articulada das questões socioambientais locais, regionais, nacionais e globais;

g) o diálogo e reconhecimento da diversidade cultural, de saberes, contextos locais e suas relações que proporcionem a sustentabilidade;

h) a equidade, justiça social e econômica, a partir da consciência ética sobre todas as formas de vida com as quais compartilhamos este planeta, respeitar seus ciclos vitais e impor limites à exploração dessas formas de vida pelos seres humanos.

i) o exercício permanente do diálogo, da alteridade, da solidariedade, da participação, da corresponsabilidade e da cooperação entre todos os setores sociais, com a cooperação mútua e equitativa nos processos de decisão, em todos os níveis e etapas.;

j) a coerência entre discurso e prática no cotidiano, para a construção de uma sociedade justa e igualitária.

7. MISSÃO

Assegurar sinergia para implementar a Política Estadual de Educação Ambiental por meio de um programa contemporâneo e de excelência em educação ambiental formal e não formal, com vistas à sustentabilidade.

8. OBJETIVOS

De acordo com a Lei 17505, de 11 de janeiro de 2013, que institui a Política Estadual de Educação Ambiental e o Sistema de Educação Ambiental, são objetivos da Política Estadual de Educação Ambiental e deste Programa:

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a) Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na preservação e conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;

b) Promover e desenvolver a educação ambiental de maneira integrada, interdisciplinar e transversal no currículo escolar, bem como integrá-la como prática e princípio educativo contínuo e permanente, em todos os níveis e modalidades do ensino formal;

c) Promover ações de educação ambiental integradas aos programas de preservação, conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;

d) Promover, disseminar e democratizar de maneira ativa e permanente informações e práticas educativas socioambientais numa perspectiva inovadora, transformadora, emancipatória em sua programação;

e) Promover programas destinados ao aprendizado e ao exercício da cidadania, visando à melhoria e o controle efetivo sobre o ambiente e os processos de trabalho, bem como sobre as atividades exercidas e respectivos impactos no meio ambiente;

f) Estimular a sociedade como um todo a exercer o controle social sobre as ações da gestão pública na execução de políticas publicas ambientais e atuação individual e coletiva voltadas para a prevenção, identificação, minimização e solução de problemas socioambientais;

g) Desenvolver programas, projetos e ações de educação ambiental voltados a estimular a formação critica do cidadão no conhecimento e exercício de seus direitos e deveres constitucionais na perspectiva socioambiental, com a transparência de informações sobre sustentabilidade e com controle social;

h) Divulgar amplamente a Política Estadual de Educação Ambiental e promover diálogos entre os diversos setores da sociedade, para seu cumprimento.

9. PÚBLICO ALVO

Em consonância com o Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA4, o público a que se destina este programa é:

Grupos em condições de vulnerabilidade social e ambiental; Gestores, do governo ou da sociedade civil, de recursos ambientais; Comunidades indígenas e tradicionais – ribeirinhos, extrativistas, caiçaras,

quilombolas, entre outras; Educadores, animadores, editores, comunicadores e artistas ambientais; Professores de todos os níveis e modalidades de ensino; Estudantes de todos os níveis e modalidades de ensino; Técnicos extensionistas e agentes de desenvolvimento rural; Produtores rurais, incluindo os assentados; Agentes comunitários e de saúde; Lideranças de comunidades rurais e urbanas, a exemplo de grupos étnicos e

culturais; Tomadores de decisão de entidades públicas, privadas e do terceiro setor; Servidores e funcionários de entidades públicas, privadas e não-governamentais; Grupos de voluntários;

4 O Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNea mencionado refere-se à versão 2014, disponível em http://www.mma.gov.br/publicacoes/educacao-ambiental/category/98-pronea

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Membros dos poderes legislativo e judiciário; Sindicatos, movimentos e redes sociais; Entidades religiosas; Comunidade científica; Melhor idade; Profissionais liberais; População em geral.

10. LINHAS DE AÇÕES E ESTRATÉGIAS

LA 1 – Articulação intra e interinstitucional no âmbito governamental (federal, estadual e municipal)

Estratégias:

a) Integrar as políticas públicas das áreas de educação ambiental formal e não formal com as demais políticas vigentes, principalmente, as que envolvem as secretarias estaduais que constituem o Órgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental;

b) Estimular o lançamento de editais e linhas específicas para ações de educação ambiental formal e não formal junto a fundos e agências financiadoras em âmbito estadual e nacional;

c) Incentivar a criação de termos de cooperação e ou convênios entre os poderes públicos nos três níveis federativos (Federal, Estadual e Municipal) com a sociedade civil organizada, para implantação de programas setoriais de educação ambiental;

d) Incentivar a criação e manutenção de Núcleos/Setores de Educação Ambiental nas Universidades Estaduais do Paraná;

e) Orientar e auxiliar o Coletivo de Bacias Hidrográficas, formado por todas as instituições governamentais e não governamentais;

f) Criar banco de dados sobre as ações do estado do Paraná que tratam da educação ambiental formal e não formal;

g) Implementar as ações do Grupo Gestor de Educação Ambiental formal SEED / SETI;

h) Promover a criação e implementação de um Grupo Gestor de Educação Ambiental não formal SEMA / SEAB / SESA;

i) Atuar na articulação entre os poderes públicos estadual e municipal para a efetivação da política pública de EA (OGEAs e CIEAs municipais);

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j) Promover constantes campanhas publicitárias e manter um portal único deste Programa na internet;

k) Participar ativamente da organização do Encontro Paranaense de Educação Ambiental – EPEA, compartilhando as responsabilidades;

l) Incentivar a participação e comunicação entre os Conselhos com temáticas relacionadas à Educação Ambiental;

LA 2 - Educação Ambiental por meio do ensino formalEstratégias:

a) Construir uma proposta de Educação Ambiental emancipatória, solidária e comprometida com o exercício da cidadania, cumprindo e fazendo cumprir as legislações específicas da Educação Ambiental, em nível nacional e estadual, com destaque para a Lei Estadual nº 17.505/2013 e Deliberação nº 04/2013-CEE/PR;

b) Promover o fortalecimento da Educação Ambiental nas instituições de ensino dentro dos princípios e objetivos que orientam as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental e as Normas Estaduais;

c) Articular o Ensino Superior e a Educação Básica, integrando ações no âmbito do ensino, pesquisa e extensão, visando a formação inicial e continuada dos docentes;

d) Fortalecer o trabalho do Grupo Gestor SEED/SETI de Educação Ambiental;

e) Estabelecer as normas para que as instituições de ensino constituam os seus Comitês Escolares de Educação Ambiental;

f) Incentivar e orientar as instituições de ensino a se tornarem espaços educadores sustentáveis5, por meio da integração e articulação das dimensões espaço físico, gestão democrática e organização curricular.

g) Auxiliar na capacitação continuada de todo o Sistema de Educação Formal, em seus diversos níveis e modalidades, visando a formação de valores éticos-ambientais, a adoção de atitudes e a socialização do conhecimento, tendo a Educação Ambiental como tema transversal e interdisciplinar.

h) Promover e fomentar o apoio a estudos, pesquisas, projetos, cursos e eventos de extensão na área de Educação Ambiental nas Instituições de Ensino Superior do Paraná, de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem;

5 É um espaço onde as pessoas cuidam das relações que estabelecem uns com os outros, com a natureza e com o ambiente. Esse espaço tem uma intencionalidade deliberada de educar para a sustentabilidade, mantém coerência entre as práticas e posturas e se responsabilizam pelos impactos que geram. Dessa forma buscam compensá-los com tecnologias apropriadas. Eles nos ajudam a aprender, a pensar e a agir para construir o presente e o futuro com criatividade, inclusão, liberdade e respeito às diferenças, aos direitos humanos e ao meio ambiente. Por suas características, esses espaços influenciam a todos que por ele circulam e nele convivem e assim educam por si mesmos. Com isso, tornam-se referência de sustentabilidade para toda a comunidade. (BRASIL, 2012, p.6)

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i) Promover parcerias com instituições de educação não formal para desenvolvimento de programas e campanhas.

LA 3 – Educação Ambiental não formalEstratégias:

a) Desenvolver parceria com instituições de ensino superior para pesquisa em temas relacionados à Educação Ambiental;

b) Incentivar que as empresas, institutos, universidades, organização da sociedade civil do Paraná implementem projetos de pesquisa e extensão em educação ambiental;

c) Garantir a disponibilidade de informação ambiental adequada e de forma contínua às diferentes regiões do Estado;

d) Apoiar a produção e a disseminação de materiais educativos na área da Educação Ambiental;

e) Apoiar a realização periódica de eventos de educação ambiental congregando órgãos públicos, sociedade civil, técnicos do setor público, privado e universidades;

f) Promover diálogos entre os diversos setores da sociedade, por meio de eixos orientadores: agricultura sustentável, conservação da biodiversidade, recursos hídricos, resíduos sólidos, mobilidade urbana, entre outros;

g) Promover parcerias com instituições de educação formal para desenvolvimento de programas e campanhas.

h) Apoiar a criação de redes de formação de educadores e educadoras ambientais envolvendo os diversos segmentos da sociedade;

i) Apoiar processos de formação continuada em educação ambiental;

11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental. Departamento de Educação Ambiental. Ministério da Educação. ProNEA. Por um Brasil Sustentável. Brasília: Órgão Gestor da PNEA. 4.ª edição. 2014.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Conselho Nacional de Educação Conselho Pleno. Resolução nº 02, de 15 de junho de 2012. Estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Ambiental. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, v. 149, n. 116, 18 junho 2012. Seção 1, p. 70-71.

12

BRASIL. Passo a Passo para a Conferência de Meio Ambiente na Escola + Educomunicação: escolas sustentáveis. Texto de Gracia Lopes, Teressa Melo e Neusa Barbosa- Brasília: Ministério da Educação, Secadi: Ministério do Meio Ambiente, Saic, 2012. 56p.

BRASIL. Lei n.º 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a Educação Ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, v. 137, n. 79, 8 abril 1999. Seção 1, p. 1-3.

COSTA. Laura Jesus de Moura e. Organizações de bairro: história e práticas comunitárias que possam levar à sustentabilidade do meio na cidade de Paranaguá e Ilha dos Valadares. 1999. Tese (Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento). Programa em Pós-Graduação da Pró Reitoria e Pesquisa da Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR, 1999.)

PARANÁ. Decreto n.º 9598, de 23 de janeiro de 2014. Regulamenta o Art. 7º, 8º e 9º da Lei n.º 17.505, de 11 de janeiro de 2013, que institui a Política Estadual de Educação Ambiental. Diário Oficial [do] Paraná. Curitiba, Pr., nº 9131, p. 38-39, 23 de janeiro de 2014.

PARANÁ. Resolução n.º 4, de 12 de novembro de 2013. Estabelece as Normas Estaduais para a Educação Ambiental no Sistema Estadual de Ensino do Paraná. Diário Oficial [do] Paraná. Curitiba, n.º 9112, p. 48, 26 de dezembro de 2013.

PARANÁ. Lei nº 17.505 de 11 de janeiro de 2013. Institui a Política Estadual de Educação Ambiental e o Sistema de Educação Ambiental e adota outras providências. Diário Oficial [do] Paraná. Curitiba, Pr, n.º 8875, p. 5 a7, 11 de Janeiro de 2013.

BOFF. Leonardo. Sustentabilidade: o que é – o que não é. Editora Vozes. 1ª edição. 2012, pag. 107.

ANEXO 1

Lei 17505 - 11 de janeiro de 2013

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Publicado no Diário Oficial nº. 8875 de 11 de janeiro de 2013

Súmula: Institui a Política Estadual de Educação Ambiental e o Sistema de Educação Ambiental e adota outras providências.

A Assembleia Legislativa do Estado do Paraná decretou e eu sanciono a seguinte lei:

CAPÍTULO IDISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º A Política Estadual de Educação Ambiental do Paraná é criada em conformidade com os princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) e do Programa Nacional de Educação Ambiental (ProNEA), articulada com o sistema de meio ambiente e educação em âmbito federal, estadual e municipal.

Art. 2º Entende-se por educação ambiental os processos contínuos e permanentes de aprendizagem, em todos os níveis e modalidades de ensino, em caráter formal e não-formal, por meio dos quais o indivíduo e a coletividade de forma participativa constroem, compartilham e privilegiam saberes, conceitos, valores socioculturais, atitudes, práticas, experiências e conhecimentos voltados ao exercício de uma cidadania comprometida com a preservação, conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida, para todas as espécies.

Art. 3º Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, cabendo ao Poder Público e à coletividade o compromisso de desenvolver a sustentabilidade, o respeito e a valorização da vida em todas as suas formas de manifestação, na presente e nas futuras gerações.

CAPÍTULO IIPRINCÍPIOS E OBJETIVOS DA POLÍTICA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL

Art. 4º São princípios básicos da educação ambiental:

I - ...Vetado...;

II - a concepção do meio ambiente em sua totalidade e diversidade, considerando a interdependência entre as dimensões físicas, químicas, biológicas, sociais e culturais, sob o enfoque da sustentabilidade da vida;

III - o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, na perspectiva constante do diálogo entre a diversidade dos saberes e do contexto;

IV - a vinculação entre a ética, a educação, a saúde pública, a comunicação, o trabalho, a cultura, as práticas socioambientais e a qualidade de vida;

V - a garantia de continuidade, permanência e articulação do processo educativo com todos os indivíduos, grupos e segmentos sociais;

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VI - a permanente avaliação crítica do processo educativo;

VII - a abordagem articulada das questões socioambientais locais, regionais, nacionais e globais;

VIII - o diálogo e reconhecimento da diversidade cultural, de saberes, contextos locais e suas relações que proporcionem a sustentabilidade;

IX - a equidade, justiça social e econômica;

X - o exercício permanente do diálogo, da alteridade, da solidariedade, da participação da corresponsabilidade e da cooperação entre todos os setores sociais;

XI - a coerência entre discurso e prática no cotidiano, para a construção de uma sociedade justa e igualitária.

Art. 5º São objetivos fundamentais da educação ambiental:

I - desenvolver práticas integradas que contemplem suas múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos de saúde, históricos, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais, filosóficos, estéticos, tecnológicos, éticos, psicológicos, legais e ecológicos;

II - divulgar e socializar as informações socioambientais;

III - estimular o fortalecimento de uma consciência crítica sobre as questões ambientais e sociais;

IV - promover e incentivar o envolvimento e a participação individual e coletiva, de forma permanente e responsável, como um valor inseparável do direito e do exercício da cidadania, visando à promoção da saúde ambiental;

V - estimular a cooperação entre as diversas regiões do Estado do Paraná, em níveis micro e macrorregionais, com vistas à construção integrada de sociedades sustentáveis, fundamentada nos princípios da solidariedade, liberdade de ideias, democracia, responsabilidade, participação, mobilização e justiça social;

VI - fomentar e fortalecer a integração com a ciência, as tecnologias apropriadas e os saberes tradicionais e inovadores, tendo como base a ética de respeito à vida, assegurados os princípios desta Lei;

VII - fortalecer a democracia, a cidadania, a mobilização, a emancipação dos povos e a solidariedade como fundamentos para o futuro de todos os seres que habitam o planeta.

CAPÍTULO IIIPOLÍTICA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SISTEMA

ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Art. 6º São instituídas a Política Estadual de Educação Ambiental e o Sistema Estadual de Educação Ambiental como partes do processo educativo e da gestão ambiental ampla

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no Estado do Paraná, ressaltando que todos têm direitos e deveres em relação à educação ambiental, sendo a sua realização e coordenação de competência do Poder Público, por meio das secretarias de estado, com a colaboração de todos os órgãos públicos, empresas estatais, fundações, autarquias e institutos, bem como dos meios de comunicação, organizações não governamentais, movimentos sociais, demais organizações do terceiro setor e organizações empresariais.

§ 1º O Sistema Estadual de Educação Ambiental será implantado com a finalidade de integrar, sistematizar e difundir informações e experiências, programas, projetos e ações, bem como realizar diagnósticos, estabelecer indicadores e avaliar a política de educação ambiental no Estado do Paraná.

§ 2º A Política Estadual de Educação Ambiental deve:

I - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e o engajamento da sociedade na preservação e conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;

II - promover e desenvolver a educação ambiental de maneira integrada, interdisciplinar e transversal no currículo escolar, bem como integrá-la como prática e princípio educativo contínuo e permanente, em todos os níveis e modalidades do ensino formal;

III - promover ações de educação ambiental integradas aos programas de preservação, conservação, recuperação e melhoria do meio ambiente;

IV - promover, disseminar e democratizar de maneira ativa e permanente informações e práticas educativas socioambientais numa perspectiva inovadora, transformadora, emancipatória em sua programação;

V - promover programas destinados ao aprendizado e ao exercício da cidadania, visando à melhoria e o controle efetivo sobre o ambiente e os processos de trabalho, bem como sobre as atividades exercidas e respectivos impactos no meio ambiente;

VI - estimular a sociedade como um todo a exercer o controle social sobre as ações da gestão pública na execução das políticas públicas ambientais e atuação individual e coletiva voltadas para a prevenção, identificação, minimização e solução de problemas socioambientais;

VII - desenvolver programas, projetos e ações de educação ambiental voltados a estimular a formação crítica do cidadão no conhecimento e exercício de seus direitos e deveres constitucionais na perspectiva socioambiental, com a transparência de informações sobre sustentabilidade e com controle social.

CAPÍTULO IVCOMPETÊNCIAS E EXECUÇÃO DA POLÍTICA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO

AMBIENTAL

Art. 7º Fica criado um Órgão Gestor que coordenará a Política Estadual de Educação Ambiental e o Sistema Estadual de Educação Ambiental.

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Parágrafo único. O regulamento do Órgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental e do Sistema Estadual de Educação Ambiental dar-se-á mediante decreto estadual que resultará da atuação conjunta das áreas da educação ambiental das secretarias de Educação, do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, da Saúde, da Agricultura e do Abastecimento e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

Art. 8º São atribuições do Órgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental e do Sistema Estadual de Educação Ambiental:

I - elaborar o Programa Estadual de Educação Ambiental com a participação da sociedade e avaliação periódica;

II - coordenar o processo de definição de diretrizes para implementação em âmbito estadual;

III - articular, coordenar e supervisionar os planos, programas, projetos e ações na área de educação ambiental, em âmbito estadual;

IV - assegurar a implementação e o funcionamento do Sistema Estadual de Educação Ambiental;

V - contribuir na elaboração do Plano Plurianual (PPA), da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA), a fim de viabilizar o Programa Estadual de Educação Ambiental, bem como os planos, projetos e ações nessa área.

Art. 9º Fica criada a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental, composta paritariamente por representantes governamentais e não governamentais, com a fi nalidade de propor, apoiar, apreciar e avaliar a implantação da Política Estadual de Educação Ambiental e os programas, projetos e ações de educação ambiental, exercendo o controle social.

Parágrafo único. A Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental será constituída pelos diversos segmentos da sociedade e regulamentada por decreto estadual.

CAPÍTULO VPROGRAMA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Art. 10. A Política Estadual de Educação Ambiental deve ser desenvolvida na educação formal e não formal, por meio de linhas de atuação interrelacionadas, a serem detalhadas no Programa Estadual de Educação Ambiental como instrumentos de políticas públicas voltadas:

I - à formação de pessoas e profissionais de todos os segmentos da sociedade, desenvolvendo projetos político-pedagógicos;

II - ao fomento ao desenvolvimento de estudos, pesquisas, métodos e técnicas;

III - à produção e divulgação de material educativo;

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IV - ao acompanhamento e avaliação, com a construção participativa de indicadores;

V - ao fomento a políticas, programas e projetos territoriais e setoriais de educação ambiental em todo o Estado do Paraná, tendo como uma das suas ferramentas de fi nanciamento o Fundo Estadual do Meio Ambiente;

VI - ao estímulo à normatização da formação em educação ambiental;

VII - à garantia do acesso democrático à produção e à difusão de informação por meio de programas de educomunicação socioambiental e extensão;

VIII - à promoção de processo que possibilite a sinergia entre forças instituídas e instituintes de educação ambiental em todo o território do Estado do Paraná;

IX - à promoção de políticas estruturantes, intersetoriais e interesferas governamentais;

X - à promoção da educação ambiental nas unidades de conservação e demais áreas protegidas;

XI - à introdução da educação ambiental na gestão participativa nos espaços de controle social.

Seção IEducação Ambiental no Ensino Formal

Art. 11. Entende-se por educação ambiental no ensino formal aquela desenvolvida de forma presencial ou à distância, no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional vigente, englobando:I - educação básica:a) educação infantil;b) ensino fundamental;c) ensino médio.II - educação superior;III - educação especial;IV - educação profissional;V - educação de jovens e adultos;VI - educação de comunidades tradicionais como as quilombolas, indígenas, faxinalenses, ribeirinhas, de ilhéus, dentre outras.

Art. 12. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada, interdisciplinar, transdisciplinar e transversal no currículo escolar de forma crítica, transformadora, emancipatória, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades.

Art. 13. Os profissionais da educação, em suas áreas de atuação, devem receber formação continuada no período de suas atividades regulamentares com o propósito de atender adequadamente ao cumprimento dos princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental e da Política Estadual de Educação Ambiental.

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Art. 14. Na autorização e supervisão do funcionamento de instituições de ensino e de seus cursos nas redes pública e privada, será observado o cumprimento do disposto nesta Lei.

Subseção IEducação Básica, Educação Especial, Educação Profissional, Educação de Jovens e

Adultos e Educação de Comunidades Tradicionais

Art. 15. A educação ambiental não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino, devendo estar contemplada nas diretrizes das disciplinas curriculares.

Art. 16. A educação ambiental deve contribuir para a formação de escolas sustentáveis na gestão, no currículo e nas instalações físicas e estruturais, tendo a Agenda 21 na Escola como um dos seus instrumentos de implementação a ser inserida no projeto político-pedagógico dos estabelecimentos de ensino.

Subseção IIEducação Superior

Art. 17. As Instituições de Ensino Superior devem incorporar em seus planos de desenvolvimento institucional projetos, ações e recursos que proporcionem a implantação das determinações contidas nesta Lei, assegurando a inserção da educação ambiental com os seus princípios, valores, atitudes e conhecimentos nas atividades de gestão, ensino, pesquisa e extensão.

Art. 18. Os cursos de graduação e pós-graduação, presenciais e à distância, das Instituições de Ensino Superior devem incorporar conteúdos e saberes da educação ambiental em seus currículos.

Art. 19. Nos cursos de graduação, pós-graduação e extensão nas áreas voltadas ao aspecto metodológico da educação ambiental é facultada a criação de uma disciplina específica.

Art. 20. Os pressupostos da educação ambiental devem constar do projeto político-pedagógico, que deve ser trabalhada de forma interdisciplinar e integrada ao conteúdo pedagógico.

Parágrafo único. Os instrumentos de implementação devem observar a Carta da Terra, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis, a Agenda 21 e os demais documentos de referência sobre a educação ambiental.

Seção IIEducação Ambiental Não Formal

Art. 21. Entende-se por educação ambiental não formal o processo contínuo e permanente desenvolvido através de ações e práticas educativas, executadas fora do sistema formal de ensino para sensibilização, formação, mobilização e participação da coletividade na melhoria da qualidade da vida.

Parágrafo único. O Poder Público estadual e municipal criará, fortalecerá e incentivará:

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I - a produção participativa e descentralizada de informações, o acesso democrático e a difusão nos meios de comunicação de massa em programas e campanhas educativas relacionadas ao meio ambiente e tecnologias sustentáveis;

II - o desenvolvimento de redes, coletivos e núcleos de educação ambiental;

III - a promoção de ações por meio da comunicação, utilizando recursos midiáticos e tecnológicos em produções para informar, mobilizar e difundir a educação ambiental;

IV - a ampla participação da sociedade, das instituições de ensino e pesquisa, organizações não governamentais e demais instituições, na formulação e execução de programas e projetos sustentáveis;

V - o apoio e a cooperação técnica entre os órgãos públicos e as empresas privadas, as organizações não governamentais, coletivos e redes, para o desenvolvimento de programas de educação ambiental a serem desenvolvidos pelo Órgão Gestor;

VI - a sensibilização da sociedade para a importância da participação e acompanhamento da gestão ambiental nas distintas unidades de planejamento;

VII - o desenvolvimento sustentável do turismo e demais atividades econômicas, inclusive das comunidades tradicionais, de forma responsável e comprometida com a dimensão socioambiental;

VIII - a formação e estruturação dos coletivos jovens de meio ambiente no Estado do Paraná, bem como dos demais coletivos que desenvolvam projetos na área de educação ambiental;

IX - os núcleos de estudos socioambientais nas instituições públicas e privadas, tendo em vista o desenvolvimento de pesquisa, difusão do conhecimento e extensão;

X - o desenvolvimento da educação ambiental a partir de processos metodológicos participativos, inclusivos e abrangentes, valorizando o multiculturalismo, os saberes e as especifi cidades de gêneros, etnias, comunidades indígenas e demais comunidades tradicionais;

XI - a inserção do componente educação ambiental nos programas e projetos financiados por recursos públicos e privados;

XII - a prática da educação ambiental de forma compartilhada e integrada às demais políticas públicas existentes e a serem implementadas;

XIII - a inserção da educação ambiental nos programas de extensão rural pública e privada;

XIV - a formação em educação ambiental para os membros das instâncias de controle social, como conselhos e demais espaços de participação pública permanente nessas instâncias;

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XV - a adoção de parâmetros e indicadores para a melhoria da qualidade da vida no meio ambiente através de programas e projetos de educação ambiental em todos os níveis de atuação;

XVI - a capacitação e formação dos gestores sobre as políticas públicas de meio ambiente, com o objetivo de criação e fortalecimento do sistema de meio ambiente.

CAPÍTULO VIDISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 22. Cabe ao Conselho Estadual da Educação analisar e aprovar as diretrizes curriculares estaduais para a educação ambiental no ensino formal e, ao Conselho Estadual do Meio Ambiente, analisar e aprovar as diretrizes estaduais da educação ambiental não formal, as quais devem ser articuladas e integradas e serão apresentadas pela Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental e pelo Órgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental e do Sistema Estadual de Educação Ambiental.

Art. 23. Os Municípios, na esfera de sua competência, poderão definir diretrizes, normas, critérios e orçamento para a educação ambiental, respeitados os princípios e objetivos da Política Nacional de Educação Ambiental e da Política Estadual de Educação Ambiental.

Parágrafo único. Os Municípios poderão constituir um órgão gestor e uma comissão interinstitucional de educação ambiental, com composição regulamentada por decreto municipal, para a construção de um programa municipal de educação ambiental.

Art. 24. Os programas de assistência técnica e financeira, em âmbito estadual, devem alocar recursos às ações de educação ambiental.

Art. 25. O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de noventa dias de sua publicação, ouvidos o Conselho Estadual do Meio Ambiente e o Conselho Estadual de Educação.

Art. 26. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Palácio do Governo, em 11 de janeiro de 2013.

Carlos Alberto Richa Governador do Estado

Jonel Nazareno Iurk Secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos

Luiz Eduardo Sebastiani Chefe da Casa Civil

ANEXO 2

Decreto 9958 - 23 de janeiro de 2014

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Publicado no Diário Oficial nº. 9131 de 23 de janeiro de 2014

Súmula: Dispõe sobre o Regulamento e atribuições do Órgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental que trata os arts. 7º e 8º, e a constituição da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental que trata o art. 9º da Lei nº 17.505, de 11 de Janeiro de 2013.

O GOVERNADOR DO ESTADO DO PARANÁ, no uso das atribuições que lhe confere o art. 87, incisos V e VI, da Constituição Estadual, tendo em vista o disposto na Lei nº 8.485, de 03 de junho de 1987 e a Lei nº 17.505, de 11 de janeiro de 2013, bem como o contido no protocolado sob nº 12.065.183-8 e ainda,

considerando que o Parágrafo único do art. 7º da Lei da Política Estadual de Educação Ambiental estabelece que o regulamento do Órgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental dar-se-á mediante decreto estadual;

considerando que o Parágrafo único do art. 9º da Lei da Política Estadual de Educação Ambiental estabelece que a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental a ser constituída por diversos segmentos da sociedade será regulamentada por decreto estadual;

DECRETA:

CAPITULO I

DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1.º Este Decreto dispõe sobre o Regulamento e atribuições do Órgão Gestor da Política Estadual de Educação Ambiental que trata os arts. 7º e 8º, e a constituição da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental que trata o art. 9º da Lei nº 17.505, de 11 de janeiro de 2013, que institui a Política Estadual de Educação Ambiental.

CAPITULO II

REGULAMENTO E ATRIBUIÇÕES DO ÓRGÃO GESTOR DA POLÍTICA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Seção I

FUNCIONAMENTO DO ORGÃO GESTOR E SUAS ATRIBUIÇÕES

Art. 2º O Órgão Gestor de Educação Ambiental do Estado do Paraná fica responsável pela coordenação das políticas públicas no âmbito estadual referente à Educação Ambiental, no qual contempla todo o Sistema Estadual de Educação Ambiental.

Art. 3º O Órgão funcionará em forma de pleno, que será composto pelos titulares das seguintes pastas: do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, da Educação, da Saúde, da Agricultura e do Abastecimento e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, de forma a garantir a integração desta Política.

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§ 1º Para funcionamento do Órgão Gestor deverá ser criado uma Secretaria Executiva;

§ 2º Os titulares destas Secretarias deverão indicar técnicos da área de Educação Ambiental como suplentes, os quais serão designados por Resolução;

§ 3º O pleno do Órgão Gestor decidirá de forma colegiada, com 50% mais um dos votos, com caráter deliberativo e consultivo em suas áreas de competência e atribuições, devendo na primeira reunião do ano revisar o Regimento Interno;

§ 4º O Órgão Gestor poderá no âmbito de suas competências, constituir grupos de trabalho, câmaras técnicas e comissões especiais bem como, poderá solicitar assessoria de órgãos, instituições e pessoas de notório saber na área de sua competência, conforme determinar o regimento interno.

Art. 4º São diretrizes e atribuições do Órgão Gestor que coordenará a Política Estadual de Educação Ambiental e o Sistema Estadual de Educação Ambiental.

I - elaborar Programa Estadual de Educação Ambiental em conjunto com a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental;

II - coordenar o processo de definição de diretrizes para implementação em âmbito estadual;

III - coordenar e propor planos, programas, projetos e ações na área de educação ambiental, em âmbito estadual;

IV - assegurar a implementação e o funcionamento do Sistema Estadual de Educação Ambiental;

V - contribuir na elaboração do Plano Plurianual (PPA), da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA), a fim de viabilizar o Programa Estadual de Educação Ambiental, bem como os planos, projetos e ações nessa área;

VI - identificar as ações e projetos de caráter socioambiental dos órgãos governamentais, entidades não governamentais de caráter social e econômico para atuação integrada no âmbito do território de bacia hidrográfica e demais políticas criando um banco de dados sobre as ações do Estado que tratam de educação ambiental, integrando às políticas públicas afetas ao tema;

VII - articular as representações das Instituições Governamentais afins, Companhias de Economia Mista, nas esferas federal, estadual e municipal, efetivando o Programa Estadual de Educação Ambiental;

VIII - fomentar a criação de órgãos gestores e comissões interinstitucionais de Educação Ambiental, municipais e regionais, com vista à efetivar o Programa Estadual de Educação Ambiental;

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IX - integrar as ações de Educação Ambiental, tendo como referência linhas de fomento oriundo de diferentes órgãos governamentais das esferas federal, estadual e municipal, entidades não governamentais de caráter social e econômico;

X - incentivar o apoio e a cooperação técnica entre os órgãos públicos e as empresas privadas, as organizações não governamentais, coletivos e redes, para o desenvolvimento de programas de Educação Ambiental a serem desenvolvidos pelo Órgão Gestor.

Seção IIMECANISMOS DE GESTÃO DAS DELIBERAÇÕES DO ORGÃO GESTOR

Art. 5º As deliberações do Órgão Gestor serão encaminhadas da seguinte forma:

I - matérias ou temas relacionados à Educação Ambiental Formal serão remetidas ao Conselho Estadual da Educação;

II - matérias ou temas relacionados à Educação Ambiental não formal serão remetidas ao Conselho Estadual do Meio Ambiente.

Art. 6º As Secretarias de Estado que compõem o Órgão Gestor deverão prover uma parte de recursos orçamentários anuais (LOA) e plurianuais (PPA), bem como na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para a viabilização dos Programas de Educação Ambiental para o Estado do Paraná.

Art. 7º Os instrumentos de recursos financeiros que forem repassados dos órgãos do Estado para os municípios, que abrangerem as áreas de educação, saneamento, habitação, geração, produção e distribuição de energia, infraestrutura, meio ambiente, assistência social, cultura, turismo e defesa civil, deverão contemplar projetos de educação ambiental.

Art. 8º A escolha para a secretaria executiva deste Órgão será através de eleição pelos pares das respectivas pastas.

§ 1º A coordenação do órgão terá mudança anual, em forma de rodízio, devendo seguir a ordem do artigo 3º;

§ 2º O Órgão Gestor deverá se reunir uma vez por mês sendo suas atribuições determinadas pelo regimento interno.

Art. 9º Os responsáveis legais das Secretarias de Estado, integrantes do Órgão Gestor, deverão publicar no prazo de 90 (noventa) dias, a partir da vigência deste decreto, a expedição de uma resolução ou reformular o regimento interno da pasta para que seja incluída uma área especifica de Educação Ambiental.

§ 1º A área específica instituída deverá ter caráter interdisciplinar e intersetorial, fazendo uma interface com as demais instituições vinculadas com as secretarias que possuem assento neste Órgão;

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§ 2º Os representantes deste Órgão, ao instituírem a área específica de Educação Ambiental, deverão disponibilizar infraestrutura administrativa e de pessoal, nos quais estes deverão ter formação na área Ambiental.

Art. 10 O presente Órgão Gestor, na formulação de suas diretrizes, deverá levar para apreciação junto à Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental as matérias a serem votadas bem como as demais decisões.

Art. 11 O Sistema Estadual de Educação Ambiental compreende a rede de relações para execução no âmbito estadual, regional e municipal, com a finalidade de integrar, sistematizar e difundir informações e experiências, programas, projetos e ações, bem como realizar diagnósticos, estabelecer indicadores e avaliar a Política de Educação Ambiental do Estado do Paraná.

CAPITULO III

CONSTITUIÇÃO DA COMISSÃO INTERINSTITUCIONAL DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Seção I

OBJETIVO E COMPETÊNCIA DA COMISSÃO

Art. 12 Fica instituída a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Estado do Paraná, de caráter democrático, consultivo e deliberativo, vinculada à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, com a finalidade de elaborar e promover diretrizes para apoiar,  acompanhar, apreciar e criar metodologia de avaliação da implantação da política de educação ambiental, no Estado, observadas as disposições legais vigentes.

Art. 13 A Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental terá as seguintes competências:

I - compartilhar, elaborar, estabelecer e acompanhar a implementação do Programa Estadual de Educação Ambiental, com efetiva participação da sociedade, estabelecidos no regimento interno;

II - fomentar parcerias entre instituições governamentais, não governamentais, instituições educacionais, empresas, entidades de classe, organizações comunitárias e demais entidades, que atuem na área de Educação Ambiental;

III - promover intercâmbio na esfera nacional e internacional de experiências e concepções, que aprimorem a práxis da Educação Ambiental;

IV - contribuir com a articulação inter e intrainstitucional, convergindo esforços que visem à implementação da Política Nacional e Estadual de Educação Ambiental e a geração das Diretrizes Estaduais de Educação Ambiental;

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V - contribuir para o aprimoramento conceitual das políticas públicas e propor ações de transversalidade em Educação Ambiental, nas atividades escolares de todos os níveis e modalidades de ensino, órgãos públicos e privados na esfera estadual e municipal;

VI - promover a educação ambiental considerando as recomendações da Política Nacional e Estadual de Educação Ambiental e deliberações oriundas de conferências de meio ambiente, educação ambiental, saúde ambiental, das cidades, de segurança alimentar, serviço social e outras políticas públicas afetas;

VII - promover a divulgação da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental, perante os diversos setores da sociedade, por meio da realização de fóruns, simpósios, congressos, oficinas e seminários, com ampla participação popular;

VIII - fomentar as ações de comunicação socioambiental de forma contínua e permanente;

IX - propor aos órgãos competentes a destinação de dotação orçamentária, articulada com o Órgão Gestor, com objetivo de realizar programa contínuo de formação e capacitação em Educação Ambiental;

X - analisar e propor projetos e ações de educação ambiental, mediante termos de cooperação entre os órgãos federais, estaduais, municipais e instituições privadas;

XI - os membros desta comissão deverão responder e emitir pareceres ao Órgão Gestor, como condicionante para o pleno funcionamento daquele Órgão e os pareceres serão determinados conforme o regimento interno.

Art. 14 A Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental, observado o limite de sua competência, poderá expedir instruções normativas ou operacionais, visando orientar as suas atividades e o seu funcionamento.

Art. 15 É de responsabilidade da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos a disponibilização de estrutura orçamentária, física e humana necessária para o funcionamento da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental.

Art. 16 Atendendo solicitação da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental, o Estado, por intermédio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, poderá firmar convênio com outras instituições públicas ou privadas, com o objetivo de viabilizar a execução das atividades da Comissão.

Art. 17 Compete à Comissão elaborar e aprovar o seu Regimento Interno, estabelecendo sua organização administrativa e estrutura operacional.

Art. 18 A Comissão participará ativamente do fortalecimento do Sistema Brasileiro de Informação em Educação Ambiental.

SEÇÃO IIFUNCIONAMENTO DA COMISSÃO E SEUS MEMBROS

Art. 19 A Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental será coordenada por um de seus integrantes, eleito para esse fim, por um período de 02 anos.

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Parágrafo único. A primeira coordenação será exercida por um representante da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, por um período máximo de 01 (um) ano, indicado pelo respectivo Secretário da pasta.

Art. 20 Integram a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental representantes territoriais e setoriais, conforme segue:

I - dois representantes pelo conjunto de Bacias Hidrográficas abaixo relacionadas, garantindo a indicação de no mínimo um da Sociedade Civil, levando em consideração os aspectos previstos na Resolução nº 049/2006 do CERH, de acordo com as Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos:a) Cinzas/Itararé/Paranapanema 1/Paranapanema 2;b) Piquiri/Paraná 2;c) Baixo Ivaí/Paraná 1;d) Paraná 3;e) Alto Ivaí;f) Tibagi;g) Pirapó/Paranapanema 3 / Paranapanema 4;h) Alto Iguaçu;i) Ribeira;j) Baixo Iguaçu;l) Litoral; em) Médio Iguaçu.

II - quatro representantes e suplência da sociedade civil;

III - sete representantes e suplência do governo;

IV - três representantes e suplência do segmento empresarial;

§ 1º Os representantes de que trata o inciso I deverão ser eleitos entre os pares dos respectivos Comitês de Bacia Hidrográfica;

§ 2º Os representantes da sociedade civil e seus suplentes de que trata o inciso II deverão ser eleitos por maioria, considerando a articulação da Rede Paranaense de Educação Ambiental e com critério de representação das diferentes regiões do Estado do Paraná;

§ 3º Os representantes governamentais e seus suplentes, de que trata o inciso III, deverão ser indicados considerando a formação, conhecimento, experiência na área socioambiental e, preferencialmente, que representem as secretarias que atuem nas políticas públicas de Assistência Social, Segurança Pública, Cultura e Patrimônio Histórico;

§ 4º Os representantes do segmento empresarial (comércio, indústria e prestação de serviços) de que trata o inciso IV, deverão ser eleitos por maioria, considerando a representatividade do setor;

§ 5º O Órgão de Estado a que se refere o artigo 15, na elaboração dos seus respectivos orçamentos, deverá consignar recursos para o custeio de despesas com viagens para

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representação, de modo a garantir a presença às reuniões de todos os integrantes da Comissão, em especial os representantes da sociedade civil.

Art. 21 As funções desenvolvidas pela Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental não ensejam qualquer tipo de remuneração, sendo consideradas serviço de relevante interesse público e social.

Art. 22 Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Curitiba, em 23 de janeiro de 2014, 193º da Independência e 126º da República.

CARLOS ALBERTO RICHA Governador do Estado

Cezar Silvestri Secretário de Estado de Governo

Luiz Eduardo Cheida Secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos

Flavio Arns Secretário de Estado da Educação

ANEXO 3

TRATADO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA SOCIEDADES SUSTENTÁVEIS E RESPONSABILIDADE GLOBAL - junho de 1992

(Documento elaborado pelo Fórum Global das Organizações Não Governamentais, na Conferência das Nações Unidas sobre o MeioAmbiente e Desenvolvimento – Rio de

Janeiro, 1992)

Este Tratado, assim como a educação, é um processo dinâmico em permanente construção. Deve, portanto, propiciar a reflexão, o debate e a sua própria modificação. Nós signatários, pessoas de todas as partes do mundo, comprometidos com a proteção da vida na Terra, reconhecemos o papel central da educação na formação de valores e na ação social. Nos comprometemos com o processo educativo transformador através do envolvimento pessoal, de nossas comunidades e nações para criar sociedades sustentáveis e equitativas. Assim, tentamos trazer novas esperanças e vida para nosso pequeno, tumultuado, mas ainda assim belo planeta.

I – Introdução

Consideramos que a educação ambiental para uma sustentabilidade equitativa é um processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida. Tal educação afirma valores e ações que contribuem para a transformação humana e

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social e para a preservação ecológica. Ela estimula a formação de sociedades socialmente justas e ecologicamente equilibradas, que conservam entre si relação de interdependência e diversidade. Isto requer responsabilidade individual e coletiva a nível local, nacional e planetário.

Consideramos que a preparação para as mudanças necessárias depende da compreensão coletiva da natureza sistêmica das crises que ameaçam o futuro do planeta. As causas primárias de problemas como o aumento da pobreza, da degradação humana e ambiental e da violência podem ser identificadas no modelo de civilização dominante, que se baseia em superprodução e superconsumo para uns e subconsumo e falta de condições para produzir por parte da grande maioria.

Consideramos que são inerentes à crise a erosão dos valores básicos e a alienação e a não participação da quase totalidade dos indivíduos na construção de seu futuro. É fundamental que as comunidades planejem e implementem suas próprias alternativas às políticas vigentes. Dentre estas alternativas está a necessidade de abolição dos programas dedesenvolvimento, ajustes e reformas econômicas que mantêm o atual modelo de crescimento com seus terríveis efeitos sobre o ambiente e a diversidade de espécies, incluindo a humana.

Consideramos que a educação ambiental deve gerar com urgência mudanças na qualidade de vida e maior consciência de conduta pessoal, assim como harmonia entre os seres humanas e destes com outras formas de vida.

II - Princípios da Educação para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global

1. A educação é um direito de todos, somos todos aprendizes e educadores. 2. A educação ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo ou lugar, em seus modos formal, não formal e informal, promovendo a transformação e a construção da sociedade. 3. A educação ambiental é individual e coletiva. Tem o propósito de formar cidadãos com consciência local e planetária, que respeitem a autodeterminação dos povos e a soberania das nações. 4. A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político, baseado em valores para a transformação social. 5. A educação ambiental deve envolver uma perspectiva holística, enfocando a relação entre o ser humano, a natureza e o universo de forma interdisciplinar. 6. A educação ambiental deve estimular a solidariedade, a igualdade e o respeito aos direitos humanos, valendo-se de estratégias democráticas e interação entre as culturas. 7. A educação ambiental deve tratar as questões globais críticas, suas causas e inter-relações em uma perspectiva sistêmica, em seus contextos social e histórico. Aspectos primordiais relacionados ao desenvolvimento e ao meio ambiente tais como população, saúde,democracia, fome, degradação da flora e fauna devem ser abordados dessa maneira. 8. A educação ambiental deve facilitar a cooperação mútua e equitativa nos processos de decisão, em todos os níveis e etapas.9. A educação ambiental deve recuperar, reconhecer, respeitar, refletir e utilizar a história indígena e culturas locais, assim como promover a diversidade cultural, linguística e ecológica. Isto implica uma revisão da história dos povos nativos para modificar os enfoques etnocêntricos, além de estimular a educação bilíngue.

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10. A educação ambiental deve estimular e potencializar o poder das diversas populações, promover oportunidades para as mudanças democráticas de base que estimulem os setores populares da sociedade. Isto implica que as comunidades devem retomar a condução de seuspróprios destinos. 11. A educação ambiental valoriza as diferentes formas desconhecimento. Este é diversificado, acumulado e produzido socialmente, não devendo ser patenteado ou monopolizado. 12. A educação ambiental deve ser planejada para capacitar as pessoas a trabalharem conflitos de maneira justa e humana. 13. A educação ambiental deve promover a cooperação e o diálogo entre indivíduos e instituições, com a finalidade de criar novos modos de vida, baseados em atender às necessidades básicas de todos, sem distinções étnicas, físicas, de gênero, idade, religião, classe ou mentais. 14. A educação ambiental requer a democratização dos meios de comunicação de massa e seu comprometimento com os interesses de todos os setores da sociedade. A comunicação é umdireito inalienável e os meios de comunicação de massa devem ser transformados em umcanal privilegiado de educação, não somente disseminando informações em basesigualitárias, mas também promovendo intercâmbio de experiências, métodos e valores. 15.A educação ambiental deve integrar conhecimentos, aptidões, valores, atitudes e ações.Deve converter cada oportunidade em experiências educativas de sociedades sustentáveis. 16.A educação ambiental deve ajudar a desenvolver uma consciência ética sobre todas asformas de vida com as quais compartilhamos este planeta, respeitar seus ciclos vitais eimpor limites à exploração dessas formas de vida pelos seres humanos.

III - Plano de Ação

As organizações que assinam este tratado se propõem a implementar as seguintes diretrizes:

1.Transformar as declarações deste Tratado e dos demais produzidos pela Conferencia daSociedade Civil durante o processo da Rio 92 em documentos a serem utilizados na redeformal de ensino e em programas educativos dos movimentos sociais e suas organizações. 2.Trabalhar a dimensão da educação ambiental para sociedades sustentáveis em conjunto comos grupos que elaboraram os demais tratados aprovados durante a Rio 92. 3.Realizar estudos comparativos entre os tratados da sociedade civil e os produzidos pelaConferência das nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento - UNCED;utilizar as conclusões em ações educativas. 4.Trabalhar os princípios deste tratado a partir das realidades locais, estabelecendo as devidasconexões com a realidade planetária, objetivando a conscientização para a transformação. 5.Incentivar a produção de conhecimento, políticos, metodologias e práticas de EducaçãoAmbiental em todos os espaços de educação formal, informal e não formal, para todas asfaixas etárias. 6.Promover e apoiar a capacitação de recursos humanos para preservar, conservar e gerenciaro ambiente, como parte do exercício da cidadania local e planetária.

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7.Estimular posturas individuais e coletivas, bem como políticas institucionais que revisempermanentemente a coerência entre o que se diz e o que se faz, os valores de nossas culturas,tradições e história. 8.Fazer circular informações sobre o saber e a memória populares; e sobre iniciativas etecnologias apropriadas ao uso dos recursos naturais. 9.Promover a corresponsabilidade dos gêneros feminino e masculino sobre a produção,reprodução e manutenção da vida. 10.Estimular a apoiar a criação e o fortalecimento de associações de produtores e deconsumidores e redes de comercialização que sejam ecologicamente responsáveis. 11.Sensibilizar as populações para que constituam Conselhos populares de ação Ecológica eGestão do Ambiente visando investigar, informar, debater e decidir sobre problemas epolíticas ambientais. 12.Criar condições educativas, jurídicas, organizacionais e políticas para exigir dos governosque destinem parte significativa de seu orçamento à educação e meio ambiente. 13.Promover relações de parceria e cooperação entre as ONGs e movimentos sociais e asagencias da ONU (UNESCO, PNUMA, FAO, entre outras), a nível nacional, regional e internacional, a fim de estabelecerem em conjunto as prioridades de ação para educação,meio ambiente e desenvolvimento. 14.Promover a criação e o fortalecimento de redes nacionais, regionais e mundiais para arealização de ações conjuntas entre organizações do Norte, Sul, Leste e Oeste comperspectiva planetária (exemplos: dívida externa, direitos humanos, paz, aquecimentoglobal, população, produtos contaminados). 15.Garantir que os meios de comunicação se transformem em instrumentos educacionais para apreservação e conservação de recursos naturais, apresentando a pluralidade de versões comfidedignidade e contextualizando as informações. Estimular transmissões de programasgerados pelas comunidades locais. 16.Promover a compreensão das causas dos hábitos consumistas e agir para a transformaçãodos sistemas que os sustentam, assim como para com a transformação de nossas própriaspráticas. 17.Buscar alternativas de produção autogestionária e apropriadas econômica e ecologicamente,que contribuam para uma melhoria da qualidade de vida.18.Atuar para erradicar o racismo, o sexismo e outros preconceitos; e contribuir para umprocesso de reconhecimento da diversidade cultura dos direitos territoriais e daautodeterminação dos povos. 19.Mobilizar instituições formais e não formais de educação superior para o apoio ao ensino,pesquisa e extensão em educação ambiental e a criação, em cada universidade, de centrosinterdisciplinares para o meio ambiente. 20.Fortalecer as organizações e movimentos sociais como espaços privilegiados para oexercício da cidadania e melhoria da qualidade de vida e do ambiente. 21.Assegurar que os grupos de ecologistas popularizem suas atividades e que as comunidadesincorporem em seu cotidiano a questão ecológica. 22.Estabelecer critérios para a aprovação de projetos de educação para sociedades sustentáveis,discutindo prioridades sociais junto às agencias financiadoras.

IV - Sistema de Coordenação, Monitoramento e Avaliação

Todos os que assinam este Tratado concordam em:

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1.Difundir e promover em todos os países o Tratado de Educação Ambiental para SociedadesSustentáveis e responsabilidade Global através de campanhas individuais e coletivas,promovidas por ONGs, movimentos sociais e outros. 2.Estimular e criar organizações, grupos de ONGs e Movimentos Sociais para implantar,implementar, acompanhar e avaliar os elementos deste Tratado.3.Produzir materiais de divulgação deste tratado e de seus desdobramentos em açõeseducativas, sob a forma de textos, cartilhas, cursos, pesquisas, eventos culturais, programasna mídia, ferias de criatividade popular, correio eletrônico e outros. 4.Estabelecer um grupo de coordenação internacional para dar continuidade às propostas desteTratado. 5.Estimular, criar e desenvolver redes de educadores ambientais.6.Garantir a realização, nos próximos três anos, do 1º Encontro Planetário de educaçãoAmbiental para Sociedades Sustentáveis. 7.Coordenar ações de apoio aos movimentos sociais em defesa da melhoria da qualidade devida, exercendo assim uma efetiva solidariedade internacional.8.Estimular articulações de ONGs e movimentos sociais para rever estratégias de seusprogramas relativos ao meio ambiente e educação.

V - Grupos a serem envolvidos

Este Tratado é dirigido para: 1.Organizações dos movimentos sociais ecologistas, mulheres, jovens, grupos étnicos, artistas,agricultores, sindicalistas, associações de bairro e outros. 2.ONGs comprometidas com os movimentos sociais de caráter popular. 3.Profissionais de educação interessados em implantar e implementar programas voltados àquestão ambiental tanto nas redes formais de ensino, como em outros espaços educacionais.4.Responsáveis pelos meios de comunicação capazes de aceitar o desafio de um trabalhotransparente e democrático, iniciando uma nova política de comunicação de massas. 5.Cientistas e instituições científicas com postura ética e sensíveis ao trabalho conjunto comas organizações dos movimentos sociais. 6.Grupos religiosos interessados em atuar junto às organizações dos movimentos sociais. 7.Governos locais e nacionais capazes de atuar em sintonia/parceria com as propostas desteTratado. 8.Empresários (as) comprometidos (as) em atuar dentro de uma lógica de recuperação econservação do meio ambiente e de melhoria da qualidade de vida, condizentes com osprincípios e propostas deste Tratado. 9.Comunidades alternativas que experimentam novos estilos de vida condizentes com osprincípios e propostas deste Tratado.

VI - Recursos

Todas as organizações que assinam o presente Tratado se comprometem a:1.Reservar uma parte significativa de seus recursos para o desenvolvimento de programaseducativos relacionados com a melhoria do ambiente e com a qualidade de vida. 2.Reivindicar dos governos que destinem um percentual significativo do Produto NacionalBruto para a implantação de programas de Educação Ambiental em todos os

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setores daadministração pública, com a participação direta de ONGs e movimentos sociais. 3.Propor políticas econômicas que estimulem empresas a desenvolverem aplicaremtecnologias apropriadas e a criarem programas de educação ambiental parte de treinamentosde pessoal e para comunidade em geral. 4.Incentivar as agencias financiadoras a alocarem recursos significativos a projetos dedicadosà educação ambiental: além de garantir sua presença em outros projetos a serem aprovados,sempre que possível. 5.Contribuir para a formação de um sistema bancário planetário das ONGs e movimentossociais, cooperativo e descentralizado que se proponha a destinar uma parte de seus recursospara programas de educação e seja ao mesmo tempo um exercício educativo de utilização derecursos financeiros.

ANEXO 4

Agenda 21 - Capítulo 36

A Agenda 21 é um programa de ações recomendado para todos os países nas suas diversas instâncias e setores ao longo de todo século 21. O Capítulo 36, referente à educação, propõe um esforço global para fortalecer atitudes, valores e ações que sejam ambientalmente saudáveis e que apoiem o desenvolvimento sustentável por meio da promoção do ensino, da conscientização e do treinamento.O ensino, o aumento da consciência pública e o treinamento estão vinculados virtualmente a todas as áreas de programa da Agenda 21 e ainda mais próximas das que se referem à satisfação das necessidades básicas, fortalecimento institucional e técnico, dados e informações, ciência e papel dos principais grupos. Este capitulo formula propostas gerais, enquanto que as sugestões especificas relacionadas com as questões setoriais aparecem em outros capítulos. A Declaração e as Recomendações da Conferência Intergovernamental de Tbilisi sobre Educação Ambiental, organizada pela UNESCO e o PNUMA e celebrada em 1977, ofereceram os princípios fundamentais para as propostas deste documento.

As áreas de programas descritas neste capítulo são: • Reorientação do ensino no sentido do desenvolvimento sustentável; • Aumento da consciência pública;• Promoção do treinamento.

ANEXO 5

LINHA DO TEMPO DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PARANÁ:6

6 (Síntese construída a partir diversas contribuições, e com base em: COSTA, Laura Jesus de Moura e. Organizações de bairro: história e práticas comunitárias que possam levar à sustentabilidade do meio na cidade de Paranaguá e Ilha dos Valadares. 1999. Tese (Doutorado em Meio Ambiente e Desenvolvimento). Programa em Pós-Graduação da Pró Reitoria e Pesquisa da Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR, 1999.) A íntegra do capítulo específico encontra-se reproduzida em anexo ao presente Programa.

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A década de 70, em nível internacional, foi bastante rica em eventos e elaborações teóricas que fundamentaram a Educação Ambiental. Estes movimentos culminaram com a realização, em 1977, em Tbilisi (Geórgia), da I Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental, promovida pela UNESCO/PNUMA, marco importante para a formulação dos princípios, fundamentos e objetivos da Educação Ambiental: estabelece a compreensão de que “meio ambiente não é somente o meio físico biótico, mas também o meio social e cultural e relaciona os problemas ambientais aos modelos de desenvolvimento adotados pelo homem.” A referida Conferência, além de outras questões, também conclamou os Estados-Membros a incluírem em suas políticas de Educação conteúdos, orientações e atividades ambientais baseados nos objetivos e características da Educação Ambiental.

Mais especificamente no Estado do Paraná, durante a gestão de 1982-1986, o Governo do Estado, por intermédio de uma equipe interdisciplinar e interinstitucional de técnicos que envolveram as Secretarias da Agricultura, Educação, Interior, Planejamento, Segurança Pública e Saúde e Bem-Estar Social elaborou o primeiro Programa Estadual de Meio Ambiente (PEMA), que procedeu análise da situação ambiental do Estado quanto ao desmatamento, erosão, contaminação por agrotóxicos e intoxicação de trabalhadores rurais, falta de saneamento básico e mortalidade infantil, poluição do ar, espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção, destruição do patrimônio natural, etc. O órgão estadual de meio ambiente, à época, era a SUREHMA – Superintendência dos Recursos Hídricos e do Meio Ambiente do Paraná, que recebeu um incremento de vários técnicos, distribuídos entre os vinte escritórios regionais do Estado, com funções tanto de fiscalização, quanto de gestão ambiental e conscientização da população (Educação Ambiental). A SUREHMA estava vinculada à Secretaria de Estado do Interior (SEIN), passando depois à SEDU e, em 1992, à Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Paraná (SEMA-PR)

Ainda na década de 80, no Paraná, foi criado o Conselho Estadual do Meio Ambiente (CEMA - tendo sido chamado, inicialmente, de CEDA - Conselho Estadual de Defesa do Ambiente) do Paraná, o Conselho de Desenvolvimento Territorial do Litoral Paranaense e vários parques nacionais e estaduais, estações ecológicas e áreas de proteção ambiental. Em maio de 1989, realizou-se, em Curitiba, a I Conferencia Estadual de Meio Ambiente, com a participação de delegados tanto da sociedade civil (ONG, associações e outras) como de instituições governamentais.

A segunda Conferência Estadual de Meio Ambiente (a última dessa fase inicial) realizou-se em Ibiporã, em 1991, e contou com a presença de organizações da sociedade civil e de instituições públicas. A criação da Secretaria Especial de Meio Ambiente do Paraná (SEMA) deu-se em 1991.

O Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA) foi aprovado em dezembro de 1994 e definiu a Educação Ambiental enquanto “um processo participativo através do qual o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, adquirem conhecimentos, tomam atitudes, exercem competências e habilidades voltadas para a conquista e manutenção do meio ambiente ecologicamente equilibrado, contribuem fortemente para a ampliação dessa nova visão e para a adoção dessas novas posturas dos indivíduos em relação ao todo”. Sete linhas de ação estão elencadas no PRONEA, as quais se referem à Educação Ambiental através do ensino formal, à

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educação no processo de gestão ambiental, campanhas específicas para usuários de recursos naturais, cooperação com os que atuam nos meios de comunicação de massa, articulação e integração das comunidades em favor da Educação Ambiental, articulação intra e interinstitucional e criação de rede de centros especializados em Educação Ambiental, integrando universidades, escolas profissionais e centros de documentação em todo o País.

No Paraná, com a criação da SEMA-PR e a reestruturação do Sistema Estadual de Meio Ambiente, na década de 90, a então equipe interdisciplinar e interinstitucional de Educação Ambiental foi desfeita.

Em 1995, dentre as diretrizes do Documento “Propostas de Desenvolvimento para o Meio Ambiente do Estado do Paraná”, elaborado pela SEMA, foi registrada a de “Proporcionar instrumentos para a conscientização da comunidade sobre as questões ambientais, através da Educação Ambiental”, seguida de 09 estratégias para sua consecução.

Nos primeiros anos do Século XXI (2003 e 2004), iniciou-se o processo de rearticulação de uma nova estrutura para a Educação Ambiental no Estado. Iniciou-se também a discussão da criação da CIEA-PR – Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Paraná, com ampla participação de representantes da sociedade civil organizada, universidades e setor empresarial, além do gestor público.

A partir de junho de 2005, o Estado do Paraná passou a desenvolver trabalhos referentes ao processo de constituição da CIEA, através de parceria entre a SEMA, a Diretoria de Educação Ambiental do MMA, o IBAMA e a Rede Paranaense de Educação Ambiental – REA-PR, que formaram inicialmente um Grupo Gestor Pró-CIEA, com a incorporação de instituições não governamentais. As CIEAs são colegiados estaduais que têm como missão geral propor as diretrizes da Política e do Programa Estadual de Educação Ambiental. Estas comissões são formadas por representantes do poder público e da sociedade civil, de forma paritária, e já foram implantadas em várias unidades federativas do país.

Em outubro de 2009 foi realizada a 1ª Conferência Estadual de Saúde Ambiental, no processo da 1ª Conferência Nacional de Saúde Ambiental. Em seu documento final, das 6 (seis) Diretrizes e 12 (doze) Ações registradas para encaminhar à Etapa Nacional, três Diretrizes e três Ações tiveram um maior enfoque na Educação Ambiental. Esta Conferência teve a particularidade de ter sido organizada e coordenada pelas pastas da Saúde, Cidades (no caso do Paraná, a SEDU) e Meio Ambiente, conjuntamente.

Por fim, um importante marco na atualidade é a edição da Lei Estadual nº 17.505, de 11 de janeiro de 2013, que estabelece a Política Estadual de Educação Ambiental no Paraná. Na lei está contemplada a criação do Órgão Gestor Estadual e da CIEA-PR, articulados com estratégias de implantação da Educação Ambiental no Estado. Com a aprovação dessa lei, a Comissão Temporária Especial iniciou a formulação do texto base para a sua regulamentação e, simultaneamente, ocorreram as discussões no Conselho Estadual de Educação do Paraná para estabelecer as Diretrizes Curriculares Estaduais para a Educação Ambiental. Um ano depois, o Decreto Estadual n° 9.958/2014 regulamentou o Órgão Gestor de EA e constituiu a CIEA-PR. A primeira reunião para implantação oficial da CIEA-PR e posse dos membros da referida Comissão foi realizada, na SEMA-PR, em Curitiba, em dia 16 de dezembro de 2016.

A elaboração do presente Programa Estadual de Educação Ambiental, para além do atendimento a uma exigência legal, pretende sintetizar todo o aprendizado coletivamente acumulado ao longo dos anos constituindo-se num documento que

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oriente a atuação conjunta, integrada e sistêmica dos diferentes órgãos, entidades e instituições que tratam da Educação Ambiental no Estado do Paraná.