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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 029.461/2011-1 GRUPO I – CLASSE II – Segunda Câmara TC 029.461/2011-1 Natureza: Prestação de Contas – Exercício de 2010. Órgão: Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco – TRE/PE. Responsáveis: Roberto Ferreira Lins (CPF 102.449.564-72), Presidente; Silvio de Arruda Beltrão (CPF 003.029.614-53), Vice-Presidente e substituto do Presidente; Marília Gonçalves Berquo, (CPF 375.493.164-49), Diretora-Geral; Robson Costa Rodrigues (CPF 057.220.628-39), Secretário de Orçamento e Finanças e Ordenador de Despesa. SUMÁRIO: PRESTAÇÃO DE CONTAS RELATIVA AO EXERCÍCIO DE 2010. CONTAS REGULARES COM RESSALVA DO PRESIDENTE DA ENTIDADE E REGULARES DOS DEMAIS RESPONSÁVEIS, DANDO-SE- LHES QUITAÇÃO. Julgam-se regulares as contas quando verificadas falhas incapazes de macular por completo as contas ordinárias do respectivo exercício, a teor do art. 16, inciso II, da Lei 8.443/1992. RELATÓRIO Cuidam os presentes autos da Prestação de Contas do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco – TRE/PE referente ao exercício de 2010. 2. A Secretaria de Controle Interno daquele Tribunal certificou a regularidade com ressalva da gestão (peça 4), conclusão da qual o Presidente do órgão declarou haver tomado conhecimento (peça 1, p. 9), em razão das seguintes falhas: a) em alguns casos os indicadores de gestão não são suficientes para mensurar de forma eficiente o desempenho da gestão; b) o sistema de controle interno das unidades administrativas tem se mostrado frágil quanto à sua capacidade de evitar ou reduzir o impacto ou a probabilidade de ocorrência de eventos de riscos para 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 029.461/2011-1

GRUPO I – CLASSE II – Segunda Câmara

TC 029.461/2011-1 Natureza: Prestação de Contas – Exercício de 2010.Órgão: Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco – TRE/PE. Responsáveis: Roberto Ferreira Lins (CPF 102.449.564-72), Presidente; Silvio de Arruda Beltrão (CPF 003.029.614-53), Vice-Presidente e substituto do Presidente; Marília Gonçalves Berquo, (CPF 375.493.164-49), Diretora-Geral; Robson Costa Rodrigues (CPF 057.220.628-39), Secretário de Orçamento e Finanças e Ordenador de Despesa.

SUMÁRIO: PRESTAÇÃO DE CONTAS RELATIVA AO EXERCÍCIO DE 2010. CONTAS REGULARES COM RESSALVA DO PRESIDENTE DA ENTIDADE E REGULARES DOS DEMAIS RESPONSÁVEIS, DANDO-SE-LHES QUITAÇÃO.Julgam-se regulares as contas quando verificadas falhas incapazes de macular por completo as contas ordinárias do respectivo exercício, a teor do art. 16, inciso II, da Lei 8.443/1992.

RELATÓRIO

Cuidam os presentes autos da Prestação de Contas do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco – TRE/PE referente ao exercício de 2010.2. A Secretaria de Controle Interno daquele Tribunal certificou a regularidade com ressalva da gestão (peça 4), conclusão da qual o Presidente do órgão declarou haver tomado conhecimento (peça 1, p. 9), em razão das seguintes falhas:

a) em alguns casos os indicadores de gestão não são suficientes para mensurar de forma eficiente o desempenho da gestão;

b) o sistema de controle interno das unidades administrativas tem se mostrado frágil quanto à sua capacidade de evitar ou reduzir o impacto ou a probabilidade de ocorrência de eventos de riscos para que os objetivos e metas estabelecidos para o órgão sejam alcançados;

c) alguns servidores requisitados se encontram em situação que confronta dispositivos da Lei 6.999/1982, da Resolução TSE 23.255/2010 e da Resolução CNJ 88/2009;

d) a realização de auditoria na segurança, saúde e higiene relacionada aos servidores constatou a inadequação das instalações físicas de alguns cartórios eleitorais situados na região metropolitana do Recife;

e) as recomendações oriundas da auditoria na segurança, saúde e higiene relacionada aos servidores, no tocante à prevenção e ao combate a incêndio, não foram efetivadas;

f) as recomendações direcionadas ao saneamento de pendências relativas à efetivação de medidas para apuração de responsabilidades, quanto à existência de bens extraviados, não foram efetuadas;

g) os prazos de validade da avaliação dos bens imóveis registrados no SPIUnet encontram-se expirados;

h) a gestão do patrimônio imobiliário do TRE/PE apresenta inconsistências relativas, principalmente, à atualização e à compatibilização das informações constantes dos sistemas disponíveis para controle dos imóveis (SPIUnet, Siafi e Gerim);

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 029.461/2011-1

i) a auditoria nos registros contábeis cadastrados no Sistema de Administração Financeira do Governo Federal – Siafi evidenciou as seguintes constatações:

i.1) a Conta Contábil 1.9.9.5.1.02.01 – Fianças no País continha saldo, em 31/12/2010, referente a algumas cartas de fianças com prazos de vigência expirados;

i.2) a Conta Contábil 1.9.9.5.1.04.01 – Seguros-Garantias no País continha saldo, em 31/12/2010, referente a alguns seguros-garantias com prazos de vigências expirados;

i.3) a Conta Contábil 1.9.9.5.1.05.01 – Caução no País continha saldo, em 31/12/2010, referente a algumas cauções com prazos de vigência expirados;

i.4) a Conta Contábil 1.9.9.5.1.08.00 – Apólices de seguros continha saldo, em 31/12/2010, referente ao registro do seguro risco de engenharia pelo valor total do contrato, quando deveria ter sido efetivado pelo valor da apólice.3. No âmbito do TCU, a Secretaria de Controle Externo em Pernambuco avaliou a conformidade das peças que compõem o processo e analisou o conteúdo do Relatório de Gestão de 2010, nos termos do art. 4º, § 3º, da Decisão Normativa TCU 107/2010, do Relatório de Auditoria de Gestão e dos demais relatórios e pareceres de instâncias que devam se pronunciar sobre as contas ou sobre a gestão, conforme Anexos II a VI à Decisão Normativa TCU 110/2010. Também analisou alguns processos de dispensa e inexigibilidade de licitação, de compras e contratações de mão de obra terceirizada, selecionados por meio de pesquisa no Siafi. 4. Para subsidiar a análise destas Contas, a Unidade Técnica fez inspeção no TRE/PE, com a finalidade de coletar elementos/informações referentes aos seguintes temas:

a) omissão do Relatório de Gestão de 2010 quanto à execução física das ações orçamentárias constantes do quadro de créditos orçamentários da LOA de 2010, à análise da execução física das ações realizadas, à avaliação do cumprimento das metas físicas, das ações que apresentaram problemas de execução e das que superaram de forma significativa as metas estabelecidas, bem como à execução das ações da UJ frente às ações prioritárias definidas pela LDO, em descumprimento ao disposto no Anexo II, item 2, letra c, da Decisão Normativa TCU 107/2010, e do quadro A.2.2 da Portaria TCU 277/2010;

b) divergência entre os valores apresentados nos quadros A.2.8 e A.2.11 – Despesas por Modalidade de Contratação dos Créditos Originários do TER/PE e dos Créditos Recebidos por Movimentação, respectivamente, referentes às despesas liquidadas em 2010, por modalidade de licitação e por contratações diretas (peça 5, p. 82-83), e os valores registrados no Siafi, nas contas “Empenho por Modalidade de Licitação - Liquidado”;

c) razões e/ou circunstâncias existentes para a permanência, em 31/12/2010, de Restos a Pagar Processados relativos aos exercícios de 2004 e 2006, sem que sua vigência tenha sido prorrogada por decreto;

d) processos de remoção dos 69 servidores que foram removidos para o TRE/PE e que não constavam no quadro de servidores apresentado no Relatório de Gestão de 2010 – quadro A.5.1;

e) processos relativos aos Contratos 19/2010, 32/2010, 34/2006, 81/2008 e 81/2009, de prestação de serviços;

f) situação quanto à regularização dos dez bens imóveis de propriedade da União sob a responsabilidade do TRE/PE, que não possuíam código de Registro Imobiliário Patrimonial (RIP) em 2010;

g) último inventário dos bens daquele tribunal e relação dos bens extraviados de 2010, providências adotadas pelo TRE/PE com relação aos bens extraviados, à apuração da responsabilidade e ao ressarcimento ao erário;

h) regularização das pendências existentes nas contas “bens em processo de localização” e “permissão de uso de bens concedidos”;

i) providências adotadas para o pagamento dos restos a pagar inscritos em 2007, 2008 e 2009, cuja validade expirou-se em 30/04/2011;

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j) ausência de informação, no Relatório de Gestão de 2010, sobre cotas do fundo partidário referente ao exercício de 2010;

k) procedimentos de inexigibilidade de licitação: PA 29/10, para aquisição de uma licença do software Autocad Revit Architecture Suite 2010 e uma licença do software Autocad 2010; PA 33/10 para aquisição de um conjunto de softwares Revit Architecture Suite 2010; e PA 135/10, para contratar empresa para realizar o curso Obras e Serviços de Engenharia: como licitar, contratar e precificar de forma eficaz e assegurar a conclusão do objeto nos parâmetros desejados;

l) procedimentos licitatórios: PA 37/10, para contratação de empresa especializada para prestação de serviços terceirizados de manobrista, e PA 63/10, destinado à contratação de prestação de serviços terceirizados de Técnico de Urna;

m) relação dos servidores cedidos a outros órgãos em 2010, com a fundamentação legal para a cessão, e situação funcional dos técnicos judiciários Jacqueline Maria de Assunção, que estava cedida à Procuradoria Regional Eleitoral de Pernambuco, e Jurandi Araújo da Silva, que estava cedido à Universidade Federal de Pernambuco naquele exercício;

n) esclarecimento quanto à reinscrição em restos a pagar, em 2010, dos saldos das notas de empenho relacionadas na tabela 9.1 do Relatório de Auditoria de Gestão;

o) esclarecimentos sobre os valores dos Bens de Uso Especial à disposição do TRE/PE registrados no Siafi, em 31/12/2010, que era R$ 30.031.557,25, e o valor apontado pela Secretaria de Controle Interno daquele Tribunal, de R$ 28.837.426,06, que representaria efetivamente o patrimônio próprio à disposição daquele tribunal;

p) situação quanto à regularização dos seguintes imóveis: o imóvel sob o RIP 240100336.500-4, localizado no município de Custódia; imóvel sob o RIP 232300027.500-9, localizado no município de Arcoverde; imóvel sob o RIP 253100677.500-7, localizado no município de Recife; imóvel sob o RIP 235700169.500-6, localizado no município do Cabo de Santo Agostinho; e imóvel sob o RIP 252100079.500-9, localizado no município de Petrolina;

q) situação atual do terreno sem RIP, localizado no município de Salgueiro, cujo processo relativo ao Termo de Entrega encontrava-se parado na Secretaria do Patrimônio da União (SPU) desde 2009, e do terreno sob o RIP 262700081.500-5, localizado no município de Vitória de Santo Antão, que já foi doado ao TRT da 6ª Região;

r) processos de dispensa e inexigibilidade de licitação: PA 094/10, relativo ao contrato 11/10, para a prestação de serviços de reserva, emissão, marcação de bilhetes e fornecimento de passagens aéreas aos membros, juízes eleitorais e servidores da Justiça; PA 277/10 e PA 282/10, relativos à aquisição de material de consumo (material elétrico); PA 033/10, PA 029/10 e PA 228/10, relativos à aquisição de licença de software Autocad.5. Os resultados da fiscalização foram examinados na instrução acostada na peça 31, que ora transcrevo, no essencial:

“III - Constatações da Inspeção62. A inspeção realizada no TRE-PE teve como objetivo coletar elementos/informações para subsidiar a análise do presente processo. Durante os trabalhos de inspeção, foram analisados os documentos e informações elencados no item 5 desta instrução, além de informações complementares solicitada para esclarecimento de situações específicas constatadas em contratos vigentes em 2010.63. Com relação à ausência, no Relatório de Gestão de 2010, das informações sobre a execução física das ações orçamentárias da LOA 2010, conforme item 2, letra ‘c’ do Anexo II da Decisão Normativa TCU 107/2010, com o preenchimento do quadro A.2.2 da Portaria TCU 277/2010, e a análise da execução física das ações realizadas, o TRE-PE esclareceu que o quadro não foi apresentado por entender que as ações em questão seriam as contidas em Programas de Governo sob gerência daquele tribunal, que não gerenciou tais Programas em 2010, portanto não haveria porque preencher o referido quadro (peça 15, p. 1-3).

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64. O quadro A.2.2 foi apresentado durante a inspeção, acompanhado da análise quanto ao cumprimento das metas físicas (peça 15, p. 4-6). Registrem-se duas ações do quadro cujas metas físicas não foram atingidas no exercício:

a) Ação 2E17 - Reforma de Cartórios Eleitorais no Estado de Pernambuco, com previsão de um imóvel reformado: a justificativa foi de que a dotação consignada foi resultante de emenda parlamentar apresentada durante a tramitação do PLOA 2010 no Congresso Nacional. A Ação Orçamentária não era prevista no PPA e não constava das ações padronizadas de uso da Justiça Eleitoral. A meta prevista na LOA também foi inserida no Congresso Nacional. Durante o exercício de 2010, não houve possibilidade de utilização dos créditos, em virtude de ausência de planejamento para a despesa em ação orçamentária própria;

b) Ação 5439 - Construção de Cartórios Eleitorais - no Município de Palmares: segundo a análise, a meta do exercício foi realizada. O Fórum Eleitoral de Palmares foi concluído, mas a respectiva despesa foi inscrita em restos a pagar e a execução financeira foi concluída posteriormente. De acordo com o quadro A.2.2, a conclusão da obra do Cartório de Palmares não ocorreu em 2010. Naquele exercício foi empenhada 92% da dotação recebida e pagos 27% do total empenhado.65. Ainda sobre a execução orçamentária das despesas, a divergência apontada entre os valores das despesas liquidadas em 2010, por modalidade de licitação e por contratações diretas apresentadas nos quadros A.2.8 e A.2.11 - Despesas por Modalidade de Contratação dos Créditos Originários do TRE-PE e dos Créditos Recebidos por Movimentação, respectivamente (peça 5, p. 82-83), e os valores registrados no Siafi, nas contas ‘Empenho por Modalidade de Licitação – Liquidado’, foi esclarecida, conforme transcrito a seguir (peça 16, p. 1 e 4):

‘Observações:Como pode ser verificado, a diferença entre os saldos do SIAFI (conta 292410300 - Empenho por Modalidade de Licitação - Liquidado, e seus desdobramentos) e dos quadros A.2.8 e A.2.11, corresponde aos empenhos inscritos em restos a pagar não processados, conforme saldo da conta 292410405. O saldo da conta 292410300 considera os empenhos inscritos em RP não processados como liquidados. Consulta efetuada pelo SIAFI Gerencial com o Grupo de Itens recomendado pela STN, ‘EXEC NE SUBITEM’, não considera a conta 292410300, e na despesa liquidada não considera os valores inscritos em RP não Processados.’

66. Para os esclarecimentos solicitados acerca do pagamento, cancelamento e reinscrição de restos a pagar de exercícios anteriores ao que se refere o relatório de gestão (letras ‘c’, ‘i’ e ‘n’ do item 5 desta instrução), foi informado que a base legal para a permanência, em 31/12/2010, de Restos a Pagar Processados relativos aos exercícios de 2004 e 2006, sem que sua vigência tenha sido prorrogada por decreto (letra ‘c’), foi o Decreto 93.872/1986, que estabelece, em seu art. 70, que a dívida passiva relativa aos Restos a Pagar prescreve em cinco anos (peça 17). Assim, o empenho 2006NE000441 encontrava-se dentro do prazo de validade do referido decreto. Os empenhos referentes ao exercício de 2004 tiveram sua baixa efetuada em 13/5/2011 (2004NE000057), 28/10/2011 (2004NE000506) e 27/7/2011 (2004NE001050).67. O subitem 4.2 da Portaria TCU 277/2010 dispõe que o gestor deveria apresentar, na análise crítica da situação dos restos a pagar, as razões e/ou circunstâncias existentes para a permanência de RP Processados e Não Processados por mais de um exercício financeiro e a existência de registro no Siafi de valores referentes a restos a pagar de exercícios anteriores a 2009, sem que sua vigência tenha sido prorrogada por decreto. 68. O TRE-PE não justificou a permanência daqueles saldos em restos a pagar até 2010. A nota de empenho de 2006NE000441 refere-se à despesa com prestação de serviços de mensageiro, no exercício de 2006, e as notas de empenho emitidas em 2004 referem-se a despesas com assinatura de TV a cabo (2004NE000057), com locação de mão de obra no exercício (2004NE000506) e com indenização relativa a serviços prestados na construção do

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Fórum de Petrolândia nos anos de 2002 e 2003. A natureza da despesa dessas notas de empenho não justifica a existência de saldos ainda no exercício de 2010, ou seja, de três e cinco anos após sua inscrição em restos a pagar. Os saldos de restos a pagar dos empenhos de 2004 não tiveram sua vigência prorrogada por decreto, portanto deveriam ter sido baixados já em 2010, e não em 2011, como informado pelo órgão. 69. Quanto às providências adotadas para o pagamento dos restos a pagar inscritos em 2007, 2008 e 2009, cuja validade expirou-se em 30/4/2011 (item 5, letra ‘i’), foram mencionadas cinco notas de empenho e respectivos valores inscritos em restos a pagar, com a seguinte informação:

‘o RP referente a nota de empenho 2009NE000141 foi desbloqueado e seus recolhimentos referentes aos tributos foram efetuados, tendo sido recolhido o valor líquido de R$ 970,42 para quitação de multa por GRU (2011GR800033). Os demais empenhos não foram desbloqueados e foram cancelados pelo sistema, conforme 2011NS002221 (peça 17, p. 1). Pela descrição dos serviços objeto dessas notas de empenho canceladas, não se justifica a permanência de seus saldos em restos a pagar até 2010 (peça 7, p. 11-13).’

70. Para a reinscrição em restos a pagar, em 2010, das notas de empenho relacionadas na tabela 9.1 do Relatório de Auditoria de Gestão (item 5, letra ‘n’), o órgão apenas informou que seus valores foram reinscritos em restos a pagar, conforme disposto no Decreto 7.418/2010, que prorrogou a validade dos restos a pagar não processados inscritos nos exercícios de 2007, 2008 e 2009, até 30/4/2011. Foi apresentado um quadro com as notas de empenho, respectivos credores e valores inscritos, e a informação sobre a anulação do saldo de restos a pagar e o documento correspondente de registro no Siafi ou sobre os pagamentos efetuados de sete notas de empenho (peça 17, p. 1-3). 71. Considerando que a maior parte dos saldos de empenho reinscritos em restos a pagar, em 31/12/2010, foi anulada no exercício de 2011, conclui-se que o órgão vem reinscrevendo saldos de restos a pagar por mais de um exercício apenas em função das suas vigências serem prorrogadas por decreto, sem nenhuma análise que justifique a permanência desses saldos inscritos. Dessa forma, propõe-se recomendar ao TRE-PE que adote mecanismos de controle sobre as inscrições e reinscrições de saldos de empenho em restos a pagar de exercícios anteriores ao exercício de inscrição, de forma a não permitir a permanência de saldos remanescentes de notas de empenho, quando não houver mais direitos efetivos aos respectivos credores.72. Sobre a remoção e cessão de servidores (letras ‘d’ e ‘m’ do item 5), foram apresentados dois quadros que contemplam 42 servidores do quadro do TRE-PE removidos para outros tribunais regionais eleitorais e dezoito servidores cedidos para outros órgãos, nestes incluídos os técnicos judiciários Jacqueline Maria de Assunção e Jurandi Araújo da Silva, que estavam cedidos irregularmente em 2010 à Procuradoria Regional Eleitoral de Pernambuco e à Universidade Federal de Pernambuco, respectivamente. Também foi informada a situação funcional atual desses servidores, que foram regularizadas em 2011 e 2012 (peça 18). 73. A remoção dos 42 servidores relacionados no primeiro quadro se deu por permuta com servidor de outro TRE (vinte servidores); por termo de opção, conforme Resolução TSE 22.660/2007 (doze); para acompanhar cônjuge, nos termos do art. 36, inciso III, alínea ‘a’, da Lei 8.112/1990 (cinco); por doença, nos termos da alínea ‘b’ do mesmo inciso (dois); de ofício, conforme art. 36, inciso I, da referida lei (um servidor); e nos termos do art. 26 da Resolução TSE 23.092/2009 (dois). 74. Para os vinte servidores removidos por permuta, como contrapartida o TRE-PE dispõe de vinte servidores removidos de outros tribunais regionais eleitorais, que estavam exercendo suas atividades naquele órgão. Também havia servidores removidos de outros tribunais para o TRE-PE, sem ser por permuta, sendo três removidos nos termos do art. 26 da Resolução TSE 23.092/2009, dois removidos para acompanhar cônjuge e doze removidos por opção, nos termos do art. 28 da Resolução TSE 22.660/2007, totalizando dezessete servidores.

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75. Quanto à cessão de servidores, dos dezoito que se encontravam cedidos para outros órgãos em 2010, três foram cedidos sem fundamentação legal, quatorze foram cedidos com fundamento no art. 93, inciso I, da Lei 8.112/1990 e um foi cedido com base no art. 33 do Regimento Interno do TRE-PE. Os três servidores cedidos sem fundamento legal eram remunerados pelo próprio tribunal, mas tiveram suas situações funcionais regularizadas: dois retornaram ao TRE e um passou a exercer função comissionada no órgão para o qual foi cedido, o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco (TCE-PE), que mensalmente reembolsa o TRE-PE pela remuneração e encargos relativos ao seu cargo efetivo. Não há mais servidores cedidos sem amparo legal.76. No tocante à regularização de bens imóveis de propriedade da União sob a responsabilidade do TRE-PE (letras ‘e’, ‘p’ e ‘q’ do item 5), foi apresentado um quadro com a situação dos imóveis que se encontravam irregulares (peça 19). Dos nove imóveis que não possuíam código de Registro Imobiliário Patrimonial (RIP) em 2010, três continuam sem esse registro. 77. Dos cinco imóveis que apresentavam inconsistências nos dados de registro, conforme apontado no relatório de auditoria de gestão da SCI, as informações prestadas no referido quadro não esclarecem se houve correção desses dados. De acordo com os respectivos registros desses imóveis no SPIUnet, em 7/3/2014, as inconsistências apontadas pela SCI em 2010 permaneciam inalteradas. Os imóveis são os seguintes: imóvel sob o RIP 240100336.500-4, localizado no município de Custódia; imóvel sob o RIP 232300027.500-9, localizado no município de Arcoverde; imóvel sob o RIP 253100677.500-7, localizado no município de Recife; imóvel sob o RIP 235700169.500-6, localizado no município do Cabo de Santo Agostinho; e imóvel sob o RIP 252100079.500-9, localizado no município de Petrolina.78. Para as outras inconsistências relacionadas a imóveis apuradas pela SCI no SPIUnet e no Siafi, referentes aos terrenos localizados no município de Salgueiro e no município de Vitória de Santo Antão, a informação é de que ambos ainda se encontram em regularização. Na gestão patrimonial daquele tribunal, a SCI constatou ainda que a Secretaria de Administração não estava alimentando e atualizando o Sistema de Gerenciamento de Imóveis (Gerim), conforme determina a Portaria TSE 156/2006, e que, embora aquele TRE contasse com três sistemas para controle dos bens imóveis – SPIUnet, Siafi e Gerim –, tais sistemas não são devidamente alimentados, por isso apresentam muitas inconsistências. Diante da situação aqui relatada sobre imóveis da União sob responsabilidade do TRE-PE, que se encontram irregulares desde 2010, conforme apontado no Relatório de Gestão e no Relatório de Auditoria de Gestão de 2010, propõe-se recomendar ao TRE-PE que adote as providências necessárias à regularização dos registros dos bens imóveis de propriedade da União sob a sua responsabilidade no Sistema SPIUnet, informando sobre a regularização dos registros desses bens no Relatório de Gestão anual.79. Sobre a diferença entre os valores dos Bens de Uso Especial à disposição do TRE-PE registrados no Siafi, em 31/12/2010, que era R$ 30.031.557,25, e o valor apontado pela SCI de R$ 28.837.426,06, que representaria efetivamente o patrimônio próprio à disposição daquele Tribunal, foi esclarecido que a diferença refere-se aos valores das ‘Obras em Andamento’ e dos ‘Estudos e Projetos’, que ainda não representavam imóveis para uso pelo órgão. Assim, o valor de R$ 28.837.426,06 representava efetivamente o patrimônio imobiliário próprio do TRE-PE (peça 20).80. Ainda com relação à gestão patrimonial, foram solicitadas informações sobre bens extraviados e as providências para a apuração das responsabilidades pelo extravio (letra ‘g’ do item 5 desta instrução), conforme mencionado no relatório de gestão e no relatório de auditoria de gestão. Em resposta à solicitação, o Chefe da Seção de Patrimônio informou o seguinte (peça 21):

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‘Segue abaixo informação sobre o item ‘g’: consta nesta Seção de Patrimônio levantamento realizado e finalizado em 14 de novembro de 2013 (último levantamento realizado) do qual, referente a Bens Extraviados traz a seguinte conclusão:Bens localizados 33Bens baixados 37Bens extraviados 138Ao tomar conhecimento em 17/01/2014 do referido relatório, esta Chefia determinou consultas por e-mail para confirmação da não localização dos referidos bens listados. Nesse sentido, seguem anexos 2 relatórios (1 sobre as seções do TRE e outro específico sobre os bens relativos à esta Seção de Patrimônio) atualizados com o ‘quantitativo líquido’ dos bens extraviados.Concluindo a informação, do levantamento realizado nesta Seção de Controle de Patrimônio, não consta qualquer informação à administração solicitando apuração de responsabilidades e providências, conforme prescreve a portaria nº 44/2009, providência esta que será tomada por esta Chefia, relativa ao levantamento acima mencionado.’

81. Na relação apresentada (peça 21, p. 2-5) constam 138 bens extraviados constituídos de bancadas de trabalho, cadeiras, poltronas, máquina de escrever, mesas para escritório, para impressora e para microcomputador, suportes para garrafão de água, microcomputadores, estante de aço, escadas, teclados para micro, furadeira elétrica portátil, unidade externa para gravação de backup, Hub-Concentrador de Comunicação (4), condicionador de ar, aparelhos telefônicos, alimentador de folha avulsa, fichários de aço, modem portátil, no break, notebooks, caixa de som para microcomputador (par) e estabilizador de voltagem. O extravio desses bens foi constatado desde 2010 e não foram tomadas providências para apuração das responsabilidades e ressarcimento ao erário. 82. Diante desta situação, propõe-se que seja determinado ao TRE-PE que adote as providências necessárias à apuração das responsabilidades pelos bens extraviados relacionados na peça 21 e consequente ressarcimento ao erário pelos agentes responsáveis identificados, e informe ao TCU, no prazo de trinta dias, sobre as providências que forem adotadas, encaminhando cópia dos respectivos atos expedidos para a implementação das medidas, com vistas à solução dessa questão. 83. O último inventário de bens do TRE-PE, apresentado durante a inspeção, é relativo ao exercício de 2012. Também foi apresentada cópia do Parecer 096/2013/SCI (peça 22), que trata da análise desse inventário pela SCI, no qual foi informado que a Comissão de Inventário de Bens afirmou que não são feitas verificações físicas dos bens arrolados no inventário, para comprovar sua existência.84. O inventário de bens patrimoniais é um procedimento administrativo de controle, preservação e prestação de contas do patrimônio público e consiste no arrolamento físico-financeiro de todos os bens existentes no órgão. Seu objetivo é verificar a exatidão dos registros de controle patrimonial, por meio de levantamentos físicos dos bens, e verificar a adequação entre os registros do sistema de controle patrimonial e os do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), ou seja, busca-se comprovar e conferir os saldos e quantitativos registrados na contabilidade do órgão com os que, de fato, existem.85. O controle é um dos princípios fundamentais a ser obedecido nas atividades da administração pública federal, conforme art. 6º, inciso V, do Decreto-lei 200/1967. A Lei 4.320/1964 aborda a avaliação e controle do patrimônio nos seus artigos 94, 95 e 96, e determina que a contabilidade pública deve manter registros analíticos de todos os bens permanentes e registros sintéticos dos bens móveis e imóveis. No Regimento Interno da Secretaria do TRE-PE, vigente em 2010, as atribuições de controle dos bens móveis e imóveis do Tribunal competia à Seção de Controle Patrimonial, unidade da Secretaria Administrativa, conforme o art. 35 da Resolução TRE-PE 1/1995.

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86. O inventário de bens sem um levantamento físico dos bens inventariados não se presta ao controle, preservação e prestação de contas do patrimônio do órgão, pois apenas verifica se os valores registrados no patrimônio conferem com os registrados no Siafi. A não verificação física dos bens do órgão durante o inventário anual implica ausência de controle e favorece o extravio de bens, sem o conhecimento da administração e resulta em inconsistências nos registros contábeis dos valores dos bens patrimoniais do órgão, mantidos pela contabilidade, conforme art. 95 da Lei 4.320/1964.87. Considerando a quantidade significativa de bens do TRE-PE extraviados em 2010, propõe-se determinar àquele Tribunal que adote as medidas administrativas necessárias ao controle de seus bens patrimoniais, com a realização de inventário anual, por meio de levantamentos físicos dos bens inventariados, de modo a manter atualizados os registros analíticos de todos os bens, sua localização e agentes responsáveis pela sua guarda e utilização, e garantir a fidedignidade dos seus registros na contabilidade do órgão, em cumprimento aos arts. 94, 95 e 96 da Lei 4.320/1964, bem como prevenir a ocorrência de extravio de bens.88. Com relação à regularização das pendências existentes nas contas ‘bens em processo de localização’ e ‘permissão de uso de bens concedidos’ (letra ‘h’ do item 5), foi informado que os saldos contábeis dessas contas foram regularizados no Siafi em 2011 por meio de diversas notas de lançamento apresentadas durante a inspeção.89. Sobre as cotas do fundo partidário referente ao exercício de 2010 não informadas no Relatório de Gestão de 2010 (letra ‘j’ do item 5), a SCI apresentou o quadro abaixo e as justificativas e esclarecimentos pela ausência dessas informações (peça 23). A informação sobre as cotas de 2010 foi inserida no Relatório de Gestão do Exercício 2011 daquele Tribunal, no quadro C.1.9 - Discriminação das cotas do Fundo Partidário recebidas pelos diretórios estaduais das direções nacionais dos partidos:

Cotas do Fundo partidário do exercício de 2010:SIGLA DO PARTIDO VALOR EM R$

DEMPMDB

PPPSB

PSDBPT

PTBPPS

454.000,00625.221,82392.651,51307.301,14

1.278.751,77423.175,4270.780,00

160.000,00TOTAL 3.711.881,66

Fonte:ASEPA/TSE (http://www.tse.jus.br/partidos/contas-partidarias/prestacao-de-contas- partidarias ) 90. Segundo os esclarecimentos apresentados, a distribuição dos recursos do Fundo Partidário aos diretórios regionais e municipais segue critérios definidos internamente à agremiação partidária, pois, de acordo com o art. 15, VIII, da Lei 9.096/1995, os estatutos dos partidos políticos devem conter, entre outras, normas acerca dos critérios de distribuição dos recursos do Fundo Partidário entre os órgãos de nível municipal, estadual e nacional que compõem o partido. Assim, como o critério de distribuição do Fundo Partidário dos diretórios nacionais para os diretórios regionais e municipais é de competência exclusiva das agremiações partidárias, para se saber os valores repassados aos órgãos diretivos regionais e municipais faz-se necessário conhecer a prestação de contas do respectivo diretório nacional ao TSE. 91. Os partidos políticos estão obrigados a enviar à Justiça Eleitoral o balanço contábil do exercício findo até 30 de abril de cada ano (art. 32, caput, da Lei 9.096/1995). O balanço contábil do órgão nacional deve ser enviado ao TSE, o dos órgãos estaduais, aos TREs e o dos órgãos municipais, aos Juízes Eleitorais (art. 32, § 1º, da Lei 9.096/1995). A Resolução TSE 21.841/2004 disciplina a prestação de contas dos partidos políticos e a tomada de contas

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especial, ou seja, regulamenta a Lei 9.096/1995 nos dispositivos que dizem respeito à prestação de contas partidária.92. Na prestação de contas anual da direção nacional dos partidos políticos, há o demonstrativo dos recursos do Fundo Partidário distribuídos aos órgãos estaduais (art. 14, II, alínea ‘c’, da referida Resolução), por meio do qual a Justiça Eleitoral toma conhecimento da distribuição do Fundo Partidário entre os 27 diretórios regionais do país (26 estados e o Distrito Federal). Apenas a partir de 30 de abril os tribunais regionais eleitorais passam a ter conhecimento dos valores do Fundo Partidário eventualmente repassados aos diretórios regionais sob sua jurisdição, pois, em regra, os diretórios nacionais prestam contas ao TSE no último dia permitido pela legislação.93. Após a apresentação das contas do diretório nacional no protocolo geral do TSE, ainda há a tramitação interna dos documentos (autuação, distribuição aos ministros, prazo para publicação do balanço patrimonial na imprensa oficial) até chegar à Assessoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias (ASEPA), unidade do TSE responsável pela análise técnica das contas e pela divulgação, no sítio do TSE na internet, da distribuição do Fundo Partidário dos diretórios nacionais aos respectivos diretórios regionais. Historicamente, a ASEPA disponibiliza tais informações no final de maio, aproximadamente trinta dias após a apresentação das contas dos partidos políticos ao TSE.94. No caso do TRE-PE, a Assessoria de Planejamento e Gestão Estratégica (ASPLAN), unidade responsável pela elaboração do relatório de gestão, concede às demais unidades daquele Tribunal o prazo até 31 de março para o envio das informações que comporão o referido relatório, entre as quais o quadro C.1.9 - Discriminação das cotas do Fundo Partidário recebidas pelos diretórios estaduais das direções nacionais dos partidos, da alçada da SCI. Aquela Assessoria estipula tal prazo ‘em face de outras atividades a serem realizadas com o fim de ultimar o relatório de gestão e o encaminhar ao TCU, em 30 de maio’. Em 31 de março, a SCI não dispõe dos valores do Fundo Partidário repassados pelos diretórios nacionais aos diretórios regionais, referentes ao exercício de que trata o relatório de gestão, por isso essa informação só é apresentada no relatório do exercício seguinte.95. As informações sobre a conformidade da distribuição dos recursos do Fundo Partidário, como previsto nos art. 40 a 43 da Lei 9.096/1995, do ano de referência do relatório de gestão, continuam sendo solicitadas pelo TCU no relatório de gestão, conforme parte B do Anexo II da DN TCU 127/2013. Se o procedimento acima relatado ocorre em outros tribunais regionais eleitorais, propõe-se à Diretoria de Normas e Gestão de Contas do TCU que avalie a conveniência e oportunidade de, ao elaborar a norma que definirá o conteúdo dos próximos relatórios de gestão anual, solicitar dos tribunais regionais eleitorais as informações sobre a distribuição dos recursos do Fundo Partidário aos diretórios regionais e municipais (quadro B.1.9 da Portaria TCU 175/2013) relativas ao ano anterior ao de referência do relatório, a exemplo do que já ocorre com as informações solicitadas sobre as prestações de contas dos diretórios estaduais dos partidos políticos (quadros B.1.10 a B.1.12 da mesma portaria). 96. Sobre a prestação de serviços com locação de mão de obra em 2010, foram analisados cinco contratos em vigor naquele exercício (19/2010, 32/2010, 34/2006, 81/2008 e 81/2009, item 5, letra ‘e’), cujos objetos não se enquadravam nas áreas de apoio administrativo técnico e operacional, manutenção e conservação de bens imóveis, serviços de copa e cozinha, manutenção e conservação de bens móveis e serviços de brigada de incêndio. 97. O contrato 19/2010 (processo 037/2010) tem por objeto a prestação de serviços terceirizados de mão de obra de manobrista. Originado do pregão eletrônico 06/10, de 30/3/2010, esse contrato foi celebrado em 11/6/2010, com a empresa Hister Higienização e Serviços Terceirizados Ltda., no valor de R$ 80.214,60 e previsão de serviços extraordinários no valor de R$ 2.294,00. A vigência inicial do contrato era de doze meses, podendo prorrogar com base no art. 57, inciso II, da Lei 8.666/1993. Em 30/10/2013 foi celebrado o 5º Termo Aditivo ao

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contrato que prorrogou o prazo de vigência pelo período de 1º/01/2014 a 11/06/2015, no valor total para o período de R$ 201.979,20 (peça 24, p. 14-23). 98. O processo de contratação iniciou-se com o Memo 022/2010/COAD/SESEC, de 1º/02/2010, da Coordenadora de Apoio Administrativo da Secretaria de Administração do TRE-PE, que solicitou a abertura de processo licitatório para a contratação, considerando que o contrato então em vigor iria se expirar em sessenta dias. A justificativa para a contratação foi a seguinte (peça 24, p. 1):

‘Considerando que os serviços de manobrista são indispensáveis para as unidades administrativas deste Tribunal, devido à necessidade de controle de estacionamento deste Tribunal, tendo em vista a considerável quantidade de veículos dos servidores deste Tribunal. ...Considerando que, além dos veículos dos servidores que prestam serviços na sede e anexos, o estacionamento se destina aos veículos das autoridades, servidores inativos, servidores de outras unidades administrativas, seja do interior ou da região metropolitana, empresas prestadoras de serviços deste tribunal, imprensa, serviços de carga e descarga de volumes.’

99. Sobre a solicitação acima, ressalte-se, que na justificativa para a contratação dos serviços de manobristas, foi considerada a utilização do estacionamento por veículos de servidores de outras unidades e de servidores inativos, além de prestadores de serviços e de veículos de carga e descarga. Registre-se, por oportuno, que a disponibilização de área para veículos de prestadores de serviços e de carga e descarga não constitui justificativa ou motivação para a contratação de manobristas. Também não se justifica tal contratação para disponibilizar estacionamento para os veículos particulares de servidores lotados em outras unidades e de servidores inativos. 100. No processo de contratação de manobristas, não há nenhum levantamento da quantidade de veículos de servidores de cada unidade do TRE-PE que utilizam ou poderiam utilizar o estacionamento disponibilizado pelo órgão. Também não há informação de quantas vagas de estacionamento o órgão dispõe para a guarda de veículos próprios e de seus servidores. Da mesma forma, não houve um estudo sobre a frequência de utilização do estacionamento pelos servidores, ao longo do ano, que justificasse a contratação desses serviços durante os doze meses do ano.101. Registre-se também que a prestação de serviços terceirizados de manobrista foi realizada inicialmente com disponibilização de cinco profissionais. A partir de julho/2012, com o 3º termo aditivo ao contrato, foi acrescido mais um profissional para a prestação dos serviços. Esses profissionais ficam à disposição do TRE-PE em carga horária de 44 horas semanais, com previsão de serviços extraordinários estimados em 160 horas extras de dias úteis, 45 horas extras de sábado e quarenta horas de domingos e feriados, conforme termo de referência. Não há demonstrativo de cálculo ou justificativa para a quantidade de horas de trabalho normal e extra previstas no contrato. Os locais de prestação dos serviços são o prédio e anexo da sede do TRE-PE, localizado na Av. Governador Agamenon Magalhães, com previsão inicial de quatro manobristas, e o prédio da central de Atendimento do TRE-PE, localizado na Praça das Cinco Pontas, com previsão de um manobrista (termo de referência à peça 24, p. 2-13).102. Ressalte-se ainda que [pela] forma como o termo de referência descreveu o objeto contratado – disponibilização dos profissionais e a exigência de 44 horas semanais de trabalho – essa contratação foi caracterizada exclusivamente como de fornecimento de mão de obra, o que é vedado, conforme art. 4º do Decreto 2.271/1997, que dispõe sobre a contratação de serviços pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional. Por fim, registre-se que os serviços contratados foram considerados como de natureza continuada, ou seja, foram enquadrados como serviços que apoiam a realização das atividades essenciais ao cumprimento da missão institucional do órgão, nos termos do referido decreto.

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103. Observa-se nessa contratação que não houve um planejamento nem justificativa para essa despesa. A Administração TRE-PE não obedeceu aos princípios da motivação, da razoabilidade e da eficiência, conforme o art. 2º da Lei 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, portanto a contratação de serviços de manobrista foi irregular. Embora esse contrato irregular tenha sido celebrado em 2010, o valor da contratação é pouco significativo em relação ao montante gerido pelos responsáveis naquele exercício, portanto não é suficiente para influenciar o julgamento pela irregularidade das presentes contas.104. Dessa forma, propõe-se que seja constituído um processo apartado para tratar dessa contratação irregular, com vistas a promover a oitiva do TRE/PE e da empresa Hister Higienização e Serviços Terceirizados Ltda., para que se manifestem sobre os fatos aqui descritos que podem resultar em decisão do TCU no sentido de rescindir o contrato 19/2010, de prestação de serviços de manobrista, para disponibilizar estacionamento para os veículos de autoridades e dos servidores de todas as unidades do órgão, de inativos, de prestadores de serviços e de veículos de carga e descarga.105. O contrato 32/2010 (processo 053/2010) refere-se à prestação de serviços terceirizados para a categoria de motorista, com previsão de contratação de vinte profissionais (registro de preços). Esse contrato foi celebrado em 26/7/2010, com a Adserv Empreendimentos e Serviços Ltda., com prazo de vigência de doze meses, prorrogável até sessenta meses, com base no art. 57, II, da Lei 8.666/1993. Essa contratação foi caracterizada como fornecimento de mão de obra de motorista, como postos de serviços, com a permanência dos profissionais à disposição daquele tribunal em carga horária de 44 horas semanais, de segunda a sábado. A definição do objeto do contrato com caracterização de fornecimento de mão de obra é vedada, conforme art. 4º, inciso II, do Decreto 2.271/1997.106. Outro contrato com a mesma empresa foi celebrado em 9/5/2011, para a contratação de mais seis motoristas (contrato 009/2011), com base na mesma ata de registro de preços e pregão eletrônico do primeiro. Neste novo contrato foi acrescentado um valor para pagamento de diárias, o que não foi previsto no pregão e no registro de preços. O 1º termo aditivo a este contrato foi celebrado em 19/7/2011 para acrescer R$ 24.500,00 para fazer face a pagamento de diárias e a eventuais serviços extraordinários.107. O contrato 023/2013 (PA 087/13), que sucedeu os acima mencionados e se encontra em vigor, tem por objeto a prestação de serviços continuados de transportes de pessoas e objetos com alocação de postos de trabalho vinculado à categoria motorista, sendo 24 postos de serviço, todos preenchidos, com previsão de pagamento de diárias e com vigência até 31/7/2014. O valor desse contrato é de R$ 1.089.311,04 com previsão de diárias no valor de R$ 82.759,32. Registre-se que o TRE-PE não dispõe de servidor da categoria de motorista em seu quadro de pessoal.108. O contrato 81/2009 (processo 294/2009) tem por objeto a prestação de serviços de motoqueiro e também foi caracterizado exclusivamente como fornecimento de mão de obra. A justificativa para a contratação foi de que os serviços de motoqueiros são indispensáveis para as Seções de Expedição e Transportes daquele tribunal, ‘tendo em vista a demanda de requisições de serviços de entrega de documentos urgentes no Grande Recife, principalmente em época de eleição’, conforme Memo 269/2009/COAD/SESEC de 2/10/2009, da Secretaria de Administração/Coordenadoria de Apoio Administrativo (peça 25).109. Esse contrato foi celebrado em 22/12/2009 com a empresa WCN Empreendimentos e Serviço Ltda., com vigência de doze meses e possibilidade de prorrogação até sessenta meses, nos termos do art. 57, II, da Lei 8.666/1993. Foi prevista a contratação de dois motoqueiros, que utilizavam motocicletas do TRE-PE. Os profissionais ficavam à disposição do órgão em carga horária de 44 horas semanais, de segunda a sábado. O contrato expirou em 31/3/2013 e a empresa contratada sofreu processo administrativo devido a descumprimento de cláusula contratual. O contrato que sucedeu esse e está atualmente em vigor é o Contrato 10/13 (PA 356/12), que foi celebrado em 1º/4/2013 e tem por objeto a prestação de serviços continuados de

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entrega e coleta de documentos e pequenos volumes com alocação de posto de trabalho vinculado à categoria de motoqueiro, motoboys, motomen ou afins.110. O contrato 34/2006 (processo 020/06) refere-se à contratação de auxiliar de consultório dentário e foi celebrado em 22/6/2006, com vigência de doze meses, podendo ser prorrogado até sessenta meses, com base no art. 57, inciso II, da Lei 8.666/1993 (peça 26). O seu objeto também foi definido com características de fornecimento de mão de obra, com a contratação de um auxiliar de consultório dentário (ACD), através da disponibilidade de profissional dotado de requisitos necessários para exercer as funções, com fornecimento de todo e qualquer equipamento necessário e as demais condições estabelecidas no projeto (locação de mão de obra). Tanto o projeto básico quanto a cláusula décima sexta da minuta do contrato previam a permanência do profissional à disposição do TRE-PE, de segunda-feira a sábado, em carga horária estipulada pela lei em 44 horas semanais, e que, em caso de necessidade de serviço, seriam prestadas horas extras pelo profissional, nos termos da legislação trabalhista vigente. Esse contrato vigorou até 30/6/2011.111. Atualmente, encontra-se em vigor o contrato 30/2013, celebrado com a empresa SOLL - Serviços, Obras e Locações Ltda., em 6/8/2013, cujo objeto é a prestação de serviços continuados na área de odontologia com alocação de postos de trabalho de Auxiliar de Saúde Bucal e previsão de contratação imediata de dois profissionais. Registre-se que o TRE-PE dispõe em seu quadro de dois cargos de Técnico Judiciário, com especialidade em higiene dental, ambos preenchidos, cujas atribuições estão previstas na Resolução TSE 22.447/2006 (peça 26, p. 17-18). 112. Na descrição dos serviços a serem executados pelos profissionais contratados por meio do contrato 30/2013, são indicadas as seguintes atividades de rotina a serem executadas (cláusula terceira do contrato, peça 26, p. 20-21): organização e execução de atividades de higiene bucal, processamento de filme radiográfico, preparo do paciente para o atendimento, manipulação dos materiais de uso odontológico, preparo dos modelos em gesso, registro de dados e participação na análise das informações relacionadas ao controle administrativo em saúde bucal, limpeza, assepsia, desinfecção e esterilização do instrumental odontológico, bem como do ambiente de trabalho, acolhimento do paciente nos serviços de saúde bucal, aplicação de medidas de biossegurança no armazenamento, transporte, manuseio e descarte de produtos e resíduos odontológicos, desenvolvimento de ações de promoção à saúde e prevenção dos riscos ambientais e sanitários, realização, junto à equipe, do levantamento epidemiológico e das necessidades em saúde bucal, adoção de medidas de biossegurança, visando ao controle e combate à disseminação de infecções, drenagem do líquido do compressor odontológico, conforme as orientações do técnico de manutenção dos consultórios odontológicos, organização do arquivo e do fichário odontológico, controle e organização do estoque de material odontológico, e auxílio e instrumentalização dos odontólogos. Essas atividades serão realizadas diariamente, no horário de funcionamento do TRE-PE, sob a orientação da sua Coordenadora de Atenção à Saúde (parágrafo único da cláusula terceira do contrato). 113. De acordo com a Resolução TSE 22.447/2006 (peça 27, p. 2), o cargo de Técnico Judiciário, com especialidade em higiene dental, tem por atribuição executar atividades de higiene dental e de preparação do atendimento odontológico. Na descrição específica das atribuições desse profissional, foram elencadas as seguintes atividades: realizar a marcação de consultas e o preenchimento de fichas clínicas, mantendo em ordem o arquivo e o fichário; preparar o paciente para o atendimento odontológico e auxiliar o cirurgião-dentista nos atos cirúrgicos, procedendo à limpeza, à assepsia, ao isolamento do campo operatório e a remoção de suturas, bem como a instrumentação; manipular, inserir e condensar substâncias restauradoras; executar atividades de revelação e montagem de radiografia intraoral, seleção de moldeiras e confecção de modelos de gesso; proceder à aplicação de substâncias para a prevenção da cárie dental, realizando a profilaxia e orientando os pacientes sobre a higiene bucal; controlar prazos

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de validade e estoque de materiais destinados ao atendimento odontológico e organizar, controlar, limpar e esterilizar os instrumentos de trabalho; zelar pela conservação, preservação e manutenção do patrimônio, equipamentos e materiais de consumo em seu local de trabalho; acompanhar os serviços sob sua responsabilidade, propor alternativas e promover ações para o alcance dos objetivos da organização; executar atividades relacionadas com o planejamento operacional a execução e o monitoramento de projetos, programas e planos de ação; executar atividades de forma integrada com as demais realizadas nas unidades do Tribunal, contribuindo para o desenvolvimento das equipes de trabalho; operar os equipamentos disponíveis e os sistemas e recursos informatizados, na execução de suas atividades; e executar qualquer outra atividade que, por sua natureza, esteja inserida no âmbito de suas atribuições.114. Sobre a complexidade das tarefas, a resolução dispõe que as atividades do cargo são frequentemente rotineiras, mas diversificadas e eventualmente complexas, demandando planejamento das ações, sempre sob a supervisão do cirurgião-dentista. A escolaridade exigida para o cargo é o segundo grau completo, com formação especializada em higiene dental e registro no Conselho Regional da categoria.115. Comparando as atividades de rotina executadas pelos auxiliares de saúde bucal, descritas no contrato 30/2013, com as atividades atribuídas ao Técnico Judiciário com especialidade em higiene dental, verifica-se que o TRE-PE está contratando profissionais, por meio de locação de mão de obra, para realizar atividades que são atribuições desse cargo do seu quadro de pessoal, o que caracteriza contratação indireta de pessoal para o desempenho de atividade inerente à categoria funcional de servidor do quadro de pessoal do órgão, em desrespeito ao art. 37, inciso II, da Constituição Federal e aos princípios da legalidade, impessoalidade e moralidade, também expressos na Carta Magna. Em 2010, os profissionais contratados eram denominados ‘Atendentes de Consultório Dental’, atualmente são ‘Auxiliares de Saúde Bucal’.116. O Decreto 2.271/1997, que trata da contratação de serviços pela Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional, no art. 1º, § 2º, dispõe que as atividades inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo plano de cargos do órgão ou entidade não poderão ser objeto de execução indireta, salvo expressa disposição legal em contrário ou quando se tratar de cargo extinto, total ou parcialmente, no âmbito do quadro geral de pessoal.117. Do exposto, conclui-se que os dois contratos são irregulares: o 34/2006, vigente em 2010, referente à contratação de auxiliares de consultório dentário, e o 030/2013, referente à contratação de auxiliares de saúde bucal, atualmente vigente e que deve ser rescindido, por caracterizar uma contratação indireta de pessoal para o desempenho de atividade inerente à categoria funcional de servidor do quadro de pessoal do órgão, no caso, de técnico judiciário com especialidade em higiene dental, em desrespeito ao art. 37, inciso II, da Constituição Federal e aos princípios da legalidade, impessoalidade e moralidade também previstos na Carta Magna. (...) 118. Como o contrato 030/2013 foi celebrado em 2013, não há reflexos nas contas de 2010. Dessa forma, propõe-se para essa irregularidade que seja constituído um processo apartado com vistas a promover a oitiva do TRE-PE e da empresa SOLL - Serviços, Obras e Locações Ltda., para que se manifestem acerca dos fatos aqui descritos que podem resultar em decisão do TCU no sentido de rescindir o contrato 030/2013, em razão de caracterizar uma contratação indireta de pessoal para o desempenho de atividade inerente à categoria funcional de servidor do quadro de pessoal do órgão, no caso, de técnico judiciário com especialidade em higiene dental, em desrespeito ao art. 37, inciso II, da Constituição Federal e aos princípios da legalidade, impessoalidade e moralidade, também expressos na Carta Magna referente à contratação de auxiliares. 119. Propõe-se também que seja dada ciência àquele tribunal de que as atividades inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo plano de cargos do órgão não podem ser objeto de execução indireta, conforme dispõe o art. 1º, § 2º, do Decreto 2.271/1997, e que a contratação de

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serviços que envolvam atividades inerentes às categorias funcionais do seu quadro de pessoal, como nos contratos 34/2006 e 030/2013, caracteriza contratação indireta de pessoal, sem aprovação prévia em concurso público, contrariando o art. 37, inciso II, da Constituição Federal. 120. O contrato 81/2008 (processo 122/2008) foi celebrado em 22/9/2008, e tem por objeto a prestação de serviços técnicos de operação de som em equipamentos do TRE-PE, através da disponibilidade de profissional dotado dos requisitos necessários para exercer as funções, de acordo com as condições e especificações contidas no Edital do Pregão 61/08-Eletrônico. Foi exigido que o profissional possuísse ensino médio completo e experiência comprovada pela participação em cursos ou pelo exercício da atividade, comprovado em carteira profissional (peça 28). Verifica-se que também nesse contrato o objeto definido com caracterização exclusiva de fornecimento de mão de obra.121. De acordo com o termo de referência da contratação, o profissional fica à disposição do contratante em carga horária de 44 horas semanais, obedecidos os horários estipulados pelo contratante, podendo, em caso de necessidade comprovada, nos períodos eleitorais, proceder-se à realização de horas suplementares, nos limites estabelecidos por lei (subitem 17.4, peça 28, p. 12). A vigência inicial desse contrato foi de doze meses, podendo prorrogar até sessenta meses. Sua vigência perdurou até setembro/2013, quando foi celebrado o contrato 40/13, cujo objeto é a prestação de serviços continuados de operação de áudio com locação de postos de trabalho vinculados à categoria de operador de som.122. Para os contratos de prestação de serviços acima mencionados, em que houve a caraterização exclusiva do seu objeto como fornecimento de mão de obra, propõe-se dar ciência ao TRE-PE de que é vedada a inclusão de disposições nos instrumentos contratuais que permitam a caracterização exclusiva do seu objeto como fornecimento de mão de obra, nos termos do art. 4º, inciso II, do Decreto 2.271/1997, a exemplo do que ocorreu nos contratos 19/2010, 32/2010, 34/2006, 81/2008 e 81/2009. 123. Entre os procedimentos licitatórios, de dispensa e de inexigibilidade de licitação, solicitados para análise durante a inspeção (item 5, letras ‘k’, ‘l’ e ‘r’), foi constatada irregularidade em três compras realizadas por meio de processo de inexigibilidade de licitação: processos administrativos 29/10, 33/10 e 228/2010, todos para aquisição do software Autodesk Revit Architecture Suite (peça 30).124. O processo 29/10 originou-se com o Memo 015/2010-SEOS/CEA, de 13/1/2010, do então chefe da Seção de Execução de Obras e Serviços da Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura do TRE-PE, Robson André Costa Lopes, que solicitou a aquisição de software Autodesk Revit Architecture Suite 2010 e Autocad 2010. Para essa aquisição, ele apresentou a seguinte justificativa (peça 30, p. 1):

‘1. Com o objetivo de nos mantermos atualizados em relação à tecnologia de parametrização para solução de projetos e desenhos, no tocante às ferramentas imprescindíveis para obras e serviços de arquitetura, solicito a aquisição de mais 01 licença do Software Autocado revit Architecture Suite 2010 e 01 licença do Software AutoCAD 2010, tendo em vista a promoção oferecida pelo StudioCAD Projetos e Apresentações Ltda., revendedor autorizado dos produtos Autodesk exclusivo no estado de Pernambuco....4. Esclarecemos que o valor da proposta promocional oferece uma redução de aproximadamente 60% no valor normal dos produtos, apresentando-se muito vantajosa para a administração. No entanto, vale salientar que, após a aquisição, faremos um upgrade dos referidos software para licença de rede e o Autocad 2010 para AutoCad Revit Architecture Suite 2010, licença de rede, mantendo-se ainda assim uma vantagem de 40% em relação ao preço original.’

125. No processo constam ainda um folheto da promoção da StudioCad, com os preços promocionais, e uma proposta de preços dessa empresa, de 13/1/2010, com os valores dos

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produtos, totalizando R$ 7.969,22, com o ‘de acordo’ do mencionado chefe da Seção de Execução de Obras e Serviços, em 20/1/2010. Também foi anexada ao processo uma declaração da Autodesk do Brasil Ltda., de 5/2/2009, com validade até dezembro/2009, na qual essa empresa declara que ‘a empresa Studio CAD Projetos e Apresentações Ltda. ... é a única revendedora credenciada e capacitada a vender produtos Autodesk na região Nordeste do Brasil’.126. A Assessoria Jurídica da Diretoria-Geral do órgão emitiu o Parecer 29/2010, em 20/1/2010, opinando pela possibilidade legal da contratação direta com fundamento no art. 25, inciso I, da Lei 8.666/1993, e informando que a referida declaração estava vencida. A declaração foi substituída por outra, com data de 4/4/2010, válida até dezembro/2010. O material foi adquirido em 11/2/2010 (Nota fiscal 001061, da Studiocad Projetos e Apresentações Ltda., no valor de R$ 7.969,22). Quando da aquisição da licença e emissão da nota fiscal e pagamento, as certidões negativas apresentadas pela StudioCad estavam vencidas e não constaram novas certidões no processo. 127. O processo 33/10 originou-se com o Ofício 022/2010-CEA/SEOS, de 25/1/2010, do mesmo chefe da Seção de Execução de Obras e Serviços da Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura do TRE-PE, que solicitou a aquisição de um conjunto de softwares AutoCAD Revit Architecture Suite 2010. A justificativa para essa nova aquisição foi que os servidores da Seção exercem as funções de gestores técnicos e administrativos dos projetos, obras e serviços executados pela Coordenadoria, o que implicaria em qualificação e atualização constantes a fim de desenvolverem suas tarefas com conhecimento e segurança, haja vista o desenvolvimento da capacidade de construir informações modelando e entendendo as ferramentas paramétricas para o desenho de Arquitetura (peça 30, p. 11).128. Foi anexada ao ofício acima a proposta de preços da mesma empresa Studio CAD, de 14/1/2010, em resposta à consulta do mencionado chefe da Seção de Execução de Obras e Serviços, com indicação de onze softwares, no valor total de R$ 35.033,60. A mesma declaração da Autodesk do Brasil Ltda. foi anexada, válida até dezembro/2010. Constou ainda o Parecer 47/10, de 28/1/2010, da Assessoria Jurídica da Diretoria-Geral, opinando pela possibilidade legal da contratação direta com fundamento no art. 25, inciso I, da Lei 8.666/1993 (peça 30, p. 17-18). O material foi adquirido em 3/3/2010 (Nota Fiscal 001181, da Studiocad Projetos e Apresentações Ltda., no valor de R$ 35.033,60).129. O processo 228/2010 foi originado a partir do Memo 082/2010-COINF, de 15/7/2010, da Secretaria de Tecnologia da Informação do TRE-PE, dirigido à então Diretora-Geral do órgão, tendo por objetivo atender solicitação da Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura, conforme Ofício 221/2010-CEA/SEOS, de 1/7/2010, emitido pelo mesmo chefe da Seção de Execução de Obras e Serviços daquela Coordenadoria, com uma solicitação de aquisição de um conjunto de softwares Revit Architecture Suite 2011 (peça 30, p. 26). As justificativas para essa aquisição foram as mesmas dos processos anteriores e também constou no processo uma proposta de preços da empresa Studio Cad Projetos e Apresentações Ltda., que seria ‘revendedor e centro de treinamento autorizado dos produtos Autodesk no nordeste’. Essa proposta, com data de 30/6/2010 e validade até 14/7/2010, referia-se a cinco softwares AutoCAD Revit Architecture Suite, no valor total de R$ 16.155,40. A mesma declaração da Autodesk do Brasil Ltda. também foi anexada (peça 30, p. 24-25). Para essa aquisição, foi emitido o Parecer 397/2010, de 23/7/2010, da Assessoria Jurídica da Diretoria-Geral, opinando pela possibilidade legal da contratação da Studio CAD por meio de inexigibilidade de licitação, com fundamento no art. 25, inciso I da Lei 8.666/1993.130. Devido à demora na tramitação do processo, a validade da proposta expirou e a empresa não aceitou revalidá-la, conforme mensagem eletrônica datada de 12/8/2010 (peça 30, p. 33). Em 17/8/2010, por meio do Memo 294/2010, novamente o chefe da Seção de Execução de Obras e Serviços da Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura emitiu outra solicitação para aquisição daqueles softwares e anexou nova proposta da empresa Studio Cad, no valor de R$ 18.539,61 e

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validade até 25/8/2010, com acréscimo de R$ 2.384,20 com relação à anterior. Segundo ele, esse preço era muito vantajoso porque o preço de mercado dos referidos produtos seria de R$ 28.799,21 (peça 30, p. 35). A Assessoria Jurídica da Diretoria-Geral emitiu novo parecer, de 18/8/2010, opinando novamente pela possibilidade legal da contratação daquela empresa por meio de inexigibilidade de licitação, com fundamento no art. 25, inciso I, da Lei 8.666/1993. O produto foi adquirido em 1º/9/2010, pelo valor de R$ 18.539,60.131. Constatou-se nesses processos que a compra por inexigibilidade de licitação foi irregular. A exclusividade do fornecimento do produto não foi comprovada em nenhum deles, pois não foi apresentado atestado de exclusividade fornecido pelo órgão de registro do comércio local, no caso, a Junta Comercial do Estado de Pernambuco (Jucepe), conforme dispõe o inciso I do art. 25 da Lei 8.666/1993. A declaração anexada no processo da empresa Autodesk do Brasil Ltda. não era de exclusividade de fornecimento dos produtos pela Studio CAD Projetos e Apresentações Ltda., mas de credenciamento e capacidade para vender os produtos no Nordeste. 132. O próprio solicitante dos produtos, Sr. Robson André Costa Lopes, informou que existiam outros fornecedores ao afirmar, no processo 228/2010, que o preço de mercado dos referidos produtos seria maior do que o que a empresa estava cotando, ou seja, se havia outro preço no mercado, a Studio Cad não poderia ser fornecedora exclusiva do produto. Os processos também não contêm a razão da escolha do fornecedor e a justificativa do preço, elementos exigidos pelo art. 26, parágrafo único, inciso II e III, da Lei 8.666/1993. Nos três processos havia apenas a proposta de preços da empresa Studio Cad. 133. Por meio desses processos, o TRE-PE adquiriu um conjunto de softwares Revit Architecture Suite 2010 (treze softwares no valor total de R$ 43.002,82), em março/2010, e três meses depois, em 1/7/2010, o chefe da Seção de Execução de Obras e Serviços solicitou a aquisição de um conjunto de softwares Revit Architecture Suite 2011 (cinco softwares no valor total de R$ 18.539,60), conforme Ofício 221/2010-CEA/SEOS, de 1/7/2010. 134. Para justificar essas aquisições, o requisitante alegou a necessidade de manter o pessoal da Seção ‘atualizado em relação à tecnologia de parametrização para solução de projetos e desenhos, no tocante às ferramentas imprescindíveis para obras e serviços de arquitetura’, sem comprovar essa necessidade e sem justificar a realização da despesa. Atualmente, o quadro de pessoal de TRE-PE dispõe de um cargo de analista judiciário, com especialidade em arquitetura, e de dois cargos de analistas judiciários, com especialidade em engenharia, e as obras e serviços de arquitetura são normalmente contratadas com terceiros, portanto, não justifica a quantidade de softwares adquiridos e o curto período de tempo entre as aquisições dos mesmos softwares na versão de 2010 e de 2011. Atualmente, na Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura do TRE-PE não há mais a Seção de Execução de Obras e Serviços, mas duas seções, a Seção de Engenharia e a Seção de Arquitetura. 135. A Lei 9.784/1999, ao estabelecer normas básicas sobre o processo administrativo no âmbito da Administração Federal direta e indireta, em seu art. 2º, impõe obediência, dentre outros, aos princípios da legalidade, da motivação e da razoabilidade, que não foram obedecidos nos processos de compras 29/10, 33/10 e 228/2010. Assim, para as irregularidades constatadas nesses processos, propõe-se dar ciência ao TRE-PE de que:

a) é irregular a aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros por inexigibilidade de licitação fundamentada no inciso I do art. 25 da Lei 8.666/1993, sem a comprovação da exclusividade do fornecimento através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio local, no caso de Pernambuco, pela Junta Comercial do Estado de Pernambuco (Jucepe), a exemplo do que ocorreu nos processos 29/10, 33/10 e 228/2010, para aquisição de softwares Autodesk, que não continham declaração de exclusividade de fornecimento do produto emitida pela Jucepe para a empresa Studio Cad Projetos e Apresentações Ltda.;

b) a ausência de motivação e justificativa para a realização de compras atenta contra os princípios da legalidade, da motivação e da razoabilidade, com infringência do art. 2º da Lei

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9.784/1999, e a instrução de processo administrativo de inexigibilidade exige a indicação da razão da escolha do fornecedor e a justificativa do preço contratado, conforme art. 26, parágrafo único, incisos II e III, da Lei 8.666/1993, elementos esses que não foram apresentados nos processos de inexigibilidade de licitação 29/10, 33/10 e 228/2010, para aquisição de softwares Autodesk.CONCLUSÃO136. A avaliação da gestão do TRE-PE do exercício de 2010 ficou prejudicada ante a falta de informações sobre a execução física das ações orçamentárias, a análise dessa execução e avaliação sobre o cumprimento das metas físicas programadas, bem como em razão da ausência das análises sobre a gestão, por parte do próprio gestor e da Secretaria de Controle Interno, fatos esses que não permitiram a formação de opinião sobre a gestão dos responsáveis pelo órgão, no exercício de 2010. As falhas e irregularidades constatadas durante a inspeção, em alguns processos de compras e contratações realizadas pelo Tribunal e na gestão de Restos a Pagar naquele exercício, bem como a falta de informações no Relatório de Gestão comprometeram o julgamento pela regularidade plena, por outro lado, o volume de recursos analisados durante a inspeção é pouco significativo em relação ao montante gerido pelos responsáveis naquele exercício, e as falhas e irregularidades constatadas não se revestem de materialidade suficiente para ensejar o julgamento pela irregularidade das presentes contas.137. De acordo com o Regimento Interno do TRE-PE, compete ao Presidente, dentre outras atribuições, supervisionar os serviços administrativos e jurisdicionais daquele Tribunal e de todas as zonas eleitorais do estado, transmitindo aos respectivos juízes e servidores as necessárias instruções; delegar competência ao diretor-geral da secretaria, em matéria administrativa; e autorizar a realização de licitações para compras, obras e serviços, aprová-las, revogá-las, desaprová-las ou anulá-las, podendo dispensá-las nos casos previstos em lei (art. 24, incisos XIII, XXVII e XLI, da Resolução TRE-PE 120, de 11/3/2009). 138. Segundo o Regimento Interno da Secretaria do TRE-PE, vigente em 2010, era atribuição da Secretaria de Orçamento e Finanças planejar, coordenar, orientar e dirigir as atividades desempenhadas pelas Coordenadorias de Orçamento e Financeira, sendo competência do Secretário de Orçamento e Finanças examinar a regularidade e aprovar os atos executados pelas unidades sob a sua direção, relativos ao controle e execução orçamentária e financeira em suas diversas fases; assinar empenhos, ordens bancárias e demais documentos orçamentários e financeiros na qualidade de corresponsável junto ao Ordenador da Despesa perante o Tesouro Nacional (artigos 24 e 76, incisos I e V, da Resolução TRE-PE 1, de 8/2/1995). Essa Resolução TRE-PE 1/1995 foi revogada pela 205/2013, que é o atual Regulamento Administrativo do TRE-PE.139. A natureza de responsabilidade do então Secretário de Orçamentos e Finanças do TRE-PE, Sr. Robson Costa Rodrigues, registrada no rol de responsáveis incluído no presente processo, era de ordenador de despesa por delegação de competência (peça 3, p. 3). 140. Considerando a análise apresentada nessa instrução e tendo em vista a presunção de responsabilidade do ordenador de despesas pelas impropriedades ou irregularidades ocorridas durante a sua gestão, propõe-se julgar regulares com ressalva as contas dos responsáveis Srs. Roberto Ferreira Lins (CPF 102.449.564-72), Presidente do TRE-PE, dirigente máximo da unidade jurisdicionada, e Robson Costa Rodrigues (CPF 057.220.628-39), Secretário de Orçamento e Finanças e ordenador de despesa por delegação de competência, no período de gestão de 1º/1/2010 a 31/12/2010, dando-lhes quitação, nos termos dos artigos 16, inciso II, e 18 da Lei 8.443/1992, c/c o artigo 208 do Regimento Interno do TCU, em face da ausência de informações obrigatórias do Relatório de Gestão e das impropriedades/faltas verificadas em sua gestão (itens 8, 14-15, 19, 23, 26, 30, 38, 45-46, 50-54, 57, 66-71, 75-78, 80-81, 83, 86, 99-102, 104-105, 107, 109-114, 117-118 e 121-132).

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141. Em relação aos demais responsáveis, propõe-se julgar regular com quitação as contas do Sr. Silvio de Arruda Beltrão (CPF 003.029.614-53), Vice-Presidente do TRE-PE e substituto do dirigente, no período de gestão de 1º/1/2010 a 31/12/2010, e da Sra. Marília Gonçalves Berquo (CPF 375.493.164-49), Diretora Geral do órgão, no período de gestão de 29/7/2010 a 31/12/2010. Propõe-se ainda que sejam feitas as determinações e recomendações e se dê ciência das irregularidades ao TRE-PE, conforme itens 57, 71, 78, 82, 87, 95, 103, 116, 119 e 132.”

6. Diante do exposto, a proposta uniformemente apresentada no âmbito da Secex/PE (peças 31/33), acolhida pelo Ministério Público junto ao TCU, representado pelo Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin (peça 34), é no sentido de:

“a) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992 c/c os arts. 1º, inciso I, 207 e 214, inciso I, do Regimento Interno, que sejam julgadas regulares as contas dos responsáveis Silvio de Arruda Beltrão, Vice-Presidente do TRE-PE e substituto do dirigente, no período de gestão de 1º/1/2010 a 31/12/2010, e Marília Gonçalves Berquo, Diretora Geral do órgão, no período de gestão de 29/7/2010 a 31/12/2010, dando-lhes quitação plena;

b) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/1992, c/c os arts. 1º, inciso I, 208 e 214, inciso II, do Regimento Interno, que sejam julgadas regulares com ressalva as contas dos responsáveis Roberto Ferreira Lins, Presidente do TRE/PE, dirigente máximo da unidade jurisdicionada, e Robson Costa Rodrigues, Secretário de Orçamento e Finanças e ordenador de despesa por delegação de competência, no período de gestão de 1º/1/2010 a 31/12/2010, dando-lhes quitação, em face das impropriedades e falhas a seguir indicadas:

- ausência, no Relatório de Gestão, de informações especificadas na Decisão Normativa TCU 107/2010, sobre a execução física das ações orçamentárias, a análise dessa execução e avaliação sobre o cumprimento das metas físicas programadas, o registro dos contratos no Siasg e o cumprimento das obrigações relacionadas à entrega e ao tratamento das declarações de bens e rendas (Lei 8.730/1993);

- impropriedades na gestão de Restos a Pagar com a permanência de RP Processados e Não Processados por mais de um exercício financeiro sem razões e/ou circunstâncias que justifiquem essa permanência e a existência de registro de valores referentes a restos a pagar de exercícios anteriores a 2009, sem que sua vigência tenha sido prorrogada por Decreto;

- ressalvas do contador responsável de contas contábeis que apresentavam inconsistências;

- não realização de levantamentos físicos dos bens patrimoniais, na ocasião do inventário;

- extravio bens patrimoniais sem adoção de providências para a devida responsabilização;

- deficiência na gestão do patrimônio imobiliário do órgão, com apenas 60,24% dos bens imóveis de uso especial registrados no sistema SPIUnet, e inconsistência e não atualização dos dados nos sistemas de controle de bens patrimoniais;

- rol dos responsáveis em desacordo com o art. 10 da Instrução Normativa TCU 63/2010;

- servidores requisitados em desacordo com dispositivos da Lei 6.999/1982, da Resolução TSE 23.255/2010 e da Resolução CNJ 88/2009 e servidores cedidos a outros órgãos sem amparo legal;

- contratação de serviços que não atendem ao interesse público; - contratação de serviços com características exclusiva de disponibilização de mão de

obra; - contratação indireta de pessoal para o desempenho de atividade inerente à categoria

funcional de servidor do quadro de pessoal do órgão, em desrespeito ao art. 37, inciso II, da

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Constituição Federal e aos princípios da legalidade, impessoalidade e moralidade também previstos na Carta Magna

- compras por inexigibilidade de licitação fundamentadas no art. 25, inciso I, da Lei 8.666/1993, sem a comprovação da exclusividade de fornecimento do material adquirido pelo fornecedor contratado;

c) determinar ao Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco, com fundamento no art. 208, § 2º, do RI/TCU, que adote, no prazo de sessenta dias, as providências administrativas necessárias para:

c.1) a apuração das responsabilidades pelos bens extraviados relacionados na peça 21 e o consequente ressarcimento ao erário dos valores dos bens pelos agentes responsáveis identificados;

c.2) o controle de bens patrimoniais do órgão, com a realização de inventário anual por meio de levantamentos físicos dos bens inventariados, de modo a manter atualizados os registros analíticos de todos os bens, sua localização e agentes responsáveis pela sua guarda e utilização, e garantir a fidedignidade dos seus registros contábeis, em atendimento aos arts. 94, 95 e 96 da Lei 4.320/1964, bem como para prevenir a ocorrência de extravio de bens;

c.3) informe ao TCU, no prazo de noventa dias, as providências adotadas para o cumprimento das determinações elencadas acima, encaminhando cópia dos respectivos atos administrativos expedidos para a implementação das medidas;

d) recomendar ao TRE-PE que:d.1) adote mecanismos de controle sobre as inscrições e reinscrições de saldos de empenho

em restos a pagar de exercícios anteriores ao exercício de inscrição, de forma a não permitir a permanência de saldos remanescentes de notas de empenho quando não houver mais direitos efetivos aos respectivos credores;

d.2) providencie a regularização dos registros dos bens imóveis de propriedade da União sob a sua responsabilidade no Sistema SPIUnet;

e) dar ciência ao TRE-PE das seguintes ocorrências:e.1) o rol de responsáveis apresentado no processo de contas do órgão deve conter apenas

os titulares e seus substitutos que desempenha as seguintes naturezas de responsabilidade: dirigente máximo da unidade jurisdicionada; membro de diretoria ou ocupante de cargo de direção no nível de hierarquia imediatamente inferior e sucessivo ao do dirigente máximo; e membro de órgão colegiado que, por definição legal, regimental ou estatutária, seja responsável por ato de gestão que possa causar impacto na economicidade, eficiência e eficácia da gestão da unidade, conforme dispõe o art. 10 da IN TCU 63/2010;

e.2) as atividades inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo plano de cargos do órgão não podem ser objeto de execução indireta, conforme dispõe o art. 1º, § 2º, do Decreto 2.271/1997, e a contratação de serviços que envolvam atividades inerentes às categorias funcionais do seu quadro de pessoal, a exemplo do que ocorreu nos contratos 34/2006 e 030/2013, caracteriza contratação indireta de pessoal, sem aprovação prévia em concurso público, contrariando o art. 37, inciso II, da Constituição Federal;

e.3) é vedada a inclusão de disposições nos instrumentos contratuais que permitam a caracterização exclusiva do seu objeto como fornecimento de mão de obra, nos termos do art. 4º, inciso II, do Decreto 2.271/1997, a exemplo dos contratos 19/2010, 32/2010, 34/2006, 81/2008 e 81/2009;

e.4) é irregular a aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros por inexigibilidade de licitação fundamentada no inciso I do art. 25 da Lei 8.666/1993, sem a comprovação da exclusividade do fornecimento através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio local, no caso de Pernambuco, pela Junta Comercial do Estado de Pernambuco (Jucepe), a exemplo do que ocorreu nos processos 29/10, 33/10 e 228/2010, para aquisição de softwares

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Autodesk, que não continham declaração de exclusividade de fornecimento do produto pela empresa Studio Cad Projetos e Apresentações Ltda., emitida pela Jucepe;

e.5) a realização de compras sem motivação e justificativa atenta contra os princípios da legalidade, da motivação e da razoabilidade, com infringência do art. 2º da Lei 9.784/1999, e a instrução de processo administrativo de inexigibilidade sem a indicação da razão da escolha do fornecedor e a justificativa do preço contratado, a exemplo do que ocorreu nos processos de inexigibilidade de licitação 29/10, 33/10 e 228/2010, afronta o art. 26, parágrafo único, incisos II e III, da Lei 8.666/1993;

f) que seja constituído processo apartado, sob a natureza de Representação, com fundamento no art. 43 da Resolução TCU 259/2014, mediante cópia desta instrução e das peças 24, 26 e 27 deste processo, para exame das irregularidades constatadas nos contratos 19/2010 e 030/2013, com vistas a:

f.1) promover a oitiva do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco, por intermédio do seu Presidente, para que encaminhe a este Tribunal, no prazo de quinze dias a contar da ciência, os esclarecimentos pertinentes, relativos aos contratos 19/2010 e 030/2013, em face dos seguintes indícios de irregularidades identificados durante inspeção realizada no órgão, que podem resultar em determinação desta Corte para que o TRE-PE promova a rescisão dos referidos instrumentos, devendo o órgão manifestar-se, desde já, considerada essa hipótese, sobre a adequação da medida que pode vir a ser determinada e o prazo necessário para seu cumprimento, tudo com as devidas justificativas:

- contrato 19/2010: a contratação de prestação de serviços de manobristas, para a disponibilização de estacionamento para os veículos de autoridades e de todos os servidores das unidades do órgão, dos inativos, de prestadores de serviços e de veículos de carga, realizada sem prévio planejamento e não justificada, não atendendo aos princípios da motivação, da razoabilidade e da eficiência, conforme o art. 2º da Lei 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal;

- contrato 030/2013: a contratação de auxiliares de saúde bucal para o desempenho de atividade inerente à categoria funcional de servidor do quadro de pessoal do órgão, no caso, de técnico judiciário com especialidade em higiene dental, caracteriza contratação indireta de pessoal sem realização de concurso público, em desrespeito ao art. 37, inciso II, da Constituição Federal e aos princípios da legalidade, impessoalidade e moralidade também previstos na Carta Magna.

f.2) realizar a oitiva da empresa Hister Higienização e Serviços Terceirizados Ltda., para que, caso queira, apresente a este Tribunal, no prazo de quinze dias a contar da ciência, os esclarecimentos pertinentes em face dos indícios de irregularidades identificados no contrato 19/2010, referente à contratação de serviços de manobristas, para a disponibilização de estacionamento para os veículos de autoridades e de todos os servidores das unidades do órgão, dos inativos, de prestadores de serviços e de veículos de carga, contratação essa realizada sem planejamento e não justificada pela Administração do TRE-PE, que não atendeu aos princípios da motivação, da razoabilidade e da eficiência, conforme o art. 2º da Lei 9.784/1999, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal; alertar a empresa de que o TCU poderá vir a determinar ao TRE-PE que promova a rescisão desse contrato;

f.3) realizar a oitiva da empresa SOLL - Serviços, Obras e Locações Ltda. para que, caso queira, apresente a este Tribunal, no prazo de quinze dias a contar da ciência, os esclarecimentos pertinentes em face dos indícios de irregularidades identificados no contrato 030/2013, referente à contratação de auxiliares de saúde bucal para o desempenho de atividade inerente à categoria funcional de servidor do quadro de pessoal do órgão, no caso, de técnico judiciário com especialidade em higiene dental, caracterizando contratação indireta de pessoal sem realização de concurso público, em desrespeito ao art. 37, inciso II, da Constituição Federal e aos princípios da

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legalidade, impessoalidade e moralidade também previstos na Carta Magna; alertar a empresa de que o Tribunal poderá vir a determinar ao TRE-PE que promova a rescisão desse contrato;

g) que a Diretoria de Normas e Gestão de Contas da Secretaria de Apoio à Gestão do Controle Externo (Segest) da Secretaria-Geral de Controle Externo do TCU avalie a conveniência e oportunidade de, ao elaborar a norma que definirá o conteúdo dos próximos relatórios de gestão anual, solicitar dos tribunais regionais eleitorais as informações sobre a distribuição dos recursos do Fundo Partidário aos diretórios regionais e municipais (quadro B.1.9 da Portaria TCU 175/2013), relativas ao ano anterior ao de referência do relatório, a exemplo do que ocorre com as informações sobre as prestações de contas dos diretórios estaduais dos partidos políticos (quadros B.1.10 a B.1.12 da mesma portaria), considerando que aqueles dados relativos ao exercício de referência do relatório de gestão podem não estar disponibilizados em tempo hábil para nele serem incluídos, a exemplo do que acontece no TRE-PE.”

É o Relatório.

PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO

Em exame a Prestação de Contas do Tribunal Regional Eleitoral em Pernambuco referente ao exercício de 2010.2. Ao analisar o feito, a Secretaria de Controle Externo em Pernambuco enfocou a conformidade das peças integrantes dos autos com o disposto nas Decisões Normativas 107/2010 e 110/2010 do TCU, e examinou a regularidade de contratos de prestação de serviços e aquisições de materiais celebrados por meio de dispensa e inexigibilidade de licitação. 3. Após realizar inspeção no órgão, a Unidade Técnica consignou as seguintes ocorrências:

a) ausência, no Relatório de Gestão, de informações especificadas na Decisão Normativa TCU 107/2010, sobre a execução física das ações orçamentárias, a análise dessa execução e avaliação sobre o cumprimento das metas físicas programadas, o registro dos contratos no Siasg e o cumprimento das obrigações relacionadas à entrega e ao tratamento das declarações de bens e rendas (Lei 8.730/1993);

b) impropriedades na gestão de Restos a Pagar, com a permanência de RP Processados e Não Processados por mais de um exercício financeiro, sem razões e/ou circunstâncias que justifiquem essa permanência, e registro de valores referentes a restos a pagar de exercícios anteriores a 2009, sem que sua vigência tenha sido prorrogada por Decreto;

c) inconsistências de contas contábeis apontadas pelo contador responsável; d) não realização de levantamento físico dos bens patrimoniais por ocasião do inventário;e) extravio bens patrimoniais sem adoção de providências para a devida responsabilização;f) deficiência na gestão do patrimônio imobiliário do órgão, com apenas 60,24% dos bens

imóveis de uso especial registrados no sistema SPIUnet, inconsistência e não atualização dos dados nos sistemas de controle de bens patrimoniais;

g) rol dos responsáveis em desacordo com o art. 10 da Instrução Normativa TCU 63/2010;h) servidores requisitados em desacordo com dispositivos da Lei 6.999/1982, da Resolução

TSE 23.255/2010 e da Resolução CNJ 88/2009 e servidores cedidos a outros órgãos sem amparo legal;i) contratação de serviços sem planejamento e demonstração do interesse público; j) contratação de serviços com características exclusiva de disponibilização de mão de

obra; k) contratação indireta de pessoal para o desempenho de atividade inerente à categoria

funcional de servidor do quadro de pessoal do órgão, em desrespeito ao art. 37, inciso II, da Constituição Federal e aos princípios da legalidade, impessoalidade e moralidade também previstos na Carta Magna

l) compras por inexigibilidade de licitação fundamentadas no art. 25, inciso I, da Lei 8.666/1993, sem a comprovação da exclusividade de fornecimento do material adquirido pelo fornecedor contratado.

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4. Especificamente no que diz respeito à existência de servidores requisitados em situação irregular (alínea h), registro que o grande número de servidores requisitados pela Justiça Eleitoral em decorrência da insuficiência de seu quadro funcional e da sazonalidade de suas atividades é fonte de diversos problemas já relatados em julgados desta Corte de Contas ao longo das duas últimas décadas. 5. Na auditoria versada no TC 014.770/2009-9, no qual atuei como Relator, foi proferido o Acórdão 199/2011 – Plenário, pelo qual, entre outras providências, determinou-se a todos os Tribunais Regionais Eleitorais que encaminhassem ao TCU, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, plano de ação que contemplasse a devolução aos órgãos de origem dos servidores cujas requisições contrariassem os arts. 2º, 3º, e 4º da Lei 6.999/1982, bem como a adequação do percentual de serventuários requisitados ou cedidos de outros órgãos às disposições do art. 3º da Resolução do Conselho Nacional de Justiça 88/2009. 6. No TC-007.679/2010-6, foi proferido o Acórdão 2.070/2012 – Plenário, pelo qual, entre outras providências, decidiu-se de ofício prorrogar o termo inicial do prazo fixado no Acórdão 199/2011 – Plenário para remessa, ao Tribunal, do plano de ação para regularizar a situação dos servidores cedidos, de modo que ele passasse a ser contado a partir de 16/11/2012, último dia para a proclamação dos candidatos eleitos, segundo o cronograma estabelecido pelo Tribunal Superior Eleitoral.7. No âmbito do acompanhamento efetuado por este Tribunal acerca do cumprimento das determinações contidas no Acórdão 199/2011 – Plenário, foi prolatado o Acórdão 1.229/2014 – Plenário, no qual restou decidido que o tema da requisição dos servidores deverá ser abordado no âmbito das contas dos órgãos regionais da justiça eleitoral relativas ao exercício de 2014.8. Em relação às demais falhas, acompanho o entendimento da Unidade Técnica e do Ministério Público junto ao TCU de que elas não se revestem de materialidade suficiente para ensejar o julgamento pela irregularidade das contas dos Responsáveis, destacando-se que o volume de recursos analisados durante a inspeção é pouco significativo em relação ao montante gerido naquele exercício.9. As atribuições do Sr. Roberto Ferreira Lins, presidente do Órgão, compreendiam a supervisão dos serviços administrativos e jurisdicionais daquele Tribunal e de todas as zonas eleitorais do estado e a transmissão de instruções os respectivos juízes e servidores, a delegação de competência ao diretor-geral da secretaria em matéria administrativa e a autorização da realização de licitações para compras, obras e serviços, e a respectiva aprovação, revogação, desaprovação, anulação e dispensa nos casos previstos em lei, de acordo com o art. 24, incisos XIII, XXVII e XLI, da Resolução TRE/PE 120/2009.10. O Sr. Robson Costa Rodrigues, Secretário de Orçamento e Finanças, era incumbido de examinar a regularidade e aprovar os atos executados pelas unidades sob a sua direção, relativos ao controle e execução orçamentária e financeira em suas diversas fases; assinar empenhos, ordens bancárias e demais documentos orçamentários e financeiros na qualidade de corresponsável junto ao Ordenador da Despesa perante o Tesouro Nacional, conforme previsto nos artigos 24 e 76, incisos I e V, da Resolução TRE-PE 1/1995, revogada pelo atual Regulamento Administrativo aprovado pela Resolução 205/2013.11. Assim, as contas dos mencionados responsáveis devem ser julgadas regulares com ressalva, dando-se-lhes quitação, sem prejuízo de fazer as determinações pertinentes ao órgão no que diz respeito às ocorrências relacionadas nas alíneas d e e do item 3 supra, e também às falhas listadas nas alíneas b e f, em relação as quais foi proposta a expedição de recomendação. 12. Quanto aos temas suscitados nas alíneas i e k, vale anotar que o juízo sobre a mantença ou rescisão dos contratos 19/2010 e 30/2013 requer a constituição de processo apartado para o exame das respectivas irregularidades (contratação de prestação de serviços de manobrista sem prévio planejamento e justificativa, desatendendo aos princípios da motivação, da razoabilidade e da eficiência, conforme o art. 2º da Lei 9.784/1999; e contratação de auxiliares de saúde bucal para o desempenho de atividade inerente à categoria funcional de servidor do quadro de pessoal do órgão, sem realização de concurso público, em desrespeito ao art. 37, inciso II, da Constituição Federal).

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13. Os outros agentes nominados no rol de responsáveis devem ter suas contas julgadas regulares, com quitação plena.14. Por fim, cabe submeter ao exame da Secretaria-Geral de Controle Externo do TCU, por intermédio da Diretoria de Normas e Gestão de Contas da Secretaria de Apoio à Gestão do Controle Externo – Segest, a dúvida sobre a viabilidade de se solicitar dos tribunais regionais eleitorais as informações sobre a distribuição dos recursos do Fundo Partidário aos diretórios regionais e municipais relativas ao ano anterior ao de referência do relatório de gestão (quadro B.1.9 da Portaria TCU 175/2013), considerando a alegação do TRE/PE de que os referidos dados não estão disponíveis em tempo hábil para serem incluídos no referido relatório.

Ante o exposto, manifesto-me por que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto a este Colegiado.

TCU, Sala das Sessões, em 21 de julho de 2015.

MARCOS BEMQUERER COSTA Relator

ACÓRDÃO Nº 3785/2015 – TCU – 2ª Câmara

1. Processo TC 029.461/2011-1.2. Grupo: I – Classe de Assunto: II – Prestação de Contas. 3. Responsáveis: Roberto Ferreira Lins (CPF 102.449.564-72), Silvio de Arruda Beltrão (CPF 003.029.614-53), Robson Costa Rodrigues (CPF 057.220.628-39) e Marília Gonçalves Berquo (CPF 375.493.164-49).4. Órgão: Tribunal Regional Eleitoral em Pernambuco – TRE/PE.5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.6. Representante do Ministério Público: Procurador-Geral Paulo Soares Bugarin. 7. Unidade: Secretaria de Controle Externo em Pernambuco – Secex/PE.8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Prestação de Contas do Tribunal Regional Eleitoral em Pernambuco referente ao exercício de 2010.ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 2ª Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. julgar regulares as contas do Sr. Silvio de Arruda Beltrão e da Sra. Marília Gonçalves Berquo, dando-lhes quitação plena, com fundamento no arts. 1º, inciso I, 16, inciso I, 17 e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992;

9.2. julgar regulares com ressalva as contas dos Srs. Roberto Ferreira Lins e Robson Costa Rodrigues, dando-lhes quitação, com fundamento no arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/1992;

9.3. determinar ao Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco, com fundamento no art. 208, § 2º, do RI/TCU, que:

9.3.1. adote, no prazo de 60 (sessenta dias) a contar da notificação deste Acórdão, as providências administrativas necessárias para:

9.3.1.1. a apuração das responsabilidades pelos bens extraviados relacionados na peça 21 e o consequente ressarcimento ao erário dos valores dos bens pelos agentes responsáveis identificados, observando-se o direito dos agentes envolvidos ao contraditório e à ampla defesa;

9.3.1.2. o controle de bens patrimoniais do órgão, com a realização de inventário anual por meio de levantamento físico dos bens inventariados, de modo a manter atualizados os registros analíticos de todos os bens, sua localização e agentes responsáveis pela sua guarda e utilização, e

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garantir a fidedignidade dos seus registros contábeis, em atendimento aos arts. 94, 95 e 96 da Lei 4.320/1964, bem como para prevenir a ocorrência de extravio de bens; 9.3.1.3. o controle sobre as inscrições e reinscrições de saldos de empenho em restos a pagar de exercícios anteriores, de forma a não permitir a permanência de saldo remanescente de nota de empenho quando não houver mais direito efetivo por parte do respectivo credor;

9.3.1.4. a regularização dos registros dos bens imóveis de propriedade da União sob a sua responsabilidade no Sistema SPIUnet;

9.3.2. informe ao TCU, no prazo de noventa dias a contar da notificação deste Acórdão, as providências adotadas para o cumprimento das determinações elencadas no subitem 9.3.1, encaminhando cópia dos atos administrativos referentes à implementação das medidas;

9.4. dar ciência ao TRE/PE das seguintes ocorrências:9.4.1. o rol de responsáveis apresentado no processo de contas deve discriminar os

seguintes agentes, titulares e substitutos: dirigente máximo da unidade jurisdicionada, membro de diretoria ou ocupante de cargo de direção no nível de hierarquia imediatamente inferior e sucessivo ao do dirigente máximo e membro de órgão colegiado que, por definição legal, regimental ou estatutária, seja responsável por ato de gestão que possa causar impacto na economicidade, eficiência e eficácia da gestão da unidade, conforme dispõe o art. 10 da IN TCU 63/2010;

9.4.2. as atividades inerentes às categorias funcionais abrangidas pelo plano de cargos do órgão não podem ser objeto de execução indireta, conforme dispõe o art. 1º, § 2º, do Decreto 2.271/1997;

9.4.3. a contratação de serviços que envolvem atividades inerentes às categorias funcionais do seu quadro de pessoal, a exemplo do que ocorreu nos Contratos 34/2006 e 30/2013, caracteriza contratação indireta de pessoal, sem aprovação prévia em concurso público, contrariando o art. 37, inciso II, da Constituição Federal;

9.4.4. é vedada a inclusão, nos instrumentos contratuais, de disposições que caracterizem o seu objeto exclusivamente como fornecimento de mão de obra, nos termos do art. 4º, inciso II, do Decreto 2.271/1997, a exemplo dos Contratos 19/2010, 32/2010, 34/2006, 81/2008 e 81/2009;

9.4.5. é irregular a aquisição de materiais, equipamentos ou gêneros por inexigibilidade de licitação fundamentada no art. 25, inciso I, da Lei 8.666/1993, sem a comprovação da exclusividade do fornecimento mediante atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio local, no caso pela Junta Comercial do Estado de Pernambuco (Jucepe), a exemplo do que ocorreu nos processos 29/10, 33/10 e 228/2010, para aquisição de softwares Autodesk;

9.4.6. a realização de compras sem motivação e justificativa atenta contra os princípios da legalidade, da motivação e da razoabilidade, com infringência do art. 2º da Lei 9.784/1999;

9.4.7. a instrução de processo administrativo de inexigibilidade sem a indicação da razão da escolha do fornecedor e a justificativa do preço contratado, a exemplo do que ocorreu nos processos de inexigibilidade de licitação 29/10, 33/10 e 228/2010, afronta o art. 26, parágrafo único, incisos II e III, da Lei 8.666/1993;

9.5. determinar a constituição de processo apartado para exame das irregularidades constatadas nos Contratos 19/2010 e 030/2013, sob a natureza de Representação, com fundamento no art. 43 da Resolução TCU 259/2014, mediante extração de cópia das peças 24, 26, 27 e 31 deste processo, autorizando desde logo a oitiva do Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco e das empresas contratadas, alertando-os de que as irregularidades detectadas poderão resultar determinação desta Corte para que o TRE-PE promova a rescisão dos referidos instrumentos;

9.6. determinar que a Diretoria de Normas e Gestão de Contas da Secretaria de Apoio à Gestão do Controle Externo (Segest) da Secretaria-Geral de Controle Externo do TCU avalie a conveniência e oportunidade de, ao elaborar a norma que definirá o conteúdo dos próximos relatórios de gestão anual, solicitar dos tribunais regionais eleitorais as informações sobre a distribuição dos recursos do Fundo Partidário aos diretórios regionais e municipais (quadro B.1.9 da Portaria TCU 175/2013), relativas ao ano anterior ao de referência do relatório, a exemplo do que ocorre com as informações sobre as prestações de contas dos diretórios estaduais dos partidos políticos (quadros B.1.10 a B.1.12 da mesma portaria), considerando que aqueles dados relativos ao exercício de referência do relatório de gestão podem não estar disponibilizados em tempo hábil para nele serem incluídos, a exemplo do que acontece no TRE/PE.

10. Ata n° 24/2015 – 2ª Câmara.11. Data da Sessão: 21/7/2015 – Ordinária.

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12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-3785-24/15-2.13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Raimundo Carreiro (Presidente), Augusto Nardes e Vital do Rêgo.13.2. Ministro-Substituto convocado: André Luís de Carvalho.

13.3. Ministro-Substituto presente: Marcos Bemquerer Costa (Relator).

(Assinado Eletronicamente)RAIMUNDO CARREIRO

(Assinado Eletronicamente)MARCOS BEMQUERER COSTA

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA

Subprocuradora-Geral

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