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A cidade ideal para o futuro

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Diretor Responsável Fernando Salerno

Editor-chefeHélcio Costa

EditoraJanaína Coelho

Divisão de Revistas

A revista + São José é um produto editorial desenvolvido pela Divisão de Revistas de O VALE

São JoSéRedação

Reportagem: Daniela Borges e Renata Del Vecchio

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

Diagramação e Tratamento de Imagens: Daniel Fernandes

Publicidade

Diretor Comercial: José Tadeu Gobbi

Gerente Comercial: Priscilla Xavier

Assistentes Comerciais: Adriane Oliveira e Keli Rosemere

Executivos de Negócios: Marcia Candido, Maria Aparecida da Silva, Zilma Cardoso, Adriane Castro, Wolfgango Brandão, Maristela Cardozo e Paula Medeiros

Vendas Internas Supervisão: Andréia Branco

Vendedores: Caroline Melo, Jerusa Avanzini, Jediel Pereira, Debby Baldi, Natalia Espanhol, Yuri Santos e Barbara Frigi

Rua Santa Clara, 417 – Vila AdyannaCep: 12243-630 - São José dos Campos - SPTel: (12) 3909-3958 – 3909-3959

São Paulo

Gerente Comercial: Priscila Dutra

Assistente Comercial: Eliana Nogueira

Executivos de Negócios: Silvia Paixão e Paula Piglionico

Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 2373Jardim América - CEP: 01441-001 - São Paulo - SPTel: (11) 3546-0300 Fax: (11) 3546-0322

Taubaté

Sucursal

Executivos de Negócios: Claúdio Nogueira

Rua Uruguai, 94 - Jardim das Nações - CEP: 12030-220 - Taubaté - SP

Tel: (12) 9642.1389

Administração e Redação da Revista + São José

Rua Santa Clara, 417 – Vila Adyanna

Cep: 12243-630 - São José dos Campos - SP

Tel: (12) 3909-3909 Fax: 3959-3910

www.ovale.com.br

Circulação: A revista + São José circula encartada em O VALE na edição de 27/07/2013 nos exemplares de assinantes e venda avulsa nasbancas de 32 cidades das regiões do Vale do Paraíba, Serra da Man-tiqueira, Litoral Norte e Sul de Minas Gerais

Cidades: Aparecida, Caçapava, Cachoeira Paulista, Campos do Jordão, Canas, Caraguatatuba, Guaratinguetá, Igaratá,Ilhabela, Jacareí, Jambeiro, Lorena, Monteiro Lobato, Natividade da Serra, Paraibuna, Paraisópolis, Pindamonhangaba, Piquete, Potim, Queluz,Redenção da Serra, Roseira, Santa Branca, Santo Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí, São José dos Campos, São Luís do Paraitinga, São Sebastião, Taubaté, Tremembé, Ubatuba e Cunha.

Palavradoeditor

São José dos Campos

completa hoje 246 anos. De ponta a ponta, passado, presente e futuro se misturam em um contraste tra-çado ao longo de uma história curiosa de evolução.Metrópole detentora de tecnologias das mais mod-ernas, sede de DCTA, Inpe e Embraer, dona de um dos maiores PIBs do país e de instituições de ponta, seu maior bem é outro: sua GENTE, nascida aqui ou joseense de coração.E essa GENTE toda, 643.603 pessoas, segundo o IBGE, tem muito a dizer, a pedir, elogiar ou criticar. Por isso, nesta edição da revista + São José, publica-ção anual de O VALE, a equipe de jornalistas foi às ruas com uma pergunta em mente: “que cidade você quer para você e sua família no futuro?” De crianças a idosos, de garis a empresários, políticos, artistas, GENTE de todas as profissões, idades, classes e gostos. Todos puderam dizer o que esperam de São José num futuro próximo, o que querem de seus governantes, o que precisam para viver melhor.GENTE que chegou aqui despretensiosa e hoje aju-da a mover a economia, a gerar emprego, GENTE que cresce e faz a cidade crescer a cada dia.GENTE que está de passagem, mas já ama esta cidade, GENTE que veio para estudar ou a trabalho, que curte a vida noturna, os parques, a vista do Ban-hado e a conversa das tardes na Matriz de Santana.GENTE que nasceu aqui, que conhece cada cantin-ho da cidade, que lembra de quando o Aquarius ainda era só terra ou a José Longo tinha mão dupla. GENTE que se orgulha de trabalhar na Embraer, que viu voar seu primeiro avião, GENTE que faz questão de reunir os amigos num churrasco para contar que o filho conseguiu emprego na GM ou na Revap, GENTE que se orgulha de São José.E hoje, neste dia de festa, é essa GENTE que você vai encontrar na revista +São José.GENTE como o seu vizinho, seu colega de trabalho, o cobrador do ônibus, o caixa da padaria, o reposi-tor do supermercado, o empresário, o professor, o médico, o engenheiro, GENTE como VOCÊ, GENTE com letra maiúscula, porque é de GENTE que se faz uma boa cidade, uma São José com um futuro promissor.Boa Leitura!

Janaína [email protected]

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SumárioSão José e sua Gente

Joseenses de coração: eles não nasceram aqui mas amam esta cidade

Legião estrangeira: cidade reúne o mundo em suas escolas e indústrias

17 a 22

Sons da cidade: mesmo sem enxergar, elesconhecem bem a cidade em que vivem

26 a 32

Eu, prefeito: criador da Embraer, Ozires Silva conta o que faria se fosse prefeito

36 a 42

É festa: que presente você daria para São José no dia do seu aniversário?

46 a 49

São José e seu Futuro

Mini joseenses: uma criançada esperta e antenada, com boas ideias para uma cidade melhor

54 a 59

O futuro: adolescentes conscientes e de olho nas transformações

62 a 65

Especial: saiba como vai ser a sua cidade no futuro69 a 76

8 a 16

17 a 22

26 a 30

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São José: a sua Cidade

Marcos da Cidade: sessão especial ao longo de toda a revista conta história dos marcos

históricos e econômicos de São José

Onde é isso? A São José que você não conhece, muito menos imagina79 a 84

As origens: famílias que ajudaram e ainda ajudam a construir esta cidade de olho no futuro87 a 90

Ilustres desconhecidos: você os conhece, mas sabe seus nomes e as suas histórias?92 a 97

A cara do seu bairro: a revista +São José faz oficina com estu-dantes de jornalismo102 a 113

História da Cidade e programação do aniversário dos 246 anos

116 e11

24, 34, 44, 50, 52, 66, 68, 78, 86 e 98

79 a 84

87 a 90

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São José dos Campos, 27 de Julho de 2013• 8

Joseenses de coração Como tantos outros moradores de São José

dos Campos, eles não nasceram aqui. Mas desenvolveram pela cidade o amor típico àquele dedicado à terra natal. Homens e mulheres que construíram parte de suas tra-

jetórias em solo joseense e ajudaram a escrever a história do município que os acolheu. Personalidades que con-tribuíram para o desenvolvimento e a projeção da cidade, responsáveis, graças à força de trabalho e empreendedoris-mo, a colocá-la entre as oito maiores cidades do Estado e a 22ª do país, com o PIB (Produto Interno Bruto) de R$ 24,1 bilhões, segundo dados do senso IBGE, de 2010.

Gente como o empresário Frederico Marcondes Cesar, que apesar de ter nascido na vizinha Guaratinguetá, ergueu aqui a construtora que ostenta o sobrenome de sua família e hoje emprega mais de 500 pessoas. Como a historiadora e pesquisadora Valéria Zanetti, que mesmo sendo natural de Ouro Preto (MG), cidade que é a própria história a céu aberto, resolveu desvendar o passado esquecido e até então enterrado de uma São José desconhecida.

Do ponto desvalorizado e pouco provável em frente ao ce-mitério, para o mais conceituado e requisitado bar da cidade, Benedito Córdoba conta como fez para transformar o Bar do Coronel em um ícone da cidade. O encanto despertado por São José na vida do técnico Regis Marrelli, nascido em Mogi das Cruzes e, que graças à sua dedicação e competência, colocou o time de basquete da cidade de volta ao seu lugar de triunfo e de glória. Do sexto elemento do conjunto mais seleto do Brasil vem o músico Chico Oliveira que, apesar de conhecer vários países, escolheu São José dos Campos para ser o seu lugar no mundo.

Conheça a história, o que pensam, como vivem e quais são as suas visões sobre a cidade que hoje comemora 246 anos. Dos joseenses que não são daqui.

ForasteirosA contribuição dos forasteiros para construção da cidade é histórica e remonta ao início do século 20, quando a cidade empobrecida encontrou na vocação sanatorial sua salvação. “A doença salvou a cidade, junto com os doentes, abriram-se pensões e comércios. Muitos dos curados permaneciam na cidade e ajudaram a ativar a economia”, diz a historia-dora e professora Maria Aparecida Papali, da Univap. A fase industrial vivida nas décadas de 60 e 70 também voltou a atrair novamente forasteiros. Só que dessa vez eram jovens que vinham estudar e trabalhar nas indústrias da cidade. “Essa mão de obra veio diretamente ligada ao trabalho, qualificada”, disse a historiadora.

São José e sua Gente

Eles não nasceram em São José, mas se orgulham de morar aqui e já fazem parte da história da cidade

Por Daniela Borges

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São José dos Campos, 27 de Julho de 2013• 9

visionário O empresário Marcondes Cesar, que escolheu São José para construir seu império

A cidade permitiu que a gente crescesse e pudesse prosperar. Você forja a sua ambição de acordo com o

meio que você está. Se estivéssemos em uma cidade pequena, nossas ambições seriam menores ..

Marcondes Cesar

Da construção de duas casinhas gemi-nadas na Vila São Bento para uma das mais conceituadas e sólidas construtoras de São José. A história do administrador de em-presas Frederico Marcondes Cesar começa quando sua família vem para São José atrás de oportunidades, em abril de 1976.

Natural de Guará, o clã Marcondes Cesar aportou em terras joseenses depois de peregrinar por muitas cidades do Estado, em virtude da transferência do patriarca, gerente da Caixa Econômica Federal. Aos 22 anos, empregado e cursando administração de empresas na Unitau, Frederico, junta-mente com o irmão mais velho, resolve ficar em São José e não mais acompanhar o pai. “Nesta época eu estava empregado”, diz. Mas, após quatro anos, Frederico é demitido no dia do seu aniversário, em 1980. “Como a vida dá voltas, o chefe do meu chefe, que se chamava Sergio Portugal, depois de muitos anos, foi contratado como meu gerente administrativo”, conta.

A ideia de construir casas surgiu durante as idas para a faculdade. Um dos amigos, que ajudava no revezamento com o carro, comentou que estava construindo pequenas casas para alugar, na Vila Ema. Frederico, mesmo sem ter o menor conhecimento na área, contagiou-se com a façanha.

“Meu pai queria me arrumar emprego na GM ou na Embraer, mas resolvi que nunca mais na vida eu seria empregado”, diz.

Todo o dinheiro que o rapaz juntou até então foi investido na nova empreitada. “Eu e meu irmão mais velho fomos morar juntos em uma edícula alugada na Vila Ema. Para se ter uma ideia da nossa vida na época, todo o cal e o cimento para a construção das casinhas eu guardava na sala da edícula, com medo de ser roubado”, completa.

No meio da construção, o dinheiro aca-bou. “Meu pai e meu irmão emprestaram o que faltava para concluir essas casinhas. Em dinheiros de hoje, posso dizer, que comecei

a empresa com R$ 75 mil”, diz. De duas casas vendidas, Frederico fez quatro. De quatro, fez oito. E todo dinheiro conquis-tado foi reinvestido no próprio negócio.

A virada aconteceu quando seu pai, já aposentado, o levou para uma conversa com o diretor de habitação da Caixa. “Eu estava querendo fazer um predinho de três andares, queria um financiamento”, diz. A relação de confiança rendeu o tão esperado financiamento, que alavancou os negócios.

Atualmente o grupo Marcondes Cesar conta com sete empresas e atuação no ramo da pecuária. São 500 funcionários.

Em 1997, Frederico Marcondes Cesar

recebeu o título de cidadão joseense. “A cidade permitiu que a gente crescesse. Você forja a sua ambição de acordo com o meio. Se estivéssemos em uma cidade pequena, nossas ambições seriam menores.”

Para Marcondes Cesar, São José precisa estar atenta. Ele acha que a cidade estagnou. “A Lei de Zoneamento inibiu o crescimento da cidade.” A revisão da Lei, proposta pela nova gestão municipal, é benéfica, segundo ele. Em busca de novos desafios, Frederico, hoje com 57 anos, pretende investir em espaços para eventos, entrar no ramo da mineração e preparar seus filhos e sobrin-hos para a sucessão dos negócios.

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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São José dos Campos, 27 de Julho de 2013• 10

Identifico-me hoje muito mais com São José do que com a minha cidade natal. Essa cidade me deu as referências da minha identidade. É a minha cidade do peito

São José e sua Gente

Nascida em uma cidade cuja história é escancarada, para a historiadora e pes-quisadora Valéria Zanetti, o primeiro contato com São José dos Campos foi de puro estranhamento. Da sua cidade

natal, Ouro Preto (MG), para São José, do passado esquecido, muitas revelações aconteceram.

Seu primeiro contato com São José foi há 18 anos, quando, do Rio Grande do Sul, onde fazia mestrado, veio com seu ex-marido, aprovado no CTA.

Após quase um ano, Valéria foi contratada pela Univap para lecionar História --hoje ocupa a posição de coor-denadora do curso. “Achei a cidade estranha. Não havia rastros de memória. O Vicentina Aranha era um espaço fechado, murado e ninguém sabia me dizer, à época, o que havia sido ao certo aquele lugar.”

Foi então que a historiadora resolveu desenvolver uma tese sobre a história de São José. O estudo, que se tornou livro, não só revelou o passado e a identidade da cidade, como descortinou os motivos pelos quais a memória havia sido apagada. “Toda cidade tem uma história. Pas-sei a investigar e perceber que tinha sim muita história e seu passado era muito importante”, afirma.

Mas o principal motivo da amnésia histórica está re-lacionado à fase em que São José era uma estância para tratar tuberculosos. A tentativa de esquecer o passado para doentes encobriu a memória da cidade. “Descobri-mos um discurso de um vereador na década de 70 que dizia que os moradores tinham que apagar da memória o passado ligado à doença”, conta. Nessa época, come-çava-se a tratar a cidade com uma nova identidade, um polo tecnológico. E muito do que a cidade é hoje deve-se à sua fase sanatorial. As ruas largas foram pensadas para evitar a aproximação das pessoas e o contágio.

O Sanatório Vicentina Aranha, ícone do tratamento de tuberculosos, tornou-se símbolo de sua luta pela memória da cidade. Quites com o seu passado, a cidade hoje conserva sua história graças ao Projeto Pró-Me-mória, na Univap, criado com a participação de Valéria. Hoje, aos 51 anos, Valéria é responsável por trazer à tona a verdadeira e definitiva história de São José. “O passado nos serve de referência, para projetar o futuro, reforçar o presente, ou até para esquecer o passado. Identifico-me hoje muito mais com São José do que com a minha ci-dade natal. Essa cidade me deu as referências da minha identidade. É a minha cidade do peito”, orgulha-se.

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

Valéria Zanetti

História Valéria Zanetti se apaixonou pelo passado de São José desde o pri-meiro contato com a cidade; o Vicentina Aranha é um dos seus lugares favoritos

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São José dos Campos, 27 de Julho de 2013• 12

Régis Marrelli

Eu gosto da minha cidade, gosto de Mogi, mas se eu pudesse escolher, não sairia daqui nunca mais. Eu

realmente tenho um carinho muito grande pela cidade

São José e sua Gente

Pessoalmente, a estatura dis-farça sua vocação. Mas dois minutos de conversa são suficientes para identificar um líder, um campeão. Aos

44 anos, Régis Marrelli não só devolveu ao time de basquete de São José a chance de voltar a ser um dos melhores do Brasil, como despertou o interesse da nova gera-ção para o esporte.

Nascido em Mogi das Cruzes, Regis começou a jogar profissionalmente aos 14 anos, no Palmeiras. Passou pela equipe da Pirelli e em alguns outros times de menor relevância. “Mas sempre fui um jogador mediano”, confessa.

Formou-se em educação física e peda-gogia e, a partir daí, começou a trilhar sua trajetória como treinador. Enquanto era professor do Senai de Jacareí, surgiu a oportunidade de treinar o time juvenil do Mogi, que estava sendo montado pelo conterrâneo e ex-armador do Tênis Clube de São José, time campeão brasileiro em 1981, Nilo Guimarães. Convidado para co-mandar o time adulto, em 1998, Nilo levou consigo os assistentes, que permanece-ram juntos até 2005. “Depois, o Edvard Simões ( ícone do basquete joseense) assumiu o time do Mogi, chamado Corin-thians Mogi e, quando ele saiu, no meio do campeonato,assumi como técnico.”

O time acabou, Regis ficou desemprega-do por seis meses até ser convidado pelo diretor do time de São José, que havia acabo de ganhar a segunda divisão, para treinar a equipe joseense. De 2006 até hoje, Regis comanda o time principal, acu-mulando títulos, aprimorando a equipe e ganhando o respeito e o amor do torcedor.

“Foi um projeto que foi crescendo ano a ano até que em 2009 a gente foi campeão paulista. Foi o nosso primeiro título.” Dois anos depois, o time conquistou o vi-ce-campeonato paulista, os jogos abertos

e foi vice-campeão brasileiro. Em 2012, mais uma vez campões paulistas e, neste ano, o time ficou entre os quatro primei-ros do NBB.

A mudança definitiva para São José só ocorreu em janeiro de 2011. “Durante cinco anos, eu ia e voltava todos os dias para Mogi.” Mas em virtude do desejo de passar mais tempo com a família, e por gostar muito de São José, Regis resolveu mudar-se para a cidade. “Hoje, ninguém quer sair mais daqui”, diz. Regis destaca a qualidade de vida proporcionada pela cidade. “É uma cidade maravilhosa. Como eu adoro correr, gosto de ir aos parques. É

uma cidade arborizada, pistas largas, bem distribuídas, muito diferente de Mogi.”

A torcida é outro grande diferencial. “Quando cheguei, o que me encantou foi o carinho da torcida, aliás, da cidade, com o basquete. Dá para ver que está enraizado.”

O técnico reclama do trânsito que, segundo ele, piorou muito desde quan-do veio morar na cidade. Ele também considera que um município do tamanho de São José merece ginásio e teatro à altura. Os jogos começam em agosto e as perspectivas do técnico são as melhores. “Temos uma equipe forte e competitiva, vamos para cima.”

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

Campeão Uma das coisas que encanta Régis Marrelli em São José é carinho da torcida pelo basquete

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Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

São José e sua Gente

Procuro fazer o melhor não só para mim, mas para os funcionários. O segredo do sucesso é a pessoa vir trabalhar feliz, com sorriso no rosto

Um ponto comercial em frente ao cemitério pode não inspirar as melhores impressões. Mas é de se admirar quem ignora tal

superstição e se deixa surpreender pela inusitada localização. Pois é justamente em uma esquina pouco provável no centro de São José que nasceu o bar de maior sucesso da cidade. Do lugar onde Benedito Cór-doba nasceu só o time de futebol ganhou projeção. Da pequena Novo Horizonte, no interior de São Paulo, veio o homem que criaria o Bar do Coronel.

Esse capricorniano chegou a São José com os pais ainda menino, aos 6 anos. “Meu pai era bancário e mexia com bar ao mesmo tempo. Por conta de conflitos com o pre-feito na nossa cidade natal, ele resolveu vir para São José onde tinha um cunhado que tocava uma loja de materiais de constru-ção”, recorda-se.

Vislumbrando o potencial da cidade, a família arriscou e se instalou em São José em 1967. “Com 10 anos eu já trabalhava no Cine Bar, vendendo café, servindo a ga-lera”, diz. “Também fui funcionário, traba-lhei como office-boy, bancário, com obra, fiz de tudo um pouco”, conta.

Até que foi convidado para tomar conta do bar do Tênis Clube. “Foi o primeiro bar que eu toquei sozinho”, lembra.

Depois de voltar a trabalhar com o pai, de ter uma padaria no jardim Maringá, Benê passou a tocar um bar dentro da Engesa. “Nesse bar havia uma carência de salgados. Então, minha mulher, que é uma exímia cozinheira, começou a fazer os salgados e a vendê-los para mim.”

Não demorou a outros bares começarem a fazer encomendas com Rogéria. “E esse foi o grande lance da nossa vida.” Com o fim da Engesa, em 1981, a família mergulhou de ca-beça na produção de salgados.

A fama ganhava a cidade. Até que uma loja fez uma grande encomenda, de 500

Benedito Córdoba

salgados que deveriam ser entregues em dois dias. “Tudo era feito manualmente, no fundo do quintal. Era tudo feito por mim, minha esposa e um funcionário. Eu acor-dava todos os dias 3h45.”

No final daquele ano, o casal chegava a en-tregar 7.000 salgados por dia para a mesma loja. A família criou um buffet de festas até que em 1992 surgiu a oportunidade de comprar o bar que pertencia aos tios, na esquina da rua Francisco Rafael com a Co-ronel José Monteiro. “Começamos em um lugar acanhado, muito sem aposta. Mas eu tinha certeza que ia virar.”

Com o segundo bar, o Gogó da Ema, a produção de salgados se restringiu aos clientes dos bares. Hoje, o Bar do Coronel tem 40 funcionários e se prepara para colocar em prática um audacioso plano

que prevê a inauguração de uma cozinha modelo, toda em vidro, quiosques da marca em shoppings e abertura de fran-quia. “Considero-me joseense, adoro essa cidade. Gosto da tranquilidade, da limpeza, da beleza e da organização.” Os filhos, João Paulo, 29 anos, e Rogério, 22, nascidos aqui, já trilham o mesmo caminho do pai.

Melhorar a segurança pública é o que falta à cidade, segundo Benê. “O centro velho precisa ser revitalizado. As pessoas precisam conviver mais. O bar do Coronel desempenha essa função e ajuda a manter o centro vivo”, diz. De fato, o sucesso do bar comprova que investir na região cen-tral vale a pena. O sucesso não chegou por acaso. Fruto de muita dedicação da família, a preocupação com o lado humano sempre marcou as decisões do negócio.

São José dos Campos, 27 de Julho de 2013• 14

orgulho Benê Córdoba diz que o sucesso do Bar do Coronel são os salgados da sua mulher Rogéria

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Hoje, se eu consigo fazer música e viver dela, infelizmente não é em São José. Eu gostaria de andar nos bairros ensinando música para essa garotada da periferia

Chico Oliveira

São José e sua Gente

Fazer sucesso como instrumentista não é para qualquer um, prin-cipalmente no Brasil. Ser reco-nhecido nas ruas, tirar fotos, dar

autógrafos e lotar casas de shows, definiti-vamente, não são tratamentos dispensados aos virtuoses da música. A não ser que esse músico seja Chico Oliveira. Em São José, cidade que escolheu para viver há 41 anos, seu rosto é reconhecido por todos.

Apesar de já ter acompanhado grandes nomes da MPB, o trompetista ganhou pro-jeção nacional ao integrar o Sexteto do Jô.

Nascido em Piedade, cidade próxima a Sorocaba, Chiquinho conta que veio de uma família de músicos. “Comecei a to-car em bandas de coreto com sete anos.” Aprimorou os estudos musicais em um conservatório, em Sorocaba, em paralelo ao curso de contabilidade. “Comecei a vida de músico tocando à noite, até que em 1972 recebi o convite do maestro Sérgio Weiss para tocar em uma banda em São José.”

Com 17 anos, sozinho e sem conhecer ninguém, Chico Oliveira se instalou em São José, onde morou no estúdio do maes-tro, na rua Floriano Peixoto. “Era o lugar onde ensaiávamos na época”, lembra.

O dinheiro não era muito e para ajudar a manter vivo o sonho de viver de música, Chico conseguiu um emprego no Inpe, de operador de computador. “Eu fui o pior operador que o Inpe já teve. Era uma ques-tão de sobrevivência.”

Durante anos, Chico conciliou o ganha pão no Inpe com os shows em São Paulo. “Músico, infelizmente, é uma profissão, ingrata, cheia de altos e baixos”, afirma. Como o músico já tinha família, o emprego no Inpe lhe dava segurança.

Até que Chico Oliveira se deu conta de que a carreira de operador não era seu sonho e todos os seus esforços foram con-centrados na música. A grande oportuni-dade aconteceu quando já tocava com Elba Ramalho. A apresentação do novo disco da

cantora seria no programa do Jô Soares, ainda no SBT. Como morava em São José, Chico chegou à gravação mais cedo e pediu para dar uma canja com o Quinteto.

E como nada acontece por acaso, após ter sido dispensado no ano do conjunto da Elba, seu telefone toca com a proposta para integrar o futuro Sexteto. “Foi um susto, eu estava desempregado. Quando recebi a li-gação, disse: ‘tá bom e eu sou o Papai Noel’ e desliguei. Para mim era trote.” Passou a integrar a banda a partir de janeiro de 1999.

O músico já percorreu o mundo, mas nunca deixou São José. “Já tive a oportuni-dade de conhecer outros lugares, mas sem-pre volto para a minha cidade.” Seu lugar predileto é o Banhado.

Embora apaixonado pela cidade, Chico reconhece que a perfeição não existe. Acho que poderia ter mais atividades culturais”, diz. Ele também aponta a falta de investi-mentos em escolas de músicas. “Hoje, se eu consigo fazer música e viver dela, infe-lizmente não é em São José.” •

Lar doce Lar Do sexto elemento do conjunto mais seleto do Brasil, o músico Chico Oliveira, que apesar de conhecer vários países, escolheu São José para ser seu lugar no mundo

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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São José dos Campos, 27 de Julho de 2013 • 17

São José e sua Gente

Uma verdadeira legião estrangeiraSeja para trabalhar ou estudar, eles chegam de vários países, de todos os continentes, aqui se fixam por um tempo, ajudam São José a crescer, mas também levam con-sigo experiências e vivências de uma grande cidade do interior

» Leia mais nas páginas 18, 19 e 20

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São José dos Campos, 27 de Julho de 2013• 18

AÇÕES PREVISTAS PELA NOVA SECRETARIA

São José e sua Gente

A cidade que hoje comemora 246 anos já se acostu-mou a falar muitos idiomas. São José

aprendeu a receber com diplo-macia e naturalidade uma le-gião de estrangeiros que todos os anos desembarcam por aqui.

O turismo de negócios é um grande mercado para qualquer cidade. Segundo dados da Em-bratur (Empresa Brasileira de Turismo), um turista com este perfil gasta diariamente o dobro de um que viaja a lazer, o que dá cerca de US$ 150. Isso acontece porque o turista a trabalho não mede muito seus gastos, pois não é ele, propriamente dito, que desembolsa pelos serviços.

De olho neste próspero seg-mento, a Prefeitura de São José criou este ano a Secretaria de Turismo. De acordo com dados da pasta, cada dólar investido no setor de turismo resulta em seis de retorno. Os números ainda são incipientes, mas a estimativa é de que a cidade receba cerca de 15 mil turistas estrangeiros por mês.

Mas as iniciativas do poder público para incrementar o setor na cidade devem envolver bem mais do que as placas de sinalização bilíngue, vistas nas principais vias do município. A intenção é turbinar o segmento (veja quadro ao lado).

Pensando em aprimorar a qualidade do serviço prestado, o Sinhores oferece cursos de qualificação profissional. “Tam-bém buscamos parcerias de crédito, com juros menores que os de mercado, para reformas e compra de equipamentos”, afirma Antonio Ferreira Junior, presidente da entidade.

Para ele, a cidade tem melho-rado a estrutura de seus comér-cios, com mais investimentos.

POR Daniela Borges

Reativação do Comtur (Conselho Municipal de Turismo)Aumento da divulgação dos atrativos turísticos da cidade, por meio de participação em eventos (estandes)Promoção de cursos de capaci-tação voltados ao turismo para a populaçãoElaboração do Calendário de Even-tos da CidadeCaptação de eventos que fomen-tem toda a cadeia do turismo na cidade (e em especial, em São Francisco Xavier)Troca de experiência com o trade hoteleiroValorização do artesanato localElaboração do inventário turístico da cidade, com pesquisas oficiais para traçar planos de açãoReformulação do site oficial do TuristaElaboração e confecção de novo material gráfico de turismo, bilíngüe, com mapas, folders e postais sobre o potencial turís-tico da cidade

Fonte: Secretaria de Turismo deSão José dos Campos

Lazer Michele Martoccia, suíço, tem 37 anos de idade e já conhece bem São José, adora os bares, o lazer e a tranquilidade da cidade. Ele mora hoje no jardim Aquarius e frequenta o comércio da região oeste

Michele Martoccia suíço, 37 anos

O desejo de conhecer a terra dos ídolos do futebol, como

Pelé e Zico, levou o enge-nheiro elétrico Michele Martoccia a embarcar para uma experiência profissio-nal no Brasil. O primeiro contato aconteceu em 2002, quando o gerente de mer-cado de telecomunicações, nascido na Suíça, passou dois meses em Maceió para aprender a língua portu-guesa. Depois desse tempo de adaptação, Martoccia chegou a São José para atuar na filial da empresa suíça Huber+Suhner, na cidade. “Cheguei aqui com sotaque nordestino”, brinca.

Depois de nove meses em solo joseense, Martoccia voltou para sua terra natal. “Desde àquela primeira vez, já voltei muitas vezes para a minha segunda pátria.”

Mas a cultura brasileira ficou impregnada na vida desse gringo que hoje faz aulas de capoeira quando está na Suíça. Apaixonado

por música, caipirinha e futebol, ele tem orgulho de dizer que é um autêntico co-rintiano. “Antes de conhe-cer a cidade, eu não tinha muita ideia sobre como era São José, sabia que era um município pequeno e calmo comparado ao padrão bra-sileiro.”

Hoje, depois de muitas idas e vindas, sua opinião é outra. “Eu amo a cidade porque é tranquila, mas oferece muitas opções de lazer, especialmente se você é curioso e deseja abraçar uma nova cultura.”

O fato de estar próximo de São Paulo, da praia, também é considerado diferencial. “É uma cidade agradável e com moradores muito re-ceptivos.”

Desta vez, Martoccia deve ficar até o final do ano. “Moro no Aquarius, que tem muitos restaurantes e bares, mas o bairro que mais amo é a Vila Ema.”

O Parque da Cidade é outro lugar favorito. Para São José ficar completa, segundo ele, falta um trans-porte público mais mo-derno e eficiente.

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A cidade não é tão amiga do turista. Mas digo que São José possui moradores generosos, com coração calorosoThomas Pettersson

Sueco, 41 anos

Antes de conhecer pes-soalmente São José, o engenheiro elétrico

Thomas Pettersson, nascido em Estocolmo, na Suécia, acreditava que se tratava de uma cidade bem mais indus-trial. “É uma cidade realmente grande, mas que ainda man-tém características de cidade pequena”, afirma.

Casado, sem filhos, Petters-son veio para São José há um mês na companhia da esposa, que é chinesa. A previsão é que fique até o final do ano. “Fui requisitado para dar suporte à empresa que trabalho, que possui unidade em São José.”

Apreciador de esportes como golfe e esqui, aqui ele aproveita as horas de folga para explorar a cidade.

“Trabalho o dia todo, nas

Thomas Pettersson sueco, 41 anos

noites e finais de semana gosto de passar o tempo com a minha esposa conhecendo melhor a cidade”, diz.

A região montanhosa também

chama a atenção do estran-geiro que se admira com a localização da cidade. “É tudo muito próximo do mar.”

Comparada à sua gélida ci-dade natal, Pettersson afirma que São José possui vantagens como o clima, as frutas e pro-ximidade com a natureza.

Ele considera a região do Aquarius, onde está instalado, uma área agradável. “Exceto por todas as construções que estão em andamento.”

Na avaliação do engenheiro, não são todos os lugares da ci-daque que se fala inglês. Ape-nas em algumas lojas e super-mercados. “Nesta perspectiva, hoje a cidade não é tão amiga do turista”, confirma.

Influenciado pela mulher, Pettersson afirma que falta à cidade bons restaurantes chineses e asiáticos. “Mas digo que São José possui mora-dores muito generosos, com corações calorosos.”

Novato Thomas Pettersson, sueco, 41 anos, veio para São José há um mês na companhia da mulher. O casal mora no Aquarius e gosta da tranquilidade do bairro

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Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

S. José recebe cada vez mais estrangeiros e deveria ter um departamento para issoPascal Seassau

Francês, 35 anos

Estima-se que

mil turistas estrangeiros passem por São José todos os meses

15

Cerca de

dólares é o gasto médio diário de um turista que viaja a negócios

150

É de cerca de

horas a duração média dos cur-sos oferecidos pelo Sinhores

40

São José e sua Gente

Muito verde Pascal Seassau, francês, 35 anos, há um ano em São José, acha que as áreas verdes são os diferenciais e admira o Parque Vicentina Aranha

Pascal Seassau Francês, 35 anos

As áreas verdes de São José estão entre os diferenciais que mais surpreendem os estrangeiros que

chegam por aqui. O engenheiro francês Pascal Seassau, nascido em Nice, admira especialmente a vegetação tropical e as be-las árvores presentes nos parques, como no Vicentina Aranha.

“Eu sempre quis ter uma experiência profissional no exterior e aproveitei a opor-tunidade quando a empresa que trabalho assinou contrato com a Embraer”, diz.

Seu primeiro contato com São José ocor-reu no início do ano passado. Antes disso, o francês não conhecia nada sobre a cidade, apenas que sediava a Embraer. Logo, ele foi buscar na internet algumas informações.

“Visitei o site da cidade, vi fotos de parques e percebi que era um município pequeno se comparado a São Paulo, mas com todas as conveniências de uma cidade grande, como shopping, cinema e super-mercados”, diz. “Eu estava com medo do trânsito”, confessa.

Por aqui há mais de um ano, Seassau gosta da vida tranquila e sossegada que a cidade proporciona. “Vivo na Vila Ema e gosto muito daqui porque é sossegado. Tenho tudo perto sem precisar pegar o carro, como barzinho, supermercado, padaria e farmá-cia. Também gosto da feira na rua Santa Clara, com suas barracas de frutas, legumes e o pastel”, disse.

No tempo de folga, o engenheiro que trabalha na empresa Safran, gosta de jogar tênis, de ter aulas de português e de passear nos parques. “Ocasionalmente, vou ver al-gum show no Sesc ou vou ao cinema.”

No início, Seassau comenta que tinha difi-culdades para se localizar na cidade, em vir-tude das ruas de mão única. “Também acho preocupante ver edifícios tão altos”, diz. Ele considera o transporte alternativo uma boa ideia, mas, segundo ele, os motoristas dirigem muito rápido. “Eu acho que, muitas vezes, as pessoas não obedecem as leis de trânsito”, afirma.

Para ele, falta à cidade divulgação dos eventos culturais. “São José recebe cada vez mais estrangeiros e a prefeitura deveria criar um departamento para acolher esse pessoal”, conclui.

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Nem todos os estrangeiros que aportam em São José, chegam em virtude de transferências

ou intercâmbios profissionais. O admi-nistrador de empresas David Eduardo Inojosa, 34 anos, chegou por aqui de uma maneira diferente, veio com a cara e a co-ragem. A fama de cidade industrial atraiu o rapaz, hoje com 34 anos.

Nascido na pequena Carora, cidade do interior da Venezuela, Inojosa decidiu embarcar para o Brasil em meio à crise financeira mundial de 2009. “Escolhi especificamente São José por ser uma ci-dade onde estão presentes importantes empresas nacionais e multinacionais.”

Ao chegar por aqui, surpreendeu-se com a limpeza, organização e a qualidade de vida. “O povo é bem tranquilo e agra-dável. A cidade tem muito potencial para ser um grande polo industrial, não só devido a sua localização, excelente clima e geografia, mas porque nela moram muitas pessoas de todos os perfis e de diferentes partes do Brasil”, afirma.

Atualmente, trabalha em uma empresa na cidade e mora na Vila Betânia que, segundo ele, é um bairro tranquilo e bem localizado. O administrador elogia

David Eduardo González Inojosa Venezuelano, 34 anos

o sistema de transporte público. “Considero de boa qualidade, está acima de muitas cidades do Brasil e da América Latina”, comenta. Mas, para ele, falta atenção à população que mora nas periferias. “Gostaria que se prestasse um serviço maior à essa população”, completa.

Segundo ele, seria bom se hou-vesse mais investimentos no sis-tema público de saúde. “Também, gostaria de maior investimento privado e público em diversas ativi-

dades culturais, assim como maior demanda por parte da população neste âmbito”, diz.

Para se distrair nos momentos de lazer, Inojosa gosta de fazer exercí-cios, sair com a namorada para jan-tar em restaurantes e estar com os amigos. “Estou sempre procurando conhecer algum restaurante novo”, diz. “No momento não pretendo voltar ao meu país, quero continuar aqui, crescendo como pessoa e pro-fissional”, conclui.

Depois de conhecer São José, a vene-zuelana Mayra Gonçalves de Ochoa optou por não voltar mais a Caracas.

A engenheira de produção, que trabalha há 13 anos na Johnson, veio transferida para a cidade em 2005. “Um novo departamento estava sendo criado na unidade de São José e eu aceitei o desafio”, lembra.

No início, o projeto previa a permanência por três anos. Ao final do período, houve a possibilidade de ficar definitivamente, oportunidade que Mayra abraçou sem pes-tanejar. Mayra conta que já havia visitado São José antes de mudar-se para cá e a imagem que nutria sobre o município era de um lugar bonito e com ótima qualidade de vida.

Mayra Gonçalves de OchoaVenezuelana, 36 anos

Depois de conhecer bem o município, Mayra afirma que as impressões se confir-maram. “É uma cidade bem estruturada que está em constante desenvolvimento.”

Hoje, Mayra é diretora de pesquisa e desenvolvimento na Johnson, é casada e tem uma filha de quase dois anos, Victoria. “Moro na Vila Ema e adoro o bairro, temos tudo que precisamos perto, supermercado, restaurantes e parques. Posso caminhar tranquilamente pelo bairro e raramente pe-gamos o carro aos finais de semana, dá para fazer tudo a pé”, comenta.

Nos finais de semana, Mayra gosta de fazer programas em família, como ir ao parque Vicentina Aranha e ao shopping. Falta à cidade, segundo ela, mais opções de cultura. “Como toda cidade, sempre existem pontos a serem melhorados. Aqui, acredito que a parte cultural ainda precisa evoluir.” •

Qualidade de vida González considera que em muitos fatores, como o transporte público, São José está acima de muitas cidades da América Latina

FaMÍlia A Mayra Ochoa vive em São José desde 2005 e não pretende mais se mudar

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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são josé dos campos

Marcosdacidade

São José dos Campos completa hoje 246 anos. Suas origens remontam ao final do

século 16, quando se formou a Aldeia do Rio Comprido, uma fazenda jesuítica que usava a atividade pecuarista para evitar incursões de bandeirantes.

Porém, em 10 de setembro de 1611, a lei que regulamentava os aldeamentos indígenas por parte dos religiosos fez com que os jesuítas fossem expulsos e os aldeãos espalhados. Hoje, já são mais de 643 mil habitantes.

anos são josé completa hoje

mil habitantes tem são josé hoje

246 643

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Eles não enxergam, mas sentem, percebem como poucos a essência da metrópole que é sinônimo de tecnologia e serenidade para morar

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

São José e sua Gente

Aprendendo A ‘sentir’ A cidAde

Sentir ou enxergar a cidade? Em meio aos compromissos excessivos da vida contemporânea, onde falta es-

paço na agenda e tudo tende a ser tratado com superficialidade, pessoas com defici-ência visual relatam como reaprenderam a perceber os encantos de São José após a perda total da visão.

Bastam alguns minutos de conversa para confirmar que eles são diferentes sim, mas exclusivamente pelo fato de terem uma maneira peculiar, muito mais aguçada, de encarar a vida. Quantas vezes você já visitou, por exemplo, o Parque da Cidade, sentindo a textura da grama ou Por REnata DEl VEcchio

cheiro da terra molhada? Já experimentou ir à região central, sem pressa, caminhando com a audição conectada a movimentação da rua Sete de Setembro?

Seu Manoel, Raul e Pedro, cada um em seu ambiente favorito na cidade e com idades bem distintas, apontam quais são as principais virtudes da região, os defeitos a serem superados, as histórias construídas, além de como se tornaram muito mais per-ceptivos para acompanhar as transforma-ções feitas nos últimos anos em São José.

DesDe pequeno Pedro Lucas Soares Ribeiro, 6 anos, nasceu com uma amaurose congênita e tem pouco menos de 10% da visão

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Pedro lucas Ribeiro, 6 anos, estudante

Um menino alegre, movido pela curiosidade e que ainda tem muito a explorar em São José. Pedro

Lucas Soares Ribeiro, 6 anos, quase não sustenta a ansiedade de conhecer nosso fotógrafo. Com sua mão pequenina e impa-ciente, ele explora o equipamento fotográ-fico, pergunta o que o profissional carrega na mochila e responde de primeira que seu programa favorito na cidade é visitar parques: “Gosto de correr na grama.”

Acometido desde que nasceu por uma Amaurose Congênita, Pedro tem pouco menos de 10% da visão. Isso o faz repre-ender a atitude dos colegas do bairro Residencial Flamboyant que soltam pipa e usam cerol. Aliás, essa é a única crítica desfavorável. “Esses moleques usam cerol e, por isso, não posso sair na rua.”

Quando o assunto é brincadeiras, ele conta que adora jogar futebol com o pai e passar horas com a coleção de carrinhos.

Sair de casa também é sempre um bom pro-grama. “Gosto de me divertir na gangorra com minha irmã Maria Julia. Sinto alegria quando estou perto de outras crianças.”

Comunicativo, o pequeno recebe a descri-ção completa da mãe assim que chega a um novo local na cidade. “Aqui temos muitas ár-vores, bancos e um parquinho”, conta a mãe Rita Ribeiro, 49 anos, ao ajudar o menino a explorar o Parque Santos Dumont.

Andar de ônibus em São José pela primeira vez foi uma descoberta. Com a agenda cheia --ele faz natação, aula de informática, de braile, entre outras--, o menino narra cada detalhe da experiência no transporte. “Fiquei bem perto do motorista.”

Na escola municipal Maria Augusta da Costa e no bairro onde mora, Pedro é um conquistador de amigos. A mãe revela que, no açougue, supermercado ou qualquer outro lugar, ele é figura cativa. “O Pedro é um menino alegre e que não teme nada.”

Feliz por viver na capital do avião, seu so-nho não poderia ser melhor: “Quero ser pi-loto. Sei que preciso estudar bastante. Vou viajar para os EUA e conhecer o Mickey.”

Eu gosto demais do Parque Santos Dumont. Curto todos os brinquedos, adoro a gangorra e sinto alegria por estar aqui

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Apaixonado por São José, o topógrafo Raul Gabriel Mota, 26 anos, não se arrepende de ter deixado São Bento do Sapucaí. O Parque da Cidade é para ele um recanto. Faz questão de apreciar cada detalhe: do canto dos pássaros à textura da grama.

Desde que perdeu a visão, há quatro anos, vítima de um glaucoma e uma retinopatia diabética, Raul se assume mais perceptivo:

passou a enxergar com o coração. É assim quando se locomove de ônibus, vai a shows ou inicia uma conver-sa. “Vou tateando a bengala, ligado aos cheiros, sons e texturas. Sinto tranquilidade aqui (Parque da Cidade). É como se fosse um pedaço de São Bento.”

Outro destino apreciado pelo topógrafo é o aeropor-to. Sem perder nenhum es-petáculo da Esquadrilha da Fumaça desde que passou

a viver aqui, Raul assume que o barulho do motor de um avião o emociona. “Ainda tenho lembranças da esquadrilha de quando eu enxergava.”

Para ele, as maiores virtu-des de São José são a solida-riedade e o acolhimento de seus habitantes.

Por conta da defi ciên-cia, Raul diz que sempre encontra pessoas dispostas a ajudá-lo. Já quando a pergunta aborda o ponto fraco da cidade, o jovem res-ponde: “As calçadas são um grande problema. Sem falar

nas lixeiras suspensas e nos orelhões sem ‘sapata’. Já que a cidade criou o programa Calçada Segura, deveriam estipular uma linha-guia, com um piso diferenciado, que pudesse nos orientar.”

Desde que perdeu a visão, Raul, casado há um ano, reforçou seu jeito otimista e garante que hoje se sente muito mais feliz. “Valorize mais a beleza da cidade. Deixamos tanta coisa passar por conta do estresse e da correria. Aproveite o hoje, pois amanhã tudo isso pode se fechar para sempre.”

A fi gura jose-ense que mais admiro é o escritor Cas-siano Ricardo. Já li algumas poesias escri-tas por ele

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Raul Gabriel da Silva Mota, 26 anos, topógrafo

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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A Sorri, uma organização não gover-namental, sem fins lucrativos, é outro espaço em São José que atende pessoas com deficiência visual. A entidade realiza programas de reabilitação profissional visando a integração e inserção desta categoria no mercado de trabalho

da população joseense declara apresentar alguma deficiência.

Os dados são de censo feito no segundo semestre de 2009 pela Secretaria de Promoção da Cidadania do município

Assistência

O Próvisão oferece atividades de habi-litação e reabilitação para deficientes visuais, visando a matricialidade sócio--familiar. Entre as atividades desenvol-vidas estão: aulas música; atendimento de fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional; aulas de Braille, Soroban, Mecanografia, entre outros

11%1% a 13%

a 20%Desse resultado

um percentual de

é de deficientes visuais

Por Dentro

Carreira

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Ele precisou reconquistar sua independência para voltar a sair sozinho de casa. Após

vencer um período de isolamento, ocasionado pela perda total da vi-são em 2003, o aposentado Ema-nuel Marciano da Silva, 59 anos, decidiu virar a página e, em pouco tempo, voltou a fazer um de seus programas favoritos: passear pelo centro de São José.

Sua afinidade com a região é antiga, surgiu em 1965 quando veio pela primeira vez ao Vale com a família. Desde então, caminhar pela Praça Afonso Pena, fazer uma visita à Igreja Matriz ou sair em busca de material eletrônico na Rua Rubião Júnior se tornaram um feliz costu-me. “Gosto de viver nesta cidade. Ela tem boa perspectiva de empre-go e comodidade para criarmos os

filhos. Hoje, sempre que venho ao centro com a minha neta Paloma, aproveito para tomar um açaí no shopping”, disse Emanuel, mora-dor do Campo dos Alemães.

Sentado na Praça do Sapo, ponto de encontro para a entrevista, seu Emanuel assume que gosta da agita-ção do centro. As vozes das dezenas de pessoas que aguardam em fila por uma senha para almoçar no Bom Prato aumentam sua jovialidade.

“Tem dias que somente Deus para me ajudar a atravessar o Calçadão. É um desafio porque tem muita gente, além de obstáculos.”

Outro lugar apreciado pelo técnico em eletrônica é o CTA. Já o Parque da Cidade o traz lembranças de quando ele morava em Santana. “Eu fui perdendo a visão gradativamente por conta de uma uveíte. Recordo-

Eu criei um motivo para sair de casa. A qualidade que mais aprecio em São José é essa coisa enérgica, tudo sempre movimentado, sem ficar às moscasEmanuel Marciano da Silva,

59 anos, aposentado

me bem das características da região central e sei que pouca coisa mudou. Percebo que as ruas estão com mais semáforos e as calçadas com rebai-xamento para cadeirantes.”

Voluntário na biblioteca do Próvi-são, seu Emanuel conta que decidiu preencher seu cotidiano com o novo, ao aprender informática, tru-ques de mobilidade ao sair sozinho, além de ler e escrever em braille. “Eu criei um motivo para sair de casa. A qualidade que mais aprecio em São José é essa coisa enérgica, tudo sempre movimentado.”

O aposentado é enfático quanto à recente onda de manifestações. “A única coisa que não está legal é a política. Todos estão insatisfeitos com a saúde. Precisamos cuidar do que já está feito para que possamos melhorar e crescer.” •

VITÓRIA Seu Emanuel venceu um período difícil saindo de casa; atualmente ele é voluntário na biblioteca do Próvisão e se orgulha por locomover-se sozinho pelo centro de São José

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ParqueSantosDumont

O PARque SAnTOS DumOnT, inaugurado em 23 de outubro

de 1971, está localizado na região central da cidade,

ocupando uma área de 46.500,00 m2. Exibe belíssima

área verde e de lazer. O Parque Santos Dumont abriga

exemplares aeronáuticos como a réplica do avião 14

Bis, o protótipo do avião Bandeirante e maquetes de foguetes da família Sonda.

Está em fase de construção a réplica da residência de

Alberto Santos Dumont

MarcosdacidadeFotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Vicentina AranhaFotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

O Parque Vicen-tina Aranha foi inaugurado no

dia 27 de julho de 2007, aniversário da cidade, abrangendo área de 84.500 m2 e 11.080,83 m2 de construção. Os prédios e a capela fazem parte do antigo Sanató-rio Vicentina Aranha, complexo arquitetônico considerado uma das mais importantes cons-truções da fase sanatorial da América Latina. O Parque Vicentina Aranha é um bem cultural tom-bado pela lei municipal nº 4928/96.

mil metros quadrados tem o parque

84

mil metros quadrados têm as construções

11

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EU, PREFEITOFotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

A cidade que quere-mos. Foi a partir deste tema que o engenheiro aeronáutico Ozires Silva, um auspicioso quando o assunto é tecnologia e inovação, aceitou ser prefeito de São José dos Campos, mesmo que só por al-gumas horas, para fa-lar sobre as mudanças e o futuro da cidade

A indagação ‘já pensou o que vai ser no futuro?’, somada ao espírito des-bravador de Ozires Silva, o trouxe

para São José para estudar engenharia ae-ronáutica no ITA, em 1958, tornando-se um dos grandes responsáveis pelo desenvolvi-mento da indústria aeronáutica no país.

Com currículo e experiência admiráveis, Ozires aceitou o desafio de bater um papo sobre a administração pública, encarando com bom humor as perguntas que o coloca-ram na função de prefeito por um dia.

Antes da entrevista, o empreendedor, que tem 82 anos, três filhos, sete netas e uma agenda cheia de compromissos, logo avisa: “Não tenho vocação para político. Nunca sonhei em ser prefeito.”

Ozires tem uma opinião otimista para os próximos 30 anos da cidade, mostrando-se preocupado com o futuro do aeroporto, com projetos que estimulem a economia, além de ser favorável que a iniciativa priva-da incentive práticas artísticas na cidade.

Ao fim da entrevista, Ozires revela que

Por RenAtA Del VeCChiO

Ozires Silva

PIONEIRO Ozires Silva no Parque Santos Dumont, em frente ao protótipo do Bandeirante

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Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

ainda tem um sonho: “A educação. Lamen-to que 70% dos brasileiros não consigam ler. Meu sonho é que cada brasileiro tenha formação de qualidade, assim como tive.”

História. No bate-papo, Ozires relembra

da sua juventude em Bauru e do sonho em ser engenheiro aeronáutico, ao lado do amigo Zico. Como na época não existia uma escola específica, eles decidiram começar pela FAB. Após se tornar cadete, instrutor do Correio Aéreo, voar mais de 4.000 horas, o militar perdeu seu grande amigo Zico em um acidente aéreo e o sonho acabou amortecido.

Por insistência da vida, ele revela que lite-ralmente um dia foi despertado, às 3h, para retomar sua aspiração, por um major que precisava renovar sua licença de voo mas, por conta dos estudos no ITA, só poderia fazer o recheque em plena madrugada.

“Foi assim que descobri que o Ministério da Aeronáutica tinha criado o ITA. Fiquei numa enorme ânsia, meu comandante relutou, mas acabou encaminhando um requerimento ao ministro para que eu fizesse o concurso. Estudei um bocado, fiz o concurso e me graduei em 1962.”

PerfilNome: Ozires SilvaIdade: 82 anosEstado civil: ViúvoFilhos: TrêsNetos: SeteNatural de: Bauru – SPEm São José: Vive desde 1958Bairros: Morou no CTA, jardim Espla-nada e Vila EmaSonho: Que todo brasileiro tenha for-mação de qualidadeTrajetória: Coronel da Aeronáutica, engenheiro formado pelo ITA, foi um dos fundadores da Embraer, em 1969. Capitaneou a equipe que proje-tou e construiu o avião Bandeirante, além de ser responsável pelo início da produção industrial de aviões no país. Foi presidente da Petrobras, da Varig, assumiu o Ministério da Infra-estrutura, além de ter publicado uma série de livros, entre eles, ‘A Decola-gem de um Sonho’, Elsevier Editora (2008)

Vim para São José para fazer o concurso do ITA. Nesta época, eu estava servindo em São Paulo. Mas foi fácil chegar aqui porque peguei a Dutra que naquela época era uma pista só

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OZIRES SILVA

entrevista os PrinciPais trechos do bate-PaPo

Qual é a sua lembrança mais próspera no mu-nicípio? » O dia 19 de agosto de 1969, quando, depois de uma longa luta, conseguimos criar a Embraer que, me parece fora de dúvida, mudou muito a região. O senhor já atuou no Ministério da Infraestru-tura. Seguir carreira política era um sonho?» Ao contrário. A experiência no ministério mostrou-me claramente que não tenho o menor pendor para a política, sobretudo a partidária. Como o senhor visualiza São José daqui a 30 anos?» A cidade mudou muito nos últimos 30 anos e mudará muito mais. Creio ser essencial ter planos para o futuro, por exemplo, com foco em pelo menos 2030, com transparência para a população, para que possamos todos trabalhar, so-mando esforços, para construir uma cidade equipada para enfrentar o futuro e competir com vantagens em relação às cidades do Vale. Caso fosse prefeito de São José, o que seria prio-ridade em seu governo?» Tentaria trabalhar na direção de bons planejamentos, pois tenho insistido que, sabendo-se aonde chegar, fica mais fácil encontrar os caminhos. Parece-me essencial a participação de todos os que desejarem, para que conhecendo as metas

gerais, se ajude na administração pública e não somente fi-que cobrando. Quanto à administração geral, precisamos reduzir o número de leis. Nosso país tem leis, e por conse-quência restrições, em demasia. Também me parece impor-tante mudar a atitude do servidor público que, distante da população, não se comporta como um ‘servidor do público’. O trânsito em São José se tornou um desafio a ser discutido. É possível reverter tal situação, alcan-çando maior fluidez nas vias? Como?» A tendência do nosso sistema atual de um carro por pes-soa caminha na direção de menor fluidez. As estratégias colocadas em prática pelas administrações públicas têm se mostrado frustradas, pois o desafio do trânsito, pouco a pouco, vai se tornando mais crítico. Se algo não está funcio-nando, é essencial criar soluções novas. Nós, os brasileiros, não fomos treinados para usar o transporte público, como ocorre em outros países. Temos de encontrar as respostas para esse comportamento que trabalha diretamente em re-lação à crescente massa de veículos automotores nas ruas das cidades e respondê-las! O automóvel realmente é um veículo prático, mas ocupa uma área significativa do espaço público. Isso tem jeito? O mundo está procurando e as res-postas estão vindo do coletivo público. Sistemas que sejam práticos, confortáveis, pontuais, acessíveis, seguros, etc. Creio que perguntas e respostas deveriam vir de questões colocadas nessas direções. Acredito que restrições à circu-

TRAJETÓRIA1. Ozires em entrevista2. Seu aniversário de 80 anos 3. No Congresso Nacional4. No Rio, ao lado do brigadeiro Paulo Victor

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Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil Foto: Divulgação/Embraer

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Lá no Ministério, por exemplo, eu tinha a agenda cheia de deputados, senadores, tudo para pedir coisas. Um dia eu disse: ‘Escuta, mas vocês não oferecem nada pra gente? Só pedem? O que estão fazendo estruturalmente pelo Brasil?

lação como pedágios, limitações ou proibições, não deveriam ser adotadas. Como avalia os protestos, inclusive em São José, contra o aumento da tarifa de ônibus?» O nosso público não tem a cultura de que tudo tem custos e eles precisam ser e devem ser pagos. No transporte público não é diferente. Reclama-se, como ocorreu em São Paulo recen-temente, de 20 centavos. A solução é comprar um carro que custa, por exemplo, R$ 30 mil. Isso leva a 150 mil os vinte centavos, ou seja, 150 mil viagens de ônibus! Assim, acredito que o problema do transporte público no Brasil é que está longe, em termos de funcionamento, pelo menos proximamente do que o carro par-ticular oferece. Seria possível uma proposta de se montar um sistema público que ofereça as mesmas vantagens do sistema particular, hoje, como solução pessoal, mas nociva à comuni-dade? Como prefeito quais seriam suas prin-cipais ações ambientais?» O meio ambiente é um problema de todos. Assim, as responsabilidades não podem ser transferidas ao poder público. É preciso a par-ticipação da comunidade e de cada um de nós. Que caminho a cidade precisa seguir

para estar economicamente competi-tiva e, ao mesmo tempo, oferecer mais qualidade de vida para seus habitantes?» Com projetos de criação de valor. Veja o exemplo da instalação do ITA em São José que resultou na Embraer, de expressivo impacto na economia local. O que se fez no passado mostrou o caminho. Cabe agora perguntar: ‘Quais são os projetos estruturantes que a cidade está considerando no momento?’ Te-mos de pensar em novos projetos e estimulá-los. Infelizmente, isto não está acontecendo. Nossa cidade está com uma imagem de hosti-lidade em relação à novos empreendimentos, por várias razões, trabalhistas, meio ambiente, oferta de energia, escolas técnicas de prepara-ção de mão de obra, entre outros. O senhor é a favor ou contra a verticali-zação da cidade? Por quê?» A verticalização é a solução mais prática e barata para a moradia. Assim, para atender a população é uma necessidade. Mas, a cidade tem de oferecer compensações como praças, logradouros de lazer, etc. Se a verticalização for necessária, vamos compensá-la com práticas e medidas de melhorar a qualidade de vida e não, simplesmente, fazer uma ‘selva de pedras’. Sob o seu ponto de vista, o que falta na área de educação do município?

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OZIRES SILVA

» O Brasil montou um sistema educacional, embora o que está estabelecido na Constitui-ção de 1988, subordinado às Leis Federais. As-sim, a nossa educação tem sido regulada pela União, distante de todos e de tudo. Temos de colocar em conta que moramos nas cidades e nos Estados. Assim, creio que as soluções edu-cacionais deveriam ser mais estaduais e, princi-palmente, municipais. E que as administrações desses níveis pudessem, através de um amplo sistema participativo com a população, legislar e regular o setor. Por que temos de reconhecer nossos diplomas no MEC? Mais, amplamente, por que temos de reconhecer nossos diplo-mas por alguma autoridade? Os diplomas são de responsabilidade inicial e final das escolas. Não me consta que Washington esteja, nos EUA, reconhecendo os diplomas de uma Har-vard, Stanford ou MIT. Essa federalização da nossa administração pública, contrária ao es-tabelecido pela nossa Constituição, não deve-ria prosseguir. Com isso, teríamos de trazer a Educação para o município e, no máximo, ao nível do Estado. Assim, fica mais fácil reco-nhecer o que falta, estabelecendo um clima de competição entre instituições de ensino e de municípios, que encorajaria a todos serem cada

vez melhores. São José está entre as cidades mais violentas da RM Vale. Quais medidas são necessárias para conter o crime na região?» Grande parte da violência vem do compor-tamento da sociedade. Posso estar errado, mas vejo que se desenvolveu na cidade uma cultura hostil de isolamento entre as pessoas. Todos parecem querer levar vantagem, mesmo nas si-tuações mais prosaicas. Por exemplo, numa fila humana ou num tráfego lento, parece que há uma indignação de haver alguém à sua frente. No tráfego dos veículos ter outro à sua frente é motivo de exasperação e, o que se nota, é o desespero que o nosso joseense sente até con-seguir ultrapassá-lo. Por que, não há mais urba-nidade e respeito para com o próximo? Creio que se poderia atacar isso pela escola, desde a primeira infância. Contaram-me que na Alema-nha é comum que um colaborador que chega mais cedo nas fábricas procura estacionar mais longe da entrada. Isto para facilitar seus colegas que cheguem mais tarde ou em cima da hora! Se isto é reconhecido na Alemanha, seria bem interessante se estudar e encontrar as alterna-tivas que precisamos para uma comunidade mais atrativa, cordial, amiga e solidária. Quanto à ações criminosas, pelas informações que re-cebemos, tudo indica que os prisioneiros, em sua maioria, são pessoas com nível educacional deficiente, que dedicaram-se às contravenções por falta de qualificação para obter melhores empregos na sociedade organizada. Assim, no-vamente, temos de voltar à educação de quali-dade, com acesso a qualquer cidadão, fazendo com que cada habitante, regularmente qualifi-cado, possa encontrar caminhos de sucesso na sociedade em que vivem. Hoje, a maneira de gerir a saúde no mu-nicípio agradaria o seu governo? Por quê?» A saúde, com o envelhecimento médio da população avançando, torna-se, cada vez mais, um problema crescente. E, por outro lado, em face dos novos equipamentos a disposição dos médicos, também eleva o uso e os custos da me-dicina diagnóstica. Assim, temos pela frente um problema de custo da saúde que merece o me-lhor dos estudos e providências imediatas. Um cidadão válido e competente vale muito para a comunidade e esta deve responder pela sua lon-gevidade. Deste modo, trata-se de algo que não se pode simplesmente se empurrar para frente imaginando que a solução virá sem ações enér-gicas e resolutivas. Para incentivar a classe artística jose-ense, quais seriam suas principais ino-vações?» Nossa cidade não tem o hábito de estimular práticas artísticas, o que precisaria ser criado. Parece que não temos uma Secretaria de Cul-

as ProPostas de ozires Para a cidade AeroportoAcha muito modesto para a cidade que é a capital brasileira da indústria ae-ronáutica e defende que o espaço não seja administrado por uma entidade federal, mas sim pelo próprio municípioEconomiaPreocupa-se com a criação de projetos no município, como a criação do ITA e da Embraer, que possam impactar a economia local. Para ele, isso não ocorre atualmente na cidadeEducaçãoSugere que as soluções educacionais sejam buscadas em esferas municipais e estaduais, iniciativa que também impulsionaria a concorrência entre as instituições de ensinoMeio AmbienteÉ responsabilidade de todos e não ex-clusivamente do poder públicoPolíticaAssume não ter o menor pendor para a política, sobretudo a partidária. Acredita que esse universo é um jogo de interesses interminávelSaúdeNecessita de ações enérgicas e resolu-tivas, além de preparo para lidar com o envelhecimento médio da população que está crescendoTrânsitoDiz que os brasileiros não foram trei-nados para usar o transporte munici-pal como ocorre nos principais países desenvolvidosTransporteEstá longe, em termos de funciona-mento, do que o carro particular ofereceViolênciaRessalta que se criou uma cultura hostil de isolamento entre as pessoas. Para disseminar a urbanidade e o respeito ao próximo, sugere que este assunto seja trabalhado nas escolas

Eu e o Zico tínhamos um professor de química que era fã incondicional do Santos Dumont. Em cada passagem de aniversário, Dia do Aviador, ou qualquer coisa assim, ele enganchava e começava a aula falando algo sobre este inventor

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OZIRES SILVA

Ozires Silva é considerado o criador da embraer, mas nomes como do brigadeiro Paulo Victor da Silva, ex-diretor do CtA, são lembrados entre os precursores da indústria aeronáutica brasileira

Escrevi cartas para as escolas de engenharia aeronáutica nos EUA, já que não existia nada parecido no Brasil. Mas naquela época até para comprar dólar precisava da autorização do governo, já mostrando que éramos uma ilha cercada pelo governo, como é até hoje

tura. Neste caso, poderia se contar com esforços da iniciativa privada, dando apoio a qualquer entidade que desejasse assumir a responsa-bilidade de promover eventos. Por outro lado, parece-me que não há em São José um ambiente favorá-vel, como acontece em muitas ci-dades, para se ter um bom número de assistentes em eventos cultu-rais. Isso é algo que também tem a ver com a educação local, que de-veria promover tais eventos. Como o senhor avalia o custo de vida em São José? Está compatível com o nú-mero de vagas de emprego e a qualidade dos salários?» O Brasil hoje é um país de custo de vida, em geral, muito alto. Há uma preocupação grande em rela-ção à nossa inflação que realmente está se mostrando em valores cres-centes e expressivos. Mas parece não haver idêntica preocupação com o nível dos preços. A indústria garante que seus custos e preços de venda, dentro dos portões, estão em números competitivos com o que ocorre no mundo. Assim, os problemas de encarecimento parecem estar a partir das fábri-cas, inicialmente com a tributa-ção (cara e complicada), logística dos transportes (inegavelmente ineficiente e muito cara), as mar-gens de distribuição dos produtos (extremamente altas). Tudo isso, levando um choque no mercado, quando comparado com o rendi-mento médio dos trabalhadores nacionais (mais baixos do que os dos nossos países competidores). Quanto a São José não tenho refe-rências, pois trabalhando em São Paulo, somente estou na cidade nos finais de semana. E sobre o nosso aeroporto? Acha que as obras de amplia-ção que foram anunciadas são suficientes para aumen-tar a capacidade de atuação do aeroporto?» Esse é um problema que há muito me preocupa. Nosso ae-roporto é muito, muito modesto para a capital brasileira da indús-tria aeronáutica. Nossos aviões são vendidos hoje em cerca de 90 países e seus compradores, pessoas sempre de altos níveis, preferiram chegar aqui voando e

não conseguem. Não sei por que acreditamos que uma empresa fe-deral, com sede em Brasília, estaria preocupada conosco. Não vejo por que o Aeroporto de São José ser administrado por uma entidade federal, a Infraero, que nada tem de ligação com a Aeronáutica que administra o CTA. Como o CTA é mantido pela União, seria adequado que o pró-prio Centro, ou alguém designado pelos seus responsáveis, operas-sem o nosso aeroporto. Por outro lado, sempre tenho insistido que a internacionalização clara da Em-braer (cerca de 90% de sua pro-dução em São José é exportada), dá para o município um estatuto diferente, trazendo para cá uma série de benefícios potenciais que

poderiam ser explorados comer-cial e culturalmente. Somando a isso, a cidade é o terceiro maior cluster aeronáutico mundial. Por que não montamos aqui um grande complexo aeronáutico, de produção de aviões, componen-tes, equipamentos, convenções, escolas de treinamento aeronáu-tico (pilotagem, manutenção, administração de empresas ae-ronáuticas, aeroportos, etc.), em adição ao extraordinário trabalho executado pelo ITA, na formação de engenheiros e da Embraer produzindo produtos vendidos em todo o mundo? O nosso mu-nicípio deveria pensar grande em todas as direções, por força do que já conseguiu no passado. E pode conseguir muito mais! •

VISIONÁRIO Ozires ao lado do presidente da Embraer, Frederico Curado, terceira maior fabricante de jatos comerciais no mundo

Foto: Divulgação/Embraer

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Marcosdacidade Matriz de São José

A Igreja Matriz foi a primeira capela de São José dos Campos,

construída na época em que ainda existiam índios na cidade, por volta de 1643. Em 1831, houve uma forte chuva e a capelinha desmoronou, restando apenas o altar. Foi reconstruída em taipa de pilão (paredes feitas de barro amassado e calcado). Como a taipa também não era um material muito resistente, foi construída em 1934 uma nova igreja, feita de alvenaria, que é a Igreja Matriz atual.

foi o ano em que a capela foi erguida

1643

foi o ano em que a igreja atual foi construída

1934

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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PresenteparaSãoJosé

No aNiversário de são José, o que você daria de preseNte para sua cidade?

Planejamento, líderes comprometidos e envolvimento com a opinião do joseense. Apesar de acreditar que algumas mudanças na cidade ainda vão levar tempo para acontecer, cidadãos de diferentes regiões arriscam palpites do que seria um bom presente para celebrar os 246 anos de São José. Entre as preferências, mais opções de lazer, segurança e atendimento humanizado na área da saúde aparecem como sinônimo de uma cidade melhor

Saudade da época em que todos se encontravam na Matriz de Santana. Hoje temos medo de sair de casaDe José Cândido Xavier, 77 anos, aposentado

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

CARTÃO POSTAL Centro de São José visto do Banhado, um dos destinos mais bonitos da cidade

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PerfilNome: Jaqueline Oliveira CorreaIdade:

26 anosProfissão:

Dona de casaBairro:

Jardim Morumbi

Nasci em São José e sempre morei na região sul da cidade. Como cuido da minha avó que sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral), acompanho de perto as condições de atendimento da saúde pública. Gostaria que o posto de saúde do meu bairro tivesse um atendimento mais humanizado. Toda vez é um descaso e os profissionais nunca estão lá. É o médico que foi embora mais cedo ou a supervisora que deu uma saidinha

PerfilNome: José Cândido XavierIdade:

77 anosProfissão:

AposentadoBairro:

Santana

Vim de Minas Gerais para São José em 1967. Quando cheguei aqui com minha esposa era tudo diferente. As pessoas se reuniam nesta praça, participavam de festas e procissões. Acho que o bairro precisa ganhar opções de lazer. Os meninos não têm sequer um campinho de futebol. As pessoas sentem medo de passear nesse jardim à noite. Tenho saudade da época em que nos reuníamos aqui para bater papo e se divertir em festas tradicionais do bairro

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PerfilNome: Sidney Dimas RodriguesIdade:

52 anosProfissão:

ComercianteBairro:

Vila Maria

A região central precisa de mais segurança. Desde que algumas câmeras foram instaladas por aqui, a situação já melhorou bastante. Ainda assim, perto das 18 horas, muitos comerciantes são vítimas de assaltos. Dia desses passei na avenida Princesa Isabel e percebi que a iluminação foi trocada, a via está totalmente iluminada. Acho que a mesma medida também seria bem-vinda por aqui, já que essa é mais uma forma de tentar inibir o crime

PresenteparaSãoJosé

de fevereiro de 1960 foi instituída pela

Lei Municipal 655 a bandeira de são José;

o desenho é de João vitor Guzzo strauss

estrelas na bandeira municipal

representam os distritos: são José,

eugênio de Melo e são Francisco Xavier

kms é a distância que são José dos campos se localiza da capital

do estado, a cidade de são paulo

kms é a distância que a cidade de são José dos campos se

localiza do rio de Janeiro

por cento da população joseense tem acesso à coleta

seletiva, segundo dados do site da

prefeitura

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3

97

243

95

ÁREAS VERDES. Vista aérea do Parque Santos Dumont, uma das referências mais fortes da cidade no que diz respeito a áreas verdes; para muitos moradores de São José, o Parque Vicentina Aranha é outra referência

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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PerfilNome: Jair Teodoro da SilvaIdade:

52 anosProfissão:

Operador de caixaBairro:

Santa Inês 1

Vejo muitos adolescentes usando drogas, principalmente no período noturno. Essa região precisa de mais segurança. No dia do impeachment do Collor, em 1992, fui assaltado e levei dois tiros. Hoje o medo é ainda maior, porque os criminosos não pensam duas vezes antes de agir. Parece que gostam de ver a pessoa tombar. Percebo que a cidade está crescendo, mas o número de policiais não acompanha o mesmo ritmo.Z

PerfilNome: Débora Melissa Melo CarvalhoIdade:

35 anosProfissão:

Funcionária públicaBairro:

Jardim Aquarius

Moro neste bairro (jardim Aquarius) há quatro anos e ele não para de crescer. Para facilitar o dia a dia de todos os moradores, acredito que seria muito interessante que um novo centro comercial, com lojas bem diversificadas, se instalasse por aqui. Por enquanto só temos uma escola de educação infantil. Algumas crianças estudam em outros bairros. A chegada de outras agências bancárias também seria bem-vindas

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Marcosdacidade DCTA

foi a década em que surgiram cta e ita

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foi o ano em que se transformou em dcta

2005

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

Criado pelo decreto nº 5.657, de 30 de dezembro de 2005, através de uma reestruturação organizacional do antigo

CTA, é o órgão do Comando da Aeronáutica ao qual compete a consecução dos objetivos da Política Aeroespacial Nacional para os setores da Ciência, Tecnologia e Indústria e a contribuição para a formação e condução da Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais. Nasceu na década de 50 e é sede do ITA.

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Marcosdacidade EMBRAER

foi assinado o decreto criando a Embraer

1969

foi o ano que o primeiro Bandeirante saiu da

linha de produção

1972

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

Em 1965, a fabricação de um avião brasileiro era um sonho acalentado

por jovens engenheiros do CTA, entre eles Ozires Silva. Três anos depois, o primeiro protótipo do Projeto IPD-6504 decolava em seu voo inaugural no aeroporto com pista de terra em São José. Assim surgia o Bandeirante, grande sucesso aeronáutico que originou a criação da Embraer em 19 de agosto de 1969, hoje a terceira maior fabricante de jatos comerci-ais do mundo.

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ELES AINDA SÃO BEM PEQUENOS MAS JÁ PENSAM COMO GENTE GRANDE

São Joséeseu Futuro

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Crianças entre 9 e 10 anos, de duas escolas da cidade, contam em desenhos o que esperam de São José no futuro

Formas, cores, muita cria-tividade e o desejo de um futuro próspero. A São

José idealizada por crianças do ensino fundamental tem ruas arborizadas, ciclovias, metrô, o Banhado totalmente preserva-do e atendimento de qualidade na área da saúde.

Para que os pequenos também colaborem com o sonho de ter uma cidade bem melhor, a revista + São José convidou alunos da escola Moppe e da Emef Professora Maria de Melo para desenhar seus principais votos de mudança. A iniciativa gerou rodas de bate-papo com discussão de ‘gente grande’ e a

POR RENATA DEL VECCHIOcerteza de que, apesar da pouca idade, eles têm consciência da urgência que é trabalhar por tudo que foi reivindicado.

Com o tema “O que os pe-quenos desejam para o futuro de São José dos Campos”, dois assuntos foram unânimes entre a garotada: a sustentabilidade e a melhoria no atendimento público de saúde. Na lista de ideais também fi guram melho-res salários para professores, bombeiros e policiais, investi-mentos na área de habitação, combate às drogas e criação de ciclovias.

“A percepção deles é grande. Apesar de serem crianças, todos compreendem os prin-cipais problemas que enfren-

tamos. Com a criação dos desenhos, vamos fomentar esse envolvimento de mudança com discussões dentro da escola”, contou a orientadora pedagógi-ca Ana Paula de Lima, da Emef Professora Maria de Melo.

As crianças fi caram livres para estabelecer em quanto tempo aquela reivindicação em forma de desenho deveria ser atendida. Para alguns, mudan-ças como a boa convivência entre jovens e idosos precisam ocorrer a partir de agora. A construção de casas para famí-lias carentes ganhou o prazo de dois anos.

Com espontaneidade, Sofi a Maria Corga e Damiani, 10 anos, alertou para a urgência

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São Joséeseu futuro

de mais árvores nas ruas. “Visualizo uma cidade verde, com menos poluição. Hoje, as poucas árvores que temos estão destruí-das. Imagina como será nosso futuro?”

A preocupação de Vinícius Dias Póvoa, 9 anos, é a falta de opções de lazer que pos-sam atrair os jovens que só querem saber do computador. Sua colega, Giordana Bri-to, 10 anos, sugere que as pessoas devem aproveitar que a cidade é plana para andar de bicicleta. “Tenho uma bike, mas já ficou pequena. Que tal deixarmos o carro em casa para irmos à padaria pedalando? Esse é mais um desafio para a vida da gente.”

Literalmente, muitos desenhos foram fei-tos com conhecimento de causa. Algumas crianças, que citaram melhorias na rede pública de saúde, por meio do desenho, já necessitaram passar por consulta médica e o atendimento não foi satisfatório.

“Uma vez, torci o braço, fui para o hos-pital às 21h e demorou muito para eu ser atendida. O mesmo aconteceu quando

estava com forte dor de cabeça. Acho que os médicos poderiam ser mais dedicados”, revelou Larissa de Souza, 10 anos.

A falta de atenção na saúde também mar-cou a vida de Marcela Yuri Reis Kimura, 10 anos. Ela conta que uma vez sua avó passou pelo médico e voltou para casa com a orientação de que estava tudo bem. Dias depois, ela morreu. “Ele falou que estava tudo bem, mas não estava. Já que os médi-cos se comprometeram com a profissão, deveriam fazer o melhor”, aconselhou.

A pequena disse que escuta muitas reclamações nas ruas, seja por falta de segurança ou por escolas de qualidade. “Eu me desenhei estudando para mostrar que há escolas que não funcionam direito. Se as crianças não aprenderem nada, jamais serão boas para governar”, disse Marcela.

A mudança interior também foi apresen-tada pelas crianças como ferramenta para impulsionar o futuro da cidade. Frases de carinho e esperança acompanham os dese-

nhos, demonstrando o desejo de comparti-lhar uma vida mais fraterna.

A obra de Ana Luisa Souza Ribeiro, 10 anos, ressalta bem o que pode melhorar na sociedade, com o cultivo destas virtudes. “Se o amor existisse em excesso, para to-dos, teríamos menos usuários de drogas.”

A professora Alessandra Aoki, da Moppe, reforça o sentimento dos cidadãos mirins: “Eles demonstraram muito carinho pela cidade e ideias bem futuristas. Percebi o sentimento de melhorar São José. Eles desejam que a região se torne um modelo.”

No bate-papo, os estudantes foram questionados sobre uma mensagem que impulsionasse a transformação positiva na cidade.

Entre respostas, os principais apelos foram: “Preservem a natureza”, “se pre-ocupem mais com a cidade, pois coisas ruins acontecem”, “mais dedicação com as escolas, pois passamos grande parte da vida estudando”. •

Uma vez a escola fez um passeio ciclístico para melhorar o planeta. Isso me pareceu muito divertido. Então, pensei em levar essa diversão para o futuro das crianças e assim fazer com que o verde não esteja somente nos parques, mas sim perto das rodovias. As pessoas que pensam que não tem nada a ver com isso podem sofrer no futuro

Penso em um mundo mais verde, sem poluição. Se em São José existisse mais árvores, a cidade ganharia qualidade de vida e beleza. Moro no Urbanova e acho que o prefeito deveria olhar mais para a questão do meio ambiente. Se hoje a situação está assim e nada for feito, posso imaginar um triste futuro

Sofia Maria Corga e Damiani, 10 anos, escola Moppe Giordanna Brito, 10 anos, escola Moppe

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Desenhei um caminhão fazendo asfalto porque percebo que a cidade tem muito trânsito e os governantes poderiam fazer mais ruas. Precisamos investir em reservas ambientais, pois a vegetação está devastada e temos animais em extinção. Espero que daqui 20 anos São José tenha novos projetos, pouca poluição e muito verde

Acho que São José quando crescer mais vai ter vários projetos para receber eventos grandiosos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas. Também acho que o Banhado é uma região muito bonita da nossa cidade que deve ser preservada. Áreas para praticar exercícios físicos também são importantes

Juliana de Paula Bernardes, 9 anos, escola Moppe Vinícius Dias Póvoa, 9 anos, escola Moppe

Desejo que no futuro da cidade se construa um metrô. Este meio de transporte é mais

rápido que o ônibus, mais seguro e beneficia as pessoas que vão trabalhar. Sem contar

que diminuiria o trânsito. Eu concordo com os protestos contra o aumento da tarifa dos

ônibus, mas não gosto das pessoas que ficam jogando pedra e destruindo tudo

Maria Luiza Yonezawa, 9 anos, escola Moppe

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As pessoas precisam aprender a não jogar lixo nos rios e nas ruas. Meu

desenho idealiza São José daqui um ano. Gosto de ir a praças e parques,

mas muitas vezes encontro bastante sujeira jogada nesses locais. Acredito

que essa mudança é possível de se realizar. Também quero que os

funcionários dos hospitais sejam mais dedicados e não faltem

medicamentos

Quando você vai ao hospital e não está se sentindo bem, é muito chato ter que esperar por atendimento. Uma vez eu torci o braço e demorou muito para ele ser enfaixado. Acho que a cidade está muito boa, mas pode melhorar. As escolas poderiam receber uma dedicação especial, já que passamos a maior parte da vida aprendendo

Desenhei várias mudanças para o futuro de São José: Melhores

salários para professores, bombeiros e policiais, pois eles arriscam a vida e não recebem de acordo com o trabalho que

exercem. Também não queria que existissem drogas. Isso atrapalha

muito a vida dos jovens que largam tudo para viver nas ruas

São Joséeseu futuro

Natália de Oliveira, 10 anos, escola Prof.ª Maria de Melo

Larissa Bueno de Souza, 10 anos, escola Prof.ª Maria de Melo

Ana Luiza Souza Ribeiro, 10 anos, escola Prof.ª Maria de Melo

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Quero que construam casas para todos e tenha pouca poluição. Um dia eu estava passando na rua e vi

muitas pessoas sem um lugar para morar. Senti muita pena. Sei que se

a cidade continuar assim ela não crescerá. Em casa, eu e meus pais sempre discutimos sobre diversos

assuntos como moradia

Moira Lorrane, 9 anos, escola Prof.ª Maria de Melo

Marcela Yuri Reis Kimura, 9 anos, escola Prof.ª Maria de Melo

As pessoas estão reclamando bastante e fiz meu desenho com base nisso. Acho que o bom comportamento dos cidadãos deve existir até quando eles viajam para outra cidade. Tem gente que vai para o litoral e joga lixo no mar. Isso faz muito mal aos animais marinhos. O certo é colocar tudo em uma sacola e levar para casa

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Jovem cidadão quer uma São JoSé maiS organizada

São Joséeseu Futuro

A juventude reencontrou a motivação para voltar a se interessar e a partici-par do destino de seu bairro, cidade

e país. Da geração alienada para as mobi-lizações que pararam o Brasil, muita coisa mudou. A vontade de mostrar a cara e de ser ouvido é a prioridade do momento.

Com a mente arejada e cheia de ideias, o jovem pode colaborar para transformar a cidade em um lugar melhor para se viver. Com esse pensamento, estudantes do ensi-no médio de escolas públicas e particulares de São José dos Campos foram convidados para debater os destinos da cidade.

Em um bate-papo, mostraram o que pen-sam e abordaram o que falta para que São José se torne a cidade ideal, dos sonhos de todo joseense.

O cenário não poderia ser mais apropriado, o Parque Santos Dumont, ícone de São José com suas referências sobre a vocação aero-náutica, também é um símbolo da infância desses jovens. “Esse lugar me lembra muito a minha infância. Quando eu era pequena vinha muito aqui. Tenho muitas fotos dessa época”, relembra Letícia Santos Santana, 18 anos, estudante do 3° ano da escola Nelson Nascimento Monteiro, na zona sul.

Aliás, a questão do lazer na cidade foi lembrada no debate e a opinião é unânime. Para eles, faltam opções de entretenimen-to em São José. “Eu gosto da cidade, mas acho que falta entretenimento. Não temos opções de lazer”, afirma Giovana Neves Teixeira, 16 anos, estudante do 2º ano do COC. “Há os parques, que são lindos, mas e quando chove?”, questiona. Cinema e shopping são os lugares mais acessados

POR Daniela Borges

BATE-PAPOCícera Santos, 18 anos, e Henrique Dubugras, 17, escolheram o Parque Santos Dumont para a conversa

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São José dos Campos, 27 de Julho de 2013 • 63

eles ainda estão na escola, já prestes a entrar na

faculdade, mas querem melhorias e vislumbram um futuro seguro e com

mais mobilidade emsão José dos Campos

Jovem cidadão quer uma São JoSé maiS organizada

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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São Joséeseu Futuro

São José dos Campos é uma cidade muito bonita, que tem tudo muito bem cuidadoVitor Beck dos Santos,16 anos, estudante

VOZ PRÓPRIA Os estudantes Vitor Beck, 16, Giovana Teixeira, 16, e Letícia Santana, 18, no bate-papo promovido pela revista + São José

para o lazer.O meio de transporte mais utilizado

pelo grupo é o ônibus e sua eficiência divide opiniões. Para Henrique Vas-concelos Dubugras, 17 anos, estudante do último ano do ensino médio na escola Matarazzo, o sistema funciona. “Para mim não tem problema. Moro na Vila Adyanna, pego o ônibus às 6h40 e às 6h50 estou na escola. Do bairro até o centro também tem muitas opções.”

Ponto de vista compartilhado por Giovana, que utiliza o transporte público para ir do Jardim Satélite, onde mora, até o centro. “Temos muitas opções de linhas de ônibus no bairro, por isso, o ônibus que pego é bem vazio”, diz.

Já para a estudante Cícera Bruna da Silva Santos, 18 anos, que está no 3º ano da escola Olimpio Catão, pegar ônibus é um problema. “Moro no jar-

dim Santa Julia, que é um bairro novo, e não tem muita opção de ônibus nem do bairro para centro nem vice-versa”, afirma. Segundo ela, o ônibus demora muito para passar -- de hora em hora - e quando passa está lotado. “O percurso do bairro até o centro leva uns 40 minutos.”

A mesma opinião da estudante é dividida por Vitor Beck dos Santos, 16 anos, que está no 2° ano, no COC. Ele pega o ônibus pelo menos uma vez por semana, nos outros dias vai de carona com o pai. “Moro no Vista Verde e a situação dos ônibus de-pende do horário. Quando vou para escola é vazio, mas quando volto, por volta das 19h, é lotado”, afirma. De acordo com ele, tem ônibus, mas são todos cheios. “Demora muito para chegar ao bairro, porque o ônibus para em todos os pontos”, diz.

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Para os jovens, os bairros afastados do centro sofrem mais com o trans-porte público.

Cícera, que mora Santa Julia, acredita que para resolver a questão seria necessário ampliar o número de linhas para essas regiões. “A lotação acontece porque não tem muita opção. No meu caso, vários bairros são abastecidos pelo mesmo ônibus. Imagina na hora de pico.”

Para Letícia, a cidade está crescen-do e com isso crescem também os problemas. “No anel viário, às 18h, parece que você está em São Paulo.”

Vitor e Giovana concordam. “O trânsito tem piorado muito. De noite, o anel viário fica parado. É horrível”, diz a estudante.

O aumento da criminalidade é uma preocupação para os jovens. Os dois rapazes já foram vítimas de assaltos em São José. Duas vezes cada um. “A segurança precisa ser melhora-da”, afirma Henrique. “Aumentar o policiamento ajuda, mas é necessário ter um trabalho voltado para o lado social. O jovem sai da escola e falta um trabalho com ele”, completa.

Vitor foi assaltado duas vezes no mesmo lugar, perto da Sabesp, no centro. “Não tinha a quem recorrer. Não tinha nenhum policial, nada ao meu alcance que pudesse buscar algum auxílio”, afirma indignado.

Giovana acredita que a criminali-dade está aumentando e ela não se arrisca a andar sozinha à noite. “A gente sempre conhece alguém que já foi assaltado.” Letícia, que mora no 31 de Março, diz que quando escurece seu bairro fica muito parado e perigo-

so. “Não é seguro ficar na rua.”Apesar dos problemas, todos

concordam que São José tem mais pontos positivos do que negativos.

“São José é o lugar perfeito entre o interior e a capital”, diz Henrique. Vitor concorda com o colega e afirma que a cidade oferece excelente quali-dade de vida, que não é um caos, como as grandes metrópoles, e nem um lugar abandonado, sem opções para nada, como as cidades interioranas. “É uma cidade muito bonita. Não tem muitos lugares ‘zoados’ e é tudo muito bem cuidado”, opinia.

Cícera diz que São José está se transformando em uma cidade bem desenvolvida. “Tem oferecido mais empregos em virtude do crescimento e nesse ponto de vista a cidade está melhorando bastante.”

Para ela, aqui o jovem tem mais oportunidades de se desenvolver.

Henrique chama a atenção para uma peculiaridade da cidade. “Nada fica aberto depois das 22h. Acabou. A cidade apaga”, diz ele. “Estava voltando de uma festa, 1h, e não tinha posto de gasolina aberto na região central”, exclama. Cícera diz que isso torna a cidade mais perigosa. “Fica mais arriscado”, afirma.

O foco na educação é o que a cidade tem de melhor, segundo Henrique. A cidade abriga muitas instituições de ensino, cursos técnicos e escolas. Também acho o mercado de trabalho muito bom.” E mesmo que compar-tilhem a ideia de estudar fora, todos pretendem retornar à cidade depois de formados. “Aqui é a minha casa”, conclui Letícia. •

São José dos Campos abriga muitas instituições de ensino, cursos técnicos e escolas. Também acho que o mercado de trabalho aqui é muito bom

Henrique Dubugras, 17 anos, estudante

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Marcosdacidade BANHADO

foi o ano em que saiu a lei de preservação

municipal

1984

metros acima do nível do mar está o Banhado

550

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

Cartão postal de São José, é uma região contígua ao centro

urbano. Constitui-se em um anfiteatro que se abre após o declive abrupto que cai sobre a várzea próxima, mantendo suas feições de extensa planície que se alonga até o Rio Paraíba do Sul. Referenciais obrigatórios são os anos de 1984 e 2002, quando foram criadas as Apas (Áreas de Proteção Ambiental) Mu-nicipal e Estadual, respec-tivamente.

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Marcosdacidade General Motors

anos tem o complexo da GM em São José

54

pessoas trabalham atualmente na unidade

7.000

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

Fotos: Arquivo/O VALE

O Complexo Industrial da General Motors

do Brasil em São José dos Campos completou este ano 54 anos de atividades. Nesta unidade, inaugurada em 10 de março de 1959, pelo então presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, saiu o primeiro motor Chevrolet fabricado no Brasil. O complexo é um dos maiores do país, mas hoje atravessa grave crise de produção e falta de novos modelos, após anos de impasse com o sindicato local para a vinda de investimentos.

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São Joséeseu Futuro

Para você, coMo é uMa cidade ideal?Foi essa pergunta que a revista + São José fez a um grupo de quatro estudantes de Arquitetura e Urbanismo quando pediu que elaborasse o projeto de uma cidade com boa mobilidade, trânsito organizado e transporte de qualidade

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São José e seu Futuro

Congestionamento. Até pouco tempo atrás essa palavra não fazia parte do

vocabulário da população de São José dos Campos. Mas o cenário mudou. Basta acessar o anel viá-rio, no fim da tarde, por volta das 18h30, para constatar que a cidade vive outra realidade, bem mais crítica, morosa e fatigante.

Se a volta para a casa tornou-se uma tarefa bem mais difícil nos dias atuais, imagine como seria se não existisse o anel viário?

Impossível conceber tal realida-de, não é mesmo?

Pois é, a situação só não é pior porque faz parte das atribuições do poder público -- pelo menos deveria ser -- antecipar o cres-cimento da cidade, propondo soluções para condições que ainda não existem.

Os números estão aí para isso. A frota de veículos aumentou quase 100% em 10 anos, passou de 180.272 em 2002 para 360.639 em 2012.

Mas, qual será o próximo passo? Qual seria a próxima resolução prevista para o futuro? Para colaborar com ideias e sugestões plausíveis, a revista +São José lançou um desafio a um grupo de universitários do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univap (Universidade do Vale do Paraíba). Desenvolver soluções voltadas para a mobilidade urbana na maior cidade da Região Metro-politana do Vale do Paraíba.

Sob o comando do coordenador do curso e professor Fábio Almei-da, e a orientação dos professores Luciana Lins de Melo, Pedro Ribeiro, Paulo Romano Reschilian e Pedro Ribeiro Moreira Neto, os estudantes do curso encararam a empreitada.

A primeira tarefa proposta ao grupo buscou identificar os principais problemas da cidade

POR Daniela Borges

relacionados à mobilidade urbana. Foi levantado por estudantes e professores que as dificuldades estão associadas à falta de diversificação das alternativas de transporte, principalmente o coletivo. “Outro aspecto que deve ser apontado é a necessidade de reorganização do transpor-te em malhas conectadas entre si”, resume o coordenador. O modelo de transporte mais adequado, de acordo com o grupo, é aquele que promova o transporte coletivo, diversificado e integrado, com qualidade e eficiência.

”Percebemos a vontade do poder público em solucionar os problemas, entretanto, é difícil atender à atual demanda por mo-bilidade, que nos remete à necessidade de planejamento a curto, médio e longo pra-zo”, afirma Almeida. Mesmo quando houve planejamento, segundo ele, a demora na implementação do plano viário resultou na solução defasada e desarticulada de novas alternativas. “Ou seja, o planejamento não pode estar a reboque da crise, que nos leve a soluções paliativas”, afirma.

Para estudantes e professores, é impor-tante que o poder público insista em so-luções que tratem o problema de maneira global. “Cujo foco não esteja em privilegiar ou resolver apenas um meio de locomo-ção”, aponta o coordenador. “Entendemos também que é necessária uma mudança de comportamento da sociedade que valorize o transporte coletivo”, enfatiza.

O grupo de estudos define ainda que os problemas relacionados à mobilidade vão além dos quesitos urbanísticos da cidade, trata-se também de questões culturais de seus habitantes. “Fatores corroboram com a ideia de que a melhor maneira para se esquivar de “atrasos cotidianos” é com a construção de vias expressas e o uso do au-tomóvel”, explica Almeida. Esses fatores, segundo ele, estão relacionados à demanda de serviços em regiões centrais. O acúmulo de veículos em horário de pico em determi-nadas avenidas, a falta de um trânsito mais heterogêneo, a ineficiência do transporte público, a topografia e a morfologia urbana reforçam esse pensamento.

FUTURO Estudantes de Arquitetura e Urbanismo da Univap percorrem o centro de S. José

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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FUTURO Estudantes de Arquitetura e Urbanismo da Univap percorrem o centro de S. José

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São José e seu Futuro

O termo mobilidade urbana vai além das questões ligadas ao transporte coletivo. “Signifi-

ca as possibilidade de circulação no meio urbano, para pedestre, ciclista, automóvel, ônibus, metrô, trem, entre outros”, afirma Fabio Almeida, coor-denador do curso.

De acordo com o grupo de estudos da Univap, para pensar em soluções para a mobilidade em São José dos Campos é preciso contemplar a diversificação dos tipos de transporte e investir no transporte público. “Para que o cidadão venha um dia preferir esse transporte”, diz Almeida.

Outras sugestões do grupo preveem o planejamento mais eficiente das co-nexões viárias da Região Metropolita-na do Vale, expansão das zonas mis-tas para diminuição de deslocamento diário e espaços de permanência que possam dispersar as rotas cotidianas. “Uma cidade em movimento é uma cidade viva”, ressalta Almeida.

Para estudantes e professores, o Brasil queimou etapas relacionadas ao planejamento urbano e não foi diferente com São José.

“O que faltou foi elaborar um esquema que permitisse a conexão de todos os modais, a fim de distribuir mais o fluxo de pessoas circulan-do nos principais eixos de São José (principalmente nos horários de pico), garantindo maior eficiência na relação tempo-deslocamento”, diz Almeida.

Os futuros arquitetos concordam que o crescimento da cidade não está no mesmo ritmo acelerado das últimas décadas. “Acreditamos que a situação em médio prazo ainda não chegará àquela registrada em São Paulo (onde qualquer horário se encontra algum congestionamento), mas poderemos estar bem próxi-mos de uma situação mais caótica nos pontos da cidade que já são um problema hoje em dia (ver arte), ou talvez, termos novos pontos com os mesmos problemas”, diz Almeida.

O termo mobilidade urbana vai além das questões ligadas ao transporte coletivo. Significa as possibilidades de circulação no meio urbano, para pedestre, ciclista, automóvel, ônibus, metrô, trem, entre outros

Fabio Almeida, coordenador do curso da Univap

ATIVIDADE Professores e alunos trabalham para elaborar o projeto de mobilidade

Mobilidade vai aléM do transporte

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São Joséeseu Futuro

SoluçõeS propoStaS•Integração do futuro VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) com outros tipos de transporte

•Melhoria no transporte público promovendo eficiência em relação ao tempo/deslocamento

•Aumento no número do transporte articulado•Melhoria da acessibilidade dos usuários ao transporte coletivo, gerando maior rapidez de em-barque desembarque, como o exemplo de Curitiba

•Outros meios de pagamento da tarifa (automa-ção na aquisição de bilhetes)

•Reativação do transporte ferroviário de passageiros com paradas ao longo do caminho (ligação de Jacareí a Pindamonhangaba);

•Estacionamento no subsolo das praças da região central

•Medidas viárias precisam trabalhar em con-junto com outros sistemas de transporte, como ciclovias, VLT, metrô, táxi, van e ônibus.

•Medidas viárias em implantação na cidade: a criação do sistema Macro Viário de São José dos Campos como a via Cambuí que será uma alternativa a avenida dos Astronautas na Zona Sudeste, a criação da via Ressaca que desafo-gará o Viaduto Pe. Rodolfo localizado na Zona Sul e a via Parque que surgirá como opção à Av. Audemo Veneziani na Zona Norte

Fonte: Grupo de estudo formado por estudantes e professores do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univap

SugeStão de Solução para a rotatória do Jardim ColinaS

Contemplar a travessia dos pedes-tres de uma forma rápida e segura, sem usar as vias, o que permite a passagem direta e rápida dos veículos na faixa da direita sem a necessida-de de parada nos semáforos. Essa solução contribui para a diminuição do congestionamento nos horários de maior movimento. A ideia tem como referência uma solução adotada na cidade de Xangai, na China.

CentroAvenida São JoséAvenida Dr. João GuilherminoRua Siqueira Campos e adjacências Trevo do DCTA

Zona norteAvenida Rui BarbosaAvenida Audemo VenezianiPontes que cortam o rio Paraíba do Sul e a linha férrea

Zona SulViaduto Nandim RahalViaduto Pe. RodolfoRua George Eastman

Zona leSteAvenida Juscelino KubitscheckAvenida Pedro FriggiAvenida Tancredo Neves

SudeSteAvenida dos Astronautas

Zona oeSteAvenida Jorge ZarurRotatória do Jardim das Colinas

regiõeS CrítiCaS da Cidade

O Projeto dos Estudantes

Porém são medidas paliativas a curto prazo, onde inevitavelmente irão

saturar em um breve período de tempoFábio Almeida, especialista em trânsito

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A Prefeitura de São José dos Campos pretende colocar em prática um pacote

de melhorias para a mobilidade urbana. No centro das mudanças, a priorização das pessoas, e não dos carros.

De acordo com a Secretaria de Transportes, desta forma devem ser pensadas as políticas públicas, democratizando os espaços e valorizando outras possibilidades de mobilidade.

A pasta reconhece que para melhorar a mobilidade urbana da cidade é preciso priorizar o transporte público de qualidade e incentivar os deslocamentos a pé em calçadas seguras, com infraes-trutura que garanta o deslocamen-

AdministrAção promete pAcote de melhoriAs

to dos ciclistas.Para colocar ações em prática, a Se-

cretaria de Transportes informa que a cidade deve estar preparada para enfrentar as mudanças culturais e conceituais que as propostas trarão.

“Qualquer alteração na con-cepção dos espaços e na forma de organização e sistematização das cidades gera um desconforto na população em um primeiro momento”, informa a nota expedi-da pela assessoria de imprensa da Secretaria de Transportes.

“Mas são mudanças e projetos necessários para que a cidade continue a se desenvolver de forma sustentável, garantindo um futuro com qualidade de vida aos cidadãos”, completa. Apesar de

Em um primeiro momento vai ser complicado até a população se acostumar a viver com essa solução. Mas é extremamente necessária, vai dar mais agilidadeFábio Almeida, especialista em trânsito

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dividir opiniões, uma das novas medidas colocadas em prática pelo poder público, a criação dos corredores exclusivos de ônibus na região central, é vista com bons olhos pelo arquiteto e professor Fabio Al-meida. “Em um primeiro momento vai ser complicado até a população se acostumar a viver com essa solução. Mas é extrema-mente necessária, vai dar mais agilidade”, garante o especialista. •

São Joséeseu Futuro

Projeto Calçada Segura

Projeto Corredores de Transporte – priorização do trans-porte coletivo nas principais avenidas do centro da cidade, na primeira fase do projeto, com a implantação de faixas exclusivas e preferenciais e pontos de embarque pré-pago (PE´s), visando o aumento da velocidade comercial dos ônibus e maior segurança e conforto aos passageiros

Projeto Via Bike – disponibilização de Bicicletas Públicas para utilização da população nas regiões centro, oeste e norte da cidade, estimulando o uso da bicicleta para pequenos deslocamentos e incentivando a integração entre os modos de transporte

Programa Centro Vivo com Mobilidade – projeto de requa-lificação do centro da cidade com ações que priorizam os pedestres e os ciclistas

Reestruturação do Sistema de Transporte – projeto para re-estruturar todo o sistema de transporte, com implantação de corredores exclusivos e preferenciais em toda a cidade e otimização do sistema

VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) Eixo Andrômeda – im-plantação de um VLT em um dos principais corredores de transporte da cidade localizado na avenida Andrômeda

Plano Diretor de Mobilidade Urbana – seguindo os princí-pios e objetivos da Lei de Mobilidade Urbana, será desen-volvido o plano diretor de mobilidade da cidade, com as diretrizes que irão nortear o desenvolvimento de São José dos Campos de forma sustentável, garantindo a qualidade de vida da população. Fonte: Secretaria de Transportes

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Marcosdacidade UNIVAP

foi a década em que se iniciou o curso em

São José

50

alunos tem hoje o complexo da Univap

6.000

Fotos: Arquivo/O VALE

A Faculdade de Direito começou na década de 50, quando São José

prosseguiu na arrancada para a industrialização. Os primeiros membros da diretoria da faculdade foram seus fundadores, os professores Luiz de Azevedo Castro, Neif de Oliveira Mattar e Domingos de Macedo Custódio. A faculdade deu origem ao que é hoje o complexo da Univap, com campi no centro e no Urbanova, em São José, além de outras cidades do Vale do Paraíba.

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São José:asua Cidade

Uma cidade qUevocê nUnca viU

Essa é a São José de muitos cantos, muita diversidade e muitas caras, que mistura tecnologia e ares de cidade do interior

RIBEIRINHOSMoradores do Beira Rio

precisam usar um barco para chegar em casa

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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São José:aSua Cidade

POR DANIELA BORGES

Paralelo a São José dos Campos que todos conhecem, existe uma

cidade escondida, enigmáti-ca, formada por recônditos desconhecidos da maioria da população.

São lugarejos que abrigam comunidades que vivem na contramão do ritmo ditado pelo desenvolvimento, quase em câmera lenta. Sem pressa, sem estresse e sem afetação.

Os cantos ignorados da cidade distanciam seus moradores da realidade pujante e próspera conquistada pelo perfil indus-trial que caracteriza o muni-cípio. Regiões onde o trânsito não incomoda, a segurança não tira o sono e o transporte público não aborrece.

Esses oásis não estão neces-sariamente tão distantes da região central. No bairro cujo metro quadrado está entre os mais valorizados da cidade

Hoje em dia, a vida na roça tem muito mais conforto. A minha casa ainda não está terminada, falta o acabamento. Ela vai ficar do jeitinho que eu quero

Vitor Severino de Souza, 57 anos

O rio é a nossa casa. Não sei viver em outro lugar e, mesmo nesses tempos mais difíceis, ainda dá para pescar alguma coisa em suas águas

Solange Ramos,37 anos

COMO ANTIGAMENTE Moradora da comunidade Beira Rio cozinha diariamente em fogão à lenha

está a pacata comunidade Beira Rio, que vive há mais de 50anos praticamente da mesma forma, nas margens do rio Paraíba.

Na rodovia dos Tamoios, distante 12 quilômetros da cidade, há uma área que abriga pequenos produtores rurais, como Vitor Severino de Souza e suas cinco vaquinhas. De cima da colina, ele desfruta de uma

das melhores vistas da cidade.Mazelas? Elas estão por toda a

parte e também fazem parte da vida dessas pessoas que lutam com dignidade pela sobrevi-vência.

Conheça como vivem e o que pensam esses moradores que conhecem São José dos Campos por outro ângulo, menos ambicioso e muito mais poético.

LAZER Diogo Ramos, 11 anos, é destaque nas competições de golfe

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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A ZONA RURAL DE SÃO JOSÉ A zona rural de São José dos Campos representa2/3 da área total do município

Em 1991, a cidade possuía 16.555 moradores na zona rural

Em 2000, esse número caiu para 6.570

Em 2010, voltou a crescer e atingiu 12.802

A atividade econômica predominante é depequenos produtores de leite

A participação do setor rural no valor adicionado é de 0,2%

Representa R$ 40 milhões em valores absolutos

Em 2000, esse valor era de R$ 5 milhões

Todo o leite produzido em São José é consumido na cidade

Em 2000, a produção de leite era de 13.421 litros

Em 2010, passou para 24.600 litros

O resultado refl ete o aumento de produtividadeno setor, já que o número de vacas ordenhadasaumentou pouco mais de 40%

Fonte: Proder e Secretaria de Desenvolvimento Econômico

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São José:asua Cidade

Isolar-se do mundo em um sítio na rodovia dos Tamoios foi muito mais do que a opção de vida escolhida pelo ex-metalúr-gico Vitor Severino de Souza, de 57 anos. Foi a sua recompensa. Na sua propriedade de cinco hectares, cerca de 43 mil metros quadrados, vivem apenas ele, cinco vacas, 20 galinhas e quatro cachorros.

Depois de uma vida trabalhando na GM, junto com a aposentadoria chegou a oportunidade de realizar seu sonho. Há sete anos, Souza mudou-se do Bosque dos Eucaliptos para a propriedade rural, onde produz leite. A mulher e os filhos ficaram na cidade. “Minha esposa vem para o sítio dia sim, dia não, como é pertinho temos essa facilidade. Mas eu não saio daqui nunca”, afirma convicto. Souza fica meses sem ir até a ‘cidade’. Diferente do pai, todos os três filhos de Souza tiveram a oportuni-dade de estudar e fazer faculdade.

Grande entendedor da vida animal e apaixonado pelo campo, Souza diz que ama o que faz. “É um trabalho pesado, mas que faço com muito prazer”, diz. “A vaca é um bicho abençoado, é muito manso, doce e dá o leite, que é um alimento muito importan-te”, completa.

O aposentado demonstra um profundo respeito aos animais e até uma certa com-preensão da linguagem dos bichos. Em um cantinho, separada das demais, uma vaca bem cuidada chama atenção. Souza explica que ela é temperamental. “Essa é a Piquita, ela fica separada porque tem o costume de bater nas outras. Ela gosta de judiar”, explica sorrindo.

Nascido na cidade mineira de Alagoas, próxima a Itamonte, Souza veio ainda bebê para São José. “Meu pai sempre trabalhou em fazenda até vir para a Tecelagem Paray-ba”, relembra. Com 14 anos, Souza já tinha carteira assinada. As mãos, que sempre mexeram com máquinas, hoje lidam com seres vivos, em uma atuação, segundo ele, bem mais satisfatória.

A rotina é uma consequência da vida no campo que agrada o aposentado. Todos os dias, às 6h, ele levanta e faz o café. “Pode estar o tempo que estiver, frio ou choven-

Uma vida isolada

do, que nada altera o hábito”, diz. Depois, ele segue para ordenhar manualmente suas vacas. As cinco vacas produzem 15 litros de leite por dia. “Levo uma hora para tirar o leite.” As vacas também preci-sam ser ordenhadas na parte da tarde.

“Dia sim, dia não, o laticínio vem pegar o leite”, observa. Souza tira em média R$ 1.270 por mês com a venda do leite. “Dá para cobrir os gastos e sobra um pouco”, diz. Cerca de R$ 500 são gastos com farelo, cevada e ração para as vacas.

Logo após a orde-nha, é preciso limpar o curral. “Coloco as bichinhas no piquete e deixo tudo pronto, para no dia seguinte come-çar tudo de novo.”

Diferente da cidade, o tempo influencia na produção. Quando está muito frio, as vacas produzem menos. “Por isso o leite costuma ficar mais caro no inverno”, explica.

“Não tenho emprega-do, todas as melhorias na propriedade eu fiz sozinho e tenho muito orgulho e satisfação disso”, observa.

A casa da proprieda-

de foi projetada pelo aposentado, que fez questão de uma cozi-nha bem grande e porta com batente duplo. “A minha casa ainda não está terminada. Ela ain-da vai ficar do jeitinho que eu quero. Pretendo morar aqui até morrer.”

Souza diz que, como São José é uma cidade industrial, as pessoas esquecem que aqui existem grandes áreas rurais. “Tem muita gen-te que vive da produção rural”, afirma.

Segundo ele, os incentivos públicos aos produtores precisam ser ampliados.

VIDA NO CAMPOO ex-metalúrgico Vitor Severino de Souza, de 57 anos, em sua propriedade de cinco hectares, cerca de 43 mil metros quadrados, onde ele cria cinco vacas, 20 galinhas e quatro cachorros

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Uma vida como antigamente

No lugar do asfalto, água. Ao invés de carros, barcos. De todos os

tamanhos e modelos.O rio Paraíba do Sul, de onde

tiravam o sustento mais de 40 famílias da comunidade Beira Rio, hoje perdeu a função.

É agora identidade de uma comunidade formada por pes-soas gentis e receptivas, como Solange Ramos, 37 anos, que atribui ao rio uma magnitude quase mitológica.

“O rio é a nossa casa. Não sei viver em outro lugar e, mesmo nesses tempos mais difíceis,

ainda dá para pescar alguma coisa em suas águas”, afirma a moradora. Foi buscando adequar-se ao meio que na dé-cada de 60, Alzir Ramos chegou à margem esquerda do Paraíba, na região centro-oeste de São José, para fincar raízes e viver da pesca. Ali, onde hoje fica o metro quadrado mais valori-zado da cidade, ele fundou a comunidade Beira Rio.

Naquela época havia fartura de peixes: piaba, mandi, doura-do, piabanha, surubim, lambari, que enchiam o rio de vida. Hoje, só com muita sorte.

ISOLAMENTOMoradora da comunidade Beira Rio, que sobrevive às margens do rio Paraíba na zona oeste de São José

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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A comunidade viveu durante muitos anos isolada do restante da cidade, mesmo estando a apenas 10 minutos do centro. A família Ramos foi aumentando e, atual-mente, todos os cerca de 180 moradores do local possuem laços consanguíneos.

Infelizmente, a pesca deixou de ser a prin-cipal atividade econômica da comunidade. Hoje, os moradores buscam em outras ocupações o meio de sustentar a família.

Ainda há quem se ocupe da produção de barcos e redes de pesca. Mas, para driblar a escassez, muitas pessoas foram procurar emprego fora da comunidade.

Muitos são empregados do Clube de Campo Santa Rita, vizinho à comunidade.

A dona de casa Maria Aparecida Ramos, 54 anos, que possui outros 14 irmãos, todos filhos do fundador da comunidade, ganha dinheiro vendendo as bolinhas de golfe que encontra em um terreno próximo à comunidade. As bolinhas são arremessadas do campo de golfe do clube.

“Todos os dias à tarde vou ‘catar’ bolinha. Vendo por três por R$10”, conta. Dona Maria Aparecida criou os 11 filhos na comu-nidade. Ela estima que tenha cerca de 40 netos. “Todos moram aqui”, conta.

Um dos netos de dona Maria, inclusive, faz sucesso como jogador de golfe. Diogo Ramos tem apenas 11 anos e já ganhou tro-féus em competições. O pequeno Fabrício, de 2 anos, também mostra habilidade com o taco de golfe.

Sair da comunidade, só para ir ao médico ou ir à missa. “Toda a sexta-feira vou à igreja Bom Jesus do Milagre, na Vila Ma-ria”, conta. Dona Maria é muito religiosa e atribui a Jesus a cura de um aneurisma que enfrentou há cinco anos. “Tive que operar e hoje não posso ficar muito no sol. Mas estou curada”, confirma. “Faço tudo de ônibus. São 20 minutos de caminhada até o ponto e mais uns 20 até a cidade”, contabiliza. O maior desejo da moradora é continuar vivendo na comunidade.

O povoado mudou bastante. O acesso, antes só possível pelo rio, hoje é feito por terra. Como o terreno ocupado é parti-cular, para chegar até lá é preciso passar, quem diria, por uma portaria.

As casas de pau a pique já não existem mais, cederam lugar a construções de alve-naria. O lixo, que antes era queimado, hoje

é coletado pela prefeitura.Água encanada e eletricidade também são

realidades nas casas do povoado. Mas sanea-mento básico é um sonho ainda distante.

“As fossas precisam ser limpas pelo menos uma vez por ano, muitas já estão cheias”, diz Solange Ramos, que faz parte da terceira geração da família Ramos.

“Não consigo morar na cidade. Aqui posso ficar com a porta aberta que não tem perigo”, afirma Solange, que duas vezes por semana trabalha de faxineira na ‘cidade’, para ajudar na renda da família.

Entre os becos e vielas apertadas da comu-nidade, o rio ainda impõe a sua majestade. Todos os caminhos levam a ele.

Apesar de sofrido, ainda é o protagonista do povoado. Se já não há a mesma função de outrora, ele ainda é a área de lazer, o descanso, o passeio, a praia.

Na comunidade, toda criança já nasce sabendo nadar e respeitar o rio que deu nome ao lugar.•

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Não consigo morar na cidade. Aqui no Beira Rio eu posso ficar com a porta de casa aberta que não tem perigo algum. Mas o bairro precisa de melhoriasSolange Ramos

37 anos, moradora

MUDANÇAS Moradora do Beira Rio que já sobreviveu da pesca mas hoje trabalha fora

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Marcosdacidade PRESIDENTE DUTRA

quilômetros de extensão tem a dutra

402quilômetros estão

no estado de sP

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Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

Rodovia Presidente Dutra ou só Via Dutra (BR-116), faz a ligação entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. Possui extensão total de

402 km, iniciando-se no acesso à Avenida Brasil, no RJ, e terminando na Ponte Presidente Dutra, no acesso à Marginal Tietê, em SP. A Dutra é considerada a rodovia mais importante do Brasil, não só por ligar as duas metrópoles, mas bem como atravessar uma das regiões mais ricas do país, o Vale do Paraíba.

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a história das famílias qUe ‘criaram’ são José

Moradores antigos abrem seu arquivo pessoal de fotos para apresentar recordações felizes que compõem a história da cidade

ZONA NORTE A aposentada Odila Ignez Delgado de Almeida, 72 anos, retorna à casa onde passou sua infância na vila Cândida, o bairro que homenageia sua mãew

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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POR RENATA DEL VECCHIO

De aldeia a vila, passando pela fase sanatorial até chegar a polo tecno-lógico. São José é uma cidade que

tem muito a apresentar, principalmente sobre sua história. Relembrando o passado, em uma época em que todos tinham liber-dade de brincar nas ruas, personagens mais vividos apresentam memórias saudosistas de um tempo pouco conhecido.

Diante de tanta evolução, quem se arrisca a imaginar que um dos destinos comerciais mais populares da cidade, a rua Sete de Se-tembro, já foi um endereço residencial pa-cato, repleto de moradores que cultivavam a amizade entre si. A tradição de enfeitar as janelas desta via com velas, flores e toalhas rendadas para as procissões só sobreviveu em lembranças.

Foi assim, com a chegada das famílias que hoje são as mais tradicionais da cidade, que São José foi registrando sua história. A aposentada Sydiene Queiroz Veneziani, 82 anos, nascida na rua Siqueira Campos, conta que seu tio Carlos Saloni veio para a região muito moço para trabalhar na então farmácia Genésio Tarantino, que se localizava próximo à Praça da Matriz e acompanhou a chegada dos principais estabelecimentos comerciais.

“Meu tio percebeu que nesta época São José não tinha lavanderia. Foi então que meu pai, que já trabalhava neste ramo em Taubaté, veio e montou seu negócio na cidade, no fundo da casa onde morávamos, na rua Sete de Setembro”, disse.

Denominada de ‘Lavanderia, Tinturaria e Chapelaria São Geraldo’, o empreendimen-to cuidava da higiene de ternos e chapéus daqueles que estavam hospitalizados na cidade para se tratar de tuberculose no Sanatório Vicentina Aranha.

“As roupas que ofereciam risco de contágio eram lavadas separadamente. A lavagem manual era feita em tonéis de vinho cortados ao meio. As roupas secavam no varal do corredor. Quando chovia muito, ele colocava as peças penduradas na garagem, com um fogareiro com tampa embaixo”, disse.

As fotografias da aposentada Neusa dos Santos Ribeiro, 76 anos, uma das primeiras moradoras da Vila Maria, retratam o início

São José:asua Cidade

Primórdios As fotografias da aposentada Sydiene Queiroz Veneziani, 82 anos, uma das primeiras moradoras da rua Sete de Setembro, retratam um momento importante --seu casamento; abaixo, familiares de Maria Cândida se reúnem em casa histórica

Gosto de São José e não sei sair daqui. Hoje é muito diferente. À noitinha, as mães ficavam na calçada batendo papo. Era uma amizade diferente, onde uma cozinhava uma coisa para levar à outra. Hoje é cada um na sua casa e nem se conhece o vizinhoSydiene Queiroz Veneziani,

82 anos, aposentada

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do comércio no Mercado Municipal. Neta de Francisco Marcondes

Penha, o Chico Penha, ela sente saudade da época em que a confiança nos armazéns substituía cheques e cartões de crédito.

“Quando me casei, minha primeira geladeira foi comprada com uma entradinha e o restante do valor mar-cado na caderneta”, afirma.

Funcionária da Tecelagem Parahy-ba, Neusa conheceu seu marido Wal-ter Ribeiro, 79 anos, no ambiente de trabalho. Juntos, os dois relembram que nesta época, na década de 1950, havia poucas indústrias na cidade.

“Tivemos momentos difíceis, mas a empresa sempre foi uma mãe para nós. O dono, Clemente Fagundes Gomes, tinha um coração de ouro”, revela o aposentado Walter.

Voltando um pouco mais no tempo, Neusa conta que nasceu na rua Roberto Ferreira Malta, próximo ao Mercado Municipal. Depois viveu alguns anos na Rui Barbosa e, por volta dos 7 anos, mudou-se para a rua Minas Gerais, na vila Maria.

Um sorriso espontâneo se abre quando ela narra uma de suas brin-cadeiras favoritas: “Aqui existia um matadouro. A gente levava uma bacia até lá e eles nos davam os miúdos. Eu e duas vizinhas, adorávamos brincar com estas sobras de fazer comida.”

A relação que existia no passado en-tre vizinhos e amigos mais próximos é uma característica que desperta bastante saudade nos mais antigos.

A aposentada Sydiene Queiroz Veneziani, por exemplo, reforça que cultiva suas amizades de infância até hoje. “Em frente à minha casa na rua Sete de Setembro morava a Ruth Peneluppi. Eu também tinha amizade com a Jaci e a Waldemira. Crescemos amigas, mantemos contato e hoje somos quatro viúvas”, descreve.

Pela localização e outros fatores como o clima, desde o passado São José carrega a virtude de atrair novos moradores. Por um motivo bastante nobre, o casal de mineiros Maria Cândida Delgado e Afrânio de Paiva Delgado veio para a cidade para investir nos estudos dos filhos.

“Escrevi uma carta para um pa-rente de São José, ele respondeu em seguida me convidando para vir pra cá. Gostei muito daqui e pensei: ‘não volto em branco’”, contou Cândida Delgado, em entrevista a um jornal impresso de 1978.

Morando no Sítio Santo Antônio, região onde hoje está o bairro Alto da Ponte, o casal nem imaginava que im-pulsionaria o crescimento da região norte. “Minha mãe (Maria Cândida) era guerreira, criou oito filhos e mor-reu aos 90 anos”, diz Odila Delgado de Almeida, 72 anos.

Ao retornar ao bairro que homena-geia sua mãe, a Vila Cândida, Odila diz que a casinha em que a família viveu por décadas está com mais de 100 anos. “Mamãe era muito inte-ressada pela vida e conhecida pelos moradores como Dona Marocas.” •

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À noite, todo aquele pessoal humilde se reunia em torno do fogão à lenha para contar histórias de assombração. Quando chegamos aqui tudo era um matagal. Aos poucos, com o loteamento que meu pai fez para pagar nossos estudos, foi surgindo o bairro. Mamãe era muito interessada pela vida e conhecida pelos moradores que, carinhosamente, a apelidaram de Dona MarocasOdila Delgado de Almeida,

72 anos, aposentada

ÁLBUm dE FAmÍLiA Foto retrata o comerciante Chico Penha e seus familiares, entre eles, está a neta Neusa Ribeiro, 76 anos, moradora do bairro vila Maria

BAirro A aposentada Neusa e o marido Walter falam com carinho da vila Maria

Adenir Britto/PhotoUp Brasil

Foto: Reprodução

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Moradores de São José que todo mundo conhece, mas não sabe da sua história, de onde veio nem por que leva uma vida diferente da maioria

ElEs são dEsconhEcidos, mas ilustrEs josEEnsEs

ILUSTRE Conhecido como Lunático Dançarino, ele não revela a idade mas gosta de ser reconhecido quando percorre o centro da cidade

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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POR Daniela BorgeS

Cada morador de São José dos Cam-pos é dono de uma história pronta para ser contada. São mais de 643

mil biografias exclusivas, repletas de fatos interessantes e, muitas vezes, inusitados. Vidas recheadas de acontecimentos, dignas das mais mirabolantes tramas da ficção, à espera apenas de uma oportunidade para serem reveladas.

Pessoas que se cruzam todos os dias pelas ruas da cidade sem se dar conta da relevância de cada história, única à sua ma-neira. Na avalanche de anônimos, pessoas extraordinárias se destacam na multidão e ganham projeção sem nunca ter tido um perfil no Facebook ou acesso à internet.

Figuras folclóricas que todo mundo conhece, mesmo sem saber direito suas histórias, seu passado e, muitas vezes, sequer seus nomes verdadeiros.

Ilustres desconhecidos que povoam o imaginário popular e ajudam a contar a

história da cidade. Perso-nalidades carismáticas, que ousam ser diferentes e justamente por isso ganham a simpatia e o reconhecimento da população.

Personagens de carne e osso, mas com contor-nos mitológicos, como o surpreendente Lunático Dançarino e sua bicicleta incrementada. Como o senhor Prefeito, que durante anos ‘comandou’ a cidade disfarçado de guardador de carros.

Há ainda o Corintia-no, com o seu carrinho repleto de cata-ventos e bugigangas, que desperta o interesse da criançada na Vila Adyana.

Até mesmo a cantora

Marilda, que vende seus CDs pelas ruas da região central, mas que anda com problemas nas amígdalas e por isso não concedeu entrevista.

Ou o Bentinho, entre-gador de jornais que vive com um rádio de pilha nas mãos, já morou no Jardim Paulista e hoje vive no Vista Verde.

Os anônimos mais co-nhecidos de São José dos Campos mostram a sua cara no aniversário de 246 anos da cidade!

Muito além de seus mo-radores, a cidade mantém uma população flutuante que não aparece nas estatísticas. São pessoas de outras cidades e até de outros países.

mil moradores tem são josé, segundo

o censo do iBGE

643

é a taxa anual de crescimento

de são josé

1,57%

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Ele não pede dinheiro e nem causa terror. Apesar de viver nas ruas, Gilberto, conhecido como corintia-

no, é uma fi gura carismática e tranquila, que anda pelas redondezas da Vila Adyana empurrando seu carrinho, que, segundo ele, é a sua casa. “Tudo o que eu tenho, está aqui”, orgulha-se. “Mas tá bão”, emenda. Aliás, esse é o seu bordão. Entre uma frase e outra, lá vem a sua exclamação predileta em forma de desabafo: ‘mas ta bão’!

A conversa é entusiasmada. Alegre, Gilberto Alcântara Marin, de 48 anos, é puro sorriso. Ser livre foi a sua opção de vida, assim como o vento que move seus famosos cataventos.

Nascido em Nova Friburgo, no Rio, o co-rintiano afi rma que veio a pé de sua cidade natal para a capital paulista, até chegar

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GilBErto, o corintiano

CATAVENTO Gilberto Corinthiano é puro sorriso. Ser livre foi a sua opção de vida, assim como o vento que move seus famosos cataventosw

a São José dos Campos e por aqui fi ncar ‘raízes’, ou seja, fazer amigos. “No Rio sou vascaíno, mas aqui sou Corinthians”, apressa-se em deixar claro. “Mas lá no Rio tem muita violência”, observa.

Muito educado e atencioso, Gilberto diz que não tem nenhum tipo de vício, nem mesmo da bebida. Organizado ao extremo, seu carrinho tem lugar para tudo, até para o mostruário de peças artesanais que faz para vender. São vários tipo de cata-ventos e luminárias feitos com materiais achados no lixo, como lata de cerveja, garrafas PET e palitos de churrasco. O item mais barato custa R$ 4, mas há peças de R$ 20 e até R$30. Segundo ele, dá para faturar até R$ 40 por dia com as suas criações pra lá de originais. “O cata-vento serve para espan-tar pombos e tem luminária que é melhor

que alarme. Eu durmo despreocupado, qualquer movimento elas fazem um baru-lho danado”, conta. A cada dia ele está em um bairro diferente. Tem dia que vai para o Jardim Satélite, Jardim das Indústrias, Bos-que, Colonial, Aquarius, sempre empur-rando seu carrinho que pesa cerca de 100 quilos. Mas seu lugar preferido é o ponto de ônibus em frente ao banco Itaú, na avenida Adhemar de Barros. Ali ele passa o dia inteiro, vendo o movimento. “Eu mesmo faço a minha comida. Tem dia que quero comer feijoada, vou e faço. Também faço o meu café”, diz. À noite, sua carroça com pneus de carro, se transforma em dormitó-rio, com direito a TV que ele assiste quando algum comércio empresta a tomada ou ele usa a TV de pilha. “Tenho até uma Bíblia”, diz satisfeito. “Já quiseram comprar meu carrinho, mas não vendo não”.

Por aqui, ele não tem família. Não tem es-posa, nem fi lhos. Sua mãe fi cou no Rio. Mas ele não quer saber de relacionamentos.

Gilberto lembra que já foi servente de pedreiro e já trabalhou na Eletropaulo. Entusiasmado, Gilberto diz que vai em outubro para Aparecida, a pé.

O cataventoserve para espantar pombos e tem luminária que é melhor que alarme. Eu durmo despreocupado, qualquer movimento elas fazem um barulho danado

Gilberto Alcântara,

48 anos

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Do sonho de ter uma bicicleta, ele fez sua vocação. O famoso Lunático Dançarino nasceu José Aparecido

de Oliveira, em Brazópolis, sul de Minas Gerais. A idade ele não diz. Não adianta. “Você não vai perguntar a minha idade, né? Não gosto de dizer, você entende”, implora com toda a educação.

Órfão de mãe aos três meses de idade e caçula de uma família de oito irmãos, Lunático foi criado pelo pai, José Evaristo de Oliveira, a quem ele dedica a maior deferência. “Meu pai é tudo para mim, ele tem 80 anos e mora até hoje em Cruz Vera (bairro rural de Brazópolis)”, diz.

Foi o pai que lhe deu o maior ensinamen-to de sua vida, que mais tarde se tornou a filosofia que marcaria seu destino. “Ele falava, meu filho seja criativo, nunca copie nada dos outros, seja sempre original e haja com a sua cabeça, seja você”, conta.

O sonho de ser artista já germinava na cabeça do menino, da mesma forma que o feijão e milho que ele plantava sem descan-so. “Meu pai perguntava o que eu queria ser quando crescer, e eu dizia que queria ser artista”, lembra. O pai alertava que ser artista não era tarefa fácil, era preciso estudar muito e se dedicar. “Mas eu dizia com convicção: vou ser artista e vou criar o meu próprio estilo”, empolga-se.

Hoje, Oliveira é reconhecido por sua bicicleta excêntrica, que chama a atenção de todos por onde passa. Poucos sabem, mas a sua ferramenta de trabalho, de onde ele tira seu sustento com a divulgação de

lunático dançarino

marcas, já foi um sonho muito distante. Olivei-ra trabalhou na lavoura até os 18 anos, sem ver realizado o sonho de ganhar a bicicleta.

Cansado da vida na roça e da falta de di-nheiro, Oliveira resolve vir para São José dos Campos, em 1982.

O primeiro empre-go foi na construção civil, como servente de pedreiro. Com o fim da empreitada, Oliveira contou com a ajuda da prima Vera que lhe ar-

rumou uma colocação como vigia de um jornal local. “Nessa época, eu já havia conseguido comprar a tão sonhada bicicleta, que era usada. Modifiquei ela todinha. Ficou super diferente”, lembra. Por onde pas-sava, a bicicleta estiliza-da chamava a atenção. “Perguntavam o nome da bicicleta e eu dizia que era Lunática Nova Estrela”, diz. Marca que foi patenteada por ele.

Seu patrão começou a chamá-lo de Lunático,

por causa da bicicleta, e o nome pegou. A outra parte do seu nome ar-tístico teve origem em uma dança criada por ele. “É o treme-treme original, tente fazer igual”, repete o slogan.

A história como dan-çarino começou aos 13 anos, nos clubes de Bra-zópolis. “Eu chegava ao clube e começava a dançar desse meu jeito, animado.” O maior sonho do Lunático é se apresentar na festa de aniversário da cidade.

DANÇARINO Lunático Dançarino faz sucesso com a criançada onde passa em São José

Foto: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Mesmo contando com o mandato vitalício, o Prefeito resolveu exilar-se por tempo indetermi-

nado em sua casa no Jardim Ismênia. Mas o descanso não significa aposentadoria. Em absoluto. O prefeito continua em plena função de seus deveres, discursando e des-pachando sobre os destinos da principal cidade do Vale, direto do seu quintal.

Quem costuma frequentar o prédio da prefeitura de São José dos Campos, re-corda-se da inesquecível figura do senhor Prefeito. Durante anos, ele deu expediente ali, em frente à sede do poder executivo, cuidando dos carros estacionados na via. Estima-se que ele tenha acompanhado cer-ca de 13 prefeitos diferentes, em 51 anos. A dedução é possível graças a sua lembrança de um prefeito em especial. Na sua memó-ria o nome de José Marcondes Pereira, que governou a cidade durante o período de 1962 a 1966, aparece com bastante nitidez.

O prefeito anda sumido. A idade avança-da passou a pesar mais do que a vontade de cumprir seu compromisso de todos os dias. Mas ele está bem. Sentado na varanda, junto a sua criação de galinhas e ao seu Maverick 78, ele pita seu cachimbo sem pressa. Esta figura carismática de São José, chama-se Francisco Domingos dos Santos , nascido na cidade mineira de São Gonçalo do Sapucaí, chegou em terras joseenses por volta de 1945, segundo ele mesmo conta.

Com a memória um pouco apagada pelo tempo, Santos oscila momentos de lucidez e fantasia. Histórias do passado, com breves frações do presente. Mas a audição é impecável. O prefeito ouve de longe qual-quer citação a seu respeito.

De acordo com ele, sua idade é 90 anos. Para os vizinhos, deve ser algo em torno de 85, mas não há documentos. Os moradores mais antigos da rua, afirmam que o prefeito foi o primeiro morador da rua, que está nessa casa onde mora há pelo menos 40 anos. “Tudo aqui era uma grande fazen-da, que ia da Dutra até Eugênio de Melo”, conta o prefeito. Segundo ele, o pé de limão

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memória Francisco Domingos dos Santos, aos 68 anos, Senhor Prefeito, com a memória um pouco apagada pelo tempo, oscila raros momentos de lucidez

Senhor Prefeito

que existe no seu quintal é a última lem-brança dessa época.

Ele conta que já foi casado com Tereza Eugênia e é pai de um casal. “O Donizete, que tem três filhos e a Fátima, que é soltei-ra”, pontua. “Os netos estão maiores do que eu”, diz. Ele também tem dois irmãos. Maria mora na rua atrás da sua e o visita com frequência, junto com o cunhado e a sobrinha. Já o irmão, João Batista, ficou em Minas Gerais, segundo ele.

A idade avançada não permite que ele cuide de si, sozinho. Seu Santos conta com a ajuda dos vizinhos que levam comida dia-riamente. “Ontem mesmo o Lacir esteve aqui, deu banho no seu Francisco, cortou o cabelo e fez a barba”, conta o vizinho José Aparecido. “Ele tem mania de rebatizar as pessoas com outros nomes. Ele só me cha-ma de Antonio”, conta José Aparecido.

A única certeza, para ele, é seu cargo de prefeito de São José dos Campos.

É preciso cuidar da cidade, não posso deixar os pobres coitados passando fome. Tem que trabalhar cedo para comer à tarde. Estou bem e logo mais estarei de volta à prefeitura, o negócio é comigo e a coisa não pode virar bagunça”Francisco Domingos dos

Santos , 68 anos

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O momento chegou. Depois de 40 anos fazendo as manchetes circu-larem pela cidade, enfim Bentinho

tornou-se a própria notícia. O entregador de jornais, que começou no ofício com apenas 10 anos de idade,é remanescente de uma profissão que já entrou em extinção. “Gosto de entregar jornais porque leva co-nhecimento. Também é uma boa maneira de fazer amizade”, conta.

Filho ilustre de São José, Bento Zarur Martins, passou a infância na Vila Maria, ao lado dos seus sete irmãos, todos mais ve-lhos. “Fui criado pelo meu pai, minha mãe morreu quando eu tinha um ano”, lembra.

Eu amo essa cidade, se alguém fala mal dela está comprando briga comigo”, diz.zBento Zarur Martins, 50 anos

Bentinho, entregador

de jornais

Bentinho JornALeiro

Após a morte de seu pai, os cuida-dos de Bentinho passaram à sua avó paterna, Dona Maria Cândida, que levou o rapaz para morar com ela no jardim Paulista. Sempre com o radinho de pilha em uma das mãos, o mesmo há 25 anos, o sonho de Bentinho era ser locutor de rádio. “Quem me deu a primeira oportu-nidade de trabalho foi o jornalista (João Mourão) Boeri Neto. Devo muito a ele, que já faleceu”, lembra.

Ele conta que já trabalhou na rádio Clube e na Gazeta da Cidade. Hoje, tem 50 anos, é solteiro e sem filhos.

Ele conta que antigamente era mais fácil vender jornal, que hoje, com a internet, as coisas mudaram. Dono de uma memória fotográfica, ele guarda nomes e sobrenomes com uma facilidade que impres-siona. Nada tira Bentinho do sério, bem-humorado ele só perde a linha quando alguém fala mal de São José.

“Eu amo essa cidade, se alguém fala mal dela está comprando briga comigo.” •

Primórdios Bento Zarur Martins, Bentinho, o entregador de jornais, passou a infância na Vila Maria, ao lado dos seus sete irmãos, todos mais velhos

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Marcosdacidade PARQUE DA CIDADE

foi o ano em que foi criado o parque

1996

mil metros quadrados tem a área

960

Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

Mais conhecido com Parque da Cidade, o Parque

Municipal Roberto Burle Marx ocupa atualmente uma área de 960.160,17m, área esta que foi parte da antiga Fazenda da Tecelagem Parayba. Tombado como patrimônio histórico pelo Comphac, foi transformado em Parque Municipal em 1996. Possui pista para caminhada e locais destinados a eventos, como shows de música, teatro e dança, ao lado do museu do Folclore administrado pela Fundação Cassiano Ricardo.

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eu, repórteruma aula de jornalismoJovens estudantes convidados pela revista + São José desvendam personagens simples do cotidiano em seis reportagens produzidas a partir de uma oficina jornalística

Da ReDação

Em busca de persona-gens que traduzam um pouco do que é São José,

estudantes de jornalismo da Universidade do Vale do Paraíba saíram às ruas com o desafio de revelar joseenses que com suas histórias tornam o cotidiano na cidade mais prazeroso. Em contrapartida, os aprendizes do segundo e terceiro ano, se familiarizaram com o dia a dia de um repórter, retratando seu entrevistado na companhia de uma equipe da revista.

Com o olhar bem apurado, munidos de fotógrafo, um bloco de notas e boas ideias, os estudantes celebram os 246 anos de São José com o resulta-do da oficina. Tem sanfoneiro que espanta a tristeza cantando no Parque da Cidade, uma se-cretária de escola que faz a di-ferença na vida dos alunos, até um aposentado que encontrou a felicidade ao ensinar volunta-riamente dança de salão.

Em parceria com a coordena-ção do curso superior, currícu-los foram selecionados e depois de um bate-papo na redação, os 11 estudantes se desdobraram em equipes. Todos ficaram livres para escolher os persona-gens que deveriam ser anôni-

mos e ter relação com o próprio cotidiano dos alunos. Com a sugestão de pauta aprovada, alguns tiveram até que recorrer à autorização de uma assessoria de imprensa para fotografar em ambiente público.

Durante as saídas, surgiram curiosidades sobre a carreira profissional em um veículo de publicação impressa, além de incertezas sobre enfrentar

depois de formado, os desafios do jornalismo diário. No geral, os participantes apresentaram bom desempenho ao lidar com as próprias ferramentas de tra-balho, como apuração, perfil da entrevista e produção do texto. O entusiasmo de cada um pela profissão pode ser conferido a partir de agora nos textos das páginas 104, 106, 108, 110, 112 e 113.

reportagens foram pro-duzidas pelos grupos

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Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Aos 65 anos, Maria Amélia de Andrade Ramos é a secretária da Emef Elza Regina Ferreira Bevilacqua, escola lo-

calizada na zona sul de São José dos Campos. Desde a inauguração, há 24 anos, Tia Ameli-nha, como é conhecida, marcou e continua marcando as várias gerações de alunos em bonito laço afetivo com seu trabalho.

“Tenho três filhos e três netos, mas costu-mo dizer que a escola Elza Regina é a minha quarta gestação. Eu amo o que faço. Até já poderia ter me aposentado, mas não penso em parar. Eu me sinto bem aqui, isso é a con-tinuação da minha vida”, comenta.

Mais do que cuidar bem de papéis e proce-dimentos administrativos, Amelinha passa a fazer parte da vida das famílias, demonstran-do atenção desde o momento da matrícula até chegar à formatura. Ela ainda encontra tempo para ser o destaque nas festas da

escola. “Quando os alunos querem palhaça-da, me convidam e eu topo. Esse ano, eles me chamaram para dançar funk na festa junina. Pensa que eu não participei?”, conta .

O prazer em participar dos eventos esco-lares inclui o hábito de se fantasiar para as ocasiões especiais, mantendo o ambiente de trabalho e os alunos sempre animados. “Aluguei vestido de noiva para a festa juni-na e mando fazer as fantasias que gosto de vestir. Tenho roupas especiais para todas as ocasiões. Eu gosto muito disso, de parti-cipar vestida a caráter”, confessa.

Além do seu trabalho como secretária, Tia Amelinha é conhecida pelo cuidado especial com os cães abandonados. “Cachorro é tudo de bom na minha vida. Eu já tive treze ca-chorros e cuidava de mais três que não eram meus. Agora me controlo para ter apenas dois.” Um deles, Tião Henrique, foi resgatado da praça ao lado da escola e é conhecido de muitos estudantes. “Tem esse nome porque

acompanhava o trabalhador que limpava a praça.”, explica.

Com sua alegria, Tia Amelinha trabalhou por esses anos realizando a si própria e criando vínculos de amizade com os que passaram pelo seu caminho. “O bom aten-dimento ao público é primordial, temos que ter educação, antes de tudo. Atendo a todos com muito carinho e peço para minha equipe fazer o mesmo. Digo que co-nheço todas as famílias da região, incluindo os cachorros. Assim, eu criei meus amigos ao longo dos anos por aqui”.

Em contrapartida, Amelinha tem seu cari-nho correspondido. “Geralmente, ando pelas ruas e todos me reconhecem. Algumas vezes, acontece de passarem de carro e gritarem: ‘Amelinha, eu te amo’. São os alunos e, muitas vezes, as mães deles”. Cheia de disposição, a senhora de olhos verdes faz seu caminho para o trabalho e conclui: “É tão bom fazer o que a gente gosta. Isso dá ânimo para viver”.

Maria Amélia de Andrade Ramos, 65 anos, secretária da Emef Elza Regina Ferreira Bevilacqua, escola localizada na zona sul de São José

a relação afe-tuosa com a comunidade e a paixão pelo trabalho fazem a secretária de escola Tia ame-linha adiar a aposentadoria

NaTalee Neco e luciaNo ToRiello

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Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Vitério da Silva é um paulistano de 75 anos que, motivado pela vontade de morar no interior, mudou-se com a

família para São José em 1984. Apesar de ter sido criado em São Paulo, Vitério apresenta um sotaque nordestino devido ao grande convívio com pessoas vindas do nordeste brasileiro, principalmente quando trabalha-va como empreiteiro de pinturas.

“Eu amava São Paulo como um homem ama uma mulher, mas quando chegou os anos 80 começaram a acontecer coisas ruins na capital. Então, resolvi me mudar para uma cidade do interior. Fiquei em dúvida entre duas cidades, mas escolhi São José e não me arrependo”, relata.

Imerso em memórias, ele conta os mo-mentos de angústia que passou ao lado de sua esposa, Ivete Aparecida, carinhosamen-te chamada de “minha loira”. Casados há

51 anos, eles tiveram três filhas, mas duas morreram, uma aos 35 anos e a caçula aos 49 anos. A filha mais velha que hoje tem 50 anos mora em Genebra, Suíça.

Após a morte de sua filha caçula por problemas de saúde, em outubro de 2012, Vitério encontrou na música a força que precisava para superar as dificuldades. Aos sábados, ele cuidadosamente escolhe um banco nos lugares mais calmos do Parque da Cidade e começa a tocar sua sanfona. Junto a ele fica um pequeno caderno onde está anotada uma lista de canções. “Eu toco no parque para me distrair, aqui é espaçoso e tranquilo. Preciso demais disso.”

Quando toca, as pessoas que passam pelo parque param para conversar e admirar suas músicas. E, é isso o que ele adora. “É legal ver a idade que possui e sua disponibilidade de tocar”, disse o aposentado Nivaldo Ro-drigues, que caminhava pelo parque.

Sanfoneiro há quase uma década, ele estu-

dou durante cinco anos na escola de sanfona da Fundação Cultural Cassiano Ricardo. Aprendeu diversas músicas, entre elas “Mo-reninha Linda”, de Tonico e Tinoco. Para tocar bonito, Seu Vitério diz que tem que estar com alegria no coração. Cantar e tocar são seus maiores prazeres na vida. ”Eu gosto de música que levanta a poeira”, afirma.

Mesmo não tendo nascido em São José dos Campos, Vitório da Silva representa muitos outros cidadãos que deixaram para trás a vida na cidade grande e preferiram a tranquilidade do interior para criarem suas raízes e prosperar.

Há quase 30 anos morando no bairro Jardim Diamante, zona leste de São José, Vitório pôde acompanhar o crescimento e os avanços da região. “Quando cheguei aqui achei tudo muito organizado, limpo e bem arrumado. A cidade foi crescendo e ainda é preciso melhoria na saúde pública, mas adoro São José dos Campos”, disse.

Vitério da Silva, 75 anos, com sua sanfona percorre o Parque da Cidade, em São José dos Campos

Sanfoneiro há dez anos, Vitério faz do Parque da cidade um local para se distrair e tocar suas canções na com-panhia de uma sanfona

iSmael BRaNquiNho e leTícia DaNTaS

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Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Sophia é sobrevivente de uma tragédia. A cachorrinha vira-lata, após ser atropelada na rua, foi levada a um ve-

terinário que fez a cirurgia para a retirada de uma das pernas. Mas quem cuidaria de Sophia? Suja, machucada e agora sem uma perna, a cachorrinha encontrou abrigo na casa de uma senhora no Jardim Satélite.

Wilma Vinhas, 68, já cuidava de cachor-ros de rua quando decidiu acolher Sofia. “Eles chegam aqui sem passado, a gente nunca sabe de onde eles vieram”, explica. “A Sophia chegou toda machucada, feinha, quem iria querer cuidar dela? Hoje ela esta linda, é o xodó da casa.”

Wilma também cuida de outros cachor-ros. “A gente já tinha um, aí fica com dó, abriga mais um e mais outro. Com isso,

fomos juntando. Hoje temos oito, mas pre-tendemos doar. A ONG ajuda na castração, deixa mais barato, mas ainda temos gas-tos.” Manter tantos cães em casa não é uma tarefa fácil, mas com a ajuda da filha Glaucia, o número de cachorros sempre varia. Jun-tas, elas os tiram das ruas, cuidam, castram e, então, encontram uma nova família.

Mesmo com as despesas, não basta somente encontrar alguém para adotá-los. Para Wilma, os cachorrinhos precisam de um lar. Por isso, o candidato a dono é bem avaliado. “A Gláucia gosta de conhecer para quem vai doar, porque tem gente que pode judiar do cachorro. Então, ela procura ava-liar direitinho quem será o dono deles.”

Infelizmente, mesmo com todo esse cui-dado ao realizar a doação, ainda acontecem surpresas indesejadas, como a devolução, “O rapaz veio durante alguns dias para ver

o cachorro. O menininho, filho dele, estava todo choroso e a Gláucia resolveu doar. O cachorro passou três dias na casa deles. De-pois disso, ele deixou o cachorro na frente da minha casa de madrugada. O cãozinho estava desesperado para entrar”, relembra Wilma indignada.

Hoje, ela não sabe dizer quantos cachor-ros já ajudou, mas se emociona ao contar as várias histórias e o que cada um superou: questões físicas, como a ausência de uma perna, ou psicológicas, como o vira-lata Kiko que mesmo estando há muito tempo na segurança de um lar, não consegue sair na rua por medo. Mas, esses bichinhos são mais fortes do que se imagina e, indepen-dente do passado e dos traumas, sempre surpreendem Wilma quando se acomodam no sofá da sala e buscam carinho. São os verdadeiros donos da casa.

Wilma Vinhas, 68 anos, Cuida de cachorros com muito amor e carinho, desde que decidiu acolher Sophia

aposentada revela sua pai-xão por cães e conta histórias de superação ao ajudar animais desamparados

Paula ViNhaS e Rafaela almeiDa

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Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Carioca de nascença, joseense de coração. Com 81 anos e espírito de 18, a cientista social Maria Ânge-la Piovesan Savastano é alguém, como ela própria diz, precisada de amor. Assim como na literatura, ela gosta é de uma prosa. De todas as atividades importantes que já realizou, dentre suas formações acadêmicas e ensinamentos que a vida lhe deu, o que de mais impor-tante aprendeu foi o amor.

Ela veio a São José lá pelos anos 50 e aqui conheceu seus grandes amores: o folclore e Rubens. Foi num bailinho de final de ano da associação esportiva da cidade que Ângela encontrou seu grande amor. “Eu tinha 14 anos, era ainda uma menina e ele, um moço boni-to e barbado que veio me tirar para dançar”. Não precisou que uma só palavra fosse trocada para ambos perceberem que dançavam ao som do amor. Desta dança em diante, foram mais de 60 anos de paixão

e companheirismo. Inúmeras via-gens, afagos e filhos. “Rubens me deu os presentes mais valiosos que eu poderia ganhar. Além de ter me mostrado que a vida e arte ao seu lado eram tão mais bonitas, ele me deu meus oito filhos”, revela. Hoje, viúva há cinco anos, presi-dente do CECP (Centro de Estu-dos da Cultura Popular), ela conta sua história de amor e nos deixa uma mensagem: “O amor é um milagre que desperta em qualquer época, sendo o mesmo sempre.”

Maria Angela Piovesan Savastano, 81 anos, é uma apaixonada por folclore; ela é carioca, mas se diz uma joseense de coração

Principal fol-clorista da região fala de amor e dos aprendizados que adquiriu ao formar uma família

emeliNe DomiNgueS e PoliaNa loReNa

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Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Quem vê o Parque Novo Horizonte como um dos bairros mais popu-losos São José dos Campos não o

imagina como uma grande fazenda. Para narrar essa história, contamos com uma moradora especial que não somente viu o Novo Horizonte crescer, mas participou ativamente, junto ao seu marido, como protagonista deste desenvolvimento.

Natural de Eugênio de Melo, Maria Aparecida da Silva, 75 anos, casou-se aos 16 anos com o senhor José Carlos, que herdou de seus pais a fazenda Santa Emília. Futu-ramente, esta imensa terra daria origem ao bairro Parque Novo Horizonte.

A moradora relembra que a vida no bairro antigamente era trabalhar com gado e plantação. “A gente mexia com gado e plantação. Tirávamos leite, plantava arroz, café, feijão e cana. Quando sobrava muito

alimento, a gente vendia.” Desta época, em que toda a região era

a fazenda Santa Emília, Maria Aparecida assume que as recordações são a maior herança. “Meu pai quando era vivo, disse: ‘Viu, só?! Você sempre quis morar na cida-de’, porque antes aqui tinha mato, man-gueira e agora não tem mais. Era estrada de terra, não tinha luz, água, nada. Meu pai dizia que nós trouxemos a cidade para cá.

A ideia de criar o bairro Novo Horizonte surgiu quando um amigo da família visitou a fazenda para ver como poderia ser feito o bairro. A partir daí, decidiu-se lotear as terras. “Demorou cerca de um ano para começar a construir as casas e escolas. Agora no mês de setembro faz 35 anos que começaram a fazer os loteamentos. Tivemos duas ideias para o nome do bairro. Ficamos na dúvida entre ‘Novo Mundo’ e ‘Novo Horizonte’. Então, nosso contador sugeriu que fosse chamado ‘Parque Novo

Horizonte’.” A moradora mais antiga do bairro explica

como surgiu a tradicional Festa da Macar-ronada. No começo, era feita a Festa do 1º de Maio, também conhecida como Festa do Trabalhador, e que falavam que era aniversário do Novo Horizonte, o que não é verdadeiro.

“Em 1979 foi feita a primeira Festa do 1º de Maio. Já na inauguração do bairro não foi nem macarronada, foi feito um chur-rasco após a missa. Muitas pessoas pensam que a Festa 1º de Maio e o aniversário do bairro são um evento só, mas agora parece que estão acertando que é apenas festa do trabalhador”, explica.

Maria Aparecida deixa um conselho para os moradores que estão chegando agora ao Novo Horizonte: “Muitas pessoas foram embora do bairro e depois voltaram. Então, é sinal de que aqui é um lugar bom, muito gostoso. Antes nem vizinho tinha.”

Maria Aparecida da Silva, 75 anos, viu seu marido ajudar a desenvolver a região do bairro Novo Horizonte e expandir a região

moradora mais antiga do Novo horizonte conta como sua família impulsionou a criação de um dos bairros mais populosos da zona leste

açuceNa moRaiS e leTícia RamoS

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Fotos: Adenir Britto/PhotoUp Brasil

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Para aqueles que acham que aposenta-doria é sinônimo de ficar o dia inteiro em casa, estão completamente enga-

nados. Todos os dias o aposentado Moshin Yabiku, 76 anos, acorda cedo para ir à sua chácara com a esposa Maria, localizada no bairro Freitas. Além de se dedicar ao contato com a natureza, ele também dá aulas de dan-ça gratuitas no Parque Santos Dumont.

O aposentado, que foi funcionário da GM (General Motors) por quase 30 anos, se apaixonou pela dança já com a chegada de sua aposentadoria. Moshin deu seus primeiros passos dançantes em uma acade-mia que oferecia aulas grátis em São José e, depois disso, nunca mais parou de dançar.

Quando adquiriu experiência o suficien-te, o aposentado, que tem uma filha e é avô de três netos, começou a dar aulas de dança

voluntariamente para as pessoas. E, é assim que funciona até hoje, pois para Moshin o importante é que as coisas boas sejam transmitidas ao próximo.

“Se as pessoas deixarem de pensar em si próprio e começarem a se preocupar com o próximo, a nossa realidade seria bem melhor.” Ele completa: “É uma satisfação tão grande proporcionar às pessoas o bem--estar que a dança oferece.”

No parque Santos Dumont, quem dança se diverte. Todas as pessoas que passam por perto do quiosque onde ele ministra as aulas, acabam não resistindo ao carisma de Moshin. Algumas até arriscam a dar uns passinhos. A aula vai de uma simples co-reografia de country, até o remelexo mais complexo do bolero.

Nos demais dias da semana, o professor ainda concede seu tempo atuando como

professor de dança de salão na Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) e na APVE . Tudo isso porque a dança trouxe mais autoconfiança e felicidade para a sua vida.

Parar de dançar? Nunca. Esse é o pen-samento do aposentado que leva a vida sempre em harmonia e feliz. “Toda vez que vejo uma pessoa triste ou estressada sem-pre digo a ela que a vida é tão boa. Cada mo-mento precisa ser vivido intensamente.” O professor também ressalta que pretenden-te “chegar aos 100 anos dançando.”

Para participar das aulas de Moshin basta comparecer aos domingos, às 17h, no parque Santos Dumont e se entregar aos ritmos dançantes tocados em sua insepa-rável caixa de som. “Desses quatro anos que dou aula no parque não teve nenhum domingo em que eu faltei.”

Moshin Yabiku, 76 anos, dá suas aulas de dança de salão no Parque Santos Dumont, em São José

aposentado encontrou a felicidade mi-nistrando aulas gratuitas de dança de salão no Parque San-tos Dumont

aNa BeaTRiz TamuRa

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n Primeiros moradoresViviam no final do século 16 na Aldeia do Rio Comprido, uma fazenda jesuítica que usava a atividade pecuarista para evitar incursões de bandeirantes. Em 10 de setembro de 1611, uma lei que regulamentava os aldeamentos fez com que os jesuítas fossem expulsos

n Novo caminhoEspalhados, os jesuítas voltaram anos mais tarde estabelecendo-se a poucos metros de onde hoje está a Igreja Matriz. Foi este grupo que deu origem a cidade

n Surge uma vilaEm 1759, quando os jesuítas foram expulsos do Brasil, Luis Antonio de Souza Botelho Mourão assumiu o governo de São Paulo, elevando diversas aldeias à categoria de vila. A transformação em São José ocorreu em 27 de julho de 1767 com o nome de São José do Paraíba

n Fase sanatorialDepois de se destacar no período áureo do café, São José ganhou evidência na chamada fase sanatorial,

quando doentes de várias regiões procuravam o clima da cidade em busca de cura para a tuberculose. Em 1924 foi inaugurado o Sanatório Vicentina Aranha

IndústriaCom a instalação do CTA (Centro Técnico Aeroespacial), em 1950, e a inauguração da Via Dutra, em 1951, deu-se início ao processo de industrialização da cidade. A partir daí, com a consolidação da economia industrial, o processo de urbanização foi acelerado

São José:asua Cidade

História começa com os jesuítas

Um pedacinho da história de como tudo começou, dos índios e jesuítas até a cidade de ponta e tecnológica de hoje

DA REDAÇÃO

A data mais remota documentando a origem de São José dos Campos é 1643. Terras que situadas em magnífica planície num lugar conhecido como Rio Comprido passaram a ser chamadas de Aldeia de São José do Paraíba.

Padre Manoel de Leão, um dos maiores jesuítas da Companhia de Jesus, foi responsável pela organização urbana do local, sendo ele administrador da Fazenda São José dos Jesuítas. A Fazenda foi classificada como Aldeia e promovida a Vila de São José do Paraíba em 27 de Julho de 1767, depois de uma mudança na localização, mas não foi um fator determinante para o seu progresso, que por muitos anos manteve as características de vila, com predominân-cia do setor rural.

São José passou por duas fases distintas a partir de 1871: o desen-volvimento agrícola, principalmente com a cultura do café, que se destacou até 1930, e a criação da estância climática. Por volta do século 19, a Vila de São José do Paraíba demonstrava com esse de-senvolvimento, sinais de crescimento econômico. A produção de algodão também teve seu destaque em São José, por volta de 1864, mesma época em que a vila se tornava cidade, sendo denominada São José dos Campos em 1871.

Em 1935 o município foi transformado em Estância Hidromineral para o tratamento de tuberculose pulmonar. Mas, ao final do anos 40, começaram a chegada das indústrias na cidade. Inicia-se a fase científico-tecnológica da cidade com a instalação do Centro Téc-nico de Aeronáutica, o CTA, em 1950, e a inauguração da Dutra, cortando a cidade em sua região central.

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n Dia 27 – HojeIgreja Cristã Evangélica Central (Praça Cônego Lima)6h30 – Culto Evangelho em ação de graçasn Orla do Banhado8h – Cerimônia de hasteamento das bandeiras e apresentação da Banda de Santanan Igreja Matriz9h – Missa solene de aniversário da cidaden Parque da Cidade9h – Campeonato de truco (inscrições das 9h às 10h, campeonato das 10h às 17h)10h às 17h - Programa Vem Brincar: brinquedos infláveis e atividades de lazer para crianças10h30 – Passeio ciclístico no parque15h – Músicos da cidade homenageiam São José com show do projeto Vozes pela Pazn Parque Vicentina Aranha10h - Piquenique Sinfônico com a Orquestra Sinfônica de São José dos Campos

n Centro da Juventude14h às 18h – Workshops de skate, BMX, patins, basquete de rua, futebol freestyle e slackline.Exposições de grafite, apresentações de MCs, discotecagens com DJs e batalhas com B. Boys. Entrega da academia ao ar livren Teatro Municipal20h – Espetáculo “Anseio”, com a Cia de Dança Diademan Outras atividadesInício da operação do Bilhete Único e dos Corredores de Transporte Coletivon Dia 28 – Amanhãn Poliesportivo Campo dos Alemães10h às 16h30 - Programa Vem Brincar: brinquedos infláveis e atividades de lazer para crianças15h – Show com banda Circuladô de Fulôn Poliesportivo Altos de Santana10h às 16h30 – Programa Vem Brincar: brinquedos

infláveis e atividades de lazer para crianças15h - Show com Ivo Mozartn Poliesportivo Parque Ecológico 10h às 16h30 – Programa Vem Brincar: brinquedos infláveis e atividades de lazer para criançasn Poliesportivo Santa Inês10h às 16h30 – Programa Vem Brincar: brinquedos infláveis e atividades de lazer para crianças15h – Show com banda Samprazern Parque Vicentina Aranha10h – Show com Quarteto de Cordas e Vozes Brasilidade11h - Show com Wagner Tiso e Tunain Dia 31 – Quarta-feira n Paço Municipal15h – Assinatura de contrato entre a Prefeitura e a Caixa Econômica Federal para a construção de novas unidades habitacionais destinadas a famílias com renda de até três salários mínimos

a programaçãoda festa de Hoje

Música, esporte e até teatro estão na programação gratuita de hoje

POR RENATA DEL VECCHIO

Uma programação gratuita em diferentes pontos da cidade, organi-zada pela administração municipal, comemora o dia 27 de julho com ações culturais, esportivas e de lazer. A festividade é aberta às 8h com a tradicional cerimônia de hasteamento das bandeiras na orla do Ba-nhado. Há opções para toda a família, como o programa Vem Brincar que promove recreação em parques e poliesportivos da cidade para as crianças. Um dos destaques da programação é o concerto da Or-questra Sinfônica de São José em nova edição do projeto Piquenique Sinfônico, às 10h, no Vicentina Aranha.

Também passa a funcionar a partir de hoje o novo sistema de inte-gração no transporte que prevê que o passageiro pague uma única passagem com o cartão eletrônico, dentro do período de duas horas.

Outra iniciativa é a primeira fase do projeto de corredores de ôni-bus, com entrega de 8,6 quilômetros de vias com novas sinalizações. A medida funciona nas vias S. José, Madre Tereza, Adhemar de Bar-ros, José Longo, João Guilhermino, São João, Luiz Jacinto, Antonio Saes, Francisco Rafael, Siqueira Campos, Francisco Paes e Paraibuna.

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São José dos Campos, 27 de Julho de 2013 • 119

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