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Cadernos Pedagógicos do Prodocência UFPR Biologia

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Page 1: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

Cadernos Pedagógicos do Prodocência UFPR

Biologia

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Souza, Carlos Eduardo Pilleggi Biologia / Carlos Eduardo Pilleggi Souza e Odisséa Boaventura de Oliveira . -- Curitiba: Exemplus Comunicação & Marketing, �007. (Cadernos Pedagógicos do Prodocência �006/UFPR). 65 p.; il., �� cm.

Inclui bibliografia ISBN

�. Ciências biológicas – Ensino Médio. �. Biologia – Estudo e ensino. 4. Biologia – Atividades lúdicas. I. Oliveira, Odisséa. Boaventura de. III. Série. CDD 574

Diagramação, projeto gráfico, revisão:Patrick Santos de Andrade

Page 3: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

ÍndiceApresentação.............................................................................................................................................. 5“Jogo: “S.O.S. – Síntese Objetivando Sobrevivência”............................................................................6Introdução...................................................................................................................................................6Justificativa................................................................................................................................................ 6Conceitos Envolvidos.................................................................................................................................6Objetivos.....................................................................................................................................................6Material Necessário...................................................................................................................................7Desenvolvimento........................................................................................................................................7Anexo 1-Situação Problema......................................................................................................................8Anexo 2- Cartas .........................................................................................................................................9Anexo 3 - Tabela do Código Genético......................................................................................................11Oficina “Diversidade Humana”...............................................................................................................12Justificativa................................................................................................................................................12Conceitos Envolvidos................................................................................................................................13Objetivos....................................................................................................................................................13Material Necessário...................................................................................................................................13Desenvolvimento........................................................................................................................................13Figura 1- Esquema representativo do cartaz com diferentes formas de vida......................................14Figura 2 - Esquema representativo do cartaz com rostos humanos......................................................14Figura 3 - Esquema representativo do cartaz sobre conceitos de diversidade.....................................15Figura 4 - Ilustração do painel montado com células e cromossomos................................................. 16Figura 5 - Ilustração do painel montado pelo sorteio das características............................................17Sugestão de leitura.....................................................................................................................................18 Oficina temática: (re) conhecendo os aracnídeos Peçonhentos: diferentes abordagens para o ensino de ciências...................................................................................................................................................19Resumo.......................................................................................................................................................201. Introdução..............................................................................................................................................212. Procedimentos metodológicos...............................................................................................................243. Resultados e discussão...........................................................................................................................284. Considerações finais..............................................................................................................................315. Bibliografia.............................................................................................................................................33Anexo - Sugestão de uma configuração básica de apresentação da oficina temática: “(re) conhecendo os aracnídeos peçonhentos: diferentes abordagens para o ensino de ciências”........................................35

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APRESENTAÇÃO

É com grande satisfação que apresentamos o material didáticoa seguir, fruto da produção de dois grupos de alunos da Licenciatura emCiências Biológicas da UFPR e da oficina oferecida pelo professor Carlos EduardoPilleggideSouzaaosdocentesdaredepública.Opresentecadernofoielaboradocomoobjetivodeproporcionarapoioaosprofessoresemexercícioe em formação, namedida emque subsidiao ensinodeCiências eBiologiacom sugestões de atividades e com uma reflexão mais abrangente a respeito da temáticaambiental. Subdividimosocadernoem2partes,aprimeiracontacomojogoS.O.S. – SÍNTESE OBJETIVANDO SOBREVIVÊNCIA que traz umaatividadelúdicaparatratardoconteúdosínteseprotéica.Aoutraatividadetrata-se da oficina DIVERSIDADE HUMANAquepermiteabordarconteúdosdeGenéticaapartirdadiversidadeculturaleétnicadasaladeaula. A segunda parte disponibiliza a experiência de anos do professorCarlos Eduardo trabalhando o tema aracnídeos peçonhentos em oficinas para professores e alunos do ensino fundamental e médio. Neste texto o autordestaca a importância do professor conhecer as concepções alternativas eo conhecimento popular (dos alunos e demais membros da comunidade) arespeitodestatemática.Buscarompercomoenfoquefuncionalista,imediatistaeutilitaristasobreosanimaisque,geralmente,aparecenosmateriaisdidáticoseparadidáticos,oumesmonamídia.ApontandoparaumensinodeCiênciasedeEducaçãoAmbientalquepossibiliteumavisãomenosfragmentadasobreomeioambiente,aborda-seatemáticaemsuadimensãohistórica,social,políticae cultural. Também agrega-se a esta a dimensão ecológica, comportamental,anatômica e fisiológica. Esperamos que apesar de restrita a pequena contribuição queoferecemosaquiestimulevocê leitoràproduçãodenovasatividadesemsuasaulas.Bomtrabalho!!

CarlosEduardoPilleggideSouzaOdisséaBoaventuradeOliveiraProfessoresdeMetodologiaePráticadeEnsinodeCiênciaseBiologia-UFPR

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Jogo: “S.O.S. – SÍNTESE OBJETIVANDO SOBREVIVÊNCIA”*

AlejandroBoechatFernades**BrunoJacsonMartynhak**

EduardoBalsanelli**HenriqueJoséPolatoGomes**

MarceloHidekiWada***materialproduzidonadisciplinaMetodologiadeEnsinodeCiênciase

Biologia**AlunodoCursoCiênciasBiológicasdaUFPR

Indicação: EnsinoMédio

JustificativaEstapropostaconstituiumaatividadedecaráterlúdicoaseraplicada

no ensino de Biologia, mais especificamente ao conteúdo de Síntese Protéica. Visafacilitaroaprendizado,aorequisitaroconhecimentovigentenumexercíciode reflexão aplicado a uma situação simulada, ou seja, por meio de uma série deações,reaçõesesensaçõesqueacontecemnocorpodeumindivíduo,cobra-se do aluno que relacione a proteína responsável por elas e como se dá oprocessamentonascélulas.Assim,espera-secontribuirparaacompreensãodossistemascelulares,seusprocessos,estruturasecontrole.

Conceitos envolvidosSínteseProtéicaassociadaàfunçãoeestruturadasproteínas;etapassintetizantes:transcrição,traduçãoeorganelasenvolvidasnoprocesso.Objetivos

• Compreendercomoocorreoprocessodesínteseprotéicapormeiodeumasimulaçãodesobrevivênciaemambientehostil;

• Compreender como as proteínas agem nos processos fisiológicos;• Conhecer os locais das células em que ocorrem os processos de

sínteseprotéica;• Elaborar um relatório dos passos envolvidos na solução dos

problemas.

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Material Necessário• Cópiadasituaçãohipotéticaparaosváriosgrupos(anexo1)• Cópiadascartasparaosváriosgrupos(anexo2).Ascartascontêm

umasériedeopçõesdeproteínas,sendoquealgumassãocabíveispara as situações envolvidas e essas deverão ser escolhidas pelaequipe.

• Cópia da tabela do código genético (anexo 3). A seqüência deaminoácidosdeveráserorganizadapelosgruposcombasenoDNAfornecidonacartaescolhida.

Desenvolvimento1-Revisarosconceitosjáabordadosemsaladeaula:sínteseprotéica,transcrição,funçãodasproteínas,tradução

2- Organizaraturmaemgruposde4a5pessoas.Distribuirparacadaumdosgrupososenvelopescommateriais(situaçãoproblema,cartasetabelas–anexos1,2e3)Pode-se fazer uma exemplificação de uma simulação prévia simplificada com todos os passos envolvidos, por exemplo, imaginar uma situação na qual oindivíduoestásaindodecasaevêoônibusvirandoaesquina.Naintençãodeembarcarumasériedeprocessosédesencadeada,comomaiordisponibilidadede sangue, dilatação da pupila, entre outros. Isto é possível pela síntese daproteínaadrenalina(tambémconhecidaporepinefrina),quepreparaoorganismopara situações de ameaça, aumentando a capacidade de trabalho muscular,principalmentepormeiodaaceleraçãodosbatimentoscardíacos,aumentodapressãosanguínea,dilataçãodosbrônquioseliberaçãodeglicosepelofígado.3-Explicarofuncionamentoeasregrasdojogo:

• Ler a situação-problema (anexo 1), identificar as cartas (anexo 2) que serelacionamàsproteínasmencionadasnasquestões.

• RelacionaraseqüênciadebasesdoDNAindicadanacartaàstrincasdebasesdeRNApresentenatabela(anexo3)

• Os alunos deverão confeccionar um relatório em grupo, com asrespostasàsperguntascontidasnocenárioedescreveromecanismode síntese protéica, apontando as organelas envolvidas. Tambémdeverão fornecer a seqüência de aminoácidos correspondente àproteína, relacionando à seqüência do DNA (presente nas cartas)aoscódonscorrespondentesdeRNApresentesnatabeladecódigogenético.

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Anexo 1- Situação-problema

Cenário:

Você é um náufrago, perdido em uma ilha deserta, com recursos limitados,distantedacivilizaçãoesempossibilidadeimediatadesaída.

1. É uma hora da tarde, você passou a manhã todaprocurandoabrigoevocêcomeçaasentirapelearder.Oqueestáocorrendo,ecomoseucorpopodeminimizaroproblema?

2. Parafugirdosraiossolaresvocêencontraumacaverna.No começo, há uma grande dificuldade em enxergar, mascomopassardotempo,vocêpercebequesuavisãofica gradativamente melhor. Que proteína(s) pode estar auxiliandoessamelhorvisualização?

3. No início você teve muita dificuldade na escalada de árvores para obtenção de alimento e nas longascaminhadasdescalçoembuscadeáguacomaformaçãodedolorosasbolhasdesangue.Comopassardotemposuas mãos e pés ficaram muito calejados. Que proteína podeestaratuando,equalobenefíciotrazidoporela?Porquenãohaviamcalosantes?

4. Certanoite,aoentrarnestacavernaquevocêutilizacomoabrigo,barulhostenebrososcomeçamaseremitidos!Seucoração começa a bater mais forte numa seqüência dereações e você fica com medo. Qual a principal proteína envolvidanessasituação?

5. Depois de intermináveis dias de sofrimento, espera,agonia, angústia, solidão e desolamento, você avistaumbarconohorizonte.Apósinúmerossinaisdefumaçaenviados, nota-se que aos poucos a embarcação mudasua direção e se aproxima da ilha. Uma sensação deimenso prazer apodera-se de seu corpo combalido,desgastado, carcomido! Quais as proteínas que podem estarenvolvidasnessasensação?

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�Dopamina

Neurotransmissor do S.N.C., precursor da adrenalina e noradrenalina. É sintetizada por certas células nervosas que agem em regiões do cérebro e promovem, entre outros efeitos, a sensação de prazer e motivação.

Seqüência: ATG – CCG – TTA – AGC – ACC

Anidrase carbonica

Abundante nas células gástricas, realiza a hidratação do CO2, gerando H2CO3 que se dissocia em H+ e HCO3-, que é trocado pelo íon Cl-, passando para o líquido intersticial e em seguida, para o plasma sangüíneo onde retém os prótons lá existentes, causando aumento do pH.

Seqüência: ATG – CGG – ATA – ACC – AGG

Hemoglobina

Realiza o transporte do O2e aproximadamente 20% do CO2 produzido pela respiração celular.

Seqüência: ATG – CAG – ATA – ATC – AGG

Tiroxina

A tiroxina estimula o aumento da atividade de diversas enzimas que agem nos processos liberadores de energia, elevando a taxa de metabolismo, mesmo que a pessoa esteja em repouso.

Seqüência: ATG – CCC – TAT – AGG – CCC

Glucagon

Na circulação, se espalha pelo corpo e se liga ao seureceptor celular, localizado na membrana plasmática, principalmente das células do fígado. Este quebra o glicogênio e libera para a corrente sangüínea as moléculas de glicose que o constituem.

Seqüência: ATG – CGG – AGC – TAT – CGT

Insulina

Se encaixa em seu receptor celular, localizado na membrana e na glicose. O complexo sofre endocitose, e transporta glicose, íons e água para o citoplasma. Problemas de produção ou liberação levam a uma deficiência na sua absorção.

Seqüência: ATG – AAA – CGG – TTA – GTA

Adrenalina

Sua liberação ativa o mecanismo de luta e fuga, que prepara o organismo para situações de ameaça, aumentando o trabalho muscular e a pressão, acelerando os batimentos cardíacos, dilatando os brônquios e liberando glicose no fígado.

Seqüência: ATG – GGA – CGC – TTT – ACG

Distrofina

A falta ou alteração da proteína distrofina faz com que as fibras musculares percam sua elasticidade, causando uma doença chamada distrofia muscular.

Seqüência: ATG – GGG – TTA – ACC – AAA

Queratina

A barreira de proteção impermeável da pele é chamada extrato córneo. Seu acúmulo forma calosidades.

Seqüência: ATG – AAA – TTA – TTA – ACC

Anexo 2Cartas (EDUCAR, 2006):

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�0Colágeno

Suas fibras são compostas de tropocolágenos, formados a partir de procolágeno, o qual é liberado apenas com a ajuda da vitamina C. Na sua ausência, o colágeno é mal formado, gerando lesões na pele e fragilidade nos vasos sanguíneos, causando a doença escorbuto.

Seqüência: ATG – ACA – TTA – TAA – TTA

Melanina

Protege a epiderme e outras camadas da pele contraagressão externa e contra a mutação, já que os raios solares são mutagênicos e podem causar câncer de pele. Sua produção é estimulada pelos raios solares que alcançam os melanócitos da pele.

Seqüência: ATG – ATA – GGG – TAA – CCA

Distrofina

A falta ou alteração da proteína distrofina faz com que as fibras musculares percam sua elasticidade, causando uma doença chamada distrofia muscular.

Seqüência: ATG – GGG – TTA – ACC – AAA

Actina

Constitue as miofibrilas, e junto com a miosina, exerce um papel fundamental na geração dos movimentos, permitindo que as fibras musculares diminuam e aumentem seu comprimento, promovendo, com isso, os movimentos de contração e relaxamento dos músculos.

Seqüência: ATG – CCC – TAC – TTT – ACA

Rodopsina

Na incidência de luz, ocorrem eventos que resultam na sua separação em retinal e opsina. A união dos dois é favorecida conforme o ambiente se torna menos iluminado. Assim, no escuro, a maior parte das duas está combinada formando a rodopsina.

Seqüência: ATG – CGG – AAA – AAG – CCT

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Anexo 3Tabela do Código Genético (UFMG, 2006)

U C A G

UUUU—PheUUC—PheUUA—LeuUUG—Leu

UCU—SerUCC—SerUCA—SerUCG—Ser

UAU—TyrUAC—TyrUAA—stopUAG—stop

UGU—CysUGC—CysUGA—stopUGG—Trp

UCAG

C

CUU—LeuCUC—LeuCUA—LeuCUG—Leu

CCU—ProCCC—ProCCA—ProCCG—Pro

CAU—HisCAC—HisCAA—GlnCAG—Gln

CGU—ArgCGC—ArgCGA—ArgCGG—Arg

UCAG

A

AUU—IleAUC—IleAUA—IleAUG—Met

ACU—ThrACC—ThrACA—ThrACG—Thr

AAU—AsnAAC—AsnAAA—LysAAG—Lys

AGU—SerAGC—SerAGA—ArgAGG—Arg

UCAG

G

GUU—ValGUC—ValGUA—ValGUG—Val

GCU—AlaGCC—AlaGCA—AlaGCG—Ala

GAU—AspGAC—AspGAA—GluGAG—Glu

GGU—GlyGGC—GlyGGA—GlyGGG—Gly

UCAG

Sugestão de leitura

AMABIS,J.M.;MARTHO,J.R. Fundamentosdabiologiamoderna. SãoPaulo:

Moderna.1990.

CARVALHO,W.Biologiaemfoco.SãoPaulo:FTD,1998.

EDUCAR: http://educar.sc.usp.br/experimentoteca/biologia/9sintese_op.pdf.Acessoem14/09/06.

UFMG:http://www.icb.ufmg.br/big/big002/tabela.htm.Acessoem14/0906.

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OFICINA “DIVERSIDADE HUMANA” *

ELAINELOPESPEREIRANUNESJENIFERNOWATZKI

JOCIELIMASCHIOMAKELIGARIBOTTILUSA

*materialproduzidonasdisciplinasPráticadeEnsinodeCiênciaseBiologia

Indicação: 7ªou8ªsériedoEnsinoFundamental

JustificativaNoâmbitodaeducaçãoformal,temascomovalores,educaçãomoral,pluralidadede etnias, interculturalidade, racismo, educação inclusiva, entre outros, vêmrecebendo uma atenção especial devido às suas possibilidades de inserçãocomotransversalidadenocurrículoescolar.Comodecorrência,novaspropostaseducacionaistêmbuscadofrisaraidéiadequevivemosemumpaíscomgrandediversidade cultural e racial. Por isso, é necessário reconhecer, valorizar epesquisaressaenormevariedadeculturalbrasileira,semdesprezareignorarasdiversas contribuições que formam a identidade nacional.Alguns estudiososacreditamqueoreconhecimentodadiversidadedasculturasexistenteséumadasgrandesquestõesdenossaépocaeapontamcaminhosparaasuperaçãodetensões e conflitos, sendo o processo educacional, por seu papel na formação humana que inclui mecanismos de socialização, considerado um campoestratégico, no qual tais propostas deveriam ser desenvolvidas. Apontamosaqui, através desta oficina conceituar Diversidade e contextualizá-la de forma global,focalizando-se,emespecial,osaspectoshumanos;discutiroprincípiode raças e esclarecer a ausência das mesmas em humanos, enfatizando-se oconceitodeetnias;possibilitaroreconhecimentodascaracterísticasgenéticasquedistinguemosestudantes,sendoestescaracteres,gerais, ligadosaosexo,ouàsetnias;construir,juntoaosestudantes,esquemasdidáticosqueexpliquema origem genética da Diversidade Humana. O tema Diversidade Humana,trabalhado nestas oficinas, é importante na consolidação de novas propostas educacionais,quelevememcontaevalorizemagrandediversidadeculturaleétnicadenossopaís,abolindopreconceitoseconcepçõesunidirecionais.

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Conceitos envolvidosBiodiversidade, raças, caracteres fisionômicos herdados, habilidades genéticas e combinaçõescromossômicasegênicas

Objetivos▪ Conceituar Diversidade e contextualizá-la de forma global, focalizando-se, em especial,osaspectoshumanos.▪ Discutir o princípio de raças e esclarecer a ausência das mesmas em humanos, enfatizando-seoconceitodeetnias.▪ Possibilitar o reconhecimento das características genéticas que distinguem os estudantes,sendoestescaracteres,gerais,ligadosaosexo,ouàsetnias.▪ Construir esquemas didáticos que expliquem a origem genética da Diversidade Humana.

Material Necessário• Cartaz com figuras de diferentes formas de vida (bactérias, fungos, plantas, algas,invertebrados,vertebrados)-Biodiversidade(Exemplo:Fig.1);▪ Cartaz com figuras de rostos humanos de diferentes etnias e características -DiversidadeHumana(Exemplo:Fig.2);▪ Cartaz com desenhos esquemáticos sobre conceitos de biodiversidade (Exemplo:Fig.3);▪ Painel de isopor com células gaméticas e cromossomos de papel avulsos e alfinetes para montagem (Exemplo: Fig. 4);▪ Painel de isopor com fotos de rostos, cabelos, olhos, bocas e narizes de papel avulsos e alfinetes para montagem.▪ Envelopes contendo os caracteres nomeados para sorteio (Por exemplo: pele clara/morena; olhos azuis/verdes/castanhos; boca grande/pequena; narizredondo/triangular;cabeloliso/enrolado,loiro/castanho/preto).

Desenvolvimento1- Questione sobre o que os alunos entendem por diversidade. Possivelmente surjam respostas do tipo: “coisas diferentes,“formas de vidadiferentes”,“númerograndedeespécies”,entreoutras.

2- Relacione as respostas às figuras dos cartazes (esquematizados abaixo), primeiramente destacando os organismos dos diversos reinos (Fig. 1) e emseguida, relacionando a diversidade às figuras humanas (Fig. 2).

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Figura � - Esquema representativo do cartaz com rostos humanos.

Figura1-Esquemarepresentativodocartazcomdiferentesformasdevida(estecartazdeve ser confeccionadocom fotosdebactérias, fungos, algas,plantas,diferentesinvertebradosevertebrados).

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D I V E R S I D A D E

3-Através do cartaz com esquemas hipotetizando três ecossistemas (Fig. 3),introduzaoconceitodediversidade,relacionadoàriqueza(númerodeespécies)eàequitabilidade(homogeneidade,abundânciadeindivíduosentreasespécies).

Figura 3 - Esquema representativo do cartaz sobre conceitos dediversidade.

4- Questione qual é a amostra com maior diversidade. Se as opiniões divergirem indiquenocartazoecossistemacommaiordiversidade.

5-Perguntequeentendemporraça.6-Expliqueoconceitoatravésdoexemplodasraçascaninas,domodocomosãoformadas,assimcomosuafragilidade,entreoutros.

7- Questione se existem raças humanas e por quê. Provavelmente as opiniões divergirão,algunsacharãoquenão,outrosquesim.

8-Expliqueoporquêdainexistênciaderaçashumanas(ausênciadeisolamentoreprodutivo,deendocruzamento,entreoutros)econversesobreasetniasesuasindividualidades.

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9- Sente com o grupo em círculo e peça que comparem as fisionomias dos colegas,observandoasseguintesdiferenças:formatodaboca,donariz,doolho,dasobrancelha,graudeenrolamentodocabelo,cordoolhoeformatodorosto.Peçatambémquecoloquemamãodireitaparafrenteparaobservarogradientedecordapele.

10-Solicitedoisvoluntários,ummeninoeumameninaedestaqueasdiferençassexuais: nas sobrancelha, linha do cabelo, curvatura do braço, dos ombros equadris, pomo-de-adão e mãos. Além disso, teste e compare as habilidadesdeordemgenética:elasticidadenamão(ligamentosolto),ângulodopolegar,enrolamento da língua, cruzamento dos braços e dos dedos (verificar o braço e a mão que ficam em cima), verificação de destros e canhotos.

11- Explique que todas as características analisadas são determinadas pelagenética,queéprópriadecadaumeporissotodossomosdiferentes.

12- Para esclarecer alguns conceitos genéticos utilize um painel de isopor(Exemplo: Fig. 4), onde conste um esquema demonstrando a formação dascélulasgaméticaseasopçõescromossômicasegênicasnaformaçãodozigoto,atravésdediferentescélulasecromossomosdepapel,quedevemsercombinadose presos por alfinetes ao painel. Destaque que as possibilidades de combinação sãoinúmeraseessefatoéresponsávelpelagrandediversidadeexistente.

Figura4-Ilustraçãodopainelmontadocomcélulasecromossomos.

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13-Monteoutroesquemaemumsegundopaineldeisopor,comoobjetivodeexemplificar as opções genéticas na escolha das características dos filhos de umcasal(Exemplo:Fig.5).Utilizerostos,cabelos,olhos,bocasenarizesdepapel presos ao isopor com alfinetes. Monte primeiramente os rostos do casal comas seguintes características:pai–pelemorena, cabelopretoe enrolado,olhosgrandescastanhos,bocagrandeevermelhaenarizredondo;mãe–peleclara, cabelo loiro e liso, olhos pequenos azuis, boca pequena e rosa e nariztriangular.

14- Faça um sorteio das características dos filhos, passando quatro envelopes contendo, separadamente, papéis com quatro possibilidades de cor da pelee formato do rosto, quatro possibilidades de cor e grau de enrolamento docabelo, quatro possibilidades de cor e formato dos olhos e finalmente, quatro possibilidadesdecoreformatodaboca, todosrelacionadosàscaracterísticaspaternas ou maternas. Cada participante deverá sortear uma característica eprendê-la ao isopor, montando os rostos de três ou quatro filhos, demonstrando aaleatoriedadenoprocessodeescolhadosgenes.

Figura 5 - Ilustração do painel montado pelo sorteio dascaracterísticas.

15-Sugestãodeperguntasparaavaliação:• Expliquecomsuaspalavrasoqueédiversidade.• Oquevocêentendeporraça?• De acordo com o que aprendeu nessa oficina, porque as pessoas são

diferentes?

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Sugestão de leituraGRIFFITHS,AnthonyJ.F.Introdução à genética.RiodeJaneiro:GuanabaraKoogan,7ed

ODUM,E.O.Ecologia.RiodeJaneiro:GuanabaraKoogan,1988

RICKLEFS, R. E. A economia da natureza. Rio de Janeiro: GuanabaraKoogan,5ed,2003

SHIMIZU, A.M.; CORDEIRO, A.P.; MENIN. M.S.S. Ética, preconceito eeducação:característicasdaspublicaçõesemperiódicosnacionaisdeeducação,filosofia e psicologia entre 1970 e 2003. Revista Brasileira de Educação,v.11,n.31,2006.

VALENTE,A.L.ApropósitodosParâmetrosCurricularesNacionaissobreapluralidadecultural.Revista Educação,UniversidadeFederaldeSantaMaria,v.26,n.1,2001.Disponívelem:<http://www.ufsm.br/ce/revista/revce/2001/01/a1.htm>.Acessoem:25set.2006.

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OFICINA TEMÁTICA: (RE) CONHECENDO OS ARACNÍDEOS PEÇONHENTOS: DIFERENTES ABORDAGENS

PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS.

CarlosEduardoPilleggideSouza1

EdsomSpier2

JeanGabrieldeSouza3

1 Professor do Departamento de Teoria e Prática de Ensino (DTPEN) – Área de Ciências Naturais-

Universidade Federal do Paraná, Curitiba-PR, [email protected] Acadêmico do curso de Biotecnologia da Universidade do Oeste de Santa

Catarina, Joaç[email protected]

3 Biólogo – Universidade do Planalto Catarinense, [email protected]

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RESUMO

A oficina intitulada: “(RE)CONHECENDO OS ARACNÍDEOS PEÇONHENTOS: DIFERENTES ABORDAGENS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS” propõe apresentar e discutir aspectos da História Naturale Ecologia Comportamental deste grupo de artrópodes de interesse médico.Também são apresentados e analisados os resultados de uma investigaçãoquebuscaentenderasconcepçõesalternativaseoconhecimentopopular (deestudantes, professores e demais membros da comunidade) sobre a temática“Aracnídeos peçonhentos. O nosso objetivo principal com esta propostaé relativizar as visões antropocêntricas e antropomórficas, maniqueístas, pragmáticas e fragmentadas do mundo natural. Bachelard é utilizado comoreferencialteóricodasanálisesdasconcepçõesalternativas.

Palavras-chave: AracnídeosPeçonhentos,ConcepçõesAlternativas,EnsinodeCiências

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1. INTRODUÇÃO

Antes de iniciarmos nossa discussão sobre os diferentes aspectosque envolvem a temática a ser tratada em nossa oficina, faremos algumas considerações sobre a formação inicial dos professores, uma vez que nossaproposta busca contribuir particularmente com este profissional.

É muito difícil para qualquer professor sentir-se seguro esuficientemente competente perante o insistente discurso proferido por diferentes segmentossociais,sobresuamáformaçãoinicialeanecessidadedeatualizaçãopermanente(PRALONDESOUZAeGOUVÊA,2006).

Em se tratando das limitações na formação inicial do professor,Gil–Pérez(2003)citadopor PralondeSouzaeGouvêa(2006)consideraqueospaísesquepossuemumsistemaeducativomaisavançadotendemainvestirmais na formação permanente que na formação inicial devido a três fatores:1) muitos dos problemas que devem ser tratados não adquirem sentido atéqueoprofessorsedeparecomelesemsuaprópriaprática;2)asexigênciasdeformaçãosãotãograndesquetentarcobri-lasnoperíodoinicialconduziriaoua uma duração absurda, ou a um tratamento absolutamente superficial; 3) uma formaçãodocenterealmenteefetivasupõeaparticipaçãocontinuadaemequipesdetrabalhoeemtarefasdepesquisa/açãoque,éóbvio,nãopodemserrealizadas,comummínimodeprofundidade,duranteaformaçãoinicial(STENHOUSE,1975;GIL-PÉREZ,1982).

Se nos países onde o sistema educativo é considerado avançadoe a formação inicial é ainda um obstáculo a ser superado, considerando-seos pressupostos mencionados acima, no Brasil os desafios são no mínimo redobradosdiantedarealidadeeducacionaldopaís,umavezqueoprofessoremexercícionasuagrandemaioriapossuiduplaoutriplajornadadetrabalho,o que inviabiliza sua participação em cursos de atualização mais longos emdecorrência do processo histórico de desvalorização profissional que atinge acategoriaeacarretabaixossalários.Diantedestequadroquandoserefereaformação inicialaproblemática tendeaseagravaraindamais.Concordamoscom Pralon de Souza e Gouvêa (2006) que as oficinas podem contribuir para a formaçãodosprofessoresporserematividadespontuaisdecurtaduraçãoque,alongoprazo,agemcomoespaçosdeformaçãocontínua,namedidaemqueumdiaoprofessorparticipadeumencontro,emumdiavaiaoutro,ouseja,háumacontinuidadeconstruídaporsuaprópriademanda.

Seguindo este raciocínio e como justificativa para a nossa proposta, acreditamosqueseproporcionarmosaoslicenciandosdasdisciplinasdepráticasdeensinoeestágios supervisionados/metodologiasdeensino, espaçosparao

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desenvolvimento de práticas docentes como as oficinas pedagógicas, de forma asuperaremqualidadeasimplesobservaçãoeregênciadeaulas,articulandoosdiferentescomponentescurriculares,estasquandobemplanejadaseorientadasao serem aplicadas no campo de estágio (geralmente uma escola do ensinofundamental/médio ou outro espaço qualquer de educação, formal ou nãoformal) podem contribuir para uma formação inicial mais significativa.

Com o advento dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs),a articulação proposta entre as disciplinas não se limita apenas às áreas doconhecimento, mas deve ser mais ampla, incluindo inclusive as três grandesáreas em que o ensino médio foi organizado.Assim, não basta apenas fazera integração das mesmas, mas sim ampliarmos a articulação, incluindo asdisciplinas ligadas à comunicação e aquelas relativas aos contextos sociais(VASCONCELOSDEALMEIDAeNÓBREGABASTOS,2005).

Aspráticaseducativas,noquedizemrespeitoàEducaçãoAmbiental(E.A.), necessitam de reflexões, indícios dessa necessidade aparecem quase todososdiaseminteraçõesdesaladeaula.Infelizmente,aindahojeécomumouvirmos estudantes de faixas etárias diversificadas e dos vários níveis de ensino, inclusiveemcursosdeformação inicialdeprofessores:Professor (a) me explica uma coisa, por que as baratas existem? Por que animais como aranhas, cobras e escorpiões existem?Eu não entendo qual a utilidade deles para o ser humano!!. Ou ainda, num projeto com ênfase na E.A. elaboradoporfuturosprofessoresdassériesiniciaisdoensinofundamental,serpropostoàretiradadasconchasdeberbigãoparaelaboraçãodecartazes,comointuitodesalvaromangue!(sic).Essas frasese situaçõessãoproduzidasemsaladeaula, principalmente devido às possíveis aberturas dadas aos estudantes emsuas manifestações, sem controle ou censura. É preciso ouvir os estudantes,saberoquepensam,parapodermos“atuar”sobreessespensamentos.Elasosfazem refletir primeiramente sobre as nossas concepções relacionadas a nossa situaçãonoplanetaeporqueosestudantesconstroemestessentidossobreoseuambiente. Nesse contexto, é bastante interessante trabalhar junto aos futurosprofessores, algumasquestões sobre temaspolêmicos (quemsomos,deondeviemos, como nos desenvolvemos, para onde vamos) e como o ensino deciênciaspodecontribuirparaoalcancedeumavisãomenosfragmentadasobreonossoambiente(certamenteumdosmaioresproblemasqueenfrentamosnaE.A)(PILLEGGIDESOUZAeGABRIELDESOUZA,2005).

Nastemáticasqueenvolvemquestõesdenaturezasócio-ambiental,apesar dos avanços significativos na discussão sobre educação - meio ambiente, faz-senecessárioaformaçãodeeducadorescríticos,aptosparatrabalharessanova dimensão do processo educativo que é a E.A., espaço de atuação com

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formação extremamente deficitária, onde muitos que se aventuram na área ficam ainda a mercê de boas doses de autodidatismo, e como toda formação autodidata existem limitações. Esta “formação deficitária” é muitas vezes uma decorrênciadodistanciamentoexistenteentreapráticapedagógicadoprofessoreafaltadecondiçõesreaisparaqueaspropostascontidasnasrecentesreformasuniversitárias,comonocasodosPCNs,sejamcolocadasnaprática(PILLEGGIDESOUZAeGABRIELDESOUZA,2005).

Pilleggi de Souza e Gabriel de Souza (2005) ainda consideramquesetratandodotema“animaispeçonhentos1”,emboraomesmofaçapartedo conteúdo programáticodos currículode ciências (seres vivos) e biologia(ecologia/saúde),emsaladeaula,oassuntoquandonãoé“deixadodeladopelo professor” é explorado de maneira bastante superficial, fragmentada e equivocada. Tais considerações aparecem nos relatos que os professores deciências e biologia têm feito durante as oficinas e minicursos por nós ministrados aolongodeváriosanos.Percebe-sequeaadoçãodestaposturamuitasvezesé justificada pelos professores como reflexo da deficiência na sua formação inicial,oqueempartecorrespondeaverdade,umavezqueoscurrículosdegraduaçãoemciênciasbiológicasedasaúdenasuagrandemaioriaquasenadacontemplamdeabordagemsobreessetemaoucorrelatos.Aindasegundoessesautores,apercepçãoqueprofessores,alunose apopulaçãodeumamaneirageral tem sobre os representantes desta fauna, muitas vezes intitulada de“animais maléficos ao homem” está fundamentada nas representações humanas sobre a natureza, as quais vem sendo historicamente construídas levando-seemcontaosfatoressociais,culturais,éticos,econômicos,políticos,sejameleslocais, regionais e globais. A problemática é ainda maior quando verifica-se que estesatoressociaistambémmuitasvezesdesconhecemosaspectosbiológicos,ecológicosecomportamentaisquepermeiamotema,oqualacabasendoumobstáculo, um desafio para aqueles que se aventuram a desenvolver atividades deE.A.quersejaelaformalounãoformal.

Adicotimizaçãoentresereshumanosenatureza,comaidéiadeumanaturezaobjetivaeexterioraoserhumano,naqualpressupõeumaidéiadesernãonatural, comumanatureza subdivididaemfísica,químicaebiologiadeumladoeossereshumanosdooutroemeconomia,antropologia,sociologia,história,etccristalizandoemumafragmentaçãodeordemtécnica,comacrençanasupremaciadaCiênciaemrelaçãoaoutrosconhecimentos(GONÇALVES,1998), vem dificultar a atuação dos professores de ciências.� Animais peçonhentos são aqueles que além de glândulas com produção de toxinas possuem um aparelho para introduzi-las em suas presas, tais como quelíceras, dentes, ferrões, aguilhões, etc.

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OensinodeciênciasseapropriadaCiênciaedesuasespecialidades,refletidas na fragmentação observada nos conteúdos específicos, cuja transposição também acarreta um conceito de ciência concebida não comouma construção humana, mas como reflexo imediato da natureza, ampliando-se portanto, um tom de verdade definida e absoluta aos conhecimentos historicamenteacumulados(SOUZA,2000). Raros são os trabalhos que buscam evidenciar e abordar asmúltiplasvisõesqueabarcamosditos“animaispeçonhentos”comenfoqueaosentendimentosfuncionalistas,imediatistaseutilitaristasbastantepreponderantesnesta temática, desta forma o objetivo principal desta proposta de oficina é discutir comoestasdiferentesabordagenspodemser trabalhadasemsaladeaula como uma proposta de ensino que venha a romper com os conceitosequivocadose(pré)conceitosreproduzidosemlivrosdidáticos,enciclopédias,namídia,etc.

Paraqueestapropostasejaviabilizadanumaaçãopedagógica,algunsquestionamentosserãodiscutidoscomointuitodeconceberalgumasidéiasquepossamservircomosubsídiosparapromoverummelhorentendimentosobreasdiferentesconcepçõesdotema.

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOSA oficina temática “(RE) CONHECENDO OS ARACNÍDEOS

PEÇONHENTOS, DIFERENTES ABORDAGENS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS” busca apresentar diferentes abordagens para o tema numacompreensãodasuadimensãohistórica,sócio-ambientalecultural.Valemo-nosdosresultadosapresentadosnapesquisadenaturezaquali-quantitativarealizadapor nós anteriormente: Pilleggi de Souza e Gabriel de Souza (2005), ondeanalisamos os sentidos construídos pelo imaginário popular ( as concepçoesalternativaseoconhecimentopopularsobreosaracnídeospeçonhentos).

A investigação contou com a aplicação de um questionáriosemi-estruturado (20 questões) mais entrevistas semi-diretivas somando-seainda com os dados contidos nos registros das discussões e avaliações dasoficinas, mini-cursos e propostas pedagógicas, construídas coletivamente nas oficinas. As entrevistas sobre as concepções alternativas foram realizadas em aproximadamentequinhentasresidênciasdomunicípiodeLages-SCeasanálisesrealizadas segundo os obstáculos epistemológicos: o conhecimento geral,a experiência primeira,o obstáculo verbal eo conhecimento pragmático (BACHELARD, 1996), como um ponto de partida para a compreensão dasrepresentaçõeshumanas.

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Omaterialdidático-pedagógicoutilizadoparaoapoionasdiscussõesdas oficinas e mini-cursos (ANEXOS) corresponde aos diferentes aspectos que serão descritos abaixo os quais por limitação de espaço não serão todosdemonstrados, mas sua menção tem o objetivo de fornecer subsídios paraos licenciandos buscarem estes recursos e articularem os mesmos nas suaspropostasdeensino.Dopontodevistadidáticoosaspectosabaixorelacionadosforamdescritosemduascategoriasdenominadasdeabordagenspedagógicaebiológica:

1)Abordagem pedagógica

• são discutidas as análises dos resultados das investigaçõessobreoconhecimentopopulareasconcepçõesalternativasdapopulaçãoaluzdopensamentodeBachelard;

• sãoutilizadoslivrosdidáticos:ondeosautoresbuscaramfazerumaanálisedeconteúdodecomoo temaérepresentadonosmesmos;

• são analisados os textos de divulgação científica veiculados em jornaiserevistasdegrandecirculação;

• são analisados periódicos científicos abordando o tema nas diferentesáreasdoconhecimentodabiologia;

• são analisados trechos de filmes comerciais e documentários sobreanimaispeçonhentos,

• sãoilustradoscasosglobaiseregionaissobreaaçãoantrópicaemdiferentesecótopossilvestres:grandesimpactosambientais,oagronegócio,transgênicos,etc

• sãoanalisadas letrasdemúsicas (porex.bichosescrotosdosTitãs:)alémdepoemaspopulares,

• são analisadas figuras diversas que ilustram o tema (pinturas, inscriçõesrupestres,cerâmica,etc)

• sãoanalisadosrótulosdeembalagensdeinseticidasdiversos;• sãoanalisadasdiferentesrepresentaçõesdotemacontidosnas

páginasdaInternet

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2)Abordagem biológica

• Na aula expositiva dialogada são utilizados slides,transparências e/ou apresentações em data-show ebusca-se ilustrar o tema com diferentes aspectos dahistória natural dos animais peçonhentos (ênfase aEcologiacomportamental,MorfologiaExternaeInterna,Fisiopatologiadevenenos).

• O conteúdo biológico é trabalhado nas oficinas e mini-cursosdeacordocomacargahoráriadosmesmos,comuma carga horária de 4-8 h (oficina) trabalha-se apenas osArthropoda(comênfaseaosaracnídeos)ouosofídiosseparadamente. Em um mini-curso com mais de 12 htrabalhamos além dos artrópodes, a história natural deanfíbios(ênfaseaossaposvenenosos),répteis(ênfaseasserpentes).

• Asatividadespráticasnolaboratóriotrabalhamoconteúdobiológico de forma que os participantes da oficina ou mini-curso adquiram habilidades para utilizar chavesdicotômicasepictóricasparaofácilreconhecimentodasfamílias, gêneros e espécies de animais de importânciamédico-veterinária, também para aquelas espécies deocorrênciamaiscomumnosambientesurbanoseruderaisdepoucaounenhumaimportânciaparaasaúdepública.

• Como material zoológico são utilizados animais fixados e/ouanimaisvivosdeacordocomasfacilidades.

• Osmateriais instrumentaisutilizados são:microscópiosestereoscópicos,lupasdemão,pinças,lâminas,etc

• cartazesebanners

2.1. Breve relato da dinâmica das oficinas e minicursos

As dinâmicas das oficinas compreendem diferentes momentos os quais buscam contextualizar o tema em suas duas abordagens: a pedagógica(histórica,social,cultural,política,etc)eabiológica(comportamental,ecológicaetc)

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� Aracnofobia: Título Original: Arachnophobia. Suspense do Diretor Frank Marshall, produzido em Hollywood em �.��0 e lançado em �.���, com aprox. ��0 mins.� Malditas Aranhas: Título Original: Eight Legged Freaks, gênero: Terror , Tempo de Duração: �00 minu-tos, Ano de Lançamento: (EUA): �00�. Produção: Dean Devlin e Roland Emmerich4 Anaconda: Título Original: Anaconda, Gênero: Aventura, Tempo de Duração: �0 minutos, Ano de Lan-çamento (EUA): ���7, Direção: Luis Llosa.

2.1.1Abordagem pedagógicaEm um primeiro momento trabalhamos os conceitos de animais

peçonhentos,venenosos,etc,ecomopontodepartida,atravésdeumaexposiçãodialogadabuscamosdiscutiraspectoshistóricoseevolutivosdos seresvivos,culminando com o posicionamento dos diferentes taxa que apresentamrepresentantesdacategoriadenominada“animaispeçonhentos”discutindo-osdentro do contexto da árvore filogenética. A estratégia é feita a partir de material áudio-visual(transparênciase/ouslidese/oudatashow)ondeapresentamosumafigura que mostra a origem da vida na Terra e seu histórico evolutivo a partir da analogiacomumrelógiode24h,ondedestacamosqueoaparecimentodossereshumanosqueocorresomentenosúltimossegundosdessetempobiológico.

Temos então o gancho para discutirmos as percepções dosprofessores, alunos e da população a cerca das suas concepções alternativas,onde entram em cena os resultados das nossas investigações. Neste segundomomento também utilizamos textos e figuras que pontuam as ações antrópicas no ambiente natural (revolução agrícola, domesticação animal, vida nômadex ocupação espacial e temporal, agro negócio, transgênicos, processos deurbanização,etc)comosubsídiosparainiciarmosadiscussãosobreosdiferentessentidos construídos pelo imaginário popular, buscando relativizar visõesantropocêntricas e antropomórficas, maniqueístas, pragmáticas e fragmentadas sobreoambientenatural.

Asdiscussõessãoenriquecidasaindamaiscomaapresentaçãodetextos que abordam estas reflexões: “Tem alguma utilidade estudar a utilidade dos seres vivos? de Santos (2.000) e “Se a linguagem e o pensamento são humanos é possível fugir do antropocentrismo?deCassianideSouzaePilleggideSouza(2.003).

Numterceiromomentoaindacomênfaseaabordagempedagógica,utilizamos figuras que relatam a conflituosa relação dos seres humanos com os animaispeçonhentoscriandooespaçoparasediscutirosmitos,lendasefobias,como construções humanas que são equivocadamente exploradas na mídia,como nos filmes: Aracnofobia�,Malditas aranhas�,Anaconda�, etc.Trabalhamostambémcompoemasemúsicas(porexemploadançadatarantela),textossobreasagadearacne(mitologiagrega)easrepresentaçõescontidasnossímbolos,pinturas ruprestes e cerâmicas enfatizando as representações escritas e orais

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dalinguagemhumana,comaapresentaçãodaorigemetimológicadosnomescientíficos utilizados nas classificações das espécies de animais peçonhentos na suagrandemaioria verdadeiras alusões ao sinistro,macabro, desconhecido etraiçoeiro.

2.1.2. Abordagem Biológica Na abordagem biológica busca-se estabelecer as relações entreas diferentes áreas do conhecimento da Biologia tais como a EcologiaComportamental, Morfologia, Fisiologia, Biogeografia e a Evolução com forte apelo asdemonstrações sobremecanismosdedefesa animal, tais comoas diferentes “estratégias” para captura de presas, como por exemplo, aconstrução de teias, funis, alçapões, culminando com exemplos pitorescosde comportamentos adaptativos: homocromia, homomorfia, tanatose, coloraçãocríptica,retrorientação,mimetismos.Tambémabordamosdiferentes“estratégiasreprodutivas”presentesnoReinoAnimal,comoapartenogêneseeapoliembrionia,deformaacontextualizarosanimaispeçonhentosnumenfoqueevolutivo e como animais representantes da rica biodiversidade na Terra.Tambémexploramosaspectossobreoscomportamentossexuaisexibidospelosanimaispeçonhentos,osquaissãocomplexosenotórios,alémdetrabalharmosaspectosdaevoluçãoquímicadosvenenos,enzimasedaproduçãoecomposiçãode materiais biológicos presentes no ReinoAnimal, tais como glândulas deseda,teiasdearanhas,abrigos,etc Na taxonomia são discutidos os critérios utilizados na classificação zoológicalineniana,bemcomosãofeitasmençõessobreasatuaispropostasdeclassificação biológica baseadas na biologia molecular, fisiologia e bioquímica.

Num terceiro momento, trabalhamos aspectos relacioanados aoManejo Integrado de Pragas (falamos de conceitos de Controle Biológico eAgroecologia) e finalizamos com as informações sobre a prevenção de acidentes, sobrecasuísticasdeacidentesporanimaispeçonhentosnoBrasil,dandoênfaseaos acidentes regionais, sobre a ação fisopatológica das toxinas presentes nos animaispeçonhentos,sorologiaheterólogaesoroterapia.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Concepções alternativas e Conhecimento popular

As diferentes interpretações que alunos, professores e demaismembros da comunidade possuem a respeito de animais e como estasatuam na construçlão de sentidos, quando analisadas segundo as noções da

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epistemologia bachelardiana, revelaram a existência de um desconhecimentoou um conhecimento equivocado sobre os aspectos biológicos, ecológicos ecomportamentaisdestesanimais,correspondendoasnossasexpectativasfrentea um tema bastante específico.

As idéias pré-concebidas são obstáculos que podem prejudicar acapacidadedeaquisiçãodenovosconhecimentoseinformaçõessobreoassuntoemquestão.AmaioriadosmoradoresdosdiferentesbairrosdomunicípiodeLages-SC,temumaexplicaçãoparaaexistênciadessesanimaise,quasesempreestaexplicaçãoestácarregadadeconcepçõesalternativasquerevelampossíveisobstáculos epistemológicos, tais como: o conhecimento geral, a experiênciaprimeira,oobstáculoverbaleoconhecimentopragmático,categoriaspropostasporBachelard,equepodemserelementosimportantesparaacompreensãodanaturezadessasconcepçõesnoquetangeaestatemática.

Agrandemaioriadosentrevistados(84%)quandoperguntadossecostumammatarasaranhasqueencontram,responderamtaxativamentequesime que o motivo desta atitude justifica-se pelo fato de que estes animais são na maioriavenenososeperigososparaossereshumanos,alémdefeios,nojentose potencialmente capazes de transmitir doenças. (“conhecimento geral” e“obstáculo verbal ”:aspessoasnãosabemquenãosabemeconsideramquetodosanimaisvenenososfazemmalparaasaúdedohomem,istoéapalavravenenosojáéumobstáculoparaaaprendizagem).

Também, quando perguntada sobre a importância das aranhas eescorpiões para o meio ambiente (mesmo temendoque esta questãopudesseinduzir fortemente a uma resposta já esperada), um número significativo de moradores(59%)dissequenãosabiadaimportância,contra41%queatribuíavalores ecológicos para os animais (sentidos que apontam uma concepção utilitarista e antropocêntrica dos animais -“conhecimento pragmático”).

Bachelard (1.996, p. 114) considera que a visãoantropocêntricaquandosetratadosobstáculosepistemológicos,decertaformano decorrer da história detiveram a formação do espírito científico: em todos osfenômenosprocura-seautilidadehumana,nãosópelavantagemquepodeoferecer,mascomoprincípiodeexplicação.Encontrarumautilidadeéencontrarumarazão.Essainduçãoutilitáriafoiconsideradapeloautorcomoumobstáculono período pré-científico, pois não avança o conhecimento científico, onde todas as dificuldades se resolvem diante de uma concepção geral do mundo.

CassianideSouzaePilleggideSouza(2.003)comoformadeilustrarexemplossobreoantropocentrismoemanálisesdelivrosdidáticos,apontam que os mesmos trazem idéias de que animais e plantas existem em

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funçãodohomem.Aindasegundoosautores,deformasutilohumanoaparecequasesemprehierarquizadonoslivros,ocupandoumaposiçãoacimadosoutrosseres.Abaixoreproduzimosotrechodolivrode5a.sériedeCruz(1.996,p.7)docapítulo“Asrelaçõesentreosseresvivos”:

...os seres vivos dependem fundamentalmente um dos outros para sobreviver. Convém lembrar aqui que o homem também depende de outros seres vivos, já que sua alimentação compõe-se basicamente de animais e vegetais

Osautoreschamamaatençãoparaapalavratambém,quedáumdestaqueespecialparaohomem,eaodestacarohomemdosoutrosseres,pode-sefazerumaleiturado“homem”comoumserdiferenciadoe,portantosuperioraosoutrosanimaisenolivrodeMarquesePorto(1.995,p.42)mostraqueosreferidosautorescolocamasaranhasnaposiçãodohomem,comosendopossíveisdeseremhipnotizadas...parece que as aranhas são hipnotizadas pela dança, as fêmeas deixam de ser ferozes.

Em suas reflexões sobre as críticas que são feitas ao antropocentrismo os autores apontamparaumacontradiçãobastantepertinente, deque este (oantropocentrismo)éinevitáveldeserutilizado,poisestáanexadoàexistênciahumana e sua forma maior de expressão que é a linguagem, aparecendo emtodasas formasdepensamento,querexplicitamenteousubliminarmente,oraparasecriticaressaposição,quedecertaformaacabatrazendoumaprepotênciageradora de sua própria destruição, ora como “ferramenta” para justificar a “domesticação”domundoabióticoebiótico,comointuitodeatenderosdesejosenecessidadesdoúnicoorganismosocialpossuidordeumtelencéfaloaltamentedesenvolvido e um polegar opositor (parafraseando a fala do filme “Ilha das Flores” 5).Ainda consideram que mesmo que falemos de Ecologia, serão oshumanosfalando,poiséoquesomos!.Seossereshumanossãoconstrutoresdo discurso, eles não podem “dizer” do ponto de vista da natureza, pois alinguagemqueconhecemoséconstruídapornósmesmos.Sendoessefatoumaincompletudedalínguaeconheceressefatotalveznosauxilienaproblemáticadocontra-antroprocentrismonosdiscursosdeE.A.

Quando questionados que o conhecimento acumulado nas pesquisas científicas conduzidas com aracnídeos peçonhentos (aranhas no caso) ao longo dasúltimasdécadasmostramaexistênciadeumnúmerodeespéciesdearanhasnomundoquejádeveestarpróximode40.000equeapenasumpoucomaisde30espéciessãoconsideradasderelevâncianaSaúdePública,amaioriadosentrevistadosreagiucomfrasesdotipo:“Todas são feias e nojentas e quem me garante que elas não são perigosas. Por via das dúvidas eu mato todas que 5 Ilha das Flores: Gênero Documentário, Experimental, Diretor :Jorge Furtado, Ano: ����, duração �� min, �5mm. Brasil.

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encontro”(“conhecimento geral”e“obstáculo verbal”).Poroutroladoquandoperguntadossobrequaisasaranhasqueelesconsiderammais venenosas e se alguém de sua casa ou pessoa conhecida já havia sidopicadoporestesanimaisa respostaparaaprimeirapergunta foidiferentedaesperada,istoé,46%dosentrevistadosapontaramquesãoasaranhaspequenasemarronsasmaisvenenosas,oquediferedosensocomumdeacordocomaregião,ondeasaranhasconsideradasmaisperigosaspelamaioriadaspessoasporexemplonoestadodeSãoPaulosãoasgrandesepeludas.Jáasegundarespostaindicouquedosmesmosentrevistados,50%tinhaalguémdafamíliaoupessoaconhecidaquehaviaseacidentadocomestesanimais(“experiência primeira” e“conhecimento pragmático”-acasuísticadeacidentescomaranhasnaregiãoSul do Brasil aponta a aranha marrom como a responsável pela maioria dosacidenteseogênerodessaaranhacontémamaioriadasespéciesdetamanhopequeno,comcercade1,5cmdecorpoedecoloraçãomarrom).

As respostasdosquestionárioseodiálogoduranteasentrevistas,também possibilitou identificar que a construção desses sentidos são reforçados pelas informações equivocadas contidas nos livros didáticos, campanhaspublicitárias, rótulos de inseticidas, filmes sensacionalistas, etc.

3.2. Percepções dos professoresAs manifestações dos professores durante as oficinas e mini-

cursosseassemelhamasrepresentaçõesdosalunosemoradoresdosbairrosdomunicípiodeLages-SC,comoumefeitocascata reducionistaquecaracterizatodo pensamento determinista, convertendo o dinamismo e a complexidadedos fenômenos naturais em leituras lineares e simplificadoras, como lembrado porNeves(1998)eBrügger(1999)queconsideramqueaE.A.deveexplorarosvaloressobreosquaisanossaculturaestápautada,contrapondo-seaumaeducação estritamente conservacionista, baseada somente no plano científico etécnico.

4. CONSIDERAÇÕES FINAISOdesconhecimentoe/ouinterpretaçãoequivocadasobreosaspectos

dahistórianaturalebioecologiados“animaispeçonhentos”esuasinteraçõesecológicas somado aos mitos e lendas que permeiam o assunto, revela seresteumimportante temacurricularaser trabalhadonasescolasnoensinodeciênciasebiologia,diantedocrescenteaumentodessesanimaisemambientesurbanizados,decorrentedadestruiçãodeecótopossilvestres,máscondiçõesdehigienesanitária,etc.

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As oficinas têm proporcionado um espaço muito rico para resgatar asdiferentesvertentesqueconstroemopensamentosistêmicoecomplexodemeioambiente.

Temostrabalhadoestasdiferentesabordagensemdemasia,voltadaspara a construção de propostas de ensino alternativas com os professores enessatentativaderesponderessasquestões,buscamosabordagensteóricasemdiferentesáreasdoconhecimentoeressaltamosaquiasidéiasdeApple(1982)quantoaTradiçãoSeletivadosConteúdoscujaênfasesepautanosporquêsdaexclusão dos conflitos existentes na história da Ciência e da sociedade, restando aoalunoapenasumconteúdoárido,linear,supostamenteneutro.

É consenso dos professores que a temática ambiental “animaispeçonhentos”écomplicadaparasetrabalharnaE.A..Nonossoentendimentoé um riquíssimo tema para a problematização do ensino-aprendizagem, umforte pretexto para demonstrarmos os paradigmas contidos nas Ciências daNatureza.

Freire (2003, p.13) muito bem nos faz lembrar dessa conflituosa relação entre o mundo natural e o mundo cultural, sendo que é neste últimoonde se dá à práxis ético-político-ideológico-econômico-social. São mundosindissociáveis, absolutamente imbricados, embora de naturezas diferentes:“somostãosomenteumdosseusmilharesdeseresque,certamente,sediferenciados outros seres dela (natureza), simplesmente porque temos a faculdade desaberedesaberquesabemosequepodemossabermais”.RazãopelaqualaE.A.devaterumaabrangênciaquetratedetodososníveisedetodososâmbitosdaformaçãohumana.Deveserumaeducaçãoparaocaráteréticoepolíticodosqueformamosnestemundocultural.

E finalmente quando pensamos nestas diferentes abordagens no ensino das Ciências, também nos identificamos com as idéias de Morin (1998) que aborda a indissociabilidade do conhecimento/método científico do contextosócio-cultural,comocondiçãoparaseentenderquearealidadeéumarepresentação de nossa interação plural com diferentes condições teóricas esociais.

A nossa proposta busca estimular nos licenciandos a escolha detemas para suas oficinas pedagógicas que possuam uma maior “mobilidade disciplinar”eumfortecaráterproblematizador,quepermitamumaarticulaçãoentre os diferentes componentes curriculares do bacharelado e licenciaturade formaqueos acadêmicos encontremespaçospedagógicospara revelaremoutros conhecimentos adquiridos ao longo de sua formação acadêmica quenão só aqueles emergentes e reforçados em discussões das disciplinas ditaspedagógicas.

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5. Bibliografia

APPLE,M.Ideologia e currículo.SãoPaulo:Brasiliense.1982.BACHELARD, G. A formação do espírito científico. Rio de Janeiro:

ContrapontoEditoraLtda,1996.BRÜGGER,P.Educação ou adestramento ambiental?.2.ed.Florianópolis-SC:LetrasContemporâneas,1999.159p.CRUZ,D.Ciências e Educação Ambiental,SãoPaulo:Ed.Ática,1.996.FREIRE,AnaMariaAraújo.OlegadodePauloFreireàEducaçãoAmbiental,

In:NOAL,FernandoOliveira,BARCELOS,ValdoHermesdeLima(Orgs.)Educaçãoambientalecidadania:cenáriosbrasileiros.SantaCruzdoSul,RS:EDUNISC,2003.349p.

GIL-PÉREZ,D.Formaçãodeprofessoresdeciências:tendênciaseinovações.Trad: Sandra Valenzuela. 7. ed. São Paulo: Cortez, 2003. (Coleção Questões danossaépoca,v.26)apud PRALONDESOUZA,L.H.eGOUVÊA,G.Oficinas pedagógicas de Ciências: Os movimentos pedagógicos predominantes naformaçãocontinuadadeprofessores.Ciência & Educação,v. 12, n.3,p.303-313,2006.

GONÇALVES, C.W.P. Os (des)caminhos do conceito de natureza no ocidente. Os descaminhos do meio ambiente.SãoPaulo:Contexto,1998.148p.

MARQUES, J. L.; PORTO, D. P. Ciências.SãoPaulo:Ed.Scipione,1.995.NEVES,P.C.B.Visões estreitas na educação ambiental.Ciência Hoje.Vol.24,no.141,p.62-65,ago1998.MORIN, E.(1998). O Método – 4. As idéias : habitat, vida, costumes,

organização.PortoAlegre:SulinasPRALON DE SOUZA, L. H. e GOUVÊA, G. Oficinas pedagógicas de Ciências:

Os movimentos pedagógicos predominantes na formação continuada deprofessores.Ciência & Educação,v. 12, n.3,p.303-313,2006.

SANTOS,L.H.S.(ORG.)Temalgumautilidadeestudarautilidadedosseresvivos?Biologia dentro e fora da escola. Meio Ambiente, Estudos culturais e outras questões. Cadernos de Educação Básica, no. 06, Mediação,2.000.

CASSIANIDESOUZA,S.LeituraeFotossíntese:propostadeensinonumaabordagem cultural. Tese de doutorado – Universidade Estadual deCampinas,FaculdadedeEducação,Campinas,SP,2.000,241p.

CASSIANIDESOUZA,S.ePILLEGGIDESOUZA,C.E.Sea linguagemeopensamento sãohumanos... é possível fugir do antropocentrismo?, In:GUIMARÂES,L.Belinaso;BRÜGGER,P.;SOUZA,S.C.deeVAZDE

Page 34: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

�4

ARRUDA, V. L. (Orgs). Tecendo Subjetividades em Educação e Meio Ambiente,Florianópolis:NUP/CED/UFSC,2003,179p-ColeçãoCadernosCED,61.

PILLEGGIDESOUZA,C.E.;GABRIELDESOUZA,J.(RE)CONHECENDOOSANIMAISPEÇONHENTOS:Diferentesabordagensparaacompreensãodadimensãohistórica,sócio-ambientaleculturaldasciênciasdanatureza.Atas V ENPEC-EncontroNacionaldePesquisaemEducaçãoemCiëncias,v.05,p.01-09,2005.

VASCONCELOS DE ALMEIDA, M. A. E NÓBREGA BASTOS, H. F. B.Oficinas Pedagógicas Interdisciplinares como estratégia para a introdução de um modelo de ensino interdisciplinar. Atas do V ENPEC- EncontroNacionaldePesquisaemEducaçãoemCiëncias,Nº5.2005.

Page 35: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

�5

ANEXO

SUGESTÃO DE UMA CONFIGURAÇÃO BÁSICA DE APRESENTAÇÃO DA OFICINA TEMÁTICA: “(RE) CONHECENDO OS ARACNÍDEOS PEÇONHENTOS: DIFERENTES ABORDAGENS

PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS”

Page 36: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

�6

OFI

CIN

A:

(RE)

CONHEC

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Souz

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AC

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C

2007

Page 37: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

�7

JUSTIFICATIVA

Proliferação

da

fauna

sinantrópica

Assunto

negligenciado

nos

cursos

de

graduação

em

C.

Biológicas

eda

saúde

Assunto

negligenciado

no

currículo

de

Ciências

Naturais

Causas:

Processo

contínuo

de

urbanização;

Devastação

de

grandes

ecossistemas

naturais

econseqüentes

invasões

de

ecótopos

silvestres;

Ada

ptad

odo

livro

“Pla

ntas

Ven

enos

ase

Ani

mai

sPeç

onhe

ntos

”de

Sam

uelS

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992)

Page 38: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

��

JUSTIFICATIVA

Profissionais

geralmente

desconhecem

o

diagnóstico

de

reconhecimento

das

espécies

de

interesse

em

Saúde

Pública;

Os

esquemas

terapêuticos

propostos

tem

sido

ainda

bastante

empíricos;

Dados

das

patologias

dos

acidentados

são

escassos

notadamente

nos

países

situados

nas

regiões

tropicais

CAUSA

IMPORTANTE

DE

AGRAVO

ÁSAÚDE;

Ada

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992)

JUSTIFICATIVA

Profissionais

geralmente

desconhecem

o

diagnóstico

de

reconhecimento

das

espécies

de

interesse

em

Saúde

Pública;

Os

esquemas

terapêuticos

propostos

tem

sido

ainda

bastante

empíricos;

Dados

das

patologias

dos

acidentados

são

escassos

notadamente

nos

países

situados

nas

regiões

tropicais

CAUSA

IMPORTANTE

DE

AGRAVO

ÁSAÚDE;

Ada

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an(1

992)

Page 39: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

��JUSTIFICATIVA

Acidentes

por

animais

peçonhentos,

representam

a

segunda

causa

de

atendimento

nos

CITs.

As

intoxicaçõesmedicamentosassãoa

primeira

causa

Quadro

de

fobia,

mitos

elendas

por

parte

da

população:

dificuldade

desensibilização

ambiental

eriscos

ádiversidade

biológica;

Excessivo

uso

de

inseticidas

químicos

para

o

“controle”

indiscriminado

desses

animais

leva

a

eliminação

de

inimigos

naturais

econtaminação

ambiental.

Ada

ptad

odo

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“Pla

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Ani

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”de

Sam

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992)

Page 40: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

40U

mm

édic

ode

cide

sem

udar

com

sua

fam

ília

para

uma

cida

dedo

inte

rior

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eco

meç

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rios

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orte

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anha

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emsu

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Cu

rios

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As

aran

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Nov

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film

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US$

31 m

ilhõe

s.

Page 41: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

4�

CLASSIFICAÇÃO

FILO

ARTHROPODA

Segundo

Barnes

(1977),

OfiloArthropoda,

está

subdividido

nos

seguintes

subfilos

eclasses:

A)

SubfiloTrilobita-

Artrópodes

fósseis,

todas

espécies

extintas.

B)

SubfiloChelicerata

-Classe

Merostomata

-límulos

(caranguejo

"pata

de

cavalo");

-ClasseArachnida-escorpiões,aranhas,carrapatos,

opilião,etc

-Classe

Pycnogonida

-aranhas

marinhas;

C)

SubfiloMandibulata

-Classe

Crustacea-

camarão, lagosta, pitu;

-Classe

Insecta

-moscas,pulgas,

borboletas;

-Classe

Chilopoda

-centopéia;

-Classe

Diplopoda

-milipés("piolho

de

cobra";

-Classe

Symphyla

-sínfilosde

terra

vegetal;

-Classe

Pauropoda-

paurópodos

de

húmus.

D)

SubfiloPentastomida

Page 42: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

4�

BA

RN

ES

(197

7)

Page 43: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

4�

Escorpiões,

1500

Amblipígeos, 70

Pseudo-

escorpiões, 2000

Uropígeos,

85

Opiliões,

4500

Aranhas,

38000

Ácaros/carrapatos

25000

05000

10000

15000

20000

25000

30000

35000

40000

1

Diversidadedeespéciesnasordens

daClasseArachnida

Page 44: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

44

CLASSEARACHNIDA

SUB-FILOCHELICERATA

Page 45: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

45

CLASSEARACHNIDA

ORDEM

ARANEAE

NOMUNDO:

106famílias⇒

aprox.38.000spp.

NOBRASIL:cercade70famílias⇒

aprox. 4.000 spp.

PROJETOBIOTA-FAPESP/SP:

ESTADODESÃOPAULO:50famílias

⇒Espéciesestimadas:1.000-1.200spp

.

⇒Espéciesconhecidas:aprox. 800 spp.

APENAS30%ÉCONHECIDODAFAUNADEARANHASNOMUNDO

Page 46: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

46

CLASSE

ARACHNIDA

ORDEM

AMBLYPYGI

•70

spp.

•Noturnos⇒

durante

odia:

sob

troncos,

cascas

de

árvore,

pedras,

folhas,

etc

•Tamanho:

4-45

mm

•Um

par

de

quelíceras

semelhante

ao

das

aranhas

•Um

par

de

pedipalpos

fortes

eespinhosos⇒

capturar

presas

•1opar

de

pernas

anteniformes⇒

sensorial

• abdome

segmentado

Page 47: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

47

•½

posterior

do

abdome

contém

UM

PAR

DE

GLÂNDULAS

ANAIS,

que

se

abrem

em

cada ladodoânus.

•Quando

irritado,

oanimal

eleva

aextremidade

do

abdome

eespirra

no

atacante

um

fluído.

Em

Mastigoproctus

écomposto

de

84%

de

ácido

acético

e5%deácido

caprílico

•PODEQUEIMAR

APELE

HUMANA.

ORDEMUROPYGI

•“Escorpião-vinagre”

•85

spp.

•Pedipalpos

fortes

•1opar

de

pernas

longo

etátil;

CLA

SSE

AR

AC

HN

IDA

Page 48: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

4�

•vivem

em

húmus,

no

solo,

sob

cascas

de

árvore,

pedras.

•Algumas

espécies

são

habitantes

comuns

de

algas

e

sedimentos

da

praia;

•Se

assemelham

aos

escorpiões,

mas

NÃO

POSSUEM

OLONGO

ABDOME

EO

FERRÃO;

•Pedipalpos

com

garras

semelhantes

aos

dos

escorpiões

•geralmente

possuem

uma

glândula

de

veneno

em

um

ou

ambos

os

dedos

da

mão.

ORDEM

PSEUDOSCORPIONES

•2.000

spp.⇒

todo

omundo

•Raramente

>8

mm,

CLASSE

ARACHNIDA

Page 49: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

4�

ORDEMOPILIONES

•4.500spp.

•Climatemperadoetropical

•Vivememlocaisúmidos

•predadores

etambém

se

alimentam

de

matériamorta,frutasevegetais;

•5

a10

mm

(espécies

tropicais

com

20mm)

• Margens

laterais

da

longa

carapaça

encontram-se

as

aberturas

para

um

par

de

GLÂNDULAS

REPUGNANTES

que

produz

SECREÇÕES:

QUINONAS

EFENÓIS

(ODOR

PICANTE)⇒

algumas

espécies

espirram

no

intruso,

outras

pegam

uma

gotícula

de

secreção

misturada

com

fluído

intestinal

ejogam-nasobopretensopredador.

• AUTOAMPUTAÇÃODEAPERNA⇒

DEFESA(pernasnãoseregeneram);

CL

ASS

EA

RA

CH

NID

A

Page 50: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

50

OR

DEM

SCO

RPI

ON

ES

•Ocorrememtodososcontinentes,excetoaAntártida,

•Encontram-seemtodasaslatitudesdetemperadasatropicais.

•Vivememterrafirmeeemquasetodososecossistemasterrestres,

comodesertos,savanas,cerrados,florestastemperadasetropicais.

•Das1.500espéciesconhecidasatualmentenomundo,apenas25

podemcausaracidentemortal;destas,03ocorremnoBrasil.Das

novefamíliasexistentesnomundo,quatroestãorepresentadasno

Brasil.

•NoBrasilasespéciesmaisperigosassão

Tityus

stigmurus,

T.

serrulatus

eT.

bahiensis,

CL

ASS

EA

RA

CH

NID

A

•No

mun

do: 1

.500

spp.

No

Bra

sil:

80sp

p.C

onhe

cida

sem

SP:1

3sp

p.

Page 51: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

5�

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RFO

LO

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PIS

TOSS

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A(a

bdo

me)

•04

pares

de

pernas

•Um

par

de

quelíceras

veneríferas

⇒LABIDOGNATHAS

e

ORTHOGNATHAS

•Um

par

de

pedipalpos

⇒função

tátil

ereprodutiva

(machos)

AR

AN

HA

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Segu

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eros

Phon

eutr

ia,L

oxos

cele

seLa

trod

ectu

s

Page 52: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

5�

MO

RFO

LO

GIA

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RA

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Page 53: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

5�

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POD

OM

AC

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EA

Page 54: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

54

Estratégias

de

Defesa

e

Captura

de

Presas

Glâ

ndul

aan

alde

fens

iva

pedi

palp

o

Def

esa

mec

ânic

ae

quím

ica

Page 55: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

55

V

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)

Page 56: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

56

Col

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57D

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Page 58: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

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Page 60: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

60

Page 61: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

6�O

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Page 64: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

64

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Page 65: Biologia · Resumo ... no ensino de Biologia, ... Protege a epiderme e outras camadas da pele contra agressão externa e contra a mutação, já que os raios solares

65A

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mph

obet

eus

eG

ram

mos

tala

Nec

rose

supe

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