· necessariamente, há de se abordarem as fontes do direito. a palavra fonte significa origem ou...
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Data: 15 e 16 de setembro de 2015Local: Auditório da Caixa Econômica Federal, sito à Rua 11, 250
Setor Central, Goiânia/GO.
Treinamento: Arrecadação e Gestão Tributária Municipal
Gestão Institucional
Educação
Gestão EducacionalGestão Técnica Gestão Acadêmica
GESTÃO TRIBUTÁRIA!
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1. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
1.1 Competência tributária municipal
1.1.1 Previsão constitucional
Competência tributária, segundo CARRAZZA1, é a aptidão para criar,
in abstracto, tributos, descrevendo, legislativamente, hipótese de incidência do tributo,
sujeito ativo, sujeito passivo, base de cálculo e alíquota.
Nesse ínterim, as pessoas políticas possuem uma série de
competências, consubstanciadas na faculdade de editar leis que criem tributos. Assim, pela
atribuição de competência, divide-se o próprio poder de instituir e cobrar tributos. E, neste
aspecto, a Constituição da República – CR, no art. 145, determina, verbis:
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos: I – impostos; II – taxa, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição; III – contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
No tocante aos impostos, os Municípios são competentes para a
instituição do Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana - IPTU, o Imposto de
Transmissão Inter Vivos, a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis, por natureza
ou acessão física, e de direitos à sua aquisição - ITBI, e o Imposto Sobre Serviços - ISS,
definidos em lei complementar e que não estejam compreendidos pelo ICMS, conforme o
art. 156, incisos I, II e III, da CR. A enumeração dos impostos é taxativa, representando isso
que nenhum outro imposto, que não os arrolados no artigo 156 da CR, pode ser instituído
pelo Município.
A competência para legislar privativamente sobre determinado tributo
encontra amparo na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal - STF2, senão vejamos: !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!1! !Carrazza, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 23ª edição. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 483-484.!
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[…] III – A competência, privativa ou concorrente, para legislar sobre determinada matéria não implica automaticamente a competência para a instituição de tributos. Os entes federativos somente podem instituir os impostos e as contribuições que lhes foram expressamente outorgados pela Constituição […] (Grifamos).
Além destes impostos, os Municípios detém competência para
instituir contribuição de melhoria (CR, art. 145, inciso III), taxas (CR, art. 145, inciso II), bem
como contribuição para custeio da iluminação pública, reconhecidamente como CIP
(CR, art. 149-A).
1.1.2 Regulamentação!
Para falar em regulamentação tributária, ou dos tributos,
necessariamente, há de se abordarem as fontes do direito. A palavra fonte significa origem
ou causa de alguma coisa. Portanto, fonte do direito tributário refere-se à origem do
direito tributário. Nessa toada, o direito tributário encontra seu fundamento e legitimidade em
duas fontes formais: primárias e secundárias. Essas fontes são expressas conforme abaixo
demonstrado:
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!2 RE 573540/MG. Tribunal Pleno. Rel. Min. Gilmar Mendes. DJe 11/06/2010.!
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As fontes formais primárias inovam o sistema jurídico, vale dizer,
introduzem normas inéditas na ordem jurídica. Exemplificando, podemos destacar a
seguinte situação: o Município é competente para instituir contribuição na forma da
respectiva lei para o custeio do serviço de iluminação pública. Caso ainda não a tenha
instituído, e resolva instituí-la, terá de criar uma norma que torne obrigatória o seu
pagamento. Essa norma será introduzida no sistema jurídico-tributário municipal, por meio
de uma fonte formal primária, no caso, uma lei ordinária.!
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SÃO FONTES FORMAIS PRIMÁRIAS: !
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a) Constituição e suas Emendas: instrumento primeiro e soberano
da ordem normativa. Todo o sistema infraconstitucional deve observar os dispositivos
constitucionais. É veículo de introdução no sistema de normas de estrutura, de organização
e de competência. No caso específico do direito tributário, abriga normas de competência
(que conferem aos entes políticos o poder de criar tributos), bem como normas limitativas do
poder de tributar;
b) Lei Complementar: tem matéria expressamente prevista na CR e
um quorum de aprovação de maioria absoluta. Vale dizer: as hipóteses de regulamentação
por meio de lei complementar estão taxativamente previstas na Carta Magna. Assim,
sempre que o constituinte originário quiser que determinada matéria seja regulamentada por
lei complementar, expressamente, assim o requererá. Foram predeterminadas, servindo
como exemplo, os arts. 7º, inciso I; 14, § 9º; 18, §§ 2º, 3º e 4º; 21, inciso IV; 22, parágrafo
único; 23, parágrafo único; 25, § 3º etc.
Em matéria tributária, a CR determinou que essa espécie de fonte
formal fosse o veículo introdutor de variadas normas no sistema, tais como normas gerais,
limites, criação de tributos, entre outras (art. 146);
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c) Lei Ordinária: pode tratar de qualquer matéria, exceto aquelas
que devem ser veiculadas por lei complementar, decreto legislativo (CR, art. 49) e
resoluções (CR, arts. 51 e 52), ou seja, o campo material ocupado pela lei ordinária é
residual. Seu quorum de aprovação é de maioria simples.
Indubitavelmente, é o veículo mais apto a introduzir no sistema
jurídico-tributário as normas de incidência dos tributos (aquelas que criam os tributos,
determinando quem deve pagar, porque deve pagar, onde deve pagar, quando deve pagar e
quanto deve pagar).
Com efeito, é neste diploma legal que o tributo deve ser descrito em
sua plenitude. Também veiculam, em matéria tributária, deveres instrumentais ou formais
(obrigações acessórias).
Por oportuno, é de bom alvitre destacar que inexiste supremacia
entre leis ordinárias (federais, estaduais e municipais), pois todas desfrutam do mesmo
status jurídico, diferindo apenas quanto ao âmbito de aplicação;
d) Medida Provisória: prevista no art. 62 da CR, a medida provisória
é editada pelo Presidente da República em caso de relevância e urgência. Muito embora
tenha força de lei, não é verdadeira espécie normativa, já que inexiste processo legislativo
para sua formação, ou seja, não há participação do Legislativo.
Após sua criação, a medida provisória deve passar pelo crivo do
Poder Legislativo, que vai decidir se a medida provisória permanecerá no sistema (sendo
convertida em lei) ou será dele excluída. Em matéria tributária, no âmbito federal, pode
instituir e aumentar tributos;
e) Decretos Legislativos: instrumento normativo (CR, art. 59, inciso
VI), de competência privativa do Congresso Nacional, pelo qual são materializadas as
matérias previstas no art. 49, incisos I a XVII, da CR. Além dessas matérias, o Congresso
Nacional deverá regulamentar, por decreto legislativo, os efeitos decorrentes da medida
provisória não convertida em lei (CR, art. 62, § 3º).
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É importante para o direito tributário por ser o veículo introdutor de
normas de tratados e convenções internacionais, pois, quando o Presidente da República
assina um tratado internacional, suas regras só terão eficácia quando introduzidas no
ordenamento jurídico nacional, pelo decreto legislativo, momento que passa a ter status de
lei ordinária;
f) Resoluções: são atos legislativos pelos quais os órgãos do Poder
Legislativo (Congresso Nacional, Senado Federal e Câmara dos Deputados) exercem suas
competências privativas. Em matéria tributária, é um exemplo a resolução do Senado
Federal que fixa as alíquotas mínimas nas operações internas do ICMS (CR, art. 155, § 2º,
inciso V, alínea a).
Por sua vez, estão as fontes formais secundárias, que não
introduzem normas inéditas no sistema jurídico, ou seja, não inovam a ordem jurídica. Tem
por finalidade acrescer normas ao sistema jurídico, mas com embasamento em normas
jurídicas já existentes. !
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SÃO FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS:!
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a) Decreto Regulamentar ou Regulamento: é de competência
privativa do chefe do Poder Executivo. É meio pelo qual o Chefe do Executivo regulamenta
as leis, revestindo-se, nesse caso, de generalidade, com caráter normativo, sem deixar de
ser ato administrativo.
O decreto tem a finalidade de explicitar a lei e prever medidas para
sua execução, não podendo contrariá-la ou dispor além dos seus preceitos. Deve, portanto,
cingir-se ao teor da lei.
Com efeito, trata-se de poder normativo do Chefe do Executivo
quanto a matérias não reservadas à lei, mas que necessitam de disciplina. Assim, tal poder
normativo será exercido com observação de todos os preceitos do ordenamento, sem
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invadir o campo exclusivo da lei. Como exemplo, no âmbito municipal, decreto do Prefeito
disciplinando a venda de pastéis nas feiras livres;
b) Instrução Normativa: é ato administrativo editado por superior
hierárquico com a finalidade de fixar diretrizes aos subordinados no tocante ao modo de
realização de serviços ou atividades. De regra, este ato administrativo repercute somente no
âmbito interno das repartições.
Todavia, no Brasil, nem sempre a instrução normativa limita-se ao
âmbito interno das repartições. Por vezes é utilizada para decisões de repercussão externa,
sobretudo nos órgãos que tratam de assuntos econômicos e financeiros (Ex.: Receita
Federal em relação ao Imposto de Renda - IR);
c) Circular: é o instrumento de que se valem as autoridades para
transmitir ordens internas a seus subordinados, objetivando a ordenação uniforme do
serviço administrativo. Exemplificando, podemos aduzir que no Rio Grande do Sul, a
Corregedoria-Geral de Justiça, através da Circular nº 06/1980, orientou os Cartórios quanto
à aplicação de certas disposições da Lei Federal nº 6.766/1979;
d) Portaria: é ato administrativo editado com finalidades e alcance
diversificados. No tocante à competência, de regra é editada por chefes ou diretores de
órgãos da Administração direta e dirigentes de autarquias.
Em nível municipal, Prefeitos editam portarias. Quanto ao âmbito de
repercussão, tanto podem visar ao interno quanto ao externo, afetando administrados; tanto
podem conter disposições genéricas quanto individualizadas. Comumente utiliza-se este
instrumento para nomeação, designação, aposentadoria, promoção, acesso, remoção,
formação de comissões e grupos de trabalho, instauração de sindicâncias e processos
disciplinares;
e) Ordem de Serviço: é ato administrativo pelo qual superior
hierárquico expede diretrizes para a realização de serviços e atividades. Por este
instrumento também se determina o início de execução de contratos administrativos.
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Não se deve confundir, todavia, a ordem de serviço, ato
administrativo, com a ordem de execução de serviço, um instrumento de formalização
contratual que pode ser utilizado para ajustes não decorrentes de concorrência e tomada de
preços, segundo permite o art. 623 da Lei nº 8.666/1993;
f) Decisão Administrativa: decisão de órgão singular ou coletivo de
jurisdição administrativa, ao qual a lei atribua eficácia normativa.
Consectário de toda regulamentação acima, o art. 96, do Código
Tributário Nacional – CTN, determina qual o alcance da expressão “legislação tributária”,
vejamos:
Art. 96. A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes.
Portanto, quando o CTN utiliza a expressão legislação tributária, não
apenas faz referência às leis propriamente ditas, mas abrange todas as espécies normativas
elencadas no citado artigo. MACHADO4 obtempera acerca da matéria no seguinte sentido:
[…] a palavra “legislação”, como utilizada no Código Tributário Nacional, significa lei em sentido amplo, abrangendo, além da leis em sentido estrito, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas a eles pertinentes […]
Não obstante o até aqui esposado, cabe ressaltar que, no ápice das
fontes primárias, encontra-se a Constituição da República - CR, onde está encartado o
capítulo relativo ao Sistema Tributário Nacional.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!3 Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos casos de concorrência e de tomada de preços, bem como nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam compreendidos nos limites destas duas modalidades de licitação, e facultativo nos demais em que a Administração puder substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de compra ou ordem de execução de serviço.!4 Machado. Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 33ª ed. São Paulo: Malheiros, 2012, p. 80.!
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Com efeito, o referido capítulo contém os princípios constitucionais
que legitimam o poder de tributar, princípios estes que, ao mesmo tempo em que servem de
sustentáculo à legislação tributária, também constituem limites ao poder fiscal dos entes
federados, dotados de competência tributária.
Neste diapasão, o Supremo Tribunal Federal – STF5 assim se
manifesta:
[…] 1. O Município é ente federado detentor de autonomia tributária, com competência legislativa plena para tanto para a instituição do tributo, observado o art. 150, I, da Constituição, como para eventuais desonerações, nos termos do art. 150, § 6º, da Constituição. 2. As normas comuns a todas as esferas restringem-se aos princípios constitucionais tributários, às limitações ao poder de tributar e às normas gerais de direito tributário estabelecidas por lei complementar […]
Sendo assim, é indispensável que toda lei tributária se coadune aos
enunciados previstos na CR, sob pena de ser considerada inconstitucional.
1.1.3 Obrigação Tributária
Obrigação tributária nada mais é do que uma relação jurídica que
une credor e devedor, cabendo a este, por imposição legal, o dever de satisfazer uma
prestação em favor daquele. No escólio de MACHADO6, na obrigação tributária existe um
dever do sujeito passivo de pagar o tributo, ou a penalidade pecuniária, ou, ainda, de fazer,
de não fazer ou de tolerar tudo aquilo que a legislação tributária estabelece no interesse da
arrecadação ou da fiscalização dos tributos.
Com efeito, a relação tributária surge da ocorrência de um fato
previsto em uma norma como capaz de produzir efeito. Assim, ocorrido o fato descrito
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!5 RE 591033/SP. Tribunal Pleno. Rel. Min. Ellen Gracie. DJe 25.02.2011.!6! !Machado, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 33ª edição. São Paulo: Malheiros, 2012, p. 125.!
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abstratamente na lei, automaticamente, a norma tributária incidirá, irradiando os efeitos que
lhe são próprios. Resta concluir, portanto, que o tributo só é devido se e enquanto resultar
diretamente da lei.
Nesse diapasão, o Superior Tribunal de Justiça – STJ7 encerra:
[…] 5. Compete privativamente à autoridade administrativa fiscal verificar tanto a ocorrência da hipótese de incidência, ou seja, a descrição legislativa de acontecimento ou situação que pode desencadear o nascimento de uma obrigação tributária, como o fato imponível, ou o fato gerador concreto, ou seja, aquele emergente da situação singular e que se subsume à hipótese de incidência, nos exatos termos do art. 142 do CTN […] (Grifo nosso)
A obrigação tributária, portanto, surge quando ocorrer o fato descrito
na hipótese prevista na lei. A partir daí, é possível de se identificar quem praticou o fato
(aspecto pessoal), qual o tributo e quando deve ser pago (aspecto material), onde ele
ocorreu (aspecto espacial) e quando aconteceu (aspecto temporal).
Como se pode observar, existem quatro elementos que fazem parte
da hipótese de incidência (pessoal, material, espacial e temporal), os quais devem integrar a
lei, nos termos do art. 97 do CTN, assim disposto:
Art. 97. Somente a lei pode estabelecer: I – a instituição de tributos, ou a sua extinção; II – a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos arts. 21, 26, 39, 57 e 65; III – a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, ressalvado o disposto no inciso I do § 3º do art. 52, e do sujeito passivo; IV – a fixação da alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalvado o disposto nos arts. 21, 26, 39, 57 e 65; V – a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas; VI – as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.
Não se pode olvidar, ademais, que todo o estudo do crédito tributário,
iniciado pela ocorrência da hipótese de incidência, prevista abstratamente na lei, !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!7 REsp 1303543 / RJ. Primeira Turma. Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho. DJe 11/04/2012.!
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naturalmente postule o reconhecimento das suas relações com a obrigação tributária.
Na concepção do CTN, a obrigação tributária divide-se em principal e
acessória. A obrigação tributária principal surge no momento da ocorrência do fato gerador e
tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária, extinguindo-se juntamente
ao crédito dela decorrente (CTN, art. 113, § 1º). O fato que gera a obrigação principal é a
situação definida em lei como necessária e suficiente à sua ocorrência (CTN, art. 114).
Por sua vez, a obrigação acessória, também denominada
instrumental ou formal, envolve aquelas prestações, positivas ou negativas, previstas na
legislação tributária no interesse da arrecadação ou fiscalização dos tributos (CTN, art. 113,
§ 2º), cujas normas devem ser interpretadas literalmente quando dispensarem o contribuinte
do seu cumprimento (CTN, art. 111, inciso III).
Assim, resta definir que o que gera a obrigação acessória é qualquer
situação que imponha a prática ou abstenção de ato que não configure obrigação principal,
na forma da legislação aplicável (CTN, art. 115).
1.2 Limitações ao Poder de Tributar
1.2.1 Princípios
A CR possui um sistema de princípios que informa e legitima a
produção de normas jurídicas, além de servir de importante fundamento para a interpretação
e aplicação do direito positivo. Os princípios constitucionais são mandamentos fundamentais
que condicionam a produção e a interpretação de todas as normas jurídicas. CARRAZZA8
explicita que o princípio possui uma função especificadora dentro do ordenamento jurídico,
pois serve para exegese e perfeita aplicação tanto dos atos normativos como dos próprios
mandamentos constitucionais.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!8! !Carrazza, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 23ª edição. São Paulo: Malheiros, 2007, p. 49.!
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Os princípios constitucionais que legitimam o poder de tributar às
pessoas políticas (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) encontram-se encartados
na seção relativa às limitações do poder de tributar (art. 150); são princípios específicos da
tributação.
Com efeito, os princípios tributários atuam com elevada força
negativa, impossibilitando ao legislador tributário a produção de normas jurídicas que
contrariem esses preceitos fundamentais.
No sentido de que as normas exaradas pelos entes federativos
restringem-se aos princípios constitucionais, o Supremo Tribunal Federal – STF9 assim se
manifesta, verbis:
[…] 1. O Município é ente federado detentor de autonomia tributária, com competência legislativa plena tanto para a instituição do tributo, observado o art. 150, I, da Constituição, como para eventuais desonerações, nos termos do art. 150, § 6º, da Constituição. 2. As normas comuns a todas as esferas restringem-se aos princípios constitucionais tributários, às limitações ao poder de tributar e às normas gerais de direito tributário estabelecidas por lei complementar […]
Desta feita, em suma, destaca-se que os princípios são normas
qualificadas, exibindo excepcional valor aglutinante, pois, como é cediço, indicam como
devem ser aplicadas as normas jurídicas. Assim, vale dizer, que alcance lhes dar, como
combiná-las e quando outorgar precedência a algumas delas, por serem linhas mestras que
apontam os rumos a serem seguidos por toda a sociedade e obrigatoriamente perseguidos
por órgãos do governo.
Assim, todos os artigos, sejam da CR, leis complementares, leis
ordinárias etc., que tratam direta ou indiretamente da ação estatal de tributar, só encontram
sua real dimensão se conjugados com os princípios magnos de nosso sistema
constitucional. São eles: da legalidade, da anterioridade, da igualdade, da competência, da
capacidade contributiva, da vedação do confisco e da liberdade de tráfego.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!9 RE 591033/SP. Tribunal Pleno. Rel. Min. Ellen Gracie. DJe 25/02/2011.!
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1.2.2 Imunidades
A CR, na Seção II do Capítulo I do Título VI, que trata das limitações
ao poder de tributar, estabelece, especificamente no art. 150, que o campo de incidência
dos tributos está delimitado pelo princípio da imunidade tributária. Trata-se, na verdade, de
um fenômeno de natureza constitucional caracterizado pela incompetência das entidades
tributantes para onerar certas pessoas, seja em função de sua natureza jurídica, seja porque
coligadas a determinados fatos, bens ou situações.
A norma imunizante não tem apenas a função de delinear a
competência tributária, senão de também outorgar ao imune o direito público subjetivo de
não sofrer a ação tributária do Estado. Ou seja, a lei, ao descrever a norma jurídica
tributária, no tocante aos impostos, não fará incidir sobre certas pessoas, sob pena de
manifesta inconstitucionalidade. Neste passo, a CR estabelece: Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: [...] VI – instituir impostos sobre: a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros; b) templos de qualquer culto; c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
O Supremo Tribunal Federal - STF, analisando o aspecto de
abrangência do princípio da imunidade, em relação aos templos de qualquer culto, dá
interpretação extensiva àquele dispositivo, entendendo que a imunidade não é restrita
somente ao prédio no qual se realiza o culto, mas, também, aos imóveis de sua propriedade
que se encontram alugados para terceiros, se o produto da sua utilização reverter em favor
das mesmas, há de ser reconhecida a imunidade. Senão vejamos:
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[…] 2. Imunidade tributária de templos de qualquer culto. Vedação de instituição de impostos sobre o patrimônio, renda e serviços relacionados com as finalidades essenciais das entidades. Artigo 150, VI, "b" e § 4º, da Constituição. 3. Instituição religiosa. IPTU sobre imóveis de sua propriedade que se encontram alugados. 4. A imunidade prevista no art. 150, VI, "b", CF, deve abranger não somente os prédios destinados ao culto, mas, também, o patrimônio, a renda e os serviços "relacionados com as finalidades essenciais das entidades nelas mencionadas" […]10 (Grifamos)
Neste passo, destaca-se a Súmula nº 724 do STF, in verbis: “Ainda
que alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das
entidades referidas pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o valor dos aluguéis seja
aplicado nas atividades essenciais de tais entidades”.
Por outro lado, não existe imunidade, por exemplo, em relação a
imóveis sem qualquer destinação, como os terrenos baldios, tendo em vista que nesta
hipótese não haveria patrimônio ou renda vinculados às finalidades essenciais das
entidades. Neste sentido, mais uma vez o STF manifestou entendimento segundo o qual
“[...] Terrenos baldios sem vinculação às finalidades essenciais da entidade afastam a
imunidade prevista no art. 150, VI, c, da Constituição Federal [...]” (RE 375715. Segunda
Turma. Rel. Min. Ellen Gracie. DJe 24/09/2010).
Não obstante isso, é de bom alvitre assentar que imunidade
constitucional é aplicada somente para impostos, não valendo tal princípio para taxas e
contribuições. Assim, em relação a estes tributos, somente será afastada a tributação caso o
ente tributante edite lei concedendo isenção.
1.3 Tributos Municipais
1.3.1 Espécies
Como alhures referido, a CR, no art. 145, estabelece que a União, os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir impostos, taxas e contribuição !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!10 RE 325822/SP. Tribunal Pleno. Rel. Min. Ilmar Galvão. DJe 14/05/2004, p. 33.!
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de melhoria. Pode-se, portanto, dizer que o tributo é o gênero, do qual o imposto, as taxas e
a contribuição de melhoria são as espécies, conforme art. 5º do CTN.
Ademais, a CR, no art. 149-A, prescreve que os Municípios poderão
instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação
pública.
Torna-se de bom tom ressaltar que a classificação de uma espécie
tributária não é feita pelo nome que lhe é atribuído pelo legislador, mas sim pelo fato
gerador. Analise-se o CTN, in verbis:!!Art. 4º A natureza jurídica específica do tributo é determinado pelo fato gerador da respectiva obrigação, sendo irrelevantes para qualificá-la: I – a denominação e demais características formais adotadas pela lei; II – a destinação legal do produto da sua arrecadação.
Assim, pelo estabelecido no CTN, se o fato gerador demarcar uma
situação independente de qualquer atividade estatal específica, estaremos diante de um
imposto. Se consistir na prestação de um serviço público, específico e divisível, ou no
exercício do poder de polícia, uma taxa. Por outro lado, havendo a realização de uma obra
pública que resulte na valorização de um imóvel, configura uma contribuição de melhoria. E,
por fim, não menos importante, há a CIP, cuja arrecadação objetiva custear o gasto
realizado com a iluminação pública.
Dentro da premissa de que as espécies tributárias são aquelas
previstas no art. 5º do CTN, os Municípios, por definição dada pela CR, têm competência
exclusiva para instituir Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana - IPTU, Imposto de
Transmissão Inter Vivos, por ato oneroso, de bens imóveis - ITBI, e Imposto Sobre
Serviços - ISS, além da Contribuição para custeio da Iluminação Pública - CIP, prevista no
art. 149-A, da CR. Por fim, concorrentemente com Estado e União, os Municípios têm
competência para instituir taxas e contribuição de melhoria.
1.3.2 Regra Matriz de Incidência
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Conforme visto anteriormente, a obrigação tributária decorre de um
fato previsto na lei tributária. Esta deve ser composta pela seguinte estrutura: hipótese,
mandamento e sanção.
Desta forma, podem-se definir os elementos constitutivos que
compõem a lei tributária da seguinte forma:
- hipótese é a previsão na lei de uma situação abstrata de um
antecedente (ou seja, de um fato que irá ou que poderá acontecer). Posteriormente,
acontece o fato que corresponde aos termos da hipótese;
- mandamento é o comando contido na lei, um comando de dar, de
fazer ou de não fazer, que atua instantemente logo após a ocorrência do fato gerador, e que
deve ser atendido pelo sujeito passivo;
- sanção, que é uma penalidade, prevista em lei, que se aplica
contra o sujeito passivo que não obedeceu ao comando (por exemplo, não recolheu
tempestivamente o tributo, não emitiu uma nota fiscal etc.).
Nessa senda, hipótese de incidência é a descrição que a lei faz de
um fato tributário que, quando ocorrer, fará nascer a obrigação tributária (obrigação de o
sujeito passivo ter de pagar ao sujeito ativo o tributo correspondente).
Portanto, a hipótese de incidência, em relação aos tributos, pode ser
assim traduzida:
a) IPTU – ser proprietário de imóvel (regra), ou possuidor com ânimo
de dono;
b) ITBI – transmissão, por ato oneroso, de bens imóveis ou direitos
reais, bem como cessão de direitos à aquisição do imóvel;
c) ISS – prestação de serviços, considerando os arrolados na Lista
Anexa à Lei Complementar nº 116/2003;
d) Contribuição de Melhoria – obra pública que acarrete valorização
imobiliária;
GESTÃO TRIBUTÁRIA!
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e) Taxa – efetivo exercício do poder de polícia (fiscalização), ou pela
utilização, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao
contribuinte ou postos à sua disposição;
f) Contribuição para Custeio da Iluminação Pública (CIP) – custo do
serviço de iluminação pública, compreendido este como sendo o gasto com consumo de
energia destinada à iluminação de vias, logradouros e demais bens públicos.
Assim, se a lei cria um fato hipotético, é inafastável entender que,
enquanto esse fato não se realizar, nada acorre no mundo jurídico-tributário, ou seja, não há
obrigação, pois permanece apenas no campo das hipóteses, por isso que se diz “hipótese
de incidência tributária”.
1.3.3 Constituição do Crédito Tributário
Crédito tributário é o vínculo jurídico, de natureza obrigacional,
através do qual o sujeito ativo pode exigir do sujeito passivo o pagamento do tributo ou
penalidade pecuniária.
Porém, para surgimento do crédito tributário, devem ser atendidas
três situações:
a) a obrigação deve ser hipoteticamente prevista em lei, em
obediência ao princípio da estrita legalidade da tributação;
b) o sujeito passivo deve praticar concretamente o fato previsto na
norma;
c) o Estado deve tornar exigível a obrigação tributária, que fará
através do lançamento.
Geralmente o crédito tributário surge ilíquido, não podendo ser
voluntariamente pago pelo contribuinte e nem exigido pela Fazenda Pública. Dependendo,
portanto, de uma liquidação (seja certo quanto à existência e determinado quanto ao objeto).
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Tal liquidação é feita pelo lançamento.
Com o lançamento, a obrigação jurídica tributária que já existe, mas
é ilíquida e incerta, passa a ser líquida e certa, exigível, portanto, em data e prazo
predeterminados na legislação pertinente.
Consectariamente, pode-se afirmar que lançamento tributário é o ato
administrativo pelo qual se acrescenta à obrigação tributária, já nascida, o requisito da
exigibilidade.
O artigo 142 do CTN elenca os objetivos do lançamento, quais
sejam: a) verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente; b) determinar a matéria tributável; c) calcular o montante do tributo devido; d) identificar o sujeito passivo; e) aplicar a penalidade, se couber.
Convém destacar, por importante, que o lançamento tributário é ato
vinculado, não sendo permitida, portanto, qualquer discricionariedade do agente fiscal, sob
pena de responsabilização (CTN, art. 142, parágrafo único).
Neste passo, o Superior Tribunal de Justiça – STJ11 prescreve que
“[...] Uma vez verificado pela Administração Fiscal o surgimento do fato gerador, está ela,
por expressa disposição legal, obrigada a efetuar o lançamento como ato vinculado, sob
pena de responsabilidade funcional [...]”.!
!2. CONTROLE DOS CADASTROS DE CONTRIBUINTES
2.1 Cadastros de Contribuintes
Cadastro fiscal é a operação e/ou procedimento de preparo e registro
de informações devidamente classificadas, cuja finalidade é facilitar, ao setor fiscalizatório, a
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!11 REsp 448527/SP. Primeira Turma. Rel. Min. Luiz Fux. DJ 15/09/2003, p. 238.!
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persecução do crédito tributário. A qualidade do cadastro está diretamente relacionada com
o desempenho fiscal de um Município, pois um cadastro organizado permite que as
informações possam facilitar a persecução do crédito, inclusive, por meio do ajuizamento da
ação de execução fiscal.
É de bom alvitre destacar que o Tribunal de Contas do Rio Grande
do Sul – TCERS, visando estabelecer diretrizes a serem observadas nos seus
procedimentos ou inspeções junto aos sistemas de administração tributária e fazendária
municipais, editou a Resolução nº 987/2013. Esta norma dispõe, em especial, acerca do
exame a ser procedido sobre a estruturação da unidade gestora dos sistemas de
administração tributária e fazendária municipal.
Segundo a Resolução, as auditorias do TCERS servirão para
verificar a ocorrência de renúncia fiscal e sua adequação à disciplina legal, bem como ao
cumprimento de atividades dispostas naquele diploma legal por parte do corpo funcional das
unidades gestoras dos sistemas de administração tributária e fazendária municipal. Desta
forma, a Resolução, no art. 3º, define as atribuições que deverão ser desempenhadas pela
Administração Tributária - AT bem como pela Administração Fazendária – AF. Senão
vejamos:
Art. 3º. Para os fins previstos no art. 1º desta Resolução, serão verificados, segundo os critérios de criticidade e materialidade constantes da matriz de risco aplicável, se os sistemas de administração tributária e fazendária municipal desempenham, no mínimo, as atribuições a seguir elencadas: I – quanto à administração tributária (AT): a) gerir, administrar, planejar, normatizar e executar as atividades de fiscalização e de imposição tributária; b) preparar e julgar os processos administrativo-tributários de contencioso fiscal, inclusive nos casos de pedidos de reconhecimento de imunidade, de não-incidência e de isenção, ou, ainda, decidir sobre pedidos de moratória e de parcelamento de créditos tributários e não-tributários; c) acompanhar a formulação da política econômico-tributária, inclusive em relação a benefícios fiscais e incentivos financeiros e fiscais; d) decidir ou encaminhar para deliberação pedidos de cancelamento ou qualquer outra forma de extinção de crédito tributário e não-tributário, nos termos do Código Tributário Municipal; e) divulgar a legislação tributária; f) acompanhar e controlar as transferências intergovernamentais no âmbito de sua competência;
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g) verificar a regularidade da participação do Município no produto da arrecadação dos tributos da União e do Estado; h) promover medidas de aperfeiçoamento e regulamentação da legislação tributária municipal, bem como adotar providências no sentido da sua consolidação; i) preparar e julgar os processos administrativos, em primeira instância, que contenham pedidos de restituição de receita pública municipal; j) celebrar convênio com a administração tributária federal, estadual e dos demais Municípios, para compartilhamento de cadastros e informações fiscais; k) prestar apoio técnico ao órgão responsável pela representação judicial do Município em matéria fiscal; l) executar os procedimentos de formação e instrução de notificações relacionadas a crimes praticados contra a ordem tributária; e m) disponibilizar dados e prestar as informações necessárias para a atuação do controle interno no exercício das atribuições descritas em Resolução específica desta Corte de Contas. II – quanto à administração fazendária (AF): a) supervisionar, planejar, acompanhar e executar a ação da despesa orçamentária; b) realizar a avaliação da despesa pública; c) controlar as condições para abertura de créditos orçamentários adicionais e outras alterações orçamentárias; d) examinar proposições que impliquem impacto orçamentário, econômico ou financeiro relevante nas contas do Município; e) planejar, acompanhar e executar o fluxo financeiro do Município e o pagamento de despesas públicas, bem como administrar os ingressos e respectivas disponibilidades de caixa; f) administrar e fiscalizar o pagamento de pessoal; g) acompanhar a gestão financeira das entidades da administração indireta; h) planejar e administrar a dívida pública municipal, bem como propor o estabelecimento de normas específicas relativas às operações de crédito; i) promover encontros de contas entre débitos e créditos no âmbito da administração pública municipal; j) examinar propostas de alienação de valores mobiliários e outros ativos financeiros de propriedade do Município; k) avaliar e acompanhar convênios e ajustes celebrados pela administração pública municipal com a União, Estados e demais Municípios; l) examinar os limites globais para a despesa pública municipal, compatíveis com as estimativas de receita, a serem observados na elaboração orçamentária; m) monitorar os gastos e inversões previdenciárias e avaliar seu impacto na condução da política fiscal de longo prazo e na necessidade de financiamento; n) editar atos normativos de caráter cogente para a administração pública municipal direta e indireta em matéria financeira, orçamentária e de pessoal;
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o) propor, implantar e acompanhar medidas concernentes à qualificação e eficiência do gasto público; p) avaliar os limites e parâmetros econômico-financeiros para a elaboração do projeto de lei de diretrizes orçamentárias e do projeto de lei orçamentária anual; q) formular, gerir e acompanhar as diretrizes da política financeira municipal; r) exercer o acompanhamento das receitas orçamentárias e extra-orçamentárias; s) exercer a coordenação e a execução da política de crédito público, a centralização e a guarda dos valores mobiliários; e t) propor e acompanhar as metas fiscais para os fins da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
É crível destacar, outrossim, que nos termos do art. 11 da Lei
Complementar nº 101, de 04 de maio de 2000, conhecida como Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF), “constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a
instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos da competência
constitucional do ente da Federação”. Assim, é importante o cadastro estar sempre
atualizado, para que a arrecadação seja efetiva.
Com efeito, o Município, no âmbito de sua competência tributária,
deve manter um cadastro de contribuintes devidamente organizado e atualizado, facilitando,
assim, a atuação do órgão responsável pela cobrança dos tributos, além do que, em
havendo necessidade de ação fiscal, como dito, o título que lhe aparelha seja apto, sem
vícios passíveis de nulidade.
2.1.1 Cadastro do Imposto sobre Propriedade Territorial Urbana – IPTU
No tocante ao cadastro do IPTU, a dificuldade reside, precipuamente
na identificação do contribuinte, vale dizer, aquele a quem a exação será dirigida, o que, não
raras vezes, é motivo de insucesso na cobrança quando não identificado o devedor de
forma escorreita.
O CTN, no artigo 34, é taxativo no sentido de que o “Contribuinte do
imposto é o proprietário do imóvel, o titular do seu domínio útil, ou o seu possuidor a
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qualquer título” (grifamos). Essa é a ordem que deve ser observada pelo Fisco para o
lançamento: primeiro, o proprietário ou o titular do domínio útil; e, por último, o possuidor.
Não obstante o enunciado do art. 34, do CTN, o Superior Tribunal de Justiça – STJ editou a
Súmula nº 399, in verbis: “Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do
IPTU”. Todavia, este entendimento deve ser visto com ressalvas, pois, se de um lado o
município pode eleger o sujeito devedor deste tributo, por outro, poderá identificá-lo de
forma errônea, considerando, por exemplo, o locatário, o comodatário etc.
Em relação à titularidade de bens imóveis, o Código Civil dispõe, no
art. 1.245, que a propriedade somente se transfere mediante registro do título translativo no
Registro de Imóveis.
Assim, as alterações cadastrais de titularidade para fins de cobrança
do IPTU somente prevalecerão nas situações em que não seja encontrado o proprietário do
imóvel, ou se a propriedade houver sido transferida. Não obstante a titularidade do imóvel, é
de curial, outrossim, atualização quanto à área a ser tributada, não dando margem a
parcelamentos irregulares do solo.
Alterar o cadastro considerando tão somente os chamados “contratos
de gaveta”, ou seja, quaisquer instrumentos contratuais que não aquele que modifica a
titularidade do imóvel, ou a área a ser tributada (por exemplo, escritura pública de compra e
venda registrada), é conduta contraindicada, para não dizer temerária. Isso porque,
desconhecer o real proprietário do imóvel, ou a área efetivamente regularizada, é
reconhecer, diante de uma cobrança administrativa ou judicial insucesso na persecução do
crédito tributário.
Outro aspecto é o referente às execuções fiscais. Nesse mote, é
mister que o setor responsável pela emissão da Certidão de Dívida Ativa (CDA) atente, no
momento da inscrição em dívida ativa, a titularidade do imóvel, ou seja, aquela pessoa física
ou jurídica que como tal figure no título devidamente registrado na serventia imobiliária. Isso
porque, no cadastro deve constar como proprietário, de regra, aquele qualificado na
transcrição imobiliária, pois, ficando o Município à mercê tão somente de documentos que
não demonstram a titularidade do imóvel, como recibo de arras, contrato de direito de posse
GESTÃO TRIBUTÁRIA!
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e contrato de compra e venda não registrado, não se saberá contra quem a ação executiva
deverá ser proposta.
De fato e de direito, como regra, o que vale para a atualização
cadastral imobiliária é a matrícula atualizada do imóvel. Os demais documentos, como de
arras, promessa de compra e venda, contratos de direitos de posse e de cessão e
transferência de direitos, devem ser apenas anotados no cadastro imobiliário, sem alterar a
sua titularidade, ressalvando, todavia, hipótese de desconhecimento do proprietário.
Outrossim, é de bom alvitre destacar que as relações particulares,
como acontece nos contratos de locação, nos quais comumente são nomeados os
locatários como responsáveis pelo pagamento do IPTU, devem ser afastadas. Isso porque,
as relações particulares não possuem o condão de alterar a sujeição tributária, porquanto o
acerto entre as partes só tem eficácia entre as partes. Neste sentido vale destacar o
prescrito no art. 123, do CTN, verbis:
Art. 123. Salvo disposição de lei em contrário, as convenções particulares, relativas à responsabilidade pelo pagamento de tributos, não podem ser opostas à Fazenda Pública, para modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes.
Cabe lembrar, ademais, que sendo a titularidade do imóvel sempre
do proprietário, a exigência da apresentação da matrícula atualizada do bem, para alterar o
cadastro, se constitui em meio indireto de o proprietário que prometeu vender, por exemplo,
se desincumbir de outorgar a escritura definitiva, com recolhimento do ITBI, ou, do contrário,
continuará sendo o contribuinte de direito do imposto e como tal demandado.
Por fim, na mesma senda, no caso de venda de frações ideais, o
cadastro permanecerá inalterado, pois, se a área não restou parcelada, com a
individualização dos lotes na serventia imobiliária, a incidência do IPTU permanecerá sobre
o total da área, o que forçará o proprietário a regularizar os lotes. Neste passo, os
adquirentes das frações ideais são considerados como codevedores.
2.1.2 Cadastro do Imposto Sobre Serviços – ISS
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Concernente ao ISS, o cadastro municipal tem por objetivo:
a) informar que a empresa ou pessoa física está inscrita na Prefeitura
como prestador de serviços;
b) verificar por intermédio de um cadastro atualizado o controle da
Prefeitura sobre o recolhimento do ISS;
c) impedir sonegação;
d) controlar a emissão de notas fiscais de serviços;
e) verificar se os prestadores de serviços estão em situação regular
do ponto de vista da legislação tributária municipal;
f) controlar a emissão de certidões (positivas, negativas ou positivas
com efeito de negativas).
Ademais, é curial que o Município relacione todas as Empresas de
Pequeno Porte (EPP), Microempresas (ME), bem como os Microempresários Individuais
(MEI), pois, com a vigência da Lei Complementar nº 123/2006, estas pessoas jurídicas
passaram a ter um tratamento diferenciado, por atenção ao art. 146, inciso III, alínea d, da
CR, ensejando, portanto, um cadastro apartado.
Não se tem dúvidas de que o cadastro apartado, para fins de ISS,
facilitará o trabalho dos fiscais e demais servidores com atuação no Setor Tributário. Isso
porque, se essas empresas têm tratamento diferenciado, é muito melhor tê-las todas
agrupadas em um só cadastro, pois facilitará na aplicação da legislação, já que estas
empresas são regidas pela LC nº 123/2006, também conhecida como Estatuto da
Microempresa e Empresa de Pequeno Porte.
2.2 Alterações cadastrais
2.2.1 Atualização dos registros
GESTÃO TRIBUTÁRIA!
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A competência tributária dada pela CR não se restringe em tão-só
instituir os tributos. O ente político, no caso o Município, além de instituir os tributos de sua
competência, está autorizado a criar mecanismos facilitadores no gerenciamento dos
mesmos, posto que a gestão tributária possui etapas diante dos procedimentos legais,
dentre as quais está o cadastro de contribuintes.
Os procedimentos legais que compõe as etapas da gestão fiscal vão
desde o lançamento tributário e a fiscalização, passando pela cobrança administrativa, até a
execução fiscal. Todas as etapas possuem características próprias que precisam ser
analisadas, aprimoradas e integradas, visando tornar mais eficiente a arrecadação e a
recuperação dos créditos. Se o crédito tributário contém vícios desde sua constituição, isto
tornará sua recuperação, por certo, inviabilizada no futuro.
Nesse sentido, a mais importante e inicial providência a ser tomada
para uma melhor gestão tributária está na otimização das informações por intermédio de um
cadastro fiscal completo e continuamente atualizado. Trata-se da base de dados que
fornecerá todos os subsídios para a constituição dos créditos através do lançamento.
Consequentemente, um cadastro insuficiente em informações,
inconsistente e desatualizado, que não acompanha a dinâmica de modificações das
cidades, trará onerosidade para o Poder Público na cobrança fiscal, posto que perderá
tempo e dinheiro na tentativa de recebimento de seus créditos.
2.2.2 Cancelamento de registros
Assim como é importante para a cobrança dos créditos, haja vista a
exigência de que o mesmo deva estar em constante atualização, também será o
cancelamento do cadastro. Isso porque inexiste razão de se manter um registro cadastral
irregular, que venha, por essa razão, como dito, causar insucesso na persecução do crédito
tributário.
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Nesse passo, o cancelamento dos registros irregulares, passíveis de
insucesso, não deixa de ser uma forma de atualização cadastral, que se pode definir como
uma atualização negativa. Ou seja, um registro cadastral que não venha ao encontro do
almejado pelo Município, que é a efetiva arrecadação, não tem motivo de estar aparente.
Portanto, o servidor e/ou servidores responsável(is) pela atualização, deve(m), a toda
evidência, cancelar os registros passíveis de causar nulidade da cobrança, caso seja levado
a efeito.
2.3 Regulamentação do setor de cadastro, controle e fiscalização de contribuintes
A regulamentação do cadastro se faz necessária, pois é por ela que
se criam obrigações aos servidores designados para atuarem diretamente com a análise de
documentos, recolhimentos de tributos, baixa de inscrição, alteração de inscrição, enfim,
tudo o que for relacionado à arrecadação tributária.
Através da regulamentação, outrossim, se estabelece o rol de
documentos a ser exigido pelo contribuinte. A partir dela que se criam obrigações
acessórias.
Portanto, para que o Município possa exigir as obrigações
acessórias, é mister que as regulamente, e o documento legal para tanto é o Decreto, que
definirá as diretrizes para o cumprimento dessas obrigações, e, consequentemente, ao
recolhimento de tributos, haja vista que não pode a Administração Pública atuar de maneira
discricionária.
2.3.1 Responsáveis pelo cadastro
Conforme visto alhures, o cadastro de contribuintes, quando
atualizado, representa eficiência na arrecadação dos tributos, por sorte que essa atividade
requer pessoa com capacitação.
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Convém lembrar, por imperioso, que a CR, no art. 37, incisos XVIII e
XXII, prescreve que a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de
suas áreas de competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores
administrativos, na forma da lei, bem como, por serem atividades essenciais ao
funcionamento do Estado (lato sensu), as administrações tributárias terão recursos
prioritários para a realização de suas atividades.
A estrutura funcional com quadros técnicos permanentes e
capacitados, sistemas informatizados e integrados com uma organização do fluxo de
trabalho, aliado a um planejamento estratégico com o devido diagnóstico do estoque dos
créditos constituídos, são ações relativamente simples, sendo fundamental para se traçarem
as ações de fiscalização e cobrança. Todavia, para que estas premissas sejam alcançadas,
é mister que os dispositivos constitucionais supracitados sejam devidamente observados.
É imperioso que se diga, por importante, que o trabalho de controle
cadastral é tarefa que deve ser exercida por servidores de carreira (concursados), com o
devido gerenciamento de equipes. Exemplificativamente, criar a equipe do ISS.
Porém, sabe-se da dificuldade existente no tocante, frente à
defasagem de servidores, o que, por vezes, dificulta na organização cadastral, tendo em
vista a enorme gama de tarefas a realizar. É por essa razão que órgãos fiscais devem ter
tratamento orçamentário priorizado, para que possa investir em contratação e capacitação
dos servidores que lá atuam.
2.3.2 Procedimentos de rotina
Tendo em vista a autonomia de cada ente político da federação, e,
por essa razão, a variação dos procedimentos de rotina, destacam-se os objetivos precípuos
atinentes do setor de cadastro, controle e fiscalização:
a) elaborar e manter atualizado o cadastro dos contribuintes;
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b) preparar os lançamentos e expedir as guias de recebimento dos
tributos;
c) manter intercâmbio com os demais órgãos que atuem no
Município para a obtenção de informações de interesse fiscal;
d) manter intercâmbio com órgãos municipais, estaduais e federais,
objetivando a atualização do Cadastro de Contribuintes, aperfeiçoando as normas de
interesse fiscal e a suplementação de dados que possibilitem o eficaz desempenho da
Secretaria da Fazenda;
e) articular-se com as demais unidades da administração, com vista
à centralização do controle de crédito tributário;
f) articular-se com os demais órgãos visando à agilização da
cobrança do crédito tributário inscrito em Dívida Ativa;
g) articular-se com os demais órgãos procurando aprimorar o sistema
e visando à correta aplicação da legislação tributária;
h) proceder à inscrição da Dívida Ativa resultante dos tributos
municipais;
i) controlar a legalidade, apurando a liquidez e a certeza do crédito,
no que se refere ao procedimento de inscrição e cobrança administrativa da Dívida Ativa
Municipal;
j) promover a cobrança administrativa dos créditos tributários;
l) remeter à Procuradoria-Geral, para ajuizamento, os créditos
inscritos em Dívida Ativa, promovendo o seu acompanhamento, solicitando relatórios
periódicos, ou fazendo o acompanhamento direto de cada caso, conforme as circunstâncias
o exijam;
m) centralizar, promover, acompanhar e fiscalizar a cobrança de
todos os créditos tributários devidos ao Município;
n) controlar a legalidade dos créditos tributários;
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o) inscrever e manter sob controle a dívida ativa;
p) fornecer certidões relativas a débitos tributários com o Município;
q) manter atualizada a legislação tributária municipal, realizando ou
propondo modificações de interesse tributário, encarregando-se da orientação aos
contribuintes sobre a sua correta aplicação;
r) conceder, controlar e acompanhar o parcelamento de créditos
tributários;
s) promover, controlar e programar a fiscalização dos tributos
municipais.
Independentemente do rol citado, pela competência de legislar sobre
assuntos de interesse local (CR, art. 30, inciso I), o Município pode criar outras atividades
que melhor lhe aprouver.
3. ATUALIZAÇÃO ANUAL DOS TRIBUTOS
Aumentar a arrecadação é meta dos Municípios. Por isso, se faz
necessário realizar anualmente uma atualização cadastral, inclusive com atualização dos
tributos.
Não são raras as vezes em que os Gestores reclamam de parca
arrecadação. Porém, o aumento do bolo fiscal implica atualização dos tributos, bem como
um cadastro bem elaborado. Por isso, a dupla atualização de tributos e a atualização
cadastral são partes de um mesmo corpo, pois, a partir desse binômio, o ente político terá
sucesso na arrecadação dos seus tributos.
Assim, é curial que o Município anualmente reajuste os valores dos
tributos, assim, proporcionando aumento aos mesmos periodicamente.
3.1 Reajuste de valores
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! 29!
Uma vez atrelado ao princípio da legalidade, vale dizer, o ente
político deve obediência aos restritos ditames legais, o índice oficial (IGP-M, INPC, INCC
etc.) adotado para reajustar os tributos anualmente terá, indubitavelmente, de estar previsto
na legislação tributária – de regra, o Código Tributário Municipal (CTM). Não há espaço para
discricionariedade. Ou seja, é descabido adotar este ou aquele índice ao alvedrio do Chefe
do Executivo, considerando o de percentual mais favorável ao ente político, sob pena de
ofensa ao princípio da segurança jurídica.
Faz-se relevante anotar, portanto, que o que deve ser determinado
na lei é o índice, e não o reajuste. Isso porque este, por não caracterizar aumento (CTN, art.
97, § 2º), pode ser efetivado por Decreto.
3.2 Aumento de valores
A CR, no art. 30, inciso I, prescreve que cabe aos Municípios
legislarem sobre assuntos de interesse local. Afora isso, ao distribuir as competências
tributárias, não o fez de forma ilimitada. Algumas limitações foram estatuídas pela própria
CR, dentre as quais a de vedar que os tributos sejam criados ou aumentados sem lei que o
estabeleça (art. 150, inciso I).
Nesse passo, diferentemente do que ocorre no reajuste, que nada
mais é do que a reposição da inflação do período, podendo, portanto, ser implantado por
Decreto, o aumento dos tributos deve ocorrer por lei, sob pena de inconstitucionalidade,
observando-se, ainda, o princípio da anterioridade.
4. CONTROLE DOS PRAZOS
4.1 Decadência
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A decadência nada mais é do que a extinção da relação jurídica
tributária pelo decurso do tempo. Apesar de ser uma das formas de extinção do crédito
tributário, difere da prescrição pelo fato de que o decurso do prazo ocorre antes do
lançamento tributário.
Este instituto trata do direito potestativo cuja satisfação depende
apenas do credor à Fazenda Pública, porquanto somente ela pode fazer o lançamento,
mesmo contra a vontade do contribuinte. Assim, a extinção desse direito, o de realizar o
lançamento tributário, implica a extinção da própria relação jurídica obrigacional tributária.
Portanto, pode-se definir a decadência como a extinção da relação
jurídica obrigacional tributária entre o Fisco e o contribuinte pelo decurso de determinado
tempo sem que a Fazenda Pública exerça o direito de constituir o crédito tributário. Este
tempo é fixado pelo CTN em 05 (cinco) anos, regulado pelos artigos 150 e 173.
4.2 Prescrição
Uma vez constituído o crédito tributário, a Fazenda Pública deverá
cobrá-lo mediante a propositura da execução fiscal, caso não tenha havido pagamento
espontâneo.
O art. 174 do CTN dispõe que a ação para a cobrança do crédito
tributário prescreve em 05 (cinco) anos, contados da data da sua constituição definitiva.
Assim, a prescrição começará a fluir depois que o contribuinte for intimado da decisão final
no âmbito administrativo quando tiver havido impugnação, ou depois de findo o prazo para
pagamento, caso não haja impugnação. Diferentemente da decadência, a prescrição diz
respeito ao prazo para a Fazenda Pública cobrar o crédito que já foi lançado.
5. PAGAMENTO ADMINISTRATIVO DOS TRIBUTOS
5.1 Educação Tributária
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! 31!
Educação é um processo de formação do ser humano que objetiva
prepará-lo para a vida, dotando-o de conhecimento e habilidades que o tornem capaz de
compreender o mundo e intervir conscientemente para modificar a realidade em que se vive,
de modo a edificar uma sociedade livre, justa e solidária12.
Estando-se a par desse conceito, pode-se afirmar que Educação
Fiscal se alinha em um amplo projeto educativo, com o objetivo de se propiciar o bem-estar
social, consequência da consciência cidadã e da construção de conhecimentos específicos
sobre os direitos e deveres do cidadão.
Com efeito, a gestão democrática dos recursos públicos é a forma
mais significativa de se exercer a cidadania com dignidade e responsabilidade social.
Entretanto, a simples vontade democrática não é suficiente para
mudar a realidade, e, assim, tornam-se imprescindíveis a participação e o controle
democrático dos recursos públicos pela sociedade, os quais, consequentemente, serão
revertidos em benefícios à própria população.
Reivindicar e participar ativamente das decisões da sociedade,
propondo alternativas que serão mais adequadas para o bem comum, é uma questão de
consciência e controle sobre o que pertence ao cidadão, visando à transparência das ações
políticas e ao retorno dos benefícios para a sociedade.
Dessa forma, o controle não se reduz à mera fiscalização, embora
esta seja também importante. Trata-se, pois, do controle democrático da gestão, em que,
valendo-se de prerrogativas legais, os cidadãos podem pressionar o Poder Público para que
haja transparência em seus atos, avaliar o desempenho da gestão, além de promover ações
coletivas próprias para sanear irregularidades e responsabilizar os agentes políticos.
A gestão democrática dos recursos públicos pressupõe que a
sociedade civil participe efetivamente, enunciando suas insatisfações em forma de
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!12! !HEIDENREICH,João Paulo d’Avila. Curso de Educação Fiscal. Programa Nacional de Educação Fiscal – PNEF. Disponível em: <http://www.sefaz.al.gov.br/pef/material/curso_educacao_fiscal.pdf>. Acesso em: 05 abr. 2013.!
GESTÃO TRIBUTÁRIA!
! 32!
problemas, que devem ser mensurados e, mediante reivindicação, registrados no
orçamento. O cidadão que conhece todos os trâmites por que passa o Orçamento Público
tem mais condições de verificar seu real cumprimento.
Assim, é mister estimular-se a mudança de valores, crenças e
culturas do indivíduo, na perspectiva da formação de um ser humano integral, como meio de
se possibilitar o pleno exercício de cidadania e propiciar a transformação social.
Dessa forma, no âmbito tributário, mostra-se necessária a
contribuição permanente para a formação do cidadão, com vistas ao desenvolvimento da
conscientização sobre seus direitos e deveres no tocante ao valor social dos tributos e a
importância do seu recolhimento.
5.2 Desconto por pagamento antecipado
O parágrafo único do art. 160 do CTN prevê a possibilidade de
concessão de desconto pela antecipação do pagamento, nas condições estabelecidas em
lei. Assim, em princípio, não há impedimento para a regulamentação da matéria pelo
Município.
Todavia, a Lei Complementar nº 101/2000, a chamada Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF), estabelece requisitos para a concessão ou ampliação de
benefícios de natureza tributária, em seu art. 14, conforme segue: Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições: I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias; II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da
GESTÃO TRIBUTÁRIA!
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elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição. § 1º - A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado. § 2º - Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso. § 3º - O disposto neste artigo não se aplica: I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu § 1o; II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança.
Assim, é possível a edição de lei prevendo desconto para o
pagamento antecipado dos tributos, desde que preenchidos os requisitos estipulados pela
LRF, de modo a garantir o equilíbrio das contas públicas.
5.3 Gerenciamento dos créditos de pequena monta
A Constituição da República (CR), no art. 30, incisos I e II, determina
que caberá aos municípios legislar sobre assuntos de interesse local, assim como
suplementar a legislação federal e estadual no que couber.
O procedimento de dispensa do ajuizamento de ações cujo custo de
cobrança seja superior ao valor da dívida é possível de ser adotado mediante autorização
legislativa, e está previsto na Lei Complementar nº 101/2000, Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF), que no art. 14, § 3º, inciso II, refere, inclusive, que o cancelamento desses
débitos não caracteriza renúncia de receita.
De outra banda, o CTN, no art. 172, inciso III, prevê a viabilidade,
também mediante autorização legislativa, de remissão (perdão) do crédito tributário
atendendo a sua diminuta importância.
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No entanto, é mister destacar que, não obstante a legislação
complementar (LRF e CTN) autorizar o cancelamento ou a remissão, a lei municipal, s.m.j.,
deve dispensar apenas o ajuizamento da ação de execução, jamais a descontinuidade da
cobrança administrativa, pois isso representaria incentivo à inadimplência de tributos.
Para o cálculo do custo de cobrança judicial, podem ser utilizadas
como parâmetro, por exemplo, as despesas decorrentes de ajuizamento, processamento e
acompanhamento de uma ação de execução fiscal.
Assim, sugere-se a fórmula a seguir para o cálculo do custo do
processo judicial:!!( VP X TT) + 2 (COJ) + (2 X PE) NP Em que: VP = valor da remuneração mensal do(s) advogado(s) encarregado(s) das execuções fiscais; NP = número de execuções fiscais ajuizadas; TT = tempo de tramitação médio das execuções fiscais, em meses; COJ = valor da condução do oficial de justiça; PE = valor da publicação do edital de leilão.
Todavia, a fórmula citada não é absoluta, pois, em muitos casos, é
impossível prever inclusive o custo aproximado da ação, tendo em vista as peculiaridades
da situação concreta, de modo que o referido cálculo represente mera indicação de gastos.
Por fim, cumpre-se destacar que o crédito de pequena monta
equivale a todo o crédito de responsabilidade do mesmo contribuinte, considerando,
outrossim, o somatório durante os 05 (cinco) anos, prazo prescricional, acrescidos dos
consectários legais (juros, multa, correção monetária).
5.4 Vedação à cobrança vexatória
O interesse da Administração Tributária impõe que se lhe conceda o
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direito de examinar todos os livros e papéis dos contribuintes, para fins de apuração de
tributo, bem como para cobrança de dívida ativa, caso seja necessária apuração para tal
desiderato.
O direito de examinar abrange todos os livros e papéis, devendo a
legislação local determinar os de apresentação obrigatória (CTN, art. 195). Portanto, é dever
do contribuinte apresentar todos os documentos exigidos em lei.
No entanto, ao constatar a existência de livro ou documento não
obrigatório, o fiscal deve fazer imediatamente a respectiva apreensão. Isso porque, em não
fazendo a apreensão no momento oportuno, não terá como obrigar o contribuinte a exibi-lo,
a menos que este confesse a existência do livro ou documento questionado.
Ao mesmo tempo em que assegura ao Fisco o direito de penetrar
nos domínios dos particulares, tomando conhecimento do que se passa com seu patrimônio,
o CTN veda a divulgação, por parte da Fazenda Pública, ou de seus funcionários, de
qualquer informação obtida em razão do ofício, isto é, obtida em função da atividade de
administração e fiscalização tributária sobre a situação econômica ou financeira dos sujeitos
passivos ou de terceiros e sobre a natureza e o estado de seus negócios ou atividades
(CTN, art. 198).
Com efeito, não raras são as vezes em que o sigilo funcional, de que
trata o art. 198 do CTN, é confundido com sigilo fiscal. O sigilo de que trata este dispositivo
é funcional e não fiscal, ou seja, o agente deve manter sigilo sobre as informações que
obteve para atingir seu fim (que é apurar o tributo devido), e não manter sigilo sobre o
próprio tributo apurado.
Assim, não há impedimento legal e/ou constitucional no que
concerne à inscrição no cadastro de inadimplentes de contribuintes que não quitaram os
créditos perante a Fazenda Pública. Portanto, não é vedada a divulgação de informações
relativas a inscrições em Dívida Ativa (CTN, art. 198, § 3º, inciso II).
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O que é vedado, porém, é expor o contribuinte a situações
constrangedoras, como, por exemplo, inscrever o contribuinte no cadastro de inadimplente
por um crédito inexistente, impedindo-o, por este fato, de contratar com o Poder Público.
No entanto, o Município pode criar o cadastro informativo dos
créditos não quitados, nos moldes adotados pela União através da Lei nº 10.522, de 19 de
julho de 2002, cujo art. 2º, inciso I, prescreve que o Cadin conterá relação das pessoas
físicas e jurídicas que sejam responsáveis por obrigações pecuniárias vencidas e não
pagas, para com órgãos e entidades da Administração Pública Federal, direta e indireta.
6. CERTIDÕES DE REGULARIDADE FISCAL
6.1 Espécies de certidões
A inscrição do contribuinte na dívida ativa gera uma certidão positiva
de débito do contribuinte (sujeito passivo da obrigação tributária) demonstrando sua
inadimplência e determinando prazos e penalidades previstas na lei. O contribuinte pode
solicitar um acordo, conforme as regras da moratória, e obter "certidão positiva com efeito
de negativa", comprovando, assim, que tem uma dívida que foi negociada para quitação.
Após quitada a dívida ativa fiscal, o contribuinte pode postular uma certidão negativa de
débito, requerida ao órgão público competente (Secretaria da Fazenda do Município), que é
a prova definitiva de quitação dos créditos tributários. O órgão terá prazo de 10 dias corridos
para expedir esta certidão (artigo 205 do Código Tributário Nacional).
Todavia, de regra, somente duas certidões possuem amparo legal.
As negativas e as positivas com efeito de negativas, reguladas no Capítulo III do Título
relativo à administração tributária, abrangendo os arts. 205 a 208 do CTN.
Dispõe o art. 205 do CTN:!!A lei poderá exigir que a prova da quitação de determinado tributo, quando exigível, seja feita por certidão negativa, expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha todas as informações necessárias à
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identificação de sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de negócio ou atividade e indique o período a que se refere o pedido.!!
De outra banda, o art. 206 do CTN prescreve:
Tem os mesmos efeitos previstos no artigo anterior a certidão de que conste a existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que tenha sido efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade esteja suspensa.
Portanto, como dito, estas são as duas certidões previstas na
legislação tributária. A negativa, quando o contribuinte efetua o pagamento dos tributos nas
datas aprazadas, e a positiva com efeito de negativa, ofertada para as situações
disciplinadas no artigo 206.
Todavia, conquanto não exista previsão, havendo crédito tributário
em situação de dívida ativa, sem que esteja suspensa a exigibilidade, ou seja, o contribuinte
deixou de pagar o tributo na data aprazada, a certidão a ser emitida será a positiva,
demonstrando a existência de pendência junto ao Fisco.
6.2 Emissão de certidão
6.2.1 Competência
Incumbe, de regra, à Secretária da Fazenda e Finanças a
fiscalização e a arrecadação de todos os tributos da competência municipal (taxas,
contribuição de melhoria, CIP, IPTU, ITBI e ISS).
Todas as obrigações, principais e acessórias, são dirimidas no
âmbito daquela Secretaria, por servidores com atribuições e responsabilidades atinentes a
cada cargo.
Quanto à pessoa que emitirá as certidões, é mister que seja fiscal
tributário. Isso porque, além de os fiscais tributários serem conhecedores da matéria, são
servidores de carreira. Entretanto, na ausência destes, por designação do Chefe do Setor,
poderá ser designado outro servidor, através de Portaria.
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No entanto, independentemente de quem emitir as certidões, haverá
a necessidade de estas serem conferidas e assinadas também pelo responsável da pasta,
comumente o Secretário da Fazenda.
6.2.2 Responsabilidade
Ao exercer funções públicas, os servidores são responsabilizados
por seus atos, dependendo de sua função, cargo ou emprego. Esta responsabilidade é algo
indispensável na atividade administrativa, como proteção contra o exercício irregular de
direito ou abuso de poder. É uma forma de manter a autoridade dos órgãos públicos.
Nos casos de responsabilidade do servidor público, deve-se
considerar se o dano incidiu sobre o Estado ou sobre terceiros. Se sobre o Estado, fica a
cargo da própria Administração a apuração da ação ou omissão, por culpa ou dolo,
resultando na responsabilidade civil e/ou disciplinar do servidor, conforme o caso. Assim,
haverá um processo administrativo, em que serão observadas as garantias de defesa do
servidor, elencadas no artigo 5°, inciso LV, da Constituição da República.
Por se tratar de dano causado aos entes públicos, a legislação prevê
procedimentos processuais auto-executórios, ou seja, não há a necessidade de pedir
autorização judicial.
Convém lembrar, outrossim, que a administração pública nunca pode
se eximir de responsabilizar os seus servidores, já que ela não dispõe do patrimônio público,
mas, sim, possui obrigação de zelar e manter o erário.
Quando o dano incide sobre terceiros, o Poder Público responderá
objetivamente pelo dano causado por seu servidor, por culpa ou dolo, e este, por sua vez,
terá que ressarcir o Estado (Direito de Regresso), de acordo com o artigo 37, § 6°, da CR.
No âmbito tributário, em que o dano tanto pode ocorrer contra o
Estado como contra terceiros, o emissor da certidão, bem como o responsável pela pasta,
serão responsabilizados, na medida da sua culpabilidade.
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Com efeito, o que se deve considerar é que os servidores públicos
poderão ser responsabilizados nas esferas civil, administrativa e penal, tanto quando os
danos forem causados à Administração Pública quanto a terceiros.
6.3 Regulamentação dos procedimentos
Os procedimentos para emissão de certidões, por necessário, enseja
regulamentação. É através de atos administrativos regulamentados que a Administração
Pública afasta toda e qualquer possibilidade de discussão administrativa e/ou judicial,
cumprindo, assim, o princípio da legalidade.
Desta forma, é mister observarem-se questões, muitas vezes tidas
por desnecessárias, como, por exemplo, o prazo de validade da certidão. Este aspecto
torna-se importante, pois, no caso de ser emitida uma certidão negativa, quando na verdade
o contribuinte possui débito, se o documento não prescrever o prazo de validade, a
persecução do crédito poderá ser infrutífera, podendo, inclusive, a Administração Pública
correr o risco de uma eventual execução fiscal ser extinta.
Ademais, é de suma importância que, na certidão negativa de
débitos, conste o seguinte enunciado: “A presente certidão não afasta eventuais débitos
apurados posteriormente e/ou constantes nos cadastros fiscais”.
Outrossim, é mister ponderar quais as situações para que cada
certidão será emitida. Atente-se:
a) certidão negativa – quando o contribuinte não possui débito algum
perante a Fazenda Pública até a emissão da mesma;
b) certidão positiva – na existência de débito do contribuinte perante
a Administração Pública, independentemente de ser tributário ou não tributário;
c) certidão positiva com efeito de negativa – no caso de
circunstâncias suspensivas do crédito, seja tributário ou não tributário.
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Portanto, por essas razões em especial é necessária a
regulamentação dos procedimentos por parte do órgão fazendário acerca da emissão das
certidões.
7. PROGRAMAS DE REGULARIZAÇÃO FISCAL
7.1 Instituição de programas de incentivo ao pagamento
O programa de incentivo ao pagamento de créditos tributários
objetiva proporcionar ao contribuinte em débito perante o Fisco a regularização da sua
situação fiscal.
Em regra, tributos são pagos à vista, com desconto ou sem nenhum
acréscimo. Outro benefício para a regularização do crédito é o pagamento parcelado,
obedecendo-se os requisitos da legislação específica.
Portanto, a Administração Pública proporciona situações favoráveis
ao contribuinte para que este pague os tributos em atraso, o que evitará o ajuizamento das
ações de cobrança.
7.1.1 Regulamentação
A concessão de incentivos fiscais é plenamente viável, desde que
atendidas às condições previstas na Constituição da República, com a edição de lei
específica (art. 150, § 6º), e na legislação nacional, que exige elaboração de estudo de
impacto orçamentário-financeiro, demonstração de que a renúncia foi considerada no
orçamento do ano da concessão do benefício ou, ainda, a demonstração das medidas de
compensação previstas (LC n.º 101/2000, art. 14).
Portanto, não há a possibilidade de se concederem benefícios fiscais
senão através de lei.
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7.1.2 Cautelas para não se estimular o inadimplemento
Na busca desenfreada por uma recuperação fiscal, o Município,
muitas vezes, acaba por cometer equívocos nas medidas adotadas, dentre as quais, o
(re)parcelamento sucessivo.
Frequentemente, são editadas repetidas leis concedendo
parcelamento, prática que atrai contribuintes rotineiramente inadimplentes. Ao
contrário do que se possa imaginar, a intenção da Administração, ao agir desta forma, é
não buscar a cobrança efetiva dos créditos de sua titularidade, comportamento omissivo
que caracteriza renúncia de receita.
Embora não exista limitação legal para a instituição de sucessivos
programas de parcelamento, o Município deve evitar a sua renovação para habituais
inadimplentes, sob pena de restar caracterizada renúncia de receita, e o fomento à
inadimplência.
Na realidade, a eficiência fiscalizatória, no intuito de apurar os
créditos tributários, deve ser mais eficaz, para não prevalecer a sensação de que nada
acontece quando não se paga o tributo devido.
Portanto, não é crível deixar os créditos sem cobrança muitas
vezes prescreverem, quando a regra é a arrecadação.
Agir de forma diferente do que exercitar a tarefa de arrecadar os
tributos de forma eficaz, deixando transcorrer o tempo e editando leis concessivas de
remissão de juros, afastamento de multa e parcelamentos de longo prazo, é fomentar a
indústria da inadimplência. Isso porque, para o contribuinte, é muito cômodo não pagar
o tributo e cumprir a obrigação, e, mais tarde, ter a possibilidade de pagá-lo em várias
parcelas, sem juros e multa.!!
7.2 Benefícios
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7.2.1 Prazos de pagamento
Como dito, é salutar que o Município, através de lei, na persecução
do crédito a seu favor, institua benefícios.
Ás vezes, as questões alheias ao trâmite da administração também
contribuem para que o Município, por necessidade, altere datas para pagamento de tributos.
Podem ocorrer problemas no sistema informatizado que gera os carnês do IPTU, ou as
guias para pagamento do ISS, e o prazo para pagamento dos tributos acaba por ser exíguo.
Nesse passo, atentando para o diploma que institui os prazos, o Município pode alterá-los,
pois, é descabido que o contribuinte suporte o ônus do atraso no pagamento do tributo por
razões alheias à sua vontade.
Prática comum, porém não mais indicada, e cabe ser trazida à baila,
é quando já existe um parcelamento e o Município edita nova lei de parcelamento, porém,
dilatando o número de parcelas. Esta prática, indubitavelmente, caracteriza alteração de
prazo para pagamento, devendo, outrossim, atingir os contribuintes que possuem
parcelamento, porém com menor número de parcelas, em atenção ao princípio da isonomia,
bem como ao da retroatividade da lei mais benéfica.
Com efeito, é de se ressaltar que a possibilidade em tela pode, ou
não, vir acompanhada de remissão de juros, ou alteração no percentual dos mesmos, bem
como afastamento da multa. Caso a lei preveja essa condição, necessariamente, deverá vir
acompanhada do impacto orçamentário e medidas de compensação, pois, muito embora o
parcelamento em si não caracterize benefício fiscal, a redução dos consectários legais
assim o faz. Por isso, neste caso, há a necessidade de que sejam implantadas as medidas
compensatórias.
7.2.2 Redução de valores
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O crédito tributário é composto pelo valor principal, acrescido de
juros, multa e correção.
É frequente o fato de os contribuintes não honrarem o
compromisso assumido de pagar os tributos cuja obrigação lhe é imposta por lei. Essa
conduta, na maioria das vezes, indica ausência de capacidade contributiva.
Assim, em se cuidando de ausência de capacidade contributiva, a
questão pode ser resolvida mediante a instituição de remissão, que se caracteriza pela
redução total ou parcial dos juros, bem como pelo afastamento da multa aplicada,
dependendo da forma de como o benefício foi estabelecido. Por exemplo, sendo para
pagamento à vista, a remissão dos juros poderá ser total. Por outro lado, no caso de
parcelamento, com número elevado de parcelas, a remissão dos juros pode ser em
percentual.
Portanto, o Município tem competência para editar lei concedendo
remissão de juros àqueles contribuintes inadimplentes por conta da diminuta
capacidade contributiva.!
!7.2.3 Concessão de anistia
A anistia é a exclusão do crédito tributário relativo a penalidades
pecuniárias. É o perdão da falta, da infração. Assim, pela anistia, o legislador extingue a
punibilidade do sujeito passivo infrator da legislação tributária, impedindo a constituição do
crédito.
Como perdão que é, a anistia abrange exclusivamente as infrações
cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede.
Anistia não se confunde com remissão, tampouco com a isenção.
Anistia diz respeito somente a penalidades, enquanto a remissão abrange todo o crédito
tributário, devidamente constituído, sendo, por isso, uma forma de extinção deste (CTN, art.
156, IV). Já a isenção é a dispensa legal de cobrança de créditos, e se aplica para o futuro,
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ou seja, posterior à vigência da lei concessiva de isenção.
8. PARCELAMENTO DO PAGAMENTO DOS TRIBUTOS
8.1 Regulamentação
A CR, no art. 146, inciso III, alínea b, prescreve que cabe à lei
complementar estabelecer normas gerais em matéria tributária. A lei complementar, no
caso, é a Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, conhecida como Código Tributário
Nacional, conquanto lei ordinária foi recepcionada como lei complementar.
Assim, passou a ser o diploma codificado para legislar sobre normas
gerais em matéria tributária, destacando, no art 155-A, que o parcelamento dos tributos
somente poderá ser concedido na forma e na condição estabelecidas em lei específica, no
caso, a lei municipal.
Diante disso, é de se referir que não há amparo jurídico a permitir
parcelamento de tributos, inscritos ou não em dívida ativa, senão por lei específica para
tanto.
Consequentemente, a lei concessiva de parcelamento deverá
especificar o número de parcelas, o percentual de juros a ser concedido, caso assim optar o
legislador. Haverá de constar que a primeira parcela será paga no ato da assinatura do
Termo de Confissão de Dívida. Especificar a abrangência dos créditos, se tributários e não
tributários, ou somente aqueles.
Os elementos constantes na lei do parcelamento podem ser
variados, dependendo de cada ente político, dada a competência exclusiva para legislar
sobre a matéria. No entanto, a título exemplificativo, podem-se destacar como necessários o
percentual de juros a ser concedido, o número de parcelas, a previsão de afastamento, ou
não, da multa, etc.
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8.2 Efeitos no prazo prescricional
Tratando-se de crédito tributário vencido, ou seja, aquele em dívida
ativa, o efeito precípuo que reflete do parcelamento é a interrupção da prescrição.
Nos termos do parágrafo único do art. 174 do CTN, a prescrição para
cobrança resta interrompida por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial que importo
em reconhecimento do débito pelo devedor.
Com efeito, o termo de confissão de dívida é ato inequívoco de
reconhecimento do débito no âmbito administrativo, pois, após requerido o parcelamento e
assinado o referido termo, o contribuinte está atestando que deve aquele valor, restando,
portanto, ser reconhecida a interrupção da prescrição tributária. Ademais, afora
reconhecimento da interrupção da prescrição, restará suspensa a exigibilidade do crédito
(CTN, art. 151, inc. II).
8.3 Controle do pagamento
As administrações tributárias podem ser retratadas por um conjunto
de ações que tem por objetivo precípuo fazer com que o contribuinte cumpra os preceitos da
legislação tributária e as consequentes obrigações tributárias. Essas ações e atividades
praticadas no âmbito das Administrações Tributárias devem ser realizadas em um ambiente
tecnicamente preparado.
E de quem é a competência para executar as ações realizadas pela
Administração Tributária? Sem dúvida alguma, dos membros que compõem as Secretarias
da Fazenda e/ou de Administração, de preferência auditores, fiscais, agentes tributários,
etc., sejam quais forem os nomes eleitos para o cargo, os quais, via de regra, têm
prerrogativas especiais.
Assim, é inarredável o entendimento de que o controle pela efetiva
instituição dos créditos tributários, bem como pelo controle na arrecadação dos mesmos,
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deve ficar a cargo daqueles servidores, ou de alguém devidamente designado pelo Chefe do
Executivo para tal incumbência.
Não obstante, não se pode olvidar que os entes federados brasileiros
têm autonomia em relação aos investimentos na modernização das Administrações
Tributárias Municipais. Em assim sendo, a melhora na qualidade do sistema tributário local,
a qual estimula maior atenção e fiscalização dos contribuintes sobre o orçamento do
Município, na senda do raciocínio dantes externado, não é uma liberalidade, mas sim uma
obrigação. Trata-se de uma exigência constitucional, tanto que a CR, em seu art. 37, inciso
XVIII, determina que a Administração Fazendária terá preferência sobre os demais setores
administrativos, in verbis:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998): (...) XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na forma da lei.
Infelizmente, ainda não é o que ocorre na grande maioria dos
Municípios brasileiros, principalmente nos de médio e pequeno porte, que simplesmente
ignoram o comando constitucional, preferindo as buscas pela repartição das receitas
tributárias junto à União e aos Estados para se resguardarem os interesses políticos locais.
Esquecem-se, no entanto, que a arrecadação dos tributos municipais é um dever do gestor
público, e que não o fazendo estará sujeito às consequências da lei de responsabilidade
fiscal.
9. Dívida Ativa Tributária Municipal
9.1 Definição
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Dívida Ativa é o conjunto de créditos líquidos e certos que compõe o
ativo permanente da Fazenda Pública.
A Lei nº 4.320/64, no art. 39, § 2º, define Dívida Ativa como sendo os
créditos da Fazenda Pública, tributários e não tributários. Aqueles constituem os créditos de
natureza tributária, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais
e multas; já estes são todos os demais créditos.
O CTN define Dívida Ativa Tributária como sendo aquela proveniente
dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de
esgotado o prazo fixado para pagamento, seja por determinação legal ou por decisão final
proferida em processo regular (art. 201).
9.2 Procedimento de Inscrição
A inscrição em Dívida Ativa nada mais é do que o controle
administrativo da legalidade do crédito tributário, realizada através do Termo de Inscrição
em Dívida Ativa, autenticado pela autoridade competente, devendo revestir-se de todos os
requisitos do art. 202 do CTN e do § 5º do art. 2º da Lei nº 6.830/80. Este praticamente
repetindo aquele, conforme segue:
Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente: I – o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis, bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência de um e de outros; II – a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora acrescidos; III – a origem e natureza do crédito, mencionada especificamente a disposição da lei em que seja fundado; IV – a data em que foi inscrita; V – sendo caso, o número do processo administrativo de que se originar o crédito. Art. 2º. [...] § 5º - O Termo de Inscrição de Dívida Ativa deverá conter: I - o nome do devedor, dos co-responsáveis e, sempre que conhecido, o domicílio ou residência de um e de outros;
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II - o valor originário da dívida, bem como o termo inicial e a forma de calcular os juros de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato; III - a origem, a natureza e o fundamento legal ou contratual da dívida; IV - a indicação, se for o caso, de estar a dívida sujeita à atualização monetária, bem como o respectivo fundamento legal e o termo inicial para o cálculo; V - a data e o número da inscrição, no Registro de Dívida Ativa; e VI - o número do processo administrativo ou do auto de infração, se neles estiver apurado o valor da dívida.
A omissão de quaisquer dos requisitos mencionados nestes
dispositivos ou o eventual erro de registro são causas de nulidade da inscrição (CTN, art.
203).
Uma vez inscrito em Dívida Ativa, o crédito tributário passa a gozar
de presunção de certeza e liquidez, possuindo o efeito de prova pré-constituída (CTN, art.
204). Todavia, a presunção de certeza e liquidez é relativa, ou seja, presunção juris tantum,
cujo ônus pra ilidí-la, mediante prova inequívoca, compete ao sujeito passivo, ou terceiro a
que aproveite (CTN, art. 204, parágrafo único).
9.3 Certidão de Dívida Ativa
Do termo de inscrição em dívida ativa é extraída a Certidão de Dívida
Ativa – CDA. Esta certidão é o título necessário para se aparelhar a execução fiscal a ser
intentada pela Fazenda Pública, seguindo o rito disciplinado na Lei de Execuções Fiscais
(Lei nº 6.830/80).
A CDA corresponde aos créditos inscritos na forma da lei, sendo
título executivo extrajudicial (CPC, art. 585, inciso VII). Este título deve conter os mesmos
requisitos do termo de inscrição, sendo que qualquer omissão ou erro quanto aos requisitos
legais acarreta a sua nulidade, assim como acarreta a nulidade do termo de inscrição se a
omissão ou erro afetar este também.
GESTÃO TRIBUTÁRIA!
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Aquela certidão deve sempre conter os mesmos requisitos do termo
de inscrição, previstos no art. 202 do CTN. Além dos requisitos deste artigo, a CDA deverá
indicar o livro e a folha da inscrição (CTN, art. 202, parágrafo único).
9.4 Protesto da Certidão de Dívida Ativa
A Lei Federal n.º 12.767, de 27 de dezembro de 2012, alterou a Lei
Federal nº 9.492, de 10 de setembro de 1997, para a inclusão de parágrafo único ao art. 1º,
com o seguinte teor:
Art. 1º Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos de dívida. Parágrafo único. Incluem-se entre os títulos sujeitos a protesto as certidões de dívida ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas autarquias e fundações públicas. (Grifamos.)!!
Este protesto é o realizado em Tabelionato, cujo principal objetivo é a
constituição do devedor em mora. Ocorre que, sendo o crédito objeto da inscrição já vencido
pelo decurso do prazo para pagamento e sendo a certidão de dívida ativa já revestida de
liquidez e certeza, o protesto extrajudicial, s.m.j., não terá efeito prático nesse ponto.
Ademais, é mister destacar que o protesto interruptivo da prescrição,
em relação ao crédito tributário (art. 174, parágrafo único, inciso II, do CTN), é o protesto
judicial e não aquele realizado sob o rito da Lei n.º 9.492/1997.
Assim, o principal efeito do protesto extrajudicial das Certidões de
Dívida Ativa do Município será a inclusão do devedor nos cadastros de proteção ao crédito,
tendo em vista o que dispõe o art. 29 da Lei nº 9.492/1997, o que servirá de estímulo ao
adimplemento da dívida. Porém, alerta-se que a realização equivocada de protesto e a
inclusão de devedor em cadastros restritivos de crédito gerarão a responsabilização do
Município pelas perdas e danos ocasionados, inclusive morais, razão pela qual a medida
GESTÃO TRIBUTÁRIA!
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exige cautela.!
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BIBLIOGRAFIA!!
- ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 6ª edição. São Paulo: Malheiros, 2004. - ÁVILA, Alexandre Rossato. Curso de Direito Tributário. 6ª edição. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2011. - BECKER, Alfredo Augusto. Teoria Geral do Direito Tributário. 3ª edição. São Paulo: Lejus, 2002. - BORGES, José Souto Maior. Lançamento Tributário. 2ª edição. São Paulo: Malheiros, 1999. - CARRAZZA, Roque Antônio. Curso de Direito Constitucional Tributário. 23ª edição. São Paulo: Malheiros, 2007. - GRECO, Marco Aurélio. Planejamento Tributário. 2ª edição. São Paulo: Dialética, 2008. - HARADA, Kiyoshi. ITBI: Doutrina e Prática. São Paulo: Atlas, 2010. - MACHADO, Hugo de Brito. Curso de Direito Tributário. 33ª edição. São Paulo: Malheiros, 2012. - PAULSEN, Leandro; MELO, José Eduardo Soares de. Impostos Federais, Estaduais e Municipais. 7ª edição. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. - ATALIBA, Geraldo. Hipótese de Incidência Tributária. 6ª edição. São Paulo: Malheiros, 2004;!
ARMANDO MOUTINHO PERIN
Advogado, Docente da EGP/FGM, Diretor da DPM - Portal Legisla WEB
Fontes do Direito Tributário
O direito tributário encontra seu fundamento de legitimidade em duas fontes formais: primárias e secundárias.
Fontes Formais Primárias – Inova o sistema jurídico por
introduzir normas inéditas. Ex.: CIP – Previsão na CR – Município edita lei
ordinária tornando obrigatória a cobrança.
FONTES FORMAIS PRIMÁRIAS
a) CR e suas emendas – instrumento primeiro e soberano da ordem normativa.
Introduz normas de estrutura, de organização e de competência. Confere poder de tributar, bem como normas limitativas do poder de tributar.
b) Lei Complementar – veículo introdutor de normas gerais (CR, art. 146). Ex. CTN. MATÉRIA EXCLUSIVA
c) Lei Ordinária - introduz normas de incidência de tributos (aquela que cria os tributos, quem deve pagar, porque deve pagar, onde deve pagar, quando deve pagar e quanto deve pagar). Obrigações principal e acessória.
NÃO HÁ SUPREMACIA ENTRE LEIS ORDINÁRIAS
FEDERAIS, ESTADUAIS E MUNICIPAIS. TODAS DESFRUTAM DO MESMO STATUS
JURÍDICO. DIFEREM APENAS QUANTO AO ÂMBITO DE
APLICAÇÃO
d) Medida Provisória – Art. 62, CR. Natureza infraconstitucional, possui força e eficácia de lei. Relevância e Urgência. Competência da União – Presidente da República.
e) Decretos Legislativos – instrumento através do qual são materializadas as competências exclusivas do Congresso Nacional (CR, arts. 49 e 59). Veículo introdutor de tratados e convenções internacionais.
f) Resoluções – regulamentar as matérias de competência privativa da Câmara dos Deputados (CR, art. 51) e do Senado Federal (CR, art. 52).
FONTES FORMAIS SECUNDÁRIAS
Não introduzem normas inéditas, não inovam a ordem jurídica. São elas:
a) Decreto - regulamenta a lei. Não amplia ou reduz a
disposição da lei. b) Instrução Normativa – fixar diretrizes aos subordinados
no tocante ao modo de realizar os serviços. c) Circular – instrumento pelo qual os superiores
transmitem ordens uniformes aos respectivos subordinados sobre certo serviço.
d) Portaria – serve para o superior, desde que inferior ao Chefe do Executivo, dar orientações gerais ou especiais aos subordinados.
e) Ordem de Serviço – autorização concreta para que
funcionários determinados realizem um tipo de serviço específico.
f) Decisão Administrativa – decisão de jurisdição
administrativa. Norma complementar (CTN, art. 100, inciso II). Art. 96 do CTN – Conceito de Legislação Tributária.
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
Liame Credor (Estado) e Devedor (Contribuinte). Surge com a ocorrência do Fato Gerador.
APÓS OCORRIDO O FATO GERADOR é possível identificar quem praticou o fato, qual o tributo e quando deve ser pago, onde ele ocorreu e quando aconteceu.
Divide-se em PRINCIPAL e ACESSÓRIA.
LIMITAÇÕES DO PODER DE TRIBUTAR
Princípios – mandamentos fundamentais que condicionam a produção e a interpretação de todas as normas jurídicas. Limitar o legislador de produzir normas jurídicas contrárias aos princípios constitucionais.
- Legalidade – CR, art. 150, inciso I. - Anterioridade – CR, art. 150, inciso III, alínea b. - Igualdade – CR, art. 5º e art. 150, inciso II. - Competência – CR, art. 145, art. 149-A, art. 156. - Capacidade Contributiva – CR, art. 145, § 1º. - Vedação do Confisco – CR, art. 150, inciso IV. - Liberdade de Tráfego – CR, art. 150, inciso V
IMUNIDADES
INCOMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA SOMENTE IMPOSTOS ABRANGÊNCIA = STF = FINALIDADES TERRENO BALDIO = NÃO, RE 375715
TRIBUTOS MUNICIPAIS
ESPÉCIES: CTN, art. 5º – Impostos, Taxas e Contribuição de Melhoria IPTU, ISS e ITBI (CR, art. 156, incisos I, II e III). Taxas e Contribuição de Melhoria – CR, art. 145 CIP – CR, art. 149-A (Vinculada à finalidade)
REGRA MATRIZ DE INCIDÊNCIA - Fato previsto na lei tributária. - Lei. Composição = Hipótese, Mandamento, Sanção. - Hipótese – previsão na lei de uma situação abstrata que
poderá acontecer. - Mandamento – comando contido na lei (dar, fazer, não
fazer). Ocorre logo após o fato gerador. DEVE SER A T E N D I D O P E L O S U J E I T O P A S S I V O (CONTRIBUINTE).
- Sanção – Penalidade para o caso de descumprimento do mandamento. Ex. ISS não recolhido em data limite.
Regra Matriz de Incidência
IPTU – ser proprietário de imóvel (regra), ou possuidor com ânimo de dono.
ITBI – transmissão ou cessão. ISS – prestação de serviços. SOMENTE OS CONTIDOS NA
LISTA ANEXA À LEI COMPLEMENTAR Nº 116/2003. Contribuição de Melhoria – obra pública que acarrete
valorização imobiliária. TAXA – Poder de Polícia, serviço público específico e
divisível, prestado ou colocado a disposição. CIP – serviço de iluminação pública, compreendido o gasto.
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
Crédito Tributário – vínculo jurídico de natureza obrigacional.
a) obrigação fato hipoteticamente previsto em lei b) sujeito passivo praticar concretamente o fato c) Estado deve tornar exigível a obrigação tributária
ATRAVÉS DO LANÇAMENTO. IMPORTANTE:
CRÉDITO TRIBUTÁRIO É ILÍQUIDO – SUA LIQUIDEZ OCORRE PELO LANÇAMENTO.
ATRAVÉS DO LANÇAMENTO SE TEM A EXIGIBILIDADE.
Constituição do Crédito Tributário
Art. 142, CTN - objetivos do lançamento: - verificar a ocorrência do fato gerador da obrigação
correspondente; - determinar a matéria tributável; - calcular o montante do tributo devido; - identificar o sujeito passivo (ATENÇÃO); - aplicar a penalidade, se couber.
CADASTROS DE CONTRIBUINTES
FINALIDADE = FACILITAR A COBRANÇA QUALIDADE = MELHOR DESEMPENHO CADASTRO ATUALIZADO E ORGANIZADO FACILITA A
COBRANÇA DOS TRIBUTOS
RESOLUÇÃO TCE Nº 987
Estabelece diretrizes a serem observadas nos seus procedimentos e inspeções.
Exame a ser procedido sobre a estruturação da unidade
gestora dos sistemas de ADM TRIBUTÁRIA E FAZENDÁRIA.
Renúncia fiscal (CUIDADO), cumprimento de atividades
dispostas na Resolução.
CADASTRO DO IPTU
Proprietário – art. 1.245, do Código Civil CUIDADO: CONTRATOS DE GAVETA, ARRAS,
COMODATO, PROMESSA DE COMPRA E VENDA NÃO REGISTRADA.
ÁREA A SER TRIBUTADA: FRAÇÃO IDEAL = NÃO SE CRIA CADASTRO PARCELAMENTO DO SOLO DE FORMA IRREGULAR
Cadastro IPTU
STJ – Súmula 399: “Cabe à legislação municipal estabelecer o sujeito passivo do IPTU”.
Reflexo na Execução Fiscal. Portanto, cuidado com a
aplicação da Súmula. Definição do contribuinte é matéria de Lei Complementar
(CR, art. 146, inciso III, a) ANTES DE ENCAMINHAR CDA VERIFICAR A
TITULARIDADE DO IMÓVEL
CADASTRO DO ISS
OBJETIVOS:
Informar que a empresa está inscrita Controlar o recolhimento do ISS Impedir sonegação Controle na emissão de notas fiscais Verificar regularidade fiscal Reflexo na emissão de certidões
Cadastro do ISS
SIMPLES NACIONAL:
Particularidades Lei especial. Observância OBRIGATÓRIA Tratamento privilegiado em licitações Alíquota diferenciada do ISS SUGESTÃO: CADASTRO APARTADO
ALTERAÇÕES CADASTRAIS ATUALIZAÇÃO DOS REGISTROS CADASTRAIS:
É competência do Município criar mecanismos
facilitadores para o gerenciamento dos tributos, cujos procedimentos vão desde o lançamento, fiscalização, cobrança administrativa, até a execução fiscal.
RESULTADO: OTIMIZAÇÃO NA ARRECADAÇÃO;
POIS, CADASTRO INSUFICIENTE DE INFORMAÇÕES,
INCONSISTENTE E DESATUALIZADO TRARÁ ONEROSIDADE PARA O ENTE TRIBUTANTE.
CANCELAMENTO DOS REGISTROS
FORMA DE ATUALIZAÇÃO CADASTRAL. REGISTRO IRREGULAR NÃO TEM RAZÃO DE SER
MANTIDO, POIS É CAUSA DE INSUCESSO NA COBRANÇA DO CRÉDITO, QUANDO LEVADO À EXECUÇÃO FISCAL
ORGANIZAÇÃO DO SETOR.
SETOR DE CADASTRO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO
REGULAMENTAÇÃO:
Cumprimento do princípio da legalidade;
Cria obrigação aos servidores; Obediência, sob pena de sanção disciplinar por
desobediência.
Responsáveis pelo Cadastro
Estrutura funcional com quadros técnicos capacitados; Sistemas informatizados e integrados; Planejamento estratégico. Diagnóstico do estoque dos créditos constituídos; Traçar ações de fiscalização. TAREFA PARA SERVIDOR DE CARREIRA, COM GERENCIAMENTO DE EQUIPES. EX.: EQUIPES DE IPTU, ISS, ITBI etc.
PROCEDIMENTOS DE ROTINA Resolução TCE 987
OBJETIVOS PRECÍPUOS DO SETOR DE CADASTRO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO:
– Elaborar e manter atualizado o cadastro – Preparar os lançamentos – Manter intercâmbio com os demais órgãos – Manter intercâmbio com outros Municípios, União e
Estado (CTN, art. 199) – Centralização do controle de créditos tributários – Articular-se com demais órgãos para agilizar a cobrança
da dívida ativa – Aprimorar o sistema informatizado para correta aplicação
da legislação tributária
Procedimentos de rotina
– Proceder na inscrição da dívida ativa – Controlar a legalidade, apurando a liquidez e a certeza do
crédito, no ato da inscrição – Promover cobrança administrativa – Remeter ao Jurídico as CDAs – Centralizar, promover, acompanhar e fiscalizar a cobrança
de todos os créditos – Inscrever e manter sob controle a DA – Fornecer certidões – Manter atualizada a legislação tributária, propondo
modificações de interesse tributário – Conceder, controlar e acompanhar parcelamentos
ATUALIZAÇÃO ANUAL DOS TRIBUTOS
AUMENTAR A ARRECADAÇÃO É META DO MUNICÍPIOS REAJUSTE – Compreende a reposição da inflação,
podendo, portanto, SER POR DECRETO. Todavia, OBRIGATORIAMENTE, a lei local deverá prescrever o índice a ser adotado.
REPOSIÇÃO DA INFLAÇÃO NÃO CARACTERIZA AUMENTO DE TRIBUTO (CTN, art. 97, § 2º).
AUMENTO = POR LEI. CR, art. 150, inciso I c/c art. 97,
inciso II, do CTN.
CONTROLE DOS PRAZOS
DECADÊNCIA – Extinção da relação jurídica. Extingue o direito de realizar o lançamento. 05 (cinco) anos CTN, arts. 150 e 173. PRESCRIÇÃO – Constituído o crédito a Fazenda Pública
tem 05 (cinco) anos para cobrar (CTN, art. 174). CRÉDITO TR IBUTÁRIO = LANÇAMENTO +
NOTIFICAÇÃO + PRAZO PARA PAGAMENTO
CONSCIENTIZAÇÃO DA IMPORTÂNCIA DE PAGAR OS TRIBUTOS
EDUCAÇÃO FISCAL: exercício da cidadania; escolas; associação de bairros; orçamento participativo;
OBJETIVOS: Mudança de crenças, valores e culturas do indivíduo,
conscientizando-o sobre a importância de pagar tributos. DIREITO IMPLICA DEVER. Eu só posso reclamar por ruas
melhores se pagar os TRIBUTOS. FISCALIZAÇÃO E ORIENTAÇÃO
FOMENTO À ADIMPLÊNCIA
CTN, parágrafo único do art. 160 - concessão de desconto pela antecipação do pagamento, mediante cumprimento das condições da lei (BÔNUS POR ADIMPLÊNCIA).
LC nº 101/2000, art. 14 - estimativa de impacto
orçamentár io ou medidas compensatór ias. OBSERVÂNCIA.
– Ex.: IPTU
GESTÃO DOS CRÉDITOS DE PEQUENA MONTA
LRF, art. 14, § 3º, inciso II – NÃO CARACTERIZA RENÚNCIA.
OBSERVÂNCIA: TODOS OS CRÉDITOS DO
CONTRIBUINTE. CTN, art. 172 – Remissão do crédito de diminuta
importância. Aconselha-se apenas a dispensa do ajuizamento. – NÃO AO INCENTIVO DA INADIMPLÊNCIA
PAGAMENTO ADMINISTRATIVO DOS TRIBUTOS
Administração Tributária tem direito de examinar todos livros e papéis dos contribuintes (CTN, art. 195, parágrafo único).
L E I L O C A L D E V E R Á D E T E R M I N A R O S
DOCUMENTOS OBRIGATÓRIOS – DEVER DO CONTRIBUINTE – OBRIGAÇÃO
ACESSÓRIA – SANÇÃO PELO DESCUMPRIMENTO – PREVISÃO LEGAL.
VEDAÇÃO À COBRANÇA VEXATÓRIA
SIGILO FUNCIONAL X SIGILO FISCAL CTN, art. 198 – aqui é o sigilo funcional. Servidor deve
guardar segredo. CTN, art. 198, § 3º, inciso II – sigilo fiscal. Divulgação de
informações relativas a inscrições em dívida ativa. OBS.: VEDADO inscrever contribuinte no CADIN por
crédito inexistente. SITUAÇÃO VEXATÓRIA. - IMPORTÂNCIA DO CADASTRO.
CERTIDÕES DE REGULARIDADE FISCAL
Espécies de Certidões: Positiva – existência de débito Positiva com efeito de negativa - crédito tributário
suspenso (CTN, art. 206) Negativa – tudo quitado (CTN, art. 205)
EMISSÃO. COMPETÊNCIA.
SECRETARIA DA FAZENDA, ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS (Depende de cada ente político a definição do órgão competente).
TODAS AS OBRIGAÇÕES, PR INCIPA IS E
ACESSÓRIAS, SÃO DIRIMIDAS NO ÂMBITO DAQUELA SECRETÁRIA.
NECESSÁRIA A ASSINATURA DA AUTORIDADE
COMPETENTE, DE REGRA, O SECRETÁRIO(A) DA FAZENDA.
RESPONSABILIDADE
SERVIDOR PELO EXERCÍCIO IRREGULAR DE DIREITO OU ABUSO DE PODER. FORMA DE MANTER A AUTORIDADE DOS ÓRGÃOS PÚBLICOS.
CONTRA ESTADO OU TERCEIROS
PROCESSO ADMINISTRATIVO, CONTRA O ESTADO
(PRINCÍPIO DA AUTO-EXECUTORIEDADE). A ADMINISTRAÇÃO NUNCA PODE SE EXIMIR DE
RESPONSABILIZAR OS SEUS SERVIDORES. INDISPONIBILIDADE DO PATRIMÔNIO PÚBLICO($$).
PROCEDIMENTOS. REGULAMENTAÇÃO
Necessidade (princípio da transparência); Cria obrigações aos servidores; Obediência ao princípio da legalidade; Determinar prazo de validade da certidão; Prevê que a certidão não afasta eventuais débitos
apurados.
PROGRAMAS DE REGULARIDADE FISCAL
REGRA = PAGAMENTO À VISTA DESCONTOS (JUROS E MULTA) = ISENÇÃO. LEI = NECESSIDADE OS PROGRAMAS DE REGULARIDADE FISCAL
OBJETIVAM EVITAR AS EXECUÇÕES FISCAIS.
Cautelas para não estimular o inadimplemento
EXCESSO DE DESCONTO VEDAÇÃO: REPETIDAS LEIS DE PARCELAMENTO
PODE CARACTERIZAR RENÚNCIA DE RECEITA. COBRANÇA PELA VIA JUDICIAL. NECESSIDADE. FISCALIZAÇÃO EFICAZ PARA EVITAR SENSAÇÃO
DE QUE NADA ACONTECE.
Redução de Valores
Dívida Ativa – Composição = principal, juros, multa e
correção monetária (Lei nº 6.830/1980, art. 2º, § 2º) . CAPACIDADE CONTRIBUTIVA = OBSERVÂNCIA CTN, art. 172, inciso I - REMISSÃO TOTAL OU PARCIAL TOTAL = DÍVIDA TODA PARCIAL = JUROS E AFASTAMENTO DA MULTA
Parcelamento dos Tributos
REGULAMENTAÇÃO: CTN, art. 155-A – SOMENTE LEI
DECRETO NUNCA!!!!!!
Efeitos no Prazo Prescricional
CTN, art. 174, parágrafo único, inciso IV - PARCELAMENTO É ATO INEQUÍVOCO QUE
IMPORTA RECONHECIMENTO DO DÉBITO PELO DEVEDOR
– CAUSA INTERRUPTIVA DA PRESCRIÇÃO
Controle do Pagamento
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA PODE SER RETRATADA COMO UM CONJUNTO DE AÇÕES OBJETIVANDO COM O CONTRIBUINTE CUMPRA A LEGISLAÇÃO
COMPETÊNCIA PARA EXECUTAR ESSAS AÇÕES É DO
SERVIDOR DOS QUADROS DE CARREIRA (CONCURSADOS), QUE COMPÕEM AS SECRETARIA DA FAZENDA, ADMINISTRAÇÃO E FINANÇAS.
FISCAIS, AUDITORES, AGENTES TRIBUTÁRIOS ETC. A
NOMENCLATURA DEPENDE DO ENTE POLÍTICO.
Controle do Pagamento
ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA TEM AUTONOMIA EM RELAÇÃO A INVESTIMENTOS NO SETOR.
MAIOR INVESTIMENTO = ESTÍMULO PARA O
SERVIDOR. CR, art. 37, inciso XVIII – A ADMINISTRAÇÃO
FAZENDÁRIA E SEUS SERVIDORES FISCAIS TERÃO, DENTRO DE SUAS ÁREAS DE COMPETÊNCIA E JURISDIÇÃO, PRECEDÊNCIA SOBRE OS DEMAIS SETORES ADMINISTRATIVOS, NA FORMA DA LEI
DIVIDA ATIVA
DEFINIÇÃO – Conjunto de créditos líquidos e certos que compõem o ativo permanente da Fazenda Pública.
LEI Nº 4.320/64, art. 39, § 2º. CTN, art. 201 – DA Tributária, aquela proveniente de
créditos dessa natureza. Regularmente inscrita. Esgotado o prazo fixado para pagamento.
Procedimento de Inscrição
TERMO DE INSCRIÇÃO AUTENTICADO PELA AUTORIDADE COMPETENTE.
Requisitos – OBSERVÂNCIA OBRIGATÓRIA.
CTN, art. 202 - LEI Nº 6.830/1980, art. 2º, § 5º PRESUNÇÃO DE CERTEZA E LIQUIDEZ.
Certidão de Dívida Ativa
CÓPIA F IEL DO TERMO DE INSCRIÇÃO,
ACRESCIDA DA INDICAÇÃO DO LIVRO E A FOLHA DO RESPECTIVO TERMO.
TÍTULO EXECUTIVO (CPC, art. 585, inciso VII) QUALQUER OMISSÃO ACARRETA NULIDADE DO
TÍTULO, BEM COMO DO PRÓPRIO TERMO CASO O ERRO OU OMISSÃO O AFETE.
Protesto da Certidão de Dívida Ativa
LEI FEDERAL Nº 12.767/2012, art. 1º, parágrafo único. ESTE PROTESTO NÃO SE CONFUNDE COM O
PROTESTO PREVISTO NO ART. 174, PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO II, DO CTN.
S U G E R E - S E C A U T E L A . AT E N TA R PA R A A
CONSTITUIÇÃO DO CRÉDITO AÇÕES POR PERDAS E DANOS.
CUIDADO!!!
Protesto da Certidão da Dívida Ativa
LEI Nº 9.492/1997, art. 29 - Os cartórios fornecerão às entidades representativas da indústria e do comércio ou àquelas vinculadas à proteção do crédito, quando solicitada, certidão diária, em forma de relação, dos protestos tirados e dos cancelamentos efetuados, com a nota de se cuidar de informação reservada, da qual não se poderá dar publicidade pela imprensa, nem mesmo parcialmente. CAUTELA AO ENCAMINHAR A CDA PARA PROTESTO.
MUITO OBRIGADO PELA PRESENÇA DE TODOS
FIM