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“A criança gozará de proteção contra atos que possam suscitar discriminação racial, religiosa ou de qualquer outra natureza. Criar-se-á num ambiente de compreensão, de tolerância, de amizade entre os povos, de paz e de fraternidade universal e em plena consciência de que seu esforço e

aptidão devem ser postos a serviço de seus semelhantes”.

(Declaração dos Direitos das Crianças - Princípio 10, Assembléia das Nações

Unidas, 20 de novembro de 1959)

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Pedimos licença aos mais velhos...Ô Dona, Senhora Rezadeira, Sinhá Dona, Senhora Curandeira

Sabe o segredo das plantasQue faz saudável esta gente, Com banho de erva santa, Resina, casca e sementeTraz mistério nas palavrasNas orações ancestraisÉs minha flor no jardimDos seres elementais...Martônio Holanda, Coco para Rezadeira

...aos mais novos, e aos que virão.

Viva toda a molecadaViva Cosme e DamiãoViva toda esta saúdeViva a grande perfeiçãoDe ser, amar, crescer, Multiplicar o grão...“Pé de Moleque”,Chico Nogueira

Ficha Técnica

Non nonon no non no no o

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Non nonon no non noNon nonon no non no no o

Non nonon no non noNon nonon no non no no o

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Kiambe Kiatunda (energia vital) – Crianças em harmonia com a natureza, a ancestralidade e a saúde é um produto das Oficinas realizadas com as crianças da Comunidade Quilombola de Conceição das Crioulas, em Salgueiro, Pernambuco, durante a execução do projeto Promovendo Direitos das Crianças Quilombolas e suas Famílias.

A princípio, as ações previstas no projeto não contemplavam um trabalho realizado diretamente com as crianças; no entanto, durante a fase de execução, percebemos que o objetivo do projeto seria melhor alcançado a partir do aprofundamento sobre o protagonismo das próprias crianças quilombolas na atenção à saúde, o que nos fez optar pela inclusão de uma atividade especificamente dirigida a elas.

O trabalho realizado com as crianças dialoga com a importância ocupada pelas crianças na cultura de origem africana, visível na comunidade de Conceição das Crioulas através dos cuidados dispensados pelos adultos e pela forma coletiva de se ocupar das crianças. Em nenhum momento, a presença das crianças nas atividades foi vista com estranheza, impaciência ou pelos adultos. Elas eram simplesmente integradas pelos pais, tios, avós; ocupavam os colos disponíveis, participavam das atividades possíveis à sua idade (desenhar, cantar).

Na mitologia iorubana, os ibêjis são orixás crianças, reverenciados como representantes da renovação da vida.

Num tempo muito antigo, tudo transcorria normalmente na aldeia. Todos faziam seu trabalho, as lavouras davam bons frutos, os animais procriavam, crianças nasciam fortes e sadias. Mas, de repente, tudo começou a dar errado. As lavouras ficaram inférteis, as fontes e correntes de água secaram, tudo que era bicho de criação definhou. Quase não havia mais o que comer e beber. No desespero da difícil sobrevivência, as pessoas se agrediam uma às outras, ninguém se entendia, qualquer coisa virava uma guerra.

As pessoas começaram a morrer aos montes. Instalada no povoado, a Morte vivia rondando todos, especialmente os mais fracos, velhos e doentes. Na aldeia, morria-se de todas as causas possíveis: de doenças, de velhice e até mesmo ao nascer. Morria-se afogado, por causa de acidentes, por maus tratos e violência, e também de fome e sede. Mas também se morria de tristeza, de saudade e de amor. A Morte fazia o seu grande banquete. Havia luto em todas as casas. Todas as famílias choravam.

O rei enviou muitos emissários para falarem com a Morte, que dava sempre a mesma resposta: não fazia acordos. Ela estava apenas cumprindo seu papel: destruir um por um, sem piedade. Afinal, a culpa não era dela; alguém desgovernara o mundo. Se houvesse alguém forte o suficiente para enfrentá-la, que tentasse, só que seu fim seria ainda mais sofrido e penoso.

Mas como também gostava de jogar, a Morte mandou dizer ao rei que daria uma chance à aldeia.

Apresentação Foram estas as suas palavras:

“Se alguém daqui me fizer agir contra minha vontade, eu irei embora.”

Se a Morte fosse contrariada, o feitiço seria quebrado, explicou a avó de Adetutu. Parecia que a causa de tantas mortes era mesmo obra de feitiçaria.

Aos mensageiros do rei, a Morte disse ainda que havia uma condição: quem desejasse enfrentá-la teria de fazer isso sozinho.Esse era um detalhe importante para o desencantamento funcionar.

Mas quem se atreveria a enfrentar a Morte? Os mais bravos guerreiros estavam mortos ou ardiam em febre em suas últimas horas de vida. Os mais astutos diplomatas haviam muito tinham partido para outro mundo.

Foi então que dois meninos, os gêmeos Taió e Caiandê, resolveram pregar uma peça na Morte e dar um basta aos seus ataques. Os Ibejis, nome ioruba que significa gêmeos, pegaram seus tambores mágicos, que tocavam como ninguém, e saíram a procura da Morte.

Não foi difícil achá-la numa estrada próxima, por onde ela perambulava em busca de mais vítima Não tardou e a Morte foi chegando.

Numa curva do caminho, um dos irmãos soltou do mato para a estrada a poucos passos da Morte. Tocava o tambor mágico com ritmo e graça como nunca tocara antes. Com determinação e prazer, lá foi o menino estrada afora com o tambor. O outro gêmeo permaneceu escondido, seguindo o irmão por dentro do mato.

A Morte se encantou com o ritmo, ensaiou com

passos trôpegos uma dança desengonçada e foi atrás do tambor, dançando sem parar.

Passou-se uma hora, passou-se outra e mais outra. O menino não fazia pausa, e a Morte começou a se cansar. O sol já ia alto, os dois seguiam pela estrada, e o tambor batucando sem cessar. O dia deu lugar à noite, e o tambor batucando sem cessar. E assim ia a coisa, madrugada adentro. O menino tocava, a Morte dançava. O menino na frente, ligeiro e folgazão, a Morte atrás, em sua dança patética. Só que ela estava exausta, não agüentava mais.

“Pare de tocar, menino, vamos descansar um pouco”, ela pediu mais de uma vez.

Ele não parava.

“Pare essa porcaria de tambor, moleque, ou vai me pagar com a vida agora mesmo”, ela ameaçou mais de uma vez.

Ele não parava.

“Pare que eu não suporto mais”, implorou a morte repetidas vezes.

O menino não parava.

Taió e Caiandê eram gêmeos idênticos. Ninguém sabia diferenciar um do outro, muito menos a Morte, que sempre foi cega e burra. Pois bem, o moleque que a Morte via tocando na estrada sem parar não era sempre o mesmo. Enquanto um irmão tocava, o outro seguia por dentro do mato, sem se deixar ver. Passada uma hora, trocavam de posição, se aproveitando de uma curva da estrada, com cuidado para a Morte não perceber nada. No mato, o irmão que descansava podia fazer suas necessidades, beber a água depositada nas folhas dos arbustos e

enganar a fome comendo as frutinhas silvestres que restavam. Os gêmeos se revezavam, e o tambor não parava um minuto sequer. Mas a Morte, coitada, não tinha substituto, não podia descansar, mal conseguia respirar. Nem suspeitava do ardil dos gêmeos.

E assim foi, por dias e dias. Por fim, não agüentando mais, a Morte gritou.

“Pare com esse tambor maldito, e eu faço qualquer coisa que me pedir.”

O menino virou para trás e disse:

“Pois então vá embora e deixe minha aldeia em paz.”

“Aceito”, ela berrou, e depois vomitou na estrada.

O menino parou de tocar e ouviu a Morte se lamentar:

“Ah! Que fracasso, o meu. Vencida por um pirralho. Eu me odeio. Eu me odeio.”

Então a Morte se virou e foi embora para longe do povoado. Tocando e dançando, os gêmeos foram levar a boa-nova à aldeia, onde foram recebidos com festas de agradecimento.

Muitas homenagens foram feitas aos valentes Ibejis. E em pouco tempo a vida normal voltou a reina no povoado, a saúde retornou às casas, e a alegria reapareceu nas ruas.

Mais tarde, quando chegou a hora de Taió e Caiandê morrerem, a Morte não veio buscá-los. E assim os gêmeos, os Ibejis, foram transformados em orixás, e desde então as crianças têm no Céu alguém para zelar por elas.

Fonte: Contos e Lendas Afro-brasileiros: a Criação do Mundo,

Reginaldo Prandi – Cia. Das Letras, pág.118-129.

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“Ao destacarmos a expressão valores civilizatórios afrobrasileiros, temos a intenção de destacar a África, na sua diversidade, e que os africanos e africa nas trazidos ou vindos para o Brasil e seus e suas descendentes brasileiras implantaram, marcaram, instituíram valores civilizatórios neste país de dimensões continentais, que é o Brasil. Valores inscritos na nossa memória, no nosso modo de ser, na nossa música, na nossa literatura, na nossa ciência, arquitetura, gastronomia, religião, na nossa pele, no nosso coração. A África e seus descendentes imprimiram e imprimem no Brasil valores civilizatórios ou seja, princípios e normas que corporificam um conjunto de aspectos e características existenciais, espirituais, intelectuais e materiais, objetivas e subjetivas, que se constituíram e se constituem num processo histórico, social e cultural. E apesar do racismo, das injustiças e desigualdades sociais, essa população afrodescendente sempre afirmou a vida e, conseqüentemente, constitui o/s modo/os de sermos brasileiros e brasileiras”.

Azoilda Loretto da Trindade, Valores Civilizatórios Afro-Brasileiros na Educação Infantil

A metodologia desenvolvida para o trabalho com as crianças visa atender a uma demanda evidenciada na consulta à comunidade, durante a primeira oficina realizada, a Oficina de Identificação de Perfil:

Como preservar os nossos conhecimentos tradicionais em promoção da saúde?

A pergunta formulada pelas lideranças e adultos da comunidadde evidencia a tensão causada pelo confronto entre a necessidade de acesso a políticas públicas de saúde que incluam o atendimento médico de qualidade e a presença de equipamentos

sanitários no território e a necessidade de preservação da identidade quilombola, presente nos conhecimentos tradicionais de promoção de saúde herdados dos mais velhos e identificados nos saberes das/os parteiras/os e benzedeiras/os.A participação voluntária e significativa das crianças de Conceição das Crioulas nas atividades iniciais do projeto mostrou que as elas já detêm uma parte significativa deste conhecimento pela vivência prática, uma vez que são as crianças os principais destinatários dos cuidados tradicionais em promoção da saúde através da utilização das ervas e das rezas.

A partir desta constatação, desenvolvemos uma metodologia que visa contribuir para a potencialização

deste conhecimento, buscando tanto a sua preservação para as futuras gerações

quanto o desenvolvimento deste saber, à medida que ele passe a constituir um

elemento valorizado pelas crianças – atuais depositárias do futuro

do conhecimento tradicional da comunidade. Conscientes que o conhecimento tradicional tem suas raízes no saber trazido pelos ancestrais africanos e repassado de geração em geração, a metodologia desenvolvida encontra sua referência nos Valores Civilizatórios Afro Brasileiros:

Metodologia Circularidade – utilização da roda como elemento agregador, presente nas dinâmicas e brincadeiras;

Religiosidade – explicitada no respeito à vida (não relacionado às religiões);

Corporeidade – respeito e diálogo com o corpo, através do movimento;

Musicalidade – utilização da música como recurso ampliador e condutor da sensibilidade;

Cooperativismo/comunitarismo – elemento valorizado nas brincadeiras e nos trabalhos;

Ancestralidade – trazendo o conhecimento tradicional, aprendido dos mais velhos, como centralidade do trabalho desenvolvido;

Memória – buscando avivar a africanidade, como instrumento de fortalecimento individual e coletivo contra o racismo;

Ludicidade – utilizando os jogos e brincadeiras como instrumentos de aprendizado;

Energia vital (Axé) – incentivando a vontade de viver e aprender;

Oralidade – utilizando a fala como principal forma de transmissão de conhecimentos, presente na contação de historias, nas músicas e na valorização do uso da palavra pelas crianças. valores civilizatórios afrobrasileiros

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O trabalho com as crianças se desenvolveu em três partes:

Auto-identificação e auto-referenciamento quanto à família e à comunidade

Família - Através de desenhos, pedimos às cri-anças que representassem a si mesmas e às suas famílias, que nos contassem sobre a comunidade de Conceição das Crioulas. Os desenhos mostram que as crianças identificam-se de forma positiva como membros de uma família extensa (que inclui tios, tias, avós, primos e primas). A unidade familiar e de objetivos aparece sob a form a das mãos dadas, homens, mulheres e crianças que caminham numa mesma direção. O amor entre as pessoas aparece simbolizado na forma do coração.

Percebe-se uma forte ligação com a natureza, com a terra, representado pelas nuvens, sol, plantas e paisagens como referencia ao ambiente que no en-torno de seu lar. Os desenhos demonstram uma forte relação entre vida e natureza. São desenhos alegres, coloridos, demonstrando o bem estar com a família e com o lugar em que vivem.

Comunidade - Os desenhos sobre a comunidade revelam uma percepção afinada com os eixos cen-trais de mobilização da luta quilombola, centrando-se na consciência do território como um pertencimento comum. A comunidade de Conceição das Crioulas é representada pelas crianças a partir de componentes característicos da região como: paisagem com a na-tureza presente; estradas que ligam um canto a outro da comunidade; numerosas habitações próximas umas das outras e a valorização da cultura local.

Percebe-se o componente histórico presente nestas produções, demonstrando que o passado está vivo e presente em suas vidas. Como também está presente o sonho da comunidade no futuro.

FamíliaPesquisa e classificação (taxonomia) de plan-tas medicinais utilizadas na comunidade

valorizando o conhecimento das crianças sobre as plantas e seu uso.

Os desenhos e a taxonomia das plantas utilizadas para curar e para benzer demonstram um vasto conhecimento das crianças de ambos os sexos, independente da idade, sobre sintomas, manipulação e uso. Apresentam um grande número de plantas disponíveis na região, muitas delas podendo ser uti-lizada para tratar vários sintomas. Tal conhecimento revela a presença do uso das plantas tradicionais na cultura familiar.

Incentivo à brincadeira

visando desenvolver espaços de diálogos entre as famílias e lideranças da comunidade com suas crianças, com a utilização de meios tradicionalmente empregados na comunidade (contação de estórias, passeios, brincadeiras) para repassar valores aos mais novos.

O produto deste trabalho será apresentado a seguir, nos desenhos e material produzido pelas crianças.

“A criança precisa de amor e compreensão para o pleno e harmonioso desenvolvimento da sua personalidade. Na medida do possível, deverá crescer com os cuidados e sob a responsabilidade dos seus pais e, em qualquer caso, num ambiente de afecto e segurança moral e material; salvo em circunstâncias excepcionais, a criança de tenra idade não deve ser separada da sua mãe. A sociedade e as autoridades públicas têm o dever de cuidar especialmente das crianças sem família e das que careçam de meios de subsistência. Para a manutenção dos filhos de famílias numerosas é conveniente a atribuição de subsídios estatais ou outra assistência”. (Declaração dos Direitos das Crianças - Princípio 6º, Assembléia das Nações Unidas, 20 de novembro de 1959)

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Michel, 3 anos

Patrícia, 8 anos Thais, 12 anos Micheli, 12 anos

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“Nos Estados em que existam minorias étnicas, religiosas ou linguísticas ou pessoas de origem indígena, nenhuma criança indígena ou que pertença a uma dessas minorias poderá ser privada do direito de,conjuntamente com membros do seu grupo, ter a sua própria vida cultural, professar e praticar a sua própria religião ou utilizar a sua própria língua.”.

(Convenção pelos Direitos das Crianças – Art. 30, Assembléia Geral das Nações Unidas, em 20 de novembro de 1989 - ratificada pelo Brasil em 20 de setembro e 1990.)

Comunidade

Girlene, 9 anos

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Mapa da Comunidade

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Sítio PaulaValores naturais

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Promoção da saúde

Uso das plantas

tradicionais

Visão de futuro: preservação do açude, transporte escolar digno, escola digna.

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AlecrimRosmarinus officinalis

É um arbusto comum na região do Mediterrâneo ocorrendo dos 0 a 1500 m de altitude, preferencialmente em solos de origem calcária. Devido ao seu aroma característico, os romanos designavam-no como rosmarinus, que em latim significa orvalho do mar.

Como qualquer outro nome vernáculo, o nome alecrim é por vezes usado para referir outras espécies, nomeadamente o rosmaninho, que possui exactamente o étimo rosmarinus. No entanto estas espécies de plantas, alecrim e rosmaninho, pertencem a dois géneros distintos, Rosmarinus e Lavandula, respectivamente, e as suas morfologias denotam diferenças entre as duas espécies, em particular, a forma, coloração e inserção da flor.

É correta a indicação de uso para problemas do aparelho respiratório. O alecrim, além de pertencer ao grupo das aromáticas, tendo seus óleos essenciais aplicação como fluidificantes de secreções, é uma planta com propriedades tônicas, promovendo uma melhor circulação das energias, trazendo melhoras no estado geral do indivíduo.

Serve para tosse (Micheli Vivia)

O que as crianças dizem

Parecer TécnicoParecer Técnico

É um excelente vermicida, porém não deve ser usado por gestantes por ser abortivo. A planta tem tox-icidade elevada, contra indicando seu uso em crianças menores de dois anos. Em crianças maiores e adultos, não deve ser tomado por mais de sete dias, e só deve se repetir depois de três a quatro semanas.

Serve para verme (Cíntia)

O que as crianças dizem

Mastruz é o nome genérico, popular, dado a um conjunto de plantas diversas. O seu nome provém do latim nasturtium (das palavras nasus, nariz e torquere, torcer - fazendo referência ao cheiro desagradável que exalam, fazendo “torcer o nariz”).

Mastruz

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Parecer Técnico

Schinus terebinthifolia Raddi Aroeira

Serve para dor de barriga (Josilene)

O que as crianças dizem

O uso dos frutos, como digestivo, é uma bela constatação do que o povo, na sua simplicidade, percebe na natureza à sua volta. Os frutos da aroeira são o que os gourmets denominam “pimenta rosa”. Como tantas outras substâncias utilizadas como tempero, esta é um digestivo excelente.

O seu uso em casos de inflamação e infecção é referendado por seu uma planta riquíssima em taninos – substância largamente pesquisada em todo o mundo por suas propriedades antiinflamatórias, hemostáticas e cicatrizantes.

Muitas espécies no Brasil são conhecidas como Aroeira. A Schinus terebinthifolia Raddi é nativa de várias formações vegetais do nordeste, centro-oeste, sudeste e sul do Brasil. É conhecida com os seguintes nomes populares: Aroeira brasileira, Aroeira vermelha, Aroeira mansa, Cabuy, Cambuy, Fruto-de-sabiá, Aguaraíba, Aroeira da praia, Aroeira do brejo, Aroeira-pimenteira, Bálsamo , Corneíba, Aroeira do Paraná, Aroeira do sertão.

Hortelã

Também conhecida como hortelã-das-hortas, hortelã-comum, hortelã-das-cozinhas, hortelã-dos-temperos ou simplesmente hortelã, é uma planta herbácea perene, da família Lamiaceae (Labiadas), atingindo 30-100 cm. Existem inúmeras variedades cultivadas.

É uma planta originária da Ásia, mas há muito cultivada em todo o mundo, devido às essências aromáticas presentes em toda a planta, principalmente nas folhas. Tolera bem muitas condições climatéricas, desde que não falte água.

Mentha spicata

serve para dor de ouvido (Micheli Vivia)

O que as crianças dizem

Parecer Técnico

Temos várias plantas de-nominadas hortelã. A chamada hortelã graúda tem, realmente, a propriedade de trazer alívio para dores de ouvido. Mas não deve ser introduzida no orifício auricular. Deve-se simplesmente “tapar” o ouvido com algodão molhado no sumo da planta.

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serve para dor de barriga/gripe (Júlia)

MacelaO que as crianças dizem

Parecer Técnico

A macela (Achyrocline satureioides) é uma erva da flora brasileira também conhecida por macela-do-campo, macelinha, macela de travesseiro, carrapichinho-de-agulha, camomila nacional etc. Popularmente, em algumas regiões, é incorretamente chamada de “marcela”.

É um arbusto perene que atinge cerca de um metro de altura. As flores são amarelas, com cerca de um centímetro de diâmetro, florescendo em pequenos cachos. As folhas são finas e de cor verde-claro, meio acinzentada, que se destaca do restante da vegetação do campo. No Nordeste elas florecem em setembro e geralmente são indicadoras de solos acidificados e degradados.

Achyrocline satureioidesAmburana cearensis (Allemao) A. C. Sm.

Parecer Técnico

Serve para lavar a cabeça quando se está gripado (Yara)

O que as crianças dizem

Imburana

Alivia cólicas menstruais e dor de cabeça porque além de ser vasodilatador tem efeito calmante. Com relação ao uso em casos de diarréia, desconheço, além de não encontrar nenhuma justificativa para esse uso.

Excelente medicamento, rico em cumarinas, substâncias com largo emprego em casos de gripe e tosse.Falta texto

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OliveiraOlea europaea

São árvores baixas de tronco retorcido nativas da parte oriental do Mar Mediterrâneo. De seus frutos, as azeitonas, os homens no final do período neolítico aprenderam a extrair o azeite. Este óleo era empregado como unguento, combustível ou na alimentação, e por todas estas utilidades, tornou-se uma árvore venerada por diversos povos.

A civilização minoana, que floresceu na Ilha de Creta até 1500 a.C., prosperou com o comércio do azeite de oliva, que eles primeiro aprenderam a cultivar. Já os gregos, que possivelmente herdaram as técnicas de cultivo da oliveira dos Minóicos, associavam a árvore à força e à vida. A oliveira é também citada na Bíblia em vários passagens, tanto a árvore como seus produtos

O que as crianças dizem

Parecer Técnico

As crianças referem o uso igual ao da mamona, prendendo-se as folhas na testa, para dor de cabeça. É uma boa maneira de aliviar a dor sem que seja necessário ingerir nada.

Também rica em taninos, o que valida sua indicação para inflamações de garganta, em gargarejos.

serve para garganta inflamada (Cíntia).

O que as crianças dizem

Punica granatum

Romã

A romã é o fruto da romãzeira (Punica granatum). O seu interior é subdividido por finas películas, que formam pequenas sementes possuidoras de uma polpa comestível.

Segundo pesquisadores russos, a romãzeira provém do centro do Oriente Próximo, que inclui o interior da Ásia Menor, a Transcaucásia, o Irã e as terras altas do Turcomenistão.

Parecer Técnico

Serve para dor de cabeça. Usa-se colocando a folha direto na cabeça prendendo com um pano. (Mª do Socorro de Nize Lira)

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MussambêCleome spinosaJacq

Parecer Técnico

Conhecido também como cleome, sete-marias, planta-aranha, mussambê-fedorento, beijo-fedorento o mussambê é uma planta da família da Cleomaceae. É um arbusto semi-herbáceo e muito florífero, de ramagem ereta, ramificada e espinhenta, que pode alcançar de 0,6 a 1,5 metros de altura. Suas folhas palmadas são compostas por cinco folíolos cada. Estes folíolos apresentam textura rugosa e membranácea, e exalam um cheiro forte característico. As delicadas inflorescências terminais, despontam na primavera e no verão. Elas apresentam formato globoso e são compostas por flores de coloração rósea, branca ou creme, com longos estames. Atualmente ocorrem variedades de diversas tonalidades de rosa, desde o rosa pink até o rosa bebê.

Não entendo de reza. Sei que é uma planta que se oferece a Iemanjá em rituais. Como fitoterápico conheço o uso em dores de ouvido. Amassa umas folhas e tapa o ouvido com elas. Faz uma aplicação antes de dormir durante tres dias.

A Aloe vera, conhecida popularmente no Brasil como babosa e em Portugal como aloés, é uma espécie de planta do género Aloe, nativa do norte de África. Encontram-se catalogadas mais de 200 espécies de Aloe. Deste universo, apenas 4 espécies são seguras para uso em seres humanos, dentre as quais destacam-se a Aloe arborensis e a Aloe barbadensis Miller, sendo esta última reconhecida como a espécie de maior concentração de nutrientes no gel da folha.

Aloe barbadensis é conhecido como Aloe vera (do latim vera, “verdadeira”) ou aloés, tem um aspecto de um cacto de cor verde, mas este pertence à família dos lírios. Esta planta por dentro tem um líquido viscoso e macio.

Parecer Técnico

O uso para hemorragia deve-se à alta concentração de taninos da planta. Mas só deve ser utilizada em casos de hemorragia externas, em casos provocados por ferimentos. O uso interno deve ser evitado, já que a dose tóxica é muito próxima da dose terapêutica, além de ser um laxante drástico.

Aloe vera

BabosaO que as crianças dizem

O que as crianças dizem

O que as crianças dizem

serve para dor de ouvido (Adne Adalmir).

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O que as crianças dizem O que as crianças dizem

serve para ajudar a nascer os dentes das crianças (Cíntia).

PapaconhaCephaelis ipecacuanha

Parecer Técnico

Prefiro a denominação Pepa-conha por ser mais conhecida. É usada, sabiamente, para facilitar a primeira dentição.

MalvaMalva Silvestris

Parecer Técnico

usa-se para febre. Também é refrescante, trazendo alívio.

serve para febre. Usa-se o lambedor (Micheli Vivia)

Malva L. é um género botânico, bem como o nome vulgar de diversas espécies de plantas herbáceas da família Malvaceae. O género distribui-se geograficamente pelas regiões tropicais, subtropicais e temperadas de África, Ásia e Europa. As suas folhas são alternadas, lobadas e palmadas. As flores medem de meio a 5 cm, com cinco pétalas rosa ou brancas.

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Cinthia - 8 anos

serve para gastura (Cíntia).

Mameleiro

O Juazeiro (Ziziphus joazeiro Mart.; Rhamnaceae), também conhecido por joá, larajeira-de-vaqueiro, juá-fruta, juá e juá-espinho, é uma árvore típica do Nordeste brasileiro.

Seus frutos, do tamanho de uma cereja, são comestíveis e utilizados para fazer geléias, além de possuírem uma casca rica em saponina (usada para fazer sabão e produtos de limpeza para os dentes). São também utilizados na alimentação do gado na época seca.

JuáZiziphus joazeiro Mart. Falta Nome

serve para ferida na cabeça. Usa-se a raspa em um pano (Cíntia).

Parecer Técnico

O que as crianças dizem

A referência do uso “para ferida na cabeça” é correta, o juá serve para caspa e sebor-réia. É antiinflamatório e, por ser rico em saponinas, serve bem para higiene do couro cabeludo e, sob a forma de pó, pode também ser utilizado para escovação dos dentes.

O que as crianças dizem

Parecer Técnico

Planta muito comum no inte-rior do nosso estado, tem seu uso para alívio em casos de azias com bons resultados.

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Parecer Técnico

Ricinus communis L.

Mamona

Mamona é a semente da mamoneira (Ricinus communis L.), uma euforbiácea. Recebe outras designações, conforme a região: no Nordeste brasileiro, carrapateira; em algumas regiões da África, é abelmeluco; na língua inglesa, como castor bean. O seu principal produto derivado é o óleo de mamona, também chamado óleo de rícino. Embora seja usado na medicina popular como purgativo este óleo possui largo emprego na industria química devido a uma característica peculiar: possui uma hidroxila (OH) ligada na cadeia de carbono. Não existe outro óleo vegetal produzido comercialmente com esta propriedade. Isto lhe confere uma alta viscosidade e solubilidade em álcool a baixa temperatura. Pode também ser utilizado como matéria prima para o biodiesel.

Usam-se, com sucesso, as fol-has presas na testa para aliviar dores de cabeça. É refrescante.

Parecer Técnico

serve para ferida de boca. Usa-se machucando a folha e pingando o sumo direto na ferida (Josivânia)

O que as crianças dizem

Foi citado para ferimentos na boca. Desconheço esse uso, e acho bem perigoso, porque é muito cáustico e tóxico.

Pinhão RoxoJatropha gossypiifolia L.

O que as crianças dizem

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Cidreira – serve para abrir o apetite. Usa-se o chá (Daniel de Oliveira)

Oliveira – serve para dor de cabeça. Usa-se colocando a folha direto na cabeça prendendo com um pano. (Mª do Socorro de Nize Lira)

Macela – serve para dor de barriga/gripe (Júlia)

Hortelã – serve para dor de ouvido (Micheli Vivia)

Alecrim – serve para tosse (Micheli Vivia)

Frutos da Aroeira – serve para dor de barriga (Josilene)

Pimenta – serve para cabeça de prego, ajudando a sair o carnegão. Usa-se a folha colocando direto na ferida (Girlene).

Malva Santa – serve para febre. Usa-se o lambedor (Micheli Vivia)

Imburana de Cheiro – serve para lavar a cabeça quando se está gripado (Yara)

Pinhão Roxo – serve para ferida de boca. Usa-se machucando a folha e pingando o sumo direto na ferida (Josivânia)

Melãozinho – serve para curar ferida. Usa-se molhando a folha e colocando direto na ferida (Maycon).

Mussambê – serve para dor de ouvido (Adne Adalmir).

Mastruz – serve para verme (Cíntia).

Casca de Romã – serve para garganta inflamada (Cíntia).

Mameleiro maduro – serve para gastura (Cíntia).

Papaconha – serve para ajudar a nascer os dentes das crianças (Cíntia).

Juá – serve para ferida na cabeça. Usa-se a raspa em um pano (Cíntia).

Mamoeiro – serve para dor de barriga (Yara).

Mastruz – serve para verme (Cíntia).

Plantas usadas para cura de doenças também através da reza:

Mussambê – serve para dor de ouvido (Kaline Myria de Souza)

Pião Roxo – serve para ferida de boca (Daniela)

Obs. Algumas crianças possuem o conhecimento de como preparar a erva para a cura do problema de saúde a que se destina.

Conhecimento das crianças sobre o uso de plantas medicinais ...e para quem quiser recomeçar esta história

com outra comunidade quilombola, saiba que aprendemos um tanto com as crianças de Conceição das Crioulas.

Em primeiro lugar, aprendemos que as crianças, como principal sujeito do projeto Promovendo Direitos das Crianças Quilombolas e suas Famílias têm muito, mas muito mesmo, a dizer sobre como cuidar da saúde. Se, por uma necessidade ou uma hipótese (dessas bem hipotéticas) todos os adultos precisassem se ausentar de Conceição das Crioulas, as crianças saberiam perfeitamente como se curar das doenças comuns de sua idade: dor de dente, dor de barriga, resfriado, dor de cabeça, febre. Também saberiam cuidar do dentinho nascendo nas crianças menores. Algumas dessas crianças aprenderam a rezar com os mais velhos: a avó, o avô, a mãe, o pai.

As crianças de Conceição das Crioulas não têm dificuldade em se identificarem como quilombolas. Isto porque sua identidade maior é como membro de suas famílias: uma família extensa, que inclui, além de pai, mãe, irmãos e irmãs, também tios, tias,

avôs, avós, primos, primas – às vezes sob o mesmo teto. E às vezes na casa vizinha, ou a algumas casas de distância. Não importa: elas têm o sentimento que toda a comunidade pertence à mesma família. E da mesma forma que outras mães e outros pais se responsabilizam por elas, elas também se responsabilizam, cuidam, se importam com as outras crianças da mesma idade, mais velhas, mais novas. Seus desenhos sobre a família mostram a felicidade e a segurança que esta família extendida proporciona.

Também aprendemos com as crianças a importância da terra comum a esta grande família. É na terra que estão as esperanças da comunidade, e as crianças já sabem expressar este valor em sua vivência. Afinal, foi por insistência delas que fomos conhecer os valores naturais da comunidade: o açude, a Pedra Preta, a Pedra da Mão. As crianças nos levaram para colher mussambê, uma das tantas plantas que curam. Elas também nos mostraram onde encontrar o pinhão roxo, o alecrim, a hortelã, a oliveira. Foram elas que nos mostraram, com o seu domínio sobre este conhecimento, que

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PARECER TÉCNICO DE FITOTERAPIA

O observatório Negro enviou um material para parecer técnico de Fitoterapia, contendo desenhos e lista de plantas, folhas e frutos utilizadas para curar diversos tipos de doenças, descritas por crianças e adultos da comunidade de Conceição das Crioulas – Salgueiro /PE.

Abaixo analiso todo material enviado.

Alecrim - É correta a indicação de uso para problemas do aparelho respiratório. O alecrim, além de pertencer ao grupo das aromáticas, tendo seus óleos essenciais aplicação como fluidificantes de secreções, é uma planta com propriedades tônicas, promovendo uma melhor circulação das energias, trazendo melhoras no estado geral do indivíduo.

Alfazema - Para dor de cabeça, é interessante, porque é uma planta refrescante, além de aromática.

Ameixa - O uso para garganta inflamada é interessante, se houver presença de tosse, já que o chá e o lambedor de ameixa são calmantes da tosse. Mas a maior indicação da ameixa é em casos de constipação intestinal. Talvez por isso, tenha sido citada para casos de inflamação, já que a constipação deixa o organismo presa de elementos tóxicos, o que contribui para o agravamento do problema.

Aroeira - O uso dos frutos, como digestivo, é uma bela constatação do que o povo, na sua simplicidade, percebe na natureza à sua volta. Os frutos da aroeira são o que os gourmets denominam “pimenta rosa”. Como tantas outras substâncias utilizadas como tempero, esta é um digestivo excelente. O seu uso em casos de inflamação e infecção é referendado por seu uma planta riquíssima em taninos – substância largamente pesquisada em todo o mundo por suas propriedades antiinflamatórias, hemostáticas e cicatrizantes.

Babosa – O uso para hemorragia deve-se à alta concentração de taninos da planta. Mas só deve ser utilizada em casos de hemorragia externas, em casos provocados por ferimentos. O uso interno deve ser evitado, já que a dose tóxica é muito próxima da dose terapêutica, além de ser um laxante drástico.

Banha de tiú – Essa é a maneira que o grupo em estudo se refere ao tejú, lagarto encontrado naquela região. Este é um animal que é consumido como alimento. Acontece que, por estar ameaçado de extinção, seu uso não deve ser estimulado.

Berinjela – Os entrevistados referem o seu uso em casos de “disenteria”. Desconheço essa indicação. Como esse fruto é adstringente (trava na língua), pode ser que promova uma melhora.

Beterraba – Esse é um alimento rico em ferro, desde que seja preservada a casca. Nesse caso, vai contribuir para melhora.

Cajueiro – Assim como a aroeira, é rico em taninos. Portanto, também tem sua indicação referendada.

Cansação – É uma planta que promove uma “limpeza” no organismo, por ser depurativo. Como na fase da primeira dentição a criança se encontra com as defesas baixas, esse tipo de planta faz com que ela atravesse esse momento mais facilmente.

Catingueira - A catingueira faz parte de uma família botânica que tem outras plantas que são utilizadas para problemas intestinais. Por isso, acredito que proceda a informação.

Endro – O uso da planta em casos de febre está correto.

Eucalipto – O chá dessa planta não deve ser utilizado em preparações para uso interno. Em casos de febre em crianças, deve-se fazer um chá e usar em banho de imersão com temperatura tépida.. Em adultos, o vapor é interessante.

Feijão – Pode ser adicionado à dieta, não apenas na forma de caldo, conforme foi citado. Por ser rico em ferro, vai auxiliar na reversão de quadros de anemia.

Gergelim - O gergelim é contra indicado, já que é rico em cálcio, elemento que compete com o ferro, comprometendo a absorção.

Hortelã - Temos várias plantas denominadas hortelã. A chamada hortelã graúda tem, realmente, a propriedade de trazer alívio para dores de ouvido. Mas não deve ser introduzida no orifício auricular. Deve-se simplesmente “tapar” o ouvido com algodão molhado no sumo da planta.

Imbira – Desde que não seja ingerida, no uso em hemorragias na pele, está bem.

Imburana – Excelente medicamento, rico em cumarinas, substâncias com largo emprego em casos de gripe e tosse.

Jatobá – Pode ser utilizado em casos de anemia, porque é estimulante do apetite. Como associado à anemia é comum a inapetência, funciona como coadjuvante.

Juá – A referência do uso “para ferida na cabeça” é correta, o juá serve para caspa e seborréia. É antiinflamatório e, por ser rico em saponinas, serve bem para higiene do couro cabeludo e, sob a forma de pó, pode também ser utilizado para escovação dos dentes.

Macela – Alivia cólicas menstruais e dor de cabeça porque além de ser vasodilatador tem efeito calmante. Com relação ao uso em casos de diarréia, desconheço, além de não encontrar nenhuma justificativa para esse uso.

Malva – usa-se para febre. Também é refrescante, trazendo alívio.

Mamona - Usam-se, com sucesso, as folhas presas na testa para aliviar dores de cabeça. É refrescante.

Mameleiro - Planta muito comum no interior do nosso estado, tem seu uso para alívio em casos de azias com bons resultados.

Mastruz – É um excelente vermicida, porém não deve ser usado por gestantes por ser abortivo. A planta tem toxicidade elevada, contra indicando seu uso em crianças menores de dois anos. Em crianças maiores e adultos, não deve ser tomado por mais de sete dias, e só deve se repetir depois de três a quatro semanas.

Melancia – O uso do chá feito com as sementes de melancia é um recurso interessante.

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Mussambê - Não entendo de reza. Sei que é uma planta que se oferece a Iemanjá em rituais. Como fitoterápico conheço o uso em dores de ouvido. Amassa umas folhas e tapa o ouvido com elas. Faz uma aplicação antes de dormir durante tres dias.

Noz Moscada - O chá de noz moscada não é aconselhavel, porque contém uma toxicidade, só devendo ser usada em pequenas quantidades, como em preparações culinárias.

Oliveira – As crianças referem o uso igual ao da mamona, prendendo-se as folhas na testa, para dor de cabeça. É uma boa maneira de aliviar a dor sem que seja necessário ingerir nada.

Papaconha – Prefiro a denominação Pepaconha por ser mais conhecida. É usada, sabiamente, para facilitar a primeira dentição.

Pinhão Roxo – Foi citado para ferimentos na boca. Desconheço esse uso, e acho bem perigoso, porque é muito cáustico e tóxico.

Quipá – Não conheço essa planta, não podendo opinar quanto ao seu uso.

Quixabeira –O seu uso é bastante interessante no caso de inflamação de garganta, pelo seu alto teor de taninos.

Romã – Também rica em taninos, o que valida sua indicação para inflamações de garganta, em gargarejos.

Urtiga – Geralmente, quando a criança está nessa fase, apresenta uma série de problemas relacionados a deficiência imunológica. No entender das terapias naturais, de uma maneira geral, a saída dos dentes exige um esforço grande do organismo, requer muita “força”. Na interpretação popular, a criança está “reimosa”, ou com o sangue “reimoso”. Na indicação da pessoa entrevistada, consta esta planta, um fitoterápico que proporciona aumento da função renal, “limpando” o organismo.

Recife, 14 de Novembro de 2009.

MARIA INÊS MOREIRA DE MELO Farmacêutica industrial, fitoterapeuta e homeopata. CRF - 0791

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