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PRÉ-VESTIBULAR LIVRO DO PROFESSOR LITERATURA Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br

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PRÉ-VESTIBULARLIVRO DO PROFESSOR

LITERATURA

Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br

© 2006-2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

Produção Projeto e Desenvolvimento Pedagógico

Disciplinas Autores

Língua Portuguesa Francis Madeira da S. Sales Márcio F. Santiago Calixto Rita de Fátima BezerraLiteratura Fábio D’Ávila Danton Pedro dos SantosMatemática Feres Fares Haroldo Costa Silva Filho Jayme Andrade Neto Renato Caldas Madeira Rodrigo Piracicaba CostaFísica Cleber Ribeiro Marco Antonio Noronha Vitor M. SaquetteQuímica Edson Costa P. da Cruz Fernanda BarbosaBiologia Fernando Pimentel Hélio Apostolo Rogério FernandesHistória Jefferson dos Santos da Silva Marcelo Piccinini Rafael F. de Menezes Rogério de Sousa Gonçalves Vanessa SilvaGeografia DuarteA.R.Vieira Enilson F. Venâncio Felipe Silveira de Souza Fernando Mousquer

I229 IESDE Brasil S.A. / Pré-vestibular / IESDE Brasil S.A. — Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2008. [Livro do Professor]

360 p.

ISBN: 978-85-387-0573-4

1. Pré-vestibular. 2. Educação. 3. Estudo e Ensino. I. Título.

CDD 370.71

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A arte como um todo: necessidade e manifestação

Arte: conceitoSegundo o dicionário Aurélio, arte é “a capa-

cidade ou atividade humana de criar plástica ou musical, é habilidade, é engenho, é ofício”. O artista, por sinal, é aquele “que revela sentimento artístico”. Nesse sentido, Leonardo da Vinci foi, realmente, um grande artista. O mestre renascentista é um verda-deiro ícone em matéria de arte. Há, no entanto, que se fazer uma ressalva à teoria de outros grandes mestres que se esquecem de outros tantos artistas. Vejamos um exemplo da literatura e pensemos um pouco sobre o assunto:

Leonardo da Vinci.

Dom

ínio

púb

lico.

Mas agora eu vou falar

Nas bravuras de Quirino

Este Quirino beiçola

Foi natural da Bahia

Das terras de chorrochó

O berço da valentia

Lugar que é proibido

O homem ter covardia

Altura: um metro e noventa

De quilos: cento e dezoito

Andava sempre risonho

Não mostrava ser afoito

Nunca largou um punhal

Um facão, um trinta e oito

Vivia do seu trabalho

Plantava e criava bode

Em cada festa do ano

Ia dançar um pagode

Dizia: - Em casa estou bem

Só vai em festa que pode”.

(CONCEIÇÃO, Antônio Ribeiro da. o “Bule-Bule”.)

O tremendo duelo de Quirino Beiçola com Tomaz Tribuzana

“Valentões eu conheci

Vilela, Antônio Silvino

Lampião, Rei do Cangaço

Zé Garcia e Jesuíno

Será que, ao observarmos este texto, podemos dizer que estamos falando de arte? Como provar isso, então? Como chegar a esta conclusão? A respeito dessa dúvida, por exemplo, o escritor Jean Cocteau afirmou certa vez: “A poesia é indispensável. Se eu ao menos soubesse para quê...” (FISCHER, Ernst. A Necessidade da Arte. 8. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. p. 11). “Se eu ao menos soubesse para quê...”. Esse questionamento ecoa no pensamento daqueles que buscam a conceituação de Arte.

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Arte: manifestaçõesAssim dizia Bertold Brecht, um dos grandes

pensadores da arte literária do século XX, a respeito do teatro:

“Nosso teatro precisa estimular a avidez da inteligência e instruir o povo no prazer de mudar a realidade. Nossas plateias precisam não apenas saber que Prometeu foi libertado, mas também precisam fa-miliarizar-se com o prazer de libertá-lo. Nosso público precisa aprender a sentir no teatro toda a satisfação e a alegria experimentadas pelo inventor e pelo desco-bridor, todo o triunfo vivido pelo libertador”.

(BRECHT, apud FISCHER, 1981, p. 14.)

Dig

ital

Jui

ce.

Fazer rir, fazer chorar. Como a vida. O teatro pul-sa, o palco tem batimentos cardíacos próprios, pelos corredores e fileiras de cadeiras, sangue e lágrimas correm. É a realidade que está ali. É a provocação de catarses em seu mais alto grau – isso é arte. Quando se consegue chegar a esse estágio – o de provocar uma reação em quem está assistindo – aí sim se chegou aonde se queria. Como nos diz o professor Pedro Manuel:

“A unidade de arte reside no fato de que, não im-porta se com palavras, sons melódicos, cores ou massa, o artista cria imagens que exprimem seu sentimento profundo do mundo.(...) Certo número de atividades humanas – como a poesia, a pintura, a arquitetura, o teatro, a música, a escultura – cria imagens que expri-mem um modo de sentir, o qual, por sua vez, se traduz numa forma correspondente (a obra de arte)”.

(Arte no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979. 2 v.)

Como podemos ver, a arte se manifesta de mui-tas formas e, naturalmente, todas elas têm a função de retratar (ou mimetizar) a realidade, a Vida.

As diferenças existentes entre as várias mani-festações dizem respeito, na verdade, às ferramentas utilizadas pelos artistas para apresentar suas obras. A linguagem (literatura), as tintas e os pincéis (pintu-ra), o cinzel e o mármore (escultura), o texto e o palco

(teatro), a câmera (cinema e fotografia), são alguns dos instrumentos utilizados na construção do objeto artístico, que visa provocar uma reação no leitor.

Arte: necessidadePara que serve a arte? Que tal afirmarmos que,

dentre outras funções, ela serve para nos fazer pensar e refletir sobre a nossa realidade? Nesse momento, você deve estar pensando: “eu não consigo pensar nada quando vejo aqueles quadros abstratos das salas de exposição”. Pois, se você pensa assim, está a caminho de se tornar um perfeito crítico de arte.

Se a arte contemporânea se mostra, às vezes, tão abstrata, o que você acha que ela quer dizer com isso? Das duas uma: ou estamos nos transformando em pessoas essencialmente subjetivas, ou estamos nos tornando pessoas que não têm muito o que dizer. Não importa muito chegarmos a uma conclusão, pelo menos não agora. Precisamos, porém, entender uma coisa essencial: a arte faz parte da vida de todos nós, artistas ou não. Como afirma o poeta Ferreira Gullar:

Traduzir-se

Uma parte de mim Uma parte de mim

É todo mundo: almoça e janta:

Outra parte é ninguém: outra parte

Fundo sem fundo. Se espanta.

Uma parte de mim Uma parte de mim

É multidão: é permanente:

Outra parte estranheza outra parte

E solidão. Se sabe de repente.

Uma parte de mim Uma parte de mim

Pesa, pondera: é só vertigem:

Outra parte outra parte,

Delira. Linguagem.

Traduzir uma parte

Na outra parte

– que é uma questão

de vida ou morte –

será arte?

(GULLAR, Ferreira. Os Melhores Poemas de Ferreira Gullar.

2. ed. São Paulo: Global, 1985.)

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Dentro do processo de criação da arte literária, a palavra ocupa, assim, um papel de destaque. Os escritores necessitam dela para poder compor sua obra. E o processo que se dá é muito semelhante ao garimpo, com suas mãos e mentes ávidas por des-cobrir o mais puro dos diamantes – a palavra exata para se encaixar no espaço exato de um texto, como no poema de Carlos Drummond de Andrade:

resta a alegria de estar só, e mudo.

De que se formam nossos poemas? Onde?

Que sonho envenenado lhes responde,

se o poeta é ressentido, e o mais são nuvens?

(In: ANDRADE, Carlos Drummond de. Antologia Poética,

São Paulo: Abril Cultural, 1982.)“No princípio era o verbo”.

(João, 1:1)

“Uma palavra posta fora do lugar

estraga o pensamento mais bonito”.

(Voltaire, filósofo francês, séc. XVIII)

“Quando as palavras não podem ser

mais dignas que o silêncio, é melhor

a gente calar-se. E esperar.”

(Eduardo Galeano, escritor uruguaio)

“Palavra puxa palavra, uma ideia traz

outra, e assim se faz um livro, um

governo, ou uma revolução; alguns dizem

mesmo que assim é que a natureza

compôs as suas espécies”.

(Machado de Assis)

Conclusão

Os impactos de amor não são poesia

(tentaram ser: aspiração noturna).

A memória infantil e o outono pobre

vazam no verso de nossa urna diurna.

Que é poesia, o belo? Não é poesia,

e o que não é poesia não tem fala.

Nem o mistério em si nem velhos nomes

poesia são: coxa, fúria, cabala.

Então desanimamos. Adeus, tudo!

A mala pronta, o corpo desprendido,

Carlos Drummond de Andrade.

Dom

ínio

púb

lico.

A arte literáriaVocê já parou para pensar na palavra “palavra”?

Já se imaginou desconstruindo o signo linguístico tradicional e buscando um sentido diferente para um termo não usual?

“Palavras, palavras, palavras.”

“Um artista só pode exprimir a

experiência daquilo que seu tempo e

suas condições sociais têm para oferecer.

(...)

A experiência do artista precisa apreender

as novas relações sociais de

maneira a fazer que outros também

venham a tomar consciência delas.

(...)

Mesmo o mais subjetivo dos artistas

trabalha em favor da sociedade. Pelo

simples fato de descrever sentimentos,

relações e condições que não haviam

sido descritos anteriormente, ele

comaliza-os do seu ‘Eu’ aparentemente

isolado para um ‘Nós’; e este ‘Nós’

pode ser reconhecido até na subjetividade

transbordante da personalidade de um artista.

(...)

A arte pode levar o homem de

um estado de fragmentação a um

estado de ser íntegro, total. A arte

capacita o homem para compreender

a realidade e o ajuda não só a

suportá-la como transformá-la,

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aumentando-lhe a determinação de

torná-la mais humana e mais

hospitaleira para a humanidade”.

(FISCHER, 1981, p. 56-57)

Se compararmos as duas utilizações da palavra “oceano”, veremos que, no primeiro texto, temos a palavra dicionarizada, em seu contexto referencial. No segundo caso, o vocábulo aparece destituído de seu sentido tradicional, mas com uma relação que tangencia a realidade. Pois apresenta uma recriação de sentido por parte do autor, que faz uso artístico da palavra, ao contrário do verbete de dicionário, em que a linguagem tem uma função prática. No verbete a linguagem é um meio, na letra da canção ela é o fim.

Denotação e conotação

DenotaçãoDenotação é a significação objetiva da palavra; é

a palavra em “estado de dicionário”. Cabe aos textos denotativos o papel de fornecer o sentido literal das palavras, de acordo com o que se vê.

Nos dicionários, é importante salientar que, nesse caso, a carga semântica não é conduzida pelo contexto, mas por convenções prévias, de conheci-mentos já apresentados anteriormente.

ConotaçãoConotação diz respeito a toda uma compreensão

contextualizada, inusitada e original. Quanto mais subjetiva for a obra, tanto mais conotativa será.

Exemplo: `

Observe o texto abaixo, publicado no jornal O Globo, no dia 19 de setembro de 2004:

Governo e prefeitura gastam mais com propaganda

Em ano de eleições municipais, a governadora do •estado, Rosinha Matheus (PMDB), e o prefeito do Rio, César Maia (PFL), candidato à reeleição, reservaram mais verbas para fazer propaganda de suas administrações. Na comparação com 2003, a média mensal de gastos do governo com publicida-de subiu 99,8%, e da prefeitura 20,26%. Este ano, o estado já gastou mais em publicidade que em saúde.

Podemos dizer que esse texto é um caso típico de denotação. Como ficaria um texto conotativo a partir daquele acontecimento? Muito simples, bas-taria que o escritor contasse o mesmo caso com uma preocupação maior de criar uma mensagem talvez oculta nas entrelinhas, também chamada de men-sagem subliminar.

Segundo Fischer, tem de haver uma realidade que permeia a arte. É importante ter isso em mente porque não basta escrever um enunciado de palavras e querer que isso se torne arte. Algumas condições precisam ser seguidas. É preciso que a literaridade seja respeitada, ou seja, tem de haver, naquele enun-ciado, uma série de intenções voltadas para a própria mensagem, com uma linguagem que não se restringe ao óbvio como afirmou o poeta Ezra Pound:

“Literatura é linguagem carregada de significa-do. Grande literatura é simplesmente a linguagem car-regada de significado até o máximo grau possível”.

Texto literário e não-literárioAté agora, pudemos perceber que

a literatura é uma manifestação artística;a)

o material da literatura é a palavra explorada b) em todos os campos (sentido, som, grafia);

o escritor é ideológico, ele é uma voz da rea-c) lidade e da vida das pessoas.

Observando estas características, pode-se perceber, mais claramente, a diferença entre texto literário e não-literário.

Exemplos: `

oceano. s. m.1. A vasta extensão de águas salgadas 1) que cobre a maior parte da Terra; mar. 2. Cada uma das grandes porções em que se dividem essas águas: o Pacífico, o Atlântico, o Índico, o Glacial Ártico e o Glacial Antártico.

(Minidicionário Aurélio. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, p. 494)

Vem me fazer feliz2)

porque eu te amo

Você, deságua em mim,

E eu oceano

Esqueço de amar

É quase uma dor

(Djavan, Ao vivo, Vol. 1, 2000)

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Exemplo: `

Eleições 2004

Rosinha no governo?

Ou a César o que é de César?

Verbas?

Sim.

Saúde.

Não.

Então?

Marketing e divulgação.

Marco Antonio Pinheiro, escrito especialmente para esta publicação.

(Elite) Leia o poema abaixo, de autoria de Vinícius de 1. Moraes, e responda às questões que seguem:

Soneto de Devoção

Essa mulher que se arremessa, fria

E lúbrica aos meus braços, e nos seios

Me arrebata e me beija e balbucia

Versos, votos de amor e nomes feios

Essa mulher, flor de melancolia

Que se ri dos meus pálidos receios

A única entre todas a quem dei

Os carinhos que nunca a outra daria

Essa mulher que a cada amor proclama

A miséria e a grandeza de quem ama

E guarda a marca dos meus dentes nela

Essa mulher é um mundo! – uma cadela

Talvez... – mas na moldura de uma cama

Nunca mulher nenhuma foi tão bela!

A literatura (no caso, a poesia) é uma manifestação a) artística. Diante desse questionamento, e imbuído do conceito de que a arte retrata uma realidade, que tema é apresentado no “Soneto de Devoção” de Vinícius de Moraes?

O poeta apresenta dois movimentos de abordagem b) do tema. Que movimentos são esses e como ocorre o “corte” temático? Justifique com, pelo menos, três expressões do texto.

Qual é o objetivo real da apresentação da figura fe-c) minina segundo este molde?

Solução: `

O poema de Vinícius de Moraes retrata o amor do a) eu lírico pela mulher amada, num sentimento de devoção espiritual e carnal.

O poeta apresenta a mulher amada a partir de duas b) abordagens distintas: idealizada romanticamente e sexualizada, com dois movimentos claros. Para mostrar a natureza romântica da amada, ele apre-senta os vocábulos “flor” e “amor”. É, no entanto, na apresentação da natureza erotizada da mulher que a descrição atinge seu auge: “lúbrica”, “nomes feios”, “marca dos meus dentes”, “uma cadela”.

O eu lírico objetiva promover a desmistificação da c) mulher amada e aproximá-la de uma realidade mais nua e crua.

(Elite) 2. Não há vagas

Ferreira Gullar

Não há vagas

IESD

E B

rasi

l S.A

.

O preço do feijão

Não cabe no poema. O preço

Do arroz

Não cabe no poema.

Não cabe no poema o gás

Luz o telefone

A sonegação

Do leite

Da carne

Do açúcar

Do pão

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O funcionário público

Não cabe no poema

Com seu salário de fome

Sua vida fechada

Em arquivos.

Como não cabe no poema

O operário

Que esmerila seu dia de aço

E carvão

Nas oficinas escuras

– porque o poema, senhores,

está fechado:

“não há vagas”.

Só cabe no poema

O homem sem estômago

A mulher de nuvens

A fruta sem preço

O poema, senhores,

Não fede

Nem cheira.

Que realidade temática é apresentada pelo poema a) “Não há vagas”?

Com que sentido o eu lírico do poema expressa sua b) opinião sobre a poesia de alguns escritores?

Solução: `

O poema “Não há vagas” discute a própria realidade a) do fazer poético, ou seja, ele aborda a poesia e suas concepções, criticando os textos que se afastam do cotidiano das pessoas e não retratam a vida.

O eu lírico se apresenta crítico e irônico, manifes-b) tando-se claramente contra certos poetas que se distanciam da realidade do mundo.

(Elite) Leia os textos abaixo e responda à questão que 3. segue.

Texto I

Cidadão

Lúcio Barbosa

Tá vendo aquele edifício moço?

Ajudei a levantar

Foi um tempo de aflição

Era quatro condução

Duas pra ir

Duas pra voltar

Hoje depois dele pronto

Olho pra cima e fico tonto

Mas me vem um cidadão

E me diz desconfiado:

“Tu tá aí, admirado,

ou tá querendo roubar?”

meu domingo tá perdido

vou pra casa entristecido

dá vontade de beber

e pra aumentar o meu tédio

eu nem posso olhar pro prédio

que eu ajudei a fazer.

(In: Zé Ramalho. 20 Super Sucessos. Polydise.)

Texto II

Construção

Chico Buarque de Holanda

Amou daquela vez como se fosse a última

Beijou sua mulher como se fosse a última

E cada filho seu como se fosse o único

E atravessou a rua com seu passo tímido

Subiu a construção como se fosse máquina

Ergueu no patamar quatro paredes sólidas

Tijolo com tijolo num desenho mágico

Seus olhos embotados de cimento e lágrima

Sentou pra descansar como se fosse sábado

Comeu feijão com arroz como se fosse príncipe

Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago

Dançou e gargalhou como se ouvisse música

E tropeçou no céu como se fosse um bêbado

E flutuou no ar como se fosse um pássaro

E se acabou no chão feito um pacote flácido

Agonizou no meio do passeio público

Morreu na contramão atrapalhando o tráfego.

(In: Chico Buarque de Holanda. 50 anos – O político. Polygram.)

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Texto III

Eug

ênio

Pro

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den

te d

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abal

ho.

Texto IV

Invadido na Barra prédio inacabado há 30 anos.

Cerca de 380 famílias da própria Zona Oeste e da Baixada ocupam de madrugada torre projetada por Niemayer

Daniel Engelbercht, Júlia Dias Carneiro

e Luiz Ernesto Magalhães

“Prédio que começou a ser construído na década de 1970 permanece inacabado e é invadido por pessoas carentes”.

“A frase, que bem que poderia ser a sinopse do filme Redentor, em cartaz nos cinemas, retrata a situação vivida desde a madrugada de ontem numa das duas torres projetadas por Oscar Niemeyer no Bosque Marapendi, antigo Athaydeville, na Barra da Tijuca. Até hoje sem vidros nas janelas nem instalações hidráulicas ou elétricas, o prédio Abraham Lincoln, na Avenida das Américas 1.245, foi invadido por pelo menos 380 famílias da própria Zona Oeste e da Baixada, segundo os ocupantes.”

(O GLOBO, 19 set. 2004)

Questão:

Que relações podem ser observadas nos textos citados, se pensarmos no conceito de Arte e suas manifestações?

Solução: `

A grande questão que envolve os quatro textos é temá-tica. Existe uma realidade envolvida – a dos prédios em construção e da miséria que os cerca.

O fato real é apresentado pela reportagem do jornal O Globo. Os outros textos trabalham, de forma interdisci-plinar, o tema abordado, sempre conduzindo o leitor a um desfecho trágico, que parece ser o fio condutor dos textos – por meio da poesia ou da pintura, na verdade, discute-se a realidade da pobreza, do desemprego e dos subempregos no país.

(Elite) Leia o texto abaixo e responda às questões que 4. seguem:

Autopsicografia

Fernando Pessoa

O poeta é um fingidor.

Finge tão completamente

Que chega fingir, que é dor

A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,

Na dor lida sentem bem,

Não as duas que ele teve,

Mas só a que eles não tem.

E assim nas calhas de roda

Gira, a entreter a razão,

Esse comboio de corda

Que se chama coração.

O poeta constrói seu texto por meio de um jogo de palavras presente na primeira estrofe. Como se estrutura esse jogo?

Solução: `

O poeta trabalha coma as palavras “fingidor”, “finge”, “fingir” e “dor”, chegando mesmo a causar uma confusão entre “fingidor” e “finge-dor”.

(Elite) A partir das relações observadas entre os textos 5. abaixo, responda à questão que segue:

Texto I

Haiti

Caetano Veloso e Gilberto Gil

quando você for convidado pra subir no adro

da fundação Casa de Jorge Amado

pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos

dando porrada na nuca de malandros pretos

de ladrões mulatos e outros quase brancos

Tratados como pretos

(e são quase todos pretos)

e aos quase brancos pobres como pretos

como é que pretos pobres e mulatos

e quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados

e não se importa se olhos do mundo inteiro

possam estar por um momento voltados para o largo

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onde os escravos eram castigados

e hoje um batuque um batuque

com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária

em dia de parada

e a grandeza épica de um povo em formação

nos atrai, nos deslumbra e estimula

não importa nada: nem o traço do sobrado

nem a lente do Fantástico, nem o disco de Paul Simon

ninguém, ninguém é cidadão

se você for à festa do Pelô, e se você não for

pense no Haiti, reze pelo Haiti

o Haiti é aqui – não é aqui

(In: Elza Soares, Do Cóccix Até o Pescoço, Maianga Discos, 2002.)

Texto II

O Haiti não foi aqui

Marco Morel

Manipuladas pela elite escravista, as notícias

sobre os horrores da revolução haitiana, no

final do século XVIII, causaram pânico no Brasil.

Isso dificultou a compreensão sobre o que se

passou de fato naquele país do Caribe.

“O Haiti não era aqui, mas muitos achavam que podia ser. Foi há duzentos anos que aconteceu a independência da colônia francesa de São Domingos, nas Antilhas, cuja parte oeste passaria a se chamar Haiti. Tornou-se marcante na cena internacional o exemplo da única insurreição de escravos na história da humanidade considerada vitoriosa. Após uma década de sangrenta guerra civil, negros rebelados acabaram à força com o escravismo, a dominação colonial e proclamaram a independência de seu país. Corações e mentes mobilizavam-se em torno desse episódio incandescente, cuja notícia ultrapassou fronteiras e viajou pelos mares. Aqui, o impacto do movimento haitiano foi intenso, espalhando medo e esperanças”.

(In: Nossa História, ano 1, n. 11, p. 58. Publicação editada pela Biblio-

teca Nacional.)

Questão:

Ambos os textos remetem à mesma temática: o Haiti. Há, no entanto, diferenças significativas quanto à forma, à linguagem e à abordagem do tema. Aponte algumas destas diferenças e teça comentários que justifiquem a relação entre os textos.

Solução: `

O texto de Marco Morel aborda a revolução haitiana a partir de concepções históricas, ou seja, baseia-se em um fato real e o discute, apresentando, inclusive, um posicionamento que remete o leitor a uma consciência crítica acerca do ocorrido. A forma do texto é prosaica, sua linguagem é referencial e a discussão é objetiva, não depende de contextualizações.

Já o poema-canção de Gil e Caetano vai pelo caminho oposto. Apesar de abordar a mesma questão, o Haiti aparece apenas como mote para outras discussões: racismo, preconceito, luta de classes e cultura popular não no Haiti, mas na Bahia e no Brasil.

É um texto poético e, por conseguinte, artístico, justa-mente por se distanciar da discussão histórica e retratar a realidade a partir de uma preocupação com a mensagem que se transmite ao leitor. A forma é poemática (versos), sua linguagem é figurada, com ritmo e melodia, e a temática depende de todo um contexto.

A relação entre os textos é visível. Outros textos poderiam estar aqui presentes, desde que falassem dos negros e do preconceito com que são vistos pelas sociedades burguesas pós-Revolução Industrial.

Com base no texto, responda às questões de números 1 a 3.

“Desenhar para ele é uma coisa; pintar é outra. No desenho se afirma, na pintura se esconde. Pela linha fala com extraordinária precisão estilística, preciosismo, audácia, e vai, por vezes, até a elegância, mesmo mundana; pela cor, ele se retrai e silencia. (...) Dessa fase, entre 1939 e 1940, nos deu algumas telas que ainda hoje interessam pela essencialização dos valores plásticos, o desprezo dos detalhes anedóticos para só guardar os que definem o ambiente e, sobretudo, marcam a atmosfera, principal tema delas. (...) A esquematização das formas, sobretudo o ovoide das cabeças sem pormenores fisionômicos, lembra Modigliani. Realmente, o ar que se respira nessas telas é o ar da “escola de Paris.”

(PEDROSA, Mário. Dos Murais de Portinari aos Espaços de Brasí-

lia. São Paulo: Perspectiva, 1981. p. 143-144.)

(FGV) Segundo o texto, a obra de Dacosta é notável:1.

pela temática.a)

pelo desenho.b)

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pelo colorido.c)

pelo pormenor.d)

pela originalidade.e)

(FGV) Ainda segundo o texto, a aproximação possível 2. entre Dacosta e Modigliani firma-se:

na profusão de detalhes no retrato.a)

no caráter fisionômico do ovoide corporal.b)

na essencialização dos valores anedóticos.c)

na simplificação das formas humanas.d)

na pintura cubista de praias provincianas.e)

(FGV) Dê os significados dos termos ou expressões: 3. “preciosismo”, “pormenores fisionômicos” e “ar que se respira”.

Muito precioso, traços faciais, influência que se a) capta.

Insistência demasiada, minúcias físicas, luminosida-b) de ambiente.

Delicadeza, formato dos olhos, combustível intelectual.c)

Muito precioso, compleição corporal, filiação estética.d)

Delicadeza, traços faciais, influência que se capta.e)

Catar Feijão

João Cabral de Melo Neto

Catar feijão se limita com escrever;

joga-se os grãos na água do alguidar

e as palavras na da folha de papel;

e depois, joga-se fora o que boiar.

Certo, toda palavra boiará no papel,

água congelada, por chumbo seu verbo:

pois para catar esse feijão, soprar nele,

e jogar fora o leve e o oco, palha e eco.

Ora, nesse catar feijão entra um risco:

o de que entre os grãos pesados entre

um grão qualquer, pedra ou indigesto,

um grão imastigável, de quebrar dente.

Certo não, quando ao catar palavras:

a pedra dá a frase seu grão mais vivo:

obstrui a leitura flutuante, flutual,

açula a atenção, isca-a com o risco.

“Catar feijão se limita com escrever...”4.

João Cabral assegura que a técnica da composição é também um(a):

agir instintivo.a)

constante atitude de renovação.b)

colagem despreocupada.c)

processo de seleção.d)

questão de vontade.e)

As palavras-chumbo são:5.

os verbos.a)

as intraduzíveis.b)

as de sentido essencial.c)

os substantivos.d)

as de pouco uso.e)

As palavras-palha:6.

prejudicam a pureza artesanal da frase.a)

provocam a ambiguidade semântica.b)

embelezam o estilo do autor.c)

tornam enxuto o sentido da frase.d)

obstruem a leitura.e)

Palavras-eco são:7.

incoerentes.a)

incompreensíveis.b)

indigestas.c)

extravagantes.d)

redundantes.e)

Nas palavras-eco:8.

é menor, quase nula, a taxa de informação.a)

há mais qualidade e quantidade de informação.b)

há obscurecimento da informação.c)

é maior a taxa de informação.d)

há informação de conteúdo original.e)

O papel torna-se água congelada. Referência do poeta:9.

à capacidade criativa do homem.a)

ao valor artístico da composição linguística.b)

à perenidade da palavra impressa.c)

à efemeridade das ideias humanas.d)

ao talento inventivo da humanidade.e)

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O chumbo também é uma referência:10.

ao valor dramático da palavra.a)

à técnica da impressão gráfica.b)

à dificuldade de escrever.c)

à monotonia linear da palavra escrita.d)

à responsabilidade social do artista escritor.e)

“...pois, para catar esse feijão, soprar nele...” referência 11. à:

oratória bombástica.a)

clareza do estilo.b)

ornamentação supérflua da frase.c)

depuração do estilo.d)

perigosa ambiguidade das palavras.e)

Que palavra o poeta omite no 3.° verso da 1.ª estrofe?12.

Essa omissão, bem característica do autor, produz um 13. expressivo efeito de natureza:

morfológica.a)

fônico-semântica.b)

morfossintática.c)

morfofonêmica.d)

sintática.e)

O efeito produzido por essa omissão artesanal con-14. siste:

na aproximação de dois monossílabos átonos su-a) gerindo, semanticamente, a folha branca de papel.

na supressão da palavra que possui vogais iguais b) às das palavras que a cercam na frase.

em fazer predominar os monossílabos átonos sobre c) as demais palavras do verso.

na alteração semântica porque passou a palavra d) folha.

na ausência do verbo, sugerido pelo encontro das e) duas combinações átonas.

Os grãos que boiam:15.

são pesados.a)

são duros.b)

estão descascados.c)

estão murchos ou bichados.d)

são verdes.e)

Justifique sua resposta à pergunta anterior.16.

“...soprar nele, e jogar fora o leve e o oco, palha e 17. eco.”

Estes dois infinitivos diferem dos demais no poema porque possuem valor:

optativo.a)

nominal (substantivo).b)

imperativo.c)

hipotético.d)

condicional.e)

No penúltimo verso da 2.ª estrofe, o poeta utiliza um 18. curioso recurso estilístico:

conjuga regularmente um verbo irregular.a)

dá valor concreto a uma palavra de sentido abs-b) trato.

troca os sufixos das duas palavras aliterantes.c)

muda a classe gramatical de uma palavra.d)

emprega palavras do mesmo número de sílabas.e)

Tornadas sinônimas, as palavras 19. fluviante e fluvial ca-racterizam:

o estilo monótono, excessivamente claro e bem a) comportado.

o estilo romântico, etéreo, sonhador, de uma poesia b) decadente.

o hermetismo da poesia moderna.c)

as modernas inovações semânticas em que os d) poetas buscam a originalidade.

os achados gráficos da poesia concretista.e)

O eco em palavras é o(a):20.

tautologia.a)

rima.b)

inexpressividade semântica.c)

gíria.d)

abuso de metáforas.e)

As palavras-pedra, valorizadas pelo autor porque dão à 21. frase seu grão mais vivo, são aquelas que:

atraem o leitor pela sugestão plástica de beleza.a)

surpreendem o leitor, rompendo, com a presença, a b) estrutura semântica da frase.

agradam o leitor, explicando passagens obscuras.c)

estranham o leitor por serem muito pouco comuns d) na língua.

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entediam o leitor por dizer o que outras anteriores e) já disseram.

Paronomásia22. : recurso estilístico que consiste na apro-ximação intencional de palavras homônimas, parônimas, ou etimologicamente aparentadas.

Ex.: De nada vale o meu vale!

O autor utilizou a paronomásia na:

1.ª estrofe, 2.° verso.a)

2.ª estrofe, 6.° verso.b)

2.ª estrofe, 2.° verso.c)

2.ª estrofe, 4.° verso.d)

1.ª estrofe, 7.° verso.e)

Procura na Festa1 Não faças versos sobre acontecimentos.

Não há criação nem morte perante a poesia.

Diante dela, a vida é um sol estático,

não aquece nem ilumina.

5 As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais

/ não contam

Não faças poesia com o corpo,

esse excelente, completo e confortável corpo, tão

/ infenso à efusão lírica.

Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro são indiferentes.

10 Nem me reveles teus sentimentos,

que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.

O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.

15 Não é música ouvida de passagem; rumor do mar nas

/ ruas junto à linha de espuma.

O canto não é o movimento das máquinas nem o

/ segredo das casas.

Não é música ouvida de passagem; rumor do mar nas

/ ruas junto à linha de espuma.

O canto não é a natureza

nem os homens em sociedade.

Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada

/ significam.

A poesia (não tires poesia das coisas)

20 elide sujeito e objeto.

Não dramatizes, não invoqueis,

Não indagues. Não percas tempo em mentir.

Não te aborreças.

Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,

25 vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de

/ família

desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.

Não recomponhas

tua sepultada e merencória infância.

Não oscilas entre o espelho e a memória em dissipação.

30 Que se dissipou, não era poesia.

Que se partiu, cristal não era.

Penetra surdamente no reino das palavras.

Lá estão os poemas que esperam ser escritos.

Estão paralisados, mas não há desespero,

35 há calma e frescura na superfície intata.

Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário.

Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.

Tem paciência, se obscuro. Calma, se te provocam.

Espera que cada um se realize e consume

40 com seu poder de palavra

e seu poder de silêncio.

Não forces o poema a desprender-se do limbo.

Não colhas no chão o poema que se perdeu.

Não adules o poema. Aceita-o

45 como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no espaço.

Chega mais perto e contempla as palavras.

Cada uma

tem mil faces secretas sob a face neutra

e te pergunta, sem interesse pela resposta,

50 pobre ou terrível que lhe deres:

Trouxeste a chave?

Repara:

ermas de melodia e conceito

elas se refugiaram na noite, as palavras.

55 Ainda úmidas e impregnadas de sono,

rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.

(ANDRADE, Carlos Drummond de. A Rosa do Povo.

In: Poesia Completa e Prosa – organizada pelo autor. 3. ed.

Rio de Janeiro: Aguilar, 1973. p. 138-139.)

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Os versos que melhor sintetizam o tema do poema e 1. fixam os conceitos, negativo e positivo, de poesia são:

v. 1: Não faças versos sobre acontecimentos.a)

v. 56: rolam num rio difícil e se transformam em des-prezo.

v. 19: A poesia (não tires poesia das coisas)b)

v. 20: elide sujeito e objeto.

v. 12: O que pensas e sentes, isso ainda não é c) poesia.

v. 32: Penetra surdamente no reino das palavras.

v. 32: Penetra surdamente no reino das palavras.d)

v. 44: Não adules o poema. Aceita-o.

v. 29: Não oscilas entre o espelho e a memória em e) dissipação.

v. 30-31: Que se dissipou, não era poesia. /Que se partiu cristal não era.

Assinale a melhor afirmação sobre a posição de Drum-2. mond nas numerosas negativas até o verso 32.

Drummond só admite poesia que tenha como a) tema a própria palavra e não: acontecimentos, vida, morte, problemas pessoais, sentimentos, natureza, cidade, máquinas, sociedade, tragédias, sonhos, infância etc.

Drummond não admite os temas acima, mas é b) contraditório, pois toda a sua obra contém esses temas.

Drummond só não admite esses temas na poesia c) moderna de sua geração, por certo aceita-os na poesia de outras épocas.

Drummond não é contraditório; apenas quer frisar d) que poesia é, acima, de tudo arte e não pura ex-pressão de sentimentos e ideias.

Drummond não é contraditório, porque a partir de e) “A Rosa do Povo” mudou de temática, deixando de explorar aqueles temas referidos acima.

Assinale a palavra ou expressão do texto que não admite 3. de forma alguma o sentido metafórico indicado.

Limbo (v. 42): estado de perfeição.a)

Chave (v. 51): solução.b)

Iate de marfim, sapato de diamante (v. 24): as aspi-c) rações, os sonhos.

Esqueletos de família (v. 25): as tradições.d)

Faces secretas (v. 48): as conotações das palavras e) (em oposição à denotação = face neutra)

Assinale a melhor interpretação do símbolo “a longa, 4. viagem”, no verso 11:

a morte das pessoas.a)

a morte da obra literária.b)

a imortalidade artística.c)

a sinceridade da expressão.d)

a criação literária.e)

Assinale a melhor interpretação dos v. 19-20: “A poesia 5. ...elide sujeito e objeto”:

A poesia pode ser ilógica, com a frase poética sem a) sujeito e sem objeto.

A poesia, depois de construída, é independente do b) autor (sujeito) e da finalidade que ele teve em men-te (objeto).

A poesia não é pura expressão de estados d´alma c) (sujeito) nem pura cópia da realidade (objeto).

A poesia não é o poeta (sujeito) nem o leitor (objeto).d)

A poesia não é apenas o espírito do poeta (sujeito), e) mas também o corpo (objeto).

Assinale a melhor interpretação dos v. 29-30: “Não 6. osciles entre o espelho e a / memória em dissipação”.

Não osciles entre o mundo real e o mundo imagi-a) nário.

Não osciles entre o espírito e a matéria.b)

Não osciles entre o bem e o mal.c)

Não osciles entre o passado e o futuro.d)

Não osciles entre o presente e o passado.e)

Um símbolo pode admitir mais de uma interpretação. 7. Dentre as seguintes, só uma se poderia aceitar para o símbolo “rio difícil” do último verso, embora possa haver outras interpretações não indicadas aqui. Assinale-a.

A continuidade da obra literária através do tempo.a)

O conjunto de julgamentos do poema pelos críticos.b)

O fluxo do espírito do poeta na luta pela expressão.c)

A corrente das paixões vividas pelo poeta.d)

A dificuldade de compreensão do poema pela e) grande massa dos leitores.

“Procura da Poesia” é uma teoria poética ou metapoema. 8. Assinale, dentre os seguintes conceitos de teoria literária, o que não se encontra nessa poética.

A poesia não é apenas meio para comunicar algu-a) ma coisa, ela tem fim em si mesma.

A poesia não é pura expressão de estados d´alma b) nem pura cópia da realidade.

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A construção do poema resulta de um trabalho in-c) tenso, de uma luta incessante com as palavras.

Os modernistas “tiveram que transferir da palavra a d) responsabilidade de geratriz exclusiva da poesia”. (Osvaldino Marques)

O único tema da verdadeira poesia é a palavra.e)

Das numerosas antíteses do poema, assinale aquela que 9. melhor destaca a função metalinguística.

Criação / morte (v. 2).a)

Natureza / sociedade (v. 16 e 17).b)

Sujeito / objeto( v. 20).c)

Espelho / memória (v. 29 e 30).d)

Faces secretas / face neutra (v. 48).e)

Na última estrofe do poema há associação semântica 10. em torno de uma das seguintes palavras, que é o ponto de partida das demais:

ermas.a)

refugiaram.b)

noite.c)

úmidas.d)

sono.e)

Assinale o paralelismo antitético.11.

Não faças versos sobre acontecimentos. / Não fa-a) ças poesia com o corpo (v. 1 e 6).

Não dramatizes, / não invoques, / não indagues. (v. b) 21 e 22).

Teu iate de marfim, / teu sapato de diamante (v. c) 24).

Que se dissipou, não era poesia. / Que se partiu, d) cristal não era. (v. 30 e 31).

Com seu poder de palavra / e seu poder de silên-e) cio. (v. 41 e 42).

Assinale o verso curto que 12. mais valoriza a camada ótica (ou gráfica) do poema, corroborando o conteúdo semântico do verso.

“são indiferentes” (v. 9).a)

“Não te aborreças” (v. 23).b)

“Não recomponhas” (v. 27).c)

“no espaço” (v. 45).d)

“Cada uma” (v. 47).e)

Dos seguintes versos mais longos do poema, assinale 13. o que mais se aproxima da linguagem da prosa por sua estruturação.

“As afinidades, os aniversários, os incidentes pes-a) soais não contam.” (v. 5)

“esse excelente, completo e confortável corpo, tão b) infenso à efusão lírica.” (v. 7)

“O canto não é o movimento das máquinas nem o c) segredo das casas.” (v. 14)

“Não é música ouvida de passagem; rumor do mar d) nas ruas junto à linha de espuma.” (v. 15)

“Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada e) significam.” (v. 18)

A Coisa SimplesCertos espíritos dificilmente admitem que uma coisa simples possa ser bela, e menos ainda que uma coisa bela é, necessariamente, simples, em nada comprometendo a sua simplicidade as operações complexas que forem necessárias para realizá-la. Ignoram que a coisa bela é simples por depuração, e não originariamente; que foi preciso eliminar todo elemento de brilho e sedução formal (coisa espetacular), como todo resíduo sentimental (coisa comovedora), para que somente o essencial, não o percebendo, até mesmo fugindo a ele, o preconceituoso procura o acessório, que não interessa e foi removido. Mas pura é a obra, e mais perplexa a indagação: “Mas é somente isto? Não há mais nada?” Havia; mas o gato comeu (e ninguém viu o gato).

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Confissões de Minas – caderno de

notas. In: Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 591.)

(Concurso para Prof. Prim. - GB) Assinale o item que 14. melhor expressa a ideia central do texto.

A coisa simples dificilmente pode ser bela.a)

A coisa bela é simples por depuração.b)

A coisa só é bela se lhe eliminarmos todo elemento c) de brilho e sedução formal, todo indivíduo senti-mental e o essencial.

A coisa simples é bela originariamente.d)

A coisa simples é bela, quando a sua essência é e) captada imediatamente.

(C. Prof. Prim. - GB) O texto desenvolve-se numa opo-15. sição entre:

essencial X acessório.a)

beleza X sedução formal.b)

sedução formal X resíduo sentimental.c)

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beleza X coisa simples.d)

coisa comovedora X coisa espetacular.e)

(C. Prof. Prim. - GB) Assinale a frase que melhor explicita 16. a verdade do texto.

O essencial é ir à raiz da coisa.a)

O essencial é apreciar o lado externo e trabalhado b) da coisa.

O essencial é apreciar as operações de elaboração c) da coisa.

O essencial é eliminar a carga subjetiva e sentimen-d) tal da coisa.

O essencial é também pertencer o acessório.e)

(C. Prof. Prim. - GB) No texto, a palavra 17. preconceituoso indica:

aquele que tem preconceito racial.a)

aquele que preconceituosamente só vê o essencial.b)

aquele que despreza o acessório.c)

aquele que dificilmente aceita a beleza da coisa d) simples.

aquele que não se deixa envolver pela sedução formal.e)

(C. Prof. Prim. - GB) O 18. acessório a que se refere o autor na linha 10, foi mencionado anteriormente em:

depuração / as operações complexas.a)

as operações complexas / resíduo sentimental.b)

a coisa simples / uma coisa bela.c)

depuração / simplicidade.d)

todo elemento de brilho e sedução formal / todo e) resíduo sentimental.

(C. Prof. Prim. - GB) Assinale o par que é sinônimo 19. dentro do texto:

coisa espetacular / coisa comovedora.a)

certos espíritos / o preconceituoso.b)

solução formal / resíduo sentimental.c)

necessariamente / originariamente.d)

essencial / acessório.e)

(C. Prof. Prim. - GB) Assinale a sequência cujos elemen-20. tos guardam entre si, no texto, afinidades de sentido, isto é, pertencem ao mesmo campo semântico:

simplicidade / beleza / depuração / acessório / pre-a) conceituoso.

preconceituoso / sedução formal / resíduo senti-b) mental / originariamente.

simplicidade / depuração / eliminar / essencial / o c) gato comeu.

simplicidade / originariamente / depuração / opera-d) ções complexas / acessório.

acessório / preconceituoso / pura / removido / de-e) puração.

(C. Prof. Prim. - GB) A expressão o 21. gato comeu cons-titui um exemplo de:

uso científico.a)

registro de fala regional.b)

uso estético.c)

registro de fala coloquial.d)

gíria.e)

(C. Prof. Prim. - GB) 22. Brilho de sedução formal e resíduo sentimental – são alusões respectivamente aos poetas do:

Parnasianismo e Romantismo.a)

Modernismo e Romantismo.b)

Classicismo e Parnasianismo.c)

Realismo e Modernismo.d)

Romantismo e Futurismo.e)

(C. Prof. Prim. - GB) A solução final apresenta pontos 23. de contato com:

a poesia de Castro Alves e Gonçalves Dias.a)

a poesia metafísica de Fernando Pessoa e seus he-b) terônimos.

a literatura do início do século XX.c)

o objetivo principal da semana de Arte Moderna d) de 1922.

o poema piada da 1.ª geração do Modernismo.e)

A ambiguidade é proibida na linguagem referencial. 24. Na linguagem poética, conotativa, a ambiguidade é fator importantíssimo como recurso expressivo. Quanto mais ambígua, mais rica se torna esta lingua-gem. Assim, as várias interpretações possíveis, em lugar de empobrecer o texto artístico, enriquecem-no, atiçando a curiosidade do leitor/destinatário.

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Historinha da Ambiguidade (I)

VEJA! Posso chutAr minhA

cAbEçA!

APosto quE Você

não PodE!

Acho quE mE ExPrEssEi

mAl!!IE

SDE

Bra

sil S

.A.

A ambiguidade da história é provocada pela fala I. da personagem logo no primeiro quadrinho. Isso porque ela:

não concluiu a primeira frase.a)

não concluiu a segunda frase.b)

juntou ação às palavras.c)

concluiu mal a segunda frase.d)

concluiu mal a primeira frase.e)

II. Conforme, portanto, a resposta ao item anterior, pode-se concluir que a ambiguidade foi provo-cada pela:

antítese.a)

elipse.b)

prolepse.c)

metáfora.d)

pleonasmo.e)

“Aposto que você não pode!”VI.

De acordo com a intenção do falante (1.° quadrinho), como deveria ser completada esta frase?De acordo com a ação (2.° quadrinho) do ouvinte, como foi realmente completada a frase?

O último quadrinho mostra:

arrependimento.a)

irritação pela burrice alheia.b)

incompreensão violenta.c)

autocrítica consciente.d)

compreensão bem-humorada.e)

(Apud Roberto, Amaro e Rosa. Comunicação/interpretação.)

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E1.

D2.

E3.

D4.

C5.

A6.

E7.

A8.

C9.

B10.

C11.

água (na 12. água da folha de papel).

B13.

A14.

D15.

Não servem, são mais leves que os outros e devem ser 16. retirados do conjunto, não vão para a panela, da mesma forma que as palavras vazias nada acrescentam.

C17.

C18.

A19.

C20.

B21.

C22.

C1.

D2.

A3.

C4.

C5.

E6.

C7.

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E8.

E9.

C10.

E11.

D12.

A13.

B14.

A15.

A16.

D17.

E18.

B19.

C20.

D21.

A22.

E23.

24.

BI.

BII.

III.

Chutar a sua (cabeça).a)

Chutar a minha (cabeça).b)

IV. D

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