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Rolando Enrique Zea Huallanca
MECANISMOS DE RUPTURA EM TALUDES ALTOS DE MINERAO A CU ABERTO
Dissertao apresentada Escola de Engenharia de So Carlos, da Universidade de So Paulo, como parte dos requisitos para a obteno do Ttulo de Mestre em Geotecnia.
rea de Concentrao: Mecnica das Rochas ORIENTADOR: Prof. Dr. Tarcsio Barreto Celestino
SO CARLOS 2004
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Ficha catalogrfica preparada pela Seo de Tratamento da Informao do Servio de Biblioteca EESC/USP
Zea Huallanca, Rolando Enrique Z42m Mecanismos de ruptura em taludes altos de minerao a
cu aberto / Rolando Enrique Zea Huallanca. - So Carlos, 2004.
Dissertao (Mestrado) - Escola de Engenharia de So
Carlos - Universidade de So Paulo, 2004. rea: Geotecnia. Orientador: Prof. Dr. Tarcsio Barreto Celestino. 1. Mecanismos de ruptura. 2. Tenses induzidas. 3.
Dano induzido. 4. Ruptura progressiva. 5. Minerao a cu aberto. 6. Anlise numrica. I. Ttulo.
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Aos meus Pais, Julia e Enrique,
com amor e gratido inefveis
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AGRADECIMENTOS
Expresso a minha gratido sincera ao Prof. Dr. Tarcsio Barreto Celestino, meu
orientador, visto que os ensinamentos e as orientaoes dele recebidos desde o inicio do
meu estudo e da minha pesquisa no mestrado na Escola de Engenharia de So Carlos -
USP foram essenciais para a concluso desta dissertao. Gostaria tambm de agradecer
ao Prof. Dr. Sergio Persival Baroncini Proena pela amizade e valiosa contribuio ao
desenvolvimento da minha pesquisa, ao Prof. Dr. Nelson Aoki pelas suas sugestes que
orientaram a plena execuo do trabalho, ao Prof. Dr. Edmundo Rogrio Esquivel e ao
Prof. Dr. Antonio Airton Bortolucci pelo fornecimento de alguns materiais que foram de
muita ajuda e ao Prof. Pablo Meza Arestegui da Universidad Nacional de San Agustn de
Arequipa - Peru, pelos primeiros ensinamentos da mecnica das rochas e por ter
contribudo na minha formao em Geotecnia e ter me incentivado a iniciar o curso de
Mestrado.
Adicionalmente, gostaria de agradecer aos funcionrios do Departamento de
Geotecnia pelo apoio tcnico e pela boa convivncia, aos professores do Departamento de
Geotecnia que sempre contriburam no meu aperfeioamento profissional e pessoal, aos
amigos e colegas do departamento de Geotecnia, que contriburam, de uma ou outra
maneira, seja com palavras, gestos, atitudes e at mesmo com o silncio, ao colega Eng.
Heraldo Pitanga pela disponibilidade incondicional do seu tempo em ler e corrigir o
portugus de uma grande parte do texto e s colegas Karla Wingler e Regiane Veloso que
tambm contriburam com algumas correes.
Em especial, agradeo aos meus pais, Enrique e Julia, pelo amor e incentivo que
nunca diminuram, mesmo com o tempo e a distncia, minha querida irm Janeth pelo
apoio a toda hora.
Agradeo CAPES pelo apoio financeiro prestado para a concretizao deste
trabalho.
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RESUMO
ZEA, R.E. (2004). Mecanismos de ruptura em taludes altos de minerao a cu aberto.
Dissertao de Mestrado - Escola de Engenharia de So Carlos, Universidade de So
Paulo, So Carlos, 2004. 124p.
Na ltima dcada, muitas minas a cu aberto tm alcanado alturas de 600 metros ou
mais, algumas com perspectiva em projeto de alcanar mais de 1100 m. A literatura
especializada revela que os mecanismos de ruptura para taludes altos ainda no so bem
entendidos. Existem dvidas tanto em relao aos mecanismos de ruptura, como quanto
estimativa da resistncia do macio rochoso em tal escala. Recentemente, h uma
tendncia crescente da aplicao de anlises numricas para estudar a estabilidade de
taludes altos, mas ainda no se consegue reproduzir todos os fenmenos envolvidos.
Anlises reportadas na literatura consideram apenas a configurao final da cava, sem
levar em conta o processo evolutivo da escavao, e o dano induzido ao macio
decorrente deste processo. Este trabalho analisa este efeito e suas conseqncias na
avaliao da segurana.
Realizaram-se anlises bidimensionais de tenso-deformao em taludes de rocha. Tais
anlises foram realizadas com modelos elstico linear e elasto-plstico de amolecimento
da coeso e de endurecimento do atrito, considerando a mobilizao no simultnea das
componentes de resistncia no critrio de Mohr-Coulomb, e a danificao do macio
rochoso. Avaliao preliminar da segurana de um talude hipottico mostrou que estas
consideraes so muito importantes. Foram considerados a altura do talude, o ngulo do
talude e as tenses in situ.
O histrico de tenses modifica os parmetros de resistncia do macio ao longo do talude
por danificao. A regio do p do talude, em cada estgio de escavao, est sujeita a
concentrao de tenses induzidas que geram danificao do macio nestas reas. A
danificao em regies do p do talude pode explicar o incio do processo de ruptura do
tipo progressivo.
Palavras-chave: mecanismos de ruptura, tenses induzidas, dano induzido, ruptura
progressiva, minerao a cu aberto, anlises numricas.
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ABSTRACT
ZEA, R.E. (2004). Failure mechanisms in high rock slopes at open pit mining. M.Sc.
Dissertation - So Carlos Engineering School, University of So Paulo. So Carlos, 2004.
124p.
Along the last decade, many open pit mines have reached up to 600 meters or more in
height, and some of them are planned to reach more than 1100 meters. The specialized
literature shows that the failure mechanisms for high rock slopes are not well understood as
yet. Doubts exist in relation to failure mechanisms, as well as to rock mass strength
estimation in such scale. In recent years, there is a growing trend for the use of numerical
analyses in order to study high rock slope stability, but they are not capable to reproduce all
the phenomena involved.
Analyses reported in the literature consider only the final configuration of the open pit,
without taking into consideration the excavation evolution process, and damage induced to
the rock mass resulting from this process. This work analyzes this effect and its
consequences on the slope safety evaluation. Two-dimensional stress-strain analyses in
rock slopes are described. Such analyses were conducted with linear elastic model and
elasto-plastic Strain Cohesion Softening - Friction Hardening model considering the non-
simultaneous mobilization of the strength components in the Mohr-coulomb criterion, by
including the rock mass damage. An approximate safety evaluation of a hypothetical slope
shows that these considerations are very important.
The stress path modifies the rock mass strength parameters close to the slope face by
damage. The regions of the slope toe at each excavation stage are subjected to induced
stress concentration causing damage to rock. This damage can explain the beginning of
the progressive failure mechanism.
Key words: failure mechanisms, induced stresses, induced damage, progressive failure,
open pit mining, numerical analysis.
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1.1 Configurao dos taludes numa mina a cu aberto .................................2
FIGURA 1.2 Provvel superfcie de ruptura em taludes altos, envolvendo vrios
fatores estruturais .....................................................................................3
FIGURA 2.1 Fatores que influenciam o comportamento do macio rochoso................6
FIGURA 2.2 Redistribuio das tenses com a mudana de geometria ......................9
FIGURA 2.3 Exemplo da estrutura do macio rochoso...............................................11
FIGURA 2.4 Tipos de descontinuidades conforme a sua persistncia .......................13
FIGURA 2.5 Tipos de rupturas em taludes de minerao a cu aberto (Mod. de
PATTON e DEERE, 1971)......................................................................21
FIGURA 2.6 Modos de ruptura mais freqentes em taludes altos (Mod. de
SJBERG, 1999) ...................................................................................22
FIGURA 2.7 Exemplo de ruptura em taludes altos de minerao a cu aberto
(HOEK et al., 2000b) ..............................................................................23
FIGURA 2.8 Rupturas com controle estrutural: (a) ruptura planar e (b) ruptura
em cunha................................................................................................24
FIGURA 2.9 Ruptura por tombamento de grandes dimenses (CALL et al. 2000).....27
FIGURA 2.10 Mecanismos de rupturas: ruptura circular (SJBERG, 1999) ................28
FIGURA 2.11 Mecanismos de ruptura: ruptura por tombamento (SJBERG,
1999) ......................................................................................................29
FIGURA 2.12 Instrumentao Geotcnica para o monitoramento de taludes altos
em minerao a cu aberto ....................................................................31
FIGURA 2.13 Fase de ruptura progressiva e ruptura regressiva (BROADBENT e
ZAVODNI, 1982) ....................................................................................33
FIGURA 3.1 Comparao do crescimento das micro-fissuras versus a
orientao das mesmas: (a) Amostra no carregada. (b) amostra
carregada uniformemente at uma tenso prxima da tenso de
pico (Mod. de HOLZHAUSEN e JOHNSON, 1979)................................36
FIGURA 3.2 Curva caracterstica tenso-deformao axial: incio de micro-
fissuras ( ci ), dano por micro-fissuras ( cd ); resistncia de pico ( f ) (MARTIN, 1993) ............................................................................37
FIGURA 3.3 Granito Lac du Bonnet: (a) resistncia de amostras no confinadas
submetidas a carga constante de longo prazo (MARTIN e
CHANDLER, 1994). (b) relao entre a resistncia de longo prazo,
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normalizada pela resistncia de pico, em funo da tenso
confinante 3 (Mod. de MARTIN, 1997) ................................................39 FIGURA 3.4 Perda da resistncia coesiva e mobilizao da resistncia ao atrito
em funo da deformao axial (MARTIN e CHANDLER, 1994) ...........41
FIGURA 3.5 ngulo de atrito total e resistncia coesiva normalizada em relao
resistncia de pico versus o dano normalizado em relao ao
dano mximo (MARTIN e CHANDLER, 1994) .......................................41
FIGURA 3.6 Mobilizao das componentes da resistncia no modelo CWFS em
ensaios de compresso (HAJIABDOLMAJID, 2001)..............................43
FIGURA 3.7 Dano induzido por mecanismos de trao, levando mobilizao
no simultnea das componentes da resistncia
(HAJIABDOLMAJID e KAISER, 2002)....................................................44
FIGURA 3.8 Variao do mdulo de elasticidade e coeficiente de Poisson em
funo do dano (MARTIN e CHANDLER, 1994) ....................................44
FIGURA 3.9 Variao do Mdulo de elasticidade em funo dos ciclos de
carregamento para a argamassa e o calcrio Irati (NBREGA,
1994) ......................................................................................................45
FIGURA 4.1 Comportamento plstico de um material metlico: (a) real (b)
idealizado (Apud. PROENA, 1988) ......................................................48
FIGURA 4.2 (a) Diagrama esquemtico tenso-deformao para rochas duras
(b) caracterizao do comportamento do geomaterial por modelos
constitutivos (Apud. HAJIABDOLMAJID, 2000)......................................50
FIGURA 4.3 Critrio de ruptura de Mohr-Coulomb .....................................................54
FIGURA 4.4 Funes de plastificao e funo de potencial plstico para o
modelo elasto-plstico perfeito de Mohr-Coulomb .................................56
FIGURA 4.5 Leis de fluxo associada e no associada ...............................................57
FIGURA 4.6 Funes empricas para: (a) Endurecimento do atrito e (b)
Amolecimento da coeso (VERMEER e DE BORST, 1984) ..................60
FIGURA 4.7 Aproximao exponencial para o amolecimento da resistncia
coesiva, (a) EQUAO 4.23, (b) EQUAO 4.26 .................................61
FIGURA 4.8 Aproximao para o endurecimento do atrito, EQUAO 4.18: (a)
0=o , (b) 10=o ................................................................................62 FIGURA 4.9 (a) Deslizamentos em micro-fissuras (VERMEER e DE BORST,
1984), e (b) deslizamentos entre grupos de partculas (WODD,
1990), ambos originam dilatncia...........................................................63
FIGURA 4.10 Ensaio de cisalhamento direto da areia Ottawa: (a) atrito
mobilizado no plano horizontal ( ) versus deslocamento pq /
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8
horizontal (u ); (b) deslocamento vertical (u ) versus
deslocamento horizontal (WOOD, 1990) ................................................64
x y
FIGURA 4.11 Modelo adimensional do comportamento de cisalhamento de juntas
(Apud. BARTON et al., 1985) .................................................................67
FIGURA 4.12 Evoluo do ngulo de atrito total versus o dano normalizado em
relao ao dano mximo para uma amostra submetida a
carregamentos cclicos (MARTIN e CHANDLER, 1994) ........................68
FIGURA 4.13 Evoluo do atrito total durante o processo de ruptura: mobilizao
e degradao..........................................................................................69
FIGURA 4.14 Exemplo mostrando a variao da forma da curva de degradao
em funo da constante .....................................................................70 FIGURA 4.15 Amolecimento da coeso no Granito Lac du Bonnet em funo da
deformao plstica efetiva, p , ajustada EQUAO 4.26 ...............72 FIGURA 4.16 Comportamento de mobilizao e de degradao do atrito total
( ib + ) para o Granito Lac du Bonnet em funo da deformao plstica efetiva, p , ajustado s EQUAES 4.36 e 4.37 ....................72
FIGURA 4.17 Comparao de resultados obtidos entre os resultados
experimentais e os obtidos pelo modelo de Amolecimento da
coeso e de Endurecimento do atrito por deformao plstica para
o Granito Lac du Bonnet.........................................................................74
FIGURA 4.18 Simulao numrica do comportamento do Granito Lac du Bonnet,
considerando a ruptura progressiva atravs do modelo de
Amolecimento da coeso e de Endurecimento do atrito por
deformao plstica ...............................................................................75
FIGURA 4.19 Evoluo da coeso e do atrito total para os pontos de
monitoramento 1 e 2, conforme o modelo de Amolecimento da
coeso e de Endurecimento do atrito por deformao plstica ..............76
FIGURA 4.20 Evoluo da coeso normalizada versus ngulo de atrito total
durante o processo de ruptura (ensaios cclicos) para o Granito Lac
du Bonnet ...............................................................................................78
FIGURA 4.21 Comparao entre a rocha intacta e o macio rochoso..........................79
FIGURA 4.22 Coeso versus ngulo de atrito total: passo da rocha intacta ao
macio rochoso ......................................................................................80
FIGURA 5.1 Condies de contorno e estado de tenses iniciais para modelos
de taludes empregados nas anlises numricas com o programa
FLAC2D ...................................................................................................83
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9
FIGURA 5.2 Envoltria de ruptura de Hoek-Brown e Mohr-Coulomb para o
macio rochoso rocha Diorito, Mina Toquepala, Peru..........................85
FIGURA 5.3 Evoluo das tenses principais em decorrncia do avano da
escavao, para pontos localizados prximo do p do talude, nos
diferentes estgios de escavao, num talude final de 300m de
altura, 40 de inclinao, e 1,1=k .........................................................87 FIGURA 5.4 Rotao das tenses principais em decorrncia do avano da
escavao, para pontos localizados prximo do p do talude, nos
diferentes estgios de escavao, num talude final de 300m de
altura, 40 de inclinao, e 1,1=k .........................................................88 FIGURA 5.5 Trajetria das tenses decorrentes do avano da escavao para
pontos localizados no p do talude nos diferentes estgios de
escavao, num talude de 300 metros de altura e ngulo de talude
de 40 e k ......................................................................................90 1,1=FIGURA 5.6 Trajetria das tenses decorrentes do avano da escavao para
pontos localizados ao longo de uma provvel superfcie de ruptura
nos diferentes estgios de escavao, num talude de 300 metros
de altura e ngulo de talude de 40 e 1,1=k .........................................91 FIGURA 5.7 Tenso principal maior induzida versus o coeficiente de empuxo
para pontos localizados na regio do p do talude, ngulo de
talude 40. ..............................................................................................93
FIGURA 5.8 Tenso principal menor induzida versus o coeficiente de empuxo
para pontos localizados na regio do p do talude, ngulo de
talude 40 ...............................................................................................94
FIGURA 5.9 Estado de tenses induzido na regio do p do talude, para
diferentes alturas de taludes e coeficientes de empuxo, ngulo de
talude 40 ...............................................................................................95
FIGURA 5.10 Orientao da tenso principal maior induzida versus o coeficiente
de empuxo, para a regio do p do talude .............................................96
FIGURA 5.11 Orientao da tenso principal maior induzida para a regio do p
do talude versus a altura do talude.........................................................96
FIGURA 5.12 Esquema terico-idealizado do desenvolvimento de fraturas em
regies de acmulo de tenses (p do talude) decorrentes do
avano da escavao.............................................................................97
FIGURA 5.13 (a) Amolecimento da coeso, (b) comportamento de mobilizao e
de degradao do atrito total adotados para a rocha Diorito ..................99
FIGURA 5.14 Perda da resistncia coesiva em decorrncia do dano devido ao
avano da escavao num talude de 300 metros de altura.................. 100
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FIGURA 5.15 Mobilizao do atrito em decorrncia do dano devido ao avano da
escavao num talude de 300 metros de altura ................................... 101
FIGURA 5.16 Plotagem da perda da resistncia coesiva (dano) e os respectivos
parmetros geomtricos adotados para definir o dano no talude......... 103
FIGURA 5.17 Variao do parmetro , e em funo da altura do
talude.................................................................................................... 104
DH HD VD
FIGURA 5.18 Variao do parmetro , e em funo da
altura do talude..................................................................................... 106
HH D / HDH / HDV /
FIGURA 5.19 - Anlise 1: procedimento convencional sem considerao do dano ..... 108
FIGURA 5.20 - Anlise 2: procedimento com considerao de dano, modelo
simplificado...........................................................................................109
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LISTA DE TABELAS
TABELA 4.1 Propriedades do Granito Lac du Bonnet usadas no modelo ..................73
TABELA 5.1 Parmetros de entrada a serem usados na simulao numrica
bidimensional tenso-deformao..........................................................84
TABELA 5.2 Estimativa do fator de segurana por anlise convencional e por
anlise com dano ................................................................................. 109
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LISTA DE SMBOLOS
v Tenso vertical a uma profundidade z Peso especfico z Profundidade d Densidade
h Tenso horizontal k Coeficiente de empuxo
hE Modulo de deformabilidade na direo horizontal
1 Tenso principal maior 3 Tenso principal menor
m e Constantes do material para a rocha intacta, no critrio de Hoek-Brown original s
c Resistncia compresso simples da rocha intacta '1 Tenso efetiva principal maior '3 Tenso efetiva principal maior im Constantes do material da rocha intacta, no critrio de ruptura generalizado de
Hoek-Brown
bm Valor reduzido da constante do material ou constante do macio rochoso ims e Constantes para o macio rochoso, no critrio de ruptura generalizado de
Hoek-Brown a
GSI ndice de resistncia geolgica 'Q ndice modificado da Classificao geomecnica de Barton
76RMR Classificao geomecnica de Bieniawski verso 1976
89RMR Classificao geomecnica de Bieniawski verso 1989
D Fator de perturbao
cm Resistncia compresso uniaxial do macio rochoso tm Resistncia trao do macio rochoso 'n Tenso normal efetiva
Tenso de cisalhamento c Resistncia coesiva ngulo de atrito
'max3 Tenso de confinamento mximo
ci Tenso de incio de micro-fissuras cd Tenso de dano por micro-fraturamento
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f Tenso de pico di Tenso de inicio do dano
E Mdulo de elasticidade v Coeficiente de Poisson
ib+ ngulo de atrito total b ngulo de atrito bsico i Componente devido ao intertravamento e de rugosidade
Dano Deformao total
e Deformao elstica p Deformao plstica
f Funo de plastificao
ij Tensor de tenses simtrico p
ij Componentes do tensor de deformaes plsticas g Funo do potencial plstico Fator escalar positivo de proporcionalidade
pv Deformao volumtrica plstica p Deformao plstica efetiva
pd 1 Incremento da deformao plstica principal maior pd 2 Incremento da deformao plstica principal intermediaria pd 3 Incremento da deformao plstica principal menor
n Tenso normal ao plano de ruptura i Incremento das deformaes principais ei incrementos das deformaes principais elsticas p
i incrementos das deformaes principais plsticas sf Funo de plastificao de cisalhamento tf Funo de plastificao de trao
t Resistncia trao sg Funo de potencial plstico de cisalhamento tg funo de potencial plstico de trao
ic Coeso inicial
rc Coeso residual
mobc Coeso mobilizada
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mob ngulo de atrito mobilizado o ngulo de atrito mobilizado inicial * Resistncia ao cisalhamento mobilizado p
c Deformao plstica requerida para a perda da coeso pf Deformao plstica na qual o atrito no sofre mais variaes
mobs Resistncia ao atrito mobilizado
ps Resistncia ao cisalhamento mximo
i ngulo mdio de desvio formado entre as direes dos deslocamentos das partculas e a direo da fora de cisalhamento aplicada
ngulo de dilatncia q Carga de cisalhamento p Carga normal
xu Deslocamento horizontal
yu Deslocamento vertical
JRC Coeficiente de rugosidade da junta
mobJRC Coeficiente de rugosidade mobilizado da junta
pJRC Coeficiente de rugosidade pico da junta
JCS Resistncia compresso da parede da junta
r ngulo de atrito residual p ngulo de atrito de pico p Deslocamento pico de cisalhamento * Variao do ngulo de atrito total durante o processo de ruptura
Constante adimensional que simula a forma da curva da degradao do atrito no comportamento de ps-pico
H Altura do talude
DH Altura do talude danificado
VD Dano na direo vertical no p do talude
HD Dano na direo horizontal no p do talude
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SUMRIO
RESUMO ......................................................................................................................... iv
ABSTRACT ...................................................................................................................... v
LISTA DE FIGURAS........................................................................................................ vi
LISTA DE TABELAS ....................................................................................................... xi
LISTA DE SMBOLOS.....................................................................................................xii
SUMRIO ....................................................................................................................... xv
CAPTULO 1 - INTRODUO .........................................................................................1
1.1 Generalidades.............................................................................................................1
1.2 Objetivos .....................................................................................................................4
1.3 Organizao da Dissertao.......................................................................................5
CAPTULO 2 - MECNICA DOS TALUDES ALTOS.......................................................6
2.1 Introduo ...................................................................................................................6
2.2 Estado de Tenses .....................................................................................................7
2.2.1 Tenses In Situ ........................................................................................................7
2.2.2 Tenses Induzidas ...................................................................................................9
2.2.3 gua Subterrnea e Tenses Efetivas...................................................................10
2.3 Estrutura do Macio ..................................................................................................11
2.4 Resistncia de Rochas .............................................................................................13
2.4.1 Resistncia da Rocha Intacta e das Descontinuidades .........................................13
2.4.2 Resistncia do Macio Rochoso ............................................................................14
2.4.3 Critrio de Ruptura Generalizado de Hoek-Brown .................................................15
2.5 Modos e Mecanismos de Ruptura.............................................................................19
2.5.1 Modos de Rupturas................................................................................................20
2.5.2 Mecanismos de Ruptura ........................................................................................25
2.6 Monitoramento Geotcnico de Taludes ....................................................................29
2.7 Comportamento de Taludes......................................................................................32
2.7.1 Fase Regressiva ....................................................................................................33
2.7.2 Fase Progressiva ...................................................................................................34
CAPTULO 3 - RUPTURA PROGRESSIVA EM ROCHA ..............................................35
3.1 Introduo .................................................................................................................35
3.2 Processos de Ruptura em Rochas Frgeis...............................................................36
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16
3.3 Mobilizao das Componentes da Resistncia Durante a Ruptura ..........................40
3.4 Algumas Relaes entre Ensaios de Laboratrio e osTaludes.................................45
CAPTULO 4 - MODELAGEM NUMRICA: APROXIMAO DE MEIO CONTINUO ..47
4.1 Introduo .................................................................................................................47
4.2 Plasticidade em Anlise de Rupturas de Rocha .......................................................49
4.2.1 Funo de plastificao .........................................................................................50
4.2.2 Lei de Fluxo............................................................................................................52
4.2.3 Parmetro de Endurecimento/Amolecimento.........................................................52
4.3 Critrio de Ruptura de Mohr-Coulomb ......................................................................53
4.4 Modelo de Elasto-Plstico de Mohr-Coulomb ...........................................................54
4.4.1 Funes de plastificao e de potencial plstico ...................................................55
4.4.2 Lei de fluxo.............................................................................................................56
4.5 Modelo de Amolecimento da coeso e de Endurecimento do atrito por deformao
plstica............................................................................................................................57
4.5.1 Amolecimento da Coeso por deformao plstica ...............................................60
4.5.2 Endurecimento do atrito por deformao plstica ..................................................61
4.6 Discusso..................................................................................................................77
CAPTULO 5 - MODELAGEM NUMRICA DE TALUDES ALTOS...............................81
5.1 Introduo .................................................................................................................81
5.2 Consideraes e Descrio do Modelo.....................................................................82
5.3 Anlise de Trajetria de Tenses Elsticas ..............................................................86
5.3.1 Tenses Elsticas ao Longo da Face ....................................................................86
5.3.2 Tenses Elsticas ao Longo da Superfcie de Ruptura .........................................91
5.3.3 Influncia do coeficiente de empuxo, k .................................................................93 5.4 Fraturamento Previsto - Discusso ...........................................................................97
5.5 Anlise com o Modelo de Amolecimento da coeso e de Endurecimento do atrito por
deformao plstica ........................................................................................................98
5.5.1 Influncia do coeficiente de empuxo, k ............................................................... 102 5.6 Avaliao do Fator de Segurana ........................................................................... 107
5.7 Tipos de Instabilidade Em taludes .......................................................................... 110
CAPTULO 6 - CONCLUSES .................................................................................... 111
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS............................................................................. 115
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Introduo 1
Captulo 1 Introduo
1.1 Generalidades
Grandes escavaes a cu aberto so feitas com o objetivo de extrair mineral.
Atualmente, mineraes a cu aberto de grande porte vm alcanando alturas de
escavao superiores a 600 metros. Justificados pela necessidade de obter o maior ganho
econmico possvel atravs da extrao de minrio, os taludes finais tornam-se ngremes,
de tal forma que a extrao do material estril diminui. Conforme mostra a literatura,
muitas minas foram projetadas prevendo-se para o futuro taludes globais com alturas
superiores a 1100 m (HOEK et al., 2000a e CALL et al., 2000).
Em minerao a cu aberto, a configurao geomtrica da cava vai depender
basicamente da distribuio espacial do corpo mineral, em conjunto com as caractersticas
geomecnicas do macio rochoso. Como exemplo, mostra-se na FIGURA 1.1 a
configurao dos taludes de uma mina na qual se observa: o talude de bancada, o talude
inter-rampa e o talude global, os quais obedecem a aspectos geomtricos. Pode-se dizer
que, quanto mais ngreme se mostra o talude, menor a remoo do material estril, com
custo de extrao baixo. No entanto, com o acrscimo dos ngulos de taludes, tem-se o
acrscimo do risco de instabilidade. Alm disso, com o ganho da altura destes taludes
devido ao processo de escavao, resulta igualmente o acrscimo do risco de
instabilidade.
Na avaliao da estabilidade de taludes, algumas metodologias so empregadas,
tais como: mtodo emprico, anlise por equilbrio limite, anlise probabilstica e a
modelagem numrica.
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Introduo 2
(da crista ao p do talude)ngulo do talude global
ngulo de banacada
Bancadas
Crista
P do talude
do talude
Rampa
Rampa
Corpo Mineral
Altura debancada
ngulo inter-rampa(p-a-p das bancadas)
FIGURA 1.1 Configurao dos taludes numa mina a cu aberto.
Dos mtodos supramencionados, a literatura mostra um grande nmero de
trabalhos, onde se avalia a estabilidade atravs do mtodo de equilbrio limite. Este
mtodo assume como hiptese um tipo de ruptura e um critrio de ruptura, na maioria dos
casos o de Mohr-Coulomb. Neste mtodo, a deformao do material no levada em
considerao, e a condio de equilbrio normalmente satisfeita pelo equilbrio de foras
e momentos. Um outro fato que os fatores de segurana so sensveis a pequenas
mudanas dos parmetros de resistncia. No entanto, este mtodo pode ser bem aplicado
em taludes onde a ruptura condicionada por descontinuidades persistentes, formando,
assim, rupturas do tipo planar, do tipo cunha e por tombamento.
Por outro lado, salienta-se que tambm de grande importncia uma boa
estimativa da resistncia do macio rochoso, j que os resultados das anlises so
altamente dependentes dos valores da resistncia estimada. Assim, conforme as anlises
de sensibilidade feitas por Nunes et al. (2002), o campo de deslocamentos influenciado
por pequenas variaes dos parmetros de entrada, tais como as propriedades elsticas e
de resistncia do macio.
As possveis rupturas esperadas em taludes altos estariam controladas por
descontinuidades individuais, estas podendo afetar a estabilidade em nvel de bancada e
controladas pela estrutura do macio rochoso no seu conjunto podendo afetar ao talude
-
Introduo 3
global, assim resultando numa ruptura sem controle estrutural. No entanto, h
possibilidades de que existam rupturas de grande porte que estejam controladas por
descontinuidades persistentes que afetariam parte significativa do talude global. Porm,
no s as estruturas maiores podem controlar completamente a estabilidade, mas tambm
os macios podem se apresentar muito complexos, numa situao onde vrios fatores
influenciariam ou condicionariam a estabilidade (HOEK et al., 2000b). Alguns destes
fatores ou aspectos estruturais so apresentados na FIGURA 1.2.
Maiores
Mecanismos de
Ponte rochosa
500 m
fraturada
por estruturas menores Superfcie escalonada controlada
Regio altamente
de rupturaProvvel superfcie
Cisalhamento
Juntas e ponte rochosa
Coalescncia de juntas
Estruturas
Estruturas Menores
Sistemas de Juntas
FIGURA 1.2 Provvel superfcie de ruptura em taludes altos, envolvendo vrios fatores estruturais.
Conforme visto na FIGURA 1.2, provvel que a superfcie de ruptura num macio
rochoso no seja resultante de um processo to simples. As provveis superfcies de
ruptura poderiam envolver no s mecanismos de cisalhamento ao longo de um plano pr-
existente, mas podem tambm estar compostas de vrias descontinuidades como juntas
separadas por pontes rochosas, formando-se, assim, a superfcie de ruptura pela
propagao destas juntas e produzindo coalescncia. Por fim, ressalta-se que uma
provvel superfcie de ruptura estaria governada por estruturas maiores (descontinuidades
persistentes), estruturas menores (sistemas de juntas), pontes rochosas (rocha intacta) e
regies altamente fraturadas, onde se desenvolveriam mecanismos de cisalhamento ao
longo das descontinuidades e coalescncia de juntas nas pontes rochosas.
-
Introduo 4
Por outro lado, outros fatores tambm podem influenciar na estabilidade de taludes
altos, diminuindo principalmente a resistncia do macio rochoso, tais como: a gua
subterrnea, foras de origem ssmica, dano induzido por desmonte, influncia de
concentrao de tenses induzidas devido s mudanas da geometria da cava. Estes
fatores em alguma porcentagem danificam o macio rochoso, o que pode se dar pela
criao de novas fraturas.
Segundo SJBERG (2000), infelizmente, mecanismos de ruptura em taludes
altos, especialmente em rochas duras e em rochas fraturadas, so geralmente pouco
entendidos e/ou conhecidos. Poucos taludes de minerao entre 300 m e 500 m de altura
romperam. Segundo aquele autor, os assuntos mais urgentes a serem resolvidos so (a)
conhecer as condies para ocorrncia de diferentes rupturas, (b) conhecer as condies
para a deflagrao da ruptura e (c) conhecer a forma e a localizao da superfcie de
ruptura.
As avaliaes da estabilidade para bancadas e taludes de moderada altura (100
metros) so bem desenvolvidas. Porm, h uma carncia de mtodos para a avaliao da
estabilidade de taludes altos em rocha. Parece no haver dvidas tambm quanto a
anlises de rupturas condicionadas completamente por planos de fraqueza pr-existentes.
O papel do material intacto nas pontes rochosas parece no estar ainda completamente
entendido. Tambm no tem sido considerado o aspecto de concentraes de tenses
criadas com o processo evolutivo de escavao. No presente trabalho, descreve-se a
importncia dos mecanismos ou dos processos de ruptura a serem considerados na
avaliao da estabilidade de taludes altos, com nfase aos mecanismos de ruptura da
rocha intacta e sua contribuio estabilidade, condicionados por concentraes de
tenses geradas durante o processo evolutivo da cava.
1.2 Objetivos
Dos fatos supramencionados, com a finalidade de entender o processo de ruptura
em taludes altos e o que os levariam condio de ruptura, objetiva-se estudar no
desenvolvimento da presente pesquisa os seguintes aspectos:
9 A evoluo progressiva das tenses induzidas decorrentes do processo de escavao ou a modificao geomtrica da cava;
9 A influncia destas tenses induzidas no macio rochoso, relacionada modificao da sua resistncia como resposta s modificaes geomtricas;
9 A influncia destas tenses induzidas no desenvolvimento de rupturas progressivas.
-
Introduo 5
1.3 Organizao da Dissertao
A presente dissertao est organizada em seis captulos descritos aqui
brevemente.
Neste captulo (captulo 1), apresenta-se uma breve discusso da complexidade e
dos fatores que influenciam na ruptura de taludes altos de minerao a cu aberto e os
objetivos da dissertao.
No captulo 2, apresentam-se as partes conceituais relacionas mecnica dos
taludes altos. So apresentados os fatores que governam a estabilidade de taludes altos
de minerao a cu aberto. Os modos e mecanismos de ruptura so descritos em detalhe.
Aspectos referentes ao monitoramento geotcnico e comportamento de taludes tambm
so descritos.
O captulo 3 apresenta os mecanismos ou os processos de ruptura em rochas
frgeis observados e reportados por diversos pesquisadores. A mobilizao no
simultnea das componentes de resistncia (coeso e atrito) descrita. Estudos prvios
em rochas frgeis sustentam a perda da resistncia coesiva enquanto o atrito se mobiliza.
O captulo 4 apresenta uma discusso sobre a implementao do modelo de
amolecimento da coeso e de endurecimento do atrito por deformao plstica (dano) com
aproximao de meio continuo. Este modelo est baseado no modelo proposto por
VERMEER e DE BORST (1984), no qual foi possvel implementar a mobilizao no
simultnea das componentes de resistncia e que ao mesmo tempo est relacionada
danificao. Foi mostrado que o modelo pode simular apropriadamente o comportamento
mecnico de um corpo de prova quando submetido a cargas de compresso.
O captulo 5 apresenta resultados de simulaes numricas de taludes altos de
minerao a cu aberto. Foi considerada uma escavao em estgios simulando o avano
da escavao. Tais simulaes foram feitas com modelos elstico linear e elasto-plstico
de amolecimento da coeso e de endurecimento do atrito por deformao plstica. Foi
evidenciada a influncia do histrico de tenses induzidas na degradao da resistncia
de macios rochosos durante o processo evolutivo de escavao de uma mina a cu
aberto. A quantificao da danificao do macio rochoso ao longo da face foi possvel
usando o modelo elasto-plstico de amolecimento da coeso e de endurecimento do atrito
por deformao plstica. Foi feita uma avaliao aproximada da segurana mostrando a
grande importncia da perda de resistncia por concentrao de tenses.
Finalmente, no captulo 6, apresentam-se as concluses gerais do trabalho.
-
Mecnica dos Taludes Altos 6
Captulo 2 Mecnica dos Taludes Altos
2.1 Introduo
O comportamento mecnico de taludes altos pode ser influenciado por diferentes
fatores, tais como os apresentados na FIGURA 2.1.
a cu aberto
MedianasDescontinuidades
Escavao
de juntasSistemas
Estado de tenses In Situ
Presso d'gua subterrnea
In SituEstado de tenses
subterrneaPresso d'gua
freticoLenolLenol
fretico
Rocha estril Rocha estril
MineralDescontinuidadesmaiores
menoresDescontinuidades
ou
de traoTrinca
Con
tact
o lit
olg
ico
FIGURA 2.1 Fatores que influenciam o comportamento do macio rochoso.
A partir da avaliao qualitativa de vrias rupturas ocorridas em minas a cu
aberto, possvel dizer que, so vrios os fatores que influenciam tanto o comportamento
como a avaliao da estabilidade de taludes, conforme a FIGURA 2.1. Segundo Stacey
(1968), os seguintes fatores governam a estabilidade de taludes a cu aberto:
9 O estado de tenses In Situ e as tenses induzidas decorrentes da escavao;
-
Mecnica dos Taludes Altos 7
9 O macio rochoso: rocha intacta, descontinuidades, zonas de cisalhamento, estrutura do macio;
9 A resistncia do macio rochoso: rocha intacta, juntas, falhas;
9 A geometria da cava: ngulo de inclinao dos taludes;
9 A acelerao ssmica devido ao desmonte e eventos ssmicos;
9 As condies climticas, e
9 O tempo.
2.2 Estado de Tenses
As tenses decorrentes das foras atuantes no macio rochoso, comparadas com
a sua resistncia, condicionam a estabilidade. Segundo HERGET (1988), as tenses
encontradas no macio rochoso podem ser agrupadas de acordo com a sua origem em:
tenses iniciais, virgens ou in situ, na etapa de pr-escavao, e as tenses induzidas na
etapa das escavaes decorrentes de mudanas de geometria. As tenses in situ resultam
da combinao de:
9 Tenses gravitacionais, devido ao peso prprio das rochas sobrejacentes;
9 Tenses tectnicas, devido a foras geradas por processos orognicos e/ou tectnicos;
9 Tenses residuais;
9 Tenses devidas a glaciaes passadas, e;
9 Tenses termais.
Assume-se que as tenses gravitacionais e as tectnicas so as maiores
contribuintes para as tenses iniciais.
2.2.1 Tenses In Situ
A tenso vertical pode ser estimada em regies de topografia plana pela relao
seguinte:
zv . = 2.1 onde:
v : Tenso vertical a uma profundidade ; z : Peso especfico; z : Profundidade.
-
Mecnica dos Taludes Altos 8
De acordo com a equao 2.1, a tenso vertical considerada como tendo um
acrscimo linear com a profundidade. Isto pode ser assumido em alguns tipos de anlises,
como as apresentadas neste trabalho. A validade da equao 2.1 sustentada por
medidas feitas em vrias minas e obras civis (HOEK, 2000).
A tenso horizontal mais difcil de ser quantificada devido atuao das tenses
tectnicas. Em regies de alta atividade tectnica, tais como nos Andes da Amrica do
Sul, as tenses virgens horizontais so tipicamente maiores que as tenses verticais. A
tenso horizontal virgem pode ser estimada pela equao 2.2 a seguir:
vh k .= 2.2 onde:
k : Coeficiente de empuxo;
h : Tenso horizontal. Medidas de tenses horizontais evidenciaram que tende a ser maior para
profundidades rasas e que diminui com a profundidade (HOEK e BROWN, 1980;
HERGET, 1988). SHEOREY (1994) desenvolveu um modelo de tenso termo-elasto-
esttico da terra, na qual considerou a curvatura da crosta terrestre e a variao das
constantes elsticas, a densidade e os coeficientes de expanso termal da crosta e do
manto. Como resultado do modelo, aquele autor obteve uma equao simplificada para a
estimativa do (equao 2.3):
k
k
)1001,0(725,0z
Ek h ++= 2.3
onde, a profundidade em metros e o mdulo de deformabilidade medido
na direo horizontal em GPa.
z hE
Segundo estudos de HOEK e BROWN (1980); HERGET (1988) e SHEOREY
(1994), foi mostrado que as tenses horizontais so notavelmente maiores que as verticais
para profundidades menores que 1000m. Este fato foi explicado pela atuao da
componente tectnica na crosta.
A grande maioria das minas a cu aberto que foram revisadas encontra-se
localizadas em regies orognicas, tal como nos Andes da Amrica do Sul, o que permite
assumir o valor de k maior que um.
-
Mecnica dos Taludes Altos 9
2.2.2 Tenses Induzidas
Em escavaes a cu aberto, o estado de tenses virgens perturbado conforme
o avano da escavao. O vazio criado pela modificao da geometria fora as tenses a
se redistriburem ao longo da borda da cava, conforme mostrado na FIGURA 2.2.
Regio de Estado de tenses
Distribuio das
alvio de tenses In Situ
tenses horizontais
vh
h
FIGURA 2.2 Redistribuio das tenses com a mudana de geometria.
A literatura apresenta estudos de tenses em taludes que explicam a redistribuio
das tenses aps a escavao. Assim, de acordo com a FIGURA 2.2, desenvolve-se uma
zona de alvio de tenses na face do talude, na qual, segundo SJBERG (1999) e HOEK
et al. (2000a), a redistribuio das tenses devida remoo do material resulta num
desconfinamento do macio rochoso. Nesta regio, a tenso vertical diminui, provocando,
assim, a abertura de fendas pr-existentes. Isto ocorre devido ao decrscimo da tenso
normal (diminuio da resistncia ao cisalhamento), caracterizando uma regio com
muitos problemas de escorregamentos.
Segundo DODD e ANDERSON (1971), COATES (1977), STACEY (1970) e
SJBERG (1999), na regio do p do talude h concentrao de tenses (acrscimo de
tenses compressivas e de cisalhamento) que poderiam gerar instabilidade por tenses
induzidas. SJBERG (1999), HOEK et al. (2000a) e CALL et al. (2000) afirmaram que,
com o acrscimo da altura dos taludes, as tenses tambm se incrementam, havendo
assim, acrscimo de risco na ocorrncia de rupturas.
Os estudos de DODD e ANDERSON (1971), STACEY (1970, 1973) e
COULTHARD et al. (1992) mostraram a existncia de esforos de trao desenvolvidos na
regio da crista do talude. Estes esforos so maiores, quanto mais elevadas forem as
tenses horizontais virgens e quanto mais ngremes os ngulos do talude. Conforme os
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Mecnica dos Taludes Altos 10
estudos de HUSTRULID e KUCHTA (1995), a variao da tenso horizontal inicial s afeta
o estado de tenses da regio do p do talude, ao passo que a regio da face do talude
estaria sujeita apenas carga de gravidade. Por outro lado, acredita-se que na face do
talude a tenso horizontal no dependa da inicial, aps a escavao. Entretanto, quanto
maior a inicial, maior o decrscimo ou o alvio de tenses e maior ser o efeito de abertura
de juntas pr-existentes, e eventualmente maior o dano ao material intacto, dependendo
da trajetria de tenses at o alvio.
SJBERG (1999) resume que existem poucos estudos sobre o estado de tenses
em escavaes a cu aberto, os quais foram aprendidos atravs de anlises fotoelsticas
e de anlises numricas como as de STACEY (1970, 1973).
A literatura mostra que, recentemente, a anlise numrica est sendo utilizada
para o estudo do comportamento de taludes, mas ainda no se consegue reproduzir todos
os fenmenos envolvidos. O conhecimento do estado de tenses num talude muito
importante, j que conforme a sua magnitude, poderia gerar algum tipo de manifestao
como a deformao do macio rochoso, a qual pode-se traduzir em dano e instabilidade.
2.2.3 gua Subterrnea e Tenses Efetivas
O estado de tenses num talude depende tambm da presena de gua
subterrnea no macio rochoso. A localizao do lenol fretico no perturbado (pr-
escavao) depende de caractersticas tais como: a topografia, a localizao da cava em
relao s fontes (como os rios e lagos), a infiltrao dgua de chuvas, entre outros. Um
fato a se salientar que o lenol fretico inicial muda em relao ao avano da escavao
ou com as mudanas de geometria.
O macio rochoso que se encontra abaixo do lenol fretico est submetido a
presses de gua, que atuam nas descontinuidades pr-existentes e reduzem a tenso
efetiva, que como conseqncia reduzem a resistncia ao cisalhamento na provvel
superfcie de ruptura (tenso normal reduzida). Adicionalmente, pode-se ter efeitos
secundrios pela presena dgua no macio, de modo que alguns minerais podem reagir
desfavoravelmente, reduzindo, desta forma, a resistncia do material de preenchimento
das descontinuidades. Ressalta-se que este efeito pode ser ainda mais crtico nas falhas,
em que se tem grande quantidade de material de preenchimento, muitas vezes expansivo
em presena dgua.
A permeabilidade do macio rochoso pode ser significativamente alta devido ao
fato que o fluxo se d atravs das descontinuidades pr-existentes e por serem elas
-
Mecnica dos Taludes Altos 11
numerosas. A permeabilidade de uma descontinuidade individual sensvel variao da
abertura da junta, e depende da tenso normal atuante. O mesmo fenmeno pode ocorrer
em macios rochosos fraturados. Assim, na regio de alvio de tenses, o fluxo dgua
ser maior permitindo mudanas do lenol fretico, e tambm mudanas das tenses
efetivas. Por outro lado, pode-se esperar um decrscimo da permeabilidade em regies de
altas tenses de confinamento, como na regio do p do talude (SHARP et al., 1977).
2.3 Estrutura do Macio Rochoso
A estrutura do macio rochoso sem dvida um dos fatores mais importantes que
governa a estabilidade do talude. As distribuies espaciais dos diferentes tipos de rocha e
as suas descontinuidades formam o macio rochoso. Na FIGURA 2.3, apresenta-se uma
seo tpica de um macio rochoso, que atravessado por diferentes descontinuidades,
tais como falhas e sistemas de juntas. Alm disso, podem ocorrer vrios tipos de litologias
com diferentes graus de fraturamento.
Lenolfretico
Estrutura complexaZonas de debilidade (Falhas) Blocos de rocha de vrios tamanhos
pontes rochosas
Superfcie
Rocha ARocha B
Con
tact
o lit
olg
ico Falhas maiores
de juntasSistemas
FIGURA 2.3 Exemplo da estrutura do macio rochoso.
Conforme a FIGURA 2.3, salienta-se: (1) A importncia das descontinuidades
persistentes, que atuam como zonas de fraquezas, podendo eventualmente governar a
estabilidade; (2) A fbrica (estrutura, trama) consiste em blocos limitados por juntas,
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Mecnica dos Taludes Altos 12
fraturas ou fissuras, assim, a distncia entre estes tipos de descontinuidades determina o
tamanho dos blocos. As caractersticas destes blocos, tais como a persistncia das juntas
que os delimitam, a resistncia ao cisalhamento das faces ou das juntas, a resistncia da
rocha intacta, o tamanho dos blocos (grau de fraturamento) entre outras caractersticas,
influenciam na resistncia do macio rochoso. Salienta-se que, conforme a persistncia
destas juntas, podem existir pontes rochosas, as quais contribuem com a resistncia
coesiva do macio.
Segundo SJBERG (1999), para taludes altos, as descontinuidades de maior
interesse so: (1) Descontinuidades aproximadamente da mesma dimenso dos taludes,
como falhas e zonas de cisalhamento e (2) Descontinuidades pequenas, que fazem parte
da fbrica do macio rochoso. ZEA (2002) divide as descontinuidades conforme a sua
continuidade e a sua influncia na estabilidade dos taludes altos em: (1) descontinuidades
maiores, que compreendem as falhas regionais maiores que 1 quilmetro (falhas que
podem atravessar completamente a cava); (2) descontinuidades medianas, com
persistncia de 20 at 1000 m, que podem comprometer a estabilidade de vrias
bancadas, at o talude global, conforme a sua disposio geomtrica em relao ao
talude, e (3) descontinuidades menores, com persistncia menor que 20m; neste grupo
estariam tanto as falhas menores de 20 m como os sistemas de juntas. Este tipo de
descontinuidade governa a estabilidade ao nvel de bancada ao mesmo passo que
tambm forma parte da fbrica do macio.
HOEK, (1971), HOEK e BRAY (1981) afirmaram que a orientao das
descontinuidades pr-existentes em relao orientao do talude (condies cinemticas
de ruptura) pode ter impacto no comportamento dos taludes em rocha. Isto est baseado
no fato de que as descontinuidades so planos de fraqueza no macio rochoso.
As descontinuidades no macio rochoso esto presentes em todas as escalas,
tendo-se desde as micro-fissuras at as falhas regionais de vrios quilmetros. Na
FIGURA 2.4, apresenta-se uma classificao dos diferentes tipos de descontinuidades
conforme a sua persistncia. Salienta-se que cada tipo de descontinuidade influencia no
comportamento do material para uma determinada escala, assim, as micro-fissuras e
fissuras influenciam no comportamento do corpo de prova, enquanto as juntas, falhas, os
planos de acamamento e planos de cisalhamento influenciam no comportamento do
macio rochoso, que no caso pode ser o talude global. As descontinuidades chamadas de
falhas medianas e maiores podem governar a estabilidade nos taludes altos. Assim
tambm, as juntas que so formadoras de fbrica do macio rochoso gerariam outro tipo
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Mecnica dos Taludes Altos 13
de mecanismo em conjunto com as pontes rochosas. Finalmente, conforme apresentado
na FIGURA 1.2, vrios fatores estruturais podem governar a estabilidade, tendo cada uma
delas a sua devida importncia.
0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000 10000
Persistncia [m]
MaioresMedianasMenores
Juntas - Diaclse
Micro-trincas
Falhas
Descontinuidades
Zonas de cisalhamento
Trincas
Planos de acamamento
Fissuras - Fendas
FIGURA 2.4 Tipos de descontinuidades conforme a sua persistncia.
Adicionalmente, SJBERG (1999) salienta o efeito de escala, comparando o
tamanho das descontinuidades em relao altura do talude (30, 90 e 500 m). Para este
efeito, ele considera dois sistemas de juntas com persistncias entre 8 e 10m, pontes
rochosas entre 3 e 5m e espaamentos entre 3 e 7m. O resultado mostra que, com a
mesma distribuio de juntas, para taludes pequenos (30 m), o macio se mostra pouco
fraturado; j para taludes altos (500 m), o macio se mostra altamente fraturado. Assim, o
tamanho do bloco unitrio muito pequeno comparado altura do talude, fato que talvez
permita afirmar que o macio pode comportar-se como um meio contnuo. Por outro lado,
num macio rochoso, pode-se ter mais de dois sistemas de juntas, com espaamentos e
persistncias que podem ser muito menores que os apresentados por aquele autor.
2.4 Resistncia de Rochas
2.4.1 Resistncia da rocha intacta e das descontinuidades
Sabe-se que o macio rochoso composto pela rocha intacta e pelas
descontinuidades. Na literatura, encontram-se estudos sobre a resistncia da rocha intacta
e das descontinuidades, de modo que podem ser consideradas como bem compreendidas.
A resistncia das descontinuidades planas pode ser bem descrita pelo critrio de
resistncia de Coulomb. Para descontinuidades com superfcies rugosas, critrios como o
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Mecnica dos Taludes Altos 14
de PATTON (1966) podem ser mais aplicveis. BARTON (1976) e BARTON e CHOUBEY
(1977) desenvolveram um critrio de ruptura emprico de cisalhamento que inclui a
rugosidade da superfcie das descontinuidades e a resistncia compressiva das paredes.
Aqueles autores tambm sugeriram mtodos para a estimativa dos parmetros de
rugosidade, , e resistncia do material das paredes, , os quais so usados na
estimativa da resistncia ao cisalhamento das descontinuidades.
JRC JCS
No macio rochoso, a rocha intacta ocorre como pontes rochosas entre as
descontinuidades. O comportamento mecnico da rocha intacta tem sido bem estudado,
contudo, o comportamento das pontes rochosas entre as descontinuidades menos
entendido. Segundo EINSTEIN et al. (1983) e EINSTEIN (1993), os mecanismos que
inicialmente se desenvolvem nas pontes rochosas so mecanismos de trao (ruptura em
Modo I), ao passo que mecanismos de cisalhamento (ruptura em Modo II) se
desenvolveriam como um fenmeno secundrio, formando-se assim, eventualmente,
fraturas de cisalhamento pela unio de duas descontinuidades. Recentemente,
HAJIABDOLMAJID et al. (2002), a partir do trabalho de LAJTAI (1969), afirmam que estes
mecanismos de trao so os que governam a resistncia da rocha em baixas tenses de
confinamento; assim, por este mecanismo se d a perda da resistncia coesiva.
2.4.2. Resistncia do macio rochoso
A resistncia do macio rochoso foi menos pesquisada do que a resistncia da
rocha intacta e das descontinuidades. No entanto, vrios estudos mostram que a
resistncia significativamente reduzida com o acrscimo do tamanho da amostra. Esta
diminuio da resistncia em relao ao acrscimo do volume primariamente devida ao
acrscimo do nmero de descontinuidades pr-existentes no macio. Conforme a
literatura, a resistncia do macio rochoso pode ser estimada atravs de: (1) classificaes
geomecnicas, (2) ensaios de grande porte, (3) retro-anlise de rupturas, e (4) critrios de
ruptura como o de Hoek-Brown, usado em conjunto com as classificaes geomecnicas e
o (ndice de Resistncia Geolgico). Sem dvida, o critrio mais conhecido e
atualmente usado na avaliao da resistncia do macio rochoso o critrio de ruptura de
Hoek-Brown, descrito posteriormente.
GSI
Das alternativas de avaliao da resistncia do macio rochoso, os ensaios de
grande porte so raramente aplicveis e possveis em aplicaes de taludes. A retro-
anlise de rupturas prvias pode ser uma boa alternativa, porque seria possvel obter-se
parmetros de resistncia mais representativos. No entanto, para isto se requer que
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Mecnica dos Taludes Altos 15
tenham acontecido rupturas, e o tipo de ruptura deve ser razoavelmente definido.
Adicionalmente, os fatores envolvidos na ruptura, tais como a gua subterrnea,
caractersticas do macio, sismicidade, entre outras, devem ser avaliados adequadamente.
Por outro lado, segundo BIENIAWSKI (1967), um critrio de ruptura deve
representar os mecanismos de ruptura envolvidos durante o processo de ruptura. No
entanto, da mesma forma que o critrio de Hoek-Brown, o critrio de Mohr-Coulomb no
fornece uma descrio verdadeira do processo fsico que ocorre durante a ruptura de
macios rochosos de grande porte.
2.4.3 Critrio de ruptura generalizado de Hoek-Brown
Este critrio foi apresentado por HOEK e BROWN (1980) numa tentativa de
fornecer dados de entrada para as anlises de projetos em escavaes subterrneas. O
critrio iniciou-se a partir de propriedades da rocha intacta, e em seguida foi expandido
para macios rochosos com a introduo de fatores que considerem as caractersticas das
descontinuidades do macio. Os autores buscaram ligar o critrio emprico s observaes
geolgicas atravs da classificao geomecnica ( RMR ) proposta por BIENIAWSKI
(1976). O critrio original em termos de tenses principais foi definido por:
2331 cc sm ++= 2.4
onde:
1 : Tenso principal maior; 3 : Tenso principal menor;
m e : Constantes do material, onde =1 para a rocha intacta; s s
c : Resistncia compresso simples da rocha intacta. Com o tempo, o critrio teve subseqentes revises e atualizaes por HOEK e
BROWN (1988), onde os autores introduziram macios rochosos perturbados e no
perturbados. HOEK et al. (1992) consideraram nula a resistncia trao do macio
rochoso de qualidade muito pobre. HOEK (1994) introduziu o conceito do critrio de
ruptura generalizado de Hoek-Brown, no qual a envoltria de Mohr-Coulomb pode ser
ajustada por meio de um expoente varivel em lugar do termo da raiz quadrada da
equao 2.4. Alm das mudanas nas equaes, foi considerado que a classificao
geomecnica (
a
RMR ) no era adequada para relacionar o critrio de ruptura s
observaes geolgicas de campo, particularmente para macios brandos. Isto resultou na
introduo do ndice de Resistncia Geolgico ( ) por HOEK et al. (1995), que GSI
-
Mecnica dos Taludes Altos 16
posteriormente foi estendido para macios rochosos brandos. HOEK et al. (1995)
apresentam uma relao entre as classificaes geomecnicas ( RMR e ) e o ndice pelas seguintes equaes:
'QGSI
RMR
RMR
Q ' =
RMR
'1'3cbm
s a
m
76RMRGSI = , para 2.5 1876 >RMR
, para 44log9 ' += QGSI 1876 RMRonde:
76 : Classificao geomecnica de Bieniawski verso 1976;
89 : Classificao geomecnica de Bieniawski verso 1989;
a
r
n JJ
JRQD . : ndice modificado da Classificao geomecnica de Barton.
O ndice GSI parece ser muito qualitativo e est sujeito comparao entre
observaes visuais do macio e tabelas comparativas. As classificaes geomecnicas
( e ) j esto muito bem descritas, apresentando de forma clara e direta a
avaliao da qualidade do macio rochoso.
Q
HOEK et al. (2002) apresentaram o critrio de ruptura generalizado de Hoek-
Brown, expresso pela seguinte equao:
a
cibci sm
++=
'3'
3'1 2.8
onde:
: Tenso efetiva principal maior;
: Tenso efetiva principal menor;
: Resistncia compresso simples da rocha intacta;
: Valor reduzido da constante do material ou constante do macio rochoso; ime : Constantes para o macio rochoso.
O valor de m dado por: b
=
DGSImm ib 1428
100exp 2.9
onde:
i : Constante da rocha intacta;
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Mecnica dos Taludes Altos 17
GSI : ndice de resistncia geolgica; D : Fator de perturbao.
As constantes e so obtidas pelas seguintes equaes: s a
=D
GSIs39100exp 2.10
+=
320
15
61
21 eea
GSI
2.11
O fator D depende do grau de perturbao ao qual o macio rochoso foi submetido
devido a danos oriundos de desmonte e da relaxao de tenses. Este fator assume o
valor de zero para macios rochosos no perturbados e de 1 para macios rochosos
bastante perturbados.
A resistncia compresso uniaxial do macio rochoso ( cm ) obtida substituindo na equao 2.8, obtendo-se: 0'3 =
2.12 acicm s. =
A resistncia trao do macio rochoso ( tm ) obtida substituindo na equao 2.8, obtendo-se: tm == '3'1
b
citm m
s = 2.13
As tenses normal e de cisalhamento esto relacionadas com as tenses
principais pelas equaes publicadas por BALMER (1952) apud HOEK et al. (2002):
1
22'3
'1
'3
'3
'1
'3
'1'
++=
ddd
n
1'1 d
2.14
1
)(
'3
'1
'3'
3'1
+=
dd
d
'1d
2.15
onde:
1'
3'3
'1 1
++=a
ci
bb s
mamdd
2.16
-
Mecnica dos Taludes Altos 18
Na grande maioria dos programas geotcnicos, os parmetros de entrada so os
correspondentes ao do modelo de Mohr-Coulomb, sendo necessria a determinao dos
parmetros equivalentes ( c e ) para o macio rochoso. A determinao destes parmetros feita ajustando-se uma relao linear envoltria no-linear originada pela
equao 2.8 para uma faixa de tenso de confinamento definida por
(HOEK et al., 2002). A coeso ( c ) e o atrito (' max33
-
Mecnica dos Taludes Altos 19
A equao 2.20 em termos de tenses principais definida por:
'3''
'
''
1 sen1sen1
sen1cos2
++=c
2.21
Hoek et al. (1995) resumem as caractersticas do macio, nos quais o critrio de
ruptura de Hoek-Brown pode ser aplicado. Assim, o critrio estritamente aplicvel para a
rocha intacta ou para macio rochoso altamente fraturado que pode ser considerado
homogneo e isotrpico. Para casos em que o comportamento do macio rochoso esteja
governado por descontinuidades ou sistemas de juntas, critrios que descrevem a
resistncia ao cisalhamento de juntas devem ser usados (critrio de Barton-Bandis e o
critrio de Mohr-Coulomb aplicado para descontinuidades).
2.5 Modos e Mecanismos de Ruptura
Rupturas em taludes foram inicialmente estudadas para fins de obras civis, mas,
nas ltimas dcadas, taludes que se apresentam em minerao a cu aberto com alturas
que superam 600 m (SJBERG, 2000; CALL et al., 2000) tm provocado maior interesse
em estudo.
No presente trabalho, se faz a diferenciao entre modo e mecanismo de ruptura,
o que j tem sido usado na literatura. BIENIAWSKI (1967) introduziu essas terminologias,
sendo o modo de ruptura definido como a descrio do aspecto geomtrico em que uma
ruptura acontece, e o mecanismo de ruptura como os processos que se do num material
no transcurso de carregamento e que, eventualmente, o levam condio de ruptura.
SJBERG (1999) fez uso dessa mesma terminologia, aplicando-a para o estudo de
taludes. Assim, o modo de ruptura a descrio macroscpica da forma geomtrica em
que uma ruptura acontece (como as rupturas planar, em cunha e por tombamento). O
mecanismo de ruptura refere-se descrio do processo fsico que acontece em
diferentes pontos do macio rochoso, tal como o comeo e a propagao da ruptura
atravs da rocha e que, eventualmente, a conduz ao colapso.
Trabalhos como o de PATTON e DEERE (1971) enfatizaram a definio dos
fatores geolgicos que controlariam a estabilidade de taludes, os quais se referem
basicamente aos aspectos geomtricos (modo de ruptura). KENNEDY e NIERMYER
(1970) divulgaram os sistemas de monitoramento dos deslocamentos de taludes usados
na previso da ruptura na mina Chuquicamata, no Chile, que serviram para ampliar o
conhecimento relativo aos mecanismos de ruptura em taludes. BROADBENT e KO (1972),
ZAVODNI e BROADBENT (1978), BROADBENT e ZAVODNI (1982), RYAN e CALL
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Mecnica dos Taludes Altos 20
(1992) e CALL et al. (2000) analisaram o campo de deslocamentos em taludes de
minerao a cu aberto, mostrando os respectivos comportamentos desses taludes como
fase progressiva e regressiva (mecanismo de ruptura).
Em taludes, tanto em solos como em rochas, a superfcie de ruptura no se
desenvolve ao mesmo tempo em toda sua extenso, devendo haver ento, um
desenvolvimento progressivo da superfcie de ruptura (mecanismo de ruptura), o que
eventualmente pode conduzir o talude ao colapso (BISHOP, 1967). Adicionalmente,
segundo CHOWDHURY (1978), descreve-se o fenmeno chamado de ruptura progressiva
como um processo sucessivo da formao da superfcie de ruptura atravs da
redistribuio de tenses e da perda da resistncia ao cisalhamento do material.
2.5.1 Modos de Ruptura
Segundo PATTON e DEERE (1971), conforme a geometria da ruptura e a altura
dos taludes de minerao a cu aberto, e adicionalmente, incluindo o grau de fraturamento
do macio rochoso, as rupturas podem abranger uma determinada escala. Estas rupturas
foram divididas em trs tipos, conforme se apresenta na FIGURA 2.5.
(a) Rupturas locais (Tipo I), so aquelas rupturas que ocorrem em nvel de bancada,
controladas por juntas e falhas dessas mesmas magnitudes.
(b) Rupturas de maior escala (Tipo II), so aquelas controladas por descontinuidades
persistentes, tais como sistemas de juntas combinadas com falhas. Este tipo de ruptura
envolve um grande volume de massa rochosa. Estas podem ocorrer de acordo com a
configurao geomtrica das descontinuidades pr-existentes em relao ao talude,
gerando desta forma rupturas do tipo planar ou cunha.
(c) Rupturas em rochas Fraturadas (Tipo III), so aquelas associadas ao alto fraturamento,
tpico de rochas brandas e alteradas que influenciam a estabilidade devido a sua baixa
resistncia. Este tipo de ruptura pode envolver vrias bancadas ou at o talude global.
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Mecnica dos Taludes Altos 21
FIGURA 2.5 Tipos de rupturas em taludes de minerao a cu aberto (Mod. de PATTON e DEERE, 1971).
DE FREITAS e WATTERS (1973) e GOODMAN e BRAY (1976) descreveram a
ruptura por tombamento, em que ocorre o tombamento de colunas de rocha formadas por
descontinuidades com mergulho quase normal ao talude. COATES (1977) fez uma
classificao dos modos de ruptura com base nos critrios geomtricos, e estas so:
ruptura planar, ruptura em cunha, ruptura circular e ruptura por fluncia de blocos
(tombamento), que usada at hoje com essas mesmas denominaes. HOEK e BRAY
(1981) sintetizam no seu texto Rock Slope Engineering, a maior parte de trabalhos at
ento publicados, estabelecendo ou reafirmando os critrios geomtricos e cinemticos
que determinam a ocorrncia de rupturas em taludes. Segundo os autores nos taludes
podem ocorrer quatro modos de rupturas: ruptura circular, ruptura planar, em cunha e por
tombamento, alm disso, comentam que existem rupturas complexas.
HUDSON e HARRISON (1997) e HOEK et al. (2000b) classificaram a instabilidade
de taludes em dois grupos: o primeiro, quando o macio rochoso se apresenta como um
meio equivalente contnuo (macio rochoso fraturado, sem controle estrutural), originando
o modo de ruptura circular, e o segundo quando o macio rochoso se apresenta como um
meio descontnuo (presena de descontinuidades, com controle estrutural) originando
rupturas governadas pelas descontinuidades, tais como: rupturas planares, em cunha e
por tombamento.
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Mecnica dos Taludes Altos 22
SJBERG (1999), a partir de uma compilao de vrios trabalhos referentes a
rupturas em taludes altos (300 m a 500 m) em minas a cu aberto, mostrou que os modos
de ruptura mais freqentes so as rupturas circulares (sem controle estrutural) e as
rupturas por tombamento flexural de grandes dimenses, conforme a FIGURA 2.6. Muitas
destas rupturas registradas por aquele autor tiveram deslocamentos lentos e progressivos.
macio rochoso altamente fraturadoA) Rupturas circulares e no circulares em
superfcie Provvel
de juntasSistemas
Trinca Descontinuidades
pr-existentes
Mecanismosde cisalhamento
B) Rupturas por tombamento de grandes dimenses
de trao
de ruptura
de ruptura
Provvelsuperfcie
FIGURA 2.6 Modos de ruptura mais freqentes em taludes altos (Mod. de SJBERG, 1999).
Rupturas sem controle estrutural
Dentro deste grupo encontram-se as rupturas circulares e no circulares. Nestas
rupturas no h nenhum padro estrutural definido ou orientaes crticas das
descontinuidades ou planos de fraqueza. Estas rupturas so tpicas de macios de solos.
Segundo HOEK e BRAY (1981), a ruptura circular tambm pode ocorrer em taludes de
rocha, onde no h fortes condicionantes estruturais (padro estrutural no definido),
assim como em macios rochosos altamente fraturados sem predominncia na orientao
das descontinuidades. Desta forma, as partculas individuais da massa rochosa (bloco
unitrio) so pequenas comparadas altura do talude. SJBERG (1999) abordou o efeito
escala a ser considerado para a ocorrncia de rupturas do tipo circular, ressaltando a
condio de que o bloco unitrio da massa rochosa seria muito pequeno quando
comparado dimenso do talude.
O termo circular usado de modo amplo, englobando modos rotacionais, sem
restrio rigorosa da forma da superfcie. Segundo BISHOP (1967), superfcies de rupturas
no circulares poderiam ser mais realistas. Assim, para rochas em que a heterogeneidade
e a anisotropia intrnsecas, resultantes do fraturamento intenso, ocorram em direes
preferenciais, a ruptura no circular seria a mais representativa. Segundo CELESTINO e
DUNCAN (1980), tomando como exemplo a barragem Waco, Estados Unidos, a forma da
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Mecnica dos Taludes Altos 23
superfcie crtica pode ser do tipo no-circular para solos e rochas que sejam anisotrpicos
em relao resistncia ao cisalhamento. A superfcie crtica nestes casos pode ser
localizada usando procedimentos de busca descritos por aqueles autores.
Como exemplo de ruptura de grande porte em minerao a cu aberto, apresenta-
se na FIGURA 2.7 uma ruptura com aproximadamente 350 m de altura num talude global
de aproximadamente 600 m. O macio rochoso envolvido nesta ruptura alterado e
fraturado. Esta ruptura ocorreu sem controle estrutural, sendo do tipo circular. A superfcie
de ruptura, segundo HOEK et al. (2000b), provavelmente passa atravs do macio
rochoso fraturado e alterado, enfraquecido pela presena de juntas, ou que estaria
governada por algum tipo de controle estrutural. No entanto, esta instabilidade pode
tambm se dever s tenses induzidas (reduo da resistncia), atuao dgua
subterrnea, a danos induzidos oriundos de desmontes.
FIGURA 2.7 Exemplo de ruptura em taludes altos de minerao a cu aberto (HOEK et al., 2000b).
Rupturas com controle estrutural
Estas rupturas podem ser estudadas atravs de anlise estereogrfica (condies
cinemticas), definida pela orientao das descontinuidades em relao geometria do
talude. As rupturas planares, em cunha e por tombamento se encontram neste grupo.
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Mecnica dos Taludes Altos 24
A ruptura planar ou em cunha em taludes altos que envolvam grande volume do
macio rochoso, s pode ocorrer com a presena de descontinuidades persistentes, tais
como as falhas medianas e maiores, alm de obedeceram s condies cinemticas. Na
FIGURA 2.8 so apresentados dois exemplos de rupturas governadas por estas
descontinuidades persistentes, onde a ruptura envolve vrias bancadas. Por outro lado,
isto no uma condio, pois h casos onde a superfcie de ruptura planar ou em cunha
formada pela unio de vrias descontinuidades menores. Conforme a literatura, as
rupturas planares e em cunha so mais comuns em nvel de bancadas, onde esto
governadas por descontinuidades menores, sejam falhas ou juntas.
FIGURA 2.8 Rupturas com controle estrutural: (a) ruptura planar e (b) ruptura em cunha.
Por sua vez, as rupturas por tombamento foram observadas numa serie de massas
rochosas. Este tipo de ruptura pode ocorrer tanto em taludes naturais como em taludes de
minerao a cu aberto, o qual foi estudado por vrios pesquisadores (DE FREITAS e
WATTERS, 1973; GOODMAN e BRAY, 1976; COATES, 1977; WYLLIE, 1980; HOEK e
BROWN, 1981; CRUDEN, 1989). Segundo estes autores, o tombamento ocorre quando a
direo das descontinuidades sub-paralela ao talude, em aproximadamente 30 (GOODMAN, 1989; CRUDEN, 1989) e com mergulho quase normal em relao ao
mesmo.
SJBERG (1999) descreve rupturas por tombamento flexural de grandes
dimenses. Segundo CALL et al. (2000), descontinuidades persistentes (falhas medianas)
formadoras da ruptura por tombamento diminuem a rigidez do macio rochoso, formando,
assim, blocos discretos.
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Mecnica dos Taludes Altos 25
2.5.2 Mecanismos de Ruptura
A literatura mostra casos em que os mecanismos de ruptura foram estudados via
modelos fsicos bidimensionais, simulando macios rochosos (blocos discretos) fraturados
com at trs sistemas de juntas (BARTON, 1972, 1974 e STACEY, 1973, apud SJBERG,
1999). STACEY (1973) fez ensaios em centrfuga (ensaios bidimensionais e
tridimensionais), simulando taludes fraturados. BARTON (1972, 1974) fez um modelo
fsico de talude de grande porte simulando um modelo de talude em rocha (40000 blocos
discretos). Conforme os resultados dos ensaios de STACEY (1973) e BARTON (1972,
1974), a instabilidade ocorreu s por deslizamentos ao longo de juntas pr-existentes que
passam pelo p do talude. BARTON (1972, 1974) mostra que a ocorrncia da deformao
na crista do talude decorrente da escavao. Cabe salientar que, a partir dos ensaios
fsicos feitos pelos autores supramencionados, foi revelado que os mecanismos de ruptura
so de natureza progressiva.
As rupturas por tombamento e do tipo circular foram pesquisadas atravs de
ensaios de centrfuga por ADHIKARY (1995). Os resultados daquele autor mostraram que
para modelos homogneos, como era de esperar, ocorreu a ruptura circular. A superfcie
de ruptura originou-se no p do talude, avanando progressivamente pelo interior do
talude at interceptar a sua crista num ngulo quase reto. Para taludes com
descontinuidades paralelas face e com mergulho para o talude, ocorreu o tombamento
flexural. A instabilidade inicia-se com a rotao das colunas formadas entre as
descontinuidades, seguida pela ruptura da base das mesmas colunas, assim formando a
superfcie de ruptura, que iniciou-se no p e propagou-se pelo interior do talude.
Por outro lado, MLLER (1966) concluiu que as rupturas em taludes de rocha
envolveriam, no seu comeo, cisalhamento ao longo de descontinuidades pr-existentes e
que a ruptura da rocha intacta (ponte rochosa) poderia criar um mecanismo progressivo de
ruptura, condicionado tambm pela dilatncia no trecho da junta pr-existente. Tal
mecanismo parece aceitvel e, desta forma, a superfcie de ruptura, considerando o ponto
de vista daquele autor, estaria composta principalmente por descontinuidades pr-
existentes com pores da rocha intacta.
De acordo com COLLIN (apud SKEMPTON, 1949), TERZAGHI (1944), ROMANI et
al. (1972) e CHOWDHURY (1978), citados por SJBERG (1999), a ruptura comea na
crista do talude, baseado no fato de que as trincas de carter tensional desenvolvem-se
primariamente na zona da crista, sendo esta zona ativa e livre para movimentar-se. Uma
outra alternativa seria que a ruptura se inicia no p do talude, onde encontrada alta
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Mecnica dos Taludes Altos 26
concentrao de tenses de cisalhamento (VEDER, 1981; ZRUBA e MENCL, 1982, apud
SJBERG, 1999). Segundo BISHOP (1967), a superfcie de ruptura avana
progressivamente do p do talude para a sua crista. Por sua vez, HARR (1977) apud
SJBERG (1999) concluiu que a ruptura comea num ponto qualquer que no seja
necessariamente o p do talude, o que se deve ao fato de que, em minerao a cu aberto
conforme o avano da escavao, o p do talude geral toma uma nova localizao, o que
leva a pensar que rupturas sucessivas comecem no p.
A afirmao de BISHOP (1967), de alguma forma pode estar sustentada pelos
estudos de DODD e ANDERSON (1971) e SJBERG (1999) entre outros pesquisadores.
Estes autores a partir de anlises numricas concluram que h concentrao de tenses
compressivas e de cisalhamento no p do talude, as quais favorecem as instabilidades.
Com base, nos estudos de modelos fsicos e de modelagem numrica, muito
provvel que a superfcie de ruptura se inicie no p do talude, tanto em rupturas por
tombamento como para as rupturas circulares e rupturas complexas. Alm disso, como j
foi mencionada, a superfcie de ruptura em macios rochosos provvel que no seja uma
simples superfcie de cisalhamento, estando ela composta pela unio de vrias
descontinuidades envolvendo rupturas da rocha intacta entre as descontinuidades.
Por outro lado, os mecanismos de rupturas foram estudados atravs de anlises
numricas, onde se pesquisou o comportamento dos taludes. Vrios exemplos de
aplicao da modelagem numrica a estudos de taludes podem ser encontrados na
literatura (PRITCHARD e SAVIGNY, 1990, 1991; MARTIN, 1990; ORR et al., 1991;
BOARD et al., 1996; SJBERG, 1999, 2000; NICHOL et al., 2002). O comum destes
casos que o comportamento do talude seja duplicado ou reconstrudo atravs da
modelagem numrica. Para isto os diferentes parmetros de entrada podem ser variados,
em coerncia com os observados em campo, at conseguir uma boa representatividade
da geometria da ruptura observada.
CALL et al. (2000) discutiram o mecanismo de ruptura por tombamento, o qual est
governado por descontinuidades persistentes (falhas medianas) de alto ngulo e paralelas
ao talude, conforme visto na FIGURA 2.9. Segundo aquele autor as descontinuidades
persistentes diminuem a rigidez do macio rochoso, assim, formando blocos discretos.
Uma caracterstica que ele apresenta, que o material do p do talude tem baixa
qualidade geotcnica em relao ao resto do talude. A partir de tal caracterstica podem
apresentar-se rupturas com comportamento de natureza regressiva de grandes
dimenses. Para os autores, os deslocamentos se iniciam no p do talude, fato
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Mecnica dos Taludes Altos 27
demonstrado pelo avano da escavao na regio do p do talude (remoo da rocha de
baixa qualidade geotcnica). Depois l o deslocamento do talude global (parte localizada
acima da rocha fraca), isto devido ao rearranjo sucessivo dos blocos discretos. Nestas
caractersticas, segundo estes autores, o talude conduzido para uma situao estvel
(que pode ser temporria) aps um certo deslocamento.
FIGURA 2.9 Ruptura por tombamento de grandes dimenses (CALL et al. 2000).
SJBERG (1999, 2000) estudou a ruptura circular para taludes altos de rocha
atravs do mtodo de diferenas finitas (FLAC), e usou o modelo constitutivo elasto-
plstico de Mohr-Coulomb. Considerou como dados de entrada: a resistncia ao
cisalhamento da rocha (coeso e atrito), as condies das tenses iniciais e do nvel
dgua subterrneo. Os parmetros de entrada foram variados e escolhidos para obter a
ruptura e, assim, estudar as condies em que se produzem as mesmas. Segundo aquele
autor, a ruptura ocorre em vrias fases, conforme apresentado na FIGURA 2.10, afirmando
tambm que grandes deslocamentos ocorrem antes que a superfcie de ruptura se
desenvolva completamente.
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Mecnica dos Taludes Altos 28
FIGURA 2.10 Mecanismos de rupturas: ruptura circular (SJBERG, 1999).
Existem vrios trabalhos que analisam a ruptura por tombamento de grandes
dimenses e seus respectivos mecanismos, tanto em observaes de campo, como na
modelagem numrica. SJBERG (1999, 2000) simulou a ruptura por tombamento flexural
atravs do mtodo dos elementos distintos (UDEC) e por diferenas finitas (FLAC). Para
aquele autor, alm das condies geomtricas bsicas para a ocorrncia da ruptura por
tombamento, o macio rochoso deve ter capacidade de deformao compatvel com
aquele mecanismo. Ele tambm deve possuir baixa resistncia trao para facilitar o
dobramento e a conseqente ruptura na base das colunas formadas. O tombamento
ocorre em etapas como mostrado na FIGURA 2.11. Esta ruptura estaria governada
inicialmente por mecanismos de cisalhamento ao longo das descontinuidades de ngulo
elevado; o cisalhamento comearia no p do talude e teria uma propagao at a crista,
acompanhado da redistribuio de tenses. Na seqncia, ter-se-ia o dobramento das
colunas de rocha, inicialmente no p do talude, e este seria seguido por uma ruptura de
trao na base da coluna. Finalmente, a ruptura se propagaria at a crista e a superfcie
de ruptura se desenvolveria.
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Mecnica dos Taludes Altos 29
FIGURA 2.11 Mecanismos de ruptura: ruptura por tombamento (SJBERG, 1999).
Na ruptura por tombamento, a superfcie de ruptura, em alguns casos,
desenvolveu-se quase paralela face do talude; em outros casos, pode ser curva,
dependendo basicamente da distribuio espacial das descontinuidades no talude global
(PRITCHARD e SAVIGNY, 1990). Observaes similares foram feitas por ORR et al.
(1991), relatando que as rupturas por tombamento originam uma forma final amplamente
circular, tanto em planta como em perfil. Assim, descrevem estas rupturas como
pseudocirculares.
2.6 Monitoramento Geotcnico de Taludes
Quando a geometria do macio rochoso modificada, ocorre uma redistribuio de
tenses ao longo da borda do vazio criado, gerando no caso de taludes uma regio de
alvio de tenses (na face) e uma regio de acmulo de tenses compressivas e de
cisalhamento (no p), conforme a FIGURA 2.2. Este fenmeno gera algumas modificaes
do macio rochoso no seu conjunto. Assim estas modificaes podem estar manifestadas
pela deformao do macio rochoso no seu conjunto e mudanas do lenol fretico. A
deformao do macio rochoso fisicamente pode estar manifestada pela apario de
trincas de trao na crista do talude (detectadas por observaes de campo),
deslocamentos no interior do talude (detectadas por monitoramento), embarrigamentos na
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Mecnica dos Taludes Altos 30
face do talude (que podem ser detectadas atravs de monitoramento), entre outras. Estas
modificaes do macio rochoso decorrentes da escavao podem ser detec