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1 Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais Imagem: Ad Médic XXXIV Reunião Anual NÚCLEO DE GASTRENTEROLOGIA DOS HOSPITAIS DISTRITAIS 15-16 NOVEMBRO 2019 NGHD HOTEL DOM PEDRO VILAMOURA PROGRAMA CIENTÍFICO Versão Digital

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Page 1: XXXV Reunião Anual NGHD · NGHD HO DO DR VILAMOURA PROGRAMA CIENTÍFICOPROGRAM TÍFICO Versão Digital. 2 XXXI Reunião Anual do NGD XXXIV Reunião Anual N D GASRNTEROLGIA DO HOIAI

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XXXIVReunião AnualNÚCLEO DE GASTRENTEROLOGIA DOS HOSPITAIS DISTRITAIS

15-16 NOVEMBRO 2019

NGHD

HOTEL DOM PEDRO VILAMOURA

PROGRAMA CIENTÍFICOPROGRAMA CIENTÍFICOVersão Digital

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2 XXXIV Reunião Anual do NGHD

XXXIVReunião AnualNÚCLEO DE GASTRENTEROLOGIA DOS HOSPITAIS DISTRITAIS

NGHD

Programa Científico

Sexta-feira | 15 de novembro

07:30h Abertura do Secretariado

08:30-10:30h SESSÃO | CASOS CLÍNICOS Presidente: Helena Vasconcelos Moderadores: Ana Lúcia Sousa e Ricardo Freire

10:30-11:00h Coffee break e visita aos Posters

11:00-11:30h Sessão Abertura Paulo Morgado, Presidente do Conselho Diretivo da ARS Algarve Hugo Nunes, Vogal do Conselho Administração do CHUA Maria Luisa Glória, Presidente NGHD Carlos Carvalheira, Ex-Diretor de Serviço de Gastrenterologia do Hospital de Faro Horácio Guerreiro, Diretor de Serviço de Gastrenterologia do CHUA

11:30-13:00h MESA-REDONDA | DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA Presidente: Maria Antónia Duarte Moderadoras: Lurdes Gonçalves e Cristina Fonseca

| O que há de novo na terapêutica medicamentosa Helena Cortez Pinto | Relevância da abordagem nutricional Teresa Diniz | NALFD e síndrome metabólico José Presa Ramos | Abordagem cirúrgica – Que perspetivas? Mário Nora

13:00-14:15h Almoço

14:15-16:15h SESSÃO | COMUNICAÇÕES ORAIS Presidente: Raquel Gonçalves Moderadores: João Baranda e Ana Vieira

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3Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais

16:15-16:45h Coffee break e visita aos Posters

16:45-17:15h CONFERÊNCIA | DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL: NOVOS FÁRMACOS, NOVOS ALGORITMOS TERAPÊUTICOS

Presidente: Ana Paula Oliveira Palestrante: Marília Cravo

17:15-18:45h MESA-REDONDA | TRATAMENTO DO CARCINOMA DO RETO Presidente: José Soares Moderadores: Alexandre Ferreira e Cristina Inácio

| Dissecção submucosa de lesões precoces Nuno Nunes

| Novas abordagens cirúrgicas: TAMIS e TaTME Susana Ourô

| Quimiorradioterapia neoadjuvante: Como coordenar Guy Vieira e Teresa André

| Estratégia(s) de Watch and wait: Quando e como Isadora Rosa

19:00-20:00h Assembleia Geral NGHD

20:30h Jantar da Reunião

Sábado | 16 novembro

08:00h Abertura do Secretariado

08:30-10:30h SESSÃO | INSTANTÂNEOS ENDOSCÓPICOS Presidente: Luís Jasmins Moderadores: Bruno Arroja e Liliana Eliseu

10:30-11:00h Coffee break e visita aos Posters

11:00-11:30h CONFERÊNCIA | ALLAITEMENT ET VACCINATION PAR VACCINS > VIVANTS DE NOUVEAU-NÉS EXPOSÉS IN-UTERO AUX ANTI TNF, ÉTUDE NATIONALE MULTICENTRIQUE Presidente: Isabelle Cremers Palestrante: Stephane Nahon

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4 XXXIV Reunião Anual do NGHD

11:30-13:00h MESA-REDONDA | PATOLOGIA DAS VIAS BILIARES Presidente: Jorge Silva Moderadores: Pedro Pinto Marques e Bruno Rosa

| Cálculos grandes/difíceis: Abordagem endoscópica Luís Lopes

| Obstrução biliar: Quando a CPRE falha Filipe Veloso Gomes

| Estenose biliar indeterminada: Como atuar? Luís Lourenço

| Exploração cirúrgica das vias biliares Inês Gil

13:00-14:15h Almoço

14:15-14:45h CONFERÊNCIA | O PANORAMA ATUAL DAS HEPATITES CRÓNICAS B E C Presidente: Isabel Cotrim Palestrante: Isabel Pedroto

14:45-16:15h MESA-REDONDA | DIFERENCIAÇÃO E ACESSIBILIDADE EM GASTRENTEROLOGIA Presidente: António Banhudo Moderadores: António Curado e Ricardo Gorjão

| Qual a realidade nacional? Luísa Gloria

| Transplante hepático Emanuel Furtado

| Radiologia de intervenção Élia Coimbra

| Inovação endoscópica Carla Rolanda

16:15-16:30h Sessão de Encerramento e entrega de prémios

Prémio Melhor Caso Clínico

Prémio Melhor Instantâneo Endoscópico

Prémio Melhor Comunicação Oral INVENTING FOR LIFE

CC 01UM CASO DE ÚLCERA INFECIOSA DO ÂNUS COM APRESENTAÇÃO PSEUDOTUMORALLuísa Martins Figueiredo1; Fernando Aldomiro2; Joana C. Branco1; António T. Alves3; Alexandra Martins1

1Serviço de Gastrenterologia, Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca; 2Serviço de Medicina Interna, Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca; 3Serviço de Anatomia Patológica, Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca

Doente de 51 anos, caucasiano, seguido por infecção a VIH-1, medicado com dolutegra-vir+abacavir+lamivudina, com boa resposta virológica e imunológica. Reportou queixas com um mês de evolução de proctalgia, obstipação e tenesmo. O toque rectal revelou lesão hetero-génea, parcialmente vegetante, quase circunfe-rencial, nos 8cm distais do reto. Realizou colo-noscopia total “desde a linha pectínea aos 8cm da margem anal, ocupando 3/4 da circunfe-rência, lesão vegetante, parcialmente ulcerada, friável”. Perante suspeita de neoplasia realizou ressonância “lesão parietal do reto e segmento proximal do canal anal, parcialmente ulcerada que se estende em cerca de 7 cm, contornos lobulados, bem definidos, sugestiva de etiolo-gia infecciosa”. As biopsias foram compatíveis com fundo e bordo de úlcera, sem neoplasia ou displasia. Solicitou-se estudo etiológico do

Casos Clínicos

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5Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais

CC 01UM CASO DE ÚLCERA INFECIOSA DO ÂNUS COM APRESENTAÇÃO PSEUDOTUMORALLuísa Martins Figueiredo1; Fernando Aldomiro2; Joana C. Branco1; António T. Alves3; Alexandra Martins1

1Serviço de Gastrenterologia, Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca; 2Serviço de Medicina Interna, Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca; 3Serviço de Anatomia Patológica, Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca

Doente de 51 anos, caucasiano, seguido por infecção a VIH-1, medicado com dolutegra-vir+abacavir+lamivudina, com boa resposta virológica e imunológica. Reportou queixas com um mês de evolução de proctalgia, obstipação e tenesmo. O toque rectal revelou lesão hetero-génea, parcialmente vegetante, quase circunfe-rencial, nos 8cm distais do reto. Realizou colo-noscopia total “desde a linha pectínea aos 8cm da margem anal, ocupando 3/4 da circunfe-rência, lesão vegetante, parcialmente ulcerada, friável”. Perante suspeita de neoplasia realizou ressonância “lesão parietal do reto e segmento proximal do canal anal, parcialmente ulcerada que se estende em cerca de 7 cm, contornos lobulados, bem definidos, sugestiva de etiolo-gia infecciosa”. As biopsias foram compatíveis com fundo e bordo de úlcera, sem neoplasia ou displasia. Solicitou-se estudo etiológico do

Casos Clínicosqual se salientava TPHA e VDRL francamente positivos (1/128 e 1/20480 respectivamente), admitindo-se provável sífilis anoretal.Realizou tratamento com 3 tomas de Penicilina 2.4MU; 3 semanas depois realizou rectosigmoidoscopia que documentou os mesmos achados; as biop-sias revelaram alterações sugestivas de espiro-quetose intestinal (EI). Por estar assintomático, optou-se por protelar novo ciclo terapêutico; repetiu-se rectosigmoi-doscopia 10 semanas depois. Esta mostrou lesão ulcerada em cicatrização, contudo nas biopsias ainda se documentava EI, com mor-fologia sugestiva de Brachyspira aalborgiou pilosicoli, sem se poder excluir co-infeção por Treponema pallidum.Realizou terapêutica com Penicilina 24 MUI/dia durante 14 dias. A retossigmoidoscopia de reavaliação confirmou cicatrização completa da úlcera.A sifilis e a EI são causadas, respetivamente, pelo T.pallidum e por bactérias do género Brachyspira; todas elas pertencem ao filo Spirochaetes.A sífilis anoretal é rara e a apresentação varia des-de a forma assintomática à pseudotumoral, me-nos frequente. O tratamento realiza-se com pe-nicilina benzatina, com sucesso que atinge 95%.T. pallidum está presente em até 100% dos doentes com EI. O diagnóstico diferencial entre estas bactérias é difícil. Não existem guidelines para o tratamento da EI.

Resumos das Comunicações Livres

XXXIVReunião AnualNÚCLEO DE GASTRENTEROLOGIA DOS HOSPITAIS DISTRITAIS

NGHDConsulte o Programa e aceda aos resumos

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6 XXXIV Reunião Anual do NGHD

CC 02DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL VS FIBROSE QUÍSTICAAntónio Oliveira; Catarina Fidalgo; Helena Oliveira; Marília CravoHospital Beatriz Ângelo

Os autores apresentam o caso de uma doente de 44 anos, ex-fumadora, tendo antecedentes conhecidos de bronquiectasias bilaterais com nódulo pulmonar de 25 mm, em estudo pela Pneumonologia, e apendicectomia. A doente teve um internamento inaugural por quadro de dor abdomminal, diarreia com hematoquezias (4-5 vezes/dia), sendo as coproculturas negati-vas mas a serologia para Ascaris positiva, tendo sido medicada com Albendazol. Realizou recto-sigmodoscopia em que se observou colite seg-mentar, dos 20 cm até aos 50 cm da margem anal, úlceras extensas e profundas. A histologia das amostras foi compatível com Colite Ulcero-sa e foi excluida a presença de citomegalovirus. Realizou TC abdominal que não revelou altera-ções. Ficou medicada com messalazina 4,5 g por dia em ambulatório, com remissão clinica.Realizou ileoncolonoscopia, após 3 meses de terapêutica, sem alterações na mucosa ileal e, desde o cego até sigmoide, a mucosa encon-trava-se edemaciada com irregularidade do pa-drão vascular, areas cicatriciais, erosões e múl-tiplos pseudopolipos, sendo o reto o segmento mais poupado.Posteriormente, foi concluido o estudo pneu-mologico que confirma o diagnóstico de fibrose quística (FQ).O caso foi discutido em reunião anatomo-clínica com revisão de lâminas pelo fenótipo endoscó-pico pouco habitual para colite ulcerosa e pela possibilidade de haver colopatia associada à fi-brose quística, reafirmando-se que os achados eram favoráveis ao diagnóstico de doença infla-matória intestinal (DII).A relação entre a FQ e a DII não está esclarecida podendo haver manifestações pulmonares em

doentes com DII. Existe ainda a entidade de co-lopatia fibrosante em doentes com FQ que pare-ce estar associada à suplementação com altas doses de enzimas pancreáticas que no caso da nossa doente nunca havia sido administrada.Atualmente, existe evidência científica sobre a relação entre a FQ com manifestações gastroin-testinais e a doença inflamatória intestinal. Os mecanismos propostos para que tal aconteça são a transcrição de genes associado à inflama-ção, terapêutica com reposição enzimática pan-creática e disbiose intestinal. Outra condição intestinal, quase exclusiva à FQ, é a colonopatia fibrosante na qual se verifica uma inflamação localizada, com fibrose e espessamento da pa-rede do cólon.

CC 03POLIPOSE HIPERTENSIVA PORTAL: UMA ENTIDADE SUBDIAGNOSTICADAMariana Coelho; Eduardo Dantas; Cristiana Sequeira; Ricardo Freire; Matilde Gonçalves; Ana Paula OliveiraCentro Hospitalar de Setúbal

Homem de 59 anos, com hábitos alcoólicos marcados, que recorreu ao Serviço de Urgência por hemorragia digestiva alta. Foi submetido a endoscopia alta, dificultada pela presença de grande quantidade de sangue vivo, que revelou lesão ulcerada com hemorragia em toalha no antro, controlada com terapêutica combinada (injetável e clipes). Teve alta contra parecer mé-dico, sob omeprazol e ferro oral.Referenciado à consulta decorridos 3 meses por cirrose descompensada por ascite e edemas periféricos, a par de anemia ferropénica grave. Repetiu endoscopia alta que mostrou, além de varizes esofágicas pequenas e gastropatia hi-pertensiva portal ligeira, lesão polipóide séssil, congestionada, com áreas de invaginação, com 3 cm de maior diâmetro, no antro pré-pilórico e duas projecões ao bulbo proximal O exame his-tológico foi compatível com pólipo hiperplásico.Por persistência de anemia grave com necessi-dade de terapêutica marcial, oral e endovenosa,

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7Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais

e suporte transfusional, realizou ainda colonos-copia e videocápsula endoscópica, sem outras alterações. Repetiu endoscopia alta, observan-do-se marcada friabilidade e hemorragia em toalha da referida lesão. Efectuaram-se macro-biopsias, cujo exame anatomo-patológico reve-lou hiperplasia foveolar, ectasia de capilares e vénulas e, ocasionalmente, erosões em super-fície, suportando a suspeita clínica de polipose hipertensiva portal.Face à ausência de outras lesões justificativas da anemia, optou-se pela realização de muco-sectomia, com remissão da anemia, permitindo suspender o suporte transfusional e marcial.A polipose hipertensiva portal é uma entida-de descrita pela primeira vez em 2011, mais frequente em doentes com cirrose avançada, sendo habitualmente confundida com pólipos hiperplásicos. Estes doentes são geralmente assintomáticos, existindo poucos casos descri-tos na literatura de apresentação com anemia, menos com hemorragia digestiva manifesta, sendo ainda mais rara a resolução da anemia após excisão das lesões. Face à escassez de dados na literatura, não existem recomenda-ções quanto à vigilância e terapêutica.

CC 04SÍNDROME DE CREST E DOENÇA DE MÉNÉTRIER: UMA ABORDAGEM MULTIMODAL E INOVADORACatarina Nascimento; Adriana Soares; Cátia Cunha; Gonçalo Luz; Catarina Fidalgo; Carla Noronha; José AraújoHospital Beatriz Ângelo

Introdução: A esclerose sistémica é uma doen-ça auto-imune caracterizada por vasculopatia e fibrose de diferentes órgãos e tecidos, afetando o sistema gastrointestinal em cerca de 90% dos casos. Este envolvimento é a maior causa de morbi-mortalidade associada à doença.Caso clínico: Homem, de 50 anos,com história prévia de vagotomia troncular por doença ulce-rosa péptica e fenómeno de Raynaud persisten-

te. Recorreu ao SU por epigastralgia, saciedade precoce, vómitos pós-prandiais tardios com dois meses de evolução e perda ponderal (> 10% em 1 mês). Ao exame objetivo, doente emagre-cido e desidratado, com plastron epigástrico. Destacava-se distrofia ungueal, esclerodactilia, fibrose cutânea até aos cotovelos e fenómeno de Raynaud. Analiticamente, a salientar anemia da doença inflamatória e hipoalbuminemia. Do estudo imunológico, ANAs (1/640) e anticor-po anti-centrómero positivos. A capilaroscopia mostrou de múltiplos megacapilares e focos de hemorragias compatíveis com Raynaud secun-dário, achados que confirmaram o diagnóstico de esclerose sistémica progressiva (forma limi-tada) – síndrome de Crest. Realizou EDA que revelou esofagite de estase e hipertrofia das pregas gástricas consistente com gastrite atró-fica crónica, sugestiva de doença de Ménétrier. Infeção por Helicobacter pylori, infiltração ami-lóide e neoplásica foram excluídas. A TC-TAP mostrou distensão gástrica e dilatação do esó-fago com nível hidroaéreo. Iniciou tratamento médico com IBP, procinéticos e modificações dietéticas, com resposta parcial e insatisfatória. O estudo do esvaziamento gástrico e o trânsi-to do intestino delgado confirmaram marcada dilatação esofágica e retenção gástrica, com esvaziamento muito lento e diminuição da pe-ristálise intestinal. Após discussão multidiscipli-nar, face à refratoriedade à terapêutica médica, o doente foi proposto para cirurgia, tendo sido submetido a uma gastrojejunostomia em Y-de Roux. Registou-se uma evolução favorável com recuperação ponderal de 5 kg, mantendo-se assintomático.Discussão: Na esclerodermia, a desnutrição e disfunção esofágica estão associadas a pior prognóstico. Em doentes com DRGE e gastropa-résia, está recomendado tratamento sintomático com IBP, procinéticos e modificações dietéticas. Em casos refratários, a abordagem cirúrgica possa ser considerada, embora existam poucos

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8 XXXIV Reunião Anual do NGHD

dados na literatura sobre a sua eficácia e se-gurança. Salientamos a importância abordagem multimodal e da personalização terapêutica no apoio à decisão e outcome clínico.

CC 05VENOPATIA PORTAL OBLITERATIVA IDIOPÁTICA – INTEGRAÇÃO DO DIAGNÓSTICO RADIOLÓGICO MULTI-MODAL PERANTE UMA HISTOLOGIA EQUIVOCAJoana Roseira1,2; Jorge Brito2,3; Marta Eusébio1,2; Francisco Velasco1,2; Conceição Crujo4; Tânia Gago1,2; Ana Catarina Cunha1,2; Pedro Campelo1,2; Francisca Pulido Valente1,2; Horácio Guerreiro1,2

1Serviço de Gastrenterologia – Centro Hospitalar Universitário do Algarve; 2Algarve Biomedical Center; 3Serviço de Radiologia– Centro Hospitalar Universitário do Algarve; 4Serviço de Anatomia Patológica - Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte

A venopatia portal obliterativa (OPV) é uma enti-dade rara e subestimada, maioritariamente des-crita após autópsia ou explante hepático por hi-pertensão portal de causa não cirrótica (NCPH).Apresenta-se caso de homem de 27 anos ad-mitido por hemorragia varicosa em 2014. Ob-jetivamente apresentava esplenomegalia mar-cada. Negava consumo de álcool, tóxicos ou patologias heredo-familiares. O estudo analíti-co, serológico, metabólico e autoimune apenas identificou colestase bioquímica sem hiperbilir-rubinémia. O estudo radiológico (eco-Doppler e TC), excluiu alterações da morfoestrutura hepá-tica, mas destacava acentuada esplenomega-lia, globosidade da confluência espleno-portal, permeabilidade da veia porta, ramos portais intra-hepáticos de calibre reduzido, mas com fluxo trifásico. A elastografia verificava aumento do ratio rigidez baço/fígado. Admitiu-se NCPH e foi realizada biopsia hepática cujos achados foram inespecíficos – colocada hipótese de “cir-rose inicial” e fibrose (peri)portal, septação dos espaços porta, distorção da arquitetura de etio-logia não evidente. Ao longo de 1 ano o doente

apresentou três episódios de rotura de varizes, apesar de cumprir programa endoscópico de erradicação e terapêutica beta-bloqueante em dose máxima. Em 2016, após primeira consulta pré-transplante, emigrou e abandonou segui-mento. Retomou em 2019, após novo interna-mento por hemorragia, e realizou RM hepática que destacou sinais de hipertensão portal de evolução prolongada, fígado sem alterações morfológicas, veia porta de calibre aumentado e redução brusca de calibre nos seus ramos intra-hepáticos, alguns sem preenchimento pelo produto de contraste. A integração destes achados com a história clínica, ecografia com estudo Doppler, TC e elastografia favoreciam o diagnóstico de OPV idiopática. Foi pedida revi-são histológica da biopsia hepática de 2014, pendente à data desta submissão.A OPV idiopática é muitas vezes confundida com cirrose criptogénica. A distinção entre am-bas é crucial – a OPV tem melhor prognóstico e abordagem sintomática. O diagnóstico histo-lógico, apesar de resoluto, é difícil. A presença, numa ampla variedade de modalidades de ima-gem, de alterações venosas portais intra e ex-tra-hepáticas, variações da perfusão hepática, nomeadamente arterialização do parênquima subcapsular, num fígado que conserva a sua estrutura e morfologia não nodular, favorecem o diagnóstico de OPV.

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9Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais

CC 06DEFINIÇÃO DE PROTOCOLO DE TRANSPLANTE FECAL, APÓS CASO DE SUCESSO NA COLITE A CLOSTRIDIUM DIFFICILE RECIDIVANTEFrancisca Pulido Valente1,2; Joana Roseira1,2; Helena Tavares de Sousa1,2; Tiago Vasconcelos2,3; Raquel Pinho2,3; Domitília Faria2,3; Luísa Arez2,3; Horácio Guerreio1,2

1Serviço de Gastrenterologia – Centro Hospitalar Universitário do Algarve; 2Algarve Biomedical Center; 3Serviço de Medicina 4 – Centro Hospitalar Universitário do Algarve

Introdução: A colite a Clostridium difficile reci-divante (CDr) tem importante relevância epide-miológica e os cursos de antibioterapia suces-sivos estão associados a recorrência da doença e mortalidade. O transplante fecal (TF) permite resolução de 90% dos casos de CDr.Objetivo: Definição de protocolo de transplante fecal a propósito de um caso clínico.Caso clínico: Mulher de 84 anos com pluri-patologia metabólica, renal e cardiovascular e internamento inicial prolongado, por des-compensação das suas patologias de base, complicado por infeção do cólon por CD. Após tratamento inicial bem sucedido com vanco-micina oral (125mg, 6/6h, 10 dias), a doente foi readmitida duas vezes no espaço de mês e meio por CDr, efectuando num episódio, novo curso de vancomicina e esquema de desmame lento; e, noutro episódio, curso de fidoximicina. À 4ª recorrência e já com critérios de gravidade clínica admitiu-se ineficácia da antibioterapia e planeou-se realização de TF, com elaboração de protocolo: seleção de familiar dador saudável; preparação laboratorial da colheita; ileocolonos-copia e instilação do preparado no ileon termi-nal, cólon ascendente, transverso, descendente e sigmoide. O procedimento foi simples, seguro e rapidamente eficaz: a doente teve alta ao 7º dia pós-TF e encontra-se livre de doença ao 6º mês de follow-up.Os autores detalham o protocolo elaborado para

uso na nossa instituição e apresentam extensa documentação iconográfica do procedimento, sublinhando a exequibilidade da técnica, que apenas exige preparação laboratorial simples e treino endoscópico.

CC 07PSEUDOTUMOR INFLAMATÓRIO HEPÁTICO: O GRANDE MIMETIZADORBárbara Morão; Maria Pia Costa Santos; Catarina Fidalgo; Luísa Glória; Marília CravoHospital Beatriz Ângelo

Introdução: A doença associada a IgG4 é uma doença autoimune com envolvimento multissis-témico em > 60% dos casos. O pseudotumor inflamatório é uma das manifestações hepáti-cas, podendo mimetizar doença maligna.Caso clínico: Mulher de 62 anos, melanodér-mica, natural de Angola. Com infeção por VIH1 desde 2007 sob terapêutica antirretroviral des-de Jan/2017, com boa adesão e carga viral indetetável, e diabetes mellitus tipo 2 insulino-tratada desde Dez/2018. Recorreu ao serviço de Urgência por quadro de astenia, icterícia, colúria e prurido com 2 meses de evolução, sem febre ou dor abdominal, associada a perda ponderal de 15 Kg no último ano. Analiticamen-te com alteração de novo das provas hepáticas (bilirrubina total 10.10mg/dL, fração conjuga-da 7.44mg/dL, AST 148UI/L, ALT 112UI/L, FA 1038UI/L, gGT 712UI/L), sem leucocitose e PCR 2.07mg/dL. Fez TC toraco-abdómino-pélvica que revelou dilatação das vias biliares intra-he-páticas e área hipodensa de 91 x 35 mm na placa hilar. A RM-hepática revelou uma lesão de limites mal definidos, hipointensa em T1 e sem tradução em T2, envolvendo a via biliar princi-pal, ducto hepático comum e bifurcação, com extensão ao parênquima hepático adjacente e envolvimento da artéria hepática em 180º e do ramo esquerdo da porta. Tinha marcadores tumorais (Ca19.9, CEA e AFP) e IgG4 sérica normais. Admitiu-se o diagnóstico de provável colangiocarcinoma. Para confirmação diagnós-

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10 XXXIV Reunião Anual do NGHD

tica, realizou biópsia hepática ecoguiada que mostrou lesões de colangite ativa com fibrose e infiltrado de plasmócitos, achados sugestivos de pseudotumor inflamatório. Foi realizada de-terminação de IgG4 em estudo imunocitoquí-mico que revelou 21 plasmócitos positivos por campo de grande aumento. Iniciou corticotera-pia com prednisolona 40mg/dia durante 3 se-manas, com posterior desmame, verificando-se normalização da bilirrubina e transaminases e da dilatação das vias biliares na TC.Conclusão: A biópsia hepática com infiltrado linfoplasmocítico compatível é essencial para o diagnóstico de pseudotumor inflamatório, uma vez que cerca de 30% dos doentes apresen-tam IgG4 sérica normal. A doença associada a IgG4 pode ocorrer em indivíduos imunocompro-metidos com infeção VIH, não se conhecendo atualmente qual o papel da infeção no desen-volvimento da doença, nas suas manifestações orgânicas ou na sua resposta ao tratamento. O tratamento consiste na corticoterapia, com re-corrência após suspensão em 50% dos casos (formas multissistémicas).

CC 08HIPERTENSÃO PORTAL NÃO CIRRÓTICA EM DOENTE URO-ONCOLÓGICOInês Costa Santos; Cristiana Sequeira; Mariana Coelho; Eduardo Dantas; Gonçalo Mendes; Alexandra Gaspar; Clara Rosa; Eugénio Dias; Ermelinda Pedroso; Cláudio Martins; Ana Paula OliveiraServiço de Gastrenterologia, Centro Hospitalar de Setúbal Serviço de Medicina Interna, Centro Hospitalar de Setúbal

A investigação etiológica da hipertensão portal na ausência de cirrose, doença hepática pri-mária ou trombose esplâncnica representa um desafio para o gastrenterologista. As lesões gra-nulomatosas são causas intra-hepáticas raras a ter em consideração quando o estudo clássico é negativo. Os autores relatam o caso de um homem de

78 anos com história recente de ressecção transuretral de carcinoma urotelial vesical sob imunoterapia com BCG intravesical, internado no serviço de Medicina Interna por síndrome febril indeterminado e quadro consumptivo. Analiticamente destacava-se pancitopénia, disfunção hepática de predomínio colestático, hipoalbuminémia e elevação das VS e PCR. Por intercorrência de hemorragia digestiva alta, foi submetido a EDA que revelou gastropatia hiper-tensiva portal grave do fundo e corpo. Do es-tudo etiológico realizado de destacar ausência de hábitos etanólicos, serologias negativas para agentes hepatotrópicos (VHA, VHB, VHC, VIH, CMV, EBV, VHS, parvovírus, Brucella, Borrelia e Leptospira), estudo metabólico e autoimune negativos, doseamento da enzima de conver-são da angiotensina normal, estudos bacterio e micobacteriológicos do sangue periférico e medular sem isolamento de agentes. A TAC toraco-abominopélvica mostrou hepatoesple-nomegália homogénea e ectasia da veia porta; sem evidência de lesões neoproliferativas ou trombose do território porto-esplenomesaraico. Procedeu-se a biópsia hepática que evidenciou inflamação lobular e portal com presença de abundantes granulomas epitelióides, sem ne-crose central, com células gigantes do tipo de Langerhans; sem documentação de fibrose. A biópsia óssea realizada para complemento do estudo etiológico da pancitopénia pôs em evi-dência os mesmos granulomas. Neste sentido, assumiu-se o diagnóstico de hepatite granu-lomatosa pós BCG intravesical, complicada de hipertensão portal, tendo-se planeado início de terapêutica tuberculostática, não concretizada por intercorrência cardiovascular fatal.Destaca-se um caso singular de hepatite granu-lomatosa secundária à disseminação de Myco-bacterium bovis pós instilação de BCG intravesi-cal, um efeito sistémico raro, mas potencialmente fatal, de uma imunoterapia amplamente utilizada no tratamento do carcinoma urotelial.

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CC 09UMA CAUSA INESPERADA DE HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXAEduardo Dantas; Mariana Coelho; Cristiana Sequeira; Inês Santos; Cláudio Martins; Cláudia Cardoso; Ana Paula OliveiraHospital São Bernardo - Centro Hospitalar de Setúbal

Os autores reportam o caso de um homem de 81 anos com cirrose por esteato-hepatite não alcoólica, que recorreu ao serviço de urgência por quadro de mal-estar geral, confusão mental e vómitos. O exame objetivo revelou a presen-ça de ascite moderada e sinais inflamatórios ao nível do primeiro dedo do pé esquerdo. Analiti-camente com anemia ligeira, lesão renal aguda, hipercaliémia e ligeira elevação dos parâmetros inflamatórios. Iniciou expansão de volémia com albumina, correção de potássio com poliestire-no sulfonato de sódio e antibioterapia empírica com ceftriaxone, com evolução inicial favorável e normalização analítica ao terceiro dia de inter-namento.Ao sétimo dia de internamento, desenvolveu quadro de rectorragias de grande volume, com taquicardia associada; fez colonoscopia, que revelou sangue vivo no cólon esquerdo, com origem em lesão polipóide com cerca de 5 cm de extensão, com zonas violáceas e coágulos aderentes. Foram realizadas biópsias, que mos-traram zona de ulceração e material heterólogo compatível com kaliexalato (poliestireno sul-fonato de sódio). Repetiu exame endoscópico após uma semana, com visualização de área de ulceração circunferencial com cerca de 5 cm no cólon descendente, em re-epitelização.Destaca-se o caso pela complicação rara e po-tencialmente perigosa de uma terapêutica utili-zada habitualmente na prática clínica.

CC 10AMILOIDOSE GASTROINTESTINAL – UM CASO RARO DE HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTAPedro Campelo; Joana Roseira; Marta Eusébio; Tânia Gago; Ana Catarina Cunha; Paulo Caldeira; Bruno Peixe; Francisco Velasco; Horácio GuerreiroServiço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Universitário do Algarve

Introdução: A amiloidose é uma entidade que se caracteriza por deposição extracelular anó-mala de substância proteica fibrilar e insolúvel e que engloba múltiplas etiologias. O envolvi-mento gastrointestinal com tradução clinica é raro na amiloidose e apresenta manifestações clínicas inespecíficas, representando um desa-fio diagnóstico e terapêutico.Descrição do caso: Homem de 83 anos, admi-tido no serviço de Urgência por hematemeses e melenas. Antecedentes de linfoma não-Hod-gkin linfoplasmocítico em tratamento paliativo, doença renal crónica terminal em programa hemodialítico, insuficiência cardíaca e diabetes mellitus tipo 2. Ao exame objetivo apresentava--se hemodinamicamente estável. Analiticamente destacou-se anemia normocítica normocrómica (Hb 6,6 g/dL). Após suporte transfusional, reali-zou-se endoscopia digestiva alta onde se visua-lizou mucosa gástrica eritematosa e equimótica no corpo e fundo com hemorragia espontânea difusa de baixo débito e duas úlceras no corpo gástrico (uma de 4 mm Forrest III e outra de 8 mm Forrest IIc). Foi medicado com inibidor da bomba de protões, com persistência de hemor-ragia e necessidade frequente de suporte trans-fusional. O exame anatomopatológico de bióp-sias gástricas mostrou depósitos intersticiais na lâmina própria que após coloração positiva por vermelho do Congo confirmou o diagnóstico de amiloidose. A imunohistoquímica mostrou positividade mais intensa para a proteína AA. Optou-se por tratamento endoscópico com coa-gulação árgon plasma com controlo do quadro

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clínico de hemorragia gastrointestinal e anemia após quatro sessões. Apesar desta evolução inicial favorável, o doente apresentou agrava-mento progressivo das patologias de base e intercorrências infeciosas, acabando por falecer em contexto de sépsis por pneumonia.Conclusão: Destaca-se o caso pela sua raridade e pela eficácia do tratamento com coagulação ár-gon plasma da gastropatia hemorrágica secun-dária a amiloidose gastrointestinal, da qual não parecem existir na literatura outros casos descri-tos. Apresenta-se iconografia ilustrativa.

CC 11PANCREATITE AGUDA NECROSANTE COMPLICADA COM OCLUSÃO INTESTINAL Flor de Lima M.; Nunes N.; Chálim Rebelo C; Moura D.B.; Rama T.; Barcelos V.; Garrido D.; Costa Santos V.; Rego A.C.; Pereira J.R.; Paz N.; Costa H.; Duarte M.A.Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, EPE

A presença de ileus paralítico após pancreatite aguda é uma entidade comum, no contexto do estado pró-inflamatório inerente. Com a resolu-ção do quadro é esperado o restabelecimento do trânsito intestinal. A drenagem de coleções pe-ripancreaticas poderá estar indicada, mediante a persistência de sintomas, falência orgânica ou de infeção. A oclusão intestinal mecânica é uma complicação rara de pancreatite aguda.Doente do sexo masculino, 68 anos, com o diagnóstico de pancreatite aguda necrosante grave, de etiologia desconhecida. Tinha como antecedentes pessoais história de etilismo cró-nico em abstinência e asma. No contexto de falência multiorgânica (cardiovascular e respi-ratória, score de Marshall modificado inicial de dois pontos), foi admitido em unidade de Cui-dados Intensivos (UCI), onde permaneceu inter-nado durante 171 dias, apresentando quadro de insuficiência respiratória com necessidade de ventilação mecânica invasiva prolongada e realização de traqueostomia, suporte aminér-gico, nutrição parentérica total, assim como

múltiplas intercorrências infeciosas. Em TC abdomino-pélvico foram identificadas múlti-plas coleções pancreáticas e peripancreáticas de necrose organizada. Foi submetido a três procedimentos de drenagem guiada por ecoen-doscopia, nas quais foram colocadas prótese duplo pigtail e duas próteses lumen-apposing. Apesar das drenagens efetuadas, o doente manteve reduzida tolerância à nutrição entérica. Tendo como hipótese diagnóstica inicialmente ileus paralítico pós-pancreatite aguda e poste-riormente compressão por coleções necróticas peripancreaticas, não se verificou melhoria clínica apesar da drenagem endoscópica das coleções supracitadas. Por diarreia prolongada, realizou colonoscopia total com ileoscopia que revelou estenose do íleon terminal. Em TC ab-dominal realizada posteriormente foi observada dilatação das ansas a montante, confirmando a suspeita de oclusão intestinal. O doente foi submetido a laparotomia exploradora, com lise de múltiplas bridas e aderências e realização de ileostomia terminal. Assistiu-se a uma evolução clínica favorável, com tolerância progressiva da alimentação entérica e oral.Perante um caso de pancreatite aguda com evolução desfavorável dever-se-á manter ele-vado grau de suspeição para outras entidades clínicas ou complicações associadas.

CC 12CARCINOMA PAVIMENTOCELULAR SOBRE VARIZES ESOFÁGICAS – UM DESAFIO Catarina Martins da Cunha; Tânia Gago; Joana Roseira; Pedro Campelo; Bruno Peixe; Paulo Caldeira; Horácio GuerreiroServiço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Universitário do Algarve

Introdução: Dentro do cancro esofágico, o tipo pavimento-celular (CPC) é o mais comum. Para o seu desenvolvimento contribuem fatores de risco bem documentados, nomeadamente o consumo de álcool, que predispõe igualmente a outras patologias como a cirrose hepática.

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13Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais

Caso clínico: Apresentamos o caso de um doente do género masculino de 60 anos com antecedentes de cirrose hepática alcoólica e ta-bagismo que na endoscopia digestiva alta (EDA) de rastreio de hipertensão portal apresentava, para além de varizes esofágicas no terço distal, achados compatíveis com esófago de Barrett (C3M3, classificação de Praga). A montante, cerca dos 34 cm dos incisivos, coexistia uma lesão plana do tipo Paris IIa+c com 10 mm passível de biópsia e que histologicamente correspondia a CPC in situ. O estadiamento por tomografia computarizada apontava para um cT1N0M0 corroborado pela ecoendosco-pia que, por sua vez, descrevia a existência de múltiplos vasos colaterais à lesão prenunciando um elevado risco de complicações decorrentes duma eventual ablação/resseção endoscópica. Após discussão do caso optou-se pela laquea-ção elástica do cordão varicoso subjacente à le-são com o intuito de a englobar e, dessa forma, ressecar. Nas EDA de vigilância com white light não se identificou lesão residual macroscópica, tendo-se complementado a avaliação por cro-moscopia eletrónica (Narrow Band Imaging) que tornou evidente uma discreta depressão da mu-cosa em sede da referida lesão e cujas biópsias mostraram displasia de baixo grau.Conclusão: Este caso realça a dificuldade em manejar um doente cujas patologias se podem sobrepor de tal forma que comprometem a abordagem terapêutica convencional obrigando a repensar alternativas face às recomendações. Deste modo, pretendemos discutir qual a orien-tação mais adequada numa situação tão pecu-liar como esta.

CC 13HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA EM DOENTE CIRRÓTICO – UMA CAUSA INESPERADAGonçalo Alexandrino; Maria Ana Rafael; Maria Luísa Figueiredo; Luís C. Lourenço; Rita Carvalho; Sara Alberto; Alexandra MartinsServiço de Gastrenterologia, Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca

Doente do sexo masculino, 63 anos, história de cirrose alcoólica. Apresentou um episódio de he-morragia digestiva alta (HDA) 4 anos antes, por rotura de variz gástrica IGV1, sem outras des-compensações. Apresentava ainda história de aneurisma da aorta abdominal, submetido a co-locação de endoprótese aórtica 2 anos antes. Re-corre ao serviço de urgência por hematemeses. À observação apresentava palidez, sem outras alterações. Analiticamente destacava-se Hb 7,1 g/dL. Realizou endoscopia digestiva alta (EDA) que mostrou varizes esofágicas grandes com aparente ponto de rotura, tendo sido submeti-do a laqueação elástica (LEVE). Posteriormente registou-se descida da Hb e mau rendimento transfusional (Hb persistentemente entre 6-7 g/dL), apresentando ao 2º dia hematoquézias. Repetiu EDA que evidenciou apenas escaras de LEVE. Retossigmoidoscopia sem alterações. No dia seguinte realizou colonoscopia, também sem alterações. No dia seguinte, apresenta he-matemeses e hematoquézias, com instabilida-de hemodinâmica. Repetiu EDA: abaulamento da mucosa na transição D2-D3, com coágulo aderente. Pela suspeita de fístula aorto-entérica (FAE) realizou angio-TC abdominal: aneurisma da aorta infra-renal, leak da prótese aórtica, bolhas de ar entre D3 e o aneurisma e densidades he-máticas no tubo digestivo. Foi submetido a corre-ção do defeito vascular e rafia duodenal. No pós--operatório, teve evolução clínica favorável. Após 6 meses não teve novos episódios de HDA ou descompensação da cirrose. A FAE é uma causa rara de HDA. Pode ser primária, por comunica-ção espontânea entre um aneurisma aórtico e

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ansa intestinal, ou secundária, após manipulação aórtica. O local mais comum da FAE secundária é em D3-D4 (80%). A manifestação mais frequen-te da FAE é a HDA. O método de diagnóstico de primeira linha geralmente é a EDA, que, no entanto, detecta a FAE em menos de 50% dos casos. Na maioria dos casos, a TC com contraste permite o diagnóstico. O tratamento é cirúrgico, com mortalidade pós operatória precoce elevada (30%). Apesar da hemorragia varicosa ser a prin-cipal causa de HDA em doentes com hiperten-são portal (70%), este caso revela a importância de considerar diagnósticos diferenciais de HDA nestes doentes. Salienta-se ainda a importância de considerar o diagnóstico de FAE em doentes submetidos a cirurgia aórtica que se apresentam com HDA, bem como ter presente que na maioria dos casos a EDA não deteca a FAE. O caso faz-se acompanhar das respectivas imagens endoscó-picas e radiológicas.

CC 14ENVOLVIMENTO DUODENAL POR VASCULITE – UMA CAUSA DESAFIANTE DE HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA RECORRENTEGonçalo Alexandrino; Maria Ana Rafael; Anna Lima; Afonso Santos; Rita Carvalho; Isabel Mesquita; Alexandra MartinsHospital Prof. Doutor Fernando Fonseca

Doente de 70 anos, admitido por hematúria ma-croscópica e lesão renal aguda, com evolução rápida para anúria e dependência de diálise. O estudo nefrológico revelou vasculite pANCA, com critérios de gravidade desde a apresenta-ção, refractária a terapêutica imunossupressora múltipla. Além da disfunção renal e desnutrição severa, durante o internamento o doente apre-sentou diveros quadros de hemorragia digestiva alta (HDA), manifestada por melenas, queda da Hb (valor mínimo 5,2 g/dL) e repercussão he-modinâmica. A primeira endoscopia digestiva alta (EDA) do-cumentou mucosa do bulbo e D2 edemaciada

e ulcerada de forma contínua e circunferencial. Este padrão estendia-se distalmente por cerca de 5cm. A hemorragia era difusa, em várias áreas do bulbo e D2. As biópsias duodenais mostraram edema e congestão vascular da lâmina própria, identificando-se na submucosa infiltrado inflamatório misto, com raros eosinófi-los, de predominio peri-vascular condicionando lesões de necrose fibrinoide, aspectos sugesti-vos de envolvimento duodenal por vasculite.Durante o internamento foram realizadas 9 EDAs múltiplas terapêuticas endoscópicas eficazes (adrenalina, clips, hemospray), registando-se posterirmente, no entanto, recidiva hemorrágica.Realizou adicionalmente colonoscopia com ileoscopia terminal, videocápsula endoscópica e enteroscopia de pulsão, que excluiram envolvi-mento de outras porções do tubo digestivo.Na impossibilidade de terapêutica médica e en-doscóica efcaz, realizou arteriografia para em-bolização empírica da artéria gastroduodenal, não possível por estenose do tronco celíaco. Nesta intervenção, bem como em angio-TC, não foram documentados focos hemorrágicos. Houve necessidade de realização de mais de 30 UCE durante o internamento.O envolvimento duodenal da vasculite e os quadros recorrentes de HDA foram os eventos dominantes do quadro clínico, não tendo sido possível terapêutica endoscópica, médica e radiológica eficaz, tendo o doente acabado por falecer cerca de 2 meses após a admissão.A vasculite ANCA é um grupo de doenças au-toimunes que afectam primariamente os peque-nos vasos. Tipicamente, a doença afecta múltiplos órgãos, em particular o rim e pulmão. O envolvi-mento gastrointestinal está associado a mau prog-nóstico. A abordagem da hemorragia gastrointes-tinal recorrente, uma complicação rara e grave da vasculite ANCA, permanece um desafio.O caso faz-se acompanhar da respetiva icono-grafia, nomeadamente endoscópica, radiológica e histológica.

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15Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais

CC 15FÍSTULA ENTEROCUTÂNEA PÓS REMOÇÃO DE BOTÃO DE GASTROSTOMIA – COMO RESOLVER?Catarina Martins da Cunha; Tânia Gago; Joana Roseira; Pedro Campelo; Ana Margarida Vaz; Bruno Peixe; Paulo Caldeira; Horácio GuerreiroServiço de Gastrenterologia - Centro Hospitalar Universitário do Algarve

Introdução: As fístulas gastrocutâneas são uma reconhecida complicação decorrente da remoção do dispositivo de gastrostomia e são classificadas como persistentes se se mantive-rem patentes findo um mês. De entre os fatores de risco associados à sua ocorrência destaca-mos o tempo de permanência da gastrostomia como o de maior valor preditivo.Caso clínico: Trata-se de uma doente de 17 anos com antecedentes de fibrose quística e transplante pulmonar bilateral submetida a colocação de gastrostomia por via cirúrgica há três anos. Em janeiro deste ano procedeu-se à remoção do botão de gastrostomia verificando--se, contudo, um extravasamento permanente de conteúdo entérico pela fístula gastrocutânea. Deste modo, e priorizando uma abordagem menos invasiva, avançamos com a tentativa de encerramento do trajeto fistuloso por via endoscópica através da coagulação com árgon plasma nos bordos do orifício seguida da aplica-ção de dois clips. Embora com melhoria inicial do quadro, constatou-se recidiva da drenagem com a progressão na dieta. Nesta fase, optámos por nova tentativa de encerramento endoscópi-co em detrimento da estratégia cirúrgica, uma decisão ponderada tendo em consideração o status de imunossupressão da doente. Assim sendo, prosseguimos com a colocação de um over-the-scope clip (OTSC) de 10 mm possibi-litando o encerramento da fístula e permitindo manter, aos 2 meses de seguimento, a nutrição entérica per os.Conclusão: O dispositivo OTSC tem emergido

como uma alternativa segura e eficaz no en-cerramento de fístulas gastrocutâneas, nomea-damente em relação aos clips hemostáticos convencionais. Apesar dos dados acerca da sua utilização em população jovem e em contexto de gastrostomia cirúrgica serem escassos, cre-mos que a sua utilização poder-se-á tornar uma alternativa terapêutica formal nesta indicação.

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CO 01ESCLEROSE COM POLIDOCANOL ESPUMOSO NA DOENÇA HEMORROIDÁRIA – A EXPERIÊNCIA DE UM CENTROLuísa Martins Figueiredo; Filipa Bordalo Ferreira; Maria Ana Rafael; Gonçalo Alexandrino; Alexandra Martins; Ana Maria OliveiraHospital Professor Doutor Fernando Fonseca

Introdução: As hemorróidas internas são es-truturas vasculares que se localizam acima da linha pectínea. As queixas mais comuns asso-ciadas são hemorragia durante a defecação, prurido, prolapso ou escorrência. Estas classi-ficam-se (classificação de Goligher) em grau I a IV. A laqueação elástica (LE) e a escleroterapia são as duas terapêuticas instrumentais mais realizadas. Embora a LE seja considerada mais eficaz no alívio sintomático do que a esclerote-rapia com a maioria dos esclerosantes, têm-se verificado resultados promissores com a escle-roterapia utilizando polidocanol espumoso 2%. Objetivos: O presente estudo teve como objeti-vo avaliar a eficácia e a segurança do polidoca-nol espumoso no tratamento das hemorróidas internas sintomáticas.Métodos: Estudo retrospetivo a partir de uma base de dados colhida prospetivamente de doen-tes observados em consulta de proctologia do departamento de Gastroenterologia de um cen-tro hospitalar entre Janeiro de 2017 e Julho de 2019. O mesmo gastroenterologista tratou todos os doentes. Os critérios de inclusão foram idade ≥ 18 anos; hemorróidas internas graus I, II ou III; consentimento informado por escrito. Os critérios de exclusão foram idade < 18 anos, fissura anal, infeção/supuração anal, trombose hemorroidária e alergia conhecida ao polidocanol.O sucesso foi definido como redução autorre-ferida ou desaparecimento da hemorragia e prolapso no final do follow-up, sem grandes complicações.

Comunicações OraisResultados: Foram incluídos 243 doentes, 130 (53,5%) do sexo masculino, idade média de 61,6 anos. 33 doentes (13,6%) apresentavam hemorróidas grau I; 176 (72,4%) grau II e 34 (14%) grau III.69 doentes (28,4%) estavam medicado com anticoagulantes e/ou antiagregantes.Obteve-se sucesso terapêutico em 88,8% (n = 151) dos doentes. 73 doentes aguardam con-sulta após tratamento. O follow-up médio foi de 50,7 semanas. O sucesso terapêutico não foi influenciado pelo facto dos doentes estarem medicados com an-tiagregantes ou anticoagulantes (p = 0,380).Registaram-se complicações em 9 (5,3%) doentes: dor leve a moderada, associada a trombose hemorroidária externa (n = 6), des-conforto perianal (n = 1), hemorragia imediata pós procedimento (n = 1) ou proctalgia defeca-tória (n = 1). 9 (5,3%) doentes foram encaminhados para cirurgia.Conclusão: O polidocanol espumoso demons-trou ser uma terapêutica eficaz e segura no controlo da doença hemorroidária sintomática, mesmo em doentes a fazer terapêutica com an-ticoagulantes e/ou antiagregantes.

CO 02INDICADORES DE QUALIDADE EM COLONOSCOPIA: O PAPEL DA AUDITORIA E DO FEEDBACKFlávio Pereira; Richard Azevedo; Marisa Linhares; Diana Ramos; João Pinto; Ana Caldeira; José Tristan; Eduardo Pereira; Rui Sousa; António BanhudoHospital Amato Lusitano - Unidade Local de Saúde de Castelo Branco

Introdução: Na última década, as sociedades de endoscopia digestiva definiram a qualidade em colonoscopia como uma prioridade na sua agenda, dada a discrepância significativa entre gastrenterologistas/unidades de endoscopia no que concerne à taxa de entubação cecal, taxa de deteção de adenomas ou qualidade da lim-

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17Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais

peza intestinal. Neste sentido, foi identificado um conjunto de indicadores de qualidade que permitiam aferir o desempenho do gastrentero-logista ou da unidade de endoscopia, com o ob-jetivo de implementar medidas de optimização da performance. Os estudos de auditoria para avaliação destes indicadores, com posterior divulgação dos resultados (feedback), poderão melhorar a performance individual e coletiva.Objetivo: Avaliar o impacto da auditoria interna e posterior apresentação dos resultados nos in-dicadores de qualidade em colonoscopiaMétodos: Estudo de intervenção realizado num grupo de gastrenterologistas e internos de gastrenterologia. Selecionada uma amos-tra aleatória de 350 colonoscopias de utentes com ≥ 50anos encaminhados para realização de colonoscopia de rastreio ou diagnóstica en-tre Setembro/2017 e Agosto/2018, e avaliação dos indicadores de qualidade de acordo com as recomendações da ESGE (2017). Em Novem-bro/2018, foram apresentados os resultados da auditoria ao grupo. Posteriormente, foi selecio-nada do mesmo modo outra amostra de 350 colonoscopias realizadas entre Janeiro/2019 e Setembro/2019.Resultados: Incluídos 700 utentes (55% ho-mens; idade média 67 ± 10 anos). 86% dos exames realizados sem sedação.No grupo pós-intervenção, verificaram-se me-lhorias estatisticamente significativas no que concerne à taxa de entubação cecal (90,9% vs 94,9%, p < 0,05), fotodocumentação do orifi-cio apendicular (65,4% vs 80,1%, p < 0,001), referência à qualidade da limpeza intestinal (87,1% vs 99,1%, p < 0,001) e utilização de uma escala quantitativa para avaliação da lim-peza (66,9% vs 92,9%, p < 0,001).Também se verificou um incremento na taxa de deteção de pólipos (41,8% vs 47,2%) e de ade-nomas (33,3% vs 36,4%) após a intervenção, embora sem significado estatístico.Conclusões: Na nossa amostra, o estudo de

auditoria interna e feedback permitiu aumentar a adesão dos gastrenterologistas aos indicado-res de qualidade em colonoscopia. Se encarado como um processo dinâmico de aperfeiçoa-mento contínuo, este tipo de estudo pode ser útil para sensibilizar os gastrenterologistas para a adopção de estratégias de optimização da performance individual e coletiva.

CO 03SERÁ QUE PODEMOS OPTIMIZAR O CEA COMO MARCADOR DE RESPOSTA NO CANCRO DO RECTO?Tânia Gago; Paulo Caldeira; Joana Roseira; Ana Catarina Cunha; Pedro Campelo; Horácio GuerreiroCentro Hospitalar Universitário do Algarve

Introdução: O CEA é um biomarcador comu-mente usado no cancro colorectal (CCR), no entanto a sua utilização como valor prognósti-co ainda é controverso. Estudos recentes têm demonstrado que o CEA produzido localmente pelas células tumorais tem maior valor prognós-tico do que o CEA sérico. Neste sentido preten-de-se utilizar o rácio CEA sérico/extensão tumo-ral (CEA/ExT) para corrigir o valor de CEA, que poderá refletir melhor a malignidade do CCR. Objectivos: Pretende-se determinar se existe associação entre CEA/ExTe a resposta tumoral patológica em doentes com adenocarcinoma (ADC) do reto, submetidos a radio-quimiotera-pia neoadjuvante (RQT-NA), seguida de resse-ção tumoral cirúrgica. Métodos: Estudo retrospectivo dos doentes com ADC do recto submetidos aRQT-NA se-guida de cirurgia curativa entre março/2012 e outubro/2017. Análise do CEA e da extensão tumoral para o cálculo CEA/ExT pré-tratamento, assim como da resposta patológica e downs-tagingtumoral nas peças operatórias após tra-tamento. A análise estatística foi realizada com recurso ao SPSS v24.Resultados: Incluídos 89 doentes, 60,7% ho-mens, média de idade 63,8 ± 10,42 e 79,8%

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dos doentes com PS0. Na maioria dos casos o tumor situava-se no recto baixo (43,8%) e tinha < 5cm (57,3%). A maioria dos doentes foram submetidos a cirurgia entre as 6-10 semanas após a RQT-NA (58,4%). Existiu boa resposta à RQT-NA em 41,6% dos doentes, downstaging-tumoral em 83,1% e resposta patológica com-pleta em 23,6%. O CEA/ExT médio foi 2,01 ng/ml por cm. Na análise univariada, valores mais elevados de CEA/ExT relacionaram-se com o aumento do CA19.9 (p = 0,04), com a dimi-nuição da hemoglobina (p = 0,03), com menor frequência de resposta patológica (p = 0,04) e com menor frequência de downstagingtumoral (p = 0,02). Na análise multivariada o CEA/ExT relacionou-se de forma independente com o downstagingtumoral (OR: 0,72; 95% IC-0.53-0.98, p- 0.036).Conclusões: Valores mais baixos de CEA/ExT pré-tratamento parecem estar associados ao downstagingtumoral, podendo este parâmetro ser promissor como preditor de resposta mais favorável, nos doentes com ADC do recto sub-metidos a tratamento com RQT-NA.

CO 04EFICÁCIA DA NUTRIÇÃO ENTÉRICA EXCLUSIVA (NEE) NA DOENÇA CROHN (DC) ADULTA, NAIVE E COMPLICADAJoana Roseira; Helena Tavares de Sousa; Tânia Gago; Ana Catarina Cunha; Pedro Campelo; Francisca Pulido Valente; Horácio GuerreiroServiço de Gastrenterologia - Centro Hospitalar Universitário do Algarve; ABC - Algarve Biomedical Center

Introdução: A NEE é terapêutica de primeira linha na DC pediátrica. Coortes selecionados de doentes adultos podem beneficiar de esquemas de indução de remissão com NEE.Objetivo: Avaliar eficácia da NEE para indução de remissão na DC adulta, naive, ativa e compli-cada com fistula, abcesso ou estenose.Material e métodos: Identificação de doentes com DC naive que fizeram esquema de indu-

ção de remissão apenas com NEE durante 6 semanas (2016-2019). Todos os doentes com confirmação de abcesso/fistulização cumpriram antibioterapia com/sem drenagem percutânea. Caracterização sociodemográfica, clínica e ava-liação de outcomes: remissão clínica (CDAI < 150), melhoria endoscópica (SES-CD < 50%) ou imagiológica (enterografia) e variação de marcadores nutricionais e inflamatórios à se-mana 6 (hemoglobina, albumina, peso, leu-cocitose, PCR). Estatística (SPSS v25): paired t-student testResultados e conclusões: Estudados 6 doen-tes do sexo feminino (idade média 39 ± 22 anos) que cumpriram 6 semanas de NEE por DC complicada de estenose ileal (n = 1) ou doença penetrante (n = 5). Uma das doentes era gestante. Verificou-se 100% adesão tera-pêutica, sem efeitos adversos. Todos os doentes cumpriram critérios de remissão clínica e me-lhoria endoscópica/imagiológica à 6ª semana. Verificou-se uma melhoria global dos parâme-tros nutricionais e inflamatórios (hemoglobina 9.1 vs. 10.7, p = 0.02; albumina 2.6 vs. 3.2, p = 0.18; peso 49.2 vs. 52.8, p = 0.03; leucoci-tose 12.2 vs. 7.3, p = 0.01; PCR 175.9 vs. 3.5, p = 0.04). Posteriormente os doentes iniciaram terapêutica de manutenção com anti-TNF em monoterapia (n = 3) ou combinação com imu-nossupressor (n = 3). Uma doente foi operada eletivamente com ressecção segmentar limita-da (face ao estimado na imagiologia inicial).A NEE mostrou-se uma opção exequível e eficaz para indução de remissão na DC naive, ativa e complicada, sem os efeitos adversos potencial-mente atribuíveis à corticoterapia ou cirurgia emergente. Importa a seleção de doentes moti-vados e uma estratégia de manutenção eficaz. É importante denunciar uma direção de inves-tigação corroborada pela descritiva deste estu-do, que aponta para uma melhoria em todos os parâmetros avaliados.

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19Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais

CO 05AVALIAÇÃO NÃO INVASIVA DE FIBROSE HEPÁTICA – COMPARAÇÃO ENTRE ELASTOGRAFIA POR ARFI E SCORES SÉRICOSPedro Campelo; Marta Eusébio; Francisco Velasco; Tânia Gago; Joana Roseira; Ana Catarina Cunha; Horácio GuerreiroServiço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Universitário de Algarve

Introdução: A informação sobre o estadio da fi-brose hepática é essencial na abordagem tera-pêutica, definição de prognóstico e seguimento dos doentes com infeção pelo vírus da hepatite C (VHC). A biópsia hepática tem sido tradicio-nalmente considerada o gold-standard na ava-liação da fibrose hepática, no entanto, trata-se de um procedimento invasivo, com risco de complicações e sujeito a erros de amostragem. Estas limitações conduziram ao desenvolvimen-to de métodos não invasivos de avaliação da fibrose.Objetivos: Avaliar a concordância entre o grau de fibrose hepática avaliada pela tecnologia ARFI (Acoustic Radiation Force Impulse) e por scores baseados em marcadores séricos. Métodos: Selecionados doentes da consulta de hepatologia com infeção por VHC e elastogra-fia hepática por ARFI entre julho 2015 e julho 2019. Foram calculados os scores séricos AST to Platelet Ratio Index (APRI), Fibrosis-4 (Fib-4), AST-ALT Ratio (AAR), King’s Score e Fibrosis Index através de estudos analíticos peri-elas-tografia. A elastografia por ARFI foi realizada utilizando o ecógrafo Siemens Acuson S2000 - os valores cut-off definidos para os estadios de fibrose hepática foram: F ≥ 2 - 1.34 m/s; F ≥ 3 - 1.55 m/s; F4 - 1.80 m/s. Resultados: Incluídos 287 doentes, sendo 72,9% do sexo masculino. A idade média foi de 49 anos (± 10,23). Relativamente ao genótipo do VHC: 74,5% genótipo 1, 1,8% genótipo 2, 15,7% genótipo 3 e 8% genótipo 4. A mediana do valor

ARFI foi de 1,41m/s (IQR 1,23-2,00). 40,3% dos doentes apresentou valor de ARFI correspondente a F0/1, 20,5% a F ≥ 2, 10,4% a F ≥ 3 e 28,8% a F4. Verificou-se uma correlação positiva, estatis-ticamente significativa e moderada entre o ARFI e os scores séricos avaliados: APRI (rs = 0,56; p < 0,001), Fib-4 (rs = 0,53; p < 0,001), King’s Score (rs = 0,59; p < 0,001) e Fibrosis Index (rs = 0,50; p < 0,001). O grau de concordância para avaliação de cirrose ou fibrose avançada entre ARFI e os scores séricos estudados foi: moderado com APRI (K = 0,54; p < 0,001), Fib-4 (K = 0,45; p < 0,001) e King’s score (K = 0,42; p < 0,001) e baixo com AAR (K = 0,14; p = 0,02) e Fibrosis Index (K = 0,27; p < 0,001).Conclusão: Verificou-se uma correlação sig-nificativa e moderada na avaliação da fibro-se hepática entre a elastografia por ARFI e os scores séricos. A concordância entre o ARFI e a maioria dos scores séricos analisados na avalia-ção de cirrose permite uma validação mútua e vem reafirmar a sua utilização na prática clínica como alternativa à biópsia hepática.

CO 06ISOLAMENTO DE MICROORGANISMOS NA BÍLIS EM DOENTES COM COLANGITE AGUDABárbara Morão; Catarina Gomes; Rui Loureiro; António Alberto Santos; Marília CravoHospital Beatriz Ângelo

Introdução: A antibioterapia empírica deve ser iniciada o mais precocemente possível nos doentes com colangite aguda, sendo a identi-ficação do microorganismo causal e respetivo antibiograma essenciais para o tratamento ade-quado destes doentes. Nas últimas guidelines de Tokyo 2018 é recomendada por rotina a co-lheita de bílis para exame cultural em todos os doentes, reservando as hemoculturas apenas para o contexto nosocomial.Objetivo: avaliar se o isolamento de microorga-nismos na bílis é concordante com o isolamento em hemoculturas e se influencia a evolução clí-nica de doentes com colangite aguda.

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20 XXXIV Reunião Anual do NGHD

Métodos: Estudo retrospetivo unicêntrico in-cluindo todos os doentes com diagnóstico de co-langite aguda (ICD9 e ICD10) submetidos a CPRE e com colheita de bílis para exame cultural, entre 2013 e 2018. Os outcomes definidos foram o tempo de internamento, taxa de reinternamento e morte. Análise estatística em SPSS v23.Resultados: De um total de 304 doentes com colangite aguda submetidos a CPRE, foi realiza-da colheita de bílis em 6.6% (20/304) doentes que foram incluídos no estudo (50% homens com idade média de 77 ± 8 anos). A etiologia mais frequente foi patologia benigna (80%). A gravidade da colangite foi severa em 45% (9/20) dos casos, moderada em 45% (9/20) e ligeira em 10% (2/20) dos casos. As hemo-culturas foram positivas em 75% dos doentes, com isolamento unimicrobiano. As culturas da bílis foram positivas em todos os doentes, com isolamento de 2 ± 1 microorganismos. Houve isolamento do mesmo microorganismo em cada meio em 53% (8/15) dos casos, com teste de sensibilidade aos antibióticos (TSA) semelhante em 30% (6/15) dos casos. A antibioterapia foi ajustada em 80% (16/20) dos doentes, de acor-do com o TSA das hemoculturas (31.3%) ou da bílis (68.8%). Não houve diferença no tempo de internamento (p = 0.65), taxa de reinternamen-to (p = 0.57) ou morte (p = 0.62) nos doentes em que o antibiótico foi ajustado de acordo com o TSA da bílis.Conclusão: A colheita de bílis para exame cul-tural durante a CPRE foi realizada apenas numa minoria dos doentes (6.6%), com um rendimento de 100%. Foi isolado o mesmo microrganismo no sangue e na bílis em cerca de metade dos doentes, com um TSA concordante apenas em 30% dos casos. Nos doentes que ajustaram o antibiótico de acordo com o TSA da bílis não se verificaram diferenças no tempo de internamento (p = 0.65), taxa de reinternamento (p = 0.57) ou morte (p = 0.62), existindo, contudo, uma limita-ção associada ao reduzido tamanho da amostra.

CO 07PREDITORES DE MORTALIDADE PÓS-OPERATÓRIA NA CIRROSE HEPÁTICACatarina Frias Gomes, Bárbara Morão, Catarina Neto, Joana Nunes, Alexandre Ferreira, Marília CravoHospital Beatriz Ângelo

Introdução: Os doentes com cirrose hepática têm maior risco de mortalidade pós-operatória. O score de Mayo foi desenvolvido para avaliar o risco de morte destes doentes após cirurgia major. O nosso objectivo foi identificar facto-res de risco de mortalidade pós-operatória em doentes com cirrose hepática e aplicar o score de Mayo na nossa população.Métodos: Estudo de coorte retrospectivo de doentes cirróticos operados num hospital dis-trital, entre 2013 e 2018. Incluídos doentes submetidos a cirurgia abdominal e extra-abdo-minal (ortopédica, vascular, ORL). Os outcomes primários foram mortalidade a 30 dias, 90 dias e 1 ano.Resultados: Incluídos 66 doentes com cirrose hepática (93% sexo masculino; média idade 62,2 +/- 10,2 anos; CHILD A 71,2%, CHILD B 28,8%, CHILD C 0). A etiologia mais frequen-te foi o álcool (84,8%). A maioria dos doentes foi submetido a cirurgia abdominal (63,9%) e 43,9% foram submetidos a cirurgia urgente. A taxa de mortalidade a 30 dias, 90 dias e 1 ano foi de 4,5%, 9,1% e 12,1%, respectivamente. Nenhum factor influenciou a mortalidade a 30 dias. Necessidade de cirurgia urgente (100% vs 0%, p = 0,005), ASA > III (66,7% vs 33%, p = 0,008), MELD (OR 1,20 IC 95% 1,01-1,4, p = 0,03) e MELD Na (OR 1,25 IC 95% 1,04-1,50, p = 0,02) associaram-se a maior taxa de mor-talidade a 90 dias. A albumina foi factor protetor (OR 0,22 IC 95% 0,07-0,99, p = 0,04) na mor-talidade a 1 ano. A área sob a curva utilizando o score de Mayo como preditivo de mortalidade a 90 dias e 1 ano foi respectivamente 0,85 (IC 95% 0,76-0,95, p = 0,005) e 0,76 (IC 95% 0,6-0,9 p = 0,02).

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21Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais

Conclusão: Neste coorte de doentes com cir-rose hepática CHILD A e B, a necessidade de cirurgia urgente, ASA > III, MELD e MELD Na associaram-se a maior mortalidade. O score de Mayo apresentou bom poder discriminativo de mortalidade a 90 dias e 1 ano.

CO 08COLEDOCODUODENOSTOMIA COM PRÓTESE LUMEN-APPOSING – EXPERIÊNCIA DE UM CENTROFlor de Lima M; Nunes N; Chálim Rebelo C; Moura DB; Costa Santos V; Rego AC; Pereira JR; Paz N; Duarte MAServiço de Gastrenterologia do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, EPE

A drenagem biliar guiada por ecoendoscopia é uma alternativa quando a colangiopancrea-tografia retrógrada endoscópica (CPRE) não é conseguida. A realização de coledocoduode-nostomia guiada por ecoendoscopia (EUS-CDS) com prótese metálica lumen-apposing (Hot AXIOS™, Boston Scientific), procura simplificar a técnica e minimizar a taxa de efeitos adversos.Pretende-se, com este estudo, avaliar o suces-so clínico e técnico dos casos de EUS-CDS com LAMS (Hot AXIOS™, Boston Scientific), efetua-das no nosso serviço.Procedeu-se a uma avaliação retrospetiva e unicêntrica dos casos de EUS-CDS por LAMS (Hot AXIOS™ 6 x 8 mm, Boston Scientific) reali-zados até à data. Foram avaliadas a taxa de su-cesso técnico, definida pela correta colocação da prótese, e a taxa de sucesso clínico, definida pela descida de pelo menos 50% no valor da bilirrubina basal em duas semanas.Analisaram-se nove casos de obstrução biliar maligna distal: oito casos de neoplasia do pân-creas e um caso de ampuloma. Em sete casos a CPRE prévia não foi conseguida: Quatro por falha na canulação e três por deformação duo-denal. Dois casos foram realizados por aborda-gem ecoendoscópica direta. O diâmetro médio da via biliar principal era de 17 mm. Os pro-

cedimentos tiveram uma duração média de 11 minutos. A taxa de sucesso técnico e clínico foi de 89%. Em dois casos ocorrem complicações associadas à técnica: Um caso de libertação inadvertida da extremidade proximal da prótese na cavidade abdominal; noutro colangite agu-da três dias após procedimento, resolvida com antibioterapia. O tempo de follow-up médio foi de 108 dias, tendo este terminado em sete dos casos no momento do óbito.Nesta série verificou-se elevada eficácia técni-ca e clínica da EUS-CDS utilizando LAMS (Hot AXIOS™, Boston Scientific), apesar de limitada pela reduzida amostra. Salienta-se o papel da ecoendoscopia não só como alternativa à CPRE, mas também como abordagem de primeira li-nha na drenagem biliar paliativa da obstrução biliar maligna.

CO 09COMO OTIMIZAR A PREPARAÇÃO INTESTINAL EM DOENTES INTERNADOS?Tiago Leal; Sofia da Silva Mendes; Pedro Bernardes Antunes; Margarida Gonçalves; Dalila Costa; Paula Peixoto; Ângela Rodrigues; Bruno Gonçalves; Dália Fernandes; Rita Seara Costa; João Bruno Soares; Ana Rebelo; Ana Célia Caetano; Aníbal Ferreira; Carla Rolanda; Nuno Dias; Bruno Arroja; Raquel GonçalvesHospital de Braga

Introdução: A preparação intestinal adequada é um critério de qualidade em endoscopia di-gestiva baixa. No entanto, esta é muitas vezes deficiente, com implicações nefastas decorren-tes de exames inconclusivos. Esta problemática é mais grave nos doentes em regime de inter-namento, devido a inúmeros fatores associados a esta população.Objetivos: Avaliação da qualidade da prepara-ção intestinal dos doentes submetidos a colo-noscopia em regime de internamento e identifi-cação de fatores preditivos de má preparação.Métodos: Estudo prospetivo, observacional, que decorreu entre Junho 2018 a Junho 2019.

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22 XXXIV Reunião Anual do NGHD

Selecionaram-se os doentes internados pro-postos para realização de colonoscopia total. Excluíram-se doentes em regime de urgência ou em caso de repetição de exame no mes-mo internamento após exame prévio com má preparação. Foram registadas variáveis demo-gráficas, comorbilidades, medicação, motivo e horário do exame. A qualidade da preparação foi avaliada segundo a escala de Boston. Foi realizada análise descritiva e análise uni e multi-variada para identificação de fatores associados a má preparação intestinal. Considerou-se sig-nificância estatística para valores de p < 0,05.Resultados: A amostra foi constituída por 113 doentes, com idade mediana de 70 (IQR = 21) anos e 50,4% do sexo masculino. A maioria dos doentes era autónoma para atividades da vida diária (AVD) (n = 90; 79,6%) e a mediana do Índice de comorbilidades de Charlston foi de 4 (IQR = 4). O motivo de exame mais frequente foi estudo de anemia (n = 43; 38,1%). Verificou--se preparação intestinal deficiente em 39,8% (n = 45) dos exames. Os fatores associados a má preparação intestinal na análise univariada foram a dependência para AVD (p = 0,031) e o horário do exame (p = 0,030), sendo que a au-tonomia para AVD (OR 2,94 IC 95% 1,12-7,75; p = 0,029) e a realização do exame no perío-do da tarde (OR 2,58 IC 95% 1,12-5,94; p = 0,026) foram fatores preditivos de preparação adequada.Conclusão: Verificou-se uma elevada taxa de má preparação intestinal, apesar de coincidente com estudos prévios em regime de internamen-to. Os doentes dependentes têm maior risco de preparação inadequada, bem como exames realizados no período da manhã. A considera-ção destes resultados no protocolo de prepa-ração intestinal em doentes internados poderá contribuir para a sua otimização.

CO 10IMPACTO DO TIPO DE SEDAÇÃO NA QUALIDADE DA COLONOSCOPIA – DADOS DE UM PROGRAMA REGIONAL DE RASTREIO DO CANCRO COLORRETAL DE BASE POPULACIONAL Catarina Martins da Cunha1; Tânia Gago1; Joana Roseira1; Pedro Campelo1; Bruno Peixe1; Carlos Cardoso2; Paulo Caldeira1; Filomena Correia2; Horácio Guerreiro1

1Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Universitário do Algarve; 2Núcleo de Rastreios da Administração Regional de Saúde do Algarve

Introdução: O cancro colorretal (CCR) man-tém-se uma importante causa de morte a nível mundial sendo a colonoscopia um exame es-sencial no rastreio de base populacional. Atual-mente, é unânime a sua realização sob sedação profunda, tanto para conforto do doente como para garantir uma boa acuidade do exame. Contudo, existe atualmente evidência de que a qualidade do exame sob sedação superficial não seja inferior à da profunda.Objetivos: Pretendemos determinar qual a im-plicação do tipo de sedação na taxa de deteção de adenomas e adenomas avançados (AA), bem como na taxa de intubação cecal numa popula-ção de risco padrão para CCR.Materiais/Métodos: Estudo observacional de um programa piloto de rastreio do CCR de base populacional que indica a realização de colonos-copia total após pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF) positiva por método imunológico. Definiram-se dois grupos consoante o tipo de sedação administrada: superficial se realizada com benzodiazepina, isoladamente ou em as-sociação com analgésico opioide; profunda se foi administrado propofol por anestesista. Os AA referiam-se a adenomas com pelo menos uma das características: diâmetro ≥10 mm, compo-nente viloso e/ou displasia de alto grau.Resultados/Conclusões: Partimos duma po-pulação de 257 indivíduos com PSOF positiva dos quais 55% (n = 142) realizaram colonos-

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23Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais

copia. Destes, 64,8% (n = 92) eram homens. A idade mediana era 64 (57-70) anos. No global observamos uma taxa de intubação cecal de 93% (n = 132), taxa de preparação intestinal adequada de 94,7% (n = 125) e taxa de de-teção de adenomas de 41,5% (n = 59), sendo que destes 54% (n = 32) eram AA.Em 59,9% (n = 85) das colonoscopias foi rea-lizada sedação profunda e em 40,1% (n = 57) sedação superficial, sendo a preparação intesti-nal idêntica em ambos os grupos.Relativamente às variáveis estudadas, não ob-servamos diferenças estatisticamente significa-tivas entre os grupos sedação profunda versus superficial quanto à taxa de intubação cecal (95,3% (81/85) versus 89,5% (51/57), p = 0,200), taxa de deteção de adenomas (43,5% (37/85) versus 38,6% (22/57), p = 0,559) e taxa de deteção de AA (21,2% (18/85) versus 24,6% (14/57), p = 0,636).Apesar das limitações inerentes ao tipo de estudo e à dimensão da amostra, esta análise mostra que a sedação superficial pode ser uma alternativa segura e fiável a ser equacionada no âmbito da colonoscopia de rastreio. Não obstante, reconhecemos que para a sua imple-mentação seria igualmente pertinente avaliar a satisfação e o conforto do utente.

CO 11RECORRÊNCIA APÓS MUCOSECTOMIA FRAGMENTADA DE LESÕES COLORRECTAIS PLANAS: APLICABILIDADE DO SERTMaria Azevedo Silva; Carina Leal; Pedro Marcos; Alexandra Fernandes; Antonieta Santos; Liliana Eliseu; Catarina Atalaia Martins; Pedro Russo; Sandra Barbeiro; Cláudia Gonçalves; Isabel Cotrim; Helena VasconcelosCentro Hospitalar de Leiria

Introdução: A mucosectomia endoscópica é a terapêutica de eleição nas lesões colorrectais planas não invasivas. Quando existe necessida-de de proceder a uma excisão fragmentada, é necessária vigilância endoscópica, dado o risco

de recorrência. O Sydney Endoscopic Mucosal Resection Recurrence Tool (SERT) é uma escala de 0 a 4 pontos que classifica as lesões em fun-ção da sua dimensão, ocorrência de hemorragia durante a sua excisão e presença de displasia de alto grau (DAG).Objetivo: Pretende-se avaliar a aplicabilidade do SERT na predição de adenoma recorrente nas lesões excisadas por mucosectomia frag-mentada.Material e métodos: Estudo retrospetivo uni-cêntrico com inclusão de todas as lesões planas ≥ 20mm com excisão aparentemente completa por mucosectomia fragmentada, sem tentativas prévias de ressecção, entre Março de 2010 e Fevereiro de 2018, com pelo menos uma vigi-lância endoscópica.Resultados e conclusões: Incluídas 181 lesões, correspondentes a 174 doentes com idade mé-dia de 68 anos e predomínio do sexo masculino (61%). A localização mais frequente foi o cólon ascendente (34%), seguido do recto (20%). As lesões foram avaliadas segundo a classificação de Paris (CP): 0-IIa: 34%; 0-IIb: 29%; 0-IIa + Is: 23%; 0-IIa + IIb: 6%; 0-IIa+IIc: 2%. O tamanho médio das lesões foi de 33mm, tendo 25 (14%) dimensões ≥ 40mm. Verificou-se hemorragia in-traprocedimento em 9 casos (5%) e DAG em 44 lesões (24%). A taxa global de recorrência ade-nomatosa aos 6 meses foi 16%. De acordo com a classificação SERT a taxa de recorrência foi a seguinte: lesões SERT = 0: 11% (14/122); SERT = 1: 18% (6/33); SERT = 2: 25% (3/12); SERT = 3: 30% (3/10); SERT = 4: 75% (3/4). Cumu-lativamente, a taxa de recorrência aos 24 meses foi 23%. A presença de adenoma recorrente aos 6 meses associou-se à dimensão das lesões ≥ 40 mm (p = 0,003) e à ocorrência de hemor-ragia intraprocedimento (p = 0,017). A DAG e a CP não mostraram relação com a recorrência. As lesões SERT = 0 apresentaram um risco si-gnificativamente menor de recidiva (p = 0,016), correspondendo a um valor preditivo negativo de

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89% para adenoma recorrente aos 6 meses. Pro-cedeu-se a ablação com APC nos bordos da es-cara em 37% das lesões, não se verificando rela-ção com a recorrência. Em conclusão, a excisão de lesões planas por mucosectomia fragmentada apresenta uma taxa de recorrência considerável, sobretudo em lesões SERT ≥ 1. As lesões SERT = 0 apresentam menor risco de recidiva, o que poderá possibilitar um prolongamento do interva-lo de vigilância endoscópica.

CO 12RESULTADOS DO PRECORTE POR FISTULOTOMIA COM FACA EM FUNÇÃO DA MORFOLOGIA ENDOSCÓPICA DA AMPOLA DE VATER E DO TAMANHO DA VIA BILIARJoão Fernandes1; Marta Moreira1; Dalila Costa1,2; Telma Brito3; Gonçalo Alexandrino4; Tarcísio Araújo1; Sílvia Giestas1; Helena Ribeiro1; David Horta4; Luís Lourenço4; José Ramada1; Jorge Canena4,5; Luís Lopes1,6,7

1Department of Gastroenterology, Santa Luzia Hospital - Unidade Local de Saúde Alto Minho, Viana do Castelo, Portugal; 2Department of Gastroenterology, Braga Hospital, Braga, Portugal; 3Department of Surgery, Santa Luzia Hospital - Unidade Local de Saúde Alto Minho, Viana do Castelo, Portugal; 4Department of Gastroenterology, Fernando Fonseca Hospital, Amadora, Portugal; 5Department of Gastroenterology – Nova Medical School/Faculty of Medical Sciences, Lisbon, Portugal; 6Life and Health Sciences Research Institute (ICVS), School of Medicine, University of Minho, Braga, Portugal; 7ICVS/3B’s - PT Government Associate Laboratory, Braga/Guimarães, Portugal;

Introdução: Estudos prévios sugerem que o su-cesso e complicações do acesso biliar por fis-tulotomia com faca (NKF) dependem em grande parte da morfologia endoscópica da ampola de Vater e do tamanho da via biliar principal. No entanto, nenhum estudo abordou esse tópico.Objetivos: Este estudo teve como objetivo avaliar os resultados da NKF com base na morfologia da papila e no tamanho da via biliar principal.

Métodos: Este foi um estudo retrospectivo mul-ticêntrico que incluiu uma série consecutiva de doentes submetidos a NKF precoce para acesso à via biliar, que decorreu entre Agosto de 2017 e Agosto de 2019. Avaliámos a taxa de suces-so e as complicações da NKF com base nos seguintes parâmetros: medidas transversais e longitudinais das papilas usando um método de medição visual; diâmetro da via biliar prin-cipal terminal medida a 1 cm da papila usan-do imagens fluoroscópicas (t-VBP). As papilas foram classificadas segundo uma classificação internacional previamente validada que inclui 7 categorias. Os resultados foram avaliados por modelos de regressão de resposta binária.Resultados: Foram incluídos 251 pacientes submetidos a NKF, com uma mediana de idades de 75 anos (18-97), das quais 148 mulheres (59%). A NKF foi realizada em: 43 papilas do tipo flat (17,13%), 92 prominent tubular non--pleated (36,65%), 67 prominent tubular plea-ted (26,69%), 26 prominent bulging (10,36%), 3 intradiverticular (1,20%), 11 diverticular border (4,38%), 9 unusual (3,59%). A taxa de canu-lação foi de 96,41%. A taxa de complicações pós-CPRE foi de 7,96% (n = 20), com uma taxa de pancreatite = 5,97%, sem registo de óbitos. O sucesso e as complicações da canulação não foram significativamente diferentes em função das sete categorias de papilas. No modelo de regressão, a canulação e as complicações não são explicadas pela morfologia da papila nem pelo diâmetro terminal da VBP (Overall F-Test = 0,46; p < 0,80).Conclusões: A canulação biliar e as complica-ções pós-CPRE não estão associadas à morfo-logia papilar ou ao tamanho distal da VBP. Desta forma a decisão de usar NKF para o acesso bi-liar não deve ser condicionada pela morfologia papilar.

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IE 01TRATAMENTO ENDOSCÓPICO DE FÍSTULA ESOFÁGICA PÓS CIRÚRGICANélia Abreu; Vítor Pereira; Rute Gonçalves; Filipa Freitas; Filomeno Gomes; Goreti Faria; Luís JasminsHospital Central do Funchal

Historicamente, a abordagem cirúrgica foi consi-derada durante muitos anos o gold standard no tratamento das fístulas esofágicas, associando-se, contudo, a elevada morbimortalidade. Atualmente observamos a uma mudança de paradi gma com a abordagem endoscópica a surgir como um mé-todo minimamente invasivo e promissor.Apresentamos o caso clínico de uma criança do sexo feminino, com 5 anos e antecedentes pessoais de hérnia do hiato esofágico, por des-lizamento, congénita, submetida aos 2 anos de idade a Fundoplicatura de Nissen e re-interven-cionada aos 4 anos por recidiva. Cerca de 1 ano após da 2ª intervenção dá entrada no serviço de Urgência por um quadro de febre, dor abdomi-nal intensa, no quadrante abdominal superior esquerdo, associado analiticamente a elevação significativa dos parâmetros inflamatórios. De modo complementar, realizou tomografia compu-torizada que mostrou coleção infra-diafragmática esquerda, com nível hidroaéreo, medindo 58 x 55 x 30 cm de maiores eixos e aparente comu-nicação desta com o lúmen gástrico através de um trajeto fistuloso, com um calibre de cerca de 5 mm e uma expensão de aproximadamente 20 mm. Face aos achados imagiológicos, clínicos e analíticos, foi colocada como principal hipótese de diagnóstico: uma coleção abcedada subfréni-ca com fistulização para o lúmen gástrico.Para caracterização dos achados fez endosco-pia digestiva alta que evidenciou no 1/3 inferior do esófago, fio de sutura de cirurgia anterior, aderente à parede esofágica e em continuidade com orifício fistuloso, cuja migração terá estado

Instantâneos endoscópicosna origem da sua formação da fístula e conse-quente coleção.Após discussão em equipa multidisciplinar, rea-lizou endoscopia digestiva alta terapêutica, com recurso a endoscópio de duplo canal. Com o au-xílio da pinça de corpos estranhos, procedeu-se ao isolamento e elevação do fio de sutura mi-grado na parede esofágica. Simultaneamente, através do canal acessório, utilizou-se a faca de dissecção com tração proximal da porção mais interna do fio de sutura com sucesso. Após o corte observaram-se dois fragmentos de fio de sutura que se recuperaram endoscopicamente. No final do procedimento procedeu-se ao en-cerramento do orifício fistuloso com 2 endoclips.Seguiu-se uma boa evolução clínica e analítica com TC de controlo 1 semana após procedimen-to a evidenciar regressão volumétrica da coleção abcedada, sem aparente solução de continuidade solução de continuidade com a cavidade gástrica.

IE 02LITOTRÍCIA AVANÇADA GUIADA POR COLANGIOSCOPIA NUM DOENTE COM GASTRECTOMIA BILLROTH IIMarta Moreira1; Dalila Costa1,2; Telma Brito3; João Fernandes1; Tarcísio Araújo1; Helena Ribeiro1; Sílvia Giestas1; José Ramada1; Jorge Canena4; Luís Lopes1,5,6

1Department of Gastroenterology, Santa Luzia Hospital - Unidade Local de Saúde Alto Minho, Viana do Castelo, Portugal; 2Department of Gastroenterology, Braga Hospital, Braga, Portugal; 3Department of Surgery, Santa Luzia Hospital - Unidade Local de Saúde Alto Minho, Viana do Castelo, Portugal; 4Department of Gastroenterology – Nova Medical School/Faculty of Medical Sciences, Lisbon, Portugal; 5Life and Health Sciences Research Institute (ICVS), School of Medicine, University of Minho, Braga, Portugal; 6ICVS/3B’s - PT Government Associate Laboratory, Braga/Guimarães, Portugal

Nesta imagem em Gastrenterologia apresenta-mos o vídeo de um homem de 73 anos referen-ciado para CPRE por coledocolitíase. O doente apresentava uma gastrectomia sub-total Billroth

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II. Durante a CPRE não foi possível progredir em segurança através da ansa aferente com o duo-denoscópio, pelo que se optou pela utilização de um gastroscópio convencional. A canulação biliar foi realizada com um cateter biliar. A co-langiografia mostrou um cálculo com 14 mm na VBP. Para orientar a esfincterotomia com faca colocou-se uma prótese biliar de 5 Fr. Por fim, procedeu-se à tentativa de remoção do cálculo com um balão extrator e cesto de Dormia sem sucesso, tendo-se colocado uma prótese biliar plástica temporária. O doente foi submetido a uma 2ª CPRE, utilizando desta vez um gastros-cópio terapêutico, para permitir a passagem do colangioscopio. Procedeu-se à litrotrícia do cálculo com laser Holmium guiada por Spyglass DS com sucesso e sem complicações.A remoção endoscópica de cálculos grandes da VBP em doentes com gastrectomia Billroth II é difícil e complexa. Este é um dos primeiros doentes em que é descrito a utilização da lito-trícia assistida por Spyglass num doente com uma gastrectomia Billroth II. Descrevemos uma técnica com grau de complexidade III demons-trando várias adaptações técnicas para assegu-rar o êxito do tratamento.

IE 03DRENAGEM ENDOSCOPICA DE COLECÇÃO PERI-PANCREÁTICA APÓS COMPLICAÇÃO DE PANCREATECTOMIA DISTALFrederico Ferreira; Rui Silva; Cátia Leitão; José SoaresServiço de Gastroenterologia do Hospital Pedro Hispano, Unidade Local Saúde de Matosinhos

Introdução: A localização retroperitoneal e sua íntima relação com estruturas vasculares difi-cultam a ressecção pancreática e aumentam o risco de complicações cirúrgicas, sendo a fístu-la pancreática uma das principais.Caso clínico: Mulher de 72 anos, com antece-dentes de púrpura trombocitopénica idiopática e diabetes Mellitus tipo2. Em TAC abdominal iden-tificada lesão no corpo pancreático com invasão

das artérias hepática e esplénica, localmente irressecável, com histologia de adenocarcino-ma. Iniciou quimioterapia neoadjuvante/paliati-va, com redução da massa tumoral, tendo sido programada exploração cirúrgica. Submetida a pancreatectomia corpo-caudal e esplenectomia, inicialmente por laparoscopia com conversão para laparotomia por impossibilidade de isolar a veia esplénica. Laceração da veia porta com necessidade de rafia, com controlo hemostático.Duas semanas após por distensão abdominal, dificuldade de esvaziamento gástrico e elevação dos marcadores inflamatórios realizou TAC ab-dominal que revelou colecção peri-pancreática de 165 x 210mm de maiores dimensões. Foi colocado um dreno de 7Fr na colecção guiado por ecografia abdominal e foi aspirado líquido compatível com fístula pancreática. Após uma semana repetiu TAC abdominal que revelou au-mento de dimensões da colecção.De seguida foi realizada drenagem da colecção por ecoendoscopia com punção com agulha de 19Fr, aspirado liquido para análise bacterioló-gica, colocado fio guia de 0.035 e de seguida com cistótomo de 10Fr (Cook medical®) foi realizada cistogastrostomia ao nível da face posterior do corpo distal. Posteriormente dila-tou-se o orifício cistogastrostomia com balão dilatador througt-the-scope até 12 mm com saída de 1000 ml de líquido escuro. Colocou--se uma prótese plástica de 10Fr na colecção. Após 3 dias foi realizada extracção da prótese plástica e dilatou-se o orifício com balão dila-tador througt-the-scope até 18 mm, permitin-do a passagem de endoscópio para dentro da loca peri-pancreática; realizou-se a inspecção e lavagem, com saída de algum pus mas sem identificação de necrose significativa. Colocou--se uma nova prótese plástica de 7Fr que foi removida após 10 dias com resolução completa da colecção.Discussão: A drenagem de colecções com utilização de ecoendoscopia e a necrosectomia

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endoscópica são meios minimamente invasivos de tratamento de complicações pós-operatórias que anteriormente necessitavam de re-inter-venção cirúrgica com elevado risco de morbi--mortalidade associada.

IE 04APOSIÇÃO DOS BORDOS – UMA TÉCNICA DE ENCERRAMENTO APÓS DISSECÇÃO DA SUBMUCOSAChálim Rebelo C.; Nunes N.; Flor de Lima M.; Moura D. B.; Pereira J. R.; Costa Santos V.; Rego A. C.; Paz N.; Duarte M. A.Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, EPE

A dissecção endoscópica da submucosa (DSM) é uma opção terapêutica na abordagem de le-sões epiteliais e subepiteliais. Dentro das po-tenciais complicações estão a hemorragia, a perfuração e a peritonite. O encerramento das escaras após disseção da submucosa está indi-cado em doente com elevado risco hemorrágico e em escaras de grandes dimensões. Além dis-so, o encerramento reduz o risco de síndrome pós-polipectomia.Apresentamos o caso de um doente do sexo masculino, com 72 anos, com pólipo séssil (Pa-ris 0-IIa) no recto, com 25 mm. Foi realizada DSM da lesão, com encerramento final por apo-sição dos bordos. A técnica de encerramento consiste na injecção da mucosa, com realização de duas incisões superficiais em faces opostas da mucosa, seguindo-se a aplicação de clip em cada uma das incisões. A aposição dos bordos e consequente encerramento da escara é feita com o fecho de um único clip.As técnicas de encerramento são variadas e devem ser aplicadas de acordo com o tipo de lesão, a profundidade da ressecção e o risco de complicações do doente. O caso apresentado mostra a simplicidade da técnica, com encer-ramento completo da escara com a aplicação de um único clip.

IE 05TRATAMENTO ENDOSCÓPICO DA DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO COM TÉCNICA ARMS-AChálim Rebelo C.; Nunes N.; Flor de Lima M.; Moura D. B.; Pereira J. R.; Costa Santos V.; Rego A. C.; Paz N.; Duarte M. A.Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, EPE

Apresentamos um caso de tratamento endos-cópico de doença de refluxo gastroesofágico (DRGE) com a técnica de anti-reflux muco-sectomy (ARMS), empregada como opção em doentes com DRGE refractária à terapêutica com inibidores da bomba de protões (IBP) e que recusam cirurgia. Para avaliação da gravidade clínica foi utilizado o questionário validado de diagnóstico de doença do refluxo (RDQ).Trata-se de doente do sexo masculino, com 42 anos, com quadro de ardor retro-esternal, náuseas e vómitos pós-prandiais, RDQ de 20. A endoscopia digestiva alta mostrava esofagite péptica grau C (classificação de Los Angeles). O doente mantinha a sintomatologia e as altera-ções endoscópicas após 8 anos de seguimento e de otimização terapêutica com IBP.A técnica consiste na aplicação de árgon-plas-ma na mucosa circundante da junção gastroe-sofágica, na vertente gástrica, criando uma ulceração circunferencial da mucosa, levando a um estreitamento do hiato diafragmático. A cicatrização e consequente fibrose visa induzir um efeito análogo à fundoplicatura.Dois meses após o procedimento verificou-se melhoria da esofagite péptica para grau B. Na pH-metria de controlo houve diminuição do nú-mero de episódios de refluxo e a pontuação RDQ traduziu a melhoria clínica, sendo de 10 pontos.A técnica ARMS-A poderá vir a tornar-se uma das opções de primeira linha no tratamento en-doscópico da DRGE pela oportunidade de sus-pender o IBP, aliada à simplicidade da técnica e à possibilidade de um alívio sustentado das queixas.

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IE 06COLECISTODUODENOSTOMIA NA ABORDAGEM DA PATOLOGIA BENIGNA DA VIA BILIAR – THINKING OUTSIDE THE BOXChálim Rebelo C.; Nunes N.; Flor de Lima M.; Moura D. B.; Pereira J. R.; Costa Santos V.; Rego A. C.; Paz N.; Duarte M. A.Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, EPE

Doente do sexo feminino, 83 anos de idade, que recorreu ao serviço de Urgência por dor abdo-minal localizada no hipocôndrio direito, de agra-vamento progressivo, com início pós-prandial e um episódio de vómito aquoso. Sem outros sintomas associados. Antecedentes pessoais de diabetes, dislipidemia e hipertensão arterial. Analiticamente apresentava um padrão de cito-colestase, com hiperbilirrubinemia de 3,15 mg/dL. A ecografia abdominal de urgência mostrou um foco hiperecóico com cone de sombra pos-terior, com 3.5 mm, no terço distal da via biliar principal.Foi proposta para colangiopancreatografia re-trógrada endoscópica (CPRE) direta, que mos-trava um divertículo de grandes dimensões em D2, com impossibilidade de canulação da papila apesar do pré-corte com faca de Mori. Por agravamento do padrão de citocolestase e da hiperbilirrubinemia foi repetida CPRE cin-co dias depois, mantendo-se impossibilidade de canulação da VBP. Foi colocada a próte-se lumen-apposing Hot Axios 10 x 15mm por ecoendoscopia, criando assim uma colecisto-duodenostomia com o objetivo de drenagem da via biliar e posterior rendez-vous. Após o procedimento assistiu-se a uma melhoria dos parâmetros analíticos, com normalização da bi-lirrubina. A doente faltou ao procedimento pos-terior e recusou remarcação.As próteses lumen-apposing têm sido progres-sivamente utilizadas na abordagem da patologia benigna das vias biliares. Neste caso verifica-se uma obstrução biliar por coledocolitíase, com divertículo grande de D2 e impossibilidade de

canulação da VBP. Assim, a prótese lumen--apposing permitiu a descompressão tempo-rária da VBP, com criação de um acesso à via biliar para posterior rendez-vous ou terapêutica anterógrada.

IE 07DISSEÇÃO ENDOSCÓPICA DA SUBMUCOSA DE LESÃO SUBEPITELIAL GÁSTRICA: A SOLUÇÃO AO FUNDO DO TÚNEL Chálim Rebelo C.; Nunes N.; Flor de Lima M.; Moura D. B.; Pereira J. R.; Costa Santos V.; Rego A. C.; Paz N.; Duarte M. A.Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, EPE

Doente sexo feminino, com 67 anos de idade, que recorreu ao seu médico assistente por dis-pepsia. Tratava-se de doente com antecedentes pessoais de hipertensão arterial e dislipidemia. Realizou endoscopia digestiva alta que mos-trava, na face anterior do antro, lesão polipói-de séssil bilobulada com 22 mm de diâmetro, sugestiva de lesão subepitelial. Para melhor caracterização da mesma realizou ecoendos-copia que confirmou lesão hipoecogénica e homogénea da terceira camada, com sinal de doppler negativo e bordos regulares; não se identificavam adenopatias peri-lesionais e ha-via intensa captação após injeção de contraste em veia periférica com hexafluoreto de enxofre (SonoVue®).Foi proposta dissecção da submucosa (DSM) por tunelização, tendo sido utilizada a fonte de eletrocirurgia ERBE VIO® 3 e faca hybrid-knife T. O procedimento foi iniciado com a injeção da submucosa com solução de glicerol com índigo de carmim e adrenalina. De seguida, realizou--se incisão da mucosa com hybrid-knife, utili-zando-se corrente dry-cut efeito 4 e dissecção da submucosa com tunelização, com corrente swift coagulation efeito 3, com excisão total da lesão no final do procedimento. Histologicamen-te tratava-se de um tumor do estroma gastroin-testinal (GIST) excisado totalmente, sem ruptura da cápsula.

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A ressecção endoscópica tem-se mostrado uma ferramenta eficaz e segura na aborda-gem de GISTs gástricos. A DSM por tuneliza-ção conduziu assim à resolução curativa, com preservação de órgão e evitando a necessidade de follow-up endoscópico/ecoendoscópico pro-longado.

IE 08FÍSTULA AORTOESOFÁGICA SECUNDÁRIA A PSEUDOANEURISMA MICÓTICO – QUANDO O DIAGNÓSTICO É ENDOSCÓPICOCatarina Martins da Cunha; Tânia Gago; Joana Roseira; Pedro Campelo; Bruno Peixe; Horácio Guerreiro Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Universitário do Algarve

Introdução: As fístulas aortoesofágicas (FAE) constituem uma causa rara de hemorragia di-gestiva alta carecendo de suspeita clínica ju-diciosa e diagnóstico célere como premissas potencialmente modificadoras dum prognóstico que é, ab initio, reservado e com desfecho ine-vitavelmente fatal na ausência de tratamento.Caso clínico: Apresentamos o caso de um doente do sexo masculino de 41 anos admiti-do por choque hipovolémico na sequência de hematemese maciça sem pródromos. Como antecedentes de relevo destacava-se historial de hábitos toxifílicos incluindo uso de drogas endovenosas. Após ressuscitação volémica pro-cedeu-se à realização de endoscopia digestiva alta (EDA) que, apesar do jejum e de procinéti-cos, foi inconclusiva pela presença de sangue no lúmen. O doente manteve-se em vigilância tendo permanecido hemodinamicamente está-vel. A segunda EDA, repetida num intervalo de 6 horas, revelou a existência de área procidente com ulceração central e pequeno coágulo ad-jacente aos 28 cm da arcada dentária. Perante este achado, que tornava imperativo descartar ponto de rotura parietal, foi de imediato efe-tuada uma angiotomografia computorizada do tórax que confirmou a presença de FAE sendo

esta secundária a pseudoaneurisma da crossa da aorta/aorta descendente. Dada a necessida-de de intervenção vascular emergente, seguiu--se a transferência do doente para um hospital com apoio diferenciado em que se realizou a reparação aórtica com prótese colocada por via endovascular. Ao 3º dia pós procedimento, na sequência de hematemese autolimitada, foi realizada nova EDA persistindo pequena solu-ção de continuidade da parede esofágica que foi encerrada com clips. A estratégia terapêutica incluiu, adicionalmente, antibioterapia de largo espetro e antiagregação plaquetária. Volvidos dois meses após o episódio, o doente mantém--se a evoluir favoravelmente.Conclusão: A abordagem das FAE é reconheci-damente exigente, partindo do desafio diagnós-tico e passando pelo tratamento em tempo útil com recurso à reparação vascular. Atualmente, o uso de stents aórticos endoluminais tem-se revelado uma opção viável em casos de instabi-lidade iminente, permitindo um controlo rápido e eficaz da hemorragia sem expor o doente ao risco de uma intervenção aberta. Com a descri-ção deste caso pretendemos, mais do que sen-sibilizar para a importância do elevado grau de suspeição, salientar, sobretudo, a pertinência de equacionar este diagnóstico perante um achado endoscópico tal como o apresentado.

IE 09ADENOMA DA AMPOLA DE VATER – AMPULECTOMIA ENDOSCÓPICA REVISITADAFlor de Lima M.; Nunes N.; Chálim Rebelo C.; Moura D. B.; Costa Santos V.; Rego A. C.; Pereira J. R.; Paz N.; Duarte M. A.Serviço de Gastrenterologia do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, EPE

O adenoma é a lesão benigna mais comum da ampola de Vater. No entanto, por estar asso-ciada a um potencial de transformação malig-na, esta lesão deverá ser excisada. As opções terapêuticas são cirúrgicas ou endoscópica. A

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ampulectomia endoscópica poderá ser conside-rada em casos de lesões de pequenas dimen-sões e sem invasão das vias biliares ou do ducto pancreático.Apresentamos o caso de doente do sexo femini-no, com 73 anos, que no contexto de dispepsia realizou endoscopia digestiva alta, que revelou lesão polipóide da ampola de Vater, de cerca de 30 mm, de contornos irregulares, consistência mole ao toque da pinça e sem ulceração ou hemorragia espontânea, cujas biópsias identi-ficaram adenoma com displasia de baixo grau. Efetuada ecoendoscopia, observando-se lesão circunscrita à mucosa, sem invasão das vias biliares ou do ducto pancreático.Neste contexto, a doente foi proposta para rea-lização de ampulectomia endoscópica. A lesão ampular foi removida em bloco, utilizando ansa diatérmica. Foram colocadas próteses plásticas no ducto pancreático e na via biliar principal (VBP). A avaliação anatomopatológica da lesão revelou adenoma com displasia de baixo grau, com foco superficial de displasia de alto grau (< 1%), sem sinais de infiltração da submucosa, com margens cirúrgicas de excisão livres.Aos 10 dias verificou-se radiograficamente a ausência de prótese no ducto pancreático. Um mês depois foi retirada prótese da VBP e foram efetuadas biópsias da papila, que não identifi-caram lesão residual.Este caso pretende revisitar as indicações e as-pectos da execução técnica da ampulectomia endoscópica, em casos selecionados, como técnica eficaz e segura no tratamento do am-puloma.

IE 10COLANGIOSCOPIA PERORAL NA LITÍASE DIFÍCIL: QUANDO A CPRE NÃO BASTA Flor de Lima M.; Nunes N.; Chálim Rebelo C.; Moura D. B.; Costa Santos V.; Rego A. C.; Pereira J. R.; Paz N.; Duarte M. A.Serviço de Gastrenterologia do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, EPE

A colangiopancreatografia retrógrada endos-cópica (CPRE) é uma modalidade diagnóstica e terapêutica de primeira linha na abordagem da coledocolitíase. Os casos de litíase difícil estão associados a um menor sucesso terapêutico e à necessidade de realização de múltiplos procedi-mentos, podendo haver necessidade de recurso à colangioscopia peroral com litotrícia electrohi-dráulica ou laser para a resolução clínica.Doente do sexo feminino, 27 anos, com quadro de dor abdominal, náuseas, vómitos e icterícia da pele e escleróticas. Tinha como anteceden-tes pessoais conhecidos uma colecistectomia subtotal, realizada dois anos antes no contexto de colecistite aguda, assim como obesidade e síndrome depressivo. Analiticamente verificou--se citocolestase (AST 330U/L, ALT 507U/L, γ-GG 1066U/L, fosfatase alcalina 616U/L) e hiperbilirrubinémia (bilirrubina total 7.56 mg/dL, direta 6.79 mg/dL). A ecografia abdominal su-perior mostrou dilatação das vias biliares intra--hepáticas (VBIH) e da via biliar principal (VBP) de 10 mm, sem evidência de cálculo endolumi-nal. Realizou CPRE, que revelou litíase da VBP com deformação na zona de inserção do cístico. Após esfincterotomia, fez-se tentativa de remo-ção de cálculo com cesto de Dormia, tendo-se verificado encravamento do último, resolvido por litotrícia mecânica (litotitror Schoendra®), com extracção do cesto e de alguns fragmentos do cálculo. Por drenagem incompleta, foi colo-cada prótese plástica duplo-pigtail (10Fr/6cm). Repetida CPRE após 4 semanas, para remoção da prótese e resolução da litíase residual, ve-rificando-se presença de cálculo encastoado

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na junção do canal cístico com a VBP. Poste-riormente, foi efetuada colangioscopia com Spyglass (SpyGlass Direct Visualization System, Boston Scientific, Marlborough, MA, USA) e li-totrícia electrohidráulica, com fragmentação e remoção do cálculo remanescente. Colocou-se prótese plástica (10Fr/9 cm), removida passado um mês. A doente mantém-se assintomática.Com este caso, salientamos a importância da colangioscopia peroral com Spyglass na resolu-ção da litíase difícil.

IE 11ISQUEMIA DUODENAL APÓS TRATAMENTO ENDOSCÓPICO DE ÚLCERA DUODENAL COM HEMORRAGIA ATIVAPedro Campelo; Marta Eusébio; Joana Roseira; Tânia Gago; Ana Catarina Cunha; Horácio GuerreiroServiço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Universitário do Algarve

Introdução: Apesar do tratamento endoscópi-co da hemorragia por doença ulcerosa péptica ser um procedimento eficaz e seguro quando utilizado por profissionais experientes, pode es-tar associado a complicações potencialmente graves. Descrição do caso: Homem de 47 anos admiti-do no serviço de Urgência por quadro de hema-toquézias. Antecedentes de distrofia miotónica de Steinert. Estava medicado com ibuprofeno há 15 dias. Ao exame objetivo, apresentava pa-lidez cutânea, hipotensão arterial e taquicardia. Analiticamente, destacou-se anemia normocí-tica normocrómica (Hb 7,0g/dL), BUN 66 (LSN 20,6). Após estabilização clínica e suporte trans-fusional, fez-se endoscopia digestiva alta (EDA) que mostrou uma úlcera no ápex bulbar com hemorragia ativa (Forrest Ib). Fez-se tratamento com injeção de adrenalina (1:10.000, 8 mL) e polidocanol (3 mL) com controlo da hemorra-gia. Por recidiva hemorrágica com repercussão hemodinâmica, repetiu-se EDA 12h após en-doscopia inicial, que mostrou extensa área de mucosa violácea ao nível do ápex bulbar e D2

proximal, sugestiva de lesão isquémica. Fez TC abdominal onde se observou, a nível do bulbo, parede muito fina e hipocaptante na face pos-terior, sem complicações associadas. Evolução posterior favorável sob terapêutica com inibidor da bomba de protões, sem recidiva hemorrági-ca. Na EDA de reavaliação, apresentava franca melhoria das lesões com hiperemia e congestão da mucosa duodenal e área de mucosa desnu-dada em relação com úlcera em cicatrização.Conclusão: Destaca-se este caso pela icono-grafia e alerta-se para possíveis complicações do tratamento endoscópico de úlceras pépticas, sendo estas infrequentes mas potencialmente graves.

IE 12ACALÁSIA: MÉTODO PARA IDENTIFICAÇÃO DAS SLING FIBERSMoura, D. B.; Nunes, N.; Chálim, C.; Flor de Lima, M.; Santos, V.; Rego, A. C.; Pereira, J. R.; Paz, N.; Duarte, M. A.Serviço de Gastrenterologia do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, EPER

Doente do sexo masculino, 44 anos de idade, com disfagia para sólidos e líquidos associada a perda ponderal clinicamente significativa. Na endoscopia digestiva alta verificou-se dificulda-de na passagem do endoscópio para o estôma-go com ressalto.Estabelecido o diagnóstico clínico radiológico e manométrico de acalásia de tipo 2, foi proposto para miotomia endoscópica peroral (POEM).Apresenta-se uma modificação técnica que permite a identificação das sling fibers por for-ma a evitar a sua incisão durante a miotomia, minimizando a possibilidade de refluxo gastroe-sofágico posterior.A modificação técnica consiste na identifica-ção dos dois vasos penetrantes que funcionam como marcadores da junção entre as fibras circulares esofágicas e as oblíquas (sling) que permitem a manutenção do ângulo de His.A identificação das sling fibers gástricas e a sua

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preservação poderão contribuir para diminuir o risco de refluxo gastroesofágico após o proce-dimento.

IE 13ABORDAGEM BILIAR GUIADA POR ECOENDOSCOPIA: COLEDOCODUODENOSTOMIAMoura, D. B.; Nunes, N.; Chálim, C.; Flor de Lima, M.; Santos, V.; Rego, A. C.; Pereira, J. R.; Paz, N.; Duarte, M. A.Serviço de Gastrenterologia do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, EPER

Doente do sexo feminino, 77 anos de idade, com perda de peso progressiva e estudo analíti-co com padrão de citocolestase. Posteriormente verificou-se icterícia de agravamento progres-sivo com prurido e dor abdominal. No estudo por tomografia computorizada abdominopélvica verificou-se ectasia do colédoco e das vias bi-liares intra-hepáticas com vesícula distendida, devido a massa heterogénea na porção cefálica do pâncreas com 4,0 cm por 3,9 cm compa-tível com neoplasia pancreática, condicionando também dilatação do canal pancreático. Optou--se por uma estratégia com intuito paliativo de icterícia. Na abordagem por colangiopancrea-tografia retrógrada endoscópica (CPRE) não foi possível aceder à papila duodenal. Foi realizada coledocoduodenostomia guiada por ecoen-doscopia com prótese lumen-apposing (Hot Axios™, Boston Scientific®), com abundante drenagem biliar posterior.A drenagem biliar guiada por ecoendoscopia constitui uma alternativa quando a drenagem bi-liar não é possível por CPRE. A realização de co-ledocoduodenostomia guiada por ecoendoscopia com prótese metálica lumen-apposing, acoplada a um sistema de eletrocauterização, é uma técni-ca de elevado sucesso técnico e clínico e permite minimizar a ocorrência de complicações.Doente do sexo feminino, 77 anos de idade, com perda de peso progressiva e estudo analíti-co com padrão de citocolestase. Posteriormente

verificou-se icterícia de agravamento progres-sivo com prurido e dor abdominal. No estudo por tomografia computorizada abdominopélvica verificou-se ectasia do colédoco e das vias bi-liares intra-hepáticas com vesícula distendida, devido a massa heterogénea na porção cefálica do pâncreas com 4,0 cm por 3,9 cm compa-tível com neoplasia pancreática, condicionando também dilatação do canal pancreático. Optou--se por uma estratégia com intuito paliativo de icterícia. Na abordagem por colangiopancrea-tografia retrógrada endoscópica (CPRE) não foi possível aceder à papila duodenal. Foi realizada coledocoduodenostomia guiada por ecoen-doscopia com prótese lumen-apposing (Hot Axios™, Boston Scientific®), com abundante drenagem biliar posterior.A drenagem biliar guiada por ecoendoscopia constitui uma alternativa quando a drenagem biliar não é possível por CPRE. A realização de coledocoduodenostomia guiada por ecoendos-copia com prótese metálica lumen-apposing, acoplada a um sistema de eletrocauterização, é uma técnica de elevado sucesso técnico e clí-nico e permite minimizar a ocorrência de com-plicações.

IE 14DISSEÇÃO ENDOSCÓPICA SUBMUCOSA PARA REMOÇÃO DE CORPO ESTRANHOAna Carvalho; Francisco Pires; Sofia Ventura; Ricardo Araújo; Ricardo Cardoso; Juliana Pinho; Diana Martins; Paula Sousa; Eugénia Cancela; António Castanheira; Paula Ministro; Américo SilvaCentro Hospitalar Tondela-Viseu

Mulher, 56 anos, com história de internamento há um ano por suspeita de perfuração gástri-ca por corpo estranho. Durante o internamento realizou tomografia axial computorizada (TAC) abdominal que evidenciou uma estrutura linear hiperdensa que atravessa a parede superior do antro gástrico e cuja extremidade distal se en-contra junto ao bordo posterior do lobo hepático esquerdo, sugestivo de perfuração por corpo

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33Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais

estranho, sem sinais de pneumoperitoneu ou líquido livre. A endoscopia digestiva alta (EDA) revelou uma erosão na face anterior do antro gástrico. Após abordagem conservadora com antibioterapia, teve alta assintomática e mante-ve seguimento em consulta.Cerca de seis meses após o internamento, re-fere recorrência das queixas de epigastralgia, tendo sido efetuada TAC e EDA. Na EDA identi-ficou-se área congestiva com 12 mm e erosão punctiforme fibrinosa para-central, localizada na face anterior do antro gástrico a 2 cm do pi-loro. Não se observou qualquer corpo estranho. As biópsias da lesão foram inconclusivas, reve-lando apenas alterações inflamatórias ligeiras. Os achados na TAC não revelaram alterações relativamente ao exame anterior.Dadas as queixas da doente e achados ima-giológicos, foi decidida inspeção da parede gástrica por técnica de disseção endoscópica submucosa (uso de DualKnife e ITKnife2). Foi identificado e isolado o corpo estranho (espinha de peixe) embutido na parede gástrica. Proce-deu-se à sua remoção por tração, inicialmente com pinça de biópsia e posteriormente com ansa, correspondendo a um fragmento com 13 mm. O ponto de inserção foi encerrado com a utilização de dois clips endoscópicos.Dois meses após o procedimento, a doente mantém-se assintomática.

IE 15REMOÇÃO ENDOSCÓPICA DE BANDA GÁSTRICA MIGRADA Laranjo A.; Carvalho M.; Rei A.; Pires S.; Veloso N.; Gonçalves L.; Godinho R.; Medeiros I. Hospital Espírito Santo de Évora

A obesidade é uma doença com incidência crescente nas últimas décadas, sendo a banda gástrica (BG) ajustável uma das opções cirúrgi-cas no seu tratamento.Apresentamos um caso de uma mulher de 64 anos submetida a colocação de BG em 2006, referindo aumento ponderal no último ano. Rea-

lizou endoscopia digestiva alta que revelou BG migrada para o lúmen gástrico (logo a jusante da transição esófago-gástrica) em 50% do seu perímetro. Procedeu-se à remoção endoscópica da BG com a utilização de endoscópio terapêu-tico (Olympus® GIF-H185), sob sedação pro-funda. Passou-se fio guia Jagwire™ (Boston Scientific; 0.035inch) entre a parede gástrica e a porção migrada da BG, recuperando-se a ponta do fio guia com pinça de corpo estranho efetuando-se loop entre a BG. Posteriormente sob apoio fluoroscópico realizou-se fragmenta-ção da BG com litotritor mecânico de Soehen-draâ (Cook Medical), removendo-se a BG na sua totalidade com ansa de polipectomia. A doente não apresentou complicações tendo alta às 48 horas após o procedimento.A migração da BG por erosão da parede gástri-ca ocorre entre 1-10% dos casos, sendo consi-derada uma complicação tardia com um tempo de diagnóstico entre 1 a 2 anos. A sua remoção atempada é de extrema importância devido ao risco de infeção, obstrução e perfuração tardia. A remoção cirúrgica por via laparoscópica é um dos métodos tradicionais, contudo várias técni-cas endoscópicas têm sido descritas nos últi-mos anos com eficácia de 92-95%, semelhante à opção cirúrgica.Com a crescente utilização de técnicas endos-cópicas, está disponível atualmente um kit de remoção de BG próprio (A.M.I Gastric Band Cutter System), no entanto, os autores apre-sentam esta técnica por ser de fácil execução, com “devices” de utilização quotidiana em sala de endoscopia terapêutica, evitando-se assim a aquisição de material endoscópico específico.

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IE 16FRATURA DE STENT ESOFÁGICO: RESOLUÇÃO ENDOSCÓPICA DE UMA COMPLICAÇÃO RARADiana Ramos; Richard Azevedo; Flávio Pereira; Marisa Linhares; Ana Caldeira; Rui Sousa; João Pinto; António BanhudoULS Castelo Branco

Introdução: Os stents metálicos auto-expan-síveis são amplamente utilizados para o trata-mento paliativo de neoplasia esofágica, sendo uma opção segura e eficaz, com taxas reduzi-das de complicações. Migração e oclusão da prótese, crescimento do tumor e perfuração são algumas das raras complicações descritas. A fratura do stent e a subsequente migração das porções fragmentadas é uma complicação extremamente rara, relatada apenas algumas poucas vezes na literatura.Caso: Homem de 71 anos com disfagia total por neoplasia esofágica estadio IV, colocou prótese de 150 x 20mm parcialmente coberta (Hannarostent). Três meses depois, o paciente, que se encontrava assintomático, realizou uma tomografia computadorizada de rotina que sur-preendentemente revelou prótese fragmentada com um fragmento proximal no esófago e um segundo fragmento migrado no estômago. A endoscopia alta confirmou um stent completa-mente fragmentado no seu ponto médio, com uma linha de fratura irregular. A metade proxi-mal estava in situ, ancorada na mucosa esofá-gica, sem sinais de crescimento tumoral. Havia uma ligeira estenose do lúmen a nível da linha da fratura, mas permeável à passagem do gas-troscópio. O segundo fragmento foi encontrado no estômago.Pelo risco de migração distal do fragmento gás-trico, tentou-se a sua remoção endoscópica. Como o lúmen esofágico se encontrava ligeira-mente estenosado pelo fragmento remanescen-te no esófago, decidiu-se aumentar o diâmetro do lúmen esofágico usando a técnica stent-in-

-stent. Assim, foi inserida uma nova prótese to-talmente coberta de 120 x 24 mm (Taewoong Niti-S), cobrindo a porção esofágica do stent fragmentado. Uma semana depois, foi realizada endoscopia para remoção do fragmento gástri-co. Algumas tentativas de remoção foram feitas com pinça e ansa sem sucesso, uma vez que o fragmento gástrico ficava ancorado no novo stent esofágico. Por fim, puxando o fragmento pelo seu laço de recuperação, o fragmento inva-ginou e extraiu-se com sucesso através do novo stent esofágico.Conclusão: A fratura de stent metálico auto-ex-pansível é uma complicação rara. Geralmente é sintomático, exigindo abordagem endoscópi-ca ou cirúrgica para remoção dos fragmentos migrados. O reconhecimento e abordagem pre-coces destes casos podem evitar outras com-plicações.No nosso caso, o paciente era assintomático e a fratura foi um achado acidental. Conseguimos remover endoscopicamente o fragmento migra-do e colocar novo stent esofágico sobre o fra-gmento esofágico remanescente

IE 17REDUÇÃO TRANSORAL DE ANASTOMOSE GASTROJEJUNAL COM SISTEMA DE SUTURA ENDOSCÓPICA APOLLO APÓS BYPASS GÁSTRICOGonçalo Nunes1; Paulo Massinha1,2; Ivo Boškoski2; Guido Costamagna2

1Serviço de Gastrenterologia, Hospital Garcia de Orta, Almada, Portugal; 2Unidade de Endoscopia Cirúrgica, Fondazione Policlinico Universitario Agostino Gemelli, Roma, Itália

O bypass gástrico é um tratamento cirúrgico efi-caz para a obesidade grave, contudo, em cerca de 20% dos doentes não é possível a manuten-ção a longo prazo do peso perdido. A dilatação da anastomose gastrojejunal parece ser um fa-tor importante para o reganho ponderal, cujos mecanismos fisiopatológicos não se encontram completamente esclarecidos.

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35Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais

Os autores apresentam um caso com iconogra-fia endoscópica em vídeo relativo a uma doente de 46 anos, com hipertensão arterial e obesida-de grau II (IMC: 36 kg/m2), submetida a sleeve gástrico em 2001, posteriormente convertido a cirurgia de bypass por via laparoscópica em 2007 por aumento de peso. Após a segunda intervenção cirúrgica constatou-se emagreci-mento de 50 kg que a doente manteve durante 7 anos, com posterior reganho ponderal de 20 kg. Na endoscopia digestiva alta não se obser-varam alterações da mucosa e a anastomose gastrojejunal encontrava-se ampla e permeável. Neste contexto e após abordagem multidiscipli-nar foi proposta para redução do diâmetro da anastomose com dispositivo de sutura endos-cópica. O procedimento foi realizado com o sistema Apollo Overstich®, após cauterização dos bordos da anastomose com Árgon Plasma e posterior colocação de 4 pontos de sutura não reabsorvível 2-0 (demeLENE™), sendo possí-vel a redução do lumen em cerca de 90%, sem complicações imediatas. Na consulta de reava-liação aos 3 meses a doente referia saciedade precoce que condicionava diminuição do aporte energético diário e perda ponderal de 12 kg.A correção cirúrgica do bypass gástrico é um procedimento complexo, estando associado a morbilidade significativa. Os dispositivos de su-tura endoscópica permitem diminuir o diâmetro da anastomose gastrojejunal de forma eficaz, segura e minimamente invasiva, contribuindo para a manutenção da perda ponderal em con-jugação com as alterações do estilo de vida.

IE 18AN UNUSUAL RECTAL PERFORATIONF. Ralaizanaka, B. Lesgourgues, P. Claudé, E. BelotHôpital de Mulhouse

PO 01EXPERIÊNCIA DA UTILIZAÇÂO DE ELBASVIR/GRAZOPREVIR NA PRÁTICA CLÍNICA NACIONAL EM DOENTES COM HEPATITE C GENÓTIPOS 1 E 4 A. Ferreira12; A. Prisca1; R. Marinho2; F. Calinas3; J. Mendez4; G. Macedo5; L. Maia6; L. Carvalho7; C. Valente8; M. Mota9; N. Marques10; I. Casella11; A. Ferreira12; A. Gaspar13; J. Pinto14; L. Santos15; M. Costa16; F. Roxo17 ;V. Pereira18; A. Silva19; A. Simão20; M.L. Mocho21

1Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital do Divino Espírito Santo, Ponta Delgada; 2Serviço de Gastroen-terologia e Hepatologia do Centro Hospitalar de Lisboa Norte, Lisboa; 3Serviço de Gastroenterologia do Centro Hospitalar de Lisboa Central, Lisboa; 4Serviço de Doen-ças Infecciosas do Centro Hospitalar do Porto, Porto; 5Serviço de Gastroenterologia do Centro Hospitalar de São João, Porto; 6Serviço de Gastroenterologia do Cen-tro Hospitalar do Porto, Porto; 7Serviço de Gastroentero-logia do Hospitalar de Lisboa Ocidental, Lisboa; 8Serviço de Doenças Infecciosas do Centro Hospitalar de Coim-bra, Coimbra; 9Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho, Gaia; 10Serviço de Doenças Infecciosas do Hospital Garcia de Orta, Almada; 11Serviço de Doenças Infecciosas do Centro Hospitalar de Setúbal, Setúbal; 12Serviço de Gastroenterologia do Hospital Beatriz Ângelo, Loures; 13Departamento de Farmácia Hospitalar do Centro Hospitalar Barreiro/Montijo, Barreiro; 14Serviço de Gastroenterologia do Centro Hospitalar Tâmega e Sousa, Penafiel; 15Serviço de Doenças Infecciosas do o Centro Hospitalar de São João, Porto; 16Serviço de Gastroenterologia do Hospital Fernando Fonseca, Amadora; 17Hospital de Dia de Doenças Infecciosas do Hospital Distrital de Santarém, Santarém; 18Serviço de Gastroenterologia do Hospital Dr. Nélio Mendonça, Funchal; 19Serviço de Gastroenterolo-gia do Centro Hospitalar Tondela-Viseu, Viseu; 20Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar de Coimbra, Coimbra; 21Serviço de Doenças Infecciosas do Centro Hospitalar Tondela-Viseu, Viseu

Introdução: O regime Elbasvir/grazoprevir (EBR/GZR) mostrou elevada eficácia no tratamento de doentes com hepatite C, genótipos 1 e 4, atin-

Posters

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gindo elevadas taxas de resposta virológica sus-tentada (RVS) nos ensaios clínicos de fase 2 e 3. Objetivos: Avaliar o resultado do regime EBR/GZR na prática clinica nacional em doentes in-fetados pelo vírus C. Materiais e métodos: Estudo observacional retrospetivo de doentes com hepatite C cró-nica tratados com EBR/GZR em 21 serviços hospitalares em Portugal. Todos os doentes fo-ram tratados com EBR/GZR ± RBV iniciando o tratamento entre 1 de Fevereiro de 2017 e 31 de Janeiro de 2019. Os doentes previamente tratados com regimes de antivirais de ação di-reta (AAD) serão analisados separadamente. Os doentes para os quais se perdeu o seguimento foram excluídos da análise. RVS é definida pela indetetabilidade do ARN-VHC 12 semanas após o fim do tratamento. Resultados e conclusões: Foram incluídos 770 doentes dos quais 741 eram naïve a AADs e 29 eram experimentados a AADs. Entre os 741 doentes naïve a AADs, a maioria eram ho-mens (535, 72%), com uma idade mediana de 50.1 (18-90) anos, 322 (43.4%) estavam infe-tados com o GT1a, 251 (33.9%) com o GT1b, 3 (0.4%) com o GT1 sem subtipo determinado e 165 (22.2%) com o GT4. 91.6% (679 doentes) eram naïve para tratamento e 62 (8.4%) eram experimentados a regimes com interferão, 130 (17.5%) era cirróticos, 81 (10.9%) eram coin-fetados com VIH e 382 (51.6%) tinham carga vírica basal ≥ 800.000UI/ml. A maioria (598 doentes, 81%) recebeu EBR/GZR sem RBV 12 semanas, 127 (17%) receberam EBR/GZR com RBV 16 semanas, 15 (2%) receberam EBR/GZR sem RBV 8 semanas e 1 doente recebeu EBR/GZR sem RBV for 16 semanas. Dos 506 doen-tes com FUP12, 490 (96.8%) atingiram RVS. Na tabela 1 mostram-se as RVS dos subgrupos de doentes que fizeram tratamento com qualquer regime contendo EBR/GZR. Entre os 29 doen-tes experimentados a AADs, a maioria eram homens, 20 (69%), com uma mediana de 52.4

(29-64) anos, 17 (58.6%) estavam infetados com GT1a, 4 (13.8%) com GT1b e 8 (27.6%) com GT4. Dez doentes (34.5%) eram cirróticos e 3 (10.3%) tinham coinfecção VIH. Estes doen-tes receberam regimes de EBR/GZR com ou sem SOF+RBV e a RVS global foi de 95.8%. Na prática clínica em Portugal, o EBR/GZR foi alta-mente efetivo nos doentes com infeção crónica por VHC. As taxas de resposta foram consisten-temente elevadas e independentes do genótipo e subtipo, da história de tratamento prévio, da carga vírica basal ou do grau de fibrose.

PO 06ANEMIA E DEFICIÊNCIA DE FATORES HEMATOPOIÉTICOS EM 472 DOENTES SUBMETIDOS A GASTROSTOMIA ENDOSCÓPICAMariana Brito; Gonçalo Nunes; Carla Santos; Jorge Fonseca GENE – Artificial Feeding Team, Serviço de Gastrenterologia, Hospital Garcia de Orta, Almada

Introdução: Doentes submetidos a gastros-tomia endoscópica percutânea (PEG) encon-tram-se frequentemente desnutridos, podendo apresentar anemia e deficiência de fatores hematopoiéticos, nomeadamente ferro, folato e vitamina B12. Presentemente, não existem estudos sobre anemia ou alterações hematoló-gicas em pacientes submetidos a PEG.Objetivos: O nosso objetivo foi avaliar o estado hematológico em doentes com disfagia, subme-tidos a gastrostomia e sua associação com o prognóstico.Material e métodos: Foi realizado um estudo retrospetivo dos doentes seguidos na nossa consulta de Nutrição artificial, submetidos a PEG entre 2010 e 2018. Os doentes foram agrupa-dos em dois grupos etiológicos: disfagia neuro-lógica (DN) e neoplasia da cabeça e pescoço/distúrbios esofágicos (CPE). Para cada doente foram registados os seguintes parâmetros la-boratoriais, antes do procedimento: Albumina, Hemoglobina, Volume Globular Médio, Ferritina,

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37Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais

Transferrina, Ferro, Vitamina B12 e Folato. A so-brevida foi estimada em meses até à data do óbito ou até Dezembro de 2018.Resultados e conclusões: Foram avaliados 472 doentes, sendo que 250 (53%) apresentavam anemia à data do procedimento, a maioria com anemia normocítica (n = 129) e achados labora-toriais sugestivos de anemia da doença crónica (ADC). Seis doentes (1.3%) evidenciavam defi-ciência de vitamina B12 e 57 (12.1%) deficiência de folato. Não se encontrou diferença estatisti-camente significativa nos níveis de hemoglobina entre os grupos etiológicos (p = 0.230). Os níveis de folato e vitamina B12 foram significativamen-te mais baixos no grupo CPE (p < 0.01). Encon-trou-se uma correlação positiva estatisticamente significativa entre os níveis de hemoglobina e sobrevida (p < 0.01, r = 0.289) e os valores de hemoglobina foram significativamente inferiores nos doentes falecidos (p < 0.01).Conclusão: A anemia é muito frequente em doentes submetidos a PEG, apresentando-se sobretudo com características de ADC ou mul-tifatorial. Está associada a significativa redução da sobrevida e poderá ser encarada como mar-cador de stress metabólico em doentes referen-ciados a PEG, indicando pior prognóstico.

PO 09NOVAS APLICAÇÕES DE PRÓTESES METÁLICAS LUMEN – APPOSING: A EXPERIÊNCIA DE UM CENTRODiana Ramos; Ana Caldeira; Marisa Linhares; Richard Azevedo; Flávio Pereira; Eduardo Pereira; João Pinto; Rui Sousa; António BanhudoULS Castelo Branco

Introdução: O uso de stents metálicos lumen--apposing (LAMS) na endoscopia tem aumen-tado ao longo dos anos. Atualmente, a sua uti-lização na resolução de coleções pancreáticas (pseudoquistos e wall off necrosis) está bem estabelecida. No entanto, cada vez mais sur-gem e são relatadas na literatura outras novas aplicações de LAMS.

Objetivo: Apresentação da experiência de um centro relativamente ao uso alternativo de LAMS, mostrando a sua utilidade além drena-gem de coleções pancreáticas.Material e métodos: Descrição de alguns ca-sos clínicos que relatam outras aplicações alter-nativas das LAMSResultados: Série de 5 casos clínicos ilustra-tivos do sucesso e utilidade da colocação de LAMS em contextos alternativos:Caso 1: Doente submetido a resseção anterior do reto por adenocarcinoma, com desenvolvi-mento de abcesso pélvico como complicação pós-cirúrgica. Procedeu-se à colocação de pró-tese HOT axios 10 x 15 mm transcólica para drenagem do abcesso. Prótese manteve-se in situ durante 10 dias, mantendo drenagem e permitindo limpeza da cavidade, verificando-se resolução completa de abcesso.Caso 2: Doente em pós-operatório de enucleação de tumor neuroendócrino do corpo do pâncreas complicado com fístula pancreática. Consequen-te formação de coleção líquida peri-pancreática que resolveu após drenagem transgástrica com prótese HOT axios 10 x 15 mm.Caso 3: Doente com lesão neoplásica da papi-la de Vater com quadro de icterícia obstrutiva, dilatação da VBP e colangite. CPRE não conse-guida. Realizada coledocoduodenostomia com prótese Hot Axios 6 x 8 mm, com resolução sintomática.Caso 4: Doente submetido a gastrectomia total. Consequente estenose de anastomose cirúrgica refratária a dilatações seriadas. Colocação de LAMS Hanarostent de 40 x 16 mm com reso-lução da estenose.Caso 5: Doente com lesão tumoral da 2ª por-ção do duodeno em tratamento paliativo. Por icterícia obstrutiva tentativa de CPRE não con-seguida. Realizada drenagem transgástrica da vesícula biliar com prótese HOT Axios 6 x 8 mm com resolução de sintomas.Conclusão: O uso de LAMS tem sido difundido

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sinais de infeção na tomografia computadorizada.A drenagem transmural ecoendoscópica foi realizada em todos os casos: nos 3 primeiros foi feita uma abordagem em duas etapas (uso de ecoendoscópio + colonoscópio/duodenoscópio) com colocação de pigtail ou stents lumen appo-sing; em 11 doentes foi feita drenagem numa etapa usando ecoendoscópio com colocação de prótese lumen apposing Hanarostent e, mais recentemente, 8 doentes foram submetidos a drenagem numa etapa com ecoendoscópio e colocação prótese HOT axios.Sessões de necrosectomia foram realizadas em 36% dos doentes submetidos a drenagem com prótese hanarostent, enquanto que foram feitas em 87% dos doentes com drenagem com HOT axios; necrosectomia não foi feita nos 3 casos mais antigos de drenagem em 2 etapas.Sucesso técnico verificou-se em todos os doen-tes, exceto num caso de drenagem com prótese axios. Sucesso clínico foi atingido em todos os doentes com drenagem com axios, enquanto que no grupo de doentes submetidos a drenagem por outras técnicas, um deles não teve melhoria clíni-ca, necessitando de intervenção cirúrgica.Conclusão: A experiência do nosso centro demonstra que a abordagem endoscópica de WON constitui uma alternativa eficaz e segu-ra à cirurgia. A técnica endoscópica evoluiu, e apesar de não haver diferenças significativas no sucesso clínico entre técnicas, a que técnica atual que usamos (prótese HOT axios) é de ma-nuseamento mais simples e prático e permite realização de necrosectomia.

além drenagem de coleções pancreáticas. No-vas indicações para o seu uso são relatadas, cada vez mais, na literatura. Esta pequena série de casos mostra a utilida-de do uso de LAMS noutros contextos clínicos. Assim sendo, o seu uso deve ser difundido e considerado como alternativa terapêutica em outras situações, por ser uma opção minima-memente invasiva, com baixa morbimortalidade e com bons resultados clínicos.

PO 10DRENAGEM ECOENDOSCÓPICA DE WALLED-OFF NECROSIS – A EVOLUÇÃO TÉCNICA DE UM CENTRODiana Ramos; Ana Caldeira; Richard Azevedo; Flávio Pereira; Marisa Linhares; Eduardo Pereira; António BanhudoULS Castelo Branco

Introdução: Walled-off necrosis (WON) é uma complicação tardia da pancreatite aguda grave que geralmente requer algum tipo de interven-ção. A drenagem endoscópica tem sido cada vez mais utilizada como uma alternativa mini-mamente invasiva à drenagem cirúrgica, sen-do que a técnica endoscópica tem evoluído ao longo dos anosObjetivo: Avaliar os resultados clínicos, taxas de sucesso e eventos adversos da drenagem endoscópica de WON, comparando as dife-rentes técnicas e próteses usadas ao longo do tempo no nosso centroMaterial e métodos: Estudo retrospetivo, in-cluindo pacientes submetidos a drenagem endoscópica de WON entre 2013 e 2019. Ava-liação de dados demográficos, características imagiológicas, sucesso técnico (posicionamen-to correto do stent) e sucesso clínico (resolu-ção dos sintomas e redução da coleção) das diferentes técnicas de drenagem endoscópica usadas ao longo dos anosResultados: Foram incluídos 22 pacientes com WON após pancreatite aguda grave: todos os pa-cientes eram sintomáticos e 3 deles mostraram

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39Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais

PO 11EXPRESSÃO DO GENE MGP NO CARCINOMA COLORRETAL: HAVERÁ RELAÇÃO COM O CA 19.9?Tânia Gago2,4; Helena Caiado1; Natércia Conceição1,2; Daniel Tiago1; Ana Margarida Vaz2,4; Susana Vicente3; Jose Luis Enriquez3; Paulo Caldeira2,4; Horácio Guerreiro4; M. Leonor Cancela1,2

1Centro de Ciências do Mar (CCMAR). Universidade do Algarve, Faro, Portugal; 2Departamento de Ciências Biomédicas e Medicina e Centro Académico do Algarve, Universidade do Algarve, Faro, Portugal; 3Serviço de Anatomia Patológica, Centro Hospitalar do Algarve, Faro, Portugal; 4Serviço de Gastroenterologia, Centro Hospitalar do Algarve, Faro, Portugal

Introdução: O gene MGP codifica uma proteína da matriz extracelular (Matrix Gla Protein) que recentemente se demonstrou ter um papel na oncogénese, nomeadamente na diferenciação celular e progressão tumoral, mas o seu papel no cancro colo-rectal (CCR) ainda é pouco co-nhecido.Objetivo: Pretende-se relacionar a expressão do gene MGP nos doentes com CCR com dife-rentes marcadores laboratoriais que possam ter significado prognóstico.Material/Métodos: Análise da expressão do gene MGP por Reverse transcription polymerase chain reaction (RT-PCR) quantitativa, em biop-sias de tecido tumoral e de mucosa adjacente normal em pacientes com CCR e em mucosa normal de um grupo de controlo (indivíduos sem CCR). Analisados parâmetros laboratoriais: CEA, CA19.9, hemoglobina, Albumina e Leucócitos, prévios ao início de tratamento.Resultados: Analisados 42 doentes com CCR, a maioria: homens (69%), localização no recto (40,5%), bem diferenciados (33,3%) essen-cialmente em estadio II (28.6%) e III (33.3%). Os valores médios da expressão do gene MGP na mucosa normal dos doentes com CCR são superiores aos controlos (p = 0,019) e existe sobrexpressão do gene MGP no tecido tumo-ral comparativamente com mucosa normal, na

maioria dos doentes (32/42). Os doentes com valores mais elevados de sobrexpressão do gene MGP na mucosa tumoral estão associados a valores mais elevados de CA19.9 (p = 0,02). No entanto não existiu evidencia de associação significativa com outras variáveis laboratoriais, nomeadamente com o CEA. Valores mais ele-vados de sobrexpressão do gene MGP associa-ram-se ainda ao género feminino (p-0,038). No subgrupo de doentes com estadiamento mais avançado, os valores mais elevados de sobrex-presão do gene MGP associaram-se a menor sobrevida (p = 0,04).Conclusão: Parece existir uma sobrexpressão do gene MGP no tecido tumoral e uma asso-ciação entre os valores mais elevados de ex-pressão do gene MGP na mucosa tumoral e o CA19.9, no entanto estudos mais robustos poderão clarificar melhor esta relação. A so-brexpressão do gene MGP na mucosa tumoral, poderá ter alguma relevância prognóstica, dada a sua associação com a sobrevida, pelo menos nos doentes com estadiamento mais avançado.

PO 12EXEQUIBILIDADE, SEGURANÇA E INDICADORES PROGNÓSTICOS EM DOENTES COM NEOPLASIA ESOFÁGICA SUBMETIDOS A GASTROSTOMIA ENDOSCÓPICA PERCUTÂNEALaranjo A.; Brito M.; Sabino J.; Nunes G.; Fonseca J.Hospital Espírito Santo de Évora Hospital Garcia de Orta, Almada

Introdução e objetivos: O diagnóstico da neo-plasia do esófago (NE) é habitualmente tardio, associando-se a grande morbilidade e mortali-dade. Estes doentes tendem a desenvolver des-nutrição grave, o que torna o suporte nutricional fundamental no seu tratamento. O objetivo des-te estudo foi avaliar a exequibilidade, utilidade e segurança da gastrostomia endoscópica (PEG) na NE e identificar indicadores de mau prognós-tico nestes doentes.Métodos: Estudo retrospetivo e observacio-

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nal utilizando registos da consulta de Nutrição artificial. Dos doentes propostos/submetidos a PEG por NE recolhemos: idade, género, tipo histológico, indicação para PEG e mortalidade/sobrevida. Recolhemos dados obtidos no dia da gastrostomia: NRS 2002, índice de massa cor-poral (IMC), hemoglobina, albumina, transferrina e colesterol total.Resultados: Avaliaram-se 41 doentes (36 ho-mens), idades entre 39-88 anos (média: 62), 37 carcinomas pavimentosos, 4 adenocarci-nomas. Gastrostomia efetuada em 27 como suporte nutricional para terapêutica de intenção curativa, em 14 como suporte nutricional em doentes sem perspetiva de cura. Foi possível efetuar PEG em todos os doentes propostos. Não ocorreram complicações major. Sobrevida média pós-PEG foi 18,1 meses, mortalidade foi 87.8% (36/41 doentes). A maioria (34 doentes (82.9%)) morreram a utilizar PEG. Em 7 doentes (17.1%) o tubo de PEG foi retirado por retoma da nutrição oral. Todas as mortes ocorreram pela evolução da NE. O IMC médio foi 21.3 Kg/m2 e 14 doentes (34,1%) apresentavam IMC reduzido, configurando desnutrição aquando da gastrostomia. Anemia estava presente em 17 doentes (41.5%). Albumina estava redu-zida em 10 doentes (24.4%), transferrina em 20 (48.8%), colesterol em 18 (43.9%). IMC (R 0.30), albumina (R = 0.41) e transferrina (R = 0.47) elevados correlacionam-se positivamente com maior sobrevida (p < 0.05).Conclusão: A PEG é um acesso exequível, efetivo e seguro para o suporte nutricional dos doentes com NE. IMC, albumina e transferrina avaliados no dia da gastrostomia podem ser im-portantes e úteis indicadores prognósticos.

PO 13MICROPERFURAÇÃO DURANTE A DISSEÇÃO ENDOSCÓPICA DA SUBMUCOSA: TO TREAT OR NOT TO TREAT?Bárbara Morão; Alexandre Ferreira; Marília CravoHospital Beatriz Ângelo

Introdução: A perfuração evidente durante a disseção endoscópica da submucosa (DES) pode ser manejada com clips. Contudo, o tra-tamento de microperfurações (áreas de dano muscular com exposição de vasos) não está ainda bem estabelecido. A aplicação de clips nas áreas de maior dano nem sempre previne a hemorragia pós-DES, o que pode ser explicado por uma por distribuição do fluxo com aumen-to da pressão e risco de hemorragia em vasos adjacentes. Objetivo: avaliar se a aplicação de clips em microperfurações aumenta a incidên-cia de hemorragia pós-DES.Métodos: Estudo retrospetivo incluindo doentes com lesões removidas por DES de Janeiro/2018 a Agosto/2019. O outcome primário foi defini-do como a incidência de hemorragia digestiva clinicamente significativa (queda de hemoglo-bina > 2g/dL ou necessidade de hemostase endoscópica) nos 15 dias após o procedimento. Análise multivariada ajustada para fatores de confundimento.Resultados: Foram incluídos 45 doentes (73% homens com idade média de 71 ± 8 anos), dos quais 38% (17/45) estava sob medicação an-titrombótica, 7% (3/45) tinha antecedentes de doença renal crónica e 4% (2/45) de cirrose he-pática. Foram removidas lesões de 29 ± 19 mm de maior diâmetro, 51% (23/45) localizadas no estômago, 2% (1/45) no esófago, 9% (4/45) no cólon e 38% (17/45) no reto. A duração média do procedimento foi de 131 ± 92 minutos. Foi realizada hemostase de vasos visíveis no final do procedimento em 84% (38/45) dos casos, com necessidade de hemostase com coagras-per em 18% (8/45). Houve perfuração intra-pro-cedimento em 7% (3/45) dos casos, manejada

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com aplicação de clips. Em 53% (24/45) dos casos houve aplicação de clips em áreas de mi-croperfuração. 16% (7/45) dos doentes tiveram hemorragia digestiva clinicamente significativa, com uma mediana de 24 horas após o procedi-mento (IQR 6-432). A incidência foi superior nos doentes com microperfuração e aplicação de clip (71% vs. 29%, OR 2.5, IC95% 0.43-14.5), sem atingir significado estatístico (p = 0.31). Não houve alteração estatisticamente significa-tiva do risco de hemorragia quando se ajustou para fatores de confundimento: tamanho da le-são (OR 3.646, IC95% 0.58-22.77, p = 0.17), tamanho da peça OR 6.38, IC95% 0.80-51.15, p = 0.08) e toma de antitrombóticos (OR 2.19, IC95% 0.37-13-15, p = 0.39).Conclusão: Não houve aumento significativo da incidência de hemorragia nos doentes que foram submetidos a aplicação de clip em áreas de microperfuração.

PO 14COLANGITE AGUDA: QUAL O IMPACTO DO MOMENTO DE REALIZAÇÃO DE CPRE?Catarina Frias Gomes; Bárbara Morão; Catarina Neto; Alexandre Ferreira; Rui Loureiro; António Alberto Santos; Marília CravoHospital Beatriz Ângelo

Introdução: A abordagem da colangite aguda incluiu estabilização hemodinâmica, antibiote-rapia e drenagem da via biliar. O momento de realização da colangiopancreatografia retrógra-da endoscópica (CPRE) pode ser influenciado por vários factores (controlo de factores de coa-gulação, co-morbilidades). O nosso objectivo foi comparar a evolução clínica dos doentes que realizaram CPRE antes e após 72h de interna-mento.Métodos: Estudo de coorte retrospectivo de doentes internados por colangite aguda num hospital distrital, entre 2014 e 2018. Os outco-mes clínicos avaliados incluíram tempo de inter-namento, tempo de antibioterapia, necessidade de re-internamento e morte.

Resultados: Incluídos 304 doentes consecu-tivos (50% sexo masculino, média de idade 75,9 ± 11,9 anos). A colangite foi ligeira em 40,1% (122/304) dos casos, moderada em 42,1% (128/306) e grave em 17,8% (54/304). A CPRE foi realizada antes das 72h em 60,5% (184/304) dos casos e após as 72h em 39,5% (120/304). A etiologia mais frequente foi pato-logia biliar benigna (86,5%). A taxa de re-inter-namento foi 4,9% (15/304) e de mortalidade de 2,6% (8/304). Os doentes submetidos a CPRE após as 72h de internamento apresentaram maior tempo de internamento (13,2 vs 9,9 dias, p < 0,001). A diferença da média de interna-mento foi superior no grupo > 72h após ajustar para a gravidade (13,6 vs 9,6 dias, p < 0.001). A taxa de re-internamento (5,8% vs 4,3%, p = 0,37), mortalidade (2,2% vs 3,3%, p = 0,40) e o tempo de antibioterapia não foram diferentes entre os 2 grupos (7 vs 7 dias, p = 0,51).Conclusão: O tempo de internamento foi supe-rior nos doentes submetidos a CPRE após 72h, independentemente da gravidade.

PO 15ELASTOGRAFIA POR ARFI: MODIFICAÇÃO APÓS TRATAMENTO DA INFEÇÃO POR VHC COM ANTIVIRAIS DE AÇÃO DIRETAPedro Campelo; Marta Eusébio; Francisco Velasco; Tânia Gago; Joana Roseira; Ana Catarina Cunha; Horácio GuerreiroServiço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Universitário do Algarve

Introdução: A avaliação do grau de fibrose he-pática é fundamental para definir o seguimento dos doentes com infeção pelo vírus da hepatite C (VHC) após uma resposta virológica sustenta-da (RVS). O Fibroscan é o método não invasivo mais utilizado nessa avaliação, no entanto, no-vas tecnologias têm surgido como alternativas válidas, nomeadamente a elastografia por ARFI (Acoustic Radiation Force Impulse). Vários tra-balhos associam a RVS à não progressão ou regressão de fibrose avaliada por Fibroscan,

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contudo escasseiam estudos que utilizem a tecnologia ARFI.Objetivos: Avaliar o impacto do tratamento da hepatite C com antivirais de ação direta (AAD) na velocidade da onda de cisalhamento (VOC) na elastografia tipo ARFI.Métodos: Estudo retrospetivo que incluiu doen-tes com infeção por VHC que atingiram RVS após tratamento com AAD. Foi avaliada a fibrose hepática por tecnologia ARFI no pré-tratamento e no segundo ano após tratamento, utilizando o ecógrafo Siemens AcusonS2000. Os valores cut-off definidos para os graus de fibrose hepá-tica foram: F ≥ 2 - 1.34 m/s; F ≥ 3 - 1.55 m/s; F4 - 1.80 m/s.Resultados: Foram incluídos 75 doentes, sen-do 70,7% do sexo masculino. A idade média foi de 52,1 anos (± 11,2). Relativamente à distribuição dos genótipos: 70,7% genótipo 1, 17,3% genótipo 3 e 12% genótipo 4. A VOC mediana diminuiu de 1,76m/s (IQR 1,26-2,61) pré-tratamento para 1,31m/s (IQR 1,05-1,76) após o tratamento, p < 0,001. Previamente ao tratamento, 58,7% dos doentes apresentavam valores de ARFI compatíveis com fibrose avan-çada (F ≥ 3/F4). Neste grupo, houve uma dimi-nuição do estadio de fibrose em 40,9% (27,3% para estadio F0/1). Nos doentes com F4, houve uma diferença estatisticamente significativa na redução da fibrose entre doentes com e sem sinais clínicos de cirrose hepática (p = 0,003). Um valor pré-tratamento compatível com fibro-se avançada (p < 0,001) e ALT > 2 x LSN (p < 0,001) associaram-se significativamente a uma maior diminuição da VOC.Conclusão: No presente estudo, uma RVS após o tratamento do VHC associou-se globalmente a uma diminuição do valor de ARFI. Contudo, a maioria dos doentes com fibrose avançada não apresentou diminuição do grau de fibrose, o que reforça a importância de uma terapêutica precoce do VHC com AAD. De referir ainda que um valor de ALT aumentado pré-tratamento se

associou a uma maior diminuição da VOC, o que poderá estar relacionado com uma redução da atividade necroinflamatória.

PO 16LESÕES AMPULARES BENIGNAS – TRATAMENTO ENDOSCÓPICO OU CIRÚRGICO?Laranjo A.; Libânio D.; Dinis Ribeiro M.Hospital Espírito Santo de Évora Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil

Introdução: As lesões ampulares apresentam baixa prevalência e a sua abordagem pode ser endoscópica ou cirúrgica. Contudo, atualmente não existem recomendações quanto ao trata-mento de eleição destas lesões.Objetivo: Comparar a eficácia e segurança da abordagem endoscópica e cirúrgica nas lesões ampulares benignasMétodos: Estudo retrospetivo incluindo doen-tes consecutivos com lesões ampulares benig-nas (adenoma com displasia de baixo/alto grau, sem invasão ductal) submetidos a resseção en-doscópica (RE) vs duodenopancreatectomia ce-fálica (DPC) de Junho de 2008 a Julho de 2019.Resultados: Incluídos 18 doentes (5 submeti-dos a RE e 13 submetidos a DPC), 72% do sexo masculino, com uma idade média 68 ± 12anos. Ao diagnóstico, no grupo RE, 60% estavam as-sintomáticos e 40% apresentavam dor abdomi-nal. No grupo DPC, apenas 23% estavam assin-tomáticos, apresentando os restantes icterícia obstrutiva (54%), perda ponderal (31%) e dor abdominal (31%). No grupo RE, 80% dos doen-tes realizou ultrassonografia endoscópica (EUS) e 20% RM para estadiamento pré-tratamento. No grupo DPC, todos os doentes realizaram RM e 31% completaram estudo com EUS. Quanto à histologia da lesão após tratamento: no grupo RE, 40% das lesões apresentavam displasia de baixo grau (DBG), 40% displasia de alto grau (DAG) e 20% adenocarcinoma (ADC); no grupo DPC, 15% tinham DBG; 23% DAG; 62% ADC. Em ambos os grupos, todos os doentes apre-

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sentaram margens negativas (R0). O tamanho médio das lesões foi superior no grupo DPC (14.2 vs 21.5mm, p > 0.05).No subgrupo de doentes que apresentaram displasia após o tratamento (excluindo aque-les com carcinoma), a taxa de eventos adver-sos (AEs) pós-tratamento foi significativamente superior nos doentes submetidos a DPC (80% vs 25%, p < 0.05). No grupo RE, 25% tiveram pancreatite aguda. No grupo DPC, 80% apre-sentaram infeções pós-operatórias, 40% fístula pancreática, 20% complicações cardiovascu-lares, hemorragia major e leak biliar. Em 20% houve necessidade de reintervenção cirúrgica. O tempo de internamento foi significativamente maior no grupo DPC (43 vs 4 dias, p < 0.05). Verificou-se uma taxa de mortalidade de 0% em ambos os grupos ao primeiro mês e de 20% no grupo DPC vs 0% no grupo RE (p > 0.05) aos 3 meses. Conclusão: Nas lesões ampulares benignas, a RE apresenta taxas de resseção completa semelhantes à DPC com maior segurança, de-vendo ser preferida sempre que tecnicamente exequível.

PO 17RESSEÇÃO ENDOSCÓPICA TRANSMURAL – A EXPERIÊNCIA DE UM CENTROLaranjo A.; Libânio D.; Dinis Ribeiro M. Hospital Espírito Santo de Évora Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil

Introdução: A mucosectomia (EMR) e a disse-ção da submucosa (ESD) são técnicas endos-cópicas avançadas com eficácia comprovada na resseção de lesões do trato gastrointestinal. Contudo, estas técnicas permitem apenas a ex-cisão de lesões limitadas às camadas superfi-ciais da parede gastrointestinal, particularmente da mucosa e da submucosa.Para colmatar esta limitação, a resseção endoscópica transmural (EFTR) é uma técnica inovadora que permite o tratamento de lesões não passíveis de excisão por EMR ou ESD, evitando deste modo a neces-

sidade de cirurgia.Objetivos: Demonstrar a experiência de um centro na realização de EFTR através da utiliza-ção do device FTRD Ovesco Endoscopy.Métodos: Estudo retrospetivo incluindo doen-tes consecutivos submetidos a EFTR, através da utilização do device FTRD Ovesco Endoscopy de Julho de 2018 a Julho de 2019. O sucesso técnico foi definido por resseção completa en-doscópica num fragmento.Resultados: Foram incluídos 4 doentes, 3 do sexo feminino com uma média de idade de 66.5 anos (56-76 anos). 2 doentes foram sub-metidos a EFTR por recidiva de adenoma após EMR, 1 por tumor neuroendócrino (TNE) e 1 por adenoma localizado peri-orifício diverticular. Em relação às características endoscópicas das le-sões, o tamanho médio foi de 15 mm (10-20 mm); 3 lesões eram do tipo 0-IIa e 1 do tipo 0-IIa+b (classificação de Paris); 1 lesão estava localizada no reto, 2 no sigmóide e 1 no ascen-dente. Em todos os doentes foi possível aceder à lesão com o dispositivo com um sucesso téc-nico de 100% e sem eventos adversos relacio-nados com a técnica. Não se verificaram com-plicações após o procedimento, sendo a média de internamento de 3.5 dias. Relativamente à histologia, 3 doentes apresentaram adenomas com displasia de alto grau e 1 doente o diag-nóstico de TNE bem diferenciado. O tamanho médio das lesões foi de 22 mm (20-24 mm). 3 doentes apresentaram resseção com margens negativas (R0). O doente que apresentou mar-gens positivas apresentava a lesão de maiores dimensões (24 mm). No follow-up, não se veri-ficou recidiva das lesões. Conclusão: O presente estudo demonstra que, com adequado treino e selecção dos doentes, a utilização do device FTRD Ovesco Endoscopy para EFTR surge como complemento eficaz às técnicas de exérese clássicas.

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PO 18AVALIAÇÃO DO IMPACTO DO TRATAMENTO COM ALBUMINA HUMANA EM DOENTES COM CIRROSE HEPÁTICA DESCOMPENSADASofia S. Mendes; João Soeima; Tiago Leal; Ana Célia Caetano; Raquel GonçalvesHospital de Braga

Introdução: Atualmente, os dados sobre o im-pacto da administração de albumina humana (AH) na melhoria da sobrevida de doentes com cirrose hepática descompensada são controver-sos.Objetivos: Este estudo teve como objetivos, determinar os efeitos da administração de AH na sobrevida e na variação de parâmetros la-boratoriais de doentes internados por cirrose hepática descompensada (CHD).Material e métodos: Foi realizado um estudo unicêntrico do tipo coorte retrospetivo. Foram identificados os doentes com um primeiro in-ternamento por CHD no período de janeiro de 2012 a dezembro de 2017. Os doentes foram divididos em dois grupos, de acordo com a administração ou não de albumina durante o internamento. Com base em registos clínicos, foram analisados os motivos de internamento e a variação no internamento de diversos parâ-metros clínicos e analíticos que permitiram cal-cular scores com valor prognóstico. Os doentes foram acompanhados até 30 de junho de 2019 e analisou-se a sua sobrevivência através do teste de Kaplan-Meier.Resultados e conclusão: Um total de 146 doentes foram divididos em 2 grupos: 66 doentes (45%) receberam infusões de AH no primeiro in-ternamento e 80 doentes (55%) não receberam. A maioria dos doentes internados era do sexo mas-culino (n = 105, 72%), com uma idade média de 59,6 ± 0,9 anos. A etiologia da cirrose foi maio-ritariamente associada a álcool (n = 108, 74%) e os motivos de internamento mais frequentes foram hemorragia digestiva alta (n = 47, 32,2%) e encefalopatia hepática (n = 38, 26,0%). Não se

identificaram diferenças na variação de valores de creatinina, sódio, bilirrubina e INR séricos à admissão e alta hospitalar entre os dois grupos. A sobrevida média global foi significativamente melhor nos doentes sem tratamento com AH (43,5 vs 27,7 meses, p < 0,001). Analisando os doentes com pior prognóstico à admissão de acordo com a escala Child-Pugh (classe C), a sobrevida média a longo prazo foi semelhante entre os dois grupos (31,9 meses nos doentes sem toma de AH vs 31,5 meses nos doentes que receberam AH, p = 0,507).Neste estudo observou-se uma maior sobrevida a longo prazo dos doentes com cirrose hepática que não receberam AH no primeiro internamen-to por descompensação. Tal pode dever-se a uma maior gravidade dos doentes tratados com AH uma vez que esta diferença se dissipa com o agrupamento de acordo com o prognóstico. São necessários mais estudos prospetivos e controlados para esclarecer o impacto da ad-ministração de AH na sobrevida destes doentes.

PO 19CONSULTA DE PEG – A REALIDADE DE UM CENTRO DO INTERIORMaria Margarida Carvalho1; Andreia Rei1; Ana Laranjo1; Sara Pires1; Irina Mocanu2; Nuno Veloso1; Lurdes Gonçalves1; Rogério Godinho1; Isabel Medeiros1

1Hospital Espírito Santo de Évora; 2Hospital Garcia de Orta

Introdução: A gastrostomia endoscópica per-cutânea (PEG) é a via preferencial de alimentação entérica de longo-prazo. A abordagem e segui-mento dos doentes com PEG, por uma equipa dedicada, permite melhorar o acesso aos cuida-dos de saúde e diminuir as complicações.Material e métodos: Análise retrospectiva dos doentes observados na consulta de PEG des-de a sua criação (Março 2018) até Setembro 2019. Recolheram-se dados relativos à orga-nização da consulta, demográficos, indicação para a gastrostomia, método de colocação e

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complicações.Resultados: A equipa da consulta de PEG é constituída por um gastrenterologista e três en-fermeiros do serviço, contando também com o apoio de nutricionista. A consulta programada ocorre uma vez por semana; nos restantes dias, durante o horário de funcionamento do serviço, a equipa observa os doentes que recorrem em episódios não programados, por complicações. Todos os contactos são registados nas fichas individuais dos doentes.No período considerado, foram observados 79 doentes (49% homens), com media de idade de 70 anos (18-94 anos), 75% dos quais institu-cionalizados. Os principais motivos para a rea-lização da PEG foram as doenças neuro-mus-culares (42%), as doenças cérebro-vasculares (39%) e as neoplasias da cabeça e pescoço (15%). 58% das PEGs foram colocadas no nos-so serviço, com sondas de 24 Fr pelo método de Pull, registando-se apenas 1 complicação major (peritonite) e 3 complicações minor (2 hemorragias incisionais e 1 alergia ao antibió-tico) precoces (< 4 semanas após colocação de PEG). As complicações tardias foram frequen-tes, destacando-se as remoções acidentais (33%), as infecções do estoma (13%) e um caso de Buried Bumper syndrome.Discussão/Conclusão: A criação de uma con-sulta de PEG com uma equipa dedicada surgiu da necessidade de dar uma resposta eficaz e organizada a este grupo de doentes. Permi-tiu-nos identificar as principais dificuldades e complicações associadas aos cuidados com a PEG, criar estratégias para as ultrapassar (re-visão de protocolos, formação interna, ensino a cuidadores) e promoveu uma maior proximida-de e facilidade de acesso destes doentes aos cuidados de saúde.

PO 20EZICLEN® – UM NOVO ALIADO NA LIMPEZA DO INTESTINO?Maria Margarida Carvalho; Andreia Rei; Ana Laranjo; Sara Pires; Nuno Veloso; Lurdes Gonçalves; Rogério Godinho; Isabel MedeirosHospital Espírito Santo de Évora

Introdução: A má preparação na colonoscopia é um fator limitante para a sua realização con-ferindo um maior risco de lesões perdidas e um maior custo. Eziclen® é uma nova solução de limpeza intestinal composta por sulfato de só-dio, sulfato de magnésio e sulfato de potássio. O composto pode ser administrado num esquema de toma única ou split dose.Objetivos: Avaliar a adesão, tolerabilidade e efi-cácia da preparação.Material e métodos: Análise prospetiva em 50 doentes de ambulatório, submetidos a co-lonoscopia. Os doentes efectuaram o esquema de toma única. A eficácia foi avaliada através da Boston Bowel Preparation Scale, consideran-do-se uma preparação adequada quando total ≥ 6 pontos e todos os segmentos ≥ 2 pontos. Excluíram-se crianças, grávidas e doentes com contraindicações para o composto.Resultados: Incluíram-se 50 doentes (56% sexo masculino; idade média 66anos). As prin-cipais indicações foram vigilância de pólipos (38%) e Anemia (14%). 20% dos doentes não apresentava co-morbilidades e a hipertensão arterial foi a co-morbilidade mais frequente (70%; n = 28). 26% afirmou-se obstipado, mas apenas 16% (n = 8) apresentava < 7 dejeções/semana. 8% (n = 4) dos doentes referia toma regular de laxantes e 4% (n = 2) afirmou ter tomado bisacodilo além da preparação. 98% (n = 49) efectuou toma completa da preparação e destes 91,8% (n = 45) considerou o volume de toma adequado. 42,9% (n = 21) relatou mau sabor. 68% irá optar pela preparação numa ocasião futura. 66% apresentou náuseas, 46% dor abdominal, 42% vómitos, 2% lipotimia e

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28% não apresentou qualquer tipo de efeito adverso. Todos os doentes cumpriram a dieta pré-exame. 76% (n = 37) revelou preparação adequada, dos quais 30% com score = 3 no cólon direito. Pontuação média por segmento foi: cólon direito = 2 (σ 0,670); cólon transver-so = 2.45 (σ 0,497); cólon esquerdo = 2.43 (σ 0,670). 4% (N = 2) de exames incompletos, apenas 2% (N=1) por deficiente preparação.Conclusão: Obteve-se preparação adequa-da numa percentagem considerável, embora abaixo do limiar de desempenho sugerido pela ESGE (≥ 90% dos exames). A evidência favore-ce a administração em split dose para melhorar os resultados, mas este é um esquema difícil de aplicar pelas particularidades da nossa região. Apesar da maioria dos doentes ter relatado efei-tos adversos, estes foram maioritariamente de gravidade ligeira.

PO 21EFICÁCIA E COMPLICAÇÕES DOS STENTS BILIARES METÁLICOS COLOCADOS POR CPT, NA OBSTRUÇÃO BILIAR MALIGNAGago, T.1; Gamelas V.2; Coelho M.3; Figueiredo L.M.4; Costa N.V.5; Luz J.H.5; Bilhim T.5; Veloso Gomes F.5; Coimbra E.5 1Serviço de Gastrentrologia do Centro Hospitalar Universitário do Algarve - Faro; 2Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central; 3Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar de Setúbal; 4 Serviço de Gastrenterologia do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca; 5Serviço de Radiologia de Intervenção do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central

Introdução: A colocação de stents biliares metáli-cos por CPT (colangiografia percutânea trans-he-pática) é um tratamento efectivo na obstrução da via biliar de origem maligna, irresecável. No entan-to existem estudos e opiniões controversas relati-vamente às complicações associadas, dependen-do da localização do stent – acima da papila vs transpapilar, nomeadamente disfunção do mesmo, ocorrência de complicações e sobrevivência.

Objectivo: Avaliar a eficácia e as complicações dos stents endobiliares colocados por CPT, loca-lizados acima da papila vs trasnpapilares.Material e métodos: Análise retrospectiva dos doentes submetidos a CPT para colocação de stent endobiliar entre 2014 e 2018 num centro de referência a sul do país. Os endpoints pri-mários analisados foram: alterações do valor de bilirrubina sérica (BT), complicações, tempo até disfunção do stent e sobrevivência.Resultados: Revistos 658 CPT, excluídos 481 por não preencherem critérios de inclusão e por perda de follow up. Dos 177 Incluídos, 54,8% eram homens, com mediana de idade 69 anos (35-97), sendo as causas mais comuns de obstrução, a neoplasia do pâncreas (36.2%) e o colangiocarcinoma (28,8%). Em 71 doentes (grupo A) foi colocado stent acima da papila ma-jor e em 106 (grupo B) transpapilar. Não existiu diferença estatisticamente significativa entre os 2 grupos relativamente a complicações, no-meadamente colangite (p = 0,24). A percenta-gem de redução dos valores séricos da BT do grupo A vs grupo B após a colocação do stent foi: 51,7% vs 54,9% aos 7 dias (p = 0,09) e de 69,3% vs 79,8% aos 30 dias (p = 0,007). A média de tempo até à disfunção do stent e a sobrevida foi de 109 e 185 dias para o grupo A e de 102 e 153 dias para o grupo B. Não houve diferença com significado estatístico entre os grupos no que se refere à disfunção do stent (36,6% grupo A e 26,4% no grupo B, p = 0,13), tempo livre de disfunção do stent (p = 0,56) ou na sobrevida cumulativa (p = 0,29).Conclusão: Não se observou diferença nos outcomes avaliados: complicações, tempo livre de disfunção do stent e sobrevivência, compa-rando a localização do posicionamento do stent na obstrução biliar maligna. No entanto, a redu-ção da BT aos 30 dias parece ser superior nos doentes com stent transpapilares.

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47Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais

PO 22COMPARAÇÃO DE SCORES DE RISCO NA PREDIÇÃO DE OUTCOMES EM DOENTES COM HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXACristiana Sequeira; Inês Costa Santos; Mariana Coelho; Eduardo Dantas; João Mangualde; Ana Paula OliveiraCentro Hospitalar de Setúbal, Hospital de São Bernardo

Introdução: A hemorragia digestiva baixa (HDB) cessa espontaneamente na maioria dos doen-tes, mas pode exigir intervenção hemostática ou suporte transfusional (ST) se for contínua/recorrente. Os scores de risco podem estrati-ficar e identificar quem necessita de interven-ção precoce, tais como o NOBLADS, preditor de HDB grave, e o score de Oakland (SO), validado recentemente para identificar doentes sem ne-cessidade de internamento.Objetivo: Comparar a capacidade preditiva do SO e do NOBLADS nos seguintes outcomes: risco de HDB grave; recorrência; necessidade de ST; necessidade de intervenção terapêutica (NIT) endoscópica/cirúrgica/radiológica; morta-lidade intra-hospitalar e readmissão hospitalar a 30 dias por HDB.Material e métodos: Estudo retrospetivo que incluiu doentes admitidos por HDB de 1/1/2017 a 31/7/2019. Aplicaram-se retrospetivamente o SO e NOBLADS e obtiveram-se as respetivas AUROC com intervalo de confiança de 95% para os outcomes. A comparação das AUROCs foi efectuada com recurso ao método DeLong com utilização MedCalc e a restante análise com SPSS v25. Resultados: Incluíram-se 119 doentes (idade média 77,0 ± 10,9 anos, mu-lheres: 54,6%). As causas mais frequentes de HDB foram colite isquémica (n = 46) e he-morragia diverticular (n = 27). Do total, 28,6% apresentaram-se com HDB grave, 41% rece-beram ST, em 16% ocorreu recorrência e 18% necessitaram de intervenção (endoscópica: n = 18, cirúrgica: n = 4). A mediana de duração

do internamento foi 5 dias (1-10 dias), a mor-talidade foi 5,9% e a taxa de re-internamento aos 30 dias 5,1%. Relativamente à necessidade de ST e à predição de HDB grave o NOBLADS mostrou-se um bom preditor com AUROC = 0,79 (0,612-0,806) e AUROC = 0,725 (0,635-0,815), respetivamente. O SO foi estatistica-mente superior ao NOBLADS para a predição dos outcomes supracitados (p < 0.01), com AU-ROC = 0,942 (0,903-0,981) e AUROC = 0,897 (0,838-0,956), respetivamente. Nos restantes outcomes os scores tiveram semelhante capa-cidade preditora: boa na recidiva hemorrágica (AUROC SO = 0,754 vs. NOBLADS = 0,710) e razoável na NIT, mortalidade e readmissão.Conclusão: O SO contempla 7 variáveis rotinei-ramente obtidas na avaliação inicial do doente com HDB, sendo de aplicação simples e práti-ca. O SO parece ser superior ao NOBLADS na identificação de doentes em risco de HDB grave e dos que precisarão de ST. Ambos são úteis para prever os doentes que requerem interven-ção endoscópica/cirúrgica e aqueles com maior risco de recidiva, reinternamento e mortalidade.

PO 23DISSECÇÃO ENDOSCÓPICA DA SUBMUCOSA DE LESÕES GÁSTRICAS: EXPERIÊNCIA DE UM CENTROFrancisco Pires; Ana Carvalho; Sofia Ventura; Ricardo Araújo; Juliana Pinho; António Castanheira; Diana Martins; Paula Sousa; Ricardo Cardoso; Eugénica Cancela; Paula Ministro; Américo SilvaCentro Hospitalar Tondela-Viseu

Introdução e objectivos: A dissecção endos-cópica da submucosa (DES) é uma técnica de utilização crescente na ressecção em bloco de neoplasias gastrointestinais. O objectivo deste estudo foi avaliar a eficácia e segurança da DES de lesões gástricas no nosso centro.Material e métodos: Análise retrospetiva uni-cêntrica de uma coorte de doentes consecuti-vos com lesões gástricas ressecadas por DES, entre Abril de 2016 e Outubro de 2019. Todos

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os procedimentos foram realizados sob sedação profunda no bloco operatório central após ob-tenção do consentimento informado.Resultados: Foram ressecadas 23 lesões gás-tricas de 20 doentes, 60% do sexo masculino, com idade média de 69,52 ± 10,45 anos. Re-lativamente à localização das lesões, 12 encon-travam-se no antro, 7 no corpo, 1 na transição corpo-antro e 3 lesões encontravam-se confi-nadas à incisura angularis. Três lesões apresen-tavam envolvimento do piloro. O diâmetro médio das lesões foi de 4,34 ± 1,54 cm, com diâme-tro mínimo de 1,2 cm e máximo de 7,5 cm. A duração média do procedimento foi de 100 ± 37,63 minutos e o tempo médio de internamen-to foi de 4,86 ± 2,01 dias. A avaliação anato-mopatológica revelou 8 lesões com displasia de baixo grau, 9 com displasia de alto grau, 1 com metaplasia intestinal, 1 com adenocarcinoma in situ, 1 com adenocarcinoma invasor limita-do à mucosa e submucosa (SM2) e 2 pâncreas heterotópicos. Obteve-se ressecção curativa (R0) em 100% das lesões. Incluída na análise a excisão por técnica de DES de lesão polipoide séssil sob a qual se encontrava encastoado um corpo estranho (espinha), com o objectivo de remover o mesmo. O estudo anatomopatológico evidenciou área fibrótica de tipo cicatricial. Ve-rificada apenas uma complicação associada à DES, nomeadamente hemorragia na escara 20 horas após a realização do procedimento que se debelou com a aplicação de hemoclips.Conclusões: Apesar do número reduzido de DES realizada no nosso centro, esta provou, até à data, ser uma técnica segura e eficaz na excisão de lesões gástricas pré-malignas e ma-lignas em estadio inicial, e também na remoção de corpos estranhos.

PO 24METRORRAGIAS & TUMOR DE KRUKENBERGAntónio M. Oliveira; Joana Carvão; Nelia Abreu; Vitor Magno Pereira; Nuno Ladeira; Luis JasminsHospital Central do Funchal

O tumor de Krukenberg é um tumor metastático do ovário com origem principalmente do trato gastrointestinal. Os sintomas comuns de apre-sentação incluem ascite acompanhada de dor e distensão abdominal.Apresentamos o caso de uma doente do sexo feminino, 24 anos, sem antecedentes pessoais relevantes e sem medicação habitual, que ini-ciou quadro de dor abdominal intermitente du-rante a gravidez (39 semanas) que persistiu nos 4 meses pós parto. Foi medicada com sucralfato e ranitidina, com melhoria sintomática. Passado um ano e meio recorre ao serviço de Urgên-cia por quadro metrorragias e astenia, com um mês de evolução. No exame físico apresentava uma massa pélvica, com extensão desde a fos-sa ilíaca esquerda até ao umbigo, de consis-tência pétrea e bordos mal definidos. O exame ginecológico revelou colo uterino sem lesões e metrorragia escassa. Analiticamente apresenta-va anemia, alteração das provas hepáticas com padrão misto e elevação CA125 (481UI). Rea-lizou ecografia ginecológica que revelou útero com 92 x 53 x 55 mm, presença de massa anexial esquerda com áreas sólidas e líquidas, vascularizada, com 151 x 152 mm. A TAC Tora-co-abdomino-pélvica realçava massas anexiais de 80 x 82 e 104 x 114 mm respectivamente à direita e à esquerda. Coexistiam adenopatias nas cadeias ilíacas internas e externas, lesões nodulares no terço distal dos músculos rectos abdominais e presença de líquido ascítico. Sub-metida a laparotomia exploradora e anexetomia bilateral, observando-se implantes peritoneais. A peça operatória apresentava 155 x 10 x 60 mm, com aspectos morfológicos sugestivos de adenocarcinoma com células em anel de sinete.

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A endoscopia digestiva alta revelou lesão ulce-rada de bordos irregulares no corpo gástrico, ao longo da pequena curvatura, sendo a histologia da lesão um adenocarcinoma com células em anel de sinete. A doente acabaria por falecer 10 meses depois, por progressão da doença.Os autores realçam a forma incomum de apre-sentação dum tumor de Krukenberg, reforçan-do a necessidade de exclusão de neoplasia do tracto digestivo neste contexto.

PO 25UM CASO DE HEMORRAGIA DIGESTIVA POR VARIZ ECTÓPICAMariana Brito; Gonçalo Nunes; Marta Patita; Manuela Canhoto; Pedro Pinto Marques; Jorge FonsecaServiço de Gastrenterologia, Hospital Garcia de Orta, Almada

A hemorragia digestiva por varizes ectópicas é pouco frequente, sendo importante a suspeição clínica para o seu diagnóstico e tratamento. O objetivo deste caso é alertar para esta causa incomum de hemorragia digestiva. Os autores trazem o caso de uma mulher de 25 anos com antecedentes pessoais de ganglioneuroma ab-dominal operado aos 15 anos de idade, com múltiplas complicações peri-operatórias, no-meadamente necrose do colédoco e vesícula biliar com necessidade de colecistectomia e derivação bilio-digestiva em Y de Roux. Evo-lução clínica complicada com cavernoma da veia porta, condicionando hipertensão portal, com seguimento noutra instituição prévio ao episódio actual. Admitida na Unidade de Cui-dados Intensivos por quadro de melenas com instabilidade hemodinâmica, tendo realizado endoscopia digestiva alta (EDA) com exploração de ambas as ansas jejunais que revelou varizes esofágicas grandes sem estigmas de hemorra-gia ou sinais vermelhos e varizes gástricas pe-quenas (GOV-2), mas sem identificação do foco de hemorragia e sem vestígios hemáticos na cavidade gástrica. Por recidiva da hemorragia,

repetiu EDA com exploração prolongada e pro-funda nas ansa jejunais e identificação de ponto sangrante ao nível da anastomose bilio-digesti-va, tendo sido efetuada injeção de polidocanol. No dia seguinte é submetida novamente a EDA identificando-se, na zona de injeção prévia com polidocanol, coágulo fresco que se removeu com ansa, desencadeando hemorragia de alto débito. Procedeu-se de imediato a injeção com mistura de cianoacrilato e lipiodol (1:1, 4cc), com hemostase eficaz. A doente mantém-se após um ano depois sem novos episódios de hemorragia. Os autores apresentam iconogra-fia em video de hemorragia de alto débito em variz ectópica e o procedimento de hemostase, destacando a importância da suspeição clínica e exploração endoscópica cuidadosa na sua de-tecção, bem como a terapêutica com injecção de cianoacrilato.

PO 26PSEUDOACALÁSIA – UM DESAFIO DIAGNÓSTICO A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICOMaria Margarida Carvalho; Andreia Rei; Ana Laranjo; Sara Pires; Nuno Veloso; Lurdes Gonçalves; Rogério Godinho; Isabel MedeirosHospital Espírito Santo de Évora

Introdução: A pseudoacalásia é uma entidade que mimetiza os achados da Acalásia e foi des-crita como uma manifestação de malignidade inicialmente por Howarth em 1919 e, mais tarde, por Ogilvie. A etiologia é neoplásica em 70% dos casos, ocorrendo por invasão microscópica do plexo mioentérico ou do nervo vago e os Ade-nocarcinomas (ADC) da junção esófago-gástrica são os tumores mais frequentemente implicados.Caso clínico: Apresenta-se o caso de uma mu-lher, 87 anos, com quadro de vómitos pós-pran-diais e perda ponderal com várias semanas de evolução. Nesse contexto realizou endoscopia digestiva alta (EDA) que mostrou um esófago tortuoso e dilatado com estase alimentar marca-da, redução progressiva do calibre do lúmen do

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esófago distal com convergência de pregas com mucosa regular, sendo identificada aos 30cm da arcada dentária superior (ADS) a junção esófa-go-gástrica, regular e franqueável pelo aparelho com ressalto moderado-severo, seguindo-se hérnia do hiato com 4cm (impressão diafragmá-tica aos 34cm da ADS) com mucosa granular, congestiva e infiltrativa compatível com ADC infil-trativo (Siewert II/III) confirmado histologicamente (ADC difuso com células de anel de sinete) asso-ciado a Pseudoacalásia. A TC toraco-abdomino--pélvica revelou distensão dos 2/3 proximais do esófago e espessamento parietal irregular do 1/3 distal do esófago, cárdia e saco herniário, asso-ciado a adenopatias locorregionais. Em consulta de decisão terapêutica, pela idade, performance status e tipo de cirurgia necessária, a doente foi considerada unfit for surgery sendo proposta para colocação de Prótese metálica auto-expan-sível (PMAE) parcialmente coberta que a doente e familiares concordaram. Após colocação de PMAE a doente apresentou boa tolerabilidade à progressão da dieta.Conclusão: Esta doente apresentava caracterís-ticas endoscópicas típicas de Acalásia com ADC subjacente. Um curto período de duração dos sintomas, idade >60 anos e uma perda de peso desproporcional são mais sugestivos da Pseudoa-calásia em oposição a uma verdadeira Acalásia.

PO 28HELICOBACTER HEILMANNI COMO CAUSA POUCO FREQUENTE DE ÚLCERA GASTRODUODENAL: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICOMarisa Linhares; Diana Ramos; Flávio Pereira; Ana Caldeira; Rui Sousa; António BanhudoServiço de Gastroenterologia, ULS Castelo Branco

Mulher de 82 anos, previamente autónoma. An-tecedentes de patologia osteoarticular e toma de naproxeno sem IBP.Em Janeiro de 2019 recorre ao SU por epigas-tralgia e hematemeses. Analiticamente apresen-tava uma Hb 6.8 gr/dL. Foi realizada uma en-

doscopia onde se observou uma úlcera gástrica pré-pilórica profunda, com cerca de 50 mm e com coágulo aderente, e outra úlcera duodenal circunferencial entre o piloro e DII de base na-carada. A doente foi internada para tratamento.Uma semana depois observa-se uma franca melhoria endoscópica de ambas as úlceras. Ao fim de duas semanas a doente teve alta medi-cada com IBP bidiário com diagnóstico de úlce-ra péptica associada à toma de AINE’s.Um mês depois a doente foi reinternada por vómitos em contexto de estenose duodenal. Na EDA observava-se a úlcera gástrica mas com sinais de cicatrização. Foi iniciado procinético fixo e dieta líquida enriquecida com tolerância alimentar e a doente teve alta com estas indica-ções além do IBP bidiário e suplementos.Nas biópsias efectuadas na úlcera gástrica não havia evidência histológica de neoplasia. Na reavaliação da úlcera ao fim de 2 meses, são realizadas novas biópsias. A histologia evi-denciou a presença de Helicobacter Heilmanni sensu latu (sl).A doente iniciou erradicação e fez duas sessões de dilatação por balão. Actualmente está assin-tomática com dieta líquida enriquecida, IBP e procinéticos. Endoscopicamente, a úlcera gás-trica está resolvida e a reavaliação histológica já não mostrava colonização pela bactéria.Helicobacter Heilmanni sl é um termo referente a um conjunto de bactérias helicobacter não--Pylori que infecta animais e humanos. Ao con-trário da Helicobacter Pylori (HP), esta coloniza preferencialmente animais sugerindo tratar-se de uma zoonose. A sua prevalência em biópsias gástricas nos países Ocidentais é < 1% e colo-niza preferencialmente o antro e de forma focal. A Helicobacter Heilmanni sl tem sido associada a úlcera péptica, carcinoma gástrico e linfoma gástrico MALT. A patologia gástrica por norma é moderada, apesar de apresentar maior risco de linfoma gástrico MALT e ter uma colonização inferior quando comparada com HP.

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Os doentes podem ser assintomáticos ou apre-sentar sintomas gástricos. Neste momento o diagnóstico é histológico, não estando validados o teste da urease e antigénios. O tratamento é semelhante ao da H.Pylori.Este caso relembra uma causa pouco frequente de úlcera gástrica. Neste caso a doença, prova-velmente, foi exacerbada pela toma de AINE’s.

PO 29COLITE QUÍMICA: UMA SURPRESA ETIOLÓGICAMariana Coelho, Eduardo Dantas, Cristiana Sequeira, Ricardo Freire, Élia Gamito, Ana Paula OliveiraCentro Hospitalar de Setúbal

Homem de 51 anos, com hábitos alcoólicos marcados e obstipação crónica com vários anos de evolução. Recorreu ao serviço de Urgência por dor abdominal e hematoquézias de sangue vivo, com início algumas horas após clister de limpeza inadvertidamente feito com rum.À observação destacava-se dor à palpação na fossa ilíaca esquerda. Analiticamente, a realçar leucocitose de 21.2 x 109/L. Realizou TC abdo-mino-pélvica que mostrou espessamento difuso da parede do recto e cólon até ao transverso. Foi submetido a rectossigmoidoscopia com pro-gressão até aos 50 cm da margem anal, que mostrou mucosa congestionada, edemaciada, erosionada e ulcerada com gradiente de gravi-dade crescente ao longo da progressão e conti-nuando-se para montante.Foi admitido no Serviço de Gastrenterologia para vigilância, tendo evoluído favoravelmente sob terapêutica conservadora, pelo que teve alta ao 5º dia. Não desenvolveu complicações durante o seguimento posterior.Apresenta-se o presente caso pela exuberân-cia dos aspectos endoscópicos, imagiológicos e pela etiologia pouco habitual.

PO 30MANIFESTAÇÃO RARA DE TUMOR INESPERADO Mariana Coelho; Eduardo Dantas; Cristiana Sequeira; João Mangualde; Ricardo Freire; Ana Paula OliveiraCentro Hospitalar de Setúbal

Homem de 46 anos com nódulo no pulmão di-reito detectado incidentalmente, em investiga-ção, com PET-TC a sugerir doença localizada e a aguardar caracterização histológica.Recorreu ao Serviço de Urgência (SU) por dor abdominal nos quadrantes superiores com ir-radiação dorsal, náuseas, vómitos, colúria e icterícia. Da avaliação inicial destacava-se hi-perlipasémia associada a elevação moderada da ALT, AST e bilirrubina e TC abdominal, sem contraste EV, que mostrou discreta densificação da gordura peripancreática e vias biliares dilata-das, com imagem sugestiva de coledocolitíase.Assumiu-se o diagnóstico de pancreatite aguda litiásica e ficou internado no Serviço de Gas-trenterologia. Foi submetido a CPRE que reve-lou estenose do colédoco distal com microlitíase a montante. Face à melhoria clínica teve alta a aguardar TC com contraste EV, para avaliação da referida estenose.Regressou ao SU passados 2 dias por dor ab-dominal intensa. Repetiu TC abdomino-pélvica, com contraste EV, que mostrou lesão no pro-cesso uncinado do pâncreas e inúmeras lesões nodulares peritoneais, mesentéricas e retrope-ritoneais sugestivas de implantes secundários. Colocada a hipótese de duas lesões distintas, pulmonar e pancreática, foi equacionada pun-ção da massa pancreática por ecoendoscopia, que não se realizou por entretanto se ter obtido a histologia da lesão pulmonar, que mostrou tratar-se de metástase de melanoma ocular. O doente teve uma evolução desfavorável, tendo falecido um mês depois.O melanoma maligno tem grande capacidade de metastização, a qual é pouco previsível. O pulmão é um dos locais mais comuns de me-

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tastização visceral, sendo o pâncreas e o peri-toneu localizações menos frequentes, existindo poucos de casos descritos na literatura.

PO 31PÓLIPO CLOACOGÉNICO: UMA ENTIDADE RARAMariana Coelho; Eduardo Dantas; Cristiana Sequeira; Cláudio Martins; Ricardo Freire; Ana Paula OliveiraCentro Hospitalar de Setúbal

Mulher de 57 anos, sem patologia associada, referenciada a Consulta de Proctologia por tu-mefação perianal e hematoquézias de sangue vivo, em pequena quantidade, com vários anos de evolução. No exame proctológico observou-se pólipo parcialmente prolapsado através do canal anal, de aspeto morulado, com cerca de 2 cm de diâmetro e pedículo longo, de aparente inserção no reto baixo. Foi submetida a colonoscopia com polipectomia da referida lesão, cuja histologia foi compatível com pólipo cloacogénico.Descritos pela primeira vez em 1981, os pólipos cloacogénicos são um tipo de pólipo benigno raro, normalmente encontrado em mulheres adultas com patologia proctológica de base, como doen-ça hemorroidária, prolapso rectal ou obstipação terminal. Existem descrições de pólipos cloaco-génicos com focos de displasia e evolução para carcinoma cloacogénico, pelo que a excisão é recomendada. Nos doentes cujo mecanismo de base não é corrigido, há risco de recidiva da le-são. Pelo risco de recidiva e de evolução maligna, a vigilância endoscópica é recomendada, mesmo que na ausência de focos displásicos.

PO 32PROCTITE ISQUÉMICA: UM DIAGNÓSTICO INFREQUENTEMariana Coelho; Eduardo Dantas; Cristiana Sequeira; Ricardo Freire; Isabelle Cremers; Ana Paula OliveiraCentro Hospitalar de Setúbal

Mulher de 63 anos com diabetes mellitus insu-linotratada, sem complicações, e hipertensão arterial sistémica controlada com perindopril,

proposta para colonoscopia por história familiar de adenoma avançado. Na véspera do exame, ainda antes do início da preparação anterógrada, iniciou hematoquézias de sangue vivo, sem outra sintomatologia associada. No exame observou--se, no reto, mucosa congestionada e de aspeto “vinhoso”, com distribuição não circunferencial, aspetos estes sugestivos de proctite isquémica. Não se verificou nenhuma repercussão a nível he-modinâmico ou analítico, tendo a doente evoluído favoravelmente com tratamento conservador. A histologia corroborou a hipótese diagnóstica e foi realizada reavaliação endoscópica e histológica, que mostrou completa cicatrização da mucosa. A proctite isquémica é uma entidade pouco fre-quente dada a extensa rede de colaterais do reto, principalmente em doentes sem patologia vascu-lar preexistente. Segundo a literatura, a mortali-dade desta condição atinge os 20-40%, sendo que muitos dos doentes requerem proctectomia como tratamento definitivo. Apresenta-se o caso não só pela raridade do diagnóstico, como pela apresentação atípica.

PO 35SÍNDROME DA RAPUNZEL – MANIFESTAÇÃO RARA DE UM TRICOBEZOAR Catarina Nascimento; Marisa Ferreira; Sara Oliveira; João Goulão; Alexandre Ferreira Hospital Beatriz Ângelo

Introdução: A formação de bezoares é um pro-cesso raro que afeta o trato gastrointestinal. De acordo com a sua composição, os bezoares são classificados em fitobezoares (matéria vegetal), tricobezoares (cabelo), fármacobezoares (fár-macos) e lactobezoares (fórmulas lácteas con-centradas). Os tricobezoares localizam-se ge-ralmente no estômago, mas podem estender-se ao intestino delgado (Síndrome da Rapunzel).Caso clínico: Menina, de 9 anos de idade, com antecedentes pessoais de obstipação, admitida no SU por dor abdominal epigástrica, recusa ali-mentar e obstipação com 5 dias de evolução. Ao exame objetivo o abdómen era doloroso à

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53Núcleo de Gastrenterologia dos Hospitais Distritais

palpação da região epigástrica e do hipocôndrio direito, onde se palpava tumefação dura e de bordos lisos. No hipogastro, palpava-se massa compatível com corda cólica/fecalomas múlti-plos. Assumido quadro de obstipação grave, pelo que permaneceu em vigilância sob tera-pêutica conservadora, sem melhoria das quei-xas e com vómitos biliares de novo. Realizou radiografia abdominal que mostrou distensão das ansas intestinais com presença de níveis hidro-aéreos. A ecografia abdominal revelou mínima lâmina de ascite peri-hepática e mar-cada aerocolia. A TC-AP mostrou aspetos com-patíveis com extensa invaginação intestinal na FIE, íleo-ileal, moderada distensão das ansas intestinais a montante, bem como do estômago e duodeno e volumosa quantidade de conteúdo heterogéneo endoluminal gástrico. Foi realizada EDA com identificação de volumoso bezoar no estômago que se prolongava ao duodeno não permitindo a progressão do gastroscópio. As tentativas de fulguração e recuperação reve-laram-se fúteis perante o tamanho do bezoar, pelo que se optou pela abordagem cirúrgica por laparotomia. Iniciou antibioterapia com ampicili-na, gentamicina e metronidazol e foi submetida a gastrotomia anterior com remoção de extenso tricobezoar e de corpo estranho intra-luminal ao nível do jejuno que condicionou 3 microperfu-rações com consequente ressecção segmentar de delgado e anastomose termino-terminal.Discussão: O desenvolvimento de tricobezoa-res é condição que afeta predominantemente jovens do sexo feminino, afetando quase sem-pre em associação com tricotilomania, tricofa-gia ou outras doenças psiquiátricas. A remoção endoscópica, quando possível, deve ser privile-giada. Contudo, os tricobezoares gástricos são mais resistentes à fragmentação endoscópica, pelo que a abordagem cirúrgica por laparatomia ou laparoscopia é frequentemente necessária.

PO 36MANIFESTAÇÃO RENAL DE LINFOMA MALTMaria Ana Rafael; Afonso Santos; Luísa Martins Figueiredo; Ana Maria Oliveira; Alexandra MartinsHospital Professor Doutor Fernando Fonseca

Estão descritos raros casos de glomerulonefrite (GN) em doentes com linfoma de tecido linfóide associado à mucosa (MALT), sendo o padrão histológico mais frequentemente encontrado do tipo membranoproliferativo (MP). Apresentamos o caso clínico de uma mulher de 70 anos, latino-americana, a residir em Portugal desde há 2 anos. Com antecedentes de gastro-patia por Helicobacter pylori, para a qual terá feito erradicação. Admitida por um quadro de dor abdominal, diar-reia, febre, hipertensão arterial grave de novo, cefaleia e edema da face e dos membros in-feriores. Analiticamente destaca-se uma crea-tinina que atingiu um valor máximo de 3 mg/dl, proteinúria de 1300 mg/24h e hipoalbumi-némia de 1,9 g/dl. Ficou internada no serviço de Nefrologia com o diagnóstico de síndrome nefrítico-nefrótico. Realizou biópsia renal, que revelou uma GNMP associada a crioglobulinas (IgM lambda).A tomografia computadorizada abdominal reve-lou um espessamento do intestino delgado pro-ximal. Neste sentido, realizou enteroscopia de pulsão com progressão estimada até ao jejuno proximal, que revelou ao longo de todo o trajeto percorrido áreas focais de mucosa hiperemiada e duas úlceras com cerca de 7 mm, de fundo nacarado, a nível do jejuno. Concomitantemen-te, a mucosa do fundo e corpo gástrico apre-sentava-se hiperemiada e de aspeto granitado. As biópsias do corpo gástrico revelaram uma infiltração densa por células linfóides peque-nas, imunorreativas para CD20, CD43, BCL-2 e cadeias leves lambda, concluindo tratar-se de linfoma não Hodgkin de células pequenas B (CD20+) de baixo grau, de padrão difuso, com-

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patível com linfoma MALT. A pesquisa de Heli-cobacter pylori foi negativa.Assim, assumiu-se uma glomerulonefrite se-cundária ao linfoma MALT, pelo que foi encami-nhada para a especialidade de Hematologia do Instituto Português de Oncologia.

PO 38VARIZES PERICOLOSTOMIA: UMA CAUSA RARA DE HEMORRAGIA DIGESTIVA NOS DOENTES COM HIPERTENSÃO PORTALBárbara Morão; Carolina Palmela; Alexandre Ferreira; Joana Nunes; Marília CravoHospital Beatriz Ângelo

Introdução: As varizes ectópicas são uma cau-sa rara de hemorragia no contexto de hiperten-são portal (< 5%), sendo as varizes do estoma uma das principais causas.Caso clínico: Homem de 63 anos com cirro-se hepática alcoólica (Child Pugh B/7, MELD 9), com manifestações clínicas de hipertensão portal (pancitopénia, ascite e varizes esofágicas sob profilaxia primária). Tinha história de neo-plasia do reto submetida a cirurgia e quimiote-rapia em 2013, portador de colostomia desde então. Internado em Out/2018 por quadro de astenia com queda, com anemia agudizada (Hb 5.6g/dL). Constatada presença de fezes castanhas e sangue vivo de novo em pequena quantidade no saco de colostomia, sem outras perdas hemáticas visíveis. Os exames endoscó-picos revelaram varizes esofágicas grandes e diverticulose do cólon, sem sangue luminal. A TC-abdominal revelou ectasia da veia porta e colostomia com diversas estruturas vasculares sugestivas de varizes peri-estoma. Foi avaliado por Cirurgia Geral, com equimose periestoma, sem varizes. Desde Fev/2019 apresentou vá-rias idas ao serviço de Urgência por hemato-quézias, sem instabilidade hemodinâmica, por vezes com necessidade de suporte transfusio-nal. Realizada colonoscopia total em 6 ocasiões que não revelaram sangue luminal, admitin-do-se os episódios de hemorragia no contexto

de diverticulose. Foi novamente internado em Ago/2019 por hematoquézias com instabilidade hemodinâmica, analiticamente com Hb 7.4g/dL, plaq 98.000/L, INR 1.25, função renal e pro-vas hepáticas normais. Fez colonoscopia após estabilização hemodinâmica, observando-se no bordo inferior do estoma um coágulo aderente não destacável e com hemorragia em toalha de baixo débito ao toque manual. Não se observou sangue luminal. Admitiu-se hemorragia com ponto de partida em varizes pericolostomia, ten-do iniciado perfusão de octreotido. O gradiente de pressão venosa hepática era de 8 mmHg, pelo que realizou embolização da variz com que decorreu sem intercorrências. Não apresentou recidiva hemorrágica (follow-up de 2 meses).Conclusão: Apresentamos este caso e respe-tiva iconografia dada a sua raridade. A hemor-ragia de varizes pericolostomia é raramente reportada na literatura, com uma taxa de mor-talidade de 3-4%. O tratamento ideal não está bem estabelecido, sendo a esclerose, laquea-ção ou embolização de varizes ou a colocação de TIPS algumas opções terapêuticas. Apesar de incomum, o seu reconhecimento é funda-mental para um diagnóstico precoce e trata-mento atempado.

PO 39 VÓMITOS PERSISTENTES NA DOENÇA DE CROHN: UM DIAGNÓSTICO INESPERADOTiago Leal; Pedro Antunes; Sofia da Silva Mendes; Bruno Gonçalves; Bruno Arroja; Raquel GonçalvesHospital de Braga

Doente de 26 anos, do sexo masculino, que recorreu ao serviço de Urgência por quadro de dor abdominal tipo cólica, náuseas e vómitos incoercíveis com 4 dias de evolução. Referia episódios semelhantes recorrentes nos últimos 6 meses. Tinha sido diagnosticado com Doença de Crohn (A2L1B1) 4 meses antes e estava sob tratamento com Budesonido. Negava altera-ções dos hábitos intestinais, febre ou distensão abdominal. O exame físico era normal, exce-

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tuando a dor abdominal à palpação da região periumbilical, sem sinais de irritação peritoneal. As análises sanguíneas e a radiografia do abdó-men também eram normais. Durante o interna-mento hospitalar, apresentou escassa melhoria apesar de terapêutica anti-emética intensiva. Adicionalmente, desenvolveu alterações do hu-mor com irritabilidade e ameaças à integridade física dos profissionais de saúde. Destacava-se, também, o tempo que passava no chuveiro, cer-ca de 1-2 horas, sob água quente, uma vez que segundo o doente melhorava os sintomas. Pos-to isto, foi realizada a pesquisa de canabinóides na urina que foi positiva. Consequentemente, foi novamente questionado o consumo de drogas que o doente havia previamente negado, tendo finalmente admitido a utilização de canábis há vários anos. A patologia foi explicada ao doente, levando à cessação dos consumos e à melhoria clínica.A síndrome de hiperémese associada aos ca-nabinóides constitui um desafio diagnóstico, condicionando um curso prolongado da doença até que o diagnóstico seja alcançado. Um com-portamento de banho patológico é caracterís-tico, visto que banhos prolongados aliviam os sintomas na fase de hiperémese. A abstinên-cia de canabinóides representa tanto um teste diagnóstico como o tratamento, uma vez que a melhoria com a cessação do consumo é um cri-tério diagnóstico.

PO 40IATROGENIA ENDOSCÓPICA GRAVE EM DOENTE COM CIRROSE HEPÁTICATiago Leal; Sofia da Silva Mendes; Pedro Antunes; Margarida Gonçalves; Ana Rebelo; Ângela Rodrigues; Bruno Arroja; Raquel GonçalvesHospital de Braga

Relata-se o caso de um doente de 52 anos do sexo masculino com cirrose hepática alcoólica Child-Pugh B que recorreu ao serviço de Urgên-cia por hemorragia digestiva alta. Tratava-se de um doente com diagnóstico inaugural de cirrose

em internamento prévio também por hemorra-gia varicosa, com alta há 10 dias. Encontrava--se medicado com pantoprazol 40 mg, propra-nolol 60 mg/dia e ferro. Na endoscopia digestiva alta (EDA) de urgência foi observada hemorragia em toalha com origem em escara de laqueação prévia e o doente entrou em paragem cardio--respiratória. Após reversão, por insucesso do tratamento endoscópico foi colocada sonda de Sengstaken-Blakemore (SSB). No dia seguinte, foi repetida EDA e aplicados 3 anéis elásticos em cordões varicosos. Após 3 dias, o doente apresentou recidiva hemorrágica, sendo nova-mente colocada SSB antes do transporte para o Bloco Operatório, onde se realizou exame sob sedação e com proteção da via aérea, e se constatou perfuração esofágica ampla. A to-mografia computorizada (TC) toraco-abdominal confirmou a perfuração. A equipa de Cirurgia declinou o tratamento cirúrgico e não foi elegí-vel para internamento nos Cuidados Intensivos, pelo que o doente ficou sob antibioterapia e sob nutrição parentérica na Enfermaria de Gastren-terologia. Apesar do prognóstico reservado, o doente apresentou evolução favorável, tendo sido realizado TIPS por risco elevado de reci-diva hemorrágica. Após 4 semanas, na TC com contraste oral não se verificou fuga de contras-te, pelo que foi realizada EDA que confirmou o encerramento da perfuração.A hemorragia digestiva varicosa refratária é uma situação clínica de difícil controlo, consti-tuindo a realização de TIPS por vezes a única solução. A perfuração esofágica associa-se frequentemente a elevada morbi-mortalidade, pelas suas consequências clínicas e difícil abor-dagem cirúrgica. Descrevemos um caso em que a associação destas duas condições extremas num doente com cirrose hepática faziam ante-ver um desfecho fatal, mas que reforça a impor-tância da persistência e resiliência nos cuidados prestados a estes doentes.

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PO 41ABCESSO HEPÁTICO E NEOPLASIA DO CÓLON: UMA COINCIDÊNCIA OU ASSOCIAÇÃO?Diana Ramos; Eduardo Pereira; Flávio Pereira; Marisa Linhares; Richard Azevedo; Ana Caldeira; António BanhudoULS Castelo Branco

Introdução: Os abcessos hepáticos ocorrem habitualmente após peritonite, em contexto de infeção biliar ou até mesmo em contexto de in-feção sistémica. Alguns estudos asiáticos suge-rem uma associação com neoplasia colorretal subjacente.Objetivo: Partilha de um caso curioso de um doente com abcesso hepático no qual se diag-nosticou concomitantemente, no decorrer do estudo, uma neoplasia do sigmóide. Este caso vai de encontro a alguns relatos de associação entre estas duas entidades.Caso: Homem de 65 anos, internado por ab-cesso hepático do lobo direito com cerca de 8 cm. Realizada drenagem percutânea ecoguia-da do abcesso no serviço de gastrenterologia. Realizada exploração abdominal ecográfica peri-drenagem, que identificou, no hipogastro, formação sólida com mais de 3 cm no cólon sigmóide. Em continuidade com esta formação, identificou-se coleção hipoecogénica que se prolongava para fora da parede intestinal que, após administração de contraste endovenoso, era compatível com pequeno abcesso. Reali-zada TAC abdomino-pélvica que descrevia, no cólon sigmóide, nódulo/pólipo com densidade mista associada a pequena reação líquida no espaço pélvico.Realizou-se colonoscopia que revelou aos 35 cm da margem anal, pólipo semi-pedicula-do com cerca de 50 mm. Pólipo excisado em piecemeal após elevação da submucosa. Feita tatuagem a nível proximal e distal da lesão. A histologia revelou adenocarcinoma invasor pre-coce de baixo grau, pT1.

Doente foi submetido a sigmoidectomia lapa-roscópica. Além disso, também se verificou pre-viamente resolução de abcesso após antibioti-coterapia e drenagem percutânea ecoguiada.Conclusão: Trata-se de um caso interessante uma vez que se diagnosticou precocemente uma neoplasia do sigmóide por via ecográfica no contexto do estudo de um abcesso hepático.Até se pode ter tratado de uma infeliz coin-cidência, no entanto, estas duas entidades podem estar relacionadas. No nosso caso, o adenocarcinoma do sigmóide tinha um peque-no abcesso associado que pode ter contribuído para o aparecimento do abcesso hepático.

PO 42FÍSTULA ESÓFAGO-PULMONAR SECUNDÁRIA A CARCINOMA PAVIMENTOCELULAR DO ESÓFAGO TORÁCICORei, Andreia; Carvalho, Maria; Laranjo, Ana; Pires, Sara; Veloso, Nuno; Gonçalves, Maria Lurdes; Godinho, Rogério; Medeiros, IsabelHospital do Espírito Santo de Évora

Introdução: As fístulas malignas traqueo e brôn-quio-esofágicas complicam 5-15% das neopla-sias do esófago. A fístula esófago-pulmonar foi raramente descrita, traduzindo invasão direta do parênquima pulmonar com lesão alveolar, pneu-monite e abcesso pulmonar persistente.Caso clínico: Doente do género masculino, 41 anos, carga tabágica 25 UMA, hábitos alcoóli-cos marcados, recorreu ao serviço de urgência por quadro de tosse produtiva com 4 semanas de evolução, toracalgia pleurítica direita e febre com 3 dias evolução. Analiticamente a destacar leucocitose 11.900 e proteína C-reactiva 34.9 mg/dL. Imagiologicamente na radiografia toráci-ca objetivou-se lesão cavitada no lobo superior direito e na tomografia computorizada do tórax consolidação extensa, com áreas de cavitação interior, infiltrado parenquimatoso perilesional peribroncovascular, inflamação com contigui-dade mediastínica. Proposto para internamento

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admitindo-se hipótese diagnóstica de infeção pulmonar cavitada (tuberculose pulmonar?) com possível mediastinite. A anamnese apurou dis-fagia progressiva para sólidos e líquidos com 3 meses de evolução, tosse e engasgamento na deglutição e perda ponderal de 14% do peso ba-sal. Realizou endoscopia digestiva alta com apoio fluoroscópico que mostrou neoformação infiltra-tiva desde os 20 cm da arcada dentária superior com estenose não franqueável do lúmen, com histologia de carcinoma pavimentocelular ulce-rado e necrosado. Evidenciou-se após injeção de contraste broncograma aéreo ao nível do lobo superior direito associado a tosse imediata, compatível com fistulização. A broncofibroscopia não evidenciou fístula esófago-brônquica, com nova tomografia computorizada a confirmar en-volvimento do parênquima pulmonar e extensão mediastínica, com adenopatias regionais sem evidência de metastização à distância. Admitido estadio IIIC T4bN2M0 com decisão multidisci-plinar de terapêutica paliativa endoscópica com stent esofágico autoexpansível e abordagem conservadora da pneumomediastinite.Discussão/Conclusão: A fistulização para o parênquima pulmonar e extensão mediastíni-ca, complicação rara na evolução do carcino-ma esofágico, determinou o estadiamento e complicou o prognóstico do doente, ao traduzir doença locorregional avançada, cirurgicamente irressecável, com infeção mediastino-pulmonar. O stent esofágico permitiu assegurar via oral e controlar a disfagia, com melhoria da qualidade de vida apesar do risco de complicações e re-corrência de infeção.

PO 43ACALÁSIA COM MEGAESÓFAGO – QUANDO A SOLUÇÃO É CIRÚRGICAAna Carvalho; Francisco Pires; Sofia Ventura; Juliana Pinho; Ricardo Cardoso; Diana Martins; Paula Sousa; Ricardo Araújo; Eugénica Cancela; António Castanheira; Paula Ministro; Américo SilvaCentro Hospitalar Tondela-Viseu

Homem, 76 anos, com antecedentes de acalá-sia tipo 2 diagnosticada em 2016 após episódio de disfagia com vómito e pneumonite de aspi-ração, tendo realizado tratamento com toxina botulínica e dilatação endoscópica em 2017.Em março de 2019, recorreu ao serviço de ur-gência por quadro de disfagia para sólidos e sensação de impactação alimentar, sem outra sintomatologia ou alterações no exame físico ou estudo analítico. Na endoscopia digestiva alta (EDA), observado lúmen esofágico muito dilatado e tortuoso, com volumosa impactação alimentar desde a zona do cricofaríngeo até ao cárdia (aos 42cm dos incisivos), tendo-se efetuado remoção progressiva do conteúdo ali-mentar através de endoscópio terapêutico com apoio de ansa de rede. Foi repetida EDA cinco dias depois, que revelou esófago atónico, dila-tado e tortuoso, com passagem sem dificulda-de através do cárdia, em provável relação com megaesófago no contexto de acalásia; efetuada dilatação endoscópica com balão pneumático de 30mm. O doente teve alta com melhoria sin-tomática, a tolerar dieta pastosa.Dois meses depois, foi realizada EDA de rea-valiação, observando-se abundante conteúdo alimentar no lúmen esofágico, impossibilitando a realização de nova dilatação endoscópica. Contudo, o doente apresentava-se assintomá-tico, com score Eckardt de zero.Após discussão multidisciplinar, dada a falência terapêutica da dilatação endoscópica e o bene-fício reduzido dessa abordagem, optou-se pela abordagem cirúrgica. Na TAC torácica pré-ope-ratória foi observada exuberante dilatação e tor-

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tuosidade do esófago em toda a sua extensão, com 62 mm de maior calibre a nível torácico superior. Foi realizada esofagectomia de Ivor--Lewis com anastomose esófago-gástrica ao nível do opérculo torácico, que decorreu sem complicações.Após o procedimento, o doente teve alta clínica assintomático.

PO 45EDEMA DE RE-EXPANSÃO PULMONAR PÓS-TORACOCENTESE POR HIDROTÓRAX HEPÁTICO Rei, Andreia; Carvalho, Maria; Laranjo, Ana; Pires, Sara; Veloso, Nuno; Gonçalves, Maria Lurdes; Godinho, Rogério; Medeiros, IsabelHospital do Espírito Santo de Évora

Introdução: O edema de re-expansão pulmonar traduz uma complicação rara, geralmente ime-diata da toracocentese, ocorrendo em menos de 1%, por reação inflamatória consequente a rápida expansão do pulmão previamente co-lapsado, associando-se a elevada mortalidade. Existe evidência de risco aumentado em toraco-centeses de grande volume (> 1L), necessárias no doente com hidrotórax hepático por cirrose hepática descompensada terminal.Caso clínico: Homem, 63 anos, antecedentes de cirrose hepática alcoólica, hipertensão portal com varizes esofágicas, trombose proximal por-tal e retenção hidrossalina com ascite intratável por diuréticos, e lesões nodulares hepáticas não esclarecidas. Em consulta revelou agravamen-to de ascite não tensa, mal-estar inespecífico e dor lombar em decúbito; ao exame objetivo eupneico, murmúrio vesicular abolido desde o terço médio do hemitórax direito; radiografia torácica com derrame pleural extenso à direita com desvio da linha média. Analiticamente sem agravamento da insuficiência hepática e função renal preservada. Programou-se toracocentese após correção de coagulopatia, com drenagem de 1.5 L com aspeto macroscópico de líquido

ascítico, sem intercorrências imediatas e no pe-ríodo de vigilância. Análise citoquímica compa-tível com transudado e gradiente de albuminas sugestivo de hipertensão portal, admitindo-se hidrotórax hepático. Recorreu ao serviço de urgência decorridas 6 horas por dispneia de surgimento súbito. Objetivou-se insuficiência respiratória parcial (pO2 44), sem clínica infe-ciosa, sem elevação de marcadores inflama-tórios, mantendo hipotransparência direita. Na tomografia computorizada torácica observou-se atelectasia compressiva adjacente e condensa-ção difusa do pulmão direito com focos minor de condensação à esquerda. Admitido edema de re-expansão pulmonar, com boa resposta a oxigenoterapia (MV 60%) com desmame pro-gressivo em 5 dias. Após resolução do edema instalou-se disfunção circulatória, encefalopatia portossistémica e disfunção renal inicialmente reversíveis, mas com agravamento do hidrotó-rax que condicionou insuficiência respiratória terminal com indicação paliativa.Discussão/Conclusão: O edema de re-expan-são pulmonar pós-toracocentese de grande volume por hidrotórax hepático é uma compli-cação rara mas potencialmente fatal no doente cirrótico, que complica o prognóstico pela insu-ficiência respiratória grave e por despoletar dis-função circulatória difícil de reverter na doença descompensada de estadio terminal.

PO 46ADENOCARCINOMA DA TERCEIRA PORÇÃO DO DUODENO – UM DIAGNÓSTICO INESPERADOFrancisco Pires; Ana Carvalho; Sofia Ventura; Juliana Pinho; Diana Martins; Paula Sousa; Ricardo Cardoso; Ricardo Araújo; Eugénia Cancela; António Castanheira; Paula Ministro; Américo SilvaCentro Hospitalar Tondela-Viseu

O adenocarcinoma primário do duodeno cons-titui menos de 0,5% de todos os tumores gastrointestinais, sendo frequentemente um diagnóstico incidental. Os autores reportam o

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caso clínico de uma doente de 71 anos, com antecedente pessoal de síndrome de Usher, que foi referenciada ao serviço de urgência pelo médico de família assistente por anemia ferropénica grave (hemoglobina de 6.9 g/dL). Referia astenia, anorexia e perda ponderal não quantificada, e negava perdas hemáticas e alteração do trânsito intestinal. A doente foi admitida em internamento para estudo etioló-gico da anemia. Colonoscopia total com pólipo rectal diminuto excisado e endoscopia digestiva alta com lesão vegetante, hemicircunferencial e com depressão central, com cerca de 2 cm, lo-calizada na terceira porção do duodeno. Exame anatomopatológico demonstrou adenocarcino-ma in situ. Tomografia computorizada toraco--abdomino-pélvica com espessamento parietal focal ao nível da terceira porção do duodeno, numa extensão de cerca de 4 cm, sem inva-são de estruturas adjacentes e sem evidência de doença metastática. Marcadores tumorais negativos. Dado o bom estado geral da doen-te, optou-se pela realização de duodenectomia da terceira e quarta porções do duodeno com anastomose duodenojejunal termino-terminal. Exame anatomopatológico da peça operatória com adenocarcinoma invasor moderadamente diferenciado (G2) do duodeno (estadio IIA da classificação da American Joint Committee on Cancer - AJCC). Após discussão do caso em reunião de decisão terapêutica e multidiscipli-nar, a doente iniciou quimioterapia adjuvante, não chegando a realizar o último ciclo por toxi-cidade gastrointestinal. A doente apresenta-se assintomática, com excelente estado geral e sem evidência de recidiva ou doença metastá-tica quinze meses após a intervenção cirúrgica. O diagnóstico de adenocarcinoma primário do duodeno é geralmente tardio pois este apresen-ta sinais e sintomas inespecíficos. A avaliação do duodeno por endoscopia digestiva alta é desafiante pois a terceira e quarta porções do duodeno são frequentemente inacessíveis por

esta técnica, prolongado ainda mais o tempo de diagnóstico. Os autores reportam este caso pela sua raridade e diagnóstico precoce. A doente mantém vigilância em consulta.

PO 47CAUSA RARA DE HEPATITE AGUDA NO DOENTE COM VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANANélia Abreu; Vítor Pereira; António Oliveira; Joana Carvão; Ana Paula Reis; Fátima Carneiro; Goreti Faria; Luís JasminsServiço de Gastrenterologia, Hospital Central do Funchal Serviço de Infeciologia, Hospital Central do Funchal Serviço de Anatomia Patológica, Hospital São João

A alteração das provas hepáticas em doentes in-fetados pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) é uma manifestação clínica comum. Entre as causas mais frequentes destacam-se as he-patites víricas, infeções oportunistas e toxicida-de. A hepatite autoimune (HAI) surge como uma causa rara, com apenas alguns casos descritos na literatura. Apresentamos o caso de uma mu-lher de raça negra, 34 anos, com antecedentes pessoais de VIH diagnosticado em 2016 e sob terapêutica antirretroviral, que recorreu ao ser-viço de urgência por um quadro de dor abdomi-nal, náuseas e vómitos, icterícia mucocutânea e astenia acentuada, com uma semana de evolu-ção. À observação consciente e orientada, sem sinais de encefalopatia hepática, apresentando escleróticas ictéricas e dor à palpação abdomi-nal no hipocôndrio direito. Do estudo analítico realizado a destacar elevação significativa dos marcadores de citólise hepática (transamina-ses > 1000 UI/L), INR (1.98) e bilirrubina total (12.5 mg/dl), salientando-se análises recentes com contagem de CD4 normal e carga viral do VIH indetectável. Fez tomografia computorizada abdominal, a qual normal. Face ao quadro clí-nico sugestivo de hepatite aguda, foi internada no Serviço de Infeciologia para estudo comple-mentar e vigilância. Durante a 1ª semana de

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internamento apresentou melhoria da sintoma-tologia, verificando-se, contudo, agravamento progressivo do valor de bilirrubina embora com valores de INR sobreponíveis. Após discussão do caso com o serviço de Gastrenterologia e excluídas as hepatites víricas (A, B e C), bem como, as infeções pelos agentes oportunistas mais comuns colocaram-se como principais hi-póteses de diagnóstico a hepatite tóxica ou HAI, tendo iniciado terapêutica com N-acetilcisteína. Tendo em conta título equívoco do anticorpo anti-músculo liso e hipergamaglobulinémia, realizou biópsia hepática que mostrou fígado de estrutura trabecular com lesões crónicas de hepatite de interface e intralobular (com necrose confluente), achados compatíveis com o diagnóstico de HAI. Atendendo aos achados histológicos, a doente iniciou terapêutica com Prednisolona e, posteriormente, Azatioprina com normalização das provas hepáticas. Com o presente caso clínico, pretendemos realçar a importância da inclusão da HAI no estudo etio-lógico das alterações das provas hepáticas no doente com VIH, nomeadamente após restitui-ção do sistema imunitário. Esta atitude torna-se crucial na abordagem terapêutica e consequen-te melhoria e estabilização clínica.

PO 48UMA MANIFESTAÇÃO INICIAL RARA DE CARCINOMA HEPATOCELULARCristiana Sequeira; Sílvia Silva; Luísa Leal da Costa; Inês Mendes; Flávio Mendonça; Rita Faria; Manuel Sousa; Carlos PereiraCentro Hospitalar de Setúbal, Hospital Beatriz Ângelo

O carcinoma hepatocelular (CHC) constitui a terceira causa mais frequente de morte por neoplasia e a grande maioria dos casos ocorre em doentes com cirrose conhecida. A rotura de CHC é uma manifestação inicial potencialmente fatal e incomum, em particular no ocidente onde a incidência é inferior a 3%. O seu diagnóstico em doentes sem história prévia de cirrose cons-titui um desafio diagnóstico adicional.

Os autores relatam o caso de um homem de 59 anos com história de etanolismo crónico grave, sem outras patologias ou medicação habitual, admitido no serviço de urgência por dor abdo-minal generalizada e intensa e lipotimia. Nega-va febre, perdas hemáticas gastrointestinais e traumatismo recente. Clinicamente apresenta-va hipotensão, taquicardia sinusal e abdómen doloroso com defesa e sinais de irritação pe-ritoneal e, analiticamente, anemia, lesão renal aguda e acidémia metabólica com hiperlacta-cidémia. A TAC abdomino-pélvica mostrou volu-moso hemoperitoneu com sinais de extravasão ativa de contraste endovenoso nas fases arterial e portal, com provável ponto partida em lesão sólida hipervascular no segmento II. O fígado apresentava dimensões aumentadas e incon-táveis nódulos. Não se identificaram alterações vasculares/presença de varizes ou alterações do baço, pâncreas e rins. Foi iniciada reposi-ção volémica com cristalóides e hemoderiva-dos, ácido tranexâmico e suporte aminérgico. Por instabilidade hemodinâmica procedeu-se a laparotomia onde se confirmou os achados imagiológicos e se identificou e excisou lesão rota. O doente foi admitido em UCI para esta-bilização hemodinâmica, com evolução clínica e laboratorial favorável, sem evidência de dis-função hepática. Da investigação destacava-se marcadores tumorais (CEA, CA 19.9, AFP e CA 125) normais. A anatomia patológica da lesão excisada foi compatível com CHC. Assumiu-se o diagnóstico de CHC multifocal e ficou definido em consulta de decisão terapêutica indicação para best supportive care.O hemoperitoneu por rotura de CHC constitui uma manifestação inicial cada vez mais rara, muito devido ao diagnóstico mais precoce de cirrose e hepatocarcinoma e pela redução da incidência de infecção por vírus da hepatite B e C. A prioridade passa pela estabilização he-modinâmica do doente e controlo hemostático. A cirurgia pode ser uma opção válida, particu-

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larmente em contexto de urgência se conheci-mento imagiológico do local sangrante e insta-bilidade clínica.

PO 49COLITE MICROSCÓPICA INDUZIDA PELO OLMESARTAN: UMA CAUSA RARA E SUBDIAGNOSTICADA DE DIARREIA Cristiana Sequeira; Inês Costa Santos; Mariana Coelho; Eduardo Dantas; Cláudio Martins; João Mangualde; Ana Paula OliveiraCentro Hospitalar de Setúbal, Hospital de São Bernardo

A iatrogenia medicamentosa representa 7% de todas as causas de diarreia. Recentemente têm sido reportados uma série de casos de diarreia induzida pelo olmesartan, maioritariamente por indução de uma enteropatia spruelike serone-gativa e, em menor frequência, por indução de colite microscópica.Relatamos o caso de uma mulher de 77 anos, com história de hipertensão arterial medicada com olmersartan, admitida por quadro com 3 semanas de evolução de diarreia aquosa gra-ve associada a perda ponderal significativa. Clinicamente documentava-se desidratação e taquicardia sinusal e, analiticamente, lesão renal aguda, acidemia metabólica e hipoca-liemia graves. Da investigação etiológica sa-lientava-se função tiroideia, imunoglobulinas e calprotectina fecal normais; exame bacterioló-gico, micológico, parasitológico e toxina de C. dificille nas fezes negativos; serologias para VIH e anticorpos anti-transglutaminase negativos. A TAC abdominopélvica não evidenciou alterações pancreáticas nem lesões neoproliferativas. A EDA e respectivas biopsias duodenais não reve-laram alterações. A ileocolonoscopia foi normal mas as biopsias seriadas do cólon mostraram aspectos compatíveis com colite microscópica, variante linfocítica. Estabeleceu-se a hipótese diagnóstica de colite linfocítica induzida pelo olmesartan tendo sido suspenso este fármaco com remissão do quadro.

Destaca-se o presente caso pela sua singulari-dade alertando-se para a inclusão do olmesartan no diagnóstico etiológico da colite microscópica. Sendo um fármaco amplamente utilizado, ques-tiona-se a oportunidade de realização de prova terapêutica que inclua a sua suspensão/subs-tituição, antes de submeter o doente à extensa investigação da diarreia subaguda/crónica.

PO 50COLITE: UMA VIAGEM ATRIBULADAMargarida Gonçalves; Pedro Antunes; Sofia Mendes;Tiago Leal; Dalila Costa; Ana Rebelo; Bruno ArrojaHospital de Braga

Apresenta-se o caso de um homem de 50 anos, com antecedentes de colite ulcerosa extensa com treze anos de evolução associada a co-langite esclerosante primária (CEP), encontran-do-se medicado com ácido ursodesoxicólico e messalazina.Após episódio inaugural de hemorragia diges-tiva alta por rotura de varizes esofágicas, foi efetuado reestadiamento, constatando-se a evolução para cirrose hepática complicada com hipertensão portal.Apresentou novo episódio de hemorragia varico-sa com necessidade de colocação de sonda de Blakemore pela ineficácia do tratamento endos-cópico (elástico + injeção de polidocanol) e reci-diva ao quinto dia de vigilância, novamente com impossibilidade de controlo endoscópico, culmi-nando na realização urgente de shunt porto-sis-témico intrahepático por via transjugular (TIPS).Desde então, o doente manteve-se hemodinami-camente estável e sem novas recidivas hemor-rágicas e foi proposto para transplante hepático, que ocorreu 4 meses depois, sem complicações.No explante hepático foi identificado adenocar-cinoma da vesicula biliar. A tomografia de es-tadiamento não mostrou metástases ou sinais de doença neoplásica à distância, pelo que foi decidido, em grupo multidisciplinar, manter-se em vigilância.

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Atualmente, o doente encontra-se assintomáti-co, com a doença inflamatória controlada com messalazina e sem complicações decorrentes do status pós-transplante hepático.Este caso permite-nos refletir sobre a coexis-tência comum de duas entidades clínicas e todas as complicações que daí podem advir, no-meadamente a evolução para cirrose hepática e as suas descompensações, com necessidade de estabilização do doente, suporte de órgão e finalmente o transplante hepático. Os autores consideram essencial familiarizar os clínicos com os riscos associados a estas entidades e a necessidade constante de vigilância de com-plicações.

PO 51O ETERNO MIMETIZANTEMargarida Gonçalves; Pedro Antunes; Sofia Mendes;Tiago Leal; Dalila Costa; Ana Rebelo; Bruno Arroja; Hospital de Braga

Jovem de 18 anos, estudante, fumadora, com antecedentes de anemia ferropénica, sem me-dicação habitual.Recorreu ao serviço de urgência por dor na fos-sa ilíaca direita e febre arrastadas, sem altera-ções do trânsito intestinal. Objetivamente com palpação abdominal dolorosa dos quadrantes direitos, sem defesa ou sinais de irritação pe-ritoneal.Do estudo analítico realça-se o valor de PCR de 150 mg/L e hemoglobina de 9,9 g/dL. A tomografia abdomino-pélvica demonstrou es-pessamento difuso da metade proximal do cólon transverso e principalmente do cólon as-cendente, sem espessamento significativo da última ansa ileal e a presença de líquido livre no flanco direito e escavação pélvica.Cumpriu ciclo de 5 dias de antibioterapia com ciprofloxacina e metronidazol, sem melhoria clí-nica evidente.A ileocolonoscopia mostrou área de mucosa congestiva, irregular e ulcerada nos últimos 2

cm do ileon, e área de mucosa congestiva e erosionada com cerca de 10 mm no cego, cujas biópsias revelaram apenas ileíte inespecífica.Decidiu-se, então, iniciar corticoterapia, com melhoria clínica e analítica nas 48 horas se-guintes.Na complementação do estudo pré-imuno-supressão a doente foi enviada ao centro de diagnóstico pneumológico no qual foi realizada radiografia do tórax que evidenciou infiltrado no vértice esquerdo, e consequente colheita de exame direto de expetoração e realização de broncofibroscopia, tendo estes exames confirmado a presença de tuberculose pulmo-nar ativa. Após este diagnóstico foi suspensa a corticoterapia e iniciada terapêutica antibacilar com melhoria progressiva do estado geral, sem novos episódios de dor abdominal ou alteração do trânsito intestinal, bem como o desapareci-mento da febre.Dada a evolução clínica, presença de tuber-culose pulmonar ativa, resposta favorável à terapêutica dirigida, bem como a ausência de elementos clínicos ou histológicos inequívocos de doença de Crohn, admitiu-se tratar-se de envolvimento entérico por micobactéria.Diferenciar tuberculose intestinal de doença de Crohn mantém-se um dilema para muitos clínicos. Estas duas entidades partilham carac-terísticas clínicas, endoscópicas, histológicas e radiológicas indissociáveis, sendo as pequenas diferenças muito subtis e com uma baixa sensi-bilidade diagnóstica.

PO 54LACERAÇÃO ESOFÁGICA EM DOENTE COM ESOFAGITE EOSINOFILICAAntónio Oliveira; Catarina Gouveia; Catarina Gomes; Rui Loureiro; Marília CravoHospital Beatriz Ângelo

A esofagite eosinofílica (EEo) é uma doença em que existe o risco aumentado de perfuração e que pode ocorrer após o vómito, como síndro-me de Boerhaave espontâneo, como complica-

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ção de impactação alimentar ou após dilatação mecânica de estenoses esofágicas. Esta sus-ceptilidade deve-se a alterações inflamatórias crónicas com fragilidade da mucosa esofágica e remodelação.Os autores apresentam o caso de uma mulher de 43 anos, com queixas de disfagia intermi-tente desde a infância sem medicação habitual e sem alterações no exame físico, com episó-dio prévio de impacto alimentar com resolução endoscópica. Na endoscopia realizada obser-varam-se aspectos endoscópicos compatíveis com esofagite eosinofílica bem como uma este-nose a 22 cm da arcada dentária, ultrapassável apenas com endoscópio com 5.5 mm de diâ-metro. As biópsias realizadas foram compatíveis com esofagite eosinofilica, pelo que foi medica-da com inibidor da bomba de protões.Foi submetida a endoscopia de controlo na qual se observou persistência da estenose. Durante a tentativa de negociar a estenose com o gas-troscópio,sem se exercer pressão apreciável, foi provocada uma laceração profunda a nível da estenose,atingindo cerca de metade da circun-ferência sem se observar extravasamento do contraste então injectado.Foi tentado o encerra-mento da laceração sem sucesso, por perda de acesso endoscópio à laceração por agravamen-to da estenose após aplicação do primeiro clip.A doente realizou tomografia computorizada (TC) em contexto de urgência que revelou tra-tar-se de uma perfuração contida traduzida pela presença de ar periesofágico, quer a nível cer-vical quer torácico, principalmente nos planos acima da carina, sem evidência de extravasão do contraste ingerido.Optou-se por terapêutica médica apenas com sucesso. Assistiu-se a uma boa evolução, sem evidência de intercorrências, tendo a TC realiza-da ao sexto dia sido normal após o que iniciou dieta pastosa com tolerância.Teve alta medica-da com corticoide oral liquido e dieta de evicção de alimentos potencialmente alergenicos.

O caso apresentado demonstra como a EEo apresenta um risco acrescido de perfuração mesmo em procedimentos diagnósticos poden-do o tratamento médico ser suficiente para a resolução das perfurações contidas.

PO 55UMA CAUSA INCOMUM DE HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTAMariana Brito; Gonçalo Nunes; Manuela Canhoto; Irina Mocanu; Jorge FonsecaServiço de Gastrenterologia, Hospital Garcia de Orta, Almada

A fistulização entérica de um aneurisma é uma causa rara de hemorragia disgestiva e está as-sociada a uma mortalidade elevada. O objetivo deste caso é alertar para a importância da sus-peição clínica na deteção de causas raras mas potencialmente fatais de hemorragia digestiva. Os autores trazem um caso de um homem de 73 anos que recorre ao serviço de Urgência (SU) por quadro de vómitos em borra de café e melenas com episódio de lipotímia associado, sem dor abdominal, dois dias após ter recorrido ao SU por desconforto na região supra-púbica, altura em que teve alta para ser reavaliado em consulta de Urologia onde é seguido por follow--up de neoplasia da bexiga. Analiticamente des-tacava-se queda de hemoglobina de 5 g/dL em relação ao valor basal do doente. Na endosco-pia digestiva alta, a nível de D3/D4 identifica-se um coágulo aderente à mucosa não destacável com cerca de 15 mm, pulsátil em toda a ex-tensão. Realizou de seguida uma AngioTAC que revelou imagem de rotura contida de aneurisma da artéria ilíaca primitiva direita com trombo periférico com cerca de 4 cm de extensão, em íntima relação com o duodeno. O doente foi in-tervencionado pela Cirurgia Vascular, tendo sido submetido a EVAR (Endovascular Aneurysm Repair) bi-ilíaco, sem intercorrências. Após a intervenção o doente manteve-se sem recidiva hemorrágica. Os autores destacam iconografia em video de fistulização entérica de aneurisma,

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a importância da suspeição clínica na detecção e reconhecimento desta causa rara, mas de ele-vada mortalidade, de hemorragia digestiva.

PO 56VACUOTERAPIA ENDOLUMINAL NO MANEJO DE COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS NA CIRURGIA DE EXENTRAÇÃO PÉLVICACatarina Frias Gomes; Carolina Palmela; Rui Loureiro; Susana Ouro; Elídio Barjas; Luisa Glória; Marília CravoHospital Beatriz Ângelo

Mulher de 52 anos, PS (ECOG) 0, com história pessoal de adenocarcinoma do colo do útero, submetida a histerectomia total e anexectomia bilateral com linfadenectomia pélvica bilateral em 2009. Em 2013 apresentou recidiva gan-glionar, submetida a exérese parcial da lesão pélvica, seguida de quimioterapia e radioterapia. Em 2014 verificou-se aparecimento de metás-tase cutânea única, que foi totalmente excisada. Sem progressão de doença até 12/2017, altura em que a tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM) de seguimento re-velaram formação ganglionar nodular com 32 x 25 mm, que envolvia o mesorecto e o segmento distal do ureter pélvico esquerdo. A punção da massa pélvica por eco-endoscopia revelou reci-diva de adenocarcinoma. A PET excluiu outros locais de metastização. Após discussão em re-união multidisciplinar de oncologia digestiva, a doente foi submetida a cirurgia de exenteração pélvica, com construção de conduto ileal e co-lostomia terminal. No pós-operatório, apresen-tou elevação de parâmetros inflamatórios com drenagem de exsudado purulento pela vagina. A TC pélvica revelou volumosa coleção pélvica (12 x 4 x 8 cm), que contactava o canal vaginal, pelo que iniciou antibioterapia. Na observação da vagina com gastroscópio, identificou-se ca-vidade necrosada com cerca de 13-14 cm e ex-sudado purulento. Optou-se por iniciar sessões de vacuoterapia endoluminal, com boa evolução clínica e laboratorial. Após 17 sessões, a doen-

te teve alta assintomática. Num seguimento de 12 meses, os exames endoscópicos revelaram redução significativa das dimensões, apresen-tando atualmente uma cavidade residual.Apresentamos um caso de recidiva ganglionar de adenocarcinoma de cólo do útero, submetida a cirurgia de exenteração pélvica, complicada no pós-operatório por cavidade necrosada que contactava a vagina. Verificou-se evolução favo-rável, após realização de vacuoterapia endolu-minal. Esta técnica tem sido aplicada no manejo de leaks anastomóticos pós-cirúrgicos, com poucos casos descritos na exenteração pélvica. Os autores salientam ainda a iconografia varia-da (vídeo).

PO 57DISSEÇÃO DA SUBMUCOSA DE LESÃO PRECOCE DO RETOMoura, D.B.; Nunes, N.; Chálim, C.; Flor de Lima, M.; Nunes, N.; Santos, V.; Rego, A.C.; Pereira, J.R.; Paz, N.; Duarte, M.A.Serviço de Gastrenterologia do Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada, EPER

A disseção endoscópica da submucosa é uma estratégia endoscópica eficaz na resseção de lesões polipoides com maior risco de invasão superficial da submucosa.Doente do sexo masculino, 57 anos de idade, realizou colonoscopia que revelou a presença de um pólipo séssil com cerca de 35 mm do reto. Esta lesão é classificada como Paris Is, JNET 2A, NICE 2 e KUDO III-L.Optou-se pela disseção endoscópica da sub-mucosa. Procedeu-se à injeção de solução de glicerol com índigo de carmino e adrenalina, seguindo-se da incisão da mucosa com hybri-d-knife, utilizando-se corrente dry-cut efeito 4. Efetuou-se disseção da submucosa com faca hybrid-knife, tendo sido utilizada corrente swift coagulation efeito 3, com excisão total do frag-mento no final do procedimento.A avaliação anatomopatológica do material excisado revelou tratar-se de um pólipo adeno-

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matoso do cólon de tipo tubular predominando displasia epitelial de baixo grau, com foco de adenocarcinoma intramucoso que não invade a submucosa.Neste caso, evidenciou-se o sucesso técnico na abordagem terapêutica da lesão descrita, com excisão completa da mesma.

PO 58CAUSA RARA DE OCLUSÃO INTESTINAL EM IDADE ADULTACarina Leal; Pedro Marcos; Maria Silva; Catarina Atalaia-Martins; Pedro Russo; Antonieta Santos; Helena VasconcelosCentro Hospitalar de Leiria

A invaginação intestinal define-se como a mi-gração distal ou deslizamento de um segmento intestinal para o lúmen adjacente, podendo ma-nifestar-se por quadro oclusivo. Ao contrário do que acontece na população pediátrica, é uma causa rara de oclusão intestinal na idade adulta (1 a 5% dos casos), sendo secundária a causa maligna em 30%. O tratamento definitivo é ci-rúrgico, através da redução intraoperatória ou ressecção do segmento invaginado.Reportamos o caso de um doente de 75 anos, do sexo feminino, com antecedentes pessoais de hipotiroidismo e osteoporose, que recorreu ao serviço de urgência por hematoquezias com 48h de evolução, sem dor abdominal, lipotímia ou síncope associadas. Adicionalmente, referia desde há 2 meses alternância dos hábitos in-testinais. Ao exame objectivo apresentava-se hemodinamicamente estável e com abdómen depressível e indolor; ao toque rectal, identi-ficava-se massa dura palpável de limites mal definidos. Analiticamente, a referir anemia mi-crocítica hipocrómica. Realizou rectossigmoi-doscopia que mostrou volumosa invaginação do cólon, ocupando a quase totalidade do lúmen do recto, desde os 2 cm da margem anal até aos 12 cm. Na porção mais distal da invagina-ção observava-se volumosa neoformação vege-tante, irregular e friável, com cerca de 3,5 cm

de maior diâmetro, correspondendo ao lúmen da porção invaginada, infranqueável. Foram efectuadas biópsias e solicitada caracterização imagiológica adicional. A tomografia computo-rizada abdomino-pélvica confirmou invaginação rectossigmoideia associada a marcado espes-samento rectal e densificação da gordura pe-ri-rectal. Optou-se pela realização de laparos-copia com apoio endoscópico, com diagnóstico intra-operatório de neoplasia do cólon sigmóide invaginada. Foi realizada sigmoidectomia, tendo a peça cirúrgica confirmado adenocarcinoma colorrectal bem diferenciado, com invasão da camada muscular própria, sem permeação vas-cular e com margens de excisão livres. Teve alta assintomática, encontrando-se em programa de vigilância e sem evidência de recidiva tumoral.Os autores apresentam este caso clínico pela raridade da invaginação em idade adulta e da forma de apresentação como hemorragia diges-tiva baixa. Salienta-se a iconografia recolhida.

PO 59REMOÇÃO ENDOSCOPICA DE BEZOARES GÁSTRICOS MÚLTIPLOSFrederico Ferreira; José SoaresServiço de Gastroenterologia do Hospital Pedro Hispano, Unidade Local Saúde de Matosinhos

Introdução: O bezoar gástrico é uma acumula-ção hermética de material parcialmente ou não digerido que é impedido de sair do estômago devido as suas dimensões. São situações ra-ras e podem ocorrer em qualquer faixa etária. Ocorrem mais frequentemente em pessoas com esvaziamento gástrico anormal (diabetes, hipotiroidismo ou doenças do tecido conjuntivo), com história uma cirurgia gastroduodenal ou com alterações psiquiátricas. Muitos são assin-tomáticos, mas alguns causam sintomas.Caso clínico: Doente do sexo masculino, 64 anos, pescador, com antecedentes de doença ulcerosa péptica complicada com perfuração duodenal há 20 anos submetido a cirurgia (rafia duodenal). Por dor abdominal intensa associada

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a vómitos alimentares pós-prandiais frequentes é realizada uma endoscopia digestiva alta que identifica três volumosos bezoares gástricos, o maior com 100 x 80 x 60 mm e outros dois com 60 x 50 x 30 mm de maiores dimensões. Visualiza-se ainda ao nível da grande curvatura do antro algumas erosões e uma úlcera de 15 mm (benigna após confirmação com biopsias/histologia) e deformação do bolbo duodenal, com múltiplas áreas cicatriciais.Submetido a alteração da dieta e medicado com domperidona e com omeprazol durante cerca de um mês. Porém com agravamento da sintomatologia é internado e submetido a dieta liquida, medicado com metoclopramida e com pantoprazol endovenoso e efectuada tentativa de dissolução química dos bezoares gástricos com ingestão oral de 990 ml/dia de coca-cola® durante 10 dias sem melhorias clínicas signifi-cativas.Foi realizado tratamento endoscópico sob en-tubação oro-traqueal (prevenção de aspiração pulmonar), sendo os bezoares completamente fragmentados em pequenos fragmentos com utilização de pinças de corpos estranhos, litotri-tor, ansas de polipectomia de diferentes formas e dimensões e efectuada injecção e irrigação com soro fisiológico. Seguidamente procedeu--se á extracção completa de todos os fragmen-tos com rede Roth. Tratou-se de um procedi-mento moroso, com necessidade de múltiplas entubações (overtube) e com duração de cerca de 130 minutos. O doente teve alta após 48 ho-ras assintomático.Discussão: O tratamento do bezoar gástrico é empírico e não existem estudos científicos de qual o melhor método de remoção. Este caso é relevante devido à raridade da presença de três volumosos bezoares gástricos refractários à dissolução química, tendo sido possível a sua completa remoção endoscópica, evitando assim a realização de uma cirurgia gástrica.

PO 60O USO DE ANTIBIÓTICO NA CPT COM COLOCAÇÃO DE STENTS BILIARES METÁLICOS, NA OBSTRUÇÃO BILIAR MALIGNAGago, T.1; Gamelas V.2; Coelho M.3; Figueiredo L. M.4; Costa N. V.5; Luz J. H.5; Bilhim T.5; Veloso Gomes F.5; Coimbra E.5 1Serviço de Gastrentrologia do Centro Hospitalar Universitário do Algarve – Faro; 2Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central; 3Serviço de Gastrenterologia do Centro Hospitalar de Setúbal; 4Serviço de Gastrenterologia do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca; 5Serviço de Radiologia de Intervenção do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central

Introdução: A colocação de stents biliares metálicos por CPT (Colangiografia Percutânea Trans-hepática)é um tratamento efectivo na obstrução biliar maligna. A Society of Interven-tional Radiologyrecomenda o uso de antibiótico profilático (AB), dada a possibilidade de ocor-rência de bacteriemia transitória associada a este procedimento. Em alguns casos o uso dessa AB é prolongada por dias, no entanto, em muitos centros, não existe um protocolo stan-dart no manuseamento de AB.Objectivo: Avaliar se o uso de AB prolonga-do (ABp) na CPT com colocação de stent na obstrução biliar maligna reduz a ocorrência de complicações infeciosas.Material e métodos: Análise retrospectiva dos doentes submetidos a CPT para colocação de stent endobiliar entre 2014 e 2018 num centro de referência a sul do país. O endpoint primário analisado foi a ocorrência de complicações in-feciosas durante os 30 dias pós-procedimento e os endpoints secundários, as alterações do valor de bilirrubina sérica (BT), tempo até dis-função do stent e sobrevivência.Resultados: Incluídos 177 doentes, 54,8% ho-mens, mediana de idade 69 anos (35-97) e as causas mais comuns de obstrução, a neoplasia do pâncreas (36.2%) e o colangiocarcinoma

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(28,8%). 58 doentes fizeram ABp (grupo A) e 119 doentes não (grupo B). A única complica-ção infeciosa que ocorreu foi a colangite, em 18,6% dos doentes, e 36,4% dos que tiveram colangite morreram. Se compararmos os gru-pos quanto à ocorrência de colangite, conta-ta-se que não houve diferença significativa (p = 0,93), no entanto os doentes que fizeram ABp (grupo A) tiveram menos frequentemente disfunção do stent (p = 0,001). Não existiu di-ferença significativa (p > 0,05), entre o grupo A vs grupo B, na percentagem de redução dos valores séricos da BT logo após o procedimento: 26,6% vs 24,9%; aos 7 dias: 53,6% vs 53,6% e aos 30 dias: 80,4% vs 73,3%. A média de tempo até à disfunção do stent e a sobrevida foi de 111 e 171 dias para o grupo A e de 103 e 165 dias para o grupo B. Não houve diferença com significado estatístico entre os grupos, no que se refere ao tempo livre de disfunção do stent (p = 0,60) ou na sobrevida cumulativa (p = 0,86).Conclusão: Nesta amostra de doentes o uso de antibioticoterapia prolongada na CPT com colocação de stent na obstrução biliar maligna, não reduziu a incidência de colangite pós pro-cedimento, nem melhorou a sobrevida. No en-tanto, parece reduzir a frequência da disfunção do stent.

PO 61SÍNDROME DE BOUVERET – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICOFrancisco Pires; Ana Carvalho; Sofia Ventura; Diana Martins; Juliana Pinho; Paula Sousa; Ricardo Cardoso; Ricardo Araújo; Eugénia Cancela; António Castanheira; Paula Ministro; Américo SilvaCentro Hospitalar Tondela-Viseu

As fístulas bilioentéricas ocorrem em 0,15 a 8% dos doentes com litíase vesicular. A síndrome de Bouveret constitui uma forma rara de ileus biliar que se caracteriza pela obstrução ao es-vaziamento gástrico provocada pela impactação de um cálculo biliar a nível duodenal, estando

associada à formação de uma fístula colecisto-duodenal. Os autores reportam o caso clínico de um doente de 77 anos, com antecedente pes-soal de litíase vesicular assintomática, que foi admitido no serviço de urgência por quadro de náuseas e vómitos alimentares com 2 dias de evolução, sem alteração do trânsito intestinal. Exame objectivo com dor ligeira à palpação dos quadrantes superiores do abdómen e sonda na-sogástrica com drenagem de conteúdo de estase alimentar. Analiticamente com ligeira elevação da proteína C-reactiva e radiografia abdominal com marcada distensão gástrica, sem evidência de níveis hidroaéreos. Realizada endoscopia diges-tiva alta que evidenciou esofagite grau B (classi-ficação de Los Angeles) e dilatação gástrica com abundante conteúdo alimentar. Após a aspiração possível do conteúdo gástrico, foi visualizado vo-lumoso cálculo no bulbo duodenal imediatamente após o piloro, com cerca de 4 cm, a condicionar obstrução luminal e com orifício fistuloso adja-cente, compatível com o diagnóstico de síndrome de Bouveret. Tentativa de remoção endoscópica do cálculo sem sucesso dadas as dimensões do mesmo. O doente foi submetido a gastrolitotomia com extração manual do cálculo sem intercor-rências, evidenciando-se no momento operatório fístula colecistoduodenal. Pós-operatório com-plicado por infecção da ferida operatória que resolveu com antibioterapia de largo espectro. O doente teve alta assintomático 6 semanas após a admissão. Os autores reportam este caso pela sua raridade e iconografia recolhida.

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PO 62LOCALIZAÇÃO E METASTIZAÇÃO ATÍPICAS DE NEOPLASIA MALIGNA GASTROINTESTINALNélia Abreu; Vítor Pereira; António Oliveira; Joana Carvão; Isabel Jardim; José Camacho; Goreti Faria; Luís jasminsServiço de Gastrenterologia, Hospital Central do Funchal Serviço de Anatomia Patológica, Hospital Central do Funchal

As neoplasias malignas do intestino delgado são raras, responsáveis por 2-3% de todas as neoplasias do tubo gastrointestinal, cuja in-cidência tem aumentado nos últimos anos. O adenocarcinoma representa o subtipo histológi-co mais comum diagnosticado tipicamente em estádios avançados.Apresentamos o caso de um homem, de 76 anos, fumador, sem antecedentes pessoais patológicos relevantes, referenciado ao serviço de Gastren-terologia, por anemia ferropénica grave (hemo-globina 5.5 g/dl), associada a um espessamento gastrojejunal pouco definido documentado em tomografia computorizada. Clinicamente referia queixas inespecíficas de cansaço fácil, anorexia e perda ponderal de 10 quilos nos últimos 3 meses. Negou dor abdominal, náuseas e vómitos, altera-ções do trânsito intestinal e/ou evidência de per-das hemáticas, bem como, outra sintomatologia de relevo. À observação apresentava caquexia, pele e mucosas descoradas e palpação abdomi-nal indolor, sem massas ou organomegálias.Face à suspeita de lesão orgânica gastroin-testinal, realizou endoscopia digestiva alta que revelou lesão com ulceração central, na inci-sura gástrica, com aproximadamente 2 cm de diâmetro, sem sinais de hemorragia ativa. Rea-lizadas biópsias, com resultado anatomopato-lógico compatível com adenocarcinoma pouco diferenciado, sugestiva de metástase gástrica.Tendo em conta os achados imagiológicos rea-lizou enteroscopia de duplo balão que demons-trou uma lesão ulcero-vegetante extensa (15-20 cm), disposta circunferencialmente, no jejuno,

com áreas de necrose dispersas, muito friável à passagem do aparelho. Observadas outras duas lesões planas, pequenas, junto ao limite proxi-mal e distal da lesão principal. Os resultados anatomopatológicos das biópsias de todas as lesões acima descritas foram à semelhança da lesão gástrica compatíveis com adenocarcinoma pouco diferenciado. Após o diagnóstico definitivo de adenocarcinoma jejunal primário, localmente avançado e com metastização gástrica, o doente foi referenciado ao serviço de Oncologia Médica para início de quimioterapia.Este caso clínico reforça a importância do es-tudo do intestino delgado nos casos de anemia ferropénica que pode ser realizado através de videocápsula ou diretamente por enteroscopia quando a suspeita de lesão orgânica é equacio-nada por outros métodos de diagnóstico. Sen-do clinicamente silenciosa em fases iniciais, o diagnóstico de neoplasia do delgado é muitas vezes tardio possuindo prognóstico reservado.

PO 63PAPILA MAJOR ÚNICA COM DOIS OSTIA INDEPENDENTES – O QUE NOS ENSINA ESTA ANOMALIA CONGÉNITA RARA?Marta Moreira1; Dalila Costa1,2; Telma Brito3; João Fernandes1; Tarcísio Araújo1; Helena Ribeiro1; Sílvia Giestas1; José Ramada1; Jorge Canena4; Luís Lopes1,5,6

1Department of Gastroenterology, Santa Luzia Hospital - Unidade Local de Saúde Alto Minho, Viana do Castelo, Portugal; 2Department of Gastroenterology, Braga Hospital, Braga, Portugal; 3Department of Surgery, Santa Luzia Hospital - Unidade Local de Saúde Alto Minho, Viana do Castelo, Portugal; 4Department of Gastroenterology – Nova Medical School/Faculty of Medical Sciences, Lisbon, Portugal; 5Life and Health Sciences Research Institute (ICVS), School of Medicine, University of Minho, Braga, Portugal; 6ICVS/3B’s - PT Government Associate Laboratory, Braga/Guimarães, Portugal

Descrição : Nesta imagem em Gastrenterologia apresentamos uma doente com 78 anos refe-renciada para colangiopancreatografia retrógra-

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da endoscópica (CPRE) por suspeita de coledo-colitíase. Na CPRE, a papila major apresentava morfologia proeminente, um comprimento de +/- 20 mm, estando o ostium papilar (com re-bordo circular evidente) localizado na porção caudal. Após várias tentativas de canulação biliar standard não conseguidas, com múltiplas passagens do fio guia para o ducto pancreático principal, decidiu-se colocar prótese no pân-creas (5Fr) e realizar precut de acesso. Antes de iniciar a fistulotomia, ao inspecionar o limite proximal da papila major observou-se surpreen-dentemente, ao levantar a prega transversal que recobria esta área, um segundo ostium semelhante ao anterior, com rebordo circular evidente. A canulação deste ostium permitiu o acesso à via biliar, a realização da colangiogra-fia e a remoção de pequenos cálculos milimé-tricos. Constatou-se então que o ostium caudal comunicava exclusivamente com o Wirsung, e o ostium cranial apenas com a árvore biliar. A doente apresentou uma pancreatite pós-CPRE leve, estando assintomática até à data.Motivação/justificação (Raridade/inovação/tru-que, etc)O sistema de Vater é constituído pela via biliar principal e o ducto de Wirsung que se fundem na parede duodenal formando a papila major. Neste vídeo apresentamos uma doente com uma papila major com 2 ostia independentes com rebordos circulares, em que o ostium caudal comunica exclusivamente com o ducto pancreático princi-pal e o ostium craneal exclusivamente com a via biliar principal. Estamos perante uma anomalia rara, distinta, e ainda mais infrequente do que, a anomalia da dupla papila major, havendo muitos poucos casos descritos em CPRE. Este caso re-lembra a necessidade de nunca esquecer de fa-zer uma observação meticulosa da papila major, desde da sua porção caudal até ao limite craneal, durante a canulação biliar profunda, e antes so-bretudo de iniciar um acesso por pre-cut.

PO 64DUPLO STENTING ENDOSCÓPICO EM DOENTE COM COLANGIOCARCINOMA AVANÇADO COM OBSTRUÇÃO DUODENAL E BILIAR SIMULTÂNEAMarta Moreira1; Dalila Costa1,2; Telma Brito3; João Fernandes1; Tarcísio Araújo1; Helena Ribeiro1; Sílvia Giestas1; José Ramada1; Luís Lopes1,4,5; Jorge Canena6

1Department of Gastroenterology, Santa Luzia Hospital - Unidade Local de Saúde Alto Minho, Viana do Castelo, Portugal; 2Department of Gastroenterology, Braga Hospital, Braga, Portugal; 3Department of Surgery, Santa Luzia Hospital - Unidade Local de Saúde Alto Minho, Viana do Castelo, Portugal; 4Life and Health Sciences Research Institute (ICVS), School of Medicine, University of Minho, Braga, Portugal; 5ICVS/3B’s - PT Government Associate Laboratory, Braga/Guimarães, Portugal; 6Department of Gastroenterology – Nova Medical School/Faculty of Medical Sciences, Lisbon, Portugal;

Nesta imagem em Gastrenterologia apresenta-mos uma doente com obstrução biliar e duo-denal por colangiocarcinoma, tratado de forma paliativa através da colocação de 2 próteses metálicas auto-expansíveis (PMAE), uma duo-denal e outra biliar.Tratava-se de uma mulher de 85 anos com dia-gnóstico de colangiocarcinoma, que apresenta-va uma estenose duodenal tipo I (isto é, obstru-ção duodenal proximal à papila), com obstrução duodenal e biliar simultânea (sequência pouco frequente). Dada a obstrução duodenal não ser franqueável pelo endoscópio, colocou-se em primeiro lugar uma PMAE duodenal, de forma a esta não cobrir a papila. 4 dias depois foi possível atravessar a próte-se com o duodenoscópio e atingir a 2ª porção duodenal. A papila localizava-se imediatamente abaixo da porção distal da prótese duodenal. A canulação biliar apenas foi possível através da realização de uma fistulototomia, tendo-se co-locado uma PMAE biliar (estenose com 12 mm no terço médio/proximal da via biliar principal).Os procedimentos endoscópicos decorreram

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sem complicações e a doente teve resolução da icterícia e do quadro sub-oclusivo alto. Neste momento a doente encontra-se em seguimento na consulta de Oncologia.O duplo stenting endoscópico é uma opção de primeira linha para os doentes com obstrução duodenal e biliar por neoplasias avançadas. Es-tes doentes beneficiam em serem tratados em centros com experiência em endoscopia bilio--pancreática complexa. O duplo stenting é uma técnica de grau de dificuldade elevada, espe-cialmente nas obstruções tipo I em que a obs-trução duodenal surge antes da obstrução biliar.

PO 65UTILIDADE DE UM NOVO STENT DE APOSIÇÃO LUMINAL EM PATOLOGIA BILIO-PANCREÁTICA Marta Moreira1; Dalila Costa1,2; Telma Brito3; João Fernandes1; Tarcísio Araújo1; Helena Ribeiro1; Sílvia Giestas1; José Ramada1; Jorge Canena4; Luís Lopes1,5,6

1Department of Gastroenterology, Santa Luzia Hospital - Unidade Local de Saúde Alto Minho, Viana do Castelo, Portugal; 2Department of Gastroenterology, Braga Hospital, Braga, Portugal; 3Department of Surgery, Santa Luzia Hospital - Unidade Local de Saúde Alto Minho, Viana do Castelo, Portugal; 4Department of Gastroenterology – Nova Medical School/Faculty of Medical Sciences, Lisbon, Portugal; 5Life and Health Sciences Research Institute (ICVS), School of Medicine, University of Minho, Braga, Portugal; 6ICVS/3B’s - PT Government Associate Laboratory, Braga/Guimarães, Portugal;

Descrição: Apresentamos um vídeo acerca da utilização de uma nova prótese (específica para ecoendoscopia de intervenção) em 2 doentes: (1) na drenagem de um pseudoquisto por via transduodenal e (2) numa drenagem biliar atra-vés de uma coledocoduodenostomia.Doente 1: homem de 66 anos de idade ad-mitido por icterícia obstrutiva e astenia. TC- suspeita de neoplasia cefalopancreatica, com metastização hepática. CPRE: estenose na tran-sição bolbo duodenal/DII, não transponível com

o duodenoscópio. Foram efectuadas biópsias que foram compatíveis com adenocarcinoma infiltrante. Realizada coledocoduodenostomia assistida por ecoendoscopia, com colocação de prótese Hot Axios com 6 mm x 8 mm. Resolução completa da icterícia.Doente 2: homem de 62 anos, com pseudo-quisto sintomático na cabeça do pâncreas (35 mm X 35 mm). Realizada drenagem de pseudo-quisto por ecoendoscopia usando uma prótese Hot Axios com 15 mm X 10 mm. Remoção da prótese 4 semanas após a drenagem, com re-solução do pseudoquisto.Motivação: A ecoendoscopia de intervenção tem apresentado vários desenvolvimentos recentes. A introdução da próteses Hot Axios constitui um avanço na endoscopia terapêutica avançada, permitindo soluções terapêuticas potencial-mente mais eficientes e seguras, bem como expandir as áreas de aplicação da endoscopia de intervenção.

PO 66DOENÇA LINFOPROLIFERATIVA: UM DESAFIO DIAGNÓSTICOCarina Leal; Pedro Marcos; Maria Silva; Catarina Atalaia-Martins; Sandra Barbeiro; Antonieta Santos; Helena VasconcelosCentro Hospitalar de Leiria

O trato gastrintestinal é a localização extra-no-dal mais comum do linfoma B difuso de grandes células (LBDGC), sendo o cólon uma localização infrequente. O linfoma B histiocitário ou rico em células T representa apenas 1 a 3% dos casos de LBDGC e caracteriza-se pela presença de <10% de células B malignas e de uma popu-lação celular maioritariamente composta por linfócitos T reactivos e histiócitos, o que dificulta o diagnóstico anatomo-patológico. Tipicamente apresenta-se em doentes jovens do sexo mas-culino e em estádios avançados.Reporta-se o caso de um doente do sexo mas-culino de 48 anos sem antecedentes pessoais ou familiares relevantes que recorreu ao serviço

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de urgência (SU) por quadro de astenia e perda ponderal >5% com 2 meses de evolução, ini-cialmente acompanhado de sensação de febre não quantificada e agravado com exantema nos 2 dias prévios à apresentação. Negava outra sintomatologia, nomeadamente gastrintestinal. Ao exame objectivo destacavam-se exantema maculopapular no tronco e membros superio-res, lesões petequiais nos membros inferiores e dor à palpação profunda do quadrante su-perior esquerdo do abdómen. Analiticamen-te, apresentava pancitopenia e elevação dos marcadores inflamatórios. A imunofenotipagem do sangue periférico foi inconclusiva. Realizou ecografia abdominal que evidenciou esple-nomegália homogénea, lesão hepática focal, adenopatias retroperitoneais e, na dependência do cólon, volumosa massa latero-mediana di-reita com extensão à região pélvica. Para es-clarecimento etiológico realizou colonoscopia que mostrou mucosa do cólon ascendente de aspecto circunferencialmente infiltrativo, com zonas micronodulares e áreas de ulceração. Procedeu-se à colheita de material histológico e tatuagem da lesão, tendo as biópsias revelado linfoma B histiocitário ou rico em células T, pelo que iniciou tratamento com quimioterapia sisté-mica e metotrexato.Os autores destacam este caso pela raridade e importância de considerar as doenças linfopro-liferativas no diagnóstico diferencial de proces-sos infiltrativos do cólon. Salientam-se a rele-vância da impressão diagnóstica endoscópica e a iconografia recolhida.

PO 67ABORDAGEM TERAPÊUTICA DE COLECÇÃO PERIPANCREÁTICA COM FÍSTULIZAÇÃO GÁSTRICA E PSEUDOANEURISMAMaria Azevedo Silva; Carina Leal; Pedro Marcos; Alexandra Fernandes; Liliana Eliseu; Nuno Almeida; Paulo Donato; Helena VasconcelosCentro Hospitalar de Leiria, Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra

Caso clínico: Doente de 48 anos, sexo mas-culino, com antecedentes de cirrose hepática e pancreatite crónica de etiologia etílica, com múltiplas agudizações e consumo mantido de álcool. Episódio recente de hepatite alcoólica aguda, sob corticoterapia em desmame. Inter-nado a 30/05/2019 por agudização grave da sua pancreatite crónica, caracterizada por insu-ficiência respiratória persistente e complicada pela presença de coleções necróticas agudas peripancreáticas, a maior com dimensões de 20 x 14 cm. Iniciada antibioterapia empírica com Piperacilina/Tazobactam. Ao 4º dia de interna-mento, iniciou quadro de hematemeses com repercussão hemodinâmica. Na endoscopia digestiva alta verificou-se fistulização da cole-ção para a cavidade gástrica, com drenagem espontânea de conteúdo hemato-purulento. A reavaliação imagiológica evidenciou aumento das dimensões da coleção (21 x 16 cm), com conteúdo gasoso e zonas de maior densidade em relação com hemorragia. Foi realizada di-latação do trajeto fistuloso e colocadas duas próteses plásticas duplo pig-tail para manter a drenagem transgástrica da coleção. Verifi-cou-se evolução favorável, contudo, ao 8º dia de internamento, o doente apresentou recidiva hemorrágica com instabilidade hemodinâmica. Realizou angio-TC que relevou abundante con-teúdo hemático no interior da coleção, com área de extravasamento de contraste em provável relação com pseudoaneurisma na proximidade da artéria esplénica. Foi submetido a angiogra-fia com embolização do pseudoaneurisma. O

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doente apresentou evolução clínica e imagioló-gica favorável. As próteses foram removidas às 6 semanas, sem intercorrências.Justificação/Motivação: A formação de cole-ções peripancreáticas é uma das complicações locais mais frequentes da pancreatite aguda/crónica agudizada. O desenvolvimento de fistu-lização gastrointestinal, nomeadamente gástri-ca, é relativamente raro. A formação de pseu-doaneurismas no seio destas coleções pode complicar-se de rotura e hemorragia potencial-mente fatal. Descreve-se este caso pela com-plexidade e raridade da apresentação e pelo desafio no manejo terapêutico, nomeadamente nas abordagens endoscópica e angiográfica, que se encontram documentadas pela respetiva iconografia.

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XXXIVReunião AnualNÚCLEO DE GASTRENTEROLOGIA DOS HOSPITAIS DISTRITAIS

NGHD

JÚRIS COMUNICAÇÕES ORAISPresidente: Isabel MedeirosJorge FonsecaPaulo Jorge RibeiroLuísa BarrosTeresa Belo CASOS CLÍNICOSPresidente: Casteleiro AlvesHenrique MornaPinto MatosRui SilvaRita Carvalho INSTANTÂNEOS ENDOSCÓPICOSPresidente: Rui SousaRenato PereiraJoana MagalhãesEugénia CancelaArtur Antunes REVISORESCOMUNICAÇÕES ORAISHelena Tavares SousaAna VieiraPatrícia Queirós CASOS CLÍNICOSFrancisco VelascoRita OrnelasMarta Eusébio INSTANTÂNEOS ENDOSCÓPICOSDiamantino SousaAndré RamosAna Margarida Vaz

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