xxvi congresso nacional do conpedi sÃo luÍs – ma · preventiva, concreta, abstrata, e por...

20
XXVI CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI SÃO LUÍS – MA TEORIA CONSTITUCIONAL VLADIA MARIA DE MOURA SOARES DIOGO GUAGLIARDO NEVES JOSÉ LUIZ QUADROS DE MAGALHÃES

Upload: hoangdan

Post on 07-Dec-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

XXVI CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI SÃO LUÍS – MA

TEORIA CONSTITUCIONAL

VLADIA MARIA DE MOURA SOARES

DIOGO GUAGLIARDO NEVES

JOSÉ LUIZ QUADROS DE MAGALHÃES

Copyright © 2017 Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito

Todos os direitos reservados e protegidos. Nenhuma parte deste anal poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem osmeios empregados sem prévia autorização dos editores.

Diretoria – CONPEDI Presidente - Prof. Dr. Raymundo Juliano Feitosa – UNICAP Vice-presidente Sul - Prof. Dr. Ingo Wolfgang Sarlet – PUC - RS Vice-presidente Sudeste - Prof. Dr. João Marcelo de Lima Assafim – UCAM Vice-presidente Nordeste - Profa. Dra. Maria dos Remédios Fontes Silva – UFRN Vice-presidente Norte/Centro - Profa. Dra. Julia Maurmann Ximenes – IDP Secretário Executivo - Prof. Dr. Orides Mezzaroba – UFSC Secretário Adjunto - Prof. Dr. Felipe Chiarello de Souza Pinto – Mackenzie

Representante Discente – Doutoranda Vivian de Almeida Gregori Torres – USP

Conselho Fiscal:

Prof. Msc. Caio Augusto Souza Lara – ESDH Prof. Dr. José Querino Tavares Neto – UFG/PUC PR Profa. Dra. Samyra Haydêe Dal Farra Naspolini Sanches – UNINOVE

Prof. Dr. Lucas Gonçalves da Silva – UFS (suplente) Prof. Dr. Fernando Antonio de Carvalho Dantas – UFG (suplente)

Secretarias: Relações Institucionais – Ministro José Barroso Filho – IDP

Prof. Dr. Liton Lanes Pilau Sobrinho – UPF

Educação Jurídica – Prof. Dr. Horácio Wanderlei Rodrigues – IMED/ABEDi Eventos – Prof. Dr. Antônio Carlos Diniz Murta – FUMEC

Prof. Dr. Jose Luiz Quadros de Magalhaes – UFMGProfa. Dra. Monica Herman Salem Caggiano – USP

Prof. Dr. Valter Moura do Carmo – UNIMAR

Profa. Dra. Viviane Coêlho de Séllos Knoerr – UNICURITIBA

T314

Teoria Constitucional [Recurso eletrônico on-line] organização CONPEDI

Coordenadores: Vladia Maria de Moura Soares, Diogo Guagliardo Neves, José Luiz Quadros de Magalhães – Florianópolis: CONPEDI, 2017.

Inclui bibliografia

ISBN: 978-85-5505-576-8Modo de acesso: www.conpedi.org.br em publicações

Tema: Direito, Democracia e Instituições do Sistema de Justiça

CDU: 34

________________________________________________________________________________________________

Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito

Florianópolis – Santa Catarina – Brasilwww.conpedi.org.br

Comunicação – Prof. Dr. Matheus Felipe de Castro – UNOESC

1.Direito – Estudo e ensino (Pós-graduação) – Encontros Nacionais. 2. Constituição Federal. 3. Direitos Humanos. XXVI Congresso Nacional do CONPEDI (27. : 2017 : Maranhão, Brasil).

Universidade Federal do Maranhão - UFMA

São Luís – Maranhão - Brasilwww.portais.ufma.br/PortalUfma/

index.jsf

XXVI CONGRESSO NACIONAL DO CONPEDI SÃO LUÍS – MA

TEORIA CONSTITUCIONAL

Apresentação

Em novembro de 2017 abrem-se os trabalhos do XXVI Congresso Nacional do CONPEDI

Em São Luis do Maranhão com o tema Direito, Democracia e Instituições do Sistema de

Justiça.

Refletindo sobre o eixo dos trabalhos que compõem o grupo de Teoria Constitucional é

possível apontar os questionamentos sobre o sistema de governo presidencialista e a

realidade brasileira conformações e dissenções, a atuação do judiciário e a hermenêutica

constitucional, dentre os problemas suscitados a atribuição do efeito erga omnes em controle

difuso de constitucionalidade nas decisões emanadas pelo Supremo Tribunal Federal.

Como diagnóstico, todavia, os trabalhos procuraram mostrar uma série de deficiências

existentes na participação democrática brasileira e na atuação legítima do Judiciário. Há

problemas dos mais diversos. Viu-se o problema de inserção política das minorias, para não

dizer, a incapacidade de uma efetiva democracia deliberativa em que todos tenham voz. Por

outro lado, notou-se o ativismo judicial como um problema de interferência indevida do

Judiciário nos assuntos dos outros Poderes.

Em vista de todo o exposto, convida-se a comunidade científica para que aprecie esta

publicação, não sendo exagero dizer que os trabalhos do grupo de Teoria Constitucional têm

o mérito de contribuir para a superação dos problemas apontados, procurando caminhos para

a consolidação de teorias, de modo a que estas sirvam para iluminar outras possibilidades

jurídicas na realidade brasileira dos nossos dias.

Dessa forma, a publicação apresenta algumas reflexões acerca de alternativas e proposições

teóricas que visam ao debate e o aperfeiçoamento das constituições. Assim, os trabalhos aqui

publicados, contribuíram de forma relevante para que o GT Teoria Constitucional permaneça

na incessante busca dos seus objetivos, qual seja, levar à comunidade acadêmica e à

sociedade uma contribuição acerca da sua temática.

Que todos possam ter uma excelente leitura.

Prof. Dr. Diogo Guagliardo Neves - UNICEUMA

Prof. Dr. José Luiz Quadros de Magalhães - PUC/MG

Profa. Dra. Vladia Maria de Moura Soares - UFMT

Nota Técnica: Os artigos que não constam nestes Anais foram selecionados para publicação

na Plataforma Index Law Journals, conforme previsto no artigo 7.3 do edital do evento.

Equipe Editorial Index Law Journal - [email protected].

O RECURSO DE AMPARO E A PROTEÇÃO DE DIREITOS

THE AMPARO APPEAL AND THE PROTECTION OF RIGHTS

Leonardo Vasconcelos Guaurino De Oliveira

Resumo

O presente trabalho abordará de maneira clara e concisa o sistema de fiscalização de

constitucionalidade português, e a possibilidade de sua alteração, por meio da introdução de

instituto que funcione como um processo autónomo de defesa de direitos fundamentais.

Palavras-chave: Recurso de amparo, Controle de constitucionalidade, Portugal, Direitos fundamentais

Abstract/Resumen/Résumé

This report will treat clearly and concisely the portuguese constitutional review system, and

the possibility of its amendment, through the introduction of an institute that functions as an

autonomous process for the defense of fundamental rights.

Keywords/Palabras-claves/Mots-clés: Appeal of amparo, Control of constitutionality, Portugal, Fundamental rights

38

1. INTRODUÇÃO

Ao adentrarmos no tema fiscalização, ou controle, de constitucionalidade o que

estaremos buscando será a análise da compatibilidade existente entre as normas de

determinado ordenamento jurídico e a norma suprema deste, a sua Constituição, aferindo

assim a sua compatibilidade vertical tanto acerca de aspectos formais, quanto aspectos

materiais.

Sobre o tema, o professor Raul Machado Horta1 ressalta a importância da análise e

estudo do tema:

"O controle de constitucionalidade das leis é o corolário lógico da supremacia constitucional, seu instrumento necessário, o requisito para que a superioridade constitucional não se transforme em preceito moralmente platônico e a Constituição em simples programa político, moralmente obrigatório, um repositório de bons conselhos, para uso esporádico ou intermitente do legislador, que lhe pode vibrar, impunemente, golpes que a retalham e desfiguram"

Especificamente acerca do tema do presente trabalho, temos o Recurso de Amparo

como um instrumento de acesso direto ao Tribunal Constitucional, algo ainda não previsto

para a população em geral, apenas a legitimados específicos.

2. A SUPREMACIA DA CONSTITUICAO, A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DOS

DIREITOS FUNDAMENTAIS E A SUA PROTECÇÃO JUDICIAL

Especialmente na Europa, os direitos consagrados nas constituições foram

originalmente meras proclamações de natureza política, tal que a sua própria localização

nestes textos foram de aplicação e interpretação reduzida por membros do Poder Judiciário,

não havendo inicialmente o reconhecimento do seu valor legal.

Entretanto, no Direito contemporâneo, são visíveis dois fenômenos de extraordinária

importância para o desenvolvimento de uma sociedade democrática: a consagração expressa

dos direitos fundamentais nas cartas constituições e a consagração do texto constitucional

como norma jurídica fundamental. Destaque-se que tais documentos são as leis fundamentais

de um Estado, o que acarreta uma ampla e eficaz proteção judicial de facto.

O artigo 16 da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, aprovada pela

1 HORTA, Raul Machado. Direito Constitucional, 4. ed. rev. e atual., Belo Horizonte, Del Rey, 2003, p. 132

39

Assembléia Nacional francesa, em 1789, proclamou: "A sociedade em que não esteja

assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem

Constituição."

Resta claro que o reconhecimento dos direitos fundamentais e direitos humanos está

diretamente relacionado ao estabelecimento e criação, a nível constitucional e legal, de

mecanismos regulares ou especiais de protecção desses direitos.

A protecção pelos juízes acerca dos direitos previstos nas constituições

contemporâneas é uma conquista relativamente recente das nossas sociedades. De uma forma

geral, este desenvolvimento do Estado de Direito poder ser considerado como ocorrido a

partir da segunda metade do século XX.

Na segunda metade do século XX, a Constituição dos países passou a ocupar o lugar

central nos ordenamentos jurídicos, assumindo os juízes um papel incomum na vida pública

das sociedades contemporâneas. Neste sentido, tem-se argumentado que, se o século XIX é o

século dos parlamentos, a primeira metade do século XX, este lugar passou a ser ocupado

pelos executivos e, na segunda metade do século XX, são os juízes os protagonistas2.

Esta evolução tem sido um paradigma conceitual de extraordinários efeitos em certos

países: havendo uma transição do juiz legal ao juiz constitucional.

Com efeito, se em alguns países, como nos Estados Unidos da América, há uma

história e uma tradição especial para assumir essa revolução, em todo o século XIX, em

outros países, principalmente os europeus, as mudanças ocorreram em um curto período de

tempo, como demonstra a experiência italiana e alemã após a segunda guerra mundial, ou os

casos de dois países do sul da Europa, como Portugal e Espanha, onde em 1976 e em 1978

adotaram constituições democráticas.

A judicialização dos direitos fundamentais exige, em qualquer caso, a consagração de

instrumentos de protecção jurídica, e as convenções internacionais sobre direitos humanos

têm sido especialmente atentas a este aspecto. Nesse sentido, a Convenção Europeia dos

Direitos Humanos consagra o direito a um recurso efectivo3.

Um exame superficial da história europeia do século XX, demonstra que as sociedades

que, após uma trágica experiência com regimes totalitários como o nazismo, o fascismo ou o

comunismo, se preocupam com a montagem de uma protecção efectiva dos direitos

2 ORDÓÑEZ SOLÍS, David, Jueces, Derecho y Política. los poderes del Juez en una sociedad democrática, thomson-aranzadi, Navarra, 2004, pp. 31-75. 3 “Artigo 13 - Qualquer pessoa cujos direitos e liberdades reconhecidos na presente Convenção tiverem sido violados tem direito a recurso perante uma instância nacional, mesmo quando a violação tiver sido cometida por pessoas que actuem no exercício das suas funções oficiais.”

40

fundamentais e, para isso, criaram tribunais constitucionais que, em alguns casos, até mesmo

lhes foram confiados maior poder para a protecção de certos direitos básicos da Constituição,

e estabelecer um sistema judicial de proteção e garantia dos direitos fundamentais.

Diante do exposto, temos que a consagração dos direitos fundamentais por parte das

constituições e convenções internacionais acompanha inevitavelmente o reconhecimento de

um direito a uma protecção jurisdicional efectiva, de modo que "qualquer sistema

constitucional, escrito ou não, deve confiar a seus juízes a protecção dos direitos

fundamentais "4.

3. A PROTECÇÃO DE DIREITOS NO DIREITO PORTUGUÊS E A

FISCALIZAÇÃO DE CONSTITUCIONALIDADE

No Direito português, a protecção de direitos e a supremacia da Constituição são

tuteladas pela fiscalização de constitucionalidade, sendo esta basicamente subdividida em:

preventiva, concreta, abstrata, e por omissão. O artigo central sobre a matéria é o artigo 277,

da Constituição da República portuguesa5, que trata da inconstitucionalidade por ação.

A modalidade preventiva, prevista no artigo 278 da Constituição da República

portuguesa6, retrata a atuação antecipada, prévia, na qual o ato normativo é direcionado, antes

4 SINGH JUSS, Satvinder. “Constitutionalising rights without a Constitution: the british Experience under article 6 of the Human rights act 1998”. Statute law review, vol. 27, n. 1, 2006, p. 29-60. 5 “Artigo_277.º (Inconstitucionalidade por acção) 1. São inconstitucionais as normas que infrinjam o disposto na Constituição ou os princípios nela consignados. 2. A inconstitucionalidade orgânica ou formal de tratados internacionais regularmente ratificados não impede a aplicação das suas normas na ordem jurídica portuguesa, desde que tais normas sejam aplicadas na ordem jurídica da outra parte, salvo se tal inconstitucionalidade resultar de violação de uma disposição fundamental.” 6 “Artigo 278.º (Fiscalização preventiva da constitucionalidade) 1. O Presidente da República pode requerer ao Tribunal Constitucional a apreciação preventiva da constitucionalidade de qualquer norma constante de tratado internacional que lhe tenha sido submetido para ratificação, de decreto que lhe tenha sido enviado para promulgação como lei ou como decreto-lei ou de acordo internacional cujo decreto de aprovação lhe tenha sido remetido para assinatura. 2. Os Representantes da República podem igualmente requerer ao Tribunal Constitucional a apreciação preventiva da constitucionalidade de qualquer norma constante de decreto legislativo regional que lhes tenha sido enviado para assinatura. 3. A apreciação preventiva da constitucionalidade deve ser requerida no prazo de oito dias a contar da data da recepção do diploma. 4. Podem requerer ao Tribunal Constitucional a apreciação preventiva da constitucionalidade de qualquer norma constante de decreto que tenha sido enviado ao Presidente da República para promulgação como lei orgânica, além deste, o Primeiro-Ministro ou um quinto dos Deputados à Assembleia da República em efectividade de funções. 5. O Presidente da Assembleia da República, na data em que enviar ao Presidente da República decreto que deva ser promulgado como lei orgânica, dará disso conhecimento ao Primeiro-Ministro e aos grupos parlamentares da Assembleia da República. 6. A apreciação preventiva da constitucionalidade prevista no n.º 4 deve ser requerida no prazo de oito dias a contar da data prevista no número anterior.

41

de sua promulgação, ao Tribunal Constitucional para julgar a sua adequação deste à

Constituição. Conforme a previsão do seu item 4, são legitimados à propositura desta

demanda: O Presidente da República, o Primeiro-Ministro, um quinto dos Deputados da

Assembléia da República, bem como os Ministros da República.

Ressalte-se que pode o Tribunal Constitucional, em controle sucessivo, analisar

novamente a constitucionalidade das normas já objecto de idêntica decisão em sede de

controle prévio7 8.

Na hipótese de fiscalização abstrata da constitucionalidade e legalidade, prevista no

artigo 281 da Constituição da República portuguesa9, quem realizará o julgamento do feito

7. Sem prejuízo do disposto no n.º 1, o Presidente da República não pode promulgar os decretos a que se refere o n.º 4 sem que decorram oito dias após a respectiva recepção ou antes de o Tribunal Constitucional sobre eles se ter pronunciado, quando a intervenção deste tiver sido requerida. 8. O Tribunal Constitucional deve pronunciar-se no prazo de vinte e cinco dias, o qual, no caso do n.º 1, pode ser encurtado pelo Presidente da República, por motivo de urgência.” 7 “Artigo 279.º (Efeitos da decisão) 1. Se o Tribunal Constitucional se pronunciar pela inconstitucionalidade de norma constante de qualquer decreto ou acordo internacional, deverá o diploma ser vetado pelo Presidente da República ou pelo Representante da República, conforme os casos, e devolvido ao órgão que o tiver aprovado. 2. No caso previsto no n.º 1, o decreto não poderá ser promulgado ou assinado sem que o órgão que o tiver aprovado expurgue a norma julgada inconstitucional ou, quando for caso disso, o confirme por maioria de dois terços dos Deputados presentes, desde que superior à maioria absoluta dos Deputados em efectividade de funções. 3. Se o diploma vier a ser reformulado, poderá o Presidente da República ou o Representante da República, conforme os casos, requerer a apreciação preventiva da constitucionalidade de qualquer das suas normas. 4. Se o Tribunal Constitucional se pronunciar pela inconstitucionalidade de norma constante de tratado, este só poderá ser ratificado se a Assembleia da República o vier a aprovar por maioria de dois terços dos Deputados presentes, desde que superior à maioria absoluta dos Deputados em efectividade de funções.” 8 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito constitucional e teoria da constituição. 6ª ed. Coimbra : Almedina, 2002. 9 “Artigo 281.º (Fiscalização abstracta da constitucionalidade e da legalidade) 1. O Tribunal Constitucional aprecia e declara, com força obrigatória geral: a) A inconstitucionalidade de quaisquer normas; b) A ilegalidade de quaisquer normas constantes de acto legislativo com fundamento em violação de lei com valor reforçado; c) A ilegalidade de quaisquer normas constantes de diploma regional, com fundamento em violação do estatuto da região autónoma; d) A ilegalidade de quaisquer normas constantes de diploma emanado dos órgãos de soberania com fundamento em violação dos direitos de uma região consagrados no seu estatuto. 2. Podem requerer ao Tribunal Constitucional a declaração de inconstitucionalidade ou de ilegalidade, com força obrigatória geral: a) O Presidente da República; b) O Presidente da Assembleia da República; c) O Primeiro-Ministro; d) O Provedor de Justiça; e) O Procurador-Geral da República; f) Um décimo dos Deputados à Assembleia da República; g) Os Representantes da República, as Assembleias Legislativas das regiões autónomas, os presidentes das Assembleias Legislativas das regiões autónomas, os presidentes dos Governos Regionais ou um décimo dos deputados à respectiva Assembleia Legislativa, quando o pedido de declaração de inconstitucionalidade se fundar em violação dos direitos das regiões autónomas ou o pedido de declaração de ilegalidade se fundar em violação do respectivo estatuto.

42

será o próprio Tribunal Constitucional, seguindo o modelo clássico austríaco de controle de

constitucionalidade.

Cabe aqui definir e traçar a estrutura desta Corte que protege e tutela a matéria

constitucional.

O Tribunal constitucional é um órgão com competência específica de administrar a

justiça em matérias jurídicas, relacionadas a questões constitucionais. Portanto, ele aprecia a

inconstitucionalidade e a ilegalidade das normas, ou da interpretação que se faça delas, sob o

prisma da Constituição da República Portuguesa.

O Poder Judiciário possui poderes para atuação no sistema de fiscalização de

constitucionalidade, apreciando questões constitucionais, mas caberá a decisão final, e

definitiva, ao Tribunal Constitucional, sendo esta a modalidade de controle concreto ou

difuso, previsto pelo artigo 204 da Constituição Portuguesa10.

A última das modalidades mencionadas é a inconstitucionalidade por omissão,

prevista no artigo 283 da Constituição da República portuguesa11, que se refere à inércia do

Legislativo em atuar e tornar exigíveis determinadas normas constitucionais. A decisão dessa

demanda ocasiona uma mera ciência ao órgão legislativo competente para a elaboração da

norma.

Em relação à inconstitucionalidade por omissão, os professores Canotilho e Moreira12

comentam que "o princípio da constitucionalidade não diz respeito apenas às acções do

Estado; abrage também as omissões ou inacções do Estado. A Constituição não é somente um

conjunto de normas proibitivas e de normas de organização e competência (limite negativo de

actividade do Estado): é também um conjunto de normas positivas, que exigem do Estado e

dos seus órgãos uma actividade, uma acção (limite positivo da actividade do Estado). O

incumprimento dessas normas, por inércia do Estado, ou seja, por falta total de medidas 3. O Tribunal Constitucional aprecia e declara ainda, com força obrigatória geral, a inconstitucionalidade ou a ilegalidade de qualquer norma, desde que tenha sido por ele julgada inconstitucional ou ilegal em três casos concretos.” 10 “Artigo 204.º (Apreciação da inconstitucionalidade) Nos feitos submetidos a julgamento não podem os tribunais aplicar normas que infrinjam o disposto na Constituição ou os princípios nela consignados.” 11 “Artigo 283.º (Inconstitucionalidade por omissão) 1. A requerimento do Presidente da República, do Provedor de Justiça ou, com fundamento em violação de direitos das regiões autónomas, dos presidentes das Assembleias Legislativas das regiões autónomas, o Tribunal Constitucional aprecia e verifica o não cumprimento da Constituição por omissão das medidas legislativas necessárias para tornar exequíveis as normas constitucionais. 2. Quando o Tribunal Constitucional verificar a existência de inconstitucionalidade por omissão, dará disso conhecimento ao órgão legislativo competente.” 12 CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e teoria da Constituição, 1998, p. 916 apud MORAES, Alexandre de. Jurisdição Constitucional e tribunais constitucionais – Garantia suprema da jurisdição, 2003, p. 189.

43

(legislativas ou outras) ou pela sua insuficiência, deficiência ou inadequação, traduz-se

igualmente numa infracção da Constituição – inconstitucionalidade por omissão".13

Diante da breve análise realizada, temos claro que a Constituição da República

portuguesa não consagra qualquer recurso que autorize o particular a pleitear a violação de

seus direitos diretamente ao Tribunal Constitucional, que seria exatamente a figura do recurso

de amparo, ausente no Direito português, mas presente em diversos ordenamentos jurídicos,

como o espanhol, como veremos no próximo capítulo a sua regulamentação.

4. O RECURSO DE AMPARO NO DIREITO ESPANHOL

Inicialmente, cabe ressaltar que em Espanha, a evolução da protecção judicial dos

direitos fundamentais foi muito lenta. Neste país, somente com a consagração na Constituição

democrática espanhola de 1978 passou a ser reconhecida a força legal do texto constitucional,

a respectiva supremacia, e a efetiva proteção judicial dos direitos constitucionais, ocorrendo a

respectiva protecção pelos tribunais espanhóis.

Diante da ausência de previsão normativa sobre o tema no Direito Português,

decidimos analisar a perspectiva normativa de outro país ibérico, na tola crença da

possibilidade de um sistema próximo. Entretanto, a proximidade geográfica é inversamente

proporcional à proximidade dos dois países em sua fiscalização de constitucionalidade.

No ordenamento jurídico espanhol, temos que o recurso de amparo tem sua

regulamentação pautada nos artigos 53.2 e 161, “b” da Constituição Espanhola14, assim como

nos artigos 41 a 58 da Lei Orgânica do Tribunal Constitucional Espanhol, Lei n. 2, de 03 de

outubro de 1979, alterada pela Lei Orgânica n. 6, de 24 de maio de 200715.

13 CANOTILHO, J.J. Gomes; MOREIRA, Vital. Constituição da República Portuguesa : anotada. 4ª ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2007. 14 “ Artículo 53. (...)2. Cualquier ciudadano podrá recabar la tutela de las libertades y derechos reconocidos en el artículo 14 y la Sección 1.a del Capítulo Segundo ante losTribunales ordinarios por un procedimiento basado en los principios de preferencia y sumariedad y, en su caso, a través del recurso de amparo ante el Tribunal Constitucional. Este último recurso será aplicable a la objeción de conciencia reconocida en el artículo 30..” “Artículo 161. 1. El Tribunal Constitucional tiene jurisdicción en todo el territorio español y es competente para conocer: (...) b) Del recurso de amparo por violación de los derechos y libertades referidos en el artículo 53, 2, de esta Constitución, en los casos y formas que la ley establezca.” 15 “Artículo cuarenta y uno. Uno. Los derechos y libertades reconocidos en los artículos catorce a veintinueve de la Constitución serán susceptibles de amparo constitucional, en los casos y formas que esta Ley establece, sin perjuicio de su tutela general encomendada a los Tribunales de Justicia. Igual protección será aplicable a la objeción de conciencia reconocida en el artículo treinta de la Constitución. Dos. El recurso de amparo constitucional protege, en los términos que esta ley establece, frente a las violaciones de los derechos y libertades a que se refiere el apartado anterior, originadas por las disposiciones, actos jurídicos,

44

Ou seja, por meio do recurso de amparo a Corte Constitucional é provocada a proteger

os cidadãos frente violações potenciais ou efetivas, comissivas ou omissivas, realizadas pelos

Poderes Públicos16, Comunidades Autônomas ou qualquer entidade pública, seus funcionários

omisiones o simple vía de hecho de los poderes públicos del Estado, las Comunidades Autónomas y demás entes públicos de carácter territorial, corporativo o institucional, así como de sus funcionarios o agentes. Tres. En el amparo constitucional no pueden hacerse valer otras pretensiones que las dirigidas a restablecer o preservar los derechos o libertades por razón de los cuales se formuló el recurso. Artículo cuarenta y dos. Las decisiones o actos sin valor de Ley, emanados de las Cortes o de cualquiera de sus órganos, o de las Asambleas legislativas de las Comunidades Autónomas, o de sus órganos, que violen los derechos y libertades susceptibles de amparo constitucional, podrán ser recurridos dentro del plazo de tres meses desde que, con arreglo a las normas internas de las Cámaras o Asambleas, sean firmes. Artículo cuarenta y tres. Uno. Las violaciones de los derechos y libertades antes referidos originadas por disposiciones, actos jurídicos, omisiones o simple vía de hecho del Gobierno o de sus autoridades o funcionarios, o de los órganos ejecutivos colegiados de las comunidades autónomas o de sus autoridades o funcionarios o agentes, podrán dar lugar al recurso de amparo una vez que se haya agotado la vía judicial procedente. Dos. El plazo para interponer el recurso de amparo constitucional será el de los veinte días siguientes a la notificación de la resolución recaída en el previo proceso judicial. Tres. El recurso sólo podrá fundarse en la infracción por una resolución firme de los preceptos constitucionales que reconocen los derechos o libertades susceptibles de amparo. Artículo cuarenta y cuatro. 1. Las violaciones de los derechos y libertades susceptibles de amparo constitucional, que tuvieran su origen inmediato y directo en un acto u omisión de un órgano judicial, podrán dar lugar a este recurso siempre que se cumplan los requisitos siguientes: a) Que se hayan agotado todos los medios de impugnación previstos por las normas procesales para el caso concreto dentro de la vía judicial. b) Que la violación del derecho o libertad sea imputable de modo inmediato y directo a una acción u omisión del órgano judicial con independencia de los hechos que dieron lugar al proceso en que aquellas se produjeron, acerca de los que, en ningún caso, entrará a conocer el Tribunal Constitucional. c) Que se haya denunciado formalmente en el proceso, si hubo oportunidad, la vulneración del derecho constitucional tan pronto como, una vez conocida, hubiera lugar para ello. 2. El plazo para interponer el recurso de amparo será de 30 días, a partir de la notificación de la resolución recaída en el proceso judicial. Artículo cuarenta y cinco. (Derogado) Artículo cuarenta y seis. Uno. Están legitimados para interponer el recurso de amparo constitucional: a) En los casos de los artículos cuarenta y dos y cuarenta y cinco, la persona directamente afectada, el Defensor del Pueblo y el Ministerio Fiscal. b) En los casos de los artículos cuarenta y tres y cuarenta y cuatro, quienes hayan sido parte en el proceso judicial correspondiente, el Defensor del Pueblo y el Ministerio Fiscal. Dos. Si el recurso se promueve por el Defensor del Pueblo o el Ministerio Fiscal, la Sala competente para conocer del amparo constitucional lo comunicara a los posibles agraviados que fueran conocidos y ordenará anunciar la interposición del recurso en el «Boletín Oficial del Estado» a efectos de comparecencia de otros posibles interesados. Dicha publicación tendrá carácter preferente. Artículo cuarenta y siete. Uno. Podrán comparecer en el proceso de amparo constitucional, con el carácter de demandado o con el de coadyuvante, las personas favorecidas por la decisión, acto o hecho en razón del cual se formule el recurso que ostenten un interés legítimo en el mismo. Dos. El Ministerio Fiscal intervendrá en todos los procesos de amparo, en defensa de la legalidad, de los derechos de los ciudadanos y del interés público tutelado por la Ley.” 16 “La violación del artículo 24 se produce, en opinión del recurrente, por la denegación de la tutela de su derecho a no ser discriminado, producida al rehusar el Magistrado expresamente un pronunciamiento sobre lo alegado. En cuanto al artículo 14, su presunta violación, en opinión del recurrente, se da porque la sentencia no ampara el derecho a no ser discriminado por motivos de su participación sindical y porque la inaplicación del precepto en que se fundaba la demanda de cantidad se origina precisamente por motivos discriminatorios (como

45

ou agentes, ao lesionarem um direito ou liberdade, especialmente os previstos nos artigos 14 a

29, e no direito à objeção de consciência, previsto no 30.217 da Constituição Espanhola18. Tais

el que se le ordenen trabajos de inferior categoría con intención de humillarle y el no trabajar a destajo o por cuenta, por decisión unilateral del empresario, mientras que el sistema de trabajo que rige en general en la Empresa es el de trabajar por cuenta); de lo cual resulta, a su entender que, es la propia sentencia la que consagra la discriminación y se funda en ella para desestimar las peticiones económicas “STC 55/1983, de 22 de junio. 17 “Artículo 14. Los españoles son iguales ante la ley, sin que pueda prevalecer discriminación alguna por razón de nacimiento, raza, sexo, religión, opinión o cualquier otra condición o circunstancia personal o social. Artículo 15. Todos tienen derecho a la vida y a la integridad física y moral, sin que, en ningún caso, puedan ser sometidos a tortura ni a penas o tratos inhumanos o degradantes. Queda abolida la pena de muerte, salvo lo que puedan disponer las leyes penales militares para tiem- pos de guerra. Artículo 16 1. Se garantiza la libertad ideológica, religiosa y de culto de los individuos y las comunidades sin más limitación, en sus manifesta- ciones, que la necesaria para el mantenimiento del orden público protegido por la ley. 2. Nadie podrá ser obligado a declarar sobre su ideología, reli- gión o creencias. 3. Ninguna confesión tendrá carácter estatal. Los poderes públi- cos tendrán en cuenta las creencias religiosas de la sociedad española y mantendrán las consiguientes relaciones de cooperación con la Iglesia Católica y las demás confesiones. Artículo 17. 1. Toda persona tiene derecho a la libertad y a la seguridad. Nadie puede ser privado de su libertad, sino con la observancia de lo esta- blecido en este artículo y en los casos y en la forma previstos en la ley. 2. La detención preventiva no podrá durar más del tiempo estric- tamente necesario para la realización de las averiguaciones tenden- tes al esclarecimiento de los hechos, y, en todo caso, en el plazo máximo de setenta y dos horas, el detenido deberá ser puesto en libertad o a disposición de la autoridad judicial. 3. Toda persona detenida debe ser informada de forma inmedia- ta, y de modo que le sea comprensible, de sus derechos y de las razones de su detención, no pudiendo ser obligada a declarar. Se garantiza la asistencia de abogado al detenido en las diligencias poli- ciales y judiciales, en los términos que la ley establezca. 4. La ley regulará un procedimiento de «habeas corpus» para producir la inmediata puesta a disposición judicial de toda persona detenida ilegalmente. Asimismo, por ley se determinará el plazo máximo de duración de la prisión provisional. Artículo 18. 1. Se garantiza el derecho al honor, a la intimidad personal y familiar y a la propia imagen. 2. El domicilio es inviolable. Ninguna entrada o registro podrá hacerse en él sin consentimiento del titular o resolución judicial, salvo en caso de flagrante delito. 3. Se garantiza el secreto de las comunicaciones y, en especial, de las postales, telegráficas y telefónicas, salvo resolución judicial. 4. La ley limitará el uso de la informática para garantizar el honor y la intimidad personal y familiar de los ciudadanos y el pleno ejerci- cio de sus derechos. Artículo 19. Los españoles tienen derecho a elegir libremente su residencia y a circular por el territorio nacional. Asimismo, tienen derecho a entrar y salir libremente de España en los términos que la ley establezca. Este derecho no podrá ser limitado por motivos políticos o ideológicos. Artículo 20. 1. Se reconocen y protegen los derechos: a) A expresar y difundir libremente los pensamientos, ideas y opiniones mediante la palabra, el escrito o cualquier otro medio de reproducción. b) A la producción y creación literaria, artística, científica y técnica c) A la libertad de cátedra. d) A comunicar o ricibir libremente información por cualquier medio de difusión. La ley regulará el derecho a la cláusula de conciencia y al secreto profesional en el ejercicio de estas libertades. 2. El ejercicio de estos derechos no puede restringirse mediante ningún tipo de censura previa. 3. La ley regulará la organización y el control parlamentario de los medios de comunicación social dependientes del Estado o de cualquier ente público y garantizará el acceso a dichos medios de los grupos sociales y políticos significativos, respetando el pluralismo de la sociedad y de las diversas lenguas de España.

46

4. Estas libertades tienen su límite en el respeto a los derechos reconocidos en este Título, en los preceptos de las leyes que lo desarrollen y, especialmente, en el derecho al honor, a la intimidad, a la propia imagen y a la protección de la juventud y de la infancia. 5. Sólo podrá acordarse el secuestro de publicaciones, graba- ciones y otros medios de información en virtud de resolución judicial. Artículo 21. 1. Se reconoce el derecho de reunión pacífica y sin armas. El ejer- cicio de este derecho no necesitará autorización previa. 2. En los casos de reuniones en lugares de tránsito público y manifestaciones se dará comunicación previa a la autoridad, que sólo podrá prohibirlas cuando existan razones fundadas de alteración del orden público, con peligro para personas o bienes. Artículo 22. 1. Se reconoce el derecho de asociación. 2. Las asociaciones que persigan fines o utilicen medios tipificados como delito son ilegales. 3. Las asociaciones constituidas al amparo de este artículo deberán inscribirse en un registro a los solos efectos de publicidad. 4. Las asociaciones sólo podrán ser disueltas o suspendidas en sus actividades en virtud de resolución judicial motivada. 5. Se prohíben las asociaciones secretas y las de carácter paramilitar. Artículo 23. 1. Los ciudadanos tienen el derecho a participar en los asuntos públicos, directamente o por medio de representantes, libremente elegidos en elecciones periódicas por sufragio universal. 2. Asimismo, tienen derecho a acceder en condiciones de igualdad a las funciones y cargos públicos, con los requisitos que señalen las leyes. Artículo 24 1. Todas las personas tienen derecho a obtener tutela efectiva de los jueces y tribunales en el ejercicio de sus derechos e intere- ses legítimos, sin que, en ningún caso, pueda producirse indefensión. 2. Asimismo, todos tienen derecho al Juez ordinario predeter- minado por la ley, a la defensa y a la asistencia de letrado, a ser informados de la acusación formulada contra ellos, a un proceso público sin dilaciones indebidas y con todas las garantías, a utilizar los medios de prueba pertinentes para su defensa, a no declarar contra sí mismos, a no confesarse culpables y a la presunción de inocencia. La ley regulará los casos en que, por razón de parentesco o de secreto profesional, no se estará obligado a declarar sobre hechos presuntamente delictivos. Artículo 25. 1. Nadie puede ser condenado o sancionado por acciones u omi- siones que en el momento de producirse no constituyan delito, falta o infracción administrativa, según la legislación vigente en aquel momento. 2. Las penas privativas de libertad y las medidas de seguridad estarán orientadas hacia la reeducación y reinserción social y no podrán consistir en trabajos forzados. El condenado a pena de pri- sión que estuviere cumpliendo la misma gozará de los derechos fun- damentales de este Capítulo, a excepción de los que se vean expresa- mente limitados por el contenido del fallo condenatorio, el sentido de la pena y la ley penitenciaria. En todo caso, tendrá derecho a un trabajo remunerado y a los beneficios correspondientes de la Seguridad Social, así como al acceso a la cultura y al desarrollo integral de su personalidad. 3. La Administración civil no podrá imponer sanciones que, directa o subsidiariamente, impliquen privación de libertad. Artículo 26. Se prohíben losTribunales de Honor en el ámbito de la Administra- ción civil y de las organizaciones profesionales. Artículo 27. 1. Todos tienen el derecho a la educación. Se reconoce la libertad de enseñanza. 2. La educación tendrá por objeto el pleno desarrollo de la perso- nalidad humana en el respeto a los principios democráticos de convi- vencia y a los derechos y libertades fundamentales. 3. Los poderes públicos garantizan el derecho que asiste a los padres para que sus hijos reciban la formación religiosa y moral que esté de acuerdo con sus propias convicciones. 4. La enseñanza básica es obligatoria y gratuita. 5. Los poderes públicos garantizan el derecho de todos a la educación, mediante una programación general de la enseñanza, con participación efectiva de todos los sectores afectados y la creación de centros docentes. 6. Se reconoce a las personas físicas y jurídicas la libertad de creación de centros docentes, dentro del respeto a los principios constitucionales.

47

direitos protegidos são considerado fundamentais e prioritários, surgindo aqui a necessidade

de sua tutela pelo Tribunal Constitucional.19

Temos ainda como objeto do recurso de amparo os amparos eleitorais, e o amparo

diante da negativa da Mesa do Congresso acerca da permissão de iniciativa popular.

Especificamente sobre a possibilidade de utilização em questões eleitorais, o tema foi

tratado pela Lei Orgânica do Regime Geral Eleitoral, Lei n. 5, de 19 de junho de 1985,

prevendo a possibilidade de interposição do recurso contra acordos das Juntas Eleitorais sobre

proclamação de candidatos e candidaturas, e contra a proclamação de eleitos, eleição e

proclamação de presidentes das corporações locais20.

Acerca dos legitimados ativos, ou seja, aqueles que podem utilizar-se do recurso,

7. Los profesores, los padres y, en su caso, los alumnos interven- drán en el control y gestión de todos los centros sostenidos por la Administración con fondos públicos, en los términos que la ley esta- blezca. 8. Los poderes públicos inspeccionarán y homologarán el siste- ma educativo para garantizar el cumplimiento de las leyes. 9. Los poderes públicos ayudarán a los centros docentes que reúnan los requisitos que la ley establezca. 10. Se reconoce la autonomía de las Universidades, en los términos que la ley establezca. Artículo 28. 1. Todos tienen derecho a sindicarse libremente. La ley podrá limitar o exceptuar el ejercicio de este derecho a las Fuerzas o Institu- tos armados o a los demás Cuerpos sometidos a disciplina militar y regulará las peculiaridades de su ejercicio para los funcionarios públicos. La libertad sindical comprende el derecho a fundar sindica- tos y a afiliarse al de su elección, así como el derecho de los sindica- tos a formar confederaciones y a formar organizaciones sindicales internacionales o a afiliarse a las mismas. Nadie podrá ser obligado a afiliarse a un sindicato. 2. Se reconoce el derecho a la huelga de los trabajadores para la defensa de sus intereses. La ley que regule el ejercicio de este dere- cho establecerá las garantías precisas para asegurar el mantenimien- to de los servicios esenciales de la comunidad. Artículo 29. 1. Todos los españoles tendrán el derecho de petición individual y colectiva, por escrito, en la forma y con los efectos que determine la ley. 2. Los miembros de las Fuerzas o Institutos armados o de los Cuerpos sometidos a disciplina militar podrán ejercer este derecho sólo individualmente y con arreglo a lo dispuesto en su legislación específica. Artículo 30. De los derechos y deberes de los ciudadanos 1. Los españoles tienen el derecho y el deber de defender a España. 2. La ley fijará las obligaciones militares de los españoles y regulará, con las debidas garantías, la objeción de conciencia, así como las demás causas de exención del servicio militar obligatorio, pudien- do imponer, en su caso, una prestación social sustitutoria. 3. Podrá establecerse un servicio civil para el cumplimiento de fines de interés general. 4. Mediante ley podrán regularse los deberes de los ciudadanos en los casos de grave riesgo, catástrofe o calamidad pública.” 18 DONCEL LUENGO, Juan Antonio, El modelo Español de Justicia Constitucional. Las Decisiones Más Importantes Del Tribunal Constitucional Español, Direito Público, ano 03, n° 9, 2005, p. 106-107. 19 CASCAJO CASTRO, José L., GIMENO SENDRA, Vicente. El recurso de amparo. 2.ed. Madrid: Tecnos, 1992, pp.97-98. 20 “49.3. La resolución judicial, que habrá de dictarse en los días siguientes a la interposición del recurso, tienen carácter firme e inapelable, sin perjuicio del procedimiento de amparo ante el Tribunal Constitucional, a cuyo efecto, con el recurso regulado en el presente artículo, se entenderá cumplido el requisito establecido en el artículo 44.1,a) de la Ley Orgánica del Tribunal Constitucional.” “114.2. Contra la misma no procede recurso contencioso alguno, ordinario ni extraordinario, salvo el de aclaración, y sin perjuicio del recurso de amparo ante el Tribunal Constitucional. El amparo debe solicitarse en el plazo de tres días y el Tribunal Constitucional debe resolver sobre el mismo en los quince días siguientes.”

48

temos que o mesmo não pode ser interposto por qualquer pessoa, somente podendo fazê-lo as

pessoas físicas ou jurídicas diretamente afetadas, tratando de direitos subjetivos, assim como

o Defensor do Povo e o Ministério Público, acerca de direitos objetivos, tutelando a

comunidade como um todo, estando essa previsão contida no artigo 162.1.a., da Constituição

da Espanha, e artigo 46.1.a, da Lei Orgânica do Tribunal Constitucional Espanhol.

Importa aqui destacar que, apesar dos textos normativos da Constituição Espanhola e

da Lei Orgânica do Tribunal Constitucional se referirem a “cidadão” como titulares da

capacidade para a propositura do recurso, há uma amplitude na interpretação do termo, pois

todos os seres humanos podem ser titulares de direitos e liberdades fundamentais, pessoas

físicas e jurídicas.

Neste exato sentido há decisão do Tribunal Constitucional Espanhol21.

No tocante à legitimação passiva, devemos lembrar do objeto do recurso, que se refere

a violações perpetradas pelos Poder Publico espanhol apenas, sendo excluídos aqui os Estados

estrangeiros e entidades supranacionais.

Os particulares podem ocupar o polo passivo da demanda, mas somente

acompanhados do Poder Público, com o escopo de conservação de um direito produzido pelo

ato lesivo, atuando como demandante, ou como mero interessado na conservação do ato

lesivo, sendo aqui apenas um coadjuvante, nos termos do artigo 47.1 da Lei Orgânica do

Tribunal Constitucional Espanhol22.

21 “1. Quien pretende ser amparado en el ejercicio de los derechos que el Ordenamiento español le concede ha de satisfacer también las obligaciones que de él dimanan. 2. Es al Juez ordinario al que compete la interpretación de la legalidad ordinaria y su decisión debe ser aceptada por este Tribunal Constitucional, sin que pueda ser sustituida por otra diferente en un recurso de amparo cuando ello no viene reclamado por la necesidad de ajustarla a la Constitución. 3. La inexistencia de declaración que proclame la igualdad de los extranjeros y españoles no es argumento bastante para considerar resuelto el problema, pues no es únicamente el art. 14 de la C. E. El que debe ser contemplado, sino que, junto a él, es preciso tener en cuenta otros preceptos, sin los que no resulta posible determinar la posición jurídica de los extranjeros en España. 4. La previsión del art. 13 de la C. E. De que «los extranjeros gozarán en España de las libertades públicas que garantiza el presente Título en los términos que establezcan los Tratados y la Ley» no supone que se haya querido desconstitucionalizar la posición jurídica de los extranjeros respecto de los derechos y libertades públicas, pues la Constitución no dice que los extranjeros gozarán en España de las libertades que les atribuyan los Tratados y la Ley, sino de las libertades «que garantiza el presente Título, en los términos que establecen los Tratados y la Ley», de modo que los derechos y libertades reconocidos a los extranjeros siguen siendo derechos constitucionales y, por tanto, dotados -dentro de su específica regulación- de la protección constitucional, aunque, en cuanto a su contenido, todos ellos, sin excepción, son derechos de configuración legal. Sentencia nº 107/1984. Fecha de Aprobación: 23/11/1984. Publicación BOE: 19841221 [«BOE» núm. 305]. Sala: Sala Segunda: Excmos. Sres. Arozamema, Rubio, Díez-Picazo, Tomás, Truyol y Pera. Ponente: don Francisco Rubio Llorente. Número registro: 576/1983. Recurso de amparo.” 22 “Uno. Podrán comparecer en el proceso de amparo constitucional, con el carácter de demandado o con el de coadyuvante, las personas favorecidas por la decisión, acto o hecho en razón del cual se formule el recurso que ostenten un interés legítimo en el mismo.”

49

A admissibilidade do recurso exige o delineamento de aspectos relevantes presentes

na Lei Orgânica do Tribunal Constitucional Espanhol.

Quanto à demanda, esta deve ser proposta por um procurador diretamente ao tribunal

constitucional, acerca de atos suscetíveis de impugnação, sendo importante destacar que o

assunto deve possuir transcendência constitucional.

É de suma importância ressaltarmos que se trata de um recurso subsidiário e

excepcional, que somente poderá ser interposto após a utilização da via jurisdictional

ordinária.

Aqui devemos trazer os requisitos para a propositura do recurso23, quais sejam a

comprovação do viés constitucional da demanda, que esteja em discussão algum dos direitos

previstos no 53.2 da Constituição Espanhola, e que devem as partes primeiro recorrer aos

tribunais ordinários e, somente após o esgotamento desta via, passa a ser possível a

propositura do recurso de amparo. Por último, deve ainda o interessado demonstrar que a

questão é transcendente ao mero interesse das partes, sendo relevante para a interpretação,

eficácia e aplicação da Constituição Espanhola, demonstrando o caráter objetivo do recurso.

A Lei Orgânica do Tribunal Constitucional Espanhol prevê, em seu texto que as

sentenças mérito do recurso de amparo poderão ter os seguintes efeitos: a) a declaração de

nulidade da decisão, ato ou resolução que tenham impedido o exercício pleno do direito; b)

reconhecer o direito ou liberdade em conformidade com a sua interpretação constitucional e;

c) reestabelecer plenamente o Autor em seu direito, adotando o Tribunal as medidas

necessárias para tanto.

23 “LOTC - Artículo cincuenta 1. El recurso de amparo debe ser objeto de una decisión de admisión a trámite. La Sección, por unanimidad de sus miembros, acordará mediante providencia la admisión, en todo o en parte, del recurso solamente cuando concurran todos los siguientes requisitos: a) Que la demanda cumpla con lo dispuesto en los artículos 41 a 46 y 49. b) Que el contenido del recurso justifique una decisión sobre el fondo por parte del Tribunal Constitucional en razón de su especial trascendencia constitucional, que se apreciará atendiendo a su importancia para la interpretación de la Constitución, para su aplicación o para su general eficacia, y para la determinación del contenido y alcance de los derechos fundamentales. 2. Cuando la admisión a trámite, aun habiendo obtenido la mayoría, no alcance la unanimidad, la Sección trasladará la decisión a la Sala respectiva para su resolución. 3. Las providencias de inadmisión, adoptadas por las Secciones o las Salas, especificarán el requisito incumplido y se notificarán al demandante y al Ministerio Fiscal. Dichas providencias solamente podrán ser recurridas en súplica por el Ministerio Fiscal en el plazo de tres días. Este recurso se resolverá mediante auto, que no será susceptible de impugnación alguna. 4. Cuando en la demanda de amparo concurran uno o varios defectos de naturaleza subsanable, se procederá en la forma prevista en el artículo 49.4; de no producirse la subsanación dentro del plazo fijado en dicho precepto, la Sección acordará la inadmisión mediante providencia, contra la cual no cabrá recurso alguno

50

Sobre os efeitos dessa decisão, além do fato da mesma ser irrecorrível24, temos que ela

tem eficácia vinculante25, vinculando os juízes e tribunais ordinários em suas decisões futuras.

5. CONCLUSÃO

Tratamos neste trabalho acerca dos delineamentos do sistema português de tutela de

direitos, qual seja o seu sistema de fiscalização de constitucionalidade, nos propondo a trazer

a possibilidade de enriquecimento do mesmo, ampliando a tutela de direitos fundamentais,

por meio de novo instrumento, há muito utilizado por outros ordenamentos jurídicos, qual

seja o recurso de amparo.

Para tanto, fizemos uma análise do sistema de fiscalização de constitucionalidade em

Portugal, seguido da análise do sistema de seu país vizinho, a Espanha, que possui

regulamentação ampla e legítima sobre o recurso de amparo, nos proporcionando os

instrumentos necessários e suficientes para análise do instituto, e sua possível introdução no

sistema português.

O sistema português de protecção de direitos fundamentais, em seu aspecto

jurisdicional, não é nem eficaz, nem tão garantístico quanto deveria ser, não consagrando um

recurso de amparo, ou seja, um recurso que autorize a qualquer particular o acesso direto ao

Tribunal Constitucional.

Entretanto, há, no artigo 20, item 5, da Constituição da República portuguesa26 um

direito ao amparo, na hipótese de lesão a direitos, liberdades e garantias pessoais. Esta

previsão poderia respaldar uma possível futura de um recurso constitucional de amparo, nos

moldes do direito espanhol.

Em suma, a Constituição da República portuguesa criou e listou diversos direitos

fundamentais, e supostamente garantiu sua efetividade e aplicabilidade, de forma directa ou

imediata. Contudo, a ausência de um recurso, nos moldes do recurso de amparo anteriormente

tratado, estes direitos fundamentais ficam vulneráveis, sem uma efetiva possibilidade de tutela

jurídica constitucional.

24 GARCIA, Emerson. O processo constitucional espanhol e a atuação do Ministério Público. Jus Navigandi, Teresina, ano 10, n. 1005, 2 abr. 2006. Disponível em: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8188. Acesso em 08 abr. 2017. 25 OTTO, Ignacio de. Derecho constitucional: sistema de fuentes. Barcelona: Ariel, [19--]. p.296 26 “Artigo 20.º, 5. Para defesa dos direitos, liberdades e garantias pessoais, a lei assegura aos cidadãos procedimentos judiciais caracterizados pela celeridade e prioridade, de modo a obter tutela efectiva e em tempo útil contra ameaças ou violações desses direitos.”

51

6. BIBLIOGRAFIA

CANOTILHO, J.J. Gomes; MOREIRA, Vital. Constituição da República Portuguesa :

anotada. 4ª ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2007.

CONSTITUIÇÃO da República Portuguesa: Lei Constitucional n.º 01/2005, de 12 de

agosto. 2ª ed. reimp. Lisboa: Quid Juris - sociedade editora, 2012. ISBN 978-972-724-586-4

ESPANHA. Tribunal Constitucional. Constituición Española. Madri. 27 dec. 1978.

Disponível em:

http://www.tribunalconstitucional.es/constitucion/consti11.html. Acesso em 20 jan. 2017.

ESPANHA. Tribunal Constitucional. Ley Orgánica n. 6., BOE de 25 de maio de 2007.

Disponível em: http://www.tribunalconstitucional.es/tribunal/leyesorgtrib.html. Acesso em:

20/04/2017.

CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e teoria da Constituição, 1998, p. 916

apud MORAES, Alexandre de. Jurisdição Constitucional e tribunais constitucionais –

Garantia suprema da jurisdição, 2003.

FIUZA, Ricardo Arnaldo Malheiros. Direito Constitucional Comparado, 4. ed. rev., atual. e

ampl. Belo Horizonte, Del Rey, 2004.

GUSMÃO, Paulo Dourado de. Introdução à Ciência do Direito, 7. ed., São Paulo, Forense,

1976.

Haberle, Peter. “O recurso de amparo no sistema germânico de justiça constitucional”, en

Sub Judice, t. 20/21, 2001.

HORTA, Raul Machado. Direito Constitucional, 4. ed. rev. e atual., Belo Horizonte, Del Rey,

2003.

MENDES, Gilmar Ferreira. Jurisdição Constitucional, 4. ed., São Paulo, Saraiva, 2004.

Miranda, Jorge. Teoria do Estado e da Constituição, Rio de Janeiro: Forense, 2002.

Miranda, Jorge. Manual de Direito Constitucional, tomo iii. Coimbra: Coimbra Editora,

2000.

Morais, Carlos Blanco de. Justiça constitucional. O contencioso constitucional português

entre o modelo misto e a tentação do sistema de reenvio, tomo II. Coimbra: Coimbra Ed.,

2005.

Moretto, Renata Cristina. “As semelhanças e distinções entre o mandado de segurança no

direito brasileiro e o recurso de amparo perante o Tribunal Constitucional alemão,” em

Revista de Direito Constitucional e Internacional, ano 16, n. 64, 2008.

52

ORDÓÑEZ SOLÍS, David. Jueces, Derecho y Política. Los poderes del Juez en una

sociedad democrática. Navarra : Thomson-aranzadi, 2004.

Reyes, Manuel Aragón. “Relaciones Tribunal Constitucional – Tribunal Supremo”, em

Revista de Jurisprudencia y Doctrina, ano i, n. 2, Lima: Palestra, 2005.

SINGH JUSS, Satvinder. “Constitutionalising rights without a Constitution: the british

Experience under article 6 of the Human rights act 1998”. Statute law review, vol. 27, n.

1, 2006.

Tremps, Pablo Pérez. “El recurso de amparo en el ordenamiento español”, em Revista de

Jurisprudencia y Doctrina, ano i, n. 2, 2005.

53