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Organizadores ISSN: 1983-7534 XI Profª. Drª. Adriana Florentino de Souza Profª. Drª. Ana Elena Salvi Prof. Dr. Cesar Agenor Fernandes da Silva Profª. Drª. Elisabete Lourenço Costa Profª. Drª. Verônica Altef Barros V JORNADA INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA JORNADA INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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Organizadores

ISSN: 1983-7534

XIProfª. Drª. Adriana Florentino de Souza Profª. Drª. Ana Elena Salvi Prof. Dr. Cesar Agenor Fernandes da Silva Profª. Drª. Elisabete Lourenço Costa Profª. Drª. Verônica Altef Barros

V

JORNADA

INICIAÇÃOCIENTÍFICAE TECNOLÓGICA

JORNADA

INICIAÇÃOCIENTÍFICADO ENSINO MÉDIO

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Chanceler: Dom Tarcísio Scaramussa, SDB

Reitor: Prof. Me. Marcos Medina Leite

Pró-Reitora: Administrativa: Me. Mariângela Mendes Lomba Pinho Profª.

Pró-Reitora de Graduação: Me. Roseane Marques da Graça Lopes

Pró-Reitor de Pastoral: Prof. Pe. Me. Cláudio Scherer da Silva

Coordenador

Prof. Me. Marcelo Luciano Martins Di Renzo

Conselho Editorial (2016)

Prof. Me. Marcelo Luciano Martins Di Renzo (Presidente)

Profª Drª Ana Elena Salvi

Prof. Dr. Gilberto Passos de Freitas

Prof. Dr. Luiz Carlos Barreira

Prof. Dr. Luiz Carlos Moreira

Prof. Dr. Luiz Sales do Nascimento

Profª Drª Maria Amélia do Rosário Santoro Franco

Profª Drª Maria Helena de Moraes Barros Flynn

Profª Drª Norma Sueli Padilha

Prof. Dr. Paulo Ângelo Lorandi

Prof. Dr. Sergio Baxter Andreoli

____________________________________

Universidade Católica de Santos

Av. Conselheiro Nébias, 300 – Vila Mathias

11015-002 – Santos - SP - Tel.: (13) 3205.5555

www.unisantos.br/edul

Atendimento

[email protected]

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E

TECNOLÓGICA

V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO

ENSINO MÉDIO

Santos, SP

2016

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Dados Internacionais de Catalogação

Departamento de Bibliotecas da Universidade Católica de Santos

_____________________________________________________________________________

001(05) Anais da XI Jornada de Iniciação Científica e Tecnológica e V Jornada de

Iniciação Científica do Ensino Médio [recurso eletrônico] / Adriana Florentino de

Souza, Ana Elena Salvi, Cesar Agenor Fernandes da Silva, Elisabete Lourenço

Costa, Verônica Altef Barros (Organizadores). -- Santos (SP): Editora

Universitária Leopoldianum, 2019.

469 p.

ISSN 1983-7534

I. Iniciação científica - Tecnologia. 2. Iniciação científica - Ensino médio.

I.Souza, Adriana Florentino de. II.Salvi, Ana Elena. III.Silva, César Agenor

Fernandes da. IV.Costa, Elisabete Lourenço da. V.Barros, Verônica Altef. VI.

Título.

CDU 001(05)

________________________________________________________________________________________

Maria Rita C. Rebello Nastasi – CRB 8/2240

XI Jornada de Iniciação Científica e Tecnológica

V Jornada de Iniciação Científica do Ensino Médio

Comitê Organizador

Profª. Drª. Adriana Florentino de Souza

Diretora IPECI

Profª. Drª. Verônica Altef Barros

Coordenadora COIC

Profª. Drª. Ana Elena Salvi

Membro COIC

Prof. Dr. Cesar Agenor Fernandes da Silva

Membro COIC

Elisabete Lourenço Costa

Membro COIC

Me.Adriana Regina Stucchi Guimarães

Responsável técnica laboratórios

Beatriz Moutinho Lopes

Secretária

Capa

Editora Universitária Leopoldianum

Revisão

Organizadores

Esta obra foi finalizada e publicada em abril de 2019.

__________________________________

Colabore com a produção científica e cultural.

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem a autorização do editor.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................... 13

XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA ..................................................... 16

JOVENS UNIVESITÁRIOS EM CONDIÇÃO DE VULNERABILIDADE NA CIDADE DE SANTOS .......... 17

Amanda Machado Moraes

REPRESENTAÇÕES SOBRE INFÂNCIA NOS ANOS 50 DO SÉCULO XX, NO BRASIL: ALGUMAS

REFLEXÕES ................................................................................................................................... 25

Ana Carolina Freitas Ribeiro

ESTUDOS PARA SEGMENTAÇÃO MERCADOLÓGICA E PREVISÃO DE DEMANDA ATRAVÉS DA

ANÁLISE DE REGISTROS EM BASES DE DADOS DE UM DISTRIBUIDOR DE AUTOPEÇAS ............. 32

Ana Carolina Maia Marques

DIFICULDADES DA APLICAÇÃO DO PROGRAMA PIBID DE MÚSICA EM ESCOLAS DE EDUCAÇÃO

BÁSICA COM PROFESSORES DE ARTE SEM FORMAÇÃO EM MÚSICA ......................................... 40

Ana Paula Sarabando Lima

O TRÁFICO HUMANO DENTRO DE GRANDES EVENTOS: COPA DO MUNDO, OLIMPÍADAS, OS

JOGOS DA COMMONWEALTH E O ROCK IN RIO ......................................................................... 49

Ananda Pórpora Fernandes

INVENTÁRIO DA ARQUITETURA MODERNA DA BAIXADA SANTISTA...........................................60 Andressa Carvalho de Oliveira Xavier

GESTÃO DE RESÍDUOS DOMICILIARES GERADOS NOS CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS DE SANTOS

..................................................................................................................................................... 66

Andressa Freitas Ferreira

PERSEGUIÇÃO, PROTEÇÃO E EXCLUSÃO DOS REFUGIADOS NA EUROPA NA PRÉ-CRIAÇÃO DO

REGIME INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS: DA ANTIGUIDADE À REVOLUÇÃO FRANCESA ..... 82

Andrew Flávio Zanelato Ferreira

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS DE ESCOLA PÚBLICA E PARTICULAR DO MUNICÍPIO DE

SANTOS – SP ................................................................................................................................ 92

Beatriz Peralta Arcoverde López

ALAGADOS CONSTRUÍDOS SEQUENCIAIS PARA O TRATAMENTO DE EFLUENTES COM CARGA DE

HIDROCARBONETOS: PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTE EM SISTEMA COM CARGA OLEOSA,

SUJEITO A AUMENTO DE SALINIDADE. ....................................................................................... 98

Bianca Gonçalves Teixeira

AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E A FUNÇÃO PULMONAR DE CRIANÇAS ASMÁTICAS E

NÃO ASMÁTICAS A SEREM SEGUIDAS EM UM ESTUDO DE PAINEL SOBRE OS EFEITOS DA

POLUIÇÃO NA SAÚDE RESPIRATÓRIA ....................................................................................... 104

Bianca Ventura Leite

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REVISÃO DE LITERATURA SOBRE O BEM-ESTAR SUBJETIVO DE INDIVÍDUOS DIAGNOSTICADOS

COM TRANSTORNO DEPRESSIVO .............................................................................................. 115

Bruna Pereira da Silva

CONSTRUÇÃO DE CÉLULAS DE COMBUSTÍVEL MICROBIANAS (MFC) PARA AVALIAR A

CAPACIDADE DE GERAÇÃO DE CORRENTE ELÉTRICA POR MICRORGANISMOS PRESENTE NO

SOLO .......................................................................................................................................... 125

Bruno Passarelo Braz Paião

ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO: APLICABILIDADE E EFICÁCIA DOS MECANISMOS DE PACIFICAÇÃO

SOCIAL PRESENTES NO DIREITO INTERNACIONAL E SUA ADAPTAÇÃO A REALIDADE DO

ORDENAMENTO JURÍDICO INTERNO ........................................................................................ 133

Catherine De Souza Santos

EFEITO ANTIMICROBIANO DOS FLAVONÓIDES DO PÓLEN APÍCOLA ........................................ 143

Dayane da Silva Teixeira

A MEDIAÇÃO E A CONCILIAÇÃO COMO INSTRUMENTOS DE ACESSO À ORDEM JURÍDICA JUSTA

................................................................................................................................................... 151

Eduardo Bochnia Amparo

PROCESSO DE ESTIGMATIZAÇÃO EM CONTEXTO DE REVELAÇÃO POR AIDS ........................... 165

Eduardo Araújo de Oliveira

AVALIAÇÃO DO POTENCIAL CORROSIVO DE CHORUME E CHUVA ÁCIDA PARA LIGAS METÁLICAS

................................................................................................................................................... 173

Emilly Santos Freisinger

TRABALHO DECENTE PARA OS JOVENS: ANÁLISE DA LEI DO ESTÁGIO E SUA PRÁTICA NO BRASIL

................................................................................................................................................... 178

Fábio Fernandes Gomes

PROPOSTA DE SÍNTESE DE UM PRO-FÁRMACO DA CAPSAICINA .............................................. 186

Gabriel Luís Cardoso Greco

AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR E EDUCAÇÃO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS DE ESCOLA

PÚBLICA E PARTICULAR DO MUNICÍPIO DE SANTOS-SP ........................................................... 196

Giovana Maggiulli Santana de Melo

ANÁLISE DE RISCO À SAÚDE DIANTE DA EXPOSIÇÃO A POLUENTES LIBERADOS DURANTE A

COCÇÃO DOS ALIMENTOS EM RESTAURANTES TIPO BUFFET .................................................. 203

Gustavo Galante Silva

PROCESSAMENTO DOS DADOS SÍSMICOS MULTICOMPONENTES ADQUIRIDOS NA BORDA SUL

DA BACIA DE TAUBATÉ .............................................................................................................. 209

Isabella Tomasella Auad

ACOLHIMENTO PSICOLÓGICO DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE MIGRAÇÃO FORÇADA E REFÚGIO:

REVISÃO DE LITERATURA .......................................................................................................... 216

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Juceleine Pereira Wako

PERFIL SÓCIO DEMOGRÁFICO E EPIDEMIOLÓGICO DO COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL

DA REGIÃO DA BAIXADA SANTISTA ENTRE OS ANOS DE 1998 a 2013 ..................................... 228

Juliana Gonzaga dos Santos

EVOLUÇÃO DA GERAÇÃO DE ENZIMAS NOS LIXIVIADOS EM BIORREATOR VERTICALIZADO DE

RESÍDUOS .................................................................................................................................. 236

Juliana Oliveira Costa

EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA

LITERATURA ............................................................................................................................... 246

Julio Cesar Matias do Nascimento

ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE TRÊS TIPOS DE MÉIS BRASILEIROS: TETRAGONISCA

ANGUSTURA DO PANTANAL MATOGROSSENSE, TETRAGONISCA ANGUSTURA DA MATA

ATLÂNTICA E APIS MELLIFERA SCUTELLATA DA SERRA CATARINENSE ..................................... 256

Kaylani Angerami Ramos de Almeida

ESTUDO COMPARATIVO DA CORROSÃO DE AÇOS INOXIDÁVEIS FERRÍTICOS EM PRESENÇA DE

CHORUME ................................................................................................................................. 265

Lucas Cassulatti dos Santos

ESTUDO ANATÔMICO DE Vetiveria zizanioides L. Nash (Capim Vetiver) UTILIZADA NA

FITORREMEDIAÇÃO DE SOLO CONTAMINADO COM HIDROCARBONETOS POLIAROMÁTICOS 271

Lucca Gallardo Scarimbolo

SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL EM SANTOS/SP: MORFOLOGIA URBANA E QUALIDADE DOS

ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS EM UMA PERSPECTIVA COMPARADA ........................................... 278

Luiza Passos Bechelli

RECONHECIMENTO DA DINAPENIA COMO FATOR PREDITOR NUTRICIONAL E DE SAÚDE ...... 286

Mara Fabiana da Silva Antunes

ACONSELHAMENTO DE FAMÍLIAS EM CONDIÇÃO DE VULNERABILIDADE: CONHECENDO O

PERFIL DE FAMÍLIAS ATENDIDAS E O IMPACTO/RESULTADOS DO ATENDIMENTO. ................ 297

Marcela Minamitani

DETECÇÃO DE BACTÉRIAS POTENCIALMENTE PATOGÊNICAS POR PCR ................................... 304

Matheus da Cruz Medeiros

SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL EM SANTOS/SP: MOBILIDADE URBANA SOB UMA PERSPECTIVA

COMPARADA ............................................................................................................................. 311

Matheus Duarte Pardal

O NARCISISMO NAS REDES SOCIAIS .......................................................................................... 319

Naomy Ester de Melo e Marques

IMPACTOS DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID) NA

FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE HISTÓRIA ............................................................................. 328

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Natasha Carolina Hermsdorf Justel

DE ITANHAÉM A VIÑA DEL MAR - INTERNACIONALIZAÇÃO E PARADIPLOMACIA POR MEIO DO

PATRIMÔNIO CULTURAL - UMA ANÁLISE COMPARATIVA ........................................................ 335

Patricia Silva Zanella

O ATENDIMENTO DE ADOLESCENTES NA POLÍTICA DE ATENÇÃO AO USO ABUSIVO DE ÁLCOOL E

OUTRAS DROGAS NA REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA ................................ 343

Sara Campos dos Santos

DESENVOLVIMENTO DE Pleurotus ostreatus EM BIORREATORES ............................................ 351

Társis Moreira Reis

ASPECTOS DA JUSTIÇA RESTAURATIVA NAS ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL ................. 360

Tatiana Yumiko Kanashiro

TOXICIDADE DO LIXIVIADO DE EMBALAGENS PLÁSTICAS EM DOIS MODELOS BIOLÓGICOS ... 368

Thaís dos Santos Gonçalves ................................................................................................... 368

(RE)CONHECENDO A ESCOLA E O BAIRRO ................................................................................ 376

Thayline Miriam Albuquerque da Silva

REFUGIADOS E MINORIAS: ORIENTAÇÃO SEXUAL E IDENTIDADE DE GÊNERO ........................ 383

Victor Augusto Mendes

CARACTERIZAÇÃO MAGNÉTICA DE SOLOS ARQUEOLÓGICOS BRASILEIROS ............................ 396

Victor Jorge de Oliveira Marum

ANÁLISE CRÍTICA DA LITERATURA INTERNACIONAL SOBRE SAÚDE MENTAL DOS REFUGIADOS.............................................................................................................................405

Vivian Fadlo Galina

MÚSICA NA ADOLESCÊNCIA: UMA PROPOSTA PARA ESCOLAS PÚBLICAS ............................... 417

Yasmin Farah de Oliveira

V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO & I MOSTRA CIENTÍFICA DO

ENSINO MÉDIO ................................................................................................................ 426

A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE JOVENS NA PERSPECTIVA DO EMPREGO VERDE NO ESTADO DE

SÃO PAULO ................................................................................................................................ 427

Agatha Lorraine Gonçalves Matos1

OS EVENTUAIS IMPACTOS DE RIVALIDADE ENTRE AS GRANDES POTÊNCIAS .......................... 428

Amanda Dias Silva

TEORIA FEMINISTA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS ................................................................... 429

Ana Beatriz Junot Longhin

COMO A ONU ATUA DIANTE DOS REFUGIADOS ....................................................................... 430

Beatriz da Rocha Felix

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FATORES SOCIOAMBIENTAIS ASSOCIADOS AO ABUSO DE DROGAS ENTRE CRIANÇAS E

ADOLESCENTES ......................................................................................................................... 431

Beatriz Isidoro Maciel Furtado

INVESTIGAÇÃO-AÇÃO CONTRA O BULLYING ............................................................................ 432

Camilla de Paula Cintra Jorge

MEMÓRIA DE MARICLEA BARROS, DIRETORA DE ESCOLA ....................................................... 433

Carla Danielle Freitas Rodrigues de Cerqueira ...................................................................... 433

ELABORAÇÃO DE GLOSSÁRIOS BILÍNGUES DE EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS RETIRADAS DE

SERIADOS................................................................................................................................... 434

Carolina Callejon Losada

GESTÃO DE RESÍDUOS NOS CONDOMÍNIOS ............................................................................. 435

Cindy Gonzalez Ferreira

COMBATE DA ONU CONTRA AS DROGAS ................................................................................. 436

Eduarda Mendes Prado Macedo

AS CORES DA COR(ROSÃO) ....................................................................................................... 437

Erik Tavares da Silva Alves

SISTEMA DE RÁDIO CONTROLE ................................................................................................. 438

Filipe Santos Da Cruz Lima

OXÍMETRO DE PULSO ................................................................................................................ 439

Gabriel Morais Camavese

UMA ANÁLISE SOBRE O TRÁFICO DE PESSOAS: CONSTRUINDO PREVENÇÃO JUNTO AO ENSINO

................................................................................................................................................... 440

Giovanna Totti Bullo

ESTUDO DA SÍNTESE E DEGRADAÇÃO DO BIOPLÁSTICO DE ORIGEM VEGETAL ....................... 441

Giullia Carvalho Mangas Lopes

ELETROCARDIOGRAMA ............................................................................................................. 442

Guilherme Máximo dos Santos

IDENTIDADE DO TRABALHADOR PORTUÁRIO DE SANTOS NO SÉCULO XXI .............................. 443

Isabelle Xavier dos Santos

IDENTIDADE DO TRABALHADOR PORTUÁRIO DE SANTOS NO SÉCULO XXI .............................. 444

Isabelle Xavier dos Santos

BAIRRO DO PAQUETÁ – CEM ANOS DE TRANSFORMAÇÕES ECONÔMICAS E SOCIOESPACIAIS

................................................................................................................................................... 445

Julia Maria Santa Rosa Rojo

TRÁFICO DE PESSOAS ................................................................................................................ 446

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Julia Marques Rodrigues de Souza

ESTUDO DA SÍNTESE E DEGRADAÇÃO DE UM BIOPLÁSTICO: UMA ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL

................................................................................................................................................... 447

Juliana da Silva Oliveira

CORANTES ARTIFICIAS EM ALIMENTOS .................................................................................... 448

Karolyne Mendes Evangelista

AROMATERAPIA: CULTIVO, OBTENÇÃO E USO DE ÓLEOS ESSÊNCIAS ...................................... 449

Laís Nogueira da Silva

EVOLUÇÃO URBANA DE SANTOS E A FORMAÇÃO DO BAIRRO DO PAQUETÁ .......................... 450

Larissa Henriques Paixão

O TRABALHADOR PORTUÁRIO NO SEC XXI ............................................................................... 451

Laura Schalch Rodrigues

POMADA CICATRIZANTE DE PIMENTA E HORTELÃ ................................................................... 452

Letícia de Souza Novais Silva

COMBATE À ONU CONTRA AS DROGAS .................................................................................... 453

Letícia Santana dos Santos

DIREITOS HUMANOS DESCONHECIDOS .................................................................................... 454

Luiz Henrique da Conceição Tenório

GESTÃO DE RESÍDUOS – CONDOMÍNIOS RESIDEN- CIAIS DE SANTO........................................ 455

Manoela Almeida Muniz

TICS NO ENSINO MÉDIO ............................................................................................................ 456

Marcelle Magno Freire

MÚSICA: AÇÃO E TRANSFORMAÇÃO ( MÚSICA BRASILEIRA DOS ANOS 60 E 70) .................... 457

Matheus Abitbol Cruz

COMUNICAÇÃO DE DIREITOS ENTRE JOVENS DA CIDADE DE SANTOS ..................................... 458

Milena Beatriz dos Santos Quina

DESENVOLVIMENTO DE FÓRMULAS COM AÇÃO CICATRIZANTE COM PIMENTA VERMELHA E

HORTELÃ.................................................................................................................................... 459

Milena Rodrigues Alvarez

ESTUDO DA SÍNTESE E DEGRADAÇÃO DE UM BIOPLÁSTICO DE ORIGEM VEGETAL ................. 460

Mylena Andrade Nunes

ESTUDO DA SÍNTESE E DEGRADAÇÃO DE UM BIOPLÁSTICO: UMA ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL

................................................................................................................................................... 461

Paloma Nair Ferreira Fidalgo

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UMA ANÁLISE SOBRE O TRÁFICO DE PESSOAS: CONSTRUINDO PREVENÇÃO JUNTO AO ENSINO

................................................................................................................................................... 462

Roberta Pessoa De Mello

VARIÁVEIS EM EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: USOS FINAIS DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS .......... 463

Samuel Wenceslau Lorena

SANTOS 1880-1930: TRANSFORMAÇÕES SÓCIO ESPACIAIS E A ARQUITETURA DO PAQUETÁ 464

Thais De Souza Freire

AVALIAÇÃO DA CORROSÃO DE METAIS E LIGAS METÁLICAS EM MEIOS ÁCIDOS E NEUTROS . 465

Thamiris Machado dos Santos

AS CONTRIBUIÇÕES DOS USUÁRIOS NO DESENVOLVIMENTO DO CONSECUTIVO WEB .......... 466

Vitor Santa Rosa Gomes

DIREITOS HUMANOS DESCONHECIDOS .................................................................................... 467

Yankon Lennon Odilon de Mattos

AROMATERAPIA: USO DE ÓLEOS ESSÊNCIAS COM FINALIDADE ESTÉTICA E MEDICAMENTOS 468

Yasmim Lins de Moraes

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

13

APRESENTAÇÃO

Apresentar uma publicação ao seu potencial público leitor é sempre um

desafio, pois se o texto for escrito em tom panegírico parecerá apenas um

exercício de autopromoção, uma publicidade ruim, que apenas exalta os seus

para os seus, mas se fugir da missão de cativar desde as primeiras linhas quem

está lendo corre o risco de ver o esforço editorial abandonado.

Neste caso específico decidimos caminhar pela boa publicidade, na qual

levamos a público as boas novas de forma séria e criteriosa e, também, tentamos

instigar que a leitura seja feita com muita atenção e dedicação. A obra que está

prestes a começar a leitura representa um esforço institucional que supera sua

primeira década e dá seu primeiro passo na direção da segunda.

Novamente, como no ano anterior, publicamos os resumos expandidos

escritos por discentes de graduação supervisionados por seus orientadores. Em

um país tão carente de educação científica, ensinar jovens adultos a darem

passos além da formação tradicional representa uma contribuição efetiva para

um amanhã melhor. O que aparenta ser uma frase feita, na verdade expressa

uma vocação que deve ser adotada por todos aqueles que se envolvem com a

educação superior. Formar bem as pessoas passa pela construção de novos

saberes, construção essa que deve ser pautada no incentivo da autônoma, da

busca pelo que inquieta e, também, para que sejam encontradas soluções para

questões abertas ou para as perguntas que ainda não foram realizadas.

A pluralidade dos trabalhos apresentados na XI Jornada de Iniciação

Científica demonstra de forma clara o que foi dito até aqui, pois, para alguns,

além de terem seus nomes inscritos pela primeira vez em uma publicação

científica, também puderam ver o fruto de suas produções, nas quais ampliaram

seus horizontes e encontraram novos caminhos, caminhos esses que conferem

valor a trajetórias que nem sempre são simples e fáceis, mas não por isso menos

agradáveis, por que produzir ciência exige dedicação primorosa na leitura, na

bancada, nos arquivos, no campo, nas entrevistas, entre tantos outros espaços

e lugares na qual podemos realizar e construir saberes, novas práticas e

tecnologias, sem perder, obviamente, uma das mais importantes dimensões

desse processo, a ética.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

14

Chamará atenção do leitor mais atento o fato de que nossos discentes de

Iniciação Científica e Tecnológica e seus preceptores buscaram dialogar com

outros centros de produção de conhecimento, especialmente internacionais.

Salta aos olhos nas referências indicadas e nos corpos dos textos o diálogo com

uma literatura científica produzida em língua inglesa em diversas regiões do

globo, passando por trabalhos apresentados em áreas diversas como as

Relações Internacionais, o Direito, as Engenharias, a Psicologia, a Farmácia, a

Biologia, a Química, a Educação, a Saúde Coletiva e a Arquitetura para ficarmos

em poucos exemplos, dos muitos que poderá encontrar.

A XI Jornada de Iniciação Científica ocorreu no mês de outubro do ano de

2016. Ela foi organizada pela equipe que compõem o Comitê Institucional de

Iniciação Científica (COIC), órgão ligado ao Instituto de Pesquisa Científica e

Tecnológica (IPECI) da Universidade Católica de Santos. O objetivo central do

evento foi o de fomentar, ampliar e socializar os avanços promovidos pelos

projetos de pesquisa de Iniciação Científica e Tecnológica – concluídos e em

andamento – desenvolvidos na Universidade Católica de Santos.

Importante dizer que o COIC não restringe suas atividades apenas ao

processo de seleção de projetos de pesquisas e de inovação tecnológica, ou tão

pouco, na organização das jornadas, mas, desde 2014, teve suas atividades

expandidas e conta com uma equipe que atua permanentemente ao longo do

ano letivo. Com isso, o COIC planeja, organiza e executa ações que compõe o

Programa de Educação Científica da Universidade Católica de Santos. Neste

contexto, o Comitê cuida de toda atividade na Universidade que envolve

estudantes no universo da pesquisa, tanto de graduação quanto do Ensino

Médio. Este cuidado se expressa na ampliação que um dos programas geridos

pelo Comitê recebeu neste ano, o Programa de Iniciação Científica para o Ensino

Médio (IC-EM).

O IC-EM, assim como a Iniciação Científica e Tecnológica para a

Graduação, também conta com apoio do CNPq e, neste ano, recebeu um

incentivo duplo: o primeiro refere-se à duplicação do número de bolsas

concedidas pelo órgão de fomento e a segunda foi o apoio institucional, a

chancela, para que organizássemos a I Mostra Científica para o Ensino Médio

que, congregada a IV Jornada de Iniciação Científica do Ensino Médio, permite

que jovens estudantes que estão cursando o Ensino Médio e/ou Técnico tenham

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

15

a oportunidade de mostrar seu talento e, mais do que isso, também se

aproximaram do ambiente acadêmico universitário por meio das pesquisas

realizadas em nossos espaços e orientadas por nossos pesquisadores. Tal ação

visa promover a inclusão social pelo desenvolvimento da ciência e tecnologia.

Os resumos dos trabalhos apresentados na IV Jornada de Iniciação

Científica e na I Mostra Científica, bem como os resumos expandidos da XI

Jornada de Iniciação Científica devem ser lidos com atenção, pois representam

os resultados de nossas pesquisas, reflexões e serviços prestados a

comunidade e se seus olhos percorreram as palavras, frases e parágrafos

redigidos até aqui, temos certeza que continuará conosco até o fim, pois esta

publicação é mostra da nossa vocação e, especialmente, de nossa missão

institucional.

Contudo, antes do ponto final, não podemos nos furtar de agradecer a

dedicação, empenho e incentivo dados pelo Reitor da Universidade Católica de

Santos, Prof. Me. Marcos Medina Leite, pelos Pró-Reitores e a toda equipe do

COIC/IPECI que não mediram esforços para a realização das Jornadas.

Prof. Dr. Cesar Agenor Fernandes da Silva Membro do COIC

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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XI Jornada de Iniciação

Científica e Tecnológica

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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JOVENS UNIVESITÁRIOS EM CONDIÇÃO DE VULNERABILIDADE NA CIDADE DE SANTOS Amanda Machado Moraes

Bolsista PIBIC1

Profa. Dra. Ivanise Monfredini2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Psicologia

1 [email protected]; [email protected]

RESUMO: Esta pesquisa está circunscrita ao estudo da relação entre as condições de

vulnerabilidade do jovem e o acesso ao ensino superior, na cidade de Santos. Trata-se

de um estudo relacionado a jovens alunos de cursos de graduação de universidades

particulares e públicas, situadas na cidade de Santos, que se encontram em condições

de vulnerabilidade e conseguem, de alguma forma, acessar o ensino superior. O

problema da investigação decorre do aumento da inserção de jovens ao ensino superior

que ocupam posições mais baixas na camada social. Para isso muitos têm se utilizado

de programas federais de ações afirmativas, como o Programa Universidade para Todos

(Prouni), Financiamento Estudantil (Fies), cotas, além de, obviamente conseguirem o

acesso a esse nível de ensino por meio da própria excelência escolar. Pretendemos

caracterizar a situação desses jovens universitários em condições de vulnerabilidade na

baixada santista, em especifico, na cidade de Santos, inseridos em programas

governamentais e/ou que utilizam financiamentos e bolsas de estudos oferecidos

diretamente pelas instituições de ensino, para acesso e permanência no ensino superior

público ou privado. A pesquisa, de caráter qualitativo, é desenvolvida em duas fases. A

primeira consta de levantamento bibliográfico sobre jovens universitários,

vulnerabilidade social, e ensino superior. A segunda consta de entrevistas abertas com

jovens universitários em condição de vulnerabilidade.

Palavras-chave: Jovens em Vulnerabilidade, Políticas de Inclusão, Ensino Superior.

1. INTRODUÇÃO

O Presente trabalho constou inicialmente de pesquisas bibliográficas

acerca do tema. A fundamentação teórica, situada na área das ciências sociais,

teve por base, pesquisas a respeito da definição de jovem, vulnerabilidade social,

e contou também com mapeamento da área considerada vulnerável na cidade

de Santos, assim como pesquisas relacionadas à educação, condições de

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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acesso do jovem ao ensino superior, e instituições que oferecem esse tipo de

formação. Todas essas informações foram apresentadas em relatórios

anteriores, visto que a pesquisa deu inicio no ano de 2014, e está findando em

2016. Após as pesquisas realizadas e o levantamento do mapeamento,

tentamos contato com as universidades da cidade de Santos, solicitando a

indicação de alunos bolsistas para darmos inicio a nossas entrevistas, porém

como não obtivemos sucesso por esse meio a aluna se encarregou de buscar

ativamente a partir de amigos, os candidatos que se dispuseram a responder ás

entrevistas. Realizadas as entrevistas, as mesmas foram transcrevidas e

tabeladas, contendo as informações básicas de cada jovem entrevistado, e em

seguida foi realizada uma comparação entre as entrevistas.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

Pretendemos caracterizar a situação desses jovens universitários em

condições de vulnerabilidade na baixada santista, em especifico, na cidade de

Santos, inseridos em programas governamentais e/ou que utilizam

financiamentos e bolsas de estudos oferecidos diretamente pelas instituições de

ensino, para acesso e permanência no ensino superior público ou privado

(PROUNI, FIES, Cotas, bolsas institucionais, etc.).

Sendo assim, e como decorrência do problema deste trabalho, fez-se relevante

analisar sobre a busca e inserção do jovem vulnerável no ensino superior, quanto

a:

- sua trajetória escolar até chegar à universidade;

- Estratégias (familiares, pessoais, etc.) de aprendizado e apoio durante a

formação básica e universitária;

- Condição financeira, trabalho, emprego, transporte, alimentação e saúde,

antes e depois do ingresso na universidade;

- Vivências familiares, culturais e de lazer antes e depois de ingressar na

universidade.

As desigualdades sociais, expressas na posição ocupada pelo aluno no

espaço social e nas suas relações com o processo de escolarização foram

investigadas com vistas a caracterizar os jovens universitários da cidade de

Santos, em condição de vulnerabilidade.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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A pesquisa, de caráter qualitativo, foi desenvolvida em duas fases. A

primeira consta de levantamento bibliográfico sobre jovens universitários,

vulnerabilidade social, e ensino superior. A segunda consta de entrevistas

abertas com jovens universitários em condição de vulnerabilidade.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seguir, tabulamos os entrevistados e suas características gerais

apresentadas, como: Com quem reside, Naturalidade, Universidade em que

estuda, tipo de bolsa, Curso, Cor, Escolaridade dos Pais.

RELAÇÃO DE

JOVENS

ENTREVISTAD

OS

Nome

G.C.A L.P.O T.S G.E.S T.M.A K.S.R G.F

Reside com: Pais Pais Pais Pais Sozinha Pais

Sozinho

Naturalidade São Paulo

- SP

Cubatão -

SP

Peruíbe -

SP

Santos -

SP

São

Paulo -

SP

Guarujá -

SP

João

Pessoa-Pa

Universidade

em que estuda

Universida

de Santa

Cecília

(UNISANT

A)

Universida

de

Paulista

(UNIP)

Universida

de

Paulista

(UNIP)

Universida

de Santa

Cecília

(UNISANT

A)

UNIFES

P

UNISANT

OS UNILUS

Tipo de bolsa PROUNI Fundação

Dom Davi PROUNI FIES Não tem PROUNI PROUNI

Curso Engenhari

a Civil

Ciência da

Computaç

ão

Nutrição Educação

Física

Ciências

do Mar Psicologia Medicina

Cor Pardo Branco Pardo Pardo Negra Branco Branco

Escolari

dade

dos pais

Pai Ens. Fund.

Incompleto

Ens.

Médio

Completo

Ens.

Médio

Completo

Ens.

Médio

Completo

Ens.

Sup.

Complet

o

Ens. Sup.

Incomplet

o

Ens.Médio

Completo

Mãe

Ens.

Médio

Incompleto

Ens.

Médio

Completo

Ens.

Médio

Completo

Ens.

Sup.

Completo

Ens.

Sup.

Completo

Ens.

Sup.

Completo

Ens. Sup. Completo

A partir das entrevistas realizadas, algumas considerações sobre os entrevistados:

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

20

- Pontos comuns

- Pontos Incomuns

Reiterando uma bibliografia utilizada neste projeto, e utilizando-a como

elemento fundamental para discussão dessa pesquisa, inicialmente

abordaremos a questão da vulnerabilidade social, que a partir do que foi

estudado, não pode ser definida de forma única, mas ela se evidencia quando

parte da população não é capaz de gerar renda suficiente para ter acesso

sustentável aos recursos básicos que garantam uma qualidade de vida digna.

Estes recursos são água, saúde, alimentação, educação, moradia, renda e

cidadania (GOMES E PEREIRA, 2005).

Tradicionalmente, o Sistema Educacional Brasileiro e os seus diversos

níveis de ensino são identificados como excludentes. Reflete as desigualdades

econômicas, sociais, políticas e culturais do país. Lutas históricas pela

democratização do acesso e garantia da permanência marcam a trajetória

educacional brasileira. Observa-se também, que o processo de democratização

escolar no Brasil, se iniciou pela ampliação do número de vagas, que não

experimentou, na mesma proporção, a garantia de condições de permanência a

segmentos historicamente excluídos (SANTOS e CERQUEIRA, 2009).

Trazendo esse dado para a cidade de Santos, e também utilizando um

mapeamento apresentado no desenvolvimento deste trabalho, apontamos que:

Segundo o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social, o IPVS, elaborado em

2010, que tem como finalidade fornecer a localização das áreas que abrigam os

segmentos populacionais mais vulneráveis dentro de cada município, a cidade

de Santos (419 mil habitantes, em 2010) pertence ao Grupo 1 do IPVS (cerca de

60 mil setores censitários foram classificados em sete grupos de vulnerabilidade

social, sendo o: Grupo 1 o considerado de baixíssima vulnerabilidade, ou seja:

População: 2,5 milhões de pessoas, Rendimento médio dos domicílios: R$

8.459, Idade média dos responsáveis pelo domicílio: 48 anos, Responsáveis

pelo domicílio com menos de 30 anos: 12,6%, Mulheres jovens responsáveis

pelo domicílio: 14,0%, Crianças de 0 a 5 anos no total da população: 5,9%), que

são constituídos por municípios que apresentam altos níveis de riqueza,

longevidade e escolaridade.

Em termos do IPVS, observa-se que a maioria de sua população reside

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em áreas de baixíssima, muito baixa ou baixa vulnerabilidade.

• 11,1% da população residem em áreas de baixíssima vulnerabilidade e

5,4% em áreas de vulnerabilidade muito alta.

• Do total de pessoas residindo em áreas consideradas de vulnerabilidade

muito alta na Região Metropolitana da Baixada Santista, cerca de 11% moravam

na cidade de Santos.

• Do total de pessoas residindo em áreas consideradas de baixíssima

vulnerabilidade na Região Metropolitana da Baixada Santista, mais de 90%

moravam no município de Santos.

• Mais de 80% da população do município residia em áreas de

vulnerabilidade baixíssima ou muito baixa.

• Não existem setores censitários rurais de alta vulnerabilidade.

Gráfico 1 – Distribuição da população, segundo Índice Paulista de

Vulnerabilidade Social (IPVS) – Santos 2010

Fonte: Fundação Seade.

A partir disso, confortando as pesquisas bibliográficas com os dados

obtidos, podemos entender que, pela cidade de Santos se classificar como uma

das cidades que possui baixíssima vulnerabilidade social, e também pelos

relatos obtidos dos estudantes que falam sobre suas dificuldades quanto a

situação econômica, porém em nenhum momento de seu desenvolvimento

sofreram situações de risco, ou ficaram em condições extremamente

vulneráveis, concluí-se que os jovens universitários não se encontram em

situação de vulnerabilidade, e sim de baixa renda, com dificuldades em relação

ao acesso a universidade, como transporte, alimentação e obtenção de material

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para estudos.

Figura 1 – Índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS) – Munícipio de Santos

2010

Fonte: Fundação Seade.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise da bibliografia, especialmente Silva (2009), contribuiu muito

para a reflexão quanto às estratégias de estudo desenvolvidas por alunos, com

o objetivo de acessar e cursar o ensino superior, com sucesso. A autora

conseguiu evidenciar, tendo como base a teoria sociológica de Bourdieu, que o

fracasso ou o sucesso de jovens universitários não se relaciona com a origem

social, de modo direto.

De acordo com o que realizamos identificamos também que, além das

bolsas, o governo não oferece mais nenhum outro benefício como transporte

público gratuito, alimentação, alojamentos nas universidades entre outros

benefícios que facilitariam e garantiriam a maior incidência de pessoas com

acesso ao ensino superior.

Também identificamos que a cidade de Santos possui classificação

baixíssima quanto a vulnerabilidade social, destacando que há alguns pontos

que se apresentam condições mais vulneráveis, porém nesses locais em

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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especial nenhum de nossos entrevistados encontram-se residindo nesses locais,

subentendendo-se que os jovens que tem acesso ao ensino superior não vivem

em condições de vulnerabilidade.

Portanto caberia um outro estudo além desse, que buscasse o perfil de

jovens moradores de locais considerados vulneráveis, e realizar um

levantamento de dados a respeito de seus objetivos e ideias de vida, objetivando

entender se esses jovens tem como ideal o acesso ao ensino superior, ou se o

ambiente social a que está inserido reforçam outras ideais a serem alcançados.

5. REFERÊNCIAS ABRAMOVAY, M.; CASTRO, MG; Jovens em situação de pobreza, vulnerabilidades sociais e violências. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, Fundação Carlos Chagas, n.116, jul., 2002. ALENCAR, H.A.L.; GUIMARÃES, P.S.M.; A construção da identidade: Jovens em busca do reconhecimento. Universidade do porto – Faculdade de letras – Faculdade de Psicologia e Ciência da educação. VII Congresso Português de Sociologia, 19 á 22 de junho de 2012. Disponível em: <http://www.aps.pt/vii¬_congresso/papers/finais/PAP0430_ed.pdf> BONETI, LW; Formação Profissional e emprego num contexto de pobreza. Jovem pobre, pobre jovem: a condição de acesso ao ensino superior no Brasil. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Um olhar sobre o Jovem do Brasil. Brasília, 2008. BRASIL. Lei n. 8069 de 13 de julho de 1990. Institui o Estatuto dos Direitos da Criança e do Adolescente – ECA. Brasília; 1990. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.html>. Acesso em 05 de fevereiro de 2014. SANTOS, A. P. D; CERQUEIRA, E. A. D. Ensino Superior: trajetória histórica e políticas recentes. IX Colóquio Internacional Sobre Gestão Universitária na América do Sul. Florianópolis – Brasil 25 à 27 de novembro de 2009. Disponível em: <http://www.inpeau.ufsc.br/coloquio09/> SILVA, A. M. D. A construção da excelência escolar: desempenho acadêmico de universitários oriundos de ensino supletivo. São Paulo: EDUC, 2009. VIZIBELI, D. Faculdade particular ou pública? A educação no Brasil é uma farsa? Blog Debates, site de pós graduando 2013. Disponível em: <www.posgraduando.com.br>. Acesso em 04 nov. 2013. XAVIER, K.R.; CONCHÃO, S.; CARNEIRO, Junior, N.; Juventude e resiliência: uma experiência com jovens em situação de vulnerabilidade. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, v.21, n.1, São Paulo, 2011, p.

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140-145. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-12822011000100014>

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REPRESENTAÇÕES SOBRE INFÂNCIA NOS ANOS 50 DO SÉCULO XX, NO BRASIL: ALGUMAS REFLEXÕES Ana Carolina Freitas Ribeiro

Bolsista PIBIC1

Profa. Dra. Marina Tucunduva Bittencourt Porto Vieira2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Psicologia

1 [email protected]; [email protected]

RESUMO: O projeto de Iniciação Científica se dedicou a identificar, no segundo livro de leitura da Série de Leitura Graduada, de Lourenço Filho, as representações de infância na década de 1950 no Brasil. Foi empregada a análise de conteúdo, usando como referência Laurence Bardin (2011). Os resultados encontrados são baseados na classificação do texto de acordo com as representações presentes na obra. Os dados principais foram devidamente contextualizados com a história política e vida do autor, bem como com o referencial teórico. Conclui-se que o texto trouxe uma perspectiva reformista para o estudo infantil, tendo como os ideais políticos do autor.

Palavras-chave: representações; infância; Lourenço Filho.

1. INTRODUÇÃO

A história da educação infantil brasileira foi marcada pela utilização das

cartilhas da Série Graduada Pedrinho, livros de alfabetização criados na década

de 1950 e que continuaram a ser publicados até meados dos anos 1970.

As cartilhas, desenvolvidas por Lourenço Filho e fortemente influenciadas

pelo Movimento da Escola Nova, contavam a história de Pedrinho e suas

aventuras, enquanto desenvolviam os temas do currículo escolar, como

Português, Matemática, História e Geografia. A partir dos acontecimentos da

vida de Pedrinho eram contadas histórias sobre a vida da personagem e seu

envolvimento com as questões da vida social infantil.

O autor do livro pesquisado, Manoel Bergström Lourenço Filho, foi

diplomado professor em 1914, pela Escola Normal de Pirassununga, e

bacharelado em Ciências Jurídicas e Sociais, Faculdade de Direito de São Paulo

em 1929, e teve grande envolvimento com a literatura infantil brasileira além de

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expressiva contribuição no surgimento do campo de Psicologia no Brasil. Em

1932 assumiu o controle da Associação Brasileira de Educação Nacional

(Carvalho, pegar data), juntamente com Anísio Teixeira e Fenando de Azevedo.

Segundo Lourenço Filho (1935), a educação é a principal ferramenta para

uma reforma dos costumes e valores de uma sociedade que precisava se

adequar as novas condições de uma vida voltada para a cultura, logo, a

internalização das representações sobre, por exemplo, civismo, presentes no

texto fictício sobre Pedrinho, se torna uma ferramenta para atingir essa reforma.

Tendo o livro sido uma ferramenta criada a partir de valores de reforma

da educação brasileira (baseados na ideologia escola-novistas), torna-se

interessante estudar com maior profundidade seu texto a fim de observar as

representações existentes em sua composição e quais as significações que

estas trazem sobre o período.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 2.1. Objetivos

Este trabalho visa inferir, a partir da análise de conteúdo, as

representações presentes no segundo livro de leitura de Lourenço Filho. Como

objetivo específicos, pretende entender as representações do autor acerca de

infância, família, escola, papéis de gênero, relações intergeracionais, dentre

outros temas compreendidos pelo texto. Como referencial teórico, são utilizados

Roger Chartier e Émile Durkheim.

2.2. Metodologia

A pesquisa tem natureza teórica e os métodos utilizados para a análise

de conteúdo seguem o proposto por Laurence Bardin (2011). Inicialmente, como

descrito pela autora, foi realizada a “leitura flutuante” do livro “Pedrinho e seus

Amigos”, que foi seguida de uma leitura mais categórica com o objetivo de

identificar as classes que comporiam a análise de representações existentes no

texto. As classes obtidas foram verificadas seguindo o conceito de pré-análise

de Bardin (2011), tendo sido discutidas durante uma reunião de orientação do

projeto. O resultado dessa discussão foi importante para identificar as classes

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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relevantes ao objetivo da pesquisa e excluir as demais. Utilizando as classes,

foram destacados do texto os trechos onde foram identificadas representações

pertinentes sobre tal classe. Esses trechos também foram pré-analisados para

verificar sua validade. Tendo concluída a categorização dos dados e a discussão

dos resultados, a análise do texto principal foi encerrada. Os dados resultantes

desse processo foram relacionados com o período histórico escolhido e com

pensadores da educação.

A etapa seguinte envolveu a separação e leitura dos textos que

contribuiriam para a interpretação e discussão das representações reunidas.

Além do objeto da pesquisa (livro “Pedrinho e seus Amigos”) foram utilizados

textos de Roger Chartier, Raquel de Abreu e Marta Maria de Carvalho.

2.3. Desenvolvimento

A análise de conteúdo segue a proposta de Bardin (2011), iniciada pela

leitura flutuante do material utilizado. Dentre estes, estão o livro pesquisado,

Pedrinho e Seus Amigos, e os artigos e livros utilizados como referencial teórico.

Em seguinte, como previsto no plano, o livro principal da pesquisa foi lido

de forma aprofundada e atenta a fim de observar os trechos que traziam

representações e destacá-los. Esses trechos foram categorizados nas seguintes

classes: família, moradia, alimentação, saúde, formas de tratamento, formas de

relacionamento, trabalho, atividades infantis, rotina, papéis de gênero, história e

pátria, relações intergeracionais, valores e hábitos, cidades e geografia e,

finalmente, natureza. Essas classes serviram para ilustrar as inferências

alcançadas a partir da leitura do texto, dando forma as representações

observadas.

Parte das classes se mostrou de menor importância para a pesquisa, de

forma que no recorte final foram expressivamente utilizadas as classes valores

e hábitos, família, trabalho, atividades infantis, papéis de gênero, história e pátria,

cidades e geografia e relações intergeracionais. Parte das classes foi

reorganizada e renomeada em segunda análise, como a classe história e pátria

que passou a chamar-se nacionalismo.

Essas classes foram estudadas com base nos autores pesquisados. Para

a compreensão dos trechos aglutinados foi utilizado os conceitos de

representação coletiva de Durkheim e Chartier, bem como os conceitos de

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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socialização e apropriação textual. Foram utilizados também artigos científicos

que abordam temas voltados para a história da educação.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados são as categorias estabelecidas durante a leitura e as

representações observadas no texto classificado. Essa classificação contribuiu

para compreender as representações presentes no texto e como estas se

entrelaçam com a história do personagem Pedrinho. As categorias obtidas

durante a análise são: família; moradia; alimentação; saúde; formas de

tratamento; trabalho; atividades infantis; papéis de gênero; nacionalismo;

cidades; valores e hábitos; relações intergeracionais; natureza.

Algumas categorias trouxeram uma contribuição mais expressiva para o

objetivo da pesquisa, como por exemplo, a classe família, que dispõe sobre as

características que compõem uma família, como o sentimento de união, estima

e compreensão. A família apresentada na narrativa é nuclear e conta com a

presença dos avós. Os pais e avós têm bastante influencia moral sobre a

educação de Pedrinho e seus irmãos, como visto no trecho a seguir: “Num lar,

tudo é diferente. Todos devem compreender-se e ajudar-se. Num lar, todos

devem sentir-se unidos: unidos até mesmo aos parentes que já tenham morrido.

Essa união é que faz a beleza da família.”. Aqui, percebe-se que o conceito de

família é algo internalizado pelos mais velhos e passado adiante. A categoria

moradia mescla-se com a classe anterior (família), pois apresenta relação com

a constituição de um “lar”, tendo foco na distinção dos tipos de moradia (casa,

prédio, sítio) e em sua determinada região ou agrupamento social (munícipio,

campo, capital, dentre outros).

A classe valores e hábitos, que reuniu as representações sobre valores

morais e hábitos sociais passados para as crianças, também trouxe uma

contribuição bastante rica, pois ilustrou com maior profundidade os

comportamentos que eram esperados de Pedrinho, seus irmãos e amigos – as

crianças que retratam a vida infantil no texto. Lições sobre organização, respeito

aos mais velhos, valorização dos trabalhadores, preocupação com a natureza,

papéis de gênero e gratidão são bastante reforçados em diversas passagens do

livro.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

29

Em diversas passagens do texto muito é falado sobre os tipos de trabalho,

em que são reunidas as diferentes ocupações das personagens e o contexto em

que elas são desenvolvidas, bem como as atividades que envolvem determinado

ofício, dentre os ofícios observados. Nesta destacam-se o de marceneiro,

padeiro, leiteiro, fazendeiro, dentre outras. É apresentada a importância de

determinados ofícios para o funcionamento da sociedade, como no trecho “São

necessários pedreiros, carpinteiros, encanadores, eletricistas e pintores [...]

também ajudantes, ou aprendizes desses ofícios [...] pense que as paredes se

fazem com tijolos, e que os tijolos exigem o trabalho dos oleiros”, que aborda

sobre quais são as especialidades necessárias para construir uma casa e as

dependências. No livro, o trabalho tem uma ligação direta com a dignidade, como

nota-se em “Mas todas as espécies de trabalho são dignas e belas quando os

homens as realizam com liberdade de escolha, cumprindo duas tarefas de boa

vontade”.

Na categoria nacionalismo muito foi reunido sobre a história e geografia

brasileira, enaltecendo suas características e figuras históricas como a Princesa

Isabel, Dom Pedro I, Tiradentes, dentre outros. Nessas passagens foi observado

um traço laudatório muito forte na forma como a história brasileira foi retratada.

Finalmente, temos a categoria atividades infantis, que ilustra as atividades

claramente direcionadas às crianças, seja para recreação ou para auxiliar os

mais velhos. Essas características aparecem pouco durante o texto, e envolvem

brincar, estudar, atividades em grupo (como clubes e brincadeiras grupais) e

realizar pequenos afazeres solicitados por seus pais.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para compreender as implicações da obra de Lourenço Filho é preciso

observar de maneira breve a sua trajetória histórica. Como apresentado

anteriormente, o autor de “Pedrinho e seus Amigos” foi engajado no Manifesto

dos Pioneiros, da década de 1930, e ativo militante do movimento da Escola

Nova, que promoveu uma reforma nos ideais e métodos educacionais (HAMZE,

2009). Os ideais centrais do movimento escola-novista defendiam que o ensino

que privilegiasse o estudante e suas necessidades de aprendizado, dando

espaço para métodos além dos positivistas, que permeavam a educação do

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

30

período. Esse movimento promovia a compreensão da educação como o

processo de maior eficácia para a criação de uma sociedade democrática que

respeitasse as características individuais de seus integrantes, possibilitando-os

de avaliar criticamente essa sociedade em que estão inseridos (HAMZE, 2009).

Estes ideiais foram transmitidos para cartilhas de Lourenço Filho, trazendo uma

personagem e suas vivências aliadas a lições e explicações didáticas, utilizando

esse método como um facilitador para o aprendizado do funcionamento social e

da posição da criança nessa mesma sociedade.

Pode entender-se que, a leitura pode influir no entendimento sobre a

realidade a partir da apropriação de suas representações, pois “a apropriação

[...] visa uma história social dos usos e das interpretações” (CHARTIER, 1991),

logo, a compreensão da sociedade obtida a partir dessas apropriações

possivelmente feitas pela criança promove um novo processo de socialização

embasado nos preceitos do autor. Dessa forma, o texto deixa de ser apenas

uma ferramenta educacional e se torna um instrumento político, capaz de

influenciar, modificar ou mesmo apresentar, no caso de ser um livro infantil, as

características esperadas de uma criança enquanto ser social. É nessa visão

que as cartilhas se tornam também um objeto de pesquisa, pois supostamente

trariam um referencial sobre o que era esperado do público-alvo desses livros,

embora não se possa afirmar que este objetivo foi alcançado. A utilização das

cartilhas pode ter possibilitado que a socialização ocorrida na vivência escolar

mudasse gradativamente, criando novas representações e modificando um

cenário social. Assim, as representações pessoais de Lourenço Filho pretendem

ser coletivas através da apropriação feita a partir da leitura de seu livro.

5. REFERÊNCIAS

ABREU, Raquel de. A série de Leitura Graduada Pedrinho (1953-1970) e a

perspectiva de socialização em Lourenço Filho. Florianópolis, 2009.

ABREU, Raquel de. Entre Durkheim e Lourenço Filho: a solidariedade

orgânica na série de Leitura Graduada Pedrinho (1953-1970). Santa Catarina.

BARDIN, Lawrence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

31

CARVALHO, Marta Maria Chagas de. A escola e a república e outros ensaios.

Bragança Paulista: São Francisco, 2003.

CHARTIER, Roger. A ordem dos livros: leitores, autores e bibliotecas na

Europa entre os séculos XIV e XVIII. Brasília: UNB, 1999.

HAMZE, Amélia. Escola nova e o movimento de renovação do ensino.

Disponível em: <http://educador.brasilescola.uol.com.br/gestao-

educacional/escola-nova.htm>. Acesso em: 25/07/2016.

LOURENÇO FILHO, M.B. As aventuras de Pedrinho. Série de Leitura

Graduada, v. 2. São Paulo: Melhoramentos, 1953.

OLIVEIRA, Fernando Rodrigues. As prescrições de Lourenço Filho, na década

de 1950, para o ensino da literatura infantil nos cursos normais paulistas.

ANAIS do VII Congresso Brasileiro de História da Educação. Cuiabá, 2013.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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ESTUDOS PARA SEGMENTAÇÃO MERCADOLÓGICA E PREVISÃO DE DEMANDA ATRAVÉS DA ANÁLISE DE REGISTROS EM BASES DE DADOS DE UM DISTRIBUIDOR DE AUTOPEÇAS Ana Carolina Maia Marques

Bolsista Proiti1

Prof. Me. José Fontebasso Neto2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Engenharia de Produção

[email protected]; [email protected]

RESUMO: O projeto em questão tem como objetivo estimar, através de modelos

matemáticos, a probabilidade de determinados clientes voltarem a comprar, nos meses

seguintes, em uma empresa. Para a realização deste projeto foram realizadas

pesquisas bibliográficas a respeito do assunto base e posteriormente, com o auxílio do

Excel, um modelo foi construído e testado com dados reais de uma distribuidora de

autopeças. Durante as avaliações de desempenho, constatou-se a viabilidade.

Palavras-chave: compras, cliente, modelo matemático.

1. INTRODUÇÃO

No mundo atual, devido à alta competitividade do mercado, tornou-se

indispensável a tentativa de cativar o cliente a ponto de fazê-lo realizar uma nova

compra. Por isso, as empresas utilizam diversas formas de chamar a atenção,

como estudos de marketing etc. Entretanto, trabalhos deste tipo podem ter um

custo alto e devem ser planejados e calculados com cautela.

Desta forma, para auxiliar as empresas a focarem o marketing nos clientes

“certos”, surge a problematização deste projeto - “Quais clientes apresentam

boas chances de voltar a comprar nos próximos meses?” -, bem como o objetivo

deste, que é calcular, através de modelos matemáticos, quais clientes têm maior

probabilidade de voltar a comprar nos meses subsequentes.

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2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

A princípio, foram realizados estudos sobre os diversos modelos

matemáticos, a fim de relembrar o conteúdo e escolher o que mais se

assemelhava com o objetivo do projeto. O modelo escolhido inicialmente foi a

auto regressão para o desenvolvimento da previsão de demanda.

A auto regressão pode ser definida como um estudo em regressão linear,

que tem como objetivo fazer a estimativa de um valor a partir de valores antigos

correlacionados e já estabelecidos.

De acordo com Santos (2014), em um modelo auto regressivo, a série de

dados 𝑍𝑡 é descrita por seus valores passados 𝑍𝑡−1 + 𝑍𝑡−2 + ⋯ + 𝑍𝑡−𝑝 e pelo

ruído, que são os resíduos não correlacionados. A auto regressão é dada pela

seguinte estrutura geral:

𝑍𝑡 = Φ1𝑍𝑡−1 + Φ2𝑍𝑡−2 + ⋯ + Φ𝑝𝑍𝑡−𝑝 + 𝑎𝑡

Em que Φ são parâmetros de estrutura, i = 1, ..., p (ordem da estrutura),

𝑎𝑡 é o ruído com média zero e variância δ2.

Foram obtidos dados reais de todos os clientes de uma distribuidora de

autopeças durante o período de janeiro de 2004 a janeiro de 2006. Entretanto,

utilizou-se apenas os clientes mais relevantes, ou seja, aqueles que realizavam

compras de valor relevante periodicamente. Como resultado, obteve-se um

banco de dados com 17984 clientes, que representavam apenas 1,5% do total

de consumidores, mas 33% da receita, como mostra a tabela 1.

Tabela 1. Representação da participação dos clientes relevantes ao estudo.

Fonte: Autoria própria.

Diversas ferramentas foram testadas para realizar o estudo, dentre elas o

SciLab, o Access e o Excel. Optou-se pela utilização da ferramenta Excel por ser

mais acessível, conhecido e simples para o desenvolvimento do modelo.

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Entretanto, durante o processo de desenvolvimento e teste do modelo,

verificou-se uma dificuldade em encontrar o intervalo de meses que melhor

representaria a previsão, o que acarretou em uma porcentagem de erro

indesejada. Outro ponto que também desfavoreceu a utilização do modelo auto

regressivo foi a quantidade de dados utilizados, pois o processo de teste havia

se tornado lento.

Devido a estes fatos, notou-se que a auto regressão havia se tornado

inviável ao desenvolvimento do modelo. Desta forma, a solução encontrada foi

pesquisar bibliograficamente outros modelos matemáticos, com o intuito de

definir um novo método de regressão, que fosse mais adequado aos objetivos

do projeto. O modelo escolhido foi a Regressão Logística.

A Regressão Logística é fundamentada em codificações simples, como

representar os clientes que compraram em determinado mês com o número “um”

e os clientes que não compraram, com o número “zero”. De acordo com Paula

(2001), considerando-se inicialmente o modelo logístico linear simples, tem-se

π(x) como a probabilidade de sucesso dado o valor x de uma variável qualquer,

dado da seguinte forma:

Nota-se que α e β são parâmetros desconhecidos. A partir daí, seriam

calculados, independentemente, 𝑛1 indivíduos que compraram em determinado

mês, ou seja, π = 1 e 𝑛2 indivíduos que não compraram, π = 0;

consequentemente, π(x) seria a probabilidade de compra de determinado

cliente, dentro do período estabelecido.

Assim, a chance de determinado cliente voltar a comprar, bem como a

chance de não comprar, estão representadas, respectivamente, abaixo:

A partir desses estudos, é possível determinar a probabilidade de um

cliente voltar a comprar. Clientes que ficarem acima do meio da curva

apresentam probabilidade de comprar maior ou igual a 50%, sendo assim,

interessante investir em uma ação de marketing nestes, enquanto que, os

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clientes abaixo do meio, sabe-se que a probabilidade de compra é pequena,

portanto não é interessante o investimento neste caso.

Após as tabelas serem atualizadas com os parâmetros da nova

regressão, o modelo foi construído em Excel e os testes foram realizados. Vale

ressaltar que, no início do projeto, tinha-se em mente estimar tanto a

probabilidade de o cliente voltar a comprar nos meses subsequentes, como o

valor da compra, no entanto, com a troca de regressão utilizada, apenas a

primeira estimativa foi realizada.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Etapa 1 - Auto regressão

Durante a primeira etapa do projeto – quando apenas a auto regressão

estava sendo aplicada – realizou-se diversos testes no modelo, comparando o

valor obtido com o real para avaliar sua viabilidade. Para demonstrar tais testes,

um cliente foi utilizado como exemplo, como mostra a Tabela 2. Nesta, constam

os valores gastos, por mês, entre os anos estudados.

Tabela 2. Compras de um cliente exemplo.

Fonte: Autoria própria.

Depois de executar o modelo construído, os valores reais e obtidos foram

dispostos no Gráfico 1 para efeito de comparação.

Nota-se que, há valores previstos que se assemelham satisfatoriamente

com os reais, como nos meses de julho e outubro de 2004, outubro e novembro

de 2005 e Fevereiro de 2006; no entanto, alguns são bastante distintos, sendo

este fato explicado pela escolha equivocada dos intervalos. Este último fato,

como dito anteriormente, aliado ao número de dados, foram os motivos que

levaram à troca da auto regressão pela regressão logística.

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Gráfico 1. Comparação dos valores previstos e reais.

Fonte: Autoria própria.

3.2. Etapa 2 – Regressão Logística

Após atualizar os dados para trabalhar com a nova regressão – trocou-se

os valores das compras pelos números 0, se o cliente não havia comprado

naquele mês e 1, se havia comprado -, a tabela de valores reais, de

acompanhamento e comparação com os previstos, ficou como mostra a amostra

contida na Tabela 3. Vale ressaltar que, cada linha da tabela representa um

cliente.

Tabela 3. Valores reais atualizados para a Regressão Logística.

Fonte: Autoria própria.

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Em sequência, os cálculos de π, π0, π1, α e β, bem como o erro, para

cada cliente foram feitos com o auxílio das funções matemáticas disponíveis no

programa computacional Excel e depois comparados com os resultados reais do

mês de Janeiro de 2006. Tais dados, foram colocados em forma de tabela, que

também está representada em forma de amostra, logo abaixo:

Tabela 4. Amostra dos valores de π0, π1, α e β, erro, valor real e conclusão do teste.

Fonte: Autoria própria.

Ao lado da coluna de dado real “jan/06”, há o resultado para a modelagem:

“A” aparece quando o modelo acertou – comprou ou não comprou -, “I” aparece

quando há incerteza e “E”, quando acontece um erro durante o cálculo. Com o

intuito de analisar a confiabilidade do modelo, fez-se a tabela abaixo, em que há

a soma de todos os “A”, “I” e “E”.

Tabela 5. Resultado do modelo regressivo

Fonte: Autoria própria.

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A partir desta tabela, pode-se perceber que o valor de acertos foi maior

do que a soma entre erro e incerteza. Desta forma, considera-se um modelo

válido.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao analisar o resultado da regressão logística, representado através da

tabela final disposta no item anterior, pode-se notar que o modelo em questão,

desenvolvido de acordo com as técnicas absorvidas através das revisões

bibliográficas, é valido por apresentar mais acertos.

É nítido que este ainda não poderia ser utilizado por uma empresa, que

trabalha com dados de confiabilidade acima de 90%. Entretanto, vale ressaltar

que, este foi o primeiro tratamento dado a estes dados e mesmo assim, já

apresentaram valores aceitáveis.

Desta forma, considera-se que, após aperfeiçoamentos, o modelo em

questão poderia, de fato, ser utilizado por uma empresa que queira chamar

atenção daqueles clientes cuja probabilidade de voltar a comprar é elevada.

Acredita-se que os objetivos deste trabalho, bem como a problematização

foram alcançados e que este favoreceu um enriquecimento quanto a formação

acadêmica.

5. REFERÊNCIAS

MILESKI, Júnior, Albino. Análise de métodos de previsão de demanda baseados em séries temporais em uma empresa do setor de perfumes e cosméticos. Curitiba, 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção e Sistemas) - Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Disponivel em: <http://www.produtronica.pucpr.br/sip/conteudo/dissertacoes/pdf/AlbinoMileskiJr.pdf> MEDEIROS, Marcelo C. Séries Temporais e Modelos Dinâmicos em Econometria. Departamento de Economia Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.econ.puc-rio.br/marcelomedeiros/eco2aula3.pdf> PAULA, Gilberto A. Modelos de regressão com apoio computacional. São Paulo: Instituto de Matemática e Estatística, Universidade de São Paulo. 2001. Disponível em: <https://www.ime.usp.br/~giapaula/texto_2013.pdf.>

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PELLEGRINI, Fernando Rezende. Metodologia para implementação de sistemas de previsão de demanda. Porto Alegre, 2000. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Disponível em: <http://www.producao.ufrgs.br/arquivos/publicacoes/Fernando%20R%20Pellegrini.pdf>.

SANTOS, Verena. Séries Temporais: ARIMA. Estatística. Belém, 2014. Produção didática - Universidade Federal do Pará. Disponível em: <http://www.ufpa.br/heliton/arquivos/aplicada/seminarios/M1_08_ARIMA_Verena.pdf.>

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DIFICULDADES DA APLICAÇÃO DO PROGRAMA PIBID DE MÚSICA EM ESCOLAS DE EDUCAÇÃO BÁSICA COM PROFESSORES DE ARTE SEM FORMAÇÃO EM MÚSICA Ana Paula Sarabando Lima

Bolsista PROIN1

Profa. Me. Rita Maria Gonçalves2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Licenciatura em Música

[email protected]; [email protected].

RESUMO: Este trabalho trata-se da aplicação do Pibid (BRASIL, 2010) em Música, e as dificuldades encontradas nas escolas de Educação Básica com professores de Artes sem formação musical nas Unidades Municipais de Santos. Tem como objetivo analisar os procedimentos aplicados, pelos alunos do Pibid nas unidades de ensino de Santos, fundamentando-se em NOVOA (1999); PENNA (2002); TARDIF (2002); MACHADO (2004); ABDALLA (2006); SOBREIRA (2008); FONTERRADA (2008); GONÇALVES (2012); análise dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1998) e artigos relacionados a pesquisa. A abordagem será por meio da pesquisa qualitativa, conforme Lüdke e André (1986), pois esta possibilita conhecer os dados, analisando por meio de seus códigos sociais e também apoiando em Bogdan e Biklen (1994), que consideram algumas características para análise dos dados. A pesquisa se desenvolveu em três etapas: 1ª. Realizou-se um levantamento bibliográfico, com pesquisas e artigos científicos; 2ª. Aplicação de um questionário para quatorze bolsistas do Pibid; 3ª. Entrevistas com a professora de Arte e a coordenadora da UME Cidade de Santos. Após os dados coletados foi realizada a tabulação e as análises desses conteúdos (BARDIN, 2007 e FRANCO, 2003) para apontarmos as considerações preliminares como resultados da nossa pesquisa.

Palavras-chaves: Educação Básica,Pibid, Formação em Música.

1. INTRODUÇÃO

Esta pesquisa de Iniciação Científica dispõe sobre a aplicação do

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID, na área da

Música, de como tem sido realizado, quais são as dificuldades encontradas nas

escolas de Educação Básica, em especial com professores de Arte sem

formação em música nas Unidades Municipais de Santos. De acordo com a

implementação da Lei n.º 11679/08 que trata da obrigatoriedade do conteúdo de

Música na Educação Básica, na disciplina de Arte.

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Desse modo a escola assume um grande compromisso de muitas vezes

colocar um profissional sem a formação devidamente adequada. Então, espera-

se que esta Iniciação Científica sirva como suporte para discussões

fundamentais de como tem sido realizados os conteúdos de Música nas escolas

com o trabalho com o professor de Arte e que sirva como experiência para nossa

carreira profissional.Também espera-se que essas pesquisas alcancem os

objetivos gerais de: analisar os procedimentos aplicados, pelos alunos do PIBID

nas escolas que participam do projeto, verificando se as atividades realizadas

melhoram a formação dos futuros profissionais e também a qualidade das aulas;

conhecer, como tem sido realizado o trabalho com a Música nas escolas de

Ensino Básico, com professores de arte sem formação em música; e também

analisar quais as dificuldade de aplicação desse projeto nas escolas visando a

melhorar a formação dos professores de música.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

Os procedimentos utilizados no trabalho foram desenvolvidos de acordo

com três etapas da pesquisa, detalhadas posteriormente.

2.1. Primeira etapa: Levantamento bibliográfico

Iniciamos a pesquisa com um levantamento bibliográfico, por meio de

pesquisas de trabalhos, que tratam, em especial, da formação de professores

em relação à Educação tais como: Nóvoa (1999); Tardif (2002); Abdalla (2006);

Fonterrada (2008); Outras pesquisas em teses como o de Gonçalves (2012);

também pesquisas em artigos relacionados à Educação Musical Penna (2002);

Machado (2004); Sobreira (2008) e análises dos Parâmetros Curriculares

Nacionais (1998) e os dispositivos legais referentes à disponibilidade do

Programa PIBID (BRASIL, 2010) para compreender os objetivos do programa.

2.2 Segunda e terceira etapa: Questionários e Entrevistas

Para podermos analisar a pesquisa, primeiramente foi necessário

conhecer os dados conforme Lüdke e André (1986) e usar os códigos que nos

apontam Bogdan e Biklen (1994) para compreendermos e relacionarmos os

dados, com os teóricos estudados. Desse modo, aplicamos um questionário para

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quatorze bolsistas do Pibid, porém dois não responderam. Também, fizemos

entrevistas com a professora de Arte e a coordenadora da U.M.E Cidade de

Santos, com perguntas abertas e fechadas, com questões abertas e fechadas

e em seguida realizamos a tabulação das respostas para dar suporte às análise.

2.4 Análises dos dados

De acordo com os dados coletados realizamos em forma de tabulações

para melhor analisarmos os dados e podermos obter alguns resultados parciais

compreendendo como tem sido aplicado o programa e qual a contribuição e

dificuldades dos bolsistas frente aos desafios do Pibid nas unidades de ensino.

Após todas as análises dos dados (BARDIN, 2007 e FRANCO, 2003)

conseguimos chegar a algumas considerações preliminares como resultados

parciais da nossa pesquisa que será contemplado no próximo tópico.

Outro fator contribuinte desta pesquisa em busca das análises dos dados,

foi à participação no II Encontro do Fórum Permanente de Formação de

Professores de Música / II Encontro Nacional do PIBID Música / 19º Simpósio

Paranaense de Educação Musical, no SESI/Associação Médica de Londrina,

onde apresentamos um artigo e um pôster sobre a temática da aplicação do Pibid

em Música com professores de Arte sem formação.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados parciais obtidos por meio do questionário dos bolsistas se

deram a partir da técnica da análise de conteúdo (BARDIN, 2007), destacados

pelos eixos: Formação; Dificuldades; Professores de Arte e Dificuldades dos

bolsistas, que serão detalhados na Tabela 1.

Tabela 1. Análise dos dados

Eixos Dados coletados Sujeitos

analisados

Formação

O professor hoje precisa ter uma noção do que vai dar,

mas caso não tiver recorrer os alunos bolsistas em

Música, perguntar se eles têm alguma idéia para unir

a matéria.

S2

Professor poderia se interessar um pouco mais em

música, tentar aprender alguns conceitos junto com

aos alunos e também pedir para que os bolsistas

S10

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Fonte: Dados do Questionário dos bolsistas do Pibid em Música da UniSantos.

A questão da formação desses professores nos remete a certa

necessidade de como afirma Machado (2004,p.38) de haver um “perfil

profissional mais adequado às exigências atuais e as novas determinações

legais com relação à formação dos professores, é que se tem cada vez mais

discutido a formação continuada dos docentes”, e assim podemos notar como

essa discussão que permeia pela educação musical, e se torna relevante nessa

pesquisa.

As dificuldades elencadas mostram o quanto é necessário o professor

precisa ter um comprometimento. Segundo PENNA (2002, p.8)

[...] até que ponto a educação musical tem se comprometido com a música na escola de educação básica – entendendo-se compromisso no sentido de um empenho coletivo em ocupar esse espaço escolar, em buscar propostas pedagógicas e metodológicas adequadas para esse contexto e suas necessidades próprias.

façam alguma atividade que ajude os alunos a

entender melhor a matéria.

Dificuldades

Geralmente o professor de Artes, está preparado para

Artes Plásticas e nunca para Música. Agora, que ele

tem que trabalhar com Artes, teatro, dança e música,

muitos professores estão correndo atrás, pesquisando

no Google, em livros, atividades musicais. E, deveria

ter uma oficina para ajudar esses professores. Em

relação as dificuldades das atividades musicais para

criar atividades novas. Pois, sempre são: “Escute a

música e interprete” ou “faça uma musiquinha que

você queira ou cante”, mas nada além disso. Acho que

a grande dificuldade hoje em dia é o professor se

aprofundar no mundo musical.

S2

Professores

de Arte

É difícil de fazer eles entenderem a necessidade tão

igual quanto a artes e que a música tem muita

importância para ajudar a controlar a sala.

S3

Pelo fato do professor de Artes não entrar no projeto e

não poder entrar em sala de aula com o mesmo. S6

Dificuldades

dos

bolsistas

O professor de Artes não aderiu ao projeto, então, essa

é a maior dificuldade. S4

Falta de recurso de outras artes. Artes Visuais tem

bastante material, porém uma sala-ambiente seria

ideal. Além da falta de interesse dos alunos devido à

uma matéria que ainda não é levada a sério.

S10

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Nesse sentido refletimos como a escola está enfrentando com essas

adversidades apresentadas pelos bolsistas e qual tem sido o compromisso da

escola com o ensino da Música. Percebemos que ainda a disciplina de Arte não

ocupa o espaço de importância como as outras disciplinas.

A tabela aponta o fato de alguns professores de Arte, que são contra a

aplicação do Pibid, apesar de não terem o conhecimento musical, pois encaram

os bolsistas como investigadores de seu trabalho. Em muitos casos, os

professores não compreendem a necessidade do conteúdo de Música na grade

curricular e isso se torna um desafio tanto para eles quanto para os alunos e

bolsistas.

Sobre a formação dos professores de Arte, PENNA (2002, p. 18) afirma

que sobre as propostas dos Parâmetros Curriculares Nacionais:

[...] como conseqüência a necessidade de se repensar os cursos de formação do professor, buscando baseá-los em uma concepção de música mais abrangente, de modo a sustentar uma nova postura pedagógica, comprometida com a ampliação da experiência musical do aluno.

Desse modo, concordamos com Penna (2002), pois pelas falas dos

sujeitos entrevistados, constatamos as dificuldades apontadas e então

avaliamos que deveria ser repensada a grade curricular da formação dos

professores de Arte aprimorando os conteúdos da Música para auxiliar os

professores em suas práticas de ensino na sala de aula.

Dessa maneira o PIBID em Música (BRASIL, 2010) veio para as escolas

com o objetivo de uma iniciativa para o aperfeiçoamento, como forma de

incentivo na formação docente, promovendo a integração entre o nível superior

e educação básica e, principalmente conhecer a realidade das escolas da rede

pública de educação, oferecendo experiências da teoria e prática docente.

Com isso, para podermos entender melhor essas mudanças temos que

compreender, então, quais tem sido as necessidades dos professores, visto que

necessidade significa em buscar o que querem mudar em suas práticas de

ensino. Abdalla (2006), afirma que é necessário repensar e reestruturar a

formação dos professores a partir das necessidades.

Dessa forma, percebemos as necessidades dos estudantes ao aplicarem

o Pibid em Música nas escolas, pois encontramos dificuldades especialmente,

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em uma escola que o professor de Artes não aderiu ao projeto por não ter a

formação musical. Este trabalho é fundamental para investigarmos as

inquietações dos estudantes frente ao desafio do Pibid e compreendermos a

formação musical para esses estudantes. Este trecho é repetitivo.

Nóvoa (1999) defende que todo profissional deve ter sua identidade

pessoal, em conhecer suas práticas para encarar os desafios da educação, além

de definir o conceito do “ser professor”, que não é fácil, porém necessário para

sua prática docente. Desse modo, segundo Garcia (1995) a formação é um

processo evolutivo das experiências dos professores fundamental tanto para os

próprios professores quanto para as instituições. Esse é o ponto de reflexão da

nossa pesquisa temos que repensar a formação dos professores de Música,

preparando-os para uma formação que atenda as necessidades de ser professor

de Arte.

E, para finalizar, deixamos uma reflexão de Sobreira (2008, p. 51) que

descreve como uma nova visão dessas situações da educação musical nas

escolas, que junto com a autora, pensamos que é:

[...] primordial a união de esforços para compreender melhor a realidade das escolas públicas e discutir projetos que possibilitem um salto qualitativo no ensino de música nesses contextos, evitando que equívocos cometidos no passado sejam repetidos.

Espera-se que essas palavras de Sobreira (2008) possam servir como

compreensão sobre a atual realidade da educação básica, e que a parceria dos

bolsistas do PIBID junto com os professores de Arte, possam ter contribuído para

a reflexão dos alunos sobre a educação musical e seu papel nas escolas de

ensino básico, dentro da disciplina de Arte, e melhor também a importância da

formação com embasamento nas linguagens que não desenvolvidas

adequadamente no cursos de graduação nas áreas de Arte, pois as licenciaturas

qualificam os profissionais para formaram crianças e jovens de maneira completa

e com qualidade.Isso é o que queremos e mais que legislações temos que

implementar uma estrutura adequada que priorize a Arte de maneira plena e não

fragmentada.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com os dados coletados podemos observar a importância da capacitação

dos professores de Arte em buscar conhecimento na área da Música, sendo este

o principal fato da aplicação do projeto de Música nas unidades de ensino que

proporciona ao bolsista a oportunidade de sugerir atividades musicais para o

professor de Arte. São esses fatores que visam à questão principal do trabalho

o de analisar os procedimentos aplicados, pelos alunos do Pibid nas escolas e

suas dificuldades

Nesse sentido, a questão da formação desses professores nos remete a

certa necessidade de como afirma Machado (2004,p.38) de haver um “perfil

profissional mais adequado às exigências atuais e as novas determinações

legais com relação à formação dos professores, e que se tem cada vez mais

discutido a formação continuada dos docentes”, Assim podemos notar como

essa discussão permeia pela educação musical, e se torna relevante nessa

pesquisa.

Com isso, podemos refletir como a escola está enfrentando essas

adversidades apresentadas pelos bolsistas e qual tem sido o compromisso da

escola com o ensino da Música, principalmente o caso de alguns professores de

Arte não terem aderido ao programa do Pibid o que gerou uma grande

dificuldade para os bolsistas. Percebemos que ainda a disciplina de Arte não

ocupa o espaço de importância como as outras disciplinas, sendo solicitada em

momentos de comemorações ou eventos escolares.

Enfim, essas dificuldades apontadas nos mostraram o quão desafiador é

para os bolsistas darem continuidade ao projeto de Música, pois muitas vezes

acabam tendo uma função que não era o objeto do Pibid, ministrando atividades,

tirando a oportunidade de desenvolverem um projeto com eficácia. E com as

dificuldades analisadas foi possível constatar a importância do professor de Arte

possuir a formação musical, caso contrário dificulta a realização do projeto na

Educação Básica. Essas problemáticas contribuíram para alcançar o objetivo

proposto da pesquisa, favorecendo assim, com os resultados obtidos

mencionados anteriormente.

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5. REFERÊNCIAS ABDALLA, Maria de Fátima Barbosa. O senso prático de ser e estar na

profissão. São Paulo: Cortez, 2006.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2007.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei n. 9394/96, de 20 de dezembro de1996.

Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União,

Brasília/DF, 1996.

BRASIL. Ministério da Educação.Lei n. 11.769/08, de 18 de agosto de 2008.

Altera a Lei 9394/96, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da

Educação, para dispor sobre a obrigatoriedade de Música na educação básica.

Diário Oficial da União, Poder Legislativo. Brasília, p. 1, 19 de agosto de

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BRASIL. Ministério da Educação. Decreto n. 7219, de 24 de junho de 2010.

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O TRÁFICO HUMANO DENTRO DE GRANDES EVENTOS: COPA DO MUNDO, OLIMPÍADAS, OS JOGOS DA COMMONWEALTH E O ROCK IN RIO Ananda Pórpora Fernandes

Bolsista PROIN1

Profa. Me. Verônica Maria Teresi

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Relações Internacionais

1 [email protected]; 2 [email protected]

RESUMO: Tratar da possível relação do Tráfico de Pessoas e os grandes eventos, quais

sejam: a Copa do Mundo, as Olimpíadas, os Jogos da Commonwealth e o Rock in Rio.

Procura-se pautar se grandes eventos interferem no cometimento do tráfico de pessoas,

se poderiam levar a um aumento no número de pessoas traficadas ou exploradas; se

existe essa preocupação das autoridades atuantes; caso sim, quais as ações realizadas

para o enfrentamento e prevenção durante os eventos. Para isso foi estudado o que é

o tráfico de pessoas, como ele se verifica, suas motivações, quais os fatores influentes

e as normativas já existentes, por meio de pesquisa bibliográfica, para que assim fosse

possível analisar essa relação. Ademais, foram pesquisados quais eram os

megaeventos existentes, quais locais os sediaram, as datas ocorrentes de cada um

deles, para posteriormente realizar uma busca de casos reais através de manchetes

jornalísticas publicadas na internet. Procurando ter um foco maior no Brasil, nos eventos

que o país já sediou, foi preciso estipular o posicionamento do país sobre o crime, quais

as convenções e protocolos já assinados e ratificados, quais normativas internas

existentes para o combate, as ações já realizadas para seu enfrentamento e a partir

disso analisar os eventos ocorridos no Brasil. Concluiu-se que apesar da existência de

casos reais de pessoas traficadas, ou exploradas, durante os eventos, não se pode

afirmar que esses eventos causam um aumento no numero de casos.

Palavras-chave: Tráfico, Eventos, Exploração

1. INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como finalidade analisar a possível relação entre o

crime tráfico de pessoas e os megaeventos internacionais, se um exerce ou não

alguma influência sobre o outro, se esses eventos podem levar ao aumento do

número de pessoas traficadas ou exploradas; se existe essa preocupação das

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autoridades atuantes; quais as ações realizadas para o enfrentamento e

prevenção do tráfico de pessoas durante esses eventos.

Para entender essa possível relação é preciso primeiramente conceituar

e desmembrar o conceito de tráfico de pessoas, quais as suas finalidades, tipos

de exploração, motivações, fatores influentes, violações, normativas já

existentes, como realmente ocorre este crime. Procurando também estabelecer

um pouco de seu contexto histórico para uma melhor compreensão, como as

primeiras ações da comunidade internacional, as convenções e protocolos

estipulados para o seu enfrentamento, possibilitando visualizar as preocupações

das autoridades em relação ao crime, não só nos dias de hoje, mas no decorrer

da história. A pesquisa de dados internacionais sobre o tráfico de pessoas,

fornecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), também é de extrema

importância, fortalecendo o entendimento do tema.

O tráfico de pessoas é considerado um crime organizado transnacional,

de acordo com o Protocolo criado pelas Nações Unidas, que será pautado ao

decorrer da pesquisa, sendo este crime um dos maiores violadores dos Direitos

Humanos. Por conta disso é necessário realizar uma análise desses direitos para

a melhor compreensão do crime, como os direitos humanos surgirão, como se

deu a sua criação, quais barreiras já quebradas e quais direitos já alcançados,

pois estes são a base normativa para a proteção dos direitos humanos

garantidos pelo enfrentamento ao tráfico de pessoas.

O trabalho desenvolve o enfrentamento ao tráfico de pessoas no Brasil,

quais as convenções e protocolos já assinados e ratificados, quais normativas

internas existentes para o combate e como está o seu andamento, as ações já

realizadas para seu enfrentamento. Foi feita a análise do I Plano Nacional de

Enfrentamento ao tráfico de Pessoas, como também do II Plano, verificando

perceber os principais avanços, identificando a Rede de Enfrentamento ao

Tráfico de pessoas.

O trabalho teve como foco analisar a relação do tráfico com grandes

eventos. Nesse sentido, foi preciso pautar essa relação e quais os fatores que

permitem essa conexão entre eles. Optou-se por identificar grandes eventos,

principalmente esportivos, os locais e datas de realização, e assim verificou-se

a ocorrência de diversos casos de tráfico e de pessoas exploradas ligadas aos

eventos, localizados em publicações na internet.

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2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

Para delimitar o conceito de Tráfico Humano, foi realizada da leitura dos

materiais publicados pela internet, como os Planos Nacionais de Enfrentamento

ao Tráfico de Pessoas, os Cadernos Temáticos sobre Tráfico de Pessoas, o

“Guia de Referência para a Rede de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas no

Brasil”, “Tráfico de Pessoas – Uma Abordagem para os Direitos Humanos”, o

Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade

Organizada Transnacional relativo à Prevenção, à Repressão e à Punição do

Tráfico de Pessoas, em especial de Mulheres e Crianças, dissertações de

mestrados, artigos e outros.

Em busca de dados internacionais, foi estudada a pesquisa sobre “Tráfico

de Pessoas e Trabalho Escravo no Estado de São Paulo” divulgada pelo

Ministério Público do Trabalho e o Ministério Público Federal, os materiais

publicados pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o “Global Report

on Trafficking in Persons” de 2014, “Tráfico em Pauta” divulgado junto ao

Ministério da Justiça, entre outros materiais que ajudaram a introduzir o tema.

Para a pauta dos Direitos Humanos, foi usado como material de estudo a

Declaração Universal dos Direitos Humanos, o livro Teoria Geral da Política de

Norberto Bobbio, e outros artigos, dissertações de mestrado e trabalhos de

conclusão de curso relacionados ao tema.

Por dois documentos citados acima, foi permitido realizar uma consulta

via internet, e também em publicações do Ministério da Justiça, das instituições

que estão envolvidas nas ações preventivas, visando combater e até mesmo

erradicar o tráfico de pessoas.

A análise de casos reais foram feitas em maior parte através de

manchetes localizadas na internet, mas os artigos “Qual o Preço de um Boato”

publicado pela Global AllianceAgainst Traffic in Women (GAATW) e “Exploração

de crianças e adolescentes e a Copa do Mundo: uma análise dos riscos e das

intervenções de proteção” pesquisa realizada pela Brunel University London

foram essenciais para a análise de casos internacionais.

O estudo de relatórios também foram de grande peso para a pesquisa,

além dos relatórios semestrais dos Núcleos de Enfrentamento ao Tráfico de

Pessoas de São Paulo e do Rio de Janeiro, publicados pelo Ministério da Justiça,

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que permitiram uma comparação no número de casos de tráfico relatados no

Brasil no semestre em que ocorreu o evento a Copa do Mundo com os semestres

anteriores e seguintes, o acesso ao relatório GIFT box BRASIL, documento que

conta experiências sobre o projeto GIFT box BRASIL, e como ele foi executado

abordando o tema do Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas e Trabalho Escravo,

realizado durante a Copa das Confederações e a Jornada Mundial da Juventude

em 2014, no período da Copa do Mundo. Os dois relatórios foram essenciais

para a análise do tráfico de pessoas durante a Copa do Mundo em 2014 sediada

no Brasil.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

De início os resultados obtidos foram teóricos, dando base para a

continuação do trabalho, o sendo uma parte introdutória sobre o tema, mais um

desdobramento do conceito Tráfico de Pessoas, com as leituras em

determinados materiais junto às discussões realizadas com o orientador foi

possível conquistar um excelente entendimento sobre o que é o tráfico, dos seus

elementos fundamentais, dos tipos de exploração, como as pessoas se tornam

vulneráveis.

Um fator muito discutido foi a necessidade de uma conscientização maior

da sociedade, onde em alguns casos a alienação das mesmas podem torná-las

vulneráveis a serem traficas e também pode fazer com que se deparem com

uma situação de tráfico e não consigam identificar, impossibilitando auxílio à

vítima.

Apesar das medidas já estabelecidas, tanto no âmbito internacional

quanto no interno vemos que estas não são suficientes para o devido combate,

o número de pessoas traficadas continua alto sendo necessária uma visão mais

apurada dos Estados, através da criação de novas medidas para o combate,

procurando trazer um pouco mais desta realidade para a sociedade, pois ela é a

maior prejudicada deste crime. Sendo assim, seria fundamental que ocorressem

mais ações preventivas não só no Brasil, mas naqueles países que os índices

de pessoas traficadas são maiores.

Relacionar o Tráfico Humano com eventos esportivos até o momento não

tem sido algo fácil, apesar de certos fatores identificarem ligação para que estes

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eventos tornem as pessoas mais vulneráveis a serem traficadas. Um dos fatores

é o grande número de trabalhos temporários durante os eventos, como em

hotéis, restaurantes, bares e outros, onde a exploração laboral pode ter um

aumento, outro fator pode-se dizer que é a grande demanda de homens nos

eventos, o que pode levar a um aumento na busca pelo mercado sexual levando

a um crescimento na exploração sexual. Também pode-se falar de outro ponto,

aquele em que as fronteiras do país, que sedia o evento, pode estar mais aberta,

facilitando a entrada e saída de migrantes, favorecendo a ação dos traficantes

de pessoas. Para isso é tão relevante a prevenção ao tráfico de pessoas.

Através de uma busca de casos reais, onde pessoas foram encontradas

em situação de tráfico ou de exploração durante estes eventos, apesar do

número de artigos publicados não serem altos, foram localizados alguns casos,

como de pessoas exploradas durante a construção dos estádios, e pessoas

exploradas durante a realização do evento, tanto pela exploração de trabalho

quanto pela exploração sexual. Nestes casos encontrados verificam-se que a

maioria das vítimas não eram de sua região local, ou eram de cidades do interior

do país ou eram de países bem pobres.

Um dos casos analisados foram de pessoas encontradas em situação de

exploração na construção de estádios em Qatar, que seria para a realização da

Copa em 2022, o assunto tem sido muito discutido em conferencias

internacionais. Trata-se de uma região onde a legislação e a proteção ao

trabalhador não é prioridade. Vulnerabilidade se dá pela ausência de estado e

de normas internas relativas à melhores condições de trabalho.

Casos brasileiros também foram encontrados, saindo do foco dos

esportes, durante o Rock In Rio, pessoas foram encontradas em situações de

trabalho escravo, vendendo comida dentro do evento, casos em outros eventos

sediados pelo Brasil também foram localizados. E através da comparação dos

relatórios semestrais dos núcleos, o semestre que ocorreu a Copa do Mundo, foi

o que obteve um numero maior de casos de pessoas traficadas na região de São

Paulo e Rio de Janeiro, dois estados que receberam os jogos.

Porém, é importante destacar que, apesar desses casos localizados e do

aumento no número de casos analisados nos relatórios, estas não são provas

suficientes para afirmar que os eventos tem uma influencia sobre o crime.

Em muitos materiais estudados na pesquisa afirmam não existir relação

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nenhuma entre os megaeventos e o tráfico de pessoas, contanto através de

buscas na internet, casos reais foram identificados de pessoas traficadas e

exploradas, ligados aos eventos. Não foram muitos casos, mas a maioria deles

ocorrerem anterior ao evento, principalmente para a construção de estruturas

para a sua realização, como em construções de estádios, pode ser dado como

exemplo o caso de Qatar, já citado neste relatório.

É possível notar também a preocupação dos atores atuantes na área

sobre o assunto, estes não afirmam a influência entre os dois temas, mas são

realizadas diversas ações de prevenções durante os eventos, o que pode levar

a pensar sobre a relação entre os temas.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar do tema tráfico de pessoas aparentar ser de conhecimento de

muitos, observa-se que ainda é algo pouco discutido na sociedade, muitas vezes

aparenta até ser algo desconhecido para muitos. Ainda mais quando é

relacionado este tema com grandes e famosos Eventos pode não ser do agrado

de muitos, pois o mesmo está associado ao entretenimento e não uma

criminalidade.

A associação do Tráfico Humano a esses eventos não é uma análise fácil

de realizar, verifica-se que são poucos que relacionam estes eventos ao tráfico

onde alguns até afirmam que eles não são influentes no crime. Entidades

religiosas são as que mostram uma preocupação maior, realizando campanhas

de prevenção durante estes eventos, também se encontra alguns projetos de

prevenções estabelecidos pelas Organizações das Nações Unidas referente aos

eventos, uma delas é a Gift Box, coordenado pela Secretaria de Estado de

Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro (SEASDH) e

Organização Internacional do Trabalho-Brasil (OIT), criada em 2012 nos jogos

Olímpicos em Londres, procurando realizar uma campanha de conscientização

da sociedade sobre o crime, ele tem como princípio ser um movimento global a

fim de combater e erradicar o Tráfico de Pessoas e do Trabalho Escravo em todo

o mundo. Não deixando de lado também as metas colocadas no Plano Nacional

de enfrentamento ao Tráfico de Pessoas I e II, como a “campanha e mobilização

para o enfrentamento ao Tráfico de Pessoas” e do aperfeiçoamento da

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regulamentação para fortalecer o aperfeiçoamento, colocados em pauta, que

podem ser essenciais para o combate ao crime nestes eventos.

Por conta destas medidas, e dos casos localizados nas pesquisas sugere-

se que existe uma ligação entre os dois fatores, contanto não existem provas

suficientes para essa afirmação, não se pode afirmar categoricamente que os

eventos irão causar em um aumento no número de pessoas traficadas, apesar

da análise dos relatórios semestrais dos núcleos do Rio de Janeiro e São Paulo

terem demonstrado um aumento nos casos no semestre da Copa do Mundo de

2014, é essencial levar em consideração as ações preventivas realizadas antes

e durante o evento, essas ações podem ter levado uma conscientização maior

da própria população, fazendo com que o número de denúncias aumentassem,

importante ressaltar que os casos identificados não eram ligados diretamente

aos eventos.

Sendo assim, não se pode fazer a afirmação dos eventos terem influencia

no tráfico, mas se pode afirmar que é um excelente momento para as ações

preventivas, e é o que tem sido realizado não só pelos atores brasileiros mas

também como de outros países.

Pelo grande número de pessoas na região para a participação do evento,

realizar uma ação preventiva, de capacitação para a sociedade durante o evento,

faz com que atinja um maior número de pessoas, não só aqueles da região local,

mas também os de outras regiões expandindo essa capacitação, permitindo uma

sociedade mais consciente, evitando que esses sejam atraídos pelas redes de

tráficos ou até mesmo que identifiquem casos de pessoas traficadas ou

exploradas.

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INVENTÁRIO DA ARQUITETURA MODERNA DA BAIXADA SANTISTA Andressa Carvalho de Oliveira Xavier

Bolsista PROIN1

Prof. Me. Gino Caldatto Barbosa2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Arquitetura e Urbanismo

[email protected]; [email protected]

RESUMO: O estudo dos projetos e obras produzidos na Baixada Santista por arquitetos filiados à linguagem moderna é o tema da pesquisa desenvolvida na iniciação científica. A metodologia de trabalho dividiu-se em pesquisa bibliográfica, iconográfica e empírica, sistematização e digitalização das informações levantadas. Cada atividade desenvolvida seguiu o roteiro proposto de trabalho. Os levantamentos efetuados foram direcionados para a produção de mapeamento visual preliminar. A seleção dos imóveis inventariados passou por uma amostragem inicial, limitada diante da inexistência de informações buscadas nas fontes de pesquisa. Do universo inicial de trinta e três edifícios pré-selecionados foram obtidas informações de apenas treze desses imóveis. A pesquisa foi possível a partir do cumprimento das etapas que permitiram a análise e mapeamento de São Vicente. Dos exemplares arquitetônicos levantados, quase a totalidade contém ainda seus elementos construtivos originais e em bom estado de conservação.

Palavras-chave: estudo de projetos; inventário; arquitetura moderna.

1. INTRODUÇÃO

A pesquisa proposta refere-se ao estudo o conjunto arquitetônico

moderno produzido na Baixada Santista durante o período de 1940 até a década

de 1960, cujo recorte inicial foi efetuado levantamento na cidade de Santos e,

agora, em São Vicente. O trabalho define um momento histórico de materialidade

da arquitetura que se colocava como agente transformador da relação edifício

cidade. Os profissionais envolvidos foram na grande maioria arquitetos

radicados em São Paulo, todos ligados a implantação do modernismo no Estado

de São Paulo. O intenso desenvolvimento da indústria da construção civil

fomentado com o término da Segunda Grande Guerra atraiu para a região da

Baixada Santista arquitetos da capital que atuaram diretamente no crescimento

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das cidades da região. Profissionais da qualidade de João Batista Villanova

Artigas, Gregori Warchavchick, Franz Heep, Zenon Lotufo, Oswaldo Corrêa

Gonçalves, Oswaldo Bratke, Hélio Duarte, Ernest Mange entre outros

conceberam edifícios multifamiliares, comerciais e institucionais, etc.,

apontavam como vetores de transformação da paisagem urbana de cidades

como Santos, Guarujá e São Vicente. O olhar presente revela o descaso na

conservação desses exemplares compreendendo demolições de alguns

edifícios enquanto outros sofreram profundas descaracterizações, aspectos que

alertam para a falta de critério das manutenções colocando em risco a

integridade desses imóveis. A base de plano da pesquisa constitui-se no

conhecimento de bens imóveis - seleção, identificação das características

construtivas e estado de conservação.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

Os levantamentos efetuados nos imóveis representativos da arquitetura

moderna em São Vicente direcionaram para o mapeamento visual preliminar.

Cada atividade desenvolveu-se obedecendo a proposta de trabalho. O escopo

de cada etapa consistiu no levantamento dos imóveis in situ, na organização de

tabela de obras, levantamento iconográfico e apresentação final. A metodologia

foi dividido em pesquisa bibliográfica, iconográfica e empírica, sistematização e

digitalização das informações levantadas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A seleção dos imóveis por inventário passou por ampla amostragem

inicial, posteriormente reduzida devido a inexistência de informações buscadas

nas fontes de pesquisa. Do universo do inicial de trinta e quatro edifícios, foram

obtidas informações completas apenas de um terço do total. No cruzamento de

informações obtidas na pesquisa básica, empírica e nos levantamentos in situ,

foram constatados que a grande maioria dos exemplares da arquitetura moderna

estudados possuem seus elementos construtivos originais e em bom estado de

conservação

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dos estudos sobre a arquitetura moderna na Baixada Santista produzidos

por meio do inventário foram observados distinções quanto ao grau de alteração

e estado de conservação dos imóveis presentes na cidade de São Vicente

quando associado com Santos, o primeiro universo urbano persquisado em

2015. Desse quadro comparativo foi constatada na amostragem pesquisada a

preservação dos elementos construtivos originais, além do bom estado de

conservação em que se encontram, em oposição ao universo inventariado da

cidade de Santos. Leitura que prenuncia certo fenômeno econômico-social entre

os moradores das duas cidades.

5. REFERÊNCIAS Acrópole, Sāo Paulo, ano 17 N° 204- p.558, Ano 17 - Sep. 1995. Disponível em: <http://www.acropole.fau.usp.br/edicao/204> Acesso em 30 out. 2015. Acrópole, Sāo Paulo, ano 17, n.193, out., 1954, p.6. Disponível em: <http://www.acropole.fau.usp.br/edicao/193/14> Acesso em 07 nov. 2015. Acrópole, Sāo Paulo, ano 19, n.223, mai., 1957, p.244. Disponível em: <http://www.acropole.fau.usp.br/edicao/223/22> acesso em: 07 nov. 2015. Acrópole, Sāo Paulo, ano 12, n.143, out., 1950, p.283. Disponível em <http://www.acropole.fau.usp.br/edicao/143> Acesso em: 05 nov. 2015. Acrópole, Sāo Paulo, ano 24, n.278, jan., 1962, p.57. Disponível em <http://www.acropole.fau.usp.br/edicao/278> Acesso em: 28 out. 2015. BOTTI, A. R.; RUBIN, M. Botti Rubin. Botti Rubin Arquitetos: Edifícios Residenciais. São Paulo: J.J. CAROL, 2002 DOURADO, Guilherme Mazza; SEGAWA, Hugo. Oswaldo Arthur Bratke. São Paulo: ProEditores, 1997.

DUARTE, Hélio. Enciclopédia Itaú Cultural. Disponível em

<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa211708/h%C3%A9lio-duarte>

Acesso em: 19 dez. 2015.

HOMEM, Maria Cecília Naclério. O prédio Martinelli: a ascensão do imigrante e a verticalização de São Paulo. São Paulo: Projeto Editores Associados, 1984. ÍNDICE DA ARQUITETURA BRASILEIRA 1950/1970. São Paulo: Faculdade de

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Arquitetura e Urbanismo - Universidade de São Paulo, 1970. PAIVAL L. B., Mariana; MELLO G., Thiago. Projeto de Intervenção no Patrimônio Edificado: Edifício Fernanda. Santos, 2008. Monografia (conclusão de curso em Arquitetura e Urbanismo) - Universidade Católica de Santos.

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GESTÃO DE RESÍDUOS DOMICILIARES GERADOS NOS CONDOMÍNIOS RESIDENCIAIS DE SANTOS Andressa Freitas Ferreira

Bolsista PROIN1

Profa. Me. Zahra Adnan Kabbara de Queiroz 2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Administração

1 [email protected]; [email protected]

RESUMO: Esta pesquisa abordou a gestão de resíduos sólidos gerados nos condomínios da orla do município de Santos, especificamente, no Bairro Ponta da Praia, com o intuito de responder a seguinte indagação: Quais são as práticas adotadas pelos condomínios na segregação e destinação dos resíduos sólidos? A metodologia da pesquisa buscou maior entendimento do assunto por meio de buscas bibliográficas aos autores consagrados na questão ambiental, além da legislação, especialmente, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 02 de agosto de 2010 e o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Município de Santos, de 2010-2011, que proporcionaram o desenvolvimento contextual do presente estudo. A pesquisa de campo ocorreu em duas etapas, primeiramente com a realização de visita à Secretaria de Meio Ambiente de Santos/SP para entrevistar o Inspetor Ambiental do Departamento de Política e Controle Ambiental. O objetivo dessa entrevista foi discutir determinados pontos do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Município de Santos. Posteriormente, realizou-se uma pesquisa na orla da praia do bairro Ponta da Praia, utilizando-se como instrumento de coleta de dados, um questionário com dezesseis perguntas. O universo desta pesquisa correspondeu a 170 condomínios e a amostra não probabilística e por conveniência foi composta por 58 edifícios. O questionário foi aplicado aos zeladores e porteiros dos condomínios selecionados, que responderam sobre a separação, segregação e destinação dos resíduos sólidos gerados. Entre outros, os resultados da pesquisa mostraram que 91% dos condomínios separam os resíduos recicláveis dos não recicláveis e 90% deles possuem locais específicos nos condomínios para segregação dos resíduos recicláveis. Noventa por cento dos entrevistados sabem o dia da semana em que o material reciclável é recolhido, e na maioria dos casos, a destinação é adequada. No entanto, quase nada se pôde apurar com relação aos resíduos orgânicos, maior parcela dos recicláveis, conforme informações do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, e sobre a compostagem. O trabalho faz recomendações a respeito da atualização do próprio plano, além dos objetivos, indicadores e metas, e de outras ações de conscientização da população sobre este e demais problemas ambientais que impactam negativamente o Município de Santos.

Palavras-chave: Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Município de Santos; coleta seletiva; resíduos sólidos; reciclável e não reciclável.

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1. INTRODUÇÃO

Durante séculos os humanos vêm destruindo o meio ambiente, tornando

a existência humana e de outras espécies cada vez mais difícil, poluindo tudo o

que há em volta, o ar, o mar e a terra. O planeta está sendo degradado devido a

geração e acúmulo de grande quantidade de resíduos, estes causados pelo

consumo desenfreado motivado pelo mercado capitalista.

Por muito tempo acreditou-se que os recursos naturais nunca acabariam,

as matérias-primas eram retiradas da natureza sem pensar nos impactos

negativos. As consequências dos descasos praticados no passado estão sendo

sentidas agora de maneira crescente; os recursos são transformados em bens

de consumo, usufruídos e descartados e, muitas vezes, em lugares

inapropriados, transformando o planeta, em um enorme depósito de resíduos.

Em 1987, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

criou a definição de Desenvolvimento Sustentável, “[...] desenvolvimento que

satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das

gerações futuras de suprir suas próprias necessidades [...]”, que acabou

influenciando a redação da Constituição Federal do Brasil de 1988, como é

possível destacar no caput do artigo 225:

Todos tem direito ao meio ambiente comum ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia

qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à

coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as

presentes e futuras gerações (grifo nosso)

No mesmo artigo, parágrafo terceiro, Constituição Federal do Brasil define

que as pessoas físicas ou jurídicas que tiverem condutas e atividades

prejudiciais ao do meio ambiente sofrerão sanções penais e administrativas e

serão obrigadas a reparar os danos por elas causados. A Carta Magna Brasileira

busca desta forma, maior eficácia à proteção e preservação do meio ambiente.

A crescente preocupação da sociedade em relação ao meio ambiente

obriga os governantes a tomarem decisões com relação às políticas voltadas à

gestão dos resíduos. Assim, o Governo Brasileiro sancionou em agosto e

regulamentou em dezembro de 2010 a Política Nacional de Resíduos Sólidos. A

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lei 12.305, de 02 agosto de 2010 estabelece, em sua Apresentação, que o

documento:

[...] reúne o conjunto de diretrizes e ações a ser adotado com

vistas à gestão integrada e ao gerenciamento adequado dos

resíduos sólidos [...]. O estabelecimento de um marco regulatório

nessa área deve ser entendido como um instrumento indutor do

desenvolvimento social, econômico e ambiental, que pretende

facilitar o acesso da sociedade às leis do país, como importante

passo para que o Brasil atinja novos patamares de consciência

ambiental, de tecnologia limpa e de crescimento sustentável

(BRASIL, 2010).

Neste contexto, a preocupação com a gestão dos resíduos,

especificamente, os domiciliares, motivou o desenvolvimento do presente estudo

que buscou responder à seguinte questão: Quais são as práticas adotadas pelos

condomínios do bairro Ponta da Praia com relação à separação, segregação e

destinação dos resíduos domiciliares?

A fundamentação teórica deste estudo baseou-se em autores

consagrados na questão ambiental e nos resíduos, bem como no estudo da

legislação, especialmente, o artigo 225 da Constituição Federal do Brasil, a

Política Nacional de Resíduos Sólidos - Lei 12.305, de 02 de agosto de 2010, o

Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Município de Santos de

2010-2011.

Fez parte da pesquisa uma entrevista com o representante da Prefeitura

Municipal de Santos, Sr. Paulo Batista de Oliveira, Inspetor Ambiental do

Departamento de Políticas e Controle Ambiental, para elucidar determinados

pontos do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Município 2010-

2011.

A pesquisa de campo também contou com a definição de uma amostra

não probabilística por conveniência segundo a qual um formulário foi

desenvolvido com perguntas fechadas e abertas e utilizado nas entrevistas com

os zeladores e porteiros dos condomínios situados no Bairro da Ponta da Praia

de Santos/SP. O objetivo foi identificar a existência ou não de processos de

separação, segregação e destinação dos resíduos domiciliares gerados pelos

moradores dos condomínios visitados.

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2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 2.1. Etapas do Plano de trabalho

As etapas que foram aplicadas para a execução e compreensão deste

trabalho serão apresentadas a seguir:

Pesquisa Bibliográfica, utilizando livros, legislação, a Política Nacional de

Resíduos Sólidos, o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do

Município de Santos de 2010-2011, a Legislação Municipal, e a Internet;

Aplicação do questionário em 58 condomínios localizados no Bairro da

Ponta da Praia;

Realização de entrevista com representante da Prefeitura Municipal de

Santos, Sr. Paulo Batista Oliveira, Inspetor Ambiental do Departamento

de Políticas e Controle Ambiental do Município de Santos;

Análise e interpretação dos dados contemplando a entrevista Inspetor

Ambiental do Departamento de Políticas e Controle Ambiental do

Município de Santos e a aplicação do questionário nos 58 condomínios

do bairro Ponta da Praia.

2.2. Metodologia

Para realização desta pesquisa buscou-se fundamentação teórica com

base nos autores consagrados na questão ambiental e de resíduos, na

Constituição Federal do Brasil, na Política Nacional de Resíduos Sólidos - Lei

12.305 de 02 de agosto de 2010, assim como a NBR 10.004 de 31 de maio de

2004 – Resíduos Sólidos: Classificação e o Plano de Gestão Integrada de

Resíduos Sólidos do Município de Santos de 2010 - 2011. Para tanto,

fez-se necessário realizar um estudo das normas metodológicas da Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Um formulário foi desenvolvido com

perguntas fechadas e abertas, utilizado nas entrevistas com os zeladores e

porteiros dos condomínios situados no Bairro da Ponta da Praia de Santos/SP

(Av. Rei Alberto I, Av. dos Bancários, Av. general San Martin, Av. Alameda

Saldanha da Gama, Av. Dino Bueno, Av. Doutor Epitácio Pessoa, Rua André

Vidal de negreiros, Rua Inglaterra, Rua doutor Egídio Martins, Rua Imperatriz

Leopoldina, Rua Isidoro José Ribeiro de Campos, Rua Vereador Rocha e Silva,

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Rua Adolfo Lutz, Rua Enguaguaçu, Rua Dona Amélia Leuchtemberg e Rua

Roberto Sandall), por meio de amostragem não probabilística por conveniência.

O objetivo foi identificar a existência ou não de processos de separação e

o procedimento de segregação e destinação dos resíduos sólidos domésticos

gerados pelos moradores dos condomínios visitados.

Fez parte da pesquisa, ainda, uma entrevista com o representante da

Prefeitura Municipal de Santos Sr. Paulo Batista de Oliveira, Inspetor Ambiental

do Departamento de Políticas e Controle Ambiental para esclarecer pontos

pertinentes ao Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Município.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1. Resultados

Análise da Entrevista com Representante da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMAM)

A entrevista com o Sr. Paulo Batista de Oliveira, Inspetor Ambiental do

Departamento de Políticas e Controle Ambiental aconteceu no dia 18 de junho

de 2016, na Secretaria de Meio Ambiente de Santos. O entrevistado atua na

Fiscalização, Controle e Planejamento dos serviços públicos de coleta transporte

e destinação final de resíduos sólidos domiciliares a 20 anos.

Sobre a frequência de atualização do Plano de Gestão Integrada de

Resíduos Sólidos do Município de Santos 2010-2011, o entrevistado informou

que a Prefeitura, através da Secretaria de Meio Ambiente (SEMAM), está

elaborando um Decreto Municipal, por meio de uma Comissão Multidisciplinar,

com o propósito de gerir e realizar a revisão do Plano.

Com relação às diferentes alternativas para a destinação final dos

resíduos, o Sr. Oliveira explicou que a Secretaria de Serviços Públicos vem

analisando e estudando novas alternativas, entre elas, a prática da incineração.

O Sr. Oliveira também disse que o município cumpre algumas diretrizes

da Política Nacional de Resíduos Sólidos e, atualmente, está trabalhando para

a inserção social dos catadores de resíduos recicláveis, criando parcerias com

Cooperativas, Associações e ONGs de catadores no Sistema Público de Coletas

Seletivas. Não informou o estágio desse projeto.

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O aterro sanitário situado no sítio das Neves tem a previsão de esgotar a

sua capacidade de receber resíduo em poucos anos. O Sr. Oliveira explicou que

não só Santos se interessa pela vida útil do aterro, mas também os nove

municípios que abrangem a região da Baixada Santista. Segundo ele, a Agência

Metropolitana da Baixada Santista (AGEM), está estudando a melhor forma de

destinar os resíduos sólidos da região. O entrevistado também comentou que o

Aterro Sanitário Sítio das Neves teria a capacidade de abrir mais uma célula para

comportar os resíduos por alguns anos, porém se houver necessidade de um

local para abrigar um novo aterro, o único município que tem área para este fim

é São Vicente, que seria a Área Continental.

Ao ser questionado sobre a definição de novos indicadores e metas que

constam no Plano relacionados à gestão dos resíduos, o Sr. Oliveira somente

relatou que atualmente a quantidade de resíduos recicláveis coletados pelo

município é de aproximadamente 5% em relação ao total coletado.

Sobre a existência de fiscalização que controle os procedimentos dos

munícipes sobre o trato dos resíduos, o entrevistado relatou que a adesão da

população à coleta seletiva é opcional e voluntária. Existe fiscalização no

processo de triagem, na Usina de Separação. Disse ainda que o procedimento

de fiscalização alcançará as ruas, pequenos e grandes geradores de resíduos

somente com a criação e aplicação de instrumentos reguladores (Leis

Municipais).

A Lei Complementar 831 de 10 de abril de 2014 proíbe o despejo de

resíduos de qualquer natureza nas praias, passeios, jardins e logradouros

públicos, canais e terrenos e estabelece multas para quem descumprir a lei.

Perguntou-se ao entrevistado sobre a existência de fiscalização em relação a

esse novo marco legal, e mais, qual seria a quantidade de multas aplicadas nos

últimos dois anos. O Sr. Oliveira relatou que existe fiscalização, e que ela é feita

pela Secretaria de Meio Ambiente (SEMAM), por meio da Seção de Fiscalização

Ambiental (SEFISCAM) e pela Fiscalização de Posturas Municipais, ligadas a

Secretaria de Finanças (SEFIN), que diariamente, entre outras atribuições,

fiscalizam o descarte irregular de resíduos. Nada informou sobre a quantidade

de multas aplicadas.

Vem sendo construídas grandes Torres (edifícios com estruturas que a

altura é bem superior à largura) no Município de Santos, assim se questionou o

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entrevistado sobre a existência de procedimento específico por parte da

fiscalização no que diz respeito ao manejo dos resíduos nesses lugares. O

entrevistado informou que, no presente momento, não existe quaisquer

procedimentos específicos sobre esse assunto. Segundo ele, as grandes torres

recebem o mesmo tipo de serviço de qualquer outro edifício residencial ou

comercial do Município, porém, no futuro, essa realidade deve ser alterada, pois

existe em tramitação na Câmara Municipal um projeto lei que pretende disciplinar

a participação dos geradores de resíduos (grandes e pequenos) no sistema

público de coleta.

Quando questionado sobre a existência de algum projeto ou procedimento

direcionado à conscientização dos condôminos no que tange aos adequados

processos de separação e destinação dos resíduos, o entrevistado informou que,

atualmente, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMAM) procura

desenvolver sensibilização ambiental por meio de uma equipe própria que

compõe a seção de Educação Ambiental e através do Programa Estação

Ambiental, desenvolvidos nas feiras livres do município.

A respeito dessa informação, a pesquisadora percorreu 5 diferentes feiras

localizadas nos bairros da Ponta da Praia e Embaré, conversaram com os

feirantes, porém não encontraram postos com equipes da Prefeitura

direcionados à sensibilização ambiental.

Sobre o levantamento dos resíduos gerados pelo Município de Santos, o

Sr. Oliveira forneceu dados de 2015 referentes à coleta de resíduos. São eles:

resíduos domiciliares 183.573,46 toneladas; resíduos recicláveis 4.371,50

toneladas; resíduos de serviços de saúde 1.828,81 toneladas e resíduos

volumosos 49.484,47 toneladas, gerando um total geral de 239.258,24

toneladas.

O entrevistado também informou que, em 2016, o Fundo Municipal de

Meio Ambiente (FMPRA), criado pela lei 4.512, de 03 de outubro de 2012,

apresentou três de entidades sem fins lucrativos. Um deles é o Condomínio

Sustentável da Organização Não Governamental Consciência pela Cidadania. O

projeto tem a finalidade de desenvolver a educação ambiental e a

sustentabilidade nos condomínios com o foco, principalmente, na reciclagem. O

recurso disponibilizado pela Prefeitura para essa iniciativa será de

R$196.300,00.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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Para auxiliar a Prefeitura na coleta de resíduos limpos gerados nos

condomínios do município, foi perguntado se a Secretaria tem a intenção de

fazer um projeto com alguma cooperativa para realizar essa tarefa, o Sr. Paulo

Batista Oliveira informou que o Fundo Municipal de Preservação e Recuperação

do Meio Ambiente (FMPRA) contemplou, em 2016, três projetos apresentados

por entidades sem fins lucrativos. Um deles é o Projeto Condomínio Sustentável

de uma Organização Não Governamental (ONG) Consciência pela Cidadania. O

projeto tem a finalidade de desenvolver a educação ambiental e a

sustentabilidade nos condomínios com o foco, principalmente, na reciclagem. O

recurso disponibilizado pela Prefeitura será de R$196.300,00. O entrevistado

não forneceu maiores detalhes.

O óleo de cozinha usado é um dos maiores vilões das redes de esgotos

das cidades, cada litro pode contaminar mil litros de água, conforme a

Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP (2016).

O entrevistado informou que o óleo recolhido nos Postos de Entrega Voluntaria

(PEVs), parceria com a iniciativa privada, é destinado para a Unidade de Triagem

e Separação da Alemoa. Os Postos de Coleta Voluntária ficam em

universidades, empresas de comércio e serviço, ginásio de esportes e unidades

de Ensino Básico. O material é recolhido dos PEVs por empresas de reciclagem.

A pesquisadora encontrou um site que informa os postos de coleta

(http://www.ecycle.com.br) na cidade de Santos.

Análise dos dados – Pesquisa realizada nos Condomínios situados na Orla da Praia no Bairro Ponta da Praia

Figura 1 – Separa do Resíduo sujo e do resíduo limpo.

Fonte: Autora da pesquisa – 2016.

91%

9%

Os condomínios separam olixo sujo do limpo?

Sim

Não

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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A figura 1 mostra que 91% dos condomínios visitados separam o lixo sujo

do lixo limpo, e 9% destinam todos os resíduos gerados com material não

reciclável.

Figura 2 – Segregação dos resíduos nos condomínios.

Fonte: Autora da pesquisa – 2016.

Segundo a figura dois, 90% dos edifícios da amostra pesquisada possuem um

local específico para a segregação dos resíduos e 10% ainda não, o resíduo e disposto

para nos dias programados pela Prefeitura.

Figura 3 – Separação por tipo de resíduos.

Fonte: Autora da pesquisa – 2016.

90%

10%

Há local destinado para a segregação dos resíduos sólidos do condomínio?

Sim

Não

54%

4%

37%

5%

De que maneira os resíduos são separados?

Sujo do limpo

Apenas latinhas/ alumínio

Apenas papel/ papelão

Por tipo de material (papel,plástico, vidro, alumínio, óleo decozinha e material orgânico)

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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A figura 3 exibe a separação do lixo por tipo de material, e 54% separam

o lixo sujo do lixo limpo e 37% separam, ainda, por tipo de material.

Figura 4 – Utilização de sacos e/ou contentores por tipo de resíduo.

Fonte: Autora da pesquisa – 2016.

A maior parte dos entrevistados não utiliza contentores/sacos de cores

diferente, 62%, no entanto 36% utilizam.

Figura 5 – Responsabilidade no condomínio pela fiscalização da separação dos resíduos.

Fonte: Autora da pesquisa – 2016.

A figura 5 mostra somente 8% não fiscaliza a separação de resíduos nos

condomínios, ou seja, 92% dos edifícios pesquisados fazem algum tipo de

fiscalização.

36%

62%

2%

São utilizados sacos e/ou contentores de cores diferentes para identificar os resíduos?

Sim

Não

Não respondeu

19% 2%

64%

8%2% 5%

De quem é a responsabilidade de fiscalizar a separação dos resíduos?

Condôminos

Síndico

Funcionários

Não fiscalizam

Subsíndico

Não responderam

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Figura 6 – Parceria do condomínio com empresas e cooperativas de reciclagem.

Fonte: Autora da pesquisa – 2016.

Segundo os dados apontados pela figura 6, 72% dos edifícios não

possuem parceria com empresas ou cooperativas de reciclagem e 26%, sim.

Figura 7 – O assunto Separação do Lixo nas reuniões do condomínio.

Fonte: Autora da pesquisa – 2016.

A figura 7 mostra que em mais da metade dos edifícios pesquisados, ou

seja, 57%. O assunto separação do lixo é discutido nas reuniões dos

condomínios, porém em 43%, isto não acontece.

26%

72%

2%

O condomínio tem alguma parceria com empresas ou cooperativas de reciclagem para o

direcionamento dos resíduos?

Sim

Não

Não respondeu

57%

43%

Foi comentado em alguma reunião ou convenção com os funcionários e moradores,

sobre a importância da separação dos resíduos sólidos?

Sim

Não

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Figura 8 – Contentores verdes e laranjas nas ruas do bairro.

Fonte: Autora da pesquisa – 2016.

Segundo a figura oito, 91% dos entrevistados afirmam que não há os

referidos contentores, previstos no Plano Municipal de Resíduos, nas ruas

próximas aos edifícios. Nove por cento afirmam que somente os contentores

verdes estão presentes nas ruas próximas aos edifícios.

3.2. Discussão

A análise dos dados da pesquisa de campo mostrou que existem lacunas

a serem esclarecidas quanto à realização na prática daquilo que prevê o Plano

Municipal dos Resíduos Sólidos do Município de Santos de 2010-2011. A

principal delas é a atualização do próprio Plano. Entre outras, é possível

mencionar a não constatação de ações de conscientização da população,

conforme prevê o Plano, além da necessidade de definição de novos programas

e metas, e distribuição e disposição dos contentores para auxiliar na separação

e destinação adequada dos resíduos recicláveis.

No entanto, os números apurados demonstram que existe um grande

potencial de aceitação por parte da população dos condomínios pesquisados no

que diz respeito às medidas separação e destinação adequada dos resíduos.

Noventa e um por cento dos condomínios visitados separam o lixo conforme

recomendado e 90% possuem local reservado para a segregação. A prática da

fiscalização, no condomínio, referente à separação dos resíduos (limpos e sujos)

abrange 92% dos edifícios pesquisados. A pesquisa também constatou que a

destinação dos resíduos vem sendo discutida em 57% dos condomínios,

buscando práticas mais eficazes neste processo.

9%

91%

Nas ruas próximas ao condomínio têm contentores nas cores verdes e laranja?

Têm os dois

Tem apenas o verde

Tem apenas o laranja

Não tem

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa teve como objetivo investigar as práticas adotadas pelos

condomínios na segregação e destinação dos resíduos sólidos. Para isto adotou-

se, além do estudo da Política Nacional de Resíduos Sólidos - Lei 12.305 e do

Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Município de Santos, a

entrevista com o especialista da área ambiental da Prefeitura e uma pesquisa de

campo em 58 edifícios localizados no Bairro da Ponta da Praia em Santos/SP,

realizada por meio de uma amostra por conveniência.

A entrevista com o especialista ratificou a desatualização do Plano de

Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Município de Santos e a falta de

perspectivas em curto prazo para uma mudança nessa situação, assim como a

revisão de programas, objetivos e metas da gestão adequada dos resíduos

gerados no Município. E os números referentes à pesquisa de campo

demonstraram que existe um bom nível aceitação por parte da população com

relação às medidas de separação, segregação e destinação adequada dos

resíduos, como aumentar o número de adesões ao programa, melhorar a

qualidade do resíduo separado e destinado para reaproveitamento, e entre

outras providências aumentar o nível de conscientização da população,

principalmente, para a redução da geração de resíduos.

Assim, para proporcionar melhor gestão dos resíduos sugere-se a criação

de mecanismos que proporcione orientação e fiscalização por parte do

Município, incentivos para aqueles que segregam corretamente os resíduos

recicláveis, a reativação dos programas de ações ambientais, a busca de

parcerias para a criação de projetos socioambientais, a realização de ações de

conscientização à população, principalmente nos condomínios e grandes

geradores, utilizando diferente técnicas de comunicação, além estimular a

separação dos resíduos por tipo material, desde que a Prefeitura desenvolva

ações para recolhê-los desta maneira, o que favoreceria a destinação adequada

aos aterros sanitários ou às cooperativas de reciclagem, conforme o caso.

O Governo Municipal também poderia envidar esforços para obrigar ou

estimular que grandes condomínios formassem parcerias com empresas e

cooperativas de reciclagem, diminuindo a quantidade de resíduos recolhidos

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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pelo órgão Municipal, com uma provável redução de seus custos, e aumento da

capacidade dos aterros sanitários.

Ações como essas também funcionariam como ferramentas importantes

para a conscientização da população sobre os demais problemas ambientais

que impactam, sobremaneira, o Município de Santos e a região da Baixada

Santista.

5. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil. 2012. Disponível em: <http:\\www.abrelpe.org.br/ Panorama/panorama2012.pdf> Acesso em 25 out. 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022. Informação e documentação – Artigo em publicação periódica científica impressa – Apresentação. Rio de Janeiro, 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023. Informação e documentação – Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10004. Resíduos Sólidos: Classificação. Rio de Janeiro, 2004. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520. Informação e documentação – Citações em documentos – Apresentação. Rio de Janeiro, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15287. Informação e documentação – Projeto de pesquisa – Apresentação. Rio de Janeiro, 2011. BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: Conceitos, modelos e instrumentos. São Paulo: Saraiva 2007. BEATRIZ, S. S.; BARROS, J. C. de. Pesquisa de Marketing: conceitos e metodologia. São Paulo, 2002. BRASIL, Constituição Federal, 1988. Art. 225, VI, p.139. Disponível em: <http://ww w.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm> Acesso em 25 out. 2015. BRASIL, Lei 12.305/2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos, de 02 de agosto de 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2010/lei/l12305.htm> Acesso em 04 set. 2015.

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PERSEGUIÇÃO, PROTEÇÃO E EXCLUSÃO DOS REFUGIADOS NA EUROPA NA PRÉ-CRIAÇÃO DO REGIME INTERNACIONAL DOS REFUGIADOS: DA ANTIGUIDADE À REVOLUÇÃO FRANCESA Andrew Flávio Zanelato Ferreira

Bolsista PROIN1

Prof. Dr. Fabiano Lourenço de Menezes2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Relações Internacionais

1 [email protected]; 2 [email protected]

RESUMO: A proteção do refugiado está regulada na Convenção Relativa ao Estatuto do Refugiado de 1951 (Convenção de Genebra) e pelo seu Protocolo Adicional de 1967. De acordo com essa norma, o refugiado é a pessoa que foi obrigada a sair de um Estado de origem por ter sofrido – ou ter o temor de sofrer – “perseguição pelas razões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um grupo social ou opinião política”. Como o refugiado não pode retornar para o seu Estado de origem, ele pode solicitar refúgio em um Estado de asilo para obter a proteção. Assim, a proteção do refugiado está associada com a responsabilidade obrigacional e individual do Estado de asilo. Não obstante o fato de existir a proteção do refugiado, outros fatores causais (não normativos) podem contribuir para o Estado de asilo impedir que o refugiado obtenha a proteção. O objetivo deste projeto foi examinar a influência histórica desses fatores e o seu impacto na proteção internacional dos refugiados. Essa proposta originou-se em uma pesquisa sobre o que pode contribuir para o Estado de asilo excluir o refugiado nas três etapas de proteção no regime dos refugiados: pré-proteção, proteção na Convenção de Genebra e proteção pós-Convenção de Genebra. Este projeto buscou identificar, através de pesquisas bibliográficas, traços históricos de grupos que sofreram perseguição e adquiriram a proteção na Europa pré-fase da criação do regime dos refugiados. O objetivo foi contribuir para a fase da pré-proteção do regime dos refugiados da pesquisa principal da qual ele se origina. Palavras-chave: Refugiados, História do Refúgio, Política Internacional pré-Idade Contemporânea.

1. INTRODUÇÃO

Segundo o Alto Comissariado da ONU para Refugiados, existem hoje no

mundo mais de 65 milhões de migrantes forçados, incluindo cerca de 23 milhões

de refugiados (ACNUR, 2016), entre deslocados por guerras, conflitos e

perseguições, o que configura um recorde histórico. Ao mesmo tempo, os

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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Estados vêm, especialmente depois do 11/9, aumentando o controle e as

restrições de entrada em suas fronteiras, o que acaba atingindo diretamente

esses grupos que necessitam de proteção internacional, geralmente em nome

da “segurança nacional” (MURILLO, 2009). Isto, somado ao número de conflitos

- 56 (GLOBAL SECURITY.ORG, 2016) - e de Estados não-democráticos - 51

(FREEDOM HOUSE, 2016) - hoje existentes e também ao próprio modelo atual

do Direito Internacional, parece ter contribuído para o presente cenário. Com

isso, boa parte da sociedade civil e da imprensa internacional que têm

aparentemente se comovido diante das crises migratórias atualmente em curso

- como a da Síria e a do Sudeste Asiático - e até mesmo muitos acadêmicos vêm

apresentando esse cenário como algo inédito, como se grandes deslocamentos

forçados provocados por perseguições/conflitos e restrições de Estados à

entrada dessas populações - ou a permissão somente perante contrapartidas -

fossem coisas novas na História da humanidade. Isso decorre (MARFLEET,

2007) em grande parte da notável ausência de estudos históricos na área de

refugiados, o que acaba criando essa falsa impressão de que se tratam de

questões da “ordem global atual”. Porém, olhando para o passado, é possível

perceber que essas dinâmicas sempre existiram, principalmente se analisarmos

a época da pré-criação do regime internacional dos refugiados (MENEZES,

2015), isto é, todo o período anterior aos trabalhos que deram origem à

Convenção de Genebra de 1951 - a Convenção da ONU Relativa ao Estatuto

dos Refugiados, que criou as primeiras leis internacionais de proteção a estes -,

e especialmente no período pré-Revolução Francesa - logo, pré-Idade

Contemporânea-, onde supomos que o que imperou foi simplesmente a

realpolitik. Como nos lembra a famosa frase do historiador americano A. William

Lund (1886 - 1971), “nós estudamos o passado para entender o presente, nós

entendemos o presente para guiar o futuro” (WELLS, 2016). Este foi o

pensamento que guiou a busca por esses resultados.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

A metodologia utilizada para o desenvolvimento do presente trabalho se

deu através de uma relativamente extensa pesquisa bibliográfica, com base em

obras de História, Direito e Relações Internacionais, com o objetivo de se

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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encontrar traços comuns de grupos de migrantes forçados que sofreram

perseguição e adquiriram (ou não) proteção na Europa no período coberto -

desde a Antiguidade até o início da Revolução Francesa -, buscando identificar

e teorizar as razões e interesses por trás de sua perseguição e

proteção/exclusão. Procurou-se também sempre que possível relacionar os

achados com as teorias das Relações Internacionais e do Direito Internacional.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Antiguidade

Na Antiguidade, foi possível observar através dos casos analisados que

o destino dos refugiados estava geralmente subordinado às estratégias políticas

e diplomáticas dos governantes e seus vai-e-vem, com um tratamento totalmente

diferenciado dependendo do status social. O Império Romano é um bom

exemplo (MILES, 2011): refugiados de elite vindos de reinos e tribos fronteiriças,

como líderes depostos e reis usurpados, eram acolhidos da melhor forma

possível pelos romanos, que chegavam a presenteá-los com confortáveis

pensões, esperando que estes adotassem políticas pró-Roma quando

retornassem ao poder. Entretanto, quando se depararam com uma grande crise

de refugiados, similar aos desastres humanitários modernos, o tratamento foi

bem diferente. Em 376 d.C., 100.000 godos, incluindo mulheres e crianças,

fugindo da invasão dos hunos aos seus reinos, tentaram cruzar o rio Danúbio e

se estabelecer em terras romanas, como aliados. A situação poderia ter acabado

bem para os dois lados, mas acabou em desastre: primeiro, oficiais romanos

tentaram sem sucesso limitar a quantidade de pessoas a atravessar o rio.

Depois, após longos meses definhando em campos de refugiados em meio a

fome e as doenças, os godos começaram a saquear os arredores em busca de

comida. O Imperador Valente teve então a ideia de marchar com seu exército

imperial contra os refugiados. O resultado foi um dos maiores desastres militares

da história de Roma, onde o imperador foi morto e a maior parte de seu exército

destruída pelos godos.

Se afastado um pouco da Europa e indo mais para o leste, é interessante

notar que no Egito (GALVIN, 2011) e no Oriente Próximo a dinâmica também era

a mesma: o destino dos refugiados geralmente dependia dos interesses de seus

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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“protetores”, e mais do que o presente, dos eventos passados e futuros

(LIVERANI, 2001). No caso de escravos fugitivos, haviam procedimentos

formalizados para a sua devolução, e também especificações a respeito da

recompensa a ser paga. Já no caso de refugiados políticos, eram geralmente

usados como instrumento de troca entre reis, de acordo com suas próprias

estratégias. As instruções para a devolução de escravos e de refugiados de alto

e baixo status aparecem em textos legais como o Código de Hammurabi

(babilônio) e o Tratado de Kadesh (egípcio-hitita) (BEDERMAN, 2001).

Já uma Cidade-Estado grega, Atenas, representava uma exceção a regra,

e os atenienses costumavam orgulhar-se de receber bem a todos que fossem

perseguidos em outras partes da Grécia, incluindo os perseguidos políticos,

chegando a ver isso como um dever divino, que traria recompensa por parte dos

deuses (SWIFT, 2015). Essa atitude porém não ficou isenta de críticas, e na

Guerra do Peloponeso (THUCYDIDES, 1910), em um debate sobre ir ou não à

guerra na Sicília (decisão que no fim levou a queda de Atenas), enquanto o

político Alcibiades apoiou a guerra argumentando que a grandeza ateniense

havia sido ganha ajudando a todos que precisassem, um adversário mais

realpolitik, Nicias, pediu que a cidade mudasse suas políticas e passasse a

ajudar apenas quem pudesse oferecer algo em troca. A trágica peça de

Eurípides, Os Heráclidas, lida com esse dilema.

3.2. Idade Média: os judeus da Polônia

Avançando para a Idade Média, um exemplo muito interessante e

ilustrativo foi encontrado na Polônia a partir do século XII, onde os interesses

agora envolvem principalmente questões financeiras, algo que parece recorrente

para esse grupo em questão: a acolhida e proteção dada pelo Príncipe Bolesław

III e seus sucessores aos judeus que chegavam fugindo da Europa Ocidental

logo após a Primeira Cruzada, atraídos pela política local de tolerância religiosa

(DUBNOW, 2000). Bolesław havia reconhecido a utilidade dos judeus para os

interesses comerciais de seu país, e acertou que esse ato traria a almejada

prosperidade econômica: os judeus logo passaram a formar a espinha dorsal da

economia polonesa. Moedas da época chegaram a ser cunhadas com

caracteres em hebraico. Os judeus passaram a desfrutar de um longo período

de paz e prosperidade, além de privilégios e direitos inéditos, como as Leis de

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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Magdeburg, que permitiam a eles escolherem seus vizinhos e competidores

econômicos e estabelecer monopólios (WEINRYB, 1973).

Mesmo com a pressão da Igreja Católica, os príncipes poloneses em geral

prefeririam proteger os judeus, buscando manter o desenvolvimento econômico

em suas terras, e deram a eles novos privilégios.

Em 1332, o Rei Casimiro III o Grande (que passou a ser conhecido como

“o rei dos servos e dos judeus”) ampliou e expandiu os direitos dados por

Bolesław no Estatuto de Wiślicki, com novas proteções e privilégios legais, que

resultaram em ainda mais sucesso econômico para a região (DUBNOW, 2000).

3.3. Idade Moderna 3.3.1. Os judeus sefarditas

A mesma lógica parece ter sido aplicada tempos depois aos refugiados

judeus sefarditas expulsos da Península Ibérica, durante os séculos XVI, XVII e

XVIII, especialmente nos então religiosamente tolerantes Países Baixos e seus

domínios. Heller (2008, p. 5) menciona que os sefarditas eram muito bem vistos

pelos poderes que os acolhiam, especialmente devido a suas redes de comércio,

o que os garantiu direitos e privilégios inéditos em toda a história judaica. Essas

redes de comércio abrangiam a Europa, América e Oriente Médio, e eram

baseadas principalmente em laços de parentesco, somados a tradição e

experiência dos judeus no comércio internacional. Com o mesmo pensamento o

pragmático Pe. Antônio Vieira defendeu a tolerância com os mesmos dentro do

Império Português, usando um argumento emprestado de Santo Agostinho:

O esterco fora do seu lugar suja a casa, e posto no seu lugar fertiliza o campo. O mesmo vale para os judeus, que no estrangeiro ajudam os hereges, mas em casa fornecem o capital para manter o Império. Por que transformar vassalos úteis em inimigos poderosos? (HAAG, 2011)

Ao mencionar os “hereges”, o Pe. Vieira nos lembra de outro fator

importante: os sefarditas foram acolhidos principalmente por nações

protestantes, sendo essa também uma forma para elas de enfrentar e desafiar a

Igreja Católica, que havia ordenado a perseguição de ambos (TERPSTRA,

2015). Surgem aqui também os interesses de origem religiosa.

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3.3.2. Os huguenotes e os “palatines”

A questão religiosa continua presente agora no século XVII, com os

refugiados protestantes vindos de nações católicas, especialmente os

huguenotes da França. Em 1685, o Rei Luís XIV revogou o supostamente

irrevogável Édito de Nantes, que havia concedido liberdade religiosa e política

aos protestantes franceses, e depois tornou o protestantismo ilegal com o Édito

de Fontainebleau. Os huguenotes começaram então a fugir, principalmente para

outros países protestantes vizinhos, embora tenham chegado também a lugares

tão distantes quanto os Estados Unidos e a África do Sul (CARLO, 2005). Muitos

huguenotes também eram ou haviam sido pessoas influentes e prósperas

financeiramente, o que facilitou sua acolhida, especialmente no Reino Unido

(WEISS, 1854). Além disso, é interessante observar o caso do Rei Frederico

Guilherme da Prússia, um calvinista, que acolheu mais de 20 mil huguenotes -

em sua maioria talentosos artesãos e empresários - com a intenção de repovoar

seu país então despovoado e destruído pela guerra. A visão que Frederico deles

tinha era de pessoas bem-educadas, trabalhadoras e empreendedoras, que

ajudariam a desenvolver ainda mais o seu país (ANUTA, 1979). Aparece aqui

então um novo tipo de interesse, agora relacionado também a questões

demográficas.

Os huguenotes desfrutaram de uma ótima acolhida na Inglaterra, com

direito inclusive a grandes doações financeiras e comodidades. Mesma sorte não

tiveram os “Palatines”, calvinistas da Alemanha que lá chegaram poucos anos

depois (MARFLEET, 2007), em sua maioria pessoas pobres, fugindo da fome e

das invasões napoleônicas. Estes foram sumariamente rejeitados e

eventualmente deportados, após uma grande campanha pública que os retratou,

opostamente aos huguenotes, como forasteiros que não mereciam proteção.

Enquanto os huguenotes obtiveram uma alta posição na história britânica, os

palatines foram em pouco tempo completamente esquecidos (OLSON, 2001).

3.4. Os emigrés da Revolução Francesa: o início do refúgio moderno

Apesar de, como demostrado, o refúgio ser tão antigo quanto a História

da humanidade, o termo “refugiado” é uma criação da Revolução Francesa

(CARPENTER, 1999). Foi durante ela também em que ele foi institucionalizado

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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oficialmente pela primeira vez, quando, em 1793, a Constituição Francesa

apresentou em seu artigo 120 o direito de asilo, o qual, em nome da Revolução,

seria concedido aos povos que desejassem readquirir a sua liberdade (WEINER,

1960). Mas foi da Revolução também que fugiu uma grande massa humana,

primeiro formada majoritariamente por pessoas ricas e nobres reacionárias, e

posteriormente também por pessoas humildes sem posses que fugiam das

insanidades do “Período do Terror” (WHITTAKER, 2012). Enquanto - sobretudo

na Inglaterra - o primeiro grupo se adaptou relativamente fácil, mesmo quando

já não dispunham de posses, devido ao seu prestígio social, o segundo já

encontrou uma série de adversidades e rejeições. A Inglaterra também se utilizou

bastante da propaganda da imigração em proveito próprio, principalmente nas

negociações com outras potências europeias.

Esses fugitivos da Revolução passaram a ser conhecidos como emigrés,

palavra que passou a ser utilizada oficialmente na língua inglesa em 1792, visto

que a situação de refúgio iniciada com a Revolução passou a ser considerada

parte de um novo modelo político então nascente (CARPENTER, 1999).

3.5. Discussão dos achados

Durante a pesquisa, foi possível observar que o que prevaleceu durante

o período foi principalmente a Realpolitik, o que coincide com a teoria realista

das Relações Internacionais, onde os Estados só agem guiados por interesses

e pela busca pelo poder (MORGENTHAU, 2003). Porém, com um olhar mais

apurado, verificaremos também uma confirmação da teoria liberal das RI no que

diz respeito a paz através do comércio entre os povos (BARROS, 2011), tese

que parte de Kant, tendo em vista, por exemplo, o caso dos judeus poloneses e

sefarditas, onde a interdependência econômica e comercial entre eles e os

cristãos resultou em uma paz, tolerância e prosperidade que durou por um longo

tempo. Isso mostra como as teorias das RI são em sua maioria complementares

e não opostas.

Outro fato interessante foi observar como o modo de agir dos Estados

quando confrontados com crises migratórias, especialmente quando compostas

por indivíduos pouco “desejáveis”, mudou bem pouco nesses últimos milênios.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa buscou identificar as razões por trás da perseguição,

proteção ou exclusão de refugiados no período anterior à Revolução Francesa,

com foco geográfico na Europa, procurando testar a hipótese de que estas só se

deram devido a interesses por parte dos Estados, e se correta, quais os

interesses mais comuns nessa época. Como se supunha, observou-se o que

imperou nesse período foram realmente os interesses estatais.

Também foi possível observar que os interesses mais comuns por trás da

decisão de proteger refugiados na época pesquisada eram os relacionados a

estratégias diplomáticas ou a questões econômicas/comerciais, surgindo

também ocasionalmente outros tipos de interesses, como os religiosos (seja

entre as nações protestantes que acolhiam outros protestantes ou judeus

perseguidos pela Igreja Católica - o que no fundo também tinha causas políticas-

, seja entre os atenienses que esperavam uma proteção dos deuses em troca de

sua hospitalidade), os demográficos, os militares, etc. Quando não havia

nenhum interesse por parte dos Estados na proteção, os refugiados eram

simplesmente excluídos e expulsos.

5. REFERÊNCIAS ACNUR (ALTO COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS). Global Trends: Forced Displacement in 2015. Genebra: ACNUR, 2016. Disponível em: <https://s3.amazonaws.com/unhcrsharedmedia/2016/2016-06-20-global-trends/2016-06-14-Global-Trends-2015.pdf>. Acesso em 11 ago. 2016. ANUTA, Michael J. East Prussians from Russia. Menominee: Genealogical Publishing Co., 1979. BARROS, Ivan M. de; SILVA, Joyce H. F. da; SILVA, Kássio F. da. A Paz Democrática e o Livre-Comércio: A relação entre dois conceitos da tradição liberal nas Relações Internacionais. REUNIÃO ANUAL DA SBPC, 63., 2011, Goiânia. BEDERMAN, David J. International Law in Antiquity. Cambridge: Cambridge University Press, 2001.

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CARLO, Paula Wheeler. Huguenot Refugees in Colonial New York: Becoming American in the Hudson Valley. Brighton: Sussex Academic Press, 2005. CARPENTER, Kirsty; MANSEL, Philip.The French émigrés in Europe and the struggle against revolution, 1789–1814. Londres: MacMillan, 1999. DUBNOW, Simon; FRIEDLAENDER, Israel. History of the Jews in Russia and Poland. Philadelphia: Avotaynu Inc, 2000. FREEDOM HOUSE. Freedom in the World 2016. Washington: Freedom House, 2016. Disponível em: <https://freedomhouse.org/sites/default/files/FH_FITW_Report_2016.pdf>. Acesso em 15 ago. 2016. GALVIN, Garrett. Egypt as a Place of Refuge. Tübingen, Mohr Siebeck, 2011. GLOBALSECURITY.ORG. The World at War. 2016. Disponível em: <http://www.globalsecurity.org/military/world/war/>. Acesso em 15 ago. 2016. HAAG, Carlos. O Paraíso Religioso Holandês. Revista Pesquisa FAPESP, São Paulo: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, ed. 179, jun. 2011. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.br/2011/01/31/o-para%C3%ADso-religioso-holand%C3%AAs/>. Acesso em 11 jan. 2016. HELLER, R. J. Diáspora Atlântica. A nação judaica no Caribe, séculos XVII e XVIII. Niterói, 2008. Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal Fluminense. LIVERANI, Mario. International relations in the ancient Near East, 1600-1100 BC. Nova York: Palgrave, 2001. MARFLEET, Philip. Refugees and history: why we must address the past. Refugee Survey Quarterly. Oxford, Oxford University Press, v.26, n.3, p. 136-148, 2007. MENEZES, Fabiano Lourenço de. Proteção e Exclusão no Regime dos Refugiados. ANAIS DO ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS (ABRI), Belo Horizonte, n.5, 2015. MILES, Richard. What the Romans can teach us about refugees. The Guardian, Londres, 24 jun., 2011. Disponível em: <http://www.theguardian.com/commentisfree/2011/jun/24/roman-refugees-battle-adrianople>. Acesso em 09 jan. 2016. MORGENTHAU, Hans J. A política entre as nações: a luta pelo poder e pela paz. Brasília: Universidade de Brasília, 2003.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS DE ESCOLA PÚBLICA E PARTICULAR DO MUNICÍPIO DE SANTOS – SP Beatriz Peralta Arcoverde López

Voluntária1

Dra. Renata Doratioto Albano2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Nutrição

1 [email protected]; 2 [email protected]

RESUMO: O objetivo deste trabalho é avaliar o estado nutricional de crianças em idade escolar. Para tanto, realizamos uma pesquisa transversal com crianças de ambos os sexos entre 6 e 10 anos, em uma escola pública e em um colégio particular, ambos localizados em Santos – SP. Foram coletados dados de peso e estatura para cálculo do Índice de Massa Corporal e classificação a partir de gráficos de crescimento publicados pela OMS. Foi utilizado também o índice de Estatura/Idade. Para o diagnóstico nutricional, adotaram-se os pontos de corte em percentil preconizados pelo SISVAN. Foram coletadas também informações de renda familiar, escolaridade e ocupação dos pais/responsáveis. Os dados foram tabulados em planilha do Excel®, versão 2010, e dispostos em tabelas. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Santos em setembro de 2015. Participaram do estudo 172 escolares, sendo 55,81% do sexo masculino. A média de idade dos participantes da escola pública foi de 8,40 anos (DP=0,98 anos) e a do colégio particular foi de 8,52 (DP=1,03 anos). Em ambas as instituições a maioria dos responsáveis pelos escolares possuía renda entre 3 e 5 salários mínimos. A maioria dos escolares apresentou-se eutrófica em relação ao IMC/Idade (59,02% e 52% na escola pública e no colégio particular, respectivamente) e com estatura adequada de acordo com o indicador E/I (99,18% escola pública e 100% no colégio particular). A maioria dos escolares de ambas as instituições se apresentaram eutróficas de acordo com os indicadores avaliados, porém grande parte deles apresentaram excesso de peso. Palavras-chave: avaliação nutricional, escolares, índice de massa corporal.

1. INTRODUÇÃO

O período escolar engloba crianças de 6 a 10 anos de idade, sendo que

o crescimento neste período é lento, mas constante, ocorrendo crescente

maturação das habilidades motoras e ganho no crescimento cognitivo, social e

emocional (BRASIL, 2012).

De acordo com o Manual de Orientação para Alimentação Escolar na

Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e na educação de jovens

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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e adultos (CECANE-SC, 2012), na fase escolar ocorre um aumento na ingestão

alimentar, bem como maior diversificação dos hábitos alimentares. Neste

período as crianças apresentam necessidades nutricionais das crianças são

mais elevadas, bem como maior interesse pelos alimentos. Neste sentido,

verifica-se a importância de programas de alimentação escolar que promovam a

incorporação e manutenção de hábitos alimentares saudáveis, de forma a

contribuir para a prevenção de carências nutricionais, bem como do excesso de

peso.

A avaliação do estado nutricional é uma etapa fundamental no estudo de

uma criança, é possível acompanhar o crescimento e o desenvolvimento, para

verificar se ela está se afastando do padrão esperado, o que ocorre tanto por

doenças ou por condições sociais desfavoráveis. Dessa forma, a avaliação

nutricional também visa atitudes de intervenções, o que melhora a qualidade de

vida da criança de uma forma geral, representando importante informação sobre

o status de saúde de uma população.

É importante ressaltar que a avaliação do estado nutricional consiste na

representação do equilíbrio entre o consumo de alimentos, padrão genético e

condições socioeconômico-cultural no ambiente social em que a criança está

inserida, refletindo diretamente sua composição corporal (ROSSI; et al, 2009).

Os objetivos desta pesquisa foram avaliar o estado nutricional de crianças

em idade escolar atendidas no ensino público e particular do município de Santos

– SP e descrever os aspectos socioeconômicos dessa população.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

• Tipo de Estudo: Pesquisa de caráter transversal.

• População: A população foi composta por crianças de ambos os

sexos, na faixa etária entre 6 e 9 anos, matriculadas em 2015 no

Ensino Fundamental I (1° ao 4°ano) e as com 10 anos matriculadas

em 2016 (5° ano).

• Local de estudo: O estudo foi realizado no Colégio Particular

Afonso Pena (CAP), localizado na Rua Liberdade, 630, Bairro

Aparecida, Santos/SP e na UME (Unidade Municipal de Ensino)

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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“DOS ANDRADAS II, localizada à Rua Almirante Ernesto de Mello

Junior, 150, Bairro Aparecida, Santos – SP.

• Coleta de dados: Os dados foram coletados em 17 de novembro

de 2015 após autorização das escolas.

• Variáveis de estudo: Sociodemográficas: Sexo, idade,

escolaridade do responsável e se trabalha, renda familiar em

salários mínimos. Antropométricas: peso (cm) e estatura (m). A

partir do peso e estatua, foram considerados os seguintes

indicadores para a avaliação do estado nutricional: Índice de Massa

Corporal (IMC) (IMC=peso Kg/altura² m) e Estatura/Idade

classificados em percentil a partir de gráficos de crescimento

publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2007 e

preconizados pelo Ministério da Saúde; o diagnóstico nutricional,

com os indicadores antropométricos anteriormente citados, foi

realizado a partir dos pontos de corte em percentil preconizados

pelo Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - (SISVAN) do

Ministério da Saúde (2011).

• Análise de dados: Os dados foram tabulados em planilha do

Software Excel®, versão 2010, dispostos em tabelas,

considerando-se números absolutos e proporções.

• Questões éticas: Só participaram da pesquisa aqueles escolares

cujos pais ou responsáveis assinarem o Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) e os escolares assinarem o Termo de

Assentimento do Menor conforme a Resolução 466/2012 do

Conselho Nacional de Saúde. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê

de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Santos em

setembro de 2015.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Resultados

Participaram do estudo 172 escolares, sendo 50 do colégio particular e

122 da escola pública. No colégio particular a população foi composta por 30

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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participantes do sexo masculino (60%) e 20 do sexo feminino (40%). A média de

idade foi de 8,52 anos e DP de 1,03 anos. A população da escola pública

apresentou 66 (54,10%) participantes do sexo masculino e 56 (45,90%) do sexo

feminino, com idade média de 8,40 anos com DP de 0,98 anos.

A tabela 1 apresenta os resultados em relação às características

sociodemográficas da população estudada. A maioria dos responsáveis pelos

escolares do colégio particular apresentou renda entre 3 e 5 salários assim como

na escola pública.

Em relação à escolaridade dos responsáveis, a maioria deles no colégio

particular possuía nível superior enquanto que na escola pública a maioria dos

responsáveis relatou ensino médio. No que se refere a ocupação dos

responsáveis, em ambas as escolas a maioria trabalhava.

Tabela 1- Distribuição absoluta e relativa dos escolares segundo as

características gerais sociodemográficas e tipo de escola. Santos, 2016.

Características Sociodemográficas Total Particular Pública

Sexo n=172 (%) n=50(%) n=122(%)

Feminino 76 (44,19) 20(40,00) 56(50,00)

Masculino 96 (55,81) 30(60,00) 66(54,10)

Renda do responsável n=166(%) n=50(%) n=116(%)

< 2 SM 57(34,34) 5(10,00) 52(44,83)

3 SM a 5 SM 80(48,19) 30(60,00) 50(43,10)

6 SM a 10 SM 20(12,05) 9(18,00) 11(9,48)

> 10 SM 9(5,42) 6(12,00) 3(2,59)

Escolaridade do

responsável n=166(%) n=50(%) n=116(%)

Ensino fundamental 17(10,27) 1(2,00) 16(13,79)

Ensino médio 92(55,42) 23(46,00) 69(59,48)

Ensino superior 57(34,34) 26(52,00) 31(26,73)

Trabalho de responsável n=167(%) n=50(%) n=121(%)

Trabalha 149(89,22) 44(88,00) 109(89,74)

Não trabalha 18(10,78) 6(12,00) 12(10,26) Fonte: autora da pesquisa

Na tabela 2, que apresenta a distribuição dos escolares segundo o estado

nutricional e tipo de escola, é possível observar que a maioria dos escolares encontrava-

se eutrófica em relação ao IMC/Idade, porém, mais que 40% de ambas as escolas

apresentaram excesso de peso (sobrepeso e/ou obesidade). No caso do indicador E/I,

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apenas um participante da escola pública foi classificado com baixa estatura para a

idade, os demais escolares estavam com a estatura adequada.

Tabela 2-Distribuição absoluta e relativa dos escolares segundo o estado

nutricional e tipo de escola. Santos, 2016.

Estado Nutricional

Total Particular Pública

IMC n=172 (%) n=50(%) n=122 (%)

Eutrofia 98(56,98) 26(52,00) 72(59,02)

Sobrepeso 47(27,33) 13(26,00) 34(27,87)

Obesidade 27(15,69) 11(22,00) 16(13,12)

Fonte: autora da pesquisa

3.2 Discussão Estudo de Sotelo, Colugnati e Taddei (2004) realizado com 2509

escolares do município de São Paulo de 8 escolas públicas encontrou 11,94%

de sobrepeso nas crianças estudadas considerando o indicador IMC/idade,

resultado diferente do encontrado na presente pesquisa, sendo 27,87% de

sobrepeso para escola pública e 26% para a escola particular.

No estudo de Ricardo, Caldeira e Corso (2009), feito com 4964 escolares

de 6 a 10 anos de 345 escolas do ensino fundamental do Estado de Santa

Catarina, utilizou o Índice de Massa Corporal (IMC) e 52,2% dos alunos eram do

sexo feminino; 15,4% foram diagnosticados com sobrepeso e apenas 6%

diagnosticados com obesidade.

Em relação ao indicador de Estatura/Idade, o estudo de Miranda, Olivares,

Durán-Pérez e Pizarro (2015), realizado com 195 estudantes de uma escola do

subúrbio de Sucre-Bolívia, indicou que 17,7% e 22,7% dos meninos e meninas

respectivamente estavam com baixa estatura para a idade, diferentemente da

presente pesquisa onde quase 100% dos alunos estudados estavam com a

estatura adequada para a idade.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A maioria dos escolares de ambas as instituições tenha se apresentado

eutrófica de acordo com os indicadores avaliados, porém, mais de 40% da

amostra estudada apresentaram excesso de peso. É importante ressaltar que

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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estes índices representam uma limitação do estudo realizado. Outros

indicadores são importantes para avaliar a composição corporal, não podem

consistir no único parâmetro para diagnóstico nutricional.

5. REFERÊNCIAS CECANE-SC. Manual de orientação para a alimentação escolar na

educação infantil, ensino fundamental, ensino médio e na educação de

jovens e adultos. 2.ed. Brasília: PNAE, 2012.

ROSSI, L.; CARUSO, L.; GALANTE, A.P. Avaliação Nutricional: novas

perspectivas. São Paulo: Ed. Roca, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Orientação para a coleta e análise de dados

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<http://nutricao.saude.gov.br/docs/geral/curvas_oms_2006_2007.pdf>. Acesso

em: 04 mai. 2015.

SOTELO, M. ºY.; COLUGNATI, B.A.F.; TADDEI, C.A.A.J. Prevalência de

sobrepeso e obesidade entre escolares da rede pública segundo três critérios de

diagnostico antropométrico. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.20,

n.1, jan/fev., 2004

RICARDO, G.D, CALDEIRAS, G.V, CORSO, A.C.T. Prevalência de sobrepeso

e obesidade e indicadores de adiposidade central em escolares de Santa

Catarina, Brasil. Revista brasileira de epidemiologia, v.12, n.3, p.424-35,

2009.

MIRANDA, Melissa; OLIVARES G, Manuel; DURAN-PEREZ, Jenny y PIZARRO A, Fernando. Prevalencia de anemia y estado nutricional de escolares del área periurbana de Sucre, Bolivia. Rev. chil. nutr. v.42, n.4, p.324-327, 2015.

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ALAGADOS CONSTRUÍDOS SEQUENCIAIS PARA O TRATAMENTO DE EFLUENTES COM CARGA DE HIDROCARBONETOS: PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTE EM SISTEMA COM CARGA OLEOSA, SUJEITO A AUMENTO DE SALINIDADE. Bianca Gonçalves Teixeira

Bolsista PIBITI1

Prof. Dr. João Eduardo Addad 2

Instituição: UNISANTOS

Curso: Engenharia de Petróleo

1 [email protected]; 2 [email protected]

RESUMO: Alagados construídos são sistemas que mimetizam os processos de degradação e retenção de contaminantes de sistemas alagados naturais, através de processos geohidroquímicos condicionados na rizosfera e no perifiton. Neste projeto, foram realizadas a montagem e operação de um sistema de alagados construídos sequenciais, em escala de bancada, para avaliação da formação de biossurfactantes a partir de cargas de sal adicionadas ao sistema. A geração de biossurfactantes foi avaliada pelo ensaio de colapso de gota e pela técnica de espalhamento do óleo. A degradação de óleo foi avaliada por analisador TOG de infra-vermelho. Palavras-chave: biossurfactante, hidrocarboneto, alagado construído, variação da

carga de sal.

1. INTRODUÇÃO

Considerando a aplicabilidade de alagados construídos no tratamento de

efluentes, entre os pontos que necessitam maior compreensão destaca-se o

conhecimento de limites funcionais dos sistemas. Em um processo industrial,

uma operação inadequada ou a perda momentânea de um controle na produção,

podem significar uma carga excessiva no efluente produzido, suficiente para

desestabilizar um sistema biológico. Efluentes caracterizam-se, em grosso

modo, pela presença de cargas salinas e de metais. Este projeto objetiva a

montagem em bancada e operação de um sistema de alagados construídos

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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sequenciais para avaliação de biossurfactantes pelo ensaio de colapso de gota,

do espalhamento de óleo análise em vortex e análise em TOG.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

2.1. Montagem do sistema de alagados construídos:

O sistema alagados construídos foi montado em um conjunto de 4 galões

plásticos de 5L cada, preenchidos até 3,5L totalizando 14L. Os galões foram

conectados por tubos de PVC de ½ polegada, em perfurações na parede lateral

do galão a uma altura de 15 cm, a aproximadamente 70% do volume que está

dentro do mesmo. Para que a água circulasse pelos galões, foi montado um

sistema de bombeamento com bombas submersas de aquário. Com todo o

sistema conectado e com a bomba instalada, foram posicionados, brita e o capim

vetiver nas posições 2 e 4, respectivamente. O capim vetiver foi posicionado em

regime de flutuação por meio de suportes em tela plástica.

2.2. Adição de inóculo e preparação do sistema para carga de óleo

Um período de 4 semanas foi esperado para que pudesse ocorrer a

adaptação das comunidades instaladas no sistema. A partir de então, para que

pudesse ser feita uma futura avaliação de biossurfactantes, o sistema recebeu

inóculos de comunidades instaladas previamente no laboratório de cultivo

controlado na Universidade Católica de Santos. Foram retirados inóculos de

duas comunidades, 100 ml de cada. A coleta de cada amostra foi realizada

superficialmente à coluna de água. Posteriormente, as amostras foram

misturadas suavemente em um béquer com capacidade para 500 ml. Após a

agitação o inóculo foi adicionado ao sistema por derramamento, resultando em

50 ml para cada galão. O sistema foi mantido em circulação com inóculo por 3

dias.

2.3. Adições da carga de sal no sistema

Após 3 dias de adição de inóculo no sistema, adicionou a carga inicial de

óleo e sal marinho, o óleo foi adicionado somente uma vez e na carga inicial. O

sal, no entanto foi adicionado sistematicamente. Considerou 0,5g de sal por litro

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100

e 220 mg de óleo por litro, como o sistema tinha 14L, totalizou 7g de sal e 3080

mg de óleo.

O óleo foi batido em um liquidificador com 1L de água durante 2 minutos, de

modo a formar uma emulsão mecânica, em seguida fez o derrame no sistema.

2.4 Coletas de amostras

Com uma pipeta de 5 ml acoplada a um micropipetador, coletou-se o

primeiro conjunto de amostras de 10 ml cada, armazenadas em tubos de ensaio

e com tampa de rosca. A primeira coleta foi feita dois dias após a primeira carga

de sal e óleo, sendo nomeada como frente 1. Após a primeira coleta, no mesmo

dia, foi adicionada a segunda carga de sal de 7 g. Após dois dias corridos, fez-

se outra coleta, nomeada como frente 2, seguida de uma nova carga de sal de

mesmo valor. O procedimento foi feito por 4 vezes. As 3 amostras coletadas em

cada etapa foram direcionadas para análise de óleos totais em um analisador

TOG por infra – vermelho, análise de estabilidade de emulsão em um vortex, e

finalmente, para os ensaios de colapso de gota e de espalhamento de óleo.

2.5 Ensaio do colapso de gota

Em uma superfície de polietileno lisa (placa de Petri descartável), pincelou

uma pequena quantidade de óleo e coletou-se, com auxílio de um pipetador

manual de variação de volume manual, acoplado a ponteiras de 90 μl, de cada

amostra. Este volume foi depositado sobre o óleo para avalição da tensão

superficial da amostra, observando se iria ou não colapsar a gotícula.

2.6 Ensaio do espalhamento de óleo

Em uma superfície lisa, colocou – se 10 ml de água e depois 1ml de óleo,

após este procedimento, foi colocado 110 μl de cada amostra, coletado com

pipetador de variação de volume manual e ponteira, e colocados delicadamente

sobre o óleo. O procedimento foi feito com superfícies independentes para cada

amostra.

2.7 Vortex

Foi adicionado 1 ml de óleo à cada amostra coletada em tubos de ensaio.

Os tubos foram agitados a uma alta velocidade em um vortex, por um período

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

101

de 2 minutos. Após 1 minuto, 1 hora, e 24 horas em repouso, foram feitas

medidas da altura emulsionada remanescente (modificado de Amani et al (2010)

e Yeh et al (2005)).

2.8 TOG

Com uma amostra de cada dia de coleta, adicionou 1ml de n- hexano em

cada, e deixou em repouso em ambiente refrigerado até o momento da análise.

O n- hexano foi o responsável por extrair o óleo presente na amostra, com auxílio

de agitação em vidraria específica. Um volume de 60 microlitros de n-hexano

com a carga de óleo foi posicionado sobre a mesa de zircônia do equipamento,

deste modo o solvente sofre uma evaporação e permite assim a medida direta

de óleo residual através de um feixe infravermelho. A calibração adicionada ao

equipamento resulta em leituras diretas de ppm a partir de uma relação 1:10 de

solvente e amostra.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos através da avaliação do colapso de gota,

espalhamento de óleo, vortex e TOG são apresentados nas tabelas 4, 5 e 6 e 7,

respectivamente:

Tabela 4 – Ensaio do colapso de gota Amostra coletada Colapso Ampliação do diâmetro da

gota

Frente 1 Negativo +-

Frente 2 Negativo +-

Frente 3 Negativo -

Frente 4 Negativo - -

Fonte: autora da pesquisa

Tabela 5 – Ensaio do espalhamento de óleo Amostra coletada Espalhamento

Frente 1 Negativo

Frente 2 Negativo

Frente 3 Negativo

Frente 4 Negativo

Fonte: autora da pesquisa

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

102

Tabela 6 – Análise da altura da parte emulsificada da amostra após ser agitada em um vortex por 2 minutos..

Amostra

coletada

1 minuto

após ser

agitado no

vortex–16:40

hrs

1 hora após

ser agitado no

vortex–

17:40hrs

24 horas após ser

agitado no vortex

– 16:40 hrs.

Considerando o

menisco

24 horas

após ser

agitado no

vortex –

16:40 hrs.

Desconsid

erando o

menisco

Frente 1 1 cm 0,7 cm 0,75 cm 0,6 cm

Frente 2 0,8 cm 0,5 cm 0,9 cm 0,7 cm

Frente 3 0,8 cm 0,6 cm 0,8 cm 0,6 cm

Frente 4 1,0 cm 0,8 cm 0,8 cm 0,6 cm

Fonte: autora da pesquisa

Tabela 7 – Resultado do TOG

Amostras Teor de óleo

Frente 1 46,13 mg/ L

Frente 2 36,82 mg/ L

Frente 3 27,19 mg/ L

Frente 4 22,10 mg/ L

Fonte: autora da pesquisa

O sistema não foi eficiente na degradação do óleo ali contido, pois mesmo

recebendo uma única carga de óleo, não foi possível eliminar por completo.

Apesar de não ter apresentado eficiência com o ensaio de colapso de gota,

indicando assim a pequena expressão de biossurfactante, os resultados obtidos

através do TOG mostraram que o óleo diminuiu em quantidade, mesmo com o

ambiente estressado pela adição de sal. Só foi possível obter essa informação

devido a alta sensibilidade do TOG, pois, apenas pela técnica do colapso de gota

e espalhamento do óleo, não seria possível afirmar que a pouca quantidade de

biossurfactante contida no sistema fosse capaz de diminuir o óleo ali contido.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

103

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com o experimento, o inóculo utilizado foi pouco eficiente para

a produção de biossurfactante. Uma possibilidade para a melhoria de produção

de biossurfactante no sistema, seria a utilização de inóculos originados em

ambientes com presença de de água salobra, como manguezais e marismas.

5. AGRADECIMENTO

Os autores agradecem à FAPESP, por meio do Auxílio Regular nº

2014/23998-0, que permitiu a utilização do TOG Infracal ART 405.

6. REFERÊNCIA AMANI, H., SARRAFZADEH, M.H., HAGHIGHI, M., AMANI, M.R.M., SARRAFZADEH, M.H., HAGHIGHI, M., MEHRNIA, M.R. Comparative study of biosurfactant producing bacteria in MEOR applications. Journal of Petroleum Science and Engineering, n.75, p.209–214, 2010. YEH, M.S., WEI, Y.H., CHANG, J.S. Enhanced production of surfactin from Bacillus subtilis by addition of solid carriers. Biotechnol. Prog., n.21, p.1329-1334, 2005.

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AVALIAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E A FUNÇÃO PULMONAR DE CRIANÇAS ASMÁTICAS E NÃO ASMÁTICAS A SEREM SEGUIDAS EM UM ESTUDO DE PAINEL SOBRE OS EFEITOS DA POLUIÇÃO NA SAÚDE RESPIRATÓRIA Bianca Ventura Leite

Bolsista PIBIC1

Prof. Dr. Alfésio Luis Ferreira Braga 2

Instituição: Universidade Católica de Santos (Unisantos)

Curso: Nutrição

1 [email protected]; 2 [email protected]

RESUMO: O objetivo deste estudo foi verificar a relação entre composição corporal e aumento do IMC e suas exarcebações como prevalência e gravidade dos sintomas de asma em escolares residentes na cidade de Santos (SP) e avaliar o estado nutricional e a função pulmonar de crianças asmáticas e não asmáticas, ambos os sexos, com faixa etária de 6 a 12 anos, a serem seguidas em um estudo de painel sobre os efeitos da poluição na saúde respiratória. Este é um estudo de delineamento transversal, de base populacional. Foram feitas análises descritivas das variáveis analisadas. Foram testadas associações do método de Qui - quadrado de Pearson, e Teste exato de Fisher. As diferenças entre as variáveis dos asmáticos e não asmáticos foram analisadas com test t e Mann U Whitney. Houve diferença estatística significativa entre os grupos de asmáticos e não asmáticos nos aspectos IMC/Idade Percentil (86,9 média asmáticos e 93,3 média não asmáticos) e IMC/Idade Z–Escore (1,78 média asmáticos, 2,31 média não asmáticos). Ambos apresentaram valores indicativos de sobrepeso, entretanto o grupo não asmático apresentou um valor médio mais elevado, próximo do limite para obesidade. Foi observado maiores percentuais de eutróficos e de participantes com sobrepeso entre os asmáticos enquanto que entre os não asmáticos observou-se um maior percentual de obesos. Na média, não houve diferença nos parâmetros de espirometria entre as amostras. Existe uma associação entre não ser asmático e apresentar obesidade (Qui - quadrado de Pearson = 7,53, p = 0,023) e ser asmático e apresentar sobrepeso. Palavras-chave: Asma, Índice de massa corporal (IMC), Obesidade.

1. INTRODUÇÃO

Asma e obesidade são doenças prevalentes e a associação de ambas é

um fenômeno comum em crianças e adolescentes, cada uma com um impacto

significativo em Saúde Pública (BEUTHER D. A. et al., 2006). A prevalência de

obesidade em crianças e adolescentes está aumentando nas últimas décadas,

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

105

tanto em países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento (MONTEIRO

C.A. et al., 2004). Um estudo norte-americano, no período de 1999 a 2002,

mostrou que 31% das crianças entre seis e 19 anos de idade apresentam

sobrepeso ou risco de sobrepeso (HEDLEY A. A. et al., 2001). Em outro estudo,

evidenciou-se uma relação positiva entre asma, atopia e índice de massa

corpórea (IMC) aumentado (VON MUTIUS E. et al., 2001).

O estilo de vida ocidental tem sido associado com complexas mudanças

ambientais, comportamentais, e dietéticas, as quais têm sido apontadas como

aspectos importantes na etiologia da asma (NAGEL, et al. 2010). A transição à

dieta ocidental pode refletir o consumo reduzido em componentes antioxidantes

da dieta como vitamina A, carotenoides, vitamina C, vitamina E, zinco, selênio,

cobre e compostos bioativos, os quais têm potencial ação protetora no sistema

respiratório e na redução da ocorrência de asma (SCOTT, et al. 2014). Uma

pesquisa recente com adolescentes na região sul do Brasil, baseada no projeto

International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC), mostrou uma

associação positiva entre obesidade e prevalência de sintomas de asma e sua

gravidade, principalmente no gênero feminino (CASSOL V. et al., 2006).

Uma série de estudos epidemiológicos reforça a hipótese de que a

obesidade é um fator de risco para asma e que pode existir uma origem inter-

relacionada comum entre obesidade e asma (FORD E.S; 2005). Li et al.

determinaram que as alterações mais frequentes nos testes de função pulmonar

de crianças obesas são a redução na capacidade residual funcional e na

capacidade de difusão. (LI A.M. et al., 2003). Ülger et al. revelaram que um grupo

de crianças obesas apresenta parâmetros de função respiratória basal inferiores

a um grupo controle. (ÜLGER Z. et al., 2006).

É possível que esta relação entre asma e obesidade ocorra por uma

predisposição genética comum, que possa ter origem na submissão a fatores

comuns na vida intrauterina ou que resulte de variáveis predisponentes, como

atividade física ou dieta (SHORE A.S. et al., 2006). Tanto a asma como a

obesidade são condições heterogêneas e, embora com características

específicas, podem partilhar fatores genéticos de risco comuns, tornando-se

necessário entender se fatores intrínsecos da asma podem estar relacionados à

limitação à atividade física e, consequentemente, ao ganho ponderal. Admite-se

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

106

assim que a obesidade possa ser um fator relacionado à gravidade da asma

(HALLSTRAN T.S. et al., 2005).

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 2.1. Seção Etapas do Plano de Trabalho

Para atender aos objetivos deste estudo, a população foi formada

somente por crianças asmáticas e não asmáticas com idade entre 6 a 12 anos

de ambos os sexos, em fase escolar, de duas escolas municipais de Santos –

SP, localizadas nos bairros Embaré e Dom Pedro II, no bairro Ponta da Praia,

referidas até 2 km de distância das estações da CETESB para monitorizarão da

qualidade do ar, que anteriormente seriam selecionadas para efeito de

comparação.

Seria feito um acompanhamento no preenchimento dos questionários de

frequência alimentar (QFA), referente ao consumo alimentar nos últimos 12

meses, porém não obtivemos devolutiva dentro da data prevista, já que nas

escolas não era possível fazer o preenchimento do questionário sem a presença

dos responsáveis e os questionários foram então enviados para casa pelos

alunos, aos pais. Por este motivo, apresentamos neste trabalho as

características nutricionais dos participantes, com suas determinadas análises

estatísticas, e a relação do estado nutricional com a função pulmonar e gravidade

das exarcebações de crianças asmáticas e não asmáticas.

A população foi formada por crianças asmáticas e não asmáticas com

idade entre 6 a 12 anos de ambos os sexos, em fase escolar, de duas escolas

municipais de Santos – SP. Para a inclusão dessas crianças foi escolhida duas

escolas municipais Cidade de Santos, localizada no bairro Embaré e Dom Pedro

II, localizada no bairro Ponta da Praia, cujas ambas são localizadas até 2 km de

distância das estações da CETESB para monitorizarão da qualidade do ar. Em

cada escola selecionamos mais de 53 crianças asmáticas e não asmáticas, de

acordo com o relatório enviado no começo do ano, somente no fim do mês de

junho/2016 (após a aprovação do projeto no comitê de ética da Universidade

Católica de Santos). Portanto, foram selecionados para participar deste estudo

27 asmáticos e 25 não asmáticos da Escola Municipal Dom Pedro II e 31

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

107

asmáticos e 30 não asmáticos da Escola Municipal Cidade de Santos,

totalizando 114 crianças.

As crianças com asma e seus responsáveis legais responderam ao

questionário de controle da Asma - Childhood Asthma Control Test (c-ACT),

validado para o Brasil por Oliveira (2015) e um questionário para classificação

da gravidade da asma, com questões sobre fatores predisponentes para a crise,

idade, sexo, exposição ao fumo, localização e características domiciliares. Para

as crianças sem comprometimento pulmonar responderam junto com seus

responsáveis um questionário com questões sobre idade, sexo, exposição ao

fumo, localização e características domiciliares e também ao questionário auto-

aplicável do International Study of Asthma and Allergies in Childhood (ISAAC),

validado por Solé, et al em 1998, para avaliação da prevalência de sintomas

respiratórios.

A avaliação da função respiratória foi realizada através de espirometria.

Na espirometria realiza-se a mensuração dos volumes e capacidades

pulmonares. A técnica foi realizada individualmente na postura em pé, com uso

do clipe nasal. Consiste em uma inspiração profunda seguida de uma expiração

rápida e forçada com duração maior que um segundo, com auxílio de incentivo

computadorizado e encorajamento do terapeuta. O aparelho possui um software

que permite que os dados sejam enviados ao computador para análise. Toda a

criança recebeu treinamento prévio sobre como realizar o exame.

As crianças acompanhadas por seus responsáveis legais foram

orientadas por duas alunas do curso de Nutrição do 5° semestre quanto ao

preenchimento correto do questionário de frequência alimentar (QFA)

semiquantitativo, validado por Matos et al. (2012), composto por 98 alimentos,

referente ao consumo alimentar nos últimos 12 meses. Os pacientes também

foram submetidos à aferição das medidas antropométricas, nas escolas, em uma

sala privativa, para que haja sigilo e confidencialidade dos dados. Todos os

pacientes foram avaliados individualmente.

As medidas antropométricas analisadas foram peso (kg), estatura (m),

circunferência abdominal (cm), índice de massa corporal (IMC), circunferência

do braço (CB), dobra cutânea tricipital (DCT), dobra cutânea bicipital (DCB),

dobra cutânea supraescapular (DCSE) e dobra cutânea suprailíaca (DCSI)

segundo metodologia recomendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria, 2009

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108

e 2012. A aferição do peso foi realizada com uma balança digital (com

capacidade de até 150 kg), em um chão nivelado, com as crianças descalças e

roupas leves.

A estatura foi aferida com um estadiômetro portátil, com escala de 10 em

10 centímetros, em um chão nivelado, e com as crianças descalças, eretas e

olhando para o horizonte. A circunferência da cintura foi medida com fita métrica

na altura do umbigo com a criança de pé e em expiração.

A circunferência do braço representa a soma das áreas constituídas

pelos tecidos ósseo, muscular e gorduroso do braço. As crianças avaliadas

flexionaram o braço não dominante, formando um ângulo de 90º. A medida foi

obtida no ponto médio entre acrômio e o olecrano. A medida da dobra cutânea

tricipital foi realizada com o braço flexionado em direção ao tórax, formando

ângulo de 90°, feita o ponto médio entre acrômio e olecrano, com o braço

relaxado e solto ao longo do corpo, e separando levemente a dobra do braço

desprendendo-a do tecido muscular e medida com o adipômetro clinico

formando um ângulo reto.

A DCB foi realizada com a palma da mão, da criança, voltada para fora.

Com um centímetro acima da prega tricipital, foi segurada a dobra verticalmente

e medida com o adipômetro clinico no lugar marcado. A mensuração da DCSE

é feita através da marcação abaixo do ângulo inferior da escápula, com a pele

levantada com um centímetro abaixo do ângulo, com ângulo de 45° entre a

marca e a coluna vertebral e com os braços e ombros relaxados e efetuada a

medida com o adipômetro.

A aferição da DCSI é formada pela a dobra na linha média axilar, com o

dedo indicador logo acima da crista ilíaca, na posição diagonal, seguindo a linha

de clivagem natural da pele foi realizada a mediada com o adipômetro.

Em seguida, os dados obtidos foram comparados e classificados com o

estudo de Taylor et al, para verificar risco de síndromes metabólicas. E a partir

das medidas antropométricas colocou-se nas curvas de crescimento Índice de

Massa Corporal (IMC) por Idade e Estatura por Idade da Organização Mundial

da Saúde (OMS).

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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2.2. Seção Referências da Metodologia de Estudo e/ou análises laboratoriais empregadas. OLIVEIRA, S. G. Validação do questionário Childhood Asthma Control Test (c-ACT) para o Brasil. 2015. 74 f. Tese (Doutorado) - Curso de Medicina, Programa de Pós-graduação em Pediatria e Saúde da Criança, PucRS, Porto Alegre, 2015. MATOS, S. M. A. et al. Validation of food frequency questionnaire for children and adolescents aged 4 to 11 years living in Salvador, Bahia. Nutr Hosp., v.27, n.11, p.1114-1119, 2012. NAGEL, G.; ISAAC PHASE TWO STUDY GROUP. Effect of diet on asthma and allergic sensitisation in the International Study on Allergies and Asthma in Childhood (ISAAC) Phase Two. Thorax. v.65, n.6, p.516-522, 2010. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Avaliação nutricional da criança e do adolescente: Manual de Orientação. Departamento de Nutrologia. São Paulo: SBP; 2009. Disponível em: <http://www. sbp.com.br/pdfs/MANUAL-AVAL-NUTR2009.pdf>. Acesso em: 20 jul 2016. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Obesidade na infância e adolescência: Manual de Orientação. Departamento Científico de Nutrologia. 2ª. ed. São Paulo: SBP; 2012. Disponível em: <http://www.sbp.com.br/PDFs/Man%20Nutrologia_Obsidade.pdf>. Acesso em: 20 jul 2016. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE ALERGIA E IMUNOPATOLOGIA; SOCIEDADE BRASILEIRA DE CLÍNICA MÉDICA. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia para o Manejo da Asma. J. Bras Pneumologia, v.38 (supl 1), p. S1-S46, 2012.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observou-se que houve diferença estatística significativa entre os grupos

de asmáticos e não asmáticos nos aspectos IMC/Idade Percentil (86,9 média

asmáticos e 93,3 média não asmáticos) e IMC/Idade Z–Escore (1,78 média

asmáticos, 2,31 média não asmáticos). Ambos os grupos apresentam-se com

valores indicativos de sobrepeso, entretanto o grupo não asmático apresentou

um valor médio mais elevado, próximo do limite para obesidade. Foi observado

maiores percentuais de eutróficos e de participantes com sobrepeso entre os

asmáticos enquanto que entre os não asmáticos observou-se um maior

percentual de obesos. Existe uma associação entre não ser asmático e

apresentar obesidade (Qui - quadrado de Pearson = 7,53, p = 0,023). A Tabela

1 apresenta a análise das curvas de crescimento instituídas pela Organização

Mundial da Saúde (OMS, 2007) para crianças.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

110

Tabela 1 – Valores médios e desvio padrão das curvas de crescimento para crianças.

Grupos

Curvas OMS Asmáticos (n=45) Não asmáticos (n=35) p

Média (Desvio padrão) Média (Desvio padrão)

IMC/Idade Percentil 86,9 (20,5) 93,3 (17,1) 0,010*a

IMC/Idade Z-escore 1,78 (1,1) 2,31 (0,9) 0,020*a

Estatura/Idade Percentil 64,9 (30,1) 69,2 (31,2) 0,353ª

Estatura/Idade Z-escore 0,53 (1,1) 0,86 (1,1) 0,251a

Teste U-Mann Whitney. *valor de p < 0,05.

A Figura 1 apresenta a distribuição dos valores absolutos de participantes

asmáticos e não asmáticos em função das categorias de IMC de acordo com a idade.

Figura 1 – Número de asmáticos e não asmáticos em cada uma das três categorias de IMC – eutrofia, sobrepeso e obeso.

Na avaliação da função pulmonar não houve diferença nos parâmetros de

espirometria entre os grupos de asmáticos e não asmáticos. Entretanto, ao

proceder à análise individual das provas de função pulmonar, observou-se que

no grupo de asmáticos 13 crianças (28,9%) apresentaram padrões indicativos

de distúrbio ventilatório obstrutivo leve e no grupo de não asmáticas apenas duas

crianças (5,7%) apresentaram distúrbio ventilatório restritivo leve.

Na análise do questionário ISAAC (International Study of Asthma and

Allergies in Childhood) obteve associação entre ter tido sibilos alguma vez no

passado e a presença de asma, em não ter crises de sibilos nos últimos 12

meses e não ser asmático. Ocorre associação entre ter a presença de asma

alguma vez durante a vida e ser asmático, ter chiados após exercício físico e

presença de tosse seca a noite nos últimos 12 meses.

Com relação ao Teste de Controle da Asma (Childhood Asthma Control

Test (c-ACT) observou-se que a grande maioria relatou que a asma estava bem,

0

10

20

30

40

Eutrofia Sobrepeso Obesidade

Perc

en

tual

(%)

IMC - Categorias

Asmáticos

Não asmáticos

Geral

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

111

no dia da aplicação do teste. Em torno de 55%, relataram que a asma atrapalha

um pouco, na realização de atividades físicas. 70% das crianças asmáticas

entrevistadas contaram que tossem algumas vezes por causa da asma. Mais de

dois terços dos asmáticos relataram que não acordam durante a noite por causa

da asma. Um pouco mais do que a metade das crianças relataram que durante

o último mês teve sintomas de asma de um a três dias. Aproximadamente 54%

das crianças relataram que nunca tiveram, durante o último mês, a respiração

sibilante. A grande maioria das crianças disse que, durante o último mês, nunca

despertaram durante a noite devido à asma.

3.1 Discussão

Neste estudo observamos que as crianças não asmáticas apresentaram

IMC/idade superior ao encontrado para o grupo de asmáticos. Encontrou-se um

maior percentual de crianças obesas entre os não asmáticos. Não foram

observadas diferenças nos parâmetros da espirometria entre os dois grupos.

Este recorte transversal é parte de um estudo longitudinal que será realizado

para avaliar o potencial de modificação de efeito do estado nutricional sobre a

relação entre poluição do ar e asma.

Em relação ao peso, houve semelhança entre as médias de asmáticos e

não asmáticos (Tabela1). Este resultado contrasta com o estudo de Castro;

Lamounier (2015), reportou associação entre obesidade e asma. Quando

analisada a função pulmonar nos dois grupos observou-se que não houve

diferença nas médias dos parâmetros de espirometria entre asmáticos e não

asmáticos. No nosso estudo entre as crianças não asmáticas encontramos 5,7%

de crianças com padrão obstrutivo restritivo, isto é muito menor do que o

observado por Assunção et al. (2014) no seu estudo, onde avaliando 59 crianças

sem doença respiratória encontrou 38 (64,4%) de crianças com algum padrão

de alteração respiratória.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo mostrou que houve uma associação entre as crianças

asmáticas apresentarem sobrepeso e crianças não asmáticas apresentarem

obesidade. Nesta avaliação inicial também observou - se que não há diferenças

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

112

nas provas de função pulmonar entre os dois grupos analisados. Desta forma ao

longo do período de acompanhamento da função pulmonar e do estudo da sua

relação com a poluição será importante analisar como se comportam os

parâmetros nutricionais e se no grupo de crianças asmáticas os efeitos podem

ser mais graves entre aqueles que apresentam parâmetros antropométricos

acima do esperado para normalidade.

5. REFERÊNCIAS ANTONIO M. A. G. et al., Avaliação do Estado Nutricional de Crianças e Adolescentes com Asma. Rev Assoc Med Bras., v.49, n.4, p.367-71, 2003. ASSUNÇÃO, S. N. F. de et al. Função pulmonar de crianças e adolescentes sem sintomas respiratórios e com excesso de peso. J. bras. pneumol., v.40, n.2, p.134-141, 2014. BENEDETTI F. J. et al., Gasto energético em adolescentes asmáticos com excesso de peso: calorimetria indireta e equações de predição. Rev Nutri., v. 24, n. 1, p. 31-40, 2011. BEUTHER, D.A. et al., Obesity and asthma. Arn J Respir Crit Care Med. n.174, p.112-119, 2006. CALLEGARI-JACQUES, S. M. Bioestatítica: Princípios e Aplicações. Porto Alegre, ArtMed, 2009. CASTRO, Silvia Paschoalini Azalim de; LAMOUNIER, Joel Alves. O papel da

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

113

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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REVISÃO DE LITERATURA SOBRE O BEM-ESTAR SUBJETIVO DE INDIVÍDUOS DIAGNOSTICADOS COM TRANSTORNO DEPRESSIVO Bruna Pereira da Silva

Bolsista PIBIC1

Prof. Dr. Sergio Baxter Andreoli2

Instituição: Unisantos

Curso: Psicologia

1 [email protected]; 2 [email protected]

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão sistemática de literatura sobre a condição clínica de indivíduos com transtorno depressivo, por meio do Bem-Estar Subjetivo (BES). A estratégia de pesquisa, envolvendo dois pesquisadores independentes, foi a realização de levantamento bibliográfico na base eletrônica PubMed, no período de 1980 - atual. As palavras-chave foram separadas em dois grandes temas: bem-estar subjetivo e transtorno depressivo, e as palavras relacionadas a esses temas foram: satisfação com a vida, felicidade, afetos positivo e negativo, saúde mental, depressão, sintomas depressivos e condição clínica. Um total de 198 artigos foi encontrado. Os critérios de inclusão foram: título possuir as palavras correspondentes de ambas as categorias (N=136); resumos apresentarem relação entre BES e transtorno depressivo (N=46); e possuir metodologia empírica, tanto ambulatorial como populacional (N=30). Dos 30 artigos que preencheram todos os critérios adotados no nosso estudo, 2 utilizaram o BES como medida de avaliação clínica, 8 concluíram que instrumentos de BES são adequados para identificar ou predizer o diagnóstico de transtorno depressivo, 1 artigo não encontrou qualquer relação de BES com transtorno depressivo ou com outro transtorno mental e 19 artigos buscavam encontrar relação entre condição de BES e fatores socioculturais. Embora poucos trabalhos utilizem o BES como indicador de melhora clínica, a despeito desta melhora incluir aspectos subjetivos que se encontram comprometidos nesta doença, diversos estudos utilizam o instrumento de BES como efetivo indicador de necessidade de intervenções.

Palavras-chave: bem-estar subjetivo, transtorno depressivo, condição clínica.

1. INTRODUÇÃO

O bem-estar subjetivo (BES) é uma característica positiva de

funcionamento psicológico, avaliada pelo próprio indivíduo, que engloba

domínios diferentes, tais como o afeto positivo, a satisfação com a vida e a

percepção sobre o propósito de vida (Diener, 1999). Este, portanto, não é apenas

um sentimento subjetivo desejável, mas também pode ser utilizado como

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

116

ferramenta de pesquisa nos programas de promoção da saúde e nas práticas

clínicas (KOIVUMAA-HONKANEN, HONKANEN ET AL., 2000) de quadros como

o do transtorno depressivo, no qual a percepção que o indivíduo faz sobre sua

vida é negativamente distorcida, comprometendo assim o seu cotidiano, o seu

trabalho, as relações familiares e sociais, causando prejuízo em sua qualidade

de vida e satisfação com a vida (BERLIM, BRENNER ET AL., 2008; MARTIN,

CACOZZI ET AL., 2012).

A importância de uma revisão sistemática de literatura sobre o bem-estar

subjetivo de pacientes com transtorno depressivo na população geral, reside no

fato da prevalência alta e do alto grau de incapacitação, além de ser útil para

futuros estudos na área. Desta forma, a condição clínica pode estar relacionada

com o nível de bem-estar subjetivo destes pacientes.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

O estudo realizado trata-se de uma revisão sistemática de literatura,

envolvendo dois pesquisadores independentes. O levantamento bibliográfico foi

realizado pelo aluno de Iniciação Científica na base de dados eletrônicos

PubMed (www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed), no período de 1980-2015. As

palavras-chave foram separadas em dois grandes temas: bem-estar subjetivo

(BES) e transtorno depressivo (TD), e as palavras relacionadas a esses temas

foram: satisfação com a vida, felicidade, afetos positivo e negativo, saúde mental,

depressão, sintomas depressivos e condição clínica. Os critérios de inclusão

foram: (1) Título possuir as palavras correspondentes de ambas as categorias;

(2) Resumos apresentarem relação entre BES e TD; (3) possuir metodologia

empírica, tanto ambulatorial como populacional. Definiram-se os seguintes

critérios de exclusão: (1) Estudos teóricos. (2) Revisões de literatura; (3) Artigos

que não relacionavam BES com TD.

Com a aplicação dos critérios para inclusão no estudo, obteve-se os

seguintes resultados: título possuir as palavras correspondentes de ambas as

categorias (N=136); resumos apresentarem relação entre BES e transtorno

depressivo (N=46); e possuir metodologia empírica, tanto ambulatorial como

populacional (N=30). Ao final da aplicação dos critérios, 30 artigos atendiam a

todos os critérios e foram analisados.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

117

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 30 artigos que preencheram todos os critérios adotados no nosso

estudo, 2 utilizaram o BES como medida de avaliação clínica, 8 concluíram que

instrumentos de BES são adequados para identificar ou predizer o diagnóstico

de TD e 1 artigo não encontrou qualquer relação de BES com TD ou com

qualquer outro transtorno mental. Além disto, 13 artigos dos restantes mostraram

resultados não condizentes com o objetivo desta pesquisa, que buscava relação

entre o BES e a condição clínica de indivíduos com TD. Estes artigos buscavam

encontrar relação entre variáveis sócio demográficas e BES e se o nível de BES

poderia ser preditor de TD. A tabela abaixo mostra a relação dos 30 artigos, bem

como o resultado da análise dos mesmos:

Tabela 1 – Artigos selecionados

AUTOR TÍTULO ANO REVISTA RESULTADO PAÍS

Burns, R. A., et al

Subjective well-being mediates the effects of resilience and mastery on depression and anxiety in a large community sample of young and middle-aged adults.

2010 The Australian and New Zealand Journal of Psychiatry, 45(3), 240–248.

Não relaciona BES com TD

Austrália

Büssing, A., et al

Course of life satisfaction in patients with depressive and addictive disorders after therapeutic intervention

2012 The International Journal of Social Psychiatry, 58(3), 239–45

Instrumento de BES prevê TD

Alemanha

Cairney, J., et al

Comorbid depression and anxiety in later life: Patterns of association, subjective well-being, and impairment

2008 American Journal of Geriatric Psychiatry, 16(3), 201–208

BES e fatores socioculturais

Canadá

Cruwys, T.; Gunaseelan, S.

“Depression is who I am”: Mental illness identity, stigma and wellbeing

2015 Journal of Affective Disorders, 189, 36–42

BES e fatores socioculturais

Austrália

Cuellar, I., et al

Residency in the United States, subjective well-being, and depression in an older Mexican-origin sample

2004 Journal of Aging and Health, 16(4), 447–466

BES e fatores socioculturais

Estados Unidos

Daig, I., et al Gender and age differences in domain-specific life satisfaction and the impact of depressive and anxiety symptoms: A general population survey from Germany

2009 Quality of Life Research, 18(6), 669–678

BES e fatores socioculturais

Alemanha

Edmondson, O. J. H.; MacLeod, A. K.

Psychological Well-Being and Anticipated Positive Personal Events: Their Relationship to Depression

2014 Clinical Psychology & Psychotherapy, 425(July 2014)

Não relaciona BES com TD

Reino Unido

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

118

Gargiulo, R. A.; Stokes, M. a.

Subjective well-being as an indicator for clinical depression

2009 Social Indicators Research, 92(3), 517–527

Não houve relação de BES com TD

Austrália

Ghubach, R., et al

Subjective life satisfaction and mental disorders among older adults in UAE in general population

2010 International Journal of Geriatric Psychiatry, 25(5), 458–465

BES e fatores socioculturais

Emirados Árabes Unidos

Grant, F., et al

Well-being and the risk of depression under stress

2013 PloS One, 8(7), e67395 Instrumento de BES prevê TD

Estados Unidos

Keyes, C. L. M., et al

Change in Level of Positive Mental Health as a Predictor of Future Risk of Mental Illness

2010 American Journal of Public Health, 100(12), 2366–2371

BES e fatores socioculturais

Estados Unidos

Kinderman, P., et al

Causal and mediating factors for anxiety, depression and well-being

2015 The British Journal of Psychiatry, 456–460

BES e fatores socioculturais

Reino Unido

Kleftaras, G. Meaning in Life, Psychological Well-Being and Depressive Symptomatology: A Comparative Study

2012 Psychology, 03(04), 337–345

Instrumento de BES prevê TD

Grécia

Koivumaa-Honkanen, H.T., et al

Self-reported life satisfaction and recovery from depression in a 1-year prospective study

2001 Acta Psychiatrica Scandinavica, 103(1), 38–44

BES como Condição Clínica

Finlândia

Koivumaa-Honkanen, H.T., et al

Life satisfaction and depression in a 15-year follow-up of healthy adults

2004 Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 39(12), 994–9

BES e fatores socioculturais

Finlândia

Koivumaa-Honkanen H.T., et al

Factors associated with life satisfaction in a 6-year follow-up of depressive out-patients

2011 Social psychiatry and psychiatric epidemiology, 46(7), 595-605.

Instrumento de BES prevê TD

Finlândia

Koivumaa-Honkanen, H. T., et al

Correlates of life satisfaction among psychiatric patients

1996 Acta Psychiatrica Scandinavica,94(5), 372-378

Não relaciona BES com TD

Finlândia

Koivumaa-Honkanen, H.T., et al

Mental health and well-being in a 6-year follow-up of patients with depression: assessments of patients and clinicians

2008 Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 43(9), 688–96

Instrumento de BES prevê TD

Finlândia

Krieger, T., et al

Measuring depression with a well-being index: further evidence for the validity of the WHO Well-Being Index (WHO-5) as a measure of the severity of depression

2014 Journal of Affective Disorders, 156, 240–4

Instrumento de BES prevê TD

Suíça

D’raven, L. T. L., et al

Happiness intervention decreases pain and depression, boosts happiness among primary care patients

2014 Primary health care research & development, 16(02), 114-126

Não relaciona BES com TD

Canadá

Maldonado Saucedo, M.

Bienestar Subjetivo y Depresión en Mujeres y Hombres Adultos Mayores Viviendo en Pobreza

2015 Acta de Investigación Psicológica, 5(1), 1815–1830

BES e fatores socioculturais

México

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

119

Möller Leimkühler, a. M., et al

Subjective well-being and “male depression” in male adolescents

2007 Journal of Affective Disorders, 98(1-2), 65–72

BES e fatores socioculturais

Alemanha

Muhwezi, W. W., et al

Detection of major depression in Ugandan primary health care settings using simple questions from a subjective well-being (SWB) subscale

2007 Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, 42(1), 61–69

Instrumento de BES prevê TD

Uganda

Muñoz, Rodrigo A; et al

Major depressive disorder in Latin America: The relationship between depression severity, painful somatic symptoms, and quality of life

2005 Journal of Affective Disorders, 86(1), 93–98

Não relaciona BES com TD

Estados Unidos

Ozcakir, Alis; et al

Subjective well-being among primary health care patients

2014 PloS One, 9(12), e114496

Instrumento de BES prevê TD

Turquia

Peterson, T. L., et al

Subjective well-being of older African Americans with DSM IV psychiatric disorders

2014 Journal of Happiness Studies, 15(5), 1179–1196

BES e fatores socioculturais

Estados Unidos

Rissanen, T., et al

Long term life dissatisfaction and subsequent major depressive disorder and poor mental health

2011 BMC Psychiatry, 11(1), 140

BES como Condição Clínica

Finlândia

Simpson, P. L., et al

Depression and life satisfaction in Nepal and Australia

1996 The Journal of social psychology, 136(6), 783-790

BES e fatores socioculturais

Austrália

Stankov, L Depression and life satisfaction among European and Confucian adolescents

2013 Psychological Assessment, 25(4), 1220–1234

BES e fatores socioculturais

Austrália

Werner-Seidler, A.; Banks, R.

An investigation of the relationship between positive affect regulation and depression

2013 Behaviour Research and Therapy, 51(1), 46-56

Não relaciona BES com TD

Austrália

Fonte: autora da pesquisa

Identificou-se uma coorte de pesquisadores da Finlândia que realizam

pesquisas no tema deste trabalho. Os artigos que utilizavam BES como condição

clínica de indivíduos com Transtorno Depressivo, eram todos da coorte referida.

Apenas 8% dos 30 artigos selecionados utilizaram o BES como indicador da

condição clínica de indivíduos com Transtono Depressivo. Entretanto, essas

pesquisas apresentavam dados relevantes, mostrando que a satisfação com a

vida é fortemente afetada durante a depressão, mas que ela melhora durante o

tratamento, e que a insatisfação com a vida pode ser considerada um preditor

de transtornos mentais a longo prazo (RISSANEN, TEEMU ET AL., 2011;

KOIVUMAA-HONKANEN, H ET AL., 2001). O uso da psicoterapia foi

considerado efetivo para melhorar a satisfação com a vida, agindo sobre a

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

120

condição clínica e contribuindo para recuperação (BÜSSING, ARNDT ET AL.,

2012).

A eficácia de instrumentos de BES para identificar transtorno depressivo

foi identificada em 33% dos artigos selecionados. As pesquisas mostraram que

o uso de ferramentas breves podem ser úteis para triagens daqueles indivíduos

que necessitam de mais atenção (GRANT, FAREN ET AL., 2013; KOIVUMAA-

HONKANEN, H ET AL., 2001). As amostras das pesquisas abrangeram

populações diversas, tanto pacientes diagnosticados com transtorno depressivo

atendidos em ambulatórios, quanto indivíduos da população em geral. Os

instrumentos mais utilizados para avaliar o nível de bem-estar dos indivíduos

foram o Índice de Bem-Estar da Organização Mundial da Saúde (WHO-5) e a

Escala de Satisfação com a Vida - 4 Itens. Porém, todos os instrumentos

utilizados nos estudos possuíam características comuns, na qual pedia-se ao

entrevistado para avaliar o nível de suas emoções positivas, pontuando o

resultado em uma escala de 0 (menor pontuação) a 5 pontos (maior pontuação).

Ou seja, conhecer o nível de BES dos indivíduos pode predizer o risco de

depressão, mas também serve como norteador para melhor tratamento e

recuperação (KRIEGER, TOBIAS ET AL., 2014; GRANT, FAREN ET AL., 2013).

Em 54% dos estudos, os resultados apresentados não eram esperados

para esta pesquisa. Pôde-se observar que muitos países, com destaque para

Estados Unidos e Austrália, têm demonstrado interesse em descobrir se

características sócio demográficas como sexo, idade, renda e nacionalidade,

possuem influência no bem-estar e na satisfação com a vida dos indivíduos

(CUELLAR, ISRAEL ET AL., 2004), e se o nível de bem-estar e satisfação com

a vida pode ser preditor de transtornos mentais (GHUBACH, RAFIA ET AL.,

2010), principalmente de transtorno depressivo, e como pessoas mais velhas

avaliam sua vida subjetivamente (MALDONADO SAUCEDO, 2015; PETERSON,

TINA L ET AL., 2014; CAIRNEY, J ET AL., 2008), mas não apresentaram relação

entre as variáveis estudadas com a condição ou melhora clínica de indivíduos

com transtorno depressivo especificamente.

Assim, embora pareça existir uma associação entre a medida de bem-

estar subjetivo e o transtorno depressivo, existem poucos trabalhos utilizando o

BES como indicador de melhora clínica a despeito desta melhora incluir aspectos

subjetivos que se encontram comprometidos nesta doença.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

121

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste estudo foi a realização de uma revisão sistemática sobre

a condição clínica de indivíduos com transtorno depressivo, por meio do bem-

estar subjetivo.

Com os resultados, conclui-se que, embora pareça existir uma associação

entre a medida de bem-estar subjetivo e o transtorno depressivo, poucos

trabalhos utilizam o BES como indicador de melhora clínica, a despeito desta

melhora incluir aspectos subjetivos que se encontram comprometidos nesta

doença. Por outro lado, diversos estudos utilizam o instrumento de BES como

efetivo indicador de necessidade de intervenções.

Apesar de o tema ainda não ser muito investigado cientificamente, com a

leitura dos artigos selecionados neste estudo pode-se perceber que muitos

autores demonstram interesse no estudo do BES e na sua importância para a

saúde mental.

5. REFERÊNCIAS BURNS, R. A, ANSTEY, K. J., & WINDSOR, T. D. Subjective well-being mediates the effects of resilience and mastery on depression and anxiety in a large community sample of young and middle-aged adults. The Australian and New Zealand Journal of Psychiatry, v.45, n.3, p.240-248, 2011. BÜSSING, A., HEUSSER, P., & MUNDLE, G. Course of life satisfaction in patients with depressive and addictive disorders after therapeutic intervention. The International Journal of Social Psychiatry, v.58, n.3, p.239-45, 2012. CAIRNEY, J., COMA, L. M., VELDHUIZEN, S., HERRMANN, N., & STREINER, D. L. Comorbid depression and anxiety in later life: Patterns of association, subjective well-being, and impairment. American Journal of Geriatric Psychiatry, v.16, n.3, p.201-208, 2008. CRUWYS, T., & GUNASEELAN, S. “Depression is who i am”: Mental illness identity, stigma and wellbeing. Journal of Affective Disorders, n.189, p.36-42, 2016. CUELLAR, I., BASTIDA, E., & BRACCIO, S. M. Residency in the United States, subjective well-being, and depression in an older Mexican-origin sample. Journal of Aging and Health, v.16, n.4, p.447-466, 2004. DAIG, I., HERSCHBACH, P., LEHMANN, A., KNOLL, N., & DECKER, O. Gender

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KOIVUMAA-HONKANEN, H., KAPRIO, J., HONKANEN, R., VIINAMÄKI, H., & KOSKENVUO, M. Life satisfaction and depression in a 15-year follow-up of healthy adults. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, v.39, n.12, p.994-999, 2004. KRIEGER, T., ZIMMERMANN, J., HUFFZIGER, S., UBL, B., DIENER, C., KUEHNER, C., & GROSSE HOLTFORTH, M. Measuring depression with a well-being index: further evidence for the validity of the WHO Well-Being Index (WHO-5) as a measure of the severity of depression. Journal of Affective Disorders, n.156(October 2015), p.240–244, 2014. LEWIS, C. A, DORAHY, M. J., & SCHUMAKER, J. F. Depression and life satisfaction among northern Irish adults. The Journal of Social Psychology, v.139, n.4, p.533-535, 1999. MALDONADO SAUCEDO, M. Bienestar Subjetivo y Depresión en Mujeres y Hombres Adultos Mayores Viviendo en Pobreza11Este estudio forma parte del proyecto “Género, envejecimiento, redes de apoyo social y vulnerabilidad en México: Un estudio comparativo” del Campo Estratégico de Acc. Acta de Investigación Psicológica, v.5, n.1, p.1815-1830, 2015. MÖLLER LEIMKÜHLER, A. M., HELLER, J., & PAULUS, N. C. Subjective well-being and “male depression” in male adolescents. Journal of Affective Disorders, v.98, n.1-2, p.65-72, 2007. MUHWEZI, W. W., ÅGREN, H., & MUSISI, S. Detection of major depression in Ugandan primary health care settings using simple questions from a subjective well-being (SWB) subscale. Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology, v.42, n.1, p.61–69, 2007. MUÑOZ, RODRIGO A; MCBRIDE, MARGARET E; BRNABIC, A. J. M., & LÓPEZ, CARLOS J. HETEM, LUIZ ALBERTO B SECIN, RICARDO DUEÑAS, H. J. Major depressive disorder in Latin America: The relationship between depression severity, painful somatic symptoms, and quality of life. Journal of Affective Disorders, v.86, n.1, p.93-98, 2005. OZCAKIR, ALIS; OFLU DOGAN, FATMA; CAKIR, YAKUP TOLGA; BAYRAM, NURAN; BILGEL, N. Subjective well-being among primary health care patients, v.9, n.12, e114496, 2014. PETERSON, T. L., CHATTERS, L. M., TAYLOR, R. J., & NGUYEN, A. W. Subjective well-being of older African Americans with DSM IV psychiatric disorders. Journal of Happiness Studies, v.15, n.5, p.1179-1196, 2014. RISSANEN, T., VIINAMÄKI, H., HONKALAMPI, K., LEHTO, S. M., HINTIKKA, J., SAHARINEN, T., & KOIVUMAA-HONKANEN, H. Long term life dissatisfaction and subsequent major depressive disorder and poor mental health. BMC Psychiatry, v.11, n.1, p.140, 2011.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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CONSTRUÇÃO DE CÉLULAS DE COMBUSTÍVEL MICROBIANAS (MFC) PARA AVALIAR A CAPACIDADE DE GERAÇÃO DE CORRENTE ELÉTRICA POR MICRORGANISMOS PRESENTE NO SOLO Bruno Passarelo Braz Paião

Bolsista PROITI1

Profa. Dra. Maria Aparecida dos Santos Accioly 2

Profa. Dra. Kátia Maria Gomes Machado 3

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Engenharia Ambiental 1 [email protected]; 2 [email protected]; ³ [email protected]

RESUMO: Atualmente, o grande desafio é o desenvolvimento de fontes sustentáveis de

energia. Dessa forma, abre-se um amplo campo de pesquisa na medida em que

diversos estudos se fazem necessários para identificar novas fontes de geração de

energia elétrica sustentáveis, como as células de combustível microbianas (MFCs), um

dispositivo bioeletroquímico. A eficiência das MFCs é resultante da associação entre a

eletroquímica e a microbiologia. Estes dispositivos podem ser otimizados pelo controle

dos fatores físico-químicos e biológicos que contribuem para o metabolismo dos

microrganismos. O formato estrutural também tem influência na eficiência das MFCs.

Este projeto teve como objetivo avaliar a construção de células de combustível

microbianas (MFCs) utilizando microrganismos presentes naturalmente no solo e

variando a concentração da fonte de carbono. Os objetivos foram alcançados através

da confecção de oito MFCs, utilizando dois tipos de solo e a as estruturas foram feitas

de potes plásticos com tampa, ponte salina de tubo de PVC, e eletrodos de grafite e fio

de cobre. A tensão e corrente elétrica geradas pelas MFCs atingiram 0,410 V e 0,097

A, apresentando resultados próximos aos obtidos por outros autores.

Palavras-chave: MFC; bioeletroquímico; eletricidade.

1. INTRODUÇÃO

Atualmente, o grande desafio é o desenvolvimento de fontes sustentáveis

de energia para os processos de produção (SACHS, 2007). A descoberta de

microrganismos capazes de gerar energia elétrica, através de reações químicas

de oxido-redução provenientes de seu metabolismo, abriu um amplo campo de

pesquisa na medida em que diversos estudos se fazem necessários para

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identificar novos microrganismos com potencial para serem empregados em

células de combustível microbianas, assim como para avaliar a eficiência deles

na geração de energia elétrica (PEIXOTO et al., 2013).

Conforme Allen e Benetto (1993) uma MFC é composta por dois reatores

(Figura 1). No Reator 1, anaeróbico, o ânodo encontra-se inserido no sistema de

cultivo dos microrganismos. O Reator 2, aeróbico, abriga o cátodo, o qual se

encontra emergido em uma solução de água e sal, submetida à aeração

contínua, promovendo a redução do oxigênio em água. Os compartimentos são

conectados por uma membrana seletiva, que possibilita que os íons liberados no

compartimento anódico migrem para o compartimento catódico.

Figura 1. Esquema geral de uma célula de combustível microbiana

Fonte: SCHRODER, 2007 (Adaptado).

A oxidação da fonte de carbono no compartimento anódico, catalisada

pelo metabolismo dos microrganismos, libera elétrons que são transferidos para

o ânodo, e prótons que migram para o cátodo por meio da membrana trocadora

de prótons. Quando o ânodo e o cátodo são conectados externamente por um

circuito, no compartimento catódico ocorre a redução do oxigênio à água,

produzindo um fluxo de elétrons, logo, gerando a corrente elétrica (RACHINSKI

et al., 2010).

Baseado na complexidade do sistema bioeletroquímico que ocorre nas

MFCs, muitos estudos têm sido realizados empregando-se diferentes estruturas

de MFCs e avaliando os possíveis fatores internos e externos que influenciam a

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127

sua eficiência bioeletroquímica (CHAUDHURI; LOVLEY, 2003; ZHAO et al.,

2006; CLAUWAERT et al., 2007). Este projeto teve como objetivos a avaliação

da construção de células de combustível microbianas (MFCs) utilizando

microrganismos presentes naturalmente no solo e materiais de baixo custo.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

Seguindo os modelos apresentados por Chaudhuri e Lovley (2003) e Zhao et al.

(2006) com adaptações, foi definida a estrutura para a construção das MFCs, utilizando

frascos de plástico com tampa. Os eletrodos foram feitos de tubo de grafite, conectados

a um fio de cobre, ligando a parte interna dos compartimentos até a parte externa. O

compartimento catódico foi composto de solução de NaCl e o compartimento anódico

por solo, glicose e/ou papel sulfite picado, giz e NPK (Tabela 1).

Tabela 1 – Composição das células de combustível microbiana

MFC

Quantidade Quantidade Água

destilada

(mL)

Fonte de carbono

de solo (kg) de NPK (g) Glicose

(g)

Papel

Picado (g) Giz (g)

MC-1 2,0 - - - 3,0 3,0

MC-2 2,0 5,00 450,0 4,0 - -

M0 1,2 0 250,0 0 - -

M1 1,2 5,00 250,0 3,0 - -

M2 1,2 10,00 250,0 6,0 - -

M3 1,0 0 350,0 0 0 -

M4 1,0 4,15 350,0 1,0 1,5 -

M5 1,0 9,30 350,0 2,0 3,0 -

Fonte: Próprio autor.

Os compartimentos foram aerados com auxílio de uma bomba de ar de 7

Watts e de vazão 4,5 L/min (Big Air Super Pump®). A membrana trocadora de

prótons foi substituída por ponte salina (CASTELLAN, 2009), confeccionadas

com tubo de PVC, preenchido com ágar (25,0 g/L) e NaCl (10,0 g/L). As

conexões entre a ponte de sal e os compartimentos foram feitas utilizando luvas

de PVC de 1,0” e vedadas com arruelas de borracha do tipo O-ring. As

mensurações de tensão e corrente elétrica foram realizadas utilizando

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multímetro (FLUKE®). Para a mensuração de corrente elétrica foi adotado uma

resistência externa de 10 k Ω, como recomendado por Clauwaert et al. (2007).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi possível detectar pequenos valores de tensão elétrica nas MFCs MC-1 e

MC-2 (resultados não mostrados), sendo a estrutura destas MFCs considerada

satisfatória para subsidiar a construção das próximas MFCs. Como houve

aumento da tensão elétrica das MC-1 e MC-2 ao oxigenar o compartimento

anódico, este procedimento foi empregado para a construção das próximas

MFCs (M0, M1 e M2). Estas foram confeccionadas com diferentes

concentrações de glicose empregadas como fonte de carbono. A MFC M0 foi

adotada como MFC controle (sem adição de fonte de carbono).

Houve geração de tensão elétrica em M0, que atingiu o valor máximo de

0,410 V. Ao longo do tempo, a tensão e a corrente observadas para M1 (valor

máximo de 0,295 V) e para M2 (valor máximo de 0,401 V) foram menores que

aqueles valores observados para M0 até o 10º dia de incubação. Estes

resultados não eram esperados, uma vez que não foi observada relação entre a

variação da tensão elétrica e a quantidade de glicose. Após a desmontagem das

MFCs foram observadas frestas nas pontes salinas das M1 e M2. Isto pode ter

permitido a infiltração e a troca de material entre os compartimentos anódico e

catódico, comprometendo os processos químicos e biológicos dentro destas

MFCs. A quantidade de matéria orgânica presente naturalmente no solo pode

explicar a geração de corrente elétrica e a variação de tensão elétrica observada

para a MFC M0. Visando corrigir as falhas encontradas nas pontes salinas foram

construídas três novas MFCs (

Foi observada variação de tensão elétrica para as MFCs M3, M4 e M5 (Figura

3) de acordo com a concentração inicial de carbono empregada. Foram obtidos

os valores máximos de 0,087 V, 0,400 V e 0,386 V, respectivamente, para M3,

M4 e M5. Foi obtido valor máximo de corrente elétrica de 0,097 A para a MFC

M5 no 9º dia (Figura 4). Para as M3 e M4, os valores máximos de corrente

elétrica foram de 0,016 A e 0,073 A, nos 7º e 29º dias.

Figura 2), empregando-se uma concentração menor de NaCl (8,0 g/L).

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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Foi observada variação de tensão elétrica para as MFCs M3, M4 e M5

(Figura 3) de acordo com a concentração inicial de carbono empregada. Foram

obtidos os valores máximos de 0,087 V, 0,400 V e 0,386 V, respectivamente,

para M3, M4 e M5. Foi obtido valor máximo de corrente elétrica de 0,097 A para

a MFC M5 no 9º dia (Figura 4). Para as M3 e M4, os valores máximos de corrente

elétrica foram de 0,016 A e 0,073 A, nos 7º e 29º dias.

Figura 2. Estrutura geral das células de combustível microbianas M3, M4 e M5.

Fonte: Próprio autor.

Figura 3. Variação da tensão elétrica nas células de combustível microbianas M3, M4 e

M5.

Fonte: Próprio autor.

A Tabela 2 apresenta a comparação entre os resultados obtidos no

presente estudo e aqueles obtidos por outros autores. Os resultados obtidos no

presente estudo para as MFCs M3, M4 e M5 convergiram com os resultados

0,400

0,000

0,050

0,100

0,150

0,200

0,250

0,300

0,350

0,400

0,450

0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0

TEN

SÃO

ELÉ

TRIC

A (

V)

TEMPO (DIAS)

MFC 3 MFC 4 MFC 5

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130

obtidos por Chaudhuri e Lovley (2003), Zhao et al. (2006) e Clauwaert et al.

(2007). Estes autores obtiveram uma tensão elétrica máxima de 0,265 V, 0,697

V e 0,360 V, respectivamente. No entanto, as MFCs confeccionadas por estes

autores utilizaram materiais adequados, com total controle de variáveis externas

e internas, enquanto no presente trabalho foram utilizados materiais de baixo

custo e ambiente não controlado. Foi possível verificar que a cultura mista

encontrada na amostra de solo utilizada apresentou uma tensão elétrica gerada

de 0,400 V para M4, sendo superiores as tensões geradas por Chaudhuri e

Lovley (2003) e Clauwaert et al. (2007), enquanto a corrente elétrica de 97 mA

gerada pela MFC M5 superou os resultados obtidos pelos autores comparados.

Figura 4. Variação da corrente elétrica nas células de combustível microbianas M3, M4 e M5.

Fonte: Próprio autor.

Tabela 2. Resultados comparativos entre diferentes células de combustível microbianas

0,097

0,000

0,010

0,020

0,030

0,040

0,050

0,060

0,070

0,080

0,090

0,100

0 5 1 0 1 5 2 0 2 5 3 0 3 5 4 0

CO

RR

ENTE

ELÉ

TRIC

A (

A)

TEMPO (DIAS)

MFC 3 MFC 4 MFC 5

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Cultura

Tensão Elétrica

Máxima Gerada

(V)

Corrente Elétrica

Máxima Gerada

(mA)

Resistência

Externa

Utilizada (Ω)

Referência

Rhodoferax

ferrireducens 0,265 0,2 1000

Chaudhuri &

Lovley (2003)

Escherichia coli 0,697 1,5 0-60000 Zhao et al. (2006)

Geobacter sp. 0,360 não determinada 0-50 Clauwaert et al.

(2007)

Cultura mista 0,087 16,0 10000 MFC M3

Cultura mista 0,400 75,0 10000 MFC M4

Cultura mista 0,386 97,0 10000 MFC M5

Fonte: Próprio autor.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados mostraram que os objetivos desse trabalho foram atingidos.

Foram confeccionadas oito MFCs com materiais de baixo custo e solo como

fonte de microrganismos, sendo obtida geração significativa tanto de tensão

quanto de corrente elétrica. Foi possível observar que a oxigenação contínua no

compartimento catódico e a concentração de fonte de carbono presente no

compartimento anódico contribuíram para o aumento da eficiência das MFCs.

5. REFERÊNCIAS ALLEN, Robin M.; BENNETTO, H. Peter. Microbial Fuel-Cells: Electricity Production from Carbohydrates. Bioelectrochemistry and Biosensors Group, King´s College (University of London). Londres, Reino Unido. 1993. CASTELLAN, Gilbert. Fundamentos de Físico-Química. Rio de Janeiro: LTC, 2009. CHAUDHURI, Swades K.; LOVLEY, Derek. Electricity generation by direct oxidation of glucose in mediatorless microbial fuel cells. Nature Biotechnology, vol. 21, nº10. Department of Microbiology, University of Massachusetts-Amherst, Amherst, Massachusetts, Estados Unidos. 7 September 2003. Verifique ABNT se o titulo de artigo é grafado em negrito. Penso que não. O destaque era para a revista e não para o titulo. Veja se isto foi alterado na norma vigente

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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ARBITRAGEM E MEDIAÇÃO: APLICABILIDADE E EFICÁCIA DOS MECANISMOS DE PACIFICAÇÃO SOCIAL PRESENTES NO DIREITO INTERNACIONAL E SUA ADAPTAÇÃO A REALIDADE DO ORDENAMENTO JURÍDICO INTERNO

Catherine De Souza Santos

Bolsista PROIN1

Prof. Me. Adriana Machado Yaghsisian2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Direito

[email protected]; [email protected]

RESUMO: O trabalho pretende discutir a aplicabilidade de dois métodos alternativos de solução de conflito no ordenamento jurídico brasileiro, a arbitragem e mediação, ambos largamente utilizados no Direito Internacional. Para tanto, pretende-se analisar os possíveis entraves que impossibilitam a ampla utilização de ambos como alternativa para um Judiciário moroso e sobrecarregado apesar de um histórico legislativo favorável, principalmente no que tange à arbitragem.

Palavras-chave: Arbitragem; Mediação; Métodos alternativos de solução de conflito;

Ordenamento jurídico brasileiro.

1.INTRODUÇÃO

A globalização econômica impulsionou a efetivação de métodos

alternativos de solução de conflitos, sobretudo a efetivação das práticas arbitrais

e da aplicação do instituto da mediação no cenário internacional. A ‘lex

mercatoria’, revestida de um ideal de justiça internacional privada desvinculada

dos direitos nacionais e do direito internacional foi outro importante fator para a

ampliação do instituto arbitral, privilegiando o caráter autônomo apresentado

pela arbitragem com relação às jurisdições estatais enquanto a mediação foi

favorecida por seu caráter neutro, formato de autocomposição que prestigia o

diálogo entre as partes ante a existência de uma sentença proferida por terceiro

alheio a lide.

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Embora esses dois processos tenham sido consolidados no cenário

internacional, principalmente na Europa e nos Estados Unidos, ainda apresenta

resistência em alguns ordenamentos nacionais.

É o caso do Brasil, país detentor de uma legislação abrangente sobre

arbitragem, signatário de Convenções Internacionais que prestigiam esse

instituto e com importantes e respeitáveis câmaras arbitrais que, ainda assim,

pouco difunde esse método alternativo de solução de conflitos e que ainda está

formalizando a mediação como método alternativo de solução de controvérsias.

O incremento no número de relações interpessoais e o consequente

surgimento de novas lides e espécies de conflito invocam a reflexão e a busca

por novas formas de resolução e enfrentamento de disputas, tendência presente

já no Direito Internacional, não cabendo mais delegar ao Judiciário a resolução

de todas as desavenças.

Portanto, o objetivo do presente trabalho consiste, justamente, na identificação

dos possíveis entraves à efetivação dos métodos alternativos de conflito

descritos no ordenamento pátrio, verificando sua atual situação e seu prospecto

futuro.

2.PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

O método utilizado para a realização da pesquisa foi o dedutivo-analítico

através das pesquisas bibliográficas supracitadas, valendo-se da análise macro

– caráter geral, aplicabilidade em âmbito internacional – dos institutos da

arbitragem e mediação para verificar a aplicabilidade e suas devidas implicações

no ordenamento jurídico brasileiro – micro, particular.

Portanto, a pesquisa consistiu no emprego desses métodos em âmbito

internacional, levamento histórico de normas regulamentadoras de ambos os

institutos na esfera nacional e análise da situação atual e do prospecto futuro de

ambos no ordenamento jurídico brasileiro.

3.RESULTADOS E DISCUSSÃO

A morosidade do Judiciário, característica não restrita a esfera nacional,

impulsiona cada vez mais a busca por outros métodos de resolução de conflitos

capazes de salvaguardar não só segurança jurídica como também celeridade ao

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processo – característica indispensável em lides comerciais que envolvam

importantes economias mundiais.

O Brasil deu um importante passo com a regulamentação do instituto

através da Lei da Arbitragem n. 9307/96 que reproduz ideais e princípios

presentes na Lei Modelo da arbitragem internacional da United Nations

Commission on International Trade Law – Uncitral. A promulgação desse

dispositivo normativo surgiu graças a grande ativismo politico – judicial, com

efetiva participação de lideranças empresariais e advogados renomados.

Em seu histórico, o Brasil apresenta relações internacionais que

desaguaram em composições arbitrais, sobretudo na esfera do Direito

Internacional Público quanto a questões territorias. Como exemplo tem-se a

Questão das Missões (1890) envolvendo a Argentina e o Brasil; a Questão do

Amapá (1895) – qual contou como árbitro o presidente da Suiça, Walter Hasau,

entre outras.

Pode-se verificar que o Brasil não se encontra à margem da tendência

mundial de aumento das composições arbitrais, tendo ratificado importantes

convenções sobre sobre o tema, a citar a Convenção de Nova York de 1958 e a

Convenção Interamericana sobre arbitragem (Panamá) 1975, e encaminhado

cada vez mais lides para esse método de resolução.

Diferente da Arbitragem, a proposta da mediação consiste em uma

autocomposição das partes em que a solução é efetivada por um acordo sem a

decisão de terceiro, elemento presente mas neutro e imparcial existente para

facilitar a composição entre os litigantes.

Essa alternativa talvez seja o método de maior efetividade no que tange

a construção de uma pacificação social, pois extingue uma decisão favorável a

um e desfavorável a outro. Parece-me, portanto, a forma mais justa e equilibrada

de sanar conflitos e também uma das mais difíceis, justamente por requerer o

entendimento entre as próprias partes.

A Organização das Nações Unidas desempenha um importante papel em

difundir esse instituto, incentivando a sua efetivação a partir de sua postura de

“mediador internacional” segundo sua própria carta.

Em seu artigo 33, a Carta da ONU explicita as formas de intervenções

pacíficas, apontando entre elas a mediação:

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“States shall accordingly seek early and just settlement of their

international disputes by negotiation, inquiry, mediation, conciliation, arbitration,

judicial settlement, resort to regional agencies or arrangements or other peaceful

means of their choice”.

“As partes em uma controvérsia, que possa vir a constituir uma ameaça,

à paz e à segurança internacionais, procurarão, antes de tudo, chegar a uma

solução por negociação, inquérito, mediação, conciliação, arbitragem, solução

judicial, recurso a entidades ou acordos regionais, ou a qualquer outro meio

pacífico à sua escolha”.

O artigo 2º da carta também apresenta a busca por formas pacíficas na

resolução de conflitos “settle their international disputes by peaceful means in

such a manner that international peace and security, and justice, are not

endangered”. Tradução livre: “resolver suas disputas internacionais de formas

pacíficas de modo que a paz, a segurança e a justiça internacionais não sejam

comprometidas”.

No Brasil, a mediação ainda é pouco difundida e há grande expectativa

de que ganhe cada vez mais espaço - principalmento com o advento da Lei nº

/2015 e a previsão legal de etapa de conciliação no processo – e com a

formalização de seu instituto no texto legal brasileiro.

Essa formalização parte da Resolução do Conselho Nacional de Justiça

n. 125 de 2010 que instituiu a Política Nacional de Conciliação.

Há ainda um tímido avanço da mediação no Brasil, em parte por sua

recente admissão como mecanismo de pacificação social e em parte pelo caráter

ainda voluntário de seus profissionais mediadores, estando aí evidenciado o

processo de formalização descrito acima do instituto no âmbito nacional, embora

já exista Lei nº 1.005/13 regularizando o pagamento de uma ajuda de custo a

mediadores e conciliadores.

Para falar de aplicabilidade desses dois grandes institutos deve-se

apresentar os entraves que hoje ainda dificultam e inviabilizam sua ampla

utilização no ordenamento jurídico nacional.

O aspecto cultural da sociedade brasileira vem a ser o primeiro grande

entrave, talvez o maior, ao real implemento dos métodos alternativos de solução

de conflitos em si. Há o que se pode chamar de uma resistência cultural a

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alternativas ao Judiciário fomentada pela cultura do litígio amplamente

empregada e enraizada no país.

A necessidade de um terceiro que diga o direito, explica a resistência a

uma forma de autocomposição como a mediação onde as partes atuam

ativamente para atingir um acordo que atenda aos anseios de ambos contando

apenas com o auxílio, e não com a imposição, de um terceiro neutro e imparcial.

No entanto, essa necessidade explicitada acima não permite compreender o

porquê da resistência à arbitragem, meio privado de heterocomposição que

muita se assemelha ao judiciário.

Isso ocorre porque muitos dos conflitos levados à esfera judicial são frutos

de relações interpessoais provenientes de relações de hipossuficiência, com

partes marcadas pela desigualdade econômica ou de instrução.

Para exemplificar, temos o caso das grandes lides do direito do

consumidor que apresentam litigantes muito díspares para que se possa almejar

uma escolha conjunta de direito a ser aplicado ou mesmo de árbitro, estando

assim o mais humilde propenso a procurar o que considera justo e que

independa de qualquer escolha sua, o Judiciário. Além de que um cláusula

arbitral, portanto anterior ao conflito, não seria possível nessa seara tendo em

visto o próprio Código do Consumidor (redação do artigo 51, VII), o que não

impediria, no entanto, a escolha do instituto da arbitragem em uma eventual lide.

Watanabe entende que há quatro razões que explicam a pouca utilização

desses métodos alternativos:

arraigada tendência de solução ajudicada pelo juiz (decorrente de sua formação acadêmica e agravada pela sobrecarga de serviços do magistrado); por preconceito quanto aos meios alternativos (especialmente pelo receio de que possam comprometer o poder jurisdicional); pela falsa percepção de que a função de conciliar seria menos nobre (sendo a mais importante atribuição de sentenciar); pela percepção de que, para a avaliação de seu merecimento pelos membros do Tribunal, serão consideradas as boas sentenças proferidas (e não as atividades conciliatórias empreendidas).

Ao contrário da mediação que apresenta um caráter novo que pode então

servir de explicação para o grande desconhecimento e também devido a

informalidade de sua mão de obra que ainda encontra-se caracterizada pelo

voluntariado em CEJUSCs (Centro Judiciário de Solução de Conflitos e

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Cidadania), a arbitragem já tem certo histórico na legislação nacional e ostenta

importantes e respeitadas câmaras arbitrais, além de boa remuneração de seus

árbitros.

Por essas diferenças acima elencadas, a arbitragem goza de maior

prestígio no âmbito nacional, sendo observados um aumento no número de

demandas levadas às câmaras arbitrais – em estatísticas expostas pela

Professora Selma Lemes com relação as cinco principais câmaras arbitrais

brasileiras – houve um aumento de 21 procedimentos, em 2005, para 122 em

2011.

Levando-se em conta estatísticas da Corte Internacional de Arbitragem

(CCI) o Brasil é um grande expoente tratando-se de arbitragem na América

Latina e conceituado como país propício a um bom desenvolvimento do instituto.

No âmbito comercial, natureza das principais demandas conduzidas a

procedimento arbitral, observa-se clara preferência para aplicação da arbitragem

frente a um processo judicial, explicitada em compromissos e cláusulas arbitrais.

Têm–se a arbitragem, neste ramo do direito, ademais da concepção de método

alternativo de conflito, reconhecimento de método mais adequado para soluções

de litígios empresariais o que impulsiona o crescimento e fortalecimento do

instituto no país.

4.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Constata-se, então, que tanto a arbitragem como a mediação já integram

amplamente a esfera do Direito Internacional, tanto privado como público, na

qual o Brasil está inserido.

Para falar sobre o contexto nacional, faz-se mister separar a arbitragem e

a mediação, ambas encontram-se em estágios de recepção pelo ordenamento

jurídico diferentes. A arbitragem já goza de certa hegemonia em áreas

específicas do direito e cresce o número de demandas levadas às câmaras

arbitrais, bem como o número de compromissos arbitrais. Porém é possível

impulsionar a aplicação da arbitragem a partir de maior divulgação desse método

de solução de controvérsias, principalmente por meio de uma melhor formação

dos operadores do direito neste sentido.

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Quanto a recepção da mediação no ordenamento pátrio, a cultura do

litígio se mostra indispensável rever além da formação dos profissionais de

Direito, a substituição da cultura do litígio pela cultura da paz.

Esse processo árduo começa na modificação das grades curriculares,

ampliando cadeiras de arbitragem e mediação e demais métodos alternativos e

continua na transformação social, em uma mudança cultural. Só assim pode-se

falar em real aplicabilidade desses meios alternativos que possibilitarão não

apenas uma sobrevida ao já incrivelmente sobrecarregado e moroso Judiciário,

como um novo entendimento de justiça desatando o falso ideal de que há apenas

um caminho para a consecução desse bem. A prestação jurisdicional é apenas

um dos caminhos, que jamais deve-se ser afastado do direito de escolha do

cidadão, mas ao qual deve-se acrescentar as novas possibilidades e caminhos

já existentes e que trazem tão bons resultados como a mediação e arbitragem.

5.REFERÊNCIAS

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EFEITO ANTIMICROBIANO DOS FLAVONÓIDES DO PÓLEN APÍCOLA Dayane da Silva Teixeira

Bolsista PROIN1

Profª Drª Elizabete Lourenço da Costa²

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Nutrição

¹ [email protected]; ²:[email protected]

RESUMO: Atualmente, o mercado está bastante favorável ao consumo de produtos naturais, complementares à dieta ou com efeitos terapêuticos, em virtude da preocupação da população com sua saúde, reflexo do aumento da expectativa de vida que, por outro lado, corrobora com o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis. Dentro deste contexto, os produtos naturais como o pólen apícola ocupam um lugar de destaque. O pólen apícola consiste em um aglomerado de grãos microscópicos, é rico em proteínas e compostos fenólicos que normalmente apresentam ação antioxidante amplamente demonstrada em estudos in vitro. Deste modo, o objetivo deste trabalho é pesquisar o efeito funcional do extrato de flavonoides derivados do pólen apícola, visando demonstrar seu efeito antimicrobiano in vivo, por meio da curva de crescimento medida por densidade óptica, utilizando as cepas de Staphylococcus aureus (ATCC 25923), Pseudomonas aeruginosa (ATCC 27853), Escherichia coli (ATCC 25922) e Salmonella sp. (ATCC 29890) cedidas pelo Instituto Adolfo Lutz (Unidade Santos). O meio de cultivo utilizado foi o caldo BHI, previamente esterilizados em autoclave, depois foi adicionado o extrato do pólen, sendo que a leitura deste caldo em espectrofotômetro foi realizada de 1 em 1 hora, até 6 horas e após 24 horas do início do teste. O S. aureus começou a mostrar crescimento apenas após 6 horas, indicando um efeito inibitório do pólen sobre esta bactéria, um efeito similar foi observado para a bactéria P. aeruginosa. Já nas entrobactérias: E. coli e Salmonella sp. não foi observado resultados positivos quanto ao efeito antimicrobiano do pólen apícola.

Palavras-chave: pólen; flavonoides; antimicrobiano.

1. INTRODUÇÃO

O Pólen é um aglomerado de grãos microscópicos que consistem nas

células reprodutivas masculinas das plantas. É coletado pelas abelhas melíferas

e misturado a secreções salivares. A partir daí ele passa a ser denominado de

pólen apícola, sendo em seguida transportado para a colmeia, onde servirá de

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fonte proteica para alimentação das larvas até o terceiro dia de vida e faz parte

da composição da geleia real (BARRETO et al., 2005).

De acordo com a Instrução Normativa n. 3 de 19 de Janeiro de 2001, do

Ministério da Agricultura e do Abastecimento (BRASIL, 2001), que estabelece o

Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e Qualidade dos produtos

apícolas, o pólen apícola é definido como um produto resultante da aglutinação

do pólen das flores, efetuada pelas abelhas operárias, mediante néctar e suas

substâncias salivares. Este é recolhido no ingresso da colmeia e submetido ao

processo de desidratação, seguindo os procedimentos adequados de

tratamento, com temperatura inferior a 45°C e teor de umidade final inferior a

4%, para o pólen desidratado.

Um aspecto que chama atenção para este produto é que apenas a abelha

rainha se alimenta dele, podendo atingir até seis anos de vida, enquanto as

operárias vivem apenas por algumas semanas (CAMPOS; CUNHA; MARKHAM,

1997).

Por ser um produto rico em nutrientes essenciais, tais como aminoácidos,

vitaminas e minerais é empregado na alimentação humana para suplementação

dietética há muitos anos. O pólen apícola apresenta sua composição química

bastante variável, sendo que o principal fator consiste na espécie botânica. No

entanto, outros condicionantes podem ser a idade e a condição nutricional da

planta, além das condições ambientais durante seu desenvolvimento. Em uma

revisão, Arruda (2009) mostra que em sete trabalhos que estudaram a

composição do pólen brasileiro, apenas o teor de cinzas mostrou

homogeneidade entre os dados.

Além de seu valor nutricional, há indícios de ação terapêutica para a saúde.

Algumas de suas indicações compreendem a atividade anticarcinogênica (WU;

LOU, 2007), atividade antioxidante, antibacteriana (CARPES et al., 2007) e

estimulante para o metabolismo ósseo (YAMAGUCHI et al., 2006). Esses efeitos

podem ser atribuídos aos compostos fenólicos presentes no pólen apícola, como

demonstrado por Leja et al. (2007), que verificaram que elevados níveis de

fenólicos são frequentemente correlacionados com uma elevada atividade

antioxidante em pólen.

O efeito funcional do pólen apícola tende a variar dependendo de condições

climáticas ou da espécie visitada pela abelha, com o objetivo de investigar a

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atividade funcional deste produto este estudo propõe a avaliação de seu efeito

antimicrobiano utilizando microrganismos da microbiota entérica e da pele, além

de fazer a caracterização da composição centesimal do produto.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 2.1 Extração e caracterização dos flavonoides

O pólen apícola obtido de apicultores do Vale do Ribeira foi submetido a

caracterização da composição centesimal, sendo o teor de umidade, cinzas e

proteínas determinado de acordo com os procedimentos descritos pela AOAC

(1997). O teor de lipídeos foi determinado pelo método de Bligh e Dyer (1959), e

os carboidratos por diferença.

Para realizar a extração dos extratos hidrossolúveis, uma porção de 50g foi

triturada em solução de metanol: água (80:20; v/v) e mantida em maceração por

24 horas em refrigerador. O metanol foi removido em evaporador rotatório. Após

vários procedimentos para obtenção de volume adequado o extrato concentrado

foi congelado até o momento das análises.

Os flavonóides dos extratos foram quantificados como equivalente de ácido

gálico utilizando o reativo de Folin, por leitura espectrofotométrica a 760nm

(VERZA et al., 2007).

2.2 Ensaio de atividade antimicrobiana

Para a avaliação antimicrobiana foram utilizadas quatro cepas de bactérias,

Staphylococcus aureus (ATCC 25923), Pseudomonas aeruginosa (ATCC

27853), Escherichia coli (ATCC 25922) e Salmonella sp. (ATCC 29890) cedidas

pelo Instituto Adolfo Lutz (Unidade Santos).

O meio de cultivo utilizado foi o caldo BHI, (Infusão de Cérebro e Coração),

previamente esterilizados em autoclave a 121ºC por 15 minutos, em um volume

de 4 mL por tubo. Após a autoclavagem foi adicionado 50 µL do extrato de pólen.

Para o início do ensaio um volume de 10 µL da cultura de 24 horas da bactéria

foi utilizado, sendo que a leitura deste caldo em espectrofotômetro ( = 600nm)

foi realizada de 1 em 1 hora, até 6 horas e após 24 horas do início do teste.

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O procedimento descrito acima foi realizado para cada microrganismo

separadamente e a incubação foi feita em estufa com agitação a 37ºC (PACKER;

LUZ, 2007).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O extrato obtido foi armazenado em freezer até o momento das análises,

apresentando um aspecto amarelo, com aroma intenso de mel de abelhas.

O grão de pólen após determinações químicas demonstrou a composição

apresentada na tabela abaixo, com um significativo teor de proteína, o que o

torna desejável como fonte deste nutriente. Quanto à umidade faz-se necessário

um cuidado mais intensificado com o armazenamento para evitar a proliferação

de bolores e leveduras, já que não se encontra na categoria de pólen

desidratado.

Tabela 1 – Composição Centesimal do pólen apícola e teor de compostos fenólicos

Umidade (%) 17,47±0,48

Cinzas (%) 2,34±0,33

Proteína (%) 19,23±0,12

Lipídeo (%) 6,28±0,24

Carboidratos totais (%) 54,68

Fenólicos totais (mg/100g) 843,01

A Figura 1 apresenta o perfil de sensibilidade ao extrato do pólen pelas

bactérias estudadas:

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

147

Figura 1 – Curva de crescimento microbiano após adição do extrato de pólen apícola

A Figura 1 mostra que a bactéria S. aureus apresentou uma longa fase de

adaptação, correspondendo à fase da curva de crescimento microbiano onde há

pouca divisão celular, pelo fato dos microrganismos estarem se adaptando ao

meio. Só após 6 horas de incubação em meio líquido que este microrganismo

começou a mostrar crescimento, indicando um efeito inibitório do pólen sobre

esta bactéria, em comparação com as demais. Um efeito similar foi observado

para a bactéria P. aeruginosa.

Já nas entrobactérias: E. coli e Salmonella sp. não foi observado resultados

positivos quanto ao efeito antimicrobiano do pólen apícola. Foi observado que

as bactérias saíram mais rápido da fase lag (fase de latência), ou seja, se

adaptaram rapidamente ao meio, atingindo a fase de crescimento exponencial,

fase em que o microrganismo entra em divisão celular acelerada, ao atingir o

limiar de consumo de nutrientes do meio para essas duas bactérias foi possível

observar mais uma vez a mudança de fase, a fase estacionária, em que a

velocidade de crescimento diminui, com a apresentação de uma reta paralela ao

eixo "X".

Nas condições estudas a E. coli entrou na fase exponencial 2 horas após a

incubação, e após 4 horas entrou na fase estacionária. A Salmonella sp. entrou

na fase exponencial em 3 horas após a incubação e diminui seu crescimento

após 5 horas de incubação. As duas bactérias apresentam um perfil típico de

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral

1900ral 1900ral 1900ral 1900ral

AB

S (6

00

nm

)

Tempo (h)

S. aureus

Salmonella

Pseudomonas

E. coli

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uma curva de crescimento microbiano, com multiplicação acelerada (TRABULSI,

2008).

O S. aureus é um microrganismo que produz enterotoxinas, podendo

causar intoxicação alimentar quando consumimos alimentos contaminados por

esta bactéria e pode ser encontrada na pele (microbiota das mãos) e nas vias

aéreas superiores. A bactéria Pseudomonas também pode ser encontrada na

pele, algumas são patógenas oportunistas do ser humano, pois produzem

substâncias tóxicas (FRANCO; LANDGRAF, 2002).

Foi de extrema importância observar o efeito antimicrobiano positivo às

cepas de S. aureus e P. aeruginosa, já que são bactérias veiculadas pelo

manipulador dos alimentos, dessa forma utilizando o extrato do pólen apícola

nos alimentos poderia evitar a contaminação por esses microrganismos, já que

apenas após algumas horas é possível observar o crescimento das mesmas.

Não foi observado um efeito positivo do pólen apícola nas cepas de E. coli

e Salmonella, outros estudos são necessário com a utilização de uma

concentração mais elevada do extrato do pólen. O risco da presença desses

microrganismos, integrantes da família Enterobacteriaea, consiste no significado

da presença da E. coli que pertencente ao grupo dos coliformes fecais, além da

possibilidade da presença de cepas toxigênicas. Quanto ao gênero Salmonella,

este abriga espécies que causam a febre tifóide, febres entéricas ou

enterocolites em homens e animais (FRANCO; LANDGRAF, 2002).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O extrato do pólen apícola apresentou efeito antimicrobiano, mas não se

mostrou eficiente para todas as bactérias estudadas, podendo ser uma

alternativa para evitar a proliferação dos microrganismos S. aureus e P.

aeruginosa, que contaminam frequentemente os alimentos, veiculados por

manipuladores, visto que fazem parte da microbiota da pele, e vias aéreas

superiores no caso do S. aureus. Portanto, o grão de pólen pode também ser

utilizado como alimento e consistir em uma forma de proteção ao organismo.

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5. REFERÊNCIAS AOAC. Official methods of analysis. 14th Associations of Analytical Chemists, Washington-DC, USA, 1997. ARRUDA, Vanilda Aparecida Soares de. Estabilidade de Vitaminas do Complexo B em Pólen Apícola. São Paulo, 2009, 121f. Dissertação (Ciência dos Alimentos) – Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo. BARRETO, L.M.R.C.; FUNARI, S.R.C.; ORSI, R.O. Composição e qualidade do pólen apícola proveniente de sete estados brasileiros e do Distrito Federal. Boletim da Indústria Animal, v.62, p.167-175, 2005. BLIGH, E.G.; DYER, W.J. A rapid method of total lipid extration and purification. Canadian Journal of Biochemistry Physiology, n.37, p.911-917, 1959. BRASIL. Ministério da Agricultura. Instrução Normativa N° 3, de 19 de janeiro de 2001, Aprova os Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade de Apitoxina, Cera de Abelha, Geléia Real Liofilizada, Pólen Apícola, Própolis e Extrato de Própolis. CAMPOS, M. G.; CUNHA, A.; MARKHAN, K. R. Bee-Pollen: Composition, properties and applications. In: Bee Products. Springer Science Business Media: New York, 1997. CARPES, S. T., BEGNINI, R.; ALENCAR, S. M.; MASSON, M. L. Study of preparations of bee pollen extracts, antioxidant and antibacterial activity. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 31, n. 6, p. 1818-1825, 2007. FRANCO, B. D. G. M.; LANDGRAF, M. Microbiologia dos Alimentos. Editora Atheneu. São Paulo, 2002. LEJA, M.; MARECZEK, A.; WYZGOLIK, G.; KLEPACZ-BANIAK, J.; CZEKONSKA, K. Antioxidative properties of bee pollen in selected plant species. Food Chemistry, v.100, p.237-240, 2007. PACKER, J. F.; LUZ, M. M. S. Método para avaliação e pesquisa da atividade antimicrobiana de produtos de origem natural. Brazilian Journal of Pharmacognosy, v. 17, n. 1, p. 102-107, 2007. TRABULSI, L.R. et al. Microbiologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2008. VERZA, S.G.; KREINECKER, M. T.; REIS, V; HENRIQUES, A.T; ORTEGA, G.G. Avaliação das variáveis analíticas do método de Folin-Ciocalteu para determinação do teor de taninos totais utilizando como modelo o extrato aquoso de folhas de Psidium guajava L. Química Nova, v.30, n.4, p.815-820, 2007.

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A MEDIAÇÃO E A CONCILIAÇÃO COMO INSTRUMENTOS DE ACESSO À ORDEM JURÍDICA JUSTA Eduardo Bochnia Amparo

Bolsista PROIN1

Prof. Me. Américo Andrade Pinho2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Direito

1 [email protected]; [email protected]

RESUMO: acesso à ordem jurídica justa, concepção aperfeiçoada da tradicional noção de “acesso à justiça”, consubstancia direito fundamental do indivíduo, representando, justamente por isso, elemento de afirmação da cidadania. Tal acesso não se restringe, conforme já bem apreendido pela doutrina, apenas ao ajuizamento da ação, mas sim almeja a obtenção de justiça substancial. Para tanto, vem ganhando relevância a utilização formas suasórias de resolução de conflitos intersubjetivos (os meios alternativos de resolução de litígios, especificamente a conciliação e a mediação). Tanto assim é que a recente promulgação da Lei 13.105/2015 – que instituiu o “Novo Código de Processo Civil” – expressamente prevê a mediação e a conciliação como instrumentos a serem utilizados durante o processo, visando a resolução do litígio por outros meios que não a “fria” imposição de um decisão pelo Estado-Juiz. Trata-se, ademais, de instrumentos previstos pela Resolução n. 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça, que “dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário e dá outras providências”. A pesquisa, então, objetiva avaliar os diferentes aspectos dessas formas de composição dos litígios, principalmente no tocante à adequação imediata pelos órgãos do Poder Judiciário. Para efetivação do trabalho faz-se necessária a análise legal nos “Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC)” instituídos pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, além de pesquisa bibliográfica nas áreas da Sociologia e do Direito (focado no estudo da doutrina processual, da jurisprudência correlata e de outros trabalhos científicos). . Palavras-chave: Mediação e Conciliação; Meios Alternativos de Resolução de Conflitos; Direito Processual Civil Cidadão.

1. INTRODUÇÃO

O artigo 5º da Constituição Federal elenca, ainda que de forma não exaustiva, os

direitos humanos fundamentais protegidos pela República Federativa do Brasil, assim

entendidos, consoante Norberto Bobbio, como “aqueles cujo reconhecimento é condição

necessária para o aperfeiçoamento da pessoa humana, ou para o desenvolvimento da

civilização etc.”

Integra esse núcleo básico de direitos fundamentais o previsto no inciso XXXV do

dispositivo constitucional referido, a prescrever que “a lei não excluirá da apreciação do

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Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Pelo seu alcance, é denominado em sede

doutrinária como “princípio da inafastabilidade da jurisdição” ou “princípio do acesso à

justiça”.

Trata-se, à evidência, de direito fundamental de conteúdo facilmente intuído, mas cuja

noção é ditada pelo influxo de conceitos variáveis, embora seguramente ligado à ideia de

cidadania, expressão igualmente polissêmica, a ensejar investigação científica que norteará

os passos iniciais da pesquisa.

De todo modo, possível desde logo afirmar que já é sedimentada a ideia de que a

definição contemporânea do acesso à justiça não é restrita ao mero acesso formal ao Poder

Judiciário pela via do direito abstrato de ação, mas vai além, como indicam Mauro Cappelletti

e Bryant Garth:

A expressão “acesso à Justiça” é reconhecidamente de difícil definição, mas serve

para determinar duas finalidades básicas do sistema jurídico – o sistema pelo qual as

pessoas podem reivindicar seus direitos e/ou resolver seus litígios sob os auspícios do

Estado. Primeiro o sistema deve ser acessível a todos; segundo, ele deve produzir

resultados que sejam individual e socialmente justos.

A Resolução n. 125/2010, do Conselho Nacional de Justiça, que “dispõe sobre a

Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito

do Poder Judiciário”, traz, em um de seus consideranda, que “a conciliação e a mediação

são instrumentos efetivos de pacificação social, solução e prevenção de litígios”, revelando

o nítido propósito de viabilizar a disseminação de uma nova “cultura” de pacificação social.

Nem poderia ser diferente, até porque intui-se que as “vantagens de adotar os meios

consensuais estão ligadas às características de seus frutíferos resultados: celeridade,

satisfação, economia e cumprimento voluntários dos pactos”.

Ademais, apontam os já citados Mauro Capelletti e Bryan Garth que a mediação e

outros mecanismos de interferência apaziguadora são os métodos mais adequados para

preservar relacionamentos.

O interesse pela mediação e a conciliação ganharam marcante recrudescimento com

a recente promulgação da Lei 13.105/2015 (Novo Código de Processo Civil), que

expressamente prevê que a “conciliação, a mediação e outros métodos de solução

consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos

e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial” (art. 3º, § 3º).

A nova legislação, outrossim, traz, ao longo de onze artigos (arts. 165 a 175), normas

programáticas a respeito da criação de órgãos para realização de sessões de conciliação e

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mediação pelos Tribunais, como também da própria deontologia dos agentes envolvidos em

tais práticas, aspectos que, até pela própria atualidade, merecem investigação científica

mais aprofundada.

Alguns autores entendem que o Novo Código de Processo Civil apresenta tendência

“de estruturar um modelo multiportas que adota a solução jurisdicional tradicional agregada

à absorção dos meios alternativos”, buscando-se, com isso, “a adoção de uma solução

integrada dos litígios, como corolário da garantia constitucional do livre acesso do inc. XXXV

do art. 5° da CR/1988”.

O valor intrínseco de tais meios parece residir no potencial para redução das taxas de

congestionamento da Jurisdição (ressaltado, aqui, a primitiva noção de técnica alternativa

de resolução de conflitos) ou nas próprias características de tais institutos, que revelam a

vocação destes para serem utilizados como via adequada à solução mais apropriada de

determinadas espécies de litígios, desde que bem estruturadas e exercidas de modo

profissional.

A rigor, não parece haver dúvida que: o fato de um jurisdicionado solicitar a prestação

estatal não significa que o Poder Judiciário deva, sempre e necessariamente, ofertar uma

resposta de índole impositiva, limitando-se a aplicar a lei ao caso concreto. Pode ser que o

Juiz entenda que aquelas partes precisem ser submetidas a uma instância conciliatória,

pacificadora, antes de uma decisão técnica.

A pesquisa analisará todos esses aspectos, não se restringindo, como visto, aos

modelos de mediação e conciliação previsto nas mencionadas fontes normativas, mas

também buscando aferir a adequação daqueles à prática verificada nos órgãos destinados

a tais atividades.

Em suma, considerando a relevância social dos meios alternativos de resolução das

controvérsias, há que se perquirir até que ponto tal sistema encontra-se suficientemente

aparelhado para ter bom rendimento nos tempos atuais, sendo essa a questão nuclear, com

vários desdobramentos, a ser abordada pela pesquisa.

Com isso posto o objetivo do trabalho foi: Investigar se a conciliação e a mediação,

entendidas como valiosos instrumentos para viabilizar o acesso à ordem jurídica justa,

realizando a cidadania, bem alcança seus objetivos de acordo com o atual modelo legal e a

forma de recepção destes junto ao Poder Judiciário.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 2.1. Metodologia

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A Metodologia aplicada, foi única e exclusivamente a bibliográfica, em detrimento do

previsto no projeto, visto que fatores externos impossibilitaram a pesquisa de campo, por

outro lado, foi possível com o tempo que seria reservado a esta etapa proceder com a

pesquisa de material estrangeiro, ou seja, buscou-se a situação do ordenamento jurídico de

outros países para enriquecer a pesquisa científica.

Como já dito, o procedimento de elaboração do trabalho foi de leitura e fichamento

em categorias de conhecimento e grau de relevância, elaboração e feedback do orientador,

realização de alterações segundo os feedbacks e elaboração final.

Os instrumentos utilizados foram fornecidos pela Universidade Católica em sua

maioria, através da grande base de Dados e Periódicos da Unisantos, dos quais foram

utilizados o Portal SciELO e a Biblioteca Digital da Saraiva, além da própria biblioteca física

do campus Boqueirão. Sem contar com o acervo pessoal e o material obtido na internet,

principalmente pelas ferramentas de teses e dissertações da USP e da UFRJ.

2.2. Metodologia

Em primeiro lugar foram empreendidas as atividades de seleção da literatura

especializada nos assuntos concernentes à pesquisa, principalmente em relação ao Direito

Processual Civil (versando sobre a teoria do conflito e dos meios de resolução de conflitos).

Em atenção à amplitude do tema, a pesquisa acabou por esbarrar em outros ramos do

Direito, quais sejam, do Direito Processual Penal e do Direito Penal.

Visto que o aluno que realizou a iniciação científica já havia realizado pesquisa

anterior, já tinha material reunido e fichamentos anteriores, o que, acima de tudo, auxiliou na

pesquisa. Nesse mesmo sentido, acredita-se que, mesmo a etapa de seleção de leitura e de

fichamento servirá como base, sem hesitar, para a elaboração do Trabalho de Conclusão de

Curso.

A partir da leitura, que perduro, pelo menos, 3 meses, foi possível criar uma base

multidisciplinar para elaborar os primeiros capítulos da pesquisa e para obter conhecimento

necessário para a investigação do foco do trabalho científico, a análise pormenorizada dos

meios de resolução de conflitos.

As reuniões com o orientador também ajudaram a esclarecer o caminho a ser

percorrido em uma pesquisa científica, quais pontos interessantes à investigação este

trabalho poderia abordar. Estas ocorreram sempre que foram necessárias, pelo menos

mensalmente.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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Resumindo, as duas etapas iniciais foram a seleção do material e a produção textual

introdutória através de procedimentos de leitura analítica e seletiva das obras de diversos

autores. Após isso, passou-se a redação e aos feedbacks do orientador, que por fim levaram

à redação final do Trabalho.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Sendo o escopo do processo pacificar, mormente utilizando as medidas pacíficas ora

estudadas, e estando claro que tais meios de solução pacífica tem alcance variado, em

algum momento seria óbvio que a pesquisa iria esbarrar em temas mais delicados, como se

faz agora, se tratando da mediação nos temas domésticos nos âmbitos das delegacias da

defesa da mulher (uma vez que, quando se trata de violência doméstica, não se discute

violência contra o homem e sim violência contra a mulher, visto o histórico de opressão do

gênero feminino e da subsequente proteção legislativa, em grande parte graças às

experiências de Maria da Penha).

Antes da promulgação da Lei dos Juizados Especiais Criminais a competência para

julgar as infrações de menor potencial ofensivo (que segundo o artigo 61 da Lei 9.099/95,

são os crimes e contravenções, cuja pena máxima não seja superior a 2 (dois) anos, com

cumulação de multa ou não), cuja identificação não existia, era da Justiça Comum, que

tratava de fazer seu trabalho, e invariavelmente, prendia o cidadão agressor.

Mas, depois da referida lei, foi percebido por Debert e Oliveira certa banalização da

violência doméstica, pois, na análise destes autores, o ambiente de conciliação criado no

JECRIM, acabava por replicar a hierarquia patriarcal da sociedade, no sentido que, para os

conciliadores e juízes que ali atuavam bastava que o homem pedisse desculpas, ou

entregasse um ramalhete de flores para uma composição entre as partes, e com isso não

acarretando nenhuma punição (na visão deles necessária) do agressor. Dessa forma, a

agredida, estando acuada com a pressão daquele sistema, o qual não estava preparado

para a política dos direitos das mulheres, acabava aceitando a composição. Exatamente por

isso, mesmo que se utilize a conciliação, não é certo que o acesso à justiça seja efetivado.

Em questões penais, a persistente tentativa de conciliação de agressor e vítima, em

períodos curtos, ou seja, abordando o caso de reincidência, não serve para pacificar, de fato,

essa falsa conciliação prolonga o conflito, e que, por fim, pode levar à morte de mais um

membro do grupo oprimido. Em verdade, foi notado, novamente por Debert e Oliveira, que

mesmo que a lei dos juizados indique que haverá reincidência no período de 5 anos para o

infrator, em relação à possibilidade de transação penal, os agentes do judiciário e até mesmo

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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das delagacias das mulheres tendem a buscar a "rápida solução do litígio", ignorando a regra

e novamente prolongando o litígio com uma solução paliativa, que nada solve.

Portanto, apesar de ter grandes prós, a conciliação e a mediação não são de todo

bom. Não podem ser, pois, se existe uma sociedade decrépita em volta, carregada de

preconceitos e de violência de gênero, a opção é utilizar as vias judiciais não conciliatórias,

e nesse âmbito, o julgador poderá se servir de assistentes sociais e psicológos para elaborar

laudos, que são mais sensíveis aos problemas das mulheres diante da violência, as vezes

diárias, em suas próprias casas, nesse sentido veja-se a conclusão em desfavor da

conciliação tomada por Debert e Oliveira:

Assim, a audiência de conciliação pode ser transformada num espaço privilegiado

para a indução das vítimas a desistirem da causa levada à Justiça. Na etapa da conciliação

se torna possível a acolhida e, ao mesmo tempo, a retirada da violência doméstica do

Judiciário. As pesquisas sobre os JECrim apontam que a maioria dos crimes que entram

neste procedimento conciliatório não se transforma em processo penal. A indução à não-

representação é uma forma de retirar, definitivamente, o caráter propriamente criminoso dos

crimes que ocorrem no espaço doméstico.

[...]

Minimizar a importância da reincidência e induzir a mulher a não-representar contra

seu agressor é invisibilizar a violência doméstica no Judiciário. Apesar dos agentes, em

entrevistas, não duvidarem que bater em mulher é crime, o modo de tratar essa criminalidade

no JECrim devolve o fato delituoso para ser solucionado no âmbito familiar.

De arremate, Maria Berenice Dias, umas das maiores vozes em relação ao

reconhecimento de direitos das mulheres e das famílias, compactua da clara visão de Debert

e Oliveira, da seguinte forma:

Não foi dada atenção merecida ao fato de a Lei nº. 9.099/95, ao criar os juizados

especiais, ter condicionado o delito de lesão corporal leve e culposa à representação do

ofendido. Com isso, omitiu-se o Estado de sua obrigação de agir, transmitindo à vítima de

buscar a punição de seu agressor, segundo critério de mera conveniência. Ora, em se

tratando de delitos domésticos, tal delegação praticamente inibe o desencadeamento da

ação quando o agressor é marido ou companheiro da vítima. De outro lado, quando existe

algum vínculo entre a ofendida e seu agressor, sob a justificativa da necessidade de garantir

a harmonia familiar, é alto o índice de absolvições, parecendo dispor de menor lesividade os

ilícitos de âmbito doméstico, quase se podendo dizer que se tornaram crimes invisíveis. Mas

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tudo isso não basta para evidenciar que a Justiça mantém um viés discriminatório e

preconceituoso quando a vítima é mulher.

Com isso, importante entender que, a conciliação e mediação não são

necessariamente acesso à ordem jurídica justa, eles são os mecanismos que

invariavelmente conseguem alcançar tal objetivo de forma mais célere e certeira, mas não

se pode excluir que o processo judicial, mesmo tendo todos os seus óbices, não pode

oferecer acesso à ordem jurídica justa, vez que, dependendo do caso concreto, os meios

alternativos não servem para resolver o conflito, portanto, como tudo no direito, e diante das

problemáticas enfrentadas nos litígios de violência doméstica, relativiza-se o acesso à justiça

que pode oferecer os meios alternativos de solução de conflitos, na medida que não são

adequados.

Diante disso, e com a pressão dos movimentos feministas, que levaram à

promulgação da Lei Maria da Penha (Lei 11.340 de 06 de agosto de 2006), alterou-se a pena

máxima dos crimes que mais atingiam as mulheres, quais sejam, por exemplo, os crimes de

lesão corporal leve, o que por si só, retirou da competência dos juizados seu processamento,

levando novamente o tratamento da questão ao poder judiciário comum, quando não

realizado no âmbito da Delegacia da Mulher, passando novamente a admitir inclusive o

lavramento do auto de prisão em flagrante, que antes na égide da Lei dos Juizados era

utilizado o "artifício" do Termo Circunstanciado.

Após isso, com o início da vigência da referida lei, foram criados os "Juizados de

Violência Doméstica e Familiar Contra Mulheres", que, da mesma forma que os antigos

Juizados Especiais de Pequenas Causas é apenas uma recomendação ao Judiciário

Estadual e recentemente também do Conselho Nacional de Justiça. E da mesma forma tem

pouquíssima implementação pelo Brasil, em pesquisa de 2012, a Universidade Federal da

Bahia apontou que, existiam 48 deles em todo o Brasil, sendo que 30 eram em capitais, o

que demonstra a debilidade de tal sistema.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não se pode olvidar que os meios alternativos de resolução de conflitos são a

esperança dos jurisdicionados, dos operadores do direito e do Poder Público, mormente o

Poder Judiciário, para desentupir o judiciário, ou seja, diminuir a quantidade de casos que

chegam à fase instrutória, e decisória, e além disso à fase recursal (que em grande maioria

é onde se encontra o problema).

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Por outro lado, o que dizem os estudiosos da mais alta patente e os congressistas é

que tais medidas pacificadoras servem para oferecer o acesso à justiça, ou acesso à ordem

jurídica justa, ao jurisdicionado, que até chega a perder esse status, vez que não chegar,

em algumas vezes a ingressar com ação, mas o que se sabe é que o único objetivo de tais

sujeitos é unicamente para deixar de onerar os cofres públicos, diante ainda da possibilidade

dos benefícios da assistência judiciária gratuita, que retirando os custos do cidadão, o

transferem para o Estado, logicamente por ser um serviço considerado essencial, pois serve

para a defesa de todos os outros direitos inerentes ao ser humano e ao cidadão brasileiro.

Levando em consideração tal importância do poder judiciário, ou em suma, de um

poder que resolva o conflito dos cidadãos, é de extrema importância que ele mesmo, insira

alternativas para que o acesso à justiça seja realizado (passado os reais intuitos dos agentes

por trás de tais medidas), em verdade, os meios de solução pacífica de conflitos são,

comprovadamente uma forma de oferecer justiça a todos os membros da sociedade. Como

se nota, por ser mais acessível, célere e informal, a mediação e a conciliação são a saída

para dois problemas que aflinge o cidadão brasileiro: solução de seu conflito, em um sentido

que participe da formação do resultado e ao jurisdicionado que segundo seu caso, teve que

procurar o poder judiciário.

Mas como se viu, o Brasil tomou grande inspiração do modelo adotado pelos países

europeus, ainda que tanto na Europa quanto nos Estados Unidos, existem diversos modelos

de solução pacífica de conflitos que ainda não são utilizados, os quais foram citados como

o summary jury trial e o minitrial. Portanto, percebe-se que existem alternativas que podem

explorar todas as lacunas que o direito brasileiro ainda não alcança.

Foi levantada a discussão, ao longo da pesquisa que, se os meios alternativos são

tão benéficos a tudo e a todos, logicamente o sistema judiciário está acabado, restando a

ele apenas os casos em andamento e com isso em um período mais ou menos longo de

tempo, ele não existirá mais, porém, tal pensamento é errôneo e utópico, vez que, a

litigiosidade entre as pessoas pode não se resolver mediante a conciliação ou mediação por

diversos fatores, vez que tratam de direitos indisponíveis ou simplesmente não são

adequados para utilizá-los.

Esse é o ponto mais relevante que a pesquisa chegou, existem alguns casos, que

devidos a fatores externos, acabam por não servir à mediação e a conciliação, foi apurado

que, em sede dos Juizados Especiais Criminais, entre a promulgação da lei que os instituiu

e o início de vigência da Lei Maria da Penha, os casos de lesão corporal ocorrida no âmbito

familiar, ou seja, a violência doméstica, ocorrida apenas quando o homem é o agressor e a

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mulher é a vítima, percebeu-se que esta última sofria certa pressão dos conciliadores,

mediadores e conciliadores dessa instituição para que deixasse passar o problema, para

não ingressar com a ação. O que por óbvio acabava por repisar o conceito machista e

misógino da sociedade e deixava impune o agressor, prolongando o conflito, não trazendo

de forma alguma pacificação para a família, levando em consideração que ela é a base do

Estado, assim como preconizado na Constituição da República Federativa do Brasil,

utilizando isto, apenas como exemplo.

De fato, a preparação de um ambiente adequado à mediação, por exemplo, é

extremamente necessário para garantir o acesso à ordem jurídica justa, no sentido que, é

determinante ao resultado do procedimento se: existe um mediador ou conciliador

capacitado adequado para dirigir o processo, se esse mediador entrega nas mãos dos

litigantes o poder para resolver seu próprio conflito, interferindo apenas quando existe a

necessidade de interagir com as partes, se as partes conhecem seus direitos, dentre outros

aspectos que são importantes para a finalização da mediação com resultado positivo.

No aspecto jurídico, a mediação e a conciliação recebem tratamento perfeito, sendo

que o problema para a prática desses preceitos é do Poder Executivo e do Judiciário, na

própria implementação.

Dessa forma, a lei poderia ser mais abrangente, visto a própria extensão da nova Lei

de Mediação, que entrou em vigor no ano de 2016, vez que as técnicas e as regras mais

gerais são deixadas para os tribunais.

Em verdade, em sua maioria, esses métodos são capazes de garantir o acesso à

ordem jurídica, com base no pesquisado, mas ainda pode ser muito cedo para dizer como

esse sistema irá evoluir, vez que, como constatado, por exemplo, da instituição dos Juizados

Especiais até sua atual forma, passaram eles por um momento de sucesso, no início do

século XXI e que depois, com as alterações legislativas acabou perdendo seu rumo. Dessa

forma, deve o legislador tomar cuidado com a produção legislativa para em primeiro lugar,

não obrigar o cidadão a conciliar ou mediar, vez que tais meios devem ser sempre

considerados como uma opção.

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PROCESSO DE ESTIGMATIZAÇÃO EM CONTEXTO DE REVELAÇÃO POR AIDS Eduardo Araújo de Oliveira

Bolsista PIBIC1

Profª. Draª Eliana Miura Zucchi2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Psicologia

1 [email protected]; [email protected] 2

RESUMO: Além do desamparo em decorrência da perda dos pais, um importante agravante na experiência da orfandade por aids são o estigma e discriminação ao HIV/AIDS. O objetivo foi compreender repercussões da revelação sobre a orfandade por Aids nos contextos de relações afetivo-sexuais e familiar. Foi realizado estudo qualitativo, preliminar e posterior ao estudo de base populacional “Estigma e Discriminação Relacionados ao HIV/AIDS: Impactos da Epidemia em Crianças e Jovens em São Paulo”, com jovens entre 15 e 24 anos que haviam perdido um ou ambos os pais em decorrência da Aids. Foram selecionadas para análise cinco entrevistas em profundidade que apresentavam cenas emblemáticas sobre a revelação da orfandade por Aids. Todos os jovens relataram equacionar custos e benefícios em revelar a causa da morte dos pais. Ocultar esta informação causava incômodo para alguns jovens em razão do medo de serem excluídos do círculo social a partir da disseminação que este fato teria. Contar para amigos e namorados teve tanto como resultado a compreensão do ‘segredo’ da vida do jovem como também separação e afastamento. A revelação da orfandade por Aids impacta a vida dos jovens na medida em que o estigma relacionado à Aids persiste como importante obstáculo sobre quais experiências podem ser compartilhadas. Palavras-chave: Estigma; Órfãos; Aids.

1. INTRODUÇÃO

As respostas sociais da epidemia da aids são as mais diversas desde a descoberta

do vírus. Inicialmente, os responsáveis pela disseminação do vírus eram somente as

prostituas, homossexuais e os usuários de drogas injetável, caracterizados como grupo de

risco (Parker e Aggleton, 2001), no final da década de 80 e início dos anos 90, ocorreu uma

mudança nessa esfera, sendo utilizado “comportamento de risco” (ABIA, 2001), aqueles que

tinham conduta desviante da “normalidade” se tornavam responsáveis pela infecção, o

sujeito acabava por ser individualizado e culpado pela infecção. Contudo, nos dias atuais,

se fala em práticas de maior exposição ao HIV (Paiva, 2001), levando em consideração que

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dentro de uma relação intersubjetiva a infecção ocorre entre duas pessoas, até entre os

usuário de droga injetável no compartilhamento das seringas.

O estigma e a discriminação da aids não reverbera somente nas pessoas citadas no

parágrafo anterior, outros sujeitos são desacreditados (GOFFMAN, 1988) por conta desse

estigma. Jovens que perderam seus pais por conta da aids tem a sua imagem deteriorada e

acabam por herdar deles, vivendo ou não com HIV, o estigma vinculado a doença. Esses

jovens são atingidos, direta ou indiretamente, as respostas sociais da epidemia que ainda

estão vinculadas ao estigma no início da descoberta do vírus.

Sendo assim, o objetivo do trabalho foi analisar os contextos de revelação sobre a

orfandade de jovens em decorrência da aids.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 2.1. Projeto Maior

O presente trabalho advém da pesquisa: “Estigma e Discriminação relacionado ao

HIV/Aids: impactos da epidemia em crianças e jovens na cidade de São Paulo” realizada

entre 2004 e 2007 com objetivo de analisar os impactos na vida de crianças e jovens que

perderam mãe, pai ou ambos os cuidadores em decorrência da aids em São Paulo,

conduzida na Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo pelo Prof. Ivan

França Junior e financiada pela Fapesp (Processo 03/10883-5). Foram feitos inquérito

domiciliar e investigações qualitativas com os jovens, crianças, cuidadores, professores e

profissionais de saúde.

2.3. Material de Análise A construção do meu projeto teve como leitura base “Estigma – Notas sobre a

manipulação da identidade deteriorada” (GOFFMAN, 1988) o qual foi possível se aproximar

das diversas definições de estigma até chegar na mais atual segundo Goffman. Visto de

início como:

Os gregos, que tinham bastante conhecimento de recursos visuais, criaram o termo estigma para se referirem a sinais corporais com os quais se preocupava evidenciar alguma coisa de extraordinário ou maus sobre o status moral de quem os apresentava (GOFFMAN, 1988, p.5).

A definição mais atual por Goffman traz uma outra concepção para o estigma,

deixando claro que a interação social é a responsável pela construção do processo de

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estigmatização que ocorre, não pelo o indivíduo já ter o atributo invejável em si, mas pela

relação advinda entre o atributo e o estereótipo (GOFFMAN, 1988, p. 7).

É necessário ter uma perspectiva histórica da aids para entender como e porque

surgiram os comportamentos negativos referenciados a doença. A doença já tinha caráter

exclusivo mesmo antes do indivíduo já ser informado quanto a sua sorologia: a provável

infecção já mantinha as pessoas em alerta quanto ao ‘tipo’ de indivíduo (PARKER;

AGGLETON, 2001).

A aids desde o início já se construiu uma série de associações que serviam para

legitimar a estigmatização e o preconceito ao indivíduo soropositivo, ou até mesmo aqueles

que tinha contato com soropositivos, a estigmatização não ocorria somente ao doente, mas

também com pessoas que mantinham contato com as mesmas, seja familiar, amigável ou

afetivo sexual.

O trabalho analisou a parte qualitativa e com os jovens do projeto maior, sendo

utilizado a técnica de pré análise de Minayo (2011) sendo lido 20 entrevistas em

profundidade e recorte das cenas de revelações sobre a orfandade.

As categorias analíticas do trabalho foram criadas baseadas no conceito de estigma

de Goffman (1981) que são atributos depreciativos que deterioram a identidade do sujeito

em questão, e no controle e manipulação da informação. As categorias são: Controle da

informação: custos e benefícios, Dilema: A antecipação do contar; Estratégias utilizadas para

revelação da orfandade e consequências da revelação. Os contextos os quais ocorreram

essa análise foram familiar, amigos e afetivo

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 CONTROLE DA INFORMAÇÃO: EQUACIONAR CUSTOS E BENEFICIOS As entrevistas selecionadas para análise do trabalho continham cinco meninas e um

menino, quatro haviam perdido a mãe, uma o pai e uma ambos os cuidadores, todos os

jovens estavam na escola e uma já trabalhava, todos viviam com um dos parentes citados,

avó, avô, tio, tia e primos.

A revelação da orfandade requer equacionar os custos e os benefícios para o

compartilhamento do segredo dos jovens. A aids sendo vista como algo vergonhoso

(PARKER & AGGLETON, 2001), pode dificultar a espontaneidade da revelação, foi possível

verificar através das narrativas que algumas pessoas já tem concepções formadas sobre a

doença e que associam com os grupos de riscos citados por Parker e Aggleton (2001),

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homossexuais, prostitutas e usuários de drogas injetável e por isso, muitas vezes, o jovem

não quer conversar sobre a morte dos pais, para não ser vinculado a essas categorias

sociais.

Bernardo vive com HIV e o pai faleceu de aids, na sua narrativa afirmou não conversar

com ninguém sobre o assunto, não fala sobre a doença ou orfandade, não quer ser

associado a doença do pai, não quer ser visto perante os outros com pena.

“Eu não gosto que comentem. Eu odeio comentar...Não quero que pensem que eu

também tenho.”

O jovem que ainda não revelou sobre a causa da orfandade e não passou por

nenhuma situação de estigma ou discriminação, é caracterizado por ser um jovem

desacreditável Goffman (1988). Tendo a sua informação preservada, consequentemente ele

está a margem de sofrer qualquer discriminação, está mediando o controle existente em

contar, e poder sofrer algum tipo de preconceito, ou preservar-se, e não ter a sua identidade

desvalorizada.

Uma possiblidade fundamental na vida da pessoa estigmatizada é a colaboração que presta aos normais no sentido de atuar como se a sua qualidade diferencial manifesta não tivesse importância nem merecesse atenção especial. Entretanto, quando a diferença não está imediatamente aparente e não se tem de um conhecimento prévio (ou, pelo menos, ela não sabe que os outros a conhecem), quando, na verdade ela é uma pessoa desacreditavel, e não desacreditada, nesse momento é que aparece a segunda possibilidade fundamental na sua vida (GOFFMAN, 1988, p. 38).

A forma de não ter a identidade deteriorada é deixando claro o incomodo sentido ao falarem

sobre o assunto, como a Bruna de 15 anos:

“Eu evito falar sobre isso... sobre a morte dela” (não vive com HIV; Mãe falecida)

A substituição da aids por uma doença socialmente aceitável é outra maneira de escapar do

descredito social. Lucas disse aos familiares e a sua namorada que a mãe havia morrido de

aneurisma para não perder o espaço conquistado na casa da namorada.

“Eu vou e falo que ela morreu de aneurisma logo” (Lucas, 16 anos; não vive com HIV)

A jovem Luiza contou para amiga sobre a morte da mãe, e disse que uma amiga sempre

soube tudo sobre a outra, menos a causa da morte de sua mãe:

“Ela me conta tudo, ela me contava tudo o que ela tinha, tudo o que fazia na vida dela, ela

me contava, aí tudo que eu fazia, eu contava pra ela. Mas eu tinha uma coisa que ela não sabia.”

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

169

Os jovens equacionam os custos e os benefícios conforme preveem como será a revelação,

levando em consideração o estigma vivenciado atualmente com relação a aids.

3.2 DILEMA: AS IMPLICAÇÕES DO CONTAR

Os dilemas do contar são múltiplos de acordo com o contexto de cada jovem, não

sendo possível generalizar o que é sentido por um, será sentido por todos. Cada um tem

motivos particulares para que não seja exposto a orfandade, seja por medo, insegurança,

entre outros.

Elaine, uma das jovens entrevistadas que perdeu ambos os pais, deixa nítido que o

medo maior não era de perder a amiga, o afastamento que poderia ocorrer após a revelação

poderia até ser entendido, mas espalhar o que ela, em hipótese, iria contar, era o que mais

preocupava, ela não queria que os outros ficassem sabendo aquilo que ela confidenciaria

somente para sua amiga Julia, ela não queria que fosse propagado para outros como na

narrativa abaixo

“O meu medo não era do tipo assim, de ela se afastar da gente, o meu medo era ela espalhar pra todo mundo. Meu medo era esse, de ela espalhar, não dela se afastar, que, pra mim, isso, eu ia entender ela...” (16 anos; não vive com HIV)

A potencial discriminação amedrontava Elaine:

“Eu achei que ela tinha, achei que ela ia ter um certo preconceito...”

A troca de informação entre pessoas que passam pela mesma situação foi uma saída

encontrada por outra jovem, Monique vivia com HIV e a mãe faleceu de aids. A garota

pretendia contar para o namorado e conversou com amigas que passaram por situação

semelhante, a jovem temia ser deixada por ele. A revelação sobre a orfandade era plano de

fundo para a revelação da sua condição sorológica. Os dilemas são antecipatórios ao contar,

os jovens se preocupam com as consequências que podem existir frente a essa etapa da

revelação.

3.3 ESTRATÉGIAS PARA REVELAR A ORFANDADE

As estratégias para a revelação foram as mais diversas possíveis em todos os casos,

a maneira como os jovens revelaram a informação podem ter sido espontâneas ou não,

necessitando de planejamento, levando em consideração a pessoa da qual eles pretendiam

contar, o vínculo anterior a revelação.

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Lucia não vive com HIV mas perdeu sua mãe por conta da aids, no relato abaixo,

demonstrou a espontaneidade quando a amiga perguntou sobre como a mãe dela faleceu.

“Estava na casa dela conversando com ela (uma amiga) e aí ela perguntou (as meninas estavam falando sobre a mãe da entrevistada) Ah, por que sua mãe faleceu? Ah, porque ela tinha uma doença, um vírus... Que vírus? Ah, ela tinha Aids.”

Alice, órfã de ambos os pais e que não vive com HIV, ao relatar ao namorado sobre

os pais terem falecido por conta da aids, disse que o namorado se afastou de todos

“Aí quando eu vim, eu fui e contei pro meu ex namorado, aí ele foi e ficou meio assim e nunca mais apareceu na minha casa.”

Alice havia conversado com as amigas para saber como deveria fazer para contar

para ele.

Em um segundo relacionamento, do qual ela só contou sobre o falecimento dos pais

após um mês de namoro, o namorado permaneceu com ela.

“Ah, porque eu não posso e não quero (a jovens insiste em dizer isso para ele) aí nós foi ficando. Aí ele me pediu em namoro, foi lá na minha avó, aí foi acho que antes de fazer um mês, eu contei pra ele que eu tinha e que minha mãe morreu”

Resposta do namorado...

“Aí ele me abraçou, me beijou e falou assim, que não importa o que eu tinha, que sou uma pessoa normal para ele”

Dentre as leituras feitas, foi muito comum detectar jovens que usavam outras doenças

para acobertar a real morte de seus pais, o caso a seguir é de uma jovem de 19 anos que

perdeu seu pai para aids mas que utilizava a doença cardíaca que ele tinha para ocultar a

primeira, ela estava conversando com uma colega de serviço.

“Ah, e seu pai? Ele morreu de que? (Questiona a colega de serviço) Ah, morreu de ataque

cardíaco”

Ela diz que as pessoas tem pouco conhecimento sobre a doença, por isso agem com

preconceito, eles não a entendem.

“Tem gente que nem conhece a aids, trata com preconceito e nem conhece...”

Por isso ela fala das duas doenças, na sua concepção não foi aids que causou o

falecimento do seu pai, mas que ela foi um facilitador para o ataque cardíaco que veio a

seguir. Ela questiona ainda perguntando como sabem que alguém morreu de aids.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

171

“O que que é a aids? Sabe que morreu de aids como? Ah, morreu de aids, ta, mas qual foi a

morte, né? A aids, ela só facilita outras doenças, né? No caso dele (seu pai) foi o ataque cardíaco”

As estratégias são inúmeras usadas pelos jovens, sendo ou não planejada a priori,

alguns jovens sentiram a necessidade de planejar em decorrência do contexto do qual eles

estão inseridos.

3.4 A CONSEQUÊNCIA DA REVELAÇÃO

O jovem que conta a respeito da sua vida, que se mostra ao outro sujeito, que pode

confiar ou não, foi visto que a grande maioria tem receio que o afastamento ou que a sua

histórias sejam propagadas para todos. As consequências tiveram repercussões negativas,

como, por exemplo, o afastamento, mas existiram as positivas, como a reafirmação da

amizade, ou o entendimento do familiar, do amigo ou namorado.

Lucia que contou para amiga pois estava sentindo necessidade de compartilhar a

informação, relatou a entrevistadora que a amiga entendeu com a maior naturalidade a

morte da mãe.

“Ah, ta bom (com a maior naturalidade – disse a amiga) Então você confia em mim mesmo,

né?” (Lucia,

A amiga sabia que a orfandade nunca havia sido contada para outra pessoa, até

mesmo a entrevistada relata depois dizendo que não sentia a necessidade de contar a mais

ninguém, pois já havia contado para a pessoa mais importante.

Elaine que relatou ter medo não de perder da amiga mas que ela espalhasse o motivo

da morte da mãe aos outros, disse que a amiga ficou perplexa ao saber do motivo, pois a

mesma frequentava diariamente a casa da entrevistada mas nunca pensou que fosse algo

tão grave, sempre soube que a mãe da amiga estava doente, mas nunca imaginou que ela

tivesse aids.

“Eu vi ela doente na cama (relato da amiga ao saber da causa da morte), mas eu pensei que

era outra coisa assim, não uma coisa muito mais grave do que isso...”

A jovem relata que as amiga ficaram apavoradas ao saber

“Ficou muito assim, apavorada, assim, e a gente na cara dela, né?”

As consequências não tem como serem previstas, elas podem ser imaginadas, mas

qual será o desfecho de cada revelação não tem como assegurar.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A revelação da orfandade impacta a vida dos jovens. O estudo foi divido em quatro

categorias analíticas, Controle da Informação: Equacionar custo e benefícios; Dilema: As

implicações do contar; Estratégias para expor a orfandade e Consequência da revelação.

De início foi possível verificar que o jovem, realmente, passa por um processo planejar

para saber se deve ou não contar as pessoas, sobre a sua orfandade, tudo isso se encontra

no plano de controle da informação, pois é quanto ele avalia para quem? Como? Quando?

E diversos outros fatores que são necessários para dar o primeiro passo para a revelação.

Os dilemas são diversos, foi possível averiguar que o jovem tem medo, não só do

afastamento da pessoa para quem eles contam, mas que essa pessoa espalhe essa

informação que, para muitas, é mantida em segredo desde o adoecimento dos pais. Cada

qual passa por uma situação, mas todos tem um motivo, um dilema que são obrigados a

mediar caso pretendam contar aos outros

A revelação pode ocorrer com espontaneidade, não ocorrendo a necessidade de se

planejar dos jovens, em contra partida, em decorrência do estigma da aids estar assentado

em outros estigmas, como, por exemplo, da prostituta, homossexual e usuário de droga

injetável, para alguns jovens, se faz necessário o planejamento por conta do contexto do

qual estão inseridos, eles não querem sofrer com a herança do estigma e com a associações

referente aos seguimentos sociais citados anteriormente e que são percebidos na sociedade

como pessoas com comportamento desviante.

5. REFERÊNCIAS

FERRARA, Andrea Paula. Orfandade e Estigma: vivências de órfãos em decorrência da AIDS. São Paulo, 2009. 119f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) - Universidade de São Paulo. GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4 ed. Rio de Janeiro: LCT, 1988. 151p. MINAYO, Maria Cecilia de Sousa. O desafio do conhecimento: Pesquisa qualitativa em saúde. 11. ed. São Paulo: Hucitec, 2011. PARKER, Richard; AGGLETON, Peter. Estigma, discriminação e AIDS. Rio de Janeiro: Abia, 2001. ZUCCHI, Eliana Miura; BARROS, Claudia Renata dos Santos; PAIVA, Vera Silvia Facciolla; FRANÇA JUNIOR, Ivan. Estigma e discriminação vividos na escola por crianças e jovens órfãos por Aids. Educação e Pesquisa, USP, v.36, p.719-734, 2010.

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL CORROSIVO DE CHORUME E CHUVA ÁCIDA PARA LIGAS METÁLICAS Emilly Santos Freisinger

Bolsista PROITI1

Dr. Mauricio Marques Pinto da Silva2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Química Tecnológica

1 [email protected]; [email protected]

RESUMO: Os aços inoxidáveis são amplamente utilizados no cotidiano, pois apresentam boa resistência à corrosão. Através de técnicas que promovem uma maior proteção a estes materiais, como a passivação, tal resistência pode ser aumentada. A passivação utiliza um agente passivante que forma uma película protetora de óxidos e hidróxidos dos metais da liga. O presente estudo visa verificar o comportamento de aços inoxidáveis em dois meios corrosivos considerados problemas ambientais: chuva ácida e chorume. Os aços inoxidáveis foram imersos nesses meios corrosivos nas seguintes condições: sem passivação e com passivação com ácido nítrico 40% (v/v), nas temperaturas de 20ºC e 40ºC, objetivando avaliar a eficiência da camada passivante através da determinação do potencial de corrosão (Ecorr), obtido por medidas de potencial de circuito aberto. Verificou-se que os aços apresentaram valores de Ecorr mais positivos quando submetidos ao processo de passivação, principalmente quando este ocorreu na temperatura de 40ºC, indicando maior proteção aos meios corrosivos estudados. Palavras-chave: Aços Ferríticos, Chorume, Chuva ácida.

1. INTRODUÇÃO

O chorume é o líquido resultante da decomposição microbiológica e química da

matéria orgânica, com impactos ambientais bastante acentuados. Alguns estudos apontam

que este líquido é corrosivo ao entrar em contato com pilhas de zinco-carbono e alcalinas

(CÂMARA, 2012/ MORAIS, 2016).

Assim como o chorume, a chuva ácida também é um problema ambiental que ocorre

quando a precipitação da chuva está com um pH inferior a 5, devido à reação dos gases

SOx e NOx com as moléculas de água presentes na atmosfera. Com essa característica

ácida, esta chuva pode danificar estruturas metálicas e de concreto (BAIRD,2011).

Os aços inoxidáveis ferríticos são aços que contém de 11 a 27% de cromo: a

utilização destes aços em diversas áreas do cotidiano é muito comum devido à sua alta

resistência à corrosão. Assim, torna-se necessário avaliar se esses aços podem sofrer danos

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174

causados pelos problemas ambientais citados acima e promover técnicas para preservação

desse material. Uma das técnicas utilizadas para proteção dos aços inoxidáveis é a

passivação, que busca formar uma película de óxidos e hidróxidos do metal presente na liga

metálica. (ASTM A967-05/ GENTIL, 2007).

O objetivo deste trabalho é avaliar os efeitos da camada passiva formada com HNO3

40% v/v, nas temperaturas de 20ºC e 40ºC sobre as placas de aços inoxidáveis ferríticos

AISI 430 e AISI 439, quando submetidos aos meios Chorume e Chuva ácida, através de

medidas de potenciais de corrosão.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 2.1. Metodologia

A solução de chuva ácida sintética foi preparada baseada no método utilizado por

ZABAWI (2008), preparando-se 1L de solução. Para o ajuste de pH foram utilizadas soluções

aquosas de ácido sulfúrico e hidróxido de sódio até obtenção de pH=3. O chorume foi

preparado através da decomposição de matéria orgânica (frutas, legumes e verduras)

dividida em dois galões de 5L, sendo as massas iguais a 2910,87g e 1762,59g. Decorridos

aproximadamente 2 meses da preparação dos galões de chorume, foi coletado um volume

aproximado de 1L do líquido resultante da decomposição da matéria orgânica.

As placas de aço utilizadas foram a AISI 430 e AISI 439, previamente lixadas (360 e

600 mesh), lavadas com água destilada e secas à temperatura ambiente. Para o preparo

da solução de passivação, utilizou-se ácido nítrico 40% (v/v). As placas foram imersas na

solução passivante durante 30 minutos nas temperaturas de 20ºC e 40ºC (realizada com

banho de aquecimento QUIMIS Q-215.2). Em seguida, foram lavadas com água destilada e

secas à temperatura ambiente.

A avaliação da resistência à corrosão foi realizada através da imersão das placas de

aços inoxidáveis em alíquotas da solução de chuva ácida sintética e do chorume durante 60

minutos (temperatura ambiente), anotando os valores do potencial de circuito aberto (Eca),

empregando eletrodo de calomelano saturado (Analyser 3A41) como referência e

multímetro digital (EDA DT830B), até atingir um valor estável de potencial (potencial de

corrosão – Ecorr). Todos os testes foram realizados em duplicatas para melhor avaliação

dos resultados.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura 1 apresenta graficamente os valores do Potencial de Circuito Aberto (Eca)

para as placas AISI 430 e AISI 439 nos meios corrosivos chuva ácida e chorume. Na tabela

1, estão apresentados os valores de potenciais de corrosão para as duas placas nas

condições às quais foram submetidas.

Figura 1: Valores de Eca para as placas AISI 430 e AISI 439.

Fonte: Autor

Tabela 1. Valores de Ecorr para as placas AISI 430 e AISI 439.

Ecorr (mV/ECS)

AISI 430 AISI 439

Chuva ácida Chorume Chuva ácida Chorume

Sem Passivação -344 ± 7 -449 ± 72 -298 ± 25 -379 ± 72

Com Passivação (20ºC)

-95 ± 3 -160 ± 47 -55 ± 21 -157 ± 19

Com Passivação (40ºC)

+24 ± 5 -33 ± 10 +150 ± 19 -44 ± 13

Fonte: Autor

Em relação à chuva ácida, existem apenas estudos relacionados à alteração de brilho

e cor em aços inoxidáveis quando submetidos a este meio corrosivo, os quais citam, por

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176

exemplo, que o aço inoxidável AISI 304 não sofre alteração em sua estrutura perceptível a

olho humano. Ao avaliar o potencial de corrosão, nota-se que este meio é corrosivo; no

entanto, submetendo-se as placas às técnicas de passivação, percebe-se que são obtidos

valores de Ecorr mais positivos.

Com relação ao chorume, estudos apontam que este líquido é corrosivo ao entrar em

contato com pilhas de zinco-carbono e alcalinas. Da mesma maneira, isso foi verificado ao

imergir as placas sem passivação neste meio corrosivo. Estudos realizados por RIO (2015)

apontam que a passivação mostrou-se eficaz a 20ºC, tanto para a placa AISI 430 como para

a AISI 439, sendo esta com melhores resultados de resistência à corrosão. Ao repetir o

processo, verifica-se que a passivação a 20ºC ainda proporciona melhores resultados

independentemente da fonte de chorume e que a passivação a 40ºC potencializa esta

proteção. Para os dois meios corrosivos, a placa AISI 439 apresentou melhores resultados

que a placa AISI 430.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O chorume e a chuva ácida sintética são meios corrosivos para as placas de aço

inoxidáveis AISI 430 e AISI 439. A submissão das placas à técnica de passivação com ácido

nítrico 40%(v/v) é eficaz para a proteção das placas, proporcionando resultados de Ecorr

mais positivos e mostrando-se mais satisfatória nas temperaturas de 40ºC para as duas

placas utilizadas.

5. REFERÊNCIAS ASTM A967-05. Standard Specification for Chemical Passivation Treatments for Stainless Steel Parts. BAIRD, Colin. Química ambiental. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2002 CÂMARA, S.C. et al. Simulação do intemperismo natural de pilhas zinco-carbono e alcalinas. Química nova, v.35, n.1, p.82-90, ago., 2012. Disponível em <http://quimicanova.sbq.org.br/imagebank/pdf/Vol35No1_82_15-AR11114.pdf> Acesso em 10 jun. 2016 CARBÓ, Héctor Mario. Decapagem e passivação de aços inoxidáveis. ACESITA, fevereiro/ 2005. GENTIL, Vicente. Corrosão. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007.

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MANUAL técnico do aço inoxidável. Rev. 09 – 05/2011. Disponível em: http://www.kloecknermetals.com.br/pdf/3.pdf> Acesso em 11 jan. 2016. LOUREIRO, C. R. O et al. Efeito da chuva ácida em aços inoxidáveis coloridos. Rev. Esc. Minas, v.60 n.1 Ouro Preto jan./mar. 2007. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S037044672007000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt> Acesso em 12 jul. 2016. MORAIS, J.C.; SIRTORI, C.; ZAMORA, P.G.P. Tratamento de chorume de aterro sanitário por fotocatálise heterogênea integrada a processo biológico convencional. Química Nova, v.29, n.1, p.20-23, ago., 2006. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/%0D/qn/v29n1/27850.pdf >Acesso 22 jun. 2016 RIO, C.L.V; SANTOS, I.C; SILVA, M.M.P. Avaliação da corrosão de aços inoxidáveis em presença de chorume. 15º CONIC, 2015. SILVA, M.M.P. et al. Avaliação dos efeitos da concentração de HNO3 no processo de passivação do aço inoxidável AISI 304. 11º CONIC, 2011. SILVA, M.M.P et al .Estudo da passivação dos aços inoxidáveis AISI 430. 13º CONIC, 2013. SILVA, M.M.P et al. Estudo comparativo da passivação do Aço AISI 439 em diferentes temperaturas. 54º CBQ, 2014. SKOOG, D. A. et al. Fundamentos de química analítica. São Paulo: Thomson, 2006. VIEIRA, D.H. et al. Comportamento em corrosão de juntas soldadas de aços Inoxidáveis em meios contendo íons cloretos. Tecnologia em Metalurgia e Materiais, São Paulo, 2006. ZABAWI, A.G. Mohamad. ESA, S. Moh. LEONG, C. P. Effects of simulated acid rain on germination and growth of rice plant. Jour. Agric. Res. China, 2008.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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TRABALHO DECENTE PARA OS JOVENS: ANÁLISE DA LEI DO ESTÁGIO E SUA PRÁTICA NO BRASIL Fábio Fernandes Gomes

Bolsista PIBIC1

Profª. Drª. Veronica Altef Barros2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Direito

1 [email protected]; 2 [email protected]

RESUMO: O oferecimento de condições de trabalho decente é uma das grandes preocupações da

Organização Internacional do Trabalho No entanto, é importante salientar que tais condições devem

ser observadas antes mesmo da efetiva inserção do trabalhador no mercado de trabalho, que, muitas

vezes, se dá através do estágio. Embora seja de suma importância ao jovem, o contrato de estágio,

por não exigir o pagamento de verbas trabalhistas ao estagiário, pode ser utilizado pela parte

concedente como forma de obtenção de mão-de-obra muito mais barata do que o trabalhador

convencional, desvirtuando-se completamente a sua finalidade pedagógica. Analisando-se casos

apreciados pelo Poder Judiciário, por todo o Brasil, nos quais foram constatados vícios no contrato,

e sua consequente nulidade, foi possível perceber a realidade dos estágios brasileiros. Destarte, o

estágio, não cumprindo com seu principal objetivo, qual seja o de preparar o jovem para o mercado

de trabalho, certamente acarretará na formação de um trabalhador despreparado para enfrentar a

competitividade da vida profissional, confirmando as expectativas da OIT. Portanto, mostra-se

necessário o aprimoramento dos instrumentos de fiscalização das condições oferecidas pelos

estágios brasileiros de modo a garantir que, desde o início da vida profissional, sejam garantidas

condições de trabalho decentes e aptas a preparar o estagiário para o ingresso ao mercado de

trabalho de forma competitiva.

Palavras-chave: Estágio; Trabalho Decente; Juventude.

1. INTRODUÇÃO

Estudos da Organização Internacional do Trabalho demonstram que os jovens têm

três vezes mais probabilidade de estarem desempregados que os adultos, advertindo sobre

os riscos de uma geração de trabalhadores jovens sem emprego e trabalho precário.

A situação precária do acesso ao emprego e condições dignas de trabalho também é

uma realidade no Brasil, que traz impactos profundos no desenvolvimento econômico e

social, inclusive quanto à geração “nem-nem”: nem trabalham e nem estudam.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

179

O Estatuto da Juventude (Lei nº 12.853/13) garante aos jovens o acesso à

profissionalização, ao trabalho e à renda, em condições de liberdade, equidade e segurança,

adequadamente remunerado e com proteção social.

Há de se observar que, regra geral, tal acesso se dá por meio do estágio, considerado

a porta de entrada do jovem no mercado de trabalho, sendo necessário que este apresente

condições capazes de proporcionar, ao jovem estagiário, o devido aprendizado para que

este se torne um profissional capaz de competir no cada vez mais acirrado mercado de

trabalho.

Assim, analisando casos em que a Lei do Estágio (Lei nº 11.788/08) é descumprida,

ensejando a nulidade do contrato, em todo o território nacional é que se passará a ter uma

ampla visão dos reais problemas existentes nos contratos de estágio no Brasil e se estes

realmente cumprem com sua finalidade pedagógica, ou se apenas fornecem mão de obra

barata às partes concedentes.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

2.1. Pesquisa Bibliográfica A pesquisa bibliográfica foi realizada com o propósito de melhor compreender as

características do contrato de estágio e aplicação da lei, bem como, a importância do estágio

para a consecução do trabalho decente de jovens.

Neste sentido, mister é salientar que não se entende que o estágio é um trabalho,

mas sim um complemento do ensino teórico, servido de forma de integração entre o que o

aluno aprende na instituição de ensino e aplica na prática na empresa, inexistindo, portanto,

relação de emprego entre as partes e a consequente obrigação de pagamento de verbas

trabalhistas.

2.2. Pesquisa Documental

A pesquisa documental foi realizada a partir de julgados em cada Região brasileira,

exceto na região Norte, uma vez que o sistema eletrônico de jurisprudência não apresentava

material suficientemente atualizado para a pesquisa dentro dos parâmetros estabelecidos.

Foram coletados 10 julgados, de cada Estado brasileiro – exceto a Região Norte –

publicados a partir de 2013, a fim de se obter resultados mais atualizados. Os dados

coletados foram tabulados e separados por região.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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Ressalta-se que, na análise do Distrito Federal somente foram obtidos 05 julgados,

uma vez que não foi possível o levantamento de maiores casos por conta de

indisponibilidade, no meio eletrônico, de material atualizado.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A princípio, mister se faz ressaltar que a Lei nº 11.788/2008 estabelece alguns

requisitos necessários a caracterizar o contrato de estágio, sendo que a inobservância de

qualquer um deles descaracterizará tal contrato, gerando sua nulidade e estabelecendo

vínculo empregatício com a parte concedente mediante ação judicial na Justiça do Trabalho.

Dentre as exigências, destacam-se: a necessidade de termo de compromisso de

estágio, firmado entre o estagiário, a instituição de ensino e a parte concedente; supervisão

do estagiário e acompanhamento deste pela instituição de ensino; apresentação de relatório

semestral com as atividades desempenhadas; comprovação de matrícula e frequência

regular em curso oferecido por instituição de ensino; elaboração de um plano de atividades,

contendo as atividades a serem desempenhadas pelo estagiário, as quais deverão ser

compatíveis com o curso no qual o mesmo é matriculado; o estágio deverá servir como forma

de complemento do ensino literal, cumprindo com sua finalidade pedagógica; a carga horária

deverá ser reduzida pela metade no período de provas; ainda sobre a carga horária, a

mesma, além de dever ser compatível com o horário escolar, não poderá ultrapassar 4 horas

diárias, e 20 semanais no caso de estudantes de educação especial e dos anos finais do

ensino fundamental, ou 6 horas diárias, e 30 semanais no caso de estudantes do ensino

superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular; a duração do

estágio, na mesma parte concedente, não poderá exceder 2 (dois) anos, exceto quando se

tratar de estagiário portador de deficiência; o estagiário ainda tem direito a seguro contra

acidentes pessoais.

Assim, levando em conta tais requisitos, foi possível obter os seguintes resultados:

3.1. Região Sul

Quadro 1– Principais Motivos De Nulidade – Região Sul

Motivo da Nulidade

Número de casos (aprox.%)

Ausência de termo de compromisso de estágio 27%

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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Ausência de supervisão, acompanhamento e avaliação no estágio 54%

Ausência de relatório semestral 34%

Ausência de comprovação de matrícula e frequência regular em curso oferecido por instituição de ensino

4%

Atividades incompatíveis com o curso 20%

Ausência de plano de atividades 4%

Desvirtuamento da finalidade pedagógica do estágio 80%

Não redução da carga horária em período de avaliações 4%

Prorrogação indevida do contrato 4%

Sobrelabor 40%

Não contratação de seguro contra acidentes pessoais 0%

TOTAL ESTUDADO 30 casos

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

3.2. Região Sudeste

Quadro 2 – Principais Motivos De Nulidade – Região Sudeste

Motivo da Nulidade

Número de casos (aprox.%)

Ausência de termo de compromisso de estágio 24%

Ausência de supervisão, acompanhamento e avaliação no estágio 64%

Ausência de relatório semestral 26%

Ausência de comprovação de matrícula e frequência regular em curso oferecido por instituição de ensino

8%

Atividades incompatíveis com o curso 22%

Ausência de plano de atividades 10%

Desvirtuamento da finalidade pedagógica do estágio 56%

Não redução da carga horária em período de avaliações 4%

Prorrogação indevida do contrato 6%

Sobrelabor 30%

Não contratação de seguro contra acidentes pessoais 0%

TOTAL ESTUDADO 50 casos

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

3.3. Região Centro-Oeste

Quadro 3 – Principais Motivos De Nulidade – Região Centro-Oeste

Motivo da Nulidade

Número de casos (aprox.%)

Ausência de termo de compromisso de estágio 29%

Ausência de supervisão, acompanhamento e avaliação no estágio 52%

Ausência de relatório semestral 52%

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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Ausência de comprovação de matrícula e frequência regular em curso oferecido por instituição de ensino

26%

Atividades incompatíveis com o curso 26%

Ausência de plano de atividades 32%

Desvirtuamento da finalidade pedagógica do estágio 46%

Não redução da carga horária em período de avaliações 0%

Prorrogação indevida do contrato 18%

Sobrelabor 29%

Não contratação de seguro contra acidentes pessoais 18%

TOTAL ESTUDADO 35 casos

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

3.4. Região Nordeste

Quadro 4 – Principais Motivos De Nulidade – Região Nordeste

Motivo da Nulidade

Número de casos (aprox.%)

Ausência de termo de compromisso de estágio 24%

Ausência de supervisão, acompanhamento e avaliação no estágio 60%

Ausência de relatório semestral 45%

Ausência de comprovação de matrícula e frequência regular em curso oferecido por instituição de ensino

06%

Atividades incompatíveis com o curso 46%

Ausência de plano de atividades 04%

Desvirtuamento da finalidade pedagógica do estágio 56%

Não redução da carga horária em período de avaliações 03%

Prorrogação indevida do contrato 11%

Sobrelabor 31%

Não contratação de seguro contra acidentes pessoais 13%

TOTAL ESTUDADO 72 casos

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

3.5. Brasil

Quadro 5 – Principais Motivos De Nulidade – Brasil

Motivo da Nulidade

Total de casos

Total (aprox.

%)

Ausência de termo de compromisso de estágio 47 25%

Ausência de supervisão, acompanhamento e avaliação no estágio 109 58%

Ausência de relatório semestral 73 39%

Ausência de comprovação de matrícula e frequência regular em curso oferecido por instituição de ensino

18 10%

Atividades incompatíveis com o curso 59 32%

Ausência de plano de atividades 20 11%

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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Desvirtuamento da finalidade pedagógica do estágio 108 58%

Não redução da carga horária em período de avaliações 5 3%

Prorrogação indevida do contrato 18 10%

Sobrelabor 59 32%

Não contratação de seguro contra acidentes pessoais 18 10%

TOTAL ESTUDADO 187 ----------

Fonte: Elaborado pelo autor, 2016.

Analisando-se os dados obtidos, fica claro que os maiores problemas enfrentados

pelos estagiários brasileiros envolvem ausência de supervisão, da parte concedente, e

acompanhamento da instituição de ensino e ainda o desvirtuamento da finalidade

pedagógica do estágio.

Tais resultados comprovam a tese de que muitas partes concedentes utilizam o

estagiário como forma de mão-de-obra barata, eis que, ao deixar de supervisioná-lo, não há,

sequer, como ensinar o jovem a realizar as tarefas que este enfrentará em sua vida

profissional. Assim, tal problema está diretamente ligado ao desvirtuamento da finalidade

pedagógica, uma vez que, deixando o jovem trabalhar “por si só”, este nada aprende, mas

somente contribui para o andamento das atividades da empresa que concede o estágio.

Desta forma, ao invés do jovem estagiário se beneficiar da experiência,

complementando os ensinos teóricos obtidos em sala de aula, tal fato não ocorre, sendo que

a parte concedente acaba sendo a verdadeira beneficiária, já que obtém mão-de-obra livre

da incidência de verbas trabalhistas e, lidando com um trabalhador sem experiência,

certamente não encontrará resistência às suas determinações.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objetivo entender os principais problemas enfrentados

pelo jovem estagiário brasileiro, pois o estágio é a porta de entrada do mercado de trabalho,

em que o estudante complementará, na prática, todo o ensino teórico recebido em sala de

aula.

No entanto, os resultados obtidos demonstram que o estágio não vem cumprindo com

sua função pedagógica, vindo a ser um instituto apto a oferecer ao tomador de serviço,

denominado parte concedente, mão de obra barata, livre do pagamento de verbas

trabalhistas. O estagiário não recebe a assistência necessária para que, de fato,

complemente seu ensino teórico, desempenhando, muitas vezes, atividades idênticas aos

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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empregados efetivados, sem qualquer tipo de supervisão e recorrentemente incompatíveis

com o curso no qual é matriculado.

Destarte, o estágio, não cumprindo com seu principal objetivo, qual seja o de preparar

o jovem para o mercado de trabalho, certamente acarretará na formação de um trabalhador

despreparado para enfrentar a competitividade da vida profissional, confirmando as

expectativas da OIT no que diz respeito às possibilidades de uma geração de trabalhadores

jovens sem emprego e detentores de um trabalho precário.

Portanto, há de se aprimorar os instrumentos de fiscalização das condições

oferecidas pelos estágios brasileiros de modo a garantir que, desde o início da vida

profissional sejam garantidas, ao estagiário, condições de trabalho decentes e aptas a

prepara-los para o ingresso ao mercado de trabalho de forma competitiva, sem exploração

e sempre respeitando a condição de educando do jovem estagiário.

5. REFERÊNCIAS

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PROPOSTA DE SÍNTESE DE UM PRO-FÁRMACO DA CAPSAICINA Gabriel Luís Cardoso Greco

Bolsista PROIN1

Dr. Antonio José Calixto de Souza

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Farmácia

[email protected]

RESUMO: O presente trabalho teve como objetivo a síntese de um pró-fármaco a partir da capsaicina

utilizando-se duas rotas. A primeira etapa do trabalho teve como objetivo a síntese do fármaco

proposto, utilizando a capsaicina como protótipo e acetilação da sua hidroxila fenólica. A acetilação

foi realizada por duas formas distintas a fim de se avaliar qual se mostraria mais eficiente. A primeira

acetilação foi baseada, fazendo uso do anidrido acético como agente acetilante e a segunda

utilizando o cloreto de ácido como agente acetilante, ambas através do mecanismo da substituição

acílica nucleofílica(SAN). A segunda etapa teve como objetivo a incoporação do pró-fármaco em uma

forma farmacêutica gel-creme, com a intenção de comparar qual possui maior eficácia e estabilidade.

O objetivo final foi aumentar as características hidrofóbicas da capsaicina para melhor penetração

no tecido adiposo para auxiliar no tratamento à obesidade, além de melhorar sua biodisponibilidade

ao sintetizar um pró-fármaco.

Palavras-chave: Pro-drug; Capsaicin; Obesity treatment; Medicinal chemistry.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com a literatura, o excesso de peso e a obesidade são fatores de risco

independentes para aterosclerose e eventos coronarianos. O aumento do tecido adiposo

está associado à hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus tipo 2 e ao diagnóstico da

síndrome metabólica (SM) e, ainda, tanto à adiposidade geral quanto a abdominal estão

associadas com aumento da mortalidade (PISCHON, 2008). O objetivo do proposto trabalho

é utilizar a capsaicina como protótipo da gênese de um novo pró-fármaco por técnicas de

modificação molecular com atuação no tecido adiposo com objetivo de: alterar a

farmacocinética do fármaco in vivo a fim de melhorar sua absorção, distribuição,

metabolismo e excreção, aumentar a biodisponibilidade e estabilidade do produto final além

de diminuir a toxicidade e os

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efeitos colaterais. A proposta química é realizar uma rota sintética, fazendo uso de

reações químicas compatíveis para a obtenção de um possível pró-fármaco. Tratando-se

neste caso do uso de um alcaloide como protótipo, a capsaicina, associado a um grupamento

éster, proveniente do anidrido acético ou de um cloreto de ácido.

2. PROCEDIMENTO DE PESQUISA

Com o intuito de assegurar a execução da nossa proposta, foi primeiramente

realizado um levantamento bibliográfico. Nesse momento, houve a preocupação de revisar

não só a fisiologia do tecido adiposo sadio e a farmacodinâmica referente á capsaicina e

seus efeitos em questão, como também a epidemiologia e as consequências causadas pelo

acumulo de gordura. O conhecimento do impacto social que este tipo de patologia causa no

país.

O presente trabalho trata-se de um projeto guarda-chuva no qual, o nosso objetivo foi

a geração de um pró-fármaco que será testado e comprovado sua eficiência pelo Prof. Dr.

Túlio Nakazato, que utilizará nosso composto em uma de suas formulações, visto que o Prof.

Dr. Túlio Nakazato já realiza estes testes com a capsaicina. A proposta química foi realizar

uma rota sintética, fazendo uso de reações químicas compatíveis para a obtenção de um

possível pró-fármaco. Tratando-se neste caso do uso de um alcaloide como protótipo, a

capsaicina, associado a um grupamento éster, proveniente do anidrido acético ou de um

cloreto de àcido. A ideia de utilizar duas rotas nos permitirá uma comparação entre as rotas

e analise de qual rota possui melhor rendimento.

3. METODOLOGIA 3.1 Rota A

Pesou-se 0,2 de capsaicina em um erlenmeyer de 50mL. Adicionou-se então 0,25mL

de anidrido acético no erlenmeyer. Após a adição ocorreu a dissolução do soluto

(capsaicina), com uma coloração amarelada, foi mantido sob agitação e adicionou-se uma

gota de H2SO4 passando a uma coloração mais escura (marrom/caramelo). Neste momento

houve exotermia, um indicativo de que houve reação.

Foi mantido em banho maria (50° - 60°C) onde escureceu mais ainda a coloração. O

cheiro constante de ácido acético evidencia que houve de fato a acetilação. Adicionou-se

então 1mL de água destilada, o cheiro de ácido acético foi contínuo além da presença de

duas fases, uma orgânica semi-sólida e uma aquosa. Sendo que o produto orgânico bruto

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

188

foi mantido armazenado sob refrigeração em geladeira. Após três dias sob estas condições,

o composto orgânico armazenado cristalizou parcialmente, indicando a formação do produto

desejado.

O material foi filtrado e o sólido obtido foram testadas várias condições distintas de

recristalização, tais como: etanol 92,5%; acetato de etila, metanol, hexano. Entretanto, o

processo de recristalização não ocorreu adequadamente, sendo que nestas tentativas o

material orgânico perdeu sua forma cristalina, sugerindo a presença de alguma impureza,

possivelmente de natureza orgânica, talvez o subproduto da reação, o ácido acético.

3.2 Rota B

Primeiramente foi necessário a síntese do cloreto de acetila a partir do ácido acético

(Figura 2). As primeiras tentativas não se mostraram efetivas portanto, houveram alguns

reajustes. Foi adicionado 1,5mL de cloreto de tionila no balão de 3 bocas e 1mL de ácido

acético. Sendo utlizado um aquecimento com banho-maria a 30ºC sob refluxo controlado

nestas condições. Após 1h a reação foi adicionado 0,2g de capsaicina ao meio reacional.

Gerando,como esperado, o produto acetilado.

Figura 1 Síntese do cloreto de acila.

A purificação do produto acetilado neste experimento 2 se mostrou mais eficaz e a

recristalização ocorreu utilizando-se hexano como solvente recristalizante. Talvez os

resultados, mais promissores decorram da não existência do ácido acético como subproduto

da reação. Como resultado foi obtido a formação de cristais brancos.

3.3 Preparação do Gel-Creme

Colocou-se 0,5g de Carbopol peneirado na água aquecida em banho-maria afim de

envolve-lo totalmente na água (92,5mL) e evitar a formação de grumos. Foi transferido para

o graal, e triturou-se para retirar os grumos. Acrescentou-se 0,5g Trietolamina e em agitação

manual aguardou-se para formação do gel. Após a formação do gel acrescentou-se o

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produto obtido (0,2g), 0,7g de fenoxietanol e parabenos, alem de 2g de microemulsoes de

silicone todos sob agitação e homogenizados. Depois de finalizado o creme gel foi submetido

a testes farmacotécnicos descritos nos resultados.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Rendimento

Para indicar o rendimento da reação foi feito o cálculo de rendimento:

Na teoria o resultado 100% na produção do composto seriam de 0,2275g do composto

desejado.

1 mol de C18H27NO3 ------- 1 mol de C20H29NO4

305,41 g/mol ------- 347,41 g/mol

0,2g ------- x

X = 0,2275g

Na prática, no entanto o peso do composto obtido pela rota A foi de 0,1847.

Portanto (m/m)x100:

0,1847g/0,2275g = 0,8118 multiplicado por 100 = 81,18% de rendimento.

Já o peso do composto final obtido pela rota B foi de 0.12g, portanto (m/m)x100:

0,12g/0,2275 = 0,5275 multiplicado por 100 = 52,75% de rendimento.

4.2 Cromatografia de Camada Delgada

Figura 2 CCD comparativo entre a substância referência (1) e os demais experimentos obtidos pela rota A (3) e rota B (2).

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4.3 Determinação do ponto de fusão

Tabela 1 – Ponto de fusão comparativo Nome Ponto de fusão

Capsaicina 62ºC

Rota A 54ºC

Rota B 55ºC

A determinação do ponto de fusão se mostra um resultado favorável também, uma

vez que ao perder o grupamento fenólico, substituído por um grupo éster o produto perde

sua capacidade de fazer ligações de hidrogênio com outras moléculas. Sendo a ligação de

hidrogênio uma ligação intermolecular, por sinal a mais forte, é de se esperar que o produto

proposto venha a ter um ponto de fusão menor.

4.4 Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas (CG-MS)

A CG-MS foi realizada pela Central Analítica no Centro Analítico de Instrumentação

da Universidade de São Paulo.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

191

Figura 3 Cromatografia Gasosa do produto obtido no experimento da Rota B.

A melhor purificação foi obtida pelo produto da rota B, portanto foi utilizado para

realização do CG-MS. O pico 5 (Figura 5) demonstra que de fato algo foi formado, no entanto

mesmo obtendo uma purificação acima das expectativas nota-se pelos outros picos, a

presença de impurezas. O pico 5 representa 63.5% do total analisado e foi o alvo na

espectrometria de massa.

Podemos verificar (Figura 4) a presença do composto com pico íon molecular de 347,

que evidencia a presença do produto acetilado da capsaicina, indicando assim que o produto

proposto foi de fato sintetizado Já que o produto planejado deveria ter o peso molecular 347

g/mol. Um das quebras realizadas pelo Espectrômetro de Massa (EM) aparece o pico 305

decorrente da perda do ceteno (PM=42), esta perda do ceteno caracteriza uma quebra típica

de grupos acetilas ligados ao oxigênio fenólico, fatos estes que indicam a obtenção do

produto desejado nas sínteses realizadas.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

192

Figura 4 Espectometria de massa do pico 5 identificado na CG.

4.5 Teste de permeação cutânea

Primeiramente para avaliação do gel creme produzido foi feito um teste de permeação

cutânea in vitro, a fim de determinar se o composto possuía características que permitissem

sua permeabilidade. O teste de permeação cutânea se baseou no modelo proposto por

Franz que é conhecido como célula de difusão vertical (VDC). O teste baseia-se na

simulação da penetração de um produto transdérmico. O teste foi realizado para verificar se

o tempo de penetração do produto estava dentro dos padrões. Após 8 minutos verificou-se

que o produto ultrapassou a membrana de celulose que simula a nossa barreira dérmica,

tempo que está dentro dos padrões de absorção transdérmica.

4.6 Teste de centrifugação O resultado obtido foi de um produto estável.

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193

4.7 Estresse térmico

Revelou que o gel-creme é estável, devido ao estresse sofrido. No entanto seriam

necessários mais ciclos para comprovação, uma vez que o ideal são pelo menos 6 ciclos.

4.8 Espalhabilidade

Não se mostrou favorável, demonstrando um resultado intermediário. É necessário

uma análise mais detalhada para identificar o principal problema.

5. DISCUSSÃO

Todos os testes farmacotécnico se mostraram favoráveis independente do produto,

sendo ele da rota A ou rota B. No entanto em questão de resultado a rota B foi escolhida

como mais viável. Apesar de apresentar menor rendimento, apresenta maior índice de

pureza facilitando a purificação e consequente recristalização. A CG-MS foi um parâmetro

importante para mostrar que o produto teórico desejado foi de fato formado além do ponto

de fusão que permitiu a realização de uma discussão química.

6. REFERÊNCIAS AHIMA RS, Flier JS. Adipose tissue as an endocrine organ.Trends Endocrinol Metab

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

196

AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR E EDUCAÇÃO NUTRICIONAL EM CRIANÇAS DE ESCOLA PÚBLICA E PARTICULAR DO MUNICÍPIO DE SANTOS-SP Giovana Maggiulli Santana de Melo

Bolsista PROIN1

Profa. Dra. Renata Doratioto Albano

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Nutrição

[email protected]

RESUMO: Pesquisa transversal, com crianças de ambos os sexos na faixa etária entre 6 e 10 anos de um colégio particular e uma escola pública, ambos localizados em Santos/SP.O objetivo geral foi avaliar consumo alimentar, e nível de apreensão de conteúdo da educação nutricional por tipo de escola.Os dados de consumo alimentar foram coletados com a utilização do QUADA (Questionário de Alimentação do Dia Anterior) e as atividades de educação nutricional focaram na alimentação saudável. Os dados foram tabulados em planilha Excel e analisados com o software STATA 12.0 e foram calculados os testes (exato de Fisher, t student e Mann-witney), adotando-se o nível de significância de 5% (α=0,05). O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Santos via Plataforma Brasile aprovado em setembro de 2015. Participaram do estudo 172 escolares(50 do colégio particular e 122 da escola pública). Observou-se uma proporção maior de escolares do colégio particular que consumiram alimentos in natura (p<0,05) e de escolares da escola pública que consumiam alimentos ultraprocessados (p<0,05) no lanche da manhã. No almoço e no jantar a ingestão de alimentos ultraprocessados foi maior entre os escolares do colégio particular (p<0,05). Nas atividades de educação nutricional 3 e 4 os escolares do colégio particular obtiveram média maior de acertos (p<0,05). O hábito alimentar dos escolares de ambas as escolas foi caracterizado por alta ingestão de alimentos processados e ultraprocessados em praticamente todas as refeições e baixa ingestão de alimentos in natura. Palavras –Chave: Escolares,hábito alimentar,educação nutricional

1. INTRODUÇÃO

O período escolar engloba crianças entre 6 a 10 anos de idade, sendo que o crescimento

nesse período é lento, mas progressivo, ocorrendo crescente desenvolvimento das

habilidades motoras e ganho no crescimento cognitivo, social e emocional (BRASIL, 2012).

Existem evidências científicas de que os hábitos alimentares e estilo de vida adquirido nesse

período de vida perduram e influenciam nas praticas alimentares da vida adulta. As

orientações em relação às práticas alimentares não saudáveis e atividade física constituem

elementos essências em todas as estratégias para a prevenção de doenças crônicas e de

promoção da saúde (ZULUETA, 2010).

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

197

A educação nutricional é um meio que visa contribuir na aceitação de escolhas

alimentares saudáveis. Tem como objetivo modificar o comportamento alimentar e

nutricional dos indivíduos com o intuito de prevenir doenças crônicas não transmissíveis,

contribuindo para a promoção da saúde e bem estar. É considerada eficaz quando aplicada

de forma dinâmica e regular (TRECCO, 2016). A formação e definição do hábito alimentar

saudável ocorrem na infância e na adolescência, sendo assim é de extrema importância a

educação nutricional nessa idade para a promoção da saúde nesse público (BOOG, 1999

apud PARRA; BONATO, 2014).

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

Tipo de estudo: trata se de uma pesquisa transversal. Local de estudo: O estudo

foi realizado no Colégio Particular Afonso Pena (CAP), localizado na Rua Liberdade, 630,

Bairro Aparecida, Santos/SP e na UME (Unidade Municipal de Ensino) “DOS ANDRADAS

II, localizada à Rua Almirante Ernesto de Mello Junior, 150, Bairro Aparecida, Santos – SP.

População de estudo: a população de estudo foi composta de crianças de ambos os sexos,

na faixa etária entre 6 e 9 anos, matriculadas em 2015 no Ensino Fundamental I (1º ao 4º

ano) e as com 10 anos matriculadas em 2016 (5º ano). Variáveis de estudo: características

sociodemográficas ; consumo alimentar e educação nutricional.O consumo alimentar foi

obtido por meio do QUADA (Questionário Alimentar do Dia Anterior). As atividades de

educação nutricional focando na alimentação saudável.

Análises de dados: Os dados foram tabulados em planilha Excel e analisados com

o auxilio do software STATA 12.0. Foram calculados os testes (exato de Fisher, t student e

Mann-witney), adotando-se o nível de significância de 5% (α-=0,05). Para comparar o

consumo alimentar e o desempenho das atividades de educação nutricional. Questões

éticas: o projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade

Católica de Santos via Plataforma Brasil. Participaram do estudo somente os escolares que

assinaram o TAM e os pais que o TCLE, conforme resolução 466/2012 do conselho nacional

de saúde.

3. RESULTADOSE DISCUSSÃO

Participaram do estudo 172 escolares, sendo 50 do colégio particular e 122 da escola

pública. No colégio particular a população foi composta por 30 participantes do sexo

masculino (60%) e 20 do sexo feminino (40%). A média de idade foi de 8,52 anos e DP de

1,03anos; a escola pública apresentou 66(54,10%) participantes do sexo masculino e 56

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198

(45,90%) do sexo feminino, com idade média de 8,40 anos e DP de 0,98 anos. A tabela 1

apresenta os resultados em relação às características sociodemográficas da população

estudada. A maioria dos responsáveis pelos escolares do colégio particular apresentou

renda entre 3 e 5 salários assim como na escola pública. A maioria dos responsáveis no

colégio particular possuía nível superior enquanto que na escola pública ensino médio; a

maioria dos responsáveis trabalha nas duas escolas.

Tabela 1-Distribuição absoluta e relativa dos escolares segundo as características gerais,

sociodemográficas e tipo de escola. Santos, 2016.

Características Sociodemográficas

Total Particular Pública

Sexo n=172 (%) n=50(%) n=122(%)

Feminino 76 (44,19) 20(40,00) 56(50,00) Masculino 96 (55,81) 30(60,00) 66(54,10)

Renda do

responsável n=166(%) n=50(%) n=116(%)

< 2 SM 57(34,34) 5(10,00) 52(44,83)

3 SM a 5 SM 80(48,19) 30(60,00) 50(43,10)

6 SM a 10 SM 20(12,05) 9(18,00) 11(9,48)

> 10 SM 9(5,42) 6(12,00) 3(2,59)

Escolaridade do

responsável n=166(%) n=50(%) n=116(%)

Ensino fundamental 17(10,27) 1(2,00) 16(13,79)

Ensino médio 92(55,42) 23(46,00) 69(59,48)

Ensino superior 57(34,34) 26(52,00) 31(26,73)

Trabalho de

responsável n=167(%) n=50(%) n=121(%)

Trabalha 149(89,22) 44(88,00) 109(89,74)

Não trabalha 18(10,78) 6(12,00) 12(10,26)

Em relação ao consumo alimentar os três alimentos mais consumidos no desjejum

pelos escolares do colégio particular foram: pão, achocolatado e laticínios. Na escola pública

os mesmos alimentos também foram os mais consumidos. No lanche da manhã foram frutas,

laticínios e doces; na escola pública foram: pão, achocolatado e os laticínios. No almoço, os

mais consumidos no colégio particular foram: arroz, carnes, feijão e bebidas industrializadas;

na escola pública foram: arroz, feijão, carnes e verduras. No que se refere ao lanche da

tarde, os estudantes no colégio particular consumiram mais pão, doces e bebidas

industrializadas e já os da rede pública relataram pão, achocolatado e doces. No jantar, os

mais citados pelos escolares do colégio particular foram as bebidas industrializadas, arroz e

carnes e os da na escola pública relataram consumir mais as carnes, arroz e feijão. Na ceia

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

199

os mais consumidos pelos escolares do colégio particularforam as frutas, doces e laticínios

e os escolares da escola pública tiveram preferência por achocolatados, pão e frutas.

A tabela 2 apresenta os resultados do teste de proporção do consumo alimentar entre

as escolas. Foi observada uma proporção maior de escolares do colégio particular que

consumiram alimentos in natura (p<0,05) e de escolares da escola pública que consumiam

alimentos ultraprocessados (p<0,05) no lanche da manhã.

No almoço e no jantar a ingestão de alimentos ultraprocessados foi maior entre os

escolares do colégio particular (p<0,05). Nas demais refeições não foram verificadas

diferenças estatisticamente significativas entre as proporções.

Tabela 2-Teste de proporção entre consumo alimentar por tipo de escola tipo de escola.

Santos, 2016

Consumo alimentar

Desjejum

Total Particular Pública -value

n (%) n (%) n (%)

In natura Não 114(66,28) 33(66,00) 81(66,39) Sim 58(33,72) 17(34,00) 41(33,61) 0,96

Processados Não 129(75,00) 37(74,00) 92(75,41) Sim 43(25,00) 13(26,00) 30(24,59) 0,84

Ultraprocessados Não 48(27,91) 14(28,00) 34(27,87) Sim 124(72,09) 36(72,00) 88(72,13) 0,98

Lanche manhã In natura Não 140(81,40) 36(72,00) 104(85,25) Sim 32(18,60) 14(28,00) 18(14,75) 0,04

Processados Não 150(87,21) 42(84,00) 108(88,52) Sim 22(12,79) 8(16,00) 14(11,48) 0,42

Ultraprocessados Não 64(37,21) 36(72,00) 28(22,95) Sim 108(62,79) 14(28,00) 94(77,05) 0,00

Almoço In natura Não 3(1,74) 1(2,00) 2(1,64) Sim 169(98,26) 49(98,00) 120(98,36) 0,64*

Processados Não 170(98,84) 50(100) 120(98,36) Sim 2(1,16) 0(0,00) 2(1,64) 0,50*

Ultraprocessados Não 126(73,26) 28(56,00) 98(80,33)

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Sim 46(26,74) 22(44,00) 24(19,67) 0,00

Lanche da tarde In natura Não 125(72,67) 34(68,00) 91(74,59) Sim 47(27,33) 16(32,00) 31(25,41) 0,37

Processados Não 158(91,86) 48(96,00) 110(90,16) Sim 14(8,14) 2(4,00) 12(9,84) 0,16*

Ultraprocessados Não 23(13,37) 5(10,00) 18(14,75)

Sim 149(86,63) 45(90,00) 104(85,25)

0,40 Jantar In natura Não 27(15,70) 12(24,00) 15(12,30) Sim 145(84,30) 15(12,30) 107(87,70) 0,05

Processados Não 162(94,19) 48(96,00) 114(93,44) Sim 10(5,810 2(4,00) 8(6,56) 0,40*

Ultraprocessados Não 101(58,72) 21(42,00) 80(65,57) Sim 71(41,28) 29(58,00) 42(34,43) 0,00

Ceia In natura 112(65,50) 29(59,18) 83(68,03) Não 59(34,50) 20(40,82) 39(31,97) 0,27

Sim Processados Não 154(89,53) 42(84,00) 112(91,80) Sim 18(10,47) 8(16,00) 10(8,20) 0,12

Ultraprocessados Não 96(55,81) 25(50,00) 71(58,20) Sim 76(44,19) 25(50,00) 51(80,00) 0,32

*Teste exato de Fisher

Em relação à frequência da participação nas atividades de educação nutricional, os

escolares de ambas as instituições de ensino participaram em maioria das atividades. A

tabela 3 apresenta os resultados dos testes de proporção, para verificar associação entre o

tipo de escola e desempenho nas atividades de educação nutricional pela média de acertos.

Nas atividades 3 e 4 os escolares do colégio particular obtiveram média maior de acertos

(p<0,05).Nas demais atividades não foram verificadas diferenças estatisticamente

significativas entre as proporções.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

201

Tabela 3-Teste de proporção entre as atividades de educação nutricional e tipo de escola.

Santos, 2016.

*Teste t student

**Teste Mann-witney

3.1 Discussão

De acordo com Costa (2008) os escolares da rede privada atingiram em maior

proporção às recomendações para o consumo de frutas, legumes e verduras em relação

aos de escola pública. Estes resultados também condizem com estudo de Conceição et al,

(2010)que verificaram que o consumo de leite, queijos, hortaliças e sucos naturais foi maior

pelos escolares da rede privada de ensino, sendo um aspecto positivo da sua alimentação.

No estudo de Bertin (2010) et al foi observado que quando relacionados os hábitos

alimentares com os conhecimentos em nutrição, houve um maior número de crianças com

bons hábitos alimentares entre aqueles que possuíam bons conhecimentos em nutrição.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Observou-se nesse estudo que o consumo alimentar dos escolares de ambas as

escolas foi caracterizado por alta ingestão de alimentos processados e ultraprocessados em

praticamente todas as refeições analisadas e baixa ingestão de alimentos in natura.

5.REFERÊNCIAS

ASSIS MA, BENEDET J, KERPEL R, VASCONCELOS FAG, DI PIETRO PF, KUPEK E. Validação da terceira versão do Questionário Alimentar do Dia Anterior (QUADA-3) para escolares de 6 a 11 anos. Cad Saúde Pública.; v.25, n.8, p.1816-1826, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Alimentação e Nutrição. Brasília: Ministério da Saúde; 2012.

Educação nutricional Escola particular Escola pública Total p

n m d.p n m d.p n m d.p

Atividade 1 35 70,00 2,02 79 68,80 19,22 114 69,17 19,47 0,76*

Ativiade 2 39 68,85 18,21 69 68,73 18,70 108 68,77 18,44 0,97*

Ativiade 3 39 81,24 14,79 74 54,53 39,78 113 63,74 35,61 <0,01*

Atividade 4 39 87,40 12,27 89 59,96 37,94 128 68,32 34,69 <0,01**

Atividade 5 40 74,16 27,72 64 26,26 26,26 104 77,08 26,80 0,36 **

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

202

BERTIN, R.L; et al.Estado nutricional, hábitos alimentares e conhecimentos de nutrição em escolares.Rev. paul. Pediatria, São Paulo, v.28, n.3, set., 2010. COSTA, F.F, et al Mudanças no consumo alimentar e atividade física de escolares de Florianópolis, SC, 2002 – 2007.Rev. Saúde Pública, v.46, p.117-125, 2012. CONCEIÇÃO, S.I et al.Consumo alimentar de escolares das redes pública e privada de ensino em São Luís, Maranhão.Rev. Nutr., Campinas, v.23, n.6, nov-dez., 2010. PARRA; BONATO. Aconselhamento Alimentar para crianças. In: GALISA, Mônica et aul (orgs). Educação Alimentar e Nutricional: da teoria a prática. São Paulo: Roca, 2014, p.65-84. TRECCO S Guia de educação nutricional. São Paulo: Manole. 2016.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

203

ANÁLISE DE RISCO À SAÚDE DIANTE DA EXPOSIÇÃO A POLUENTES LIBERADOS DURANTE A COCÇÃO DOS ALIMENTOS EM RESTAURANTES TIPO BUFFET

Gustavo Galante Silva

Bolsista PROIN1

Profa. Me. Michele Leiko Uemura2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Gastronomia

1 [email protected]; 2 [email protected]

RESUMO: Segundo a pesquisa de Orçamento Familiar de 2008-2009, o percentual de despesas

com alimentação fora do domicilio entre a população residente em áreas caracterizada como um

processo que utiliza intensivamente sua mão de obra, por períodos prolongados e em condições

inadequadas. A avaliação dos níveis de poluentes nos restaurantes tipo Buffet tanto na cozinha

quanto no salão é relevante para o levantamento do risco para indivíduos vulneráveis. Com o intuito

de analisar a umidade e o calor em restaurantes comerciais durante o processo de cocção dos

alimentos, procurou-se desenvolver uma coleta de dados utilizando aparelhos específicos que

forneceram dados que foram usados para o progresso da pesquisa. Contudo foi realizada ainda uma

entrevista na forma de formulário investigativo, para levantamento de dados sobre as condições

respiratórias dos trabalhadores. Ao término dessas coletas pudemos concluir que no que se refere à

temperatura tanto na cozinha como no salão os valores se encontram próximos dos valores da

normalidade. Já sobre a umidade nota-se que na cozinha os valores estão bem acima dos preditos.

Palavras-chave: poluentes, material particulado, cozinhas comerciais.

1. INTRODUÇÃO

Define-se exposição ocupacional a situação decorrente de uma atividade profissional

em que o trabalhador tem contato direto ou indireto com agentes físicos ou químicos de tal

forma que há possibilidade de produção de efeitos adversos à saúde, de modo que a

detecção precoce pode contribuir para a redução desses riscos.

As informações provenientes da monitorização da exposição ambiental ou

ocupacional possibilitam a implantação de medidas de prevenção e controle apropriadas.

Para tanto, se faz necessário a definição dos níveis de NO2, umidade e calor dentro de

cozinhas comerciais (1).

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

204

As pessoas no desempenho de suas atividades permanecem a maior parte do tempo

em ambientes fechados, deste modo a qualidade do ar nesses ambientes vem sendo objeto

de estudo (2).

Define-se por poluente qualquer substância encontrada no ar que, possa torná-lo

impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, danoso à fauna e à flora ou prejudicial à segurança,

ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade. Os poluentes podem

ser oriundos da combustão, de processo industrial, da queima de resíduos liberados de

veículos automotores, de reações químicas e de fontes naturais. (3).

Gioda e Neto (4) relatam que em ambientes, como escritórios, hotéis e restaurantes

em cidades brasileiras detectaram-se níveis elevados de vários poluentes. Em ambientes

como cozinhas agentes tóxicos podem ser emitidos a partir da combustão do gás butano e

da fumaça produzida durante o preparo dos alimentos.

A avaliação dos níveis de dióxido de nitrogênio NO, umidade e calor em ambientes

como cozinhas são relevantes para o levantamento do risco para indivíduos vulneráveis.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

Estudo transversal, realizado em dez restaurantes comerciais tipo Buffet, localizados

na cidade de Santos – SP. Foram verificadas as concentrações de poluentes atmosféricos

no interior da cozinha e no serviço de salão.

Amostradores passivos de NO2 foram instalados no interior das cozinhas e no serviço

de salão por treze dias consecutiva sendo a coleta realizada em duplicata. Os amostradores

foram preparados e analisados no Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Os valores de temperatura e umidade mínimos e máximos foram verificados através

de coletores (Dataloggers) da linha DHT 1120.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 1 observam-se as concentrações médias de NO2, temperatura e umidade nos

restaurantes investigados. Notam-se níveis mais elevados de NO2 e temperatura cozinha quando

comparado ao salão o que difere da umidade que é menor na cozinha quando comparada ao salão.

Pode se notar essas variações nas figuras I, II e III respectivamente.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

205

Cyrys et al.(5) investigaram a concentração de NO2 nos ambientes interiores de residências,

na presença de fumantes, uso de combustíveis para a cocção dos alimentos e o tráfego de

automóveis no ambiente exterior. Os autores constataram que as concentrações de NO2 no interior

das residências próximas aos locais com grande tráfego de automóveis eram maiores que as com

fumantes e uso de combustível para a cocção de alimentos. No presente estudo, as concentrações

de NO2 obtidas nas cozinhas, foram maiores do que as encontradas nos salões dos restaurantes.

Ugucione, et al. (6) verificaram um aumento 30 vezes maior na concentração de NO2 depois de

iniciado o uso do fogão a gás no interior de cozinhas residenciais. A presença de óxidos de nitrogênio

no ar de ambientes internos é considerada potencialmente danosa à saúde das pessoas que vivem

e trabalham dentro desses locais. O NO2 é um agente oxidante que pode causar problemas

respiratórios.

CARNEIRO, (7) relata em sua dissertação “Ambiente Térmico e Qualidade do Ar em Cozinhas

Profissionais” que a temperatura ideal na cozinha deve permanecer entre os 20°C e 24°C, esse

afirma ainda que a temperatura acima dos 24°C pode comprometer a produtividade em uma escala

de 4% para cada grau acima desse valor predito prejudicando assim o funcionamento da cozinha.

Segundo SILVA JUNIOR (7); a temperatura acima de 30°C aumenta os riscos de erros e acidentes.

No presente estudo nota-se uma temperatura aumentada tanto na cozinha como no salão com uma

média de28, 99°C e 26,89°C respectivamente.

No que se refere à umidade no salão obtivemos no presente medidas que ficaram entre

82,90% a 75, 77%. Segundo a organização mundial de saúde (OMS), o nível ideal de umidade

relativa ao ar para os seres humano deve ser aproximadamente de 40% e 70%. Acima desses

valores, o ar fica saturado de vapor d’água, pode interferir no mecanismo de controle da temperatura

corpórea exercida pela transpiração, que ajuda a dissipar o calor e resfriar o corpo.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

206

Figura I

Figura II

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

207

Figura III

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os níveis de NO2 , temperatura e umidade emitidos durante a cocção dos alimentos

encontram-se acima do que é recomendado pela Organização Mundial da Saúde

principalmente dentro das cozinhas.

5. REFERÊNCIAS

CARNEIRO, P.M.C.F. Ambiente térmico e qualidade do ar em cozinhas profissionais. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Coimbra, 2012. CYRYS, J., HEINRICh, J., RICHTER, K., WOLKE, G., WICHMANN, H. E., Sources and concentrations of indoor nitrogen dioxide in Hamburg (West Germany) and Erfurt (East Germany) – Indoor air. v.15, n.2, p.76-82, 2005. DELLA ROSA, H. V. SIQUEIRA, M. E. B., COLACIOPPO, S. Monitorização Jornal Brasileiro de Pneumologia, v 25, p.1117, 2003. GIODA, A., NETO, A., RADLER, F. Poluição química relacionada ao ar de interiores no

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

208

Brasil, v.26, n.3 [cited 2011-10-25], p. 359-365. 2003. JÚNIOR, S.E.A. Riscos ocupacionais e condições de trabalho em cozinha industriais, 2007 SEAMAN, V.Y., BENNETT, D.H., CAHILL, T.M., Origin occurrence and source emission rate of acrolein in residential indoor air. Environ Res. v. 41, p 6940–6946. 2007. UGUCIONE, C., MACHADO, C. M. D.; CARDOSO, A. A. Avaliação de NO2 na atmosfera de ambientes externos e internos na cidade de Araraquara, São Paulo. Quim.Nova, v. 32, n. 7, p.1829-1833, 2009.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

209

PROCESSAMENTO DOS DADOS SÍSMICOS MULTICOMPONENTES ADQUIRIDOS NA BORDA SUL DA BACIA DE TAUBATÉ Isabella Tomasella Auad

Bolsista PROITI1

Prof. Dr. Oleg Bokhonok2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Engenharia de Petróleo

[email protected]; [email protected]

RESUMO: O presente trabalho apresenta os resultados do projeto cujo principal objetivo foi verificar a viabilidade de obtenção de dados sísmicos multicomponentes na borda sul da Bacia de Taubaté. O projeto foi executado em duas etapas, aquisição e processamento dos dados sísmicos multicomponentes. Durante a primeira etapa do projeto foi feita a parametrização e aquisição dos dados sísmicos multicomponentes usando arranjo chamado de análise de ruído (Walkaway SeismicNoise Test). Na segunda etapa do projeto foi efetuada a análise dos dados adquiridos para avaliar o campo de onda sísmica e elaborar a sequência de processamento individual para onda P e onda PS. As seções sísmicas processadas apresentaram uma boa qualidade de sinal de reflexão tanto de onda P como também de onda PS. Os resultados obtidos permitem concluir que existe a possibilidade de adquirir os dados sísmicos multicomponentes no local de estudo. Sendo assim, é possível o planejamento e aquisição de dados sísmicos multicomponentes de maior magnitude, para complementar o modelo geológico de Bacia de Taubaté.

Palavras-chave: Bacia de Taubaté; aquisição sísmica multicomponente; processamento sísmico.

1. INTRODUÇÃO

Método sísmico convencional (usando ondas P) é amplamente utilizado para obter as

informações sobre a geologia de subsuperfície terrestre. No entanto, o método sísmico

multicomponente registra o campo de ondas mais completo (ondas P e ondas S) e desta

maneira pode oferecer uma caracterização de sub-superficie mais detalhada. Ou seja,

construir um modelo geológico mais completo do local estudado.

Neste projeto, para os objetivos de estudo, foi escolhida a borda sul da Bacia de

Taubaté, tratando de contribuir para melhoramento de modelo geológico da mesma.

A Bacia de Taubaté encontra-se dentro do Rift Continental do Sudeste do Brasil

(RCSB). Possui uma forma alongada com cerca de 170 km de comprimento, 25 km de

largura e espessura sedimentar média de 500 m, com máximos de 850 m, ocupando uma

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área de 3200 m²; apresentando preenchimento sedimentar caracterizado pela formação de

depósitos de leques aluviais e de planície aluvial e lacustre de idade paleógena e por

depósitos fluvial meandrante, aluvial e coluvial do Neógeno até o Quaternário. A Bacia de

Taubaté é composta pelas formações: Resende (leques aluviais-proximais e fluviais-distais),

Tremembé (lacustre), São Paulo (fluvial meandrante) e Pindamonhangaba (fluvial

meandrante) (Riccomini, 1989). O local estudado está localizado sobre sedimentos terciários

(Formações Resende, Tremembé e Pindamonhangaba) e quaternários (Depósitos colúvio

aluviais e baixos terraços), representado pela Figura 1.

Figura 1: Mapa geológico da Bacia Sedimentar de Taubaté - 1) embasamento; 2) Formação Resende; 3) Formação Resende; 4) Formação Tremembé; 5) Formação São Paulo; 6) Formação Pindamonhangaba; 7) Sedimentos quaternários; 8) falhas cenozóicas, em parte reativadas do embasamento pré-cambriano; 9) Eixos de dobras principais. No detalhe, a compartimentação da bacia

Fonte: Riccomini et al., 2004.

A Formação Resende (Paleoceno) é constituída por um sistema de leques aluviais

associados à planície fluvial dos rios entrelaçados, e essa associação forma depósitos

abundantes e expressivos de sedimentação paleogênica, compreendendo grande parte do

pacote sedimentar. Interdigitado lateral e verticalmente a essa Formação, encontra-se a

Formação Tremembé (Eoceno), constituindo-se na unidade mais significativa da porção

central da bacia, tendo seus depósitos formados por conteúdo fossilífero, restos de folhas e

troncos de angiospermas, insetos, répteis e mamíferos.E a Formação Pindamonhangada,

depositada no Neoterciário, possui depósitos de sistema fluvial meandrante apresentando

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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bom desenvolvimento na porção central da bacia, e apesar da ampla distribuição espacial,

a formação apresenta uma espessura fina de sedimentos (RICCOMINI, 1989).

No presente trabalho estão apresentados os resultados do projeto cujo principal

objetivo foi verificar a viabilidade de obtenção de dados sísmicos multicomponentes na borda

sul da Bacia de Taubaté. Projeto foi executado em duas etapas, aquisição e processamento

dos dados sísmicos multicomponentes. Durante a primeira etapa do projeto foi feita a

parametrização e aquisição dos dados sísmicos multicomponentes usando arranjo chamado

de análise de ruído (Walkaway Seismic Noise Test). Na segunda etapa do projeto foi

efetuada análise dos dados adquiridos para avaliar o campo de onda sísmica e elaborar a

sequencia de processamento individual para onda P e onda PS. A partir dos resultados

obtidos foi possível concluir que a qualidade de dados sísmicos obtidos permite o

planejamento e aquisição de dados sísmicos multicomponentes de maior magnitude, para

obter as informações que permitirãomelhorar o modelo geológico de Bacia de Taubaté.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

2.1. Parâmetros de aquisição e procedimentos de campo

A tabela 1 apresenta os parâmetros de aquisição que foram definidos e utilizados no

local de estudo. A geração das ondas P e S foram realizadas, respectivamente, pela marreta

no sentido vertical e no sentido radial e transversal. Foram utilizados quatro Geodes, da

marca Geometrics, com 24 canais cada. O esquema de aquisição adotado foi o arranjo de

análise de ruído.

Tabela 1 – Parâmetros de aquisição adotados

Número de canais de registro 96 canais

Fonte Marreta

Afastamento mínimo 1 m (marreta)

Afastamento máximo 191 m (marreta)

Espaçamento entre geofones 1 m

Frequência dos geofones 40 Hz (vertical) e 28 Hz (horizontal)

Intervalo de amostragem 0,25 ms

Comprimento do registro 4 s

A Figura 2 é um esquema representativo da posição da fonte, dos geofones e dos locais de

referência. No primeiro dia, o levantamento sísmico da área foi realizado com geofones verticais nos

pontos de tiro (PT) 1 m e 96 m. Os tiros foram realizados com a marreta vertical, radial e transversal

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em ambos os PTs. No segundo dia, foi realizado o mesmo procedimento, porém com os geofones

horizontais.

Figura 2: Esquema (fora de escala) do posicionamento dos geofones e dos pontos de tiro na borda sul da Bacia de Taubaté. Legenda: T- sentido transversal; R- sentido radial; N- norte; S- sul.

2.2. Processamento dos dados

Após a obtenção dos dados foi realizado o processamento e análise dos dados adquiridos

durante a primeira etapa de aquisição sísmica multicomponente na borda sul da Bacia de Taubaté,

com o pacote gratuito Seismic Unix (CWP/SU) (Stockwell& Cohen, 1998). A sequência de

processamento foi a mesma tanto para as ondas P quanto para as ondas PSv, porém foram

processadas individualmente devido aos conteúdos de frequência de velocidades serem diferentes.

O início da sequência de processamento é marcado pela entrada de dados brutos e,

consequentemente, a visualização dos dados com ganho linear, que tem o objetivo de corrigir a

amplitude do sinal e solucionar o problema de decaimento da energia com a profundidade. Na

segunda etapa, a correção de traças invertidas foi aplicada nos dados somente do receptor horizontal

radial. Ao passar para a próxima etapa, o campo de onda original que estava no domínio de tempo

foi passado para o domínio de frequência com a Fast Fourier Transform (FFT) 1D. Operando em

domínio de frequências foi escolhida uma banda de sinal útil e as frequências indesejadas foram

removidas usando filtro passa-banda reduzindo os ruídos. Na seguinte etapa, com Fast Fourier

Transform (FFT) 2D o dado foi tratado no domínio f-k (frequência - número de onda), onde foi feita a

aplicação do filtro de velocidade, a fim de remover os ruídos associados ao groundroll e à onda aérea,

além de eliminar a parte do espectro associado ao falseamento desta onda. A correção de amplitude

foi aplicada na fase seguinte, seguida da visualização da seção sísmica final.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir do processamento dos dados sísmicos foram gerados os registros sísmicos das

componentes Vv e Vr, ondas P e ondas PS, respectivamente. Os parâmetros escolhidos para

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aquisição multicomponente foram adequados para a obtenção de registros sísmicos (Figuras 3 e 4)

de boa qualidade, tanto de onda P quanto de onda PS. Após a elaboração da sequência de

processamento individual para cada uma das ondas foi possível identificar com clareza os eventos

de reflexão, indicados na Figura 4, de onda P no registro obtido com fonte vertical e geofone vertical,

e os eventos de reflexão de onda PS obtidos com fonte vertical e geofone horizontal radial. No

entanto, não foi possível adquirir os dados de onda Sv e Sh, pelo fato desses tipos de ondas estarem

mascarados pelo ruído de ondas superficiais.

Figura 3: O registro sísmico (componentes Vv e Vr) adquirido usando os impactos verticais da marreta de 6kg sobre a placa de metal acoplada no solo e geofone vertical: (a) Registro sísmico bruto de onda P com ganho linear; (b) Registro sísmico bruto de onda PS com ganho linear.

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Figura 4: Os registros sísmicos (componentes Vv e Vr) adquiridos usando os impactos verticais da marreta de 6kg sobre a placa de metal acoplada no solo e geofones vertical: (a) Registro sísmico com processamento dedicado para o campo de onda P; (b) Registro sísmico com processamento dedicado para o campo de onda PS (onda convertida).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se concluir que na área estudada (Borda da Bacia de Taubaté) é possível obter

os dados de boa qualidade tanto para onda P como também de onda PS, permitindo desta

maneira o planejamento de aquisição de dados sísmicos multicomponentes de maior

magnitude para obtenção de informações que poderão melhorar significativamente o modelo

geológico no local de estudo.

5. REFERÊNCIAS CHAKRAVARTHY, G. V. R.; MICHAELS, P. Love wave propagation in viscoelastic media. Symposium on the Application of Geophysics to Engineering and Environmental Problems, p. 1207-1217, 2008. GUIRIGAY, T. Estimation of shear wave velocities from P-P and P-S seismic data. Alberta, 2012. Master's Thesis – University of Calgary. IVERSON, W. P.; FAHMY, B. A.; SMITHSON, S. B. VpVs from mode-converted P-Sv reflections. Geophysics, v. 54, n. 7, p. 843-852, julho 1989.

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MILLER, S. L. M. et al. Processing and preliminary interpretation of multicomponent seismic data from Lousana, Alberta. CREWES Research Report, v. 5, p. 16, 1993. RICCOMINI, C. O Rift Continental do Sudeste do Brasil. São Paulo, 1989. Tese (Doutoramento) – Universidade de São Paulo. RICCOMINI, C.; G, S. L.; FERRARI, A. L. Evolução geológica do Rift Continental do Sudeste do Brasil. Geologia do continente Sul-Americano: evolução da obra de Fernando Flávio Marques de Almeida, São Paulo, p. 383-405, 2004. ROSA, A. L. R. Análise do sinal sísmico. 1 ed. ed. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Geofísica (SBGf), 2010. STOCKWELL JW & COHEN JK. The New SU (Seismic Unix) User's Manual. CWP - Colorado Schoolof Mines, USA, version 2.2., 1998 YILMAZ, Ö. Engineering seismology with applications to geotechnical engineering. Tulsa, Oklahoma, U.S.A: Society of Exploration Geophysicists, 2015.

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ACOLHIMENTO PSICOLÓGICO DE PESSOAS EM SITUAÇÃO DE MIGRAÇÃO FORÇADA E REFÚGIO: REVISÃO DE LITERATURA Juceleine Pereira Wako

Bolsista PROIN1

Profa. Dra. Silvia Regina ViodresInoue2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Psicologia

1 [email protected]; [email protected]

RESUMO: A situação de refúgio ou migração em si não torna o indivíduo propenso a transtornos mentais, o expõe a estressores que influenciam a saúde mental e adaptação ao país acolhedor. Para a maioria dos refugiados e migrantes preocupações atuais, incertezas sobre o futuro e dificuldades pós migração são os principais desencadeantes de sofrimento emocional cujo impacto pode ser amenizado com acolhimento adequado às necessidades e com serviços básicos, segurança e suporte social. Nessa perspectiva buscou-se identificar a produção científica sobre acolhimento psicológico de pessoas em migração forçada e refúgio e analisar estratégias de acolhimento psicológico no país acolhedor, por meio de revisão da literatura publicada entre 2005 a 2015 nas bases Scielo, Pubmed e BVS. Os dados dos 40 artigos incluídos foram categorizados em: acolhimento inicial e na atenção básica, acolhimento psicológico clínico, estratégias que envolvem suporte social e da própria comunidade e o acolhimento na perspectiva dos refugiados. Ainda é escassa a literatura sobre acolhimento nos primeiros contatos, em especial com ênfase no acolhimento psicológico associado ao cuidado interdisciplinar. Tais práticas são preventivas em saúde mental e facilitadoras da adaptação e integração dos refugiados. Palavras-chave: refugiados, migração, acolhimento psicológico, prevenção

1. INTRODUÇÃO

Os movimentos migratórios para o Brasil têm colocado a urgência de implementações

de ações e políticas (PATARRA, 2005) para atenção à saúde dessa população,

proporcionando um acolhimento que favoreça a compreensão desses fluxos no território

nacional e suas necessidades. O acolhimento psicossocial pode ser implementado como

estratégia e recurso para promoção da adaptação ao país e estratégias para redução do

sofrimento psicológico dessas populações ao país de acolhida, seja para o

reestabelecimento definitivo no país ou para uma estadia provisória.

O relatório anual ‘Tendências Globais do Alto Comissariado das Nações Unidas para

Refugiados’ aponta que 65,3 milhões pessoas foram deslocadas por guerras e conflitos até

o final de 2015, ultrapassando pela primeira vez o marco de 60 milhões de pessoas (ALTO

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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COMISSARIADO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA REFUGIADOS - ACNUR, 2015). Dados de

2012 mostram que 81% dos que buscaram refúgio se abrigou em países em

desenvolvimento (ACNUR, 2013), como o Brasil e de acordo com dados do CONARE

(COMITÊ NACIONAL PARA OS REFUGIADOS, 2016)8.863 estrangeiros foram

reconhecidos como refugiados pelo Governo Brasileiro até abril de 2016. Sem perspectivas

imediatas para a resolução dos conflitos, responsáveis por parte desse quadro, o

deslocamento forçado, refúgios, pedidos de asilo, significativos números de contrabando de

migrantes e permanência nos países de acolhida tendem a aumentar nos próximos anos.

Enquanto a migração voluntária traz a esperança de melhores condições de vida, a

migração forçada por ser involuntária e abrupta traz inerente o sofrimento psicológico

vinculado ao traumatismo ao qual foram submetidos no período pré-migratório e migratório

(MARTINS-BORGES, 2013) e problemas sociais e de saúde mental pré-existentes podem

ser exacerbados. A forma com que as pessoas são recebidas, e como a proteção e

assistência são providas podem promover ou agravar esses problemas, por exemplo,

minando a dignidade humana, desencorajando o suporte mútuo e gerando dependência.

Além disso, a sensação aguda de urgência entre as pessoas em trânsito por diversos países

pode levá-las a correr extremos riscos médicos e psicossociais, já que não há tempo para a

devida prestação de serviços por conta de sua alta mobilidade (CHILD PROTECTION

WORKING GROUP et al, 2012).

Contudo é importante considerar que estar em situação de refúgio ou ser migrante ou

solicitante de asilo não torna o indivíduo necessariamente propenso a transtornos mentais,

significa que essa população pode ser exposta a muitos fatores de estresse que influenciam

no bem-estar mental. Para a maioria dos refugiados e migrantes, eventos potencialmente

traumáticos do passado não são o único ou necessariamente o motivo mais importante para

o desamparo psicológico (WORLD HEALTH ORGANISATION REGIONAL BUREAU FOR

EUROPE - WHO-EURO, 2015), preocupações e estresses atuais, incertezas sobre o futuro

e dificuldades pós migração são os principais fatores desencadeantes da maior parte do

sofrimento emocional. (ARAGONA et al, 2011; SHEDLIN, DECENA, NOBOA E

BETANCOURT, 2014). Muitas dessas respostas de estresse são maneiras naturais de cada

um reagir a fatores estressantes e não devem ser considerados anormais em circunstâncias

muito exigentes. Embora o tempo de adaptação dependa do repertório interno de cada

indivíduo, o impacto pode ser amenizado com um sistema de acolhimento adequado às

diversas necessidades dessas pessoas, tais efeitos podem, portanto, serem atenuados

através de serviços básicos, segurança e suporte social (VENTEVOGEL et al, 2015).

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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Para tanto, o conhecimento de estratégias e procedimentos para acolhimento

psicológico dessa população no Brasil e outros países é fundamental para instrumentalizar

equipes institucionais, como a equipe da Cátedra Sérgio Vieira de Melo da Universidade

Católica de Santos, entre outras, que assistem migrantes forçados e refugiados para a

proteção da saúde mental e promoção de bem-estar psicossocial.

Busca-se, neste sentido, analisar a partir da literatura estratégias e métodos para o

acolhimento psicológico de pessoas em situação de migração forçada e refúgio no país de

acolhida.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

Este trabalho constitui uma revisão da literatura nacional e internacional sobre o tema

‘acolhimento psicológico de pessoas em situação de migração forçada e refúgio’ com o

objetivo de apurar o estado da arte da produção científica referente ao recorte mencionado

nos últimos 10 anos (2005-2015). O levantamento dos dados bibliográficos foi realizado

entre os meses de outubro e novembro de 2015 através das bases de dados eletrônicas

Scientific Electronic Library Online - SciELO, Pubmed e Biblioteca Virtual em Saúde - BVS.

Nas três bases a estratégia de pesquisa incluiu buscas de publicações com os termos

“refugiados”; “migrantes forçados”, “imigrantes forçados” e “requerentes de asilo”

combinados, alternadamente com os termos “acolhimento psicológico”; “atendimento”;

“intervenção” e “acolhimento”, nos idiomas Português, Inglês e Espanhol e foram excluídos

resenhas, editoriais e livros. A seleção inicial no Scielo baseou-se na leitura dos títulos e

resumos dos artigos. Na base Pubmed os critérios adotados foram: textos completos

disponibilizados gratuitamente nos idiomas inglês, espanhol e português e que retratam

estudos com humanos nos últimos dez anos. Para a busca avançada na base BVS foram

utilizados filtros que rastrearam somente artigos com textos completos disponíveis, além dos

termos a base oferece o filtro ‘assunto principal’, com opções de termos da própria base,

utilizou-se nesse filtro termos como atenção, intervenção, adaptação psicológica e

acolhimento associado ao procedimento descrito nas bases anteriores.

Os artigos e referências técnicas foram incluídos após análise por pares de

pesquisadores dos títulos, resumos e leitura na integra. A primeira busca resultou em 203

artigos, foram excluídos: réplicas (N=42); títulos sem ao menos uma combinação das

palavras-chave (N= 66); resumos que abordam a saúde mental sem apontar algum tipo de

estratégias de acolhimento (N=29); apenas dados estatísticos (N=11); adaptações de

instrumentos (N=10) e que abordam apenas questões jurídicas (N=5). Foram incluídos

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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estudos qualitativos (N=11), estudos descritivos (N=10), relatos de experiência (N=7),

estudos exploratórios (3), propostas de intervenção (2), revisão de literatura (N=2), revisão

sistemática (N=2), estudos de caso (N=2) e revisão clínica (1).

3. RESULTADOSE DISCUSSÃO

Os dados dos 40 artigos selecionados foram categorizados em: acolhimento inicial

realizado nos primeiros contatos (N=3) e acolhimento no ambiente da atenção básica

quando há procura por cuidados com a saúde física (N=6), acolhimento psicológico na clínica

realizado por profissionais da saúde mental (N=20), estratégias que envolvem suporte social

e da própria comunidade (N=7) e o acolhimento na perspectiva dos refugiados (N=4). Após

a categorização os mesmos foram sistematizados em um quadro de análise composto dos

seguintes itens: Título, Autor, Ano de publicação, Periódico, Objetivos, Tipo de Estudo,

População, Local do Estudo e Principais Resultados e Conclusões.

Verificamos a importância do acolhimento desde os primeiros contatos com essas

pessoas, pois as condições da migração, os acontecimentos e encontros nos momentos

iniciais da migração além das predisposições psicológicas individuais determinam como se

dará a integração (MARTINS-BORGES, 2013), o preparo da equipe com conhecimento

específico sobre respostas emocionais e comportamentais como dificuldade em relatar

violações sofridas, de transtornos mentais relacionados a situações traumáticas e sobre

aspectos culturais das expressões dos pacientes são destacados (SCHOCK et al, 2015;

BÄÄRNHIELM et al, 2014 e YATZIMIRSKY, 2015). Foram encontrados no Guia de

orientação interagencial de saúde mental e apoio psicossocial para refugiados, solicitantes

de refúgio e migrantes em deslocamento na Europa (2015) alguns princípios fundamentais

para orientar a prática e prevenir práticas inadequadas, dentre os quais destacamos: tratar

todas as pessoas com dignidade e respeito, responder às pessoas em desamparo de

maneira humana e solidária e promover informações sobre serviços, estruturas de apoio,

direitos e obrigações legais.

Os primeiros cuidados psicológicos podem ser oferecidos por funcionários dos

aeroportos, dos portos, da polícia federal, por assistentes sociais, sociólogos, antropólogos,

médicos, psicólogos, enfim, por aqueles no país de acolhida que tenham os primeiros

contatos com essa população pautados em uma relação de empatia e proporcionando uma

escuta solidaria, orientando e auxiliando na identificação de casos graves que necessitem

de ajuda especializada.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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Na Atenção Básica, que com frequência é o primeiro e mais acessível contato médico

para refugiados e imigrantes por razões humanitárias (GARDINER e WALKER, 2010)

identificou-se o destaque para a importância de uma escuta qualificada e uma postura de

empatia, além da necessidade de tempo suficiente na consulta para que seja construída

uma relação de confiança entre médico e paciente, a aquisição de conhecimentos

específicos sobre a saúde de refugiados e a integração com a rede especializada

(GARDINER e WALKER, 2010; PHILLIPS, 2014; CHENG et al, 2015; CROSBY, 2015).

Mesmo com diversos desafios que se colocam na Atenção Básica este é muitas vezes

o serviço no qual os novos refugiados se sentem mais confortáveis para solicitar ajuda

(CROSBY,2013), o que demanda que os profissionais da saúde estejam capacitados para

o acolhimento adequado respeitando as diferenças culturais e individuais de cada paciente.

Constatamos que intervenções com acolhimento psicológico clínico a essa população

podem ocorrer em diferentes abordagens e embora a qualidade dos métodos e avaliação

dos resultados variem (MURRAY, 2010), de maneira geral, os resultados são positivos. Os

eixos fundamentais abordados na literatura foram a compreensão dos processos migratórios

como fatores de risco, mas não determinantes para a saúde mental, a importância de um

acolhimento diferenciado e culturalmente sensível, promover a desestigmatização do

diagnóstico psiquiátrico, adaptações locais para métodos terapêuticos, uso das línguas

nativas e de mediadores culturais ou interpretes e a formação e capacitação de profissionais.

O tratamento eficaz só se dá em serviços psicologicamente e antropologicamente

competentes que são capazes de considerar o mais amplo contexto social, histórico

econômico e político que pairam sobre o sofrimento dessa população (PUSSETTI,

2010).Serviços estes que são marcados, sobretudo por uma “abertura a possibilidade de

estratégias mestiças, híbridas e provisórias, passíveis de resistir à “sedução ou compulsão

diagnóstica” (BENEDUCE, 2007 apud PUSSETI, 2010) próprias da prática clínica

contemporânea – que sente a necessidade de classificar e nomear para explicar e

compreender”

As intervenções de base comunitária, seja em escolas, casas ou configurações de

grupo que tem como objetivo capacitar os grupos locais para assumir o controle de

diagnosticar e resolver os seus próprios problemas de saúde (STEWART et al, 2012) são

apontadas na literatura como valiosas para melhorar a saúde mental dos refugiados.

(WILLIAMS e THOMPSON, 2010). Dentre os seus principais benefícios são citados a

conexão entre membros da mesma comunidade cultural, o aumento na integração social,

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diminuição da solidão e ampliação do repertório de enfrentamento refletindo em bem-estar

mental(STEWART et al, 2012; KIRA et al, 2010 e RENNER et al, 2012).

Na perspectiva dos que são acolhidos os profissionais da saúde devem ter tempo

para deixá-los confortável na consulta e se atentar ao fato de que “há histórias que estão

causando dor” e não se concentrarem apenas na dor e nos sintomas. Foi apontado também

o desejo de que os médicos proporcionem educação sobre a saúde mental e os efeitos

comuns de guerra, pois os conselhos de pessoas instruídas são mais aceitos até mesmo do

que os advindos de pais ou familiares. Enfatizou-se ainda a importância de que os médicos

os façam sentirem-se confortáveis para falar e que expliquem que há cura para esses

problemas; os refugiados podem sentir-se aliviados ao saber que os sintomas de transtorno

de estresse pós-traumático e depressão maior são respostas comuns ao trauma e que são

tratáveis e para os sobreviventes de tortura, reconhecer a desumana e violenta natureza da

tortura pode ser empoderador e ter poder de cura.

Os estudos indicam que os refugiados gostariam de receber apoio e intervenções que

os ajudem a melhor se integrar em uma nova sociedade, como sobreviventes ativos e não

como vítimas passivas com a estigmatização, sendo recomendável que se reestruture as

formas de apoio para que visem realizações específicas de longo prazo em vez de buscar

mudanças gerais e temporárias (SHANNON, 2014; PERSSON, 2013 e EARNEST et al,

2015).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O temor à tortura, perseguição, agressão sexual, transtornos mentais comuns

(depressivos, ansiosos), traumas e crises de identidade são alguns dos fatores que podem

contribuir para o adoecimento mental de pessoas em situação de migração forçada e refúgio,

mas não são determinantes à propensão a transtornos mentais. Preocupações e estresses

atuais, incertezas sobre o futuro e dificuldades pós migração são os principais agentes

relacionados ao sofrimento emocional.

Neste sentido o acolhimento oferecido a essa população deve incluir a compreensão

do sofrimento psicológico, com vistas a um processo de integração gradual e saudável,

pautado em técnicas e recursos reconhecidos como bem-sucedidos. Experiências de

sucesso demonstram que, embora o tempo de adaptação dependa do repertório interno de

cada indivíduo, o impacto pode ser amenizado com um sistema de acolhimento adequado

às diversas necessidades dessa população.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

222

Embora ainda seja escassa a literatura sobre acolhimento nos primeiros contatos,

encontra-se na literatura mais recente especial ênfase no acolhimento psicológico associado

ao cuidado interdisciplinar, culturalmente sensível, preventivos em saúde mental e que

atendam às necessidades das pessoas em situação de migração forçada e refúgio, como

práticas facilitadoras da adaptação e integração dos refugiados.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

228

PERFIL SÓCIO DEMOGRÁFICO E EPIDEMIOLÓGICO DO COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL DA REGIÃO DA BAIXADA SANTISTA ENTRE OS ANOS DE 1998 a 2013 Juliana Gonzaga dos Santos

Bolsista PROIN

Profa. Dra. Carolina Luísa Alves Barbieri 2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Nutrição

1 [email protected]; 2 [email protected]

RESUMO: Embora a Baixada Santista seja uma região metropolitana desenvolvida e de grande importância econômica para o Estado de São Paulo, ainda apresenta uns dos piores Coeficientes de Mortalidade Infantil (CMI). Sendo assim, este projeto visou identificar o perfil sócio demográfico e epidemiológico do CMI da região da Baixada Santista entre os anos de 1998 a 2013. Trata-se de um estudo ecológico descritivo, exploratório, que descreveu a série histórica da mortalidade infantil na região da Baixada Santista, no período de 1998 a 2013, a partir dos dados dos Sistemas de Informação sobre Mortalidade (SIM) e sobre Nascidos Vivos (SINASC) do Ministério da Saúde (DATASUS). Verificou-se que todas as cidades da BS possuíam um CMI médio maior que o do estado e que apenas o CMI médio do município de Santos estava inferior ao do país. Quanto ao perfil dos óbitos infantis, a maioria era do sexo masculino, raça branca, em pré termos, nos hospitais e nascidos de partos vaginais. Desse modo, observa-se que embora a situação tenha melhorado, ainda são necessários estudos para que sejam traçadas estratégias eficazes para enfrentamento deste problema. Palavras-chave: Saúde da Criança, Mortalidade infantil, Baixada Santista.

1. INTRODUÇÃO

A mortalidade infantil é um importante indicador do desenvolvimento social, já que

segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) é um dos

aspectos avaliados para determinar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) (PNUD,

2013). Além disso, é um parâmetro que segundo Lourenço e colaboradores (2014)

demonstra os fatores relacionados aos cuidados e atendimento em saúde de mulheres e

crianças, ou seja, possibilita a identificação de risco e falhas na atenção da saúde materno-

infantil (BRASIL, 2009).

Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2009), o CMI consiste na relação entre o

número de óbitos infantis de crianças com menos de um ano de idade e os nascidos vivos

em uma população num determinado ano e é expressa em mil crianças nascidas vivas/ano.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

229

Este indicador subdivide-se em Taxa de Mortalidade Neonatal Precoce (número de óbitos

de crianças de 0 a 6 dias de vida completos a cada mil nascidos vivos), Taxa de Mortalidade

Neonatal Tardia (quantidade de óbitos de crianças de 7 a 27 dias de vida completos, por mil

nascidos vivos) e Taxa de Mortalidade Pós-Neonatal (número de óbitos de crianças de 28 a

364 dias de vida completos, por mil nascidos vivos) (BRASIL, 2009).

Nos últimos anos, o Brasil tem passado por diversas transformações no campo da

saúde como o acelerado avanço no desenvolvimento tecnológico e científico e a

implementação de políticas públicas que visam a melhoria da saúde da população.

Dentre as melhorias no campo da saúde materno-infantil, inclui a criação de

programas públicos mais específicos direcionados à área da saúde da mulher e da criança

como (1) o estímulo do aleitamento materno, onde foi lançado o Programa de Incentivo ao

Aleitamento Materno em 1981 (BRASIL, 2015); (2) o Programa de Assistência Integral à

Saúde da Mulher (PAISM) e do Programa de Assistência Integral à Saúde da Criança

(PAISC) institucionalizados no ano de 1984 (BRASIL, 2014); (3) o Programa de

Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN) em 2000 (BRASIL, 2002; VICTORA et al,

2011) e, mais recentemente, (4) a política Rede Cegonha em 2011 (FERNANDES; VILELA,

2014). Outro fator importante foram as mudanças no âmbito da atenção primária à saúde,

como a implementação e o aprimoramento do Programa de Saúde da Família (criado em

1994), hoje denominado Estratégia Saúde da Família, que vem demonstrando êxitos,

contribuindo para a redução da mortalidade infantil, principalmente nas mortes causadas por

diarreia e doenças do sistema respiratório em todo o país (VICTORA et al, 2011; PAIM,

2011).

Diante desses avanços, um importante marcador de melhora da saúde materno-

infantil foi a queda do CMI no Brasil, com diminuição de cerca de 47,6% entre os anos 2000

e 2010. Embora tenha ocorrido esses avanços, ainda existem diversas fragilidades e

barreiras a serem enfrentadas. Apesar dessa evidência em nível nacional, essa redução

ainda é um desafio ao país, por conta das notórias desigualdades existentes nas regiões

(CARETI; SCARPELINI; FURTADO, 2014).

O Estado de São Paulo é um dos estados com as menores taxas em comparação ao

restante do país e de alguns países latino-americanos, que apresentou no ano de 2013 11,5

óbitos por mil nascidos vivos, porém há uma representativa desigualdade regional dentro do

próprio estado (SEADE, 2013).

A Baixada Santista (BS), embora seja uma área desenvolvida e de extrema

importância econômica tanto para o Estado de São Paulo quanto para o próprio país, ainda

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

230

apresenta indicadores ruins de mortalidade infantil, assim como de escolaridade e de

longevidade (CERQUEIRA; PUPO, 2009). Esse quadro deu-se por conta da grande

disparidade socioeconômica característica da região, que excluiu uma grande parte da

população concentrada na periferia (YOUNG; FUSCO, 2006). Sem mencionar que a região

da BS foi o 2º maior índice de CMI no estado, totalizando 15,9 óbitos por mil nascidos vivos

em 2013 (SEADE, 2013).

Apesar da divulgação pública dos CMI da região da Baixada Santista, pouco se sabe

sobre os fatores sócio demográficos e do perfil da mortalidade infantil nesta região. Desse

modo, este estudo visa identificar o perfil sócio demográfico e epidemiológico do CMI da

região da Baixada Santista num período de 15 anos, entre os anos de 1998 e 2013.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

Trata-se de um estudo ecológico descritivo, exploratório, que buscou descrever a

série histórica da mortalidade infantil na região da Baixada Santista, no período de 1998 a

2013, a partir dos dados dos Sistemas de Informação sobre Mortalidade (SIM) e sobre

Nascidos Vivos (SINASC) do Ministério da Saúde (DATASUS).

Foram incluídos os seguintes fatores do perfil sócio demográfico: idade da criança por

ocasião do óbito, sexo, cor, idade gestacional, idade e escolaridade maternas, local do óbito,

tipo de parto e peso ao nascer.

Gráficos, tabelas de frequências simples e percentuais foram utilizadas para as

análises descritivas.

Como a pesquisa envolve somente dados originados o site do Departamento de

Informática do SUS (DATASUS), cujo banco é de domínio público, com dados disponíveis

online e sem a identificação das pessoas do estudo, não foi necessário submeter o projeto

ao Comitê de Ética em Pesquisa, em acordo com a Resolução 466/2012 do Conselho

Nacional de saúde do Ministério da Saúde.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Durante o período estudado, verificou-se que todas as cidades da BS possuíam um

CMI médio maior que o do estado e que apenas o CMI médio do município de Santos estava

inferior ao do país. Além disso, conforme observado no gráfico 1, as cidades com os maiores

CMI médio foram Mongaguá (23,39), São Vicente (21,40), Praia Grande (20,00) e Itanhaém

(19,59).

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

231

Gráfico 1: CMI médio dos nove municípios da BS, da região da BS, do estado de São Paulo e

do Brasil.

Apesar da elevada média do CMI, a evolução dos CMI nas cidades da BS nos quinze

anos de estudo revelou uma tendência decrescente do CMI, conforme mostra a figura 1. Os

municípios de Bertioga, Cubatão e Guarujá demonstraram tendência crescente do CMI nos

últimos 4-5 anos do estudo. Além disso, o município de Mongaguá apresentou um

decréscimo importante nos últimos anos.

Já na variável faixa etária, a predominância (46%) foi de óbitos neonatais precoce (0

a 6 dias), conforme mostra o gráfico 2, onde a soma entre neonatal precoce e tardio

representou 69% do total. Isso vai de acordo com a literatura que aponta que questões de

assistência à gestação e parto são as principais as causas relacionadas a CMI neonatal

(VICTORIA et al., 2011).

18,10 18,6519,44 19,59

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19,44 20,00

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

232

Figura 1: Evolução do CMI dos municípios em comparação da BS, estado de São Paulo e do

Brasil.

Gráfico 2: Evolução do CMI da BS segundo faixa etária.

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Bertioga

BERT BS EST SP BRASIL

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Guarujá

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Itanhaém

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Mongaguá

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Peruíbe

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Praia Grande

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Santos

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São Vicente

SV BS EST SP BRASIL

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NEO PRE NEO TAR POS NEO

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

233

A variável idade gestacional revelou que a maior parte dos óbitos infantis ocorreu com

pré-termos (19%) e a termos (18%), onde segundo Ramos e Cuman (2009) a prematuridade

é uma importante causa da mortalidade infantil, por comprometer a vida do recém-nascido,

levando a sequelas importantes. Isso vai de acordo com o peso mais prevalente, em que

houve um maior número de óbitos em crianças que pesavam de 500 a 999g (17%).

Quanto às variáveis sócio demográficas da região da BS, verificou-se que a maior

parte dos óbitos infantis durante o período analisado eram do sexo masculino (55%), onde

estudos holandeses indicam que o sexo masculino possui maior risco de sofrimento fetal em

comparação ao feminino (CUNHA et al, 2004). Quanto à raça, houve predomínio da branca

(66%) e parda (22%), já que a maior parte dos nascidos vivos foi dessas raças, segundo o

DATASUS.

Já nas variáveis referentes às mães, verificou-se que as mais acometidas possuíam

de 20 a 29 anos (30%) e com 4 a 11 anos de escolaridade (35%). Quanto ao local de maior

ocorrência, verificou-se que a maioria dos óbitos ocorreu em hospitais (91%), onde, quanto

ao parto, o predomínio dos óbitos foi o tipo vaginal (36%), fenômeno também observado por

Soares e Menezes (2010), onde o parto cesárea acabou sendo um fator protetor para o óbito

infantil. Vale ainda ressaltar que este estudo teve limitação por conta dos altos índices de

ignorados nas seguintes variáveis: escolaridade da mãe (52%), idade da mãe (34%), tipo de

parto (33%), peso ao nascer (32%) e idade gestacional (29%), levando a uma dificuldade da

análise. Outro aspecto importante a se salientar foi a redução da subnotificação das variáveis

relacionadas aos óbitos infantis, observada ao longo dos anos que foram estudados,

podendo ser explicada segundo Sousa e Melo (2013) por conta do desenvolvimento da

política de atenção básica.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora o CMI da BS tenha diminuído, se manteve durante 15 anos superior aos do

estado de São Paulo e do Brasil. Pelas variáveis, deve-se especial atenção às questões

relacionadas a assistencia na gestação e parto.

Sendo assim, trata-se de uma situação que merece extrema atenção e que requer

mais estudos.

5. REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde-Departamento de Atenção Básica. Saúde da

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

234

criança: Aleitamento Materno e Alimentação Complementar. Brasília: Ministério da Saúde, 2015. BRASIL. Secretaria de Vigilância em Saúde. Manual de Vigilância do Óbito Infantil e Fetal e do Comitê de Prevenção do Óbito Infantil e fetal. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Implantação das Redes de Atenção à Saúde e Outras Estratégias da SAS. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. BRASIL. Secretaria Executiva. Humanização do parto: Humanização no pré-natal e nascimento. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. CARETI, C. M.; SCARPELINI, A. H. P.; FURTADO, M. C. C. F. Perfil da mortalidade infantil a partir da investigação de óbitos. Revista Eletrônica de Enfermagem, v.16, n. 2, p. 352-360, 2014. CERQUEIRA, M. B.; PUPO, L. R. Condições e modos de vida em duas favelas da baixada santista e suas interfaces com o acesso aos serviços de saúde. Revista Baiana de Saúde Pública, v.33, n.2, p. 68-84, 2009. CUNHA et al. Fatores associados à asfixia perinatal. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v.26, n.10, p. 799-805, 2004. FERNANDES, R. Z. S.; VILELA, M. F. G. Estratégias de integração das práticas assistenciais de saúde e de vigilância sanitária no contexto de implementação da Rede Cegonha. Ciência e Saúde Coletiva, v.19, n.11, p. 4457-4466, 2014. LOURENÇO,E.C. et al. Variáveis de impacto na queda da mortalidade infantil no Estado de São Paulo, Brasil, no período de 1998 a 2008. Ciência & Saúde Coletiva, v.19, n.7,p.2055-2062, 2014. PAIM, J. et al. O sistema de saúde brasileiro: história, avanços e desafios. Lancet, p. 11-31, 2011. PNUD. Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013. Brasília: PNUD, Ipea, FJP, 2013, 96 p. RAMOS, H.A.C.; CUMAN, R.K.N. Fatores de risco para prematuridade: pesquisa documental. Esc Anna Nery Rev Enferm, v.13, n.2, p. 297-304, 2009. SEADE. Estado de São Paulo mantém tendência de queda da Mortalidade Infantil. Fundação Sistema Estatual de Análise de Dados. Disponível em: < http://produtos.seade.gov.br/produtos/mortinf/index.php?tip=2012 >. Acesso em 04 mai 2015. SOARES, E.S.; MENEZES, G.M.S. Fatores associados à mortalidade neonatal precoce: análise de situação no nível local. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 19, n.1, p.51-60, 2010. SOUSA, M.L.B.; MELO, C.A.V. Impacto da Política de Atenção Básica à Saúde na Taxa de Mortalidade Infantil nos Municípios Brasileiros. Política Hoje, v.22, n.1, p. 250-276, 2013.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

235

VICTORA C.G.. et al. Saúde de mães e crianças no Brasil: progressos e desafios. Lancet, p. 32-46,2011. YOUNG, A. F.; FUSCO, W. Espaços de Vulnerabilidade Sócio-ambiental para a População da Baixada Santista: identificação e análise das áreas críticas, 2006. Disponível em <http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2006/docspdf/ABEP2006_373.pdf>. Acesso em 04 mai. 2015.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

236

EVOLUÇÃO DA GERAÇÃO DE ENZIMAS NOS LIXIVIADOS EM BIORREATOR VERTICALIZADO DE RESÍDUOS Juliana Oliveira Costa

Bolsista PROIN1

Dra. Rosângela Ballego Campanhã2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Bacharelado em Ciências Biológicas

[email protected]; [email protected]

RESUMO: As enzimas são potentes catalisadores biológicos, em sua maioria de natureza proteica, que apresentam um alto grau de especificidade pelo seu substrato. Nessa área destacou-se o estudo de 1913 de Leonor Michaelis e Maud Menten que propuseram modelo matemático de cinética enzimática e determinaram sua equação de velocidade. Quanto a fatores que influenciam a reação enzimática cabe ressaltar alterações de pH, de temperatura e a presença de inibidores. Dentre os diferentes empregos das enzimas é importante destacar seu potencial biotecnológico pois elas são responsáveis pela degradação natural de compostos presentes na biomassa e cabe ressaltar que o emprego de biorreatores potencializa esses processos naturais pela indução de enzimas específicas. O presente trabalho teve como objetivo dois planos de estudo distintos: plano “Estudo das enzimas” (plano de trabalho A), já que o projeto inicial, por motivos de força maior não pode ser executado, foi realizada uma revisão sobre o assunto em bases de dados referenciadas; para promover treinamento de bancada foi proposto o plano trabalho B que envolveu “Estudo das escamas como biossorventes” e conforme descrito na literatura, conseguiu-se reproduzir e adaptar a retirada do corante azul brilhante de remazol (RBBR) de solução por ligação à escamas preparadas de Tilápia do Nilo, o que comprova o potencial biotecnológico deste procedimento de baixo custo e impacto ambiental (CHAGURI, 2010).

Palavras-chave: enzimas, biossorvente, escamas.

1. INTRODUÇÃO

No plano de trabalho A abordou-se o assunto enzimas, pela apresentação de um

pequeno histórico marcado por eventos importantes desta área e principais propriedades

destes biocompostos. Em seguida, exibiu-se um panorama sobre as principais moléculas

presentes na biomassa do solo que é naturalmente decomposta e das enzimas que

conhecidamente participam deste processo. Por fim, apresentou-se uma discussão de como

esses processos enzimáticos podem ser ajustados para a biorremendiação em situação de

impacto ambiental. Como o plano de trabalho A desenvolveu uma pesquisa em bases

referenciadas do assunto “Estudo das Enzimas” optamos por apresentar um resumo do

trabalho no item Resultados e Discussão.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

237

No plano de trabalho B abordou-se o emprego de escamas como biossorventes, pois

as escamas de peixe hoje não são muito utilizadas tornando-se um desperdício, pois são

um material abundante e de baixo custo o seu reaproveitamento acaba sendo para uso

artesanal, mesmo assim não são aproveitadas todas as escamas parte delas é descartada.

SANTOS (2009) obteve resultados da caracterização das escamas de peixe Piau

(leporinuselongatus) que indicaram que o material é formado por duas fases: uma fase

orgânica correspondente a proteína colágeno tipo I e uma fase mineral constituída

principalmente por apatita Ca10(PO4)6(OH)2, mais especificamente hidroxiapatita. A fase

orgânica apresenta vários grupos funcionais com poder quelante, já à fase inorgânica é

constituída pelo mineral hidroxiapatita que exibe alta capacidade de troca iônica, podendo

então ser classificado como um composto natural. As combinações das propriedades dos

seus componentes já classificam as escamas como um material com alto potencial

adsorvente de metais pesados, por tanto, as duas fases são muito importantes tanto

orgânica quanto inorgânica. No presente trabalho foram utilizadas escamas obtidas por

doação, de Tilápia do Nilo e sua capacidade de adsorção à corante foi testada por sua

capacidade de ligação ao diazocorante azul brilhante de remazol (RBBR).

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

2.1. Descrição dos procedimentos empregados para os planos de trabalho A e B

Para o plano de trabalho A foram realizadas pesquisas em bases de dados

referenciadas.

Em especial em relação ao plano “Estudo de escamas como biossorventes”, que foi

executado como uma opção de treinamento de bancada para estudante, a análise de

biossorventes foi realizada segundo (VIEIRA, 2009). Neste caso foram empregadas

escamas obtidas por doação de Tilápia do Nilo que é um peixe criado em cativeiro de rápido

crescimento populacional e grande capacidade competitiva. As escamas foram tratadas

como descrito a seguir:

Elas foram pré-lavadas em água corrente, a seguir separadas em placa de Petri e

secas em estufa de laboratório a 40oC por 12h. Depois de secas, cada grama de escamas

foi reidratado e lavado com 50 mL de NaOH pH 9 durante 4h, 150 rpm, 25oC. Depois da

lavagem as escamas foram enxaguadas com água destilada, secas novamente a 40oC por

12h e armazenadas até seu uso em frezzer doméstico. Antes do uso as escamas foram

escamas foram processadas por 3 pulsos de 20s em liquidificador na potência 3, para

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

238

desestruturá-las e aumentar a área de contato das mesmas, sendo agora denominadas de

“escamas tratadas”.

A avaliação da capacidade sorvente das escamas tratadas foi realizada empregando-

se 0,5 de escamas tratadas e 50 mL de solução contendo RBBR 0,005% (0,25 g) em até

12h de incubação à temperatura de 22ºC. A avaliação da perda de cor da solução por

dosagem espectrofotométrica em comprimento de onda 592 nm.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Enzimas são potentes catalisadores biológicos que, pela diminuição da energia de

ativação envolvida nas reações por elas catalisadas, possibilitam que o estágio de transição

seja atingido e com isto ocorra a transformação de compostos sob condições brandas, em

solução aquosa. As enzimas aceleram a ocorrência de reações da ordem de 1 milhão de

vezes ou mais e esta área teve como marco a descoberta do químico Loius Pasteur (1822-

1895) de atividades dos microorganismos, em especial as leveduras, chamadas por ele de

fermentos, aos quais ele atribuía a sua força vital a capacidade de produzir álcool a partir de

açúcar, um processo biológico responsável pela produção de bebibas fermentadas desde a

antiguidade, assim como muitos alimentos, como o iogurte, queijos e pães.

A origem do termo enzima é atribuída ao fisiologista alemão Wilhelm Kühne que

empregou este termo em 1877 para descrever os compostos presentes “dentro das

leveduras” responsáveis pela realização de processos realizados por elas. O estudo destes

compostos prosseguiu e Edgard Buchener demostrou que a atividade das enzimas

independia de a célula original estar viva, como pressupunha Pasteur, e que a atividade era

mantida em extratos. Esta descoberta garantiu a Buchner a indicação e o recebimento do

Prêmio Nobel de Química em 1907. Vale destacar que foi este cientista que iniciou o

emprego do sufixo ase, para designar atividades enzimáticas. Por outro lado, quanto ao

funcionamento das enzimas cabe destacar o estudo de 1913 de Leonor Michaelis e Maud

Leonora Menten que propuseram o funcionamento das enzimas e determinaram a equação

de velocidade (MICHAELIS; MENTEN, 1913). Cerca 20 anos depois foi publicado o estudo

do duplo recíproco que determina parâmetros enzimáticos. Este estudo que data sua

importância é até hoje um dos trabalhos mais citados do Jornal of American Society

(LINEWEAVER; BURK, 1934)

O QUADRO 1 traz o equilíbrio e a equação de velocidade propostas por Michaelis-

Menten assim como o duplo recíproco proposto por Lineweaver-Burk.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

239

QUADRO 1 – Representações usuais utilizadas em cinética enzimática.

Representação

Equilíbrio de Michaelis-Menten E + S ↔ [ES] ↔ E + P

Equação de velocidade de Michaelis-Menten v= Vmáx.[S]/(kM + [S])

Linearização de Linewaver-Burk 1/v= 1/Vmáx + kM / Vmáx .1/[S] E= enzima; S= substrato; [ES]=complexo enzima-substrato; P= produto, v=velocidade inicial; Vmáx= velocidade máxima; kM= constante

de equilíbrio de Michaelis-Menten.

Como comentado previamente as enzimas são potentes catalisadores pois alteram o

caminho da reação diminuindo a energia necessária para que o estágio de transição seja

atingido (figura 1).

Figura 1 – Caminho da reação e geração do produto em reações com (linha cinza) e sem catalisador

na reação (linha preta).

A catálise ocorre quando da formação do complexo [ES] pelo choque adequado entre

a enzima e o(s) substrato(s) e posicionamento deste(s) no sítio ativo. Para descrever a

formação deste complexo foi proposto o modelo de chave-fechadura em 1894, proposto por

Emil Fisher que é ainda hoje muito conhecido dos estudantes, pois ele traduz a expressão

do encaixe do(s) substrato(s) à enzima; por outro lado sua adaptação pelo modelo de Daniel

Koshland do encaixe induzido de 1958 é o mais aceito, pois ele traduz a modificação na

estrutura da enzima necessária à catálise.

Quanto a natureza química a maioria absoluta das enzimas são proteínas porém em

1981, foi descrita pela primeira vez atividade catalítica em RNAs, conhecidos como

ribozimas que realizam catálise de forma autônoma ou associado a proteínas e estão

envolvidas em processos celulares importantes como o splicing, processo responsável pela

remoção dos introns dos transcritos de eucariotos e de processos como a tradução. Esta

descoberta derrubou o difundido postulado de 1926 de James Sumner que todas as enzimas

são proteínas e levou a atribuição do Prêmio Nobel de Química de 1989 a Thomas Cech e

Sidney Altiman dois pioneiros no estudo das ribozimas.

Enta

lpia

Caminho da reação

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

240

Quando estudamos a atividade enzimática, inibidores são compostos que interferem

na função enzimática e são classificados como irreversíveis e reversíveis; como exemplo

dos primeiros tem-se a aspirina (ácido acetil salicílico) medicamentos empregados como

anti-inflamatório; no segundo caso, como exemplo dos inibidores irreversíveis podemos citar

o metotrexato um conhecido antineoplásico. No caso do metotrexato encontra-se um

exemplo de inibição competitiva em que o inibidor compete com o substrato para ligação no

sítio ativo da enzima; já no caso da nevirapina, um antirretroviral, o inibidor liga-se a enzima

em outro sítio que não o ativo resultando em diminuição de sua atividade. Como

características cinéticas destes compostos temos a manutenção da velocidade máxima e o

aumento aparente do kM para os inibidores competitivos e a diminuição da velocidade

máxima aparente e a manutenção do kM para os não competitivos.

Por outro lado, as enzimas podem ser afetadas por alterações de pH e temperatura,

dois conhecidos fatores desnaturantes que levando quebra de ligações fracas comprometem

as estruturas secundárias terciárias e quaternárias das proteínas e em muitos casos

inviabilizando sua ação. A biodiversidade nos traz exemplos de situações como as que

acontecem em organismos acidófilos e termofíicos onde a ação enzimática acontece em pH

e temperatura elevadas. Um exemplo importante de enzima resistente a altas temperaturas

é enzima Taq DNA polimerase de Thermus aquaticus; seu emprego como componente

essencial para reações de PCR (reações em cadeia da polimerase) rendeu a Kary Mullins

em 1993 o Prêmio Nobel de Química.

Quando estudamos as enzimas da perspectiva celular elas atuam em conjunto no

metabolismo e as estratégias de sua regulação surgiram para explicar fenômenos biológicos

como a inibição for feedback em 1956 em dois trabalhos independentes (UMBARGER, 1956)

e (PARDEE, 1956). Neste contexto a proposição do mecanismo de ação das enzimas

alostéricas completou mais de 50 anos (JACOB, 1963). Estas enzimas podem ser

moduladas por efetores positivos ou negativos que alteram sua velocidade padrão. Estas

enzimas modulam a velocidade de vias metabólicas pois possuem sítios específicos

denominados de sítios alostéricos que, em resposta a ligação a estes efetores leva a

respostas de aumento e ou diminuição de sua atividade (CORNISH-BOWDEN, 2013). Além

da modulação alostérica do a este fato muitas enzimas são controladas por mecanismos de

modificação covalente como fosforilação/desforforilação (KREBS & BEAVO, 1979).

Cabe destacar a existência de portais que compilam informações sobre enzimas, suas

propriedades e substratos. Estes portais tornaram-se ferramentas úteis na reunião de

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

241

informações sobre temas específicos e uma lista de Bancos de dados para pesquisa está

apresentada no QUADRO 2.

Dentre as mais variadas enzimas, as enzimas envolvidas da degradação destes

polímeros como celulases, hemicelulases, ligninases, pecinases, quitinases e tanases são

potenciais alvos biotecnológicos para destinação da biomassa formada por polímeros de

origem vegetal que são macromoléculas abundantes no planeta e sua biodegradação na

biomassa presente solo, intermediada por enzimas, é uma importante etapa do ciclo

biogeoquímico do carbono na natureza. Dentre esses polímeros podemos citar celulose,

hemicelulose, lignina, pectina e taninos. Além destes polímeros podemos citar a quitina de

origem animal ou fúngica. Estes polímeros, cuja estrutura é variada estão envolvidos em

importantes funções celulares, como mostra o QUADRO 3.

QUADRO 2 – Exemplos de bancos de dados enzimáticos curados de acceso livre para pesquisas.

Denominação do site

Endereço do site

Catalytic Site Atlas

http://www.ebi.ac.uk/thornton-srv/databases/CSA/

Enzyme Database - BRENDA

http://www.brenda-enzymes.org

Enzyme Structures Database

http://www.ebi.ac.uk/thornton-srv/databases/enzymes/

ExPASy - ENZYME

http://enzyme.expasy.org/

ExplorEnz: Search the Enzyme List

http://www.enzyme-database.org/

KEGG PATHWAY Database - GenomeNet

http://www.genome.jp/kegg/pathway.html

Sites visitados em março de 2016.

Conforme comentado anteriormente, o plano de trabalho B “Estudo de escamas como

biossorventes”, foi realizado com o intuito de treinamento de bancada já que por motivo de

força maior o Plano de trabalho A foi uma atividade teórica. Para tanto, padronizamos

condições de preparo de escamas de Tilápia do Nilo e condições de remoção do RBBR de

solução como descrito no item 2.0 Procedimentos de Pesquisa. O resultado foi apresentado

no Gráfico 1, onde os marcadores vermelhos referem-se ao tratamento realizado em pH 9,0

e o azul em água destilada. As leituras espectofotométricas foram realizadas em

comprimento de onda de 592 nm. Pela análise dos dados concluímos que 6h de tratamento

são sufucientes para a remoção do RBBR de solução e que é indiferente o teste ser realizado

em pH 9,0 ou em água destilada conforme já descrito em CHAGURI, 2010.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

242

QUADRO 03 – Principais polímeros encontrados na biomassa do solo e sua função.

Polimero Constituição química Função celular

Celulose Homopolímero linear formado por glicoses unidas por ligações beta 1,4.

Compomente da parede celular vegetal.

Hemicelulose Polissacarídeos constituídos por pentoses (arabinose e xilose) e/ou hexoses (manose, galactose e glicose), ácidos urônicos e grupos acetila.

Compomente da parede celular vegetal.

Lignina Redes poliméricas tridimensionais formadas por polimero de ácidos p-cumarílico, coniferílico e sinapílico; ocorre grau variado de metoxilação.

Compomente fenólico da parede celular vegetal em especial do xilema.

Pectina Polissacarídeo formado por unidades de D-ácido galacturônico, (1→4), podendo ser esterificadas, com éster metílico. Há interrupções com unidades de (1→2)-α-L-ramnose, às quais estão ligadas cadeias laterais, formadas por açúcares neutros.

Compomente da parede celular vegetal.

Quitina Polímero linear formado por 2-acetamido-2-desoxi-D-glicopiranose e 2-amino-2-desoxi-D-glicopiranose unidos por ligação glicosídica.

Exoesqueleto de artrópodes e na parede celular de fungos.

Taninos Ácidos Tânicos. Compostos fenólicos derivados do chiquimato.

Compostos fenólico do metabolismo secundário vegetal envolvidos contra a herbivoria.

Grafico 1 - Cinética em horas da % de RBBR retirado de solução 50mg L-1 (0,25 g) por 0,5 g de escamas secas tratadas

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto original “Evolução da geração de enzimas nos lixiviados em biorreator

verticalizado de resíduos” assim como o plano de trabalho proposto foram alterados pois

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

% d

e lig

ação

ao

RB

BR

Tempo (h)

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

243

esse trabalho aconteceria em parceria com o Prof. Dr. João Addad porém os biorreatores

não foram construídos pelo pesquisador, pois o equipamento TOG (Analisador de Teor de

Óleos e Graxas) adquirido por ele pelo projeto FAPESP 14/23998-0 apresentou repetidos

defeitos e o problema só foi solucionado em Julho de 2016. Por esse motivo optamos em

realizar uma revisão bibliográfica sobre o assunto “Estudo das Enzimas” já que o

desenvolvimento da parte experimental prevista não foi possível. Para contribuir com a

formação do aluno de iniciação cientifica realizamos a padronização da implantação de

metodologia para ligação de compostos em biossorventes, já que possuíamos os reativos

necessários para tanto e que a parte experimental do projeto original não pode ser realizados

por motivos de força maior.

5. REFERÊNCIAS

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Disponível em:

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nce=1&isAllowed=y>

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reitoria de pós-graduação em pesquisa Núcleo de pós-graduação em química São Cristóvão-

SE 2009. Disponível em:

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

245

Centro de ciências exatas e tecnologia. Pró- reitoria de pós-graduação em pesquisa Núcleo

de pós-graduação em química São Cristóvão -SE 2011. Disponível em:

<https://bdtd.ufs.br/bitstream/tede/2524/1/ICARO_MOTA_OLIVEIRA.pdf>

SANTOS, E. B. VIEIRA, E. F. S.; CESTARI, A. R.; BARRETO, R. S.; Caracterização de

escamas do peixe piau (Leporinuselongatus) e sua aplicação na remoção de Cu (II) de

meio aquoso. Departamento de Química, Centro de Ciências e Estudos de Tecnologia,

Universidade Federal de Sergipe, v.32, n.1, p.134-138, 2009.

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Química, Universidade Federal de Lavras, CP 3037, 37200-000 Lavras - MG, Brasil Química

nova, v.35, n.5, p.889-894, 2012; Disponível em:

<http://quimicanova.sbq.org.br/detalhe_artigo.asp?id=34>

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246

EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA Julio Cesar Matias do Nascimento

Bolsista PIBIC1

Profa. Dra. Lourdes Martins Conceição2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Enfermagem

1 [email protected]; 2 [email protected]

RESUMO: A adolescência é uma fase de transição na qual a sexualidade se torna muito importante

e evidente. Foi realizada uma revisão sistemática da literatura sobre educação em saúde sobre

sexualidade na adolescência com o objetivo de conhecer as suas características e dos atores

envolvidos. A escola foi o principal lugar de intervenção, sendo 80% destas realizadas no Brasil.

Nota-se a escassez de informação sobre temas como DST/AIDS, gravidez, métodos contraceptivos

e mudanças anatomofisiológicas, e neste cenário percebe-se que ainda existem muitos mitos e tabus

sobre sexualidade. Há um distanciamento entre pais e filhos quando a sexualidade é o assunto, a

escola não desenvolve de maneira eficaz a temática, a atenção básica em saúde possui uma baixa

demanda de adolescentes e nesta contextura o jovem tenta sanar suas dúvidas buscando

informações em fontes não confiáveis, como websites e até colegas. A ideologia machista

evidentemente faz com que os garotos se sintam num patamar de invulnerabilidade quando

comparado as garotas, estas por sua vez, num patamar de submissão. A imagem corporal é fator

que merece atenção para os adolescentes, os meninos buscam a modelação muscular enquanto as

meninas seguem insatisfeitas com seu peso corporal. A sexualidade é uma temática muito bem

aceita pelos adolescentes em estratégias de educação em saúde, provavelmente ligado a falta de

informação e diálogo a respeito do tema, existe a necessidade da criação do vínculo escola-família-

UBS para ampliar o diálogo e criação de ações governamentais sólidas a respeito de educação

sexual.

Palavras-chave: educação em saúde, sexualidade, adolescência.

1. INTRODUÇÃO

A Carta de Otawa, promulgada em 1986, fez com que a promoção da saúde

recebesse maior destaque e mostrou uma nova abordagem com relação ao conceito de

saúde, que antes era totalmente biológico passando para uma visão holística, comprovando

que saúde é influenciada por multifatores (WHO, 1986).

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

247

Freire (1979) defende que o homem deve ser o agente de sua transformação e

libertação por meio de uma nova visão da sua realidade.

Na promoção da saúde há grande importância da educação, ela é instrumento que

reforma atitudes e comportamentos no indivíduo, promove a sua autonomia e desenvolve a

melhoria da qualidade de vida (LOPES; SARAIVA; XIMENES, 2010, apud JANINI;

BESSLER; VARGAS, 2015, p. 481).

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece que o adolescente é aquele

em faixa etária entre 12 e 18 anos, ela também assegura que a estes sejam fornecidas

“todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental,

moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade” (BRASIL, 1990).

Palmonari (2004) explica que a libido que se expressa com a chegada da puberdade

soma-se à identidade e ao papel sexual do adolescente, há também o estabelecimento de

novas relações com o próprio corpo que passa também a ter importância como objeto

erótico. A socialização no sistema de valores do adolescente traz consigo muitas questões,

principalmente de como ele será percebido e tratado pelos outros e a de assumir a sua

sexualidade, influenciado em grande parte pela cultura de massa e a mídia.

A sexualidade é um ponto de atenção no contexto do desenvolvimento humano,

sendo ela, designada por uma construção histórico-cultural e social. Se queremos oferecer

uma assistência à saúde de forma integral e estruturada a estes jovens, é relevante

entendermos a adolescência e suas significações para o alcance de tal objetivo

(VASCONCELOS et al., 2016).

A complexidade que emerge desta temática é de extrema relevância, já que a

educação em saúde é um importante instrumento para a formação de opinião, e

consequentemente empoderamento dos adolescentes. Com isto, o objetivo desta pesquisa

foi realizar revisão sistemática sobre educação em saúde e sexualidade na adolescência

para conhecer as estratégias mais utilizadas com relação a educação em saúde com

adolescentes e as suas características, identificar os principais interesses, dúvidas e

conceitos dos adolescentes sobre sexualidade e refletir sobre as conclusões dos autores a

respeito das intervenções realizadas

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

248

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 2.1 Tipo de estudo

Trata-se de um estudo de revisão sistemática da literatura, tendo como fonte teórica

artigos publicados sobre educação em saúde com adolescentes. Atallah (1997) já

apresentava esta metodologia como hodierna no estudo e avaliação de informações

agrupadas simultaneamente.

A revisão de literatura sob a visão de Creswell (2007) é um método que permite a

apresentação e comparação de resultados de estudos similares, trazendo para a revisão o

que se discute a respeito do assunto na literatura.

2.2 Protocolo de seleção

Para esta revisão sistemática foram incluídos os estudos com abordagens qualitativas

e quantitativas que apresentaram artigo com texto completo disponível gratuitamente, em

português, espanhol ou inglês para o período temporal de 2010-2016.

A busca de artigos foi realizada nas seguintes bases de dados de recursos gratuitos:

Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed, Scielo, Medline.

Para seleção e pesquisa dos artigos nas bases de dados, foram utilizados como

descritores de busca os seguintes termos: educação em saúde; educação para saúde;

health education, sexualidade; sexuality; adolescente.

O protocolo de seleção iniciou-se pela etapa de identificação do objetivo da pesquisa,

identificação dos artigos nas bases de dados online utilizando-se os descritores já

apresentados, além disto, foram inseridos artigos da revista Adolescência & Saúde (UERJ)

considerados relevantes para fazerem parte da seleção.

Com os artigos encontrados nas bases de dados foi necessário exportá-los para o

MENDELEY (software gratuito que gerencia referências), após isto foram eliminados todos

que estavam em duplicidade. Dois profissionais especialistas em saúde coletiva foram

eleitos para que primeiramente realizassem um rastreamento, a fim de eliminar os artigos

que não contemplavam a temática desta pesquisa e em continuidade, individualmente, foi

entregue uma pasta para cada contendo todos os trabalhos restantes.

Foram apresentados os objetivos e critérios de elegibilidade deste estudo aos

mesmos, e, por conseguinte, os artigos foram submetidos à seleção independente e

individual por meio de uma tabela que continha o nome de todos estudos na qual era possível

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

249

indicar a elegibilidade de cada um conforme suas características, respeitando os critérios de

inclusão e objetivos da pesquisa. Para a inclusão neste estudo, o artigo deveria responder

positivamente a todos critérios de elegibilidade (Primeiramente, o estudo deveria ser de

abordagem quantitativa ou qualitativa e ainda, como segundo critério, abordar metodologias

de educação em saúde e sexualidade com adolescentes, por fim, como terceiro critério, que

fosse escolhido por ambos especialistas), aos que não contemplavam as exigências foram

excluídos.

Como última etapa, foi realizada uma reciclagem dos artigos que foram excluídos,

para resgate dos que possivelmente atendiam aos critérios de elegibilidade, sendo assim,

ambos especialistas se encontraram e discutiram sobre os estudos eliminados e chegaram

a um consenso, resgatando alguns que eram compatíveis com os critérios do protocolo de

seleção. Com isso, foram selecionados 25 artigos para fazerem parte do levantamento de

dados desta pesquisa.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A escola, como local de intervenção dos estudos, foi predominante na escolha dos

pesquisadores. Ela é o espaço que acolhe os jovens em grande parte do tempo em seu

cotidiano conseguindo reuni-los em um mesmo local onde convivem e socializam, apesar de

suas particularidades. É defendida como ambiente favorável e privilegiado para educação e

ações de saúde em razão de possuir forte persuasão na formação de hábitos e atitudes e

ainda no aprimoramento intelectual, corroborando para um espaço aberto à discussão e

aquisição de informações (DIAS et al., 2010; MARTINS et al., 2011; SILVA; FIGUEIREDO,

2012; NETO et al., 2012; VIERO et al., 2015).

Os participantes tinham pouco conhecimento prévio a respeito do próprio corpo e

DST/AIDS, bem como as suas formas de prevenção por meio dos métodos contraceptivos,

tornando-os indivíduos limitados no campo do autoconhecimento e autopreservação. A

escassez do conhecimento os coloca num patamar de vulnerabilidade, isto torna-se mais

evidente quando a preocupação é excessiva em evitar a gravidez e pouca atenção é dada

às DST/AIDS quando o assunto é prevenção. Existe um temor evidente da gravidez

indesejada, em contrapartida desconsideram os males que as DST/AIDS podem causar,

principalmente no tocante as que ainda não possuem cura, como a AIDS (DIAS et al., 2010;

KOERICH et al., 2010; SILVEIRA et al., 2010; THEOBALD et al., 2012; SILVA et al., 2013;

VIERO et al., 2015).

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

250

Os mitos são inúmeros a respeito da sexualidade, para eles a transmissão de doenças

sexuais tem maior probabilidade de acontecer em homossexuais ou profissionais do sexo e

que podem ser prevenidas quando escolhem bem o parceiro, mantendo relacionamento

estável e/ou usando pílula anticoncepcional isolada e também camisinha dupla por

acreditarem que usarem em dobro diminui mais ainda os riscos. Eles ainda associam o sexo

oral à gravidez e o beijo como potente transmissor do HIV. Estes conceitos errôneos nos

chamam a atenção e merecem consideração, os adolescentes estão refletindo a

precariedade da atenção integral a saúde oferecida, falta busca ativa e transformação destes

jovens como agentes de sua própria vida, falta a promoção de uma cultura do

emponderamento, que liberta e torna-os conscientes de suas escolhas. Pais, educadores e

profissionais de saúde tem se mostrado despreparados frente a demanda presente, há falta

de criação de vínculo e abertura de espaços para o debate e expressão destes jovens

(BARBOSA et al., 2010; KOERICH et al., 2010; MARTINS et al., 2011; NETO et al., 2012;

SILVA; FIGUEIREDO, 2012; MARTINS; SOUZA, 2013; LAGO et al., 2015).

Adolescentes possuem muitas dúvidas, não é incomum que eles busquem saná-las

em qualquer fonte que lhe proporcione esclarecimento, seja certo ou errado, alojando-se

então riscos inerentes à confiabilidade das fontes informadoras, no compromisso da

transmissão da verdade. As principais fontes citadas por eles são os colegas e a internet,

não há busca de unidades básicas ou profissionais de saúde para acolhimento de suas

dúvidas, o que acaba comprometendo a qualidade destas informações. Faz-se necessário

a implementação de estratégias para aproximação e busca desses adolescentes,

principalmente no que se refere a sua inserção na atenção primária, já que muitas vezes os

tabus sociais inibem a procura destes serviços por eles (PEREIRA; MATOS; LEAL, 2011;

SILVA et al., 2011; NETO et al., 2012; SILVA; FIGUEIREDO, 2012; SANTOS, 2013;

MARTINS; SOUZA, 2013).

É preocupante observar que a ideologia machista seja tão forte entre eles, enquanto

o garoto é o ser potente e invulnerável, as garotas são submissas e frágeis, sofrendo abusos

e tidas como objeto de satisfação, sendo colocadas em situação de risco, pois muitas vezes

os garotos que não usam camisinha aplicam a responsabilidade da proteção à menina “pois

é ela que engravida”. O homem é supervalorizado, e assuntos como aborto são trazidos à

tona quando acontece uma gravidez indesejada, com alocação e transferência de culpa para

a garota que “não se protegeu”. Estes apontamentos confirmam a forte herança cultural

machista que deve ser confrontada a cada dia com medidas de incentivo e promoção da

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

251

igualdade de gênero (DIAS et al., 2010; NOGUEIRA et al., 2011; SOUZA, 2011; PEREIRA;

MATOS; LEAL, 2011; NETO et al., 2012; SILVA; FIGUEIREDO, 2012).

Costa e Machado (2014) em sua análise enfatizam que além das diferenças

anatômicas dos gêneros foi possível refletir de que forma os padrões de beleza

estabelecidos tem influência na autoimagem deles. Enquanto as garotas mostram-se

insatisfeitas com seu corpo, ligado principalmente ao seu peso, os garotos correm em busca

da hipertrofia muscular, sendo estas insatisfações muitas vezes precursoras da prática de

atos ilícitos como uso de esteroides anabolizantes e desenvolvimento de distúrbios como a

bulimia e anorexia. Existe uma necessidade do diálogo a respeito da autoimagem e seu

desenvolvimento, baseando-se na premissa de que cada um é diferente, e que deve

procurar seguir o melhor para si e não apenas para ser aceito, o padrão estabelecido

socialmente é algo que poucos possuem, o que distancia do que é considerado “perfeito” do

que se existe na realidade.

Não é de hoje que questões sobre sexualidade são pouco exploradas dentro das

casas dos adolescentes, a família que deveria acolher as dúvidas, por julgar o assunto

impróprio ou não o dominar, acaba gerando um distanciamento entre os pais e seus filhos

neste contexto, o que influi diretamente na busca pessoal de informações em fontes não

confiáveis, já citadas anteriormente (SILVEIRA et al., 2010; MARTINS et al., 2011;

PEREIRA; MATOS; LEAL, 2011; SILVA et al., 2011; MARTINS; SOUZA, 2013).

As atividades de educação em saúde conseguem envolver o jovem de tal maneira,

mesmo sem todos recursos audiovisuais de última geração, que em debates e oficinas ele

consegue absorver as informações e ainda compartilhar suas experiências, no entanto ainda

não é o suficiente pois a mudança ocorre gradativamente e lentamente, incentivos devem

ser dados para o reforço de políticas de saúde e os adolescentes devem ser sensibilizados

a terem uma vida de escolhas conscientes e saudáveis, respeitando e conhecendo a si e a

sua sexualidade (DIAS et al., 2010; SAMPAIO et al., 2010; KOERICH et al., 2010; NETO et

al., 2012; PINTO et al., 2013; VIERO et al., 2015; CONSTANTINE et al., 2015).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A sexualidade é uma temática muito bem aceita pelos adolescentes em estratégias

de educação em saúde, isso está ligado ao não esclarecimento total sobre o assunto como

demonstra esta revisão. O uso de instrumentos alternativos como jogos e dramaturgia

favorecem o ensino-aprendizado.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

252

É evidente a necessidade da criação do vínculo escola-família-UBS para que haja

abertura ao diálogo e ampliação do alcance das ações de saúde para o alcance do cuidado

integral mais próximo do que se é preconizado.

O Brasil, apesar de possuir o maior número de estudos representados nesta revisão,

não possui ações governamentais solidificadas sobre a educação sexual enquanto em

países como o EUA, Irlanda, Inglaterra e Portugal já possuem na grade curricular do ensino

básico a educação sexual. Esse cenário abre espaço para o debate, pois apesar do Brasil

possuir maior número de artigos sobre educação sexual quando comparado a outros países

não indica que há maior interesse no tema, mas provavelmente por ser um país carente no

tocante a estratégias sólidas de educação sexual para os jovens.

A educação em saúde necessita de implementação de estratégias de massa para

acolhimento de uma parcela maior de adolescentes com foco na prevenção, uso de

preservativo, igualdade de gênero e participação da família no desenvolvimento do

adolescente. Além de ensinar, é preciso sensibilizá-los a realizarem escolhas conscientes.

5. REFERÊNCIAS ATALLAH, Alvaro Nagib; CASTRO, Aldemar Araujo. Revisões sistemáticas da literatura e

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mais rápida de atualização terapêutica. Diagnóstico & Tratamento. v.2, n.2, p.12-15, 1997.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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ATIVIDADE ANTIMICROBIANA DE TRÊS TIPOS DE MÉIS BRASILEIROS: TETRAGONISCA ANGUSTURA DO PANTANAL MATOGROSSENSE, TETRAGONISCA ANGUSTURA DA MATA ATLÂNTICA E APIS MELLIFERA SCUTELLATA DA SERRA CATARINENSE Kaylani Angerami Ramos de Almeida

Bolsista PIBIC

Prof. Dr. Túlio Nakazato Da Cunha

Prof. Dr. Elisabete Lourenço Da Costa

Larissa Rocha Tiso

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Farmácia

RESUMO: O mel da abelha Jataí (Tetragonisca angustula) é utilizado popularmente devido sua função hidratante, antioxidante, adstringente, antiinflamatória, antimicrobiana, anti-seborreica, anti-caspa, anti-psoríase, cicatrizante entre outras. O objetivo dessa pesquisa é avaliar dois tipos de méis da Tetragonisca angustura produzidos em diferentes regiões do Brasil e um mel produzido à partir da Apis mellifera scutellata com a finalidade de comprovar suas ações antimicrobianas e compará-los. Para obter resultados verdadeiros e satisfatórios, a pesquisa da ação antimicrobiana do mel será de caráter qualitativo e quantitativo. Através do método do disco, será verificada a atividade antimicrobiana dos três tipos de méis e para pesquisa quantitativa será feita a curva de crescimento bacteriano por densidade ótica. Palavras-chave: Tetragonisca angustura; Apis mellifera scutellata; antimicrobial; medicinal honey.

1. Introdução

O mel é uma das substâncias medicinais mais antigas da história. No Egito antigo, o

mel participava de 500 dos 900 remédios da época, sendo assim, muito popular. Foi a

primeira fonte de açúcar utilizada pelo homem e era considerado símbolo de fartura (COUTO

& COUTO, 2002).

A composição do mel depende da composição do néctar da espécie vegetal produtora

e da espécie da abelha que o produziu. As condições climáticas e o manejo do apicultor têm

uma menor influência na composição, porém, mesmo assim, proporciona características

especificas (ANACLETO, 2009)

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O mel é constituído por diferentes açúcares (principalmente dos monossacarídeos

glicose e frutose), proteínas, aminoácidos, enzimas, ácidos orgânicos substâncias minerais,

pólen, sacarose, maltose, malesitose e outros oligossacarídeos (incluindo dextrinas)

(MENDES, 2009). E pode ser classificado quanto à sua origem, sendo dividido em mel floral

ou mel de melato. O mel floral é obtido pelo néctar das flores e pode ser classificado em mel

monofloral (quando é constituído principalmente de flores de uma mesma família, gênero ou

espécie e possua características sensoriais, físico-químicas e microscopias próprias) ou me

polifloral (obtido a partir de diferentes origens de flores). Já o mel de melato é formato a partir

das secreções de partes vivas das plantas ou excreções de insetos sugadores de plantas

que se encontram sobre elas (BRASIL, 2000).

No Brasil, os méis monoflorais são produzidos pela Apis Mellifera L. ou por abelhas

nativas sem ferrão, são os mais apreciados e comercializados (BARTH, 2004).

Dentro os méis medicinais, o mais conhecido é o MediHoney®, que usa como

princípio ativo o mel de manuka neozelandês e é utilizado devido a sua ação antimicrobiana

e cicatrizante, sendo assim, comercializado através de bandagens para feridas necróticas

ou não e queimaduras (Azevedo et al., 1986).

O Brasil, dispõe do mel da abelha Jataí (Tetragonisca angustula), que apesar de

pouco estudado, é conhecido e utilizado pela população devido sua vasta gama de

propriedades, como: hidratante, cosmética, antioxidante, adstringente, antiinflamatória,

antimicrobianas, anti-seborreica, anti-caspa, anti-psoríase, cicatrizante entre outras.

(DOBROWOSKI et al., 1991).

Nogueira-Neto (1997), afirma que a abelha Jataí é uma espécie que pode interessar

diversos países, pois além de se adaptar à visita de muitas flores, também é uma das

abelhas mais higiênicas conhecida, o que favorável e de suma importância para manter as

características farmacológicas de seu mel.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA Material e Métodos

• Amostras

Uma das amostras de mel da T. angustura, mais conhecida como jataí, produzido em

Santa Catarina, foi obtida online através da empresa Bitmel. A outra amostra do mel da

mesma espécie de abelha foi obtida pessoalmente no estado de Mato Grosso do Sul. O mel

de melato produzido pela Apis mellifera scutellata à partir da secreção da bracatinga da

Serra Catarinense é comercializado através da Minamel, localizada em Içara-SC.

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• Patógenos

As cepas bacterianas foram obtidas através de doação.

Foram utilizados quatro cepas de microorganismos: Escherichia coli, Staphylococcus

aureus, Pseudonomas auruginosas e Salmonella typhimurium, que foram obtidas em forma

de disco comercial e posteriormente ativadas em 10 mL de caldo BHI cada.

As cepas, então, foram inoculadas após 12 horas de incubação, com turvação de

aproximadamente 4 na escala MacFarland.

• Antibiótico Controle

Para o controle, avaliação e comparação da atividade antimicrobiana de tais amostras

foi utilizado o antibiótico Gentamicina, de amplo espectro. A Gentamicina foi utilizada em

forma de disco comercial de 6mm de diâmetro.

• Análise quantitativa (Antibiograma)

Os meios já inoculados com as bactérias foram semeados em quatro diferentes

placas contendo ágar Muller Hinton e, em cada placa, foram introduzidos seis discos: três

discos com os diferentes tipos de mel puro; o disco de Gentamicina, utilizado como controle

positivo e um disco inerte, utilizado como controle negativo. O disco contendo o mel puro foi

preparado a partir da imersão de discos de papel de filtro de 6mm de diâmetro previamente

esterilizados em mel puro, para a secagem do mel, os filtros embebidos foram mantidos em

fluxo laminado estéril durante 12 horas.

Após 24 horas, incubados em 36ºC as placas foram analisadas para a verificação de

possível atividade antimicrobiana. Para a avaliação da atividade antimicrobiana das

amostras utiliza-se o método de discos antibiograma, que verifica o diâmetro dos halos de

inibição para a avaliação da atividade antimicrobiana das amostras contidas nos discos.

• Análise quantitativa (curva de densidade ótica)

Para a curva de crescimento bacteriano por densidade ótica, foram analisadas

amostras dos três tipos de mel, em três diferentes concentrações (50%, 30% e 10%) para

cada tipo de bactéria.

As amostras foram lidas a cada 1 hora em espectrofotômetro ajustado para 600nm

durante 7 horas e após 24 horas da primeira leitura, totalizando 8 leituras.

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Os valores obtidos foram plotados em forma de gráfico demonstrando, assim, a curva

de crescimento bacteriano em 24 horas para cada tipo de mel, em cada concentração, para

cada bactéria.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

• Análise quantitativa (Antibiograma)

Os resultados dos testes antibiograma, apesar das amostras demonstrarem inibição

parcial dos microorganismos, não foram considerados satisfatórios.

Os halos de inibição apresentaram halo de inibição parcial, havendo quantidade de bactérias

no halo, apesar de menos densa que no resto do disco.

Após análise dos resultados obtidos, verificamos que o mel é considerado um

antimicrobiano mais eficaz quando adicionado à água, produto conhecido como água-mel.

As análises posteriores foram então baseadas na premissa descrita.

• Análise quantitativa (curva de densidade ótica)

Mel de Jataí do Mato Grosso do Sul

E. coli

A mistura mel 10% / água 90% no meio de cultura não apresentou inibição do

crescimento bacteriano, as bactérias se multiplicaram e cresceram nesse meio.

A mistura mel 30% / água 70% promoveu estabilização do crescimento bacteriano no meio

de cultura.

A mistura mel 50% / água 50% inibiu o crescimento bacteriano diminuindo a

concentração de bactérias no meio de cultura até, aproximadamente, a quinta hora. Após

esse periodo houve leve crescimento.

b) Pseudonomas auruginosa

A mistura mel 10% / água 90% manteve-se estável atá aproximandamente a quinta

hora, após leitura de 24 horas percebeu-se grande crescimento bacteriano no meio de

cultura.

A mistura mel 30% / água 70% demonstrou diminuição do crescimento bacteriano até,

aproximadamente, a quarta hora. Após 24 horas o crescimento se estabilizou em plateau,

sem notável crescimento bacteriano.

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A mistura mel 50% / água 50% demonstrou brusca diminuição bacteriana na primeira

hora e entre a segunda e sexta hora houve crescimento até a concentração bacteriana inicial

e após a sétima hora houve leve crescimento.

c) Staphylococcus aureus

A mistura mel 10% / água 90% apresentou estabilidade na concentração bacteriana

até a sexta hora seguido de grande multiplicação bacteriana.

A mistura mel 30% / água 70% demonstrou estabilidade da multiplicação bacteriana.

A mistura mel 50% / água 50% demonstrou aumento da concentração de bactérias

até a quinta hora e após esse periodo houve leve multiplicação bacteriana.

d) Salmonella typhimurium

A mistura mel 10% / água 90% não causou inibição do crescimento bacteriano.

A mistura mel 30% / água 70% demonstrou leve multiplicação bacteriana até a quinta

hora e após esse periodo estabilizou-se.

A mistura mel 50% / água 50% demonstrou diminuição da contagem bacteriana até a

terceira hora, seguido de crescimento bacteriano até atingir a concentração inicial (T0) de

microorganismos.

2. Mel de Jataí da Mata Atlântica

E. coli

A mistura mel 10% / água 90% no meio de cultura não impediu o crescimento

bacteriano.

A mistura mel mel 30% / água 70% promoveu leve diminuição da concentração de

bacterias seguido de leve crescimento.

A mistura mel 50% / água 50% promoveu diminuição do crescimento bacteriano até

a quinta hora seguido de leve crescmento bacteriano.

b) Pseudonomas auruginosa

A mistura mel 10% / água 90% levou à diminuição do crescimento bacteriano e, após

6 horas, ocorreu aumento de crescimento bacteriano.

A mistura mel 30% / água 70% promoveu diminuição da concentração bacteriana

continua.

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A mistura mel 50% / água 50% promoveu diminuição do crescimento bacteriano

seguido de plateau.

c) Staphylococcus aureus

A mistura mel 10% / água 90% mante-ve a concentração bacteriana estável até a

quinta hora e após esse periodo houve crescimento bacteriano.

A mistura mel 30% / água 70% promoveu diminuição do crescimento bacteriano

seguido de plateau.

A mistura mel 50% / água 50% promoveu diminuição do crescimento bacteriano

seguido de plateau.

d) Salmonella typhimurium

A mistura mel 10% / água 90% não impediu o crescimento bacteriano.

A mistura mel 30% / água 70% promoveu diminuição do crescimento bacteriano

seguido de aumento à partir da sexta hora.

A mistura mel 50% / água 50% demonstrou crescimento do crescimento bacteriano

seguido de plateau.

3. Mel de Apis mellifera scutellata da Serra Catarinense

a) E. coli

A mistura mel 10% / água 90% no meio de cultura não impediu o crescimento

bacteriano.

A mistura mel mel 30% / água 70% promoveu leve diminuição da concentração

bacteriana seguida de plateau.

A mistura mel 50% / água 50% promoveu diminuição do crescimento bacteriano

seguido de plateau.

b) Pseudonomas auruginosa

A mistura mel 10% / água 90% manteve a concentração bacteriana estável até a

quinta hora e após esse periodo houve continuo crescimento bacteriano.

A mistura mel 30% / água 70% promoveu diminuição da concentração bacteriana

seguido de uma costante queda apos leve aumento na quinta hora.

A mistura mel 50% / água 50% promoveu diminuição da concentração bacteriana

seguido de uma costante queda apos leve aumento na quinta hora.

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c) Staphylococcus aureus

A mistura mel 10% / água 90% manteve a concentração bacteriana estável até a sexta

hora e após esse periodo houve continuo crescimento bacteriano.

A mistura mel 30% / água 70% promoveu leve e constante queda da concentração

crescimento bacteriana.

A mistura mel 50% / água 50% promoveu queda da concentração bacteriana até a

quinta hora seguido de plateau.

d) Salmonella typhimurium:

A mistura mel 10% / água 90% não impediu o crescimento bacteriano.

A mistura mel 30% / água 70% promoveu diminuição da concentração bacteriano

seguido de leve e continua queda.

A mistura mel 50% / água 50% promoveu diminuição da concentração bacteriano

seguida de plateau.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos resultados obtidos foi verificado que o mel que obtem o melhor resultado

na inibição da multipicação bacteriana foi o Mel Jataí de São Paulo, com sua melhor inibição

para as bacterias Pseudomonas auruginosa e Staphylococcus Aureus na concentração 30%

e 50%. Para E. Coli a melhor concentração foi 50% com o resultado proximo ao de 30%, ja

a S. Typhimurium apresentou melhor inibição na concentração 30% diferente do resultado

não satisfatorio para a concentração 50%. Os resultados para a concentração 10% não foi

a esperada em nenhum dos resultados.

O mel de Appis Mellifera apresentou o segundo melhor resultado, tendo maior inibição

para Staphylococcus aureus na concentração 50% e para Pseudomonas auruginosa nas

concentrações 30% e 50%. A E. Coli e a S. Typhimurium obtiveram resultados inferiores na

inibição do crescimento bacteriano, porém também apresentam melhores resultado nas

concentrações 30% do que na de 50%.

Já o mel de Jataí do Mato Grosso do Sul, apesar de não tão discrepante, foi o que

apresentou maior crescimento bacteriano, com melhores resultados para S. Typhimurium e

Pseudomonas auruginosa na concentração 30% e 50%. A E.Coli apresentou bons

resultados para a inibição em concentração 30% e 50%, já a S.aureus apresentou os

resultados desejados somente para a concentração 30% com um resultado não satisfatório

para a concentração 50%.

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Sendo assim, podemos concluir que a mistura água-mel 10% não é eficaz na inibição

de crescimento bacteriano e as misturas água-mel 30% e 50% são inibitórias do

crescimento.

A mistura água-mel 50%, em poucas vezes, obteve melhores resultados em relação

a mistura água-mel 30%, que na maioria das vezes obteve os mesmos resultados, ou até

resultados melhores que a concentração 50%.

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HERBERT et al. Optimum proteins levels required by honey bees (Hymenoptera, Apida) to initiate and maintain brood rearing. Apidologie, v.8, n.2, p. 141-146, 1977.Mendes, C.G.; SILVA, J.B.A.; MESQUITA, L.X. E MARACAJÁ, P.B. As análises de mel: revisão. Revista Caatinga, Mossoró/CE, v.22, n.2, p. 07 – 14. 2009. MERCES et al. Atividade antimicrobiana de méis de chico espécies de abelhas brasileiras sem ferrão. : Antimicrobial activity of honey from five species of Brazilian stingless bees. Ciência Rural, v.43, n.4, p.672-675, apr., 2013. NOGUEIRA-NETO, P. Vida e criação de abelhas indígenas sem ferrão. São Paulo: Nogueirapis, 1997. RAD et al. Comparative Clinical Pathology, v. 24, n.2, p263-268, 2015. SUFYA et al. Drug, Healthcare & Patient Safety., v.6, p.139-144, 2014. VANDAMME et al. Burns. v.39, n.8, p1514-1525, 2013. VICA et al. Antibacterial activity of different natural honeys from Transylvania, Romania. Journal of Environmental Science & Health, Part B -- Pesticides, Food Contaminants, & Agricultural Wastes, v.49, n.3, p.176-181, mar., 2014. ZOHDI et al. Pertanika Journal of Tropical Agricultural Science, v.35, n.1, p.67-74, fev., 2012.

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ESTUDO COMPARATIVO DA CORROSÃO DE AÇOS INOXIDÁVEIS FERRÍTICOS EM PRESENÇA DE CHORUME Lucas Cassulatti dos Santos

Bolsista PROIN1

Prof. Dr. Mauricio Marques Pinto da Silva2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Química Tecnológica

1 [email protected]; 2 [email protected]

RESUMO: Os aços inoxidáveis apresentam elevada empregabilidade no cotidiano e resistência à corrosão; porém, existem técnicas que possibilitam aumentar a proteção destes aços. Uma delas é a passivação, que utiliza um agente passivante que irá formar uma película de óxidos e hidróxidos sobre a superfície do aço. O presente estudo visa comparar o comportamento dos aços inoxidáveis sem o processo de passivação, com passivação com ácido nítrico 40% (v/v) em temperatura ambiente e a 40°C, tendo como meio corrosivo chorume com chuva ácida (artificial), através de medidas de potencial de circuito aberto e avaliar a eficiência da passivação através da determinação de potenciais de corrosão (Ecorr). Verificou-se que o processo de passivação é eficiente contra o meio corrosivo, apresentando resultados positivos no processo de passivação, com melhores resultados quando o processo é realizado à temperatura de 40°C. Palavras-chave: Corrosão, Aços inoxidáveis, Passivação.

1. INTRODUÇÃO

A liberação de poluentes como o SOx e NOx na atmosfera gera tipos de ácidos

corrosivos ao entrar em contato com a água. Ao ocorrer a precipitação, o pH da chuva estará

abaixo de 5, caracterizando a elevada acidez que, entrando em contato com estruturas de

concreto e metálicas, poderá provocar danos a estes materiais. O chorume é o líquido

resultante da decomposição microbiológica e química da matéria orgânica. Quando ambos

os poluentes se misturam, como ocorre em lixões e aterros, com a percolação do chorume,

forma-se um meio altamente corrosivo para os aços inoxidáveis.

Os aços inoxidáveis apresentam elevada proteção à corrosão; porém, existem

técnicas que possibilitam aumentar a proteção destes aços. Uma destas técnicas é a

passivação, método que, utilizando um agente passivante, irá formar um filme protetor na

superfície do aço inoxidável. Ao ser colocado em contato com o meio corrosivo, o mesmo

irá apresentar uma elevada velocidade de corrosão: com pequenos aumentos da

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concentração de oxidante, o aço inox apresentará um comportamento semelhante a um aço

não passivado. Ao atingir uma determinada concentração de oxidante no meio, a velocidade

de corrosão cairá bruscamente. (CARBÓ, 2005).

Este trabalho teve como objetivo avaliar a resistência à corrosão dos aços inoxidáveis

ferríticos, AISI 430 e AISI 439, quando submetidos ao meio corrosivo chorume com chuva

ácida (artificial) mediante a técnica de passivação destes aços, nas temperaturas ambiente

e a 40°C.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

Para realizar este procedimento, foram utilizadas duas placas de aços inoxidáveis

AISI 430 e AISI 439 (aços ferríticos), em que cada placa passou por uma preparação por

meio de lixamento manual, lixas 360 e 600 mesh, para eliminar camadas de óxidos formados

na superfície e impurezas. Com a placa devidamente lixada, foi lavada com água destilada

para eliminar o máximo possível de resíduos deixados pelo processo de lixamento, sendo

necessário, logo após a lavagem, realizar a secagem da placa para prosseguir o

experimento.

Para o processo de passivação, foi preparada uma solução aquosa de ácido nítrico

40% v/v (meio oxidante). Nesta preparação, é utilizada uma proveta de vidro de 100mL, onde

se coloca o ácido nítrico até a marca de 80mL, etapa que deve ser realizada na capela, com

exaustão ligada. Em um balão volumétrico de 200mL, coloca-se com o auxílio de uma

pisseta, um pouco de água destilada, e com cuidado são colocados os 80 mL do ácido nítrico

concentrado, preenchendo com água destilada até a marca presente no balão volumétrico.

Esta preparação de solução é exotérmica, ou seja, libera energia na forma de calor, por isso

é necessário resfriar o balão volumétrico com água corrente e completar o volume do balão

volumétrico com a água destilada. Para realizar a passivação da placa, são colocados cerca

de 40 mL da solução de ácido nítrico 40% v/v em um béquer de 50 mL e com o auxílio de

um dos fios que acompanham o multímetro e uma garra, prende-se a placa de aço inoxidável

para poder imergir parte da placa na solução. A passivação ocorreu por 30 minutos em

temperatura ambiente e a 40°C. Para realizar a passivação a 40°C, foi utilizado um banho

maria (Quimis / Q-215.2) com ajuste de temperatura e agitação da água.

Com base em trabalho (ZABAWI, 2008) em que se especificam os componentes da

chuva ácida na região industrial de Perai, Malásia, para produção da chuva ácida foram

utilizados 0,1023g de cloreto de sódio, 0,2049g de sulfato de amônio, 0,0651g de cloreto de

cálcio diidratado, 0,0603g de sulfato de magnésio heptahidratado, 0,0179g de nitrato de

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sódio, 0,0014g de sulfato de manganês hidratado,0,0008g de nitrato de chumbo, 0,0142g de

nitrato de zinco hexahidratado e 0,0055g de sulfato de ferro heptahidratado. Após obter as

massas, os sais foram dissolvidos em 1L de água destilada, com o auxílio de um agitador

magnético (Fisatom / 752A) e uma barra magnética. Após dissolvê-los, houve o ajuste de

pH da solução para pH 3. Para o ajuste de pH foi utilizada solução 0,10 mol.L-1 de hidróxido

de sódio e solução 0,1 mol.L-1 de ácido sulfúrico. Foi utilizada uma balança analítica (Quimis

/ SA210) para obter as massas necessárias dos sais e um pHmetro (Analyser / pH-ION

450M) para ajuste do pH da chuva ácida. Para produção do chorume, utilizaram-se galões

de água mineral de 5 litros. Na tampa de cada galão foi feito um orifício para a liberação dos

gases formados durante a decomposição. Utilizou-se:

Galão 01 – pesaram-se: 90,0 g de PET, 0,51g de papel de bala, 4,7g de papelão,

11,76g de papel, 17,84g de casca de ovo, 100,01g de erva-mate, 217,14g de borra de café,

33,81 g de alpiste e 1103,g de matéria orgânica em geral (verduras, frutas, legumes),

acrescentando-se um total de 115 mL da solução de chuva ácida (pH = 3).

Galão 2 - pesaram-se: 17,1g de PET e 1990,41 g de matéria orgânica em geral

(verduras, frutas, legumes), acrescentando-se 70 mL da solução de chuva ácida (pH = 3).

É necessário deixar que a decomposição da matéria orgânica ocorra por pelo menos

2 meses.

Após a passivação da placa de aço inoxidável, lavou-se com água destilada para

retirar o excesso da solução de ácido nítrico 40% v/v, secando cuidadosamente. Com o meio

corrosivo preparado, adicionaram-se cerca de 40mL em um béquer de 50mL. Utilizou-se um

eletrodo de referência, no caso um eletrodo de calomelano saturado (Analyser / 3A41),

conectado a um multímetro (Eda / 8PJ multímetro digital – DT830B), a fim de acompanhar

os valores de Potencial de Circuito Aberto (Eca), até se obter potenciais estacionários

(potencial de corrosão - Ecorr). Com a placa seca, realizou-se o mesmo procedimento

utilizado na passivação, porém, conectando o fio ao polo positivo do multímetro e o eletrodo

de referência conectado ao polo negativo. Como quesito de comparação e segurança, os

testes com as placas de aços inoxidáveis foram realizados em duplicata. Para anotar os

resultados, é necessário nos primeiros 10 minutos registrar os valores a cada minuto. De 10

minutos até 20 minutos, valores de 2 em 2 minutos. E de 20 minutos até 60 minutos, a cada

5 em 5 minutos.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os gráficos 1 e 2 apresentam os valores de Potencial de Circuito Aberto para as placas AISI

430 e AISI 439 respectivamente e os valores de Potencial de Corrosão na tabela 1.

Fonte: Autor

Tabela 1: Valores de Potencial de Corrosão (mV / ECS). Fonte: Autor

Segundo Gentil (2007), a deterioração causada pela interação físico-química entre o

material e o seu meio operacional representa alterações prejudiciais indesejáveis, sofridas

pelo material, tais como desgaste, variações químicas ou modificações estruturais, tornando-

o inadequado para o uso. A deterioração do aço inoxidável é geralmente causada pelo íon

cloreto. O chorume possui características poluentes devido ao seu contato com a massa de

resíduo sólido em decomposição, apresentando também características corrosivas para

metais e ligas metálicas (ARAÚJO, 2001). Bactérias liberam substâncias que aderem à

superfície do aço inoxidável causando corrosão por pites.

Segundo Rio (2015), a técnica de passivação é eficiente para a proteção de aços

inoxidáveis, tendo como meio corrosivo chorume com pH 5,5 e 6.

Observando os resultados obtidos, é possível verificar a eficiência da técnica de

passivação na proteção das ligas metálicas utilizadas. A passivação realizada a 40°C

mostrou maior eficiência, pois os valores de Potencial de Corrosão foram mais positivos do

que os outros testes.

Placa AISI 430 Placa AISI 439

Sem passivação -399 ± 140 -425 ± 88

Com passivação – temperatura ambiente -150 ± 47 -159 ± 29

Com passivação – 40°C -89 ± 8 -48 ± 21

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Por ser um trabalho inédito, já que utiliza como meio corrosivo chorume com chuva

ácida (artificial) e aços inoxidáveis AISI 430 e AISI 439, não é possível realizar maiores

comparações com a literatura.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A passivação dos aços inoxidáveis com ácido nítrico 40% (v/v) mostrou eficiência na

formação da camada protetora, ajudando no aumento da vida útil dos mesmos. Os testes

realizados com o meio corrosivo citado neste trabalho apresentaram resultados positivos.

A técnica de passivação a 40°C foi a que melhor protegeu os aços inoxidáveis

utilizados nesta pesquisa. Com os testes, é possível concluir que a técnica de passivação é

eficiente para proteção de ligas metálicas e metais, nas condições estudadas.

5. REFERÊNCIAS ARAÚJO, S. M. D. Projeto, construção e monitoramento de células de resíduos sólidos

com aceleração da decomposição. Brasília, 2001. Dissertação (Mestrado em Geotecnia)

– Universidade de Brasília.

ASTM 967 – 05. Standard Specification for Chemical Passivation Treatments for Stainless Steel Parts. CARBÓ, Héctor Mario. Cadernos da assistência técnica ACESITA S.A. associada à

ArcelorMittal – caderno 8 – Decapagem e passivação dos aços inoxidáveis. Fevereiro/2005.

10 p.

FORNARO, Adalgiza. Águas de chuva: conceitos e breve histórico. Há chuva ácida no

Brasil?. Revista USP, São Paulo, n.70, p.78-87, junho/agosto 2006. Disponível em:

<http://www.usp.br/revistausp/70/07-adalgiza.pdf>. Acesso em out. 2015.

GENTIL, Vicente. Corrosão. 5.ed. Rio de Janeiro: LTC, 2007. xi, 353 p. ISBN

9788521615569

Manual Técnico de Aço Inoxidável. Disponível em:

<http://www.kloecknermetals.com.br/pdf/3.pdf>. Acesso em ago. 2015.

Núcleo Inox. Coletânea de informações técnicas – aço inoxidável. São Paulo. 22 p.

Disponível em:

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<http://www.nucleoinox.org.br/upfiles/arquivos/downloads/A%E7o%20Inoxid%E1vel_No%E

%F5es%20b%E1sicas.pdf>. Acesso em ago. 2015.

RIO, C.L.V. et al. Avaliação da corrosão de aços inoxidáveis em presença de chorume.

Disponível em: <http://conic-semesp.org.br/anais/files/2015/trabalho-1000019346.pdf> .

Acesso em out. 2016.

SILVA, M.M.P. et al. Avaliação da passivação de aços inoxidáveis austeníticos e

ferríticos. São Paulo, SBQ, 2013.

ZABAWI, Mohamad et al. Effects of simulated acid rain on germination and growth of

rice plant. Malaysian Agricultural Research Development Institute 2008. Disponível em:

<http://ejtafs.mardi.gov.my/jtafs/36-2/Simulated%20acid%20rain.pdf>. Acesso em out. 2015

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ESTUDO ANATÔMICO DE Vetiveria zizanioides L. Nash (Capim Vetiver) UTILIZADA NA FITORREMEDIAÇÃO DE SOLO CONTAMINADO COM HIDROCARBONETOS POLIAROMÁTICOS Lucca Gallardo Scarimbolo

Bolsista PIBITI1

Prof. Dr. Cleber Ferrão Corrêa2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Ciências Biológicas

1 [email protected]; [email protected]

RESUMO: Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) fazem parte de um grupo de compostos que possuem dois ou mais anéis aromáticos condensados e são originados pela combustão de material orgânico, queima de carvão e produção de alumínio nos processos industriais. Além de estarem amplamente distribuídos em todo o ambiente, muitos destes HPAs são considerados carcinogênicos e mutagênicos, devido à capacidade de reagir direta ou indiretamente com o DNA, sendo uma considerável ameaça para a saúde humana, principalmente quando acumulados em solos. Neste trabalho, foram efetuados cortes histológicos de raiz de Vetiveria zizanioides L. Nash (Capim Vetiver), cultivada em solos contaminados por HPAs, para verificação das alterações anatômicas e classificação desse vegetal como espécie bioindicadora.

Palavras-chave: fitorremediação, capim vetiver, HPAs.

1. INTRODUÇÃO

Em solos podem ocorrer a presença de HPAs que podem acarretar em

contaminação humana direta – por contato com o resíduo (no manuseio, no tratamento ou

na disposição) ou indireta – causada pelo destino final inadequado dos resíduos e

consequente contaminação ambiental do solo, lençóis freáticos, corpos d’água superficiais,

biota e ar (SISINNO et al., 2003).

Após muitos anos de observação e estudo, notou-se que as plantas se adaptam

fisiológica, anatômica e morfologicamente ao se desenvolverem sob estresse de ambientes

ricos em metais pesados (ZOCCHE et al., 2010) e outros contaminantes como herbicidas

presentes no solo (MÜLLER, 2013).

Muitas das espécies analisadas mostraram-se extremamente eficientes na remoção,

armazenamento, transferência e estabilização destas substâncias nocivas para outras

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formas de vida, sendo classificadas como hiperacumuladoras (KHAN, 2000, apud

ROMEIRO, 2007).

A esta técnica de destoxificação e remoção de elementos danosos, deu-se o nome

de fitorremediação, resultando em uma tecnologia de baixo custo e com possiblidade de

aplicação em áreas de grande extensão, não provocando contaminações secundárias. Para

selecionar uma planta eficiente, devem-se considerar fatores como crescimento rápido, boa

produção de biomassa, competitividade e vigor (LAMEGO & VIDAL, apud TAVARES et al,

2013).

Neste estudo, utilizou-se o Vetiveria zizanioides L. Nash (Capim Vetiver) que

segundo TROUNG 2008, apud CHAVES & ANDRADE 2013, é uma planta do tipo C4 que

possui ótima tolerância a longos períodos de seca, inundações e altas variações de

temperatura e pH no solo. Além disso, esta mostra-se extremamente tolerante à maioria dos

metais pesados, sendo assim amplamente utilizada em técnicas de fitorremediação com

ótimos resultados no ramo da biotecnologia.

O Vetiver é uma espécie monocotiledônea de raízes poliarcas, com metaxilemas

distribuídos simetricamente, apresentando aerênquimas alternados com o parênquima da

região cortical. As estruturas anatômicas das raízes de exemplares desenvolvidos em solo

contaminado por HPAs foram comparadas com amostras não contaminadas.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 2.1. Condições de cultivo

As plantas foram cultivadas via propagação vegetativa e as mudas pré-selecionadas

instaladas em solo contaminado com HPAs provenientes de indústria química localizada no

estado do Espirito Santo. As coletas foram realizadas 45 dias após a propagação e as

mesmas levadas para sistema hidropônico. A testemunha foi cultivada em solo sanitizado e

após 45 dias transferida para cultivo hidropônico. Após o período de climatização em casa

de vegetação, foram realizadas coletas de raízes semanalmente, totalizando 8 amostras.

2.2. Preparação das lâminas histológicas e medições

Inicialmente os materiais previamente selecionados foram seccionados com auxílio

lâmina e seguida montagem dos cortes transversais das raízes contaminadas e da planta

testemunha utilizando o corante Azul de Metileno (0,01%). Metade dos cortes foram

verificados a fresco sem processo de coloração para comparação.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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Em microscópio óptico automático Leica, verificou-se as estruturas anatômicas e em

seguida realizada captação digital das imagens para posterior mensuração dos tecidos com

auxílio de câmara de Neubauer.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As raízes não contaminadas (Figura 1 e 2) apresentaram região medular bem

formada, com a disposição dos feixes xilemáticos bem simétricos, com espaçamento regular.

A região cortical não apresentou nenhuma modificação aparente. Os outros tecidos não

indicaram modificações consideráveis ao longo do perímetro de corte. A espessura dos

aerênquimas, localizados ao lado do parênquima cortical, mostrou-se variada em todos os

cortes.

Figura 1: Raiz Vetiveria zizanioides L. Nash (Capim Vetiver) não contaminada. A e B) Corte transversal da raiz primária; C) Detalhe do xilema na região medular; D) Aerênquima da região cortical.

Parte das raízes contaminadas com HPAs (Figura 3 e 4), apresentavam coloração mais

escura e consistência menos firme. Nestes casos, a região medular possui diâmetro reduzido, se

comparado a cortes de mesmo diâmetro em outras raízes, sofrendo desarranjo dos feixes xilemáticos

e da sua simetria. É possível que os HPAs se concentrem mais em algumas raízes do que em outras

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de uma mesma planta, interferindo principalmente no desenvolvimento de células meristemáticas do

procâmbio.

Figura 2: Raiz Vetiveria zizanioides L. Nash (Capim Vetiver) corada não contaminada. A) Corte transversal da raiz primária; B) Detalhe do xilema na região medular; C) Aerênquima da região

cortical.

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Figura 3: Raiz Vetiveria zizanioides L. Nash (Capim Vetiver) contaminada. A e B) Corte transversal da raiz primária; C) Detalhe da região medular modificada, destacando xilema; D) Xilema bem ordenado;

E) Aerênquima.

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Figura 4: Raiz Vetiveria zizanioides L. Nash (Capim Vetiver) contaminada e corada. A e B) Corte transversal da raiz primária; C) Detalhe do xilema na região medular; D) Aerênquima da região

cortical.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Constatou-se através do experimento que as raízes de Vetiveria zizanioides L. Nash

(Capim Vetiver) cultivadas em solo contaminado por HPAs apresentaram alterações

anatômicas que foram observadas nas análises histológicas realizadas. Dentre estas, foram

registradas a alteração do diâmetro do cilindro vascular e desorganização na distribuição

das células de xilema, o que não foi verificado em plantas testemunhas. Para a indicação da

planta como espécie bioindicadora serão necessários mais testes para confirmação da

hipótese levantada.

5. REFERÊNCIAS

CHAVES, Tiago de Andrade; ANDRADE, Aluísio Granato de. Capim Vetiver – Produção de mudas e uso no controle da erosão e na recuperação de áreas degradadas. RIO RURAL – Núcleo de Pesquisa Participativa, Niterói - RJ, Manual Técnico, 39. 2013. ISSN 1983-5671. MÜLLER SOUTO, K; et al. Biodegradação dos herbicidas imazetapir e imazapique em solo rizosférico de seis espécies vegetais. (Portuguese).: Biodegradation of the herbicides imazethapyr and imazapic in rhizosphere soil of six plant species. (English). Ciência Rural. 43, 10, 1790-1796, out. 2013. ISSN: 01038478.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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ROMEIRO, Solange et al. Absorção de chumbo e potencial de fitorremediação de Canavali aensiformes L. Bragantia, Campinas, v. 66, n. 2, p. 327-334, 2007 . SISINNO, Cristina L. S. et al. Hidrocarbonetos policíclicos aromáticos em resíduos sólidos industriais: uma avaliação preliminar do risco potencial de contaminação ambiental e humana em áreas de disposição de resíduos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 19, n. 2, p. 671-676, Apr. 2003. TAVARES, S. R. de L.; OLIVEIRA, S. A. de; SALGADO, C. M.; Avaliação de espécies vegetais na fitorremediação de solos contaminados por metais pesados. HOLOS. Ano 29, v.5, dez. 2013. ISSN: 18071600. ZOCCHE, Jairo José; FREITAS, Micheli; QUADROS, Karin Esemann de. Concentração de Zn e Mn nos efluentes do beneficiamento de carvão mineral e em Typha domingensis Pers (TYPHACEAE). Rev. Árvore, Viçosa, v. 34, n. 1, p. 177-188, fev. 2010.

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SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL EM SANTOS/SP: MORFOLOGIA URBANA E QUALIDADE DOS ESPAÇOS LIVRES PÚBLICOS EM UMA PERSPECTIVA COMPARADA Luiza Passos Bechelli

Bolsista PROIN1

José Marques Carriço2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Arquitetura e Urbanismo

1 [email protected] ; 2 [email protected]

RESUMO: Essa pesquisa procurou analisar a relação entre o espaço livre público da Zona Leste e

dos Morros da cidade de Santos (SP), de forma a apontar a segregação socioespacial na cidade.

Para isso foram utilizadas como referências a Praça Primeiro de Maio, localizada no bairro Ponta da

Praia, e a Praça do Céu, na Vila Progresso, que retratam diferentes realidades socioeconômicas,

revelando a grande desigualdade social do município. Como metodologias foram utilizadas coletas

de dados nos locais investigados, pesquisa documental e a análise comparativa do espaço usando

como referência métodos de avaliação baseados nos autores referenciados na bibliografia. A partir

disso foi elaborado um projeto de intervenção para cada praça que busca preservar os aspectos

positivos e rever os negativos. A pesquisa apontou que a Praça do Céu é bastante frequentada, as

pessoas permanecem e circulam no local, possuindo qualidade de vida pública. Apesar de deter

alguns equipamentos em más condições físicas e de alguns pontos da praça serem mais

frequentados que outros por conta da insolação. A Praça Primeiro de Maio, que teve grande parte

do centro de sua área doada para uma associação privada, possui bastante circulação e

permanência de pessoas naquilo que ficou definido como seu lado norte e que se encontra de frente

para duas avenidas; já o seu lado sul, muito prejudicado por essa doação, tem pouca frequência de

pessoas e por tempo limitado.

Palavras-chave: espaço público, segregação socioespacial, urbanismo.

1. INTRODUÇÃO

A alta densidade populacional1 e o alto custo do metro quadrado2 da cidade de Santos

estão intimamente ligados à importância de se construir ou preservar os espaços livres

1 Segundo o Censo Demográfico de 2010 (IBGE), Santos possui densidade demográfica de 1492.23 hab./Km². Comparando com o estado de São Paulo, que possui densidade total de 166,25 hab./Km² (IBGE, 2010), é possível afirmar que a cidade possui alta densidade populacional. 2 No ano de 2013, segundo o Anuário de Mercado Imobiliário Brasileiro, lançado pela Lopes, empresa de consultoria e intermediação imobiliária, Santos possuía o oitavo metro quadrado mais caro do Brasil.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

279

públicos3. Este projeto de pesquisa buscou questionar as várias formas de aproveitamento

do espaço público em regiões da cidade que mostram diferentes características

socioeconômicas, usando como base os métodos de estudo do espaço público de autores

como Jan Gehl (2013), Birgitte Svarre (2013) e Jane Jacobs (2014). Dessa forma, foram

escolhidas duas praças para análise, a Praça Primeiro de Maio, localizada no bairro Ponta

da praia, onde os responsáveis pelos domicílios possuem de 10 a 30 salários mínimos e a

Praça do Céu, localizada no bairro Vila Progresso, onde os responsáveis pelos domicílios

possuem de três a cinco salários mínimos (IBGE, 2000).

O objetivo desta pesquisa é identificar qual a relação entre o espaço livre público dos

bairros Ponta da Praia (Zona Leste) e da Vila Progresso (Morros) da cidade de Santos (SP),

de modo que a análise da relação comparativa de suas praças mostrem como a cidade

provê espaços livres públicos para populações de diferentes classes sociais.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

Metodologicamente, a pesquisa foi realizada por meio das seguintes etapas:

planejamento; revisão bibliográfica; levantamento perceptivo, fotográfico, cartográfico, de

imagens aéreas, legislação urbanística e ambiental e demais documentos; sistematização

do material levantado; análise do material levantado; produção do diagnóstico dos setores

urbanos selecionados; elaboração das propostas de intervenção; elaboração do relatório

final da pesquisa.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Praça Primeiro de Maio foi dividida a partir da Lei Nº1800/1999, onde uma parte

dela foi ocupada pela Associação Beneficente Oswaldo de Rosis (ARBOR). Neste trabalho

foi feito a análise dos seus dois lados, o Norte e o Sul.

O lado norte da Praça Primeiro de Maio é privilegiado pela sua localização4 onde há

uma grande circulação de pessoas. Suas características são favoráveis para uma boa

permanência: há árvores que fazem sombra em quase toda a praça na maior parte do dia,

3 Nessas cidades os habitantes muitas vezes vivem em habitações pequenas e de pouca qualidade ambiental, por conta da alta verticalização e da procura do aproveitamento máximo desses espaços. Dessa forma, esses espaços públicos assumem a função de prover à população momentos de sociabilidade, descanso, relaxamento, lazer e fruição ao ar livre. 4 Avenida de uso predominantemente terciário, em um bairro que possui área majoritariamente de uso habitacional e está rodeada de espaços de uso institucional.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

280

o canal 6, ao seu lado leste (Av. Cel. Joaquim Montenegro), contribui para uma ventilação

frequente5, há mesas e bancos em boas condições e principalmente há um intenso fluxo de

pessoas6.

Estas circunstâncias somadas às de um bairro onde moram muitos idosos7 fazem

com que a praça seja frequentada a maioria do tempo por homens nessa faixa etária em

que passam a maioria de seu tempo jogando baralho nas mesas, conversando, ou apenas

observando os outros jogarem.

Mulheres mais jovens e idosas também frequentam e permanecem na praça para

conversar, na maioria das vezes sentam perto da banca de jornal, local que assume um

papel significativo para essas pessoas e onde possui cadeiras de plástico com encosto e

sombra. Jan Gehl e Birgitte Svarre (2013, p. 14) discutem a questão da segurança da praça

em relação à quantidade de mulheres que a frequentam. Normalmente ambientes com esse

público tendem as ser considerados mais seguros, provavelmente por serem as mulheres

quem mais sofrem violência física e psicológica nos espaços públicos.

A praça também é frequentada por jovens e crianças, principalmente após as 17h,

que é um período de intenso fluxo de pessoas, horário de saída das escolas, mas o público

infantojuvenil não permanece durante muito tempo.

Nessa parte da praça alguns pedestres sentam apenas para observar a circulação de

pessoas, confirmando a idéia de Jan Gehl que em seu livro Cidade Para Pessoas (2014)

afirma que pessoas frequentam lugares onde há pessoas. De acordo com Camillo Sitte

(1992) praças com formato linear são propícias a se tornar um local de passagem. Isso em

certa parte acontece, pois o percurso linear central é o mais utilizado, porém o ambiente não

perde sua característica acolhedora. As pessoas escolhem permanecer e frequentar esse

local.

Alguns aspectos negativos encontrados foram em relação ao conforto acústico da

praça. Por estar entre duas avenidas de grande fluxo de automóveis, o ruído é constante.

Em relação ao mobiliário urbano, os bancos nas mesas não possuem encosto, contribuindo

para que uma permanência maior de tempo deixe de ser um momento agradável, duas

5 pois é uma área linear extensa e que não possui barreiras, funcionando como um corredor de vento sudoeste (o vento predominante na cidade). Essas características são positivas para o conforto térmico da praça, pois Santos possui clima tropical úmido, com temperaturas elevadas no verão e amenas no inverno - Segundo a classificação de Koppen do Estado de São Paulo, no Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas aplicadas à Agricultura , disponível em: http://www.cpa.unicamp.br/outras-informacoes/clima-dos-municipios-paulistas.html visto em: 11 de Novembro de 2015, às 11h28. 6 Segundo Jan Gehl (2014) as pessoas escolhem permanecer em lugares onde há pessoas circulando. 7 Os setores censitários que estão no bairro Ponta da Praia mostram que essa região da cidade é uma das que mais possuem população com mais de 60 anos (IBGE, 2010),

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

281

mesas da praça recebem iluminação solar direta a maior parte do tempo e a árvore que

cobre o resto da praça solta resíduo deixando o piso da praça sempre sujo. As árvores fazem

sombra, porém não protegem da chuva, quando começa a chover os idosos se abrigam

embaixo da banca.

O lado sul da praça é bem prejudicado pela sua divisão (inserção de uma associação

que divide a praça em suas partes). Poucas pessoas passam pelo local e quase ninguém

permanece. Há uma arquibancada de três degraus que não é utilizada, provavelmente por

estar de frente para o centro da praça, um lugar em que não há nenhum atrativo visual.

Possui quatro bancos de quatro lugares sem encosto e mal conservados que são

pouquíssimos utilizados. Essa parte da praça está cercada por uso residencial e uso

institucional, porém o local de uso institucional, que se encontra no lado leste da praça, está

cercado por muros.8

A permanência de pessoas é quase nula, normalmente são paradas rápidas para

conversar ou para esperar o cachorro passear. Crianças e adultos passam pela rua do lado,

mas não são estimulados a frequentar a praça. Dessa forma o local é evitado e considerado

perigoso, a noite essa situação pode se agravar9.

A Praça do Céu apesar de não ser oficial10 apresenta papel simbólico e referencial

para os moradores do bairro da Vila Progresso. Funciona como um ponto de encontro e

passagem. É conhecida por esse nome por estar localizada em um dos pontos mais altos

dos Morros, possui boa ventilação e uma vista limpa para o porto da cidade e para a Área

Continental do Município, funcionando como um grande mirante.

Seu formato linear e a não separação entre praça e passeio contribuem para que o

percurso mais utilizado siga de uma extremidade a outra. Esse percurso é mais utilizado por

mulheres. O segundo percurso mais utilizado é o que vai até a barraca de pastel localizada

na ponta oeste, que mesmo não estando em funcionamento, possui um toldo para proteção

contra o sol. Nas outras mesas da praça também existe sombra. Nesse caso, a justificativa

mais provável é de que as pessoas se sintam menos vistas e mais aconchegantes na

8 Esse aspecto traz sensação de insegurança para quem frequenta o local, pois impede que a rua seja observada. Jane Jacobs defende essa ideia em seu livro “Morte e vida das grandes cidades” (2014). 9 Em um dos dias de observação um homem sentou para utilizar droga e em outro um homem se aproximou para pedir dinheiro, essas situações normalmente não agradam quem pretende frequentar um espaço público. Por motivos de segurança não foram feitos levantamento de campo à noite, porém o que se espera é que a situação se agrave nesse período 10 A Praça do Céu não recebe denominação dada por meio de lei ou decreto municipal e está localizada em um assentamento irregular, delimitado como Zona Especial de Interesse Social do tipo 1 – ZEIS 1 – segundo a Lei Complementar nº 53, de 15 de maio de 199210).

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

282

proteção do toldo, pois ele e a barraca estão posicionados de forma que, quem está no lado

oeste olhando para o lado leste, não consegue ver se há ou não pessoas no local.

Há quantidade significativa de crianças que frequentam o lugar. Nos dias de semana,

no período da tarde, muitas mulheres esperam na praça pela chegada das vans escolares

e muitas delas permanecem um tempo, mesmo depois da chegada das crianças. Apenas a

presença de mulheres já pode ser um fator para identificar a praça como segura. Além disso,

as crianças brincam soltas pela praça. Birgitte Svarre e Jan Gehl, em seu livro How to Study

Public Life (2013, p.102), mostram estudos pelos quais apontam que, quanto mais as

pessoas deixam as crianças soltas em um espaço público, mas a via é considerada segura.

Porém não há equipamentos adequados para público infantil, apesar de possuir duas mesas

de tênis de mesa elas nunca foram utilizadas para esse fim. Outra questão que afeta esse

público é a não presença de um parapeito adequado ao redor da praça.

Há um intenso fluxo de pessoas que vão até a praça para esperar o transporte público,

conversar e descansar. Os bancos não possuem encosto. Há presença constante de

mosquitos, outro aspecto negativo é que poucas pessoas optam por ir até a ponta oeste da

praça e lá permanecer, pois seu acesso é por escadas e não possui árvores que façam

sombra.

Nos finais de semana as pessoas se encontram na praça, sentam, conversam e

olham a paisagem. Isso provavelmente acontece, pois é o único espaço público livre para o

bairro, sendo assim nos finais de semana ele serve como ponto de encontro e de lazer.

As praças são bem frequentadas. Apenas o lado sul da Praça Primeiro de Maio é

mais prejudicado. Nesta praça há mesas adequadas para os jogos dos idosos e é um lugar

agradável para permanecer e contemplar o movimento de pessoas. Entretanto, o local não

possui lugares confortáveis para sentar e relaxar por um período maior de tempo e proteção

contra chuva. Na Praça do Céu, não há lugares adequados para as crianças brincarem,

como também não há lugares confortáveis para o descanso e proteção contra chuva.

Projeto

A proposta escolhida para o projeto das praças buscou preservar as potencialidades

de desenho já existentes, pois acredita-se que a relação de identidade que há entre os

frequentadores e a praça deve ser mantida. Apesar de essa relação ser importante, foram

encontrados alguns fatores que são prejudiciais para uma boa qualidade de vida e espaço

público. Dessa forma o projeto visa modificará aquilo que for necessário, tentando sempre

harmonizar o novo com o já existente.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

283

Praça Primeiro de Maio (figura 1) mudanças: Integração com o Conjunto Habitacional

Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, local onde há poucos espaços de lazer11;

ligação dos dois lados da praça, de modo que não prejudique o uso da Associação (ABOR)

e traga qualidade ao espaço público; novos caminhos que foram elaborados de maneira a

suprir as necessidades dos futuros fluxos possíveis para a praça; academia para a terceira

idade, playground e bancos com encosto.

Figura 2 - Planta e corte do projeto de intervenção da Praça Primeiro de Maio e da Praça do Céu.

Fonte: Elaboração própria (2016).

Praça do Céu (figura 1) mudanças: Integração da praça com o outro lado da caixa

d’água; via compartilhada, onde não tenha a diferenciação entre o que é para as pedestres

e o que é para os veículos; pequena mudança de piso próximo à esquina, de modo a causar

a diminuição de velocidade dos veículos, logo tornar a via mais segura; tendo em vista a

topografia existente a praça foi dividida em dois níveis de forma a minimizar os impactos da

declividade; academia para a terceira idade e playground e bancos com encosto ponto de

vans que funciona como marquise de proteção contra chuva e o sol.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como era esperado, pela sua localização, o lado norte da Praça Primeiro de Maio

recebe grande fluxo e permanência de pessoas em todos os dias. A hipótese também se

afirma em relação ao lado sul, onde praticamente não há permanência e o fluxo de pessoas

é mínimo.

11 Segundo Jacobs (2014) lugares com edifícios monofuncionais (neste caso, edifícios habitacionais) são menos frequentados e possuem menor qualidade de vida pública.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

284

Na Praça do Céu, também, se confirmou a constante presença de pessoas durante

toda a semana, pela sua localização, por ser ponto de parada das vans, ter alta densidade

populacional ao seu redor e carência de espaço livre público. Porém, a hipótese de que nos

finais de semana não haveria grande fluxo e permanência de pessoas no local, não se

confirmou. Apesar de as pessoas usarem menos o transporte público, a praça continuou

sendo frequentada.

É possível perceber que mesmo em posições socioeconômicas diferentes, as duas

praças possuem potencialidades e fragilidades parecidas.

A Praça Primeiro de Maio possui qualidade de vida pública no lado norte, onde há

uma banca e passam duas avenidas de fluxo intenso. Já no lado sul, que ficou totalmente

segregado pela associação, não possui qualidade de vida pública.

A Praça do Céu tem uma grande movimentação de pessoas na maioria de sua

extensão, mas também conserva uma parte pouco frequentada, nesse caso, motivada pela

falta de sombra.

Nas duas praças há uma frequência de pessoas todos os dias para realizar as

mesmas atividades: na Praça do Céu, as crianças brincam e os pais conversam, e na Praça

Primeiro de Maio os idosos jogam baralho e algumas pessoas conversam e descansam. O

grande fluxo de pessoas que frequentam cotidianamente espaços específicos, de ambas as

Praças, caracteriza uma relação de identidade com o espaço público.

5. REFERÊNCIAS

CENTRO de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas aplicadas à Agricultura. Disponível em: http://www.cpa.unicamp.br/outras-informacoes/clima-dos-municipios-paulistas.html visto em: 11 de Nov. de 2015, às 11h28minh. GEHL, Jan. Cidade para pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2014. GEHL, Jan; SVARRE, Birgitte. How to Study Public Life. Washington: Island Press, 2013. IBGE. Censo Demográfico 2010. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2010. JACOBS, Jane. Morte e vida das grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2014.

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LOPES. Anuário de Mercado Imobiliário Brasileiro 2013. Disponível em: http://pt.slideshare.net/simaorj/anurio-do-mercado-imobilirio-brasileiro-2013-lopes. Acesso em: 29 Nov. de 2015, 10h55minh. SANTOS. Lei Municipal nº 3116, art. 1, de 02 de junho de 1965. SANTOS. Lei Municipal nº 239, art. 1, de 13 de abril de 1987. SANTOS. Lei Municipal nº 1800, art. 1, de 14 de setembro de 1999. SITTE, Camillo. A construção das cidades segundo seus princípios artísticos. São Paulo: Ática, 1992.

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RECONHECIMENTO DA DINAPENIA COMO FATOR PREDITOR NUTRICIONAL E DE SAÚDE

Mara Fabiana da Silva Antunes

Bolsista PROIN1

Prof. Dr. Cezar Henrique de Azevedo2

INSTITUIÇÃO: Universidade Católica de Santos

Curso: Nutrição

1 [email protected]; [email protected]

RESUMO: A população mundial está em processo de envelhecimento e isso resulta na diminuição

das reservas fisiológicas e respostas funcionais que podem comprometer o estado nutricional e

favorecer a morbidade e a mortalidade. Objetivo: analisar o estado nutricional e a capacidade física

de idosos (60 anos ou mais) residentes em São Vicente. Métodos: estudo transversal com 224 idosos

de ambos os sexos. Realizou-se avaliação antropométrica (peso, altura, índice de massa corporal-

IMC, dobras e circunferências corporais) para o estado nutricional e de medida de força de preensão

muscular (FPM) para categorizar dinapenia (mulher < 20kg e homens < 30kg de força); aplicado teste

paramétrico (teste t student; p<0,05). Resultados: Houve maior participação feminina (n=143;

63,8%). As medidas de peso e altura, de reserva e função musculares foram maiores nos homens,

enquanto que as mulheres apresentaram maiores valores nas medidas de reserva de gordura

corporal e na circunferência do braço. Pela FPM, 70,0% dos idosos foram categorizados como

dinapênicos, sendo 72,7% mulheres e 65,4% homens, e com excesso de peso (IMC > 28kg/m²) para

52,0% e 48,0%, respectivamente. Os dinapênicos apresentaram menores valores na circunferência

muscular do braço e espessura muscular adutora do polegar. Conclusão: os idosos concorrem com

situações de elevados riscos de comprometimento funcional e independência além das doenças

associadas ao excesso de peso, merecendo ações de intervenção e cuidados de saúde urgentes.

Palavras-chave: Dinapenia; envelhecimento; saúde do idoso.

1. INTRODUÇÃO

A população de idosos (60 anos ou mais) está crescendo em ritmo acelerado no Brasil

e no mundo, resultando em mudanças na dinâmica demográfica. Segundo o IBGE, no final

de 2011, a população mundial ultrapassou os sete bilhões de pessoas.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

287

Segundo último Censo do IBGE de 2010, o número de idosos no Brasil com 60 ou

mais chegava a 10,8% da população e os de 80 ou mais 1,5%, e no Estado de São Paulo o

número é ainda maior, sendo 11,6% e 1,6%, respectivamente.

Em Santos o índice de envelhecimento evoluiu de 11,23% para 14,05% entre 1991 e

2010, com aumento na esperança de vida para 76 anos na atualidade.

Segundo o Relatório Mundial e Envelhcimento e Saúde elaborado pela OMS (2015),

o envelhecimento no nível biológico é associado ao acúmulo de uma grande variedade de

danos moleculares e celulares que leva com o tempo a uma perda nas reservas fisiológicas

aumentando o risco de contrair diversas doenças e um declínio geral na capacidade

intrínseca do indivíduo que em última instância resulta no falecimento.

Muitas vezes o envelhecimento cronológico não acompanha o funcional sendo este

de maior importância para a qualidade de vida de um indivíduo pois através do grau de

autonomia é que o mesmo desempenha as funções do dia-a-dia e o fazem independente

dentro do contexto em que vive (KALACHE; VERAS; RAMOS, 1987).

Uma das mudanças fisiológicas que acometem o idoso e mais estudadas são as

alterações na composição corporal, como aumento da adiposidade e diminuição da massa

corporal magra ou massa muscular esquelética e a diminuição óssea. (MATSUDO, 2000).

Clark e Manini (2012) propuseram o termo “dinapenia” para definir a perda da força

muscular associada ao envelhecimento (“dyna” significa poder, força e “penia” significa

pobreza), separando o conceito de definição de massa de redução de força muscular. As

consequências da dinapenia são mau desempenho físico, com redução na habilidade e

resposta musculares para realização de tarefas do cotidiano (caminhar, subir escadas,

tomar banho) e até a morte.

O declínio da força é de duas a cinco vezes mais rápido do que perda de massa

muscular e a perda dessa força é mais consistente com o risco para desabilidade e morte

do que a perda de massa muscular (MITCHELL et al., 2012).

Assim, analisar o estado nutricional e a funcionalidade muscular de idosos (60 anos

ou mais) pode ajudar na criação de estratégias de promoção da saúde, prevenção e

tratamento de alguns problemas, visando a melhoria da sua qualidade de vida (MARUCCI;

BARBOSA, 2003). Esse foi o objetivo do presente estudo.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

Esse estudo é derivado de um projeto de doutorado intitulado “fatores associados a

anemia e estado nutricional de idosos (> 60 anos) residentes em área contaminada e não

contaminada na baixada santista”. Foram utilizados infomações do banco de dados

coletados nesse estudo e realizado análises das medidas antropométricas e de força de

preensão manual. Projeto aprovado pelo Comitê de ética em Pesquisa da Universidade

Católica de Santos em 22/04/2015, nº. parecer 1036.152.

As medidas antropométricas utilizadas foram de massa corporal (peso), altura e

calculado o índice de massa corporal (IMC), dobra cutânea tricipital (DCT), circunferência

do braço (CB), e calculada a circunferência muscular do braço (CMB); circunferência da

cintura (CC), circunferência do quadril (CQ), circunferência da panturrilha (CP) e força de

preensão manual (FPM). A avaliação física foi realizada por meio de medidas e técnicas

apresentadas por Kamimura; Baxmann; Cuppari (2005). Os procedimentos foram:

• massa corporal – peso (em kg) foi obtida com uso de balança digital tipo plataforma da

marca Wiso® ultra slim w912, capacidade até 180kg e divisão em 100g.

• altura (em cm) obtida com o uso de estadiômetro portátil com plataforma e haste graduada

com fita métrica de 250 cm e divisão de 1mm;

• IMC = [massa corporal(kg) ÷ altura(m)²] e classificação segundo recomendação da

Organização Pan-Americana da Saúde – OPAS (2001), a saber: IMC < 23 = baixo peso;

23 < IMC < 28 = peso normal; 28 < IMC < 30 = sobrepeso; IMC > 30 = obesidade.

• Circunferência da cintura (CC em cm) – medida do abdomen; fita métrica inextensível

circundando sobre a cicatriz umbilical.

• Circunferência do quadril – CQ (em cm): fita métrica circundando a maior protuberância

posterior dos glúteos.

• Circunferência da panturrilha (CP): fita métrica circundando a maior circunferência

observada no espaço entre o tornozelo e o joelho

• Circunferência do braço – CB (em cm): fita métrica no ponto médio do braço direito

• Dobra cutânea tricipital – DCT (em mm): pinçamento da pele no ponto médio na parte

posterior do braço com uso do adipômetro Sanny®

• Espessura do músculo adutor do polegar – EMAP (em mm): medida foi obtida com

adipômetro Sanny® no músculo adutor no vértice de um ângulo imaginário formado pela

extensão do polegar e o dedo indicador da mão.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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• Força de preensão manual – FPM (em kg): medida obtida com o uso de dinamômetro

(Lafayette Hydraulic Hand Dynamometer model J00105 – Lafayette instrument – USA.

o Classificação de dinapenia: FPM < 20kg para mulheres e < 30kg para homens

(CRUZ-JENTOFT et al., 2010).

Foram calculados os valores médios e os desvios padrão das variáveis quantitativas

para comparação das diferenças entre grupos Mulheres e Homens e entre os grupos

Dinapenia e Não-dinapenia; aplicado teste paramétrico (teste t student). As variáveis

qualitativas foram apresentadas em números absolutos e relativos. Foi utilizado aplicativo

Excel for Windows 2010.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram do estudo 224 idosos. As mulheres representaram 63,8% da amostra

(n= 143) e os homens 36,2% (n=81). A média de idade de todos os participantes foi de 68,2

(+ 6,0) anos, sendo de 67,6 (+ 6,2; 59 a 87) anos para as mulheres e de 69,2 (+ 5,4; 60 a

85) anos.

Na Tabela 01 são apresentadas as informações referentes às médias e desvios-

padrão dos valores das medidas antropométricas e de força de preensão manual. As

medidas de massa corporal e altura foram maiores nos homens, bem como as medidas de

reserva (CMB, EMAPs) e função (FPM) musculares, enquanto que as mulheres

apresentaram maiores valores nas medidas de reserva de gordura corporal (DCT, CQ) e na

circunferência do braço (CB).

Tabela 01 – Média e desvio padrão (DP) das medidas antropométricas e da FPM segundo sexo.

Santos, SP, Brasil.

Mulher (n=143) Homem (n=81)

Média DP Média DP Valor de p*

Peso (kg) 68,21 12,56 73,88 16,58 0,004

Alt (cm) 152,24 6,57 162,24 7,05 <0,001

IMC (kg/m²) 29,42 5,08 28,05 5,96 0,072

CB (cm) 31,92 4,15 30,70 4,38 0,042

CMB(cm) 24,56 2,56 26,07 2,99 <0,001

C ab (cm) 99,36 11,48 99,77 14,40 0,819

CQ (cm) 103,85 10,38 99,77 11,54 0,007

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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DCT_média 23,44 7,10 14,77 6,82 <0,001

EmapDir (mm) 17,02 2,98 18,23 3,29 0,006

EmapEsq (mm) 15,67 2,76 17,44 3,19 <0,001

C Pant (cm) 36,17 3,71 36,26 3,98 0,874

FPMDir (kg) 17,52 4,77 27,03 7,53 <0,001

FPMEsq (kg) 16,80 5,48 26,23 7,12 <0,001 *Teste t student. Alt= altura; IMC= índice de massa corporal; CB = circunferência do braço; CMB; = circunferência muscular do braço; Cab

= circunferência abdominal; CQ = circunferência do quadril; DCT = dobra cutânea triciptal; EMAP = espessura do músculo adutor do

polegar; CP = circunferência da panturrilha; FPM = força de preensão manual.

Ao utilizar a força de preensão manual como variável categórica, 70,0% dos idosos

foram considerados dinapênicos, sendo 72,7% mulheres e 65,4% homens.

Ao comparar as medidas de composição corporal e de força muscular é possível

observar que as medidas de reserva muscular (CMB, EMAPs) de força de preensão manual

e também peso e altura foram menores dentre as mulheres dinapênicas comparado com as

mulheres não dinapênicas (Tabela 2).

Tabela 2 – Média e desvio padrão (DP) de medidas antropométricas de mulheres segundo

classificação de funcionalidade muscular pela força de preensão manual (FPM)

Não-Dinapenia

(n=39)

Dinapenia

(n=104) Média DP Média DP Valor de p*

Peso (kg) 73,58 11,07 66,20 12,49 0,002

Alt (cm) 155,74 7,59 150,93 5,61 <0,001

IMC 30,38 4,31 29,06 5,30 0,170

CB (cm) 32,87 3,56 31,56 4,29 0,093

CMB(cm) 25,27 2,25 24,29 2,62 0,042

Cabdom (cm) 102,27 10,48 98,27 11,64 0,064

CQ (cm) 105,42 9,45 103,26 10,65 0,271

DCT_media 24,21 7,56 23,15 6,90 0,427

EmapDir_media 18,13 2,37 16,60 3,08 0,006

EmapEsq_media 16,76 2,19 15,26 2,84 0,003

C Pant (cm) 37,00 3,08 35,87 3,87 0,105

FPMDir_media 23,58 3,34 15,23 2,83 <0,001

FPMEsq_media 21,90 5,98 14,89 3,81 <0,001 *Teste t student Alt= altura; IMC= índice de massa corporal; CB = circunferência do braço; CMB; = circunferência muscular do braço; Cab

= circunferência abdominal; CQ = circunferência do quadril; DCT = dobra cutânea triciptal; EMAP = espessura do músculo adutor do

polegar; CP = circunferência da panturrilha; FPM = força de preensão manual

Em relação aos homens, os valores das medidas de peso, altura, circunferência do

braço (CB), circunferência muscular do braço (CMB) e espessura do músculo adutor polegar

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

291

(Emap-direira) foram inferiores no grupo Dinapenia quando comparado ao grupo Não-

Dinapenia, bem como a FPM de ambas as mãos (Tabela 3).

Nas Tabelas 4 e 5 são apresentadas a distribuição dos idosos, mulheres e homens,

respectivamente, segundo classificação do estado nutricional pelo Índice de Massa Corporal

(IMC – OPAS/OMS, 2002) e condição da força de preensão manual (FPM). A maioria

(52,9%) das mulheres dinapênicas e quase a metade dos homens dinapênicos (47,2%)

estão com excesso de peso (sobrepeso e obesidade). O excesso de peso foi a condição

nutricional da maioria dos grupos e a obesidade foi prevalente em ambos os grupos,

independente da condição de FPM.

Tabela 3 – Média e desvio padrão (DP) de medidas antropométricas de homens segundo

classificação de funcionalidade muscular pela força de preensão manual

Não-Dinapenia

(n=28)

Dinapenia

(n=53)

Média DP Média DP Valor de p*

peso (kg) 79,23 15,60 71,06 16,38 0,035

Alt (cm) 165,21 6,59 160,67 6,77 0,005

IMC 29,06 5,51 27,52 6,12 0,276

CB (cm) 32,02 4,05 30,01 4,39 0,050

CMB(cm) 27,36 2,62 25,39 2,95 0,004

C abdom (cm) 103,18 13,52 97,96 14,52 0,124

C quadril (cm) 101,41 9,67 98,91 12,33 0,359

DCT_media 14,85 6,27 14,72 7,09 0,940

EmapDir_media 19,52 3,14 17,55 3,17 0,010

EmapEsq_media 18,25 3,04 17,03 3,19 0,110

C Pant (cm) 37,25 3,63 35,74 4,06 0,106

FPMDir_media 34,97 4,07 22,85 5,32 <0,001

FPMEsq_media 33,02 3,26 22,76 5,96 <0,001 *Teste t student. Alt= altura; IMC= índice de massa corporal; CB = circunferência do braço; CMB; = circunferência muscular do braço; Cab

= circunferência abdominal; CQ = circunferência do quadril; DCT = dobra cutânea triciptal; EMAP = espessura do músculo adutor do

polegar; CP = circunferência da panturrilha; FPM = força de preensão manual

Tabela 4 - Distribuição das mulheres segundo classificação do IMC e condição da força de

preensão manual (FPM)

Condição da FPM

Não Dinapenia Dinapenia Total

Intervalos Classificação (n=39) (n=104) (n=143)

(kg/m²) N % N % n %

IMC < 23,0 Baixo peso 2 5,1 13 12,5 15 10,5

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292

23,0 a 27,9 Peso normal 8 20,5 36 34,6 44 30,8

28,0 a 29,9 Sobrepeso 6 15,4 16 15,4 22 15,4

≥30,0 Obesidade 23 59,0 39 37,5 62 43,4 IMC=índice de massa corporal; FPM=força de preensão manual

Tabela 5 - Distribuição dos homens segundo classificação do IMC e condição da força de

preensão manual (FPM)

Condição da FPM

Não Dinapenia Dinapenia Total

Intervalos Classificação (n=28) (n=53) (n=81)

(kg/m²) n % N % n %

IMC < 23,0 Baixo peso 3 10,7 13 24,5 16 19,8

23,0 a 27,9 Peso normal 7 25,0 15 28,3 22 27,2

28,0 a 29,9 Sobrepeso 4 14,3 9 17,0 13 16,0

≥30,0 Obesidade 14 50,0 16 30,2 30 37,0 IMC=índice de massa corporal; FPM=força de preensão manual.

3.1. Discussão

No presente estudo, a participação das mulheres (n=143; 63,8%) prevaleceu. A

prevalência das mulheres na população idosa sugere uma “feminização” no envelhecimento

devido a sua maior sobrevivência à maior mortalidade masculina (CAMARANO, 2004).

A composição das medidas antropométricas e de força muscular diferiram entre os

sexos. Os homens apresentaram valores médios maiores na reserva muscular (CMB,

Emap’s) e na força de preensão manual (FPM’s) enquanto que as mulheres apresentaram

maiores valores nas medidas de adiposidade corporal (CB, DCT). Estudo realizado por Silva

e colaboradores (2013) com 420 idosos da Paraíba encontraram esse mesmo perfil com

valores maiores de FPM e CMB nos homens em relação às mulheres. Esses autores

apresentam esses achados pelo fato da maior reserva de massa muscular dos homens

quando comparados com as mulheres, tendo em vista que o músculo esquelético é o

principal órgão responsável pela geração de força.

Geraldes e colaboradores (2008) apresentam a FPM como boa preditora do

desempenho funcional de idosos frágeis. Ao avaliarem 19 idosos em instituições de longa

permanência correlacionaram valores abaixo de 20kg de força com baixo desempenho em

tarefas motoras e funcionalidade corporal como um todo, representando risco para

dependência futura e baixos níveis de saúde. Pelos valores médios abaixo de 20kg

apresentado pelas mulheres no presente estudo tornam-se necessárias ações de saúde a

fim de evitar a fragilidade nas idosas.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

293

No estudo Health ABC, Goodpaster et al (2006) avaliaram durante 03 anos a

mudança na massa e na força muscular em 1880 idosos e verificaram que a perda de força

muscular foi duas vezes maior nos homens do que nas mulheres. Nos homens o declínio da

força foi 2x maior do que nas mulheres. A perda de força foi 3x maior do que a perda de

massa. A diferença entre a força muscular de homens e mulheres da amostra é uma

propensão fisiológica, relatada nos demais estudos encontrados na literatura.

Esse declínio pode ser resultante de alteração na síntese proteica, na proteólise,

redução dos hormônios sexuais (testosterona), hormônio do crescimento (GH) e do IGF-1,

aumento das citocinas pró-inflamatórias (fator de necrose tumoral alpha e interleucina-6),

perda de neurônios do movimento (moto-neurônios), diminuição de células-satélite, nutrição

inadequada, estresse oxidativo gerado pelo acúmulo de radicais livres, resistência a insulina,

gordura corporal associado com TNF-α e IL-6 e inatividade física (RIBEIRO, 2014).

Rantanen e colaboradores (1998) analisaram dados do estudo longitudinal Honolulu

Heart Program com 8006 homens americanos japoneses (45 a 68 anos) durante de 27 anos

que terminou com 3741 homens (71 a 96 anos). Ao avaliarem a FPM durante o estudo

verificaram que os que morreram apresentaram menores valores na medida durante as

avaliações periódicas. Os idosos que perderam mais peso também perderam mais força

(independente da idade) sugerindo uma relação entre perda massa magra com perda de

peso. Destacaram que houve um declínio médio (de aperto) de força de 1% ao ano e que

essa diminuição foi mais acentuada após os 50, 60 anos. Concluem que a boa gestão da

doença e a manutenção do peso ideal podem ajudar a prevenir declínio de força.

No estudo de Barbosa e colaboradores (2006) que avaliaram a relação do estado

nutricional e a força de preensão manual em 1894 idosos do município de São Paulo

(Pesquisa SABE) verificaram que os indivíduos com maior reserva muscular (pela área

muscular do braço - AMB) estava associada diretamente com FPM.

Pieterse e colaboradores (2002) investigaram a associação entre estado nutricional

e FPM em idosos refugiados da Rwanda (413 homens e 415 mulheres entre 50 a 92 anos).

Verificaram que o pobre estado nutricional (baixo IMC e AMB) esteve associado com baixa

FPM independente de sexo, idade e altura.

Snih e colaboradores (2002) que acompanharam durante 05 anos 2488 idosos

mexicanos-americanos do estudo “Hispanic EPESE” usaram a força muscular como uma

das variáveis preditoras de mortalidade. Os homens apresentaram média de FPM de 28,4kg

(+ 9,5 kg) e as mulheres de 18,2 kg (+ 6,5kg). Os homens e as mulheres que faleceram

durante o estudo apresentaram valores médios de FPM inferiores a 22,0 kg e 14,0 kg,

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294

respectivamente. Verificaram também que para cada 1kg a mais na FPM esteve associado

com 3% de diminuição de risco de morte.

Newman e colaboradores (2006) ao examinarem a razão de mortalidade de 2292

participantes (70 a 79 ano; 51,6% mulheres; 38,8 negros) do Health Aging and Body

Composition Study (Health ABC) durante os 5 anos de estudo, verificaram que a força, e

não massa muscular, esteve associado com mortalidade. Demonstraram que a força

muscular é um marcador de qualidade muscular e foi mais importante do que a quantidade

de massa muscular na estimativa do risco de mortalidade.

A FPM tem validade preditiva para declínio de cognição, mobilidade e funcionalidade

e mortalidade em idosos conforme apresentado na revisão sistemática com metanálise por

Rijk e colaboradores (2016).

Estudo de Stephen; Janssen (2009) com 3366 idosos em que foram avaliados o

impacto da obesidade dinapênica sobre o risco cardiovascular, concluiu que indivíduos com

a combinação:obesidade e pouca força muscular (dinapenia) possuem 23% a mais de

chance de risco para doença cardiovascular se comparados aos grupos dos somente

obesos ou somente dinapenicos.

Scott e colaboradores (2015) analisaram a associação da dinapenia e da obesidade

dinapênica com quedas e risco de fraturas. Destacaram que apesar de um aparente efeito

protetor da obesidade sobre a fratura, por exercer “amortecimento” e preenchimento ósseo,

o aumento da adiposidade pode comprometer a saúde óssea afetando a sua

microarquitetura. Apresentam também que a sarcopenia ou de dinapenia podem agravar o

risco de quedas e de fraturas em adultos idosos obesos. Intervenção para a perda de peso

é benéfica para os adultos mais velhos com obesidade sarcopênica e dinapênica, mas pode

resultar em reduções adicionais nos músculos e saúde óssea. A adição de exercício,

incluindo o treinamento de resistência progressiva e estratégias nutricionais, incluindo

proteínas e suplementação de vitamina D, pode aperfeiçoar a composição corporal e os

resultados de função muscular, reduzindo assim quedas e risco de fraturas nesta população.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os idosos do presente estudo apresentaram condições de baixa força muscular e

elevado peso corporal. Assim, merecem atenção especial, pois correm riscos para o

desenvolvimento de doenças associadas ao excesso de peso, limitações funcionais para a

realização de atividades diárias, comprometimento de mobilidade o que pode torná-lo

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

295

dependente. Intervenções de profissionais de saúde se fazem necessárias, por meio de

campanhas, orientações e assistências para os casos mais agravantes.

5. REFERÊNCIAS

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

296

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

297

ACONSELHAMENTO DE FAMÍLIAS EM CONDIÇÃO DE VULNERABILIDADE: CONHECENDO O PERFIL DE FAMÍLIAS ATENDIDAS E O IMPACTO/RESULTADOS DO ATENDIMENTO.

Marcela Minamitani

Bolsista PIBIC1

Profa. Dra. Maria Izabel Calil Stamato2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Psicologia

[email protected] [email protected]

RESUMO: A família tem destaque nas políticas públicas de diferentes áreas e, frente à sua importância para o desenvolvimento humano, muitas pesquisas têm sido realizadasenvolvendo famílias. Entre estas pesquisas, destacam-se as que têm como objetivo investigar estratégias psicológicas de orientação e aconselhamento, que considerem os novos modelos familiares eas novas demandas colocadas pela contemporaneidade, os quais têm gerado conflitos e desafios no cumprimento da função social das famílias.Esta pesquisa teve como objetivo avaliar o impacto, na dinâmica familiar, da participação de famílias em condição de vulnerabilidade em grupos de orientação, contribuindo para a construção detecnologias sociais inovadoras de cuidado nas políticas públicas de educação, saúde e assistência social. Pesquisa de caráter qualitativo, realizada de agosto de 2014 a junho de 2016, com famílias participantes do Projeto de Extensão Aconselhamento de Famíliascom filhos em condição de vulnerabilidade, realizado na Clínica Psicológica da Unisantos(Santos), dos Grupos de Orientação de Mães, desenvolvidos em Estágio de Psicologia Institucional e Comunitária no CMEI (Centro Médico de Especialidades Infantis) (São Vicente)e na Oficina de Pais e Filhos, realizada pela Vara de Justiça da Família(São Vicente). Os instrumentais utilizados foram: análise de prontuários, observação dos Grupos e das Oficinas de Pais e Filhos, aplicação de questionários avaliativos individuais semiestruturados, com perguntas abertas e fechadas,no início e final de cada grupo;e análise dos discursos das famílias participantes, a partir de categorias identificadas como núcleos de significação. Palavras-chave: Aconselhamento de famílias; Psicologia Sócio-Histórica; Vulnerabilidade Social.

1. INTRODUÇÃO

A família tem destaque nas políticas públicas de diferentes áreas. Segundo Calil

Stamato (2014), o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei Orgânica da Assistência

Social apontam que os programas e projetos dirigidos a crianças e adolescentes, em

especial as que se encontram em situação de risco, devem privilegiaro envolvimento das

famílias nos atendimentos e fortalecer os vínculos familiares.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

298

Os objetivos deste trabalho são: conhecer o perfil e as principais situações de

vulnerabilidade enfrentadas por famílias atendidas em grupos de orientação e

aconselhamento;avaliar o impacto do trabalho desenvolvido nos grupos para a dinâmica

familiar dos participantes; contribuir para o desenvolvimento de novos modelos psicossociais

de atuação junto a famíliase para a construção de políticas públicas voltadas ao

fortalecimento dos vínculos familiares e ao exercício consciente e adequado das funções da

família.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

A pesquisa, de caráter qualitativo, com foco no aprofundamento do estudo sobre o

tema, tem como referencial teórico-metodológico a Psicologia Sócio-Histórica, norteada em

Vygotsky (BOCK, GONÇALVES, FURTADO, 2001), para compreender o significado que as

famílias atribuem à sua participação em grupos de orientação, de forma a avaliar se estes

se constituem em metodologia de cuidado adequada às demandas dos sujeitos envolvidos,

no sentido de possibilitar a ressignificação de sua concepção sobre famíliae das relações

familiares.

Inicialmente, foi realizada a revisão teórica sobre o tema, com foco nos conceitos de

famílias e modelos familiares, aconselhamento,significado e sentido na Psicologia Sócio-

Histórica, vulnerabilidade social, em livros, dissertações, teses e artigos científicos.

O levantamento de campo foi realizado em 03 (três) Grupos de Trabalho Psicológico

com Famílias: Aconselhamento e Orientação de Famílias com Crianças, Adolescentes e

Jovens em Condição de Vulnerabilidade,projeto de extensão da Universidade Católica de

Santos,desenvolvido na Clinica Escola de Psicologia; Grupo de Mães de Crianças e

Adolescentes atendidos no CMEI de São Vicente; e Oficina de Parentalidade, Programa de

Prevenção à Alienação Parental da Vara da Infância e Juventude de São Vicente.

O perfil das famílias participantes foi levantado em prontuários nos dois primeiros

grupos. Nas Oficinas de Parentalidade, esse levantamento baseou-se nos discursos dos

participantes destas, devidamente registrados pela aluna pesquisadora, em função das

questões jurídicas envolvidas, que impediram o acesso aos prontuários. Também não foi

possível a aplicação dos questionários avaliativos.

Os dados obtidos nas observações dos gruposforam organizados e sistematizados

em categorias, identificadas como núcleos de significação, e analisados a partir da

metodologia de análise de discurso, proposta pela Psicologia Sócio-Histórica.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

299

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No 2º semestre de 2014 e 1º semestre de 2015 foram estudados dois trabalhos. No

Projeto de Extensão Aconselhamento de Famílias com filhos em condição de

vulnerabilidade, realizado na Clínica Psicológica da Unisantos e dos Grupos de Orientação

de Mães, desenvolvidos em Estágio de Psicologia Institucional e Comunitária no CMEI

(Centro Médico de Especialidades Infantis), foram acompanhadas 5 famílias, com seguinte

perfil:

• Média de idade de 37 anos das mães participantes;

• Residentes no município de atendimento;

• 60% sem companheiro por divórcio ou viuvez;

• 80% com ensino médio completo;

• Renda familiar por volta de R$ 1300,00;

• 80% com dois filhos;

• 2 famílias com demandas de dificuldade de relacionamento com os filhos;

• 1 família com demanda de abuso sexual do filho pelo pai biológico;

• 1 família com demanda pelo falecimento trágico do pai/marido;

Segue abaixo a análise detalhada do desenvolvimento das 5 famílias no processo de

orientação e aconselhamento.

Família 1

Observou-se o fortalecimento da mãe, que passou a verbalizar suas opiniões e ter

uma postura mais ativa na educação dos filhos, a partir das informações sobre as

características e comportamentos da fase de desenvolvimento em que a criança se

encontra, e das reflexões sobre a relação entre os comportamentos do filho mais novo e sua

imaturidade. A principal necessidade trabalhada foi a comunicação, por meio de dinâmicas

apropriadas. A participação no grupo provocou mudanças positivas, na medida em que

possibilitou reflexões sobre temas coerentes com as demandas e necessidades trazidas nos

relatos e encontros, esclarecendo aspectos do desenvolvimento infantil e da personalidade

humana.

Família 2

Revelou uma comunicação truncada, que foi trabalhada a partir do discurso da mãe.

Os encontros possibilitaram esclarecimentos sobre a fase de desenvolvimento humano da

adolescência, os comportamentos esperados nessa fase, como o distanciamento dos pais,

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

300

a negação de sua opinião como forma de autoafirmação, a identificação com os pares. Os

esclarecimentos resultaram em mudanças visíveis na postura dos pais e em maior

tranquilidade do filho, como reflexo da mudança de postura dos pais. Passaram a utilizar a

sugestão/ troca/acordo, ao invés da proibição, e o pai, antes incrédulo quanto ao saber

psicológico, passou a mostrar respeito pela ciência, ao notar as mudanças no

comportamento do filho.

Família 3

A mãe voltou a trabalhar, evidenciando melhora na autoestima e maior consciência

de que não é responsável por tudo o que acontece e que foge do seu controle. O grupo

ajudou-a a se sentir como outras pessoas, com histórias tão graves quanto a sua, e perceber

que a criança depende de uma família funcional para o seu desenvolvimento satisfatório.

Família 4

As reflexões dos encontros permitiram a conscientização da mãe sobre como

reproduz, em suas atitudes, o modelo de relacionamento de seus pais, pautado no

autoritarismo. Ao não julgar as atitudes da mãe, o grupo foi importante para criar uma relação

de confiabilidade, que fortaleceu o exercício da paciência com os filhos.

Família 5

A mãe passou a buscar maior entendimento com as filhas, mostrando melhora da

autoestima, por meio do início de práticas físicas e de trabalho autônomo como vendedora

de trufas/pão de mel. Os encontros também permitiram a ressignificação da morte do marido

e da perda do pai na filha mais nova, com mudanças no comportamento desta frente a esta

situação.

Nestes dois trabalhos acompanhados pela aluna pesquisadora foi possível observar

mudanças significativas na visão das famílias sobre si mesmas, em decorrência da

participação nos encontros do grupo e o impacto positivo dos temas trabalhados. Os

resultados revelam que os dois projetos mencionados acima atingiram os objetivos

propostos com as 05 famílias participantes, apontando a orientação e aconselhamento como

estratégias exitosas de melhoria da dinâmica e dos vínculos familiares.

Apesar do número reduzido de famílias participantes no 1º ano da pesquisa ter

limitado o alcance dos objetivos deste estudo, é possível afirmar que os encontros

favoreceram mudanças positivas nas relações entre os membros da família. As reflexões

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

301

realizadas nos encontros promoveram o fortalecimento da mãe, vista como a figura

representativa da família, o resgate de sua autoestima e a desmistificação de conceitos

internalizados, ajudando no fortalecimento dos vínculos familiares.

A não continuidade do Projeto de Extensão Universitária gerou a necessidade de

revisão e adequação dos objetivos da pesquisa ao grupo de mulheres desenvolvido pela

psicóloga do CMEI, destacando-se que a não participação da aluna pesquisadora no

processo inicial de inserção das mães no grupo, limitou a observação do impacto

positivo/negativo deste nas dinâmicas familiares.

Já no 2º semestre de 2015 e 1º semestre de 2016, a aluna pesquisadora acompanhou

a Oficina de Pais e Filhos, realizada pela Vara de Justiça da Família em São Vicente. Os

encontros aconteceram quinzenalmente, mais precisamente as quintas-feiras. Os resultados

apresentados têm como referência as famílias que participaram das Oficinas de Pais e Filhos

nos dias 17/09/2015, 15/10/2015, 18/02/2016, 25/02/2016 e 03/05/2016.

Nestes grupos, foram observados os dos pais e das crianças, não sendo possível

acompanhar os dos adolescentes pela quantidade pequena de participantes.

Foram observadas 5 oficinas com a participação de 41 famílias. Não foi possível traçar

o perfil dos participantes, uma vez que cada mediador conduz o grupo de forma própria e

interroga questões diferentes. Outra dificuldade em levantar o perfil são os grupos das

crianças porque as mesmas não são questionadas sobre isso.

É importante mencionar que as expectativas da maioria dos participantes foram

parecidas. Buscam melhorar as relações com o(a) ex-companheiro(a) e a paz entre as

partes. Já com relação ao que cada participante leva da oficina, a maioria disse

aprendizagem.

A Oficina de Pais e Filhos é uma boa iniciativa, entretanto precisa ser revista. Os

encontros são destinados a transmissão de informações, uma parte teórica relacionada aos

direitos da criança, as leis, o modo como lidar com os filhos e pouco espaço para reflexão/

diálogo das questões dia-a-dia. É evidente que informações legais devem ser passadas para

os pais, mas não deve ser o foco principal do trabalho. A parte teórica se torna maçante,

sendo interessante explorar a possibilidade de dividir a oficina em mais dias para melhor

aproveitamento. A aluna pesquisadora observou alterações no conteúdo, do 2º semestre de

2015 para o 1º semestre de 2016, o que permitiu uma pequena abertura de espaço para

diálogos e discussões. Isto tornou a Oficina mais interessante/produtiva e menos cansativa.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

302

Outra questão observada é a falta de estrutura para receber crianças não

alfabetizadas e menores. É importante criar atividades e um espaço recreativo para estas, a

fim de não ser justificativa para os pais não comparecerem.

Outro dado fundamental é o encaminhamento para psicoterapia dos casos mais

complexos, a fim de trabalhar o significado do divórcio e os sentimentos negativos

originados. É preciso ter ciência de que o rompimento acarreta diversos problemas que não

podem ser resolvidos de um dia para o outro e que a ajuda profissional é importante para

superação e compreensão deste momento delicado.

Seria interessante agrupar os casos parecidos para que os participantes se sintam

pertencentes ao grupo a ponto de ficarem à vontade para expor seus pensamentos e

sentimentos.

Notou-se falta de preparo e/ou de comprometimento de alguns profissionais, sendo

válido fornecer cursos de capacitação para os mesmos.

Por fim, é válido citar que este projeto de pesquisa pretende contribuir para um

processo de revisão e construção de novos modelos psicossociais de atendimento. Sendo

assim, a aluna pesquisadora observou que o trabalho realizado na Oficina de Pais e Filhos

age de forma superficial na dinâmica familiar.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este projeto de pesquisa pretende contribuir para um processo de revisão e

construção de novos modelos psicossociais de atendimento. Frente a isso, a aluna

pesquisadora observou que as famílias participantes dos Grupos do Projeto de Extensão e

do CMEI mostraram mudanças positivas nas dinâmicas familiares e fortalecimento dos

vínculos familiares. Já nas famílias da Oficina de Pais e Filhos não foi possível observar

mudanças, por ter apenas um encontro de informação e sensibilização, sem espaço para

reflexões e sem acompanhamento posterior.

Com base nas observações é possível afirmar que os grupos com maior frequência

foram mais produtivos, uma vez que os participantes se conheciam e se sentiam mais à

vontade para expor seus sentimentos e experiências. Além disso, havia mais espaço para

diálogos e discussões, o que colocava os integrantes a refletir sobre suas atitudes e suas

vivências.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

303

Este trabalho tem como objetivo fomentar as pesquisas voltadas para as políticas de

atendimento as famílias, sendo importante novos estudos e aprofundamentos sobre a

temática.

5. REFERÊNCIAS ALVES, Alda Judith. O planejamento de pesquisas qualitativas em educação.Caderno de

Pesquisas, São Paulo, Fundação Carlos Chagas, n.77, p.53-61, mai., 1991.

BOCK, Ana M. Bahia; GONÇALVES, M. Graça M. e FURTADO, Odair (org.). Psicologia

Sócio-Histórica(Uma perspectiva crítica em psicologia). São Paulo: Cortez, 2001.

CALIL STAMATO, Maria Izabel. Projeto de Extensão Universitária: orientação e aconselhamento de famílias de crianças, adolescentes e jovens em condição de vulnerabilidade. Disponível em: <via email> 01 de abril de 2014. *Não publicado.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Cartilha do Divórcio para os Pais. Brasília, 2015.

Disponível em

<http://www.cnj.jus.br/files/conteudo/destaques/arquivo/2015/06/f26a21b21f109485c15904

2b5d99317e.pdf>

GONÇALVES, Maria da Graça Marchina. A contribuição da Psicologia Sócio-Histórica para

a elaboração de políticas públicas. IN: BOCK, Ana M. Bahia (org.). Psicologia e o

Compromisso Social. São Paulo: Cortez, 2003, p. 277-293.

PRADO, Danda. O que é Família. Rio de Janeiro: Brasiliense, 2013.

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DETECÇÃO DE BACTÉRIAS POTENCIALMENTE PATOGÊNICAS POR PCR

Matheus da Cruz Medeiros

Bolsista PROIN1

Profa. Dra. Adriana Florentino de Souza2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Química Tecnológica

[email protected]; [email protected]

RESUMO: O projeto visa levantar sequências gênicas que são marcadores genéticos de microrganismos potencialmente patogênicos como Shigella dysenteriae, Shigella spp., Helicobacter pylori, Enterococcus spp., Staphylococcus aureus e Pseudômonas aeruginosa. Essas são algumas das bactérias que estão indicadas na literatura como as mais comuns em sistemas de tratamento de esgoto e desta forma este estudo pode contribuir para o desenvolvimento do projeto Monitoramento de parâmetros de qualidade de água em Canais de Santos, financiado pelo FUNDO DE RECURSOS HÍDRICOS de São Paulo, FEHIDRO. A metodologia para alcançar estes objetivos é a consulta de banco de dados de dados gênicos públicos como o National Center for Biotechnology Information, NCBI, além do levantamento das sequências de primers necessários para as amplificações gênicas e as condições técnicas para a realização da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). Os resultados foram organizados em uma tabela contendo as sequências de primers para cada patógeno, além do produto de amplificação obtido, temperatura de anelamento da reação e referência do artigo pesquisado. A meta de levantamento de informações para análises microbiológicas, através da técnica de PCR foi realizada com êxito, desde os marcadores genéticos dos microrganismos estudados até as condições teóricas da PCR. Palavras-chave: PCR; primers; patógenos.

1. INTRODUÇÃO

No Brasil 80% das internações hospitalares são decorrentes de doenças de

veiculação hídrica ou transmitidas através da água, de acordo com dados do Sistema Único

de Saúde (SUS). Em parte a contaminação ocorre pelo contato com águas contaminadas

por esgoto que veiculam patógenos causadores de uma série doenças. (NASCIMENTO,

2008)

Deste modo, o diagnóstico precoce desses microrganismos se faz necessário, assim,

a utilização de técnicas que sejam rápidas proporcionando a detecção e identificação desses

patógenos em menor espaço de tempo que as técnicas convencionais de microbiologia são

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

305

de grande importância para o setor de saúde e controle de doenças. Nesse contexto o uso

da PCR, consiste numa ferramenta poderosa para a detecção, análise qualitativa ou

quantitativa no caso da PCR em tempo real. (FERREIRA, 2010)

Apesar de existirem técnicas para detecção de organismos específicos através de

análises bioquímicas, normalmente são métodos demorados para obtenção dos resultados

dificultando a análise de grandes quantidades de amostras e encarecendo o procedimento.

A PCR aparece como um método rápido e mais econômico para identificação de

microrganismos.

A reação em cadeia da polimerase (PCR, de polymerase chain reaction) é um método

para amplificar sequências selecionadas de DNA, que não se baseia no método de

clonagem biológica. A PCR permite a síntese, em poucas horas, de milhões de cópias de

uma sequência específica de nucleotídeos. Ela pode amplificar a sequência alvo representa

menos de uma parte em um milhão da amostra inicial total. Esse método pode ser utilizado

para amplificar sequências de DNA de qualquer fonte – bactérias, vírus, plantas ou animais.

(CHAMPE, 2009)

O objetivo do projeto é pesquisar como se dá a detecção de bactérias potencialmente

patogênicas utilizando a técnica de PCR.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 2.1. Levantamento dos marcadores genéticos e dos primers empregados

As atividades deram início com a apresentação do projeto pela orientadora, que tem

como objetivo o levantamento de sequências gênicas empregadas como marcadores

genéticos de microrganismos potencialmente patogênicos como Shigella dysenteriae,

Shigella spp., Helicobacter pylori, Enterococcus spp., Staphylococcus aureus e

Pseudômonas aeruginosa.

Inicialmente foi realizada uma pesquisa bibliográfica a fim de conhecer o gene de

cada bactéria alvo mais empregado em trabalhos científicos como marcador genético, ou

seja, o gene que identifica a espécie ou gênero da bactéria estudada. Sabendo os

marcadores genéticos das bactérias patogênicas, foram relacionadas as sequências gênicas

(primers), responsáveis pela amplificação (in vitro) dos marcadores genéticos, empregando

a técnica da Reação em Cadeia da Polimerase (PCR). Para obter os primers é possível

desenhá-los através de softwares, respeitando algumas condições, foi realizado estudo

teórico em relação à desenho de primers, principalmente sobre primers degenerados, ou

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

306

pode-se realizar buscas em bases de dados. A pesquisa em bases de dados oferece a

possibilidade de buscá-los por especificidade através de testes feitos previamente, porém

não exclui a necessidade da realização de novos testes através de ferramentas de

bioinformática. O levantamento dos marcadores genéticos para cada uma das bactérias

alvo, a sequência de primers empregadas para a amplificação gênica dos marcadores, além

das condições da PCR foram realizados com o auxílio do banco de dados Scielo (Scientific

Eletronic Library online) e Google Acadêmico.

2.2. Condições técnicas da PCR

Foi analisado as condições técnicas para a realização das detecções das bactérias

estudadas por PCR utilizando os primers obtidos, por exemplo, a temperatura de anelamento

que corresponde a temperatura em que os primers ligam-se às fitas do DNA, além de saber

a duração desta etapa, ressaltando que foi realizado a comparação entre a temperatura de

anelamento utilizada nos trabalhos científicos com a teórica, representado pela fórmula: Tm =

2*(|A| + |T|) + 4*(|C| + |G|), na fórmula, |A|, |C|, |T| e |G| representam a quantidade de bases

Adenina, Citosina, Timina e Guanina, respectivamente. A temperatura de anelamento teórica

é dada pela a média da Tm dos primers (Forward e Reverse) e subtraído por 2 ou 4.

Todas essas informações foram reunidas em uma tabela contendo: patógeno, gene

marcador, sequência do primer, produto de amplificação, temperatura de anelamento e a

referência.

2.3. Teste de anelamento dos primers através de ferramentas de bioinformática

O próximo passo foi realizar o teste do anelamento dos primers, vários programas são

capazes de realizar tal operação. Foi utilizado o programa do site bioinformatics.org/seqext,

desde que se conheça a sequência alvo e já se tenha o primer escolhido, o programa é

capaz de pareá-los para mostrar onde ocorreria o anelamento e qual seria o tamanho do

produto. Isto permite a comparação de dados com as referências.

Para conhecer os marcadores genéticos das bactérias alvo, foi realizado uma

pesquisa no banco de dados do NCBI (National Center for Biotechnology Information) que

permite encontrar genomas completos de organismos, diferentes cromossomos ou

plasmídeos de bactérias ou mesmo pequenas partes sequenciadas de organismos menos

estudados. No NCBI é possível encontrar a sequência na forma de Gráficos, FASTA ou

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

307

mesmo através do ID da mesma. Para teste de primers será necessária obtenção da

sequência no formato FASTA. Com o par de primers e a sequência gênica já selecionados,

foi possível testar esses primers utilizando ferramentas de bioinformática, todos os primers

testados confirmaram a informação passada pela referência, gerando o mesmo produto de

amplificação, ou seja, um bom indicativo do funcionamento do primer.

Outra forma de procurar pela sequência do gene alvo é através da utilização do

próprio primer encontrado nas referências para busca através de alinhamento, e isso é

possível através da ferramenta “Basic Local Alignment Search Tool” (BLAST). A ferramenta

BLAST, é capaz de alinhar a sequência de nucleotídeos do primer, com outras sequências

do banco de dados NCBI, isso além de permitir encontrar sequências também serve como

um teste de especificidade, para analisar se o primer selecionado também é capaz de anelar

com sequências genéticas indesejadas.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foi realizada uma tabela com o objetivo de organizar as informações obtidas na

pesquisa bibliográfica como os genes marcadores das bactérias alvo, os primers e o

tamanho da amplificação dessa sequência do primer. Conforme a tabela 1.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

308

Tabela 1. Informações necessárias para aplicação da PCR.

De acordo com as informações da Tabela 1, pode-se pegar o exemplo da bactéria

Staphylococcus aureus que apresenta grande risco à saúde humana, estudos mostram o

emprego do gene nuc como um marcador eleito para amplificação por PCR. Após uma etapa

inicial denaturação da amostra de DNA para a separação das fitas, a pequena sequência de

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

309

nucleotídeos (primer) dá início ao processo de síntese em um local específico do gene nuc,

ressaltando que esta etapa ocorre numa temperatura variável, dependendo do primer, na

tabela encontra-se as temperaturas de anelamento e o tempo desse ciclo empregados no

trabalho científico e abaixo o cálculo teórico da temperatura de anelamento dos primers. A

última etapa é a extensão, onde a enzima Taq Polimerase sintetiza novas fitas de DNA

(ocorre na temperatura ótima da enzima que corresponde a 72º C). Essas etapas ocorrem

inúmeras vezes até que a sequência alvo possa ser facilmente identificável por métodos

clássicos de separação e identificação de substâncias.

Todos os primers contidos na tabela são de trabalhos científicos e foram testados em

um programa de bioinformática (http://bioinformatics.org/seqext), sendo confirmados os

produtos de amplificação.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto teve como objetivo o levantamento bibliográfico de informações, para a

detecção de bactérias potencialmente patogênicas utilizando a técnica de PCR, foi realizada

a meta com êxito, pois foram relacionados os genes marcadores das bactérias alvo, assim

como os primers empregados para a amplificação dos marcadores genéticos, além de

determinar as condições teóricas de amplificação das sequências gênicas levantadas, para

a implantação da técnica de PCR. Este estudo está envolvido no projeto de Monitoramento

de parâmetros de qualidade de água nos Canais de Santos, pois a PCR aparece como um

método rápido e mais econômico para a identificação de microrganismos em relação a

análises bioquímicas. A parte prática do projeto de análise de qualidade da água dos Canais

de Santos não teve início, porém o estudo proporcionou levantamento de informações

essenciais para o desenvolvimento da parte prática.

5. REFERÊNCIAS BRAKSTAD, O.G; AASBAKK, K. AND MAELAND, J.A. Detection of Staphylococcus aureus

by Polymerase Chain Reaction Amplification of the nuc Gene. Journal of Clinical

Microbiology, v.30, n.7, p.1654-1660, 1992.

CHAMPE, P.C; HARVEY, R.A; FERRIER, D.R. Bioquímica Ilustrada. 4.ed. Porto Alegre:

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

310

CLAYTON, C. L; KLEANTHOUS, H; COATES, P. J; MORGAN, D. D. AND TABAQCHALI,

S. Sensitive Detection of Helicobacter pylori by Using Polymerase Chain Reaction. Journal

of Clinical Microbiology, v.30, n.1, p.192-200, jan., 1992

DE VOS, D; JUNIOR, A. L; PIRNAY, J.P; STRUELENS, M; VANDENVELDE, C;

DUINSLAEGER, L; VANDERKELEN, A. AND CORNELIS, P. Direct Detection and

Identification of Pseudomonas aeruginosa in Clinical Samples Such as Skin Biopsy

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FERREIRA, L. E; DALPOSSO, K; HACKBARTH, B.B; GONÇALVES, A.R; WESTPHAL, G.A;

FRANÇA, P.H.C; PINHO, M.S.L. Painel molecular para a detecção de microrganismos

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FILHO, L. V. F. S; LEVI, J.E; BENTO, C. N. O; RAMOS, S. R. T. S. and ROZOV, T. PCR

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL EM SANTOS/SP: MOBILIDADE URBANA SOB UMA PERSPECTIVA COMPARADA Matheus Duarte Pardal

Bolsista PIBIC¹

Prof. Dr. José Marques Carriço²

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Arquitetura e Urbanismo

[email protected]; [email protected]

RESUMO: A segregação socioespacial é um dos principais fenômenos que estruturam as cidades brasileiras. A pesquisa procura analisar as consequências da segregação socioespacial nas condições de mobilidade urbana da cidade de Santos, SP.A partir do diagnóstico comparativo entre duas regiões segregadas socioespacialmente. Os bairros da Ponta da Praia e Vila Progresso foram submetidos a um levantamento de oferta de transporte público e de caminhabilidade. Os resultados identificaram como a Vila Progresso, bairro segregado e de menor renda, apresentou falta de integração no transporte público além de condições precárias de caminhabilidade em comparação ao bairro da Ponta da Praia, caracterizado por uma população de maior renda. Compreendeu-se como a renda familiar e as feições geográficas condicionam a morfologia do espaço do assentamento. Por fim, foi realizado um diagnóstico do setor urbano da Vila Progresso e elaborado um plano de intervenção. Palavras-chave: segregação socioespacial; mobilidade urbana; caminhabilidade; direito à cidade.

1. INTRODUÇÃO

Villaça (1998) identifica a segregação socioespacial como o principal fenômeno

determinante da estruturação das cidades brasileiras. O conceito de segregação

socioespacial pode ser entendido como “um processo segundo o qual diferentes classes ou

camadas sociais tendem a se concentrar cada vez mais em diferentes regiões gerais ou

conjuntos de bairros da metrópole” (VILLAÇA, 1998, p.142). Normalmente este fenômeno é

observado nas metrópoles brasileiras como o padrão “centro x periferia”.

O crescimento de aglomerações periféricas, normalmente sem regulamentação

fundiária, como nas ocupações de encostas de morros e mananciais, tem como

consequência o distanciamento da classe trabalhadora do centro da cidade. Segundo o

estudo “Mobilidade urbana sustentável: questões do porvir” (ORRICO FILHO et al., 2015), o

recente aumento da renda familiar somado às equivocadas políticas tarifárias produziu um

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

312

forte processo de motorização da população de cidades cada vez mais espraiadas,

resultando em congestionamentos nas centralidades.

Esse modelo de urbanismo rodoviarista tem como consequência uma série de

externalidades negativas, como a morte de 43 mil pessoas por ano em acidentes de trânsito,

o aumento do tempo de viagem e poluição sonora e atmosférica (BRASIL, 2015).

Segundo estudos recentes (ORRICO FILHO et al., 2015), as principais práticas para

sanar os problemas de mobilidade urbana nas metrópoles brasileiras são o estímulo ao uso

dos modais de transporte coletivo e ao deslocamento por modais não motorizados, a efetiva

integração desses modais, o não incentivo ao uso de automóveis e a integração de políticas

de mobilidade com outras políticas de desenvolvimento territorial.

No município de Santos, cidade polo da Região Metropolitana da Baixada Santista

(RMBS), situada no litoral sul do estado de São Paulo, o processo de segregação

socioespacial é claramente observado em sua configuração territorial, onde a Zona Leste

apresenta a tendência de ser ocupada por uma população de maior renda ao mesmo tempo

em que a população de menor renda apresenta a tendência de ocupar a Zona Noroeste e a

Região dos Morros (SANTOS, 2015). Desta forma, são objeto desta pesquisa os bairros Vila

Progresso e Ponta da Praia, localizados respectivamente nestas áreas, em que se procurará

analisar as consequências da segregação socioespacial nas condições de mobilidade

urbana.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 2.1. Hipótese e metodologia

Um usuário de transporte público coletivo para realizar uma viagem precisa se

deslocar do seu ponto de origem até o ponto de parada, assim como, após o percurso no

modal motorizado, o usuário precisa se deslocar do segundo ponto de parada até o seu

destino final. A esse deslocamento entre os pontos de parada e a origem/destino da viagem

dá-se o nome de microacessibilidade. Dado isso, entende-se que a efetiva oferta de

transporte coletivo aliado à boa caminhabilidade das ruas, ou seja, o quanto uma rua permite

ou dificulta a capacidade de um pedestre caminhar (ZABOT, 2013), compreendem um dos

mais importantes sistemas de deslocamentos de uma metrópole. Em Santos as viagens a

pé representam 37% do modal principal de transporte diário, e o ônibus, 29% (SANTOS,

2015).

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

313

O estudo propõe a hipótese de que a mobilidade urbana de uma região segregada

socioespacialmente tende a apresentar deficiências na oferta de transporte público coletivo

e na microacessibilidade. Na cidade de Santos, isso seria observado na Região dos Morros

e na Zona Noroeste, ao mesmo tempo em que haveria eficiente oferta de transporte público

coletivo e boas condições de caminhabilidade nas vias públicas da Zona Leste.

A análise de oferta de transporte público foi realizada em nível de bairro a partir da

quantificação das linhas de ônibus, micro-ônibus e lotações com seus itinerários sobrepostos

em mapa, indicando os buffers dos pontos de parada ao longo das vias.

A análise da microacessibilidade foi realizada por meio do levantamento in loco das

condições de caminhabilidade de cerca de 3.460 m de trechos de rua ao todo nos dois

bairros. Para cada um dos 36 trechos de rua analisados foi preenchida uma ficha com uma

lista de critérios com pontuação variando entre 0,0, 0,5 e 1,0, baseada na metodologia de

Zabot (2013). Os critérios analisados foram: acessibilidade, arborização, barreiras,

condições de piso, iluminação pública, largura da calçada, largura da rua e velocidade dos

veículos, tamanho da quadra, travessia das vias e uso do solo.

Ao final dessa avaliação a soma da pontuação de cada trecho de rua poderia variar

de 0,0 a 10,0, podendo-se quantificar e comparar a qualidade das condições de

caminhabilidade em cada trecho de rua.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Análise do transporte público

A análise da oferta de transporte público baseada na distribuição de pontos de

parada produziu os mapas observados na Figura 1.

Figura 1: Buffers dos pontos de parada de transporte público na região dos trechos analisados na Ponta da Praia (esquerda) e Vila Progresso (direita).

Fonte: elaborado pelo autor a partir de base cartográfica do Google Earth.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

314

A partir da análise desses mapas foi possível perceber que existem áreas não

incluídas nos buffers dos pontos de parada de transporte público nas duas regiões

estudadas. Isso significa que boa parcela das populações locais necessitam desenvolver

percursos mais longos para ter acesso ao transporte coletivo, o que aumenta ainda mais a

responsabilidade das boas condições de trajeto da microacessibilidade.

Contudo, um fator que deve ser levado em consideração é a topografia da Vila

Progresso. O bairro possui acentuadas inclinações devido a sua localização na encosta de

um morro. Porém, o principal agravante dessa condição era o déficit de oferta de transporte

público nos trechos mais altos da região. Como pode ser visto no mapa da Figura 1, os

buffers de parada de transporte público não alcançam a porção mais a oeste do mapa,

justamente a localidade que se situa na mais alta região do bairro.

Porém um sistema de auto-lotações foi implantado pela Prefeitura para cobrir esse

déficit. Contudo, percebeu-se uma grande deficiência no quesito de conectividade do

sistema de lotações, isso porque o sistema não contempla integração com outros modais de

outras linhas de transporte coletivo.

3.2. Análise da caminhabilidade

Para os trechos de rua da Ponta da Praia foram observados piores resultados nos

aspectos acessibilidade (0,36), arborização (0,36) e largura da rua e velocidade dos veículos

(0,39). Tais aspectos mostram o caráter rodoviarista do desenho urbano local.

Em contrapartida, alguns aspectos tiveram boas avaliações nos trechos de rua da

Ponta da Praia, como barreiras (0,94), condições de piso (0,69), iluminação pública (0,92) e

tamanho da quadra (0,72).

Na Vila Progresso, muitos aspectos tiveram baixos níveis de avaliação, como

acessibilidade (0,00), arborização (0,06), barreiras (0,11), condições de piso (0,17), largura

da calçada (0,06) e travessia das vias (0,0). Esses números revelam que muitos problemas

de microacessibilidade se originaram desde o desenho do loteamento, que devido à sua

informalidade, produziu uma deficiente configuração no espaço do sistema viário.

A ausência de calçamento público na grande maioria das vias da Vila Progresso

condiciona o pedestre a se deslocar pelo leito carroçável. Quando existente, o espaço

delimitado para o passeio público é utilizado como faixa de serviço e estacionamento de

automóveis. Inclusive é interessante notar como o fenômeno da motorização chegou à

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

315

favela. O sistema rodoviarista alcançou os braços mais distantes da expansão urbana de

Santos.

Alguns aspectos tiveram avaliação positiva no levantamento da Vila Progresso,

como iluminação pública (0,97), largura da rua e velocidade dos veículos (1,0) e tamanho da

quadra (0,72). As ruas possuíam quadras curtas, iluminação pública regular e apenas uma

pista de rodagem para cada sentido com limite de velocidade de 30 km/h (o que, se

respeitado, favorece o deslocamento por modal não motorizado).

O item uso do solo apresentou regular avaliação nas duas regiões analisadas, 0,56

na Ponta da Praia e 0,50 na Vila Progresso. Esses dados mostram que existe razoável nível

de homogeneidade em relação ao uso e ocupação do solo nesses trechos de rua, com a

presença de comércios, serviços e instituições misturados ao uso residencial. Segundo Gehl

(2013) e Jacobs (2012), o uso misto e as fachadas ativas causam maior vitalidade urbana e,

consequentemente, maior sensação de segurança para o trecho de rua.

Contudo, a média geral das condições de caminhabilidade dos trechos de rua da

Ponta da Praia foi de 6,17, enquanto a média na Vila Progresso foi de 3,58.

3.3. Diagnóstico do setor urbano e projeto de intervenção na Vila Progresso

Após a identificação das piores condições de mobilidade urbana na Vila Progresso,

foi realizado um diagnóstico do setor urbano. Como se pode observar em uma série de

mapeamentos, o bairro apresenta: uma alta densidade construtiva; uma configuração

orgânica do sistema de vias, resultado de uma forma espontânea de urbanização que

priorizou a adequação do assentamento às condições topográficas do sítio, com vielas de

pedestres e escadarias; a precariedade de áreas livres de uso público; e grande quantidade

de habitações em áreas de risco.

Com base no diagnóstico foi realizada uma proposta de intervenção urbana. O

projeto prevê a implantação do sistema de teleféricos e um parque linear no eixo da Rua 3.

As viagens diárias por motivos de trabalho e estudo, somadas às viagens por motivo de

turismo estimuam o uso do solo comercial e de serviços na região. Esse uso misto estimula

a vitalidade urbana, promovendo um círculo virtuoso entre transporte (teleférico e auto-

lotações), espaço público (parque linear), equipamentos públicos, atividade comercial e

habitação. A intervenção também prevê o uso de um sistema de vias compartilhadas

(WELLE et al., 2015) em alguns trechos de rua da Vila Progresso, subvertendo a ordem

espontânea do tráfego local para um modelo que oferece amenidades urbanas aos

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

316

pedestres e modais não-motorizados.

Figura 2: Vila Progresso: proposta de intervenção no setor urbano.

Fonte: elaborado pelo autor.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa foi necessária para ampliar o entendimento sobre o fenômeno da

segregação socioespacial, comum à maioria das cidades brasileiras. Identificou-se, na

prática, como esse processo configurou as formas de setores urbanos em diferentes

localidades da cidade de Santos-SP.

Dado o resultado e posterior análise dos levantamentos de campo, foi possível

confirmar a hipótese levantada no início da pesquisa. A Vila Progresso, setor urbano com

predominância de baixas rendas segregado socioespacialmente, sofre de condições mais

precárias em mobilidade urbana comparada à Ponta da Praia, setor de maiores rendas.

A análise dos buffers de pontos de parada de ônibus e micro-ônibus apontou que a

Ponta da Praia e a Vila Progresso apresentaram semelhante oferta de transporte público.

Contudo a Vila Progresso ainda conta com as adversidades de suas condições geográficas

da localização em morro, sendo necessário o itinerário adicional de autolotações.

Esta parte da análise foi suficiente para demonstrar como um elemento da estrutura

urbana, quando segregado socialmente e exposto a condições geográficas adversas, sofre

com maiores dificuldades de manter sua conectividade com os outros elementos da estrutura

da cidade.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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No quesito microacessibilidade, a média de condição de caminhabilidade para a

Ponta da Praia foi de 6,17, enquanto a Vila Progresso obteve o resultado 3,58.

As duas análises comparativas conseguiram responder satisfatoriamente a hipótese

levantada durante a pesquisa, ou seja, a segregação socioespacial em Santos tem como

consequência a piora nas condições de infraestrutura de mobilidade urbana. Ou seja, foi

possível compreender como a renda familiar e as feições geográficas condicionam a

morfologia do espaço de um assentamento.

Por fim, o diagnóstico do setor urbano pode evidenciar algumas características da

morfologia urbana da Vila Progresso, comum a maioria das favelas de morros. Identificou-

se as deficiências e potencialidades do setor e foi elaborado um projeto de intervenção no

âmbito do planejamento urbano para melhorar as condições de mobilidade urbana do objeto

de estudo.

5. REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério das Cidades. Caderno de referência para elaboração de plano de

mobilidade urbana - Política Nacional de Mobilidade Urbana. Brasília, 2015.

BRASIL. Lei n° 12.587, de 3 de janeiro de 2012.

BRASIL. Prevenção de Riscos de Deslizamentos em Encostas: Guia para Elaboração

de Políticas Municipais. Brasília: Ministério das Cidades; Cities Alliance, 2006.

ORICO FILHO, R.; AFFONSO, N.; BONIS, R.; OLIVEIRA, M. Mobilidade urbana sustentável:

questões do porvir. In: NUNES, T.; ROSA, J. S.; MORAES, R. F (org.). Sustentabilidade

urbana: impactos do desenvolvimento econômico e suas consequências sobre o processo

de urbanização em países emergentes: textos para as discussões da Rio + 20: volume 1

mobilidade urbana. Brasília: MMA, 2015. p.9-42.

CARRIÇO, J. M; BARROS, M. Crise de mobilidade urbana em Santos/SP: produção

imobiliária, segregação socioespacial e desenraizamento. ANAIS DO XVI ENANPUR. Belo

Horizonte: ANPUR, 2015.

GEHL, J. Cidades para Pessoas. 2.ed. São Paulo: Editora Perspectiva, 2013.

JACOBS, J. Morte e Vida de Grandes Cidades. 3.ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

MARICATO. E. O impasse da política urbana no Brasil. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 2012.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

318

MASCARÓ, Juan Luís. Manual de Loteamentos e Urbanização. 2.ed. Porto Alegre: Sagra

Luzzatto, 1997.

SANTOS (Município). Termo de Referência do Plano de Mobilidade Urbana de Santos.

Santos: Grupo Técnico de Trabalho do Plano de Mobilidade Urbana de Santos, 2015.

TRINDADE, T. P. Direitos e cidadania: reflexões sobre o direito à cidade. São Paulo: Lua

Nova, 2012.

VILLAÇA, F. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Nobel, 1998.

WELLE, B.; LIU, Q.; LI, W.; KING, R.; STEIL-ADRIAZOLA, C.; SARMIENTO, C.;

OBELHEIRO, M. Cities safer by design: Guidance and Examples to Promote Traffic

Safety through Urban and Street Design. Washington, DC: WRI, 2015.

ZABBOT, C. M. Critérios de avaliação da caminhabilidade em trechos de vias urbanas: considerações para a região central de Florianópolis. Florianópolis, 2013.

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O NARCISISMO NAS REDES SOCIAIS Naomy Ester de Melo e Marques

Bolsista PIBIC1

Profa. Dra. Thalita Lacerda Nobre2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Psicologia

1 [email protected]; [email protected]

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo compreender como o narcisismo de adolescentes

e jovens adultos entre 18 e 25 se expressa na era pós-moderna por meio das redes sociais digitais,

para isso foi utilizada a revisão bibliográfica como metodologia, para buscar conhecimentos teóricos

sobre a formação do narcisismo no indivíduo, sobre a criação das redes sociais na internet e também

as características da sociedade pós-moderna. Os resultados parciais obtidos demonstram que tais

redes oferecem uma contribuição para uma característica pré-existente no sujeito e, portanto, ainda

não temos subsídios suficientes para afirmar que as mesmas criem uma cultura narcisista em uma

sociedade, sendo necessários que outros aspectos sejam analisados.

Palavras-chave: Narcisismo; redes sociais; pós-modernidade.

1. INTRODUÇÃO

Freud (1914) demonstrou ser possível que uma parte da localização da libido,

denominada narcisismo, estivesse presente no desenvolvimento regular do ser humano.

Desta forma, o narcisismo primário das crianças seria formado pelo investimento do próprio

narcisismo dos pais, através da supervalorização, atribuindo ao filho todas as perfeições e

ignorando todos seus defeitos, evitando que pudesse ser atingido pelas leis da natureza e

sociedade.

A criança, portanto, seria alguém que iria realizar futuramente os sonhos dos pais,

tornando-se assim um refúgio e trazendo um sentimento de segurança, dentro do sistema

narcísico, ao ego dos pais que fora tranformado pela realidade. Neste sentido, o narcisismo

seria o complemento libidinal do egoísmo do instinto de autopreservação e por

consequência, seria um atributo pertencente a todo ser vivo.

Considerando este aspecto do desenvolvimento natural do ser humano proposto por

Freud e associando-o ao período em que vivemos, o qual se faz marcado por uma sociedade

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pós-moderna retentora de características próprias representadas pelo consumismo,

valorização da imagem, o imediatismo, o predomínio das mídias eletrônicas e, sobretudo o

avanço das redes sociais; desperta-se o interesse em conhecer como o narcisismo dos

indivíduos afeta e é afetado por uma sociedade movida pela era digital. E, sob a hipótese de

que as redes sociais favoreçam a reprodução do comportamento narcísico entre os jovens,

o presente trabalho tem como objetivo compreender como o narcisismo de adolescentes e

jovens adultos entre 18 e 25 se expressa na era pós-moderna através das redes sociais,

bem como estudar a influencia da pós-modernidade sobre o comportamento humano

envolvendo a formação do narcisismo em cada indivíduo e como este aspecto se manifesta

no meio social.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

O trabalho foi realizado por meio de um levantamento bibliográfico, que de acordo

com Gil (2010), constitui uma pesquisa que tem como base materiais já publicados, incluindo

material impresso, como livros, revistas, teses, jornais, dissertações e anais de eventos

científicos, que foram utilizados de forma a ampliar conhecimentos teóricos sobre a formação

do narcisismo no individuo, a criação das redes sociais e as características da sociedade

pós-moderna.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esta pesquisa abordou a relação do narcisismo dos jovens e as redes sociais,

buscando conhecimentos sobre a formação do narcisismo essencial no ser humano

considerando que esta ocorre dentro do processo de desenvolvimento do indivíduo, através

da escolha objetal, em que o sujeito elege a si mesmo como objeto de amor.

Associado a isto, está o comportamento do indivíduo dentro de um grupo, onde este

tem seu nível crítico de limite de sua individualidade reduzido e passa a agir de modo

compatível aos demais integrantes. Tanto o comportamento narcísico quanto o

comportamento em grupo, entram em discussão quando nos referimos às transformações

trazidas pela era pós-moderna, sendo as redes sociais a consequência escolhida como tema

deste trabalho, portanto pôde-se perceber que as redes sociais podem estimular o

narcisismo essencial do indivíduo, através de autoafirmação pelos feedbacks oferecidos

pelos seguidores, valorização da autoestima, bem como aceitação em grupo.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

321

O indivíduo, com o propósito de ser aceito, pode também imitar o comportamento do

restante do grupo, assim o jovem publica fotos, comenta e compartilha imagens de si e com

amigos, em viagens, festas etc. Ou seja, esta ferramenta oferece uma contribuição para uma

característica pré-existente no sujeito que deseja sentir-se valorizado, desta forma, não é

possível afirmar categoricamente que as redes sociais criem uma cultura narcisista em uma

sociedade, pois vários aspectos que também estimulam o narcisismo devem ser

considerados como o modo como as crianças e adolescentes tem sido criados atualmente

por seus responsáveis.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O interesse inicial do trabalho foi pesquisar a relação do narcisismo dos jovens e as

redes sociais, a partir da compreensão da formação do narcisismo no individuo e do

surgimento destas ferramentas digitais decorrentes da era pós-moderna. Desta forma,

buscou-se conhecer como o narcisismo dos jovens se expressa através das redes sociais e

com isso, os resultados parciais obtidos demonstram que estas ferramentas estimulam as

características que já existem no sujeito, não sendo possível afirmar, pelo menos por

enquanto, que as mesmas criem uma cultura narcisista.

5. REFERÊNCIAS BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro (RJ): Zahar, 2001.

CAVALCANTE, Marcio Balbino. O conceito de pós-modernidade na sociedade atual.

Disponível em: <http://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/geografia/o-conceito-

posmodernidade-na-sociedade-atual.htm>. Acesso em: 03 ago. 2016.

CHARLES, Sébastien. Da pós-modernidade à hipermodernidade: do gozo à angustia. In:

LIPOVETSKY, Gilles; CHARLES, Sébastien. Os tempos hipermodernos. São Paulo:

Barcarolla, 2004.

COSTA, Maria Nicolaci da. A passagem interna da modernidade para a pós modernidade.

Psicol. cienc. prof., Brasília, v.24, n.1, mar., 2004.

DILLER, Vivian. Mídias Sociais: O playground do narcisista. Disponível em:

<http://www.brasilpost.com.br/vivian-diller-phd/midias-sociais-o-

playground_b_6986910.html> Acesso em 27 ago. 2016.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

322

FIGUEIREDO, Luís Cláudio M.; SANTI, Pedro Luiz Ribeiro de. Psicologia, uma (nova)

introdução: uma visão histórica da psicologia como ciência. 2.ed. São Paulo: EDUC, 2000.

FREUD, Sigmund. Introdução ao narcisismo, ensaios de metapsicologia e outros

textos (1914-1916). São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

FREUD, Sigmund. Além do princípio do prazer, psicologia de grupo e outros trabalhos

(1920- 1922). Rio de Janeiro: Imago, 1976.

FREUD, Sigmund. O eu e o id, “autobiografia” e outros textos (1923-1925). São Paulo:

Companhia das Letras, 2011.

GUIMARÃES, Luis Moreno; ENDO, Paulo Cesar. A origem da palavra narcisismo. Rev. latinoam. psicopatol. fundam., São Paulo, v.17, n.3, set., 2014.

LANGARO, F.N. et al Subjetividade contemporânea: narcisismo e estados afetivos em um

grupo de adultos jovens Psicol. clin., Rio de Janeiro, v.26, n.2, jul.-dez., 2014.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 2001.

MENEZES, Luciane Sant’Anna de. Desamparo. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2012.

SANTANA, Ana Lucia. Narcisimo. Disponível em:

<http://www.infoescola.com/psicologia/narcisismo/> Acesso em 27 ago. 2016.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTES EM SISTEMA DE ALAGADOS CONSTRUÍDOS COM ÁGUA SALOBRA, SUJEITO A VARIAÇÕES DE CARGA OLEOSA Nataly Gardona

Bolsista Proin1

Prof. Dr. João Eduardo Addad 2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Engenharia Ambiental

1 [email protected]; 2 [email protected]

RESUMO: Atividades antrópicas, geradoras de efluentes líquidos, podem causa impactos negativos ao meio ambiente e atingir os recursos hídricos de forma direta ou indireta, o que pode comprometer sua qualidade. Deste modo, é necessário o tratamento dos efluentes industriais antes de seu lançamento em corpos hídricos receptores. O sistema de alagados construídos pode ser uma alternativa por apresentar baixo custo de implantação e operação. Este trabalho objetivou avaliar a produção de biossurfactante em sistema de alagados construídos com água salobra, sujeito a variação de carga oleosa. Foi realizada a montagem de um sistema de alagados construídos com água salobra, que teve o objetivo de provocar um ambiente de estresse para o modelo vegetal utilizado, o capim vetiver. Foram realizados testes de atividade de emulsificação, colapso de gota, espalhamento de óleo e análise do teor de óleos e graxas (TOG). Os resultados obtidos para atividade de emulsificação mostraram produção de biossurfactante no sistema, para coplaso de gota e espalhamento de óleo os resultados foram negativos e as médias da análise de TOG obtidas para amostras coletadas a cada dois dias foram: 16,53, 17,38, 19,91 e 68,33, respectivamente. Os resultados indicam limitada produção de biossurfactantes pelo SAC em condições salobras. Palavras-chave: biossurfactante, salinidade, alagado construído, carga oleosa.

1. INTRODUÇÃO

A utilização do sistema de alagados construídos (SACs) como alternativa de

tratamento para efluentes com presença de cargas oleosas é possível, pois trata-se de um

sistema de baixo custo de implantação e operação (PRATA et al., 2013).

Segundo Vymazal et al. (2009), sistema de alagados construídos tem sido utilizado

para o tratamento de esgotos domésticos, municipais e industriais com diversos tipos de

poluentes, incluindo cargas oleosas.

Em sistema de alagados construídos o meio suporte desenvolve um biofilme

entremeado às raízes das plantas onde as comunidades periféricas e rizosféricas são

responsáveis pela degradação de compostos orgânicos. (PRATA et al., 2013). Este trabalho

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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objetivou avaliar a produção de biossurfactante em sistema de alagados construídos

simulando um ambiente de estresse para o modelo vegetal utilizando água salobra, sujeito

a variação de carga oleosa.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 2.1. Montagem do sistema de alagados construídos

O sistema de alagados construídos foi instalado em um conjunto de 4 tambores de

PEAD de 5 L, conectados hidraulicamente por tubos de PVC de ½ polegada, a partir de

aberturas perfuradas, totalizando aproximadamente 14 L no sistema. Para a circulação de

água, foram utilizadas bombas elétricas submersas de baixa vazão. Para a instalação das

macrófitas, foram utilizadas espécimes de capim vetiver no último tambor e com o auxílio de

suportes foram mantidas em regime de flutuação. O segundo tambor foi preenchido por brita.

O sistema foi alimentado com inóculo retirado dos tanques de capim vetiver localizados no

Laboratório de Cultivo Protegido da Universidade Católica de Santos.

2.2. Montagem inicial do experimento, carga oleosa em água salobra

No primeiro dia foi adicionado 7g de sal marinho com o objetivo de criar um ambiente

com água salobra (águas salobras: águas com salinidade superior a 0,5 ‰ e inferior a 30

‰;) e adicionada a primeira carga oleosa 0,28g no sistema. A adição de carga oleosa inicial

foi realizada por meio do processo de emulsificação de 28g de óleo de soja em 1 litro de

água e agitado em liquidificador por 3 minutos. Foi retirado 10 ml dessa solução para ser

adicionado ao sistema.

2.3. Adição de cargas oleosas e coletas

A adição de carga oleosa foi repetida três vezes após a primeira adição, com intervalo

de dois dias. A quantidade de óleo adicionada a partir da segunda vez foi de 2,8g de óleo de

soja até finalizar as 4 adições. As coletas de amostras foram realizadas nos mesmos dias

de adição, porém previamente à adição de carga oleosa e colocadas em tubos de ensaio.

2.4. Colapso de gota

Para realizar o procedimento do colapso de gota, uma superfície lisa foi untada com

pequena quantidade de óleo. Sobre esta superfície, utilizando um micropipeta manual, foi

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

325

colocada uma gota (90 μl) da amostra coletada no SAC. O mesmo procedimento foi repetido

para cada uma das amostras, cada uma delas em uma nova superfície lisa. Desta forma

avaliou-se a tensão superficial da amostra, observando-se se a gota iria colapsar ou não.

2.5. Ensaio do espalhamento de óleo

Em uma superfície lisa, com uso de pipeta de Pasteur, foi colocado 10 ml de água e

1ml de óleo. Acrescentou-se 110 μl de cada amostra coletada no SAC para avaliação da

abertura da uma auréola sobre o óleo pela presença de biossurfactantes.

2.6. Avaliação de produção de biossurfactante pela abordagem metodológica

modificada de Amani et al (2010) e Yeh et al (2005)

Foi adicionado 1 ml de óleo à cada uma das amostras de 10 ml coletadas no SAC.

Os tubos foram agitados em alta velocidade em um vortex, por um período de 2 minutos.

Após repouso de 1 minuto, 1 hora, e 24 horas, as alturas da seção emulsionada e da seção

de óleo separado foram avaliadas.

2.7. Quantificação de óleos totais por infra-vermelho

Para a realização de análise de teor de óleos foi coletada uma amostra de 10 ml de

água salina com carga oleosa do sistema de alagados construídos a cada dois dias,

totalizando quatro amostras nomeadas “fundo1”, “fundo2”, “fundo3” e “fundo4”. As quatro

amostras foram mantidas em refrigerador e a análise de TOG foi realizada no último dia de

coleta. As amostras foram analisadas quantitativamente por infravermelho com utilização de

um TOG Infracal ART 405. A partir do volume da amostra e com auxílio de vidraria

específica, o conteúdo de óleos presentes foi extraído com n-hexanos. Em uma mesa de

zircônia do próprio equipamento, um volume de 60 μl de n-hexano com carga de óleo foi

posicionado, o solvente que sofreu evaporação posteriormente, permitiu a medição direta de

óleos residuais por infravermelho. A calibração adicionada ao equipamento resulta em

leituras diretas de ppm a partir de uma relação 1:10 de solvente e amostra.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos através da avaliação do colapso de gota foram negativos para

todas as amostras, assim como os resultados para o espalhamento de óleo que também

foram negativos. Os resultados da atividade de emulsificação apresentam lâminas mais altas

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

326

nas amostras de fundo3 e fundo 4. Nos resultados das médias da análise de teor de óleos

e graxas foi possível observar valores constantes para as amostras de fundo1, fundo 2 e

fundo3 e aumento significativo na amostra fundo4.

Tabela 1: Média dos valores de TOG

Amostras Média dos valores de TOG

Fundo 1 16,53

Fundo 2 17,38

Fundo 3 19,91

Fundo 4 68,33

As lâminas mais altas de emulsão (fundo3 e fundo4) observadas nos resultados de

avaliação de atividade de emulsificação mostraram maior quantidade de biossurfactante, no

entanto após passar o período de 1 e 24 horas as lâminas diminuíram, indicando perda de

eficiência do biosurfactante. As razões para a diminuição da eficiência do biossurfactante

não é possível de ser avaliada por ausência de dados analíticos específicos. Os resultados

obtidos para colapso de gota e espalhamento de óleo sugerem que a produção de

biossurfactante não foi suficiente, pois ambos apresentaram resultados negativos, já na

análise dos resultados de teor de óleos e graxas (TOG) foi possível observar que nas três

primeiras amostras, mesmo com aumento de carga oleosa em um ambiente estressado por

salinidade, o sistema apresentou valores constantes de teor de óleo, indicando sua

degradação. No entanto na quarta amostra é possível verificar o aumento no teor de óleo, o

que sugere perda de eficiência do sistema.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como foi observado, os valores obtidos na última amostra de análise de TOG

apresentam aumento significativo de carga oleosa, o que pode significar perda de eficiência.

Este fato pode ter ocorrido devido a fatores limitantes, como por exemplo a carência de

fósforo e demais nutrientes necessários para manutenção do sistema e produção eficiente

de biossurfactante ou ainda a necessidade da interação de inóculos provenientes de

diferentes locais.

De acordo com os resultados obtidos até o momento sugere-se que o sistema de

alagados construídos apresenta potencial de produção de biossurfactante em ambiente com

salinidade, no entanto é necessário que o sistema seja tratado com os nutrientes adequados

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

327

e que inóculos de demais locais sejam introduzidos ao sistema para que aumente o seu

potencial de degradação.

5. AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à FAPESP, por meio do Auxílio Regular nº 2014/23998-0, que

permitiu a utilização do TOG Infracal ART 405.

6. REFERÊNCIAS

AMANI, H., SARRAFZADEH, M.H., HAGHIGHI, M., AMANI, M.R.M., SARRAFZADEH, M.H.,

HAGHIGHI, M., MEHRNIA, M.R. Comparative study of biosurfactant producing bacteria in

MEOR applications. Journal of Petroleum Science and Engineering, 75: 209–214, 2010.

PRATA, R. C. C., DE MATOS, A. T., CECON, P. R., LO MONACO, P. A. V., PIMENTA, L.

A.; Tratamento de Esgoto Sanitário em Sistemas Alagados Construídos Cultivados com

Lírio-Amarelo. Eng. Agríc., Jaboticabal, v.33, n.6, p.1144-1155, nov./dez. 2013.

VYMAZALA, J.; The use constructed wetlands with horizontal sub-surface flow for various

types of wastewater. EcologicalEngineering, v.3, n.5, p.1–17. 2009

YEH, M.S., WEI, Y.H., CHANG, J.S. Enhanced production of surfactin from Bacillus subtilis

by addition of solid carriers. Biotechnol. Prog. 21, 1329–1334, 2005.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

328

IMPACTOS DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA (PIBID) NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE HISTÓRIA

Natasha Carolina Hermsdorf Justel

Bolsista PIBIC1

Prof. Dr. Cesar Agenor Fernandes da Silva2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Licenciatura de História

¹[email protected]; [email protected]

RESUMO: O objetivo deste projeto é o de analisar os egressos do PIBID História da UNISANTOS,

visto que o programa tem passado por grandes reajustes, com cortes de verba e do próprio pessoal

que o integra, além de sua possível dissolução devido a seus custos. Foi através de uma leitura

detalhada sobre os registros do PIBID História de 2012 e 2013, e também de um questionário

direcionado a antigos participantes do programa, que se buscou compreender as razões que levam

a maioria a deixar o PIBID, numa tentativa de se conhecer com mais propriedade se o Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência tem ou não peso com a experiência que proporciona

aos estudantes de licenciatura que se tornam bolsistas. Também foram realizadas pesquisas sobre

outros projetos relacionados ao PIBID, onde foram encontrados artigos feitos com foco em outras

licenciaturas, tornando assim possível a expansão da visão que se tem na importância do PIBID na

formação de futuros professores, visto que, no geral, todos os projetos concordam que seu grande

ponto positivo é o de que os participantes ganham a oportunidade de colocarem em prática as teorias

aprendidas em sala de aula, em uma situação de contato com a realidade escolar que por vezes

parece distante daquilo que se lê nas bibliografias estudadas nas universidades. Para se chegar a

qualquer resultado, porém, foi imprescindível um estudo prévio e aprofundado sobre as propostas

do PIBID segundo o que diz o MEC, para ser possível avaliar com propriedade quaisquer

informações relacionadas ao programa.

Palavras-chave: PIBID, Licenciatura, História.

1. INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como problemática a influência do PIBID (Programa Institucional

de Bolsas de Iniciação à Docência) História na formação de professores de História,

estudando os egressos e suas razões, visto que muitos alunos do curso de Licenciatura de

História da UNISANTOS buscam o programa quando os editais ficam disponíveis, o que

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

329

sugere que haja um atrativo no PIBID, seja pela bolsa ou pela experiência. Além disso, com

uma possível dissolução do programa, muitos professores e estudantes se perguntam sobre

a falta que faria na formação de futuros professores, uma vez que o objetivo do PIBID é o

de levar as teorias aprendidas em sala de aula para a prática nas escolas.

Para se compreender com maior clareza os objetivos do PIBID, foram utilizados

documentos do MEC, além de artigos de outras licenciaturas que buscavam questões

próximas deste projeto, visando comparar as respostas entre as pesquisas com as desta.

O objetivo é o de analisar o peso do PIBID História na formação de futuros

professores, analisando os egressos do programa e seus motivos, buscando compreender

as falhas do PIBID que levaram a tais desligamentos.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

1. Desde os primeiros passos do projeto, foi decidido, em meio à conversas realizadas

com o orientador, que seria elaborado um questionário onde buscaríamos a opinião

direta de participantes que deixaram o PIBID História sobre o programa, seu peso na

formação dos professores e possivelmente sobre as razões que levaram à saída de

tais bolsistas.

2. Para que o questionário fosse elaborado, no entanto, era necessário que houvesse

propriedade sobre o programa, e assim, a primeira etapa da pesquisa teve foco em

leituras sobre o PIBID através de documentos disponibilizados pelo MEC em seu

endereço eletrônico.

3. A segunda etapa do projeto foi planejada para que fossem analisados os dados

disponibilizados pela UNISANTOS sobre todos os integrantes do PIBID História, tanto

do PIBID 2012 como do PIBID 2013. Com esses dados, teve-se acesso às datas de

entrada e saída dos bolsistas, incluindo a dos ativos e a data prevista para o término

de suas bolsas, além dos motivos dos desligamentos daqueles que deixaram o

programa.

4. Por fim, com todas as informações necessárias já obtidas, o questionário planejado

anteriormente pode enfim ser elaborado em um dos encontros com o orientador do

projeto, sendo enviado para ex-bolsistas do PIBID História do programa de 2012 e

também de 2013.

5. Foi com base nas respostas daqueles que responderam que chegou-se então a um

resultado para parte da problematização deste projeto, embora, nem todas as

questões tenham sido possíveis de serem respondidas, visto que o número daqueles

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

330

que se prontificaram a responder o questionário foi baixo, não chegando a 20% dos

ex-bolsistas do programa.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O objetivo inicial deste projeto é o de trabalhar com os egressos do PIBID História,

tanto do programa de 2012 como no de 2013, para tal, primeiramente foi preciso analisar os

motivos dos desligamentos do PIBID História 2012, também observar a relação entre os

bolsistas ativos e desligados do PIBID História 2013.

A partir de tais analises, pode-se observar que no programa de 2012, dos 40 bolsistas,

metade teve um bom aproveitamento, sendo desligada devido ao término da vigência do

PIBID 2012.

Além desse principal motivo, houve outros 8 que levaram aos egressos dos bolsistas

de 2012, sendo estes: cancelamento de matrícula, acúmulo de bolsas, insuficiência de

aproveitamento, baixa assiduidade, motivos pessoais, a não aparição nas convocações,

razões de trabalho e a conclusão de curso.

Embora sejam muitos os motivos de caráter negativo, estes representam uma

pequena parcela dos desligamentos, sendo 2,5% para os motivos pessoais, 2,5% por

cancelamento de matrícula, 2,5% pelo não comparecimento em meio às convocações, 2,5%

por acúmulo de bolsas, 10% por razões de trabalho, 5% devido à baixa assiduidade e 5%

por insuficiência de aproveitamento, fazendo com que 70% dos egressos tenham ocorrido

devido à graduação de 20% dos bolsistas e pelo término da vigência do programa com o

restante.

Com base nestes dados, pode-se chegar à conclusão que a maioria teve um

rendimento satisfatório dentro do previsto pelo programa durante seu tempo de vigência.

Dentro do PIBID 2013, o curso de Licenciatura de História conta, até o início do ano

de 2015, com 24 bolsistas ativos e com 20 desligados, com um total de 40 bolsistas entre

seus alunos desde o período inicial do PIBID 2013.

Apesar das dificuldades que o programa veio passando desde a metade do ano de

2015, devido à cortes de verba e também de bolsistas, além de um provável término do

programa, com base nos dados fornecidos para esta pesquisa, o número de bolsistas ativos

é maior do que o número de desligados (que equivalem 45,45% do total de todos os

bolsistas), embora a diferença não seja grande.

Diferentemente do PIBID 2012 que teve o maior número de desligamentos devido à

graduação e ao término de sua vigência, o PIBID 2013 tem seu maior número de

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

331

desligamentos devido à graduação de curso e devido à baixa assiduidade, sendo,

respectivamente, 35% e 30% das razões que levaram ao fim das bolsas desses

participantes.

Houve também um aumento na porcentagem dos que deixaram o programa por

motivos pessoais, formando 15% das razões de término de bolsa dentre os integrantes do

PIBID História 2013, e nenhum, até então, pediu seu desligamento por razões de trabalho

como ocorrera no PIBID História 2012.

É interessante ressaltar que ocorreram erros no registro dos inscritos, e 15% do 44

alunos bolsistas compreendem essas falhas, que, segundo os dados fornecidos pela

universidade, se deram pela confusão de um membro da supervisão que acabou sendo

encaixado junto dos alunos bolsistas. Já os outros não deveriam ganhar bolsa, embora os

motivos não tenham sido deixados claros. Ainda houve uma solicitação de cancelamento

que não fora especificada na documentação.

Como as relações entre bolsistas ativos e desligados não pode ser atualizada a partir

da metade do ano de 2015, não é possível dizer se houve mais desligamentos devido à

baixa assiduidade, porém, o crescimento desse fator como motivo de desligamento é algo

que talvez deva ser avaliado posteriormente, visto que no programa de 2012 o número

desligado por essa razão foi consideravelmente mais baixo.

Já a partir das respostas obtidas por parte do questionário, pode-se observar que,

dentre a maioria dos que responderam, as principais motivações que levam à inscrição dos

alunos no programa são a experiência proporcionada pelo programa e a expectativa de

entrar na sala de aula.

Além disso, a bolsa também parece ser um dos fatores de peso que levam os alunos

da licenciatura a buscarem o programa, e quase de maneira geral, os ex-integrantes

afirmaram que parte da verba que recebiam era destinada para parte da mensalidade do

curso, ou ainda dos recursos financeiros gerais dos participantes, auxiliando nos gastos com

xerox, livros e transporte para a universidade, com uma minoria ainda a utilizando para fins

pessoais e alimentação durante o período em que aplicavam os projetos do programa e

também na própria faculdade.

Dentre as perguntas feitas aos ex-bolsistas do PIBID História, foi solicitado que

falassem sobre suas experiências profissionais, e à princípio, perguntou-se quantos vinham

exercendo o cargo de professor. Através de suas respostas, foi feito o gráfico a seguir, que

nos mostra a porcentagem dos que estão atuando como docentes.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

332

Dentre os entrevistados pouco mais da metade leciona, com uma média geral de

aproximadamente 2 anos. Ademais, perguntou-se também em que redes de escola os que

lecionam vem trabalhando, e em sua maioria em escolas estaduais.

Pode-se analisar que são uma minoria os que conseguem emprego em escolas

privadas ou mesmo de rede pública municipais, o que, indiretamente, nos leva a uma

questão que não foi trabalhada neste projeto: por quê¿

Dos que lecionam, quando perguntados se o PIBID teve influência e peso em suas

formações como professores, de maneira unânime, todos responderam que sim, colocando

suas experiências dentro do programa como uma parte importante e boa para o aprendizado

de futuros docentes, visto que, em meio às dificuldades encontradas, embora tenham sido

todos que disseram ter tido algum tipo de problema ou dificuldade enquanto trabalhava no

programa.

Foi apenas pouco mais da metade que afirmou ter tido dificuldades, dentre elas

situações como “falta de estrutura” por parte do programa, ou ainda por vezes da negligência

por parte de alguns professores atuantes e, ainda em alguns casos, da própria direção das

escolas.

Mas é válido ressaltar que, dos que tiveram problemas, estes acreditam que essas

experiências negativas lhes permitiu que pudessem vivenciar a realidade escolar da rede

pública, ganhando uma nova visão do ambiente escolar, aprendendo a como lidar com os

alunos, se fazer ser ouvido, e outros fatores que consideram importantes e de grande peso

para suas formações. Muitos ainda afirmaram encontrar algumas das dificuldades que

tiveram dentro do PIBID em suas salas de aula atuais, além das que aprenderam a remediar

com o que aprenderam durante o período de bolsistas do PIBID.

Dentro os entrevistados que atuam como professores, a maioria foi desligado do

programa após suas graduações, porém, ainda há alguns que deixaram o programa por

outros motivos, mas que seguiram na decisão de tornarem-se docentes.

Com essas informações, encontramos mais uma vez a indicação de que, até então,

o maior número de desligamentos tem sido por razões que podem ser consideradas como

positivas.

Ainda segundo as respostas obtidas por meio do questionário, alguns dos que os

responderam deram sugestões para que o programa pudesse melhorar, como o aumento

da bolsa, maior facilidade por parte da burocracia ligada aos estudos do meio com os alunos

das escolas em que atuam, além de reuniões e cobranças mais frequentes por parte dos

supervisores. Porém, apesar de tais sugestões e breves críticas negativas, houve mais

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

333

pontos positivos sendo destacados do que negativos dentro das respostas, e o ponto mais

alto, de acordo com a maioria, é a possibilidade de se ter um panorama diferente do que se

tem apenas com livros didáticos, o que mostra que talvez ter um contato com o mundo

escolar seja um passo importante dentro da formação de futuros professores.

Ao final, quando questionados sobre o que pensavam sobre o possível fim do PIBID,

de maneira unânime, todos demonstraram-se contra o término do programa por acreditarem

que é um complemento importante na formação daqueles que pretendem lecionar, além dos

efeitos positivos entre os alunos das escolas públicas onde os projetos são aplicados, que,

segundo relatos, tornam-se mais entusiasmados com a ideia de um dia ingressar em uma

universidade, após terem tido a oportunidade de entrar em contato com o mundo

universitário ou até visitando o próprio campus.

Assim, pode-se compreender que o PIBID História, mesmo com um crescente número

de bolsistas desligados, possui um importante peso na formação daqueles que participam

do programa ao lhes proporcionar a experiência de adentrar na sala de aula antes de suas

graduações.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudando os egressos do PIBID História da UNISANTOS, pode-se perceber que, até

o início de 2015, houve um aumento nos desligamentos de bolsistas do curso de Licenciatura

de História por razões de baixa assiduidade. Porém, o número de participantes ativos do

programa ainda supera o número dos que foram desligados, mesmo que seja apenas por

pouco.

O programa em si possui um peso significativo na formação de futuros professores,

portanto, os egressos que ocorrem por motivos negativos devem ser trabalhados, talvez por

meio de reuniões com os supervisores, para que se possa estudar os motivos que levam os

bolsistas a não comparecerem em suas obrigações nas escolas aonde foram designados,

em uma tentativa de se evitar um aumento ainda maior de desligamentos por baixa

assiduidade.

Com o aumento de desligamentos de caráter negativo, é um tanto preocupante que

o número de bolsistas ativos diminua ao ponto de que o programa não tenha mais condições

de continuar para a Licenciatura de História, visto que o PIBID atualmente está em uma

situação delicada devido ao corte de verba que vem sofrendo.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

334

Uma possível anulação do PIBID História na UNISANTOS viria a fazer falta pela

experiência que proporciona ao bolsistas, assim, na medida do possível, os responsáveis

devem se acautelar com algumas soluções.

5. REFERÊNCIAS FETZNER, Andréa Rosana; SOUZA, Maria Elena Viana. Concepções de Conhecimento Escolar: potencialidades do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ep/v38n3/aop765.pdf> Acesso em 20 jul 2016. FREITAS, Maria de Fátima Quintal. A Pesquisa Participante e a Intervenção Comunitária no Cotidiano do PIBID /CAPES. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/er/n53/10.pdf> Acesso em 20 jul. 2016. GOLDENBERG, Miriam. A Arte de Pesquisar: como fazer pesquisas qualitativas em Ciências Sociais. 8.ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Conselho de aperfeiçoamento de pessoal de ensino superior. PIBID. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid> Acesso em 22 jul. 2016. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Conselho de aperfeiçoamento de pessoal de ensino superior. PIBID Diversidade. Disponível em: <http://www.capes.gov.br/educacao-basica/capespibid/pibid-diversidade> Acesso em 22 jul. 2016. ZORDAN, Paola. Movimentos e Matérias da Iniciação à Docência. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/edreal/v40n2/2175-6236-edreal-45945.pdf> Acesso em 21 jul. 2016.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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DE ITANHAÉM A VIÑA DEL MAR - INTERNACIONALIZAÇÃO E PARADIPLOMACIA POR MEIO DO PATRIMÔNIO CULTURAL - UMA ANÁLISE COMPARATIVA Patricia Silva Zanella

Bolsista PIBIC1

Prof. Dr. Rodrigo Christofoletti2

Instituição: UNISANTOS - Universidade Católica de Santos

Curso: Relações Internacionais

1 [email protected]; [email protected]

RESUMO: Os patrimônios culturais são o conjunto de bens com valor próprio considerados relevantes para a identidade cultural de um povo por estarem diretamente ligados a ideia de herança e terem como objetivo manter o espírito público. É através desta ligação com o passado e sua relevância que construímos uma identidade cultural que faz com que seja obrigação de todos nós cuidar deste legado, o que nos leva a preservação do patrimônio cultural e da sua importância para manter viva a herança do povo. A ideia de internacionalização advém desses bens pertencerem além de uma cultura, à humanidade porque qualquer estrangeiro, jovem ou idoso que se depare com esses bens conseguirá reconhecer a universalidade através de sua integridade e autenticidade. Ao decidirmos analisar um exemplo real de patrimônios culturais que devem ser protegidos, divulgados e meio de disseminação da cultura local, temos como objeto de estudo duas cidades litorâneas, Itanhaém, localizada no Litoral Sul de São Paulo, no Brasil e Viña del Mar uma comuna de Valparaíso, no Chile, escolhidas pela vivencia da pesquisadora nos sítios e pela semelhança que se estabelece entre ambas, do ponto de vista histórico, cultural e populacional. Para isso utilizaremos além das leituras próprias do estado da arte dos temas no Brasil e no Chile a metodologia da história oral, constituinte do CPDOC FGV. Sendo assim, estabelecemos um estudo comparativo entre as políticas públicas de preservação patrimonial, para compreender como através da valorização destes bens pode-se conquistar uma projeção internacional destas cidades por meio da paradiplomacia. Palavras-chave: internacionalização, patrimônio, paradiplomacia.

1. INTRODUÇÃO

Nesta pesquisa analisamos as políticas de preservação patrimonial que acontecem

em Itanhaém – SP, Brasil em comparação às levadas a cabo em outra cidade histórica latino-

americana de envergadura semelhante, Viña Del Mar – Chile, para, assim, compreender a

relevância da preservação de patrimônios no âmbito das relações internacionais.

Para isso estudamos a responsabilidade das cidades com o seu patrimônio cultural

analisando suas legislações e projetos culturais, dentre outras medidas sociais que buscam

reviver e manter a importância destes bens culturais.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

336

Sendo assim, estabelecemos uma análise comparativa entre suas políticas públicas,

além de compreender como é possível existir essa internacionalização através da

paradiplomacia ressaltando a importância das cidades utilizarem do soft power através das

redes de cidades com projetos voltados a cultura, educação e redução das desigualdades

com o intuito de projetar-se internacionalmente a ponto de por intermédio da cooperação

desenvolver e aplicar projetos que realmente causem impactos positivos em sua sociedade.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

A pesquisa foi elaborada com o estudo das leituras próprias do estado da arte dos

temas (preservação do patrimônio e paradiplomacia) no Brasil e no Chile, além do estudo

da legislação municipal de Itanhaém e de Viña del Mar. Para melhor compreensão da

disseminação de cultura em Itanhaém, foi realizada uma entrevista com o Secretário da

Cultura da cidade, por acreditar que a metodologia de história oral, constituinte do CPDOC

FGV, é a mais adequada metodologia de colheita de depoimentos, pois, alia a preocupação

em história de vida com a história temática. Por fim, para entender como ocorre a

preservação do patrimônio cultural e da herança cultural chilena, foi feita uma visita in loco

em Santiago, Viña del Mar e Valparaíso. Durante a visita em Viña del Mar para

enriquecimento do projeto foi realizado o curso “Formación Histórica de Viña del Mar” com

uma duração pedagógica de 8 horas, ministrado pelo Professor Jorge Salomó Flores,

certificado pela Corporación Cultural de Viña del Mar.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os patrimônios culturais são o conjunto de bens que possuem valor próprio e são

considerados relevantes para a identidade da cultura de um povo. Eles estão diretamente

ligados a ideia de herança, segundo Dominique Poulot “a ideia de herança: tal medida era

considerada como o meio de dissipar a ignorância, aperfeiçoar as artes, além de despertar

o espírito público e o amor pela pátria. ” (POULOT, 2009, p.27).

Ao decidirmos analisar exemplos de patrimônios culturais que devem ser protegidos,

divulgados e principalmente, salvaguardados, temos como objeto de estudo duas cidades

litorâneas, Itanhaém, localizada no Litoral Sul de São Paulo, no Brasil e Viña Del Mar, uma

comuna de Valparaíso, no Chile.

As questões histórias nos ajudam a entender o motivo de Itanhaém, a segunda cidade

mais antiga do Brasil, fundada em 22 de abril de 1532, por Martim Afonso de Souza, ainda

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

337

caminhar para a elaboração de leis municipais culturais efetivas para o seu contexto social,

o que dá margem para uma dificuldade maior na preservação dos bens tombados e em

como a sociedade civil os identifica e busca meios de tombar seus demais patrimônios. A

construção histórica de Itanhaém, devido a colonização pautada nas capitanias hereditárias

que ocuparam o lugar das tribos indígenas locais, foi marcada pelas lutas e dificuldades de

povoamento, o que aconteceu em grande parte do Brasil criando cidades em cima da

desigualdade, sentidas até os dias de hoje.

Viña del Mar, fundada em 29 de dezembro de 1874, pelo engenheiro José Francisco

Vergara Echevers, consegue preservar sua cultura com maior eficiência e eficácia, uma vez

que sua agenda cultural possuí eventos fixos que são repetidos anualmente, criando uma

identidade cultural que é muito mais concreta por ser uma construção contínua. Em Viña del

Mar, a família Vergara possuía interesses no desenvolvimento da cidade a impulsionando

com a instalação de importantes indústrias, como a Compañía Refinería de Azúcar de Viña

del Mar, CRAV, Lever & Murphy Co., Pearson & Son Co., Viña del Mar Electric Company,

entre outras, que além de trazerem modernidade para a cidade foram as grandes

responsáveis pelo seu povoamento. Diferentemente do que aconteceu em Itanhaém, este

fato histórico, acabou por refletir na cultura local de Viña del Mar que é identificada como

parte da herança da maioria de seus habitantes. Não devemos, porém, identificar Viña del

Mar como um modelo de sociedade cultural que devemos nos espelhar e sim como um

modelo relevante a efeito de análise e comparação para entender como está sendo

desenvolvida esta conjuntura em outra cidade latino-americana.

3.1. SEMELHANÇAS E DIVERGÊNCIAS NA PRESERVAÇÃO PATRIMONIAL DE ITANHAÉM E VIÑA DEL MAR

Baseado nas legislações brasileiras e municipais estudadas, nossa primeira análise

questionou a legislação específica para preservação e valorização da história dos

municípios. A Lei Orgânica do Município de Itanhaém, em seu Capítulo V - da Educação e

da Cultura -, abarca as competências de cada setor referente ao Patrimônio Cultural da

cidade. Analisando esta legislação e o que de fato acontece na cidade, notamos a

inexistência do Conselho de Defesa do Patrimônio, previsto na Lei Orgânica do Municipal,

acarreta na tergiversação de suas competências, uma vez que Itanhaém poderia ter mais

patrimônios materiais e imateriais tombados e registrados tanto municipalmente como até

mesmo nacionalmente.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

338

Em Viña del Mar, a lei de Transparência Municipal Nº20.285 deu margem para a

criação uma plataforma web onde podemos acessar as informações de funcionamento do

município e conseguimos ver claramente a organização do Poder Público, facilitando

entender na prática como funciona a legislação viñamariana o que para o nosso estudo foi

fundamental. Destacamos a Comisión Cultura y Patrimonio que é a comissão que funciona

desde 2005 com o objetivo de fortalecer os vínculos e a coordenação entre os diferentes

setores ligados a atividades culturais pertencentes ao município para promover atividades,

programas e eventos que beneficiem a comunidade.

3.2 VIÑA DEL MAR E OS IMPACTOS DA PARADIPLOMACIA

Paradiplomacia consiste no Município se tornar forte internacionalmente para poder

agir, mesmo que através do soft power12no sistema internacional como outro ator

internacional. O fato da cidade conseguir se projetar internacionalmente, seja através de

redes de cidades para captação de recursos e desenvolvimento, seja por meio de outras

estratégias, que visem melhorar o turismo local e a sua influência cultural, é, claramente, um

corolário das políticas da paradiplomacia.

O turismo de Viña del Mar funciona de maneira parecida com a preservação do

patrimônio, com Departamentos e seções que trabalham em conjunto visando aumentar o

turismo, porém ele tem muito foco no internacional. Segundo a Federação de Empresas de

Turismo do Chile (FEDETUR, 2014) Viña del Mar e Valparaíso representam 23% de cidades

sede para reuniões internacionais do país. Viña del Mar possui políticas de

internacionalização, um exemplo, é a mesma fazer parte da Mercocidades, que é uma rede

de cidades ativa há mais de 19 anos, nos países do Mercosul e seus associados, buscando

um Mercosul mais justo e acessível para todos. Além disso, Viña del Mar conta com uma

agenda cultural voltada a valorização da história local, oferecendo cursos gratuitos que

fomentam a história local e a importância dos patrimônios, outra manifestação cultural que

leva muitos turistas para Viña del Mar é o Festival de La Cancion, que acontece todos os

anos no verão e é um dos mais conhecidos da América Latina.

12 Soft Power é um conceito das Relações Internacionais trazido por Joseph S. Nye (2004) que consiste no poder brando da política, ou seja, o poder que envolve cultura e ideias, diferentemente do poder duro (hard power) que está relacionado com poderio militar e econômico.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

339

3.3 ITANHAÉM E SUA HERANÇA CULTURAL Itanhaém possuí três bens tombados em nível nacional13 e são estes patrimônios que

denunciam como a história de Itanhaém é, simultaneamente, tão rica e tão pouco conhecida

e explorada. Dentre as maneiras de abordar a história cultural local e reviver esta herança

destacamos a necessidade de parceria com a educação para incentivar os professores para

que abordem em suas aulas temas dessa natureza, uma vez que somente através da

conscientização e da legislação adequada combinada com políticas municipais de

internacionalização da cidade é possível unir a disseminação cultural com o

desenvolvimento não só em setores da cultura e educação, como turismo e a redução das

desigualdades sociais, tal como vimos em Viña del Mar.

3.4 INTERNACIONALIZAÇÃO POR MEIO DA PARADIPLOMACIA E SUA LIGAÇÃO COM O PATRIMÔNIO CULTURAL

A internacionalização por meio da paradiplomacia pode, em um primeiro momento

parecer extremamente distante para uma cidade brasileira, mas não é. Os governos

municipais possuem meios para conquistar essa internacionalização independente dos seus

recursos, segundo Kield Jakobsen:

[...] sabe-se que os governos municipais que desenvolvem políticas públicas internacionais podem utilizar mecanismo de soft power para atingir objetivos específicos e também criar laços com as instituições que lhe são semelhantes em outros países, constituir redes internacionais e ainda se relacionar com organizações internacionais. (RODRIGUES, Gilberto apud JAKOBSEN, Kjeld, p. 32, 2009)

Uma cidade que preserva seus bens consegue possuir uma identidade cultural que

faz com que a mesma seja reconhecida e divulgada. Segundo Simone Scifoni:

Mudanças políticas patrimoniais refletem as relações de poder no âmbito internacional e a busca de sustentação dos interesses nacionais, dos países hegemônicos e também emergentes no cenário político econômico mundial. (SCIFONI, p.11, 2004)

13 O primeiro foi o Casa de Câmara e Cadeia pelo Condephaat, o segundo tombado em 1941 foi o Convento e Igreja Franciscanos de Nossa Senhora da Conceição, pelo IPHAN (Convento de Igreja Franciscanos de Nossa Senhora da Conceição. Lista de Bens Tombados do IPHAN. Número do Processo: 215. Tombamento: mar/41.) e o terceiro foi a Igreja Matriz de Santana também tombada em 1941 pelo IPHAN (Igreja Matriz de Santana. Lista de Bens Tombados do IPHAN. Número do Processo: 215. Tombamento: mar/41.).

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

340

Grandes exemplos, são as cidades europeias como Paris, Milão e Londres em que

boa parte da economia se dá por meio do turismo por serem cidades históricas e bem

preservadas que merecem o reconhecimento e a visita. No âmbito internacional, estas

cidades quando se projetam através de redes de cidades conseguem ter uma autonomia

maior por serem exemplos de desenvolvimento.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

É notória a necessidade de Itanhaém usar a cultura como vetor de internacionalização

e perceber que existem maneiras de preservar os patrimônios, além de notar o potencial

para aumentar o turismo através dos mesmos, criando primeiramente uma conscientização

civil. Para isso, existe a necessidade dos especialistas da área, vinculados ao serviço de

preservação do patrimônio de Itanhaém questionarem a legislação e pressionarem a

organização dos setores, para que exista um Conselho que realmente destaque a relação

do patrimônio cultural, para efeito de realização de registros das manifestações culturais e

tombamento/registro de patrimônio material e imaterial. Nesse sentido, e como ponto

imprescindível, também destacamos a importância do ensino da História local para a

sociedade civil, principalmente para as crianças, pois serão elas quem despertarão o gosto

pela preservação cultural, objetivando que mesmo com o passar dos anos, os bens não se

percam. Também é preciso a elaboração de uma lei de tombamento municipal para que

Itanhaém faça o registro de todos os seus bens e possa salvaguarda-los, e através desta lei

estabelecer critérios e divisões para efetivar os eventuais tombamentos/registros. Desde que

possua uma organização efetiva do Poder Público, que tenha esse objetivo, a projeção

internacional se torna muito mais próxima do que imaginamos, por meio das redes de

cidades e das organizações internacionais com foco nos municípios. Sabemos que é

possível a cidade obter melhorias através da paradiplomacia, mas acima de tudo, devemos

lembrar que estamos nos desenvolvendo a cada dia e a questão cultural deve acompanhar

essas mudanças para que ela não se perca.

Viña Del Mar merece destaque pela sua organização e divulgação dos patrimônios,

mantendo viva a ideia de herança que faz com que ocorra uma identificação da cultura da

sociedade civil, o que resulta nos patrimônios servirem como um meio de internacionalização

para aumentar o turismo local e a importância da cidade para o país. Mas deve contar com

uma equipe extremamente eficiente para restauração, por ser uma cidade de risco que

passa por muitos terremotos para garantir que seus patrimônios continuem existindo, apesar

dos perigos climáticos. De reuniões internacionais até festivais de música, vemos uma

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

341

cidade abrangente que te dá possibilidades e usa essas possibilidades para continuar se

desenvolvendo através da cooperação internacional e da criação de projetos que realmente

contribuem para uma cidade harmônica, com eventos locais diferenciados, reuniões

internacionais acontecendo e uma sociedade mais envolvida nas políticas públicas.

Assim, constatamos que é possível utilizar a paradiplomacia como vetor de

desenvolvimento cultural visando a internacionalização, principalmente através de redes de

cidades que, pode ser, sem dúvida, uma realidade em Itanhaém, como já é em Viña del Mar.

5. REFERÊNCIAS CHRISTOFOLETTI, Rodrigo; MASSONETTO, B. O. S.; ESTEVES, E. ; FERREIRA, E. G.; ANDRADE, E.. Uma mudança de olhar em favor do patrimônio. Unisanta Humanitas, v. 1, p. 78-93, 2012. FARIA, Teresa; FERREIRA, Ana Maria; Rosendo, José. Itanhaém: Um mar de histórias. Ed. Expoente, 2008. FEDERACIÓN DE EMPRESAS DE TURISMO DE CHILE (FEDETUR). La importancia del Turismo de Reuniones en Chile. Barómetro Chileno del Turismo, Estudio Especial/Noviembre 2014, nº16. Disponível em: <http://www.fedetur.org/barometros/BRT16/edit06.html#>. Acesso em 10 mai.2016. FONSECA, Maria Cecília Londres. O Patrimônio em Processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ IPHAN. 1997. IPHAN (Brasil). Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional: Legislação. 2015. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/legislacao>. Acesso em 08 jun.2015. IPHAN (Brasil). Lista de Bens Tombados pelo IPHAN. 2015. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Lista_Bens_Tombados_pelo_Iphan_%2 02015.pdf>. Acesso em 08 jun.2015. JEUDY, Henri Pierre. Espelho das cidades. RJ, Casa da Palavra, 2005. MINISTÉRIO DE EDUCACIÓN (Chile). Consejo de Monumentos Nacionales de Chile: Leyes / Normas. 1970. Disponível em: <http://www.monumentos.cl/consejo/606/w3- propertyname-627.html . Acesso em 08 jun.2015. MUNICIPALIDAD DE VIÑA DEL MAR (Chile). Comisión Cultura y Patrimonio. 2005. Disponível em: <http://www.patrimoniovina.cl/seccion/16/comision-cultura-y-patrimonio.html>. Acesso em 08 jun.2015. MUNICIPALIDAD DE VIÑA DEL MAR (Chile). Viña del Mar: Una Mirada Histórica, Turística y Patrimonial. 2008. Disponível em:

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http://www.patrimoniovina.cl/uploads/2014/04/20140428213932-libro-via-del-mar-unamirada-histrica-turstica-y-patrimonial.pdf>. Acesso em 08 jun.2015. NYE, Joseph S. Soft Power: The Means to Success in World Politics. New York: Public Affairs, 2004. PREFEITURA DE ITANHAÉM. História de Itanhaém. Disponível em: <http://www.itanhaem.sp.gov.br/turismo/cidade/historia.php>. Acesso em 08 jun. 2015. POULOT, Dominique. Uma História do Patrimônio no Ocidente. São Paulo: Estação Liberdade. 2009. RODRIGUES, Gilberto M.a.; XAVIER, Marcos; ROMÃO, Wagner de Melo (Org.). Cidades em relações internacionais: análises e experiências brasileiras. São Paulo: Desatino, 2009. SECRETARIA DA CULTURA (São Paulo). Lista de Bens Tombados em Itanhaém pelo Condephaat. 2006. Disponível em: <http://www.cultura.sp.gov.br/portal/site/SEC/menuitem>.9e39945746bf4ddef71bc345e2308ca0/?vgnextoid=300d6ed1306b0210VgnVCM1000002e03c80aRCRD&IdCidade=9ac2274b2 43b8210 VgnVCM1000002e03c80a____&Busca=Busca>. Acesso em 08 jun.2015. SECRETARIA DE GOVERNO (Itanhaém). Segunda cidade mais antiga do país, Itanhaém comemora 480 anos de fundação.2012. Disponível em: <http://www.itanhaem.sp.gov.br/noticias/2012/abril/segunda_cidade_mais_antiga_pais_itanhaem_comemora_480anos_fundacao.html>. Acesso em 08 jun.2015. SILVA, Fernando Fernandes da. As Cidades Brasileiras e o Patrimônio Cultural da Humanidade. Peirópolis: Editora Digital, 2011. SCIFONI, Simone. A Unesco e o patrimônio da humanidade: valoração no contexto das relações internacionais. In: ENCONTRO DA ANPPAS, 2004, Indaiatuba. Disponível em: <http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro2/GT/GT13/simone_scifoni.pdf>. Acesso em 26 set. 2016.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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O ATENDIMENTO DE ADOLESCENTES NA POLÍTICA DE ATENÇÃO AO USO ABUSIVO DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS NA REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA Sara Campos dos Santos

Bolsista PIBIC1

Profa. Dra. Maria Izabel Calil Stamato2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Psicologia

[email protected]; [email protected]

RESUMO: O Projeto de Iniciação Científica O atendimento de adolescentes na Política de Atenção

ao Uso abusivo de álcool e outras drogas na Região Metropolitana da Baixada Santista, iniciado no

2º semestre de 2015 com bolsa do CNPq, tem como objetivo investigar o trabalho desenvolvido pelos

psicólogos nos serviços de atendimento a adolescentes que fazem uso abusivo de álcool e outras

drogas nos municípios de Santos, São Vicente, Guarujá, Cubatão e Praia Grande. Inicialmente foi

feita pesquisa bibliográfica sobre o tema, levantamento dos serviços de atendimento existentes, e

contato com os profissionais para agendamento das entrevistas. No 1° semestre de 2016, foi

realizada a coleta de dados sobre o trabalho realizado pelos psicólogos, por meio de entrevistas

semi-estruturadas, com posterior sistematização e análise dos resultados, a partir da perspectiva

teórica da Psicologia Social. A análise dos dados apontou a diversidade e heterogeneidade dos

atendimentos, com cumprimento e falhas das normatizações e proposições da Política Nacional de

Álcool e outras Drogas, que prejudicam o atendimento das necessidades e demandas da população

foco. A pesquisa terá continuidade no 2º semestre de 2016 e 1º semestre de 2017, com bolsa PROIN,

investigando a visão dos adolescentes atendidos sobre os serviços.

Palavras-chave: Adolescente; Uso Abusivo de Álcool e outras Drogas; Política Nacional de Saúde

Mental.

1. INTRODUÇÃO

O uso nocivo de álcool e outras drogas destaca-se na sociedade atual como um

problema de saúde pública, que atinge intensamente os adolescentes, agravando problemas

típicos desta fase de transição, que requer cuidados específicos, especialmente quando se

trata desta questão. Entretanto, isso nem sempre ocorre, pois embora a política nacional de

saúde mental defina o tipo de atenção a ser dada a esta população, os serviços de

atendimento variam de município para município, acabando por prejudicar a eficácia do

tratamento. Esta pesquisa tem como objetivo conhecer os serviços existentes e o tipo de

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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atendimento oferecido a adolescentes que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas em

05 (cinco) municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista – Santos, Guarujá, Praia

Grande, São Vicente, Cubatão -, investigando o trabalho desenvolvido pelos psicólogos e a

visão dos adolescentes sobre este atendimento.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa, por possibilitar o aprofundamento

da investigação dos fatores subjetivos envolvidos no atendimento aos adolescentes que

fazem uso abusivo de drogas, fenômeno de caráter psicossocial, que precisa ser

compreendido a partir do contexto histórico, social e cultural em que se insere. Abrangeu

revisão bibliográfica sobre o tema, pesquisa de campo, com entrevistas semi-estruturadas,

gravadas e transcritas na íntegra, de 08 (oito) psicólogos - 02 (dois) de Guarujá, 01 (um) de

Praia Grande, 01 (um) de São Vicente e 04 (quatro) de Santos. - que atuam no atendimento

a esta população, e análise do discurso presente nas entrevistas, a partir das categorias

(núcleos de significação) identificadas nas falas dos profissionais, tendo como norte a

Psicologia Sócio-Histórica, referenciada em Vygotsky. Na continuidade da pesquisa, no 2º

semestre deste ano e 1º semestre de 2017, será investigada a visão dos adolescentes sobre

este atendimento.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O levantamento sobre os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) revelou que o

contingente populacional tem importância significativa para a criação dos diferentes serviços

no município – CAPS I, CAPS II, CAPS III, CAPSad e CAPSi. As cidades estudadas, de

acordo com o site G1 Santos (29/08/2013), possuem: Santos - 433.153 habitantes; São

Vicente - 350.465; Praia Grande - 287.967; Cubatão - 157.178 mil; e Guarujá 306.683. Com

relação à referência de população para a implantação dos serviços, a pesquisa bibliográfica

mostrou uma divergência de dados, entre o Caderno Saúde Mental no SUS: Os Centros de

Atenção Psicossocial (MS, 2004) e o Portal Educação (2013). Comparando os dados

populacionais dos municípios com os dois documentos, constata-se que nem todos têm

número suficiente para a implementação de todos os serviços. Conforme o levantamento

feito nas Prefeituras, Praia Grande tem CAPSad e CAPS, estando em implantação o CAPSi.

Em Cubatão, os serviços têm outra nomenclatura, SAPS (Serviço de Atenção Psicossocial),

oferecendo SAPSad e SAPS. Já Santos e Guarujá possuem todos os CAPS, e em Santos

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

345

são denominados NAPS, havendo outros serviços de atenção à saúde mental, como o

Centro de Reabilitação Psicossocial, Centro de Referência Psicossocial do Adolescente,

Centro de Prevenção ao Uso de Substâncias Psicoativas e Núcleo de Atenção do

Toxicodependente.

O objetivo dos CAPS é oferecer acolhimento e atendimento médico e psicológico a

pessoas com transtornos mentais, promovendo autonomia, fortalecimento de vínculos

familiares e reintegração na sociedade. Classificam-se em 5 tipos, de acordo com a

demanda atendida. O CAPSi atende crianças e adolescentes com graves transtornos

mentais, que impossibilitam o estabelecimento ou manutenção de laços sociais. O CAPSad

tem como foco pessoas que apresentam transtornos mentais decorrentes do uso abusivo

e/ou dependência de álcool e outras drogas. Os CAPS I e II atendem, no período diurno,

adultos com transtornos mentais severos, que podem ter o uso de drogas como quadro

clínico secundário. E o CAPS III presta atendimento diurno e noturno a adultos com

transtornos mentais severos e persistentes (MS, 2004).

A pesquisa mostrou que os adolescentes que fazem uso abusivo de álcool e outras

drogas são atendidos em serviços diferentes, conforme o município - CAPSi, CAPSad e

Centro de Referência Psicossocial do Adolescente, este último destinado especificamente a

adolescentes (em Santos). Pela Política Nacional de Saúde Mental (MS, 2004), esta

população deve ser atendida em CAPSi, o que não ocorre em alguns municípios, por não

possuírem o serviço ou pela determinação de oferecer atendimento a essa demanda no

CAPSad. O atendimento de adolescentes em CAPSad é normatizado pela Portaria

130/2012, que redefiniu o Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras Drogas 24h

(CAPS AD III), intensificando e ampliando as ações de prevenção e danos associados ao

crack, álcool e outras drogas. Segundo esta Portaria, o CAPSad III deve oferecer atenção

integrada a adultos e adolescentes usuários de crack e outras drogas, com funcionamento

de 24 horas por dia.

Em termos de instalações, todos os serviços possuem rampas de acesso e

instalações mínimas para realizar o atendimento - consultórios individuais, salas para

atividades grupais, oficinas, sanitários e espaços de convivência. O Ministério da Saúde

(2004) prevê que, além desses recursos físicos, o serviço deve ter área externa para oficinas,

o que não se verificou nos serviços visitados, e refeitório, dependendo do tempo de

permanência de cada paciente na Unidade. Dos CAPS estudados só os de Santos e Guarujá

possuem refeitório.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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Na pesquisa de campo não foi possível conhecer o histórico dos serviços, pois os

psicólogos desconheciam a data de criação. Isso prejudicou o estudo, porque conhecer o

histórico da instituição permite compreender sua origem e comparar com o contexto atual.

O Caderno Referências Técnicas para a Atuação de Psicólogas (os) no CAPS -

Centro de Atenção Psicossocial (CFP, 2013) destaca alguns aspectos, como a necessidade

da atuação no CAPS ter fundamentos diversos, uma vez que o trabalho é complexo, e o

conceito de loucura pode ser entendido por várias vertentes, não só a médica. Coloca

também a importância da consciência de que o campo de trabalho evoluiu pela busca por

teorias, que justificam o trabalho e as práticas diárias de hoje.

Resgatando o histórico dos CAPS no Brasil, o Caderno Saúde Mental no SUS

(MS,2004) cita que o primeiro CAPS foi criado em 1986, em São Paulo, a partir da

mobilização de movimentos sociais, formados por trabalhadores da saúde mental, que

denunciaram as condições precárias dos hospitais psiquiátricos, dando origem ao

movimento antimanicomial.

Lüchmann (2006) acrescenta que os usuários e seus familiares também começaram

a questionar e refletir junto com os profissionais, integrando o movimento. Neste contexto, o

CAPS foi regulamentado pela Portaria GM 224/92, sendo atualmente regido pela Portaria nº

336/GM de 2002, que reconhece e amplia o funcionamento dos CAPS dentro da rede de

serviços de saúde (MS, 2004).

O CAPS realiza um trabalho intersetorial junto à rede pública, encaminhando casos

aos serviços necessários (MS, 2004). Os profissionais entrevistados declararam que,

quando o adolescente necessita de outro apoio que não é função do CAPS, a equipe

encaminha para diferentes setores. O trabalho intersetorial envolve vários setores diferentes

que se articulam entre si, e engloba a multidisciplinaridade.

A rede se constitui por: interações familiares, amigos, hospitais, CREAS, CRAS,

escola, trabalho, moradia, recursos econômicos, culturais, de lazer e religiosos, entre outros.

O trabalho desenvolvido nos serviços estudados se dá na perspectiva de rede, e os

profissionais procuram dar informações sobre o caso encaminhado com antecedência e

acompanhar os pacientes encaminhados. Contudo, surge dificuldade de articulação quando

há necessidade de internação psiquiátrica, pela falta de vagas disponíveis em hospitais

psiquiátricos ou serviços que atendam adolescentes em crise na região. Com isso, o

adolescente é encaminhado para fora do território, o que prejudica a manutenção do vínculo

e gera abandono do serviço e, por consequência, do tratamento.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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Pelas orientações do MS (2004), a equipe técnica deve ser multidisciplinar, e se

organizar para acolher os pacientes, desenvolver projetos terapêuticos singulares e trabalhar

com atividades de reabilitação social. Seu papel é fundamental para a organização,

desenvolvimento e manutenção do ambiente terapêutico. Todos os CAPS vistos possuem

equipe multidisciplinar para prestar atendimento, que se reúne para debater os casos e

montar o projeto terapêutico singular de cada jovem.

Com relação à definição de adolescência, percebeu-se falta de concordância entre os

limites deste período de idade entre várias organizações. Segundo Eisenstein (2005), a

Organização das Nações Unidades (ONU) define adolescência entre 15 e 24 anos; o

Ministério da Saúde (MS) entre 10 e 24 anos; a Organização Mundial de Saúde (OMS), dos

10 até os 19 anos e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, 1990), de 12 a 18 anos,

com exceções para pessoas entre 18 e 20 anos. Os CAPS pesquisados seguem as normas

do ECA (1990), atendendo adolescentes dos 12 aos 18 anos de idade. Jovens com idade

superior a 18 anos são atendidos em grupos de adolescentes, em casos graves, avaliados

como imaturos para serem atendidos em grupos de adultos.

Nos municípios, os psicólogos apontaram que a maioria dos adolescentes atendidos

não é dependente de drogas, mas faz uso de alguma substância, sendo as drogas de

entrada maconha e álcool e a idade de início, variada.

O vínculo ou adesão é um dos principais fatores que colaboram no tratamento.

Mais que qualquer outro recurso, o que a prática nos CAPS revela de mais potente é que é o vínculo o recurso que melhor trata o sofrimento. É esta ferramenta, se quisermos assim nomear, que reveste todos os recursos disponíveis de serem utilizados de sentido terapêutico e os tornam potentes na resposta (CFP, 2013, p. 96).

As Referências Técnicas para Atuação de Psicólogas(os) no CAPS – Centro de

Atenção Psicossocial (CFP, 2013) destacam duas dimensões a serem consideradas no

estabelecimento de vínculos, a singular e a coletiva, vínculo com um determinado técnico e

vínculo com o serviço. A pesquisa revelou que os adolescentes, em geral, formam uma

demanda com difícil vinculação, apresentando resistência ao tratamento oferecido.

A equipe precisa desenvolver estratégias e objetivos múltiplos, que favoreçam a

criação de vínculo e, ao mesmo tempo, trabalhar as questões terapêuticas, por meio de

oficinas direcionadas aos interesses do público-alvo. Deve perceber a dificuldade de

inserção em grupo e atender individualmente por um período de tempo, encaminhar para

cursos externos ao serviço, para favorecer a reinserção na sociedade. Em todos os serviços

a atenção a esse cuidado está presente. Os profissionais atuam conforme cada caso,

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seguindo o projeto terapêutico singular, e dando preferência à inserção em grupo para

desenvolver a sociabilização e autonomia dos jovens. Porém, quando isso não ocorre, os

profissionais buscam fortalecer o sujeito individualmente para, posteriormente, conseguirem

se vincular em um grupo.

Sobre o projeto terapêutico singular, o Caderno Referências Técnicas para Atuação

de Psicólogas(os) no CAPS – Centro de Atenção Psicossocial define como:

Bússola que orienta usuários e equipes no percurso pelo serviço e pela rede, o projeto terapêutico singular, articula os recursos colocados à disposição pela política, mas também aqueles que nos trazem cada usuário, seus familiares e suas referências. Instrumento mutável que busca responder às necessidades, naquele momento e para cada usuário, sendo ainda a expressão e o espaço de inscrição das soluções e estratégias criadas por cada um na reconstrução de sua história e vida (CFP, 2013, p. 98).

Participando da elaboração de seu projeto terapêutico junto com o profissional, o

jovem pode deixar de lado a ideia de obrigatoriedade e se vincular mais facilmente ao

tratamento.

Além dos atendimentos em grupo, individuais e oficinas terapêuticas, o CAPS também

deve oferecer atendimento familiar, visitas domiciliares, atividades socioculturais e

esportivas, atividades externas e de inserção social (MS, 2004).

Pela importância fundamental para o tratamento com jovens, o atendimento à família

deve ser uma das atividades dos CAPS, havendo maior dificuldade de melhora quando

crianças ou adolescentes são tratadas isoladamente (MS, 2004). Os entrevistados relataram

que nem sempre as famílias se envolvem no tratamento, apesar de todos os CAPS terem

grupos de família, com exceção de Praia Grande, por falta de adesão. Todos os profissionais

dão importância à família, chamando-as para orientação ou intermediando as relações com

os adolescentes, uma vez que muitos apresentam evasão escolar e conflitos familiares. O

não envolvimento da família no atendimento pode causar perda de identificação, e favorecer

o envolvimento com o tráfico dos jovens que fazem uso abusivo de álcool e drogas.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O contato com os serviços e as entrevistas com os profissionais permitiram um

aprofundamento do conhecimento sobre as políticas públicas de atendimento aos

adolescentes usuários abusivos de álcool e outras drogas na região, revelando falhas na

especificidade do atendimento a essa demanda.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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A não padronização de atendimento nos municípios leva os adolescentes a serem

atendidos em serviços diferentes. Apesar disso, os CAPS observados seguem a normas

estabelecidas pela legislação, como ter equipe multidisciplinar, espaços para atendimento,

construção do Projeto Terapêutico Singular, fluxo de atividades diversificadas, atendimento

por meio de porta aberta (receber demanda espontânea ou via encaminhamento) e trabalho

em rede.

A visão dos psicólogos com relação ao atendimento oferecido nos serviços para

adolescentes usuários abusivos de álcool e outras drogas, mostrou as dificuldades de

atender uma demanda tão específica como a adolescência, com diagnósticos de doença

mental, que requer uma atenção diferenciada, em função do período em que se encontram

e do agravante do uso abusivo de drogas. Isso ocorre porque os espaços para atendimento

não têm uma caracterização direcionada para os adolescentes, dificultando o vínculo junto

ao serviço, e há falta de recursos para a realização de oficinas expressivas, o que dificulta o

trabalho do psicólogo.

5. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n° 8.069, de 13 de Julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do

Adolescente e dá outras providências. Presidência da República. Casa civil. Disponível em:

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Psicossocial de Álcool e outras Drogas 24h (CAPS AD III) e os respectivos incentivos

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<http://www.cubatao.sp.gov.br>. Acesso em 23 out. 2015

PREFEITURA MUNICIPAL GUARUJÁ. Site. Disponível em:

<http://portal.guaruja.sp.gov.br/caps/>. Acesso em 23 out. 2015.

PREFEITURA MUNICIPAL SANTOS. Site. Disponível em:

<hhttp://www.santos.sp.gov.br/?q=aprefeitura/secretaria/saude/enderecos-das-unidades>.

Acesso em 23 out. 2015.

PREFEITURA MUNICIPAL SÃO VICENTE. Site. Disponível em:

<http://www.saovicente.sp.gov.br/servico/index.asp>. Acesso em 23 out. 2015

PREFEITURA MUNICIPAL PRAIA GRANDE. Site. Disponível em: <http://www.praiagrande.sp.gov.br/Administracao/saudeoutrasunidades.asp?cdSecretaria=41>. Acesso em out. 2015. LUCHMANN. Lígia H. H. et all. O movimento antimanicomial no Brasil. 2006. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/csc/v12n2/a16v12n2.pdf>. Acesso em 07 de jul. 2016.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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DESENVOLVIMENTO DE Pleurotus ostreatus EM BIORREATORES Társis Moreira Reis

Bolsista PIBITI1

Professora Dra. Kátia Maria Gomes Machado2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Engenharia Ambiental

1 [email protected]; [email protected]

RESUMO: Os fungos basidiomicetos produzem um complexo enzimático constituído por Lacases, peroxidases e outras enzimas oxidativas. Estas enzimas possuem aplicação em vários ramos industriais. Assim, torna-se importante obter este complexo enzimático com redução do seu custo de produção. O objetivo deste trabalho foi realizar o desenvolvimento de Pleurotus ostreatus em fermentação sólida usando biorreatores de baixo custo, visando a produção do complexo ligninolítico. Os biorreatores foram confeccionados com frascos plásticos tipo PET de 500ml e de 900ml. A matriz sólida dos biorreatores de 500ml foi constituída de semente de uva in natura ou semente de uva desengordurada e palha de milho. Já para os biorreatores de 900ml, a matriz sólida continha semente de uva desengordurada, palha de milho e um substrato coadjuvante (bucha vegetal, fibra de coco ou esponja de cozinha). O crescimento do fungo foi avaliado por análise visual. O conteúdo do biorreator foi extraído, sendo o extrato enzimático utilizado para determinar as atividades enzimáticas de lacase e de oxidase do RBBR (RBBRox), empregando-se ensaios padronizados. Os extratos foram mantidos sob refrigeração e congelamento, sendo a estabilidade acompanhada em diferentes intervalos de tempo. Os extratos foram também empregados para a descoloração de corantes têxteis comerciais. Para o biorreator de 500ml, melhor desenvolvimento do fungo foi observado com a semente in natura. Foram obtidas atividades de 8.028 U/L de lacase e de 25 U/mL de RBBRox. Para o biorreator de 900mL, maior colonização do fungo foi obtida com bucha vegetal, sendo observadas atividades de lacase e de RBBrox de 630 U/L e 15 U/L, respectivamente. Foram observados baixos valores de descoloração dos corantes comerciais pelos extratos enzimáticos obtidos nos biorreatores. O biorreator de bucha vegetal foi o que obteve a maior descoloração dos corantes amarelo e vermelho entre os biorreatores de 900ml, descolorindo 12% do corante amarelo e 10% do corante vermelho. Os resultados obtidos mostram ser possível o aumento de escala do processo usando materiais de baixo custo. No entanto, fazem-se necessários outros estudos visando tornar o sistema de cultivo mais seletivo para o P. ostreatus de forma a aumentar a colonização do basidiomiceto e reduzir a contaminação por fungos conidiais. Palavras-chave: fungos basidiomicetos, fermentação sólida, resíduos de uva, lacase, corantes têxteis.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

352

1. INTRODUÇÃO

Os fungos basidiomicetos possuem a capacidade de degradar material vegetal, como

folhas, galhos e troncos. Este grupo de fungos mineraliza a lignina, convertendo este

polímero em CO2 e água, por meio de um complexo enzimático produzido por estes fungos

durante seu metabolismo secundário. Lacases, peroxidases e outras enzimas oxidativas são

os componentes deste complexo enzimático (SILVA, 2014). O potencial de aplicação do

complexo ligninolítico de basidiomicetos tem sido alvo de grande interesse acadêmico e

comercial por sua capacidade de degradar poluentes tóxicos e recalcitrantes, como o DDT,

bifenilas policloradas, pesticidas organoclorados e vários corantes sintéticos (MACHADO;

MATHEUS, 2006).

O desenvolvimento de fungos basidiomicetos em sistema de fermentação sólida (FS)

utilizando resíduos lignocelulósicos é descrito como uma alternativa interessante para o

aumento de produção do sistema ligninolítico (COUTO et al., 2006; CULLÉRE 2014).

Diversos resíduos agroindustriais têm sido avaliados, como farelo de trigo, bagaço de cana,

farelo de arroz e semente de uva (RAJEDRAM et al., 2012; SALES et al., 2010; SÁNCHEZ,

2010). Dentre os diversos resíduos agroindustriais, destacam-se os provenientes do

processamento da uva, por serem ricos em compostos fenólicos e pela sua expressiva

quantidade gerada (MAKRIS et al., 2007; RUBILAR et al.2007; apud MELO, 2011).

O objetivo do presente estudo foi avaliar o aumento de escala de produção do sistema

ligninolítico de Pleurotus ostreatus em sistema de fermentação sólida (FS), utilizando

materiais de baixo custo (frascos PET) para a confecção dos biorreatores e sistema de

cultivo, não esterilizado, tendo como principal componente a semente de uva.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 2.1. Desenvolvimento de P. ostreatus em Biorreatores

Fungo. Pleurotus ostreatus CCIBT2347 foi obtido da Coleção de Culturas do Instituto

de Botânica de São Paulo, sendo mantido por repiques em ágar batata dextrose (BDA).

Semente de uva. Foi utilizada semente de uva in natura e semente de uva

desengordurada, obtidas da empresa Golden Sucos e fornecidas pela Hexalab.

Palha de milho. Foi obtida de ambulantes da praia de Santos. A palha de milho foi

cortada em pedaços de 1 cm x 1cm, lavada em água corrente e seca em estufa a 60° por

24h.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

353

Inóculo. Discos (5 a 10) de 7 mm de crescimento fúngico em meio sólido BDA, de

sete dias de crescimento, foram transferidos para placas contendo semente de uva (10 ou

15g) e solução mineral (7ml ou 15ml). A composição da solução mineral foi de CuSO4 (0,1

g/L), MgSO4 x 7 H2O (0,05 g/L), MnSO4 x H2O (0,016 g/L) e tartarato de amônia (0,45 g/L).

As placas de vidro juntamente com a semente e a solução mineral foram previamente

esterilizadas em autoclave a 121°C, durante 15 min. A incubação foi realizada de forma

estacionária a temperatura de 25°C.

Biorreator. Foram utilizados frascos PET de 500mL e de 900mL para a confecção

dos biorreatores. O sistema de cultivo dos biorreatores de 500mL foi constituído de semente

de uva, palha de milho e inóculo na proporção de 10% (p/p). Os biorreatores de 900mL foram

montados com diferentes constituições, variando-se o substrato coadjuvante da matriz sólida

(semente de uva desengordurada e palha de milho).

Substratos coadjuvantes: foram avaliados três substratos: 1) Fibra de Coco. Obtida

do resíduo de ambulantes da praia de santos, sendo extraída do coco verde e seca em

estufa a 75° C por 24 horas e cortada em pequenos pedaços de cerca de 2 cm. 2) Bucha

Vegetal. Foi adquirida nas feiras livres da cidade de Santos, sendo cortada em pedaços

regulares de cerca de 2 cm x 2 cm. 3) Esponja. Foi empregada esponjas de cozinha sem

uso, da marca Bombril, cortada em pequenos pedaços de cerca de 2 cm x 2 cm.

Extração das enzimas. Foi empregado o método descrito por Ballaminut et al.

(2009).

Determinação das atividades enzimáticas. Atividades de Lacases e de RBBRox

foram determinadas segundo metodologia padronizada (MACHADO; MATHEUS, 2006).

Corantes têxteis comerciais. Foram utilizados os corantes têxteis comerciais: Azul

Procion 30, Amarelo Procion 14, Preto Procion 59 e Vermelho Remazol 55. O RBBR foi

usado como corante referência.

Determinação da descoloração dos corantes. Foi feita empregando-se

metodologia descrita por Moreira-Neto et al. (2011). Para o RBBR foi usado o comprimento

de onda de 592 nm (MACHADO; MATHEUS, 2006) e para os corantes comerciais,

empregou-se os comprimentos de onda usados por Pereira e Reis (2015).

Estabilidade do extrato enzimático. Após o processo de extração, o extrato foi

mantido em frasco âmbar, sendo refrigerado e congelado. Em diferentes intervalos de

tempo, foram realizadas leituras das atividades enzimáticas do extrato para que se pudesse

acompanhar a perda de atividade enzimática do extrato.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

354

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Biorreatores de 500Ml

Após 17 dias, o biorreator com semente de uva in natura foi totalmente colonizado

pelo fungo, sendo detectados valores de 8.028 U/L de atividade de lacase e 25 U/mL de

atividade de RBBRox. Para o biorreator com semente de uva desengordurada foram

observados 80% de crescimento micelial e detectados valores de 6.389 U/L de atividade de

lacase e 5 U/mL de atividade de RBBRox. Os extratos enzimáticos foram mantidos

refrigerados por 20 dias e, nesse período, a atividade de RBBRox do biorreator de semente

in natura aumentou 512%, enquanto a atividade de RBBRox do extrato do biorreator de

semente desengordurada aumentou 583 % (Gráfico 1). O complexo enzimático do biorreator

de semente de uva in natura foi o que obteve os maiores valores de descoloração dos

corantes comerciais Azul (68,2%) e Amarelo (12,8%) (Tabela 1).

3.2 Biorreatores de 900ml

Foram observadas diferenças no desenvolvimento de P. ostreatus de acordo com a

constituição de cada biorreator. O biorreator feito com bucha vegetal foi o único que

apresentou 100% de crescimento após 21 dias. Os complexos enzimáticos dos biorreatores

apresentaram valores de atividade de lacase semelhantes, enquanto a maior atividade de

RBBRox foi detectada no biorreator com esponja de cozinha (26,35 U/mL) (Gráfico 2). A

partir dos resultados obtidos foram realizados novos biorreatores com os substratos

coadjuvantes que apresentaram os melhores resultados, bucha vegetal e esponja de

cozinha.

3.2.1Substrato coadjuvante: Esponja de Cozinha

Foram feitos três novos biorreatores com a esponja de cozinha. O fungo cresceu de forma

semelhante em dois biorreatores. Um biorreator apresentou contaminação por outros fungos

e foi descartado. O resultado das atividades enzimáticas dos dois biorreatores foram de 372

U/L e de 305 U/L para atividade de lacase e 13 U/mL e 8 U/ml para atividade de RBBRox. O

comportamento dos extratos enzimáticos no decorrer do tempo de armazenamento é

mostrado no gráfico 3. Houve aumento na atividade de lacase de 7% do extrato mantido

refrigerado e de 5% quando mantido congelado. A atividade de RBBRox aumentou em 53%

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

355

no extrato mantido refrigerado. Os biorreatores apresentaram valores próximos de

descoloração do corante amarelo, sendo de 8% (Tabela 1).

3.2.2Substrato coadjuvante: Bucha Vegetal

Obteve-se ao final de 48 dias 100% da superfície de um dos biorreatores colonizada por

P. ostreatus. O extrato enzimático dos biorreatores demonstrou atividade de lacase de 630

U/L/ e de 536 U/L. Já a atividade de RBBRox do extrato enzimático foi de 15 U/mL. A

estabilidade dos extratos enzimáticos dos biorreatores foi acompanhada e observou-se

comportamento semelhante dos extratos, sendo que ambos tiveram redução das atividades

de lacase e RBBRox no decorrer do tempo (gráfico 4). Os extratos enzimáticos foram

capazes de descoloir os corantes: 12,67% de RBBR, 12,04% do corante Amarelo e 10,36%

do corante vermelho (Tabela 1).

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

356

Gráfico 1 - Atividade residual de lacase e de Oxidase do RBBR (RBBRox) do sistema

ligninolítico dos extratos obtidos dos biorreatores de 500mL com semente in natura (A) e

semente de uva desengordurada (B), mantidos em refrigerador ao longo de 20 dias.

Tabela 1- Descoloração de corantes comerciais pelos extratos enzimáticos provenientes dos

diferentes biorreatores, no tempo de 1h.

Biorreator Descoloração de corantes (%)

RBBR Azul Preto Amarelo Vermelho

Semente de uva in Natura 56,8 68,2 0 12,8 13,1

Semente de uva desengordurada 9,6 15,2 4,1 6,6 14,3

Bucha vegetal (1) 8,2 0,41 1,01 10,85 10,36

Bucha vegetal (2) 12,67 0,22 1,18 12,04 3,98

Esponja de Cozinha (1) 10,85 7,73 0 8 2,14

Esponja de Cozinha (2) 14,4 4,77 3,36 8 0

Esponja de Cozinha (3) 6,42 3,65 0 6,15 4,44

B

A

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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Gráfico 2– Atividades de Lacase (A) e de oxidase do RBBR (RBBRox) (B) dos biorreatores de

900mL confecionados com diferentes substratos coadjuvantes.

Gráfico 3 – Atividades residuais de Lacase (A) e RBBRoxidase (B) dos biorreatores de

esponja de cozinha em diferentes intervalos de tempo mantido refrigerado e congelador.

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Gráfico 4- Atividades residuais de lacase (A) e RBBRoxidase(B) dos biorreatores de bucha

vegetal em diferentes intervalos de tempo mantidos refrigerado e congelado.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi possível obter o desenvolvimento de Pleurotus ostreatus em biorreatores

confeccionados com materiais de baixo custo. Nestas condições, o fungo produziu sistema

lignolítico capaz de descolorir corantes têxteis comerciais. Configura-se necessário a

continuidade dos estudos de forma a otimizar o crescimento de P. ostreatus em bioreatores

de baixo custo, visando tornar o sistema de cultivo mais seletivo para o P. ostreatus de forma

a reduzir a contaminação por fungos conidiais.

5. REFERÊNCIAS ALEXANDRINO, A.N., FARIA, H.G., DE SOUZA, C.G.M., PERALTA, R.M. Aproveitamento

do resíduo de laranja para a produção de enzimas lignocelulolíticas por Pleurotus ostreatus

(Jack:Fr). Ciência Tecnologia de Alimentos, Campinas, v.27(2), p.364-368, 2007.

BALLAMINUT, C. (2009). Seletividade da cultura do algodoeiro aos herbicidas diuron,

clomazone, trifloxysulfuron-sodium e pyrithiobac-sodium. 2009. 86 f (Doctoral

dissertation, Dissertação (Mestrado em Agronomia) -Escola Superior de Agricultura “Luiz de

Queiroz”, Piracicaba).

BALLAMINUT, N. Caracterização fisiológica do inóculo de Lentinus crinitus (L.) Fr. CCB274. 2007. 163 p. il. Dissertação (Mestrado) - Curso de Biodiversidade Vegetal e Meio

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

359

Ambiente, Departamento de Área de Concentração de Plantas Avasculares e Fungos em Análises Ambientais, Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente, São Paulo, 2007.

BARROS, Thamiris Reis; PEREIRA, Adilene. Utilização de pleurotus ostreatus para a

descoloração de corantes têxteis. Trabalho de Conclusão de Curso- Universidades

Católica de santos, Santos 2015.

COUTO, S. R., SANROMÁN, M. A. Application of solid-state fermentation to food industry-a review. Journal of Food Engineering, v. 76, n. 3, p. 291-302, 2006.

MACHADO, K. M. G.; MATHEUS, D. R. Biodegradation of Remazol Brilliant Blue R by

ligninolytic enzymatic complex produced by Pleurotus ostreatus. Brazilian Journal of

Microbiology, v.37, n.4, p.468-473, 2006.

MACHADO, K.M.G.; FABRIS, C.; BONONI, V.L.R. Screening of basidiomycetes for

xenobiotic degradation. Proceedings of Third Latin American Biodegradation and

Biodeterioration Symposium/ LABS 3, Paper No. 53, p. 1-6, 1998.

RAJENDRAN R. et al. Comparison of fungal laccase production on different solid. IIOAB

JOurnal, PG & Research Department of Microbiology, PSG College of Arts & Science,

Coimbatore – 641014, INDIA, v.3, n.5, p.1-6, 2012.

SALES, M. R., MOURA, R. D., PORTO, G. R., & PORTO, A. L. F.. Variáveis que influenciam

a produção de celulases e xilanase por espécies de Aspergillus. Pesquisa Agropecuária

Brasileira, v.45, n.11, p.1290-1296, 2010.

SÁNCHEZ, Carmen. Cultivation of Pleurotus ostreatus and other edible

mushrooms. Applied microbiology and biotechnology, v. 85, n. 5, p. 1321-1337, 2010.)

SILVA, A. S. Pré-tratamento de semente de uva para crescimento e produção de lacase

por Pleurotus ostreatus. 2014. 43f. Monografia (Bacharelado em Engenharia Ambiental) -

Universidade Católica de Santos, Santos, 2014.

SOARES, B. L. Fermentação em estado sólido de resíduos da produção de suco de

uva para produção de lacase por pleurotus ostreatus. Santos: Comitê Institucional de

Iniciação Científica, Universidade Católica de Santos, 2012, 49p.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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ASPECTOS DA JUSTIÇA RESTAURATIVA NAS ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL Tatiana Yumiko Kanashiro

Bolsista PROIN1

Prof. Dra. Fernanda de Magalhães Dias Frinhani2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Direito

[email protected]; [email protected]

RESUMO: Este relato de pesquisa tem o objetivo de apresentar os resultados do projeto de Iniciação Científica que teve como objetivo geral pesquisar sobre Justiça Restaurativa, contribuindo para a realização da Pesquisa “Implantação da Justiça Restaurativa em escolas municipais da cidade de Santos - Construção de uma Política Pública” e como objetivos específicos: I – Realizar coleta de dados da pesquisa por meio de observação participativa em capacitações e também por meio de entrevistas; II – Realizar pesquisa bibliográfica sobre os temas, Justiça Restaurativa, Cultura de Paz e Formas Alternativas de Resolução de Conflitos; III – Coletar dados por meio de entrevistas, com a transcrição dos dados. O projeto se mostrou bastante relevante por permitir pesquisar temas atuais como Justiça Restaurativa, Cultura de Paz e Meios Alternativos de Solução de Conflitos, além de apresentar outras formas de coleta de dados, quais sejam, a pesquisa por meio da observação participativa e a pesquisa por meio de entrevistas. A pesquisa ainda teve o caráter interdisciplinar, por envolver os cursos de Direito e de Serviço Social, para enriquecer a análise dos dados. Como resultado apontamos que a Justiça restaurativa se apresenta como alternativa para dar aos sujeitos autonomia na resolução de conflitos, e o fato de ser estimulada nas escolas, pode promover o empoderamento dos alunos para que tenham, na vida adulta, outras formas além da Justiça Formal para resolver os conflitos do dia-a-dia, pautadas na promoção dos Direitos Humanos.

Palavras-chave: Justiça Restaurativa; Direitos Humanos; Resolução de Conflitos.

1. INTRODUÇÃO

Em uma sociedade pautada por conflitos de todas as ordens e em todas as idades, a

Justiça Restaurativa apresenta-se como uma alternativa possível para auxiliar na construção

de uma sociedade livre, justa e solidária, focando no protagonismo dos sujeitos.

A proposta de tecnologia social - Justiça Restaurativa - está fundamentada na

colaboração entre os sistemas Judiciário e Educacional, estendendo-se às demais

organizações da sociedade. Insere-se em um contexto nacional e global de empoderamento

dos sujeitos para que tenham instrumentos a lhes auxiliar na construção de relações focadas

na cultura de paz, e não na cultura adversarial, tão disseminada e estimula na sociedade

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

361

contemporânea. Contribui para a sua reconstrução no âmbito da convivência, pois permite

a garantia do diálogo, o respeito às diferenças e ao outro.

Neste contexto é que a Justiça Restaurativa aparece como alternativa fundamentada

de maneira indireta em normas nacionais como a Constituição Federal de 1988 e no Estatuto

da Criança e do Adolescente – ECA, ambos em 1990, nos Planos Nacionais de Direitos

Humanos e no Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos.

No sistema global de proteção dos Direitos Humanos, a Justiça Restaurativa encontra

fundamento na Declaração Universal dos Direitos Humanos e Convenções Internacionais,

sobretudo na Convenção sobre os Direitos da Criança, nas Regras de Beijing (Regras

Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da Juventude) e

nas Diretrizes de Riad (Diretrizes das Nações Unidas para a prevenção da delinquência).

Mantém ainda coerência direta com o Plano Mundial de Direitos Humanos e com os recentes

Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Na cidade de Santos, que tem o selo de Cidade Educadora, o projeto iniciado no

âmbito da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso, foi assumido pela Secretaria Municipal

de Educação e propôs inicialmente a implementação do projeto piloto em nove escolas da

rede de ensino municipal, envolvendo as Secretarias de Cidadania, Assistência Social,

Segurança Pública, Gabinete do Prefeito, Fórum da Cidadania, CMDCA e Universidade

Católica de Santos, esta última com a responsabilidade de realizar a pesquisa qualitativa

acerca da metodologia (em que se insere este projeto de Iniciação Científica).

Este projeto de iniciação científica permitiu a aproximação de temas atuais como

Justiça Restaurativa, Cultura de Paz e Meios Alternativos de Resolução de Conflitos,

ampliando o universo da pesquisa científica, construído por meio da investigação,

observação, análise e respeito ao método.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

Na primeira etapa da pesquisa houve um acompanhamento às turmas do curso de

capacitação de facilitadores e mediadores com o propósito de se realizar um estudo

observativo dos sujeitos que participaram desse processo de implantação da Justiça

Restaurativa nas escolas selecionadas. Foi ainda realizado um questionário de perfil dos

participantes.

O segundo momento da metodologia da presente pesquisa consistiu na realização de

pesquisa e estudo bibliográfico e documental com a finalidade de ampliar a compreensão da

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

362

temática da Justiça Restaurativa, seus fundamentos e suas experiências já vivenciadas em

outros lugares.

Assistir ao “Seminário Internacional sobre Justiça Restaurativa: 10 anos de diálogos

para mudar realidades”, ocorrido nos dias 20 e 21 de agosto de 2015, foi importante

instrumento de coletar impressões de como a Justiça Restaurativa é tratada e aplicada em

âmbito mundial.

Também foi realizada uma leitura atenta ao projeto de pesquisa e reuniões com as

orientadoras do projeto, bem como utilizou-se de comunicação por meio virtual para

orientação de pesquisa.

Por fim, foi realizada a transcrição dos áudios das entrevistas, o que permitiu maior

aproximação com o conteúdo das mesmas e revelou as impressões que a capacitação

deixou nos participantes.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa aqui apresentada se desenvolveu em diversas etapas, que possibilitaram

a aproximação com métodos de pesquisa que fogem da convencional pesquisa bibliográfica.

A primeira etapa foi crucial para compreender o entendimento que os sujeitos possuem

acerca dos conflitos que ocorrem no ambiente escolar e dos conceitos anteriores trazidos

de duas próprias experiências de vida, assim como também foi possível estudar a aceitação

e interação desses indivíduos à proposta do método utilizado como fundamento da Justiça

Restaurativa.

O início do curso demonstrou a necessidade da reflexão sobre o que é a violência,

pois ela não significa apenas a violação de direitos civis, sociais, políticos ou econômicos,

também se faz presente quando se ignora a condição ou o que o próximo está expressando.

Com essa visão do ambiente escolar, torna-se difícil lidar com a indisciplina dos

alunos utilizando-se da antiga dinâmica culpabilização e punição. Não se pode impor nada,

pois isto também é um tipo de violência contra uma pessoa. Antes de mais nada é essencial

compreender os motivos das ações das pessoas para somente então responsabilizá-la e

tentar encontrar um meio mais pacífico de reparação de danos, através do diálogo e

sensibilização no processo circular.

Muitos dos sujeitos encontram uma contrariedade no que tange esta reparação de

danos por intermédio de diálogo e sensibilização. É difícil medir o que é esta dialogação e

em que momento isto se torna “passar a mão na cabeça de quem fez coisa errada”.

Entendem que a responsabilização é importante, mas que, no entanto, a sociedade é

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

363

estruturada na penalização dos erros. A punição é mera forma passiva, retira a possibilidade

do “ofensor” de fazer-se consciente e se responsabilizar verdadeiramente por seus atos

equivocados.

O ponto principal no curso de formação de facilitadores da Justiça Restaurativa estava

justamente em desconstruir certos paradigmas e permitir ao sujeito refletir sobre si e sobre

o seu lidar com o outro em um mundo em que sempre se prioriza o eu. Refletiu-se sobre

uma cultura de paz que pode ser construída aos poucos, bastando se estar aberto para ouvir

a comunidade a qual tornar-se-á mais disposta a construir algo que também estarão

participando junto (sentimento de pertencimento) ao invés de ser algo que recebem como

imposição.

A principal dificuldade dessa etapa de observação foi discernir exatamente o que era

realmente importante de se resgatar e gravar durante as capacitações. Para pesquisadores

sem muita experiência, no início do trabalho parecia mais importante anotar em relatório os

conceitos de Justiça Restaurativa trazidos pela professora do curso, Monica Mumme, do que

os depoimentos sobre as realidades trazidos pelos indivíduos. Defeito percebido após

orientação com as professoras orientadoras do projeto de iniciação científica.

A participação ao Seminário Internacional sobre Justiça Restaurativa: 10 anos de

diálogos para mudar realidades também foi importante instrumento de coleta de relatos e

impressões de como a Justiça Restaurativa é tratada e aplicada em âmbito mundial através

dos depoimentos de alguns palestrantes internacionais.

O estudo bibliográfico foi realizado para ampliar a compreensão dos fundamento,

proposta e conceituação da Justiça Restaurativa. Através desse estudo conseguiu-se

levantou-se maiores informações sobre a temática, assim como a experiência desta em

outros lugares.

Em Santos, a Justiça Restaurativa está sendo experimentada na área da educação

por meio da formação de professores e profissionais que lidam diretamente com a infância

e juventude, os quais futuramente irão introduzir valores de convivência mais pacíficos, como

o respeito mútuo, na formação através do diálogo. Segundo um dos princípios da Carta das

Cidades Educadoras, “A cidade educadora deverá encorajar o diálogo entre gerações, não

somente enquanto fórmula de coexistência pacífica, mas como procura de projetos comuns

e partilhados entre grupos de pessoas de idades diferentes” (GENOVA, 2004).

Ação a qual já atraí interesse por parte de crianças e adolescentes que participam

dos grêmios estudantis. Quando as decisões são compartilhadas entre a comunidade, os

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

364

resultados obtidos se tornam mais potentes, há maior envolvimento e motivação (Revista

Oficial da Secretaria de Educação, 2015).

Segundo o Juiz Egberto de Almeida Penido, em consonância com o preceituado pela

ONU, a Justiça Restaurativa é um sistema para solução de conflito com a participação de

todos os envolvidos e com a coordenação de facilitadores capacitados para a solução do

conflito de maneira consensual e compositiva, responsabilizando o culpado de maneira ativa

e empoderando a comunidade.

A implantação da Justiça Restaurativa se torna visivelmente importante no setor da

educação, pois esta é o ponto-chave do progresso do Brasil que ultimamente ocupa um dos

piores lugares no ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos – PISA, sendo

o 60º entre 76 países no ano de 2015, (Carta Capital, 2015). Paralelo à preocupação

curricular é necessário criar um ambiente mais propício à aprendizagem, um ambiente livre

de violência e baseado no diálogo e no respeito ao outro.

Quando se aprende esse novo conceito dentro das salas de aula, muito mais fácil

torna-se a prática dele fora da escola. Professores e alunos passam a levar o diálogo para

a solução de conflitos em suas vidas, considerando a importância em se expor pontos de

vista. E até a própria família começa a participar mais da solução dos conflitos cotidianos

ocorridos na escola (BRANCHER e SILVA, 2008).

A utilização da Justiça Restaurativa em escolas torna-se um elo entre a área da

Educação e o Judiciário. Através da sua metodologia pode-se atuar de modo preventivo em

uma série de conflitos vivenciados pelas crianças e adolescentes para que estas só

necessitem chegar ao Judiciário quando os casos forem de maior complexidade.

No desenvolvimento do projeto em São Caetano do Sul, no ano de 2005 à 2008,

primeiro o foco principal eram as escolas, depois houve a ampliação do modelo restaurativo

aberto à comunidade e, por fim, ocorreu a integração e articulação de técnicas restaurativas

e de espaços de resolução de conflitos dentro das instituições (MELO, EDNIR e YAZBEK;

2008). O projeto da Justiça Restaurativa no município de Santos parece caminhar nesta

mesma direção.

No mais, embora os resultados efetivos do tema da pesquisa em si não possam ser

observados devido a política pública da Justiça Restaurativa ainda estar em fase de

desenvolvimento, o que pôde ser observado foi a mudança da opinião das pessoas

envolvidas diretamente pela Justiça Restaurativa, o que pode representar uma mudança de

atitude.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

365

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente projeto de Iniciação Científica fora de extrema importância para o

amadurecimento de visão como pesquisador, sobretudo nas técnicas de pesquisa aplicadas

neste trabalho, quais sejam, a entrevista e a observação participativa, sendo estas diversas

da pesquisa bibliográfica, despertando uma visão mais prática.

Os métodos de pesquisa utilizados, ao mesmo tempo em que fascinam em razão de

possibilitar que a pesquisa teórica seja complementada por uma visão do real, contemplada

na escuta das vivências apresentadas nas capacitações e nas entrevistas, tornando a

pesquisa muito mais palpável, permitido que se observasse na realidade a transformação

das pessoas, também são muito mais difíceis de trabalhar, fazendo-nos sair da zona de

conforto, cadeira, mesa e livros.

Compreender qual o conteúdo das capacitações, vivenciado por meio da pesquisa

participativa, mostra-se importante para o estudo do tema, foi um grande desafio.

Compreender que mais do que tentar reproduzir a fala dos sujeitos, o importante era

compreender de que maneira os participantes das capacitações se apropriavam do conteúdo

proposto e iam transformando o olhar acerca da Justiça Restaurativa e do conflito. As

entrevistas apresentaram desafio em dois momentos: transcrever as entrevistas se mostrou

ser bastante difícil e um trabalho demorado. Compreender qual o conteúdo das entrevistas

é importante, é outro desafio.

Através do presente trabalho, foi possível a experiência de estudo da teoria e visão

da prática, pois quando não se pode ver o que se estuda ser colocado no mundo real, a

matéria torna-se inalcançável ao discente, por mais que se possa compreender o que se lê,

ainda assim, em matéria de Direitos Humanos, tudo parece ter uma visão utópica, sendo um

mero “conto de fadas”, para aqueles que não enxergam os resultados ainda que singelos.

Para tanto, leu-se o que pensam os estudiosos acerca da Justiça Restaurativa e se

pôde ouvir o que as pessoas “leigas” compreenderam sobre o tema e através desse

entendimento possam repassar essa Cultura de Paz às outras pessoas, fazendo com que,

aos poucos, a sociedade mude todo um pensamento consolidado pelo tempo e cultura

violenta.

Coincidentemente, a temática estudada tornou-se ainda mais relevante levando-se

em consideração o advento do Novo Código de Processo Civil, dando maior importância

métodos alternativos de solução de conflitos, para que as pessoas sejam incentivadas a

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

366

resolver os próprios problemas de forma mais pacífica possível, tentando evitar as lides que

se arrastam por anos nos processos e que não resolvem o real problema pessoal.

Em Santos, a Justiça Restaurativa está sendo implantada na área da educação; em

escolas selecionadas da rede municipal de ensino fundamental municípal; por meio de um

curso de formação de professores e profissionais que lidam diretamente com a infância e

juventude nos valores de convivência mais pacíficos, através do diálogo, segundo a

metodologia da Justiça Restaurativa.

A punição é mera forma passiva, retira a possibilidade do “ofensor” de fazer-se

consciente e se responsabilizar verdadeiramente por seus atos equivocados. Portanto, esse

novo solucionar de conflitos de modo mais humanizado e sensibilizador deu abertura para

que todos os envolvidos possam refletir sobre a situação e sobre a própria convivência

acerca de determinado acontecimento que gerou determinado ato ou comportamento

violento.

5. REFERÊNCIAS ARISTÓTELES. A Política. São Paulo, Martin Claret, 2002.

BRANCHER, Leoberto; SILVA, Susiâni. Justiça para o século 21: Instituindo Práticas

Restaurativas: Semeando Justiça e Pacificando Violências. Secretaria Especial dos Direitos

Humanos da Presidência da República. Porto Alegre: Nova Prova, 2008.

BRASIL. Resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010 do Conselho Nacional de Justiça.

CALIMAN, Geraldo. Desvio social e delinquência juvenil: teorias e fundamentos da

exclusão social. Brasília: Universa, 2006.

CARTA CAPITAL. Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/educacao/brasil-e-60o-

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FRINHANI, F.M.D.; FONSECA, L. M. C.B. Implantação da justiça restaurativa em escolas

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Pesquisa e Extensão apresentado à Universidade Católica de Santos e à Secretaria

Municipal de Educação de Santos, 2015

GENOVA. Carta das Cidades Educadoras. III Congresso Internacional, novembro de 2004.

MCCOLD, Paul; WACHTEL, Ted. Em Busca de um Paradigma: Uma Teoria de Justiça

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

367

Restaurativa. Trabalho apresentado no XIII Congresso Mundial de Criminologia, 10 e 15

agosto de 2003, Rio de Janeiro.

MELO, Eduardo Resende; EDNIR, Madza; YAZBEK, Vania Curi. Justiça restaurativa e

comunitária em São Caetano do Sul: aprendendo com os conflitos a respeitar direitos e

promover a cidadania. Rio de Janeiro: CECIP, 2008.

MICHALISZYN, Mario Sergio. Fundamentos Socioantropológicos da Educação. Curitiba:

IBPEX, 2008.

MORRISON, Brenda. Justiça Restaurativa nas Escolas. In: Justiça Restaurativa. Brasília:

MJ/PNUD, 2005.

MUMME, Monica. Curso de Introdução à Justiça Restaurativa. São Paulo: Laboratório de

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ONU. Resolução 2002/12: Princípios Básicos Para Utilização de Programas de Justiça

Restaurativa em Matéria Criminal. 37ª Sessão Plenária, 24 de julho de 2002.

ONU. Resolução nº 39/11: Declaração Sobre o Direito dos Povos à Paz. de 12 de novembro

de 1984.

PNUD. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Disponível em

<http://www.pnud.org.br/ODS.aspx> Acesso em 01/09/2016.

ZEHR, Howard. Trocando as lentes: um novo foco sobre o crime e a Justiça. São Paulo:

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TOXICIDADE DO LIXIVIADO DE EMBALAGENS PLÁSTICAS EM DOIS MODELOS BIOLÓGICOS Thaís dos Santos Gonçalves

Bolsista PROITI¹

Profa. Dra. Elizabete Lourenço da Costa²

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Nutrição

¹[email protected] ²[email protected]

RESUMO: O plástico ocupa o primeiro lugar no mercado de embalagens para o setor alimentício, garantindo melhor apresentação dos alimentos. No entanto, para melhorar características estéticas ou tecnológicas é empregada a metalização ou adição de pigmentos às embalagens plásticas, muitos contendo metais pesados. Efeitos tóxicos para os organismos ou ecossistemas podem ocorrer pela lixiviação de metais para o solo ou aquíferos em áreas de descarte das embalagens. Dentro deste contexto este projeto estuda a toxicidade desses lixiviados, utilizando como modelo os organismos: Caenorhabditiselegans, um nematodo de vida livre, amplamente utilizado para avaliar a ação antropogênica e a toxicidade de fármacos; e a semente de alface (Lactuca sativa). Foram selecionadas embalagens de cores e polímeros diferentes. Para a lixiviação as embalagens picadas foram mantidas em contato com a água deionizada em diferentes condições de pH e tempo. Após filtração a água foi destinada para o ensaio biológico para verificação da germinação de semente de alface, nas quais as sementes foram colocadas em placas de Petri, sobre papel de filtro umedecido, após a incubação foi avaliado o efeito sobre o índice de germinação. A condição de maior interferência sobre as sementes foi aplicada para observação da fecundidade do nematodo C. elegans, posto em contato desde a fase embrionária. Os achados indicam que os lixiviados interferiram nos modelos biológicos, sendo a condição experimental de maior impacto o lixiviado acidificado da embalagem plástica laminada, que simula a migração de componentes tóxicos para alimentos ácidos durante o período de armazenamento. Palavras-chave: embalagem, plástico, migração

1. INTRODUÇÃO

Dentre os diversos materiais utilizados para a fabricação de embalagens alimentícias,

o plástico é o mais empregado, de acordo Franchetti e Marconato (2006) os mais utilizados

desde 1940 tem sido polietileno (PE), polipropileno (PP), poliestireno (PS), poli (tereftalato

de etileno) (PET) e poli(cloreto de vinila) (PVC), encontradas em diversas formas: caixas,

tubos, filmes mono e multicamadas para a confecção de sacos flexíveis co-laminados.

Após o processo de produção, monômeros que não participaram da reação,

catalisadores, ou pigmentos podem migrar para o alimento, implicando em um potencial

efeito tóxico para os consumidores. Por esta razão, órgãos reguladores de diversos países,

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

369

como Europa, Estados Unidos, Brasil, entre outros, têm estabelecido restrições como: limites

de composição (LC), limites de migração específica (LME) detectada em simulantes de

alimentos, visando estabelecer que os materiais de embalagem não modifiquem as

características sensoriais dos produtos alimentícios, nem causem prejuízos à saúde

(JORGE, 2013).

É comum pesquisas que mostram o aumento da concentração de metais pesados em

amostras de água ou alimento em função do tempo de estocagem, como mostrado por Kim

et al. (2008), para o chumbo e cromo. Por outro lado, a simples quantificação de substâncias

químicas apresenta limitações, visto que inúmeros compostos de natureza variada podem

ser liberados de uma embalagem, em função da complexidade da composição ou pH do

alimento. Deste modo a investigação acerca dos efeitos do lixiviado em sistemas biológicos

pode fornecer informações mais precisas, isto porque compostos orgânicos, mesmo em

baixas doses podem desempenhar um efeito hormonal, ou ainda, doses consideradas

irrelevantes para humanos poderiam induzir efeitos totalmente adversos em animais não

mamíferos, tais como, a influência na divisão celular, no sistema imunológico ou na ativação

de genes (SEILER, 2002).

Exemplos de espécies utilizadas em testes para avaliar toxicidade de amostras

ambientais consistem em: peixes, invertebrados, algas, bactérias e espécies vegetais. Não

há ensaio de ecotoxicidade ou espécie de organismo que mostre sensitividade uniforme à

todos os compostos químicos, sendo mais informativo ou preditivo se a bateria de testes

envolver organismos de diferentes níveis tróficos (KAHRU; PÕLLUMAA, 2006; LAPA et al.,

2002).

Seguindo esse contexto o trabalho teve como objetivo avaliar o potencial efeito tóxico

do lixiviado de embalagens plásticas utilizando como modelo o nematodo

Caenorhabditiselegans e o índice de germinação de sementes de alface (Lactuca sativa).

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 2.1 Preparo das soluções simulantes

As embalagens utilizadas foram as do tipo: poli (tereftalato de etileno) (PET) e

polietileno de baixa densidade (LDPE), antes dos ensaios as embalagens foram

fragmentadas e deixadas em contato com soluções simulantes (BRASIL, 2010). As soluções

utilizadas foram: Simulante A (simulante de alimentos aquosos não ácidos (pH > 4,5),

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

370

empregando a água deionizada; e o Simulante B (simulante de alimentos aquosos ácidos

(pH < 4,5), empregando ácido acético a 3% (m/v) em água deionizada.

As condições de armazenamento foram realizadas mantendo os simulantes em

contato com as embalagens à temperatura ambiente. No tempo zero e a cada 30 dias, até

90 dias, foram retiradas alíquotas para estudo da migração.

2.2 Ensaios biológicos

2.2.1 Teste de sensibilidade de germinação da Alface em contato com os lixiviados (Lactuca sativa)

As sementes de alface foram incubadas em placas de Petri contendo um disco de

papel de filtro embebido com as soluções provenientes de cada tratamento, mais a água

destilada (controle), dispostas uniformemente, em um número de 15 sementes por placa, e

com um total de 90 sementes por tratamento (BANKS; SCHULTZ, 2005).

As placas foram incubadas em estufa B. O. D. à 20°C, após 5 dias,

foram contabilizadas o número de sementes germinadas e o tamanho da plântula foi medido

com um paquímetro e com o auxílio de um microscópio estereoscópico.

A condição de maior interferência na germinação da semente de alface foi aplicada

no nematodo C. elegans.

2.2.2 Teste de sensibilidade do C. elegans aos lixiviados

Os ensaios foram realizados utilizando a cepa selvagem N2, obtida do grupo de

Investigação em Polifenóis da Universidade de Salamanca, Espanha, seguindo os

procedimentos empregados por Surco-Laos et al. (2011).

Após o plaqueamento do meio de cultura em placa de Petri, cerca de 24 horas antes

do uso foi adicionada uma alíquota de 100 µL de cultura de E. coli, que serviu como fonte

alimentícia para os nematodos.

Para o teste de fecundidade, os nematódeos foram mantidos a 20°C, em estufa

B.O.D. (Marca: Quimis, Modelo: Q-315M23), com o cuidado da troca de placas a cada 48h,

para evitar que ficassem sem fonte alimentícia até atingirem o primeiro dia de adulto, em

seguida foram transferidos individualmente, com o auxílio de um microscópio invertido

(Marca BEL, Modelo: INV-100), para uma microplaca de 96 poços, contendo tampão fosfato

e após 24 horas foram contados o número de ovos eliminados por cada nematodo.

Para verificar diferença entre as médias foi aplicado o teste t de Student no nível de

significância de 5%.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

371

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Figura 1 mostra o desenvolvimento da germinação da semente de alface em contato

com o lixiviado da embalagem plástica, é possível observar que quanto maior o tempo de

contato da solução com a embalagem, maior foi o comprimento das plântulas, podendo estar

relacionado à liberação de componentes orgânicos com função hormonal presentes nesse

material (BORGES; HILLEBRAND, 2007; BILLA; DEZOTTI, 2007). Não foram observadas

diferenças significativas entre os diferentes simulantes testados.

Figura 1 - Comprimento das plântulas de Lactuca sativa submetidas a diferentes tempos de contato com o simulante A (água destilada) e simulante B (solução de ácido acético 3%).

Na Figura 2 as sementes foram submetidas ao mesmo tratamento que o ensaio

anterior, no entanto a embalagem utilizada para contato com as soluções simulantes foi o

plástico laminado. Foi possível observar que o comprimento das plântulas submetidas ao

contato com o simulante A foi maior do que o comprimento das que se desenvolveram em

contato com o simulante B, possivelmente porque em pH mais baixo a solubilidade de metais

pesados seja maior. Estima-se que a tinta impressão da embalagem em contato com uma

solução de ácido fraco durante 10 minutos, apresente uma migração de 100µg de Pb para

o alimento (SOARES, 2008; MENDES, 2008).

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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Figura 2 - Comprimento das plântulas de Lactuca sativa submetidas a diferentes tempos de contato com o simulante A (água destilada) e simulante B (solução de ácido acético 3%).

* Diferença estatística entre os pontos (p<0,05).

Nesta condição de lixiviação do plástico laminado, com o aumento do tempo de

contato das sementes com o simulante A, aumentou também o número de sementes não

germinadas. Isto pode estar relacionado ao aumento da migração de metais pesados.

Segundo Pereira et al. (2013) a germinação da alface é mais afetada em concentrações

mais altas de metais devido à proteção promovida pelo pericarpo e o tegumento da semente,

restringindo a entrada de Pb (em concentrações mais baixas).

O contato das sementes com os simulantes que receberam o lixiviado da embalagem

laminada por 90 dias implicou no decréscimo do comprimento das sementes, sendo

significativamente mais baixo após contato com a solução acidificada, cabe mencionar que

antes da incubação o pH foi corrigido para não haver interferência da acidez do

desenvolvimento do vegetal. Após a observação deste resultado esta embalagem foi

selecionada para avaliar sua influência na fecundidade do nematodo

Caenorhabditiselegans.

Ao avaliar porcentagem relativa de fecundidade do nematodo colocado em contato

com o simulante B, observou-se que este grupo apresentou menor fecundidade comparado

ao controle e ao grupo que permaneceu em contato com o simulante A (Figura 3).

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

373

Figura 3 - Número de ovos de C. elegans mantidos em contato com soluções simulantes por 30 dias com embalagem plástica laminada

Letras diferentes indicam diferença estatística (p<0,05); t-Student.

Os metais pesados apresentam maior solubilidade em pH ácido, como o cádmio com

maior mobilidade entre pH 4,5 e 5,5. Há estudos que demonstram que o C. elegans grávido

é mais sensível aos metais pesados, o que pode causar efeitos inibitórios na sua reprodução

e crescimento (SHUQAIR, 2002; SILVA 2004). Os resultados obtidos podem ser

comparados com Harada (2007), onde os metais pesados inibiram o crescimento das larvas

eclodidas e sua capacidade reprodutiva.

As larvas colocadas em contato com o simulante A apresentaram porcentagem de

fecundidade muito acima do controle e dos expostos ao simulante B (Figura 1), porém a

literatura apresenta resultados inversos ao obtido. Algumas substâncias presentes nas

embalagens alimentícias como ftalatos e bisfenol A, podem agir como desreguladores

endócrinos alterando a fertilidade (BERNARDO et al., 2015; BILLA; DEZOTTI, 2007).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados mostram que houve interferência no metabolismo dos organismos

estudados após contato com as soluções simulantes contendo os lixiviados de embalagens,

sendo mais aparente para a solução acidificada, onde provavelmente aumentou a extração

de compostos tóxicos, onde observou-se a redução da fecundidade do nematodo estudado,

que apresenta célula eucariótica com mecanismos próximos às células dos mamíferos, bem

como redução na germinação das sementes de alface. Este achado é um indicativo

preocupante, visto que um grande número de alimentos acondicionados neste tipo de

embalagem apresenta pH menor ou igual a 4,5.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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5. REFERÊNCIAS BANKS, M. K.; SCHULTZ, K. E. Comparison of plants for germination toxicity tests in petroleum-contaminated soils. Water, Air, and Soil Pollution, v.167, p. 211–219, 2005. BERNARDO, P. E. M. et al. Bisfenol A: o uso em embalagens para alimentos, exposição e toxicidade – Uma Revisão. RevInst Adolfo Lutz, v. 74, n. 1, p. 1-11, 2015. BILA, D. M.; DEZOTTI M. Desreguladores endócrinos no meio ambiente: efeitos e conseqüências. Química Nova, v. 30, n. 3, 2007. BORGES, R. M. R.; HILLEBRAND, V. Plásticos, detergentes e desequilíbrio hormonal: um grito de alerta. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007. 105 p. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC nº 51, de 26 de novembro de 2010. Diário Oficial da União, Poder Executivo, de 22 de dezembro de 2010. Dispõe sobre migração em materiais, embalagens e equipamentos plásticos destinados a entrar em contato com alimentos. Brasília, 2010. FRANCHETTI, S. M. M.; MARCONATO, J. C. Polímeros biodegradáveis: uma solução parcial para diminuir a quantidade dos resíduos plásticos. Química Nova, v. 29, n. 4, p. 811-816, 2006. HARADA, H. et al.Shortened lifespan of nematode Caenorhabditis elegansafterprolonged exposure to heavy metals and detergents. Ecotoxicology and Environmental Safety, v. 66, n. 3, p. 378-383, 2007. JORGE, N. Embalagens para Alimentos. São Paulo: Cultura Acadêmica. 2013. 194p. KAHRU, A.; PÕLLUMAA, L. Environmental hazard of the waste streams of Estonian oil shale industry: an ecotoxicological review. Oil Shale, v. 23, n. 1, p.53- 93, 2006. KIM, K. C.; PARK, Y. B.; LEE, M. J.; KIM, J. B.; HUH, J. W.; KIM, D. H.; LEE, J. B.; KIM, J. C. Levels of heavy metals in candy packages and candies likely to be consumed by small children. Food Research International, v. 41, n. 4, p. 411–418, 2008. LAPA, N.; BARBOSA; R. MORAIS, J.; MENDES, B.; MÉHU, J.; SANTOS OLIVEIRA, J. F. Ecotoxicologicalassessmentofleachatesfrom MSWI bottomashes. Waste Management. v. 22, n. 6, p. 583-593, 2002. MENDES, Maribel da Silva. Elementos-traço em Allium cepa L. e Lactuca sativa L. Pelotas, 2008. 176f. Tese (Doutorado em Agronomia) – Universidade Federal de Pelotas. Rio Grande do Sul, 2008. PEREIRA, M. P. et al. Fitotoxicidade do chumbo na germinação e crescimento inicial de alface em função da anatomia radicular e ciclo celular. Agro@mbiente On-line, v.7, n.1, p.36-43, 2013. SEILER, J. P. Pharmacodynamic activity of drugs and ecotoxicology—can the two be connected? ToxicologyLetters, v. 10, p. 105–115, 2002. SHUQAIR, Shuqair Mahmud Said. Estudo da Contaminação do solo e água subterrânea por elementos tóxicos originados dos rejeitos das minas de carvão de figueira do

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

375

Estado do Paraná. São Paulo, 2002. 129f. Tese (Doutorado em Tecnologia Nuclear) – Universidade de São Paulo. SILVA, Juliana Chiesse. Estabelecimento do Cultivo dos NematóidesCaenorhahditiselegans, Panaarellus redivivas e Turbatrixaceti e averiguação destes como bioindicadores à presença de chumbo. 2004. 36f. Monografia (Bacharelado) – Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2004. SOARES, E. P. Estudo do método radiométrico para avaliação da migração de elementos de embalagens plásticas para o seu conteúdo.2008. 115 f. Tese (Doutorado em Tecnologia Nuclear) – Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008. SURCO-LAOS, F. et al. Effects of O-methylated metabolites of quercetin on oxidative stress, thermotolerance, lifespan and bioavailability on Caenorhabditis elegans. Food & Nutrition, v. 2, n. 8, p. 445-456, 2011.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

376

(RE)CONHECENDO A ESCOLA E O BAIRRO Thayline Miriam Albuquerque da Silva

Bolsista PROIN¹

Doutora Marina Tucunduva Bittencourt Porto Vieira²

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Licenciatura em História

[email protected]; ²[email protected]

RESUMO: O objetivo geral desta pesquisa foi: “Mudar as representações sociais das crianças, com relação à UME Auxiliadora da Instrução, e ao território em que a escola está localizada”. O projeto foi uma produção coletiva, da qual participam a coordenadora do Grupo Interdisciplinar de Estudos Culturais, da Unisantos, os membros do grupo, e a Coordenadora Pedagógica da UME Auxiliadora da Instrução. Tratou-se de um projeto de Educação Patrimonial, desenvolvido com a comunidade daquela escola, alunos do Ensino Fundamental I, no período compreendido entre o segundo semestre de 2015 e o primeiro semestre de 2016. Tanto a instituição de ensino como o bairro têm um passado a ser conhecido e valorizado pelas crianças. O projeto incluiu uma exposição inicial do que as crianças tinham como representação da escola e do bairro, antes da intervenção. Na sequência foram desenvolvidas várias atividades, como gincanas, pesquisa documental na escola e na Fundação Arquivo e Memória de Santos, coleta de depoimentos (com uso da História Oral, com ex-alunos e moradores do bairro), além de outros procedimentos. No final do 1º semestre de 2016 foi elaborada uma nova exposição, com o objetivo de verificar o impacto do projeto sobre as representações dos alunos daquela escola. Concluímos que os objetivos foram parcialmente alcançados. Contribuíram para isto a diversidade na escolarização dos alunos da escola e ao fato de terem sido usados os professores como intermediários entre pesquisadores e público-alvo. Palavras-chave: Auxiliadora da Instrução, educação patrimonial, representações.

1. INTRODUÇÃO O projeto “(Re) conhecendo a escola e o bairro” foi desenvolvido junto à comunidade

escolar da UME Auxiliadora da Instrução desde meados de 2015. Trata-se de um trabalho

de intervenção, que visou mudar as representações sobre a escola e o local onde se situa,

Bairro da Encruzilhada (antigo Macuco) e coletar documentação referente à história da

Instituição.

Entendemos o conceito de representação social na forma proposta por Chartier

(1988), como “classificações e divisões que organizam a apreensão do mundo social como

categorias de percepção do real” (p.17). Para este autor “as representações são variáveis

segundo as disposições dos grupos ou classes sociais; aspiram à universalidade, mas são

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

377

sempre determinadas pelos interesses dos grupos que as formam” (CHARTIER, 1988, p.

17).

A escola possui mais de 100 anos e sua história parece ser desconhecida pelas

crianças. O local onde fica seu prédio, e onde a maioria das crianças reside, também tem

uma história importante, ligada à história do Porto de Santos.

O Grupo Interdisciplinar de Estudos Culturais da Universidade Católica de Santos,

cadastrado junto ao CNPq em 2014, possui duas linhas de pesquisa. O projeto institucional

cadastrado chama-se “Representações sociais e educação: relações entre cultura e as

concepções de infância e juventude, em documentos, do início do século XX à

contemporaneidade”.

O projeto aqui representado está vinculado à Linha 2, “Representações, saberes e

práticas escolares” e teve seu início quando, no desenrolar de uma pesquisa da Linha 1,

foram localizados inúmeros textos produzidos pelos alunos da atual UME Auxiliadora da

Instrução, no ano de 1960. Este fato chegou ao conhecimento da Coordenadora Pedagógica

que atua na escola, que nos procurou, interessada em que desenvolvêssemos um projeto

na escola.

Juntando-se a isso, um dos membros do grupo localizou na FAMS (Fundação Arquivo

e Memória de Santos) o documento original de doação do grupo escolar ao município e

outros documentos. Aos poucos, foi se desenhando uma oportunidade de pesquisa.

Começamos um planejamento conjunto, escola e Grupo Interdisciplinar de Estudos

Culturais, tendo em vista que houve interesse do grupo e da instituição de ensino. Foi

desenvolvida uma pesquisa-ação, com a intenção de analisar quais procedimentos se

mostram efetivos na mudança das representações sociais. A perspectiva da pesquisa foi

Educação Patrimonial, definida como, por documento do IPHAN (2014, p.19)

[...] todos os processos educativos formais e não-formais que têm como foco o Patrimônio Cultural, apropriado socialmente como recurso para a compreensão sócio histórica das referências culturais em todas as suas manifestações, a fim de colaborar para seu reconhecimento, sua valorização e preservação.

Os autores do documento do IPHAN, além disso afirmam, referindo-se à Educação

Patrimonial, que “é imprescindível que toda ação educativa assegure a participação da

comunidade na formulação, implementação e execução das atividades propostas”

(FLORÊNCIO et al., p.20). Como a iniciativa partiu da comunidade escolar, com anuência

da Diretora da escola, este projeto atendeu o que se recomenda.

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378

As concepções de infância compartilhadas por diferentes grupos destinaram

determinados papéis sociais às crianças e, consequentemente, as formas de educação

disponibilizadas a elas. Atualmente, as representações sociais de nossa cultura não

valorizam a preservação e a valorização da memória, mas é ela que dá sentido às nossas

práticas. O nosso grupo de pesquisa entende de forma diversa a memória histórica. As

representações sociais geram estratégias e práticas. Nosso projeto empregou estratégias

que pretendiam mudar as representações sociais construídas pelas crianças até este

momento. Acredita-se que a cultura é produzida, perpetuada e transformada ao longo do

tempo pelas pessoas e que os alunos desta escola serão agentes culturais que poderão

influenciar sua geração e as seguintes, a partir de suas representações.

Como objetivos específicos o projeto pretendeu:

• Produzir uma mudança nas representações das crianças, de forma que estas se

sentissem parte de uma história coletiva;

• Que as crianças conhecessem como era o cotidiano das pessoas, inclusive das

crianças, em diversos momentos da história da escola e do bairro;

• Que as crianças conhecessem os valores que pautavam as condutas em diferentes

épocas;

• Que elas pudessem conhecer como eram as vestimentas das pessoas e a

alimentação em diversas épocas;

• Que pudessem conhecer aspectos da escola, como uniformes, material escolar,

sistema de controle de frequência de aprendizagem, em diferentes épocas;

• Que pudessem conhecer a forma como vem se dando a relação professor-aluno

através do tempo;

• Que pudessem conhecer a forma como eram ministradas as aulas.

Com estes objetivos, foi feita uma pesquisa de caráter qualitativo, com uso da História

Oral, com entrevistas semiestruturadas – orientadas por um roteiro, composto por

questionamentos e assuntos pré-determinados, com um tema central e uma estrutura

flexível – onde foram coletados os depoimentos de ex-alunos.

As entrevistas de história oral permitem compreender como indivíduos experimentaram e interpretaram acontecimentos, situações e modos de vida de um grupo ou da sociedade em geral. Isso torna o estudo da história mais concreto e próximo, facilitando a apreensão do passado pelas gravações futuras e a compreensão das experiências vividas por outros. (DE SORDI; AXT; FONSECA, 2007, p. 7).

Também foram realizadas atividades educativas para alcançar esses objetivos,

respeitando a faixa etária dos alunos.

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379

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

O projeto teve início ainda em junho, como previsto no projeto, com a “Gincana das

Fotos”. Foi proposto às crianças que coletassem em suas casas, durante as férias de Julho

(2015), fotos antigas que remetessem à escola e ao bairro. Os alunos que trouxessem o

maior número de fotos ganhariam um ingresso para o cinema. Não obtivemos grandes

resultados com a gincana, pois não conseguimos muitas fotos. Por isso, a exposição foi

adiada. Os alunos ganhadores foram ao cinema, acompanhados de duas professoras. Foi

uma experiência enriquecedora, pois alguns nunca tinham ido a uma casa de espetáculos.

A volta às aulas, em agosto, deu-se com uma exposição inicial do que as crianças

tinham como representação da escola e do bairro, intitulada “A escola e o bairro para mim,

hoje”. Aproveitamos a festa de aniversário de 101 anos da escola para expor aos presentes

as atividades dos alunos. Cada turma produziu um determinado tipo de material com a

supervisão dos professores (maquetes, reproduções textuais, poesias, cartazes, etc.). A

comemoração também contou com a palestra do ex-aluno Paulo Sacaldassy, dramaturgo,

roteirista e escritor, que relatou aos alunos sobre suas experiências no colégio e como está

sua carreira hoje. Os alunos o homenagearam com um “rap” de autoria dos mesmos e com

desenhos. Na elaboração da exposição, contamos com auxílio de algumas professoras e

de integrantes do grupo de estudos. O evento foi reportado pelo Diário Oficial de Santos e

publicado no Caderno Especial Ano II - Edição 169 - em 9 de setembro de 2015. Parte das

produções dos alunos se perdeu, porém, digitalizamos e transcrevemos as produções que

restaram.

No mês de agosto também foi realizada uma palestra no Museu do Café, ministrada

por um membro do grupo de estudos, para aprendermos como trabalhar com história oral.

Partimos então para a elaboração do roteiro das entrevistas e para a seleção dos

entrevistados. No próprio corpo docente e de funcionários da escola haviam ex-alunos. Os

demais entrevistados foram descobertos através de indicações e, enfim, elaboramos o

cronograma das entrevistas de acordo com o número de turmas. Concluiríamos com todas

as salas (duas por entrevistado) em duas semanas, com dois dias na semana e dois horários

por dia. Foi elaborado um roteiro, pensado para que pudéssemos extrair o máximo de

informações para analisarmos as características das épocas vivenciadas pelos

entrevistados. As crianças colaboraram com diversos questionamentos. Foi uma atividade

enriquecedora para todos os participantes.

Devido a alguns incidentes na escola, não conseguimos duas turmas por entrevistado,

o que atrasou o projeto, pois não tínhamos ex-alunos em número suficiente e o cronograma

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380

de atividades da escola também precisou ser atendido. Por isso, a conclusão foi adiada para

o primeiro semestre de 2016.

Iniciamos o primeiro semestre de 2016 tendo por objetivo finalizar as entrevistas que

não foram efetuadas no prazo previamente previsto. Fizemos o cronograma considerando

as salas que ainda não haviam participado e as turmas novas. O término desta etapa deu-

se em abril, sendo que, no total, foram entrevistados doze ex-alunos.

Havia a previsão de que duas alunas, pertencentes ao Projeto de Iniciação Científica

do Ensino Médio, contribuíssem com a transcrição das entrevistas, o que não se deu. Assim,

as entrevistas estão em processo de revisão e transcrição.

A próxima atividade foi planejada ainda durante a execução das entrevistas, a

Gincana dos Detalhes, com o objetivo de chamar a atenção dos alunos para lugares e

objetos que estão dentro e fora da escola, em locais de circulação contínua. Fotografamos

os lugares e fizemos dois banners – as fotos de dentro da escola para as crianças do 1º ao

3º ano e as fotos do entorno da escola para as crianças do 4º e 5º ano – com recortes para

estimular que as crianças recordassem o nome e onde ficava aquele local. Foram premiados

os alunos que tiveram o maior número de acertos pela coordenadora pedagógica na festa

de páscoa da escola.

Posteriormente, planejamos a Gincana das Fotos. Escolhemos fotos antigas que

foram recolhidas durante o projeto para que as crianças observassem as mudanças

ocorridas nas vestimentas dos alunos, na estrutura da escola, no cotidiano dos alunos, em

diversos momentos da história da escola. Essas fotos foram distribuídas pelas paredes da

escola (corredor superior e pátio) e ficaram durante uma semana para observação.

Elaboramos uma atividade de múltipla escolha contemplando as mudanças na escola nestes

diferentes aspectos. A atividade foi entregue aos professores para executarem em sala de

aula com os alunos. Fizemos a apuração dos resultados e premiamos, de sala em sala, os

alunos com maior número de acertos.

Foi proposto aos professores a atividade de leitura e recriação de textos produzidos

por alunos da UME Auxiliadora da Instrução no ano de 1960 e publicados no suplemento

infantil A Tribuninha, porém o trabalho não foi finalizado devido ao cronograma da escola.

Estava prevista também a Gincana das Receitas que acabou não sendo realizada por conta

do tempo disponível.

Por fim, realizamos a exposição final com o tema “A escola e o bairro para mim agora”

com o objetivo de verificar o impacto do projeto sobre as representações das crianças em

relação a história da escola e a importância da mesma.

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381

No decorrer da execução do projeto, continuamos com a pesquisa documental na

escola e na Fundação Arquivo e Memória de Santos. Os documentos estão sendo

fotografados e transcritos por nós.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os objetivos foram parcialmente alcançados devido a algumas variáveis

intervenientes surgidas ao desenvolver o projeto. Infelizmente, muito do que havia sido

planejado saiu de forma diversa do esperado. Como o contato se dava via coordenadora, os

professores por vezes não eram orientados da forma como se esperava. Além disso houve

a necessidade de ajustar as atividades ao cronograma da escola, o que demandou que estas

acabassem tendo que ser cumpridas apressadamente, interferindo em outras atividades

previstas, como a transcrição das entrevistas e a Gincana das Receitas.

Apesar destes contratempos, houve motivação por parte dos alunos, que se

envolveram inteiramente em todos os trabalhos desenvolvidos. Percebemos indícios de que

se conseguiu pelo menos parcialmente o que se esperava, através da fala de alguns alunos,

das questões dirigidas aos ex-alunos durante as entrevistas, e através do material produzido

para a exposição final.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pudemos perceber que teríamos resultados mais concretos se trabalhássemos com

menor número de alunos, considerando a variação das idades, pois tivemos que adequar

todos os trabalhos ao grau de escolaridade e desenvolvimento dos alunos. Outro fator

importante na dificuldade apresentada com relação à efetivação destes objetivos foi a

comunicação com os alunos, que se deu de forma indireta, por intermédio de terceiros,

sendo que o ideal seria os pesquisadores terem acesso direto às crianças.

O que foi conseguido com relação às representações sociais das crianças, entretanto,

foi satisfatório e a experiência mostrou que, mesmo com bom planejamento, a pesquisa

sempre reserva surpresas e demanda reformulações.

A execução deste projeto não seria possível sem a colaboração dos funcionários da

escola, que abriram as portas para nós e contribuíram de diferentes formas. A Coordenadora

Pedagógica, Claudia Prol, envolveu-se inteiramente no projeto e nos auxiliou em tudo que

precisávamos.

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Os membros do grupo de estudos que foram citados, mesmo que voluntários, também

se dedicaram totalmente ao projeto, já que o mesmo foi uma construção coletiva.

Por conta de contratempo, não executamos o projeto inteiramente, faltou concluir o

trabalho com os documentos e por isso foi proposta, junto ao IPECI, a continuidade. Assim,

nesta segunda etapa (2016-2017) estamos dando continuidade à coleta e organização da

documentação referente à história da Instituição. Este material será disponibilizado para

pesquisa. A continuidade também prevê a confecção de um livro com a história da escola e

outros materiais, como forma de manter viva entre alunos e professores a história da escola.

5. REFERÊNCIAS CHARTIER, Roger. A História Cultural - Entre Práticas e Representações. Lisboa: Difel, 1988. FLORÊNCIO, Sônia Rampin; CLEROT, Pedro; BEZERRA, Juliana; RAMASSOTE, Pedro. Educação Patrimonial: histórico, conceitos e processos. Brasilia, DF: IPHAN/DAF/Ceduc, 2014. DE SORDI, N. A. D; AXT, G; FONSECA, P. R. P. Manual de procedimentos do Programa de História Oral da Justiça Federal. Brasília: Conselho da Justiça Federal, 2007. MELO, Alessandro de; CARDOZO, Poliana Fabiula. Patrimônio, Turismo Cultural e Educação Patrimonial. Educ. Soc., Campinas, v. 36, nº. 133, p. 1059-1075, out. - dez., 2015.

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REFUGIADOS E MINORIAS: ORIENTAÇÃO SEXUAL E IDENTIDADE DE GÊNERO

Victor Augusto Mendes

Bolsista PROIN1

Profa. Me. Patrícia Gorisch2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Relações Internacionais

1 [email protected] / [email protected]; 2 [email protected]

RESUMO: O refúgio decorre em função do fundado temor de perseguição com base em cinco principais razões enumeradas no Estatuto dos Refugiados de 1951 (com Protocolo de 1967), são essas; raça, religião, nacionalidade, opinião política e pertencimento a um grupo social específico. O trabalho tem como objetivo central explorar como é dado o desenvolvimento do conceito de orientação sexual e identidade de gênero como base para o pedido de refúgio a partir do método hipotético-dedutivo, fazendo aporte da literatura especializada no âmbito da doutrina nacional e internacional, bem como periódicos e documentos oficiais de agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Nos levantamentos é constatada a necessidade uma interpretação inclusiva do tomador de decisão para consideração de uma solicitação de refúgio fundada na OSIG já que o elemento do gênero e da orientação sexual não está explicitamente incluso no Estatuto. As evidências corroboram com a hipótese de que há aplicação de noções estereotipadas na análise de solicitantes LGBTI. Na análise do solicitante alegadamente LGBTI é possível referenciar, em diversos casos, um considerável preconceito por parte de tomadores de decisão. Tal preconceito é evidenciado por procedimentos e questionamentos apoiados por noções preconcebidas que atentam contra uma análise imparcial e respeitosa aos princípios de um tratamento digno e respeitoso aos Direitos Humanos. Apesar do verificado preconceito nos procedimentos de análise, os avanços interpretativos dessa temática no âmbito do refúgio têm sido positivos nos últimos 10 anos. Palavras-chave: Refugiados, LGBTI, ACNUR.

1. INTRODUÇÃO

O refúgio decorre em função do fundado temor de perseguição com base em cinco

principais razões enumeradas no Estatuto dos Refugiados de 1951 (com Protocolo de 1967),

são essas; raça, religião, nacionalidade, opinião política e pertencimento a um grupo social

específico. O fundado temor de perseguição em razão do pertencimento a um grupo social

específico não engloba de forma explícita a temática das minorias sexuais, sendo necessária

uma adequação interpretativa por parte do Estado que recebem solicitações de refúgio

oriundas de indivíduos que deixam um país em função de um fundado temor de perseguição

gerado por conta da sua Orientação Sexual e Identidade de Gênero. A existência do

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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deslocamento motivado por essa razão mas a sua ausência em termos explícitos dentro do

instrumento internacional que regula o instituto do refúgio justifica o estudo de como o refúgio

justificado por essas razões analisado e, quando atestado um fundado temor, propriamente

reconhecido. A tabela abaixo indica que dos dez principais países de origem para refugiados

no mundo, cinco criminalizam “atos homossexuais” (ILGA, 2015, p.53,63,64,69) sendo a

pena de morte uma ameaça em quatro desses (ILGA, 2015, p.29). Juntos, esses países

representam um fluxo de mais de 11 milhões de pessoas, entre refugiados, solicitantes de

refúgio e pessoas em situação correlata à do refúgio.

Tabela 1 – Relação: Principais países de origem e Discriminação LGBTI

# Estado Refugiados Perseguição LGBTI [2] Comentários

1 Syrian Arab Republic [1] 4,837,208 - Presença do ISIS

2 Afghanistan 2.632.534 Atos homossexuais ilegais -

3 Somalia 1.105.460 Atos homossexuais ilegais -

4 South Sudan 744.034 Atos homossexuais ilegais Pena de Morte

5 Sudan 634.612 Atos homossexuais ilegais Pena de Morte

6 Congo, Dem. Rep. 535.115Idade de consenso diferente entre

atos homo e heterossexuais-

7 Central African Republic 469.314 - -

8 Iraq 377.747Não codificado. Atores não

estatais (Juízes Sharia)Presença do ISIS

9 Eritrea 352.309 Atos homossexuais ilegais -

10 Ukraine 318.606 - -Fonte:

UNITED NATIONS UNHCR (2015) [1] Síria: UNITED NATIONS UNHCR (2016)

[2] International Lesbian, Gay, Bisexual, Trans and Intersex Association - ILGA (2015)

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA

A metodologia adotada é a pesquisa bibliográfica e análise relacional dos dados a

partir do método hipotético-dedutivo. Os levantamentos compreenderam:

a) Fontes primárias, compreendendo casos de análise de solicitantes de refúgio,

dados quantitativos de migrações forçadas;

b) Fontes secundárias, compreendendo a leitura seletiva da literatura específica do

tema amplo “Refúgio” e do tema específico “Refúgio LGBTI”. A literatura específica

compreende a doutrina nacional e internacional e artigos em periódicos especializados. Após

a seleção, é feita a leitura interpretativa das partes selecionadas.

c) Fontes secundárias complementares, compreendendo a leitura crítica de notícias

internacionais e a compilação de relatórios de Direitos Humanos de ONGs e Organizações

Internacionais e agências especializadas da ONU. É feita a classificação dos elementos

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

385

essenciais para pesquisa em cada parte delimitada, seguida da decomposição destes para

averiguação dos componentes e suas possíveis relações. O tratamento relacional

sistemático dos elementos interpretados visa a concretização do método hipotético-dedutivo,

dado pela formulação conjecturas baseadas em hipóteses para averiguação da

comprovação ou da refutação da hipótese de cada temática posta como objetivo de trabalho

do projeto.

O tratamento geral dos dados se deu inicialmente por meio da crítica externa14,

referente à importância e relevância dos materiais selecionados para os objetivos do

trabalho. Após feita, os materiais foram classificados e analisados conforme sua relevância

para averiguação dos componentes e suas possíveis relações15. Por fim, a redação das

análises compreenderam o tratamento relacional e sistemático dos elementos interpretados

visando a concretização do método hipotético-dedutivo, que é dado pela formulação

conjecturas baseadas em premissas para averiguação da comprovação ou da refutação da

hipótese16 em cada objetivo do projeto.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A categorização dos grupos sexuais minoritários permite o reconhecimento da razão

de perseguição em razão de Orientação Sexual e Identidade de Gênero, como é colocado

na Convenção de 1951, o “pertencimento a um grupo social específico”. Connely (2014)

dialoga com essa perspectiva ao compreender que há uma tendência, nas leis e decisões

sobre o refúgio, de apoiar padrões que apresentam noções fixas, fundamentais e essenciais.

Essa categorização estreita gera possibilidade de reconhecimento ao mesmo tempo

em que gera espaço onde o argumento da credibilidade enquadra os membros grupo em

conformidade com o que é esperado deles, muitas vezes de forma estereotipada assim

como é visto de acordo com a ordem do enquadramento central: a heteronormatividade. A

tendência reproduzida nas jurisprudências dos casos de refúgio LGBTI evidencia tal

14 Em Lakatos (2001, p.48) Salomon (1972, p.256) explica que a crítica externa “é feita sobre o significado, a importância e o valor histórico de um documento, considerado em si mesmo e em função do trabalho que está sendo elaborado. ” 15 Após a compilação e verificação da autenticidade e relevância de materiais, Lakatos (2001, p. 49) expõe: “a segunda fase compreende a decomposição dos elementos essenciais e sua classificação, isto é, verificação dos componentes deum conjunto e suas possíveis relações. Dito de outra forma, passe-se de uma ideia-chave geral para um conjunto de ideias mais precisas.”. 16 É interessante considerar: "[...] o cientista não coleciona dados, como se fosse uma colcha de retalhos, mas os relaciona entre si, construindo novas teorias científicas, a partir das generalizações, estas constituem etapas imprescindíveis da 7análise e interpretação dos dados. Dessa forma, após a classificação, fundamentada em traços comuns, "podem-se formular afirmações verdadeiras, aplicáveis a um conjunto ou à totalidade dos elementos selecionados" (Barquero, 1979, p. 78)" " (LAKATOS, 2001, p. 50)

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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afirmação na medida em que os processos de avaliação tomam como base, por exemplo,

pressupostos culturais que partem de um modelo central para balizar a análise da evidencia.

Como coloca (SPIJKERBOER, 2013, p. 225) é razoável considerar que um Cristão

reconheça a cruz como símbolo de importante expressão religiosa, logo, se presume que

uma mulher Lésbica conheça a bandeira em arco-íris como símbolo LGBTI. Assim também,

como já se espera que um Marxista tenha conhecimento sobre Marx, logo, por que não

esperar que um homem Gay conheça sobre Oscar Wilde? Essas sequências lógicas fazem

referência a formatos de avaliação que têm sido utilizados de fato por juízes e tomadores de

decisão em casos de análise. A forma de expressão da sexualidade como é compreendida

nessas avaliações ancora-se em pressupostos culturalmente estabelecidos por perspectivas

consideradas dominantes, ou socialmente vigentes, o que acaba por fomentar uma análise

não só heterocêntrica, mas também ocidentalizada como nos mostram os exemplos de

casos levantados.

Em outras palavras, aquele que se diz LGBTI expressa um comportamento sexual

que se desvia da norma dominante , ademais, o indivíduo LGBTI é compreendido com maior

facilidade, em luz dessa padronização, quando este expressa sua identidade de uma forma

particular, determinada, novamente, pela norma dominante. O solicitante fica então sujeito

a uma análise baseada nas categorizações identitárias prevalentes no país de destino . Em

2001, por exemplo, a Corte Federal da Austrália interpretou que a imposição de pena de

morte por homossexualidade no código penal Iraniano impunha limitações no

comportamento do solicitante mas que essas limitações de comportamento não constituíam

em perseguição por entender que a “pública manifestação da atividade homossexual” não é

uma parte essencial daquele que é homossexual. Em outro exemplo, a pesquisa realizada

por Bennet e Thomas (2013), também em casos no Reino Unido buscou investigar como

sistema britânico lida com solicitantes de refúgio lésbicas, que fugiram de seus países por

conta de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero. O estudo aponta que as

solicitantes são analisados conforme compreensões essencialmente ocidentais e

estereotipadas de pertencimento ao grupo social LGBT, como conhecimento de Oscar Wilde

, aparência de “cabelo curto” e pouca maquiagem correspondente ao que os analistas dos

pedidos de refúgio supostamente compreendem como “aparência lésbica”. Tais ideias

preconcebidas influenciaram os procedimentos de análise, resultando muitas vezes na

negação do pedido pela não conformidade das solicitantes com os estereótipos esperados

pelos tribunais e tomadores de decisão (BENNET e THOMAS, 2013, p.25-26). Até 2010 a

maioria dos casos de solicitantes de refúgio com base na OSIG no Reino Unido era negada

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

387

com base no posicionamento de que não teriam necessidade de proteção internacional sob

o argumento de que o julgado poderia voltar ao seu país de origem e manter uma "sensata

discrição" acerca de sua orientação sexual ou identidade de gênero.

Ao assumir gerência sobre a expressão sexual de uma pessoa, recomendando a

discrição ou esperando que o comportamento do solicitante se adeque a padrões

esteriotipados, há limitação dos Direitos Fundamentais de liberdade, livre desenvolvimento

da pessoa, privacidade e da saúde de acordo com a definição na Organização Mundial da

Saúde que coloca que a “saúde é um estado de bem-estar físico, mental e social, e não a

mera ausência de doença ou enfermidade”, logo compreendemos que, para um bem estar

físico e mental, é imprescindível o respeito à livre estruturação da individualidade, como

coloca Marianna Chaves (2011)

Na estruturação da individualidade de uma pessoa, a sexualidade consubstancia uma medida basilar da constituição da subjetividade, sustentáculo imprescindível para a capacidade do livre desenvolvimento da personalidade. Portanto, pode-se afirmar que as questões concernentes à orientação sexual relacionam-se de forma estreita com o amparo da dignidade da pessoa humana (CHAVES, 2011, p. 70).

A Orientação Sexual e a Identidade de Gênero, são reconhecidas como direitos

básicos, sendo inatos e imutáveis como direitos, fundamentais para a identidade do

indivíduo. As características que este compartilha com outros membros da sociedade,

pertencendo a um grupo minoritário por exemplo, são expressões que partem de um plano

inerentemente individual, não trazendo consigo a prerrogativa da necessidade de

associação com outros membros, especialmente no contexto de nosso estudo, do

reconhecimento do refúgio . Ou seja, aquele que é LGBTI reserva os direitos de sua própria

expressão sexual na qualidade de pessoa que tem atração pelo sexo oposto, por ambos os

sexos, identidade de gênero diversa do sexo biológico ou forma de expressão sexual e

identitária diversa daquela na normativa heterossexual. O direito à discrição entra nesse

aspecto, fazendo jus ao direito do indivíduo.

O condicionamento da não discrição, ou seja, a necessidade de apresentar-se de

forma reconhecidamente estereotipada, visível ou associada, para reconhecimento e

credibilidade da sexualidade, acarreta nos termos do condicionamento, gerência sobre a

expressão sexual do indivíduo, assim como a sugestão de discrição fere direitos básicos e

fundamentais do indivíduo, nos mesmos princípios.

Nesse ensejo, a avaliação que propõe como base de direcionamento uma narrativa

estrita, no que tange a definição comportamental de um indivíduo LGBTI segundo a lógica

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

388

da estrutura heteronormativa acaba por limitar a forma que o solicitante LGBTI supostamente

deveria se comportar para ter sua Identidade ou Orientação Sexual reconhecida, amparando

assim, uma noção de compreensão que restringe o reconhecimento do direito de expressão

sexual individual. Ao mesmo tempo, permite a colocação do grupo.

É necessário, portanto, dosar os limites da narrativa que define e amplia o

reconhecimento do solicitante LGBTI tendo em vista a defesa do direito de expressão sexual

como direito básico, pilar da liberdade individual e constituidor de personalidade, devendo

assim ser amplamente respeitado na avaliação, e devidamente protegido quando

reconhecido o fundado temor de perseguição.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar das evidências demonstrarem o preconceito nos processos de avaliação de

solicitações de refúgio com base na Orientação Sexual e Identidade de Gênero, em especial no

sistema britânico, mas não isolado a este, é fato que houveram avanços interpretativos que

contribuíram com o reconhecimento de solicitações de refúgio compreendidas como legítimas pela

doutrina e jurisprudência da área.

Millbank (2013) indica que tais avanços interpretativos, duramente conquistados, são

certamente positivos. Tal positividade é evidenciada por exemplo pela continuidade das publicações

de guias que endereçam o refúgio pela orientação sexual e identidade de gênero e o tema no âmbito

dos direitos humanos, bem como as recentes resoluções e estudos realizados por agências

especializadas. A considerar complementarmente; o guia do Alto Comissariado das Nações Unidas

para Refugiados de 2008 “UNHCR Guidance note on refugee claims relating to sexual orientation

and gender identity”; a resolução A/HRC/RES/17/19 de 2011 da Assembleia Geral das Nações

Unidas que endereça “Direitos humanos, orientação sexual e identidade de gênero.”17; e a mais

recente resolução de mesmo título, a A/HRC/RES/27/32 aprovada em outubro de 2014.

Todavia, a autora afirma que esse progresso não é estável, já que a análise de casos de

apenas uma jurisdição demonstraria que os tomadores de decisão tomam inúmeras decisões

contrárias às interpretações recomendadas por um período de anos antes de serem resolvidas por

recursos ou outras medidas legislativas (MILLBANK, 2013, p.36). De fato, podemos verificar que os

casos estudados na pesquisa de Bennet e Thomas (2013) estão cronologicamente à frente do

primeiro guia sobre a definição de grupo social no contexto do refúgio, publicado em 2002 e do

segundo guia citado, publicado em 2008, que versa sobre refugiados em função da orientação sexual

e identidade de gênero. Nos casos citados, houveram resoluções contrárias àquelas proposta pelos

guias. Podemos citar nesse sentido, os parágrafos 36 e 37 do Guia sobre solicitações de refúgio

17 “Human rights, sexual orientation and gender identity”

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

389

relacionadas à orientação sexual e identidade de gênero18 que versam justamente sobre a análise

não estereotipada de um solicitante de refúgio que alega ser LGBTI (UN, 2008, p.17). A pesquisa de

Bennet e Thomas (2013), mencionada anteriormente, denuncia justamente o emprego de noções

estereotipadas na análise de casos de refugiadas lésbicas no Reino Unido.

Como demonstrado, os avanços certamente não são uniformes considerando a discrepância

entre as recomendações no âmbito internacional e julgamentos nas jurisdições internas. Apesar

disso, são simbólicas as considerações feitas no âmbito internacional ao trazerem à tona discussões

a respeito da compreensão humana de direitos humanos, notadamente a relação dos direitos básicos

com a sexualidade. Pequenas mudanças surgem de considerações simbólicas, como a busca por

um tratamento não estereotipado, a visibilidade a partir da linguagem como a sigla “LGBTI” e a visão

de fatos que contribuam para uma compreensão mais humana de humanos que reivindicam uma

vida humana livre do medo. Corroboramos com Millbank (2013) nesse sentido, ao considerar que

pequenas mudanças e mudanças simbólicas possam ser indicativas ou contribuintes para mudanças

de maior impacto. Em si, apesar das discrepâncias entre aplicação interna e recomendação

internacional, devemos considerar que o surgimento e a recorrência da temática no meio

internacional já representa grande avanço. Nesse sentido, a continuidade dessa visibilidade é

imprescindível nesse processo de mudança de compreensão do refúgio de pessoas que deixam seus

país por não poderem ser quem simplesmente são; seres humanos.

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18 “UNHCR GUIDANCE NOTE ON REFUGEE CLAIMS RELATING TO SEXUAL ORIENTATION AND GENDER IDENTITY”

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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CARACTERIZAÇÃO MAGNÉTICA DE SOLOS ARQUEOLÓGICOS BRASILEIROS Victor Jorge de Oliveira Marum

Bolsista PIBIC1

Dr. Gelvam André Hartmann2

Instituição: Universidade Católica de Santos (UNISANTOS)1 e Instituto de

Geociências da Universidade Estadual de Campinas (IG/UNICAMP)2

Curso: Engenharia de Petróleo 1

[email protected]; 2

[email protected]

RESUMO: As variações ambientais e antropogênicas podem ser determinadas em materiais

geológicos e arqueológicos que portam uma magnetização remanente estável. Neste trabalho foram

aplicadas as técnicas clássicas de paleomagnetismo em cinco sítios arqueológicos. O objetivo desse

trabalho se concentrou em utilizar o magnetismo ambiental, aliado a estudos arqueológicos e

sedimentológicos, para estudar o registro antrópico em solos arqueológicos de diferentes sítios

brasileiros. Os resultados são fundamentais para compreensão da formação de solos arqueológicos

em diferentes contextos.

Palavras-chave: magnetismo ambiental; sítios arqueológicos; arqueomagnetismo.

1. INTRODUÇÃO

O magnetismo ambiental, importante ferramenta para estudos ambientais cujo

princípio básico envolve a correlação das propriedades magnéticas dos minerais com os

processos ambientais, vem sendo amplamente utilizado em diferentes contextos geológicos

e arqueológicos (e.g., Evans e Heller, 2003; Liu et al., 2012). Alterações ambientais, tais

como as induzidas por oscilações climáticas operantes em diferentes escalas de tempo,

frequentemente influenciam o regime de transporte, deposição e/ou processos diagenéticos

em sedimentos e solos de origem natural ou antropogênica (e.g., Evans e Heller, 2003; Liu

et al., 2012), com reflexo em parâmetros magnéticos de interesse e demais características

dos portadores magnéticos presentes em amostras de tais arcabouços (e.g., concentração

e/ou tamanho e forma do grão, substituição catiônica, direções preferenciais de transporte

sedimentar, etc.). Tais informações podem ser obtidas pelo emprego de técnicas

experimentais para estudos de mineralogia e magnetismo de materiais que permitem o

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

397

estabelecimento de relações entre a mineralogia magnética presente com possíveis

mecanismos de variação ambiental nos mais diferentes contextos. Por sua vez, esses

parâmetros servem como indicadores de mudanças em horizontes estratigráficos naturais

ou antropogênicos. Atualmente, a atividade antrópica exerce um importante papel na

pedogênese, na produção de carga sedimentar, na formação de minerais magnéticos por

processos artificiais (industriais), entre outros (e.g., Evans e Heller, 2003). A atividade

antropogênica tem grande influência na formação de minerais magnéticos através de

diferentes processos como a pedogênese, a produção de sedimentos ou ainda na emissão

de poluentes que se depositam em diversos ambientes, como lagos, rios e oceanos. Além

disso, a remanência magnética registrada em sedimentos e materiais arqueológicos também

pode prover informações de natureza escalar e vetorial do magnetismo. Os dados escalares

(susceptibilidade magnética, além da magnitude de diferentes magnetizações remanentes e

induzidas em laboratório) possibilitam avaliações sobre o tipo de portador magnético

presente nas amostras, bem como sua concentração podendo ser empregados como

proxies ambientais.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 2.1. Sítios arqueológicos

Hatahara (13 amostras): localizado na Amazônia Central, no município de Iranduba.

Possui grande quantidade de cerâmicas e Terra Preta antropogênica em toda sua extensão

e, por meio de diversas intervenções arqueológicas, o sítio passou pela identificação,

mapeamento e escavação. Alice de Boer (19 amostras): situado em Rio Claro (SP) e foi

descoberto pela profa. Dra. Maria Beltrão na década de 1960. Beltrão (1984) explica que

esse sítio se localiza em um terraço fluvial de várzea. Lagoa do Camargo (20 amostras):

localizado também no município de Rio Claro (SP). É composto de rochas sedimentares e

vulcânicas das eras Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica. Geologicamente, está contida na

Bacia Sedimentar do Paraná (Zaine, 1996). Serra da Capivara (10 amostras) e BA3-M (18

amostras): estes sítios se localizam no estado do Piauí e possuem grande importância

histórica, cultural e ambiental devido aos registros de presença humana há dezenas de

milhares de anos, como as pinturas rupestres (Filho e Monteiro, 2009).

2.2. Métodos

2.2.1 Susceptibilidade Magnética

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

398

A susceptibilidade magnética é definida como sendo a razão entre a magnetização

induzida (M) em uma amostra e um campo magnético aplicado (H), ou seja, χ = dM/dH. Cada

amostra foi submetida a um campo magnético de 200 A/m em 2 frequências distintas (F1 =

976 Hz e F3 = 15616 Hz) e as medições em cada amostra foram repetidas 3 vezes para

cada frequência aplicada.

2.2.2 Desmagnetização por Campos Alternados (AF)

Na desmagnetização por campos magnéticos alternados (AF) da magnetização

remanente natural (NRM) mede-se a variação da magnetização com o campo AF. Uma

amostra de material geológico ou arqueológico é submetida a um campo magnético

alternado de amplitude H, que é lentamente reduzido a zero. Após este processo, os grãos

com coercividade remanente inferior a H apresentarão magnetização remanente nula. O

campo AF é então aumentado sucessivamente, decompondo o vetor NRM.

2.2.3 Magnetização Remanente Anisterética (ARM)

Os grãos SD estáveis apresentam baixos valores de susceptibilidade ferrimagnética

(χferri), mas tem a propriedade de registrar uma magnetização remanente (e.g., Dunlop e

Özdemir, 1997). A remanência desses grãos, chamada de magnetização remanente

anisterética (anhysteretic remanent magnetization, ARM), é adquirida por um material

quando exposto a um campo magnético alternado com um campo direto parcial. A relação

entre a χARM e χfd (ou χfd%) é usada para determinar a concentração de grãos SP e SD

estáveis. Kruiver et al. (2001) propuseram um método para caracterização magnética de

materiais geológicos considerando diferenças de coercividade magnética. Esse método

permite a obtenção do parâmetro B1/2 (campo necessário para reduzir a magnetização

remanente à metade de seu valor inicial) e o Parâmetro de Dispersão (DP).

2.2.4 Magnetização Remanente Isotérmica (IRM)

As curvas de IRM são determinadas através da aplicação de um campo magnético

uniaxial em passos sucessivamente crescentes. A IRM aumenta com o aumento do campo

magnético aplicado até a saturação da magnetização na amostra (IRMS ou Mrs) de cada

mineral magnético. Os dados de IRM permitem calcular a S-ratio (razão S) (Equação 1) e o

HIRM (“Hard” IRM) (Equação 2), parâmetros que indicam, respectivamente, a contribuição

de minerais com baixa e alta coercividade:

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

399

mT

mT

IRM

IRMratioS

1000

300−=−

(1)

2

3001000 mTmT IRMIRMHIRM −+

=

(2)

IRM1000mT : IRM medida após aplicação de um campo magnético de “+” 1000 mT.

IRM-300mT : IRM medida após aplicação de um campo magnético de “-“300mT.

2.2.5 Curvas de Histerese

Os parâmetros calculados a partir das curvas de histerese são a magnetização de

saturação (Ms), a magnetização remanente de saturação (Mrs), o campo coercivo (Hc) e a

coercividade de remanência (Hcr). Esses parâmetros podem ser interpretados comparando

as razões Mrs/Ms versus Hcr/Hc que, por sua vez, indicam as regiões de domínio magnético

dos materiais (Day et al., 1977).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As Figuras 1 a 5 apresentam os valores de χfd, S-ratio, HIRM, DP e B1/2, plotados

contra a profundidade para cada sítio arqueológico estudado. O parâmetro χfd, dado (em

%), corresponde à variação dos valores de susceptibilidade magnética em duas frequências.

O diagrama de Day et al. (1977) (Figuras 6 a 10) foi construído a partir da plotagem das

razões Hcr/Hc e Mrs/Ms. Os valores de DP também foram plotados em função do B1/2 (Egli,

2006) (Figura 11).

O Sítio Hatahara apresentou valores de susceptibilidade magnética diferentes para

as duas frequências na porção mais superficial da amostragem, indicando que este intervalo

não apresenta quantidade significativa de mineralogia ferromagnética (de 20 a 40 cm). As

porções mais superficiais do Sítio Hatahara são compostas de minerais com baixa

coercividade magnética (e.g., magnetita, titanomagnetita), devido aos altos valores

calculados para a S-ratio (>1) e dos baixos valores encontrados para a razão HIRM. Os

valores de susceptibilidade magnética obtidos para o Sítio Alice de Boer indicaram que a

mineralogia ferromagnética est’presente nas porções mais profundas da amostragem (entre

aproximadamente 340 a 425 cm). Nota-se que a presença de minerais com alta e baixa

coercividade é evidente entre aproximadamente 280 cm e o final da amostragem (425 cm),

em função dos altos valores encontrados para a S-ratio (~1) e para a razão HIRM. Observa-

se que o sítio Lagoa do Camargo é composto de mineralogia ferromagnética entre 35,3 e

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

400

75,6 cm, com base nos valores de susceptibilidade magnética obtidos, sendo de alta e baixa

coercividade magnética, podendo conter magnetita, titanomagnetita, hematita e/ou goetita.

As amostras da coleção T1 do Sítio da Serra da Capivara que apresentaram indícios de

mineralogia ferromagnética foram coletadas nas profundidades 4, 6 e 8 cm, sendo que toda

a amostragem é composta de mineralogia de baixa coercividade magnética (e.g., magnetita,

titanomagnetita). O sítio BA3-M da Serra da Capivara tem em sua composição mineralogia

paramagnética em praticamente todo o intervalo da amostragem. Os altos valores da S-ratio

(superiores a 1) e os baixos valores da HIRM em praticamente todos os pontos indicaram

presença de minerais de baixa coercividade. Pelos diagramas de Day et al. (1977) (Figuras

6 a 10), observa-se que o Sítio Hatahara é composto predominantemente de grãos PSD

(pseudo-single domain) e MD (multi domain), do Sítio Alice de Boer de grãos em maioria

PSD, do Sítio Lagoa do Camargo de grãos predominantemente PSD e MD, e do Sítio da

Serra da Capivara (T1 e BA3-M) de grãos PSD e MD. Pela Figura 11 (DP x B1/2), nota-se

que população dos grãos magnéticos da Lagoa do Camargo é bastante diferente dos demais

sítios. Com base no estudo de Egli (2006), a variação do DP para a Lagoa do Camargo,

entre 0,29 e 0,33, sugere a presença de magnetitas de origem terrígena (ou detrítica). Os

Sítios Hatahara, Alice de Boer e Serra da Capivara, com base nos valores de DP,

apresentaram composição de magnetitas com tamanhos de grão elevados.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os sítios arqueológicos apresentaram grande quantidade de mineralogia ferromagnética em

sua composição, de baixa e alta coercividade magnética, com tamanhos de grãos e origens variáveis.

Os resultados corroboram para a formação de solos antropogênicos, uma vez que as mudanças nos

parâmetros magnéticos observados variam consideravelmente, corroborando com a influência

antrópica no registro magnético.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

401

Figura 1 - Parâmetro χfd, S-ratio, HIRM, DP e B1/2 versus a profundidade das amostras do sítio arqueológico Hatahara.

Figura 2 - Parâmetro χfd, S-ratio, HIRM, DP e B1/2 versus a profundidade das amostras do sítio arqueológico Alice de Boer.

Figura 3 - Parâmetro χfd, S-ratio, HIRM, DP e B1/2 versus a profundidade das amostras do sítio arqueológico Lagoa do Camargo.

Figura 4 - Parâmetro χfd, S-ratio, HIRM, DP e B1/2 versus a profundidade das amostras do sítio arqueológico Serra da Capivara.

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Figura 5 - Parâmetro χfd, S-ratio, HIRM, DP e B1/2 versus a profundidade das amostras do sítio arqueológico BA3-M.

Figura 6 - Diagrama de Day et al. (1977) para o sítio arqueológico Hatahara.

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Figura 7 - Diagrama de Day et al. (1977) para o sítio arqueológico Alice de Boer.

Figura 8 - Diagrama de Day et al. (1977) para o sítio arqueológico Lagoa do Camargo.

Figura 9 - Diagrama de Day et al. (1977) para o sítio arqueológico Serra da Capivara.

Figura 10 - Diagrama de Day et al. (1977) para o sítio arqueológico BA3-M.

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5. REFERÊNCIAS

BELTRÃO, M.; TOTH, E.; NEME, S. Perspectivas Arqueo-geológicas do Projeto Central – Nota Prévia. CLIO – Revista do Curso de Mestrado em História, 1984. DAY, R.; FULLER, M.; SCHIMMIDIT, V. Hysteresis properties of titanomagnetites: Grainsize and composition dependenc. Phys. Earth Planet. Inter., 1977. DUNLOP, D. J.; ÖZDEMIR, Ö. Rock Magnetism, Fundamental and Frontiers. Cambridge Univ. Press, New York, 1997. EGLI, R. Theoretical aspects of dipolar interactions and their appearance in first‐order reversal curves of thermally activated single‐domain particles. Journal of Geophysical Research: Solid Earth, 2006. EVANS, M.; HELLER, F. Environmental magnetism: principles and applications of enviromagnetics. Academic press, 2003. FILHO, R., MONTEIRO, M. Ecoturismo no Parque Nacional Serra da Capivara: trata-se de uma prática sustentável? Turismo em Análise, 2009. KRUIVER, P.; DEKKERS, M. J.; HESLOP, D. Quantification of magnetic coercivity components by the analysis of acquisition curves of isothermal remanent magnetisation. Earth and Planetary Science Letters, 2001. LIU, Q., BANERJEE, S., JACKSON, M., ZHU, R., PAN, Y. A new method in mineral magnetism for the separation of weak antiferromagnetic signal from a strong ferromagnetic background. Geophysical Research Letters, 2002. ZAINE, M. F. Patrimônios naturais e história geológica da região de Rio Claro-SP: edição histórica. Arquivo Público e Histórico, 1996

Figura 11 - DP em função do B1/2, para todos os sítios arqueológicos.

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ANÁLISE CRÍTICA DA LITERATURA INTERNACIONAL SOBRE SAÚDE MENTAL DOS REFUGIADOS Vivian Fadlo Galina

Bolsista PIBIC1

Profa. Dra. Denise Martin2

Instituição: Universidade Católica de Santos

Curso: Psicologia

1 [email protected]; [email protected]

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo avaliar criticamente os dados levantados pelas autoras sobre saúde mental dos refugiados no período de Setembro de 2014 a Janeiro de 2016 na base de dados Web of Science (Coleção Social Science Citation Index) - material previamente categorizado e analisado descritivamente - a partir de referenciais teóricos relevantes para o tema, além de subsidiar futuras pesquisas empíricas vinculadas à Cátedra Sérgio Vieira de Mello - ACNUR da UNISANTOS. A análise crítica foi realizada com base nos estudos de Beneduce (1998, 2007, 2010), Nathan (1994), Risso e Frigessi (1982), Malkki (1995), Pussetti (2009c, 2015), Fassin (2001, 2005, 2010), Fassin e Rechtman (2009) e Geertz (1989). Os resultados mostram refugiados tratados como categoria homogênea e suas experiências entendidas como uma série de eventos, e não um continuum. Com relação ao conceito de cultura, observa-se uma cultura apenas como variável epidemiológica. Neste estudo, abordamos de forma crítica as implicações destas limitações nas publicações revisadas. Entendemos as induções observadas como parte de um movimento maior, com influência de interesses políticos e econômicos: a patologização da experiência migratória. Concluiu-se que, desta forma, afasta-se o olhar que deve ser voltado às causas políticas, econômicas e sociais do sofrimento. Tendo em vista a realidade do refúgio no Brasil e a escassez de publicações nacionais relacionadas ao tema, o próprio estado da arte é um convite aos pesquisadores brasileiros. Palavras-chave: refugiados, saúde mental, trauma.

1. INTRODUÇÃO

As experiências que levam pessoas de diversas nacionalidades a solicitarem refúgio,

abandonando seus países de origem, geralmente envolvem fatores com potencial de

desencadear desordens mentais como Depressão e Transtorno do Estresse Pós-traumático

(TEPT), entre outros distúrbios, como verificamos nos estudos de Marshall et al. (2005) e

Kolassa et al. (2010). De acordo com Martins-Borges (2013), violências diversas, tortura,

massacres, morte de parentes e amigos são circunstâncias traumáticas às quais muitos

refugiados são expostos. Fome e perdas de bens também são ocorrências frequentes entre

essa população, além do choque sociocultural no país de refúgio.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

406

Miller e Rasco (2004) assinalam que os refugiados partem não em busca de uma vida

melhor, mas simplesmente para sobreviver, pois a sobrevivência em suas casas e

comunidades tornou-se perigosa se não impossível. Martins-Borges (2013) afirma que os

refugiados, pelo caráter involuntário e repentino de seu deslocamento, transportam consigo

muito pouco do que até então caracterizava sua identidade: hábitos, relações, status

profissional e social, residência; e que essas partidas não-planejadas, e muitas vezes não-

desejadas, são frequentemente tomadas por um sofrimento psicológico diretamente ligado

ao traumatismo ao qual foram submetidos no período pré-migratório e migratório.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as consequências psicológicas de

longo prazo geradas por conflitos são bem conhecidas e são cada vez mais reconhecidas

depois de grandes emergências tecnológicas e naturais. A maioria das emergências e crises

afeta primariamente e com frequência a saúde das populações vitimadas bem além dos

riscos imediatos de doença, morte e danos durante o estado de emergência. A comunidade

internacional agora considera as taxas de mortalidade e morbidade como indicadores da

severidade das condições que requerem intervenção humanitarista (WHO, 2007).

Com o constante crescimento do número de refugiados ao redor do mundo, a temática

do refúgio vem sendo abordada em diversos campos de conhecimento e produção científica.

No Brasil, o Direito Internacional é o campo que mais se ocupa desses estudos, notando-se

uma escassez nos estudos sobre a saúde em geral e também sobre a saúde mental dos

refugiados. As pesquisas existentes sobre o tema encontram-se predominantemente em

periódicos internacionais. No caso da Psicologia, é de suma importância aprofundar os

estudos sobre os impactos das experiências dos refugiados na saúde mental, já que grande

parte dessa população apresenta transtornos psicológicos de variados graus e naturezas,

como enfatizam Miller e Rasco (2004) e Pedersen e Kienzler (2008).

Das poucas pesquisas nacionais sobre a saúde mental dos refugiados, destacam-se

o trabalho de Martins-Borges e Pocreau (2012) apresentando o Serviço de Atendimento

Psicológico Especializado aos Imigrantes e Refugiados cujas atividades acontecem no

Departamento de Psicologia da Universidade Laval (Québec, Canadá) e o estudo de

Martins-Borges (2013) abordando a migração involuntária como fator de risco à saúde

mental. Ainda no espectro nacional, Santana e Lotufo Neto (2004) realizaram uma

investigação sobre a saúde mental dos refugiados em São Paulo em 2004, resultando na

implantação de um programa de atendimento nas esferas preventiva e terapêutica.

Marshall et al. (2005) avaliaram a prevalência, comorbidade e correlatos do transtorno

psiquiátrico em uma comunidade de refugiados cambojanos nos Estados Unidos em uma

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

407

amostra aleatória de residências. A análise das 490 entrevistas revelou que todos os

participantes do estudo haviam sido expostos a trauma severo antes da imigração e,

consequentemente, sofriam de TEPT (62%), Depressão (51%) e Alcoolismo (4%).

Pedersen e Kienzler (2008) postulam como um desafio único para os próximos anos

entender melhor não somente as mais óbvias consequências diretas e impactos na saúde

ocasionados por conflito e guerra, mas também (1) quais fatores políticos, sociais e

ambientais são relevantes para explicar resultados na saúde mental, incluindo distúrbios do

estresse traumático; (2) como estes fatores interagem e quais as relações, caminhos, ou

mecanismos que poderiam explicar seus impactos ou influências sobre a saúde das

populações ao redor do mundo; e (3) como realmente essa teia de causas, relações e

caminhos determinam o nível de sofrimento, doença, incapacidade e medo numa dada

população.

Os autores ainda enfatizam que o programa da pesquisa futura deveria focar não

somente no impacto de curto prazo, mas também no impacto de longo prazo naqueles

expostos a violência e eventos traumáticos e que é preciso continuar pesquisando novas

maneiras de reduzir sequelas e efeitos nas populações afetadas, além de desenvolver

inovações para tratamento efetivo e estratégias de recuperação melhoradas em ambos os

níveis individual e coletivo (PEDERSEN; KIENZLER, 2008).

O presente trabalho tem como objetivo avaliar criticamente os dados levantados pelas

autoras sobre saúde mental dos refugiados no período de Setembro de 2014 a Janeiro de

2016 na base de dados Web of Science (Coleção Social Science Citation Index) - material

previamente categorizado e analisado descritivamente - a partir de referenciais teóricos

relevantes para o tema. Este trabalho visa também subsidiar futuras pesquisas empíricas

vinculadas à Cátedra Sérgio Vieira de Mello - ACNUR da UNISANTOS, além de estudos

nacionais sobre o assunto, visto que até o momento a produção científica sobre o tema do

refúgio e saúde mental é escassa no Brasil.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA A categorização e análise descritiva dos dados levantados nas etapas anteriores

deste projeto nos possibilitou identificar os principais recortes e focos de atenção sobre o

tema saúde mental dos refugiados. Também foi possível analisar os métodos utilizados,

populações estudadas e transtornos mentais associados. Todavia, algumas questões

merecem um aprofundamento teórico dos artigos, como: (1) se existe contextualização do

motivo do refúgio nos estudos; (2) como é tratado o conceito de cultura nos estudos; (3) se

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

408

as experiências dos refugiados são entendidas como uma série de eventos ou um

continuum.

Nas publicações selecionadas, a experiência do refúgio está, de modo geral,

associada a maior prevalência de transtornos mentais, contudo parece não haver

consideração das especificidades dos acontecimentos pré-refúgio e da intensidade dos

traumas vividos. Estas reflexões nos conduziram a buscar fundamentações teóricas para

uma discussão mais aprofundada. Assim, estas questões foram analisadas a partir de

autores que vêm trabalhando conceitualmente a psicopatologia do exílio, o sofrimento social,

a antropologia da violência estrutural, a antropologia das políticas da vida, entre outros temas

relacionados. A saber: Beneduce (1998, 2007, 2010), Nathan (1994), Risso e Frigessi

(1982), Malkki (1995), Pussetti (2009c, 2015), Fassin (2001, 2005, 2010), Fassin e Rechtman

(2009) e Geertz (1989).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Mais do que os resultados dos artigos revisados, discutimos criticamente o olhar

voltado para o objeto das investigações, ou seja, a população com status de refugiado.

Consideramos este olhar de extrema importância, visto que se o objeto é mal definido ou

tratado de maneira tendenciosa ou reducionista no contexto de uma investigação, a

metodologia, os resultados e as interpretações decorrentes desta ficam irrevogavelmente

comprometidos. Desta forma, nos propusemos a apontar as evidentes limitações dos

estudos que fazem parte da revisão de literatura sobre a saúde mental dos refugiados

realizada por nós anteriormente. Por outro lado, indicamos também as lacunas no

conhecimento relacionadas com essas limitações.

De modo geral, os artigos analisados tratam os refugiados como categoria

homogênea, o que distancia o objeto da realidade pelos motivos expostos a seguir. As

investigações pretendem abordar o sofrimento psicológico dos refugiados a partir de

variadas perspectivas, porém em nenhuma delas se vê o cuidado de associar a presença

ou a ausência de trauma, bem como a intensidade do sofrimento, a variáveis importantes

como (1) as especificidades dos acontecimentos pré-refúgio (intensidade das experiências

vividas), (2) a separação entre as ocorrências pré e pós-refúgio, e (3) contexto sociocultural

e econômico em que viviam.

Refugiados que migraram por um bem fundado temor de perseguição, outros que

foram de fato perseguidos e torturados, e outros que perderam todos os membros de sua

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

409

família são vistos como objeto homogêneo e estudados a partir de uma metodologia

decorrente deste olhar. Assim, os resultados dessas pesquisas que os englobam em uma

mesma categoria, apesar das evidentes divergências, passam a ser também

homogeneizados e perdem, portanto, fiabilidade e validez. Dessa forma, faz-se necessário

que novos estudos sobre a saúde mental dos refugiados voltem a atenção para a

contextualização dos motivos do refúgio, a fim de contribuir com inferências dedutivas ao

invés de indutivas.

Nas publicações selecionadas, a experiência do refúgio está, de modo geral,

associada a maior prevalência de transtornos mentais, contudo a falta de consideração de

importantes variáveis dá margem para a relativização de suas conclusões. Nesse sentido,

entendemos as induções presentes em grande parte destes estudos como parte de um

movimento maior, com influência de interesses políticos e econômicos: a patologização da

experiência migratória. Por conta da falta de colocação, a instabilidade da vida do refugiado

é interpretada como uma anomalia e associada a uma potencial psicopatologia (Beneduce

1998, 2007).

Diversos autores dissertam sobre a ímpar situação psicológica do imigrante. Termos

como “mestiçagem impossível” (Nathan, 1994), “ambivalência da posição do imigrante”

(Risso e Frigessi, 1982), e “laceração psíquica insanável” (Beneduce, 2010) sintetizam a

percepção de cunho psicopatológico que se nutre acerca desta população nos últimos

tempos. Um evidente exemplo de patologização da experiência dos refugiados é a Síndrome

de Ulisses. Cunhada pelo psiquiatra catalão Joseba Achotegui, trata-se de uma nova

categoria diagnóstica para definir o sofrimento psíquico típico dos imigrantes. (Pussetti,

2015)

Tal patologização deve ser tratada sob um ponto de vista crítico, considerando os

interesses políticos e econômicos subjacentes a ela, bem como o papel da mídia nesse

processo. A crítica se coloca ao dar-nos conta da estigmatização imposta aos sujeitos

refugiados por conta deste olhar psicopatológico. Neste âmbito, o refugiado passa a ser visto

como um sujeito vulnerável, vitimizado e passivo (Malkki, 1995), à mercê do apoio

psicológico e psiquiátrico oferecido pela sociedade de acolhimento, o que se distancia

fundamentalmente da realidade.

Tendo em vista as dificuldades para obter direitos de cidadão e aproveitando-se deste

cenário, muitos refugiados buscam através de seus transtornos psicológicos – reais ou

dramatizados teatralmente – conseguir pelo menos direitos humanos. Ou seja, enquanto

sujeitos ativos que são, muitos refugiados se apropriam até mesmo da estigmatização em

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

410

favor de seus próprios interesses. Na maioria dos casos, é preciso então ser ou fazer-se de

doente para ter autorização de residência e o mínimo de dignidade (Pussetti, 2015). Do

ponto de vista de Fassin, quando todos os outros terrenos são postos em discussão, o corpo

impõe a própria legitimidade (2001, 2005).

Por outro lado, vemos ganhar força a medicalização do sofrimento, contribuindo para

o crescimento da indústria do trauma. Como disse Pussetti, “reduzir a complexidade e a

pluralidade das experiências migratórias ao perímetro restrito desta definição nosológica

[síndrome de Ulisses] significa enfim considerar que os problemas podem ser controlados e

monitorizados farmacologicamente” (2009c).

De acordo com Didier Fassin e Richard Rechtman (2009), o conceito de trauma em

muitas ocasiões serve a empregos políticos e sustenta a indústria humanitária e clínica que

se alimenta de suas vítimas. Além disso, tal indústria protege a história e as nações de suas

responsabilidades, transformando a violência política em patologia individual sob o manto

neutro da ciência.

Quanto ao questionamento que se levantou acerca do recorte do trauma nos estudos

analisados, observamos que as experiências dos refugiados são entendidas como uma série

de eventos e não um continuum. Todavia, o trauma é um processo, então não se pode tratá-

lo como um evento transversal.

Com relação ao conceito de cultura presente nas publicações, observamos uma

cultura como variável epidemiológica (fator isolado dos demais e não integrado), quando

esta deve ser vista como contexto de compreensão do comportamento humano e um

background para os acontecimentos. Não existe separação entre momento biológico,

momento psicológico, sem cultura. A cultura é intrínseca a qualquer manifestação do

homem, por se tratar de um sujeito social que produz cultura constante e naturalmente a

partir de suas relações com o outro e com o mundo. (Geertz, 1989)

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A discussão crítica proposta como objetivo central deste trabalho evidenciou uma

biomedicina que opera como dispositivo de cidadania, convidando à revisão de valores e

conceitos por parte tanto de orgãos políticos quanto da comunidade científica,

principalmente nos âmbitos da saúde coletiva e da saúde mental. Enquanto a população

refugiada é vista pela sociedade internacional como objeto de compaixão por suas chagas

físicas, misérias emocionais e moléstias psíquicas, afasta-se o olhar que deve ser voltado

às causas políticas, econômicas e sociais do sofrimento. Neste sentido, de acordo com

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

411

Fassin (2010), conclui-se que a política da compaixão é uma política mais da desigualdade

do que da solidariedade.

Dessa forma, o cenário científico atual no que diz respeito à saúde mental dos

refugiados enseja a necessidade de novas e mais consistentes investigações. Tendo em

vista a realidade do refúgio no Brasil – com o crescente número de refugiados reconhecidos

– e a escassez de publicações nacionais relacionadas ao tema, o próprio estado da arte é

um convite aos pesquisadores brasileiros.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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MÚSICA NA ADOLESCÊNCIA: UMA PROPOSTA PARA ESCOLAS PÚBLICAS Yasmin Farah de Oliveira

Bolsista PROIN1

Profa. Me. Rita Maria Gonçalves2

Instituição: Universidade Católica de Santos – Unisantos

Curso: Licenciatura em Música

1 [email protected] [email protected]

RESUMO: Esta pesquisa foi elaborada como uma proposta de ensino musical básico (2), especificamente para as três séries, 1º (primeiros) 2º (segundos) e 3º (terceiros) anos, que formam atualmente o Ensino Médio das escolas públicas do Estado de São Paulo, voltada exclusivamente para adolescentes e jovens que estão inseridos nas mesmas, envolvendo os seguintes conteúdos musicais: as (quatro) propriedades do som (altura, intensidade, timbre e duração), instrumentação, gêneros e seus subgêneros, consistindo no aprendizado e apreciação dos mesmos, através de um desenvolvimento musical com dinâmicas de ensino teóricas, voltadas para a explicação dos conteúdos e nas aplicações práticas, envolvendo os mesmos, de maneira visual, auditiva e corporal, baseado na realidade musical dos alunos, onde gradativamente foi se expandindo. Nela utilizamos recursos eletrônicos na aplicação, para substituir a ausência de materiais específicos musicais que existe nas instituições públicas, se tornando indispensável à utilização destes recursos. A pesquisa se desenvolveu em três etapas: pesquisa de campo (reconhecimento musical dos alunos), aplicação (baseada nos resultados da primeira etapa) e questionários (para finalização no intuito de obter os resultados das duas etapas anteriores), assim, demonstrando a modificação musical que houve com esses adolescentes, através de um ensino musical com os conteúdos básicos, trazendo para os mesmos, percepções e reflexões sobre a música que os envolve. Palavras-chave: educação musical, ensino médio e adolescência.

1. INTRODUÇÃO

A educação musical pode ser desenvolvida nos três ciclos educacionais: educação

infantil, fundamental e médio. De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases 9.394/96

estabelece a educação básica baseada nesses ciclos, onde no ano de 2008, através da Lei

nº 11.769, incluiu-se a música como parte do currículo obrigatório na disciplina de Artes

englobando também a rede pública de ensino, em toda a educação básica. (ESCOLA, 2012,

p. 19).

Porém, as três séries do Ensino Médio na rede pública de ensino a apreensão de

conteúdos musicais nem sempre são os ideais esperados, considerando que a maioria das

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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escolas do ensino fundamental não existe a presença de um educador musical

desenvolvendo os conteúdos musicais.

Com isso, o ensino musical acaba sofrendo ausência na escola pública, tornando

assim, importante o desenvolvimento de dinâmicas de elementos da linguagem musical de

grande importância para que o contato com a música, na instituição escolar; além de adaptar

dinâmicas para determinadas faixas etárias é fundamental, pois a maioria das práticas sobre

os conteúdos básicos envolve o ensino infantil. Deste modo, se pressupõe que o jovem já

tenha passado pelo aprendizado musical na infância, o que de fato não ocorre em nossa

realidade escolar pública.

Sendo assim, para que o aluno de instituição da rede pública frequente das séries do

Ensino Médio, não sair prejudicado em relação ao ensino musical, propomos elaborar e

desenvolver dinâmicas e práticas voltadas para a sua realidade utilizando conteúdos

musicais básicos escolhidos para serem tratados no presente projeto de estágio. São eles:

instrumentação e as quatro propriedades do som (altura, intensidade, timbre e duração),

oportunizando um início de percepção musical consciente e não deixando este jovem sair

da escola, sem nenhum contato e experiência de um aprendizado musical.

2. PROCEDIMENTOS DE PESQUISA 2.1. Pesquisa de Campo – Instrumentação, Gêneros e Subgêneros Musicais

O presente projeto iniciou-se com o intuito do reconhecimento musical dos alunos,

através da explicação teórica, com a aplicação de questionários, que tratavam de descobrir

o nível de conhecimento musical dos alunos e a relação que continham sobre os assuntos

musicais, etapa indispensável para aferição não só das habilidades musicais, como também

para estabelecer ligações de comunicação entre os alunos e as estratégias de aprendizado,

sem esta etapa é possível haver uma grande dificuldade de alcançar um aprendizado

produtivo. (Vertamatti, 2013,p.20)

O tópico abrangendo “instrumentação”, escolhido primeiramente, para iniciar o projeto

com os alunos, foi de extrema importância, para conseguir tratar posteriormente, a junção

com outros aspectos da linguagem musical, previstos em nosso trabalho de estágio. Nesta

dinâmica, houve a presença sobre um tratamento histórico, geográfico e cultural dos gêneros

e subgêneros, mais presentes na realidade social e cultural atual dos alunos, a dinâmica

com a instrumentação foi sobre quantidade, nomeação dos mesmos, formação e

qualificação da presença de tais dentro das músicas apresentadas, havendo gêneros e

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

419

subgêneros conhecidos e não conhecidos (frevo, maracatu, samba de raiz, samba choro,

soul music, entre outros) pelos alunos, com o objetivo de percepção sonora.

2.1. As Propriedades do som – Altura, Intensidade, Timbre e Duração

Após realização da pesquisa de campo e prática auditiva; a segunda etapa tratamos

outros tópicos relacionando as quatro propriedades do som, traçando uma ordem escolhida

conforme a realidade musical dos alunos . Desta maneira percebemos que as dinâmicas

tornaram-se produtivas e facilmente compreendidas. A propriedade do som “altura” foi à

primeira seguida de intensidade, timbre e duração, que ao desenvolvimento deu-se com

pequenas práticas corporais, através dos exemplos dos sons graves e agudos (altura) sendo

feitos com as vozes femininas e masculinas; já os fortes e fracos (intensidade), os alunos

produziram efeitos de tal em cima com batidas em cima de mesas, cadeiras, palmas entre

outros recursos, dando noções sobre o funcionamento de seus corpos em relação à projeção

dos sons, afinal sons produzidos pelo corpo, representam nosso estado emocional, físico e

sentimental. Nossos sons corporais expressam sentimentos, sensações e pensamentos.

(p.29, 2009, Teixeira), no conteúdo musical Timbre, foi necessário uma explicação teórica,

oral e escrita sobre: termo, importância e existência dentro da música e diferença sonora,

para se conseguir o aprendizado sobre Timbre, houve a necessidade de associação e

analogia com o conceito musical altura, para uma identificação sonora em relação aos

instrumentos e suas famílias. O último conceito foi a sobre Duração e deu-se através de uma

breve explicação teórica, na qual a prática, utilizou-se o instrumento musical flauta doce,

para apresentar os sons longos e curtos, para a verificação do aprendizado sobre este

conteúdo, houve dinâmicas envolvendo adivinhações e comparações, em relação à duração

dos sons a serem feitos na flauta doce, houve também o questionamento, como e quais

eram os instrumentos com a maior presença de sons, no quesito duração e intensidade,

dentro das músicas apresentadas com os eletroeletrônicos.

As últimas atividades com os alunos foram: Audição de algumas músicas com gêneros

conhecidos ou não pelos alunos e a identificação de todo o conteúdo passado ao longo do

projeto, para perceber se a percepção auditiva, dos assuntos trabalhados, para a verificação

se realmente os conteúdos foram entendidos pelos alunos (documentos anexados, no

tópico, resultados).

A percepção auditiva básica foi desenvolvida partindo da presença dos sons dos

instrumentos com o objetivo de qualificação da nomeação dos mesmos, em conjunto com

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

420

os quatro aspectos da propriedade do som, presentes nas músicas apresentadas pelos

próprios alunos e posteriormente encontrar dentro de outros gêneros e subgêneros não tão

habituais para os mesmos, criando um nível de dificuldade a ser enfrentado para

descobrimento do entendimento da dinâmica. Todos os aspectos foram desenvolvidos por

etapas e individualmente, após isso, foram se somando-se as outras informações dos

conteúdos musicais.

A apresentação das amostras musicais trazidas pelos alunos foi demonstradas com o

uso dos aparelhos eletrônicos, primeiramente, voltado para a percepção auditiva na questão

de analisar as diferenças das propriedades dos sons presentes nas músicas, obtendo

primeiramente foco nos conceitos das mesmas, segundamente, a análise era feita com

outros gêneros e subgêneros musicais dentro da realidade musical dos alunos, assim

criando uma apreciação musical significativa para os alunos auxiliando na identificação e até

mesmo na socialização, (Constantino, 2012, p.18) e por fim, não os presentes. Nesta

dinâmica a questão da instrumentação de uma ou mais propriedades do som, sempre era

bem reforçada e presente nas dinâmicas, para o objetivo comparativo nos sons e dos

conteúdos.

Para alcançar o objetivo, de descobrimento do aprendizado dos alunos, sobre todos os

conceitos, sem misturá-los, o nível de dificuldade aplicado foi à percepção dos conteúdos,

altura, intensidade, timbre e duração, nas amostras dos gêneros e subgêneros musicais,

conhecidos pelos alunos mesmo não sendo músicas de sua rotina.

2.2. Questionários

Esta etapa foi desenvolvida para a verificação de como foi o aprendizado dos alunos

com um determinado espaço de tempo das outras duas etapas desenvolvidas acima e

também com a relação que os alunos tiveram com os conteúdos a longo, sendo assim

havendo um determinado espaço de tempo entre as etapas e escolhida para ser aplicada

por último.

O questionário aplicado conteve 10 (dez) questões sendo 3 (três) alternativas e 7 (sete)

descritivas, envolvendo o ensino de música que os alunos tem contato em sua rotina escolar

e suas impressões, opiniões sobre trabalho de educação musical desenvolvido no projeto.

Todos os questionários foram aplicados individualmente. As algumas das amostras

levantadas nesta etapa estão expressas no tópico resultados.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

421

3. RESULTADOSE DISCUSSÃO

A pesquisa por ter sido desenvolvida e aplicada em três etapas (pesquisa de campo,

aplicação e questionário), obteve-se ao longo do trabalho alguns resultados, organizados

em tabelas e gráficos, a fim de demonstrar a porcentagem e uma melhor visualização e dos

resultados e dos números obtidos, a fim de discutir o entendimento das metas.

A primeira etapa (pesquisa de campo) houve conversas informais sobre música,

descobrindo-se as afinidades dos alunos pelo tema, assim trazendo a possibilidade da

aplicação dos questionários. Resultados demonstrados no Gráfico 1 e Tabela 1.

Gráfico 1 e Tabela 1: Quantidade de Instrumentos Conhecidos pelos alunos

Após os resultados obtidos sobre o conteúdo musical: instrumentação, a próxima etapa

consistiu em uma descoberta sobre a afinidade que os alunos obtinham com os gêneros e

subgêneros musicais, nesta etapa além da conversa informal sobre o tema, foi necessária

uma explicação teórica, em relação a: gênero e subgênero e estilo musical, pois muitos

alunos ou não obtinham este conhecimento ou confundiam suas nomeações.

Outra etapa do questionário foi sobre quais gêneros e subgêneros os alunos

conheciam, não levando em consideração seus gostos pessoais sobre os mesmos.

46%25%

24%

5%

Quantidade de Instrumentos Conhecidos e Número de alunos11 á 20 6 á 10 21 ou mais 0 á 5

Quantidade de Instrumentos conhecidos: Quantidade de alunos:

0 á 5 instrumentos 4

6 á 10 instrumentos 18

11 á 20 instrumentos 33

21 ou mais instrumentos 17

Total de alunos 72

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

422

Gráfico 2: Quantidade de Gêneros Citados pelos alunos

O gráfico acima apresenta o resultado levantado através do questionário aplicado,

apresentando as citações feitas pelos mesmos sobre o tema. Antes de qualquer

desenvolvimento prático e teórico, proposto pelo projeto, logo em seu início foram obtidos

tais resultados. Ainda pertencendo a etapa - pesquisa de campo, para reconhecimento da

rotina musical dos alunos, esta verificação é indispensável para a formação e aplicação das

dinâmicas musicais, envolvendo os conteúdos das quatro propriedades do som, a ser

desenvolvido um trabalho embasado em respeito, tolerância pelas práticas a serem

passadas, sobre os conteúdos, responsabilidade totalmente sobre tal, do professor.

(Constantino, 2012, p.19 e p.20).

Na etapa aplicação, a cada escuta sobre os gêneros e subgêneros musicais, havia

comentários históricos, sobre cada um deles, assim, despertando curiosidade e sequência

no desenvolvimento do projeto.

As demonstrações musicais, feitas com auxílio de gravações das músicas, inicialmente

apresentaram: dificuldades no reconhecimento e na distinção sonora dos aspectos musicais

básicos (altura, intensidade, timbre e duração), em todas as atividades inicias, era

necessário o auxílio de uma orientação oral sobre os aspectos sonoros a serem percebidos,

posteriormente esse cenário foi diminuindo.

Ao final, muitos alunos já conseguiam imediatamente entender auditivamente as

diferenças musicais sozinhos, com comentários sobre: quais gêneros e subgêneros

musicais, os mesmos pertenciam, quais e quantos instrumentos continham e reconhecendo

tais, auditivamente e outros vários aspectos musicais básicos, mostrando-se assim que o

aprendizado por parte dos adolescentes foi realizado com sucesso; Porém ao classificá-los,

apresentou- se um resultado regular, ainda se uma falta no costume de utilizar

nomenclaturas específicas musicais.

Sertanejo14%

Rock12%

Funk11%

Pop10%

Eletrônica9%

Samba8%

Forró6%

Rap6%

4%4%

3%3%

3%

3%

2%1%

1%

1%

1%

Outra11%

Principais Gêneros Citados:

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

423

Com isso, no final do projeto, na etapa entrevistas, o propósito foi de evidenciar que

houve um aprendizado musical e melhoria cultural em relação à música, nas questões

alternativas do mesmo, apresentou-se em maioria, o aprendizado sobre os seguintes

conteúdos básicos musicais: Gêneros, Subgêneros, Instrumentação (sopros, cordas, voz e

percussão) e Estilo, com os alunos, através da aplicação do projeto, constatou-se suas os

seguintes impressões sobre o projeto, demonstrado no gráfico 3.

Gráfico 3: Quantidade de Gêneros Citados pelos alunos

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto propôs dinâmicas construtivas, baseadas na realidade para jovens de

escolas públicas, com auxílio do conhecimento nas propostas de ensino musical feito por

renomados educadores da área (Gainza, Dalcroze, Schaffer, entre outros) teve seu objetivo

alcançado com os adolescentes, alunos de escola pública, das três séries do ensino médio,

que conseguiram uma melhora sobre seus conhecimentos e perspectivas musicais, assim,

moldando melhor seu conhecimento cultural pela área desenvolvida, demonstrando que

nestes locais (como foi abordado nesta pesquisa) há realmente pouca valorização de um

ensino musical adequado, voltado para formação dos jovens. Com as atividades criadas e

aplicadas, foi possível instruir um conhecimento musical básico, modificando a realidade dos

mesmos que adquiriram uma melhor perspectiva crítica musical, melhorando suas

impressões culturais sobre a música.

Com auxilio das entrevistas aplicadas com os alunos e professor, onde tais

descreveram suas impressões pessoais, apontando como o ensino da música modificou

suas impressões culturais e musicais, onde em tais, foi descrito em maioria com perspectivas

11%

11%

11%

11%12%

12%

12%

12%8%0%

Questão 3 - Resposta disertativa

Interessantes

Boas paradesenvolverhabilidadesmusicais

22%

22%

17%

13%

13%

13%

Questão 6 - Resposta Disertativa

Para se ter noçãode fundamentosmusicais

Para descontraire relaxar oambiente escolar

Pois faz parte donosso cotidiano

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

424

positivas, sobre o desenvolvimento do ensino de música e da cultura musical, vivenciada

normalmente pelos mesmos, com isso houve o reforço e comprovação que há importância

de um ensino musical, aplicado por professores da área, para melhorias no ensino musical

e cultural dos alunos nas instituições escolares.

Com a aplicação do projeto, dos questionários e entrevistas, foi possível a descoberta

das impressões dos alunos sobre os conteúdos musicais e aplicação do projeto em sim,

assim também havendo uma verificação para uma confirmação da falta de aplicação dos

conteúdos musicais básicos e avançados, por profissionais da área, por esse fato, houve a

necessidade da escolha de desenvolver com esses adolescentes, a primeira atividade de

ensino musical, necessitando-se da adaptação, uma vez que, a maioria das dinâmicas de

educação musical são estruturadas para o ensino infantil, sendo assim, excluindo os

adolescentes de terem um ensino musical básico, estas dinâmicas criaram um vínculo

baseado no respeito e uma interação musical na realidade dos alunos, onde conseguindo

tal objetivo, seguiu-se com a criação de aprendizagem sobre os conhecimentos musicais,

onde possibilitou a melhoria do ambiente social, cultural dos alunos em e com relação à

música.

Este projeto possibilita a aplicação frequente, deste ensino em um futuro nas escolas

públicas estaduais para jovens do ensino médio, com a proposta de melhoria cultural em

relação à música e as linguagens artísticas, uma vez que, em tais espaços, como foi possível

concluir no decorrer desta pesquisa, há uma falta de incentivo cultural nas escolas públicas

na

s disciplinas de artes, principalmente na área musical.

5. REFERÊNCIAS

BERTOLI, Cristina, de Santos. Aula de música e escola: concepção e expectativas de alunos do ensino médio sobre a aula de música na escola. Revista da ABEM, n.27, jan., 2012 BRITO, Teca Alencar. Koellreuter educador: o humano como objetivo da educação musical. 2.ed. São Paulo: Peirópolis, 2011. CARDOSO, Paula Letícia. O papel da escola no gosto musical e artístico. Campinas, 2005. Trabalho de Conclusão de Curso - , Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas. CONSTANTINO, Paulo R. P. Apreciação de Gêneros Musicais na Escola: possíveis percursos. São Paulo: Cultura Acadêmica, Unesp, 2012.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

425

CRESPILHO, Jaqueline Domenicone. Estudo sobre o significado da experiência musical na escola. Campinas, 1993.Dissertação (Mestrado em artes) – Instituto de Artes, Universidade Estadual de Campinas. FONTERRAFA, Marisa Trench de Oliveira. Método Dalcroze: educação musical para o corpo e a mente. São Paulo, 2003. Dissertação (mestrado em Música) – Universidade Estadual Paulista. GAINZA, Hamsy Violeta, Estudos de Psicopedagogia Musical. São Paulo: Summus, 1988. HUMMES, Júlia Maria. Por que é importante o ensino de música? Considerações sobre as funções da Música na Sociedade e na Escola. Revista da ABEM, n.11, set., 2004. JARDIM, Vera Lúcia Gomes. Institucionalização da profissão docente – o professor de música e a educação pública. Revista da ABEM, n.21, mar., 2009. JORDAO, Gisele,Renata, R. Allucci,Sergio Molina,AdrianaMiritello Terahata. Música na escola. Allucci & Associados Comunicações. São Paulo - 2012 MACHADO, Daniela Dotto. A visão dos professores de música sobre as competências docentes necessárias para a prática pedagógico-musical no ensino fundamental e médio. Revista da ABEM, n.11, set., 2004. PENNA, Maura. Professores de Música nas escolas públicas de Ensino Fundamental e Médio: Uma Ausência significativa. Revista ABEM, n.7, set., 2002. SCHAFER, Murray. O ouvido Pensante. São Paulo: Unesp, 1991. TEIXEIRA, Tatiana, Dias. O canto na abordagem educacional de Zoltán Kodály. São Paulo: Faculdade Santa Marcelina (FASM), Monografia, 2009. UITGEVERIJ, Panta Rhei, 100 jogos musicais. Portugal: Asa Editores II, S.A, 2004. VERTAMATTI, Leila Rosa Gonçalves. Entre-sons, Entre-Mundos e Entre-Idades. São Paulo: Cultura Acadêmica; 2012. WILLEMS, Edgar. As bases psicológicas da Educação Musical. Fribourg: Èdition Pro Música,1970.

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426

V Jornada de Iniciação

Científica do Ensino Médio

&

I Mostra Científica do Ensino

Médio

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE JOVENS NA PERSPECTIVA DO EMPREGO VERDE NO ESTADO DE SÃO PAULO

Agatha Lorraine Gonçalves Matos1

EE Marques de São Vicente

Bolsista PIBIC1

Prof. Dr. Veronica Altef Barros2

[email protected] [email protected]

RESUMO: A transição para uma economia mais verde afetará, segundo dados da OIT, cerca da metade dos trabalhadores do mundo, em decorrência das mudanças nos tipos de trabalho e na necessidade de outras competências não exigidas pela formação profissional tradicional. Estima-se que serão oito os setores que serão mais afetados: agricultura, silvicultura, pesca, energia, indústria manufatureira, reciclagem, construção e transporte. Na perspectiva do desenvolvimento sustentável, portanto, a formação profissional torna-se elemento fundamental, tendo em vista a mitigação dos impactos referidos e sua importância econômica na geração de emprego e renda. Portanto, o presente trabalho tem como objetivo analisar a preparação dos jovens no que tange à referida transição para uma economia mais verde e, por consequência, para o emprego verde no Estado de São Paulo. Compreende-se por emprego verde aqueles que: reduzem o impacto das empresas no meio ambiente e dos setores econômicos em níveis que sejam sustentáveis para evitar as emissões de gases de efeito estufa; incluem ocupações em todo o espectro laboral, desde o trabalho manual até o altamente qualificado. A fim de alcançar os objetivos propostos, utiliza-se a pesquisa quantitativa, e, em relação ao procedimento, a pesquisa bibliográfica e documental. Trata-se de trabalho em andamento, assim, nessa primeira etapa, foram levantados os cursos fornecidos pelos serviços nacionais de aprendizagem do Estado de São Paulo. Foram constatados no SENAR e SENAT, cursos de educação ambiental, quais sejam: Campo Sustentável e Caminhoneiro Amigo do Meio Ambiente, respectivamente. E no SENAC, curso de Técnico em Meio Ambiente. Diante do exposto, verifica-se, no primeiro levantamento, que ainda o Estado de São Paulo não possui ofertas consideráveis de cursos na linha de preparação para o emprego verde. Palavras-Chave: Emprego Verde; Formação Profissional; Trabalho Decente

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

428

OS EVENTUAIS IMPACTOS DE RIVALIDADE ENTRE AS GRANDES POTÊNCIAS

Amanda Dias Silva

Liceu Santista

Bolsista PROIN1

Prof. Dr. Thiago Fernades Franco2 [email protected]; [email protected]

RESUMO: Após a dissolução da URSS e o subsequente fim da Guerra Fria, após mais de quatro décadas de tensão, as teorias predominantes da área de Relações Internacionais apontavam para o início de uma nova ordem mundial baseada na cooperação e nas normas de Direito Internacional, de caráter mais pacífico, na qual a rivalidade entre as potências mundiais não mais teria papel pivotal nas relações internacionais. No entanto, ao contrário do que se esperava, essa realidade não se concretizou e, ao que parece, um acirramento na rivalidade entre as grandes potências (EUA, Rússia e China) está ocorrendo. Nosso projeto visa, através de revisão bibliografia das teorias predominantes nesse período pós-Guerra Fria em face dos acontecimentos recentes, verificar se esses fatos representam um desafio teórico para as Relações Internacionais. Não obstante, com o fim da Guerra Fria, em função da dissolução da União Soviética, surge o questionamento da reorganização do sistema de poder em face da derrocada da bipolaridade (KISSINGER, 2014). Findado o conflito e aparentemente superadas as tensões – ou ao menos substancialmente diminuídas –; consolidou-se a noção de que teria início um período de cooperação internacional em função da reaproximação dos países do antigo bloco soviético com o bloco capitalista (NYE, 2006). Por conta dessa reintegração e a disseminação dos ideais liberais e da redemocratização desses países, as tensões entre as potências do mundo e a possibilidade de um conflito entre elas parecia diminuta, colocando questões de rivalidade entre as potências numa escala menor de importância dentro das relações internacionais (KEOHANE, 2011). É, por exemplo o auge das teorias da interdependência complexa (KEOHANE; NYE, 2011) e do “fim da história” (FUKUYAMA, 2006). Essa perspectiva teórica essencialmente neoliberal, de um sistema internacional baseado na cooperação e de caráter pacífico, passou a ser predominante no período imediato do fim da Guerra Fria. Palavras-Chave: rivalidade; potências; China; Rússia; EUA; Guerra Fria.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

429

TEORIA FEMINISTA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS Ana Beatriz Junot Longhin

Liceu Santista

Bolsista PROIN1

Profa. Me. Alessandra Beber Castilho2

[email protected], [email protected]

RESUMO: Durante quase todo o século XX, o liberalismo e o realismo foram os paradigmas dominantes dentro do campo das Relações Internacionais. A partir do quarto debate iniciado na década de 1980, têm-se o surgimento de novas correntes e debates críticos às correntes hegemônicas da área, cujos expoentes partem de um local de fala muitas vezes periférico e/ou marginalizado dentro das RI – boa parte tendo a sua essência enquanto tema da disciplina negada pelas duas correntes citadas anteriormente. A abordagem feminista das RI surge nessa toada, trazendo uma compreensão do internacional a partir das questões de gênero. Este projeto visará, portanto, estudar de forma abrangente esta corrente teórica, através de uma abordagem histórica que possibilite uma compreensão das teorias clássicas da teoria feminista, das teorias das relações internacionais e da intersecção entre as duas teorias. As questões de gênero têm emergido com muita força nos últimos tempos, ocupando espaços da mídia tradicional e das redes sociais, atingindo os adolescentes ainda que de forma superficial. A teoria feminista de Relações Internacionais, ao questionar a dicotomia entre o plano interno e o plano internacional advogada pelo realismo abre espaço para um debate político de questões privadas como a violência doméstica e a desigualdade salarial entre homens e mulheres. Assim, é um ponto de partida para que o/a educando/a consiga abstrair questões globais desde uma perspectiva local, do espaço onde vive – desmistificando a aura do campo das RI enquanto intangível e distante de sua realidade. Palavras-Chave: Feminismo; Relações Internacionais

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

430

COMO A ONU ATUA DIANTE DOS REFUGIADOS Beatriz da Rocha Felix

Liceu Santista

Bolsista PROIN1

Profa. Dra. Natalia N. Fingermann2

[email protected], [email protected]

RESUMO: O projeto realizado será um banner com o intuito de informar e descrever como a ONU (Organização das Nações Unidas) atua diante dos refugiados. Será analisado quais são os direitos dos refugiados de acordo com o órgão dentro da ONU que discute sobre esse assunto, o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) que teria o mandato de dirigir e coordenar a ação internacional para proteger e ajudar as pessoas deslocadas em todo o mundo e encontrar soluções duradouras para ela, como os países lidam com essa situação, principalmente o Brasil, se há projetos dentro deles que acolhem essas pessoas e inserem elas dentro da sociedade, ou se não há nenhum projeto social com o intuito de inseri-los naquele país. Para quem se vê obrigado a fugir de seus lares, normalmente devido a guerras ou perseguições, a Agência da ONU para Refugiados é, frequentemente, a última esperança de um retorno a uma vida normal.Hoje em dia, com uma equipe de aproximadamente 9.300 pessoas em mais de 123 países, procura ajudar cerca de 46 milhões de pessoas em necessidade de proteção. Palavras-Chave: Onu; Refugiados.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

431

FATORES SOCIOAMBIENTAIS ASSOCIADOS AO ABUSO DE DROGAS ENTRE CRIANÇAS E ADOLESCENTES Beatriz Isidoro Maciel Furtado

EE Marques de São Vicente

Bolsista PROIN

Profa. Me. PAULA CARPES

[email protected], [email protected]

RESUMO: O consumo de drogas é um problema de Saúde Pública que assola a humanidade desde a Antiguidade. É crescente a preocupação bem como os dados estatísticos relacionando o abuso de drogas psicoativas com crianças e adolescentes. O problema é multifatorial e pode ser dividido em fatores internos, os quais são inerentes ao indivíduo e em fatores socioambientais ou externos, que são aqueles que o influenciam diariamente. Delimitar os fatores socioambientais que tornam a criança e o adolescente vulneráveis ao abuso de drogas a fim de minimizar tais condições/situações. É crescente o número de crianças e adolescentes em situações de conflito por terem contato desde cedo com drogas e, apesar de haver fatores individuais que despertam o desejo de consumos de tais substancias, há também os fatores socioambientais, os quais são fatores externos ao indivíduo e que proporcionam fácil acesso ao uso. Uma vez que as drogas causam dependência/drogadição é mister conhecer os fatores socioambientais facilitadores. Palavras-Chave: drogas de abuso; fatores socioambientais; crianças e adolescentes.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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INVESTIGAÇÃO-AÇÃO CONTRA O BULLYING Camilla de Paula Cintra Jorge

Liceu Santista

Bolsista PROIN

Profa. Me. Dalva Mendes

[email protected]; [email protected]

RESUMO: O projeto “Investigação-ação contra o bullying” teve como foco verificar a incidência da agressão entre os jovens no ambiente escolar, para isso foram realizadas duas entrevistas com profissionais da área psicológica e uma pesquisa de campo com alunos do Ensino Fundamental, na escola Liceu Santista. Pesquisas bibliográficas e leituras foram feitas ao longo do projeto e serviram de base para a formulação do questionário a ser aplicado e para a formatação do roteiro de entrevistas. Essas pesquisas forneceram também elementos para o entendimento dos tipos de Bullying e para interpretação dos resultados da agressão com suas consequências na vida da vítima e do agressor além da elaboração de uma tabela que auxilia na prevenção do cyberbullying. Os dados estatísticos obtidos com a pesquisa de campo, revelaram que o bullying ainda permanece na realidade de muitos jovens, principalmente no ambiente escolar, e o cyberbullying é uma agressão virtual que vem se ampliando. Diante disso, profissionais da área pedagógica procuram aplicar dinâmicas e atividades cooperativas, que trabalhem com as diferenças de cada indivíduo, inibindo o progresso da agressão, presente já há algum tempo na sociedade. Palavras-Chave: vítima; bully; agressão.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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MEMÓRIA DE MARICLEA BARROS, DIRETORA DE ESCOLA Carla Danielle Freitas Rodrigues de Cerqueira

EE Prof. Primo Ferreira

Bolsista PIBIC1

Profa. Dra. Maria Apparecida Franco Pereira2

[email protected], [email protected]

RESUMO: A historiografia das escolas Santistas é ainda muito deficitária, embora já haja estudos de algumas escolas realizado LIAM(Laboratório e Informação e Arquivo da Memória da Escola), da Universidade Católica de Santos, registrado no CNPq. A professora Mariclea Barros, diretora do Escola Estadual Professor Primo Ferreira de Santos, em depoimento escrito, recorda alguns fatos importantes da sua vida como diretora, contribuindo para o conhecimento da historia dessa importante instituição escolar. A escola atingiu um prestígio muito grande na cidade, durante a sua gestão. O Primo Ferreira localizava-se primeiramente em bairro do centro da cidade e, seu prédio próprio é construído no antigo campo da Associação Atlética Americana, no bairro de Vila Belmiro próximo ao campo do Santos Futebol Clube. Esse documento da professora permite-nos verificar como a professora via a escola. Entretanto, esse depoimento é apenas uma fonte histórica. Para uma visão mais completa do período, é nescessário a ultilização de outras documentações. Palavras-chave: memoria da escola; E.E.Professor Primo Ferreira; história da educação em Santos.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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ELABORAÇÃO DE GLOSSÁRIOS BILÍNGUES DE EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS RETIRADAS DE SERIADOS Carolina Callejon Losada

Liceu Santista

Bolsista PROIN1

Prof. Me. José Martinho Gomes2

[email protected], [email protected]

RESUMO: A análise e comparação da linguagem e tradução de cinco scripts do seriado Lei e Ordem teve como objetivo explorar a extensão linguística possuída por tradutores e observar suas escolhas relacionadas à legenda. Também foi analisada a linguística de corpus dos scripts. Foi possível observar que nem tudo que está no script é traduzido e apresentado na legenda de cada episódio, além de uma mesma palavra ser traduzida de diversas formas dentro de um mesmo capítulo. A análise foi feita através da comparação do texto original em inglês com o texto traduzido em português e após esta primeira fase, seguiu-se para a separação em campos da linguística de corpus destacando-se os phrasal verbs , police vocabulary , collocations , legal vocabulary , expressions e violence vocabulary . Foi observada a grande hegemonia de legal vocabulary e police vocabulary. Este resultado já era esperado por se tratar de um seriado de cunho policial, por isso, as palavras e expressões que mais seriam utilizadas seriam aquelas que se assemelhassem ao cotidiano policial. Enquanto o trabalho era feito, surgiu a dúvida se assistir a séries, filmes ou ler livros em uma língua estrangeira traria algum tipo de progresso e estenderia o vocabulário daquele que lê ou assiste. Por conta disso, foi criado um formulário online para fazer uma pesquisa de campo. A pesquisa mostrou que seriados têm grande importância na hora de aperfeiçoar o vocabulário. Assim, foi possível concluir que ter algum tipo de contato com línguas estrangeiras fora de colégios e de maneira que gere entretenimento para aquele que as estuda é extremamente benéfico para o engrandecimento pessoal e de vocabulário. Palavras-Chave: glossário ; seriados ; ingles.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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GESTÃO DE RESÍDUOS NOS CONDOMÍNIOS Cindy Gonzalez Ferreira

EE Marques de São Vicente

Bolsista PIBIC

Profa. Me. Zahra Adnan Kabbara De Queiroz

[email protected], [email protected]

RESUMO: O Projeto visa à construção de um Referencial Teórico da questão ambiental e, mais especificamente da geração de resíduos, com o estudo de autores consagrados e da legislação brasileira, além de desenvolver uma reflexão sobre sustentabilidade, gestão ambiental e gestão de Resíduos e ainda, Política Nacional de Resíduos Sólidos, Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Santos. O objetivo geral do estudo é conhecer até que ponto os condomínios do Município de Santos/SP separam seletivamente os resíduos domiciliares gerados, segregam e os destinam de maneira adequada. Assim, além da pesquisa bibliográfica, será realizada uma pesquisa de campo por meio de uma amostra por conveniência com os zeladores e porteiros dos edifícios, abrangendo o trecho da orla da praia de Santos/SP, da Av. Whashington Luiz (canal 3) até a Av. Siqueira Campos (canal 4). A pesquisa utilizará, como ferramenta de coleta de dados, um questionário com perguntas fechadas e abertas para obter dados e informações a respeito dos procedimentos relacionados aos resíduos gerados. Palavras-chave: resíduo; separação; destinação; coleta; Plano de Gestão de Resíduos Sólidos do Município de Santos

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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COMBATE DA ONU CONTRA AS DROGAS

Eduarda Mendes Prado Macedo

Liceu Santista

Bolsista PROIN1

Prof. Me. Paula Carpes Victório2

[email protected], [email protected]

RESUMO: Drogas de abuso são um grave problema para Saúde Pública e seu consumo mundial aumenta progressivamente. A Organização Mundial da Saúde vem buscando de forma implacável atenuar as estatísticas e para isso busca atacar os fatores associados ao problema como o tráfico de drogas, adequar as políticas de tratamento aos usuários e, pela primeira vez, admite a possibilidade de descriminalização do consumo de entorpecentes, assunto já tratado até no Supremo Tribunal Federal (STF). O objetivo do projeto e do artigo realizado é pontuar as ações da ONU frente ao cenário atual de combate às drogas, não só estas ações como todas as outras, referentes a esta problemática. Para isso foi realizado um levantamento bibliográfico nos principais documentos disponíveis pela Organização, sites de jornais especializados no assunto, noticiários para mantermos atualizadas todas as ações citadas no trabalho, a fim de compreender o cenário e possíveis alterações nas atuais Políticas Nacionais de Drogas. Por motivos não apenas medicinais, mas também econômicos, políticos e sociais, alguns entorpecentes passaram a ser considerados ilegais e ter seu uso e venda proibidos. Dentre eles, os mais populares são: maconha, cocaína e LSD. Ainda com relação às drogas, a ONU (Organização das Nações Unidas), desde 2008, através de ações, vem querendo intervir nas políticas de drogas de cada continente mundial e na maneira como esse assunto é tratado. Defendendo, friamente, que a guerra não é a melhor alternativa. Não só por estes relatos, mas por todos os outros presentes no artigo à ser publicado, propostas são apresentadas para uma possível mudança de comportamento e pensamento tanto da população, quanto do governo geral. A saúde é um dos principais tópicos a ser tratado, o que nos faz entender a importância que estão reservando para isto é a atenção em mantê-la no início de qualquer mudança nas políticas. Palavras-chave: Direitos Humanos, drogas; ONU.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

437

AS CORES DA COR(ROSÃO) Erik Tavares da Silva Alves

Escola Técnica Municipal 1º de Maio

Bolsista PIBIC1

Prof. Dr. Maurício Marques Pinto da Silva2

[email protected]; [email protected]

RESUMO: Corrosão pode ser definida como um processo em que há o desgaste natural de um corpo que sofre transformação química e/ou física através de uma interação com o meio ambiente, fenômeno pertinente na nossa vida no qual se torna mais frequente pela decorrência da salinidade proveniente dos oceanos presente nas cidades litorâneas. Ao andar na rua ou, até mesmo para olhares mais atentos dentro de nossas casas, observam-se materiais "enferrujados" que podem aparecer quando menos se espera. A ideia de como prevenir tal reação faz com fiquemos mais atentos e comecemos a escutar e entender de que forma tal fenômeno acontece e como reconhecê-lo, a partir daí nasce a problemática da vigente pesquisa "As cores da Corrosão" onde o tema principal é reconhecer a Corrosão nos mais diversos meios a partir de algo característico como são as cores encontradas nos metais ao sofrerem corrosão, criando assim um discernimento para o reconhecimento e caracterização dos metais. O objetivo principal da pesquisa está voltado aos metais mais recorrentes no nosso ambiente, como ferro, zinco, alumínio, dentre outros. Com uma metodologia fundamentada no estudo de conceitos seguida de experimentação laboratorial, observação de fenômenos e fundamentação de tese a partir de observações, pôde-se obter resultados satisfatórios em simulação de ensaios de corrosão, com reconhecimento das cores produzidas nos materiais estudados. Palavras-chave: corrosão; Metais; oxidação.

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438

SISTEMA DE RÁDIO CONTROLE

Filipe Santos Da Cruz Lima

ETEC Aristoteles Ferreira

Bolsista PROIN1

Prof. Dr. Luiz Carlos Moreira

[email protected], [email protected]

RESUMO: O objetivo do projeto é entender o funcionamento de circuitos que efetuam controle por rádio frequência e desenvolver um protótipo do mesmo, para alcançar esse objetivo foi preciso estudar o circuito dos amplificadores de sinais, osciladores, transmissores e receptores. Rádio frequência é um sinal senoidal eletromagnético usado em circuitos eletrônicos para comunicação. De um ponto de vista conceitual, uma das tarefas no processamento de informação interpretada por um circuito eletrônico é o sinal que esse circuito precisa ler. A necessidade de amplificação do sinal existe porque os transdutores fornecem sinais que chamamos de "fracos", isto é, na faixa de microvolt (&956;V) ou milivolt (mV), e que possuem baixa energia. Esses sinais são muito pequenos para um processamento confiável, que se tornaria muito mais fácil de interpretar se a amplitude do sinal fosse maior. A compreensão de circuitos de amplificação é uma das bases para o desenvolvimento de circuitos Transmissores e Receptores. No circuito Transmissor basicamente é necessário um circuito oscilador para gerar sinais com as formas de onda senoidais, dente de serra ou quadrada, um circuito modulador e um circuito amplificador para o sinal gerado no transmissor romper a barreira de propagação pelo ar. No circuito receptor de rádio comunicações a principal função é captar o sinal de RF (rádio frequência) existente no espaço livre, que é em geral de intensidade muito pequena, frequentemente da ordem de microvolts por unidade de área. Precisa também eliminar sinais indesejáveis (filtragem) e detectar a informação existente nesse sinal, o que chamamos de demodulação. No desenvolvimento do protótipo, montamos circuitos eletrônicos para softwares de simulação e montamos um circuito básico de controle por rádio frequência para entendimento do circuito na prática. Palavras-chave: rádio; controle; sistema.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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OXÍMETRO DE PULSO Gabriel Morais Camavese

ETEC Aristoteles Ferreira

Bolsista PROIN

Prof. Dr. Luiz Carlos Moreira

[email protected]; [email protected]

RESUMO: Este projeto tem o objetivo de utilizar o aparelho médico oxímetro de pulso para estudar o funcionamento de seus principais componentes, o fotodiodo e os amplificadores operacionais. Além do propósito da pesquisa dos componentes, o estudo deste circuito também pode ser utilizado para criar um aparelho que é capaz de medir a taxa de oxigenação do sangue utilizando duas fontes de luz, com comprimentos de onda diferentes, que são direcionadas para o dedo do paciente, atravessando-o. Tendo em vista que a absorbância de luz do sangue oxigenado e do sangue desoxigenado são diferentes, o fotodiodo capta a quantidade de luz que sai do outro lado do tecido, depois este pequeno sinal é amplificado para que seja possível aplica-lo em um cálculo para se obter a taxa média de oxigenação sanguínea, tarefa que será feita por um programa instalado em um microcontrolador. Este valor pode permitir que um paciente a realize um automonitoramento ou que um profissional da saúde a mantenha monitoramento sobre a taxa de oxigenação sanguínea, já que a falta ou o excesso de oxigênio podem causar problemas graves e até mesmo a morte. O estudo foi feito por partes, analisando cada componente do circuito separadamente, testando em simuladores sempre que possível. O projeto foi dividido em duas partes, a primeira, já terminada, envolveu toda a pesquisa e simulações do projeto. A segunda, que será iniciada agora, envolverá projetar e construir o oxímetro. Palavras-chave: oxímetro, eletromedicina.

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UMA ANÁLISE SOBRE O TRÁFICO DE PESSOAS: CONSTRUINDO PREVENÇÃO JUNTO AO ENSINO Giovanna Totti Bullo

Instituto Federal de São Paulo

Bolsista PROIN

Profa. Me. Verônica Maria Teresi

[email protected]; [email protected]

RESUMO: Visando realizar uma projeto de conscientização a respeito do tráfico de pessoas, o objetivo foi o desenvolvimento de um software (ainda em andamento) e de um site, onde ficariam armazenadas e expostas as informações coletadas durante o processo de pesquisa. Nele, há links e documentos úteis, onde o usuário poderá acessar as principais fontes a respeito desse tema. O site será atualizado constantemente conforme novas informações e notícias forem surgindo. Assim, foi procurado dar mais ênfase a aspectos como definição, indicadores, causas e vítimas. Também visou-se diferenciar os conceitos de contrabando de migrantes vs. tráfico de pessoas, e de migração vs. tráfico. Além disso, vale ressaltar a campanha do coração azul, da qual há uma onda de solidariedade para com as vítimas desse crime. A segunda parte do projeto baseia-se na elaboração de palestras para os alunos de escolas públicas vinculadas ao programa de iniciação científica, com uma linguagem simples e de fácil entendimento. Assim, foi criado uma apresentação de slides em PowerPoint com todos os conteúdos citados acima para que a apresentação fique mais expositória e dinâmica. Palavras-chave: conscientização; precaução; diferenciação; denúncia.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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ESTUDO DA SÍNTESE E DEGRADAÇÃO DO BIOPLÁSTICO DE ORIGEM VEGETAL Giullia Carvalho Mangas Lopes

Liceu Santista

Bolsista PROIN

Prof. Me. Marco Antônico Cismero Bumba

[email protected]; [email protected]

RESUMO: Neste projeto, primeiramente, foi estudado o que são plásticos (monômeros polimerados) e como sua obtenção a partir do petróleo causava impactos no meio ambiente. Sendo o grande problema da poluição tanto o excesso de plásticos no meio ambiente, quanto a demoram para sua degradação completa, o acúmulo de lixo pode, por exemplo, causar ilhas de lixo nos oceanos, interferindo nos ecossistemas e afetando o equilíbrio ecológico. Após a identificação do problema, o objetivo do projeto tomou um significado, e assim a obtenção de bioplástico a partir de matérias primas vegetais tornou-se entendível: são sintetizados por organismos vivos, dessa forma tendo sua degradação acelerada e causando menos impacto ambiental. Foi estudado diversas formas de obtenção do bioplático, explorando as diferentes matérias-primas e analisando seu determinado tempo de polimerização, temperatura de reação, quantidade de reagentes, etc. Após a descoberto do melhor tipo de bioplástico, foi estudado o tempo de decomposição do produto sintetizado, em diversos meios como terra e água do mar, como forma de simular uma degradação real do biopolímero na natureza. O processo foi registrado por meio de fotos periódicas e dessa forma a degradação acelerada foi comprovada. Esperou-se a partir do trabalho, uma conscientização e importância da substituição dos plásticos tradicionais pelos bioplásticos, cujas matérias primas são renováveis. Todo o estudo gira em torno dos conceitos de Química Verde. Após todo os experimentos, foram obtidos bioplásticos excelentes a partir de amido de batata e milho. Além de termos começado um estudo sobre biofilmes com o objetivo de retardar o tempo de degradação de frutas ou verduras. Porém ainda é necessário mais estudo em relação aos biofilmes, para obtenção de resultados mais satisfatórios. Palavras-chaves: bioplástico; química.

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ELETROCARDIOGRAMA Guilherme Máximo dos Santos

ETEC Aristóteles Ferreira

Bolsista PROIN1

Prof. Dr. Luís Carlos Moreira2

[email protected]; [email protected]

RESUMO: Este projeto sob o título de “Eletrocardiograma” tem por objetivo específico mostrar a aplicabilidade de um amplificador, que através do ECG (eletrocardiograma) faça leitura dos sinais elétricos, e meça os batimentos cardíacos de um paciente cardíaco. O objetivo geral deste trabalho é favorecer a comunidade que se utiliza de aparelhos para monitorar os batimentos cardíacos. A ideia surgiu a partir da necessidade observada em grupos de cardíacos associada à intenção de utilizar a eletrônica como instrumento social, de modo a ampliar a comunicação entre um eletrocardiograma e um celular. Esta pesquisa se justifica porque atende a uma necessidade de comunicação rápida entre paciente, médico e ou familiares, em casos de distúrbios cardíacos que ocorrem fora do ambiente hospitalar, na ideia de o sistema eletrônico enviar uma informação de alerta aos responsáveis pelo paciente. A metodologia de pesquisa consiste em um estudo sobre amplificadores operacionais e suas aplicabilidades, neste caso, a aplicabilidade será feita por meio de um ECG. Ele tem como função aferir os batimentos cardíacos através de sensores, localizados nos braços e na perna. Esse aparelho se utiliza de amplificadores específicos, os chamados: amplificadores MOSFET, que possuem uma alta impedância na entrada. Este é um dos principais componentes para se conseguir interceptar os sinais elétricos que são gerados pelo corpo humano. Outro estudo abordado foi sobre filtros passa baixa, com o propósito de que os sinais que são recebidos dos amplificadores sejam filtrados para a remoção de quaisquer tipos de ruídos. Já foram realizados testes em simuladores para a compreensão do comportamento de cada componente no circuito. Dessa maneira, uma pessoa com problemas cardíacos poderia facilmente monitorar o número de batimentos cardíacos. Os resultados esperados referem-se à produção eficaz de um dispositivo eletrônico que monitore os batimentos cardíacos tendo por base o mecanismo dos amplificadores. Palavras-Chave: Eletrocardiograma; amplificardores.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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IDENTIDADE DO TRABALHADOR PORTUÁRIO DE SANTOS NO SÉCULO XXI Isabelle Xavier dos Santos

Liceu Santista

Bolsista PROIN1

Prof. Me. Leandro da Silva Alonso2

[email protected]; [email protected]

RESUMO: O trabalhador portuário é uma figura de extrema importância para a cidade de Santos, possuindo total influência nas relações e atividades externas que o envolve. A história da cidade remete a uma construção identitária baseada nos trabalhadores avulsos, que aos poucos foram produzindo as memórias que hoje constituem a metrópole da Baixada Santista. Tal relevância resultou na consolidação do Porto de Santos, responsável pela maior parte da economia local. Além dos aspectos econômicos, é através das relações portuárias que surgem as principais manifestações trabalhistas, refletindo as questões sociais que aderem a essa categoria. Dessa forma, o objetivo desse projeto é analisar a história que estabeleceu todo esse grupo no meio social, por meio de fatores que busquem compreender a atuação da sociedade externa a eles. O enfoque será dado também no resgate cultural, que envolve a identidade de um povo com perspectiva etnológica, garantindo o repasse de informações que comprovem a necessidade de um maior entendimento sobre o assunto, que se encontra em constante desvalorização por parte da população santista. A metodologia consiste na ampliação de dados estatísticos referentes a datas e acontecimentos históricos, além de ainda, integrar a observação concreta do ambiente portuário. Sendo assim, os resultados obtidos estendem-se à identidade, formação e aderência dos trabalhadores no corpo social, bem como a comunidade as quais pertencem ou deveriam pertencer. Por fim, foi possível obter referências fundamentais para se ter noção da complexidade do assunto, que não se restringe apenas a uma classe trabalhadora. Finalmente, conclui-se a inevitabilidade de maior valorização dos trabalhadores portuários. Palavras-chave: porto; trabalhador; Santos

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IDENTIDADE DO TRABALHADOR PORTUÁRIO DE SANTOS NO SÉCULO XXI Isabelle Xavier dos Santos

Liceu Santista

Bolsista PROIN

Prof. Me. Leandro da Silva Alonso

[email protected]; [email protected]

RESUMO: O trabalhador portuário é uma figura de extrema importância para a cidade de Santos, possuindo total influência nas relações e atividades externas que o envolve. A história da cidade remete a uma construção identitária baseada nos trabalhadores avulsos, que aos poucos foram produzindo as memórias que hoje constituem a metrópole da Baixada Santista. Tal relevância resultou na consolidação do Porto de Santos, responsável pela maior parte da economia local. Além dos aspectos econômicos, é através das relações portuárias que surgem as principais manifestações trabalhistas, refletindo as questões sociais que aderem a essa categoria. Dessa forma, o objetivo desse projeto é analisar a história que estabeleceu todo esse grupo no meio social, por meio de fatores que busquem compreender a atuação da sociedade externa a eles. O enfoque será dado também no resgate cultural, que envolve a identidade de um povo com perspectiva etnológica, garantindo o repasse de informações que comprovem a necessidade de um maior entendimento sobre o assunto, que se encontra em constante desvalorização por parte da população santista. A metodologia consiste na ampliação de dados estatísticos referentes a datas e acontecimentos históricos, além de ainda, integrar a observação concreta do ambiente portuário. Sendo assim, os resultados obtidos estendem-se à identidade, formação e aderência dos trabalhadores no corpo social, bem como a comunidade as quais pertencem ou deveriam pertencer. Por fim, foi possível obter referências fundamentais para se ter noção da complexidade do assunto, que não se restringe apenas a uma classe trabalhadora. Finalmente, conclui-se a inevitabilidade de maior valorização dos trabalhadores portuários. Palavras-chave: porto; trabalhador; Santos.

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BAIRRO DO PAQUETÁ – CEM ANOS DE TRANSFORMAÇÕES ECONÔMICAS E SOCIOESPACIAIS Julia Maria Santa Rosa Rojo

Liceu Santista

Bolsista PIBIC

Profa. Esp. Lenimar Gonçalves Rios

[email protected]; [email protected]

RESUMO: O tema da pesquisa são as transformações urbanas de um bairro de cidade portuária. O objeto do trabalho é o bairro do Paquetá, em Santos-SP. Até o início do século XIX, a área que hoje abrange o bairro do Paquetá era apenas um arrabalde onde se localizava um cemitério. Com o tempo, esta área começou a ser ocupada por famílias mais abastadas e, mais tarde, seria a região mais ativa de Santos, onde localizavam-se restaurantes finos, hotéis e casas de show e a qual se relacionava diretamente com o Porto, abrigando armazéns e escritórios. Entretanto, alguns fatores também relacionados ao Porto, como o alargamento da Avenida Portuária, e fatores exógenos, como a conteinerização, contribuiram para a decadência econômica desse bairro, que se tornou ocioso em atividades. Este trabalho visa analisar as particularidades que o bairro apresentava na década de 50 e os fatores responsáveis pelas transformações sociais e espaciais que aconteceram entre os períodos de 1950 e 2010. O trabalho apresenta três tipos de recorte: o recorte territorial, que é o bairro Paquetá; o recorte temático, as transformações urbanas do mesmo; e o recorte temporal, que abrange os períodos da metade do século XX até os dias atuais. Palavras-chave: Porto; comércio; habitação; urbanismo.

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446

TRÁFICO DE PESSOAS Julia Marques Rodrigues de Souza

EE Marques de São Vicente

Bolsista PROIN1

Prof. Me. Verônica Maria Teresi2

[email protected]; [email protected]

RESUMO: Este trabalho é voltado para orientações e conceitos sobre o tráfico de pessoas mundial, no qual está exposto há todo momento e em todo lugar, é um meio de informação com relação aos cuidados para com este grande mal, o tráfico, por intermédio de pesquisas em referencias bibliográficas (as quais, são diretamente mencionadas no término deste trabalho), internet e entre outros meios, os quais, foram propostos para chegar ao objetivo principal deste tema. Hoje, de fato as pessoas não tem real consciência da profundidade deste mal. O que é tráfico? Quais são as principais vítimas? Podemos ser uma delas? O que as atraem? Quais são as características de uma situação de tráfico? Quais são as causas do tráfico? Do que devemos desconfiar em relação ao tráfico para que não venhamos a exploração de tal ato? Onde podemos encontrar o tráfico? Deste modo procuramos responder a todas essas perguntas de forma que, nem tudo mas aquilo que pudermos, seja esclarecido, trazendo então a prevenção do tráfico. Palavras-chave: tráfico; vítimas; precauções.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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ESTUDO DA SÍNTESE E DEGRADAÇÃO DE UM BIOPLÁSTICO: UMA ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL Juliana da Silva Oliveira

EE Prof. Primo Ferreira

Bolsista PROIN1

Prof. Me. Marco Antonio Cismeiro Bumba2

[email protected]; [email protected]

RESUMO: Pretende-se neste projeto, o estudo de diversas variáveis como matéria prima utilizada, tempo de polimerização, temperatura de reação, quantidade de reagentes, etc, que estão envolvidas na síntese de um bioplástico. Estudar-se-á também o tempo de decomposição do produto sintetizado, em diversos meios como terra e água do mar, como forma de simular uma degradação real do biopolímero na natureza. O processo será registrado através de fotografias periódicas que acompanharão o processo de biodecomposição. Espera-se a partir do presente trabalho uma maior conscientização pela troca dos plásticos tradicionais que tem como matéria prima o petróleo e apresentam longa degradação, pelos biopolímeros com tempos reduzidos de decomposição na natureza e cujas matérias primas são renováveis. E estudo está dentro dos conceitos atuais de Química Verde, que tem entre suas diretrizes a utilização de materiais renováveis, bem como a síntese de produtos de rápida degradação ambiental. Pretende-se também a partir do estudo realizado, um interesse dos alunos envolvidos no desenvolvimento sustentável, bem como na sua conscientização ambiental. Espera-se que o projeto desenvolvido, desperte nos participantes o interesse pelas Ciências da Natureza. Palavras-chave: bioplástico; sustentabilidade; biopolímero.

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448

CORANTES ARTIFICIAS EM ALIMENTOS

Karolyne Mendes Evangelista

EE Marques de São Vicente

Bolsista PIBIC

Profa. Dra. Elisabeth Brossi Sabia

[email protected]; [email protected]

RESUMO: A literatura sobre nutrição infantil evidencia que o comportamento alimentar do pré-escolar é determinado em primeira instância pela família, esta fase é caracterizada pela transição da alimentação do bebê para a introdução gradativa á alimentação da família que em geral, e compreende a uma faixa etária de 2 a 5 anos de idade, sendo fundamental algum nível de conhecimento sobre alimentação saudável para uma oferta de alimentos mais adequada. Por outro lado nesta fase também é realizado a introdução de alimentos industrializados que contem grandes quantidades de aditivos e corantes artificiais, acarretando futuros problemas de saúde, uma vez que esses alimentos na maioria das vezes podem ocasionar alergias e outros efeitos adversos para a saúde, com isso, quando se aumenta o consumo de alimentos industrializados, diminui o consumo de alimentos naturais , que seriam mais adequados para as crianças. Dentro deste enfoque objetivo deste trabalho é estudar alguns corantes artificiais presentes nos alimentos direcionado ao público infantil, apresentando seus possíveis efeitos adversos. Palavras-chave: corantes; alimentos industrializados; alimentação infantil.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

449

AROMATERAPIA: CULTIVO, OBTENÇÃO E USO DE ÓLEOS ESSÊNCIAS Laís Nogueira da Silva

Liceu Santista

Bolsista PROIN1

Prof. Dr. Tulio Nakazato Da Cunha2

[email protected]; [email protected]

RESUMO: A Aromaterapia era praticamente desconhecida do mundo ocidental até a poucos anos atrás. Nos últimos anos, no entanto, a arte e a ciência dos aromas tem atraído a atenção de um público cada vez maior em todo o mundo. A Aromaterapia baseia-se na utilização dos óleos essenciais extraídos de plantas e no toque saudável da massagem aromática, que são empregados, para a saúde e o bem-estar do homem, terapeuticamente e em perfumaria. Os óleos essenciais têm ação sobre a mente, a alma e o corpo humano, e induzem ao desenvolvimento da capacidade olfativa, há tanto tempo obscurecida pela infinidade de cheiros sintéticos que inundam os ambientes modernos. Para os antigos alquimistas, os óleos essenciais das plantas sintetizavam a chamada quintessência. No trabalho com a Aromaterapia é recomendável uma visão holística e menos reducionista quando da abordagem dos princípios que regem a ação dos óleos essenciais sobre a natureza humana, uma vez que esta arte, por si só, é um tratamento holístico, com profunda ação sobre o corpo, a mente e as emoções. Este projeto pretende ser uma introdução ao estudo da arte do uso dos óleos essenciais, oferecendo o embasamento necessário para seguir adiante, aqueles que, porventura, se encantarem com o maravilhoso mundo das relações entre as naturezas da planta e do homem. Palavras-Chave: desenvolvimento de medicamentos e cosméticos; ativos naturais; aromaterapia; óleos essenciais

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450

EVOLUÇÃO URBANA DE SANTOS E A FORMAÇÃO DO BAIRRO DO PAQUETÁ Larissa Henriques Paixão

Liceu Santista

Bolsista PROIN

Profa. Esp. Lenimar Gonçalves Rios

[email protected]; [email protected]

RESUMO: O tema do trabalho consiste na formação de bairro em uma cidade portuária, mais precisamente do bairro Paquetá, localizado na cidade de Santos. Foi o primeiro bairro que surgiu com o processo de expansão de Santos no final do século XIX e o primeiro a apresentar ocupação predominante por residências. Nas primeiras décadas do século XX, servia como lar para as famílias de alta renda e concentrava armazéns e escritórios, que tinham relação com as atividades portuárias. No bairro se instalou o Mercado Municipal com funções varejista e atacadista e também a Bacia do Mercado que recebia produtos para serem vendidos nesse Mercado e onde os moradores de Guarujá desembarcam para trabalhar em Santos. Ficou famoso pela Boca Bendita onde se concentrava a vida noturna da cidade. Neste trabalho, são abordados os fatores exógenos e endógenos que contribuíram para a formação desse bairro, sendo mais importantes os exógenos, pois o porto de Santos, onde localiza-se o Paquetá, tem ligação com outros países, inserindo o Brasil no comércio internacional e influenciando o desenvolvimento da cidade. A pesquisa procura identificar as particularidades do processo de desenvolvimento do bairro Paquetá que resultaram no desenho da ocupação e no patrimônio construído que o bairro tinha até a década de 1950, utilizando bibliografia sobre o assunto, material iconográfico e cartográfico. O trabalho apresenta três tipos de recortes: o territorial (o bairro Paquetá); o temático (a evolução urbana do mesmo); e o temporal (que aborda o tema desde o século XVI até a metade do século XX). Palavras-chave: Paquetá, porto, café

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

451

O TRABALHADOR PORTUÁRIO NO SEC XXI Laura Schalch Rodrigues

Liceu Santista

Bolsista PROIN1

Prof. Me. Leandro da Silva Alonso2

[email protected]; [email protected]

RESUMO: A pesquisa tem como objetivo identificar e localizar aonde se encontram os estivadores no século XXI, onde residem, quais os locais de lazer e espaços de convivência. A leitura de artigos científicos, matérias em jornais, livros e textos, será utilizada para a compreensão do tema e dos processos urbanos e sociais que resultam no modo de vida desses trabalhadores na atualidade. O trabalhador portuário possui grande importância econômica no mercado nacional e principalmente regional, porém a falta de valorização e visibilidade dessa parcela da população é nítida através da análise das condições de trabalho, salários, local de serviço, moradia, entre outros fatores, observada também pela visitação do porto, um local com aparência de abandono, isolamento e em péssimas condições, porem essa aparência melhora ao longo do perímetro, pois existiram obras de melhoramento e construção de uma avenida que reforça a segregação desse local ao resto da cidade. Todos esses fatores contribuem para uma segregação social e econômica desse grupo, frisada pela ausência da imagem desses trabalhadores na cidade, onde o único marco é o monumento “O Portuário” localizado na Praça Silvério de Souza. A dificuldade de encontrar informação específica sobre os estivadores comprova a falta de informação a respeito desses e a marginalização aos quais estão submetidos. Palavras-chave: Trabalhador portuário; território; urbanização

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

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POMADA CICATRIZANTE DE PIMENTA E HORTELÃ Letícia de Souza Novais Silva

Instituto Federal de São Paulo

Bolsista PIBIC1

Prof. Dr. Túlio Nakazato da Cunha2

[email protected]; [email protected]

RESUMO: Formulação e produção de uma pomada cicatrizante nos laboratórios da universidade utilizando dos princípios ativos mentol e capsaicina. O processo baseou-se na realização de pesquisas sobre as características da pimenta vermelha (cuidados no plantio, substância ativa presente, tipos de solvente que não afeta sua ação e como fazer seu extrato) e os estudos sobre a permeabilidade cutânea. Durante as primeiras semanas de pesquisa, foram plantadas duas mudas de pimenta Capsicum baccatumvar (popularmente chamada de pimenta dedo-de-moça) e Hortelã. Com todos os procedimentos definidos e os frutos triturados, retirou-se seu extrato com o aparelho Soxhlet, utilizando a acetona, e com o rotaevaporador reduziu-se o excesso de solvente (acetona). Assim deu-se início aos testes de incorporação dos extratos. Já a segunda fase da pesquisa baseou-se na extração da Capsaicina. Por fim, incorporou-se os extratos a pomada clássica e deu-se início aos testes de estabilidade do produto final. Os testes de estabilidade foram realizados com os dois produtos e ao término do processo a pomada clássica se mostrou cremosa e com boa espalhabilidade, e a pomada hidrofílica quebradiça e péssima em espalhamento, por tanto, a pomada clássica seguiu sendo testada. Palavras-chave: Pimenta, hortelã, capsaicina, mentol, pomada, cicatrizante

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

453

COMBATE À ONU CONTRA AS DROGAS Letícia Santana dos Santos

EE Marquês de São Vicente

Bolsista PROIN

Profa. Me. PAULA CARPES

[email protected]; [email protected]

RESUMO: A primeira coisa a ser feita, foi planejar como seria a página no Facebook. Após algumas sugestões, decidimos que o nome seria “Desdrgogalizar”, onde iriamos publicar as notícias mais importantes da ONU relacionada à drogas. A imagem de capa foi feita por mim. Aos poucos, foram colocadas várias informações (sempre com o endereço da notícia). Depois, à pedidos da professora Paula Carpes, foram pedidas várias pesquisas sobre drogas em geral. Um resumo de duas páginas sobre drogas na África Ocidental foi feito e enviado para professora no dia 17 de março. Várias pesquisas sobre as drogas ilícitas no organismo e seus efeitos. No dia 22 de março, a professora Paula Carpes nos mostrou (a mim, Letícia e minha parceira no projeto, Eduarda) uma apresentação em slides sobre drogas alucinógenas. Depois, mais pesquisas foram feitas e resumos foram escritos sobre a situação de narcóticos em cada continente. No dia 5 de abril, foi enviado um resumo sobre drogas na Europa. Com o tempo, decidimos que o artigo teria escrito as principais drogas, as mais conhecidas e seus efeitos no corpo e na sociedade. Seriam publicadas também sobre a política de drogas de todos os continentes. Infelizmente, alguns lugares, haviam poucas informações, mas teve como informar o que se encontrou. Pesquisas formam feitas sobre países onde as drogas são permitidas ou toleradas em certa quantidade. Decidiu-se também que informaríamos como os continentes estavam lidando com a “guerra ás drogas” e a ideia da legalização proposta pela sociedade. Informando coisas como a transportação de drogas até chegar à vários países, quais são as mais usadas em cada continente, as mais fabricadas, quantos casos de morte foram causados devido a elas. Combinou-se que, na finalização do artigo. Mais resumos foram pedidos, mais pesquisas foram sendo feitas, e tudo o que era considerado interessante e necessário, seria colocado no artigo. Palavras-chave: drogas; ONU.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

454

DIREITOS HUMANOS DESCONHECIDOS Luiz Henrique da Conceição Tenório

Instituto Federal de São Paulo

Bolsista PROIN

Profa. Me. Patricia Cristina Vasques De Souza Gorisch

[email protected]; [email protected]

RESUMO: Pesquisa realizada com base nas notícias da mídia tendo como base a Declaração Universal dos Direitos Humanos, utilizando-se de página de facebook para difundir os direitos humanos desconhecidos. Expansão e visão dos temas na sociedade, buscando a desconstrução individual dos pensamentos preconceituosos e errôneos relacionados a direitos humanos; Relacionar a Declaração Universal dos Direitos Humanos com os problemas atuais e questioná-los; Divulgação do projeto pelo facebook através da página Direitos Humanos Desconhecidos, visando a mudança de pensamentos e dogmas com os jovens.A grande mudança sentida pelo grupo foi a reconstrução de pensamentos humanistas, pró-feministas e sensibilização sobre os Refugiados no qual o conhecimento obtido pelos alunos pode ser espalhado e aprendido pelo meio convivido (mídia social). Desconstrução individual do grupo, conhecimento da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Conceito: utilização de imagens, à exemplo do site Instagram, onde a mensagem é passada através de imagens. Palavras-chave: direitos humanos; mídias sociais; declaração universal;

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

455

GESTÃO DE RESÍDUOS – CONDOMÍNIOS RESIDEN- CIAIS DE SANTO Manoela Almeida Muniz

Liceu Santista

Bolsista PROIN1

Profa. Me. Zahra Adnan Kabbara De Queiroz2

[email protected]; [email protected]

RESUMO: Este estudo definiu como objetivo investigar a questão dos resíduos domiciliares produzidos pelos condomínios residenciais localizados na orla da praia, na Avenida Presidente Wilson, entre os canais 1 e 3, e verificar os procedimentos relacionados aos resíduos domésticos, desde separação, segregação e disposição desse material. Para obter fundamentação teórica foi realizada uma pesquisa bibliográfica a respeito da questão ambiental, além do estudo da Lei 12.305 – Política Nacional de Resíduos e do Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Município de Santos. A pesquisa, de cunho quantitativo, definiu uma amostra por conveniência em 53 condomínios, dentre os quais se apurou que 41 (77%) realizam a separação dos resíduos domésticos, em recicláveis e não recicláveis, dispondo-os para a coleta realizada pela Prefeitura, nos dias e horários programados e doze (23%) edifícios não realizam nenhum procedimento de separação, neste último caso, todos os resíduos gerados são dispostos para a coleta diária da Prefeitura como resíduos não recicláveis. Do total, vinte condomínios (38%) contam com uma nova separação de resíduos recicláveis, dispondo-os para venda, doação ou recolhimento pela Prefeitura. Vale ressaltar que 2 (4%) edifícios pesquisados, os condôminos não fazem nenhum tipo de separação, esta atividade é realizada pelos funcionários do prédio. A respeito do óleo de cozinha dos 53, em 39 (74%), a destinação do resíduo é de responsabilidade do condomínio, enquanto que em 14 (26%) a responsabilidade é dos próprios condôminos. Os resultados apontaram que a maior parte dos condomínios pesquisados faz a devida separação, segregação e disposição dos resíduos gerados, separando-os em recicláveis e não recicláveis, assim como, atendem à programação da Prefeitura para a realização da coleta. Palavras-chave: Resíduo. Separação. Município de Santos.

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

456

TICS NO ENSINO MÉDIO Marcelle Magno Freire

Instituto Federal de São Paulo

Bolsista PROIN

Prof. Me. Robnlado Fidalgo Salgado

[email protected]; [email protected]

RESUMO: No começo do ano de 2016 eu, minha parceira de projeto, Sabrina Amorim, e o nosso orientador, Robnaldo Fidalgo Salgado, depois de algumas pesquisas e debate, chegamos à um consenso quanto ao tema do que seria pesquisado por nós, “As TICs no Ensino Médio”. O primeiro passo que tomamos foi pesquisar um pouco sobre o assunto para entendermos onde estávamos pisando. Depois das pesquisas e do nosso aprofundamento no tema, falamos as plataformas de ensino usadas nas nossas escolas (minha e da minha parceira de projeto, Sabrina A.), ambas comentamos que tínhamos professores que utilizavam plataformas de interatividade com os professores. Daí surgiu a ideia de elaborar um questionário com 5 questões para um total de 10 alunos em nossa sala (falando sobre o que eles acham da utilização das TICs no Ensino Médio) e um questionário para as docentes que usam plataformas online com a turma com um número de questões parecidas e algumas questões a mais (as questões a mais não seriam iguais pois as professoras usavam diferentes plataformas com alguns propósitos diferentes). Ao terminar as pesquisas foram analisados os dados entregues pelos alunos da sala do colégio federal por meio do questionário e depois eu e minha parceira analisamos os dados de todos os alunos juntos. Depois de terminarmos de analisar as respostas dadas pelos alunos, começamos a estudar e organizar as respostas dadas pelas docentes do colégio federal e a docente do colégio estadual. Palavras-chave: Ensino Médio; TICs; Interatividade; Tecnologia.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

457

MÚSICA: AÇÃO E TRANSFORMAÇÃO ( MÚSICA BRASILEIRA DOS ANOS 60 E 70) Matheus Abitbol Cruz

Liceu Santista

Bolsista PROIN1

Prof. Dr. Antônio Eduardo Santos2

[email protected]; [email protected]

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo analisar a música brasileira dos anos 60 no contexto das transformações ocorridas com os movimentos sociais daquele momento, numa análise da produção musical brasileira, com obras de grupos instrumentais, suas propostas estéticas e de renovação musical. O movimento tropicalista, presente em tal época, contou com inúmeros músicos e bandas, tais como, Rita Lee, Rogério Duprat, Gilberto Gil, Tom Zé, Arnaldo Baptista e Os mutantes. Com uma grande influência internacional, o Tropicalismo inovou em possibilitar um sincretismo entre vários estilos musicais como, por exemplo, o samba, o rock e a bossa nova. O movimento acabou sendo reprimido pelo governo militar, porém deixou sua marca transformando critérios de gostos vigentes, como a música, a política, a moral, o comportamento, o corpo, o sexo e o vestuário. De certa forma, a música brasileira foi modernizada e inovadora ao desenvolver novos padrões estéticos, diferentes dos de costume, influenciando assim as gerações seguintes. Palavras-chave: Música; Anos 60 e 70; Século XX.

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458

COMUNICAÇÃO DE DIREITOS ENTRE JOVENS DA CIDADE DE SANTOS Milena Beatriz dos Santos Quina

Liceu Santista

Bolsista PROIN1

Prof. Me. Marcus Vinícius de Jesus Bonfim2

[email protected]; [email protected]

RESUMO: O presente projeto visa investigar, em primeira etapa, como se encontra o principal referencial documental que organiza a vida e a vivência escolar: seu currículo. E não apenas encontrá-lo ali no espaço de educação, mas também perceber se os chamados temas transversais – sendo a cidadania o eixo básico – estão sendo, de fato, ofertados aos alunos com interdisciplinaridade (interdependência, interação e comunicação entre campos de saber) e transdisciplinaridade (coordenação lógica e livre entre os diversos campos do saber). O intuito, nestas bases, é tratar a comunicação como elemento que ajuda os processos de ensino e aprendizagem na escola, com o dinamismo e o reconhecimento da complexidade na sociedade contemporânea. Entendemos, conforme Peruzzo (2007a, 2007b) que a comunicação comunitária e a gestão participativa e integrada dentro do ambiente escolar se encontram com os princípios de Freire (1992, 2015) de que educar exige respeito aos saberes dos educandos, a aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação. A formação de cidadãos mais conscientes passa pela liberdade que só a educação de qualidade pode proporcionar. Nossa investigação quer, assim, jogar luzes sobre a relação comunicação, educação e cidadania e ver como isso se organiza em uma escola pública na Baixada Santista. Palavras-chave: Comunicação, Direitos Humanos, Comunicação Pública, Educação, Escola.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

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DESENVOLVIMENTO DE FÓRMULAS COM AÇÃO CICATRIZANTE COM PIMENTA VERMELHA E HORTELÃ Milena Rodrigues Alvarez

Liceu Santista

Bolsista PROIN1

Prof. Dr. Tulio Nakazato da Cunha2

[email protected]; [email protected]

RESUMO: A aparência vem se tornando cada dia mais relevante entre as pessoas.Com o avanço da cosmetologia, muitos produtos vêm sendo desenvolvidos para atender um público que cada vez mais se importa com a estética e busca todos os tipos de alternativas para alcançar o resultado desejado. Considerando um grande mercado consumidor em busca de produtos cosméticos que sejam capazes de eliminar estrias, rugas ou tirar manchas indesejáveis, começou a investir-se em pesquisas sobre alimentos que possuam princípios ativos úteis nessa área, como é o caso da pimenta e da hortelã. A pimenta dedo-de-moça é uma iguaria muito presente no cotidiano e atualmente vem ocupando outros setores além da cozinha. Isso porque estudos recentes mostraram que a pimenta possui uma substância popularmente chamada de Capsaicina, que proporciona aquela ardência típica, mas também carrega ação antioxidante, descongestionante e termogênica, ou seja, aumenta a temperatura corporal e acelera o metabolismo. Em decorrente a essa descoberta, essa iguaria vem sendo utilizada em tratamentos estéticos para diminuir medidas e celulite. Já a hortelã é uma erva rica em vitamina C, um antioxidante que também ajuda na sintetização do colágeno, e em vitamina A que favorece pele, cabelo e os ossos. O princípio ativo responsável por essa sensação refrescante é o Mentol, que entre várias propriedades, possui um poder cicatrizante, anti-inflamatório e é estimulante do aparelho digestivo, auxiliando na perde de peso.Neste contexto, seria proveitoso utilizar os dois princípios ativos (Capsaiscina e Mentol) em formações cosméticas na tentativa de anexar os benefícios que cada um carrega e realizar a produção de um produto eficaz. Portanto, este estudo procura executar a síntese de um cosmético (pomada) com caráter termogênico utilizando os ativos da pimenta e da hortelã, observar os efeitos decorrentes e verificar seu possível potencial para ser comercializado. Palavras-chave: pimenta; hortelã; termogênico; capsaicina; mentol.

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460

ESTUDO DA SÍNTESE E DEGRADAÇÃO DE UM BIOPLÁSTICO DE ORIGEM VEGETAL Mylena Andrade Nunes

Escola Técnica Municipal 1º de Maio

Bolsista PROIN1

Prof. Ms. Marco Antonio Cismeiro Bumba2

[email protected]; [email protected]

RESUMO: Neste projeto, primeiramente pesquisamos o que é um plástico, chegando na conclusão que são polímeros obtidos a partir de monômeros. Depois das pesquisas iniciais, estudamos as diversas variáveis como matéria prima utilizada, tempo de polimerização, temperatura de reação, quantidade de reagentes, propriedade mecânica, etc. que estão envolvidas na síntese de um bioplástico, provenientes de artigos científicos e trabalhos diversos. Depois de muita pesquisa iniciou-se a síntese do bioplástico de origem vegetal, no qual se utilizou duas matérias primas, amido de milho e fécula de batata. Obtiveram-se melhores resultados com a fécula de batata e com essa estudou-se também o tempo de decomposição do produto na terra simulando uma degradação real do biopolímero na natureza. O processo foi registrado através de fotografias periódicas que acompanharam o processo de biodecomposição. Esta degradação deve ser em até 180 dias para estar dentro das diretrizes da Química Verde. Após atingirmos resultados desejáveis com o primeiro experimento, começamos pesquisas sobre biofilmes comestíveis, para o revestimento de frutas e verduras, com o propósito de retardar sua degradação. Porém, os resultados iniciais não ocorreram como o esperado e os frutos com biofilme se decompuseram mais rapidamente. Será necessária ainda muita pesquisa nesse âmbito para atingir resultados satisfatórios. Palavras-chave: bioplásticos; química; sustentabilidade.

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ESTUDO DA SÍNTESE E DEGRADAÇÃO DE UM BIOPLÁSTICO: UMA ALTERNATIVA SUSTENTÁVEL Paloma Nair Ferreira Fidalgo

EE Prof. Primo Ferreira

Bolsista PROIN

Prof. Me. Marco Antonio Cismeiro Bumba

[email protected]; [email protected]

RESUMO: Pretende-se neste projeto, o estudo de diversas variáveis como matéria prima utilizada, tempo de polimerização, temperatura de reação, quantidade de reagentes, etc, que estão envolvidas na síntese de um bioplástico. Estudar-se-á também o tempo de decomposição do produto sintetizado, em diversos meios como terra e água do mar, como forma de simular uma degradação real do biopolímero na natureza. O processo será registrado através de fotografias periódicas que acompanharão o processo de biodecomposição. Espera-se a partir do presente trabalho uma maior conscientização pela troca dos plásticos tradicionais que tem como matéria prima o petróleo e apresentam longa degradação, pelos biopolímeros com tempos reduzidos de decomposição na natureza e cujas matérias primas são renováveis. E estudo está dentro dos conceitos atuais de Química Verde, que tem entre suas diretrizes a utilização de materiais renováveis, bem como a síntese de produtos de rápida degradação ambiental. Pretende-se também a partir do estudo realizado, um interesse dos alunos envolvidos no desenvolvimento sustentável, bem como na sua conscientização ambiental. Espera-se que o projeto desenvolvido, desperte nos participantes o interesse pelas Ciências da Natureza. Palavras-chave: bioplástico; sustentabilidade; biopolímero.

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UMA ANÁLISE SOBRE O TRÁFICO DE PESSOAS: CONSTRUINDO PREVENÇÃO JUNTO AO ENSINO Roberta Pessoa De Mello

Instituto Federal de São Paulo

Bolsista PROIN

Profa. Me. Verônica Maria Teresi

[email protected]; [email protected]

RESUMO: A cada ano, mais de 2,4 milhões de pessoas são traficadas mundialmente. O tráfico de pessoas é um fenômeno de âmbito mundial e que deve ser prevenido. O projeto tem como objetivo apropriar os alunos no tema enfrentamento ao tráfico de pessoas sobre o tema do tráfico de pessoas e orientar a construção de materiais que possam abordar de forma simplificada e de fácil entendimento o tema, tendo como público alvo os jovens das escolas municipais, estaduais e Unisantos. Para realizar esse propósito, foi criado um site sobre o tráfico de pessoas, no qual explica o que é o tráfico, as principais características das vítimas, a campanha Coração Azul, como viajar seguro, onde denunciar e diferença entre tráfico de pessoas e contrabando de migrantes, entre outros elementos. Também foi montado um material, em apresentação de PowerPoint, para ser levado e exibido em escolas. E, por último, está sendo preparado um software, que conterá esses conteúdos, com a intenção de entregar nas escolas capacitadas. Palavras-chave: Tráfico de pessoas; prevenção; software.

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

463

VARIÁVEIS EM EFICIÊNCIA ENERGÉTICA: USOS FINAIS DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS Samuel Wenceslau Lorena

EE Prof. Primo Ferreira

Prof. Me. Antonio Carlos Dos Santos Baltazar

[email protected]; [email protected]

RESUMO: O Projeto tem como objetivo desenvolver conhecimento em gestão eficiente da energia elétrica com enfoque nos usos finais. A partir do conhecimento das grandezas presentes nos processos que utilizam a energia elétrica como insumo, será apresentada uma residência, no estado de São Paulo, de três quartos, sendo uma suíte, sala, cozinha, banheiro e área de serviço ocupada por uma família de quatro pessoas na qual é assumida a existência de todos os eletrodomésticos que trazem comodidade, bem como a potência de cada um dos aparelhos de uso final que utilizam energia elétrica. Serão analisados os hábitos de consumo, o detalhamento da fatura de energia mensal e quais as possibilidades de redução do consumo de energia, quer seja por mudanças de hábitos ou de tecnologia. As estatísticas disponibilizadas pela EPE – Empresa de Pesquisa Energética – serão utilizadas como parâmetro para comparar com os dados estudados. A partir da posse destes dados, serão analisados os possíveis impactos do uso ineficiente da energia elétrica na qualidade de energia e nos recursos energéticos disponíveis. Palavras-chave: usos finais; energia elétrica; eficiência energética.

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SANTOS 1880-1930: TRANSFORMAÇÕES SÓCIO ESPACIAIS E A ARQUITETURA DO PAQUETÁ Thais De Souza Freire

ETEC Aristóteles Ferreira

Bolsista PROIN1

Profa. Esp. Lenimar Gonçalves Rios2

[email protected]; [email protected]

RESUMO: A pesquisa investigará a formação e as transformações do Paquetá nos últimos cem anos relacionando aspectos econômicos, sociais e culturais com a configuração territorial e a produção arquitetônica característica do bairro. Estudará os fatores que contribuíram para que o bairro, o primeiro com função predominantemente residencial, tenha se tornado uma das áreas funcionais mais dinâmicas do município. O Plano de Trabalho de Iniciação Cientifica do Ensino Médio, terá como recorte a arquitetura produzida num período de cinquenta anos, desde sua formação no final do século XIX até a década de 1930. Abordará também a relação entre arquitetura e o espaço urbano. A presente pesquisa é importante para entender a dinâmica presente na formação e nas transformações do bairro e fornecer subsídios para avaliar os impactos que o VLT- Veículo Leve Sobre Trilhos, modo de transporte altamente indutor de transformações e que tangenciará o bairro, produzirá sobre o tecido urbano e o patrimônio arquitetônico. Palavras-chave: Arquitetura, Urbanismo

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465

AVALIAÇÃO DA CORROSÃO DE METAIS E LIGAS METÁLICAS EM MEIOS ÁCIDOS E NEUTROS Thamiris Machado dos Santos

Escola Técnica Municipal 1º de maio

Bolsista PIBIC

Prof. Dr. Maurício Marques Pinto da Silva

[email protected]; [email protected]

RESUMO: A corrosão de metais e ligas metálicas é um dos principais problemas presentes em processos industriais e laboratórios. A caracterização destes materiais e o conhecimento de métodos de prevenção a processos corrosivos são de grande importância tanto em estudos acadêmicos quanto em escala industrial, visto que são largamente utilizados em equipamentos, peças e tubulações em geral. O presente projeto tem como objetivo fazer a caracterização eletroquímica de metais puros (cobre, zinco, ferro e alumínio) e ligas metálicas (latão, bronze e aços), quando submetidos a meios ácidos, alcalinos e neutros, a fim de se diferenciar os tipos de corrosão desenvolvido em cada sistema. Serão feitas medidas de potencial de circuito aberto (Eca) até obtenção de valores estacionários para caracterizar os potenciais de corrosão (Ecorr), após pré tratamento das superfícies metálicas por lixamento manual e lavagem posterior com água destilada. Assim, será possível a caracterização do tipo de corrosão observada para os metais e ligas metálicas, em cada meio estudado. Palavras-chave: Corrosão; Metais; Ligas metálicas.

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466

AS CONTRIBUIÇÕES DOS USUÁRIOS NO DESENVOLVIMENTO DO CONSECUTIVO WEB Vitor Santa Rosa Gomes

Instituto Federal de São Paulo

Bolsista PIBIC IFSP1

Profa. Dra. Cláudia Cristina Soares de Carvalho2

[email protected]; [email protected]

RESUMO: O software Consecutivo foi desenvolvido por Cláudia Carvalho, pesquisadora de Educação Matemática, em 2014, durante seu doutorado. Por meio da proposição de tarefas e ferramentas dinâmicas, o Consecutivo pretendia trabalhar a argumentação formal em matemática. Todavia, ele possui algumas restrições técnicas: limitação ao Microsoft Windows e interface não muito agradável. Por isso, uma nova versão começou a ser produzida, o Consecutivo Web (http://www.consecutivo.hol.es/app.html). O objetivo deste projeto é expor tanto as versões de testes dessa nova interface quanto as avaliações e contribuições dos voluntários que a testaram. Os testes, durante o desenvolvimento de softwares, dividem-se em três partes: testes internos, controlados e avaliação do público em geral. Durante a construção das funcionalidades básicas de um programa, sua interface é avaliada pelos desenvolvedores, para encontrar e solucionar eventuais mal funcionamentos, assim como descobrir a necessidade de uma nova ferramenta. Com os alicerces do programa já funcionais, ocorrem testes controlados com grupos limitados de usuários, em que são coletados dados do uso da interface, avaliações, sugestões e relatos de percalços encontrados. Dessa forma, garante-se que a versão final a ser lança ao público geral satisfaça tanto as propostas do software quanto as expectativas do usuário, porém isso não impede que as manifestações do público amplo requeiram o desenvolvimento de uma nova versão, como aconteceu com o Consecutivo original. Disponibilidade multiplataforma, interface mais agradável, responder às tarefas no próprio programa e poder imprimi-las levaram ao desenvolvimento do Consecutivo Web, que foi bem avaliado pelos estudantes que o testaram. Porém, os testes mostram-se como um ciclo iterativo: já foram adicionadas à versão web, devido a sugestões, o salvamento das respostas nos cookies do navegador, a possibilidade de abrir o aplicativo em tela cheia e a sinalização dos itens já usados. Palavras-chave: Desenvolvimento web; educação matemática; teste iterativo

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XI JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA

467

DIREITOS HUMANOS DESCONHECIDOS Yankon Lennon Odilon de Mattos

EE Prof. Primo Ferreira

Bolsista PROIN

Profa. Me. Patricia Cristina Vasques De Souza Gorisch

1 [email protected]; [email protected]

RESUMO: Pesquisa realizada com base nas notícias da mídia tendo como base a Declaração Universal dos Direitos Humanos, utilizando-se de página de facebook para difundir os direitos humanos desconhecidos. Expansão e visão dos temas na sociedade, buscando a desconstrução individual dos pensamentos preconceituosos e errôneos relacionados a direitos humanos; Relacionar a Declaração Universal dos Direitos Humanos com os problemas atuais e questioná-los; Divulgação do projeto pelo facebook através da página Direitos Humanos Desconhecidos, visando a mudança de pensamentos e dogmas com os jovens.A grande mudança sentida pelo grupo foi a reconstrução de pensamentos humanistas, pró-feministas e sensibilização sobre os Refugiados no qual o conhecimento obtido pelos alunos pode ser espalhado e aprendido pelo meio convivido (mídia social). Desconstrução individual do grupo, conhecimento da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Conceito: utilização de imagens, à exemplo do site Instagram, onde a mensagem é passada através de imagens Palavras-chave: direitos humanos; declaração universal; mídias sociais

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V JORNADA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO ENSINO MÉDIO

468

AROMATERAPIA: USO DE ÓLEOS ESSÊNCIAS COM FINALIDADE ESTÉTICA E MEDICAMENTOS Yasmim Lins de Moraes

EE Prof. Primo Ferreira

Bolsista PROIN

Prof. Dr. Tulio Nakazato da Cunha

[email protected]; [email protected]

RESUMO: A Aromaterapia era praticamente desconhecida do mundo ocidental até a poucos anos atrás. Nos últimos anos, no entanto, a arte e a ciência dos aromas tem atraído a atenção de um público cada vez maior em todo o mundo. A Aromaterapia baseia-se na utilização dos óleos essenciais extraídos de plantas e no toque saudável da massagem aromática, que são empregados, para a saúde e o bem-estar do homem, terapeuticamente e em perfumaria. Os óleos essenciais têm ação sobre a mente, a alma e o corpo humano, e induzem ao desenvolvimento da capacidade olfativa, há tanto tempo obscurecida pela infinidade de cheiros sintéticos que inundam os ambientes modernos. Para os antigos alquimistas, os óleos essenciais das plantas sintetizavam a chamada quintessência. No trabalho com a Aromaterapia é recomendável uma visão holística e menos reducionista quando da abordagem dos princípios que regem a ação dos óleos essenciais sobre a natureza humana, uma vez que esta arte, por si só, é um tratamento holístico, com profunda ação sobre o corpo, a mente e as emoções. Este projeto pretende ser uma introdução ao estudo da arte do uso dos óleos essenciais, oferecendo o embasamento necessário para seguir adiante, aqueles que, porventura, se encantarem com o maravilhoso mundo das relações entre as naturezas da planta e do homem. Palavras-chave: desenvolvimento de medicamentos e cosméticos; desenvolvimento a partir de ativos naturais.

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