x anped sul - florianÓpolisxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras...

20
 X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                            p.1         Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (19732010)     Resumo O presente artigo apresenta e problematiza os exercícios envolvendo sílabas registrados nos Diários de Classe de alfabetizadoras. Com o estudo, buscase contribuir com a área da pesquisa em história da alfabetização. A pesquisa apresentada originou a minha dissertação de mestrado e tem como fonte e objeto 68 cadernos manuscritos de planejamento de aulas de professoras alfabetizadoras do 1ºano/1ªsérie compreendidos no período entre 1972 e 2010. A pesquisa está inserida no campo da história da alfabetização, e o referencial teórico é fundamentado nos seguintes autores: Artières (1998), Chartier (2007), Ginzburg (2011), Mignot (2006, 2008), Pérez e García (2001), Soares (2002, 2006), Moraia (2012), ente outros. Os exercícios com sílabas foram organizados para fins de análise em seis tipologias distintas: treino gráfico, memorização de sílabas, reconhecimento gráfico e/ou sonoro de sílabas, separação e junção de sílabas das palavras, ordenação de sílabas e escrita de palavras a partir de sílabas ou sílaba determinada. Um dos resultados encontrados foi a predominância dos “métodos tradicionais” de alfabetização nos Diários. Além disso, os exercícios com sílabas mais recorrentes foram aqueles que privilegiam a cópia e a memorização de tais estruturas.  Palavraschave: Diário de Classe, alfabetização, sílabas   Gisele Ramos Lima [email protected]         

Upload: letram

Post on 30-Nov-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.1 

 

 

 

 

    Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)    

 

Resumo O  presente  artigo  apresenta  e  problematiza  os  exercícios envolvendo  sílabas  registrados  nos  Diários  de  Classe  de alfabetizadoras.  Com  o  estudo,  busca‐se  contribuir  com  a área da pesquisa em história da  alfabetização. A pesquisa apresentada  originou  a minha  dissertação  de mestrado  e tem  como  fonte  e  objeto  68  cadernos  manuscritos  de planejamento  de  aulas  de  professoras  alfabetizadoras  do 1ºano/1ªsérie compreendidos no período entre  1972 e 2010. A  pesquisa  está  inserida  no  campo  da  história  da alfabetização, e o  referencial  teórico é  fundamentado nos seguintes  autores:  Artières  (1998),  Chartier  (2007), Ginzburg (2011), Mignot (2006, 2008), Pérez e García (2001), Soares  (2002,  2006),  Moraia  (2012),  ente  outros.  Os exercícios  com  sílabas  foram  organizados  para  fins  de análise  em  seis  tipologias  distintas:  treino  gráfico, memorização  de  sílabas,  reconhecimento  gráfico  e/ou sonoro  de  sílabas,  separação  e  junção  de  sílabas  das palavras, ordenação de sílabas e escrita de palavras a partir de  sílabas  ou  sílaba  determinada.  Um  dos  resultados encontrados  foi  a  predominância  dos  “métodos tradicionais”  de  alfabetização  nos  Diários.  Além  disso,  os exercícios com sílabas mais recorrentes foram aqueles que privilegiam a cópia e a memorização de tais estruturas.  Palavras‐chave: Diário de Classe, alfabetização, sílabas  

 Gisele Ramos Lima 

[email protected]       

 

 

Page 2: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.2 

 

X A

nped Sul

Introdução 

O presente artigo apresenta os resultados da pesquisa de mestrado e insere‐se no 

campo da história da alfabetização. A pesquisa está vinculada a um grupo de pesquisa de 

uma Universidade Federal do estado do Rio Grande do Sul. Neste grupo de pesquisa, três 

eixos  são privilegiados nas  investigações:  i)  estudos  sobre história da  alfabetização;  ii) 

pesquisas sobre práticas sociais de leitura e de escrita; iii) análise da produção, circulação 

e utilização de livros escolares produzidos no Rio Grande do Sul, especialmente entre os 

anos de 1940 e 1980 (período da influência do CPOE – Centro de Pesquisas e Orientações 

Educacionais – SEC/RS na produção didática gaúcha). 

O  trabalho  está  vinculado  ao  primeiro  eixo  de  investigação  deste  grupo  de 

pesquisa e tem por objetivo problematizar o uso de planejamentos diários de professoras 

alfabetizadoras  em  pesquisas  no  campo  da  história  da  alfabetização,  mais 

especificamente  os  exercícios  com  sílabas  registrados  nesses  diários.  Os  diários  de 

planejamento de professoras alfabetizadoras são chamados, para o caso do Rio Grande 

do Sul, de “Diários de Classe”1.  

No  período  do  desenvolvimento  da  pesquisa,  o  grupo  dispunha,  conforme  o 

acervo que foi se constituindo a partir de doações de professoras ou pessoas próximas às 

professoras  alfabetizadoras,  de  83  Diários  de  Classe  de  turmas  de  1ª  ano/1ª  série  e 

2ºano/2ªsérie. Um dado relevante a considerar‐se é que o suporte desses planejamentos 

de aulas manuscritos, os Diários, são cadernos de aula  ‘comuns’  (a maioria do acervo é 

constituído de cadernos grandes, medindo 200 mm x 275 mm). Com  isso, observa‐se a 

afirmação  de  Chartier  (2007)  em  relação  aos  cadernos  dos  alunos,  ou  seja,  a  de  que 

cadernos  são,  ao mesmo  tempo, uma  fonte  (ou objeto) de  investigação  “fascinante  e 

enigmática, difícil de tratar e de interpretar, justamente por sua aparente banalidade” (p. 

23).  

Os Diários de Classe utilizados na pesquisa compreendem o período da década de 

70 até o ano de 2010. Os  referidos diários apresentam  registros do cotidiano das aulas 

                                                            1 Embora essa não seja uma definição comum para outros estados do Brasil (que chamam Diários de Classe 

apenas as folhas avulsas  impressas nas quais são  registradas as aulas dadas e a presença ou ausência dos alunos, como explicarei adiante), vou doravante usar essa denominação por ser a mais usada pelas professoras dos anos inicias para o caso do Rio Grande do Sul. 

Page 3: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.3 

 

X A

nped Sul

planejadas pelas professoras alfabetizadoras a fim de ensinar meninos e meninas a  ler e 

escrever.  É  importante  salientar  que  esses  documentos,  aparentemente  “banais”, 

guardam  registros  significativos para pesquisas que pretendem problematizar o ensino 

da leitura e da escrita na escola. 

 

A organização do acervo e a ‘natureza’ dos diários de classe  

No  período  da  realização  da  pesquisa  trabalhei  na  organização  do  acervo  dos 

Diários  de  Classe  pertencente  ao  grupo  de  pesquisa  supracitado.  Aquela  não  foi  uma 

tarefa  fácil,  pois  alguns  documentos  encontravam‐se  em  estado  precário  e  com  o 

desgaste  natural  do  tempo  e  do  manuseio.  A  primeira  tarefa  era,  então,  limpá‐los. 

Inicialmente, foi necessário, também, encontrar uma forma de catalogar tais materiais de 

modo a organizá‐los, permitindo a  incorporação de novos cadernos à medida que havia 

novas doações. A organização foi pensada de forma a possibilitar visualizar a quantidade 

de material por década e por ano, permitindo a  formulação de hipóteses para estudos 

específicos. No quadro abaixo, a síntese, por década, do acervo dos Diários de Classe na 

época em que desenvolvi a pesquisa de mestrado: 

 

Total de Diários de planejamento por década 

Década  Número de Cadernos 

1970  03 

1980  18 

1990  24 

2000  37 

Sem data  1 

TOTAL  83 

 

É  importante explicitar que os Diários de Classe manuscritos das professoras têm 

natureza diferente dos Diários de Classe oficiais da  escola,  como  aqueles descritos  no 

trabalho de Alves (2003), por exemplo. Os diários descritos por Alves (2003) contêm os 

registros das presenças e das ausências dos alunos e das alunas, a  lista dos conteúdos 

trabalhados diariamente e as notas, e ao final do ano letivo são arquivados na escola por 

serem documentos oficiais.  

Page 4: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.4 

 

X A

nped Sul

Os  Diários  de  Classe  manuscritos  das  professoras  alfabetizadoras  são  de 

“propriedade” das professoras, não ficam arquivados na escola no final do ano  letivo e, 

mesmo que sigam uma organização,  já que, em alguns momentos, são verificados pela 

supervisora da escola, as professoras  têm maior “liberdade” para organizar e  registrar 

informações além daquelas   referentes aos planejamentos das aulas. Assim, nos Diários 

manuscritos  é  possível  encontrar  bilhetes,  anotações  de  compromissos  pessoais  e 

profissionais das professoras, dentre outras anotações referentes ao cotidiano da escola, 

da sala de aula e dos alunos. 

Consideram‐se, assim, os Diários de Classe  como escritas ordinárias de natureza 

profissional  (MIGNOT  E  CUNHA,  2006)  que  registram,  no  dia  a  dia,  grande  parte  do 

conteúdo ministrado em sala de aula ou aquele que seria trabalhado em determinado dia 

letivo, ou seja, os conteúdos e atividades que a professora pretendia desenvolver com os 

alunos2. São escritas que muitas vezes  ficam “silenciadas” no  cotidiano da escola e na 

própria  história  da  educação, mas  que  podem  auxiliar  na  compreensão  da  história  do 

ensino da leitura e da escrita.  

Muitas são as escritas ordinárias de professores realizadas na escola, dentre elas, 

os Diários de Classe, que podem contribuir para escrever a “história do cotidiano escolar” 

e, em  relação  ao  acervo deste grupo de pesquisa,  aspectos da história da  leitura e da 

escrita. Esse material, geralmente, é desprezado por não ser considerado oficial.  Mignot 

e Cunha (2006), referindo a essas escritas ordinárias de caráter profissional, afirmam que 

os arquivos escolares: 

(...)  não  preservam  os  escritos  de  professores  e  de  alunos  que, igualmente,  ajudariam  a  compreender  as  práticas  pedagógicas,  a aprendizagem  da  leitura  e  da  escrita,  a  chegada  de  novos  artefatos técnicos às escolas, a cultura e o cotidiano escolar. (MIGNOT e CUNHA, 2006; p.51). 

 Assim, os Diários de Classe que constituem o acervo do referido grupo de pesquisa 

não são documentos guardados na escola, eles foram conservados pelas professoras ou 

                                                            2 Em alguns diários encontra‐se no planejamento de aulas o registro das professoras de que determinada 

atividade não foi possível ser trabalhada, mas entendemos que como foi planejada, havia por parte da professora a intenção de que as crianças a realizasse. 

 

Page 5: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.5 

 

X A

nped Sul

por algum familiar que fez a doação ao grupo de pesquisa, o qual se ocupa de preservar a 

história da alfabetização, especialmente por meio desses materiais que são considerados 

“ordinários”  e,  praticamente,  “sem  valor”.  Apenas  recentemente ─  e  ainda  de  forma 

rarefeita ─ a história da educação tem se preocupado com a guarda e a pesquisa de tal 

documentação. 

 Pode‐se  se  dizer  que,  ao  guardarem  seus Diários,  as  professoras  arquivaram  a 

própria vida profissional, talvez com o simples  intuito de guardar ou, quem sabe, com a 

intenção de  ter  a  identidade  reconhecida de  alguma  forma,  segundo   Mignot e Cunha  

(2006),  usando  a  expressão  consagrada  de  Philippe  Artières  (1998),  no  intuito  de 

“arquivar  a  própria  vida”  para  preservar  a  memória,  testemunhar  acontecimentos, 

imortalizar a experiência. (MIGNOT e CUNHA 2006; p.43). Tendo em vista as razões que 

fizeram  com  que  as  professoras  ou  familiares  guardassem  esses  registros  e,  depois, 

doassem  para  a  guarda  e  preservação,  é  preciso  salientar  que  tais documentos  talvez 

tenham  sido  “escolhidos”  por  razões  diversas,  assim  como  outros  foram  descartados 

também por motivos diversos. Assim, Artières (1998) indica, em relação ao arquivamento 

de fotografias familiares, que 

(...) em toda família, existe com efeito o hábito de dedicar regularmente longas tardes a reunir e a organizar as fotos relacionadas com a vida de cada  um  dos  seus  membros.  Um  casamento,  um  nascimento,  uma viagem são objeto de uma ou de várias páginas. Não colamos qualquer foto  nos  nossos  álbuns.  Escolhemos  as  mais  bonitas  ou  aquelas  que julgamos mais  significativas;  jogamos  fora aquelas em que alguém está fazendo  careta,  ou  em  que  aparece  uma  figura  anônima.  (ARTIÈRES, 1998, p.14) 

 Da mesma forma é possível considerar que os Diários guardados pelas professoras 

também sejam aqueles que elas consideram mais significativos, mais “bonitos”, melhor 

organizados (uma vez que ele é feito anualmente), pois é possível observar o cuidado que 

muitas    professoras  têm  com  a  “aparência”  de  seus  Diários,  mantendo‐os 

cuidadosamente  encapados  e  enfeitados  com  gravuras,  fotos,  frases  e  com  uma  letra 

impecável e  legível, revelando um “fazer profissional” que é próprio de professoras dos 

anos  iniciais    da  escolarização.  As  capas  de  alguns  Diários  são  cuidadosamente 

trabalhadas  ou  encapadas  e,  na    primeira  página  de  alguns  dos  Diários,  há  fotos  ou 

Page 6: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.6 

 

X A

nped Sul

gravuras de crianças, dados de identificação da professora e da escola, frases edificantes, 

versos,  poesias,  enfim,  algum  tipo  de  registro  que  remete  a  uma  forma  de  expressão 

espontânea das professoras.  Abaixo, reproduz‐se a capa e primeira página de Diários que 

revelam os “cuidados” que as professoras alfabetizadoras têm com tais registros: 

 Capa ‐ C2‐ 2002 

         Primeira página – C1‐1998 

FRASES ESCRITAS NA 1ª PÁGINA 

DO CADERNO: C1‐1998 

“Nada apaga a emoção de ensinar 

e o carinho dado por quem se 

ensina.” 

“Deus está dentro de cada um de 

nós pronto a dar‐nos energia, 

ânimo e incentivo. Confia na 

bondade do Pai.” 

“A criança aprende o que vive, se 

vive com amor aprende a amar o 

mundo.” 

Page 7: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.7 

 

X A

nped Sul

No  primeiro  caso,  a  professora  bordou  com  o  chamado  “ponto  cruz”  a 

personagem  infantil Mônica,  de Maurício  de  Sousa,  e,  no  segundo  exemplo,  as  frases 

edificantes e uma  foto da  sala de aula. Esses  são apenas dois exemplos de  como essa 

questão do “cuidado” com o material e do registro da “vida em sala de aula” consta nos 

cadernos das professoras.   

O  registro das aulas nos Diários oferece a possibilidade de encontrar “pistas” e 

“vestígios”  (GINZBURG,  2011)  para  sabermos,  por  exemplo,  que  concepção  as 

professoras têm em relação à  linguagem, que metodologias são adotadas para o ensino 

da leitura e da escrita nas últimas décadas do século XX e primeira década do século XXI 

ou quais os espaços de brincar são reservado às crianças no decorrer do cotidiano da sala 

de  aula.  Além  disso,  há  outras  possibilidades  de  pesquisa  que  podem  envolver  as 

atividades,  exercícios  utilizados  pelas  professoras  para  alfabetizar  seus  alunos,  por 

exemplo. 

Na presente pesquisa, o foco é a análise das atividades com sílabas presentes nos 

Diários de Classe ao longo do período estudado. Para isso, são analisadas quais atividades 

são desenvolvidas pelas professoras e se tais exercícios são relevantes ou não para que 

os  alunos  se  alfabetizem,  ou  seja,  entendam  e  se  apropriarem  do  Sistema  de  Escrita 

Alfabético (MORAIS, 2012). 

Ao analisar os registros dos planejamentos das professoras, não se pode esquecer 

que parte do que foi desenvolvido na sala de aula está silenciado, pois não se tem acesso 

aos gestos e falas das professoras e das crianças. Dessa forma, Viñao (2008) afirma que  

(...) com certeza, há de se descartar a possibilidade de reconstrução do currículo real. Este desapareceu e, como em toda a operação histórica, o máximo que podemos fazer é nos aproximar do passado e reconstruí‐lo de modo parcial e com um enfoque determinado (VIÑAO, 2008; p.25). 

 Assim,  tendo em vista alguns pressupostos do paradigma  indiciário  (GINZBURG, 

2011),  foi  possível  identificar  e  analisar  inúmeras  questões  relacionadas  à  história  do 

ensino da  leitura e da escrita no período em questão e problematizar as atividades com 

sílabas registradas nos diários. 

 

Page 8: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.8 

 

X A

nped Sul

O ensino da leitura e da escrita visto por meio de diários de classe  

As discussões sobre a melhor forma de ensinar crianças, jovens e adultos a ler e a 

escrever na escola são recorrentes na história da educação. Até metade dos anos oitenta 

do século XX, essa discussão centrava‐se em embates  referentes ao melhor método de 

ensino para  superar o problema do  “fracasso escolar na  alfabetização” que existe em 

nosso  país  desde  a  implantação  da  escola,  especialmente  com  o  advento  da  escola  

pública, gratuita, leiga e obrigatória que surgiu com o ideário republicano, sendo a escola 

considerada espaço  institucional por excelência que deveria  se ocupar  com o ensino e 

com a aprendizagem do povo (MORTATTI, 2006). A partir do mesmo período, ocorre uma 

mudança  gradativa  no  paradigma  da  educação:  a  preocupação  central  desloca‐se  do 

“como ensinar” para o “como se aprende”, ou seja, como as pessoas se apropriam da 

leitura e da escrita, as quais se tornam objeto de conhecimento.  

A análise dos diários intenciona investigar com referência em alguns pressupostos 

de paradigma indiciário (GINZBURG, 2011), tais como: maneira com que as atividades com 

sílabas  são  pensadas,  elaboradas  e  trabalhadas  pelas  professoras  alfabetizadoras  no 

período em questão, considerando os registros tanto no Diário mais longínquo, do ano de 

1970,  até  o  Diário  mais  recente,  do  ano  de  2010.    Além  disso,  busca‐se,  também, 

problematizar  estas  atividades  no  que  se  refere  ao  desenvolvimento  de  habilidades 

necessárias para que os alfabetizandos se apropriem do Sistema de Escrita Alfabética. 

Nos  diários  da  década  de  70,  que  pertencem  a mesma  professora  em  escolas 

distintas,  as  atividades  envolvendo  o  uso  de  sílabas  apresentam  vestígios  (GINZBURG, 

2011) de estarem vinculadas ao Método Fônico de alfabetização, os  indícios contidos no 

planejamento da professora permitem dizer que ela utilizava o “Método da Abelhinha”, 

  que possuía  um  rico material  ilustrado,  uma  cartilha  e  um manual do professor 

descrevendo  todos os passos a  serem  seguidos no decorrer das aulas. Assim,  segundo 

Lapuente e Peres (2010), 

na  utilização  do  “Método  da  Abelhinha”  são  usados  prioritariamente recursos  fônicos  e  visuais,  tem  como  atividade principal  a  “História  da Abelhainha”,  organizada  de  forma  continuada  e  dividida  em  sete capítulos,  cuja personagens  são associados a  sons e  letras,  criando um universo  de  imaginação  e  fantasia.  [...]  O  “Método  da  Abelhinha apresenta três etapas seguidas de objetivos, duração, recomendações e 

Page 9: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.9 

 

X A

nped Sul

sugestões de atividades.   De acordo com o Guia do mestre e do Guia de Aplicação,  elaborado  pelas  autoras  do  método,  as  etapas  são  as seguintes:  Período  Preparatório  ou  Integração  da  Criança,  História  ou Inicio  da  Alfabetização  e  Completando  a  Alfabetização.(LAPUENTE  e PERES, 2010, p.95/94) 

 Os  referidos diários apresentam,  inicialmente, atividades de desenvolvimento da 

percepção motora e, na  sequência do planejamento, as  letras  são apresentadas uma a 

uma, sendo, primeiro, as vogais, com atividades que envolvem o seu traçado e o seu som. 

A descrição da atividade sempre faz referência ao som da letra e não ao nome da mesma. 

A apresentação das  letras e a proposta de  leitura das  letras ocorrem, em média, na  18ª 

aula,  já a proposta de  junção das  letras para formar palavras só aparece após exercícios 

de  reunião  das  letras  para  formar  sílabas.  Neste  período,  aparecem  diariamente 

exercícios  que  solicitam  ao  aluno  “encher  a  linha”  com  determinada  letra  e, 

posteriormente, com determinada sílaba.  

Os  indícios colhidos nestes Diários da década de 70 também possibilitam verificar 

que eles  refletem uma proposta de alfabetização que correspondem ao que é descrito 

por Mortatti  (2006) para o  caso deste período. Diz  a  autora, em  relação  ao ensino da 

leitura e da escrita, que  

a  escrita  continua  sendo  entendida  como  uma  questão  de  habilidade caligráfica  e  a  ortográfica,  que  deve  ser  ensinada  simultaneamente  à habilidade da leitura; o aprendizado de ambas demandavam um “período preparatório”,  que  consistia  em  exercícios  de  discriminação  e coordenação  viso‐motora  e  auditivo‐motora,  posição  de  corpo  e membros, dentre outros. (MORTATTI, 2006, p.9/10). 

 No final da década de 70, a este entendimento acerca da alfabetização, agregam‐

se  questões  psicológicas  referentes  à  necessidade  de maturidade  da  criança  para  que 

essa aprenda a  ler e escrever, pressupostos que perduram até o  inicio da década de 80, 

quando  são  divulgados  os  estudos  da  Psicogênese  da  Língua  Escrita.  A  partir  da 

divulgação dos estudos psicogenéticos (FERREIRO e TEBEROSKY, 1999), a compreensão 

em  relação  ao  ensino  da  leitura  e  da  escrita  é  que  o  “período  preparatório”  é 

desnecessário, deve ser suprimido do planejamento das professoras, bem como qualquer 

atividade  de  repetição  e memorização. A  prioridade  da  professora  deve  ser  investigar 

quais as hipóteses  referentes à  leitura e à escrita que as crianças possuem para, então, 

Page 10: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.10 

 

X A

nped Sul

pressupor  as  intervenções  necessárias  visando  à  evolução  dessa  hipótese  de  forma  a 

promover  a  aprendizagem  da  leitura  e  da  escrita  de  seus  alunos  (FERREIRO  e 

TEBEROSKY,  1999).  Inicia‐se  chamada  “era  do  construtivismo”,  que,  segundo  Becker 

(2001),  conceitua‐se  como “[...] uma  teoria, um modo de  ser do  conhecimento, ou um 

movimento do pensamento que emerge do avanço das ciências e da filosofia dos últimos 

séculos (p.72)”.  

Em uma análise preliminar dos Diários de Classe referentes aos anos 1980, 1990 e 

2000  foi  possível  verificar,  nos  anos  de  1980,  a  permanência  de  propostas  de 

alfabetização  disseminadas  nos  anos  de  1970,  ou  seja,  ainda  apresentam  o  “período 

preparatório”  e  há  uma  organização metodológica  vinculada  a métodos  analíticos  ou 

sintéticos de alfabetização (RIZZO, 1986), bem como a indicação de uso de cartilhas. Nos 

diários dos anos de 1990 e 2000 a mudança ocorre a partir de um gradativo abandono do 

período  preparatório,  mas  a  predominância  metodológica  é  de  uso  dos  tradicionais 

métodos  analíticos  ou  sintéticos,  tendo  apenas  um  “ensaio”  de  uso  de  propostas 

construtivistas  que  pretendem  implementar  práticas  de  letramento  na  sala  de  aula, 

porém,  estas  propostas  deixam  indícios  de  um  esquecimento  do  trabalho  com  a 

especificidade  da  alfabetização  (SOARES,  2006),  ou  seja,  ele  não  é  desenvolvido 

cotidianamente em sala de aula. Assim, no que se refere às atividades relacionadas ao uso 

de  sílabas,  que  são  diárias,  predominam,  no  planejamento  das  professoras 

alfabetizadoras, as que propõem a repetição e memorização das sílabas e não atividades 

que oportunizem ao alfabetizando  refletir sistematicamente sobre o Sistema de Escrita 

Alfabética para apropriar‐se da leitura e da escrita.  

 

Análise das atividades com sílabas 

Dos  83 Diários  de  Classe  que  constituem  o  acervo  do  grupo  de  pesquisa,  após 

levantamento de dados de todos os Diários, optou‐se por trabalhar apenas com os dados 

contidos em 68 diários. Os referidos diários são referentes ao planejamento de aulas de 1º 

ano e 1ª série, já que esse é o período inicial da aquisição da leitura e da escrita escolar. 

Page 11: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.11 

 

X A

nped Sul

Nos  68  Diários  de  Classe  analisados,  observou‐se  2877  exercícios  com  sílabas, 

conforme a tabela abaixo: 

 

Tabela  ‐ Exercícios com sílaba por número de Diários a cada década. 

Ano  1970  1980  1990  2000  TOTAL 

Número de Diários de Classe  3  14  22  29  68 

Número  de  exercícios  nos  Diários  de 

Classe a cada década 203  255  1.004  1.415  2.877 

Fonte: da autora 

 

Os 2877 exercícios foram divididos em 6 categorias/tipologias diferentes para fins 

de  análise.  Para  esta  organização,  consideraram‐se  ordens  implícitas  ou  explícitas 

registradas nos Diários de Classe. Ordens que, ao  final de uma exaustiva análise para o 

agrupamento, resultaram em 72 ordens destinaras. 

As seis tipologias de exercícios são: 

a) Exercícios que visam ao treino gráfico 

Exercícios de treino gráfico são atividades, como o próprio nome sugere, de 

repetição, de treino para o aprendizado e de fixação do traçado de letras e 

sílabas. Trata‐se da atividade, por exemplo, de “encher  linha de sílabas”. É 

uma atividade recorrente em muitos dos Diários de Classe. 

 

b) Memorização das sílabas 

O objetivo principal desse tipo de atividade é,  justamente, a memorização 

de sílabas soltas, geralmente  relacionadas ao estudo das  famílias silábicas 

(ba, be, bi, bo, bu), sendo muito utilizada no chamado “método silábico” de 

alfabetização. Constituem exemplos desse tipo de exercício: leitura coletiva 

e individual de sílabas, ditado de sílabas, cópias de sílabas, junção de letras 

para formar sílabas, junção de sílabas iguais. 

 

Page 12: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.12 

 

X A

nped Sul

c) Reconhecimento gráfico das sílabas 

São  atividades  que  supõem  o  reconhecimento  da  sílaba  nas  palavras 

escritas,  mas  não  obrigatoriamente  a  leitura  da  palavra,  uma  vez  que, 

considerando  os  exercícios  de  memorização  de  sílabas  presentes  em 

muitos  Diários,  alguns  alunos  podem  identificar  e  encontrar  as  sílabas 

mesmo não conseguindo ler a palavra propriamente dita. Exemplos desses 

exercícios são aqueles que solicitam que o aluno circule, pinte ou  recorte 

determinada sílaba nas palavras. 

 

d) Ordenação de sílabas 

As  atividades  de  ordenação  de  sílabas  são  aquelas  em  que  são 

apresentadas  sílabas  “misturadas” para que o  aluno organize‐as  e  forme 

palavras. Em algumas vezes, essa atividade exige uma ação cognitiva mais 

elementar  (apenas  codificar)  e,  em  outras,  uma  operação  cognitiva mais 

complexa  (a  leitura  da  palavra).  Por  exemplo,  quando  as  sílabas  são 

apresentadas  sem  referência  a  como  devem  ser  organizadas,  sem 

sequência (co – ma – ca = macaco), pressupõe‐se a leitura da palavra e uma 

operação  cognitiva  um  pouco  complexa.  Quando,  porém,  as  sílabas 

apresentadas  estão  relacionadas  a  números  a  serem  organizados  em 

sequência  (3  co  –  1  ma  –  2  ca  =  macaco),  o  nível  de  exigência  e  de 

compreensão da palavra  torna‐se menor. Nessa  situação, a  criança pode, 

primeiramente,  ordenar  as  sequências  a  partir  de  um  conhecimento 

matemático de ordem numérica e, depois, proceder à  leitura. Mesmo em 

caso  de  não  conseguir  ler,  terá  realizado  a  atividade,  ao  contrário  do 

primeiro  tipo  de  exercício,  em  que  ele  precisa  “descobrir”  a  palavra 

primeiramente, exigindo, assim, uma reflexão. 

 

e) Escrita de palavras a partir de sílaba ou sílabas determinadas 

É um tipo de exercício em que é apresentado um conjunto de sílabas para 

que sejam descobertas palavras possíveis de serem escritas com as sílabas 

Page 13: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.13 

 

X A

nped Sul

dadas.  Na  escrita  de  palavras  a  partir  de  uma  determinada  sílaba,  é 

solicitado  aos  alunos  que  escrevam  palavras  que  contenham  ou  iniciem 

com a sílaba sugerida. Atividades como essas pressupõem, na maioria das 

vezes, a capacidade de ler, escrever e entender a palavra em questão. É um 

exercício que exige do aluno certa reflexão sobre a organização das sílabas 

no interior das palavras, a fim de estas apresentarem sentido. 

 

f) Separação e junção de sílabas das palavras 

As  atividades  de  separar  ou  de  juntar  sílabas  para  formar  palavras  são 

recorrentes  nos  Diários  de  Classe  em  todas  as  décadas.  Nesse  caso,  os 

exercícios têm como ordem  implícita ou explícita o pedido para os alunos 

separarem palavras em sílabas ou juntarem as sílabas para formar palavras. 

Tais  sílabas  são apresentadas  lado a  lado e na ordem em que devem  ser 

unidas (ca va lo = cavalo). 

 Os exercícios mais recorrentes são os que propõem o uso separar as sílabas das 

palavras. Esta atividade, algumas vezes, vem acompanhada com a ordem de “separar”, 

“separa e lê as sílabas” e/ou “separa e conta as sílabas” e, em outros momentos, apenas 

com  a  ordem  de  “separa  sílabas”  ou  ainda  somente  deixam  indício  de  que  se  devem 

separar as sílabas, não tendo o registro da ordem da atividade.  

Por  serem  estas  as  atividades  mais  recorrentes  nos  Diários,  neste  artigo, 

apresentam‐se e problematizam‐se alguns destes exercícios.  

Considerando  a  organização  do  caderno  da  professora,  esta  atividade  não  está 

relacionada  a  nenhum  contexto  de  prática  de  letramento,  o  caderno  é  organizado 

contendo a data e, logo abaixo, uma lista de 

exercícios  numerados  sequencialmente.  A 

estrutura  e o  conteúdo dos planejamentos 

evidenciam  que  a  professora  adota  o 

método  silábico  de  alfabetização:  uma 

proposta que entende a língua escrita como 

Caderno 2 do ano de 2004 

Page 14: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.14 

 

X A

nped Sul

um codificar e decodificar  letras. Em nenhum momento do registro do planejamento da 

professora  encontram‐se  vestígios  de  que  ela  explore  oralmente  a  atividade, 

oportunizando as crianças, por exemplo, pensarem que, ao alterar a voga (grafema) da 

sílaba inicial, se altera o som (fonema) dessa sílaba, propiciando, assim, o desenvolvendo 

da  consciência  fonêmica  e  silábica  (MORAIS,  2012) no processo de  aquisição da  língua 

escrita. A professora também já aponta para os alunos o número de sílabas das palavras, 

sendo, então, essa uma atividade que deixa vestígios em  relação à exigência de pouca 

reflexão sobre a língua escrita. 

Já a atividade de separação silábica, apresentada a seguir, tem outra proposta. 

Esta atividade está  inserida em um  contexto de prática de  letramento,  já que o 

planejamento  da  professora  apresenta  vestígios  de  uma 

preocupação em contextualizar as atividades, trabalhando as 

palavras  a  partir  de  um  assunto  ou  texto  discutido  com  os 

alunos.  A  proposta  de  separar  as  sílabas,  na  atividade 

apresentada ao  lado, é desenvolvida,  inicialmente, de  forma 

oral, pronunciam‐se as palavras e identifica‐se o número de sílabas, conta‐se o número de 

letras, diferenciando a quantidade de sílabas da quantidade de  letras de cada palavra e, 

por  fim,  os  alunos  escrevem  a  palavra  completa.  É  uma  atividade  que  oportuniza  a 

reflexão  sobre  o  Sistema  de  Escrita Alfabética,  enfocando  a  relação  entre  a  dimensão 

escrita e a dimensão oral da palavra. Percebe‐se que esta é uma atividade que “introduz a 

reflexão sobre a palavra, as habilidades fonológicas das crianças vão se desenvolvendo” 

(MORAIS, 2012; p.90). Habilidades que, segundo Freitas (2004), são importantes, pois 

A  língua  portuguesa  apresenta  escrita  alfabética  essencialmente fonêmica, baseada na  relação  entre os  sons  e  as  letras. Esta  relação  é estabelecida  através  do  principio  alfabético  da  escrita  palavras  escritas contêm combinações de letras – que são sistematicamente relacionadas às  unidades  sonoras  das  palavras  –  fonemas  (Gathercole  e  Badedeley, 1993). A descoberta dessa  relação grafonológica  só é alcançada através da  reflexão  sobre  os  sons  da  fala  e  sua  relação  com  os  grafemas  da escrita,  reflexão  esta  que  exige  o  acesso  a  consciência  fonológica (FREITAS, 2004;  p.190). 

 Outra atividade relevante para o presente estudo é a seguinte: 

 

Caderno 2 do ano de 2000 

Page 15: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.15 

 

X A

nped Sul

 

Caderno 4 do ano de 2000 

 

Esta atividade está  inserida em um planejamento com base construtivista, a qual 

se detém ao desenvolvimento de práticas de  letramento no cotidiano da sala de aula. É 

uma atividade em que a professora não se limita a trabalhar com as sílabas canônicas, ela 

incita a reflexão sobre o uso de dígrafos e encontros consonantais. Na palavra “pássaro” 

é possível que o aluno diferencie a sílaba gráfica da sílaba  fônica no momento em que 

percebe  que,  na  sílaba  gráfica,  separam‐se  os  “SS”  e,  na  sílaba  fônica,  eles  são 

pronunciados juntos. Dessa forma, o alfabetizando tem a oportunidade de refletir sobre a 

dimensão  gráfica  e  escrita  da  palavra.  Os  vestígios  encontrados  nos  cadernos  da 

professora,  como  registro  do  desenvolvimento  do  aluno,  permite  concluir  que  esta 

atividade também é explorada oralmente pela professora. 

Ainda, no que se refere à análise dos registros do diário, encontraram‐se vestígios 

de  que  a  professora  é  uma  estudiosa  da  alfabetização,  pois,  nele,  há  vários  registros 

teóricos  referentes  a  um  curso  de  especialização.  Com  isso,  é  possível  inferir  que  a 

educadora percebe a Escrita Alfabética como um sistema notacional (MORAIS, 2012) com 

um conjunto de normas e propriedades que definem o funcionamento do registro escrito 

das palavras faladas e não uma mera codificação e decodificação de sons e grafemas. 

 

Conclusões  

A  partir  da  análise  dos  Diários  de  Classe  focalizados  neste  estudo,  é  possível 

concluir que tais documentos revelam, no que se refere ao ensino da leitura e da escrita, 

as concepções de ensino da  língua escrita das professoras alfabetizadoras. Os registros 

contidos  nos  68  Diários  permitem  identificar  que,  no  planejamento  das  professoras, 

encontra‐se explícito o uso de métodos sintéticos ou analíticos de alfabetização, métodos 

que  seguem  uma  ordem  hierárquica  de  desenvolvimento  de  habilidades,  conforme 

Page 16: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.16 

 

X A

nped Sul

procedimentos  lógicos e didáticos, partindo‐se de elementos “mais  fáceis para os mais 

difíceis”.  

Os  Diários  pertencentes  às  décadas  de  1970  e  de  1980  apresentam  um 

planejamento alinhado às concepções teóricas do período a que se referem, ou seja, são 

pautados nos métodos sintéticos de alfabetização. Já os Diários das décadas de  1990 e 

2000, com raras exceções, apresentam um planejamento alinhado às décadas anteriores, 

não contemplando os estudos da Psicogênese da Língua Escrita e a  implementação de 

práticas  de  letramento  no  cotidiano  da  sala  de  aula  das  professoras  alfabetizadoras, 

proposto  para  o  período.  Sendo  assim,  existe  predominância  de  planejamentos  que 

contemplam  o  uso  dos  tradicionais métodos  sintéticos  ou  analíticos  para  o  ensino  da 

leitura  e  da  escrita,  os  quais  possuem  uma  concepção  de  alfabetização  como  um 

processo de codificar e decodificar grafemas e fonemas, e não com o entendimento da 

língua  escrita  como  a  compreensão  de  um  sistema  notacional.  Assim,  encontra‐se  a 

justificativa para o elevado número de exercícios envolvendo sílabas e para a forma como 

tais atividades  são  trabalhas pelas professoras, ou  seja, a maioria das atividades  serem 

focadas no propósito de repetição e memorização das sílabas. 

Logo,  conclui‐se  que  atividades  de memorização  e  de  repetição  são  constantes 

nos  planejamentos  registrados  nos  Diários  analisados.  Em  relação  aos  exercícios  com 

sílabas  focalizados  nesta  Dissertação,  aproximadamente  metade  das  atividades  são 

propostas com o objetivo de memorizar sílabas, reconhecê‐las e realizar treinos gráficos.  

As habilidades desenvolvidas nessas três categorias também são importantes para 

o processo de alfabetização, mas o problema encontra‐se na  forma e no momento em 

que são propostas. No que se refere ao treino gráfico, que teria o objetivo de ensinar as 

crianças  a  grafar  letras,  encontram‐se  indícios,  nos Diários  estudados, que  essa  é  uma 

atividade sem sentido no processo de alfabetização, já que os alunos não são estimulados 

a  refletir  sobre as  letras  como objeto de  conhecimento necessário para a aquisição da 

leitura e da escrita. Como consequência, há a possibilidade de gerar o chamado “aluno 

copista”,  isto  é,  crianças  com  uma  ótima  caligrafia  que  apenas  copiam, mas  que  não 

conseguem ler nem escrever com autonomia. 

Page 17: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.17 

 

X A

nped Sul

Quanto  aos  exercícios  de  memorização,  considera‐se  que  a  memória  é  um 

elemento  importante  para  qualquer  aprendizagem  (CAGLIARI,  2010),  pois  é  ela  que 

garante a “permanência” acerca do aprendizado. Nos Diários analisados, exercícios desse 

tipo também são recorrentes, principalmente no  início do ano  letivo. Novamente, o que 

se questiona nas atividades dessa natureza é a pouca reflexão sobre a  língua escrita e o 

fato de as professoras proporem a memorização de um conhecimento, no caso, a língua 

escrita, ainda não aprendida pela criança, uma vez que, na situação em que os exercícios 

são apresentados, há vestígios de que a memorização precede o aprendizado do ler e do 

escrever como atividade de reflexão e compreensão. São atividades de identificação e de 

memorização  de  sílabas  propostas  de  forma  mecânica  e  desvinculas  de  significado, 

trabalhadas no entendimento de que, para aprender a ler e a escrever, primeiramente, o 

aluno deve compreender as sílabas das palavras. 

Os  exercícios  pertencentes  à  categoria  de  reconhecimento  sonoro  e/ou  de 

grafemas das  sílabas, em muitos momentos, podem  ser,  também, categorizados  como 

atividades de memorização. Apresentam, porém, uma característica diferente, a saber, o 

trabalho  com  a dimensão  sonora da  sílaba permite, em  alguns momentos, mesmo em 

atividades  repetitivas,  certo  desenvolvimento  de  habilidades  necessárias  para 

desenvolver  a  consciência  fonológica,  permitindo  ou  facilitando,  assim,  a  aquisição  da 

leitura e da escrita. 

Quanto à categoria  referente aos exercícios de separação e de  junção de sílabas 

das  palavras,  constata‐se  a  maior  recorrência  desse  tipo  de  atividade  no  material 

analisado.  Conforme  dito  anteriormente,  do  total  de  2.877  exercícios  registrados  nos 

Diários,  1.029  são  de  separação  ou  de  junção  de  sílabas.  Tais  atividades  possuem  a 

proposição de montar e desmontar palavras, o que permite afirmar, novamente, que a 

concepção de ensino da  leitura e da escrita presente nos Diários é a de que escrever é 

codificar sons e ler é decodificar letras. Esses exercícios são frequentes ao longo do ano 

letivo, embora haja uma hierarquia na “dificuldade” apresentada na grafia das palavras. 

Ou seja, trabalha‐se, no  início do ano com palavras que apresentam a estrutura formada 

por consoante/vogal (CV) e, no decorrer do ano, apresentam‐se palavras com estruturas 

Page 18: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.18 

 

X A

nped Sul

silábicas mais complexas, por exemplo. Tal fato evidencia a concepção de que se aprende 

a ler e escrever primeiro as palavras mais fáceis para, posteriormente, as mais difíceis. 

As  atividades  que  envolvem  maior  reflexão  no  processo  de  alfabetização  são 

aquelas  referentes à ordenação de sílabas e à  formação de palavras a partir de sílabas, 

porém estas são as de menor recorrência nos Diários. Os registros mostram que elas só 

aparecem depois que os alunos  já conseguem  ler e escrever minimamente as palavras. 

Assim, não são atividades pensadas para o primeiro momento do ensino da  leitura e da 

escrita, apesar de serem exercícios que permitem uma maior liberdade para que o aluno 

possa  levantar  hipóteses  sobre  a  escrita,  experimentar  suas  hipóteses  e  desenvolver 

habilidades metalinguísticas que possibilitam a reflexão sobre os segmentos sonoros da 

palavra. Tal prática é importante para o processo de alfabetização, uma vez que, permite 

compreender alguns dos princípios do sistema alfabético de escrita. 

Conclui‐se, por fim, que os exercícios com sílabas fazem parte da tradição cultural 

do  planejamento  das  professoras  alfabetizadoras.  Não  devem  ser  excluídos  de  suas 

propostas de trabalho; devem, sim, ser repensados e recontextualizados. São atividades 

necessárias  para  trabalhar  com  certas  habilidades  metalinguísticas  que  favorecem  o 

desenvolvimento  da  consciência  fonológica.  Para  alfabetizarem,  as  professoras  devem 

propiciar aos alunos uma reflexão sobre a língua, de forma que esses possam estabelecer 

relações entre a parte escrita e falada das palavras e também que possam perceber, entre 

outras questões, que as sílabas variam quanto a sua composição gráfica e sonora. Além 

disso, é necessário, igualmente, fazer com que o aluno perceba que as palavras possuem 

diferentes números de sílaba e a reconhecer rimas e aliterações, entre outras habilidades 

referentes à consciência fonológica, pois a reflexão em relação às sílabas é uma dentre as 

habilidades  necessárias  para  aprender  a  ler  e  a  escrever.  Dessa  forma,  a  contribuição 

desta Dissertação é apresentar as tipologias de exercícios com sílabas para se pensar o 

objetivo dessas atividades nas propostas de ensino das classes de alfabetização.  

Assim,  parece  que  o  grande  desafio,  hoje,  para  os  anos  iniciais,  é  construir 

propostas de  ensino que  contemplem  as  especificidades da  alfabetização. Para  isso,  é 

preciso  por  em  ação  o  desenvolvimento  da  consciência  fonológica  e  possibilitar 

Page 19: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.19 

 

X A

nped Sul

atividades  de  leitura,  oralidade,  produção  textual  e  reflexão,  necessárias  para  a 

apropriação do sistema de escrita alfabética. 

Referências  

ALVES, Nilda. Diários de classe, espaço de diversidade. In: MIGNOT, Ane Chrystina Venancio; CUNHA, Maria Teresa Santos (org).  Práticas de memória docente.. São Paulo: Cortez, 2003. (Coleção cultura, memória e currículo; v.3). 

ARTIÈRES, Philippe. Arquivando a própria vida. In: Revista estudos Históricos. V. 11, nª 21, 1998, p.9‐34. 

BECKER, Fernando. Educação e construção do conhecimento. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. 

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização sem o bá‐bé‐bi‐bó‐bu. São Paulo: Editora Scipione, 2010. 

CHARTIER, Anne Marie. Exercícios escritos e cadernos de alunos: reflexões sobre práticas de longa duração. In: CHARTIER, Anne Marie. Práticas de leitura e escrita. História e atualidade. Belo Horizonte: Autêntica. CEALE. Coleção Linguagem e educação, 2007. 

FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. 

FREITAS, Gabriela Castro Menezes. Sobre Consciência Fonológica. In: LAMPRECHT, Regina Ritter; BONILHA, Giovana Ferreira Gonçalves; FREITAS, Gabriela Castro Menezes; MATZENAUER, Carmen Lúcia Barreto; MEZZOMO, Carolina Lisbôa; OLIVEIRA, Carolina Cardoso; RIBAS, Letícia Pacheco. Aquisição Fonológica do Português: perfil de desenvolvimento e subsidio para terapia. Porto Alegre: Artmed, 2004. 

GINZBURG, Carlo. Sinais: Raízes de um paradigma indiciário. In: GINZBURG, Carlos. Mitos, emblemas, sinais: morfologia e história. Tradução de Federico Carotti. São Paulo: Companhia das letras: 2011. 

LAPUENTE, Janaína Soares Martins; PERES, Eliane. O “Método da Abelhinha” em Pelotas (1965‐2007). In:SCHWARTZ,Cleonara Maria; PERES, Eliane; FRADE, Isabel Cristina Alves da Silva (Org). Estudos da História da Alfabetização e da Leitura na Escola. Vitória, ES:EDUFES, 2010. 

Page 20: X Anped Sul - FLORIANÓPOLISxanpedsul.faed.udesc.br/arq_pdf/735-0.pdf · professoras alfabetizadoras, de 83 Diários de Classe de turmas de 1ª ano/1ª série e 2ºano/2ªsérie

Problematizando exercícios com sílabas: uma análise em 68 diários de classe de professoras alfabetizadoras (1973‐2010)  Gisele Ramos Lima 

X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.                                                                                p.20 

 

X A

nped Sul

MIGNOT, Ana Chrystina Venancio. Os cadernos escolares como fonte histórica: aspectos metodológicos e historiográficos. In: MIGNOT, Ana Chrystina Venancio (org.).   Cadernos à vista. Escola, memória e cultura escrita. Rio de Janeiro: EdUERJ,2008.  

MIGNOT, Ana Chrystina Venancio; CUNHA, Maria Tereza Santos. Razões para guardar: a escrita ordinária em arquivos de professores/as. IN: Revista Educação em Qualidade. Nª 11, V.25. Jan./abr. 2006, p.40‐61. 

MORAIS, Artur Gomes. Sistema de Escrita Alfabética. São Paulo: Melhoramentos, 2012. 

MORTATTI, Maria Rosário Long. História dos métodos de alfabetização no Brasil. Disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/alf_mortattihisttextalfbbr.pdf. Acessado em 06/07/2011 as 10h. 

PÉREZ, Francisco Carvajal; GARCÍA, Joaquim Ramos. Alfabetização como meio de recriar a cultura. IN: PÉREZ, Francisco Carvajal; GARCÍA, Joaquim Ramos (org.). Ensinar ou aprender a ler e a escrever?. Porto Alegre: ARTEMED Editora S.A, 2001. 

RIZZO, Gilda. Os diversos métodos do ensino da leitura e da escrita: estudo comparativo. 4ª ed. Papelaria América Latina, 1986. 

SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. 2.ed, 5.reimpr. Belo Horizonte: Autentica, 2002. 

____________. A reinvenção da alfabetização.  Parte de palestra proferida na FAE UFMG, em 26/05/2003, na programação "Sexta na Pós". Transcrição e edição de José Miguel Teixeira de Carvalho e Graça Paulino. Disponível em http://www.meb.org.br/biblioteca/artigomagdasoares. Acesso em: 3 mar. 2006 

VIÑAO, Antonio. Os cadernos escolares como fonte histórica: aspectos metodológicos e historiográficos. In: MIGNOT, Ana Chrystina Venancio (org.). Cadernos à vista. Escola, memória e cultura escrita. Rio de Janeiro: EdUERJ, p. 15‐33, 2008.