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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE BIOLOGIA CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS JOSIE ANTONUCCI DI CARVALHO ANÁLISE DA INFORMAÇÃO DOS ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS OCORRIDOS NO MUNICÍPIO DE VISCONDE DO RIO BRANCO-MG NO PERÍODO DE 2007 A 2010 1

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

INSTITUTO DE BIOLOGIA

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

JOSIE ANTONUCCI DI CARVALHO

ANÁLISE DA INFORMAÇÃO DOS ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS OCORRIDOS NO MUNICÍPIO DE VISCONDE DO

RIO BRANCO-MG NO PERÍODO DE 2007 A 2010

NITERÓI

2011

1

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JOSIE ANTONUCCI DI CARVALHO

ANÁLISE DA INFORMAÇÃO NOS ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS OCORRIDOS NO MUNICÍPIO DE VISCONDE DO RIO

BRANCO-MG

Orientador: Sávio Freire Bruno

Co-Orientador: Claudio Machado

NITERÓI

2011

2

Monografia apresentada ao curso de graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel.

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JOSIE ANTONUCCI DI CARVALHO

ANÁLISE DA INFORMAÇÃO DOS ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS OCORRIDOS NO MUNICÍPIO DE VISCONDE DO RIO

BRANCO-MG NO PERÍODO DE 2007 A 2010

Aprovada em_________de__________.

BANCA EXAMINADORA

Sávio Freire Bruno-Universidade Federal Fluminense

(Presidente)

José Mário d’Almeida-Universidade Federal Fluminense

(membro)

Flávio Moutinho-Universidade Federal Fluminense

(membro)

Cáthia Serra-Universidade Federal Fluminense

(membro suplente)

Niterói

2011

3

Monografia apresentada ao curso de graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel

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A meu Pai e à

minha mãe

Por sempre apoiarem as minhas escolhas

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Aos meu amigos

Por estarem sempre ao meu lado

AGRADECIMENTOS5

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Ao Dr. Sávio Freire Bruno, por me orientar e sempre se preocupar com o que seria melhor para mim.

Ao mestre Cláudio Machado, por ter sido meu co-orientador, me ajudando profundamente na construção deste trabalho.

Aos Funcionários da Secretaria Municipal de Saúde do município de Visconde do Rio Branco, pela ajuda em conseguir os dados importantes para a pesquisa.

À Inês Slaibi, Secretária de Saúde do município vizinho, Ubá, por me ajudar a conseguir as fichas de notificação necessárias.

À Camila, funcionária da Secretaria Municipal de Visconde do Rio Branco, pela ajuda em conseguir o banco de dados.

À Pricila, funcionária da Secretaria Municipal de Ubá, pela paciência na minha insistência em conseguir os dados.

Aos amigos da faculdade, especialmente, Roberta, Tatiana, Aryana, Pedro, Igor, Raquel, Patrícia e Mariana, pelo incentivo e amizade.

Àos meus amigos de infância, especialmente, Laís, Marina, Karen, Anna Júlia, Fernanda, Lourenzo e Alexandre, por mesmo de longe, estarem ao meu lado.

À minha família, pelo apoio e carinho.

Ao meu namorado, Igor Turturro, por sempre me dar força e proporcionar momentos de alegrias.

Aos pacientes que foram atendidos no Hospital São João Baptista em Visconde do Rio Branco, pois foram eles que me deram a possibilidade de realizar a pesquisa.

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RESUMO

Este trabalho representa um estudo dos aspectos epidemiológicos dos acidentes

por animais peçonhentos no município de Visconde do Rio Branco, Minas Gerais,

Brasil, no período entre 2007 e 2010. Comparando-se os dados dos acidentes no

Sistema de Informação e Agravos de Notificação (SINAN) com os dados da Secretaria

Municipal de Saúde, diferenças no número de notificações registradas foram

encontradas. Os acidentes envolvendo escorpiões foram predominantes, ocorrendo

principalmente na área urbana. O sexo masculino foi mais atingido nos acidentes com

serpentes e escorpiões, mas os acidentes com aranhas afetaram mais o sexo feminino. A

maioria dos acidentes, 90 do total de 158, foi classificada como leve e todos evoluíram

para a cura.

Palavras-chave: Animais peçonhentos, acidentes. Informação

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ABSTRACT

This work represents a study of the epidemiology of accidents with venomous

animals in the city Visconde do Rio Branco, Minas Gerais, Brazil, between 2007 and

2010, that features public health problem. Comparing the data on accidents and

Information System and Grievances Notification (SINAN) with data from the

Municipal Health Secretariat, differences in the number of reported cases were found.

Accidents involving scorpions were dominant, occurring mainly in the urban area. Men

were most affected by accidents with snakes and scorpions, but with spiders accidents,

women were most affected. Most accidents, 90 of 158, was classified as mild and all

pacients evolved for healing.

Key-words: Venomous animals, accidents. Information

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Réplica da Ficha Individual de Notificação (Ministério da Saúde, 2011). Os

campos circulados de vermelho, , representam os dados analisados e repassados à

ficha construída a partir da FIN.......................................................................................16

Figura 2: Localização do município de Visconde do Rio Branco em Minas Gerais.....17

Figura 3: Ficha construída para análise das fichas individuais de notificação...............22

Figura 4. Porcentagem de acidentes causados por animais peçonhentos no período de

2007 a 2010 em Visconde do Rio Branco.......................................................................24

Figura 5. Porcentagem dos acidentes distribuídos de acordo com o sexo do paciente no

município Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.....................................25

Figura 6. Porcentagem dos acidentes por animais peçonhentos de acordo com a zona de

ocorrência do município Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010..............25

Figura 7. Porcentagem dos acidentes escorpiônicos distribuídos de acordo com o sexo

do paciente no município Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010............26

Figura 8. Distribuição dos acidentes escorpiônicos com o sexo masculino de acordo

com a zona de ocorrência do município de Visconde do Rio Branco no período de 2007

a 2010..............................................................................................................................27

Figura 9. Distribuição dos acidentes escorpiônicos com o sexo feminino de acordo com

a zona de ocorrência do município de Visconde do Rio Branco no período de 2007 a

2010.................................................................................................................................27

Figura 10. Gráfico representando o tempo decorrido entre a picada e o atendimento do

paciente no hospital, pelo número de acidentes escorpiônicos ocorridos em Visconde do

Rio Branco no período de 2007 a 2010...........................................................................28

Figura 11. Gráfico representando a classificação dos acidentes escorpiônicos de acordo

com a gravidade em Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.....................29

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Figura 12. Acidentes por picadas de escorpião classificados como leves em Visconde

do Rio Branco no período de 2007 a 2010......................................................................30

Figura 13. Acidentes por picadas de escorpião classificados como moderados em

Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010......................................................31

Figura 14. Acidentes por picadas de escorpião classificados como graves em Visconde

do Rio Branco no período de 2007 a 2010......................................................................32

Figura 15. Porcentagem dos acidentes ofídicos distribuídos de acordo com o sexo do

paciente no município Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.................33

Figura 16. Distribuição dos acidentes ofídicos com o sexo masculino de acordo com a

zona de ocorrência do município de Visconde do Rio Branco no período de 2007 a

2010.................................................................................................................................34

Figura 17. Distribuição dos acidentes ofídicos com o sexo feminino de acordo com a

zona de ocorrência do município de Visconde do Rio Branco no período de 2007 a

2010.................................................................................................................................34

Figura 18. Gráfico representando o tempo decorrido entre a picada e o atendimento do

paciente no hospital, pelo número de acidentes ofídicos ocorridos em Visconde do Rio

Branco no período de 2007 a 2010..................................................................................35

Figura 19. Gráfico representando a classificação dos acidentes ofídicos de acordo com

a gravidade em Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.............................36

Figura 20. Distribuição do número de ampolas utilizadas nos acidentes ofídicos

classificados como leves, por número de pacientes........................................................36

Figura 21. Distribuição do número de ampolas utilizadas nos acidentes ofídicos

classificados como moderados, por número de pacientes...............................................37

Figura 22. Porcentagem dos acidentes aracnídicos distribuídos de acordo com o sexo

do paciente no município Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010............38

Figura 23. Distribuição dos acidentes aracnídicos com o sexo masculino de acordo com

a zona de ocorrência do município de Visconde do Rio Branco no período de 2007 a

2010.................................................................................................................................39

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Figura 24. Distribuição dos acidentes aracnídicos com o sexo feminino de acordo com

a zona de ocorrência do município de Visconde do Rio Branco no período de 2007 a

2010.................................................................................................................................39

Figura 25. Gráfico representando o tempo decorrido entre a picada e o atendimento do

paciente no hospital, pelo número de acidentes aracnídeos ocorridos em Visconde do

Rio Branco no período de 2007 a 2010...........................................................................40

Figura 26. Gráfico representando a classificação dos acidentes aracnídeos de acordo

com a gravidade em Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.....................41

Figura 27. Distribuição do número de ampolas utilizadas nos acidentes aracnídicos

classificados como leves, por número de pacientes........................................................42

Figura 28. Distribuição do número de ampolas utilizadas nos acidentes aracnídicos

classificados como moderados, por número de pacientes...............................................43

Figura 29. Distribuição do número de ampolas utilizadas nos acidentes aracnídicos

classificados como graves, por número de pacientes......................................................44

Figura 30: Número de acidentes por animais peçonhentos registrados no município de

Visconde do Rio Branco nos anos de 2007, 2008, 2009 e 2010.....................................45

LISTA DE TABELAS E QUADROS

Tabela 1: Distribuição dos acidentes escorpiônicos de acordo com a faixa etária do

paciente em Visconde do Rio Branco no período de 2007 à 2010..................................33

Tabela 2: Distribuição dos acidentes ofídicos de acordo com a faixa etária do paciente

em Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010................................................38

Tabela 3: Distribuição dos acidentes aracnídicos de acordo com a faixa etária do

paciente em Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010..................................44

Quadro 1: Comparação entre os dados que são disponibilizados pelo SINAN-Web e os

dados das fichas de notificação que são disponibilizadas pelas Secretarias Municipais de

Saúde............................................................................................................................................46

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABP: Aprendizagem Baseada em Problemas

CCI: Centro de Controle de Intoxicações

CNCZAP: Coordenação Nacional de Controle de Zoonozes e Animais Peçonhetos

DATASUS: Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

FIN: Ficha Individual de Notificação

HCFMRP-USP: Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP

HVB: Hospital Vital Brazil

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

OMS: Organização Mundial de Saúde

SAAr: soro antiaracnídico

SAB: soro antibotrópico

SABC: soro antibotrópico-crotálico

SABL: soro antibotrópico-laquético

SAC: soro anticrotálico

SAEEs: soro antiescorpiônico

SAEL: soro antielapídico

SAEsc: soro antiescorpiônico

SALon: soro antilonômico

SALox: soro antiloxoscélico

SES: Secretarias Municipais de Saúde

SIA-SUS: Sistema de Informações Ambulatoriais

SIH-SUS: Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde

SIM: Sistema de Informações sobre Morbidade

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SINAN: Sistema de Informação e Agravos de Notificação

SINITOX: Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas

SISNAC: Sistema de Informações de Nascidos Vivos

SNABS-MS: Secretaria Nacional de Ações Básicas em Saúde do Ministério da Saúde

SUS: Sistema Único de Saúde

UNICAMP: Universidade Estadual de Campinas

USP: Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

Resumo............................................................................................................................VI

Abstract..........................................................................................................................VII

Lista de ilustrações.......................................................................................................VIII

Lista de abreviaturas........................................................................................................XI

1. Introdução..............................................................................................................1

1.1. Animais

peçonhentos......................................................................................1

1.2. Os escorpiões e o

escorpionismo....................................................................1

1.3. As serpentes e o

ofidismo...............................................................................4

1.4. As aranhas e o

araneísmo...............................................................................9

1.5. Acidentes por animais peçonhentos como um problema de saúde

pública..11

1.6. Sistemas de

informação................................................................................13

1.7. Ficha individual de

notificação.....................................................................14

1.8. Visconde do Rio

Branco...............................................................................17

2. Objetivo...............................................................................................................19

2.1. Objetivo

geral...............................................................................................19

2.2. Objetivos

específicos....................................................................................19

3. Metodologia.........................................................................................................20

3.1. Área do

estudo..............................................................................................20

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3.2. Ficha costruída para análise da ficha individual de

notificação...................20

3.3. Coleta dos

dados...........................................................................................22

3.4. Análise das

fichas.........................................................................................23

3.5. Comparação dos

dados.................................................................................23

4. Resultados............................................................................................................24

4.1. Análise geral dos acidentes registrados no município de Visconde do Rio

Branco no período de 2007 a 2010................................................................24

4.2. Análise dos acidentes escorpiônicos registrados no município de

Visconde do Rio Branco no período de 2007 a

2010....................................................26

4.3. Análise dos acidentes ofídicos registrados no município de Visconde do

Rio Branco no período de 2007 a

2010................................................................33

4.4. Análise dos acidentes aracnídeos registrados no município de visconde

do Rio Branco no período de 2007 a

2010.........................................................38

4.5. Análise das fichas de notificação e dos dados do

SINAN..........................45

5. Discussão.............................................................................................................48

5.1. Acidentes

escorpiônicos...............................................................................48

5.2. Acidentes

ofídicos........................................................................................50

5.3. Acidentes

aracnídeos....................................................................................52

5.4. SINAN e as fichas de

notificação.................................................................53

6. Conclusão............................................................................................................55

7. Bibliografia..........................................................................................................56

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1. INTRODUÇÃO

1.1. ANIMAIS PEÇONHENTOS

Animais peçonhentos são todos aqueles capazes de inocular peçonha. A peçonha

é composta de uma mistura complexa de enzimas e outras substâncias e quando

inoculada, pode matar a presa e facilitar sua digestão. Já os animais venenosos são

diferentes dos animais peçonhentos. Os venenos são de origem animal, vegetal ou

mineral e quando animal são produto final do metabolismo, causando mal por ingestão

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ou simples contato. A peçonha pode ser definida como todo tipo de substância tóxica

animal produzida por uma glândula especializada (Pough et al., 1993).

Dentre os animais peçonhentos, alguns artrópodos de importância médica

destacam-se por sua diversidade, abundância e pelos acidentes provocados que causam

irritações, queimaduras locais e até o óbito da vítima (Freitas et al., 2006). Os animais

peçonhentos que serão abordados nesse estudo pertencem ao grupo dos artrópodes,

escorpiões e aranhas, e ao grupo dos répteis, as serpentes.

1.2. OS ESCORPIÕES E O ESCORPIONISMO

Os escorpiões pertencem à classe Arachnida e à ordem Scorpiones. São animais

ativos à noite e durante o dia se escondem em abrigos podendo ser confundidos com o

ambiente ou até parecerem mortos, o que aumenta o risco de uma pessoa ser ferroada. O

manuseio com materiais de construção ou entulhos aumentam a possibilidade de

acidentes ocorrerem em ambientes urbanos (Soares et al., 2002). Aproximadamente

95% das espécies se reproduzem sexuadamente (Lourenço, 1995).

Animais partenogenéticos se reproduzem sem a contribuição gênica paterna e

não há fecundação, já os hermafroditas possuem os dois sexos e podem ou não,

dependendo da espécie, realizar a autofecundação (Pough, 1993). Dentre os escorpiões,

existem espécies que são partenogenéticas e que diferem das hermafrofitas por

possuírem uma forte habilidade de dispersão e um potencial reprodutivo muito maior

(Lourenço, 1995).

Segundo Lourenço (1995), os escorpiões são divididos em duas categorias

ecológicas: os “oportunistas” e os chamados “em equilíbrio”. As espécies em equilíbrio

vivem em um ambiente estável, natural, produzindo poucos ovos, com baixas

densidades populacionais e são altamente endêmicos. Já as espécies oportunistas, como

as pertencentes aos gêneros Centruroides, Tityus e Isometrus, invadem ambientes

deturpados, produzem múltiplos ovos de uma só vez. Além disso, o desenvolvimento

embrionário é curto, possuem alta densidade populacional, rápida mobilidade e são

amplamente distribuídos (Lourenço, 1995).

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São 1.400 espécies de escorpião conhecidas atualmente e a família Buthidae é a

maior e mais amplamente distribuída tanto no Brasil quanto em todo o mundo (Soares

et al., 2002). Possuem uma grande importância epidemiológica para a população,

incluindo 25 espécies que são consideradas perigosas para o homem (Soares et al.,

2002).

Segundo Pardal et al. (2003), todas as espécies de escorpião possuem glândula

de veneno e uma similaridade na composição de sua peçonha. Estas possuem uma

mistura complexa de aproximadamente 70 aminoácidos e suas manifestações clínicas

possuem efeitos principalmente parassimpáticos ou simpáticos, devido a liberação de

catecolaminas e acetilcolinas pelas terminações nervosas pós-ganglionares cujas

consequências serão neurotoxidade e cardiotoxidade (Pardal et al., 2003).

Os primeiros estudiosos sobre a peçonha dos escorpiões e seus efeitos de

envenenamento foram Murano em 1915 e Vital Brazil em 1918, seguidos por

Magalhães e Tupinambá, todos na região Sudeste (Pardal et al., 2003; Lira-da-Silva et

al., 2000).

O envenenamento por escorpiões ocorre pela inoculação de veneno através do

ferrão ou aguilhão, localizado na cauda de todos os escorpiões (Alcântara, 2009). A

estimulação de terminações nervosas sensitivas determina o aparecimento do quadro

local, de instalação imediata e caracterizada por dor intensa, edema e eritema discretos,

sudorese localizada em torno do ponto de picada e piloereção (Alcântara, 2009).

Segundo Pardal et al. (2003), os sintomas de uma pessoa que foi picada por um

escorpião no Brasil são semelhantes entre si, sendo o quadro principal constituído de

dores locais, náuseas, vômitos, dor abdominal, sialorréia, arritmias cardíacas,

hipertensão ou hipotensão, choque, edema agudo de pulmão, tremores e confusão

mental (Horta et al., 2007). Mas, dependendo da gravidade do acidente, esses sintomas

podem se constituir principalmente de manifestações locais e autonômicas, com raro

comprometimento neurológico. A gravidade depende de fatores como a espécie e o

tamanho do escorpião, a quantidade de veneno inoculado, a massa corporal do

acidentado e a sensibilidade do paciente ao veneno (Lira-da-Silva et al., 2000).

Os acidentes escorpiônicos representam um grande problema de saúde pública

para os países tropicais e subtropicais como o Brasil, México, Tunísia, Marrocos, África

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do Sul, Egito e Estados Unidos da América, principalmente na zona urbana, devido à

grande densidade demográfica e possibilidade de confronto (Pardal et al., 2003; Soares

et al., 2002).

Segundo Cupo et al. (1994), picadas de escorpião no Brasil são importantes não

só pela sua incidência, mas também pela sua capacidade em causar acidentes graves e

até fatais, principalmente em crianças.

O agravo dos acidentes por picadas de escorpião no mundo se deve, entre outros

fatores, à alta incidência e à gravidade dos casos, assim como à dificuldade de gestão da

área de saúde, ultrapassando 1.200.000 casos anuais com mais de 3.250 mortes no

mundo (Albuquerque et al., 2009). Somente no Brasil, mais de 6.000 acidentes

escorpiônicos com mais de 100 mortes foram relatados durante um período de três anos

(Lourenço, 1995).

Segundo Pardal et al. (2003), todos os escorpiões de interesse médico no Brasil

estão agrupados no gênero Tityus e suas espécies representam 60% da fauna

escorpiônica neotropical. Podem causar acidentes graves e é provável que todas as

espécies deste gênero apresentem um veneno ativo contra homem. As principais

espécies são o T. serrulatus, T. bahiensis e T. stigmurus (Pardal et al., 2003; Lira-da-

Silva et al., 2000; Soares et al., 2002). Segundo Albuquerque et al. (2009), após estudo

realizado nas cidades de Paudalho e São Lourenço da Mata, Pernambuco, a espécie

Tityus pusillus deve ser incluída na lista de espécies de importância médica no Brasil.

Segundo Soares et al. (2002), a espécie T. serrulatus ocorre na Bahia, Minas

Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Pará e Goiás. Algumas características

dessa espécie são: coloração amarelada, o que originou o nome popular de escorpião

amarelo; medem até 7cm de comprimento; suas populações são formadas apenas por

fêmeas que são partenogenéticas, sendo que cada fêmea pode ter três, quatro ou mais

parições e cerca de 70 filhotes durante a vida. Além disso, possuem uma fácil adaptação

em ambiente urbano e, quando se encontram em boas condições, proliferam muito

(Soares et al., 2002).

Segundo Pardal et al. (2003), São Paulo e Minas Gerais compreendem 50% das

notificações de acidentes envolvendo animais peçonhentos. Foram estimados cerca de

6.668 acidentes anuais provocados por Tityus serrulatus e T. bahiensis, incluindo 237

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óbitos antes da soroterapia, nesses Estados (Pardal et al., 2003; Lira-da-Silva et al.,

2000; Soares et al., 2002). A espécie que causa os acidentes de maior gravidade na

América do Sul é a T. serrulatus (Pardal et al., 2003).

Apesar da maioria dos acidentes escorpiônicos no Brasil serem classificados

como leves, há casos de mortes e de sequelas que podem ocasionar incapacidade

temporária para o trabalho e para outras atividades habituais (Soares et al., 2002).

1.3. AS SERPENTES E O OFIDISMO

As serpentes pertencem à classe Reptilia e à ordem Squamata, com maior

diversidade em florestas Neotropicais. Devido à sua natureza de caça, algumas espécies

de serpentes podem ser agressivas para se defender, o que induz, na maioria da vezes,

atitudes humanas de extermínio desses répteis (Waldez & Vogt, 2009).

Existem aproximadamente 3 mil espécies de serpentes em todo o mundo, sendo

que apenas 410 são consideradas perigosas para o homem (Feitosa et al., 1997).

O Brasil apresenta diversas famílias de serpentes, mas dentre estas, somente

duas abrangem as serpentes consideradas peçonhentas. A família Viperidae,

destacando-se a subfamília Crotalinae, à qual pertencem o gêneros Crotalus (Cascavel),

os gêneros que pertencem ao grupo botrópico e o gênero Lachesis (Surucucu). Todos

possuindo dentição solenóglifa com dentes anteriores maiores e móveis, altamente

especializados para a injeção de peçonha (Waldez & Vogt, 2009). E a família Elapidae,

que engloba o gênero Micrurus, cujas espécies são conhecidas popularmente por corais

verdadeiras e possuem dentição proteróglifa, com dentes anteriores maiores, fixos e

especializados na injeção de peçonha (Lemos et al., 2009; Azevedo-Marques et al.,

2003; Waldez & Vogt, 2009).

Recentemente, considerando o parafiletismo do gênero Bothrops, dados

morfológicos e moleculares sugeriram a criação de um novo táxon e a reclassificação de

algumas espécies. Segundo Oliveira et al. (2010), o novo gênero é chamado

Bothropoides e possui onze espécies conhecidas. Essa nova classificação é aceita pela

Sociedade Brasileira de Herpetologia (Oliveira et al., 2010), e então, após essa nova

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classificação, Bothrops e Bothropoides pertencem à um grupo denominado grupo

botrópico.

Segundo Nicoleti et al. (2010), nove gêneros de serpentes venenosas são

reconhecidas no Brasil: Bothrops, Bothropoides, Bothriopsis, Bothrocophias,

Rhinocerophis, Crotalus, Lachesis, Leptomicrurus e Micrurus. Devido as manifestações

clínicas e os tratamentos com antivenenos serem os mesmos, os primeiros cinco gêneros

são agrupados no chamado Bothrops sensu lato. 86,9% dos acidentes são causados por

Bothrops sensu lato, 8,7% por Crotalus, 3,6% Lachesis e 0,8% por Leptomicrurus e

Micrurus (Nicoleti et al., 2010).

As serpentes do grupo botrópico compreendem 26 espécies, distribuídas por

todo o território nacional (Sociedade Brasileira de Herpetologia, 2011). Possuem cauda

lisa e as suas cores variam muito, dependendo da espécie e da região onde vivem. São

popularmente chamadas de jararaca, ouricana, jararacuçu, urutu-cruzeira, jararaca-do-

rabo-branco, malha-de-sapo, patrona, surucucurana, combóia e caiçaca (Pinho &

Pereira, 2001).

A peçonha botrópica possui três atividades principais. Proteolítica ou necrosante,

que determina edema inflamatório na região da picada, com lesões locais e destruição

tecidual; coagulante, alterando a coagulação sanguínea, ativando a cascata da

coagulação podendo induzir incoagulabilidade sanguínea por consumo de fibrinogênio;

e hemorrágica, que promove liberação de substâncias hipotensoras e provoca lesões na

membrana basal dos capilares por ação das hemorraginas, que associada às alterações

na coagulação, promovem hemorragia (Pinho & Pereira, 2001; Ribeiro & Jorge, 1990;

Azevedo-Marques et al., 2003; Martins et al., 2006; Oliveira et al., 2003).

Entre os sintomas de uma pessoa que foi picada por uma serpente do grupo

botrópico estão as manifestações locais que podem variar entre um leve edema,

equimose ou até um edema grave acompanhado de equimose, necrose e abscesso que

podem levar à amputação do membro (Ribeiro & Jorge, 1990). As manifestações

podem incluir ainda sangramento, insuficiência renal, choque e alteração na coagulação

sanguínea, que caracterizam manifestações sistêmicas (Ribeiro & Jorge, 1990).

As serpentes do gênero Crotalus são popularmente conhecidas como cascavel,

cascavel-quatro-ventas, boicininga, maracambóia, maracá e são representados no Brasil

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por uma única espécie, Crotalus durissus, que tem uma ampla distribuição geográfica

(Pardal et al., 2007). As serpentes do gênero Crotalus distribuem-se de maneira

irregular pelo país, determinando as variações com que a frequência de acidentes

humanos é registrada. As espécies Crotalus durissus terrifiuos e Crotalus durissus

collilineatus são as mais estudadas no Sudeste brasileiro (Azevedo-Marques et al.,

2003).

A peçonha crotálica é uma mistura complexa de proteínas e polipeptídeos,

responsáveis pelas ações neurotóxica, miotóxica e coagulante (Pardal et al., 2007). A

ação neurotóxica é produzida pela crotoxina, crotamina, giroxina e convulxina. A

crotoxina é a responsável pela maior toxidade do veneno. É uma neurotoxina pré-

sináptica que atua nas terminações nervosas motoras inibindo a liberação de acetilcolina

pelos impulsos nervosos. Essa inibição é responsável pelos sintomas de paralisias

motoras e respiratórias apresentadas pelas vítimas. A ação miotóxica é atribuída a

crotoxina e mesmo a crotamina que produz lesão nos tecidos musculares. A ação

coagulante é atribuída a um componente tipo trombina, capaz de alterar a coagulação

sanguínea (Pardal et al., 2007; Azevedo-Marques et al., 2003).

As serpentes do gênero Lachesis são popularmente conhecidas por surucucu,

surucucu-pico-de-jaca, surucutinga e malha-de-fogo (Pinho & Pereira, 2001). Segundo

Pinho & Pereira (2001), essas serpentes também são animais de importância médica no

Brasil e são mais encontradas em áreas florestais como Amazônia, Mata Atlântica e

alguns enclaves de matas úmidas do Nordeste.

O veneno laquético possui ação proteolítica, produzindo lesão tecidual; ação

coagulante, causando afibrinogenemia e incoagulabilidade sanguínea; ação

hemorrágica, pela presença de hemorraginas e ação neurotóxica com alterações de

sensibilidade no local da picada, da gustação e da olfação (Pinho & Pereira, 2001).

Outro gênero importante para a saúde pública é o Micrurus. As serpentes desse

gênero compreendem 24 espécies distribuídas em todo o território brasileiro (Sociedade

Brasileira de Herpetologia, 2011). São conhecidas popularmente como cobra coral ou

cobra coral verdadeira (Centro de Informações Toxicológicas SC, 2011). As espécies

mais comuns são a M. corallinus, encontrada na região sul e litoral da região

sudeste; M. frontalis, também encontrada nas região sul, sudeste e parte do centro-oeste

e M. lemniscatus, distribuídas nas regiões norte e centro-oeste (Pinho & Pereira, 2001).

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Segundo Pinho & Pereira (2001), o veneno elapídico possui constituintes tóxicos

denominados de neurotoxinas. Essas substâncias possuem baixo peso molecular e são

rapidamente absorvidas e difundidas para os tecidos, o que explica o rápido

aparecimento dos sintomas de envenenamento (Pinho & Pereira, 2001).

As serpentes peçonhentas representam um problema de Saúde Pública,

principalmente em países tropicais, pela frequência com que ocorrem e pelas mortes que

ocasionam (Pinho et al., 2004). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)

(2011), 2.500.000 acidentes por serpentes peçonhentas e 125.000 mortes ocorrem

anualmente no mundo.

Na África o sistema de informação é impreciso e não se pode ter um número

certo de acidentes com animais peçonhentos, mas dos 500.000 ofidismos notificados,

40% não são hospitalizados, resultando em 20.000 óbitos por ano (Pinho et al, 2004).

Na Ásia, principalmente na Índia, no Paquistão e na Birmânia, os acidentes com

serpentes ocasionam 25.000 a 35.000 mortes por ano. Já no Japão a letalidade é de

menos de 1% ao ano e a incidência de 1 para 100.000 habitantes (Pinho et al, 2004).

Segundo o Ministério da Saúde (2011), ocorrem entre 19.000 a 22.000 acidentes

ofídicos anualmente no Brasil e a letalidade é de 0,45% aproximadamente.

Segundo a Coordenação Nacional de Controle de Zoonozes e Animais

Peçonhentos (CNCZAP) do Ministério da Saúde (2011), ocorreram 81.611 acidentes no

período de 1990 a 1993, com maior ocorrência na região Centro-Oeste do Brasil, e a

maioria desses acidentes foi por serpentes do grupo botrópico e pelo gênero Crotalus

(Brasil, 2001). Segundo Ribeiro et al. (1998), os fatores prognósticos para a ocorrência

das mortes causadas por picadas de serpentes peçonhentas ainda são mal estabelecidos,

mas os resultados indicam que a maioria dos acidentes é causada pelo grupo botrópico e

são mais freqüentes as mortes por Crotalus.

O diagnóstico da pessoa que sofreu um acidente com serpente é realizado com

base nas alterações clínico-laboratoriais e na identificação do animal envolvido

(Machado et al., 2010; Azevedo-Marques et al., 2003). O tratamento consiste na

soroterapia e medidas que visam a manutenção da normalidade do paciente, além da

prevenção do agravamento dos sintomas do acidente. O conhecimento atual da

composição dos venenos e seus principais efeitos no organismo humano permitem que o

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médico descubra o gênero da serpente envolvida e selecione o tratamento com o

antiveneno adequado (Azevedo-Marques et al., 2003).

Em 14 de agosto de 1901, Vital Brazil começou a disponibilizar os primeiros

tubos de soros antipeçonhentos para serem utilizados no tratamento de acidentes

ofídicos. Passou então a distribuir, junto com as ampolas de soro, o Boletim para

observação de Accidente Ophidico, para ser preenchido com as informações de cada

acidente (Bochner & Struchiner, 2003).

O soro antibotrópico começa a agir logo após a sua aplicação, neutralizando as

toxinas do veneno da serpente encontradas no sangue. A soroterapia precoce constitui o

fator mais importante para o sucesso do tratamento do acidente botrópico (Machado et

al., 2010).

Apesar da importância dos acidentes ofídicos para a saúde pública de vários

países latino-americanos, aspectos relacionados à pesquisa epidemiológica, ao acesso ao

tratamento e à qualificação de profissionais em saúde ainda são negligenciados pelas

políticas públicas nacionais (Waldez & Vogt, 2009).

1.4. AS ARANHAS E O ARANEÍSMO

As aranhas são animais que pertencem ao Filo Arthropoda, à classe dos

aracnídeos e à ordem Araneae. Algumas espécies possuem grande importância médica

no Brasil por causarem acidentes, às vezes graves, ao homem (Isbister, 2011).

São 40 mil espécies de aranhas conhecidas, distribuídas em 109 famílias em todo

o mundo, das quais aproximadamente 70 famílias possuem registros no Brasil

(Carvalho & Avelino, 2010). Segundo Carvalho & Avelino (2010), os trabalhos sobre a

incidência das aranhas nas regiões do Brasil, ainda são escassos.

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Segundo Isbister (2011), as aranhas de maior interesse médico no Brasil

pertencem aos gêneros Loxosceles (aranha-marrom), Phoneutria (aranha-armadeira) e

Latrodectus (viúva-negra).

O gênero Loxosceles (aranha-marrom) pertence à família Sicariidae. Segundo

Isbister (2011), são mais de 100 espécies distribuídas por todo o mundo, mas a maior

ocorrência é na América do Sul, onde se tornaram um grave problema de saúde pública.

A aranha-marrom tem hábitos noturnos e são encontradas em ambientes secos, em

baixo de pedras e em árvores. A picada da aranha-marrom possui algumas manifestções

como dor, eritrema que pode se desenvolver para necrose, e pode ainda causar

manifestações sistêmicas como hemólise intravascular e falência renal (Isbister, 2011).

As aranhas do gênero Phoneutria, popularmente chamadas de “armadeiras”são

restritas à América do Sul e, no Brasil, quatro espécies são mais comuns: P. fera e P.

reidyi encontradas na Amazônia, e P. keyserlingi e P. nigriventer amplamente

distribuídas (Bucaretchi et al., 2000). A aranha-armadeira pode atingir até 15 cm, não

constrói teia geométrica e tem hábito agressivo, podendo saltar a uma distância de 40

cm. Essas espécies comumente podem ser achadas dentro de sapatos, escondidas em

materiais de construção, assim como em cachos de banana, o que explica a grande

frequência de picadas nos dedos e nas mãos (Bucaretchi et al., 2000). Segundo o

Ministério da Saúde (2011), esse gênero é o segundo mais importante causador de

acidentes no Brasil. Os sintomas são representados por um quadro bastante semelhante

ao do escorpionismo, com dor local, acompanhada de edema e eritema discretos e

sudorese na região da picada (Isbister, 2011).

O gênero Latrodectus é representado pela viúva-negra, uma aranha pequena que

constrói teia irregular e vive em vegetações arbustivas e gramíneas, podendo apresentar

hábitos domiciliares e peridomiciliares (Isbister, 2011). A pessoa envenenada por essa

aranha apresenta como sintomas: dor local e pápula eritrematosa no local da picada,

acompanhados de hiperrexia, tremores e contrações musculares espasmódicas (Portal

São Francisco, 2011). Esse gênero é amplamente distribuído pelo mundo e ainda migra

entre os continentes. São 30 espécies reconhecidas presentes nas Américas, África,

Europa, Ásia e Australasia (Isbister, 2011).

Entre os sintomas das picadas por aranhas, o mais comum é a dor, podendo

evoluir para edema, sudorese, hiperemia, parestesia e fasciculação muscular, ou em

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casos mais graves, para taquicardia, hipertensão, sudorese, vômitos e priapismo (Freitas

et al., 2006). Na América do Sul, o loxoscelismo (acidente por aranha do gênero

Loxosceles) é a forma mais severa de envenenamento por aranha, caracterizada por ser

uma síndrome hemolítica-necrosante, cutânea ou cutâneo-visceral (Freitas et al., 2006;

Marques-da-Silva et al., 2006).

A epidemiologia dos acidentes com aranhas dependem do encontro entre o

animal e o ser humano, da ecologia da aranha e do ambiente. O diagnóstico dos

acidentes é feito clinicamente e também com base na história do acidente, e na

identificação da espécie envolvida, quando possível (Isbister, 2011).

Segundo Marques-da-Silva et al. (2006), a maior incidência de acidentes por

picadas de aranha no Brasil ocorre no Estado do Paraná. Isbister (2011) afirma que as

síndromes mais importantes resultantes de picada de aranha, são o Latrodectismo

(acidentes com aranhas do gênero Latrodectus) e o Loxoscelismo (acidentes com

aranhas do gênero Loxosceles).

A sorologia é o melhor tratamento para as síndromes aracnídicas e o soro existe

para muitos grupos de aranhas. Entretanto, a sorologia para o ofidismo é mais eficiente

do que para os acidentes com aranhas (Isbister, 2011). Segundo Isbister (2011), o soro

para Phoneutria raramente é usado, mas para Loxosceles a sorologia é sempre aplicada.

A indicação do tratamento com soro é baseada na gravidade do envenenamento

(Isbister, 2011).

Segundo Freitas et al. (2006), a classificação das picadas de aranhas como um

problema de saúde pública se agrava quando a ocupação urbana acontece de forma

desorganizada e o habitat desses animais se modifica. Assim como os escorpiões, as

aranhas encontram boas condições de sobrevivência no ambiente urbano como: abrigo e

alimentação em entulhos, lixo, obras, bueiros, além do desmatamento ao redor das

cidades que estimula a migração desses animais, facilitando o contato com seres

humanos (Freitas et al., 2006).

A melhor maneira de prevenir os acidentes, é tentar diminuir o contato entre ser

humano e aranha, e isso pode incluir o uso de produtos químicos para controlar a

população dos aracnídeos nos ambientes, sendo que o sucesso pode variar entre as

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espécies. Repelentes químicos tem sido manufaturados em muitos países para a

prevenção do loxoscelismo, mas não tem sido efetivo (Isbister, 2011).

1.5. ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS COMO UM

PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA

A OMS (Organização Mundial de Saúde) estima que cerca de mais de 5,4

milhões de acidentes por animais peçonhentos ocorrem a cada ano. Só no Brasil, isso

equivale a quase 100.000 acidentes anualmente (Portal da Saúde SUS, 2011). Hoje em

dia, os acidentes por animais peçonhentos constituem um sério problema de saúde

pública, tanto pelo número de casos registrados, quanto pela gravidade apresentada,

podendo levar à morte ou à seqüelas permanentes (Brasil, 2001).

Um estudo do Centro de Controle de Intoxicações (CCI), na Unidade de

Emergência do HCFMRP-USP, demonstrou que 46,5% do total de atendimentos no

período de 1995 a 2000, foram por animais peçonhentos (Azevedo-Marques et al.,

2003).

Segundo (Azevedo-Marques et al. (2003), o tratamento do paciente que foi

envenenado por animal peçonhento utilizando a sorologia, deve seguir alguns princípios

básicos, para que o soro tenha sua máxima eficiência e cause o mínimo de riscos e

reações adversas. A indicação da sorologia deve levar em conta: a especificidade em

relação ao animal agressor; a presteza, rapidez na administração; a dosagem única, ou

seja, não parcelar o total a ser administrado; doses iguais para adultos e crianças. A

aplicação do soro deve ser sempre intravenosa, o quanto antes for diagnosticado o

acidente (Azevedo-Marques et al., 2003).

Para o tratamento correto dos acidentes por animais peçonhentos, os

profissionais da saúde têm acesso à um manual denominado “Manual de Diagnóstico e

Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos do Ministério da Saúde” puplicado

em 2001. Esse trabalho resulta da revisão e fusão do Manual de Diagnóstico e

Tratamento de Acidentes Ofídicos (1987) com o Manual de Diagnóstico e Tratamento

de Acidentes por Animais Peçonhentos (1992) e tem por objetivo fornecer subsídios

técnicos para identificação, diagnóstico e conduta desse tipo de agravo à saúde (Brasil,

2001).

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Segundo o manual (2001), o tratamento de acidentes escorpiônicos pode ser de

dois tipos: sintomático ou específico. O tratamento sintomático consiste no alívio da dor

por infiltração da lidocaína a 2% sem vasoconstritor no local da picada ou uso de

dipirona. O tratamento específico consiste na administração de soro antiescorpiônico

(SAEEs) ou antiaracnídico (SAAr) aos pacientes com formas moderadas e graves de

escorpionismo. Acidentes leves não necessitam ser tratados com sorologia, os

moderados devem receber de 2 a 3 ampolas e os graves, 4 a 6 ampolas de soro

antiescorpiônico (Brasil, 2001).

Os pacientes que forem picados por serpentes do grupo botrópico, devem ser

tratados com soro antibotrópico (SAB) ou soro antibotrópicocrotálico (SABC) por via

intravenosa. Se o acidente for classificado como leve, o paciente deve receber de 2 a 4

ampolas. Se for classificado como moderado, deve receber de 4 a 8 ampolas. E se for

um caso grave, deverão ser aplicadas 12 ampolas de soro (Brasil, 2001).

Os acidentes por aranhas classificados como leves não devem ser tratados com

sorologia. Os moderados devem receber de 2 a 4 ampolas e os casos graves devem ser

tratados com 5 a 10 ampolas de soro antiaracnídico (Brasil, 2001).

1.6. SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

O Brasil possui uma longa tradição no campo do Ofidismo, mas só em junho de

1986, e em decorrência da morte de uma criança em Brasília devido à crise de produção

de soro no país, é que foi implantado o Programa Nacional de Ofidismo na antiga

Secretaria Nacional de Ações Básicas em Saúde do Ministério da Saúde (SNABS-MS),

com o objetivo de iniciar uma nova etapa no controle dos acidentes por animais

peçonhentos (Bochner & Struchiner, 2002). Segundo Bochner & Struchiner (2002),

nessa época, os acidentes ofídicos passam a ser de notificação obrigatória, e dados sobre

escorpionismo e araneísmo começam a ser coletados a partir de 1988.

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Essa obrigatoriedade das notificações visava a obtenção total dos soros pelo

Ministério da Saúde e o estabelecimento de cotas de soros antiofídicos para as

Secretarias de Saúde, de acordo com a demanda estimada para cada região (CNCZAP,

1991).

Em 1993, foi implantado o Sistema de Informação de Agravos de Notificação, o

SINAN, com o objetivo de acompanhar as doenças e agravos que constam na lista

nacional de doenças de notificação compulsória, além de quatro outros agravos

considerados de interesse nacional: acidentes por animais peçonhentos, atendimento

anti-rábico, intoxicações por agrotóxicos e varicela (Fiszon & Bochner, 2007). A

adoção desse sistema em 1995 pela Coordenação Nacional de Controle de Zoonoses e

Animais Peçonhentos (CNCZAP) gerou uma reação negativa por parte dos municípios e

estados, os quais se mostraram resistêntes à adoção do novo método, acabando por não

enviar seus dados ao sistema, tendo como conseqüência a quebra da passagem da

informação (Bochner & Struchiner, 2002; Fiszon & Bochner, 2007).

Segundo Fiszon & Bochner (2007), a utilização efetiva desse sistema contribui

para a democratização da informação, visto que todos os profissionais de saúde têm

acesso aos dados, tornando-os disponíveis à população. Outra conseqüência do uso

sistemático do SINAN é a possibilidade de diagnosticar a ocorrência de um caso na

população, permitindo indicar os riscos aos quais as pessoas estão sujeitas, além de

contribuir para a investigação epidemiológica de determinada área geográfica (Fiszon &

Bochner, 2007).

A maioria das notificações é registrada nas Secretarias Municipais de Saúde. O

registro de cada acidente é realizado através do preenchimento de uma Ficha Individual

de Notificação (FIN) pelas unidades assistenciais para cada paciente. Esse instrumento é

então encaminhado para as Secretarias Municipais, que devem repassar semanalmente

os arquivos para as Secretarias Estaduais de Saúde, SES (Ministério da Saúde, 2011).

Em julho de 2006, o banco de dados do SINAN começou a ser disponibilizado

na internet, o que tornou possível o acesso da população às informações referentes aos

acidentes no país a partir de 2001. Esse sistema passa então a estar no mesmo nível dos

demais sistemas nacionais de informação do DATASUS (SIM, SINASC, SIH-SUS,

SIA-SUS), que são as principais ferramentas dos estudos de epidemiologia, de

planejamento e de avaliação em saúde (Fiszon & Bochner, 2007).

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As notificações de acidentes registradas pelas Secretarias Estaduais de Saúde e

não registradas no SINAN em um mesmo ano são denominadas subnotificações anuais.

Como as duas bases são independentes, não se pode assegurar que todos os casos

registrados nas Secretarias Estaduais de Saúde sejam os mesmos contidos na base do

SINAN (Fiszon & Bochner, 2007).

1.7. FICHA INDIVIDUAL DE NOTIFICAÇÃO

A Ficha Individual de Notificação (FIN) é um material que deve ser preenchido

pelos profissionais de saúde quando um paciente chega ao hospital com suspeita de

problema de saúde decorrente de picada por animal peçonhento. Este instrumento deve

ser repassado às unidades responsáveis das Secretarias Municipais de Saúde, e estas

devem, semanalmente, repassá-los às Secretarias Estaduais de Saúde (Portal da saúde

SUS, 2011). A figura 1 representa uma réplica da FIN para acidentes por animais

peçonhentos e os campos circulados de vermelho representam as informações que

foram analisadas e utilizadas na construção de uma nova ficha para servir como material

de estudo para o trabalho.

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Figura 1: Réplica da Ficha Individual de Notificação (Ministério da Saúde, 2011). Os campos circulados de vermelho, , representam os dados analisados e repassados à ficha construída a partir da FIN.

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1.8. VISCONDE DO RIO BRANCO

O município Visconde do Rio Branco (Figura 2) está localizado na região da

Zona da Mata mineira delimitando uma área de 241,2 Km2, distando da capital Belo

Horizonte aproximadamente 292 Km (Visconde do Rio Branco, 2011).

Figura 2: Localização do município de Visconde do Rio Branco em Minas Gerais

Segundo dados do IBGE (2011), em 2010, a população total de Visconde do Rio

Branco era de 37.942 habitantes. De acordo com o censo demográfico do IBGE em

2000, a população urbana cresceu entre os anos de 1970 e 2000, ao contrário da

população rural, que decresceu entre esses anos, indicando a crescente existência de

emigração do ambiente rural. A população urbana, no ano de 2000, foi maior do que a

rural, atingindo aproximadamente 79,4% do total (Visconde do Rio Branco, 2011).

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Nenhum trabalho de análise envolvendo acidentes por animais peçonhentos

nesse município foi encontrado, o que nos motivou a realizar o presente estudo. Além

disso, a facilidade em conseguir os dados necessários para a pesquisa, contribuiu para a

escolha dessa cidade.

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2. OBJETIVO

2.1. Objetivo geral

O presente trabalho tem por objetivo analisar as informações de acidentes

causados por animais peçonhentos no município de Visconde do Rio Branco ocorridas

no período de 2007 a 2010.

2.2. Objetivos específicos

Comparar os registros de informação produzidos pelo(s) pólo(s) de atendimento

para acidentes por animais peçonhentos no Município de Visconde do Rio Branco com

os dados disponibilizados no SINAN.

Além disso, analisar a exatidão do SINAN na identificação dos acidentes por

animais peçonhentos, contribuindo para o aperfeiçoamento dos processos de captura e

disponibilidade das informações sobre acidentes por animais peçonhentos em nosso

país.

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3. METODOLOGIA

3.1. ÁREA DO ESTUDO

Visconde do Rio Branco, localizado em Minas Gerais, na Zona da Mata, foi o

município escolhido para a realização da pesquisa. Os critérios que basearam essa

escolha foram a facilidade em conseguir os dados na Secretaria de Saúde do município

devido à minha naturalidade ser riobranquense, e, além disso, a ausência de trabalhos

nessa área em Visconde do Rio Branco.

3.2. FICHA CONSTRUÍDA PARA ANÁLISE DA FICHA INDIVIDUAL DE

NOTIFICAÇÃO

A ficha a seguir, foi construída a partir da Ficha Individual de Notificação (FIN)

que é usada pelos médicos para o preenchimento dos dados do acidente. Os campos

considerados mais importantes foram repassados à seguinte ficha (figura 3) e todos

foram preenchidos novamente à mão de acordo com as fichas originais.

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Ficha construída para análise das fichas individuais de notificação

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Figura 3: Ficha construída para análise das fichas individuais de notificação.

3.3. COLETA DOS DADOS

Primeiramente foi feito um levantamento nas fichas de notificação dos acidentes

por animais peçonhentos no município de Visconde do Rio Branco no período de 2007

a 2010. Esses dados foram cedidos pela Secretaria Municipal de Saúde através de uma

planilha do EXCEL contendo todas as informações das fichas, excetuando-se os dados

de identificação do paciente.

Em seguida, o banco de dados do SINAN com as informações sobre os acidentes

por esses animais no município de Visconde do Rio Branco, no mesmo período, foi

também levantado.

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3.4. ANÁLISE DAS FICHAS

As fichas de notificação dos acidentes com escorpião, aranha e serpente, foram

analisadas quanto ao sexo do paciente, à zona de ocorrência do acidente, se rural ou

urbana, e depois, foram separadas quanto ao tipo de acidente (escorpião, aranha e

serpente).

Em seguida, algumas variáveis foram analisadas e quantificadas, resultando em

gráficos demonstrativos para cada tipo de acidente. Essas variáveis foram: o sexo do

paciente; a zona de ocorrência do acidente relacionada com o sexo do paciente; o tempo

decorrido entre a picada e o atendimento no hospital; a gravidade do acidente (leve,

moderado ou grave); o número de ampolas de soro utilizadas no tratamento; e a faixa

etária do paciente.

3.5. COMPARAÇÃO DOS DADOS

As informações que podem ser acessadas na internet através do SINAN foram

comparadas, quanto à existência ou ausência de alguns campos das fichas, com as

notificações geradas pela Secretaria Municipal de Saúde de Visconde do Rio Branco.

As variáveis analisadas nas fichas foram, o tipo de acidente (escorpião, serpente

ou aranha); a zona de maior ocorrência (rural ou urbana); o sexo do paciente; a

gravidade do caso (leve, moderado ou grave); a sorologia (se foi ou não aplicada e

quantas ampolas foram utilizadas); e a faixa etária (distribuída de acordo com o Manual

de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos do Ministério da

Saúde).

39

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4. RESULTADOS

4.1. ANÁLISE GERAL DOS ACIDENTES REGISTRADOS NO MUNICÍPIO

DE VISCONDE DO RIO BRANCO NO PERÍODO DE 2007 A 2010.

O número de acidentes por animais peçonhentos incluindo escorpião, aranha e

serpente, ocorridos no município de Visconde do Rio Branco no período de 2007 a

2010, resultou em 158 casos. Desses, a maioria foi por picadas de escorpião atingindo

121 casos, os acidentes aracnídicos foram apenas 15 e os ofídicos foram 21 casos. Além

desses, somente um acidente foi ignorado, ou seja, não foi especificado o tipo de animal

envolvido. Esses dados podem ser observados na figura 4.

77%

13%9%

1%

Escorpião Serpente Aranha Ignorado

Figura 4. Porcentagem de acidentes causados por animais peçonhentos no período de

2007 a 2010 em Visconde do Rio Branco.

Desses acidentes, a maioria é representada por picadas em pacientes do sexo

masculino, com 96 dos 158 casos, como mostra a figura 5.

40

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61%

39%

Masculino Feminino

Figura 5. Porcentagem dos acidentes distribuídos de acordo com o sexo do paciente no

município Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

Além disso, os acidentes foram analisados de acordo com a zona de ocorrência

na cidade. O preenchimento desse campo da ficha variou entre zona rural e zona urbana,

além de fichas que apresentaram o campo não preenchido. De acordo com a figura 6,

pode-se observar que a maior parte dos acidentes ocorreu na zona urbana.

41%

55%

4%

Rural Urbana Não preenchido

Figura 6. Porcentagem dos acidentes por animais peçonhentos de acordo com a zona de

ocorrência do município Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

.

41

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4.2. ANÁLISE DOS ACIDENTES ESCORPIÔNICOS REGISTRADOS

NO MUNICÍPIO DE VISCONDE DO RIO BRANCO NO PERÍODO DE 2007 A

2010.

De acordo com as análises feitas nas fichas de notificação dos acidentes

escorpiônicos, foi possível observar que a maioria dos casos ocorreu em pacientes do

sexo masculino. Esses dados podem ser verificados no gráfico da figura 7.

61%

39%

Masculino Feminino

Figura 7. Porcentagem dos acidentes escorpiônicos distribuídos de acordo com o sexo

do paciente no município Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

Pôde-se ainda observar que a maior parte dos casos ocorreu na zona urbana,

tanto em casos do sexo masculino como em casos do sexo feminino. Esses dados estão

presentes na figura 8 e 9, respectivamente.

42

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36%

61%

3%

Rural Urbana Não preenchido

Figura 8. Distribuição dos acidentes escorpiônicos com o sexo masculino de acordo

com a zona de ocorrência do município de Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

30%

66%

4%

Distribuição dos acidentes escorpiônicos com o sexo feminino de acordo com a zona de ocorrência do município de Visconde do Rio Branco no

período de 2007 a 2010.

Rural Urbana Não preenchido

Figura 9. Distribuição dos acidentes escorpiônicos com o sexo feminino de acordo com

a zona de ocorrência do município de Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

O tempo decorrido entre a picada pelo animal peçonhento e o atendimento pelo

médico variou de 0 a 12 horas, sendo que a maioria ocorreu entre 0 e 1 hora, além de

um caso que foi ignorado e 10 casos que tiveram esse campo não preenchido. Esses

dados podem ser observados na figura 10.

43

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0_1h

1_3h

3_6h

6_12h

12_24h

24_+h

Ignorad

o

Não pree

nchido0

10

20

30

40

50

60

70

80

Tempo de atendimento

Núm

ero

de a

cide

ntes

esco

rpiô

nico

s

Figura 10. Gráfico representando o tempo decorrido entre a picada e o atendimento do

paciente no hospital, pelo número de acidentes escorpiônicos ocorridos em Visconde do Rio

Branco no período de 2007 a 2010.

Os acidentes escorpiônicos foram classificados como leve, moderado e grave.

Nenhum caso foi ignorado, porém dez fichas não classificaram o acidente, ou seja,

tiveram o campo não preenchido. A maioria dos casos foi classificada como leve, com

77 dos 121 casos e a minoria foi classificada como grave, com apenas 6 dos 121 casos,

como pode ser observado na figura 11.

44

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Leve Moderado Grave Ignorado Não preenchido0

10

20

30

40

50

60

70

80

Classificação do acidente

Núm

ero

de a

cide

ntes

esco

rpiô

nico

s

Figura 11. Gráfico representando a classificação dos acidentes escorpiônicos de acordo

com a gravidade em Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

De acordo com o manual de diagnóstico, os acidentes classificados como leves

não necessitam de sorologia (Brasil, 2001). Através da análise das fichas, o número de

ampolas para essa classificação de acidente variou de 2 a 8. Dos 77 acidentes

classificados como leves, somente cinco não foram tratados com soro, e na maior parte

dos casos, 40 em 77, foram utilizadas 4 ampolas de soro antiescorpiônico. Esses dados

podem ser observados na figura 12, na qual as barras amarelas marcam o número de

ampolas utilizadas incorretamente (Brasil, 2001).

45

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

5

10

15

20

25

30

35

40

Número de ampolas

Núm

ero

de p

acie

ntes

Número de ampolas utilizadas de forma correta de acordo com o Manual de

Diagnóstico e Tratamento dos acidentes com animais peçonhentos.

Número de ampolas utilizadas de forma incorreta de acordo com o Manual de

Diagnóstico e Tratamento dos acidentes com animais peçonhentos.

Figura 12. Acidentes por picadas de escorpião classificados como leves em Visconde

do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

Os pacientes que tiveram seus acidentes classificados como moderados devem

receber de 2 a 3 ampolas de soro antiescorpiônico (Brasil, 2001). Dos 28 casos

moderados, cinco pacientes receberam 2 ampolas e seis receberam 3 ampolas. A maior

parte, 13 pacientes, recebeu 4 ampolas, o que está fora do recomendado pelo manual.

Além disso, duas pessoas receberam 5 ampolas, uma recebeu 6 ampolas e uma recebeu

8 ampolas de soro antiescorpiônico. Esse dados podem ser verificados no gráfico da

figura 13, no qual as barras amarelas marcam o número de ampolas que foi utilizado

incorretamente.

46

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

2

4

6

8

10

12

14

Número de ampolas

Núm

ero

de p

acie

ntes

Número de ampolas utilizadas de forma correta de acordo com o Manual de

Diagnóstico e Tratamento dos acidentes com animais peçonhentos.

Número de ampolas utilizadas de forma incorreta de acordo com o Manual de

Diagnóstico e Tratamento dos acidentes com animais peçonhentos.

Figura 13. Acidentes por picadas de escorpião classificados como moderados em

Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

O número de ampolas que devem ser utilizadas em casos classificados como

graves varia de 4 a 6 (Brasil, 2001). Na análise das seis fichas, quatro pacientes

receberam 4 ampolas de soro antiescorpiônico e dois pacientes receberam 6 ampolas.

Ou seja, todos os casos graves receberam o número de ampolas correto de acordo com o

manual de diagnóstico. Esses dados podem ser observados na figura 14.

47

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1 20

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

Número de ampolas

Núm

ero

de p

acie

ntes

Número de ampolas utilizadas de forma correta de acordo com o Manual de

Diagnóstico e Tratamento dos acidentes com animais peçonhentos.

Figura 14. Acidentes por picadas de escorpião classificados como graves em Visconde

do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

Analisando ainda as 121 fichas, dez tiveram o campo de classificação da

gravidade do acidente não preenchido. Dessas, em seis acidentes os pacientes foram

tratados com 4 ampolas de soro antiescorpiônico e um paciente foi tratado com 7

ampolas do mesmo soro, sem que o acidente tenha sido classificado como leve,

moderado ou grave. Além disso, um paciente foi tratado com 4 ampolas de soro

antibotrópico e dois foram tratados com sorologia, mas não foi especificado o tipo nem

a quantidade de soro utilizada.

A idade média das vítimas se dividiu entre 5 a 14 anos, representando 24,8 %, de

25 a 49 anos, representando 25,6 % dos casos e maiores de 50 anos representando 24%.

Esses dados estão representados na tabela 1.

48

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Tabela 1: Distribuição dos acidentes escorpiônicos de acordo com a faixa etária do

paciente em Visconde do Rio Branco no período de 2007 à 2010.

Faixa etária (anos) Número de acidentes< 1 31 a 4 125 a 14 3115 a 24 1625 a 49 30> 50 29Não preenchido 0Total 121

4.3. ANÁLISE DOS ACIDENTES OFÍDICOS REGISTRADOS NO

MUNICÍPIO DE VISCONDE DO RIO BRANCO NO PERÍODO DE 2007 A 2010.

As fichas de notificação que classificaram o tipo de acidente como ofídico

totalizaram 21 casos. Todos, com exceção de uma ficha que teve esse campo marcado

como ignorado, foram classificados como botrópico, que são os acidentes causados

pelas serpentes do grupo botrópico. Segundo o Ministério da Saúde (2011), 90% do

acidentes ofídicos no Brasil são botrópicos.

A maioria dos acidentados nesse período foi do sexo masculino, com 15

pacientes dos 21, como pode ser observado na figura 15.

71%

29%Masculino Feminino

Figura 15. Porcentagem dos acidentes ofídicos distribuídos de acordo com o sexo do

paciente no município Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

49

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Além disso, pode-se notar, através das figuras 16 e 17, que a maioria dos

acidentes com serpentes ocorre na zona rural, tanto nas análises feitas com o sexo

masculino, quanto nas análises feitas com o sexo feminino. Esses dados são contrários

aos acidentes por escorpiões, nos quais a maioria ocorre na zona urbana.

Dos seis acidentes classificados como femininos, uma ficha teve o campo de

identificação da zona de ocorrência do acidente não preenchido.

73%

27%Rural Urbana

Figura 16. Distribuição dos acidentes ofídicos com o sexo masculino de acordo com a

zona de ocorrência do município de Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

50%

33%

17%Rural Urbana Não preenchido

Figura 17. Distribuição dos acidentes ofídicos com o sexo feminino de acordo com a

zona de ocorrência do município de Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

50

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Nos 21 casos classificados como ofídicos, o tempo decorrido entre a picada pelo

serpente e o atendimento pelo médico variou de 0 a 24 horas ou mais, sendo que a maior

parte do atendimento ocorreu entre 0 e 1 hora, assim como nos casos escorpiônicos.

Nenhum caso teve o campo ignorado ou não preenchido. Esses dados podem ser

observados na figura 18.

0_1h

1_3h

3_6h

6_12h

12_24h

24_+h

Ignorad

o

Não pree

nchido0

2

4

6

8

10

12

14

Tempo de atendimento

Núm

ero

de a

cide

ntes

ofíd

icos

Figura 18. Gráfico representando o tempo decorrido entre a picada e o atendimento do

paciente no hospital, pelo número de acidentes ofídicos ocorridos em Visconde do Rio Branco

no período de 2007 a 2010.

De acordo com a classificação do acidente em leve, moderado ou grave, a

grande maioria dos acidentes por serpentes foi classificada como leve, representando 14

casos dos 21. Nenhuma ficha foi marcada como acidente grave. Além disso, um caso foi

ignorado e um outro teve o campo não preenchido. Esses dados pedem ser analisados na

figura 19.

51

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Leve Moderado Grave Ignorado Não preenchido0

2

4

6

8

10

12

14

Classificação do acidente

Núm

ero

de a

cide

ntes

ofíd

icos

Figura 19. Gráfico representando a classificação dos acidentes ofídicos de acordo com

a gravidade em Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

Analisando o gráfico da figura 20 podemos notar que na maioria dos casos leves

foram utilizadas 4 ampolas, o que está de acordo com o manual, com exceção de um

caso, no gráfico destacado pela barra amarela, em que foram utilizadas 5 ampolas.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

2

4

6

8

10

12

Número de ampolas

Núm

ero

de p

acie

ntes

Número de ampolas utilizadas de forma correta de acordo com o Manual de

Diagnóstico e Tratamento dos acidentes com animais peçonhentos

Número de ampolas utilizadas de forma incorreta de acordo com o Manual de

Diagnóstico e Tratamento dos acidentes com animais peçonhentos.

Figura 20. Distribuição do número de ampolas utilizadas nos acidentes ofídicos

classificados como leves, por número de pacientes.

52

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Dos seis casos classificados como moderados, a maioria dos pacientes recebeu 4

ampolas. Somente o caso que utilizou 10 ampolas para tratar o paciente não estava de

acordo com o manual. Esse caso aparece na barra amarela no gráfico da figura 21.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

Número de ampolas

Núm

ero

de p

acie

ntes

Número de ampolas utilizadas de forma correta de acordo com o Manual de

Diagnóstico e Tratamento dos acidentes com animais peçonhentos.

Número de ampolas utilizadas de forma incorreta de acordo com o Manual de

Diagnóstico e Tratamento dos acidentes com animais peçonhentos.

Figura 21. Distribuição do número de ampolas utilizadas nos acidentes ofídicos

classificados como moderados, por número de pacientes.

Os acidentes ofídicos foram ainda analisados quanto a faixa etária. As classes de

idade foram distribuídas de acordo com o Manual de Diagnóstico e Tratamento de

Acidentes por Animais Peçonhentos do Ministério da Saúde (Brasil, 2001). A maior

parte dos acidentes ocorreu entre 25 a 49 anos, representando 52,4% dos casos, onde se

concentra a força de trabalho. Esses dados estão presentes na tabela 2.

53

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Tabela 2: Distribuição dos acidentes ofídicos de acordo com a faixa etária do paciente

em Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

Faixa etária (anos) Número de acidentes< 1 01 a 4 15 a 14 015 a 24 825 a 49 11> 50 1Não preenchido 0Total 21

4.4. ANÁLISE DOS ACIDENTES ARACNÍDEOS REGISTRADOS NO

MUNICÍPIO DE VISCONDE DO RIO BRANCO NO PERÍODO DE 2007 A 2010.

Os acidentes por aranhas foram a minoria, somente 15 casos dos 158 no total.

Analisando essas fichas, a maior parte dos pacientes picados foi do sexo feminino, o que

pode ser observado na figura 22. Esses dados diferem dos analisados nas fichas de

acidentes escorpiônicos e ofídicos, nos quais a maioria dos pacientes picados foi do

sexo masculino.

47%

53%

Masculino Feminino

Figura 22. Porcentagem dos acidentes aracnídicos distribuídos de acordo com o sexo

do paciente no município Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

De acordo com a zona de ocorrência do acidente no município de Visconde do

Rio Branco, os acidentes aracnídicos tiveram mais frequência na zona rural quando

54

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ocorridos em pacientes do sexo masculino. Já os acidentes com o sexo feminino tiveram

igual frequência, tanto na zona rural quanto na zona urbana. Além disso, nos oito

acidentes classificados como femininos, dois não especificaram a zona de ocorrência.

Esses dados são observados nas figuras 23 e 24.

71%

29%Rural Urbana

Figura 23. Distribuição dos acidentes aracnídicos com o sexo masculino de acordo com

a zona de ocorrência do município de Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

.

38%

38%

25%Rural Urbana Não preenchido

Figura 24. Distribuição dos acidentes aracnídicos com o sexo feminino de acordo com

a zona de ocorrência do município de Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

55

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Nos 15 casos classificados como aracnídicos, o tempo decorrido entre a picada

pela aranha e o atendimento pelo médico variou de 0 a 12 horas, sendo que a maior

parte do atendimento ocorreu entre 0 e 1 hora, assim como nos casos escorpiônicos e

ofídicos. Três fichas não apresentaram o preenchimento desse campo. Podemos

observar esses dados no gráfico da figura 25.

0_1h

1_3h

3_6h

6_12h

12_24h

24_+h

Ignorad

o

Não pree

nchido0

1

2

3

4

5

6

Tempo de atendimento

Núm

ero

de a

cide

ntes

ara

cníd

eos

Figura 25. Gráfico representando o tempo decorrido entre a picada e o atendimento do

paciente no hospital, pelo número de acidentes aracnídeos ocorridos em Visconde do Rio

Branco no período de 2007 a 2010.

De acordo com a classificação do acidente em leve, moderado ou grave, a

grande maioria dos acidentes por aranhas foi classificada como leve, representando onze

casos dos 15 no total. Dois acidentes foram classificados como moderados e um como

grave. Além disso, um caso teve o campo não preenchido e nenhum foi ignorado. Esses

dados pedem ser analisados na figura 26.

56

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Leve Moderado Grave Ignorado Não preenchido0

2

4

6

8

10

12

Classificação do acidente

Núm

ero

de ac

iden

tes a

racn

ídeo

s

Figura 26. Gráfico representando a classificação dos acidentes aracnídeos de acordo

com a gravidade em Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

A identificação do acidente aracnídico de acordo com o tipo de aranha, ou seja,

se foneutrismo, loxoscelismo ou latrodectismo, teve maior número de preenchimento do

campo ignorado, 11 acidentes em 15 do total. Desses onze, quase todos os pacientes

foram tratados com sorologia utilizando o soro antiaracnídico (SAAr) e somente um foi

aplicado o soro antiloxoscélico (SALox). Dois casos identificaram o acidente como

loxoscelismo, mas aplicaram o soro antiaracnídico (SAAr). E em dois pacientes que

tiveram seu acidente classificado como foneutrismo, um recebeu soro antiaracnídico

(SAAr) e o outro recebeu soro antiloxoscélico.

Analisando os casos leves, todos receberam soro como pode ser observado no

gráfico da figura 27. No gráfico, todas as barras foram amarelas, o que indica o uso da

sorologia incorreto de acordo com o manual. A maioria recebeu quatro ampolas.

57

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

1

2

3

4

5

6

7

Número de ampolas

Núm

ero

de p

acie

ntes

Número de ampolas utilizadas de forma correta de acordo com o Manual de

Diagnóstico e Tratamento dos acidentes com animais peçonhentos.

Número de ampolas utilizadas de forma incorreta de acordo com o Manual de

Diagnóstico e Tratamento dos acidentes com animais peçonhentos.

Figura 27. Distribuição do número de ampolas utilizadas nos acidentes aracnídicos

classificados como leves, por número de pacientes.

Os dois casos classificados como moderados utilizaram soro, mas somente em

um paciente a sorologia foi adequada. No outro acidente, cinco ampolas de soro

antiaracnídico foram aplicadas no paciente, enquanto que o manual sugere o uso de duas

a quatro ampolas por acidente classificado como moderado. A figura 28 contém essas

informações mostrando a barra amarela que indica o uso de sorologia inadequado.

58

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1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

Número de ampola

Núm

ero

de p

acie

ntes

Número de ampolas utilizadas de forma correta de acordo com o Manual de

Diagnóstico e Tratamento dos acidentes com animais peçonhentos.

Número de ampolas utilizadas de forma incorreta de acordo com o Manual de

Diagnóstico e Tratamento dos acidentes com animais peçonhentos.

Figura 28. Distribuição do número de ampolas utilizadas nos acidentes aracnídicos

classificados como moderados, por número de pacientes.

Dos 15 acidentes aracnídicos, somente um caso foi classificado como grave. A

sorologia foi usada com a aplicação de dez ampolas de soro antiaracnídico, como pode

ser observado na figura 29. Esse caso está de acordo com o manual que sugere o uso de

cinco a dez ampolas para casos classificados como graves.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

1

Número de ampolas

Núm

ero

de p

acie

ntes

59

Page 60: Web viewjosie antonucci di carvalho. anÁlise da informaÇÃo nos acidentes por animais peÇonhentos ocorridos no municÍpio de visconde do rio branco-mg

Número de ampolas utilizadas de forma correta de acordo com o Manual de

Diagnóstico e Tratamento dos acidentes com animais peçonhentos.

Figura 29. Distribuição do número de ampolas utilizadas nos acidentes aracnídicos

classificados como graves, por número de pacientes.

Os 15 casos classificados como aracnídicos foram analisados quanto a faixa

etária. Dos acidentes, a maior parte ocorreu em pessoas com mais de 50 anos,

representando 46,6% dos casos. Os dados são observados na tabela 3.

Tabela 3: Distribuição dos acidentes aracnídicos de acordo com a faixa etária do

paciente em Visconde do Rio Branco no período de 2007 a 2010.

Faixa etária (anos) Número de acidentes< 1 01 a 4 25 a 14 015 a 24 125 a 49 5> 50 7Não preenchido 0Total 15

4.5. ANÁLISE DAS FICHAS DE NOTIFICAÇÃO E DOS DADOS DO

SINAN

A análise do número de notificações registradas no SINAN de acordo com o ano

de ocorrência dos acidentes resultou no gráfico da figura 30. O ano de 2008 e de 2009

foram os que tiveram o maior número de casos e em 2010 foram registrados o menor

número de acidentes.

60

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2007 2008 2009 20100

10

20

30

40

50

60

Ano de ocorrência dos acidentes

Núm

ero

de a

cide

ntes

por

ani

mai

s peç

onhe

ntos

Número de acidentes

Figura 30: Número de acidentes por animais peçonhentos registrados no município de

Visconde do Rio Branco nos anos de 2007, 2008, 2009 e 2010.

As fichas de notificação foram comparadas com dados disponibilizados na base

do SINAN, local onde toda a população tem acesso. No quadro 1 é possível observar os

campos que estão presentes nas fichas de notificação e os que estão ou não presentes no

site do SINAN.

Quadro 1: Comparação entre os dados que são disponibilizados pelo SINAN-Web e os

dados das fichas de notificação que são disponibilizadas pelas Secretarias Municipais de Saúde.

Campos das fichas Secretaria Municipal de Saúde SINAN

Número da

notificação V X

Data do acidente V V

Faixa etária V V

Sexo V V

Raça V V

61

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Gestante V V

Escolaridade V X

Município de

ocorrênciaV V

Zona de ocorrência V X

Tempo picada-

atendimentoV V

Local da picada V X

Manifestações locais V X

Manifestações

sistêmicasV X

Tipo de acidente V V

Tipo de serpente V V

Tipo de aranha V V

Classificação do caso V V

Soroterapia V X

Número de ampolas V X

Complicações locais V X

Complicações

sistêmicasV X

Acidente relacionado

ao trabalhoV X

Evolução do caso V V

Legenda:

V: Campo presente

X: Campo ausente

62

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: Indica a existência de diferença entre os dados do SINAN e os dados das FINs da

Secretaria Municipal de Saúde.

5. DISCUSSÃO

5.1. ACIDENTES ESCORPIÔNICOS

Analisando o tipo de acidente ocorrido em Visconde do Rio Branco entre 2007 e

2010, o maior número de casos envolveu os acidentes escorpiônicos, atingindo 76,6%

do total. Segundo um levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, o

número de acidentes com animais peçonhentos dobrou na última década no Estado e os

escorpiões tem sido os principais causadores desses ataques, alcançando 46,5% do total

(Agência FAPESP, 2011).

63

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Segundo Cupo et al. (1994), picadas de escorpião no Brasil são importantes não

só pela sua incidência, mas também pela sua capacidade em causar acidentes graves e

até fatais, principalmente em crianças. Em nosso estudo, a faixa etária de 5 a 14 anos

representou 24,8% dos casos, uma parcela relevante dos acidentes, corroborando com os

resultados de Cupo et al. (1994).

O sexo masculino teve maior frequência representando 61% dos casos. Esses

resultados obtidos estão de acordo com Pardal et al. (2003) no qual 83,3% dos 72

acidentes por escorpiões atendidos no Hospital Municipal de Santarém foram

acometidos no sexo masculino. Segundo Soares et al. (2002), a ocorrência maior de

acidentes com o sexo masculino pode estar relacionada com o tipo de profissão que é

exercida pelos homens, ou seja, pessoas que trabalham em serrarias ou depósitos de

madeira, em construções com tijolos, em pedreiras ou marmorarias estão mais

propensas a serem ferroadas.

Com relação a zona de ocorrência dos acidentes, a zona urbana foi o local de

maior frequência. Dos 121 casos escorpiônicos ocorridos entre 2007 a 2010, 76 foram

na zona urbana. Segundo Soares et al. (2002), o escorpião amarelo, embora tenha vindo

do cerrado e de campos abertos, se adaptou muito bem à vida domiciliar urbana,

possivelmente em decorrência da rápida e desorganizada colonização pelo homem das

regiões antes ocupadas pelo aracnídeo. Outros fatores que favoreceram essa adaptação

foram as condições oferecidas pelas moradias humanas, com muitas possibilidades de

abrigos, como lixo, entulhos, pilhas de tijolos e telhas, e uma alimentação farta, com

baratas e outros insetos (Soares et al., 2002). Além disso, a falta de competidores e de

predadores como macacos, quatis, seriemas, sapos e rãs, são fatores de grande

importância no controle populacional das espécies de escorpião (Soares et al., 2002).

O tempo de atendimento dos pacientes no presente estudo ocorreu entre 0 a 1

hora, o que difere do trabalho realizado no Hospital Municipal de Santarém, Pará, no

qual o tempo de atendimento foi superior, aproximadamente de 3,2 a 4,6 horas após a

picada (Pardal et al., 2003).

De acordo com Pardal et al. (2003), a maioria dos acidentes escorpiônicos no

Brasil são classificados como leves, e nos casos graves a letalidade chega a 0,58% dos

casos. Esses dados corroboram com os resultados do nosso estudo em Minas Gerais, no

qual 77 dos 121 casos, aproximadamente 63,6%, foram classificados como leves e em

64

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nenhum caso ocorreu o óbito. Além disso, um estudo feito no Estado da Bahia possui

resultados semelhantes, no qual 94% dos envenenamentos foram classificados como

leves e todos evoluíram para a cura (Lira-da-Silva et al., 2000).

Diferente do estudo feito em Santarém, no Pará, no qual a soroterapia específica

foi realizada em 67,3% dos casos moderados e em 92,5% dos casos em geral não foi

aplicado o soro, no presente estudo, em somente cinco pacientes, classificados como

leves, a sorologia não foi aplicada, ou seja, em aproximadamente 96% dos acidentes

classificados tanto como leves, moderados ou graves, a sorologia foi aplicada (Lira-da-

Silva et al., 2000).

Relacionando-se o número de ampolas com a gravidade, observou-se a

utilização de 4 ampolas em média para os casos leves, moderados e graves. Esses dados

não estão de acordo com o trabalho de Lira-da-Silva et al. (2000) no qual os acidentes

leves receberam de 7,5 a 3,5 ampolas em média, 4 a 1,7 ampolas para os moderados e

6,5 a 2,1 nos casos graves.

A utilização de soro em 93,5% dos casos leves nos quais 4 ampolas foram

aplicadas, assim como nos casos leves de Lira-da-Silva et al. (2000) nos quais também

fizeram uso da sorologia, demostram a necessidade de uma melhor avaliação do

diagnóstico do caso e indicação de soroterapia, já que não é recomendada a utilização

de soro para os acidentes leves e somente para os moderados (2 a 3 ampolas) e graves (4

a 6 ampolas); (Brasil, 2001). A parcela dos pacientes que tiveram o acidente

classificado como moderado e que foi tratada com quantidade de soro inadequada

representa: 46,4% que receberam 4 ampolas, 7,14% que receberam 5 ampolas, uma

pessoa que recebeu 6 ampolas e outra, 8 ampolas. Dos casos graves, nenhum teve a

aplicação de soro inadequada.

Com relação a faixa etária, a classe mais acometida foi entre 5 a 14 anos com 31

casos, seguida da classe de 25 a 49 anos, com 30 casos e depois a classe dos maiores de

50 anos, com 29 casos. Esses dados diferem do trabalho de Soares et al. (2002) no qual

a faixa etária de maior frequência dos acidentes foi de 25 a 65 anos, representando

53,4% dos casos, e corroboram com outros trabalhos como o realizado em Montes

Claros, MG (Horta et al., 2007). Segundo Horta et al. (2007) as picadas de escorpião na

infância são mais comuns entre os animais peçonhentos, isso se deve à biologia de vida

desses artrópodes e as frequentes exposições das crianças.

65

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5.2. ACIDENTES OFÍDICOS

No período de 2007 a 2010 foram notificados 21 acidentes ofídicos. Todos esses

acidentes relatados à Secretaria de Saúde de Visconde do Rio Branco foram botrópicos,

com exceção de um caso no qual o tipo de serpente não foi identificado. Segundo

Ribeiro & Jorge (1990), no Brasil 80% dos acidentes por serpentes são ocasionadas por

serpentes do grupo botrópico. Esses resultados foram os mesmos em vários outros

trabalhos realizados no Brasil (Pinho et al., 2004; Waldez & Vogt, 2009; Ministério da

Saúde, 2001; Martins et al., 2006).

A porcentagem dos pacientes do sexo masculino foi maior do que o sexo

feminino, representando 71,4% dos acidentes, assim como nos acidentes escorpiônicos.

Esses resultados obtidos estão de acordo com um estudo feito no Hospital Vital Brazil

em São Paulo, sendo 80% de pacientes do sexo masculino, e também com o estudo no

Estado de Goiás, no qual 78,5% dos pacientes eram do sexo masculino (Pinho et al.,

2004). Ou seja, a maior ocorrência dos acidentes com o sexo masculino tem sido

referida em muitos trabalhos nacionais e provavelmente deve-se à maior frequência de

homens que trabalham no campo (Ribeiro & Jorge, 1990; Oliveira et al., 2010; Feitosa

et al., 1997; Ribeiro et al., 1998; Waldez & Vogt, 2009; Martins et al., 2006; Vieira,

2008).

Com relação a idade dos pacientes, a faixa etária mais atingida no nosso estudo

foi entre 25 a 49 anos. Segundo Pinho et al. (2004), as idades mais afetadas foram as

primeiras e segundas décadas de vida e os indivíduos acima de 50 anos também

representaram uma boa parcela da população picada. Esses resultados corroboram com

o estudo feito no Estado de São Paulo e com outros trabalhos nacionais, onde a maioria

dos acidentados tinham 50 anos ou mais (Ribeiro et al., 1998; Martins et al., 2006). Já

de acordo com Feitosa et al. (1997), a maior frequência de acidentes está entre os

indivíduos com 10 a 49 anos, onde se encontra a maior força de trabalho. Podemos

notar que não é possível definir com clareza uma faixa etária específica que seja mais

propensa aos acidentes escorpiônicos.

O tempo decorrido entre a picada e o atendimento no hospital oscilou entre 0 e

24 horas ou mais, sendo que em aproximadamente 62% dos casos o atendimento

66

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ocorreu entre 0 e 1 hora após o acidente. Os resultados de um estudo feito no Estado de

Goiás diferem dos encontrados por nós. Segundo Pinho et al. (2004), 69,5% dos

pacientes foram atendidos num intervalo de tempo menor que 3 horas, 13,8% entre 3 e 6

horas após a picada, e 80% foram atendidos em menos de 6 horas. Em outro trabalho

realizado no Hospital Vital Brazil do Instituto Butantan, o tempo de atendimento foi

dito curto, menor que 3 horas (Oliveira et al., 2003). E ainda no Estado do Amazonas,

em 2005, a média de atendimento foi de 33,14 horas após o acidente, sendo que em

67,85% dos casos, os vitimados utilizaram outras formas de terapia, como o uso de

antibióticos injetáveis, do fitoterápico “específico-pessoa” e também de práticas

tradicionais que envolveram elementos da fauna e da flora local na fabricação de

“antídotos” (Waldez & Vogt, 2009).

Com relação à gravidade do acidente, em três anos nenhum caso foi classificado

como grave, e a maioria foi classificada como leve. Todos os pacientes foram tratados

com antiveneno. A maioria dos acidentes leves recebeu 4 ampolas, de acordo com o

manual do Ministério da Saúde (2 a 4 ampolas) (Brasil, 2001). O tratamento dos casos

moderados também foram de acordo com o manual (4 a 8 ampolas), porém um paciente

recebeu 10 ampolas, contrariando o recomendado. Em um estudo realizado no Estado

do Amazonas em 2005, somente em 25% dos acidentes ofídicos, a sorologia foi

aplicada (Waldez & Vogt, 2009).

A ausência de casos que levaram o paciente ao óbito pode ser indicativa da baixa

gravidade do veneno botrópico. Segundo dados da notificação dos acidentes ofídicos em

todo o Brasil, a letalidade da picada por Bothrops é de aproximadamente 0,5% (Ribeiro

& Jorge, 1990), com exceção do maior Estado brasileiro, o Amazonas, onde a

mortalidade atinge 1% (Waldez & Vogt, 2009).

Analisando a zona de ocorrência dos acidentes, a zona rural foi a mais

acometida, tanto em acidentes com o sexo feminino quanto em acidentes com o sexo

masculino. Esses dados estão de acordo com outros trabalhos, inclusive com Feitosa et

al. (1997) que realizou um estudo no Estado do Ceará e os acidentes ofídicos foram

mais frequêntes em trabalhadores rurais. De acordo com o site do Sistema Nacional de

Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX) (2007), no Brasil mais de 20.000

acidentes são registrados anualmente, com uma mortalidade de 0,45% (cerca de 90

pessoas por ano), com maior frequência na zona rural.

67

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Segundo uma revisão bibliográfica realizada por Bochner & Struchiner (2003)

no Brasil, neste mesmo ano, os acidentes ofídicos tiveram um perfil inalterado ao longo

de 100 anos, com maior incidência no início e final do ano, maior frequência em

pessoas do sexo masculino, em trabalhadores rurais, na idade entre 15 a 49 anos, e a

maioria é causada por serpentes do grupo botrópico. Esses dados estão de acordo com

os resultados obtidos em Visconde do Rio Branco no período estudado.

5.3. ACIDENTES ARACNÍDEOS

Com relação a zona de ocorrência, a diferença entre zona rural e zona urbana

quando associadas ao sexo feminino, não foi grande, já quando associadas ao sexo

masculino, a zona rural foi o local de maior ocorrência. Esses dados diferem dos obtidos

com relação aos escorpiões, onde a frequência de acidentes foi muito maior na zona

urbana. Os resultados de um estudo realizado no Estado do Paraná por Marques-da-

Silva et al. (2006) mostraram uma maior incidência de acidentes na zona urbana, assim

como os resultados obtidos em São Paulo, na UNICAMP (Bucaretchi et al., 2000).

O sexo feminino foi predominante representando 53% dos acidentes, o que

difere dos resultados com escorpião e serpente. No trabalho de Freitas et al. (2006) que

analisou os acidentes em Recife-PE, os resultados também foram diferentes, 62,7% dos

acidentados foram do sexo masculino, assim como os resultados de um trabalho

realizado na UNICAMP (Bucaretchi et al., 2000).

Com relação à idade da vítima, a maior parte dos acidentados tinha mais de 50

anos (46,6%), o que difere de Marques-da-Silva et al. (2006) mostrando um resultado

de crianças menores de 7 anos sendo mais atingidas no Estado do Paraná.

A classificação do caso variou entre leve, moderado ou grave, mas os acidentes

considerados leves representaram 76,3% do total, sendo somente dois casos moderados

e um grave. No Paraná, resultados semelhantes foram obtidos quanto aos acidentes

graves, com 2,1%, já os moderados representaram 50,4% e os leves somente 5,738%

(Marques-da-Silva et al., 2006).

A utilização de soro no tratamento dos acidentes aracnídeos não foi adequada

para os casos leves, pois todos os pacientes foram tratados com antiveneno e segundo o

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manual de diagnóstico do Ministério da Saúde, casos leves não devem ser tratados com

soro (Brasil, 2001). Em um acidente moderado foram usadas 4 ampolas, de acordo com

o manual (2 a 4 ampolas) e no outro foram usadas 5 ampolas, fora do recomendado. O

caso grave foi tratado corretamente, com 10 ampolas. Esses resultados obtidos sugerem

uma superutilização de soro, assim como nos casos escorpiônicos. O Paraná mostrou ser

o estado do Brasil que utiliza menos quantidade de soro antiaracnídico (Marques-da-

Silva et al., 2006).

5.5. SINAN E AS FICHAS DE NOTIFICAÇÃO

De acordo com a análise dos dados disponibilizados pelo SINAN para o

município de Visconde do Rio Branco, o número de acidentes por animais peçonhentos

registrados pela Secretaria de Saúde Municipal aumenta de 2007 para 2008 (15

acidentes a mais), de 2008 para 2009 permanece o mesmo número (53 acidentes) e de

2009 para 2010 tem um decaimento significativo (menos 38 acidentes). Segundo dados

do Ministério da Saúde, no Brasil, o número de acidentes registrados foram de 34.218

em 1995 (quando foi implantado o SINAN), passando para 19.624 em 1996, 5.744 em

1997 e 7. 119 em 1998 (Bochner & Struchiner, 2002). Esses dados sugerem a perda da

informação e a carência dos dados que são repassados ao SINAN. Segundo Fiszon &

Bochner (2007) é prematuro dizer que os acidentes por animais peçonhentos

permaneçam estáveis ao longo do tempo, pois as condições ambientais e as ações do

homem sobre a natureza estão em constante mudança. Esses autores afirmam ainda,

com base na análise das notificações realizadas no Estado do Rio de Janeiro entre 2001

e 2005, que houve uma crescente captação de notificações pelo SINAN nesse período,

mas que esse aumento não impede a permanência de grandes diferenças entre os

números registrados nas fichas de notificação e os dados disponibilizados pelo SINAN.

A contagem das fichas difere dos números que são disponibilizados pelo site do

SINAN (2011). O total de acidentes contabilizados no site é de 161, enquanto que são

158 fichas de notificação disponibilizadas pela secretaria de Saúde de Visconde do Rio

Branco no mesmo período. Os casos ofídicos têm o mesmo número, 21, mas os

escorpiônicos são 124 no site e 121 nas fichas, e os aracnídeos contabilizam somente

um a mais no site, 16 acidentes.

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A comparação das informações disponibilizadas no site do SINAN com os

campos que estão presentes nas fichas individuais de notificação, resultou em 11

campos ausentes, ou seja, aproximadamente 47,8% da informação não se torna pública,

para a visualização de todos. Os campos ausentes no SINAN-Web são: número da

notificação; escolaridade; zona de ocorrência; local da picada; manifestações locais;

manifestações sistêmicas; soroterapia; número de ampolas; complicações locais;

complicações sistêmicas; acidente relacionado ao trabalho.

Alguns problemas que envolvem a educação médica brasileira, como por

exemplo, a identificação dos animais peçonhentos, são fatores que têm induzido

implementar, de forma mais duradoura, transformações no processo de formação do

profissional da saúde. A Associação Brasileira de Educação Médica já estabelece

mudanças nos currículos das faculdades de medicina, com a implementação do método

chamado aprendizagem baseada em problemas (ABP). Esse método visa uma

aprendizagem mais significativa, a indissociabilidade entre teoria e prática, o respeito à

autonomia do estudante, o trabalho em pequeno grupo, a educação permanente e a

avaliação formativa (Siqueira-Batista, 2009). Esse pode ser um fator que melhore a

atuação dos profissionais da saúde, melhorando também os problemas que estão

envolvidos.

6. CONCLUSÃO

O estudo realizado permite concluir que as pessoas mais atingidas por picadas de

animais peçonhentos são as do sexo masculino, sugerindo que esses acidentes estão

relacionados ao trabaho. Visando diminuir esse problema, melhores condições

incluindo, principalmente a proteção do trabalhador com o uso adequado de uniformes,

são sugeridas. A faixa etária mais frequentemente acometida varia bastante, não sendo

possível eleger uma classe de idade que se destaca.

Com relação à zona de ocorrência dos acidentes, conclui-se que picadas de

escorpião são mais frequentes na zona urbana sugerindo que esses animais estão muito

adaptados à esses ambientes, e isso pode ser uma causa das ações humanas. Essa grande

relevância de acidentes escorpiônicos no município de Visconde do Rio Branco, implica

70

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na adoção de uma política de controle desses animais, além de conscientizar a

população dos perigos propostos e de como se prevenir dos acidentes.

Pôde-se concluir que a sorologia está sendo utilizada, em muito casos, de forma

indevida. Como consequência, além do perigo que o paciente pode passar por não estar

sendo tratado adequadamente, o fornecimento de soro à região fica prejudicado. Ou

seja, não há como obter uma estatística correta da quantidade de soro que o município

necessita, podendo este receber mais ou menos do que realmente precisa. Para que essa

situação melhore, sugere-se que o Manual de Diagnóstico e Tratamento disponibilizado

pelo Ministério da Saúde seja seguido pelos profissionais da saúde e palestras sejam

aplicadas para conscientizar os médicos sobre a importância de usar esse material.

A queda de registros no SINAN entre 2007 e 2010 pode sugerir uma recusa por

parte dos municípios em adotar esse tipo de sistema de informação. As informações

coletadas, se repassadas ao SINAN de forma precária, podem conduzir a falhas na

avaliação global dos acidentes. Além disso, FIN e SINAN não são estruturas dentro de

um mesmo padrão prejudicando o fluxo de informação entre eles. Ou seja, os dados não

são passados integralmente para o SINAN e isso impede que pesquisas sejam realizadas

por aqueles que só tem acesso às informações da internet. A disponibilização de todos

os dados das fichas, excetuando-se a identificação do paciente, no SINAN, possibilitaria

uma melhor conscientização da população que teria acesso à toda informação do

acidente.

7. BIBLIOGRAFIA

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